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Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Trajetória de alunos formados em Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP


entre 2017 e 2021

Juliano Cury Silveira - 10774490


Laryssa Sumer - 10775150
Marcos Henrique dos Santos Duarte Souza - 10774660
Maria Luisa Carneiro da Silva Guedes - 10706207

São Paulo
2023
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Juliano Cury Silveira - 10774490


Laryssa Sumer - 10775150
Marcos Henrique dos Santos Duarte Souza - 10774660
Maria Luisa Carneiro da Silva Guedes - 10706207

Trajetória de alunos formados em Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP


entre 2017 e 2021
Trabalho de Formatura II

Trabalho de graduação apresentado à


Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil

Orientador: Prof.Dr. Edvaldo Simões da


Fonseca Junior

São Paulo
2023
RESUMO

O presente trabalho questiona e analisa as experiências dos alunos formados


entre 2017 e 2021 no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (USP) durante a graduação, bem como sua inserção no mercado de
trabalho. Através de duas etapas apresentadas em ordem cronológica, pesquisa
qualitativa e quantitativa, traça quais são os fatores que distanciam o formando da
área técnica no decorrer da escolha de atuação profissional, elencando os mais
relevantes. Por fim, o trabalho oferece sugestões e recomendações que a POLI-USP
pode adotar buscando solucionar problemas encontrados para, assim, reter mais
profissionais no mercado voltado a áreas ligadas à engenharia civil.
ABSTRACT

The present study inquiries and analyzes civil engineers graduated between
2017 and 2021 at Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) regarding
their experiences during graduation, as well as their insertion in the professional
market. Through two stages presented in chronological order, qualitative and
quantitative research, it outlines what are the factors that distance the students from
the technical area during the choice of professional activity, ranking the most relevant
ones. Finally, the study offers suggestions and recommendations that POLI-USP can
adopt, seeking to solve problems encountered in order to retain more professionals in
the market related to civil engineering areas.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ........................................................................................ 13

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 14

3.1. SOBRE A ESCOLA POLITÉCNICA DA USP ................................ 14

3.2. SOBRE O CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ................................ 15

3.3. SOBRE O MERCADO DE TRABALHO EM ENGENHARIA CIVIL 18

4. ANÁLISE QUALITATIVA ..................................................................... 23

4.1. METODOLOGIA ........................................................................... 23

4.1.1. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................... 23

4.1.2. LEVANTAMENTO DE DADOS ................................................. 25

4.1.3. ANÁLISE DE CONTEÚDO ........................................................ 33

4.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ....................................... 35

4.2.1. PERGUNTAS E RESPOSTAS .................................................. 36

4.2.2. APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO ............................. 40

4.3. PANORAMA QUALITATIVO FINAL .............................................. 43

4.3.1. ANÁLISE GERAL ...................................................................... 43

4.3.2. DOIS CAMINHOS E DOIS PERFIS .......................................... 44

5. ANÁLISE QUANTITATIVA .................................................................. 46

5.1. METODOLOGIA ........................................................................... 46

5.1.1. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ....................................... 46

5.1.2. LEVANTAMENTO DE DADOS E QUESTIONÁRIO .................. 46

5.1.3. ANÁLISE DO FORMULÁRIO .................................................... 47

5.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ....................................... 49

5.2.1. SOBRE O RESPONDENTE ...................................................... 49

5.2.2. SOBRE O TRABALHO COM ENGENHARIA CIVIL .................. 52


5.2.3. VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES ................................................ 53

5.2.4. SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DURANTE A GRADUAÇÃO NA


POLI-USP 56

5.2.5. SOBRE AS EXPERIÊNCIAS NO MERCADO DE TRABALHO . 63

5.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 71

5.3. PANORAMA QUANTITATIVO FINAL ........................................... 72

5.3.1. ANÁLISE GERAL ...................................................................... 72

5.3.2. VALIDAÇÃO “DOIS CAMINHOS E DOIS PERFIS” ................... 73

6. PROPOSTAS ...................................................................................... 76

6.1. CURTO PRAZO ............................................................................ 77

6.2. MÉDIO PRAZO ............................................................................. 82

6.3. LONGO PRAZO............................................................................ 88

7. CONCLUSÃO ...................................................................................... 90

7.1. PEFIL DOS ESTUDANTES .......................................................... 90

7.2. POSSÍVEIS MITIGAÇÕES REALIZADAS PELA POLI-USP ......... 91

8. BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 92

9. ANEXOS ............................................................................................. 94

9.1. Anexo I - Perguntas elaboradas na entrevista qualitativa .............. 94

9.2. Anexo II - Análise de conteúdo ..................................................... 95

9.3. Anexo III - Premissas e Hipóteses correspondentes ..................... 96

9.4. Anexo IV - Avaliação de premissas ............................................... 97

9.5. Anexo V - Orientação Verbal: Prof. Dr. Claudio Marte................... 98

9.6. Anexo VI - Orientação Verbal: Prof. Dr. Edson Crescitelli ........... 100

9.7. Anexo VII - Pesquisa quantitativa ............................................... 103

9.8. Anexo VIII - Matriz com faixa salarial por ano de formatura ........ 116

9.9 Anexo IX - Levantamento das disciplinas do curso* .......................... 117

9.10 Anexo X - Sugestão de atividades práticas para as disciplinas ....... 119


9.11 Anexo XI – Apresentação Final ....................................................... 120

FIGURAS
Figura 1 - Universo profissional do Engenheiro Civil .................................... 11
Figura 2 - Produto Interno Bruto da Construção - Crescimento Acumulado dos
Últimos 12 meses (%) ............................................................................................. 19
Figura 3 - Índice de Nível Atividade do Setor de Construção e Índice de
Expectativa de Nível de Atividade do Setor de Construção..................................... 19
Figura 4 - Número de Empregados no Setor de Construção Civil (em milhões)
............................................................................................................................... 20
Figura 5 - Pesquisa ao público: Avaliação sobre inovação no setor ............. 21
Figura 6 - Pesquisa ao público: Avaliação sobre percepção de oportunidades
de inovação no setor ............................................................................................... 21
Figura 7 - Etapas da pesquisa qualitativa ..................................................... 27
Figura 8 - Etapas da análise de conteúdo .................................................... 33
Figura 9 - Propostas de solução para os principais problemas encontrados 77

GRÁFICOS
Gráfico 1 – Total de respondentes divididos por ano de ingresso................. 49
Gráfico 2 - Respondentes divididos por ano de ingresso .............................. 50
Gráfico 3 - Respondentes divididos gênero e por grupo de análise proposto 50
Gráfico 4 – Respondentes por cidade natal e cidade de moradia ................. 51
Gráfico 5 - Respondentes por área de atuação ............................................ 52
Gráfico 6 - Respondentes que trabalham com Engenharia Civil divididos por
segmentos do mercado .......................................................................................... 52
Gráfico 7 - Participação dos respondentes em grupos de extensão
mencionados .......................................................................................................... 57
Gráfico 8 - Influência de grupos de extensão selecionados na decisão de
carreira ................................................................................................................... 58
Gráfico 9 - Influência percentual de grupos de extensão selecionados na
decisão de carreira ................................................................................................. 59
Gráfico 10 - Respostas sobre o módulo acadêmico ..................................... 62
Gráfico 11 - Segmentação por tipos de respostas nos grupos propostos ..... 63
Gráfico 12 - Distribuição dos respondentes por grupo e por faixa salarial anual
(FSA) [R$ mil] ......................................................................................................... 64
Gráfico 13 - Média ponderada das FSA por ano de formatura ..................... 64
Gráfico 14 - Número total de benefícios e respostas válidas por grupo ........ 66
Gráfico 15 - Número de respostas para cada benefício selecionado ............ 66
Gráfico 16 - Porcentagem de cada grupo de respondentes para benefícios
selecionados ........................................................................................................... 67
Gráfico 17 - Dificuldades do mercado de trabalho na Engenharia Civil ........ 69
Gráfico 18 - Proporção dos principais problemas do mercado de trabalho de
engenharia civil ....................................................................................................... 69

QUADROS
Quadro 1 - Capacidades mínimas esperadas dos alunos de Engenharia Civil
na POLI-USP para as diferentes competências e momentos de formação ............. 17
Quadro 2 - Classificação de métodos de coleta de dados ............................ 24
Quadro 3 - Informações dos entrevistados ................................................... 29
Quadro 4 - Temas abordados nas entrevistas .............................................. 31
Quadro 5 - Premissas adaptadas ................................................................. 41
Quadro 6 - Premissas ranqueadas ............................................................... 43
Quadro 7 - Resumo da análise qualitativa .................................................... 45
Quadro 8 - Escala Likert com cinco seções (Adaptado) ............................... 48
Quadro 9 - Resumo dos itens 5.2.1. e 5.2.2. ................................................ 53
Quadro 10 - Resumo das informações do item 5.2.3. ................................... 62
Quadro 11 - Resumo do item 5.2.5. ............................................................. 70
Quadro 12 - Resumo do item 5.2.5. ............................................................. 71
Quadro 13 - Resumo das conclusões da análise quantitativa ...................... 75
Quadro 14 - Propostas de atividades práticas para as disciplinas ................ 78

TABELAS
Tabela 1 - Classificação das hipóteses ........................................................ 55
Tabela 2 - Classificação das respostas sobre abordagens de ensino .......... 60
Tabela 3 - Classificação das respostas sobre satisfação de compensação atual
e benefícios ............................................................................................................ 65
Tabela 4 - Classificação das respostas sobre o mercado de Engenharia Civil
............................................................................................................................... 68
10

1. INTRODUÇÃO

Ao longo do curso de engenharia civil, os alunos são expostos a uma série de


experiências e conhecimentos capazes de moldar sua trajetória como profissionais.
Ainda, “o engenheiro civil é aquele que recebe uma formação em todo o universo
profissional da engenharia civil” (BRINGHENTI, 1993).
A motivação do presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) partiu de
quatro alunos que receberam essa formação e se questionaram sobre a situação
atual da atuação nesse mercado de trabalho. Há uma visão de que diversos colegas,
também integrantes do corpo discente da engenharia civil da Escola Politécnica da
USP (POLI-USP), possuem um distanciamento da carreira técnica.
Posto isso, o grupo começou a refletir sobre o tema e se interessar em
entender essa realidade: seria possível que uma das escolas de engenharia civil mais
bem conceituadas do Brasil não contribua como o esperado para a inserção de
profissionais qualificados nesta área do mercado de trabalho?
Dado esse cenário, é necessário mencionar que grandes nomes da sociedade
brasileira foram alunos da POLI-USP e se graduaram no curso em questão. Dentre
eles, destacam-se Henrique Meirelles, Mário Covas, Paulo Maluf e Gilberto Kassab,
personalidades de prestígio na política brasileira, e Marcelo Tas e Claudio Carsughi,
figuras importantes no meio da comunicação social. Esses exemplos servem para
mostrar como a diversidade de caminhos que os formados pela universidade podem
seguir é explorada com excelência por seus estudantes.
Além de grandes personalidades, acredita-se que outros discentes são
atraídos pelas trajetórias, ainda que inseridas no mercado de trabalho corporativo,
ligadas a outros setores, com destaque para dois segmentos específicos: consultoria
estratégica e mercado financeiro. Isso possivelmente está relacionado com aspectos
estruturais do mercado, como exemplos mais notórios a melhor remuneração, o plano
de desenvolvimento mais estruturado e o maior impacto das carreiras. Embora exista
o entendimento de que essas carreiras auxiliem na macroeconomia do país e
contribuam para o crescimento socioeconômico nacional, analisa-se que o
investimento foi feito para um curso de bacharelado em engenharia civil. Sendo
assim, o que se espera é que esse investimento gere um retorno mais específico para
o setor em questão.
11

Posto isso, o grupo definiu como prioridade estudar quais seriam as influências
que levam os formandos à escolha de carreira, destacando os fatores: curso,
experiências na graduação e mercado de trabalho. Assim, num primeiro momento
foram tratadas ideias pré-concebidas de interesse dos integrantes do grupo,
baseadas em referências teóricas, e, na segunda fase, são analisadas ideias
advindas dos ensinamentos da primeira fase, com maior exploração de temas que
envolvem a atuação da POLI-USP.
A primeira delas é sobre o caráter teórico dos cursos da Escola Politécnica
como um todo. Ao longo do curso, as diferentes disciplinas propostas pela estrutura
curricular trouxeram pouco contato com a prática, focando muito em conteúdos
acadêmicos. Claro que, no nível de excelência que a faculdade apresenta, se espera
um embasamento teórico extremamente aprofundado e bem construído, porém, a
percepção é de que o corpo discente sente a falta de atividades mais voltadas às
práticas da profissão.
Além disso, existem três grandes componentes que definem a trajetória
profissional do Engenheiro Civil. São eles: a função exercida, o setor de atuação e a
área da engenharia (BRINGHENTI, 1993). Desse modo, podemos obter a Figura 1:

Figura 1 - Universo profissional do Engenheiro Civil

Fonte: O Ensino na Escola Politécnica da USP

O primeiro ponto relevante é como são divididas as áreas de atuação. É


possível perceber que elas seguem o mesmo modelo que os departamentos da
12

Escola Politécnica (PCC = Edificações, PEF = Estruturas, PHA = Hidráulica e


Saneamento, PTR = Transportes). Esse é considerado um ponto positivo, mostrando
alinhamento com o mercado.
Na questão de setores, ainda se observa razoável semelhança entre a POLI-
USP e o mercado de trabalho. Embora existam pequenos casos de desalinhamento,
as partes de Planejamento / Projeto, Execução / Produção e Operação / Manutenção
estão presentes na grade horária, e não é possível concluir o curso sem que tenha
algum tipo de passagem por esses pontos.
O fator principal que demanda atenção nesse esquema é o das funções
exercidas. Como foi dito anteriormente, a Escola Politécnica possui alto nível de
elementos teóricos, e os alunos se sentem preparados para exercerem as profissões
de professor e de pesquisador. As diversas oportunidades em Iniciações Científicas
e monitorias aproximam ainda mais os estudantes dessas funções.
Por outro lado, olhando para os segmentos de Empresário / Administrador e
Engenheiro (propriamente dito), os alunos sentem grande insegurança, sendo essas
funções pouco corriqueiras durante o curso. A função de engenheiro pode ser
percebida em algumas matérias ao longo da graduação, mas interseccionando
poucas áreas e setores. Fenômeno que é maior ainda na função de Empresário /
Administrador, uma vez que as matérias de Fundamentos de Administração e
Fundamentos de Economia estão muito desconexas da engenharia civil, e acabam
se tornando mais um chamariz para que alunos tangenciem a trajetória do Engenheiro
Civil.
Essa é uma visão geral de qual era o pensamento e as ideias do grupo ao se
iniciar o trabalho de formatura. Até esse ponto foram apresentados poucos conteúdos
com embasamento teórico, enfatizando apenas as motivações do grupo para se
aprofundar nesta pesquisa e levantar problemas a serem explorados ao longo do
desenvolvimento do presente trabalho.
13

2. OBJETIVOS

O objetivo principal do trabalho é entender as motivações pelas quais os


estudantes de engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
optam por carreiras, sejam elas vinculadas ou desvinculadas às áreas e setores da
construção civil.
Embora o presente trabalho não seja de conteúdo técnico, sua relevância é
dada principalmente pelos impactos positivos que ele pode trazer para a Escola, que
tem como preocupação constante a temática estudada pelo grupo. Isso porque existe
um esforço para formar profissionais com excelência acadêmica, que sejam
reconhecidos no mercado de trabalho, principalmente dentro da área técnica.
O desenvolvimento do presente trabalho está apresentado em dois blocos,
ordenados de forma cronológica de acordo com as conclusões de cada uma das
etapas. Durante a primeira parte da pesquisa, foi desenvolvida a análise qualitativa.
Já na segunda, foi realizada a análise quantitativa.
O propósito da primeira parte do trabalho é validar, a partir de pesquisas
qualitativas com estudantes formados em engenharia civil pela Escola, os principais
motivos que os levaram à escolha de carreira, destacando-se uma forte tendência a
preferência de segmentos diferentes dos inicialmente destinados aos engenheiros
civis, além de entender a trajetória dos estudantes desde a escolha pelo curso até
suas experiências no mercado de trabalho. Já a segunda parte se volta para confirmar
as conclusões obtidas da primeira, na qual serão levantados dados através de
pesquisa quantitativa para corroboração ou negação das afirmações.
14

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Durante a etapa inicial de levantamento de dados, foi realizada uma coleta de


referências bibliográficas. Citam-se as referências utilizadas, as quais foram melhor
descritas ao final do documento, no item 8. Bibliografia:

• Publicações acadêmicas;
• Livros;
• Reportagens e notícias em jornais e revistas de relevância;
• Relatórios do setor de construção civil;
• Documentos da Escola Politécnica da USP, como Projeto Acadêmico 2019-
2023;

3.1. SOBRE A ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

Em 2018, com o Projeto Acadêmico da Escola Politécnica 2019-2023, foi


definida como missão da Escola Politécnica:

“A Escola Politécnica, comprometida com o desenvolvimento sustentável do


país e do planeta, com a prática da cidadania e com responsabilidade ética, social,
econômica e ambiental, tem como missão formar profissionais em Engenharia com
excelência científica e técnica, que possam se tornar líderes inovadores e
empreendedores, realizar pesquisas, difundir e preservar conhecimento, e prestar
serviços de alta relevância e impacto para a sociedade, em âmbito nacional e
internacional.” (EPUSP, 2018)

Ainda no documento, a partir desse Planejamento Estratégico, são


estabelecidos 10 itens estratégicos como planos de ação. São eles:

1. Avaliação e atualização permanentes das atividades de ensino em


graduação, pós-graduação e educação continuada;
2. Busca de excelência na graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão;
3. Ampliação de pesquisas de impacto e aperfeiçoamento de sua difusão;
15

4. Diversificação das atividades de internacionalização;


5. Diversificação das atividades de extensão;
6. Promoção de ações para a valorização das atividades de graduação, pós
graduação, pesquisa e extensão;
7. Estreitamento da relação e comunicação com a sociedade;
8. Fomento e valorização de atividades interdisciplinares;
9. Ampliação da captação de recursos;
10. Gestão da imagem institucional.

De fato, é visível a intenção da Escola em garantir a formação de profissionais


com excelência e reconhecimento no mercado de trabalho. Além disso, também é
notável que o corpo diretor da Escola busca concretizar tal formação por meio de
incentivo a atividades interdisciplinares e de extensão, aumento do contato com
sociedade, empresas e organizações públicas. E, além disso, inovação e promoção
de melhorias nos instrumentos pedagógicos. Por último, é preciso notar que em
nenhum dos 10 itens menciona algum tipo de aproximação com o mercado de
trabalho, o que pode levar a uma divergência entre o que a universidade pretende em
relação aos estudos dos seus alunos e quais são as necessidades do mercado em
relação aos engenheiros civis.

3.2. SOBRE O CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Ao abordar a formação para o mercado de trabalho da engenharia, pode-se


inferir que o ensino superior é a porta de entrada para esses profissionais e as
ementas de cursos devem subsidiar as qualificações necessárias.
Neste contexto, primeiramente, foram consultadas as duas últimas versões das
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia, os
Pareceres CNE/CES nº 1362/2001 e CNE/CES 1/2019, publicados em 2001 e 2019,
respectivamente. O objetivo foi identificar o perfil considerado ideal e competências
esperadas pelo formando atualmente, presentes no Capítulo II do Parecer CNE/CES
1/2019, nos Artigos 3º ao 5º.
Fica evidente uma preocupação com o desenvolvimento de competências que
envolvem não apenas aplicação de tecnologias, mas também de liderança, trabalho
16

em equipe, planejamento, gestão estratégica e aprendizado entre seus profissionais.


