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ENSINANDO

PROVA DE CARGA ESTÁTICA EM FUNDAÇÕES

REALIZAÇÃO – INTERPRETAÇÃO – PROJETO – RESULTADOS

PROF. DAVID DE CARVALHO

david@unicamp.br
PROF. PAULO J. R. ALBUQUERQUE
pjra@unicamp.br

Edição 2023
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TERZAGHI
(Foto ABMS, 1985)

“Learn continuously from experience, personal and vicarious, and publish


meaningful experiences for the betterment of the profession”
“Karl von Terzaghi”

“Aprenda continuamente com a experiência. As pessoais e as de outras pessoas.


E publique experiências significativas para o aprimoramento da profissão”

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PREFÁCIO

Este livro representa uma valiosa contribuição que vem preencher uma
importante lacuna na nossa literatura geotécnica ao apresentar, com riqueza de
detalhes e grande abrangência, como realizar e interpretar as provas de cargas
estáticas em fundações, ilustradas com grande número de casos práticos.

Com a obrigatoriedade da execução de provas de carga, ditada pela norma


NBR 6122 da ABNT a partir de 2010, os autores foram muito felizes na escolha do
tema e da linha editorial que privilegia a execução prática, trazendo informações e
recomendações que só a fantástica experiência e conhecimentos desenvolvidos
pelos mesmos na Universidade Estadual de Campinas poderiam embasar o
conteúdo deste trabalho.

Graças à formação de tantos alunos e engenheiros, por todo o território


brasileiro, os autores e a Unicamp, sem dúvida, representam um marco nacional
na difusão deste ensaio, atendendo ao desafio da crescente demanda das provas
de carga que a norma estabeleceu nas nossas obras.

Cumprimentamos os autores por essa verdadeira guia de execução de provas


de cargas, com segurança e qualidade, que será a referência no nosso meio.

Professor Doutor Sussumu Niyama

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AGRADECEMOS

Aos nossos Professores, Alunos e Amigos geotécnicos, a inspiração para a redação


deste texto.

A Faculdade de Engenharia Agrícola e Faculdade de Engenharia Civil,


Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, pelo incentivo e
permissão para utilização de seus Campos Experimentais.

As Empresas de Geotecnia pelo constante apoio.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); ao Conselho


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de
Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) pelos financiamentos concedidos.

Aos Engenheiros Claudio Vidrih Ferreira e Dirney Cury Filho pelas sugestões ao
texto e compartilhamento de material didático.

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Juntamente com o texto, a compreensão das figuras e gráficos apresentados


fazem parte da estratégia didática deste trabalho.

São referências para o texto as Normas:

ABNT NBR 6122 (2022) * – Projeto e execução de fundações;

ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de carga estática em fundação profunda;
ABNT NBR 6489 (2019) – Solo – Prova de carga estática em fundação direta.

*A ABNT NBR 6122 (2022) equivale ao conjunto ABNT NBR 6122 (2019) e Emenda 1, de
25.03.2022, que cancela e substitui a ABNT NBR 6122:2019. A Emenda se refere particularmente a
especificações do concreto em estacas moldadas “in loco”.

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DOI: https://doi.org/10.4322/978-65-00-74666-2

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ÍNDICE

CAPÍTULOS – TÍTULOS

Página
I – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 16

II – OBJETIVOS DA REALIZAÇÃO DE PROVAS DE CARGA ESTÁTICA ......... 26

III – ESFORÇOS APLICADOS .................................................................................................... 35

IV- ASPECTOS PRÁTICOS NA MONTAGEM DA PROVA ........................................... 47

V- CURVA CARGA X DESLOCAMENTO ................................................................................ 155

VI – INTERPRETAÇÃO DA CURVA CARGA X DESLOCAMENTO - CARGA DE

RUPTURA – CARGA DE RUPTURA CONVENCIONADA - MÓDULO DE

ELASTICIDADE – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA ............................................................. 203

VII – INSTRUMENTAÇÃO DA ESTACA EM PROFUNDIDADE .............................. 279

XIII – PROVA DE CARGA EM PLACA – EXEMPLO ...................................................... 331

IX – PROVA DE CARGA EM ESTACA – EXEMPLO ...................................................... 346

X – PROVA DE CARGA INSTRUMENTADA EM PROFUNDIDADE – EXEMPLO 361

XI – PROJETO DA PROVA DE CARGA – EXEMPLO ................................................... 373

XII – EXPRESSÃO DOS RESULTADOS DA PROVA DE CARGA – EXEMPLO 380

XIII – PROVA DE CARGA - CÉLULA EXPANSIVA/ENSAIO BIDIRECIONAL 418

XIV – BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 494


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INDICE

CAPÍTULOS DETALHADOS

Página

I – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 16

II – OBJETIVOS DA REALIZAÇÃO DE PROVAS DE CARGA ESTÁTICA ..... 26

- Aspectos financeiros

- Aspectos Técnicos

- Aspectos Técnico – Financeiros

- Aspectos Normativos

III – ESFORÇOS APLICADOS ........................................................................................................ 35

- Fundação Direta

- Fundação Profunda

- Exemplos

IV- ASPECTOS PRÁTICOS NA MONTAGEM DA PROVA ....................................... 47

IV.1 – SISTEMAS DE REAÇÃO .................................................................................. 48

IV.1.1 – CARGUEIRAS ......................................................................................... 50

IV.1.2 – ESTACAS E TIRANTES DE REAÇÃO – Ensaio à compressão 54

- Dimensionamento – Tirantes – Estacas Tracionadas .... 61

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- Estabilidade Global do Sistema ..................................................... 63

- Monitoramento do Sistema de Reação ..................................... 65

IV.1.3 – ESTACAS DE ELEMENTOS DE REAÇÃO – Ensaio à


tração ................................................................................................................................ 67

IV.1.4 – ESTACAS E ELEMENTOS DE REAÇÃO – Carregamento


horizontal no topo ..................................................................................................... 71

IV.1.5 – CARREGAMENTO HORIZONTAL EM PROFUNDIDADE –


Efeito Tschebotarioff ................................................................................................ 74

IV.1.6 – FUNDAÇÕES TRACIONADAS – Aspectos teóricos e


práticos – Deslocamentos – Carga de ruptura .......................................... 77

IV.2 – POSIÇÃO DO SISTEMA DE REAÇÃO E VIGAS DE REFERÊNCIA 85

IV.3 – VIGAS E CAPITÉIS DE REAÇÃO ................................................................... 94

IV.4 – LIGAÇÃO ENTRE BARRAS .............................................................................. 103

IV.5 – TOPO DA ESTACA TESTE ................................................................................ 114

IV.5.1 – TEMPO DE ESPERA PARA REALIZAÇÃO DO ENSAIO

IV.5.2 – COROAMENTO – BLOCO OU PLACA METÁLICA

IV.6 – CONJUNTO HIDRÁULICO .............................................................................. 123

IV.6.1 – CILINDRO HIDRÁULICO

IV.6.2 – BOMBA HIDRÁULICA

IV.6.3 – MANÔMETRO

IV.7 – MEDIDORES DE DESLOCAMENTO ....................................................... 128

IV.8 – VIGAS DE REFERÊNCIA ................................................................................ 134

IV.9 – PROTEÇÃO DURANTE O ENSAIO .......................................................... 138


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IV.10 – PROVA DE CARGA EM PLACA – PREPARAÇÃO ....................... 142

IV.11 – INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO ............................................................. 147

IV.12 – COMPLEMENTOS .......................................................................................... 153

V- CURVA CARGA X DESLOCAMENTO ......................................................... 155

V.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 156

V.2 – APRESENTAÇÃO DA CURVA ....................................................................... 159

V.3 – SUCESSO NO ENSAIO – DESLOCAMENTOS MÍNIMOS ............ 161

V.4 – TIPOS DE CARREGAMENTO – INFLUÊNCIA NA CURVA ......... 166

V.5 – FORMA – TRECHOS DA CURVA – ESTACAS ................................... 168

V.5.1 – VARGAS (1978)

V.5.2 – MASSAD (1992 – 1993)

V.5.3 – DÉCOURT (2019)

V.5.4 – MILITITSKY (2015) / KÉZDI (1975)

V.5.5 – EFEITO DO GRUPO DE ESTACAS

V.6 – FORMA DA CURVA – FUNDAÇÕES DIRETAS ................................. 177

V.6.1 – RESISTÊNCIA E COMPOSIÇÃO DO SOLO – CURVA

V.6.2 – UMIDADE E TIPO DO SOLO

V.6.3 – DIMENSÕES DA PLACA

V.6.4 – PROFUNDIDADE DO ENSAIO

V.7 – CARREGAMENTO HORIZONTAL – PROJETO – CURVA ............ 186

V.7.1 – INTRODUÇÃO

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V.7.2 – MOBILIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA HORIZONTAL

V.7.3 – PROJETO DA PROVA DE CARGA HORIZONTAL

V.7.4 - EFEITO DA UMIDADE DO SOLO SUPERFICIAL

V.7.5 – EFEITO DO BLOCO DE COROAMENTO – COMPACTAÇÃO DO


SOLO SUPERFICIAL

V.7.6 – EFEITO DA FORMA DA ESTACA – HORIZONTAL

V.7.7 – EFEITO DO PONTO DE APLICAÇÃO DA CARGA HORIZONTAL

V.8 – CURVA CARGA X DESLOCAMENTO – TRAÇÃO ................................ 202

VI – INTERPRETAÇÃO DA CURVA CARGA X DESLOCAMENTO

CARGA DE RUPTURA – CARGA DE RUPTURA CONVENCIONADA

MÓDULO DE ELASTICIDADE – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA ..................... 203

VI.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 204

- Fundação Rasa

- Fundação Profunda

VI.2 - CONSIDERAÇÕES BÁSICAS PARA ANÁLISE ..................................... 207

VI.3 – INFLUÊNCIA DO TIPO DE CARREGAMENTO ................................ 208

- Tipo Lento

- Tipo Rápido

- Tipo Misto

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VI.4 – MÓDULO DE ELASTICIDADE DA ESTACA ........................................ 213

VI.5 – CURVA DE RIGIDEZ ......................................................................................... 218

VI.5.1 – INTRODUÇÃO

VI.5.2 – DÉCOURT (1998) – CONCEITO DE RIGIDEZ

RUPTURA DE FUNDAÇÕES

VI.5.3 – HISTÓRICO – RIGIDEZ

VI.6 – CARGA DE RUPTURA CONVENCIONADA OU CONVENCIONAL

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA ........... 227

VI.6.1 – RUPTURA CONVENCIONADA - % DIÂMETRO DA ESTACA -

% LARGURA DA SAPATA – ANÁLISE CRÍTICA ................................. 228

VI.6.2 – RUPTURA CONVENCIONADA - MÉTODO DA ABNT NBR 6122


(2022) – PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES ...................................................... 230

VI.6.3 – RUPTURA CONVENCIONADA - MÉTODO DA RIGIDEZ DE


DÉCOURT - CARGA DE PONTA – CARGA DE ATRITO LATERAL ......................... 237

- Introdução

- Planilha de cálculo

- Passos para a utilização da planilha

- Exercício 1 – aplicação da planilha

- Exercício 2 – Cálculo numérico, sem utilização da planilha


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VI.6.4 – VAN DER VEEN – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA ............... 262

- Introdução

- Equação da curva – Van der Veen

- Exemplo numérico de aplicação

- Exemplo de aplicação utilizando de planilha

VI.6.4 – MÉTODO GRÁFICO DE MAZURKIEWICZ (1972) ............. 277

VII – INSTRUMENTAÇÃO DA ESTACA EM PROFUNDIDADE ............................. 279

VII.1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 280

VII.2 – PRECISÃO DOS INSTRUMENTOS – INTRODUÇÃO ......................... 282

VII.3 – PRECISÃO – CÉLULA DE CARGA – DEFLECTÔMETROS –


MANÔMETRO – BARRAS INSTRUMENTADAS ................................................................... 283

VII.4 – PROVA DE CARGA COMUM E INSTRUMENTADA ........................... 285

VII.5 – INSTRUMENTAÇÃO EM PROFUNDIDADE – EXTENSÔMETROS


ELÉTRICOS DE RESISTÊNCIA – STRAIN GAGES ............................................................ 290

VII.5.1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................... 290

VII.5.2 – POSSIBILIDADES DE LIGAÇÃO NA PONTE DE


WHEATSTONE ......................................................................................................................................... 294

VII.5.3 – EXEMPLO PRÁTICO – APLICAÇÃO DA TEORIA ............... 298

VII.6 – TÉCNICAS DE INSTALAÇÃO DE STRAIN GAGES EM ESTACAS 307

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VII.7 – EXTENSÔMETRO DE CORDA VIBRANTE ............................................ 321

VII.8 – EXTENSÔMETRO REMOVÍVEL .................................................................. 322

VII.9 – HASTES MEDIDORAS DE DESLOCAMENTOS – TELL TALES 324

VII.10 – STRAIN GAGE ÓPTICO ................................................................................... 328

VIII – PROVA DE CARGA EM PLACA – EXEMPLO

XIII.1 – EXEMPLO .............................................................................................................. 331

IX – PROVA DE CARGA EM ESTACA – EXEMPLO

IX.1 – EXEMPLO .................................................................................................................. 346

X – PROVA DE CARGA INSTRUMENTADA EM PROFUNDIDADE

X.1 – EXEMPLO .................................................................................................................... 361

XI – PROJETO DA PROVA DE CARGA - EXEMPLO

XI.1 - EXEMPLO DE PROJETO ................................................................................... 373

XII – EXPRESSÃO DOS RESULTADOS DA PROVA DE CARGA - EXEMPLO

XII.1 – EXEMPLO DE RELATÓRIO ........................................................................... 380

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XIII – PROVA DE CARGA COM CÉLULA EXPANSIVA / ENSAIO BIDIRECIONAL

XIII.1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 418

XIII.2 – NORMAS .................................................................................................................. 423

XIII.3 – MONTAGEM DA PROVA ................................................................................ 423

XIII.4 – REALIZAÇÃO DO ENSAIO ............................................................................ 429

XIII.5 – RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................. 431

XIII.6 – ANÁLISE DOS RESULTADOS-TRABALHOS RECOMENDADOS 432

XIII.7 – RELATÓRIO TÉCNICO DE PROVA DE RESULTADO DE PROVA DE


CARGA -EXEMPLO DE RELATÓRIO .................................................................................... 433

XIV – BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 494

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I - INTRODUÇÃO

Karl Terzaghi expressa em certa ocasião: “Não há glória vinculada a


fundações” (There is no glory attached to the foundations), se referindo a obras
geotécnicas, provavelmente pelas dificuldades individuais de cada subsolo e porque
depois de pronto é um trabalho não visível aos olhos.

Tem-se conseguido evoluir ao longo dos anos em termos de investigação do


subsolo, modelos de previsão do comportamento de fundações e ensaios de campo
em fundações, tais como provas de carga estática instrumentadas em
profundidade, juntamente com a evolução dos ensaios dinâmicos.

No entanto os desafios aumentaram em termos de um crescimento


considerável nas cargas impostas às fundações e também com fundações
executadas a grandes profundidades, em subsolos complexos. Exemplos são os
apresentados na Figura I.1, Baixada Santista - SP, onde é comum a cota de apoio
de fundações se situarem em torno de 50 m de profundidade e na Figura I.2 onde
as fundações da ponte de Rio Negro atingiram profundidade de mais de 90 m em
relação ao nível d’água do rio.

O desenvolvimento de novos tipos de fundações e carregamentos de grande


magnitude em edifícios altos e obras não convencionais, por exemplo grandes torres
eólicas, conduz à necessidade de ensaios em fundações em verdadeira grandeza,
de maneira a se conhecer seu comportamento in loco, possibilitando que os
modelos de cálculo possam ser aferidos e melhorados com dados reais de campo.

Dentro deste contexto as provas de carga estática e ensaios dinâmicos


ocupam importante papel na Engenharia de Fundações, contribuindo para a
segurança e otimização de projetos e desenvolvimento e aprimoramento de modelos
de cálculos.

A ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações – em seu item


9.2 – Desempenho dos Elementos de Fundação – estabelece que “é obrigatória a
execução de provas de carga estáticas de desempenho, no decorrer do
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estaqueamento, em obras que tiverem um número de estacas superior ao valor


especificado na coluna (B) da tabela a 6”. Na sequência, estabelece também outras
condições nas quais é obrigatória a execução de provas de carga.

No Brasil, datam do início do século passado as primeiras provas de carga,


Figuras I.3 e I.4. Tornaram-se parte da prática de engenharia de fundações,
evoluindo com cargas crescentes ao longo das décadas. Na Figura I.5 apresenta-se
prova de carga estática com aplicação de 36.000 kN durante a obra da ponte do
Rio Negro. Na Figura I.6 apresenta-se uma estaca a ser ensaiada com célula
expansiva hidrodinâmica, também na obra da ponte do Rio Negro, com carga de
3.400 kN.

Massad (1985) relata que a execução de prova de carga no Brasil iniciou-se


provavelmente em 1928 com a realização da primeira prova de carga em sapata
para as fundações do edifício Martinelli em São Paulo, Figura I.3. Relata que uma
verificação nos arquivos do IPT a partir de 1930 mostrou que uma das primeiras
provas de carga registrada em estaca (ensaio 6.885 do IPT) foi realizada na estação
da estrada de ferro Noroeste do Brasil em Bauru - SP, pelo professor Telemaco Van
Langendonck, em fevereiro de 1936. A estaca ensaiada foi do tipo Franki.

Alonso (2012 A) destaca que com o advento das estacas tipo Franki como
fundação aqui no Brasil a partir de 1935, iniciou-se, por assim dizer, um controle
da capacidade de carga por meio de prova de carga, sendo a primeira obra em que
se realizou prova de carga, nesse tipo de estaca, no Brasil, foi na Casa Publicadora
Batista no Rio de Janeiro em 1935, Figura I.4.

Ressalta que a prova de carga citada por Massad (1985) e outras que se
seguiram até 1938 foram realizadas pelos engenheiros do IPT que trabalhavam na
Seção de Estruturas e Fundações sob a chefia do Prof. Telêmaco van Langendonck.

Somente a partir de 1938 é que as provas de carga passaram a ser realizadas


pelos engenheiros da Seção de Solos e Fundações desse Instituto, criada por Odair
Grillo, que tinha como assistentes Raimundo de Araújo, Othelo Machado e Milton
Vargas. Provavelmente o ensaio citado por Massad (1985), na cidade de Bauru, foi
o segundo em estaca Franki no Brasil.
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Vargas (1990) faz um relato histórico sobre a realização de provas de carga


no Brasil. Cita a prova de carga realizada em Bauru – SP em 1936 e ressalta que o
responsável pela introdução desta prática foi a Companhia Internacional de
Estacas Frankignoul.

Os autores Alonso (2013) e Lacerda (2015), apresentam a evolução histórica


dos ensaios de prova de carga no Brasil e exterior. Vargas (1996), Nápoles Neto
(1996) e Kerisel (1991) apresentam um histórico da engenharia de fundações no
Brasil e exterior.

Em 1974 foi implantado o Campo Experimental da COPPE/UFRJ – PUC/RJ


(IPR-DNER).

Em 1988 foi implantado o Campo Experimental da POLI/USP (EPUSP/LMS),


com a realização de provas de carga em diversos tipos de estacas. Os resultados
obtidos foram apresentados em uma publicação da ABEF, anexa aos Anais da
Twelfth International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering:
Rio de Janeiro, 13-18 August 1989, Figura I.7A.

Em 1988 foi implantado o Campo Experimental de Fundações da Escola de


Engenharia de São Carlos, USP (Carvalho, 1991).

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT –


promove em 1988 o Curso de Provas de Carga em Fundações (Figura I.7B),
ministrado pelos Engenheiros Cesar de Moraes Polla; José Theophilo Leme de
Moraes; Nelcio Azevedo Junior; Sussumu Niyama.

Cavalcante et al (2007) publicam na revista Geotecnia (Lisboa) e na Revista


Soils and Rocks o artigo “Campos Experimentais Brasileiros”, destinados a
investigações geotécnicas e realização de provas de carga em fundações. São
apresentados detalhes geotécnicos de campos experimentais em 11 localidades.

Através da ABMS - Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia


Geotécnica, o Engenheiro Urbano Rodrigues Alonso publicou em 2013: “Provas de
Carga em Estacas – Evolução dos Sistemas de Reação e da Norma”, Figura I.8A.
Cintra et al (2013) publicam o livro “Fundações – Ensaios Estáticos e Dinâmicos,
Figura I.8B.
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O Engenheiro Pedro Elísio Chaves Alves Ferreira da Silva idealiza a “Célula


Expansiva Hidrodinâmica” e realiza em março de 1981 a primeira prova de carga
com esta nova tecnologia no Brasil. Ensaio conhecido hoje como ‘Prova de Carga
com Célula Expansiva’ ou ‘Ensaio Bidirecional’ e internacionalmente como O-Cell,
Figura I.9.

Como parte das programações do SEFE V (2004) – Seminário de Engenharia


de Fundações Especiais e Geotecnia e do Seminário de Investigações de Campo,
organizado pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, foi realizado o
Concurso para Previsão de carga de ruptura e deslocamentos de Estacas Raiz.
Foram realizadas provas de carga à tração (D = 0,30 m; L = 12 m e 23 m) e
compressão (D = 0,30 m; L = 12 m e 23 m) em 4 estacas raiz, no Campo
Experimental de Fundações da Unicamp, Figura I.10.

Na Figura I.11 apresenta-se prova de carga realizada no Edifício Banco do


Estado de São Paulo na década de 1940, utilizando cargueira com 2700 kN (Alonso,
2013).

Em 1951 é publicada a NB - 20 – Prova de Carga à Compressão de Estacas


Verticais, Figura I.12 A, primeira norma relativa a provas de carga no Brasil. Na
sequência foi publicada a NB – 27 – Prova de Carga Direta sobre Terreno da
Fundação, Figura I.12.B. Albuquerque (2023) apresenta a evolução dessas
Normas, desde a primeira em 1951 até a mais atual de 2020.

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Figura I.1 – Provável Seção Geológica pela orla praiana de Santos, SP


(Massad, 2011).

Figura I.2 – Subsolo no eixo da ponte do Rio Negro, AM (SRRM,2010).

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Figura I.3 – A) Prova de carga em sapata com utilização de cargueira com barras
de aço, nas fundações do Edifício Martinelli em São Paulo, 1928/1929 (Falconi,
2008). 1a Prova de carga no Brasil. B) Edifício Martinelli. Foto atual.

Figura I.4 – A) Prova de carga em estaca tipo Franki com utilização de cargueira
(caixão de areia com 1000kN). 1a Prova de carga em estacas Franki no Brasil – RJ
- 1935 (in Urbano 2012 A – SEFE 7) B) Foto da época.

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Figura I.5 – Prova de carga com aplicação de 36.000 kN em uma estaca de grande
diâmetro nas obras da fundação da ponte estaiada sobre o Rio Negro (AM) em
2009, realizada pela Fugro in Situ Geotecnia. (Obra: estacas com até 90m de
profundidade e diâmetro de até 2,20m).

Figura I.6 – Preparação de prova de carga a ser realizada com utilização de célula
expansiva hidrodinâmica, teste bidirecional (macacos hidráulicos instalados na
ponta da estaca), com aplicação de 34.000 kN em uma estaca de grande
diâmetro, nas obras da fundação da ponte estaiada sobre o Rio Negro (AM),
realizada em 2009 pela Arcos Engenharia de Solos. (Obra: estacas com até 90m
de profundidade e diâmetro de até 2,20m).

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Figura I.7 – A) Campo Experimental de Fundações – Poli - USP/ABEF – Twelfth


International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering: Rio de
Janeiro, 13-18 August 1989. B) Curso IPT. Provas de Carga. 1988.

Figura I.8 – A) “Provas de Carga em Estacas – Evolução dos Sistemas de Reação e


da Norma” – Publicação ABMS – Alonso (2013). B) Fundações – Ensaios Estáticos
e Dinâmicos – Cintra et al (2013).

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Figura I.9 – Resultados da primeira prova de carga com “célula expansiva


hidrodinâmica” realizada no Brasil, pelo Engenheiro Pedro Elísio Chaves Alves
Ferreira da Silva, em maio de 1981. A) Fuste B) Ponta. Relatório disponível na
pasta ‘Bibliografia’ Link do Google Drive deste livro:
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1Ne5RFbIroKOlt7nSa-fXkoT-
eWxL98YZ

Figura I.10 – Concurso de previsão de carga de ruptura e deslocamentos de


estacas raiz à tração e compressão, realizado no SEFE V (Carvalho, 2004).

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Figura I.11 – A) Prova de carga em estaca Franki com utilização de cargueira com
2700 kN de ferro gusa nas fundações do Edifício Banco do Estado de São Paulo
na década de 1940 (Alonso, 2013). B) Edifício. Foto atual.

Figura I.12 – A) NB - 20 (1951) – Prova de Carga à Compressão de Estacas


Verticais. B) NB – 27 - Prova de Carga Direta Sobre Terreno da Fundação.
Primeiras Normas relativas a provas de carga no Brasil.

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CAPÍTULO II

OBJETIVOS DA REALIZAÇÃO DE PROVAS DE CARGA ESTÁTICA

É importante estar claro para o projetista que solicita a prova de carga os


benefícios advindos em termos técnicos, de segurança da obra, financeiros e
normativos. Estando claro estes benefícios, é possível transmiti-los de maneira
objetiva ao proprietário do empreendimento, facilitando a negociação para a
realização de uma ou mais provas de carga.

O ideal é que a prova de carga não seja utilizada apenas para cumprir uma
exigência de norma técnica, mas sim que a análise de seus resultados seja utilizada
para a economia da obra e evolução do conhecimento técnico em termos de aferição
de parâmetros de projeto e acúmulo de experiência para futuras obras.

Aspectos Financeiros

Conforme estabelecido pela ABNT NBR 6122 (2022) - Projeto e execução de


fundações, para obtenção da carga admissível ou força resistente de cálculo de
estacas, quando se realiza a prova de carga estática na fase de elaboração ou
adequação do projeto, o fator de segurança global é 1,6.

Não havendo a realização da prova de carga nesta fase e se a resistência for


determinada por método semiempírico, o fator de segurança global a ser utilizado
para a determinação da carga admissível deve ser 2.

É evidente a otimização de custos que se obtém com a realização da prova de


carga na fase de elaboração ou adequação do projeto. É importante destacar que é
necessário um número mínimo de resultados de provas de carga para que se tome
uma decisão mais confiável.

Sendo a carga de ruptura calculada através de fórmulas semiempíricas, a


experiência mostra que em grande parte dos casos, estas fórmulas fornecem
valores inferiores aos encontrados através de provas de carga. Ou seja, sem os

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resultados de provas de carga, utilizam-se valores subestimados de carga de


ruptura.

Este fato e considerando-se que quando a carga de ruptura é determinada


através destas fórmulas semiempíricas o fator de segurança global deve ser 2,
indica que a realização de provas de carga na fase de elaboração ou adequação do
projeto pode trazer economias consideráveis, considerando-se a redução do fator
de segurança para 1,6.

Nas figuras II-1 e II-2 apresentam-se a comparação entre cargas de ruptura


previstas por duas fórmulas semiempíricas de previsão e as cargas de ruptura
obtidas nas provas de carga estática. Observa-se que as fórmulas se apresentam
conservadoras. Faz-se a observação que não se deve generalizar que sempre vai ser
assim, pois podem ocorrer casos em que as fórmulas dão valores acima da carga
de ruptura obtida em provas de carga, Figura II-3. Neste caso, a realização da prova
de carga conduz a um projeto mais seguro.

Aspectos Técnicos

A prova de carga, através da análise da curva carga x deslocamento, permite


a verificação do desempenho da fundação em termos de recalques, particularmente
em sua carga de trabalho.

As metodologias de cálculo de previsão de recalques de uma fundação, tanto


de maneira teórica como prática, ainda precisam ser aprimoradas. Nas Figuras II.4
e II.5 apresentam-se as previsões de cálculo de deslocamentos de duas estacas,
uma à compressão e outra à tração, objeto do concurso de previsão realizado no
SEFE V (2004) (Carvalho et al, 2004). Observa-se a discrepância de valores
calculados pelos participantes

Paralelamente se verifica o desempenho estrutural do elemento de fundação.

Quando é realizada a prova de carga instrumentada em profundidade, é


possível a determinação das parcelas de carga que são absorvidas pelas camadas

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de solo ao longo do fuste e pela ponta da estaca. Também, é possível aferir os


parâmetros das fórmulas semiempíricas de previsão da carga de ruptura utilizadas,
em termos de atrito lateral e parcela de ponta.

Aspectos Técnicos - Financeiros

Há casos limites em que condições de subsolo e de cálculos por fórmulas


semiempíricas não são suficientes para garantir o desempenho adequado de uma
fundação menos onerosa. Neste caso, provas de carga, preferencialmente
instrumentadas em profundidade, podem trazer a segurança de se optar por uma
fundação mais econômica.

Como exemplo, apresentam-se três casos:

Na Figura II-6 apresenta-se o perfil de uma sondagem SPT de um solo


arenoso de baixa resistência. A realização de prova de carga permitiu um projeto
mais econômico que o inicialmente previsto.

Na Figura II.7 e Figura II.8 apresenta-se resultado de prova de carga


instrumentada em tubulão na cidade de Brasília. Os resultados indicaram que se
poderia contar com parcela considerável de capacidade de carga lateral.

Na Figura II-9 apresenta-se o perfil de uma das sondagens de um local onde


seria implantado um empreendimento com várias torres. A opção mais econômica
seria fundação em estacas hélice contínua. Porém seria necessário contar com uma
porcentagem de resistência de ponta. No caso foram realizadas 4 provas de carga
instrumentadas em profundidade, que indicaram que haveria a resistência de
ponta necessária.

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Aspectos Normativos

É uma exigência de norma ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de


Fundações, em seu item 9.2.2, a execução de provas de carga, quando:

- “Para fundação por estacas, é obrigatória a execução de provas de carga


estática de desempenho, no decorrer do estaqueamento em obras que tiverem um
número de estacas superior ao valor especificado na coluna (B) da Tabela 6”;

- “Para qualquer número de estacas da obra, é necessária a execução de


prova de carga, se elas forem empregadas para tensões de trabalho superiores aos
valores indicados na coluna (A) da Tabela 6”;

- “Quando os principais carregamentos nas estacas, nas condições de


utilização da obra forem os de tração ou horizontais, é obrigatória a execução de
prova de carga específica à tração ou esforço horizontal, com os mesmos critérios
citados em seu item 9.2.2”;

- “Em obras de arte especiais (pontes e viadutos), com vão superior a 30 m


ou com mais de três vãos (quatro linhas de apoio), é obrigatória a realização de
ensaio de carga (prova de carga estática ou ensaio de carregamento dinâmico)”;

- “Para fundações em sapatas ou tubulões, caso haja dúvida sobre a


capacidade de suporte do solo de apoio, devem ser programadas provas de carga
em placas ou nos tubulões, devendo a interpretação de resultados considerar o
efeito escala”.

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Figura II.1 - Relação entre a carga de ruptura prevista por uma fórmula semi-
empírica (F1) bastante utilizada no Brasil e os valores obtidos nas provas de
carga, para 31 estacas de diferentes tipos. A média dos valores previstos é 26%
inferior à média dos valores obtidos nas provas de carga.

Figura II.2 - Relação entre a carga de ruptura prevista por uma outra fórmula
semi-empírica (F2) bastante utilizada no Brasil e os valores obtidos nas provas de
carga, para 22 estacas de diferentes tipos. A média dos valores previstos é 47%
inferior à média dos valores obtidos nas provas de carga.
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Figura II.3 – Estaca Hélice Contínua (D= 0,40m; L= 12m), Vitória – ES. Previsões
da carga de ruptura por algumas fórmulas semiempíricas, onde algumas
apresentam valores superiores ao da carga de ruptura obtida de prova de carga
estática lenta (Alledi, 2008)

Figura II.4 – Previsão de recalques em estacas raiz à Compressão – Campinas –


SP - (D = 0,30 m; L = 23m).Valores calculados superiores aos obtidos na prova de
carga (Carvalho et al, 2004).

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Figura II.5 – Previsão de recalques em estacas raiz à Tração – Campinas – SP - (D


= 0,30 m; L = 23m). Valores calculados superiores aos obtidos na prova de carga.

(Carvalho et al, 2004).

Figura II.6 – Perfil em solo arenoso de baixa resistência até 23m. NA elevado. A
prova de carga possibilitou a utilização de estacas com menor comprimento.

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Figura II.7 – Prova de carga instrumentada em tubulão em Brasília. Os resultados


indicaram a possibilidade de poder contar com uma parcela considerável de
capacidade de carga lateral. Tubulão: Fuste 0,60m; Base 1,20m; Profundidade
8,9 m; concreto fck 30 MPa (Ferreira, 2022).

Figura II.8 – Informações referentes à prova de carga instrumentada em tubulão


em Brasília, apresentada na Figura II.5 (Ferreira, 2022).

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Figura II.9 – Perfil com o impenetrável a pouca profundidade. PCs


instrumentadas indicaram a possibilidade de contar com razoável resistência de
ponta em estacas hélice contínua (D= 0,30m; L= 11m) (Paludeto, 2022).

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CAPÍTULO III

ESFORÇÕS APLICADOS - FUNDAÇÃO DIRETA E FUNDAÇÃO PROFUNDA

As provas de carga podem ser realizadas em fundações diretas e fundações


profundas, consistindo basicamente de aplicar esforços à placa ou fundação
profunda e registrar os deslocamentos correspondentes, obtendo-se assim,
respectivamente, uma curva tensão x deslocamento ou curva carga x
deslocamento, Figura III.1.

Quando a estaca é instrumentada em profundidade, é possível a obtenção


das cargas transmitidas ao fuste e à ponta da estaca, e consequentemente a
distribuição de atrito lateral ao longo da profundidade, entre os trechos
instrumentados, Figuras III.2 e III.3.

Figura III.1 – Curva Carga x Deslocamento – Estaca Hélice Contínua –


Conforme Normas, inclinação de 200 na carga de trabalho (Paludeto, 2022).
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Figura III.2 – Curvas Transferência de carga em profundidade. Prova de


carga instrumentada em estaca hélice contínua (Paludeto, 2022).

Figura III.3 – Distribuição de atrito lateral ao longo da profundidade. Prova


de carga instrumentada em estaca hélice contínua (Paludeto, 2022).
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Para a compreensão do comportamento da estaca, bastante útil são os


gráficos mobilização de atrito lateral em função do deslocamento, Figura III.4A e
mobilização de resistência de ponta em função do deslocamento, Figura III.4B.

Figura III.4 – Mobilização de atrito lateral e resistência de ponta em função


do deslocamento. Estaca hélice contínua (Paludeto, 2022).

Fundação Direta

Os procedimentos para realização de provas de carga direta são estabelecidos


pela ABNT-NBR-6489 (2019) - Solo - Prova de carga estática em fundação direta.

Fundação direta, rasa ou superficial, é definida pela ABNT NBR 6122 (2022)
– Projeto e Execução de Fundações, como o “elemento de fundação cuja base está
assentada em profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação,
recebendo aí as tensões distribuídas que equilibram a carga aplicada; para esta
definição adota-se a menor profundidade, caso esta não seja constante em todo o
perímetro da fundação”.

Fundação Profunda

Os procedimentos para realização de provas de carga em fundações


profundas são estabelecidos pela ABNT-NBR-16903 (2020) - Solo - Prova de carga

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estática em fundação profunda. Podem ser realizadas em estacas ou tubulões


isolados e em grupos de estacas, carregados à compressão, tração ou horizontal.

Fundação profunda é definida pela ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e


Execução de Fundações, como o “elemento de fundação que transmite a carga ao
terreno ou pela base (resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência
de fuste) ou por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou base apoiada em
uma profundidade superior a oito vezes a sua menor dimensão em planta e no
mínimo 3,0m; quando não for atingido o limite de oito vezes, a denominação é
justificada. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas e os tubulões.”

A ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações, em seu item


9.2.2.4, a critério do projetista aceita outros ensaios de carga, como o teste
bidirecional, utilizando célula expansiva hidrodinâmica no interior do fuste da
estaca. Os procedimentos a serem seguidos ainda não estão normatizados pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), devendo-se levar em conta as
particularidades de sua interpretação. A “American Society for Testing and
Materials (ASTM)” estabelece procedimentos em sua publicação “D8169/D8169M
– 18 – Standard test methods for deep foundations under bi-directional static axial
compressive load”.

Esforços Aplicados

Os esforços a serem aplicados em provas de carga dependem do


conhecimento necessário que se busca para o projeto da obra. Podem ser de tração,
compressão ou flexo-compressão, nas direções vertical, horizontal ou inclinada.
Podem ser aplicados esforços cíclicos e podem ser realizadas provas de carga em
placa em profundidade.

Os esforços horizontais podem ser no topo da fundação ou em profundidade.


Em determinadas obras ocorrem esforços horizontais em profundidade devido ao
deslocamento horizontal de solos moles, provocado por carregamentos na
superfície do terreno (efeito Tschebotarioff).

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Exemplos: Apresentam-se nas figuras III.5 a III.20 provas de carga com


esses tipos de carregamento.

Figura III.5 – Prova de carga superficial em placa (Rocha Brasil).

Figura III.6 – Prova de carga em placa em profundidade. Faz-se a


observação que a placa deve ficar o mais justo possível ao diâmetro do fuste para
que não haja alívio de tensões geostáticas. Prova feita com inundação para
verificar efeito de colapsividade do solo (Macacari, 2001).

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Figura III.7 – Prova de carga à compressão em estaca tipo Hélice de Deslocamento


(Ômega) – Viga ancorada em 6 estacas convencionais escavadas a trado.

Figura III.8 – Prova de carga à tração em estaca injetada. Viga apoiada em dois
blocos sobre estacas. Viga Duplo I com espaçamento para passagem de tirante
(Fiscina, 2021).

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Figura III.9 – A) Prova de carga inclinada à compressão (http://seel.com.br


Serviços especiais de engenharia. B) Prova de carga inclinada à tração (EG
Barreto).

Figura III.10 – Prova de carga horizontal no topo. Estaca hélice contínua reagindo
contra estaca hélice contínua. Duas provas de carga sendo realizadas ao mesmo
tempo (Miranda Jr, 2006).

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Figura III.11 – Prova de carga com carregamentos simultâneos, de compressão e


horizontal (adaptado de Cury Filho, 2016).

Figura III.12 – Prova de carga em grupo de 2 estacas (Alonso, 2012A).

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Figura III.13 – Prova de carga em grupo de 3 estacas (Garcia, 2015).

Figura III.14 – Prova de carga em grupo de 4 estacas (Alonso, 2012A).

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Figura III.15 – Carregamento horizontal em profundidade em solos moles devido a


carregamentos na superfície do terreno (efeito Tschebotarioff). A) Vila dos Atletas,
RJ. B) Edifício. Praia da Toninhas. Ubatuba. SP (Souza, 2003).

Figura III.16 – Aterro construído em etapas para carregar horizontalmente, em


profundidade, 9 estacas monitoradas com inclinômetro ao longo do fuste. Projeto
do Eng. Uberescilas Fernandes Polido. (França, 2014).

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Figura III.17 – Prova de carga convencional e teste bidirecional, com célula


expansiva (macaco hidráulico) instalado na ponta e em um ponto intermediário
no fuste (Hayes, 2010).

Figura III.18 – Preparação para prova de carga, teste bidirecional, com célula
expansiva hidrodinâmica instalada na ponta. (Foto: https://arcos.eng.br/).

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Figura III.19 – Preparação para prova de carga, teste bidirecional, com 3 células
expansivas hidrodinâmicas instaladas na armadura (Barbosa, 2023).

Figura III.20 – Preparação para prova de carga, teste bidirecional, com 3 células
expansivas hidrodinâmicas instaladas na armadura (Barbosa, 2023).

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CAPÍTULO IV

ASPECTOS PRÁTICOS NA MONTAGEM DA PROVA DE CARGA

No planejamento e definição dos detalhes de uma prova de carga dois


aspectos importantes devem ser garantidos:

- A segurança da equipe técnica envolvida;

- O sucesso na obtenção dos objetivos estabelecidos para o ensaio.

Inúmeros ensaios não atingiram seus objetivos, por motivos como:


instabilização do sistema de reação; esgotamento da capacidade de carga do
sistema de reação; esgotamento do curso do êmbolo do macaco hidráulico; mau
funcionamento do macaco hidráulico/bomba hidráulica; baixa resolução do
manômetro de leitura; vibrações excessivas na obra; intempéries, entre outros.

Um projeto específico detalhado da prova de carga estática deve ser realizado


pelo projetista de fundação responsável pela obra. O projeto deve conter as
informações mínimas estabelecidas no item 6.2 da ABNT NBR 16903 (2020) –
“Prova de carga estática em fundação profunda” ou item 4.3 da ABNT NBR 6489
(2019) – “Prova de carga estática em fundação direta”. A empresa executora deve
apresentar um relatório final contendo as informações mínimas especificadas no
item 9.2 e item 4.5 destas Normas, respectivamente.

Informações da fundação a ser ensaiada devem estar disponíveis. Entre as


quais: dimensões; processo executivo; propriedades do concreto ou aço; controles
realizados na execução. Deve ser disponibilizada a sondagem de simples
reconhecimento – SPT – próxima ao local da prova de carga.

É importante que a empresa executora da prova de carga, faça uma


estimativa da carga de ruptura da fundação a ser ensaiada.

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O projetista e o solicitante do ensaio devem ser comunicados da data da


realização do ensaio. Devem ter livre acesso em todas as fases da realização da
prova de carga.

Na Figura IV.1 são apresentados alguns elementos de provas de carga.

Figura IV.1 – Elementos de uma prova de carga à compressão (Cury Filho, 2016).

Neste Capítulo IV serão abordados os seguintes itens:

IV.1 - SISTEMAS DE REAÇÃO

IV.1.1- CARGUEIRAS

IV.1.2- ESTACAS E TIRANTES DE REAÇÃO – Ensaio à Compressão

IV.1.3- ESTACAS E ELEMENTOS DE REAÇÃO – Ensaio à Tração

IV.1.4- ESTACAS E ELEMENTOS DE REAÇÃO – Carregamento Horizontal


no topo

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IV.1.5- CARREGAMENTO HORIZONTAL EM PROFUNDIDADE – Efeito


Tschebotarioff

IV.1.6- FUNDAÇÕES TRACIONADAS – ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS –


DESLOCAMENTOS – CARGA DE RUPTURA

IV.2 – POSIÇÃO DO SISTEMA DE REAÇÃO E VIGAS DE REFERÊNCIA

IV.3 - VIGAS e CAPITÉIS DE REAÇÃO

IV.4 – LIGAÇÃO ENTRE BARRAS

IV.5 – CABEÇA DA ESTACA TESTE – BLOCO – PLACA

IV.6 – CONJUNTO HIDRÁULICO – CILINDRO-BOMBA-MANÔMETRO

IV.7 – MEDIDORES DE DESLOCAMENTOS

IV.8 – VIGAS DE REFERÊNCIA

IV.9 – PROTEÇÃO DA PROVA

IV.10 – FUNDAÇÃO DIRETA - PREPARAÇÃO

IV.1 - SISTEMAS DE REAÇÃO

Para que a carga possa ser aplicada ao elemento de fundação é necessário


que se tenha uma reação em sentido contrário ao da carga. Para provas de carga à
compressão, esses sistemas podem se constituir por plataforma carregada
(cargueira) ou vigas de reação ancoradas em estacas de reação ou tirantes
executados no terreno.

O sistema de reação, conjunto de elementos para possibilitar a realização do


ensaio, deve ser projetado de maneira a assegurar a estabilidade durante a prova
de carga, devendo resistir a uma carga superior à carga máxima aplicada na prova,
conforme recomendação das Normas específicas.

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A segurança do sistema de reação deve ser verificada continuamente


durante toda a realização da prova de carga. A estrutura de reação deve ser
dimensionada para todas as solicitações impostas pela prova de carga, sendo este
quesito de responsabilidade da empresa contratada para sua realização

IV.1.1- CARGUEIRAS

Neves (2004) PC em tubulão (1954) - 3440kN -


(Alonso 2012 a)

Para prova de carga em fundação direta e fundação profunda à compressão, a


massa total para cargueiras deve ser superior em ao menos 20% a carga máxima
prevista para a prova, de acordo com: ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de
carga estática em fundação profunda; ABNT NBR 6489 (2019) – Solo – Prova de
carga estática em fundação direta.

