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DIRETORIA ACADÊMICA

COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

IPOG – INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

RAFAEL FEITOSA GOMES

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA DE FUNDAÇÃO PROFUNDA EM SOLO


MOLE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção de título de Engenheiro Civil
junto ao curso de Graduação em
Engenharia Civil do Instituto de Pós-
Graduação e Graduação. Linha de
pesquisa: Fundações.

GOIÂNIA - GO
2020
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COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

IPOG – INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DE VIABILIDADE TÉCNICA DE FUNDAÇÃO PROFUNDA EM SOLO


MOLE

Rafael Feitosa Gomes


Orientadores: Prof. Ms. Gustavo Vieira Botelho
Profa. Ms. Ariana Ramos Massensini

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial a
obtenção de título de Engenheiro Civil
junto ao curso de Graduação em
Engenharia Civil do Instituto de Pós-
Graduação e Graduação. Linha de
pesquisa: Fundações.

GOIÂNIA - GO
2020
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo executivo estaca hélice contínua ................................................ 12


Figura 2: Içamento de estacas pré-moldada de concreto ......................................... 15
Figura 3: Equipamento de bate-estaca por gravidade ............................................... 17
Figura 4: Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soladas e (b)
apenas encaixe. ........................................................................................................ 18
Figura 5: Equipamento Pile Integrity Tester .............................................................. 24
Figura 6: Gráfico de sinal versus comprimento ......................................................... 25
Figura 7: Planta de locação de sondagem ................................................................ 26
Figura 8: Laudo de sondagem SPT ........................................................................... 27
Figura 9: Gráfico curva carga-recalque ..................................................................... 28
Figura 10: Sinais coletados PIT................................................................................. 28
Figura 11: Planta de implantação da obra ................................................................. 30
Figura 12: Planta de locação de sondagem .............................................................. 30
Figura 13: Planta de locação da fundação ................................................................ 31
Figura 14: Projeção da área coberta. ........................................................................ 31
Figura 15: Legenda do projeto de fundação .............................................................. 32
Figura 16: Locação de pilares ................................................................................... 33
Figura 17: Numeração e posição dos extensômetros ............................................... 38
Figura 18: Corte típico de montagem do sistema de reação da PCE........................ 39
Figura 19: Montagem para ensaio da prova de carga estática.................................. 39
Figura 20: Curva carga X Deslocamento da média dos extensômetros .................... 41
Figura 21: Sinais coletados para PIT ........................................................................ 43
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dos estados de compacidade e de consistência ....................................... 21


Tabela 2: Tabulação de dados no Excel ................................................................... 27
Tabela 3: Planilha resumo laudo de sondagem ........................................................ 34
Tabela 4: Planilha resumo laudo de sondagem. ....................................................... 34
Tabela 5: Planilha resumo laudo de sondagem ........................................................ 35
Tabela 6: Dos estados de compacidade e de consistência ....................................... 36
Tabela 7: Dados da estaca........................................................................................ 37
Tabela 8: Resultados obtidos pelo ensaio de prova de carga ................................... 40
Tabela 9: Característica das estacas executadas ..................................................... 42
Tabela 10: Análise dos sinais coletados ................................................................... 42
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


A/C Relação água / cimento
CAA Classe de Agressividade Ambiental
FCK Resistência Característica do Concreto à Compressão
KN Quilo Newton
MN Mega Newton
MPA Mega Pascal
SPT Standard Penetration Test
PCE Prova de carga estática
PIT Ensaio de integridade de estacas
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................ 6
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 6
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 8
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................ 8
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................... 8
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 10
2.1 FUNDAÇÃO PROFUNDA ................................................................................ 10
2.2 ESTACA HÉLICE CONTÍNUA ......................................................................... 10
2.2.1 Procedimento executivo ............................................................................ 11
2.2.2 Concreto para estacas hélice contínua .................................................... 13
2.3 ESTACAS PRÉ-MOLDADA DE CONCRETO ................................................. 14
2.3.1 Manipulação e estocagem ......................................................................... 14
2.3.2 Cravação ...................................................................................................... 16
2.3.3 Emendas das estacas ................................................................................. 18
2.3.4 Preparo da cabeça da estaca e ligação com bloco de coroamento ....... 19
2.4 SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO COM SPT ......................... 19
2.4.1 Procedimento executivo ............................................................................ 20
2.5 TESTE DE PROVA DE CARGA ESTÁTICA .................................................... 22
2.6 ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACAS – PIT ........................................... 24
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 25
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 29
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 46
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1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

A execução de um projeto de fundação profunda requer conhecimento das


técnicas existentes no mercado, juntamente com a avaliação da formação
geotécnica do solo em questão. Tomar conhecimento das particularidades no
processo executivo das técnicas em fundação profunda estaca hélice contínua e
estaca pré-moldada em concreto é predominante para a correta escolha no projeto
de fundação.
A falta de coesão do solo decorrente da presença de uma camada espessa
de matéria orgânica inviabiliza certos tipos de fundações profundas como a
execução de estaca hélice contínua, devido à redução de sua capacidade de carga
com o estrangulamento da seção transversal.
A execução de ensaios de reconhecimento de solo, testes de prova de carga
estática - PCE e testes de integridade de estacas – PIT, disponibiliza ao projetista de
fundações informações quanto a resistência do solo e suas variáveis proporcionando
um diagnóstico assertivo na escolha da técnica a ser implantada para a construção
de um grande empreendimento no ramo atacadista.
Este projeto propõe-se a determinar através de resultados obtidos com os
ensaios SPT, PCE e PIT qual das técnicas em fundações profundas, estaca hélice
contínua ou estaca pré-moldada de concreto, será tecnicamente mais viável, na
construção de um grande empreendimento no ramo atacadista em um terreno de
solo com presença de camada espessa de matéria orgânica.

1.2 JUSTIFICATIVA

Conhecer o comportamento dos solos que são formados pela desagregação


de rochas através das ações físicas e químicas é fundamental no estudo das
reações causadas pelas cargas transmitidas por estruturas edificadas sobre o

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mesmo. O entendimento do comportamento dos solos é importante no


desenvolvimento das técnicas de fundações. Todo projeto de fundações contempla
as cargas aplicadas pela obra e a resposta do solo a estas solicitações. Os solos
são muito distintos entre si e respondem de maneira muito variável (PINTO, 1998).
Uma enorme diversidade de solos constituídos por diferentes granulometrias,
constituição mineralógica e partículas de água, fez que, em decorrência do interesse
da engenharia, os solos fossem classificados e agrupados por tipos, como por
exemplo, arenoso, argiloso, siltoso. O objetivo desta classificação é orientar e
permitir uma adequada investigação de um problema ocasionado por prováveis
comportamentos dos solos após serem solicitados por carregamentos.
A elaboração de projetos geotécnicos em geral e de fundações em particular,
exige, obviamente, um conhecimento adequado dos solos. É necessário proceder-se
a identificação e classificação das diversas camadas componentes do substrato a
ser analisado, assim como a avaliação das outras propriedades da engenharia
(QUARESMA et al., 1998, p.119).
Um dos principais pontos a serem desenvolvidos no projeto de fundações é a
escolha do tipo adequado de estaca a ser empregado. Essa escolha passa pela
análise de fatores como tipo de solo, disponibilidade de equipamentos no local da
obra, prazo de entrega da obra, fatores climáticos, vizinhança e o custo
orçamentário. Em algumas situações, como por exemplo, a que está sendo
estudada, nem sempre o modelo escolhido é o mais o rápido ou o mais econômico
pela sua inadequabilidade.
Através dos ensaios in situ, amostras dos solos são extraídas para a
classificação e identificação das camadas dos solos a serem estudados, esse
reconhecimento poderia ser feito em ensaios laboratoriais, mas na prática, quase
que todos os ensaios são realizados no campo, apenas alguns específicos são
analisados em laboratório.
As características da obra e de um solo considerado mole por ser constituído
por material orgânico até uma profundidade considerável impõem a utilização de
técnicas de fundações profundas que são separadas em dois tipos principais,
estacas e tubulão.

