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CCSE-UEPA
Belém-PA
2019
Realização:
Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia – GHEDA
Endereço: Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do
Pará (PPGED-UEPA). Rua do Una, nº 156 - Belém - Pará - Brasil - 66.050-540 –
Bairro: Telégrafo.
Telefone: (91) 4009-9552/9506.
E-mail: ghedauepa@gmail.com
Site: http://www.gheda.com.br
Periodicidade: Anual.
Capa:
Raí Medeiros Veiga
Mário Allan da Silva Lopes
Revisão:
Natalia Priscila de Souza Marques
Gercina Ferreira da Silva
Colaboradora:
Elisangela Silva da Costa
Comitê Científico:
Maria do Perpetuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França – UEPA
Maria Betânia Barbosa Albuquerque – UEPA
Adriene Suellen Ferreira Pimenta - UFPA
Thaís Tavares Nogueira - UEPA
Jane Elisa Otomar Buecke – UFPA
Moisés Levy Pinto Cristo – UFPA
Darlene Monteiro dos Santos – UEPA
Mário Allan da Silva Lopes – UEPA
Sabrina Augusta da Costa Arrais – ESTÁCIO/PA
FICHA CATALOGRÁFICA
APRESENTAÇÃO
Diante do cenário em que vivemos, onde as produções científicas estão sendo
colocadas em cheque com relação a sua eficácia e validade para o campo educacional, é
de suma importância destacar que os pesquisadores envolvidos nesse processo tentam
resistir, compartilhando suas produções como forma de firmar o significado delas no
meio educacional e a partir disso motivar outros a se juntarem no mesmo propósito
como forma de resistência diante da falta de valorização da ciência. Por isso, o IX
Seminário do GHEDA, intitulado “História da Educação na Amazônia Colonial”,
propiciou espaços de partilha, divulgação e produção de conhecimento enriquecendo
pesquisadores da área.
O IX Seminário do GHEDA ocorreu nos dias 4 e 5 de junho de 2019, no campus
I, na Universidade do Estado do Pará (UEPA) com o tema: História da Educação na
Amazônia Colonial: instituições e práticas educativas. O mesmo teve como objetivo o
desenvolvimento de pesquisas voltadas para a história das instituições educativas,
intelectuais e impressos, bem como para a análise histórica de processos e práticas
educativas vivenciadas em espaço não escolares da Amazônia. Trazendo para debate a
produção do conhecimento acerca da história da educação nesse período ainda pouco
investigado.
Esse evento foi dividido em quatro eixos relacionados com a temática, o qual
obteve produções de grande importância e significado para a escrita da história
paraense, onde os autores se debruçaram sobre o tema, expondo seus olhares e analises
voltado aos seus objetos de estudo, permitindo-nos refletir sobre a importância da
pesquisa em História da Educação, através de diferentes perspectivas, vivências e
saberes na região. Com isso, apresentaremos o que cada eixo se propôs a discutir.
Eixo 1 - História das instituições educativas na Amazônia: O presente eixo
contemplou estudos e pesquisas sobre a história das instituições educativas na
Amazônia. Aborda as instituições como espaços educativos, constituídas por múltiplos
sujeitos, saberes e práticas culturais. Traz à baila o controle, a disciplina, o poder e a
resistência que marcaram o seu cotidiano.
Eixo 2 - História dos intelectuais e educação na Amazônia: Este eixo aborda
temas sobre a história dos intelectuais e a educação, em especial da região amazônica.
Os trabalhos versam sobre a trajetória de vida e formação de sujeitos singulares, seus
pensamentos e ações educacionais em diferentes contextos socioculturais e
educacionais.
Eixo 3-Interfaces entre educação e religiosidade na Amazônia: Este eixo tem por
objetivo abordar as interfaces entre educação e religiosidade no contexto amazônico.
Nesse sentindo, os trabalhos devem traçam diálogos transdisciplinares com o intuito de
contemplar os diversos enfoques que se lançam sobre os discursos e/ou práticas
religiosas na Amazônia, não apenas da relação entre educação - religião e seus
desdobramentos, mas das inúmeras experiências religiosas como construção de saberes.
EIXO 1
A LUZ DOS CANDEEIROS: ESCOLAS NOTURNAS NA PROVÍNCIA DO GRÃO –
PARÁ (1871-1889) – Elias Santos de Brito, Maria Odilene da Silva
Santos...............................................................................................................................11
EIXO 1
A LUZ DOS CANDEEIROS: ESCOLAS NOTURNAS NA PROVÍNCIA DO GRÃO –
PARÁ (1871-1889)
RESUMO
Escola noturna criada pela Câmara Municipal, em Setembro de 1871, direcionada para
as classes populares. Abriu a possibilidade de alfabetização do público adulto,
sustentada no regulamento Portella, foi responsável por uma inciativa que envolveu
diversos protagonistas à favor e contra a frequência do público que exercia suas
funções durante o dia e a noite procurava a escola para alfabetizar-se.
BIBLIOGRAFIA
RESUMO
O presente trabalho visa analisar as possibilidades de usos da revista A Escola como
fonte histórica para a escrita da história da educação na Amazônia. A revista A Escola,
surge no Pará em 1905 com o propósito de orientar a prática docente dos professores
do ensino primário do Pará. Diante disso, a pesquisa é do tipo documental e toma
como fontes mediante a uma abordagem da História Cultural, as edições da revista de
nº 03 de 1900 e nº 58 1905, além do Decreto nº 850 de 30 de abril de 1900 que tornou
obrigatória a assinatura da revista A Escola entre os professores primários do Pará.
Para sustentar as análises estabelecidas, conta com o aporte teórico de Bastos
(2002), Rodrigues e França (2010), Chartier (1991) e Magaldi (2008). A revelou que
múltiplas possibilidades para se olhar na revista A Escola, uma fonte infindável de
pesquisas, na medida em que esse impresso pedagógico se constituiu como uma
instituição formadora não somente de professores, mas de crianças, além de revelar o
dia a dia da escola primária no Pará. Esse olhar de dentro, oferece ao pesquisador
levantar objetos antes não mensurados e que podem trazer a compreensão sobre o
que foi e como foi o ensino não apenas no Pará, mas na região amazônica.
INTRODUÇÃO
1
Mestre em Educação – UEPA. Linha Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Integrante
do Grupo de Pesquisa História da Educação da Amazônia (GHEDA). Graduada em Pedagogia
– UFPA, Especialista em Gestão e Docência no Ensino Superior – UFPA. Especialista em
Educação da Secretaria de Estado de Educação – SEDUC/PA. Docente da Secretaria
Municipal de Educação de Belém - SEMEC Email: darlene.monte@hotmail.com
15
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
PARÁ, Governo do Estado do. Decreto nº 850 de 30 de abril de 1900, que torna
obrigatória a assinatura da revista A Escola para os professores primários do
Estado. Pará – Brasil: Tipografia do Instituto Lauro Sodré, 1900.
PARÁ. Governo do Estado do. A Escola, nº 03: Imprensa Oficial, Pará, 1900.
PARÁ. Governo do Estado do. A Escola, nº 58: Imprensa Oficial, Pará, 1905.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo falar sobre a educação de jovens e adultos e os
desafios enfrentados pelos alunos rumo ao primeiro ano do ensino médio. Trata-se de
um estudo que foi realizado através da observação dos estudos dos alunos na
disciplina de língua portuguesa, de uma Escola Pública da cidade de Belém do Pará,
visando determinar a quantidade de alunos que vencendo os vários obstáculos no
decorrer do ano conseguem avançar para a etapa seguinte e mais precisamente para
o primeiro ano do ensino médio. Os resultados obtidos mostram que mesmo com a
evasão por motivos variados a quantidade de alunos que avançam para o primeiro ano
do ensino médio é significativo o que demonstra a eficácia da EJA, faz-se necessário
olhar com carinho para a grande parcela da população que cada vez mais busca na
educação uma oportunidade para mudar de vida e tornando-se um bom profissional.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado em uma Escola de Educação Infantil e Ensino
Fundamental, localizada no Bairro do Tapanã em Belém do Pará, tivemos como alvo
07 (sete) turmas da EJA do 6º ao 9º ano, as turmas tinham
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REVISÃO LITERÁRIA
É importante que se faça uma análise do que vem a ser a EJA na vida
dos adolescentes e adultos, para muitos é a oportunidade esperada por aqueles que
não tiveram quando crianças a oportunidade de estudar ou que começaram e por
algum motivo tiveram que parar, na grande maioria dos casos a interrupção se dá em
função do trabalho, ou seja, em virtude da necessidade as crianças deixam de estudar
para trabalha e ajudar no sustento da família. Para estas pessoas a EJA é uma grande
oportunidade, “O aluno da EJA acredita muito na escola, por isso a instituição deve
trabalhar com ele sempre numa concepção de autonomia e libertação” (ROSIANE e
HELENICE, 2015), isso porque para estes a EJA é a oportunidade de começar uma
nova caminhada centrada na educação sistematizada.
21
que vem eu começo e vou até o fim, mas este ano não dá!”, assim tivemos evasão nas
turmas da Terceira Etapa que contabilizaram 40 alunos sendo 8 da Turma A, 10 da
Turma B, 10 da Turma C e 12 da Turma D, em sua maioria os que desistiram foram os
mais jovens.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
23
FREIRE, Paulo. A educação como pratica da liberdade. 23ª Ed.. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1999, p.40.
2
Resumo expandido do Projeto de Pesquisa desenvolvido no Mestrado em Educação, vinculado à linha “Saberes
Culturais e Educação na Amazônia” – PPGED/UEPA.
24
RESUMO
INTRODUÇÃO
A Ordem das Mercês5, foi convidada pelo desbravador Pedro Teixeira para se
instalar na referida cidade, e constituir convento, quando este esteve em Quito,
chegando em Belém do Grão-Pará em 1639, e a partir daí, desenvolveram atividades
catequéticas e pedagógicas com os povos indígenas e filhos dos colonos, sendo a
música um dos meios utilizados neste processo de educação na Belém colonial
(SALLES, 1980).
METODOLOGIA
3
Pedagoga (UEPA), Bacharel em Direito (UFPA), Bacharel em Música (UEPA), Musicóloga (RABASF), mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA, orientanda da Profª Dra. Maria do Perpétuo Socorro Gomes de
Souza Avelino de França.
4
Livro com o registro das músicas executadas pela Ordem dos Mercedários em ações litúrgicas, no convento de
Belém.
5
A Ordem Real, Celestial e Militar de Nossa Senhora das Mercês para a Redenção dos Cativos, também conhecida
como Ordem de Nossa Senhora das Mercês (Ordo Beatae Mariae de Mercede redemptionis captivorum), é uma Ordem
Romano Católica Mendicante fundada em 1218 por São Pedro Nolasco na cidade de Barcelona (Principado da
Catalunha, Coroa de Aragão - atual Espanha).
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6
As primeiras ordens religiosas que chegaram em Belém foram os Franciscanos e Carmelitas (1617); após os
Mercedários (1639), e por último, os Jesuítas (1652). (SALLES, 1980).
26
CONSIDERAÇÕES FINAIS
7
O estudo desse repertório evoluía do mais simples ao mais complexo, utilizando-se de exercícios de repetição e
memorização de conteúdos, bem como a averiguação de aprendizado.
27
REFERÊNCIAS
RESUMO
O texto analisa o juízo de órfão e sua atuação na proteção e educação da criança da
família pobre entre os anos de 1870 a 1910. As fontes privilegiadas são os autos de
tutela, produzidos pela referida instituição. Com o objetivo de entender como o
judiciário, com o discurso de civilizar e modernizar a capital, utiliza a tutela como
dispositivo para alcançar tal propósito, atuando, sobretudo, na infância e na família
pobre no período em tela.
28
INTRODUÇÃO
O presente trabalho analisou o juízo de órfão do Pará como instituição
educativa da família e da infância entre os anos de 1870 a 1910. Este texto tem como
principal fonte os autos de tutela, produzidos pela mesma instituição. Por ser uma
fonte rica de informações cotidianas dos sujeitos históricos, essa documentação nos
permite adentrar no universo infantil, familiar e educacional de uma sociedade.
O objetivo geral era compreender a instituição juízo de órfão como uma
instituição preocupada em normalizar a família, proteger e educar a infância na capital
do Pará. Tendo em vista a sua relação com os ideários de formação do processo
civilizador das populações do norte do Brasil. Para Caulfield (1996), os juristas,
ansiosos por promover o aperfeiçoamento social e racial da população, viam no direito
uma justificativa, um método para intervir no desenvolvimento físico e moral da nação.
Se na Europa a nova escola prometida a “melhor moral da humanidade”, certamente
ela poderia ajudar os juristas brasileiros a reverter a degeneração física e cultural que,
de outra forma, poderia condenar o Brasil a uma perpetua inferioridade.
Desta Forma, o Estado na figura do judiciário, tinha necessidade do controle
e este é exercido junto ás famílias, buscando disciplinar a prática dos cuidados físicos
e morais dos filhos, ou seja, reorganizando as famílias em torno da conservação e
educação das crianças. Pesavento (2001), diz que à análise das fontes judiciais é um
caminho que “permitirá perseguir” os atores sociais que estão na contramão da
ordeme da vida, para que se possam resgatar os roteiros contraditórios da sua
incriminação, julgamento e educação.
METODOLOGIA
Para direcionar a pesquisa, elaboramos as seguintes questões que norteiam
todo o processo investigativo: 1) Quem era a instituição juízo de órfão, como surge e
com que função? 2) Qual a relação entre juízo de órfão, família e educação?. No
Plano teórico metodológico esta análise se ancorou em Michel Foucault, por
entendermos que é imprescindível pensar, o Juízo de Órfão, a (re) educação da
família e a educabilidade da criança pobre, por meio do judiciário, sem fazer referencia
ao conceito de dispositivo de poder, por ele explicado. Por dispositivo entende-se um
conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições,
organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas,
enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e
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o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode tecer
entre estes elementos (FOUCAULT, 1999, p. 204).
Para melhor subsidiar o estudo e definir os caminhos realizamos uma
revisão bibliográfica acerca do juízo de órfão e sua relação com a família e a educação
da criança órfã. Com esse resultado partimos para o levantamento nos bancos de
teses e dissertações das universidades federais e/ou daquelas que eram referência
em estudos na área, priorizando as universidades da região Norte. Ainda na internet,
tivemos acesso aos textos apresentados nos encontros e debates do GT 02, de
História da Educação (2000 a 2009), disponíveis no site da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e às edições eletrônicas da
Revista Brasileira de Educação (RBE), publicada pela ANPEd, entre 2000 e 2015.
Acessamos ainda diversas revistas eletrônicas e sites que continham artigos sobre
criança, infância, órfão, instituições, educação etc. Posteriormente, realizou-se uma
seleção que usou como critério os conceitos de pertinência, classificando o material
em “bibliografia chave” (aquela diretamente ligada ao tema pesquisado) e “bibliografia
adjacente” (aquela que se relaciona ao tema indiretamente, mas ajuda a compreendê-
lo e contextualizá-lo em diversos aspectos, como o histórico).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Juízo funcionou ininterruptamente no Pará desde a sua criação até o
momento de sua substituição pelo Juízo de Menores em 1930, é claro que nesse
decorrer de tempo o Juízo ganhou e perdeu incumbências. Para além das
transformações legais ocorridas dentro dos Juízos dos Órfãos, é possível perceber
como a população passará a usá-lo como meio para resolução de conflitos. Por isso, o
Juízo não só foi ganhando incumbências por conta das transformações que se
processavam política e socialmente, como também foi reconfigurado diante o uso que
da instituição se fazia.
Estruturalmente, o Juízo dos Órfãos era constituído pelo respectivo Juiz,
pelos Escrivães, pelo Curador Geral dos Órfãos, pelo Contador. Para a documentação
aqui trabalhada, não aparecem em seu corpo nem Avaliadores nem Partidores. Das
incumbências dos Juízes, a que aqui mais especificamente interessa é a de nomear
tutores para os órfãos observados como pobres e desvalidos. A concessão de tutela
era aplicada seguindo a lógica de seu conceito. Era esta, então,
pais ou mães, quando a estas competem direitos que a lei atribui aos
pais sobre a pessoa e os bens dos filhos (BEVILÁQUA, 1956, p. 395).
8
Narrativa do auto de tutela da órfão Natalina Ribeiro. Juízo de Órfão de Belém do Pará. 1ªvara.
Tutela. Proc. nº. 572 de 1903. [manuscrito]. Belém do Pará, 1903. Localização. APEP.
31
atribuídas a escola, que por sua vez, também educavam e instruíram nos preceitos
religiosos, com ênfase a moral, dai o caráter civilizatório da educação. Para o juízo de
órfão do Pará, o fato de Natalia se encontrar recolhida no grupo escolar de castanhal,
era uma forma da menina está recebendo educação para não cair no vicio de roubar
ou se prostituir, dois elementos repugnados pelos juristas, por isso também a
constante vigilância na família pobre.
Mas para Bastos (2004), mesmo que a legislação previsse a
responsabilidade do tutor com relação a educação escolarizada para esses órfãos que
chegavam até juiz de órfão, observava-se que este não era o principal foco na prática
administrativa da justiça. Pois a educação desses órfãos, na contramão das luzes, isto
é, do ideário civilizatório iluminista, esteve mais atrelada à moralização e ao
ajustamento dos menores ao trabalho que a nova ordem social requeria.
Crudo (2005) oferece elementos para esta análise sobre o problema da
infância pobre que, desde a segunda metade do século XIX, ganhou visibilidade,
passando a incomodar as autoridades. Este quadro configurou no Brasil a consciência
de que a pobreza social era uma questão que deveria ser solucionada pelo Estado,
pois os menores abandonados deveriam ser vistos “menos como um problema da
caridade privada e mais como uma questão de responsabilidade pública” (CRUDO,
2005, p. 8).
Neste contexto, a educação pública vinha sendo discutida num movimento,
como indica Schueler (2001), “lento e progressivo de escolarização”, o qual tinha
maior ressonância nos “espaços urbanos”, espaços onde os debates, os projetos e as
medidas em prol da instrução e educação de crianças e jovens ganharam maior
notoriedade, logo, a escola se destaca como o lugar responsável por essa instrução e
educação da futura nação civilizada. O caso de Natalia, foi apenas um entre tantos
que fizeram parte do corpus documental de nossa pesquisa, mas que demonstra a
preocupação com essa criança sem pai e nem mãe que representava um perigo a
sociedade e ao projeto civilizador que se instaurava não somente no Pará, mas em
todo o território brasileiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O caso relato neste ensaio nos levou a refletir sobre a responsabilidade que
recaia sob quem tutelava o órfão com respeito a educação. Pois estaria na sua
responsabilidade o futuro de um adulto que poderia ou não se tornar um criminoso
vivendo na ociosidade. Assim a educação seria a responsável contra a ignorância, ao
serem obrigados a dá essa educação escolarizada ao órfão ou menor, a nação estaria
sendo salva do atraso e trilhando caminhos para uma sociedade moderna. A pesquisa
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nesse fundo mostrou toda a complexidade de relações existentes que cabia ao juízo
de órfão, principalmente com relação ao tripé: família, infância e educação. Não é
possível pensar um deles, sem trazer para reflexão os outros, principalmente, quando
o contexto histórico aqui discutido está em fase de gestação de uma nação, de um
povo e de uma identidade.
Assim, é sempre necessário buscar entender de qual perspectiva os
indivíduos contemplam a vida. Os autos de tutoria de órfãos são documentos que não
foram elaborados com a pretensão de contar uma história da infância e da educação.