Dois aspectos importantes devem ser considerados na decisão de se utilizar


a cargueira.

O primeiro aspecto é relativo à segurança. A história geotécnica registra


diversos acidentes e incidentes ocorridos com cargueiras devido à sua
instabilidade. No Brasil o acidente mais grave ocorreu durante a construção da
ponte Rio Niterói onde foi montada uma estrutura sobre uma plataforma com 34
tubos de grande diâmetro e 22 m de altura, preenchidos com água, para uma prova

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de 20.000kN de carga em um “estacão”, Figuras IV.1.1.A e IV.1.1.B. Houve a


instabilização do sistema e seu desmoronamento, tendo como vítimas fatais 3
engenheiros e 5 técnicos, conforme relatado no Jornal O Globo em 25/03/1970.

O segundo aspecto é relativo ao local de apoio da cargueira próximo à


fundação a ser ensaiada, cujo bulbo de tensões no subsolo pode influenciar nos
resultados, Figura IV.1.2.

Como medidas de segurança, tanto na prova de carga com cargueira, como


na prova de carga com tirantes e estacas de reação, o ideal é que:

- As medidas de deslocamento da placa/estaca sejam feitas com


transdutores, ou equipamento óptico, que permitam a leitura remota, evitando que
o técnico tenha que entrar embaixo do sistema de reação durante o ensaio.
Atualmente estes equipamentos estão disponíveis no mercado e com custo
compatível à sua finalidade. Deflectômetros analógicos (relógios comparadores)
podem ser utilizados com instalação de Webcam próxima, com leitura remota.
Também nível óptico instalado a certa distância pode ser utilizado. O mesmo para
a posição da bomba do cilindro hidráulico para aplicação dos incrementos de carga,
necessitando-se para isto uma mangueira de maior comprimento;

- A equipe técnica da prova se posicione em uma distância que, caso venha


a ocorrer o desmoronamento da cargueira, nenhuma pessoa seja atingida;

- Os deslocamentos do sistema de reação (viga; tirantes; cargueira), nos


sentidos vertical e horizontal, em vários pontos sejam verificados continuamente,
através de equipamento de leitura à distância. Se necessário, a prova de carga deve
ser interrompida.

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Figura IV.1.1.A - Montagem da prova de carga em estacão na ponte Rio Niterói (A)
(Foto cedida pelo Prof. Falcão Bauer) (Urbano, 2013); (B) Palestra Prof. Alberto
S.F.J. Sayão, PUC - RJ. Acidente ocorrido em 24 de março de 1970.

Figura IV.1.1.B - Acidente ocorrido em 24 de março de 1970 na ponte Rio Niterói


(Jornal O Globo).

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Figura IV.1.2- Bulbo de tensões podendo influir no resultado da prova de carga,


dependendo da profundidade da estaca. A análise de sua influência no ensaio
deve ser feita em cada caso.

Apresentam-se nas Figuras IV.1.3 prova de carga direta realizada com


cargueira.

Figura IV.1.3 – Cargueira para prova de carga direta (Progeo Engenharia - 2019).

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IV.1.2- ESTACAS E TIRANTES DE REAÇÃO – Ensaios à Compressão

Para provas de carga em fundações rasas e profundas, a viga de reação pode


ser ancorada em estacas de reação, tirantes monobarras ou tirantes de cordoalha.
Mais recentemente, estacas helicoidais de aço (Falconi, 2019), recuperáveis estão
sendo também utilizadas. Figuras IV.1.4 a IV.1.6. A própria estrutura de uma
edificação também pode ser usada como reação, desde que seja compatível com as
solicitações impostas. Figuras IV.1.7A a IV.1.7J.

Figuras IV.1.4A – Monobarras instaladas em estacas de reação. Realçadas com


cor amarela para evitar acidentes na obra (Unicamp, 2019).

Figuras IV.1.4B – Monobarras instaladas em estacas de reação. Realçadas com


cor amarela para evitar acidentes na obra (Unicamp, 2019)
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Figura IV.1.5- A) Tirantes de Cordoalhas instalados em capitel (Foto:


Albuquerque, P.J.R). B) Viga ancorada em tirantes para prova de carga em
estacão (Geosonda).

Figura IV.1.6A - Instalação de estaca helicoidal para servir de reação em prova de


carga. A) Falconi,2019. B) Cury Filho,2023.

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Figura IV.1.6B - Instalação de estaca helicoidal para servir de reação em prova de


carga. A) Cury Filho, 2023. B) Falconi, 2019.

Figura IV.1.7A - Tabuleiro e pilar de ponte atuando como reação. Prova de carga
em micro estaca. A) Prova de carga à compressão. B) Prova de carga horizontal.
(Lima,2008).

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Figura IV.1.7B – Ponte sobre o rio Araguaia, entre os municípios de Cocalinho


(MT) e São Miguel do Araguaia (GO).

Figura IV.1.7C - (A) estrutura em avanço do Apoio 16 e (B) destaque ao bloco a


ensaiar a estaca. Estacas tubulares de aço, diâmetro 80 cm, profundidade de 20
a 28m mais a lâmina de água, sob a OAE. (Querelli et all, 2023).
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Figura IV.1.7D – Prova de carga de 6000 kN utilizando a estrutura da ponte sobre


o rio Araguaia como reação. (A) corte da camisa e remoção do concreto. (B) leve
abertura na armadura para possibilitar inserção dos equipamentos. (C) inserção
das placas, macacos e célula de carga. (Querelli et all, 2023).

Figura IV.1.7E – Prova de carga de 6000 kN utilizando a estrutura da ponte sobre


o rio Araguaia como reação. (A) Momento das etapas de carregamento. (B)
Instante onde se estabiliza o ensaio na carga máxima. (Querelli et all, 2023).
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Figura IV.1.7F – Prova de carga de 6000 kN utilizando a estrutura da ponte sobre


o rio Araguaia como reação. (A) Barras longitudinais retornadas às suas posições
originais (B) Barras de transpasse já soldadas, reconstituindo a armação. (C)
Estribagem refeita, com espaçadores de comprimento. (Querelli et all, 2023).

Figura IV.1.7G – Prova de carga de 6000 kN utilizando a estrutura da ponte sobre


o rio Araguaia em como reação. (A) Duas metades da camisa de aço a utilizar na
recomposição. (B) Primeira metade da camisa já soldada à estaca. (C) Solda da
segunda metade para fechamento do tubo de aço. (Querelli et all, 2023).
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Figura IV.1.7H – Ponte sobre o Rio Negro. Manaus - AM.

Figura IV.1.7I – Prova de carga (36000 kN) utilizando a estrutura da ponte como
reação. Ponte do Rio Negro. Manaus – AM. (Camargo Corrêa, 2011).

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Figura IV.1.7J – Prova de carga utilizando a estrutura da ponte como reação.


Ponte do Rio Negro. Manaus – AM. (Camargo Corrêa, 2011).

Dimensionamento – Tirantes – Estacas Tracionadas

Os dimensionamentos geotécnico e estrutural dos tirantes devem obedecer


às prescrições da ABNT NBR 5629, Tirantes ancorados no terreno – Projeto e
execução.

Os dimensionamentos geotécnicos e estruturais das estacas de reação devem


obedecer às prescrições da ABNT NBR 6122 (2022), Projeto e execução de
fundações. No caso de prova de carga à compressão as estacas de reação vão ser
tracionadas, devendo, portanto, ter armadura suficiente para resistir a este tipo de
esforço. No cálculo de sua carga de ruptura deve ser levado em conta a
possibilidade de comportamento diferente entre o atrito lateral à tração e o atrito
lateral à compressão. Considerando-se a importância de estacas tracionadas em
provas de carga, apresentam-se no item IV.1.6 deste Capítulo, considerações
teóricas e práticas sobre projeto de fundações tracionadas.

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Quando o tirante não é instalado ao longo de todo o fuste da estaca de reação,


seu comprimento de ancoragem deve ser calculado conforme as prescrições da
ABNT NBR 6118 (2023) - Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Faz-se
a observação: deve-se acrescentar como segurança um comprimento adicional,
pois os valores calculados pela Norma são para condições ideais. Em campo, o
concreto na cabeça da estaca geralmente não é vibrado e pode estar contaminado
com solo.

A ABNT-NBR-6489 (2019) - Solo-Prova de carga estática em fundação direta,


estabelece que quando se utilizam estacas de reação ou tirantes ancorados no
terreno, estes elementos devem ser projetados para suportar ao menos mais 20%
a carga máxima prevista para cada tirante.

A ABNT NBR 16903 (2020) - Prova de carga estática em fundação profunda,


especifica que estes elementos devem ser em número suficiente para que o
conjunto permaneça estável na carga máxima de ensaio, não mencionando um
valor de porcentagem de carga superior a carga máxima prevista para o tirante.

É recomendável que a capacidade de carga total das estacas de reação ou


tirantes, seja superior à carga máxima imposta ao ensaio. Também, e
principalmente, que os deslocamentos impostos pelas cargas a estes elementos
sejam de pequena magnitude, de modo a não instabilizar o conjunto de reação.

Há que se considerar que os deslocamentos diferenciais destes elementos


podem inclinar a viga de reação e fazer com que as cargas não se distribuam de
maneira uniforme.

Por exemplo, para um ensaio com uma carga máxima de 2000 kN imposta à
estaca teste, em um sistema com quatro elementos de reação, devido aos
deslocamentos que podem ser diferenciais, causando inclinações diferenciais nas
vigas, as cargas podem não ser exatamente 500 kN em cada elemento. Desta
maneira, para este exemplo, não se recomenda a consideração de que cada
elemento vá ser solicitado a apenas uma carga máxima de 500 kN.

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Estabilidade Global do Sistema

Com relação à estabilidade global do sistema, a utilização de três ou mais


vigas de reação (Figura IV.1.8), ancoradas em quatro ou mais tirantes, é mais
estável que a utilização de apenas 1 viga de reação (Figura IV.1.9).

Figura IV.1.8 - Sistema de reação utilizando três vigas, ancoradas em


quatro estacas com tirantes “monobarras”. Vigas constituídas de 2 perfis I
soldados (Geoprova,2022).

A utilização de apenas uma viga facilita a instabilização do sistema, Figura


IV.1.10. Alonso (2013) sugere a colocação de estroncas laterais para evitar este
tombamento, Figura IV.1.11. Na Figura IV.1.12 apresenta-se uma prova de carga
de 10.000 kN onde a viga única esteve ligada ao guindaste durante a prova, para
minimizar o efeito de algum tombamento.

Figura IV.1.9 - Sistema de reação utilizando uma viga central, ancorada em 2


tirantes “monobarras”. Viga constituída de 2 perfis I soldados (Cury Filho, 2016).
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Figura IV.1.10 – Tombamento de viga de reação (Alonso, 2013).

Figura IV.1.11 – Viga escorada para evitar seu tombamento, causando acidentes
(Alonso, 2013).

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Figura IV.1.12 - Viga para ensaio em ‘estacão’, ancorada em dois ‘estacões’,


para carga máxima de 10.000kN no ensaio. Guindaste com cabo ligado à viga
durante toda prova para garantir a segurança em caso de tombamento
(Fundamenta Engenharia de Fundações).

Monitoramento do Sistema de Reação

É estabelecido pelas Normas que os deslocamentos do sistema de reação,


incluindo-se as cargueiras, devem ser monitorados durante o ensaio, com a
finalidade de prevenção de acidentes. Uma possibilidade para este monitoramento
é utilizar nível óptico fixo em um ponto indeslocável e fixar pontos de leitura nos
sistemas de reação, Figura IV.1.13. O nível óptico convencional ou a laser
atualmente é de preço acessível e atende este objetivo. Outra possibilidade é a
leitura de deslocamentos com deflectômetros (relógios comparadores), Figura
IV.1.14, ou transdutores de deslocamento. A instalação de vigas de referência deve
ser feita de maneira a não dificultar a mobilidade em torno do ensaio.

Um aspecto importante a se considerar é que o sistema de reação é instalado


na obra, onde há movimentação de veículos e se espera um tempo para a realização
da prova de carga. Então é importante que a área do ensaio seja sinalizada e isolada
para não haver danos ao sistema, Figura IV.1.15.

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Figura IV.1.13 – A) Nível óptico posicionado de maneira a visualizar as 4


monobarras (Geoprova). (B) Marcação na monobarra das estacas de reação para
medidas de deslocamentos (Fundatest – 2019).

Figura IV.1.14- Relógios comparadores, apoiados em vigas de referência, para


medida de deslocamento de estaca de Reação A:( Falconi,2019). B: (EG Barreto).

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Figura IV.1.15 – A) Tirante de cordoalhas danificado por trator antes da


realização da prova de carga, (França, 2011). B) Escavação após ensaio de
integridade (PIT) indicar irregularidade. Ruptura em várias estacas devido a
choque de veículos.

IV.1.3- ESTACAS E ELEMENTOS DE REAÇÃO - Ensaios à Tração

Sendo a fundação solicitada à tração, os elementos de reação recebem


esforços de compressão. Dependendo da magnitude dos esforços, a reação pode se
constituir de estacas de reação ou “fogueiras”, Figuras IV.1.16 a IV.1.20.

As “fogueiras” podem se constituir de peças de madeira, concreto ou aço,


para distribuição da carga no terreno. Quando da sua utilização deve-se verificar
se o terreno superficial tem capacidade de carga suficiente para absorver os
esforços de compressão e sofrer pequenas deformações para as cargas impostas.

O monitoramento de deslocamentos das estacas de reação e “fogueiras” deve


ser feito durante a realização de toda a prova de carga.

Para estaca de concreto ensaiada à tração deverá ser verificada a armadura


para o carregamento proposto. No caso de fundação direta, o confinamento do
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elemento (peso de solo), seja sapata ou tubulão, deverá ser verificado antes do
ensaio.

Figura IV.1.16 – Provas de Carga à tração em estacas raiz - A) Vigas apoiadas em


blocos sobre estacas (Carvalho,1991). B) Inclinada (EG Barreto).

Figura IV.1.17 – Prova de Carga inclinada à tração (Geoprova).

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Figura IV.1.18 – Prova de Carga à tração em estaca helicoidal de aço – Viga


apoiada sobre fogueira (USP – São Carlos).

Figura IV.1.19 – Prova de Carga à tração em estaca raiz – Viga apoiada sobre
vigas de aço e pranchões de madeira.

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Figura IV.1.20 – Prova de Carga à tração – Sistema de reação apoiado em fogueira


e estaca (11o Curso de Engenharia aplicada às obras de fundações e contenções,
2021. Geofix).

Figura IV.1.21 – Prova de Carga à tração – Viga de reação apoiado em estacas.


Observar estroncas laterais, por segurança, em caso de instabilização da viga.
(Alonso, 2013).

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IV.1.4- ESTACAS E ELEMENTOS DE REAÇÃO – Carregamento Horizontal


no topo

No carregamento horizontal aplicado ao topo da fundação, o elemento de


reação pode ser:

- Uma ou mais estacas ou tubulões, Figuras IV.1.22 a IV.1.24;

- O próprio terreno, Figura IV.1.25;

- Plataforma carregada, Figura IV.1.26.

A estaca ensaiada deve ter armadura de aço suficiente para resistir aos
esforços cortantes e de flexão ao longo da profundidade.

O monitoramento de deslocamentos dos elementos de reação deve ser feito


durante a realização de toda a prova de carga.

Com os deslocamentos da estaca teste e elemento de reação há risco de


instabilização dos elementos que constituem a prova de carga (macaco, célula de
carga, calços). Duas providências podem ser tomadas para minimizar este efeito:

- Preparação da cabeça da estaca circular de forma a talhar uma superfície


plana ou fazer um encaixe para a cabeça do macaco, Figura IV.1.22 e Figura
IV.1.23.

- Utilizar todos os elementos vazados (macaco, célula de carga, calços) e


passar uma barra de aço por todos eles.

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Figura IV.1.22 – Base de concreto preparada na cabeça da estaca para receber o


macaco (branco = isopor, retirado após concretagem para possibilitar encaixe do
macaco). Abertura para evitar o deslocamento horizontal/vertical do macaco.
(Miranda, 2006).

Figura IV.1.23 – Prova de Carga Horizontal em tubulão. Um tubulão reagindo


contra dois tubulões. Elementos vazados (célula; macaco; calços) com barra de
aço em toda a distância entre os tubulões. Cabeça do tubulão “talhado”, de
maneira a ficar uma superfície plana (Kassouf, 2012).

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Figura IV.1.24 – PC horizontal em perfil metálico de muro de arrimo em


construção. Macaco reagindo contra duas estacas e aplicando carga horizontal ao
perfil através de cabo de aço.

Figura IV.1.25 – Prova de Carga Horizontal – Macaco reagindo parede lateral do


solo A) 11o Curso de Engenharia aplicada às obras de fundações e contenções,
2021. Geofix. B) https://geodynamics.net.

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Figura IV.1.26 – Prova de Carga Horizontal – Macaco reagindo contra blocos de


concreto. A) https://www.facebook.com/ictvadlab/community/ B)
http://www.albatina.com/.

IV.1.5- CARREGAMENTO HORIZONTAL EM PROFUNDIDADE – Efeito


Tschebotarioff

Devido a um carregamento vertical, superficial (aterro), solos “moles” de


deslocam, provocando esforços horizontais em estacas, Figuras IV.1.27A e
IV.1.27B.

Apresenta-se nas Figuras IV.1.28 e IV.1.29, prova de carga em


profundidade, realizada durante a implantação de infraestrutura para os jogos
olímpicos de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, para testar este efeito em alguns
tipos de estaca. O carregamento foi feito através da construção de um aterro, em
etapas, enquanto seu efeito nas estacas era medido em profundidade, através de
inclinômetro.

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Figura IV.1.27– Deslocamento horizontal em profundidade provocando


ruptura de estacas. Praia das Toninhas-Ubatuba-SP (Souza, 2003 - Colapso de
edifício por ruptura das estacas: estudo das causas e da recuperação.
Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. EESC. 115 págs.).

Figura IV.1.27B– Deslocamento horizontal em profundidade provocando ruptura


de estacas. Praia das Toninhas-Ubatuba-SP (Souza, 2003 - Colapso de edifício
por ruptura das estacas: estudo das causas e da recuperação. Dissertação de
Mestrado. Universidade de São Paulo. EESC. 115 págs.).

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Figura IV.1.28– Aterro construído em etapas para carregar horizontalmente, em


profundidade, nove estacas monitoradas. Projeto do Engenheiro Uberescilas
Fernandes Polido (França, 2014).

Figura IV.1.29– Aterro construído em etapas para carregar horizontalmente, em


profundidade, nove estacas monitoradas. Projeto do Engenheiro Uberescilas
Fernandes Polido (França, 2014).
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Detalhes da realização deste procedimento de prova de carga, seus


resultados e análises encontram-se detalhados em:

- França, H.F. (2014) – Estudo teórico e experimental do efeito de sobrecargas


assimétricas em estacas. Dissertação de Mestrado. COPPE – Universidade Federal
do Rio de Janeiro, RJ. 217 págs.

- Cobe, R. P. (2017) - Comportamento de um aterro construído sobre solo


mole e sua influência no estaqueamento adjacente. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro.

IV.1.6- FUNDAÇÕES TRACIONADAS – ASPECTOS TEÓRICOS E


PRÁTICOS – DESLOCAMENTOS – CARGA DE RUPTURA

Esforços de tração vão estar presentes nas provas de carga. Na fundação a


ser ensaiada à tração e nas estacas ou tirantes de reação no caso de provas de
carga à compressão.

Diversas possibilidades de fundação à tração podem ocorrer, Figura IV.1.30.


A curva carga x deslocamento é especifica de cada caso. A superfície de ruptura
pode atingir a superfície ou não, de acordo com a profundidade, forma da fundação
e reaterro compactado, ou não, quando for o caso, Figura IV.1.31.

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Figura IV.1.30 – Superfícies de ruptura das fundações: (a) rasa em solo rígido; (b)
profunda em solo rígido; (c) rasa em solo mole; (d) intermediária em solo mole; (e)
profunda em solo mole (Martin, 1966 e 1973; apud Pacheco, 2008) (Ruver, 2011).

Figura IV.1.31 – Superfícies de ruptura em fundações corridas: Rasas (superfície


de ruptura atinge a superfície) e profundas (Meyerhof & Adams, 1968) (in
Azevedo, 2011).
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Deslocamentos – Estacas Tracionadas

Para o projeto da prova de carga à tração em estaca e no caso de estacas de


reação tracionadas, é importante se considerar que, não havendo resistência de
ponta, a carga de ruptura da estaca pode ser atingida com pouco deslocamento.

Em várias análises constatou-se atingir a carga máxima para deslocamentos


entre 20 e 30mm.

Yaegashi (2019) na análise de 43 estacas tracionadas no interior do Estado


de São Paulo, constatou mobilização de 70% ou mais de atrito lateral em:

- 72% das estacas para deslocamento de 10 mm;

- 85% das estacas para deslocamento de 15 mm;

- 93% das estacas para deslocamento de 20 mm;

- 96% das estacas para deslocamento de 25 mm.

Constatou mobilização de 90% do atrito lateral para 50% das estacas


analisadas, com deslocamentos de até 20mm. Para tubulões Orlando (1985),
Barata (1978) confirmam esta faixa de valores. Há casos em que com menos de 10
mm de deslocamento a carga de ruptura é atingida.

Portanto, é importante ficar atento aos deslocamentos das estacas de reação


durante uma prova de carga à compressão.

Desta maneira, a curva carga x deslocamento de uma estaca tracionada não


deve ser prolongar em termos de deslocamentos, ocorrendo uma inflexão com
deslocamentos inferiores aos de uma estaca ensaiada à compressão. Apresentam-
se na Figura IV.1.32A e Figura IV.1.32B resultados de provas de carga à tração em
estacas metálicas, estacas escavadas, estaca pré-moldada e estacas raiz, realizadas
no Campo Experimental da Unicamp.

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Figura IV.1.32A – A) – Provas de carga à tração em perfil I (W 250 x 32,7 mm x


kg/m); P1= 18m; P2= 18m; P3= 12m. B) Provas de carga à tração em estacas
escavadas (D= 40cm; L= 12m). Campinas, SP. (Paschoalin Filho, 2008).

Figura IV.1.32b – A) – Provas de carga à tração em estaca pré-moldada (D= 0,2m;


L= 14m; B) Provas de carga à tração em estacas raiz Campinas, SP. (Paschoalin
Filho, 2008).

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Carga de Ruptura – Estacas Tracionadas

Em termos teóricos existem algumas proposições para estacas, como


apresentado em Paschoalin Filho (2008) em sua Tese de doutorado.

Destaca-se que Biarez & Barraud (1968) propõe cálculo da ruptura à tração
(conhecido como método da Universidade de Grenoble) em que se consideram
superfície de ruptura em um ângulo λ até uma certa altura a partir da base da
estaca (λ = - θ / 8 ; onde θ = ângulo de atrito do solo), Figura IV.1.33 . Diversas
pesquisas indicam que λ tendendo a zero é o valor que mais se adaptou aos casos
em estudo, em alguns solos tropicais.

Este método considera ainda: sobrecarga no terreno; ângulo de atrito do


solo; coesão do solo; massa específica do solo circundante à estaca; peso próprio
da estaca. Em sua dissertação de mestrado Yaegashi (2019) apresenta em detalhes
este método de Biarez & Barraud (1968).

Figura IV.1.33 – Distribuições de tensões devido ao atrito (Biarez &


Barraud, 1968) (Yaegashi, 2019).

Em termos práticos, para estacas longas, pode-se admitir que a ruptura se


dá na interface estaca-solo. Assim, se calcula a capacidade de carga lateral a partir
de métodos semiempíricos desenvolvidos para estacas à compressão, podendo-se
utilizar um coeficiente de redução. Teoricamente, parte da justificativa para esta
redução se deve: na compressão a estaca se deforma lateralmente, indo de encontro

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ao solo (coeficiente de Poisson +) e na tração a estaca se ‘descola’ do solo (coeficiente

de Poisson -); na compressão a carga na estaca e as tensões verticais devido a peso

de solo atuam no mesmo sentido, de cima para baixo, enquanto na tração não.

Alguns autores utilizam a relação:

(Atrito lateral à tração) / (Atrito lateral à compressão) ≈ 70%.

Ou seja, uma redução de 30% para a tração. Existem diversas opiniões a


respeito, dentre as quais se destaca a de (Décourt, 2019) e a de Poulos (2011).

Décourt (2019) apresenta no livro Fundações Teoria e Prática (ABMS/ABEF):

“A maioria dos autores considera que o atrito lateral à tração seja inferior ao
atrito lateral à compressão. Uma relação muito utilizada é Décourt (1986 e 1995): qst
≈ 0,7qsc. Hunter e Davisson (1969) consideram qsc ≈ 1,3qst, o que equivale
aproximadamente a qst ≈ 0,77qsc. De Beer (1988), ao contrário, postula que qst ≈ qsc.
Fleming et al (1992) afirmam que, com exceção do caso de estacas muito esbeltas, a
opinião corrente é de que não há diferenças sistemáticas entre os valores de atrito
lateral à compressão e à tração. Considerando-se as diversas opiniões conflitantes,
pode-se apenas concluir que: 0,7 ≤ qst /qsc ≤ 1,0”.

Poulos (2011) no artigo “The de Mello Foundation Engineering Legacy”,


apresenta na revista Soils and Rocks (ABMS):

“É de aceitação geral que, para estacas em solos argilosos, a resistência lateral


à tração é similar à resistência lateral à compressão. Contudo, há evidências
conflituosas com relação a estacas em solos arenosos, com alguns dos primeiros
pesquisadores indicando valores similares para ambas as situações de compressão
e tração, ao mesmo tempo que outros encontraram valores à tração menores do que
à compressão”.

Um avanço significativo na compreensão deste problema deu-se por De Nicola


& Randolph (1993), que mostraram que a razão entre resistência lateral à tração e
resistência lateral à compressão, fsu/fsc, depende da compressibilidade relativa da
estaca, através do efeito de Poisson. Estes autores encontraram a relação:
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Onde: L = comprimento da estaca; d = diâmetro da estaca; η = fator de


compressibilidade adimensional = νp.tanσ.(L/d).(Gav/Ep); νp = coeficiente de
Poisson da estaca; σ = ângulo de atrito da interface estaca-solo; Gav = módulo de
cisalhamento médio ao longo do comprimento da estaca; Ep = módulo de Young do
material da estaca.

Para estacas em areias de densidade média a densa, essa razão varia


tipicamente entre 0,7 e 0,9, mas tende em direção à unidade para estacas
relativamente curtas.” (Yaegashi, 2019 – tradução do autor).

Projeto – Estacas Tracionadas

A fundação ensaiada à tração deve estar armada estruturalmente para


suportar a carga máxima da prova de carga e não armada apenas para a carga de
trabalho estabelecida no projeto.

No caso de as estacas tracionadas serem estacas de reação da prova de carga,


devem ser projetadas em número suficiente para que o conjunto permaneça estável
na carga máxima do ensaio, de acordo com a ABNT NBR 16903 (2020) – Prova de
carga estática em fundação profunda. A ABNT NBR 6489 (2019) – Prova de carga
estática em fundação direta estabelece que as estacas devem ser projetadas com
capacidade de carga admissível à tração ao menos 20% acima da carga máxima
prevista para cada estaca.

Quando utilizado, deve-se considerar a diferença entre módulo de


elasticidade à tração e à compressão do concreto. A taxa de aço na seção da estaca
tem influência significativa neste valor. No capítulo VI são apresentados valores de
módulo de elasticidade à compressão e à tração de estacas.

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Na Figura IV.1.34 apresenta-se o detalhe de uma estaca hélice contínua


utilizada como reação em uma prova de carga.

Figura IV.1.34 - Detalhe de armação para estacas escavadas de reação de uma


prova de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S).

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CAPITULO IV.2

POSIÇÃO DO SISTEMA DE REAÇÃO E VIGAS DE REFERÊNCIA.

Prova de carga em estaca - Cury Filho (2023)

Quatro aspectos importantes devem ser considerados:

A- As estacas/tirantes de reação devem ser implantadas precisamente na


posição de projeto, em relação à estaca/placa teste, para que não ocorram
excentricidades do centro da viga em relação ao centro da estaca/placa teste.

A partir de uma certa magnitude, a excentricidade pode-se tornar inviável à


realização da prova de carga, o que pode resultar na interrupção prematura e até
ocasionar acidentes, Figura IV.2.1. Esta recomendação é básica, mas
frequentemente ocorrem erros nesta etapa.

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Figura IV.2.1 – A) Instabilização da viga devido à instalação imprecisa das estacas


de reação, impossibilitando o centro do bloco coincidir com o centro da viga de
reação. B) Impossibilidade de o centro do bloco coincidir com o centro da viga,
devido à imprecisão das estacas de reação.

B- A locação inicial feita por topógrafo se perde durante a execução da estaca


teste e estacas/tirantes de reação. Na instalação das monobarras/tirantes é
importante a verificação de posição. Na falta de equipamento de topografia nesta
fase, e mesmo que tenha topografia, é recomendável utilizar pelo menos duas trenas
para fazer a triangulação, para verificação da correta posição, Figura IV.2.2A.
Situações de campo como a da Figura IV.2.2B dificultam muito a instalação exata.

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Figura IV.2.2A – Triangulação com trenas na obra para posicionar corretamente


as monobarras entre si e em relação à estaca teste. Prova de carga com quatro
estacas de reação.

Figura IV.2.2B – Situação não recomendável para instalação das monobarras.

C- As estacas/tirantes de reação, ou cargueira, devem estar a uma distância


mínima em relação à estaca teste/placa, de maneira que os esforços transmitidos
para o solo durante a prova de carga, não influenciem a estaca/placa que está
sendo ensaiada, Figura IV.2.3.
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Figura IV.2.3 – A) Esforços transmitidos ao subsolo por cargueira (PDI). B)


Esforços transmitidos ao subsolo por estacas/tirantes de reação (Neves, 2004).

Para prova de carga em fundação direta, na superfície do terreno, sem


escavação, esta distância, de eixo a eixo, deve ser ≥ 1,5 vezes o maior que lado da
placa, ou o diâmetro, obedecendo a uma distância ≥ 1,0m. Estas medidas são do
eixo da placa ao ponto mais próximo da ‘fogueira’, roda do caminhão ou bulbo de
tirantes Figura IV.2.4 e Figura IV.2.5.

Quando houver uma escavação para se atingir a cota de projeto, a distância


de eixo a eixo deve ser ≥ 1,5 m e ≥ 1,5 vezes o maior lado ou diâmetro da placa. No
caso de poços deve ser ≥ o maior lado ou diâmetro da placa mais 0,60m.

Para fundação profunda, a distância de eixo a eixo do elemento de reação à


fundação submetida a prova de carga deve ≥ 1,5m e ≥ 3 diâmetros da fundação a
ser ensaiada. Para estacas não circulares deve-se calcular o perímetro e considerar
um círculo com este perímetro, obtendo-se um diâmetro equivalente. Para
cargueiras, deve-se considerar o ponto mais próximo de apoio da cargueira para a
estaca teste e não a distância de eixo a eixo, Figura IV.2.6.

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Figura IV.2.4 – Distância mínima entre placa e estaca de reação.


Estas distâncias mínimas podem ser alteradas, para mais, pelo projetista, de
acordo com a análise do subsolo e tipo de elemento de reação a ser utilizado.

Figura IV.2.5 – Distância mínima entre a placa, ‘fogueira’, pneu de caminhão ou


bulbo de tirantes.

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Figura IV.2.6 – Distância mínima entre estacas de reação e estaca teste.

Deve-se dar atenção a sistemas de reação por tirantes, cujo processo de


injeção pode afetar significativamente o subsolo. Especial análise deve ser feita
quando estes tirantes tiverem o topo de seu bulbo de ancoragem situados acima
da cota de ponta da estaca teste, Figura IV.2.7. A. Em relação aos bulbos dos
tirantes, as distâncias apresentadas acima, devem ser majoradas.

A ABNT NBR 5629 (2018) – “Tirantes ancorados no terreno – Projeto e


execução”, em seu item B.3 – “Situação de prova de carga” especifica: “a distância
mínima entre o ponto mais próximo do bulbo e o eixo da estaca deve ser de no
mínimo três vezes o diâmetro (caso de seção circular) ou três vezes a dimensão do
maior lado (caso de seção quadrada ou retangular) e nunca inferior a 1,5 m”.
“Quando os tirantes forem ensaiados antes da realização da prova de carga, o fator
de segurança deve ser no mínimo 1,2 vezes a carga máxima atuante neles. Na
impossibilidade da execução de ensaio prévio, os tirantes devem ser projetados para
suportar, no mínimo, duas vezes a carga máxima prevista na execução da prova de
carga”.

Devem constar do projeto informações como: inclinação do tirante; limite


horizontal de ancoragem dos tirantes; limite vertical de ancoragem dos tirantes;

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comprimento do trecho ancorado dos tirantes; número de tirantes etc., Figura


IV.2.7. B.

Figura IV.2.7 – Tirantes –. A) Influência do bulbo de ancoragem na estaca teste,


Bittencourt (2022) B) Especificações de Projeto (Curso Geofix, 2021)

D- As vigas de referência são utilizadas para apoio dos medidores de deslocamentos


e devem ser fixadas no terreno a uma distância suficiente para que não sofram
movimentos durante o ensaio. Os deflectômetros ou transdutores de deslocamento
não devem ser influenciados por movimentação na obra, deslocamentos do
elemento de fundação ensaiado e elementos de reação (estaca/tirante/cargueira).

As normas ABNT NBR 6489/2019 – Prova de carga estática em fundação


direta e ABNT NBR 16903/2020 – Prova de carga estática em fundação profunda,
fixam as dimensões mínimas a serem seguidas.

Em relação à estaca teste e as estacas/tirantes de reação, as vigas de


referência devem ser fixadas a uma distância mínima de 1,5 m ou 2,5 vezes o
diâmetro da estaca teste, de eixo a eixo, Figura IV.2.8. Para provas de carga diretas
devem estar fixadas a 1,5 vez o diâmetro ou maior lado da placa, com distância
mínima de 1,0 m.

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Figura IV.2.8 – Distância mínima entre apoios da viga de referência e estaca teste
e estacas de reação.

EXCENTRICIDADE DO CENTRO DA VIGA DE REAÇÃO EM RELAÇÃO AO


CENTRO DA ESTACA/BLOCO DE COROAMENTO

Pequenas excentricidades podem ocorrer devido a imprecisões das posições


das estacas/tirantes de reação. Desde que sejam de magnitudes aceitáveis, que
não comprometam a segurança e desenvolvimento do ensaio, seus efeitos podem
ser minimizados através da instalação de uma viga de transição independente,
menor, entre o macaco/célula de carga e a viga de reação, Figura IV.2.9. e IV.2.10.

Esta viga distribui os esforços, de maneira a minimizar a excentricidade.

Mesmo com excentricidades mínimas, em situações em que que a viga de


reação tem uma grande largura em relação ao êmbolo do macaco ou célula de
carga, como mostrado nas Figuras IV.2.1 e IV.2.10, o pequeno ponto de apoio pode
instabilizar a viga. Situação diferente é a da Figura IV.2.10. B, em que as diferenças
são pequenas. Mesmo em casos deste tipo é aconselhável uma transição rígida,
para evitar danos à viga, devido a cargas altas concentradas.

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Esta viga de transição não deve ser soldada à viga de reação, para que se
tenha graus de liberdade em sua movimentação, para possibilitar o melhor ajuste
possível.

Figura IV.2.9 – Viga de transição, independente, entre bloco e viga de reação.

Figura IV.2.10 – A) PC em Placa. Conjunto placa, macaco, calços, célula de


carga e viga de transição. Viga larga → necessidade de viga de transição. B)
conjunto bloco, macaco, calços, célula de carga é rótula. Viga estreita → não
necessária, mas aconselhável uma viga de transição.
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CAPITULO IV.3

VIGAS / CAPITÉIS DE REAÇÃO

As vigas de reação são os elementos ancorados nas estacas/tirantes de


reação e que recebem a carga do macaco hidráulico em seu centro.

É importante que sejam dimensionadas para cargas superiores à carga


máxima prevista para sua utilização.

Não devem ser dimensionadas considerando-se que trabalham simplesmente


como uma viga bi apoiada, corretamente na horizontal, com uma carga
perfeitamente centrada. Durante o ensaio, os elementos de reação
(monobarras/tirantes) podem se deslocar de maneira diferencial, conduzindo a
distribuição de esforços não uniformes. O macaco hidráulico, posicionado
exatamente no centro do bloco, pode não aplicar a carga exatamente no centro da
viga, devido às imprecisões de locação do sistema de reação, produzindo também
distribuição de esforços não uniformes.

A viga deve ser projetada por profissional habilitado em estruturas metálicas,


considerando-se que ocorrerão esforços não uniformes de flexão, cortante e torção.
É comum em vigas utilizadas em provas de carga, elementos enrijecedores nas
laterais e chapas de aço adicionais na parte central, Figura IV.3.1. Acidentes podem
ocorrer quando os esforços supra não forem considerados, Figura IV.3.2.

É importante o acompanhamento da inclinação da viga no sentido


longitudinal e lateral durante a prova de carga. Isto pode ser feito facilmente com
níveis de bolha comuns utilizados em construção civil, colocados em alguns pontos
da viga, Figura IV.3.3

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Figura IV.3.1 – Elementos de aço de reforço nas laterais e em cima e em baixo da


viga (Unicamp).

Figura IV.3.2 – Rompimento de elementos durante provas de carga.

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Figura IV.3.3 – Níveis de bolha para acompanhamento de inclinação da viga no


sentido longitudinal e lateral.

Para cargas mais elevadas é comum a utilização de capitéis (também


conhecidos com Capacete/Chapéu), onde se utilizam vários tirantes inclinados,
Figura IV.3.4.

A quantidade e dimensões das vigas e sua distribuição vai depender da carga


máxima a ser aplicada na prova. O sistema mais estável é o de vigas ancoradas em
quatro elementos de reação, formando uma disposição retangular.

Apresentam-se nas Figuras IV.3.5 a IV.3.15 algumas montagens de provas


de carga com diferentes vigas de reação.

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Figura IV.3.4- Prova de carga p/30.000kN - Capitel metálico (16 tirantes c/10
cordoalhas de 15,7 mm) (Estaca Barrete – 80 x 315cm) (Alonso, 2012 A) (Geofix –
TestGeo).

Figura IV.3.5 – Prova de carga à compressão para 2.000kN – 3 vigas duplo I


ancoradas em 4 tirantes (Geoprova).
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Figura IV.3.6 – Prova de carga à tração. Observar espaço entre duas vigas para
permitir passagem do tirante (Carvalho, 1991). Viga apoiada em 2 blocos sobre
estacas.

Figura IV.3.7 – Prova de carga de carga à tração em estaca escavada. Devido a ser
viga única, sem furo central, observar sistema de vigas pequenas em cima e em
baixo para transmissão da carga (Unesp, Bauru).
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Figura IV.3.8 – Viga para ensaio em estacão, ancorada em dois estacões, para
carga máxima de 10.000kN no ensaio. Guindaste com cabo ligado à viga durante
toda prova para garantir a segurança (Fundamenta Engenharia de Fundações).

Figura IV.3.9 – 4 tirantes de reação comprimindo 2 vigas de reação. A viga


inferior aplica a carga na cabeça da estaca (Geosonda).

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Figura IV.3.10 – 4 vigas de reação ancoradas em 8 monobarras. Prova de carga


em estacão para 5.000 kN (Geofix).

Figura IV.3.11 – Provas de carga em estacas tubulares de aço de grande


diâmetro para até 9000 kN, para obras industriais na entrada do canal do Porto
de Santos / Guarujá – SP (Teknier.com.br).

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Figura IV.3.12 – Prova de carga à compressão – duas vigas ancoradas em quatro


tirantes (Projeto Consultoria de Engenharia Ltda).

Figura IV.3.13 – Prova de carga à compressão – Vigas laterais ancoradas em 8


tirantes (Fundatest).

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Figura IV.3.14 – Prova de carga à compressão – Vigas em X (Instrumentec).

Figura IV.3.14 – Prova de carga à compressão – Utilização de 2 monobarras em


cada estaca de reação (Módulos Engenharia).

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CAPITULO IV.4

LIGAÇÃO ENTRE BARRAS

Para agilidade na obra o ideal é que se utilize barras com roscas contínuas
para a união entre duas monobarras. Algumas empresas produzem estas barras e
fornecem o conjunto completo, constituído de luvas de emendas, placa de
ancoragem e porca de ancoragem, Figura IV.1. Aços especiais com tensão de
escoamento de até 950 MPa (≈95 kgf/mm2) são disponíveis comercialmente.

Figura IV.4.1- Sistema constituído de duas monobarras, luva, placa de


ancoragem e porca de ancoragem (Catálogo Dywidag, 2023).

É possível produzir em oficina, para uma obra específica, as roscas nas


pontas das barras, luvas, placas de ancoragem e porcas. Neste caso deve ser feito
o adequado dimensionamento.

É importante ressaltar que todos os elementos devem ter uma segurança


adicional em relação a carga máxima prevista para eles na prova de carga. Na
Figura IV.4.2 apresentam-se dois casos de ruptura dos passos de luva, provocando
o desmoronamento de todo o sistema de reação.

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Figura IV.4.2- A) Passos da luva rompidos durante uma prova de carga utilizando
8 monobarras como reação. B) Passos de luvas rompidos durante uma prova de
carga com quatro monobarras de reação.

Desde que corretamente projetado pode-se utilizar sistema de cavilhas para


fazer a ligação entre as barras, Figura IV.4.3 e Figura IV.4.4, ou luvas prensadas,
Figura IV.4.5.

Figura IV.4.3- Prova de carga à tração em estaca raiz. Sistema de ancoragem


utilizando cavilhas para prender as barras da armação de uma estaca raiz em
uma placa de aço.

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Figura IV.4.4- Prova de carga à tração em estaca raiz. Sistema de ancoragem


utilizando cavilhas para prender as barras da armação de uma estaca raiz em
uma placa de aço (Foto: João Vitor A. Zambelli, 2022).

Figura IV.4.5 – Transferência de carga das barras de estaca raiz para um tirante
usando luvas prensadas (Alonso, 2012 A).

Chama-se atenção que na ligação entre duas monobarras com luva, as monobarras
devem ser rosqueadas até o meio da luva. É questão elementar, mas pode-se não
dar atenção a este aspecto na prática. Uma orientação é que seja feita uma marca
na monobarra, para indicar até onde deva ser rosqueada, Figura IV.4.6.
Existem luvas com trava no meio. Isto garante que a barra não vai passar
deste ponto, mas não garante que será rosqueada até o meio. Na Figura IV.4.7
apresenta-se a instabilização do sistema de reação devido aos passos da luva terem

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se rompido, verificando-se que a monobarra não foi rosqueada até o meio da luva
de ligação.

Figura IV.4.6- Marcação na barra indicando até onde deve ser rosqueada.

Figura IV.4.7- Instabilização do sistema de reação devido ao rompimento dos


passos da luva. Barra não rosqueada até o meio da luva.

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Faz-se o alerta que as monobarras de rosca contínua, para suportar maior


capacidade de carga, são feitas com aço especial que geralmente não aceitam solda.
Para qualquer utilização de solda deve-se verificar o tipo de aço da barra e em caso
de dúvida fazer uma consulta ao fabricante. O mesmo vale para trilhos que são
utilizados em obras.

A ABNT NBR 6489/2019 – Prova de carga estática em fundação direta,


estabelece que “as emendas nos elementos tracionados devem ser feitas com luva
ou solda e nunca apenas por transpasse, seguindo as prescrições da ABNT NBR
6118/2014 – Projeto de estruturas de concreto-procedimento e ABNT NBR
8548/1984 – Barras de aço destinadas a armaduras para concreto armado com
emenda mecânica ou por solda-determinação da resistência à tração-método de
ensaio”.

