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FEBRE MACULOSA; (2) LEPTOSPIROSE; (3) RAIVA; - LPS, diferente de outras bactérias ele tem uma atividade fraca

como endotoxina. Intracelulares, encontradas livres no


FEBRE MACULOSA DAS MONTANHAS citoplasma das células (adentra por fagocitose), possui
ROCHOSAS/TIFO EXANTEMÁTICO: RIQUÉTSIAS fosfolipase que degrada o fagossomo.
- Febre do carrapato, causada pela bactéria SINAIS CLÍNICOS: Manifestação aguda de sintomas
Rickettsia rickettsii; inespecíficos: febre, cefaleia intensa, mialgias, náuseas,
vômitos, diarreia e prostração.
- Gram negativa – peptideoglicano e LPS,
porém coram-se com pouca intensidade pela coloração de
Gram padrão.

- LPS tem atividade fraca como endotoxina. Elas entram na


célula por fagocitose. Possuem uma fosfolipase que degrada o
fagossomo.

- São parasitas intracelulares obrigatórios (encontrados livres no


citoplasma celular). Devem ser cultivadas em cultura celular,
ovos embrionados, ou animais experimentais.

- Dividem-se por fissão binária no interior da célula hospedeira - 90% desenvolvem erupção cutâneas, que surgem após 3 dias
(lenta 9-12h). do início dos sintomas. Inicia-se por máculas que
frequentemente progridem para petéquias. A erupção
Transmissão: mordida de carrapatos da família loxidae ou fezes
geralmente surge primeiro nas mãos e pés e, em seguida,
de piolhos. Exposição ao carrapato por um período de 6h ou
desloca-se para o tronco.
mais. O período de incubação é de 2 a 14 dias. 5 ou 7 dias para
o início dos principais sintomas. DIGNÓSTICO:
- No Brasil, casos na região sudeste e transmitida por CLINICO: Observar as manifestações clinicas. Por mais que não
Amblyomnas (carrapatos amarelos e carrapatos vermelhos) tenha a presença de petéquias ou maculas, tem que solicitar
exames. Saber o histórico se esteve em meio a natureza, não
Patogênese e Imunidade: quando o carrapato se alimenta do
esperar para realizar exames confirmatórios ou mesmo iniciar a
sangue do hospedeiro, ocorre ativação de bactérias virulentas,
terapia. O diagnóstico deve ser realizado em bases clínicas e a
fazendo com que sejam liberadas das glândulas salivares do
terapia iniciada prontamente, uma vez que o diagnóstico
carrapato e atinjam a circulação humana.
laboratorial é demorado, até que seja observada uma
- A lesão típica: vasculite, envolvendo o revestimento endotelial elevação no título de anticorpos.
da parede do vaso onde o organismo se encontra. O dano em
LABORATORIAL: Diagnóstico clinico deve ser confirmado por
vasos cutâneos resulta na erupção característica, bem como
meio de teste sorológico, PCR ou coloração especial em biopsia
em edema e hemorragia causados pelo aumento da
de pele.
permeabilidade capilar. Elas se aderem as células endoteliais -
possuem proteínas externas para se ligarem (OmpA, proteína Microscopia: Coloração de Gimenez (é o menos indicado);
externa de membrana A). Vão se multiplicando no núcleo e
citoplasma. As bactérias migram de uma célula para a outra Imunofluorescência: anticorpos contra os antígenos da
adjacente. bactéria surgem de 7 a 10 dias após a infecção.

- As principais manifestações resultam da proliferação PCR: amplifica (para visualização) as proteínas de superfície A
bacteriana as células epiteliais. Dano celular e extravasamento (OmpA) e B (OmpB), (utiliza amostras de sangue e biopsias das
de plasma dos vasos sanguíneos para os tecidos. A própria lesões) – raspado. Se ligam no gene das proteínas e amplifica a
bactéria com mecanismos e células proteolíticas provocam partir do prime. Muito indicado.
dano endotelial e extravasamento de plasma causam
hipovolemia e hipoproteinemia podem causar redução da - Detecção de anticorpos por ELISA, IMF;
perfusão e falência de órgãos.
TRATAMENTO
- Não há evidencias de produção de toxinas antigênicas = a
- DOXICICLINA (escolha) e CLORAFERNICOL (alternativo)
patogenicidade não é dependente de uma grade resposta
imune do hospedeiro. Pode haver a produção de anticorpos Dose: 100 mg (2 x dia), IV ou VO. Para pacientes gravemente
anti proteínas de superfície celular bacterina, como a OmpA. doentes, uma dose única de ataque de 200 mg.
LTCD8 reconhece o antígeno bacteriano e libera gram enzimas,
é uma resposta discreta. O principal dano é causado pela 1) Administrar o medicamento também em mulheres grávidas,
própria bactéria e não pela resposta imune. pois é o antibiótico mais eficaz e a doença não tratada pode
evoluir para óbito.