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No Brasil, atualmente, a execução de estacas tipo hélice contínua vem sendo


a solução mais empregada em projetos que requer fundações profundas, mas as
características do subsolo em particular limitam a utilização desta técnica.
O solo formado por uma camada profunda de material orgânico dificulta a
execução de estacas de concreto moldada in loco. Neste sentido, o trabalho de
pesquisa utilizará de técnicas de teste de prova de carga estática e teste de
integridade de estacas para demonstrar a inadequação em executar estaca hélice
contínua nos solos considerados moles após os estudos de sondagens e
reconhecimento da resistência dos mesmos. Com isso, pergunta se: Qual a
influência que uma camada espessa de solo orgânico tem numa fundação profunda
desde a sua execução até o seu comportamento durante a vida útil?
Importa destacar que inviabilizar a execução de projeto de fundação profunda
utilizando a técnica de estaca hélice contínua devido à falta de coesão do solo
provocando instabilidade lateral da estaca, causa consumo excessivo de concreto e
risco de redução da sua capacidade de carga, devido ao estrangulamento da seção
transversal da estaca.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Este estudo tem como objetivo analisar 2 tipos de fundações profundas,


estaca hélice contínua e estaca pré-moldada em concreto, para escolher qual a
solução tecnicamente mais viável na construção de um hipermercado, baseado nos
estudos de sondagem e reconhecimento das características do solo e também nos
testes de prova de carga estática e os testes de integridade de estacas.

1.3.2 Objetivos específicos

• Definir a técnica de fundação profunda;

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• diferenciar as técnicas de fundação profunda em estaca hélice contínua e


estaca pré-moldada em concreto;
• descrever os procedimentos de ensaios de sondagem do solo SPT, teste de
prova de carga estática e teste de integridade de estacas;
• analisar os dados dos ensaios realizados no hipermercado estudado, para
viabilizar a técnica de fundação profunda em solo mole.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 FUNDAÇÃO PROFUNDA

Fundação profunda é aquela onde sua base encontra-se apoiada a uma


profundidade superior a 02 (duas) vezes sua menor dimensão ou pelo menos, 3
(três) metros de profundidade.

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno ou pela base


(resistência de ponta) ou por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou
por uma combinação das duas, sendo sua ponta ou base apoiada em uma
profundidade superior a oito vezes a menor dimensão em planta e no
mínimo 3,0 m; quando não for atingido o limite de oito vezes, a
denominação é justificada. Nesse tipo de fundação incluem-se as estacas e
tubulões. (NBR 6122, 2019, p. 5).

As fundações profundas são divididas em dois grupos: Estacas e Tubulões. A


estaca é o tipo de fundação executada com auxilio de ferramentas ou equipamentos
para a percussão, escavação ou cravação. Segundo a NBR 6122 (2019), “estaca
são elementos de fundação profunda executado inteiramente por equipamentos ou
ferramentas, sem que, em qualquer fase de sua execução, haja trabalho manual em
profundidade”. Os materiais empregados podem ser, madeira, aço, concreto pré-
moldado, concreto moldado in loco, argamassa, calda de cimento, ou qualquer
combinação dos anteriores. O tubulão, diferentemente das estacas, necessita de um
operário no processo de execução para a descida até sua base onde a mesma será
alargada ou limpa, pois a principal característica do tubulão é a resistência das
cargas que serão transmitidas a sua ponta.

2.2 ESTACA HÉLICE CONTÍNUA

A estaca hélice contínua foi desenvolvida nos Estados Unidos e utilizada pela
primeira vez, no Brasil, em 1987, sendo executada por equipamentos com
capacidade de perfuração de até 15 (quinze) metros de profundidade.

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Estaca hélice contínua monitorada é a estaca de concreto moldada in loco,


executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um trado
helicoidal contínuo no terreno e injeção de concreto pela própria haste
central do trado simultaneamente com a sua retirada, sendo a armadura
introduzida após a concretagem da estaca (NBR 6122, 2019, p. 4).

No Brasil, à estaca hélice contínua é a técnica de fundação mais utilizada,


devido seu processo executivo ser todo monitorado por sensores presentes na
máquina, aparelhos que são capazes de registrar e através de um monitor digital
localizado na cabine do operador, o mesmo acompanha algumas informações
importantes como, a profundidade do furo, velocidade de avanço da haste de
perfuração, pressão na injeção do concreto, volume de concreto lançado.
Algumas das vantagens na execução de estacas hélice contínua são, alta
produtividade no canteiro, não gerar vibrações e ruídos que são incômodos aos
vizinhos, execução em diversos tipos de solos desde que não tenham rochas,
emissão de laudos executivos, conforme registro e monitoramento durante o
processo de execução. Torna-se o método de fundação profunda com maior nível de
utilização nos dias atuais por proporcionar ótima relação custo-benefício aos
projetos de fundações.

2.2.1 Procedimento executivo

Durante o processo de perfuração, a hélice em formato de espiral é cravada


no terreno de forma rotativa, aplicada por um torque que é ajustado conforme o
aumento na resistência do solo.
Essa operação contínua garante a estabilidade do terreno permitindo executar
estacas em solos arenosos e também em profundidades com cota de assentamento
abaixo do nível d’água. As fases de execução da estaca hélice contínua são:
perfuração, concretagem simultânea à extração da hélice do terreno e a colocação
da armação (ANTUNES et al., 1998, p.345).
A figura 1 ilustra as etapas do processo executivo desde a perfuração até o
resultado final.

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Figura 1: Processo executivo estaca hélice contínua

Fonte: Geofix (2019)

Conforme previsto na NBR 6122 (2019), os equipamentos devem apresentar


características mínimas, estabelecidas pelo projetista e pelo executor, de modo a
assegurar que seja atingida a profundidade especificada no projeto, com torque e
força de arranque compatíveis com o diâmetro da estaca e com a resistência do solo
a ser perfurado. O objetivo primordial dessa especificação consensual de
equipamento é minimizar o desconfinamento do solo durante a perfuração,
assegurando assim a resistência geotécnica prevista em projeto para a estaca.
O início da perfuração sempre deverá ocorrer com a presença do caminhão
betoneira no canteiro de obras para que não ocorra interrupção no processo
executivo. O concreto é bombeado pela haste, simultaneamente, com sua extração,
o operador do trado deve manter a velocidade constante de retirada da hélice
mantendo a pressão positiva no bombeamento para evitar os vazios e interrupção
do fuste.
Nos solos coesos, a hélice é retirada do terreno sem girar, mas em solos
arenosos, a concretagem deve ocorrer com o trado girando lentamente no sentido
da perfuração.

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A colocação da armação é feita após o término da concretagem, a armação


deve ser enrijecida em forma de gaiola e pode ser introduzida com auxilio de peso
ou vibrador.
Nos projetos que prevê várias estacas com pequenos espaçamentos, a
concretagem das estacas, com proximidade inferior a cinco vezes o maior diâmetro,
deve ser realizada após um intervalo de 12 (doze) horas.
Durante todo o processo executivo há necessidade de manter o controle em
todas as fases executivas e também o registro de controle, diariamente, para cada
estaca executada. Na fase de execução alguns requisitos são necessários para
garantir a qualidade das estacas hélice contínua, nivelamento do equipamento e
prumo do trado; pressão do torque; velocidade de avanço e rotação do trado;
pressão do concreto durante a concretagem; sobreconsumo de concreto e
velocidade de extração do trado.
A NBR 6122 (2019) determina que pelo menos 1% das estacas e no mínimo
01 (uma) por obra deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento para se verificar
a integridade e qualidade do fuste.
Os boletins para registro da execução devem ser preenchidos com as
seguintes informações: identificação geral da obra; características do equipamento;
identificação da estaca conforme o projeto; cota do terreno com a posição da estaca;
comprimento executado e concretado; data e horário de início e fim; volume do
concreto, entre outras, conforme previsto na NBR 6122 (2019).

