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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

FERNANDO MARTINS DE SOUZA


LUCAS MACHADO RUFINO

CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR EM PAREDES DE CONCRETO


PRÉ-MOLDADA: COMPARATIVO ENTRE MÉTODOS TRADICIONAL
(ALVENARIA EM BLOCO CERÂMICOS) E PRÉ-MOLDADOS

Tubarão
2017
FERNANDO MARTINS DE SOUZA
LUCAS MACHADO RUFINO

CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR EM PAREDES DE CONCRETO


PRÉ-MOLDADAS: COMPARATIVO ENTRE MÉTODOS TRADICIONAL
(ALVENARIA EM BLOCO CERÂMICOS) E PRÉ-MOLDADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil, da Universidade
do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial
à obtenção do título de Bacharel em
Engenharia.

Orientador: Rangel Pereira dos Santos, Esp.


Coorientador: Rennan Medeiros, Esp.

Tubarão
2017
Dedicamos este trabalho primeiramente a Deus,
a nossos pais e familiares mais próximos, que
nos deram total apoio durante este processo de
graduação, aos colegas e professores que nos
auxiliaram de maneira constante, e todos que,
de alguma maneira, fizeram parte de mais essa
tão valorizada conquista.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter nos dado a oportunidade de cursar o ensino superior, e pelo suporte
para que fosse obtido o êxito, trazendo coragem, força de vontade e, sobretudo, a perseverança
presente durante todo o período acadêmico.
À coordenação do curso de Engenharia Civil da UNISUL, bem como todo corpo
docente envolvido em nossa trajetória dentro e fora da Universidade.
Ao professor orientador Rangel Pereira dos Santos.
A todos os colegas de curso que participaram ativamente do sucesso obtido, por
meio de muita dedicação e esforço, em especial, aos acadêmicos Gabriel Zanatta Cichelero e
Murilo Silveira Muraro, pela parceria sustentada durante estes cinco anos.
Aos familiares e amigos mais próximos, em especial, a nossos pais que
contribuíram diretamente de todas as formas possíveis, sobretudo, pelo fator emocional, tão
determinante para o sucesso da nossa jornada.
RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de comparar o método construtivo tradicional em estrutura de


concreto armado e alvenaria de blocos cerâmicos com o sistema de paredes pré-moldadas de
concreto. Analisando as principais características de cada sistema, suas peculiaridades e
principais diferenças, este trabalho traz um estudo de caso que visa a analisar os potenciais
envolvidos na industrialização do setor de construção civil, com base no acompanhamento de
uma obra real, de residência unifamiliar, consolidada sob o método tradicional, por meio de
imagens, entrevistas, observação direta, além de entrevista técnica com uma empresa
especializada no método pré-moldado. Obteve-se como resultado que o sistema construtivo
tradicional apresentou custo direto total de R$ 77.777,82, pouco acima do sistema construtivo
em painéis pré-moldados em concreto armado, que apresentou custo direto total de R$
77.263,91. Porém, verificou-se que o prazo de execução entre os dois métodos reduziu quase
que pela metade, onde, para o sistema tradicional são necessários 66 dias úteis para conseguir
as paredes levantadas e com sua superfície regularizada, no método pré-moldado, são
necessários apenas 31 dias úteis para que a obra esteja com esta mesma fase concluída. Desta
forma, julgou-se que o método construtivo sugerido é viável e traz benefícios consideráveis em
relação ao método tradicional, pois traz indicadores de qualidade, de economia em tempo de
execução, demanda de mão de obra, meio ambiente e financeiro. Entretanto, conclui-se que sua
implantação se torna, financeiramente, mais viável para produção em larga escala.

Palavras-chave: Pré-fabricados. Pré-moldados. Métodos Construtivos. Alvenaria Tradicional.


ABSTRACT

This work aims to compare the traditional constructional method in reinforced concrete
structure and masonry of ceramic blocks with the system of precast concrete walls. Analyzing
the main characteristics of each system, their peculiarities and main differences, this work
brings a study of a case that aims to analyze the potential involved in the industrialization of
the civil construction sector, based on the monitoring of a real work of a single family residence,
consolidated under the traditional method, through images, interviews, direct observation, and
also a technical interview in a company specialized in the precast method. The results showed
that the traditional construction system presented a total direct cost of R$ 77,777.82, a little
above the construction system in precast concrete panels, which had a total direct cost of R $
77,263.91. However it was found that the execution time between the two methods was reduced
by almost half, where, for the traditional system, it takes 66 working days to obtain the walls
lifted and with its regularized surface. In the precast method, it takes only 31 working days to
reach the same phase. This way, it was considered that the suggested constructive method is
viable and brings considerable benefits in relation to the traditional method, since it brings
indicators of quality, economy in time of execution, demand of labor, environment and
financial. However, it is concluded that its implementation becomes more financially viable for
large-scale production.

Keywords: Prefabricated. Precast. Constructive Methods. Traditional masonry.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Exemplo de modulação ........................................................................................... 28


Figura 2 – Sistemas aporticados ............................................................................................... 31
Figura 3 – Sistema em esqueleto .............................................................................................. 32
Figura 4 – Obra da Universidade Universo em Recife (PE) – 12 pavimentos em estruturas pré-
fabricadas .................................................................................................................................. 32
Figura 5 – Fachadas de concreto .............................................................................................. 33
Figura 6 – Sistema celular ........................................................................................................ 36
Figura 7 – Sistema de painéis estruturais ................................................................................. 37
Figura 8 – Ilustração do sistema completo de paredes ............................................................. 39
Figura 9 – Esquema de paredes portantes perpendiculares à fachada ...................................... 40
Figura 10 – Sistema de edifícios de apartamento com vigas e pilares intermediários ............. 40
Figura 11 – Dimensões mínimas para vergas e montantes....................................................... 42
Figura 12 – Parque fabril .......................................................................................................... 45
Figura 13 – Detalhamento das armaduras do painel................................................................. 46
Figura 14 – Forma para moldagem dos painéis ........................................................................ 47
Figura 15 – Transporte para o canteiro ..................................................................................... 47
Figura 16 – Execução de sapata corrida ................................................................................... 48
Figura 17 – Montagem e escoramento ..................................................................................... 48
Figura 18 – Soldagem entre os painéis ..................................................................................... 49
Figura 19 – Detalhe da junção das paredes .............................................................................. 49
Figura 20 – Montagem das lajes ............................................................................................... 50
Figura 21 – Planta baixa modelo .............................................................................................. 50
Figura 22 – Projeto modelo ...................................................................................................... 51
Figura 23 – Etapa de infraestrutura .......................................................................................... 55
Figura 24 – Execução da alvenaria ........................................................................................... 56
Figura 25 – Perspectiva do projeto ........................................................................................... 62
Figura 26 – Fase de pintura ...................................................................................................... 64
Figura 27 – Serviços preliminares ............................................................................................ 65
Figura 28 – Fundação do tipo rasa (sapatas) ............................................................................ 66
Figura 29 – Vigas e pilares em concreto armado ..................................................................... 67
Figura 30 – Laje do tipo pré-moldada ...................................................................................... 68
Figura 31 – Assentamento de blocos cerâmicos ....................................................................... 69
Figura 32 – Chapisco e reboco ................................................................................................. 70
Figura 33 – Cobertura em fibrocimento...................................................................................... 71
Figura 34 – Janela Frontal ........................................................................................................ 72
Figura 35 – Instalações embutidas na laje ................................................................................ 73
Figura 36 – Exemplo de parede pré-moldada........................................................................... 74
Figura 37 – Paredes da cozinha e piso revestidos .................................................................... 75
Figura 38 – Paredes em calfino ................................................................................................ 76
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Relação de valores entre as etapas construtivas .................................................... 78


Gráfico 2 – Percentual das etapas em relação ao custo total da obra ....................................... 78
Gráfico 3 – Relação entre os métodos construtivos e o CUB-SC de setembro/2017 .................... 79
Gráfico 4 – Cronograma - Alvenaria Tradicional .................................................................... 80
Gráfico 5 – Cronograma – Paredes de concreto ....................................................................... 82
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos elementos de laje ..................................................................... 34


