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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

SILVIO ERASMO DE OLIVEIRA JUNIOR

SANTO ANDRÉ SP
2023

SILVIO ERASMO DE OLIVEIRA JUNIOR


SILVIO ERASMO DE OLIVEIRA JUNIOR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E ENGENHARIA DO MATERIAIS

Análise da Transformação de Fase e Encruamento do Aço


Inoxidável 201 Durante a Conformação a Frio por Trefilação

Exame de qualificação de Mestrado


apresentado ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências e Engenharia dos materiais
PPGCEM, da Universidade Federal do ABC
UFABC como parte do requisito para
obtenção do título Mestre em Ciências e
Engenharia dos Materiais

Orientador: Mohammad

Santo André SP
2023

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Dedico este trabalho primeiramente a DEUS todo poderoso que me guia nessa
jornada, a minha família, também a minha amada esposa Luzia e ao meu filho
Kawan que é minha maior alegria.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a único DEUS TODO PODEROSO, pela minha


vida e da minha família.

Aos meus queridos e amados pais Aparecida Oliveira e Silvio Oliveira pela
educação e amor.

Aos meus Irmãos Paulo e Bruno por fazer parte da minha história.

À minha amada esposa Luzia, por sempre estar ao meu lado em todos os momentos

Ao meu filho Kawan, que é minha inspiração para lutar, sonhar e vencer por mérito as
batalhas da minha vida.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Mohammad Masoumi, pelos ensinamentos, apoio no


desenvolvimento do trabalho.

À empresa ACZ INOX, pela gentileza de fornecer o material para realizar esse estudo

A empresa aços Inbrafer por ceder laboratório e outros espaços para aprimorar esse
trabalho.

Aos amigos Caio e Sergio Alvez da empresa aços Inbrafer pela amizade e auxílio nas
dependências da empresa citada.

À Universidade Federal do ABC (UFABC), por toda infraestrutura e disponibilidade de


recursos essenciais para o desenvolvimento deste
trabalho.

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - classificação dos aços modificados.......................................................................12
Figura 2 - Ilustração esquemática da conversão de sítios intersticiais...................................13
Figura 3 – Mapa EBSD mostrando evolução microestrutural.................................................15
Figura 4 - conformações a frio aço inoxidável austenítico 201...........................................25
Figura 5 -Banho de sal trefilação............................................................................................31
Figura 6 – Gráfico tensão deformação 8,00mm.....................................................................33
Figura 7 – Difractograma DRX 8,00mm.................. ..............................................................34
Figura 8 – Metalografia frontal 8,00mm..................................................................................35
Figura 9 - Metalografia sentido de trefilação 8,00mm............................................................35
Figura 10 – Gráfico tensão deformação 7,00mm...................................................................36
Figura 11 – Difractograma DRX 7,00mm............... ...............................................................37
Figura 12 – Metalografia frontal 7,00mm................................................................................38
Figura 13 - Metalografia sentido de trefilação 7,00mm..........................................................39
Figura 14 – Gráfico tensão deformação 6,00mm...................................................................40
Figura 15 – Difractograma DRX 6,00mm................ ..............................................................41
Figura 16 – Metalografia frontal 6,00mm................................................................................42
Figura 17 - Metalografia sentido de trefilação 6,00mm..........................................................42
Figura 18 – Gráfico tensão deformação 5,00mm...................................................................43
Figura 19 – Difractograma DRX 5,00mm............... ...............................................................44
Figura 20 – Metalografia frontal 5,00mm................................................................................45
Figura 21 - Metalografia sentido de trefilação 5,00mm............................................................45

Figura 22 – Gráfico tensão deformação 8,00mm...................................................................46


Figura 23 – Difractograma DRX 8,00mm...............................................................................47
Figura 24. Análise Microestrutura MEV aço inoxidável 201.......................................49

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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Normas ASTM para produto trefilado....................................................................26
Tabela 2 - Normas ASTM para produto trefilado................................................................... 27
Tabela 3 - Composição química do aço inoxidável 201.........................................................30
Tabela 4 – Redução de área por passe........... .....................................................................30

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................10
2.OBJETIVOS.........................................................................................................................16
2.1Objetivos Gerais................................................................................................................16
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................17
3.1. Influência dos Elementos de liga.....................................................................................17
3.2. Aços inoxidáveis austenticos...........................................................................................20
3.3. Processo de conformação a frio (Trefilação)...................................................................22
3.4. Escoamento do Material trefilado....................................................................................23
3.5. Principais Materiais trefilados..........................................................................................26
3.6. Propriedades dos produtos trefilados .............................................................................27
3.7 Ferramentas detrefilação..................................................................................................28
3.8 Descrição das características geométricas e dimensionais de ferramentas de trefilaçã.28
4 MATERIAIS E METODOS.................................................................................................30
4.1. Trefilação ........................................................................................................................30
4.2. Ensaios de Resistencia a tração.....................................................................................31
4.3. Caracterização DRX........................................................................................................32
4.1. Ensaios Metalográfico.....................................................................................................32
5. Resultados e Discursões....................................................................................................33
6.Conclusão............................................................................................................................46

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Resumo

O estudo foca na caracterização da transformação de fase do aço inoxidável 201


durante o processo de conformação a frio por trefilação. Os aços inoxidáveis
austeníticos possuem propriedades como boa resistência à corrosão,
conformabilidade e tenacidade, o que os torna adequados para várias aplicações. A
austenita nesses aços é metaestável à temperatura ambiente, propensa a se
transformar em martensita após deformação, desenvolvendo alta resistência e boa
conformabilidade. O objetivo geral do estudo é caracterizar o aço inoxidável 201
através do processo de trefilação, observando a transformação de fase austenítica em
martensita. Os objetivos específicos incluem verificar o aumento da dureza do material
após o processo de conformação a frio, avaliar a resistência à tração, alongamento e
ductilidade em cada redução, analisar a transformação de fase austenita para
martensita por meio de difração de raio-x (DRX) e avaliar a direção de trefilação e
encruamento por microscopia óptica. Os resultados mostram que a amostra
inicialmente austenítica permaneceu metaestável, com picos característicos da
estrutura cúbica de face centrada (CFC). Quando o aço inoxidável 201 sofre
encruamento no processo de conformação a frio, a transformação de fase de γ
austenita (CFC) para ɛ martensita (HCP) ocorre gradativamente de acordo com cada
redução de área. A caracterização por DRX revela a evolução da textura nas fases
austenita e ɛ-martensita. Não foram observadas mudanças significativas no aço
ε=30%, mas com mais deformação (50%), a fração de martensita aumenta de acordo
com o encruamento. A deformação é uniformemente distribuída entre austenita e ɛ-
martensita no aço ε=65%. As modificações de fase na microestrutura devido ao
encruamento podem ser observadas à medida que a redução de área aumenta. A
transformação de fase γ austenita para ε martensita começa com 23% de redução de
área, devido ao aumento do nível de encruamento e das tensões internas devido às
falhas cristalográficas. Com 44% de redução de área, a transformação de fase ɛ
martensita (hcp) fica mais evidente, e trincas na parte central da amostra são
verificadas devido às tensões internas. Com 61% de redução, o produto é estabilizado
em ɛ martensita (hcp), e a trinca fica mais evidente devido ao excesso de
encruamento. Os próximos passos do estudo envolvem eliminar as trincas formadas
no processo de conformação a frio, utilizando tratamento térmico do aço inoxidável
201 para reduzir defeitos estruturais e observar seu comportamento.

