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 Ventilação Geral Diluidora

4.1. Siglas
ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists
Publica periodicamente uma tabela dos chamados Limites de Tolerância (TLV).

TLV - Threshold Limit Value ou VLT - Valor do Limiar de Tolerância


Corresponde a uma concentração média de substâncias suspensas ou dispersas no ar de um
certo ambiente de trabalho, em um determinado período de tempo, e que representa
condições para as quais se pode presumir com certa segurança que quase todos os
trabalhadores possam estar expostos a esse ar sem que ocorra a manifestação de um efeito
adverso em seu organismo.

Existem várias tabelas que classificam os TLV sendo que as 3 mais conhecidas são:

TLV-TWA – Threshold Limit Value – Time Weighted Average


Corresponde a concentrações ponderadas pelo tempo, para uma jornada de trabalho de 8
horas e uma semana de trabalho de 40 horas e para as quais todos os trabalhadores podem
ser expostos repetidamente dia, após dia, sem efeito adverso.

TLV-STEL – Threshold Limit Value – Short Term Exposure Limit


É a concentração para qual os trabalhadores podem ser expostos continuamente, por um
curto intervalo de tempo, sem sofrerem:

- irritação das mucosas e da pele;


- dano crônico ou irreversível de qualquer tecido;
- narcose em grau tal que possa aumentar a possibilidade de acidente ou reduzir a
capacidade de auto defesa, ou ainda, o rendimento no trabalho;

Um STEL se define como a concentração durante um intervalo de tempo de 15 minutos e


que não deve ser excedido em nenhum tempo durante o dia.
As exposições correspondentes do STEL não devem exceder 15 minutos e não podem ser
repetidas mais do que 4 vezes ao dia . Deve haver pelo menos 60 minutos de intervalo entre
duas exposições sucessivas.

TLV-C – Threshold Limit Value – Ceiling


Vem a ser a concentração que não poderá ser excedida em qualquer tempo da jornada de
trabalho. Corresponde a um “teto” ou limite superior que não pode ser atingido.

Notas:
a) Segundo a ACGIH os TLV´s devem ser utilizados como guias no controle do risco
à saúde e não como se constituíssem limites exatos entre concentrações seguras e
perigosas;
b) Para ambiente exterior a industria, , respirado pela população da vizinhança , os
valores devem ser muito mais baixos , pois o ar poluído será respirado durante 24
horas do dia;

Além da tabela TLV como indicação do limite de tolerância dos organismos a uma
substância ou produto químico, encontram-se tabelas que aplicam outras referências
baseadas na experiência das entidades que as publicaram ou na de seus autores . As mais
conhecidas são:

Toxic Limits (TL) – da United States Public Health Service (USPHS);

Maximum Acceptable Concentration (MAC) – concentração máxima aceitável, da


American Standard Association (ASA);

Recommended Maximum Concentration (RMC) – concentração máxima recomendada, da


American Industrial Hygiene Association (AIHA);

Hygienic Standard for Daily Inhalation – padrões higiênicos para a inalação diária, do DR
Henry Smith Jr;

4.2. Introdução
O controle de poluentes nocivos pela ação da ventilação geral diluidora é realizado pela
diluição da concentração do poluente, antes que ele atinja a zona de respiração do
trabalhador, com ar limpo ou não poluído.
A ventilação geral diluidora também é utilizada , em locais onde não existem agentes
nocivos, para a remoção de odores corporais , fumaça de cigarro e manutenção das
condições de conforto (redução da temperatura interna).

A ventilação geral diluidora não reduz ou elimina a quantidade de material nocivo emitido
no ambiente de trabalho.

Para casos onde a concentração de poluentes é extremamente elevada ou em locais onde o


objetivo é controlar o poluente na fonte ou no ponto de geração , prevenindo deste modo a
emissão do mesmo no ambiente de trabalho adota-se a ventilação local exaustora a qual
veremos no capítulo 5.

4.3. Insuflação Mecânica e Exaustão Natural


Nesta modalidade de ventilação geral diluidora um ou mais ventiladores enviam ar exterior
para o interior do recinto. Como a pressão pr no recinto se torna maior que a pressão pe , o
ar insuflado sai por outras aberturas existentes, produzindo os efeitos desejados de diluição
dos contaminantes, de redução da temperatura e de arejamento.

A insuflação mecânica permite um bom controle da incidência do ar e um melhor controle


da pureza do ar insuflado do que no caso da ventilação natural. Usa-se também quando é
necessário impedir que o ar contaminado de um outro recinto penetre naquele que se está
pretendendo ventilar.

Nesta modalidade (ou método de ventilação) estabelece-se no recinto uma pressão positiva
maior que a pressão exterior . Deve-se portanto verificar inicialmente a necessidade e a
conveniência de manter a pressão do ambiente acima da pressão externa ou dos ambientes
adjacentes, pois o ar expelido ou exaurido poderá ser deslocado para um outro ambiente no
qual não se possa admitir o ar nas condições com que sai do local ventilado.