Tabela 2 – Dimensões de painéis para sistemas de parede (fechamento) ................................ 37
Tabela 3 – Prazos e garantias dos sistemas construtivos .......................................................... 44
Tabela 4 – Quadro de áreas ...................................................................................................... 63
Tabela 5 – Custos obtidos na obra executada no método tradicional ....................................... 77
Tabela 6 – Prazo de execução - Alvenaria tradicional ............................................................. 80
Tabela 7 – Prazo de execução - Paredes de concreto ............................................................... 81
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA ..................................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 17
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 17
1.3 RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA......................................................................... 18
2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 19
2.1 DEFINIÇÃO....................................................................................................................... 19
2.2 DIFERENÇA ENTRE PRÉ-MOLDADOS E PRÉ-FABRICADOS ................................. 19
2.3 SURGIMENTO DOS PRÉ-FABRICADOS ...................................................................... 20
2.3.1 Pré-fabricados no Brasil ............................................................................................... 22
2.3.2 Construção modular ....................................................................................................... 26
2.3.2.1 Contexto histórico .......................................................................................................... 26
2.3.2.2 Estudo atual de modulação ............................................................................................. 27
2.4 SISTEMAS CONSTRUTIVOS INDUSTRIALIZADOS EM CONCRETO .................... 29
2.4.1 Considerações iniciais.................................................................................................... 29
2.4.2 Sistemas estruturais e tipologias .................................................................................. 30
2.4.2.1 Sistemas em esqueleto e aporticados ............................................................................ 31
2.4.2.2 Fachadas de Concreto ..................................................................................................... 33
2.4.2.3 Sistemas de pisos............................................................................................................ 34
2.4.2.4 Sistema celular.............................................................................................................. 35
2.4.3 Sistema com painéis pré-moldados estruturais........................................................... 36
2.4.3.1 Sistema completo de paredes ........................................................................................ 38
2.4.3.2 Sistema de paredes no contorno ................................................................................... 39
2.4.3.3 Elementos ..................................................................................................................... 41
2.4.3.4 Procedimentos de certificação técnica .......................................................................... 42
2.4.3.5 Sistema de painéis Pré-moldados de concreto armado para paredes da Cymaco construções
inteligentes................................................................................................................................. 45
2.4.3.6 Procedimento de execução ........................................................................................... 46
2.4.3.7 Prescrições da NBR 16475 ABNT/17 – Painéis de parede de concreto pré-moldado . 51
2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS EM CONSTRUÇÕES COM A UTILIZAÇÃO DE
PRÉ-FABRICADOS ................................................................................................................ 53
2.6 MÉTODO CONSTRUTIVO TRADICIONAL EM ALVENARIA DE BLOCOS
CERÂMICOS ........................................................................................................................... 54
2.6.1 Vantagens e desvantagens ............................................................................................. 56
2.6.1.1 Vantagens ..................................................................................................................... 56
2.6.1.2 Desvantagens ................................................................................................................ 57
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 58
3.1 O TIPO DE PESQUISA REALIZADA ............................................................................. 58
3.2 A ESCOLHA DO TEMA DE ESTUDO............................................................................ 59
3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 59
3.3.1 Observação direta .......................................................................................................... 60
3.3.2 Relatório fotográfico...................................................................................................... 60
3.3.3 Referencial orçamentário.............................................................................................. 60
3.3.4 Entrevista técnica .......................................................................................................... 61
3.3.5 Referencial bibliográfico ............................................................................................... 61
3.4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..................................... 61
3.5 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA ..................................................................................... 62
3.5.1 Detalhamento do projeto .............................................................................................. 62
4 RESULTADO E ANÁLISE ................................................................................................ 64
4.1 A OBRA ............................................................................................................................. 64
4.2 ANÁLISE DAS ETAPAS .................................................................................................. 65
4.2.1 Serviços preliminares .................................................................................................... 65
4.2.1.1 Método tradicional........................................................................................................ 65
4.2.1.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 66
4.2.2 Infraestrutura ................................................................................................................ 66
4.2.2.1 Método tradicional........................................................................................................ 66
4.2.2.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 67
4.2.3 Supraestrutura ................................................................................................................ 67
4.2.3.1 Método tradicional ......................................................................................................... 67
4.2.3.2 Método pré-moldado ...................................................................................................... 68
4.2.4 Paredes e painéis ............................................................................................................. 68
4.2.4.1 Método tradicional ......................................................................................................... 68
4.2.4.2 Método pré-moldado ...................................................................................................... 69
4.2.5 Revestimento .................................................................................................................. 70
4.2.5.1 Método tradicional........................................................................................................ 70
4.2.5.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 70
4.2.6 Cobertura ........................................................................................................................ 71
4.2.6.1 Método tradicional ......................................................................................................... 71
4.2.6.2 Método pré-moldado ...................................................................................................... 71
4.2.7 Esquadrias ....................................................................................................................... 71
4.2.7.1 Método tradicional ......................................................................................................... 71
4.2.7.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 72
4.2.8 Instalações elétricas ....................................................................................................... 72
4.2.8.1 Método tradicional........................................................................................................ 72
4.2.8.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 73
4.2.9 Instalações hidráulicas .................................................................................................. 73
4.2.9.1 Método tradicional........................................................................................................ 73
4.2.9.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 74
4.2.10 Revestimento cerâmico................................................................................................ 74
4.2.10.1 Método tradicional...................................................................................................... 74
4.2.10.2 Método pré-moldado .................................................................................................. 75
4.2.11 Pintura .......................................................................................................................... 75
4.2.11.1 Método tradicional...................................................................................................... 75
4.2.11.2 Método pré-moldado .................................................................................................... 76
4.3 RESULTADOS ................................................................................................................... 76
4.3.1 Custos das etapas para os sistemas construtivos ............................................................ 76
4.3.2 Prazos de execução das etapas para os sistemas construtivos ....................................... 80
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 85
APÊNDICES ........................................................................................................................... 87
APÊNDICE A – Tabela de orçamento 1/4 ........................................................................... 88
APÊNDICE B – Tabela de orçamento 2/4 ........................................................................... 89
APÊNDICE C – Tabela de orçamento 3/4 ........................................................................... 90
APÊNDICE D – Tabela de orçamento 4/4 ........................................................................... 91
ANEXOS ................................................................................................................................. 92
ANEXO A – Planta baixa da obra referência ...................................................................... 93
ANEXO B – Planta baixa das fachadas ................................................................................ 94
ANEXO C – Planta baixa – cortes ........................................................................................ 95
ANEXO D – Tabela SINDUSCON ....................................................................................... 96
ANEXO E – Síntese do projeto (CAIXA)............................................................................. 97
16

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, bem como em diversas partes do mundo, a construção civil é um ramo


que movimenta, de maneira ativa, a economia por meio de diversos segmentos paralelos, como
comércio, indústria e, principalmente, mão de obra. Os processos gerados neste setor trazem
consigo um legado de progresso e produtividade, mas, em contrapartida, apresentam, também,
muitas lacunas a serem exploradas, como o desperdício e o mau uso da mão de obra.
As obras de concreto pré-moldado têm papel importante no setor de construção
civil, pois contém um padrão de qualidade elevado em relação aos métodos tradicionais de
alvenaria, evitando desperdício de materiais, racionalizando processos, mão de obra e
proporcionando maior controle tecnológico e operacional.
Apesar de esse método ser mais utilizado em grandes obras, como edifícios e
galpões, ele também pode ser aplicado a residências de pequeno, médio e grande porte. Por este
motivo, se faz necessário um estudo detalhado de todos os processos envolvidos neste
segmento, para que se possa utilizar este método construtivo e torná-lo mais difundido no
mercado atual.
Este trabalho visa a apresentar o método construtivo, características de materiais
envolvidos e um comparativo entre o método tradicional em alvenaria de blocos cerâmicos e o
sistema construtivo de paredes pré-moldadas em concreto.

1.1 JUSTIFICATIVA E PROBLEMA

Com os recentes problemas políticos e a crise financeira que atravessa o país, houve, também,
a redução de verba para obras do projeto "minha casa minha vida". Não apenas por esse motivo,
mas agravada por ele, atravessa-se uma crise também na construção civil. Paralelo a tudo isso,
se tem um problema relacionado à qualificação de mão de obra que sempre esteve presente
neste setor.
Visando a otimizar o processo de construção de residências do tipo unifamiliar,
objetiva-se, por meio deste estudo, analisar, quantificar e diagnosticar possíveis formas de
obtenção, no mínimo espaço de tempo e com custo semelhante ou menor, obras projetadas na
categoria de estruturas pré-moldadas.
Através de um estudo comparativo entre o caso real de uma obra que está sendo
consolidada no método tradicional, com o de um projeto nos mesmos termos, mesmas
dimensões e particularidades da obra em questão, porém, com um método construtivo que já é
17

referência em muitos lugares do mundo: as obras civis produzidas à base de estruturas pré-
moldadas.
Nesse sentido, definiu-se o problema central de investigação como sendo: duas
obras, uma sendo consolidada no método tradicional, e outra nos mesmos termos, mesmas
dimensões e particularidades da primeira, porém, com um sistema construtivo de paredes
pré-moldadas de concreto armado, o presente estudo poderá fornecer os diferenciais
econômicos, técnicos e operacionais entre os dois tipos construtivos, em estudo
comparativo realizado no sul de Santa Catarina, no ano de 2017.
Para responder ao problema central determinado, em função da abordagem
quantitativa adotada, serão investigadas as seguintes hipóteses:
a) A simples alteração do método construtivo trará de fato economia financeira e
de tempo.
b) Esta alteração trará diminuição de mão de obra em relação ao método tradicional.
c) Existe diferencial de qualidade.
d) Haverá economia de matérias e eliminação do desperdício numa determinada
amplitude.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Avaliar, através de estudo comparativo entre o método construtivo tradicional em


alvenaria de blocos cerâmicos e o sistema construtivo de paredes pré-moldadas em concreto,
tendo como referência uma obra realizada na cidade de Capivari de Baixo, Santa Catarina, e
baseando, assim, o desenvolvimento de um novo projeto, agora no método pré-moldado com
base nos mesmos termos, dimensões e particularidades, visando a estabelecer os diferenciais
econômicos, técnicos, operacionais entre os mesmos.

1.2.2 Objetivos específicos

• Apresentar as características dos sistemas construtivos em estudo.


• Obter comparativo de viabilidade.
• Quantificar e verificar custos e prazos.
• Criar ponto de referência para trabalhos futuros com tema semelhante.
18

• Criar referencial para projeto de moradia popular com baixo custo final.

1.3 RELEVÂNCIA SOCIAL E CIENTÍFICA

Um fator relevante em relação à pré-moldagem contido no presente estudo é a


contribuição deste para quebrar certa desconfiança dos profissionais e da população, de modo
geral, quanto à eficácia do método. Outro aspecto observado como positivo é a redução de
desperdícios, por não acontecer recortes em paredes nem demolições durante a execução da
obra, além de considerável economia de madeira, pela supressão de procedimentos como
cimbramento e confecção de fôrmas, evitando, assim, degradação do meio ambiente por meio
de geração de resíduos.
Observa-se, também, considerável contribuição no que diz respeito ao panorama
que contempla a evolução na qualificação de mão de obra. O setor da construção civil que traz,
num contexto histórico, uma estagnação em questão a métodos operacionais, onde o empirismo
é um legado que tende a promover atrasos. Já o sistema que contempla pré-moldados busca
incentivar os profissionais a buscarem qualificação por meio de treinamentos, fator que
contribui para a modernização do setor e, por consequência, a difusão do sistema construtivo.
19

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo será apresentado um histórico sobre o método construtivo de pré-


fabricados em concreto, desde seus primeiros registros, passando pela sua evolução no passar
dos anos, bem como, também, conhecer detalhes enfáticos que caracterizam este método e o
fazem perpetuar num ramo extremamente competitivo e repleto de segmentos paralelos com a
mesma finalidade.