Mas a análise crítica dessas fontes, entretanto, contribui para se ampliar os
conhecimentos sobre a história da infância e da educação no país, pois evidencia
situações vividas por uma parcela de crianças e adultos que constituíram um
segmento dos setores excluídos, em relação ao qual ainda há muito par ser estudado.
Só precisamos colocar mãos à obra e revirar as caixas empoeiradas do Arquivo
Público do Estado do Pará.
REFERENCIAS
BASTOS, Ana Cristina do Canto Lopes. Autos de Tutoria e Contrato de Órfãos (1891-
1920): Fonte para a História da Educação. In: III CONGRESSO BRASILEIRO DE
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. A Educação Escolar em Perspectiva Histórica. PUC.
Sociedade Brasileira de História da Educação. Curitiba, Paraná, 2004.
CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no
Rio de Janeiro da Belle Époque. 2. ed. Campinas: Ed. da Unicamp, 2008.
CARDOZO, José Carlos da Silva. A tutela dos filhos de escravas em Porto Alegre.
Revista Latino-Americana de História, São Leopoldo, Unisinos, v. 1, n. 3, p. 88-98,
2012.
CORRÊA, Mariza. Morte em fami1ia: representações jurídicas de papéis sexuais.
Rio de Janeiro, Editora Graal, 1983.
CRUDO, Matilde Araki. Infância, trabalho e educação: os aprendizes do Arsenal
de Guerra do Mato Grosso. Tese (Doutorado em História). Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
CAULFIELD, Sueann. Em defesa da honra: moralidade, modernidade e nação no
Rio de Janeiro: 1918-1940. Campinas: Ed. Da Unicamp, 2000.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Uma outra cidade: o mundo dos excluídos no final
do século XIX. São Paulo: Nacional, 2001.
FOUCAULT, Michael. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro:
Graal, 1999.
33
MOREIRA, Maria de Fátima das Neves. A Infância no passado brasileiro. In: DEL
PRIORI, Mary et al (org.). 500 anos de Brasil: histórias e reflexões. São Paulo:
Scipione, 1999.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Os sete pecados da capital. São Paulo: Hucitec, 2001.
SCHELER, Alessandra F. Martinez. A Associação Protetora da Infância Desvalida e as
escolas de São Sebastião e São José: educação e instrução no Rio de Janeiro do
século XIX. In: MONARCHA, Carlos. Educação da infância brasileira: 1875 - 1983.
São Paulo: Autores Associados, 2001.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar a educação de meninos índios no
Instituto Santo Antônio do Prata na primeira década de seu funcionamento a partir do
Relatório educacional apresentado a Secretaria de Estado e Justiça, Interior e
Instrução Pública pelo diretor do Instituto Frei Daniel de Samarate no ano de 1905. O
Instituto de educação funcionou como internato para crianças de ambos os sexos com
base nos preceitos laicos e religiosos. Faziam parte dos ensinamentos dos meninos
Leitura, Cálculo, Escrita e Catecismo. As fontes documentais utilizadas neste trabalho
são Relatório de instrução pública (1905) e a obra de Palma Muniz (1913). Os teóricos
que darão suporte a este trabalho são: Castilho (2004), Nembro (1998), Burke (2011),
França e Rodrigues (2010). Os missionários capuchinhos ministravam além de
ensinamentos religiosos da catequese, instrução Moral e Cívica, trabalhos de
agricultura e indústria pastoril.
9
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará. Integra o
Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia, da mesma universidade. E-mail:
ferreiragercina@gmail.com
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INTRODUÇÃO
O Instituto Santo Antônio do Prata, foi criado em 1898, pelo frade capuchinho
Carlos de São Martinho com o financiamento do governo do estado sob os olhares de
Paes de Carvalho, governador do estado. O Instituto teve início com a educação para
meninos índios e chamava-se “Instituto da Infância Desvalida Santo Antônio do Prata”.
O Instituto de Educação Santo Antônio do Prata transformou-se em uma das mais
notáveis instituições educativas do estado do Pará, no final do século XIX. O Instituto
ficou prestando serviços à comunidade de Igarapé-Assú, onde era localizado até 1922
quando foi extinto e transformado em Colônia Agrícola Correcional e depois em
Lazarópolis do Prata, para atender pessoas portadoras de hanseníase. O Instituto de
Educação Santo Antônio do Prata era dirigido pelos frades capuchinhos e seu
programa de ensino era regido pelo governo do estado. Nesse sentido se impõe o
seguinte problema de pesquisa: Como era desenvolvido o ensino dos meninos índios
no Instituto do Prata no Pará na primeira década do regime republicano? Ao
compromisso de responder ao questionamento mencionado, elenco o objetivo de
analisar como se dava o ensino dos meninos índios no Instituto Santo Antônio do
Prata nos anos de 1898 A 1910.
METODOLOGIA
A Metodologia este trabalho traz a análise documental e bibliográfica
fundamentada em Rodrigues e França (2010), em que as autoras afirmam que uma
pesquisa documental utiliza-se de materiais que ainda não receberam um tratamento
analítico ou que pode passar por novas análises de acordo com os objetivos da
pesquisa, além de que ao se debruçar sobre a leitura de um documento histórico,
deve-se saber a sua forma material, o seu conteúdo, os objetivos de quem o produziu,
de quem o lê e interpreta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
João Coelho. Em todos os anos que esteve em funcionamento era fiscalizado pelos
inspetores do governo e cumpria com as leis educacionais e sempre com grande
demanda de alunos nas três categorias de ensino.
REFERÊNCIAS
CASTILHO, Irmã Maria Utília. Uma História de amor. (Feita de luzes e sombra)
1904-2004. Fortaleza, 2004.
RESUMO
A pesquisa intitulada “Educandário “Nossa Senhora dos Anjos”: Um projeto
educacional das irmãs Missionárias Capuchinhas, objetivou analisar as motivações
que impulsionaram as missionárias Capuchinhas a fundarem o Educandário “Nossa
Senhora dos Anjos” no ano de 1953, na cidade de Abaetetuba-PA, assim como
identificar os possíveis interesses políticos implícitos na inauguração desse projeto
educativo. Amparada por um constructo teórico-metodológico de cunho bibliográfico e
documental, a pesquisa aponta que o Educandário “Nossa Senhora do Anjos” foi
inaugurado pelas Irmãs Terceiras Capuchinhas do Brasil. Nesse contexto, as
religiosas criaram um colégio voltado para educação de meninas, pautada
principalmente em bases religiosas da igreja católica. Além disso, a instituição
também tinha o propósito de formar a menina, com base no padrão feminino
propagado na época. Posto isto, o Educandário “Nossa Senhora dos Anjos”, originou-
se com uma educação conservadora que refletia os valores defendidos pelas
Missionárias Capuchinhas.
INTRODUÇÃO
A cidade de Abaetetuba no ano de 1953 foi marcada pela chegada das Irmãs
Terceiras Capuchinhas do Brasil, as quais foram recebidas com muita euforia pelo
povo abaetetubense. A vinda dessas religiosas até o município trazia uma missão
educativa e religiosa que era muito aguardada pelos poderes locais e por grande parte
da comunidade. Esse apoio estava ligado à inauguração do Educandário “Nossa
Senhora dos Anjos”, que inicialmente foi designado para cuidar da educação de
meninas abaetetubenses.
10
A pesquisa em questão caracteriza-se como um recorte do plano de trabalho intitulado ““A Concepção Pedagógica Norteadora
da Educação de Meninas do Instituto Nossa Senhora dos Anjos (1970-1980) ”, o qual originou-se do projeto de pesquisa “História
e memória do Instituto Nossa Senhora dos Anjos: O impacto na ação educacional de meninas abaetetubenses (1953-1980)”.
11
Graduanda do curso de licenciatura Plena em Pedagogia, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Universitário de
Abaetetuba-PA, rodriguesbetheliza@gmail.com.
12
Prof. Dr. em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), soclimma@yahoo.com.br
39
METODOLOGIA
DISCUSSÕES
Esse ideal de formação feminina pode ser identificado na fala do Sr. Arcebispo
Metropolitano, que esteve presente na cerimônia de fundação do Educandário “Nossa
Senhora dos Anjos”, junto com a comitiva advinda das Irmãs Missionárias
Capuchinhas, o qual segundo o documento de Fundação do Educandário “Nossa
Senhora dos Anjos” (1953), o Sr. Arcebispo nos seus agradecimentos e elogios pela
inauguração do colégio, diz que o estabelecimento formará muito cristãmente as
futuras mães abaetetubenses.
Tomando por base isso, o papel educativo e religioso das Missionárias
Capuchinhas no município de Abaetetuba, estava ligado a representação da mulher
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Relatório e Dados estatísticos do Ginásio “Nossa Senhora dos Anjos” Desde o início
de sua fundação [s.d].
RESUMO
O presente estudo visa refletir sobre a contribuição da narrativa de memória de um ex-
interno para reconstituir a história do Hospital Colônia de Marituba/PA, nos anos de
1940 a 1970. O local funcionou em formato de uma Instituição total, onde segregou
centenas de vidas que foram isoladas compulsoriamente por diretrizes de saúde
pública nacional e regional. Em estrutura de Hospital-cidade, abrigou pessoas para o
tratamento da hanseníase, marcado por estigmas, memórias, histórias e saberes.
Momentos únicos, silenciados e pouco explorados. Utilizamos como materiais para a
construção desta análise uma entrevista de um ex-interno da instituição e imagens
sobre a instituição. Como aporte teórico os autores: Bresciane e Narxara (2004), Bosi
(1998), Burke (2017), Goffman (1994), Halbwacs (2003), Meihy e Holanda (1997). A
narrativa em conjunto com as imagens do Hospital Colônia de Marituba/PA são
marcadas por ensinamentos e testemunhos de pessoas, que vem depor daquilo que
viu, diante do eu que não viu, revelando a experiência de vida de uma pessoa que fez
parte de um grupo que foi silenciado pela história Brasileira, o hanseniano.
INTRODUÇÃO
13
Mestrando no programa de Pós-Graduação da Universidade do Estado do Pará – UEPA, na
Linha de Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Belém/Pa.
Moiseslevypintocristo@gmail.com;
14
Professora orientadora com Pós-Doutorado em História da Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Belém/PA. Socorroavelino@hotmail.com
43
METODOLOGIA
O estudo está demarcado no campo da história oral. Para a construção do
presente trabalho, utilizo uma narrativa de um ex-interno, apresentado no texto com as
iniciais Z.M., onde estas narrativas de memórias “se equiparariam aos outros suportes,
sejam: escritos, estatísticos ou iconográficos” (MEIHY E HOLANDA, 1997, p.67). “E
aqui as palavras tecem as histórias de vida, redesenham o passado para que os olhos
de hoje possam ver e conhecer, admirar e aprender”. (EIRÓ, 2017, P. 93)
Alheadas as narrativas, acrescento o uso de algumas imagens coletadas ao
longo da pesquisa. Diante do exposto, procuramos lançar mão dos mais variados tipos
de evidências (BURKE, 2017).
15
O termo lepra utilizado no corpo do trabalho não possui o sentido pejorativo da palavra,
apenas faz referência aos documentos do período. O termo lepra deixou de ser utilizado a
partir da lei Federal Lei Federal nº 9.010/1995, onde foi substituído pelo termo Hanseníase.
44
Eu tinha umas manchas pelo corpo [...] ficava inchado que não
conseguia trabalhar. Fiquei internado na Santa Casa 1 mês e 3 dias,
sem diagnóstico. Nós fomos pro Souza-Araújo (dispensário) e deu
positivo no diagnóstico. Fiquei horrorizado. A minha família eram bem
poucos que tinham medo. (Z.M., 2018)
CONSIDERAÇÕES
O interno foi marcado por inúmeras experiências ao longo de sua vida.
Experiências de amor, rancor, aprendizado, lutas e ressignificações. Memórias
narradas que assegura ao ancião a competência de rememorar, reconstituir e ensinar
aos ouvidos dispostos a escutar. Memórias de vidas que redesenham o passado para
que os olhos de hoje possam ver e conhecer. (EIRÒ, 2017)
Hoje, suas memórias, representa a possibilitar de contar de outra forma a
história dos vencidos. Agora triunfam como vencedores de um passado sofrido.
Vencedores, porque resistiram a um sistema punitivo institucional-estatal, e que por
meio da memória, podem traçar novos rumos de uma história turva.
Memórias que vêm apontar diversos aspectos que precisam ser estudados,
clarificados. Que estas evidências aqui escritas, sirvam de reflexão sobre um modelo
46
REFERENCIAS
BRASIL. Manual de Leprologia. Publicado pelo Serviço nacional da Lepra, Rio de
Janeiro, Gráfica da “Revista dos Tribunais” S. A. 1960. Disponível em: em
http//bvsms.saude.gov.br/bvs/publicações/manual_leprologia.pdf. Acesso em 30 Abr.
2017.
FOLHA DO NORTE, Belém, 15 de Janeiro de 1942. Arquivo do setor de Obras raras
da Biblioteca Arthur Viana.
BRESCIANI, Stella. NAXARA, Márcia. Memória e (Re)sentimento: indagações
sobre uma questão sensível. Campinas/SP: Editora Unicamp, 2ª Ed, 2004.
CASTRO, Manuela. A Praga. São Paulo: Geração Editorial, 2017.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade lembranças de velho. São Paulo: Companhia
das Letras, 3ª ed, 1994.
BURKE, Peter. Testemunha ocular: uso de imagens como evidência histórica.
Trad. Vera Maria Xavier dos Santos. São Paulo: Editora Unesp, 2017.
EIRÓ, Jessiléia Guimarães. As palavras nas memórias dos mestres: um resgate
do coração. In: FARES, Josebel A (org.). Memória de Mestre: Belém antiga em
narrativas de professores. Belém, PA: Editora Paka-Tatu, 1ª ed, 2017, p. 85-132.
GOFFIMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. Trad. Dante Moreira Leite.
São Paulo: Perspectiva, 1974.
HALBWACHS, Maurice. A memória Coletiva. Trad. Beatriz Sidou. São Paulo:
Centauro, 2ª Ed, 2003.
MEIHY, José Carlos Sabe B. HOLANDA, Fabíola. História Oral: como fazer como
pensar. São Paulo: Contexto, 2ª Ed, 2017.
47
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma trajetória do ensino e instrução pública
na província do Grão-Pará nas décadas de 1830 – 1840 e a importância do processo
educacional para se alcançar o progresso de acordo com o imaginário da época. Se
mostrará que especificamente nessas duas décadas é que se vai intensificar as
medidas para a instrução pública. As políticas educacionais adotadas, a começar
pelas de Bernardo de Souza Franco (1839-1840) foram significativas. A primeira e
muito importante medida que se destaca, foi a que determina a construção do Liceu
paraense, hoje a Escola Estadual Paes de Carvalho, que fora constituída em 1841,
sendo responsável pela instrução no Grão-Pará, de uma forma inicial.
INTRODUÇÃO
16
Trabalho curricular.
17
Graduando do curso de licenciatura plena em História. UEPA, Belém – Pará. caioloiveirasouza5@gmail.com;
Graduando do curso de licenciatura plena em História. UEPA, São Miguel do Guamá – Pará.
lucasalmeida.la968@gmail.com .
48
METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
50
REFERÊNCIAS
SANTOS, José Arimatéia Gouveia dos. Escola Rural D. Pedro II: Introdução de
técnicas e conhecimentos modernos no ensino agrícola na Província do Grão-
Pará (1860 a 1864). XXVIII Simpósio Nacional de História. 2015.
RESUMO
A presente pesquisa compreende os colégios jesuíticos instalados na Amazônia
portuguesa enquanto locais privilegiados de ensino e disseminação do conhecimento,
principalmente no que concerne a questão do aprendizado da Língua Geral indígena
e também ao aprendizado da matemática. Analisamos a estrutura de ensino destes
colégios a partir da teoria das centrais de cálculo proposta por Bruno Latour. Onde
entendemos que estas instituições de ensino serviam enquanto locais de acumulação
e disseminação do conhecimento adquirido no contato intercultural entre missionários
jesuítas e as populações indígenas que viviam em terras americanas no período
moderno. O ensino catequético também é analisado neste trabalho, tendo em vista
que a educação escolar e a religiosa estavam atreladas em suas práticas realizadas
em territórios coloniais americanos sob domínio português.
INTRODUÇÃO
O ensino nos colégios jesuítas era gratuito, mesmo com a alocação deles em
Portugal e nas áreas de missão fixadas em outros continentes. Há uma clara distinção
entre estes colégios, no que se refere ao pagamento ofertado aos professores e
18
Este trabalho foi desenvolvido como parte da pesquisa de Mestrado que está em curso no Programa de Pós-Graduação em
História Social da Amazônia (PPHIST/UFPA). O autor possui graduação em História (Bacharelado e Licenciatura), UFPA, Belém,
PA, elobarge@gmail.com.
52
METODOLOGIA
Este artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa documental em cartas escritas
por missionários da Companhia de Jesus durante os séculos XVII e XVII na Amazônia
sob controle colonial português. Havia o hábito corriqueiro de troca de cartas entre os
membros da ordem jesuítica, através delas os inacianos compartilhavam as diversas
experiencias adquiridas nas missões espalhadas pelo mundo. As cartas são
analisadas a partir da perspectiva metodológica da analise do discurso. Onde
entendemos que o discurso está ligado a ideologia do sujeito que o profere, este
sujeito é constituído social e historicamente (ORLANDI, 2008, p. 196), por isso
devemos analisar os conteúdos das obras jesuíticas levando em conta o lugar social
54
destes religiosos. No caso das cartas devemos dar especial atenção ao analisar o
remetente a qual elas são endereçadas, dependendo de seu destinatário o teor e
motivação delas eram diferentes. Outro ponto importante na análise das fontes
utilizadas nesta pesquisa é a concepção de que o discurso produzido pelos jesuítas
possuía um caráter de diagnóstico da realidade que não era dos mais animadores,
porém não seria inalterável. Onde na verdade, os inacianos seriam os mais
capacitados para modificar e intervir, como se a atuação dos mesmos fosse algo
premeditado (Pécora, 2008, p.4).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, podemos compreender que o papel desempenhado pelos padres
jesuítas, durante o período moderno, foi de crucial importância para a disseminação e
55
REFERÊNCIAS
FARREL, Allan Peter. S.J. The Jesuit Ratio Studiorum of 1599. Washington, D.C.:
Conference of Major Superiors of Jesuits, 1970.
KASSAB, Yara. As estratégias lúdicas nas ações jesuíticas, nas terras brasílicas
(1549-1597), “para a maior glória de Deus”. 2010, 242 f. Tese (Doutorado em História
Social), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2010.
LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Tomo VII (Séculos XVII-
XVIII). Instituto Nacional do Livro: Rio de Janeiro, 1949.
OLIVEIRA, Natália Cristina de; COSTA, Célio Juvenal & MENEZES, Sezinando Luís.
Ciência moderna em Portugal: a “aula da esfera” no colégio de Santo Antão. Maringá,
v. 39, n. 3, July-Sept., 2017.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista – discurso do confronto: Velho e Novo Mundo.
2ª ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2008.
TOIPA, Helena Maria Ribeiro Costa. A ratio studiorum do Colégio das Artes, nos
primeiros anos em que esteve sob orientação da Companhia de Jesus. Revista da
Faculdade de Teologia Lisboa, DIDASKALIA, n XXXIII, 2003.
