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Ana Roberta Nehls

Clínica Médica de Suínos

MYCOPLASMA HYOPNEUMONIAE
ETIOLOGIA: Como consequência de ser uma

→ Causa a doença: Pneumonia Enzoótica dos Suínos; doença pulmonar:


→ Principal agente respiratório que causa problema de Tem grande importância econômica: redução do ganho
performasse, considerado um agente primário; de peso diário, aumento do índice de conversão
→ Atingindo principalmente a fase de terminação; alimentar e gastos com ATB. Se tem mycoplasma,
→ Doença global de terminação; provavelmente tenha outras doenças associada.
→ Doença crônica, vai se infectar na maternidade, mas Mecanismo de evasão do sistema
a doença vai ser desenvolvida na metade da
terminação, onde começa apresentar os sinais imunológico:
clínicos, entre 100 – 120 dias de vida; O mycoplasma produz infecção pulmonar por vários
→ Gera uma imunossupressão pulmonar, facilitando mecanismos, por exemplo:
que os outros agentes secundários com menor nível  Defesa contra moléculas reativas de oxigênio:
de patogenicidade, possam se desenvolver e gerar essas dão origem ao peroxido de hidrogênio, que
doença, como cepa de pasteurella que não gera são produzidas para matar bactérias. Isto quer dizer
doença de forma direta, pode gerar abcesso, que ele sobrevive ao contato com peroxido de
broncopneumonia e pneumonia. Outro exemplo hidrogênio, pois tem uma enzima chamada de
Strepococcus Suis que também não gera doença catalase que metaboliza o peroxido. Portanto ele
direta, assim se tiver uma infecção de mycoplasma, metabolizar moléculas reativas de oxigênio →
pode se ter uma pneumonia por strepococcus matam bactérias;
Cepas de M. Hypneumoniae:  Degradação de NET - neutrófilos: Neutrófilos a
nível pulmonar, ao combater o microrganismo,
• AT CC 25617 → referencia liberam seu próprio DNA que é toxico a maioria
• AT CC 25095 → referencia dos patógenos (ácido), ele exocida seu DNA, isso
• AT CC 55088 → referencia é chamado de NET. O mycoplasma possui
• AFK 218.7 DNASES que degrada as NETs, digerindo o DNA;
PATOGENIA:  Evasão a via alternativa do sistema do
complemento: lembrando que o sistema tem 3: via
→ A mãe transmite o patógeno e ele se fixa no epitélio clássica, onde os anticorpos fazem parte e via
ciliar do trato respiratório, vamos ver pulmão, alternativa, onde tem a deposição de C3B em
traqueia com mycoplasma associado (bem pequeno); superfícies que não tem ácido cialico; via das
→ Para ocorrer o processo de infecção é necessário ter nectinas que é baseada na MPL. A via alternativa é
alta patogenicidade. Por exemplo mães que estão primitiva, não depende de anticorpos, o
com alta pressão de infecção transmitem o patógeno mycoplasma evade essa via e sobrevive a ela;
para os leitões → transmissão positiva ou leitões que
 Captura e proteólise de imunoglubulinas:
estão muito infectados, na transição de creche para
muycoplasma consegue quebrar as
terminação vão transmitir em alta quantidade de
imunoglobulinas de mucosa, ele cliva os
mycoplasma, assim outros podem se infectar;
anticorpos com a protease, portanto ele captura
→ Cílios do pulmão e associado aos cílios o
anticorpos e quebra os mesmos, assim não tem
mycoplasma
mais função, o receptor do FCgama que tem a
→ Ao entrar nos pulmões, nos brônquios vão agir nos
protease. Consegue secretar enzimas de
cílios e causar uma ciliostase que gera a parada dos
degradação de IgA, assim tornando as incapazes de
cílios, perdendo um mecanismo anatômica de defesa
neutralizar o MO. Ele consegue destruir
e também atinge as caliciformes, fazendo que parem
imunoglobulinas especificas;
de produz muco;
→ Complexo muco-ciliar, facilitando a entrada de  Invasão celular: capaz de entrar nas células
outros patógenos. Logo ele vai suprimindo todas as epiteliais, não é intracelular, mas consegue passar
defesas do pulmão por toda vida do animal, se não pelas células, pois tem um mecanismo de
tiver imunidade vacina pré existente.
transocitose → passa por dentro da célula. Não se melhores vacinas são as que produzem anticorpos.
multiplica dentro apenas passa; Tem as que não produzem anticorpos, produzem
 Formação de biofilme: protege a bactéria contra os linfócitos T helper → reposta T helper 1 → auxiliam
ATB, produz biofilme no trato respiratório (clones a fagocitação.
da mesma bactéria em uma massa – acumulado de DIAGNÓSTICO:
açúcares, pode ter proteínas para estabilizar);
Duas estratégias: Situação sanitária para mycoplasma
 Evasão da fagocitose: tem dificuldade de fazer quando está estudando a granja pela 1ªvez, para saber
fagocitose, no entanto se for aplicado um anticorpo se tem circulação do patógeno:
especifico (vacinal), eles conseguem acelerar o
processo de fagocitose. ELISA (sorologia se analisa na terminação), vê IgG
SINAIS CLÍNICOS: sistêmica:

→ Tosse seca: é seca, porque não tem mais mucina  Coleta na terminação aos 60-90-120-150 dias
(células caliciformes pararam de funcionar); de vida, vai se ter um eixo y, vai se ter uma
o Para ter sinais clínicos precisa ter contato com o amostra do animal divido pelo controle
patógeno por 40 dias, dependendo da cepa para positivo. Se o animal tiver uma razão maior
o animal apresentar tosse, por isto é crônico o que 0,4 ele é positivo
processo;  Dia 60: já passou a imunidade passiva, estão
o Técnica para saber se os animais estão com tosse
com menos de 0,4;
seca é movimentar os animais por 2 minutos dentro
da baia e espera 2 minutos, para detectar espirros e
 Dia 90: já tem animais positivos;
tosse, animais que estão no pico da infecção vão  Dia 120: todos positivos;
tossir muito e sentar p/ conseguir distender o tórax;  Dia 150: todos positivos, mas já tem mais
o Pós- exercício: dispneicos, com tosse seca e sentam anticorpos, justificado pela infecção.
(posição de cachorro sentado). Os animais positivam nos primeiros 30 dias da recria,
Pasteurella no início também causa tosse seca. entram em contato com grupos infectados
Lesões da inoculação experimental: Animais com brinco e coleta sempre, analisa
individualmente
Se coloca um tubo traqueal para fazer a inoculação,
onde é colocado um nódulo que tem mycoplasma, esse Sabe que os animais são positivos, para saber se estão
animal, desenvolve a doença (49 dias), e apresenta as excretando:
seguintes lesões:  Swab de orofaringe ou traqueal, depois de faz a
 No pulmão vai se observar lesões de hepatização qPCR, mesmos dias, tem o número de
que consistência dura, com coloração mycoplasma que é excretado, nos mesmos dias
vermelha/púrpura quando a lesão está lesão que faz o ELISA. Assim compara para saber se
aguda ou cinza quando é crônica (30-45dias), a vacina está sendo eficaz;
atingem lobos anteriores e intermédios que vãos  Se não é eficaz, vai ter lesões de hepatização no
estar consolidadas e hepatizados; frigorifico
 Primeiras lesões nos lobos anteriores/apical e Investigação para mycoplasma faz com ELISA+ perfil
intermédios. Se a infecção é extremamente alta, de excreção;
pode consolidar parte dorsal do lóbulo Ocorrendo o processo de infecção na granja a primeira
diafragmática (raro). abordagem é ELISA;
O mycoplasma vai estar em todo o pulmão mais a Se ocorre soroconversão ao longo da terminação,
lesões visíveis vai ser nos lobos, pois o apical e infecção ativa está acontecendo.
intermédio é mais fino, por isso as lesões ocorrem
primeiro nesses lobos, já o diafragmático é grosso; TRATAMENTO
A nível microscópico: proliferação do BALT Cepas brasileiras:
associado a imunohistoquimica positiva para  TIAMULINA, citrofloxacina, enrofloxacina,
mycoplasma é um diagnóstico definitivo; marbofloxacina;
Vacinas: são chamadas de bacterinas, são produzidas  Preferência injetável, animal clinicamente
com o mycoplasma inteiro, não existe vacinas doente;
autógenas. Somente comercias e clássicas. As
 Também pode ser via água, Metafilaxia.
PREVENÇÃO A aclimatação demora cerca de 40 dias, quando parir
pela primeira vez não vai estar excretando
→ 100% das granjas vacinam, porque é um problema mycoplasma;
endêmico; Objetivo: fazer com que as leitoas de reposição
→ Há diversas vacinas comercializadas no Brasil, desenvolvam imunidade especifica para a cepa
vacinas da zoetis, ceva, ouro fino, todas as grandes presente na granja e diminuía a excreção de
empresas possuem vacinas; mycoplasma para os leitões;