Aço Inoxidável 201, transformação de fases, trefilação a frio, ɛ martensita (HCP)

8
Analysis of Phase Transformation and Hardening of Stainless Steel 201 During Cold
Forming by Drawing

Abstract

The study focuses on the characterization of phase transformation of stainless steel


201 during the cold forming process by drawing. Austenitic stainless steels have
properties such as good corrosion resistance, formability, and toughness, which make
them suitable for various applications. The austenite in these steels is metastable at
room temperature, prone to transform into martensite after deformation, developing
high strength and good formability. The overall goal of the study is to characterize
stainless steel 201 through the drawing process, observing the transformation of
austenitic phase into martensite. Specific objectives include checking the hardness
increase of the material after the cold forming process, evaluating the tensile strength,
elongation, and ductility at each reduction, analyzing the phase transformation from
austenite to martensite through X-ray diffraction (XRD), and assessing the direction of
drawing and hardening by optical microscopy. The results show that the initially
austenitic sample remained metastable, with characteristic peaks of the face-centered
cubic (FCC) structure. When stainless steel 201 undergoes hardening in the cold
forming process, the phase transformation from γ austenite (FCC) to ε martensite
(HCP) occurs gradually according to each area reduction. The characterization by XRD
reveals the evolution of texture in the austenite and ε-martensite phases. No significant
changes were observed in the steel ε=30%, but with more deformation (50%), the
martensite fraction increases according to the hardening. The deformation is evenly
distributed between austenite and ε-martensite in the steel ε=65%. The phase
modifications in the microstructure due to hardening can be observed as the area
reduction increases. The phase transformation from γ austenite to ε martensite begins
with 23% area reduction, due to the increase of the hardening level and internal
stresses due to crystallographic flaws. With 44% area reduction, the ε martensite (hcp)
phase transformation becomes more evident, and cracks in the central part of the
sample are verified due to internal stresses. With a 61% reduction, the product is
stabilized in ε martensite (hcp), and the crack becomes more evident due to excessive
hardening. The next steps of the study involve eliminating the cracks formed in the cold
forming process, using heat treatment of stainless steel 201 to reduce structural
defects and observe its behavior

Stainless Steel 201, Phase Transformation, Cold Drawing, ε Martensite (HCP)

9
1. Introdução

O aço inoxidável tipo 201 é um aço inoxidável austenítico cromo-níquel-


manganês que foi desenvolvido para conservar o níquel. O tipo 201 é uma alternativa
de custo mais baixo aos aços inoxidáveis Cr-Ni convencionais, como 301 e 304. O
níquel é substituído por adições de manganês e nitrogênio os quais são
estabilizadores da austenita. Não é endurecível por tratamento térmico, mas pode ser
trabalhado a frio até altas resistências à tração
O aço inoxidável da série 200 foi desenvolvido com sucesso nos Estados
Unidos como alternativa do aço inoxidável da série 300 durante a Segunda Guerra
Mundial. Naquela época, devido à guerra, o níquel como material estratégico era
estritamente controlado pelos países relevantes, e a oferta de níquel nos Estados
Unidos era seriamente insuficiente. Para resolver o problema da produção e
fornecimento de aço inoxidável no caso de uma grave escassez de oferta de níquel,
os Estados Unidos desenvolveram esta nova série de aços inoxidáveis austeníticos
com manganês em vez de níquel.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a oferta de níquel nos Estados Unidos
melhorou gradualmente. Portanto, a produção de aço inoxidável da série 300 não é
mais restrita pela escassez de matérias-primas, portanto, a série 200 não foi muito
desenvolvida. Vários indianos que participaram do desenvolvimento de aços
inoxidáveis da série 200 retornaram à Índia, começando pelo fato de que a Índia é
relativamente rica em recursos de manganês e carente de recursos de níquel, e trouxe
de volta à Índia as variedades de aços inoxidáveis da série 200 desenvolvidas em os
Estados Unidos.
A aplicação do aço inoxidável da série 200 na Índia é tão bem-sucedida porque
é possível substituir o aço inoxidável 304 em algumas aplicações específicas.
A maioria dos aços inoxidáveis da série 200 vendidos no mercado chinês quase não
tem controle de teor de enxofre e carbono de acordo com as normas nacionais, e o
manganês (e nitrogênio) é usado para substituir parte ou todo o níquel para produzir
aço inoxidável austenítico com menor teor de níquel contente.
A desvantagem desta série de materiais é que o teor de cromo inferior a 18%
e o baixo teor de níquel não são equilibrados para estabilizar a austenita. Por esta
razão, o teor de cromo no aço inoxidável da série 200 é reduzido para 13,5% a 15%. A
10
situação caiu para 13% a 14%, e sua resistência à corrosão não pode ser comparada
com 304 e outros aços similares

O aço inoxidável 201 está em crescente aplicação devido a constante pressão


pela redução de custos, grandes siderúrgicas buscam desenvolver e aprimorar novos
aços da série 200, entretanto a literatura poucos trabalhos realizados para avaliar a
transformação de fases da fase induzida pela conformação mecânica.

11
Figura 1 classificação dos aços modificados a partir do aço inoxidável 304 austenítico.

12
Os aços inoxidáveis austeníticos combinam boa resistência à
corrosão com boa conformabilidade e tenacidade, mesmo em temperaturas
criogênicas . Tais propriedades tornam esses materiais adequados para
diversas aplicações, variando de utilidades domésticas a aplicações de
processamento químico e nuclear
No geral, a escolha entre o aço inox 201 deve ser baseada nas necessidades
específicas de cada projeto, incluindo requisitos de resistência à corrosão, preço e
disponibilidade sendo como um fator diferencial o custo do projeto

Transformação de fase.

