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BIOQUIMICA II

(ISCTEM. 2018)

METABOLISMO DE
AMINOÁCIDOS E PROTEINAS
Prof. Doutor R. Ráice
(ruiraice@yahoo.com.br)

1.Agost - 16.Nov.2018

01-Sep-18 RR-2018 1
Metabolismo de Aminoácidos

Azoto é um constituinte base dos AAs (proteinas), bases


nucleotídicas (purina e piridina) e outros compostos azotados.

Fontes do azoto
O N2 é sintetizado a partir de azoto atmosférico pelas bactérias
fixadoras (do género nitrosaminas e nitrobacter) e convertem-o
em NH3.

As plantas e microorganismos retiram o N2 a partir de NO3- do solo


proveniente da oxidação de amoníaco durante a degradação de
matéria organica azotada.

O NH3 é assimilado sob forma de AAs através de ác. Glutâmico e


glutamina que são os dois principais precursores do metabolismo
de azoto.
2
Transaminação é reacção fundamental do metabolismo de
AAs. Consiste na transferência reversível de grupo amina de
um AAs para acetoácido sem que haja a libertação de NH3
contrariamente ao que acontece na desaminação.
O OH O O OH O OH
OH

H2N H + O O + H2N H

R1 R2 R1 R2

AAs 1 α-cetoácido 2 α-cetoácido 1 AAs 2

As transaminases (amino transferases) estão distribuidas em


bactérias, plantas e animais. Catalizam a transferência de
grupo aminas da posição 2 (α) de um AAs para um 2 (α)
oxoácido com formação de outro AAs e novo α-cetoácido.
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Metabolismo de Aminoácidos

Existe um grande número de aminotransferases específicas


tais como glutamato-transaminase, asparato-transaminase e
alanina-transaminase que estão abundantes nos animais e
vegetais.
Exemplo 1: A Aspartato-transaminase catalisa a transferência
de grupo amina para o ác.oxaloacético.

HO HO
O O
HO HO O
O
H H H H
H H + H H + H H
H H
H NH2 O O H NH2
O OH O OH
O OH O OH

Ác. glutâmico Ác. oxaloacético Ác. cetoglutárico Ác. Aspártico


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Metabolismo de Aminoácidos

Exemplo 2: A alanina transaminase catalisa a transferência


de um grupo amina para ác. pirúvico.

HO HO
O O
CH3 H H CH3
H H
H H + O H H + NH2
H NH2 O O OH
O OH
O OH O OH

Ác. glutâmico Ác. pirúvico Ác. α -cetoglutárico Alanina

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Catabolismo
A degradação de AAs em excesso dá se pela transferência de
grupo amina para um α-cetoácido. AAs em excesso são
convertidos em Urea nos vertebrados
Nas plantas as proteinas são hidrolizadas durante a
germinação das sementes ou senascência das folhas e o NH3
é libertado pela acção de glutamato-desidrogenase.
O O
OH OH

H H H H
H H H H

H2N H + NAD+
+ H2O O + NH3 + NADH +

O OH O OH

Ác. Glutâmico Ác. α -cetoglutárico

Os grupos amina de todos AAs podem ser convertidos em


cetoácidos que depois podem ser catabolizados para a
produção de energia. 6
Desaminação de Ser, Tre e Cis

A desaminação ocorre geralmente por via de desaminação


oxidante ou alguns processos particulares, específicos de
determinados AAs (Ser, Tre, Cis) coenzimados por fosfato
piridoxal com formação de ác. pirúvico.

Os AAs Ser, Tre, Cis contém grupo oxidrilo ou Sulfidrilo nas


cadeias laterais e podem ser convertidos directamente em
NH3.