2) Se a confirmação diagnóstica for demorada, recomenda-se


administrar a doxiciclina mesmo apenas com a suspeita da
doença. Obs: Para pacientes que apresentam efeitos colaterais
comuns à doxiciclina (por exemplo, náusea, diarreia),
administra-se tratamento de suporte, como agentes
antieméticos e antimotilidade.

PREVENÇÃO E CONTROLE: a prevenção baseia-se na redução


da exposição ao vetor artrópode com o uso de vestimentas
protetoras e de repelentes contra insetos. Não há vacina. Não
andar descalço em gramado.
LEPTOSPIROSE - Imunofluorescência com anticorpos anti proteínas de
leptospiras é eficaz (porém nem sempre disponível). Alta
DOENÇA OU SÍNDROME DE WEIL – forma mais grave; especificidade, mas sensibilidade média.

Agente etiológico: bactéria da espécie Leptospira interrogans. - ELISA IgM; PCR convencional (mais especifico e mais sensível);

• Cepas patogênicas: Leptospira interrogans; - Cultura é demorado, amostra de sangue e LCR na fase inicial
e urina na fase tardia de suspeita da doença.
• Cepas não patogênicas: Leptospira biflexa;
- Devem ser solicitados pelo menos dois testes. ELISA + PCR ou
Transmissão: possui hospedeiros reservatórios (portadores
MAT + IMF;
crônicos/assintomáticos: ratos) e hospedeiros acidentais (cães,
homem e animais de fazenda). Os ratos albergam a bactéria Tratamento: pct leve ambulatorial:
nos rins e as expelem pela urina contaminando o solo, água e
alimentos. Doxiciclina: Adulto 100 mg, 2x ao dia por uma semana VO;
crianças 2 mg/Kg divididas em duas doses ao dia por uma
- Forma de contaminação: exposição a água contaminada, semana; inibe a síntese bacteriana;
exposição ocupacional (fazendeiros). A bactéria sobrevive até
6 semanas ao ar livre. Ou azitromicina: 500 mg, 1x ao dia por 3 dias VO; crianças 10
mg/Kg VO 1x ao dia nos dias subsequentes dose máxima de 250
Patogênese e Imunidade: os fatores que influenciam a mg/dia;
severidade da doença é a virulência da cepa infectante,
número de células infectadas e a resposta imune do - Azitromicina é melhor para mulheres gestantes ou amoxicilina;
hospedeiro. azitromicina vai ser preferível se a infecção incluir riquétsias.

- Finas e móveis, penetram nas mucosas, conjuntiva ou pele por - Pct com doença grave – crianças hospitalizadas:
cortes e lesões. Por isso a preocupação com enchentes e
cutículas (contato com pequenos cortes).

- Migram para o SNC e outros tecidos. Se multiplicam


rapidamente, danificam o endotélio vascular resultado nas
principais manifestações clínicas.

- A bactéria pode ser encontrada o sangue e no LRC nas fases


iniciais da doença, e na urina, nas fases posteriores.

- A imunidade humoral auxilia na eliminação da bactéria.


Formação de complexos imunes podem auxiliar na
patogênese: principal responsável pela meningite.

- Meningite causada por leptospirose, geralmente é causada


pela deposição de imunocomplexos nas meninges, dificilmente
irá encontrar o patógeno.

