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DIRETORIA ACADÊMICA

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA


CIVIL

IPOG – INSTITUTO DE PÓS GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA DE FUNDAÇÃO PROFUNDA EM SOLO


MOLE

RAFAEL FEITOSA GOMES

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito parcial à obtenção de título de
Engenheiro Civil junto ao curso de
Graduação em Engenharia Civil do IPOG -
Instituto de Pós-Graduação e Graduação.
Linha de pesquisa: Fundações.

GOIÂNIA - GO

2019
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CIVIL

IPOG – INSTITUTO DE PÓS GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA DE FUNDAÇÃO PROFUNDA EM SOLO


MOLE

Rafael Feitosa Gomes

Orientadores: Prof. Ms. Gustavo Vieira Botelho

Profa. Ms. Ariana Ramos Massensini

Projeto de pesquisa apresentado como


requisito parcial a obtenção de título de
Engenheiro Civil junto ao curso de
Graduação em Engenharia Civil do IPOG -
Instituto de Pós-Graduação e Graduação.
Linha de pesquisa: Fundações.

GOIÂNIA - GO

2019
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo executivo estaca hélice contínua ................................................ 12

Figura 2: Içamento de estacas pré-moldada de concreto ......................................... 16

Figura 3: Equipamento de bate-estaca por gravidade ............................................... 18

Figura 4: Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soladas e (b)
apenas encaixe. ........................................................................................................ 19

Figura 5: Equipamento Pile Integrity Tester .............................................................. 27

Figura 6: Gráfico de sinal versus comprimento ......................................................... 27

Figura 7: Planta de locação de sondagem ................................................................ 28

Figura 8: Laudo de sondagem SPT ........................................................................... 29

Figura 9: Gráfico curva carga-recalque ..................................................................... 30

Figura 10: Gráfico curva carga-recalque ................................................................... 31


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

A/C Relação água / cimento

CAA Classe de Agressividade Ambiental

FCK Resistência Característica do Concreto à Compressão

KN Quilo Newton

MN Mega Newton

MPA Mega Pascal

SPT Standard Penetration Test


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

1.1 Caracterização e delimitação do tema ............................................................... 6

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 6

1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................. 6

1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 6

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 7

1.4 Pergunta problema ............................................................................................ 8

1.5 Hipóteses ........................................................................................................... 8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 10

2.1 Fundação Profunda ......................................................................................... 10

2.1.1 Definição ....................................................................................................... 10

2.2 Estaca Hélice Contínua ................................................................................... 11

2.2.1 Conceito........................................................................................................ 11

2.2.2 Procedimento Executivo ............................................................................... 12

2.2.3 Concreto para estacas hélice contínua ......................................................... 14

2.3 Estacas pré-moldada de concreto ................................................................... 14

2.3.1 Conceito........................................................................................................ 14

2.3.2 Manipulação e estocagem ............................................................................ 15

2.3.3 Cravação ...................................................................................................... 17

2.3.4 Emendas das estacas................................................................................... 19

2.3.5 Preparo da cabeça da estaca e ligação com bloco de coroamento .............. 20

2.4 Sondagem de simples reconhecimento com SPT ........................................... 20


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2.4.1 Procedimento executivo................................................................................ 21

2.5 Teste de prova de carga estática ..................................................................... 23

2.6 Ensaio de integridade de estacas – PIT .......................................................... 26

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 28

4. CRONOGRAMA DE PESQUISA .......................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 33


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1. INTRODUÇÃO

1.1 Caracterização e delimitação do tema

Este projeto propõe-se a determinar qual das técnicas em fundações


profundas: estaca hélice contínua ou estaca pré-moldada de concreto, será
tecnicamente mais viável na construção de um grande empreendimento no ramo
atacadista em um terreno de solo com presença de camada espessa de matéria
orgânica.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Este estudo tem como objetivo analisar 2 tipos de fundações profundas:


estaca hélice contínua e estaca pré-moldada em concreto, para escolher qual a
solução tecnicamente mais viável na construção de um hipermercado, baseada nos
estudos de sondagem e reconhecimento das características do solo e também nos
testes de prova de carga estática e os testes de integridade de estacas.

1.2.2 Objetivos específicos

• Definir a técnica de fundação profunda;

• Diferenciar as técnicas de fundação profunda em estaca hélice contínua e


estaca pré-moldada em concreto;

• Descrever os procedimentos de ensaios de sondagem do solo SPT, teste de


prova de carga estática e teste de integridade de estacas;
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• Analisar os dados dos ensaios realizados no hipermercado estudado, para
viabilizar a técnica de fundação profunda em solo mole.

