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 Streptococcus pneumoniae: * CbpA: é uma molécula de adesão, que se ligam às

Essa bactéria também é conhecida como pneumococo, células pulmonares e endoteliais. Além disso, ela pode se
sendo caracterizada como Gram-positiva, com uma ligar à IgA secretora e à C3.
morfologia aos pares (com formato de chama) ou em – Adesina A da superfície de pneumococos (PsaA): é
cadeias curtas. Essa espécie é classificada como anaeróbia uma lipoproteína que pode estar ligada ao transporte de
facultativa e catalase negativa. Quando são cultivadas em íons para dentro da bactéria, responsáveis pela modulação
ágar de sangue, o S. pneumoniae é alfa-hemolítico e dá da expressão gênica.
uma coloração esverdeada ao meio de cultivo. São – Pneumolisina (Ply): é uma citolisina dependente de
auxotróficos (não são capazes de sintetizar, mas adquirem colesterol secretada quando a bactéria passa por uma
do meio) para a colina, a qual compõe, autolisina ela se liga ao colesterol presente no hospedeiro e
predominantemente, a parede celular. Ele pode estar levam à formação de poros (promovem a lise celular). Essa
presente no trato respiratório superior sem causar doenças, hemolisina também age na redução dos batimentos ciliares,
mas ele pode ser também um dos principais patógenos que na inibição da fagocitose, na produção de citocinas
acometem, especialmente, idosos e crianças. inflamatórias, na redução da migração de
→ Fatores de virulência: esses fatores incluem a cápsula, neutrófilos/proliferação dos linfócitos/síntese de
a parede celular e algumas proteínas. anticorpos.
Esses componentes são expressos de forma variada, – Hialuronidase (Hyl): essa enzima cliva o ácido
dependendo das necessidades de sobrevivência da bactéria hialurônico, deixando o tecido conjuntivo mais permeável.
no hospedeiro. Isso foi exposto a partir do estudo de duas Isso facilita a entrada bacteriana.
variantes da bactéria: a transparente (maior capacidade de – Neuraminidase (Nan): ela cliva o ácido siálico e causa a
aderência, com maior expressão de proteínas de superfície) redução da viscosidade do muco. Além disso, essa enzima
e a opaca. Além disso, a transformação é outro fator que muda a conformação das células epiteliais, podendo expor
confere a variabilidade genética do S. pneumoniae e a mais receptores para aderência da bactéria.
aquisição de resistência a certos antimicrobianos, – IgA protease: ela degrada a imunoglobulina A1, o que
especialmente, a penicilina. influencia na virulência em relação às mucosas do trato
→ Cápsula: ela protege a bactéria contra a fagocitose e respiratório.
possui uma grande diversidade antigênica. Cada sorotipo → Patogênese: a infecção por S. pneumoniae se inicia nas
da cápsula pode ser identificado a partir da reação de vias aéreas superiores (nasofaringe), por meio da adesão da
quellung (intumescimento capsular). Todas essas variações bactéria nas células epiteliais e endoteliais do trato
na cápsula são provenientes de um único cromossomo e respiratório por meio da CbpA. Depois de colonizar esses
conferem uma ampla adaptação dos pneumococos em locais, os pneumococos podem chegar ao ouvido médio,
ambientes variados no organismo. aos pulmões e à corrente sanguínea.
→ Parede Celular: é composta, essencialmente, por → Doenças: o Streptococcus pneumoniae pode causar
peptideoglicanos e pelos ácidos teicoico, que se liga a diversas doenças, incluindo:
resíduos de ácido murâmico do peptideoglicano (juntos, – Pneumonia: é uma infecção aguda que afeta os lobos
formam a substância C), e lipoteicoico (antígeno F), que se inferiores dos pulmões, mais frequente em idosos e em
liga aos lipídeos de membrana . Esses ácidos são ricos em crianças. A pneumonia acontece quando há evasão do
fosforilcolina, que age como uma adesina e como o sítio de sistema imune e as bactérias não são eliminadas, pois
ligação das proteínas ligantes de colina (CBP). É provável sobreviveram à fagocitose e proliferaram no tecido
que os resíduos de colina estejam associados à adesão à pulmonar. Nos alvéolos, o S pneumoniae passa por autólise
mucosa respiratória. e levam à inflamação.
Na presença de cálcio, a proteína C reativa presente no – Meningite: o pneumococos é o agente causador mais
plasma é capaz de precipitar a substância C. comum de meningite purulenta. Essa condição pode ou não
→ Proteínas: proteínas citoplasmáticas ou de membrana estar associada a infecções em outros locais, como otites,
podem ser liberadas e causar a resposta à infecção. sinusites e pneumonias.
