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NOÇÕES DE

ELETRICIDADE

EIXO COMUM
H0
2/ 102 TREM DE FORÇA

Um modelo único de capacitação técnica


mais completa para toda a Vale.
Modelo envolvendo os diferentes processos de capacitação
em uma trilha única, abrangendo uma visão técnica, de segu-
rança, comportamental e VPS.
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 3/ 102

Caro Aluno,
Manter os profissionais atualizados e desenvolver competências necessárias não é mérito apenas das
áreas de capacitação da empresa. É um comprometimento de todos. Dos líderes, dos empregados e que
demanda tanto esforço humano quanto financeiro.
Precisamos ter em mente que a educação na Vale deve ser um pilar para nossos colegas, pois, somente
assim podemos ser referência na segurança, comportamento, habilidade e competência técnica.
Nosso papel é fundamental, auxiliamos a cada empregado a conquistar um repertório para trazer o novo e
conectar-se com o futuro. É assim que nasce o MICT (Modelo Integrado de Capacitação Técnica). Esse pro-
grama tem como propósito ser uma capacitação mais completa para toda a Vale que envolve os diferentes
processos em uma trilha única, abrangendo uma visão técnica, de segurança, comportamental e VPS.
Tradicionalmente as áreas de operação e manutenção tende a determinar as necessidades de treinamento
de seu empregado, mas o nosso papel vem um pouco antes, ajudando a cada líder a entender o problema e
tomar decisões a partir de um diagnóstico abrangente.
E isso só é possível, pois a Gestão do Conhecimento, mantém um diálogo muito aberto com as áreas e a
própria liderança onde o trabalho é realizado com diversos profissionais, com diversas competências, em
conjunto e de forma empática pautada também em análises técnicas que determinará como será feita cada
competência.
Além dos cursos de capacitação teórica e prática, a gestão do conhecimento oferece outros meios
para auxiliar como o Centro de Capacitação, Simuladores, Container do Conhecimento, bem como
diversos objetos educacionais que auxiliam a alcançar o empregado e dar novas oportunidades.
Então aproveite e desejamos a você sucesso nessa jornada pela busca do conhecimento.
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MATERIAL DIGITAL
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CONTROLE DE REVISÃO
Nome do arquivo: GC-XXXX- Noções de eletricidade

Revisão: 01

Elaborado por: Mário Freitas

Revisador por:

Data da Publicação: 14/09/21


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CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
Foi desenvolvida para manuseio individual com o intuito
de aprofundamento de seu estudo, fixação e consulta.

Bom aprendizado.
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SUMÁRIO

1 HISTÓRICO 14
1.1 Eletricidade............................................................................................................. 14
1.2 Matéria..................................................................................................................... 14
1.3 Átomo ...................................................................................................................... 14
1.4 Íons .......................................................................................................................... 15
1.5 Condutores ............................................................................................................. 16
1.6 Isolantes.................................................................................................................. 17
1.7 Semicondutores..................................................................................................... 17
2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA 20
2.1 Unidades de Medidas ........................................................................................... 23
2.2 Resistência Elétrica............................................................................................... 24
2.2.1 Resistores 24
2.2.2 Tabela de Resistividade de Alguns Materiais 26
2.2.3 Sensores para Medição de Força 28
2.3 Capacitores............................................................................................................. 29
2.3.1 Representação Gráfica da Capacitância 30
2.3.2 Aplicação 31
2.4 Indutores ................................................................................................................. 32
2.4.1 Aplicação 33
2.5 Dispositivos de Proteção e Segurança .............................................................. 34
2.5.1 Fusíveis 34
2.5.2 Características elétricas: 34
2.5.3 Tipos de Fusíveis 35
2.5.4 Precauções a serem tomadas nas substituições de fusíveis: 37
2.6 Relé.......................................................................................................................... 38
2.6.1 Relé Eletromecânico 38
2.7 Instrumentos de Medidas..................................................................................... 39
2.8 Lei de Ohm ............................................................................................................. 43
2.9 Potência Elétrica.................................................................................................... 44
2.9.1 Tabela de Cálculo lei de Ohm e Potência 46
2.10 Efeito Joule............................................................................................................. 46
2.11 Introdução e Associações de Geradores .......................................................... 47
2.11.1 Associação Mista 48
2.12 Inspeções Mensais na Bateria ............................................................................ 49
3 DEFINIÇÃO DE CIRCUITO ELÉTRICO 51
3.1 Componentes de um Circuito Elétrico................................................................ 51
3.1.1 Continuidade 51
3.1.2 Simbologia 52
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 7/ 102

3.1.3 Tipos de Circuitos 54


3.2 Conceito de Queda de Tensão ........................................................................... 62
3.2.1 Conceito de Terra 63
4 MAGNETISMO 66
4.1 Campos Magnéticos ............................................................................................. 67
4.1.1 Permeabilidade dos Materiais 69
5 ELETROMAGNETISMO 72
5.1 Campo Magnético de Uma ou Mais Espiras..................................................... 73
5.2 Eletroímã................................................................................................................. 75
5.3 Intensidade de Campo ou Força Magnética ..................................................... 76
6 TRANSFORMADORES 80
6.1 Transformador Monofásico.................................................................................. 81
6.2 Natureza da Corrente Elétrica ............................................................................. 83
6.3 Corrente Alternada................................................................................................ 83
6.3.1 Elementos da Corrente Alternada 84
6.4 Corrente Contínua................................................................................................. 84
6.4.1 Corrente Contínua Pura 84
6.4.2 Corrente Contínua Pulsante 85
6.4.3 Fonte de Obtenção de Corrente Contínua 86
6.5 Retificadores........................................................................................................... 86
6.5.1 Retificador de Meia Onda 86
6.5.2 Retificador de Onda Completa em Ponte 87
7 MORTORES 90
7.1 Breve Histórico....................................................................................................... 90
7.2 Tipos de motores................................................................................................... 93
7.3 Funcionamento do MIT......................................................................................... 94
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 8/ 102

FIGURA

Figura 1 – Átomo................................................................................................................... 14
Figura 2 – Cargas.................................................................................................................. 15
Figura 3 –Íons........................................................................................................................ 16
Figura 4 – Elétrons................................................................................................................ 16
Figura 5 – Material Equilibrado........................................................................................... 20
Figura 6 – Doação de elétrons............................................................................................ 20
Figura 7 – Diferença de Potencial (ddp)............................................................................ 20
Figura 8 – Força eletromotriz - fem .................................................................................... 21
Figura 9 – Elétrons em deslocamento para manter o equilíbrio elétrico ..................... 21
Figura 10 – Tensão elétrica pode ser comparada a diferença de nível entre a água
do dique .................................................................................................................................. 22
Figura 11 – Diferença de Potencial .................................................................................... 22
Figura 12 – Corrente a elétrica pode ser comparada com a água que escoa do dique
.................................................................................................................................................. 23
Figura 13 – Resistência........................................................................................................ 24
Figura 14 – Comprimento linear do condutor................................................................... 24
Figura 15 – Resistor comum ............................................................................................... 25
Figura 16 – Resistor variável............................................................................................... 25
Figura 17 – Tipos de resistores .......................................................................................... 25
Figura 18 – Código de cores............................................................................................... 27
Figura 19 – Extensômetro.................................................................................................... 29
Figura 20 – Simbologia de capacitores ............................................................................. 29
Figura 21 – Exemplos de capacitores ............................................................................... 30
Figura 22 – Circuito capacitivo............................................................................................ 30
Figura 23 – Sensor Capacitivo............................................................................................ 31
Figura 24 – Simbologia de indutor ..................................................................................... 32
Figura 25 – Exemplos de indutores ................................................................................... 33
Figura 26 – Representação do Circuito Interno do Sensor Indutivo............................. 33
Figura 27 – Fusível de vidro................................................................................................ 35
Figura 28 – Fusível tipo rolha.............................................................................................. 35
Figura 29 – Tipo cartucho.................................................................................................... 36
Figura 30 – Tipo Diazed....................................................................................................... 36
Figura 31 – Relé.................................................................................................................... 39
Figura 32 – Alicate Amperímetro........................................................................................ 40
Figura 33 – Multímetro ......................................................................................................... 40
Figura 34 – Como medir tensão ......................................................................................... 41
Figura 35 – Como medir corrente....................................................................................... 41
Figura 36 – Como medir indutor e capacitor .................................................................... 42
Figura 37 – Como medir resistência e continuidade....................................................... 43
Figura 38 – Tabela Lei de Ohm.......................................................................................... 46
Figura 39 – Associação em série de baterias .................................................................. 48
Figura 40 – Associação em Paralelo de baterias ............................................................ 48
Figura 41 – Associação mista de bateria .......................................................................... 48
Figura 42 – Componentes do circuito elétrico .................................................................. 51
Figura 43 – Continuidade..................................................................................................... 52
Figura 44 – Circuito Aberto.................................................................................................. 52
Figura 45 – Simbologia ........................................................................................................ 53
Figura 46 – Diagrama........................................................................................................... 53
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 9/ 102

Figura 47 – Circuito em serie .............................................................................................. 54


Figura 48 – Circuito em paralelo......................................................................................... 55
Figura 49 – Circuito Misto.................................................................................................... 55
Figura 50 – Associação em serie ....................................................................................... 56
Figura 51 – Exemplo 1 ......................................................................................................... 57
Figura 52 – Resistencia total............................................................................................... 57
Figura 53 – Associação em paralelo.................................................................................. 57
Figura 54 – Exemplo 2 ......................................................................................................... 59
Figura 55 – Divisor de tensão ............................................................................................. 59
Figura 56 – Exemplo 3 ......................................................................................................... 60
Figura 57 – Divisor de Corrente.......................................................................................... 61
Figura 58 – Exemplo 4 ......................................................................................................... 62
Figura 59 – Queda de Tensão............................................................................................ 62
Figura 60 – Fem negativa.................................................................................................... 63
Figura 61 – Conceito de Terra............................................................................................ 64
Figura 62 – Polos dos imãs................................................................................................. 66
Figura 63 – Atração e repulsão dos polos ........................................................................ 66
Figura 64 – Indivisibilidade dos polos................................................................................ 67
Figura 65 – Campo magnético............................................................................................ 67
Figura 66 – Área de atração do imã................................................................................... 68
Figura 67 – Linha de força do campo magnético ............................................................ 68
Figura 68 – Prova da existência de linhas de campo ..................................................... 69
Figura 69 – Direção das linhas de campo......................................................................... 69
Figura 70 – Permeabilidade magnética............................................................................. 70
Figura 71 – Material sem permeabilidade magnética ..................................................... 70
Figura 72 – Efeito da corrente elétrica nos condutores.................................................. 72
Figura 73 – Condutor cria um campo circular .................................................................. 72
Figura 74 – “Método do saca-rolha”................................................................................... 73
Figura 75 – Sentido das linhas com a correte convencional ......................................... 73
Figura 76 – Centro da espira o campo magnético é mais intenso................................ 73
Figura 77 – Determinação da polaridade da espira ........................................................ 74
Figura 78 – Direção da corrente real em um solenoide.................................................. 74
Figura 79 – Linhas de campo no solenoide e no imã ..................................................... 74
Figura 80 – Regra da mão direita....................................................................................... 75
Figura 81 – Modificando os sentidos dos polos modificando apenas o sentido de
corrente................................................................................................................................... 75
Figura 82 – Eletroímã........................................................................................................... 75
Figura 83 – Imã temporário ................................................................................................. 76
Figura 84 – Polarização pelo método de indução ........................................................... 76
Figura 85 – Como varia campo eletromagnético ............................................................. 76
Figura 86 – Trafo................................................................................................................... 80
Figura 87 – Transformador Elevador de tensão .............................................................. 80
Figura 88 – Transformador abaixador de tensão ............................................................ 81
Figura 89 – Constituição de um transformador monofásico .......................................... 81
Figura 90 – O campo magnético variável induz uma corrente elétrica na bobina
secundária.............................................................................................................................. 82
Figura 91 – Relação de espiras.......................................................................................... 82
Figura 92 – Resolução do exercício................................................................................... 83
Figura 93 – Natureza da corrente alternada..................................................................... 83
Figura 94 – Natureza da corrente contínua ...................................................................... 83
Figura 95 – Corrente alternada........................................................................................... 84
Figura 96 – Corrente continua ............................................................................................ 85
Figura 97 – Corrente continua pulsante ............................................................................ 85
Figura 98 – Fonte de corrente contínua ............................................................................ 86
Figura 99 – Retificador de meia onda................................................................................ 86
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 10/ 102

Figura 100 – Forma de onda do retificador de meia onda ............................................. 87


Figura 101 – Retificador de onda completa ...................................................................... 88
Figura 102 – rotor gaiola de esquilo................................................................................... 92
Figura 103 – Enrolamento do estator trifásico com 2 pólos........................................... 92
Figura 104 – Motor de indução trifásico em gaiola de esquilo ...................................... 95
Figura 105 – Ligação das bobinas do estator para produção do campo magnético
girante. .................................................................................................................................... 95
Figura 106 – Criação do campo magnético girante no motor de indução trifásico .... 96
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 11/ 102

TABELA

Tabela 1 – Exemplo de Tabela........................................................................................... 17


Tabela 2 – Tabela de Resistividade................................................................................... 26
Tabela 3 – Dielétrico............................................................................................................. 31
Tabela 4 – Material acionador............................................................................................. 34
Tabela 5 – Grandezas Elétricas ......................................................................................... 39
Tabela 6 – Valores de corrente para uma resistência de 100Ω ................................... 43
Tabela 7 – Valores de corrente para uma resistência de 200Ω ................................... 44
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 12/ 102
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13/ 102

01
NOÇÕES DE ELETRICIDADE

HISTÓRICO E
CONCEITOS
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 14/ 102

1 HISTÓRICO

O estudo da eletricidade iniciou-se na Grécia antiga, quando um pastor percebeu


que seu cajado era atraído por uma pedra de âmbar (elétron em grego). O estudo
do fenômeno comprova a existência das cargas elétricas.

1.1 Eletricidade
Fenômeno natural do movimento das cargas elétricas.

1.2 Matéria
Tudo que ocupa lugar no espaço e possui massa.

1.3 Átomo
Para melhor entendimento da energia elétrica e seus fenômenos, procuremos en-
tender primeiro a constituição da matéria. Conforme a teoria atômica, qualquer
substância (madeira, ferro, cobre, etc.) é composta de átomos. Portanto, átomo é
o elemento básico que constitui a matéria.