1.2 Justificativa

Todo projeto de fundações contempla as cargas aplicadas pela obra e a


resposta do solo a estas solicitações. Os solos são muito distintos entre si e
respondem de maneira muito variável (PINTO, 1998).
Conhecer o comportamento dos solos que são formados pela desagregação
de rochas através das ações físicas e químicas é fundamental no estudo das
reações causadas pelas cargas transmitidas por estruturas edificadas sobre o
mesmo. O entendimento do comportamento dos solos é importante no
desenvolvimento das técnicas de fundações.
Uma enorme diversidade de solos constituídos por diferentes granulometrias,
constituição mineralógica e partículas de água, fez-se que devido ao interesse da
engenharia, os solos fossem classificados e agrupados por tipos como por exemplo:
arenoso, argiloso, siltoso. O objetivo desta classificação é orientar e permitir uma
adequada investigação de um problema ocasionado por prováveis comportamentos
dos solos após ser solicitado por carregamentos.
A elaboração de projetos geotécnicos em geral e de fundações em particular,
exige, obviamente, um conhecimento adequado dos solos. É necessário proceder-se
a identificação e classificação das diversas camadas componentes do substrato a
ser analisado, assim como a avaliação das outras propriedades da engenharia
(QUARESMA et al., 1998, p.119).
Um dos principais pontos a serem desenvolvidos no projeto de fundações é a
escolha do tipo adequado de estaca a ser empregado. Essa escolha passa pela
análise de fatores como tipo de solo, disponibilidade de equipamentos no local da
obra, prazo de entrega da obra, fatores climáticos, vizinhança e o custo
orçamentário. Em algumas situações, como por exemplo a que está sendo
estudada, nem sempre o modelo escolhido é o mais o rápido ou o mais econômico
pela sua inadequabilidade.

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Através dos ensaios in situ, amostras dos solos são extraídas para a
classificação e identificação das camadas dos solos a serem estudados, esse
reconhecimento poderia ser feito em ensaios laboratoriais, mas na prática quase que
todos os ensaios são realizados no campo, apenas alguns específicos são
analisados em laboratório.
As características da obra e de um solo considerado mole por ser constituído
por material orgânico até uma profundidade considerável, impõe a utilização de
técnicas de fundações profundas que são separadas em dois tipos principais:
estacas e tubulão.
No Brasil atualmente a execução de estacas tipo hélice contínua vem sendo a
solução mais empregada em projetos que requer fundações profundas, mas as
características do subsolo em particular limitam a utilização desta técnica.
O solo formado por uma camada profunda de material orgânico dificulta a
execução de estacas de concreto moldada in loco. Neste sentido o trabalho de
pesquisa utilizará de técnicas de teste de prova de carga estática e teste de
integridade de estacas para demonstrar a inadequação em executar estaca hélice
contínua nos solos considerados moles após os estudos de sondagens e
reconhecimento da resistência dos mesmos.

1.4 Pergunta problema

Qual a influência que uma camada espessa de solo orgânico tem numa
fundação profunda desde a sua execução até o seu comportamento durante a vida
útil?

1.5 Hipóteses

Inviabilizar a execução de projeto de fundação profunda utilizando a técnica


de estaca hélice contínua devido a falta de coesão do solo provocando instabilidade

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lateral da estaca e causando consumo excessivo de concreto e havendo risco de


redução da sua capacidade de carga devido ao estrangulamento da seção
transversal da estaca.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Fundação Profunda

2.1.1 Definição

Fundação profunda é aquela onde sua base encontra-se apoiada a uma


profundidade superior a duas vezes sua menor dimensão ou pelo menos, 3 metros
de profundidade.

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou pela base


(resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou
por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou base apoiada em uma
profundidade superior a oito vezes a menor dimensão em planta e no
mínimo 3,0 m; quando não for atingido o limite de oito vezes, a
denominação é justificada. Nesse tipo de fundação incluem-se as estacas e
tubulões. (ABNT NBR 6122:2019, p. 5).

As fundações profundas são divididas em dois grupos: Estacas e Tubulões. A


estaca é o tipo de fundação executada com auxilio de ferramentas ou equipamentos
para a percussão, escavação ou cravação. Segundo a ABNT NBR 6122:2019,
estaca são elemento de fundação profunda executado inteiramente por
equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja
trabalho manual em profundidade. Os materiais empregados podem ser: madeira,
aço, concreto pré-moldado, concreto moldado in loco, argamassa, calda de cimento,
ou qualquer combinação dos anteriores.
O tubulão diferentemente das estacas necessita de um operário no processo
de execução para a descida até sua base onde a mesma será alargada ou limpa,
pois a principal característica do tubulão é a resistência das cargas que serão
transmitidas a sua ponta.

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2.2 Estaca Hélice Contínua

2.2.1 Conceito

A estaca hélice contínua foi desenvolvida nos Estados Unidos e utilizada a


primeira vez no Brasil em 1987, executadas por equipamentos com capacidade de
perfuração de até 15 metros de profundidade.

