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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

PAULO ROGÉRIO PALO

ESTUDO DA VIABILIDADE DA CONSTRUÇÃO


DE EDIFÍCIOS INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS

SÃO PAULO
2006
PAULO ROGÉRIO PALO

ESTUDO DA VIABILIDADE DA CONSTRUÇÃO


DE EDIFÍCIOS INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia civil da
Universidade Anhembi Morumbi.

Orientador: Prof. Dr. Sidney Lazaro Martins

SÃO PAULO
2006
PAULO ROGÉRIO PALO

ESTUDO DA VIABILIDADE DA CONSTRUÇÃO


DE EDIFÍCIOS INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS
Trabalho de Conclusão de Curso,
apresentado como exigência parcial
para a obtenção do título de Graduação
do Curso de Engenharia civil da
Universidade Anhembi Morumbi.

Trabalho____________ em: ____ de _______________ de 2006.

______________________________________________
Prof. Dr. Sidney Lazaro Martins

______________________________________________
Profª. Dra. Adir Janete Godoy dos Santos

Comentários: ________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Dedico este trabalho a todos os profissionais que trabalham
para promover um meio ambiente saudável, limpo e puro
exercendo o desenvolvimento sustentável e garantindo
qualidade de vida para a presente e futuras gerações.
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Sidney Lazaro Martins pelo incentivo e orientação.

Á amiga Patricia Policastro Nascimento, pois com sua ajuda, foi possível iniciar as
pesquisas sobre o tema deste trabalho.

Ao Eng. Roberto Godoy Fernandes da Indústria Schneider Electric Brasil Ltda, pela
contribuição técnica e informações sem as quais não conseguiria a conclusão deste
trabalho.

A todos meus amigos e amigas que nos momentos difíceis sempre estiveram ao
meu lado.
RESUMO

Neste trabalho, foram apresentadas formas de geração de energia a partir de fontes


naturais renováveis, os itens que se deve atentar no projeto de um edifício
inteligente e sustentável, as formas atuais de reuso dos recursos naturais e a
importância da interdisciplinaridade no projeto da construção de um edifício. Isto por
que dada a escassez de nossos recursos naturais, necessitamos definir projetos que
possibilitam o uso racional destes recursos e a reciclagem dos produtos e dejetos
gerados. Agindo dessa forma, diminuímos os impactos ambientais, e garantimos
qualidade de vida para a presente e futuras gerações. No estudo da viabilidade
mostramos a eficiência energética como prova irrefutável da viabilidade econômica
da construção de edifícios inteligentes e sustentáveis.

Palavras Chave: Sustentabilidade, Sustentável, Edifício Inteligente, Reuso de


Recursos Naturais, Fontes Alternativas de Geração de Energia, Solar, Eólica,
Geotérmica, Recursos Hídricos, Bioquímica, Automação Predial, Sistemas de
Gerenciamento.
ABSTRACT

This work presents generation forms of energy from natural sources, items that you
must attempt in the project of an intelligent and sustainable building, the current
forms of the reuse of the natural resources and the importance of the interdisciplinary
in the project of building construction. Because of the scarcity of our natural
resources, we need to define projects that make possible the rational use of these
resources and the generated products and dejections recycling. Acting on this way,
we minimize environment impacts, and we guarantee quality of life for the present
and future generations. The study of the viability shows the energy efficiency as
irrefutable test of the economic viability of the construction of intelligent and
sustainable buildings.

Key Word: Sustainability, Sustainable, Intelligent Building, Reuse of Natural


Resources, Alternative Sources of Generation of Energy, Solar, Aeolian, Geothermal,
Hydrics Resources, Biochemist, Building Automation, Systems of Management.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1 - Interdisciplinaridade no projeto. .............................................................15


Figura 1-2 - Benefícios do Edifício Inteligente Sustentável. ......................................15
Figura 5-1 - Funcionamento de uma célula fotovoltaica, CRESESB (2006) .............26
Figura 5-2 - Formação dos ventos, CRESESB (2006) ..............................................27
Figura 5-3 - Componentes de um gerador eólico, CRESESB (2006)........................28
Figura 5-4 - Consumo de água em unidade residencial, ROCHA et al. (1999) .........31
Figura 5-5 - Estruturação de um edifício inteligente, DIM – UEM (2006) ..................32
Figura 5-6 - Sistema de Gerenciamento e Controle, DIM – UEM (2006) ..................34
LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Itens Avaliados pelo USGBC para certificação. ....................................33


Tabela 6.1 - Economia com uso de Sistemas de Controle........................................36
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CIESP Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo
CRESESB Centro de Ref. p/ Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito
DIM – UEM Depto de Informática da Universidade Estadual de Maringá
FEM - UNICAMP Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
USGBC United States Green Buiding Concil
WMO World Meteorological Organization
LISTA DE SÍMBOLOS

CO2 Dióxido de Carbono


kWh Potência consumida em quilo watt por hora.
MW Potência em Mega Watt
W Potência em Watt
W/m² Potência em watt por metro quadrado
°C Temperatura em graus Celsius
K Temperatura em Kelvin
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................14

2 OBJETIVOS.......................................................................................................17

2.1 Objetivo Geral ...............................................................................................17

2.2 Objetivo Específico ......................................................................................17

3 METODOLOGIA DO TRABALHO.....................................................................18

4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................19

5 EDIFÍCIOS INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS..................................................20

5.1 O que é Sustentabilidade.............................................................................21

5.2 Edificações Convencionais. ........................................................................21

5.3 Edificações Inteligentes...............................................................................21


5.3.1 Integração com o meio ambiente. ...........................................................23
5.3.2 Conforto Ambiental..................................................................................24
5.3.3 Economia de energia...............................................................................25
5.3.3.1 Energia Solar .......................................................................................25
5.3.3.2 Energia Eólica......................................................................................27
5.3.3.3 Energia Geotérmica. ............................................................................29
5.3.3.4 Energia Bioquímica..............................................................................29
5.3.4 Uso racional dos recursos. ......................................................................30
5.3.4.1 Hídricos................................................................................................30
5.3.4.2 Materiais. .............................................................................................31
5.3.5 Sistema de Gerenciamento .....................................................................32
5.3.6 Instalações Prediais. ...............................................................................34
5.3.7 Estudo dos Custos e Benefícios Financeiros. .........................................35
6 ESTUDO DA VIABILIDADE DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS
INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS............................................................................36