Figura 1 – Átomo
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Os átomos possuem dimensões reduzidíssimas e são basicamente constituídos
de partículas, e segundo a teoria atômica são classificados de:

 Núcleo, composto por prótons e nêutrons, é onde se concentra a massa de


átomo.
 Elétrons, partículas com carga elétrica negativa, que giram em torno do nú-
cleo com alta velocidade.
Os prótons possuem carga elétrica positiva, os nêutrons possuem carga elétrica
neutra e os elétrons possuem carga elétrica negativa. As cargas elétricas iguais
se repelem e as cargas elétricas diferentes se atraem. Os elétrons são atraídos
pelo núcleo, que tem carga elétrica negativa, porém não chegam a se encostar
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 15/ 102

nele, pois a aceleração centrípeta do elétron cria uma força que se equilibra com
a força de atração do núcleo.

Se os prótons possuem carga elétrica positiva e o núcleo é formado por prótons,


é natural questionar por que não existe uma reação mútua entre eles de forma
que se repelissem. Isso não acontece devido aos nêutrons, que equilibram a
massa do núcleo, evitando tal reação.

A figura abaixo ilustra a ação (campo elétrico) das forças de ação e repulsão das
cargas elétricas:

Figura 2 – Cargas
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Existem regiões nos átomos onde os elétrons podem se posicionar, que são cha-
madas camadas.

A força de atração do núcleo em relação ao elétron varia conforme distância entre


os dois e quanto maior a energia do elétron, maior será sua distância em relação
ao núcleo, por isso podemos concluir que as camadas representam também, a
quantidade de energia do elétron.

Quando o elétron recebe energia (quantum), se desloca para uma camada ou


órbita mais externa e quando perde energia (fótons), se desloca para uma camada
mais próxima do núcleo.

Resumindo, quanto mais afastado do núcleo estiver o elétron, menor será a força
de atração entre eles e, consequentemente, quanto mais próximo, maior a força
de atração.

1.4 Íons
Os átomos são encontrados na natureza eletricamente equilibrados, ou seja, pos-
suem a mesma quantidade de prótons e elétrons, esses átomos são chamados
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 16/ 102

átomos neutros. Os átomos que possuem números diferentes de cargas positivas


e negativas são chamados íons ou átomos desequilibrados.

Figura 3 –Íons
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Quando um átomo perde um elétron, ele se torna carregado positivamente, sendo


denominado íon positivo ou cátion. Quando ganha um elétron, ele se torna carre-
gado negativamente, sendo denominado íons negativos ou ânion.

A camada mais externa do átomo recebe o nome de camada de valência, e o


elétron que a ocupa também recebe o nome de elétron de valência ou elétron de
condução a até elétron livre. O elétron mais próximo do núcleo recebe o nome de
elétron planetário.

As cargas elétricas que se deslocam são somente as cargas negativas, sendo


que as cargas positivas são estáticas.

Figura 4 – Elétrons
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Seguindo essa relação entre camadas e força de atração, podemos definir os se-
guintes materiais elétricos: isolantes, condutores e semicondutores.

1.5 Condutores
Os elétrons mais distantes do núcleo são atraídos muito fracamente, em conse-
quência, possuem maior facilidade em se deslocarem para uma órbita mais ex-
terna. O elétron da última camada, quando recebe uma quantidade de energia
(quantum), em forma de luz, temperatura ou outra, se torna um elétron livre.
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 17/ 102

Resumindo, os elétrons mais distantes do núcleo, em especial os da última ca-


mada, têm maior facilidade em se desprenderem do átomo.

Como a eletricidade é o movimento das cargas elétricas (negativas), é fácil dedu-


zir que os condutores são os materiais que têm facilidade para permitir o movi-
mento de cargas elétricas. Exemplos de materiais condutores: ouro, prata, cobre
alumínio, zinco, etc.

O cobre, por exemplo, possui 29 elétrons. Fazendo sua distribuição eletrônica po-
deremos perceber que na última camada restará apenas 1 elétron, que estará
mais distante do núcleo.

OS BONS CONDUTORES SÃO MATERIAIS QUE TÊM FACILIDADE


EM DOAR ELÉTRONS, PERMITEM COM FACILIDADE O
MOVIMENTO DE CARGAS ELÉTRICAS.
1.6 Isolantes
São materiais que possuem elétrons mais próximos do núcleo. Esses materiais
têm dificuldade em permitir o movimento de cargas elétricas. Quando fazemos a
distribuição eletrônica de um material isolante perceberemos que sua camada de
valência conterá entre 5 e 8 elétrons.

Exemplos de materiais isolantes: borracha, mica, plástico, porcelana, etc.

OS ISOLANTES OU MAU CONDUTORES, SÃO MATERIAIS QUE


NÃO PERMITEM O MOVIMENTO DE CARGAS ELÉTRICAS, OU
PERMITEM COM DIFICULDADE.
1.7 Semicondutores
São materiais que podem ser isolantes ou condutores dependendo da forma como
se interligam. Possuem 4 elétrons na camada de valência. Têm enorme aplicação
na eletrônica. Exemplos de semicondutores: silício, germânio, arsênio, etc.

O esquema a seguir resume a relação entre esses materiais elétricos e a quanti-


dade de elétrons em suas camadas de valência.

MATERIAL N.º DE ELÉTRONS NA CAMADA DE VALÊNCIA

Condutores 1a3

Semicondutores 4

Isolantes 5a8

Tabela 1 – Exemplo de Tabela


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 18/ 102
'
19/ 102

02
NOÇÕES DE ELETRICIDADE

GRANDEZAS
ELÉTRICAS
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 20/ 102

2 TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICA

Vamos considerar o material equilibrado da figura abaixo. Ao observarmos, nota-


remos que sua quantidade de elétrons é igual a quantidade de prótons.

Figura 5 – Material Equilibrado


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Causaremos um desequilíbrio elétrico nesse material, por exemplo nos átomos


das extremidades. Retiraremos 1 elétron da extremidade da direita e acrescentar-
mos outro elétron no átomo da extremidade esquerda.

Figura 6 – Doação de elétrons


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Notemos agora que existirá uma diferença entre os potenciais elétricos do mate-
rial. A extremidade esquerda estará com uma carga negativa de 1 elétron e a
extremidade direita estará com uma carga positiva de 1 elétron. Essa diferença é
chamada de d.d.p. – diferença de potencial.

Figura 7 – Diferença de Potencial (ddp)


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 21/ 102

Como existe agora a diferença de potencial, e as cargas diferentes se atraem,


existirá, então uma força de atração que tenderá a manter o equilíbrio elétrico no
material. Essa força é chamada f.e.m. - força eletromotriz.

Figura 8 – Força eletromotriz - fem


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

O elétron se deslocará, então, até a extremidade que falta um elétron, para manter
o equilíbrio elétrico.

Figura 9 – Elétrons em deslocamento para manter o equilíbrio elétrico


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

A diferença de potencial (d.d.p.) e a força eletromotriz (f.e.m.), apesar de serem


fenômenos distintos, podem ser considerados como a mesma grandeza: tensão
elétrica.

TENSÃO ELÉTRICA É A FORÇA QUE IMPULSIONA OU


MOVIMENTA OS ELÉTRONS.
Ao movimento do elétron em busca de equilíbrio elétrico no material chamamos
de corrente elétrica.

CORRENTE ELÉTRICA É O MOVIMENTO ORDENADO DOS


ELÉTRONS EM UMA UNIDADE DE TEMPO
A tensão elétrica pode ser comparada a diferença de nível entre a água do dique
e a do vale (diferença de pressão), como mostra a figura abaixo:
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE 22/ 102

Figura 10 – Tensão elétrica pode ser comparada a diferença de nível entre a água do d ique
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Figura 11 – Diferença de Potencial


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

A corrente a elétrica pode ser comparada com a água que escoa do dique para o
vale. Somente haverá fluxo de água se houver um desnível de pressão. Da
mesma forma, somente haverá corrente elétrica se houver d.d.p. – tensão elétrica.

ANOTAÇÕES
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 23/ 102

Figura 12 – Corrente a elétrica pode ser comparada com a água que escoa do dique
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.1 Unidades de Medidas


A tensão elétrica é representada pelas letras V, E ou U. E sua unidade de medida
é o Volt, que é representada pela letra V.

Exemplo: “A tensão residencial em Minas Gerais é de 127V (127 volts). As ten-


sões industriais podem ser 220V, 380V, 440V e 760V.”

Quando nos referimos a grandeza elétrica, dizemos tensão elétrica quando nos
referimos a unidade de medida, dizemos Volt.

PORTANTO, É INCORRETO DIZER VOLTAGEM.


A corrente elétrica é representada pela letra I e sua unidade de medida é o Am-
pére, que é representada pela letra A.

Exemplo: “A corrente do motor da lixadeira é de 1,33A O chuveiro tem corrente


de 34A.”
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 24/ 102

DA MESMA FORMA QUE A TENSÃO, É INCORRETO DIZER


AMPERAGEM.
2.2 Resistência Elétrica
A corrente elétrica ao atravessar um determinado material, encontra algumas di-
ficuldades e obstáculos. Que podem ser:

Área: quanto maior a área do condutor, menor será a dificuldade da corrente elé-
trica em percorrer o material, e vice-versa.

Figura 13 – Resistência
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Comprimento: quanto maior a distância que a corrente elétrica deve percorrer,


maior será sua dificuldade em atravessar o material.

Figura 14 – Comprimento linear do condutor


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Tipo do material: já vimos que a quantidade de elétrons do átomo influencia dire-


tamente sobre sua capacidade de ser um bom ou mau condutor. Como cada ma-
terial tem uma quantidade diferente de átomos, podemos dizer que cada um deles
apresenta uma dificuldade diferente a passagem da corrente elétrica.

Essa dificuldade oferecida pelo material a passagem da corrente elétrica é cha-


mada de resistência elétrica.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA É A DIFICULDADE OFERECIDA POR UM


MATERIAL A PASSAGEM DA CORRENTE ELÉTRICA.
A unidade de medida da resistência elétrica é o Ohm, em homenagem ao cientista
que a estudou, George Simon Ohm. O Ohm é representado pela letra grega .

Exemplo: “O chuveiro tem resistência de 3,66 ”.

2.2.1 Resistores

Existem alguns componentes elétricos que utilizam a resistência para executar


uma determinada função. Geralmente transformam a energia elétrica em energia
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 25/ 102

luminosa ou energia térmica, podemos dizer que essa é uma das finalidades bá-
sicas desses componentes.

Tal componente é denominado resistência ou resistor, e sua função é limitar o


valor da corrente elétrica. Todo resistor limita a corrente elétrica, mesmo que sua
função em um determinado circuito não seja essa. Quando um resistor limita a
corrente elétrica, ele dissipa a energia transformada em forma de calor que em
alguns casos pode gerar luz.

RESISTOR OU RESISTÊNCIA É UM COMPONENTE ELÉTRICO QUE


TEM POR FINALIDADE LIMITAR O VALOR DA CORRENTE
ELÉTRICA.
Os símbolos do resistor são:

Figura 15 – Resistor comum


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Figura 16 – Resistor variável


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Alguns exemplos de resistores:

Figura 17 – Tipos de resistores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
ANOTAÇÕES
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 26/ 102

2.2.2 Tabela de Resistividade de Alguns Materiais

A resistividade é uma característica do material usado na constituição do condu-


tor. Na tabela abaixo temos a resistividade de alguns metais mais utilizados nas
indústrias eletroeletrônicas. Considera-se a resistividade elétrica do material como
uma constante dele, porém ele varia com a temperatura.

MATERIAL RESISTIVIDADE EM Ω.MM2/M

Aço 0,15

Alumínio 0,03

Cobre 0,0179

Latão 0,07

Mercúrio 0,978

Níquel 0,08

Ouro 0,023
Tabela 2 – Tabela de Resistividade
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

PARA CALCULAR A RESISTÊNCIA EM , VOCÊ DEVE ENTRAR


COM O COMPRIMENTO DO FIO EM METROS (M), A ÁREA EM
METROS QUADRADOS (MM2) E A RESISTIVIDADE SERÁ DADA EM
𝑳
.MM2/M. 𝑹 = 𝝆 (𝟐°𝑳𝒆𝒊 𝒅𝒆 𝑶𝒉𝒎)
𝑨

2.2.2.1 Código de Cores para Resistores

O código de cores é a convenção utilizada para identificação de resistores de uso


geral. Compreende as séries E6, E12 e E24 da norma internacional IEC.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 27/ 102

Figura 18 – Código de cores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.2.2.1.1 Procedimento para Determinar o Valor do Resistor:

Identificar a cor do primeiro anel, e verificar através da tabela de cores o algarismo


correspondente à cor. Este algarismo será o primeiro dígito do valor do resistor.

Identificar a cor do segundo anel. Determinar o algarismo correspondente ao se-


gundo dígito do valor da resistência.

Identificar a cor do terceiro anel. Determinar o valor para multiplicar o número for-
mado pelos itens 1 e 2. Efetuar a operação e obter o valor da resistência.

Identificar a cor do quarto anel e verificar a porcentagem de tolerância do valor


nominal da resistência do resistor.

OBS.: A primeira faixa será a faixa que estiver mais perto de qualquer um dos
terminais do resistor.

EXEMPLO:
1º Faixa Vermelha = 2

2º Faixa Violeta = 7

3º Faixa Marrom = 10

4º Faixa Ouro = 5%

O valor será 270W com 5% de tolerância. Ou seja, o valor exato da resistência


para qualquer elemento com esta especificação estará entre 256,5W e 283,5W.

Entenda o multiplicador. Ele é o número de zeros que você coloca na frente do


número. No exemplo é o 10, e você coloca apenas um zero se fosse o 100 você
colocaria 2 zeros e se fosse apenas o 1 você não colocaria nenhum zero.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 28/ 102

Outro elemento que talvez necessite explicação é a tolerância. O processo de


fabricação em massa de resistores não consegue garantir para estes componen-
tes um valor exato de resistência. Assim, pode haver variação dentro do valor
especificado de tolerância. É importante notar que quanto menor a tolerância,
mais caro o resistor, pois o processo de fabricação deve ser mais refinado para
reduzir a variação em torno do valor nominal.

