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RESUMO DA UNIDADE

A Engenharia pode ser entendida como uma ciência que busca transformar a
realidade a fim de resolver problemas e construir tecnologias e conhecimento. O
engenheiro, por sua vez, é um profissional que precisa lidar com aspectos éticos
conciliados a aspectos técnicos como eficiência. Além disso, o engenheiro
contemporâneo necessita dominar computação, matemática, ciências básicas, ter
criatividade entre outras competências. Especificamente no que diz respeito à
engenharia elétrica, ela é dividida em várias especialidades, algumas já possuindo
autonomia e se tornando cursos independentes, o que pode ser entendido pelo
avanço tecnológico que exigiu uma especificidade cada vez maior do profissional.
Não é possível datar um início para a história dessa engenharia, mas há evidencias
históricas de estudos a respeito da eletricidade desde a antiguidade. Um dos
conhecimentos fundamentais para o engenheiro da área da eletricidade é domin ar a
física desta, ou seja, a natureza da eletricidade, entendendo, portanto, os conceitos
de força e campo elétrico, bem como força e campo magnético, corrente elétrica,
carga elétrica entre outros. Associado a isso, o engenheiro também necessita
conhecer os componentes básicos dos circuitos elétricos como resistores,
capacitores, indutores e técnicas de resolução destes via EDO, transformação delta
estrela, equivalente de Thévenin e de Norton etc. Também é fundamental que o
engenheiro dessa área conheça os processos de geração, transmissão e
distribuição de energia, compreendendo o funcionamento de hidrelétricas e
termelétricas (por exemplo), conhecendo também as formas de energia que se
apresentam na natureza. Por fim, um aspecto fundamental é a manutenção, bem
como sua gestão, visto que esse tema é de enorme relevância pela sua
potencialidade de melhorar a eficiência, disponibilidade, confiabilidade entre outros
de uma empresa, economizando recursos inclusive.

Palavras-chave: Eletricidade. História da Engenharia Elétrica. Aneel. Geração de


Energia. Distribuição de Energia.
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SUMÁRIO
RESUMO DA UNIDADE.........................................................................................................1
SUMÁRIO .................................................................................................................................2
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................4
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À ENGENHARIA ELÉTRICA ......................................5
1.1 Conceitos e Definições.............................................................................................5
1.2 Evolução Histórica ................................................................................................. 10
1.3 Especialidades da Engenharia Elétrica .............................................................. 16
RECAPITULANDO............................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2 - ELETRICIDADE BÁSICA E CIRCUITOS ELÉTRICOS .................. 25
2.1 Carga elétrica e Lei de Coulomb ......................................................................... 25
2.2 Campo e Potencial Elétrico .................................................................................. 28
2.3 Corrente Elétrica..................................................................................................... 32
2.4 Campo, Força e Fluxo Magnéticos ..................................................................... 33
2.5 Ondas Eletromagnéticas....................................................................................... 36
2.6 Estrutura da Matéria .............................................................................................. 38
2.7 Resistores................................................................................................................ 39
2.8 Capacitores ............................................................................................................. 42
2.9 Indutores .................................................................................................................. 44
2.10 Fontes ...................................................................................................................... 45
2.11 Transformadores .................................................................................................... 46
2.12 Leis de Kirchhoff ..................................................................................................... 47
2.13 Divisor de Tensão e divisor de corrente ............................................................. 53
2.14 Teorema de Thévenin e Norton ........................................................................... 56
2.15 Transformação Delta ............................................................................................. 59
2.16 Instrumentos de Medição...................................................................................... 63
RECAPITULANDO............................................................................................................... 65
CAPÍTULO 3 - FORMAS, GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA, ANEEL
E CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA ............................................................................ 73
3.1 Energia..................................................................................................................... 73
3.2 Geração de Energia Elétrica ................................................................................ 77
3.3 Transmissão e Distribuição de Energia.............................................................. 85
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3.4 ANEEL e Concessionárias de Energia ............................................................... 88


RECAPITULANDO............................................................................................................... 90
CAPÍTULO 4 - A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO .............................................. 96
4.1 Estratégia, Planejamento e Administração ........................................................ 96
4.2 Conceitos, Definições e Finalidades da Manutenção ...................................... 99
4.3 Controle da Manutenção..................................................................................... 106
RECAPITULANDO............................................................................................................. 110
FECHANDO A UNIDADE ................................................................................................. 115
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 119
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 120
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

A Engenharia Elétrica é um ramo do conhecimento muito importante


atualmente, visto que nossas atividades diárias dependem de termos energia
elétrica disponível. Dessa forma, esse módulo pretende introduzir o campo da
engenharia elétrica comentando seus conceitos e suas principais especialidades.
Para a boa compreensão do conteúdo dessa unidade é essencial que se
domine alguns requisitos matemáticos. Assim, no capítulo 1 há uma revisão de
alguns tópicos matemáticos vitais para o engenheiro elétrico, contudo, é
imprescindível que se domine matemática básica para compreender o conteúdo aqui
apresentado.
O capítulo 2 discutirá, pontualmente, os principais conceitos básicos da
eletricidade. A intenção é apresentar e contextualizar a física envolvida nessa
engenharia. Já o capítulo 3 aplica esses conceitos nos circuitos elétricos que são um
dos principais objetos de estudo e de prática do engenheiro elétrico.
No capítulo 4 será discutida a geração e distribuição de energia, bem como a
ANEEL e as concessionárias de energia. A unidade se encerrará discutindo a
manutenção, um tópico extremamente importante e cada vez mais discutido na
literatura e na prática das diversas engenharias.
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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO À ENGENHARIA ELÉTRICA

Nesse capítulo, serão discutidas as noções básicas que rondam a engenharia


elétrica, bem como alguns aspectos de sua história e suas especialidades
conhecidas.

1.1 Conceitos e Definições

O primeiro passo é definirmos o que é Engenharia, Brockman (2018) entende


a engenharia não como uma ciência, mas como algo que visa modificar a realidade.
Essa é uma noção muito comum de ouvirmos ou lermos, contudo, essa ideia
entende ciência de uma maneira muito restrita e engessada. Não há nenhum
problema (em termos filosóficos e científicos) em uma ciência buscar alterar a
realidade, aliás, alterar a realidade a fim de beneficiar a vida humana é algo que
sempre esteve no cerne das discussões entre Ciência, Tecnologia e Sociedade
(CTS). Nesse sentido, Hastenreiter (2016) nos apresenta uma noção
epistemologicamente (epistemologia é o ramo da filosofia que se debruça a respeito
do que é o conhecimento e como validá-lo) mais adequada, pois leva em conta a
Engenharia como uma ciência que se utiliza de outras ciências (portanto, é
multidisciplinar e, às vezes, interdisciplinar) e também de técnicas para resolver ou
otimizar problemas com consequências práticas, nesse caso, a Engenharia é uma
prática essencialmente humana.
Hastenreiter (2016) argumenta também que separar Ciência como a busca
pelo conhecimento de base e a Engenharia como a busca da aplicação desse
conhecimento é uma atitude ingênua, pois ignora o fato de cientistas que atuam em
áreas a princípio básicas, como física, matemática e química, frequentemente se
debruçam em problemas práticos e aplicações; e ignora também o fato de
comumente os engenheiros se debruçarem na construção de conhecimento de
base. Ou seja, o Engenheiro não atua somente como transformador da realidade,
mas também como investigador desta.
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SAIBA MAIS
As relações CTS são amplamente estudadas por sociólogos e educadores, são de
vital relevância na educação científica e tecnológica e para compreender como a
ciência pode interferir nas nossas vidas e como a própria sociedade se relaciona
com a produção de conhecimento e tecnologia.

No que diz respeito aos conceitos usualmente encontrados nos vocabulários


dos engenheiros e na literatura especializada, podemos citar: eficiência, modelo,
teoria, hipótese, experimento, aplicabilidade, manutenção, controle entre muitos
outros. Os modelos aos quais o engenheiro comumente se refere podem ser
modelos científicos ou modelos matemáticos.
Os modelos científicos podem ser compreendidos, segundo Bunge
(1974), partindo de um referente concreto R (também chamado de domínio em
analogia ao estudo de funções matemáticas). Dentro desse referencial concreto
percebe-se a existência de subconjuntos homogêneos, ou seja, percebe-se que
podemos agrupar partes de R formadas por elementos que são idênticos em algum
sentido. Sobre os elementos desse subconjunto, fazemos afirmações acerca de
suas propriedades e características, ao sistema relacional formado por esse
subconjunto e essas afirmações damos o nome de modelo. Em outras palavras,
estamos pegando um recorte da realidade e investigando o que podemos afirmar
acerca desse recorte.

IMPORTANTE
A ideia de um modelo é que ele corresponda à realidade, ou seja, o modelo
descreve a realidade, mas não é a própria realidade. Por exemplo, na física, é
comum utilizarmos massas pontuais; ora, não existe na realidade objetos físicos
pontuais que concentram massa, no entanto, nossos cálculos muitas vezes são
realizados assumindo corpos com massa pontual. Dessa forma, a massa pontual é
uma idealização ou uma aproximação.

Já o processo de modelagem matemática é realizado para descrever


matematicamente a realidade também por meio de aproximações ou idealizações, a
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figura abaixo ilustra como é esse processo na visão de Ferri (2006) com tradução de
Silva (2013):

Figura 1.1.1 – Processo de Modelagem Matemática segundo Ferri (2006)

Fonte: Silva (2013, p. 29)

A figura nos diz que o processo de modelagem parte de uma situação real,
uma vez compreendido o problema, realizamos uma representação mental dele. Em
seguida, ocorre um processo de simplificar o problema criando um modelo real.
Nessa etapa, é importante o conhecimento extramatemático (EMK), saímos então
da realidade e entramos no espaço da matemática através do processo conhecido
como matematização (tema tão extenso quanto a própria discussão dos modelos).
Temos agora um modelo matemático. Utilizando conhecimentos matemáticos,
geramos resultados matemáticos, os quais são interpretados retornando assim para
a realidade. Uma vez validado esse modelo, conseguimos uma compreensão do
problema real do qual partimos e formamos outra representação mental da situação.
Já as teorias, podemos entendê-las como um corpo de conhecimento
organizado em axiomas, definições, conceitos e teoremas. Por isso, Bunge (1969)
diz que uma teoria é um sistema hipotético-dedutivo, ou seja, um sistema formado
por hipóteses e deduções.
A relação entre modelo e teoria é uma discussão contemporânea, Morgan e
Morrison (1999) afirmam que os modelos têm uma autonomia parcial da teoria, ou
seja, podem progredir sem que a teoria progrida, dessa forma, possuem certa
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independência. Pode-se utilizar modelos para prever resultados, calcular grandezas


físicas e químicas entre outras coisas.

FIQUE ATENTO
O sentido que damos à teoria na engenharia e nas ciências, em geral, é distinto do
uso popular desse termo. Popularmente, chamamos de teoria alguma ideia
especulativa, da qual não possuímos um grau de certeza. Nas ciências, uma teoria
é o mais alto grau na hierarquia do conhecimento. Para algo ser uma teoria, é
necessário um longo processo que passa por várias validações e é sustentado por
evidências.

Já o termo hipótese pode ser utilizado em pelo menos duas situações.


Formalmente, axiomas podem ser tratados como hipotéticos, como algo que se
assume verdade para progredir. O outro uso dado ao termo hipótese é a
consequência de uma teoria ou modelo, nesse caso, a hipótese é derivada de um
modelo ou teoria e é testado indiretamente. As hipóteses são testadas
indiretamente, pois elas possuem conceitos não observacionais (por exemplo, força)
e também experimentos que carregam uma relação de correspondência com as
hipóteses, mas não são as hipóteses em si.

SAIBA MAIS
Hipótese no primeiro sentido é muito utilizada nas ciências ditas formais como a
matemática; e o segundo sentido de hipótese é utilizado nas ciências chamadas
factuais como física, química e a própria engenharia.

Em geral, engenheiros também realizam experimentos, por exemplo ao se


realizar ensaios de materiais. Vale ressaltar que um experimento é diferente de uma
mera observação. No primeiro, o ser humano organiza e planeja o que ocorrerá e
que fenômeno se quer medir; já na observação, apenas detectamos algo que
acontece naturalmente sem necessidade de intervenção humana.
Alguns outros conceitos fundamentais na engenharia são bem intuitivos como
eficiência, aplicabilidade e controle. No que se refere às atividades do engenheiro,
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este é responsável por projetar, construir, fabricar e montar; mas além disso,
também pode modelar aspectos da realidade para prever fenômenos e etc.
O engenheiro é um profissional que deve ser altamente competente em
diversas áreas do conhecimento. Ele deve ter uma forte formação em matemática e
ciências naturais como física, química e biologia em diferentes proporções. Os
engenheiros que lidam com meio ambiente, saneamento, processos químicos,
equipamentos hospitalares entre outros necessitam de uma formação mais profunda
em biologia e química, enquanto engenheiros qu e trabalham com sistemas de
potência, controle, computação e estruturas necessitam de uma formação mais
profunda em física.
Já a matemática, parece ser uma exigência mais básica à qual nenhum
engenheiro pode fugir de dominar. No que diz respeito aos conteúdos de
matemática que o engenheiro deve dominar, podemos citar o cálculo, as equações
diferenciais, a álgebra linear, a geometria analítica e o cálculo numérico. Essas
disciplinas são comuns na maioria dos cu rsos de engenharia no Brasil e no mundo.
Além disso, o engenheiro tem suas responsabilidades e deveres éticos, como
prezar pela segurança daqueles que executam seus projetos, assim como é
necessário que o engenheiro contemporâneo tenha competência em lidar com
pessoas, negociar e trabalhar em grupo, nesse sentido, cada vez mais matérias de
ciências humanas estão presentes nos currículos de engenharia como ética,
administração, economia entre outros.
É muito comum encontrar engenheiros trabalhando no mercado financeiro,
vendendo ações e modelando planos de negócios e até em bancos por conta de sua
forte formação na matemática.
Uma outra competência essencial ao engenheiro moderno é a informática e a
computação, pois, projetos, desenhos e cálculos complexos são muito mais práticos
de serem feitos em computadores. Aliás, às vezes é necessário, pois certas
equações matemáticas não possuem solu ção analítica, apenas numéricas. Nesse
sentido, o bom curso de engenharia propicia conhecimento em programação e
utilização de computadores.
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Vale ressaltar que algumas perspectivas teóricas e filosóficas que foram


apresentadas nessa seção, é necessário enfatizar, correspondem a alguns
pensamentos dentre centenas que podemos encontrar na literatura especializada.

1.2 Evolução Histórica

É difícil datar um início para a Engenharia Elétrica, talvez a maneira mais


sensata de abordar a evolução histórica seja comentar brevemente episódios
importantes que remetem ao desenvolvimento do ramo da física responsável pelo
estudo da eletricidade e, em seguida, a geração e transmissão de energia.

Primeiros Registros Históricos:


Na antiga Suméria, por volta de 2.500 a.C., já havia algum conhecimento a
respeito de condutores como cobre, prata e ferro. Há evidência que esse mesmo
povo já havia realizado o processo que depois ficou conhecido como
Eletrodeposição ou Galvanização, processo que foi estudado por Galvani , em 1780.
(BATTAGLIN; BARRETO, 2011).
Um povo descendente dos sumérios na Mesopotâmia, chamado de Partia,
também já conhecia materiais condutores por volta do século III a.C., contudo, além
disso, os Partias conheciam também os isolantes como argila e betume. Outra
realização notória desse povo foi a chamada Bateria de Bagdá, a qual permitia a
geração de energia elétrica em baixa escala, obviamente. (BATTAGLIN; BARRETO,
2011)
Já os chineses, tinham conhecimentos de magnetismo e da magnetita, e por
volta do ano de 2.637 a.C. já haviam construído agulhas magnéticas. No século XI
d.C. existem registros escritos de Shen Kua mostrando que os chineses já
trabalhavam com bússolas um século antes da primeira menção desse equipamento
na Europa. (BATTAGLIN; BARRETO, 2011).
A respeito dos gregos, entre os séculos VII e VI a.C., eles já conheciam a
magnetita e a bússola, que era empregada em navegações. Outro aspecto
interessante é que eles já conheciam o processo de eletrização por meio de estudos
com âmbar. Tales de Mileto percebeu que o âmbar ao ser friccionado adquiria a
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propriedade de atrair corpos leves (BATTAGLIN; BARRETO, 2011), um detalhe é


que tal fenômeno não era observado em condutores, aparentemente os gregos
conheciam a eletrização por atrito apenas.
Na França do século XIII d.C., especificamente por volta de 1269, Pierre
Pèlerin de Maricourt escreveu uma carta relatando os experimentos que havia feito
com imãs. Nela, ele escreve como identificar polos magnéticos e como é a lei de
atração e repulsão magnética entre corpos magnetizados. Além disso, ele descrevia
a bússola e seu funcionamento. Ele aprimorou a bússola colocando a agulha sobre
um pivô e montou-a no centro sobre uma escala circular graduada, que serviu como
base para as bússolas utilizadas nas grandes navegações. (BATTAGLIN;
BARRETO, 2011).
Pode-se citar também Willian Gilbert, um inglês que em 1801 estudara as
bússolas e os efeitos magnéticos e propôs o conceito de espectro magnético, o qual
servia para visualizar o que chamamos hoje de linhas de campo magnéticos entre
polos magnéticos. Os trabalhos de Gilbert foram ú teis posteriormente para Oersted.

Construção dos Fundamentos da Engenharia Elétrica:


De acordo com Battaglin e Barreto (2011), nos séculos XVIII e XIX haviam mais
facilidades de comunicação e mais proximidade geográfica entre os países que
estudavam esses fenômenos como Estados Unidos da América, Inglaterra, Escócia,
Alemanha entre outros se comparado à China, Grécia e aos Árabes na idade antiga.
Battaglin e Barreto (2011) afirmam também que essa facilidade geográfica e de
comunicação permitiu uma disseminação muito mais rápida dos estudos científicos a
respeito da eletricidade: Eletrostática, Magnetismo e Eletrodinâmica, sendo esses
fundamentos da engenharia elétrica.
Outros fundamentos da engenharia elétrica desenvolvidos nesse período foram
a modelagem matemática de fenômenos elétricos e o desenvolvimento de um
sistema internacional de unidades (SI). Além disso, algumas tecnologias foram
desenvolvidas nessa época como o telégrafo, a lâmpada elétrica, o rádio, o gerador
de corrente contínua, sistemas de corrente alternada e o telefone.
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Eletromagnetismo de Maxwell:
Esse foi um ponto importante na História da Física e da Engenharia Elétrica,
pois Maxwell teorizou um sistema de equações para descrever os fenômenos
elétricos e magnéticos. A teoria de Maxwell unificava eletricidade e magnetismo
passando a chamar de eletromagnetismo. A princípio eram 4 equações:
⃗∇ . 𝐸⃗ = 𝜌/𝜀0

𝜕𝐵
⃗∇ × 𝐸⃗ + = 0,
𝜕𝑡
⃗∇. 𝐵⃗ =0
{ ⃗∇ × 𝐵 ⃗ = µ0 𝐽

No entanto, Maxwell argumentava que deveria haver uma simetria na última


equação com relação à segunda, pois, pela segunda, é possível a variação de
campo magnética gerar campo elétrico, o oposto deveria ser verdade. Maxwell
conseguiu desenvolver a equação que generaliza essa ú ltima (também conhecida
como forma local da lei de Ampère) e dessa forma as equações de Maxwell ficam:

⃗∇ . 𝐸⃗ = 𝜌/𝜀0

𝜕𝐵
⃗∇ × 𝐸⃗ + =0
𝜕𝑡 . (1.2.1)
⃗ .𝐵
∇ ⃗ =0
𝜕𝐸⃗
⃗ ⃗
{∇ × 𝐵 = µ0 𝐽 + µ0 𝜀0 𝜕𝑡

Ao resolver essas equações juntas, Maxwell percebeu que o resultado seria a


equação de onda:

𝜕2 𝐸⃗ 𝜕2 𝐸⃗
= µ 𝜀
0 0
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 2 , (1.2.2)
𝜕2 𝐵⃗ 𝜕2 𝐵⃗
= µ 0 𝜀0
{ 𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 2

Em uma equação de onda, o termo que acompanha a derivada temporal é o


inverso do quadrado da velocidade, logo, no caso dessas ondas, 𝑣 = 1/√µ0 𝜀0 , essa
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velocidade é especial, é a velocidade de ondas eletromagnéticas no vácuo e recebe


o nome de 𝑐 então:
1 (1.2.3)
𝑐= .
√µ0 𝜀0

FIQUE ATENTO
Vale ressaltar que esse formalismo matemático que utilizamos surgiu depois dos
trabalhos de Maxwell, ou seja, a linguagem pela qual Maxwell realizou seus
trabalhos foi outra.

O experimento de Hertz foi uma forte evidência empírica de hipóteses


geradas pela teoria de Maxwell. Ainda sim, a história ao redor desse experimento
não é tão simples, pois precisaria ser discutido o que de fato Hertz procurava e
inclusive alguns erros que ele cometeu, mas esse aprofundamento histórico foge do
escopo deste texto.