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Desaminação

OH
H H
H2N H

O OH

L-Serina H2O
H H CH3 CH3
Ser-desidratase H 2O
H2N HN O

H2 S OH OH
NH3
OH
O O O

ác. aminoacrílico ác. pirúvico


SH
H H Cis-dessulfidrase
H2N H

O OH

L-Cisteina

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Desaminação reversível do ác. aspártico

O ác. aspártico pode ser convertido em ác. fumárico por


desaminação reversível assistida por aspartase ou asparato-
amino-liase. Este processo também permite a fixação de NH3
num composto orgânico.
O ác. fumárico obtido é metabolizado no ciclo de Krebs e
pode fornecer metade de átomos de carbono de tirosina e
fenilalanina.
O O OH
O OH OH

H H H
H H aspartase
H O
H2N H NH3

O OH O OH
O OH
ác. L-aspártico ác. Fumárico ác. oxaloacético 9
Desaminação oxidante
Trata-se de um processo meramente irreversível. Ocorre em várias
etapas.
1. Desidrogenação do AAs à iminoácido em presença de flavoproteina
como catalisador.
2. Os dois hidrogénios retirados do AAs reduzem o FAD à FADH2 (ou
FMN à FMNH2) e o iminoácido hidroliza-se em alfa-cetoácido e NH3.
3. A coenzima é reoxidada com O2 atmosférico com produção de H2O.
FADH2 ainda podem ser oxidados por outros aceitadores de
electrões.
Apenas aminoácidos oxidantes L (enzimas esteroespecíficas) catalizam os
aminoácidos proteicos.
O O OH
O OH OH
FAD FADH2

R R O
R H
NH3
NH2 NH

Aminoácido iminoácido α - cetoácido 10


Desaminação oxidante do ác. Glutâmico e
formação do NH3
Esta conversão do ác. Glutâmico para ác. α-cetoglutárico por
desaminação oxidante ou aminação redutora marca o ponto de
contacto entre metabolismo glucónico e protéico. Trata-se de uma
desaminação reversível com participação da L-glutamato-
desidrogenase que possui NAD ou NADP.
O O O
OH OH OH

NAD+ NADH + H+ NH
H H 3
H H H H
H H H H H H
H2N H HN O

O OH O OH OH
O
Ác. glutâmico àc. α -iminoglutâmico Ác. α -cetoglutârico

α–aminoácido + NAD+ + H2O  α–cetoácido + NH3 + NADH + H+


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O esqueleto carbónoíco resultante depois da desaminação é
transformado em Acetil-CoA, Acetoacetil-CoA, ác. pirúvico e
outros intermediários de ciclo de Krebs ou ainda na obtenção
de ácidos gordos, glicose, corpos cetónicos.

Formação de NH3
O grupo amina é transferido para ác. α-cetoglutárico (ou 2-
oxoglutárico) originado ác. gluâmico que por desaminação
oxidante, liberta NH3 que no meio aquoso se converte em
NH4+

Aminoacido Ác. glutâmico NH3 NH4+


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Ciclo de Urea

O amoníaco resultante da degradação dos AAs e que não é


utilizado na biossintese de compostos azotados é excretado
de diferentes formas pelos organismos:
- Na forma de NH4+ nos animais aquáticos;
- Na forma de ácido úrico nas aves e répteis terrestres e
- Na forma de urea na maioria dos mamíferos terrestres.

Nos vertebrados o NH3 é transformado no Ciclo de Urea


(ureogénese ou Ciclo de Krebs-Henseleit)

As principais fontes dos átomos da urea são: C (CO2), H


(NH3) e N (ácido aspártico). 13
Ciclo de Urea

No ciclo de urea, a ornitina é o transportador dos átomos de


azoto e de carbono. A arginina é precursor imediato da urea
após de hidrólise pela arginase.

NH2
NH2
NH
H2O H H
N H
H H O
H H
H H
+ H2N NH2
H H
NH2
H H
H NH2 O OH Urea

O OH
Ornitina
Arginina
eb581 14
Síntese da arginina a partir da ornitina

As três etapas importantes da síntese de arginina e ornitina


1- Formação da citrulina pela transferência de grupo carbamilo da
carbamil-Pi para a ornitina por acção da ornitina-transcarbamilase.