De forma autônoma, um conjunto de habilidades chamadas de soft skills. Ou seja,
cada vez mais profissionais precisam ter, além de uma sólida preparação técnica,
uma formação mais humanística e empreendedora.
Essa preocupação já era observada no Parecer CNE/CES nº 1362/2001, mas
foi melhor detalhada e discutida em sua versão mais atual. Portanto, o Parecer
CNE/CES nº 1/2019 segue dizendo: as Diretrizes Curriculares Nacionais devem ser
capazes de estimular a modernização do currículo de engenharia por meio de
renovação contínua, foco no aluno como agente do conhecimento, maior integração
entre empresas e escolas, ênfase na mutualidade e interdisciplinaridade e
professores essenciais como facilitadores da mudança necessária. Esses pontos
evidenciam o desejo de maior flexibilização na estruturação dos cursos, de modo a
facilitar que as instituições de ensino possam tomar decisões que inovem seus
modelos de formação.
Como consequência das novas DCNs, houve uma alteração no Projeto
Pedagógico do curso de engenharia civil da POLI-USP, concluída em 2021. De
acordo com o atual Projeto Pedagógico, “o formando na habilitação engenharia civil
recebe uma formação generalista que lhe permite atuar de forma sistêmica nas
diferentes fases dos empreendimentos e nos agentes que deles tomam parte” (POLI-
USP, 2021). Entretanto, os Módulos Acadêmicos, cursados a partir do 5º ano,
permitem a especialização da formação. O quadro 1 apresenta as competências que
devem ser desenvolvidas e os momentos de formação para quando foram
idealizadas:
17

Quadro 1 - Capacidades mínimas esperadas dos alunos de Engenharia Civil na POLI-USP


para as diferentes competências e momentos de formação

Fonte: POLI-USP (2021), Elaboração Própria

A aplicabilidade das DCNs ao contexto do curso de engenharia civil na POLI-


USP pôde ser estudada de forma empírica e tem sido monitorada em estudos
desenvolvidos pelo Prof. Dr. Osvaldo Shigueru Nakao, ainda quando o Parecer da
DCN de 2001 estava em vigor. De acordo com o autor, os formandos da Escola
Politécnica se destacavam com desempenho considerado ótimo nas competências
de 1) Planejamento, 2) Comunicação, 3) Tempo de Execução, 4) Relação com
Autoridade, 5) Controle Emocional e 6) Mobilidade Física. Além disso, os formandos
do curso de engenharia civil superaram o percentual “ótimo” da POLI-USP em 13 das
20 competências analisadas (NAKAO, 2012).
A preocupação com o desenvolvimento das competências necessárias não se
limita à fase final, quando os alunos se tornam formandos. O oferecimento de 2006
da disciplina PNV2100 - Introdução à Engenharia (atual 0313101 - Introdução à
engenharia civil), voltada a alunos ingressantes, focou em desenvolver
competências:
• Administrativas: Planejamento, Organização, Controle, Decisão,
Conformidade, Delegação;
• Interpessoais: Dominância, Comunicação, Autonomia, Consideração,
Confrontação, Envolvimento;
18

• Pessoais: Persistência, Abertura, Ritmo, Tônus, Motilidade, Autocontrole, Auto


Exposição, Senso de Realização.

3.3. SOBRE O MERCADO DE TRABALHO EM ENGENHARIA CIVIL

Falar sobre o mercado de trabalho na engenharia civil é, indubitavelmente, uma


preocupação para os formados. A construção civil, por exemplo, sinaliza bem as
tendências desse mercado, isso porque uma boa performance no setor incentiva
maior número de projetos realizados (incluindo orçamentos), mercado imobiliário
aquecido (real estate e incorporação) e outras relações diretas. A construção civil se
mostra uma indústria muito relacionada ao momento socioeconômico do país,
principalmente no setor de infraestrutura que precisa de investimentos para se
manter.
Há menos de uma década, a indústria da construção civil (ICC) acelerava com
o desenvolvimento do país e o boom das commodities na China. Por conta disso, os
autores previam que, se o crescimento fosse mantido, os profissionais da área de
engenharia estariam em alta até 2020, principalmente na extração mineral,
construção e infraestrutura (MACIENTE E ARAÚJO, 2011).
Entretanto, a partir do segundo semestre de 2014, a economia chinesa
começou a dar sinais de recessão. O autor argumenta que a crise foi desencadeada
por uma série de conflitos entre oferta e demanda, a partir de políticas públicas
equivocadas que reduziram a capacidade de crescimento e geraram altos custos
fiscais (BARBOSA FILHO, 2017).
Além disso, no Brasil, o problema foi agravado por crises políticas (Operação
Lava-Jato) e econômicas (a taxa básica de juros atingiu 14.25% ao ano, patamar mais
elevado desde 2006). Tais crises provocaram, então, um efeito dominó, uma vez que
se trata de uma das indústrias que mais empregam no país. A partir de 2014 o setor,
tanto em termos de Produto Interno Bruto, quanto em termos de Nível de Atividade,
recuou por um longo período e só recuperou de maneira evidente durante a pandemia
da COVID-19 (Figuras 2 e 3).
19

Figura 2 - Produto Interno Bruto da Construção - Crescimento Acumulado dos Últimos 12


meses (%)

Fonte: IBGE, 2022

Figura 3 - Índice de Nível Atividade do Setor de Construção e Índice de Expectativa de Nível


de Atividade do Setor de Construção

Fonte: Confederação Nacional da Indústria (CNI) - Sondagem da Indústria da Construção, 2022


20

Em relação à empregabilidade do setor, ainda é possível observar que a


demanda por mão-de-obra cresce à medida que o PIB se recupera, como é possível
observar na Figura 4, abaixo.

Figura 4 - Número de Empregados no Setor de Construção Civil (em milhões)

Fonte: IBGE - PNAD Contínua Mensal, 2022

Outro ponto importante para a análise é em relação ao potencial de inovações


para o futuro do setor, como mostram os resultados de uma pesquisa realizada pela
ACE Cortex (2021) com startups e companhias do setor da construção e publicado
no Relatório GrowthReport – O Futuro da Construção 2021. Vê-se que, por mais que
o setor seja visto como pouco inovador pelo próprio mercado (Figura 5), existem
muitas oportunidades para inovação no setor da construção (Figura 6).
21

Figura 5 - Pesquisa ao público: Avaliação sobre inovação no setor

Fonte: Growth Report - O futuro da Construção, 2021

Figura 6 - Pesquisa ao público: Avaliação sobre percepção de oportunidades de inovação no


setor

Fonte: Growth Report - O futuro da Construção, 2021


Frente a isso, fica evidente que o mercado de trabalho para a construção civil
é cíclico e deve voltar a entrar em um período de alta. Uma vez garantida essa
demanda, a busca por mão de obra qualificada acelera, fazendo com que o setor
passe por mudanças significativas nos próximos anos, com inovações e novas
tecnologias. Isso deve abrir espaço para novas oportunidades para os engenheiros
civis.
22
23

4. ANÁLISE QUALITATIVA
4.1. METODOLOGIA
4.1.1. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Definidos tema e objetivos do estudo, o grupo buscou fundamentação teórica


para entender a melhor forma de atingir os resultados esperados para a pesquisa.
De início, com a orientação do Professor Doutor Edson Crescitelli da FEA-USP
por meio de uma reunião (Anexo VI), o primeiro assunto a ser pesquisado foi qual
seria o procedimento metodológico utilizado. Para isso, o grupo estudou como são
realizadas as pesquisas de marketing e entendeu que a ordem escolhida para
elaboração de pesquisas qualitativas e quantitativas não interferiria no resultado final.
Assim, optou-se pelo uso de pesquisa qualitativa a fim de elaborar premissas
e a posteriori uma pesquisa quantitativa a fim de validá-las pelos pontos levantados
no primeiro trabalho. A pesquisa qualitativa foi feita por meio de entrevistas individuais
semiestruturadas, uma vez que:
“Já para aqueles(as) em uma posição mais puramente positivista, entrevistas
são meios para, objetivamente, testar ou gerar hipóteses falseáveis. Isso não significa
que eles(as) desconsideram questões como os efeitos do(a) entrevistador(a)
(interviewer effects), isto é, como o comportamento ou as características do(a)
entrevistador(a) podem afetar as respostas obtidas, mas sim que interpretativistas são
mais sensíveis às nuances desse processo do que positivistas" (ROCHA, 2020).
Além disso, ainda sobre entrevistas, “Elas permitem a melhor compreensão de
mecanismos causais, podem servir como principal fonte de dados e, ainda, podem
gerar dados que serão analisados de forma quantitativa posteriormente” (MOSLEY,
2013).

Dessa forma, o método utilizado pelo grupo é descrito de acordo com Oliveira
e Giraldi (2016), mostrado no Quadro 2.
24

Quadro 2 - Classificação de métodos de coleta de dados

Quanto à utilização de dados Pesquisa pura


Pesquisa aplicada

Quanto à natureza do método Qualitativa


Quantitativa

Quanto aos fins Exploratória


Descritiva
Explicativa
Intervencionista

Quanto aos meios Pesquisa de campo


Pesquisa de laboratório
Documental
Bibliográfica
Experimental
Ex post facto
Participante
Pesquisa-ação
Levantamento
Estudo de caso

Fonte: Técnicas de Pesquisa, Oliveira e Giraldi (2016)

Diante do exposto, o referido trabalho é caracterizado por:


• Quanto à utilização dos dados:
o Pesquisa aplicada: em razão da natureza prática do problema em
questão;
• Quanto à natureza do método:
o Pesquisa qualitativa: busca responder perguntas como “porquê”, “o quê”
e “como”, envolvendo pequenas amostras e permitindo estudos mais
profundos, sob a perspectiva dos participantes.
• Quanto aos fins:
o Pesquisa descritiva: visão sobre o tema para caracterizar um problema
já conhecido de forma geral;
o Pesquisa explicativa: esclarecer os fatores que levam a ocorrência de
determinado fenômeno;
• Quanto aos meios:
o Pesquisa bibliográfica: primeira parte a ser realizada, com o objetivo de
explicar um problema a partir de referências teóricas já publicadas;
25

o Pesquisa participante: o pesquisador tem relação direta e intensa com


a situação em estudo, com o objetivo de entender o comportamento de
um grupo;
o Pesquisa-ação: é uma pesquisa participante, em que o pesquisador
interfere no fenômeno estudado com caráter interpretativo.

4.1.2. LEVANTAMENTO DE DADOS

4.1.2.1. PREMISSAS

Como foi citado anteriormente no tópico de introdução, o grupo já possuía


algumas ideias do que iria encontrar ao longo das pesquisas. Porém, essas ideias
não podem ser consideradas para o método científico, uma vez que são apenas
impressões dos pesquisadores, envolvendo seus pontos de vista e experiências
pessoais.
Para realizar uma pesquisa científica, os pontos a serem investigados devem
possuir embasamento teórico, de forma a impedir que a opinião dos pesquisadores
influencie no resultado final. Dessa forma, são apresentadas premissas, que
consistem em postulados e axiomas obtidos a partir da referência bibliográfica
apresentada anteriormente.
O objetivo das premissas é realizar uma série de questionamentos que possam
indicar se a suposição feita é de fato verdadeira. Para isso, as premissas são
validadas através das entrevistas (descritas no item 4.1.2.2. Entrevistas), a fim de
obter conclusões.
Portanto, foi criada uma divisão de premissas entre dois grandes grupos, as
que são relacionadas com a Escola Politécnica (premissas de 1 a 4) e as que são
relacionadas com o mercado de trabalho (premissas de 5 a 7). A seguir estão
apresentadas as premissas levantadas relacionadas a esses diferentes grupos.

1. Atualização do curso
Seguindo o planejamento estratégico da Escola, é clara a necessidade de
mudanças profundas na estrutura do curso, promovendo a inovação e a adequação
26

ao estilo de aprendizagem, aumentando a motivação dos estudantes na área da


engenharia civil.
2. Maior conexão com o mercado de trabalho
As disciplinas devem estar mais próximas do mercado de construção civil,
expondo cada vez mais o aluno a carreiras relacionadas às disciplinas que despertam
seu interesse fora da área acadêmica;
3. Aumento da interdisciplinaridade e extensão
As disciplinas oferecidas pela Escola devem se aproximar umas das outras e
também dos grupos extracurriculares, fazendo com que a construção do
conhecimento ocorra de maneira evolutiva ao longo da faculdade;
4. Fortalecimento do vínculo prático-teórico
Os instrumentos pedagógicos devem buscar o fortalecimento da relação dos
conceitos teóricos com a prática, apresentando de fato o dia-a-dia de um engenheiro
civil;
5. Inovação no mercado de engenharia civil
O mercado está voltando a ficar aquecido após a pandemia, mas acredita-se
que a inovação deve estar mais presente para que ele possa crescer verdadeiramente
e apresentar boas oportunidades;
6. Exposição do mercado aos alunos
Os alunos estão muito expostos a outras áreas do mercado de trabalho e,
assim como as disciplinas deveriam atrair empresas de engenharia civil para o dia-a-
dia dos alunos, essas empresas também deveriam se promover no campus da
Escola, como forma de atrair mão de obra extremamente qualificada;
7. Remuneração competitiva
A engenharia civil não apresenta uma remuneração tão competitiva quanto
outras áreas que atraem Engenheiros Politécnicos, gerando uma evasão de talentos.

4.1.2.2. ENTREVISTAS

Para validar ou não a relevância das premissas definidas inicialmente para a


continuidade do estudo, a abordagem inicial foi de realizar uma pesquisa
qualitativa. O procedimento consistiu em aplicar uma série de entrevistas individuais
com um grupo de pessoas cujo perfil será detalhado no item 4.1.2.2.1 Seleção do
27

perfil dos entrevistados. Trata-se de uma etapa cujo objetivo principal é coletar
qualitativamente informações de caráter subjetivo que ofereçam fundamentos para a
geração de insights.
Neste contexto, se aplica o conceito de “entrevista semiestruturada”, isto é,
com o propósito de coleta de dados (LEGARD, 2003). Nessa etapa, tomou-se cuidado
para que não houvesse a interferência de vieses e interpretações pessoais por parte
dos entrevistadores em nenhuma das etapas: seleção do perfil e dos entrevistados,
criação e aplicação das perguntas.
O desenvolvimento e aplicação da etapa de pesquisa qualitativa seguiu a
lógica detalhada Figura 7 abaixo:

Figura 7 - Etapas da pesquisa qualitativa

Fonte: Elaboração própria

4.1.2.2.1. SELEÇÃO DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, o processo de definição do público


a ser entrevistado deve ser chamado seleção dos entrevistados e não amostragem
(BRADY, 2010; GASKELL, 2003; MOSLEY, 2013). Inúmeros estudos buscam definir
o tamanho ideal do grupo de entrevistados para que ele possa ser considerado
representativo e, ao mesmo tempo, não apresentar ruídos excessivos. Dentre o
universo de conceitos existentes na literatura, adotou-se o intervalo entre 12 e 60
pessoas, que varia conforme a velocidade que as respostas convergem (BAKER E
EDWARDS, 2012). O conceito pressupõe que sejam feitas baterias de 12 a 15
entrevistas, analisadas posteriormente. Se essa análise se comprovar convergente,
para-se na primeira bateria. Caso contrário, é repetido o mesmo procedimento até
que haja convergência ou até a quinta bateria (o que acontecer antes).
Foi definida uma lista com mais de 30 pessoas e realizada uma primeira bateria
de entrevistas com um grupo composto por 13 pessoas, sendo ex-alunos formados
no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, há
no máximo 5 anos (Ano de formatura máximo em 2017). Ex-alunos formados no
28

mesmo curso já passaram por todas as etapas da graduação, na mesma instituição


de ensino. A limitação de formação há, no máximo 5 anos, permite a conversa com
formados que hoje estão em diferentes níveis de senioridade e tiveram a oportunidade
de vivenciar diferentes momentos no mercado de trabalho (momento de pessimismo,
seguido por otimismo, como detalhado no item 3.3. Sobre o Mercado de Trabalho em
engenharia civil. Entretanto, são ex-alunos que ainda vivenciaram uma realidade do
curso similar à atual e recordam com maior clareza suas experiências vividas durante
a graduação.
Todos os entrevistados foram convidados a participar pelos integrantes do
grupo e aceitaram de maneira voluntária. Com as respostas obtidas, foi possível
traçar para cada uma das perguntas convergências de visões e opiniões entre os
entrevistados, que serão melhor apresentadas no item 4.2 Apresentação dos
Resultados. Considerou-se que a realização de rodadas adicionais geraria mais
ruídos de dados para lidar e dificultariam a validação das premissas. Por esse motivo,
não se viu a necessidade de realizar novas baterias de entrevistas.

4.1.2.2.2. SELEÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Durante a seleção dos entrevistados, houve a preocupação de abranger o


grupo mais diverso possível. Uma vez que foi realizada uma etapa de coleta de
informações qualitativas, não se tratava de uma amostra aleatória, mas selecionada
com o objetivo de buscar convergências de opiniões vindas de pessoas com
experiências e visões diferentes.
A escolha dos entrevistados para a primeira bateria dentro da lista com os mais
de 30 potenciais candidatos foi pensada utilizando uma ordem de prioridade que
adotou como critério a diversidade de experiências (durante e após a graduação).
Caso após o final da primeira bateria de entrevistas os dados coletados não fossem
suficientes para se chegar a uma conclusão, as pessoas listadas com prioridades
menores comporiam um novo grupo de entrevistados. Como dito no item 4.1.2.2.1.
Seleção do perfil dos entrevistados, não houve a necessidade de novas baterias.
No Quadro 3, abaixo, são resumidos os perfis individuais de cada um dos
entrevistados, que não foram identificados por nome:
29

Quadro 3 - Informações dos entrevistados

Ano de Ano de Área em que trabalha


ingresso formatura atualmente

1 2013 2020 Engenharia Civil: Análise


de risco em obras

2 2016 2020 Engenharia Civil:


Planejamento Urbano

3 2017 2021 Engenharia Civil:


Estruturas e Geotecnia

4 2014 2019 Startup: Planejamento


Estratégico

5 2012 2017 Mercado Financeiro:


Private Equity

6 2014 2019 Consultoria Estratégica

7 2015 2021 Engenharia Civil: BIM

8 2016 2021 Mercado Financeiro:


Venture Capital

9 2015 2021 Terceiro Setor

10 2012 2018 Mercado Financeiro:


Investment Banking

11 2013 2019 Engenharia Civil: Gestão


de projetos

12 2015 2020 Startup: Marketing

13 2012 2019 Consultoria Estratégica

Fonte: Elaboração própria


30

4.1.2.2.3. ELABORAÇÃO DO ROTEIRO

Quanto ao processo de criação da entrevista, optou-se por utilizar a


metodologia de abordagem geral de entrevista guiada para rodadas individuais.
Nesse caso, a entrevista se baseia num roteiro previamente preparado com tópicos a
serem abordados, mas sem seguir uma lista específica de perguntas definidas de
maneira sistematizada. Dessa forma, o entrevistado pôde discorrer sobre suas
experiências, passando pelos pontos que os entrevistadores propuseram, mas
também por assuntos adicionais que se mostraram relevantes. A estratégia dessa
abordagem foi gerar um equilíbrio entre estrutura e liberdade, garantindo que o
objetivo de coleta de dados fosse cumprido, mas com a flexibilidade e interatividade
que permitiram que não houvesse perda de insights relevantes.
Outro ponto que se tomou cuidado foi com a quantidade de perguntas. O
número final de 11 foi considerado adequado para abordar todos os tópicos
necessários, mas sem entediar o entrevistado e garantir um bom nível de respostas
durante toda a sua execução. O grupo optou por realizar perguntas que auxiliassem
a compreender a trajetória dos entrevistados desde o seu primeiro contato com a
engenharia até o ponto em que eles se encontram hoje. Assim, as discussões
abordadas foram divididas em três blocos: experiências antes, durante e depois da
graduação.
No primeiro bloco, o grupo buscou compreender como os ex-alunos
enxergavam a engenharia civil antes de ingressarem na faculdade, ou seja, entender
as motivações que levaram os entrevistados a prestar vestibular para tal carreira e as
intenções que tinham à época para o mercado de trabalho. Também se buscou
entender o porquê da escolha pela Escola Politécnica e se tanto a carreira quanto a
faculdade eram um sonho para eles. Assim, a pergunta realizada abordou os sonhos
do entrevistado antes de entrar na universidade e o contato que ele havia tido com a
área.
O segundo bloco, focado nas experiências vividas durante a graduação, visava
entender a relação que o aluno construiu junto à universidade. Quais foram os
caminhos que ele seguiu tanto na parte acadêmica quanto em suas atividades
extracurriculares, e como isso se relacionava às escolhas que ele tinha feito para
iniciar sua trajetória no mercado de trabalho. Mais ainda, o objetivo era compreender
31

as influências que a POLI-USP teve sobre os entrevistados e, principalmente, nas


motivações encontradas durante o primeiro bloco da entrevista.
No terceiro e último bloco, buscou-se entender se o comportamento seguido e
as ideias construídas ao longo da graduação ainda são mantidas depois de formados.
Também procurou-se relacionar essas ideias com o que eles observam hoje no
mercado de trabalho e com as posições ocupadas por cada um no momento da
entrevista.
Por fim, foi aberto um espaço para que os ex-alunos comentassem sem
direcionamento algum sobre o que achavam sobre o tema deste TCC. Esse foi um
momento importante para o grupo, onde foi possível colher ideias essenciais e não
previstas numa fase anterior, que expandiram as possibilidades para as próximas
etapas do trabalho.
Os temas que foram levantados estão elencados no Quadro 4.

Quadro 4 - Temas abordados nas entrevistas

Antes da graduação

1 Como foi a decisão de cursar Engenharia Civil? Já tinha tido algum contato
(ex. Ensino técnico)? Era um sonho?

Durante a graduação

2 Como foi sua graduação na Poli? Teve alguma matéria que se identificava
mais ou se via trabalhando? E departamentos?

3 Durante a graduação, participou de alguma(s) atividade(s)


extracurricular(es)? Se sim, como foi a experiência?