A austenita nesses aços inoxidáveis é metaestável à temperatura ambiente e,


portanto, é propensa a se transformar em martensita. Após a deformação, a chamada
martensita induzida por deformação é responsável pelo desenvolvimento de alta
resistência e boa conformabilidade dos aços inoxidáveis austeníticos. Com relação a
essa transformação, dois tipos de martensita podem ser formados: martensita ε-
hexagonal compacta (HCP) e martensita α'-cúbica de corpo centrado (CCC).

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Figura 2. Ilustração esquemática da conversão de sítios intersticiais
Octaédricos (O) em tetraédricos (T) após formação da martensita gêmea e HCP
em CFC. (a) sequência de empilhamento de camadas compactadas de átomos, (cfc)
alteração da sequência de empilhamento dos sítios após a formação de gêmeas e
martensita HCP, respectivamente
O aço inoxidável AISI 201 Mn-austenítico exibe excelente combinação de boa
resistência à corrosão com excelente conformabilidade. Tais propriedades desejáveis
atraem muita atenção para uso em outras aplicações de utilidades domésticas para
aplicações químicas, nucleares e marítimas.
Por outro lado, a austenita metaestável pode se transformar em martensita
tetragonal baixa por deformação plástica (efeito TRIP) e/ou geminação por efeito
TWIP. Transformação de fase martensítica de γ-FCC estrutura cristalina para a
estrutura hexagonal compactada (hcp) à temperatura ambiente exigia uma pressão
de cerca de 4,7 GPa. A transformação de fase induzida pela pressão de γ-Fe para ε-
Fe é acompanhada por uma mudança significativa em volume molar e na razão c/a
em relação à célula hexagonal do ε-Fe final resultante. Além disso, ocorre uma
mudança pronunciada nos parâmetros de rede da fase hexagonal, resultando em um
aumento significativo da razão da rede cristalina hexagonal. Desenvolvimento e
caracterização de martensita induzida por deformação acompanhado durante a
trefilação a frio de um AISI austenítico 201 (Fe-0.08C-8.0Mn-0.3Si-1.0Ni- 14,5Cr-
1,5Cu-0,1Mo wt%) .

A martensita cubica de corpo centrado recentemente distorcida nucleia


principalmente nos limites da austenita, enquanto as gêmeas principalmente originada
nos grãos de austenita e nas interseções das bandas de deslizamento devido a
diferentes sistemas de deslizamento. O objetivo do estudo é melhorar a compreensão
dos mecanismos de deformação de geminação para melhorar o trabalho
endurecimento.
O estudo foca na caracterização da transformação de fase do aço inoxidável 201
durante o processo de conformação a frio por trefilação. Os aços inoxidáveis
austeníticos possuem propriedades como boa resistência à corrosão,
conformabilidade e tenacidade, o que os torna adequados para várias aplicações. A
austenita nesses aços é metaestável à temperatura ambiente, propensa a se

14
transformar em martensita após deformação, desenvolvendo alta resistência e boa
conformabilidade.

Figura 3 (a) Mostra a evolução microestrutural de um aço inoxidável 201 pela


deformação frio a figura 1a mostra material como recebido mão é completamente
austenítico, podemos observar δ ferrita residual, figura 3 (b) mostra a microestrutura
do aço conformado a frio até ε = 0,22. Os grãos de austenita ainda são bastante
equiaxiais e a α'-martensita é encontrada nos contornos de grão, recozimento e
contornos gêmeos de deformação, exibindo formas do tipo ripas e blocos. Em
contraste, a ε-martensita é encontrada principalmente no interior dos grãos. na figura
3 (c). aço ε = 0,51 Nesse nível de deformação, todas as fases começam a se alinhar
paralelamente à direção de laminação com uma morfologia
alongada. Consequentemente, a morfologia da ε-martensita é agora mais do tipo ripa.
para o aço ε = 0,92 fig3 (d), os grãos de austenita e α'-martensita tornam-se
alongados. Nesta fase, alguns grãos de austenita equiaxiais podem ser distinguidos
na microestrutura circundados por pequenos grãos de ε-martensita equiaxiais.

15
2.Objetivo:

O objetivo geral do estudo é caracterizar o aço inoxidável 201 através do processo de


trefilação, observando a transformação de fase austenítica em martensita. Os
objetivos específicos incluem verificar o aumento da dureza do material após o
processo de conformação a frio, avaliar a resistência à tração, alongamento e
ductilidade em cada redução, analisar a transformação de fase austenita para
martensita por meio de difração de raio-x (DRX) e avaliar a direção de trefilação e
encruamento por microscopia óptica.

2.1 Objetivos Gerais

· Verifica o aumento da dureza do material após processo de conformação a


frio (trefilação) através de ensaios de Microdureza

· Avaliar resistência a tração, alongamento e ductilidade a cada redução


determinada no processo

· Por meio de Difração de raio x (DRX), analisar a transformação de fase


austenita para Martensita

· Avaliar através microscopia optica direção de trefilação e encruamento a cada


passe de trefilação

16
3 Revisão bibliográfica

Os aços inoxidáveis são compostos por no mínimo 12% de Cromo, teor que
garante a formação de uma película passivadora de oxido de cromo que protege a
superfície do produto, essa cama da passivadora confere a principal característica
desses materiais, que proteção contra corrosão ou oxidação. A afinidade que o cromo
possui com o oxigênio na superfície em nível molecular, forma película de oxido de
cromo com espessura de 13 nm e é característica pro passiva e renovável, se essa
película for danificada ocorre a oxidação do cromo em contato com o Oxigênio
formando uma nova camada passivadora.

3.1 Influência dos elementos de Liga

Carbono

O carbono e o ferro são ligados para formar o aço. Este processo aumenta a
resistência e dureza do ferro. O tratamento térmico não é adequado para fortalecer e
endurecer o ferro puro, mas quando o carbono é adicionado, uma ampla faixa de
resistência e dureza é obtida. O alto teor de carbono não é preferido em aços
inoxidáveis ferríticos e austeníticos, especificamente para fins de soldagem, devido
ao risco de precipitação de carboneto.

Manganês

A adição de manganês ao aço melhora as propriedades de trabalho a quente


e aumenta a tenacidade, resistência e temperabilidade. Assim como o níquel, o
manganês é um elemento formador de austenita e tem sido tradicionalmente usado
como um substituto para o níquel na linha AISI200 de aços inoxidáveis austeníticos,
por exemplo, AISI 202 como um substituto para AISI 304.