Estaca hélice contínua monitorada é a estaca de concreto moldada in loco,


executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado
helicoidal contínuo no terreno e injeção de concreto pela própria haste
central do trado simultaneamente com a sua retirada, sendo a armadura
introduzida após a concretagem da estaca. (ABNT NBR 6122:2019, p. 4).

No Brasil é a técnica de fundação mais utilizada devido seu processo


executivo ser todo monitorado por sensores presentes na máquina, aparelhos que
são capazes de registrar e através de um monitor digital localizado na cabine do
operador, o mesmo acompanha algumas informações importantes como: a
profundidade do furo, velocidade de avanço da haste de perfuração, pressão na
injeção do concreto, volume de concreto lançado.
Algumas das vantagens na execução de estacas hélice contínua são: alta
produtividade no canteiro, não gerar vibrações e ruídos que são incômodos aos
vizinhos, execução em diversos tipos de solos desde que não tenham rochas,
emissão de laudos executivos conforme registro e monitoramento durante o
processo de execução. Torna-se o método de fundação profunda com maior nível de
utilização nos dias atuais por proporcionar ótima relação custo-benefício aos
projetos de fundações.

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2.2.2 Procedimento Executivo

As fases de execução da estaca hélice contínua são: perfuração,


concretagem simultânea à extração da hélice do terreno e a colocação da armação.
(ANTUNES, W. R.; TAROZZO, HÉLVIO, 1998, p.345).
Durante o processo de perfuração, a hélice em formato de espiral é cravada
no terreno de forma rotativa, aplicada por um torque que é ajustado conforme o
aumento na resistência do solo. Essa operação contínua garante a estabilidade do
terreno permitindo executar estacas em solos arenosos e também em profundidades
com cota de assentamento abaixo do nível d’água. A figura 1 ilustra as etapas do
processo executivo desde a perfuração até ao resultado final.

Figura 1: Processo executivo estaca hélice contínua

FONTE: Geofix (2019).

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Conforme previsto na NBR 6122:2019, os equipamentos devem apresentar


características mínimas, estabelecidas pelo projetista e pelo executor, de modo a
assegurar que seja atingida a profundidade especificada no projeto, com torque e
força de arranque compatíveis com o diâmetro da estaca e com a resistência do solo
a ser perfurado. O objetivo primordial dessa especificação consensual de
equipamento é minimizar o desconfinamento do solo durante a perfuração,
assegurando assim a resistência geotécnica prevista em projeto para a estaca.
O início da perfuração sempre deverá ocorrer com a presença do caminhão
betoneira no canteiro de obras para que não ocorra interrupção no processo
executivo. O concreto é bombeado pela haste simultaneamente com sua extração, o
operador do trado deve manter a velocidade constante de retirada da hélice
mantendo a pressão positiva no bombeamento para evitar os vazios e interrupção
do fuste.
Nos solos coesos, a hélice é retirada do terreno sem girar, mas em solos
arenosos a concretagem deve ocorrer com o trado girando lentamente no sentido da
perfuração.
A colocação da armação é feita após o término da concretagem, a armação
deve ser enrijecida em forma de gaiola e pode ser introduzida com auxilio de peso
ou vibrador.
Nos projetos que prevê várias estacas com pequenos espaçamentos, a
concretagem das estacas com proximidade inferior a cinco vezes o maior diâmetro
deve ser realizada após um intervalo de 12 horas.
Durante todo o processo executivo há necessidade de manter o controle em
todas as fases executivas e também o registro de controle diariamente para cada
estaca executada. Na fase de execução alguns requisitos são necessários para
garantir a qualidade das estacas hélice contínua: nivelamento do equipamento e
prumo do trado; pressão do torque; velocidade de avanço e rotação do trado;
pressão do concreto durante a concretagem; sobreconsumo de concreto e
velocidade de extração do trado.

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A NBR 6122:2019 determina que pelo menos 1% das estacas e no mínimo


uma por obra deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento para se verificar a
integridade e qualidade do fuste.
Os boletins para registro da execução devem ser preenchido com as
seguintes informações: identificação geral da obra; características do equipamento;
identificação da estaca conforme o projeto; cota do terreno com a posição da estaca;
comprimento executado e concretado; data e horário de início e fim; volume do
concreto entre outras conforme previsto na NBR 6122:2019.

2.2.3 Concreto para estacas hélice contínua

O concreto utilizado nas estacas hélice contínua deve atender a resistência


característica da argamassa ou concreto conforme as classes de agressividade
ambiental (CAA): I, II, III e IV. Sendo que para as classes I e II utilizar concreto com
classe C30 com um consumo mínimo de cimento de 400 kg/m³ e fator relação água /
cimento (a/c) ≤ 0,6. E para as classes III e IV consumo mínimo de cimento de 400
kg/m³ porém com fator de a/c ≤ 0,45.