4 Na sua opinião, quais foram as maiores dificuldades enfrentadas durante sua


graduação? Como seria possível solucioná-las/amenizá-las?

5 Falar um pouco sobre suas experiências de estágio: onde estagiou? Quais


áreas buscou e por que? Alguma matéria ou experiência anterior influenciou
na escolha? Viu alguma diferença de oportunidade (ex. área mais fácil de
entrar)?
32

Depois da graduação

6 Está na mesma empresa/área de quando se formou? Em caso de mudança,


por que mudou?

7 Caso tenha saído de Civil, o que levou à mudança de carreira? Algo levaria a
voltar?

8 Caso tenha ficado em Engenharia Civil, algo levaria a sair?

9 Depois de formado, sua percepção sobre o mercado de trabalho para


Engenheiros Civis mudou?

10 Agora formado, o que precisa, na sua opinião, um engenheiro para ser


contratado?

11 Por fim, retomando o tema do nosso TCC, gostaríamos de entender a sua


percepção sobre o assunto: na sua opinião, por quais motivos os estudantes
de Engenharia Civil da POLI-USP divergem da área técnica?

Fonte: Elaboração própria

4.1.2.2.4. APLICAÇÃO DAS ENTREVISTAS

A aplicação das entrevistas seguiu as técnicas e boas práticas descritas por


Gaskell (2003) e Martin (2013). Todas foram realizadas virtualmente, através de
reuniões feitas no Google Meet, e duraram cerca de 45 minutos. Todos os
entrevistados concordaram com a gravação, para que as entrevistas pudessem ser
revisitadas. Assim, durante as reuniões, o entrevistador focou em conduzir as
perguntas da maneira adequada e tomar notas dos pontos mais relevantes. Quando
possível, foram conduzidas por mais de um entrevistador, visando aumentar a
interatividade entre as pessoas na reunião, o que permite retirar mais dados e
conclusões a serem analisados.
O processo de aplicação durou 7 dias, com as primeiras entrevistas realizadas
no dia 02 de junho de 2022 e as últimas no dia 09 de junho de 2022.
33

4.1.3. ANÁLISE DE CONTEÚDO

Após a realização das entrevistas, foi necessário estabelecer uma metodologia


que permitisse analisar os dados qualitativos. A Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009)
foi o método escolhido para guiar a interpretação da pesquisa.
Isso porque, com essa base metodológica é possível retirar incertezas que
surgem com a análise qualitativa, uma vez que não há evidências numéricas capazes
de sustentar as conclusões retiradas. Além disso, a Análise de Conteúdo enriquece a
revisão das entrevistas, porque é necessária uma leitura atenta e minuciosa, gerando
maior entendimento do texto.
Essa metodologia pode ser definida como “um conjunto de técnicas de análise
das comunicações visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo das mensagens, obter indicadores quantitativos ou não” (BARDIN,
2009). O procedimento permite que as conclusões da análise sejam inferidas e
confirmadas. Por último, a autora estabelece três principais pilares que guiam essa
metodologia: I. Organização, II. Codificação, e III. Categorização, resumidos na Figura
8 abaixo.

Figura 8 - Etapas da análise de conteúdo

Fonte: Elaboração própria

4.1.3.1. ORGANIZAÇÃO

A etapa de Organização representa a construção de um plano estruturado de


estudo. Nela, é estabelecido quais são os passos a serem tomados para a realização
da interpretação dos dados coletados.
O primeiro passo é a pré-análise. Primeiramente, buscam-se documentos a
serem analisados. Aplicando na pesquisa em questão, os documentos de análise são
as 13 entrevistas mencionadas no item 4.1.2.2.1. Seleção do perfil dos entrevistados,
porque são fontes relevantes das impressões de uma amostra de ex-alunos da Escola
Politécnica da USP.
34

O segundo passo é a realização do levantamento de hipóteses e objetivos. As


hipóteses são as premissas já estabelecidas no item 4.1.2.1. Premissas e o objetivo
da Análise de Conteúdo é o mesmo que os objetivos específicos delimitados no item
2. Objetivos deste trabalho.
Já o terceiro passo busca estabelecer os índices e os indicadores que serão
utilizados. Para Bardin (2009), os índices são os elementos que devem ser analisados
e os indicadores são um demonstrativo de frequência que eles aparecem. Nessa
pesquisa, portanto, os índices são todas as frases que remontam às hipóteses e os
indicadores são o nível de influência na escolha da profissão, mencionado pelos
próprios entrevistados. Os detalhes de cada um desses conceitos são brevemente
citados na seção de perguntas e respostas e apresentados em sua totalidade no
Anexo II.

4.1.3.2. CODIFICAÇÃO

A codificação é um processo que transforma os dados brutos do texto em


material analítico, o que permite realizar uma representação do conteúdo (BARDIN,
2009). Para isso, é preciso introduzir mais dois conceitos: a unidade de registro e a
unidade de contexto. Ambos são os guias para marcar trechos dos textos e situá-los
em seu universo, respectivamente, tornando possível a fragmentação sistemática das
entrevistas e, por consequência, a facilitação das suas conclusões.
A unidade de registro, para Bardin, é o segmento do texto que é considerado
a unidade base, ou seja, aquele com que se é possível categorizar e determinar
frequência. Já a unidade de contexto serve para encaixar a unidade de registro no
tema, podendo ser desde uma frase a um parágrafo.

4.1.3.3. CATEGORIZAÇÃO

Esse último pilar é uma fase não obrigatória para a Análise de Conteúdo. Ela
é responsável por agrupar as unidades de registro em grupos com características
comuns (BARDIN, 2009). Entretanto, essa fase foi realizada, porque a categorização
visa estabelecer conexões entre os documentos analisados, sendo esse o objetivo
final da pesquisa.
Assim, foram identificadas semelhanças entre as respostas dos entrevistados,
as quais serviram como base não só para os resultados apresentados no item 4.2.
35

Apresentação de resultados, mas também para etapas posteriores, realizadas na


segunda fase deste Trabalho de Conclusão de Curso.

4.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Conforme definida a metodologia no item 4.1.3 Análise de Conteúdo, neste


item serão apresentados os resultados da pesquisa qualitativa referente às
entrevistas individuais. Vale lembrar que o recorte é de engenheiros civis graduados
pela Escola Politécnica da USP, que concluíram o curso nos últimos 5 anos.
Da mesma forma que foi tratada na metodologia, em ordem cronológica, os
resultados serão agrupados em três diferentes momentos: experiências anteriores à
Universidade, experiências durante a graduação e experiências posteriores à
conclusão do curso. Dessa forma, é possível compreender com clareza a trajetória
dos entrevistados e mapear os pontos importantes que definiram suas decisões
profissionais de se manter ou não em áreas técnicas da construção civil. Além, é
claro, de auxiliar na medição da influência do curso de engenharia civil da escola
sobre cada um deles.
Como citado na apresentação da metodologia, cada entrevista foi revisada e
minuciosamente estudada pelo grupo, a fim de buscar convergências de ideias nas
respostas colhidas. Devido ao caráter “semiestruturado” do roteiro e da aplicação das
entrevistas, descrito no item 4.1.2.2. Entrevistas, foi possível chegar a conclusões
além das inicialmente pensadas.
Dessa forma, o grupo condensou as impressões retiradas das falas dos ex-
alunos na pergunta que mais se aproximava do tema tratado. Na grande maioria dos
casos as colocações se alinharam com o que foi perguntado, e tangências foram
aceitas e encaixadas no local de maior contribuição para a análise.
36

4.2.1. PERGUNTAS E RESPOSTAS


4.2.1.1. QUANTO ÀS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES À
UNIVERSIDADE:

Conforme explicitado no roteiro das entrevistas descrito no item 4.1.2.2.3.


Elaboração do roteiro no presente trabalho, a entrevista se iniciou com a Pergunta
abaixo:

• Pergunta 1: “Como foi a decisão de cursar engenharia civil? Já tinha tido algum
contato (ex. Ensino técnico)? Era um sonho?”
O objetivo da pergunta era entender o contexto em que o entrevistado foi
aprovado na Universidade para posteriormente verificar se seus interesses mudaram
ou não ao longo e após a graduação.
A maior parte das respostas dos entrevistados convergiu, principalmente,
para:
i) afinidade com ciências exatas durante o Ensino Médio;
ii) curiosidade ou interesse por assuntos relacionados a Arquitetura e
Construção; e
iii) influência de família ou conhecidos atuantes no setor.
Entretanto, um grupo menor relatou ter optado pelo curso de engenharia civil
na POLI-USP sem intenção de trabalhar na área ou mesmo sem ser sua primeira
opção. A escolha foi justificada pela possibilidade de trabalhar em outras áreas com
o diploma de engenheiro e pelo fato da Civil ser considerada uma engenharia mais
generalista, na opinião deles.

4.2.1.2. QUANTO ÀS EXPERIÊNCIAS DURANTE A


UNIVERSIDADE

Em seguida, a entrevista foi conduzida a partir de perguntas sobre as


experiências do entrevistado durante o período em que esteve na Universidade. O
objetivo desta seção era mapear como foi a jornada de cada ex-aluno durante a
graduação, considerando desempenho acadêmico, atividades extracurriculares,
37

intercâmbio, estágios e outros, além de tentar relacionar essas experiências com as


posteriores decisões profissionais de cada um. Foram elas:

• Pergunta 2: Como foi sua graduação na POLI-USP? Teve alguma matéria que
se identificava mais ou se via trabalhando? E departamentos?

Com relação à identificação, as disciplinas do curso mais citadas foram as de


Planejamento Urbano, Real Estate e Gestão de Obras. Além disso, outros indicaram
afinidade com matérias mais técnicas ou que envolviam raciocínio (ex: entendimento
de fenômenos físicos).
• Pergunta 3: Na sua opinião, quais foram as maiores dificuldades enfrentadas
durante sua graduação? Como seria possível solucioná-las/amenizá-las?

As maiores convergências com relação às dificuldades vivenciadas foram:


i) sobrecarga de demandas acadêmicas ao longo dos semestres;
ii) incompatibilidade no que diz respeito às aulas em detrimento das cobranças
em prova;
iii) disciplinas que não conciliavam a teoria com experiências práticas; e
iv) inflexibilidade dos professores em relação às necessidades dos alunos.

• Pergunta 4: Durante a graduação, participou de alguma(s) atividade(s)


extracurricular(es)? Se sim, como foi a experiência?

Como explicado no item 4.1.2.2.1. Seleção dos entrevistados, a diversidade de


experiências foi considerada como critério para definir o grupo de entrevistados. Com
isso, já era esperada uma variedade extensa de respostas com relação às atividades
extracurriculares citadas (ex: esportes, Empresa Júnior e Centro Acadêmico).
Entretanto, um ponto de atenção foi o alto número de respondentes que
fizeram Iniciação Científica (mais da metade do grupo) e Intercâmbio, ambas as
atividades intrinsecamente ligadas ao estudo em Engenharia. Diante disso, todos os
entrevistados relataram ter participado de pelo menos uma atividade extracurricular e
foi consenso entre eles a importância da experiência no processo
de desenvolvimento pessoal e profissional de cada um.
38

• Pergunta 5: Falar um pouco sobre suas experiências de estágio: onde


estagiou? Quais áreas buscou e por que? Alguma matéria ou experiência
anterior influenciou na escolha? Viu alguma diferença de oportunidade (ex.
área mais fácil de entrar)?

Assim como na pergunta anterior, uma vez considerada a diversidade de


experiências como um critério para selecionar os entrevistados, esperava-se também
grande variedade de respostas. A grande maioria, mesmo os que não trabalham na
área técnica, estagiou ao menos uma vez em áreas relacionadas à engenharia civil.
Isso é explicado devido à obrigatoriedade do cumprimento do Estágio Obrigatório
Supervisionado em engenharia civil para a graduação.
Um relato comum nessa seção foi a falta de preparo para executar um trabalho
prático em engenharia civil e o choque ao chegar num ambiente focado
significativamente mais em questões práticas do que teóricas.

4.2.1.3. QUANTO ÀS EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS APÓS A


UNIVERSIDADE

Por fim, os entrevistadores concluíram as entrevistas com perguntas sobre a


trajetória do ex-aluno após se formar na POLI-USP. Foram elas:
• Pergunta 6: Está na mesma empresa/área de quando se formou? Em caso de
mudança, por que mudou?

Essa pergunta tem a função de promover a continuidade da história do


entrevistado em relação a suas experiências de estágio.
Novamente, o grupo coletou grande variedade de respostas. Boa parte dos
entrevistados se mantiveram na mesma área desde que se formaram. Porém, é
interessante observar que muitos dos entrevistados também fizeram uma mudança
de carreira agressiva após a graduação, principalmente os que optaram por não
seguir na área onde concluíram o Estágio Obrigatório.

• Pergunta 7: Caso tenha saído de Civil, o que levou à mudança de carreira?


Algo levaria a voltar?
39

Em geral, os entrevistados não mudariam de área para trabalhar com


engenharia civil. Os que não descartam a mudança, considerariam voltar, caso o
trabalho envolvesse alguma intersecção com o mercado de tecnologia e inovação, o
que evidencia a insatisfação não só com aspectos estruturais do setor como falta de
planos de carreira estruturados e remuneração competitiva, mas também com o
panorama atual e futuro do mercado.

• Pergunta 8: Caso tenha ficado na engenharia civil, algo levaria a sair?

Grande parte dos entrevistados que trabalham com engenharia civil não
consideram a mudança de área e indicaram estarem satisfeitos com suas atuações
profissionais. Esses casos foram justificados pela identificação com a profissão e
prazer em exercê-la. Uma parte, porém, relata que não descartaria uma oportunidade
fora da área, uma vez que esta viesse com uma proposta de emprego com uma
remuneração alta e com plano de carreira estruturado.

• Pergunta 9: Depois de formado, sua percepção sobre o mercado de trabalho


para Engenheiros Civis mudou?

Em geral, foi possível observar que os entrevistados convergiram para duas


respostas com base em suas escolhas profissionais:
i) Um primeiro grupo, composto por pessoas que hoje trabalham em áreas
técnicas, relatou ter se surpreendido positivamente com o mercado uma vez inserido
nele;
ii) Por outro lado, o segundo grupo, composto majoritariamente por pessoas
que não trabalham em áreas técnicas, relatou que a percepção permanece a mesma:
mercado saturado, com salários incompatíveis à realidade dos engenheiros,
ciclicidade do setor e estruturas engessadas dentro das corporações.

• Pergunta 10: Agora formado, o que precisa, na sua opinião, um engenheiro


para ser contratado?

Os fatores mais citados como decisivos para contratação foram:


i) atividades extracurriculares;
40

ii) habilidades de soft skills/comunicação;


iii) vontade/capacidade de aprender;
iv) ferramentas como Excel e/ou outros softwares;
v) diversidade de experiências;
vi) boa base técnica.

• Pergunta 11: Por fim, retomando o tema do nosso TCC, gostaríamos de


entender a sua percepção sobre o assunto: na sua opinião, por quais motivos
os estudantes de engenharia civil da POLI-USP divergem da área técnica?

Os motivos citados pelos entrevistados podem ser classificados, em sua


grande maioria, em dois grupos, são eles: i) motivos relacionados à POLI-USP e ii)
motivos relacionados ao mercado.
Entre os motivos relacionados à POLI-USP estão: desconexão da universidade
com o mercado; falta de matérias práticas, principalmente no início do curso;
influência de colegas de curso,
Os motivos relacionados ao mercado citados foram: precarização da profissão;
salários incompatíveis; mercado imaturo e saturado; ciclicidade do setor; existência
de caminhos mais atrativos e a falta de plano de carreira estruturado nas empresas
do setor.

4.2.2. APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO

Como explicitado anteriormente no item 4.1.3. Análise de conteúdo, o grupo


optou por realizar análise de resultados seguindo a metodologia de Análise de
Conteúdo. Para isso, foram buscadas evidências de cada aspecto a ser analisado no
corpo de respostas.

4.2.2.1. READEQUAÇÃO DE PREMISSAS

Ao iniciar a análise de conteúdo, o grupo percebeu que suas premissas não


estavam de acordo com a metodologia selecionada, dada a exigência de frases que
possam ser comprovadas ou refutadas através do conteúdo estudado. Dessa forma,
foi necessário se realizar uma adequação das premissas originais (presentes no item
41

4.1.2.1. Premissas desse relatório), seguindo as especificações da análise de


conteúdo e resultando no seguinte resultado:

Quadro 5 - Premissas adaptadas

PREMISSAS

As disciplinas oferecidas pela Escola devem se aproximar


umas das outras e dos grupos extracurriculares,
Interdisciplinaridade e extensão
garantindo que construção do conhecimento ocorra de
maneira evolutiva ao longo da faculdade

Os instrumentos pedagógicos devem buscar fortalecer a


Vínculo prático-teórico relação dos conceitos teóricos com a prática,
apresentando de fato o dia-a-dia de um engenheiro civil

As disciplinas devem estar mais próximas do mercado de


construção civil, expondo cada vez mais o aluno a
Conexão com mercado de trabalho
carreiras relacionadas às disciplinas que despertam seu
interesse fora da área acadêmica

Necessidade de mudanças na estrutura do curso,


promovendo a inovação e a adequação ao estilo de
Atualização do curso
aprendizagem dos estudantes, aumentando a motivação
dos estudantes na área da Engenharia Civil.

A Engenharia Civil não apresenta uma remuneração tão


Remuneração competitiva competitiva quanto outras áreas que atraem Engenheiros
Politécnicos, gerando uma evasão de talentos

Os alunos estão muito expostos a outras áreas do


mercado de trabalho e, assim como as disciplinas
deveriam atrair empresas de Engenharia Civil para o dia-
Exposição dos alunos ao mercado
a-dia dos alunos, essas empresas também deveriam se
promover no campus da Escola, como forma de atrair
mão de obra extremamente qualificada

O mercado está voltando a ficar aquecido após a


pandemia, mas acredita-se que a inovação deve estar
Inovação no mercado de trabalho
mais presente para que ele possa crescer
verdadeiramente e apresentar boas oportunidades
42

Fonte: Elaboração própria

4.2.2.2. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Com as premissas readequadas, iniciou-se a análise de conteúdo. O primeiro


passo foi a busca por unidades de contexto, ou seja, referências diretas citadas
durante a entrevista sobre cada uma das premissas definidas. Em seguida, após
analisar todos os trechos encontrados, foram definidos os mais representativos,
sendo utilizados como exemplo de uma opinião consensual. Vale ressaltar que, em
alguns casos, mais de uma unidade de contexto foi selecionada, para garantir a
abrangência de diferentes opiniões sobre um mesmo tema.
O próximo passo foi realizar uma classificação relacionando frequência de
aparecimento nas entrevistas e nível de influência mencionado pelos
formados. Dessa forma, foi possível entender quais aspectos afetaram de fato a
trajetória dos entrevistados no âmbito da escolha de carreira, observando as
afirmações de maneira isolada para esse tema.
Para isso, o grupo realizou dois trabalhos. O primeiro foi contar a frequência
de aparição de cada premissa nas entrevistas. Já o segundo foi mensurar a
importância de cada premissa, dividindo as citações entre fatores decisivos,
relevantes e irrelevantes, de forma a caracterizar seu nível de influência.
Essa classificação serviu como base na geração de hipóteses para a criação
do questionário, que mediu a opinião quantitativa de um grupo maior de antigos
alunos. No Quadro 6, é apresentado o ranqueamento de premissas atualizadas, e o
processo completo para a geração dessa classificação está descrito em detalhes no
Anexo II.
43

Quadro 6 - Premissas ranqueadas

Fonte: Elaboração própria

4.3. PANORAMA QUALITATIVO FINAL

4.3.1. ANÁLISE GERAL

Analisando coletivamente todos os dados, chega-se em uma visão geral,


comparando-os com as premissas desenvolvidas na fase pré-entrevistas. Assim, foi
definido um ponto de partida: os fatores citados eram relacionados à graduação ou
ao mercado de trabalho e foram agrupados dessa forma. Embora os resultados
obtidos sejam os mesmos colocados pelo grupo, a intensidade com que apareceram
foi diferente do que era inicialmente esperado.
Por isso, é necessário enfatizar que a impressão retirada das respostas é que
o mercado de trabalho exerce uma maior influência na escolha de carreira do que a
POLI-USP ou o curso em si.
Vale ainda citar os motivos que fazem o mercado de trabalho ser a maior
influência na trajetória do Engenheiro Civil. O primeiro deles é a presença de plano
de carreira estruturado em outras áreas de atuação, enquanto na engenharia civil é
necessária uma maior proatividade para se trilhar esse mesmo caminho. Além disso,
é evidente que a forte remuneração aplicada em setores como mercado financeiro e
consultoria estratégica atrai muitos alunos, que são expostos a esse mercado pela
capacitação que possuem.
Ainda assim, foram encontrados pontos comuns na experiência dos formados
na Escola Politécnica, sendo que a grande maioria considera que o ponto alto da sua
graduação esteve relacionado à alguma atividade extracurricular, e não à atividade
acadêmica. Esse aspecto é atrelado justamente à questão teoria versus prática, uma
44

vez que os alunos conseguem ter uma experiência mais parecida com o mercado de
trabalho dentro das extensões e, consequentemente, conseguem experienciar melhor
suas opções de carreira.