2.2.3 Sensores para Medição de Força

O cientista inglês Robert Hooke, em 1678, desenvolveu um sistema de medição


de forças, mostrando que a distância que uma mola se estendia era proporcional
à quantidade de força nela aplicada. A sua teoria tornou-se conhecida como Lei
de Hooke e ao longo do tempo, as molas foram frequentemente utilizadas para
medição de forças.

A força que atua sobre um objeto, provoca a sua deformação. Esta deformação
pode ser medida de forma mecânica, ótica, acústica, pneumática ou elétrica. Esta
última forma tem sido bastante diversificada através do uso de células de carga,
que não são nada mais que transdutores de força para uma grandeza elétrica.

Um exemplo bastante comum de um sistema de medição de força eletrônico é


uma balança digital, (industrial ou doméstica) que mede a quantidade de força
exercida sobre ela a partir de uma célula de carga, mostrando a intensidade da
força sob a forma de unidades de peso.

Uma célula de carga é um sensor que, a partir da deformação, converte um leque


variado de informação como força, tensão mecânica e pressão, que são exercidos
sobre ela num sinal elétrico. Este sinal pode ser uma variação de tensão elétrica,
corrente ou frequência dependendo do tipo de célula e circuito.

As células de carga piezoelétricas possuem uma propriedade denominada de pi-


ezeletricidade, onde os elementos e os materiais que as constituem são capazes
de gerar tensão elétrica por resposta a uma pressão mecânica. Este tipo de pla-
taforma tem a vantagem de ter uma velocidade de resposta às perturbações ocor-
ridas muito favorável, por isso é utilizada mais frequentemente em avaliações de
tarefas dinâmicas.

Devido ao elevado custo das células de carga com piezoelétricos, que são ele-
mentos caros e com um grau de eficiência elevado, é usual optar-se por uma
alternativa onde são utilizados como sensores de medida os extensômetros elé-
tricos do tipo resistivo. Estes extensômetros quando associados a uma estrutura
deformável de acordo com a lei de Hooke, formam células de carga utilizadas para
medir grandezas físicas como força ou pressão.

2.2.3.1 Célula de Carga e Extensômetros

Os extensômetros são habitualmente finos e de forma retangular, consistindo


numa serpentina de material (fio) condutor, composta por um fio metálico ou várias
tiras metálicas que é depositada numa folha de material não condutor. Quando a
serpentina é esticada (tração), fica mais fina e ocorre um aumento da resistência
elétrica, já quando é comprimida (compressão), torna-se mais espessa e dá-se
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 29/ 102

uma diminuição da resistência elétrica. A sensibilidade dos extensômetros usados


na célula deste trabalho é limitada a apenas um eixo, este tipo é ilustrado na Fi-
gura 18.

Figura 19 – Extensômetro
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Uma célula de carga do tipo extensométrica é composta por uma estrutura metá-
lica devidamente estudada para a aplicação em causa, que vai sofrer deformação
quando uma força é aplicada na mesma. Os elementos sensíveis são denomina-
dos extensômetros resistivos e que, estão colados em sítios destinados estrategi-
camente para o efeito, a fim de acompanhar a deformação física da estrutura.

2.3 Capacitores
O capacitor é composto por dois eletrodos de placas condutoras separadas por
um meio isolante (dielétrico) que armazenam cargas opostas.

Os condutores podem armazenar grandes quantidades de carga, mas descarre-


gam-se rapidamente, inviabilizando seu uso como elementos capacitivos. Exis-
tem, porém dispositivos de altas capacitâncias elétricas denominados capacito-
res, com grande vantagem sobre os condutores pelo seu reduzido tamanho.

Os símbolos do capacitor são:

Figura 20 – Simbologia de capacitores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Alguns exemplos de capacitor:


'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 30/ 102

Figura 21 – Exemplos de capacitores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.3.1 Representação Gráfica da Capacitância

Existe uma relação entre a tensão aplicada entre duas placas paralelas separadas
por um dielétrico, e a carga que aparece nestas placas. Analise o circuito abaixo:

Figura 22 – Circuito capacitivo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Ao fecharmos a chave, circulará uma corrente da fonte para as placas, no início
alta. Quando houver um equilíbrio de cargas, isto é, E = v, a corrente Ι tenderá a
zero. Este processo é chamado “carga”, e leva um tempo muito pequeno.

Um gráfico relacionando a tensão e a carga acumulada gera uma relação linear.


A constante de proporcionalidade a tensão e a carga acumulada e a tensão, isto
é, a inclinação da reta é a capacitância.

𝑄
𝐶= ∴𝑄=𝐶𝑥𝐸
𝐸
A unidade de capacitância é o Coulomb/ Volt, que é definida Farad.

A capacitância é determinada pelos fatores geométricos A (área) e d (distância)


das placas que formam o capacitor. Quando a área das placas é aumentada, au-
menta a capacitância. Da mesma forma quando a separação entre as placas au-
menta, a capacitância diminui. Então temos que:

𝐴
𝐶=𝜀
𝑑
Onde: C= capacitância em Farad; A área das placas em m2; d=distância entre as
placas em m.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 31/ 102

2.3.2 Aplicação

2.3.2.1 Sensores de Proximidade Capacitivos

Os sensores de proximidade capacitivos são equipamentos eletrônicos capazes


de detectar a presença ou aproximação de materiais orgânicos, plásticos, pós,
líquidos, madeiras, papéis, metais, etc.

2.3.2.1.1 Princípio de Funcionamento:

O princípio de funcionamento baseia-se na geração de um campo elétrico, desen-


volvido por um oscilador controlado por capacitor. O capacitor é formado por duas
placas metálicas, carregadas com cargas elétricas opostas, montadas na face
sensora, de forma a projetar o campo elétrico para fora do sensor, formando desta
forma um capacitor que possui como dielétrico o ar.

Quando um material aproxima-se da face sensora, ou seja do campo elétrico o


dielétrico do meio se altera, alterando também o dielétrico do capacitor frontal do
sensor. Como o oscilador do sensor é controlado pelo capacitor frontal, quando
aproximamos um material a capacitância também se altera, provocando uma mu-
dança no circuito oscilador. Esta variação é convertida em um sinal contínuo que
comparado com um valor padrão passa a acionar o estágio de saída.

Figura 23 – Sensor Capacitivo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
A tabela abaixo indica o dielétrico dos principais materiais, para efeito de compa-
ração; sendo indicado sempre um teste prático para determinação da distância
sensora efetiva para o acionador utilizado.

MATERIAL CONSTANTE DIELÉTRICA

Ar, vácuo 1

Óleo, papel, petróleo, poliuretano, parafina, sili-


2a3
cone, teflon

Araldite, baquelite, quartzo, madeiras 3a4

Vidro, papel grosso, borracha, porcelana 4a5

Mármore, pedras, madeira pesadas 6a8

Água, alcoólicos, soda cáustica 9 a 80


Tabela 3 – Dielétrico
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 32/ 102

Isolantes ou dielétricos são caracterizados pelo fato de possuírem poucos elétrons


livres, isto é, os elétrons estão fortemente ligados ao núcleo. Sem a aplicação de
um campo elétrico, um átomo dielétrico é simétrico, mas na presença de um
campo elétrico os elétrons se deslocam de forma a ficarem próximos da carga
positiva do campo elétrico.

Uma medida de como as linhas de força são estabelecidas em um dielétrico é


denominada permissividade. A permissividade absoluta (ε) é a relação entre a
densidade de fluxo no dielétrico e o campo elétrico sobre o mesmo.

A constante dielétrica então, é a relação entre permissividade de um material e a


permissividade do vácuo, e é definida como:
𝜀
𝜀𝑟 =
𝜀𝑜

2.4 Indutores
O indutor, também chamado de solenoide ou bobina, é um dispositivo elétrico
passivo, capaz de armazenar energia criada em um campo magnético formado
por uma corrente alternada (CA). Este componente é usado em circuitos elétricos,
eletrônicos e digitais, para armazenar energia através de um campo magnético.
Indutores são usados para impedir variações de corrente elétrica, para formar
transformadores e também em filtros que excluem sinais em alta frequência, os
filtros do tipo passa baixa.

Ao ler estas definições, concluímos que os indutores e os capacitores têm por


comum a capacidade de armazenar energia. Assim como os capacitores, os in-
dutores se opõem a corrente alternada. Também em comparação aos capacito-
res, dizemos que:

Quanto mais rápida a variação da corrente em um espaço de tempo, mais a quan-


tidade de tensão nos terminais do indutor;

Os símbolos do indutor são:

Figura 24 – Simbologia de indutor


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Alguns exemplos de indutor:


'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 33/ 102

Figura 25 – Exemplos de indutores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.4.1 Aplicação

2.4.1.1 Sensores de Proximidade Indutivos

Os sensores de proximidade indutivos são dispositivos eletrônicos capazes de


detectar a aproximação de peças metálicas, em substituição as tradicionais cha-
ves fim de curso. A detecção ocorre sem que haja contato físico, aumentando a
vida útil do sensor por não possuir peças móveis sujeitas a desgastes mecânicos.

2.4.1.1.1 Princípio de Funcionamento:

O princípio de funcionamento baseia-se na geração de um campo eletromagné-


tico de alta frequência, que é desenvolvido por uma bobina ressonante instalada
na face sensora. A bobina faz parte de um circuito oscilador que em condição
normal (desacionada) gera um sinal senoidal. Quando um metal se aproxima do
campo, este por correntes de superfície (Foulcault), absorve a energia do campo,
diminuindo a amplitude do sinal gerado no oscilador. A variação de amplitude
deste sinal é convertida em uma variação continua que comparada com um valor
padrão, aciona o estágio de saída.

Figura 26 – Representação do Circuito Interno do Sensor Indutivo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
A distância sensora operacional varia ainda com o tipo de metal, ou seja, especi-
ficada para o ferro ou aço e necessita ser multiplicada por um fator de redução.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 34/ 102

MATERIAL FATOR 2

Ferro ou aço 1,0

Cromo níquel 0,9

Aço inox 0,85

Latão 0,5

Alumínio 0,4

Cobre 0,3
Tabela 4 – Material acionador
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.5 Dispositivos de Proteção e Segurança


Os dispositivos de segurança e proteção são componentes que, inseridos nos cir-
cuitos elétricos, servem para interrompê-los quando alguma anomalia acontece.

Nesse capítulo veremos os dispositivos empregados para proteção dos motores.

Para aprender esse conteúdo com mais facilidade, é necessário ter conhecimen-
tos anteriores sobre corrente elétrica, picos de correntes dos motores e sistemas
de partida.

2.5.1 Fusíveis

Os fusíveis são elementos inseridos nos circuitos para interrompê-los em situa-


ções anormais de corrente, como curto-circuito ou sobrecargas de longa duração.

De modo geral, os fusíveis são classificados segundo a tensão de alimentação


em alta ou baixa tensão, e, também, segundo as características de desligamento
em efeito rápido ou retardado.

Os fusíveis são constituídos por um condutor de seção reduzida (elo fusível) em


relação aos condutores da instalação, montados em uma base de material iso-
lante.

Quando ocorre sobrecorrente, o elo fusível funde-se, interrompendo a passagem


de corrente elétrica, evitando danos à instalação e aos equipamentos.

2.5.2 Características elétricas:

 Corrente nominal: valor de corrente que o fusível deve suportar continua-


mente sem interromper o circuito;
 Corrente de ruptura: valor máximo de corrente que o fusível consegue inter-
romper;
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 35/ 102

 Corrente convencional de atuação: valor especificado de corrente que pro-


voca a atuação do dispositivo de proteção dentro de um tempo determinado;
 Curva característica: apresenta a relação entre o tempo necessário para in-
terrupção em função da corrente.
De acordo com o tempo de atuação, podem ser classificados em rápidos e retar-
dados.

Os fusíveis retardados são empregados na proteção de motores, devido a cor-


rente de partida girar em torno de três a oito vezes o valor da corrente nominal.

2.5.3 Tipos de Fusíveis

2.5.3.1 Fusíveis de vidro:

Utilizados para proteção de circuitos eletroeletrônicos, filtros de linha, estabiliza-


dores de tensão, nobreak, porta fusíveis veiculares modelos antigos, entre outros.

Figura 27 – Fusível de vidro


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.5.3.2 Tipo rolha:

Corpo de porcelana com os contatos sendo realizados através de rosca de fixação


ao soquete ROLHA 30A e de um terminal na parte inferior.

O elo fusível é constituído de liga de chumbo-estanho. São encontrados nas cor-


rentes nominais de 10, 15, 20, 25 e 30 ampères. Devido às suas características,
são pouco confiáveis. Não atendem à NBR 5410 e NBR 11840.

Figura 28 – Fusível tipo rolha


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.5.3.3 Tipo cartucho:

Construído num corpo cilíndrico de papelão ou fibra, com terminais de cobre, tipo
faca ou virola. O elo fusível pode ser de chumbo-estanho ou cobre.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 36/ 102

São de baixo valor aquisitivo e, como o tipo rolha, apresentam o problema de as


bases servirem para diversas correntes nominais, possibilitando substituição por
outro de maior capacidade de corrente nominal, colocando em risco a segurança
da instalação. Não atendem à NBR 5410 e NBR 11840.

Figura 29 – Tipo cartucho


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.5.3.4 Tipo DIAZED:

Construído em um corpo de porcelana cilíndrico, fechado nas extremidades por


tfusivel-Diazed-05ampas metálicas por onde é feito o contato com a base. Esta foi
projetada para alojar somente os fusíveis de determinada corrente nominal. Por-
tanto, não existe a possibilidade de instalar nas bases fusíveis de corrente nominal
diferente daquela que foi pré-determinada para o circuito.

Existe em seu corpo um indicador de fusão que é um pequeno círculo colorido na


janela frontal. Quando ocorre a fusão do elo fusível, o ponto colorido se des-
prende, indicando que o elo fusível está fundido. São encontrados fusíveis diazed
de 2 a 100 A de corrente nominal, porém a corrente de ruptura é da ordem de 100
KA.

Figura 30 – Tipo Diazed


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
São construídos nas versões rápida e retardada. Empregados em instalações elé-
tricas que exigem maior confiabilidade, e em proteção de motores na versão re-
tardada.