Manifestações Clínicas: A maioria são assintomáticos. Período


de incubação de 1-2 semanas. A infecção de sintomáticos Caso clínico: Homem, 55 anos, com histórico saudável.
possuem duas fases: Apresentou-se à emergência com febre (38C), fraqueza, e
dores musculares ao mínimo esforço, sintomas que apareceram
Inicial: febre branda e mialgias (semelhante a influenza). Nessa há 3 dias. O médico que o atendeu lhe receitou sintomáticos e
fase o paciente é bacteriêmico e as bactérias podem ser o mandou para casa. Uma semana depois, o paciente retornou
encontradas no liquor (sem sintomas de meningite). à emergência queixando-se de cefaleia, dor abdominal,
náuseas, vômitos, nuca rígida e um pouco confuso. Após uma
Segunda fase: inicio súbito de cefaleia, mialgia, calafrios, dor
anamnese mais completa, verificou-se que o homem
abdominal, extravasamento conjuntival (vermelhidão no olho);
trabalhava na cozinha de um restaurante pouco higiênico e
Doença sistêmica severa (doença ictérica/sídrome de Weil): com presença de roedores. A análise do LCR não demonstrou
presença de patógenos. Contudo, o MAT deu positivo, com
Insuficiência renal, insuficiência hepática (icterícia), vasculite título de 1:6400 para Leptospira interrogans.
extensiva, miocardite, meningite, hemorragia, colapso vascular,
trombocitopenia, óbito - Qual o diagnóstico mais provável? R= Leptospirose

• Prevalência: 10% dos casos; Mortalidade de 10 a 15% dos - Por que não foi encontrado patógeno no LCR?
doentes.
R= Devido a fase tardia de progressão da doença.
- Nas fases finais não é mais encontrado no liquor. A leptospirose
- Qual foi a provável forma de transmissão da doença?
limitada ao SNC pode ser confundida com meningite asséptica,
pois quando os sintomas ocorrem, não é mais possível encontrar R= Ingestão de alimento contaminado pela urina de rato
as bactérias no LCR. Doença gerada por imunocomplexos. contaminada com o patógeno leptospira interrogans.
Curso da doença não é complicado e a taxa de mortalidade é
baixa. - Qual o tratamento mais indicado?

Diagnóstico: todos os métodos possuem limitações e podem R= Penicilina IV doses entre 250 a 400 mil unidades por kg,
gerar falsos negativos. O teste de aglutinação microscópica divididas em 4-6 doses por dia;
(MAT) e a cultura são ambos imperfeitos.
- A doença poderia ter sido evitada? Como?
- As leptospiras não podem ser observadas por microscopia
ótica convencional, colorações não são confiáveis, pois as R= eliminação/controle de roedores;
proteínas de eritrócitos são confundidas com elas.
RAIVA Manifestações Clínicas

Agente etiológico: “rabdovírus ou vírus da raiva”

- Vírus simples que codifica apenas 5 proteínas. Virions


envelopados em forma de bala. Proteína de ligação viral
(proteína G) induz anticorpos neutralizantes. Nucleocapsidio
helicoidal – contém o RNA fita simples (para sintetizar as suas 5
proteínas).

