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FISIOPATOLOGIA DA LEISHMANIOSE

MARC 10 ­ LEISHMANIOSE VISCERAL E


v As respostas iniciais à infecção envolvem infiltração por neutrófilos
HEPATOESPLENOMEGALIA e invasão por macrófagos residentes.
v Na doença estabelecida, os macrófagos do hospedeiro encontram-se
PEDRO BONALDI BRITTO NILO ARAUJO em um estado desativado, e se ativam de maneira espontânea ou
após o tratamento.
LEISHMANIOSE
v A resolução da doença após a ativação dos macrófagos, é
v É causada por protozoários parasitas do gênero Leishmania, que potencializada por uma resposta das células T auxiliares do tipo 1
geralmente são transmitidos entre hospedeiros mamíferos por (TH1) após interação das células apresentadoras de antígenos
fêmeas de mosquitos flebotomíneos. (células dendríticas) com células TCD4 e CD8 e secreção
v Existe uma forma extracelular, o promastigota, no intestino do subsequente de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, interferona-g,
mosquito, e em forma intracelular, o amastigota, que sobrevive e se TNF-a).
multiplica em um compartimento fagolisossômico de macrófago no v A LV ativa predomina uma resposta de células TH2, em que ocorre
mamífero hospedeiro. uma infrarregulação da atividade dos macrófagos após a produção
v Nos seres humanos, a doença afeta a pele/mucosas ou órgãos de citocinas, como IL-4, IL-10, e IL-13 e faotr de crescimento
internos, e varia quanto a sua gravidade. transformador b.
v Essa doença complexa é causada por 20 espécies de Leishmania, v Nos pacientes com LV, a ausência de uma resposta imune especifica
que estão amplamente distribuídas entre Europa, Ásia, África, de células T aos antígenos de Leishmania está associada a uma
América do Sul e América Central. progressão descontrolada da infecção.
v Há a estimativa de 1,5 a 2 milhões de casos novos a cada ano, com
cerca de 70.000 mortes.
v Muitas infecções por Leishmania são assintomáticas ou
diagnosticadas vários meses após o aparecimento dos sintomas.
v A Leishmaniose Visceral (LV) é causada por L. donovani ou L.
infantum (que é idêntica a L. chagasi na América do Sul). A maior
incidência é encontrada nas comunidades mais pobres de seis países
(Bangladesh, Nepal, Índia, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia e Brasil).
v É potencialmente fatal se não for tratada.
v Cerca de 1 a cada 5 a 50 infecções sejam sintomáticas, dependendo
da espécie dos parasitas e da imunidade do hospedeiro, e cerca de 1
a cada 5 infecções são assintomáticas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA LEISHMANIOSE VISCERAL v O teste de aglutinação direta (DAT) e a imunocromatografia (tira)
utilizando o antígeno rK39 apresentam ampla acurácia diagnóstica e
v O início da LV, frequentemente designada como calazar quando podem ser utilizados em centros de saúde periféricos.
causada por L. donovani, ocorre após semanas ou meses da infecção v Qualquer teste sorológico, os anticorpos específicos permanecem
inicial. detectados por vários anos após a cura ou infecção assintomática.
v Os sintomas febre, esplenomegalia e hepatomegalia não diferem LV
da esplenomegalia hiper-reativa da malária ou de outras doenças TESTE DE DETECÇÃO DE ANTÍGENO
infecciosas ou hematológicas. v Um teste de aglutinação em látex que detecta um antígeno de
v A anemia moderada a grave, a leucopenia leve a moderada, a carboidrato de baixo peso molecular e termoestável na urina de
trombocitopenia, a inflamação sistêmica e a hipergamaglobulinemia pacientes com LV demonstrou ter boa especificidade.
policlonal, isoladamente ou combinadas, sugerem o diagnóstico,
porém não o confirma. MANIFESTAÇÕES NA COINFECÇÃO DE LV COM HIV

DIAGNÓSTICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL v Por mais que as manifestações em um paciente com HIV sem
imunossupressão grave sejam parecidas com um imunocompetente,
PARASITOLOGIA pode-se observar características atípicas em pacientes com CD4 <
v A visualização microscópica de amastigotas em amostras de 200 µl. Nesse caso os médicos devem procurar por LV mesmo sem
linfonodos, medula óssea, fígado, baço ou outros órgãos era sintomas típicos.
habitualmente a primeira etapa no diagnóstico. v Podem ter outras infecções oportunistas que complicam o
v A aspiração do baço só deve ser realizada em instalações diagnóstico.
especializadas e se houver nenhuma outra forma de se diagnosticar v A carga parasitária habitualmente é maior.
devido a chance de complicações. Se possível utilizar um método de v Podem ser encontrados em outros tecidos além dos típicos, como
menor risco. intestino e pulmão.
v A reação em cadeia da polimerase (PCR) é mais sensível do que o v A sensibilidade do exame microscópico da cultura ou da PCR do
exame microscópico e se tornou o exame de primeira linha em sangue ou dos aspirados da medula óssea geralmente é maior do que
vários hospitais referência e centros de pesquisa. em paciente imunocompetente.
v A PCR quantitativa com limiares validados possibilita um v Alta sensibilidade em teste de aglutinação em látex na urina de
diagnostico acurado com amostras de sangue venoso, evitando assim pacientes coinfectados.
a aspiração de medula óssea.
TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE VISCERAL
SOROLOGIA
v Deve ser feita uma dieta e hidratação no paciente:
v Os testes sorológicos com base em anticorpos fluorescentes o Se o paciente estiver LOTE, pode ser dada a dieta oral de
indiretos (IFA), ELISA ou Western blot exibem alto desempenho. acordo com as comorbidades já existentes do paciente.
o A hidratação deve ser EV com cerca de 20 ml/kg por dia de RL o Em seguida, identifique a borda superior da macicez hepática
ou SF 0,9% 20 a 30 ml/kg por dia, com variação do volume de na linha hemiclavicular.
acordo com necessidades. o Começando na linha mamilar, percuta de leve, seguindo do
v Antibioticoterapia, pode ser utilizado uma das opções: som claro atimpânico pulmonar para baixo, no sentido da
o Anfotericina B lipossomal (geralmente utilizado) - 3 mg/kg/dia macicez hepática.
EV durante 7 dias ou 4 mg/kg/dia durante 5 dias em 1 dose o Afaste cuidadosamente a mama feminina, para que a percussão
diária possa ser iniciada em uma região adequada de som claro
o Anfotericina B desoxicolato - 1-1,5 mg/kg/dia (dose máxima atimpânico.
diária: 50 mg) EV de 24/24 horas, por 14-20 dias; ou 3
mg/kg/dia por 10 dias;
o Sb + 5 - 20 mg/kg/dia, EV ou IM por 20 a 40 dias
v Profiláticos e assintomáticos:
o Analgésico e antitérmico se dor ou febre (dipirona ou
paracetamol)
o Antiemético se náusea ou vômito (metoclopramida ou
bromoprida)
o Profilaxia para proteção gástrica (omeprazol ou pantoprazol)
o Profilaxia para TVP (enoxaparina 40 mg 1x ao dia e o Quando há aumento de tamanho do baço, isso ocorre no
compressor pneumático de MMII) sentido anterior, inferior e medial, e geralmente se observa a
substituição do timpanismo do estômago e do colo do intestino
HEPATOESPLENOMEGALIA
pela macicez de um órgão sólido.
v A maior parte do fígado e, na maior parte das vezes, todo o baço o A percussão sugere, mas não confirma, a esplenomegalia.
ficam protegidos pela caixa torácica, o que dificulta a avaliação
direta.
v O tamanho e a forma do fígado e baço podem ser estimados por
percussão e, às vezes, por palpação.
v Percussão:
o Começando em um nível abaixo do umbigo no quadrante
inferior direito (em uma região de timpanismo, e não de
macicez), percuta suavemente para cima em direção ao fígado.
Identifique a borda inferior da macicez hepática na linha
hemiclavicular.
v Palpação: v Normalmente pode-se solicitar uma TC e um USG
o Coloque a mão esquerda por baixo do paciente, paralela à 11° à
12° costelas, de modo a sustentá-las bem como as partes moles DIAGNÓSTICO DE HEPATOESPLENOMEGALIA
adjacentes. v Ao ser encontrada o aumento nos órgãos, é preciso organizar o
o Lembre ao paciente que ele pode relaxar apoiado na sua mão. raciocínio junto com as queixas do paciente. Para que fique mais
o Peça ao paciente que respire fundo. didático e facilite as suspeitas diagnósticas, devemos dividir as
o Procure sentir a borda do fígado quando ela desce de encontro suspeitas em dois grupos:
às pontas de seus dedos. o Crônica ou aguda: de acordo com o tempo de acometimento;
o Febril ou afebril: presença de elevação de temperatura.
v Uma hepatoesplenomegalia aguda é aquela que tem duração menor
que 3 semanas. Caso o tempo seja maior que este, consideramos
uma hepatoesplenomegalia crônica.
v As principais causas desses grupos:
v Hepatomegalia Aguda
o Se o fígado for palpável, a borda hepática normal é macia, bem o As principais causas que se deve pensar quando estamos diante
delimitada e regular, com superfície lisa. de um caso de hepatomegalia aguda são:
o O fígado normal pode ser discretamente doloroso à palpação. o Febril: Mononucleose; Síndrome Mono-like; Febre Tifoide;
o Fígado de consistência firme ou endurecida, com borda romba Febre de Katayama; Leptospirose; Malária no início;
ou arredondada e de contorno irregular, sugere anormalidade Histoplasmose; Tuberculose Miliar; Leucemias Agudas;
hepática. Linfomas agressivos; Histiocitose de células de Langerhans;
o A extremidade (ponta) do baço é palpável em Linfohistiocitose Hemofagocítica.
aproximadamente 5% dos adultos normais. v Afebril: Síndrome de Budd Chiari Aguda.
o A esplenomegalia é oito vezes mais provável quando o baço é v Hepatomegalia Crônica
palpável. o Febril: Leishmaniose Visceral; Doença de Still; Brucelose;
o A ponta de baço, mostrada adiante, é percebida durante a Malária; Enterobacteriose Septicêmica Prolongada; LES.
palpação profunda, logo abaixo do rebordo costal esquerdo. v Afebril: Doença de Castleman; Síndrome de Budd Chiari;
Histiocitose de Langerhans; Esquistossomose; Doença de Gaucher;
POEMS; Amiloidose; Sarcoidose; Doença de Wilson.

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