2.2.2 Concreto para estacas hélice contínua

O concreto utilizado nas estacas hélice contínua deve atender a resistência


característica da argamassa ou concreto, conforme as classes de agressividade
ambiental (CAA): I, II, III e IV, sendo que para as classes I e II deve-se utilizar
concreto com classe C30, com um consumo mínimo de cimento de 400 kg/m³ e fator
relação água / cimento (a/c) ≤ 0,6. E para as classes III e IV consumo mínimo de
cimento de 400 kg/m³, porém, com fator de a/c ≤ 0,45.

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2.3 ESTACAS PRÉ-MOLDADA DE CONCRETO

As estacas pré-moldadas de concreto podem ser confeccionadas em concreto


armado ou protendido, sendo cravadas no solo através de percussão, prensagem ou
vibração. Escolher o material da estaca em concreto garante o controle de qualidade
na confecção e na sua execução em cravar no solo.

Estaca pré-moldada ou pré-fabricada de concreto é constituída de


segmentos de pré-moldado ou pré-fabricado de concreto e introduzida no
terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou por
martelo vibratório. Para fins exclusivamente geotécnico não há distinção
entre estacas pré-moldadas e pré-fabricadas, e para os efeitos desta Norma
elas são denominadas pré-moldadas (NBR 6122, 2019, p. 5).

Há diversas seções transversais de estacas pré-moldadas de concreto, como


por exemplo, circular, quadrada, hexagonal e a octogonal. Existem algumas
limitações quanto suas dimensões, para seção quadrada, o limite do lado será em
30cm e para as estacas circulares, seu diâmetro limite será de 40cm.
Para dimensionar uma estaca pré-moldada em concreto é necessário utilizar
as referências das NBR 6118 (2019) e NBR 9062 (2017), limitando a resistência,
característica do concreto a compressão (fck), em no máximo, 40 MPa.
A grande vantagem das estacas pré-moldadas sobre as moldadas no terreno,
está na boa qualidade do concreto e no fato de que os agentes agressivos,
eventualmente, encontrados no solo, não terão nenhuma ação na pega e cura do
concreto (VELLOSO et al., 2010, p. 244). Outra vantagem em utilizar estacas pré-
moldadas é a cravação em solos moles, diferentemente, das estacas concretadas
in-loco, que podem apresentar algumas falhas durante o processo de concretagem,
ocasionando pontos de baixa resistência no fuste.

2.3.1 Manipulação e estocagem

O manuseio e a estocagem das estacas pré-moldadas são ações que devem


ser previstas durante seu dimensionamento estrutural. As estacas devem resistir

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estruturalmente às cargas que serão solicitadas após o carregamento da edificação,


e também ter uma estrutura física capaz de resistir aos movimentos de transporte,
estocagem nos canteiros de obras e ao processo de cravação.
Segundo Velloso (2010), os esforços de manipulação são calculados a partir
dos modos de levantamento (ou suspensão) para carga, descarga e estocagem e de
içamento para cravação, previstos para a estaca.
É comum a utilização de guindastes para a descarga das estacas no canteiro
de obra a fim de assegurar sua integridade física. Sua estrutura pode sofrer danos,
caso haja um manuseio inadequado na etapa de descarga das estacas. Esse
movimento de descarga deverá ser feito com cautela, onde as estacas devem ser
presas com cabos em 2 (dois) pontos equidistantes das extremidades, cada ponto a
uma distância de 1/5 do seu comprimento total, conforme figura 2. Essa
recomendação de içamento preserva a estrutura física da peça estrutural

Figura 2: Içamento de estacas pré-moldada de concreto

Fonte: T & A Estacas (2019)

As estacas poderão ser estocadas diretamente no solo, desde que o mesmo,


seja totalmente plano e firme. No armazenamento direto no terreno, as estacas não
podem serem empilhadas sobre as outras. Havendo alguma imperfeição no terreno,
o empilhamento deve ser feito sobre caibros e os mesmos devem obedecer ao
afastamento das pontas de L/5, o mesmo adotado na descarga, conforme figura 2. O

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empilhamento sobre caibros pode ser feito limitado até 2 (duas) camadas
sobrepostas.

2.3.2 Cravação

Nos projetos de estacas pré-moldadas em concreto, de forma geral, é


informado e detalhado os procedimentos para a etapa de cravação das mesmas no
solo. Os executores devem se preocupar com dois pontos importantes na execução
que são cota de assentamento das estacas, garantindo a cravação até a
profundidade prevista, e também, a integridade estrutural das estacas, que podem
sofrer danos durante a cravação, danos devido ao choque de contato do martelo
com a estaca.

A cravação de estacas pode ser feita por percussão ou prensagem. A


escolha do equipamento deve ser feita de acordo com o tipo, dimensão da
estaca, características do solo, condições de vizinhança, características do
projeto e peculiaridades do local (NBR 6122, 2019, p. 54).

A norma 6122 (2019) recomenda alguns requisitos quando as estacas forem


cravadas com a utilização do martelo em queda livre:

a) Peso do martelo igual ou superior a 20 kN;


b) peso do martelo no mínimo igual a 75% do peso total da estaca ou
análise de cravabilidade para o caso em estudo;
c) peso do martelo igual ou superior a 40 kN para estacas com carga de
trabalho entre 0,7 MN e 1,3 MN;
d) para estacas cuja a carga de trabalho seja superior a 1,3 MN, a
escolha do sistema de cravação deve ser previamente analisada.

Na utilização dos demais métodos de cravação, o processo deve seguir as


recomendações dos fabricantes das estacas e dos equipamentos. Para Velloso
(2010) a cravação de estacas pré-moldadas é uma questão que merece bastante

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atenção, vez que, as tensões de cravação devem ser sempre inferiores à tensão
característica do concreto (recomenda-se que sejam inferiores a 0,8 fck).
Segundo a NBR 6122 (2019), o sistema de cravação deve ser dimensionado
de modo que as tensões de compressão durante a cravação sejam limitadas a 85%
da resistência nominal do concreto, menos a protensão, se for o caso. No caso de
estacas protendidas, devem ser limitadas a 90% da protensão.
Durante o processo de cravação a altura de queda do martelo é fundamental
para garantir a integridade da estaca até atingir a profundidade prevista. O uso de
martelos mais pesados e com altura de queda de até 1m é mais eficiente e evita o
esmagamento da cabeça da estaca com o impacto do martelo. Em obras de terra é
comum a utilização de martelos de 40 kN (aproximadamente 4 toneladas).

Figura 3: Equipamento de bate-estaca por gravidade

Fonte: Escola Engenharia (2019)

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2.3.3 Emendas das estacas

Obras que utilizarão estacas pré-moldadas de concreto devem prever as


emendas nas peças para garantir que as estacas sejam assentadas nas cotas de
assentamento projetadas. No geral, as estacas são vendidas em peças de 6 metros
de comprimento para a facilidade de transporte, manuseio e estocagem.

As emendas devem ser feitas de modo que as seções emendadas possam


resistir a todas as solicitações que nelas ocorram durante a cravação e a
utilização da estaca. Na maioria das estacas fabricadas no Brasil, a emenda
é feita soldando-se luvas ou anéis metálicos incorporados ao concreto.
(VELLOSO et al., 2010, p.248).

Emendar estacas com luvas metálicas somente é permitido em estacas que


serão submetidas a esforços de compressão quando estiverem carregadas e não
podem atravessar solos considerados moles. Outra restrição ao uso das luvas de
emenda é que seja feito apenas uma única emenda por estaca.

Figura 4: Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soldadas e (b)
apenas encaixe

Fonte: Velloso (2010)

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2.3.4 Preparo da cabeça da estaca e ligação com bloco de coroamento

No topo das estacas ocorre a ligação com os blocos de coroamento, os


blocos são elementos intermediários entre as estacas e os pilares, sendo o
responsável por transmitir os esforços dos pilares para as estacas cravadas no solo.
“O trecho da estaca acima da cota de arrasamento deve ser demolido. A seção
resultante de ser plana e perpendicular ao eixo da estaca e a operação de
demolição de ser executada de modo a não causar danos” (NBR 6122, 2019, p. 56).
Para demolir a cabeça da estaca e prepará-la para receber o bloco de
coroamento, utiliza-se como apoio as ferramentas talhadeiras e ponteiros, essas
ferramentas devem trabalhar na posição horizontal para preservar a integridade do
concreto da estaca.
Segundo Velloso (2010) a penetração do concreto da estaca no bloco deve
ser no mínimo, de 5 cm (preferencialmente 10 cm), certificando-se de que o concreto
da estaca esteja perfeitamente íntegro após o corte.
Paras as estacas que ficarem com sua face superior abaixo da cota de
arrasamento, poderá ser feito o complemento da estaca utilizando concreto de alta
qualidade com resistência superior ao concreto da estaca.