2.3 Estacas pré-moldada de concreto

2.3.1 Conceito

As estacas pré-moldadas de concreto podem ser confeccionadas em concreto


armado ou protendido, sendo cravadas no solo através de percussão, prensagem ou
vibração. Escolher o material da estaca em concreto garante o controle de qualidade
na confecção e na sua execução em cravar no solo.

Estaca pré-moldada ou pré-fabricada de concreto é constituída de


segmentos de pré-moldado ou pré-fabricado de concreto e introduzida no
terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou por

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martelo vibratório. Para fins exclusivamente geotécnico não há distinção


entre estacas pré-moldadas e pré-fabricadas, e para os efeitos desta Norma
elas são denominadas pré-moldadas. (ABNT NBR 6122:2019, p. 5).

Há diversas seções transversais de estacas pré-moldadas de concreto, como:


circular, quadrada, hexagonal e a octogonal. Existem algumas limitações quanto
suas dimensões, para seção quadrada o limite do lado será em 30 cm e as estacas
circulares seu diâmetro limite será de 40 cm.
Para dimensionar uma estaca pré-moldada em concreto, é necessário utilizar
as referências das ABNT NBR 6118 e ABNT NBR 9062 e limitando a resistência
característica do concreto a compressão (fck) em no máximo de 40 MPa.
A grande vantagem das estacas pré-moldadas sobre as moldadas no terreno,
está na boa qualidade do concreto que se pode obter e no fato de que os agentes
agressivos, eventualmente encontrados no solo, não terão nenhuma ação na pega e
cura do concreto. (VELLOSO et al., 2010, p.244).
Outra vantagem em utilizar estacas pré-moldadas, é a cravação em solos
moles, diferentemente das estacas concretadas in-loco que podem apresentar
algumas falhas durante o processo concretagem ocasionando pontos de baixa
resistência no fuste.

2.3.2 Manipulação e estocagem

O manuseio e a estocagem das estacas pré-moldadas são ações que devem


ser previstas durante seu dimensionamento estrutural. As estacas devem resistir
estruturalmente as cargas que serão solicitadas após o carregamento da edificação
e também ter uma estrutura física capaz de resistir aos movimentos de transporte,
estocagem nos canteiros de obras e ao processo de cravação.
Segundo Velloso (2010), os esforços de manipulação são calculados a partir
dos modos de levantamento (ou suspensão) para carga, descarga e estocagem e de
içamento para cravação, previstos para a estaca.

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É comum a utilização de guindastes para a descarga das estacas no canteiro


de obra afim de assegurar sua integridade física, sua estrutura pode sofrer danos
caso haja um manuseio inadequado na etapa de descarga das estacas. Esse
movimento de descarga deverá ser feito com cautela, onde as estacas devem ser
presas com cabos em 2 pontos equidistantes das extremidades, cada ponto a uma
distância de 1/5 do seu comprimento total, conforme figura 2. Essa recomendação
de içamento preserva a estrutura física da peça estrutural

Figura 2: Içamento de estacas pré-moldada de concreto

FONTE: T & A Estacas (2019).

As estacas poderão ser estocadas diretamente no solo desde que o mesmo


seja totalmente plano e firme. No armazenamento direto no terreno as estacas não
podem serem empilhadas sobre as outras. Havendo alguma imperfeição no terreno,
o empilhamento deve ser feito sobre caibros e os mesmos devem obedecer ao
afastamento das pontas de L/5, o mesmo adotado na descarga conforme figura 2. O
empilhamento sobre caibros pode ser feito limitado até 2 camadas sobrepostas.

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2.3.3 Cravação

Nos projetos de estacas pré-moldadas em concreto de forma geral é


informado e detalhado os procedimentos para a etapa de cravação das mesmas no
solo, os executores devem se preocupar com dois pontos importantes na execução
que são: cota de assentamento das estacas, garantir a cravação até a profundidade
prevista e também com a integridade estrutural das estacas que podem sofrer danos
durante a cravação, danos devido ao choque de contato do martelo com a estaca.

A cravação de estacas pode ser feita por percussão ou prensagem. A


escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da
estaca, características do solo, condições de vizinhança, características do
projeto e peculiaridades do local. (ABNT NBR 6122:2019, p. 54).

A norma 6122:2019 recomenda alguns requisitos quando as estacas forem


cravadas com a utilização do martelo em queda livre:

a) peso do martelo igual ou superior a 20 kN;

b) peso do martelo no mínimo igual a 75% do peso total da estaca ou


análise de cravabilidade para o caso em estudo;

c) peso do martelo igual ou superior a 40 kN para estacas com carga de


trabalho entre 0,7 MN e 1,3 MN;

d) para estacas cuja a carga de trabalho seja superior a 1,3 MN, a


escolha do sistema de cravação deve ser previamente analisada.

Na utilização dos demais métodos de cravação, o processo deve seguir as


recomendações dos fabricantes das estacas e dos equipamentos.
Para Velloso (2010) a cravação de estacas pré-moldadas é uma questão que
merece bastante atenção porque as tensões de cravação devem ser sempre
inferiores à tensão característica do concreto (recomenda-se que sejam inferiores a
0,8 fck).

