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IST – ÚLCERAS GENITAIS

Sífilis primária

Também chamada de cancro duro, a sífilis primária cursa com úlcera única,
indolor, de fundo limpo, se coloração rosa-avermelhada, com bordas bem delimitadas e
com base endurecida.

A lesão é rica em treponemas, tem duração de 2-6 semanas e desaparece


espontaneamente. Na vigência da lesão, esta é uma porta de entrada para outras ISTs
como o HIV.

Na sífilis primária além da úlcera é possível encontrar linfadenopatia regional e


unilateral, múltipla, indolor e não-supurativa, ou seja, uma linfadenopatia sem sinais
inflamatórios.

Diagnóstico: o padrão-ouro para diagnóstico da sífilis primária é a microscopia


de campo escuro com visualização direta do treponema. As sorologias que também
podem ser usadas no diagnóstico, elas demoram a positivar:

 Teste não-treponêmico: como exemplo tem o VDRL, que positiva em torno de


2-3 semanas após o contato, é muito sensível e pouco específico, pois pode estar
presente em outras patologias, como no lúpus;
 Teste treponêmico: como exemplo tem o FTA-Abs, que positiva em torno de 1-
2 semanas após a infecção, sendo sensível e específico. A particularidade desse
teste é que, uma vez que ele positiva será sempre positivo, ou seja, depois de se
infectar uma vez a pessoa vai ter essa “cicatriz imunológica”, o que não lhe
confere imunidade.
Tratamento: é feito com penicilina benzatina IM na dose de 2.400.00 em dose
única, com a aplicação de 1.200.000 em cada nádega, sendo a medicação de escolha
inclusive em gestantes, pois atravessa a membrana placentária. Outras opções de
tratamento para a sífilis primária são: Ceftriaxone IM e Doxiciclina VO.

Obs: o parceiro sempre deve ser avaliado e tratado.

Herpes genital

É a IST ulcerativa mais comum, causada pelo vírus herpes simples do tipo 2, que
é o herpes genital. A transmissão ocorre por contato sexual e por fômites.

Na primo-infecção, após o contato com o vírus há um período de incubação que


dura em torno de 6 dias, em seguida há uma fase extremamente sintomática de forma
sistêmica, com febre, mialgia e mal-estar. Após esse período a pessoa se cura e o vírus
fica latente, até que haja a reativação.

Na reativação o paciente apresenta pródromos de dor e ardência no local no qual


aparecerá a lesão. Esta é caracterizada por vesículas agrupadas sobre uma base
eritematosa que evolui para úlcera arredondada com bordas lisas e esta lesão é bastante
dolorosa, que depois evolui com crostas sero-hemáticas.
Obs: pode ocorrer herpes no colo uterino, porém é menos comum.

A linfadenopatia ocorre em 50% dos casos de herpes genital, e quando ocorre é


inguinal, bilateral, bastante dolorosa (diferente da anterior) e não-supurativa.

Diagnóstico: é clínico na maioria das vezes, mas podemos fazer o esfregaço de


Tzanck que é visto no microscópio e evidencia células multinucleadas com inclusões.
Além disso, podemos fazer sorologias e cultura na fase de vesícula.

Tratamento: varia conforme a apresentação da doença:

 No 1º episódio: fazemos aciclovir 400mg de 8/8h por 7 dias, VO;


 Na recidiva: aciclovir 400mg de 8/8h por 5 dias, iniciando nos pródromos;
 Se mais de 6 apisódios/ano: aciclovir 400mg 12/12h por 5 meses;
 Imunossuprimidos com lesões extensas: aciclovir EV;
 Gestantes: aciclovir VO, podendo ser feito em qualquer trimestre.

Cancro mole

É causado pelo Haemophilus ducreyi, que é uma bactéria gram-negativa. A lesão


se caracteriza por uma pápula dolorosa que pode evoluir para pústula, com ulceração
múltipla e dolorosa. A úlcera possui borda irregular e “fundo sujo” (com necrose), além
de adenomegalia inguinal com gânglios muito grandes e que fistulizam, eliminando
conteúdo purulento.
O diagnóstico é clínico, mas podemos fazer bacterioscopia, cultura e PCR. O
tratamento é feito com azitromicina 1g VO, em dose única, ou pode ser feito com
ciprofloxacina, ou ainda ceftriaxona.

Linfogranuloma venéreo

É uma doença causada pela Chlamydia trachomatis. Caracteriza-se por uma


lesão de inoculação discreta (de alta transmissão), com pápula que evolui para úlceras
indolores. A linfadenopatia é o grande problema da doença, sendo uma doença do
sistema linfático. O linfonodo afetado fistuliza em “bico de regador”, ou seja, há
drenagem por vários orifícios ao mesmo tempo. Pode evoluir com complicações do tipo
fibrose vaginal e retal.

O diagnóstico é eminentemente clínico, pois a doença é bem característica,


porém se houver dúvida podemos fazer uma cultura, ou ainda uma biópsia. O
tratamento é realizado com Doxaciclina de primeira escolha, ou ainda com
eritromicina ou Bactrim.

Donovanose

Esta doença é causada pela Klebsiella granulomatis. A lesão é arrastada e


indolente, com uma pápula ou nódulo indolor que evolui com úlcera plana e hipertrófica
que dura bastante tempo. Essas lesões são vegetantes “espelhadas” (tem dos dois lados
igualmente) altamente infectantes, podendo ate ser confundida com câncer.
O diagnóstico é clínico, mas precisa de biópsia para pode afastar a hipótese de
câncer. O tratamento é feito com doxicilina de primeira linha, ou ainda, com
azitromicina ou ciprofloxacino.

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