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Centro Automotivo

Eletricidade
de Autos

Belo Horizonte
2007
Presidente da FIEMG
Robson Braga de Andrade

Gestor do SENAI
Petrônio Machado Zica

Diretor Regional do SENAI e


Superintendente de Conhecimento e Tecnologia
Alexandre Magno Leão dos Santos

Gerente de Educação e Tecnologia


Edmar Fernando de Alcântara

Elaboração
André Luiz de Menezes Duarte
Fernando Antônio da Silveira

Revisão

André Luiz de Menezes Duarte


Fabrício Xisto Alves

Unidade Operacional

Centro Automotivo – C.A.

2ª. Edição em Janeiro de 2007.


Sumário
APRESENTAÇÃO ..............................................................................................................................6

1 MATEMÁTICA APLICADA .............................................................................................................1

1.1 NÚMEROS PRIMOS.......................................................................................................................1


1.2 MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM (M.M.C) ..............................................................................................1
1.3 MÁXIMO DIVISOR COMUM (M.D.C.)..............................................................................................2
1.4 FRAÇÕES EM NÚMEROS DECIMAIS ...............................................................................................4
1.5 CÁLCULOS COM NÚMEROS DE SINAIS DIFERENTES .......................................................................6
1.6 POTENCIAÇÃO.............................................................................................................................7
1.7 OPERAÇÕES COM POTÊNCIAS ......................................................................................................7
1.8 REGRA DE TRÊS SIMPLES ............................................................................................................9

2 ELETRICIDADE BÁSICA..............................................................................................................10

2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................10
2.1.1 Princípios básicos .........................................................................................................111
2.1.1.1 Força ............................................................................................................................11
2.1.1.2 Trabalho .......................................................................................................................12
2.1.1.3 Energia .........................................................................................................................13
2.2 ESTRUTURA DO ÁTOMO .............................................................................................................14
2.3 TENSÃO ELÉTRICA ....................................................................................................................19
2.3.1 Medição de tensão ..........................................................................................................22
2.4 CORRENTE ELÉTRICA ................................................................................................................24
2.4.1 MEDIÇÃO DE CORRENTE .........................................................................................................27
2.5 RESISTÊNCIA ELÉTRICA .............................................................................................................28
2.5.1 Resistência de condutores ..............................................................................................29
2.5.2 Resistência e temperatura ..............................................................................................32
2.5.3 Tipos de resistor ..............................................................................................................33
2.5.3.1Resistores de valores fixos ...........................................................................................33
2.5.3.2 Resistores variáveis .....................................................................................................37
2.5.3.2.1 Trimpot ......................................................................................................................38
2.5.3.2.2 Resistores não lineares (não ôhmicos)....................................................................39
2.6 APLICAÇÕES DO MULTÍMETRO ...................................................................................................41
2.6.1 Utilização do multímetro como voltímetro .......................................................................42
2.6.2 Utilização do multímetro como amperímetro ..................................................................43
2.6.3 Utilização do multímetro como ohmímetro......................................................................45
2.7 ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS ............................................................................................47
2.8 A LEI DE OHM ............................................................................................................................59
2.9 A POTÊNCIA ELÉTRICA ..............................................................................................................62
2.10 CIRCUITOS ..............................................................................................................................63
2.10.1 Ligações em série .........................................................................................................63
2.10.1.1 Características da corrente em um circuito série.......................................................63
2.10.1.2 Queda de tensão em um circuito série ......................................................................64
2.10.2 Leis das ligações em paralelo ...................................................................................6868
2.10.3 Circuitos mistos .............................................................................................................70
2.10.4 Leis de Kirchhoff – “Lei dos Nós” (Gustav Robert Kirchhoff 1824-1887)......................72
2.10.5 Geração de tensão por meio de reação eletroquímica - baterias.................................72
2.10.5.1 Cuidados e manutenção ............................................................................................73
2.10.5.2 Classificação das baterias..........................................................................................74
2.10.5.3 Testes.........................................................................................................................75
2.10.5.4 Recarga da bateria.....................................................................................................77
2.11 MAGNETISMO ..........................................................................................................................79
2.11.1 A bobina ....................................................................................................................8181
2.11.2 Geração de tensão por indução magnética ou eletromagnética ..................................82
2.11.2.1 Princípio magnético de funcionamento do gerador ...................................................84
2.11.3 Emissor de indução.......................................................................................................85
2.11.4 Indução e auto-indução.................................................................................................86
2.11.5 O transformador ............................................................................................................88
2.11.6 Motores Elétricos...........................................................................................................89
2.12 CAPACITORES .........................................................................................................................90
2.12.1 A unidade da capacitância é o Farad (F) ......................................................................91
2.12.2 Tipos de capacitores .....................................................................................................92
2.12.3 Ligação de capacitores em série...................................................................................94
2.12.4 Ligação de capacitores em paralelo .............................................................................95
2.13 GENERALIDADES SOBRE SEMICONDUTORES.............................................................................96
2.13.1 Diodos semicondutores.................................................................................................99
2.13.1.1 Tipos de diodos ........................................................................................................100
2.13.2 Retificação AC/DC ......................................................................................................103
2.13.3 Formas de gerar tensão com semicondutores............................................................107
2.14 O TRANSISTOR .....................................................................................................................109

3 SISTEMA DE PARTIDA ..............................................................................................................114

3.1 COMPONENTES DO SISTEMA DE PARTIDA .................................................................................114


3.1.1 Motor de partida ............................................................................................................114
3.1.2 Bateria ...........................................................................................................................115
3.1.3 Cabos e fios...................................................................................................................115
3.1.4 Interruptor de ignição ....................................................................................................115
3.2 PROJETO DO MOTOR DE PARTIDA ............................................................................................115
3.3 FUNCIONAMENTO DO MOTOR DE PARTIDA ................................................................................119
3.4 CIRCUITOS E FUNCIONAMENTO DO SOLENÓIDE DO MOTOR DE PARTIDA DE IMÃ PERMANENTE ....122
3.5 TESTES DO MOTOR DE PARTIDA...............................................................................................123
3.5.1 Condição "não dá partida" (motores de partida de imã permanente)...........................123
3.5.2 Teste de queda de tensão.............................................................................................125
3.5.3 Verificação da resistência do terminal S do solenóide .................................................126
4 SISTEMA DE CARGA ................................................................................................................129

4.1 FUNCIONAMENTO ....................................................................................................................130


4.2 REGULADOR DE TENSÃO .........................................................................................................135
4.3 CIRCUITO DO ALTERNADOR .....................................................................................................136

4.4 DIAGNÓSTICO ELÉTRICO..........................................................................................................136


4.4.1 Testes no veículo ..........................................................................................................136
4.4.2 Teste de carga...............................................................................................................136
5 INTRODUÇÃO AO FUNCIONAMENTO DE MOTORES............................................................139

5.1 PRINCÍPIO BÁSICO DE FUNCIONAMENTO DE MOTORES DE 4 TEMPOS .........................................139


5.2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE IGNIÇÃO .....................................................................................144

6 SISTEMA DE IGNIÇÃO..............................................................................................................146
6.1 PRINCÍPIO BÁSICO E SISTEMA CONVENCIONAL .........................................................................146
6.2 SISTEMA DE IGNIÇÃO ELETRÔNICO ...........................................................................................150
6.2.1 Sistema Indutivo - Componentes e Funcionamento .....................................................152
6.2.1.1 Distribuidor de ignição................................................................................................152
6.2.1.2 Unidade de comando .................................................................................................154
6.2.1.3 Bobina de ignição.......................................................................................................156
6.2.1.4 Regulagens dos componentes...................................................................................156
6.2.2 Sistema de ignição por efeito Hall( 1992 ) - Componentes e Funcionamento .............158
6.2.2.1 Emissor de impulsos Hall ...........................................................................................158
6.2.2.2 Funcionamento...........................................................................................................159
6.2.2.3 Unidade de comando da ignição................................................................................160
6.2.2.4 Bobina de ignição.......................................................................................................162
6.2.2.5 Velas...........................................................................................................................163
6.2.3 Sistema de ignição estático ou mapeado .....................................................................166
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................169
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Apresentação

“Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do


conhecimento”.
Peter Drucker

O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os


perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção,
coleta, disseminação e uso da informação.

O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país, sabe disso, e,


consciente do seu papel formativo, educa o trabalhador sob a égide do conceito
da competência: “formar o profissional com responsabilidade no processo
produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos
técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e
consciência da necessidade de educação continuada.”

Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento, na sua área


tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se
faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia,
da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet-é tão
importante quanto zelar pela produção de material didático.

Isto porque, nos embates diários, instrutores e alunos, nas diversas oficinas e
laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais
didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos.

O SENAI deseja, por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre
os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada!

Gerência de Educação e Tecnologia


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1 Matemática Aplicada

1.1 Números primos

Os números primos são aqueles divisíveis por ele mesmo e por um.
Exemplos: 5, 13, 17, 19, 23.

1.2 Mínimo Múltiplo Comum (m.m.c)

Exemplo: 20, 15
20, 15 2
10, 15 2
5, 15 3
5, 5 5
1, 1 2 x 2 x 3 x 5 = 60

Exercícios:

1. Calcule o m.m.c. dos itens abaixo:

a) m.m.c. (2, 3, 5)
b) m.m.c. (80, 144)
c) m.m.c. (48, 240, 90)
d) m.m.c. (142, 32)
e) m.m.c (8, 12, 20)

Respostas:
a) m.m.c. (2, 3, 5) b) m.m.c. (80, 144)

2, 3, 5 2 80, 144 2
1, 3, 5 3 40, 72 2
1, 1, 1 5 20, 36 2
2 x 3 x 5 = 30 10, 18 2
5, 9 3
5, 3 3
5, 1 5
1, 1 2 x 2 x 2 x 2 x 3 x 3 x 5 = 720

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c) m.m.c (48, 240, 90) d) m.m.c. (142, 32)

48, 240, 90 2 142,32 2


24, 120, 45 2 71, 16 2
12, 60, 45 2 71, 8 2
6, 30, 45 2 71, 4 2
3, 15, 45 3 71, 2 2
1, 5, 5 5 71, 1 71
1, 1, 1 5 1, 1 2272
720

e) m.m.c. (8, 12, 20)

8, 12, 20 2
4, 6, 10 2
2, 3, 5 2
1, 3, 5 3
1, 1, 5 5
1, 1, 1 120

1.3 Máximo Divisor Comum (M.D.C.)

Exemplo: M.D.C (20, 10)

20 2 10 2
10 2 5 5
5 5 1 2X5
1 22 X 5

Observação: somente os divisores comuns com o menor expoente:

M.D.C. = 2 x 5
M.D.C. = 10

Exercícios:

1. Calcule o M.D.C. dos itens abaixo:

a) M.D.C. (36, 90)


b) M.D.C. (24, 40, 72)

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c) M.D.C. (100, 200, 300)


d) M.D.C. (1350, 360, 1260)
e) M.D.C. (142, 32)

Respostas:

a) M.D.C. (36, 90)

36 2 90 2
18 2 45 3 M.D.C = 2 X 32 = 18
9 3 15 3
3 3 5 5
1 22 X 32 1 2 X 32

b) M.D.C. (24, 40, 72)

24 2 40 2 72 2
12 2 20 2 36 2 M.D.C = 23 = 8
6 2 10 2 18 2
3 3 5 5 9 3
1 23 X 3 1 23 X 5 3 3
1 23 X 32

c) M.D.C. (100, 200, 300)

100 2 200 2 300 2


50 2 100 2 150 2 M.D.C = 22 X 52
25 5 50 2 75 3
5 5 25 5 25 5 M.D.C. = 100
1 22 x 52 5 5 5 5
1 23 x 52 1 22 x 3 x 52

d) M.D.C. (1350, 360, 1260)

1350 2 360 2 1260 2


675 3 180 2 630 2 M.D.C = 2 x 32 x 5
225 3 90 2 315 3
75 3 45 3 105 3 M.D.C = 90
25 5 15 3 35 5
5 5 5 5 7 7
1 2 x 33 x 5 1 23 x 32 x 5 1 22 x 32 x 5 x 7

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1.4 Frações em Números Decimais

Exemplo:
128 = 1,28
100

4,23 = 423
100

Exercícios:

1. Transforme os decimais em frações:

a) 0,234 =
b) 0,01285 =
c) 0,000042 =
d) 321,2357 =
e) 0,2 =
f) 0,003 =

2. Transforme as frações em decimais:

a) 328 =
1000

b) 4 . =
100000

c) 252387 =
100

d) 32296 =
1000

e) 12567 =
10

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f) 0,045 =
100

g) 0,7 =
10

3. Efetue as operações:

a) 0,04 x 10 =
b) 0,837 x 100 =
c) 2,527 x 1000 =
d) 3,254 x 10000 =
e) 234,89 x 1000 =
f) 8,748 x 100000 =

4. Converter as unidades:
Observação:

Km hm dam m dm cm mm
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3

a) 2945 mm = dm = Km
b) 0,039 dm = m= mm
c) 7,4 m = Km = dam
d) 12,89 m = Km = hm
2 2
e) 7,4 m = Km = cm2
f) 0,702 m2 = cm2 = mm2
g) 1,02 Km = mm = m
h) 32,7 cm3 = dm3
i) 5,8 cm3 = dm3
j) 0,15 dm3 = cm3
k) 1827,3 hm3 = m3

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1.5 Cálculos com Números de Sinais Diferentes

1. Calcule:

a) (-6) + (-8) + (-3) + (-5) =

b) (-8) – (-8) + (-20) – (-5 =

c) (0) – (-5) + (-1) + (-10 )=

d) –6 + 4 – 15 + 6 – 8 + 3 – 9 =

2. Calcule:

a) (-6) x (-8) x (-3) x (-5) =

b) (-4) x (-3) x (-8) =

c) (- 6 – 4 + 3 – 2) x ( - 6 + 4 – 3 – 1 + 2 ) =

d) [ (-17) – (15) ] x [ (-7 – 8 )] =

e) [ (2) + (-4) ] x 2 =

3. Calcule:

a) ( 10 ) / ( 2 ) =

b) [ (- 7 + 2 – 3 + 1) / (4 – 5 + 8) ] x [ (-50) / (-25) ] =

c) [ (100 – 1 + 101) / (- 110) ] / (-1) + 50 =

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1.6 Potenciação

Propriedades:

a2 = a x a

a0 = 1

a-2 = 1/a2

(a2)3 = a2x3 = a6

Exemplos:

22 = 2 x 2 = 4

23= 2 x 2 x 2 = 8

50 = 1

(22)3 = 22x3 = 26

3
√27 = 3√33 = 3

3
√-27 = 3√-33 = -3

1.7 Operações com Potências

a2 x a3 = a2+3=a5

a4 / a2 = a4 -2 = a2

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24 x 8 =24 x 23 = 27

Exercícios:

1. Calcule:

a) 52 =
b) 80 =
c) -43 =
d) -12 =
e) -48 / 48 =
f) (22 x 23)2 =
g) (-3) x (–3)2 x (-3)3 =

2. Calcule as raízes:

a) 5√32=

b) 4√16=

c) 4√81=

d) 3√64=

e) √4 –23 x √1 =
20+2-1

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1.8 Regra de Três Simples

Exemplo 1:

Em uma sala de 10m2 de área gasta-se 150 cerâmicas para fazer o piso.
Quantas cerâmicas serão gastas para fazer o piso de uma sala de 15m2 de área
utilizando o mesmo tamanho de cerâmica?

Solução: 10m2 - 150 ⇒ 10X= 15x150 ⇒ X=15x150 ⇒ X= 225


15m2 - X 10

Resposta: serão gastas 225 cerâmicas.

Exemplo 2:

Um automóvel com velocidade constante de 60Km/h, gasta 4 horas para


fazer um determinado percurso. Quantas horas esse mesmo automóvel irá gastar
para fazer o mesmo percurso se aumentar sua velocidade para 120Km/h ?

Solução: 60Km/h - 4h
↑ 120Km/h - X ↓

Sabemos que se aumentarmos a velocidade do automóvel, o tempo gasto


para fazer o percurso irá diminuir. Concluímos, então, que velocidade e tempo
são grandezas inversamente proporcionais.Logo, para que o cálculo fique correto,
devemos inverter uma das razões e realizar os cálculos como no exemplo
anterior.

60 - X ⇒ 120X = 60x4 ⇒ X = 60x4 ⇒ X = 2 horas


120 - 4 120

Então, aumentando-se a velocidade do automóvel para 120Km/h serão


gastas 2 horas para percorrer o mesmo percurso.

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2 Eletricidade Básica

2.1 Introdução

A eletricidade e a eletrônica não são assuntos complicados e os seus


princípios básicos e o seu funcionamento são claramente definidas em leis físicas
e químicas. Nesta apostila iremos explicar de forma clara e compreensível
princípios básicos e as leis físicas da eletricidade retirando exemplos da natureza
de nosso dia a dia.
A física é a parte das ciências naturais que investiga as leis fundamentais
da natureza demonstrada por métodos matemáticos. Assim, também para a
descrição dos fenômenos eletrônicos são utilizados princípios desta ciência.
As grandezas físicas são propriedades mensuráveis de corpos, estados
físicos ou fenômeno físicos. Por exemplo: peso, comprimento, tempo, força,
velocidade, corrente elétrica, resistência e tensão. Qualquer valor, relativo a estas
unidades pode ser calculado multiplicando-se um número pela unidade 12 V (12 x
1 volt = 12 V), 5 A ou 10 kg. Ao efetuar tais medições devemos falar de valores
medidos e não de grandezas.
Para abreviar grandezas (especialmente em cálculos) são usados símbolos
constituídos por letras do alfabeto grego ou latino.
As fórmulas são maneiras concisas de calcular uma grandeza. Com a
ajuda de fórmulas de cálculo é possível ainda obter a unidade do resultado obtido.

Exemplo:
Para uma velocidade constante aplicamos a fórmula v = s/t. Qual é a
velocidade (v) de um veículo que percorre 300 metros em 15 segund
0os?
Solução:
v = s/t = 300 m/15 s = 20 m/s.
Onde: s = distância; t = tempo; v = velocidade.
A maioria das grandezas possui uma unidade de medição. As suas
designações são na maioria aquelas que foram utilizadas pelos cientistas da
antiguidade grega; "metro" ,por ex., é a palavra grega para "medir". A nomeação
das unidades é também frequentemente utilizada em reconhecimento de

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cientistas, como é o caso do "ampere" (Ampere, físico francês, 1775 a 1836). Às


unidades básicas de grandezas dá-se o nome de unidades base. Os símbolos
das unidades são abreviaturas.
As unidades derivadas são normalmente determinadas com base em
unidades-básicas. Acontece freqüentemente um tipo de unidade ter uma
designação própria (ver a tabela). As designações especiais das unidades
também possuem símbolos universais. Estas, além de relembrarem cientistas,
abreviam ao máximo a expressão da grandeza.

Unidade e símbolo da
Nome da unidade Símbolo da unidade
grandeza-base especial
Ampere-segundo A x s Coulomb C
Por segundo 1/s Hertz Hz
Figura 2.1 – Tabela de unidades de designação própria.

É aceitável usar nomes específicos das unidades como designativos das


mesmas. Alguns exemplos de unidade com nomes especiais: volt (V) - tão
freqüentem ente usado em eletrônica, ohm (Ω), Watt (W), Farad (F) e Henry (H).
A unidade derivada de uma grandeza obtém-se introduzindo unidades na
equação usada para calcular essa mesma grandeza.

Exemplo:
A velocidade (v) calcula-se com base na distância (s) e no tempo (t)
utilizando-se a fórmula v = s/t. Pretende-se achar a unidade de "v".

Solução:
V = s/t = distância percorrida em metros (m), t = tempo em segundos e (s) para a
distância, assim sendo: v =m/s

2.1.1 Princípios básicos

2.1.1.1 Força

Uma força aplicada a um corpo em movimento pode acelerar ou reduzir a


velocidade com que este se movimenta. Considera-se como aceleração a

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expressão numérica (quociente) resultante da alteração desta velocidade dividida


pelo tempo. Quanto maior for a aceleração de uma massa, tanto maior é a força
que atua sobre ela. Esta relação constitui a lei básica da mecânica.

F=m.A
Onde:
F Força
m Massa
a Aceleração

Figura 2.2: Força.


1 – Força de impulso;
2 – Objetivo em movimento;
3 – Direção da força.

2.1.1.2 Trabalho

Produz-se trabalho quando um objeto é movido como resultado da


aplicação de força sobre ele; por ex.: o movimento de um mecânico, com ajuda de
um macaco, contra a massa de um veículo (carga). O valor do trabalho mecânico
resulta do produto da intensidade da força pelo comprimento do deslocamento do
ponto de aplicação.
A unidade de medida do trabalho é o Newton metro (Nm), que possui ainda
a designação especial de Joule (1).

W=F.s
Onde:

W - Traballio Figura2.3:Trabalho.
1 – Força;
F - Força
2 – Distância;
s - Distâncía

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2.1.1.3 Energia

À capacidade de produzir trabalho dá-se o nome de energia ou


simplesmente capacidade de trabalho. A energia tem o mesmo símbolo e a
mesma unidade que o trabalho (W). Trabalho e energia representam, por
conseguinte, a mesma grandeza fisica. Contudo, enquanto o termo trabalho é
usado para descrever um processo, o termo energia descreve o estado de um
corpo. Normalmente, a energia altera-se quando é produzido trabalho. O trabalho
produzido para elevar uma carga permanece nesta após o seu levantamento.
Este trabalho é liberado quando a carga é baixada.

Wp=m.g.h

Wp - Energia potencial
m - Massa
g - Aceleração por efeito da gravidade (9,81 m/s2) h Diferença em altura

Figura 2.4: Energia.


1 – Trabalho efetuado;
2 – Energia potencial armazenada
(posição 1);
3 – Local de partida posição (0).

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2.2 Estrutura do Átomo

■Todas as matérias sólidas, líquidas e gasosas são constituídas por átomos.


■ Um átomo é constituído por um núcleo carregado positivamente, à volta do qual
orbitam elétrons com carga negativa. O núcleo é constituído por prótons e
neutrons. O átomo possui exatamente tantos prótons (+) como elétrons (-), e é
considerado eletricamente neutro;
■ Os nêutrons não têm carga elétrica;
■ Um átomo com carga elétrica tem o nome de íon.
Os íons formam-se quando são acrescentados elétrons na órbita eletrônica
de um átomo neutro, ou quando são removidos da órbita de um átomo neutro um
ou mais elétrons.
A remoção de elétrons cria um íon positivo (cátion). O acréscimo de
elétrons cria um íon negativo (ânion).

Figura 2.5 - Átomo de lítio.


1 – Elétron;
2 – Próton;
3 – Nêutron;
4 – Orbita ou camanda;

■ Tomemos como exemplo um condutor largamente usado em veículos


automóveis: o cobre;
■ Um átomo de cobre possui quatro órbitas com um total de 29 elétrons, mas
destes, apenas um se encontra na órbita exterior. Este elétron transforma-se
facilmente em elétron livre, pois a energia que o liga ao núcleo é praticamente
nula;
■ O número de elétrons livres de um material determina a sua condutividade e é
responsável pelo transporte de corrente elétrica.

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Figura 2.6 - Átomo de cobre.

1 – Primeira órbita: 2 elétrons;


2 – Segunda órbita: 8 elétrons;
3 – Terceira órbita: 18 elétrons;
4 – Quarta órbita: 1 elétron;
5 – Núcleo com neutrons e 29 prótons.

■ O fluxo de corrente pode ocorrer apenas em materiais que tem abundância de


elétrons livres. Estes materiais são chamados de condutores porque permitem
aos elétrons livres fluírem facilmente.
■ O oposto de um condutor é chamado de isolador ou isolante. O isolante é um
material que mantém firmemente seus elétrons em órbita. Dessa forma é difícil
para os elétrons se tomarem livres, dificultando o fluxo de corrente. A camada
plástica ao redor da fiação em um veículo é um exemplo de isolador. Outros
isoladores comuns incluem a borracha e a cerâmica.
■ O cobre é comumente usado como condutor na fiação de um veículo, em
função de suas características mecânicas, custo não elevado e notadamente por
ter resistência ao fluxo de corrente bastante baixa. Outros condutores comuns
incluem o alumínio e o aço.

Figura 2.7 – Condutores e isolantes.

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Nota:
Apesar de a prata ser melhor condutor do que o cobre, alumínio ou aço é muito
cara para a utilização em aplicações de larga escala. A prata é usada apenas
para aplicações críticas.
Condutor - Uma substância, usualmente metal, na qual uma corrente elétrica é
conduzida. O fluxo de corrente é possível como conseqüência da grande
quantidade de elétrons livres presentes na substância.
Isolante - Uma substância na qual a corrente não será conduzida porque há falta
de elétrons livres.

Alguns fatores podem contribuir para caracterizar maior facilidade ou


dificuldade na condução desse fluxo de elétrons. A esses fatores damos o nome
de resistência elétrica. Todos os condutores, mesmo os bons como cobre e
ouro, apresentam alguma resistência ao fluxo de corrente, mesmo que essa
resistência seja praticamente desprezível. Alguns dos fatores que determinam a
resistência de um condutor são:
■ Área (diâmetro);
■ Comprimento;
■ Material;
■ Temperatura .

Diâmetro de um condutor

Quanto maior o diâmetro de um fio, maior é a área para o fluxo de elétrons.


Fios com diâmetros menores permitem um menor fluxo de elétrons, causando
uma resistência maior.
Nota:
Fios são geralmente identificados pela secção transversal (área) em mm2.
Quanto maior o número, maior a área em mm2.

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Figura 2.8 – Fatores que afetam a resistência – diâmetro do condutor.

