Você está na página 1de 51

FACULDADE ANHANGUERA MATÃO

ENSINO SEMIPRESENCIAL ENGENHARIA CIVIL

LILIAN C. DA SILVA QUINAIA


JOÃO VITOR ZOPPI

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO:


A Construção de uma Barragem de Concreto para uma Usina Hidroelétrica

MATÃO

2021
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR EM GRUPO:


A Construção de uma Barragem de Concreto para uma Usina Hidroelétrica

Produção textual em Grupo apresentado à


ANHANGUERA, como requisito parcial para a obtenção
de média semestral na disciplina de Atividade
Interdisciplinar, Quinto semestre, do curso de Engenharia
Civil.

MATÃO
2021
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
RESUMO

Nesta situação geradora de aprendizagem apresentada, nossa equipe teve a


responsabilidade por executar os estudos iniciais para a implantação de uma
barragem em concreto para uma usina hidrelétrica, avaliando a viabilidade e
potencial de geração de energia elétrica. Sendo assim, levando em consideração os
conteúdos do semestre, utilizamos os conhecimentos adquiridos para conhecer e
interpretar os aspectos da geologia e topografia local, além de especificar os
materiais utilizados na construção da barragem, bem como suas características
mecânicas, e por fim avaliar seu funcionamento hidráulico..
Além de apresentarmos os dados obtidos através dos cálculos, este trabalho
também servirá para desenvolvermos nossa atitude de investigação e prática com o
devido entendimento, interpretação e utilização de metodologias pesquisa,
desenvolvimento e inovação.
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Local de implantação da Futura Barragem............................................... 11


Figura 2 - Topografia Local ....................................................................................... 12
Figura 3 - Futura Barragem ....................................................................................... 13
Figura 4 - Levantamento Altimétrico .......................................................................... 14
Figura 5 - Altitude do Terreno .................................................................................... 16
Figura 6 - Carta Geológica ........................................................................................ 16
Figura 7 - Características da Carta ........................................................................... 17
Figura 8 - Fissura no concreto ................................................................................... 32
Figura 9 - Prevenção ................................................................................................. 35
Figura 10 - Comparativo dos Agregados ................................................................... 38
Figura 11 - Representação da Usina ......................................................................... 46
Figura 12 - Escoamento Laminar .............................................................................. 47
Figura 13 - Escoamento Turbulento .......................................................................... 48
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Levantamento Planimétrico ...................................................................... 13


Tabela 2 - Localização da Barragem ......................................................................... 14
Tabela 3 - Levantamento Altimétrico ......................................................................... 14
Tabela 4 - Distãncia das Visadas .............................................................................. 15
Tabela 5 - Altitude do Terreno ................................................................................... 15
Tabela 6 - Traço comum do concreto ........................................................................ 21
Tabela 7 - Fatores que afetam a Trabalhabilidade .................................................... 21
Tabela 8 - Classificação do Concreto ........................................................................ 22
Tabela 9 - Composição do Concreto ......................................................................... 23
Tabela 10 - Tipos de Concreto .................................................................................. 24
Tabela 11 - Tipos e Fuções da Argamassa ............................................................... 25
Tabela 12 - Classificação da Argamassa .................................................................. 27
Tabela 13 - Tipo de Agredado ................................................................................... 41
Tabela 14 - Relação entre fc e Eci ............................................................................ 41
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Curva de Gauss .................................................................................. 43


GRÁFICO 2 - Módulo de Elasticidade ....................................................................... 44
GRÁFICO 3 - Módulo de Deformação ....................................................................... 45
FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
SUMÁRIO

1. OBJETIVOS.......................................................................................................... 9

1.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 9

1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................. 9

2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

3. DESENVOLVIMENTO........................................................................................... 11

3.1. ESTUDO TOPOGRÁFICO (Topografia e Georreferenciamento) ....................... 12

3.1.1. Levantamento Planimétrico .......................................................................... 13

3.1.2. Levantamento Altimétrico ............................................................................. 14

3.2. ESTUDO GEOLÓGICO (Geologia e Paleontologia)........................................... 16

3.3. ESTUDO DO CONCRETO MASSA (Materiais de Construção Civil I) ................ 20

3.3.1. Concreto ...................................................................................................... 20

3.3.2. Dosagem do concreto .................................................................................. 21

3.3.3. Trabalhabilidade............................................................................................ 21

3.3.4. Exsudação ................................................................................................... 22

3.3.5. Propriedades do concreto endurecido.......................................................... 22

3.3.6. Permeabilidade e absorção.......................................................................... 23

3.3.7. Deformações ................................................................................................ 23

3.3.8. Tipo de concreto e aplicações na construção civil ....................................... 23

3.3.9. Argamassa ................................................................................................... 24

3.3.10. Classificação das argamassas ................................................................... 25

3.3.11. Concreto para usinas, barragens e hidrelétricas requer melhor


desempenho .......................................................................................................... 28

3.4. ESPECIFICAÇÕES MECÂNICAS DOS MATERIAIS (Resistencia dos Materiais)


..................................................................................................................................38

3.5. ESTUDO HIDROLÓGICO (Fenômenos dos Transportes) ................................. 46

3.5.1. Escoamento Laminar ................................................................................... 47


FACULDADE ANHANGUERA MATÃO
3.5.2. Escoamento turbulento ................................................................................ 47

4. CONCLUSÃO........................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
9

1. OBJETIVOS

1.1. OBJETIVO GERAL


Utilizar os conteúdos das disciplinas no semestre para solucionar a situação
geradora de aprendizagem proposta.

Desta forma, temos:

- A finalidade do trabalho: Analisar o local onde será implantada a usina hidroelétrica


e apresentar as especificações técnicas e os cálculos respondendo a viabilidade
sobrea a sua construção;

- A delimitação do trabalho: Estudo, análise e cálculo com referência as disciplinas


ministradas durante o semestre letivo.

1.2. OBJETIVO ESPECÍFICO


Verificar o conhecimento adquirido durante as aulas teórica e práticas do
quinto semestre de Engenharia Civil, com a finalidade de executar os estudos
iniciais sobre a implantação de uma barragem de concreto para uma usina
hidroelétrica, avaliando a viabilidade e potencial de geração de energia elétrica.
10

2. INTRODUÇÃO
A proposta de Produção Textual Interdisciplinar em Grupo (PTG) neste
semestre teve como temática “A construção de uma barragem de concreto para
uma usina hidroelétrica”. Esta temática possibilitou a aprendizagem interdisciplinar
dos conteúdos desenvolvidos nas disciplinas desse semestre, tais como: Geologia e
Paleontologia, Fenômenos de Transporte, Materiais de construção civil I,
Resistência dos materiais e Topografia e Georreferenciamento, demonstrando a
relação prática entre elas nas atividades que serão desenvolvidas no cotidiano
profissional de um Engenheiro Civil.
Poderemos medir nossos conhecimentos através da execução correta de
cada etapa deste trabalho.
Através de aprimoramento prático poderemos atuar em nossa profissão com
mais potencial de conhecimento. É neste modelo de trabalho que podemos verificar
nossa capacidade técnica e melhorar a cada dia.
Em cada etapa descreveremos detalhadamente os métodos, as fórmulas e
maneiras que seguimos para chegar a um resultado desejado
11

3. DESENVOLVIMENTO
Neste trabalho temos como tarefa imaginar que o prefeito da cidade de
Cuiabá (MT) planeja construir um Parque Industrial e precisa que seja expandida a
geração de energia elétrica para esta cidade. Pensando nisso, ele entrou em contato
com nossa equipe para saber a respeito da viabilidade técnica da construção de
uma hidroelétrica. A localização sugerida para a implantação da hidroelétrica está
ilustrada pela Figura 01.

Figura 1 – Local de implantação da Futura Barragem.

Fonte: PTG.

A partir deste Mapa, foi necessário avaliar a topografia do local, apresentado


na parte 01, (Passo 01), explicando e analisando sua influência na concepção da
barragem. Continuando a sequência foi necessário conhecer a geologia do local
(Passo 02), para saber se a rocha suporta o peso da barragem. Após estas
avaliações, iniciamos o estudo da execução, definindo as características dos
materiais que serão empregados e os cuidados necessários para a execução de
concreto massa (Passo 03), bem como suas características mecânicas (Passo 04).
E, por fim, avaliamos a parte hidráulica da barragem (Passo 05).
12

3.1. ESTUDO TOPOGRÁFICO (Topografia e Georreferenciamento)


Após consultar a carta topográfica da Região, na qual apresenta o relevo,
obtivemos melhores informações sobre a área. A nossa equipe fez um levantamento
mais preciso da área de implantação da barragem.
Avaliando a topografia do local e analisando as curvas de nível, constatou se
que é topograficamente executável a barragem neste local, por conter uma
depressão no terreno facilitando o acumulo de água.