6.1 Distribuição Elétrica .....................................................................................37

6.2 Ar Condicionado...........................................................................................38

6.3 Iluminação.....................................................................................................39

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................42

ANEXOS ...................................................................................................................44
14

1 INTRODUÇÃO

Nunca foi tão importante quanto hoje a utilização dos recursos naturais renováveis
como fonte de energia, o reuso da água, e a aplicação da tecnologia de ponta na
construção civil. Isso se deve pelo fato dos nossos recursos naturais estarem se
esgotando, a capacidade da natureza em reciclar os dejetos ser demasiada lenta
para a quantidade produzida, o crescimento da demanda energética e de água
potável, e pela conscientização da população de um futuro incerto caso nada seja
feito. Acordos internacionais visando à melhoria da qualidade de vida da população
e de controle do meio ambiente estão em pauta constantemente, como por exemplo,
a ECO 92, Tratado de Kyoto, entre outros. Os governos começam a se
manifestarem com a criação de legislações mais rígidas para o controle ambiental.

Todas essas ações justificam a aplicação dos conhecimentos humanos na área da


construção civil, para a elaboração de projetos de edificações cujas instalações
prediais possibilitem maior qualidade de vida para seus ocupantes e menores
impactos ambientais. Isso é possível graças a descobertas de métodos de captação,
ou produção, e armazenamento de energias naturais renováveis, como a solar,
eólica, geotérmica e biomassa, e o reuso da água servida e da água da chuva.

Este trabalho foi elaborado analisando os benefícios que a aplicação dos


conhecimentos humanos na construção civil. Cada qual contribui, na sua
especialidade, para a elaboração de um projeto cuja funcionalidade proporciona
qualidade de vida, economia de energia e sustentabilidade, Figura 1-1.

Existe uma interdisciplinaridade na criação de obras quando temos a preocupação


com a qualidade ambiental e de vida. Cada ramo do conhecimento pode contribuir
para a melhoria do projeto, cada detalhe deve ser avaliado para garantir a eficiência
ambiental. Yang (1999), diz que a interconectividade entre a biosfera e o
ecossistema deve ser o ponto crucial no projeto de uma edificação ecologicamente
correta, Figura 1-2. Isso agrega muito trabalho no projeto e garante resultados que
compensam todo o esforço.
15

A viabilidade da construção de edifícios inteligentes e sustentáveis se dá na


avaliação de itens de sua construção, operação e manutenção que permitem
concluir que o acréscimo no investimento inicial retorna ao longo da vida útil da
edificação.

Engenharia

Eficiência
Qualidade
Operacional
De Vida Edifício
Inteligente
Sustentável

Arquitetura Economia Informática


De Energia

Figura 1-1 - Interdisciplinaridade no projeto.

Meio
Ambiente

Fontes
Reciclagem
Renováveis
Edifício
Inteligente
Sustentável

Redução do
Conforto Sistema de
Gerenciamento
Consumo
Ambiental
de Energia

Figura 1-2 - Benefícios do Edifício Inteligente Sustentável.


16

Os edifícios inteligentes e sustentáveis têm hoje um papel decisivo na manutenção


da qualidade de vida nas cidades, em Pereira (2003), vemos no Estatuto da Cidade
em seu Artigo 2°, inciso I, o que uma cidade sustentável deve garantir.

“Art. 2° A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento


das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as
seguintes diretrizes gerais:

I – garantia as cidades sustentáveis, entendido como o direito a terras


urbanas, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao
lazer para as presentes e futuras gerações;”

Todos os esforços no sentido de aprimorar as técnicas e aplica-las na construção


civil são uma atitude de consciência ambiental e proporcionará a todos os ganhos
futuros inestimáveis.
17

2 OBJETIVOS

Este trabalho objetiva demonstrar a viabilidade da aplicação de novas tecnologias na


construção de empreendimentos imobiliários tornando-os inteligentes e sustentáveis,
utilizando novos sistemas de gerenciamento de energia elétrica e manutenção,
métodos de geração alternativa de energia elétrica, a partir de fontes naturais
renováveis, reuso da água, e o tratamento dos resíduos gerados, garantindo a
sustentabilidade e reduzindo o impacto ambiental.

2.1 Objetivo Geral

Apresentar as tecnologias existentes para geração de energia a partir de fontes


naturais renováveis, e os resultados de estudos realizados para empreendimentos
imobiliários residenciais e comerciais, no uso de sistemas integrados de
gerenciamento de energia.

2.2 Objetivo Específico

Com base em estudos e projetos realizados pela Indústria Schneider Electric Brasil
Ltda que demonstram os benefícios financeiros gerados com a aplicação de
sistemas de gerenciamento e controle energético em empreendimentos imobiliários,
demonstrar como a adoção destes pode resultar em ganhos significativos na
administração da edificação, e proporcionar sustentabilidade ambiental.
18

3 METODOLOGIA DO TRABALHO

Comparar os empreendimentos imobiliários residenciais e comerciais tradicionais


com as edificações inteligentes, através de: análise dos resultados da adoção ou
implantação, de sistemas inteligentes de gestão energética e de recursos naturais
renováveis; os benefícios gerados ao meio ambiente e seus ocupantes. Feita por
meio de pesquisas bibliográficas, artigos, monografias, e páginas da “internet”, e
estudos e projetos realizados pela Indústria Schneider Electric Brasil Ltda que
demonstram os benefícios financeiros gerados com a implantação de sistemas de
automação predial.
19

4 JUSTIFICATIVA

As edificações auto-sustentáveis começam a ser um atrativo oferecido pelos


empreendedores imobiliários, ao mercado consumidor, que quer imóveis
operacionalmente mais econômicos, e que proporcionem benefícios e conforto
ambiental para seus ocupantes. Esse diferencial, aliado também à imagem positiva
gerada pela preocupação ambiental, faz o empreendimento ser aceito pelo mercado
imobiliário, justificando o custo inicial mais elevado. Pelo fato de se manter
atualizado por mais tempo e por utilizar tecnologia de ponta, garante um baixo custo
de manutenção, que em longo prazo, contribui para o retorno do capital investido.
Uma edificação inteligente conta com sistema de gerenciamento de energia elétrica,
água potável e gás, com isso diminui seu consumo e proporciona redução das taxas
condominiais. A poluição ambiental é reduzida por meio de coleta seletiva de lixo e
tratamento dos resíduos gerados. O uso de fontes alternativas de energias
renováveis como: solar, eólica e biomassa, possibilitam um incremento de energia,
que utilizada racionalmente, garante diminuição dos consumos de energia da
edificação.
20

5 EDIFÍCIOS INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS.

A sustentabilidade é um termo recente, segundo Kats (2003), The Independence,


uma publicação britânica, começou no início do ano de 1.990, a utilizá-lo para definir
as atribuições de edifícios inteligentes que garantem melhor qualidade de vida aos
seus habitantes e promovem baixos impactos ambientais. No Brasil, o termo começa
a ser aplicado também com esse objetivo, conforme Tavares (2006).