Comprimento do condutor

Quanto mais longo é o condutor, maior é o percurso dos elétrons e maior é a


resistência que encontram no caminho. Em condutores pequenos (curtos), o
movimento dos elétrons de uma extremidade para outra é relativamente fácil -
eles têm que passar por uma quantidade menor de átomos.

Figura 2.9 – Fatores que afetam a resistência – comprimento do condutor. Na figura, o ohmímetro,
instrumento de medida de resistência, mostra um valor maior em um condutor de maior
comprimento.

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Material do condutor

Em função do número diferente de elétrons livres, para diferentes


materiais, alguns conduzem mais facilmente que outros.

Alguns dos bons condutores (em ordem descendente):


■ Prata;
■ Cobre;
■ Ouro;
■ Alumínio;
■ tungstênio;
■ Ferro;
■ Aço;
■ Mercúrio;
■ Água de torneira.

Alguns dos maus condutores incluem: - Plástico;


■ Vidro;
■ Borracha;
■ Água destilada.

Figura 2.10 – Fatores que afetam


a resistência – material do
condutor.

Temperatura

A temperatura também afeta a resistência da maioria dos condutores, mas


diferentes materiais são afetados de maneira diferente.
A resistência do cobre e do aço aumenta com o aumento da temperatura. A
energia aplicada a estes materiais na forma de calor faz com que os elétrons se
movimentem com maior velocidade em suas órbitas, dificultando o seu movimento
no sentido do fluxo de corrente. Alguns materiais, como o silício e o carbono, tem
sua resistência diminuída com o aumento da temperatura.

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2.3 Tensão Elétrica

Carga elétrica

No seu estado normal, os corpos são eletricamente neutros. Através do


seu manuseamento (por exemplo, atrito com outro material), é possível alterar
este estado.
Se uma haste de vidro, de plástico ou de outro material isolante for
esfregada com um lenço, passa a atrair partículas pequenas e leves como, por
exemplo, pedaços de papel, algodão e cabelos. Ao esfregar a haste ativam-se
forças cuja origem são cargas elétricas.

Figura 2.11 – Haste de vidro


eletrizada atraindo pedaços
de papel.
1 – Haste de plástico;
2 – Pedaço de papel.

Se esfregarmos duas hastes de plástico com um pano de lã, ambas ficam


carregadas com cargas elétricas semelhantes, pois se repelem. O mesmo
acontece se esfregarmos duas hastes de vidro.

Figura 2.12 – Duas hastes de vidro


eletrizadas.
1 – Fio suspenso;
2 – Hastes de plástico;
3 – Afastamento.

No entanto, a haste de vidro e a haste de plástico que foram esfregadas


atraem-se. Isto prova que as suas cargas elétricas são de tipo diferente.

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Figura 2.13 – Hastes de material


diferente: vidro e plástico.
1 – Haste de plástico;
2 – Fio suspenso;
3 – Haste de borracha;
4 – Atração.

Às duas cargas dá-se o nome de carga positiva (+) e carga negativa (-),
Cargas semelhantes repelem-se; cargas diferentes atraem-se.

Inicialmente, os átomos da haste de vidro e da haste de plástico são


eletricamente neutros. Isto significa que o número de cargas negativas e de
cargas positivas no núcleo do átomo é exatamente igual. Quando se esfrega a
haste de vidro com o pano de lã produz-se trabalho, através do qual se afastam
elétrons da superfície da haste. Estes elétrons permanecem no pano.

Figura 2.14 - Cargas elétricas.


1 - Haste de vidro;
2 - Falta de elétrons;
3 - Pano de lã;
4 - Excesso de elétrons.

Então, passam a faltar elétrons na haste de vidro, havendo agora carga


positiva em excesso. Dizemos assim que a haste se encontra carregada com
carga positiva. "Carga positiva significa falta de elétrons" (Figura 2.14).
Se uma haste de borracha for esfregada com o pano de lã, alguns elétrons
do pano de lã aderem à superfície da haste de borracha. A haste passa a ter mais
carga negativa do que positiva: fica carregada com carga negativa. "Carga
negativa significa excesso de elétrons" (Figura 2.15). Entre cargas diferentes

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ocorre uma força de atração. Para tentar separar cargas diferentes é necessário
produzir trabalho contra a força de atração. Este trabalho é armazenado nas
cargas sob a forma de energia. O resultado é uma força entre as cargas que
recebe a designação de "tensão".
A tensão é o resultado da separação de cargas.

Figura 2.15 – Cargas elétricas.


1 – Haste de plástico;
2 – Falta de elétrons;
3 – Pano de lã;
4 – Excesso de elétrons.

Quanto mais elevada for a tensão gerada, maior é a tendência das cargas
para regressar ao estado de equilíbrio (tensão 0 V). Tensão também é a tentativa
das cargas de atingir o equilíbrio.

A unidade de tensão é o Volt (V ou U).

Figura 2.16 – Diferenças de tesão:


1 – Tensão Nula;
2 – Tensão baixa;
3 – Tensão alta.

Numa fonte de tensão como, por exemplo, uma bateria ou um gerador, as


cargas positivas e as negativas são separadas umas das outras através de
aplicação de energia. Assim, um dos terminais da fonte de tensão possui carga
negativa em excesso, sendo eletricamente negativo (pólo negativo). No outro pólo
há uma menor quantidade de cargas elétricas negativas com relação ao pólo
negativo (pólo positivo).

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Em veículos são usados sistemas de 12 ou de 24 volts.

Figura 2.17 – Exemplo de uma bateria:


1 – Pólo negativo;
2 – Aplicação de energia (a título de
exemplo, em volts).
3 – Pólo positivo;

2.3.1 Medição de tensão

A tensão (símbolo “V” ou "U") é medida em Volts, como dito anteriormente.


Poderemos estar usando ambas nesta apostila sempre nos referindo a tensão.
Medidas de tensões podem ir de alguns milésimos de volts (por exemplo,
sinais eletrônicos) até dezenas de milhares de volts (por exemplo, tensão da
ignição). Assim, existem prefixos que se acrescentam à unidade e que, em caso
de números muito elevados ou muito reduzidos, indicam uma potência de 10 à
qual o número deve ser elevado. São os múltiplos e submúltiplos de tensão.

Exemplos:

mili (10-3) = 1 miliVolt (mV) = 0,001 Volt


Quilo (103) = 1 Quilovolt (kV) = 1.000 volts
Mega(106) = 1 Megavolt (MV)= 1.000.000 volts

É válido observar que os submúltiplos de tensão são sempre


representados com letras minúsculas e os múltiplos, com letras maiúsculas.
A tensão nominal de um componente eletrônico é aquela nele indicada. Por
exemplo, 12 V para uma bateria de automóvel, 1,5 V para uma pilha.
Para se efetuar uma medida de tensão, devemos utilizar um equipamento
chamado voltímetro.

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Figura 2.18 – Voltímetro: medidor de tensão.

Só pode existir tensão entre dois pontos diferentes como, por exemplo,
entre os terminais de uma fonte de tensão ou de um consumidor. A tensão do
consumidor é medida ligando-se os seus terminais aos do voltímetro (conforme
figura 2.19). O voltímetro é então ligado perto do consumidor, ou seja, em
paralelo com a tensão que alimenta o consumidor (lâmpada).

Figura 2.19 – Forma de medição de tensão:


multímetro ligado em paralelo com o
consumidor.
1 – Fonte de tensão;
2 – Interruptor;
3 – Voltímetro;
4 – Consumidor (lâmpada por exemplo).

Para medir a tensão de um consumidor, devemos ligar o voltímetro aos


seus terminais. Para se medir a tensão da fonte, devemos ligar o voltímetro aos
terminais desta.
O voltímetro tem de ser ligado tomando-se o cuidado com a polaridade
correta, para evitar que o seu ponteiro (que pode usar uma unidade de medição
de bobina móvel) se movimente na direção errada (no caso dos voltímetros
analógicos). Já nos multímetros digitais essa preocupação é desnecessária, pois

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o multímetro marcará valores negativos ou positivos de uma grandeza que está


sendo medida conforme a inversão entre os pólos do aparelho.

Figura 2.20 – Forma de ligação em


voltímetros analógicos.
1 – Multímetro corretamente ligado;
2 – Multímetro incorretamente ligado.

De forma geral, o voltímetro deve ser ligado da seguinte forma:


■ pólo positivo do voltímetro ao pólo positivo da fonte de tensão;
■ pólo negativo do voltímetro ao pólo negativo da fonte de tensão.

Em um circuito elétrico deverá ser observado sempre o seguinte: o terminal


positivo do voltímetro tem de ser colocado na parte do circuito mais próxima do
pólo positivo da fonte de tensão e o terminal negativo na parte do circuito mais
próxima do pólo negativo da fonte de tensão. Dado que nesta ligação o voltímetro
fica ligado em paralelo.

Figura 2.21 – Medições com o voltímetro.


V – Voltímetro ligado;
V1 – Voltímetro ligado ao consumidor 1;
V2 – Voltímetro ligado ao consumidor 2;
1 – Consumidor 1 (por exemplo: resistor,
lâmpada);
2 – Consumidor 2 (por exemplo: resistor,
lâmpada).

2.4 Corrente Elétrica

Nos corpos metálicos, os átomos encontram-se densamente concentrados.


Um elétron na órbita de um átomo pode encontrar-se num local tal da órbita que a

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distância dele ao núcleo do átomo mais próximo e ao núcleo do átomo em torno


do qual órbita seja a mesma (veja figura 2.22). Nessa posição, as forças de
atração de ambos os átomos sobre o elétron se anulam, e este pode mover-se
livremente.
Este elétron tem o nome de elétron livre. Os metais bons condutores, como
a prata e o cobre, possuem muitos elétrons livres (cargas negativas).

Figura 2.22 – Distância entre átomos.


1 – Elétron;
2 – Núcleo;
3 – Distância do núcleo.

Assim que surge um elétron livre num metal, passa a faltar carga negativa
ao átomo do qual ele veio. Esse átomo passa a ser uma carga positiva, (íon
positivo). No entanto, o condutor continua a possuir muitos elétrons, como carga
positiva, e continua a funcionar como eletricamente neutro.
Os metais possuem elétrons livres que se movimentam livremente no
interior do condutor.

Figura 2.23 – Condutor.


1- Cargas positivas imóveis (íons);
2-Cargas negativas que se
movimentam livremente (elétrons).

Se ligarmos as extremidades de um condutor (por exemplo, o filamento de


uma lâmpada) aos terminais de uma fonte de tensão, inicia-se a passagem de
elétrons livres do terminal negativo da fonte de tensão para o condutor. Estes
elétrons repelem os elétrons livres do condutor que se encontrarem nas suas
proximidades. Este efeito é propagado a grande velocidade através do condutor.
Quando os elétrons são deslocados do seu lugar, a fonte de tensão faz entrar no
condutor tantos elétrons quantos aqueles que o seu pólo positivo absorve pela
outra extremidade. Assim, o número de elétrons livres no condutor permanece

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sempre igual.
Ao movimento ordenado dos elétrons dá-se o nome de corrente
elétrica.

Figura 2.24 - Demonstração do fluxo de


corrente através deste pequeno jogo:
As bolas representam os elétrons
1 – Impacto originado pela fonte de tensão;
2 –Propagação do impacto sem grande
movimento;
3 – Saída do lado do condutor.

A corrente elétrica mede-se em amperes (A). A mesma sempre flui de uma


região de potencial mais negativo (excesso de eletros ou pólo negativo) para a
região de potencial menos negativo (falta de elétrons ou pólo positivo) através de
um meio condutor. Vide figura 2.25, que descreve o caminho percorrido por uma
corrente elétrica.

Figura 2.25 – Fluxo de elétrons.


1 – Filamento da lâmpada;
2 – Falta de elétron (pólo positivo);
3 – Ecesso de elétron (pólo negativo).

A corrente elétrica produz efeitos caloríferos, químicos, magnéticos e estáticos.

Note que a corrente elétrica em elétrons é quantizada da seguinte maneira:


1C = 6,25 x 1018 e-
1C = 6.250.000.000.000.000.000
I=Q
∆t
I = Corrente Elétrica;
Q = Quantidade de Cargas em Coulomb;
∆t = Intervalo de tempo.

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Assim, a corrente elétrica é a quantidade de cargas elétricas que passam


por uma determinada região por unidade de tempo.

2.4.1 Medição de Corrente

A medição de corrente elétrica pode ser comparada à medição de água


corrente. Neste caso, poderíamos fazê-lo contando as gotas que passam através
de um tubo por segundo. No entanto, a gota seria uma unidade muito pequena.
Utiliza-se, a unidade "litro por segundo". As gotas de água correspondem aos
elétrons livres da corrente elétrica.

Figura 2.26 - Amperímetro (instrumento de medição de corrente elétrica). Neste exemplo, mostra-
se um amperímetro analógico (com ponteiros)

Observações:
A tensão é a causa da corrente elétrica.
A corrente elétrica só flui num circuito fechado. O circuito consiste numa
fonte, num consumidor e nas conexões entre ambos. O circuito pode ser aberto e
fechado por meio de um interruptor.
A corrente elétrica (símbolo "I") é medida em amperes (símbolo “A”).
O instrumento para medição da quantidade da corrente elétrica tem o nome
de amperímetro.
A corrente tem de passar através do amperímetro. Para se efetuar a
medida, interrompe-se o circuito num determinando local e instala-se o
amperímetro (podemos compará-Io, por exemplo, a um contador de água ou
hidrômetro). Desta forma o amperímetro fica ligado em série com o consumidor.

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Vide figura 2.27.

Figura 2.27 - Medições com o amperímetro.


1 – Fonte de tensão;
2 – Interruptor;
3 – Amperímetro;
4 – Consumidor.

As correntes que podem ser medidas num automóvel podem ir das


centenas de milésimos às centenas de amperes, e neste caso, se toma
necessário acrescentar prefixos à unidade. As unidades mais utiliadas estão
relacionadas à baixo:

1 microampere (µA) = 0,000 001 A


1 miliampere (mA) = 0,001 A
1 ampere (A) = 1 A

2.5 Resistência Elétrica

Quando uma corrente atravessa um condutor, os elétrons livres movem-se


livremente entre os átomos que compõe esse condutor. No entanto, algo restringe
o seu movimento. Podemos definir resistência elétrica como sendo a
dificuldade oferecida (resistência) à passagem de corrente elétrica em um
condutor.
Ω). A resistência elétrica
A unidade da resistência elétrica é o Ohm (Ω
(símbolo "Ω") é medida em ohms. A unidade de medição ohm (Ω) pode
expressar-se de outras formas:
1 Megaohm (MΩ) = 1.000.000 Ω
1 Quiloohm (KΩ) = 1.000 Ω
I ohm (Ω) = 1 Ω
1 miliohm (mΩ) = 0,001 Ω

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Note que para os múltiplos de medida de resistência são utilizadas letras


maiúsculas (“M” de Mega, “K” de Quilo, etc) e os submúltiplos se utilizam letras
minúsculas (“m” de mili, por exemplo).
Qualquer consumidor num circuito constitui uma resistência - mesmo os
próprios fios elétricos. Os valores de resistência de velas, bobinas de ignição,
supressores, cabos de alta tensão, etc. situam-se todos na região dos ohms ou
dos quilo-ohms (KΩ). As resistências dos contatos entre as ligações e os contatos
dos relés são normalmente da ordem dos miliohms (mΩ). Podem, no entanto,
atingir valores da ordem dos megaohms (MΩ) devido a oxidação (corrosão).

2.5.1 Resistência de condutores

Quando se comparam diferentes condutores elétricos com igual


comprimento e seção, mas de materiais diferentes verifica-se que a sua
resistência não é a mesma.

Experiência: Ligue um fio de cobre a um ohmímetro e em seguida um fio de


constantan, ambos com cerca de 0,1 mm2 de seção e 1 metro de comprimento.
Meça a resistência em ambos os casos.

Figura 2.28 – tipo de fios.


1 fio de cobre;
2 fio de constantan.

Resultado:
A resistência do fio de constantan é muito maior do que a do fio de cobre.

A resistência de um condutor depende do material de que este é feito.


Num fio de cobre com 1 metro de comprimento e 1 mm2 de seção, por
exemplo, existem mais elétrons livres do que num fio de constantan com as
mesmas dimensões. Por conseguinte, a sua resistência é menor. Cada material
tem uma resistência - ou resistividade própria.

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Figura 2.29 – Medição com ohmímetro.


1 Fio de cobre;
2 Ohmímetro.

O símbolo da resistividade específica é o "ρ", que corresponde à letra


grega minúscula "Rô"; a unidade da resistência é o Ω mm2/m. Considera-se
normalmente uma temperatura de 20º C. Resistência específica do alumínio, por
exemplo:

ρ = 0,0278 Ω mm2/m = 1/36 Ω . mm2/m.


Isto significa que:
A resistência de um fio de alumínio com 1 metro de comprimento e 1 mm2
de seção é de 0,0278 Ω.

Figura 2.30 – Medição com ohmímetro.


1 Fio de alumínio;
2 Ohmímetro.

Nota: Observa-se na figura abaixo a forma correta de medição de


resistência elétrica. O ohmímetro deve estar ligado em paralelo com a carga a
ser medida.
Qual a alteração que a resistência do fio de alumínio sofreria se
dobrássemos o seu comprimento? A resistência passaria também a ser o dobro.
Assim, a resistência de um fio de alumínio com 36 metros de comprimento e 1
mm2 de seção é de 1 Ω. A resistência de um condutor aumenta proporcio-
nalmente ao seu comprimento. Diz-se, por isso, que a resistência é diretamente

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proporcional ao comprimento do condutor.

Figura 2.31 – Medição co ohmímetro.


1 - Fio de alumínio com o dobro do comprimento;
2 – Ohmímetro (valor de resistência: 55,6 m Ω

Qual a alteração que sofre um fio de alumínio de 1 metro se dobrarmos a


sua seção (por ex.: dois fios ligados em paralelo)?

Figura 2.32 – Seções diferentes.


1 seção inicial;
2 seção dobrada;
3 seção triplicada.

A resistência do fio de alumínio com o dobro da seção é metade da


resistência do outro fio de alumínio. Com o triplo da seção obtém-se um terço da
resistência. A resistência de um condutor é tanto maior quanto menor for a área
de sua seção. Diz-se que a resistência de um condutor é inversamente
proporcional à área de sua seção. Resultado: A resistência de um condutor
depende do material, do comprimento e da secção do mesmo. Isto se equaciona
da seguinte forma:

R=ρ.L
A

Os componentes que são utilizados nos circuitos com o objetivo de


oferecerem uma determinada resistência à passagem de corrente, são chamados
de resistores. Os resistores são fabricados de formas e características diferentes,
dependendo da aplicação a que se destinam. O seu valor pode ser indicado

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alfanumericamente, ou por meio de anéis de cores diferentes gravados nas


mesmas. Os outros valores de identificação de um resistor são a sua tolerância
(porcentual) e a potência, indicada em Watts.

Figura 2.33 – Resistores.


1 Inscrição;
2 Anéis de cores.

2.5.2 Resistência e temperatura

A resistência de um material condutor varia com a temperatura. O carbono


e a maioria dos resistores são melhores condutores quando aquecidos. Por esse
motivo, são também denominados "condutores a quente". Existe, no entanto, um
pequeno número de materiais resistores como, por exemplo, o titanato de bário,
que são melhores condutores quando frios. A sua resistência eleva-se com o
aumento da temperatura, e são designados de "condutores a frio".

Figura 2.34 – Medição com ohmímetro.


1 Fio de cobre a 20º C;
2 Ohmímetro ;
Valor da resistência R= 27,8mΩ.

O coeficiente de temperatura indica de quantos ohms uma resistência de


1Ω se altera, quando a sua temperatura sofre um aumento de 1 K (Kelvin).O
Kelvin (K) é a unidade utilizada para descrever uma diferença de temperatura.

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O coeficiente de temperatura dos condutores a quente é negativo, uma vez


que a sua resistência diminui com o aumento da temperatura. A alteração da
resistência de um material submetido a aquecimento depende da resistência
inicial, do coeficiente de temperatura e da temperatura final.

Figura 2.35 – Medição com ohmímetro.


1 Fio de cobre a 120ºC;
2 Bicos de calor (Bunsen);
3 Ohmímetro;
Resistência R = 139 Ω.

2.5.3 Tipos de resistor

2.5.3.1Resistores de valores fixos

Resistores fixos são aqueles cujo valor de resistência não pode ser
alterado. Essa característica depende do material empregado e de sua
construção. Um exemplo são os resistores de enrolamento de fio: enrolamento de
fio com uma resistência especial. Destinam-se a serem utilizados para elevadas
potências ou como resistores de precisão. Outro exemplo são os resistores de
película de carbono: possuem como base um corpo cerâmico cilíndrico, revestido
com uma camada de carbono, que constitui a resistência propriamente dita. Estes
resistores servem para praticamente todas as aplicações.
Resistores de óxidos metálicos: possuem como base um elemento
cilíndrico de cerâmica, revestido com uma camada de óxido metálico que por sua
vez é revestido com uma camada de silicone. Esta construção toma estes
resistores praticamente indestrutíveis em termos mecânicos.
Resistores de película metálica: possuem como base um suporte, por
exemplo, de vidro endurecido, no qual é depositada uma camada de metal
precioso. Estes resistores distinguem-se pela sua elevada precisão e
confiabilidade.

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Os resistores fixos têm, entre outras, as seguintes utilizações nos veículos


automóveis:
■ resistores de compensação (balast) no injetor do sistema CFI;
■ resistores de compensação (balast) para a bobina de ignição;
■ resistores das velas de ignição;
■ resistores para controle da velocidade da velocidade do eletroventilador
do sistema de arrefecimento;
■ resistores para o controle da velocidade do ventilador de circulação do ar
interno do habitáculo.

Figura 2.36 - Resistores de compensação


(balast) de um injetor do sistema CFI

Na prática, os resistores limitam a intensidade de corrente elétrica através


de determinados componentes. A ilustração mostra detalhes construtivos de um
resistor de filme de carbono (carvão):

Figura 2.37 – Exemplo de resistor de filme de carbono (carvão).

Durante a construção, uma película fina de carbono (filme) é depositada


sobre um pequeno tubo de cerâmica (dissipador de calor). O filme resistivo é
enrolado em hélice por fora do tubinho num processo em uma máquina

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automática até que a resistência entre os dois extremos fique tão próxima quanto
possível do valor que se deseja. São acrescentados terminais (um em forma de
tampa e outro em forma de fio) em cada extremo e, a seguir, o resistor é
recoberto com uma camada isolante. A etapa final é pintar (tudo
automaticamente) faixas coloridas transversais ou numericamente para indicar o
valor da resistência. Resistores de filme de carbono (popularmente, resistores de
carvão) são baratos, facilmente disponíveis e podem ser obtidos com valores de
(+ ou -) 10% ou 5% dos valores neles marcados (ditos valores nominais).
Resistores de filme de metal ou de óxido de metal são feitos de maneira similar
aos de carbono, mas apresentam maior acuidade em seus valores. Podem ser
obtidos com tolerâncias de (+ ou-) 2% ou 1% do valor nominal. Há algumas
diferenças nos desempenhos de cada um desses tipos de resistores, mas nada
tão marcante que afete o uso deles em circuitos simples.

Figura 2.38 – Localização das faixas que determinam o valor do resistor.

Figura 2.39 – Tabela para conversão de valores.

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Exemplo:

Figura 2.40 – Exemplo de valor de um resistor.

PRIMEIRA FAIXA em um resistor é interpretada como o PRIMEIRO


DÍGITO do valor ôhmico da resistência do resistor. Para o resistor mostrado
acima, a primeira faixa é amarela, assim o primeiro dígito é 4.
A SEGUNDA FAIXA dá o SEGUNDO DÍGITO. Essa é uma faixa violeta,
então o segundo dígito é 7.
A TERCEIRA FAIXA é chamada de MULTIPLICADOR e não é interpretada
do mesmo modo. O número associado à cor do multiplicador nos informa quantos
"zeros" devem ser colocados após os dígitos que já temos. Aqui, uma faixa
vermelha nos diz que devemos acrescentar 2 zeros. O valor ôhmico desse
resistor é então 4.700 ohms, quer dizer, 4.700Ω
Ω ou 4,7 kΩ
Ω.

A QUARTA FAIXA (se existir), um pouco mais afastada das outras três, é a
faixa de tolerância. Ela nos informa a precisão do valor real da resistência em
relação ao valor lido pelo código de cores. Isso é expresso em termos de
porcentagem. A maioria dos resistores obtidos nas lojas apresenta uma faixa de
cor prata, indicando que o valor real da resistência está dentro da tolerância dos
10% do valor nominal. A codificação em cores, para a tolerância é a seguinte:

COR MARROM VERMELHO OURO PRATA

TOLERÂNCIA + ou – 1% + ou – 2% + ou – + ou –
5% 10%

Figura 2.41 – Tabela de tolerâncias para a quarta faixa de cor.

Nosso resistor apresenta uma quarta faixa de cor OURO. Isso significa que
o valor nominal que encontramos 4 700Ω
Ω tem uma tolerância de 5% para mais
ou para menos. Ora, 5% de 4 700Ω
Ω são 235Ω
Ω, então, o valor real de nosso

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resistor pode ser qualquer um dentro da seguinte faixa de valores: 4.700Ω


Ω- 235Ω

Ω e 4.700Ω
= 4.465Ω Ω + 235Ω Ω. A ausência da quarta faixa indica uma
Ω = 4.935Ω
tolerância de 20%.

Exercícios de fixação:

1-Como serão as cores para um resistor de valor nominal 12 ohms?

Resposta: Será: marrom, vermelho e preto.