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E, segundo a NBR 6122:2019, o sistema de cravação deve ser dimensionado


de modo que as tensões de compressão durante a cravação sejam limitadas a 85%
da resistência nominal do concreto, menos a protensão, se for o caso. No caso de
estacas protendidas devem ser limitadas a 90% da protensão.
Durante o processo de cravação a altura de queda do martelo é fundamental
para garantir a integridade da estaca até atingir a profundidade prevista. O uso de
martelos mais pesados e com altura de queda de até 1m é mais eficiente e evita o
esmagamento da cabeça da estaca com o impacto do martelo. Em obras de terra é
comum a utilização de martelos de 40 kN (aproximadamente 4 toneladas).

Figura 3: Equipamento de bate-estaca por gravidade

FONTE: Escola Engenharia (2019)

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2.3.4 Emendas das estacas

Obras que utilizarão estacas pré-moldadas de concreto, devem prever as


emendas nas peças para garantir que as estacas sejam assentadas nas cotas de
assentamento projetadas. No geral, as estacas são vendidas em peças de 6 metros
de comprimento para a facilidade de transporte, manuseio e estocagem.

As emendas devem ser feitas de modo que as seções emendadas possam


resistir a todas as solicitações que nelas ocorram durante a cravação e a
utilização da estaca. Na maioria das estacas fabricadas no Brasil, a emenda
é feita soldando-se luvas ou anéis metálicos incorporados ao concreto.
(VELLOSO et al., 2010, p.248).

Emendar estacas com luvas metálicas somente é permitido em estacas que


serão submetidas a esforços de compressão quando estiverem carregadas e não
podem atravessar solos considerados moles. Outra restrição ao uso das luvas de
emenda é que seja feito apenas uma única emenda por estaca.

Figura 4: Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soladas e (b)
apenas encaixe.
.

FONTE: Velloso (2010)


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2.3.5 Preparo da cabeça da estaca e ligação com bloco de coroamento

No topo das estacas ocorre a ligação com os blocos de coroamento, os


blocos são elementos intermediários entre as estacas e os pilares sendo o
responsável em transmitir os esforços dos pilares para as estacas cravadas no solo.

O trecho da estaca acima da cota de arrasamento deve ser demolido. A


seção resultante de ser plana e perpendicular ao eixo da estaca e a
operação de demolição de ser executada de modo a não causar danos.
(ABNT NBR 6122:2019, p. 56).

Para demolir a cabeça da estaca e prepara-la para receber o bloco de


coroamento, utiliza-se como apoio as ferramentas talhadeiras e ponteiros, essas
ferramentas devem trabalhar na posição horizontal para preservar a integridade do
concreto da estaca.
Segundo Velloso (2010) a penetração do concreto da estaca no bloco deve
ser, no mínimo de 5 cm (preferencialmente 10 cm), certificando-se de que o concreto
da estaca esteja perfeitamente íntegro após o corte.
Paras as estacas que ficarem com sua face superior abaixo da cota de
arrasamento, poderá ser feito o complemento da estaca utilizando concreto de alta
qualidade com resistência superior ao concreto da estaca.

2.4 Sondagem de simples reconhecimento com SPT

O ensaio SPT é um procedimento de investigação geotécnica do solo,


considerado um ensaio de campo que é capaz de classificar as diversas camadas
do solo, sua resistência a cada metro de profundidade investigado e o nível da água
do lençol freático quando possível. Segundo a NBR 6484:2001, SPT - Standard
Penetration Test, é a abreviatura do nome do ensaio pelo qual determina o índice de
resistência à penetração.

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A sondagem a percussão é um procedimento geotécnico de campo, capaz


de amostrar o solo. Quando associado ao ensaio de penetração dinâmica
(SPT), mede a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada.
(QUARESMA. A. R. et al., 1998, p.119)

A resistência do solo obtida através do ensaio de sondagem de simples


reconhecimento de solos com SPT, é descrita através do (N) – índice de resistência
a penetração a cada metro. O número N é a soma de golpes necessários para se
cravar 30cm do amostrador padrão, após ter cravado os 15 primeiros centímetros.
O ensaio SPT é realizado com a cravação de um amostrador padrão no solo
com o auxílio de um peso de 65 kg solto a uma altura de 75cm em queda livre,
golpeando o amostrador até a penetração de 45cm no solo. Anota-se quantos
golpes foram necessários para cravar os 45cm. A contagem é realizada para cada
15cm cravados. A soma dos últimos 30cm é a determinação do número N.