Cromo

O cromo é combinado com o aço para melhorar sua resistência à


oxidação. Quando mais cromo é adicionado, a resistência é melhorada ainda mais.
Os aços inoxidáveis têm pelo menos 10,5% de cromo (geralmente 11 ou 12%), o que
confere um nível considerável de resistência à corrosão, em comparação com os aços
17
com uma porcentagem relativamente menor de cromo. A resistência à corrosão é
atribuída à formação de uma camada passiva e auto reparadora de óxido de cromo
na superfície do aço inoxidável.

Níquel

Grandes quantidades de níquel - mais de 8% - são adicionadas aos aços


inoxidáveis com alto teor de cromo para produzir o grupo mais importante de aços que
são resistentes ao calor e à corrosão. Estes incluem os aços inoxidáveis austeníticos
que são caracterizados por 18-8 (304 / 1.4301), onde a tendência do níquel para
formar austenita contribui para alta resistência e excelente tenacidade ou resistência
ao impacto, em baixas e altas temperaturas. O níquel também melhora
significativamente a resistência à corrosão e oxidação.

Molibdênio

Quando misturado com aços austeníticos de cromo-níquel, o molibdênio


aumenta a resistência à corrosão em fendas e pite, particularmente em ambientes
contendo enxofre e cloretos.

Nitrogênio

Semelhante ao níquel, o nitrogênio é um elemento formador da austenita e


aumenta a estabilidade da austenita dos aços inoxidáveis. Quando o nitrogênio é
misturado com os aços inoxidáveis, o limite de escoamento é consideravelmente
aumentado junto com o aumento da resistência à corrosão por pite.

Cobre

No aço inoxidável, o cobre está frequentemente presente como elemento


residual. Este elemento é adicionado a várias ligas para criar características de
endurecimento por precipitação ou para melhorar a resistência à corrosão,
predominantemente em condições de ácido sulfúrico e água do mar.

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Titânio

O titânio é frequentemente adicionado para estabilizar o carboneto,


particularmente quando o material precisa ser soldado. O titânio se funde com o
carbono para formar carbonetos de titânio que são relativamente estáveis e não
podem ser facilmente dissolvidos no aço, o que pode reduzir a ocorrência de corrosão
intergranular.

Quando cerca de 0,25 / 0,60% de titânio é adicionado, isso faz com que o
carbono se funda com o titânio em oposição ao cromo, evitando um empate de cromo
resistente à corrosão como carbonetos intergranulares e a perda associada de
resistência à corrosão nos limites do grão.

Nos últimos anos, o uso de titânio foi reduzido consideravelmente devido à


capacidade das siderúrgicas de fornecer aços inoxidáveis com teores de carbono
extremamente baixos. Esses aços podem ser facilmente soldados sem qualquer
necessidade de estabilização.

Fósforo

Para melhorar a usinabilidade, o fósforo é frequentemente adicionado ao


enxofre. Embora a presença de fósforo nos aços inoxidáveis austeníticos aumente a
resistência, ela tem um efeito prejudicial na resistência à corrosão e aumenta a
tendência do material a quebrar durante a soldagem.

Enxofre

O enxofre melhora a usinabilidade quando é adicionado em pequenas


quantidades, mas, assim como o fósforo, tem um efeito negativo na resistência à
corrosão e na subsequente soldabilidade.

Selênio

O selênio foi anteriormente empregado como um complemento para melhorar


a usinabilidade.

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Nióbio

A estabilização do carbono é obtida pela adição de nióbio ao aço e tem o


mesmo desempenho do titânio. Além disso, o nióbio fortalece ligas e aços para serviço
com temperatura elevada.

Silício

O silício é normalmente empregado como um agente desoxidante (matador) no


processo de fusão do aço, e uma pequena quantidade de silício é usada na maioria
dos aços.

Cobalto

Quando submetido à forte radiação de reatores nucleares, o cobalto se torna


altamente radioativo e, portanto, todos os aços inoxidáveis implantados em serviço
nuclear terão certa limitação de cobalto, frequentemente 0,2% no máximo. Esta
questão é importante porque alguma quantidade do cobalto restante estará presente
no níquel usado para fazer aços inoxidáveis austeníticos.

3.2 Aços inoxidável Austenítico.

Aços inoxidáveis Austeníticos – São ligas a base de ferro-cromo (16-30%) e


níquel (8-35%) os aços da série 300 são os mais utilizados, como por exemplo 301,
304, 316, 321 com estrutura predominante austenítica e não magnéticos, e possui
estrutura cúbica de face centrada (CFC) após tratamento térmico, devido o custo
elevado Níquel a adição de Nitrogênio e manganês dão origem a série 200, como por
exemplo 201, 202 e 204.

Aços inoxidáveis ferríticos – São ligas de ferro – cromo ferríticas de estrutura


cúbica de corpo centrada (CCC) a todas as temperaturas e não endurecem por
tratamento térmico, teor cromo maior que 10 a 30% e teor de carbono menor nesse
serie podemos citar 405, 409, 430 e 446.

Aços inoxidáveis martensíticos – São ligas de ferro-cromo, sendo o cromo


variando entre 11 e 18% em peso, teor de carbono acima de 0,1%, são característicos
pela sua estrutura tetragonal, a sua aplicação requer boa resistência a tração, fluência

20
e resistência a fadiga combinada com resistência a corrosão nessa serie podemos
citar AISI 403, 410, 420, 422.

Aços inoxidáveis Duplex – A microestrutura dessa liga contendo autunita e


ferrita em frações similares são obtidas com composição balanceada de ferro-cromo

(18-27%) - níquel (4-7%) - molibdênio (1-4%) e outros elementos de liga. Essa


serie podemos citar AISI 329, UNS S32304. Possui menor teor de níquel.

Os aços inoxidáveis austeníticos são materiais de engenharia tradicionais. A


combinação de boa resistência à corrosão e alta ductilidade torna estes materiais são
úteis para várias aplicações, desde utensílios domésticos a reatores químicos e
nucleares

Os aços inoxidáveis austeníticos são os mais comuns entre os inoxidáveis e


são característicos pela sua estrutura austenítica a temperatura ambiente.

6tA classe mais conhecida dos aços inoxidáveis austeníticos são os da série
300que pode 35% de Cr, 16% a 18% de Ni e até 2% de Mn, a fim de reduzir custos
parte do níquel pode ser substituído por outros elementos estabilizadores da Austenita
como manganês ou nitrogênio, dando origem a família da série 200, está classificação
é caracterizada por conter teor elevado de manganês de 4 a 15% e níquel até 7% em
massa

O níquel adicionado nos aços inoxidáveis austeníticos é a maneira clássica de


estabilizar a austenita, a estabilização da austenita também se pela adição de
manganês e nitrogênio, dessa maneira o aço inoxidável austenítico tem razoável
redução de custo o que o torna muito atrativo. A classe dos ferros- Manganês é
caracterizado pela redução do níquel e pela adição manganês, nitrogênio e cobre
sendo todos estabilizadores da austenita. Além do ponto de vista econômico os aços
austeníticos oferece boa conformabilidade e resistência mecânica.