Figura 2 - Topografia Local

Fonte: Próprio Autor


13

Figura 3 - Futura Barragem

Fonte: PTG

3.1.1. Levantamento Planimétrico


Com os resultados do levantamento planimétrico, obtivemos os ângulos e as
leituras da mira, com o quais conseguimos calcular as distâncias entre os pontos.

Tabela 1 - Levantamento Planimétrico

Ponto Ponto Ponto Ângulo: Zenital Mira estadimétrica K=100 Dist.


Ré est. Vante Calc. (M)
(xx°xx'xx") dec FS FM FI G
A B 87°25'55" 87,432 1,957 1,491 1,025 0,932 93,013

B C 91°19'27" 91,324 3,487 3,107 2,727 0,760 75,959


C D 89°18'43" 89,312 2,342 2,088 1,834 0,508 50,793
D E 82°7'47" 82,130 1,873 1,448 1,023 0,850 83,406
Fonte: Próprio Autor

Através de conversão de coordenadas geográficas em coordenadas UTM, foi


possível fazer uma estimativa da localização da barragem, aonde foi convertido
15°28'17.2"S 56°04'08.6"W em X=599864.985(E) e Y=8289306.736(N). Com os
dados do levantamento planimétrico processados, foi possível desenhar o
alinhamento da barragem, e descobrir as coordenadas dos respectivos pontos.
14

Tabela 2 - Localização da Barragem

Ponto X (E) m Y (N) m


A 599864,985 8289306,736
B 599957,904 8289310,903
C 600033,843 8289309,148
D 600084,632 8289309,758
E 600167,253 8289321,179
Fonte: Próprio Autor

Figura 4 - Levantamento Altimétrico

Fonte: Próprio Autor

3.1.2. Levantamento Altimétrico


Com o levantamento altimétrico foram obtidos os dados com os quais
conseguimos calcular o desnível do terreno e suas respectivas altitudes.

Tabela 3 - Levantamento Altimétrico

RN (m) Ponto FS (mm) FM (mm) FI (mm) DN (m) Altitude


196,12 visado Ré-Vante

Ré A 1,234 1,029 0,823 2,133 197,149


Vante B 2,245 2,133 2,021 195,016

Ré B 1,234 1,048 0,862 3,023 196,064


Vante C 3,546 3,285 3,023 193,041

Ré C 2,234 2,084 1,934 1,395 195,125


15

Vante D 1,823 1,609 1,395 193,73

Ré D 3,981 3,819 3,657 0,824 197,549


Vante E 0,937 0,881 0,824 196,725
Fonte: Próprio Autor

Com as leituras dos fios inferior e superior, calculamos a distância de cada visada.

Tabela 4 - Distãncia das Visadas

G (mm) Const. (K) Ang. Dh (M)


Vert.

0,411 100 0 32,108


0,224 100 0 17,499

0,372 100 0 29,061


0,523 100 0 40,857

0,300 100 0 23,436


0,428 100 0 33,436

0,324 100 0 25,311


0,113 100 0 8,828
Fonte: Próprio Autor

Foi feito uma planilha com as altitudes do terreno e somatória das distancias
a partir do ponto „A‟, para facilitar a criação do perfil do terreno, levando em
consideração que o nível da barragem está em 195,230.

Tabela 5 - Altitude do Terreno

Dist. de Altitude do
A terreno
32,108 197,149
49,607 195,016
78,668 196,064
119,525 193,041
142,962 195,125
176,398 193,730
201,709 197,549
210,537 196,725
Fonte: Próprio Autor
16

Figura 5 - Altitude do Terreno

Fonte: Próprio Autor

3.2. ESTUDO GEOLÓGICO (Geologia e Paleontologia)


Observando a carta geológica do local onde será implementada a barragem.
Segundo a legenda, o Rio Bandeira está sobre a formação rochosa da Subunidade
6, composta por filito conglomerático, com clastos de quartzo, filito e quartzito e
intercalações subordinadas de metarenito.

Figura 6 - Carta Geológica

Fonte: PTG
17

Figura 7 - Características da Carta

Fonte: PTG

Acerca dos conhecimentos adquiridos na disciplina de Geologia e


Paleontologia, responda as seguintes perguntas:
a) Identifique à qual tipo de rocha o filito, quartzito e arenito pertencem e explique
como elas se formam.
b) A rocha do filito apresenta a característica de ser foliada, enquanto a rocha do
quartzito é considerada como não foliada. Explique a diferença entre elas.
c) O prefeito da cidade pediu uma avaliação detalhada sobre a presença ou
ausência de fósseis na região de implantação da barragem. Tendo em vista as
rochas filito, quartzito e arenito, é possível que haja fósseis em alguma delas? Se
sim, em qual delas?

Filito ou filádio ou xisto luzente é uma rocha metassedimentar muito fina,


sendo uma rocha metamórfica de granulação fina, intermediária entre as rochas
ardósia e micaxisto. Constitui-se de Micas Sericita (responsável pela retenção dos
álcalis), Clorita e Quartzo.
Origina-se em geral de material argiloso, por dinamometamorfismo e
recristalização; Devido à sua natureza química e minerológica, pode compor até
50% de massas cerâmicas.
18

O mineral conhecido como quartzito é uma rocha metamórfica, constituida por


moscovita, biotita, sericita, turmalina, dumortierita, e, principalmente por quartzo, que
representa mais de 75% da composição.
Sua origem esta ligada aos processos metamórficos desenvolvidos em rochas
sedimentares (rochas com grande quantidade de sílica amorfa). Também podem
estar relacionadas ao metamorfismo de quartzo e de rochas vulcânicas com alto
grau de sílica. Arenitos podem transformar-se em quartzitos em dois processos. A
partir do movimento de fluídos em condições de pressão e temperatura baixas ou
quando a rocha sofre ruptura, desta forma os fragmentos se desenvolvem sobre os
grãos originais (ortoquartizito).
Arenito ou grés, é uma rocha sedimentar que resulta da compactação
e litificação de um material granular da dimensão das areias, é composto geralmente
por quartzo, mas pode ter quantidades apreciáveis de feldspatos, micas e/ou
impurezas.
O arenito se forma quando rochas como o granito se desintegram aos
poucos pela ação dos ventos e das chuvas. Os grãos de quartzo dessas rochas
formam a areia -areias e dunas de areia, porém não são rochas: são fragmentos de
rochas-. A areia pode se depositar no fundo do mar ou em depressões e ficar
submetida a um aumento de pressão ou temperatura. Assim cimentada e
endurecida, forma o arenito.
As texturas das rochas metamórficas são basicamente de dois tipos: foliada
ou xistosada (com bandas pela disposição dos minerais em planos paralelos) e não-
foliada ou granoblástica (minerais desordenados).
Rochas metamórficas folheadas são formadas no interior da Terra, quando
rochas pré-existente polimenerálicas (constituídas por vários minerais) ficam sob
pressões altas e dirigidas, que são desiguais, sendo que ocorre quando a pressão é
maior em uma direção do que nas outra. Isso faz com que os minerais na rocha
original se reorganizem com os minerais longos e planos se alinhando
paralelamente há maior direção de pressão.
Rochas metamórficas não foliadas são pedras onde os grãos dos minerais
não apresentam uma orientação preferencial distinguível, são formadas em torno de
intrusões ígneas onde as temperaturas são altas, mas as pressões são
relativamente baixas e iguais em todas as direções. Os minerais que estão dentro da
rocha recristalizam em tamanhos maiores e os átomos tornam-se mais
19

compactados, o que acaba aumentando a densidade da rocha. Elas formam-se,


geralmente, a partir de rochas pré-existentes constituídas apenas por um único
mineral (à exceção das corneanas).
Os fósseis formam-se apenas em áreas sedimentares, pois é durante o
processo de sedimentação das rochas que a fossilização acontece. Sendo assim é
muito provável que haja presença de fósseis no Arenito, pois sua formação é
sedimentar.
Já no caso do Quartzito e do Filito não encontraremos fósseis, tendo em vista
que são derivados de formações metamórficas, logo é um tipo de rocha derivado da
metamorfose (transformação) de rochas magmáticas ou sedimentares, mas que
sofrem modificação em sua composição atômica. Dessa maneira, acabam
originando uma nova rocha, com novas propriedades e outra composição mineral.