2.4.1 Procedimento executivo

Para executar a sondagem, é posicionado sobre cada furo uma torre tipo tripé
composta por uma roldana, martelo de 65 kg e corda tipo cisal. Com auxilio do trado
manual, é escavado 1m de profundidade e posicionado o amostrador-padrão. Ergue-
se o martelo a uma altura de 75cm e solta-o em queda livre. O amostrador é
golpeado até a penetração de 45cm no solo, o número de golpes é anotado a cada
15cm para determinar o índice de resistência a penetração (N).
Após penetrar os 45cm no solo, com auxilio do trado, é escavado mais 55cm
até chegar ao próximo metro de profundidade. Essa etapa é denominada de avanço.
A cada penetração de 45cm, é retirada do amostrador-padrão, a amostra de solo
contida em seu interior para identificar as características do solo a cada camada de
penetração.
Caso a etapa de avanço com o trado helicoidal seja inferior a 50mm, após 10
minutos de operação, deve ser utilizado o método de perfuração por circulação de
água. Com auxilio de uma bomba d’água e um trépano de lavagem, água é injetada
na haste que na sua ponta está o trépano e, com movimentos rotacionais aplicados
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manualmente, é escavado o solo por 55cm. É necessário dar continuidade a


penetração do amostrador com golpes do martelo.

Alguns critérios são utilizados para a interrupção no processo de cravação do


amostrador-padrão antes dos 45cm:

1. Quando ultrapassar 30 golpes em qualquer um dos segmentos de 15cm;

2. Quando tiver sido aplicado 50 golpes durante a cravação dos 45cm;

3. Quando não observar avanço do amostrador durante 5 golpes sucessivos do


martelo.

Quando for utilizado o processo de circulação de água para auxiliar a


cravação do amostrador-padrão no solo, os critérios para interrupção do ensaio são:

1. Em 3m sucessivos obtiver 30 golpes para penetração de 15cm;

2. Em 4m sucessivos obtiver 50 golpes para penetração dos 30cm iniciais;

3. Em 5m sucessivos obtiver 50 golpes para a penetração dos 45cm.

Com a quantidade de golpes anotados nos últimos 30cm de penetração no


solo, é determinado o índice de resistência a penetração N. Com esse índice o solo
é classificado por camadas conforme tabela abaixo:

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Tabela 1: Tabela dos estados de compacidade e de consistência

FONTE: NBR 6484:2001

2.5 Teste de prova de carga estática

Prova de carga estática é o procedimento realizado em estacas com objetivo


em avaliar seu comportamento carga x deslocamento. A NBR 6122:2019 recomenda
executar a prova de carga a cada 100 estacas executadas no projeto do tipo pré-
moldada ou hélice contínua e, permite até uma redução no coeficiente de segurança
quando as provas de cargas são realizadas a priori.

Entre os ensaios de estacas pode-se considerar que a prova de carga


estática é tão perfeita quanto praticamente factível, pois é a que mais se
aproxima das condições a que a estaca será submetida ao ser solicitada
pela edificação, é aquela cujos resultados melhor refletem o estado real da
estaca. (HACHICHI. Waldemar, 1998, p.207).

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Os procedimentos de prova de carga estática estão normatizados pela NBR


12131 que a principio consiste em aplicar esforços estáticos e registrar os
deslocamentos, esses esforços podem ser transversais, axiais, de compressão e
tração. Segundo a NBR 12131:2006 o ensaio de prova de carga estática se aplica a
todos os tipos de estacas, verticais ou inclinadas, independente do processo de
execução e de instalação no terreno, inclusive tubulões.
Para realizar o ensaio de prova de carga estática são necessárias as
aparelhagens abaixo:

1. Dispositivo de aplicação de carga: macacos hidráulicos alimentados por


bombas elétricas ou manuais;

2. Sistema de reação para prova de carga à compressão: plataforma


carregada; estruturas fixadas ao terreno por elementos tracionados (estacas
ou tirantes) ou a própria estrutura devidamente verificada para todas
solicitações impostas;

3. Dispositivos para medições: manômetros com leitura máxima superior a 80


MPa e deflectômetros com leituras direta de 0,01mm.

Alguns requisitos devem ser considerados na preparação da prova de carga


conforme previsto na NBR 12131:2006: comunicar ao executante da estaca, ao
solicitante do ensaio e ao projetista que será realizado a prova de carga; a estaca
ensaiada deverá ser documentada; a estaca deve está próxima do local de
sondagem, no máximo a 5m de distância; a profundidade atingida pela sondagem do
solo deve ser superar à atingida pela ponta da estaca ensaiada.
Segundo a NBR 12131:2006, entre a instalação da estaca e o início do
carregamento da prova de carga deve ser respeitado um prazo mínimo de três dias
para solos não coesivos e de dez dias para solos com comportamento coesivo.
Durante o processo de execução do ensaio, a estaca é carregada até atingir o
limite previsto pelo projetista, sempre atendendo os requisitos de segurança. Há

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quatro tipos de carregamento para realizar o ensaio: carregamento lento, rápido,


carregamento misto (lento seguido de rápido) e o carregamento cíclico.