SAIBA MAIS
As ondas eletromagnéticas podem se propagar no vácuo e permitiram muitas
tecnologias como as ondas de rádio, de TV e celulares.

A teoria de Maxwell permitiu a modelagem de inúmeros fenômenos


eletromagnéticos, o que promoveu o desenvolvimento de fundamentos da
Engenharia Elétrica (como os circuitos elétricos) e também a construção de
inúmeras tecnologias.

Medidores em Engenharia Elétrica:


Com relação à medida, esse é um conceito fundamental tanto na engenharia
quanto nas ciências em geral, como a ciência tem um caráter empírico, ou seja,
exige teste na realidade, para testar algo precisamos realizar uma medida e para
isso precisamos de equipamentos que façam essa medida, ou seja, os medidores.
Novamente, se retornarmos ao século XVIII, houve o desenvolvimento de
diversos métodos e equipamentos de medida. Esses equipamentos receberam o
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nome de eletroscópio (ou eletrômetros). Podemos citar: Musschengbroek – Garrafa


de Leiden, Lichtenberg – Câmara de Lichtenberg e Coulomb – Balança de Torção e
Plano de Prova. Isso mostra que o desenvolvimento estava ao redor da eletrostática.
Experimentos que utilizaram esses equipamentos possibilitaram estabelecer
unidades de medida eletrostática, como a carga qu e recebeu a unidade Coulomb (C)
(BATTAGLIN; BARRETO, 2011).
Já no século XIX, Poggendorf e Schweigger construíram o Galvanômetro
multiplicador; Thompson e Harris, o medidor de potencial elétrico; D’Arsonval e
Deprez, o Galvanômetro de Bobina móvel; Ohm, a bobina de resistência elétrica; e
Wheatstone e Thompson, a ponte de resistências. Esses equipamentos permitiram o
estudo da Corrente Elétrica (BATTAGLIN; BARRETO, 2011).
Também podemos citar Douard Branly que, em 1888, inventou um dispositivo
capaz de detectar ondas eletromagnéticas chamado coesor (INEP, 2010).

História da Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica:


Os chamados sistemas de potência ganharam espaço e se desenvolveram no
início do século XIX, sendo os primeiros geradores de energia as células galvânicas
que geravam tensão e corrente constantes (BATTAGLIN; BARRETO, 2011).
De acordo com Battaglin e Barreto (p. 55, 2011): “O melhor resultado de
transmissão em corrente contínua alcançado em 1889 foi através do sistema Thury:
4,65 MW na tensão de 57,6 KV de Moutier para Lyon, na distância de 180 km.”
Ainda nesse século, Tesla convenceu o governo americano a adotar a corren te
alternada como padrão argumentando que a transmissão de energia seria mais
eficiente. Esse modelo ainda é adotado.
E 1886, foi construída e testada a primeira usina de geração de energia elétrica
em Great Barrington, Massachusetts nos Estados Unidos (BATTAGLIN; BARRETO,
2011).

IMPORTANTE
Esses avanços possibilitaram inclusive o uso doméstico da energia elétrica em
grande quantidade, o que é condição necessária para o mercado de
eletrodomésticos crescer ao longo do século XX, além disso, é fundamental
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para aumentar a produção industrial.

Algumas Invenções Importantes no Século XIX:


Podemos citar algumas “invenções” marcantes na história que se relacionam
diretamente com a engenharia elétrica, como o telégrafo, desenvolvido por Samuel
Morse, em 1837, equipamento que permitia comunicação através de pulsos
eletromagnéticos. Já em 1876, Alexander Graham Bell inventou o telefone, o qual
substituiu paulatinamente o telégrafo que era até então o principal meio de
comunicação a distância em muitos países. Pode-se citar também a invenção da
lâmpada elétrica incandescente por Thomas Edison em 1879, que passou a ser
utilizada inclusive na iluminação pública, sendo implementado nos anos seguintes
(INEP, 2010).

A Engenharia Elétrica no Século XX:


Uma das marcas da engenharia no século XX foi o desenvolvimen to da
comunicação sem fio, que é quesito essencial para a globalização que vimos
posteriormente no final do século. O padre brasileiro Landell de Moura realizou, em
1984, a primeira transmissão de informação por meio de ondas eletromagnéticas.
Tal experimento transmitiu um sinal do alto da Avenida Paulista para o alto de
Sant’Anna, em São Paulo. Além disso, 2 anos depois Guglielmo Marconi utilizou u m
oscilador de Hertz, uma antena de Popov e um detector de Banly (já discutido) para
realizar uma experiência semelhante de transmissão de ondas eletromagnéticas
sem fio (INEP, 2010).
Outro grande marco no que diz respeito à comunicação foi o televisor,
construído em 1932 pela Radio Corporation of America (RCA), o qual era formado
por componentes eletrônicos analógicos como válvulas. Além de instrumento de
comunicação, se tornou fonte de entretenimento. Essa televisão desenvolvida pela
RCA era baseada nas pesquisas de Karl Ferdinand Braun a respei to dos tubos de
raios catódicos (INEP, 2010).
Em 1941 surgiu o primeiro computador programável, o Z3, construído pelo
alemão Kinrad Zuse. Esse equipamento serviu como base para que John Vom
Newman, em 1945, desenvolvesse a arquitetura de computadores. Em 1943, Alan
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Turing já havia construído um computador eletrônico, o qual teve impacto no términ o


da Segunda Guerra Mundial, decodificando os códigos da máquina alemã ch amada
de “Enigma” (INEP, 2010).
Ainda nessa década, foram desenvolvidos os primeiros computadores digitais
levando também ao desenvolvimento da própria eletrônica digital. Já na segunda
metade desse século, os principais desenvolvimentos foram no sentido de otimizar o
gasto de energia, reduzir o tamanho e aumentar a memória e velocidade (INEP,
2010).
Já no final da década de 50, mais especificamente 1959, foram feitos os
primeiros circuitos integrados, dando origem à microeletrônica; contudo, esta obteve
um salto surpreendente a partir da década de 70, foi quando esses circuitos tiverem
seu tamanho e custo reduzidos, possibilitando qu e fossem amplamente utilizados
(INEP, 2010).
O final de século XX e, principalmente, o início do XXI são marcados pela
interdisciplinaridade, ou seja, a engenharia elétrica trabalhando em conjunto com a
biologia, química, física, matemática, economia, medicina etc.

FIQUE ATENTO
Nesse período, o desenvolvimento se deu principalmente nas áreas relacionadas à
comunicação, eletrônica e computação; mas isso não significa que os sistemas de
potência e instalações não foram aprimorados em relação ao que foi desenvolvido
no século anterior. Além disso, vale reforçar a relevância da interdisciplinaridade n a
engenharia atual que passa por esse processo desde o final do século XX.

1.3 Especialidades da Engenharia Elétrica

A engenharia elétrica pode ser dividida em algumas especialidades, como já


foi dito, é uma engenharia que se ramificou muito nas ú ltimas décadas. Algumas das
principais especialidades serão comentadas a seguir.
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Engenharia de Controle e Automação:


Essa especialidade já ganhou um nível de autonomia que permitiu ser um
curso de engenharia separado da engenharia elétrica em muitos países (como no
Brasil).
Essa engenharia se utiliza de conhecimentos de mecânica integrados a
conhecimentos de eletricidade e computação, o intuito dessa especialidade é
controlar e automatizar processos, ou seja, permitir que processos sejam feitos de
maneira automática sem necessidade de um usuário e também conseguir controlar
o processo, assim sendo, decidir o resultado desse processo.
O principal contexto onde aparece essa engenharia é no ramo industrial, para
automatizar e controlar processos industriais, temos então as máquinas que
exercem sua função sem a necessidade de um usuário.

Engenharia Eletrônica:
Essa engenharia também conseguiu um grau de autonomia que permitiu a ela
ser um curso separado da engenharia elétrica em muitos países. Essa especialidade
lida com os sistemas eletrônicos e pode ser dividido em diversas áreas.
Existe a eletrônica de potência, cujo intuito é a geração de energia elétrica. Há
também a eletrônica analógica que é aquela que possui vários níveis de sinais,
enquanto a eletrônica digital é binária, ou seja, existem 2 níveis: 0 ou 1.
Outra área é a microeletrônica, a qual estuda os chips, circuitos integrados e
outros componentes cada vez mais importantes e avançados. Por fim, temos a
eletrônica embarcada que é a eletrônica que tem como base o microprocessador.
Vale ressaltar que essas áreas da Engenharia Eletrônica não são divisões
sólidas, pois um mesmo assunto pode ser conteúdo de mais de uma dessas áreas.
Essa é apenas um divisão que se consolidou nos últimos anos.
Outra ressalva é que essa especialidade se relaciona intimamente com a
anterior visto que a eletrônica digital é fundamental para a automação e controle de
processos industriais.
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Engenharia de Computação:
Essa é mais uma engenharia que conseguiu autonomia suficiente para ser u m
curso separado da engenharia elétrica. O próprio nome indica que é uma engenharia
que se pauta na computação, não somente no quesito de programação, mas
também de hardware, redes, entre outros. Ela se relaciona diretamente com a
eletrônica, pois as áreas de eletrônica digital, a microeletrônica e a eletrônica
embarcada estão fortemente presentes na engenharia de computação.

Engenharia de Sistemas de Potência:


Essa é a área responsável pelos sistemas de produção e distribuição de
Energia, principalmente, a nível industrial como em hidroelétricas e outras.

Engenharia de Telecomunicações:
Essa é uma engenharia que vem conquistando sua autonomia, algumas
instituições já oferecem esse curso separado da engenharia elétrica. Como o próprio
nome diz, essa engenharia se dedica à telecomunicação, sendo uma especialidade
muito importante, ela se utiliza de conhecimentos de física, principalmente de on das
eletromagnéticas.

Engenharia de Instrumentação:
Essa especialidade se dedica à construção de instrumentos de medida e
análise, é muito utilizada para o crescimento da própria ciência que exige
equipamentos cada vez mais precisos para construção de experimentos. Além
disso, é uma especialidade muito importante para segurança, é nessa especialidade
que se realizam testes em produtos antes de serem autorizados a irem para o
mercado. Além disso, essa especialidade dialoga intimamente com a engenharia
mecânica e as próprias ciências básicas como física e química.

Engenharia Eletromecânica:
Essa especialidade se confunde com a eletrônica em alguns momentos, pois
utiliza vários componentes da eletrônica analógica, ela se dedica a transformar
19

energia elétrica em mecânica para o funcionamento de máquinas. Um dos principais


componentes utilizados é o relê, o qual tem função muito importante na indústria e
também na automobilística (entre outros tipos de veículos) por exemplo.

Engenharia Eletrotécnica:
Essa engenharia possui 3 principais áreas, os motores elétricos, as instalações
elétricas e a geração e distribuição de energia, esta ú ltima se confunde muito com a
Engenharia de Sistemas de Potência.
Além dessas especialidades já conhecidas, temos a Engenharia Biomédica,
essa não é exatamente uma especialidade, mas uma engenharia interdisciplinar que
tem os conteúdos da engenharia elétrica em seu cerne. Essa engenh aria tem uma
atuação ampla que contempla diversos equipamentos para uso médico (para
realização de exames, por exemplo).
O quadro abaixo mostra as modalidades de cursos de engenharia da área de
eletricidade no Brasil até o ano de 2012, percebemos como a Engenharia de
Computação, Telecomunicações, Controle e Automação e Eletrônica ganharam
autonomia e aparecem em cursos específicos.

Quadro 1.3.1 – Cursos de Engenharia Elétrica no Brasil até o ano de 2012

Denominação do Curso Quantidade


1 Engenharia Elétrica 179
2 Engenharia Computação 71
3 Engenharia de Controle e Automação 55
4 Engenharia de Telecomunicações 40
5 Engenharia Mecatrônica 24
6 Engenharia Eletrônica 29
7 Engenharia Industrial Elétrica 07
8 Engenharia de Automação 05
9 Engenharia de Sistema 04
1 Engenharia de Energia 03
0
1 Engenharia de Redes de Comunicação 02
20

1
1 Engenharia de Comunicações 02
2
1 Engenharia Eletrotécnica 01
3
1 Engenharia Computacional 01
4
1 Engenharia de Teleinformática 01
5
Fonte: INEP, p. 58, 2010

É importante entendermos que as diferentes áreas da engenharia elétrica e


da engenharia como um todo não são campos afastados que não se comunicam. Na
realidade, a engenharia contemporânea é marcada pela interdisciplinaridade.
Rizzoni (2013) afirma, por exemplo, que várias áreas da engenharia se encontram
para construir um automóvel, pois neste existem sistemas de propulsão,
eletromecânica, eletrônica, mecânica, aerodinâmica etc. Isso se deve ao fato de a
realidade ser complexa e muitas vezes precisamos reduzir um problema complexo
em outros mais simples, processo chamado de Redução Epistemológica; em
seguida, entendemos os pontos separadamente e, uma vez resolvida cada divisão
do problema, juntamos novamente para que tudo faça sentido junto, processo
chamado de Recontextualização Epistemológica.
21

RECAPITULANDO

QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Qual das alternativas a seguir não apresenta uma especialidade da engenharia
elétrica?
a) Engenharia Eletrotécnica
b) Engenharia de Telecomunicações
c) Engenharia de Computação
d) Engenharia Eletrostática
e) Engenharia de Energia

QUESTÃO 2
A respeito da história da engenharia elétrica, assinale a alternativa verdadeira.
a) A engenharia elétrica, como campo autônomo, existe desde a Grécia antiga,
havendo cursos de engenharia elétrica para filhos de políticos e pessoas ricas.
b) Desde a idade antiga existem estudos de eletricidade e magnetismo.
c) A engenharia elétrica não tem relação com o desenvolvimento das tecnologias de
comunicação ao longo do século XX.
d) A eletrônica digital surge apenas no final do século XX.
e) N.D.A.

QUESTÃO 3
Com relação aos conceitos utilizados na engenharia, assinale a alternativa
falsa.
a) Modelos matemáticos apresentam uma descrição idealizada da realidade e esses
são de grande importância para engenharia.
b) Modelos matemáticos apresentam uma descrição não idealizada da realidade e
esses são de grande importância para engenharia.
c) Podemos compreender a engenharia como uma ciência, apesar dela diferir das
ciências naturais quanto aos objetivos do estudo.
22

d) A engenharia tem papel não só de compreender, mas também de modificar a


realidade.
e) A engenharia pode facilitar a vida cotidiana resolvendo problemas de ordem
tecnológica, econômica etc.

QUESTÃO 4
A respeito do processo de modelagem matemática, assinale a alternativa
verdadeira.
a) No processo de modelagem existem dois contextos ou espaços, a realidade e a
própria matemática, isso faz com que modelos não sejam confiáveis.
b) Modelos matemáticos descrevem a realidade de maneira exata sem idealizações.
c) O processo de modelagem passa por uma etapa chamada matematização, a qual
parte de um modelo na realidade e chega a um modelo matemático.
d) Não é necessário interpretar um modelo matemático para que ele seja utilizado na
prática.
e) Ao interpretar resultados matemáticos, nós chegamos a resultados reais.

QUESTÃO 5
Quanto ao Eletromagnetismo de Maxwell, assinale a alternativa incorreta.
a) O Eletromagnetismo de Maxwell permitiu tecnologias de comunicação por ser
uma teoria capaz de modelar ondas eletromagnéticas (as quais transmitem
informação).
b) O Eletromagnetismo de Maxwell unifica a eletricidade com o magnetismo e a
ótica.
c) Essa teoria conclui que a luz é uma onda eletromagnética que possui velocidade
constante no vácuo.
d) Ondas eletromagnéticas se propagam no espaço.
e) Ondas eletromagnéticas não se propagam no vácuo a não ser que exista um
meio massivo e denso, pois essas ondas são análogas às ondas sonoras quanto à
sua propagação.
23

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Diferencie modelagem matemática de matematização.

TREINO INÉDITO
Das alternativas abaixo, qual não representa uma responsabilidade ou uma
competência do engenheiro?
a) Prezar pela segurança no trabalho, tanto dele quando dos demais membros da
equipe (ou grupo).
b) Procurar otimizar seu trabalho gerando mais eficiência sem deixar de lado
questões éticas e ambientais.
c) Ter cuidado com os impactos ambientais de seu trabalho.
d) Ser individualista, resolvendo os problemas sem a necessidade de trabalhar em
grupo.
e) Ser assíduo e dominar teoricamente os assuntos inerentes à sua prática
profissional.

NA MÍDIA
ATENTA AO MERCADO, A ENGENHARIA SE MANTÉM ENTRE OS PRINCIPAIS
CURSOS.
As engenharias continuam entre os cursos mais concorridos e se mantêm
conectadas à contemporaneidade. Algumas engenharias se mantêm tradicionais
como Civil, Elétrica e Mecânica, enquanto outras conquistam espaço por conta da
demanda criada por áreas como do petróleo, ambiental e sanitária ou Controle e
Automação. As tradicionais ainda são as mais procuradas, mas vale ressaltar que a
área do petróleo vem se recuperando, enquanto a área ambiental é cada vez mais
importante, assim como a do Controle e Automação.
Fonte: O GLOBO
Data: 04/04/2019
Leia a notícia na íntegra: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-
vestibular/atenta-ao-mercado-engenharia-se-mantem-entre-os-principais-cursos-
23572931
24

NA PRÁTICA
A compreensão da natureza científica da engenharia, bem como dos conceitos
inerentes ao estudo da engenharia permite ao profissional da área uma atuação
mais crítica e responsável.
É importante conhecer as competências que a contemporaneidade exige do
engenheiro, tanto para uma boa colocação no mercado de trabalho quanto para seu
desenvolvimento profissional.
Uma base de conhecimento na h istória da engenharia elétrica ajuda o engenheiro
em seu aprendizado com relação à engenharia e também melhora a compreensão
da função social do engenheiro, bem como as relações entre ciência, tecnologia e
sociedade.
Conhecer as áreas da engenharia elétrica é uma etapa importante na formação do
engenheiro para que ele possa decidir conscientemente a respeito de seus
caminhos profissionais e também dialogar com profissionais de outras
especialidades.
25

CAPÍTULO 2 - ELETRICIDADE BÁSICA E CIRCUITOS ELÉTRICOS

Esse capítulo discutirá a natureza dos fenômenos elétricos e magnéticos bem


como sua abordagem matemática. Serão discutidos também os principais
componentes dos circuitos elétricos e algumas técnicas para resolvê-los. O
conteúdo desse capítulo é essencial para o estudo dos tópicos da engenharia
elétrica como a eletrônica e a automação industrial.

2.1 Carga elétrica e Lei de Coulomb

De acordo com Nussenzveig (2012), a carga elétrica é para a eletricidade


análoga ao que é a massa para a gravitação. Contudo, a carga elétrica (diferente da
massa) pode ser positiva ou negativa possibilitando forças de atração e também de
repulsão.
Um aspecto fundamental da carga elétrica é que ela é quantizada, ou seja, a
carga elétrica de um corpo carregada é um múltiplo de um certo valor, o qual
conhecemos como carga elementar 𝑒 = 1,6.10−19 𝐶, dessa forma,

𝑞 = 𝑛. 𝑒, (2.1.1)

onde 𝑞 é uma carga elétrica e 𝑛, um número natural. A carga elétrica é medida


em Coulomb (𝐶), contudo, essa unidade é muito grande, então valores comuns de
carga elétrica podem ser muito pequenos.
Corpos trocam carga elétrica por meio de elétrons, dessa forma, se
conectarmos dois corpos com cargas 𝑞1 e 𝑞2 através de um tubo (por exemplo), que
permita a passagem desses elétrons, teremos que no final a carga de cada um dos
𝑞 1+𝑞 2
corpos é , ou seja, a média entre essas duas cargas (sendo elas positivas ou
2

negativas). Em outras palavras, corpos trocam cargas elétricas até que ambos
tenham a mesma carga.
Como já foi dito, as cargas elétricas têm na eletricidade a função que a massa
tem na gravitação e isso é perceptível se observamos a fórmula da força elétrica (ou
eletrostática) entre duas cargas:
26

𝑞1 𝑞2 (2.1.2)
𝐹= 𝑟̂ ,
4𝜋𝜀0 𝑟2

onde 𝐹 é a força (grandeza vetorial), 𝑟 é a distância entre as cargas, 𝜀0 ≈


8,85.10−12 𝐶 2 /𝑁𝑚2 é a constante de permissividade elétrica no vácuo e 𝑟̂ é o versor
diretor, ou seja, aquele que dá a direção da força (para obter o sentido, é necessário
ver o sinal dessa força). É convencionado adotar o versor diretor como saindo da
carga 1 e apontando para a carga 2, pois essa é a força que a carga 1 exerce sobre
a 2. Dessa forma, fica mais claro escrever a equação (2.1.2) como:

𝑞1 𝑞2 (2.1.2)
𝐹1 2 = 𝑟̂ ,
4𝜋𝜀0 𝑟2 1 2

Assim todas as informações estão presentes.