Deve-se localizar a abertura de admissão de ar para o ventilador numa parede , a fim de que
a tomada de ar se efetue livremente. A localização do ventilador bem como das saídas de ar
devem ser executadas de maneira a garantir um fluxo de ar adequado, livre de agentes
contaminantes externos.

Nas aberturas para tomada de ar exterior deve-se garantir a impossibilidade de penetração


de corpos estranhos e animais , por meio de telas, e de água de chuva , construindo
platibandas, marquises ou abas.

4.4. Insuflação Natural Exaustão Mecânica


Um ou mais exaustores removem o ar do recinto para o exterior. A pressão no interior
baixando devido a esta exaustão estabelece-se através de aberturas um fluxo de ar do
exterior para o interior do recinto, e deste para o exterior, e portanto a pressão externa pe
será maior do que a interna pr.

Este método evita que o ar contaminado do ambiente em questão passe para recintos
vizinhos mas permite que eventualmente ocorra o contrário.

Usa-se este método à ventilação de sanitários, de cozinhas e outros recintos industriais


onde não há poluentes em grau de toxidez inaceitável.

Considerando-se que a pressão interna será menor do que a externa deve-se previamente
verificar se há conveniência ou mesmo necessidade de manter a pressão do ambiente
abaixo da pressão externa ou dos ambientes adjacentes pois a tendência é de que o ar dos
compartimentos vizinhos entre pelas portas ao serem abertas.

É recomendável verificar a possibilidade de a admissão de ar efetuar-se livremente no


ambiente através de portas e janelas, considerando, logicamente, que o ar exterior não é
contaminado. Se necessário deve-se prever aberturas nas paredes para admissão do ar , a
fim de que a tomada se efetue livremente e o ar possa ser filtrado, se poluído ou
contaminado.

Assim como no método anterior o exaustor bem como as aberturas para entrada de ar,
devem ser protegidas de maneira a impedir a entrada de corpos estranhos, insetos e água.

O ventilador deve ser localizado no ponto mais alto do ambiente e na parede oposta à de
admissão de ar.
4.5. Insuflação e Exaustão Mecânicas
Neste caso, há ventiladores que insuflam o ar e ventiladores que removem o ar do recinto,
quer sejam colocados diretamente no recinto, quer sejam atuando através de dutos.

Consegue-se uma ventilação mais controlável tanto em relação à qualidade do ar que entra ,
quanto à distribuição do mesmo no recinto.

Quando ocorre passagem direta de ar de uma abertura de admissão para a saída, causando a
estagnação do ar em parte do ambiente ventilado diz-se que ocorre curto circuito de ar. O
sistema misto ( ventilação e exaustão mecânica ) consegue, quando bem projetado, evitar
esta circulação parasita do ar.

Tratando-se se um sistema mais dispendioso que os anteriores, tanto no que diz respeito ao
consumo de energia elétrica quanto no que diz respeito ao projeto e instalação, este
somente deverá ser adotado quando não for possível a diluição do ar com a aplicação dos
métodos anteriores.

Pode-se escolhendo adequadamente os ventiladores , conseguir que a pressão no recinto


seja maior, menor ou igual à pressão externa.

A relação entre a pressão interna no recinto (pr) pode ser obtida através da relação entre as
vazões de entrada (Qe) e saída (Qs), conforme abaixo:

Qe > Qi temos pr > pe


Qe = Qi temos pr = pe
Qe < Qi temos pr < pe

Em muitos casos considera-se para efeito de projeto Qe = 1,15 Qs.


4.6. Ventilação Geral Diluidora para Conforto Térmico e Diluição de Odores Corporais
Existem nas indústrias, locais onde não são instalados equipamentos industriais e onde não
existem substâncias tóxicas poluidoras, pois nos mesmos funcionam apenas escritórios,
auditórios , restaurantes ou almoxarifados de produtos não contaminantes. O único agente
de contaminação nestes casos é próprio do homem, e , como se procura proporcionar
condições favoráveis de trabalho ou até mesmo de lazer no local , a ventilação que realiza
ao menos em parte este serviço é chamada de ventilação geral diluidora para conforto
ambiental.

Nos locais citados acima, por exemplo, o calor sensível irradiado pelo corpo humano, os
odores corporais e a fumaça de cigarros podem estabelecer condições ambientais
desconfortáveis para os ocupantes dos mesmos. Para este tipo de problema podemos pensar
em duas alternativas para solucioná-lo:

a) Climatizando o ambiente , mediante o emprego de condicionadores de ar (assunto não


pertinente ao nosso curso);

b) renovando e/ou diluindo o ar do ambiente, mediante o emprego de ventiladores;


Vale frisar que o uso da ventilação geral diluidora resolve em parte o problema do conforto
térmico pois o controle da temperatura e da umidade relativa do ambiente não será
corrigida com a mesma eficiência que se obtém com a aplicação de condicionadores de ar.

Na ventilação de ambientes onde se possam encontrar muitas pessoas (auditórios, salas de


reunião, escritórios etc...) devem-se considerar os contaminantes produzidos pelo homem e
as exigências de conforto impostas pelo mesmo.