– Proteínas ligantes de colina (CBP): essas proteínas se – Bacteremia: acontece em grande dos casos de meningite
ligam aos resíduos de colina associados ao ácido teicoico e e de pneumonia.
as que são fatores de virulência são: – Otite e sinusite: essas condições causadas por
* LytA: é uma enzima que degrada o peptideoglicano, pneumococos podem estar em associação a infecções
levando à lise celular. Ela pode liberar constituintes da virais., com obstrução dos seios paranasais e da tuba
parede celular e pneumolisinas (causam inflamação). auditiva.
* PspA: é uma proteína de superfície que desencadeia a → Diagnóstico: a forma de detecção de pneumococos
formação de anticorpos protetores. ocorre, principalmente, através da cultura em meios
nutritivos. Além disso, são utilizadas técnicas, como a de → Cápsula: contém ácido hialurônico, assim como nas
pesquisa de antígenos capsulares. células humanas, o que permite a não-imunogenicidade
→ Epidemiologia: o pneumococo está presente nas vias dessa bactéria. Essa estrutura capsular protege contra a
aéreas superiores, sem que cause danos, sendo que a sua fagocitose.
colonização nesses tecidos é mais abundante em crianças. → Proteína M: é uma proteína fibrilar que possui uma
A colonização é mais intensa no inverno e em meses mais grande variedade antigênica. Suas ações são: adesão à
frios. Condições como infecções virais respiratórias, fibronectina, interação com o fibrinogênio (“capa de
alcoolismo, doenças pulmonares crônicas e diabetes levam invisibilidade” para a bactéria – mecanismo de evasão da
a uma maior propensão à infecção por S. pneumoniae. resposta imune), fixação à porção Fc das imunoglobulinas
→ Tratamento e controle: as infecções pneumocócicas (bloqueia a opsonização e a consequente fagocitose).
eram tratadas com penicilina, até que essas bactérias → Proteína F: é uma proteína que age na adesão do S.
começaram a expressar resistência a esse fármaco, por pyogenes à mucosa da faringe.
meio de variações genéticas pela aquisição de genes de → Peptidase de C5: degrada a C5a do complemento,
outras espécies de estreptococos. Sua resistência à diminuindo a sinalização para recrutamento de leucócitos.
penicilina não ocorre pelas betalactamases, mas por uma → Proteína Inibidora do Complemento: impede a
sequência de mecanismos, como a expressão de proteínas formação do complexo de ataque à membrana (MAC).
de baixa afinidade à penicilina. → Estreptoquinase: age no dissolvimento de coágulos,
Para tratar infecções com bactérias resistentes à penicilina, por causa da transformação do plasminogênio em
utilizam-se fármacos, como: eritromicina e tetraciclina. plasmina.
Além disso, existem 2 tipos de vacinas contra infecções → Desoxirribonuclease: enzima que degrada o DNA.
pneumocócicas, uma com antígenos capsulares e a outra é → Hialuronidase: enzima que degrada a matriz
a vacina 7-valente, que é conjugada com a proteína extracelular.
CRM197. → Estreptolisina: a forma S não é imunogênica e forma o
 Streptococcus pyogenes: halo de hemólise na colônia do S. pyogenes. A forma O da
Essa espécie é chamada de estreptococo A (GAS), sendo estreptolisina é ativada em condições de anaerobiose,
uma bactéria beta-hemolítica, com morfologia de cadeias sendo responsável pela lise de eritrócitos, leucócitos e
longas. O S. pyogenes tem alta capacidade de adaptação ao outras células.
seu hospedeiro, causando orofaringite e sequelas não → Exotoxinas pirogênicas: também são chamadas de
supurativas na febre reumática e na glomerulonefrite. Essa exotoxinas pirogênicas estreptocócicas e podem atuar
bactéria também está associada à síndrome do choque como superantígenos e induzir a formação de citocinas
tóxico estreptocócico, a qual leva ao choque e à inflamatórias (IL-1, IL-2, IL-6 e TNF). Essas exotoxinas
hipotensão, causando falência múltipla de órgãos. estão associadas à síndrome do choque tóxico por
Esse tipo de bactéria é capaz de se adaptar à mudanças estreptococos e à febre escarlatina.
ambientais, por meio diversas formas de expressão gênica. → Patogênese: grande parte das infecções causadas pelo
O gene mga traduz uma proteína responsável pela S. pyogenes tem início ou nas vias aéreas superiores
regulação da transcrição de vários genes relacionados à (faringe – transmissão por meio de aerossóis) ou na pele,
virulência. seguida pela adesão dessa bactéria às mucosas por ação de
→ Fatores de virulência: adesinas, especialmente as proteínas M e F.
As infecções faringianas podem evoluir para casos de
escarlatina, choque tóxico, bacteremia e infecção de outros
tecidos. Outra complicação da faringite pode ser a febre
reumática.