A cor preta (0) para a faixa do multiplicador indica que nenhum zero (0 zeros)
deve ser acrescentado aos dois dígitos já obtidos.

2-Dê os valores ôhmicos nominais dos resistores que apresentam as seguintes


faixas de cores:

(A) laranja, laranja, preto


(B) cinza, vermelho, ouro
(C) laranja, laranja, preto, vermelho

2.5.3.2 Resistores variáveis

Os resistores variáveis (reguláveis) são normalmente chamados de


potenciômetros. Trata-se normalmente de resistores de carbono ou de fio.
Um contato rotativo sobre o resistor (ou sobre o enrolamento do fio) dotado
de uma ligação elétrica, permite selecionar o valor de resistência desejada dentro
da faixa total do resistor. Desta forma, altera-se também a tensão através do
contato rotativo. Assim, o potenciômetro também pode ser utilizado como divisor
de tensão. Os potenciômetros possuem normalmente um eixo de ligação entre o
contato rotativo e o botão de acionamento. Desta forma pode-se facilmente
efetuar regulagens durante sua utilização.

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Figura 2.42 – Resistor variável.


1 Sensor da posição da borboleta do
acelerador;
2 Borboleta fechada;
3 Faixa de resistência;
4 Borboleta completamente aberta;
5 Contato rotativo.

2.5.3.2.1 Trimpot

Ajustam-se com uma chave de fenda para um determinado valor que


permanece constante ao longo do seu funcionamento. No entanto, com o decorrer
do tempo o valor se altera e, a regulagem pode ser novamente efetuada.

Reostato

Figura 2.43:
1 Símbolo de resistência variável
2 Diagrama
3 Símbolo do potenciômetro
4 Diagrama
UV Tensão de alimentação
UA Tensão de saída

Resistores variáveis, normalmente construídos com fios enrolados, sobre


os quais desliza-se um contato ligado à alimentação, variando a resistência e
como conseqüência, a tensão e a corrente. Os resistores variáveis têm as
seguintes utilizações nos automóveis:
■ resistor variável do sensor do tanque de combustível (nível combustível);
■ resistor variável da iluminação do painel de instrumentos (reostato);
■ resistor variável do intervalo de funcionamento do limpador de pára-
brisas.

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2.5.3.2.2 Resistores não lineares (não ôhmicos)

Tratam-se de resistores variáveis cuja variação não acontece por meios


mecânicos, mas sim por meio de alteração da temperatura, da tensão aplicada ou
da incidência de luz. São alguns deles os termistores (que variam seu valor de
resistência de acordo com a temperatura), varistores (resistores dependentes da
tensão) e LDR (resistores que variam seu valor de resistência em função da
quantidade de luz).

■ termistores (NTC) compõem-se de uma mistura de óxidos metálicos e


cristais mistos oxidados, comprimidos uns contra os outros por um processo de
sinterização e em seguida revestidos com uma camada de vidro ou colocados
num alojamento. Quando estes resistores são aquecidos, a sua resistência
diminui. NTC (do Inglês "Negative Temperature Coefficient" ou coeficiente de
temperatura negativo).

Figura 2.44 - Sensor de temperatura do líquido de


Arrefecimento ( ECT). É um tipo comum de NTC.

Aplicação em automóveis:

• sensor da temperatura do líquido de arrefecimento (ECT)


• sensor da temperatura do ar de admissão (IAT), etc.

Figura 2.45: Gráfico do sensor da


temperatura do líquido de arrefecimento. À
medida que a temperatura aumenta o valor
de resistência do componente diminui.
X - Temperatura do líquido de arrefecimento
em ºC.
Y - Resistência em ohms.

■ termistores (PTC).
Compõem-se de óxidos metálicos e titanato de bário, comprimidos em

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conjunto e depois revestidos com uma camada de vidro e armazenados num


alojamento. Quando são aquecidos e a sua resistência aumenta. PTC (do Inglês
"Positive Temperature Coefficient" ou coeficiente de temperatura positivo).
Utilização nos automóveis:
• pré-aquecimento do ar de admissão dos motores com carburador e injeção
indireta;
• velas de incandescência dos motores a diesel (com injeção indireta ou
países em que a temperatura do ar é baixa. Exemplo: Canadá);
• aquecedor do sensor sonda lambda.

Figura 2.46: Vela de incandescência.

■ resistores dependentes da tensão (VDR). São compostos de pó de


carbonato de silício comprimido por meio de um processo de sinterização e em
seguida colocado num alojamento. Varistores ou VDR (do Inglês "Voltage
Dependent Resistor": resistor dependente da tensão). A partir de uma
determinada tensão (o valor depende do tipo de resistor), a resistência diminui.

Utilização no veículo automóvel:


• estabilização da tensão;
• proteção contra excessos de tensão.

■ resistores sensíveis à luz (LDR). São feitos de materiais semi-condutores


como o antimonieto de índio ou sulfureto de chumbo. A luz que incide nos
materiais resistivos provoca o aumento do número de elétrons livres, reduzindo
conseqüentemente a sua resistência. LDR (do Inglês "Light Dependent Resistor":
resistência dependente da luz).

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Utilização no veículo:
• Medição da intensidade da luz - como luxímetro, durante a regulagem dos
faróis;
• Sensor solar em sistemas de ar condicionado.
• Regulagem do escurecimento do display do retrovisor interno.

2.6 Aplicações do Multímetro

Nos sistemas elétricos dos veículos, o multímetro é essencialmente usado


para medir tensões, correntes e resistências. Nunca esquecer que a forma de
ligar o multímetro ao circuito difere conforme o tipo de medição que se vai efetuar.
Ao utilizar este instrumento, deve-se sempre seguir as instruções do fabricante.
Para se usar o multímetro corretamente é necessário entender algumas
das diferenças entre multímetros digitais e analógicos. Em ambos os casos é,
fundamental usar um multímetro adequado com os acessórios indicados (cabos,
adaptadores se necessário, etc.). Devemos selecionar sempre a unidade de
medição (volts, amperes ou ohms). Quando se seleciona volts e amperes é
necessário verificar sempre se a alimentação é alternada ou contínua.
Os sistemas elétricos do veículo são alimentados por tensão contínua. No
entanto, algumas unidades emissoras e alguns sensores fornecem também
tensões alternadas (por exemplo: sensor da velocidade do veículo e sensor de
velocidade das rodas).
Num multímetro analógico há mais alguns pontos a observar. Antes de
efetuar qualquer medida, a regulagem zero tem de ser verificada e se necessário
corrigida. Verificar também se a medição ocorre corretamente, sob a pena de se
efetuar medições invertidas e consequentemente forçar o ponteiro do marcador.
Nos multímetros digitais esse tipo de problema não ocorre. No caso de seleção
manual de uma escala de medida, é necessário escolher uma faixa suficien-
temente ampla para permitir que a grandeza medida seja mostrada. Se a faixa for
pequena, podem causar danos irreparáveis no instrumento. Em caso de dúvida,
comece selecionando a maior faixa possível. Em seguida (dependendo das leitura
da medida), é sempre possível selecionar uma escala mais baixa. A principio, a
escala mais apropriada para seleção será aquela na qual o ponteiro deflete mais.

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Para se obter valores de tensão, corrente e resistência, é muitas vezes


necessário calcular um dos três. Para isto, pode-se utilizar a lei de Ohm que será
tratada em um capítulo mais à diante.

2.6.1 Utilização do multímetro como voltímetro

Certifique-se de que as pontas de prova são ligadas às conexões de


medição de tensão de acordo com a sua cor (vermelha = positivo, preta = massa).
O botão de seleção deve ser ajustado para tensão continua ou alternada.
Havendo a possibilidade de escolha entre diversas escalas de medição, deve-se
fazer uma estimativa do resultado esperado, de forma a que a escala selecionada
seja suficientemente ampla (tensão do sistema, por exemplo: 12-14 V para
automóveis, 24 V para caminhões; tomada de ligação a tensão alternada 220-230
V). Caso não seja possível fazer uma estimativa da tensão a medir, selecione
sempre a escala máxima e, se necessário, passe em seguida para uma mais
reduzida. Caso isto não seja possível, o valor esperado poderá ser calculado pela
lei de Ohm. Se, ao efetuar uma medição com o multímetro digital, aparecer um "1"
ou "OL" no visor, isso significa que a medição excedeu a escala selecionada.

2.47 – Multímetro como voltímetro.


1 Multímetro;
2 Ligue a ponta de prova vermelha à tomada
identificada com um “V”;
3 Ligue a ponta de prova preta à tomada
identificada com um “⊥” ou “com”;
4 Regule o botão seletor para 20 volts DC (para
veículo);
5 Coloque o botão de ligar e desligar em “ON”.

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Medição de tensão
Para se efetuar medidas de tensão, o voltímetro deve ser ligado em
paralelo com a fonte de tensão ou com o consumidor no qual a queda de tensão
será medida. Se o voltímetro for ligado à bateria, tal como ilustrado na figura 2.48,
é indicado a tensão instantânea, ou seja, a "pressão dos elétrons" instantânea:

Ex: bateria totalmente carregada: cerca de 12,7 V.

2.48 – Ligação em paralelo para medição.


V Utilização do multímetro como voltímetro;
UA Tensão da bateria.

É fácil estabelecer uma comparação entre a medição de tensão e de


pressão. Por exemplo, se ligarmos um manômetro à linha de combustível e se
ligarmos em seguida a bomba de combustível, forma-se pressão dentro do
sistema, a qual é limitada pelo regulador de pressão. A pressão indicada no
manômetro representa a diferença entre a pressão no depósito de combustível
(pressão atmosférica) e a pressão acumulada na linha de combustível por ação
da bomba (por exemplo: 3,5 bar).

Figura 2.49 – Multímetro.


V Utilização do multímetro como voltímetro;
Ug Tensão aplicada;
U2 Tensão do consumidor;
R1/2 Resistores.

2.6.2 Utilização do multímetro como amperímetro

Certifique-se de que as pontas de prova estão corretamente ligadas às


conexões de acordo com a sua cor.

Havendo possibilidade de escolha entre diversas escalas de medida,

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deverá ser feita uma estimativa do resultado esperado, de forma que a escala
selecionada seja suficientemente ampla.
Caso não seja possível fazer uma estimativa da corrente esperada, deve-
se começar sempre por selecionar a escala máxima, passando-se em seguida, se
necessário, para uma menor. Caso isto não seja possível, a corrente esperada
poderá ser calculada pela lei de Ohm. Isto é necessário dado que alguns
multímetros, por exemplo, tem capacidades de corrente até um máximo de 3A
(com fusível) e uma outra para correntes até um máximo de 10 A (sem fusível).
O botão de seleção do modo de funcionamento deve ser colocado em AC
ou DC.

Figura 2.50 – Multímetro como amperímetro.


1 Multímetro;
2 ligue a ponta de prova preta à conexão assinalada
com um “⊥” ou “com”;
3 Ligue a ponta de prova vermelha à conexão identificada
com “A” ou “10A";
4 Com o botão de selação, selecione por exemplo 3ª;
5 Coloque o botão de ligar e desligar em “ON”.

Medição de corrente

Para efetuar medidas de corrente, o multímetro é ligado em série com a


corrente elétrica. Ao ligar um multímetro analógico, é indispensável observar a
polaridade correta, pois se esta não for respeitada o ponteiro deflete na direção
errada, o que pode causar danos ou mesmo destruir o mecanismo ou os
componentes elétricos do multímetro. Já no multímetro digital, a polaridade
incorreta é indicada no visor pelo aparecimento de um sinal de menos à esquerda
do primeiro dígito.

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Figura 2.51 – Ligação em série para medição.


A Utilização do multímetro como amperímetro;
IT Corrente total.

O resultado de uma medida de corrente indica o número de elétrons que


atravessam o condutor por unidade de tempo. Por exemplo, quando a corrente é
de1A, isto significa que a seção do condutor é atravessada pelo extraordinário
número de 6,24 x 1018 = 6.240.000.000.000.000.000 elétrons por segundo.
A medição da corrente elétrica pode ser comparada à medição de água
através de um relógio na entrada de nossa residência, o hidrômetro. O relógio de
água encontra-se incorporado no tubo de abastecimento de água da casa, ou
seja, está ligado em série. Se, por exemplo, abrirmos uma torneira, o relógio
determina a quantidade de água que corre até a torneira ser fechada. É fácil
entendermos a medição de uma corrente elétrica se imaginarmos que cada
elétron corresponde a uma gota de água.

Figura 2.52 – Circuito elétrico.


UT Tensão total
IT Corrente total
I ½ Correntes aplicáveis
A utilização do multímetro como amperímetro

2.6.3 Utilização do multímetro como ohmímetro

Certifique-se de que as pontas de prova estão corretamente ligadas às


conexões de acordo com a sua cor. O botão de seleção do modo de
funcionamento deve ser regulado para medição de resistência. O multímetro
possui alimentação de tensão própria (normalmente uma bateria interna) que
fornece a tensão necessária à medida. A escala, por exemplo, fornece a unidade
de medida de uma bobina móvel que é calibrada em Ohms. Na sua maioria, os

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multímetros analógicos têm de ser ajustados para "O Ω" antes de se efetuar
quaisquer medidas. Para isto é necessário ligar as duas pontas de prova
diretamente uma a outra e ajustar o "O Ω". Nos multímetros digitais este ajuste é
feito automaticamente.
Quanto maior é a resistência, menor é a corrente que a percorre. É por
esse motivo que a escala começa em = Ω (resistência infinita). Na outra
extremidade da escala, encontra-se O Ω (zero Ohm). A escala do ohmímetro
cresce ao contrário da escala do amperímetro.

Figura 2.53 – Multímetro como ohmímetro.


1 Multímetro;
2 Ligue a ponta de prova vermelha à conecção
assinalada com um “Ω”;
3 ligue a ponta de prova preta à tomada identificada
com um “⊥” ou “com”;
4 Com o botão de seleção, selecione por exemplo 20KΩ;
5 Coloque o botão de ligar e desligar em “ON”.

Medida de resistência

Os componentes e circuitos a serem medidos têm de se encontrar sem


alimentação (tensão) no momento da medida. Caso isto ocorra, não é possível
evitar erros de medição e, na pior das hipóteses, o multímetro sofrerá danos
irreparáveis.
O valor de um resistor também pode ser determinado por meio de medidas
de corrente e tensão. Em vez de se medir diretamente o resistor, sua resistência
calculada com base nos valores de corrente e tensão medidos (aplicamos então a
Lei de Ohm). Este método é também conhecido por medição indireta da
resistência.

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Figura 2.54 – Ligação em paralelo para medição.


R1 Resistência;
Ω Utilização de multímetro como ohmímetro;
RT Resistência medida.

Com a ajuda de um ohmímetro, é possível efetuar uma medida direta de


resistência. Todos os instrumentos de medida possuem uma pilha, que deve
fornecer uma tensão constante mesmo sob carga. Efetuando-se uma medida,
esta tensão é aplicada ao resistor através das pontas de prova do ohmímetro. A
tensão provoca uma corrente que o ohmímetro transforma num valor de
resistência.
Ao efetuarmos a medida de um resistor num circuito complexo, devemos
tomar precauções para que só esse resistor seja medido, e não o total desse com
outros eventualmente ligados em paralelo. Assim, sempre que possível, o
circuito desse resistor deverá ser isolado ou este, retirado do circuito.

Figura 2.55 – Circuito elétrico.


U Tensão;
R½ Resistores;
R2 Resistores medida individualmente;
Ω Utilização do multímetro como ohmímetro.

Freqüentemente precisamos apresentar medidas com unidades elétricas


muito grandes ou muito pequenas, e para tanto nos socorremos do sistema

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métrico.Uma divisão comum de unidades menor que um é o MILI. O mili é usado


para indicar um milésimo (0,001 ou 1/1000) e é identificado pela letra "m":
■ 15 mA = 0,015 amperes;
■ 650 mV = 0,65 volts.
Para indicar medidas maiores, se usa o KILO e o MEGA. Kilo indica
multiplicação por 1.000 e é identificado pela letra "K". Mega indica multiplicação
por 1 milhão e é identificado pela letra "M":
■ 15 KΩ = 15.000 ohms;
■ 25 KV = 25.000 volts;
■ 10 MΩ = 10.000.000 ohms.

2.7 Análise de Circuitos Elétricos

A seguir iniciaremos um estudo básico de análise de circuitos. Essa análise


não entra em cálculos numéricos. Apenas nos faz compreender como os
elementos estudados até agora podem interagir entre si. Neste item também são
fornecidos conceitos importantes relativos aos circuitos elétricos.

Figura 2.56 – Circuito básico

O fluxo de corrente elétrica necessita de um caminho completo da fonte de


tensão (algumas vezes referida simplesmente como B+) até a carga que está
sendo energizada pela eletricidade e daí de volta para a massa. Este caminho é
chamado de circuito.
Os elementos básicos em um circuito incluem (vide figura 2.57):

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■ Um controle;
■ Proteção do circuito;
■ Uma carga (consumidor);
■ Fonte de tensão;
■ Ligação com a massa.

Figura 2.57 – Circuito com controle com a instalação de um interruptor (liga desliga da lâmpada).

Para tomar um circuito mais utilizável, deve-se adicionar um dispositivo de


controle. Um interruptor em um circuito completa o caminho e permite o fluxo de
corrente quando está fechado. Quando o interruptor está aberto, o caminho é
interrompido e a corrente não flui. A localização do interruptor em um circuito
simples em série não faz diferença. Se o caminho é interrompido, a corrente não
pode circular de maneira alguma.

Interruptor - Um dispositivo utilizado como controle LIGA/DESLIGA em um


circuito elétrico.
Em alguns casos, pode haver um fluxo de corrente muito alto em um
circuito. Não havendo um meio de proteção, um curto-circuito, por exemplo,
provoca um excesso de corrente, muitas vezes superior ao que o circuito pode
suportar. Neste caso, a fiação se sobreaquece e funde. Para prevenir esta
possibilidade, um circuito deve conter um protetor de circuito, como um fusível
ou disjuntor.

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Figura 2.58 – Circuito com proteção

Disjuntor - Um dispositivo que protege um circuito contra sobrecarga.


Fusível - Um dispositivo de proteção colocado em um circuito e que se
funde e interrompe o fluxo de corrente, quando ocorre uma condição de
sobrecarga.
Protetor de circuito - Um dispositivo semelhante a um fusível ou disjuntor
que é projetado para abrir um circuito na ocorrência de sobrecarga.

Figura 2.59 – Circuito com carga: farol.

Uma carga é definida como um dispositivo em um circuito elétrico que


converte fluxo de corrente em calor, luz ou movimento.

Exemplos de cargas:
■ Desembaçador traseiro - calor - Lâmpada – luz;
■ Motor-movimento.

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Carga - Dispositivo em um circuito elétrico que realiza trabalhos.

A massa (terra) é a parte do circuito que completa o caminho de volta para


a fonte de tensão após a carga. Neste ponto, a tensão está em seu mais baixo
potencial (relativo a zero) no circuito. Em um veículo, não é prático haver fios -
massa retornando para a bateria para cada sistema. Em veículos modernos, o
lado negativo da bateria geralmente é conectado à massa. A maioria dos circuitos
é completada com um corpo de massa que usa a carroçaria do veículo, motor ou
chassis como caminho de retorno para a fonte de tensão. O aço nestas partes
dos veículos fornece um excelente caminho para a corrente elétrica.

Figura 2.60 – Circuito: massa ou aterramento

Massa - A parte do circuito que completa o caminho de volta para a fonte


de tensão após a carga.
Corpo de massa - Usa a carroceria do veículo, chassis ou motor para
aterrar um circuito.

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Os dispositivos elétricos necessitam para sua operação de um caminho


completo da fonte de tensão até o dispositivo e deste para o massa. Este caminho
circular é chamado de circuito fechado. Na maioria dos circuitos básicos, é
necessário um condutor da fonte de tensão até a carga e outro condutor
retornando para a fonte de tensão, como um fio massa.
Circuito fechado - Um caminho completo da fonte de tensão para uma
carga elétrica ou dispositivo e daí de volta para a fonte de tensão através de um
massa.
Se o lado da fonte de tensão ou do massa são desconectados da carga, o
circuito está interrompido. Em razão de não mais haver um caminho completo, a
corrente não fluirá. Ao circuito nesta condição, se chama de circuito aberto.
Nesta situação, a tensão está disponível no circuito até o ponto de interrupção.
Todavia, não é realizado trabalho porque não há fluxo de corrente.
Circuito aberto - Uma condição em que o caminho do circuito é
interrompido e a corrente não pode fluir.
As interrupções podem ser planejadas ou não. Diversos exemplos de
interrupções aparecem acima. Em cada um desses casos, a corrente não flui
porque o caminho dos condutores para a massa foi interrompido. Um circuito em
que o interruptor está localizado entre a fonte de tensão e a carga é entendido
como lado da alimentação interrompido. A tensão é disponível até o interruptor,
não estando disponível para a carga, quando o interruptor é aberto.
Lado da alimentação interrompido - Um circuito em que o interruptor
está localizado entre a fonte de tensão e a carga.
Um interruptor do lado do massa está localizado entre a carga e o
massa. A tensão está disponível na carga, já que existe um caminho para a
carga. A corrente não fluirá e a carga não poderá operar quando o circuito estiver
aberto.

Nota:

É importante distinguir entre interrupção do lado da alimentação e do lado


da massa ao se diagnosticar um circuito.
Lado da massa interrompido - Um circuito em que o interruptor está
localizado entre a carga e o massa.
Um curto ao massa é a condição em que um caminho indesejável é criado

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entre o lado positivo de um circuito e o lado do massa. Quando isto ocorre, a


corrente flui paralelamente à carga. É importante notar que uma corrente elétrica
sempre prefere fluir através de um caminho que ofereça a menor resistência.
Enquanto que a resistência produzida por uma carga limita o fluxo de corrente em
um circuito, um curto permite um grande fluxo de corrente, o que normalmente
interrompe o fusível.
Curto ao massa - Uma condição em que um caminho indesejável é criado
entre o lado positivo do circuito e o lado do massa.
Um curto com a alimentação é também um caminho não planejado para
o fluxo de corrente. No exemplo acima, um caminho foi criado paralelamente ao
interruptor do circuito, diretamente para a carga. Isto provoca o acendimento da
lâmpada, mesmo com o interruptor aberto.
Curto com a alimentação - Uma condição em que um caminho
indesejável para a alimentação da carga está presente.

Interruptores

Figura 2.61 – Exemplo de um interruptor articulado de ligueta.

Os interruptores são controles DESLIGA/LIGA que operam abrindo ou


fechando o circuito. Os interruptores podem ser operados manualmente ou
automaticamente através de condições do circuito ou do veículo. Podem ser
normalmente abertos ou normalmente fechados. Normalmente aberto (N. A.)

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significa que na posição de repouso ou usual do interruptor o mesmo abre o


circuito. A figura 2.61 representa um exemplo de interruptor normalmente aberto.
Normalmente fechado (N. F.) significa que na posição de repouso ou usual do
interruptor o mesmo fecha o circuito.
Um interruptor articulado de lingüeta é o tipo mais simples de
interruptor, fechando ou interrompendo o circuito de um condutor simples.
Normalmente aberto - Quando a posição de repouso do interruptor abre o
circuito.
Normalmente fechado - Quando a posição de repouso do interruptor
fecha o circuito.
Interruptor articulado de lingüeta - Completa ou interrompe a corrente
num condutor simples ou circuito.

Figura 2.62 – Interruptor de mercúrio.

Um interruptor de mercúrio (fig. 2.62) é usado para detectar a posição do


componente. Um exemplo é o interruptor de mercúrio usado no compartimento de
bagagem para operar a lâmpada da tampa do porta-malas. Dentro do interruptor,
uma cápsula contém mercúrio (condutor). Em uma das extremidades da cápsula
há dois contatos elétricos. Assim que a tampa é aberta, o mercúrio flui para a
extremidade da cápsula, fechando os contatos, completando o circuito da
lâmpada.
Interruptor de mercúrio - Um interruptor que contém uma cápsula
parcialmente preenchida com mercúrio, o qual completa ou interrompe os
contatos conforme se inclina o interruptor.

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Figura 2.63 – Interruptor de contato momentâneo

O interruptor de contato momentâneo (fig. 2.63) é do tipo de operação


por botão e mola de retomo, de tal forma que o circuito só se fecha através da
aplicação de pressão sobre o botão. Cessada a pressão, a mola provoca o
retomo do botão, abrindo o circuito. Um exemplo disto é o botão da buzina.
Interruptor de contato momentâneo - Um interruptor com mola de retomo
que mantém os contatos abertos (ou fechados) exceto quando se pressiona o
botão.

Figura 2.64 – Interruptor sensível a temperatura.

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Um interruptor sensível à temperatura (fig. 2.64) geralmente contém um


elemento bimetálico que é aquecido eletricamente ou por outro componente onde
o interruptor é usado como sensor. Como exemplo cita-se o interruptor de
temperatura de arrefecimento do motor. Quando o líquido de arrefecimento atinge
a temperatura limite o elemento bimetálico enverga-se, fechando os contatos do
interruptor. Dessa forma a lâmpada de advertência se acende no painel.
Interruptores sensíveis à temperatura também são usados como
interruptores de retardo em circuitos como os de desembaçadores da janela
traseira.
Interruptor sensível à temperatura - Um interruptor que contém um
elemento bimetálico que fecha ou abre o circuito quando o interruptor é aquecido.
Os interruptores tem um ou mais pólos (entradas) e transferências (saídas).
Por exemplo, um interruptor de pólo simples e transferência dupla tem uma
entrada e duas saídas.
Um interruptor que tem dois ou mais braços de contato que operam em
conjunto a partir de um controle simples é identificado como um interruptor
conjugado.
Pólos - Entradas de um interruptor.
Transferências - Saídas de um interruptor.
Interruptor conjugado - Um interruptor que tem dois ou mais braços de
contato operando em conjunto a partir de um controle simples.