DIAZED DIA = Diâmetro; Z = Duas partes (bipartido); ED = Rosca do tipo Edson


'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 37/ 102

2.5.3.5 Tipo SILIZED/SITOR:

Esses fusíveis têm como características serem ultrarrápidos. São, portanto, ide-
ais para a proteção de aparelhos equipados com semicondutores (tiristores e dio-
dos) em retificadores e conversores.

2.5.3.6 Tipo NEOZED:

Fusíveis de menores dimensões e com características de retardo da atuação, uti-


lizados para proteção de redes de energia elétrica e circuitos de comando.

2.5.3.7 Tipo NH:

os fusíveis limitadores de corrente NH reúnem as características de fusível retar-


dado para correntes de sobrecarga e de fusível rápido para correntes de curto-
circuito.

São próprios para proteger os circuitos que em serviço estão sujeitos às sobre-
cargas de curta duração, por exemplo, partida direta de motores trifásicos com
rotor em gaiola. Fusíveis-NH

Possuem os contatos (facas) prateados, o que proporciona perdas muito reduzi-


das no ponto de ligação e o corpo de esteatita para garantir a segurança total.

NH: N = baixa tensão; H = Alta capacidade de interrupção

Tensão nominal: 500Vca/250Vcc.

Capacidade de interrupção nominal: 120 kA até 500 Vca; 100 kA até 250 Vcc.

Elo Fusível Rabicho: Utilizado para proteção de circuitos de distribuição de ener-


gia elétrica, proteção elo-fusível (4) de equipamentos das concessionárias de
energia elétrica, proteção de entradas primárias de consumidores atendidos em
Média Tensão até 100 A.

Utilizados nas Classes de Tensão de 5 kV, 15 kV, 25 kV e 35 kV.

Corrente nominal: 1 a 100 A.

2.5.3.8 Tipo HH:

Fusível utilizado em cabines primárias, para proteção de transformadores, capa-


citores e motores ligados em Média Tensão.

2.5.4 Precauções a serem tomadas nas substituições de fusíveis:

 Nunca utilizar um fusível com capacidade superior ao projetado para instala-


ção nem por curto período de tempo.
 Na falta do fusível, no momento da troca, jamais faça nenhum tipo de re-
mendo, supondo que a instalação estará protegida.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 38/ 102

 No lugar do fusível queimado, pode ser colocado um outro de menor capaci-


dade de corrente até que seja providenciado o correto.
 Se o rompimento do fusível se deu por sobrecarga, fazer um levantamento
de carga do circuito para redimensioná-lo.
 Se a causa do rompimento foi curto-circuito, realizar o reparo na instalação
antes da substituição do fusível.
 Nos casos de fusíveis tipo rolha, não colocar moeda para substituir o ele-
mento fusível rompido nem jumper de fio de cobre.
 Nos casos de fusível rolha, procurar substituir o conjunto por disjuntores.
 Na substituição de fusíveis tipo cartucho, desligar a chave geral e lixar os
contatos do porta fusível antes da troca.

2.6 Relé
Os relés basicamente são dispositivos elétricos que tem como função produzir
modificações súbitas, porém predeterminadas em um ou mais circuitos elétricos
de saída. O relé tem um circuito de comando, que no momento em que é alimen-
tado por uma corrente, aciona um eletroímã que faz a mudança de posição de
outro par de contatores, que estão ligados a um circuito ou comando secundário.
Resumidamente podemos dizer que todo relé se configura como um contato que
abre e fecha de acordo com algum determinado fator ou configuração. Alguns
relés são bem pequenos e fáceis de serem manipulados, testados e trocados,
justamente por existir vários tipos de construções mecânicas para relés.

2.6.1 Relé Eletromecânico

Assim como o contator, o relé é um componente eletromecânico, ou seja, ele


conta com uma parte mecânica de contato e o acionamento ocorre através da
corrente elétrica em uma bobina. Na imagem abaixo é possível visualizar todos
os componentes de um relé eletromecânico, que são:

 Bobina
 Induzido
 Núcleo
 Contatos da bobina
 Contatos do relé
 Conheça os componentes de um relé do tipo eletromecânico!
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 39/ 102

Figura 31 – Relé
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
A parte principal é a bobina de cobre que está envolvendo um núcleo de ferrite,
uma espécie de eletroímã. No momento em que você acionar a bobina, o núcleo
irá atrair o induzido que ao mesmo tempo que se desloca em direção a bobina,
também irá empurrar o contato A do relé na direção do contato B, fechando este
contato.

2.7 Instrumentos de Medidas


Toda grandeza pode ser medida. Os instrumentos utilizados para medições de
grandezas elétricas são:

GRANDEZA ELÉTRICA UNIDADE DE MEDIDA INSTRUMENTO DE MEDIDA

Tensão elétrica Volts (V) Voltímetro

Corrente elétrica Ampére (A) Amperímetro

Resistência elétrica Ohm (Ω) Ohmímetro


Tabela 5 – Grandezas Elétricas
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Além desses instrumentos, existem outros que medem a mesma grandeza, porém
em escalas diferentes. Exemplo: Megôhmetro, miliamperímetro, micrometro, etc.

Para valores elevados, como 13600V (13,6kV) ou 500A, são utilizados instrumen-
tos de medida indireta. Significa que em vez de medir diretamente 500A, o instru-
mento mede uma amostra dessa corrente e fornece um valor proporcional ao valor
real.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 40/ 102

Figura 32 – Alicate Amperímetro


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Um outro instrumento bastante conhecido é o multímetro ou multiteste. Esse ins-
trumento reúne todos os outros em apenas um aparelho (ohmímetro, amperímetro
e voltímetro).

Figura 33 – Multímetro
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 41/ 102

Figura 34 – Como medir tensão


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Figura 35 – Como medir corrente


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 42/ 102

Figura 36 – Como medir indutor e capacitor


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

ANOTAÇÕES
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 43/ 102

Figura 37 – Como medir resistência e continuidade


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.8 Lei de Ohm


George Simon Ohm realizou um experimento que demonstrou a relação entre ten-
são, corrente e resistência elétrica, através de um circuito simples, composto de
uma fonte de tensão e uma resistência.

Ao ligar uma resistência de 100 a uma fonte variável de 0 a 100V e variar a


tensão da fonte gradativamente, notaremos que a corrente elétrica se comportará
da seguinte maneira:

TENSÃO (V) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Corrente 0,1 0,2 0,2 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
(A)
Tabela 6 – Valores de corrente para uma resistência de 100Ω
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Ao observamos a relação entre a tensão e a corrente elétrica, notaremos que para
uma resistência de valor fixo, ao aumentarmos a tensão elétrica, a corrente au-
mentará na mesma proporção. Porém se alterarmos o valor da resistência, por
exemplo dobrarmos seu valor, a corrente elétrica terá variação proporcional a ten-
são, mas em seu valor será metade do valor com a resistência de 100. Veja a
tabela 05:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 44/ 102

TENSÃO (V) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Corrente (A) 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

Tabela 7 – Valores de corrente para uma resistência de 200Ω


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Através da análise desses quadros, podemos concluir que a corrente elétrica au-
menta de valor proporcionalmente a tensão elétrica e quando a resistência au-
menta de valor, a corrente diminui.

APÓS REALIZADO O EXPERIMENTO E ANALISADO OS DADOS,


OHM ELABOROU SUA LEI, DENOMINADA LEI DE OHM: A
INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA É DIRETAMENTE
PROPORCIONAL A VARIAÇÃO DA TENSÃO ELÉTRICA E
INVERSAMENTE PROPORCIONAL A RESISTÊNCIA ELÉTRICA

A equação matemática que define a lei de ohm é:

𝑉 = 𝑅. 𝐼

Onde:

V = tensão elétrica em volts;

R = resistência elétrica em ohms;

I = corrente elétrica em ampères.

Exemplo: “Um ebulidor tem uma resistência de 73,3 , quando ligado consome
uma corrente de 3A, calcule a tensão da rede.

V=73,3  x 3A

V=220V

2.9 Potência Elétrica


Potência é a medida da variação de energia ou trabalho, dentro de um determi-
nado intervalo de tempo.

A unidade de medida para a potência elétrica no SI é o watt (W). Um watt de


potência é o trabalho realizado durante um segundo, por um volt de tensão para
movimentar uma carga de um Coulomb.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 45/ 102

Como um Coulomb por segundo é um ampère, a potência em watts é igual ao


produto volt x ampère.

Assim:

𝑃 = 𝑉. 𝐼

Onde:

P é a potência em watts

V é a tensão em volts

I é a corrente em ampères

Aplicando-se uma tensão nos terminais de um resistor, circulará pelo mesmo uma
corrente, que é o resultado do movimento de cargas elétricas. O trabalho realizado
pelas cargas elétricas em um determinado intervalo de tempo gera uma energia
que é transformada em calor por EFEITO JOULE e é definida como POTÊNCIA
ELÉTRICA.

Desta forma, podemos escrever:


= 𝑃 = 𝑉. 𝐼
𝑡
Onde:

 representa a variação de trabalho

t representa o intervalo de tempo

P a potência elétrica

Como múltiplos da unidade de potência, temos:

 kilo-watt (kW) = 103 W


 Mega-watt (MW) = 106 W
O submúltiplo mais usado é o:

 mili-watt (mW) = 10-3 W


Utilizando a fórmula básica para calcular a potência, podemos obter outras rela-
ções:
𝑉2
𝑃= 𝑃 = 𝐼 2𝑅
𝑅

O efeito térmico produzido pela geração da potência pode ser aproveitado em


muitos dispositivos, dentre os quais: chuveiro elétrico, aquecedores, secadores,
ferro de engomar, etc. Esses dispositivos são construídos basicamente por
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 46/ 102

resistências que alimentadas convenientemente produzem calor pela ação do


efeito Joule, isto é, quando percorridas por uma corrente elétrica transformam a
energia elétrica em energia térmica. Se você comparar a temperatura de uma
lâmpada incandescente de 40 W com a de uma lâmpada de 100 W verificará que
a segunda lâmpada funciona com uma temperatura muito maior. Isto acontece
porque o filamento da lâmpada apresenta certa resistência e ao circular uma cor-
rente pela mesma é liberada uma energia em forma de calor. No caso do filamento
quanto mais calor mais luz.

Daí concluiu que a lâmpada de 100 W trabalha muito mais do que a de 40 W no


mesmo intervalo de tempo.

2.9.1 Tabela de Cálculo lei de Ohm e Potência

Figura 38 – Tabela Lei de Ohm


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

EXERCÍCIO 01
a) A corrente através de um resistor é de 1A e a tensão neste circuito é de 127V. Calcule
a potência do resistor.
b) Quantos quilowatts de potência de potência são liberados a um circuito por um gera-
dor de 240 v que fornece 20 A ao circuito?
c) Se a potência dissipada em um resistor é de 330W, e a corrente que circula por ele é
de 1,5A. Qual é a tensão de alimentação do circuito?

2.10 Efeito Joule


Todo material pode ser percorrido por uma corrente elétrica. Não existe um iso-
lante perfeito, que impossibilita a passagem de um elétron sequer, da mesma
forma não existe um condutor perfeito, que apresenta 0Ω de resistência à passa-
gem da corrente elétrica.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 47/ 102

Quando uma corrente elétrica atravessa um material, os elétrons dissipam energia


em forma de calor, que na verdade representa a transformação de energia. Se-
gundo a lei de Lavoisier “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se trans-
forma”. Todo material ao ser percorrido por uma corrente elétrica, emite uma
quantidade de calor que depende do valor da corrente elétrica e da resistência do
material, pois quanto menor a resistência, maior será a corrente elétrica. Defini-
mos como lei de Joule, a propriedade dos materiais de, ao serem percorridos por
uma corrente elétrica, aquecerem.

EFEITO JOULE É A DISSIPAÇÃO DE CALOR DE UM MATERIAL


PROVOCADA PELA CIRCULAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA.
Exemplo: Um chuveiro esquenta a água através da lei de Joule. N o seu interior
existe uma resistência elétrica que ao ser percorrida por corrente elétrica se es-
quenta, aquecendo a água. Quando mudamos a chave seletora para a posição
inverno, a resistência elétrica diminui, por consequência a corrente elétrica au-
menta, e aumenta então a quantidade de calor desenvolvida pelo chuveiro.

A quantidade de calor desenvolvida pelo efeito Joule pode ser calculada pela se-
guinte equação:

𝑄 = 𝐼2 𝑥 𝑅 𝑥 𝑡

Onde:

 Q é quantidade de calor desenvolvida em j (joules)


 I é a corrente elétrica
 R é a resistência elétrica.
 t é o tempo em segundos
Para calcularmos a quantidade desenvolvida em cal (calorias):

𝑄 = 𝐼 2 𝑥 𝑅 𝑥 𝑡 𝑥 0,24

Onde 0,24 é a constante de transformação de joules para cal.

2.11 Introdução e Associações de Geradores


Geradores elétricos são dispositivos que convertem vários tipos de energia não
elétrica (mecânica, eólica) em energia elétrica. Eles são usados para garantir
energia sempre que haja falha na corrente elétrica.

Há vários tipos de geradores de energia elétrica:

 Gerador Mecânico (energia mecânica em energia elétrica. Ex.: alternado-


res).
 Gerador Químico - energia química em energia elétrica. Ex.: pilhas.
 Gerador Térmico - energia térmica em energia elétrica. Ex.: turbinas a vapor.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 48/ 102

 Gerador Luminoso - energia luminosa em energia elétrica. Ex.: placas sola-


res.
 Gerador Eólico - energia eólica em energia elétrica. Ex.: aerogeradores.
Sobre a associação dos geradores, são três tipos existentes: Série, paralelo e
misto.

Associação em série: a corrente que passa por cada bateria é a mesma, mas as
f.e.m em cada bateria se somam (são elevações de potencial). Usamos esse tipo
de associação para conseguir altas tensões. O termo pilha ou bateria vem dessa
característica.

Figura 39 – Associação em série de baterias


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Associação em paralelo: a f.e.m da associação é a mesma f.e.m de cada bateria.
No entanto, a corrente na associação é a soma das correntes em cada bateria.
Usamos esse tipo de associação para conseguir altas correntes.