Resumindo:

Filito é uma rocha metamórfica que origina-se de material argiloso, por


dinamometamorfismo e recristalização.
Quartzito é uma rocha metamórfica que origina-se por processos
metamórficos desenvolvidos em rochas sedimentares ou ao metamorfismo de
quartzo e de rochas vulcânicas com alto grau de sílica.
Arenito é uma rocha sedimentar –logo pode ter presença de fósseis em sua
composição- que se forma quando rochas como o granito se desintegram aos
poucos pela ação dos ventos e das chuvas.
Rochas metamórficas folheadas são formadas no interior da Terra, quando
rochas pré-existente ficam sob pressões altas e dirigidas. Isso faz com que os
minerais na rocha original se reorganizem, se alinhando paralelamente há maior
direção de pressão.
Rochas metamórficas não foliadas são formadas em torno de intrusões
ígneas onde as temperaturas são altas, mas as pressões são relativamente baixas e
iguais em todas as direções. Isso faz com que os grãos dos minerais não
apresentam uma orientação preferencial distinguível.
20

3.3. ESTUDO DO CONCRETO MASSA (Materiais de Construção Civil I)


A elaboração de concreto para uma barragem não é assim tão simples, por
esse motivo, você e a sua equipe precisam estudar quais são os cuidados que
devem ser tomados nessa construção e também na escolha dos materiais. Vocês
precisam pensar na imensa responsabilidade que terão nesta busca, pois uma
barragem não pode fissurar e muito menos se romper.
Obras como barragens utilizam o que chamamos de concreto massa, ou seja,
grandes volumes de concreto são aplicados. Juntamente com esse grande volume,
podem surgir inúmeros problemas, caso alguns aspectos não sejam considerados
na escolha dos materiais e também nos cuidados com o calor de hidratação e as
variações volumétricas.
Para esta etapa, você e sua equipe deverão realizar uma pesquisa
bibliográfica para apontar quais cimentos poderiam ser utilizados para a elaboração
do concreto da barragem, justificando as indicações dos possíveis cimentos. Além
disso, vocês deverão pesquisar o que é o calor de hidratação e porque ele é elevado
em obras de concreto massa. Indicando também soluções para evitar a fissuração
pelo elevado calor de hidratação do concreto que é presente nas obras de concreto
massa.
Outro aspecto importante que você e sua equipe precisam ter conhecimento
está relacionada com as propriedades requeridas para o concreto nessa situação,
quais são as propriedades mais importantes e como elas podem ser atingidas?

3.3.1. Concreto
O concreto pode ser definido como o resultado da mistura de cimento, água,
agregado miúdo (em geral a areia) e agregado graúdo (em geral a brita),juntamente
com a água, formam uma pasta fluida dependendo da quantidade de água
adicionada.
Esta pasta tem a função de unir os agregados (miúdos e graúdos), formando
um material que, nas primeiras horas, encontra-se num estado capaz de ser
moldado nas mais diversas formas.
Ao passar do tempo, acontece a reação irreversível da água com o cimento, a
mistura vai endurecendo e criando uma alta resistência mecânica, que o torna um
21

excelente material de desempenho estrutural, nos mais diversos ambientes de


exposição.

3.3.2. Dosagem do concreto


O traço ou a dosagem podem ser definidos como a proporção entre todos os
materiais que fazem parte do concreto. A proporção de cada material define a
característica da mistura, assim, ao aumentar um insumo e diminuir outro tem-se
concretos de características diferentes. É importante que cada material utilizado na
dosagem seja analisado previamente em laboratório (conforme normas da ABNT).

Tabela 6 - Traço comum do concreto

Traço Na 1 saco 30L 3,5 4,5


1:2:3 mão de de latas latas
cimento água de de
areia brita
Betoneira 1 saco 30 litros 4 5
de de água latas Latas
cimento de de
areia brita
Fonte: Próprio Autor

3.3.3. Trabalhabilidade
São inúmeras as propriedades do concreto fresco ligadas à
trabalhabilidade, como consistência, textura, integridade de massa, poder de
retenção da água e massa especifica.

Tabela 7 - Fatores que afetam a Trabalhabilidade

A - Fatores Internos: B - Fatores Externos:


(ligados aos componentes do concreto) (ligados às operações de produção)
1: Consistência (relação água/mistura seca A%); 1: Tipos de mistura, transporte,
2: Proporção cimento/agregado total teor de lançamento e adensamento;
finos; 2: Dimensões e armadura da peça a
3: Proporção entre os agregados (a/p); executar;
4: Forma adequada ds grãos dos agregados;
5: Aditivos plastificantes (redutores de água);
Fonte: Próprio Autor

• Slump Test: mede a consistência pelo abatimento do tronco de cone (MB 256).
• Ensaios de escorregamento sem limitações: Flow test e Mesa de Graff.
• Ensaios de escorregamento com limitações: Remoldagem de Powers,
Remoldagem modificado e ensaio VEBE.
22

• Ensaios de penetração: Graff, Irribarren, Kelly e Humm.


• Ensaio de compactação: (Glanville).

3.3.4. Exsudação
A exsudação pode ser definida como a tendência de a água de
amassamento vir à superfície do concreto recém-lançado, devido à sua
densidade (1g/cm³) ser menor que a dos agregados (2,4g/cm³) e a do
cimento(3,1g/cm³).
A exsudação provoca a alta porosidade, baixa resistência, nata na
superfície e redução da aderência com armaduras. Os procedimentos
que diminuem os efeitos da exsudação são misturas ricas, granulometria
contínua, cimentos finos e agregados de grãos arredondados.

3.3.5. Propriedades do concreto endurecido


As principais propriedades observadas são:
Massa específica: é a massa da unidade de volume do material incluindo os vazios.
Os valores usuais normais para concreto simples são de 2400 kg/m³, e para o
concreto armado de 2500 kg/m³ (segundo a NBR 6118:2003).
Resistência mecânica: a resistência mecânica do concreto é dividida
em dois grupos. O quadro a seguir, baseado na NBR 8953:2015,
apresenta estas classificações.

Tabela 8 - Classificação do Concreto

Concretos do grupo I Concretos do grupo II


de resistência de resistência
Designação Fck(MPa) Designação Fck(MPa)
C10 10 C55 55
C15 15
C20 20
C25 25 C60 60
C30 30
C35 35 C70 70
C40 40
C45 45 C80 80
C50 50
Fonte: Próprio Autor
23

Outro ponto importante em relação à resistência mecânica do


concreto é com relação aos valores mínimos a serem adotados em
projetos.

3.3.6. Permeabilidade e absorção


A permeabilidade do concreto está diretamente ligada à sua porosidade. O
concreto, por ser um material poroso não preenche na totalidade os vazios entre os
agregados com a pasta de cimento, desta forma, a porosidade deve ser
considerada. Já a absorção é o fenômeno físico pelo qual o concreto retém água
nos seus poros e condutos capilares.

3.3.7. Deformações
As deformações do concreto estão relacionadas à sua variação de volume,
que é o resultado da soma de várias parcelas:
• Variação do volume absoluto dos elementos ativos que se hidratam.
• Variação do volume de poros internos, com ar ou água.
• Variação do volume de material sólido inerte (incluindo o cimento
hidratado).

3.3.8. Tipo de concreto e aplicações na construção civil


O concreto pode ser formado pela associação de vários materiais em
proporções distintas. Estas várias formas de composição do material originam uma
série de tipos de concretos; os mais utilizados estão apresentados no Quadro
abaixo:

Tabela 9 - Composição do Concreto

Tipo de Concreto Descrição e Aplicações


Convencional É o concreto mais visto em obras, pode ser lançado em formas ou
diretamente no solo. Não utiliza aditivos e sua resistência depende
do traço, variando de 10 a 40 Mpa, é utilizado em fundações,
estrutura, pisos e calçamentos.
Bombeado Apresenta as mesmas características do concreto convencional,
mas tem a diferença de ter maior fluidez para que seja bombeado.
Apresenta maior fator água cimento e pode ser aplicado com algum
aditivo de característica plástica. A aplicação dele é igual à do
convencional, porém pode alcançar locais altos ou de difícil acesso.
Pré-fabricado Esse tipo de concreto vem ganhando espaço no mercado, ele é um
concreto com um controle rigoroso de qualidade que é fabricado
fora do local da obra e transportado e "colocado" no local definitivo.
24

Esse tipo de utilização permite ganho de tempo na obra.


Fonte: Próprio Autor

Tabela 10 - Tipos de Concreto

Alta resistência inicial Normalmente é o concreto mais caro devido ao uso de aditivos e
como o próprio nome sugere atinge alta resistência em um tempo
bem inferior se comparado aos outros tipos, o que permite um
ganho de agilidade na construção. A aplicação pode ser vantajosa
para diminuição do tempo da obra.
Pesado Esse concreto utiliza agregados graúdos com massa específica
maior, que garantem uma maior resistência mecânica, maior
durabilidade e proteção. A aplicação dele é mais frequente em
estruturas pesadas ou que necessitem de proteção intensa.
Projetado Esse concreto tem mais fluidez que o concreto bombeado, pois
contêm aditivos que auxiliam na aderência ao substrato; são
aplicados através de máquinas de pressão que lançam um jato na
superfície. É um tipo de concreto bastante aplicado no Brasil
devido ao relevo demandar muitas obras de contenção; são
aplicados em encostas para evitar deslizamentos.
Fonte: Próprio Autor

Os concretos na sua forma final podem ser também armados, ou seja, contam
com a presença de aço na sua formação, ou também protendidos, nos quais existem
barras de aço protendidas dentro da estrutura.
Além desses tipos citados, existem outros inúmeros, como o autoadensável,
rolado, resfriado, leve, celular, com adição de fibras, submerso, ciclópico etc.