Os contaminantes humanos se reduzem a:


Odores;
Fumaça de cigarros;
CO2 exalado dos pulmões pela respiração;

Para a determinação dos parâmetros que permitirão o dimensionamento dos ventiladores e


aberturas a serem instaladas e construídas podemos valer-nos dos seguintes critérios:
a) utilizar tabelas que forneçam o volume em m3/h ou cfm por pessoa , de modo a remover
fumaças e odores. Estas tabelas poderão ser obtidas em livros e manuais específicos em
ventilação (para efeito do nosso curso utilizaremos as tabelas em anexo);

b) utilizar tabelas que forneçam o número de renovações completas de ar do recinto por


hora Estas tabelas poderão ser obtidas em livros e manuais específicos em ventilação (para
efeito do nosso curso utilizaremos as tabelas em anexo);

As tabelas disponíveis nas literaturas específicas referem-se a vazões tais que a velocidade
de escoamento do ar no recinto não seja muito baixa (deve ser > 1,5 m/min), nem muito
alta (deve ser < 10 m/min) a fim de não provocar desconforto nos ocupantes do local.

exercício resolvido 4.1.


Qual deverá ser o suprimento de ar para diluição de odores corporais em uma sala onde
encontram-se 15 pessoas adultas sentadas trabalhando?
A sala mede 5 m x 8,4 m x 3 m;

1º passo calcular o volume da sala;


V = 5 x 8,4 x 3 = 126 m3

2º passo calcular a taxa de ocupação;


Taxa = Volume da sala / nº de ocupantes
Taxa = 126 / 15 = 8,4 m3/pessoa

3º passo Consultar tabela que forneça a qtd de ar externo necessário para diluição de odores
corporais (vide tabela 6.1 anexo);
Da tabela obtém-se que para uma taxa de ocupação igual a 8,4 m3/pessoa exige-se um
suprimento de ar equivalente a 0,34 m3/min x pessoa.

4º passo calcular a vazão de ar necessária


Q = suprimento de ar/pessoa x nº de ocupantes
Q= (0,34 m3/min x pessoa) x 15 = 5,1 m3/ min ou 180 cfm

exercício resolvido 4.2.


Deseja-se realizar uma instalação de ventilação com exaustão mecânica em uma sala de
industria onde trabalham 22 funcionários (área de escritórios). A sala mede 20 m x 8 m
com pé direito de 3,5 m.
A entrada do ar se faz por janelas amplas em uma das extremidades. A remoção do ar se
fará com dois ventiladores na parede oposta. Determine a vazão de ar necessária à obtenção
de um razoável nível de conforto.
Suponha que 40% dos ocupantes sejam fumantes.
Considere que no teto existam vigas com altura de 30 cm as quais impedem a circulação do
ar e que fluxo de ar dar-se-á no sentido longitudinal da sala.

Cálculo pelo processo de número de renovações por hora


1º passo calcular o volume da sala
V= 20 x 8 x 3,5 = 560 m3

2º passo consultar tabela que forneça número de renovações por hora em função do tipo de
ambiente (vide tabelas 6.2 e 6.3 anexo);
Das tabelas encontra-se que para escritórios o número de trocas recomendadas poderá ser
de 6 a 20, para o nosso exercício adotaremos 10.

3º passo Calcular a vazão de ar necessária


Q= volume do ambiente x número de renovações
Q= 560 m3 x 10 renov/h = 5600 m3/h

4º passo determinar a seção livre de passagem do ar. Lembre-se das vigas


S = 8 m x 3,2 m = 25,6 m2

5º passo verifique qual será a velocidade média de escoamento do ar ao longo da sala.


V = Q/S = 5600 m3/h / 25,6 m2 = 218,7 m/h ou 3,64 m/mim
Como a velocidade ambiente encontra-se dentro da faixa de conforto (entre 1,5 m/min e 10
m/min) podemos considerá-la aceitável.

Sabendo que necessitaremos de uma vazão de 5600 m3 e que o projeto prevê a utilização
de 2 ventiladores temos que cada ventilador deverá ter capacidade de 2800 m3/h. Na
prática encontraremos ventiladores com vazão nominal de 3000 m3/h.

Cálculo baseado pela quantidade de ar por hora por pessoa


1º passo consultar tabelas que forneçam a qtd de ar necessário por pessoa (para este
exercício utilizaremos a tabela 6.5).
Da tabela obtemos que a qtd de ar por pessoa fumante é de 68 m3/h e para não fumantes 13
m3/h.

2º passo determinar a vazão de ar


Q = número de ocupantes x taxa de ar/pessoa
QNF = 0,60 x 22 x 13 = 171,6 m3/h
QF = 0,40 x 22 x 68 = 598,4 m3/h

Q = QNF + QF = 770 m3/h

3º passo determine a velocidade de escoamento do ar


V= Q/S = 770 m3/h / 25,6 m2 = 30 m/h ou 0,5 m/min

Considerando que com este método a velocidade de escoamento encontra-se abaixo do


limite inferior da faixa de conforto para efeito de projeto torna-se mais seguro adotar o
processo anterior.

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