2.4 SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO COM SPT

O ensaio SPT é um procedimento de investigação geotécnica do solo,


considerado um ensaio de campo que é capaz de classificar as diversas camadas
do solo, sua resistência a cada metro de profundidade investigado e o nível da água
do lençol freático, quando possível. Segundo a NBR 6484 (2001), SPT - Standard
Penetration Test é a abreviatura do nome do ensaio pelo qual determina o índice de
resistência à penetração. “A sondagem a percussão é um procedimento geotécnico
de campo, capaz de amostrar o solo. Quando associado ao ensaio de penetração
dinâmica (SPT), mede a resistência do solo ao longo da profundidade perfurada
(QUARESMA. et al., 1998, p.119).

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A resistência do solo obtida através do ensaio de sondagem de simples


reconhecimento de solos com SPT é descrita através do (N) – índice de resistência
a penetração a cada metro. O número N é a soma de golpes necessários para se
cravar 30cm do amostrador padrão, após ter cravado os 15 primeiros centímetros.
O ensaio SPT é realizado com a cravação de um amostrador padrão no solo,
com o auxílio de um peso de 65 kg solto a uma altura de 75cm em queda livre,
golpeando o amostrador até a penetração de 45cm no solo. Anota-se quantos
golpes foram necessários para cravar os 45cm. A contagem é realizada para cada
15cm cravados. A soma dos últimos 30cm é a determinação do número N.

2.4.1 Procedimento executivo

Para executar a sondagem é posicionado sobre cada furo uma torre tipo tripé
composta por uma roldana, martelo de 65 kg e corda tipo cisal. Com auxilio do trado
manual, é escavado 1m de profundidade e posicionado o amostrador-padrão. Ergue-
se o martelo a uma altura de 75cm e solta-o em queda livre. O amostrador é
golpeado até a penetração de 45cm no solo, o número de golpes é anotado a cada
15cm para determinar o índice de resistência a penetração (N).
Após penetrar os 45cm no solo, com auxilio do trado, é escavado mais 55cm
até chegar ao próximo metro de profundidade. Essa etapa é denominada de avanço.
A cada penetração de 45cm, é retirada do amostrador-padrão, a amostra de solo
contida em seu interior para identificar as características do solo a cada camada de
penetração.
Caso a etapa de avanço com o trado helicoidal seja inferior a 50mm, após 10
minutos de operação, deve ser utilizado o método de perfuração por circulação de
água. Com auxilio de uma bomba d’água e um trépano de lavagem, água é injetada
na haste que na sua ponta está o trépano e, com movimentos rotacionais aplicados
manualmente, é escavado o solo por 55cm. É necessário dar continuidade a
penetração do amostrador com golpes do martelo.

20
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Alguns critérios são utilizados para a interrupção no processo de cravação do


amostrador-padrão antes dos 45cm:

1. Quando ultrapassar 30 golpes em qualquer um dos segmentos de 15cm;


2. quando tiver sido aplicado 50 golpes durante a cravação dos 45cm;
3. quando não observar avanço do amostrador durante 5 golpes sucessivos do
martelo.

Quando for utilizado o processo de circulação de água para auxiliar a


cravação do amostrador-padrão no solo, os critérios para interrupção do ensaio são:

1. Em 3m sucessivos obtiver 30 golpes para penetração de 15cm;


2. em 4m sucessivos obtiver 50 golpes para penetração dos 30cm iniciais;
3. em 5m sucessivos obtiver 50 golpes para a penetração dos 45cm.

Com a quantidade de golpes anotados nos últimos 30cm de penetração no


solo, é determinado o índice de resistência a penetração N. Com esse índice, o solo
é classificado por camadas conforme tabela abaixo:

Tabela 1: Dos estados de compacidade e de consistências

Fonte: NBR 6484 (2001)

21
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2.5 TESTE DE PROVA DE CARGA ESTÁTICA

Prova de carga estática é o procedimento realizado em estacas com objetivo


em avaliar seu comportamento carga x deslocamento. A NBR 6122 (2019)
recomenda executar a prova de carga a cada 100 estacas executadas no projeto do
tipo pré-moldada ou hélice contínua e, permite até uma redução no coeficiente de
segurança quando as provas de cargas são realizadas a priori.

Entre os ensaios de estacas pode-se considerar que a prova de carga


estática é tão perfeita quanto praticamente factível, pois é a que mais se
aproxima das condições a que a estaca será submetida ao ser solicitada
pela edificação, é aquela cujos resultados melhor refletem o estado real da
estaca. (HACHICHI, 1998, p. 207).

Os procedimentos de prova de carga estática estão normatizados pela NBR


12131 (2006) que a princípio consiste em aplicar esforços estáticos e registrar os
deslocamentos, esses esforços podem ser transversais, axiais, de compressão e
tração. Segundo a NBR 12131 (2006) o ensaio de prova de carga estática se aplica
a todos os tipos de estacas, verticais ou inclinadas, independente do processo de
execução e de instalação no terreno, inclusive tubulões. Para realizar o ensaio de
prova de carga estática são necessárias as aparelhagens abaixo:

1. Dispositivo de aplicação de carga: macacos hidráulicos alimentados por


bombas elétricas ou manuais;
2. sistema de reação para prova de carga à compressão: plataforma
carregada; estruturas fixadas ao terreno por elementos tracionados (estacas
ou tirantes) ou a própria estrutura devidamente verificada para todas
solicitações impostas;
3. dispositivos para medições: manômetros com leitura máxima superior a 80
MPa e deflectômetros com leituras direta de 0,01mm.

Alguns requisitos devem ser considerados na preparação da prova de carga,


conforme previsto na NBR 12131 (2006), quais seja, comunicar ao executante da
estaca, ao solicitante do ensaio e ao projetista que será realizado a prova de carga;
22
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a estaca ensaiada deverá ser documentada; a estaca deve está próxima do local de
sondagem, no máximo a 5m de distância; a profundidade atingida pela sondagem do
solo deve ser superar à atingida pela ponta da estaca ensaiada.
Segundo a NBR 12131 (2006), entre a instalação da estaca e o início do
carregamento da prova de carga deve ser respeitado um prazo mínimo de três dias
para solos não coesivos e de dez dias para solos com comportamento coesivo.
Durante o processo de execução do ensaio, a estaca é carregada até atingir o
limite previsto pelo projetista, sempre atendendo os requisitos de segurança. Há 04
(quatro) tipos de carregamento para realizar o ensaio: carregamento lento, rápido,
carregamento misto (lento seguido de rápido) e o carregamento cíclico.

1. Carregamento lento: o carregamento deve ser executado em estágios


iguais e sucessivos. A carga aplicada por estágio não deve ser superior
a 20% da carga de trabalho.
2. Carregamento rápido: a carga aplicada não deve ultrapassar a 10%
da carga de trabalho. Em cada estágio a carga deve ser mantida
durante 10 minutos independente da estabilização dos deslocamentos,
e em cada estágio os deslocamentos devem ser lidos no inicio e no
final.
3. Carregamento misto: é feito o carregamento lento até atingir a carga
de 1,2 vezes a carga de trabalho da estaca e, a seguir, é necessário
executar o ensaio com o carregamento rápido.
4. Carregamento cíclico: o carregamento deve ser feito em ciclos de
carga-descarga com incrementos iguais e sucessivos. O incremento
não pode ser superior a 20% da carga de trabalho.