Para cada situação deve-se analisar a melhor solução a ser adotada. Nas
Figuras IV.4.8 e IV.4.9 apresentam-se sistemas de ligação entre trilho e perfil
metálico a serem submetidos a provas de carga à tração. Na Figura IV.10
apresentam-se barras de aço soldadas a estacas metálicas de reação. Na Figura
IV.11 a Figura IV.13 são mostradas ligações articuladas com a estaca metálica de
reação. Na Figura IV.4.14 apresenta-se projeto de perfis metálicos utilizados como
reação, com ligação articulada. Nas figuras IV.4.15 a IV.4.17 apresentam-se
detalhes de ligação de viga metálica com tirante através de sistema tipo ‘capacete’.
Na Figura IV.4.18 apresenta-se sistema de ligação de uma monobarra à viga de
reação utilizando vigas menores de transição (Geoprova).

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Figura IV.4.8- Garra metálica acoplada a trilho. Luva soldada à garra e


monobarra rosqueada à luva (Paschoalin Filho,2008).

Figura IV.4.9- Garra metálica acoplada ao perfil. Luva soldada à garra. Luva
soldada à garra e monobarra rosqueada à luva (Paschoalin Filho,2008).

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Figura IV.4.10 – Barras de aço soldadas, ancorando as estacas metálicas à viga


de reação (SETE Engenharia).

Figura IV.4.11 – Ligação articulada, com a estaca metálica de reação


(https://www.sondotec.com).

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Figura IV.4.12 – Preparação para ligação articulada na estaca metálica de reação


(Cury Filho, 2023)

Figura IV.4.13 – Ligação articulada na estaca metálica de reação (Cury Filho,


2023)

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Figura IV.4.14 – Projeto de perfis metálicos utilizados como reação. Ligação


articulada. Exemplo de um detalhe utilizado para um perfil W200 x 86 para um
ensaio à compressão de 260 tf (tração 260 / 4 = - 65 tf) (Módulus Engenharia).

Figura IV.4.15 – Sistema tipo ‘capacete’ em estaca metálica, para ancorar a


monobarra de reação à tração (SETE Engenharia).
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Figura IV.4.16 – Sistema tipo ‘capacete’ em estaca metálica, para ancorar a


monobarra de reação à tração (SETE Engenharia).

Figura IV.4.17 – Projeto de sistema tipo ‘capacete’ em estaca metálica, para


ancorar a monobarra de reação à tração (SETE Engenharia).
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Figura IV.4.18 – Sistema de ligação de uma monobarra à viga de reação


utilizando vigas menores de transição (Geoprova).

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CAPITULO IV.5

TOPO DA ESTACA TESTE

IV.5.1 – TEMPO DE ESPERA PARA REALIZAÇÃO DO ENSAIO

Cinco aspectos básicos devem ser considerados:

A- Os esforços aplicados em uma prova de carga são superiores à carga de


trabalho da estaca prevista em projeto, podendo ser duas vezes superiores ou mais.
Sendo assim, a estaca deve estar armada suficientemente e com concreto de
resistência adequada, para que os esforços não comprometam sua integridade
estrutural. A resistência característica de projeto do concreto deve ser verificada
por ensaio de compressão, de acordo com as especificações da ABNT NBR 5739
(2018) – Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos.

Apresentam-se na Figura IV.5.1A as rupturas do topo de estacas durante a


prova de carga.

Figura IV.5.1 A – A) Unicamp B) Eu Geotécnico.

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B- O concreto do topo de estaca moldada in loco pode não estar de boa


qualidade ou contaminado com solo, Figura IV.5.1B. Se este for o caso, na
preparação para receber o bloco de coroamento, deve-se remover este trecho
comprometido. Para estacas cravadas deve ser verificado se o processo de
instalação não danificou o topo. Se for o caso, o trecho comprometido deve ser
removido.

Figura IV.5.1 B – Concreto contaminado (11o Curso de Engenharia aplicada às


obras de fundações e contenções, 2021.Geofix).

C- Antes da realização da prova de carga em estaca moldada in loco deve-se


aguardar o tempo necessário para que a resistência do elemento estrutural esteja
adequada para a carga máxima a ser aplicada.

D- Em termos geotécnicos a ABNT NBR 16903/2020 – Solo – Prova de carga


estática em fundação profunda, estabelece que “entre a instalação da estaca e a
realização da prova de carga deve-se aguardar, no mínimo, 10 dias para solos de
comportamento coesivo e 3 dias para solos de comportamento não coesivo”.
Conforme exposto anteriormente, para estacas moldadas in loco, o tempo mínimo
deve ser aquele para o elemento estrutural adquirir a resistência de projeto.

E- Cumpridos os tempos mínimos no aspecto geotécnico e estrutural a prova


de carga pode ser realizada. Em situações em que se queira analisar ganho (set up)
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ou perda (relaxação) de resistência com o tempo, efeito do atrito negativo e outros,


o projetista deve estabelecer o tempo de espera para a realização da prova de carga.

IV.5.2 – COROAMENTO - BLOCO ou PLACA METÁLICA

Os seguintes aspectos básicos devem ser considerados:

- O bloco de coroamento ou chapa metálica na cabeça da estaca deve estar


projetado para a carga máxima da prova de carga e não para a carga de trabalho
prevista em projeto da estaca.

- Deve ser enviado para a obra o projeto detalhado do bloco, com


especificações do concreto, vibração etc. Se for o caso do emprego de chapa
metálica, deve-se especificar suas dimensões, espessura, detalhamento de
soldagem e fixação.

- O centro do bloco deve estar precisamente coincidindo com o centro da


estaca, Figura IV.5.2. É evidente esta orientação. Porém, por vezes se observa
excentricidade do bloco em uma direção, em relação ao centro da estaca, o que
pode impedir a continuidade da prova de carga devido ao tombamento do bloco
para um lado.
As medidas dos deslocamentos horizontais do bloco, pelo menos em duas
direções ortogonais, juntamente com as medidas dos deslocamentos verticais no
topo, colaboram com a segurança da prova de carga, Figura IV.5.3A. A verificação
de deslocamento horizontal do bloco, juntamente com deslocamentos verticais
diferenciais bem acentuados, entre um lado e outro do bloco, podem indicar
tendência à ruptura, Figura IV.5.3B.

- Antes da realização da prova de carga deve-se aguardar o tempo necessário


para que a resistência do concreto do bloco esteja adequada para a carga máxima
a ser aplicada. A resistência característica de projeto do concreto deve ser verificada
por ensaio de compressão, de acordo com as especificações da ABNT NBR 5739
(2018) – Concreto - Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos.
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- Após a cura do concreto e desforma, observa-se que a superfície superior


do bloco tem certa irregularidade e não é perfeitamente plana. Este fato é uma
condição que pode conduzir o êmbolo do macaco hidráulico ficar inclinado para
um lado. Como o ensaio pode alcançar cargas elevadas, é importante que a
superfície esteja nivelada e lisa. O ideal é que após a desforma se faça uma
regularização, utilizando uma pequena forma de madeira, da parte superior do
bloco, com uma argamassa resistente. Na Figura IV.5.4 apresentam-se dois blocos
com a superfície superior regularizadas.

- Para situações em que haja grande desproporção entre o diâmetro do


cilindro hidráulico e as dimensões do bloco, para evitar concentração de tensões
elevadas em pequena área, é recomendável um chapa de aço, de espessura
adequada, de maneira a distribuir melhor a tensão, Figura IV.5.5.

- Pode-se usar chapas de aço, devidamente dimensionadas, na cabeça da


estaca, em substituição ao bloco. Para estacas moldadas in loco a cabeça da estaca
tem que ser preparada adequadamente de maneira a ficar plana. Nas estacas de
aço e pré-moldadas de concreto o ajuste fica mais fácil, Figura IV.5.6.

Figura IV.5.2 – A) Posicionamento do centro do bloco no Centro da Estaca Teste e


conferindo o centro em relação a quatro estacas de reação, utilizando duas
linhas. B) Caixa do bloco sendo posicionada antes da concretagem.

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Figura IV.5.3 – A) Medida de deslocamento lateral do bloco. B) Topo da estaca


rompida devido à inclinação do bloco (Unicamp)

Figura IV.5.4 – Superfície do bloco regularizada com argamassa, com utilização


de forma de madeira para nivelar.

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Figura IV.5.5 – Placa de aço entre cilindro e bloco para melhor distribuição da
carga no bloco A) Dynamis Techne. B) Brasfond

Figura IV.5.6 – Placa de aço no topo de estaca, em substituição ao bloco de


concreto. A) Foto Yuri Barbosa. B) https://www.sondotec.com

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Figura IV.5.7 – Placa de aço fixada à estaca metálica (Cury Filho, 2023).

Figura IV.5.8 – Projeto para fixação de placa de aço em estaca metálica (Módulus
Engenharia).
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Figura IV.5.9 – Bloco executado fora do centro da estaca (Cury Filho, 2023).

Figura IV.5.10 – Rompimento do bloco durante prova de carga (Cury Filho, 2023).

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Figura IV.5.11 – Fissuras no bloco devido ao carregamento na prova de carga


(Cury Filho, 2023).

Figura IV.5.12 – Bloco rompido durante a prova de carga (Cury Filho, 2023).
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CAPITULO IV.6

CONJUNTO HIDRÁULICO. CILINDRO – BOMBA – MANÔMETRO.

Cilindro hidráulico, bomba hidráulica e manômetro compõem o conjunto


hidráulico da prova de carga. A calibração deve ser do conjunto (macaco – bomba
– manômetro). Devem ser calibrados em laboratório acreditado, no máximo a cada
6 meses, de acordo com a ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de carga estática
em fundação profunda.

O relatório da prova de carga deve apresentar uma vista em planta e corte


da montagem, identificando os equipamentos de medição de força e aplicação de
carga.

O relatório deve apresentar também os certificados de calibração do conjunto


hidráulico. O laboratório para calibração deve pertencer à Rede Brasileira de
Calibração (http://www.inmetro.gov.br/laboratorios/rbc/). A calibração é para o
conjunto manômetro e bomba e se houver troca de um elemento uma nova
calibração deve ser feita.

Para esta calibração devem ser seguidas as prescrições das:

- ABNT NBR 8197 (2021) - Materiais metálicos – Calibração de instrumentos


de medição de força de uso geral;

- ABNT NBR 14105-1 (2013) - Medidores de pressão – Parte 1: Medidores


analógicos de pressão com sensor de elemento elástico – Requisitos de fabricação,
classificação, ensaios e utilização;

- ABNT NBR 14105-2 (2015) - Medidores de pressão – Parte 2: Medidores


digitais de pressão – Requisitos de fabricação, classificação, ensaios e utilização.

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IV.6.1 – CILINDRO HIDRÁULICO

A carga na prova de carga pode ser aplicada por um ou mais cilindros, Figura
IV.6.1. Os seguintes aspectos devem ser considerados:

- O cilindro ou conjunto de cilindros, conforme especificado por Norma,


devem ter capacidade de aplicar valores acima da carga máxima prevista para o
ensaio. A ABNT NBR 6489 (2019), para fundações diretas, estabelece ao menos
20% superior. A ABNT NBR 16903 (2020), para fundações profundas, estabelece
ao menos 10% superior.

- Por segurança e para que a prova de carga não tenha que ser interrompida
prematuramente, é conveniente que o êmbolo do cilindro tenha um curso mínimo
adequado.

Figura IV.6.1 – Provas de carga com um e mais cilindros hidráulicos.


A)http://fundatest.com.br B) http://www.teknier.com.br/

A ABNT NBR 16903 (2020) estabelece para fundações profundas: “O curso


do êmbolo do cilindro deve ser no mínimo igual a 10 % do diâmetro equivalente da
seção transversal da estaca e não inferior a 50 mm”. Obs.: Estes 50 mm podem não
ser suficientes, pois além dos deslocamentos da fundação ensaiada ocorrem a
movimentação do sistema de reação. Isto devido a: ajustes iniciais do sistema de
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reação; deslocamentos relativos à flexão da viga de reação; deslocamentos das


estacas/tirantes de reação durante o ensaio. Estes deslocamentos podem ser
significativos e ‘consumir’ parte considerável do curso do êmbolo do cilindro.

Na encomenda de cilindros hidráulicos novos, recomenda-se especificar pelo


menos 150 mm de curso do êmbolo. Isto possibilita, quando especificado pelo
projetista e em pesquisas, deslocamentos maiores em carregamentos cíclicos e em
situações comuns de provas de carga.

A ABNT NBR 6489 (2019), para fundações diretas, estabelece: “O curso do


êmbolo deve ser compatível com os deslocamentos máximos esperados entre o topo
da placa e o sistema de reação”.

- Na compra de um novo cilindro recomenda-se o de dupla ação, Figura


IV.7.2, com abertura para duas mangueiras, pois se utiliza a bomba hidráulica
tanto para elevar o êmbolo, como para retorná-lo à posição inicial após o ensaio.
Com a utilização contínua etc., pode haver dificuldades em fazer retornar o êmbolo
manualmente no cilindro de simples ação.

- O cilindro vazado, Figura IV.6.2, possibilita a realização de ensaios de


tração e ensaios de compressão.

- O cilindro hidráulico é um equipamento que com as manutenções


adequadas tem longa vida útil. A opção por êmbolo com maior curso, sistema de
dupla ação e cilindro vazado, não oneram significativamente o custo.

Figura IV.6.2 – A) Cilindro hidráulico de dupla ação (https://b2b.nowak.com.br). B)


Cilindro hidráulico vazado.
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IV.6.2 – BOMBA HIDRÁULICA

A bomba hidráulica pode ser manual ou elétrica, Figura IV.6.3.

A bomba elétrica facilita a realização do ensaio. Dois aspectos devem ser


considerados:

- É necessária energia elétrica para seu funcionamento.

Pode-se estabelecer em contrato a responsabilidade da obra em fornecer


energia elétrica durante o ensaio. Energia estável para que não haja ‘falhas’
durante a execução da prova de carga.
A empresa executora deve possuir gerador para a execução da prova de carga
em lugares desprovidos de energia elétrica.

- Por vezes a bomba tem que ficar ligada durante 24 horas ou mais. Podem
ocorrer problemas de aquecimento etc. Também exigem mais manutenção que a
bomba manual.

Antes de sua aquisição, recomenda-se pesquisar uma empresa com


experiência e qualidade, que garanta as condições de funcionamento contínuo por
mais de 24 horas e de fácil acesso à manutenção quando necessário.

Figura IV.6.3 – Bomba hidráulica manual e elétrica (Foto


https://dynamistechne.com/)

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IV.6.2 – MANÔMETRO

O manômetro mede a pressão do fluído no conjunto hidráulico. A partir de


calibração se correlaciona esta pressão com a carga aplicada pelo cilindro
hidráulico.

Podem ser analógicos ou digitais, Figura IV.6.4. Suas marcações ou escalas


devem permitir leituras no intervalo máximo de 0,5 MPa (5 kgf/cm2).

A prova de carga é realizada com incrementos de carga a cada determinado


tempo. Cada incremento de carga deve ser representado por pelo menos duas
marcas da escala no manômetro analógico.

Quando se utiliza célula de carga (ver Capítulo VII), a carga aplicada é medida
de maneira mais precisa e se trabalha com os valores de carga fornecidos por ela.
Mesmo com a utilização da célula de carga é importante se ter o manômetro em
boas condições para o acompanhamento da prova, como uma segunda leitura de
carga e para eventuais problemas com a célula de carga.

Figura IV.6.4 – Manômetro analógico e digital

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CAPITULO IV.7

MEDIDORES DE DESLOCAMENTOS

Os medidores de deslocamentos, deflectômetros, são os instrumentos


utilizados para medir os deslocamentos da fundação ensaiada e do sistema de
reação durante a prova de carga.

O relatório da prova de carga deve apresentar uma vista em planta e corte da


montagem, identificando os dispositivos de leitura de deslocamentos e as vigas de
referência. O certificado de calibração dos medidores de deslocamentos deve ser
apresentado antes do início do ensaio e anexado no relatório final. Qualquer
perturbação durante o ensaio que interfira nas leituras deve constar no relatório.

Sua calibração deve ser feita no máximo a cada 12 meses, por laboratório
acreditado, conforme especificado no item 5.2 da ABNT NBR 16903 (2020) – Prova
de carga estática em fundação profunda

Podem ser analógicos, digitais, Figura IV.7.1 e transdutores de


deslocamentos, Figura IV.7.2. Os analógicos são também referenciados como
relógios comparadores.

Devem ser instalados no topo da fundação ensaiada, em número de quatro,


dispostos em eixos ortogonais. Não podem ser influenciados pelas movimentações
da fundação em ensaio, nem do sistema de reação. Devem, portanto, terem suas
bases sobre vigas de referência, apoiadas a uma distância mínima de 1,5 m ou 2,5
vezes o diâmetro da estaca teste, de eixo a eixo, ou, para provas de carga diretas,
devem estar fixadas a 1,5 vez o diâmetro ou maior lado da placa, com distância
mínima de 1,0 m. Distâncias estas que também devem ser obedecidas em relação
a estacas de reação. Estas especificações são apresentadas no Capítulo IV.8 – Vigas
de Referência.

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Figura IV.7.1 – Deflectômetros analógicos e digitais.

Figura IV.7.2 – Transdutores de deslocamento.

Transdutores de deslocamentos transmitem as leituras diretamente para o


equipamento de aquisição de dados, facilitando a leitura. Porém, um
acompanhamento visual mais direto do que está acontecendo com o bloco fica
dificultado. Sendo assim, sempre que se utiliza estes transdutores, recomenda-se
a instalação de pelo menos um deflectômetro analógico (relógio comparador), para

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o acompanhamento visual mais direto do deslocamento do bloco e também para o


caso de falha no sistema de transdutores.

Sua resolução mínima deve ser de centésimo de milímetro (0,01mm) e ter um


curso mínimo de 50 mm. Também estão disponíveis no mercado cursos de 75mm
e 100mm. Cursos maiores que 50mm podem auxiliar quando se necessita levar a
prova de carga a maiores deslocamentos.

São utilizados também para monitorar os deslocamentos do sistema de


reação. Podem ser instalados horizontalmente para medidas de deslocamento do
bloco neste sentido.

O número de quatro deflectômetros pode ser reduzido para dois na realização


de provas de carga horizontais, Figura IV.7.3. De preferência devem ser instalados
na mesma altura da aplicação de carga do centro do cilindro hidráulico. Quando
há diferença de altura entre a base do solo em que a estaca será solicitada
horizontalmente, o eixo da carga aplicada e a posição dos medidores de
deslocamento, correções dos valores obtidos precisam ser feitas (Ver Capítulo
V.6.7).

Figura IV.7.3 – Prova de carga horizontal. Utilização de dois deflectômetros.

Para facilitar a leitura de deflectômetro analógico, uma Webcam pode ser


instalada próxima e sua imagem transmitida a um notebook, Figura IV.7.4A.

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Também pode ser usado um nível óptico que pode ser instalado a alguns
metros de distância, Figura IV.7.4B.

Figura IV.7.4 – Leitura dos deflectômetros analógicos com utilização de Webcam


(https://dynamistechne.com/).

Figura IV.7.4 – Leitura dos deflectômetros analógicos com utilização de nível


óptico.

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A superfície entre a ponta do relógio e o bloco de coroamento precisa ser


preparada para a melhor precisão do equipamento, Figura IV 7.5.

É padrão a utilização de bases magnéticas articuladas para facilitar sua


instalação, Figura IV.7.6. Diversos modelos estão disponíveis no mercado.

Os medidores de deslocamento e sua base magnética são instrumentos


delicados e onerosos. Cuidados no manuseio, transporte e armazenamento devem
ser tomados.
Por ser um trabalho de campo, após o ensaio é comum o relógio e sua haste
estar com poeira e até resíduos de óleo. É importante sua limpeza após o uso para
garantir o bom funcionamento no próximo ensaio e maior vida útil. Se a haste de
deslocamento não estiver bem limpa, pode acontecer o seu travamento durante o
ensaio.

Figura IV.7.5 – Superfície preparada para o apoio da ponta da haste.

No caso de provas de carga horizontais, pode-se medir a inclinação em


profundidade através de utilização de inclinômetro. Neste caso, o tubo com guias
para descida do inclinômetro deve ser instalado antes da concretagem no interior
da estaca, Figura IV.7.7.

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Figura IV.7.6 – Bases magnéticas para utilização com os deflectômetros.

Figura IV.7.7 – A) Inclinômetro e Caixa de leitura. B) Introdução do inclinômetro


no tubo guia no interior da estaca (Kassouf, 2012).

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CAPITULO IV.8

VIGAS DE REFERÊNCIA

As vigas de referência são instaladas para servirem de apoio aos


deflectômetros.

O relatório da prova de carga deve apresentar uma vista em planta e corte


da montagem, identificando a posição das vigas de referência.

Podem ser de material metálico ou madeira. As vigas metálicas são mais


utilizadas devido à facilidade de se utilizar bases magnéticas para os
deflectômetros. Tubo de aço industrial Metalon pode ser utilizado, tendo a
vantagem de baixo peso e baixa influência da temperatura, em relação às barras
maciças de aço, Figura IV.8.1

A ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de carga estática em fundação


profunda e a ABNT NBR 6489 (2019) – Solo – Prova de carga estática em fundação
direta, especificam:

Devem estar apoiadas em bases fixadas no solo, Figura IV.8.2. Os pontos de


apoio devem obedecer às distâncias mínimas, Figura IV.8.3 e Figura IV.8.4:

- Para ensaio em estacas, em relação à estaca teste e reações, no mínimo


1,5m e ≥ 2,5 vezes o diâmetro da estaca teste.

- Para ensaio em placas, no mínimo 1,0m do centro da placa e ≥ 1,5 vezes o


maior lado da placa ou diâmetro.

Seus pontos de apoio devem estar livres de vibrações.

A viga de referência como um todo deve estar protegida do sol e de ações do


vento. A ação do sol em vigas metálicas pode produzir deformações significativas,
que vão influenciar as medidas dos deflectômetros.

Durante a prova de carga precisam de proteção, como fita zebrada fixada à


distância. Somente pessoas autorizadas devem acessar o local, Figura IV.5. Medida
importante para que ninguém esbarre na viga de referência, provocando a

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paralisação do ensaio. É comum isso acontecer quando medidas preventivas não


são tomadas.

Figura IV.8.1 – Tubos de aço – Metalon.

Figura IV.8.2 – Bases fixadas no solo para apoio da viga de referência. A) base
metálica fixada no solo com controle de altura. B) Base em madeira fixadas no
solo.

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Figura IV.8.3 – Distâncias mínimas da viga de referência – Fundação profunda.

Figura IV.8.4 – Distâncias mínimas – Fundação direta (Teknier).

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Figura IV.8.4 – Proteção das vigas de referência com fita zebrada.

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CAPITULO IV.9

PROTEÇÃO DURANTE O ENSAIO

A prova de carga deve ser protegida da melhor maneira possível de qualquer


tipo de perturbação.

Deve-se providenciar estrutura de proteção (barraca) no entorno da prova de


carga.

Em relação à fundação ensaiada não podem haver vibrações em um raio de


30m.

Entre as causas de perturbação incluem-se:

- Movimentação de pessoas que podem encostar nas vigas de referência,


alterando as leituras dos deflectômetros. Tipo de proteção, como ‘fita zebrada’ é
necessária.

- Trepidações provocadas por veículos e outros tipos de equipamento. Sendo


a prova de carga feita em obra em andamento, uma boa opção é realizá-la no final
de semana, com a obra parada. Também, montar o ensaio durante o dia e iniciar a
partir das 16hs, para provas de carga rápidas. Para provas de carga com
carregamento lento, iniciar na sexta feira no final da tarde.

- Ventos e chuvas podem influenciar as vigas de referência e deflectômetros,


alterando as leituras. Podem dificultar e tornar desagradável presença dos técnicos
no ensaio.

- Calor excessivo. Pode influenciar no bom funcionamento dos equipamentos


de leitura e tornar o ambiente desagradável para a presença de pessoas. A lona ou
plástico de cobertura deve ter espessura suficiente para não passar os raios de sol.

Apresentam-se nas Figuras IV.9.1 a IV.9.3 situações de provas de carga bem


estruturadas e na Figura IV.9.4 situações com calor excessivo durante o ensaio
devido aos raios de sol passando pela proteção plástica inadequada e grande
variação de temperatura a noite. Quando solicitado pelo projetista as condições
climáticas, de temperatura etc., devem ser apresentadas no relatório da prova de
carga.
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Na prática ocorrem situações como as da Figura IV.9.5. O acesso ao local,


bem como uma área razoável no terreno em torno da prova de carga deve ser
cuidadosamente preparada, visando a segurança e o sucesso na realização do
ensaio.

Qualquer irregularidade em relação ao previsto inicialmente no projeto da


prova de carga e irregularidades durante o ensaio devem ser apresentadas no
relatório final.

Figura IV.9.1 – Proteção da prova de carga. A) Fundatest. B) Trio Engenharia.

Figura IV.9.2 – Proteção da prova de carga. (A) TegPort. (B) Geofix (2021).

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Figura IV.9.3 – Proteção da prova de Carga (Geoprova)

Figura IV.9.3 – Grande variação de temperatura na prova de carga. Calor


excessivo durante o dia (400C), devido à cobertura plástica não ser adequada. 70C
a noite.

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Figura IV.9.5 – Obra 1. Obra 2. Situações que podem ocorrer antes de uma prova
de carga. O acesso ao local, bem como uma área razoável no terreno em torno da
prova de carga deve ser cuidadosamente preparada, visando a segurança e o
sucesso na realização do ensaio.

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CAPITULO IV.10

PROVA DE CARGA EM PLACA – PREPARAÇÃO

(Fonte Jr, 2016)

Placa é definida pela ABNT NBR 6489 (2019) – Prova de carga estática em
fundação direta, como um elemento de concreto armado ou aço, com diâmetro ou
lado mínimo de 0,30m.

Devem ser dimensionadas:

- De acordo com a ABNT NBR 8800, Projeto de estruturas de aço e de


estruturas mistas de aço e concreto de edifícios, ou ABNT NBR 6118 (2023), Projeto
de estruturas de concreto – Procedimento.

- Com rigidez suficiente para que as tensões, devido às cargas aplicadas pelo
cilindro hidráulico em seu centro, sejam distribuídas uniformemente sob a placa,
Figuras IV.10.1 e IV.10.2.

- Para cargas superiores ao dobro da tensão admissível (tensão máxima


adotada em projeto) prevista para o solo do local do ensaio.

A superfície do terreno para apoio da placa deve estar nivelada. Para facilitar
o nivelamento é permitida a utilização de lastro de concreto magro ou colchão de
areia, com espessura máxima de 2,5 cm, Figura IV.10.3.

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Figura IV.10.1 – Placa de aço com enrijecedores.

Figura IV.10.2 – Placa (sapata) de concreto (Miozzo, 2007)

O local do ensaio, bem como sua profundidade, deve ser definido pelo
projetista e constar no projeto da prova de carga. A partir da definição do local e
durante a preparação da prova, todos cuidados devem ser tomados para que o solo
não sofra alterações em seu estado de tensões ou modificação de sua composição
natural. Deve ser definido um local e profundidade que represente as sapatas mais
significativas da obra a ser construída.

Tanto no projeto como na apresentação do relatório final da prova de carga,


devem constar o diâmetro ou larguras da placa, sua espessura e material

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constituinte. Se for de concreto, suas características estruturais devem ser


apresentadas.

Figura IV.10.3 – Nivelamento do terreno para apoio da placa (Unicamp).

No caso de ser necessário a abertura de um poço para se atingir a cota de


ensaio, devem ser seguidas as prescrições das:

- ABNT NBR 6489 (2019) – Prova de carga estática em fundação direta (itens
4.3.8, 4.3.9 e 4.3.10)

- NR 18 – Norma regulamentadora NR-18 para a indústria da construção.

A Portaria No 3.733, de 10 de fevereiro de 2020 aprova a nova redação da


Norma Regulamentadora No 18 – Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da
Construção. Estabelece que escavações para tubulões a céu aberto devem ter uma
abertura de no mínimo 0,90m, serem limitados a 15m, devendo ser encamisados.
Proíbe a execução de tubulões a ar comprimido.

Apresentam-se nas Figuras IV.10.4, IV.10.5 e IV.10.6, provas de carga abaixo


do nível natural do terreno.

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Figura IV.10.4 – Prova de carga em profundidade – USP – São Carlos (Macacari,


2001).

Figura IV.10.5 – Prova de carga em profundidade (http://www.geoquality.com.br).

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Figura IV.10.6 – Prova de carga abaixo do nível do terreno – Sistema de reação em


tirantes de cordoalhas (Progeo Engenharia).

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CAPITULO IV.11

INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

Figura IV.11.1 – Sondagem SPT próxima a uma prova de carga a ser realizada na
Unicamp (Sondosolo)

A caracterização do subsolo é de fundamental importância para o êxito de


uma prova de carga e deve fazer parte de seu projeto.

A investigação do subsolo mínima exigida é a sondagem de simples


reconhecimento (SPT), Figura IV.11.1, realizada conforme especificações da ABNT
NBR 6484 – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio.
Informações mínimas devem ser apresentadas: “índice de resistência à penetração
(SPT); identificação e caracterização das camadas do subsolo; posição do(s) nível(is)
d’água encontrado (s) e a(s) respectiva(s) data(s) de observação(ões)”.

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De acordo com as condições do subsolo e cargas do projeto a ser implantado,


a critério do projetista, outras sondagens SPT podem ser solicitadas para
complementar as informações iniciais, bem como outros tipos de ensaios de campo,
como o ensaio de penetração estática do cone (CPTu); dilatômetro de Marchetti
(DMT); pressiômetro de Menard (PMT); ensaios sísmicos etc.; Figuras IV.11.2 a
IV.11.9. Em casos de solos especiais, como colapsíveis, expansivos, de alta
deformabilidade etc., ensaios laboratoriais podem ser solicitados.

A boa interpretação da prova de carga e a melhor aplicação de seus


resultados ao projeto se relaciona diretamente com a proximidade das sondagens
em relação a fundação ensaiada e de sua representatividade do terreno.

Para provas de carga em fundações diretas, a NBR 6489 (2019) especifica


que “em relação ao centro da placa, a distância máxima da sondagem deve ser 5m
e não mais que 10 vezes o diâmetro ou menor lado da placa. A profundidade da
sondagem deve ser superior ao ponto em que o bulbo de tensões atinge 10% da
tensão admissível de projeto a ser aplicada na superfície”.

Para provas de carga em fundações profundas a NBR 16903 (2020) não


especifica distância numericamente, orientando que a posição da estaca teste deve
ser definida pelo projetista e deve estar dentro do perímetro investigado pelas
sondagens.

No projeto da prova de carga deve constar a carga máxima a ser aplicada


bem como o valor da carga de trabalho. É prudente que a partir das sondagens,
tipo de estaca e carregamento máximo especificado, a empresa executora verifique
a exequibilidade do que está sendo proposto no projeto.

O relatório da prova de carga deve conter a posição das sondagens realizadas


em relação à fundação ensaiada.

Em seu livro “Ensaios de Campo e suas aplicações à Engenharia de


Fundações” os Professores Fernando Schnaid e Edgar Odebrecht apresentam em
detalhes a sondagem SPT e demais ensaios de campo normalmente utilizados
(Schnaid e Odebrecht, 2102), Figura IV.11.10 A.

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A publicação da ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e


Ambiental – “Investigações Geológicas e Geotécnicas – Guia de Boas Práticas”
apresenta a sondagem SPT e importantes informações sobre investigações
geológicos e geotécnicas (Monticelli, 2021), Figura IV.11.10 B.

Figura IV.11.2 – Ensaio de Cone com medida de pressão neutra (CPTu)

Figura IV.11.3 – Resultados do ensaio CPTu – Resistência de ponta (qt); atrito


lateral (fs); medida de poropressão (u), indicando o nível d’água a partir de 4m.

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Figura IV.11.4 – Dilatômetro de Marchetti. A) Equipamento B) realização do


ensaio em profundidade. (Damasco Penna).

Figura IV.11.5 – Dilatômetro de Marchetti. Resultados do Ensaio. (Damasco


Penna)

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Figura IV.11.6 – Ensaio CrossHole – Palestra Unicamp – Gandolfo (2023)

Figura IV.11.7 – Ensaio CrossHole – Palestra Unicamp – Gandolfo (2023)

Figura IV.11.8 – A) Livro Geofísica Aplicada (Souza & Gandolfo – 2021). B) Livro
Sondagens (Dickran Berberian).
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Figura IV.11.9 – Pressiômetro de Menard

Figura IV.11.10 – A) Livro Ensaios de Campo (Schnaid e Odebrecht, 2102). B)


Livro Investigações Geológicos-Geotécnicas – ABGE (Monticelli, 2021).

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CAPITULO IV.12

COMPLEMENTOS – MONTAGEM E REALIZAÇÃO DA PROVA

Recomenda-se a leitura de:

Manuais e Congressos (SEFE) da ABEF – Associação Brasileira de Empresas


de Engenharia de Fundações e Geotecnia.

Publicações e Congressos da ABMS - Associação Brasileira de Mecânica dos


Solos e Engenharia Geotécnica.

Publicações e Manuais do DFI – Deep Foundation Institute –


(https://www.dfi.org/).

ASTM - American Society for Testing and Materials:

- D1143/D1143M – 20 - Standard Test Methods for Deep Foundation


Elements Under Static Axial Compressive Load.

- D3689/D3689M – 22 - Standard Test Methods for Deep Foundation


Elements Under Static Axial Tensile Load 1.

- D3966/D3966M – 07 - (Reapproved 2013) 1 Standard Test Methods for


Deep Foundations Under Lateral Load.

Eurocodes: Building the future – European Commission


(https://eurocodes.jrc.ec.europa.eu/EN-Eurocodes/eurocode-7-geotechnical-
design):

- EN 1997-1:200 - Eurocode 7: Geotechnical design - Part 1: General rules.

- EN 1997-2:2007 - Eurocode 7: Geotechnical design - Part 2: Ground


investigation and testing.

GCP-18 (2015) – Static pile load test manual. Geotechnical control procedure
(GCP-18). Department of Transportation. New York. 57 pgs.

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(https://www.dot.ny.gov/divisions/engineering/technical-services/technical-
services-repository/GCP-18b.pdf).

Handbook of pile load testing. Federation of Piling Specialists. 29 pgs.


(https://www.fps.org.uk/).

Yassuda, C.T (1985) – Problemas executivos em provas de carga. SEFE I –


Seminário de Engenharia de Fundações Especiais. Vol. 2. Pgs. 146 – 160.

Linkins, G. (2015) Pile testing – State of the Art. In: SEMINÁRIO DE


ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS E GEOTECNIA - SEFE, 8, 2015, São
Paulo. Anais... São Paulo: ABEF. p.1-17.

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V – CURVA CARGA X DESLOCAMENTO

Neste Capítulo serão abordados:

V.1 – Introdução

V.2 – Apresentação da Curva

V.3 – Sucesso do ensaio– Deslocamentos mínimos – Estacas

V.4 -Tipos de Carregamento – Influência na forma da curva

V.5 - Forma – Trechos da Curva – Estacas

V.5.1 - Vargas (1978)

V.5.2 – Massad (1992/1993)

V.5.3 – Décourt (2019)

V.5.4 - Milititsky (2015)

V.5.5 – Efeito do Grupo de Estacas

V.6 – Forma da Curva – Fundações Diretas

V.6.1 – Resistência e composição do solo – Curva – Fundações Diretas

V.6.2 – Umidade e tipo do solo – Curva – Fundações Diretas

V.6.3 – Dimensões da placa – Curva - Fundações Diretas

V.6.4 – Profundidade do Ensaio – Curva – Fundações Diretas

V.7 – Carregamento Horizontal – Projeto – Curva

V.7.1 – Introdução – Horizontal - Carregamento no Topo

V.7.2 – Mobilização de Resistência – Horizontal

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V.7.3 – Projeto da Prova de Carga Horizontal

V.7.4 – Efeito da Umidade do Solo Superficial - Horizontal

V.7.5 – Efeito do Bloco de Coroamento - Horizontal

V.7.6 – Efeito da Forma da Estaca – Horizontal

V.7.7 – Efeito do ponto de aplicação da carga – Horizontal

V.8 – Curva Carga x Deslocamento – Tração – Carga de Ruptura

V.1 – INTRODUÇÃO

A curva carga x deslocamento é a informação básica que se obtém de toda


prova de carga. No caso de prova de carga instrumentada em fundação profunda,
se obtém também a carga na ponta e a carga absorvida por atrito lateral.

A partir da obtenção da curva carga x deslocamento na prova de carga,


procura-se obter:

- Deslocamento na carga de trabalho;

- A carga de ruptura (valor geralmente “convencionado” por algum critério);

- Parcelas relativas a carga na ponta e carga lateral de estacas.

Sendo assim, é importante o entendimento da curva carga x deslocamento.


Para que haja mobilização de resistência é necessário o deslocamento da fundação.
Deslocamentos que vão se acumulando em cada estágio de carga até atingirem
certa magnitude que podem caracterizar a ruptura.

Como resultados práticos de provas de carga, entre as possibilidades,


destacam-se três tipos de situações:

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A- Um pequeno acréscimo de carga conduz a grandes deslocamentos,


evidenciando a ruptura da ligação estaca – solo. Mantendo-se a carga, os
deslocamentos não cessam, conduzindo a valores teoricamente infinitos. Na Figura
V.1 apresenta-se uma prova de carga em trilho onde se caracterizou a ruptura (A)
e uma prova de carga em estaca hélice contínua, com deslocamentos de 70mm,
indicando a proximidade da ruptura (B).

Figura V.1 – (A) Prova de carga em estaca tipo trilho, onde se caracteriza a
ruptura (Cury Filho, 2016) e (B) prova de carga em estaca hélice contínua
indicando a proximidade da ruptura (deslocamento de 70mm) (Alledi, 2013).

B- A prova de carga foi interrompida, com certa magnitude de deslocamento,


permanecendo estável para o estágio de carga. Nesta situação, se a carga neste
estágio se aproxima da provável carga de ruptura da estaca (PEstágio > 70% PRuptura)
a utilização de métodos de extrapolação para previsão da carga de ruptura, podem
trazer bons resultados. Na Figura V.2A apresenta-se uma prova de carga em estaca
hélice contínua com deslocamentos de 24mm, onde não se caracterizou a ruptura.

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As definições de carga de ruptura, carga convencionada e método de


extrapolação, são apresentadas no Capítulo VI.

C- A prova de carga foi interrompida ainda com cargas bem inferiores à


provável carga de ruptura da estaca e pequenos deslocamentos. Neste caso não é
possível a utilização de métodos de extrapolação. Para esta situação, a aplicação
de métodos de previsão de carga de ruptura pode conduzir a erros graves. Na Figura
V.2B apresenta-se uma prova de carga em estaca hélice contínua com
deslocamentos de 7,5mm.

Figura V.2 – A) Prova de carga em estaca hélice contínua (D= 30cm; L= 9m), com
deslocamentos de 29,9mm, onde não se caracteriza ruptura. Há a possibilidade
de utilização de métodos de extrapolação da curva para previsão da carga de
ruptura (Paludeto, 2022). B) Prova de carga em estaca hélice contínua (D= 30cm;
L=9m), com pequenos deslocamentos (4,5mm) onde não é possível prever por
extrapolação a carga de ruptura. Houve ruptura estrutural do fuste da estaca,
impedindo a continuidade da prova (Paludeto, 2022).

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V.2 – APRESENTAÇÃO DA CURVA

Visualmente, dependendo da escala da curva carga x deslocamento, pode-se


ter impressões diferentes do resultado da prova de carga.

É importante a padronização na apresentação da curva.

É estabelecido por Norma que a apresentação deve ser em uma escala em que
a reta que liga a origem ao ponto correspondente à carga de trabalho estimada tenha
uma inclinação de 200 ∓ 50 com o eixo das cargas.

Na Figura V.3A apresenta-se a mesma curva carga x deslocamento em


escalas diferentes.

Na Figura V.3B apresenta-se a mesma curva em escala normal e escala


logarítmica, prática esta não estabelecida em Norma.

Na Figura V.3C apresenta-se curva carga x deslocamento com inclinação de


200 na carga de trabalho, obtida utilizando-se planilha Excel Disponível no Drive
de download deste livro.

Pela discrepância visual apresentada, verifica-se assim a importância da


padronização na apresentação da curva.

Ressalta-se aqui a observação de Fellenius (2023), que será apresentada e


discutida em maiores detalhes no Capítulo VI (Interpretação da Curva Carga x
Deslocamento):

“A interpretação da curva carga x deslocamento deve ser baseada em alguma regra


matemática e gerar um valor de carga de ruptura repetível, que seja independente
de relações de escala, julgamentos e capacidade de visão de um intérprete
individual. Existem métodos gráficos que dependem do julgamento individual e da
escala do gráfico. Mudando-se a escala e a forma de análise, o valor da capacidade
de carga também muda. A interpretação de uma prova de carga pode ser
influenciada por muitos fatores, mas a maneira de desenhar não deve ser
uma delas. Sem uma definição adequada, a interpretação torna-se um
empreendimento sem sentido”.
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Figura V.3A – Mesma curva carga x deslocamento em escalas diferentes. A)


inclinação de 7o na carga de trabalho. B) inclinação de 20o na carga de trabalho,
como preconiza a Norma.

Figura V.3B – Mesma curva carga x deslocamento em escalas diferentes.

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Figura V.3C – Curva carga x deslocamento com inclinação de 200, obtida


utilizando-se planilha Excel (Freitas, 2023) (Disponível na pasta “Planilhas.Excel
no Link do Drive deste livro -
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1Ne5RFbIroKOlt7nSa-fXkoT-eWxL98YZ).

V.3 – SUCESSO NO ENSAIO – DESLOCAMENTOS MÍNIMOS

A curva carga x deslocamento é o registro de como a estaca se comportou.


Nela está contida a mobilização do atrito lateral e a mobilização de resistência de
ponta para cada estágio de carga.

A resistência lateral é uma função da força de cisalhamento desenvolvida


entre a estaca e o solo, mobilizada à medida que a estaca se desloca. Em contraste,
a resistência de ponta é função do deslocamento devido à compressão do solo na
da ponta da estaca, que pode ser mobilizada por diferentes superfícies de ruptura,
como a da Figura V.4, dependendo do tipo de solo e tensões geostáticas na ponta.

Portanto, mobilização de resistência lateral e mobilização de resistência de


ponta são dois processos distintos.

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Figura V.4 – Mecanismos de ruptura (adaptado de Terzaghi, 1943)

Análises realizadas indicam que com o deslocamento, da ponta da estaca


(dPonta = dTopo – encurtamento elástico), de até 30mm, para certo número de estacas,
uma parcela significativa do atrito lateral máximo da estaca é mobilizada. Não é
regra e tem exceções.

Com relação a deslocamentos medidos no topo é importante considerar a


observação de Décourt (2008a):

“No caso de estacas rígidas (curtas), o deslocamento da ponta pode ser


confundido com o deslocamento do topo, sem que grandes erros sejam cometidos. Já
no caso de estacas flexíveis (longas), como por exemplo as estacas de Dubai,
relatadas por Poulos (2007), com 40m de comprimento e 0,90m de diâmetro, as
deformações elásticas representam quase que a totalidade dos recalques medidos”.

Décourt (2019) escreve: “As deformações necessárias à mobilização do atrito


lateral máximo são muito inferiores às necessárias ao desenvolvimento da reação de
ponta. Tipicamente, estas deformações estão entre 5 e 30mm, os menores valores
correspondendo a estacas de diâmetros pequenos em solos argilosos. Em qualquer
caso, a deformação elástica da estaca se constitui obviamente, em limite inferior para
essas mobilizações”.

Para se atingir mobilização significativa da reação de ponta o deslocamento


da ponta precisa ser maior. No mínimo 10% do diâmetro para estacas cravadas e
da ordem de 30% do diâmetro para estacas escavadas. Décourt (2019) apresenta:
“No caso de estacas escavadas, não há propriamente uma ruptura física, pelo menos
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até deformações da ordem de grandeza do diâmetro da estaca. Há como que um


“amassamento progressivo do solo”, sendo a carga de ruptura convencional em areia
definida como a carga correspondente a uma deformação de 30% do seu diâmetro,
Vesic (1975a), De Beer (1988)”.

Como exemplo, em uma estaca cravada com 50cm de diâmetro, é necessário


50mm de deslocamento para uma mobilização significativa da resistência de ponta.

Se for uma estaca moldada in loco, é necessário 150mm de deslocamento.