3.3.9. Argamassa
Argamassa é um material da construção constituído por uma mistura
homogênea de um ou mais aglomerantes, agregado miúdo e água. Nessa massa
podem ser adicionados produtos especiais, como aditivos ou adições de outros
materiais com a finalidade de melhorar ou conferir determinadas propriedades ao
conjunto. As argamassas diferenciam-se por apresentar características plásticas
e adesivas e, quando aplicadas, tornam-se rígidas e resistentes após um
determinado período de tempo. Esse fato determina seus principais empregos na
construção civil, sendo utilizadas na moldagem de elementos, na aderência em
outros elementos para a proteção física e mecânica de componentes. No Brasil, são
utilizados tradicionalmente como agregados a areia e o pedrisco, e como
aglomerantes a cal aérea, o cimento Portand e o gesso.
Os aditivos são adicionados à mistura, em pequenas quantidades, com a
finalidade de melhorar uma ou mais propriedade da argamassa tanto no estado
25

fresco quando no estado endurecido. O uso do aditivo está muitas vezes relacionado
à diminuição da retração na secagem (para diminuir fissuras), aumentar o tempo de
pega mantendo a plasticidade e também para aumentar a aderência da argamassa
ao substrato.

3.3.10. Classificação das argamassas


Em relação ao tipo de aglomerante:
• Aéreas simples: que têm a presença de cal aérea ou de gesso.
• Hidráulicas simples: o aglomerante é a cal hidratada ou o cimento.
• Mistas ou compostas: são compostas por cal aérea e cimento. Além da
classificação por tipo de aglomerante, as argamassas podem ser classificadas de
acordo com sua dosagem em:
• Pobres ou magras quando o volume de pasta é insuficiente para preencher os
vazios entre os grãos dos agregados.
• Cheias quando a pasta aglomerante preenche exatamente os agregados.
• Ricas ou gordas quando existe excesso de pasta.
Por último, são classificadas segundo a sua consistência: podem ser secas,
plásticas ou fluidas. A escolha da mais adequada dependerá das condições exigidas
na obra.

Tabela 11 - Tipos e Fuções da Argamassa

Função Tipo de Descrição Propriedades


argamassa
Construção de Assentamento Utilizada para Unir os blocos, distribuir
alvenarias elevação de paredes uniformemente as cargas e
de tijolos ou blocos absorver deformações
Fixação
Revestimentos Chapisco Utilizada para revestir Proteger a alvenaria contra
de paredes, tetos, muros, intempéries e os sistemas
paredes e os quais geralmente de vedação dos edifícios
tetos recebem fornecendo isolamento térmico,
acabamentos, como acústico e estanqueidade à água
pinturas e outros
revestimentos
Emboço ou
reboco
Camada única
Revestimento
decorativo
Revestimento Contrapiso Utilizada para Regularizar a superfície para
de regularizar a receber o acabamento
pisos superfície
Alta
26

resistência
para
piso
Revestimento Assentamento de Utilizada para "colar" Absorver as deformações
cerâmico peças cerâmicas a peça cerâmica naturais do sistema de
no substrato, vedar revestimento cerâmico
as juntas, ajustar
defeitos
Rejuntamento
Recuperação Argamassa de Utilizada para Recuperação desses elementos
de reparo reconstruir os através da reconstituição
estrutura elementos estruturais geométrica
Fonte: Próprio Autor

Tipos de argamassa de revestimento


• Chapisco: camada preparada da base que é aplicada de forma contínua e
descontínua e tem a finalidade de uniformizar a superfície em relação à absorção e
melhorar a aderência de revestimentos.
• Emboço: camada para revestimento executada para cobrir a regularização da
base e preparar a superfície para receber outra camada que pode ser o reboco ou
um revestimento decorativo (por exemplo, a cerâmica).
• Reboco: camada para cobertura do emboço e que prepara uma superfície que
permite receber o revestimento decorativo, como a pintura, por exemplo, ou que
pode ser o próprio acabamento final.

Principais propriedades das argamassas


Trabalhabilidade: esta propriedade está relacionada ao estado fresco e
determina a facilidade com que pode ser misturada, aplicada, transportada e
acabada em condição homogênea. Está diretamente relacionada ao traço.
Consistência e plasticidade: a forma de correção da trabalhabilidade da
massa é através de correção da quantidade de água de amassamento; esse ajuste
está relacionado à consistência ou fluidez da argamassa, que pode ser classificada
em fluida, plástica ou seca, o que dependerá da quantidade de pasta aglomerante
existente ao redor dos agregados. A plasticidade é a propriedade na qual a
argamassa tende a conservar a deformação após a retirada de tensões.
Retenção de água: é a capacidade que a argamassa fresca tem de manter
sua trabalhabilidade quando sofre perda de água.
Coesão: refere-se às forças de atração que existem entre as partículas
sólidas da argamassa com a pasta aglomerante.
27

Exsudação: é a tendência de separação da água da pasta da argamassa, de


forma que a água sobe e os agregados descem,
Camada única: um revestimento único de argamassa que é aplicado na base
e na qual já permite a aplicação da camada decorativa, como a pintura; é conhecido
popularmente como “reboco paulista” ou “massa única”, e atualmente é a mais
empregada no Brasil por conta da gravidade; as argamassas fluidas apresentam
maior tendência a esse fenômeno.
Densidade da massa: quanto mais leve for a argamassa mais trabalhável ela
será a longo prazo, o que gera um aumento de produtividade pela redução do
esforço de aplicação. A densidade varia com o teor de ar e com a massa específica
dos materiais constituintes, principalmente o agregado.

Tabela 12 - Classificação da Argamassa

Argamassa Densidade
Leve < 1,4 g/cm³
Normal 2,3 ≤ A ≤ 1,4 g/cm³
Pesada > 2,3 g/cm³
Fonte: Próprio Autor

Adesão inicial: é a capacidade de união inicial da argamassa no estado


fresco a uma base, chamado de “pegajosidade”. Esta propriedade está relacionada
às características da pasta em relação à tensão superficial; ela pode ser alterada de
acordo com o teor de cimento, da cal e também dos aditivos.
Retração: está associada à variação de volume da pasta aglomerante e
reflete no desempenho das argamassas e também na estanqueidade e durabilidade.
Aderência: essa propriedade está relacionada a três interfaces de
argamassa-substrato. A primeira é referente à resistência de aderência à tração, ao
cisalhamento e à extensão da aderência (contato da massa com o substrato). A
finura do agregado influencia diretamente essa propriedade, quanto mais contínua
for a granulometria maior será o módulo de finura e maior será a aderência.
28

3.3.11. Concreto para usinas, barragens e hidrelétricas requer melhor


desempenho
A densidade e a permeabilidade são os principais requisitos para usinas
nucleares. Para barragens e hidrelétricas, deve atender requisitos de permeabilidade
e reduzido consumo de clínquer.
Em obras de infraestrutura, o concreto é material indispensável e utilizado em
grandes volumes. Quando se trata de um projeto de grande porte, como usinas
nucleares, hidrelétricas e barragens, seu uso pede especificações técnicas inerentes
a cada cenário. “Nos empreendimentos que geram energia atômica, é preciso que o
concreto para usinas apresente capacidade de isolamento de radiação, além dos
parâmetros de resistência, deformabilidade e durabilidade”, afirma o professor José
Marques Filho, docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A densidade e a permeabilidade são os principais requisitos que o concreto
para usinas nucleares deve atender. Exemplo de solução indicada nesses casos é o
Concreto Pesado, da Engemix, negócio de concreto da Votorantim Cimentos.
O produto apresenta elevado peso específico, o que garante a blindagem
contra radiações. Em sua composição, também são usados agregados de alta
densidade, como a hematita, magnetita, barita ou minério de ferro. Além das usinas
nucleares, essas características técnicas tornam o produto ideal para o concreto
empregado em obras de instalações de testes de pesquisas atômicas e salas de raio
X. Para barragens e hidrelétricas, o concreto deve ser especificado de maneira que
minimize o impacto térmico (que pode causar fissuras); permita capacidade
executiva; e garanta a durabilidade adequada. A solução tem que atender requisitos
como permeabilidade e reduzido consumo de clínquer, “É preciso que na formulação
do concreto se tenha cuidado com as reações expansivas causadas pelo efeito
térmico ou pela reação álcali-agregado. Esse fenômeno é controlado com o uso
intensivo de pozolana – uma espécie de „vacina‟ –, que diminui os efeitos térmicos e
refina os poros, mitigando a reação álcali-agregado”, destaca o professor.