2.1 DEFINIÇÃO

Com intuito de buscar uma alternativa mais prática e veloz, de modo a modernizar
os métodos construtivos existentes, foi que se deu o surgimento dos elementos pré-moldados.
Trata-se de um processo de otimização voltado para o setor da construção civil. A pré-
moldagem é caracterizada como um processo de construção em que a obra, ou parte dela, é
moldada fora do seu local de utilização definitivo. “Frequentemente, a pré-moldagem é
relacionado a outros dois termos: a pré-fabricação e a industrialização da construção” (EL
DEBS, 2002, p. 5).
Segundo o mesmo autor, a pré-fabricação é um método industrial de construção,
onde elementos são obtidos por fabricação em série, ou seja, um método de produção em larga
escala. A pré-fabricação e a pré-moldagem, apesar de trazerem aspectos semelhantes, possuem
conceitos diferentes, porém relacionados entre si. De maneira geral, pode-se dizer que a pré-
moldagem aplicada à produção em grande escala, resulta na pré-fabricação que, por sua vez, é
uma forma de buscar a industrialização da construção.
A industrialização da construção engloba todas as suas partes, independente do
material empregado. Já a pré-fabricação e a pré-moldagem se assemelham por serem elementos
acessórios em concreto, utilizados no fechamento ou em estruturas.

2.2 DIFERENÇA ENTRE PRÉ-MOLDADOS E PRÉ-FABRICADOS

Segundo a NBR 9062 (ABNT, 2001), é considerado elemento pré-moldado aquele


executado fora do local de utilização definitiva na estrutura, com controle de qualidade menos
rigoroso, e estes devem ser inspecionados individualmente, ou por lotes, através de inspetores
do próprio construtor, da fiscalização do proprietário ou de organizações especializadas,
dispensando-se a existência de laboratório e demais instalações congêneres próprias.
20

A norma considera elemento pré-fabricado, executado industrialmente, podendo ser


em instalações temporárias em canteiros de obra, porém, sob condições rigorosas de
fiscalização. A produção dos elementos se dá em usina ou instalações analogamente adequadas
aos recursos para produção e que disponham de pessoal. E, para o controle de qualidade, deve
contar com organização de laboratório devidamente inspecionada pela fiscalização do
proprietário.

2.3 SURGIMENTO DOS PRÉ-FABRICADOS

Registros históricos associam o surgimento das obras executadas em concreto pré-


fabricado ao período pós Segunda Guerra Mundial, por volta de 1950. Alguns fatores foram
determinantes para que este surgimento, de fato, ocorresse, tais como mão de obra qualificada
em escassez e necessidade de construção em larga escala, uma vez que a devastação causada
pela guerra trouxe uma necessidade de reconstrução em curto prazo. Neste sentido, foi
elaborada como solução para estes problemas a transferência de operações, que antes ocorriam
no canteiro de obras, para a indústria. A partir de então, surge um novo método que traz como
principais particularidades a racionalização de materiais, mão de obra e diminuição de tempo
custos (BRUNA, 1976).
Contudo, a pré-fabricação não é, de fato, uma ideia que surgiu neste período, ela,
sem dúvida, tem raízes que vão além do que a bibliografia existente pode comprovar. Como
escreveu, um dia, o engenheiro Koncz, "a pré-fabricação sempre existiu na construção em
concreto armado. O Navio Lambot (1848) e a caixa de flores de Monier (1849) era em última
análise elementos pré-fabricados" (ibid., 1976, p. 75).
Ainda, de acordo com a mesma autora:

As primeiras estruturas pré-fabricadas em concreto armado possivelmente foras as


vigas do cassino de Biarritz, executadas em 1891, pela firma Ed. Coignet Paris, ainda
hoje na vanguarda da tecnologia deste setor. Nos EUA, nos primeiros anos do século,
pré-fabricaram-se inúmeros componentes, para edifícios com estruturas portantes
independentes, frequentemente metálicas. Datam de 1900 as primeiras lajes para
coberturas pré-fabricadas e Brooklin, com 5,10 m de comprimento, por 1,20 m de
largura, por 0,05 m de espessura, montadas sobre treliças metálicas. Em Reading,
Pennsylvania, um edifício de 4 andares foi construído em 1905 tendo apenas os pilares
fundidos no local. Todos os componentes de uma construção industrial em New
Village foram pré-fabricadas no canteiro pela firma Edison Portland Cement Co.
(1907) (BRUNA, 1976, p. 75).

Entende-se, então, que pré-fabricação foi uma forma de otimização do sistema


construtivo e está presente num contexto histórico desde os primeiros registros da construção
21

civil, sendo em madeira, metal, pedra, concreto ou outro material. Especificamente, sobre pré-
fabricados em concreto, pode-se afirmar que o uso deste método construtivo originou-se após
a própria invenção do concreto armado, uma vez que os primeiros elementos deste foram
executados fora do local da obra.
O período que trouxe os pré-fabricados em concreto para um patamar mais ativo no
cenário mundial foi realmente o pós Segunda Guerra, onde a destruição causada pela mesma
trouxe uma diminuição nas edificações de todos os segmentos, tais como residências, escolas,
hospitais, indústrias etc. A mão de obra existente na época não atendia à demanda, sobretudo,
no que diz respeito à mão de obra qualificada, tais como eletricista, encanador, carpinteiro. Foi
então que ganhou força a ideia de industrialização do setor, onde se defendia que centralizar o
processo construtivo numa fábrica traria, não apenas uma economia de tempo, mas, também, a
racionalização de mão de obra e materiais.

O caminho seguido tinha, pois, duplo objetivo: de um lado transportar do canteiro de


obra para uma usina fixa o maior número possível de operações, com o objetivo de
submetê-las a um maior controle; onde houvesse a possibilidade de organizar essas
operações segundo critérios de produtividade industrial e, portanto, de maior
rendimento; uma usina que permitisse o trabalho o ano inteiro, independentemente
das estações do ano e do andamento dos canteiros sujeitos a intempéries e a longos
períodos de chuvas; que permitisse aos trabalhadores maior estabilidade e condições
de trabalho mais satisfatórias; e de outro lado reduzir as operações no canteiro a
simples operações de montagem, que uma equipe de poucos homens, bem equipados
poderia realizar (ibid., p. 87).

De acordo com Salas (1988 apud SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005, p. 4), a
evolução dos pré-fabricados pode ser dividida nas Três seguintes etapas:

De 1950 a 1970 – período em que a falta de edificações ocasionadas pela devastação


da guerra, houve a necessidade de se construir diversos edifícios, tanto habitacionais
quanto escolares, hospitais e industriais. Os edifícios construídos nessa época eram
compostos de elementos pré-fabricados, cujos componentes eram procedentes do
mesmo fornecedor, constituindo o que se convencionou de chamar de ciclo fechado
de produção. Segundo FERREIRA (2003), utilizando uma filosofia baseada nos
sistemas fechados, as realizações ocorridas no período do pós-guerra europeu na área
de habitação criaram um estigma associando a construção pré-fabricada durante
muitos anos à uniformidade, monotonia e rigidez na arquitetura, com flexibilidade
"zero", onde a pré-fabricação com elementos “pesados” marcou o período. Além
destas questões, as construções massivas, sem uma avaliação prévia de desempenho
dos sistemas construtivos, ocasionaram o surgimento de muitas patologias. De 1970
a 1980 – Período em que ocorreram acidentes com alguns edifícios construídos com
grandes painéis pré-fabricados. Esses acidentes provocaram, além de uma rejeição
social a esse tipo de edifício, uma profunda revisão no conceito de utilização nos
processos construtivos em grandes elementos pré-fabricados. Neste contexto teve o
início do declínio dos sistemas pré-fabricados de ciclo fechado de produção. Pós 1980
– Esta etapa caracterizou-se, em primeiro lugar, pela demolição de grandes conjuntos
habitacionais, justificada dentro de um quadro crítico, especialmente de rejeição
social e deterioração funcional. Em segundo lugar, pela consolidação de uma pré-
22

fabricação de ciclo aberto, à base de componentes compatíveis, de origens diversas.


Segundo BRUNA (1976), “a industrialização de componentes destinados ao mercado
e não, exclusivamente, às necessidades de uma só empresa é conhecida como ciclo
aberto”. Conforme FERREIRA (2003), os sistemas pré-fabricados de “ciclos abertos”
surgiram na Europa com a proposta para uma pré-fabricação de componentes
padronizados, os quais poderiam ser associados com produtos de outros fabricantes,
onde a modulação e a padronização de componentes fornecem a base para a
compatibilidade entre os elementos e subsistemas.

Contudo, não se podia julgar inadequado o uso dos pré-fabricados ou condenar


determinada técnica pelo simples fato de em algum momento ter existido problemas. Toda
evolução passa, indispensavelmente, por fases probatórias submetidas a sucesso ou possível
fracasso, a partir daí é que se adquire embasamento teórico, documental e prático das diretrizes
que serão adotadas para certificar os futuros empreendimentos.
Bruna (1976, p. 60) diz que:

A industrialização de componentes destinados ao mercado, e não exclusivamente às


necessidades de uma só empresa, é hoje conhecida como industrialização aberta ou
de CICLO ABERTO, por oposição à fechada, que consiste em pré-fabricar elementos
em função do próprio consumo, nas próprias obras.