O mercado imobiliário que antes era indiferente para investir em empreendimentos


sustentáveis, devido à idéia de que estes não seriam rentáveis, começa a ter uma
visão dos atrativos, tanto comerciais quanto ambientais, que estes empreendimentos
proporcionam, e que estão sendo procurados por clientes preocupados com melhor
qualidade de vida e conforto ambiental.

Numa visão de tempo maior, as cidades do futuro abrigarão muito mais pessoas do
que hoje, segundo previsões do World Bank Group (2003), em 2.050, 75% da
população mundial viverá em cidades, e com isso aumentará a produção de lixo e
esgoto, e consumo de energia. Conforme Edwards (1999), os arquitetos e
engenheiros, têm grande responsabilidade sobre o consumo de energia,
combustíveis fósseis e na produção de CO2, do que qualquer outro grupo
profissional seja na Inglaterra, ou no mundo, a metade de toda a energia produzida
para aquecimento, refrigeração, iluminação e ventilação é utilizada em edificações.

Com a conscientização dos empreendedores imobiliários de que os edifícios


inteligentes e sustentáveis, são menos agressivos ao meio ambiente e o retorno
financeiro é garantido, se tem a oportunidade de diminuir os efeitos da urbanização
futura.

Incentivar os empreendedores a investirem nos edifícios inteligentes é uma forma de


garantir qualidade de vida, economia de energia, valorizar e minimizar os impactos
ambientais no futuro.
21

5.1 O que é Sustentabilidade.

Um empreendimento imobiliário sustentável é aquele que é projetado com a


preocupação de se integrar ao meio ambiente, minimizar os impactos ambientais, e
também proporcionar aos seus ocupantes conforto ambiental. (YANG, 1999). Para
isso deve atender aos quesitos:
• Integração ao meio ambiente;
• Uso racional dos recursos;
• Economia de energia e água;
• Conforto ambiental para seus habitantes;
• Durabilidade;
• Viabilidade econômica.

5.2 Edificações Convencionais.

Edificações convencionais são projetadas seguindo os padrões e técnicas atuais


para construção, dimensionando estruturas e instalações para ter um funcionamento
adequado, mas sem se preocupar com sustentabilidade do empreendimento. Os
projetos são concebidos com o propósito de serem eficientes, de baixo custo e de
fácil execução, não havendo a preocupação com a minoração de impactos ao meio
ambiente.

5.3 Edificações Inteligentes.

A partir da década de 1980, surge o conceito de Edifício Inteligente, como resposta à


necessidade premente de redução de custos de construção e de manutenção.
Aparecem então os chamados Sistemas de Gestão Técnica que dividem os edifícios
em componentes elementares de controle e com equipamentos muito diversificados,
22

pertencentes a fabricantes também muito diferentes. Com isso surge a necessidade


de gerenciamento das atividades e a Integração destas atividades. (NUNES;
SERRO, 1999).

Segundo Kats (2003), é demonstrado conclusivamente que edifícios sustentáveis


são um investimento seguro e se devem encorajar os empreendedores a construí-
los. Com um acréscimo de 0 a 2% no custo de construção de um edifício
sustentável, resulta numa economia de 20% do total do custo investido ao longo de
sua vida útil, ou seja, com um acréscimo de US$100.000 de investimento na
construção cujo valor total seja US$5 milhões resultará numa economia de US$1
milhão em valores de hoje ao longo da vida útil da obra. Somente a economia de
energia já compensa o acréscimo no custo associado ao edifício sustentável.

Na seqüência Kats (2003), diz que os benefícios do edifício sustentável possuem


alguns elementos que são de fácil quantificação como consumo de energia e água,
e outros mais difíceis como, uso de materiais recicláveis, melhorias no ambiente
interno. Alguns estudos constataram a melhora no ambiente interno onde o uso da
luz do dia, ventilação natural foram adotados, aumentando a produtividade de seus
ocupantes, e reduzindo as faltas e doenças. O impacto na produtividade e na saúde
dos ocupantes é refletida direta e indiretamente nos custos da empresa e é de longe
maior que o custo da construção ou da energia consumida. O acréscimo no custo de
um edifício sustentável está nos projetos de arquitetura e engenharia, pois
demandam um tempo maior para incorporar ao projeto as práticas de
sustentabilidade. Geralmente quanto antes o projeto incorporar os princípios de
sustentabilidade menor será o seu custo.

Podemos também avaliar a necessidade de investimentos em edifícios inteligentes e


sustentáveis tendo em vista a abordagem feita por Yang (1999), onde um edifício
inteligente e sustentável deve estar integrado ao meio ambiente que o cerca.

Segundo Yang (1999), a maneira fundamental de projetar de modo ecologicamente


correto consiste em dividir o edifício em seus componentes básicos: o que entra, o
que sai, e suas relações interiores e exteriores, e então, estabelecer como elas
23

interagem uma com as outras. Deve-se procurar maximizar a utilização e a eficiência


no projeto enquanto se procura reduzir os efeitos negativos causados ao meio
ambiente, durante a construção e em funcionamento. Quando analisamos um efeito
potencial no meio ambiente temos que olhar para toda a malha associada a ele e
estabelecer quais são os outros efeitos dependentes. Um projeto ecológico é
multidisciplinar, pois deve antecipar os possíveis efeitos sobre o ecossistema e
prever a melhor solução para eliminar, minimizar ou compensar a depredação
causada. A interdisciplinaridade é crucial num projeto ecológico, obviamente a
arquitetura e ecologia, mas também a engenharia, química e ciências dos materiais,
entre outras que estão relacionadas com a proteção do meio ambiente.