Os resultados finais devem ser apresentados em relatórios com as descrições


gerais do ensaio, tipo e características da estaca ensaiada, dados dos equipamentos
utilizados no ensaio, ocorrências excepcionais durante o ensaio, tabelas das leituras
tempo-recalque e carga-recalque de todos os estágios e curva carga x
deslocamento.

23
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2.6 ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACAS – PIT

O ensaio de integridade de estacas visa verificar e validar a integridade da


estaca por toda sua extensão após sua execução. Estacas pré-moldadas podem ser
danificadas no processo de cravação e as estacas moldadas in-loco podem ter
sofrido alguma falha no processo de concretagem, como por exemplo,
estrangulamento do fuste enquanto o concreto ainda no estado fresco ou juntas frias
quando o processo de concretagem é interrompido antes da finalização.

Este ensaio baseia-se na aplicação de uma excitação mecânica no topo da


estaca, com um martelo de mão, que origina uma onda de tensão, e na
verificação da resposta a esta excitação, com o objetivo de detectar danos
ou falhas ao longo do fuste da estaca. (ANTUNES, et al., 1998, p.344).

Considerado ensaio não destrutível e de pequena deformação, pois é


realizado com golpes de martelo manual. Com golpes do martelo no topo da estaca,
propaga-se uma onda ao longo do seu corpo até sua ponta e retorna ao topo da
estaca, o registro dessa onda é feito por um acelerômetro capaz de registrar o
tempo de propagação. Entre os equipamentos disponíveis no mercado, o Pile
Integrity Tester conforme apresentado na figura 5, é um equipamento capaz de
registrar a velocidade da onda e fornecer informações precisas para avaliação da
integridade da estaca.

Figura 1: Equipamento Pile Integrity Tester

Fonte: Geo-pro (2019)

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A figura 6 apresenta um exemplo de análise de integridade através da onda


captada pelo aparelho Pile Integrity Tester, o gráfico de sinal x comprimento da
estaca. Estacas com fuste intacto são consideradas “estacas boa” e apresentam a
reflexão do sinal apenas na ponta da estaca. As estacas com reflexão do sinal
antecipadas, são consideradas “estacas defeituosas”, havendo indício de falha no
fuste ao longo do seu comprimento.

Figura 6: Gráfico de sinal versus comprimento

Fonte: Carmix (2019)

3. METODOLOGIA

O trabalho teve por finalidade realizar uma pesquisa básica que buscou
determinar entre dois tipos de fundações profundas qual é tecnicamente viável para
execução de um projeto sobre um perfil de solo considerado mole. Quanto aos
objetivos, foi utilizada a pesquisa explicativa, buscando esclarecer e justificar a
utilização de estacas pré-moldadas, ao invés da estaca hélice contínua, que é uma
solução em fundação profunda, bastante utilizada no mercado devido ao seu custo
benefício.
O trabalho trata-se de um estudo de caso, baseado no projeto de fundação
desenvolvido para a construção de um hipermercado no estado do Rio de Janeiro. A
obra abrange uma área total construída de 15.544,90 m² em uma área de terreno de

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30.000,00 m², já está finalizada e teve uma duração de cento e vinte dias desde a
sua fundação até seu acabamento final.
Na fase inicial do estudo foram reunidos os documentos necessários para
identificação do objeto de estudo, qual seja, planta arquitetônica, planta de locação
dos pilares e vigas, projeto de fundação, planta de locação de sondagem, relatório
de sondagem, laudos de sondagem SPT, relatório da prova de carga em estaca e
relatório do teste de integridade física de estaca.
A primeira etapa referiu-se à compatibilização de projetos: projetos
arquitetônicos, fundação, planta de locação de pilares e planta de locação de
sondagem. Compatibilizando todas as cargas que a estrutura transferiu ao solo e
analisando cada cota no terreno dessa transferência com as cotas de sondagem
realizada no solo.
Na segunda etapa do estudo foi analisado cada um dos 12 ensaios SPT
realizados no terreno conforme apresentado na figura 7.

Figura 7: Planta de locação de sondagem

Fonte: Geo-Pro (2019)

Foram detalhadas as posições de cada furo de sondagem, com as


informações de posicionamento e cota do terreno. Nessa etapa foi utilizada uma
planilha de Excel para tabular as informações extraídas dos ensaios de sondagem
SPT (figura 8) realizados no terreno. Na planilha foi registrado o número da
sondagem, a cota do terreno, o número de golpes (N) para cada camada, o nível

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d’água e a classificação do solo a cada camada de amostra. Todas as informações


foram registradas conforme modelo da tabela 2.

Tabela 02: Tabulação de dados no Excel


Sondagem SP01 SP01-A SP02 SP03
Cota (m) 2,72 2,72 2,45 2,62
N.A (m) 2,10 2,10 1,60 2,04

Camada Nº Golpes Classificação Nº Golpes Classificação da Nº Golpes Classificação da Nº Golpes Classificação da


Profundidade (m) (N) da camada (N) camada (N) camada (N) camada

1 0 Areia fina 0 Areia fina 0 Areia fina 0 Areia fina


2 18 Areia fina 25 Areia fina 7 Argila areno-siltoda 7 Argila areno-siltosa
3 10 Argila areno-siltosa 11 Argila areno-siltoda 2 Argila areno-siltosa
4 7 5 Areia média argilosa 4 Areia fina
5 1 8 Areia média argilosa 1
6 1 1 Argila siltosa 1
Fonte: Próprio autor (2019)

Figura 2: Laudo de sondagem SPT

Fonte: Geo-Pro (2019)

Uma terceira análise estudada na pesquisa foi no ensaio de prova de carga


estática - PCE realizado na estaca teste, estaca que foi executada, exclusivamente,
para realizar os testes e detém as mesmas características das estacas previstas em
projeto. Teste realizado para se confirmar a capacidade de carga prevista para as
estacas com a determinação da sua carga de ruptura em conformidade da norma
NBR 6122 (2019) considerando um fator de segurança global igual a 2,0. Neste
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ensaio obteve-se o gráfico com a curva carga-recalque conforme figura 9 e as


informações extraídas e planilhadas.

Figura 3: Gráfico curva carga-recalque

Fonte: Dynamis Techne (2019)

Ainda baseado nos ensaios realizados na estaca teste foi analisado o teste de
integridade da estaca. O procedimento foi realizado para validar a integridade física
da estrutura da estaca, ensaio executado através da leitura de transmissão de ondas
ao longo da estaca após aplicar golpes na cabeça da estaca com um martelo
metálico que transmite uma onda que percorre todo seu fuste. Qualquer anomalia na
sua estrutura é identificada com a reverberação da onda.
O ensaio gera um gráfico de sinais, como apontado na figura 10, onde pode-
se validar a integridade física da estaca, desse gráfico são extraídas as informações
de velocidade da onda percorrida pela estrutura da estaca, profundidade da estaca e
se há variações nos sinais monitorados validando a integridade física da estaca.

Figura 10: Sinais coletados PIT

Fonte: Situ Geotécnica (2019)


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Com os resultados obtidos a partir dos ensaios em campo foi possível


determinar as características do solo, quanto a sua formação geológica, sua
resistência a cada metro de profundidade, a presença de água no lençol freático.
Também ficou confirmada a resistência final da interação solo/estaca com a prova
de carga e a análise da exequibilidade da estaca com o teste de integridade de
estaca – PIT.
Caracterizado o perfil de solo onde foi assentada a fundação em estudo,
juntamente com o projeto de fundação, arquitetônico, ensaio de integridade da
estaca, prova de carga estática e os laudos de sondagem SPT, o estudo conclui de
forma técnica fundamentada nos ensaios analisados, qual técnica em fundação
profunda é viável ao projeto em estudo para garantir qualidade e vida útil ao projeto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após reunir os documentos relacionados ao projeto de fundação em estudo,


qual seja, planta arquitetônica, relatório de sondagem SPT, projeto de fundação com
locação de pilares, relatório do ensaio prova de carga estática - PCE, relatório de
ensaio do teste de integridade física de estaca – PIT, iniciou-se o estudo e as
análises, conforme previsto na metodologia.
Na primeira etapa do estudo foi realizada a compatibilização dos projetos
arquitetônicos, planta de locação de sondagem SPT e planta de locação dos pilares
extraída do projeto de fundação. A seguir, são apresentadas as imagens dos
projetos compatibilizados:

• Projeto arquitetônico do empreendimento - projeto utilizado para


reconhecimento da implantação da obra, identificando as áreas cobertas e não
cobertas, áreas que serão necessárias executar a estrutura de fundação com o
posicionamento de cada elemento estrutural de fundação nos locais apropriados e
solicitados.