Figura 2.65 – Exemplo de uma central elétrica próximo


à bateria.
1 Fusível de proteção de 30A para o sistema eletrônico
de injeção (EFI).
2 Fusível de 40A do comutador de ignição (IGN).
3 Fusível de 50A de alimentação geral dos serviços
(J/B2).
4 Fusível de 60A de alimentação geral dos serviços
(J/B1).
5 Fusível de proteção de 60A do ABS.
6 Fusível de 40ª/30ª do eletroventilador do motor.

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A distribuição de energia geralmente começa na central elétrica (fig. 2.65).


A central elétrica para energia de alta corrente normalmente está localizada sob o
capuz, próximo da bateria, enquanto que os fusíveis para baixa corrente estão
num painel de junção de fusíveis sob o painel de instrumentos ou no
comparada do porta-luva.

Figura 2.66 – Painel de junção


de fusíveis, ou caixa de
fusíveis. Também
denominada de central
elétrica de fusíveis.
1 ao 28 fusíveis de proteção de
vários sistemas elétricos do
veículo.

Ambos são projetados para fornecer energia para vários circuitos. Em


veículos modernos, o conjunto de fusíveis é distribuído em circuitos diretamente
da bateria e outros controlados pela chave de ignição. Para reduzir a quantidade
de fios na base dos fusíveis, os circuitos da bateria e os da ignição são ligados à
uma barra para distribuição à vários sistemas através dos fusíveis. Quando ocorre
um curto no circuito, o alto fluxo anormal de corrente derrete um condutor
especialmente projetado no fusível. Dessa forma o circuito é interrompido,
protegendo a fiação e os componentes contra fluxo excessivo de corrente.
Nota:
Ao trocar fusíveis, sempre consulte o Manual de Serviços ou o Manual para
Diagnóstico de Falhas Elétricas para ter certeza de fazer as substituições dentro
das especificações exatas.
Nunca substitua um fusível por outro de maior capacidade.
Painel de junção de fusíveis - Um quadro que fixa os fusíveis para
fornecer energia a um grande número de circuitos.
Barra - Um ponto e distribuição de energia.
Fusível - Um dispositivo de proteção colocado em um circuito que se
derreterá, interrompendo o fluxo de corrente quando da existência de uma
sobrecarga.

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Os disjuntores são instalados em circuitos que possam sofrer sobrecargas


temporárias e nos quais é importante o rápido restabelecimento da alimentação.
Há dois tipos de disjuntores geralmente usados em aplicações automotivas:
cíclicos e não-cíclicos.
Os disjuntores cíclicos contém uma lâmina composta de dois materiais
diferentes. Quando aquecidas cada uma se expande de maneira diferente.
Quando o fluxo de corrente aumenta excessivamente, a lâmina bimetálica se
curva em função do aquecimento provocado pelo excesso de corrente, abrindo os
contatos. Com o circuito aberto, não há fluxo de corrente e assim a lâmina
bimetálica se esfria e como conseqüência se contrai, fechando novamente os
contatos. Na operação real, os contatos se abrem muito rapidamente. Se a
sobrecarga permanece, o ciclo (abertura e fechamento) do disjuntor se repete até
que a condição de sobrecarga seja corrigida.
Em um disjuntor não-cíclico, uma bobina de fio é enrolada em um braço
bimetálico, que mantém um caminho de alta resistência no circuito mesmo depois
de se abrirem os contatos. O calor da bobina não permite que a lâmina bimetálica
se esfrie o suficiente para fechar os contatos até que a fonte de alimentação seja
removida do circuito. Quando a alimentação é removida, a lâmina se esfria e o
circuito é restabelecido. Este tipo de disjuntor não pode ser usado em circuitos
cruciais como o dos faróis, porque um curto temporário provocará a falta de
alimentação até que o disjuntor possa ser rearmado.
Disjuntor - Um dispositivo que protege um circuito contra sobrecargas.
Disjuntor cíclico - Um dispositivo de proteção que abre um circuito
quando ocorre uma sobrecarga, restabelecendo o circuito assim que cessa a
sobrecarga.
Disjuntor não-cíclico - Um dispositivo de proteção que abre o circuito
quando ocorre uma sobrecarga. A alimentação deve ser desligada para se
rearmar o disjuntor.

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Figura 2.67 – Fio fusível.

Um fio fusível se compõe de um fio curto, normalmente dois calibres


menor do que a fiação do circuito. É feita de uma liga de cobre que tem ponto de
fusão mais baixo do que o fio normal de cobre do mesmo calibre.
O fio fusível é instalado próximo da fonte de alimentação e geralmente é
usado para proteger grandes porções da fiação do veículo em lugares onde
fusíveis ou disjuntores não são práticos.

Nota:
O fio fusível é coberto com um isolante resistente ao calor e não inflamável,
cuja aparência pode não se alterar significativamente com o rompimento da
ligação. Para um teste adequado deve se usar um voltímetro. Atualmente os fios
fusíveis estão se tomando menos comuns nos novos veículos. Estão sendo
substituídas por "mega" fusíveis localizados na caixa de distribuição.
Fio fusível - Um dispositivo de proteção colocado em um circuito, que se
fundirá e impedirá o fluxo de corrente ao cortar uma sobrecarga.

2.8 A lei de Ohm

A lei de Ohm expressa a relação entre corrente, tensão e resistência.

Experiência
Ligue um resistor de 100 Ω a uma alimentação variável de tensão contínua.
Meça a corrente com tensões de 2 V, 4 V, 6 V e 8 V.
Correntes medidas com as diferentes tensões indicadas:

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U= 2V I = 0,02 A (20 mA),


U= 4V a corrente I = 0,04 A (40 mA),
U= 6V obtida é de I = 0,06 A (60 mA),
U= 8V I = 0,08 A (80 mA).

Nota: U = V (unidade de medida de tensão)


Observe que a corrente aumenta na mesma proporção que a tensão. Por
outras palavras: a corrente e a tensão são diretamente proporcionais. Assim,
uma tensão elevada implica que é exercida uma pressão elevada sobre os
elétrons livres. Estes se movimentam mais depressa, originando um fluxo maior
de corrente. Quanto maior for a tensão que atravessa um resistor, maior é a
corrente.

Experiência
Ligue resistores de 22 Ω, 47 Ω, 100 Ω e 1 KΩ a uma fonte de tensão
contínua de 12 V. Efetue as diversas medições de corrente.
Sendo a resistência de:
R = 22 Ω I = 0,5A
R = 47 Ω a corrente I = 0,25A
R = 100 Ω obtida é de I = 0,12A
R = 1k Ω I = 0,012A

Sendo a tensão constante, a corrente comporta-se de forma oposta à


resistência. Se dobrarmos a resistência, a corrente diminui pela metade; se
quadruplicarmos a resistência obtemos um quarto da corrente, etc.. Quanto maior
for a resistência, menor é a corrente; ou seja: a corrente é inversamente
proporcional à resistência.
Em resumo: a corrente elétrica depende da tensão e da resistência. A
corrente elétrica I é tanto maior quanto maior for a tensão V e quanto menor for a
resistência R. A combinação destas afirmações permite-nos estabelecer a
equação a qual se dá o nome de Lei de Ohm.
I=U
R

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Ou, se invertermos a ordem dos fatores:

U=I.R

R=U
I
Com base na lei de Ohm é possível determinar um fator conhecendo os
outros dois.
A equação I = V/R ou I = U/R é a definição para a resistência e se aplica a
todos os dispositivos condutores, quer obedeçam ou não à Lei de Ohm. A Lei de
Ohm diz que: uma corrente elétrica fluindo em um dispositivo condutor é
diretamente proporcional à diferença de potencial aplicada ao dispositivo.
Portanto, a principal característica da Lei de Ohm é que a corrente I é linear à
tensão V, desde que o campo elétrico não seja muito forte e o dispositivo
condutor tenha resistência ôhmica.
Com o tempo e o uso, a equação da resistência I = V/R ficou conhecida
como sendo a definição da Lei de Ohm, o que não corresponde aos princípios
explicados.

Para simplificar:

Quando a tensão (U ou V) é constante:


■ O fluxo de corrente diminui quando a resistência aumenta.
■ O fluxo de corrente aumenta quando a resistência diminui.

Quando a resistência (R) é constante:


■ O fluxo de corrente aumenta quando a tensão aumenta.
■ O fluxo de corrente diminui quando a tensão diminui.

Quando o fluxo de corrente (I) é constante:


■ A tensão aumenta quando a resistência aumenta.
■ A tensão diminui quando a resistência diminui

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2.9 A Potência Elétrica

Observe o exemplo a seguir: a turbina de uma central hidroelétrica é tanto


mais potente quanto maior for a altura da queda d'água e a quantidade de água
que passa através dela por segundo.

Figura 2.68 – Potencia.


1- Água ( ponto de partida );
2- Água corrente;
3- Central hidroelétrica com turbina;
4- Água ( ponto da queda );
5- Altura da queda (energia potencial
armazenada).

Assim, podemos afirmar que a potência elétrica será maior quanto mais
elevada for a tensão mantendo o valor da resistência.
Calcula-se a potência elétrica com base na tensão e na corrente:
P=U.I ou P=V.I
Se relacionarmos esta dedução com a lei de Ohm, obtemos a seguinte
equação:

P = U2 P = V2
R R
ou
P = I2 . R P = I2 . R

Assim, é possível calcular a potência conhecendo-se apenas a corrente e a


resistência ou a tensão e a resistência.
A unidade da potência elétrica (P) é o watt (W).
A potência é um dado de extrema importância num veículo, visto que o
consumo é indicado em watts em diversos consumidores (por exemplo, as
lâmpadas). Quando o motor está ligado a tensão de alimentação é de cerca de
14V (decorrente da alimentação proporcionada pelo gerador ou alternador, que
será assunto numa próxima unidade), e a corrente aproximada pode ser
deteminada com base na equação da potência.

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Nota:
No caso de corrente contínua, a potência elétrica pode ser sempre
calculada por meio da fórmula P = U . I; se a corrente for alternada, esta só se
aplica a resistências ôhmicas.

2.10 Circuitos

Os circuitos podem ser caracteriados quanto à ligação de seus


componentes em 3 diferentes tipos: circuitos série, circuitos paralelo e circuitos
mistos.

2.10.1 Ligações em série

Num circuito em série, os consumidores são ligados uns a seguir dos


outros de forma tal que são atravessados pela mesma corrente.

2.10.1.1 Características da corrente em um circuito série

Experiência 1

Ligue duas lâmpadas de igual potência em série a uma fonte de tensão (fig.
2.69). Meça a corrente antes, entre e depois das duas lâmpadas; compare os
resultados.

Figura 2.69– Experiência de ligação em circuito


série.
1 - Lâmpada;
2 - Fonte de tensão;
A - Amperímetro.

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Os três resultados medidos são idênticos e indicam a mesma corrente.


Numa ligação em série, a corrente é igual em todos os pontos do
circuito porque não há lugar nenhum por onde se possa ramificar (dividir).

2.10.1.2 Queda de tensão em um circuito série

Figura 2.70 – Representação de queda de tensão em um circuito hidráulico

Em qualquer circuito é consumida energia da fonte de tensão ao se


percorrer o caminho da fonte até a massa. A isto se chama queda de tensão. A
tensão consumida em um circuito, ou queda de tensão, é sempre igual à tensão
da fonte.

A queda de tensão é resultado da resistência em qualquer componente.


Existem quedas de tensão intencionais como nos casos em que a tensão é
consumida para produzir trabalho.
Em outros circuitos, como no do motor de ventilador, a queda de tensão
não se deve apenas a carga representada pelo motor, quando, por exemplo, se
adicionam resistores ao circuito, para efeito de controle da velocidade do ventila-
dor. Esse conjunto de resistores produz uma resistência e faz com que a carga
(motor) produza trabalho variável. Exemplo: regulagem da velocidade da
ventilação interna de um automóvel.

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Em muitos casos, a queda de tensão é um defeito do circuito. Quando os


fios ou conectores ganham mais resistência além da intencional, o aumento de
resistência consome tensão (reduzindo a corrente) que deveria estar disponível
para a carga.

Queda de tensão - Mudança da pressão elétrica entre dois pontos


quaisquer do circuito. O valor da queda de tensão entre dois pontos em um
circuito será determinado pela resistência das cargas do circuito bem como do
número de cargas no circuito.

Experiência 2
Ligue dois resistores diferentes (por exemplo 47 Ω e 100 Ω) em série a
uma fonte de tensão. Meça a tensão total e a tensão que atravessa os resistores.
O que acontece?
No circuito em série, cada resistor recebe apenas uma parte da tensão
total, a qual é dividida pela resistência existente (Segunda lei de Kirchhoff, que
será comentada posteriormente, no capítulo 2.10.4).

Figura 2.71 – Experiência de ligação em circuito série.


1- Resistência R=47Ω;
2- Resistência R=100Ω;
3- Fonte de tensão;
4- Voltímetro.

Num circuito em série, a soma das tensões parciais é igual à tensão total.
U = U1 + U2 + U3 + ...
2.10.1.3 Comportamento da resistência em um circuito série

Experiência 3
Ligue dois resistores em série. Com um ohmímetro, meça a resistência
total (RT). O que acontece?
Em seguida acrescente resistores ao circuito.

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Figura 2.72 – Experiência de ligação em


circuito série.
1 - Resistor R1= 1KΩ;
2 - Resistor R2= 2,2KΩ;
3 - Resistor R3= 4,7KΩ.

Qual a equação que podemos retirar desta dedução?


Numa ligação em série, a resistência total é igual à soma das resistências
individuais.
RT = Rl + R2 + R3...
À resistência total dá-se também o nome de resistência equivalente ("de
substituição"). Esta pode substituir as resistências individuais. A resistência
equivalente recebe a mesma corrente que as resistências individuais ligadas em
série.

Experiência 4

Ligue dois resistores de 100 Ω figura 2.72) em série a uma tensão de 12 V.


Com o voltímetro, meça as tensões parciais. Em seguida, repita a experiência
com resistores de 1 kΩ; 2,2 kΩ e de 10 kΩ.
O que acontece?

Figura 2.73 – Experiência de ligação em


circuito série.
U- Tensão de alimentação: 12V;
1 - Resistor R = 100Ω;
2 - Resistor R = 100Ω;
V - Voltímetro;
U1 - Tensão no primeiro resistor;
U2 - Tensão no segundo resistor.

Se compararmos as tensões parciais com as resistências individuais,


constatamos que a tensão U1 está para o resistor R1 assim como a tensão U2 está
para o resistor R2.

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Experiência 5
Dois resistores – R1 = 100 Ω e R2 = 300 Ω - são ligadas em série a uma
fonte de alimentação de 12 V. Calcule a corrente e a tensão parcial para cada um
dos resistores. Em seguida calcule o comportamento das tensões parciais e das
resistências individuais.

Figura 2.74 – Experiência de ligação em Circuito série.


I - Corrente;
R1 - Resistor, 100Ω;
R2 - Resistor, 300Ω ;
UT - Tensão total;
U1 - Tensão no resistor R1;
U2 - Tensão no resistor R2.

Solução:

R = R1 +R2
R = 100 Ω + 300 Ω = 400 Ω
I = U IR
I = 12 V / 400 Ω = 0,03 A = 30 mA
U1 = I . R1

U1 = 0,03 A. 100 Ω = 3 V
U2 = 0,03 A . 300 Ω = 9 V
U = U1 + U2 = 3 V + 9 V = 12 V

Num circuito em série, a tensão mais elevada corresponde à maior


resistência.
Exemplos da utilização de ligações em série no automóvel:
Ligações em série de alimentações de tensão - as células individuais de
uma bateria são ligadas em série, o que resulta numa tensão de 12 V. Ligação de
resistores em série (divisão de tensão) no módulo de injeção eletrônica para
obtenção de informações diversas (por ex.: temperatura do motor). Controladores
da velocidade de sistemas como ventiladores de fluxo do ar interno.

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Consumidores, como lâmpadas, muito raramente são ligados em série, dado que
a falha de um só componente iria provocar a interrupção do circuito por completo.

2.10.2 Leis das ligações em paralelo

Num circuito em paralelo, os nós do mesmo tipo (ou seja, positivo ou


massa) de consumidores ou fontes de tensão estão ligadas entre si. Assim, todos
os consumidores ligados em paralelo estão ligados à mesma fonte de tensão,
sendo que cada um deles pode ser ligado ou desligado independentemente dos
outros.

Experiência 1
Ligue dois resistores diferentes - 22 Ω e 100 Ω por exemplo - em paralelo a
uma fonte de tensão. Meça a tensão nos resistores e na fonte e compare-as.

Figura 2.75 – Experiência de ligação em paralelo.


Ug – Fonte de tensão;
R1 – Resistência de 22Ω;
R2 – Resistência de 100Ω;
U – Tensão total;
U1 – Tensão no resistor R1;
U2 – Tensão no resistor R2.

Num circuito cujas cargas são ligadas em paralelo com a fonte, esses
consumidores são todos alimentados com a mesma carga.

Experiência 2
Monte o circuito da figura 2.76. Meça agora a corrente que percorre o
resistor de 22 Ω e a de 100 Ω. Em seguida meça a corrente total deste circuito. A
que conclusão podemos chegar?
Figura 2.76 – Experiência de ligação em
paralelo.
Ug – Fonte de tensão;
R1 – Resistor de 22Ω;
R2 – Resistor de 100Ω;
I1 – Corrente que percorre R1;
I2 – Corrente que percorre R2;
IT – Corrente total.

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1 - A corrente total é superior à que flui através de um dos resistores.


2 -A corrente que flui através do resistor de menor valor de resistência é
maior. E a corrente elétrica que flui através do resistor de maior valor de
resistência é menor.
Num circuito em paralelo, a corrente total é igual à soma das correntes
individuais:
IT = I1 + I2 + ...

Num circuito em paralelo as correntes comportam-se de forma inversa às


respectivas resistências.

Experiência 3
Ligue um ohmímetro a um resistor de 10 KΩ (fig. 2.77). Em seguida
introduza mais três resistores em paralelo: primeiro um de I KΩ, em seguida um
de 100Ω e finalmente um de 22Ω. Observe o ohmímetro. O que acontece?

Figura 2.77 – Experiência de ligação em pararelo.


Ω – Ohmímetro;
R1 – Resistor de 10 K Ω;
R2 – Resistor de 1 K Ω;
R3 – Resistor de 100 Ω;
R4 – Resistor de 22 Ω.

Observação: o valor da resistência total é sempre inferior ao valor da


resistência de valor mais baixo.
À resistência total de um circuito de resistores em paralelo dá-se o nome
de resistência equivalente. Sendo a tensão a mesma, a corrente da resistência
equivalente é a mesma do que a dos resistores individuais ligados em paralelo.
Num circuito em paralelo, a resistência equivalente é sempre menor do que
a menor resistência individual. Em outras palavras:

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O valor inverso da resistência total é igual à soma dos valores inversos das
resistências individuais.

1 = 1 + 1 + 1 + ...
RT R1 R2 R3

Com n resistores iguais em paralelo (n = n° de resistores) a resistência


equivalente do circuito em paralelo é equivalente à enésima parte de um resistor
individual.

R= R1
n

2.10.3 Circuitos mistos

Um circuito em que os consumidores estão ligados em série e em paralelo


tem o nome de circuito misto. Na sua forma mais simples, o circuito misto possui
três resistores. Estes podem ser montados de duas formas.
A resistência equivalente de um circuito misto pode ser determinada
substituindo as ligações em série e em paralelo pelas resistências equivalentes
correspondentes. Este método de simplificar o circuito deve ser feito até o circuito
consistir numa ligação simples em série ou em paralelo.

Exemplo

Os resistores R1 = 330 Ω / R2 = 47 Ω / R3 = 100 Ω estão ligados de acordo


com a opção 1 da figura 2.78. Qual é a resistência equivalente R?

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Figura 2.78 – Circuito misto com três resitores


1 – Opção 1
2 – Opção 2

Solução
O resistor R1 está montado em série, com os resistores R2 e R3, que estão
montados em paralelo (primeira ligação na figura 2.79). Aplicando a equação 1/RE
= 1/R2 + 1/R3 obtemos o valor da resistência equivalente deste circuito em
paralelo.

1/REQ = 1/47 Ω + 1/100 Ω

REQ = 32 Ω

A resistência equivalente de todo o circuito é obtida pela ligação em série


de R1 e RE segundo a equação seguinte:
R = R1 + RE = 330 Ω + 32 Ω
R = 362 Ω

Figura 2.79 – Simplificação de um circuito misto

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2.10.4 Leis de Kirchhoff – “Lei dos Nós” (Gustav Robert Kirchhoff 1824-1887)

1ª lei de Kirchhoff

A soma das correntes que se reúnem numa junção (nó) é igual à soma das
correntes que se afastam dele.
Por outras palavras: a soma das correntes é igual à corrente total.

IT = I1 + I2 + I3 + ... + IN

2ª lei de Kirchhoff
Num circuito fechado, a soma das tensões geradas é igual à soma das
tensões consumidas.
UT = U1 + U2 + U3 + ... + UN

2.10.5 Geração de tensão por meio de reação eletroquímica - baterias

A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que


tem a capacidade de se transformar em energia elétrica quando solicitada.
Logo, ao contrário do que comumente se acredita, as baterias não são
depósitos de energia química, até que um circuito seja conectado em seus pólos
dando origem a uma reação química que ocorre em seu interior, convertendo
essa energia química em elétrica que é então fornecida ao circuito.
As principais funções das baterias são:
1 – Fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida;
2 – Prover, de corrente elétrica, o sistema de ignição durante a partida;
3 – Suprir de energia as lâmpadas das lanternas de estacionamento, e
outros equipamentos que poderão ser usados enquanto o motor não está
operando;
4 – Agir como estabilizador de tensão para o sistema de carga e outros
circuitos elétricos;
5 – Providenciar corrente quando a demanda de energia do automóvel

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exceder a capacidade do sistema de carga.

As partes principais de bateria são as seguintes:


1 – Caixa a prova de ácidos (feito de borracha rígida ou plástico);
2 – Placas negativas;
3 – Placas positivas;
4 – Separadores;
5 – Solução ou eletrólito (mistura composta de ácido sulfúrico e água).

Figura 2.80 – Partes principais de uma bateria.

2.10.5.1 Cuidados e manutenção

Perda de carga:
As baterias armazenadas sofrem uma perda constante de carga, mesmo
que não sejam solicitadas para nenhum uso. Essa autodescarga como é
chamada, varia em função da temperatura. Por exemplo: Uma bateria à
temperatura de 35°C poderá perder totalmente sua carga em pouca mais de um
mês, enquanto que uma bateria armazenada à temperatura de 10°C pouco
perderá em um ano.
Tanto a umidade como a sujeira sobre a bateria podem provocar uma fuga
de corrente entre os terminais da bateria e o chassis do automóvel, que provocam
sua descarga.
O ácido que se desprende de bateria além de causar sua descarga pode
também atacar as chapas do automóvel. Portanto, é bastante importante manter

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os pólos e a bateria sempre limpos e secos.


Nível do eletrólito:
Uma pequena diminuição no nível do eletrólito da bateria, temporariamente
pode ser considerada normal. a evaporação e a ação química no processo de
carga libertam átomos da água. Como por exemplo: no processo de carga existe
a eletrólise da água, que liberta átomos de hidrogênio e de oxigênio que escapam
pelos furos de respiros das tampas.
O nível do eletrólito da bateria deve ser verificado periodicamente (a cada
15 dias) e se necessário ser corrigido. Para isso, deve-se adicionar SOMENTE
água destilada, até completar 1,5 cm acima das placas, não confundir com a
altura dos separadores. Muitas baterias trazem na tampa uma marca do nível
correto do eletrólito.
Limpeza: o ácido que se desprende da bateria pode atacar a chapa do
automóvel. Portanto, é importante manter a bateria e seus pólos sempre limpos e
secos. Para esta limpeza utilize uma solução de água e bicarbonato de sódio.
Uma bateria limpa fica livre de inconvenientes de funcionamento e sua
autodescarga diminui.

2.10.5.2 Classificação das baterias

As baterias possuem vários tipos de classificação ou especificações


técnicas. As principais usadas atualmente são:

Tensão Nominal
É a d.d.p. que deve existir entre os terminais da bateria. Em automóveis
são utilizadas baterias cuja tensão nominal é 12V. Entretanto, é comum medir
nestas baterias uma tensão de aproximadamente 12,6V e existir uma pequena
diferença entre a tensão nominal e a real.

Capacidade nominal
Este parâmetro indica a quantidade de carga que uma determinada bateria
armazena, e é dado em A x h (amperes x hora). De acordo com o fabricante é a
corrente que a bateria pode fornecer continuamente durante 20h de descarga a

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26,5°C, sem que a sua tensão caia abaixo de 10,5V.


Exemplo:
Uma bateria de 45 Ah deve fornecer continuamente uma corrente de
2,25A, durante o tempo de 20h, sem que sua tensão caia abaixo de 10,5V. (2,25A
x 20h = 45Ah)

Desempenho a frio (Cold Cranking Amperes - CCA)


É a corrente máxima que uma bateria pode fornecer durante 30 segundos
de partida, mantendo uma d.d.p. maior que 7,2V.

2.10.5.3 Testes

Os principais testes a serem efetuados em uma bateria são:

■ teste de densidade;.

■ teste de descarga rápida.