Segundo Elliot (2002 apud SERRA; FERREIRA; PIGOZZO, 2005), adiciona-se ainda
uma nova geração de sistemas pré-fabricados para edificações, esta é dotada de alto grau de
especificações e vem tomando forma nos últimos 20 anos na Europa, pois muitos projetistas
europeus estão percebendo, cada vez mais, as possibilidades dos acabamentos de alta qualidade nos
elementos pré-moldados. Entretanto, ainda é necessária uma mudança na forma tradicional de
concepção e de projeto dos sistemas pré-moldados de concreto, dentro dessa nova realidade
tecnológica. Neste contexto, a indústria da construção é chamada para o projeto multifuncional,
onde o uso otimizado de todos os componentes que formam o edifício deve ser maximizado. Desta
forma, esta terceira geração de pré-fabricação está sendo chamada, em caráter "preliminar", de
sistemas de ciclos "flexibilizados", por entender que não apenas os componentes são "abertos", mas
todo o sistema é e, portanto, o projeto também passa a ser necessariamente aberto e flexibilizado
para se adequar a qualquer tipologia arquitetônica.

2.3.1 Pré-fabricados no Brasil

A evolução do concreto fabricado no Brasil aconteceu por etapas, pois, em um país


onde o desenvolvimento e o subdesenvolvimento se mesclam segundo circunstâncias da economia,
andam paralelos, separados por enorme fosso de carências de toda ordem. A construção esboça, de
23

forma notória, essa realidade, apresenta a mistura de técnicas extremamente avançadas, ao lado de
técnicas artesanais, enraizado na tradição ou em cego conservadorismo.
Foi por meio de esforços de um grupo de empresários auspiciosos que, mesmo com as
limitações do mercado e ausência de uma política de incentivo a pesquisas ligadas a pré-fabricação,
contribui para aumentar esforços de empresários e entidades, como a Associação Brasileira da
Construção Industrializada (ABCI), com intuito de promover a evolução. Por motivo desses
esforços, conforme a cronologia histórica constata-se que a situação mudou muito.
Conforme Associação Brasileira da Construção Industrializada (ABCI, 1987, p. 12):

Impulsionados pela necessidade de racionalização, os pré-fabricados deixaram de ser uma


expectativa para se converterem em uma base real de uma ascensão da construção, setor
que mais uma vez na atual fase de demanda de edificações industriais, está conseguindo
dar respostas rápidas e absolutamente adequadas, no quadro de suas possibilidades, à
agilização do mercado proporcionada pelo plano de estabilização econômica do governo
federal. Esse avanço concreto consolida o consenso de que os componentes para fundação
pilares, cobertura ou fechamento lateral atendem de modo satisfatório e eficiente, as
exigências de economia, prazo e qualidade técnicas eventualmente requeridas por
edificações destinadas a várias funções [...].

Com essa concepção do pré-fabricado no Brasil, pode-se entender que, ousadamente,


vão afastando-se do meio do caminho os fatores que impedem a difusão e aplicação de componentes
pré-fabricados. É preciso entender que isso é apenas mais um degrau na escada da industrialização.
A mesma associação informa que o país poderia, de fato, ter obtido um avanço
considerado na área do pré-fabricado, caso o governo, por meio de uma política de incentivo voltada
para pesquisas e aprimoramento das técnicas que já existiam na época (ABCI, 1987). Ao longo do
tempo, por conta do empenho de muitas empresas, vários processos construtivos foram surgindo
no país. Mas, com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), com uma ideia errônea de
estímulo à mão de obra maciça e não qualificada nos canteiros de obra, desacelerou o processo de
industrialização da construção civil.
Vasconcelos (2002, p. 34) afirma que:

Entretanto, os dirigentes do BNH, na época, estavam mais voltados para o problema


político do que para a questão habitacional. Com a crença errada, ou politicamente
conveniente, de que a industrialização da construção traria o desemprego à mão de obra
não qualificada, a atitude de repudiar a pré-fabricação atrasou o desenvolvimento do
país por várias décadas.

Pode-se atribuir o atraso da industrialização às políticas do emprego de mão de obra


não qualificada, um incentivo de nosso governo. Este cenário poderia assumir uma nova história,
caso houvesse a qualificação dessa mão de obra, a fim de dominar o processo construtivo, ganhando
24

em prazo, tempo e qualidade do produto final.


O atraso não foi, de fato, maior graças ao grupo de empresários, que vislumbravam
as amplas possibilidades do pré-fabricado no futuro e travaram uma luta, para mudar esse quadro.
Prova disso é a criação da norma, “produzida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), que fixa as condições exigíveis, no projeto, para a execução e controle de estruturas pré-
moldadas de concreto armado ou protendido” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA
CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA, 1987, p. 21). A norma NBR 9062 (ABNT, 1985),
projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, “assinala que o objetivo do imediato
da norma é o uso de estruturas pré-moldadas em edifícios. Suas prescrições podem, entretanto,
ser usadas, desde que pertinentes, no projeto e execução de estruturas para fundações, obras
viárias e demais elementos” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA CONSTRUÇÃO
INDUSTRIALIZADA, 1987, p. 21).
Segundo Vasconcelos (2002), surgiu, em 1965, uma fábrica de pré-moldados, a
CINASA, impulsionada pela criação do BNH (Banco Nacional da Habitação). Os responsáveis
pela criação desta empresa eram os senhores José Inácio Coelho Mendes e Paulo Sampaio Góes, e
acreditavam que, pelo país estar em desenvolvimento contínuo, os empreendimentos voltados para
pré-moldagem obteriam sucesso garantido.
Com a situação econômica do país favorável, na época, com o apoio de Marco Paulo
Rabello, titular da construtora Rabello, firma esta que se desenvolveu com a construção de Brasília.
Com bons argumentos convenceram Rabello, fazendo virar um aficionado pela pré-fabricação total
de casas populares. Foi nesse período que ocorreu o surgimento da Fundação CINASA.
Vasconcelos (2002, p. 34) discorre sobre a fundação da CINASA:

Reunindo capital e força de trabalho, foi fundada em setembro de 1965 a CINASA


(Construção Industrializada S. A.). A usina de pré-fabricação, com 8000 m² de área
coberta, construída num terreno de 36.600 m², na rua Naval, Rudge Ramos, na divisa de
São Paulo com São Bernardo do Campo, bastante próxima à via Anchieta, teria capacidade
de produzir, já em 1966, quatro unidades habitacionais por dia. Prontas as instalações, com
um conjunto de formas verticais tipo “bateria” para concretagem simultânea de diversos
painéis internos com acabamentos em ambas as faces e também com formas basculantes
do tipo “tilt-up” para concretagem horizontal com qualquer tipo de acabamento numa das
faces (pastilhas, azulejos, lito-cerâmica, tijolo à vista etc.), seria possível produzir peças de
parede em série.

É possível perceber que a criação de uma empresa voltada para a construção


industrializada contribui para solução dos problemas habitacionais do país. A CINASA foi a
empresa pioneira no ramo de construções residências em pré-fabricados para distintas faixas etárias.
É possível, sim, a introdução da industrialização como válvula de escape para a crescente demanda
25

do crescimento habitacional. A CINASA já esboçava, mesmo que de início, uma possível resposta
para a necessidade de produção acelerada e em série.
Vasconcelos (2002, p. 34) ainda diz que:

No próprio pátio da CINASA, foram construídas três casas térreas com padrões diferentes,
visando atender três faixas distintas de poder aquisitivo. Essas casas serviram de
treinamento do pessoal, aprimoramento de detalhes e mostruário para eventuais
interessados. Esse seria o primeiro passo para a industrialização de construções populares
em São Paulo.

Pode-se ver, durante o processo de adaptação da empresa, que a ideia de mão de obra
não qualificada não fazia parte do universo da CINASA. O investimento em aprimoramento das
técnicas era constante. Verifica-se, também, a mecanização como ferramenta primordial para
alcançar o sucesso. “A mecanização era completa, com centrais automáticas de concreto, transporte
de materiais por monovias, fôrmas com cura térmica e pontes rolantes para transporte de painéis
prontos até a área de armazenamento” (ibid., 2002, p. 34).
A fim de reduzir o peso das peças utilizadas, fundou-se, em Jundiaí, uma nova fábrica
para produzir agregado leve de argila expandida, denominada CINASITA. O material recebia
tratamentos específicos, onde obtinha resistências desejadas, sendo capaz de substituir a pedra na
dosagem do concreto. Sua utilização trouxe um ganho significativo na redução do peso específico
do concreto, cerca de 25% menos que o concreto convencional. Essa inovação possibilitou o
transporte de mais carga em um mesmo veículo. Fica claro, aqui, a otimização de tempo, um fator
primordial da construção em pré-fabricado de concreto.
Refere às peças de concreto, Vasconcelos (2002, p. 36) fala que “as primeiras peças
produzidas pela CINASA foram quase todas de concreto leve. Além do peso reduzido, as
extraordinárias características de isolante térmico tornavam o concreto leve um material excelente
para produção de painéis para fins habitacionais”.
Pode-se ver o quanto os idealizadores do projeto, estavam engajados, buscando novas
alternativas, a fim de reduzir os custos, prazos e racionalizar o sistema construtivo. Caso obtivessem
êxitos no apoio e incentivo do governo, a construção habitacional teria outro cenário.
No ano de 1966, a CINASA desativou sua seção de unidades habitacionais, dando
espaço para a execução de peças de estruturas. Com a necessidade de encontrar novas portas no
mercado brasileiro, a empresa passou a produzir peças padronizadas, essas de natureza norte
americanas, eram elas protendidas de fio aderente.
26

Vasconcelos (2002, p. 36) diz que:

Atualmente, a CINASA é uma empresa dedicada à pré-fabricação de estruturas e não mais


de pré-fabricação total de casas ou conjuntos habitacionais. [...] Assim, a CINASA
transformou-se de uma empresa de pré-fabricação total de unidades habitacionais numa
fábrica de estruturas. Talvez tenha sido a segunda fábrica de estruturas de concreto
protendido de fios aderentes no Brasil. Nosso país perdeu, com sua política nefasta de não
apoiar uma promissora empresa de casas populares, mas ganhou uma não menos
importante empresas de fabricação de estruturas industriais das mais notáveis do país.