Entretanto reduzindo o teor níquel, reduz o teor de cromo, o que ocasiona


menor resistência corrosão é consequentemente reduz a possibilidade de aplicação
em que o material o material é aplicado.

21
Esta estrutura e obtida devido a adição e elementos estabilizadores da
austenita como níquel, manganês e nitrogênio que mantem a austenita em
temperatura ambiente sendo essa uma estrutura CFC metaestável, são
essencialmente paramagnéticos, na condição recozida podem ser endurecidos por
conformação a frio. Em geral possuem, excelentes propriedades criogênicas, por não
sofrerem transição dúctil-frágil e boa resistência mecânica em altas temperaturas.

Em aços austeníticos metaestáveis, a austenita (γ) pode se transformar em α′-


martensita ao conformar mecanicamente. A chamada martensita induzida por
deformação é responsável pelo desenvolvimento de alta resistência e boa
conformabilidade aços inoxidáveis austeníticos. A quantidade de martensita induzida
por deformação depende do produto químico composição e temperatura de trabalho.
Dois tipos de martensita forma em tais aços: hexagonal-fechado empacotado (ε) ou
corpo-centrado martensita cúbica (α’-). De acordo com vários autores, ε-martensita
forma-se em baixas tensões e precede a formação de α′-martensita.

3.3 Processo de conformação a Frio (Trefilação)

A trefilação é um dos processos mais antigos e mais importantes na fabricação


de produtos metálicos contínuos de diversas geometrias possíveis.
Independentemente do tipo de produto obtido, a trefilação caracteriza-se sempre pelo
tracionamento do produto trefilado através de uma matriz que lhe confere a geometria
e dimensões especificadas.

No Handbook of Metal Forming, Kurt Lange (Editor), McGraw-Hill Book Co.,


1985 e no Introduction to Manufacturing Processes, John A. Schey, McGraw-Hill Intl.
Editions, 1987, destaca-se a alternativa da substituição da matriz de trefilação por
dois, três ou quatro cilindros (rolls), similares aos empregados na laminação e que são
movimentados pelo deslocamento do material trefilado que é tracionado. Essa solução
pode ser adequada para a trefilação de produtos com geometrias simples em
pequenas quantidades e que não apresentem especificações rigorosas de qualidade
dimensional e geométrica.

22
Como se trata de um processo de conformação plástica, o volume de material
trabalhado permanece constante durante todo o processo, de modo que nesse
exemplo pode-se estabelecer a seguinte relação entre os comprimentos da matéria-
prima (Li) e do produto trefilado

Por ser um processo que ocorre na maioria das vezes à temperatura ambiente,
a trefilação possibilita a obtenção de produtos com grande qualidade dimensional,
superficial e geométrica. Essas propriedades dos produtos são alcançadas pelo
controle adequado da redução de seção transversal e pelo uso de lubrificantes
eficientes.
Outro aspecto que caracteriza a maioria das variações dos processos de
trefilação é o escoamento convergente do material metálico quando de sua passagem
pela matriz. Assim, o escoamento plástico na trefilação deve-se principalmente à ação
de esforços de compressão resultantes da reação do material metálico com as
paredes internas da matriz. Esse comportamento determina que a trefilação seja
classificada como um processo por compressão indireta.

3.4 ESCOAMENTO DO MATERIAL TREFILADO

Como em todos os processos de conformação plástica que ocorrem à


temperatura ambiente, também na trefilação está presente o fenômeno mecânico-
metalúrgico denominado encruamento (strain hardening ).
A definição mais abrangente do encruamento é relacionada ao aumento de
resistência mecânica devido à deformação plástica a frio, ou seja, sob condições em
que não estão presentes os mecanismos metalúrgicos que levam à recristalização do
material metálico,

23
O maior problema provocado pela modificação microestrutural causada pelo
encruamento verifica-se no acúmulo de tensões internas, na perda da ductilidade e
na queda da resistência à corrosão característica dos materiais encruados

Algumas expressões são apresentadas para determinar a deformação causada


num processo. Se considerarmos um processo de trefilação de barras cilíndricas em
que ocorre simplesmente a redução da seção transversal sem modificação da
geometria dessa seção, podemos calcular a deformação imposta por alguns critérios,
sempre considerando a redução de área:
1 deformação de engenharia:

𝐴𝑖 − 𝐴𝑓
𝑒= 𝑥100
𝐴𝑖

2) deformação verdadeira (ou deformação logarítmica):

𝐴𝑖
𝜀 = 𝑙𝑛
𝐴̇

Dos três valores apresentados, o mais comumente empregado para definir a


deformação na trefilação é o primeiro (em função da redução porcentual de seção). O
segundo valor é o mais correto quando se determina deformações plásticas e é
empregado quando se pretende avaliar as propriedades mecânicas do produto
trefilado, visto que as curvas de escoamento de diversas ligas metálicas são
fornecidas em função da deformação logarítmica.

24
Figura 4 conformações a frio aço inoxidável austenítico 201

A microestrutura das amostras de aço inoxidável austenítico 201 conformado


a frio é mostrada duas morfologias diferentes de martensita podem ser observadas
nas microestruturas. As placas paralelas de ε-martensita podem ser claramente
diferenciadas da α'-martensita mais irregular e com bordas rugosas. A α'-martensita
é formada nas interseções das plaquetas. com o aumento da redução de
conformação a frio a quantidade de α'-martensita aumenta fica nítido a figura acima

25
3.5 PRINCIPAIS MATERIAIS TREFILADOS

Uma grande variedade de materiais metálicos pode ser conformados por


trefilação, desde que apresentem a capacidade de serem deformados a frio
(conformabilidade plástica) e que os parâmetros de processamento envolvidos
(lubrificante, velocidade, redução por passe, número de passes, etapas de
recozimento) sejam escolhidas adequadamente.
As mais variadas classes de aços, ligas de cobre e ligas de alumínio, metais
nobres como o ouro, a prata e a platina, bem como ligas não-ferrosas de alta
resistência mecânica à base de níquel e titânio são trefiladas para a obtenção de
diversas geometrias de produtos. A ASTM (American Society for Testing and
Materials) apresenta uma série de normas relacionadas com as propriedades de
produtos trefilados, como tolerâncias geométricas e dimensionais, rugosidade
superficiais e propriedades mecânicas. A Tabela 5 destaca algumas dessas normas.
Já a Tabela 6 apresenta algumas da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) também relacionadas com produtos trefilados.