Deslocamentos desta magnitude não são usuais em provas de carga. Porém,
recomenda-se levar o ensaio até um deslocamento que permita uma mobilização
significativa de atrito lateral e resistência de ponta, para que seja possível utilizar
com confiança métodos de extrapolação da curva.

A mobilização de atrito lateral e resistência de ponta ocorrem


simultaneamente. Porém, nos deslocamentos iniciais ocorre uma predominância
de atrito lateral, para depois ocorrer uma predominância de resistência de ponta.
Décourt (2019) denomina estas fases de “domínio de atrito” e “domínio de ponta”,
respectivamente

Uma retrospectiva de diversas opiniões a respeito de deslocamentos


necessários para mobilização de atrito lateral e reação de ponta é encontrada em
Décourt (1993, 1995).

Pelo exposto, evidencia-se a necessidade de conduzir a prova de carga a uma


magnitude de deslocamento mínima para que seja possível uma boa interpretação.

Apresentam-se na Figura V.5A, Figura V.5B, Figura V.5C e Figura V.5D as


curvas de mobilização de atrito lateral e resistência de ponta para estacas hélice
contínua instrumentadas. Observa-se que enquanto o atrito lateral tende a uma
estabilização a partir de determinado deslocamento, a resistência de ponta ainda
está aumentando.

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Figura V.5A – Mobilização de atrito lateral e resistência de ponta em uma estaca


hélice contínua instrumentada (D= 0,30m; L = 9m). Campinas, SP (Paludeto,
2022).

Figura V.5B – Mobilização de atrito lateral em três estacas hélice contínua


instrumentadas (D= 0,40m; L = 12m). Campinas, SP (Albuquerque, 2001).

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Figura V.5C – Mobilização de resistência de ponta em três estacas hélice


contínua instrumentadas (D= 0,40m; L = 12m). Campinas, SP (Albuquerque,
2001).

Figura V.5D – Mobilização de atrito lateral e resistência de ponta em uma estaca


hélice contínua instrumentada (D= 0,40m; L = 11,85m). Vitoria, ES (Alledi, 2013).

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V.4 – TIPOS DE CARREGAMENTO – INFLUÊNCIA NA FORMA DA CURVA

A forma da curva é influenciada pelo tipo de carregamento na prova de carga.

As provas de carga usuais no Brasil e previstas em Norma, são as com carga


controlada, em que são aplicados estágios de carga até se atingir a carga máxima
prevista para o ensaio, ou se atingir deslocamentos que caracterizem a ruptura.
Provas de carga com deslocamentos controlados são utilizadas em outros países.

O carregamento pode ser lento, rápido, misto ou cíclico (lento ou rápido).

Há a proposta do ‘Método do Equilíbrio’ publicada pelo Professor Francisco


de Resende Lopes na revista Soils & Rocks (Lopes et al, 2021), por enquanto não
constando em Norma.

O tipo de carregamento que melhor representa a realidade do comportamento


do conjunto estaca-solo é o carregamento lento, onde se dá o tempo necessário
para os deslocamentos ocorrerem em cada estágio de carga durante o ensaio,
Figura V.6A.

No carregamento rápido os deslocamentos são inferiores aos do ensaio lento,


Figura V.6A. Portanto, podem comprometer uma análise de recalques.

A diferença de deslocamentos entre o carregamento rápido e o lento depende


do tipo de solo em que o ensaio é realizado, podendo ser pequena como em alguns
solos porosos não saturados, como podem ser maiores em solos mais dependentes
do tempo para estabilizar os deslocamentos.

O carregamento misto é o ensaio com carregamento lento seguido pelo


carregamento rápido. O carregamento lento é levado até 1,2 vezes a carga de
trabalho da fundação e após conclui-se o ensaio com o carregamento rápido. Neste
caso ocorre uma descontinuidade da curva, Figura V.6B e Figura V.6C.

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Figura V.6A – Provas de carga lenta (SML) e rápida (QML). Prova–de carga
em placa. São Carlos, SP (Costa, 1999).

Figura V.6B – Prova de carga com carregamento misto. Descontinuidade da


curva a partir do carregamento rápido. Descontinuidade da curva a partir do
carregamento rápido. Prova de Carga com carregamento misto em placa (Costa,
1999).

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Figura V.6C - Descontinuidade da curva. Prova de carga com carregamento misto


em bloco quadrado de fundação (1,0 x 1,0m) (Décourt, 2008a).

No carregamento lento a carga é aplicada em estágios iguais e sucessivos e


não pode ser superior a 20% da carga de trabalho prevista para a fundação
ensaiada. A carga deve ser mantida até a estabilização dos deslocamentos conforme
critério definido pelas Normas de provas de carga no mínimo por 30 min.

No carregamento rápido a carga é aplicada em incrementos iguais e


sucessivos e não pode ser superior a 10% da carga de trabalho prevista para a
fundação ensaiada. Após a manutenção da carga por 10 minutos no estágio, aplica-
se novo incremento de carga. Em casos especiais, como esforços cíclicos, este
tempo pode ser reduzido para 5 minutos, a critério do projetista

Os procedimentos detalhados de como conduzir a prova de carga são


apresentados pelas Normas de provas de carga em fundações profundas e
fundações diretas, ABNT NBR 16903 (2020) e ABNT NBR 6489 (2019),
respectivamente.

V.5 – FORMA – TRECHOS DA CURVA – ESTACAS

Pesquisadores ao longo dos anos vêm se dedicando ao estudo da curva carga x


deslocamento. Destacam-se: Vargas (1978); Massad (1992); Décourt (2019).

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Apresentam-se a seguir uma breve informação das pesquisas destes autores,


encontrando-se a análise completa nos trabalhos originais. Formas de curvas, de
acordo com o tipo de subsolo etc., são apresentadas por Militstik (2005).

V.5.1 – VARGAS (1978)

Considerou a curva composta de três trechos, Figura V.7.

Figura V.7 – Trechos da curva (Vargas, 1978).

- Trecho I – elástico-linear: região de quase linearidade entre carga e recalque;

-Trecho II – elasto-plástico: região de deformação elasto-plástica onde os


recalques são função da velocidade de carregamento e onde aparecem os
fenômenos de relaxação;

- Trecho III – ruptura: região onde o recalque aumenta indefinidamente com


pequenos (ou sem) acréscimos de carga; trecho onde se define a carga de ruptura
da estaca.

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Este conteúdo, com o cálculo analítico da transferência de carga, é


apresentado pelo Professor Milton Vargas na Revista Geotecnia: “Uma experiência
brasileira em fundações por estacas – 1a parte – Teoria das estacas verticais
carregadas axialmente”. Sociedade Portuguesa de Geotecnia, no 23, 1978. 31p.

V.5.2 – MASSAD (1992-1993)

Mostra que a curva teórica carga x deslocamento no carregamento apresenta


quatro trechos bem definidos, delimitados por pontos notáveis, conforme
apresentado na Figura V.8.

Figura V.8 – Curva carga x deslocamento Teórica. Trechos da curva (adaptado de


Massad, 1992).

Trecho 0-3: trecho retilíneo correspondente à fase pseudo-elástica de


mobilização de atrito lateral. O ponto 3 representa o momento em que atrito lateral
atingiu o valor máximo na cabeça da estaca;
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Trecho 3-4: este trecho apresenta-se na forma de curva correspondente à


“plena mobilização” do atrito lateral ao longo do fuste, isto é, do topo (ponto 3) em
direção à ponta (ponto 4);

Trecho 4-5: neste trecho a relação carga x deslocamento no topo volta a ser
linear, correspondendo à mobilização da resistência na ponta;

Trecho 5-6: trecho no qual ocorre a ruptura da ponta.

No descarregamento existem três trechos bem distintos:

Trecho 6-7: trecho retilíneo associado ao trecho pseudo-elástico da volta;

Trecho 7-8: trecho que corresponde à “plena mobilização” do atrito no


sentido reverso, contrário à subida da estaca;

Trecho 8-9: trecho retilíneo associado ao “rebound” franco da ponta.

Na figura V.9 apresenta-se a aplicação do proposto por Faiçal (1992) a uma


estaca metálica.

Este conteúdo, com equacionamentos dos trechos, é apresentado pelo Prof.


Dr. Faiçal Massad na Revista Soils and Rocks:

– Sobre a interpretação de provas de carga em estacas considerando as


cargas residuais na ponta e a reversão do atrito lateral. Parte I: Solos relativamente
homogêneos”. Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica. V.15, n.2. p. 103-115. 1992

– Sobre a interpretação de provas de carga em estacas considerando as


cargas residuais na ponta e a reversão do atrito lateral. Parte II. Estacas embutidas
em camada mais resistente. Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica. V.16, n.2. p. 93-112. 1993.

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Figura V.9 – Curva da prova de carga e curva calculada. Estaca metálica tubada –
São Paulo (L= 20,6m; D= 0,34m) (adaptado de Massad, 1992).

V.5.3 – DÉCOURT (2019)

Décourt propõe a análise da curva em termos de rigidez. Apresenta o método


de rigidez, com a construção do gráfico de rigidez e equacionamentos, para a
obtenção de: carga de ruptura convencionada; domínio da carga lateral e domínio
da carga de ponta.

A curva carga (Q) x deslocamento (d) da prova de carga é plotada em forma


de gráfico de rigidez, com os valores de cargas na abscissa e valores de rigidez (Q/d)
na ordenada, Figura V.10.

A rigidez é definida como a relação (carga / deslocamento). Tende a zero para


grandes deslocamentos, caracterizando a ruptura. Décourt analisa a curva de

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rigidez em termos de domínio do atrito e domínio de ponta. O trecho linear indica


a parte predominantemente por atrito e a parte não linear a parte de ponta.

O Método de Rigidez de Décourt será apresentado em detalhes no Capítulo


VI.

Figura V.10 – Curva carga x deslocamento e gráfico de rigidez.

V.5.4 – MILITITSKY (2015)

Em seu livro “Patologia de Fundações” Milititsky et al (2015) apresentam


alguns comportamentos típicos de curvas carga x deslocamento de estacas. Na
Figura V.11 e Figura V.12 apresentam-se dois destes comportamentos.

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Figura V.11A – A) Ruptura de concreto de má qualidade em estaca durante


a prova de carga (adaptado de Milititsky, 2015). B) Ruptura do fuste de estaca
hélice contínua (D = 0,30 m; L = 9 m) em um deslocamento de 4,5 mm,
Campinas, SP (Paludeto, 2022).

Figura V. 11B – A) Vazio (ou solo solto) em ponta de estaca fechado durante
o deslocamento da mesma em prova de carga (adaptado de Milititsky, 2015). B)
Estaca escavada convencional (L = 10 m; D = 0,50 m). Na ponta SPT = 9. Areia
argilosa. São Carlos, SP (Mantilla, 1992).

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V.5.5 – EFEITO DO GRUPO DE ESTACAS

A eficiência do grupo em termos de capacidade de carga e em termos do


recalque do grupo, comparativamente a estaca isolada, pode ser analisada através
de prova de carga em grupo e estaca isolada. Soares (2011) em sua Tese de
Doutorado apresenta estudo a respeito de grupos de estacas e radier estaqueado
com estacas hollow auger, Figura V.12A e Figura V.12.B. Garcia (2015) em sua
Tese de Doutorado apresenta estudo a respeito de grupos de estacas e radier
estaqueado com estacas escavadas, Figura V.12C.

Figura V.12A – Curvas Carga x Deslocamento dos Grupos de estacas. Estacas


hollow auger (D= 0,30m, L= 4,5m) (Soares, 2011)

Figura V.12B – Curvas Carga x Deslocamento do Radiers estaqueados. Estacas


hollow auger (Soares, 2011).

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Figura V.12C – Curvas Carga x Deslocamento dos Grupos de estacas. Estacas


escavadas (D= 0,25m, L= 5,0m) (Garcia, 2015).

V.5.6 – EFEITO DA VARIAÇÃO DE UMIDADE E SATURAÇÃO DO


SOLO – ESTACAS

Particularmente em estacas curtas implantadas em solos de alta


porosidade, muitos colapsíveis, o efeito da umidade pode ser significativo,
como apresentado na Figura V.12D.

Figura V.12D – Estacas com 4m e 8m de comprimento. Efeito da variação de


umidade (Marques et al, 2021).
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V.6 – FORMA DA CURVA – FUNDAÇÕES DIRETAS

A forma da curva depende:

- da resistência e composição do solo suporte;

- do tipo e umidade do solo suporte;

- do tamanho e forma da placa de ensaio;

- da profundidade do ensaio.

V.6.1 – RESISTÊNCIA E COMPOSIÇÃO DO SOLO – CURVA

FUNDAÇÕES DIRETAS

O Mecanismo de Ruptura condiciona a forma da curva. Dependendo do tipo


e resistência do solo, podem ocorrer ruptura geral, ruptura local e ruptura por
puncionamento.

Na ruptura geral há uma superfície bem definida de uma das bordas da


fundação até a superfície do terreno, Figura V.13A. Há elevação do solo ao redor
da fundação. A ruptura geral ocorre em solos mais resistentes como areias
compactas e argilas rijas. A ruptura é bem definida, com um ponto de carga
máxima com posterior decréscimo.

Na ruptura local a superfície de deslizamento se inicia como a da ruptura


geral, mas não atinge a superfície do terreno, ocorrendo até certo ponto no interior
do maciço, Figura V.13B. Ocorre em solos de resistência intermediária, como areias
medianamente compactas e argilas médias. A curva tensão x deslocamento
apresenta uma forma mais branda que o caso de ruptura geral, não apresentando
um pico de resistência. O deslocamento aumenta com o carregamento até que a
carga atinja o que é usualmente chamado de primeira carga de ruptura. Neste
momento a superfície de ruptura desenvolvida no solo é semelhante àquela com
linhas cheias da figura V.13 B. Se a carga na fundação é aumentada, a curva se
torna mais íngreme e errática com o progresso da superfície de ruptura para cima
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(mostrada na linha tracejada na figura V13 B). Quando a carga de ruptura é


atingida, a superfície atinge a superfície do solo. Além deste ponto a curva toma
uma forma linear e uma carga de pico não é observada.

Na ruptura por puncionamento a fundação experimenta deslocamentos de


forma intensa sem afetar o solo externo à área carregada, Figura V.13C. Ocorre em
solos muito compressíveis como areias e argilas porosas. A curva tensão x
deslocamento apresenta uma forma mais branda que o caso de ruptura geral e
ruptura local, não apresentando um pico de resistência. Uma placa circular
apresenta para um mesmo solo, um modo de ruptura mais próximo de punção (ou
localizada) que uma placa corrida.

Velloso & Lopes (2016) e Das (2009) apresentam em maiores detalhes os


mecanismos de ruptura para fundações superficiais.

Nas Figuras V.14, V.15 e V.16 apresentam-se curvas carga x recalque de


provas de carga para solos superficiais com SPTs iguais a 4, a 13 e a 30,
respectivamente.

Figura V.13 – A) ruptura geral B) ruptura local C) ruptura por


puncionamento (Adaptado de Vesic,1975).
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Figura V.14 – A) Prova de carga em placa em solo superficial compressível.


SPTMédio = 4. Argila porosa não saturada; porosidade = 70%. Campinas-Unicamp.
B) Prova de carga próxima, com meio metro de solo compactado abaixo da placa,
simulando base para piso industrial. (Lopes,2016)

Figura V.15 – Prova de carga em sapatas de concreto. SPTMédio = 13. Argila


Arenosa. Porosidade ≈ 50% (Miozzo,2007).

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Figura V.16 – 4 Provas de carga em placa. SPTMédio = 30. Na base de 30


subsolo de edifício, a 8m de profundidade. (Argila silto arenosa; SPTMédio = 30).
São Paulo. (Noguchi,2012).

V.6.2 – UMIDADE E TIPO DO SOLO – CURVA – FUNDAÇÕES DIRETAS

Alguns tipos de solos, como colapsíveis, expansíveis, muito argilosos, têm


comportamentos mais suscetíveis a variação de umidade, o que influencia na forma
da curva carga x deslocamento de fundações diretas.

Na figura V.17 apresenta-se uma prova de carga em solo com umidade


natural e três provas com o solo pré inundado. Observa-se que para mesmos
deslocamentos, as tensões se reduziram em 50% para o solo saturado. Os ensaios
foram realizados na cidade de São Carlos – SP, onde o solo tem 50% de porosidade
e é colapsível. O nível de água natural no terreno se encontra a 7m de
profundidade.

Apresentam-se na Figura V.18 duas provas de carga, com o solo em


umidades diferentes. Observa-se que para mesmas tensões os recalques
aumentaram significativamente. Xavier (2018) apresenta (Figuras V.19 e V.20) a

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influência da variação da umidade do solo em três provas de carga em placa e


variações dos valores do ensaio SPT, da umidade e sucção do solo.

Figura V.17 – A) Uma prova de carga. Solo natural (sucção 31 kPa) B) Três provas
de carga. Solo saturado (sucção 0). Ensaio em placa (80cm). Profundidade 1,5m.
Solo de alta porosidade, colapsível. Areia argilosa. Porosidade 50%. São Carlos,
SP. (Menegotto,2004). Observar o aumento de deslocamentos para a mesma carga
para o solo saturado.

Figura V.18 – A) Solo menos úmido (sucção 31 kPa). B) Solo mais úmido
(sucção 10 kPa). Ensaio em placa (80cm). Profundidade 1,5m. Solo de alta
porosidade, colapsível. Areia argilosa. Porosidade 50%. São Carlos, SP. Observar
deslocamentos maiores para o mesmo nível de tensão, para o solo mais úmido
(Menegotto,2004).

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Figura V.19 – Curvas Tensão (kPa) x Deslocamento. Provas de cargas na


condição de solo natural (EPC-1), condição de solo saturado (EPC-2) e colapso
devido à inundação em determinado nível de tensão (EPC-3). Placa de aço (80cm).
Juazeiro do Norte –CE. Areia média argilo-siltosa. Porosidade ≈ 43%. (Xavier,
2018).

Figura V.20 – Variação do ensaio SPT, umidade e sucção, em período seco e


chuvoso. Juazeiro do Norte –CE. Areia média argilo-siltosa. Porosidade ≈ 43%.
(Xavier,2018).

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V.6.3 – DIMENSÕES DA PLACA – CURVA - FUNDAÇÕES DIRETAS

As dimensões da placa influenciam na profundidade que atua o bulbo de


tensões da carga aplicada. Desta maneira, quanto maior a placa, maior a massa
de solo a ser mobilizada. Na Figura V.21 apresentam-se quatro provas de carga
realizadas com placas de aço de diâmetros diferentes. Observa-se que quanto
menor a placa, menores são os deslocamentos para os mesmos níveis de tensão.

Portanto, como preconiza a ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de


Fundações, a interpretação do ensaio deve considerar o efeito escala e as camadas
influenciadas pelo bulbo de tensões.

Por exemplo, considerando-se que a maior influência do carregamento é até


a profundidade de três vezes o diâmetro da placa, para uma placa no ensaio de
30cm x 30cm, a profundidade de influência é de 0,9 metros. Considerando-se uma
sapata na obra de 1,5 x 1,5 metros, a profundidade de influência será 4,5 metros
no subsolo.

Figura V.21 - Ensaio em placas de diferentes diâmetros. Profundidade


1,5m. Solo de alta porosidade, colapsível. Areia argilosa. Porosidade 50%. São
Carlos, SP. (Menegotto,2004).
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V.6.4 – PROFUNDIDADE DO ENSAIO – CURVA - FUNDAÇÕES DIRETAS

A prova de carga deve ser realizada preferencialmente no nível da futura


fundação.

Caso a futura fundação vá se situar em profundidade em relação ao nível


natural do terreno, como no caso de vários subsolos em edifícios, existem duas
possibilidades:

- Esperar a escavação chegar até a cota das fundações para realizar a prova
de carga, Figura V.22 A;

- Abrir um poço e realizar a prova de carga antecipadamente, Figura V.22 B.

Figura V.22 – A) Montagem da prova de carga na cota das futuras sapatas


(Naresi, 2020). B) Realização da prova de carga em poço superficial (Xavier,
2018).

A segunda opção, a não ser que seja a pequena profundidade, em termos dos
resultados técnicos, não é a ideal, pois antes de escavar o terreno para o subsolo,
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existe todo um estado de tensões geostáticas devido à massa de solo circundante,


as quais influenciarão nos resultados.

A experiência mostra que a sondagem SPT apresenta diferenças de


resistência à penetração, para menos, na cota de apoio da fundação, se feita depois
da escavação. Dependendo da profundidade das futuras fundações, a curva carga
x recalque pode apresentar resultados significativamente maiores, se a prova de
carga foi feita antes da escavação do terreno.

Como exemplo apresenta-se na Figura V.23 a variação do ângulo de atrito


interno de solos granulares em função da tensão efetiva vertical e do índice de
resistência à penetração do ensaio SPT

Desta maneira, a curva carga x recalque mais fidedigna é aquela em que a


prova de carga é realizada após as escavações do terreno, na cota da futura
fundação, sem a influência das tensões de toda uma massa de solo que existia
acima.

Figura V.23 – Estimativa do ângulo de atrito interno de solos granulares com


base em ensaios SPT e tensão efetiva vertical (Mitchell, 1978).

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V.7 – CARREGAMENTO HORIZONTAL – PROJETO – CURVA

V.7.1 – INTRODUÇÃO

A curva carga x deslocamento horizontal está relacionada com o mecanismo


de mobilização de resistências e deslocamentos que conduzem à ruptura.

O carregamento horizontal pode se dar no topo e em profundidade (efeito


Tschebotarioff), conforme apresentado no Capítulo IV, itens IV.1.4 e IV.1.5.

Como para a interpretação da curva e projeto da estaca, é preciso entender


seu comportamento para cada caso específico. São apresentados a seguir alguns
aspectos teóricos e práticos a respeito de carregamento horizontal em estacas.

Carregamento no Topo

O mecanismo de mobilização de resistências é através da reação do terreno


na lateral da estaca, ou seja, empuxo passivo, com certa resistência de ponta em
estacas curtas, Figura V. 24A.

Figura V.24A – Mobilização de reação do solo e momentos. Estacas longas e


curtas (adaptado de Alonso, 2012b).

Sendo assim, o padrão é a curva ser contínua, sem apresentar um pico de


carga seguido por uma ruptura brusca, Figura V.24B. Quando isto ocorre é porque
houve uma quebra na estaca, como apresentado na curva do ensaio S3 da Figura
V.25. Mesmo que não apresente visualmente esta ruptura, a partir de um
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deslocamento, a estaca pode já estar entrando em plastificação em determinado


ponto.

Portanto, é importante que se entenda o mecanismo de mobilização de


resistências para cada situação específica. E também que se projete
estruturalmente a estaca para que possa suportar o deslocamento máximo definido
para a prova de carga.

O projetista deve definir o deslocamento máximo para o ensaio, bem como


calcular estruturalmente a estaca para este deslocamento.

Figura V.24B - PC Horizontal – Estaca escavada – D = 40cm – L = 12m –


Unicamp. (Zammataro, 2007).

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Figura V.25 – PC Horizontal – Estaca Strauss – D = 32cm – L = 12m – Londrina-


PR – A) descontinuidade da curva, indicando ruptura do elemento estrutural. B)
ruptura a 70cm de profundidade. (Almeida, 2008).

V.7.2 – MOBILIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA HORIZONTAL

Para melhor compreensão da curva é importante o conhecimento dos


processos envolvidos no carregamento horizontal.

Na prática ocorrem as situações:

- Estacas curtas com topo livre: a estaca gira como um corpo rígido em torno de
um ponto situado a certa profundidade, Figura V.26;

- Estacas longas com topo livre: a estaca se deforma (flexão) e a ruptura da estaca
é atingida a uma certa profundidade, Figura V.27;

- Estacas curtas com topo engastado: a estaca tem uma translação de corpo rígido,
Figura V.28 A;

- Estacas longas engastadas: a estaca e o bloco sofrem deslocamento e a ruptura


ocorre quando duas rótulas plásticas se formam: uma na seção de engastamento
e outra a uma certa profundidade, Figura V.28B.
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Figura V.26 – Estacas curtas. A) solo coesivo B) solo não coesivo (Broms, 1964,
a/b) (adaptado de Zammataro, 2007).

Figura V.27 – Estacas longas. A) solo coesivo B) solo não coesivo (Broms, 1964,
a/b) (adaptado de Zammataro, 2007).

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Figura V.28 Topo engastado. A) estacas curtas B) estacas longas (Broms, 1964,
a/b) (adaptado de Zammataro, 2007).

De acordo com Matlock e Reese, citado em Alonso (2015), a estaca é


considerada longa quando o comprimento enterrado da mesma for:

- L ≥ 4 T (solos com k = nh . z) (nh = coeficiente de reação horizontal; z =


profundidade);

- L ≥ 4 R (solos com K constante) (K = módulo de reação)

Onde:

5 𝐸𝐸.𝐼𝐼 4 𝐸𝐸.𝐼𝐼
𝑇𝑇 = �𝑛𝑛 e 𝑅𝑅 = � 𝐾𝐾

“Entre estes dois casos extremos situam-se as chamadas estacas


intermediárias. Para estas, devem-se escolher métodos de cálculo compatíveis com
a realidade física” (Alonso, 2015)
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Linhas de estado propostas por Miche para solos em que o coeficiente de


reação horizontal varia linearmente com a profundidade, apresentam: A) na
profundidade correspondente a Z/T = 1,32, o momento e a reação atingem seus
valores máximos e a cortante é zero; B) Na profundidade Z/T = 3,96, os valores de
reação, deslocamento, momento e cortante são praticamente nulos.

Apresentação detalhada sobre estacas carregadas transversalmente no topo


podem ser encontradas nos livros de Velloso e Lopes (2016), Alonso (2015), e Reese
e Van Impe (2011).

Nas Figuras V.29 e V.30 apresentam-se os resultados de duas provas de


carga em que se utilizou inclinômetro para medir a rotação da estaca em
profundidade. Observa-se que os deslocamentos ocorrem somente até certa
profundidade.

Figura V.29 – Deslocamentos horizontais em profundidade, obtidos com


utilização de inclinômetro. A) Tubulão, D= 80cm, 9m de profundidade (Kassouf,
2012). B) Estaca escavada, D=30cm, 5m de profundidade (Marzola, 2016).
Campinas, SP. Argila siltosa. Porosidade média 63%. SPTMÉDIO = 4 (até 5m).

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Figura V.30 – Relativo à Figura V.29. Inclinômetro. Tubo guia para inclinômetro
instalado na estaca antes da concretagem (Marzola, 2016).

Os resultados da prova de carga possibilitam a utilização com mais precisão


de equações e ferramentas computacionais disponíveis. Apresenta-se na Figura
V.31 a previsão de deslocamento em estaca hélice contínua, força de cisalhamento
e momento fletor, utilizando-se programa Geo5 - Estacas-Versão 5.15.18.0
(Araújo,2013).

Figura V.31 – Previsão de deslocamento, força de cisalhamento e momento fletor


utilizando programa Geo5 - Versão 5.15.18.0. Estaca hélice contínua. D= 60cm;
L= 10m (Araújo,2013).
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V.7.3 – PROJETO DA PROVA DE CARGA HORIZONTAL

A análise de como a estaca a ser ensaiada se enquadra, dentro do que foi


exposto, deve ser feita no planejamento da prova de carga.

Três aspectos são importantes no projeto da prova de carga horizontal:

- A estaca deve ser dimensionada estruturalmente de maneira adequada para


resistir aos momentos máximos e esforços cortantes máximos previstos.

- O deslocamento máximo permitido estruturalmente para a estaca deve ser


apresentado pelo projetista. Dependendo do tipo de estaca, sua armação etc., estes
deslocamentos admissíveis podem ser de pequena magnitude, inferiores a 30mm.
Em sua Tese de Doutorado (Born, 2019) apresenta referências bibliográficas
relativas a “deslocamentos laterais admissíveis”.

- Deve-se ter um número mínimo de estágios de carregamento no ensaio, para


que se possa ter uma boa definição da curva carga x deslocamento e possibilitar uma
melhor análise.

Na prova de carga lenta os estágios devem ser no máximo 20% da carga de


trabalho e na rápida 10%. Para que se cumpra esta especificação da Norma, no
planejamento da carga a aplicar em cada estágio de carregamento, deve-se
considerar a resistência do solo superficial. Extensas áreas do Brasil são cobertas
por camadas superficiais de baixa resistência. Parte destes solos são colapsíveis e
sofrem influência da variação de umidade.

A teoria e a experiência prática com provas de carga em estacas


instrumentadas mostram que o solo superficial, nos primeiros metros, influencia
significativamente o comportamento da estaca. Miche (1930) mostra que
teoricamente, para solos em que o coeficiente de reação horizontal varia
linearmente com a profundidade, as maiores solicitações na estaca longa ocorrem
até a profundidade z/T = 3,96 e o momento máximo a z/T = 1,32. Para estacas
longas, em solos com módulo de reação constante com a profundidade, o momento
máximo ocorre na profundidade em que λ . z = 0,7 [λ = ( K / EI )1/4] (Alonso, 2015).

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Ou seja, considerando-se que o solo dos primeiros metros é que atua mais
significativamente, é de se esperar baixas resistências a esforços horizontais em
alguns tipos de solos.

Como exemplo, apresenta-se na Figura V.32 o resultado de uma prova de


carga horizontal em uma estaca Hélice Contínua de 40cm de diâmetro e 12m de
profundidade, realizada na cidade de Campinas, SP. SPTMÉDIO = 4, até uma
profundidade de 6m. SPTMÉDIO = 6, até uma profundidade de 12m. A carga de
ruptura da estaca à compressão obtida foi de 900kN, enquanto a carga horizontal
máxima foi de 75kN.

Figura V.32 – Estaca Hélice Contínua. PC Horizontal – D= 40cm; L=12m –


Campinas, SP. (Zammataro, 2007).

V.7.4 – EFEITO DA UMIDADE DO SOLO SUPERFICIAL

Solos susceptíveis à variação de umidade, particularmente os superficiais,


influem significativamente no resultado da prova de carga horizontal. Nas figuras
V.33 e V.34 apresentam-se os resultados de provas de carga com o solo natural e
com o solo pré-inundado.

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Figura V.33 – Curva carregamento horizontal x deslocamentos – Trilhos – Solo


Natural e Solo Pré-Inundado. Campinas, SP. (Miguel, 2008).

Figura V.34 – Curva carregamento horizontal x deslocamentos – Tubulão – D=


0,80m – L= 8m – Solo Natural (* Lento) (* Rápido) e Solo Pré-Inundado (* Rápido).
Campinas, SP. Observar grandes deslocamentos para o solo inundado em
comparação com o solo natural. (Kassouf, 2012).

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V.7.5 – EFEITO DO BLOCO DE COROAMENTO – COMPACTAÇÃO DO


SOLO SUPERFICIAL

O resultado da prova de carga horizontal é muito influenciado pelo fato do


topo ser livre ou ser o topo “melhorado” com concreto ou solo cimento compactado
(embutido no solo até certa profundidade – mobilizando empuxo passivo). É mais
prático a utilização de concreto magro do que solo cimento. Na Figura V.35
apresenta-se uma possibilidade. O bloco de coroamento tem este efeito, se em
contato com o solo.

A definição de se utilizar este procedimento deve constar do projeto da prova


de carga e no projeto da obra.

Figura V.35 – Utilização de concreto magro no entorno de estacas.

(Zammataro, 2007).

Na Figura V.36 apresenta-se provas de carga em estaca metálica, realizada


com topo livre, com o solo pré-inundado e com o concreto em torno da cabeça da
estaca.

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Figura V.36 – Provas de carga horizontal realizadas em perfil metálico (I, com
12m de comprimento, bitola W 250 x 32,7 mm x kg/m). Campinas, SP. SPTMÉDIO
= 4, até 6m. (Silva, 2016).

Na Figura V.37 apresenta-se: A) prova de carga horizontal com topo livre e com solo
cimento compactado em torno da cabeça de estaca hélice contínua; B) prova de
carga horizontal com topo livre e com solo cimento compactado em torno da cabeça
de estaca escavada.

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Figura V.37 – A) provas de carga horizontal com topo livre, com pré-inundação do
terreno e com solo cimento compactado em torno da cabeça de estaca hélice
contínua. D= 40cm; L= 12m. -Campinas, SP - SPTMÉDIO = 4, até 6m (Miranda,
2006); B) estacas escavadas. D= 32cm; L= 10m. Ilha Solteira – SP. SPTMÉDIO = 3,6,
até 6m. (Fioratti, 2008).

V.7.6 – EFEITO DA FORMA DA ESTACA - HORIZONTAL

A forma da estaca influi na mobilização do empuxo passivo e


consequentemente no resultado da prova de carga, Figura V.38.

As estacas quadradas e as estacas metálicas tendem a ter uma maior


superfície lateral para o desenvolvimento de resistências cisalhantes, ao passo que
estacas de seção circular carregadas lateralmente perdem contato com o solo na
parte posterior, e não há desenvolvimento de resistência cisalhante nesta
superfície.

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Figura V.38 – Representação da influência da forma da seção da estaca


(adaptado de Reese e Van Impe-2001) (Em Born, 2019).

Born (2019) apresenta referências bibliográficas referentes à “Influência das


dimensões e formas da seção”. Para estacas metálicas com comprimento de 2m e
mesma rigidez (EI) obteve experimentalmente os resultados apresentados na Figura
V.39.

Figura V.39 – Efeito da forma – carga x deslocamento horizontal – circular,


H e quadrada. Metálicas. Dimensão nominal equivalente de 150mm e mesma
rigidez (EI). Born (2019).
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V.7.7 – EFEITO DO PONTO DE APLICAÇÃO DA CARGA – HORIZONTAL

Por questões práticas, nem sempre é possível que a aplicação de carga


horizontal seja no mesmo nível do terreno a ser solicitado. Dependendo da altura
do ponto de aplicação de carga em relação ao solo, podem ocorrer diferenças
significativas devido a flexão da estaca, Figura V.40 e Figura V.41.

Figura V.40 – Curvas carga x deslocamento horizontal, com deslocamentos


horizontais medidos na base (0,50cm) e no topo (1,20m). Estacas metálicas H,
4,5m embutidas em solo (Araújo,2013).

Figura V.41 – Decomposição do deslocamento yt (Kocsis, 1971)

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Cintra (1981) (apud Zammataro, 2007), para a carga aplicada a uma


distância “e” acima da superfície do terreno, apresentou uma expressão para
correlacionar o deslocamento horizontal neste ponto:

- yt = y0 + y1 + y2 , em que:

- y0 = deslocamento ao nível do terreno;

- y1 = - S0 . e = parcela de deslocamento horizontal, sendo que S0 é a rotação


da cabeça da estaca;

- y2 = [ ( PH . e3 ) / 3.E.I ] = parcela de deslocamento horizontal;

Onde: PH = carga horizontal na estaca; e = altura da carga em relação ao nível


do terreno; E = Módulo de Elasticidade da estaca; I = Momento de Inercia da estaca;
E.I = rigidez da estaca.

No caso em que há atuação simultânea de momento fletor e carga horizontal,


a expressão para deslocamento horizontal no nível do terreno pode ser escrita, para
o coeficiente de reação horizontal do solo (nh) variando linearmente com a
profundidade, como:

- y0 = 2,435 . PH . T3 / E.I + 1,623 . ( PH . e ) . T2 / E.I

Obtendo-se da mesma forma para a rotação:

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- S0 = 1.623 . PH .T2 / E.I + 1,750 . ( PH . e ) . T / E.I ;

Onde T = ( E.I/nh ) 1/5

Segundo Cintra (1981) o valor de T pode ser calculado por tentativas,


obtendo-se, para cada estágio da prova de carga, um par de valores de nh e y0.

V.8 – CURVA CARGA X DESLOCAMENTO – TRAÇÃO – CARGA DE


RUPTURA

Aspectos relativos a estacas tracionadas são apresentados no item IV.1.6, do


Capítulo IV.1 – Sistemas de Reação.

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VI – INTERPRETAÇÃO DA CURVA CARGA X DESLOCAMENTO.

CARGA DE RUPTURA – CARGA DE RUPTURA CONVENCIONADA – MÓDULO


DE ELASTICIDADE - EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA

Neste Capítulo serão apresentados:

VI.1 – Introdução

VI.2 – Considerações Básicas para Análise

VI.3 - Influência do Tipo de Carregamento – Lento – Rápido – Misto

VI.4 – Módulo de Elasticidade da Estaca

VI.5 – Curva de Rigidez

VI.6 - Carga de Ruptura Convencionada ou Convencional – Métodos de


Extrapolação da Curva Carga x Deslocamento
VI.6.1 – Ruptura Convencionada - % diâmetro da estaca - % Largura
da Sapata. Visão Crítica.
VI.6.2 – Ruptura Convencionada – Método da NBR 6122 (2022)
VI.6.3 – Método da Rigidez de Décourt
VI.6.4 – Equação de Van der Veen – Extrapolação da Curva
VI.6.4 – Método Gráfico de Mazurkiewicz (1972)

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VI.1 – INTRODUÇÃO

A partir da análise da curva carga x deslocamento da prova de carga procura-


se definir as informações necessárias ao projeto: carga de ruptura; deslocamento
para a carga de trabalho; mobilização de atrito lateral; mobilização de resistência
de ponta.

“A interpretação da curva carga x deslocamento deve ser baseada em alguma


regra matemática e gerar um valor de carga de ruptura repetível, que seja
independente de relações de escala, julgamentos e capacidade de visão de um
interprete individual. Existem métodos gráficos que dependem do julgamento
individual e da escala do gráfico. Mudando-se a escala e a forma de análise, o valor
da capacidade de carga também muda. A interpretação de uma prova de carga
pode ser influenciada por muitos fatores, mas a maneira de desenhar não
deve ser uma delas. Sem uma definição adequada, a interpretação torna-se um
empreendimento sem sentido”. (Adaptado de Fellenius, 2023. Livro: Basics of
Foundation Design. Eletronic Edition, january 2023. Web site: www.Fellenius.net
. 548 págs.)

A ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações, define:

FUNDAÇÃO RASA

“A tensão admissível ou tensão resistente de cálculo pode ser fixada a partir


de resultados de prova de carga sobre placa, realizada de acordo com a ABNT NBR
6489 (2019) – Solo - Prova de carga estática em fundação direta, cujos resultados
devem ser interpretados de modo a considerar a relação modelo x protótipo (efeito
escala), bem como as camadas influenciadas de solo.”

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FUNDAÇÃO PROFUNDA

“A carga de ruptura de estacas pode ser determinada por provas de carga


executadas de acordo com a ABNT NBR 16903 (2020) – Solo - Prova de carga estática
em fundação profunda”. Define: “Carga de ruptura é a carga que, se aplicada à
fundação, provoca perdas do equilíbrio estático ou deslocamentos que comprometem
sua segurança ou desempenho; corresponde à força resistente última (geotécnica) da
fundação”. “A carga de ruptura da estaca ou tubulão de prova deve ser considerada
definida quando ocorrer ruptura nítida, caracterizada por deformações continuadas
sem novos acréscimos de carga”. Estabelece ainda:

“O comportamento de uma estaca ou tubulão, quando submetido à prova de


carga, pode não apresentar ruptura nítida. Isto ocorre em duas circunstâncias:
a) quando a carga de ruptura da estaca ou tubulão é superior à carga máxima
que se pretende aplicar (por exemplo, por limitação de reação);
b) quando a estaca ou tubulão é carregada até apresentar recalques elevados,
mas que não configuram uma ruptura nítida como descrito.

Nessas duas circunstâncias, pode-se extrapolar a curva carga x recalque para


avaliar a carga de ruptura, o que deve ser feito por requisitos baseados na
engenharia geotécnica sobre uma curva carga x recalque do primeiro carregamento”.
Neste caso a carga de ruptura pode ser convencionada conforme método
apresentado na ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações em seu
item 8.2.1.1. Outros métodos, além deste da Norma, serão apresentados neste
capítulo.

Em termos de ruptura, raramente ocorre no elemento estrutural de


fundação. O que é observada, é a ruptura geotécnica, a qual será abordada neste
capítulo. Entende-se por ruptura geotécnica, na relação estaca x solo, no caso de
estacas, o esgotamento do atrito lateral e resistência de ponta da estaca. Neste
caso, sem aumento da carga aplicada, os recalques são incessantes, tendendo ao
infinito.

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Uma ruptura nítida geotécnica, como apresentado nas Figuras VI.1, A e B,


não é o comum de ocorrer. Para isto seriam necessários grandes deslocamentos, o
que não é usual em provas de carga.

Figura VI.1 – Ruptura nítida – A) Estaca Raiz – Campinas, SP (Nogueira, 2004). B)


Estacas Apiloadas – Londrina, PR (Campos, 2005).

Geralmente obtém-se uma curva do tipo aberta. Neste caso, dependendo dos
deslocamentos, a curva pode indicar a tendência para uma assíntota. Nesta
situação, utiliza-se o termo ruptura física, em que o valor da carga de ruptura é
definido pela assíntota vertical, Figura VI.2A. Nesta curva do tipo aberta pode não
ocorrer a tendência a uma assíntota, e a carga aplicada poderia aumentar
continuamente, com deslocamentos crescentes, mas sem qualquer indício de
ruptura, nem ruptura física, nem ruptura nítida, Figura VI.2B.

Figura VI.2 – A) Ruptura física – Curva aberta tendendo a uma assíntota – Estaca
Hélice Contínua (Alledi, 2013). B) Curva aberta – sem tendência a uma assíntota
- Prova de carga em placa – São Carlos, SP (Macacari, 2001).

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VI.2 - CONSIDERAÇÕES BÁSICAS PARA ANÁLISE

A ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações, especifica que


para se obter a carga admissível da fundação, a prova de carga seja levada até uma
carga no mínimo duas vezes a carga admissível prevista em projeto. Entende por
carga admissível “a máxima carga que, aplicada sobre a estaca ou sobre o tubulão
isolados, atende com fatores de segurança pré-determinados, aos estados limites
últimos (ruptura) e de serviço (recalques, vibrações etc.) (Nota: esta grandeza é
utilizada no projeto quando se trabalha com valores característicos das ações)”.

Inicialmente, para o projeto da prova de carga e para posterior interpretação


da curva carga x deslocamento, é importante uma previsão do comportamento a se
esperar para o tipo de fundação e subsolo em que está implantada.

Se for estaca, o que esperar em termos de atrito lateral e carga de ponta?

Como visto no item V.3 (Sucesso no Ensaio – Deslocamentos Mínimos), é de


se esperar que para até 30 mm de deslocamento (Obs.: deslocamento da ponta da
estaca = deslocamento do topo menos encurtamento elástico do elemento
estrutural), uma porcentagem razoável do atrito lateral já tenha sido mobilizada.
Se o solo da ponta não é competente, é de se esperar pouca resistência de ponta.
Se for competente, é necessário certo nível de deslocamento para que parcela
considerável da resistência de ponta seja mobilizada. Para que a estaca atinja a
plena mobilização de carga na ponta, geralmente se considera deslocamento da
ponta de 10 % do diâmetro para estaca cravada e 30 % do diâmetro para estaca
escavada. Com relação a deslocamentos medidos no topo é importante considerar
a observação de Décourt (2008a):

“No caso de estacas rígidas (curtas), o deslocamento da ponta pode ser


confundido com o deslocamento do topo, sem que grandes erros sejam cometidos.
Em estacas flexíveis (longas), como por exemplo as estacas de Dubai, relatadas por
Poulos (2007), com 40 m de comprimento e 0,90m de diâmetro, as deformações
elásticas representam quase que a totalidade dos recalques medidos”.

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Para pequenos deslocamentos é provável que não haja mobilização suficiente


de atrito lateral e resistência de ponta. Em qualquer situação, são necessários
deslocamentos mínimos na prova de carga para que seja possível realizar uma
melhor análise.

Ocorrem casos em que se atinge na prova de carga o dobro da carga


admissível prevista em projeto para a fundação, cumprindo-se o requisito a NBR
6122, com poucos deslocamentos ainda. Neste caso, se a prova de carga for
interrompida para esta carga, dobro da carga admissível prevista em projeto, a
mesma vai servir apenas para verificação de desempenho na carga de trabalho, não
permitindo uma melhor interpretação do ensaio. A continuidade do ensaio pode
permitir uma melhor definição da carga de ruptura e curva carga x deslocamento,
possibilitando uma reanálise do projeto, que pode conduzir a uma majoração da
carga de trabalho prevista inicialmente.