4.3.2. DOIS CAMINHOS E DOIS PERFIS

Dado esse contexto, ainda é necessário definir uma divisão clara da análise de
conteúdo: a diferença entre aqueles que foram para carreiras relacionadas
diretamente com Engenharia Civil e aqueles que foram para Outras Áreas, a partir de
agora chamados de EC e OA, respectivamente. Mesmo com essa divisão, os pontos
de conclusão da análise ainda não eram diferentes: o problema maior está
relacionado com o mercado de trabalho, mas também não se pode descartar a
influência da POLI-USP.
O que segmenta os dois grupos é o seu olhar para a dada situação, como
mostrado no Quadro 7. Enquanto os entrevistados do grupo EC expressavam que,
mesmo com a dificuldade presente no mercado de trabalho técnico, ainda era
possível encontrar boas oportunidades com remunerações e desenvolvimento de
carreira satisfatórios, o grupo OA expressava os problemas do mercado de
engenharia civil com mais ênfase e com pouca esperança de mudança.
Em relação à experiência universitária, os dois grupos apresentaram
comportamentos mais convergentes, ambos relataram a dificuldade com o curso
juntamente com pontos similares de dor, como a alta carga horária. Porém, foi
claramente perceptível a oposição de reações entre EC e a OA. No primeiro, o relato
mais comum é a demonstração de ânimo para continuar estudando e performar acima
da média nas matérias. Já no segundo, relatava-se mais o desânimo para realmente
aprender os assuntos propostos, de forma que realizavam o esforço necessário
apenas para serem aprovados nas disciplinas, dando menos atenção para a
aprendizagem de fato.
Com esse parecer, é interessante aprofundar ainda mais essa análise, guiando
parte da segunda fase do TCC para entender se o comportamento observado e
mencionado pode ser generalizado para um conjunto cada vez maior de estudantes
de engenharia civil na POLI-USP. Caso isso seja comprovado, o processo de
identificação de métodos de solução para esses problemas ocorre de forma mais
45

rápida, permitindo que haja menos migração de alunos para o grupo OA, o que seria
amplamente benéfico para a engenharia civil do país.

Quadro 7 - Resumo da análise qualitativa

EC OA

Percepção sob Otimista acerca das


Pouca esperança de mudança
o mercado oportunidades

Ânimo para performar Desânimo acadêmico, mas


Experiência
academicamente e com ânimo com extracurriculares e
universitária
extracurricular e extensões extensões

Fonte: Elaboração própria


46

5. ANÁLISE QUANTITATIVA
5.1. METODOLOGIA

5.1.1. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Finalizada a análise qualitativa realizada a partir das entrevistas, o grupo


avançou para a pesquisa quantitativa a fim de validar as conclusões tiradas com base
estatística. Retomando a classificação de Oliveira e Giraldi (2020), como feito
anteriormente no item 4.1.1. Procedimento metodológico, o referido trabalho é
caracterizado de maneira muito semelhante, mudando apenas um dos tópicos:

• Quanto à natureza do método:


o Pesquisa quantitativa: Procedimentos sistemáticos para a descrição e
explicação de fenômenos, com uso de métodos estatísticos;

Para atingir os objetivos propostos pelo estudo, foram realizadas as seguintes


etapas metodológicas: definição da questão de pesquisa, a elaboração de um quadro
teórico sobre o tema escolhido, a validação do questionário, a coleta de dados e, por
fim, a realização da análise e construção de um panorama quantitativo.

5.1.2. LEVANTAMENTO DE DADOS E QUESTIONÁRIO

De forma análoga ao realizado anteriormente na pesquisa qualitativa, a


escolha do público-alvo foi mais uma vez delimitada por engenheiros civis formados
na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo há no máximo 5 anos, pelas
mesmas razões apresentadas para no item 4.1.2.2.1 Seleção do perfil dos
entrevistados.
O questionário foi elaborado com 27 perguntas separadas por seções e foi o
elemento principal da pesquisa, pois era esse instrumento que continha as questões
que levaram à obtenção dos dados.
O objetivo era aprofundar o conhecimento sobre o comportamento dessa
população e validar as conclusões presentes no item 4.3.2. Dois caminhos e dois
perfis, de modo que a investigação dessas informações pudesse ser útil no
47

diagnóstico de problemas relacionados à situação da engenharia civil atualmente no


país, bem como perspectivas futuras para os próximos anos.
Sendo assim, o questionário aborda questões semelhantes às apresentadas
no item 4.1.2.2.3. Elaboração do roteiro, investigando de forma cronológica a trajetória
dos formados. Assim, ele foi separado em perfil do entrevistado, experiência durante
a formação acadêmica, prática do curso de engenharia civil na POLI-USP, preparo
dos profissionais para o mercado de trabalho, experiências com mercado de trabalho,
renda, perspectivas de mercado, entre outros. A estrutura do formulário, com as
perguntas contidas em cada uma das seções, está melhor detalhada no Anexo VII.
Conforme dito, a coleta de dados foi realizada por meio de questionários, que
foram divulgados aos ex-alunos através de redes sociais (Linkedin, Facebook,
WhatsApp e Instagram) e enviados via e-mail, com o apoio da Associação dos
Engenheiros Politécnicos. O formulário ficou disponível para respostas entre os dias
16 de outubro de 2022 a 10 de dezembro de 2022.
A ferramenta utilizada para a elaboração do questionário foi o Google
Formulários, plataforma que permite a criação de formulários dinâmicos e de fácil
visualização e, além disso, permite a compilação automática das respostas,
facilitando sua visualização e apresentação. Outra funcionalidade da ferramenta é
salvar as respostas obtidas diretamente na “nuvem”, protegendo assim o banco de
dados de possíveis problemas.

5.1.3. ANÁLISE DO FORMULÁRIO

Para a análise quantitativa, o grupo utilizou de base de dados primária, ou seja,


levantamentos próprios obtidos a partir dos resultados do questionário. Como as
perguntas foram elaboradas pelo próprio grupo, isso permite facilidade na codificação
e análise, além da plataforma do Google Formulários ser um facilitador.
A maioria das perguntas é de múltipla escolha e, além das alternativas dadas,
há um campo para os respondentes adicionarem respostas alternativas quando
apropriado.
Em algumas das questões foi utilizada uma escala do tipo Likert, dividida em
cinco partes, que foram aplicadas às questões analisadas neste trabalho através do
Quadro 8:
48

Quadro 8 - Escala Likert com cinco seções (Adaptado)

Insatisfeito 1 2 3 4 5 Satisfeito

Não tinha Dominava o


conhecimento assunto

Praticamente não Tive muito


tive contato contato com a
área

Muito Muito preparado


despreparado

Mais generalista Mais


especializado

Mais superficial Mais aprofundado

Me aproximou da Me distanciou da
engenharia civil engenharia civil

Mais teórica Mais prática

Fonte: Elaboração própria

Diante disso, o tratamento dos dados foi feito de forma estatística. Foram
obtidas 143 respostas, porém apenas 113 foram consideradas nas análises abaixo,
uma vez que 30 respondentes estavam fora do público-alvo pré-estabelecido, ou seja,
Engenheiros Civis formados pela POLI-USP com no máximo 5 anos de formatura.
Vale ressaltar que parte da análise seguiu a abordagem conduzida por
hipóteses. Isso torna possível testar se a diferença anteriormente encontrada na
primeira parte do Trabalho de Conclusão de Curso se mostrava válida para uma
população maior, como mencionado no item 4.3.2. Dois caminhos e dois perfis. Em
outras palavras, foi utilizado como hipótese que existia uma diferença comportamental
entre aqueles que estão em carreiras ainda relacionadas a Engenharia Civil (grupo
EC) e aqueles que estão em Outras Áreas do mercado de trabalho (grupo OA).
49

Com essa segmentação, as análises foram realizadas primeiramente


observando o grupo como um todo e posteriormente com essa divisão proposta.
Assim, seria possível validar ou negar a conclusão obtida anteriormente no TCC 1.

5.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

5.2.1. SOBRE O RESPONDENTE

Nesta primeira seção, o objetivo era entender o contexto do respondente com


informações como idade, cidade natal, cidade onde mora atualmente, ano de ingresso
e formatura na POLI-USP.
Primeiro, foi analisado o número de respostas por cada ano de formatura,
(Gráfico 1) separado primeiro nos anos de 2021 a 2017, público-alvo da pesquisa, e
depois as demais respostas foram aglutinadas como “Outros”. O número total de
respostas foi 143, mas incluindo 30 respostas de formados antes de 2017. Assim, o
número total de respostas analisadas foi de 113, como mostrado no Gráfico 1.
Percebe-se uma concentração de respostas de formados em 2021, explicado
pela proximidade dos respondentes com o grupo. Considerando o período de 2017 a
2020, percebe-se um número parecido de participantes entre os anos.

Gráfico 1 – Total de respondentes divididos por ano de ingresso

53

30

20
15
12 13

Outros 2017 2018 2019 2020 2021

Fonte: Elaboração própria

Agora, analisando apenas os 113 por ano de ingresso (Gráfico 2), constata-se
que há três anos com maior número de respondentes, 2014, 2016 e 2017. Os dados
50

se relacionam com os dados mostrados no Gráfico 1, uma vez que o curso possui
uma duração ideal de cinco anos, mas pode ser realizado em no máximo de 7 anos
e meio ou de 9 anos, considerando a Estrutura Curricular 3 e Estrutura Curricular 2,
respectivamente.

Gráfico 2 - Respondentes divididos por ano de ingresso

27
25

20

15
13
11

1 1

2007 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Elaboração própria

Em relação ao gênero dos respondentes (Gráfico 3), como esperado, obteve-


se uma maioria de homens (73%). Porém, aplicando a divisão de grupos proposta no
item 5.1.3 Análise do formulário, a disparidade entre homens e mulheres é diferente
quando se analisa os grupos de respondentes EC e de OA. No primeiro caso, obteve-
se 38% de público feminino, enquanto no segundo apenas 20%.

Gráfico 3 - Respondentes divididos gênero e por grupo de análise proposto

82

52

31 30
18
13

Masculino Feminino EC - M EC - F OA - M OA - F
(M) (F)

Fonte: Elaboração própria


51

Ademais, a respeito da cidade natal (Gráfico 4), 63% dos respondentes são de
São Paulo, enquanto 88% dizem morar atualmente na cidade. Isso indica que uma
parcela considerável de ex-alunos vem de outras cidades estudar na POLI-USP e é
comum que continuem em São Paulo após ingressar no mercado de trabalho,
independente da área de atuação, enquanto a segunda maior parte corresponde a
pessoas que não moram no Brasil.

Gráfico 4 – Respondentes por cidade natal e cidade de moradia

71
100

42

9
4

São Paulo Outras cidades São Paulo Fora do Brasil Outras cidades

Fonte: Elaboração própria

Por fim, quanto à área de atuação e quantificando a população de cada grupo


proposto (Gráfico 5), o EC representa 42,5% dos respondentes, isto é, 48 formados
trabalham com engenharia civil, enquanto os outros 57,5% (65 formados) estão
dentro do grupo OA, por trabalharem em áreas não relacionadas, em destaque 20%
no Mercado Financeiro, 13% em funções administrativas e 13% em Consultoria
Estratégica.
52

Gráfico 5 - Respondentes por área de atuação

48

23
15 15
12

Engenharia Mercado Corporativo Consultoria Outros


Civil Financeiro estratégica

Fonte: Elaboração própria

5.2.2. SOBRE O TRABALHO COM ENGENHARIA CIVIL

No item 5.2.2. Sobre trabalho com engenharia civil, foram estudadas as áreas
para onde os respondentes dentro do grupo EC vão atuar depois de formados.
Pelo resultado do questionário (Gráfico 6), 44% dos respondentes indicaram
que trabalham com Projetos, enquanto 17% trabalham com Incorporadoras e Real
Estate e 13% trabalham em Gestão de Obras.

Gráfico 6 - Respondentes que trabalham com Engenharia Civil divididos por segmentos do
mercado

21

8
6 6
3
2 2

Projetos Gestão de Incorporador Engenharia Real Estate Acadêmico Outros


obras de
Transportes

Fonte: Elaboração própria


53

De forma resumida, as informações trabalhadas nos itens 5.2.1. Sobre o


respondente e 5.2.2. Sobre o trabalho com engenharia civil aparecem no Quadro 9,
abaixo.

Quadro 9 - Resumo dos itens 5.2.1. e 5.2.2.

Fonte: Elaboração própria

5.2.3. VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES

Nessa seção, o grupo trouxe sete afirmações relacionadas às premissas


levantadas na primeira fase do trabalho. O objetivo era validar, por meio da escala
Likert, se tais premissas eram verdadeiras no contexto do politécnico. Os
respondentes deveriam selecionar um número de 1 a 5, sendo 1 correspondente a
“Discordo totalmente” e 5 a “Concordo totalmente”. As respostas foram condensadas:
em Discordo (para quem selecionou 1 e 2), Neutro (3) e Concordo (4 e 5) para facilitar
a leitura da tabela, a qual pode ser observada em sua versão completa no Anexo IV.
A partir da análise da Tabela 1, observa-se que a maioria dos respondentes
discorda das afirmações criadas pelo grupo baseadas nas premissas iniciais. Além
disso, conclusões relevantes são obtidas à medida em que as respostas são
analisadas segmentadas entre os grupos EC e OA.
54

Na primeira premissa, pode-se observar que, no geral, os grupos de extensão


e as atividades extracurriculares não incentivaram os respondentes a seguirem no
mercado de engenharia civil. Entretanto, quando olhamos apenas para o primeiro
grupo, o cenário é mais equilibrado entre as respostas possíveis.
O mesmo comportamento é observado na segunda premissa, em que as
respostas das pessoas pertencentes ao EC quanto à adequação do vínculo teórico-
prático estão bem divididas. Por outro lado, os integrantes do grupo OA
predominantemente discordam que a prática passada em sala de aula se adequa ao
que é demandado no mercado de trabalho.
Na terceira afirmação, a grande maioria das respostas convergiu para a
conclusão de que as disciplinas não permitem entender o dia a dia de um engenheiro
civil. Na quarta afirmação, aproximadamente 40% do grupo EC se posicionou de
forma neutra quanto à inovação em sala de aula, mas, ainda assim, 61% das
respostas totais sentem falta da inovação em sala de aula.
As três últimas afirmações, como dito anteriormente, estão mais relacionadas
ao mercado de trabalho do que à POLI-USP. Na primeira delas, sobre o pacote de
compensação, 50% do grupo EC e 86% do grupo OA acreditam que a engenharia
civil deveria ser melhor remunerada.
Na sexta afirmação, o cenário foi similar para ambos os grupos, em torno de
65% dos respondentes acreditam que tiveram menos contato com empresas de
engenharia civil do que com empresas de outras áreas. Por fim, na última premissa,
observa-se que 79% do grupo OA está insatisfeito com o nível de atualização do
mercado de engenharia civil, contra apenas 46% do grupo EC.
55

Tabela 1 - Classificação das hipóteses

Média
GRUPO Discordo Neutros Concordo
simples
Os grupos de extensão e atividades extracurriculares me incentivaram a seguir no mercado
de engenharia civil (Ex: intercâmbio, IC, centro acadêmico etc.)
Geral 2.64 49.6% 23.9% 26.5%
Engenharia Civil (EC) 2.98 39.6% 20.8% 39.6%
Outras áreas (OA) 2.38 56.9% 26.2% 16.9%
A teoria passada em sala de aula se adequava aos conhecimentos práticos necessários no
mercado de trabalho
Geral 2.80 40.7% 33.6% 25.7%
Engenharia Civil (EC) 3.04 31.3% 37.5% 31.3%
Outras áreas (OA) 2.62 47.7% 30.8% 21.5%
As disciplinas me permitiram conhecer o dia a dia no mercado de trabalho, facilitando a
transição entre vida acadêmica e profissional
Geral 2.05 71.7% 20.4% 8.0%
Engenharia Civil (EC) 2.17 64.6% 27.1% 8.3%
Outras áreas (OA) 1.97 76.9% 15.4% 7.7%
A estrutura do curso e o estilo de aulas promoviam a inovação e estimulavam o meu
aprendizado
Geral 2.27 61.1% 27.4% 11.5%
Engenharia Civil (EC) 2.40 52.1% 39.6% 8.3%
Outras áreas (OA) 2.17 67.7% 18.5% 13.8%
Os pacotes de compensação oferecidos na área de Engenharia Civil são atrativos para mim
Geral 2.00 70.8% 18.6% 10.6%
Engenharia Civil (EC) 2.52 50.0% 31.3% 18.8%
Outras áreas (OA) 1.62 86.2% 9.2% 4.6%
Meu contato com empresas e oportunidades na Engenharia Civil foi tão próximo quanto com
empresas de outras áreas
Geral 2.27 65.5% 14.2% 20.4%
Engenharia Civil (EC) 2.44 64.6% 10.4% 25.0%
Outras áreas (OA) 2.14 66.2% 16.9% 16.9%
O nível de atualização do mercado de Engenharia Civil me motiva a trabalhar na área
Geral 2.06 64.6% 26.5% 8.8%
Engenharia Civil (EC) 2.56 45.8% 37.5% 16.7%
Outras áreas (OA) 1.69 78.5% 18.5% 3.1%

Fonte: Elaboração própria


56

5.2.4. SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DURANTE A GRADUAÇÃO NA


POLI-USP

Nessa seção, o grupo explorou as experiências vividas durante a graduação


na POLI-USP, como atividades de extensão, abordagem de ensino e estrutura
acadêmica.
A extensão, por sua vez, funciona como um espaço estratégico que promove
a integração da atividade acadêmica entre diferentes áreas do conhecimento,
fortalece a interdisciplinaridade, promovendo a reflexão sobre questões sociais
existentes e a preparação profissional para o mercado de trabalho.
No total, os formados responderam que participaram de 262 atividades,
excluindo as quatro respostas “Não realizei” (Gráfico 7). Para facilitar a pesquisa, as
duas modalidades de intercâmbio da POLI-USP – Aproveitamento de Estudos e
Duplo Diploma – foram analisadas unicamente na resposta “Intercâmbio”. Além disso,
a opção “Empresa Júnior” se refere apenas às atividades não relacionadas com
engenharia civil (em caso positivo, o formado optaria por “Extensão em engenharia
civil). Por último, atividades que foram respondidas apenas uma vez foram agrupadas
em “Outras atividades”, sendo elas SeTEC (Semana Temática de engenharia civil),
Grupos Culturais (Dança e/ou Teatro), iPoli, Poli Racing, Amigos da Poli e Extensão
fora da área de engenharia civil.
Primeiramente, isso significa uma média de 2,4 atividades por respondente
(excluindo os 4 ex-alunos que não realizaram nenhuma atividade), indicando que os
alunos da POLI-USP são engajados com as atividades extracurriculares disponíveis.
Considerando o total de respostas, as atividades que mais foram realizadas são
Iniciação Científica (IC), Centro Acadêmico, Intercâmbio, Extensão em Engenharia
Civil, Esporte e Trabalho Social, que juntas representam 72% das atividades
realizadas pelo grupo.
Depois da exclusão dos 4 formados que não realizaram nenhuma atividade,
sobraram 46 formados no grupo EC e 63 no OA. Assim, analisando as respostas
separadamente, percebe-se que o grupo EC realizou 132 atividades, uma média de
2,9 por pessoa. Já no grupo OA, os ex-alunos realizaram 134 atividades, o que dá
uma média de 2,0 atividades por formado. Juntando essa informação com os dados
da primeira pergunta da Tabela 1, é perceptível que os respondentes do grupo OA
57

não só fazem menos atividades extracurriculares, mas também acreditam que realizar
tais atividades não influencia na decisão de carreira.