1. Carregamento lento: o carregamento deve ser executado em estágios


iguais e sucessivos. A carga aplicada por estágio não deve ser
superior a 20% da carga de trabalho. Em cada estágio a carga deve
ser mantida até estabilizar os deslocamentos no mínimo 30 minutos.

2. Carregamento rápido: a carga aplicada não deve ultrapassar a 10%


da carga de trabalho. Em cada estágio a carga deve ser mantida
durante 10 minutos independente da estabilização dos deslocamentos,
e em cada estágio os deslocamentos devem ser lidos no inicio e no
final.

3. Carregamento misto: é feito o carregamento lento até atingir a carga


de 1,2 vezes a carga de trabalho da estaca e, a seguir, é necessário
executar o ensaio com o carregamento rápido.

4. Carregamento cíclico: o carregamento deve ser feito em ciclos de


carga-descarga com incrementos iguais e sucessivos. O incremento
não pode ser superior a 20% da carga de trabalho. Em cada ciclo de
carga-descarga, a carga máxima seja mantida até a estabilização é no
mínimo de 30 minutos.

Os resultados finais devem ser apresentados em relatórios com as descrições


geral do ensaio, tipo e características da estaca ensaiada, dados dos equipamentos
utilizados no ensaio, ocorrências excepcionais durante o ensaio, tabelas das leituras
tempo-recalque e carga-recalque de todos os estágios e curva carga x
deslocamento.

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2.6 Ensaio de integridade de estacas – PIT

O ensaio de integridade de estacas visa verificar e validar a integridade da


estaca por toda sua extensão após sua execução. Estacas pré-moldadas podem ser
danificadas no processo de cravação e as estacas moldadas in-loco podem ter
sofrido alguma falha no processo de concretagem como por exemplo:
estrangulamento do fuste enquanto o concreto ainda no estado fresco ou juntas frias
quando o processo de concretagem é interrompido antes da finalização.

Este ensaio baseia-se na aplicação de uma excitação mecânica no topo da


estaca, com um martelo de mão, que origina uma onda de tensão, e na
verificação da resposta a esta excitação, com o objetivo de detectar danos
ou falhas ao longo do fuste da estaca. (ANTUNES, W. R.; TAROZZO,
HÉLVIO, 1998, p.344).

Considerado ensaio não destrutível e de pequena deformação pois é


realizado com golpes de martelo manual. Com golpes do martelo no topo da estaca,
propaga-se uma onda ao longo do seu corpo até sua ponta e retorna ao topo da
estaca, o registro dessa onda é feito por um acelerômetro capaz de registrar o
tempo de propagação.
Entre os equipamentos disponíveis no mercado, o Pile Integrity Tester
conforme apresentado na figura 5, é um equipamento capaz de registrar a
velocidade da onda e fornecer informações precisas para avaliação da integridade
da estaca.
A avaliação do ensaio é feita por análise e interpretação da forma da onda.
Variações significantes no formato das ondas determina possíveis falhas de
integridade ao longo do fuste das estacas.

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Figura 5: Equipamento Pile Integrity Tester

FONTE: Geoprova (2019)

A figura 6 apresenta um exemplo de análise de integridade através da onda


captada pelo aparelho Pile Integrity Tester, o gráfico de sinal x comprimento da
estaca. Estacas com fuste intacto são consideradas “estacas boa” e apresentam a
reflexão do sinal apenas na ponta da estaca. As estacas com reflexão do sinal
antecipadas, são consideradas “estacas defeituosas”, havendo indício de falha no
fuste ao longo do seu comprimento.

Figura 6: Gráfico de sinal versus comprimento

FONTE: Carmix (2019).

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3. METODOLOGIA

O trabalho tem por finalidade realizar uma pesquisa básica que busca
determinar entre dois tipos de fundações profundas qual será tecnicamente viável
para execução de um projeto sobre um perfil de solo considerado mole. Quanto aos
objetivos, a pesquisa será explicativa, buscando esclarecer e justificar a utilização de
estacas pré-moldadas ao invés da estaca hélice contínua, que é uma solução em
fundação profunda bastante utilizada no mercado devido ao seu custo benefício.
O trabalho será um estudo de caso, baseado no projeto de fundação
desenvolvido para a construção de um hipermercado no estado do Rio de Janeiro. A
obra abrange uma área total construída de 15.544,90 m² em uma área de terreno de
30.000,00 m², já está finalizada e teve uma duração de cento e vinte dias desde sua
fundação até seu acabamento final.
O estudo será iniciado com uma análise do projeto estrutural juntamente com
o projeto arquitetônico para afim de tomar conhecimento dos carregamentos da
estrutura a serem transferidos as estacas em estudo. Também estudaremos a planta
de locação das sondagens (figura 7) avaliando as doze posições que foram
realizados os ensaios de sondagem SPT.