29
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Figura 11: Planta de implantação da obra

Fonte: Projeto de implantação (2018)

• Planta de locação de sondagem - planta com o posicionamento dos 12 pontos


de sondagem que foram realizados no terreno para reconhecimento das
características do solo.

Figura 12: Planta de locação de sondagem

Fonte: Projeto de sondagem (2018)

• Projeto de fundação: planta com a locação dos elementos de fundações:


estacas e blocos. Nessa planta é detalhado o posicionamento de cada elemento de
fundação com as cotas dos eixos X e Y utilizados no gabarito da obra. As
características das estacas com as seguintes informações: diâmetro da estaca, a
profundidade e o tipo de cada estaca previsto no projeto.

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Figura 13: Planta de locação da fundação

Fonte: Projeto de fundação (2019)

A compatibilização dos projetos inicia-se com a demarcação da área


construída do hipermercado dentro da planta de locação de sondagem. O objetivo
dessa demarcação é identificar a posição de cada sondagem SPT na área a ser
edificada. Nesse primeiro momento, conforme figura 14, foi demarcado na própria
planta de locação de sondagem, a projeção da edificação. Essa projeção foi extraída
da planta arquitetônica, delimitando a área de cobertura do empreendimento. A área
do terreno onde se realizou as 12 sondagens SPT tem o total de 30 mil m² e a
projeção da área coberta é de 13.944,00 m² equivalente a 46,48% de ocupação do
terreno.

Figura 14: Projeção da área coberta

Fonte: Próprio autor (2020)

31
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A partir da projeção da área edificada na planta de sondagem, identificou-se


que 03 pontos de sondagem do SPT (SP01, SP02 e SP12) estão localizados
externamente a área edificada do hipermercado. Ao comparar esses pontos de
sondagem com a planta arquitetônica, foi identificado que essas áreas serão
destinadas a vagas de estacionamentos descobertos e circulação de veículos atrás
da edificação. Regiões que não há necessidade em executar estrutura de fundação,
portanto os 3 pontos não serão detalhados na análise dos laudos de sondagem por
terem baixa influência na estrutura a ser edificada.
Outra análise inicial realizada é a sobreposição da locação dos pilares na
projeção da edificação, os posicionamentos dos pilares foram importados do projeto
de fundação. Neste projeto são detalhados os tipos de estacas a serem executadas.
A figura 15 demonstra que as estacas projetadas são de 33cm e 27cm de diâmetro e
na mesma planta é destacado uma região hachurada com as estacas de 27cm de
diâmetro.

Figura 15: Legenda do Projeto de Fundação

Fonte: Projeto de fundação (2019)

Na figura 16 onde é realizado a sobreposição dos pilares na área de projeção


coberta do empreendimento é possível identificar que os pilares com 27cm de

32
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diâmetro estão localizados em uma região específica do terreno. Tecnicamente, são


utilizadas estacas com diâmetros menores em locais onde o solo camadas menos
espessas de matéria orgânica.

Figura 16: Locação de pilares

Fonte: Próprio autor (2020)

Na segunda etapa, a fim de reconhecer e determinar as características do


solo como a formação geológica, nível da água do lençol freático, classificação das
camadas do solo, consistência ou compacidade para conferir se o solo é do tipo
argiloso ou arenoso, índice de resistência a penetração (N), foram realizadas as
sondagens do solo a percussão SPT. Por meio dos resultados das sondagens de
simples reconhecimento com SPT, foram analisadas 05 informações importantes
para reconhecer o terreno em estudo, sendo elas: cota do terreno, cota do nível da
água no solo, número de golpes nos últimos 30cm de cada camada avaliada
(NSPT), a caracterização visual e tátil das camadas e a consistência ou
compacidade das camadas avaliadas.
No terreno de 30 mil m² foram realizadas 12 sondagens do tipo SPT e entre
elas, 03 estão fora da região, onde será edificado o hipermercado: SP01, SP02 e
SP12. Diante disso analisou-se os 09 (nove) ensaios realizados na área de
cobertura da estrutura e que terão maior influência na escolha do modelo de
fundação a ser adotado.
A fim de facilitar a interpretação e comparativo entre os 09 (nove) pontos de
sondagem estudados, as 5 (cinco) informações relevantes (cota do terreno, cota do
nível da água no solo, número de golpes nos últimos 30cm de cada camada
avaliada (NSPT), classificação das camadas de diferentes tipos de solo e a
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consistência ou compacidade das camadas avaliadas) foram extraídas dos laudos


de sondagem e planilhadas em Excel, conforme as tabelas 03, 04 e 05 abaixo. As
informações foram formatadas e alinhadas, lado a lado, para melhor visualização e
facilitar o reconhecimento do terreno.

Tabela 3: Planilha resumo laudo de sondagem SPT


Sondagem SP03 SP04 SP05
Cota do terreno (m) 2,62 2,41 2,05
N.A (m) 2,04 1,70 1,43
Nº Nº Nº
Consistência Consistência Consistência
Camada Golpes / Interp. Golpes / Interp. Golpes / Interp.
ou ou ou
Profundidade (m) 30 cm Geológica 30 cm Geológica 30 cm Geológica
compacidade compacidade compacidade
(NSPT) (NSPT) (NSPT)
1 7 Média 5 Mole 10 Média comp.
2 2 AT Muito mole 7 AT 8 AT Pouco comp.
Pouco comp.
3 4 Mole 6 4 Fofa / mole
4 1 1 1
5 1 1 1
6 1 1 0
7 1 1 1
8 1 1 1
Muito mole SE Muito mole
9 1 1 1
SE SE Muito mole
10 1 1 1
11 1 1 1
12 1 1 1
13 1 1 1
14 5 1 7
Pouco comp. SC Pouco comp.
15 6 2 8
Fonte: Próprio autor (2020)

Tabela 4: Planilha resumo laudo de sondagem SPT


Sondagem SP06 SP07 SP08
Cota do terreno (m) 3,11 3,08 3,26
N.A (m) 2,70 2,80 2,81
Nº Nº Nº
Consistência Consistência Consistência
Camada Golpes / Interp. Golpes / Interp. Golpes / Interp.
ou ou ou
Profundidade (m) 30 cm Geológica 30 cm Geológica 30 cm Geológica
compacidade compacidade compacidade
(NSPT) (NSPT) (NSPT)
1 13 Média comp. 5 8 Pouco comp.
Pouco comp.
2 9 AT 6 AT 2 AT
Média Fofa
3 9 2 3
4 1 1 0
5 1 0 Muito mole 1 SE Muito Mole
SE Muito mole SE
6 1 1 1
7 1 1 13 Média comp.
8 14 Média / Rija 13 Rija 13 Rija
9 35 Dura / Comp. 17 20 Dura / comp.
Média comp.
10 18 Rija 17 18 Média comp.
11 32 29 20 SC Dura
Dura SC
12 36 28 19
13 24 30 Comp. 19
SC Comp.
14 33 38 26
Comp.
15 32 32 31
16 29
17 14
Média Comp.
18 17
19 27
Comp.
20 31
SAR
21 >40 Muito comp.