FIQUE ATENTO
A força que 2 aplica em um é idêntica em valor e direção, mas oposta em sentido,
isso se deve à terceira lei de Newton. Além disso, é comum utilizar a constante 𝑘 =
1
.
4𝜋𝜀 0

Exemplo: suponha um sistema como o da figura abaixo, onde duas esferas de


massa 𝑚 com cargas positivas de valor 𝑞 estão presas por fios isolantes (não
conduzem a carga elétrica) de comprimento 𝑙, como elas possuem mesmo sinal,
estão se repelindo formando um ângulo de 2𝜃 entre os fios. Obtenha uma relação
entre as grandezas do problema.

2𝜃
27

Pela lei dos cossenos, podemos escrever que a distância entre as cargas é
dada por:
𝑟2 = 𝑙 2 + 𝑙 2 − 2. 𝑙. 𝑙. cos(2𝜃).

Além disso, as duas esferas são idênticas e o problema é simétrico, então,


equacionemos uma das esferas e obteremos uma relação válida para ambas. Pelo
desenho abaixo, podemos decompor as forças nos eixos x e y e aplicar a condição
⃗.
de equilíbrio, na qual ∑ 𝐹 = 0

y ⃗
𝑇
𝐹𝑒

𝑃⃗
x

Montando o diagrama de forças teremos:


𝑇
𝜃
𝐹𝑒
x

𝑃⃗

Logo, 𝑇𝑥 = −𝑇𝑠𝑒𝑛(𝜃) e 𝑇𝑦 = 𝑇𝑐𝑜𝑠(𝜃) mas 𝑇𝑐𝑜𝑠(𝜃) − 𝑃 = 0 → 𝑇𝑐𝑜𝑠 (𝜃) = 𝑚𝑔


(pois as forças em y devem se anular) e −𝑇𝑠𝑒𝑛(𝜃) + 𝐹𝑒 = 0 → 𝑇𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 𝐹𝑒 .
𝑚𝑔
Podemos isolar 𝑇 na primeira equação (𝑇 = ) e substituir na segunda, assim
cos( 𝜃)

sendo:
𝑚𝑔. 𝑡𝑔 (𝜃) = 𝐹𝑒
𝑞2
Mas, 𝐹𝑒 = , portanto:
4𝜋𝜀 0 𝑟2

𝑞2
𝑚𝑔. 𝑡𝑔(𝜃) = → 4𝜋𝜀0 𝑟2 𝑚𝑔. 𝑡𝑔 (𝜃) = 𝑞 2
4𝜋𝜀0 𝑟2
28

4𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑡𝑔(𝜃). (𝑙 2 + 𝑙 2 − 2. 𝑙. 𝑙. cos(2𝜃)) = 𝑞 2

4𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑡𝑔 (𝜃). (2𝑙 2 − 2𝑙 2 . cos (2𝜃)) = 𝑞 2

4𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑡𝑔(𝜃). 2𝑙 2 . (1 − cos(2𝜃)) = 𝑞 2

4𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑡𝑔(𝜃). 2𝑙 2 . (1 − 1 + 2sen2 (𝜃)) = 𝑞 2

4𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑡𝑔 (𝜃). 2𝑙 2 . 2sen2 (𝜃) = 𝑞 2

𝑠𝑒𝑛 (𝜃) 2
16𝜋𝜀0 𝑚𝑔. 𝑙 sen2 (𝜃) = 𝑞 2
cos(𝜃)

𝑞 2 cos(𝜃) = 16𝜋𝜀0 𝑚𝑔𝑙 2 sen3 (𝜃).

SAIBA MAIS
A força de Coulomb respeita o princípio de superposição, assim sendo podemos
somar vetorialmente as forças elétricas em um corpo:

𝑞𝑖 𝑞
𝐹𝑖 = ∑ 𝐹𝑖(𝑗) = ∑ 𝑗 2 𝑟̂𝑗𝑖
4𝜋𝜀0 (𝑟 )
𝑗≠𝑖 𝑗≠𝑖 𝑗𝑖

2.2 Campo e Potencial Elétrico

Um campo é uma entidade física que permeia o espaço. De acordo com


Nussenzveig (2012), cargas elétricas são geradoras de campo, o campo elétrico
gerado por uma carga é dado por:

𝑞 (2.2.1)
𝐸⃗ = 𝑟̂ ,
4𝜋𝜀0 𝑟2

Note que:
29

𝐹 = 𝑞𝐸⃗ . (2.2.2)

IMPORTANTE
Novamente, vale o princípio de superposição e, assim sendo, o campo gerado por
uma distribuição de cargas pode ser calculado pela soma vetorial dos campos
gerados por cada carga.

Também é possível calcular campos elétricos por meio da Lei de Gauss:

(2.2.3)
𝜑𝑆 = ∮ 𝐸⃗ . 𝑑𝑠 = 𝑞/𝜀0

Trata-se de uma integral de superfície, onde 𝑑𝑠 é o elemento de


superfície vetorialmente orientado e 𝜑𝑆 é o fluxo de campo elétrico que passa por
essa superfície. A superfície utilizada deve ser fechada, isso é muito importante,
além do mais, a carga 𝑞 é chamada de interna, pois é a carga no interior da
superfície fechada adotada. A equação (2.2.3) é muito útil em situações onde existe
simetria, por exemplo para calcular o campo gerado por uma esfera (de raio 𝑅), com
distribuição uniforme de carga, onde a densidade de carga 𝜌 é constante, assim
sendo, para um ponto fora da esfera (𝑟 > 𝑅), temos que:

𝑞 𝑞
⃗ . 𝑑𝑠 = ∮ 𝐸𝑑𝑠 = 𝐸. 𝐴 =
∮𝐸 →𝐸= ,
𝜀0 4𝜋𝜀0 𝑟2

Ou seja, o campo gerado por uma esfera é igual ao de uma carga


isolada. É possível calcular no interior da esfera também (𝑟 < 𝑅):

𝜌4 3
𝑞 𝜋𝑟 𝜌𝑟
∮ 𝐸⃗ . 𝑑𝑠 = ∮ 𝐸𝑑𝑠 = 𝐸. 𝐴 = → 𝐸 = 3 2
= .
𝜀0 4𝜋𝜀0 𝑟 3𝜀0
30

FIQUE ATENTO
Para 𝑟 = 𝑅, as duas equações convergem no resultado. Perceba também que as
integrais possuem um produto escalar, nos casos anteriores, o campo é sempre
paralelo ao vetor diretor do elemento de área. Logo, o produto escalar é 1.

É comum utilizar linhas para representar os campos elétricos. A convenção é


que em uma carga positiva, as linhas de campo divergem, ou seja, saem do corpo
carregado; e em cargas negativas, as linhas convergem, (entram) para o corpo
carregado.

Figura 2.2.1 – Linhas de campo

Fonte: Campo Elétrico, 2014

Muitas vezes, é demasiadamente complicado se trabalhar com Campo


Elétrico pelo fato de ele ser uma grandeza vetorial. No entanto, existe uma
quantidade escalar que “substitui” em certa medida o campo, chamamos essa
grandeza de potencial e este pode ser calculado através da equação:

𝑟
(2.2.4)
𝑉(𝑟) = − ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 ,

31

Onde a integral é feita ao longo de uma linha reta denotada por 𝑙 e cujo

elemento de comprimento orientado dessa linha é 𝑑𝑙. O limite inferior de integração


é infinito, pois supomos que o potencial zera no infinito, mas a equação (2.2.4) é
limitada justamente por esse detalhe, algumas distribuições de carga elétrica podem
gerar campos que não zeram no infinito, por isso a equação mais geral é para a
diferença de potencial entre dois pontos (𝑃1 e 𝑃2):

𝑃2 (2.2.5)
𝑉(𝑃2 ) − 𝑉 (𝑃1 ) = ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙
𝑃1

Para uma partícula carregada, por exemplo, temos que:

𝑟 𝑟
𝑞 𝑞 𝑟 𝑞 𝑞
𝑉(𝑟) = − ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 = − ∫ 2
. 𝑑𝑙 = − [− ] = −0 = .
∞ ∞ 4𝜋𝜀0 𝑙 4𝜋𝜀0 𝑙 ∞ 4𝜋𝜀0 𝑟 4𝜋𝜀0 𝑟

FIQUE ATENTO
Novamente, só pudemos simplificar o produto escalar pois o campo elétrico é
paralelo ao vetor diretor do elemento de comprimento.

Para uma distribuição de cargas, o potencial pode ser dado pelo somatório,
assim como no caso da força elétrica.
Exemplo: calcule o potencial elétrico no interior e exterior de uma esfera
carregada, mas cujas carga se encontram na superfície.
Pela Lei de Gauss, a esfera tem campo elétrico zero em seu interior (não a
carga interna à superfície) e, no exterior, é idêntico ao potencial de uma carga
isolada.
𝑞
Já no que diz respeito ao potencial, no exterior será 𝑉(𝑟) = 4𝜋𝜀 , pois é
0𝑟

análogo ao caso da carga isolada, no entanto, no interior teremos:

𝑅 𝑅−𝜀 𝑅
𝑞
𝑉 (𝑅) = − ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 = −lim [∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 + ∫ 𝐸⃗ . 𝑑𝑙 ] =
∞ 𝜀→0 ∞ 𝑅−𝜀 4𝜋𝜀0 𝑅
32

A unidade de potencial elétrico é o volt (𝑉 ), a diferença de potencial elétrica


(ddp) é também chamada de tensão (com a mesma unidade, obviamente).

2.3 Corrente Elétrica

Cargas em movimento recebem o nome de corrente elétrica,


matematicamente podemos formalizar essa corrente elétrica como:

𝑑𝑞 (2.3.1)
𝑖= ,
𝑑𝑡

Sendo 𝑖 a corrente elétrica, 𝑞 a carga e 𝑡 o tempo. Um problema na


equação (2.3.1) é que ela não é vetorial. Uma maneira de trabalhar com essa
corrente por exemplo em circuitos (o que será visto mais a frente) é utilizar sinais de
positivo ou negativo, ainda assim, em problemas espaciais isso não é possível.
Dada uma seção transversal de um fio cilíndrico que permite passagem de
corrente elétrica, definimos um vetor ortogonal a essa seção e definiremos uma
densidade de corrente:

𝑑𝑖 (2.3.2)
𝑗= 𝑠̂ .
𝑑𝑠

Com essa densidade de corrente, podemos calcular correntes elétricas em


fios com geometrias diversas, basta integrar a equação (2.3.2) na área desejada.
Isso é muito útil, pois nem sempre correntes elétricas são constantes. Em um fio
cilíndrico por exemplo:

𝑖 = ∮ 𝑗. 𝑑𝑠 = 𝑗𝐴 = 2𝜋𝑟2 𝑗

Onde 𝑟 é o raio do fio cilíndrico.


A unidade de corrente elétrica é o Ampère (A) e da densidade é o 𝐴/𝑚2 .
Embora possamos definir corrente elétrica para qualquer portador de carga, na
33

natureza e nas tecnologias desenvolvidas pelo ser humano, as correntes que


observamos são devidas aos elétrons.

FIQUE ATENTO
Podemos observar corrente elétrica quando há diferença de potencial entre dois
pontos.

2.4 Campo, Força e Fluxo Magnéticos

Um campo magnético é gerado por uma corrente elétrica, a característica que


diferencia esse com relação ao elétrico é o fato das linhas de campo serem sempre
fechadas. A unidade de campo magnético é o Tesla (T). É possível calcular campos
magnéticos utilizando a lei de Ampère, segundo a qual:

⃗ . 𝑑𝑙 = µ0 𝑖 (2.4.1)
∫𝐵

⃗ é o campo magnético, 𝑑𝑙 o elemento de linha de uma curva


Onde 𝐵
fechada e µ0 = 4𝜋. 10−7 𝑁/𝐴2 a constante de permeabilidade magnética do vácuo.
Dado um fio que é percorrido por uma corrente elétrica, o campo magnético é
circular por volta do fio (o sentido é determinado pela regra da mão direita), dessa
forma, basta pegar uma curva que acompanha o campo magnético, dessa forma:

µ0 𝑖
⃗ (𝑟) =
𝐵. 2𝜋𝑟 = µ0 𝑖 → 𝐵 𝜑̂
2𝜋𝑟

Onde 𝜑̂ é um versor cujo sentido e direção são variáveis em sentido


horário. Essa equação acima nos dá o campo magnético fora do fio, se
considerarmos um fio cilíndrico de raio 𝑅 podemos calcular o campo no interior do
fio. Vamos assumir uma densidade de corrente constante:

𝑖
𝑗= 𝑠̂ ,
𝜋𝑅 2
34

Assim sendo, aplicando a Lei de Ampère, temos:


µ0 𝑗𝑟 µ 𝑖 µ 𝑖
𝐵. 2𝜋𝑟 = µ0 𝑗𝜋𝑟2 → 𝐵 = = 0 2𝑟→𝐵
⃗ (𝑟) = 0 𝑟𝜑̂
2 2𝜋𝑅 2𝜋𝑅 2
Outro caso importante é o do solenoide. Este pode ser calculado utilizando a
mesma lei e o resultado será:

⃗ = µ0 𝑛𝑖𝑧̂ ,
𝐵 (2.4.2)

Onde 𝑧̂ é o versor perpendicular à seção transversal do solenoide.

Figura 2.4.1 – Regra da mão direita.

Fonte: SEED, 2019

Figura 2.4.2 – Solenoide.

Fonte: BANCO INTERNACIONAL DE OBJETOS EDUCACINAIS, 2019

No que diz respeito à força magnética, ela pode ser calculada por:
35

⃗,
𝐹𝑚 = 𝑞𝑣 × 𝐵 (2.4.2)

Note o produto vetorial, dessa forma, a força é perpendicular à velocidade e ao


campo magnético. Além disso, a presença de 𝑞 e 𝑣 na equação mostra que, para
haver força magnética, é necessário haver carga elétrica em movimento. É possível
calcular também a força sobre um fio (e até objetos de dimensão diversa), para isso
basta relacionar 𝑞 e 𝑣 utilizando o conceito de corrente elétrica:
𝑖𝑙 = 𝑞𝑣,
Assim sendo,


𝐹𝑚 = 𝑖𝑙 × 𝐵 (2.4.3)

E para uma geometria diversa, podemos escrever:


𝑑𝐹𝑚 = 𝑖𝑑𝑙 × 𝐵

Outro conceito importante é o de fluxo magnético, que pode ser calculado por:

⃗ . 𝑑𝑠 , (2.4.4)
𝜙𝑚 = ∫ 𝐵

Nesse caso, a integral não precisa ser de superfície, não é necessária que seja
uma superfície fechada. Aliás, nem faz sentido que o seja, pois o próprio campo
magnético já é fechado. A variação do fluxo magnético tem um significado físico
muito importante, é a chamada lei de Indução, segundo a qual:

𝜕𝜙𝑚 (2.4.5)
ℰ=− ,
𝜕𝑡

Onde ℰ é chamada força eletromotriz, que é uma espécie de tensão.


Com essa lei, podemos induzir correntes elétricas.
36

FIQUE ATENTO
Lembre-se que diferença de potencial gera corrente elétrica.

Exemplo: um campo magnético uniforme é aplicado no interior de uma placa


com o contorno feito por um material condutor e cujos tamanhos são dados pela
figura abaixo:

⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗
h V
⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗

⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗⊗

𝑙 = 𝑉𝑡

Há também uma haste inicialmente se movendo para a direita que fecha um


circuito com as bordas da placa. Utilizando a Lei de Indução, vemos que:

⃗ . 𝑑𝑠 = −𝐵. ℎ𝑉𝑡
𝜙𝑚 = ∫ 𝐵

𝜕𝜙𝑚
→− = 𝐵. ℎ. 𝑉 = ℰ.
𝜕𝑡

Dessa forma, haverá uma tensão com sinal positivo, logo, surgirá uma
corrente em sentido anti-horário (convencionado como positivo).

SAIBA MAIS
Na seção 2.7, veremos a lei de Ohm, a qual diz que 𝑉 = 𝑅𝑖, dessa forma, a
𝐵ℎ𝑉
corrente no exemplo anterior fica 𝑖 = . Com isso, podemos também calcular a
𝑅
ℎ2 𝐵2
força que acelerará a barra de volta, 𝐹𝑚 = − 𝑉⃗.
𝑅

2.5 Ondas Eletromagnéticas


37

Ondas eletromagnéticas são ondas que não precisam de um meio para se


propagar, elas podem se propagar até no vácuo.

FIQUE ATENTO
Ondas eletromagnéticas também podem se propagar em meios materiais, nesse
caso, sua velocidade é diminuída.

Essas ondas possuem velocidade constante no vácuo 𝑐 = 3.108 𝑚/𝑠 e


obedecem à equação fundamental da ondulatória:

𝑐 = 𝜆𝜈, (2.5.1)

Onde 𝜆 é o comprimento de onda e 𝜈 a frequência. Além disso, ondas


eletromagnéticas são formadas por campos elétricos e magnéticos variando no
tempo e no espaço.
As ondas trabalhadas aqui são as chamadas planas, elas respeitam equações
com a seguinte forma:

⃗ 𝑥 = 𝐸0 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡)𝑥̂
𝐸 (2.5.2)
{ 𝐸 .
⃗ 𝑦 = 0 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡)𝑦̂
𝐵
𝑐

Um conceito físico importante no caso das ondas eletromagnéticas é o


chamado vetor de Poynting. Este, de acordo com Nussenzveig (2012), pode ser
entendido como a quantidade de energia transmitida por unidade de área e é
definido por:

1 (2.5.3)
𝑆= 𝐸⃗ × 𝐵
⃗.
𝜇0
38

Na equação (2.5.2), temos dois termos diferentes, 𝑘 que é o número de onda e


𝜔 que é a frequência angular. É possível mostrar que essas quantidades respeitam
as relações:
𝑘 = 2𝜋/𝜆 (2.5.4)
{ .
𝜔 = 2𝜋𝜈

IMPORTANTE
Nas ondas planas, o campo elétrico é sempre perpendicular ao magnético.

2.6 Estrutura da Matéria

A matéria que conhecemos, seja no estado líquido, sólido ou gasoso, é


formada por átomos, que por sua vez são formados por prótons, nêutrons e elétrons.
Vale a pena pontuar que o átomo de hidrogênio padrão não possui nêutrons, mas
seus isótopos (mesma quantidade de prótons), sim.
Os elétrons são o que se conhece como partículas elementares, ou seja, não
são compostas por nenhuma outra partícula, por outro lado, os prótons e nêutrons
são formados por quarks, sendo esses quarks partículas também elementares.
Por experimentos dos séculos XIX e XX, sabemos muito a respeito de como
funciona o átomo (inclusive sabemos do que ele é composto). Os prótons e nêutrons
ficam no centro dos átomos, que são conhecidos como núcleos. Já os elétrons,
ficam na chamada eletrosfera. Outrora acreditava-se que os elétrons realizavam
órbitas circulares ao redor do núcleo, no entanto, hoje se sabe que sua distribuição é
bem mais complexa e só pode ser abordada via Mecânica Quântica.

SAIBA MAIS
Os prótons no interior do núcleo não deveriam se repelir? Pela força de Coulomb,
sim, no entanto, existe uma outra força con hecida como força nuclear forte, a qual
supera a repulsão e viabiliza o átomo.

Os prótons possuem carga elétrica positiva igual a +𝑒, enquanto os elétrons


possuem carga – 𝑒. Em outro momento foi mencionado que as correntes elétricas
39

observadas na natureza e nas tecnologias humanas são devido aos elétrons, isso se
deve ao fato de os portadores de carga positiva (prótons) estarem fortemente
ligados ao núcleo, apenas elétrons têm liberdade para se mover.
Podemos classificar os materiais em três categorias quanto à sua capacidade
de conduzir corrente: condutores, isolantes e semicondutores. Nos condutores, os
elétrons mais afastados dos núcleos possuem liberdade para transitar entre os
átomos do material, gerando corrente elétrica; nos materiais isolantes não ocorre
condução de corrente elétrica (exceto por uma diferença de potencial muito grande)
e os semicondutores conduzem, mas muito menos que os isolantes.
Nos materiais condutores, os elétrons que estão em movimento se encontram
nas camadas mais externas, próximos à superfície, já nos materiais isolantes, a
carga elétrica se distribui no material. Dessa forma, se por exemplo tivermos uma
esfera condutora carregada eletricamente, os elétrons estarão próximos à superfície
e, então, se calcularmos o campo elétrico no interior da esfera utilizando a Lei de
Gauss, obteremos zero, pois não haverá carga no interior da superfície Gaussiana.

2.7 Resistores

Os resistores aqui estudados serão os ôhmicos. De acordo com Nussenzveig


(2015), os resistores ôhmicos são aqueles que respeitam as leis de Ohm. O símbolo
para representar um resistor é dado na Figura 2.7.1 abaixo:

Figura 2.7.1 – Representação do Resistor

Fonte: Autor

Entre os pontos A e B existe uma diferença de potencial, à qual chamamos de


tensão (𝑉).
40

FIQUE ATENTO
Existem outras formas de representar um resistor como, por exemplo, um
retângulo. Além disso, existem os chamados potenciômetros que são resistores
com resistência variável.