VALLINA, Agústin Udías. Contribución de los jesuitas a la ciencia em los siglos XVI al
XVIII. Arbor CLXVII, 657 (Septiembre 2000).
BRAGA; Emanuelle da
Silva;
PINTO, Sérgio Renato Lima;
BRAGA, Walter da Silva;19
RESUMO
Fundamentado em Chartier (2002), Gilson (2006), França (2007), Salomon (2009) e
Castro (2017), este trabalho objetivou fazer um levantamento histórico da
transformação do espaço físico da Escola Padre Guido Del Toro (1980-2005) no
empreendimento Hotel Atrium Quinta das Pedras (2015), localizado no Bairro da
Cidade Velha na cidade de Belém, estado do Pará, região Norte. O objetivo deste
artigo científico foi traçar um estudo e dar a conhecer como se deu essa restauração
da edificação histórica para implementação do empreendimento em hotel, além de
retratar analiticamente essa transformação no seio da história recente da educação
paraense, bem como socializar esta pesquisa bibliográfica mediante estudos
realizados por meio de arquivos, sites e fotografias.
19
Este trabalho resultou do fato curioso de um prédio escolar ser restaurado e implementado em um empreendimento
hoteleiro, gerando o interesse em construir um artigo acerca da questão, pelo fato de ter sido ex-aluno e ex-coordenador
pedagógico da referida Escola e hoje ser professor pesquisador.
Mestrando em Ensino de Ciências Ambientais (Profciamb - UFPA), Belém - Pará, walter.braga@yahoo.com.br
57
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
No desenvolvimento deste trabalho buscamos realizar uma pesquisa
bibliográfica e documental da Escola Padre Guido Del Toro (1980-2005), localizada no
Bairro da Cidade Velha em Belém do Pará, com a perspectiva de realizar uma reflexão
com relação aos caminhos da história da Educação no Estado do Pará. Tendo em
vista que a escola apresentava um grande trabalho junto à comunidade do bairro da
Cidade Velha, um dos bairros mais antigos de Belém e que após encerrar suas
atividades educacionais, deu início à uma grande reforma e adequação, passando em
2015 a funcionar como um empreendimento do ramo turístico e hoteleiro na região
Amazônica.
O presente trabalho permeou base de seu desenvolvimento também em
virtude do autor pesquisador possuir um vínculo estreito com a referida escola,
enquanto ex-aluno e ex-coordenador pedagógico, tempo que atuou entre as décadas
58
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Educação Infantil e Ensino Fundamental Padre Guido Del Toro. Portanto, nasce então
uma escola através da ação da igreja na perspectiva social e educativa que busca
desenvolver aspectos educativos-cristãos.
A Escola Padre Guido Del Toro, mantinha-se como sendo uma escola
Filantrópica, com educação baseada nos princípios cristãos, mantida pela Diocese de
Ponta de Pedras. Fundamentada em uma educação baseada nos princípios
religiosos, a escola tradicionalmente católica, focou-se nesse aspecto tradicional e
materializando-se através de suas famosas organizações das crianças em filas
indianas para suas orações matinais e cânticos bíblicos, bem como normas cívicas de
padrões tradicionalmente religiosos que a escola manteve durante longos anos que se
manteve em funcionamento nos seus dois turnos escolares.
Assim sendo podemos afirmar que de acordo com Salomon a história é uma
modalidade das relações entre passado e presente na correlação com a memória
(2009).
Temos então a dicotomia de que ganhamos um grande espaço turístico
reestruturado, por outro aspecto perdemos uma escola com referências junto a
comunidade no processo educativo das crianças e jovens da região, perdendo-se
assim um tradicional espaço de construção e formação de conhecimento, troca de
aprendizagens, desenvolvimento cívica, moral e apoiado em uma filosofia cristã.
O que nos remete a uma reflexão de que práticas construídas ao longo do
tempo e correlacionadas com o contexto de uma comunidade ou região possibilita
60
Segundo Chartier todo objeto histórico tem relação com as práticas, tendo uma
analogia com as práticas determinadas nos diversos contexto da história (2002).
Desta forma o objeto deste trabalho, buscou fazer uma investigação e refletir
a ação pedagógica que vem ao encontro da realidade de um bairro ou região, mesmo
por se tratar de um fato histórico, não se apresenta dissociado do contexto
educacional, ou seja é uma realidade histórica com foco em um acontecimento local
de significação do contexto de nossa história da educação mais recente, com fortes
influencias em aspectos característicos da Amazônia ribeirinha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo dos anos a construção da História da Educação vem tomando forma
e encontrando novos aspectos no transcurso da sociedade moderna, em acordo com
aspectos do caminhar deste desenvolvimento. Observamos que em certos momentos
os aspectos políticos, econômicos, filosóficos e os culturais são mais fortes de que
princípios pedagógicos almejados e identificados como necessários para um
determinado segmento social.
Desta forma esses novos trajetos percorridos por fatos históricos vêm
identificar um período marcadamente importante na era da Educação Brasileira em
especial da história da Educação Paraense, exemplificado através desse fato onde um
prédio tradicionalmente pedagógico e consolidado no meio escolar pode infelizmente
fechar e ser restaurado historicamente implementando-se em uma rede de Hotéis do
grupo Atrium Empreendimentos.
O fato de um espaço físico escolar fechar e esse mesmo espaço tornar-se um
hotel, destaca-se como algo curioso e com um certo diferencial. Este fato possibilitou
desenvolver essa pesquisa para nosso artigo, o que resultou num caminhar com
perspectivas de retratar esse episódio de nossa história local, exemplo que pode ser
situações que sucedem ao longo da história e que pode acontecer em todo Brasil e até
no mundo afora.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Cesar Augusto. Controlar e disciplinar a vida escolar: a ação da
inspetoria da instrução pública no Maranhão (1844-1889). Revista Linhas.
Florianópolis, v. 18, n. 36, p. 96-120, jan./abr. 2017.
61
RESUMO
INTRODUÇÃO
62
METODOLOGIA:
DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi visto anteriormente, a educação escolar indígena vem passando por
vários processos, a fim de alcançar a consolidação de políticas públicas que atenda os
direitos desses povos tradicionais, e respeite sua ancestralidade, deixando de lado
posturas que contribuíram historicamente para somar em um cenário excludente e
estereotipado. No que tange as formações voltadas para os grupos invisibilizados,
verifica-se a necessidade de aprofundamento teórico-metodológico para os
professores e gestores indígenas, elaboração de materiais didáticos específicos
voltados à temática indígena, para que possam subverter a realidade, que insiste em
reproduzir velhos preconceitos e discriminação contra com povos indígenas.
REFERÊNCIAS
COELHO, Wilma de Nazaré Baía; Carlos Aldemir Farias da; SOARES, Nicelma J.
Brito. Relações Étnico- raciais para o Ensino Fundamental: projetos de intervenção
escolar. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2017.
FERREIRA, Mariana Kawal Leal; VIDAL, Lux Boelitz. Da origem dos homens à
conquista da escrita: um estudo sobre os povos indígenas e educação escolar no
Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo.1992.
FERREIRA NETO, Edgard. História e etnia. In: CARDOSO, Ciro Flamarion SANTANA,
Ronaldo Vainfas (Org.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de
Janeiro: Campus, 1997. p. 313-328.
LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os
povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/ Museu Nacional, 2006.
Resumo
Mudanças nos marcos legais brasileiros que reconhecem direitos costumeiros e
étnicos evocaram um processo de reordenamento territorial significativo na Amazônia.
Trouxeram a tona uma serie de inquietações relativas aos desafios que se colocam
20 O trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado realizada pelo PPGEO/UFPA (2017) intitulada
“O Território Quilombola de Araquembaua, Baião - PA”, sob a orientação do Profº. Dr. João Santos
Nahum.
21 Doutoranda em Geografia pelo PPGEO/UFPA. Professora da educação básica. E-mail:
carlajoelma@gmail.com
22Especialista em Ensino de História pela UFPA/Campus Ananindeua. Professora da educação básica. E-
mail: danielasenna_pa@hotmail.com
23Graduado em Educação Física – ANHANGUERA. Professor da educação básica. E-mail:
arionoliveira.oliveira1@gmail.com
66
para além da conquista territorial, uma delas, a gestão do território titulado que
comporta entre suas inúmeras dimensões, a educação quilombola. Neste sentido,
realizamos um estudo de caso na comunidade quilombola de Araquembaua (Baião -
PA). Objetivamos compreender em que medida a educação escolar que se expressa
no território quilombola fortalece o reconhecimento da identidade étnica negra e da
cultura quilombola. A metodologia operacional adotada incluiu entrevistas abertas e
semi-estruturadas com a comunidade escolar e com moradores do lugar. Os
resultados preliminares sinalizam que em Araquembaua a luta por uma educação
escolar de qualidade antecede a titulação do território e que ainda há muito que se
fazer para que a educação formal valorize a identidade quilombola.
Introdução
Metodologia
67
Referencial Teórico
24
Essa proposta metodológica é inspirada nas orientações cedidas pelo professor João Santos Nahum
enquanto ministrava as disciplinas Teoria e Métodos em Geografia e Dinâmicas da Condição
Socioespacial Camponesa na Amazônia no curso de Mestrado em Geografia da Universidade Federal do
Pará, turma 2015.
68
Resultados/Discussão
Referências:
SALLES, V.. O Negro no Pará sob o regime da escravidão. IAP. Belém, 2005.
RESUMO
O presente trabalho discorre a cerca dos resultados iniciais da pesquisa sobre as
congregações das Filhas de Sant’ana e Irmãs de Santa Doroteia e suas ações
educativas no estado do Pará. Esta pesquisa pretende destacar a relevância das
Irmãs de Santa Doroteia na educação de meninas em Belém nos anos de 1877-1878.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo é destacar o trabalho das religiosas Doroteias
na obra de proteção e educação para meninas pobres da capital. Para tratar deste
objeto utilizamos fontes documentais como o Jornal católico a Boa Nova (1877-1878)
e as Constituições da referida congregação; a análise destas fontes será
fundamentada a partir de autores como Azzi (2002), Costa (2014) e Chaves (1977).
Os resultados preliminares apontam que as Irmãs Doroteias educavam de acordo com
25
Trabalho vinculado ao projeto de dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA, que versa a
respeito das missões educativas das congregações das Filhas de Sant’ana e Irmãs Doroteias no Pará no século XX.
Graduada em Pedagogia e Mestranda em Educação pela UFPA, Belém- Pa, email: tayanacunhahcs@gmail.com
Doutora em Psicologia da Educação pela PUC- SP, Professora do Curso de Pedagogia da UFPA, Belém- Pa,
laura_alves@uol.com.br
71
INTRODUÇÃO
O presente trabalho discorre a cerca dos resultados iniciais da pesquisa sobre
as congregações das Filhas de Sant’ana e Irmãs de Santa Doroteia e suas ações
educativas no estado do Pará. Esta pesquisa pretende destacar a relevância das
Irmãs de Santa Doroteia na educação de meninas em Belém nos anos de 1877-1878.
Assim este estudo intenciona destacar o trabalho das religiosas Doroteias na obra de
proteção e educação para meninas pobres da capital. A atuação de ordens e
congregações religiosas femininas no campo da educação representou grande
importância na formação da sociedade local quando se voltaram para educar meninas
desassistidas.
METODOLOGIA
O caminho metodológico deste estudo se configura como uma pesquisa
documental e as fontes documentais adotadas para tratar do trabalho educativo
exercido pela congregação das Irmãs de Santa Doroteia no Asilo de Santo Antônio no
período histórico estabelecido foram o jornal católico A Boa Nova (1877), o qual
divulgou amplamente sobre a missão educativa na cidade de Belém para meninas
desamparadas. Além desta fonte, também foram utilizadas as Constituições e Regras
72
do Instituto de Santa Doroteia (1851) em razão de que este documento foi a primeira
diretriz das ações (ver sinônimo) destas religiosas no campo da educação.
DISCUSSÕES
De acordo com Chaves (1977) a missão para o estado do Pará foi enviada no
ano de 1877, a qual foi iniciada por 7 religiosas que desembarcaram na cidade de
Belém no dia 3 de setembro de 1877. A nova missão seguia as orientações das
Constituições da congregação das Irmãs Doroteias as quais indicam que desde os
primórdios deste grupo religioso o foco da missão era cuidar e educar as meninas
mais necessitadas (CONSTITUIÇÕES, 1851).
Dessa forma, uma das primeiras medidas tomadas pelas religiosas lideradas
pela Irmã Josefina Pingiani foi acomodar as educandas conforme sua condição social,
as quais se apresentavam como desamparadas e pensionistas onde as primeiras
seriam educadas unicamente na intenção de serem donas de casa, enquanto que
para as meninas de famílias ricas além da educação para o lar ainda eram formadas
para conviver na sociedade. Assim, a educação das meninas daquele estabelecimento
estava centrada na religião em razão de que esta representava o sustento da
formação humana quando se cultivam os valores cristãos e morais (COSTA, 2014).
O referido jornal ainda destaca que o modo de educar daquelas religiosas tinha
como intenção primeira semear no coração de suas educandas os princípios cristãos e
sociais e a atuação primorosa das irmãs logo ganhou reconhecimento das famílias
paraenses. Chaves (1977) corrobora a excelência da prática educativa das religiosas
quando aponta que o cuidado e a atenção que é característico desta congregação,
tornou mais fácil o processo de formação de meninas para que futuramente
dedicariam ao lar e a sua família, que em determinados momento podem parecer
rígidos no que se refere ao aprendizado dos princípios intrínsecos ao indivíduo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AZZI, Riolando. Educando pela via do coração e amor: A Congregação das Irmãs
de Santa de Santa Dorotéia no Brasil. Rio de Janeiro, 2002.
Fontes
Jornal
EIXO 2
RESUMO
O trabalho em questão visa a apresentação da pesquisa em fontes históricas sobre a
introdução da Geometria como componente curricular na instrução pública da
Província do Grão-Pará para que assim consigamos realizar uma análise sobre como
ela estava relacionada com o contexto social da época, pois as mudanças em suas
aplicações visavam atender a necessidade de mão de obra qualificada para a
realização de trabalhos na Província, passando pela Geometria Prática voltada para a
Agrimensura até a Geometria aplicada às construções de monumentos e obras no
período analisado.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, Geometria, Grão-Pará.
INTRODUÇÃO
26
Trabalho de iniciação científica (PIBIC).
Discente de Licenciatura em Matemática (UFPA), Belém, Pará, maysena.1770@gmailcom.
² Docente do Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI UFPA), Belém, Pará msjbarros@gmail.com
3
Discente de Licenciatura em História (UFPA), Belém, Pará, fernandoraiol.17@gmail.com
76
pretendia ensinar deveria ter caráter prático e relacionar os conceitos abordados com
objetos e situações diárias, com a finalidade de formar trabalhadores para a
agrimensura, pois segundo Andrada, o aluno
METODOLOGIA
Os estudos deste trabalho se debruçaram sobre vários tipos de fontes
históricas, dentre elas a leitura de jornais da época, discursos sobre a instrução
pública e além destes também foram lidos e analisadas as leis referentes as
mudanças referente às matrizes curriculares do período que interessa a essa
pesquisa, que corresponde de 1841 a 1870, a saber: fazer um levantamento dos
títulos de Periódicos, como revistas voltadas para o campo Educacional editados no
Pará, tanto em acervos on-line, como na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional,
quanto em físicos, como no setor de Obras Raras do Centur e no setor de obras raras
da Universidade Federal do Pará; assim como o levantamento e estudo de textos
78
historiográficos sobre a história da disciplina geometria, com o fim de formar uma base
sólida de fontes secundárias, com vistas a apresentar a importância de continuar a ser
desenvolvido estudos sobre esse tema, especialmente na Amazônia.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os currículos, objetos que nos permitiram perceber, a prióri e de modo
incipiente, que a educação matemática no Pará, especialmente em relação a
geometria, não foi estática, encontra fundamentação metodológica para serem
analisados em SILVA (2008, p. 7 -8) que compreende currículo “ como um artefato
social e histórico, sujeito a flutuações”, resultante de “um processo de fabricação” onde
“convivem lado a lado” “fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais, determinantes
sociais menos ‘nobres’ e menos ‘formais’”. Perscrutaremos a história do ensino de
geometria no Pará visando “captar as rupturas e disjunturas, surpreendendo na
história, não apenas aqueles pontos de continuidade e evolução, mas também as
grandes descontinuidades e rupturas” Silva(2008, p7).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos notar que a Geometria como matriz curricular passou por diversas
mudanças desde as aulas de contar até as aulas ensinadas no Colégio Paraense, a
cada mudança a geometria buscava suprir as necessidades da Província. Como
anteriormente foi citada, a inserção dessa matriz curricular começou através da
Geometria Prática que era recomendada às pessoas que desejassem trabalhar na
agrimensura, ou ainda era visto segundo Barros (2016) para os que almejassem ser
negociantes, havia também a necessidade segundo Santos (2018) de mão de obra
qualificada para a construção dos portos, monumentos, dentre outras obras públicas.
Além dessas, o conhecimento matemático passou a ser requisitado como critério na
admissão para cursos de nível superior, e com isso, o ensino foi intensificado. Ou seja,
a cada mudança na geometria e sua aplicação, buscou-se suprir a necessidade desse
conhecimento para a formação de mão de obra qualificada de acordo com o contexto
social da época.
REFERÊNCIAS
AMBONI, Vanderlei. Estudos sobre a "memória" que Martim Francisco apresentou à
Constituinte de 1823 para a criação do sistema nacional de educação. In: VII
79
ANDRADA, Martim Francisco Ribeiro de. Memórias (1816) – Arquivo Nacional –Vol.
12, pág. 219-231
BARROS, Jônatas Barros. A introdução das Ciências Naturais no Pará por meio das
Instituições de Ensino. 2016. 78 f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências) -
Universidade Federal do Pará, Pará, 2016
RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo compreender a atuação do bispo Dom Macedo
Costa frente a crise religiosa ocorrida nos anos de 1872 a 1875, conflito este que
promoveu uma verdadeira guerra de palavras entre ultramontanos e maçons na
imprensa paraense. Assim, irei analisar a figura do bispo paraense empreendendo um
estudo minucioso das principais construções editoriais dos jornais A Boa Nova e O
Pelicano, além de observar aspectos primordiais, como a forma utilizada por seus
redatores e articuladores para construir seus argumentos centrais, os assuntos mais
recorrentes neste período, as notícias que ganharam destaque dentro do debate
jornalístico e a maneira que esses periódicos agiram e se posicionavam frente ao
contexto econômico, político, religioso e social da época.
27
Esta pesquisa é uma parte de minha dissertação de mestrado. Mestre em História Social da Amazônia,
UFPA, Belém, Pará, nara_ribeiro@ymail.com.
80
INTRODUÇÃO
Neste contexto, irei trabalhar com dois jornais que julgo ser de suma importante
no debate jornalístico no século XIX, A Boa Nova e O Pelicano nos anos de 1872 a
1875, apresentando as principais noticiais acerca do conflito, como o estopim do
conflito, a interdição das irmandades e confrarias religiosas, a atuação de Dom
Macedo Costa, a posição maçônica, a prisão e julgamento do bispo paraense e sua
anistia. Na tentativa de dar conta das seguintes questões: Quem eram seus redatores
e articulares? Qual era sua estrutura? Quais eram as principais linhas argumentativas
construídas por seus editoriais? E que matéria se destacava dentro do debate
jornalístico neste período, observando atentamente através da análise documental a
posição de cada jornal frente ao turbilhão de acontecimentos que assolavam o último
quartel do século XIX. Tendo como aporte teórico os principais autores que se
debruçam sobre este conflito, como Fernando Neves, Ítalo Santirocchi, Dilermando
Ramos, Ivan Manoel e outros.