VI.3 – INFLUÊNCIA DO TIPO DE CARREGAMENTO – LENTO – RÁPIDO


MISTO

Carregamento do Tipo Lento

O tipo de carregamento ideal para uma boa análise da prova de carga é o


carregamento do tipo lento (SML – Slow Maintained Load – em publicações em
inglês). Ideal porque permite que os deslocamentos ocorram e estabilizem para
cada estágio de carga. As cargas devem ser aplicadas em estágios iguais e
sucessivos, não podendo ser superiores a 20% da carga de trabalho prevista para
a estaca teste ou carga admissível prevista para o ensaio em placa.

Como, para que os deslocamentos cessem totalmente para determinado nível


de carga, os tempos podem ser longos, as normas estabelecem critérios de
estabilização.

O deslocamento é considerado estabilizado, quando entre duas leituras


sucessivas, no mesmo estágio de carga, a diferença entre os deslocamentos for no
máximo de 5%, em relação ao deslocamento total no estágio.
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Para o carregamento lento, no caso de fundações profundas, as leituras de


deslocamentos devem serem feitas, em cada estágio de carga, com 5min, 10min,
15min e 30min. A partir de 30min, se não houver estabilização, as leituras passam
a ser realizadas a cada 15min, até que ocorra a estabilização, com tempo mínimo
de estágio de 60min. O tempo máximo de cada estágio é de 2h, mesmo que não se
tenha atingido a estabilização.

Para ensaios em placa as leituras de deslocamento devem ser feitas a 2min,


4min, 8min, 30min, 1h e assim sucessivamente, em intervalos de 1h, até se atingir
a estabilização. Em cada estágio o carregamento deve ser mantido no mínimo por
30min.

Em alguns tipos de solos, como solos não saturados de alta porosidade da


região Sul do Brasil, pode ocorrer a estabilização dos deslocamentos até os
primeiros 30min, para os primeiros estágios de carregamento.

Há a possibilidade da realização de provas de carga com carregamentos do


tipo misto e rápido. A ABNT NBR 6489 (2019) – Solo - Prova de carga estática em
fundação direta e a ABNT NBR 16903 (2020) – Solo - Prova de carga estática em
fundação profunda, apresentam os procedimentos para realização destes tipos de
carregamentos.

Carregamento do Tipo Rápido

No carregamento do tipo rápido (QML – Quick Maintained Load – em


publicações em inglês), em cada estágio a carga é mantida por 10min e então se
muda a carga para um novo estágio. É possível ainda carregamentos de 5min, em
casos especiais, como fundações de linhas de transmissão.

Comparativamente com a prova de carga com carregamento lento, como não


há tempo para os recalques ocorrerem e estabilizarem em cada estágio de carga, a
curva do ensaio rápido fica acima da curva do ensaio lento, Figura VI.3.1,
conduzindo a carga de ruptura, convencionada ou extrapolada, maior. A

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magnitude da diferença entre as duas curvas, vai depender da susceptibilidade do


solo à maior ou menor deslocamento dependente de tempo.

Figura VI.3.1 – Prova de carga lenta (SML) e Prova de carga rápida (QML).
Curvas Teóricas (Almeida, 2009).

A prova de carga com carregamento tipo rápido não permite uma análise do
deslocamento real na carga de trabalho. Na aplicação de métodos de extrapolação
conduz a valores superiores de carga de ruptura.

Um perigo na execução da prova de carga com carregamento rápido é o


operador não ter a sensibilidade para perceber que a estaca já rompeu e continuar
mudando de estágio de carga a cada 10min ou 5min. Nesta situação a curva carga
x deslocamento vai se prolongando para a direita, podendo indicar uma carga de
ruptura contra a segurança, com valor superior a carga real de ruptura.

Pode ser exceção ao que foi dito, as fundações diretas e estacas escavadas
com baixa capacidade de carga de ponta, em alguns solos porosos não saturados,
em que na maior parte dos estágios de carga, em um carregamento lento, os
deslocamentos podem ocorrer em até 15min ou 30min.

Nesta situação, a diferença entre a curva do ensaio rápido e o ensaio lento


não é tão significativa. Na figura VI.3.2 apresenta-se comparação entre prova de
carga lenta (SML) e prova de carga rápida (QML) em placa, na cidade de São Carlos,
em solo poroso, não saturado. Neste caso, Costa (1999) conclui que a capacidade
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de carga para o ensaio rápido é 10% maior que para o ensaio lento (Em ALMEIDA,
2009).

Figura VI.3.2 – Comparação entre prova de carga lenta (SML) e prova de


carga rápida (QML) - Prova–de carga em placa. São Carlos, SP (Costa, 1999).

Carregamento do Tipo Misto

No carregamento do tipo misto, até 1,2 vezes a carga de trabalho, o


carregamento é do tipo lento. A partir daí conclui-se a prova de carga com
carregamento rápido.

Este tipo de carregamento atende a verificação de desempenho na carga de


trabalho. Porém, a partir deste estágio de carga de 1,2 vezes a carga de trabalho,
com a mudança para carregamento rápido, há um desvio da curva para cima,
dificultando análises em termos de deslocamentos e carga de ruptura.

O carregamento misto encontrou seu espaço no meio técnico devido a prazos


algumas vezes apertado de obras para a realização de prova de carga lenta. De
Mello (1975) apresenta esta proposta, para carregamento lento até a carga de
trabalho. A proposta de carregamento lento até 1,2 vezes a carga de trabalho foi
incorporada às Normas brasileiras por sugestão do engenheiro Urbano R. Alonso.

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Conforme Décourt (2008a), existe uma limitação na utilização do método aos


ensaios realizados com carregamentos mistos, pois conduz a resultados que
tendem contra a segurança. Os deslocamentos menores na prova de carga rápida,
conduzem a uma carga de ruptura, convencionada ou extrapolada, maior. Na
Figura VI.3.3 e na Figura VI.3.4, observa-se a descontinuidade da curva a partir
do carregamento rápido.

Figura VI.3.3 – Prova de carga com carregamento misto em bloco quadrado de


fundação (1,0 x 1,0m) (Décourt, 2008a). Descontinuidade da curva a partir do
carregamento rápido.

Figura VI.3.4 – Prova de Carga com carregamento misto em placa (Costa, 1999).
Descontinuidade da curva a partir do carregamento rápido.
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VI.4 – MÓDULO DE ELASTICIDADE DA ESTACA

A encurtamento elástico do elemento estrutural da fundação deve ser


considerada nas análises. Dependendo das dimensões da fundação (comprimento
e diâmetro) e carga aplicada, esta deformação pode ser significativa ou não.

Para o cálculo do encurtamento elástico do elemento estrutural é necessário


o conhecimento do valor do módulo de elasticidade deste elemento (E).

Para estacas de aço o conhecimento deste valor não é problema, pois o aço
tem um valor de módulo de elasticidade constante de 200 GPa (ABNT NBR 8800
(2008): Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de
Edifícios).

Em contraste, módulos de elasticidade do concreto tem uma grande faixa de


valores que também dependem da tensão aplicada ou deformações.

Para estacas de concreto, o módulo é do conjunto concreto – aço:

�𝐸𝐸𝐴𝐴ç𝑜𝑜 . 𝐴𝐴𝐴𝐴ç𝑜𝑜 + 𝐸𝐸𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 . 𝐴𝐴𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 �


𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 =
𝐴𝐴𝐴𝐴ç𝑜𝑜 . 𝐴𝐴𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶

Onde: E = Módulo de Elasticidade; A= Área.

Em prova de carga instrumentada, o valor do módulo de elasticidade é


normalmente obtido em uma seção de referência no topo da estaca. Não sendo
prova de carga instrumentada, o valor de E pode ser obtido durante a prova através
da colagem de strain gages no topo da estaca ou emprego de equipamentos usados
em laboratório de concreto. O Assunto “instrumentação de estacas” é abordado no
Capítulo VII.
Não se obtendo o valor de E em campo, é necessário se adotar um valor. A
utilização de valores obtidos através de correlações com a resistência à compressão
do concreto, obtida de corpos de prova colhidos na concretagem, podem não trazer
resultados realísticos, pois a condição do concreto na estaca é outra (armadura na

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estaca; concretagem em campo diferente de laboratório) e as fórmulas de correlação


tem suas imprecisões.

Apesar de ser um parâmetro de fácil determinação em laboratório, para


fundações profundas, tem suas complicações, pois nem sempre o concreto no topo
da estaca, em um trecho livre, representa o que ocorre em profundidade, como
confinamento e segregação do concreto para estacas moldadas in loco, por exemplo.

A este respeito, Décourt (1995), em seu Artigo “On the load-settlement


behavior of piles”, apresenta as seguintes considerações a respeito do Módulo de
Elasticidade (texto traduzido e adaptado pelos autores):

“Tem sido usual a determinação do módulo de elasticidade do concreto (Ec)


através de medidas feitas na parte do elemento de fundação que permanece acima
do solo (ou sem contato com o solo). Esta parte da estaca, estando situada acima do
solo, se comporta como uma coluna em vez de uma estaca.

Este procedimento, embora resolvendo o problema da interferência do solo,


apresenta outros problemas, de até grandes magnitudes, como:

A) O que o engenheiro necessita é um valor médio de Ec ao longo de todo o


comprimento da estaca e não o valor do módulo de uma coluna situada acima do
nível do solo.

B) A cura do concreto da estaca no interior do solo é bastante diferente daquela


do elemento de fundação situado acima do solo.

C) A estaca é confinada e a coluna não.

D) A precisão de um deslocamento medido em um elemento pequeno


(tipicamente 1,0m) é obviamente menor que aquela correspondendo ao comprimento
total da estaca.

Muito frequentemente, mais de uma prova de carga é realizada em uma


estaca. O módulo do concreto obtido na maneira tradicional, pelas razões
acima, é pobre para a primeira prova de carga e inaceitável para uma segunda

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prova de carga na mesma estaca. Conforme Figura apresentada neste Artigo,


fica claro que após ciclos de carregamento – descarregamento -
recarregamento, a rigidez do concreto se torna muito maior do que inicialmente
era. Portanto, é esperado que o módulo de elasticidade do concreto seja maior
no segundo carregamento, comparativamente com o primeiro.”

Existem valores disponíveis na literatura técnica, obtidos para tipos de


estacas diferentes, em condições distintas. São válidos para cada situação
específica, devendo servir de referência, não devendo ser generalizados. Para
estacas submetidas a esforços de tração, o valor do módulo de elasticidade (ET) do
concreto pode ser significativamente menor, dependendo da taxa de aço na estaca.
Como valores orientativos, apresentamos na Tabela VI.1, Tabela VI.2 e Tabela VI.3,
resultados obtidos para estacas:

Tabela VI.1 – Valores típicos de módulo de elasticidade à compressão (EC) da


estaca (adaptado de Velloso e Lopes, 2010)

Tipo de Estaca EC (GPa)


Metálica (aço) 210
Pré-moldada vibrada 25
Pré-moldada centrifugada 30
Franki 22
Escavada 20

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Tabela VI.2 – Valores do módulo de elasticidade para estacas comprimidas


(Azevedo Jr e Niyama, 1990).

Tipo de Estaca Módulo – EC (GPa)

Pré-moldada centrifugada 28

Pré-moldada protendida 26

Injetada de concreto 25

Tabela VI.3 – Valores do módulo de elasticidade para estacas comprimidas e


tracionadas. Campo Experimental da Unicamp.

Tipo de Estaca Compressão – EC (GPa) Tração – ET (GPa)


Hélice Contínua 20 4,5
Raiz 18 3,8
Escavada 20 3,5

Décourt (1995) (“On the load-settlement behavior of piles”), propõe método


para determinação do módulo de elasticidade, através da utilização de tell tale
fixado próximo a ponta da estaca (texto traduzido e adaptado pelos autores):

“O procedimento proposto aqui para obtenção do módulo de elasticidade (E)


faz uso de um “tell tale” instalado próximo a ponta da estaca, cujas medidas de
deslocamentos facilmente determinam o encurtamento elástico da estaca para todos
níveis de carga.

Usando um dos métodos propostos para obtenção de Qs (carga lateral), sem


necessidade de conhecer ‘E’ e obtendo-se Qp (carga de ponta) pela dedução Qs da
carga total Q, o deslocamento da ponta da estaca pode ser calculado usando as
seguintes fórmulas: (números das fórmulas relativos ao artigo original)

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Onde Qpi é a carga na estaca na profundidade Li abaixo do topo da estaca.

A distribuição de Qpi = (Q – Qsi) ao longo da estaca pode ser obtida calculando-


se a resistência lateral por um dos bem estabelecidos procedimentos. O Método de
Décourt & Quaresma, pela sua simplicidade e acurácia é especialmente
recomendado. Para uma precisão ainda melhor, os valores calculados para o atrito
lateral unitário (fs) deve ser corrigido por um fator λ, dado por:

λ = Qs (BM*) / Qs (D&Q).

Nos casos em que uma resistência por atrito lateral possa ser assumida, sem
introdução de grandes erros, a equação se reduz a:

A maior carga alcançada na prova de carga deve ser usada para obtenção do
módulo de elasticidade (E). Como uma prova da validade do método proposto, para
todas as outras cargas, os deslocamentos da ponta da estaca são calculados
utilizando as equações (42) e (44) e estes valores são comparados com aqueles
obtidos das leituras do tell tale.

É sugerido que, para cargas iguais ou superiores a 0,4 Qs, diferenças entre
deslocamentos calculados e medidos de menos de 10%, são provas de:

- a exatidão do valor do módulo do concreto (E);


- a exatidão do modelo utilizado para separação da carga total em carga lateral
(Qs) e carga de ponta (Qp);
- a exatidão da distribuição do atrito lateral unitário (qs) ao longo do
comprimento da estaca.
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*BM – Brierley Method (Brieley et al, 1979 / Décourt, 1993B) “.

Fellenius (1989) em seu artigo “Tangent modulus of piles determined from


strain data”, apresenta análise considerando-se o módulo secante e módulo
tangente, quando se dispõe de informações de deformações em estacas
instrumentadas. Assunto este também abordado em Fellenius (2023) e Fiscina
(2021).

VI.5 – CURVA DE RIGIDEZ

VI.5.1 - Introdução

A curva de rigidez é um gráfico cartesiano, em que o eixo x das abcissas


representa as cargas (Q) e o eixo y das ordenadas representa os valores de rigidez
(R = Q/d), que é a relação carga/deslocamento. Para carga constante ou quase
constante e deslocamentos incessantes, há o indício que a fundação está próxima
da ruptura.

Ou seja, a relação (R = Q/d) tende a zero.

O gráfico de rigidez pode indicar, visualmente em um primeiro momento,


uma tendência de ruptura que não fica bem clara na curva carga x deslocamento.
Uma análise detalhada, com equacionamentos, possibilita a separação de domínio
de ponta e domínio de atrito lateral, conforme proposto no Método da Rigidez de
Décourt, apresentado neste capítulo no item V.6.3.

Por exemplo, na Figura VI.5.1A apresenta-se uma curva carga x recalque


com deslocamento de 40mm, em que não fica clara uma ruptura nítida. O gráfico
de rigidez, Figura VI.5.1B, fornece uma visão da tendência a rigidez nula. No caso
é um estacão de 1m de diâmetro e é uma fundação que, em termos práticos, não
rompe, necessitando de grandes deslocamentos para a rigidez (R = Q/d) se
aproximar de zero. Para o ensaio em placa, com deslocamento de 30mm,
apresentado na Figura VI.5.2, não ocorre a tendência a rigidez nula. Nestes casos,
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para fins de projeto se convenciona uma carga de ruptura, com será visto a seguir
no item VI.6.

Na Figura VI.5.3A, pertinente a uma estaca metálica, a curva carga x


recalque mostra claramente a carga de ruptura, o que é comprovado pela curva de
rigidez retratada na Figura VI.5.3B.

Figura VI.5.1 – Ensaio em Estacão – D=1,0m; L=20m – Araguari-SC


(Nienov,2016). A) Curva carga x recalque não indicando ruptura. B) Curva de
rigidez indicando tendência de rigidez nula.

Figura VI.5.2 – Ensaio em Placa – Campinas, SP. A) Curva carga x recalque


não indicando ruptura. B) Curva de rigidez indicando ainda necessidade de
maiores deslocamentos para se aproximar de rigidez nula (Fonte Jr, 2016).

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Figura VI.5.3 – A) Curva carga x recalque. B) Curva de rigidez. Ruptura


clara nas duas curvas. (Cury Filho, 2016).

Com pouco deslocamento na prova de carga não é possível observar


nenhuma tendência que conduza a carga de ruptura, Figura VI.5.4.

Figura VI.5.4 – Prova de carga com deslocamento de 9mm. Não é possível


observar, visualmente, nenhuma tendência que indique a carga de ruptura.
Estaca escavada, D= 20cm; L = 5m. Ilha Solteira, SP.

A curva de rigidez pode indicar um pré carregamento anterior à prova de


carga, como indicado na Figura VI.5.5. Este fato é caracterizado por um trecho

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ascendente, seguido pelo trecho descendente. A carga correspondente à inflexão da


curva representa a carga máxima do carregamento anterior. Na Figura VI.5.6A
apresenta-se a curva de rigidez de uma primeira prova de carga. Na FiguraVI.5.6B
apresenta-se a curva de uma segunda prova de carga na mesma estaca. Observa-
se que a carga máxima do primeiro carregamento é o ponto de inflexão da curva
no segundo carregamento.

Figura VI.5.5 – Curva de rigidez indicando um pré carregamento, anterior à prova


de carga.

Figura VI.5.6 – A) Curva de rigidez do primeiro carregamento em uma estaca. B)


Curva de rigidez do segundo carregamento nesta estaca. Observa-se que a carga
máxima do primeiro carregamento é o ponto de inflexão da curva no segundo
carregamento.

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VI.5.2 - Décourt (1998) – Conceito de Rigidez – Ruptura de Fundações

Apresenta-se a seguir, com pequenas adaptações de nomenclatura, a


transcrição de parte do Artigo do Professor Luciano Décourt:

“Décourt, L. (1998) – Ruptura de fundações e coeficientes de segurança a luz


do conceito de rigidez. XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia
Geotécnica. ABMS. Vol. III; págs. 1599 – 1606.”

“Item 2 – FUNDAÇÕES QUE ROMPEM E FUNDAÇÕES QUE NÃO ROMPEM

O exame do gráfico de rigidez indica, de forma quase didática, se uma


fundação poderá ou não apresentar ruptura física. A análise de um imenso número
de casos, permitiu concluir que são duas as situações existentes, aqui classificadas
em I e II.

Caso I – Fundações onde a ruptura física pode ocorrer.

Nesse caso, a variação (redução) da rigidez (R = Q/d) (carga / deslocamento)


é bastante nítida. A medida que a carga aplicada se aproxima de QR (carga de
ruptura), a lei de variação de R x Q é bastante clara, podendo, na maioria dos casos
estudados ser assimilada a uma reta.

Conforme se verá a seguir, são poucos os tipos de fundação que apresentam


este comportamento. Entre as fundações analisadas, apenas as estacas de
deslocamento tais como as pré-moldadas de concreto, as do tipo Franki e os perfis
metálicos se enquadram neste tipo de comportamento, ou seja, permitem estimativas
adequadas das cargas de ruptura física QR.

Caso II – Fundações onde a ruptura física praticamente não ocorre.

A imensa maioria das fundações apresenta comportamento deste tipo. Foram


analisadas fundações rasas em diversos tipos de solo, como tubulões e estacas
escavadas em geral tais como estacões, barretes, Strauss e hélices contínua.

Para estas fundações, ocorre inicialmente uma importante redução da rigidez


(R = Q/d) com o crescimento da carga, isto é, uma grande mobilização de carga com
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pequenos recalques. Segue uma fase onde a redução da rigidez com o aumento de
carga é muito pequena. Isto significa que grandes deformações estão associadas à
pequenos acréscimos de carga.

A curva R x Q assume então aspecto hiperbólico cuja assíntota é sub-


horizontal. Fica, pois, muito difícil visualizar a intersecção dessa curva com o eixo da
abscissa (X). Uma fundação com esse comportamento não apresenta, na prática,
ruptura física.

Nesses casos, a ruptura física, embora de interesse apenas acadêmico, pode


ser avaliada procedendo-se extrapolações, geralmente logarítmicas. Admite-se que a
ruptura física corresponda a um valor da rigidez de um décimo ou um centésimo do
valor da rigidez correspondente a ruptura convencional, para evitar-se o valor de
rigidez zero, incompatível com extrapolações logarítmicas.

Item 3 – A RUPTURA CONVENCIONAL

A tendência moderna, seguida pelo autor, é a de se estudar as relações carga


– recalque sempre de forma normalizada. Assim as tensões ou cargas são
normalizadas por uma dada tensão ou carga e os recalques por uma dimensão
característica da fundação.

Uma vez que a ruptura física na maioria dos casos inexiste, é fundamental
definir-se a ruptura convencional. A definição que se mostrou mais conveniente é a
da escola inglesa. Para estacas, em sua imensa maioria de seção circular, define-se
ruptura convencional como sendo a carga correspondente a um recalque de 10% (dez
por cento) do seu diâmetro.

No caso de estacas com outra geometria, é considerado o diâmetro equivalente:


2 4.𝐴𝐴
𝐷𝐷𝑒𝑒𝑒𝑒 = � 𝜋𝜋 . E a carga de ruptura convencionada QRC = 0,1 Deq.

No caso de sapatas, em sua imensa maioria de seção retangular ou quadrada,


considera-se como deformação de ruptura convencional 10% (dez por cento) do lado
da sapata quadrada de área equivalente (QRC = 0,1 Beq).

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A normalização se faz então dividindo-se as tensões ou cargas por aquelas


correspondentes a ruptura convencional e as deformações por Deq para estacas, ou
Beq para sapatas.

Item 4 – CASOS TÍPICOS

4.1 – Fundações que rompem.

Na Figura 1 é apresentado o caso de uma prova de carga em estaca pré-


moldada de concreto armado com seção quadrada de 25 cm de lado. Nesse caso,
são bastantes claras as rupturas, tanto convencional como física.

Figura 1 – Gráfico de Rigidez - Fundação que rompe – Estaca pré-moldada.


Esopt II. (Adaptado de Décourt, 1998).

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4.2 – Fundações que Praticamente não Rompem.

Nas Figuras 2, 3 e 4 são apresentados exemplos de fundações que não


rompem.

Figura 2 – Gráfico de Rigidez - Fundação que não rompe – Estaca HLC-6 –


ABEF/EPUSP – D= 250mm. (Adaptado de Décourt, 1998).

Figura 3 – Gráfico de Rigidez - Fundação que não rompe – Estaca CFA – D=


350mm. (Adaptado de Décourt, 1998).

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Figura 4 – Gráfico de Rigidez - Fundação que não rompe – Sapata 1,50 x


1,50m. Texas A&M”. (Adaptado de Décourt, 1998).

VI.5.3 - Histórico – Rigidez

“O conceito de rigidez nasceu há muito tempo, segundo Timoshenko (1983),


com observações feitas pelo cientista inglês Robert Hooke em seu libro De Potentia
Restitutiva de 1678, quando este observou que os deslocamentos de barras
prismáticas, entre certos limites, são proporcionais à força de tração. Esta rigidez
também pode ser chamada de constante de mola e pode ser usada tanto para
deflexões lineares como angulares...”.

Qualquer tipo de fundação apresenta tendência geral de que a rigidez (R =


Q/d) diminua com o aumento de deslocamentos (d). Assim a ruptura ocorre quando
a constante de mola ou rigidez tende a zero. E a ruptura física (QR) é assumida como
a carga que provoca recalques que se aproximam do infinito e consequentemente
produzam valores de rigidez (R) que se aproximam de zero. Décourt (2019) escreve
as equações para representar este critério:

QR = limite de Q quando d → ꝏ e, portanto,

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R = (Q / d) → zero

O autor acredita que a notação dos conceitos explicados nas equações acima,
também pode ser realizada, sem perda de significado, por meio das equações:

QR = lim d→ꝏ Q e R = lim d→ꝏ (Q/d) = 0

(Texto adaptado de Oliveira, 2013 – Dissertação de Mestrado: Análise de


provas de carga e confiabilidade para edifício comercial na região metropolitana do
Recife)”

VI.6 – CARGA DE RUPTURA CONVENCIONADA OU CONVENCIONAL –


MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA

Quando a prova de carga não apresenta ruptura nítida, de acordo com a


ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e Execução de Fundações, pode-se “convencionar”
um valor de ruptura, baseado em determinado critério.

O projetista deve estabelecer o critério a ser seguido para definição da carga


de ruptura a ser utilizada em projeto.

Décourt (1998) em seu Artigo “Ruptura de fundações e coeficientes de


segurança a luz do conceito de rigidez” apresenta:

“No grupo de fundações onde a ruptura física é possível, situam-se as estacas


de deslocamento em geral tais como as do tipo Franki, as pré-moldadas de concreto
armado e as metálicas. Também podem, eventualmente, sofrer ruptura física,
fundações rasas em argilas saturadas e, talvez, em areias muito compactas. Nesses
casos, os critérios usuais de coeficientes de segurança são aplicáveis.

No caso de fundações onde a ruptura física praticamente não ocorre, se


enquadram quase todas as estacas escavadas, tubulões e fundações em solos
granulares, saprólitos de granito e gnaisse inclusive, fofos e compactos.

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Para estas fundações é apenas definida a ruptura convencional, que nada


mais é que um ponto fixado arbitrariamente, da curva carga x recalque. Trata-se do
que Terzaghi convencionou chamar de ruptura local e Vésic de ruptura local e/ou
puncionamento. Nesses casos os critérios de coeficientes de segurança usuais não
são aplicáveis “. “Na engenharia de fundações o fenômeno de ruptura é muito mais
exceção do que regra...”.

Devido à dificuldade de se atingir a ruptura na prática, deu-se origem então


aos chamados critérios de ruptura. Existem propostas que convencionam a
ruptura como a carga relativa a determinado deslocamento e métodos de
extrapolação da curva que definem a carga de ruptura.

Apresentam-se a seguir algumas destas propostas:

VI.6.1 – Ruptura Convencionada - % diâmetro da estaca - % Largura da


Sapata. Visão Crítica.

VI.6.2 – Ruptura Convencionada – Método da NBR 6122


VI.6.3 – Método da Rigidez de Décourt
VI.6.4 – Equação de Van der Veen – Extrapolação da Curva
VI.6.5 - Método Gráfico de Mazurkiewicz

Outros métodos podem ser encontrados em Fellenius (2023): Davisson Offset


Limit; Hansen 80-% Criterion; Hansen 90-% Criterion; Chin-Kondner
Extrapolation; DeBeer Intersection Load; The Creep Method.

VI.6.1 – RUPTURA CONVENCIONADA - % DIÂMETRO DA ESTACA - %


LARGURA DA SAPATA – ANÁLISE CRÍTICA.

A Primeira proposição de um valor foi apresentada por Terzaghi (1942), que


convenciona a carga de ruptura, de estacas cravadas, como a carga
correspondente, na curva carga x deslocamento, ao deslocamento, na ponta da
estaca, igual a 10% de seu diâmetro. Não menciona estacas escavadas.

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Fellenius (2023) apresenta a seguinte análise crítica a respeito da adoção de


uma % do diâmetro da estaca para definir carga de ruptura:

“Uma definição antiga de capacidade de carga de estacas tem origem em uma


interpretação errônea de uma afirmação de Terzaghi (1942). Para a definição de
capacidade de carga é considerada a carga para a qual o movimento da cabeça da
estaca é de 10% do diâmetro.
No entanto, Terzaghi afirmou que a determinação da capacidade de carga de
uma estaca, a partir da análise de registros de uma prova de carga estática, não
deve ser realizada a menos que a ponta da estaca (uma estaca com 30 cm de
diâmetro foi objeto da discussão) tenha se movido pelo menos 10% de seu diâmetro,
o que é uma questão bem diferente.
A declaração não era para afirmar que a capacidade de carga seria uma
função do diâmetro da estaca – ele sabia que não – mas para deixar claro que para
definir uma capacidade de carga a partir de uma prova de carga, é necessário que,
principalmente a ponta da estaca, tenha movido um deslocamento razoável contra o
solo (Likins et al, 2012)” (tradução dos autores).”

É necessário a movimentação da ponta da estaca para mobilização de


resistência. A porcentagem de deslocamento em relação ao diâmetro da estaca,
medida no topo, não considera a deformação elástica da estaca, que pode ser
considerável para estacas longas e insignificante para estacas curtas.

Décourt (2008A), em seu Artigo “Provas de carga em estacas podem dizer


muito mais do que tem dito”, apresenta:

“No caso de estacas rígidas (curtas), a deformação da ponta pode ser


confundida com a deformação do topo, sem que grandes erros sejam cometidos. Já
no caso de estacas flexíveis (longas), como por exemplo as estacas de Dubai,
relatadas por Poulos (2007), com 40m de comprimento e 0,90m de diâmetro, as
deformações elásticas representam quase que a totalidade dos recalques medidos.

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Nessas circunstâncias, não tem sentido algum definir-se a ruptura


convencional como sendo a carga correspondente a uma deformação medida no topo
de 10% do diâmetro da estaca. Haveria necessidade de se obter as deformações da
ponta da estaca.

Não há no momento nenhum critério que defina de forma direta, qual seria a
deformação do topo que corresponderia a uma deformação na ponta de 10% do
diâmetro da estaca. Uma possibilidade seria através do cálculo das deformações
elásticas e do processo de aproximações sucessivas. Uma outra possibilidade, essa
muito melhor, seria a colocação de um tell-tale junto a ponta da estaca.

De qualquer forma, para o cálculo das deformações elásticas, haveria


necessidade do estabelecimento de equações matemáticas, tanto para definição de
atrito lateral como da ponta. No exemplo da estaca de Dubai, fica claro, tanto pela
instrumentação quanto pela interpretação através do Método da Rigidez, que as
cargas praticamente não atingiram a ponta da estaca, impedindo, pois, sua
avaliação, ainda que precária. Os recalques elásticos calculados (somente atrito)
foram da ordem de 1,26mm/MN. (Adaptado de Décourt, 2008A).”

VI.6.2 – RUPTURA CONVENCIONADA - MÉTODO DA NBR 6122:2022 –


PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES

A ABNT NBR 6122 (2022) convenciona como carga de ruptura, na curva


carga x deslocamento, de um primeiro carregamento na estaca, Figura VI.6.2.1,
aquela que corresponde ao recalque obtido pela expressão:

𝑃𝑃𝑟𝑟 𝑥𝑥 𝐿𝐿 𝐷𝐷
𝛥𝛥𝑟𝑟 = +
𝐴𝐴 𝑥𝑥 𝐸𝐸 30
Onde:
∆r - é o recalque de ruptura convencional;

Pr - é a carga de ruptura convencional ou convencionada;


L - é o comprimento da estaca;

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A - é a área da seção transversal da estaca (estrutural);


E - é o módulo de elasticidade do material da estaca;
D - é o diâmetro do círculo circunscrito à seção transversal da estaca ou, no
caso de barrete, o diâmetro de círculo de área equivalente ao da seção transversal
da estaca.

Figura VI.6.2.1 – Carga de ruptura convencional [adaptado da ABNT NBR


6122 (2022)].

Para utilização deste método é necessário que a reta (Δ) corte a curva, Figura
VI.6.2.2. Há casos em que isto não acontece, impossibilitando a utilização do
método, Figura VI.6.2.3.

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Figura VI.6.2.2 – Aplicação do método da ABNT NBR 6122 (2022) para


convencionar a carga de ruptura. Estaca Hélice Contínua. D= 40cm; L= 12m.
Vitoria, ES. (Adaptado de Alledi, 2013).

Figura VI.6.2.3 – Situações em que não é possível a aplicação do método da ABNT


NBR 6122 (2022) para convencionar a carga de ruptura. A) Estaca Hélice
Contínua. D= 40cm; L= 12m. Campinas, SP. (Paschoalin Filho, 2008). B) Estaca
Hélice Contínua. D= 70cm; L= 24m. Rio de Janeiro - RJ (Souza, 2018).

Há casos, onde os deslocamentos não são suficientes para aplicar este


método, mas as magnitudes destes deslocamentos permitem extrapolar a curva por

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algum critério. No caso da Figura VI.6.2.4 os deslocamentos possibilitaram a


utilização do método de Van der Veen de extrapolação da curva.

Figura VI.6.2.4 – Utilização de método de extrapolação para possibilitar a


utilização do método da ABNT NBR 6122 (Estaca Hélice Contínua. D= 40cm; L=
16m. Vitoria, ES. (Adaptado de Alledi, 2013).

Porém, esta prática não é válida, caso o deslocamento máximo da prova de


carga seja pequeno, como o caso apresentado na Figura VI.6.2.5.

Figura VI.6.2.5 Os deslocamentos são da ordem de 6mm, impossibilitando


uma extrapolação confiável. Estaca Hélice Contínua. D= 40cm; L= 15m. Vitoria,
ES. (Adaptado de Alledi, 2013).

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EXEMPLO NÚMÉRICO DE APLICAÇÃO DA NBR 6122:2022

Dados os valores da curva x deslocamento definir o valor de carga de ruptura


convencionada pela ABNT NBR 6122 (2022). Obtenha também os valores de carga
de ruptura para: valores de deslocamento correspondente a 10% do diâmetro da
estaca; método de Van der Veen; Método de Rigidez de Décourt.

Dados:
- Estaca hélice contínua;
- Diâmetro D= 0,30m = 300mm; comprimento L= 12m = 12.000mm.
- Módulo de elasticidade EC = 20 GPa = 20 kN/mm2.
- Dados da prova de carga:

Carga (kN) Recalque (mm)


0 0
50 0,05
100 0,21
160 0,59
240 1,62
300 2,98
360 4,72
420 7,98
480 12,15
560 22,05
620 32,97
700 50,13

Resolução:

Método da ABNT NBR 6122 (2022)

Em unidades kN e mm, a equação da reta é:


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𝑃𝑃𝑟𝑟 𝑥𝑥 𝐿𝐿 𝐷𝐷
𝛥𝛥𝑟𝑟 = +
𝐴𝐴 𝑥𝑥 𝐸𝐸 30

𝑃𝑃𝑟𝑟 𝑥𝑥 12.000 300


𝛥𝛥𝑟𝑟 = +
70650 𝑥𝑥 20 30

𝛥𝛥𝑟𝑟 = 10 + +0,0085 𝑥𝑥 𝑃𝑃𝑟𝑟 (unidades: kN e mm) → equação da reta

Com utilização de planilha Excel obtém-se o ponto de encontro da reta com


a curva carga x deslocamento, Figura VI.6.2.6. O valor de 500 kN, é obtido como
carga de ruptura convencional ou convencionada, utilizando-se o método da ABNT
NBR 6122 (2022).

Figura VI.6.2.6 – Obtenção de carga de ruptura convencional pela ABNT


NBR 6122 (2022). QRC = 500 kN.

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Deslocamento correspondente a 10% do diâmetro da estaca

300 𝑚𝑚𝑚𝑚
10% D → → 30mm
10

No ponto da curva carga x recalque correspondente a 30mm de


deslocamento, obtém-se o valor de 600 kN.

Van der Veen modificado por Aoki,

Utilizando-se planilha Excel apresentada neste Capítulo (VI.6.4) obtém-se


QRC = 730 kN

Método da rigidez de Décourt

Utilizando-se programa computacional apresentado neste Capítulo (VI.6.3) e


considerando-se os pontos 1 a 4 para ponta e pontos 5 a 7 atrito, obtém-se o valor:
QRC = 543 kN.

A título comparativo, foram obtidos os seguintes valores de Carga de Ruptura


convencionada:
- ABNT NBR 6122:2022 → QRC = 500 kN
- Deslocamento de 10% D → QRC = 600 kN
- Van der Veen modificado por Aoki → QRC = 730 kN
- Rigidez de Décourt → QRC = 543 kN

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VI.6.3 – RUPTURA CONVENCIONADA - MÉTODO DA RIGIDEZ DE


DÉCOURT – CARGA DE PONTA – CARGA DE ATRITO LATERAL

Introdução

Figura VI.6.3.1– Gráfico de Rigidez. Q/d (MN x mm) x Q (MN). Quc (QRC)
Carga última convencionada ou carga de ruptura convencionada.

Domínio de ponta. Domínio do atrito lateral.

Décourt (1996, 1998, 2008a) apresenta a proposta de análise da prova de


carga através de procedimento matemático, utilizando o gráfico de rigidez, Figura
VI.6.3.1. Através do gráfico determina-se a parcela de atrito lateral e a parcela de
ponta. Utiliza-se o termo “domínio”, pois mesmo a carga sendo, em determinado
nível de carga, quase totalmente de atrito, sempre haverá uma parcela, pequena
que seja, de ponta. O mesmo para a carga na ponta.

Para melhor compreensão do método é importante a leitura do Capitulo VI.5


– Curva de Rigidez, anterior a este capitulo.

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A carga de ruptura convencionada (QRC) ou carga última convencional (Quc)


é definida como sendo a carga para um deslocamento de 10% de seu diâmetro.
Carga última vem do inglês que utiliza ultimate load para carga de ruptura.

O método permite, com os dados de uma prova de carga convencional (não


instrumentada), obter:

- A separação aproximada da carga total, entre carga de ponta (QP) e carga


lateral (QL);

- A curva completa carga x recalque, até a carga de ruptura convencional


(QRC), estabelecida no método como a carga correspondente a um deslocamento de
10% do diâmetro da estaca;

- A ordem de grandeza de cargas residuais (quando há carregamentos


sucessivos).

O atrito lateral é obtido através de um trecho linear na primeira parte da


curva de rigidez. A carga de ponta é obtida através de uma equação log x log que
corresponde a parte final da curva de rigidez, Figura VI.6.3.2.

Figura 6.3.2 – Domínios de atrito, transição e ponta para o método da rigidez


(Décourt)

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239

Décourt apresenta seu método em:

“Décourt, L. (2008a) – Provas de carga em estacas podem dizer muito mais


do que têm dito. Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia –
SEFE VI. ABEF – São Paulo. Pgs 221 – 245”.

“Décourt, L. (1998) – Ruptura de fundações e coeficientes de segurança a


luz do conceito de rigidez. XI Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e
Engenharia Geotécnica. ABMS. Vol. III; pgs 1599 – 1606. ”

“Décourt, L. (1996) - A ruptura de fundações avaliada com base no conceito


de rigidez. In: SEMINÁRIO DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS E
GEOTECNIA, III SEFE, 1996, São Paulo. Anais... São Paulo: ABEF e ABMS, 1996,
v.1, p. 215-224.”

Planilha de Cálculo

Décourt disponibiliza programa computacional, disponível na pasta


“Planilhas Excel” no Link do Google Drive deste livro, desenvolvido pelo Dr. Roberto
Frota Décourt, de filho para pai, para a aplicação do método, com as seguintes
observações:

Link: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1Ne5RFbIroKOlt7nSa-fXkoT-
eWxL98YZ

“Procurou-se apresentar o processo da forma mais simples e possível, de modo


a permitir que se atinja os objetivos sem ter que se recorrer a nenhuma formulação
matemática mais complexa.

O programa desenvolvido permite também ao usuário chegar aos objetivos


finais, sem, praticamente, nenhuma intervenção sua. Mas, é bom que se diga, não
ser esse o objetivo primordial do programa.

O que se espera do usuário, e o programa está preparado para isso, é que o


mesmo interaja com o programa, estabelecendo quais são as suas decisões em
relação as atitudes a serem tomadas.

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O programa foi feito para facilitar a vida do usuário e jamais para substituí-
lo.”

Na figura VI.6.3.3 apresenta-se uma visão da tela do programa em Excel. A


seguir apresentam-se os passos para utilização do programa.

Figura VI.6.3.3 – Vista geral da tela do programa para utilização do método de


rigidez.

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Passos para utilização da planilha:

Passo 1 - Entrar com os dados da estaca: local, diâmetro, comprimento, e


módulo de elasticidade, Figura VI.6.3.4.

Figura VI.6.3.4– Dados da estaca

Obs 1: entrar com comprimento em metros e 2 casas depois da virgula; entrar


com diâmetro em milímetros e duas casas depois da virgula

Obs 2: “Para estacas longas é importante analisar o recalque elástico SEl (ΔL)
durante a definição do domínio do atrito lateral, já que as deformações neste trecho
são da ordem de grandeza dos recalques elásticos” (DÉCOURT, 2006; 2008):

𝑄𝑄 𝐿𝐿
𝑆𝑆𝑒𝑒𝑒𝑒 = (mm)
2 𝐸𝐸𝐸𝐸

Em que:
Q – Carga equivalente a 1,0 MN
L – Comprimento da estaca (m)
E – Módulo de elasticidade (GPa)
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A – Área da seção transversal da estaca (m2).

O programa calcula automaticamente o recalque elástico SEl (ΔL) para módulo


de elasticidade de 25 GPa, carga de 1 MN no topo e 0 MN na ponta → carga média
no fuste de 0,5MN. Na coluna da direita pode-entrar com outros valores de carga e
módulo de elasticidade. No caso da carga deve ser a carga média no fuste. Em uma
estaca com a carga no topo (QT) e carga na ponta (QP), deve-se entrar no programa
com carga = (QT + QP) / 2.

Passo 2 - Entrar com os dados da curva carga x recalque do ensaio, Figura


VI.6.3.5.
Observações:

1) a carga deve ser em Mega Newton (MN) e os recalques em milímetros (mm);

2) começar na tabela com a última carga e último carregamento. Não colocar


na tabela, carga 0 (zero) e deslocamento 0 (zero), antes do início do carregamento;

3) na tabela as cargas e recalques são colocados dos maiores para os menores,


ou seja, começa com os pontos finais da prova de carga e caminham para o início.
O número relativo ao ponto (n) encontra-se a esquerda.

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Figura VI.6.3.5 – Entrada de dados da curva carga x recalque

Passo 3 - Conforme Figura 6.3.6, nos quadros (Log x Log) (carga de ponta) e
(Linear) (carga lateral) coloca-se os pontos (n) que o usuário quer considerar,
começando da carga máxima do ensaio, utilizando o quadro Log x Log.

Escolhe-se os pontos, no mínimo 3 (com 2 pontos R2 sempre vai ser 1), até
obter-se o melhor coeficiente de correlação (R2). No caso da Figura 6.2.6 foram os
pontos de 1 (1,360MN) e 5 (0,900MN) que forneceram o melhor coeficiente (R2 =
0,9972).

Automaticamente o programa fornece o R2 e a carga de ruptura


convencionada (QRC), no programa apresentada como Quc (carga última
convencionada). No caso, Quc = 0,910 MN e R2 = 0,9972. A carga Quc,
correspondente ao deslocamento de 10% do diâmetro da estaca, é definida pela
equação da curva, Figuras VI.6.3.6 e VI.6.3.7.

Passo 4 - Na sequência, no quadro linear, escolhe-se os pontos, no mínimo


3, a partir do último ponto utilizado anteriormente no quadro Log x Log, que foi o
ponto 5. A melhor correlação linear obtida foi entre os pontos 6 (0,750MN) e 9
(O,300MN), obtendo-se para o melhor R2 (0,9831), carga lateral (Qsc) = 0,810 MN
(ponto onde a reta intercepta o eixo Q)

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Figura VI.6.3.6 – Escolha dos pontos. Primeiro Log x Log e depois linear.
Valores de Carga última convencionada (Quc) e Carga lateral (Qsc) no gráfico e no
quadro lateral.

Figura VI.6.3.7 – Curva do ensaio e curva teórica – Valor de carga última


convencionada.

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Segundo Décourt (2008) os valores do atrito lateral jamais serão conhecidos


com precisão, sabendo-se, porém, que os mesmos terão que, obrigatoriamente,
situar-se entre os limites do ponto em que a reta corta o eixo das cargas (limite
superior – upper bound) e o último ponto da reta (limite inferior – lower bound). O
programa faz o cálculo, conforme apresentado na Figura VI.6.3.8.

Figura VI.6.3.8 – Limite superior e inferior do atrito lateral.

Exemplo de aplicação da planilha do Método da Rigidez

Nas Figuras VI.6.3.9 e VI.6.3.10 apresenta-se a aplicação do programa a uma


estaca, com a análise de várias possibilidades para domínio de ponta e domínio de
atrito lateral:

- Figura VI.6.3.9, domínio de ponta, onde as melhores correlações (R2) foram


para os pontos 1 a 4.