O autor mostra, na evolução do pré-fabricado no Brasil, que a viabilidade de


investimentos nesse ramo concretizou-se em grandes obras. As outras empresas, que o autor ainda
cita sua história no livro, seguem a linha de pré-fabricação voltada para grandes obras, galpões,
pontes, edifícios e indústrias em geral.

2.3.2 Construção modular

2.3.2.1 Contexto histórico

Com o avanço e a crescente demanda construtiva por elementos pré-fabricados, logo


após a Segunda Guerra, sentiu-se a necessidade de adotar uma padronização no setor, uma vez que
a industrialização depende de certos fatores, como controle de qualidade e uma atenção especial às
normas existentes no mercado. Deste modo, surgiu o que rapidamente seria conhecido como
construção modular (BRUNA, 1976).
Quando a industrialização produz elementos que atenderão ao mercado de maneira
ampla, e não apenas às necessidades de um indivíduo ou empresa, este processo pode ser chamado
de CICLO ABERTO. Nele, serão produzidos módulos que buscam uma padronização, permitindo
uma compatibilização entre diferentes empresas (BRUNA, 1976).
Porém, já nesta época, portanto, nos primeiros passos da ideia de modulação,
começaram a surgir os primeiros problemas relacionados à padronização, de maneira mais ampla.
Afinal, nesta época, muito mais que hoje em dia, dado ao desenvolvimento tecnológico, político e
de comunicação, era muito difícil difundir uma norma ou método de forma que ele se tornasse uma
unanimidade e, sendo assim, fosse devidamente adotado por todas as empresas do segmento.
Segundo Bruna (1976, p. 63):

O problema não reside propriamente na dificuldade técnica de produzir juntas com


características universais, mas estabelecer critérios validos e aceitos por todos, sejam
projetistas, fabricantes ou construtores. A subdivisão do processo de construir em um
27

número elevado de subprocessos ou especializações permite, sem dúvida, um alto


grau de estandardização e a produção em massa de componentes, mas exige um
esforço muito grande de coordenação desses elementos. Sobretudo é preciso haver um
acordo dimensional e qualitativo sobre o que vai ser produzido para o mercado aberto.
A necessidade de se estabelecer um acordo dessa natureza, pelo qual fosse possível
coordenar os elementos de uma construção produzidos industrialmente, foi sentida há
muitos anos e foi objetivo de uma pesquisa sistemática e criteriosa que assumiu o
nome geral de COORDENAÇÃO MODULAR.

Assim sendo, este projeto tinha como principal objetivo estabelecer normativas que
viessem a gerenciar a produção de cada "pedaço" da construção, de modo a se estabelecer diretrizes
que fixassem dimensões, formas, modelos, ou seja, padrões que eliminassem, ou ao menos
diminuíssem consideravelmente, o desperdício de materiais na obra, bem como também a
necessidade de reparos ou retoques que permitissem a sua utilização no canteiro, de maneira pratica
e objetiva, sem atraso, gerando, assim, mais produtividade in loco, como também um maior controle
de qualidade de produção na usina, uma vez que esta seguiria um rigoroso padrão de qualidade, de
acordo com as normas técnicas existentes.
Conforme Van Acker (2002, p. 7):

A modulação é um fator econômico muito importante no projeto e construção de


edifícios, tanto para o trabalho estrutural como para o acabamento. Em pré-fabricação,
isso é ainda mais marcante, especialmente em relação à padronização e economia na
produção e execução. Modulação é geralmente bem estabelecida para componentes
estruturais em construções pré-moldadas.

Em resumo, é correto afirmar que a coordenação modular está intimamente ligada à


ideia de industrialização no setor de construção civil, como também que esta não poderá adiantar-
se em relação ao desenvolvimento tecnológico, pois depende, direta e indiretamente, disso. O
grande desafio, então, é se chegar a um acordo sobre as dimensões básicas dos principais
componentes da construção para então permitir o desenvolvimento deste setor.

2.3.2.2 Estudo atual de modulação

Com o passar dos anos, e com a constante evolução das técnicas e processos
construtivos, surgiram, também, métodos e tecnologias referentes à modulação, voltados à
construção em série, cada um destes com suas vantagens e desvantagens. Atualmente, tem-se em
vigor a Norma de Coordenação Modular para edificações, NBR 15873 (ABNT, 2010), que
especifica como padrão a medida de 100 mm para módulos básicos.
28

De acordo com Mayor (2012, p. 5):

O objetivo é permitir que os sistemas e componentes tenham medidas padronizadas


de forma industrial e sejam compatibilizados desde o projeto, tornando a construção
mais racionalizada e com alto índice de produtividade. A norma cancela e substitui a
ABNT NBR 5706 - Norma de Coordenação Modular da Construção, que fixava as
condições exigíveis a serem observadas na elaboração de projetos coordenados
modularmente, sintetizando assim, outras 24 normas da ABNT que fazem referência
à Coordenação Modular. De acordo com o coordenador do Projeto Modulação do
Programa de Inovação Tecnológica (PIT) da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), Mário William Esper, tendo o Brasil como um dos pioneiros na
aprovação da norma de coordenação modular dessimétrica (módulo 10 cm), NB-25R
- 1950.

Esta norma tem como principal objetivo estabelecer parâmetros técnicos em caráter
operacional estabelecidos com a função de direcionar a industrialização dos elementos pré-
fabricados. Visando, principalmente, a promover a compatibilidade dimensional dos elementos
construtivos, a presente norma traz consigo uma série de outras atribuições referentes à
padronização, com um conjunto de funções que visam, entre outras coisas, a racionalizar todos os
processos. Dentre as principais funções, pode-se citar a ampliação da cooperação entre todos os
agentes da cadeia produtiva da construção civil, o estreitamento da variedade de medidas de
produção dos elementos, a simplificação dos serviços de marcação e montagem na obra e a
possibilidade de substituição de elementos, tanto na fase inicial da obra quanto em possíveis
intervenções futuras.

Figura 1 – Exemplo de modulação

Fonte: NBR-15873, ABNT, 2010.

Para que se tenha uma compatibilidade construtiva em âmbito global, se faz necessário
29

que se respeitem as normas vigentes, deste modo, é possível executar variações nos métodos
construtivos sem que haja, como consequência, problemas relacionados a dimensionamento de
elementos construtivos. Assim, a industrialização toma força e avança como sendo uma promissora
ferramenta de progresso, oriunda da “mãe” globalização, esta que já, há alguns anos, tem
modificado o modo como se vive, visando, sempre, a um comportamento empreendedor na busca
pelo progresso em todos os segmentos, sobretudo na área da construção civil.
Têm-se definidas algumas nomenclaturas que aparecem frequentemente no tema
abordado, conforme item 2.2 da NBR15873 (ABNT, 2010, p. 15):

• Elemento (construtivo): Parte da edificação com funções específicas, constituída por


um conjunto de componentes e/ou materiais de construção. Exemplo: parede, janela,
escada. • Coordenação dimensional: Inter-relação de medidas de elementos e
componentes construtivos e das edificações que os incorporam, usada para seu projeto,
sua fabricação e sua montagem. • Coordenação modular: Coordenação dimensional
mediante o emprego do módulo básico ou de um multimódulo. • Módulo básico: Menor
unidade de medida linear da coordenação modular, representada pela letra M, cujo valor
é M=100 mm. • Multimódulo: Múltiplo inteiro do módulo básico. • Espaço de
coordenação: Espaço necessário a um elemento ou componente construtivo, incluídas
folgas para deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união. • Medida real:
Medida verificada diretamente no objeto singular, após sua execução/ fabricação.
Exemplo: Painel de 58,82 cm x 279,10 cm x 8,93 cm. • Medida nominal: Medida
esperada de um objeto, definida antes de sua execução/ fabricação. Exemplo: Painel de 59
cm x 279 cm x 9 cm. • Medida de coordenação: Medida do espaço de coordenação de
um elemento ou componente. Exemplo: Painel de 60 cm x 280 cm x 10 cm. • Medida
modular: Medida de coordenação cujo valor é igual ao módulo básico ou a um
multimódulo. Exemplo: Painel de 6 m x 28 m x 1 m. • Tolerância: Diferença admissível
entre uma medida real e a medida nominal correspondente. • Ajuste de coordenação:
Diferença entre uma medida nominal e a medida de coordenação correspondente. O ajuste
de coordenação garante folgas para deformações e instalação, tolerâncias e materiais de
união.

Faz-se necessário, para o correto andamento deste estudo sobre pré-fabricados, que
sejam bem definidos os parâmetros e diretrizes da presente norma técnica, deste modo, pode-se
caminhar fundamentados em condicionantes predefinidas que norteiam todos os processos
subsequentes, a fim de obter, ao término deste, um padrão de qualidade compatível com os
principais órgãos fiscalizadores em atividade no mercado.