METODOLOGIA
No entanto, o que se identifica por meio das fontes eram as vozes de seus
intelectuais, que nem sempre concordavam entre si, gerando um verdadeiro conflito de
opiniões dentro da própria instituição (VIEIRA, D. G, 1980, p. 98). Nesse cenário,
observa-se que a eclosão da crise religiosa com a Igreja Católica ocasionou o
surgimento de diversas publicações maçônicas ao longo do território nacional. E,
seguindo essa mesma tendência, a Província do Pará chegou a contar com três
jornais do gênero: O Pelicano, A Flamígera e O Filho da Viúva, entre os quais se
destacou o primeiro, como o mais relevante, por conta de sua representatividade e
longevidade.
CONCLUSÃO
Com base na análise dos jornais identifica-se que o periódico A Boa Nova
buscava através de um discurso religioso apresentar uma posição de “vitima” do
conflito, utilizando-se da imagem de mártires para se autopromover como “protetora”,
“auxiliadora e “defensora” de seus fiéis, com o único objetivo de construir sua
argumentação baseada na “santificação” ou “beatificação” das figuras de Dom Vital e
Dom Macedo Costa, fazendo do julgamento e condenação dos bispos de Pernambuco
e do Pará uma espécie de martírio, chegando até a compara-los aos mártires cristãos
e grandes “heróis” da história.
Por outro o jornal O Pelicano também se utilizava desse mecanismo para
intervir na vida social expondo em suas argumentações questões, como a ameaça a
soberania nacional que gerou ao longo das publicações nos anos de 1872 a 1874
vários questionamentos acerca da interferência de Roma nos assuntos relacionados
ao território brasileiro, que era entendida pela imprensa maçônica como um “perigo” a
integridade das leis, sendo inadmissível que um país estrangeiro ditasse regras e
normas no Brasil.
É interessante observar que a imprensa não é imparcial, ou seja, ela busca por
meio de suas notícias criar uma imagem de acordo com os ideais de seus autores,
redatores e articuladores. Assim, tanto a imprensa católica se utilizava deste
mecanismo para reproduzir à sociedade uma imagem de “mártir”, como a imprensa
maçônica também buscava desconstruir essa imagem, na tentativa de mostrar para as
pessoas que os verdadeiros “culpados” eram as autoridades eclesiásticas que
desobedeceram a ordem do governo.
Convém lembrar ainda que não existem “vitimas” ou “culpados”, tendo em vista
que ocorreram disputas de poderes entre Igreja, partidos, sociedades secretas e
outros sujeitos sociais envolvidos no conflito, na tentativa de obter o controle do poder
83
REFERÊNCIAS
BARROS, Nilvane 28
RESUMO
INTRODUÇÃO
28
Segundo Capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso defendido em 05 de fevereiro de 2019
(vinculado ao Grupo de Pesquisa GEHLDA). Nilvane de S. Oliveira Barros, Graduanda em Letras Língua
Portuguesa pela UFPA-Abaetetuba-PA, nilvanebarros@gmail.com.
85
METODOLOGIA
DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
SALES, Germana Araújo. NOBRE, Izenete Garcia. Mercadorias e livro: Entre fumo
de rapé e aguardente na Belém do século XIX. Rev. MOARA. Belém, n. 31, p. 11-29,
jan/jun, 2009.
RESUMO:
No texto exposto em tela, objetiva-se analisar a trajetória do maestro Ettore Bosio no
Brasil, como propagador da cultura musical italiana, a qual sofreu suas modificações
na busca por novos estilos artísticos, no tocante ao âmbito musical no período da
Primeira República. Metodologicamente, coloca-se em evidência o pensamento de
Bourdieu a respeito do capital simbólico. Questiona-se acerca das práticas culturais do
referido músico: que vivências na trajetória de Bosio contribuíram para a construção
do seu capital simbólico? Nesse contexto, pretende-se investigar e validar a extensão
dessas concepções, nas vivências de E. Bosio e suas extensões na estrutura social,
enquanto produtor e propagador da cultura e do Capital Simbólico.
INTRODUÇÃO
No contexto musical do final do século XIX e primeiras décadas do XX, tanto na
Itália, onde o agente desta pesquisa nasceu, estudou e adquiriu seu título de maestro
compositor, quanto no Brasil, local em que o mesmo se estabeleceu
profissionalmente, presenciou-se a busca por rupturas com os modelos tradicionais
estabelecidos e pela instalação de novos ideais estilísticos. A partir desses espaços
sociais, o presente artigo tem como objetivo analisar a trajetória de Ettore Bosio na
perspectiva de entender o capital simbólico desse músico, professor e intelectual. Que
vivências na trajetória de Bosio contribuíram para a construção do seu capital
simbólico? A escolha desse professor como objeto de estudo deve-se a sua intensa
participação no contexto musical de Belém, desde sua chegada à capital até sua data
de falecimento (1892-1936), e a relevância de seu posicionamento para mudanças
artísticas e culturais no período, concatenado com os ideais republicanos. Diante
disso, na delimitação do período observam-se as primeiras décadas da República,
correspondendo ao período de suas atividades locais e nacionais conforme os relatos
encontrados na bibliografia consultada.
METODOLOGIA
Utilizar-se-á a pesquisa bibliográfica, buscando dialogar com autores como
Kiefer (1976) que aborda o contexto musical do período, Salles (2016) e Paracampo
(2018) que discorrem sobre a biografia de Ettore Bosio e o contexto supracitado
anteriormente. Nesse sentido, Paracampo (2018) relata alguns trabalhos que tratam
da história da música na Amazônia e que fazem menção a Ettore Bosio. O trabalho
que ora se propõe realizar aborda o tema a partir da perspectiva teórica de Bourdieu
(1996; 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao adentrarmos na narrativa que reúne o resgate da vida desse intelectual da
música, é importante delinear o seguinte apontamento de Bourdieu (1996, p. 74-75) a
respeito de biografia, como sendo “[...] essa vida organizada como uma história (no
sentido de narrativa), [que] desenrola-se segundo uma ordem cronológica que é
também uma ordem lógica, desde um começo, uma origem, [...] até seu fim, que é
também um objetivo, uma realização”. Salles (2016) descreve que esse músico,
nasceu na Itália, na cidade de Vicenza em 1862, onde iniciou seus estudos musicais.
Em 1887 concluiu o curso como maestro compositor apresentando nessa ocasião a
estreia de sua composição Ideale, uma ópera de um ato, e outras três obras com coro
e orquestra. Embarcou em 1888 para o Rio de Janeiro fazendo parte da orquestra de
90
uma companhia lírica italiana, a qual atingiu outros palcos brasileiros. Conforme Salles
(2016), ele retornou ao Brasil em 1893 para estrear sua opera Duque de Vizeu no
Theatro da Paz em Belém e, fixando residência nessa capital, desenvolveu atividades
de professor, pianista, violoncelista do Sexteto Gama Malcher, regente de diversos
concertos e espetáculos líricos no Theatro da Paz, ocasiões em que estreou outras
obras suas, e do Canto Coral de Belém. Assim, ocupou a cadeira de docente no
Conservatório Carlos Gomes ministrando diferentes disciplinas e ocupou o cargo de
diretor dessa instituição de 1929 até 1936, ano de seu falecimento. Em relação ao
cenário da música na República, tem-se a presença da música religiosa, das danças
de salão, da música instrumental e da ópera, sendo que nesse gênero os
compositores italianos dominavam a maioria dos espetáculos escolhidos, tais
evidências justificam a presença de Ettore Bosio no Brasil. No entanto, os
republicanos associavam a preferência pela estética italiana à monarquia, regime que
condenavam, e para eles era compreendido como mau gosto do povo que necessitava
ser corrigido e substituído por outras práticas culturais. Diante de tal realidade, o que
parecia ser perfeito e aceitável era a música alemã e a francesa. Assim, pode-se
observar no período republicano a continuidade na preocupação de um processo
civilizatório, buscando educar o povo musicalmente com base no pensamento de uma
determinada elite intelectual sobre “o que seria a melhor música?”, criticando a
preferência musical do povo pela ópera (italiana), músicas de salão, canções
populares. Nos universos sociais, os quais Bourdieu (1996, p. 83) acredita serem
relativamente autônomos chamando-os de campos, “[...] os profissionais da produção
simbólica enfrentam-se em lutas que têm como alvo a imposição de princípios
legítimos de visão e de divisão do mundo natural e do mundo social”. Situando o
maestro Bosio em meio ao período vivenciado, ele era tido como um músico moderno,
verista – as óperas retratavam a realidade concreta, republicano com defesa ao
nacionalismo, e naturalista – tanto que escolheu para o libreto de Duque de Vizeu o
tema de um poeta naturalista, Lopes de Mendonça. Além de a letra ser em português,
Ettore Bosio também inovou em sua ópera compondo-a em três atos, ao contrário do
modelo tradicional das óperas italianas compostas de quatro atos. Com base nesse
panorama e nas atividades profissionais de Bosio, vê-se a possibilidade de enumerar
quatro etapas da vida musical do maestro. Primordialmente refere-se a fase inicial de
sua carreira ainda na Itália, onde Bosio apresenta uma forte filiação com a escola
vanguardista do período, o verismo. “Os homens formados em uma dada disciplina ou
em determinada escola, partilham um certo ‘espírito’ literário ou científico”
(BOURDIEU, 2007, p. 206). Essa escolha acompanhou Bosio no restante de sua
carreira, uma vez que não aderiu à outra escola composicional. “Pode-se supor que
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisar essa trajetória com base nos conceitos de Bourdieu, aqui
selecionados, permite que se veja o quanto o capital adquirido pelo maestro, mediante
a sua vivência musical com a cultura dominante, que era a erudita e a europeia, tanto
na infância quanto na fase escolar, permaneceu durante a sua vida determinando o
seu proceder profissional, ao propagar e manter a cultura que era tida como legítima, e
consequentemente o seu êxito musical por meio desse capital simbólico. A reprodução
da cultura dominante, principalmente no meio escolar, como propagam os estudos de
Bourdieu e Passeron (1992), é possível de se encontrar nessa trajetória, pois, mesmo
Bosio se utilizando de elementos nacionais, como texto em português em suas óperas,
e da música considerada do povo para compor o seu produto final, ou seja, as suas
obras musicais, ainda mantinham-se dentro de um modelo erudito e europeu comum
naquele período. Assim, o capital simbólico construído em suas vivências,
possibilitando Bosio assumir cargos de direção, de docência, de crítico musical na
imprensa, e compor um acervo com muitas obras musicais, contribuiu para a história
musical do país, em especial a do Pará.
REFERÊNCIAS
SALLES, Vicente. Música e músicos do Pará. 3 ed. rev. Belém (PA): FCP, 2016.
SILVA, Vegas Vitória Andrade da; GORDO, Margarida do Espírito Santo Cunha;
SANTOS, Marcio Antonio Raiol dos. O peso do capital cultural na explicação das
desigualdades escolares: uma (re)visão das obras Os herdeiros (1964) e A reprodução
(1970), de Bourdieu e Passeron. In: GORDO, Margarida do Espírito Santo Cunha;
SILVA, Vegas Vitória Andrade da; GODIM, Suelen Tavares. Cadernos de ensino,
pesquisa e extensão: práticas pedagógicas, currículo e inclusão II. Vol 3. Belém:
Paka-Tatu, 2018.
Introdução
Leopoldo Penna Teixeira era agrimensor formado pelo Liceu Paraense no
início do século XX. Nessa Instituição de nível secundário teve seu contato com a
agricultura racional, no momento em que economia aurífera da borracha produzia
riquezas as elite locais e possibilitava a remodelação da cidade de Belém aos padrões
modernos de países como a França.
A formação em agrimensura possibilitou que fosse nomeado diretor do Campo
de Agricultura Experimental em 1911, instituição agrícola criada para ser modelo, em
plena capital, para implantar uma agricultura racional e promover o ensino agrícola
baseado nas ciências. O lugar que ocupava na Instituição agrícola símbolo da
29
Doutorando no Curso de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática- UFPA
94
Objetivos
Este artigo tem objetivo analisar as contribuições de Leopoldo Penna Teixeira
na implantação do ensino agrícola no Pará 1914 a 1919 com a presença das ciências
naturais.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa documental, em que foram analisados artigos no
jornal Estado do Pará nos quais estão presentes os discursos de Leopoldo Penna
Teixeira sobre agricultura moderna, ensino agrícola com a presença das Ciências
Naturais. A pesquisa utiliza como ferramenta teórica os estudo culturais em ciências
elaboradas por Veiga-Neto e Wortamann (2001) que possibilita analisar a história das
Ciências Naturais no ensino agrícola não como um processo contínuo do
conhecimento cientifico e de superação as dificuldades estabelecidas pelos saberes
tradicionais da prática agrícola. Nem mesmo como saber universal, verdadeiro e
superior aos outros, inclusive práticas tradicionais da agricultura amazônica. Mas que
considera que houve condições de possibilidades que “está relacionada ao social, ao
cultural e os representacionais” (WOTMANN E VEIGA-NETO, 2001, p. 115).
Resultados e Discussões
Os discursos e propostas de Leopoldo Penna Teixeira analisados nos artigos
apresentam a agricultura moderna, o ensino agrícola coma presença das ciências
Naturais na Amazônia. Para ele, a crise econômica decorrente da queda do preço da
goma elástica, indicava a atuação do Estado em estimular o envio de braços para
atividade da agricultura. Algo que ecoava isoladamente diante de discursos em prol da
manutenção da atividade gomífera numa cadeia defendida por sujeitos sociais, tais
como: comerciantes, seringalistas e outros sujeitos sociais dependentes dessa
atividade extrativista e seus representantes no Congresso legislativa
95
Essa proposta não era para ele uma simples troca de uma atividade econômica
por outra, mas a substituição de uma atividade tradicional por outra moldada pelo
saber moderno. Era a troca de uma atividade rotineira, considerada sem novas
técnicas por outra que permitia as interferências cientificas.
Contudo, para que a agricultura moderna fosse exercida era importante o
ensino agrícola nos diferente níveis de ensino: primário, secundário, formação de
professores e no ensino superior com a presença das Ciências Naturais. A medida
que subia o grau de ensino era demonstrada com maior especialidade das ciências
Os discursos proferidos por Leopoldo possibilita entender que apesar dos
governantes do Pará priorizarem o ensino agrícola primário com diretrizes somente
voltadas para criação de intuições agrícola como estações e campões experimentais,
havia no Pará sujeitos sócias na rede desde 1914 que divulgavam o ensino agrícola
superior quatro anos antes da Criação da Escola de Agronomia em 1918.
Considerações finais
Os artigos produzidos por Leopoldo Teixeira, mostram que havia no estado do
Pará um ator social que possibilitava a circulação de discursos sobre ensino agrícola
nos diferentes níveis, respectivamente cada uma com seu grau de especialização das
ciências naturais, indo das noções das ciências naturais no ensino elementar até
aquelas que favorecessem a investigação científica no ensino superior.
A defesa do aparato do ensino agrícola em nível do primário, médio e de
formação de professores que deveriam ser criadas no Pará, davam possibilidades da
necessidades de um maior número de agrônomos para atender a demanda do ensino
agrícola em diferentes instituições agrícolas. Mas para isso, houve a defesa da criação
de uma escola no próprio território do Pará, como veio a ocorrer com a criação da
Escola de Agronomia do Pará em 1918. A presença das ciências no ensino agrícola
por meio dos artigos de Leopoldo mostram a contribuição que as escolas agrícolas
deram na difusão da ciências naturais na Amazônia.
REFERÊNCIAS
RESUMO:
O presente resumo faz parte de uma proposta de pesquisa que, está sendo realizada
junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do
Pará (PPGED-UEPA), e está baseada nas seguintes questões norteadoras: Como as
práticas educativas se fazem presente nas obras que compõem a Série “Os dramas
da Amazônia”? Como as representações sociais dos personagens são construídas
dentro do contexto político, cultural e sócio-econômico? A pesquisa será realizada, a
30
Proposta de pesquisa do PPGED-UEPA (em andamento).
31
Mestranda em Educação (UEPA), Belém-Pará. E-mail: correadinalva@gmail.com; Profª.
Doutora Titular (UEPA), Belém-Pará, E-mail: dssr@uol.com.br
97
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
98
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de não ser muito divulgado nos meios acadêmicos, Abguar Bastos é
um escritor que se destaca por uma produção intelectual que abrange os contextos:
político, sócioeconômico, literário e cultural de uma profunda atuação nas causas
sociais, em especial, a Educação, sobretudo, na Amazônia.
Utilizando de uma poética política nas obras aqui analisadas, percebemos em
“Terra de Icamiaba” e “Safra”, obras que conquistam o leitor por trazerem profundas
99
reflexões e discussões que ainda estão presentes e muito latentes, na atual realidade
amazônica. As obras são um alerta para pensar e refletir sobre como as práticas
educativas refletem negativamente na formação de professores e como esses
impactos atingem os educandos e quais as consequências que esse tipo de educação
acarreta. Em resumo, diante do exposto, pretendemos apresentar, por
meio das obras mencionadas, um retrato da educação na Amazônia, que se
demonstra movente, porém em constante processo.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia
das emergências. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org).Conhecimento prudente
para uma vida decente: um discurso sobre as ciências. Revisitado. Porto:
Afrontamentos, 2003. (p. 735-775).
100
RESUMO
Este estudo é proveniente de uma pesquisa fundamentada nos pressupostos de
Burker (1992) que toma por referência a história-vista-de-baixo por considerar mais
seriamente as opiniões das pessoas comuns sobre seu próprio passado. Destaca-se
que a obra está fundamentada em documentos oficiais, fotografias e depoimentos
orais. Estes últimos dão-se na esfera dos trabalhos da memória social. Trata-se de
uma construção da lembrança que evoca narrativas do passado (PORTELLI, 2001).
Desta forma, apresenta-se o contexto histórico da Educação Especial no município de
Breves-Pará, dividido em três períodos: a) de 1985 a 1997 – em que o Ensino
Fundamental era de responsabilidade do Governo Estadual; b) de 1998 a 2010 – a
partir da municipalização do Ensino Fundamental, em que a Educação Especial
vinculou-se à Secretaria Municipal de Educação de Breves (SEMED), por meio de
uma Coordenação; c) de 2010 a 2018 - em que Educação Especial passa a ser de
responsabilidade do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) Hallef
Pinheiro Vasconcelos da Secretaria Municipal de Educação de Breves.
INTRODUÇÃO
O contexto histórico da Educação Especial em Breves nos remete a meados da
década de 1980, período de implantação desta modalidade de ensino no município,
por meio da 15ª Divisão Regional de Educação, hoje 13ª Unidade Regional de
Educação. A história da Educação Especial em Breves, pode ser dividida em três
períodos:
32
Este estudo traz resultados da pesquisa realizada no Curso de Pós-Graduação - Latu Sensu, em Educação Especial, na Faculdade
de Educação Montenegro (FAEM), quando elaborou-se o trabalho final sobre o processo histórico da Educação Especial em
Breves, com o título da monografia “A história da educação especial na cidade de Breves: resgate de memórias” (LOBATO, 2010).
33
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade do Estado do Pará e Professor do Curso de Letras Libras
e Língua Portuguesa como segunda língua para surdos da Universidade Federal do Pará; Belém, Pará, e-mail: huberkline@ufpa.br
34
Professor com pós-doutoramento em educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2013), doutorado em
Educação Especial (UFSCAR/2010), Professor adjunto do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED) e do Curso de Letras
Libras da Universidade do Estado do Pará (UEPA); Belém, Pará, e-mail: anchieta2005@yahoo.com.br
101
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Breves, a Educação Especial possui uma trajetória histórica que parte das
primeiras iniciativas de implantação dos serviços educacionais destinados às pessoas
com deficiência na rede pública de ensino, passando pela estruturação de um conjunto
de escolas, chegando a reestruturação destes serviços por meio das atividades
desenvolvidas pelo CAEE Hallef Pinheiro Vasconcelos.