- Figura VI.6.3.10, domínio de atrito, onde as melhores correlações (R2)


foram para os pontos 6 a 8 (atrito). Ponto 5, transição.

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Figura VI.6.3.9 – Domínio de ponta. Análise das diversas correlações. Estaca T1,
(Décourt, 2008). Pontos 1 a 4 → melhor correlação. Cálculo da carga última
convencionada (Quc) (carga de ruptura convencionada – QRC), correspondente a
10% do diâmetro da estaca
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FiguraVI.6.3.10– Domínio de atrito. Análise das diversas correlações. Estaca T1,


(Décourt, 2008). Pontos 6 a 8 → melhor correlação. Upper bound → limite
superior do atrito lateral → ponto onde a reta corta o eixo Q

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Exercício 1 – Aplicação da planilha

Para uma estaca escavada submetida a prova de carga, determinar:

1- Carga de ruptura convencionada (QRC) ou carga última convencionada


(Quc);

2- Carga lateral máxima (Qsc) → (limite superior – upper bound) – ponto onde
corta o eixo das cargas;

3- Limite inferior da carga lateral (lower bound);

4- Variação entre limite superior e inferior da carga lateral.

Dados: Estaca escavada. Comprimento L= 6,00m; Diâmetro= 60cm =


600,00mm. Curva carga x recalque, Tabela VI.1.

Tabela VI.1 – Dados da prova de carga

CARGA (kN) DESLOCAMENTO (mm)


0 – Não inserir 0 – Não inserir
150 0,19
300 0,58
450 1,22
600 2,56
750 4,59
900 10,82
1050 36,82
1125 72,49
1175 95,39

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Observação

Na Figura VI.6.3.11:

- Diâmetro → entrar em mm, com duas casas depois da vírgula → D = 60cm


→ 600,00mm

- Comprimento – entrar em metro, com duas casas depois da vírgula → L=


6,00m

- A carga deve entrar em Mega Newton (MN) e não em kN;

- Inserir as cargas no sentido da maior para a menor.

Figura VI.6.3.11 – Dados de entrada

Resultados:

1- Escolher os pontos para obter a carga de ruptura convencionada. Iniciar


com 3 pontos e ir aumentando até obter a melhor correlação (R2).
A melhor correlação obtida foi para os pontos de 1 a 4, Figura VI.6.3.12.
A carga de ruptura convencionada obtida foi de 0,967 MN (967 kN).

2- Escolher os pontos para obter a melhor correlação linear a partir do ponto


4. A melhor correlação obtida foi entre os pontos 6 e 8, Figura VI.6.3.12.
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O ponto 5, para este caso, é o ponto de transição, que pode ocorrer ou


não. A carga lateral máxima obtida foi de 0,831 MN (831 kN) (upper
bound).

Figura VI.6.3.12 – Carga de ruptura convencional e carga máxima lateral

3- Limite inferior da carga lateral (lower bound) → 0,72 MN, Figura VI.6.2.13.
4- Variação entre limite inferior e superior da carga lateral, Figura VI.6.2.13.

Figura VI.6.3.13 – Limites superior e inferior do atrito lateral

Equacionamentos

No exercício 2 a seguir são apresentados os equacionamentos utilizados no


método da rigidez e respectivo programa computacional.

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Exercício 2 – Cálculo numérico sem utilização da planilha

Calcular numericamente, sem utilização da planilha, a carga de ruptura


convencionada (carga equivalente a deslocamento na ponta de10% do diâmetro da
estaca), e a carga lateral.

Resolução:

Apresentamos a seguir o cálculo numérico do método, sem utilização do


programa, adaptado de:

“Melo, B.N. (2019) – Análise de provas de carga à compressão à luz do


conceito de rigidez. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 282 págs.”

Estaca com apiloamento do concreto

1. Inserir os dados da estaca

L = 6,00 m
D = 20cm → 200,00 mm
E = 25 GPa

2. Cálculo do recalque elástico para 1 MN.

(𝐹𝐹 𝑥𝑥 𝐿𝐿)
𝑆𝑆 = 𝛥𝛥𝐿𝐿 =
(𝐸𝐸 𝑥𝑥 𝐴𝐴)

(𝑀𝑀𝑀𝑀)(𝑚𝑚) (𝑀𝑀𝑀𝑀)(𝑚𝑚)
𝑆𝑆𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2 (𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺)(𝑚𝑚2 ) → 𝑆𝑆𝑒𝑒𝑒𝑒 = 2 (1000𝑀𝑀𝑀𝑀/𝑚𝑚2 )(𝑚𝑚2 ) = mm → Sel = 3,82 mm (E.1)

1 MN no topo e zero MN na ponta → Média no fuste 1/2 = O,5 MN

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3. Dados da prova de carga estática


Os dados obtidos na prova de carga, apresentados na Tabela E.1, são
inseridos para obter a curva carga x recalque da Figura E.1.

Tabela E.1: Dados de carga e recalque (da maior para a menor carga)

Ponto Carga (MN) Recalque (mm)


1 0,096 50,43
2 0,092 28,72
3 0,088 16,14
4 0,084 11,58
5 0,080 9,04
6 0,076 7,64
7 0,072 6,39
8 0,068 5,32
9 0,064 4,5
10 0,060 3,59
11 0,056 2,92
12 0,052 2,32
13 0,048 1,7
14 0,044 1,29
15 0,040 1,17
16 0,032 0,66
17 0,024 0,15
18 0,016 0,03
19 0,008 0,01

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Carga (MN)
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
0
10

Recalque (mm)
20
30
40
50
60

Figura E.1: Curva carga vs recalque da PC 35.

4. Escolha do ponto de regressão da curva


Para análise da parte final da curva, correspondente ao domínio de ponta, a partir
do último ponto (ponto 1) se escolhe os pontos seguintes para a regressão, até obter-
se o “ponto de regressão”, que é o ponto que fornece a melhor correlação (R2).

Para determinar o “ponto de regressão”, são estabelecidas correlações lineares


entre Log (carga) e Log (deslocamento) (Log Q x Log s) (Tabela E.2). Estes coeficientes
de correlação R são elevados ao quadrado para se obter R2 (Tabela E.3).

Tabela E.2: Log Q, Log s e Coeficiente de correlação R.

Log da Carga (Q) Log do Recalque (s) Coeficiente de correlação


Ponto
(MN) (mm) R2
1 -1,01772877 1,70268897 ----
2 -1,03621217 1,45818444 1
3 -1,05551733 1,20790353 0,99998
4 -1,07572071 1,06370856 0,99112
5 -1,09691001 0,95616843 0,98007
6 -1,11918641 0,88309336 0,96644
7 -1,1426675 0,80550086 0,95713
8 -1,16749109 0,72591163 0,95206
9 -1,19382003 0,65321251 0,94867
10 -1,22184875 0,55509445 0,95031
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11 -1,25181197 0,46538285 0,95286


12 -1,28399666 0,36548798 0,95646
13 -1,31875876 0,23044892 0,96243
14 -1,35654732 0,11058971 0,96757
15 -1,39794001 0,06818586 0,96755
16 -1,49485002 -0,18045606 0,96795
17 -1,61978876 -0,82390874 0,97928
18 -1,79588002 -1,52287875 0,98764
19 -2,09691001 -2 0,98683

Tabela E.3: Coeficiente de correlação ao quadrado R2.

Ponto Coeficiente de correlação (R2)


2 1,0000
3 1,0000
4 0,9823
5 0,9605
6 0,9340
7 0,9161
8 0,9064
9 0,9000
10 0,9031
11 0,9079
12 0,9148
13 0,9263
14 0,9362
15 0,9362
16 0,9369
17 0,9590
18 0,9754
19 0,9738

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A partir do ponto 3 nota-se a queda do R2, que demonstra uma mudança de


comportamento. Portanto o “ponto de regressão” escolhido é o ponto 3.

Através da correlação linear entre Log Q e Log s é possível definir a equação


a partir do ponto de regressão, calculando a previsão e a inclinação da curva no
ponto de regressão (Tabela E.4).

Tabela E.4: Inclinação e previsão dos pontos da curva Log Q vs Log s.

Ponto Inclinação Previsão


2 0,075595 -1,14644
3 0,076377 -1,14771
4 0,087824 -1,16557
5 0,101233 -1,18577
6 0,116331 -1,20787
7 0,131882 -1,22988
8 0,147511 -1,25125
9 0,163354 -1,27222
10 0,178364 -1,29128
11 0,192902 -1,30908
12 0,206673 -1,32531
13 0,218312 -1,33838
14 0,229085 -1,35001
15 0,242623 -1,3644
16 0,261464 -1,38286
17 0,266434 -1,38712
18 0,267013 -1,38757
19 0,292344 -1,40576

Tem-se que a equação é:

𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑄𝑄 = −1,148 + 0,076 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑠𝑠 (E.2)

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5. Determinação da carga de ruptura convencional da curva carga x


recalque

A carga de ruptura convencional (Quc) é a carga correspondente a um recalque


de 10% do diâmetro. A partir da equação definida anteriormente, calcula-se Quc.

200
𝑄𝑄𝑢𝑢𝑢𝑢 = 10𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿� 10 �0,076−1,148 (E.3)

Portanto tem-se que Quc = 0,089 MN.

A reta entre o ponto de regressão e Quc fornece algumas informações como as


apresentadas na Figura E.2.

Na interseção da reta com o eixo das cargas tem-se Qsl = 0,08187 MN, em que
Qsl é o limite inferior do domínio do atrito lateral.

Carga (MN)
Linha entre o ponto 3 e Quc
0 0,05 0,1 0,15
0
Q vs s
10
20 Pontos da Curva Carga vs recalque
Recalque (mm)

30
Ponto de regressão
40
50 Quc
60
70 Qsl

80

Figura E.2: Curva carga vs recalque.

6. Determinação do Gráfico de Rigidez

A Rigidez (RIG) é definida por: RIG = Q (carga) /s (recalque). A partir dos


valores na Tabela E.5, pode-se determinar os pontos do Gráfico de Rigidez (Figura
E.3).
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Tabela E.5: Valores de carga Q e rigidez RIG.

Ponto Carga (MN) Rigidez (MN/mm)


1 0,096 0,0019036
2 0,092 0,0032033
3 0,088 0,0054523
4 0,084 0,0072539
5 0,080 0,0088496
6 0,076 0,0099476
7 0,072 0,0112676
8 0,068 0,012782
9 0,064 0,0142222
10 0,060 0,0167131
11 0,056 0,0191781
12 0,052 0,0224138
13 0,048 0,0282353
14 0,044 0,0341085
15 0,040 0,034188
16 0,032 0,0484848
17 0,024 0,1600000
18 0,016 0,5333333
19 0,008 0,8000000

Gráfico de Rigidez
1
Rigidez RIG (MN/mm)

0,8
0,6
0,4
0,2
0
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
Carga (MN)

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Figura E.3: Pontos do Gráfico de Rigidez.

A partir do ponto de regressão escolhido (ponto 3), a ponta deixa de


preponderar, constatada pela redução nítida de R2. Neste ponto de transição separa-
se a parte do gráfico de Rigidez correspondente ao domínio de ponta e ao domínio do
atrito lateral. A transição pode incluir alguns pontos até iniciar o domínio do atrito
lateral.

Ponta → Do ponto 1 até o ponto de regressão (1 a 3).

Através da correlação linear entre Log Q e Log RIG (Tabela E.6) é possível
definir a equação da curva correspondente ao domínio de ponta, representado na
Figura E.4, calculando a intercepção (a) e a inclinação (b) da curva.

Tabela E.6: Log da carga Q e Log da rigidez RIG.

Ponto Log Q Log Rig


1 -1,017728767 -1,017728767
2 -1,036212173 -1,036212173
3 -1,055517328 -1,055517328

Para estes pontos tem-se que:

a – Intercepção do gráfico = -1,243


b – inclinação da curva = -0,083

Portanto a equação da curva correspondente ao domínio de ponta é:

𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑄𝑄 = −1,243 − 0,083 𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 (E.4)

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Gráfico de Rigidez
1,2

0,8
Gráfico de Rigidez
0,6 Ponto 1 ao Ponto 3
Domínio de ponta
0,4

0,2

0
0,000 0,050 0,100 0,150

Figura E.4: Domínio de ponta no Gráfico de Rigidez.

Atrito → escolhe-se os pontos que se ajustam melhor na reta, e que


proporcionam o maior valor de R2 (4 a 9) como na Figura E.5. Os valores de carga e
recalque destes pontos estão na Tabela E.7.

Tabela E.7: Valores de carga e rigidez.

Ponto Q (MN) RIG (MN/mm)


4 0,084 0,0072539
5 0,080 0,0088496
6 0,076 0,0099476
7 0,072 0,0112676
8 0,068 0,012782
9 0,064 0,0142222

Para estes pontos tem-se que:

a – Intercepção do gráfico = 0,105


b – inclinação da curva = -2,913
Portanto a equação da curva correspondente ao domínio de atrito (carga
lateral) é:

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𝑄𝑄 = 0,105 − 2,913 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 (E.5)

Gráfico de Rigidez
0,9
0,8
Rigidez RIG (MN/mm)

0,7
0,6 Gráfico de Rigidez
0,5
0,4 Ponto 4 ao Ponto 9
0,3
0,2 Domínio do atrito lateral
0,1
0
0,000 0,050 0,100 0,150
Carga (MN)

Figura E.5: Domínio do atrito lateral no Gráfico de Rigidez.

7. Determinação da carga de ruptura convencional do Gráfico de


Rigidez
A carga de ruptura convencional do Gráfico de Rigidez (Qu)c é a carga
correspondente à rigidez do recalque de 10% do diâmetro, representada na Figura
E.6.

(𝑄𝑄𝑢𝑢 )𝑐𝑐 = 10𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 (𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅) .(−1,243)−0,083 (E.6)

Portanto tem-se que a carga limite (Qu) é 0,089 MN.

Gráfico de Rigidez
1,2
1
Rigidez (MN/mm)

0,8
Gráfico de Rigidez
0,6
Carga de ruptura
0,4
Domínio de ponta
0,2
0
0,000 0,050 0,100 0,150
Carga (MN)

Figura E.6: Representação da carga de ruptura (Qu)c


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8. Gráfico de atrito lateral

Através dos coeficientes da equação linear referente ao domínio do atrito


lateral pode-se formar um gráfico de atrito lateral (Qs vs s) como na Figura E.7.

0,105
𝑄𝑄𝑠𝑠 = −2,913 (E.7)
1−( )
𝑠𝑠

O limite superior do atrito lateral (Qsu) é a carga correspondente ao


deslocamento referente a 0,1.D no gráfico (Qs vs s).

Qs (MN)
0,044 0,045 0,046 0,047 0,048 0,049
0
Atrito lateral
20
Qs correspondente a s = 10 mm
40
s (mm)

60 Qs correspondente a s = 0,1.D

80 Qs correspondente a s = 100 mm
100

120

Figura E.7: Gráfico do atrito lateral.

𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠 +𝑄𝑄𝑠𝑠𝑠𝑠
𝑄𝑄𝑠𝑠 = (E.8)
2

9. Curva carga vs recalque

Através das equações abaixo se pode representar os domínios de ponta e de


atrito lateral na curva carga vs recalque como na Figura E.8.

𝑄𝑄×𝑏𝑏
𝑠𝑠 = (E.9)
𝑄𝑄−𝑎𝑎

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𝑎𝑎
𝑠𝑠 = 10𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝑄𝑄−(𝑏𝑏) (E.10)

Curva carga vs recalque

Carga Q (MN)
0,000 0,020 0,040 0,060 0,080 0,100 0,120
0
10 Q vs s
Recalque s (mm)

20 Atrito
30 Ponta
40
50
60

Figura E.8: Curva carga vs recalque e os domínios de atrito lateral e de ponta.

VI.6.4- VAN DER VEEN – EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA

Neste Capítulo serão apresentados:

VI.6.4.1 - Introdução

VI.6.4.2 – Equação da curva – Van Der Veen

VI.6.4.3 – Exemplo de Aplicação – Passo a Passo – Van Der Veen

VI.6.4.4 – Utilização de Programa Computacional – Van Der Veen

VI.6.4.1 - INTRODUÇÃO

Van der Veen, em seu trabalho “The bearing capacity of a pile”, publicado na
“III International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering”, em
1953, apresenta equação exponencial para a curva carga x deslocamento.

O artigo explicita o equacionamento da curva x deslocamento, a qual tende


para uma assíntota, indicando a carga de ruptura. É, portanto, um critério de

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ruptura física, onde a carga tende a um valor máximo, quando o recalque tende ao
infinito.

Quando a prova de carga não atinge deslocamentos que indiquem a ruptura,


faz-se a extrapolação a partir dos pontos já obtidos na curva carga x deslocamento,
obtendo-se a curva da equação de Van der Veen, Figura VI.6.4.1. A assíntota da
curva indica a ruptura (QR.VV), sendo possível obter o deslocamento para cada nível
de carga.

Figura VI.6.4.1– A) Curva da prova de carga e curva de Van der Veen. B) Curva de
Van der Veen – Carga de Ruptura.

Este método não deve ser usado indiscriminadamente, devendo ser feitas as
seguintes importantes observações:

- Para se ter bons resultados nesta extrapolação é necessário que a carga


máxima aplicada na prova (QMáx.PC) seja ao menos 70% da provável carga de
ruptura da fundação. Utilizar este critério quando se atingiu pequenos
deslocamentos na prova de carga, ou para carga máxima da prova inferior a 70%
da provável carga de ruptura, pode conduzir a erros graves. Pelo exposto, para
maior confiabilidade na aplicação da equação, é necessário se ter uma boa
estimativa da provável carga de ruptura (QR) da fundação.

- A equação de Van der Veen sempre conduz a uma assíntota, o que nem
sempre acontece em provas de carga, mesmo para deslocamentos maiores, como é
o caso das curvas carga x deslocamento “abertas”;

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- Para estacas escavadas o método subestima o valor da carga de ruptura


real (QR), pois são necessários grandes deslocamentos para se atingir esta ruptura,
e a inflexão da curva de Van der Veen e sua assíntota (QR.VV) ocorre antes destes
grandes deslocamentos;

- O método é para ser aplicado em provas de carga com carregamento do tipo


lento. Em carregamento do tipo misto e carregamento do tipo rápido o método pode
conduzir a diferenças significativas, com QR.VV maiores em relação ao carregamento
do tipo lento, dependendo da susceptibilidade do solo ao tipo de carregamento,
conforme visto no item VI.3 deste capítulo.

Niyama (1994) apresenta discussão a respeito, da qual, resumidamente


destacam-se:

- O procedimento de extrapolação só pode ser utilizado para o primeiro


carregamento na estaca. Em um segundo ou terceiro carregamento na estaca, os
valores previstos de QR são muito altos, superestimando perigosamente os valores
reais;

- Para o primeiro carregamento o método prevê razoavelmente e


conservadoramente o valor da carga de ruptura (QR.VV), desde que a carga máxima
na prova de carga tenha atingido no mínimo 2/3 da carga de ruptura real (QR) da
fundação; se na prova de carga a máxima carga é menor que este valor o método
não se aplica, conduzindo a valor previsto (QR.VV) muito menor que a ruptura real.

- Décourt (1993b) claramente demonstrou que para estacas escavadas este


método não é valido, porque subestima muito o valor da carga real de ruptura (QR).

Na Figura VI.6.4.2 apresenta-se uma prova de carga em um estacão, onde


obteve-se uma curva do tipo aberta, não se observando tendência a uma assíntota.
Aplicou-se Van der Veen para a curva total (86mm de deslocamento), e para as
cargas até 70%, 50% e 30% da carga de ruptura prevista em projeto (2000kN).
Foram obtidos os valores de carga de ruptura (QR.VV) de 2100kN, 1670kN, 1250kN
e 900kN, respectivamente. Observa-se: grande variação de QRVV, conforme a

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porcentagem da carga de ruptura real (QR) prevista para a prova de carga; para
atingir 2100kN seriam necessários grandes deslocamentos.

Todos Pontos – Carga máxima ensaio Pontos até 70% da carga máxima
1800kN – QRVV = 2100kN QRVV = 1670kN

Pontos até 50% da carga máxima Pontos até 30% da carga máxima
QRVV = 1250kN QRVV = 900 kN
Figura VI.6.4.2 – Aplicação do método de Van der Veen para um estacão,
utilizando-se pontos relativos a uma % da carga máxima.

Na Figura VI.6.4.3 apresenta-se uma prova de carga em estaca escavada,


onde obteve-se uma curva com tendência a uma assíntota. Aplicou-se Van der Veen
para a curva total (90mm de deslocamento), e para as cargas até 70%, 50% e 30%
da carga de ruptura obtida na prova de carga. Foram obtidos os valores de carga
de ruptura (QR.VV) de 1450kN, 1430kN, 1020kN e 680kN, respectivamente.

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Observa-se: grande variação de QRVV, conforme a porcentagem da carga de ruptura


real (QR) que se atingiu na prova de carga.

Todos Pontos – Carga máxima do Pontos até 70% da carga máxima


ensaio 1450kN – QRVV = 1500kN QRVV = 1430kN

Pontos até 50% da carga máxima Pontos até 30% da carga máxima
QRVV = 1020kN QRVV = 680kN

Figura VI.6.4.3– Aplicação do método de Van der Veen para uma mesma
estaca, utilizando-se pontos relativos a uma % da carga máxima.

Pelos exemplos apresentados nas Figuras VI.6.4.2 e VI.6.4.3, observa-


se as imprecisões ao se utilizar o método de Van der Veen, quando não se

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chegou na prova de carga a uma carga da ordem de pelo menos a 70% da


carga de ruptura real (QR) da estaca.

VI.6.4.2 - EQUAÇÃO DA CURVA – VAN DER VEEN

Van der Veen propõe que a curva seja representada por:

Q = QR (1 – e-.d)

onde:

- Q e d são os diversos pontos de carga e deslocamento da curva carga x


deslocamento;

- QR é a carga de ruptura que se pretende calcular, cujo valor corresponde à


assíntota da equação. QR é a interseção da assíntota vertical com o eixo das cargas;

-  é um coeficiente que define a forma da curva (em unidades de mm-1


quando d está em mm);

- e é a base dos logaritmos naturais.

Como se dispõe de uma equação e duas incógnitas (QR e ) a equação é


resolvida por tentativas. Com possibilidade de utilização de planilhas, como Excel
e programas computacionais, é fácil a utilização do método.

A equação pode ser reescrita:

𝑄𝑄 1−𝑄𝑄
1 − 𝑄𝑄 = 𝑒𝑒 −𝛼𝛼.𝑑𝑑 → 𝛼𝛼 . 𝑑𝑑 = −𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 �
𝑅𝑅 𝑅𝑅

Portanto, o valor de QR que satisfaz a equação representa uma reta em um


gráfico semilogarítmico, sendo o coeficiente angular desta reta valor de .

1−𝑄𝑄
O processo consiste, em um gráfico de abcissas −𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 � e ordenadas d,
𝑅𝑅

em se arbitrar valores para QR e verificar qual deles conduz a uma reta, com maior

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coeficiente de correlação (R2). O coeficiente angular da reta é o valor de , Figura


VI.6.4.4.

Figura VI.6.4.4 – Solução gráfica de Van der Veen (Adaptado de Velloso & Lopes,
2016)

Aoki (1976) propõe uma alteração no método, deixando de impor que a reta
passe pela origem do sistema de coordenadas, acrescentando o parâmetro b, que é
o intercepto, no eixo dos recalques, da reta obtida na escala semilogarítmica.
Assim, pode-se obter um valor do coeficiente de correlação (R2) mais próximo de 1,
proporcionando um melhor ajuste da curva com os pontos intermediários e finais
da prova de carga. No exemplo a ser apresentado neste capítulo, utilizando-se Van
der Veen, obtém-se uma carga de ruptura de 1.750 kN. Utilizando-se Van der Veen
modificado por Aoki (1976), obtém-se 1.840 kN.

Desta maneira, a equação de “Van der Veen modificada por Aoki”, é dada
por:

Q Q R 1 − e (
− α⋅d + b )
= 

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Apresenta-se na Figura VI.6.4.5 as retas com melhores R2 obtidas por Van


der Veen (1953) e Van der Veen modificado por Aoki (1976), para o exemplo a
seguir.

Figura VI.6.4.5. Retas com melhores coeficientes de correlação (R2). A) Van der
Veen (1953) B) Van der Veen modificado por Aoki (1976).

VI.6.4.3 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO – PASSO A PASSO – VAN DER VEEN

Apresenta-se um exemplo, passo a passo, com o objetivo didático de


demonstrar a sequência de cálculos necessários.

Podem ser usadas planilhas feitas para utilização da equação de Van der
Veen, como a de Schiavon (2013), apresentada no item VI.6.4 deste capítulo.
Alonso (2011) apresenta um programa em Basic para a resolução desta equação.

Para uma estaca pré-moldada submetida à prova de carga, não se chegou a


um deslocamento que caracterizasse a ruptura. Com os dados obtidos
apresentados na Tabela VI.6.4.1, utilizando a equação de Van der Veen modificada
por Aoki (1976), obtenha a carga de ruptura e a curva carga x deslocamento.

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Para a utilização do processo de Van der Veen modificado por Aoki (1976)
deve-se arbitrar valores da carga de ruptura (QR) que deverão ser superiores ao
valor último obtido na prova de carga, que é de 1600 kN (Tabela 1).

1−𝑄𝑄
Deve-se montar uma tabela calculando os valores de − 𝑙𝑙𝑙𝑙 𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 � , conforme
𝑅𝑅

é mostrado na Tabela VI.6.4.2. Neste exemplo adotou-se o valor inicial de 1700 kN


com intervalos de 35 kN entre as cargas. Porém, com o emprego de planilhas
eletrônicas, os intervalos e o valor inicial ficam a critério do usuário.

Tabela VI.6.4.1 – Valores de carga e deslocamento da prova de carga.

CARGA (kN) DESLOCAMENTO (mm)


0 0
200 0,29
400 0,49
600 0,77
800 1,40
1000 2,31
1200 3,60
1400 5,00
1600 6,97

1−𝑄𝑄
Tabela VI.6.4.2 – Valores estimados de carga e calculados pela equação −𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 �
𝑅𝑅

1−𝑄𝑄
-𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 � Deslocamen
Carga 𝑅𝑅 to
(kN) 1700 1735 1770 1805 1840 1875 1910 (mm)
200 0,13 0,12 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,29
400 0,27 0,26 0,26 0,25 0,25 0,24 0,23 0,49
600 0,44 0,42 0,41 0,40 0,39 0,39 0,38 0,77
800 0,64 0,62 0,60 0,59 0,57 0,56 0,54 1,40
1000 0,89 0,86 0,83 0,81 0,78 0,76 0,74 2,31
1200 1,22 1,18 1,13 1,09 1,06 1,02 0,99 3,60
1400 1,73 1,64 1,57 1,49 1,43 1,37 1,32 5,00
1600 2,83 2,55 2,34 2,18 2,04 1,92 1,82 6,97

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Com base nos dados da Tabela VI.6.4.2 constrói-se os gráficos de Van der
Veen. Cabe ressaltar que foram utilizados somente de parte dos dados da Tabela
para que a Figura VI.6.4.6 não ficasse com muita informação.

Figura VI.6.4.6 – Gráfico de Van der Veen.

Para a obtenção da carga de ruptura deve-se fazer a regressão linear dos


1−𝑄𝑄
valores de deslocamento e −𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 �, que pode ser feita na Tabela VI.6.4.2 ou na
𝑅𝑅

função “linha de tendência” do software Excel de forma de obter um ajuste do R2


próximo a 1.

Utilizando os dados da Tabela VI.6.4.2, obtém-se os seguintes valores de R2


conforme é mostrado na Tabela VI.6.4.3.

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Com base nos dados da Tabela VI.6.4.3, observa-se que o valor de R2 mais
próximo de 1 é o de 1840 kN, indicando que esta seria a carga de ruptura
extrapolada. Tal regressão pode ser observada na Figura VI.6.4.7 e Tabela VI.6.4.4.

Tabela VI.6.4.3 – Valores de R2.

1−𝑄𝑄
−𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 � Deslocamen
Carga 𝑅𝑅 to
(kN) 1700 1735 1770 1805 1840 1875 1910 (mm)
200 0,13 0,12 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,29
400 0,27 0,26 0,26 0,25 0,25 0,24 0,23 0,49
600 0,44 0,42 0,41 0,40 0,39 0,39 0,38 0,77
800 0,64 0,62 0,60 0,59 0,57 0,56 0,54 1,40
1000 0,89 0,86 0,83 0,81 0,78 0,76 0,74 2,31
1200 1,22 1,18 1,13 1,09 1,06 1,02 0,99 3,60
1400 1,73 1,64 1,57 1,49 1,43 1,37 1,32 5,00
1600 2,83 2,55 2,34 2,18 2,04 1,92 1,82 6,97
0,980 0,990 0,992 0,992 0,992 0,99
R2 5 0,9874 8 2 6 3 15 ---

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Figura VI.6.4.7 – Gráfico de Van der Veen com linha de tendência.

Tabela VI.6.4.4 – Valores de inclinação (a), intercepto (b) e coeficiente angular (α).

1−𝑄𝑄
−𝑙𝑙𝑙𝑙 � 𝑄𝑄 � Deslocamen
Carga 𝑅𝑅 to
(kN) 1700 1735 1770 1805 1840 1875 1910 (mm)
200 0,13 0,12 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,29
400 0,27 0,26 0,26 0,25 0,25 0,24 0,23 0,49
600 0,44 0,42 0,41 0,40 0,39 0,39 0,38 0,77
800 0,64 0,62 0,60 0,59 0,57 0,56 0,54 1,40
1000 0,89 0,86 0,83 0,81 0,78 0,76 0,74 2,31
1200 1,22 1,18 1,13 1,09 1,06 1,02 0,99 3,60
1400 1,73 1,64 1,57 1,49 1,43 1,37 1,32 5,00
1600 2,83 2,55 2,34 2,18 2,04 1,92 1,82 6,97
0,980 0,990 0,992 0,992 0,992 0,99
R2 5 0,9874 8 2 6 3 15

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Inclinaç
2,64 2,93 3,20 3,44 3,67 3,90 4,11
ão (a)
0,24
1/a
0,379 0,341 0,313 0,291 0,272 0,257 3
Intercep 0,13
0,031 0,069 0,093 0,109 0,120 0,128
to (b) 3

Os dados de regressão da carga de ruptura são:

1 1
α= = = 0, 272
a 3, 67 e b = 0,120 (valor absoluto)

Desta forma a curva teórica que se ajusta a curva real será:

Q 1840 1 − e −(
0,272.d + 0,120 )
= 

Com base na equação teórica é possível desenhar a curva ajustada. Para isso
arbitra-se valores de recalque (d) e calcula-se os valores da carga conforme Tabela
VI.6.4.4. Na Figura VI.6.4.8 são mostradas as curvas da prova de carga e a ajustada
pelo método de Van der Veen.

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Tabela VI.6.4.4 – Valores de carga e deslocamento (prova de carga e calculado).

b) Valores arbitrados e
a) Valores da prova de carga calculados
Arbitrado Calculado
Deslocamento Carga Deslocamento Carga
(mm) (kN) (mm) (kN)
0 0 0 0
0,29 200 0,29 333
0,49 400 0,49 412
0,77 600 0,77 517
1,40 800 1,40 726
2,31 1000 2,31 970
3,60 1200 3,60 1228
5,00 1400 5,00 1422
6,97 1600 6,97 1595
8,00 1655
9,00 1699
10,00 1733
12,00 1778
15,00 1813
17,00 1824
20,00 1833
22,00 1836
25,00 1838
27,00 1839
30,00 1840

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Figura VI.6.4.8 – Gráficos das curvas da prova de carga e ajustada.

VI.6.4.4 – UTILIZAÇÃO DE PLANILHA – VAN DER VEEN

Para este mesmo exemplo, utilizando-se planilha Excel, como a apresentada


por Schiavon (2013), obtém-se rapidamente o resultado, conforme apresentado na
VI.6.4.9. Esta planilha está disponível na pasta “Planilhas Excel” no Link do Drive
deste livro.

Link: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1Ne5RFbIroKOlt7nSa-fXkoT-
eWxL98YZ

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Figura VI.6.4.9 – Exemplo da utilização da planilha de Schiavon (2013)

VI.6.5 - Método Gráfico de Mazurkiewicz.

Um método que já foi bastante utilizado, para acompanhar o


desenvolvimento da prova de carga, quando não se dispunha de computador em
campo, é o Método Gráfico de Mazurkiewicz (1972).

Neste método considera-se a curva como parabólica. A curva é dividida em


partes que correspondem a recalques iguais. Pelos pontos obtidos são traçadas
retas verticais e, onde estas retas interceptam o eixo das cargas, são traçadas retas
a 450 com a horizontal até interceptarem as verticais correspondentes aos pontos
seguintes. Pelos pontos obtidos traça-se a reta resultante, cuja interseção com o
eixo das abcissas fornece a carga de ruptura.

A mesma observação já feita para os outros métodos é valida para este: é


necessário que a carga máxima da prova de carga corresponda a pelo menos 70%
da provável carga de ruptura da fundação, para que se obtenha bons resultados.

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Figura VI.6.4.9 – Método de Mazurkiewicz (1972.

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VII – INSTRUMENTAÇÃO DA ESTACA EM PROFUNDIDADE

Neste Capítulo serão abordados:

VII.1 – Introdução - Instrumentação

VII.2 – Introdução – Precisão dos Instrumentos

VII.3 – Precisão - Célula de Carga – Deflectômetros – Manômetro – Barras


Instrumentadas.

VII.4 – Introdução – Prova de Carga Comum – Prova de Carga Instrumentada

VII.5 – Instrumentação em Profundidade – Extensômetros Elétricos de


Resistência (Strain Gages)

VII.5.1 – Introdução

VII.5.2 – Possibilidades de Ligações na Pontes de Wheatstone

VII.5.3 – Exemplos Práticos – Aplicação da Teoria

VII.5.3.1 – Deformação Normal – Barra Instrumentada – Tração

VII.5.3.2 – Deformação de Flexão – Barra Instrumentada - Tração

VII.6 – Técnicas de Instalação de strain gages em Estacas

VII.6.1 – Estacas de Concreto

VII.6.2 – Estacas de Aço

VII.7 – Extensômetro de Corda Vibrante

VII.8 – Extensômetro Removível

VII.9 – Hastes Medidoras de Deslocamentos - Tell Tales

VII.10 – Strain Gage Óptico

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VII.1 – INTRODUÇÃO – INSTRUMENTAÇÃO

A instrumentação é parte importante da Engenharia Geotécnica e dentre


seus benefícios estão: verificação e retificação do projeto se necessário; otimização
de custo e tempo; segurança operacional durante e após a implantação da obra.

A implantação de uma instrumentação tem o ciclo:

Com relação às definições das questões geotécnicas e objetivos da


instrumentação, há de salientar que todo instrumento em um empreendimento
deve ser selecionado e instalado para responder a alguma questão específica - se
não houver questionamento, não deve haver instrumentação.

Cabe destacar, que os resultados da instrumentação devem ser analisados


pela equipe de projeto. No caso particular de fundações, podem ocorrer situações
em que a instrumentação indica:

- Que o projeto está correto e nenhuma medida precisa ser tomada;

- Que a capacidade de carga da fundação é maior ou menor do que o previsto,


dentro de valores razoáveis, e medidas precisam ser tomadas para otimização do
projeto ou segurança das fundações;

- Que o previsto no projeto está distante do obtido e a revisão do projeto


precisa ser feita.

Elaborar um plano de instrumentação é similar ao realizado em outros


projetos de engenharia. Um projeto típico de engenharia começa com a definição
de um objetivo e se processa através de uma série de passos lógicos até a
preparação dos desenhos, especificações e lista de materiais.
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O planejamento sistemático requer especial empenho e dedicação da equipe


responsável. Deve ser feito por um grupo, com um especialista em instrumentação
geotécnica. Reconhecendo que a instrumentação é apenas uma ferramenta e não
uma solução, esse grupo deve ser capaz de trabalhar em íntima colaboração com
a equipe de projeto.

“Um programa de monitoração é uma corrente com vários elos potencialmente


fracos, que podem se romper com certa facilidade e frequência (Adaptado de Silveira,
2011).

“Um completo benefício de um programa de instrumentação geotécnica só


pode ser alcançado se cada passo no processo de planejamento e execução é
realizado com muita cautela” (Dunnicliff, 1993).

Alguns aspectos comuns são apresentados por Shong (2010) a respeito de


instrumentação geotécnica:

1 – Seleção do instrumento apropriado e adequado à necessidade;

2 – Dados de baixa qualidade não revelam o real comportamento da estrutura


e nem fornecem informações corretas;

3 – Manter dados brutos é essencial para um futuro reprocessamento dos


dados com novos objetivos interpretativos;

4 – Interpretação dos dados deve passar por triagem e filtragem;

5 – A apresentação de dados deve ter conexão com os registros do ensaio para


tomada de decisão.

Dunnicliff (1993), em seu livro “Geotechnical Instrumentation for Monitoring


Field Performance”, apresenta em detalhes os instrumentos utilizados
rotineiramente em Engenharia Geotécnica.

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VII.2 – PRECISÃO DOS INSTRUMENTOS

Antes de sua utilização é importante que os equipamentos e instrumentos


sejam calibrados.

Os equipamentos devem ter um grau de aproximação admitido (acurácia) em


relação a grandeza medida, verificada na calibração quando se utiliza um valor
padrão. Acurácia representa o grau de aproximação de uma medida em relação ao
valor real (absoluto) da grandeza medida. Acurácia é sinônimo de grau de exatidão.
A diferença entre acurácia e precisão é mostrada na Figura VII.1.

Os equipamentos devem ter repetibilidade ou reprodutividade nas leituras.

“Repetibilidade representa o ajuste na concordância de um número de


medições consecutivas, um com os outros, sob mesmas condições de operação. É
expressa em unidades de engenharia, tal como 1 mm, ou como uma porcentagem do
campo total (span). Span representa a diferença algébrica entre a leitura mínima e
máxima que pode ser realizada pelo instrumento. Por exemplo:
●Campo de leitura: -250 C +700 C, span= 950 C
●Campo de leitura: 0 a 110 kPa, span = 110 kPa” (Silveira,2011).

É preciso que as condições mínimas de acurácia e repetibilidade sejam


cumpridas, Figura VII.1.

Figura VII.1 – Diferença entre acurácia e precisão dos instrumentos. O alvo


central representa o valor verdadeiro (adaptado de Silva, 2011).

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É importante que os instrumentos tenham linearidade e não tenham


histerese.

Diz-se que um instrumento tem histerese quando a quantidade a ser medida


está sujeita a variações cíclicas, dependendo do valor a ser medido do valor
ascendente ou descendente do círculo de carga, Figura VII.2.a.

Um instrumento é classificado como linear quando os valores indicados pelas


medições são diretamente proporcionais à quantidade que está sendo medida,
Figura VII.2B.

Figura VII.2 – A) Representação gráfica da histerese de um instrumento. B)


Representação gráfica da não linearidade de um instrumento. (Adaptado de Silva,
2011).

VII.3 – PRECISÃO - CÉLULA DE CARGA – DEFLECTÔMETROS –


MANÔMETRO – BARRAS INSTRUMENTADAS

A instrumentação no topo da estaca é constituída por célula de carga e


deflectômetros. Quando não se utiliza célula de carga a carga é obtida através dos
valores fornecidos pelo manômetro do conjunto hidráulico.

As Normas de provas de carga em fundações profundas e diretas, NBR 16903


(2020) e NBR 6489 (2019), especificam:

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- “A célula de carga deve estar calibrada por laboratório acreditado, de acordo


com a ABNT NBR 8197 – Materiais metálicos – Calibração de instrumentos de
medição de força de uso geral. Quanto à periodicidade, esta não pode ser superior a
24 meses. O indicador de leitura da célula de carga deve ter precisão mínima de 0,5
% da capacidade máxima de carga da célula. O menor incremento de carga a ser
aplicada no ensaio não pode ser menor do que 1 % da capacidade máxima da célula
de carga”.

- “A calibração do conjunto hidráulico (cilindro, bomba e manômetro) não pode


ter periodicidade superior a seis meses. O manômetro analógico deve ter uma escala
de leitura adequada ao carregamento de forma que o menor incremento de carga a
ser aplicado no ensaio seja representado por pelo menos duas marcas da escala. Os
manômetros, analógicos ou digitais, devem ser dotados de escala com leituras
máximas de 0,5 MPa (5 kgf/cm2).”

- “Os deflectômetros para medida de deslocamentos no topo da estaca, que


podem ser analógicos, digitais, resistivos ou indutivos, devem ser calibrados por
laboratório acreditado em periodicidade não superior a doze meses. A resolução
mínima deve ser de 0,01mm e curso mínimo de 50mm.”

Para instrumentos instalados no interior da estaca, como barras


instrumentadas com strain gages, a ABNT NBR 16903 (2020) não faz nenhuma
especificação quanto à precisão. Sendo as barras instrumentadas produzidas em
laboratório, para inserção na armadura da estaca, é prudente que as mesmas
sejam submetidas a ciclos de carga e descarga em laboratório para aferição de seu
funcionamento. O diâmetro da barra deve ser compatível com a carga máxima
aplicada, para que se tenha um campo total de leituras (span) de deformações
fornecidas pelos strain gages que permita uma boa análise. A recomendação
internacional é que devem ser instalados, quando possível, no mesmo nível de
profundidade, dois instrumentos diametralmente opostos.

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VII.4 – INTRODUÇÃO – PROVA DE CARGA COMUM – PROVA DE CARGA


INSTRUMENTADA

A natural dificuldade em entender o mecanismo de distribuição de carga e


avaliar com exatidão a carga de ponta e a distribuição do atrito lateral, a influência
das propriedades do solo onde as fundações serão construídas, a alteração das
condições iniciais provocadas pela execução das fundações profundas e o
comportamento complexo do conjunto estaca-solo, de difícil modelagem numérica
ou analítica, justificam a necessidade da utilização de uma prova de carga em
verdadeira grandeza.

As provas de carga permitem verificar aspectos importantes como a


capacidade de carga e os deslocamentos do elemento da fundação, sendo ainda um
teste no elemento estrutural.

As provas de carga estáticas podem ser executadas com ou sem o recurso da


instrumentação ao longo da profundidade. No caso de estacas instrumentadas, se
obtém a transferência de carga em profundidade.

Apresentam-se, a seguir, as principais diferenças entre estas técnicas.

Prova de Carga Comum


Não se faz uso de instrumentação em profundidade e ocorre atualmente na
maior parte das provas de carga realizadas. Os dados obtidos no ensaio referem-se
somente ao deslocamento e a carga aplicada no topo da estaca. São necessários
apenas deflectômetros (analógicos, digitais ou transdutores de deslocamento),
colocados no topo do bloco de coroamento, e de um macaco hidráulico ligado a
uma bomba possuidora de um manômetro aferido. É recomendável, a utilização de
célula de carga no topo para que se possa obter valores de medidas de carga com
maior precisão.

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Prova de Carga com Instrumentação ao Longo do Fuste


A técnica de instrumentação em profundidade tem como principais
finalidades o conhecimento da distribuição do atrito lateral e carga na ponta. A
distribuição da carga transmitida por uma estaca ao solo, tanto pela resistência
lateral como pela base, constitui um elemento decisivo para a solução de problemas
bastante difíceis numa formulação teórica rigorosa em mecânica dos solos. É de
conhecimento da comunidade geotécnica a necessidade de campanhas de
observação do comportamento das fundações profundas, com o aumento crescente
no número de provas de carga instrumentadas em vários tipos de fundações.

Para o uso deste recurso, é necessário haver uma equipe especializada,


conhecedora das técnicas de instrumentação e aquisição de dados. A técnica de
instrumentação, que sempre esteve mais restrita a centros de pesquisa e empresas
de maior porte, atualmente tem se difundido entre empresas que prestam serviços
na área de Geotecnia, havendo várias já capacitadas.

No Brasil, a técnica mais empregada atualmente para instrumentação em


profundidade são os extensômetros elétricos de resistência, strain gages,
instalados na própria armadura da estaca, ou em barras de aço preparadas
anteriormente à confecção da estaca e instaladas na armadura, ou posteriormente
à concretagem através de tubo guia deixado para este fim, Figura VII.3A.