Teste de densidade
Para efetuar o teste, deve-se medir a densidade em cada elemento da
bateria e anotar os valores. A diferença máxima de leitura entre os elementos não
pode superar 50. Se isto acontecer a bateria deve ser substituída.
O teste de densidade deve ser efetuado com o auxílio de um densímetro e
a uma temperatura de 26,5°C. Antes do teste, observe os seguintes detalhes:
1 - Não adicionar água à bateria quando em teste. Porém, se o nível do
eletrólito necessitar de correção, adicione água. Deixe a bateria recarregar por
10min e depois faça o teste;
2 - Observar se a bóia do densímetro está se movimentando livremente,
para evitar erros de leitura.
Na figura a seguir (figura 2.81), mostra uma tabela para um teste de
densidades e o estado de carga de uma bateria.

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Figura 2.81 – Teste de densidade.

Teste de descarga rápida


Antes de realizar este teste, verificar se a bateria está com pelo menos
50% de carga.
Este teste permite verificar o comportamento da bateria quando altas
correntes são exigidas. Para isto, utiliza-se um equipamento específico, que
chamaremos de AVR (amperímetro, voltímetro e reostato).

Figura 2.82 – Teste de descarga rápida.

Por meio do reostato, o AVR permite regular a intensidade da corrente de


descarga na bateria. Esta corrente de teste deve ser igual à especificada pelo
fabricante da bateria. Na prática, a corrente de teste pode ser calculada
multiplicando-se a capacidade nominal da bateria por 3.
Para realizar o teste, deve-se aplicar esta corrente durante 15seg. Ao final
deste tempo, a tensão observada entre os terminais da bateria deve “ser maior ou

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igual a 9,6V. O quadro abaixo traz um resumo do teste”:

Corrente de Teste = 3 vezes a capacidade nominal da bateria


Tensão ≥ 9,6V
Tempo = 15 seg.

É importante consultar, sempre, o manual do equipamento antes do teste.

2.10.5.4 Recarga da bateria

Quando o estado de carga da bateria tiver se esgotado completamente por


descarga, a bateria pode ser recarregada. Isto é feito passando uma corrente
elétrica através da bateria do positivo para o negativo, em vez de negativo para
positivo, como na descarga. O processo de carga inverte a ação química e
recupera o eletrólito ao seu estado anterior à descarga. Os métodos de recarga e
os tipos de recarregadores variam muito. Qualquer que seja o método e
equipamento utilizado, a recarga deve ser feita com cuidado a fim de obter os
resultados corretos e evitar danos às baterias e possíveis ferimentos pessoais.

Cuidado: Instruções específicas acompanham cada recarregador de


bateria e devem ser seguidas na íntegra. As instruções de segurança fornecidas
pelo fabricante não devem ser desconsideradas pelo operador.

Antes de recarregar uma bateria descarregada, inspecione e corrija as


seguintes condições, se existentes:
■ Correia do alternador solta;
■ Chicote do alternador/regulador de tensão prensado ou aterrado;
■ Conexões soltas do chicote no alternador e/ou regulador de tensão;
■ Conexões soltas ou corroídas na bateria, relé do motor de partida e/ou
terra do motor;
■ Fuga excessiva de corrente da bateria.

Os três princípios básicos de recarga da bateria são:


■ Recarga lenta;
■ Recarga rápida;
■ Recarga de potencial constante.

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Em termos simples, a recarga lenta envolve uma corrente aplicada durante


um longo período. A recarga rápida é o oposto - alta corrente durante um tempo
relativamente curto. Se uma recarga rápida for prolongada - mais que 2 horas -
sérios danos poderão resultar à bateria.

Recarga lenta
O método de recarga lenta oferece duas vantagens importantes:
■ É o método preferencial para restabelecer uma bateria a plena carga;

■ Uma vez que a corrente de carga é relativamente lenta, as


probabilidades de danos por sobrecarga são minimizadas.

A recarga lenta deve ser feita a uma taxa igual a um por cento da
capacidade de partida a frio da bateria (cerca de 3 a 5 A, dependendo do
tamanho da bateria). A recarga não deve ser interrompida até que a bateria esteja
a plena carga. O tempo médio de recarga é de 12 a 16 horas, mas pode ser de
até 24 horas ou mais.

Recarga rápida
A recarga rápida tem o objetivo de trazer o estado de carga da bateria,
dentro de um curto período de tempo, até um nível que possibilite à bateria
executar sua função crítica: acionar o motor. A recarga rápida, no entanto, não
recarrega a bateria plenamente, portanto, deve ser seguida de um período de
recarga lenta.

Uma bateria descarregada que recebeu uma carga rápida, somente dará
partida no motor por poucas vezes. Portanto, voltará a ficar descarregada
rapidamente. O sistema de carga do veículo demora de 6 a 8 horas de uso no
veículo para completar a carga de uma bateria completamente descarregada.
Considerando que uma taxa excessivamente rápida de recarga pode
danificar a bateria, o tempo de recarga deve ser cuidadosamente controlado. O
método recomendado de recarga rápida é usar o ajuste "Automático" dos
recarregadores equipados com o mesmo. Esse ajuste mantém a taxa de recarga
dentro de limites seguros ao ajustar automaticamente a tensão e a corrente,
impedindo a formação excessiva de gases e respingos do eletrólito. O tempo de

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recarga dependerá do tamanho da bateria e do estado de carga. Baterias


automotivas completamente descarregadas requerem aproximadamente de 2 a 4
horas para que sejam recarregadas à um estado de serviço normal.

Recarga de potencial constante


Os recarregadores de potencial constante iniciam a recarga a uma taxa
alta. À medida que a tensão da bateria aumenta, a taxa de recarga é reduzida
para um valor menor, dependendo do desenho do recarregador e da condição,
tempo de vida e temperatura da bateria. Uma bateria em boas condições não é
prejudicada por esse tipo de recarga. Uma bateria muito sulfatada, no entanto,
pode não atingir plena carga de maneira normal nesse tipo de recarregador.

Figura 2.83 – Exemplo de recarregador de baterias.

2.11 Magnetismo

Chamamos de magnetismo a propriedade que certas substâncias possuem


de atrair corpos de ferro, níquel ou cobalto. A estas substâncias denominamos
imãs. Os imãs podem ser encontrados de forma permanente, que retêm a
propriedade magnética por tempo indeterminado, e também na forma de imã
temporário, que têm duração limitada.

Figura 2.84 – Limalha de ferro sendo atraída pelos pólos de um imã.

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Por convenção, as linhas de força partem do pólo norte, por fora do imã, e
penetram no pólo sul, mantendo um campo de atração chamado “campo
magnético”.

Figura 2.85 – Campo magnético em torno do imã.

Então: campo magnético é a região do espaço onde se manifesta a força


magnética. Como as linhas de força partem sempre do pólo norte para o pólo sul,
então pólos de mesmo nome se repelem e pólos de nomes diferentes se atraem.

Figura 2.86 – Forças de atração e repulsão entre os pólos dos imãs.

Se cortarmos um imã em duas partes, cada uma destas partes constitui um


novo imã.

Figura 2.87 – Imã cortado em várias partes.

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2.11.1 A bobina

Figura 2.87 – Condutores transportando corrente


- corrente fluindo para trás
- Corrente fluindo para frente
- linhas de campo
- Condutor transportando corrente
- Condutores paralelos que se atraem
- Condutores paralelos que se repelem

As cargas em movimento geram um campo magnético, ou seja, um


condutor atravessado por corrente encontra-se envolvido por um campo
magnético (1).
Dois condutores em paralelo atravessados por uma corrente que flui na
mesma direção, atraem-se (2). Se as direções da corrente forem opostas, os
condutores repelem-se (3).
Uma bobina compõe-se de enrolamentos de fio individuais e isolados uns
dos outros. Quando uma corrente atravessa a bobina, as linhas do campo
magnético de cada um dos enrolamentos individuais combinam-se. Por exemplo,
no interior de uma bobina cilíndrica existe um campo magnético homogêneo. Se
inserirmos um núcleo de ferro no núcleo da bobina, este é magnetizado e
fortalece o campo magnético.
Se a fonte de tensão for desligada, o campo magnético desaparece.
A unidade da força do campo magnético, também conhecida por
indutância, é o Henry (H). Na prática, as bobinas apresentam uma indutância
muito menor do que 1 Henry. As unidades de medida comuns são as seguintes:

1 milihenry (mH) = 0,001 H


1 microhenry(µH) = 0,000 001 H
1 nanohenry (nH) = 0,000 000 00 1 H

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Figura 2.88 – Bobina com campo eletromagnético.


1- Bobina cilíndrica;
2- Fonte de tensão;
3- Linhas de campo;
N- Pólo norte magnético;
S- Pólo sul magnético.

O relé constitui um exemplo prático da aplicação do efeito magnético.


Quando uma bobina é percorrida por corrente, forma-se nela e no seu
núcleo de ferro um campo magnético, que provoca a atração do braço de contato
em direção à bobina, fechando-se em conseqüência os contatos elétricos do
circuito. Se a alimentação de corrente à bobina for interrompida, desfaz-se o
campo magnético. Com a ajuda de uma mola de retomo, o braço de contato
regressa à sua posição inicial e o circuito é aberto.
Nos veículos, os relés são usados para inúmeras funções, essencialmente
para a transferência de altas correntes. Além disso, a conversão de impulsos
elétricos em movimento mecânico pode ser utilizada, por exemplo, nas válvulas
de solenóide.
Quando o campo magnético se desfaz, surge uma contratensão muito
elevada nos componentes atuadores (válvula de solenóide, válvula do ar de
pulsação). Esta contratensão (tensão de indução) tem de ser mantida baixa por
meio de circuitos adequados.

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Figura 2.89 – Funcionamento de um relé.


1 - Braço de contato com contato elétrico;
2 - Bobina com núcleo de ferro;
3 - Mola de retorno;
4 - Ligação à fonte de tensão.

2.11.2 Geração de tensão por indução magnética ou eletromagnética

Em qualquer condutor que atravesse em campo magnético é induzida uma


tensão. Os elétrons livres do condutor movem-se juntamente com este. Sobre
qualquer partícula carregada que se mova num campo magnético, é exercido uma
força designada por força de Lorenz (Lorenz: cientista holandês). Isso resulta em
que os elétrons livres do condutor são conduzidos para um dos seus lados. Gera-
se assim excesso de elétrons de um lado do condutor e escassez do outro lado,
onde cria-se uma tensão entre as extremidades do condutor.

Figura 2.90 – Geração de tensão por indução.


1 –Movimento;
2 - Enrolamento condutor de fio de cobre;
3 - Imã permanente;
4- Campo magnético.

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Figura 2.91 - Alteração da tensão


representada em onda senoidal.
1 – Amplitude;
2 - Oscilação total = 1 ciclo = T;
U - Tensão em volts;
t - Tempo em segundos (s).

A direção da tensão induzida depende da direção de movimentação (1) do


condutor (2) e da orientação do campo magnético (4). A tensão resultante da
indução (indicada pelos pólos positivo e negativo no indutor) muda constante-
mente de intensidade e polaridade, e recebe a designação de tensão alternada
(veja figura acima 2.91). A tensão alternada aumenta de O V até ao seu valor
positivo máximo (amplitude) e cai em seguida abaixo da linha dos O V para o seu
valor negativo máximo, regressando depois novamente aos O V, e assim
sucessivamente. Ao número de vezes por unidade de tempo (segundos) que
estas oscilações acontecem dá-se o nome de freqüência.

A unidade da freqüência é o Hertz (Hz).

f=1
T

2.11.2.1 Princípio magnético de funcionamento do gerador

Tal como acontece com a geração de tensão alternada trifásica, a tensão


alternada trifásica é gerada em combinação com um movimento rotativo. Existem
três bobinas idênticas em círculo defasadas de 120°. Segundo a lei da indução, a
rotação do rotor induz tensões senoidais em AC (corrente alternada) igual à
disposição das bobinas, e as tensões nelas induzidos são também desfasadas de
120°. Estão ligadas entre si em estrela ou em triângulo, e são retificadas por meio
de diodos (os diodos serão abordados no capítulo 2.10.10 e capítulo 4).

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Figura 2.92 – Princípio de funcionamento do gerador.


1 - Estator com enrolamentos;
2 - Rotor com enrolamentos de excitação;

Figura 2.93 – Tensão alternada trifásica na saída do gerador

2.11.3 Emissor de indução

Nos automóveis, os emissores de indução são usados na medida de


velocidades de rotação (por exemplo, sensor da velocidade das rodas, do sistema
ABS) ou como marcas de referência (por exemplo, sensor da posição da árvore
de manivelas).
Uma unidade emissora por indução consiste essencialmente num núcleo
magnético e uma bobina. Estas unidades são montadas a uma distância fixa de
uma roda ou disco geradores de impulsos. A rotação da roda emissora de
impulsos altera o campo magnético; esta alteração induz uma tensão alternada na
bobina da unidade emissora, tensão essa que é transmitida à unidade de
controle.

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O valor e a freqüência da tensão gerada são determinados essencialmente


pela velocidade de rotação e pela distância entre o sensor e a roda geradora do
impulso. A distância é dada pela posição de montagem no veículo.

Figura 2.94 – Emissor de indução.


1 - Imã permanente;
2 - Alojamento;
3 - Bloco do motor;
4 - Núcleo de ferro ;
5 - Enrolamento ( bobina );
6 - Roda dentada com marcas de
referência.

2.11.4 Indução e auto-indução

Quando a força do campo magnético que atua sobre a bobina se altera, é


induzida uma tensão na bobina. Pode-se observar o mesmo efeito num condutor
que é movido perpendicularmente a um campo magnético em relação às linhas
de campo (ver também "Geração de tensão por indução").
A direção da tensão induzida e da corrente depende da direção da
alteração do fluxo magnético. A direção da tensão induzida pode ser determinada
com ajuda da lei de Lenz; segundo esta, a corrente induzida é sempre orientada
de forma que o seu campo magnético contrário à força da tensão induzida, ou
seja, tenta sempre impedir a atuação da força que lhe dá origem.

Figura 2.95 – Indução e auto-indução.


1 - Campo magnético em torno do
condutor;
2 - Campo magnético do ímã;
3 - Direção do movimento.

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As alterações do fluxo magnético não só induzem uma tensão em outros


condutores ou bobinas, como na própria bobina que gera o campo magnético.
Este processo tem o nome de auto-indução.
Quando se liga um circuito de corrente contínua que inclui uma bobina,
forma-se um campo magnético que induz uma tensão de auto-indução na bobina.
Esta tensão só se verifica enquanto o fluxo magnético da bobina está em
alteração. Assim que o campo magnético atinge a sua potência máxima, a tensão
auto-induzida baixa para 0 volts.

Figura 2.96 – Indução e auto-indução.


1 – Força inibidora.
2 – Campo magnético do ímã;
3 – Direção do movimento.

A tensão auto-induzida que surge imediatamente após o circuito ser ligado


contraria a respectiva causa, ou seja, a bateria, ou a tensão nos terminais. Esta
tensão é também chamada indução mútua; atrasa a formação do campo
magnético. A corrente total não se manifesta enquanto a tensão auto-induzida
não atingir o zero. A magnitude da tensão auto-induzi da depende da rapidez com
que a corrente - e, por conseguinte o campo magnético se altera.
Quando a fonte de tensão contínua é desligada, surge uma tensão auto-
induzida que contraria a quebra imediata do campo magnético. Dado que a
rapidez da alteração da tensão (ou intensidade de campo) é muito maior quando
a fonte está sendo desligada do que ligada, a tensão auto-induzida daí resultante
também é muito maior.
Na tecnologia automotiva, este efeito é usado em sistemas tradicionais de
ignição por bobina. A partir de relativamente pequena tensão da bateria, gera-se
uma tensão induzida de 300-400 V, que é depois transformada na bobina da
ignição numa tensão de ignição da ordem dos quilovolts.

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Figura 2.97 – Tensão induzida


1 - Enrolamento secundário da bobina de
ignição
2 - Enrolamento primário da bobina de
ignição
3 - Campo magnético
4 - Ruptor (platinado)
Ip - Corrente primária
Up - Tensão auto-induzidalcircuito primário
Us - Tensão auto-induzidalcircuito
secundário

2.11.5 O transformador

O transformador é constituído por dois enrolamentos num núcleo


magnético comum de ferro. O enrolamento de entrada (enrolamento primário)
recebe corrente alternada ( energia elétrica). Esta energia é transferida para o
núcleo magnético em forma de fluxo magnético, o qual induz uma tensão no
enrolamento de saída (enrolamento secundário). Quando se liga uma resistência
de carga ao enrolamento secundário, há um fluxo de corrente secundária.
O valor da tensão secundária depende da relação entre o número de
espiras do enrolamento primário e do enrolamento secundário, bem como da
tensão primária. Se, por exemplo, a relação for de I: I, a tensão secundária (UA) é
igual à tensão primária (UE), e a corrente secundária (IA) é igual à corrente
primária (IE). Se, por exemplo, a relação for de 1 :2, UA é o dobro de UE e IA
metade de IE.

Nota:
No exemplo dado, o rendimento do transformador é de "1" quando, na
realidade, situa-se entre 0,8 e 0,98 dependendo do modelo.

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Figura 2.98 – Transformador.


1 - Fluxo magnético alternado;
2 - Núcleo de ferro macio laminado;
3 - Bobina secundária: UA = 1000 V, IA = 2A;
4 - N° de espiras do enrolamento
secundário: 100;
5 - N° de espiras do enrolamento primário:
10;
6 - Enrolamento primário: por exemplo, UE =
100 V, IE = 20 A;
RL - Resistência de carga.

2.11.6 Motores Elétricos

Os motores são dispositivos que convertem energia elétrica em movimento.


Podem atender uma abrangente gama de requisitos de serviço, que incluem, por
exemplo, partida, aceleração, deslocamento, freio, retenção e parada de uma
carga, etc. Além disso, podem ser de corrente alternada (AC) ou de corrente
contínua (DC). Um motor de corrente contínua simples (fig. 2.99) consiste de um
ímã permanente em formato de ferradura com uma bobina ou armadura montada
de tal forma que possa girar entre os pólos do ímã. Um comutador inverte a
corrente (de uma bateria) da bobina a cada meia volta. A rotação da bobina é
conseqüência de um condutor energizado em um campo magnético.

Figura 2.99 – Funcionamento de um motor elétrco

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2.12 Capacitores

O capacitor compõe essencialmente de dois condutores elétricos (por


exemplo, placas metálicas), separados por um material isolador (um dielétrico),
Quando o capacitor é ligado a uma tensão contínua, ocorre um fluxo de
corrente de carga por breves momentos, durante os quais a fonte de tensão
absorve elétrons de uma das placas e comprime-os para a outra.

Figura 2.100 - Construção básica de um


condensador.
1 – Material isolador (por exemplo, papel
endurecido)
2 – Ligação elétrica
3 – Placas metálicas

Se a origem da tensão
aplicada for desligada, o capacitor permanece carregado por um curto período de
tempo. Isso significa que o capacitor possui capacidade de armazenamento de
carga elétrica.
Se, por exemplo, o capacitor for descarregado através de uma resistência,
há um fluxo de corrente que é chamada de corrente de descarga.
A capacidade de um capacitor (capacitância) será maior quanto maior for a
constante dielétrica, a área das placas, e quanto menor for a distância entre elas.

Figura 2.101 - Carregamento das placas


metálicas.
1 – Fonte de tensão
2 – Interruptor
3 – Placa de metal
4 – Placa isoladora
IL - Corrente de carga
IE – Corrente de descarga

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2.12.1 A unidade da capacitância é o Farad (F)

No entanto, esta unidade é grande para os valores que ocorrem nas


utilizações práticas, e normalmente usam-se as seguintes unidades:
1 microfarad (µF) = 0,000 00 1 F
1 nanofarad (nF) = 0,000 000 00 1 F
1 picofarad (ρF) = 0,000 000 000 001 F
Os capacitores são produzidos com desenhos e características muito
diversas, dependendo da aplicação a que se destinam. São identificados por meio
de uma inscrição indicando a capacidade e a tensão máxima admissível, ou por
meio de um código de cores. As cores diferentes indicam a capacidade, a tensão
máxima admissível e a tolerância dos capacitores; cada cor corresponde a um
determinado valor de tolerância ou de tensão.

Figura 2.102 – Identificação de valor de


capacitância.
1 – Inscrição;
2 – Anéis coloridos.

O tempo necessário para carregar um capacitor depende da resistência R


do circuito e da capacitância C. O produto de R.C constitui uma boa medida da
velocidade de carga. A este produto dá-se o nome de constante de tempo
(símbolo τ = tau).

Um capacitor carregado funciona como uma fonte de tensão com uma


resistência interna. Por esse motivo, um capacitor deve sempre ser descarregado
através de uma resistência.

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Figura 2.103 - Curva de carga de um


capacitor.
U (ou V) - Tensão;
τ - Constante de tempo;
I – Corrente.

Figura 2.104 - Curva de descarga de um capacitor.


U (ou V) – Tensão;
τ - Constante de tempo;
I - Corrente.

2.12.2 Tipos de capacitores

Os capacitores devem possuir uma capacidade elevada dentro de um


tamanho tão pequeno quanto possível. A capacitância de um capacitor fixo não
pode ser alterada.

Figura 2.105 – construção de um capacitor


de papel.
1 – Folha de papel;
2 – Ligações elétricas;
3 – Folhas metálicas.

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Capacitores de folha de papel e de plástico

As armaduras do capacitor enrolam-se com folha fina de metal com folha


de papel. Para evitar curto-circuitos entre as camadas durante o processo de
enrolamento, é utilizada uma camada suplementar de papel isolador. Este rolo é
então inserido num tubo ou num receptáculo de alumínio, e selado com massa de
vedação. Os capacitores de folha metálica compõem-se de duas tiras de papel,
metalizadas por vácuo (como zinco, por exemplo).

Os capacitores de folha de plástico possuem este material como dielétrico.


As armaduras são constituídas por folha de alumínio ou camadas de metal com
as quais o plástico foi metalizado. As suas capacidades vão de alguns ρF até
valores da ordem dos µF. As suas tensões nominais vão de 30 a 1000 V.
Os capacitores de cerâmica possuem um corpo de cerâmica que atua
como dielétrico. Ambas as superfícies do corpo de cerâmica de paredes finas são
metalizadas com um metal nobre. Existem capacitores cerâmicos com uma
tensão nominal de até 400 V.

Figura 2.106 – Capacitores de plástico e


cerâmica.
1 – Capacitores de folha de plástico;
2 – Capacitores de cerâmica.

Os capacitores eletrolíticos possuem como dielétrico uma camada de óxido


cuja espessura é de apenas alguns milésimos de milímetros. O eletrôdo positivo
(ânodo) é composto por uma folha de alumínio que foi revestido com uma camada
de óxido por processos eletroquímicos. O eletrôdo negativo (cátodo) é um
eletrólito que protege o dielétrico poroso e sensível do contato direto com o
recipiente metálico. Este, que acomoda o ânodo e o eletrólito, completa o circuito.

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Ao ligar capacitores eletrolíticos é indispensável observar a polaridade


correta ("+" e "-") afim de evitar a sua destruição.
Os capacitores encontram utilizações diversas nos automóveis - no sensor
MAP, por exemplo, como elemento determinador da freqüência, no temporizador
da luz do habitáculo, em filtros de interferências, módulos de controle, sistemas
de ignição, etc.

Figura 2.107 – Capacitor.


1 – Capacitor eletrolítico;
2 – Pólo negativo (-);
3 – Pólo positivo (+).

Com o envelhecimento do eletrólito ou do dielétrico, os capacitores


eletrolíticos perdem a sua capacidade. Dependendo da sua aplicação, isto pode
resultar na deterioração da eficiência do filtro e na alteração da temporização
indicada.
No sensor MAP, a alteração da capacidade pode resultar numa alteração
da freqüência de saída, o que poderá originar um consumo mais elevado ou
dificuldades na partida do motor. Contudo, um sinal fora da faixa de
funcionamento normal, ou mesmo a falha total da unidade, são reconhecidos pelo
módulo da injeção eletrônica de combustível.

2.12.3 Ligação de capacitores em série

As capacitâncias dos capacitores ligados em série são iguais, dado que a


soma das tensões dos capacitores é igual à tensão total aplicada (U = U1 + U2 ..)..

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Figura 2.108 – Ligação em série de capacitores.

Quando os capacitores estão ligados em série, a capacitância total é


sempre menor do que a menor capacidade individual.

1 = 1 + 1 + 1 + ...
Cg C1 C2 C3

2.12.4 Ligação de capacitores em paralelo

Quando os capacitores estão ligados em paralelo, a capacitância total é


igual à soma das capacitâncias individuais.

Figura 2.109 – Ligação em série de capacitores.

Cg = C1 + C2 + C3+...

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2.13 Generalidades Sobre Semicondutores

Os semicondutores são sólidos cujos átomos se encontram dispostos em


padrões regulares, ou seja, que possuem uma estrutura cristalina. Próximos do

zero absoluto (-273 °C), os semicondutores puros atuam como isoladores. No


entanto, à temperatura ambiente tomam-se condutores, ainda que em pequena
escala.
Em termos de condutividade, estes materiais encontram-se entre os metais
e os isolantes, e são denominados semicondutores.
Para explicar a forma como os componentes do semicondutor funcionam,
utilizaremos o silício como exemplo, pois trata-se do material semicondutor mais
amplamente usado. Os processos atômicos são semelhantes ao do germânio e
de outros materiais semicondutores.

Na órbita mais externa do átomo de silício encontram-se quatro elétrons


aos quais se dá o nome de elétrons de valência. Cada elétron de valência
pertence ao seu próprio átomo e ao átomo mais próximo, o que liga os átomos
entre si (ligação de par eletrônico).
À temperaturas muito baixas, o elétron de valência não pode sair da sua
posição na rede cristalina, pois nessas temperaturas, o cristal não conduz.