Figura 40 – Associação em Paralelo de baterias


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

2.11.1 Associação Mista

Figura 41 – Associação mista de bateria


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 49/ 102

EXERCÍCIO 02
d) Tem-se um circuito série com três baterias de V=12V cada. Determine a tensão total
do circuito.
e) Em um circuito com duas baterias de 24V cada, ligadas em paralelo. Determine a ten-
são total do circuito.

2.12 Inspeções Mensais na Bateria


Um programa corretamente planejado e executado assegura confiabilidade e oti-
miza a vida e o desempenho da bateria. Basicamente um programa de manuten-
ção deve ser constituído de inspeções periódicas de rotina e ações corretivas.

Temperaturas extremas, níveis do eletrólito impróprios, tensões de carga incorre-


tas e densidades desbalanceadas causam efeitos negativos à bateria.

Os procedimentos de manutenção preventiva em baterias ácidas estacionárias


são:

Verificar se os níveis de todos os elementos estão entre marcações MÁX E MÍN,


e completar o com água destilada caso necessário;

Medir e registrar a temperatura do eletrólito dos elementos pilotos. A temperatura


deve preferencialmente estar entre 25 e 30°C (temperatura ambiente);

Medir e registrar a densidade do eletrólito dos elementos pilotos. A densidade


corrigida para a temperatura de referência + 25°C, deve ser 1,210 no nível má-
ximo com uma tolerância de ±0,005. A leitura da densidade deve ser feita antes
de adicionar água;

Verificar se as válvulas de segurança e os plugs de manutenção estão correta-


mente colocados;

Verificar a formação de corrosão nas barras interligadoras. As válvulas devem ser


lavadas com água morna a 50°C;

Medir a corrente de flutuação.


'
50/ 102

03
NOÇÕES DE ELETRICIDADE

CIRCUITO ELÉTRICO
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 51/ 102

3 DEFINIÇÃO DE CIRCUITO ELÉTRICO

A palavra circuito significa caminho fechado, ou seja, aquele caminho que permite
regressar ao ponto de partida logo após ao ponto de chegada. Circuito elétrico
pode ser definido, então, como caminho fechado por onde circulam os elétrons.

CIRCUITO ELÉTRICO É O CAMINHO FECHADO POR ONDE


CIRCULAM OS ELÉTRONS.

3.1 Componentes de um Circuito Elétrico

Figura 42 – Componentes do circuito elétrico


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Fonte: é responsável por gerar e fornecer tensão elétrica ao circuito.

Condutor: elemento responsável em conduzir a corrente elétrica pelo circuito.

Dispositivo de manobra: pode ser um interruptor, chave, seccionador ou outro


componente que tenha por finalidade abrir e fechar o circuito, comandando-o.

Consumidor ou carga: elemento responsável em transformar energia elétrica em


outro tipo de energia (calor, luz, movimento, etc.). São exemplos de cargas: lâm-
padas, chuveiros, televisores, motores elétricos, computadores, etc.

3.1.1 Continuidade

Para que os elétrons percorram o circuito, é necessário que o mesmo não esteja
interrompido em nenhum ponto, ou seja, é necessário que o caminho esteja con-
tínuo, saindo da fonte, passando pelo dispositivo de manobra, passando pela
carga e retornando à fonte.

Quando o circuito tem continuidade e a carga está em funcionamento, diz -se que
o circuito está fechado. Quando o circuito está interrompido, por qualquer motivo,
diz-se que o mesmo está aberto.

Circuito fechado, portanto, é aquele que tem continuidade, isto é, através dele a
corrente pode circular, conforme demonstrado na ilustração a seguir:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 52/ 102

Figura 43 – Continuidade
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Circuito aberto é o que não tem continuidade, que está interrompido. Através dele
a corrente não circula, conforme pode-se observar na ilustração.

Figura 44 – Circuito Aberto


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

3.1.2 Simbologia

A representação dos circuitos elétricos através de desenho de seus componentes


como são na realidade torna-se muito difícil e até mesmo impossível em situações
mais complexas. Por isso são utilizados símbolos para representar componentes,
recebendo esse desenho o nome de diagrama. O quadro a seguir mostra exem-
plos de componentes do circuito elétrico e os símbolos que os representam nos
diagramas.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 53/ 102

Figura 45 – Simbologia
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
O circuito apresentado anteriormente, composto por uma pilha, uma lâmpada e
um interruptor, será representado, então, pelo seguinte diagrama:

Figura 46 – Diagrama
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 54/ 102

3.1.3 Tipos de Circuitos

O circuito elétrico pode ter apenas uma carga, o que caracteriza um circuito sim-
ples, ou mais de uma carga.

Quando o circuito tiver mais de uma carga, essas poderão ser ligadas de maneiras
diferentes e cada uma delas apresentará características próprias.

3.1.3.1 Circuito Série

Pode-se instalar as cargas no circuito de forma que a saída de um componente


seja ligada à entrada do componente seguinte e assim sucessivamente. Dessa
maneira, a corrente elétrica terá apenas um caminho para percorrer, saindo da
fonte, passando pelo dispositivo de manobra, passando por todas as cargas e
retornando à fonte. Esse tipo de circuito é chamado de circuito série.

Figura 47 – Circuito em serie


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

CIRCUITO SÉRIE É AQUELE EM QUE A CORRENTE TEM APENAS


UM CAMINHO PARA PERCORRER. A SAÍDA DE UM COMPONENTE
ESTÁ LIGADA À ENTRADA DO COMPONENTE SEGUINTE E ASSIM
SUCESSIVAMENTE.
O circuito em série permite ligar ou desligar todas as cargas ao mesmo tempo, ou
seja, não é possível que apenas uma parte fique em funcionamento. Um defeito
em um dos componentes interrompe o funcionamento de todo o circuito, pois a
corrente elétrica não tem outro caminho.

3.1.3.2 Circuito Paralelo

As cargas também podem ser instaladas de forma que cada uma tenha seu pró-
prio caminho para a corrente, ou seja, de modo que os elétrons que passarem em
cada carga retornem para a fonte sem passar em nenhuma outra. Dessa forma,
a corrente que sai da fonte se divide, passando uma parte por cada uma das car-
gas e retornando à fonte. Esse tipo de circuito é chamado de circuito paralelo.

CIRCUITO PARALELO É AQUELE EM QUE CADA CARGA TEM


SEU PRÓPRIO CAMINHO PARA A PASSAGEM DA CORRENTE
ELÉTRICA. NELE, A ENTRADA E A SAÍDA DE CADA CARGA
ESTÃO LIGADAS DIRETAMENTE À FONTE SEM PASSAR POR
NENHUMA OUTRA.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 55/ 102

O circuito paralelo permite comandar todas as cargas ao mesmo tempo, apenas


algumas ou cada uma separadamente. Um defeito em um dos componentes não
impede que os outros continuem funcionando.

Figura 48 – Circuito em paralelo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

3.1.3.3 Circuito Misto

Um terceiro modo de ligar as cargas no circuito é através de aplicação das duas


formas anteriores, ou seja, parte em série e parte em paralelo. Dessa maneira, a
corrente elétrica tem mais de um caminho a percorrer, porém, em alguns desses
caminhos, terá que passar por mais de uma carga para retornar à fonte. Esse tipo
de circuito é chamado de circuito misto.

Figura 49 – Circuito Misto


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

CIRCUITO MISTO É O QUE APRESENTA AS CARACTERÍSTICAS


DOS CIRCUITOS SÉRIE E PARALELO. POSSUI UMA PARTE
LIGADA EM SÉRIE E OUTRA EM PARALELO.
Apenas algumas cargas podem ser comandadas separadamente e, um defeito
em um dos componentes, poderá prejudicar o funcionamento de uma parte do
circuito ou de todo o circuito.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 56/ 102

3.1.3.4 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Duas ou mais resistências podem ser associadas de três maneiras:

f) Associação em série
g) Associação em paralelo
h) Associação mista
CONSIDERAÇÕES:

 Resistores podem ser ligados de diversas maneiras de modo que seus efei-
tos sejam combinados;
 Qualquer que seja a maneira como ligamos os resistores, o efeito obtido
ainda será o de uma resistência;
 Essa resistência poderá ser maior ou menor que os resistores associados,
mas ainda assim o conjunto seguirá a lei de Ohm.
 O resultado de uma associação de resistores depende não só dos valores
dos resistores associados como também da forma como são ligados.
3.1.3.4.1 Associação em série

Quando os resistores estão ligados um em seguida ao outro.

Na figura abaixo, mostramos "n", resistores ligados em série.

Figura 50 – Associação em serie


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Nesse tipo de associação, a corrente I passa por um dos resistores, é a mesma


que passa por todos os outros.

Aplicando a lei de Ohm ao 1°, 2°, ... , enésimo resistor, temos:

𝑉1 = 𝑅1 𝐼

𝑉2 = 𝑅2 𝐼

𝑉𝑛 = 𝑅𝑛 𝐼

A tensão V, fornecida, é igual à soma das quedas de tensão em cada resistor.

V = 𝑉1 + 𝑉2 + ⋯ + 𝑉𝑛 = 𝑅1 𝐼 + 𝑅2 𝐼 + ⋯ + 𝑅𝑛 𝐼 = 𝐼(𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛 )
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 57/ 102

∴ 𝑉 = 𝐼𝑅 𝑇

Onde,

𝑅 𝑇= 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

EXEMPLO 1:
Determinar a resistência total em um circuito série, onde se tem R1 = 22 [Ω], R2
= 33 [Ω] e R3 = 10 [Ω].

Figura 51 – Exemplo 1
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Solução:

𝑅 𝑇= 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛 = 22 + 33 + 10 = 65Ω

Figura 52 – Resistencia total


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

3.1.3.4.2 Associação em Paralelo

Quando os resistores estão ligados aos mesmos pontos, e, portanto, submetidos


à mesma d.d.p., dizemos que estão associados em paralelo.

Na figura abaixo mostramos n resistores ligados em paralelo.

Figura 53 – Associação em paralelo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Nesse tipo de associação, todos os resistores estão submetidos à mesma tensão


V. Aplicando a lei de Ohm aos n resistores, temos:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 58/ 102

𝑉
𝐼1 =
𝑅1

𝑉
𝐼2 =
𝑅2

𝑉
𝐼𝑛 =
𝑅𝑛

A corrente I é igual à soma das correntes em cada resistor.

𝑉 𝑉 𝑉 1 1 1
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + ⋯ + 𝐼𝑛 = + + ⋯+ =( + + ⋯+ )𝑉
𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛
𝑉
=
𝑅𝑇

Onde:

1 1 1 1
= + +⋯+
𝑅 𝑇 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

1
𝑅𝑇 =
1 1 1
+ + ⋯ +
𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

Conclusão:

A resistência total (equivalente) de uma associação em paralelo é igual ao inverso


da soma dos inversos das resistências componentes.

EXEMPLO 2:
Calcular a resistência do circuito onde se tem R1 = 2,2 [ kΩ ] e R2 = 4,7 [kΩ].

Solução:

𝑅 𝑇 = 𝑅1 ‖ 𝑅2

1 𝑅1 𝑅2 2,2 𝑥 4,7 10,34


𝑅𝑇 = = = = = 1,5
1 1 𝑅1 + 𝑅2 2,2 + 4,7 6,9
𝑅1 + 𝑅2

∴ 𝑅 𝑇 = 1,5𝑘Ω
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 59/ 102

Figura 54 – Exemplo 2
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

3.1.3.5 DIVISOR DE TENSÃO

Consideremos n resistores conectados em série, submetidos a uma tensão V.

Figura 55 – Divisor de tensão


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Sabemos que na associação em série, a resistência total equivalente é:

𝑅 𝑇 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

Aplicando a Lei de Ohm, temos a corrente I:

𝑉 𝑉
𝐼= =
𝑅 𝑇 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

Sabendo que a corrente I do circuito série é a mesma em qualquer parte da série,


e aplicando a lei de Ohm para cada resistor, temos que as tensões serão:

𝑅1
𝑉1 = 𝑅1 𝐼 = 𝑉
𝑅𝑇

𝑅2
𝑉2 = 𝑅2 𝐼 = 𝑉
𝑅𝑇
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 60/ 102

𝑅𝑛
𝑉𝑛 = 𝑅𝑛 𝐼 = 𝑉
𝑅𝑇

Conclusão:

A tensão nos extremos de cada resistor do divisor é diretamente proporcional ao


valor da sua resistência.

Analisando a figura, a relação entre a queda de tensão e o valor do resistor, con-


clui-se que o resistor de valor mais elevado causa uma alta tensão e o valor mais
baixo causa pequena queda de tensão.

A queda de tensão é diretamente proporcional ao valor da resistência.

EXEMPLO 3:
Dado o circuito determine as quedas de tensão, V1, V2 e V3 de cada resistor.

Figura 56 – Exemplo 3
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Solução:

Cálculo da resistência total equivalente: 𝑅 𝑇

𝑅 𝑇 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 = 48 + 72 + 120 ∴ 𝑅 𝑇 = 240𝑘Ω

Cálculo dos resistores 𝑉1 , 𝑉2 e 𝑉2

48
𝑉1 = 24 = 4,8 ∴ 𝑉1 = 4,8𝑉
240
72
𝑉2 = 24 = 7,2 ∴ 𝑉1 = 7,2𝑉
240
120
𝑉3 = 24 = 12 ∴ 𝑉1 = 12𝑉
240
OBSERVAÇÃO:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 61/ 102

Verifica-se que as condições de funcionamento de um divisor de tensão são com-


pletamente diferentes para as condições sem carga e com carga. Além disso, a
tensão de saída vai depender do valor da carga conectada,

O divisor de tensão sem carga não consome nenhuma corrente além daquela
drenada pela rede divisora, entretanto, geralmente na prática, os divisores de ten-
são alimentam uma carga a qual consome uma determinada corrente.

O divisor de tensão com carga é muito utilizado nas saídas de fontes de alimen-
tação, para suprir várias tensões que são distribuídas a diferentes circuitos.