Os strain gages perfeitamente aderidos em uma superfície, tem uma variação


de resistência elétrica quando esta superfície se deforma, a qual é correlacionada
com a deformação desta superfície.

As hastes medidoras de deslocamentos, tell tales, Figura VII.3B, já foram muito


empregadas e podem ser utilizadas, desde que seja feita a devida análise de sua
aplicabilidade ao caso a ser estudado.

Os tell tales fornecem o valor do deslocamento do ponto onde sua base é


instalada. O deslocamento total do ponto pode ser eficiente, dependendo da
magnitude do deslocamento. É importante ressaltar que a diferença de
deslocamentos entre dois pontos, em trecho que se quer obter a deformação (ΔL/L),

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devido a pequenos deslocamentos relativos, para cargas baixas, podem não ser
eficientes.

Figura VII.3 – A) Strain gages colados em barra para inserção em estaca


durante a concretagem. B) Tell tale e base para inserção em tubulão (um tubo
guia é instalado antes da concretagem).

A técnica com strain gages fornece valores relativamente precisos, com medidas
de deformação (ΔL/L) da ordem de 10-6. Para sua utilização é necessária equipe
técnica qualificada, tanto na instalação dos instrumentos quanto na realização da
prova de carga. Empresas que estão capacitadas para este fim, e que produzem a
instrumentação, estimam que atualmente a realização de uma prova de carga
instrumentada, em relação a uma prova de carga não instrumentada, tem um
custo da ordem de 25% superior.

A técnica relativa a strain gages é bem conhecida pela engenharia brasileira,


tanto em termos de conhecimentos teóricos como de conhecimentos práticos. Fato
que reflete positivamente na construção e manutenção de equipamentos, bem
como na instalação de instrumentação em campo e laboratório.

São utilizados pela indústria para diversos fins, como em aviação, mecânica
industrial, balanças para pequenas e grandes cargas. Na Figura VII.4 apresenta-
se o esquema de montagem em uma célula de carga vazada para 300 kN, utilizada

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em provas de carga. Na Figura VII.5 apresenta-se transdutor elétrico de


deslocamento resistivo, ou seja, com utilização de strain gages.

Figura VII.4 – Strain gages colados em ‘ponte completa’ em uma célula de


carga vazada para utilização em provas de carga à tração e à compressão.
Capacidade 300kN.

Figura VII.5 – Transdutor elétrico de deslocamento. Mola e strain gages


colados no topo
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Outra técnica que pode ser empregada em instrumentação é aquela em que se


utilizam os instrumentos sensores à corda vibrante, Figura VII.6.

Conhecida há mais de 100 anos, é empregada no desenvolvimento de sensores


de força, deslocamento, torque, pressão etc. Está associada à sua grande robustez,
longa vida útil e facilidade de instalação.

No Brasil os equipamentos de corda vibrante são largamente utilizados em


instrumentação de barragens. O princípio de funcionamento fundamenta-se no
comportamento de uma corda tensionada, cuja deformação produz uma variação
em sua frequência natural, a qual é correlacionada com um deslocamento. A
frequência natural de excitação é dada por:

1 𝑇𝑇 1/2
𝑓𝑓 = � �
2𝐿𝐿 𝜌𝜌
Em que: L é o comprimento da corda, ρ é a sua massa por comprimento e T é a
força que tensiona a corda. Com a variação de um dos três parâmetros, haverá
variação da na frequência de oscilação que pode ser captada por um circuito
magnético instalado próximo à corda oscilante. Para a leitura das frequências
necessita-se um sistema de aquisição de dados específico para este tipo de sensor.

Figura VII.6 – A) Sensor de corda vibrante (www.geosense.co.uk). B) Sensor


instalado na armadura de estaca.

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VII.5 – INSTRUMENTAÇÃO EM PROFUNDIDADE – EXTENSÔMETROS


ELÉTRICOS DE RESISTÊNCIA - STRAIN GAGES

VII.5.1 – INTRODUÇÃO

O extensômetro elétrico de resistência, strain gage, é constituído


basicamente por um elemento resistivo, que colado em uma superfície, possibilita
correlacionar variações de resistência elétrica com deformações, Figura VII.7 e
Figura VII.8. Possibilita leitura de deformação (ΔL/L) da ordem de 10-6.

Figura VII.7 – Diagrama de um strain gage (Lima, 2020).

Figura VII.8 – Diagrama de um strain gage (Andolfato, 2004)


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Associado a instrumentos especiais (transdutores), possibilita a medida de


pressão, tensão, força e aceleração. Seu princípio é de que a resistência de um
condutor elétrico aumenta, devido à variação de seu diâmetro, quando submetido
à força de tração, e diminui, quando a força é de compressão, podendo, portanto,
uma variação de resistência elétrica (ΔR) ser correlacionado com uma variação de
deformação (ΔL/L), Figura VII.9.

Figura VII.9 - Deformação de um fio sob tração (Andolfato et al, 2004).

Foi observado por Lord Kelvin em 1856, mas somente na década de 1930 foi
aplicado na prática em extensometria. Dentre suas características, destacam-se:

* alta precisão de medida;

* excelente resposta dinâmica;

* excelente linearidade;

* utilização imerso em água ou em atmosfera de gás corrosivo, desde que se


faça o tratamento de proteção adequado;

* possibilidade de se efetuar medidas à distância etc.

Estas características fazem com que o extensômetro elétrico de resistência


tenha ampla aplicação em estudos experimentais. A ponte de Wheatstone, com
quatro resistores, é o circuito mais utilizado com extensômetros elétricos de
resistência, tanto para medidas de deformações estáticas como dinâmicas, Figura
VII.10. Com o tipo de ligação adequada para o que se pretende, é possível, por
exemplo, em uma peça ensaiada, se eliminar os efeitos de temperatura e flexão,
obtendo-se apenas as deformações devido ao esforço normal.
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Figura VII.10 – Ponte de Wheatstone.

Quando perfeitamente aderido a um pequeno trecho da superfície, o strain


gage acompanha a deformação (Ꜫ = ΔL/L) deste trecho, o que reflete em uma
variação relativa de sua resistência elétrica (ΔR/R). Esta variação relativa é
proporcional a deformação da peça (Ꜫ) naquele ponto. A relação dessas duas
variáveis relativas determina o fator de sensibilidade do gage (K ou GF)

∆R
K= R
∆L
L

O valor de K pode variar de 1 a 200, mas o valor mais comum é o 2,0 e o


valor de R pode variar de 60 Ω a 10000 Ω, mas o valores mais comuns são de 120Ω
e 350Ω

Para aplicações em fundações profundas, os strain gages são colados em


uma barra de ação instalada junto à armadura, ou na própria armadura da estaca.
A deformação (Ꜫ) provocada em um trecho da estaca de seção transversal de área
(A), devido a determinado carregamento, é fornecida pelos extensômetros elétricos
de resistência. Utilizando-se a Lei de Hooke obtém-se:

F = Ee * ε * A

Onde: F é a carga na secção transversal e Ee o módulo de elasticidade da estaca.

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Instrumentando-se, pontos da estaca ao longo do fuste obtém-se a carga em


várias profundidades, determinando-se, assim, a transferência de carga, Figura
VII.11.

Figura VII.11 – Gráfico de transferência de carga em profundidade. Estaca Hélice


continua. D= 40 cm; L=9 m. Campinas – SP. Barras instrumentadas com strain
gages e inseridas na armadura, a 0,5 m, 5 m e 8,5 m de profundidade.

A diferença de carga entre dois pontos instrumentados, dividida pela área


lateral no trecho, fornece o atrito lateral [ fu = (fs1– fs2) / ALateral ], Figura VII.12.

Figura VII.12 – Gráfico de Atrito lateral. Estaca Hélice Contínua. D=40cm; L=


11,85 m. Vitória – ES. (Alledi, 2013)
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VII.5.2 – POSSIBILIDADES DE LIGAÇÕES NA PONTE DE WHEATSTONE

Apresenta-se a seguir as possibilidades de utilização da ponte de Wheatstone


e na sequência um exemplo de aplicação prática.

São vários os tipos de circuitos que podem ser utilizados para a


instrumentação de um elemento. Podem-se empregar três formas de ligação:
quarto de ponte, meia ponte ou ponte completa. A escolha dependerá da finalidade
dos parâmetros que se deseja obter por meio da instrumentação. Na Figura VII.13
pode-se observar a configuração de uma ponte de Wheatstone, formada por quatro
strain gages (resistores).

Figura VII.13 – Ponte de Wheatstone – 4 strain gages.

Este circuito, de arranjo especial, são dois divisores resistivos ligados em


paralelo. Possui uma entrada para aplicação da tensão de excitação (A e C) e uma
saída (B e D). Ela transforma variações resistivas em variações de tensão.

Tomando-se R1 = R2 = R3 =R4 ou R1 x R3 = R2 x R4, tem-se nos pontos B e D


uma tensão Vsaida (nula). Por outro lado, uma variação (ΔR) em qualquer um dos
resistores provocará um desequilíbrio da ponte, gerando uma diferença de
potencial (Vsaida) proporcional. A equação de saída de uma ponte de Wheatstone
com variações resistivas é dada por:

𝑉𝑉𝑒𝑒 𝛥𝛥𝛥𝛥1 𝛥𝛥𝛥𝛥2 𝛥𝛥𝛥𝛥3 𝛥𝛥𝛥𝛥4


𝑉𝑉𝑠𝑠 = � − + − �
4 𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅3 𝑅𝑅4

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𝛥𝛥𝑅𝑅
Isolando 𝑅𝑅
, tem-se:

𝛥𝛥𝛥𝛥
𝛥𝛥𝑅𝑅
𝐾𝐾 = 𝑅𝑅
→ = 𝜀𝜀. 𝐾𝐾
𝜀𝜀 𝑅𝑅

Assim:

𝑉𝑉𝑒𝑒
𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = (𝜀𝜀 𝐾𝐾 − 𝜀𝜀2 𝐾𝐾2 + 𝜀𝜀3 𝐾𝐾3 − 𝜀𝜀4 𝐾𝐾4 )
4 1 1

Sendo: K1 = K2 = K3 = K4

Portanto, Vout (Vsaida) =

𝑉𝑉𝑉𝑉
𝑉𝑉𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 = (𝜀𝜀 − 𝜀𝜀2 + 𝜀𝜀3 − 𝜀𝜀4 )
4 1
A deformação lida (ꜪLida) é a deformação total (ꜪTotal):

4𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
𝜀𝜀𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = (Deformação total lida)
𝑉𝑉𝑉𝑉

Configuração em 1/4 de ponte

É a configuração mais simples, porém tem suas limitações, dependendo do


fim que se quer atingir. Por exemplo, em uma barra submetida a esforços de tração
tem-se deformações devido à temperatura, à flexão e na direção da carga aplicada.
A ligação do strain gage em 1/4 de ponte fornece o valor das três deformações
juntas, portanto não sendo precisa quando se tem variações de temperatura e
flexão, no caso do objetivo ser obter a deformação no sentido da carga, Figura
VII.14. Para se evitar erros deve ser utilizada em locais com controle de
temperatura. Tem-se:

𝑉𝑉𝑉𝑉
𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝜀𝜀
4 1

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Figura VII.14- Ponte de Wheatstone - 1 strain gage - ¼ de Ponte ativa

Configuração em 1/2 de ponte

𝑉𝑉𝑉𝑉
𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝜀𝜀 − 𝜀𝜀2
4 1
Braços adjacentes: em laboratório utiliza-se um gage passivo colocado em
um mesmo material a ser ensaiado, como em corpos de provas de concreto, com o
objetivo de se eliminar o efeito térmico. Figura VII.15.

Figura VII.15 – Ponte de Wheatstone – 1/2 Ponte – braços adjacentes.

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Braços opostos: somam os sinais de mesma polaridade, não compensando,


porém, os efeitos térmicos nos strain gages. Figura VII.16.

Figura VII.16 - Circuito em 1/2 de ponte – 2 strain gages (braços opostos).

Configuração em ponte completa

Deve ser utilizada quando se deseja uma leitura em que se pretenda eliminar
efeitos como o de temperatura e flexão. Por exemplo, em uma barra carregada
axialmente, pode-se utilizar a ponte completa, em que são utilizados quatro strain
gages, Figura VII.17, para se obter somente as deformações normais. A leitura da
deformação total é ampliada em 2,6 vezes

𝑉𝑉𝑉𝑉
𝑉𝑉𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜 = 𝜀𝜀 − 𝜀𝜀2 + 𝜀𝜀3 − 𝜀𝜀4
4 1
Um equipamento de leitura convencional fornece diretamente o valor da

deformação total (T). Por exemplo, para o caso de ponte completa instalada na

armadura da estaca ou em barra a ser inserida na estaca, a qual vai ser submetida
a força axial, e se deseja a deformação somente devido a este esforço axial, com a
combinação adequada dos strain gages na ponte, eliminando-se efeito de
temperatura e flexão, tem-se: ꜪT = 2(1 + ν).ꜪN

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ε
εN = T
Portanto, a força axial na barra é: 2 (1 + ν ) , onde ν é o coeficiente de

Poisson do aço.

Figura VII.17 - Ponte de Wheatstone completa – 4 strain gages.

VII.5.3 –EXEMPLO PRÁTICO - APLICAÇÃO DA TEORIA

Para uma melhor compreensão é importante que um exemplo seja analisado.

VII.5.3.1 – Exemplo - Ponte Completa – Barra Instrumentada - Tração

Objetivo: Determinar a deformação axial (ꜪN) em uma barra de aço circular


submetida a uma força de tração, eliminando-se os efeitos de temperatura e flexão.

Observação: este é o tipo de ligação, em ponte completa, é o melhor para se


utilizar em estacas instrumentadas.

Quando uma força axial é aplicada a um elemento sempre ocorrerá


deformações na direção axial, deformações devido à variação de temperatura e
também, por mais centrada que seja a carga, deformação devido à flexão, Figura
VII.18. Como a precisão dos strain gages é (ΔL/L) da ordem de 10-6, estas
deformações são quantificáveis.
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Figura VII.18 – Deformações em uma barra submetida a uma força axial de


tração.

Sendo:

° ꜪN deformação no sentido da carga;


° ꜪF deformação devido à flexão, devido a carga não precisamente centrada;
° ꜪT deformação devido à temperatura;
° ν = coeficiente de Poisson;
° (-ν ꜪN) = encurtamento lateral da barra.

Como no exemplo a finalidade é medir a deformação em um sentido e


eliminar duas outras deformações, devido à temperatura e flexão, deve-se utilizar
o circuito da Ponte de Wheatstone com quatro strain gages, ou seja, em “ponte
completa”. Figura VII.19A: ponte completa e posição dos resistores 1, 2, 3, 4. Figura
VII.19B: dois strain gages perpendiculares um ao outro (o mesmo para o outro lado
da barra); quatro fios.

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Figura VII.19 – A) Ponte de Wheatstone com quatro strain gages, “ponte


completa”. B) Barra instrumentada com 4 strain gages – dois de um lado e dois
do outro lado, diametralmente e precisamente opostos (4 strain gages no total).

Na Figura VII.19 observar:

- Os strain gages são colados perpendicularmente um ao outro; quatro fios


de cores diferentes; terminais para ligações dos fios; o mesmo para o outro lado da
barra.

- A posição dos resistores 1, 2, 3, 4, na ponte de Wheatstone devem ser fixos


nestas posições para atender o equacionamento a seguir;

- Cada strain gage tem duas ‘pernas’, dois fios saindo de cada um. São quatro
strain gages e, portanto, tem-se oito fios que devem ser ligados entre si. Do
conjunto deve resultar a saída de quatro fios para serem fixados na ‘caixa de
leitura’, Figura VII.20A. Nos cabos utilizados para extensometria estes fios são em
4 cores diferentes, Figura VII.20B.

A caixa de leitura, Figura VII.20A, fornece os resultados em µꜪ (micro strain),


ou seja, a leitura da caixa deve ser multiplicada por 10-6. Fio com quatro cabos
utilizado, Figura VII.20B.

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Figura VII.20 – A) Caixa de leitura para extensometria. Observar conectores para


os quatro fios da ponte de Wheatstone; possibilidade de ligação em 1/2 e 1/4 de
ponte; botão de ajuste do fator de sensibilidade (K); etc. B) Fios com quatro cabos
utilizados.

A equação de ponte já apresentada completa é :

4Vsaída
4V
= Ventrada ⋅ K ( ε1 − ε 2 + ε3 − ε 4 )
= ( ε1 − ε 2 + ε3 − ε 4 )
saída � Ventrada ⋅ K

Sendo ( ε1 − ε 2 + ε3 − ε 4 ) = εT que é igual a Deformação total dos ‘strain gages’, então:

4V
ε T = saída
Ventrada ⋅ K

4 ⋅ Vsaída
O valor de Ventrada ⋅ K é fornecido pela caixa de leitura, quando os fios são

ligados em ponte completa.

Portanto, nesta situação, a caixa de leitura fornece o valor de ꜪTotal.

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302

Perguntas:

1-Em qual posição colar os strain gages na peça para se obter a informação
que se quer?

2- Como ligar os fios dos strain gages entre si?

Posição dos Strain Gages na Peça

A posição da colagem dos strain gages na peça deve ser estudada de maneira
a utilizar a equação da ponte ꜪTotal = Ꜫ1 - Ꜫ2 + Ꜫ3 - Ꜫ4, para se obter a informação
desejada. No caso deseja-se eliminar as deformações devido a variação de
temperatura e flexão, ficando apenas com a deformação normal ao eixo da barra.

Será utilizado o seguinte esquema de colagem, Figura VII.21, onde os strain


gages numerados de 1 a 4, devem ser ligados nas posições 1, 2, 3, 4 da ponte de
Wheatstone. Esta posição dos strain gages foi previamente estudada, bem como a
ligação entre eles, para que sejam eliminadas no final as deformações por flexão e
temperatura, resultando apenas as deformações no sentido axial.

Figura VII.21 – Posição de colagem dos strain gages colados na barra.


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Observação: A equação ꜪTotal = Ꜫ1 - Ꜫ2 + Ꜫ3 - Ꜫ4 deve ser obedecida.

Deformações nos strain gages:

ꜪN = deformação normal à barra, no sentido da aplicação da carga;

ꜪF = deformação devido à flexão na barra;

ꜪT = deformação devido à temperatura na barra;

ν = coeficiente de Poisson do aço

Para um esforço axial de tração tem-se as deformações, Figura VII.18 e Figura VII.21:

‘strain gage’ 1 → sentido longitudinal → Ꜫ1 = ꜪN + ꜪF + ꜪT

‘strain gage’ 2 → sentido transversal → Ꜫ2 = - ν ꜪN - ν (+ ꜪF ) + ꜪT = - ν ꜪN - ν ꜪF + ꜪT

‘strain gage’ 3 → sentido longitudinal → Ꜫ3 = ꜪN - ꜪF + ꜪT

‘strain gage’ 4 → sentido transversal → Ꜫ2 = - ν ꜪN - ( -ν ꜪF) + ꜪT = - ν ꜪN + ν ꜪF + ꜪT

Utilizando a equação básica da ponte: ꜪTotal = Ꜫ1 - Ꜫ2 + Ꜫ3 - Ꜫ4, obtém-se:

ꜪTotal = [ ꜪN + ꜪF + ꜪT ] – [ - ν ꜪN - ν ꜪF + ꜪT ] + [ ꜪN - ꜪF + ꜪT ] - [- ν ꜪN + ν ꜪF + ꜪT ],
que resulta em:

ε
εN = T
ꜪTotal = 2 ꜪN ( 1 + ν ) → 2 (1 + ν ) → adotando-se coeficiente de Poisson do

ε
εN = T
aço ν =0,3 → 2, 6

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Obs: a caixa de leitura fornece ꜪTotal, valor que tem que ser dividida por 2,6
para obtenção de ꜪN. A leitura fornecida é em µꜪ (micro strain), ou seja, deve ser
multiplicada por 10-6.

Observação: A posição dos strain gages (1; 2; 3; 4) na ponte de Wheatstone,


conforme Figura VII.22, deve ser obedecida.

Ligação dos Fios

Deve ser obedecida a posição dos resistores 1, 2, 3, 4 na ponte de


Wheatstone. Os quatro fios devem ser ligados nos strain gages conforme Figura
VII.22. Geralmente se utiliza os fios vermelhos e pretos para a tensão de entrada
VEntrada.

Figura VII.22 – Convenção de ligação de fios na ponte de Wheatstone.

Onde:

- Uma perna do gage 4 é ligada a uma perna do gage 1 com o fio vermelho
(ponto A). Deste ponto A o fio vermelho continua e é conectado ao +VEntrada (P+).

- Uma perna do gage 4 é ligada a uma perna do gage 3 com o fio verde (ponto
D). Deste ponto D o fio verde continua e é conectado ao +VSaida (S+).
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- Uma perna do gage 3 é ligada a uma perna do gage 2 com o fio preto (ponto
C). Deste ponto C o fio preto continua e é conectado ao -VEntrada (P-).

- Uma perna do gage 2 é ligada a uma perna do gage 1 com o fio azul (ponto
B). Deste ponto B o fio azul continua e é conectado ao a -VSaida (S-).

Desta forma sairão quatro 4 fios da ligação em ponte completa, a serem


ligados durante o ensaio na caixa de leitura, em posições já definidas, por exemplo,
por cores e por letras P+, P-, S+, S-.

Considerando-se a posição dos strain gages na ponte (Figura VII.22) barra


de aço instrumentada terá as ligações conforme apresentado na Figura VII.23:

Figura VII.23 - Ligação dos strain gages entre si na barra instrumentada. Esta
configuração de ligações elimina as deformações devido à flexão e temperatura,
fornecendo apenas as deformações normais, no sentido da carga aplicada.
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Nas Figuras VII.24A a VII.24D apresentam-se etapas da montagem de barra


instrumentada com strain gages ligados em ponte completa.

Figura VII.24A - Colagem dos strain gages na barra de aço: (a) limpeza da superfície, (b)
manuseio do strain gage, (c) posicionamento do strain-gage, (d) colagem do strain-gage,
(e) retirada de possíveis bolhas de ar e fixação do strain gage, (f) secagem da cola de alta
fixação, (g) retirada da fita adesiva e (h) strain gage devidamente aderido à superfície.
(Barbosa, 2023).

Figura VII.24B - Ligação do circuito entre strain gages: (a) isolamento elétrico
entre strain gage e barra de aço, (b) colagem dos terminais, (c) ligação dos
conectores aos terminais, (d)remoção do excesso de comprimento dos conectores,
(e) ligação entre strain gages utilizando fio de cobre e (f) circuito finalizado.
(Barbosa, 2023).
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Figura VII.24C - Resinagem e proteção da instrumentação: (a) com resina em


silicone RK, (b) com borracha em silicone SK e (c) resina de isolamento elétrico
ScotchCast 4. (Barbosa, 2023).

Figura VII.24D - Barras instrumentadas finalizadas. (Barbosa, 2023).

VII.6 – TÉCNICAS DE INSTALAÇÃO DE STRAIN GAGES EM ESTACAS

Nos últimos anos, vários trabalhos de fundações sobre estacas utilizaram a


técnica de instrumentação com strain gages (barras instrumentadas inseridas na
estaca ou colagem do strain gage diretamente na armadura).

A montagem do circuito direto na armadura, para posterior concretagem da


fundação pode conduzir a perda de instrumentos e influi na logística da obra. A
confecção de uma barra instrumentada em laboratório, para posteriormente ser

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instalada na estaca, tem demonstrado grande eficiência, possibilitando inclusive


que a mesma seja testada em prensa, em laboratório.

Com o objetivo de obter informações relativas à transferência de carga em


profundidade para uma estaca submetida a carregamento, é instalada uma barra
de aço instrumentada em cada nível pré-definido, que pode ser de comprimento da
ordem de 60 cm, de preferência sendo aferida em prensa em laboratório.

Estas barras instrumentadas podem ser instaladas junto à armadura da


estaca antes da concretagem, ou ser instaladas posteriormente, quando se deixa
tubo guia para este fim. Em estacas metálicas, os strain gages devem ser colados
diretamente em sua superfície antes da cravação, devendo-se tomar todos os
cuidados com o cabeamento no momento da cravação, para que os mesmos não
sejam danificados. Cuidados também devem ser tomados na soldagem entre perfis,
devido ao calor e corrente elétrica do equipamento de solda.

Na instalação das barras instrumentadas após a concretagem da fundação,


tem-se utilizado de bainhas de aço corrugado ou tubos de aço galvanizado,
instalados nas estacas quando de sua confecção. As barras instrumentadas,
posteriormente inseridas no tubo, são solidarizadas à estaca através da injeção de
calda de cimento. No caso de estacas pré-moldadas de concreto, estes tubos devem
ser instalados no momento da fabricação da estaca. Em estacas pré-moldadas
vazadas as barras podem ser instaladas no vazio central e este ser preenchido com
concreto.

A técnica de instrumentação requer cuidado e experiência dos profissionais


envolvidos. Deve-se ter muita atenção na confecção, além da escolha dos tipos de
strain gages ideais para o propósito da instrumentação, bem como do tipo de
circuito a ser utilizado na Ponte de Wheatstone. O tipo de cola e o processo de
colagem recomendado pelo fabricante do strain gage deve ser seguido.

Quando se deseja instrumentar uma estaca ou tubulão devem-se observar


as seguintes recomendações:

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- Os espaçamentos entre os instrumentos, ao longo da profundidade, são


definidos de acordo com informações que se deseja obter. Por exemplo, posicioná-
los anteriormente a uma mudança de camada de solo e na região da ponta da
estaca.

- Para que se possa utilizar a Lei de Hooke e, por conseguinte, determinar as


cargas nos níveis, é necessário dispor do valor do módulo de elasticidade da estaca
(EE). Uma das formas de determiná-lo é instalando uma barra instrumentada ou
montando o circuito na armadura no trecho inicial da estaca, geralmente no trecho
60 cm situado abaixo do bloco de coroamento.

O solo neste trecho é escavado para que a carga aplicada no topo da estaca
seja a mesma neste trecho, sem haver perdas de carga para o solo. Desta forma,
obtém-se a deformação (Ꜫ) através do strain gage para uma dada força (F) e, através,
da Lei de Hooke, determina-se EE. A secção instrumentada, deste trecho inicial, é
denominada “Seção de Referência”.

VII.6.1 – ESTACAS DE CONCRETO

Para este tipo de estaca, é mais recomendável a técnica da instalação de


barras instrumentadas no interior das estacas, presas à armadura ou em tubos de
aço deixados durante a concretagem, confeccionadas em laboratório,
comparativamente com a instalação diretamente na armadura da estaca.

Em geral a instrumentação é executada em barras de aço de construção


CA50, com comprimento de 50 cm ou 60 cm e diâmetros de 12,7 mm ou 19,0 mm,
dependendo do diâmetro da seção transversal da estaca.

Apresenta-se a seguir uma sequência do processo de fabricação das barras


em ponte completa. É importante ressaltar que na preparação das barras seja do
conhecimento os níveis em que serão posicionadas, para que já se instale cabos de
comprimentos adequados. Deve-se evitar a emenda de cabos, pois é um local
potencial para penetração da umidade, a qual pode danificar o circuito elétrico.

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Neste exemplo de colagem são utilizados quatro strain gages (ligação em


“ponte completa”) devendo os cabos terem uma área mínima de seção transversal
de 0,5 mm2, possuir uma capa de proteção externa (PVC) e proteção interna dos
fios com tranças de cobre estanhado, Figuras VII.25 a VII.30.

Não usar lápis (grafite é lubrificante) na posição de colagem. Marcar com


caneta ou, de preferência, riscador de aço externamente ao local de colagem.

Figura VII.25 - A) Desbaste das nervuras com torno mecânico. B) Preparação da


superfície para colagem, com lixas finas de aço, passando em dois sentidos
inclinados.

Figura VII-26 - A) Limpeza da superfície de colagem com desengordurante. B)


Marcação dos locais de colagem, diametralmente opostos, com precisão, com
gabarito.
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Figura VII.27 - A) Colagem do strain gage (Utilização de pinça e pincel com cola).
B) . Pressão nos strain gages.

Figura VII.28 – A) Pressão no strain gage durante a cura da cola. B) Cura em


estufa para instrumentos que atuam em longa duração, utilizando determinado
tipo de cola e seguindo a recomendação pelo fabricante

Observação: A colagem pode ser para um fim imediato, como para romper
um corpo de prova de concreto ou rocha. Pode ser também para uma situação que
o instrumento tem que funcionar por vários anos, como uma barra instrumentada
no interior do maciço de concreto de uma barragem ou uma célula de carga.

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Para cada caso tem que se utilizar a cola e a técnica de colagem adequada. No
segundo e terceiro caso (instrumentação de barragem e célula de carga), existem
especificações de tipos de cola, como, para a ‘cura’ da cola, aplicar determinada
pressão e deixar a barra em estufa por determinado tempo.

Figura VII.29 – Strain gages colados e ligação em ponte completa.

Figura VII.30 - A) Aferição do funcionamento da barra em prensa. Alguns ciclos de


carga e descarga indicam o bom funcionamento, ou não, da instrumentação. B)
Proteção da barra com resina, contra choque mecânico e umidade.

Finalizadas as etapas de instrumentação, inicia-se a etapa seguinte, que é a


instalação na estaca em campo.
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Quando possível, é recomendável que em cada nível instrumentado se tenha


duas barras, instaladas diametralmente opostas. Isto para se ter uma maior
precisão nos dados e também para não perder o ‘ponto instrumentado’, caso
alguma barra instrumentada deixe de funcionar.

No caso de estacas em que a concretagem é executada posteriormente a


inserção da armadura em seu fuste, é possível fixar a instrumentação na
armadura, Figura VII.30. Esta técnica de instalação pode ser verificada com
detalhes em Freitas Neto (2013), Polido (2014) e Garcia (2015).

Figura VII.30. Fixação da barra instrumentada, com proteção externa, na


armadura de estaca escavada (D=40cm; L=10m) – São Carlos – SP. A) Barras
instrumentadas com strain gages e tubo guia e base de tell tale. B) Cabo de barra
instrumentada danificado durante manuseio no campo.

Nos casos em que a colocação da armadura é feita depois da concretagem,


como estacas hélice contínua e hélice de deslocamento, pode haver dificuldade em
descer a armadura com a instrumentação e pode haver perdas. Nestes casos deve-
se usar concreto com a fluidez adequada.

Nestes casos a técnica que tem sido utilizada com sucesso é descer até a
ponta da estaca um tubo de aço (liso ou de preferência corrugado) antes da
concretagem por dentro do tubo de injeção do concreto. Tem-se utilizado tubo com
50mm de diâmetro externo.

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Desta maneira tem-se um tubo vazado no centro da estaca, onde


posteriormente, depois da estaca concretada, se instalarão as barras
instrumentadas. Procurar descer este tubo centralizado depois de concretada a
estaca é difícil, porque ele pode se desviar e tem o empuxo do concreto em sentido
contrário, que causa dificuldades. Na Figura VII.31 é possível observar o tubo a ser
inserido no fuste da estaca hélice contínua e após instalação (Albuquerque, 2001).
Obs.: nestes casos, para combater o empuxo pode-se colocar uma barra de aço
dentro do tubo, que é posteriormente retirada.

Mesmo em estacas escavadas comuns pode-se deixar este tubo junto à


armadura e posteriormente instalar as barras instrumentadas (Albuquerque,
2001).

A instalação das barras instrumentadas nos tubos instalados não precisa ser
imediatamente após a concretagem, podendo ser posteriormente, em um momento
em que a equipe de instrumentação possa trabalhar com tranquilidade em um
ambiente mais adequado em termos de movimentações etc.

Figura VII 31 – Inserção de tubo na estaca. Estaca hélice contínua. D= 40cm; L=


12m. Cidade Vitória/ES (Alledi,2013).
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Observação: Estudos realizados em laboratório, demonstram que em


instrumentações instaladas no interior de tubos lisos, a perda de aderência inicia-
se com tensões de cerca de 5 MPa na seção transversal da estaca. No caso de tubos
corrugados, bainhas de concreto protendido, a tensão limite é da ordem de 7 a 8
MPa. Caso haja na prova de carga estas limitações, as barras instrumentadas
devem ser instaladas diretamente na armadura das estacas.

Apresenta-se na Figura VII.32 um exemplo de posicionamento da


instrumentação ao longo do fuste da estaca.

Figura VII.32 - Exemplo de posicionamento da instrumentação ao longo do fuste


(Estaca Escavada, D= 40cm, L= 12m, Campinas -SP)

As barras instrumentadas com comprimento da ordem de 50-60 cm são


unidas através de barras intermediárias não instrumentadas, e colocadas dentro
do tubo galvanizado, em posição pré-definida, até formarem uma barra contínua.

Para possibilitar a emenda das barras, utiliza-se um sistema de


rosqueamento das pontas, com acoplamento de luvas do mesmo material, Figura
VII.33. Após a colocação das barras no tubo inicia-se o processo de preenchimento

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com calda de cimento fator A/C = 0,5, com injeção de baixo para cima. Apresenta-
se na Figura VII.34 o processo de injeção da nata.

Figura VII.33 – Emenda e instalação das barras instrumentadas. Estaca hélice


contínua. D= 40cm; L= 12m. Cidade Vitória/ES

Figura VII.34 – A) Barras instrumentadas instaladas. Injeção de nata de cimento


de baixo para cima através de mangueira cristal. B) Instalação concluída. Estaca
hélice contínua. D= 40cm; L= 12m. Cidade Vitória/ES (Alledi,2013).

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Concluída a etapa de instalação das barras, inicia-se o processo de execução


do bloco de coroamento. Apresenta-se na Figura VII.35A detalhes da execução do
bloco anteriormente à sua concretagem. Pode-se verificar o tubo preto saindo
lateralmente para a saída dos cabos da instrumentação. Na Figura VII.35B pode-
se verificar os cabos saindo lateralmente do bloco de coroamento da estaca, no
momento da prova de carga.

Figura VII.35 – A) Preparação do bloco de coroamento. B) Bloco concluído.


Observar saída de cabos. Estaca hélice contínua. D= 40cm; L= 12m. Cidade
Vitória/ES (Alledi,2013).

Durante a prova de carga se utiliza a caixa de leitura de deformação dos


strain gages e caixa seletora de canais, onde são instalados os cabos da célula de
carga, transdutores de deslocamento e barras instrumentadas, Figura VII.36A.
Pode-se utilizar também equipamento de leitura automática de dados, acoplado a
um notebook para leitura dos dados, Figura VII.36B.

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Figura VII.36 – A) Caixa de leitura de extensometria manual e caixa seletora de


canais (http://www.vishaypg.com). B) Caixa de leitura automática de
extensometria (HBM).

VII.6.2 – ESTACAS METÁLICAS

Para este tipo de estaca, o processo de instrumentação deve ser realizado in


loco, por meio da colagem dos strain gages na seção da estaca (Albuquerque e Melo
2014; Albuquerque, 2016). Estes pontos devem ser distribuídos de maneira a
fornecer informações oriundas dos diferentes níveis do subsolo.

Os strain gages são fixados por meio de colagem direta em sua alma,
posteriormente ao tratamento da superfície com produto desengordurante e fixado
à superfície por meio de adesivo. A proteção dos strain gages contra a umidade e
choques mecânicos é feita com a utilização de resina de silicone, fita adesiva e
resina de proteção elétrica, além de resinas epóxicas e talas metálicas no trecho
constituído por perfis metálicos.

O processo de instalação da instrumentação do perfil metálico deve ser


executado em várias etapas da seguinte maneira:

- Soldagem das talas metálica no encontro entre a mesa e a alma do perfil


metálico, cujo objetivo é proporcionar a proteção contra choques mecânicos

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durante o processo de cravação do perfil metálico e passagem dos cabos, Figura


VII.37A;

- Preparação da superfície para retirada de irregularidades por meio de


lixadeira;

- Limpeza e tratamento da superfície do perfil metálico para posterior fixação


dos strain gages;

- Fixação dos sensores, Figuras VII.37B e VII.38, e aplicação da resina de


proteção para os strain gages contra a umidade e choques mecânicos;

- Fechamento dos níveis de instrumentação entre as talas metálicas com


resina epóxica para proteção contra choques mecânicos durante o processo de
cravação;

- Fixação dos cabos elétricos que estão conectados aos strain gages ao longo
dos níveis de instrumentação do segmento metálico, na parte superior do perfil
metálico.

O processo de levantamento do perfil metálico e sua cravação deve ser feito


com o máximo cuidado para que os cabos não sejam rompidos. Durante a solda
deve-se tomar cuidado com os cabos devido ao calor.

Figura VII.37 - A) Talas de proteção. B) ‘Strain gage’ colado no perfil metálico.


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Figura VII.38 - Strain gages colados no perfil metálico

Durante o processo de cravação da estaca é possível obter as deformações


resultantes dos golpes em cada nível instrumentado. Para isso deve-se utilizar um
sistema de aquisição de dados que seja possível coletar os dados com uma
frequência mínima de 10Hz. Na Figura VII.39 observa-se a variação da deformação
obtida para cada golpe do martelo hidráulico, no nível da ponta da estaca, ao fim
da cravação da estaca.

Figura VII.39. Deformação de cada golpe do martelo hidráulico

Como neste tipo de estaca as deformações são obtidas durante e depois da


cravação, é possível obter os valores das cargas residuais, após a cravação e após
a execução da prova de carga estática.

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VII.7 – EXTENSÔMETRO DE CORDA VIBRANTE

Da mesma maneira que as barras instrumentadas com strain gages, os


extensômetros de corda vibrante podem ser instalados no interior da estaca.

Devido à tecnologia envolvida, as barras instrumentadas devem ser


adquiridas em empresas especializadas. Neste caso, para evitar emendas de fio, na
encomenda das barras, já se deve especificar o comprimento dos fios.

Nas Figuras VII.40 e VII.41 apresentam-se detalhes de sua utilização,


apresentados por Nienov (2016), que utilizou com sucesso extensômetros de cordas
vibrantes em ‘estacões’.

Figura VII.40 - Extensômetros de corda vibrante (modelo 4911 – Geokon –


Vibrating wire rebar strain meters) – Estaca Escavada. D= 1,0m; L= 24m). Campo
experimental de Araguari – SC (Nienov, 2016). Tubos cinzas para realização
posterior de ensaio tipo ‘Cross-Hole’.

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Figura VII.41 - A) Extensômetros de corda vibrante (modelo 4911 – Geokon –


Vibrating wire rebar strain meters) – Estaca Escavada. D= 1,0m; L= 24m). Campo
experimental de Araguari – SC (Nienov, 2016). Tubos cinzas para realização
posterior de ensaio “cross-hole”. B) Saída de cabos.

VII.8 – EXTENSÔMETRO REMOVÍVEL

São recuperáveis e reutilizáveis. Sua instalação é feita em tubos guias


instalados no interior da estaca.

Trata-se de uma peça única ou conjunto de “bloqueadores”, ligados entre si


por tiras metálicas, instrumentadas com strain gages ou corda vibrante. O
conjunto é introduzido num tubo guia previamente colocado dentro da estaca.
Antes do início da prova de carga, o bloqueador junto à ponta da estaca é acionado,
ficando preso. Em seguida, o conjunto é pré-tracionado e os outros bloqueadores
são acionados simultaneamente, ficando aderidos ao tubo guia. Quando a estaca
é carregada, estas tiras se deformam e torna-se possível determinar o
encurtamento entre dois bloqueadores consecutivos. Nas Figuras VII.42 e VII.43
apresentam-se um modelo de extensômetro removível.

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Figura VII.42 - Extensômetro Removível – Geokon.

Figura VII.43 - Extensômetro Removível – Geokon.


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O mesmo surgiu em função das dificuldades na colocação da instrumentação


comumente empregada em fundações (extensômetros de cordas vibrantes,
extensômetros de armadura, tell tales etc.); outro fator importante foi o econômico,
sabendo-se que os extensômetros elétricos utilizados em armadura não são
recuperáveis.

No Brasil, na década de 1990, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do


Estado de São Paulo, IPT, desenvolveu um protótipo de transdutor de deformação
específica removível (Niyama,1994). O protótipo foi constituído basicamente de
quatro sistemas: elemento sensor, sistema de fixação hidráulico, sistema de
controle e realimentação hidráulico e sistema eletrônico de medição.

Segundo os autores, a principal vantagem deste instrumento é a


possibilidade de remoção para reutilização e possível correção de defeitos. Em
testes de laboratório, verificou-se a confiabilidade do sistema de fixação e de
controle do transdutor.

VII.9 – HASTES MEDIDORAS DE DESLOCAMENTOS - TELL TALES

Neste tipo de instrumentação se obtém os valores de deslocamento de


maneira direta. Consiste, basicamente, em se colocar tubos guias ao longo do fuste
da estaca, com uma conexão nas pontas, livres para se deslocar, localizadas em
níveis pré-determinados.

Nos tubos guias são inseridas hastes, que podem ser de alumínio ou outro
material com pouca susceptibilidade a variações de temperatura e rosqueadas nas
pontas, Figura VII.44. A Figura VII.45 mostra a instalação dos tubos guias no
interior da estaca.

Através das leituras de deslocamento das hastes existentes nos diversos


níveis torna-se possível determinar o encurtamento da estaca para cada trecho (L)
e, por conseguinte, a deformação (ΔL/L) do trecho:

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desl(i) − desl(i +1)


ε=
L

A partir da deformação se obtém a carga média no trecho:

F=E.A.  , sendo necessário o valor do módulo de elasticidade da estaca.

Figura VII 44 – A) Haste e base do tell tale, confeccionados em alumínio. B)


Detalhe da conexão na ponta. Observação: a base deve ficar livre, não
solidarizada ao tubo guia.

Figura VII.45 – Tubo guia dos tell tales e barras instrumentadas com
“strain gages” instalados em armadura de estaca escavada (D= 50cm; L= 10m),
São Carlos, SP.
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Para medida de deslocamento total os tell tales, dependendo da magnitude a


ser medida, atendem bem. Porém, para medida de deslocamento relativo (ΔL) entre
dois pontos são necessários deslocamentos de certa magnitude entre os pontos das
bases dos tell tales, o que nem sempre ocorre. Isto porque as cargas impostas às
estacas podem não produzir deslocamentos significativos entre os trechos. Antes
de se decidir utilizar este procedimento deve ser feito um cálculo das prováveis
deformações elásticas entre os trechos que se pretende instrumentar, para ver a
possibilidade técnica de sua utilização.

Este sistema é limitado pelo número de tubos guias que podem ser inseridos
na estaca e hastes que saem na cabeça da estaca, onde devem ser medidos seus
deslocamentos.

Nas Figuras VII.46, VII.47 são apresentados casos práticos de aplicação em


fundações. Na Figura VII.48 apresentam-se os valores obtidos no caso de
monitoramento de um edifício de 19 andares durante sua construção.

A Norma ASTM D 1143/D1143M – 20 – Standard Test Methods for Deep


Foundations Under Axial Compressive Load, em seu item 9 (Apparatus for
Measuring Movement and Strain) apresenta procedimentos e desenhos
esquemáticos para a utilização de tell tales.

O diâmetro do tubo guia e das hastes devem ser compatíveis com o diâmetro
e profundidade da estaca. Deve-se tomar cuidado com o possível atrito existente
entre as hastes e o tubo, e a movimentação das mesmas dentro do tubo, que pode
afetar as leituras dos deflectômetros na cabeça da estaca. O diâmetro da haste deve
ser tal que evite a flambagem da mesma.

Para estacas curtas, hastes de alumínio Dext=15mm e Dint=9mm) atendem


bem. Para hastes mais longas é preciso escolher um diâmetro adequado que
minimize a flambagem. Pode-se preencher o tubo guia com óleo, ou injetar graxa,
de maneira a evitar a movimentação da haste medidora de deslocamento (tell tale)
dentro do tubo guia.

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Figura VII.46 – Detalhe da montagem dos ‘tell tales’. Estaca Hélice Contínua D=
50cm; L= 18m. Campos – RJ – Monitoramento durante a construção de edifício
de 19 pavimentos (Waked,2017).

Figura VII.47 – Relógios comparadores no bloco e nas hastes dos ‘tell tales’. A)
Tubulão – São Carlos –SP. B) Estaca escavada – Tração – São Carlos – SP.