Quando as infecções se iniciam na pele, elas são
adquiridas, normalmente, por contato com pacientes
portadores de piodermites. No momento em que há
dano/trauma da pele, as bactérias entram e se instalam de
forma superficial ou profunda. Uma evolução das
infecções cutâneas é a glomerulonefrite difusa aguda.
→ Doenças:
* Faringites: podem ser causadas tanto por vírus (mais
frequentes), como por bactérias (90% são por causa do S.
pyogenes). A transmissão dessa infecção ocorre por meio
de contato com gotículas infectadas, sendo maior a
ocorrência quando há lugares fechados com muitas pessoas Os níveis de estreptolisina O são baixos após as
juntas. piodermites, pois ela é inativada pelos lipídeos da pele.
Sendo assim, para as piodermites, utiliza-se o teste para
* Piodermites: são caracterizadas por infecções purulentas
encontrar a antidesoxirribonuclease.
na pele, ocorrendo, principalmente, em crianças com más
→ Epidemiologia: Em jovens e em crianças, a faringite
condições higiênicas. A bactéria entra na derma através de
causada por estreptococos é a mais comum, com maior
lesões/traumas na epiderme e a infecção é transmitida pelo
frequência nos primeiros anos de escola. Essa doença é
contato com crianças infectadas. Na metade dos casos de
transmitida por meio de saliva ou por secreção nasal, sendo
piodermites, há associação com o Staphylococcus aureus.
que locais com muitas pessoas aglomeradas e climas frios
* Erisipela: é uma infecção aguda da pele, marcada por
favorecem a transmissão da infecção. Fômites (objetos
rubor, dor local, febre e calafrios, sendo mais comum em
inanimados que estão contaminados, como poeira, roupas e
idosos (a infecção neles pode estar associada à bacteremia)
lenços) não são considerados como uma importante fonte
e em crianças.
de transmissão da bactéria.
* Fascite necrosante: é uma infecção profunda do tecido
As infecções cutâneas, como as piodermites, são mais
subcutâneo, com destruição dos tecidos muscular e
prevalentes em crianças com más condições de higiene,
lipídico. Essa doença é grave e possui um alto nível de
sendo que a infecção, nesses casos, é mais frequente em
mortalidade.
ambientes quentes e tropicais.
* Síndromes tóxicas: as complicações mais comuns são a
escarlatina e o choque tóxico. A escarlatina pode ser → Tratamento e controle: o S. pyogenes é combatido
proveniente da evolução da faringite e ocorre por causa das pelo uso da penicilina, já que essa espécie ainda não possui
toxinas pirogênicas (SpeA e SeC). Já o choque tóxico é nenhuma amostra resistente a esse fármaco. Para pacientes
caracterizado por febre, calafrios, náuseas, hipotensão e alérgicos, é utilizada a eritromicina, mas já existem
choque, ocorrendo em casos de evolução da fascite e da amostras resistentes a ela, assim como há sorotipos com
bacteremia. No choque tóxico, os sorotipos M1, M3, M12 resistência à tetraciclina.
e M28 são os que mais causam essa condição. * Não existem vacinas utilizadas contra essa espécie
* Sequelas pós-estreptocócica: as mais comuns são a bacteriana, mas a proteína M é estudada como um antígeno
febre reumática e a glomerulonefrite. A febre reumática para formação de uma vacina.
acontece por lesões não purulentas que envolvem o
coração, as articulações, o tecido subcutâneo e o SNC.
Nessa condição, existem antígenos que são semelhantes a
estruturas do tecido cardíaco.
A glomerulonefrite pode ocorrer depois da faringite e da
piodermite, por causa de antígenos semelhantes ao tecido
renal.
→ Diagnóstico bacteriológico: nesse tipo de
diagnóstico, a bactéria é isolada em placas de ágar de
sangue, para que haja formação de colônias beta-
hemolíticas. Para identificar essa bactéria, é pesquisado seu
antígeno A.
→ Tipagem: é importante para detectar o tipo da amostra
do S. pyogenes, sendo que a classificação mais comum é a
feita a partir da proteína M da bactéria. Esse processo pode
ser realizado por meio da eletroforese em campo pulsado e
por outras técnicas de tipagem molecular (para detecção
dos genes emm responsáveis pela expressão da proteína
M).
→ Diagnóstico sorológico: as infecções por S. pyogenes
são detectadas no soro do paciente, por meio da
identificação de anticorpos produzidos contra a
estreptolisina O, as hialuronidases e a desoxirribonuclease.
Esse diagnóstico é recomendado para situações de
glomerulonefrite e febre reumática, pois os anticorpos são
produzidos mais tardiamente.

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