O contexto histórico da Educação Especial no município de Breves está
diretamente atrelado com o processo histórico desta modalidade de ensino em seu
âmbito Global, Nacional e Regional. Em suma, as notas sobre o histórico da Educação
Especial em Breves, discutidas ao longo deste estudo, nos permitem concluir que o
atendimento educacional aos alunos da Educação Especial é proveniente de um
movimento que segue as discussões que aconteciam/acontecem em contexto nacional
e internacional.
REFERÊNCIAS
BURKE, Peter. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: ______. (Org.).
A escrita da história: novas perspectivas. Tradução de Magda Lopes. São Paulo:
Editora UNESP, 1992. p. 1-13.
PORTELLI, Alessandro. História oral como gênero. In: Projeto História. São Paulo:
Educ, nº 22, jun. 2001, p. 9-36.
105
RESUMO
O intuito deste trabalho é analisar a produção de uma história escolar, pátria e
regional, no livro Apostilas de História do Pará (1915) de Theodoro Braga, livro este,
fruto de uma solicitação da Secretaria de Instrução Pública do Pará, para distribuição
nas escolas primárias do estado, como parte das comemorações pelo tricentenário de
Belém. No discurso didático de Theodoro Braga observa-se uma grande preocupação
em construir uma memória histórica, que serviria de exemplo professores e para os
jovens estudantes, que deveriam conhecer bem o passado, como futuros cidadãos da
pátria. Voltar ao passado e reescrever a História, construindo novas narrativas sobre o
mesmo, significava criar uma tradição, categoria essencial na construção de uma
identidade regional e nacional.
INTRODUÇÃO
Theodoro Braga está entre os principais articulistas paraenses das primeiras
décadas do século XX, que estiveram preocupados em construir uma identidade
nacional e regional, vocação nacionalista essa, que marcou suas produções e sua
trajetória artística e intelectual.
Formou-se em 1893, pela faculdade de direito do Recife, e logo se inclinou a
formação artística ainda nesse mesmo período. Já residindo no Rio de Janeiro, em
1894 passa a estudar pintura na Escola Nacional de Belas Artes, permanecendo até
1899. Por excelência nos estudos ganha como prêmio uma viagem a Europa, para
aperfeiçoamento, e se fixa em París, onde estudou na Academia Julian com Jean-Paul
35
Professora Ad4- SEDUC/PA; Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPA (PPGED);
Doutoranda no programa de pós-graduação em História da Universidade Federal do Pará (PPHIST). Este trabalho é fruo das
pesquisas para elaboração da dissertação de mestrado (PPGED-UFPA), intitulada “Alma e Coração”: O Instituto Histórico e
Geográfico do Pará e a Constituição do Corpos disciplinar da História Escolar no Pará Republicano (1900-1920).
wanakal@yahoo.com.br
106
Laurens, um dos mais importantes mestres da pintura histórica francesa, que vai
influenciar sobremaneira em sua formação.
Ao fazer caminho de volta ao Brasil em 1905, realiza várias exposições no Rio
de Janeiro, Recife, e por último, Belém, onde era aguardado com bastante
expectativa. Seus vínculos com a História e com a pintura histórica se fortalecem com
a execução de sua mais importante obra, A fundação da Cidade de Nossa Senhora de
Belém do Pará, concluída em 1908, sob o mecenato do Intendente Municipal Antônio
Lemos. Feita sob encomenda para ser apresentada ao público no aniversário do
Intendente, essa obra é considerada o marco inaugural do modernismo na Amazônia,
em que o artista pinta e escreve pelas nuances de seus pinceis a História da região.
Após 1911, Theodoro Braga escreve vários textos, tendo como preocupação a
História da Amazônia, acompanhando um forte movimento da intelectualidade local
em tratar de temas pátrios e nacionais. A produção didática Apostilas de História do
Pará (1915) é resultante deste momento fértil de pensar os ideais pátrios e as
tradições nacionais
Solicitado pela Secretaria do Interior, Justiça e Instrução Pública do Pará,
Theodoro Braga publica em 1915 Apostilas de História do Pará, 16 “Theses para
conferências didacticas nas escolas publicas e particulares do Estado do Pará”, em
comemoração ao tricentenário da fundação de Belém. Solicitação mais oportuna, para
aquele que realizou grande pesquisa histórica para a execução da grande tela
histórica sobre a conquista do território Amazônico. Momento mais que oportuno,
afirma, “de definir nossas origens, com conhecimentos de causa e efeitos, como razão
da existência coletiva”. (BRAGA, 1915, p. 11).
Assim, este trabalho objetiva analisar as narrativas sobre história pátria
regional, construídas por Theodoro Braga em suas teses didáticas desenvolvidas em
Apostilas de História do Pará, bem como os objetivos pátrios de formação do alunado
primário paraense, voltados a formação para a nacionalidade e para formação do
cidadão republicano que se queria.
METODOLOGIA
DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O saber de história escolar, construído pelo autor, pode ser caracterizado pelas
escolhas dos assuntos, selecionando conhecimentos dignos de serem veiculados,
construindo-se uma memória histórica positiva da nação; pela forma de abordá-los, em
uma busca incessante de conhecer o passado, e seus heróis, para que
exemplarmente ele pudesse ser utilizado no presente; pela estrutura simples e objetiva
da narrativa; e pela finalidade educativa por meio da História Pátria presente em
ambas as obras, com conteúdo de supervalorização do patriotismo, para a
conformação dos ideais nacionais, legitimadas pela História. Assim, determinados
fatos e heróis são valorizados em detrimentos de outros, inventando-se tradições
nacionais característica comum à literatura didática do período em estudo
(HOBSBAWM; RANGER, 2008).
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, C. M. F. Autores e editores de compêndios e livros de leitura.
Educação e Pesquisa. São Paulo, v.30, n.3, p. 475-491, set./dez. 2004.
BITTENCOURT, C. M. F. Livro didático e saber escolar: 18101910. Belo Horizonte:
Autêntica, 2008.BRAGA, T. Apostilas de História do Pará. Belém: Imprensa Official,
1915.
CARDOSO, W. C. R. “Alma e Coração”: O Instituto Histórico e Geográfico do
Pará e a Constituição do corpus disciplinar da História Escolar no Pará
Republicano (1900-1920)/Wanessa Cardoso. Dissertação (Mestrado Acadêmico em
Educação) – Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, 2013.
CHERVEL, A. História das disciplinas escolares: reflexões sobre um
campo de pesquisa. Teoria & Educação, Porto Alegre, 1990.
CHOPPIN, A. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado
da arte”. In Educação e Pesquisa, vol. 30, nº 3. São Paulo: setembro/dezembro
2004.
EIXO 3
RESUMO
INTRODUÇÃO
Nos primórdios da década de 50, as Irmãs Missionárias Capuchinhas
chegaram à cidade de Abaetetuba, para fundar uma entidade religiosa que cuidasse
36
Este artigo é um recorte da pesquisa titulada “Representações da educação de meninas do Instituto Nossa Senhora dos Anjos em
memórias de ex-alunas” que integra o projeto de pesquisa aprovado no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica –
PIBIC/UFPA, sob o título “História e memória do Instituto Nossa Senhora dos Anjos: O impacto na ação educacional de meninas
abaetetubenses (1953-1980)”
37
Graduanda do curso de pedagogia da UFPA, Campus de Abaetetuba, e-mail: trindadejoelma21@gmail.com
38
Prof. Doutora da UFPA, Campus de Abaetetuba, Pará. e-mail: soclimma@gmail.com
111
METODOLOGIA
DISCUSSÕES
112
Uma das ex-alunas afirmou “que tinha uma freira específica para o dia de
sexta-feira, ensinava catequese” (Edna), outra narrativa reforça “a gente era formada
nessa prática cristã, tanto é que quando a gente chegava na escola, antes de ir para a
sala de aula, ia na capela” (Terezinha), ou seja, haviam momentos específicos de
devoção.
Esse perfil, foi claramente evidenciado no registro do Ano Domini (1953) o qual
informa que o Sr. Arcebispo da época festejou com as famílias abaetetubenses pela
inauguração da entidade, na qual, segundo ele, seriam formadas cristãmente as
futuras mães. Sendo assim, acredita-se que a prática de formação religiosa contribuía
para a disseminação do perfil de mulher propagado naquela sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DAMASCENO, Alberto40
DOURADO, Viviane41
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise a respeito do
ensino religioso introduzido pelos jesuítas na Colônia Brasileira, dando enfoque para o
que ocorreu na Amazônia. O projeto jesuítico de educação visava construir nos nativos
a representação de civilização concebida nos países europeus, para a realização
dessa tarefa a religiosidade cristã adentrou os conteúdos ensinados pelos jesuítas. A
percepção sobre esse processo de união entre ensino e religião é o objeto deste
estudo, que tem como metodologia as pesquisas bibliográficas e documentais, tendo
como fonte principal o Diretório de 1757, a fim de demonstrar esse processo na
Colônia.
Introdução
39
Este trabalho é resultante de uma pesquisa mais ampla sobre a história da educação no Pará na
Colônia e tem como objetivo realizar uma abordagem acerca da educação dos nativos no período
colonial.
40
Professor Titular da Universidade Federal do Pará, atuando na Graduação e no Programa de
Pós-graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica (PPEB), na Universidade Federal do Pará
(UFPA), Belém, Pará – albertod@ufpa.br.
41
Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), bolsista de iniciação científica do
grupo de pesquisa intitulado Laboratório de Pesquisas em Memória e História da Educação (LAPEM),
vinculado ao Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação Básica (NEB). – vivianedrd2@gmail.com
42
Mestrando do Programa de Pós Graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica (PPEB), vinculado à
Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, Pará - jlmazzinidacosta@gmail.com
115
A Amazônia faz parte de um país que estabelece uma educação laica, porém,
onde o ensino religioso ainda compõe a temática de diversas discussões a respeito de
sua inclusão nos componentes curriculares. Analisando esses debates e embates
existentes ainda hoje, sentimos a necessidade de compreender como o processo de
estabelecimento do ensino religioso se deu na Amazônia. Compreendemos que a
colonização do Brasil trouxe consigo diversos aspectos culturais dos estrangeiros que
adentraram o país e dominaram a população que já habitava a região, dentre esses
aspectos a religião foi uma característica de destaque. Por isso, passou a compor as
primeiras estratégias educacionais direcionadas pelos portugueses aos nativos. Com
isso, esse trabalho busca compreender, a partir do Diretório dos Índios de 1757, quais
fatores da Amazônia Colonial culminaram para que o ensino religioso ainda seja uma
questão tão atual e presente na cultura da Amazônia.
Metodologia
Fundamentação Teórica
A partir do Diretórios dos Índios de maio de 1757, que tinha como objetivo a
integração dos índios e da sociedade portuguesa com a homogeneização cultural,
transformado em Lei em agosto de 1758, durante a análise deste documento foi
possível extrair algumas informações sobre o processo de civilização, e
consequentemente de educação, dos índios.
Desta forma, o ensino da Religião Católica chegou ao Brasil, como uma forma
de colonização e civilização que se estabeleceu também na Amazônia. Além da
preocupação com a civilização, é possível perceber também o interesse em
transformar os índios em indivíduos que se submetessem às ordens do Rei,
aumentando também a quantidade de fiéis da Igreja Católica.
Considerações finais
Neste caso a tentativa de incorporar a religião católica nos índios tinha intenção
de subordina-los ao Rei e também aumentar o número de fiéis da Igreja Católica e, por
consequência, civilizar um povo considerado bárbaro.
Referências
SÁ-SILVA, Jackson Ronie; ALMEIDA, Cristóvão Domingos de; GUINDANI, Joel Felipe.
Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista brasileira de história
& ciências sociais, v. 1, n. 1, 2009.
GUIMARÃES, Márcia43
RESUMO
O artigo apresenta um estudo acerca do contexto da primeira infância na Amazônia
sob o olhar da Educação Vicentina no Jardim de Infância “Casa da Criança” em
Manaus – Amazonas, Creche Escola que atende há 71 anos, crianças de dois à cinco
anos de idade em período integral conforme a fundamentação legal da educação
infantil, com assistência social as famílias de baixa renda que trabalham durante o dia
e não tem onde deixar seus filhos. A metodologia utilizada foi bibliográfica e
documental. Como resultados obteve-se na pesquisa a intrínseca relação entre
educação e religiosidade na história da instituição.
INTRODUÇÃO
43
(Grupo de Estudos e Pesquisa História Educação Sociedade e Política – GHESP ).
Acadêmica do Curso de Licenciatura em História, Centro Universitário Internacional (UNINTER), Manaus, Amazonas, e-mail
mcccguimaraes81@gmail.com.
118
professores e nos pavilhões com as atendentes, onde ficam as crianças, sendo que o
Maternal II, as professoras acompanham diretamente as crianças.
METODOLOGIA
EDUCAÇÃO VICENTINA
Para falarmos do Jardim de Infância “Casa da Criança”, é preciso conhecer um
pouco sobre as Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo - F.C, conhecidas
como Vicentinas. Elas são mais uma congregação religiosa que possui um legado
importante da educação na Amazônia, pelo fato de dedicarem-se aos pobres seja na
área da saúde em hospitais, na educação em escolas ou em inserções, pequenas
comunidades de difícil acesso. Não são religiosas mais sim uma “Sociedade de Vida
Apostólica”, nas quais renovam os seus votos todos os anos no dia 25 de março,
conforme a escolha de São Vicente de Paulo e Santa Luiza de Marillac. A Companhia
tem sua origem na França, fundada aos 29 de novembro de 1933. Instalada no Brasil
encontra-se divida em 6 Províncias: Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife,
Fortaleza e da Amazônia que compreende os Estados do Amazonas, Pará, Roraima.
Neste sentido, as casas das irmãs onde estão localizadas sempre tem colégio,
instituto escola ou creche como é o caso da “Casa da Criança” em Manaus –
Amazonas, fundada aos 02 de fevereiro de mil novecentos e quarenta e oito (1948),
por Dom João da Matta Andrade Amaral. Possuindo em sua fundação uma
religiosidade emanada nos santos da companhia como: Nossa Senhora das Graças e
Santa Catarina Labouré (a vidente da Medalha Milagrosa), como em sua origem foi
marcada pela procissão, o inicio com a posse do terreno e do primeiro pavilhão
nomeado Martagão Gesteira. No entanto, a “Casa da Criança”, dispõe atualmente de 9
pavilhões, que levam o nome do fundador da Casa e demais santos da Companhia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
44
Bolsa de Iniciação Científica do projeto “Os padres ‘Tapuitinga’ da Companhia de Jesus e as
reformas Pombalinas na Amazônia Portuguesa (1750-1777)” sob orientação do Professor Karl
Arenz – Agência de financiamento à pesquisa: CNPq.
Graduanda de licenciatura em História, UFPA, Belém, Pará. Endereço eletrônico:
mmarcelafonseca@gmail.com.
45
Bolsista voluntário de Iniciação Científica do projeto “Os padres ‘Tapuitinga’ da Companhia
de Jesus e as reformas Pombalinas na Amazônia Portuguesa (1750-1777)” sob orientação do
Professor Karl Arenz – Agência de financiamento à pesquisa: CNPq.
Graduando de licenciatura em História, UFPA, Belém, Pará. Endereço eletrônico:
correa.rafael97@gmail.com.
122
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
46
As 4 obras: 1. “Specimen Língua brasílica vulgaris (in. Murr, 1778; Eckart, 1890). 2. Três
artigos sobre a perseguição dos jesuítas em Portugal (Eckart, 1779, 1780ª, 1780b), traduzidos
para o português como ‘Memória de um jesuíta prisioneiro de Pombal’(Eckart, 1987).” 3. “Notas
sobre a vida de Pombal”(Eckart, 1784). 4. “Zusätze...”(Eckart in Murr, 1785).
47
Termo usado por alguns povos indígenas ao se referir a jesuítas de “fala alemã”, isto é, da
Europa Central. “A palavra tapuitinga, empregada por um índio da aldeia de Pindaré
(Maranhão), é composta morfologicamente por tapuia – referência de “bárbaro” - e tinga, que
significa ‘branco’, ou seja “bárbaro branco” (RÓ-NAI, 1942, p. 268).
123
DISCUSSÕES
O estudo de Eckart testemunha a língua brasílica geral, mas o faz dentro do
modelo discursivo jesuítico. 49 A companhia de Jesus desde a sua fundação, enfatizou,
as atividades pedagógicas. Desde St. Inácio, 1552, já se dizia que para pregar com
eficácia, é necessário se conhecer bem a língua do povo. A consequência prática
desses postulados, foi o desenvolvimento de uma importante obra gramatical. Não
diferente, nas páginas de seu diário, Eckart reafirma que vive este postulado jesuítico,
ao dizer que “A minha língua é a pena”. Como se dissesse, que o seu meio de
aprendizado, de trabalho, de experimentação, de alteridade, de tradução da realidade
e da sociedade, no seio de sua passagem pela Amazônia, era essencialemente
atravessado pelo registro escrito.
Eckart, desenvolveu atividades missionárias em aldeamentos nos vales do rio
Amazonas, Xingu e Madeira. Lugares de grande importância econômica e estratégica,
que deram acesso a um interior promissor de riquezas minerais e vegetais. Seguindo
na leitura do documento, com auxílio do dicionário étno-histórico da Amazônia
48
POMPA, Cristina. Religião como tradução, Missionários, tupi e tapuia no Brasil Colonial. São
Paulo: Edusc. / Montero, Paula (org.). Deus na Aldeia: missionários, índios e mediação cultural,
São Paulo, Globo, 2006, 583 pp. / GASBARRO, Nicola. Missões: a civilização cristã em ação.
In: MONTERO, Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São
Paulo: Globo, 2006. p. 67-109. / AGNOLIN, Adone. Catequese e tradução: Gramática cultural,
religiosa e linguística do encontro catequético e ritual nos séculos XVI-XVII. In: MONTERO,
Paula (Org.). Deus na aldeia: missionários, índios e mediação cultural. São Paulo: Globo, 2006.
p. 143-207.
49
ROSA, Maria Carlota. Um exemplo de descrição pedagógica no século XVIII: O Specimen
Linguae Brasilicae Vulgaris e a tradição jesuítica de segunda língua. In: Terceira Margem, 2:
181-189. 1994 / MORAES, José de. História da Companhia de Jesus na extinta província do
Maranhão e Pará. Rio de Janeiro: Editorial Alhambra, 1987.
124
Colonial50, Anselm comenta sobre a ilha grande de Joanes, onde hoje é o Marajó, e
fala sobre os Nheengaíba, que segundo o dicionário étno-histórico de Antônio Porro,
são mencionados desde 1639 na foz do Amazonas por Acuña, é citado como um
numeroso povo que vivia na ilha do Marajó e no continente entre Cametá e Gurupá, já
em 1780, se encontravam reduzidos no Marajó, e integravam as populações de
Melgaço e Ponta de Pedra, quando viraram vilas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, conhecer bem, na medida do possível, os indígenas, principal alvo da
atividade missionária da catequese, observar seus costumes, mergulhar na sua língua,
significaria penetrar na sua alma, e fazer o que fosse possível para atingi-la e “resgatar
alguma consciência”. É por isso, que os assuntos de ordem espiritual, xamânica, que
tratam sobre a religiosidade dos povos indígenas, suas crenças, suas devoções, seus
rituais, suas formas de cura e alimentação, sua cosmologia, são temas sempre
abordados, registrados, estudados e alvos de grande atenção dos missionários
jesuítas, e certamente, com Anselm Eckart não seria diferente. Como nos mostra este
breve trecho do documento transcrito: “Tem alguns vestígios de Deus e da outra
vida.”: Uma exellencia superior a que chamam de Tupã , espantoso, e desta mostram
que dependem, tem grandes medos de trovões e relâmpagos, por isso dizem, que são
efeitos deste Tupã superior, trovão chamado Tupãcununga, vi estrondo feito pella
excellencia superior e o relampago chamado Tupãberaba, (...)”.