Com base no exposto acima podemos dividir a concepção do projeto do edifício


inteligente e sustentável em 7 etapas:
• Integração com o meio ambiente;
• Conforto ambiental;
• Economia de energia;
• Uso racional dos recursos;
• Sistema de gerenciamento;
• Instalações prediais;
• Estudo dos Custos e Benefícios Financeiros.

Veremos a seguir uma síntese de como são estas etapas, e de que forma elas se
inter-relacionam.

5.3.1 Integração com o meio ambiente.

Na concepção do projeto, devem ser avaliadas as características do meio ambiente


no qual ele será construído. Segundo Edwards (1999), um estudo prévio é feito
avaliando:
• O clima: insolação, ventos, chuvas e temperaturas médias das estações do ano.
• A vegetação: as espécies existentes nos arredores e na área do empreendimento.
24

• A topografia: levantamento planialtimétrico da região onde será construído o


empreendimento, levando em consideração todas as interferências naturais e
artificiais existentes, na busca de evitar mudanças drásticas na paisagem natural e
escolha adequada do local da construção.
• A hidrologia: os regimes dos cursos d’águas existentes, profundidade do lençol
freático, área de várzea, definição do caminho de drenagem natural por
escoamento superficial e vazões.
• Urbanização: vias de acesso, corredores viários, densidade populacional, sistemas
de drenagem urbana, de esgotos sanitários, de abastecimento de água,
concessionárias de energia, de gás, de telefonia, de TV, áreas verdes (praças
públicas, clubes, etc.), transportes coletivos, coleta de lixo, segurança, hospitais e
postos de saúde, escolas, etc.
• Legislação: Obediência à legislação municipal, estadual e federal, para a execução
do empreendimento e regulamentação ambiental.

De posse dos dados acima se inicia a análise das relações entre cada item e o
empreendimento a ser construído, procurando tirar o melhor proveito das
características naturais existentes, evitando ao máximo modificar o ambiente natural.

5.3.2 Conforto Ambiental.

Do conhecimento adquirido com o estudo do meio ambiente, e das necessidades


humanas é possível projetar objetivando dar aos ocupantes do empreendimento o
máximo conforto ambiental. Isso pode ser conseguido utilizando os recursos naturais
disponíveis (ventilação, luz natural, vista exterior, etc.) e materiais de construção e
de acabamento atóxicos e antialérgicos. Com um sistema de gerenciamento, é
possível controlar o sistema de ar condicionado para manter a temperatura
agradável e a renovação de ar, comparando a temperatura interna com a externa e
a qualidade do ar interno com o externo, o acendimento de luzes quando a
quantidade de luz natural não for suficiente para a realização das atividades, etc.
(EDWARDS, 1999).
25

5.3.3 Economia de energia

O aproveitamento de energias naturais renováveis deve ser estudado, pois todo o


acréscimo de energia promove economia nos sistema das concessionárias de
energia revertendo em benefícios ao meio ambiente.

Segundo Edwards (1999), a utilização de energias naturais e renováveis é uma


alternativa viável e que garante uma redução no consumo de energia poupando
recursos na construção de novas hidroelétricas ou termoelétricas. Para o meio
ambiente, qualquer redução no consumo energético das unidades consumidoras
que se faça, gera para a cidade uma grande economia em recursos, daí a
necessidade de se incentivar a aplicação de fontes naturais de energia renováveis.

A seguir temos uma breve explicação das fontes naturais renováveis mais
conhecidas.

5.3.3.1 Energia Solar

O aproveitamento da energia solar é hoje uma das alternativas energéticas


promissoras. Segundo o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de
Salvo Brito (CRESESB) (2006), pelo seu uso a energia solar é dividida em:
• Fototérmica: se apresenta sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente
num corpo material. A utilização dessa forma de energia implica saber captá-la e
armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objetivo específico de se
utilizar a energia solar fototérmica são conhecidos como coletores solares. Os
coletores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são
classificados em coletores concentradores e coletores planos em função da
existência ou não de dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido
aquecido é mantido em reservatórios termicamente isolados até o seu uso final
(água aquecida para banho, ar quente para secagem de grãos, gases para
26

acionamento de turbinas, etc.).


• Bioclimática: Chama-se bioclimática o estudo que visa harmonizar as construções
ao clima e características locais, pensando no homem que habitará ou trabalhará
nelas, e tirando partido da energia solar, através de correntes convectivas naturais
e de microclimas criados por vegetação apropriada. É a adoção de soluções
arquitetônicas e urbanísticas adaptadas às condições específicas (clima e hábitos
de consumo) de cada lugar, utilizando, para isso, a energia que pode ser
diretamente obtida das condições locais. A arquitetura bioclimática não se restringe
as características arquitetônicas adequadas. Preocupa-se, também, com o
desenvolvimento de equipamentos e sistemas que são necessários ao uso da
edificação (aquecimento de água, circulação de ar e de água, iluminação,
conservação de alimentos, etc.) e com o uso de materiais de conteúdo energético
tão baixo quanto possível.
• Fotovoltaica: A Energia Solar Fotovoltaica é a energia obtida através da conversão
direta da luz em eletricidade (Efeito Fotovoltaico) ver Figura 5-1. As primeiras
células foram produzidas com o custo de US$600 / W para o programa espacial.
Com a ampliação dos mercados e várias empresas voltadas para a produção de
células fotovoltaicas, o preço tem reduzido ao longo dos anos podendo ser
encontrado hoje, para grandes escalas, o custo médio de US$ 8,00 / W.
Atualmente, os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados em instalações
remotas possibilitando vários projetos sociais, agro-pastoris, de irrigação e
comunicações. As facilidades de um sistema fotovoltaico tais como: modularidade,
baixos custos de manutenção e vida útil longa, fazem com que sejam de grande
importância para instalações em lugares desprovidos da rede elétrica. Existem
aplicações na Europa em edifícios públicos gerando economia de energia.