3.1.3.6 Divisor de Corrente

Consideremos n resistores conectados em paralelo a uma tensão V

Figura 57 – Divisor de Corrente


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Sabemos que na associação em paralelo a resistência total equivalente é:

1
𝑅𝑇 =
1 1 1
+ +⋯+
𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

Aplicando-se a Lei de Ohm no circuito anterior, temos a tensão V:

1
𝑉 = 𝑅𝑇 𝐼 = 𝐼
1 1 1
𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

Sabendo que a tensão no circuito paralelo é a mesma em qualquer resistor, e


aplicando a Lei de Ohm para cada um deles, temos que as correntes são:

𝑉 𝑅
𝐼1 = = 𝑇𝐼
𝑅1 𝑅1

𝑉 𝑅
𝐼2 = = 𝑇𝐼
𝑅2 𝑅2

𝑉 𝑅
𝐼𝑛 = = 𝑇𝐼
𝑅𝑛 𝑅𝑛
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 62/ 102

Conclusão:

A corrente que circula em cada resistor é inversamente proporcional à resistência


do mesmo. Observando a relação entre a corrente e o valor da resistência, con-
clui-se que o resistor de valor mais elevado drena uma pequena corrente e o de
valor mais baixo drena uma grande corrente.

EXEMPLO 4
Dado o circuito da figura abaixo, determinar as correntes nos resistores.

Figura 58 – Exemplo 4
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

𝑅2 18
𝐼1 = .𝐼 = 5 = 3 ∴ 𝐼1 = 3𝐴
𝑅1 + 𝑅2 12 + 18

𝑅1 12
𝐼2 = .𝐼 = 5 = 2 ∴ 𝐼1 = 2𝐴
𝑅1 + 𝑅2 12 + 18

3.2 Conceito de Queda de Tensão


Vimos que um gerador fornece força eletromotriz ou tensão

Figura 59 – Queda de Tensão


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Na figura 53, considere a f.e.m. positiva e a corrente circulando no sentido horário.

Na figura vemos que o ponto "a" está no potencial zero. Verifica-se que o potencial
do ponto b é mais alto do que o de "a", portanto temos uma elevação de tensão
de a para b (f.e.m. E). O potencial do ponto c é mais baixo que o de "b", como
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 63/ 102

também o de "e" em relação a "d", portanto temos a queda de tensão do pomo "b"
para "c" (I.r) e de "d" para "e" (I.R.).

Os pontos "c" e "d", "a" e "e" estão, respectivamente, no mesmo potencial, não
temos a elevação e nem a queda de tensão do ponto "c" para "d" e do ponto "e"
para "a".

Figura 60 – Fem negativa


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Considere a f.e.m. negativa e a corrente circulando no sentido anti-horário. Na


figura acima vemos que o ponto a está no potencial zero.

Verifica-se que o potencial do ponto "c" é mais baixo do que o de "b", portanto
temos uma queda de tensão de "b" para "c" (f.e.m. - E ). O potencial do ponto "b"
é mais alto que o de "a", como também o de "e" em relação a "d", portanto temos
elevação de tensão de "a" para "b" (I.r) e de "d" para "e" (I.R). Os pomos "a" e "e",
"c" e "d" estão, respectivamente, no mesmo potencial, não temos elevação e nem
queda de tensão do ponto "a" para "e" e do ponto "c" para "d".

OBSERVAÇÃO:

Quando a corrente flui pelo resistor, ela transfere para este, a energia fornecida
pela fonte em forma de calor. Entretanto, se a carga for uma lâmpada, esta ener-
gia aparecerá tanto em forma de calor como de luz.

3.2.1 Conceito de Terra

Um dos pontos mais importantes no estudo da Eletricidade é o conceito de terra.


Originalmente terra era justamente o que o nome indica. Considera-se que a terra
tenha potencial zero. Assim sendo, a terra é o ponto de referência ao qual as
tensões são geralmente comparadas.

O conceito de terra permite-nos expressar tensões negativas e positivas.

Lembre-se sempre que a terra é meramente um ponto de referência considerado


zero ou neutro. Se supusermos que o terminal positivo de uma bateria de 6V é a
terra, então o terminal negativo será 6 volts mais negativo. Portanto, a tensão
nesse terminal com relação à terra será -6V.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 64/ 102

Observe que a bateria pode produzir -6V ou +6V, dependendo de qual terminal
assinalarmos como o terra. Por exemplo, na figura 3, duas baterias são conecta-
das em série, com a ligação do terra entre elas. Assim, a referência zero está no
ponto B. Como a bateria de cima tem uma força eletromotriz de 10 [V], a tensão
no ponto A com referência à terra é de +10 [V]. A bateria inferior tem uma força
eletromotriz de 6 (V].

Devido ao terminal positivo estar ligado à terra, a tensão no ponto C com relação
ao terra é de -6 [V].

Às vezes, falamos estritamente da tensão num ponto particular. Mas, realmente a


tensão é sempre a medida da diferença de potencial entre dois pontos. Com isso,
quando falamos da tensão em um ponto, isso significa o potencial referido à terra.

Na figura 61, temos:

Figura 61 – Conceito de Terra


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

𝑉𝐴 𝑉𝐴𝐵 𝑉𝐵𝐴
= 10𝑉 = 10𝑉 = −10𝑉

𝑉𝐵 = 0𝑉 𝑉𝐵𝐶 𝑉𝐶𝐵
= 6𝑉 = −6𝑉

𝑉𝐶 = 6𝑉 𝑉𝐴𝐶 𝑉𝐶𝐴
= 16𝑉 = −16𝑉
'
65/ 102

04
NOÇÕES DE ELETRICIDADE

MAGNETISMO
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 66/ 102

4 MAGNETISMO

Existe na natureza certos tipos de materiais que apresentam uma característica


especial como por exemplo a magnetita. Este material é capaz de atrair pedaços
de ferro que estão na sua vizinhança, tal material recebeu o nome de IMÃ, o qual
todos já conhecem ou já ouviram falar.

Esta potencialidade de atração é verificada com maior intensidade nas extremida-


des dos materiais que é o local por onde emanam as forças magnéticas, estas
extremidades recebem os nomes se polo Norte e polo Sul magnéticos de um imã.

Figura 62 – Polos dos imãs


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Os polos magnéticos diferentes são atraídos e os polos magnéticos iguais são
repelidos mutuamente.

Figura 63 – Atração e repulsão dos polos


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Uma característica importante dos imãs é a indivisibilidade dos polos. Quando um


imã é partido ao meio, são criados dois novos imãs. Conforme observamos na
figura a seguir.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 67/ 102

Figura 64 – Indivisibilidade dos polos


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Notamos também, que isto ocorre todas as vezes que efetuamos esta operação.
Como já foi visto, podemos obter quantos imãs naturais quisermos. Concluímos
então que os polos magnéticos não podem ser isolados, sendo que teremos polo
Norte e Sul mesmo se o imã for reduzido até a menor dimensão possível.

4.1 Campos Magnéticos


Para provarmos a existência de campos magnéticos saindo das extremidades do
imã, podemos colocar perto dos polos, limalhas de ferro, esferas, pedaços peque-
nos de ferro, etc. Verificamos que a uma determinada distância estes materiais
são atraídos pelo campo magnético do imã e, quando vamos afastando gradual-
mente os elementos ferrosos das proximidades do imã nota-se que o imã não tem
mais influência sobre os metais, provando desta forma que existe uma área deli-
mitada em que o imã atua em materiais ferrosos. Essa área chama-se “CAMPO
MAGNÉTICO”.

Figura 65 – Campo magnético


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Então podemos dimensionar a área de atração de um imã, como mostra a figura
a seguir:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 68/ 102

Figura 66 – Área de atração do imã


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Uma das experiências mais usadas para provar o trajeto das linhas de força ema-
nadas pelo imã, é colocar limalhas de ferro nas proximidades do imã e observar
o que ocorre com as limalhas. É verificado que as linhas de força orientam as
limalhas no sentido que fluem, mostrando mais uma vez a sua existência.

Figura 67 – Linha de força do campo magnético


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Outra maneira de provar a existência das linhas de força, é através de uma agulha
imantada a qual é posta em um eixo tendo assim a máxima liberdade de girar.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 69/ 102

Figura 68 – Prova da existência de linhas de campo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
A agulha tende a se orientar no sentido das linhas de força, assumindo a posição
relativa aos polos, ou seja, a parte norte da agulha tende a procurar a parte sul do
imã e vice-versa.

Figura 69 – Direção das linhas de campo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Como mostra a figura, as linhas de força de um imã seguem a seguinte rota: Sai
do polo Norte externamente e penetram no polo Sul, sendo que internamente o
caminho percorrido é o contrário.

4.1.1 Permeabilidade dos Materiais

Quando temos um imã natural, e junto dele um material ferroso notamos que as
linhas de força junto as extremidades do ferro se concentram, e na parte onde não
há este elemento as linhas permanecem inalteradas.

Então dizemos que determinados materiais possuem a propriedade de concentrar


as linhas de força de um imã.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 70/ 102

Figura 70 – Permeabilidade magnética


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Este comportamento é pelo fato que alguns materiais criam resistência ao fluxo
de linhas magnéticas, sendo que esta resistência varia de material para material.
Por isso dizemos que certos materiais possuem “Permeabilidade” ou são mais
“Permeáveis que outros”, isto significa que opõem menos resistência que outro.
Estes materiais são:

 Ferro;
 Ligas Ferrosas.
Outros materiais não apresentam esta propriedade, ou seja, não é um caminho
viável para as linhas de força. Se estes materiais forem postos junto a um imã,
notamos que:

“AS LINHAS NÃO SE MODIFICAM”

Figura 71 – Material sem permeabilidade magnética


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Os materiais que comportam desta maneira são:

 Cerâmica;
 Madeira;
 Material Plástico;
 Latão;
 Vidro, Etc.
'
71/ 102

05
NOÇÕES DE ELETRICIDADE

ELETROMAGNETISMO
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 72/ 102

5 ELETROMAGNETISMO

Os fenômenos magnéticos naturais podem ser reproduzidos por meios artificiais,


ou seja, se fizermos passar em um condutor uma corrente elétrica e em torno do
fio colocarmos várias bússolas, notamos que as agulhas assumirão uma posição
bem definida, devido a presença de um campo magnético em torno do condutor.

Figura 72 – Efeito da corrente elétrica nos condutores


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Podemos provar isto colocando limalhas de ferro em uma placa de vidro ou plás-
tico e passarmos um fio no meio da mesma. Se ligarmos o fio a uma fonte de
tensão...

Figura 73 – Condutor cria um campo circular


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Notaremos que ao ser percorrido pela corrente elétrica, o condutor cria um campo
circular, como mostra a figura 74.

O sentido das linhas de força em um condutor retilíneo pode ser dado pela regra
de Maxwell, ou “Método do saca-rolha” que diz o seguinte: se a corrente conven-
cional está entrando em um condutor as linhas ficam no seguinte sentido:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 73/ 102

Figura 74 – “Método do saca-rolha”


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Quando a corrente convencional está saindo do condutor o sentido das linhas são:

Figura 75 – Sentido das linhas com a correte convencional


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Pode-se também determinar o sentido das linhas no condutor retilíneo utilizando
outro método conhecido como: “Regra da Mão Esquerda”, que diz o seguinte:

“SEGURANDO-SE UM CONDUTOR COM A MÃO ESQUERDA, COM


O POLEGAR APONTANDO NO SENTIDO DA CORRENTE REAL, OS
OUTROS DEDOS INDICARÃO SENTIDO DAS LINHAS DE FORÇA
DO CAMPO MAGNÉTICO”.
5.1 Campo Magnético de Uma ou Mais Espiras
Se dobrarmos um fio condutor em forma de espira e o alimentarmos com uma
corrente elétrica, o campo magnético criado, será mais forte no centro da espira,
pois as linhas de forças irão se concentrar. Isto é provado colocando limalhas de
ferro sobre uma placa de plástico e fazendo passar pela placa uma espira percor-
rida por uma corrente elétrica. Notamos que no centro da espira o campo magné-
tico é mais intenso.

Figura 76 – Centro da espira o campo magnético é mais intenso


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 74/ 102

Relembrando que os sentidos das linhas de força “externas” de ímã magnético


vão do polo sul para o polo norte. Podemos então determinar a polaridade da
espira.

Figura 77 – Determinação da polaridade da espira


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Quando colocamos mais de uma espira junto uma da outra, estamos construindo
um novo elemento para a eletricidade e eletrônica, é o solenoide ou bobina.

Figura 78 – Direção da corrente real em um solenoide


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Em um solenoide, as linhas de força existentes quando ele é percorrido por uma
corrente elétrica é idêntica à de um ímã natural, como mostrado na figura abaixo.

Figura 79 – Linhas de campo no solenoide e no imã


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Podemos dizer que: o que ocorre com o ímã natural, pode ocorrer perfeitamente
com um solenoide. A determinação dos polos de um solenoide é dada pela regra
da mão direita. A regra é a seguinte:
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 75/ 102

SEGURANDO UM SOLENÓIDE COM A MÃO DIREITA DE MODO


QUE A CORRENTE CONVENCIONAL ENTRE O PULSO E SAIA
PELOS DEDOS, O POLEGAR APONTARÁ O PÓLO NORTE.

Figura 80 – Regra da mão direita


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
A vantagem do solenoide sobre o ímã natural é que você pode variar a intensidade
de forças magnéticas e pode modificar os sentidos dos polos modificando apenas
o sentido de corrente.

Figura 81 – Modificando os sentidos dos polos modificando apenas o sentido de corrente


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

5.2 Eletroímã
O eletroímã constitui uma particularidade que o solenoide proporciona, que é a de
polarizar um pedaço de ferro no mesmo sentido em que se encontra polarizado.

Figura 82 – Eletroímã
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Com isto obtemos um ímã temporário, que tem a mesma propriedade de atrair
materiais ferrosos como o ímã natural.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 76/ 102

Figura 83 – Imã temporário


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Figura 84 – Polarização pelo método de indução


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Como mostra a figura, se uma barra de ferro é posta perto de um solenoide, esta
barra será polarizada no sentido tal que será atraída pelo solenoide. Este tipo de
polarização é pelo método de “indução”, e ficará dentro do solenoide em uma po-
sição de equilíbrio.

5.3 Intensidade de Campo ou Força Magnética


Baseando-se que um campo magnético é um campo de força, poderemos medi-
lo e para isto, teremos que observar e retirar quais são as grandezas que entre-
veem e criam ou variam o campo magnético.