Gráfico 7 - Participação dos respondentes em grupos de extensão mencionados

49

41
38
19

31
28
18
30 22
15
14

30
11 13 12

20 7 6
7 6
16 14
5 4 4
11 11 3 3
7 3
6 6 4 2
2 3

EC OA

Fonte: Elaboração própria

Focando na influência que cada atividade promoveu na decisão de carreira dos


respondentes, é possível que não foram todas as extensões que causaram impacto
(Gráfico 8). Um exemplo claro são os esportes, que por mais que tivessem presentes
na vida de 23% dos respondentes, apenas 3 deles consideraram sua participação
relevante para a escolha de carreira. Percebe-se também que o número de respostas
“Não realizei” aumentou de 4 para 7, ou seja, por mais que 3 respondentes tenham
feito atividades extracurriculares, elas não tiveram um peso na hora de decisão de
carreira.
Outro ponto relevante, considerando o total de respostas, a média de
atividades que impactaram a carreira foi de 1,2 por respondente. Assim, conclui-se
que, por mais que os alunos pratiquem uma série de atividades extracurriculares,
apenas uma, em média, será realmente significante na escolha de carreira. As
principais extensões indicadas pelos respondentes foram Intercâmbio, Iniciação
58

Científica e Centro Acadêmico, que acumuladas representam 60% das atividades que
influenciaram o grupo na decisão de carreira.
Realizando o mesmo raciocínio estabelecido na análise do Gráfico 7, o grupo
EC ainda possui os mesmos 46 integrantes, enquanto o grupo OA agora possui
apenas 60. Na média, o número de extensões que exerceram influência no primeiro
grupo é de 1,4, enquanto no segundo, 1,0, o que mais uma vez ratifica a menor
participação e menor influência nos formados que não seguiram a carreira técnica da
área.

Gráfico 8 - Influência de grupos de extensão selecionados na decisão de carreira

28
26
24
5
13

18
12

21
5 8
7
15 6
5
6 3 3 3 5
7 4 2
6 4 1 1
2
2 2 1 1 2

EC OA

Fonte: Elaboração própria

No Gráfico 9 é mostrado a influência de forma percentual de cada uma das


extensões selecionadas, ou seja, a divisão do número de respondentes que indicaram
que a atividade influenciou sua escolha de carreira dividido pelo número total de
formados que participaram da atividade.
É notável que a maioria das extensões possui um comportamento distinto entre
os grupos EC e OA, com exceção do “Intercâmbio” e “Grupo de Finanças”, uma vez
que ambos possuem uma diferença menor de 5 pontos percentuais entre os grupos.
Mas, como 38 formados realizaram alguma modalidade de intercâmbio, enquanto
apenas 5 realizaram “Grupo de Finanças”, a intensidade que o primeiro tem sobre a
59

escolha de carreira se sobressai em comparação ao segundo, tornando-se evidente


a importância do intercâmbio para aqueles que o fazem.
Por outro lado, é preciso destacar as atividades que possuem efeitos opostos
nos grupos propostos, corroborando para a decisão de carreira em um grupo e não
influenciando em outro. Destaca-se, entre elas, Iniciação Científica, Empresa Júnior
e Extensão em engenharia civil.
Exemplificando, a Iniciação Científica (IC) influenciou na decisão daqueles que
optam por carreiras técnicas, ou seja, dos integrantes do EC. A hipótese que melhor
explicaria esse fenômeno é que a IC tem o papel de mostrar facetas mais
aprofundadas e práticas do mercado de trabalho de interesse, o que faz menor
sentido na visão daqueles que procuram outros caminhos profissionais. Isso acontece
de forma análoga em relação a Extensão em engenharia civil e forma contrária no
caso de Empresa Júnior. Vale ressaltar também que, para a extensão em engenharia
civil, também se percebe outro fator importante, sendo esse a possibilidade de atuar
em cargos não diretamente ligados à engenharia civil, mesmo estando em uma
extensão mais técnica.

Gráfico 9 - Influência percentual de grupos de extensão selecionados na decisão de carreira

100% 100% 100% 100%

86%
75%
72% 70%
74%
64% 62%
60% 59%
55% 55%
53% 50% 50%
45%

33% 29% 33%


26% 29%
25% 29%
21% 25%
14% 13%
10%
6%

OA EC Total

Fonte: Elaboração própria


60

Em relação às abordagens de ensino e estrutura acadêmica, foram feitas as


perguntas descritas na Tabela 2. As respostas foram novamente agrupadas por meio
da escala Likert. A maior parte dos entrevistados respondeu que o ensino na POLI-
USP deveria ter uma abordagem voltada mais para o ensino prático, sendo esse um
claro ponto de convergência entre os dois grupos.
Métodos que utilizam aulas práticas aliadas a abordagens teóricas tradicionais
configuram-se como meios potencialmente eficazes dessa transferência de
conhecimento, uma vez que a prática dá forma e concretude ao conteúdo teórico
aprendido, preparando o aluno para o ingresso no mercado de trabalho. O curso
poderia incluir mais experiências fora do ambiente da sala de aula, com visitas a
projetos em andamento para examinar terrenos, métodos construtivos, hidráulica,
elétrica e instalações sustentáveis. As chamadas visitas supervisionadas (sempre
acompanhadas por professores das disciplinas ou mesmo coordenadores de curso),
estudos de caso, trabalhos práticos e laboratórios deveriam ser mais explorados,
conforme visto nas respostas do questionário.

Tabela 2 - Classificação das respostas sobre abordagens de ensino

Média
GRUPO 1-2 3 4-5
simples
Com base na sua experiência, em relação ao cenário acadêmico atual, o ensino na POLI-USP deveria se
aproximar de uma abordagem mais teórica (1) ou mais prática (5)?
Geral 3.90 7.1% 24.8% 68.1%
Engenharia Civil (EC) 3.83 8.3% 29.2% 62.5%
Outras áreas (OA) 3.95 6.2% 21.5% 72.3%
Como o nível de conteúdo prático interferiu na sua decisão de carreira? Sendo 1 pouco e 5 muito
Geral 3.20 25.7% 33.6% 40.7%
Engenharia Civil (EC) 2.71 41.7% 37.5% 20.8%
Outras áreas (OA) 3.57 13.8% 30.8% 55.4%
Dado o mercado de Engenharia Civil, além da área acadêmica, o quão preparado você se sente para
exercer função de Engenheiro Civil? Sendo 1 pouco e 5 muito
Geral 2.68 48.7% 23.9% 27.4%
Engenharia Civil (EC) 3.06 33.3% 27.1% 39.6%
Outras áreas (OA) 2.40 60.0% 21.5% 18.5%
Você acredita que o curso de Engenharia Civil deveria ser mais generalista (1) ou especializado (5)?
61

Média
GRUPO 1-2 3 4-5
simples
Geral 2.93 33.6% 33.6% 32.7%
Engenharia Civil (EC) 3.08 33.3% 27.1% 39.6%
Outras áreas (OA) 2.82 33.8% 41.5% 24.6%
Você acredita que o curso de Engenharia Civil deveria ser mais superficial (1) ou aprofundado (5)?
Geral 3.56 10.6% 38.1% 51.3%
Engenharia Civil (EC) 3.81 10.4% 25.0% 64.6%
Outras áreas (OA) 3.37 60.0% 21.5% 18.5%
Fonte: Elaboração própria

De acordo com os respondentes, o início do módulo acadêmico,


especialização em uma área da engenharia civil, que hoje ocorre a partir do quinto
ano, deveria ocorrer a partir do quarto ano da graduação (Gráfico 10). É possível ver
que isso é uma convergência entre os dois grupos EC e OA, o primeiro concentrando
46% dos respondentes, enquanto o segundo, 51%.
Ainda assim, embora o modelo atual estabelecido pela POLI-USP não pareça
estar desagradando os formados, visto que foi a segunda opção mais escolhida entre
os respondentes, há diferença de comportamento em relação aos grupos EC e OA.
Analisando as opções “A partir do quinto ano” e “A partir do terceiro ano”, é notável
que grupo de formados que hoje trabalham em áreas técnicas preferem começar a
especialização mais tarde em comparação aqueles que trabalham em outros
segmentos.
Isso pode ser relacionado com a maior especificidade que o curso teria, caso
o módulo começasse antes. Em outras palavras, quanto mais cedo o módulo começa,
mais específicas são as matérias, o que torna o aprendizado mais focado, exigindo
menos conhecimento de áreas menos interessantes para os estudantes.
62

Gráfico 10 - Respostas sobre o módulo acadêmico

55

33
29
24
15
16
22 5
14
8 4
A partir do quarto ano A partir do quinto ano A partir do terceiro ano Não deveria haver
especialização

EC OA

Fonte: Elaboração própria

De forma resumida, as informações trabalhadas no item 5.2.4. Sobre as


experiências durante a graduação na POLI-USP aparecem no Quadro 10, abaixo.

Quadro 10 - Resumo das informações do item 5.2.3.

Fonte: Elaboração própria


63

5.2.5. SOBRE AS EXPERIÊNCIAS NO MERCADO DE TRABALHO

As perguntas nessa seção estão relacionadas diretamente com experiências


vividas no mercado de trabalho. Para garantir anonimato e conforto dos
respondentes, algumas das perguntas não eram obrigatórias, como nome da
empresa e faixa salarial anual. Nesse conjunto de análises, destaca-se a importância
da segmentação dos grupos EC e OA, uma vez que as maiores influências na escolha
de carreira encontradas pelo TCC 1 giram em torno dos tópicos relacionados ao
mercado de trabalho.
A primeira consideração sobre a distribuição dos respondentes por faixa
salarial anual (FSA) é que apenas 82 dos 113 respondentes se sentiram confortáveis
em compartilhá-la na pesquisa. Analisando os grupos de forma separada, o grupo OA
possui 51 respostas válidas, enquanto o grupo EC, 31 respostas (Gráfico 11).

Gráfico 11 - Segmentação por tipos de respostas nos grupos propostos

82

51

31 29

13 16

1 1 2

Respostas válidas Não se aplica Prefiro não responder

OA EC Total

Fonte: Elaboração própria

Agora, analisando apenas as respostas válidas, percebe-se que os formados


se concentram na FSA entre R$120.0001 e R$160.000, independente do grupo
proposto. Entretanto, comparando a distribuição EC e OA, é perceptível que o
primeiro se concentra em faixas menores do que o segundo (Gráfico 12). Essa
informação comprova a hipótese de que o mercado de trabalho de outros segmentos
remunera melhor os politécnicos formados em engenharia civil do que o mercado
mais técnico.
64

Gráfico 12 - Distribuição dos respondentes por grupo e por faixa salarial anual (FSA) [R$ mil]

OA 8% 14% 24% 25% 10% 8% 12%

EC 10% 26% 29% 16% 10% 6% 3%

Total 9% 18% 26% 22% 10% 7% 9%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

FSA > 40 40 < FSA < 80 80 < FSA < 120 120 < FSA < 160
160 < FSA < 200 200 < FSA < 240 FSA > 240

Fonte: Elaboração própria


Para finalizar a análise salarial, foi realizada uma separação por ano de formatura,
visando identificar possíveis diferenças de senioridade (Gráfico 13). Foi calculado um
salário anual médio (SAM) para cada grupo proposto e para cada ano de formatura
estudado, através de uma média ponderada utilizou os valores médios das FSA como
os valores de cálculo e o número de formados como os pesos, como aprofundado no
Anexo VIII.
Vale ressaltar que o número de formados diminui consideravelmente conforme
os anos de formatura vão se distanciando do presente, chegando a apenas 4
respostas em 2017 contra 44 respostas em 2021. Isso contribui para que as análises
sejam mais bem fundamentadas nos anos mais recentes, uma vez que há mais
disponibilidade de dados para serem analisados.

Gráfico 13 - Média ponderada das FSA por ano de formatura

250
41% 50%

193 198
180 31%
40%

200

153 160 24% 30%

140 135
150

21%
108
20%

103 10%

87
100

0%

50

-10%

-15%
0 -20%

EC OA EC OA EC OA EC OA EC OA
2017 2018 2019 2020 2021

Salário anual médio (SAM) Delta (OA/EC)

Fonte: Elaboração própria


65

Entretanto, é necessário continuar com o objetivo da análise. Assim, após a


segmentação, percebe-se que o SAM do grupo OA foi superior ao do grupo EC em
todos os anos no período de 2018 a 2021. Essa diferença foi, em média, de 29% e
atingiu seu pico com os formados de 2019 – com uma diferença de 41%. Isso indica
que os formados do grupo OA não só começam a trajetória profissional ganhando
mais que os do grupo EC, como também permanecem sendo melhor remunerados
durante os anos iniciais de suas carreiras.
O cenário construído nos Gráfico 12 e Gráfico 13 reflete as respostas
apresentadas na Tabela 3, sobre satisfação tanto com a compensação atual quanto
com o pacote de benefícios. Para facilitar a análise e apresentação, as respostas
foram agrupadas em: Insatisfeito (para quem selecionou 1 e 2), Neutro (3) e Satisfeito
(4 e 5). Respondentes que trabalham no grupo OA apresentam maior satisfação em
ambos os campos, principalmente nos benefícios (engenharia civil com 42%
insatisfeitos contra 77% de satisfeitos de Outras Áreas).

Tabela 3 - Classificação das respostas sobre satisfação de compensação atual e benefícios

Média
GRUPO 1-2 3 4-5
simples
Você se sente satisfeito com a sua compensação atual? Sendo 1 muito insatisfeito e 5 muito
satisfeito
Geral 3.89 10.6% 22.1% 67.3%
Engenharia Civil (EC) 3.67 18.8% 22.9% 58.3%
Outras áreas (OA) 4.05 4.6% 21.5% 73.8%
Você está satisfeito com seu pacote de benefícios? Sendo 1 muito insatisfeito e 5 muito
satisfeito
Geral 3.92 17.7% 20.4% 61.9%
Engenharia Civil (EC) 3.63 41.7% 37.5% 20.8%
Outras áreas (OA) 4.11 4.6% 18.5% 76.9%

Fonte: Elaboração própria

A diferença da percepção dos formados em relação ao pacote de benefícios


(Tabela 3) se consolida pelas informações retiradas da análise do Gráfico 14. Logo,
analisando o total de respostas válidas (excluindo aqueles que apontaram que não
recebiam benefícios), é notória a diferença entre o número de benefícios recebidos
66

entre os grupos EC e OA, uma vez que o primeiro grupo apontou 158 benefícios
ganhos, enquanto o segundo, 341 benefícios. Portanto, a média é de 4,2 benefícios
para cada respondente do grupo EC contra 5,4 do OA.

Gráfico 14 - Número total de benefícios e respostas válidas por grupo

499

158

341
101
38
63

Total de benefícios Respostas válidas

OA EC

Fonte: Elaboração própria


O panorama geral não mostra diferenças relevantes nos tipos de benefícios,
sendo que os que mais apareceram foram Plano de saúde e Vale Refeição. Contudo
nota-se uma predominância dos formados de Outras Áreas em relação aos de
Engenheira Civil em alguns benefícios específicos (Gráfico 16).

Gráfico 15 - Número de respostas para cada benefício selecionado

86 78
68 67 64
54
47

32

Fonte: Elaboração própria

Primeiramente, sabe-se que o grupo EC representa 38% da população,


enquanto o OA representa 62%, de acordo com os dados do Gráfico 14. Com isso,
67

percebe-se que em todos os benefícios o grupo OA é percentualmente maior do que


ele é na amostra, o que significa que esse grupo recebe uma maior quantidade
quando comparado ao EC. Isso se exemplifica nos benefícios Bônus, Vale
Alimentação e Auxílio Transporte (inclui Vale Transporte e/ou Estacionamento no
Local), que apresentam uma diferença aproximada de 10 pontos percentuais em
relação à amostra.
Conclui-se, assim, que a insatisfação não se dá apenas pelo benefício em si,
mas pela quantidade de benefícios recebidos.
Gráfico 16 - Porcentagem de cada grupo de respondentes para benefícios selecionados

86%
82%
74% 74%
68%
63%
52% 55% 52%
42% 40% 42% 38%
27% 31%
25%

3% 2%

Plano de Vale Refeição Bônus Auxílio Plano Seguro de Vale Curso de Outros
saúde transporte odontológico vida alimentação capacitação benefícios

OA EC

Fonte: Elaboração própria

Quanto ao contato com o mercado de trabalho durante a graduação, tanto em


relação às áreas de atuação como em relação às empresas do setor de engenharia
civil, conclui-se que falta à POLI-USP fomentar esse contato, por meio de atividades
complementares como workshops, palestras, eventos, feiras de estágio,
competições, parcerias e outras iniciativas oferecidas pelo próprio corpo docente,
como uma forma de aprofundar os conhecimentos na área, além de agregar pontos
extras ao currículo. Os dados são mostrados de maneira resumida na Tabela 4.
68

Tabela 4 - Classificação das respostas sobre o mercado de Engenharia Civil

Média
GRUPO 1-2 3 4-5
simples
Como você considerava o seu conhecimento nas áreas de atuação de um Engenheiro Civil
até o momento em que você se formou? Sendo 1 pouco e 5 muito
Geral 3.19 31.0% 33.6% 35.4%
Engenharia Civil (EC) 3.09 35.4% 33.3% 31.3%
Outras áreas (OA) 3.26 27.7% 33.8% 38.5%
Como você considerava o seu contato com empresas do setor de engenharia civil até o
momento em que você se formou? Sendo 1 pouco e 5 muito
Geral 3.24 60.2% 18.6% 21.2%
Engenharia Civil (EC) 3.10 54.2% 22.9% 22.9%
Outras áreas (OA) 3.36 64.6% 15.4% 20.0%

Fonte: Elaboração própria

A partir dos problemas do mercado de trabalho de engenharia civil citados


pelos entrevistados na fase anterior do trabalho, foi elaborada uma pergunta com o
objetivo de entender quais deles eram aplicáveis e relevantes para uma potencial
decisão de carreira, como mostrado no Gráfico 17.
Assim, é possível concluir que a remuneração não competitiva é considerada
o principal problema do mercado de engenharia civil. Isso se confirma com os
resultados apresentados anteriormente nos Gráficos 12 e 13 e na Tabela 3. Assim, o
grupo conclui que, de fato, há diferença considerável não só na remuneração, mas
também no pacote de benefícios entre os dois grupos.
Além disso, a falta de inovação aparece em segundo lugar, já que é uma
grande tendência no mercado de trabalho e a engenharia civil não é exceção. Novas
tecnologias estão surgindo todos os dias, novos métodos estão sendo testados e os
processos estão em constante evolução, mas isso ainda não foi iniciado nesse
mercado, pela opinião dos entrevistados.
Aqui, é importante ressaltar que, apesar do grupo ter realizado as análises de
forma separada, as respostas dos que atuam em engenharia civil e dos que não
atuam convergiram para os resultados apresentados no Gráfico 17.
69

Gráfico 17 - Dificuldades do mercado de trabalho na Engenharia Civil

91

36 65
54
49 49 46
26 41
18
18 12
30 18
55 19
39 36 34
31 9
19 23
10

OA EC

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 18 - Proporção dos principais problemas do mercado de trabalho de engenharia civil

85%
75%
60% 63%
54% 55% 52%
48%
38% 38% 38% 35%
29% 25%
19% 15%

Remuneração Falta de Hierarquia Falta de Falta de visão Trabalho Mão-de-obra Tempo ocioso
não inovação rígida otimização de do negócio repetitivo desqualificada
competitiva processos como um todo

OA EC

Fonte: Elaboração própria

Por último, é necessário ponderar possíveis distinções entre os grupos


apresentados no gráfico 18. Realizando uma análise semelhante à do Gráfico 16, na
qual se pondera a proporção entre a população de respondentes e as respostas
obtidas na questão, é notável que os grupos EC e OA possuem comportamentos
distintos em algumas das dificuldades propostas na pesquisa.
70

Os dois principais que mais se destacam são a “Falta de otimização de


processos” e “Trabalho repetitivo”, sendo que o primeiro apresenta uma proporção
muito maior de respondentes do grupo EC, já o segundo, do grupo OA. Embora
ambas dificuldades sejam sobre a rotina de trabalho, é necessário dizer que existe
uma perspectiva mais negativa da rotina para os integrantes do grupo OA.
Assim, é possível concluir que o grupo OA ainda possui uma visão ainda mais
negativa da rotina do mercado de trabalho da engenharia civil do que o grupo EC.
De forma resumida, as informações trabalhadas no item 5.2.5. Sobre as
experiências no mercado de trabalho aparecem nos Quadros 11 e 12, abaixo.

Quadro 11 - Resumo do item 5.2.5.

Fonte: Elaboração própria


71

Quadro 12 - Resumo do item 5.2.5.