2.4 SISTEMAS CONSTRUTIVOS INDUSTRIALIZADOS EM CONCRETO

2.4.1 Considerações iniciais

Considerando a indústria de pré-fabricados, existe um grande número de métodos


construtivos distintos, porém, com algumas semelhanças e particularidades que se
30

complementam. Para que se potencializem as principais vantagens do concreto pré-moldado, é


necessário que se tenha muita atenção quanto à elaboração do projeto, onde, para cada tipo de
edificação, adotam-se procedimentos diferentes. As principais características a serem
observadas na fase de anteprojeto são: tipologia, comprimento de vão, sistema de
contraventamento, altura, número de pavimentos, tipo de fundação, cobertura, entre outras.
Conforme Van Acker (2002, p. 11), “os projetistas devem, desde o início do projeto,
considerar as possibilidades, as restrições e as vantagens do concreto pré-moldado, seu
detalhamento, produção, transporte, montagem e os estados limites em serviço antes de finalizar
um projeto de uma estrutura pré-moldada”.
Neste sentido, serão explanados, de maneira superficial, alguns tipos de sistemas pré-
fabricados, para que, familiarizados com alguns deles, consiga-se abordar de forma mais robusta,
o sistema construtivo que se adotará como base de estudos e posterior utilização no projeto, que
terá como base o sistema com painéis pré-moldados estruturais.

2.4.2 Sistemas estruturais e tipologias

Como já visto anteriormente, embora se tenha uma variedade de sistemas construtivos


diferentes, há também algumas semelhanças, pois, em alguns casos, existem particularidades que
os unem e, consequentemente, os complementam.
Van Acker (2002, p. 11) diz que:

Estruturas aporticadas, consistindo de pilares e vigas de fechamento, que são


utilizadas para construções industriais, armazéns, construções comerciais etc.
Estruturas em esqueleto, consistindo de pilares, vigas e lajes, para edificações de
alturas médias e baixas, e com um número pequeno de paredes de contraventamento
para estruturas altas. As estruturas em esqueletos são utilizadas principalmente para
construções de escritórios, escolas, hospitais, estacionamentos, etc. Estruturas em
painéis estruturais, consistindo de componentes de painéis portantes verticais e de
painéis de lajes, as quais são usadas extensivamente para a construção de casas e
apartamentos, hotéis, escolas etc. Estruturas para pisos, consistindo de vários tipos de
elementos de laje montados para formar uma estrutura do piso capaz de distribuir a carga
concentrada e transferir as forças horizontais para os sistemas de contraventamento. Os
pisos pré-moldados são muito usados em conjunto com todos os tipos de sistemas
construtivos e materiais. Sistemas para fachadas, consistindo de painéis maciços ou
painéis sanduíche, com ou sem função estrutural. Apresentam-se em todos os tipos de
formato e execuções, desde o simples fechamento até os mais requintados painéis em
concreto arquitetônico para escritórios e fachadas importantes. Sistemas celulares,
consistindo de células de concreto pré-moldado e, algumas vezes, utilizados para blocos
de banheiros, cozinhas, garagens etc.

Na sequência, será possível conhecer um pouco mais sobre cada um desses métodos
construtivos.
31

2.4.2.1 Sistemas em esqueleto e aporticados

Sistema composto por pórticos planos formados por vigas e pilares combinados, de
modo a formar um esqueleto. Este tipo de sistema traz como principal vantagem a possibilidade de
utilização de grandes vãos, fator que garante maior flexibilidade de arquitetura, são usualmente
denominados galpões. Muito utilizado na execução de grandes obras como indústrias, shopping
centers, estacionamentos, centros esportivos e também para construção de grandes escritórios,
conforme mostra a Figura 2.

Figura 2 – Sistemas aporticados

Fonte: Van Acker, 2002, p. 12.

Como principais vantagens deste método, tem-se a sua independência dos subsistemas
complementares da edificação como paredes, sistema hidráulico, elétrico etc., em relação a
sustentação estrutural. "O conceito de esqueleto também oferece uma grande liberdade para o
arquiteto na escolha do sistema de fechamento. Os elementos estruturais são bem adaptáveis para
uma produção racional e processos de montagem" (VAN ACKER, 2002, p. 13). Como mostra a
figura 2, a independência, citada acima, facilita e libera a escolha do material que será utilizado para
o fechamento das paredes, que tem comportamento isento de função estrutural, função esta exercida
pela fundação, vigas e pilares apenas.
32

Figura 3 – Sistema em esqueleto

Fonte: Van Acker, 2002, p. 12.

Os sistemas em esqueleto podem ser utilizados desde edificações de um pavimento


apenas, até obras maiores, com alturas superiores a 20 metros.

Figura 4 – Obra da Universidade Universo em Recife (PE) – 12 pavimentos em


estruturas pré-fabricadas

Fonte: ABDI, 2015, p. 162.

Esta imagem exemplifica o sistema em esqueleto. Neste caso, com os fechamentos


das paredes executados com blocos cerâmicos. Este método é uma alternativa comumente
utilizada na construção de edifícios com fins residenciais.
33

2.4.2.2 Fachadas de Concreto

Servem como componente de qualquer tipologia construtiva e pode ser projetada como
elemento estrutural ou apenas como componente de fechamento arquitetônico. Podendo ser
executadas de várias formas e modelos, estas podem ser geralmente empregadas em combinação
com estruturas em esqueleto. E, no caso das fachadas com painéis estruturais, desempenham função
dupla, pois suportam cargas verticais dos pavimentos e painéis superiores.

Figura 5 – Fachadas de concreto

Fonte: Van Acker, 2002, p. 14.

Acima, tem-se vista esquemática de um edifício com painéis estruturais de fachada e


compridos painéis para piso.
Conforme explica Van Acker (2002, p. 116):

As fachadas arquitetônicas são usualmente projetadas como painéis apenas para


fechamento vertical, sem a contribuição dos mesmos para a estabilidade estrutural do
edifício, o qual é conseguido pela ação dos núcleos de centrais de contraventamento, e/ou
pela ação de paredes de cisalhamento (contraventamento). Todavia, quando se emprega
uma fachada tipo “pele dupla”, a camada interna da fachada pode ser projetada para resistir
no seu plano as forças do vento, ações sísmicas ou outras ações.

Chamados de núcleos centrais de contraventamento, estes elementos são compostos


por peças estruturais dispostas em ciclo fechado que alocadas, geralmente no centro da edificação,
34

têm a função de promover a rigidez da estrutura. Estes núcleos absorvem as cargas oriundas das
fachadas, desenvolvendo, assim, um sistema conhecido como diafragma. Pisos pré-moldados
também podem exercer esta função de diafragma entre as paredes frontais e laterais, formando uma
espécie de amarração. As juntas também devem ser executadas de forma a garantir a transferência
de forças de cisalhamento, por meio de preenchimento com graute.

2.4.2.3 Sistemas de pisos

O sistema de pisos pré-moldados é um dos pioneiros no setor de estruturas pré-


fabricadas que são moldadas in loco. São utilizados na execução de estruturas mistas compostas
por estruturas metálicas, ou estruturas de concreto moldadas no local.
Segundo a ABDI (2015, p. 164):

A escolha do sistema de pavimentos a ser utilizado varia para cada tipo de construção,
condições de transporte e localização da obra, das facilidades de montagem (tecnologia,
equipamentos disponíveis, custos e capacitação dos serviços e mão de obra),
disponibilidade no mercado, requisitos de desempenho estrutural, cultura construtiva,
entre outros. O mercado oferece grande variedade de sistemas estruturais de pisos e de
coberturas pré-moldadas, destacando-se cinco tipos principais: • Sistemas de lajes
alveolares protendidas pré-fabricadas; • Sistemas de painéis com nervuras protendidas
(seções T ou duplo T); • Sistemas de painéis maciços de concreto; • Sistemas de laje mista;
• Sistemas de laje com vigotas pré-moldadas.

A escolha de qual sistema de piso será adotada irá variar de acordo com as capacidades
da edificação: vão máximo, faixa de altura, larguras comumente utilizadas e o peso próprio do
elemento. Cada tipo de edificação apresenta sua viabilidade de aplicação, como no caso de edifícios
habitacionais, comerciais, industriais e de estacionamento.
Na tabela a seguir, é possível ver as características dos elementos de laje, adaptado
segundo o livro El Debs, 2002:

Tabela 1 – Características dos elementos de laje


(Continua)
Peso por
Vão Máximo Altura Larguras mais
Tipo de elemento Tipo de edifício unidade de área
(m) (mm) comuns (mm)
(KN/m²)
Habitacional /
Lajes alveolares não ≤9 100-300 300-2400 2,1-4,0
Comercial
protendidas
Habitacional /
Comercial/
Lajes alveolares ≤ 20 100-500 1200-1250 2,0-4,8
Industrial/
protendidas Estacionamento
35

Tabela 1 – Características dos elementos de laje


(Conclusão)
Peso por
Vão Máximo Altura Larguras mais
Tipo de elemento Tipo de edifício unidade de área
(m) (mm) comuns (mm)
(KN/m²)
Comercial/
Industrial/ ≤ 24 (30) 200-800 1200-2400 2,1-5,0
Lajes/painéis TT ou π Estacionamento
Comercial/
Industrial/ ≤ 30 600-1200 1500-5000 3,0-3,6
Elementos de seção T Estacionamento
Comercial/
≤9 150-300 600 1,45-3,5
Elementos de seção U Industrial
Comercial/
Elementos de seção U Industrial/ ≤ 20 200-700 1200 1,75-6,9
invertidos Estacionamento
Habitacional /
≤ 7,2 100-200 600-2400 2,4-4,8
Elementos de pré-laje Comercial
Habitacional /
Lajes/painéis π ou TT ≤9 150-350 600-2400 1,0-3,0
Comercial
invertidos

Laje com nervuras Habitacional ≤ 7,2 200-300 - 1,8-2,4


pré-moldadas
Fonte: ABDI, 2015, p.166, adaptada pelos autores.