Figura 5-1 - Funcionamento de uma célula fotovoltaica, CRESESB (2006)


27

5.3.3.2 Energia Eólica.

No CRESESB, vemos que energia eólica provém da radiação solar uma vez que os
ventos são gerados pelo aquecimento irregular da superfície terrestre ver Figura 5-2.
Os ventos que sopram em escala global e aqueles que se manifestam em pequena
escala são influenciados por diferentes aspectos entre os quais se destacam a
altura, a rugosidade, os obstáculos e o relevo.

Um sistema eólico é constituído por vários componentes que devem trabalhar em


harmonia de forma a propiciar um maior rendimento final, a Figura 5-3 apresenta as
diversas partes constituintes de um sistema eólico.

Figura 5-2 - Formação dos ventos, CRESESB (2006)

O rendimento global do sistema eólico relaciona a potência disponível do vento com


a potência final que é entregue pelo sistema. Em condições ideais, o valor máximo
da energia captada por um rotor eólico é limitado pela eficiência 59,3% da energia
contida no fluxo de ar pode ser teoricamente extraída por uma turbina eólica. Na
prática o rendimento aerodinâmico das pás reduz ainda mais. Além disso, o fato do
rotor eólico funcionar em uma faixa limitada de velocidade de vento contribui para
reduzir a energia por ele captada. O rendimento global de um sistema eólico simples
28

pode ser estimado em 20%.

Um sistema eólico pode ser utilizado em três aplicações distintas: sistemas isolados,
sistemas híbridos e sistemas interligados à rede. Os sistemas obedecem a uma
configuração básica, necessitam de uma unidade de controle de potência e, em
determinados casos, conforme a aplicação, de uma unidade de armazenamento.

1. Cubo do rotor
2. Pás do rotor
3. Sistema hidráulico
4. Sistema de posicionamento da
nacele
5. Engrenagem de posicionamento
6. Caixa multiplicadora de rotação
7. Disco de freio
8. Acoplamento do gerador elétrico
9. Gerador elétrico
10. Sensor de vibração
11. Anemômetro
12. Sensor de direção
13. Nacele, parte inferior
14. Nacele, parte superior
15. Rolamento do posicionamento
16. Disco de freio do posicionamento
17. Pastilhas de freio
18. Suporte do cabo de força
19. Torre

Figura 5-3 - Componentes de um gerador eólico, CRESESB (2006)


29

5.3.3.3 Energia Geotérmica.

Segundo a FEM – Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp (2006), a


energia geotérmica são os recursos que acontecem naturalmente nas forma de
vapor, água quente (aquifers) e pedras quentes e a sua utilização é ditada pela
disponibilidade natural e o custo de extração. A temperatura da água quente pode
ser maior que 200 °C.

Todos os recursos geotérmicos são estritamente não renováveis porque o fluxo de


calor comum do centro da terra é tão pequeno (0,04 a 0,06 W/m2) comparado com a
taxa de extração requerida. Até mesmo em áreas excepcionais onde o fluxo de calor
é centenas de vezes maior que este valor, a taxa de extração exigida para suportar
a usina de algumas centenas de quilowatts levará a um gradual esgotamento do
campo. O tempo de vida de um campo geotérmico é de algumas décadas enquanto
que a recuperação pode levar séculos. Em geral, custos capitais são importantes e
custos correntes são tão pequenos que a energia que é usada vai para aplicações
de carga básicas. Estas últimas considerações são para a construção de usinas
geradoras de energia elétrica em grande escala, o uso individual em
empreendimentos imobiliários deve ser explorado onde houver condições para isso.

5.3.3.4 Energia Bioquímica.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) (2001), e da


Confederação das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) (2001), a energia
bioquímica caracteriza-se pelo uso de biomassa que é obtida de materiais de origem
vegetal renovável ou obtida pela decomposição de dejetos. O Brasil tem
desenvolvido tecnologia há vários anos para a utilização da biomassa como fonte
geradora de energia, gerando empregos e com muito pouco recurso financeiro. Hoje
são conhecidas diversas fontes renováveis de biomassa como: lenha, carvão
vegetal, babaçu, óleos vegetais, resíduos vegetais, sisal, biogás, casca de arroz,
30

cana de açúcar (bagaço da cana, palha e álcool).

5.3.4 Uso racional dos recursos.

O cuidado no manejo, utilização e conservação dos recursos naturais, artificiais e


financeiros, deve estar sempre no foco do projeto.

No projeto é o momento de definir os métodos, sistemas e materiais para a


construção. É nessa etapa que surge o diferencial entre o edifício inteligente
sustentável e o convencional.

5.3.4.1 Hídricos.

Nas instalações hidráulicas providas de sistemas para reuso da água e tratamento


de efluentes, são algumas das ações que melhoram a qualidade do meio ambiente e
permitem economia tanto do recurso hídrico como financeiro. Nesse sentido, reuso,
reciclagem, gestão da demanda, redução de perdas e minimização da geração de
efluentes constitui, em associação às práticas conservacionistas no uso racional do
recurso hídrico.

A utilização da água de chuva, também é uma pratica que garante um bom


resultado, é de fácil aplicação e de baixo custo de investimento.

Outra prática é a medição individualizada em condomínios, cujos resultados


apontam à possibilidade de redução de até 25% no consumo de água. A medição
individualizada tem sido amplamente divulgada, devendo os poderes constituídos
ampliarem essa prática, criando incentivos à sua implementação em todas as
edificações.
31

A título de ilustração, a, apresenta a distribuição do consumo de água num


apartamento de um conjunto habitacional de interesse social, localizado na cidade
de São Paulo. Vale ressaltar que os valores de consumo apresentados são apenas
ilustrativos e não representam, necessariamente, a realidade de toda e qualquer
edificação habitacional.

Figura 5-4 - Consumo de água em unidade residencial, ROCHA et al (1999)

5.3.4.2 Materiais.

O uso de materiais com certificação de qualidade ambiental incentiva a indústria que


preza a manutenção do meio ambiente, pois as empresas certificadas têm sua
produção controlada para garantir o menor impacto ambiental e a sustentabilidade
do ecossistema.