Formulação, preparação e aplicação do concreto para usinas


Nas grandes obras, é muito importante confiar no concreto que será usado.
“Para isso, devem ser realizados ensaios em laboratórios competentes, ação que
permite analisar as variações dos diversos parâmetros nos estados fresco e
endurecido. Assim, fica reduzida substancialmente a probabilidade de ocorrências
29

de não conformidades”, diz. São diversos os ensaios possíveis, com destaque para
resistência à compressão e à tração; características de deformabilidade;
permeabilidade; e reatividade potencial.
As análises prévias perdem a validade caso os dados obtidos não passem do
laboratório para o canteiro. “A preparação do concreto deve permitir o controle das
matérias-primas. Todas as fases, da mistura até a cura, precisam ser rigorosamente
fiscalizadas por profissionais experientes”, completa.
O controle e a garantia da qualidade devem abranger todas as fases da
cadeia produtiva. É o caso do cimento e aditivos, com especificação precisa e alta
qualidade, fornecidos pela Votorantim Cimentos para a composição do concreto da
usina hidrelétrica de Belo Monte, no total de 1 milhão de toneladas desde 2012 até
agora.
Além da infraestrutura básica da hidrelétrica, parte do material serviu também para
intervenções e melhorias nas cidades localizadas em seu entorno. A logística para
transporte de todo esse material para Belo Monte, em Altamira (PA), envolve uma
complexa operação, com uso de caminhões especiais que conseguem vencer as
difíceis estradas e também barcaças para deslocamentos fluviais.
Tão criteriosa quanto o procedimento de preparação deve ser a aplicação.
Por exemplo, no concreto compactado com rolo – solução bastante usada em obras
de grande porte –, o controle do processo evita que sejam criadas camadas com
vazios que gerem caminhos preferenciais de percolação (manifestação patológica
que ocorre nas estruturas de concreto devido à infiltração de água). “Também é
essencial o treinamento da mão de obra para obtenção de produto final com a
qualidade adequada”, comenta o docente.
Depois de a obra ser finalizada, é recomendável uma inspeção que garanta
que os parâmetros especificados realmente foram atendidos. Pela importância e
exigência de longa vida útil dessas obras, o processo de monitoramento e
manutenção são partes essenciais do ciclo de vida dos empreendimentos.
O concreto para usinas, barragens e hidrelétricas ainda não tem uma norma
técnica específica, porém o primeiro passo para elaboração de um documento do
tipo foi dado na ABNT. “Estão começando a trabalhar em uma norma para o
concreto compactado a rolo”, finaliza Marques.
30

Calor de hidratação: qual a importância para o concreto


Tecnicamente, o calor de hidratação pode ser definido como o calor
liberado pelo concreto através de um processo exotérmico, no caso a reação do
cimento com a água. Um processo exotérmico nada mais é do que uma reação
química em que há transferência de energia do interior de um objeto para o meio
exterior. Após as primeiras horas da aplicação do concreto começa a ocorrer a
hidratação do cimento com a água (endurecimento). Essa reação faz com que seja
liberada certa quantidade de produtos de hidratação, como hidróxido de cálcio,
etringita, silicato de cálcio hidratado, entre outros. Esse processo provoca um
aumento da temperatura da massa concreto, cujo calor será liberado na atmosfera.
Grande consumo de cimento no concreto é a principal causa do aumento excessivo
da sua temperatura. Até aí, nada de novo. O problema é que, quando se trata de
grandes volumes de concreto para a mesma peça, como os blocos de fundação, o
calor produzido em seu interior (nas primeiras horas após a aplicação) encontra
dificuldade em se dissipar para a atmosfera. Essa dificuldade gera grande acúmulo
de temperatura no interior da massa, acarretando em um diferencial térmico entre o
núcleo e a superfície da peça. Quando a temperatura interna do concreto ultrapassa
os 65ºC a probabilidade de ocorrer fissuração é muito grande, pois quando a
camada externa resfriar-se e começar o processo de retração, a camada interna
ainda estará em processo de expansão, gerando tensões internas.

Qual a relação entre as propriedades do cimento e o calor de hidratação


De modo geral, o cimento apresenta diversos componentes de acordo com o
seu tipo. Esses componentes têm relação direta com uma maior ou menor alteração
da temperatura do concreto. Basicamente o cimento tem 4 componentes em
maiores quantidades:
C3S : Silicato tricálcico, responsável pela resistência do concreto em todas as
idades, mas principalmente nas idades iniciais, liberando calor após a aplicação.
C2S : Silicato dicálcico , responsável pela resistência do concreto em idades mais
avançadas, como 1 mês, liberando calor lentamente.
C3A : aluminato tricálcico, libera muito calor nas primeiras horas, reage com água
formando a etringita.
C4AF: ferro aluminato tetracálcico, não influencia a resistência.
31

Por isso é muito importante escolher o tipo de cimento para o concreto. No


Brasil temos diversos tipos de cimento, como o Cimento Portland Comum, Cimento
Portland Composto, Cimento Portland de alto forno, Cimento Portland Pozolanico,
Cimento Portland de alta resistência inicial, etc. Usualmente vemos bastante o
Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CPV ARI), que é um cimento rico em
C3S, componente responsável pela resistência inicial. Porém, esse cimento libera
alta quantidade de calor em poucas horas, contribuindo para o calor de hidratação.
Também é preciso tomar muito cuidado com o teor de C3A do cimento, que é mais
baixo do que o C3S, mas tem altíssima liberação de energia nas primeiras horas.

Como reduzir o calor de hidratação no concreto


Muitas variáveis podem influenciar o processo de calor de hidratação, desde a
composição dos materiais do concreto ao planejamento da concretagem. Por isso é
muito importante consultar especialistas que possam realizar estudos prévios
elencando os cuidados a serem tomadas a fim de evitar que essa patologia ocorra.
Podemos citar alguns deles:
- Não permitir a exposição excessiva ao sol: Às vezes, pode acontecer de todas as
providências e cálculos terem sido observados para evitar o problema. No entanto, a
exposição excessiva do concreto ao sol nos primeiros dias após a sua aplicação
comprometerá toda a previsão inicial. Por isso, é importante evitar essa exposição,
por meio de estruturas adequadas para proteção ou programando a concretagem
fora do horário de maior exposição ao sol, preferencialmente no período noturno.
- Utilizar camadas de concretagem: As camadas de concretagem, por serem menos
volumosas, são capazes de evitar que o calor permaneça no interior do concreto,
permitindo que ele se espalhe pela sua superfície. Isso impede o acúmulo excessivo
de calor pela simples diminuição do volume de concreto em uma determinada área.
- Realizar uma boa cura do concreto: A cura do concreto consiste em medidas
adotadas para diminuir a evaporação da água contida em seu interior como
resultado do aumento da temperatura.
Apesar de agir na parte externa do concreto, é importante para minimizar as
consequências desse calor excessivo.
- Refrigerar o concreto com gelo: Quando há uma necessidade maior de diminuir o
calor produzido pelo concreto, pode-se recorrer a esta técnica, que consiste em
incorporar gelo juntamente com a água adicionada na mistura, com o intuito de fazer
32

com que o material bombeado tenha uma temperatura ambiente. Assim, a maior
temperatura atingida após aplicação não será tão excessiva.
- Refrigeração interna: A “pega” do concreto é o momento em que começa a haver a
sua hidratação ou endurecimento. Logo, a refrigeração nessa fase é feita por meio
de pequenas tubulações contendo água gelada. Essas tubulações são introduzidas
no núcleo do concreto ainda fresco e permanecerão dentro dele após endurecido.
- Controlar a quantidade de cimento: O cimento é o responsável pela reação
exotérmica que ocorre no concreto. Portanto, a melhor maneira de evitar o excesso
de calor na massa é utilizar a menor quantidade possível desse aglomerante.
Podemos realizar essa redução através de várias formas, tais como a utilização
de aditivos superplastificante, que possibilitam a redução da relação água/cimento
sem prejudicar a fluidez do concreto e/ou a utilização de adições minerais, como
a sílica ativa, que possibilitam a redução de cimento sem perder resistência final.
- Controlar a temperatura dos materiais constituintes do concreto: A liberação de
calor começa apenas após a hidratação do cimento, mas é possível reduzir a
temperatura máxima resfriando os materiais constituintes do concreto, como a areia
e a brita, antes que a reação do cimento ocorra. É o mesmo intuito da utilização de
gelo mencionada acima.
Como esses materiais ficam expostos ao sol na usina de concreto, muitos
profissionais indicam que sejam instalados pulverizadores de água nesses
depósitos, a fim de diminuir a temperatura dos mesmos.