Tabela 1 – Normas ASTM para produtos trefilados (fonte www.astm.org)~

Norma Denominação
A450-81 Requisitos gerais para tubos de aços-carbono,
ligas de ferro e aços-liga austeníticos
A789-81 Tubos com e sem costura de aços inoxidáveis
austeníticos
para uso geral
A669-79a Tubos sem costura de aços-liga ferríticos e
austeníticos
A276-81a Barras e perfilados de aços inoxidáveis e
resistentes ao calor
B1-70 Fios de cobre trefilados duros
B133-81 Barras, arames e perfis de cobre
B75-81 Tubos de cobre sem costura
B211-79a Barras, arames e fios de ligas de alumínio

26
B210-80 Tubos sem costura de ligas de alumínio

Tabela 2 – Normas ABNT para produtos trefilados (fonte www.abnt.org.br)

Denominação
Norma
NBR6330 Fio-máquina de aço-carbono, de uso geral, destinado a
trefilação e laminação a frio
NBR7000 Alumínio e suas ligas – Produtos extrudados -
Propriedades mecânicas
NM208 Tubos de aço de liga médio, sem costura, trefilados a
frio, para
trocadores de calor e condensadores
NBR8635 Arames de aço inoxidável para
forjamento a frio de parafusos e porcas
NBR6316 Tubos de aço-cromo-níquel, sem costura,
para fornos de refinarias
NBR7812 Tubos de cobre sem costura para condução de fluidos
de
aplicação em veículos rodoviários, tratores e similares
NBR5021 Cobre e ligas de cobre - Barra e perfil
extrudados e trefilados
NBR8274 Alumínio e suas ligas – Tubos
trefilados para uso geral
NBR14246 Ligas de alumínio extrudados e/ou
trefilados para usinagem

3.6 PROPRIEDADES DOS PRODUTOS TREFILADOS


Como destacado nos tópicos anteriores, a trefilação é um dos processos de
conformação que devido às suas características de lubrificação eficiente e trabalho a
frio, oferecem produtos longos e contínuos de diversas geometrias com elevada
qualidade geral associada a tolerâncias dimensionais e geométricas estreitas, boa
qualidade superficial e com possibilidade do controle de suas propriedades

27
mecânicas pela definição adequada do número de passes de trefilação, da redução
de seção de transversal e pelo emprego de etapas de recozimento.
Assim, a especificação das propriedades de um produto trefilado dependerá
das exigências de sua utilização e dependerá da definição adequada do material de
partida, da inclusão de etapas de limpeza e acabamento superficial, além dos
cuidados já apontados anteriormente para a definição das etapas de lubrificação,
trefilação e recozimento.

3.7 Ferramentas para Trefilação

A qualidade e o custo dos produtos trefilados (fios, arames, barras, tubos,


perfis) dependem em grande parte da natureza da fieira, especificamente de sua
qualidade geométrica e dimensional, bem como do material em que é fabricada.

3.8 DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS E


DIMENSIONAIS DE FERRAMENTAS DE TREFILAÇÃO
O perfil de uma matriz de trefilação é cônico na maioria das vezes e compõe-se de
quatro regiões definidas como cone de entrada, cone de trabalho, cilindro de
calibração e cone de saída.
O perfil da fieira tende a ser cônico para a maioria dos usos, pois apresenta
melhores resultados e facilita a sua obtenção na usinagem. O ângulo do cone de
trabalho varia em função do diâmetro do fio e do grau de redução, tendendo, contudo,
a atingir valores maiores que o ótimo determinado em função desses dois fatores (que,
para o alumínio, é de 120), devido à necessidade de promover a penetração do fluido
lubrificante e refrigerante e reduzir a área de contato com o fio, para as velocidades
de trabalho mais elevadas. Para um mesmo ângulo, no entanto, o comprimento do
cone de trabalho (ou melhor, a altura) é maior para reduções maiores. Utilizando um
maior número de fieiras, e limitando a redução por fieira, obtém-se melhores
condições de lubrificação e refrigeração.
O cone de entrada tem a finalidade de guiar o fio em direção ao cone de
trabalho e permitir que o lubrificante acompanhe o fio e contribua para a redução do
atrito entre as superfícies do fio e do cone de trabalho.

28
No cone de trabalho ocorre a redução, sendo, portanto, a região onde é
aplicada ao fio o esforço de compressão e onde o atrito deve ser minimizado para
reduzir, também ao mínimo, o desgaste da fieira. O denominado ângulo 2a (ou
semiângulo a) da fieira, se refere ao ângulo do cone de trabalho.
No cilindro de calibração ocorre o ajuste do diâmetro do fio: é objeto de controle
o comprimento, ou melhor, a altura desse cilindro, pois, quando essa altura é pequena,
facilita as operações de retificação das fieiras gastas para a obtenção de uma fieira
de diâmetro final maior. Comprimentos excessivos dessa região podem causar o
aumento da tensão de trefilação e desta forma, reduzir a redução máxima possível
por passe e aumentar a possibilidade de desgaste da fieira.

O cone de saída deve proporcionar uma saída livre do fio sem causar danos
nas superfícies da fieira e do fio.
Além desses detalhes construtivos, outros aspectos devem ser observados:
O perfil da ferramenta deve ser tal que, juntamente com as condições de
trabalho e de lubrificação, permita o surgimento de pressões pequenas e
decrescentes na parede interna, para evitar o excessivo desgaste da ferramenta e
para manter uma boa qualidade de superfície no fio trefilado;
· Se o objetivo básico for a redução da secção total, num menor número
possível de passes, o melhor é aproximar o ângulo da ferramenta do ângulo ótimo que
corresponde à menor força de trefilação, o que reduz o risco de ruptura do fio ou da
sua deformação por tração após a saída da ferramenta;
· Se, ao contrário, o objetivo básico for reduzir a secção com um menor
encruamento possível, o ângulo da ferramenta não tem tanta importância. Para
manter baixo o índice de desgaste da ferramenta, porém, é melhor adotar um ângulo
ótimo (ângulo ideal para a mínima força de trefilação), pois a pressão será então
menor, lembrando que o ângulo decresce com a diminuição da redução;
· Em resumo, para melhor eficiência do processo nas reduções intensas, o
ângulo da ferramenta deve ser igual ao ótimo; para menor desgaste, nas reduções
pequenas, deve ser menor que o ótimo. De qualquer forma, porém, a determinação
do melhor ângulo nas condições reais de processamento é sempre uma tarefa
experimental;