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Figura VII.48 – Resultados de uma das estacas monitoradas com ‘tell tales’.
Estaca Hélice Contínua. D= 50cm; L= 18m. Campos – RJ – Monitoramento
durante a construção de edifício de 19 pavimentos (Waked,2017).

VII.10 – STRAIN GAGE ÓPTICO

A instrumentação com strain gage óptico começa a ser utilizado em alguns


países, como apresenta: Monika De Vos & Gust Van Lysebetten – Belgian Building
Research Institute, Laboratory of Geotechnics & Monitoring – Palestra: Static Pile
Load Tests : Instrumentation of piles – Em Pile Load Testing Seminar, 21 Oct 2021,
the Hague. DFI – Deep Foundation Institute – Europe.

A seguir algumas informações de catálogos de duas empresas.

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Tecnologia de strain gauge óptico (HBM)

“A tecnologia de strain gauge óptico utiliza uma fibra ótica e as propriedades da luz viajam
nela para adquirir tensão através de meios não eletrônicos. Estes componentes usam fibras ópticas
de sílica em revestimentos de polímero de alta resistência com Grades de Bragg de Fibra (FBG)
impressos para monitorar variações no espectro refletido de luz propagada através da fibra.

Um FBG é um padrão de interferência localizado inscrito no núcleo de uma fibra óptica, que
altera o comportamento de propagação da luz que viaja através do componente. Este padrão permite
que a luz passe através das incisões enquanto certas faixas de comprimento de onda são refletidas.
Mudanças no período de um FBG devido a estresse mecânico causam variações nos sinais de luz
refletida.

Um interrogador ligado à fibra óptica varre a luz do laser de comprimentos de onda variados
através da fibra óptica e analisa a luz que é refletida a partir do sensor óptico. Flutuações nos sinais
ópticos podem ser usadas para deduzir a deformação mecânica do componente em repouso e durante
longos períodos de operação.” (Site HBM).

“newLight: O sensor óptico fácil de instalar para deformação, inclinação, temperatura e


aceleração

A linha de sensores ópticos newLight pela HBK permite amplas faixas de medição de
deformação com maior estabilidade a longo prazo. É a opção ideal para o monitoramento da
integridade estrutural devido à sua fácil e rápida instalação e à sua resistência às condições
ambientais, tais como umidade, oxidação e sal, mesmo em distâncias extremamente longas.

A compatibilidade com fibras ópticas de telecomunicações padrão faz com que esta linha se
torne muito econômica, especialmente para aplicações com um número médio ou alto de canais! A
linha newLight se baseia na tecnologia de redes de Bragg em fibra e oferece sensores ópticos para
medições de deformação, temperatura, aceleração e inclinação.” (Site HBM).

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https://www.geokon.com/content/datasheets/FP4000_Fiber_Optic_Strain_Gage.pdf

https://www.geokon.com/content/datasheets/FP4000_Fiber_Optic_Strain_Gage.
pdf
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CAPÍTULO VIII

PROVA DE CARGA EM PLACA – EXEMPLO

Neste capítulo apresenta-se a análise dos resultados de uma prova de carga


direta em placa de aço de 80cm de diâmetro. Os procedimentos foram realizados
de acordo com a ABNT NBR 6489 (2019) – Prova de carga estática em fundação
direta. A prova de carga foi do tipo lenta, sendo a carga aplicada em estágios
sucessivos de no máximo 20% da tensão admissível provável do solo.

VIII.1 – EXEMPLO

A seguir são apresentados nas Tabelas VIII.1-1 a VIII.1-16 os valores de


deslocamentos para cada incremento de carga e tempos no estágio. Ressalta-se a
importância da análise dos deflectômetros individualmente. Apresenta-se na
Figura VIII.1 o posicionamento dos deflectômetros na placa.

Figura VIII.1- Posicionamento dos deflectômetros na placa de 80cm de diâmetro


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Durante o carregamento, quando a tensão alcançou 960 kPa o deflectômetro


4 parou de registrar deslocamento no tempo de 4 min, permanecendo com o mesmo
valor registrado (travado) durante todo o ensaio.

Observa-se a importância de avaliar os registros dos deslocamentos de cada


deflectômetro e não da média geral, de forma a não utilizar valores incoerentes nos
dados de deslocamento.

Procedeu-se a mudança de carga quando os recalques foram considerados


estabilizados, de acordo com o critério da ABNT NBR 6489:2019: “A estabilização
dos deslocamentos é atendida quando a diferença entre duas leituras consecutivas
corresponder a no máximo 5 % do deslocamento total existente no mesmo estágio,
que significa a diferença entre o deslocamento da estabilização do estágio anterior e
o deslocamento atual. ”

Procedeu-se ao descarregamento de acordo com o critério da ABNT NBR 6489


(2019): “o descarregamento deve ser feito em no mínimo quatro estágios. Cada
estágio é mantido até a estabilização dos deslocamentos. O tempo mínimo de cada
estágio é de 15min.”

Tabela VIII.1-1 – Deslocamentos durante o carregamento.

Leitura Inicial sem carga e após estabilização 120 kPa

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333

Tabela VIII.1-2 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 240 kPa

Tabela VIII.1-3 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 360 kPa

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334

Tabela VIII.1-4 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 480 kPa

Tabela VIII.1-5 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 600 kPa

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335

Tabela VIII.1-6 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 720 kPa

Tabela VIII.1-7- Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 840 kPa

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336

Tabela VIII.1-8 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 960 kPa – problema no deflectômetro 4

A partir deste estágio não considerar os valores do deflectômetro 4 para cálculo


do Rméd

Tabela VIII.1-9 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 1080 kPa

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337

Tabela VIII.1-10 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 1200 kPa.

Tabela VIII.1-11 - Deslocamentos durante o carregamento.

Tensão 1320 kPa – RUPTURA

Tensão máxima do ensaio – Deslocamentos incessantes para esta Tensão,


indicando ruptura geotécnica.

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338

INÍCIO DO DESCARREGAMENTO

Obs.: No presente exemplo, no último estágio de carregamento os


deslocamentos caracterizaram a ruptura geotécnica e procedeu-se ao
descarregamento imediatamente após este carregamento. A ABNT NBR 6489
(2019) estabelece que: “Caso não sejam atingidos deslocamentos que caracterizem
a ruptura geotécnica, a carga máxima do ensaio deve ser mantida no mínimo durante
12 h entre a estabilização dos deslocamentos e o início do descarregamento”.

Tabela VIII.1-l2 – Descarregamento.

Tensão 1056 kPa -

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339

Tabela VIII.1-13 – Descarregamento.

Tensão 792 kPa

Tabela VIII.1-14 – Descarregamento.

Tensão 528 kPa

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340

Tabela VIII. 1-15 – Descarregamento.

Tensão 264 kPa

Tabela VIII.1-16- Descarregamento.

DESCARGA TOTAL

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341

Apresenta-se na Figura VIII.2 o gráfico de acompanhamento dos


deslocamentos registrados pelos quatro deflectômetros (relógios comparadores). Os
três primeiros relógios têm praticamente o mesmo deslocamento. Observa-se que
o relógio 4 manteve o mesmo valor a partir da tensão de 960 kPa.

Figura VIII.2 – Gráfico de deslocamento dos quatro relógios comparadores.


Os valores dos três primeiros praticamente coincidem e o quarto se manteve
constante a partir da tensão de 960 kPa.

Por meio dos dados das tabelas anteriores, é feita uma tabela com os dados
médios dos deslocamentos, para a confecção da curva tensão x deslocamento,
Tabela VIII.2.

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342

Tabela VIII.2 – Valores Tensão x Deslocamento Médio.

Tensão Deslocamento Tensão Deslocamento


(mm) (mm)
(kPa) (kPa)

0 0,00 960 6,21

120 0,06 1080 8,29

240 0,60 1200 11,81

360 1,20 1320 29,32

480 1,89 1056 28,67

540 2,29 792 27,95

600 2,68 528 27,26

720 3,61 264 26,35

840 4,75 0 25,22

Apresenta-se na Figura VIII.3 a curva tensão x deslocamento do sistema solo


x placa do ensaio. Para o traçado da curva a ABNT NBR 6489 (2019) estabelece o
critério: “adota-se uma escala tal que a reta que liga a origem e o ponto da curva
correspondente à tensão estimada admissível resulte em uma inclinação de (20 ± 5)°
com o eixo das tensões. “

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343

Figura VIII.3 – Curva Tensão x Deslocamento. Inclinação de 200 na carga de


trabalho. Planilha (Freitas, 2023).

Para melhor visualização do comportamento do sistema solo x placa os


autores sugerem também a confecção do Gráfico de Rigidez, Figuras VIII.4 e VIII.5,
com as Tensões na abcissa e a Rigidez (relação Tensão/Deslocamento) na
ordenada, Tabela VIII.3. A relação Tensão/Deslocamento tendendo a zero
(recalques incessantes para uma tensão constante) indica a tendência à ruptura.

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Tabela VIII.3 – Tensão x Rigidez (Tensão/Deslocamento).

Tensão Tensão/Deslocam.

(kPa) (kPa/mm)

120 2000

240 400

360 300

480 254

540 236

600 224

720 199

840 177

960 155

1080 130

1200 102

1320 45

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Figura VIII.4 – Gráfico de Rigidez

Figura VIII.5 – Gráfico de Rigidez (não considerando o primeiro carregamento –


tensão de 120 kPa - para efeito de melhor visualização)

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CAPÍTULO IX

PROVA DE CARGA EM ESTACA – EXEMPLO

Neste capítulo apresentam-se os resultados e a análise de uma prova de


carga em estaca hélice contínua com 10 m de comprimento e 0,40 m de diâmetro.
Os procedimentos foram realizados de acordo com a ABNT NBR 16903 (2020) –
Solo - Prova de carga estática em fundação profunda. A prova de carga foi do tipo
lenta, sendo a carga aplicada em estágios sucessivos de no máximo 20% da carga
de trabalho admissível.

IX.1 - EXEMPLO

A seguir, são apresentados nas Tabelas IX.1-1 a IX.1-16 os valores de


deslocamentos para cada incremento de carga e tempos no estágio. Ressalta-se a
importância da análise dos deflectômetros individualmente. Apresenta-se na
Figura IX.1 o posicionamento dos deflectômetros no bloco de coroamento da estaca.

Figura IX.1- Posicionamento dos deflectômetros no bloco de coroamento.

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347

Tabela IX.1-1 – Deslocamentos durante o carregamento.

Leitura Inicial sem carga e após estabilização 60 kN

Tabela IX.1-2 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 120 kN

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348

Tabela IX.1-3 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 180 kN

Tabela IX.1-4 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 240 kN

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349

Tabela IX.1-5 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 300 kN

Tabela IX .1-6 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 360 kN - A partir deste estágio o deflectômetro 4 começa a apresentar


deslocamentos pouco superiores aos demais

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350

Tabela IX.1-7 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 420 kN

Tabela IX.1-8 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 480 kN

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351

Tabela IX.1-9 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 540 kN

Tabela IX.1-10 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 600 kN

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352

Tabela IX.1-11 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 660 kN

Tabela IX.1-12 - Deslocamentos durante o carregamento.

Carga 720 kPa – RUPTURA

Carga máxima do ensaio – Deslocamentos incessantes para esta Carga,


indicando ruptura geotécnica.

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INÍCIO DO DESCARREGAMENTO

Tabela IX.1-l2 – Descarregamento.

Carga 465 kN

Tabela IX.1-13 – Descarregamento.

Carga 310 kN

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354

Tabela IX.1-14 – Descarregamento.

Carga 165 kN

Tabela IX. 1-15 – Descarregamento.

DESCARGA TOTAL

Por meio dos dados das tabelas anteriores, foi feito um resumo com os dados
médios para a confecção da curva tensão x deslocamento, Tabela IX.2.

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355

Tabela IX.2 – Valores Carga x Deslocamento.

Carga (kN) Deslocamento (mm)


0 0,00
60 0,20
120 0,41
180 0,74
240 1,06
300 1,55
360 2,21
420 3,31
480 4,98
540 8,08
600 12,07
660 19,96
720 41,99
465 40,94
310 39,91
165 37,61
0 34,97

Durante o carregamento, para a carga máxima de 720 kN os deslocamentos


incessantes indicaram a ruptura geotécnica. Interrompeu-se o ensaio quando foi
atingido o deslocamento total da ordem de 10 % do diâmetro da estaca.

Destaca-se a importância de avaliar os registros dos deslocamentos de cada


deflectômetro e não da média geral de forma a não utilizar valores incoerentes nos
dados de deslocamento.

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Procedeu-se a mudança de carga quando os recalques foram considerados


estabilizados, de acordo com o critério da ABNT NBR 16903 (2020): “A estabilização
dos deslocamentos é atendida quando a diferença entre duas leituras consecutivas
corresponder a no máximo 5 % do deslocamento total existente no mesmo estágio,
que significa a diferença entre o deslocamento da estabilização do estágio anterior e
o deslocamento atual do estágio .

Caso não ocorra a estabilização no período de 30 min, deve-se realizar leituras


a cada 15 min, até se atingir a estabilização e o tempo mínimo de estágio de 60 min.
Caso não seja atingida a estabilização, o tempo máximo de cada estágio é limitado
a 120 min”.

Não é o caso do presente exemplo, mas em provas de carga em que após o


término do último estágio de carregamento, caso não seja caracterizada a ruptura
nítida, antes de iniciar o descarregamento, a carga deve ser mantida, devendo ser
feita uma leitura após 12h.

Procedeu-se ao descarregamento de acordo com o critério da ABNT NBR


16903 (2020): “o descarregamento deve ser feito em no mínimo quatro estágios.
Cada estágio é mantido até a estabilização dos deslocamentos. O tempo mínimo de
cada estágio é de 15min. Deve ser feita uma leitura após retirar toda carga do
sistema e outra após 30 min”.

Apresenta-se na Figura IX.2 a curva carga x deslocamento. Para o traçado


da curva a ABNT NBR 16903:2019 estabelece o critério: “adota-se uma escala tal
que a reta que liga a origem e o ponto da curva correspondente à tensão estimada
admissível resulte em uma inclinação de (20 ± 5) ° com o eixo das tensões”.

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357

Figura IX.2 – Curva Carga x Deslocamento. Inclinação de 200 na carga de


trabalho. Planilha (Freitas, 2023).

Observa-se que o deflectômetro 4 apresentou deslocamentos ligeiramente


superiores aos demais a partir da carga de 300 kN, indicando uma rotação no
bloco. No entanto, os valores indicaram diferenças entre os demais inferiores a 1,00
mm, o que permitiu utilizar os valores desse deflectômetro no cálculo do
deslocamento médio da prova de carga.

Nas Figuras IX.3 e IX.4 apresentam-se os gráficos Tempo x Deslocamento.

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Figura IX.3 – Curva Tempo x Deslocamento até a carga de 540 kN.

Figura IX.4 – Curva Tempo x Deslocamento da carga de 540 kN até 720 kN.

Para melhor visualização do comportamento do sistema estaca x solo os


autores sugerem também a confecção do gráfico de rigidez, Figuras IX.5 e IX.6, com
as tensões na abcissa e a Rigidez (relação Carga/Deslocamento) na ordenada,
Tabela IX.3. A relação Carga/Deslocamento tendendo a zero (recalques incessantes
para uma carga constante) indica a tendência à ruptura.

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Tabela IX.3 – Carga x Rigidez (Carga/Deslocamento).

Carga Carga/Deslocam.

(kN) (kN/mm)

120 293

180 243

240 226

300 194

360 163

420 127

480 96

540 67

600 50

660 33

720 18

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Figura IX.5 – Gráfico de Rigidez.

Figura X.6 – Gráfico de Rigidez (não considerando as cargas de 60 kN a 300 kN,


para efeito de melhor visualização).

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CAPÍTULO X

PROVA DE CARGA INSTRUMENTADA EM PROFUNDIDADE – EXEMPLO

Introdução

Neste capítulo apresentam-se os resultados e cálculos de uma prova de


carga instrumentada em uma estaca escavada com 12 m de comprimento e 0,40m
de diâmetro. A instrumentação em profundidade constitui-se de extensômetros
elétricos de resistência (strain gages) fixos na armadura. Os conceitos e
procedimentos sobre a instrumentação com strain gages foram descritos no
Capítulo VII.

Neste exemplo de cálculo serão utilizados os dados brutos obtidos de uma


prova de carga lenta. O módulo de elasticidade da estaca utilizado nos cálculos foi
obtido através da “Lei de Hooke”, utilizando-se as deformações fornecidas pela
instrumentação no topo da estaca, na seção de referência, sem contato com o solo.
Apresenta-se ainda a proposta de Fellenius (1989; 2023), para se utilizar o Módulo
Tangente nas análises.

Aplicação da Lei de Hooke

O strain gage fixado à armadura na seção de referência da estaca, Figura


X.1, fornece o valor da deformação (ꜪSR) que cada carga (FC) aplicada na cabeça da
estaca produz. O valor da área da seção transversal da estaca (A) é conhecido. Com
os valores das deformações (ꜪSR) obtidas para cada carga (FC), através de uma
regressão linear e utilizando-se a Lei de Hooke, obtém-se o módulo de elasticidade:
E = (FC/A) /ꜪSR.

Pode-se obter também diretamente o produto E.A = FC/ꜪSR da seção de


referência da estaca.

Para a determinação da carga em profundidade (FN) na seção transversal da


estaca, tendo-se o valor de E.A na seção de referência e o valor da deformação
normal ao eixo da estaca (ꜪN) no nível instrumentado, obtém-se:

Fn = E. A. ꜪN

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X.1 - EXEMPLO

Estaca escavada com 12 m de comprimento e 0,40m de diâmetro. Os


seguintes níveis foram instrumentados, Figura X.1:

Nível 1- Abaixo do bloco de coroamento (seção de referência – SR), sem


contato com o solo.

Nível 2 – 6 m

Nível 3 – 12m (ponta)

Figura X.1 – Níveis instrumentados.

Instrumentação

A instrumentação consistiu de “strain gages” colados em ponte completa na


armadura da estaca. No processo de instrumentação foram empregados strain
gages Kyowa” KFGS-2-120-D16-11 (roseta biaxial 120 ∧) para uso geral.

Como visto no Capítulo VII, o tipo de ligação em ponte completa utilizada


elimina as deformações devido à temperatura (Ꜫt) e as deformações devido à flexão

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(Ꜫf), fornecendo apenas as deformações no sentido longitudinal ou normal à seção


da estaca (ꜪN). Esta ligação em ponte completa fornece a deformação total da ponte:
ꜪT = ꜪN . 2(1+ν), onde ν é o coeficiente de Poisson do aço.

Resultados

As leituras foram obtidas através do leitor de deformações P3 da Micro


Measurements (Figura X.2).

Este tipo de equipamento fornece a deformação total da ponte completa (ꜪT),


conforme apresentado na Tabela X.1. Para as análises é necessário então obter-se
o valor da deformação no sentido normal à seção da estaca, conforme apresentado
na Tabela X.2: ꜪN = (ꜪT) / 2(1+ν) = ꜪT/2,6. (Obs.: existem equipamentos, como o
HBM's QuantumX Assistant 840 data acquisition system, que utilizando software
como o Catman Easy, podem ser programados para apresentar o valor direto de
ꜪN).

Tabela X.1 – Valores das deformações totais lidas (ꜪT).

Carga (kN) nível 1 (SR) nível 2 (- 6 m) nível 3 (- 12 m)


(x 10-6) (x 10-6) (x 10-6)
0 0 0 0
60 50 40 1
120 100 78 2
180 143 111 5
240 196 141 7
300 241 170 16
360 286 204 20
420 341 235 25
480 397 267 30
540 451 302 34
600 503 339 39
660 552 370 44
690 656 396 46

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Figura X.2 – Leitor de deformações.

Tabela X.2 – Valores das deformações normais à seção da estaca [ꜪN = ꜪT / 2(1+ν)].

Carga (kN) Nível 1 (SR) Nível 2 (- 6 m) Nível 3 (- 12 m)


0 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
60 1,92E-05 1,54E-05 3,85E-07
120 3,85E-05 3,00E-05 7,69E-07
180 5,50E-05 4,27E-05 1,92E-06
240 7,54E-05 5,42E-05 2,69E-06
300 9,27E-05 6,54E-05 6,15E-06
360 1,10E-04 7,85E-05 7,69E-06
420 1,31E-04 9,04E-05 9,62E-06
480 1,53E-04 1,03E-04 1,15E-05
540 1,73E-04 1,16E-04 1,31E-05
600 1,93E-04 1,30E-04 1,50E-05
660 2,12E-04 1,42E-04 1,69E-05
690 2,52E-04 1,52E-04 1,77E-05

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Determinação do Módulo de Elasticidade

Com base na Tabela X.2 construiu-se o gráfico da Figura X.3 de carga x


deformação. Sendo E = (F)/(A.Ꜫ) → E.A = F/Ꜫ, onde no gráfico E.A é a inclinação da
reta.

Figura X.3. Gráfico carga x deformação. A inclinação da reta Q/Ꜫ corresponde ao


produto E.A, onde E= (Q/A) / Ꜫ.

De acordo com os dados observa-se que o produto E.A é igual a 3.142.917


kN. Como o diâmetro nominal da estaca é de 0,40 m, é possível estimar seu módulo
de elasticidade que é da ordem de 25 GPa.

Obs.: Deve-se ressaltar que quando se utiliza todos os valores de carga


empregados na prova de carga, a reta E.A. nem sempre apresenta bom coeficiente
de correlação (R2). Mais para o final do carregamento, as elevadas tensões podem
começar a fissurar o concreto, influindo nas leituras. Neste caso escolhe-se o trecho
linear da curva para determinação do produto E.A

Determinação da Carga nos Níveis Instrumentados

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Para o cálculo da carga em cada nível instrumentado, substitui-se o valor do


produto E.A na equação da Lei de Hooke. Os valores das cargas em cada nível
instrumentado são apresentados na Tabela X.3.

F = E ⋅ A ⋅ ε N = 3.142.917 ⋅ ε N

Tabela X.3 – Valores das cargas em cada nível e a porcentagem de carga na ponta
da estaca.

Carga na -6m - 12 m (ponta) %


Cabeça ponta
kN
(kN)

FC FN(-6) FN(-12) -

0 0 0 0

60 48 1 2,0

120 94 2 2,0

180 134 6 3,4

240 170 8 3,5

300 205 19 6,4

360 247 24 6,7

420 284 30 7,2

480 323 36 7,6

540 365 41 7,6

600 410 47 7,9

660 447 53 8,1

690 479 56 8,0

Observa-se que para carga máxima, a carga de ponta da estaca representou


8 % da carga do topo.
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Curva de Transferência de Carga

A partir dos valores de carga apresentados na Tabela X.3, obtém-se o gráfico


de transferência de carga, como mostrado na Figura X.4.

Figura X.4. Transferência de carga em profundidade.

Atrito Lateral ao Longo do Fuste (fS)

Conforme mostrado na Figura X.4 em que são indicados os níveis


instrumentados e com os dados da Tabela X.3 é possível calcular o atrito lateral
(fS) em cada trecho ao longo do fuste:

- Segmento 1(0,5m a 6,0m) → fS(1) = (∆F1)/(Pi.0,40.5,5) = (FC - FN(-6))/(6,908)

- Segmento 2(6,0m a 12m) → fS(2) = (∆F2)/(Pi.0,40.6,0) = (FN(-6)) - FN(-12))/(7,536)

Tabela X.4 – Valores do atrito lateral em cada segmento da estaca.

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Atrito lateral (kPa)


Carga (kN)
Trecho 1 Trecho 2
60 2 7
120 4 13
180 7 19
240 10 23
300 14 27
360 16 32
420 20 37
480 23 41
540 25 47
600 28 52
660 31 57
690 31 61

Apresentam-se na Figura X.5 os gráficos de atrito lateral para cada


incremento de carga.

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Figura X.5. Gráficos de atrito lateral.

Proposta de Fellenius (1989)

Fellenius (2019), em seu artigo “Tangent Modulus of Piles Determined from


Strain Data” apresenta a proposta de utilização do Módulo Tangente na análise de
provas de carga instrumentadas.

“Em contraste com o Módulo de Elasticidade do aço, o Módulo de


Elasticidade do concreto não é constante, mas uma função da magnitude da carga
imposta, ou melhor, da deformação imposta, reduzindo com o aumento de tensão
ou deformação. Isto significa que quando uma carga é aplicada a uma estaca ou
coluna, a relação carga x deslocamento segue uma curva e não uma linha reta.

Considerando a grande variação de tensão imposta durante uma prova de


carga, a diferença entre o Módulo inicial e final para uma estaca de concreto pode
ser substancial. A aproximação da curva carga x deslocamento a uma reta pode

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introduzir erros significantes na avaliação da carga obtida a partir das deformações


medidas. Contudo, a curva tensão x deformação pode com acurácia suficiente ser
considerada uma equação do segundo grau: y = ax2 + bx + c, onde y é tensão e x é
deformação (Fellenius, 1989). A questão é a determinação das constantes ‘a’ e ‘b’
(a constante ‘c’ é zero) ” (adaptado de Fellenius, 2023)

Fellenius (1989; 2023) apresenta:

- Equação do Módulo Tangente (Et):

Et = (d/d) = a. + b (1)

Em que:

d = (n+1 - n) = variação de tensão de um incremento de carga até o próximo.

d = (n+1 - n) = variação de deformação de um incremento de carga para o


próximo.

a = inclinação da linha do módulo tangente.

b = interseção no eixo y da linha de Módulo Tangente (Módulo Tangente


inicial).

A integral da equação (1) conduz à relação de tensão em função de


deformação:

 = (a/2).2 + b. (2)

- A equação (3) representa a tensão em função do Módulo Secante (Es) e da


deformação:

 = Es .  (3)

- A combinação da equação (2) e equação (3) fornece:

Es = (a/2). + b (4)

Fellenius (2023), em seu livro “Basics of Foundation Design – Electronic


Edition), para análise de provas de carga instrumentadas em profundidade,
apresenta em detalhes os conceitos e aplicações de Módulo Tangente (Et), Módulo
Secante (Es), Rigidez Tangente (Q/ = Et.A) e Rigidez Secante (Q/ = Es.A) onde,
Q= Carga;  = deformação; E = Módulo; A = Área da seção transversal da estaca.

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Para o exemplo apresentado neste capítulo, com os dados de carga e


deformação obtidos da instrumentação da estaca na seção de referência, com a
aplicação da equação (1), obtém-se o Módulo Tangente (Et), Tabela X.5, em função
da deformação (), e seu respectivo gráfico, equação (5) e Figura X.6.

Tabela X.5 – Módulo Tangente em função da Carga e Deformação.

Et (GPa)
Deformação
na Seção Tensão (kN/m2) Et = (d/d) =
Carga (kN)
Referência Carga/Área (n+1 - n) / (n+1 - n)
(x 10-5)

0 0 0 0
60 1,92 476 24,67
120 3,85 952 28,86
180 5,50 1429 23,34
240 7,54 1905 27,53
300 9,27 2381 27,53
360 11,00 2857 22,68
420 13,12 3333 21,65
480 15,27 3810 23,81
540 17,35 4286 23,81
600 19,35 4762 25,06
660 21,23 5238 5,95
690 25,23 5476 ---

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Figura X.6 – Gráfico Etg x Ꜫ - Sem considerar o último nível de carregamento


(660 – 690 kN), onde se caracterizou ruptura da ligação estaca-solo.

Obtém-se a equação:

Et = -1,577Ꜫ + 26,535 (GPa) (5)

Onde o Módulo Tangente inicial, Etinicial = 26,535 GPa.

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CAPÍTULO XI

PROJETO DA PROVA DE CARGA - EXEMPLO

A ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de Carga Estática em Fundação


Profunda, estabelece em seu item 6, as informações mínimas que devem constar
no projeto da prova de carga.

Em seu item 6.1 estabelece a caracterização do subsolo.

Em seu item 6.2 estabelece as informações mínimas de projeto.

Em seu item 6.3 estabelece os critérios de dimensionamento.

A ABNT NBR 6489 (2019) – Solo – Prova de Carga Estática em Fundação


Direta, estabelece em seu item 4 o método de ensaio, cujas informações específicas
para cada prova de carga devem ser apresentadas no projeto.

XI.1 – EXEMPLO DE PROJETO

Nas Figuras XI.1 a XI.6 são apresentadas algumas figuras, com informações
de projetos, gentilmente cedidas pela ZF & Engenheiros Associados S/S.

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Figura XI.1 – Projeto de uma prova de carga. (ZF & Engenheiros Associados S/S).
(2018)

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Figura XI.2 – Detalhe típico de armação para estacas escavadas de reação de uma
prova de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S).

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Figura XI.3 – Detalhe típico de armação para estacas hélice contínua de reação de
uma prova de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S.)

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Figura XI.4 – Detalhe típico de armação para estacas raiz de reação de uma prova
de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S).
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Figura XI.5 – Detalhe típico de armação para estacas metálicas de reação de uma
prova de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S).

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Figura XI.6 – Detalhe típico de armação para estacas pré-fabricadas de reação de


uma prova de carga específica (ZF & Engenheiros Associados S/S).
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CAPÍTULO XII

EXPRESSÃO DOS RESULTADOS DA PROVA DE CARGA

EXEMPLO DE RELATÓRIO

A ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de Carga Estática em Fundação


Profunda, estabelece em seu item 9, as informações mínimas que devem constar
na expressão dos resultados da prova de carga.

Em seu item 9.1 estabelece que a estaca deve estar documentada e que os
registros devem incluir informações sobre: geometria, método de execução,
propriedades dos materiais constitutivos e controles realizados durante a
execução.

Em seu item 9.2 estabelece as informações mínimas que devem constar do


relatório.

Em seu item 9.3 estabelece as descrições mínimas que devem ser


apresentadas no caso de provas de carga com instrumentação.

Em seu item 9.4 estabelece que caso se pretenda estabelecer correlações


entre os resultados fornecidos pela prova de carga e outros ensaios in situ, estes
ensaios devem ser em número não inferior a três.

Não é especificado em Norma, mas havendo possibilidade, a apresentação de


dados da execução de estacas (monitoramento / diagrama de cravação), pode ser
útil.

A ABNT NBR 6489 (2019) – Solo – Prova de Carga Estática em Fundação


Direta, estabelece em seu item 4.5 que a empresa responsável deve emitir relatório
em que constem no mínimo as informações apresentadas em seus itens 4.5.1 a
4.5.4.

XII.1 – EXEMPLO DE RELATÓRIO

A seguir apresenta-se um relatório de prova de carga gentilmente cedido pela


empresa Geoprova Engenharia, Ensaios e Monitoramento.

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CAPÍTULO XIII

PROVA DE CARGA ESTÁTICA COM CÉLULAS EXPANSIVAS / ENSAIO


BIDIRECIONAL – INTRODUÇÃO - EXEMPLO DE RELATÓRIO

Neste Capítulo são apresentados:

XIII.1 – Introdução

XIII.2 – Normas

XIII.3 – Montagem da Prova

XIII.4 – Realização do Ensaio

XIII.5 – Resultados Obtidos

XIII.6 – Análise dos Resultados – Trabalhos Recomendados

XIII.7 – Relatório Técnico de Resultado de uma Prova de Carga

XIII.1- INTRODUÇÃO

As provas de carga em fundações profundas são executadas em sua maior


parte empregando o sistema de reação composto por estacas, tirantes e cargueiras,
conforme preconiza a ABNT NBR 16903 (2020) – Solo – Prova de carga estática em
fundação profunda.

No entanto, o emprego de um desses sistemas pode onerar os custos da obra,


tendo em vista a carga máxima que se pretende alcançar nos ensaios, o que
acarreta um sistema de reação robusto, além dos custos que podem ultrapassar
gastos com elementos metálicos (monobarras e cordoalhas). Outro fator importante
é a segurança, pois um sistema mal dimensionado ou peças desgastadas ou
qualidade inferior, pode ocasionar ruptura do sistema durante o ensaio, que, por
sua vez, pode resultar em graves acidentes.

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Apresenta-se na Figura XIII.1 uma cargueira montada para uma prova de


estática convencional. Registra-se que no mesmo local, foi executada uma prova
de carga bidirecional.

Figura XIII.1 – Prova de cara com cargueira e prova de carga bidirecional. A) Vista
da obra. B) Sistema bidirecional (cortesia: Arcos Engenharia de Solos. Foto
histórica).

Historicamente, o primeiro estudo publicado sobre a inclusão de um macaco


hidráulico na base de uma fundação foi em 1973 por Gibson e Devenny. Os autores
realizaram o teste de uma fundação tipo “caixão” embutida em rocha. No artigo os
autores mostram a simplicidade do ensaio e o custo menor quando se ensaia
“caixões” apoiados em rocha, Figura XIII.2.

Na década de 1980 o engenheiro Pedro Elísio Silva, fundador da ARCOS


ENGENHARIA em 1969, idealizou um sistema que permitiu quantificar a
resistência de uma fundação que atendesse critérios técnicos, econômicos e de
segurança. Avaliou a possibilidade de utilizar o próprio elemento de fundação como
elemento de reação, inserindo um macaco hidráulico no interior do elemento de
fundação (estaca ou tubulão), de forma que aproveitasse o máximo do atrito lateral
e resistência na base. Um fator importante no desenvolvimento do sistema, é que

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a medida dos deslocamentos da parte inferior e superior da célula apresentasse o


máximo de precisão.

Figura XIII.2 – Desenho esquemático de instalação (Gibson e Devenny,


1973).

No decorrer do desenvolvimento do sistema, verificou-se que o custo do


processo poderia ser elevado se utilizasse macaco hidráulico, tendo em vista que
este sistema é empregado para ser utilizado muitas vezes, o que não seria o caso
do ensaio bidirecional, que deveria abrir somente uma vez. Desta forma, foi
idealizado o sistema “EXPANCELL” (célula expansiva hidrodinâmica), de custo
acessível e que seria suficiente para ensaiar elementos com cargas elevadas,
alterando somente as dimensões da célula.

Pesquisas paralelas sobre o sistema também foram realizadas no exterior,


destacando-se o trabalho de Horvarth, Kenney e Kozicki, no ano de 1983, que
publicam resultados de provas de carga executadas com inclusão de uma célula
plana na ponta da estaca.

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Após estudos efetuados para encontrar o material adequado para a


construção do equipamento e adequação do sistema hidráulico, a Arcos
Engenharia realizou vários testes a partir de um simulador para testar o sistema.
Na etapa seguinte, foi o desenvolvimento do sistema de leitura de deslocamentos,
que deveria ser feito por meio de tubos ligando a célula colocada dentro do elemento
ao topo da fundação. Após vários testes em simulador, verificou-se que o sistema
de medição de deslocamentos idealizado funcionava perfeitamente, obtendo-se
leituras dos deflectômetros na parte inferior e superior da célula. A etapa seguinte
foi a realização de testes em campo, o que permitiu a aferição do sistema, bem
como a possibilidade de reutilizar a fundação testada, já que possibilitaria a injeção
de argamassa no trecho “aberto” após a realização do ensaio

Como apresentado na Figura XIII.3 é possível verificar a célula no interior da


estaca e que, à medida que é acionada, solicita a parte superior do fuste com uma
força que reage contra a parte inferior do fuste e da base com uma força de mesmo
valor. Este princípio de ação e reação é mantido em equilíbrio até que em
determinada carga haja a ruptura da parte superior ou inferior, que é observada
com a leitura crescente da leitura do deflectômetro, sendo observado que neste
momento, a pressão do sistema hidráulico se mantém constante, o que caracteriza
a o final do carregamento. É importante destacar que o posicionamento correto da
célula para que se tenha equilíbrio da carga é de extrema importância para o
sucesso e interpretação do ensaio.

Em 1989, Jorj Osterberg publica o artigo “New device for load testing driven
piles and bored piles separates friction and endbearing”, que mostra o ensaio,
chamado de “Osterberg cell test” ou “O-Cell test”.

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Figura XIII.3 -Esquema de carregamento.

Apresenta-se na Figura XIII.4 a primeira montagem do sistema da Arcos com


três células acopladas à armadura.

Figura XIII.4 -Montagem com três células (Arcos Engenharia de Solos).

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XIII.2 - NORMAS

Internacionalmente o ensaio é normalizado pela ASTM D8169/D8169M – 18


Standard Test Method for Deep Foundations Under Bi-Directional Static Axial
Compressive Load.

No Brasil ainda não é normalizado. A ABNT NBR 6122 (2022) – Projeto e


execução de fundações, em seu item 9.2.2.4 estabelece que a critério do projetista,
o teste bidirecional pode ser usado. A prova de carga com célula expansiva segue
as diretrizes da norma ABNT NBR 16903 (2020) ‐ Solo - Prova de carga estática em
fundação profunda.

XIII.3 – MONTAGEM DA PROVA

Para a montagem de uma prova de carga bidirecional, deve-se, além de obter


a carga máxima do ensaio, que demandará o dimensionamento da célula de carga,
avaliar seu posicionamento. Para avaliar o posicionamento, é importante que se
conheça o ponto de equilíbrio entre a carga acima e abaixo do ponto de inserção
da célula.

O cálculo é feito com o emprego de metodologias que envolvem a


determinação da capacidade de carga por atrito lateral e carga de ponta, de forma
que se possa encontrar o ponto ao longo do fuste da estaca que equilibre os
carregamentos, Figura XIII.5.

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Figura XIII.5 – Equilíbrio dos esforços.

QLat(superior) ≈ QLat(inferior) + QP

Em estacas moldadas in loco, em geral a célula é fixada na armadura da


estaca, de forma que a composição seja inserida concomitantemente no interior do
fuste.

Apresenta-se na Figuras XIII.6 o projeto de um sistema com 3 células, barras


instrumentadas com strain gages fixados na armadura e tell tale.

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Figura XIII.6 – Projeto de prova de carga bidirecional com 3 células, barras


instrumentadas com strain gages fixados na armadura e tell tale. Estaca P28
(Barbosa, 2023)
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Apresenta-se na Figura XIII.7 o sistema com três células para a fixação na


armadura. É possível observar os tubos de aço galvanizados que terão a finalidade
de injetar a água para expansão das células. Posteriormente serão utilizados para
injeção da calda de cimento para fechamento do espaço vazio que foi criado em
decorrência da expansão das células durante a realização do ensaio.

Figura XIII.7 –Placa montada com três células. A) Tubos galvanizados (vista
lateral). B) Tubos galvanizados (vista frontal). (Barbosa, 2023).

Apresenta-se na Figura XIII.8 células fixadas na armadura da estaca e pronta


para inserção no fuste da estaca.

Figura XIII.8 – Sistema de células fixado na armadura (Arcos).


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Apresentam-se nas Figuras XIII.9 a XIII.12 detalhes da preparação da estaca


teste.

Figura XIII.9 – Armadura e sistema de células sendo inserido no fuste da estaca.


A) Detalhe da fixação na armadura. B) Vista geral. (Barbosa, 2023).

Figura XIII.10 – Estaca sendo preenchida com concreto (Barbosa, 2023).

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Há também a possibilidade de a estaca ser instrumentada em profundidade.


Apresenta-se na Figura XIII.11 a instalação de barras instrumentadas com strain
gages em uma estaca a ser submetida ao ensaio bidirecional.

Figura XIII.11 - Instrumentação da estaca. A) Instalação das barras


instrumentadas. B) Armadura com as barras instaladas. (Barbosa, 2023).

Figura XIII.12 – Descida do trecho superior e ligações com demais trechos e


alça: (a) descida da armadura; (b) emenda entre os trechos e (c) topo da estaca.
(Barbosa, 2023).

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XIII.4 – REALIZAÇÃO DO ENSAIO

Após a finalização do processo de inserção da armadura / célula expansiva


no interior do fuste e a devida concretagem, espera-se o período de cura e o alcance
do tempo mínimo para a realização da prova de carga.

O processo de montagem é simples. Em geral é resumido pela proteção da


área (cobertura, faixas limitadoras etc.), instalação das vigas de referência e
instalação do sistema hidráulico. Na Figura XIII.13 é possível observar o topo da
estaca, os tubos para aplicação da água para abertura da célula, armadura da
estaca e, neste caso específico, os cabos da instrumentação com strain gages
inseridos na armadura. Na Figura XIII.14B e Figura XIII.14B observa-se o sistema
finalizado para o início da prova de carga.

Figura XIII.13 – Detalhe do topo da estaca (Barbosa, 2023).

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Figura XIII.14A - Prova de carga bidirecional em execução (Barbosa, 2023).

Figura XIII.14B - Prova de carga bidirecional. Montagem. (Barbosa, 2023).

O ensaio se inicia com a aplicação da carga na célula para que ela


provoque uma separação entre a parte superior e inferior da estaca e que
permita o carregamento da estaca em ambos os segmentos. Daí por diante o
ensaio é executado conforme as prescrições da ABNT NBR 16903 (2020) –
Solo – Prova de carga estática em fundação profunda.
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XIII.5 – RESULTADOS OBTIDOS

Com a realização do ensaio obtém-se a curva relativa aos deslocamentos


relativos às partes acima e abaixo da célula expansiva, conforme Figuras XIII.15 e
XIII.16. Com instrumentação em profundidade é possível obter a distribuição de
carga em profundidade, Figura 17.

Figuras XIII.15 – Deslocamentos acima e abaixo da célula expansiva


(Arcos).

Figura XIII.16 – Curvas carga deslocamentos – estaca P28 (Barbosa, 2023).

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Figura XIII.17 – Distribuição de carga ao longo da profundidade - estaca


instrumentada em profundidade - P28 (Barbosa, 2023).

XIII.6- ANÁLISE DOS RESULTADOS – Trabalhos Recomendados

Em um ensaio bidirecional a parte da estaca abaixo da célula instalada em


profundidade é solicitada com uma carga de cima para baixo, como ocorre em uma
prova de carga tradicional. Por outro lado, a parte da estaca acima da célula é
solicitada de baixo para cima, ao contrário do que ocorre em uma prova de carga
tradicional. Este fato e como analisar as duas curvas conduz a pontos de vista
técnicos e metodologias de análise distintas, para a análise do resultado de uma
prova de carga bidirecional.

Para um melhor conhecimento a respeito de “Prova de carga estática com


células expansivas / Ensaio Bidirecional”, particularmente no referente à análise
dos resultados, e também nos aspectos de montagem do ensaio e execução da
prova, recomenda-se a leitura da seguinte Tese de Doutorado e Dissertações de
Mestrado, juntamente com referências citadas na Bibliografia destes trabalhos:

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Barbosa, Y. (2023) – Análise experimental e numérica de estacas escavadas


de grande diâmetro escavadas instrumentadas submetidas à prova de carga
bidirecional. Tese de Doutorado. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo – Unicamp – Campinas - SP. 264 págs.

Dada, T.L (2019) - Ensaio bidirecional em estacas moldadas in loco: técnicas


de execução e métodos de interpretação, com aplicação a casos de obras.
Dissertação de Mestrado. Escola Politécnica da USP. São Paulo – SP. 296 págs.

Cruz, F.V.A.S (2019) – Contribuição à interpretação de provas de carga em


estacas, realizadas pelo método bidirecional. Dissertação de Mestrado. COPPE-
UFRJ. Rio de Janeiro. RJ.131 págs.

XIII.7 - RELATÓRIO TÉCNICO DE RESULTADO DE PROVA DE CARGA

Apresenta-se a seguir o relatório técnico do resultado de uma prova de carga


com célula expansiva, gentilmente cedido pela empresa Arcos Engenharia de Solos.

Apresenta-se na pasta ‘Bibliografia’ do drive deste livro, relatório da primeira


prova de carga em célula expansiva no Brasil, idealizada e realizada pelo
Engenheiro Pedro Elísio Chaves Alves Ferreira da Silva, em maio de 1981.

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XIII.7 - RELATÓRIO TÉCNICO DE RESULTADO DE PROVA DE CARGA

Apresenta-se a seguir o relatório técnico do resultado de uma prova de carga


com célula expansiva, gentilmente cedido pela empresa Arcos Engenharia de Solos.

Apresenta-se na pasta ‘Bibliografia’ no Link do Google Drive deste livro,


relatório da primeira prova de carga em célula expansiva no Brasil, idealizada e
realizada pelo Engenheiro Pedro Elísio Chaves Alves Ferreira da Silva, em maio de
1981.

Link: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1Ne5RFbIroKOlt7nSa-
fXkoT-eWxL98YZ)

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