Referências
BARROS, Cândida & MONSERRAT, Ruth Maria. Fontes manuscritas sobre a Língua
Geral da Amazônia escritas por jesuítas “tapuitinga” (século XVIII). Confluência, Rio de
Janeiro, n. 49, 2º sem. 2015, p. 236-254.
50
PORRO, Antônio. Dicionário etno-histórico da Amazônia colonial. São Paulo: Instituto de
Estudos Brasileiros, USP, 2007.
125
LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Tomo III. Rio de Janeiro:
Instituto Nacional do Livro, 1943.
52
DAMASCENO, Alberto
51
Trabalho é resultante de uma pesquisa mais ampla sobre a história da educação no Pará na
Colônia e tem como objetivo realizar uma abordagem acerca da educação dos nativos no
período colonial. alfabética.
52
Professor Titular da Universidade Federal do Pará, atuando na Graduação e no Programa de
Pós-graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica (PPEB), na Universidade Federal do
Pará (UFPA), Belém, Pará – albertod@ufpa.br.
126
PANTOJA, Suellem 53
TOMÉ, Luane 54
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal realizar uma análise a respeito das
críticas propostas por Francisco Xavier de Mendonça Furtado a respeito do ensino
religioso proposto pelos jesuítas na Amazônia colonial. O projeto jesuítico, em tese,
buscava educar os nativos a fim de que se formassem a partir de um modelo de
civilização concebido pelos europeus como ideal e nesse molde a religião era um dos
principais instrumentos educacionais. No entanto, Mendonça Furtado foi um grande
crítico desse ensino realizado pelos jesuítas, pois costumava chamar o ensino
religioso, de mais rudimentar do que os próprios índios e apontava suspeitas a
respeito da corrupção dos religiosos. A percepção sobre essa desaprovação do então
governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão no que diz respeito ao ensino
da religião cristã é o objeto deste estudo, que tem como metodologia principal a
pesquisa documental.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pode-se notar que essa incidência intermitente de “gente fugida” (os índios),
contraria em múltiplos aspectos os objetivos do governo. Vemos assim, em sua origem
e natureza, os mocambos de índios, representarem um comportamento social, não
isolado, de um mundo infenso, que não quer se sujeitar a um determinado universo
material e espiritual. Suas manifestações assumiam formas ousadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, podemos concluir que em que pese, a grande figura política
de Mendonça Furtado, que é em si mesma um objeto de estudo para a compreensão
da política pombalina, faz- se necessário duvidar do teor de suas acusações feitas em
suas cartas aos jesuítas, como principais “inspiradores” das fugas dos índios. Esta
tese era bastante cômoda para os pombalinos — e será também muito cômoda para o
historiador — pois, como se sabe, a necessidade de acusar “o inimigo comum”, ou o
“Corpo Poderoso”, como intitulava Mendonça Furtado aos jesuítas, já é uma vontade
antecipada para o estigma da ameaça e da culpabilidade.
REFERÊNCIAS
RESUMO
55
Autora deste trabalho que parte da pesquisa de Mestrado em Educação do Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), na linha de pesquisa
Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Integra o Grupo de Pesquisa História da Educação
na Amazônia (GHEDA/UEPA). Participa da Rede de Pesquisa Sobre Pedagogias Decoloniais na
Amazônia. E-mail: thaistnogueira31@gmail.com
56
Coautora e Orientadora deste estudo. Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC/SP) com Pós-Doutoramento pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
(CES-Portugal). Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do
Pará (UEPA). Coordenadora do Grupo de Pesquisa História da Educação na Amazônia – GHEDA. E-mail:
mbetaniaalbuquerque@uol.com.br
130
INTRODUÇÃO
Este resumo parte da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade do Estado do Pará e se volta para o estudo acerca dos
processos educativos que perpassam as práticas de pajelança no Terreiro de São
Jorge, localizado na Ilha de Colares – PA. Tal estudo reflete sobre as práticas
educativas neste terreiro e toma como base a trajetória de vida do sujeito que as
media: o pajé, aqui representado pelo senhor Robson. O pajé, então, passa a atuar
como um mediador cultural em campo, o principal interlocutor, a partir da
compreensão de mediadores culturais de Gruzinski (2001), ou seja, aqueles que
permitem o fluxo de circulação de conceitos, ideias ou objetos culturais. Assim, a
pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo educativo presente na prática de
pajelança do terreiro de São Jorge, na ilha de Colares-PA e busca também
contextualizar historicamente este terreiro, descrever a prática educativa vivenciada
nele e mapear os saberes que lá circulam.
METODOLOGIA
A ilha de Colares foi escolhida para a realização deste estudo devido a vivência
que tem nela, na qual se pôde conhecer as práticas de cura da pajelança e um
número significativo de agentes e espaços dessa cultura. O Terreiro de São Jorge foi
selecionado como lócus devido à sua localização, no centro urbano de Colares,
diferente da maioria que se encontra em áreas rurais do município; a escolha se deu
também por ter grande procura por pessoas inclusive de localidades longínquas ilha a
dentro; e por revelar traços marcantes do xamanismo indígena em suas práticas.
Na metodologia, percorre-se as trilhas etnográficas (GEERTZ, 2008) em uma
pesquisa de campo, por meio de observação e entrevistas semiestruturadas, e diálogo
com a história oral, visto que o olhar se direciona ao sujeito pajé, suas práticas
religiosas e trajetória de vida (PORTELLI, 2016).
Para tanto, como condição ética à sua realização, fez-se necessário a
assinatura de termos de consentimento e gravação e reprodução das vozes dos
sujeitos com quem se dialogou em campo. Todos assinaram e concordaram em
participar deste estudo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O suporte teórico parte de pressupostos da história cultural, ao pensar esta
história de sujeitos e seus saberes até então subalternizados pela ciência moderna
131
(SHARPE, 1992). Busca-se destacar pelo viés da resistência decolonial como uma
prática religiosa de matriz afroindígena como a pajelança permanece viva até hoje.
Entende-se a decolonialidade como uma corrente de pensamento e ações pautados
no sentimento de liberdade, respeito e alteridade do ser humano, independentemente
de sua raça, credo, lugar etc., que se volta àqueles que enfrentam a exclusão, todo
tipo de preconceito e opressão advindos do processo colonizador europeu.
Interessa refletir sobre a pajelança enquanto um saber ancestral, ao destacar
que em seus ritos ocorrem circulação de saberes, sejam de cunho religioso, moral,
estético, de medicina popular, de formação do próprio pajé. Aborda-se a temática da
pajelança como uma prática religiosa com rituais xamânicos de cura que teve sua
origem com os povos indígenas e sofreu influências no decorrer do processo
colonizador de culturas como a africana e a europeia e que hoje é praticada por não
indígenas, na maioria das vezes mulheres e homens do campo ou ribeirinhos,
chamada de pajelança cabocla (MAUÉS e VILLACORTA, 2008).
Observa-se em campo que todos que participam dos rituais no terreiro
experimentam algum tipo de aprendizagem, como quando se aprende sobre a cultura
das entidades nas suas falas e doutrinas; aprende-se onde sentar, onde não entrar, no
que tocar e o que cantar para acompanhar os trabalhos; aprende-se acerca de quais
ingredientes da natureza usar para tomar os banhos ou os chás para cura de doenças
ou em busca de boas energias para o seu dia a dia; a moral repassada pelas
entidades sobre caridade, suas missões nessa terra e o cuidado com o divino; há uma
pratica educativa configurada no rito de formação do pajé, sua iniciação, ao observar
nele próprio a figura de um educador.
A pajelança se mostra, então, como uma atividade que para se praticar
também se precisa aprender, como educação que está para além das práticas de cura
ou religiosas, forjada na sociabilidade dos sujeitos envolvidos, sejam eles humanos ou
não humanos. Aponta-se então, para uma pedagogia cultural na trajetória e práticas
do pajé Robson, que compreende espaços diversos de aprendizagem e os processos
educativos de um modo mais amplo e complexo, ao revelar que se aprende não
somente com os pajés no terreiro, mas também com as entidades que ali atuam, nas
relações cotidianas, em trocas culturais, por meio dos saberes que circulam nesse
espaço (COSTA e ANDRADE, 2015).
O processo educativo no terreiro de pajelança possibilita pensar uma proposta
contra hegemônica de construção do conhecimento, a partir de um conceito mais
amplo de educação e de respeito aos povos até então invisibilizados pela lógica
moderna ocidental (DUSSEL, 1993); uma educação que não compreende apenas a
132
relação com o humano, mas uma troca constante entre humanos e não humanos
(LATOUR, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao pensar nessa organização observada no terreiro de São Jorge, pode-se
inferir que todos que participam dos rituais experimentam algum tipo de aprendizagem,
desde a chegada ao terreiro ao ritual de cura; da descoberta do dom ao rito de
iniciação do pajé. Aponta-se, então, para uma pedagogia cultural na trajetória e
práticas da pajelança, que compreende espaços diversos de aprendizagem e os
processos educativos de um modo mais amplo e complexo, ao revelar que se aprende
não somente com os pais de santo no terreiro, mas também com as entidades que ali
atuam. O que possibilita pensar uma proposta contra hegemônica de construção do
conhecimento, a partir de um conceito mais amplo de educação e de respeito aos
povos originários.
REFERÊNCIAS
COSTA, Marisa Vorraber; ANDRADE, Paula Deporte. Usos e possibilidades do
conceito de pedagogias culturais nas pesquisas em estudos culturais em educação.
Textura, Canoas, v. 17, n. 34, p. 48-63, mai./ago. 2015.
PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e Voz,
2016.
133
SHARPE, Jim. A história vista de baixo. In: BURKE, Peter (Org.). A Escrita
da História: Novas perspectivas. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1992.
pp.39-62.
RESUMO:
O Santo Daime é uma religião nascida em 1930 na cidade de Rio Branco (Acre). Suas
bases rituais constituem-se com o uso da ayahuasca - chá psicoativo trazido do
xamanismo - e com a realização de trabalhos espirituais centrados na execução de
repertórios musicais (hinários). A experiencia espiritual em estado ampliado de
consciência reúne diversos elementos que compõem esse ambiente religioso. Sua
forma de comunicar o sagrado é presente na performance praticada coletivamente.
Ayauasca é mediadora de saberes, mistérios e os hinos portadores dos ensinos
revelados na experiencia. Essa educação ocorre num espaço-tempo incomum,
comunicando-se numa dimensão estética sui generis. Os processos de ensino-
aprendizado desse pensamento estético e sua cosmovisão ocorrem de maneira
coletiva e individual. ALBUQUERQUE (2018) discute a educação mediada pelas
plantas e sua oposição aos processos de aprendizagem formal, BITTENCOURT
(2018), fala da representação do sagrado em estados de consciência potencializados
pela ayahuasca.
INTRODUÇÃO:
As bases rituais do Santo Daime foram concebidas por Raimundo Irineu Serra
através da comunicação que ele travara, por meio da Ayauasca, com seres divinos e
entidades espirituais manifestadas por meio de intuições, visões, sonhos e, finalmente
se pronunciadas por meio dos hinos. Desde o primeiro contato com a entidade Clara,
Raimundo Irineu Serra passou a receber os hinos que formam o hinário “O Cruzeiro” o
primeiro hinário daimista.
METODOLOGIA:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERENCIAS:
EIXO 4
RESUMO
O presente estudo analisa a participação de entidade da sociedade civil organizada no
Projeto Escrevendo Nossa História, o qual objetiva a inclusão social de jovens e
adolescentes a partir de praticas educativas, em parceria com o Ministério Público do
Trabalho – MPT, e organizações locais. Busca-se compreender as ações no campo da
educação não formal, a partir de análise documental, entrevista semiestruturada e
revisão bibliográfica. Dentre as principais conclusões destacam-se a valorização da
identidade e memória local, o envolvimento das comunidades atendidas e as
dificuldades de continuidade deste tipo de projetos.
INTRODUÇÃO
Os estudos sobre a atuação dos movimentos sociais em práticas de
sociabilidades de conhecimento tem sido um campo de discussão que vem se
destacando no meio acadêmico, muito em função das dificuldades que os currículos
escolares apresentam de considerar a organização e os contextos da sociedade,
questão esta que coloca a Escola em uma perspectiva de repensar suas formas de
atuação para o cumprimento efetivo de sua função social, a de espaço que propicia a
socialização dos conhecimentos historicamente sistematizados.
57
Pesquisa em andamento, trabalho curricular.
Mestrando em Estudos Antrópicos na Amazônia, UFPA, Belém, Pará, mailsonlima@bol.com.br.
138
METODOLOGIA
Realizamos um estudo de caso, com pesquisa em andamento, cujo objeto da
investigação foi o “Projeto Escrevendo Nossa História”, que ocorreu no período de
2017 a 2018, para isto, recorremos à análise de conteúdo, através da coleta de dados
e de informações documentais sobre o funcionamento do projeto. Utilizamos também
entrevistas semi-estruturadas junto aos coordenadores do projeto e análise
bibliográfica de discussões teóricas sobre a temática. O lócus da pesquisa são as
comunidades das áreas do bairro Barreiro e da comunidade Vila da Barca na cidade
de Belém no Estado do Pará, onde se desenvolve o projeto sob a coordenação de
entidades da sociedade civil, no qual nos deteremos na análise da atuação do Centro
de Estudos e Memória da Juventude Amazônica (CEMJA), nas ações formativas para
139
RESULTADOS DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
TRILLA, Jaume.; ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Educação formal e não formal:
pontos e contrapontos.São Paulo: Sammus, 2008. p. 168.
RESUMO
A arte enquanto parte integrante de um cotidiano, também pode ser cultura. Um dos
exemplos da rica cultura paraense são encontrados hoje no trabalho de moradores
das regiões das ilhas da capital paraense e arredores. Conhecidos como “abridores de
58
Artigo acadêmico produzido durante a disciplina Estágio em Espaços Culturais, no curso de licenciatura em Artes
Visuais da UFPA. A autora possui graduação em Licenciatura em Artes Visuais pela UFPA. Belém – Pa. E-mail para
contato: ppsluanapriscila@gmail.com
143
letras”, esses homens têm seu sustento provido através da abertura e pintura de letras
em barcos utilizando o modelo de tipografia vitoriana, legado da era da borracha
vigente nos tempos áureos da belle époque na cidade de Belém. Esta pesquisa retrata
sobre como a instancia informal de educação atua na transmissão de conhecimentos
e, especificamente, no ensino de arte, através do exemplo da abertura de letras,
considerando a educação informal como um fenômeno integralizador da cultura e dos
saberes locais, fundamentais para a sobrevivência da sociedade.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
DISCUSSÕES
da técnica passava a instruir o outro até que o mesmo a aprendesse e a partir disso,
seguisse independente e apto à pintura.
Apesar dos documentos oficiais apresentarem hoje um progresso no que diz
respeito aos saberes culturais, Peregrino (1994) aponta que a escola ainda reflete
valores e costumes de uma classe dominante e que muitos desses costumes são
impostos aos alunos sem que haja sequer uma afinidade com a sua realidade. O
reflexo disso é a manutenção de códigos distantes do aluno e de valores em que ele
não possui identificação, ou nas palavras de Rouanet (1989), manter num gueto
cultural “o indivíduo marginalizado que já vive em um gueto sócio econômico”. Esta
pequena justificativa já é suficiente para entendermos a importância de se pensar a
arte educação como suporte para o fortalecimento das questões culturais de um povo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MASCARENHAS, Mayre Dione Mendes da Silva
RESUMO
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação( PPGED/UEPA) Graduada em letras e
especialista em Saberes Africanos e Afro-brasileiro na Amazônia pelo Grupo de Estudos Afro-
amazônicos - GEAM/UFPA. Vinculada ao grupo de pesquisa GHEDA/UEPA
147
INTRODUÇÃO
gente tá fazendo pra elas aprenderem...”. Portanto, é uma aprendizado que faz parte
do modo de vida quilombola, a qual evoca uma pedagogia própria repassado dos mais
velhos aos mais novos por meio de tradição do preparar, consumir, aprender e ensinar
os saberes e fazeres do quilombo.
METODOLOGIA
Optou-se pelo caminho metodológico da pesquisa participativa embasada
numa ótica crítica do modelo ocidental vigente, o integra também a investigação
proposta. Brandão (1999) aponta que a intenção pensada na relação que se
estabelece constitui o outro que também desempenha o papel de sujeito, e não objeto
de pesquisa. É nesse sentido que a pesquisa participativa singulariza-se por se tratar
de um método que “[...] vê na apropriação coletiva do saber, na produção coletiva de
conhecimentos a possibilidade de efetivar o direito que os diversos grupos e
movimentos sociais têm sobre a produção, o poder e a cultura” (Gajardo, 1999, p. 15).
Corroborando com as escolhas metodológicas, pretende-se usar como
instrumento de pesquisa: levantamento bibliográfico, entrevistas, observação
participante, análise e sistematização de dados. Quanto ao universo da pesquisa, o
quilombo possui 72 famílias, sendo que, para os fins da proposta dessa analise serão
considerados 20 sujeitos envolvidos no ritual de produção da bebida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
150
59
Doutora em Sociologia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade do Estado do Pará (PPGED-UEPA). Líder do grupo sociedade, ciência e
ideologia – SOCID Endereço eletrônico: dssr@uol.com.br
60
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do
Pará. Licenciado em Pedagogia pela mesma universidade, integrante do Núcleo de Pesquisa
Culturas e Memórias Amazônicas (CUMA) e do grupo Sociedade, Ciência e Ideologia – SOCID,
ambos da UEPA. Endereço eletrônico: arturjsantos40@gmail.com
151
RESUMO
INTRODUÇÃO
61
Localizada às margens da Baía do Guajará, na região do Salgado, nordeste do Estado do
Pará.
152
METODOLOGIA
FUNDAMENTAÇÂO TEÒRICA
Oliveira (2015) aponta que nós somos criadores de cultura e responsáveis pelo reflexo
desta no mundo, sendo assim, autores e fazedores da nossa história e cultura. O
percorrer acadêmico vivido proporcionou o acesso a esses e muitos outros autores,
além de conhecer vários campos, como a história cultural, a qual dá visibilidade às
práticas do cotidiano dando enfoque para homens ditos comuns que passam a ser
ouvidos, a narrarem a história a partir de suas vivências. É o que Burke (2008)
considerou como a descoberta do povo, pois, historicamente, é possível observar que
as culturas populares foram postas como subalternizadas, sem valor para a ciência
moderna.