2.110 - Figura Átomo de silício.


1 – Primeira órbita – 2 elétrons;
2 – Segunda órbita – 8 elétrons;
3 – Terceira órbita – 4 elétrons (de 18
possíveis);
4 – Núcleo.

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Figura 2.111 - Si - Átomo de silício.


1 – Elétron de valência;
2 – Ligação de par eletrônico;
3 – Representação simplificada.

À temperatura ambiente, os átomos dos semicondutores oscilam na rede


cristalina. Desse modo alguns elétrons separam-se dos seus átomos e
movimentam-se livremente na rede cristalina. Se for aplicada uma tensão à rede
cristalina, estes elétrons movem-se do pólo negativo para o pólo positivo da fonte
de tensão. Aos elétrons que se movimentam livremente no cristal dá-se o nome
de elétrons condutores.

Quando um elétron da camada ou órbita de valência se afasta da sua


ligação par, cria um espaço (vazio), que é denominado de lacuna (no caso, lacuna
positiva, pois falta elétron). Estas lacunas contribuem também para a
movimentação de elétrons (corrente elétrica).
Quando se aplica uma tensão a um cristal semicondutor, os elétrons condutores
passam do pólo negativo para o positivo.
À temperaturas elevadas, existem no semicondutor mais elétrons
condutores e consequentemente mais lacunas.
A condutividade dos semicondutores aumenta com o aumento da temperatura.
Em outras palavras, a resistência de um semicondutor diminui com o aumento da
temperatura.

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Figura 2.112 - Movimentação de elétrons


em um semicondutor.
Si Átomo de silício;
1 – Elétron;
2 – Lacuna.

Os semicondutores tipo P, utilizam-se de lacunas para o transporte de


carga. Pode-se dizer também que:
Os semicondutores do tipo N são redes cristalinas doadoras de elétrons.

Os semicondutores do tipo P são redes cristalinas receptoras de


elétrons.
Quando se aplica uma tensão a um material condutor N, há uma passagem
de elétrons do pólo negativo para o positivo.
Quando se aplica uma tensão a um material condutor P, há uma passagem
de lacunas do pólo positivo para o negativo.

Figura 2.113– Material condutor tipo N e P.


1 – Material condutor N ;
2 – Elétronss;
3 – Material condutor P;
4 – Lacunas;
I – Direção da corrente;
IE – Corrente de elétrons;
IL – Corrente de lacunas.

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2.13.1 Diodos semicondutores

Se juntarmos um semicondutor P a um N, cria-se a denominada junção PN.


Esta junção forma um componente eletrônico: o diodo.
No limite entre os condutores P e N há a passagem de elétrons condutores
do condutor N para o P. A este processo dá-se o nome de difusão. Perto do limite
P-N, qualquer elétron da região N preenche uma lacuna na região P e na região P
as lacunas são preenchidas por elétrons da região N; isto significa que a região
de ambos os lados da junção PN possui muito poucos transportadores de carga e
que, sem tensão aplicada, atua como camada isoladora. A esta camada
isoladora, dá-se o nome de junção. É uma zona neutra, pois oferece uma barreira
de potencial. Será necessário aplicar uma tensão mínima para que elétrons
possam se movimentar através desta barreira.

Figura 2.112 – Diodo.


1 – Condutor N;
2 – Junção PN;
3 – Condutor P;
4 – Lacunas;
5 – Camada de junção;
6 – Elétrons.

Se aplicarmos uma tensão na junção PN, a situação pode alterar-se de


diversas formas, dependendo da polaridade: se o condutor P for ligado ao pólo
positivo e o condutor N ao pólo negativo, a tensão força a passagem de elétrons
condutores do condutor N e de lacunas do condutor P para a camada de junção.
Esta é gradualmente reduzida até desaparecer completamente na chamada
tensão direta.
Se o pólo positivo for ligado ao condutor P e o negativo ao condutor N, a
camada de junção desaparece e a corrente flui através do diodo.

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Figura 2.113 – Polarização direta.


1 – Condutor P;
2 – Junção PN;
3 – Elétrons;
5 – Símbolo do diodo;
6 – Lacunas;
I – Fluxo de corrente.

Se o pólo positivo for ligado ao condutor N e o negativo ao condutor P, a


camada de junção aumenta e o diodo bloqueia a corrente elétrica.
As ligações elétricas do diodo são designadas de "ânodo" (+) e "cátodo" (-),
correspondendo o ânodo à ligação do condutor P e o cátodo à do condutor N.
Existem múltiplas utilizações para os diodos nos automóveis; por exemplo:
retificadores, protetores de inversão de polaridade, diodos de relés de corte,
válvulas de solenóide, válvulas de controle do ar da marcha-lenta, diodos
unidirecionais em circuitos impressos, etc.

Figura 2.114– Polarização reversa do diodo.


1 – Condutor P;
2 – Junção PN;
3 – Condutor N;
4 – Elétrons;
5 – Símbolo do doido;
6 – Lacunas;
7 – Camada de junção.

2.13.1.1 Tipos de diodos

Diodos retificadores

Os diodos de silício são essencialmente utilizados em retificação.

No caso do exemplo da figura 2.115, as lâminas de silício, compostas de


condutor N e condutor P, encontram-se dentro de um alojamento. Neste diodo de
silício, a corrente flui da cápsula para o cabo.

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A curva característica de um diodo retificador de silício é muito mais


profunda na banda passante do que aquela dos diodos de germânio. Assim,
sendo a tensão direta a mesma, há uma passagem de corrente maior pelo diodo
retificador de silício.

2.115 – Aplicação de diodo.


1 – Símbolo;
2 – Lâmina de silício;
3 – Alojamento;
4 – Vedação de vidro;
5 – Cabo;
6 – Terminal.

Na camada de junção, a corrente reversa é muito pequena, aumentando


apenas um pouco quando a tensão reversa aumenta. Só quando se alcança a
tensão de ruptura do Modo é que há um aumento súbito da corrente reversa.
Na prática, o valor da tensão reversa no diodo retificador de silício não
deve de modo algum atingir a tensão de ruptura, pois isso provocaria a sua
destruição.

Figura 2.116 – Curva característica de um


diodo retificador.
UR – Tensão reversa;
UF – Tensão direta;
IR – Corrente reversa;
IF – Corrente direta;
US – Tensão limiar;
UD – Tensão de ruptura;
Si – Curva característica do Diodo;
Ge – Curva característica do germânio.

Diodos Zener

Normalmente, os diodos Zener só são usados na direção do bloqueio. Se a


tensão aplicada exceder a tensão reversa admissível (tensão Zener ou de

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Ruptura), o diodo Zener conduz. Esta aplicação do diodo como limitador de


tensão dura enquanto a tensão aplicada exceder a quantidade admissível.
Os diodos Zener são usados para proteção contra sobretensão (por
exemplo, em instrumentos de medição). Uma outra aplicação importante é a
estabilização de tensão em sistemas eletrônicos.
Campos de aplicação no automóvel: no módulo PCM, para estabilização da
tensão de alimentação de 5 V fornecida aos sensores.

Figura 2.117 - Região de bloqueio de um diodo


delimitador.
UR – Tensão reversa;
IR – Corrente reversa;
UZ – Tensão de polarização;
I – Símbolo.

Figura 2.118 – Exemplo de circuito eletrônico.


EU - Tensão de alimentação (por exemplo, 8-14 V);
UV - Tensão de alimentação estabilizada (por
exemplo, 5V);
1 - Resistência (por exemplo, sensor).

Diodos emissores de luz

O diodo emissor de luz (LED: Light Emitting Diode) funciona no sentido de


passagem.
Dependendo do tipo utilizado, o diodo emite luz com comprimentos de
onda na faixa de infra-vermelho e luz visível. Os diodos emissores de infra-
vermelhos (IRED: Infrared Emitting Diode) são, por exemplo, usados em barreiras
luminosas e controles remoto.
Os LED que emitem luz visível apresentam-se nas seguintes cores: verde,

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amarelo, laranja, vermelho e azul. Em automóveis, os LED são usados como


fontes de luz e como indicadores luminosos.
O LED necessita de uma resistência que atue como limitador de corrente.
Dependendo do tipo de diodo, a tensão limiar situa-se aproximadamente entre
1,35 e 2,5 V, e a tensão de ruptura entre 3 e 6 V.

Figura 2.119 – Tipo de diodo.


1 – Diodo emissor de luz (LED);
2 – Símbolo.

2.13.2 Retificação AC/DC

Retificadores de meia-onda

Quando se aplica uma tensão alternada (AC) a um diodo, a tensão é


retificada, sendo o resultado a produção de uma tensão denominada de contínua
pulsada (DC).

Figura 2.120 – Retificador de meia onda.


U~ - Tensão alternada;
L1 – Enrolamento primário;
L2 – Enrolamento secundário;
D1 – Diodo;
R1 – Resistência de carga (consumidor).

Se a meia-onda positiva da tensão alternada for aplicada ao ânodo, este


conduz e permite a passagem da meia-onda, ou seja, há a passagem de uma
corrente com a forma desta meia-onda através do diodo. A subsequente meia-onda
negativa (negativa no ânodo) é bloqueada pelo diodo. Durante a meia-onda
negativa não há passagem de corrente.

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Consequentemente, a tensão fornecida ao consumidor consiste numa


série de meias ondas positivas, separadas por períodos que correspondem à
duração da tensão negativa, durante os quais a tensão baixa para 0 volts.

Figura 2.121– Forma de onda de tensão


de saída de carga.
UE – Tensão de alimentação;
t – Tempo;
1 – Tensão de saída na recarga R1.

Retificadores de onda completa

O retificador de onda completa utiliza um circuito em ponte com quatro


retificadores.
O circuito é montado de maneira que a meia onda negativa não é
suprimida, mas sim totalmente utilizada.

Figura 2.122– Retificador de onda completa.


U~ - Tensão alternada;
L1 – Enrolamento primário;
L2 – Enrolamento secundário;
D1-4 – Diodos retificadores;
R1 – Resistência de carga (consumidor).

Quando a meia-onda positiva da tensão alternada se encontra em L2, o


pólo positivo é ligado à extremidade superior e o pólo negativo à extremidade
inferior do enrolamento secundário. Assim, a corrente passa através do diodo D2,
do consumidor R1, e do diodo D3 regressando à ligação negativa de L2. Os diodos
D1 e D4 estão polarizados reversamente. A tensão que passa pelo consumidor
R1,corresponde à meia-onda positiva.

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Se, a meia-onda negativa da tensão alternada estiver em L2, o pólo


negativo é ligado à extremidade superior e o positivo à extremidade inferior do
enrolamento secundário. Deste modo a corrente percorre o diodo D4, o
consumidor R1 e o diodo D1 regressando à ligação negativa de L2. Os diodos D2 e
D3 estão polarizados reversamente. A corrente gerada pela meia-onda negativa
percorre o consumidor na mesma direção que a gerada anteriormente pela meia-
onda positiva. Assim, a tensão aplicada no consumidor R1 tem a mesma
polaridade em ambos os casos.

A tensão aplicada em R1, é também pulsada continuamente.

Figura 2.123– Forma de onda de tensão


de saída de carga
UE – Tensão de alimentação
t – Tempo
1 – Tensão de saída na resistência de
carga R1.

As tensões e concorrentes de saída fornecidas pelos circuitos retificadores


contêm componentes de tensão alternada e de concorrentes alternada. Entretan-
to, para muitas aplicações são necessárias tensões e concorrentes contínuas
puras. Com a ajuda de um circuito de filtragem, estes componentes alternados
(AC) podem ser filtrados ou reduzidos ao ponto de os seus resíduos não mais
serem prejudiciais. Não é possível eliminar totalmente os componentes AC.
O circuito de filtragem compõe-se normalmente de uma resistência e um
capacitador (circuito de filtragem RC) ou de uma bobina e um capacitor (circuito
de filtragem LC).

Figura 2.124 - Circuito de filtragem


com capacitor

U – Tensão de alimentação na
resistência de carga R1
t - Tempo

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Figura 2.125 – Circuito de um regulador de


tensão.

A bateria está ligada em paralelo com o gerador (também conhecido como


alternador) para conjuntamente suprir as necessidades elétricas do veículo. O

gerador idealmente fornece 100% da eletricidade necessária para operar um


veículo e recarregar a bateria.

Quando a baixa rpm do motor, uso anormal de acessórios ou outras


condições temporárias fazem com que o gerador não possa manter a demanda
de energia elétrica requerida, a bateria fornece a energia complementar
necessária.
Quando se retoma às condições normais, a bateria é recarregada e o
gerador novamente fornece 100% da eletricidade necessária para a operação do
veículo. O gerador produz eletricidade por um princípio chamado indução eletro-
magnética.
A corrente alternada está constantemente alternando sua direção, de forma
que a corrente primeiro flui em uma direção (positiva) por uma fração de segundo
e depois no sentido oposto (negativo) por uma fração de segundo. Isto é
conhecido como ciclo. Um ciclo normalmente é representado pela curva da
função seno. O número de ciclos por segundo é medido em Hertz (Hz).

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No Brasil, a tensão fornecida comercialmente completa um ciclo a cada


1/60 segundos ou 60 ciclos por segundo (60 Hz). Isto é conhecido como
freqüência elétrica.
O número de Hertz em um gerador automotivo depende da velocidade do
motor.

Ciclo - Período de tempo necessário para uma onda de corrente alternada,


partindo de um valor zero, percorrer o sentido positivo, passar pelo negativo e
retomar ao valor zero.
Freqüência elétrica - A unidade que mede o número de ciclos que
ocorrem em um segundo.
Já que os sistemas elétricos automotivos utilizam corrente contínua (DC), a
corrente alternada (AC) gerada pelo gerador deve ser convertida. O processo de
conversão de corrente alternada para corrente contínua é chamado de
retificação.
Para retificar AC em DC, minúsculos semicondutores chamados diodos são
usados. Os diodos só permitem a passagem de corrente em uma direção.
Os diodos são negativos ou positivos. A construção mecânica determina a
polaridade.
Estes retificadores são montados dentro do gerador, de forma que se
permite que a corrente percorra a direção positiva nos enrolamentos do gerador,
portanto não permitindo seu fluxo no sentido inverso.

Retificação - O processo que transforma Corrente Alternada (AC) em


Corrente Contínua (DC).

2.13.3 Formas de gerar tensão com semicondutores

Geração de tensão por meio de luz


Numa célula fotoelétrica, por exemplo, existe uma camada de silício sobre
um prato de contato. O silício (semicondutor) é revestido com uma camada
transparente.
No interior desta camada de silício encontra-se a chamada camada de junção,
que só permite a passagem de elétrons numa direção.

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Quando a luz incide numa célula fotoelétrica, produzem-se na camada de


silício elétrons livres, que são empurrados de um lado da camada de junção para
o outro. Ao mesmo tempo em que se desenvolve falta de elétrons no prato de
contato (pólo positivo), desenvolve-se um excesso de elétrons na camada de
revestimento ou anel de contato (pólo negativo).

Figura 2.126– Geração de tensão em semicondutores


1 – Luz
2 – Placa de contato metálica
3 – Silício (Si)
4 – Anel de contato
5 – Camada de junção
6 – Camada de revestimento

As tensões assim criadas são da ordem dos milivolts.


As células fotoelétricas são utilizadas para medições de luz, controles e
regulagens eletrônicas e ainda, para alimentação de calculadoras solares,
relógios eletrônicos e satélites.

Aplicações no automóvel: células de alimentação de tensão para veículos


movidos a energia solar, dispositivos solares de fixação no pára-brisa, etc..

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Geração de tensão pela deformação de cristais

Os cristais de quartzo, turmalina e o tartarato sódico-potássico possuem


uma rede cristalina com cargas positivas e negativas uniformemente distribuídas.
Quando se corta um pedaço destes cristais transversalmente ao chamado eixo
elétrico, e se aplica uma força de compressão ou de torção, as cargas podem ser
separadas para faces opostas do cristal, para onde podem ser levadas por
armaduras condutoras.

A tensão assim gerada pode chegar a alguns quilovolts.


A geração de tensão por deformação de cristais (efeito piezoelétrico) tem
aplicações no automóvel, das quais o sensor de detonação é um exemplo. Este
método de geração tem outras aplicações: inflamação do gás em isqueiros ou, no
ramo da música, cápsulas de cristal de toca-discos ou microfones piezoelétricos.

Figura 2.127 – Geração de tensão pela


deformação de cristais.
1 – Pressão;
2 – Placa de contato;
3 – Piezocristal.

2.14 O Transistor

O transistor é constituído por três camadas semicondutoras. Nos


transistores NPN, as duas camadas exteriores são cristais do tipo N, sendo a
camada central de um cristal tipo P. O transistor possui, assim, duas junções PN,
nas quais se formam camadas de junção.
À primeira destas camadas dá-se o nome de emissor, dado que emite
(envia) portadores de carga. À camada central dá-se o nome de base. Esta
controla a emissão de portadores de carga. À última camada dá-se o nome de
coletor, pois reúne portadores de carga.

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Existem dois tipos de transistor: o PNP e o NPN. Nos transistor NPN, o


emissor envia "elétrons"; no transistor PNP, emite "lacunas". O símbolo
identificativo do emissor é uma seta, a qual indica a direção convencional da
corrente do emissor.
Nos transistores NPN, as direções dos diodos são opostas às dos
transistores PNP, o que significa que as polaridades da fonte de tensão ligada
também devem ser invertidas.

Em seguida, é explicado o princípio de funcionamento do transistor,


tomando como exemplo o transistor NPN.

Figura 2.128 – Transistor NPN.


1 – Representação do transistor NPN;
2 – Símbolo do circuito do transistor NPN;
E – Emissor;
B – Base;
C – Coletor.

Figura 2.129 – Transistor PNP.


1 – Representação do transistor PNP;
2 – Símbolo do circuito do transistor PNP;
E – Emissor;
B – Base;
C – Coletor.

Se ligarmos o pólo negativo de uma fonte de tensão ao emissor e o pólo


positivo ao coletor, não se verifica passagem de corrente.
Os elétrons do coletor deslocam-se em direção ao pólo positivo, as lacunas da
base são repelidas pelo potencial positivo e deslocam-se para a junção entre a
base e o emissor. Em conseqüência, a camada de junção entre o coletor e a base
aumenta.
Os elétrons do emissor são repelidos pelo potencial negativo da fonte de
tensão e movem-se em direção à junção entre o emissor e a base, tal como
sucedeu com as lacunas da base. Assim, a junção entre o emissor e a base
desaparece.

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Figura 2.130 – Transistor sem condução.


E – Emissor
B – Base
C – Coletor
RL – Resistência de carga

Se aplicarmos adicionalmente uma tensão positiva baixa à base, há um


fluxo de elétrons do emissor para a base através da junção PN. O coletor, que se
encontra ligado ao potencial positivo, atrai a maior parte dos elétrons que se
encontram na camada da base e "suga-os" através da junção PN entre a base e o
coletor. Conseqüentemente, sai corrente do coletor. Uma pequena parte da
corrente do emissor regressa à fonte de tensão da base através desta última,
formando assim a corrente de base (ou corrente de controle).

Figura 2.131 – Transistor sem condução.


E – Emissor;
B – Base;
C – Coletor;
RL – Resistência de carga.

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Se aplicarmos adicionalmente uma tensão positiva baixa à base, há um


fluxo de elétrons do emissor para a base através da junção PN. O coletor, que se
encontra ligado ao potencial positivo, atrai a maior parte dos elétrons que se
encontram na camada da base e "suga-os" através da junção PN entre a base e o
coletor. Consequentemente, sai corrente do coletor. Uma pequena parte da
corrente do emissor regressa à fonte de tensão da base através desta última,
formando assim a corrente de base (ou corrente de controle).

Figura 2.132 – Transistor conduzindo devido


à polarização.
E – Emissor;
B – Base;
C – Coletor;
RL – Resistência de carga;
RB – Resistência de base.

A relação entre a corrente do coletor e a corrente da base dá-se o nome de


amplificação de corrente contínua. Os esclarecimentos sobre o funcionamento
também se aplicam ao transistor PNP com exceção de que se deve levar em
conta as diferenças de polaridade e de corrente.
Através da alteração da tensão na base (por meio de um potenciômetro, por
exemplo), a corrente do coletor pode ser aumentada ou diminuída e ainda ligada
ou desligada. Desta forma, o transistor pode ser usado não só como amplificador,
mas também como interruptor.
Se for utilizado um transistor como interruptor, cria-se no transistor uma
tensão base - emissor no sentido de passagem. A tensão aplicada tem de ser
maior do que a tensão limiar, a fim de deixar passar a corrente do coletor. O
consumidor é ligado ao cabo do coletor. Se for utilizada, por exemplo, uma
resistência dependente da luz na alimentação de tensão da base-emissor, o
transistor pode ser usado como interruptor dependente da intensidade da luz.

Não se inclui nesta publicação uma explicação de outros tipos de transistor,


pois isto ultrapassa o âmbito deste curso básico.

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Nos automóveis, o transistor é usado essencialmente como interruptor,


pois não se baseia na abertura e fechamento de contatos, constituindo um
interruptor extremamente rápido e isento de desgaste (ver, por ex., ignição
transistorizada).

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3 Sistema de Partida

3.1 Componentes do Sistema de Partida


Os sistemas de partida geralmente incluem os seguintes componentes:

■ Motor de partida;
■ Bateria;
■ Cabos e fios;
■ Interruptor de ignição; - Relé da partida;
■ Interrupção de Posição da Alavanca Manual (em alguns veículos
equipados com transmissão automática);

■ Interruptor de Posição do Pedal da Embreagem da Partida (em alguns


veículos equipados com transmissão manual).

3.1.1 Motor de partida

O motor de partida é um motor elétrico pequeno, muito poderoso, que gira


o motor em velocidade suficiente (aproximadamente 220 rpm) para acioná-lo.
Quando o motor de partida é acionado, a engrenagem de pinhão de comando do
motor de partida gira acoplando-se com os dentes da cremalheira do volante do
motor (ver figura 3.1). Motores de partida de vários tipos serão discutidos
posteriormente nesta publicação.

Figura 3.1 – Acoplamento do motor de partida.

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3.1.2 Bateria

A bateria fornece a corrente elétrica necessária para alimentar o motor de


partida, além de atuar como um estabilizador de tensão para o sistema elétrico de
todo o veículo. Ao dar partida ao motor, é essencial que a bateria tenha uma
carga forte porque o motor de partida impõe uma carga pesada à bateria.

3.1.3 Cabos e fios

Devido a alta corrente elétrica nos sistemas de partida automotivos, cabos


de groso calibre são utilizados para conectar a bateria ao motor de partida. Os
cabos e fios de bitola maior oferecem baixa resistência ao fluxo de corrente
elétrica (assim como um cano d´água de grande diâmetro permitiria a passagem
de maior quantidade de água através dele do que de um cano d´água de diâmetro
pequeno).

3.1.4 Interruptor de ignição


O interruptor de ignição energiza o circuito que atua o motor de partida.
Localiza-se na coluna de direção.

3.2 Projeto do Motor de Partida

Para entender o projeto e o funcionamento do motor de partida, é


necessário conhecer alguns dos princípios gerais de operação de um motor
elétrico,
■ As linhas magnéticas de força fluem do pólo norte de um ímã para o pólo
sul;
■ Um campo magnético é gerado sempre que a corrente passa através de
um condutor;

■ As linhas de força nesse campo são em forma de anéis contínuos que


circundam o condutor e estendem-se pelo seu comprimento total;
■ A intensidade desse campo é diretamente proporcional à quantidade de
corrente que flui através do fio condutor;

■ Se o condutor for colocado dentro de um segundo campo magnético, os

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dois campos irão interagir. De um lado do condutor os campos reforçarão um ao


outro; no lado oposto, eles estarão em oposição um ao outro;
■ Essa interação pode ser utilizada para gerar movimento.

O motor de partida típico consiste, principalmente, dos seguintes


componentes:
■ Induzido;
■ Bobinas de campo (nos motores de partida eletromagnéticos);
■ ímãs (nos motores de partida de ímã permanente);
■ Escovas;
■ Conjunto de acionamento;
■ Carcaça.

01 - Pinhão 13 - Mancal do lado do coletor


02 - Arraste 14 - Porta escovas
03 - Mancal dianteiro 15 - Coletor
04 - Mola de engrenagem 16 - Escova
05 - Alavanca 17 - Carcaça
06 - Mola de retrocesso 18 - Sapata polar
07 - Bobina de retenção 19 - Induzido
08 - Bobina de chamada 20 - Bobina de campo
09 - Chave magnética 21 - Anel de guia
10 - Contato 22 - Batente
11 - Borne de ligação 23 - Roda livre
12 - Ponto de contato 24 - Eixo do induzido com fuso

Figura 3.2 – Visão de um motor de partida em corte

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Disciplina / Curso Técnico de...
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A seguir descreveremos brevemente o funcionamento de alguns


componentes do sistema:

Induzido

O induzido é o condutor que gira dentro do motor de partida (ver figura 3.2).
Consiste de um núcleo de ferro envolvido por várias voltas ou "enrolamentos" de
fio de cobre isolado de grosso calibre. Esses enrolamentos são montados em
todo o comprimento do núcleo, que não apenas os suporta como também
intensifica e concentra o campo magnético que é gerado pelos enrolamentos. O
induzido é montado sobre um eixo, sendo que cada enrolamento é conectado às
barras do comutador.
O comutador conduz a corrente elétrica para os enrolamentos através das
escovas, cuja função é explicada posteriormente nesta seção.