A reciclagem do entulho gerado na obra também possibilita a redução da


degradação ambiental. É possível ainda a utilização de produtos feitos a partir de
resíduos reciclados o que incrementa ainda mais a diminuição da agressão ao meio
ambiente.
32

5.3.5 Sistema de Gerenciamento

Conforme o Departamento de Informática da Universidade Estadual de Maringá


(DIM-UEM) (2006), um edifício inteligente é aquele que está dotado de um sistema
de controle central que pretende otimizar certas funções inerentes à operação e
administração de um edifício. As características fundamentais que se deve encontrar
num sistema inteligente são:
• Capacidade para integrar todos os sistemas;
• Atue em condições variadas, ligadas entre si;
• Tenha memória;
• Tenha noção temporal;
• Fácil interligação com o utilizador;
• Facilmente reprogramável;
• Disponha de capacidade de autocorreção.

Mas o sistema de gerenciamento é um dos componentes da estruturação de uma


edificação inteligente, Figura 5-5, e existem outros fatores que devem ser levados
em conta na concepção de um empreendimento imobiliário sustentável.

Figura 5-5 - Estruturação de um edifício inteligente, DIM – UEM (2006)


33

Pelo United States Green Building Council (USGBC) (2004), um empreendimento


sustentável atende a todos os padrões e técnicas atuais e levam em conta a
sustentabilidade do empreendimento, implantando soluções inovadoras para sua
construção até o gerenciamento e controle de toda a edificação acabada. O USGBC
criou uma metodologia de certificação na qual são avaliados 7 pré-requisitos
compostos por 69 itens divididos em 6 grupos, pelos quais é possível classificar os
empreendimentos, conforme o nível de sustentabilidade apresentada, e é possível a
partir destes itens aferir o custo que incidente na execução do empreendimento.

Na Tabela 5.1 estão alguns dos itens avaliados pelo USGBC (2004) para a
certificação de edifícios inteligentes e sustentáveis.

Tabela 5.1 - Itens Avaliados pelo USGBC para certificação.


Item Descrição Item Descrição
1. Sustentabilidade Ambiental 6. Materiais e Recursos Naturais;
1.1. Localização; 6.1. Reciclagem de construção existente;
1.2. Densidade urbana; 6.2. Contenção de desperdícios;
1.3. Áreas livres; 6.3. Recursos renováveis;
1.4. Sistemas urbanos; 6.4. Materiais reciclados;
1.5. Condições atuais do Meio Ambiente; 6.5. Fornecedores locais;
2. Controle de erosão e sedimentação; 6.6. Produção local;
2.1. Drenagem; 6.7. Recurso de renovação rápida;
2.2. Escavação e movimento de terra; 6.8. Madeiras certificadas;
2.3. Aproveitamento da água de chuva; 7. Conforto Ambiental Interno;
3. Áreas cobertas; 7.1. Monitoramento da quantidade de CO2;
3.1. Cobertas sem tratamento térmico; 7.2. Ventilação natural;
3.2. Cobertas com tratamento térmico; 7.3. Qualidade do ar;
3.3. Quantidade de Iluminação artificial; 7.4. Temperatura ambiente;
4. Uso racional da água; 7.5. Materiais atóxicos;
4.1. Consumo humano; 7.6. Madeiras compensadas;
4.2. Irrigação e limpeza da edificação; 7.7. Iluminação natural e visão do ambiente externo;
4.3. Controle de perdas; 7.8. Controle de emissão de poluentes;
4.4. Redução de consumo; 7.9. Janelas reguláveis;
4.5. Reuso da água; 7.10. Sistemas de climatização com controles individuais;
5. Energia e Atmosfera; 8. Inovação e Design;
5.1. Controle para otimização e performance; 8.1. Novas aplicações para redução do consumo de energia e água;
5.2. Uso de energia renovável; 8.2. Inovações tecnológicas para garantir sustentabilidade;
5.3. Regulagens e manutenção dos equipamentos; 8.3. Integração e harmonia com a paisagem natural.
5.4. Sistemas de gerenciamento;

Fonte: O autor (2006).

Assim, se vê que a preocupação com a sustentabilidade, começa na concepção do


projeto e se prolonga por toda a vida útil do empreendimento. Isso deve ser levado
em consideração, pois uma vez que concluída a construção do edifício, torna-se
difícil e por vezes inviável sua atualização com aplicação de sistemas inteligentes,
tendo em vista a falta de locais para a passagem de cabeamento e tubulações, além
de locais adequados para a instalação de painéis ou depósitos adequados para
materiais recicláveis.
34

5.3.6 Instalações Prediais.

Um dos pontos fortes dos edifícios inteligentes é a aplicação de sistemas de


gerenciamento e controle da edificação, ver Figura 5-6. Este sistema auxilia as
atividades dos funcionários, o controle dos consumos de energia e água, faz o
diagnóstico de problemas nas instalações, entre outras.

Existem no mercado diversas empresas que projetam, fornecem e instalam sistemas


de gerenciamento e controle de edificações, que vai desde a automação de um
portão até o controle dos eletrodomésticos.

Edifícios
Inteligentes

Elementos

Facilidade Sistema Sistema de Arquitetura Vídeo


De Gestão DDC Iluminação Flexível Conferência

Gestão de Sistemas de Sistema de Estrutura de Sistema


Segurança Comb. Incêndio Energia Acesso Exterior CABD

Gestão de Sistema Sistema de Sistemas Intel. PABX


Energia HVAC Segurança por pisos.

Gestão da Sistema de Sistema de Estruturação Comunicação


Cablagem Elevadores Telecomunicação Por divisão Por satélite

Sistema
LAN

GESTÃO SISTEMAS ESTRUTURAS SERVIÇOS

Figura 5-6 - Sistema de Gerenciamento e Controle, DIM – UEM (2006)

As instalações prediais de água, energia, telefônica, cabeamento lógico, e de coleta


de esgotos, devem ter uma atenção especial, pois proporcionam quando bem
estudadas facilidades de manutenção, redução de perdas, seu projeto deve ser
detalhado e garantir a total integração com o sistema de gerenciamento. Esta
35

preocupação com as instalações prediais se justifica por ser ela o sistema de


condução de energia, água e coleta de esgoto. Numa analogia com um organismo
vivo as instalações prediais são responsáveis pela condução dos nutrientes e a
coleta dos resíduos, assim quanto mais integrada ao sistema de gerenciamento
melhor será seu desempenho e aproveitamento dos recursos.