Fissuras no concreto podem ser decorrentes do calor


Figura 8 - Fissura no concreto

Fonte: Internet
33

Todos os materiais de construção, especialmente os sólidos, estão sujeitos a


deformações por origem térmica. No caso das estruturas de concreto, o problema
acontece quando este se dilata em função do calor emitido pela reação de
hidratação do cimento em contato com a água e das condições ambientais no
entorno, como temperatura, umidade, insolação etc. Essa situação, geralmente, é
desencadeada nas primeiras idades pós-concretagem, podendo gerar fissuras
quando o concreto tende a se retrair, no momento de seu resfriamento. Parte dessa
retração de origem térmica fica restringida por vários motivos (ex.: pela própria
rigidez interna do concreto e vinculação da estrutura no solo), gerando tensões de
tração que podem ultrapassar a capacidade de resistência mecânica do concreto. “O
grande „vilão‟ do problema térmico no concreto, portanto, está na fase do
resfriamento da estrutura e não no aquecimento como se imagina”, esclarece o
consultor Sergio Botassi dos Santos, mestre e doutor em engenharia civil e coautor
de dois livros relacionados a estruturas de concreto pelo Instituto Brasileiro do
Concreto (IBRACON).
O grande vilão do problema térmico no concreto está na fase do resfriamento
da estrutura e não no aquecimento como se imagina.
Diversos elementos podem ocasionar o aumento da temperatura no concreto,
tanto de origem externa quanto interna. “Do ponto de vista externo, as oscilações
climáticas extremas, aliadas à baixa umidade do ar e à ação do vento, são fatores
agravantes”, explica Sergio.
O tamanho da estrutura no início da concretagem também está entre as
principais causas. “Estruturas de concreto de grandes dimensões tendem a
acumular mais calor em seu interior”, revela o engenheiro. A partir da experiência do
profissional observa-se que estruturas que apresentam a menor dimensão com
tamanho superior a 60 cm e volume maior que 3m3 começam a apresentar risco de
fissura térmica. “Uma fundação em sapata de 70 x 210 x 250 cm, por exemplo,
possui potencial de apresentar problemas térmicos. Caso a temperatura média de
concretagem, em fase de lançamento, esteja acima de 35o C e a temperatura
mínima ambiente, posterior à concretagem, alcançar valores abaixo de 20o C por
um longo período, o risco de fissuras também aumenta”, garante.
Em relação às causas internas, o calor proveniente da hidratação do
aglomerante (cimento + adições) é uma das principais fontes térmicas para a
34

variação volumétrica nas estruturas, do estágio inicial à idade avançada, quando


ocorre o equilíbrio térmico com o ambiente. De acordo com o engenheiro, o calor
proveniente da hidratação dos componentes do concreto é um dos principais
motivos de elevação significativa da temperatura nas estruturas nas primeiras idades
pós-concretagem.
As fissuras ocasionadas por elevadas temperaturas podem reduzir a
capacidade de resistência global da peça estrutural afetada, como nos casos das
fundações, grandes lajes maciças, vigas-paredes e pilares-paredes, e ainda tende a
diminuir a durabilidade do concreto armado, já que permite a entrada de agentes
agressivos com mais rapidez e facilidade, diminuindo a vida útil estrutural.
“Obviamente a gravidade dessas patologias pode variar, considerando-se os fatores
de maior ou menor potencial deletério”, argumenta Sergio.
O especialista defende ainda, que, se o consumo de cimento em uma
dosagem for muito elevado, no sentido de garantir maior resistência na fundação, o
potencial das fissuras de origem térmica pode chegar até a seccionar uma peça
estrutural, em função do alto calor de hidratação gerado pela matriz cimentícia. Já
em outros casos, as fissuras térmicas podem ser mais brandas, não agravando os
problemas patológicos decorrentes deste fenômeno, como em fissuras mais
superficiais, que não atingem grande profundidade. Sendo assim, essas patologias
podem prejudicar a segurança da edificação, fugindo das condições pré-
estabelecidas no que diz respeito aos coeficientes adotados nos cálculos estruturais.

Prevenção contra fissuras


Consumos relativamente intermediários de cimento em uma típica dosagem
de concreto para edificações (estima-se em torno de 250kg/m3 a 300kg/m3 para
resistências da ordem de grandeza entre 25MPa a 35MPa), podem gerar calor
potencial de, aproximadamente, 30oC a 45oC. “Normalmente, cimentos com maior
presença de adições, já incorporadas na mistura, como o CPIII e CPIV, tendem a
gerar menor calor de hidratação e são mais aconselháveis para combater a questão
térmica, pois esses materiais adicionais ao clinquer do cimento (escória de alto-forno
e pozolanas, respectivamente), em função de suas características físico-químicas
mais eficientes, reduzem a necessidade de um elevado consumo de cimento na
dosagem do concreto”, explica o consultor.
35

Figura 9 - Prevenção

Fonte: Internet

Há também como se prevenir do problema térmico junto à dosagem do


concreto fazendo uso de aditivos químicos que melhoram a plasticidade no estado
fresco, reduzindo a quantidade de água (que diminui a resistência mecânica) e,
consequentemente, diminuindo a necessidade de cimento, para uma mesma
resistência (fck).
Já nas iniciativas extrínsecas, Sergio destaca a concretagem em camadas,
que permite ao concreto dissipar a energia calorífica em etapas, evitando que o calor
se acumule em grande quantidade, como se fosse concretado de uma única vez. “O
problema deste tipo de solução é o prazo, geralmente maior que o convencional, e a
difícil logística demandada para a execução”, ressalta o especialista.
Há também providências que envolvem maior custo, porém mais eficientes
em situações que necessitem de prazo mínimo para a solução, ou quando não se
permite qualquer risco de aparecimento de fissura no corpo estrutural, com o uso de
pré ou pós-refrigeração. Em todos esses procedimentos, no entanto, deve-se buscar
orientação com um profissional experiente para dimensionar essas e outras
situações de campo.
36

Soluções para fissuras


A prevenção é uma medida muito mais econômica do que o processo de
recuperação. Porém, após o surgimento da fissuração, é fundamental avaliar, o
quanto antes, o tamanho do dano, simulando as condições reais ocorridas e
algumas in loco, como o tamanho, o formato, a quantidade e a distribuição das
fissuras na peça estrutural danificada.
A intenção, na recuperação, é sempre tentar reaver as condições da estrutura
como se as fissuras não estivessem ali, levando em conta também a economicidade
e as condições de execução do reparo. “Em muitos casos, a injeção de argamassas
especiais de elevada plasticidade sob alta pressão tendem a preencher os vazios
deixados pelas fissuras, mantendo o maciço estrutural íntegro e monolítico”, alerta o
engenheiro. Segundo ele, reforços estruturais externos são casos extremos de
reparos, quando a capacidade da peça estrutural depende diretamente da
resistência à compressão do concreto fissurado, mas que se encontra
estruturalmente danificado. “Nestes casos, deve-se dimensionar o reforço estrutural
a partir de soluções disponíveis no mercado: chapas e cantoneiras de aço
chumbadas ou coladas com resina, acréscimo de seção transversal com concreto
armado, uso de fibra de vidro ou carbono sobre a superfície devidamente preparada
e com aplicação de resina especial, entre outros recursos”, conclui.

Alternativa para realizar a cura e evitar fissuras no concreto


Através da evolução de alguns materiais, é possível reduzir a relação
água/cimento e, desta forma melhorar várias características do concreto. Os
resultados são vários como melhora da resistência, baixa permeabilidade, peças
mais densas e duráveis. Porém, estes concretos estão suscetíveis à retração
autógena em função da baixa relação a/c. Segundo Adam Neville a retração
autógena ocorre em consequência da remoção da água dos poros capilares pela
hidratação do cimento. Esta ocorrência está diretamente relacionada com a
disponibilidade de água no interior da massa de concreto. Sem uma quantidade
mínima, o cimento não alcança a hidratação máxima e pode promover o surgimento
de microfissuras, principalmente nas primeiras idades. Quanto menor a relação,
maior a chance de ocorrer retração. Segundo artigo publicado pelo ACI (American
Concrete Institute), a cura externa deixa de ser eficaz para relação a/c menor ou
igual a 0.35. Uma proposta para mitigar este fenômeno é a realização da cura
37

interna através da substituição de uma pequena parte do agregado miúdo comum


por agregado leve saturado com água (saturado superfície seca). A melhora da
hidratação do material cimentício se deve à disponibilidade da água contida nos
poros (absorvida durante a saturação) que é liberada lentamente. O agregado leve
funciona como um reservatório e a água absorvida é puxada por capilaridade do
agregado para o espaço formado pela água de amassamento consumida na
hidratação. No Guia de Agregado Leve para Concreto Estrutural do ACI, esta água
não é considerada como parte da mistura (a/c). Para melhorar o desempenho, o
agregado leve deve ter alto grau de absorção e capacidade de liberação rápida. A
distribuição granulométrica deve ser similar à areia que foi substituída. Uma vez
conhecido o grau de saturação, é possível estimar a massa do agregado leve seco
para promover a cura interna adequada. Dois pesquisadores (Zhutovsky e Bentz)
sugeriram equações semelhantes que levam em consideração:
- Massa do material cimentício;
- Retração química. O índice de retração varia conforme mistura de materiais
cimentícios (ex: sílica ativa, metacaulim e cinza pozolânica);
- Grau de hidratação máxima esperada;
- Capacidade de absorção do agregado leve (kg de água por kg de agregado leve
seco)
- Relação a/c (água/Cimento).
Um exemplo de aplicação da cura interna foi a construção de um pavimento
de concreto em Hutchins no Texas, cujo consumo foi de 190.000 m3 de concreto.
Análises em campo revelaram uma quantidade mínima de fissuras no pavimento e
ensaios indicaram que a resistência à flexão por tração, com 7 dias, alcançou 90%
do valor esperado para 28 dias – resultado atribuído à melhor hidratação do cimento.
Apesar de várias pesquisas comprovarem os benefícios da cura interna em
laboratório e em campo, os estudos para determinar o prolongamento da vida útil
através deste processo ainda continuam.
38