→ Podem ser de dose única (28 dias depois já vai estar Não se usa os dois: a vacina impede a doença e
imunizado) ou duas doses (repetir em 14 – 21 dias, adaptação das leitoas;
depois e 14 dias do reforço vai estar imunizado); • Existem 2 formas de aclimatação:
→ Todos os leitões da granja são vacinados. • Inoculação intratraqueal (tubo endotraqueal), se
Quem vacinar? seleciona pulmões de matrizes com lesão, tritura e
centrifuga, assim usa o sobrenadante como inócuo
Leitões:
• Ou se usa o sobrenadante se coloca no nebulizador,
• Todos os leitões vão ser vacinas. Aos 21 dias recebe fazendo uma nevoa dentro do galpão (névoa) e as
vacina para mycoplasma hyopneumoniae e PCV-2, leitoas inspiram e desenvolve a doença;
se dois patógenos produzem doença de performasse,
• Para usar a aclimatação os animais devem estar
então vão ser sempre vacinados;
livres de qualquer outra doença. Proibida na Europa;
• Vacina de dose única: animais estão protegido do dia
• Esterilidade de mucosa: não existe para
49 e tem duração de imunidade por 20 semanas (140
mycoplasma. Não há vacina que consigam evitar que
dias), somando 189 dias de vida protegidos contra
os animais se colonizem (existe para Glasser, assim
(vacina demora um período de desenvolvimento de
erradica a doença da granja, já no mycoplasma não),
resposta imune de 28 dias);
evita as lesões, mas não a transmissão.
• Ao abater o animal com mais de 189 dias, não tem
Como diferenciar de infecção gerada
mais imunidade, pode ter a doença pré-abate, por
isso tem que fazer um cronograma vacinal; por infecção pulmonar, de
• Em vacinas de dose dupla (21 e 42 dias): tem
estimulação de memória da vacina :
anticorpos protetores 7 dias depois da revacinação,
mas o pico de anticorpos ocorre apenas em 14 dias Na recria, com 60 dias, com sorologia positiva e estão
depois da 2ª dose. vacinados com 21 dias, nesse momento, se vê que os
níveis de anticorpos vão a 0,8
Porcas:
• Normalmente não se vacina porcas, pois vão ser Como investigar se a infecção é produzida por um
vacinadas quando eram leitoas. Em uma reposição, vai microrganismo que estimulou a memória imunológica
se ter as matrizes (avós) → leitoas e leitões → vão ser (linfócitos B circulando, por isso subiu o nível de IgG)
vacinados com 21 dias. Os leitões vão para creche e ou é uma nova cepa que gerou incremento de
terminação + frigorifico. Já as leitoas vão para creche anticorpos?
+ cria → seleção + envio paras granjas para  qPCR: coleta swab nos dias 120 e 150, se tiver
substituição (150 dias). Quando mandar para granja de acima 105 de mycoplama por swab ai ter falha de
destino vai estar quase sem imunidade, assim pode se proteção vacinal, infecção descontrolada/natural.
vacinar com 150 dias (antes de entrar na granja) para
 Pode ser os dois natural e vacinal gerando um
estimular, mas normalmente não é feito;
processo de soroconversão indica processo de
• As granjas utilizam a aclimatação: não vacina, se
infecção ativa, para saber só qPCR
coloca as porcas em contato com as já presentes na
Excreção alta vai ter lesão no frigorifico e vai facilitar
granja, onde vão ter uma baia com divisórias vazadas,
contaminação por Pasteurella e APP na terminação.
as leitoas de reposição entram em contato com o
mycoplasma e desenvolvem a doença, a presentam
tosse e vão tratar com ATB, gera um processo de
infecção natural para desenvolver anticorpo
sistêmicos (IgG);
Serão inseminadas com 200-250 dias, depois de
apresentar 2 cios;

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