A primeira Lei de Ohm diz que:

𝑉 = 𝑅𝐼, (2.7.1)

Onde 𝑉 é a tensão, 𝑅 a resistência e 𝐼 a corrente. A resistência mede o quando


um fio resiste à passagem de corrente elétrica, no caso dos resistores ôhmicos, ela
é constante. A unidade de resistência é o Ohm (Ω).
Já a segunda Lei de Ohm diz que:

𝜌𝐿 (2.7.2)
𝑅= ,
𝐴

Onde 𝜌 é a resistividade, 𝐿 a largura do fio elétrico e 𝐴 a área da seção


transversal do fio. A resistividade pode ser entendida como a propriedade do
material de resistir à passagem de corrente elétrica e ela depende do material que o
fio elétrico é feito.

IMPORTANTE
A equação (3.1.2) nos diz que quanto mais cumprido o fio, maior será sua
resistência e quanto mais grosso, menor será a resistência.

Os resistores têm duas principais funções em um circuito, uma delas é diminuir


a corrente, isso é muito importante na eletrônica, por exemplo. Além disso, uma
função do resistor é dissipar energia elétrica na forma de calor, esse é o princípio de
funcionamento dos chuveiros elétricos. A potência dissipada pelo resistor é dada
por:
41

𝑃 = 𝑉𝐼 (2.7.3)
𝑃 = 𝑅𝐼 2
{ 𝑉2 ,
𝑃=
𝑅

As duas últimas equações podem ser deduzidas da primeira, utilizando-se a


primeira Lei de Ohm.
Dentro de um circuito, os resistores podem ser associados em série ou em
paralelo. A Figura 2.7.2 mostra um circuito formado por dois resistores em série e
uma fonte (elemento que será mais aprofundado na seção 2.10), essa fonte fornece
a tensão elétrica ao circuito.

Figura 2.7.2 – Circuito f ormado por uma Fonte e dois Resistores

Fonte: Autor

Podemos calcular uma Resistência Equivalente associada a um Resistor


Equivalente que pode substituir os dois resistores do problema, no caso:

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 ,

Assim sendo, podemos substituir os dois resistores por apenas um com


resistência 𝑅𝑒𝑞 . Podemos generalizar essa expressão para o caso de 𝑛 resistores
em série:

𝑛
(2.7.4)
𝑅𝑒𝑞 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = ∑ 𝑅𝑖 .
𝑖=1
42

Existe também o resistor equivalente a resistências ligadas em paralelo. O


circuito da Figura 2.7.3 mostra um circuito com 2 resistores em paralelo.

Figura 2.7.3 – Circuito com Fonte e dois Resistores em Paralelo

Fonte: Autor

Nesse caso, a resistência equivalente pode ser calculada por:

1 1 1
= + ,
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2

Essa expressão pode ser generalizada para:

𝑛
1 1 (2.7.5)
=∑ .
𝑅𝑒𝑞 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 𝑅𝑖
𝑖=1

2.8 Capacitores

O capacitor estudado aqui é um componente elétrico formado por duas placas


paralelas carregadas eletricamente, isso gera um campo elétrico entre as placas. A
representação de um capacitor é mostrada na Figura 3.2.1 abaixo.

Figura 2.8.1 – Representação do Capacitor

Fonte: Autor
43

A diferença de potencial (tensão) entre as extremidades A e B do capacitor é


dada por:

𝑄 (2.8.1)
𝑉= ,
𝐶

Onde 𝑄 é a carga elétrica acumulada nas placas do capacitor e 𝐶 é a


capacitância do capacitor cuja unidade é o Farad (F). Esta pode ser calculada por:

𝜀0 𝐴 (2.8.2)
𝐶= ,
𝑑

Onde 𝜀0 ≅ 8,9.10−12 𝐹/𝑚 é a constante de permissividade elétrica do


vácuo, 𝐴 é a área das placas do capacitor e 𝑑 a distância entre as placas.
Observamos, assim, que a capacitância também é constante.

SAIBA MAIS
Existem capacitores cilíndricos e em outros formatos e além disso, existem
capacitores que possuem entre as placas um meio chamado de dielétrico. Nesse
caso, a constante de permissividade elétrica muda.

Se os capacitores armazenam carga elétrica, então armazenam energia


elétrica. Podemos calcular a energia elétrica usando a seguinte fórmula:

1 𝑄2 (2.8.3)
𝑈 = 𝐶𝑉 2 = .
2 2𝐶

Capacitores também podem ser associados em série ou em paralelo, nesse


caso, a capacitância equivalente fica o contrário do resistor. Ou seja, somamos
quando paralelo e somamos o inverso quando constante, assim sendo:
44

𝑛
1 1 (2.8.4)
=∑
𝐶𝑒𝑞 𝑠é𝑟𝑖𝑒 𝐶𝑖
𝑖 =1

𝑛
(2.8.5)
𝐶𝑒𝑞 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 = ∑ 𝐶𝑖
𝑖=1

2.9 Indutores

De acordo com Nussenzveig (2015), um indutor é um solenoide com


resistência desprezível, no qual o campo magnético é supostamente confinado em
seu interior. Vale ressaltar que não há campo elétrico no interior deste. O indutor é
representado pela Figura 2.9.1 abaixo.

Figura 2.9.1 – Representação do Indutor

Fonte: Autor

A diferença de potencial entre as extremidades do indutor é dada por:

𝑑𝐼 (2.9.1)
𝑉=𝐿 ,
𝑑𝑡

Onde 𝐿 é a indutância, uma propriedade que depende do número de voltas, do


comprimento e do raio do solenoide, portanto, é constante também. A unidade da
indutância é o Henry (H). O indutor armazena energia magnética, a qual pode ser
calculada como:
45

1 2 (2.9.2)
𝑈= 𝐿𝐼 .
2

2.10 Fontes

É o componente que fornece en ergia para o circuito funcionar. As fontes têm


uma tensão que é distribuída ou transmitida para os componentes do circuito
dependendo de como esses componentes estão ligados. A unidade de tensão é o
volt (V).
As fontes podem fornecer uma tensão contínua. Nesse caso, são
representados pela Figura 2.10.1 abaixo.

Figura 2.10.1 – Representação da Fonte de Tensão Contínua

Fonte: Autor

As fontes também podem fornecer uma tensão alternada na forma de


senoide. A representação, nesse caso, é dada pela Figura 3.4.2 abaixo.

Figura 2.10.2 – Representação a Fonte de Tensão Alternada

Fonte: Autor

A Tensão nesse tipo de fonte é dada por:

𝑉(𝑡) = 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡), (2.10.1)


46

Onde 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜 é a tensão de pico da fonte, ou seja, a máxima tensão que a fonte
chega a fornecer, 𝑡 é algum instante de tempo e 𝜔 é a frequência angular. O período
da oscilação dessa fonte pode ser obtida igualando o argumento do seno a 2𝜋:

2𝜋 (2.10.2)
2𝜋 = 𝜔𝑇 → 𝑇 = .
𝜔

SAIBA MAIS
A tensão gerada pelas tomadas da casa é, na verdade, alternada a 110 V ou 220 V.
O que vemos é, na verdade, uma espécie de média conhecida como RMS.

2.11 Transformadores

De acordo com Nussenzveig (2015), transformadores mais usuais são aqueles


em que dois indutores são enrolados nas extremidades de um núcleo de ferro. A
Figura 2.11.1 mostra a representação de um transformador ligado a uma fonte
alternada e a um resistor. A fonte alternada está no indutor chamado de primário e o
resistor, no secundário.

Figura 2.11.1 – Transf ormador

Fonte: Autor

A tensão que medimos no resistor é dada por:

𝑁2 (2.11.1)
𝑉𝑅 = −𝑉 ,
𝑁1
47

onde 𝑁1 é o número de voltas do solenoide do indutor primário e 𝑁2 , do


secundário.

IMPORTANTE
Observe que se 𝑁2 > 𝑁1 então o módulo da tensão fornecida pela fonte aumenta.

2.12 Leis de Kirchhoff

Para resolver circuitos utilizamos, empregam-se as duas leis de Kirchhoff.


Essas leis, na verdade, vêm de consequências do eletromagnetismo. As duas leis
de Kirchhoff, de acordo com Nussenzveig (2015, p. 182-183), são:
1. A soma de todas as quedas de tensão ao longo de uma malha de um circuito
é nula (também chamada de lei das malhas);
2. A soma algébrica de todas as correntes que saem de um nó (contando com
o sinal - uma corrente que entra) é 0 (também chamada de lei dos nós).
A lei das malhas decorre do fato de o campo magnético ser zero (dadas
algumas idealizações) por fora de cada componente de um circuito elétrico, pois,
dessa forma, a lei da indução será zero. Já a lei dos nós é consequência da
conservação de carga elétrica.
Para exemplificar a aplicação das leis de Kirchhoff, vamos resolver alguns
exemplos. O primeiro exemplo será a carga e descarga de um capacitor.

Figura 2.12.1 – Circuito R-C com Chave

Fonte: Autor

Dado o circuito da Figura 2.12.1, vamos resolvê-lo utilizando a lei das malhas.
Vamos supor que o capacitor começa descarregado, em seguida fechamos a chave
48

S. Nesse momento, o resistor começa a conduzir corrente e essa corrente começa a


carregar o capacitor, dessa forma, a tensão fornecida pela bateria sofre uma queda
de tensão no resistor e outra no capacitor, então:

𝑄(𝑡)
𝑉 − 𝑅𝐼 (𝑡) − = 0,
𝐶

𝑑𝑄 ( 𝑡)
Mas sabemos que 𝐼 (𝑡) = , portanto:
𝑑𝑡

𝑑𝑄(𝑡) 𝑄 (𝑡)
𝑉=𝑅 + .
𝑑𝑡 𝐶

Resolver essa equação diferencial não é difícil, podemos resolvê-la


encontrando a solução geral da homogênea e uma solução particular da não
homogênea. Assim sendo:

𝑑𝑄 (𝑡) 𝑄(𝑡)
0=𝑅 +
𝑑𝑡 𝐶

𝑑𝑄 (𝑡) 1
→ =− 𝑑𝑡,
𝑄(𝑡) 𝑅𝐶

Agora podemos integrar os dois lados da equação:

𝑡′
𝑄(𝑡′ )
𝑑𝑄 (𝑡) 1
→∫ =− ∫ 𝑑𝑡 ,
𝑄0 𝑄(𝑡) 𝑅𝐶
0

𝑄( 𝑡 ′ ) 1 ′
→ ln ( )= − 𝑡,
𝑄0 𝑅𝐶

Aplicando a exponencial dos dois lados da equação, obteremos:


49

𝑡′
𝑄(𝑡′) = 𝑄0 𝑒 −𝑅𝐶 .

Agora, falta encontrar uma solução particular da equação não homogênea.


Podemos supor, por exemplo, a derivada da carga igual a zero, e então:

𝑄
=𝑉
𝐶

→ 𝑄 = 𝑉𝐶.

Somando agora as duas equações e trocando 𝑡′ por 𝑡, obtemos:

1
− 𝑡
𝑄 (𝑡) = 𝑉𝐶 + 𝑄0 𝑒 𝑅𝐶 ,

Essa é a solução geral. Se utilizarmos a condição inicial, segundo a qual o


capacitor começa descarregado, temos que:

𝑄(0) = 0 = 𝑉𝐶 + 𝑄0 𝑒 0 = 𝑉𝐶 + 𝑄0 → 𝑄0 = −𝑉𝐶,

Portanto, a solução para a carga no capacitor fica:

1
− 𝑡 (2.12.1)
𝑄 (𝑡) = 𝑉𝐶 (1 − 𝑒 𝑅𝐶 ).

A equação (2.12.1) mostra a dinâmica segundo a qual um capacitor é


carregado e a Figura 2.12.2 abaixo mostra o seu comportamento.
50

Figura 2.12.2 – Gráf ico de Carga do capacitor

Fonte: Autor

Se derivarmos (2.12.1) com relação ao tempo, saberemos o comportamento


temporal da corrente que passa pelo resistor:

𝑉 −1𝑡 (2.12.2)
𝐼(𝑡) = 𝑒 𝑅𝐶 ,
𝑅

Ou seja, a corrente no resistor vai diminuindo conforme o capacitor é


carregado, portanto, após um longo tempo não haverá mais corrente no circuito.
Agora se pegarmos um capacitor carregado e o ligarmos a um resistor, como
na Figura 2.12.3 abaixo, o capacitor irá descarregar no resistor.

Figura 2.12.3 – Circuito de Descarga do Capacitor

Fonte: Autor

Podemos novamente equacionar esse circuito utilizando a lei das malhas,


nesse caso:
51

𝑄(𝑡)
+ 𝑅𝐼(𝑡) = 0
𝐶
𝑑𝑄(𝑡) 𝑄(𝑡)
→𝑅 =−
𝑑𝑡 𝐶
𝑑𝑄(𝑡) 𝑑𝑡
→ =− ,
𝑄(𝑡) 𝑅𝐶

Agora podemos integrar os dois lados da equação, obtendo:

𝑄(𝑡′ ) ′
𝑑𝑄 (𝑡) 1 𝑡
∫ =− ∫ 𝑑𝑡
𝑄0 𝑄(𝑡) 𝑅𝐶 0

𝑄( 𝑡 ′ ) 1 ′
→ ln ( )= − 𝑡,
𝑄0 𝑅𝐶

Trocando 𝑡′ por 𝑡 e aplicando a exponencial dos dois lados, chegamos em:

1
(2.12.3)
𝑄(𝑡) = 𝑄0 𝑒 −𝑅𝐶 .

A equação (2.12.3) mostra que a descarga de um capacitor é um decaimento


exponencial.

SAIBA MAIS
A quantidade 𝜏 ≔ 𝑅𝐶 é conhecida como constante de tempo e diz respeito ao
tempo que o capacitor leva para carregar 63,2% de sua carga. Essa constante
aparece em outros tópicos da engenharia, química e física como transmissores,
filtros digitais entre outros.

O outro exemplo é de um circuito com 3 resistores sendo 2 deles em paralelo.


É um circuito simples e seria facilmente resolvido utilizando as regras de associação
de resistores, no entanto, vamos utilizar as 2 leis de Kirchhoff nesse exemplo
simples com finalidade didática. O circuito a ser estudado é representado na Figura
2.12.4, a seguir.
52

Figura 2.12.4 – Circuito com um Resistor em série com outros 2 em paralelos

Fonte: Autor

Essas “bolas” pretas no circuito são chamadas de nó. Nelas, a corrente tem
mais de uma possibilidade de caminho, pela lei dos nós, teremos que:

𝐼1 = 𝐼2 + 𝐼3 ,

Onde 𝐼1 é a corrente que passa pelo resistor R1 e assim por diante. Essa
equação nos diz que a corrente entra no nó passando por R1 e se divide em duas,
uma vai para R2 e a outra para R3. No próximo nó, elas voltam a se encontrar.
Para resolver o circuito, podemos utilizar também a lei das malhas. Nesse
caso, teremos duas malhas, uma começando pela fonte e passando por R1 e R2 e a
outra por R1 e R3, dessa forma:

𝑉 − 𝑅1 𝐼1 − 𝑅2 𝐼2 = 0
{ .
𝑉 − 𝑅1 𝐼1 − 𝑅3 𝐼3 = 0

Dessa forma, temos 3 equações e 3 incógnitas, portanto, basta saber o valor


da tensão da fonte e das resistências que obtemos as 3 correntes.

FIQUE ATENTO
As leis de Kirchhoff valem quando podemos desprezar o campo magnético no
exterior dos componentes e quando a carga elétrica se conserva no sistema. Em
casos onde essas duas hipóteses não são válidas é incorreto aplicar essas leis.
53

2.13 Divisor de Tensão e divisor de corrente

Essa é uma técnica que pode auxiliar-nos quando precisamos encontrar


valores de potencial elétrico entre componentes de um circuito resistivo (formado por
resistores) sem precisar calcular correntes. A Figura 2.13.1 abaixo mostra um
circuito formado por uma fonte e dois resistores. Nossa intenção é calcular o
potencial elétrico no meio dos dois resistores.

Figura 2.13.1 – Circuito para obter o Divisor de Tensão

Fonte: Autor

Como os resistores estão em série, podemos trocar o circuito pelo da Figura


2.13.2.

Figura 2.13.2 – Circuito com Resistor Equivalente

Fonte: Autor

Assim sendo,

𝑉 𝑉
𝑉 = 𝑅𝑒𝑞 𝐼 → 𝐼 = = ,
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 + 𝑅2
54

Se quisermos saber a queda de tensão no primeiro resistor, obteremos:

𝑉1 𝑉 𝑉
𝑉1 = 𝑅1 𝐼 → 𝐼 = → 1 =
𝑅1 𝑅1 𝑅1 + 𝑅2

𝑅1
∴ 𝑉1 = 𝑉.
𝑅1 + 𝑅2

Podemos fazer o mesmo para o segundo resistor, logo:

𝑅2
𝑉2 = 𝑉,
𝑅1 + 𝑅2

Perceba que se tivéssemos 𝑛 resistores, somaríamos todos no denominador


(isso se deve à associação em série de resistores), dessa forma, de maneira geral,
temos:

𝑅𝑖 (2.13.1)
𝑉𝑖 = 𝑛 𝑉.
∑𝑗=1 𝑅𝑗

De acordo com Dorf e Svoboda (2012, p. 57), esse é o chamado “princípio da


divisão de tensão”. Esse nome se deve ao fato da tensão se dividir nos resistores
ponderada pela resistência de cada resistor, quanto maior a resistência maior será a
queda de tensão naquele resistor. Isso se deve ao fato de a corrente elétrica se
conservar (lei dos nós).

SAIBA MAIS
No caso da Figura 2.13.1, podemos obter 𝑉𝑜 (tensão de saída) subtraindo a queda
de tensão no resistor 1 da tensão da fonte, 𝑉𝑜 = 𝑉 − 𝑉1 . Isso é muito útil em
inúmeras situações práticas, muitas vezes algum componente de um circuito está
ligado entre 2 resistores.
55

Um raciocínio semelhante é feito quando os resistores estão em paralelo como


na Figura 2.13.3.

Figura 2.13.3

Fonte: Autor

Nesse caso, podemos obter a resistência equivalente:

1 1 1 𝑅1 𝑅2
= + → 𝑅𝑒𝑞 = ,
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2

Assim sendo, podemos simplificar o circuito para um igual ao da Figura 2.13.2,


podemos escrever então:
𝑅1 𝑅2
𝑉 = 𝑅𝑒𝑞 𝐼𝑠 = 𝐼
𝑅1 + 𝑅2 𝑠

Se calcularmos, então, a corrente que passa pelo primeiro resistor, teremos:

𝑉 1 𝑅1 𝑅2
𝐼1 = = 𝐼
𝑅1 𝑅1 𝑅1 + 𝑅2 𝑠

𝑅𝑒𝑞 𝑅2
∴ 𝐼1 = 𝐼𝑠 = 𝐼.
𝑅1 𝑅1 + 𝑅2 𝑠

Da mesma forma, podemos calcular para o segundo resistor:

𝑅𝑒𝑞 𝑅1
𝐼2 = 𝐼𝑠 = 𝐼,
𝑅2 𝑅1 + 𝑅2 𝑠
56

Por consequência, podemos generalizar o resultado para:

𝑅𝑒𝑞 (2.13.2)
𝐼𝑖 = 𝐼.
𝑅𝑖 𝑠

2.14 Teorema de Thévenin e Norton

Esses teoremas permitem simplificar circuitos lineares, o Teorema de


Thévenin diz que todo circuito linear pode ser visto como uma fonte de tensão em
série com um resistor. Já o Teorema de Norton diz que todo circuito linear pode ser
visto como uma fonte de corrente paralela a um resistor.
a) Equivalente de Thévenin: para encontrar o equivalente de Thévenin ,
precisamos encontrar a resistência de Thévenin (𝑅 𝑇𝐻 ) que é obtida curto-circuitando
as fontes de tensão e abrindo as fontes de corrente. Além disso, calculamos a
tensão de Thévenin (𝑉𝑇𝐻 ) que é a tensão de circuito aberto. A Figura abaixo mostra
como fica o circuito equivalente de Thévenin.

Figura 2.14.1 – Equivalente de Thévenin

Fonte: Autor

b) Equivalente de Norton: o circuito equivalente de Norton é composto por


uma fonte de corrente paralelo a um resistor, conforme a Figura 2.14.2.

Figura 2.14.2 – Equivalente de Norton:


57

Fonte: Autor

Para obter a corrente de Norton (𝐼𝑁 ) e a resistência de Norton (𝑅𝑁 ), utilizamos


as equações (2.14.1) e (2.14.2):

𝑉𝑇𝐻 (2.14.1)
𝐼𝑁 = ,
𝑅 𝑇𝐻

𝑅𝑁 = 𝑅 𝑇𝐻 . (2.14.2)

IMPORTANTE
Fontes de corrente nos informam a corrente que está passando pelo circuito
naquele local. Obviamente, existe uma diferença de potencial para que exista essa
corrente.