29
· Se a parte cilíndrica da ferramenta também não se desgastasse, a sua
existência permitiria a recuperação da fieira, após o desgaste do perfil, para um
mesmo diâmetro de saída. O desgaste da parte cilíndrica, no entanto, ocorre e,
portanto, somente nos casos de
lubrificação altamente eficiente (como é considerado o método de lubrificação
com lubrificante sólido pastoso) justifica-se a construção de perfis de ferramenta com
a parte cilíndrica tendo um comprimento igual ou menor que a metade do diâmetro de
saída;

4. Materiais e Métodos

Composição química aço Inoxidável 201


C si Mn P S Cr Ni Mo Cu Ni 2
0,080 0,350 8,870 0,0390 0,0140 14,51 1,80 0,120 1,530 0,00010
Tabela 3 composições química

4.1 Trefilação.
O material utilizado aço inoxidável 201 foi recebido na bitola de 8,00 fornecido
pela empresa ACZ inox, foi trefilado para 5,00mm, a operação de trefilação foi
realizada em 5 operações trefilado em máquina monobloco com uma cadeia de
trefilação, na tabela abaixo estão representados os parâmetros de produção -
diâmetro de saída da fieira/do material df, diâmetro inicial do material a cada passe di,
redução de área %.

1° Passe 2°passe 3°passe 4°passe 5°passe


Di 8,00 7,00 6,40 6,00 5,45
Df 7,00 6,40 6,00 5,45 5,00
%r 23 % 17% 13% 17% 17%

%r total 23% 36% 44% 53,5% 61%

Tabela 4 Redução de área

No processo de trefilação realizado a partir da terceira operação reduzindo o


diâmetro do arame de 6,40 para 6,00mm apresentou defeitos superficiais devido a
30
lubrificação ineficiente entre o fio do aço inoxidável 201 e a matriz, foi realizado nas
dependências da empresa Aços Inbrafer um banho com sal carregador de lubrificante
para aço inoxidável onde o material fica submerso no banho pelo tempo de 10 minutos
em temperatura que pode variar 85 a 95º c de resultou em uma maior aderência do
lubrificante.

(A) (B)

Figura 5 banho de sal para trefilação obtidas nas dependências da Aços


Inbrafer

A trefilação do aço inoxidável 201 podemos observar a redução de área a cada


etapa de conformação mecânica eleva a resistência do material diminuindo
ductilidade, onde ocorre a transformação de fase de austenita para martensita.

4.2 Ensaios de resistência a tração, DRX, análise metalográfica.

O ensaio de tração é um ensaio mecânico amplamente utilizado para a


determinação das propriedades mecânicas de um material. Consiste basicamente na
aplicação de uma carga uniaxial que provoca o alongamento paralelo ao eixo de
aplicação da carga em um corpo de prova padronizado até a fratura
A DRX fornece informações sobre as fases cristalinas presentes em uma amostra
e pode distinguir entre compostos, por exemplo, a transformação de fase de austenita
(CFC) para martensita (HCP)
O material como recebido com o diâmetro de 8,00mm, observamos a boa
ductilidade do material com estrutura austenítica, também foi observado quando a
velocidade de tracionamento ocorre aumento na resistência a tração do material
31
4.3 Caracterização por Difração de Raio-X (DRX)

Para melhor compreensão da transformação de fase decorrente do processo


de conformação a frio (trefilação), o aço inoxidável 201 foi caracterizado na condição
como recebida e nas posteriores deformação realizadas no processo de conformação
a frio, os difractograma evidenciam a transformação de fase γ austenita para
martensita α.

4.4 Ensaio metalográfico

As amostras de aço inoxidável foram caracterizadas em microscopia óptica


(MO), o ataque foi realizado com ácido oxálico para revelar a microestrutura com
ampliação de 50x, podemos observar que o encruamento sofrido pelo material no
processo de trefilação confirma as características das análises de resistência a tração
e DRX, o material aumenta a resistência a cada redução de área realizada e assim
perdendo ductilidade, observamos também sentido de trefilação com grão alongados,
na amostra da figura 15 obtivemos o início de trinca na parte central que se propagou
de forma muito evidente na figura 19.

32
5. Resultados e Discursões

Figura 6 gráfico tensão deformação 8,00mm

Diametro Velocidade Resistencia Alongamento


de tração a Tração
8,00mm 5mm/s 763Mpa 79%
8,00mm 10mm/s 801 Mpa 81%
8,00mm 20mm/s 842 Mpa 85%

33
Figura 7 Grafico de DRX 8,00mm

Amostra como recebida Material pemance Austenico foi observado picos


caractericos de estrutura cubica de fase centrada (CFC), material metaestavel.

34
Figura 8 metalografia frontal 8,00mm

Amostra como recebida 8,00mm frontal a microestrutura do aço inoxidável 201


observamos uma estrutura do aço inoxidável austenítico metaestáveis, a γ-austenita
(cfc, paramagnética), sem nenhuma deformação.

Figura 9 metalogradia sentido tefilação 8,00mm

Nessa amostra 8,00mm longitudinal como recebida se matem γ-austenita


(cfc, paramagnética), sem nenhuma deformação
35
Figura 10 gráfico tensão deformação 7,00mm

Diâmetro Velocidade Resistencia Alongamento


de tração a Tração
7,00mm 5mm/s 1112 Mpa 52,55%
7,00mm 5mm/s 1110 Mpa 52 %
7,00mm 5mm/s 1113 Mpa 52%

36
Figura 11 Grafico de DRX 7,00mm

Na terceira amostra a transformação de fase γ austenita para martensita α


ocorre mais acentuada observando o difractograma devido a intensidade dos picos.

37
Figura 12 metalogradia frontal 7,00mm

Após conformação mecânica reduzindo o diâmetro da amostra de 8,00 para


7,00mm mantendo a velocidade de tração observarmos aumento da resistência a
tração e a perda da ductilidade de acordo com redução do alongamento
Após a primeira redução de area no material podemos observar alteração como
deformção dos grãos indicando aumneto na resistencia e a perda ductilidade

38
Figura 13 metalogradia sentido de trefilação 8,00mm

Na figura podemos observar a orientação de trefilação o material foi reduzido a


espessura de 8,00mm 7,00mm sentido de trefilação
Após nova conformação mecânica reduzindo o diâmetro da amostra de 7,00
para 6,00mm mantendo a velocidade de tração observarmos aumento da resistência
a tração e a perda da ductilidade de acordo com redução do alongamento

39
Figura 14 gráfico tensão deformação 6,00mm

Diametro Velocidade Resistencia Alongamento


de tração a Tração
6,00mm 5mm/s 1642 Mpa 7,65%
6,00mm 5mm/s 1622 Mpa 6,88%
6,00mm 5mm/s 1618 Mpa 7,43%

40
Figura 15 Grafico de DRX 6,00mm

Nessa amostra onde ocorreu uma deformação severa a transformação de fase


γ austenita para martensita α está mais acentuada, analisando o difractograma
podemos observar que obtivemos grandes transformações físicas no material em
relação a amostra como recebida

41
Figura 16 metalogradia frontal 6,00mm

A microestrutura abaixo pós nova redução de área de 7,00 para 6,00mm com
aumento do nível de tensão interna gerou trinca parte frontal da amostra

Figura 17 metalogradia sentido de trefilação 6,00mm

A microestrutura abaixo 6,00mm sentido de trefilação fica mais evidente com


alongamento dos grãos
42
Realizado a última redução o diâmetro da amostra de 6,00 para 5,00mm observamos
o alongamento baixo e a alta resistência a tração, podemos concluir que a baixa
ductilidade do material nos leva a grandes níveis de tensão interna causadas pelo
encruamento.