Fonte: Próprio autor (2020)


34
DIRETORIA ACADÊMICA
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Tabela 5: Planilha resumo laudo de sondagem SPT


Sondagem SP09 SP10 SP11
Cota do terreno (m) 3,11 2,90 3,12
N.A (m) 1,97 2,00 1,00
Nº Nº Nº
Consistência Consistência Consistência
Camada Golpes / Interp. Golpes / Interp. Golpes / Interp.
ou ou ou
Profundidade (m) 30 cm Geológica 30 cm Geológica 30 cm Geológica
compacidade compacidade compacidade
(NSPT) (NSPT) (NSPT)
1 5 AT Pouco comp. 8 14
AT Rija
2 1 6 AT Pouco comp. 11
3 1 8 0
SE Muito mole
4 1 1 1
5 1 1 1 Muito mole
SE
6 7 Média 0 1
7 14 0 1
8 16 Rija 0 10
SE Muito mole
9 17 0 14
Média Comp.
10 37 Dura 1 18
SC
11 21 Comp. 1 17
12 17 Média comp. 1 24
13 18 Rija 1 22
Comp.
14 35 8 23
Comp. SC Média comp.
15 40 9 26
16 38 SC
Dura
17 32
18 34 Comp.
19 31
20 38
21 >40 Dura
22 >40
23 >40
Fonte Próprio autor (2020)

Em verificação das cotas do terreno em cada ponto da sondagem, pôde-se


classificar que o terreno é plano, mesmo apresentado uma diferença de nível entre
os pontos investigados, como por exemplo, entre os pontos SP03 e SP11 há uma
diferença de cota de 50cm, distribuindo essa diferença por 119 metros de extensão
que separa os 2 pontos.
Em relação ao nível da água no lençol freático, o ponto em que a água está
mais próxima do nível do solo está a 1m de profundidade, localizado na sondagem
SP11 e mais profundo está no SP08 a 2,81m de profundidade. A justificativa para o
lençol freático alto é que o terreno está localizado ao lado do Rio Faria.
Analisando a coluna interpretação geológica, o solo foi classificado por camadas
conforme sua formação e essa classificação foi dividida em 04, sendo:

• AT – Aterro: entulho de construções;


• SE – Sedimentos estuarinos: sedimentos de origem marinha;
• SC – Sedimentos cenozóicos;
• SAR – Solo de alteração de rocha.
35
DIRETORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Logo abaixo da camada de aterro, predomina uma camada de solo formado


por sedimentos estuarinos (SE) com fragmentos de conchas e característica cinza
escura. Essa camada foi identificada ao longo de 12 metros de profundidade na
região dos pontos SP03 e SP04 e está presente em menor quantidade na região do
ponto SP08 com apenas 3 metros de formação. Essa informação será a mais
importante na escolha do tipo de fundações.
A terceira camada de formação do solo está presente em grande maioria da
área do terreno investigada. Dos nove pontos de análise, em 7 foram retiradas
amostras com sedimentos cenozóicos (SC) formado por areia média a grossa
argilosa, com pedregulhos finos com tonalidade de cinza claro.
Foram avaliados os estados de compacidade e de consistência do solo. Essa
classificação é realizada através de 02 indicadores que são extraídos das amostras
do solo e da quantidade de golpes necessários para a penetração do amostrador
padrão nos últimos 30cm de cada camada de solo investigada, esse número está
representado em cada planilha na coluna Nº de golpes / 30cm (NSPT). Com base
nos parâmetros definidos na NBR 6484:2001 – Tabela dos estados de compacidade
e de consistência (tabela 6) o solo é classificado em 02 grupos: Areias e Siltes
Arenosos ou Argila e Siltes Argilosos.

Tabela 6: Dos estados de compacidade e de consistência

Fonte: NBR 6484 (2001)

36
DIRETORIA ACADÊMICA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

O terreno onde foi edificado o hipermercado o solo é formado por uma


camada espessa classificada como muito mole, chegando até 15m de profundidade
em alguns pontos, como indicado nos laudos SP03 e SP04. Nessas camadas de
solo muito mole o amostrador padrão penetrou 30 cm no solo com apenas 1 golpe
do martelo, confirmando baixíssima resistência do solo.
Através dos laudos de investigação do solo, pode-se confirmar que a
resistência dele aumenta em alguns pontos a partir de 8 metros de profundidade
conforme os SP06 e SP07 chegando a 36 golpes designando camada de solo dura.
Na terceira fase de análise de resultados, foram verificados os relatórios de
Execução de prova de carga estática - PCE e Execução de ensaio de integridade de
estaca - PIT. Os ensaios foram realizados para se confirmar a capacidade carga da
estaca e sua integridade física ao longo de todo seu comprimento.
Para realização dos ensaios em campo, executou-se uma estaca do tipo
hélice contínua com diâmetro de 40cm e 15m de comprimento conforme tabela 7
abaixo:

Tabela 7: Dados da estaca

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

A estaca utilizada na realização dos ensaios foi executada ao lado do ponto


de sondagem SP03, que está localizado na região do estacionamento coberto do
hipermercado.

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O ensaio de prova de carga estática foi realizado para se confirmar a


capacidade de carga no elemento de fundação (estaca), previamente, calculada por
métodos semi empíricos, a partir de carregamentos aplicados em estágios de cargas
previamente definidos. O resultado é obtido através da interpretação da curva carga
x deslocamento obtida por resultados de leituras do extensômetros a cada estágio
de carregamento.
Na realização do teste foi utilizado os equipamentos: 01 cilindro hidráulico
com capacidade de 350 tf; 01 bomba elétrica e 04 extensômetros analógicos com
precisão de 0,01mm e curso de 50mm. Os extensômetros foram posicionados
conforme figura 17.

Figura 17: Numeração e posição dos extensômetros

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

Foram utilizadas também, vigas metálicas que foram fixadas em 04 estacas


do sistema de reação conforme croqui do corte típico do sistema de reação da prova
de carga estática (figura 18). Todo o sistema para realização da prova de carga foi
montado conforme exposto na figura 19, verificando de forma clara as vigas
secundárias fixadas às estacas de reações, o posicionamento do cilindro hidráulico e
os extensômetros.

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Figura 18: Corte típico de montagem do sistema de reação da PCE

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

Figura 19: Montagem para ensaio da prova de carga estática

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

O projeto de fundações do hipermercado prevê uma carga de trabalho de 60tf


sobre o elemento de fundação (estaca). Por ter sido definido realizar o teste com o
método de carregamento lento, o ensaio estava previsto carregamentos por estágios
até atingir a cota máxima de 120 tf (2 vezes a carga de projeto).

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O ensaio não atingiu sua carga máxima prevista, pois no 5º estágio de


carregamento ele foi interrompido com a carga registrada de 58,66 tf devido ao
deslocamento excessivo da estaca na ordem de 42,71mm. Os deslocamentos
máximos aceitáveis são de 10% do diâmetro da estaca conforme conceito técnico.
Para a estaca ensaiada o deslocamento máximo aceitável era de 40mm ao ser
carregada com 60 tf, porém ela acumulou um deslocamento acima do limite com o
carregamento abaixo da carga de trabalho de 60 tf.
A tabela 8 apresenta os resultados das leituras de cargas e deslocamentos
em cada estágio por extensômetro. O Recalque acumulado se dar pela média dos
valores anotados em cada um dos 4 extensômetros. E na figura 20 é apresentada a
curva Carga x Deslocamento obtido com as médias das leituras dos extensômetros.
Conforme a tabela 8, o carregamento máximo aplicado foi de 58,7 tf
apresentando um deslocamento máximo acumulado de 42,71mm, nesse estágio, o
carregamento foi interrompido e iniciada as etapas de descarregamento. Ao final
registrou-se o deslocamento residual de 38,78mm.