Exemplo: dado o circuito abaixo, encontre o equivalente de Thévenin e de


Norton e também a queda de potencial e a corrente no resistor de 1𝑘Ω.

O primeiro passo é abrir o circuito.

Agora aplicamos as leis de Kirchhoff numa malha em sentido horário, passando


pela fonte de tensão, pelo resistor de 2kΩ e pela fonte de corrente. Assim sendo:
4𝑉 − 2𝑘Ω. (−2𝑚𝐴) − 𝑉𝑇𝐻 = 0 → 𝑉𝑇𝐻 = 4𝑉 + 4𝑉 = 8𝑉.

Portanto, 𝑉𝑇𝐻 = 𝑉𝑎𝑏 = 8 𝑉. Para calcular a resistência de Thevenin , temos que


curto-circuitar a fonte de tensão a abrir a fonte de corrente.
58

Analisando a figura, temos que 𝑅 𝑇𝐻 = 2𝑘Ω + 3𝑘Ω = 5𝑘Ω, o equivalente de


Thevenin é representado abaixo.

Se fecharmos o circuito, obteremos um circuito equivalente ao inicial, contudo


muito mais fácil de ser resolvido.

Existem então 2 resistores em série, portanto, a resistência equivalente será


6𝑘Ω, logo a corrente nesse novo circuito (que é a corrente que passa pelo resistor de
8𝑉
1kΩ) é 𝐼 = ̅̅̅̅̅ 𝑚𝐴. Além disso, a queda de tensão no resistor de 1kΩ será
= 1, 333
6𝑘Ω

𝑉1𝑘Ω = 1𝑘Ω. 1, ̅̅̅̅̅


333 𝑚𝐴 = 1, ̅̅̅̅̅
333 𝑉.
Já para encontrar o equivalente de Norton , precisamos calcular a corrente de
𝑉 8𝑉
Norton que é 𝐼𝑁 = 𝑅𝑇𝐻 = 5𝑘Ω = 1,6 𝑚𝐴. Além disso, a resistência de Norton é dada
𝑇𝐻

por 𝑅𝑁 = 𝑅 𝑇𝐻 . O circuito equivalente de Norton está representado abaixo.


59

Novamente, podemos acrescentar o resistor que retiramos fechando, assim, o


circuito e calcular a corrente e tensão que passa pelo resistor de 1kΩ.

Para resolver esse circuito, podemos encontrar a resistência equivalente e com


isso obter a tensão entre as extremidades dos resistores (que será a mesma para
ambos, pois estão conectados num mesmo potencial), assim sendo:

5.1 5
𝑅𝑒𝑞 = 𝑘Ω = 𝑘Ω
5 +1 6

5 8
𝑉𝑎𝑏 = ̅̅̅̅̅ 𝑉
𝑘Ω. 1,6𝑚𝐴 = 𝑉 = 1, 333
6 6

̅̅̅̅̅𝑉
1, 333
∴𝐼= = 1, ̅̅̅̅̅
333 𝑚𝐴.
1𝑘Ω

FIQUE ATENTO
Os resultados devem ser iguais utilizando o equivalente de Thévenin e o de Norton ,
essa é inclusive uma maneira de conferir se o resultado está coerente.

2.15 Transformação Delta

Essa transformação consiste em uma técnica para transformar a configuração


delta (ou ∆ ou π) para Y (ou T) ou vice-versa.
60

Figura 2.15.1 – Transf ormação ∆ – Y

Fonte: KHAN ACADEMY, 2019

Figura 2.15.2 – Conf iguração π

Fonte: Autor

Figura 2.15.3 – Conf iguração T

Fonte: Autor

Utilizando as regras de associação de resistores, é possível demonstrar que as


equações (2.15.1) e (2.15.2) se relacionam nas grandezas nas duas configurações.

𝑅𝑏 𝑅𝑐
𝑅1 =
𝑅𝑎 + 𝑅𝑏 + 𝑅𝑐
𝑅𝑎 𝑅𝑐
𝑅2 =
𝑅𝑎 + 𝑅𝑏 + 𝑅𝑐
𝑅𝑎 𝑅𝑏 (2.15.1)
𝑅3 =
{ 𝑅𝑎 + 𝑅𝑏 + 𝑅𝑐
61

𝑅1 𝑅2 + 𝑅1 𝑅3 + 𝑅2 𝑅3
𝑅𝑎 =
𝑅1
𝑅1 𝑅2 + 𝑅1 𝑅3 + 𝑅2 𝑅3
𝑅𝑏 =
𝑅2
𝑅1 𝑅2 + 𝑅1 𝑅3 + 𝑅2 𝑅3 (2.15.2)
𝑅 =
{ 𝑐 𝑅3

A equação (2.15.1) mostra como calcular as resistências da configuração Y em


função dos resistores da configuração ∆, já a equação (2.15.2) mostra como calcular
as resistências da configuração ∆ em função dos resistores da configuração Y.
Exemplo: dado o circuito abaixo, encontre a resistência equivalente e a
corrente que passa pelo resistor equivalente.

Vamos definir os resistores da configuração T (ou Y).

𝑅1 = 10Ω
Assim sendo, { 𝑅2 = 50Ω, portanto, podemos calcular Ra, Rb e
𝑅3 = 20Ω
Rc para construir o circuito na configuração π (ou ∆).

10.50 + 10.20 + 50.20 500 + 200 + 1000


𝑅𝑎 = = = 170Ω
10 10

1700
𝑅𝑏 = = 34Ω
50

1700
𝑅𝑐 = = 85Ω
20
62

Assim sendo, a configuração π ficará como no circuito abaixo.

Podemos rearranjar o circuito para deixar mais nítida a associação em paralelo


de alguns resistores.

Assim sendo, calculemos as resistências equivalentes:

24.34
𝑅𝑒𝑞1 = 24Ω||34Ω = Ω = 14,06Ω
{ 24 + 34 ,
30.170
𝑅𝑒𝑞1 = 30Ω||170Ω = Ω = 25,5Ω
30 + 170

Portanto, simplificamos o circuito para o abaixo.

Agora temos dois resistores em série, segundo os quais também podemos


calcular a resistência equivalente, 14,06Ω + 25,5Ω = 39,56Ω.
63

39,56.85
Podemos associar agora os resistores em paralelo 39.56Ω||85Ω = Ω=
39,56+85

27Ω, por fim, esse novo resistor estará em série com o de 13Ω, logo 𝑅𝑒𝑞 = 13Ω +
27Ω = 40Ω.

240𝑉
Por fim, podemos calcular a corrente nesse resistor equivalente: 𝐼 = = 6𝐴.
40Ω

Resumindo, a resistência equivalente é 40Ω e a corrente é 6𝐴.

2.16 Instrumentos de Medição

Vários instrumentos são utilizados na prática para medir, principalmente,


corrente elétrica e tensão. Esses instrumentos são o amperímetro e o voltímetro.
a) Amperímetro: tem a função de medir corrente elétrica e deve ser ligado em
série com o componente do circuito, cuja corrente almeja-se conhecer.

Figura 2.16.1 – Representação do Amperímetro

Fonte: Autor

b) Voltímetro: tem a função de medir tensão e deve ser ligado em paralelo ao


componente do circuito, cuja tensão almeja-se conhecer.
64

Figura 2.16.2 – Representação do Voltímetro

Fonte: Autor

IMPORTANTE
O voltímetro deve ter um resistência interna muito grande (idealmente infinita) para
que não passe corrente por ele, enquanto o amperímetro precisa ter uma
resistência muito pequena (idealmente zero) para que a corrente passe por el e sem
que haja queda de tensão.

Hodiernamente, pouco se utiliza um equipamento somente com função de


voltímetro ou amperímetro, utiliza-se os chamados multímetros, que são
equipamentos que permitem funcionar como amperímetro e também como
voltímetro.

SAIBA MAIS
Muitos multímetros podem funcionar também como ohmímetros, medindo
resistência, nesse caso, costuma-se ligar em paralelo ao resistor.

Outro importante equipamento de medição é o osciloscópio, que consiste em


uma tela com apresentação gráfica de sinais de tensão alternada. Em contexto de
corrente alternada, o osciloscópio é muito mais adequado que o multímetro.
65

RECAPITULANDO

QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: UFABC Prova: Técnico em Eletrônica Nível:
Médio.
Analise o circuito a seguir.

A corrente i que circula no resistor R se encontra na faixa:


a) 0 𝐴 < 𝑖 < 1 𝐴.
b) 1 𝐴 ≤ 𝑖 ≤ 2 𝐴.
c) 2 𝐴 ≤ 𝑖 < 3 𝐴.
d) 3 𝐴 ≤ 𝑖 < 4 𝐴.
e) 4 𝐴 ≤ 𝑖 < 10 𝐴.

QUESTÃO 2
Ano: 2012 Banca: COPEVE/UFV Órgão: UFV S/A Prova: Técnico em Eletrônica
Nível: Médio.
Observando a figura abaixo, e levando em consideração o cálculo da
resistência equivalente do circuito e a corrente que passa pelo amperímetro, é
CORRETO afirmar que a resistência equivalente e a corrente são,
respectivamente:
66

a) 2,7 𝑘Ω 𝑒 10 𝐴.
b) 1,71 𝑘Ω 𝑒 5,56 𝑚𝐴.
c) 35,8 𝑘Ω 𝑒 5,56 𝐴.
d) 0,58 𝑘Ω 𝑒 5,85 𝑚𝐴.
e) 𝑛. 𝑑. 𝑎.

QUESTÃO 3
Ano: 2008 Banca: ITCO Órgão: IF/MT Prova: Professor de 1º e 2º graus – Física
Nível: Superior.
Dois fios condutores de mesmo comprimento 𝒍 = 𝟒𝟎 𝒄𝒎, paralelos e
distanciados 𝟐𝟎 𝒄𝒎, são percorridos por correntes de 𝟑 𝑨 e 𝟐 𝑨, no mesmo
sentido. Sendo 𝝁𝟎 = 𝟒𝝅𝟏𝟎−𝟕 𝑻. 𝒎/𝑨, podemos afirmar que a intensidade da
força magnética em cada condutor será de:
a) 4,2.10−7 𝑁
b) 2,4.10−6 𝑁
c) 4,2.10−5 𝑁
d) 2,8.10−3 𝑁
e) 2,2.10−7 𝑁

QUESTÃO 4
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: Assistente de Suporte
Acadêmico II – Física Nível: Médio.
No esquema representado na figura estão presentes duas cargas A e B,
juntamente às linhas de campo elétrico.
67

Considerando que as linhas de campo elétrico divergem das cargas positivas e


convergem para as cargas negativas, a alternativa que contém os sinais
corretos para as cargas A e B.
a) A: negativo; B: neutro
b) A: negativo; B: positivo
c) A: positivo; B: positivo
d) A: positivo; B: negativo
e) A: neutro; B: positivo

QUESTÃO 5
Ano: 2016 Banca: VUNESP Órgão: UFABC Prova: Técnico em Eletrônica Nível:
Médio.
O circuito a seguir alimenta uma carga 𝑹𝑳 presente entre os pontos A e B.

O equivalente de Thévenin desse circuito é:


68

QUESTÃO 6
Ano: 2013 Banca: IFSUL Órgão: IFSUL Prova: Área 11 – Física Nível: Superior.
Considere uma esfera metálica eletricamente carregada com densidade de
carga uniforme, raio igual a 6 cm e superfície com potencial eletrostático de 10
V. A intensidade do fluxo do campo elétrico, numa das faces de uma superfície
cúbica cujo centro coincide com o centro da esfera e cuja aresta é maior do
que o diâmetro desta, é igual a:
a) 0,1𝜋 𝑁𝑚2 /𝐶.
b) 0,2𝜋 𝑁𝑚2 /𝐶.
69

c) 0,4𝜋 𝑁𝑚2 /𝐶.


d) 0,8𝜋 𝑁𝑚2 /𝐶.
e) n.d.a.

QUESTÃO 7
Ano: 2013 Banca: IFSUL Órgão: IFSUL Prova: Área 11 – Física Nível: Superior.
O dipolo elétrico é um sistema constituído de duas cargas elétricas de mesmo
módulo e de sinais contrários. Considere o dipolo elétrico mostrado na figura
ao lado, em que cada carga tem módulo 𝟒, 𝟎𝟎 × 𝟏𝟎−𝟔 𝑪 e as distâncias r e d
valem, respectivamente, 𝟐𝟎 𝒎𝒎 e 𝟑𝟐 𝒎𝒎.

Considerando a constante eletrostática no vácuo 𝒌 = 𝟗. 𝟏𝟎𝟗 𝑵𝒎𝟐/𝑪𝟐, afirma-se


que a intensidade do campo elétrico e do potencial elétrico resultantes no
ponto P valem, respectivamente,
a) 𝑧𝑒𝑟𝑜 𝑒 10,8 × 106 𝑉.
b) 9 × 107 𝑁/𝐶 𝑒 𝑧𝑒𝑟𝑜.
c) 10,8 × 107 𝑁/𝐶 𝑒 𝑧𝑒𝑟𝑜.
d) 10,8 × 107 𝑁/𝐶 𝑒 10,8 × 106 𝑉.
e) n.d.a.

QUESTÃO 8
Ano: 2013 Banca: IFSUL Órgão: IFSUL Prova: Área 11 – Física Nível: Superior.
No circuito RC da figura ao lado 𝜺 = 𝟏𝟐 𝑽, 𝑹 = 𝟓𝟎 𝒌𝛀 e 𝑪 = 𝟐𝟎𝟎 µ𝑭. Supondo
que o capacitor está inicialmente descarregado, 90% da carga máxima será
atingida em aproximadamente:
70

a) 1,0 𝑠.
b) 10 𝑠.
c) 16 𝑠.
d) 23 𝑠.
e) n.d.a.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Um próton está sujeito a um campo elétrico uniforme de intensidade 𝐸 gerado por
duas placas carregadas e um magnético também uniforme de intensidade

- +
- +
- +

𝐵. Sabe-se que a força gravitacional sobre esse elétron é desprezível para o


problema e que esse próton se move para cima conforme a figura. Qual deve ser a
direção e sentido do campo magnético e qual a velocidade do próton para que esse
não esteja acelerando?

TREINO INÉDITO
No circuito abaixo, qual o potencial (Ub) que está no portão do MOSFET (sabe-
se que a corrente no portão é aproximadamente zero)? Utilize o divisor de
tensão.
71

a) 𝑈𝑏 = 10 𝑉
b) 𝑈𝑏 = 2 𝑉
c) 𝑈𝑏 = 12 𝑉
d) 𝑈𝑏 = 1 𝑉
e) 𝑈𝑏 = 1,2 𝑉

NA MÍDIA
ALGUMAS ROCHAS SÃO PAINÉIS SOLARES NATURAIS E CONVERTEM LUZ
EM ELETRICIDADE
“Após descoberta, pesquisadores afirmam que a característica natural das rochas
pode melhorar os painéis solares utilizados atualmente”. Em uma pesquisa
examinando o Deserto de Gobi, o professor Anhuai Lu da Universidade de Pequim
encontrou correntes elétricas próximas a depósitos de metais ferro e manganês. A
pesquisa indicou que quanto mais fraca a luz, menor será a corrente, vale ressaltar
que esse sistema é estável, podendo gerar energia o dia todo.
Fonte: Revista Galileu
Data: 23/04/2019
Leia a notícia na íntegra: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-
Ambiente/noticia/2019/04/algumas-rochas-sao-paineis-solares-naturais-e-
convertem-luz-em-eletricidade.html

NA PRÁTICA
Os tópicos básicos que fundamentam o restante da Engenharia Elétrica são o
Eletromagnetismo e os Circuitos Elétricos.
72

O eletromagnetismo unifica os fenômenos elétricos e magnéticos em um fenômeno


apenas, mostrando que as naturezas elétrica e magnética da matéria podem ser
entendidas como partes de um todo. Essa teoria é a base para grande parte da
comunicação que se utiliza de ondas eletromagnéticas, responsável por inúmeras
tecnologias fundamentais na vida hodierna como rádio, televisão, celulares e etc.
Já os circuitos elétricos são base para eletrônica, para sistemas de potência,
instalações industriais, sistemas de controle e automação industrial e etc.
Dessa forma, é fundamental conhecer a natureza do fenômeno eletromagnético,
bem como os tópicos básicos na análise de circuitos para que o engenheiro possa
estudar os outros tópicos das engenharias da área da eletricidade.
73

CAPÍTULO 3 - FORMAS, GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA, ANEEL E


CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA

Nesse capítulo, discutiremos um pouco o conceito físico de energia e como


esta pode ser transformada em diferentes tipos. Também discutiremos a geração de
energia elétrica por várias fontes e o básico a respeito de sua transmissão e
distribuição. Além disso, também discorremos sobre a ANEEL que é o órgão
responsável por essa área.

3.1 Energia

A energia é um conceito fundamental nas ciências da natureza e nas


engenharias em geral. Contudo, não temos ainda um conceito fechado de energia,
principalmente pela dificuldade em se conhecer sua natureza. Com a mecânica
quântica e outras teorias do século XX em diante, a noção de energia vem sendo
rediscutida. Ainda assim, utilizaremos uma definição clássica de energia que pouco
diz a respeito à sua natureza: energia é aquilo capaz de realizar trabalho. Já o
trabalho, podemos definir fisicamente como:

𝑙2 (3.1.1)
𝜏 = ∫ 𝐹 . 𝑑𝑙 ,
𝑙1

Onde 𝐹 é uma força e 𝑑𝑙 é o elemento de uma curva. Essa integral é de linha e


perceba a existência de um produto escalar entre a força e o elemento de curva,
isso é necessário por duas razões: primeiro para integrarmos uma função escalar e
não vetorial e a outra razão é para considerarmos apenas a componente da força
que está na direção do movimento.
Fisicamente, podemos distinguir energia em duas categorias, as Energias
Potenciais e a Energia Cinética. A primeira diz respeito à energia armazenada em
algum corpo ou campo; já a Cinética, diz respeito à energia de movimento. Podemos
calcular a Energia Cinética por:
74

1 (3.1.2)
𝐸𝑐 = 𝑚𝑣 2 ,
2

Onde 𝑚 é a massa do corpo e 𝑣 a velocidade em módulo. Já a Energia


Potencial pode ser definida operando sobre uma força conservativa, forças
conservativas são aquelas que respeitam a relação:

⃗ × 𝐹 = 0,
∇ (3.1.3)

Podemos citar como exemplo a força gravitacional, a força em uma mola


e a força eletrostática entre outras. Dada uma força que respeita a relação 3.1.3,
afirmamos que uma energia potencial pode ser dada por (onde 𝑟′ é a posição):

𝑟
(3.1.4)
𝑈 = − ∫ 𝐹 . 𝑑𝑟⃗⃗⃗′

Interpretamos essa equação como a energia necessária para trazer um


corpo do infinito até um ponto 𝑟. Por exemplo, para o caso de uma força eletrostática
gerada por uma carga, temos (simplificando a notação):

𝑄𝑞
𝐹= ̂′
′ 2𝑟 ,
4𝜋𝜀0 𝑟

⃗ × 𝐹 = 0 (𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑟𝑎 𝑠𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑟, 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑖𝑐𝑎 é 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠)


Então:

𝑟 𝑟
𝑄𝑞 𝑄𝑞 𝑟 ̂𝑟′ 𝑄𝑞 𝑟 𝑑𝑟′
𝑈 = − ∫ 𝐹 . 𝑑𝑟⃗⃗⃗′ = − ∫ ′2
𝑟̂′ . 𝑑𝑟⃗⃗⃗′ = − ∫ ⃗⃗⃗′
. 𝑑𝑟 = − ∫
∞ ∞ 4𝜋𝜀0 𝑟 4𝜋𝜀0 ∞ 𝑟′2 4𝜋𝜀0 ∞ 𝑟′2

𝑄𝑞 1 𝑟
𝑈(𝑟) = − [− ]
4𝜋𝜀0 𝑟′ ∞
75

𝑄𝑞
𝑈(𝑟) = .
4𝜋𝜀0 𝑟

O mesmo pode ser feito para a força gravitacional e para a força de uma
mola, por exemplo. Com os conceitos de Energia Cinética e Energia Potencial
explanados, podemos abordar agora os Teoremas da Energia Cinética e da Energia
Potencial. Eles nos dizem que:

𝜏 = ∆𝐸𝑐 (3.1.5)
{
𝜏 = −∆𝑈

E, assim, conseguimos entender a definição de que a energia é capaz de


realizar trabalho, e este é capaz de acelerar um corpo.
A energia é apresentada a nós sob várias formas.

Elétrica:
Essa forma de energia é devida aos elétrons. Ela é fundamental para a vida
contemporânea, utilizamos essa forma de energia no nosso dia a dia, seja em
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, veículos e etc., e também é muito importante
para as atividades industriais de diversos tipos, dado que a maioria das indústrias
funciona utilizando majoritariamente energia elétrica.
Outro aspecto importante é a facilidade de transmitir essa forma de energia,
visto que os elétrons podem percorrer condutores elétricos, o que possibilita
transmitir essa energia a longas distâncias. Ela é facilmente transformada em outras
formas. A Energia Potencial Eletrostática também é dessa forma.