Figura 18 gráfico tensão deformação 5,00mm

Diâmetro Velocidade Resistencia Alongamento


de tração a Tração
5,00mm 5mm/s 1827 Mpa 5%
5,00mm 5mm/s 1679 Mpa 9,5 %

43
Figura 19 Grafico de DRX 5,00mm

Aumento da resistência a tração que é característico pela mudança de fase, o


material CFC não tem magnetismo após a transformação de fase passa a ser
magnético na estrutura Hexagonal compacta

44
Figura 20 metalogradia frontal 5,00mm

Nessa imagem podemos observar a propagação da trinca, devido as tensões


internas elevada que se deu origem após o processo de trefilação onde o encruamento
no material trefilado com 5,00mm, ultrpassou o limite de conformação meçânica
gerando trinca acentuda nessa amostra.

Figura 21 metalogradia sentido de trefilação 5,00mm

Nessa imagem observamos o sentido de trefilação e alongamento dos grãos


45
6. Discursões

Os resultados mostram que a amostra inicialmente austenítica permaneceu


metaestável, com picos característicos da estrutura cúbica de face centrada (CFC).
Quando o aço inoxidável 201 sofre encruamento no processo de conformação a frio,
a transformação de fase de γ austenita (CFC) para ɛ martensita (HCP) ocorre
gradativamente de acordo com cada redução de área.

Figura 22 comparação ductilidade e resistência

Em resumo, A austenita nesses aços inoxidáveis é metaestável à temperatura


ambiente e, portanto, é propensa a se transformar em martensita. Após a deformação,
a chamada martensita induzida por deformação é responsável pelo desenvolvimento
de alta resistência e boa conformabilidade dos aços inoxidáveis austenítico conforme
análise ,de resistência a tração no gráfico acima, observamos a boa ductilidade e
baixa resistência na amostra como recebida evidenciando material austenítico

46
metaestável, quando o aço inoxidável 201 sofre o encruamento no processo de
conformação a frio (trefilação), indica a transformação de fase de α austenita( CFC)
para martensita (HCP) gradativamente de acordo com cada redução de área , como
objetivo futuro identificaremos a porcentagem de austenita e martensita em cada
amostra.

Figura 23 Analise DRX

47
A caracterização por DRX revela a evolução da textura nas fases austenita e ɛ-
martensita. Não foram observadas mudanças significativas no aço ε=30%, mas com
mais deformação (50%), a fração de martensita aumenta de acordo com o
encruamento. A deformação é uniformemente distribuída entre austenita e ɛ-
martensita no aço ε=65%.

48
Figura 24. Análise Microestrutura MEV aço inoxidável 201. Ataque ácido oxálico

Figura (a) material como recebido austenítico, figura (b) material com deformação
ε=30% início do processo de deformação e inicio da formação da martensita ε, figura
c conforme literatura possível formação da martensita α’, figura (D) propagação de
trinca devido excesso de encruamento com aumento de resistência mecânica e baixa
ductilidade.

As modificações de fase na microestrutura devido ao encruamento podem ser


observadas à medida que a redução de área aumenta. A transformação de fase γ
austenita para ε martensita começa com ε=30% de redução de área, devido ao
aumento do nível de encruamento e das tensões internas devido às falhas
cristalográficas. Com ε=50% de redução de área, a transformação de fase ɛ martensita
(hcp) fica mais evidente, e trincas na parte central da amostra são verificadas devido
às tensões internas. Com ε=60% de redução, o produto é estabilizado em ɛ martensita
(hcp), e a trinca fica mais evidente devido ao excesso de encruamento.

A martensita ε é formada apenas em estágio inicial da deformação a frio


49
(encruamento realizado por trefilação), e tende a se tornar martensita α’com alta taxa
de deformação com aumento de resistência a tração e baixa ductilidade, o que pode
nos levar a defeitos estruturais como visto na figura 23.

Os próximos passos do estudo envolvem eliminar as trincas formadas no processo de


conformação a frio, utilizando tratamento térmico do aço inoxidável 201 para reduzir
defeitos estruturais e observar seu comportamento.

50
Atividade Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Exame de
Qualificaçã
x
o
Análise
resistência
x X x x x x X
a tração
Análise
dureza
x x x x x x X

Análise
X x x x x x X
Microscopi
a optica

Análise
x x x x x x X
DRX

Análise
MEV
x x x x x x x
Discussão
dos
resultados x x x x x x
Elaboração x
da
dissertação
Defesa

x x x x x x x

51
Referencias:

1. Strain partitioning and texture evolution during cold rolling of AISI 201 austenitic
stainless steel
https://doi-org.ez42.periodicos.capes.gov.br/10.1016/j.msea.2017.07.010

2. Cho HJ, Kim KS, Noh HS, Kim SJ, Origin of deformation twins and their
influence on hydrogen embrittlement in cold-rolled austenitic stainless steel,
International Journal of Hydrogen Energy, 2021, 46, 22195-22207
https://doi.org/10.1016/j.ijhydene.2021.04.045

3. Austenite reversion in AISI 201 austenitic stainless steel evaluated via in situ
synchrotron X-ray diffraction during slow continuous annealing
https://doi-org.ez42.periodicos.capes.gov.br/10.1016/j.msea.2019.04.014

4. Effects of strain-induced martensite and its reversion on the magnetic properties


of AISI 201 austenitic stainless steel
https://doi-org.ez42.periodicos.capes.gov.br/10.1016/j.jmmm.2016.06.027

5. In situ synchrotron X-ray evaluation of strain-induced martensite in AISI 201


austenitic stainless steel during tensile testing

https://doi-org.ez42.periodicos.capes.gov.br/10.1016/j.msea.2015.10.110

52
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