Fonte: Elaboração própria

5.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a última seção do questionário, o grupo tinha como objetivo que o


respondente organizasse uma classificação dos maiores obstáculos encontrados ao
longo da sua trajetória como aluno de engenharia civil da POLI-USP, sendo esses
obstáculos baseados nas premissas do item 5.2.3 Validação das hipóteses.
A pergunta não foi respondida de forma que torne possível a análise de suas
respostas e passou por uma primeira alteração. Contudo, depois da mudança, os
respondentes ainda não conseguiam mostrar suas perspectivas da maneira que o
grupo esperava, o que tornou grande parte das respostas inválida. Isso se deve a
tanto a má elaboração da pergunta quanto a limitações impostas pela plataforma do
Google Formulários. Dessa forma, o grupo decidiu desconsiderar a pergunta na
análise.
72

5.3. PANORAMA QUANTITATIVO FINAL

5.3.1. ANÁLISE GERAL

Primeiramente, é necessário afirmar que a amostra se evidenciou


representativa. Isso se mostra já na análise de gênero, uma vez que a porcentagem
de homens e mulheres respondentes se aproxima do que é encontrado no curso.
Outro fator que corrobora para a chegada nessa conclusão é a porcentagem de
trabalhadores na área da engenharia civil, em linha com a pesquisa qualitativa.
Nas entrevistas, os ex-alunos expressaram afinidade com matérias de Gestão
de Obras e Real Estate, e os setores mais presentes nas respostas quantitativas são
o de projetos, o de gestão de obras e o de incorporador, totalizando 70% do total de
respondentes que trabalham com engenharia civil.
Sobre a moradia dos respondentes, é possível notar o efeito que cursar a
faculdade na cidade de São Paulo tem sobre os engenheiros. Antes da faculdade,
63% dos respondentes eram nascidos em São Paulo. Atualmente, após a conclusão
do curso, 88% dos respondentes moram na cidade. O grupo acredita que esse cenário
se deve à grande oferta de emprego na cidade e à adaptação no novo ambiente.
Ainda vale ressaltar que dos 12% que não vivem mais em São Paulo, dois
terços não moram mais no Brasil, buscando oportunidades fora do país. Esse dado é
ainda mais relevante quando se olha para a amostra que foi objeto de estudo, que
contempla estudantes formados no máximo há 5 anos, ou seja, que até pouco tempo
ainda estavam na graduação.
É importante discutir pontos de convergências, sendo o primeiro sobre as hipóteses,
mostradas na Tabela 1. Nas 5 últimas hipóteses, os formados, independentemente
do grupo (EC ou OA), se posicionaram de maneira semelhante, discordando
significativamente daquilo que foi proposto. Isso indica claro descontentamento dos
respondentes sobre a estrutura curricular da POLI-USP e sobre o mercado de
trabalho na engenharia civil.
Outro ponto de convergência entre os respondentes é sobre o nível de
conteúdo prático. 68% dos respondentes concordam, em certo grau, que as aulas
deveriam ser mais práticas. Além disso, apesar de ter certas diferenças de
comportamento, também houve concordância sobre o tópico de atividades
extracurriculares. As respostas convergem sobre a importância delas, uma vez que,
73

em média, cada respondente apontou que pelo menos uma das atividades realizadas
foram importantes na decisão profissional.
Por fim, existe uma última convergência entre os dois grupos. 60% dos
respondentes acreditam que tiveram pouco contato com empresas de engenharia civil
durante a faculdade, sendo que no grupo EC esse número é de 54%, enquanto no
OA, 65%. Vale ressaltar que naturalmente se esperava uma porcentagem menor
dessas respostas no grupo EC, dado que trabalham na área em questão, mas a
pequena variação entre os grupos reafirma a convergência. Mas, por outro lado,
também pode indicar que esse contato com empresas de outros ramos fez com que
o então aluno perdesse o interesse em carreiras mais técnicas.

5.3.2. VALIDAÇÃO “DOIS CAMINHOS E DOIS PERFIS”

A pesquisa quantitativa tinha como objetivo a validação do item 4.3.2. Dois


caminhos e dois perfis, no qual foi proposto a separação dos grupos EC e OA.
Em primeiro lugar, é preciso mencionar que a discrepância entre grupos se
evidencia justamente nos tópicos mais sensíveis aos entrevistados do TCC 1, o
mercado de trabalho (mais influente) e a abordagem da POLI-USP (segundo mais
influente), como mostrado na Tabela 5.
Também é importante citar que muitas vezes o grupo OA se mostrou menos
favorável a algumas afirmações que valorizam o trabalho da Escola na área da
engenharia civil. Esse foi o caso das duas primeiras premissas da Tabela 1, que
comentam sobre a relação entre extensão e aproximação com a área técnica e sobre
a adequação do conteúdo de aula ao conhecimento requerido no mercado de
trabalho, o que revela um maior nível de descontentamento entre os integrantes do
primeiro grupo sobre as questões de influência na carreira profissional.
Destrinchando a premissa de extensão e atividades extracurriculares, foi
questionado quais delas os respondentes participaram e quais tiveram a maior
influência por uma decisão de carreira. Destacam-se duas alternativas em que todos
os participantes disseram que elas influenciaram no seu setor de carreira, ambas de
fora da engenharia civil. Elas são clubes de consultoria e grupos de finanças, grupos
muito específicos e extremamente voltados ao mercado de trabalho. Ambos os
grupos funcionam de maneira a aproximar os seus integrantes não só da prática do
mercado de trabalho, como também das próprias empresas do segmento, com
treinamentos específicos, visitas às empresas, competições e afins.
74

Ainda vale ressaltar os comportamentos distintos perante as atividades


extracurriculares. Embora todos pareçam concordar com a sua importância, os
formados apresentam divergências relevantes, como por exemplo em relação à
Iniciação Científica. Enquanto ambos os grupos realizam essa atividade, apenas o
grupo EC acredita que ela o influencia na decisão de carreira. De maneira contrária,
o Grupo de Finanças da Poli e o Clube de Consultoria, que possuem atuação focada
nas áreas de mercado financeiro e consultoria estratégica, respectivamente, também
apresentam grande influência sobre seus participantes, mas para seguirem carreiras
em outros segmentos - respondentes do grupo OA.
Além disso, nas perguntas seguintes também foram observadas diferenças
entre os grupos EC e OA. O primeiro grupo acredita que o conteúdo prático passado
em sala de aula interfere pouco na decisão de carreira. Seus respondentes ainda
afirmam que se sentem preparados para enfrentar o mercado de trabalho de
engenharia civil e que o curso deveria ser mais especializado e aprofundado. Já o
segundo, sentiu falta de conteúdo prático nas aulas, e não se sentiu apto a trabalhar
no mercado de trabalho. Os integrantes do grupo OA acreditam que o curso tem um
bom equilíbrio entre generalista e especializado mas que é muito aprofundado em
alguns temas.
Na questão dos benefícios, a análise mostrou que o grupo OA está em
vantagem em relação ao grupo EC. Dentro de OA, 49% recebem um salário anual
entre R$80.000,00 e R$160.000,00. Já no EC, 55% estão entre R$40.000,00 e
R$120.000,00. Um ponto que vale ressaltar, apenas 3% dos engenheiros civis
recebem acima dos R$240.000,00, versus 12% em outras áreas.
Ademais, é importante citar que a média salarial das outras áreas está acima
da engenharia civil em todos os anos de formatura (menos em 2017 onde temos
apenas 4 respostas e portanto, não temos dados representativos). Isso mostra que
os engenheiros civis atuantes vêm recebendo um valor abaixo da média do mercado
de outras áreas desde sua formação.
Na parte de benefícios, a engenharia civil possui em média 4,2 tipos diferentes
de benefícios, contra 5,4 em outras áreas. Mais uma vez vemos a área técnica ficando
para trás na compensação de funcionários.
Com todo o contexto analisado, a grande conclusão da análise foi a validação
da hipótese que conduziu o estudo até então. Pelos dados mostrados no Quadro 9,
é clara a existência dos grupos propostos para a análise, isso porque os ex-alunos
75

que atuam em engenharia civil - grupo EC - se comportam de maneira distinta


daqueles que vão trabalhar em outros segmentos - grupo OA.

Quadro 13 - Resumo das conclusões da análise quantitativa

EC OA
Maiores influências na decisão 1º Mercado de trabalho
profissional 2º Abordagem da POLI-USP
Atividades extracurriculares mais Iniciação Grupo de finanças &
importantes científica Clube de consultoria
Remuneração fixa R$40 mil e R$ R$80 mil e R$ 160
(FSA) 120 mil mil
Número de benefícios 4,2 5,4
76

6. PROPOSTAS

Com base na análise realizada, foram propostas soluções que podem ser
adotadas pela POLI-USP, visando mitigar os principais problemas identificados e,
consequentemente, reter um maior número de alunos formados no mercado de
trabalho relacionado a áreas da engenharia civil.
Além do referencial bibliográfico já citado neste trabalho: o Parecer
CNE/CES nº 1/2019 das Diretrizes Curriculares Nacionais e o Projeto Pedagógico do
Curso de Graduação em engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (2021), o grupo também procurou orientação verbal do Prof. Dr. Cláudio
Luiz Marte, que participou ativamente da elaboração do novo Projeto Pedagógico e
ocupa atualmente o cargo de Vice Coordenador de Curso. A conversa está resumida
no Anexo V.
As propostas elaboradas foram divididas em grupos de curto e médio prazo,
utilizando como critério a necessidade ou não da realização de mudanças estruturais
na base curricular do curso, tais como criação de disciplinas e alteração de carga
horária. Além disso, foi estimado um período máximo de aplicação das soluções de
curto prazo de até um semestre, tendo em vista que, caso aceitas pelos agentes
envolvidos (professores, monitores, coordenadores de curso e departamentos), sua
implementação é simples. A rápida implementação também permite agilidade de
adaptação para mitigar eventuais problemas durante a transição da aplicação de tais
medidas. No caso das soluções de médio prazo, como exigem alterações estruturais,
haveria necessidade de discussões mais aprofundadas de tais medidas em órgãos
como Conselhos de Departamentos, Coordenação do Curso e Comissão de
Graduação. Portanto, se trata de uma implementação mais longa e complexa.
Vale ressaltar, entretanto, que alguns dos problemas mais relevantes
apontados pelos respondentes são ligados a questões estruturantes do mercado de
trabalho da engenharia civil no Brasil e a situação macroeconômica nacional.
Mencionando-as, a falta de remuneração e benefícios satisfatórios e a falta de
inovação do mercado são problemas que fogem do escopo de atuação da POLI-USP,
tendo em vista que também envolvem a atuação de agentes externos (empresas,
incentivos públicos). Entretanto, elas foram levantadas visando uma abordagem mais
completa do assunto, podendo ser adotadas no longo prazo.
77

Dito isso, o esquema abaixo (Figura 9) resume as propostas que serão melhor
detalhadas em seguida:

Figura 9 - Propostas de solução para os principais problemas encontrados

Fonte: Elaboração própria

6.1. CURTO PRAZO

• Proposta 1: Inclusão de atividades práticas nas disciplinas já existentes


o Premissas envolvidas: Vínculo prático-teórico
Durante a graduação, os alunos se deparam com uma série de atividades
práticas a serem realizadas. Foi feito um levantamento (Anexo IX) e, dentre as 40
disciplinas oferecidas pelos departamentos do curso (PCC, PEF, PHA, PTR ou
interdepartamentais), 18 possuem créditos-trabalho em sua carga horária. Isto é,
prevêem a aplicação de pelo menos uma atividade de trabalho prático ao longo do
seu oferecimento. Além dessas, outras 14 disciplinas aplicam trabalho e/ou
laboratório, mesmo não considerando créditos trabalho em seu oferecimento (Quadro
78

10). Fica evidente, portanto, que não faltam atividades práticas aplicadas ao longo do
curso.

Quadro 14 - Propostas de atividades práticas para as disciplinas

Fonte: Elaboração própria

Contudo, como foi estudado ao longo deste trabalho e evidenciado pelo


resultado da pesquisa quantitativa (Tabela 2), os ex-alunos ainda assim tiveram
percepção da ausência do caráter prático ao longo da graduação. Conclui-se que,
algumas disciplinas obtêm maior sucesso no que diz respeito a efetivamente vincular
a teoria com a prática nas atividades propostas. Neste sentido, em ambas as etapas
de pesquisa qualitativa e quantitativa, o projeto desenvolvido na disciplina PEF3402 -
Estruturas de Aço foi repetidamente citado como uma referência, como mostrado em
um dos comentários abaixo:

“Apesar de trabalhoso, o trabalho de Metálicas traz uma experiência muito


imersiva do conteúdo da disciplina e com aderência ao cotidiano do engenheiro
estrutural.” (RESPONDENTE, 2022)

Neste contexto, foram propostas possíveis atividades para 18 disciplinas do


curso que poderiam ser aplicadas com o objetivo de aprofundar o vínculo entre teoria
e prática de maneira mais efetiva (Anexo X). O que se propõe é o maior foco em
visitas técnicas, principalmente nas disciplinas que estão relacionadas à
79

infraestrutura, tendo em vista que atualmente há pouco incentivo à realização de tais


atividades. Além disso, propõe-se a aplicação de simulações computacionais e
desenvolvimento de modelos estruturais em sala, facilitando a compreensão física de
conceitos teóricos, sobretudo nas disciplinas de estrutura.
A infraestrutura de laboratórios existente na POLI-USP se destaca pela
variedade de equipamentos e áreas de pesquisa disponíveis. Apesar de as atividades
laboratoriais já estarem presentes na maior parte das disciplinas aplicáveis, ainda é
possível citar a disciplina PCC3461 - Sistemas Prediais I como um exemplo o qual
pode utilizar um laboratório já em atividade. Além disso, as matérias que já oferecem
tais atividades poderiam incentivá-las ainda mais como estratégia de aprendizado,
aumentando a sua frequência ao longo do semestre.
Outro fator relevante é fazer com que as práticas sejam direcionadas para o
mercado de engenharia civil. A área é conhecida por oferecer grandes oportunidades
de empreendedorismo, com professores que compõem o corpo docente como
exemplos, e esse poderia ser um dos enfoques da Escola. Ao longo do curso existe
uma disciplina que desenvolve o empreendedorismo: PRO3211 - Introdução à
Administração.
Embora os conhecimentos sejam extensamente aplicáveis ao mercado de
trabalho e a disciplina demande um projeto prático bem desenvolvido, seu enfoque
continua distante da área da engenharia civil. Uma boa solução seria a adaptação da
disciplina para se aproximar da área específica, a criação de uma nova disciplina foca
na engenharia civil ou até mesmo o intercâmbio com outra disciplina (realizar um
projeto em que na aula de Administração fossem estudados os conceitos
mercadológicos e na outra disciplina os conceitos tecnológicos da Engenharia).
O sucesso em trazer um caráter mais prático para a experiência da graduação
também depende do peso que tais atividades recebem. Portanto, para o sucesso da
solução proposta, é essencial que as novas tarefas introduzidas sejam incentivadas
e contabilizadas como parte da avaliação dos alunos, combinadas ao desempenho
em provas e, dessa forma, unificando os enfoques teórico e prático do ensino.

• Proposta 2: Participação de profissionais de mercado nas aulas através de


palestras
80

o Premissas envolvidas: Atualização do curso, conexão com o mercado


de trabalho

Tendo em vista que as disciplinas existentes já possuem uma ementa de curso


cujos professores estão adaptados a seguir, uma alternativa simples para a inclusão
da discussão mais atualizada com relação a práticas contemporâneas é trazer a
participação de profissionais que estão inseridos no mercado de trabalho. Dessa
forma, é possível unir conceitos teóricos à prática e atuação profissional.
A exemplo, a disciplina PCC3221 - Materiais de Construção I dedica uma das
aulas do programa a uma palestra oferecida por algum profissional em atuação no
mercado para tratar de algum assunto relacionado com o conteúdo da matéria. Trata-
se de uma solução simples e que pode trazer para o ambiente da sala de aula
discussões pertinentes e atuais. Disciplinas como PTR3432 - Aeroportos, PCC3412 -
Real Estate: Análise de Investimentos, PTR3321 - Projeto de Vias de Transporte são
apenas alguns dos exemplos que poderiam adotar a solução para trazer discussões
em curso no ambiente profissional para o ambiente de sala de aula.
Outra prática bastante comum é a divulgação por parte dos docentes de
eventos e palestras que estão acontecendo fora do horário da aula, mas que possuem
relação com o conteúdo apresentado. Dessa forma, é possível vivenciar discussões
e inovações acontecendo no cenário atual do mercado.
Porém, em ambos os exemplos, esse contato poderia ser mais aprofundado.
Em prol de realmente engajar os alunos nessas iniciativas os professores poderiam
propor atividades mais aprofundadas com esses profissionais. Uma palestra, embora
possa trazer um tema inovador, ainda se aproxima muito do modelo de aula padrão
oferecido.
Ter um contato através de rodas de conversas em grupos menores ou até por
meio de uma atividade prática (fazendo uma alusão à proposta anterior) são formas
de aumentar o interesse e o conhecimento dos alunos nos assuntos tratados.
A Poli Júnior, empresa júnior da Escola Politécnica da USP, realiza todos os
anos uma grande feira de recrutamento universitário, chamada Workshop Integrativo
(WI). Nesse espaço, os alunos têm seus primeiros contatos diretos com as empresas,
passando por estandes e podendo conversar diretamente com profissionais de cada
área.
81

Porém, vale ressaltar que empresas de engenharia civil não são comuns na
feira. O cenário é diferente do que é visto na Semana Temática de Engenharia Civil
(SeTEC), onde o objetivo maior é gerar proximidade com o mercado de trabalho de
engenharia civil. Na semana, ocorrem diversos eventos relacionados à área
específica, sendo um ótimo exemplo de como essa solução poderia ser trazida para
dentro da sala de aula.

• Proposta 3: Criação de Atividades Acadêmicas Complementares que ofereçam


atividades práticas e contato com o mercado de trabalho
o Premissas envolvidas: Interdisciplinaridade e extensão, exposição dos
alunos ao mercado de trabalho

Um dos exemplos que a própria POLI-USP já pratica é a presença da Samsung


OCEAN, uma iniciativa da empresa que oferece cursos de capacitação, presenciais
ou on-line, e também promove o fomento de criação de start-ups dentro do ambiente
universitário com estrutura moderna.
Os cursos que são realizados na OCEAN são mais relacionados com o
mercado de tecnologia, como Android, Backend, Frontend e Games, mas também
com práticas inovadoras, como desenvolvimento ágil e empreendedorismo.
É possível usar a mesma estrutura e trazer para o universo de engenharia civil,
adaptando os conceitos e modelagens para o cotidiano da profissão. Outra
possibilidade seria convidar empresas disruptivas do mercado, também conhecidas
como Construtech, de engenharia civil para oferecer cursos ou palestras sobre suas
tecnologias e perspectivas de futuro. Uma última opção seria a realização de cursos
de softwares amplamente utilizados no mercado de engenharia civil, como o AutoCad,
convidando a própria empresa Autodesk (desenvolvedora do software em questão)
para ensinar as melhores práticas.
Isso também viria de encontro com o novo projeto pedagógico da engenharia
civil, o qual está sendo desenvolvido considerando créditos obrigatórios voltados para
as Atividades Acadêmicas Complementares. Esses cursos poderiam justamente
suprir a esses créditos, sendo também algo valorizado pelo mercado de trabalho.
Por fim, tais atividades complementares preencheriam de maneira simples as
“janelas” livres entre as grades horárias semestrais do curso, que foram citadas
múltiplas vezes durante os comentários da pesquisa quantitativa.
82

6.2. MÉDIO PRAZO

• Proposta 4: Adoção de Metodologias Ativas de Ensino


o Premissas envolvidas: Atualização do curso, conexão com o mercado
de trabalho, vínculo prático-teórico
As metodologias ativas de ensino e aprendizagem são abordagens para o
ensino que envolvam os estudantes no processo de aprendizagem através de
atividades e interações em vez de apenas receber informações de forma passiva.
Algumas das metodologias ativas de ensino e aprendizagem que podem ser
aplicadas para a educação em engenharia incluem:
1. Aprendizagem baseada em problemas: Esta abordagem envolve os
estudantes trabalhando em pequenos grupos para resolver problemas do
mundo real, estimulando-os a aplicar seus conhecimentos e habilidades de
resolução de problemas em situações práticas do mundo real.
2. Aprendizagem baseada em projetos: Nesta abordagem, os estudantes
trabalham em um projeto de longo prazo que exige que eles apliquem seus
conhecimentos e habilidades para projetar, construir e testar um produto ou
solução. Podem ser do tipo explicativo, construtivo ou investigativo
(BARBOSA, 2014).
3. Aprendizagem baseada em pesquisa: Esta abordagem envolve os estudantes
fazendo perguntas, realizando pesquisas e formando suas próprias conclusões
através de um processo de exploração e descoberta.
4. Aprendizagem colaborativa: Esta abordagem envolve os estudantes
trabalhando juntos em pequenos grupos para resolver problemas e completar
projetos, estimulando-os a compartilhar ideias e aprender uns com os outros.
5. Salas de aula invertidas: Em uma sala de aula invertida, os estudantes
assistem aulas ou leem materiais antes da aula e, em seguida, usam o tempo
da aula para trabalhar em atividades e projetos que aplicam os conceitos que
aprenderam. Vale ressaltar que o modelo de sala de aula invertida pode não
ser adequado para todos os alunos e pode exigir um maior nível de autonomia
e responsabilidade por parte dos estudantes. (GARCÍA-PEÑALVO, 2019). É
importante que os professores forneçam orientação clara e suporte aos alunos
para garantir que eles tenham o sucesso desejado na utilização deste modelo
de ensino.
83

No geral, as metodologias ativas de ensino e aprendizagem podem ser


eficazes para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades de pensamento crítico,
resolução de problemas e comunicação, bem como um entendimento mais profundo
dos princípios e conceitos de engenharia. Além disso, proporciona um fortalecimento
do vínculo entre teoria e prática, tornando mais interativas as aulas que se limitam a
serem puramente expositivas.
A Universidade de Maastricht, localizada na Holanda, foi a pioneira ao adotar
em 1976 a metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas em todos os níveis
educacionais. Ademais, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) utiliza
tecnologia avançada aplicada às metodologias ativas nas aulas interativas, com
espaços físicos projetados para oferecer uma estrutura de ponta (com projetores,
computadores, simulações animadas, sistemas de votação…) (MENÉNDEZ, 2019).
A aplicação de Metodologias Ativas de Ensino já está em discussão na
Comissão de Graduação da POLI-USP, atrelada ao projeto da construção de um novo
prédio no espaço da Escola Politécnica. Representa uma mudança estrutural e
depende de um esforço conjunto de preparação dos docentes e engajamento e
mudança cultural dos alunos.
No contexto do curso da engenharia civil, as principais metodologias que
poderiam ser utilizadas são:
1. Aprendizagem Baseada em Problemas: Aplicável para disciplinas em que o
aprendizado dos alunos foca nas atividades de concepção, design e de
realização. Alguns exemplos são PCC3100 - Representação Gráfica para
Engenharia; 0313102 - Introdução ao Projeto na Engenharia e 0313401 -
Projeto de Edifícios.
1. Estudos de caso: Uma adaptação da Aprendizagem Baseada em
Problemas, de implementação mais fácil, uma vez que exige menos
adaptações na estrutura curricular. Ainda assim, permite que o aluno
tenha contato com situações reais e desenvolva habilidades de
resolução de problemas. Uma alternativa interessante para ser aplicada
nas disciplinas oferecidas pelos 4 departamentos (PEF, PCC, PTR e
PHA), principalmente para as matérias que atualmente não obtêm
sucesso em vincular a teoria com a aplicação prática. Por esse motivo,
vai ao encontro com as atividades sugeridas na Proposta 1.
84

2. Sala de aula invertida: Um método de ensino híbrido (isto é, que combina


ensino presencial e virtual). O tempo em sala de aula pode ser usado para
resolver problemas práticos e aplicar o conhecimento adquirido em projetos ou
atividades práticas. Neste contexto, representa uma alternativa mais
interessante para os semestres finais do curso, durante a etapa do Módulo
Acadêmico, quando a aplicação de aulas híbridas se mostra mais viável em
termos de carga horária e maturidade do aluno. Outro contexto no qual seria
aplicável são nas disciplinas de Gestão de Obras (PCC3331 e PCC3332), com
o estudo em casa voltado à compreensão dos conceitos técnicos e horário de
aula disponibilizado para visitas técnicas.