Bobinas de campo

Como a partida do motor exige um motor muito potente, eletroímãs


potentes são necessários para gerar energia elétrica suficiente. Esses eletroímãs
consistem de tiras grossas de cobre enroladas em volta de núcleos de ferro ou
sapatas polares. O conjunto é denominado bobina de campo (ver figura 3.3).

Cada bobina de campo é contornada por um arco de forma que há pouca


folga entre a bobina e o induzido que gira dentro da bobina de campo.

Nota:

Os motores de partida que utilizam imãs permanentes no lugar das bobinas de


campo serão mostrados mais adiante.

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Disciplina / Curso Técnico de...
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Figura 3.3 – Exemplos de bobina de campo e induzido

Escovas

As escovas utilizadas num motor de partida são bastante semelhantes


àquelas utilizadas nos alternadores. As escovas de carbono oferecem eletricidade
ao induzido através do comutador. Elas são montadas na carcaça terminal do
comutador e mantidas levemente encostadas no comutador por meio de molas.

Conjunto de acionamento

O conjunto de acionamento é instalado na ponta do eixo do induzido.


Quando o motor de partida está funcionando, a engrenagem de comando gira
junto com o induzido para dar partida ao motor. Vários tipos de conjuntos de
acionamento foram utilizados durante anos.

Carcaça

A carcaça do motor de partida acomoda o induzido, as bobinas de campo


ou ímãs permanentes e as carcaças terminais.

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Conjuntos de escovas

Figura 3.4 - Escovas de carbono.

3.3 Funcionamento do Motor de Partida

Ao girar a chave de ignição para a posição PARTIDA o circuito do motor de


partida é fechado (supondo-se que a alavanca manual ou o interruptor de posição
do pedal da embreagem da partida esteja engatado), atuando o relé de partida
(se um relé de partida for utilizado). A corrente elétrica flui então da bateria para o
motor de partida.

Quando o circuito é fechado, o induzido do motor de partida começa a girar

pela força eletromagnética que é criada entre o induzido e as bobinas de campo


(ou a força magnética criada entre o induzido e os ímãs nos motores de partida de
ímã permanente). À medida que o induzido gira, o pinhão na ponta do eixo do
motor de partida acopla a cremalheira do volante do motor, girando o volante e
dando partida ao motor.
Quando o motor começa a funcionar, o motorista imediatamente libera a
chave de ignição, que retoma para a posição LIGADO. Isso interrompe o fluxo de
corrente para o motor de partida. A engrenagem de pinhão é desacoplada da
cremalheira ao mesmo tempo em que o motor de partida pára de girar.

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Disciplina / Curso Técnico de...
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Acoplamento do acionamento do motor de partida

Atuados por Alavanca - Esse tipo força o motor de partida ao


acoplamento com a cremalheira do volante do motor antes que o motor de partida
comece a girar.

Todos os motores de partida instalados nos veículos atualmente em


produção são do tipo atuado por solenóide. Este manual de referência se
concentrará principalmente nesse tipo de motor de partida.

Motor de partida atuado por solenóide


Os motores de partida atuados por solenóide utilizam bobinas de campo ou
ímãs permanente para atuar a alavanca acionadora (ver figura 3.4). A alavanca
acionadora acopla o pinhão acionador do motor de partida com a cremalheira do
volante do motor. Os motores de partida possuem solenóides integrados no
motor. Alguns utilizam solenóides que podem ser reparados ou substituídos
independente do motor de partida. Alguns sistemas usam um relé de partida; em
outros, a bateria está diretamente conectada ao terminal B+ do motor de partida e
o circuito de ignição é alimentado diretamente ao terminal "S" de partida do
solenóide.

Acoplamento

O solenóide é energizado quando o interruptor de ignição é colocado na


posição PARTIDA. A tensão da bateria é aplicada ao terminal de partida do
solenóide partida.
O campo magnético nos enrolamentos do solenóide empurram o êmbolo
de ferro pesado do núcleo para dentro da bobina do solenóide. O garfo de
mudança fixado no êmbolo desliza o conjunto de acionamento para fora em
direção à cremalheira do volante do motor. O conjunto de acionamento e a
cremalheira são acoplados.

Quando o êmbolo é puxado totalmente para dentro, os discos de contato


do êmbolo curto-circuitam os terminais M e B+ do motor e fecha o circuito. Isso
permite o fluxo de corrente para o induzido e enrolamentos de campo do motor de
partida (motor de partida com campo enrolado).

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O motor é atuado, a engrenagem de pinhão gira o motor e o motor começa


a funcionar.

Figura 3.5 – motor de partida atuado por solenóide

Eliminação do relé de partida

Em virtude dos motores de partida de ímã permanente serem conectados


diretamente à bateria, os relés de partida não são necessários. Os relés serão
descontinuados em todos os veículos da Ford no decorrer dos próximos anos.
Essa mudança está sendo feita gradualmente porque a exclusão do relé do
circuito do motor de partida requer maior capacidade de tratamento de corrente
para a totalidade dos fios do sistema de ignição.

Embreagem "roda-livre" do motor de partida de ímã permanente

A embreagem "roda-livre" utilizada nos motores de partida de ímã


permanente funciona da mesma maneira como nos motores de partida com
bobina de campo; porém, o seu projeto é ligeiramente diferente.

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Disciplina / Curso Técnico de...
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Figura 3.6 – Embreagem “roda livre” do motor de partida de ímã permanente.

3.4 Circuitos e Funcionamento do Solenóide do Motor de Partida


de Imã Permanente

O circuito do solenóide consiste de um êmbolo, um disco de contato do


êmbolo e duas bobinas: a bobina de retenção e a bobina de atração (ver figura
3.6). Existem três condições elétricas básicas durante o funcionamento do
solenóide de partida.
Condição de atração - O interruptor de ignição fecha o circuito do
solenóide de partida, que energiza os campos magnéticos da bobina de atração e
da bobina de retenção. Trabalhando juntos, essas duas bobinas atraem o êmbolo
do solenóide até que ele faça contato com os terminais de alimentação do motor
de partida;

Condição de retenção - O motor de partida aciona o motor, pois o seu


circuito agora está fechado. O ato de fechar o circuito do motor de partida curto-
circuita a bobina de atração (uma vez que a corrente segue o caminho de menor

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Disciplina / Curso Técnico de...
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resistência) de forma que somente a bobina de retenção permanece energizada.


Enquanto as duas bobinas são necessárias para mover o êmbolo do solenóide, a
bobina de retenção sozinha é capaz de manter o êmbolo em contato com os
terminais de alimentação do motor de partida;
Desenergização - Quando o interruptor de ignição retoma para a posição
(LIGADO) RUN, o circuito do solenóide de partida é interrompido. A bobina de
atração é energizada pelo fluxo de corrente que passa na direção oposta em vez
da condição de atração. Os campos magnéticos das bobinas de atração e de
retenção se cancelam mutuamente e o êmbolo, com o auxílio de uma mola de
retorno, é desacoplado.

Figura 3.7 – Circuito do solenóide de partida

3.5 Testes do Motor de Partida

3.5.1 Condição "não dá partida" (motores de partida de imã permanente)

Para testar um motor de partida de ímã permanente com uma reclamação


"não dá partida", execute o seguinte procedimento:

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1. Coloque a transmissão em Park (P) ou ponto-morto (N), e gire o interruptor de

ignição para a posição DESLIGADO;


2. Levante e apóie o veículo;
3. Remova a capa de segurança vermelha fixada nos prisioneiros do terminal;

4. Desconecte o conector do chicote do terminal S do solenóide puxando pelo


plástico preto do invólucro do conector (ver figura 3.7).

Cuidado:

Não desconecte o conector do chicote do terminal S do solenóide puxando pelo


fio. O conector de puxar possui um dispositivo de trava que poderá ser danificado
se o mesmo for removido incorretamente. Puxe diretamente para trás pelo
invólucro de plástico preto do conector.

5. Conecte um fio de prova entre o terminal B+ do solenóide (que está sempre


energizado) e o terminal S do solenóide (ver figura 3.7). Se o motor girar, procure
por circuito interrompido ou alta resistência no circuito de alimentação do
solenóide.

6. Se o motor de partida não girar, e existir corrente no terminal B+ e o motor de


partida tiver um bom terra, substitua o motor de partida.

Nota:

Antes de substituir o motor de partida, consulte a literatura técnica a respeito.


Algumas montadoras fornecem alguns componentes dos motores de partida e
nestes casos, é possível repará-Ios.

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Figura 3.8 – Terminais do motor de partida.

3.5.2 Teste de queda de tensão

Esse teste é utilizado para determinar se há resistência excessiva no


circuito do motor de partida.

Nota:

Faça todas as conexões do voltímetro no terminal do componente ao invés do


terminal do cabo ou chicote. Fazer a conexão no terminal do fio poderia resultar
em leituras falsas, porque o medidor não irá captar uma resistência fixa entre o
conector do chicote e o componente.
1. Desconecte a alimentação elétrica (fusível ou relé) da bomba elétrica de
combustível.

2. Conecte um interruptor do motor de partida remoto entre o terminal S do


solenóide e o terminal positivo (+) da bateria (ver figura 3.8).

3. Conecte o cabo positivo (+) de um voltímetro digital, ao terminal positivo (+) da


bateria.

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Conecte o cabo negativo (-) ao terminal M do solenóide (ver figura 3.8).

4. Acople o interruptor de partida remoto. Leia a tensão na escala mais baixa do


voltímetro digital. A leitura deve ser 0,5 V.

5. Se a tensão no terminal M for maior que 0,5 V, mude o cabo negativo (-) do
voltímetro para o terminal B+ do solenóide e repita o teste.

6. Se a leitura da tensão no terminal B+ for menor que 0,5 V, o problema


encontra-se nas conexões no solenóide ou nos contados do solenóide.

7. Remova os fios nos terminais M, S e B+ do solenóide. Limpe as conexões e


instale os cabos nos terminais apropriados. Repita os Passos 1 a 5. Se a leitura
ainda for maior que 0,5 V no terminal M e 0,5 V ou menor no terminal B+, o
problema está nos contatos do solenóide. Remova o motor de partida e repare.
Consulte o Manual de Serviço para o veículo específico.

8. Se a leitura da tensão tomada no terminal B+ do solenóide for maior que 0,5 V,


limpe os cabos e as conexões no solenóide. Se a leitura ainda for maior que 0,5 V
após a limpeza dos cabos e das conexões, o problema está na conexão do cabo
positivo (+) da bateria ou no próprio cabo positivo (+) da bateria.

9. Para localizar uma queda excessiva de tensão, mude o cabo negativo (-) do
voltímetro para a bateria e verifique cada um dos pontos de conexão mecânica.
Quando a leitura da excessiva queda de tensão desaparecer, o problema está no
último ponto de conexão mecânica que foi verificado.

3.5.3 Verificação da resistência do terminal S do solenóide

Verifique a resistência de todo o circuito do terminal S, inclusive todos os


interruptores, fios e conexões, usando um Voltímetro Digital. A resistência deve
ser menor que 0,08 ohms.

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Figura 3.9 – Teste de queda de tensão.

3.5.4 Verificação do circuito terra do motor de partida

Uma condição de acionamento lento pode ser causada por resistência ao


massa ou na parte de retorno do circuito de acionamento. Verifique quanto a
queda de tensão no circuito massa, executando o seguinte procedimento.

Nota:

Faça todas as conexões do voltímetro digital no terminal do componente


em vez do terminal do cabo ou fio. Fazer a conexão no terminal do fio poderia
resultar em leituras falsas porque o medidor não irá captar uma resistência alta
entre a fiação do conector e o componente.

1. Desconecte a alimentação elétrica (fusível ou relé) da bomba de combustível.

2. Conecte um interruptor de partida remoto entre o terminal S do solenóide de


partida e o terminal positivo (+) da bateria.

3. Conecte o cabo positivo (+) de um Voltímetro Digital, à carcaça do motor de


partida. A conexão deve estar limpa e sem graxa ou ferrugem. Conecte o cabo

negativo (-) ao terminal negativo (-) da bateria.

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4. Acople o interruptor de partida remoto. Leia a tensão na escala mais baixa do


voltímetro digital. A leitura deve ser 0,2 V ou menos.

5. Se a queda de tensão for maior que 0,2 V, limpe as conexões do cabo negativo
(-) da bateria no chassi da bateria e as conexões do cabo terra do motor. Se a
queda ainda for excessiva, repare ou substitua o cabo negativo (-) da bateria e/ou
o cabo terra do motor, conforme necessário.

6. Repita sempre as verificações do circuito do motor de partida após os reparos,


a fim de assegurar que o problema foi corrigido. Se a bateria e os cabos
estiverem bons no teste, e o motor de partida ainda girar lentamente ou não girar,
remova o motor de partida para reparo ou substituição. Consulte o Manual de
Serviço para o veículo específico.

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4 Sistema de Carga

A função do sistema de carga é recompor a carga da bateria e fornecer


energia elétrica aos sistemas elétricos durante o funcionamento do motor,
mantendo uma tensão constante para garantir o bom seu bom funcionamento.
Suas partes principais são:
■ bateria - armazena energia elétrica em forma de energia química e
estabiliza a carga do alternador;
■ alternador (ou dínamo) - gerador de corrente contínua;
■ regulador de tensão - sistema eletrônico que controla a corrente de
excitação de campo do alternador.

Os alternadores são geradores que transformam a energia mecânica


fornecida pelo motor em energia elétrica. A figura 4.1 ilustra um alternador em
corte e seus principais componentes.

Figura 4.1 – Alternador em corte com seus principais componentes.

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4.1 Funcionamento

Os alternadores funcionam segundo os princípios da indução eletromagnética:


sempre que houver movimento relativo entre um condutor elétrico e um campo
magnético, aparecerá sobre esse condutor uma tensão elétrica induzida.
O campo magnético é produzido no rotor peja bobina de excitação. O campo
magnético é formado, no rotor (figura 4.2), por linhas de força magnética que
fluem através do ferro com pólos tipo garras, envolvendo e prendendo a bobina
de excitação. Em um dos conjuntos de garras aparecerá o pólo Sul e, no outro
conjunto, o pólo Norte.

Figura 4.2 - Peças de rotor com pólos tipo garras.

As linhas de força fluem sobre o ferro e saltam pelo ar do pólo Norte para o
pólo Sul, fechando um circuito magnético. (figura 4.3)

Figura 4.3 – linhas de campo que “saltam” no rotor.

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Sobre o roto está montado o estator, que é constituído por três bobinas
enroladas e ligadas em estrela, onde será induzida a tensão elétrica trifásica
assim que o rotor entrar em movimento (figura 4.4).

Figura 4.4 - Estatos e suas partes: núcleo, enrolamentos e condutores.

A figura abaixo representa a conecção em estrela do enrolamento do


estator.

Figura 4. 5 – Representação da ligação em estrela do estator.


A corrente trifásica é uma corrente alternada com três fases distintas,
chamadas de U, V, W, defasadas de 120º uma da outra (figura 4.6).

Figura 4.6 – Representação da corrente alternada gerada pelo estator através do tempo (antes de
passar pela retificação).

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A tensão induzida no estator é proporcional ao campo magnético e à


velocidade do rotor. Antes de ser distribuída aos circuitos elétricos do automóvel,
esta tensão deve ser retificada. Os componentes do alternador responsáveis por
esta função são os diodos, montados em uma configuração chamada de ponte
retificadora. A figura 4.7 ilustra os diodos do alternador.

Figura 4. 7 – Diodos de retificação.

A principal característica dos diodos é permitir a passagem de corrente


elétrica num único sentido, ou seja, no sentido que indica o seu símbolo.
Os diodos são montados em chapas dissipadoras de calor (figura 4.8) que
tem boa condutibilidade térmica, pois os mesmos têm um limite de temperatura
muito baixa: 130ºC.

Figura 4. 8 – Chapas dissipadoras de calor.

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Cada fase da corrente alternada depois que passará pelos diodos fica
convertida em corrente contínua pulsante, um fenômeno que chamamos de
retificação de corrente.

Figura 4.9 – Corrente alternada, antes da retificação e contínua, após a retificação

A retificação de um período completo da corrente trifásica fornecida pelo


alternador fica levemente ondulada e pode ser considerada como corrente
contínua, como mostra a figura 4.10.

Figura 4.10 – Circuito elétrico de retificação e formas de onda das três bobinas do estator após a
retificação.

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4.2 Regulador de Tensão

O campo magnético do rotor (figura 4.3) é proporcional ao número de


espiras e à corrente de excitação; portanto, pela corrente de excitação, podemos
controlar o rendimento do alternador. Isso é feito por meio do regulador de tensão.
Assim, o princípio de regulagem de tensão consiste em comandar a corrente de
excitação do rotor. Quando a tensão de saída do alternador ultrapassar o valor
máximo permitido, o regulador de tensão causará redução ou interrupção total da
corrente de excitação. A excitação do alternador diminuirá e, conseqüentemente,
a tensão produzida por ele. Se a tensão produzida ficar abaixo do valor prescrito,
a excitação do alternador começará novamente a subir, e assim também a sua
tensão, até que o valor prescrito seja novamente ultrapassado. E aí se repete o
cicIo. Isso se passa com tanta rapidez, que a tensão do alternador fica
praticamente ajustada em um valor constante. Esta variação é tão rápida que
ultimamente, tem-se optado por reguladores eletrônicos, por não possuírem
contatos móveis que se desgastariam com o tempo. Abaixo, alguns exemplos de
reguladores de tensão (figura 4.11).

Figura 4.11 – Exemplos de reguladores de tensão.

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4.3 Circuito do Alternador

Nos alternadores Bosch (com nove diodos), a corrente de excitação do


campo magnético é desviada do seu próprio estator, retificada pelos diodos. Por
isso, seu início de funcionamento deve ser feito com uma pré-excitação externa,
através da chave de ignição (vide esquema elétrico da figura 4.12 abaixo).
A lâmpada piloto deve ter, no mínimo, 3 watts de potência para não
provocar uma demora no inicio do funcionamento do alternador.

Figura 4.12 – Esquema de ligação de um alternador Bosch e suas especificações.

A figura 4.13 a seguir exemplifica as especificações dos valores de teste em


bancada para alternador:

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Figura 4.13 – Exemplo de especificação de testes de bancada para um alternador (fonte Bosch).

4.4 Diagnóstico Elétrico

Antes de qualquer teste no veículo, inspecione detalhadamente:


■ todas as conexões elétricas;
■ o estado dos cabos e pólos da bateria;
■ as condições e o nível da solução da bateria; a correia do alternador; etc.

4.4.1 Testes no veículo

Quando em funcionamento normal, a tensão do sistema deve se encontrar


entre 13,5V e 14,5V. A tabela da página 144 (figura 4.15) aponta as possíveis
causas para as irregularidades encontradas durante o funcionamento do
alternador.

4.4.2 Teste de carga

Este teste deve ser efetuado usando o multímetro, ligado de tal modo que o
voltímetro indique a tensão sobre a bateria e o amperímetro a corrente de carga
fornecida pelo alternador.

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Em linhas gerais, para efetuar o teste de carga no alternador deve-se


submetê-lo a uma rotação igual à especificada na sua carcaça e aplicar uma
corrente maior ou igual a 2/3 da corrente máxima. A tensão do sistema deve se
manter maior ou igual a 13V (figura 4.14).

Figura 4.14 – Teste de carga – Ligação correta do multímetro em amperímetro e voltímetro.

No quadro a seguir (figura 4.15) estão relacionadas algumas prováveis


irregularidades do sistema e suas possíveis causas.

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Irregularidades no sistema de carga

Figura 4.15 - Possíveis causas para as irregularidades encontradas durante o funcionamento do


alternador.

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5 Introdução ao Funcionamento de Motores

O homem, para sua maior comodidade e conforto, está sempre criando


meios que tornem seu trabalho menor, mais rápido e mais eficiente. Dentre estas
criações, podemos citar o motor.
Os motores podem ser elétricos, a carvão, etc, e transformam algum tipo
de energia em movimento. Essa energia de movimento é usada para o transporte,
movimentação de peças, fabricação, manufaturação de componentes, etc. E tem
intensa aplicação no mundo atual seja na industria, nos bens de consumo, etc.
Grande parte dos veículos automotores utiliza um motor de combustão
interna. Este transforma a energia de expansão de gases em combustão em
movimento. Essa energia de movimento é transferida, quando solicitado, às
rodas, transportando pessoas e/ou cargas para onde bem se entender.
Estudaremos a seguir o princípio básico de funcionamento dos motores de
combustão interna de 4 tempos, utilizados nos veículos a álcool ou gasolina. O
entendimento desses princípios nos ajudará a compreender melhor a
necessidade do sistema de ignição e a sincronia desse sistema, que será
estudado no capítulo seguinte.

5.1 Princípio Básico de Funcionamento de Motores de 4 Tempos

O motor de combustão interna, coração do automóvel, é o ponto de partida


da força do movimento que produzem o deslocamento do veículo. O primeiro
automóvel a gasolina foi construído em 1885, na Alemanha, por Carl Benz. Ele
construiu o motor de quatro tempos e adaptou-o a um triciclo. Atualmente os
motores de combustão interna são aplicados até mesmo na formula 1,
apresentando alto desempenho, velocidade e grande tecnologia.
O funcionamento de um motor só é possível pela sincronização dos
movimentos de seus êmbolos e das válvulas montadas no cabeçote, que
controlam a entrada da mistura ar/combustível e a saída dos gases queimados
para o escapamento.

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Nos veículos terrestres, alimentados por gasolina ou álcool, predomina o


motor de quatro tempos, que obedece ao ciclo Otto. Nesse motor, cada êmbolo
executa quatro movimentos a cada ciclo, na seguinte ordem:

■ Admissão - a mistura ar/combustível entra no cilindro;


■ Compressão - a mistura é comprimida pelo êmbolo na câmara de
combustão;
■ Combustão - a mistura se inflama quando saltar uma centelha entre os
eletrodos da vela de ignição;
■ Escapamento - Quando ocorre a saída dos gases na combustão da
mistura.

Esse ciclo se repete, em cada cilindro, mais de 1000 vezes por minuto,
quando um automóvel desenvolve a velocidade de 80Km/h.
A combustão é um processo químico que exige três componentes que se
combinam: calor, oxigênio e combustível.
O motor de combustão interna é um conjunto de peças mecânicas e
elétricas, com a finalidade de produzir trabalho, pela força de expansão resultante
da queima da mistura de ar mais combustível no interior das câmaras fechadas
dos cilindros.
A mistura ar/combustível, preparada no sistema de alimentação, é aspirada
para as câmaras de combustão. Em seguida ela é comprimida. Uma centelha
salta entre os eletrodos da vela e começa a combustão da mistura: os gases
resultantes dessa queima empurram o êmbolo para baixo, e o movimento é
transmitido, pelas bielas, à árvore de manivelas (virabrequim).
Para se ter o melhor funcionamento e a máxima eficiência do motor, é
preciso saber em qual cilindro deverá ocorrer a combustão da mistura ar
combustível. O sistema de ignição, através dessa informação, precisa se
encarregar de gerar uma alta tensão e enviar à respectiva vela desse cilindro.
Dessa maneira é combinado fogo ao oxigênio e ao combustível,
provocando a combustão e a expansão dos gases e conseqüentemente a
movimentação de um conjunto móvel que é capaz de transmitir toda essa energia
às rodas de um veículo.

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Figura 5.1 – Motor de combustão interna.

Como sabemos o motor de quatro tempos funciona pela repetição


ordenada de quatro movimentos:

■ Admissão;
■ Compressão;
■ Combustão;
■ Escape;

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Primeiro tempo: ADMISSÃO.


A válvula de admissão permanece fechada; a de admissão abre-se
progressivamente. O êmbolo desloca-se do ponto morto superior PMS ao ponto
morto inferior PMI, aspirando a mistura ar/combustível formada pelo sistema de
alimentação para o interior do cilindro.

Figura 5.2 – Tempo de admissão

Segundo tempo: COMPRESSÃO.


A válvula de admissão se fecha e a de escapamento permanece fechada.
O êmbolo se desloca do PMI para o PMS, comprimindo a mistura na câmara de
combustão.

Figura 5.3 – Tempo de compressão.

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Terceiro tempo: COMBUSTÂO.


As válvulas de admissão e de escapamento continuam fechadas. A mistura
comprimida é inflamada por uma centelha que salta da vela. Com a queima,
formam-se gases que se expandem, impulsionando o êmbolo de volta para o PMI

Figura 5.4 – Tempo de combustão.

Quarto tempo: ESCAPAMENTO.


A válvula de admissão permanece fechada e a de escapamento abre-se,
progressivamente, à medida que o êmbolo vai do PMI ao PMS, expelindo os
gases resultantes da combustão.

Figura 5.5 – Tempo de escapamento

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Por esse estudo conclui-se que os quatro tempos, apenas o terceiro


(combustão) produz trabalho. Os cilindros trabalham dentro de uma determinada
ordem de combustão e o volante, por ter inércia, transforma os impulsos que
recebe, devido às diversas combustões, em um movimento contínuo. Esse ciclo
de quatro tempos, com a combustão provocada pela centelha na vela de ignição,
é chamado ciclo Otto.

5.2 Introdução ao Sistema de Ignição

Sabemos que o motor funciona graças à queima de combustível. Em um


motor de quatro tempos, inicialmente, o pistão, no seu curso de descida, aspira ar
e combustível. Em seguida, o pistão sobe e comprime a mistura. Quando atinge o
ponto morto superior, salta uma centelha entre os eletrodos da vela, que inicia a
combustão da mistura. A pressão sobe então violentamente e empurra o pistão
para baixo, acionando, através da biela, o virabrequim: é o tempo de combustão.
No tempo seguinte, o pistão sobe e expulsa os gases queimados, como se
observa na figura abaixo.