Figura 10 - Comparativo dos Agregados

Fonte: Internet

3.4. ESPECIFICAÇÕES MECÂNICAS DOS MATERIAIS (Resistencia dos


Materiais)
Levando em consideração que para a construção da barragem será utilizado
concreto, avaliamos mecanicamente este material. Para isso, foi necessário
conhecer as características e propriedades deste material.
É importante relembrar que a mistura em proporção adequada de cimento,
agregados e água resulta num material de construção, o concreto, cujas
características diferem substancialmente daquelas apresentadas pelos elementos
que o constituem.
Sendo assim, analisamos algumas atividades propostas:
a) Dentre as classes dos materiais (metais, cerâmicas, polímeros, entre outras), em
qual delas o concreto se adequa.
b) Pesquisamos em literaturas os valores de resistência à compressão, resistência a
tração e módulo de elasticidade. Neste tópico, apresentamos o conceito de
39

cada uma dessas propriedades mecânicas citadas, enfatizando o motivo pelo qual
elas devem ser expressas e por fim, os valores encontrados na literatura para o
material concreto.
O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado
miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra ou brita), e ar, pode também conter adições
(cinza volante, pozolanas, sílica ativa, etc.) e aditivos químicos com a finalidade de
melhorar ou modificar suas propriedades básicas e esquematicamente pode-se
indicar que a pasta é o cimento misturado com a água, a argamassa é a pasta
misturada com a areia, e o concreto é a argamassa misturada com a pedra ou brita,
também chamado concreto simples (concreto sem armaduras). E em seu estado
plástico ou fresco, as principais preocupações com o concreto são a trabalhabilidade
e a facilidade de lançamento. Em seu estado endurecido, a resistência, durabilidade,
vida útil e o desempenho do concreto são os seus principais atributos.
E maior preocupação de grande parte dos engenheiros e projetistas de
estruturas de concreto, é com relação à resistência à compressão do concreto.
Diferentes partes de uma estrutura estão sujeitas a diferentes condições de
exposição, tais como contato com a rocha de fundação, com a água do reservatório
ou sujeita ao efeito de molhagem e secagem. Deste modo, para cada parte de uma
estrutura é necessário um tipo de concreto diferente. As classes de concreto a
serem empregadas nas diferentes partes das estruturas devem ser definidas não
apenas em função dos níveis de solicitação mecânica, mas também de acordo com
as condições de exposição.
A resistência mecânica do concreto deve ser a melhor possível para atender
às situações a que a estrutura estará submetida, embora muitas vezes, em função
de outros aspectos ligados à durabilidade.
A resistência à compressão do concreto é determinada conforme a NBR
5739:2007, que prescreve um método de ensaio para corpos de prova cilíndricos de
concreto. Basicamente, o ensaio consiste em posicionar o corpo de prova em uma
prensa que aplicará um carregamento a uma velocidade constante de 0,45 ± 0,15
MPa/s até, que haja uma queda de força indicando sua ruptura.
A resistência à compressão é calculada através da seguinte equação:
40

Onde fc é a resistência à compressão (MPa), F é a força máxima alcançada


(N) e D é o diâmetro do corpo de prova (mm).
Segundo Neville (2016), de modo geral, quando o concreto está plenamente
adensado, a sua resistência é considerada inversamente proporcional à relação
água/cimento.
Existem vários modelos de previsão para estimar o módulo de elasticidade a
partir da resistência à compressão do concreto, sendo que algumas expressões
ainda levam em conta o tipo do agregado. De modo geral, essas expressões são
apresentadas conforme a equação:

Onde, k1 é dado pelo produto de parâmetros relativos às variáveis do


concreto considerados nas expressões e k2 varia entre 0,3 e 0,5 (SHEHATA, 2011).
E segundo a NBR 6118:2014, o módulo de elasticidade tangente inicial do concreto
pode ser estimado, aos 28 dias de idade (tempo de pega), utilizando fck entre 20
MPa e 50 MPa e para fck de 55 MPa até 90 MPa.

Em que Eci é o módulo de elasticidade tangente inicial (MPa), f ck é a


resistência à compressão característica do concreto (MPa) e αE é um fator de
correção de acordo com o tipo de agregado graúdo do concreto.
41

Fator αE em relação ao tipo de agregado graúdo do concreto:

Tabela 13 - Tipo de Agredado

A tabela abaixo reúne todas as equações que servem para estimar o módulo
de elasticidade a partir da resistência à compressão do concreto.

Tabela 14 - Relação entre fc e Eci

Fonte: Próprio Autor

Há várias formas de barragem e todas possuem cálculos e formas de


construção um exemplo é barragem de gravidade, onde os níveis de resistência
necessários para o concreto são bem reduzidos, havendo exemplos de barragens
de CCR que devem ter resistência especificada de 6MPa ou até menos.
A determinação do módulo de elasticidade do concreto é, de modo geral,
mais complexa em relação à determinação da sua resistência à compressão, por
isso, a grande maioria dos projetos estruturais utiliza um valor para o módulo de
elasticidade obtido através de equações empíricas apresentadas por diversas
42

normas, tomando como variável a resistência à compressão (MELO NETO;


HELENE, 2002).
Embora o módulo de elasticidade possa ser obtido simplesmente a partir de
valores da resistência à compressão, cada equação, tanto de normas nacionais
como internacionais, apresenta resultados que divergem. Isso porque o módulo de
elasticidade é influenciado por diversos fatores, sendo a resistência à compressão
somente um deles e os ensaios de resistência à compressão e módulo de
elasticidade de um determinado tipo de concreto são realizados conforme as NBR's
5739:2007 e 8522:2008.
O cálculo de uma estrutura de concreto é feito com base no projeto
arquitetônico da obra e no valor de algumas variáveis, como por exemplo, a
resistência do concreto que será utilizado na estrutura. Portanto, a resistência
característica do concreto à compressão (fck) é um dos dados utilizados no cálculo
estrutural. E sua unidade de medida é o MPa (Mega Pascal), sendo.
Pascal a pressão exercida por uma força de 1 newton, uniformemente
distribuída sobre uma superfície plana de 1 metro quadrado de área, perpendicular à
direção da força mega Pascal (MPa) = 1 milhão de Pascal = 10,1972 Kgf/cm². Por
exemplo:
O Fck 30 MPa tem uma resistência à compressão de 305,916 Kgf/cm².
O valor desta resistência (fck) é um dado importante sendo necessário em
diversas etapas de uma obra.
O ensaio, da amostra do concreto é "capeada" e colocada em uma prensa
onde nela, recebe uma carga gradual até que atingia sua resistência máxima (kgs).
Este valor é dividido pela área do topo da amostra (cm²). E assim temos então a
resistência em kgf/cm². Dividindo-se este valor por 10,1972 se obtém a resistência
em MPa.
Resistência à tração, tratada também pelo conceito de limite de resistência à tração
(LRT), é indicada pelo ponto máximo de uma curva de tensão-deformação e, em
geral, indica quando a criação de um "pescoço" (necking) irá ocorrer. Em outros
termos é a máxima tensão que um material pode suportar ao ser esticado ou puxado
antes de falhar ou quebrar. Como é uma propriedade intensiva, o seu valor não
depende do tamanho da amostra. No entanto, é dependente de outros fatores, como
a preparação da amostra, da presença ou ausência de defeitos de superfície, e da
temperatura de teste e da matéria.
43

A resistência à compressão simples, denominada f c, é a característica


mecânica mais importante. Para estimá-la em um lote de concreto, são moldados e
preparados corpos-de-prova para ensaio segundo a NBR 5738 – Moldagem e cura
de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos de concreto, os quais são ensaiados
segundo a NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova
cilíndricos.
O corpo-de-prova padrão brasileiro é o cilíndrico, com 15cm de diâmetro e
30cm de altura, e a idade de referência para o ensaio é 28 dias de idade.