Tabela 8: Resultados obtidos pelo ensaio de prova de carga

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

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Figura 20: Curva Carga x Deslocamento da média dos extensômetros

Fonte: Relatório de execução de prova de carga estática (2018)

Através da curva Carga x Deslocamento é possível confirmar a evolução do


descolamento, conforme ocorre o carregamento na estaca. Até o carregamento de
38tf a curva demonstra que a estaca está no regime de deformação elástica, com o
aumento do carregameto, a curva de descolamento é mais acentuada, confirmando
que a estaca passou para o regime plástico de deformação até atingir seu
deslocamento máximo registrado de 42,71mm.
O último ensaio realizado na estaca foi o Ensaio de Integridade de Estaca,
PIT. Esse ensaio tem a finalidade de verificar danos ou anomalias que venham
ocorrer nas estruturas das estacas. O ensaio foi realizado duas vezes na estaca que
foi submetida a prova de carga estática, isto é, antes e depois da execução da prova
de carga estática para confirmar se sua integridade física foi afetada após o ensaio.
A estaca é preparada para a realização do ensaio, a preparação se da pelo
arrasamento da cabeça da estaca até a cota do fundo do bloco de fundação com o
topo das estacas lixados e limpos para a fixação do aparelho acelerômetro e
aplicação dos golpes do martelo para gerar a onda por toda extensão da estaca.
Além do ensaio ser realizado na estaca que executou a prova de carga
estática, também foi realizado o teste de integridadade das 04 (quatro) estacas de

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reações utilizadas para fixar as vigas secundárias do ensaio de prova de carga


estática.
A tabela 9 apresenta as caractéristicas das estacas ensaiadas, todas com
diâmetro de 400mm e comprimento de 15m. Também foi verificada a reflexão de
ponta, a mesma utilizada para confirmar o comprimento da estaca.

Tabela 9: Características das estacas executadas

Fonte: Relatório de execução ensaio de integridade de estacas (2018)

Na sequência, apresenta-se os resultados obtidos com o ensaio de


integridade das estacas ensaiadas. Os resultados apresentam um diagnóstico e
parecer de cada estaca. O diagnóstico confirma que todas têm variações na seção
do fuste como, por exemplo, no ensaio realizado na estaca após a prova de carga
estática, ocorre um aumento seguido de redução da seção a partir de 3m de
profundidade e o parecer confirma que a estaca está íntegra.

Tabela 10: Análise dos sinais coletados

Fonte: Relatório de execução ensaio de integridade de estacas (2018)

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O ensaio de integridade de estacas – PIT apresenta gráficos dos sinais


coletados através de ondas que percorrem por toda sua extensão física. A
interpretação dos sinais é percebida através das variações dessas ondas ao longo
da estrutura.
Ao analisar as ondas emitidas para os 2 testes realizados na estaca da prova
de carga, verifica-se que há uma variação grande da onda, ao percorrer a estrutura
da estaca. No teste realizado na estaca, antes de realizar a prova de carga estática,
apresenta-se uma grande reflexão da onda a partir de 8m, o que indica um ponto de
ruptura da estaca. Também foram analisados os sinais do ensaio de integridade
após o teste de prova de carga na estaca, o que comprova um ponto de ruptura da
estaca a partir dos 8m de profundidade quando é registrada uma reflexão na onda.
Em análise aos sinais emitidos no teste de integridade (figura 21), o parecer
de integridade das estacas é questionado, pois a curva gerada pela onda na sua
extensão tem característica de ponto de ruptura da estaca, pois uma estaca com
estrutura íntegra, a onda se desloca de forma estável e constante sem variações ao
longo do seu fuste. Variações da onda apresentam estreitamento, alargamento ou
ruptura da seção no fuste da estaca.

Figura 21: Sinais coletados para o PIT

Fonte: Relatório de execução ensaio de integridade de estacas (2018)

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5 CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo analisar 2 tipos de fundações profundas,


qual seja, estaca hélice contínua e estaca pré-moldada em concreto, bem como,
apresentar qual é a solução tecnicamente viavél para a construção de um
hipermecardo em uma região com solo considerado mole por apresentar camada
espessa de matéria orgânica.
A escolha da fundação adequada ao tipo de solo em que será construído é
importante para assegurar a qualidade durante a execução e conferindo a
estabilidade à estrutura e, consequentemente, garantir que a mesma tenha uma vida
útil conforme projetado. Foi possível verificar, com este trabalho que a formação
geológica do solo pode inviabilizar uma determinada técnica de fundação profunda a
ser executada no projeto. Através de ensaios e testes realizados é possível
confirmar a inexequibilidade de métodos mais rápidos e baratos.
O estudo apresentou as definições de estacas pré-moldadas de concreto e
estaca hélice contínua, como também, apresentou seus métodos executivos que são
distintos. As estacas tipo hélice contínua são moldadas in loco, concretada após a
perfuração, enquanto as estacas cravadas são pré-moldadas e requerem vários
cuidados desde seu transporte até sua cravação.
Foi descrito a importância das pesquisas para embasamento do projeto como
ensaios de sondagem e reconhecimento do solo tipo SPT, teste de prova de carga
estática (PCE) e teste de integridade de estacas (PIT). Detalhando os
procedimentos executivos, equipamentos e ferramentas utilizadas e quais
informações obtidadas em cada ensaio.
O trabalho de pesquisa analisou os dados dos ensaios realizados no terreno
que foi construído o empreendimento, com base nessas informações, é possível
confirmar qual a técnica de fundação profunda é viável ao projeto.
Conforme observado no capítulo de resultados e discussões, o estudo
realizado apresentou os resultados obtidos com os testes de prova de carga e teste
de integridade de estaca, também, apresentou as caracteristicas do solo
identificadas com as sondagens que foram executadas no local da obra edificada.

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Com a análise dos 12 (doze) pontos de sondagem SPT devidamente locados


com as coordenadas x, y e z, foi possível o reconhecimento das principais
caracteristicas do solo, como: não há declividade do terreno, sendo um terreno
plano; nível de água do lencol freático muito próximo da superficie, localizado entre
1m a 2,81m de pronfundidade; solo com baixa resistência sendo classificado como
muito mole chegando até 15m de profundidade; solo com camada de aterro,
localizado entulhos de construção nas suas primeiras camadas de profundidade.
Através da pesquisa foi possível identificar que dos 12 (doze) pontos de
sondagens SPT, 03 (três) deles foram realizados em pontos do terreno que não
recebeu nenhuma edificação. Ainda com base nas sondagens do solo foi possível
de determinar com clareza que parte do terreno apresenta menor camada de solo
orgânico, apresentando uma melhor resitência consequentimente projetado estacas
com diâmetros menores para essas regiões.
Nos laudos de sondagem do solo foi possível de identificar um solo com baixa
resistência sendo designado solo muito mole por apresentar índice de resistência à
penetraçao ≤ 2 em locais com até 15m de profundidade. E uma camada de 3m de
aterro de entulho de construção por toda a região do terreno.
Verificado os resultados apresentados nos relatórios da prova de carga
estática PCE, a estaca ensaiada tinha como carga de trabalho projetado de 60tf e o
ensaio deveria ser realizado até 2 (duas) vezes a carga de projeto, sendo submetido
até 120tf de carregamento máximo mas a estaca suportou apenas 58,66tf de
carregamento e apresentou um deslocamento excessivo podendo ser interpretado
como ruptura da estaca.
Uma estaca deve manter sua estrutura física íntegra após sua execução e
para averiguar sua integridade o estudo analisou os testes de integridade de estaca
PIT realizado em duas etapas, antes e após o carregamento provocado no ensaio
de prova de carga. Apesar do relatório de execução do ensaio de integridade de
estacas apontar um parecer confirmando que as estacas estão integras após o
carregamento, uma análise nos sinais coletados para o PIT comprova que houve o
rompimento da estaca a partir de 8m de profundidade. Essa falha mostrada no
ensaio de PIT comprova a inexequibilidade da estaca tipo hélice continua em

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camadas espessas de materia organica representada nos relatorios de sondagens


como argila marinha.
Contudo, considerando os relatórios apresentados dos ensaios de sondagens
do solo, teste de prova de carga estática PCE e teste de integridade de estacas PIT
é possivel afirmar que para o projeto em estudo, a utilização da técnica de fundação
profunda estaca hélice contínua não é tecnicamente viável ao empreendimento.
Mesmo sendo a opção mais utilizada no mercado atual, as características do
subsolo limitam sua utilização.
As estacas cravadas pré modadas se mostraram adequadas para essa
situação de solo tendo sua integridade e capacidade de carga confirmadas durante a
cravação atraves da medida de nega que é obrigatória segundo preceitos da
NBR6122-2019.
Por conseguinte, em pesquisas futuras, sugere-se que sejam realizados
estudos sobre estacas para fundações em argila marinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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