Para compreender melhor, pontua-se, brevemente uma contextualização
acerca do quantitativo de escolas de música na Ilha de Colares: a) na sede do
município temos: 1) escola de música Vereador José Queiroz Saldanha, fundada em
1948, pertencente à Associação Beneficente Prof. Luiz Gama; e 2) escola de música
Nova Harmonia, fundada em 21/09/2105, pertencente à Associação Artística Cultural
Nova Harmonia e b) na zona rural do município, temos: 3) a escola de música Novos
Talentos, fundada em 29/06/2005, pertencente à Associação Cultural Novos Talentos
em Genipauba da Laura; 4) a escola de música Treze de Maio, fundada em
13/05/1997, pertencente à Associação Beneficente e Cultural Treze de Maio em
Maracajó; 5) a escola de música Lira Nova, a mais antiga, fundada em 15/11/1922,
pertencente ao Clube Musical Lira Nova em Mocajatuba; 6) a escola de música Quinze
de Agosto, fundada em 15/08/2006, pertencente a Associação dos Filhos e Amigos de
Juçarateua (AFAJ) em Juçarateua, fundada em 23/11/1990, hoje dois pólos: um na
comunidade de Piquiatuba e outro na comunidade quilombola de Cacau, e 7) a escola
de música Professor Abelardo Pereira, fundada em 15/11/2013, pertencente a
Associação Cultural Clube Professor Abelardo Pereira em Candeuba. Além dessas,
nas comunidades de Ariri, Guajará e Aracê alguns músicos e moradores locais estão
articulando a criação de mais escolas de música para suas respectivas comunidades.
Todas essas escolas de música e mais os dois polos citados estão em pleno
funcionamento. Das localidades citadas com escola de música, é interessante
ressaltar que em todas elas há alunas/os matriculadas/os pertencentes a localidades
vizinhas, como por exemplo as crianças e jovens da localidade de Itabocal que vão de
bicicleta ou andando em grupo, aproximadamente quatro quilômetros em piçarra
alagada, para Mocajatuba ou Piquiatuba para participarem nas escolas de música Lira
Nova ou anexo da escola 15 de Agosto, respectivamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
154
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este trabalho focaliza as crianças que viveram na Amazônia, no século XVII e visa
analisar as práticas educativas em que elas estavam imbricadas. É uma pesquisa de
natureza histórica, apoiada em crônicas, cartas jesuítas, outras fontes disponíveis em
que foi possível vislumbrar o objeto estudado. O referencial teórico se baseia na
História Cultural que alça as crônicas como documentos históricos, permitindo, a
despeito da visão etnocêntrica, extrair ainda que sutilmente o modo de vida de atores
antes invisibilizados, como as crianças. Os dados analisados evidenciam que essas
crianças foram importantes transmissoras da cultura autóctone na região amazônica e
não absorviam passivamente as instruções impostas pelo catolicismo pois mantiveram
forte vínculo com seu grupo social.
INTRODUÇÃO
62
Dissertação defendida em 2019, no Programa de Pós-Graduação da UEPA na linha “Saberes Culturais
e Educação na Amazônia”.
63
Mestre em Educação pela UEPA, Belém/PA, janebuecke@yahoo.com.br
156
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BURKE, Peter. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In BURKE, Peter.
A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 2011.
RODRIGUES, Fabrício
César C.65; TEMBÉ, Magno
Kamiran Oliveira Sousa66;
CORDOVIL, Karina Borges67
64
O trabalho teve início a partir da preocupação com o descaso com a educação indígena. Foram
realizadas pesquisas bibliográficas sobre o assunto e expedições à tribo do Povo Tembé, em 2013,
quando durante o curso de Pós-graduação na UFPA.
65
Licenciado e Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Pedagogo
formado pela Universidade da Amazônia (UNAMA). Especialista em Currículo e Avaliação na
Educação Básica pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mestre em Gestão de
Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia pelo Núcleo de Meio Ambiente da
Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA). Consultor pedagógico do Povo Tembé no
Território Indígena do Alto Rio Guamá –TIARG. Belém, Pará, e-mail:
fabmissionufpa@gmail.com, fabtembe@gmail.com.
66
Graduado em Licenciatura Intercultural Indígena pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).
Especialista em Educação Escolar Indígena pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Cacique da
Aldeia São Pedro. Professor da Escola Estadual Indígena Francisco Magno Tembé. Capitão Poço, Pará,
e-mail: kamirantembe@gmail.com.
67
Graduada em História, pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestranda em Estudos Antrópicos
da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA - Polo Castanhal). Belém, Pará, e-mail:
kcordovil1@gmail.com.
160
INTRODUÇÃO
a educação não formal, que se transforma em uma aula viva, com a valorização tanto
do lugar onde no qual os indígenas estão inseridos, quanto dos saberes tradicionais.
METODOLOGIA
A pesquisa pode ser classificada como exploratória, pois foram estabelecidos
critérios relacionados à prática de educação não formal, sendo o local de estudo o
município de Santa Luzia do Pará, nordeste paraense, nas aldeias São Pedro e
Frasqueira, localizadas no Território Indígena do Alto Rio Guamá – TIARG. A primeira
etapa foi o levantamento bibliográfico, em periódicos e livros específicos sobre a
cultura Tembé, bem como a leitura e discussão dos textos por meio da participação no
grupo de estudo.
Esse procedimento permitiu a percepção de estudos que fundamentam a
temática da Pedagogia Social. Foi realizada uma pesquisa de campo com abordagem
qualitativa, conforme indica Gonsalves (2003), para procurar informações no local, no
sentido de esclarecer os significados da realidade a ser pesquisada. Quanto às
intervenções pedagógicas para a realização deste estudo nos espaços de
sociabilidade das duas aldeias, foram realizados contatos prévios ao longo de todo o
ano de 2018, mediante a autorização da escola e das lideranças
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a Pedagogia Social, a educação não formal já existe há muitas
décadas em países europeus, tendo cursos específicos para a formação de
educadores. No Brasil, as discussões apresentadas são mais direcionadas para os
atendimentos às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com Gomes (2009), a Pedagogia Social no Brasil está vinculada ao campo
da educação não formal, cujos trabalhos são tradicionalmente desenvolvidos por
162
órgão social sem fins lucrativos e setores privados em cooperação com igrejas e o
Estado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O presente trabalho está pautado em uma concepção abrangente de
educação. Concorda-se, portanto, com a afirmação de que a educação não está
centralizada apenas em ambientes escolares, mas nos mais diversos ambientes nos
quais é possível haver troca de saberes. Brandão (2007), entende a educação como
sendo um processo vivenciado constantemente por todos seres humanos em diversos
contextos.
Nesse mesmo sentido, Albuquerque (2012), ao estudar as beberagens
indígenas como prática educativa, percebe a educação como uma pratica social
presente em todas as ocasiões da formação do indivíduo. Segundo a autora, isso
encontra solidez nas concepções vindas do campo da História Cultural, na qual
desloca-se o interesse de do pensamento pedagógico para as práticas cotidianas.
Assim, Albuquerque utiliza das concepções de alguns estudiosos, dentre esses
Fonseca (2003), que argumenta sobre a necessidade de ampliar os horizontes de
estudo sobre história da a educação, afim de incluir estudos sobre processos
educativos não-escolares.
De tal modo, compreende-se nesta pesquisa os rituais de reza de ladainhas,
ocorridas na Festividade do Glorioso Espírito Santo em Breves, como um espaço
educativo, nos quais circulam saberes. Afinal, de acordo com Cunha e Fonseca
(2007), prática educativa é toda relação em que saberes são transmitidos. Dessa
maneira, busco analisar como se dá o processo educativo vivenciado pelos rezadores
de ladainha.
A Festividade do Glorioso Espírito Santo teve seu início em Breves no ano de
1555, em agradecimento a uma graça alcançada por meio de uma promessa feita por
um casal, Dona Sebastiana Carneiro dos Santos e o Senhor Crescenciano da Cruz
Pereira, ambos já falecidos. Atualmente, ela é organizada por de Enilda Maria dos
Santos Pereira e Élida Maria dos Santos Pereira, filhas do referido casal com a ajuda
de alguns devotos e promesseiros.
166
METODOLOGIA
A análise baseia-se na abordagem qualitativa, na qual utilizou-se de uma
pesquisa etnográfica, que para Geertz (2008), permite descrição densa das culturas,
práticas, dos hábitos, crenças, valores de um determinado grupo social. Como
metodologia utiliza-se a História Oral, e como instrumentos de investigação entrevistas
semiestruturadas e a observação participante em campo.
De tal modo, este texto é tecido por meio das observações feitas durante os
cinco dias de realização da festividade do Gloriosos Espírito Santo no ano de 2018,
que ocorreu no período de 23 a 27 de maio. E das vozes das duas irmãs
organizadoras da festa, por meio de entrevistas realizadas individualmente no mês de
junho de 2018 e gravadas com o uso do celular. As mesmas foram consentidas pelas
irmãs no momento do esclarecimento sobre a pesquisa, ocasião em que assinaram o
Termo de Consentimento livre e esclarecido e a cessão gratuita de direitos sobre
gravações de voz e imagem.
DISCUSSÕES
No Brasil, como é de se imaginar, as ladainhas adentraram por meio da
colonização, sobretudo, por meio das missões dos padres jesuítas. Brandão (2010),
comenta que desde cedo os jesuítas, em seus trabalhos catequético no Brasil,
compreenderam a serventia de acrescentarem os dramas, os cantos e as danças no
ensino e nos rituais de catequese dos indígenas. Dessa maneira, as ladainhas eram
utilizadas como recurso pedagógico para o projeto de catequização dos povos nativos
que aqui viviam.
A prática das ladainhas esteve presente ao longo da catequização da região
marajoara, que teve início a partir de 1659. Percebe-se, então, que a origem das
práticas de rezar e cantar ladainhas no Marajó se deu, assim como no restante do
Brasil, primeiramente a partir dos ensinamentos jesuítas. As ladainhas eram fáceis de
ensinar e de aprender na catequização dos nativos, pois mesmo em latim elas
possuem o caráter melódico carregado de repetições, o que as tornam de fácil
apreensão. Posteriormente, com a chegada dos agostinianos na região marajoara o
processo de difusão dos rituais católicos obteve reforço.
com a igreja oficial. Assim, os saberes inerentes ao ritual são transmitidos de pai para
filho ou dos mais velhos para os mais jovens
Ao longo das observações realizadas na festividade e das vozes das duas
irmãs, compreendi que a reza da ladainha carrega saberes que são apreendidos de
maneira quase natural no contexto próprio contexto da reza, por meio da observação
atenta dos aprendizes a performance realizada pelas rezadoras mais velhas.
No decorrer da festividade há a participação de várias pessoas, especialmente,
de velhos e de crianças. Isso porque, muitos avós levam os seus netos para
participarem do momento, o que proporciona aos menores um processo de ensino e
aprendizagem cultural. Ao analisar este processo em que a aprendizagem se dá por
meio da observação, percebe-se que essa forma de aprender, está diretamente ligada
ao que Ingold (2010), define como educação da atenção.
A ladainha, rezada de maneira cantada, requer dos rezadores vários saberes.
Destaca-se nesse texto os saberes musicais relacionados, sobretudo, ao canto. Esses
são apreendidos na vivência das rezas, as irmãs explicam que nunca fizeram aulas
formais de canto. Assim, tudo que sabem sobre cantar aprenderam desde quando
eram crianças com os pais na festividade e em outras rezas em que os
acompanhavam.
Rezar ladainha, portanto, não é apenas pegar um papel com a letra e cantar,
há toda uma melodia a ser seguida, uma maneira de se portar, na qual o corpo fala, o
olhar fala, as pausas falam. É importante destacar, por fim, que as formas de se rezar
ladainha variam de tempos em tempos, de lugar para lugar e de pessoa para pessoa e
a memória, a tradição e o esquecimento são as principais formas de manutenção do
ritual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ladainha como prática educativa, se desenvolve por meio de uma
educação que se dá através da observação. Tal afirmação, pode ser entendida como
válida, atualmente, por meio de concepções epistemológicas pós-modernas, nas quais
busca-se romper com o caráter hegemônico da ciência ocidental (SANTOS, 2010).
Compreende-se, portanto, que a educação nas ladainhas ocorre da mesma
maneira como Medaest (2011) descreveu ao analisar as práticas de transmissão e
aprendizagem na região do baixo-tapajós, nas quais os saberes são vividos e não
ditos. Essa forma de aprender com a experiência requer muita atenção, Bondía
(2002), comenta que a experiência nos tempos de hoje, em plena era da informação, é
quase impossível, isso porque para se ter experiência é imprescindível estar atento,
para sentir com os olhos e ouvidos. De tal modo, destaca-se a resistência do ritual das
168
REFERÊNCIAS
BURKE, Peter. O que é história cultural? 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
2008.
CUNHA, Paolo Andreza; FONSECA, Thaís Nívea de Lima. Educação e
religiosidade: as práticas educativas nas irmandades leigas mineiras do século XVIII
nos olhares de Debret e Rugendas. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA:
HISTÓRIA: GUERRA E PAZ, 23., 2005, Londrina. Anais... Londrina: Editorial Mídia,
2005. p. 1 - 9. Disponível em: <https://anais.anpuh.org/?p=14976>. Acesso em: 17
ago. 2018.
FONSECA, Thaís Nívea de Lima. História da educação e história cultural. In: VEIGA,
Cynthia Greive; FONSECA, Thaís Nívea de Lima (Orgs.). História e historiografia da
educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. pp.43-75.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2008.
INGOLD, Tim. Da transmissão de representações à educação da atenção. Educação,
Porto Alegre, v. 33, n. l, p. 6-25, jan-abr. 2010.
MAUÉS, Raymundo Heraldo. Outra Amazônia: os santos e o catolicismo popular.
Revista: Norte Ciência, vol. 2, n. 1, 2011, p. 1-26.
MEDAETS, Chantal. “Tu garante?”: Reflexões sobre infância e as práticas de
transmissão e aprendizagem na região do baixo-tapajós. In: CONGRESSO LUSO-
AFRO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, 11, 2011, Salvador. Anais
Eletrônicos... Salvador: UFBA, 2011. Disponível em
169
BARBOSA, Stefani
F.;
POMPEU, José
Henrique S.;
SILVA, Gabriel N. R.
da.
RESUMO.
INTRODUÇÃO.
METODOLOGIA.
RESULTADOS E DISCUSSÕES.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
REFERENCIAS.
JÚNIOR, Antônio Carlos Ribeiro Araújo; AZEVEDO, Adriane Karina Amim. Formação
da cidade de Belém (PA): Área Central e seu papel histórico e geográfico.
Universidade Federal do Pará, 2012, p. 151-166.
SAQUET, Marcos Aurélio; SILVA, Sueli Santos Da. Milton Santos: concepções de
geografia, espaço e território. ISSN 1981-9021 - Geo UERJ - Ano 10, v.2, n.18, 2º
semestre de 2008, p. 24-42.
RESUMO
Esta reflexão nasceu através da prática docente em uma escola pública, localizada há
poucos metros de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) no nordeste paraense, com lotes voltados para a produção agroecológica.
Por intermédio de um questionário com perguntas abertas aos alunos do 3º ano do
Ensino Médio, verificou-se que, apesar da proximidade espacial da escola com
práticas e saberes ambientais locais ricos em cultura, história e geografia, ocorre a
predominância do desconhecimento sobre a agroecologia, agricultura familiar e a luta
histórica do movimento social no bairro onde a escola está inserida. Estima-se que,
através do diálogo entre saberes escolares e não escolares seja possível um diálogo
com a geografia vivida e a geografia ensinada e, dessa forma a ampliação da noção
de educação.
68
Mestrando da Linha Saberes Culturais e Educação na Amazônia do Curso PPGED-UEPA.
.
174
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADO E DISCUSSÕES
Possivelmente, a reflexão aqui proposta não é um dado novo no universo do
ensino-aprendizagem de uma disciplina escolar específica, aqui conceituada como
Geografia Ensinada (RESENDE, 1996). Estima-se, inclusive, que evidenciar a
importância do diálogo entre saberes também não seja um esforço inovador nessa
seara. Contudo, faz-se mister sublinhar, a importância de se ampliar a noção de
educação dentro de um contexto, em que predomina a ideia de educação escolar
como única via possível, daí a relevância da compreensão do loteamento
agroecológico como um lugar de aprendizagem e do agricultor como educador,
baseado em Brandão (1995), segundo o qual o professor profissional não é único
praticante do acontecer pedagógico, muitos outros, atuando em múltiplos espaços,
como o agricultor que no lote e através de seu cotidiano de trabalho, materializa
princípios agroecológicos e promove a circulação de saberes e a possibilidade de
compreensão das “relações de ensino- aprendizagem como amplos processos
culturais” (ANDRADE; COSTA, 2017, p.5). Nesse contexto de aprendizagem
evidencia-se o saber na sua dimensão ambiental local “dada a crescente relevância do
tema no contexto das relações sociedade natureza e/ou lutas e resistências em prol ou
contra formas de regulação dessa relação” (ALBUQUERQUE, 2016, P.131)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
69
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.p
df Acesso em 10/03/2019
176
REFERÊNCIAS
70
O texto é um recorte da pesquisa de Mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós-
Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA), na linha de pesquisa
Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Intitulada de “Brincadeiras, saberes e educação em
memórias de velhos na cidade de Belém/PA (1935-1961)”.
71
Doutora em Educação e Cultura pela UFRJ/RJ, Belém, Pará, n_cris@uol.com.br
72
Doutorando em Educação pela UFPA, Belém, Pará, guthembergmartins@gmail.com
177
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar a cultura do brincar de rua, sua dimensão
educativa e os saberes criados e partilhados por crianças que habitaram a cidade de
Belém do Pará, em meados do século XX (1935-1961). Como resultados, as
narrativas advindas das memórias das pessoas aqui ouvidas revelam imagens afetivas
de um repertório brincadeiras coletivas realizadas nas ruas da cidade e que
incorporavam aspectos da cultura vivenciada pela criança no seu cotidiano. No interior
desta cultura do brincar a criança manifestava um tipo singular de pedagogia, a qual
denominamos de educação lúdica. Esta educação, criada e nos jogos e nas
brincadeiras, possibilitava as relações pedagógicas interpessoais repletas de ensinos,
aprendizagens e vivências concretas da/na cultura, da ludicidade e de um conjunto de
saberes que possibilitavam à criança o diálogo, a apropriação e transformação do
mundo em que vive.
INTRODUÇÃO
A brincadeira é uma atividade essencial na vida humana, principalmente na
vida da criança. É por meio do brincar que a criança apropria-se da cultura na qual
está inserida, não apenas reproduzindo ou imitando, mas interpretando e reinventando
suas próprias significações e seu modo peculiar de relação e diálogo com o mundo ao
seu redor. Como diz Huizinga (1990, p. 7), “Encontramos o jogo na cultura, como um
elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a, marcando-a
desde as mais distintas origens até a fase de civilização em que agora nos
encontramos”.
Como prática humana e como elemento inerente da cultura, o brincar
possibilita à criança, a partir das relações pedagógicas interindividuais com outras
crianças e com os adultos, a criação de formas singulares de práticas educativas,
além de partilhar uma diversidade de saberes. Dentro dessa lógica, autores como
Brandão (2005, p.26) acreditam que “a educação aparece sempre que surgem formas
sociais de condução e controle de aventura de ensinar-e-aprender”.
Com base na prerrogativa acima descrita, a proposta deste texto objetiva
analisar a prática cultural do brincar de rua de crianças que viveram suas infâncias na
cidade de Belém, nos meados do século XX. Além do mais, com o objetivo de
identificar a dimensão educativa e os saberes produzidos, legitimados e
intercambiados no contexto desta atividade.
178
METODOLOGIA
Para compreender a prática educativa que perpassa a cultura do brincar da
criança de outra época, a pesquisa assenta-se na abordagem qualitativa e nos
pressupostos metodológicos da história oral. O trabalho com tal método apoia-se nos
cânones de Freitas (2006), Montenegro (2010) e Thompson (1992).