5.3.7 Estudo dos Custos e Benefícios Financeiros.

Segundo Kats (2003), o custo de um edifício inteligente sustentável pode ser


calculado pelo estudo dos custos diretos e indiretos envolvidos durante o ciclo de
vida útil da obra, de cada atividade na construção, na operação e manutenção,
desde sua concepção. Como já dito anteriormente, alguns itens são de fácil
quantificação, como consumo de energia, e outros mais difíceis como reciclagem de
materiais e conforto ambiental interno. Todavia neste trabalho analisou-se os dados
reunidos por estudos e projetos realizados pela Indústria Schneider Electric Brasil
Ltda que demonstram os benefícios financeiros gerados pela aplicação de sistemas
de automação predial nos sistemas elétricos. Os dados foram agrupados em:
• Hidráulica;
• Distribuição elétrica;
• Iluminação;
• Ar condicionado;
• Controle de terceiros;

Dá-se, neste trabalho, uma explicação geral das aplicações de sistemas de


gerenciamento para demonstrar como a adoção destes pode resultar em ganhos
significativos na administração da edificação, e proporcionar sustentabilidade
ambiental.
36

6 ESTUDO DA VIABILIDADE DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS


INTELIGENTES SUSTENTÁVEIS.

A viabilidade da construção de edifícios inteligentes sustentáveis é constatada


quando se avalia as despesas com a manutenção e conservação entre edifícios
inteligentes sustentáveis e edifícios convencionais, pois vemos que os primeiros têm
despesas menores durante sua vida útil, e os benefícios ao meio ambiente e aos
seus ocupantes agregam o valor social. Um edifício convencional tem seu custo de
construção menor, porém com o passar do tempo os gastos com a manutenção e
conservação até o final de sua vida útil fazem o custo deste muito maior.

Um edifício inteligente sustentável tem custa de 0 a 2% a mais do que um


convencional, pois agrega várias equipes voltadas para obtenção da melhor solução
técnica. Essa dedicação demanda um tempo maior de estudo das alternativas para a
escolha da mais adequada para cada tipo de edificação e do impacto que ela
causará no meio ambiente no qual será inserida.

Estudos e projetos realizados pela Indústria Schneider Electric Brasil Ltda


demonstram que os benefícios financeiros gerados quando são aplicadas as novas
tecnologias em sistemas de gerenciamento de energia elétrica em novos edifícios,
são em geral da ordem de 30% em comparação a um edifício convencional, Tabela
6.1. Nos anexos A, B e C, são apresentados alguns casos como exemplo.

Tabela 6.1 - Economia com uso de Sistemas de Controle.


Item Economia %
Distribuição Eletrica 25
Ar Condicionado 15
Iluminação 30
Controle de terceiros 30
Total 100
Fonte: Schneider Electric Brasil Ltda (2006)

A Schneider Electric é especialista mundial em produtos e serviços para distribuição


elétrica, controle e automação industrial. Com faturamento de 11,7 bilhões de euros
37

em 2005, a Schneider Electric está presente em 130 países, com mais de 200
fábricas, mais de 92 mil funcionários, proporcionando os mais elevados níveis
tecnológicos, de acordo com as principais normas de qualidade e segurança
nacionais e internacionais.

Conta com três grandes marcas internacionais: Merlin Gerin, Square D e


Telemecanique. No Brasil, possui a marca Prime, com produtos de baixa tensão
para uso residencial e predial.

Presente há quase 60 anos no Brasil, a Schneider Electric possui 4 fábricas, 11 filiais


comerciais, mais de 1500 pontos de venda e 150 representantes comerciais em
todos os estados do país, garantindo ao mercado soluções completas e inovadoras.

Os itens que mais contribuem para o ganho em economia são:


• Distribuição elétrica, onde compreende todo o cabeamento, sistema de proteção,
sistema de gerenciamento de demanda e pontos de consumo;
• Ar Condicionado;
• Iluminação, sendo considerada apenas a interna.

Os demais itens como a otimização do uso de elevadores, estacionamento,


iluminação externa e áreas comuns, proporciona por volta de 30% de economia.

Somente com a preocupação em gerenciar bem a energia elétrica, veremos que a


aplicação dos conhecimentos humanos e novas tecnologias garantem um retorno
financeiro considerável e, sobretudo alivia a demanda de energia nas
concessionárias.

6.1 Distribuição Elétrica

Para uma perfeita instalação elétrica deve-se atentar para todos os detalhes desde
seu dimensionamento até a instalação dos pontos de consumo. O dimensionamento
38

adequado dos condutores garante a eficiência na condução da energia sem perdas


por aquecimento e proporciona segurança. Os eletrodutos bem dimensionados
proporcionam facilidade na instalação dos condutores evitando o esmagamento,
corte das isolações e até rompimento dos mesmos pela tração no ato da instalação.
Nos pontos de consumo a preocupação é com a definição do melhor aclopamento,
para evitar aquecimento entre os conectores, com isso a perda de energia e
possibilidade de incêndio.

O estudo da disposição mais adequada da distribuição elétrica é essencial para um


bom desempenho dos sistemas de gerenciamento, pois facilita a conectividade e a
separação em grupos funcionais. Com uma distribuição elétrica bem dimensionada e
a aplicação de sistema de gerenciamento de demanda consegue-se uma economia
de até 25% no consumo total do edifício.

6.2 Ar Condicionado

Na Arquitetura Bioclimática, sempre se optará pela ventilação natural ao uso de


sistemas de Ar Condicionado, porém onde este seja inevitável deverá ser
dimensionado com muita atenção, pois o sistema consome energia elétrica e água,
assim seu dimensionamento bem como sua operação adequada, garante um
rendimento maior e a utilização racional dos recursos.

Existem no mercado diversos sistemas de Ar Condicionado que vão desde


equipamentos isolados a grandes centrais de refrigeração. É necessário, portanto
definir bem o uso que se dará ao ambiente e todas as variáveis ambientais, para a
escolha adequada do sistema. Um sistema inteligente de Ar Condicionado tem por
objetivo otimizar o seu uso e garantir seu funcionamento dentro de faixas de trabalho
definidas, proporcionando conforto no ambiente interno do edifício. Com um sistema
de Ar Condicionado inteligente consegue-se uma economia de até 15% no consumo
total do edifício.
39

6.3 Iluminação

O uso de iluminação artificial deve ser evitado durante os períodos do dia onde a
luminosidade solar possa ser utilizada para iluminar o ambiente, pois além de
garantir economia de energia elétrica, melhora o conforto ambiental. Nos casos onde
é impossível o uso da iluminação natural, os sistemas de gerenciamento de
iluminação (controle de ocupação) devem ser instalados, pois promovem o uso
racional da iluminação evitando o desperdício de energia. Com um sistema de
controle de ocupação e um dimensionamento adequado da potência luminosa
necessária ao ambiente, consegue-se uma economia de até 30% no consumo total
do edifício.

