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MORFOLOGIA, ESTRUTURA DOS FUNGOS E SUA RELAÇÃO COM MECANISMOS DE AÇÃO DE

ANTIFÚNGICOS

INTRODUÇÃO

Os fungos estão presentes no nosso dia, como na cerveja, nos pães, queijos e etc. No entanto, também já

presenciamos a ação dos fungos nas patologias, como a micose de praia, micose das unhas e demais doenças.

Também é comum presenciamos na mídia notícia como surto de esporotricose no RJ, doença do pombo,

infecção sistêmica por conta de infecção de fungos e, especialmente agora, a descoberta d euma espécie de

Aspergillus latus muito mais infecciosa do que as que já conhecíamos, causando, além de todos os problemas

ocasionados pela COVID, pneumonia infecciosa nestes pacientes.

Os fungos são classificados, comumente, de acordo com o diagrama abaixo.

A classificação dos fungos está dentro do domínio Eukarya, junto com as plantas e os animais. Na prática clínica

será importante sabermos gênero e espécie, porque eles nos

Fungos não são plantas, não possuem clorofila, não possuem tecidos verdadeiros, não apresentam celulose e

não apresentam amido. Portanto, fungos não são plantas. Os fungos fazem parte da nossa microbiota, mas

em situações nas quais o paciente é imunocomprometido ou quando o fungo é patogênico, esse equilíbrio é

quebrado e, caso o organismo não seja capaz de combatê-lo, surgem as doenças relacionadas aos fungos.

MICOSES CLÁSSICAS OU ENDÊMICAS: superficiais, cutâneas, subcutâneas, profundas.

MICOSES OPORTUNISTAS: candidemia, criptococose e aspergilose.

A micologia médica e diagnóstica tem por fundamento a combinação de dados clínicos, epidemiológicos e

laboratoriais para elucidação dos processos infecciosos. É muito importante nos atentarmos a suspeita clínica,

para criar uma hipótese diagnóstica e indicar a coleta correta do material representativo.
CÉLULA FÚNGICA

Fungos apresentam células procarióticas, muito parecidas com as nossas. Isso significa que a terapêutica

geralmente é muito toxica, o que nos leva a buscar alternativas em estruturas que existem apenas nas células

fúngicas e não nas nossas.

▪ Parede: a parede é um componente que permite proteção ao fungo. Atualmente já existem

medicamentos que atuam inibindo a produção da parede celular do fungo, como as equinocandinas,

caspofungina, micafungina e anidulafungina. Esses compostos exibem a glucano-sintetase, que atua

produzindo a parede do fungo. Na parede celular dos fungos também existem biomarcadores que são

as beta-glucana e galactomananas, que permitem diagnostico presuntivo de antígenos circulantes em

pacientes suscetíveis.

▪ Membrana celular: a maioria dos antifúngicos estão voltados para inibir a síntese ou se ligar

diretamente ao ergosterol, um componente muito importante da membrana celular. Nas células do ser

humano não existe ergosterol, mas sim colesterol. Existem diversos problemas nos quais os antifúngicos

se ligam as membranas células das hemácias e não dos fungos. A anfoterecina B foi o primeiro

antifúngico a agir desta maneira, se ligando ao ergosterol e permitindo a formação de poros, de maneira

que a membrana celular seja destruída. Apesar da toxicidade e do antigo uso, a anfoterecina ainda é o

antifúngico mais utilizado devido ao seu amplo espectro de ação. No entanto, atualmente utilizamos

também os azólicos como itraconazol, fluconazol, voriconazol e posaconazol. Estes antifúngicos inibem

a 14-alfa-demitilase, uma enzima da biossíntede do ergosterol. Assim, a cada geração, este fungo terá

menos ergosterol na sua membrana, perdendo sua permeabilidade seletiva. Como estes medicamentos

não agem imediatamente, estes são antifúngicos fungistaticos. Portanto, são medicamentos com grande

dificuldade para serem utilizados em pacientes imunocomprometidos.

Os fungos possuem um tempo de reprodução maior do que o das bactérias, por exemplo. E esse tempo difere

entre leveduras e fungos filamentosos. Os antifúngicos polienicos são capazes de atuar em qualquer fase do
crescimento. No entanto, azolicos e equinocandinas funcionam apenas na fase II, que é a fase exponencial.

Portanto, são fungistáticos in vitro.

FUNGOS LEVEDURIFORMES OU LEVEDURAS

Os principais gêneros de fungos leveduriformes Candida e Cryptococcus, que são os principais envolvidos em

infecções superficiais, sistêmicas e meningite.

A espécie Candida albicans é a principal dentro do gênero Candida, porque é a que causa uma maior proporção

das infecções. Uma forma simples de identificação, que apresenta resultados em 2h, dessa espécie é a presença

do tubo germinativo, um fator de virulência que permite que esse fungo seja capaz de adentrar nossas células.

O teste de filamentação é um outro método que permite identificação morfológica de Candida albicans e outras

espécies de Candida. Esse teste consiste em colocar uma colônia da espécia a ser investigada em um substrato

para o fungo sobreviver mas em condições limitadas, a fim de que ele produza estruturas de sobrevivência

(cada espécie possui uma estrutura diferente). No caso da cândida albicans, essa estrutura é construída em

até 72h. A estrutura formada são pseudohifas, snedo que na extremidade ou entre estas estruturas há a

formação de outra estrutura chamada de clamidósporo.

O ágar cromogênico é um composto mais atual, que permite identificação direta de algumas espécies de

Candida. Nesse teste, cada espécie fica de uma cor diferente, de acordo com a bula. Nesse caso existem

limitações, muitas vezes ele não consegue separar e distinguir as espécies, como em casos nos quais há mais

de uma espécie causando a infecção.


O gênero Cryptococcus apresenta, além de parede celular, também uma cápsula. Essa cápsula se apresenta,

na macromorfologia, na forma mucoide. A tinta da china permite a identificação do fungo porque as células

não são coradas, devido a presença da cápsula.

Para a identificação da espécie dos fungos leviduriformes existem diversos testes bioquímicos para

identificação de leveduras em geral.

▪ Assimilação de carboidratos

▪ Assimilação de substratos variados (são testes já prontos para a utilização)

▪ Teste de urease (caracteriza leveduras capsuladas)


▪ GACA (comida de canário): leveduras capsuladas, portadoras de fonoloxidase, crescem em uma

tonalidade amarronzada. A fenoloxidase permite que os cryptococcus cresçam durante muito tempo

no cérebro.

▪ Métodos automatizados: assimilação de substratos (leveduras em 16h)

▪ Espectometria de massas: detecção de proteínas e lipídeos em leveduras (3min sem extração e 2h

com extração) e fungos filamentosos.

FUNGOS FILAMENTOSOS (bolor ou mofo)

Características utilizadas para identificação de fungos filamentosos

▪ Microcultivo: método para melhorar a observação de estruturas características.

▪ Sequênciamento de DNA

▪ Espectometria de massas (detecção de proteínas e lipídeos em crescimento controlado até 15h e mais

2h para extração)

FUNGOS DIMÓRFICOS

São fungos filamentosos (PREDOMÍNIO DE LIGAÇÃO B-1-3 glicana) e leveduras (PREDOMINIO DE A-1-3

glicana sobre B-1-3 glicana). São agentes causais de micoses sistêmicas/profundas. A temperatura é um

fator decisivo na expressão do fungo dimórfico, que altera sua forma entre filamentosa e levedura.

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