Figura 7: Planta de locação de sondagem

FONTE: Geo-Pro (2019).

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Será detalhado as posições de cada furo de sondagem com as informações


de posicionamento e cota do terreno.
A segunda análise a ser realizada será feita em relação aos 12 ensaios de
SPT realizados na área do terreno que foi edificado o empreendimento, os ensaios
foram executados para determinar as características do solo, o nível de água do
lençol freático e sua resistência a cada metro de profundidade. Através dos laudos
de sondagem como por exemplo a sondagem SP2 (figura 8), serão extraídas e
planilhadas em Excel as seguintes informações: cota do nível da água, número de
golpes do amostrador-padrão na cota de assentamento das estacas e classificação
da camada do solo.

Figura 8: Laudo de sondagem SPT

FONTE: Geo-Pro (2019).

Uma terceira análise a ser estudada na pesquisa, será no ensaio de prova de


carga realizado na estaca teste, estaca que foi executada exclusivamente para
realizar os testes e detém as mesmas características das estacas previstas em
projeto. Teste realizado para se confirmar a capacidade de carga prevista para as
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estacas com a determinação da sua carga de ruptura em conformidade da norma
NBR 6122:2019, considerando um fator de segurança global igual a 2,0. Neste
ensaio obtém o gráfico com a curva carga-recalque conforme figura 9 e as
informações extraídas e planilhadas serão: carga aplicada e recalque, para serem
comparadas com os valores previstos em projeto.

Figura 9: Gráfico curva carga-recalque

FONTE: Dynamis Techne (2019).

Ainda baseado nos ensaios realizados na estaca teste, analisaremos o teste


de integridade da estaca. O procedimento foi realizado para validar a integridade
física da estrutura da estaca, ensaio executado através da leitura de transmissão de
ondas ao longo da estaca após aplicar golpes na cabeça da estaca com um martelo
metálico que transmite uma onda que percorre todo seu fuste. Qualquer anomalia na
sua estrutura, é identificado com a reverberação da onda.
O ensaio gera um gráfico de sinais como o exemplo da figura 10 onde
podemos validar a integridade física da estaca, desse gráfico são extraídas as

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informações: velocidade da onda percorrida pela estrutura da estaca, profundidade
da estaca e se há variações nos sinais monitorados validando a integridade física da
estaca.

Figura 10: Gráfico curva carga-recalque

FONTE: Fugro In Situ Geotecnia (2019).

Com os resultados obtidos dos ensaios em campo, determina-se as


características do solo quanto a sua formação geológica, sua resistência a cada
metro de profundidade, a presença de água no lençol freático. Também é
confirmado a resistência final da interação solo/estaca com a prova de carga e a
análise da exequibilidade da estaca com o teste de integridade de estaca – PIT.
Caracterizado o perfil de solo que será assentado a fundação em estudo,
juntamente com o projeto estrutural, arquitetônico, ensaio de integridade da estaca,
prova de carga estática e os laudos de sondagem SPT, o estudo emitirá um relatório
técnico comparativo entre os tipos de fundações profunda estaca hélice contínua e
estaca pré-moldada de concreto, concluindo de forma técnica fundamentada nos
ensaios analisados, qual técnica em fundação profunda é viável ao projeto em
estudo para garantir qualidade e vida útil ao projeto.

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4. CRONOGRAMA DE PESQUISA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122:2019.


Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2019.

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484:2001. Solo


– Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 2001.

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12131:2006.


Estacas – Prova de carga estática – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2016.

ANTUNES, W. R.; TAROZZO, H. Execução de fundações profundas. In:


HACHICH, W.; FALCONI, F. F.; SAES, J. L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.;
NIYAMA, S. (Editores). Fundações Teoria e Prática. 2. Ed. São Paulo: PINI,
1998, p. 329-407.

HACHICH, Waldemar. Segurança das fundações e escavações. In: HACHICH,


W.; FALCONI, F. F.; SAES, J. L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S.
(Editores). Fundações Teoria e Prática. 2. Ed. São Paulo: PINI, 1998, p. 207.

PINTO, Carlos de Sousa. Propriedades dos Solos. In: HACHICH, W.; FALCONI, F.
F.; SAES, J. L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S.
(Editores). Fundações Teoria e Prática. 2. Ed. São Paulo: PINI, 1998, p. 51-118.

QUARESMA, A. R.; DÉCOURT, Luciano.; FILHO, A. R. Q.; ALMEIDA, Márcio S. S.;


DANZIGER, Fernando. Investigações Geotécnicas. In: HACHICH, W.; FALCONI,
F. F.; SAES, J. L.; FROTA, R. G. Q.; CARVALHO, C. S.; NIYAMA, S.
(Editores). Fundações Teoria e Prática. 2. Ed. São Paulo: PINI, 1998, p. 119-155.

VELLOSO, Dirceu de A.; LOPES, Francisco de R.. Fundações Profundas. Volume


2. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.

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