Anexos estão alguns casos de sucesso na aplicação de sistemas de gerenciamento


de energia elétrica instalados pela Schneider Electric Brasil Ltda.
40

7 CONCLUSÃO

Após a pesquisa desse trabalho e dos estudos efetuados pela Indústria Schneider
Electric Brasil Ltda, conclui-se que a iniciativa de se construir edifícios inteligentes
sustentáveis é viável economicamente, e ao meio ambiente no qual foi inserida
proporciona o menor impacto ambiental possível. Os Anexos A, B e C, são exemplos
dos trabalhos e estudos efetuados.

Isto resulta diretamente em dois benefícios, a saber:


• Na redução da taxa condominial, pois aplicando sistemas de gerenciamento de
energia, medição individualizada de água, gás, e energia, reduzem os gastos com
as concessionárias, permitindo um valor na taxa de condomínio bem abaixo dos
aplicados em edifícios convencionais, situados na mesma área. O aluguel em
edifícios inteligentes sustentáveis tem seu valor 30% maior que em edifícios
convencionais (TAVARES, 2006), o que os torna um atrativo para investidores em
imóveis.
• No meio ambiente, pois reutilizando recursos naturais renováveis garantimos a
sustentabilidade e baixos impactos ambientais. A aplicação de fontes alternativas
para geração de energia limpa, o tratamento de efluentes, entre outras ações
garantem também retorno financeiro e melhoria no meio ambiente, pois evitam a
degradação do mesmo. Podemos enfatizar também que o uso racional dos
recursos naturais permite que sejam postergados grandes investimentos em obras
de geração de energia e captação de água, pois gera sobra nos atuais sistemas,
pela economia alcançada.

Embora exista um custo inicial maior do que um edifício convencional, da ordem de


30%, devido aos estudos, projetos, profissionais envolvidos e equipamentos. Todo
investimento feito na construção de edifícios inteligentes sustentáveis, retorna na
forma de economia de energia e de recursos naturais. E se paga com o passar do
tempo durante sua vida útil com a economia gerada. Assim além dos
empreendedores, toda a população ganha com esse investimento, tornando-o assim
de grande valor econômico e social.
41

Por estarmos iniciando a aplicação desta nova maneira de projetar e construir, os


benefícios econômicos recebem mais valor do que os benefícios ao meio ambiente.
Vemos ainda hoje, que a falta de informações quanto a maneira de projetar um
edifício inteligente sustentável gera uma dificuldade para sua construção em larga
escala, pois apenas algumas construtoras possuem profissionais com conhecimento
adequado para projetar um edifício deste tipo. Um edifício inteligente sustentável
necessita “nascer inteligente e sustentável”, pois após sua construção é
praticamente inviável sua adaptação. Vemos que em paises da Europa e nos
Estados Unidos, a construção deste porte já está incorporada no meio da construção
civil e existe certificação para os edifícios, o que agrega mais um valor a construção
e incentiva novas construções.

Com a conscientização da população esclarecida e um incentivo a aplicação dos


conhecimentos humanos na construção civil, poderemos ter num futuro próximo um
meio ambiente saudável e conforto ambiental para todos.
42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito.
Energia Solar e Eólica. Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/abertura.htm>.
Acesso em: 02 abr. 2006.

DIM - UEM – Departamento de Informática da Universidade Estadual de Maringá.


Introdução a Domótica. Disponível em:
<http://www.din.uem.br/ia/intelige/domotica/int.htm>. Acesso em: 05 mar. 2006.

Edwards, Brian. “Sustainable Architecture – European Directives & Building Design


2° Edition”. Oxford: Architetural Press, 1999.

FEM - UNICAMP – Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. Energia


Geotérmica. Disponível em:
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/geoter/geoter.html>. Acesso em: 02 abr.
2006.

KATS, Greg – Parte do texto final do relatório: “The Costs and Financial Benefits
of Green Buildings” (2003). Disponível em: <http://www.usgbc.org>. Acesso em: 05
mar. 2006.

NUNES, Renato, e SERRO, Carlos: Edifícios Inteligentes – Conceitos e Serviços.


Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) do Instituto
Superior Técnico (IST) – Lisboa. Disponível em: <http://www.deec.ist.utl.pt>. Acesso
em: 10 dez. 2005.

PEREIRA, Luis Portella. “A Função Social da Propriedade Urbana”. São Paulo:


Sintese, 2003.

ROCHA, A. L.; BARRETO, D.; IOSHIMOTO, E. Caracterização e monitoramento


do consumo predial de água. São Paulo, janeiro, 1999. Programa Nacional de
43

Combate ao Desperdício de Água. (DTA – Documento Técnico de Apoio nº E1).

Schneider Electric Brasil Ltda – “Estudos e Projetos de Automação Predial”, São


Paulo, 2006.

TAVARES, Cláudio. “Negócio Sustentável”. Revista Construção Mercado Nº. 55


Fevereiro 2006, São Paulo: PINI, 2006.

World Bank Group. The World Bank. Disponível em:


<http://siteresources.worldbank.org/NEWS/Resources/pr082102-sar.pdf>. Acesso
em: 02 abr. 2006.

YANG, Ken. “The Green Skyscraper – The Basic for Designing Sustaineble
Intensive Buildings”. Londres: Prestel, 1999.
44

ANEXOS

A- Gerenciamento Energético na Coca-Cola em Várzea Grande/MT


B- Aplicação Petrobrás Guamaré/RN
C- ULTRAFÉRTIL usando Sistema HXnet da Engecomp
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Anexo A – Gerenciamento Energético na Coca-Cola em Várzea Grande/MT


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Anexo B – Aplicação Petrobrás Guamaré/RN


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Anexo C – Ultrafertil usando sistema HXnet da Engecomp.

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