Deve-se reforçar, então, a ideia de que, para que determinado projeto seja devidamente
concluído com o êxito esperado, é necessário que seja realizado um bom planejamento, com ênfase
na correta escolha de materiais e métodos, a fim de minimizar as possíveis patologias construtivas.

2.4.2.4 Sistema celular

Este método construtivo caracteriza-se por elementos que são concebidos já na


fábrica, deste modo, vão para a obra na já sua forma final, pronta para a utilização. São
utilizadas na execução de algumas partes específicas tais como, banheiros, cozinhas, garagens
etc.
36

Figura 6 – Sistema celular

Fonte: Van Acker, 2002, p. 16.

Este sistema tem como principais vantagens a rapidez na fabricação, é industrializado


do início ao fim e pode ser montado completamente na fábrica. Por outro lado, como desvantagens,
têm a dificuldade de transporte e menor flexibilidade arquitetônica (VAN ACKER, 2002).
Visto isso, abre-se, na sequência, um apanhado mais detalhado das características do
sistema com painéis pré-moldados estruturais, abordado neste trabalho. A ideia é que conseguir
estabelecer, de acordo com os procedimentos descritos a seguir, parâmetros de base teórica que para
conduzir, futuramente, o decorrer da elaboração de projetos habitacionais com baixo custo final.

2.4.3 Sistema com painéis pré-moldados estruturais

Este tipo de estrutura é composto por painéis pré-moldados que têm a função de fazer
o fechamento interno e externo da edificação, e são muito comuns na construção de residências,
tanto em casa como em apartamentos. É uma solução considerada como uma forma de
industrialização, já que pode ser produzida na usina, no tamanho e formatos solicitados pelo cliente
e, posteriormente, transportado até a obra onde será montado, de acordo com o projeto ao qual fora
concebido.
37

Figura 7 – Sistema de painéis estruturais

Fonte: Van Acker, 2002, p. 13.

Este tipo de estrutura é muito utilizado para compor, por exemplo, núcleos centrais,
paredes de contraventamento, poços de elevadores, além de servirem para todos os tipos de
edificações. Uma característica notável destes painéis é a boa resistência ao fogo. “A espessura dos
painéis depende dos requisitos de desempenho de estabilidade estrutural, de isolamento acústico e
de resistência ao fogo. O comprimento dos painéis é variável de acordo com o projeto e com os
equipamentos utilizados na fábrica” (VAN ACKER 2002, p. 97). A tabela 2 fornece as dimensões
mais comuns para os elementos de painéis.

Tabela 2 – Dimensões de painéis para sistemas de parede (fechamento)


(Continua)
Comprimento
Aplicação Espessura (mm) Altura (m)
máximo (m)
Painéis estruturais:
• Com lajes
180 – 240
armadas em duas
direções 6.00 – 14.00 3.00 – 4.50
• Com lajes
150 - 200
armadas em uma
direção
38

Tabela 2 – Dimensões de painéis para sistemas de parede (fechamento)


(Conclusão)
Comprimento
Aplicação Espessura (mm) Altura (m)
máximo (m)

Painéis não 80 – 150 (180) 6.00 – 14.00 3.00 – 3.30


estruturais

Poços de elevador e 180 – 200 6.00 – 14.00 3.00 – 4.00


escada
Fonte: Elaborado pelos autores, adaptada de Van Acker (2002, p. 97).

Os painéis se diferenciam quanto a sua estrutura física, podendo ser executados


tanto em concreto simples, que são chamados de painéis não estruturais, como em concreto
armado, estes por sua vez, chamados de painéis estruturais, pois terão papel ativo na
transmissão de esforços para as vigas e fundação. “Além de possibilitar uma construção rápida
e industrializada, os painéis pré-moldados oferecem uma superfície lisa e pronta para receber
pintura, apresentam boas propriedades acústicas e térmicas, além de possuir uma resistência ao
fogo razoável de até 6 horas” (VAN ACKER, 2002, p. 97).
Tem-se, então, para este sistema construtivo dois seguimentos distintos, um sistema
de paredes integral, que possuem todas as paredes internas e externas em concreto pré-moldado,
e o sistema de paredes na periferia, que possuem apenas as paredes externas produzidas em
concreto pré-moldado, neste caso, as paredes internas podem ser constituídas de blocos de
alvenaria ou outro sistema de divisórias.

2.4.3.1 Sistema completo de paredes

Constituído por paredes executadas em concreto pré-moldado, onde algumas exercem


função estrutural, e outras apenas a função de fechamento, este sistema conta também com fachadas
projetadas tipo sanduíche, onde a camada interna pode ou não ter função estrutural. Os pisos para
obras de grande porte e ou com grandes vãos são, geralmente, executados com lajes alveolares
protendidas, no caso de obras residenciais, que é foco deste trabalho, utiliza-se com mais frequência
lajes pré-fabricadas.
39

Figura 8 – Ilustração do sistema completo de paredes

Fonte: Van Acker, 2002, p. 17.

A figura 8 ilustra, de maneira bem sucinta, o sistema completo de paredes, exemplo


de construção industrializada que otimiza a execução da obra, racionalizando mão de obra e
obtendo mais economia em menos tempo, além de proporcionar todos os requisitos básicos
exigidos na norma de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2013).

2.4.3.2 Sistema de paredes no contorno

Neste sistema, apenas as paredes externas, componentes do contorno da edificação,


são pré-moldadas, os elementos de pisos se estendem por toda a largura da edificação. A
exemplo do método anterior, para grandes vãos, também são utilizadas lajes alveolares, uma
vez que se visa a criar, dentro da residência ou apartamento, grandes espaços livres que
possibilitem uma modificação do layout interno no futuro, proporcionando, assim, liberdade
arquitetônica.
40

Figura 9 – Esquema de paredes portantes perpendiculares à fachada

Fonte: Van Acker, 2002, p. 98.

Figura 10 – Sistema de edifícios de apartamento com vigas e pilares intermediários

Fonte: Van Acker, 2002, p 13.

Em situações aonde os vão excedem os valores limites, utilizam-se painéis


estruturais intermediários ou pilares e vigas, que serão empregados para exercer a função de
apoio para as lajes, conforme figura 9.
41

2.4.3.3 Elementos

Os elementos de paredes pré-moldadas de concreto possuem variação de espessura


entre 80 a 240 mm, visando a atender aos requisitos de isolamento acústico e resistência. A
altura máxima para estes painéis gira em torno de 4,20 metros, podendo, em casos excepcionais,
chegar a 4,50 metros. Estas dimensões são condicionadas conforme a possibilidade de
transporte, sendo assim, a variação de comprimento é de 2,40 metros até 14 metros.
Van Acker (2002, p. 109) diz que:

As paredes pré-moldadas são fabricadas sobre bancadas longas ou em baterias de


formas. Dutos técnicos e conduítes para eletricidade são incorporados antes da
moldagem. As dimensões das aberturas de portas e janelas são geralmente livres,
apesar de alguns fabricantes preferirem tamanhos padronizados. Por razões de
estabilidade durante a desmoldagem e manuseio, são necessárias dimensões mínimas
das vergas e montantes entre as janelas e nas bordas dos painéis.

Seguindo os parâmetros de industrialização, os elementos de paredes pré-moldadas


são concebidos em usina em bancada longa ou em baterias de formas. Nesta etapa, já são
alocados os conduítes para condução do sistema elétrico e também definidas as posições e
dimensões de portas e janelas. Como vantagem, se tem maior praticidade e tempo de construção
menor, por outro lado, a desvantagem é que uma vez executada, existe uma grande dificuldade
em fazer modificações na mesma, já que sua produção já traz, bem definidos, os parâmetros de
projeto.
42

Figura 11 – Dimensões mínimas para vergas e montantes

Fonte: Van Acker, 2002, p. 109.

Conforme citado na seção 2.1.2, este exemplo trata da ideia de industrialização em


CICLO ABERTO, onde são seguidas determinadas recomendações técnicas padronizadas, assim
como também variações construtivas próprias de cada fabricante, devidamente reconhecidas, de
acordo com prévia análise, e subsequentemente validadas, por meio de documento técnico.

2.4.3.4 Procedimentos de certificação técnica

Com um enfoque na racionalização e na inovação tecnológica, atualmente os sistemas


construtivos industrializados possuem Documentos de Avaliação Técnica (DATecs) elaborados de
acordo com as diretrizes do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade no Habitat (SINAT/PBQP-h). Entre esses sistemas, pode-se citar:
sistema de painéis de PVC preenchidos com concreto, painéis pré-moldados maciços de concreto
armado e painéis mistos de blocos cerâmicos e de concreto.
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (2015, p. 26) diz que:

Em relação aos sistemas industrializados, podem ser considerados dois tipos: o primeiro,
constituído por sistemas leves para vedações (com pesos não superiores a 60 kgf/m2),
destinados à compartimentação interna, e o segundo, os sistemas destinados às estruturas
e aos fechamentos com função estrutural ou de vedação.
43