O vírus se liga ao receptor nicotínico de acetilcolina ou à


molécula de adesão da célula neural, e, assim, é internalizado

A RNA polimerase RNA-dependente dá início à transcrição dos


5 RNAm. A formação do vírion inicia no citoplasma e termina
na membrana celular, quando o nucleocapsidio inteiro está
envelopado, o vírion sai da célula de origem e infecta células
adjascentes. Esse processo de replicação, entrada e saída da
célula induz pouco dano celular;
- Progressão da doença: fase de incubação;
Transmissão: Animal infectado = secreção do vírus na saliva e
- Após a mordida e inoculação, o vírus se multiplica até atingir
comportamento agressivo. Infecção resulta principalmente da
as células vizinhas musculares e encontrar a medula espinhal;
mordida de um animal “raivoso”. A transmissão também pode
sintomas só aparecem quando o vírus já atingiu o SNC.
ocorrer através da inalação do vírus (encontrado em cavernas
com morcegos) ou transplante de órgãos infectados (ex. Diagnóstico:
Córneas). Inoculação pelas mucosas intactas.
Clínico: histórico de mordida por animal raivoso; sintomas
Patogênese: infecção das terminações nervosas através da neurológicos;
ligação em receptores nicotínicos de Ach ou de gangliosideos
nos neurônios ou nos músculos (no local da mordida). O vírus Laboratorial: detecção de anticorpos não ocorre até que seja
permanece no local por dias ou meses antes de progredir para muito tarde. Detecção do antígeno viral no LCR ou na pele
o SNC. Transporte para a medula espinhal. Após para o (coletar da região da nuca) por imunofluorescência ou PCR.
encéfalo.
Diagnóstico característico: corpúsculos de Negri (agregados de
Principais áreas afetadas: Hipocampo, tronco cerebral, células nucleocapsidio virais) em neurônios afetados.
ganglionares dos núcleos pontinos e as células de Purkinje do
cerebelo. O vírus se dissemina do SNC para locais altamente Tratamento: a primeira medida protetora é o tratamento local
inervados: pele da cabeça e pescoço, glândulas salivares, da ferida. Lavar imediatamente com água e sabão e aplicar
retina, córnea, mucosa nasal, medula adrenal, parênquima soro antirrábico em torno da ferida.
renal e células acinosas pancreáticas. Encefalite e
• Administração de vacina e/ou soro antirrábico (ainda como
degeneração neuronal. Contudo, pouca alteração histológica
medida profilática pós-exposição). Quando diagnosticado
pode ser observada. Há presença de corpúsculos de Negri.
com a doença:
Período de incubação é dependente dos seguintes fatores:
- Sedação do paciente;
1- Concentração do vírus no inóculo; 2- Proximidade da ferida
- Monitoramento das funções vitais – suporte ventilatório se
com o cérebro; 3- Gravidade da ferida 4- Idade do hospedeiro
necessário;
5- Estado imune do hospedeiro
- Administrar: Amantadina e Biopterina (manutenção do SNC);
Imunidade: Não causa lesões inflamatórias. Anticorpos podem
bloquear a disseminação do vírus no SNC se administrados ou • Administrar soro antirrábico em pacientes com sintomas
gerados durante o período de incubação. neurológicos avançados? As imunoglobulinas não cruzam BHE
intacta e, portanto, não se sabe até que ponto as
imunoglobulinas facilitariam a eliminação viral. O uso do soro
em conjunto com uma estratégia para aumentar a distribuição
de drogas no sistema nervoso central (SNC) (por exemplo,
-a agentes osmóticos ou ondas de ultrassom) pode ser benéfico.
tabela
Administrar antivirais poderia ser efetivo reduzir a disseminação
viral para células não infectadas. Falta de evidências que
apoiem a eficácia. A abordagem da terapia é apenas
baseada na opinião e frequentemente influenciada por quais
toxicidades o provedor e o paciente (ou a família do paciente)
estão dispostos a aceitar. Três agentes (interferon-alfa, ribavirina
e amantadina) têm sido usados no tratamento de adultos com
raiva.

- Não se tem comprovação de que eles são efetivos. Tem q


conversar com a família e explicar que não há evidencias de
que os medicamentos sejam eficazes, mas pode ser adm é
paliativo e de suporte, tem relatos na literatura de alguns q
sobreviveram.
CASO CLÍNICO

• Uma menina de 3 anos de idade encontrou um morcego


voando em seu quarto. O morcego aparentemente estava lá
durante toda a noite. Não havia evidência de mordida ou
contato, o morcego foi apanhado e solto. Três semanas depois,
a criança desenvolveu uma mudança de comportamento, se
tornando irritável e agitada. Este estado rapidamente progrediu
à confusão, agitação incontrolável e incapacidade de
manejar suas secreções. Posteriormente, se tornou comatosa e
morreu de parada respiratória.

• Qual o diagnóstico mais provável?

R = Infecção pelo vírus da raiva.

• Porque os sintomas apareceram três semanas após “a visita


do morcego”?

R= O vírus necessita percorrer um longo caminho para chegar


ao SNC. A fase prodrômica será iniciada somente com a
chegada do agente viral no tecido neurológico. Dessa forma,
depende do local da mordida, além de fatores como a
concentração do vírus no inoculo, proximidade, idade e RI do
hospedeiro. A menina, aspirou o vírus e no TR ele disseminou-se
rapidamente até o SNC. A fase de incubação em situações de
mordidas, poderia levar até um ano para desencadear os
sintomas.

• Como esses sintomas são desencadeados?

R=

• Se você recebesse essa menina quando ela estava com os


sintomas de agitação incontrolável e incapacidade de
manejar suas secreções, qual seria sua conduta?

R= No caso da menina, seriam ofertadas medidas de suporte,


sedação do paciente, manter ela viva, adm amantadina
(ajuda na manutenção do SNC do que por ser um antiviral) para
manutenção do SNC para redução de riscos de sequelas
neuronais. O soro não atravessa a BHE, não sabe até que ponto
ajudaria ou não.

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