• Proposta 5: Monitores e professores em regime de turno parcial (RTP) para


dar suporte e “inovar” o corpo docente
o Premissas envolvidas: Atualização do curso, conexão com o mercado
de trabalho

Sabe-se que renovar o corpo docente de professores titulares da POLI-USP


não é uma medida simples. Além disso, o atual corpo docente é altamente
responsável pela qualidade e credibilidade do ensino da instituição hoje. Neste
contexto, considera-se a inclusão de mais monitores que sejam responsáveis por
oferecer suporte técnico aos professores para que possam ser aplicadas novas
tecnologias durante as aulas, tais como uso de novos softwares e visitas técnicas
virtuais. Não somente, a contratação de mais monitores possibilita absorver uma
maior demanda de trabalho no caso da implementação das propostas 1 e 4, o que
naturalmente requer mais correções de atividades, suporte aos estudantes e
adaptações das disciplinas.
Outra possível medida é aumentar a contratação de professores em regime de
dedicação parcial. No contexto da Universidade de São Paulo, o regime de turno
parcial (RTP) consiste em jornadas de trabalho semanais de 12 horas e é
regulamentado pela Portaria 7.271 da Reitoria da USP, de 23 de novembro de 2016.
Tal regime possibilita que o docente se dedique a atividades profissionais adicionais
além do ensino e pesquisa, permitindo um maior contato com a realidade do mercado
de trabalho da engenharia. Dessa forma, a contratação de professores em dedicação
parcial representa uma alternativa para complementar a demanda de trabalho dos
85

docentes da instituição e atualizar a formação (incluindo conteúdo das aulas e


material de apoio).
Sabe-se que tal proposta possui dificuldades de implementação relacionadas
a questões orçamentárias que precisariam ser discutidas e aprovadas e, por esse
motivo, foi considerada uma solução de médio prazo.

• Proposta 6: Projeto semestral como uma disciplina integrativa para conclusão


do curso
o Premissas envolvidas: Atualização do curso, conexão com o mercado
de trabalho

A criação de uma disciplina semestral que integre os semestres ao longo do


período de graduação teria como principal objetivo garantir ao aluno uma visão mais
clara da relação entre as disciplinas cursadas, além do engajamento contínuo do
estudante e garantiria maior diluição do Trabalho de Conclusão de Curso, que poderia
ter aproveitamento dos projetos semestrais.
De forma mais detalhada, a proposta é que a cada semestre o aluno seja
responsável pela entrega de um projeto, na temática desejada, relacionando os
aprendizados obtidos ao longo desse semestre, de maneira transversal. Ao final do
curso, os projetos semestrais devem compor, de forma a facilitar, o trabalho de
formatura. Após feito um levantamento baseado na possibilidade de
interdisciplinaridade num possível projeto, algumas disciplinas propostas que
poderiam aderir ao projeto seriam:
• 0313101- Introdução à engenharia civil;
• 0313102 - Introdução ao Projeto de Engenharia;
• 0313401 - Projeto de Edifícios;
• PCC3100 - Representação Gráfica para o Projeto;
• PCC3231 - Tecnologia e Gestão de Produção de Obras Civis: Princípios e
Fundamentos;
• PCC3350 - Planejamento Urbano e Regional;
• PCC3461 - Sistemas Prediais I;
• PHA3412 - Saneamento;
• PHA3307 - Hidrologia Aplicada;
• PEF3200 - Introdução à Mecânica das Estruturas;
86

• PEF3404 - Pontes e Grandes Estruturas;


• PTR3111 - Geomática I;
• PTR3321 - Projeto de Vias de Transportes;
• PTR3421 - Transporte sobre Trilhos;
• PTR3322 - Pavimentação Rodoviária;
• PTR3311 - Geomática II.

A participação de cada disciplina no projeto, entretanto, será decidida de modo


individual, de acordo com a realidade de cada docente, podendo estar ou não
relacionado a um eventual trabalho já existente na disciplina. Porém, é importante
destacar a necessidade do projeto semestral final ser interdisciplinar e ocorrer de
forma transversal.
Como ponto de atenção, deve-se atentar para a comunicação entre as partes
responsáveis pela elaboração do projeto, uma vez que um acúmulo excessivo de
trabalho fugiria do objetivo proposto. Além disso, muitos alunos na POLI USP não
seguem a grade curricular tradicional, seja por pegar dependência ou por
intercâmbio/POLI-FAU. Isso, porém, pode ser mitigado com a possibilidade de troca
de grupos ao longo do semestre, de forma organizada pelo Moodle.
Na prática, o Projeto Integrador será desenvolvido ao longo da graduação,
tendo início no primeiro semestre, com a formação dos grupos e, a cada semestre, o
projeto será expandido e detalhado. O grupo deve organizar seu plano de trabalho ao
longo do semestre, devendo respeitar os prazos estabelecidos para a entrega parcial,
no meio do período letivo e a entrega final.
Dessa forma, é possível propor ao aluno atividades mais práticas dentro do
projeto, garantindo maior conexão com o mercado de trabalho. Mais uma vez, a
interdisciplinaridade do conhecimento se apresenta como uma estratégia para que o
estudante possa se aprofundar em temáticas e aplicações práticas.

• Proposta 7: Antecipação do Módulo Acadêmico


o Premissas envolvidas: Atualização do curso, conexão com o
mercado de trabalho
Conforme apresentado no item 5.2.4 Sobre as experiências durante a
graduação na POLI-USP, a partir da aprovação da nova Estrutura Curricular para a
POLI-USP, em 2013, foi instituído o início do Módulo acadêmico, para alunos que
87

cursam o quinto ano, em todas as engenharias. O Módulo funciona como uma


especialização, com objetivo de direcionar a formação do aluno. A POLI-USP oferece
grande estrutura de ensino, pesquisa e extensão, com um total de 17 cursos e 15
departamentos, o que possibilita ao graduando formatar seu currículo na direção
desejada, seja dentro de sua área de atuação, em outra engenharia, em um Módulo
interdisciplinar ou pesquisa.
Atualmente, a escolha do Módulo é feita ao final do quarto ano de curso pelo
aluno que tenha cumprido 80% da carga horária. O graduando pode se inscrever em
um Módulo a sua escolha e indicar outras opções caso não seja alocado em sua
primeira opção. Dessa forma, os alunos são destinados às vagas conforme seu
desempenho acadêmico e iniciam o Módulo de fato no quinto e último ano da
graduação.
Esse modelo, porém, traz à tona discussões a respeito da possibilidade de
antecipar o período do Módulo acadêmico. Como visto no item 5.2.4 Sobre as
experiências durante a graduação na POLI-USP, a maior parte dos entrevistados pelo
grupo para o presente trabalho de formatura tem preferência pelo Módulo a partir do
quarto ano.
Nesse sentido, a proposta de antecipar o Módulo Acadêmico está pautada,
principalmente, na premissa de aumentar a conexão das disciplinas acadêmicas com
o mercado de trabalho, uma vez que as aulas do Módulo são mais direcionadas
tecnicamente, além de serem dadas para grupos menores de alunos, com certo
interesse demonstrado, já que os alunos precisam se inscrever.
As aulas do Módulo, chamadas de disciplinas eletivas, foram citadas
anteriormente como forma eficaz de aplicar propostas aqui citadas, como por exemplo
metodologias diferentes das tradicionais, como palestras, salas de aula invertidas e
aulas híbridas.
Dentre as vantagens para a antecipação do Módulo Acadêmico, destaca-se a
possibilidade do aluno se aprofundar mais cedo nos seus assuntos de interesse, o
que aumenta de forma significativa o interesse pelo curso como um todo e deve ter
impacto positivo na conversão desse graduando para o mercado de trabalho dentro
das áreas mais técnicas. No entanto, são pontos de atenção dessa proposta o fato
do aluno ter que tomar a decisão da área a se especializar mais cedo e a possibilidade
de uma formação mais específica ao invés de generalista para o curso de engenharia
civil da POLI-USP como um todo.
88

Por fim, o início da especialização a partir do quarto ano está de acordo com o
modelo europeu, baseado no Processo de Bolonha, que conta com dois ciclos de
estudos (LIMA, 2008), detalhados abaixo:
1. Primeiro ciclo: Bacharelado Interdisciplinar, com duração de seis semestres.
Confere ao aluno base teórica aplicada à área de estudo, mas ainda sem
competências profissionais;
2. Segundo ciclo: Mestrado, com duração de quatro a seis semestres. Consiste
em formação especializada no exercício da profissão escolhida.

Na Universidade de Coimbra, em Portugal, por exemplo, prioriza-se uma grade


curricular mais especializada, com uma graduação de 3 anos somada ao chamado
mestrado integrado que dura outros 2 anos. Nesse caso, o formando sai da
Universidade com título de mestre.

Ainda é importante dizer que essa proposta não gira em torno da mudança de
grau acadêmico (Titularidade e Grau de Instrução), mas sim da profundidade e
especificidade dos assuntos ensinados ainda em nível de bacharelado em engenharia
civil.

Além disso, as dificuldades de aplicação com relação à adaptação da carga


horária da estrutura curricular proposta são conhecidas. Uma possível solução é a
transferência de algumas disciplinas do curso para a etapa de especialização no
Modúlo Acadêmico, priorizando a manutenção na base comum das disciplinas mais
abrangentes e práticas.

6.3. LONGO PRAZO

• Proposta 8: Remuneração e benefícios


o Premissas envolvidas: Remuneração competitiva
Atualmente, é uma prática comum do mercado não compensar os Engenheiros
Civis com os pisos previstos em lei, devido a classificações distintas de seus efetivos
cargos.
A POLI-USP teria pouco poder de ação neste âmbito, pelo menos para mudá-
lo de forma imediata. Uma boa prática então seria acompanhar movimentações
políticas em torno desse tópico para exercer influência positiva, caso haja
possibilidade.
89

• Proposta 9: Inovação tecnológica


o Premissas envolvidas: Inovação no mercado de trabalho

Em relação à inovação tecnológica, o racional é semelhante com a Proposta


8. Há pouco que a POLI-USP conseguiria fazer atuando de forma direta, mas dado
que a universidade é onde se expande a borda do conhecimento, a inovação pode
ser estudada em sala de aula com mais vigor e inspirar os alunos a levar esse
conhecimento para o mercado de trabalho.
Ainda assim, há algumas medidas que poderiam contribuir para desvincular
essa imagem do mercado de engenharia civil. A primeira delas é apresentar as
diferentes possibilidades na vida de um engenheiro. O perfil do politécnico não é do
engenheiro civil que fará obras padronizadas de mercado, como é o caso de
empreendimentos comerciais e habitacionais.
Na verdade, o engenheiro politécnico possui uma formação (e até uma imagem
perante ao mercado) que permite a realização de grandes obras de infraestrutura ou
desafios estruturais, por exemplo. As propostas 1 e 2, embora não possuam esse
foco principal, contribuem para apresentar campos mais dinâmicos e desafiadores do
mercado.
Outro ponto que poderia ser atacado pela Escola é a criação de softwares e
novas tecnologias. Existem áreas do mercado, como por exemplo a área de projetos,
que demanda softwares com novas especificações em prol de um trabalho mais ágil
e rápido. A apresentação dessa possibilidade deveria ser abordada com mais
frequência ao longo do curso. Na parte de novas tecnologias, um grande aspecto são
os equipamentos. Os estudantes têm um contato muito pequeno com os
equipamentos de dia-a-dia em um canteiro de obras, dificultando a possibilidade de
se promover novas ferramentas.
De qualquer forma, esses são pontos muito específicos e de uma área restrita
no mercado. Novamente, essa proposta demanda de forças exteriores à POLI-USP,
sendo papel da faculdade mitigar esses aspectos, e não solucioná-los por completo.
90

7. CONCLUSÃO

7.1. PEFIL DOS ESTUDANTES

Concluídas as etapas de pesquisa quantitativa e qualitativa, foi possível traçar


não só um, mas dois perfis dos alunos graduados em engenharia civil pela POLI-USP
nos últimos anos, como mostrado na Figura 10. Também foi possível analisar o
panorama de atuação profissional desses politécnicos, tarefa difícil de ser realizada
pela POLI-USP, dado o esforço necessário para a coleta de dados. Os formados
podem ser separados entre aqueles que foram para carreiras técnicas de engenharia
civil, até agora denominados integrantes do grupo EC, e aqueles que foram para
Outras Áreas, integrantes do grupo OA.
Essa conclusão foi estruturada ainda na primeira fase da pesquisa, quando se
realizou uma pesquisa qualitativa. Posteriormente, ela foi validada na segunda fase
da pesquisa, através de uma pesquisa quantitativa conduzida por hipóteses.
Como cada trajetória dos estudantes é única, não é possível determinar
quando ocorre essa segmentação. Porém, é perceptível as diferenças de
comportamento e opinião entre esses grupos. De um lado, o grupo EC costuma ser
mais engajado em atividades extracurriculares, possui uma visão melhor sobre a
estrutura curricular e metodologias da POLI-USP, mas possui uma menor satisfação
em relação a sua carreira nos parâmetros de remuneração e benefícios. Do outro,
embora o grupo OA apresenta um comportamento oposto, mostrando menos
engajamento e valorizando menos os métodos atuais da universidade, são eles os
mais satisfeitos com suas carreiras.
Por último, é preciso dizer quais são as maiores influências nessa decisão de
carreira: o mercado de trabalho. Como dito anteriormente, aqueles que trabalham em
outros segmentos estão mais satisfeitos com seu pacote de compensação, o que
torna essas carreiras mais atrativas para os estudantes da POLI-USP em comparação
às atividades mais técnicas.
Mas, isso não significa que a universidade não tenha um papel na decisão,
uma vez que a segunda maior influência na decisão de carreira é justamente ela.
Nesse ponto, existem pontos de convergência entre os grupos OA e EC, ambos
reclamam da abordagem da POLI-USP e acreditam que técnicas mais práticas
91

levariam a um melhor apreço à engenharia civil, tanto como curso quanto como
carreira.

Figura 10 - Principais diferenças entre os grupos encontrados na pesquisa

Fonte: Elaboração própria

7.2. POSSÍVEIS MITIGAÇÕES REALIZADAS PELA POLI-USP

Dito isso, foram traçadas possíveis soluções para mitigar os impactos


negativos das premissas relacionadas ao curso, visando aumentar a retenção de
profissionais em setores associados à engenharia civil. Acredita-se fortemente que o
esforço empreendido para concretizar tais soluções pode impactar positivamente não
só a qualidade do ensino da POLI-USP, mas também a experiência acadêmica dos
alunos e a qualidade dos profissionais entrantes no mercado. Por conseguinte, trata-
se de uma relação positiva de custo empregado x benefício gerado.
No limite, tais medidas se mostrarão de extrema importância no que diz
respeito a agregar valor do engenheiro como profissional e retornar ainda mais para
a sociedade o que foi investido em cada politécnico durante anos de dedicação e
ensino de qualidade e referência. Através da postura de liderar transformações e
inovação, será possível perpetuar a relevância detida pela POLI-USP como instituição
de ensino superior nacional e internacional.
92

8. BIBLIOGRAFIA

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Estudo av., vol. 31, nº 89, São Paulo, jan/apr, 2017.
94

9. ANEXOS

9.1. Anexo I - Perguntas elaboradas na entrevista qualitativa

FASES PERGUNTAS
Antes da Como foi a decisão de cursar Engenharia Civil? Já tinha
Graduação tido algum contato (ex. Ensino técnico)? Era um sonho?
Como foi sua graduação na Poli? Teve alguma matéria que
se identificava mais ou se via trabalhando? E
departamentos?
Na sua opinião, quais foram as maiores dificuldades
Durante a enfrentadas durante sua graduação? Como seria possível
graduação solucioná-las/amenizá-las?

Falar um pouco sobre suas experiências de estágio: onde


estagiou? Quais áreas buscou e por que? Alguma matéria
ou experiência anterior influenciou na escolha? Viu alguma
diferença de oportunidade (ex. área mais fácil de entrar)?
Está na mesma empresa/área de quando se formou? Em
caso de mudança, por que mudou?
Caso tenha saído de Civil, o que levou à mudança de
carreira? Algo levaria a voltar?

Caso tenha ficado na área da Engenharia Civil, algo levaria


a sair?
Após a Depois de formado, sua percepção sobre o mercado de
graduação trabalho para Engenheiros Civis mudou?

Agora formado, o que precisa, na sua opinião, um


engenheiro para ser contratado?