Figura 85 – Como varia campo eletromagnético


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Variando o número de espiras, o comprimento, e a corrente, podemos observar
que o solenoide (eletroímã), eleva o mesmo peso demonstrando que a intensi-
dade do campo magnético é a mesma nos três casos.

Notamos então que a força de campo magnético depende de:

 Número de espiras que formam o solenoide;


 Da intensidade de corrente que passa no solenoide;
 Material que constitui o núcleo;
 Tamanho do núcleo.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 77/ 102

Então dizemos que: “A intensidade de campo ou força magnética, é proporcional


ao valor da corrente, ao número de espiras e inversamente proporcional ao com-
primento do solenoide”.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 78/ 102
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 79/ 102

06
TRANSFORMADORES
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 80/ 102

6 TRANSFORMADORES

Os transformadores são equipamentos muito importantes no transporte de ener-


gia elétrica.

Graças a eles podemos elevar a tensão para transportamos a mesma potência


com uma corrente mais baixa, reduzindo-se assim as perdas, bem como abaixa-
mos a tensão para valores mais seguros para que possa ser utilizada.

Como vimos, a maior parte da corrente que trabalhamos é alternada.

A razão disso são os transformadores, pois os mesmos só funcionam com este


tipo de corrente.

Figura 86 – Trafo
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
No trafo observamos fios de entrada e fios de saída. A entrada chamamos de
primário e a saída chamamos de secundário. O trafo serve para alterar valores de
corrente e tensão da seguinte maneira:

a) eleva tensão e abaixa corrente:

Figura 87 – Transformador Elevador de tensão


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 81/ 102

b) abaixa tensão e eleva a corrente:

Figura 88 – Transformador abaixador de tensão


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.1 Transformador Monofásico


Constituição:

 Um núcleo de ferro
 Enrolamentos (primário e secundário)
 Isolamento (entre o núcleo e os enrolamentos)

Figura 89 – Constituição de um transformador monofásico


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Alimentando-se a bobina do primário com corrente alternada (C.A.), esta produz


um campo magnético alternado (que é composto de linhas de força).

O núcleo de ferro conduz as linhas de força (campo magnético), submetendo a


bobina secundária à ação deste campo.

O campo magnético variável (alternado) induz uma corrente elétrica na bobina


secundária.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 82/ 102

Figura 90 – O campo magnético variável induz uma corrente elétrica na bobina secundária
Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Para que um transformador seja elevador de tensão, é necessário que tenha


maior número de espiras no secundário e menor número de espiras no primário.

Figura 91 – Relação de espiras


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Para que o transformador seja abaixador de tensão, é necessário que tenha maior
número de espiras no primário e menor número de espiras no secundário.

Assim, verificamos a relação entre tensão e espiras, a qual é dada pela fórmula:

Onde:

V1 é a tensão primária

V2 é a tensão secundária

N1 é o número de espiras do primário

N2 é o número de espiras do secundário

Exemplo: Um transformador tem 550 espiras no primário e 1100 espiras no se-


cundário. Sua tensão de primário é de 110V. Calcular a tensão do secundário.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 83/ 102

Figura 92 – Resolução do exercício


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.2 Natureza da Corrente Elétrica


A tensão elétrica possui padrões diferentes de comportamento em relação ao
tempo, de acordo com a forma como foi gerada, podemos dividi-la em dois grupos:

Figura 86 – Natureza da corrente alternada


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Figura 87 – Natureza da corrente contínua


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.3 Corrente Alternada


A corrente alternada (CA) é a mais usada, devido à sua facilidade de ser transmi-
tida, distribuída e alterada. Sua característica principal, como seu nome sugere, é
a de possuir polaridade e valores variáveis.

Para uma tensão ser alternada é necessário que siga um padrão de variação. O
seu valor deve começar do zero, em um determinado momento, atingir seu valor
máximo positivo, voltar ao valor zero, atingir seu valor máximo negativo e voltar
ao seu valor zero, ao completar essa etapa dizemos foi realizado um período da
tensão alternada. O sentido da corrente alternada é variável, percorrendo um con-
dutor em um sentido e no momento seguinte inverte seu sentido de circulação.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 84/ 102

A tensão alternada senoidal é a mais fácil de ser gerada das tensões alternadas.
O seu valor descreve uma variação seguindo a função seno, de movimentos cir-
culares uniformes.

Figura 88 – Corrente alternada


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.3.1 Elementos da Corrente Alternada

Amplitude: Denomina-se amplitude de uma onda senoidal, o valor máximo que


uma senoide pode alcançar, tanto no sentido positivo como no negativo.

Período: Denomina-se período de uma onda senoidal, o tempo gasto para que a
onda saia de um valor (zero) e passando por um valor máximo positivo, retornando
a zero e em seguida por um valor máximo positivo, retornando a zero e em se-
guida por um valor máximo negativo e finalmente retornando a zero.

Ciclo: Denomina-se ciclo de uma corrente alternada senoidal, o trajeto realizado


pela forma de onda.

Frequência: Denomina-se frequência de uma corrente alternada, o número de ve-


zes que essa corrente assume valores positivos e negativos na unidade de tempo.

6.4 Corrente Contínua


Define-se corrente contínua (c.c.), aquela corrente elétrica que flui sempre em um
sentido, nunca se invertendo, desde que o circuito em que flui seja mantido fe-
chado. Existem dois tipos de corrente contínua:

 Corrente Contínua pura


 Corrente Contínua pulsante
6.4.1 Corrente Contínua Pura

É a corrente que mantém o mesmo valor, ou seja, ela é constante em qualquer


instante da sua trajetória.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 85/ 102

Figura 89 – Corrente continua


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.4.2 Corrente Contínua Pulsante

É a corrente que flui em um só sentido, mas que altera o seu valor de um instante
para o outro em todo seu trajeto.

Figura 90 – Corrente continua pulsante


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 86/ 102

6.4.3 Fonte de Obtenção de Corrente Contínua

Figura 91 – Fonte de corrente contínua


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

6.5 Retificadores
Quase todos os circuitos eletrônicos requerem uma fonte de energia CC (contí-
nua) que na maioria das vezes é baseada na conversão de uma tensão de CA
(alternada) para CC (contínua). Os circuitos responsáveis por esta conversão são
denominados, retificadores.

6.5.1 Retificador de Meia Onda

O circuito mais simples de retificação é denominado: Retificador de Meia Onda.

Figura 92 – Retificador de meia onda


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Toda a análise será efetuada considerando o diodo como ideal. A saída do secun-
dário tem dois ciclos de tensão: Um semi-ciclo positivo e um negativo.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 87/ 102

Figura 93 – Forma de onda do retificador de meia onda


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
No semi-ciclo positivo da tensão do secundário o diodo está polarizado direta-
mente para todas as tensões instantâneas maiores do que a Barreira de Potencial.
Isto produz aproximadamente uma meia onda senoidal de tensão através do re-
sistor de carga (RL). O pico da tensão retificada é igual a tensão de pico do se-
cundário (V2pico), tendo em mente um diodo ideal.

Na metade negativa do ciclo (semi-ciclo negativo), o diodo está com a polarização


reversa. Assim, ignorando as correntes de fuga, a corrente de carga cai a zero
(IR). É por esta razão que a tensão da carga cai a zero entre 180º e 360º.

PODE-SE OBSERVAR QUE NESTE RETIFICADOR É EFETUADA A


CONVERSÃO DA TENSÃO DE ENTRADA AC EM UMA TENSÃO
PULSANTE CC. A TENSÃO DA CARGA É SEMPRE POSITIVA OU
ZERO, DEPENDENDO DE QUAL METADE DO CICLO ELA SE
ENCONTRA.
6.5.2 Retificador de Onda Completa em Ponte

O Retificador de Onda Completa em Ponte é a forma mais simples de se retificar


um sinal, pois alcança a tensão de pico completa de um Retificador de Meia onda
e o Valor Médio mais alto de um Retificador de Onda Completa.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 88/ 102

Figura 94 – Retificador de onda completa


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento

Durante o semi-ciclo positivo da tensão do secundário, os diodos D2 e D4 estarão


polarizados diretamente, assim, estarão conduzindo. Os diodos D1 e D3 estarão
polarizados reversamente (não conduzindo).

Durante o semi-ciclo negativo da tensão do secundário, os diodos D1 e D3 é que


estarão conduzindo, pois estarão polarizados reversamente. Os diodos D2 e D4
não conduzirão.

Em qualquer um dos dois semi-ciclos, a tensão de carga (𝑉𝑅𝐿 ) tem a mesma


polaridade, porque a corrente de carga estará circulando no mesmo sentido inde-
pendentemente de qual (quais) diodo esteja conduzindo, sendo assim, a tensão
de carga é um sinal com retificação completa da onda.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 89/ 102

06
MOTORES
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 90/ 102

7 MORTORES

7.1 Breve Histórico


Fillipo Filho (2013) afirma que o motor de indução trifásico surgiu na década de
1890. Um século antes, James Watt tinha atingido o completo aperfeiçoamento
do motor a vapor. O motor de vapor de Watt foi uma das conquistas tecnológicas
que propiciou o grande desenvolvimento provindo pela Revolução Industrial.

As indústrias da época eram pequenas comparadas às de hoje. Em geral eram


indústrias de moagem de grãos, de fiação e tecelagem. Com o advento da Revo-
lução Industrial puderam transferir-se para os centros urbanos, deixando de se
localizar às margens dos rios. A máquina a vapor as libertou da força motriz obtida
por rodas d`água.

Com a invenção do motor elétrico, surgiu uma segunda etapa de grande desen-
volvimento industrial. Diversos sistemas mecânicos de acoplamento da máquina
a vapor deixaram de ser utilizados, pois com o motor elétrico a potência era trans-
mitida diretamente aos postos de trabalho através de fios pela ação da eletrici-
dade. Cada posto de trabalho tinha seu próprio motor elétrico.

Em 1831, Michael Faraday estabeleceu o princípio da indução eletromagnética,


embora F. D. Arago havia descoberto tal princípio alguns anos antes, em 1824.
Nessa época já se sabia que um imã rotativo era capaz de fazer girar um disco
metálico pela ação da indução. Somente em 1879, o inglês U. Bailey conseguiu
obter um campo magnético girante rudimentar, a partir de eletroímãs fixos, porém
sem nenhuma aplicação (FILIPPO FILHO, 2013).

Depois de uma década, por volta de 1887, o croata naturalizado norte-americano


Nikola Tesla e o italiano Galileo Ferraris conseguiram obter um campo girante a
partir de duas bobinas defasadas de 90º no espaço e alimentadas por correntes
senoidais defasadas de 90º no tempo.

Em 1888, Tesla apresentou três formas de sua invenção, todas com quatro pólos
salientes no estator. Na primeira também havia quatros polos salientes no rotor
(motor de relutância) girando na forma síncrona. Na segunda havia um enrola-
mento no rotor que partia por si mesmo, girando abaixo da velocidade síncrona
(motor de indução). Na terceira forma havia um enrolamento no rotor, girando na
velocidade síncrona (motor síncrono). George Westinhouse, dono da empresa
que levava seu nome, comprou a patente de Tesla e o contratou para continuar o
desenvolvimento de suas ideias. O motor de indução para efeitos práticos só ficou
disponível em 1892, ainda assim em alta frequência e monofásico.

Já na Europa, o engenheiro russo Mikhail Dolivo Dobrovolsky entrou para traba-


lhar na empresa alemã AEG em 1897. Ele foi um dos pioneiros no desenvolvi-
mento dos sistemas trifásicos. Em 1888 ele já tinha desenvolvido geradores e
linhas de transmissão trifásicas. Em 1891 o motor de indução trifásico já funcio-
nava na ponta da rede de transmissão. Ainda era um motor com enrolament o no
rotor. Tal feito também foi obtido pela Westinhouse em 1893, quando B. G. Lamme
desenvolveu a primeira linha trifásica nos EUA em 60 Hz e acionou um motor
trifásico, ainda de rotor bobinado.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 91/ 102

A forma final conhecida atualmente do motor de indução com rotor do tipo gaiola,
foi idealizada por Lamme. Essa ideia foi seguida pela General Electric (GE). Após
uma disputa judicial pela patente, em 1896 ambas as empresas passaram a co-
mercializar o motor de indução com rotor gaiola de esquilo. Esse motor seria o
propulsor para o grande desenvolvimento da indústria no século XX.

Um aspecto interessante sobre tal época é que os motores eram muito grandes
comparados com modelos atuais, a citar por exemplo, um motor de 7,5 CV da
época tinha tamanho equivalente a um motor de 100 CV atual.

Fato é que o motor de indução é uma das máquinas mais robustas e mais ampla-
mente utilizadas na indústria. Seu estator é formado por chapas de aço de alta
qualidade. A superfície interna possui ranhura para acomodar um enrolamento
trifásico (DEL TORO, 2009).

O enrolamento trifásico é representado por três bobinas, cujos eixos estão defa-
sados de 120º elétricos. A bobina aa’ representa todas as bobinas associadas à
fase a, para um par de pólos. De modo similar, a bobina bb’ representa as bobinas
associadas à fase b e a bobina cc’ representa as bobinas relacionadas à fase c.
Quando uma das extremidades de cada fase são ligadas entre si, o enrolamento
do estator é dito como conectado em estrela Y. Tal enrolamento é chamado de
enrolamento trifásico porque as tensões induzidas em cada uma das três fases
devido ao campo girante de densidade de fluxo estão defasadas de 120º elétricos,
uma característica que distingue o sistema trifásico simétrico.

O rotor também é formado por chapas de material ferromagnético com ranhuras,


mas o enrolamento do rotor pode ser do tipo gaiola, , ou do tipo bobinado, também
denominado na literatura como rotor enrolado (DEL TORO, 2009).

Neste último os terminais do enrolamento saem por meio de três anéis coletores.
Isso permite que um reostato trifásico seja ligado ao enrolamento do rotor, com o
propósito de possibilitar o controle de velocidade.

A facilidade do controle de velocidade do motor de rotor bobinado por meio de


reostato justifica a sua utilização em muitos sistemas antigos. Porém tal esquema
de controle de velocidade tem sido substituído pelo uso de motores de indução
com rotor tipo gaiola.