O local selecionado para o registro de lembranças e experiências sobre o
brincar infantil do passado foi o Abrigo Lar da Providência, localizado no bairro do
Sousa, Belém/PA. Foram entrevistados 10 (dez) moradores da instituição, sendo seis
mulheres e quatro homens, que viveram suas infâncias na cidade de Belém do Pará,
entre os anos de 1935 e 1961. Quanto à escolha dos entrevistados, respeitou-se
alguns critérios estabelecidos previamente. O primeiro foi o de possuir a idade acima
de 65 (sessenta e cinco) anos. O segundo, ter vivido seu período de infância na cidade
de Belém do Pará. O terceiro, apresentar disponibilidade e livre consentimento em
participar da pesquisa. Por fim, possuir condições físicas e psicológicas para lembrar e
narrar suas brincadeiras de infâncias.
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a técnica da entrevista, do
tipo semiestruturada, com o intuito de obter o máximo de informações a respeito da
temática proposta na pesquisa. Ao término de cada entrevista, o termo de
consentimento e livre esclarecimento foi apresentado e lido em voz alta a cada
intérprete. Cada entrevistado teve o direito de decidir ou não assinar o documento
para conceder a autorização de utilização de sua voz para a elaboração deste
trabalho. No que concerne à análise e interpretação dos dados obtidos durante as
entrevistas, recorreu-se a análise de conteúdo concebida a partir da produção teórica
de Bardin (1997).
DISCUSSÕES
Na Belém da metade do século passado (1935-1961), as crianças da
vizinhança reuniam-se em grupos para saciarem o desejo de brincar. Amigos, irmãos,
primos e conhecidos do entorno constituíam nas ruas da cidade os muitos grupos
infantis. Esses grupos de crianças possibilitavam o acontecer de uma interação lúdica
que permitia, por meio da brincadeira, o contato com o meio social e cultural de
maneira mais livre e íntima.
As reminiscências escutadas revelaram um amplo repertório cultural de
brincadeiras de rua. Jogos como a ciranda, o contar histórias, o jogar bola, a peteca, o
lançar pião e carrapeta, as corridas de aro, a macaca, a perna de pau e o soltar
papagaio marcaram a infância da criança de outra época. Leia-se a narrativa evocada
179
por seu Antônio73: “Nunca tive muitos brinquedos, mas fui muito feliz porque brinquei e
me diverti muito com meus amigos brincando na rua daquelas brincadeiras de bola, de
pião, peteca, de macaca e construindo aqueles brinquedos de perna de pau. Disso
tudo eu não posso reclamar”.
Nas vivências cotidianas das brincadeiras de rua acima mencionada,
perpassava um peculiar modo de ensinar e aprender, a qual denominamos de
educação lúdica. Esta educação não-formal, criada e experimentada no ato cultural do
brincar, possibilitava relações pedagógicas interpessoais entre criança-criança e
também na relação criança-adulto. Dona Fátima, ao se referir às brincadeiras de sua
infância, descreve a dimensão educativa presente na interação entre as crianças da
vizinhança: “a gente aprendia essas brincadeiras com as outras crianças da rua,
sempre tinha aquelas que conheciam e ensinavam para a gente. A macaca eu aprendi
com as minhas amigas mesmo [...] jogar a pedra assim e sair pulando nos quadrados
que a gente riscava no chão.”.
Através do brincar nas ruas da cidade, as crianças apreendiam e socializam
inúmeros conhecimentos, educavam e eram educadas reciprocamente. Tal educação,
também materializava-se através de práticas culturais de adultos que ensinavam e de
crianças que aprendiam o repertório lúdico de brincadeiras, pois conforme a fala de
dona Maria: “nas noites de luar, os mais velhos ficavam conversando às portas das
casas e olhando a gente brincar na rua. Quando a gente não sabia uma brincadeira,
elas vinham e ensinavam aquelas cantorias de roda”.
Conforme Brandão (2002, p. 22), os saberes culturais são frutos das
experiências de vida considerando os diferentes aspectos sociais, vinculado ao senso
comum a partir das vivências do cotidiano. Com este olhar, percebe-se que a criança
de antigamente em sua vivência concreta da/na cultura da brincadeira, desenvolvia
práticas de ensino-aprendizagem cujos conteúdos implícitos educavam para a
construção, legitimação e partilha de uma constelação de saberes necessários à
compreensão e interação com o mundo à sua volta.
No ato cultural do brincar de rua da criança, existiam vivências e relações
lúdicas cotidianas repletas de conhecimentos e conteúdos explícitos criados e
partilhados por meio de jogos, brinquedos e brincadeiras. Nele estavam inseridos os
saberes: da convivência coletiva, do diálogo grupal, da união, da amizade, da
liberdade, do compartilhamento, da oralidade, da expressão corporal, da criatividade,
do reaproveitamento de objetos, do reconhecimento e respeito as regras.
73
Neste trabalho optou-se por usar um nome fictício para cada entrevistado, preservando,
desse modo, a identidade das pessoas ouvidas nesta pesquisa.
180
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Este trabalho traz uma grande contribuição teórica para compreender a cultura
do brincar de um tempo ido, pois a partir das lembranças fornecidas pelos moradores
do abrigo Lar da Providência, pode-se identificar uma diversidade de expressões
lúdicas que marcaram a infância da criança belenense
As brincadeiras mencionadas pelos intérpretes desta pesquisa propiciam a
reflexão sobre o significado do brincar atual. Hoje, algumas dessas expressões lúdicas
ainda podem ser visualizadas em bairros afastados do centro da capital paraense,
como é o caso do jogo de bola, do soltar papagaio e do jogar peteca. Contudo, fica-se
com a impressão de que o brincar de ciranda, de contar histórias, de corrida de aro, de
jogar pião, de pular macaca e tantos outros brincares realizados nas ruas parecem
não estar mais no rol das brincadeiras presente na cultura da criança belenense.
No contexto cultural do brincar de uma época passada, encontra-se ainda um
tipo distinto de pedagogia repleta de ensino, aprendizagem e uma densidade de
saberes infantis construídos de forma coletiva e que possibilitava à criança um
momento prazeroso para explicar, lidar e se relacionar com seu mundo, com os outros
ou consigo mesma.
Para não concluir as considerações a respeito das brincadeiras, e sim pausar
as que foram discutidas nesta pesquisa, deixo a fala de dona Nazaré quando esta diz:
“Ainda lembro um monte de histórias dessas brincadeiras antigas, volta aqui outro dia
que te conto o resto.”.
REFERÊNCIAS
HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Trad. João Paulo
Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 1990.
181
RESUMO
O presente trabalho objetiva mostrar de que forma a prática educativa no Grão-Pará
no século XVIII, além da catequese e da evangelização da gente do “sertão”, também
estava relacionada ao modo de morar dos habitantes e quais sentidos o bispo atribui a
este domínio do cotidiano dos habitantes do Grão-Pará no século XVIII. A partir dos
indícios encontrados na documentação, é possível pensar como esse aspecto
contribuiria para a consolidação da ocupação portuguesa na Amazônia, preconizando
um ideal de civilização para que o Grão-Pará pudesse tornar-se “espelho da
Metrópole”.
INTRODUÇÃO
Entre 1785 e 1789, o bispo Frei Caetano Brandão realiza uma série de quatro
Visitas Pastorais, empreendidas pelo interior do Grão-Pará, com o intuito de
evangelizar e “civilizar” os habitantes do Sertão, levando os ensinamentos e ideias do
cristianismo, bem como de inspecionar os costumes da gente da região, conforme o
que se esperava de uma Viagem Pastoral. No entanto, à medida que se adentra na
leitura dessa documentação, percebe-se uma série de indícios que permitem
vislumbrar os modos de vida da população e quais sentidos o religioso atribui a eles.
O olhar sobre o modo como as casas são construídas é objeto de preocupação
do religioso português, uma vez que a sociedade já é vista pela concepção de
74
O presente trabalho é oriundo de um capítulo da Monografia, que se encontra em desenvolvimento e a ser defendida
no ano de 2019 como requisito para a obtenção do título de Licenciatura Plena em História. Concluinte do Curso de
História da Universidade Federal do Pará e bolsista de Iniciação Científica, tendo como orientador o Prof. Dr. Rafael
Chambouleyron. Email: fwsilva97@gmail.com.
182
METODOLOGIA
Pretendemos, primeiramente, mostrar a função oficial de uma Visita Pastoral e
como ela foi se transformando em um mecanismo de mapeamento da região
amazônica, no que diz respeito aos seus aspectos culturais, econômicos, naturais e
sociais, a fim de atender às pretensões metropolitanas para o Grão-Pará.
Posteriormente, a discussão introduzirá um esboço da trajetória de Frei Caetano
Brandão, com o intuito de compreender as suas matrizes de seu pensamento, a partir
de como o bispo concebe a vida privada na Amazônia do século XVIII.
E por último, o terceiro momento do artigo tentará mostrar como, a partir das
impressões de Frei Caetano Brandão, no que diz respeito às moradias que observou
no Grão-Pará do século XVIII, preconizar-se-ia um modelo de civilização, a partir da
necessidade da intervenção portuguesa na urbanização da Amazônia, como também
incrustar a região Norte da Colônia no ideal de progresso, fomentado ainda ao tempo
de Pombal e suas reformas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O trabalho se baseia no conceito de “arquitetura vernácula”, proposto por
Carlos A. C. Lemos, que nos ajuda a refletir sobre o modo como seriam pensadas as
construções coloniais em várias regiões da Colônia. O intuito desta discussão é
mostrar como as edificações pensadas pelos moradores, baseadas numa forma de
183
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo como foco a educação no morar dos habitantes, o trabalho defende a
tese de que essa educação voltada para o individual e para o resguardo da vida
particular compõe um dos ideais de civilização pensados para a Amazônia do século
XVIII. A essas habitações construídas de forma rudimentar, com materiais primitivos,
seria atribuído um sentido de incivilidade, de vida selvagem, fazendo-se
imprescindível, na visão do religioso, a intervenção metropolitana na Amazônia.
A partir desses escritos, a educação não passaria apenas pela catequese, mas
também viria a atingir a vida privada dos indivíduos, pois também os costumes da
gente eram vistos como um entrave para o desenvolvimento da Amazônia. Sendo
assim, tais práticas educativas também tinham o intuito de “civilizar” a gente do Sertão,
preconizando um modelo de comportamento com o espaço da casa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALGRANTI, Leila Mezan. “Família e vida doméstica”. In: SOUZA, Laura de Mello e;
NOVAIS, Fernando (coord.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida
privada na América portuguesa (Vol. 1). São Paulo: Companhia das Letras, 2012,
pp. 83-154.
BRANDÃO, D. Frei Caetano. Diários das Visitas Pastorais no Pará/ com uma
introdução de Luís A. de Oliveira Ramos. Porto: Universidade do Porto, 1991.
TOURINHO, Helena Lucia Zagury; SILVA, Maria Goreti Arapiraca da. “Quintais
urbanos: funções e papéis na casa brasileira e amazônica”. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 11, n. 3, p. 633-651, set.-dez. 2016.
RESUMO
O presente trabalho toma a escrita enquanto forma de governo das conquistas como
seu objeto de estudo. O objetivo reside em entender, a partir das instruções presentes
nas missivas trocadas entre o governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão,
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, e o governador da capitania do Mato Grosso,
75
O presente trabalho constitui parte da monografia de conclusão de curso que se encontra em desenvolvimento para a
obtenção do grau de Licenciado Pleno em História. Concluinte do Curso de Licenciatura Plena em História e Bolsista pelo
Programa Residência Pedagógica/UFPA, Belém, email: otaviovieira_16@hotmail.com.
185
INTRODUÇÃO
O debate sobre a escrita e a circulação de cartas durante o contexto moderno
europeu vem sendo discutido sob a perspectiva da mediação e da tessitura das
relações políticas e diplomáticas entre os Estados nacionais e da aproximação entre
distantes que as palavras passaram a representar inseridas na veiculação de uma
“cultura epistolar” (BOUZA, 2005 e CARDIM, 2005).
No que diz respeito à América portuguesa, esse horizonte analítico vem sendo
apropriado pela historiografia para se compreender a noção de “governo à distância”
através do qual se configurou a estrutura administrativa vigente e a relação entre o
centro lisboeta e as conquistas ultramarinas durante o período colonial (CONCEIÇÃO,
2015, 2011, 2006, 2005a, 2005b; CANOVA, 2011; LOUREIRO, 2010; MENDES, 2013;
SANTOS, 2007; SANTOS, 2008; SANTOS, 2013).
Tendo isto em vista, a discussão ensejada no presente trabalho objetiva
entender, a partir das instruções presentes nas correspondências trocadas entre o
governador do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça
Furtado, e o governador da capitania do Mato Grosso, Antônio Rolim de Moura
Tavares, como se conformaram as suas práticas governativas, mediada pelo exercício
da escrita de cartas entre 1751 e 1763, pensando-as enquanto modalidade de ensino
do “bom” desempenho do governo colonial.
METODOLOGIA
A documentação levantada para a construção da análise aqui proposta tomou
como critério de seleção apenas as cartas assinadas e trocadas pelos governadores
Francisco Xavier de Mendonça Furtado e Antônio Rolim de Moura Tavares. Sendo
assim, é necessário ressaltar que a capitania do Mato Grosso dependia formalmente
do Estado do Brasil e não estava sujeita ao governo do Estado do Grão-Pará e
Maranhão.
186
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A análise proposta toma os trabalhos de Fragoso (2012, 2017) como
referencial teórico para compreender as dinâmicas que constituíram a relação entre o
reino e as conquistas e os seus desdobramentos na tessitura das relações político-
administrativas entre as autoridades coloniais como uma modalidade de ensino
presente na troca de missivas que se voltava para pensar a prática governativa de
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, no Estado do Grão-Pará e Maranhão e
Antônio Rolim de Moura Tavares, na capitania do Mato Grosso durante a segunda
metade do século XVIII.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
Buscou-se nessa investigação compreender saberes, práticas e a atuação das
parteiras, observando como seus saberes foram combatidos pelos esculápios da
ciência e pelos aparelhos higienistas implementados na cidade de Belém a partir do
século XIX e inícios do século XX. O espaço de cura institucionalizado, a Santa Casa
de Misericórdia do Pará, assumiu nesse período a responsabilidade de ensinar e
preparar mulheres para as artes da parturição servindo como zona de contato entre os
saberes populares e científicos. Observou-se que mesmo as parteiras técnicas, ou
seja, que cursaram algum tipo de instrução institucionalizada, sendo licenciadas para o
ofício, possuíam conhecimentos anteriores sobre a parturição derivados de suas
76
Doutora em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade
Federal da Bahia (PPGH/UFBA). Professora de História da rede privada de ensino, atuando
nos segmentos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
189
INTRODUÇÃO
O costume comum entre as mulheres de cuidarem de suas doenças e curarem-
se entre si fazendo uso de saberes antigos transmitidos e aprendidos entre parentes e
grupos sociais, muitas vezes domésticos, deslocou saberes sobre a cura para campos
marginais das feitiçarias e dos saberes proibidos, porém estes saberes deslocados
podem ser percebidos historicamente como elementos importantes para a
compreensão dos espaços das mulheres na sociedade enquanto agentes
determinantes para a legitimação das práticas de cura populares.
O ofício da parturição ou do trato de doenças femininas legitimou-se
socialmente através dos intercâmbios de práticas e saberes acumulados, trocados,
experimentados, modificados que atravessaram incontestes os espaços possíveis
onde as práticas de cura poderiam se fundir com o campo da religião e da ciência.
Porém muitas sociedades podem apresentar, mesmo que contraditoriamente, as
mulheres como sujeitos necessários a manutenção dos papéis de mãe, esposas,
irmãs, contudo esta importância estaria condicionada a um poder específico. Este
poder específico, ao mesmo tempo em que institui papéis necessários e importantes,
estabelece em contraposição outros papéis como perigosos e profanos, criando a
ilusão de que toda norma para existir possui um desvio, todas as mulheres que se
apresentam dentro dos padrões estabelecidos possuem como espelho outras que se
apresentariam como exemplos de comportamentos desviantes (ROSALDO, 1979,
p.48).
De acordo com Del Priore (1997, p.88-89) é possível observarmos as conexões
históricas entre os saberes medicinais populares e as artes da feitiçaria, pois as
mulheres para combater suas doenças cotidianas lançavam mão de práticas de cura
informais, por meio de fórmulas gestuais, orais e de receitas ancestrais. Contudo o
advento do século XIX trouxe ao seio dos debates sobre os saberes e as práticas da
parturição novos questionamentos nascidos da cientificidade que lutava para se
190
METODOLOGIA
Para os primeiros diálogos sobre a temática utilizou-se como fonte documental
os periódicos, “Folha do Norte”, “Diário de Notícias”, os “Ofícios expedidos pela
Diretoria Geral do Serviço Sanitário (1919-1920)”, “Annaes da Câmara dos Deputados
do Pará (1894)”, e a obra histórica escrita pelo médico Pedro Luiz Napoleão
Chernoviz, “Diccionario de Medicina Popular e das Sciencias Acessorias para uso das
famílias” (1878).
Por ser uma investigação histórica fez-se necessário uma abordagem crítica
das fontes selecionadas para compreender melhor como os discursos sobre os
saberes e as práticas das parteiras foram construídos pelos médicos cientificistas que
se consolidavam como intelectuais e disseminadores da cura em Belém no fim do
século XIX e início do século XX.
DISCUSSÃO
Para combater os saberes e práticas de parteiras muitas denúncias com forte
argumentação política concentraram-se entre alguns médicos que exigiam
intervenções públicas educacionais e de saneamento para as práticas obstétricas e
ginecológicas, incluindo projetos sociais de criação de creches e maternidades. O
deputado e médico-parteiro Dr. Firmo Braga, em 1894, fez acirrado discurso contra a
atuação das parteiras práticas na região, condenando os métodos utilizados no parto,
alertando a população para os perigos a saúde pública e reclamando o
reconhecimento e implantação da ciência obstétrica em Belém. Apresentando um
projeto de criação de uma maternidade e creche, o Dr. Firmo Braga justificava seu
discurso na ampliação da assistência pública a saúde, observando que o mesmo
deveria dirimir os autos índices de mortalidade infantil e de mulheres durante o parto,
provocados pela ineficiência das parteiras e de suas práticas rudimentares e
primitivas. (“Discurso do Dr. Firmo Braga”. Annaes da Câmara dos Deputados do
Pará: sessão ordinária da 2ª legislatura. v. 4. Pará: Imprensa Official, 1894. p.182-
183.)
As medidas reguladoras pretendiam organizar as práticas de cura relacionadas
a parturição e a ginecologia em um espaço determinado pelo cientificismo, o Hospital,
porém não podemos considerar que tais medidas de organização foram amplamente
determinantes para a diminuição das práticas de parteiras ou ainda para sua extinção.
191
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os saberes populares ameaçavam em grande parte a empreitada científica e o
estabelecimento de um novo status de cura em Belém, a ginecologia precisava ganhar
a confiança das mulheres e provavelmente não era tarefa fácil tendo em vista toda
uma tradição cultural e sistemas complexos de valores e crenças que colocavam as
parteiras em posição privilegiada na cena dos partos e no trato de doenças femininas.
Outro item importante para pensarmos na conjunção e organização de saberes gira
em torno da introdução das parteiras nos hospitais e na institucionalização e
organização de seus saberes a partir da propiciação dos diplomas de parteiras e da
introdução de aulas em hospitais por exemplo. Podemos considerar que as
experiências das parteiras populares foram introduzidas nos arcabouços médicos
cientificistas e ganharam um novo léxico rebuscado e ressignificado. O conhecimento
substancialmente prático e cotidiano destas mulheres parteiras foram realocados pela
disciplinarização e institucionalização médica e receberam tratamento diferenciado
fomentando os saberes da futura ginecologia e obstetrícia.
REFERENCIAS