Mecânica:
Pode ser cinética ou potencial, exemplos de energias mecânicas que estão na
categoria de potencial são a Energia Potencial Gravitacional ou a Energia Potencial
Elástica (armazenada por uma mola, por exemplo). Além disso, pode-se transformar
energia Potencial Gravitacional ou Potencial Elástica em Cinética, por exemplo
quando comprimimos uma mola e depois soltamos. Inicialmente, há energia
76

Potencial Elástica que se torna cinética para a mola. Outro caso clássico é a
montanha russa, a qual converte Energia Potencial Gravitacional (devido à altura)
em energia cinética (fazendo o carrinho aumentar a velocidade).

Térmica:
É a enérgica associada ao fenômeno físico do calor. O calor é muitas vezes
confundido com a temperatura, essas grandezas se relacionam, mas não são a
mesma coisa. O calor é uma energia em trânsito, ou seja, é transmitida de uma fonte
a outra, de uma fonte mais quente para outra mais fria (ou menos quente). A
temperatura está associada à agitação das moléculas, ou seja, energia cinética;
dessa forma, a energia térmica se relaciona também com a agitação das moléculas.

Química:
É a energia associada a ligações químicas, ela está relacionada a vários
fenômenos biológicos e até eletroquímicos. A energia química é devida a uma
Energia Potencial Eletrostática.

Nuclear:
Essa forma de energia é armazenada no núcleo dos átomos e se relaciona
com a Força Nuclear Forte. A obtenção dessa forma de energia pode ser via fissão
ou fusão nuclear. A fusão nuclear não é uma técnica dominada, já a fissão é bem
conhecida e utilizada para fins militares e energéticos.

Energia Luminosa:
É a energia associada à luz. Sabemos que a luz é uma onda eletromagnética,
dessa forma, essa energia está associada a fenômenos eletromagnéticos. Ela é
transmitida na forma de fótons e aparece em inúmeros equipamentos do dia a dia
como faróis, lasers, televisão etc.

Energia Sonora:
É a energia associada a sons, como por exemplo dos aparelhos celulares,
rádios e instrumentos musicais elétricos.
77

E essas formas de energia se transformam entre elas, por exemplo, um elétron


acelerado em um campo elétrico transforma energia elétrica em mecânica. No
experimento de Joule ocorre transformação de energia térmica em mecânica, entre
outros exemplos. Instrumentos musicais elétricos transformam energia elétrica em
sonora. Lasers, faróis de carro etc. convertem energia elétrica em luminosa. Um
chuveiro transforma energia elétrica em térmica, pois tem em seu interior um resistor
que dissipa energia pelo efeito Joule.

FIQUE ATENTO
É muito importante que você entenda que aqui foram feitas duas categorizações
distintas de um mesmo conceito. Podemos separar Energia em um caso Cinético
(movimento) e em outro Potencial (armazenado) e isso se sobrepõe a categorizar a
energia pelas formas nas quais ela aparece na natureza, por exemplo, a energia
química é devido à Energia Potencial Eletrostática; a energia térmica é devido à
agitação das moléculas, que é energia cinética.

3.2 Geração de Energia Elétrica

Existe uma ordem lógica para o caminho da energia elétrica desde sua
concepção até ser utilizada em casas, indústrias etc. O caminho lógico é:
1. Geração;
2. Transmissão;
3. Distribuição;
4. Utilização.
Nessa seção, discutiremos a primeira fase, a geração de energia elétrica.

IMPORTANTE
Apesar do nome, não estamos falando de criar energia. Energia é algo que se
transforma de uma forma para outra, assim sendo, geração de energia elétrica
significa utilizar outras fontes de energia para gerar eletricidade.
78

A geração de energia elétrica pode se dar por uma variedade de usinas ou


equipamentos, vamos comentar alguns.

Usinas Hidrelétricas:
Produzem energia elétrica através de rios. A água de rios cai de uma altura
movendo as hélices, dessa forma, nessas usinas ocorre a transformação de energia
potencial gravitacional em cinética (movimento das pás) e, em seguida, em elétrica.
Em geral, as quedas da água são artificiais, ou seja, o ser humano constrói
barragens que formam reservatórios que são necessários para suprimento em
períodos sem chuva ou com pouca chu va. As barragens permitem um acúmulo de
água que é utilizado na queda.

IMPORTANTE
Hidrelétricas causam impactos ambientais e sociais. Elas necessitam de grandes
áreas, o que exige, muitas vezes, retirar populações de um certo local. Há também
danos ao meio ambiente, pois a construção dessas usinas afeta a flora e a fauna,
alterando a paisagem, pois necessita de desmatamento entre outros. Ainda assim,
algumas confusões não podem ser feitas, usinas hidrelétricas não têm grande
emissão de gases de efeito estufa, é evidente que indiretamente alguma emissão
possuem, mas diretamente é uma forma limpa de energia. Além disso, é um
recurso renovável.

Obviamente, esse tipo de geração de energia elétrica depende de recursos


hídricos naturalmente concebidos, ou seja, um país como Japão tem dificuldade em
produzir energia desse tipo, nesse caso, a Matriz Energética ficou muito dependente
da Energia Nuclear. Já no Brasil, a maior parte da energia elétrica vem de usinas
desse tipo como, por exemplo, a Itaipu.
Para construir uma usina desse tipo é essencial ter cuidados ambientais, o qu e
implica em estudos de impactos, além disso, deve-se levar em conta questões
sociais, aspectos técnicos e econômicos.
79

SAIBA MAIS
Um exemplo recente de “polêmica” ambiental tendo como centro a construção de
uma usina hidrelétrica foi o caso de Belo Montes, o link a seguir foi acessado em
28/04/2019 e esclarece alguns pontos dessa polêmica de um ponto de vista
ambiental. É evidente que, para uma compreensão mais profunda do tema, é
necessário olhar outros pontos de vista e outros comentários técnicos de
profissionais de outras áreas como economia, ciências sociais, engenharia elétrica
etc.
https://www.youtube.com/watch?v=xnitmB22JtQ

As usinas hidrelétricas são dividias em 3 partes, abaixo comentamos cada uma


delas.

1ª - Barragem
Como já vimos, essa é responsável por armazenar água para que possa ser
utilizada como fonte de energia potencial, dessa forma, a barragem forma uma
represa. Para decidir o seu local de construção, deve-se levar em conta a topografia
do local, bem como aspectos climáticos, geológicos e até logísticos.
2ª - Conduto Forçado
Também é conhecido como tomadas de água, em geral possuem formato
cilíndrico ou análogo cujo raio varia com a potência da turbina que será acoplada ao
gerador. Por exemplo, em Itaipu, o conduto tem 10,5 m de diâmetro interno, ou seja,
5,25 m de raio (ITAIPU BINACIONAL, 2019).
O conduto forçado permite a passagem da água até a turbina como mostra a
figura 3.2.1.
80

Figura 3.2.1 – Conduto Forçado

Fonte: KOBELCO, 2019

3ª - Casa de Força
“A casa de Força concentra os equipamentos eletromecânicos responsáveis
pela produção de energia [...]. Nela estão a caixa espiral, a turbina, o gerador, o
sistema de excitação e o regulador de velocidade”. (ITAIPU).
81

Figura 3.2.2 – Casa de Força Itaipu

Fonte: ITAIPU, 2019.

A energia nas turbinas é convertida em elétrica graças à presença de


eletroímãs, os quais propiciam uma diferença de potencial, pois campos magnéticos
que variam no tempo geram campos elétricos, os quais dão origem a uma diferença
de potencial (como já vimos no capítulo passado). A quantidade de energia
dependerá do tamanho desses eletroímãs e também da quan tidade de condutores
82

que existe dentro do gerador. Os condutores são necessários para conduzir a


corrente que surgirá graças à diferença de potencial.

SAIBA MAIS
No caso de Itaipu, as turbinas giram a 1,5 Hz e a frequência da corrente elétrica
alternada é de 60 Hz.

O tipo de turbina utilizada varia muito com a queda da água e a vazão. Para
quedas d’água grandes e com pouca vazão, utiliza-se a Pelton; para pequenas
quedas e um grande volume de água, a Kaplan opera com mais eficiência, existe
também a turbina Francis que é muito utilizada nas PCHs (Pequenas Centrais
Hidrelétricas).
As PCHs, como o próprio nome já diz, são centrais hidrelétricas de pequeno
porte com relação a grandes usinas (lembre-se que Usinas Hidrelétricas necessitam
de muito espaço). O que define uma PCH é a regularização feita pela ANEEL
(veremos mais a respeito dela no final desse capítulo), a Agencia Nacional de
Energia Elétrica. Em uma publicação de 22 de Novembro de 2016, para uma
hidrelétrica ser uma PCHs, ela precisa gerar energia com potência entre 5 MW e 30
MW e ter uma área de reservatório que não ultrapasse 13 𝑘𝑚2 .
Além das PCHs, existem as CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas) que são
ainda menores e podem ter potência entre 0 MW e 5 MW.

SAIBA MAIS
As CGHs não necessitam de autorização, permissão ou concessão, apenas
precisam ser comunicadas ao poder concedente, dessa forma, muitos investidores
dessa área optam por esse tipo de usina.

As usinas hidrelétricas podem ser divididas em alguns tipos: fio d’água, de


acumulação, com armazenamento por bombeamento e com reversão. As PCHs, por
exemplo, podem ser do tipo fio d’água ou de acumulação que pode ser regularizada
mensal ou diariamente. O tipo fio d’água ocorre quando as vazões de estiagem são
suficientes para a descarga necessária, não sendo necessário acumular água e,
83

ainda assim, atender à demanda. Já as de acumulação, necessitam que se acumule


água para que tenham condição de atender à demanda.

Usinas Nucleares:
Essas usinas utilizam núcleos atômicos para gerar energia elétrica, elas
convertem energia Nuclear em Elétrica passando por inúmeros processos
complexos que fogem do escopo desse material.
No entanto, vale ressaltar que essas usinas não geram gases de efeito estufa,
não necessitam de grande espaço como a hidrelétrica e têm enorme disponibilidade
de combustível, pois sua fonte energética são átomos, os constituintes da matéria
(ainda que não seja qualquer átomo).
Entre os impactos ambientais, podemos citar o lixo radioativo e também o
aquecimento da água do mar ou rio próxima, o que excita as moléculas de 𝑂2 que
escapam da água, o que afeta flora e fauna, principalmente peixes.

Centrais Eólicas (parques):


Essas transformam energia cinética dos ventos em elétrica, seu funcionamento
mais profundo também foge do escopo do material. Ainda assim, vale ressaltar que
é uma energia extremamente limpa e renovável, no entanto, ainda representa uma
parte pequena da energia produzida no país (cerca de 8%), muito devido ao seu alto
custo, mas também pela dependência do clima (regime de ventos).
No Brasil esse tipo de geração de Energia é utilizado no Nordeste, nos estados
da Bahia, Maranhão, Paraíba e Ceará, mas também há parques no Rio Grande do
Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Norte.

SAIBA MAIS
O Brasil tem certo destaque nesse tipo de produção energética e chegou à 8ª
posição no ranking mundial em 2017. (http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2017/07/nordeste-puxa-producao-de-energia-eolica-no-brasil-que-
bate-recordes.html)
84

Termelétricas:
Esse tipo de usina gera energia elétrica por meio da queima de combustíveis
fósseis, portanto, não é uma energia limpa e muito menos renovável. Exemplos de
combustíveis fósseis comumente usados são o carvão mineral, óleo e gás (existem
muitos outros).
O funcionamento básico dessas usinas é aquecer uma caldeira com água até
que ela evapore, a pressão desse vapor agindo na área das pás de uma turbina irá
gerar uma força que movimentará essas turbinas e, dessa forma, movimentará um
gerador. Para se aquecer a caldeira queima-se os combustíveis fósseis já
mencionados, graças a essa queima, são emitidos gases de efeito estufa como
dióxido de carbono e também pode ser emitido monóxido de carbono graças a
queimas incompletas, o qual é extremamente nocivo para o meio ambiente e
perigoso para o próprio ser humano, uma vez que ele compete com a hemoglobina
do sangue pelo 𝑂2 , podendo gerar asfixia. Outro problema ambiental é o
ocasionamento de chuvas ácidas.

SAIBA MAIS
Também existem termelétricas que funcionam com energia nuclear

Após o aquecimento, ocorre um resfriamento do vapor utilizado até que ele


retorne ao estado líquido. Há duas principais maneiras de se fazer isso, uma é
utilizando água de rios, lagos ou dos mares, nesse caso, ocorre o mesmo problema
das usinas nucleares, pois aquecerá a água ocasionando a fuga de 𝑂2 . Outra
possibilidade é armazenar água em torres, contudo, a água dessas torres evapora e
altera o regime de chuvas.

Painéis Solares:
Normalmente, a energia advinda das ondas eletromagnéticas oriunda do sol é
captada por células fotovoltaicas, as quais convertem energia solar em elétrica, são
utilizadas principalmente em zonas rurais, contudo, hoje em dia, cada vez mais se
tornam realidade em residências das zonas urbanas.
85

IMPORTANTE
Perceba que não há maneira perfeita de se gerar energia, qualquer forma tem seu s
problemas e seus benefícios, não há solução ideal para a geração de energia. Os
países devem se adaptar aos recursos naturais de seu território, bem como ao
clima e à topografia. Ainda assim, muito se discute sobre uma matriz energética
mais limpa não só no Brasil (que já é relativamente limpa), mas no mundo. Usinas
com grande impacto como as termelétricas vêm sendo muito criticadas, outras
como a nuclear se relaciona com medos irracionais das pessoas associados a
mutações genéticas, a uma imagem de guerra entre outros, ou seja, sofre
preconceito e seus reais problemas são pouco debatidos, acidentes nucleares
podem ocorrer, mas para muitos países como o Japão e a Alemanha, a energia
nuclear foi uma opção estratégica.

3.3 Transmissão e Distribuição de Energia

Em geral, o local onde é gerada a energia elétrica não é o local onde ela é
consumida, dessa forma, precisamos transmitir a energia da usina para o local de
distribuição e do local de distribuição para as casas, indústrias etc. Além disso, em
geral, o local de consumo não é somente diferente do local de geração, mas
também costuma ser muito longe deste. No caso do Brasil, onde a maioria da
energia é hidrelétrica, as usinas estão a centenas ou até milhares de quilômetros
dos grandes centros, portanto, é essencial que se tenha eficiência em transmitir
essa energia.

Figura 3.3.1 – Esquema simplif icado de transmissão de energia elétrica em Hidrelétricas.

Fonte: Bolsoni, 2007.


86

Essa figura mostra um esquema simplificado de transmissão de energia. A


função da subestação elevadora é aumentar a tensão, Bolsoni (2007) afirma que
podem variar de 69 a 750 kV. Ou seja, a transmissão de energia é feita em alta
tensão, em seguida, a subestação redutora reduz a tensão para ser enviada para
distribuição.

SAIBA MAIS
A energia elétrica precisa ser transmitida em alta tensão, do contrário, a chamada
bitola dos condutores precisaria ser muito grande, diminuindo a resistência (visto
que pela lei de ohm, quanto maior a área da seção transversal do fio condutor,
menor será a resistência).
Outro aspecto importante é compreender a simplificação desse esquema, pois, na
realidade, as usinas têm vários geradores e turbinas trabalhando paralelamente.
Além disso, as transmissões entre usinas e centros consumidores são interli gadas.

Uma subestação seria uma estação de instalações elétricas, como vimos, elas
podem ser dividas conforme suas funções. Podemos citar 3, as subestações de
elevação, redução e distribuição.

Subestação Elevadora:
A função destas é elevar a tensão a um valor que viabilize a transmissão de
energia. As tensões chegam a essa subestação nos valores de 6,9 kV, 13,8 kV ou
18,0 kV e elevam para 69 kV, 138 kV, 230 kV etc., dependendo da distância a ser
transmitida.

Subestação Redutora:
A função destas é diminuir a tensão a 34,5 kV ou 13,8 kV e em seguida, a
energia segue para a subestação de distribuição. Essa é a chamada distribuição
primária, grandes indústrias costumam receber a energia nessa tensão. Elas, por
sua vez, possuem suas próprias subestações para adequar a tensão àquelas que
seus equipamentos exigem, isso é feito com intuito de economizar, evitando os altos
custos de rede.
87

Subestação de Distribuição:
Nesta, a energia chega da subestação de distribuição a uma tensão
geralmente de 34,5 kV ou 13,8 kV e segue para a distribuição urbana, portanto,
costumam ficar mais próximas do consumidor final.
Nas regiões urbanas, a energia é transmitida por meio de fios conectados a
postes, esses postes possuem transformadores colocados de trechos em trechos de
acordo com a quantidade de consumidores. Além disso, vale ressaltar que os postes
costumam pertencer a concessionárias. Esses transformadores reduzem a tensão
de 13,8 kV para 127 V ou 220 V para utilização em indústria, residência, comércio
etc.
As tensões podem ser divididas da seguinte maneira:
1. EBT/UBT (Extra-Baixa Tensão) = 48 V, 24 V ou 12 V.
2. BT (Baixa Tensão) = 1000 V, 760 V, 660 V, 440 V, 380 V, 230 V, 220 V, 127
V e 115 V.
3. MT (Média Tensão) = 34,5 kV, 25, 8 kV, 23 kV, 13,8 kV, 13,2 kV, 12,6 kV,
11,5 kV, 6,9 kV, 4,16 e 2,13 kV.
4. AT (Alta Tensão) = 500 kV, 230 kV e 138 kV.
5. Tensão de subtransmissão = 69 kV.
6. EAT (Extra-Alta Tensão) = 750 kV.
7. UAT (Ultra-Alta Tensão) = 800 kV.
No Brasil, a norma classifica as tensões alternadas em 4 níveis:
1. Baixa Tensão: até 1.000 V.
2. Média Tensão: entre 1.000 V e 72.500 V.
3. Alta Tensão: entre 72.500 V e 242.000 V.
4. Extra-Alta Tensão: acima de 242.000 V.

FIQUE ATENTO
A Norma descrita diz respeito às tensões alternadas, sendo assim, os valores
dizem respeito à média.
88

3.4 ANEEL e Concessionárias de Energia

A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) é a agência responsável pela


regulação e também pela fiscalização do mercado de energia elétrica no Brasil. Em
termos de Direito Administrativo, a ANEEL é uma autarquia vinculada ao Ministério
de Minas e Energia.
A ANEEL tem algumas funções, podemos citar: informar e esclarecer dúvidas
da sociedade, governo e empresas; buscar o equilíbrio entre mercado e o benefício
à sociedade; regularizar aspectos técnicos referentes à geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica no país; realizar concessões, geração, transmissão e
distribuição de energia.
Por exemplo, vimos anteriormente uma Resolução Normativa estipulando o
tamanho e a potência para uma usina ser reconhecida como PCH.
A criação da ANEEL data de 1996, mais especificamente do dia 26 de
dezembro, através da lei nº 9.427. O artigo 3º dessa lei institui as competências da
ANEEL, dentre elas podemos citar os incisos I, II, IV e VIII.
I. Implementar as políticas e diretrizes do governo federal para a exploração da
energia elétrica e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos, expedindo os atos
regulamentares necessários ao cumprimento das normas estabelecidas pela Lei nº
9.074, de 7 de julho de 1995.
II. Promover, mediante delegação, com base no plano de outorgas e diretrizes
aprovadas pelo Poder Concedente, os procedimentos licitatórios para a contratação
de concessionárias e permissionárias de serviço público para produção, transmissão
e distribuição de energia elétrica e para a outorga de concessão para
aproveitamento de potenciais hidráulicos;
IV. Gerir os contratos de concessão ou de permissão de serviços públicos de
energia elétrica, de concessão de uso de bem público, bem como fiscalizar,
diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as concessões, as
permissões e a prestação dos serviços de energia elétrica;
VIII. Estabelecer, com vistas a propiciar concorrência efetiva entre os agentes e
a impedir a concentração econômica nos serviços e atividades de energia elétrica,
restrições, limites ou condições para empresas, grupos empresariais e acionistas,
89

quanto obtenção e transferência de concessões, permissões e autorizações, à


concentração societária e à realização de negócios entre si;
A lista de concessionárias de energia pode ser vista no link
http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/links/Default_Detail.cfm?idLinkCategoria=14
que foi acessado no dia 29/04/2019.
90

RECAPITULANDO

QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: Perito Criminal Engenharia
Elétrica Nível: Superior.
Considerando as seguintes afirmativas sobre as usinas termelétricas, assinale
a alternativa CORRETA.
a) A geração de energia por meio de termelétricas a gás baseia-se no ciclo
termodinâmico de Carnot, no qual o fluido utilizado pela máquina térmica a gás é
sugado continuamente pelo compressor, que é comprimido mediante um processo
de baixa pressão.
b) As máquinas térmicas de usinas termelétricas a vapor utilizam-se exclusivamente
de combustão interna para promover o processo de conversão de energia térmica
em energia mecânica.
c) As usinas termelétricas possuem baixo custo no combustível utilizado e não
emitem gases poluentes no meio ambiente.
d) No ciclo termodinâmico de Brayton, utilizado em algumas termelétricas, o fluido de
trabalho é a água desmineralizada.
e) Os tipos de combustíveis admitidos para uso em usinas termelétricas a vapor
incluem o óleo diesel, o carvão mineral, o gás natural e a biomassa.