Figura 5.6 – Os quatro tempos do motor.

O momento correto da ignição é muito importante para o funcionamento do


motor.

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O sistema gera a centelha nos eletrodos das velas, a partir da eletricidade.


O sistema elétrico do veículo fornece eletricidade para a ignição. Porém, fornece
a baixa tensão, incapaz de gerar uma centelha. Para isto o sistema de ignição
transforma essa baixa tensão em alta tensão, promovendo o centelhamento da
vela. Estudaremos a seguir o funcionamento desse sistema.

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6 Sistema de Ignição

6.1 Princípio Básico e Sistema Convencional

As principais funções dos sistemas de ignição são: elevar a tensão da


bateria e conduzi-Ia, no momento exato, à vela de ignição do cilindro. Conforme o
estado do motor e da vela de ignição é necessário que haja uma tensão entre
5.000V e 30.000V para provocar uma centelha. Esta tensão é denominada tensão
de ignição. A faísca formada entre os eletrodos da vela tem uma temperatura de
alguns milhares de graus Celsius, alta o suficiente para iniciar o processo de
combustão da mistura ar-combustível, que continua a queimar por si, no interior
da câmara de combustão do cilindro.
É de grande importância que o sistema de ignição faça a mistura queimar
com segurança em qualquer regime de trabalho do motor.
Para isto, a energia de ignição é gerada com uma grande margem de
reserva, garantindo que a mistura queime-se sem problemas.
A bobina de ignição é o elemento responsável pela elevação da tensão da
bateria. É constituída de dois enrolamentos:
■ enrolamento primário - recebe energia elétrica em baixa tensão da bateria
e a armazena em forma de campo magnético; .
■ enrolamento secundário - recebe a energia armazenada pelo campo
magnético e a transfere para a vela de ignição em forma de alta tensão.

Figura 6.1 – Desenho esquemático de um sistema de ignição simples.

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O sistema de ignição convencional é composto de (figura 6.1):


1 - Bateria;
2 - Chave de Ignição: Está ligada ao circuito primário da bobina de ignição e serve
para ligá-Io ou desligá-Io da bateria;
3 - Bobina de Ignição: Transforma, com auxílio do condensador, a energia de
baixa tensão fornecida pela bateria, em alta tensão, que será consumida nas
velas;
4 - Platinado: Ligado ao circuito primário da bobina, fecha o circuito elétrico para
armazenamento de energia magnética, que será utilizada pelo enrolamento
secundário, com início no exato momento da abertura dos seus contatos;
5 - Condensador: Ajuda na formação da alta tensão e evita a formação de arco
voltaico entre os contatos do platinado;
6/7 - Rotor e Distribuidor: Distribuem a energia elétrica de alta tensão às
respectivas veIas, através dos cabos;
8 - Velas: Dão início à combustão da mistura, com a centelha criada pelo salto da
tensão entre seus eletrodos.
Quando se fala de ignição em motores de combustão interna (álcool, gasolina)
pensa-se, inicialmente, em uma faísca inflamando a mistura combustível-ar,
comprimida no cilindro para dar início à sua queima. Mas esta é a última etapa
de um processo que repete com extrema rapidez.

Fornecimento e armazenamento de energia


elétrica

Produção de alta
tensão

Figura 6.2 - etapa de um processo


de motores de combustão interna Distribuição de alta tensão às velas
(álcool, gasolina).

Formação de faísca na vela

Inflamação da mistura

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O equipamento de ignição não deve ser visto como um equipamento


autônomo, mas uma parte do motor de combustão. Podemos comparar o sistema
de ignição com o “coração do motor”, pois a ele se atribui a responsabilidade de
detonar a mistura do cilindro no tempo exato.
Todo o processo inicia-se na bateria: ao acionarmos a chave de ignição
fechamos o circuito de maneira a transferir a energia armazenada em suas
placas. Esta energia possui uma tensão baixa (12V), insuficiente para fazer saltar
na vela uma faísca forte o suficiente para possibilitar a queima da mistura. Então,
a bateria libera essa energia a um transformador, no caso a bobina (figura .2), que
se encarrega de transformá-la em alta tensão.

Figura 6.3 – Bonina de ignição em corte.

O processo de transformação baseia-se no princípio da teoria


eletromagnética. Se a corrente elétrica que flui através do enrolamento de uma
bobina for diminuída ou interrompida repentinamente, o campo magnético
existente ao seu redor sofrerá uma queda. A energia magnética retomará ao
circuito em forma de energia elétrica provocada pela auto indução.
Esta interrupção da corrente elétrica no enrolamento primário é causada

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pela abertura dos contatos do platinado.


A interação da energia magnética da bobina com a energia elétrica do
condensador induzirá no primário da bobina uma tensão alternada de
aproximadamente 300 volts.
Esta tensão será transferida para o secundário multiplicado por aproximadamente
100 vezes, devido à relação entre o nº de espiras da bobina secundário/primário.

Espiras secundário = Espira primário x 100

Esta tensão, em torno de 30.000 volts, é transferida para o distribuidor


(figura 6.4) que a canaliza, no momento devido para cada um dos cilindros do
motor, passando pelo rotor (cachimbo), a alta tensão, às velas.

Figura 6.4 – Distribuidor de ignição.

Para se entender o funcionamento do distribuidor, vamos imaginar o eixo


do distribuidor girando acoplado ao motor através do pinhão. O eixo do
distribuidor possui ressaltos que comandam a abertura e o fechamento do
platinado (figura 6.5). Cada vez que um desses ressaltos empurra a parte móvel
do platinado, este interrompe a corrente de entrada da bobina. Neste momento,
na bobina, é induzida a alta tensão que é captada pelo distribuidor, passando pelo
rotor já direcionado para a vela do cilindro correspondente.
À medida que os ressaltos vão se sucedendo, o rotor também vai girando
e, dessa forma, cada um dos cilindros do motor vai recebendo a faísca na ordem
correta.

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Então, por exemplo, um motor de quatro cilindros, girando à 6.000 rpm


estará exigindo da bateria 12.000 centelhas por minutos ou 200 por segundo. Isto
significa dizer que o platinado tem um tempo limitado para executar as suas
funções e que precisa permanecer fechado um tempo mínimo obrigatório.
Este tempo mínimo obrigatório é determinado pelo Ângulo de
Permanência, que é definido como o ângulo descrito pelo eixo do distribuidor,
desde o fechamento do platinado até sua abertura.

Figura 6.5 – Platinado – Ressalto abrindo e fechando o contato do platinado e ângulo de


permanência.

Ângulo de permanência: É a grosso modo, o tempo


que o platinado permanece fechado

6.2 Sistema de Ignição Eletrônico

Antes de conhecer os componentes da Ignição Eletrônica (figura 6.6), você


deve saber o que é e quais vantagens ele proporciona:
Este sistema substitui o platinado e o condensador, aumentando, assim, a
eficiência da centelha para os cilindros, ampliando os intervalos de regulagens do
sistema de ignição, melhorando o comportamento nas partidas tanto em altas
quanto em baixas temperaturas; sendo sua principal característica o emissor de
impulsos, que desempenha as funções do martelete do platinado, sem o auxílio
de contatos mecânicos (figura 6.7). Na figura 6.8 mostra-se o emissor de pulsos
em corte.

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Figura 6.6– Esquema de um sistema de ingição eletrônico. 1 – bateria, 2 – chave +15,


3 – distribuidor, 4 – central eletrônica de comando, 5 – bobina de ignição, 6 – fio resitivo,
7 – terminal não Conectado, 8 – motor de partida.

Figura 6.7– Emissor de impulsos: substitui os contatos mecânicos

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Figura 6.8– Emissor de pulsos, em corte

6.2.1 Sistema Indutivo - Componentes e Funcionamento

6.2.1.1 Distribuidor de ignição

Este componente está equipado com emissor de impulsos indutivos que


substitui o platinado e condensador (vide figura 6.8). O conjunto é formado por um
estator fixo composto por um ímã permanente, enrolamento de indução, núcleo e
rotor emissor de impulsos que gira solidário ao eixo do distribuidor. Ambos tem
prolongamentos denominados ponta do estator e ponta do rotor.
O princípio de funcionamento é o seguinte: com o rotor em movimento, a
distância existente entre as pontas do rotor e as pontas do estator sofre
modificações periódicas, que alteram o fluxo magnético (fig. 9.

1 – imã permanente
2 – enrolamento
3 – intervalo variável
4 – rotor emissor de impulsos
5 – ponta do estator

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Figura 6.9 – Desenho simplificado de um rotor com estator (Distribuidor de ignição)


Conforme mostra a figura 6.10 a tensão do emissor forma-se da seguinte
maneira:

No momento em que as pontas do rotor e as do estator se aproximam


umas das outras, o fluxo magnético e a tensão nas extremidades do enrolamento
de indução aumentam a partir de zero (inicialmente de maneira lenta, e depois
mais rapidamente). O valor máximo ocorre imediatamente antes das pontas do
rotor e do estator se alinharem.

Figura 6.10 – Alinhamento das pontas


do estator com as do rotor.

A medida em que as distâncias entre as pontas aumentarem novamente


(figura 6.11) a tensão do emissor inverterá repentinamente o seu sentido (-U),
visto o fluxo magnético se tornar mais fraco. No exato momento desta inversão
(tz), figura 6.12, ocorre a centelha na vela de ignição.
Em virtude do seu modo de atuar, o emissor de impuIsos possui
características de gerador, pois ele produz uma tensão alternada, para fins de
comando da ignição por impulsos.
Como você observou, a modificação do fluxo induz no enrolamento de
indução uma tensão alternada, conforme gráfico da figura 6.12. A tensão (-U/+U)
depende da rotação, sendo de 0,5 volts em rotações baixas e aproximadamente
100 volts em rotações altas.

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Figura 6.11 – Aumento da distância das pontas do estator e do rotor.

Tensão alternada, produzida pelo emissor de impulsos de ignição, em


função do tempo.
tz = ponto de ignição

Figura 6.12 – inversão do fluxo magnético –U e +U e produção de um pulso de tensão.

6.2.1.2 Unidade de comando

A unidade de comando está representada na figura 6.5, item 4, e apresenta


cinco importantes etapas de funcionamento:

1 - Através do formador de impulsos, a tensão alternada de comando do


emissor de indução (figura 6.11) é transformada em impulsos retangulares e de
mesmo sentido (figura 6.13, gráfico 1).

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2 - Através do comando do ângulo de permanência a duração dos


impulsos é modificada em função da rotação do motor (figura 6.13, gráfico 2).
3 - Através do estabilizador, a tensão de alimentação é mantida tão
constante quanto possível.
4 - Através do amplificador da corrente de comando, os impulsos
retangulares, já modificados pelo comando do ângulo de permanência, são
ampliados para comandar a etapa final.
5 - Na etapa final, liga e desliga a corrente que flui pelo primário da bobina
de ignição. Cada interrupção dos impulsos retangulares provoca interrupção da
corrente primária, produzindo centelhas nas velas.

Figura 6.13 – Gráficos de transformação em pulsos retangulares (gráfico 1) e modificação dos


pulsos pelo ângulo de permanência (gráfico 2)

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6.2.1.3 Bobina de ignição

Observe que esta bobina difere da convencional apenas na especificação


técnica, sendo identificada pelo número da peça, permanecendo a mesma
função.

6.2.1.4 Regulagens dos componentes

Distribuidor
A folga existente entre o rotor do impulsor e o estator deve ser 0,22 mm a
0,60 mm. Para cada modelo de veículo, a regulagem do ponto inicial de ignição
deve ser feita como no sistema convencional, obedecendo os mesmos valores,
sendo efetuada uma verificação a cada 50.000 km.
Unidade de Comando

Caso apresente defeito, substitua-a, pois nenhum reparo ou regulagem


pode ser feito nesse componente.
Bobina

Como na convencional, esta também deverá ser substituída, caso


apresente defeito.
Velas de ignição

Proceda nesta regulagem, da mesma forma da vela convencional.


Teste diagnóstico
Importante: Ao manusear o equipamento de ignição eletrônica, evite acidentes
cercando-se de todo cuidado:

1) Desligue a ignição sempre que efetuar qualquer trabalho no equipamento, por


exemplo:
na conexão dos aparelhos de teste ou na substituição de componentes.

2) Ao testar o sistema ou efetuar regulagens no motor com a ignição ligada, tome


cuidado especial com as tensões nos locais assinalados com setas, no esquema.

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Atenção:

Não acione o motor com o distribuidor sem tampa, porque o campo


magnético pode atrair as presilhas e danificar o emissor de impulsos.

Figura 6.14 – Esquema de um sistema de ingição eletrônico. 1 – bateria, 2 – chave +15, 3 –


distribuidor, 4 – central eletrônica de comando, 5 – bobina de ignição, 6 – fio resistivo, 7 – terminal
não conectado, 8 – motor de partida.

Condições para a realização de testes


■ Bateria carregada, temperatura do motor e do meio ambiente de 0°C a 40°C.
■ Combustível no reservatório.

Obs.: A temperatura influi, fortemente, nos valores de medição.

Equipamentos necessários:
■ Voltímetro
■ Ohmímetro
■ Contagiros
■ Lâmpada estroboscópica
■ Medidor de ângulo de permanência . cálibre de lâminas
■ Ponta de provas

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6.2.2 Sistema de ignição por efeito Hall( 1992 ) - Componentes e Funcionamento

6.2.2.1 Emissor de impulsos Hall

O efeito Hall foi descoberto em 1879 por E.H. Hall, que submeteu um
condutor elétrico a um campo magnético perpendicular a direção da corrente
elétrica. Hall verificou que uma diferença de potencial elétrico aparecia nas
laterais deste condutor na presença do campo magnético.
Os veículos com controle e emissões dispõem de um emissor de impulsos
tipo Hall fixado na mesa do distribuidor de ignição.
Este sensor, que faz parte do próprio distribuidor de ignição, envia sinais
para a unidade de comando calcular a rotação do motor e interromper a
alimentação para o primário da bobina de ignição.
Esse sistema é mais preciso em relação ao sistema indutivo,
principalmente nas rotações mais baixas trazendo maior eficiência da centelha
com uma melhor queima da mistura.

Figura 6.15 – Sistema de ignição por efeito hall. Componentes do sistema no


distribuidor.

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Figura 6.16 – Sistema de


ignição por efeito hall –
ligação do chicote elétrico.

6.2.2.2 Funcionamento

O rotor primário está fixado no eixo do distribuidor e o emissor de impulsos


é fixado na carcaça. O emissor recebe alimentação da unidade de comando de
ignição e o sinal de saída depende da posição do rotor primário.

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Figura 6.17 – geração do pulso

Estando a abertura do rotor posicionada no emissor Hall, teremos na saída


um sinal negativo (figura 6.18 número 1). Caso o rotor primário interrompa o
campo magnético, o impulso não é mais verificado (figura 6.18 número 2).
Atenção: A inversão de polaridade na alimentação do emissor Hall pode
ocasionar sua queima.

Figura 6.18 – Sinais de saída de acordo com o alinhamento do rotor.

6.2.2.3 Unidade de comando da ignição

A nova unidade de comando é de tamanho extremamente reduzido e é


montada juntamente com um dissipador de calor. Tem funcionamentos
similares às anteriores, diferenciando-se pelo fato de trabalhar com emissor
Hall de impulsos.

Veículos produzidos a partir de 1992 (carburados com catalisador).

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Figura 6.19 – Exemplo de um esquema de ligação de uma central de ignição com comando hall.

Ponto de ignição na fase fria

Com o objetivo de melhorar a dirigibilidade foi introduzido um sistema que


mantém o avanço do ponto de ignição na fase fria (início de funcionamento do
motor).
Seu funcionamento está baseado numa válvula termopneumática de uma
via ("one-way") de coloração amarela, localizada na parte posterior do cabeçote,
no duto de saída do Iíquido de arrefecimento para o trocador de calor.
Ela tem por característica manter a depressão em apenas um sentido na
fase fria.
A partir de uma determinada temperatura a válvula não mais atuará,
liberando o avanço a vácuo para o funcionamento normal.
Vejamos como funciona a retenção de vácuo na fase fria:
A válvula interliga o dispositivo de avanço a vácuo do distribuidor com a
tomada da depressão do carburador. Na fase fria a válvula irá reter o vácuo.
Então, quando aceleramos pela primeira vez há um aumento da depressão com
um conseqüente avanço no ponto de ignição. No momento em que

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desaceleramos, a depressão diminui. Só que na fase fria a válvula retém o vácuo


até que se atinja a temperatura de 58 °C, mantendo assim o ponto de ignição
avançado.
Importante: Devido ao fato dela reter o vácuo em apenas um sentido, esta
válvula tem posição correta de Iigação das mangueiras.
Caso haja inversão de ligação não teremos avanço a vácuo na fase fria (figura
6.20), apenas acima de 58 °C, o que ocasionará um rendimento abaixo do normal
na fase fria.

Figura 6.20 – Avanço a vácuo.

6.2.2.4 Bobina de ignição

A nova bobina tem uma potência de 30 KV (as anteriores eram de 26 KV),


proporcionando maior eficiência na combustão. Na sua parte superior está
incorporada uma válvula de segurança que se rompe em caso de
superaquecimento da bobina.

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Figura 6.21 – Bobina de ignição

6.2.2.5 Velas

As velas possuem agora eletrodos centrais revestidos de prata o que


praticamente dobra sua vida útil quando comparadas com as de cobre. Também
são resistivas a exemplo dos veículos com Ignição Eletrônica. Existem
parâmetros específicos para cada tipo de carro, bem como a abertura dos
eletrodos e sua manutenção (troca e verificação) devem ser feitos segundo o
manual de cada montadora. Nas figuras 6.22 e 6.23 tem algumas observações
relevantes.
Obs.: A gama térmica também foi alterada.
Os cabos da ignição dos motores arrefecidos a ar e dos motores alta
economia passam a adotar supressores de ruído incorporados nas extremidades,
como nos motores de alta performance.

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Figura 6.22 – Exemplo de desgaste na abertura do eletrodo de velas.

Figura 6.23 – Partes internas de uma vela.

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Figura 6.24 – Cabos de velas resistivos.

Figura 6.25 – Cabos de velas com terminais resistivos ou supressivos.

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Figura 6.26 – Exemplo de esquema elétrico de um sistema de ignição com hall.

6.2.3 Sistema de ignição estático ou mapeado

O sistema de ignição estático é bem simplificado e tem como diferença a


utilização de bobinas diretamente nas velas de ignição. O comando é realizado
pela central eletrônica que analisa sinais analógicos de sensores e utiliza uma

lógica avançada para determinar o exato momento da ignição. Por isso ele se
chama sistema de ignição mapeado.

Sistema usa um microprocessador que calcula o ângulo de permanência e


o ponto de ignição. Estes são calculados eletronicamente, por meio de mapas
memorizados na central, que diminui o número de componentes mecânicos e
aumenta a precisão do sistema.

Neste sistema, a central eletrônica recebe informações de vários


sensores, controlando a ignição de uma forma independente para cada cilindro.
Abaixo relacionamos alguns deles, os mais comuns utilizados em um sistema:

Sensor de rotação e PMS: Os sistemas mapeados podem utilizar um


único sensor, que informa a rotação e o PMS do motor, como o sensor hall, por
exemplo. Podem, também, ser encontrados sistemas que utlizam sensores
distintos, uma para medir a rotação e outro para medir o PMS.

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A figura 6.27 abaixo ilustra o sensor de rotação encontrado no sistema de


ignição direta Microplex, da Magneti Marelli. Este sensor é montado no volante do
motor.

Figura 6.27 – Sensor de rotação.

Sensor de pressão absoluta: Tem como função informar para o módulo a


pressão existente no coletor de admissão. Com essa informação, mais a rotação
do motor, o módulo calcula o avanço de ignição.
Consiste em um diafragma semicondutor, que, devido a deformação em
função da pressão aplicada, sofre uma variação de resistência elétrica. Através de
um circuito eletrônico, essa variação de resistência é amplificada e transformada
em variação de tensão, que serve de informação ao módulo eletrônico (figura
6.29).

Figura 6.28 – Sensor de pressão absoluta

Sensor de detonação: Sua função é informar ao módulo eletrônico o momento


exato em que ocorre a detonação, afim de que esta ajuste o ponto de ignição pra
envitar que a detonação não se repita (figura 6.29).

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Figura 6.29 – Sensor de detonação.

Bobina de ignição: Sabe-se que a bobina de ignição tem a função de

transformar a baixa tensão da bateria em alta tensão. A figura 6.30 refere-se a


uma bobina utilizada no sistema.

Figura 6.30 – bobina do sistema de ignição estático.

Figura 6.31 - Diagrama elétrico simplificado do sistema de ignição estático.

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Referências Bibliográficas

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FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Palio: sistemas eletroeletrônicos. Betim: FIAT, 1996.


22p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Palio: sistema de injeção/ignição IAW – 1G7. Betim:


FIAT, 1996. 62p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Princípios básicos de injeção/ignição eletrônica.


Betim: FIAT, 2002. 48p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Sistemas elétricos II módulo II: trava-portas. Betim:


FIAT, 1997. 20p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Sistemas elétricos II módulo VI: sistema de alarme e


antifurto. Betim: FIAT, 1997. 52p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Sistemas elétricos módulo IV: acionamento dos


vidros. Betim: FIAT, 1997. 64p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Sistemas elétricos II módulos VII e VII: limpadores


dianteiros/traseiros, lavadores pára-brisa/traseiro e desembaçador de vidro
traseiro. Betim: FIAT, 1997. 38p.

FIAT AUTOMÓVEIS S.A. Sistemas elétricos I. Betim: FIAT, 1990. 68p.

FORD MOTOR COMPANY BRASIL. Conceito e funcionamento de sistemas


elétricos. São Paulo: FORD, 2004. 128p.

FORD MOTOR COMPANY BRASIL. Fundamentos de eletricidade e eletrônica.


São Paulo: FORD, 2002. 134p.

GENERAL MOTORS DO BRASIL. Utilização prática do multímetro. São Paulo:


GM do Brasil, 2001. 15p.

MEDEIROS, Valmir. Eletroeletrônica básica: multímetros e esquemas elétricos.


Belo Horizonte: EXAMINER, 2004. 102p.

MERCEDES-BENZ. Princípios básicos eletricidade. [S.l.]: Mercedes-Benz. 85p.

NGK. Velas e cabos de ignição 2005: tabelas de aplicações. [S.l.]: NGK. 25p.

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1998. 144p.

SENAI/DR. Mecânica automobilística I e II: motores. Belo Horizonte: SENAI,


1998. 238p.

SENAI/DR. Sistemas elétricos: automobilística. Belo Horizonte: SENAI, 1998.


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SENAI/DR. Eletroeletrônica automotiva. 2ed. Belo Horizonte: SENAI, 2004.


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VOLKSWAGEM DO BRASIL. Leitura e interpretação de esquemas elétricos.


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1995. 28p.

VOLKSWAGEM DO BRASIL. Sistema de ignição eletrônica. São Bernardo do


Campo: Volkswagen, 2002. 17p.

170
Anexos

Anexo A1 – Dispositivos de proteção e segurança Palio 1997/1998.


Anexo A2 - Desembaçador do vidro traseiro – Palio 1997/1998.
Anexo A3 - Esquema elétrico do Limpador e lavador dos vidros e localização dos
componentes – Palio 1997/1998.
Anexo A4 - Esquema elétrico – 4 portas – Palio 1997/1998.
Anexo A5 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito
Eletroeletrônico.
Anexo A6 - Esquema Elétrico Gol 1998/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-
furto.
Anexo A7 – Fiesta 1996 – Faróis.
Anexo A8 – Fiesta 1996 – Luzes de freio.
Anexo A9 – Fiesta 1996 – Indicadores Direcionais e Luzes de Sinalização de
Emegência.
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

178
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

179
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

180
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

181
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

182
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

183
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

184
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

185
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

186
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

187
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

188
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

189
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

190
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

191
Anexo A1 – Palio 1997/1998 - Dispositivos de proteção e segurança

192
A2 - Palio 1997/1998 - Desembaçador do vidro traseiro

193
A2 - Palio 1997/1998 - Desembaçador do vidro traseiro

194
A3 - Palio 1997/1998- Esquema elétrico do Limpador e lavador dos vidros e localização dos componentes

195
A3 - Palio 1997/1998- Esquema elétrico do Limpador e lavador dos vidros e localização dos componentes

196
A4 - Palio 1997/1998 - Esquema elétrico – 4 portas

197
A5 - Palio 1997/1998 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito Eletroeletrônico

198
A5 - Palio 1997/1998 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito Eletroeletrônico

199
A5 - Palio 1997/1998 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito Eletroeletrônico

Legenda dos Componentes

200
A5 - Palio 1997/1998 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito Eletroeletrônico

201
A5 - Palio 1997/1998 - Sistema de Injeção Eletrônica do Palio 994/1497 – Circuito Eletroeletrônico

Legenda dos Componentes

202
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

203
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

204
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

205
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

206
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

207
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

208
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

209
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

210
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

211
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

212
A6 - Esquema Elétrico Gol/Parati/Saveiro – Sistema de alarme anti-furto

213
A7 - Fiesta – Farois

32-01.1

214
A7 - Fiesta – Farois

32-01.2

215
A9 - Fiesta – Luzes de freio

32-05-1

216
A9 – Fiesta 1996 – Indicadores Direcionais e Luzes de Sinalização de Emegência

32-10-1

217
A9 – Fiesta 1996 – Indicadores Direcionais e Luzes de Sinalização de Emegência

32-10-2

218
A10 – Palio 1997/1998 – Sistema elétrico dos farois

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