O rotor do tipo gaiola consiste num determinado número de barras de cobre imer-
sas nas ranhuras do rotor e conectadas nas duas extremidades por dois anéis de
cobre, como mostrado na Figura 108.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 92/ 102

Figura 102 – rotor gaiola de esquilo


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
Vale ressaltar que o rotor do tipo gaiola possui uma construção mais simples e
mais econômica que o rotor bobinado e mais robusto também. Além disso, não
existem anéis coletores, nem escovas de carvão para se preocupar com manu-
tenção periódicas no motor.

Tais fatos justificam o motivo pelo qual o motor de indução com rotor de indução
é o mais utilizado nas aplicações industriais e comerciais.

Em operação normal, uma tensão trifásica é aplicada ao enrolamento do estator,


nos pontos a, b, c. Correntes de magnetização circulam em cada fase e em con-
junto criam um campo magnético girante com dois pólos. A velocidade do campo
é determinada pela frequência das correntes de magnetização e pelo número de
pólos com o qual o enrolamento do estator foi projetado. A Figura 109 mostra o
arranjo para dois polos. Se o padrão a-c’-b-a’-c-b’ for projetado para abranger
apenas 180º mecânicos e é então repetido ao longo dos 180º mecânicos restan-
tes, resultará em uma máquina com uma distribuição de campo de quatro polos.
Para uma máquina de p polos, o padrão básico do enrolamento deve ser repetido
p/2 vezes ao longo da circunferência da superfície interna do estator.

Figura 103 – Enrolamento do estator trifásico com 2 pólos


Fonte: Vale - Gestão do Conhecimento
O campo girante produzido pelo enrolamento do estator corta os condutores
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 93/ 102

do rotor, desta forma induzindo tensões. Visto que o enrolamento do rotor está
curto circuitado pelos anéis, as tensões induzidas fazem com que as correntes
circulem, as quais, por sua vez, reagem com o campo para produzir um torque
eletromagnético e desta forma resulta a ação motora.

Como consequência, baseado na descrição precedente, fica claro que, para o


motor de indução trifásico, o enrolamento de campo está colocado no estator e o
enrolamento de armadura, no rotor.

Outro ponto importante é que esta máquina tem excitação única, isto é, a potência
elétrica é aplicada apenas no enrolamento do estator. A corrente circula no enro-
lamento do rotor por indução. Como consequência, tanto a corrente de magneti-
zação, que produz o campo magnético, como a corrente de potência, que permite
que a energia seja entregue à carga no eixo, circulam através do enrolamento do
estator.

Por esta razão e no interesse de manter a corrente de magnetização a menor


possível de forma que a componente de potência possa ser correspondentemente
maior, para dado um valor nominal, o entreferro dos motores de indução é cons-
truído tão pequeno quanto o espaçamento mecânico permita.

7.2 Tipos de motores


O motor elétrico tem como objetivo transformar a energia elétrica em mecânica
(giro do seu eixo). Características como custo reduzido, simplicidade de constru-
ção, facilidade de transporte, limpeza, alto rendimento e fácil adaptação às cargas
dos mais diversos tipos, fazem com que o motor elétrico seja o mais utilizado
dentre todos os tipos de motores existentes.

Há um grande número de tipos de motores, mas podemos classificá-los em dois


grandes grupos: corrente contínua e corrente alternada. Os motores de corrente
contínua (CC) são motores de custo elevado, requerem alimentação especial, que
pode ser uma fonte de corrente contínua ou utilização de dispositivos capazes de
converter a corrente alternada em corrente contínua (retificadores a tiristores). Ne-
cessitam de um programa constante de manutenção por causa do “faiscamento”
(comutação) de suas escovas. Como vantagens desse motor, podemos citar: alto
torque em relação às pequenas dimensões do motor, controle de grande flexibili-
dade e precisão, devido à elevada gama de valores de ajuste de velocidade. O
uso desse tipo de motor é restrito a casos especiais em que tais exigências com-
pensam o elevado custo da instalação.

Devido ao baixo custo dos motores de corrente alternada e o desenvolvimento da


eletrônica industrial, que tornou possível o controle em corrente alternada, hoje,
os motores CC são considerados obsoletos, e destinados a aplicações muito es-
pecíficas. Assim, os motores CA são os mais utilizados em aplicações industriais.
O motor CA tem uma série de vantagens sobre o motor CC:

 Baixa manutenção.
 Ausência de escovas comutadoras.
 Ausência de faiscamento.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 94/ 102

 Baixo ruído elétrico.


 Custo inferior.
 Velocidade de rotação superior.
 Grande disponibilidade de fornecedores de motores CA em relação ao motor
CC, o que facilita a sua aquisição.
 Não necessitam de circuitos especiais para alimentação, uma vez que a dis-
tribuição de energia elétrica é feita normalmente em corrente alternada.
Dentre os motores de corrente alternada, destacam-se os motores síncronos e os
motores assíncronos.

O motor síncrono funciona com velocidade fixa. Geralmente, este tipo de motor é
utilizado em sistemas de grandes potências ou quando a aplicação exige veloci-
dade constante. Para sistemas de baixa potência, este tipo de motor não é muito
utilizado, pois apresenta alto custo em tamanhos menores. Entretanto, os motores
síncronos, como trabalham com fatores de potência reguláveis, podem ajudar a
reduzir os custos de energia elétrica e melhorar o rendimento do sistema de ener-
gia, corrigindo o fator de potência na rede elétrica onde estão instalados.

O motor assíncrono, também chamado de motor de indução, é utilizado na grande


maioria das máquinas e equipamentos encontrados na prática. É, sem dúvida, o
mais utilizado devido à sua simplicidade, robustez e baixo custo. Sua velocidade
sofre ligeiras variações em função da variação da carga mecânica aplicada ao
eixo. No entanto, o desenvolvimento dos inversores de frequência, facilitou o con-
trole de velocidade e torque desses motores.

Dentre os motores de indução, daremos ênfase aos motores de indução trifásicos


(MIT). Existem os motores de indução monofásicos que são utilizados para cargas
que necessitam de motores de pequena potência, como por exemplo, ventilado-
res, geladeiras, furadeiras de bancada, etc. Motores trifásicos são motores pró-
prios para serem ligados aos sistemas elétricos de três fases e são os motores de
emprego mais amplo na indústria. Oferecem melhores condições de operação do
que os motores monofásicos porque não necessitam de auxílio na partida, dão
rendimento mais elevado e são encontrados em potências maiores.

7.3 Funcionamento do MIT


O motor de indução trifásico é constituído basicamente de estator e rotor. O rotor
é a parte móvel do motor e o estator é a parte fixa. Existem dois tipos principais
de rotor: o bobinado e o curto-circuitado. Na Figura 110 temos um motor em corte,
com rotor curto-circuitado.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 95/ 102

Figura 104 – Motor de indução trifásico em gaiola de esquilo


Fonte: CTISM, adaptado de Mascheronu et al., 2004
Nesse exemplo, o rotor é constituído por um conjunto de barras isoladas e interli-
gadas através de anéis em curto-circuito, também chamado de gaiola de esquilo,
sendo esse tipo o mais utilizado na indústria. Esta é a principal característica
desse motor, cujo rotor não é alimentado externamente, sendo que as correntes
que nele circulam são induzidas eletromagneticamente pelo estator. Na verdade,
é o estator que é ligado à rede de alimentação. O princípio de funcionamento é
simples. Sabe-se que uma corrente elétrica circulando por uma bobina produz um
campo magnético. O campo magnético gerado por uma bobina depende da cor-
rente que, no momento, circula por ela. Se a corrente for nula, não haverá forma-
ção de campo magnético. Se ela for máxima, o campo magnético criado terá o
seu valor máximo. Assim, quando a corrente alternada trifásica é aplicada aos
enrolamentos do estator, produz-se um campo magnético rotativo (campo gi-
rante). A Figura 111 mostra a ligação interna de um estator trifásico em que as
bobinas (fases) estão defasadas em 120º e ligadas em triângulo.

Figura 105 – Ligação das bobinas do estator para produção do campo magnético girante.
Fonte: CTISM, adaptado de Capelli, 2008
Como as correntes nos três enrolamentos estão com uma defasagem de 120º, os
três campos magnéticos apresentam a mesma defasagem. Os três campos
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 96/ 102

magnéticos individuais se combinam e disso resulta um campo único cuja posição


varia com o tempo. Esse campo único giratório é que vai agir sobre o rotor e pro-
vocar seu movimento. Podemos visualizar esse processo por meio da Figura 112,
onde a resultante do campo magnético criada está representada pela seta, bem
como a rotação do campo girante em função da defasagem de 120º elétricos entre
as três fases de alimentação.

Figura 106 – Criação do campo magnético girante no motor de indução trifásico


Fonte: CTISM, adaptado de Mascheroni et al, 2004
A velocidade do campo girante é conhecida como velocidade síncrona. O motor
de indução é também chamado de motor assíncrono. Isso porque o rotor sempre
gira com velocidade menor do que o campo girante. Se o rotor alcançasse a ve-
locidade do campo magnético criado no estator (velocidade síncrona), não haveria
sobre ele tensão induzida, o que o levaria a parar.

APROFUNDE
Aprenda mais sobre o motor de indução acessando o link:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_de_indução
REFERÊNCIA

[1] ALVES Mário Jorge de Andrade; LOURENÇO, Manuel Duarte Matos. Sistema de Carga Disponível em: <
http://ave.dee.isep.ipp.pt/~mjf/PubDid/SistemaCarga.pdf >. Acesso em: 05 setembro. 2019.

[2] PINHEIRO, Hélio. Máquinas e Acionamentos Elétricos. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Discipli-
nas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de-maquinas-de-cc>. Acesso em: 20 setembro. 2019.

[3] Alternadores Disponível em: < https://www.comparaonline.com.br/blog/seguros/seguro-auto/2019/03/alternador/>. Acesso


em: 15 setembro. 2019.

[4] Alternadores e componentes Disponível em: https://www.bosch.com.br/produtos-e-servicos/mobilidade/>. Acesso em: 10


outubro. 2010.

[5] Alternadores. Disponível em https://www.comparaonline.com.br/blog/seguros/seguro-auto/2019/03/alternador/ acessado


em 19/10/2109

[6] SEGUNDO, Alan Kardek Rêgo; RODRIGUES, Cristiano Lúcio Cardoso. Eletricidade em CA.Instittuto Federal de Educação
, Ciência e Tecnologia. Ouro Preto, 2015

[7] . OLIVEIRA, Homero, Sistema Hardware In The Loop Para Teste Dinâmico de Alternadores Automotivos, Centro Paula
Souza Faculdade de Tecnologia FATEC Santo Andre, Santo Andre, 2007

[8] LAMAS, Mario Luiz, Circuito de CA, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus Pelotas, 2010.

[9] ALVES, Mário Ferreira, ABC dos Circuitos Elétricos em Corrente Alternada, Instituto Superior de Engenharia, 1999.

[10] ALVES, Mário Ferreira, ABC das máquinas Elétricas, Instituto Superior de Engenharia, 2003.

[11] Manual de Baterias Bosch Disponível em:< https://www.bosch.com.br>. Acesso em: 10 outubro. 2010.

[12] Falhas Prematuras: Manual de falhas prematura em alternadores e motores de partida Disponível em: < www.mahle-after-
market.com >. Acesso em: 10 outubro. 2010.

[13] Geradores de Corrente Alternada , Máquinas e Acionamentos Elétricos - Geradores de Corrente Alternada Disponível em:
< https://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos-eletricos/apostila-de-maquinas-de-cc >.
Acesso em: 10 outubro. 2019.

[14] ARAUJO, Célio Nobre; ZAVAN, Rogério Aparecido, Tecnologia em eletrônica automotiva, Centro Paula Souza Faculdade
de Tecnologia FATEC Santo Andre 2014.

[15] Característica e Especificação de Geradores, Linha H i-Plus e AG10, WEG. Disponível em < https://static.weg.net/me-
dias/downloadcenter/h68/h68/WEG-curso-dt5-caracter-sticas-e-especifica-o-de-geradores-artigo-tecnico-portugues.pdf>
Acesso em 06 de setembro de 2019.

[16] Motor de Arranque, os 5 defeitos Disponível em < https://chiptronic.com.br/blog/motor-de-arranque-os-5-defeitos > Acesso


em 06 de setembro de 2019.

[17] VIEIRA, Manoel António Rodrigues, Sensor Inteligente para Medição de Cargas Mecânicas, Escola Superior de Tecnologia
e de Gestão, Instituto Politécnico de Bragança, abril 2016

[18] FUENTES, Rodrigo Cardozo, Apostila de Automação Industrial, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio
Grande do Sul 2005

[19] NUNES, Willian Ricardo Bispo Murbak, Desenvolvimento de Sistema com Motores Trifásicos de Indução de Alto Rendi-
mento, IFOC e Comando por joystick para cadeira de rodas, Centro de Tecnologia e Urbanismo, Departamento de Enge-
nharia Elétrica, Londrina 2005.
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ACESSO À AVALIAÇÃO

Ao final deste curso ministrado é imprescindível avaliar o


conhecimento assimilado e para tanto, acesse o link ao
lado através do dispositivo mobile (tablet ou smartphone)
para que seja aberta a respectiva avalição.

O processo é bastante fácil, basta apontar a câmera do


dispositivo mobile para o QR Code abaixo ou copiar/digi-
tar o link correspondente para que você tenha acesso a
avaliação.

PESQUISA DE SATISFAÇÃO

Consciente de que sempre podemos melhorar, buscamos


nesta pesquisa de reação do treinamento obter a sua per-
cepção de como foi o treinamento realizado.

https://gc-pesquisa-satisfacao.questionpro.com

Nota: Em caso de dúvidas e/ou problemas de acesso informe o instrutor ou entre em contato
com a equipe da Gestão do Conhecimento.
'
NOÇÕES DE ELETRICIDADE 3/ 102

TEM DÚVIDAS?
FALTOU ALGO NESTA CAPACITAÇÃO?
Sinta-se a vontade e contribua com a melhoria das nossas capacitações acessando o formulário no link:

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GESTÃO DO CONHECIMENTO

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As informações contidas neste caderno são fornecidas a título indicativo e poderão
ficar desatualizados em consequência de revisões necessárias, a qualquer momento,
por razões de natureza técnica, ou comercial.

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