QUESTÃO 2
Ano: 2005 Banca INEP Órgão: MEC Prova: Exame Nacional do Ensino Médio.
Nível: Médio.
Observe a situação descrita na tirinha abaixo.
91

Assim que o menino lança a flecha, há transformação de um tipo de energia


em outra. A transformação, nesse caso, é de energia:
a) potencial elástica em energia gravitacional.
b) gravitacional em energia potencial.
c) potencial elástica em energia cinética.
d) cinética em energia potencial elástica.
e) gravitacional em energia cinética.

QUESTÃO 3
Ano: 2018 Banca NUCEPE Órgão: Pc-PI Prova: Perito Criminal – Engenharia
Elétrica Nível: Superior
Considerando as seguintes afirmativas, com relação à geração de energia
elétrica:
I. O processo de funcionamento de uma termelétrica está baseado na
conversão de energia térmica em energia mecânica e desta, através de
processos eletromagnéticos, em energia elétrica;
II. As PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas), quanto à capacidade de
regularização do reservatório, são do tipo a fio d’água, de acumulação com
regularização diária do reservatório e de acumulação com regularização
mensal do reservatório;
III. As CGH (Centrais Geradoras Hidrelétricas) são usinas que utilizam o
potencial hidrelétrico para a produção de energia elétrica, com potência
instalada de até 5MW.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
c) Todas as afirmativas são corretas.
d) Apenas a afirmativa I está correta.
e) Todas as afirmativas são incorretas.
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QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca NUCEPE Órgão: Pc-PI Prova: Perito Criminal – Engenharia
Elétrica Nível: Superior
Considerando as seguintes afirmativas sobre as usinas hidrelétricas, assinale
a alternativa INCORRETA:
a) A energia elétrica produzida por uma usina h idrelétrica a reservatório provém da
energia potencial da água armazenada no reservatório, que é convertida em energia
elétrica, quando um volume de água é conduzido, sob pressão, pelo canal de
adução até o conjunto turbina-gerador.
b) A potência disponível no gerador da unidade hidrelétrica pode ser definida como a
energia elétrica produzida por unidade de tempo, além de ser dependente da vazão
imposta no período considerado.
c) As turbinas do tipo Pelton são apropriadas aos locais de baixa queda d’água,
porque proporcionam melhor eficiência no processo de conversão de energia.
d) O duto de saída de água, localizado após a passagem da água pela turbina é
denominado duto de sucção.
e) Em uma usina hidrelétrica a reservatório, o volume de água excedente no
reservatório, que pode ser regularizado pelo vertedouro, não contribui para a
geração de energia elétrica na usina.

QUESTÃO 5
Ano: 2012 Banca: CETRO Órgão: SESI-DF Prova: Professor – Química Nível
Superior.
A energia nuclear é aquela baseada na divisão de átomos de um determinado
elemento químico. Ao serem divididos, os átomos liberam uma determinada
energia. Para a produção de energia elétrica destinada ao consumo, ficou
convencionado que os melhores átomos a serem divididos seriam os dos
elementos urânio e plutônio, com maior preferência para o primeiro. Em
relação às vantagens da energia nuclear, analise as afirmações abaixo.
I. Não libera gases estufa.
II. Exige pequena área para construção da usina.
III. Grande disponibilidade do combustível.
93

É correto o que se afirma em:


a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, II e III.
e) III, apenas.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Descreva (de maneira simplificada) o processo de geração de energia em uma
hidrelétrica até chegar a um consumidor final em uma residência. Tendo em vista o
caso brasileiro.

TREINO INÉDITO
A respeito da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), assinale a
alternativa correta.
a) A ANEEL não é responsável por definir as características que fazem uma usina
ser considerada CGH ou PCH.
b) A ANEEL apenas regulariza o mercado de energia elétrica.
c) A ANEEL tanto regulariza quando fiscaliza o mercado de energia elétrica no
Brasil.
d) A ANEEL não tem função de buscar o equilíbrio entre o mercado e o benefício à
sociedade.
e) A ANEEL não tem função de informar e esclarecer a sociedade a respeito da
energia elétrica no país.

NA MÍDIA
NORDESTE PUXA PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NO BRASIL QUE BATE
RECORDES
“A produção de energia eólica no Brasil está batendo recorde atrás de recorde,
principalmente no Nordeste”. Uma das causas é o bom regime de ventos, em uma
única terça-feira, o Brasil produziu 6.704 MW de energia eólica, o que é superior aos
94

recordes anteriores de 6.280 MW (um dia anterior) e 6.059 MW no dia 13 de


setembro de 2016.
O Brasil possui um total de 457 parques eólicos, 80% estão no Nordeste, juntos têm
capacidade de produzir 11,4 GW de energia eólica, o equivalente a Belo Monte.
Uma outra razão (além dos ventos fortes) é o fato de muitos novos parques estarem
sendo colocados em operação, espera-se que até 2020 outros 287 parques vão
entrar em operação. Dessa forma, o potencial de crescimento se mostra animador
para auxiliar a suprir a demanda energética de maneira limpa e renovável.
Fonte: GLOBO
Data: 07/07/2017
Leia a notícia na íntegra: http://g1.globo.com/jornal-
nacional/noticia/2017/07/nordeste-puxa-producao-de-energia-eolica-no-brasil-que-
bate-recordes.html

NA PRÁTICA
Na profissão de engenheiro de qualquer área, é fundamental uma compreensão a
respeito do conceito físico de energia, bem como das formas pelas quais ela se
apresenta na natureza.
Além disso, especialmente para os engenheiros da área da eletricidade é muito
importante conhecer a geração de energia e, dessa forma, obter conhecimentos
básicos a respeito do funcionamento das usinas Hidrelétricas e Termelétricas, além
de conhecer os benefícios e impactos das Usinas Nucleares e dos Parques Eólicos.
Muitos engenheiros têm trabalhado para baratear e aumentar a produção de energia
eólica, por outro lado, o tema Energia Nuclear é ainda muito polêmico e repleto de
obscurantismos que atrapalham o debate, é responsabilidade do engenheiro ter
clareza de ideias para contribuir positivamente no debate a respeito da Matriz
Energética.
Conhecer a transmissão e distribuição de energia são aspectos importantes, visto
que o engenheiro que trabalha em uma indústria é extremamente dependente de
que a energia elétrica chegue para que seu trabalho seja possível.
95

Conhecer a ANEEL é importante para contextualizar o engenheiro em seu meio de


trabalho, bem como conhecer como a engenharia elétrica está presente em um
contexto governamental.
96

CAPÍTULO 4 - A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO

Nesse capítulo, serão estudados o conceito de manutenção, bem como os


tipos de manutenção e sua importância. De início, faremos a contextualização de
alguns conceitos da Administração utilizados nessa área da engenharia, em
seguida, faremos uma análise da manutenção em si destacando seus principais
tipos.

4.1 Estratégia, Planejamento e Administração

No contexto empresarial e industrial contemporâneo, a complexidade das


tecnologias bem como das relações humanas e também homem-máquina exigem
uma série de conceitos advindos da Administração, dentre eles, podemos citar o
Planejamento Estratégico e a Administração Estratégica.

FIQUE ATENTO
Antes de iniciar a discussão do tema em si é importante ressaltar que o termo
gestão nem sempre é utilizado como sinônimo de Administração, isso é uma
decisão teórica, Neste trabalho, optamos em mantê-los como termos distintos,
colocando a gestão como uma parte da admin istração.

De início, vamos explorar brevemente o conceito de estratégia. Esse conceito


tem origem grega e seu significado tinha relação com o contexto militar,
hodiernamente, “não existe um conceito único, definitivo de estratégia. O vocábulo
teve vários significados, diferentes em sua amplitude e complexidade” (Camargos e
Dias, 2003).
De acordo com Meirelles e Gonçalves (2001), existe um uso indiscriminado do
termo “estratégia” na administração, ou seja, ele vem sendo aplicado em muitos
contextos com muitos significados, podendo ser um curso de ação formulado de
maneira precisa ou até a própria razão existencial de uma organização.
Mintzberg e Quinn (1991) enfatizam que a estratégia não pode se prender a
uma visão determinista e mecanicista que minimiza o espaço de liberdade, pois ela
97

não é uma ideia de como lidar com um inimigo ou concorrente, divergindo da origem
clássica do termo, isso nos diz que pensar estrategicamente exige considerar que
coisas podem acontecer no caminho, que não é possível determinar cada passo
para execução de uma ação em um contexto complexo, o que já nos dá o primeiro
indício para relacionar a estratégia à engenharia, pois uma das importâncias da
manutenção se deve exatamente a esse fato, de que imprevistos podem acontecer,
já que não controlamos ou determinamos toda ação previamente.
Um ramo da Administração surgiu para lidar estrategicamente com os aspectos
relacionados ao desenvolvimento de uma empresa, ch ama-se Planejamento
Estratégico. Bertero (1995) entende que o planejamento estratégico se restringe a
analisar os pontos fortes e fracos de uma organização, em seguida, passou -se a se
preocupar com o planejamento e a administração de eventuais alterações no
ambiente dessa organização. O autor inda ressalta que essa concepção entra em
crise devido à imprevisibilidade cada vez maior do ambiente de negócios, a qual
exigia uma dinâmica muito maior que o Planejamento Estratégico não contemplava,
assim, ganhou espaço a Administração Estratégica (AE).
De acordo com Meirelles e Gonçalves (2001), inicialmente, a AE era um ramo
do Planejamento Estratégico que ganhou autonomia, surgindo com o tempo um
corpo teórico mais amplo e global da empresa em seus diversos níveis funcionais.

As ref lexões mais consistentes sobre “administração estratégica” vêm de


Igor Ansof f , chamado o “pai da gestão estratégica”. Até então, estratégia era
sinônimo de plano, o ato de olhar o ambiente e descrever a direção f utura
num f ormato cartesiano e limitado. A proposta da administração estratégica
vai além da vinculação ao ambiente, aprof undando a análise crítica das
condições atuais da empresa para atuação no f uturo. Incorpora também a
ideia de necessidade de implementação nas mudanças, não se restringindo
mais aos planos. (NOVELLI, 2014)

Novelli (2014) argumenta também que a AE não muda as concepções de


planejamento estratégico, ela arquiteta condições favoráveis para implementação
dos planos.

IMPORTANTE
Até o momento, é importante ter entendido que é necessário um conceito
98

de Administração Estratégica, pois apenas um Planejamento não dá conta da


complexidade dos problemas em contexto empresarial, por conta da
possibilidade de imprevistos entre outras razões. Isso nos dá a ideia de que a
manutenção é importante exatamente por não podermos prever
deterministicamente tudo que ocorrerá na execução de uma ação.

Podemos sintetizar a questão afirmando que, até meados da década de 50, as


empresas olhavam majoritariamente o ambiente interno (por exemplo, a eficiência
na produção), isso pode ser justificado pelo fato de que não havia, externamente,
um ambiente de hostilidade competitiva tão grande e, por consequência, não havia a
necessidade de muita diversificação.
Em um cenário pós-Segunda Guerra, onde surge a necessidade de respostas
rápidas e precisas e uma nova postura com relação às demandas dos
consumidores, surge a necessidade de se olhar para o ambiente externo da
empresa que se tornara mais competitivo e dinâmico.
A administração estratégica vai se preocupar, então, com o ambiente interno e
externo, irá analisar riscos, oportunidades, vantagens, desvantagens etc., além
disso, também se preocupará em planejar e executar o planejamento de maneira
não inflexível, sempre adaptando o plano a novas demandas e contextos.

IMPORTANTE
Isso significa que um dado planejamento pode não levar em conta o mau
funcionamento de uma máquina. Se formos seguir um plano de maneira inflexível,
devemos deixar a máquina do jeito que está, pois não estava no plano, foi um
imprevisto. Agora, ao reavaliar o plano n o atual contexto, podemos formular
hipóteses para o mau funcionamento, maneiras de preveni-lo, consertar a
máquina ou substituí-la de acordo com a necessidade e tudo isso é
demasiadamente complexo e deve ser pensado caso a caso. Por isso, o
engenheiro contemporâneo não deve ser inflexível, determinista e mecanicista,
deve sempre estar apto a reavaliar seus planos e concepções quando confrontado
com um novo desafio.
99

4.2 Conceitos, Definições e Finalidades da Manutenção

Slack et al (2002) expõem que a manutenção pode ser definida como a forma
pela qual organizações buscam evitar as falhas em suas instalações físicas. Os
autores afirmam também que esse conceito é parte importante na maioria das
atividades que trabalham com instalações físicas que possuem papel fundamental
na produção de bens e serviços, por exemplo na indústria.
Os equipamentos e tecnologias pré-revolução industrial, ou seja, em uma
época cujo modelo de produção majoritário era o artesanato, não exigiam
manutenções muito complexas, os problemas eram resolvidos no próprio ambiente
de trabalho (muitas vezes empresas familiares), sem a necessidade de estudos
aprofundados. Com a revolução industrial, as máquinas e equipamentos em geral
ficaram cada vez mais complexos, uma primeira leva mais pesada e robusta que
ficou cada vez menor, mais automatizada e complicada.
Viana (2002) destaca que a manutenção industrial deve maximizar o
aproveitamento da estrutura física da indústria para o processo produ tivo, atuando
assim nos equipamentos e instalações, preservando-os, ou seja, mantendo-os na
melhor condição possível. Campbell (1995 apud CALLIGARO, 2003) ressalta que
muitas organizações sofrem por deixarem de lado a manutenção industrial (entre
outros elementos).
Vale ressaltar também que a manutenção tem influência sobre a lucratividade e
também sobrevivência da empresa, podendo representar grande economia e reduzir
desperdícios. Antes, a manutenção fora considerada uma espécie de mal
necessário. Hodiernamente, essa noção foi superada.

FIQUE ATENTO
Lembre-se que é papel do engenheiro prezar pela otimização dos processos, o que
inclui reduzir desperdícios e economizar dinheiro. Em uma economia competitiva, é
fundamental reduzir custos e desperdícios para proporcionar preços mais
competitivos, isso não pode ser desprezado.
100

Slack et al (2002) citam os seguintes benefícios atingidos quando a


manutenção é atuante:
1. Segurança melhorada – diminui o risco às pessoas que atuam no ambiente;
2. Confiabilidade aumentada – menos tempo perdido com conserto;
3. Qualidade maior – equipamentos em melhor desempenho;
4. Custos de operação mais baixos – alguns elementos de tecnologia
funcionam melhor quando recebem manutenção regularmente;
5. Tempo de vida mais longo – prolongar a vida efetiva das instalações;
6. Valor final mais alto – instalações bem mantidas propiciam vendas de
segunda mão para o mercado.
Um outro aspecto importante no conceito de manutenção é perceber que o
mesmo não pode ser entendido simplesmente com fazer reparos em máquinas,
Pires (2005) argumenta que uma boa manutenção deve almejar evitar ao máximo as
perdas não planejadas, isso inclui não somente os reparos em máquinas, mas
também evitar desperdícios etc.

SAIBA MAIS
Tendo em vista esse raciocínio exposto até aqui, concluímos que vale mais a pena
investir em máquinas que n ecessitam de menos intervenção a investir em
máquinas que exijam reparos com muita frequência, buscando a prevenção e
agindo antes da falha.

Alguns prejuízos que são consequência de uma manutenção malfeita ou não


atuante são: a interrupção da produção, atraso nos prazos de entrega, aumento dos
custos, defeitos de fabricação etc. Esses problemas podem causar insatisfação dos
clientes e, por consequência, perda de mercado, algo que em uma economia
competitiva é inaceitável.
São conceitos recorrentes quando o assunto é manutenção:
a) Conservação. Ex.: lubrificação – cujo intuito é conservar as peças de uma
máquina.
b) Reparo. Ex.: retificação – cujo intuito é reparar alguma peça ou
equipamento.
101

c) Substituição. Ex.: troca de plugue de cabos elétricos – configura uma


substituição de uma peça.
d) Preservação. Ex.: substituir o óleo lubrificante em um carro ou máquina em
um período recomendado – configura uma prevenção.
e) Manutenção ideal – esse conceito é utilizado para designar uma
manutenção que permita alta disponibilidade para a produção com um custo
adequado.
f) Vida útil – diz respeito ao tempo de vida ou “prazo de validade” de alguma
peça para que ela funcione em rendimento máximo, ou seja, pode ser que uma peça
ainda esteja funcionando mesmo que sua vida útil tenha se encerrado, mas, nesse
caso, é preferível substituí-la, pois ela pode não funcionar em seu melhor
rendimento. Ainda nesse sentido, temos o chamado ciclo de vida de um
componente, o qual se divide em 3 fases: o amaciamento – onde defeitos podem
aparecer até que a peça esteja acomodada ou ajustada à sua função, em geral
esses defeitos são garantidos pelo fabricante; a própria vida útil – na qual espera-se
não haver defeitos e queda de rendimento; e o envelhecimento – momento no qual o
componente começa a acumular defeitos, perdendo rendimento e podendo afetar a
disponibilidade das máquinas, nesse caso, é momento de substituição ou reparação.
O curso da manutenção costuma ser maior na primeira e última fases.
Existem três características importantes da manutenção, a manuten ibilidade, a
confiabilidade e a disponibilidade.
a) A manutenibilidade é a facilidade com que se pode realizar a manutenção
adequada em máquinas e equipamentos, uma boa manutenibilidade significa que
podemos realizar reparos de maneira prática, reduzindo possíveis custos
desnecessários, por exemplo.
b) A confiabilidade consiste na produção ser confiável, ou seja, pode-se
acreditar que os produtos serão fabricados dentro do prazo, dos padrões de
qualidade etc. Um aumento na confiabilidade significa uma diminuição de
imprevistos e defeitos não planejados.
c) A disponibilidade significa o espaço físico estar disponível para servir à sua
função, isto é, produzir. Uma boa manutenção permite que todo maquinário esteja
disponível para o bom funcionamento da indústria.
102

As manutenções são divididas em duas categorias, a Manutenção Planejada e


a Não Planejada. Esses termos têm sentido intuitivo, a primeira categoria lida com
aquelas manutenções que foram previstas, que na confecção do Planejamento da
Manutenção já se esperavam fazer, já a Não Preventiva é aquela advinda de
imprevistos.
A Manutenção Planejada pode ser dividida em outras 3 categorias: Preventiva,
Preditiva e Corretiva.

FIQUE ATENTO
Embora tenhamos definido a Manutenção Corretiva como uma subcategoria da
Manutenção Planejada, podemos também afirmar que essa manutenção é feita no
caso Não Planejado.

Manutenção Preditiva:
De acordo com Otani e Machado (2008, p. 4), a Manutenção Preventiva “é um
conjunto de atividades de acompanhamento das variáveis ou parâmetros que
indicam o desempenho dos equipamentos, de modo sistemático, visando a definir a
necessidade ou não de intervenção”. Ou seja, é u ma manutenção que visa prever
possíveis maus funcionamentos que possam necessitar de reparos no futuro. Esse
tipo de manutenção podemos considerar como parte de um Planejamento
Estratégico de uma indústria, nesse caso, olhando para o ambiente interno.

Manutenção preditiva são as manutenções que permitem garantir uma


qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de
técnicas de análise, utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou
de amostragem para reduzir a um mínimo a manutenção preventiva e
diminuir a manutenção corretiva. (OTANI e MACHADO, 2008, p. 5)

Além disso, a adoção desse tipo de manutenção possibilita intervir no


momento adequado de maneira eficaz, solucionando o problema com velocidade e
precisão, o que pode reduzir custos e permitir o bom funcionamento de um
Planejamento de Produção.
Mirshawka (1991, apud OTANI e MACHADO, 2008, p. 5) aponta alguns
benefícios da Manutenção Preditiva:
103

1. Previsão de falhas com antecedência suficiente para que os equipamentos


sejam desativados em segurança, reduzindo os riscos de acidentes e interrupções
do sistema produtivo;
2. Redução dos prazos e custos de manutenção pelo conhecimento antecipado
das falhas a serem reparadas;
3. Melhoria nas condições de operação dos equipamentos no sentido de obter
menor desgaste, maior rendimento e produtividade.

SAIBA MAIS
Além desses benefícios já citados, a Manutenção Preditiva também impede
desmontagens desnecessárias, aumenta a disponibilidade das máquinas e
aumenta a vida útil e confiabilidade dos equipamentos.