Por fim, retomando o tema do nosso TCC, gostaríamos de


entender a sua percepção sobre o assunto: na sua opinião,
por quais motivos os estudantes de Engenharia Civil da
POLI-USP divergem da área técnica?
95

9.2. Anexo II - Análise de conteúdo


96

9.3. Anexo III - Premissas e Hipóteses correspondentes

PREMISSAS HIPÓTESES

As disciplinas oferecidas pela Escola devem se aproximar As disciplinas não estão em contato com os grupos de
Interdisciplinaridade umas das outras e dos grupos extracurriculares, garantindo Extensão e
extensão, fazendo com que o interesse em outras áreas
e extensão que construção do conhecimento ocorra de maneira evolutiva Extracurriculares
cresça durante o curso
ao longo da faculdade
Os instrumentos pedagógicos devem buscar fortalecer a
Vínculo prático- Vínculo prático-
relação dos conceitos teóricos com a prática, apresentando de A teoria passada em sala de aula é abstrata, não oferecendo
teórico teórico
fato o dia-a-dia de um engenheiro civil aos alunos uma visão verdadeira do que ocorre na prática
As disciplinas devem estar mais próximas do mercado de
As disciplinas não permitem que os alunos conheçam o dia-a-
Conexão com construção civil, expondo cada vez mais o aluno a carreiras Conexão com o
dia no mercado de trabalho, dificultando a transição entre
mercado de trabalho relacionadas às disciplinas que despertam seu interesse fora mercado de trabalho
acadêmico e mercado de trabalho
da área acadêmica
Necessidade de mudanças na estrutura do curso, promovendo
a inovação e a adequação ao estilo de aprendizagem dos A estrutura do curso não promove a inovação e o estilo de
Atualização do curso Atualização do curso
estudantes, aumentando a motivação dos estudantes na área aulas prejudica o aprendizado dos estudantes
da Engenharia Civil.
A Engenharia Civil não apresenta uma remuneração tão A Engenharia Civil não apresenta uma remuneração tão
Remuneração Pacote de
competitiva quanto outras áreas que atraem Engenheiros competitiva quanto outras áreas que atraem Engenheiros
competitiva compensação
Politécnicos, gerando uma evasão de talentos Politécnicos, gerando uma evasão de talentos
Os alunos estão muito expostos a outras áreas do mercado de
trabalho e, assim como as disciplinas deveriam atrair
Os alunos não são tão expostos a empresas de Engenharia
Exposição dos empresas de Engenharia Civil para o dia-a-dia dos alunos, Exposição dos
Civil quanto são expostos a outras empresas que se
alunos ao mercado essas empresas também deveriam se promover no campus alunos ao mercado
promovem no campus
da Escola, como forma de atrair mão de obra extremamente
qualificada
O mercado está voltando a ficar aquecido após a pandemia, O mercado está voltando a ficar aquecido após a pandemia,
Inovação no mas acredita-se que a inovação deve estar mais presente Inovação no mas a inovação ainda deve estar mais presente para que ele
mercado de trabalho para que ele possa crescer verdadeiramente e apresentar mercado de trabalho possa crescer verdadeiramente e apresentar boas
boas oportunidades oportunidades
97

9.4. Anexo IV - Avaliação de premissas

Discordo Discordo Não discordo Concordo Concordo


GRUPO Média simples
totalmente parcialmente nem concordo parcialmente totalmente
Os grupos de extensão e atividades extracurriculares me incentivaram a seguir no mercado de engenharia civil (Ex: intercâmbio, IC, centro acadêmico, etc)
Geral 26.5% 23.0% 23.9% 13.3% 13.3% 2.64
Engenharia Civil 20.8% 18.8% 20.8% 20.8% 18.8% 2.98
Outras áreas 30.8% 26.2% 26.2% 7.7% 9.2% 2.38
A teoria passada em sala de aula se adequava aos conhecimentos práticos necessários no mercado de trabalho
Geral 13.3% 27.4% 33.6% 17.7% 8.0% 2.80
Engenharia Civil 8.3% 22.9% 37.5% 18.8% 12.5% 3.04
Outras áreas 16.9% 30.8% 30.8% 16.9% 4.6% 2.62
As disciplinas me permitiram conhecer o dia-a-dia no mercado de trabalho, facilitando a transição entre vida acadêmica e profissional
Geral 32.7% 38.9% 20.4% 6.2% 1.8% 2.05
Engenharia Civil 29.2% 35.4% 27.1% 6.3% 2.1% 2.17
Outras áreas 35.4% 41.5% 15.4% 6.2% 1.5% 1.97
A estrutura do curso e o estilo de aulas promoviam a inovação e estimulavam o meu aprendizado
Geral 23.9% 37.2% 27.4% 11.5% 0.0% 2.27
Engenharia Civil 16.7% 35.4% 39.6% 8.3% 0.0% 2.40
Outras áreas 29.2% 38.5% 18.5% 13.8% 0.0% 2.17
Os pacotes de compensação oferecidos na área de Engenharia Civil são atrativos para mim
Geral 41.6% 29.2% 18.6% 8.8% 1.8% 2.00
Engenharia Civil 18.8% 31.3% 31.3% 16.7% 2.1% 2.52
Outras áreas 58.5% 27.7% 9.2% 3.1% 1.5% 1.62
Meu contato com empresas e oportunidades na Engenharia Civil foi tão próximo quanto com empresas de outras áreas
Geral 37.2% 28.3% 14.2% 11.5% 8.8% 2.27
Engenharia Civil 27.1% 37.5% 10.4% 14.6% 10.4% 2.44
Outras áreas 44.6% 21.5% 16.9% 9.2% 7.7% 2.14
O nível de atualização do mercado de Engenharia Civil me motiva a trabalhar na área
Geral 38.9% 25.7% 26.5% 8.0% 0.9% 2.06
Engenharia Civil 16.7% 29.2% 37.5% 14.6% 2.1% 2.56
Outras áreas 55.4% 23.1% 18.5% 3.1% 0.0% 1.69
98

9.5. Anexo V - Orientação Verbal: Prof. Dr. Claudio Marte

Data e hora: 30/11/2022, 9h30 às 11h00


Presentes: Andrey Gomes, Marcos Duarte, Maria Luisa Guedes e Prof. Dr. Claudio
Marte
Reunião: Conversa para discutir o andamento da aplicação das novas Diretrizes
Curriculares Nacionais ao curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP e
possíveis futuras soluções a serem propostas.

Tópicos a serem discutidos (definidos antes da reunião):


1. Como o curso de Engenharia Civil na POLI-USP se adaptou às novas DCNs?
Houve alguma mudança relevante? Quais são os próximos passos?
2. Como esse processo aconteceu em outras universidades comparáveis (ex:
Unicamp e EESC)?
3. Opinião sobre possíveis propostas
a. Substituição da visão de “competências esperadas ao final da
graduação” por “competências esperadas ao final de cada semestre”
b. Trabalho de Formatura em conjunto com empresas
4. Opinião sobre discussões que atualmente estão em curso
a. Atividades Acadêmicas Complementares
b. Metodologias Alternativas de Ensino
5. Impacto dos Módulos Acadêmicos: Resultado parcial da pesquisa quantitativa
mostra que a maior parte dos alunos apoia o início do módulo no 4º ano. Qual
a opinião do Prof. sobre o assunto?

Anotações feitas relacionadas aos tópicos que foram levantados durante a


reunião:
1. DCNs e ensino:
a. Ensino atual muito baseado no conteúdo. As novas DCNs estão mais
voltadas para a competência (em linha com a “fórmula” de aprendizado
do Prof. Dr. Osvaldo Shigueru Nakao);
99

b. No Instituto de Relações Internacionais da USP os professores não


aplicam prova, mas solicitam a apresentação de um produto, a escolha
do aluno;
c. Diretrizes serão um marco nesse aspecto, tornando as matérias mais
práticas, aumento do dinamismo, passando de ensinar conteúdo para
desenvolver habilidades;
2. Disciplina de empreendedorismo - temos oportunidades, mas os alunos ficam
livres para procurar ;
3. Sugestão: Toda disciplina da graduação ter contato com algum aspecto relativo
ao mercado de trabalho - estão tentando fazer na disciplina de Cidades (tentar
ligar as pessoas com as empresas);
4. Existem diferenças entre o que o mercado quer e o que os professores da
POLI-USP (pesquisadores) querem;
5. Quadro docente:
a. Maior renovação do quadro, profissionais que pensem novo;
b. Mudança do perfil dos professores - trazer o perfil do mercado para as
aulas, professores RDP (tempo parcial);
c. Trazer mais monitores para todas as matérias (PAE: faz disciplina da
pós e permite ser monitor);
d. Trazer mais curso de capacitação para os professores;
6. Matérias específicas desde o primeiro momento (NX -> Autocad);
7. Engenharias Química e Elétrica possuem grade quadrimestral para caber o
estágio, exemplo Europeu também funcionaria como alternativa;
8. Trabalho de Formatura:
a. Engenharia “arcaica” se mostra nos TFs de Civil, tinha que ter mais
hands on;
b. TF, estágio, atividades complementares vão virar 10% do curso - 1
semestre - TF0 (começa 1 semestre antes do habitual;
c. TF junto com empresas poder ser mais institucionalizado (Real Estate tá
fazendo);
9. Prof. entrou em contato com a Unicamp e com a UFSCAR, que já fizeram as
suas mudanças;
100

10. Para a área acadêmica, faz sentido começar o módulo antes. Aluno escolhe a
carreira cedo, mas pode deixar o aluno mais livres para fazer seu curso;
11. Carga horária de 12h semanais lá fora (internacional), na POLI-USP alguns
alunos chegam a fazer 30-35h. É uma tendência que precisa reduzir - 4.800h
total vs. 3600h Conselho Estadual de Educação de SP (mínimo 3.760h);
12. Módulo com bem menos disciplinas, ter menos do que tem hoje;
13. Estudo de caso como principal metodologia ativa, sala de aula invertida.
Conceito não é bem conhecido, então não se sabe se é realmente aplicável;
14. A discussão na CG está dividida em 6 grupos, discussão muito longa, bem
inicial. Engenharias Química e Elétrica estão fazendo, mas estão ensaiando -
Marte está vendo vários pontos de vista para reformular o de Civil;
15. Competência final de semestre vs. final do curso - Olhar por competência, ver
as disciplinas que desenvolvem elas, esse é o quebra cabeça que o Prof. está
tentando montar (São Carlos fez isso ;
16. Projeto interdisciplinar ao longo de cada semestre - Quais competências o
aluno tem que ser desenvolvido? Esse projeto força os professores a
pensarem em interdisciplinaridade. Dificuldade: alunos fora do semestre ideal;
17. Mais aulas virtuais com o decorrer do curso;

9.6. Anexo VI - Orientação Verbal: Prof. Dr. Edson Crescitelli

Data e hora: 09/05/2022, 9h30 às 16h00


Presentes: Marcos Duarte, Laryssa Sumer, Juliano Silveira e Prof. Dr. Edson
Crescitelli
Reunião: Conversa para aprender sobre os processos envolvidos em pesquisas
quantitativas e qualitativas.
Geral
1. Realizar revisão bibliográfica antes de definir estratégias e lógicas;
2. Durante a revisão bibliográfica do conteúdo do trabalho, quando surgirem
dúvidas, separá-las para a pesquisa, sem a necessidade de se aprofundar em
teorias mais robustas;
3. O termo premissas é utilizado para a pesquisa qualitativa enquanto o termo
hipóteses é utilizado para a pesquisa quantitativa;
101

4. Existem diferenças entre pesquisas de marketing e pesquisas acadêmicas,


mas para a nossa pesquisa ambas as metodologias são adequadas;
5. A ordem das pesquisas (quanti e quali) não interfere:
a. Professor recomendou iniciar pela qualitativa para obter insights para o
formulário;
6. Definir a elegibilidade de população em cada etapa;
Pesquisa qualitativa
1. As perguntas devem vir de base teórica (alguém que escreveu, pesquisou e
ponderou), para então se definir uma lógica/lastro;
2. Quanto mais específico o recorte de entrevistados, mais confiável são os
resultados;
3. Sempre que perceber diferenças entre os entrevistados, quebrar em diferentes
extratos:
a. Entender se os diferentes extratos deverão responder a pesquisa
quantitativa e pensar em maneiras de atingir todos eles;
b. As vezes é difícil encontrar diferenças, para a análise focar em
semelhanças entre os entrevistados;
4. Criar um roteiro de entrevistas que não precisa ser tão bem definido;
5. Buscar motivações e causas;
6. Pequeno universo com mais profundidade na análise;
7. Pesquisa desse trabalho deve ser exploratória, não quantitativa/estatística,
pelo pequeno universo estudado;
8. Inevitavelmente possui interferência do entrevistador;
Pesquisa quantitativa
1. Assim como na pesquisa quali, as perguntas devem vir de base teórica;
2. Deve-se pensar sobre o tipo de pergunta a ser feita (ex: múltipla escolha, sim
ou não, likert):
a. Caso seja escolhido Likert, usar pontos de 1 a 5 ou 1 a 7 (ponto
central/neutro);
b. Formular as questões sempre no mesmo sentido (todas afirmativas ou
todas negativas);
3. Likert é interessante para perguntas fechadas e menos subjetivas;
4. A pesquisa deve ser enviada para um universo específico e bem definido;
102

5. Pensar em como um leigo responderia, se distanciar do tema;


6. Realizar um teste com alguns respondentes antes de abrir a pesquisa para o
público geral;
7. Focar em pegar dados, números, proporções;
8. Pesquisa focada na quantidade, menos aprofundada;
9. Em torno de 150 respostas seria uma amostragem razoável a depender do
universo;
a. Pesquisar sobre margens de erro;
103

9.7. Anexo VII - Pesquisa quantitativa


104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116

9.8. Anexo VIII - Matriz com faixa salarial por ano de formatura

Anos de formatura 2017 2018 2019 2020 2021


Faixas Salariais EC OA EC OA EC OA EC OA EC OA

Até R$40.000,00 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 14.3% 0.0% 13.3% 13.8%
Entre R$40.000,01 e
0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 12.5% 14.3% 12.5% 46.7% 17.2%
R$80.000,00
Entre R$80.000,01 e
0.0% 33.3% 40.0% 33.3% 66.7% 0.0% 28.6% 12.5% 20.0% 31.0%
R$120.000,00
Entre R$120.000,01
0.0% 33.3% 20.0% 0.0% 0.0% 0.0% 42.9% 50.0% 6.7% 27.6%
e R$160.000,00
Entre R$160.000,01
100.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 25.0% 0.0% 25.0% 13.3% 3.4%
e R$200.000,00
Entre R$200.000,01
0.0% 33.3% 20.0% 0.0% 33.3% 25.0% 0.0% 0.0% 0.0% 3.4%
e R$240.000,00
Acima de
0.0% 0.0% 20.0% 66.7% 0.0% 37.5% 0.0% 0.0% 0.0% 3.4%
R$240.000,00
Respondentes 1 3 5 3 3 8 7 8 15 29
Subtotal 4 8 11 15 44
Total 82
117

9.9 Anexo IX - Levantamento das disciplinas do curso*

Créditos Créditos Possui Possui Possui trab/lab mas sem crédito de


Matéria
Aula Trabalho Trabalho Laboratório trabalho
0313101 - Intro a eng 2 1 SIM NÃO NÃO
4323101 - Física I 3 0 NÃO NÃO NÃO
MAC2166 - Programação 4 0 SIM NÃO SIM
MAT2453 - Cálculo 1 6 0 NÃO NÃO NÃO
MAT3457 - Algelin 1 4 0 NÃO NÃO NÃO
PCC3100 3 1 SIM SIM NÃO
PMT3130 2 0 SIM SIM SIM
PTR3111 - Geomática 4 2 SIM SIM NÃO
0313102 - Intro ao Projeto 4 1 SIM SIM NÃO
4323102 - Física 2 2 0 NÃO NÃO NÃO
MAT2454 - Cálculo 2 4 0 NÃO NÃO NÃO
MAT3458 - Algelin 2 4 0 NÃO NÃO NÃO
PME3100 - MecA 6 0 NÃO NÃO NÃO
PMT3100 2 0 NÃO NÃO NÃO
PRO3206 - Intro a econo 2 0 NÃO NÃO NÃO
303200 - Prob 2 0 NÃO NÃO NÃO
4323201 - Física A 2 0 SIM SIM SIM
4323203 - Física 3 4 0 NÃO NÃO NÃO
GMG3201 2 0 NÃO NÃO NÃO
MAT2455 - Cálculo 3 4 0 NÃO NÃO NÃO
PCC3221 - Materiais 1 3 1 SIM SIM NÃO
PEF3200 - R0 3 0 SIM NÃO SIM
PHA3203 - Eng Amb 2 0 SIM NÃO SIM
PME3222 - Mec Flu 4 0 SIM SIM SIM
PRO3211 - ADM 2 0 SIM NÃO SIM
4323202 - Física B 2 0 SIM SIM SIM
PCC3222 - Materiais 2 3 1 SIM SIM NÃO
PCC3231 - Gestão 1 3 0 SIM NÃO SIM
PCC3260 - Janelas 4 1 SIM NÃO NÃO
PRO3200 - Estat 4 0 NÃO NÃO NÃO
MAT2456 - Cálculo 4 4 0 NÃO NÃO NÃO
PEF3201 - R1 4 0 NÃO NÃO NÃO
PCC3331 - Gestão 2 4 1 SIM NÃO NÃO
PTR3311 - GeoPro 2 1 SIM SIM NÃO
PTR3322 - Pavimentos 2 0 SIM SIM SIM
PHA3304 - Hidráulica 1 4 0 SIM SIM SIM
MAP3121 - Numérico 4 0 SIM NÃO SIM
PEF3301 - R2 4 0 NÃO NÃO NÃO
PEF3305 - MecSolos 4 0 SIM SIM SIM
PHA3305 - Hidráulica 2 4 0 SIM SIM SIM
PCC3332 - Gestão 3 2 1 SIM NÃO NÃO
118

PEA3390 - Eletricidade 2 0 NÃO NÃO NÃO


PHA3307 - Hidrologia 4 0 SIM NÃO SIM
PTR3321 - Vias 4 0 SIM SIM SIM
PEF3302 - R3 3 0 SIM NÃO SIM
PEF3303 - Concreto I 4 0 NÃO NÃO NÃO
PEF3310 - MecSolos2 4 0 SIM SIM SIM
PCC3350 - PlanUrb 2 0 SIM NÃO SIM
PCC3411 - Real Estate 2 0 NÃO NÃO NÃO
PCC3461 - Prediais 2 0 SIM NÃO SIM
PEF3401 - R4 3 1 SIM SIM NÃO
PEF3402 - Estruturas de
Aço 3 1 SIM NÃO NÃO
PEF3403 - Concreto2 4 0 NÃO NÃO NÃO
PEF3405 - Fundações 3 1 SIM NÃO NÃO
PHA3412 - Saneamento 4 1 SIM NÃO NÃO
PTR3421 - Trilhos 2 0 NÃO NÃO NÃO
PTR3432 - Aeroportos 2 0 NÃO NÃO NÃO
313401 - Projeto de edifício 2 1 SIM NÃO NÃO
PCC3412 - Real Estate 2 2 0 NÃO NÃO NÃO
PCC3462 - Prediais 2 2 0 SIM NÃO SIM
PEF3404 - Pontes 2 1 NÃO NÃO NÃO
PHA3402 - Portos 2 1 NÃO NÃO NÃO
PHA3403 - Barragens 2 1 NÃO NÃO NÃO

* O levantamento foi feito buscando considerar os oferecimentos das disciplinas em diversos


semestres, baseado nas experiências dos integrantes do grupo e colegas ingressantes de outros anos.
Entretanto, a aplicação de trabalhos pode variar de acordo com adaptações feitas pelos professores
ao longo dos semestres.
119

9.10 Anexo X - Sugestão de atividades práticas para as disciplinas

Código Disciplina Atividade Prática

1º ano

Primeiro contato com AutoCad aplicado ao trabalho da disciplina já


0313101 Introdução à engenharia civil
existente
Introdução do AutoCad nas aulas; Construção de maquetes
0313102 Introdução ao Projeto na Engenharia
introdutórias

2º ano

Construção de maquetes e modelos estruturais (ex: pontes de


PEF3201 Introdução à Mecânica das Estruturas macarrão); Simulações computadorizadas em sala para demonstrar
conceitos
Tecnologia e Gestão de Produção de Desenvolvimento por parte dos alunos nas salas com computador de
PCC3231
Obras Civis: Princípios e Fundamentos cronograma de uma obra conhecida e comparação com projeto real

3º ano

PTR3321 Projeto de Vias de Transporte Visita técnica à obra em andamento

PTR3322 Pavimentação Rodoviária Visita técnica à obra de pavimentação

Desenvolvimento de projeto semestral, similar ao de PEF3402 -


PEF3303 Estruturas de Concreto I
Estruturas de Aço
Resistência dos Materiais e Estática das Construção de maquetes e modelos estruturais; Simulações
PEF3310
Contruções I computacionais em sala para demonstrar conceitos
Tecnologia e Gestão de Produção de Visitas técnicas a obras de edifícios em diferentes etapas de
PCC3331
Obras Civis: Edifícios conclusão
Tecnologia e Gestão de Produção de Visitas técnicas a obras de infraestrutura em diferentes etapas de
PCC3322
Obras Civis: Obras de Infraestrutura conclusão

4º ano

Resolução dos estudos de caso em salas com computadores através


PCC3411 Real Estate - Economia Setorial
do Excel
Resolução dos estudos de caso em salas com computadores através
PCC3412 Real Estate - Análise de Investimentos
do Excel

PTR3432 Aeroportos Visita técnica à torre de controle de aeroporto

Desenvolvimento de projeto semestral, similar ao de PEF3402 -


PEF3403 Estruturas de Concreto II
Estruturas de Aço

PEF3404 Pontes e Grandes Estruturas Utilização de softwares e modelos 3D com simulações de pontes

Aula no laboratório de sistemas de tubulações com apoio da Prof.


PCC3461 Sistemas Prediais I
Dra. Lucia Helena de Oliveira
120

PHA3412 Saneamento Visita técnica à obra em andamento

PHA3403 Barragens e Estruturas Hidráulicas Visita técnica à obra em andamento

9.11 Anexo XI – Apresentação Final


121
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