NH2
NH2
N H
H H NH3 + CO2+ ATP

H H O O H H

H H + H2N O P OH H H
NH2 OH H H
PPi
H NH2
O OH Carbamil fosfato
O OH
Ornitina Citrulina 15
eb581
2- Condensação da citrulina com ác. aspártico e posterior
hidrólise do pirofosfato. A reacção é catalizada
arginosuccinato-sintetase em presença de ATP.

O O OH
NH2 NH
HO O H N N
N H
ATP AMP H
H H H H H H
H2 N H
H H + H H
H H
H H PPi H H HO O

H NH2 O OH H NH2

O OH O OH

Citrulina ác. aspártico ác. Arginosuccínico

eb582 16
3- O ác. Arginosuccínico cinde-se em arginina e ác.
fumárico pela acção de arginossuccinase.

O OH NH2
NH
H N NH
HN N
O H H
H
H H H H
OH H H
H H HO + H H
H H HO O arginosuccinase H
O H NH2
H NH2
ác. fumárico
O OH
O OH
ác. arginosuccínico arginina

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Síntese geral: (ornitina  arginina)
NH2
H H O
O
H H
H2N O P OH
H H +
(1) Ornitina H NH2 carbamilOH
fosfato
O OH
NH3 + CO2 + ATP
PPi
O O OH
NH2 NH

N H HO O H N N
H
H H
H2 N H ATP AMP H H H H

H H + H H
H H
H H H H HO O

H NH2 O OH PPi H NH2


(2) Citrulina ác. Aspártico
O OH O OH
ác. Arginosuccínico
NH2
O H N NH arginosuccinase
H
OH H H
HO + H H
H
O H H
H NH2
(3) Ác. Fumárico Arginina
O OH 18
Síntese geral: (ornitina  arginina)
NH2
H H O
O
H H
H2N O P OH
H H +
(1) Ornitina H NH2 carbamilOH
fosfato
O OH
NH3 + CO2 + ATP
PPi
O O OH
NH2 NH

N H HO O H N N
H
H H
H2 N H ATP AMP H H H H

H H + H H
H H
H H H H HO O

H NH2 O OH PPi H NH2


(2) Citrulina ác. Aspártico
O OH O OH
ác. Arginosuccínico
NH2
O H N NH arginosuccinase
H
OH H H
HO + H H
H
O H H
H NH2
(3) Ác. Fumárico Arginina
01-Sep-18 RR.2018
O OH 19
Ciclo de Urea

O ácido oxaloacético pode seguir três vias:


- Transformado em ácido aspártico
- Convertido em glucose (por neoglucogénese)
- Condensar-se com acetil-CoA e formar ácido cítrico

A formação de produtos principais do ciclo da ureia processa-


se a matriz mitocondrial (formação de NH3, carbamil-fosfato e
citrulina) e as reacções subsequentes dão se no citosol.

A degradação de AAs conduz a formação de importantes


intermediários metabólicos que podem ser convertido em
glicose ou oxidados pelo ciclo de Krebs.
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Ciclo de Urea

(Esquema simplificado) eb582

(veja material em fotocópia)

eb582 21
Ureudos nas plantas

Os ureudos são produtos da síntese de azoto recém-fixado


nos nódulos das leguminosas tropicais. Alantoína, ácido
alantóico são derivados do ribonucleósido púrico inosina-
monofosfato sintetisado a partir de ribose-5-fosfato com a
intervenção do azoto da glutamina, do ácido aspártico e da
glicina.

Os principais derivados da estrutura de Ureia encontrados nas


plantas são: alantoína, ácido alantóico e a citrulina.

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Ureudos nas plantas
A alantoína e ácido alantóico representam 50-90% do azoto
orgânico nas leguminosas tropicais por exemplo na vagem da
soja.

H
O O OH NH
N
NH2 NH2
2
O O
O N H N O N N
H H
H H H

Alantoína Ácido alantóico

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