GRÁFICO 1 - Curva de Gauss

Curva de Gauss para a resistência do concreto à

Fonte: Próprio Autor

Após ensaio de um número muito grande de corpos-de-prova, pode ser feito


um gráfico com os valores obtidos de fc versus a quantidade de corpos-de-prova
relativos a determinado valor de fc, também denominada densidade de frequência. A
curva encontrada denomina-se Curva Estatística de Gauss ou Curva de Distribuição
Normal para a resistência do concreto à compressão.
Na curva de Gauss encontram-se dois valores de fundamental importância,
resistência média do concreto à compressão, fcm, e resistência característica do
concreto à compressão, fck. O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o
conjunto de corpos de prova ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência
característica, fck, por meio da fórmula:
44

fck = fcm – 1,65s

O desvio-padrão s corresponde à distância entre a abscissa de f cm e a do


ponto de inflexão da curva (ponto em que ela muda de concavidade). O valor 1,65
corresponde ao quantil de 5%, ou seja, apenas 5% dos corpos de prova possuem f c
< fck, ou, ainda, 95% dos corpos-de-prova possuem fc ≥ fck. Portanto, pode-se definir
fck como sendo o valor da resistência que tem 5% de probabilidade de não ser
alcançado, em ensaios de corpos-de-prova de um determinado lote de concreto.
Sabe-se da Resistência dos Materiais que a relação entre tensão e
deformação, para determinados intervalos, pode ser considerada linear (Lei de
Hooke), ou seja, σ = Eε, sendo σ a tensão, ε a deformação específica e E o Módulo
de Elasticidade ou Módulo de Deformação Longitudinal.

GRÁFICO 2 - Módulo de Elasticidade

Módulo de elasticidade ou de deformidade longitudinal


Fonte: Próprio Autor

Para o concreto a expressão do Módulo de Elasticidade é aplicada somente à


parte retilínea da curva tensão-deformação ou, quando não existir uma parte
retilínea, a expressão é aplicada à tangente da curva na origem. Neste caso, tem-se
o Módulo de Deformação Tangente Inicial, Eci.
45

GRÁFICO 3 - Módulo de Deformação

Modulo de deformação tangente inicial (Eci)


Fonte: Próprio Autor

O módulo de deformação tangente inicial é obtido segundo ensaio descrito na


NBR 8522 – Concreto – Determinação do módulo de deformação estática e
diagrama tensão-deformação.
O estudo da resistência dos materiais é uma ferramenta poderosa para
engenheiros, projetistas em geral. Implica na redução das dimensões de pilares e
vigas, no aumento da velocidade das obras, na diminuição do tamanho e do peso
das estruturas, formas, armaduras, entre outros processos. Hoje temos disponíveis
também softwares que auxiliam na detecção de falhas e executam teste de
resistências de como os materiais se comportaram a determinados tipos de
situações, um exemplo de software hoje é o ansys, que executa teste de resistência
como torção, elasticidade, pressão entre outros.
46

3.5. ESTUDO HIDROLÓGICO (Fenômenos dos Transportes)

O projeto de uma usina hidroelétrica aplica o Princípio de Conservação de


Energia nas etapas que ocorrem desde o represamento de água, que impulsiona
o funcionamento das pás de turbinas, levando à transformação de energia mecânica
à energia elétrica, nas unidades geradoras, como representado na Figura abaixo.
Porém, uma parte da energia mecânica é perdida ao longo do escoamento, devido
ao efeito do atrito com as paredes das tubulações, por exemplo, sendo essa
conversão de energia, definida como perda de carga.

Figura 11 - Representação da Usina

Fonte: PTG

No projeto da hidroelétrica, as turbinas serão alimentadas por tubos de raio


igual a 50 mm, com água (ν = 10-6 m2/s; γH2O = 104 N/m3) escoando de uma
elevação de 120 metros a uma velocidade média de 0,53 m/s. Sabe-se que a perda
de carga irreversível em cada tubulação é de aproximadamente 10 metros
(excluindo a turbina). Dada a aceleração da gravidade igual a 9,81 m/s2 e a
eficiência da turbina igual a 85% e tendo como base essas informações prévias,
chegamos aos seguintes resultados dos cálculos:
a) Verificar se o escoamento é laminar ou turbulento.
47

Descoberto por Osborne Reynolds em 1883, o número de Reynolds (Re) é


um número adimensional usado em mecânica dos fluidos para o cálculo do regime
de escoamento (regime que pode ser: Laminar ou Turbulento) de um determinado
fluido, podendo ser esse escoamento: dentro de uma tubulação ou sobre uma
superfície.
Para sabermos se o escoamento no interior do conduto forçado é Laminar ou
turbulento devemos calcular o número de Reynolds.
O número de Reynolds é usado para avaliar a estabilidade de um fluxo,
indicando se o fluido flui de forma laminar ou turbulenta.

3.5.1. Escoamento Laminar


O escoamento laminar ocorre quando as partículas de um fluido se
movimentam ao longo de trajetórias bem definidas, apresentando lâminas ou
camadas (daí o nome laminar), que preservam suas características durante o
escoamento.
Nesse tipo de escoamento, a viscosidade age no fluido no sentido de
amortecer a tendência de surgimento da turbulência. Sendo que este escoamento
ocorre geralmente a velocidades baixas e em fluídos que apresentem grande
viscosidade.

Figura 12 - Escoamento Laminar

Fonte: Internet

3.5.2. Escoamento turbulento


O escoamento turbulento ocorre quando as partículas de um fluido não se
movimentam ao longo de trajetórias bem definidas, ou seja, as partículas descrevem
trajetórias irregulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferência de
quantidade de movimento entre regiões de massa líquida. Este escoamento é
comum na água, cuja viscosidade é relativamente baixa.
48

Figura 13 - Escoamento Turbulento

Fonte: Internet

Utilizando os dados apresentados no trabalho, chegamos ao seguinte resultado:


Re=v.d=
ν
0,53m/s.0,1

Re= 53.000>2400
Com o resultado do Cálculo acima podemos concluir que o regime de
escoamento no interior do conduto forçado é Turbulento.

b) Calcular a potência aproximada da turbina provocada pelo escoamento de água


em cada tubulação, considerando que não ocorram perturbações bruscas ao
escoamento nessa seção. Considerem que os níveis de água da represa (1) e do
local de descarga (2) permaneçam constantes.
49

calculamos a Vazão da Água (Q):

Q = (0,53m/s.π.0,1m)
4

Q= 4x16x10-³ m³/S

calculamos a Potência da Turbina (Pot):

P0 + V² +Z0 - Hr= P1 + V1^t + Z1 + 10


µ 2 µ 2.g

0,53² + 120 – Hr=10 + 0,53²


2x9,81 2x9,81

Ht=110 m

E por fim utilizamos o rendimento da turbina para calcular a potência real


aproximada:

Nt=µ.Q.Hr.N

Nt=104n/M³x4.16.10-
³M³/Sx110M.0,85
Nt=40,45 N.M/S
NT=40,45 W
50

4. CONCLUSÃO

Após todo o aprendizado teórico e agora com a aplicação na prática podemos


dizer com clareza que todo o conteúdo é utilizável na prática. Todo o entendimento
foi alcançado com a utilização de todos os materiais disponibilizados pela
Faculdade, ambiente virtual, biblioteca virtual, vídeo aulas, sem estes materiais seria
muito mais difícil a elaboração deste trabalho. Com a disciplina de Topografia e
Georreferenciamento pudemos aplicar os conhecimentos para poder visualizar a
geografia local onde será construída a barragem de concreto. Na Geologia e
Paleontologia aprendemos a distinguir as diferentes formas de composição dos
terrenos, poder entender e ler uma carta geológica e entender a formação das
camadas de rochas para o projeto da barragem. Com Materiais de construção civil I,
conhecemos os principais materiais e sua utilização correta, funções na estruturas e
como saber quando utilizar e a quantidade certa. Em resistência dos materiais
ficamos aptos a entender o quanto um material suporta esforço e como calcular o
esforço máximo que podemos retira de um material. Por fim chegamos ao cálculo do
potencial energético que temos em mãos, quanto que realmente podemos gerar de
energia elétrica, que é o objetivo principal e final do empreendimento. Com todas
estas etapas concluídas podemos afirmar que foi muito proveitosa a experiência de
realizar na prática o que muitos nem imaginam por onde iniciar. Valeu muito a pena!
51

REFERÊNCIAS

1. MOURO, Lucas D., ZIELISNKI, João P. T. Geologia e Paleontologia. Londrina:


KLS, 2017.

2. OLIVEIRA, José V. M., PEREIRA, Adriane N.. Topografia e


Georreferenciamento. Londrina: KLS, 2018.

3. SIMÕES, Roberto M. I. Fenômenos de Transporte: Energia. Londrina: KLS,


2016.

4. MASUELA, Fábio B. Resistência dos Materiais. Londrina: KLS, 2016.

5. LOPES, Lívia de F. Materiais de Construção Civil I. Londrina: KLS, 2016.

6. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Procedimento


para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro (2003).

7. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Ensaios de


compressão – corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro (2007).

8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro (2007).

9. Blog de Engenharia Química, Número de Reynolds. Disponível em


https://www.engquimicasantossp.com.br/2013/10/numero-de-reynolds.html.
Visualizado em 20 de Abril de 2019.

Você também pode gostar