Para realizar a Manutenção Preditiva, existem alguns testes (ou exames)


comumente realizados, os quais recebem o nome de técnicas de monitoramento
preditivo, podemos citar: Termografia, Análise de vibrações, Análise de
Lubrificantes, Ferrografia, Tribologia, Ultrassom entre outros.
O Ultrassom, por exemplo, é um método chamado de não destrutivo, pois não
danifica os equipamentos, ele detecta ondas sonoras que se propagam no interior
da máquina através de suas peças. É um método fácil, rápido e de boa precisão.
Utiliza-se um equipamento chamado Transmissor Ultrassônico, esse equipamento
detecta as ondas sonoras revelando descontinuidades internas nos materiais, os
sinais desse equipamento são captados pelo transdutor que converte o sinal para
que seja exibido em uma tela.
Já a Análise de Vibração é um método que consiste na utilização de um
equipamento chamado acelerômetro, o qual é capaz de mon itorar e perceber falhas
em máquinas como desgastes, folgas, empenamento, desbalanceamento etc.

Manutenção Preventiva:
A Manutenção Preventiva “é a atuação realizada para reduzirem falhas ou
queda no desempenho, obedecendo a um planejamento baseado em períodos
estabelecidos de tempo” (OTANI e MACHADO, 2008, p. 4). Um grande benefício
104

desse tipo de prática é evitar a necessidade de Manutenções Corretivas não


Planejadas (definiremos melhor a seguir) as quais podem ser custosas e têm seus
prejuízos.
Além disso, Xavier (2003, apud OTANI e MACHADO, 2008) ressalta que um
aspecto importante nesse tipo de manutenção é uma boa determinação dos
intervalos de tempo, ou seja, de quanto em quanto tempo faremos a Manutenção
Preventiva? Em geral, tende-se a realizá-la em intervalos muito curtos, o que gera
desperdícios de dinheiro e recursos.

SAIBA MAIS
Dentro dessa modalidade de man utenção, temos a Manutenção Preventiva Total,
cujas metas são: aumentar a eficácia dos equipamentos, manutenção autônoma,
planejamento, treinamento e prevenção da manutenção. Vale ressaltar que muitos
autores têm o costume de utilizar o termo Produtiva Total ao invés de Preventiva
Total.

Manutenção Corretiva:
De acordo com Otani e Machado (2008, p. 4), podemos entender a
Manutenção Corretiva Planejada como “a correção que se faz em função de um
acompanhamento preditivo, detectivo ou até mesmo pela decisão gerencial de se
operar até ocorrer à falha”. Ou seja, nessa perspectiva, a correção deve constar no
planejamento da indústria. Trabalhar com esse tipo de Manutenção Corretiva auxilia
na redução de custos desnecessários e também de mau funcionamento de alguma
máquina, o que pode atrapalhar o sistema produtivo da indústria diminuindo a
confiabilidade e disponibilidade das máquinas, o que pode ser prejudicial para o bom
andamento da produção.
Também há a Manutenção Corretiva não Planejada, essa é aquela em que se
corrige alguma falha de maneira aleatória, ou seja, não planejada, “é a correção da
falha ou desempenho menor que o esperado após a ocorrência do fato. Esse tipo de
manutenção implica em altos custos, pois, causa perdas de produção e, em
consequência, os danos aos equipamentos é maior” (OTANI e MACHADO, 2008, p.
3).
105

É preferível reduzir a necessidade de Manutenções Corretivas não Planejadas


por meio de uma boa Manutenção Preditiva e também Preventiva. No entanto, como
vimos, a realidade contemporânea é complexa e cheia de imprevistos, então é
comum o engenheiro se deparar com situações em que é necessário fazer um
reparo não planejado. Nesses casos, o reparo precisa ser rápido e com o custo mais
baixo possível para que a produção e o orçamento não sejam prejudicados.
Podemos dividir a manutenção corretiva em dois tipos:
a) Reparo: ocorre em falhas inesperadas e é feita (geralmente) de maneira
imediata sem que haja necessidade de substituir ou reformar a peça. Essa costuma
ocorrer na fase de amaciamento de um componente e às vezes após a vida útil.
b) Reforma: ocorre quando o equipamento se aproxima do rendimento mínimo,
em geral é feita após a vida útil, quando um mero reparo não é mais suficiente. Essa
deve ser precedida por algum tipo de análise técnica, tanto na dimensão mecânica
como na econômica, pois muitas vezes compensa substituir a peça ao invés de
realizar uma reforma e também pode ocorrer de mesmo reformado um componente
não ter um rendimento satisfatório.
Vale ressaltar também que esse tipo de manutenção exige cuidados com
relação à segurança, pois esse tipo de manutenção pode gerar riscos a alguns
funcionários da empresa. Dessa forma, é essencial um estudo técnico de riscos
seguido por sinalizações avisando que alguma máquina ou equipamento está em
manutenção.

FIQUE ATENTO
Nenhuma dessas categorias de manutenção substitui a outra, as 3 coexistem
simultaneamente.

SAIBA MAIS
Uma outra categoria de manutenção chamada de Detectiva vem sendo discutida
nas últimas décadas. Ela diz respeito a equipamentos ou sistemas de proteção
que buscam monitorar falhas não perceptíveis de outros modos, esse tipo de
manutenção aumenta a confiabilidade do sistema.
Existe também a manutenção proativa, a qual monitora a frequência de falhas,
106

mas essa exige uma grande qualificação dos profissionais envolvidos além de u m
sistema de monitoramento muito bom.

4.3 Controle da Manutenção

Lacombe e Heilborn (2006, p. 173) entendem que controlar consiste em


“acompanhar ou medir alguma coisa, comparar resultados obtidos com os previstos
e tomar as medidas corretivas cabíveis”. Ou seja, ao planejar uma manutenção,
temos expectativas de como as coisas ocorrerão, no entanto, como já vimos, a
realidade é complexa e tende a ter surpresas desagradáveis, por isso precisamos
monitorar as atividades a fim de encontrar possíveis falhas e mau s funcionamentos,
sempre comparando a realidade com a expectativa prévia. A isso chamamos de
Controle da Manutenção.
Além disso, Netto e Tavares (2006) salientam que buscar que algo ocorra na
prática como foi programado é o cerne do Controle. Slack et al. (2001, p. 314)
externam que o controle “é garantir que os processos da produção ocorram eficaz e
eficientemente e que produzam produtos e serviços conforme requeridos pelos
consumidores”.
Lacombe e Heilborn (2006) enfatizam que os processos de planejamento e
controle têm função semelhante na administração e caminham juntos, pois não faz
sentido planejar se depois não houver um monitoramento. Se o planejamento vem
sendo cumprido, contudo, Slack et al (2002) lembram que há diferença entre esses
conceitos, pois o plano é formalizado e pretende que algo ocorra no futuro tal como
é programado. Logo, o planejamento não garante que a programação seja cumprida,
pois o caminho pode não corresponder às previsões. Nesse sentido, é necessário o
controle para buscar um bom andamento do planejamento.

SAIBA MAIS
Calligaro (2003) afirma que a manutenção tem uma natureza não repetitiva, ou
seja, possui uma rotina diversificada, isso pode ser relacionado ao fato de haver
categorias de manutenção, em certo momento podemos prever, prevenir, detectar
ou corrigir erros .
107

O controle da manutenção pode ser feito por alguns recursos, por exemplo, por
meio de fichas de serviço e de manutenção corretiva que são utilizadas para
controle da manutenção corretiva. Essa etapa é importante, pois, se uma
manutenção não for documentada, pode ser realizada mais de uma vez de maneira
desnecessária, gastando recursos financeiros e humanos sem necessidade.
No caso da manutenção preventiva, existe a chamada ficha de controle cujo
objetivo é controlar a vida útil de cada componente; já a ficha de manutenção
preventiva é um levantamento dos componentes mais sujeitos às falhas. Para
realizar o controle da manutenção preventiva, é necessário primeiro identificar os
componentes nos quais se deseja realizar esse tipo de manutenção. Para isso, faz-
se um levantamento seguido por um cadastramento, em seguida, levanta-se um
histórico desses equipamentos abordando os custos de manutenção, tempo de
parada, disponibilidade etc., para então se realizar um estudo de viabilidade
econômica. Também é fundamental ter conhecimento dos equipamentos e recursos
humanos a disposição para se realizar esse tipo de manutenção, bem com realizar
inspeções frequentemente.
No que diz respeito ao controle da manutenção preditiva, esta exige um
monitoramento e, portanto, é esse monitoramento que controla essa modalidade de
manutenção. Vale ressaltar novamente que é importante documentar todas as
manutenções realizadas para que não incorrer no erro de realizar alguma
manutenção mais de uma vez e também para ter controle dos custos.
De início, é necessário então conhecer os equipamentos que estão sujeitos a
esse tipo de manutenção. Para isso, é preciso saber de quais parâmetros o bom
funcionamento do equipamento depende e quais valores desses parâmetros podem
causar problemas. Nesse sentido, fixam-se 3 limites: normal, alerta e perigoso. É
evidente que quando se mede um parâmetro dentro do limite perigoso é necessário
corrigir por meio de um reparo, reforma ou troca.
Existem algumas formas de monitoramento que visam realizar medições para
acompanhar os parâmetros dos componentes das máquinas. À primeira, chamamos
de Acompanhamento ou monitoração subjetiva: essa se dá pela percepção de
algum parâmetro incomum, por exemplo perceber alguma temperatura fora do
padrão, algum ruído que não deveria existir, alguma alteração na rigidez ou
108

coloração de algum componente etc. Ressalta-se, então, que esse tipo de


monitoramento necessita de sentidos como a visão, o tato, a audição, o olfato e,
dessa forma, o próprio operador do equipamento pode realizar esse monitoramento
exigindo-se que esse operador tenha experiência para que o mon itoramento seja
mais confiável.
A segunda forma de monitoramento é o Acompanhamento Objetivo: consiste
em medições utilizando instrumentos, o que independe a subjetividade de algum
funcionário, dado que qualquer um verá os mesmos valores ou indicativos no
instrumento de medição. A sua vantagem é a sua precisão e independência de
algum funcionário experiente (portanto, caro) para realizar inspeções enquanto
opera o equipamento; no entanto, essa forma limita-se ao que o equipamento é
capaz de medir, um bom profissional experiente e qualificado tem uma gama muito
maior de possibilidades de análise, percebendo aspectos invisíveis aos
equipamentos.
Por fim, existe a Monitoração contínua: também é objetiva pois é realizada com
equipamentos; mas, nesse caso, o equipamento de medição age continuamente e
não em algum momento específico. Com o desenvolvimento da computação,
informática e eletrônica digital, é possível realizar um monitoramento contínuo em
algum componente. O problema dessa forma de monitoramento é o seu custo, a
consequência desse fato é que ela é utilizada majoritariamente em equipamentos
caros e de grande responsabilidade, seja ambiental, pela sua importância no bom
funcionamento da produção ou pelo alto custo do equipamento, caso seja
necessário substituí-lo como consequência de um péssimo controle de manutenção
preditiva.
Um exemplo dessa forma de monitoramen to pode ser visto nas usinas
hidrelétricas, dado que alguns geradores podem ser caros e são fundamentais para
a produtividade, seu mau funcionamento pode ter um impacto econômico muito
grande (visto que as indústrias necessitam da energia que vem das hidrelétricas),
por isso, alguns geradores são monitorados continuamente por instrumentos que
medem parâmetros como vibração, temperatura de mancais entre outros. Vale
ressaltar também que o envio dos dados do instrumento para alguma central de
109

controle (computadores) deve ser imediato (ou pelo menos muito rápido), pois, se
houver algum problema, este deve ser corrigido o mais rápido possível.

SAIBA MAIS
Hoje em dia existe a possibilidade do computador realizar esse monitoramento
sozinho, sem a necessidade de um técnico 24 horas por dia observando e
relatando os ocorridos.
110

RECAPITULANDO

QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2014 Banca: CESGRANRIO Órgão: Petrobrás Prova: Engenheiro de
Produção Nível: Superior.
Manutenção é o termo usado para abordar a forma pela qual as organizações
tentam evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas.
Quando a falha é previsível, a abordagem que visa a realizar manutenção
somente quando as instalações precisarem dela, antes da quebra, é
denominada manutenção:
a) automática
b) conservadora
c) corretiva
d) preventiva
e) preditiva

QUESTÃO 2
Ano: 2010 Banca: CESGRANRIO Órgão: PETROBRAS Prova: Técnico de
Manutenção Júnior Mecânica Nível: Médio.
Avalie as situações a seguir:
I. Um metalúrgico operador da fresadora verifica o desgaste da ferramenta com
um instrumento a cada setup da máquina.
II. Um motorista de táxi mantém um cronograma rigoroso para a troca de óleo,
do filtro de óleo e do filtro de pólen de seu veículo.
III. Durante a operação de usinagem com aço rápido, a ferramenta sofre
ruptura e é rapidamente trocada por outra.
IV. O técnico do trem de Corcovado, após o dia de trabalho, verifica os cabos e
lubrifica as partes móveis do carro.
As situações apresentadas são exemplos, respectivamente de manutenção.

I II III IV
111

a) corretiva preventiva corretiva preditiva


b) preventiva preditiva preventiva preventiva
c) preditiva preventiva corretiva preventiva
d) preventiva preditiva corretiva preventiva
e) corretiva preditiva preditiva corretiva

QUESTÃO 3
Ano: 2009 Banca: FGV Órgão: MEC Prova: Engenheiro Eletricista Sênior Nível:
Superior.
A manutenção é definida como sendo um conjunto de cuidados técnicos
indispensáveis ao funcionamento regular e permanente das máquinas e
equipamentos (ferramentas, instalações etc.).
Em relação aos tipos de manutenção, assinale a afirmativa incorreta:
a) A manutenção corretiva tem por objetivo reparar os defeitos apresentados nas
máquinas e equipamentos.
b) A manutenção preventiva consiste em um conjunto de procedimentos e ações
antecipadas que objetivam a continuidade do serviço.
c) A manutenção preditiva é um tipo de ação preventiva baseada no conhecimento
das condições de cada um dos componentes das máquinas e equipamentos.
d) A manutenção preventiva está baseada em intervenções emergenciais, conforme
procedimentos definidos pelos fabricantes das máquinas e equipamentos.
e) A manutenção preditiva é uma manutenção de acompanhamento e, portanto,
exige uma mão de obra mais qualificada e algu ns aparelhos ou instrumentos de
medição.

QUESTÃO 4
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: PETROBRAS Prova: Técnico de
Manutenção Júnior Nível: Médio.
A situação em que a manutenção corretiva é superior às demais ocorre
quando:
a) o custo da peça a ser substituída for alto.
b) o tempo de parada for significativo para a produção.
112

c) o equipamento inspecionado possuir um alto valor de aquisição e quando as


peças de substituição forem de fácil obtenção.
d) a peça substituída for de baixo valor e de fácil obtenção, o tempo de parada não
for significativo e nem a falha incorrer em riscos à segurança.
e) não houver possibilidade financeira de executar a manutenção preventiva.

QUESTÃO 5
Ano: 2011 Banca: CESGRANRIO Órgão: PETROBRAS Prova: Engenheiro de
Produção Júnior Nível: Superior.
A manutenção corresponde a uma forma pela qual as organizações tentam
evitar falhas, a partir do cuidado com suas instalações físicas.
Com relação às abordagens gerais e específicas de manutenção, pode-se
reconhecer que:
a) a manutenção preventiva tem maior probabilidade de gerar benefícios quando as
paradas ocorrem de forma relativamente aleatória.
b) a manutenção centrada na confiabilidade é considerada uma extensão natural n a
evolução de manutenção corretiva para manutenção preventiva.
c) a manutenção corretiva é usada quando o custo da falha não planejada é alto e
quando a falha não é totalmente aleatória.
d) a maior parte das operações produtivas opta por uma única abordagem de
manutenção, seja ela corretiva, preventiva e preditiva.
e) uma das metas da manutenção preventiva total consiste em melhorar a eficácia
dos equipamentos ao examinar todas as perdas que ocorrem.

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE


Diferencie Manutenção Preventiva de Manutenção Preditiva.

TREINO INÉDITO
Com relação aos benefícios advindos de uma manutenção atuante podemos
citar:
a) Redução de custos, maior segurança, maior confiabilidade.
b) Aumento de custos, maior segurança e menor confiabilidade.
113

c) Aumento de custos, maior segurança e maior confiabilidade.


d) Redução de custos, maior segurança e menor confiabilidade.
e) Redução de custos, maior segurança e melhora da qualificação dos funcionários.

NA MÍDIA
CPTM CONTRATA POR R$ 68 MILHÕES CONSÓRCIO PARA MANUTENÇÃO DE
NOVE TRENS.
“A CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos publicou neste sábado, 27
de abril de 2019, o resultado da concorrência para serviços de manutenção corretiva
e preventiva de nove trens com outros carros cada (popularmente chamados de
vagões)”. O contrato é de aproximadamente 70 milhões de reais por três anos,
dessa forma, uma empresa prestará o serviço de manutenção ao invés de
funcionários, ocorreram reclamações no sentido de ser um custo alto demais para 3
anos de contrato e também por se ater às modalidades corretiva e preventiva.
Fonte: Diário do Transporte
Data: 27/04/2019
Leia a notícia na íntegra: https://diariodotransporte.com.br/2019/04/27/cptm-contrata-
por-r-68-milhoes-consorcio-para-manutencao-de-nove-trens/

NA PRÁTICA
O tema manutenção tem ganhado muito espaço na engenharia desde o século
passado. Como vimos, uma manutenção atuante pode trazer vários benefícios para
uma organização, seja de cunho financeiro ou na segurança do trabalho entre outros
aspectos. Dessa forma, é importante que as organizações modernas tenham um
bom planejamento de manutenção a fim de reduzir custos e aumentar a
disponibilidade de seus equipamentos e confiabilidade de sua produção.
Além disso, é fundamental compreender como a contemporaneidade é marcada
pela complexidade: o mercado está muito concorrido, o que exige melhor qualidade
nos produtos e, nesse caso, uma boa manutenção pode fazer diferença; as variáveis
nunca foram tantas a se lidar ao mesmo tempo; os equipamentos também ficaram
demasiadamente complexos exigindo técnicas de análise cada vez mais precisas e
detalhadas.
114

O engenheiro contemporâneo precisa sintetizar tudo isso e conhecer as


modalidades ou categorias de manutenção a fim de tomar as melhores decisões do
ponto de vista estratégico.
115

FECHANDO A UNIDADE
GABARITOS

CAPÍTULO 01

QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
D B B C E

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE


RESPOSTA

A matematização é uma etapa da modelagem, etapa essa que pretende sair de um


contexto real e adentrar um contexto matemático para que depois possa se resolver
o problema. A modelagem é um processo mais amplo, pois ela não lida somente
com sair da realidade e chegar à matemática, ela começa desde a compreensão do
problema até sua matematização, resolução e posterior interpretação.

TREINO INÉDITO
Gabarito: D
116

CAPÍTULO 02

QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
C B B D B
06 07 08
C C D

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE


RESPOSTA

⃗ , a direção do campo deve ser perpendicular à folha da apostila e o


Dado 𝐹 = 𝑞𝑣 × 𝐵
sentido é saindo da folha, pois a força elétrica aponta para esquerda e a força
𝐸
magnética deve compensar a elétrica. Além disso: 𝑞𝐸 = 𝑞𝑣𝐵 → 𝑣 = .
𝐵

TREINO INÉDITO
Gabarito: A
117

CAPÍTULO 03

QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
E C C C D

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE


RESPOSTA

A água armazenada em uma barragem cai através dos condutos forçados


transformando energia potencial gravitacional em energia cinética, esta por sua vez
movimenta as turbinas. A presença de condutores e eletroímãs das pás das turbinas
(os chamados geradores) convertem essa energia em elétrica. A energia elétrica sai
da indústria e vai para a subestação de elevação, a qual eleva a tensão para 138 kV
(Alta Tensão) que é a tensão de transmissão. Essa energia é transmitida até as
subestações de redução que reduzem a tensão novamente para 13,8 kV e essa
energia vai para subestação de distribuição, a qual distribui a energia através de
postes. Nesses postes existem transformadores que reduzem a tensão para 127 V
ou 220 V, que são os possíveis valores de tensão utilizados em uma residência.

TREINO INÉDITO
Gabarito: C
118

CAPÍTULO 04

QUESTÕES DE CONCURSOS
01 02 03 04 05
E C D D E

QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO DE


RESPOSTA

A Manutenção Preditiva visa prever possíveis danos e agir em momentos


programados, já a Manutenção Preventiva realiza a manutenção previamente para
evitar mau funcionamento no futuro.

TREINO INÉDITO
Gabarito: A
119

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista do que foi exposto até aqui, podemos concluir que a engenharia é
uma ciência marcada pela interdisciplinaridade e pelo viés prático, ou seja, com o
foco em transformar a natureza melhorando a vida das pessoas. Além disso, vimos
a importância de temas como a natureza física da eletricidade, os circuitos elétricos,
a geração de energia e a manutenção. Na Engenharia de Controle e Automação
Industrial, esses tópicos permitem não apenas o preparo técnico e cientifico para o
profissional, mas também um olhar crítico perante a própria profissão. Além disso,
esse módulo, somado aos demais possibilitará uma formação sólida para o
desenvolvimento profissional do engenheiro, seja no contexto da indústria ou até
mesmo no acadêmico.
120

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