Aos sistemas construtivos para habitação, deve-se exigir cumprimento mínimo de


seu desempenho, considerando os aspectos estruturais, segurança contra fogo, estanqueidade,
desempenho térmico; desempenho acústico; durabilidade (vida útil), conforme a NBR 15575
(ABNT, 2013).
Os documentos comprobatórios de atendimento aos requisitos da NBR 15575
(ABNT, 2013), devem ser avaliados por uma Instituição Técnica Avaliadora – ITA. É
necessário que sejam levantadas informações sobre as características dos componentes,
elementos e sistemas industrializados que influem nas condições de uso e manutenção, e
também os termos de garantia oferecidos pela empresa fabricante. A tabela 3 exemplifica os
prazos e garantias para componentes, elementos ou construtivos de edificações habitacionais
segundo prazos sugeridos pela NBR 15575 (ABNT, 2013).
Os documentos são elaborados seguindo diretrizes técnicas da SINAT Nº 002,
revisão 02 (2016, p.1), “Sistemas de paredes integrados por painéis pré-moldados de concreto
ou mistos para emprego em edifícios habitacionais”, e a norma de desempenho NBR 15575
(ABNT, 2013). Nos documentos técnicos, as empresas avaliadas, fazem a descrição do seu
sistema construtivo, demonstram as condições e limitações de uso, apresentam os dados
técnicos dos materiais utilizados no processo de produção e, por final, a avaliação técnica
quanto ao desempenho estrutural; estanqueidade à água; desempenho térmico; desempenho
acústico; Durabilidade e Manutenibilidade; segurança ao fogo e controle da qualidade.
44

Tabela 3 – Prazos e garantias dos sistemas construtivos


Manual de industrialização
Tipo de sistema construtivo Edificações Habitacionais Infraestrutura
FICHA DE COLETA DE INFORMAÇÕES: Prazos de garantia de sistema construtivo Item: viabilidade prévia
Responsável pelas informações: E-mail: Telefone:
Informações

Sistemas, elementos, Prazos de Garantia Contratual recomendados pela norma ABNT NBR 15575
componentes e instalações Ato de entrega 1 ano 2 anos 3 anos 5 anos Fabricante (*)
Segurança e
estabilidade
Fundações, estruturas
global,
periféricas, contenções e
estanqueidade de
arrimos
fundações e
contenções
Fissuras
Painéis de vedação vertical com
Danificadas ou mal perceptíveis a
função estrutural e estruturas Segurança
colocadas um metro de
auxiliares
distância
Selantes, componentes de juntas
e rejuntamento e acabamento de
Aderência Estanqueidade
juntas de painéis de vedação
vertical com função estrutural
Selantes para fechamento das
juntas e rejuntamentos dos
Aderência
painéis verticais com
poliuretano expandido (PU)
Tratamento de juntas dos
Aderência Estanqueidade
painéis verticais
Fonte: Elaborado pelos autores, adaptada de Livro Manual da Construção Industrializada, 2015, p.53.

44
45

2.4.3.5 Sistema de painéis Pré-moldados de concreto armado para paredes da Cymaco construções
inteligentes

Os painéis estruturais de concreto armado aplicam-se a construções habitacionais


unifamiliares térreas, sobrados e em edifícios multifamiliares de até quatro pavimentos, as paredes da
edificação possuem a espessura de 10 cm, podendo ser produzidas paredes com espessura de até 15
cm, o comprimento e a altura deles variam de acordo com o projeto contratado.
De acordo com a Cymaco Engenharia (2017), empresa que forneceu dados para esta
pesquisa, produção dos painéis realiza-se em parque fabril (figura 12), a moldagem dos painéis deve
seguir as especificações do projeto arquitetônico. O sistema consiste num conjunto de formas
metálicas, que deslizam no sentido horizontal, sobre uma estrutura também metálica construída com
vigas I, cujas laterais são fechadas com chapas metálicas e ganchos de travamento. Este sistema
facilita o fechamento para concretagem e também a abertura para desforma de maneira simples e ágil,
proporcionando maior produtividade e, consequente, redução de mão de obra.
Estas paredes não devem ser removidas sem um estudo prévio, por serem elas que
suportam as cargas. O uso desses painéis como parede está limitado as classes de agressividade I, II
e III, onde, nas classes de agressividade ambiental I e II, emprega-se o concreto C25, ou seja,
resistência de 25 Mpa. Na classe de agressividade III, utiliza-se concreto C30, com resistência de 30
Mpa. Após 22 horas é feito a desforma das peças, que devem ter atingido resistência mínima de 10
Mpa.

Figura 12 – Parque fabril

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.


46

Uma vez que os procedimentos de produção dos painéis são executados na


indústria, estes passam por intenso controle tecnológico, a fim de se obter à certificação de
qualidade.

2.4.3.6 Procedimento de execução

Segundo Everton Berticelli, pessoa que entrevistada neste estudo, os procedimentos de


produção dos painéis obedecem à sequência:
a) A primeira etapa no processo construtivo é a preparação da forma para poder receber
o concreto, limpeza e aplicação de desmoldante.
b) A segunda etapa é a preparação da armadura de cada painel. Colocam-se os
separadores tipo "caranguejo" entre telas da armadura, é feita a introdução dos espaçadores plásticos
que irão garantir o cobrimento das armaduras. Ainda nessa etapa, introduzem-se os eletrodutos,
caixas de elétrica e tubulações de água fria. Para cada painel, existe um desenho de armaduras e de
instalações específico (figura 13).

Figura 13 – Detalhamento das armaduras do painel

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.

Os painéis possuem armações de vigas de respaldo, na parte superior, e armações de


viga baldrame, na parte inferior. As alças de içamento da peça, na parte superior, têm origem de
ancoragem nas armações inferiores, ou seja, na viga baldrame.
47

c) Após verificar as conformidades das armaduras e seus cobrimentos, conforme


específica o projeto, pode travar a bateria de forma metálica para concretagem. A próxima etapa do
processo é o lançamento do concreto de resistência 30 Mpa (figura 14).

Figura 14 – Forma para moldagem dos painéis

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.

O conjunto permite a produção de várias paredes em uma única concretagem, a bateria


de forma é capaz de produzir de 12 a 14 paredes (figura 14). Como cada projeto apresenta suas
particularidades, as aberturas de portas e janelas possuem a possibilidade de serem ajustadas nas
direções de altura e comprimento.
d) Após 22 horas da concretagem, são retiradas as formas metálicas e as paredes são
levadas para sala de cura, onde permanecem por mais 72 horas, com hidratação permanente por
aspersão, para depois serem transportadas até o canteiro de obras (figura 15).

Figura 15 – Transporte para o canteiro

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.


48

e) Todo procedimento de produção fabril pode acontecer paralelamente com a execução


das fundações que irão receber os painéis, ganhando, assim, agilidade nos procedimentos executivos.
A escolha da fundação adequada varia para cada caso, alterando, assim, conforme o solo da região. É
possível executar um radier ou até mesmo sapatas corridas (figura 16).

Figura 16 – Execução de sapata corrida

Fonte: Silva e Catelani, 2010, p. 2.

f) Depois de realizado o transporte, as paredes são posicionadas em local definitivo.


Os painéis são transportados em equipamento de transporte vertical, com auxílio de guindastes,
posicionados e colocados no local definitivo sobre uma camada de argamassa de assentamento
(figura 17).

Figura 17 – Montagem e escoramento

Fonte: Silva, 2013, p. 3

Segundo Everton Berticelli, a montagem de uma residência de 50 a 60 m² acontece


em 1 dia útil.
g) A ligação entre os painéis é feita através de soldagem, os painéis possuem
armaduras nas suas extremidades, a soldagem é realizada por meio de solda elétrica (figura 18).
49

Figura 18 – Soldagem entre os painéis

Fonte: SINAT, 2016.

h) Com a finalização da soldagem das paredes é possível preencher as juntas das


paredes, com a colocação de fôrmas metálicas na região das juntas entre os painéis, possibilitando
o preenchimento das mesmas com graute. A figura 19 apresenta o detalhe da junção das paredes
onde ocorre o grauteamento.

Figura 19 – Detalhe da junção das paredes

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.

Segunco a Cymaco Engenharia (2017), após grauteado e formado os pilaretes nas


junções das paredes, essas recebem um tratamento nas juntas com selante flexível de poliuretano.
i) As lajes podem ser maciças ou nervuradas, convencionais, podendo ser moldadas in
loco ou pré-moldadas de concreto armado (figura 20). Em alguns projetos de casa térrea, emprega-
se apenas o forro de PVC, sem laje.
50

Figura 20 – Montagem das lajes

Fonte: SINAT, 2016.

h) Por fim, o sistema de cobertura é tradicional, estrutura de madeira sobre a laje de


concreto fixada, o telhado com telhas cerâmicas, ou até mesmo de fibrocimento, as etapas de
acabamento como pintura, revestimentos cerâmicos, seguem o padrão de acabamento do
método construtivo tradicional.
As figuras 21 e 22 apresentam o projeto modelo de projeto padrão para o método
construtivo, porém, a executora do método construtivo garante flexibilidade na execução de
projetos maiores.

Figura 21 – Planta baixa modelo

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.


51

Figura 22 – Projeto modelo

Fonte: Fornecido pela empresa Cymaco Engenharia, 2017.

Este projeto é sugerido pela empresa como seu modelo mais economicamente
viável, sendo assim, uma ótima opção para moradia de baixo custo, oferecendo ao cliente uma
obra pronta por R$ 49.970,00, ou um kit de paredes apenas, por R$ 19.990,00.
Pode-se ressaltar que esse tipo de método construtivo é indicado para construção
em série de unidades habitacionais, por se tratar de uma sequência lógica de um processo
industrializado.

2.4.3.7 Prescrições da NBR 16475 ABNT/17 – Painéis de parede de concreto pré-moldado

Muitas construtoras pioneiras no mercado de painéis pré-moldados mistos ou


maciços utilizavam de seu documento técnico (Datec) para produzir seus painéis. Os mesmos,
obrigatoriamente, eram analisados por instituições tecnológicas como já citado no item 2.2.3.4.
Porém, no ano de 2017, entrou em vigor uma nova norma que norteia e padroniza a produção
dos painéis pré-moldados, a NBR 16475 (ABNT, 2017).
Essa norma estabelece os requisitos e procedimentos que devem ser atendidos no
projeto, na produção e montagem dos painéis de parede pré-moldados, e não se aplica a painéis
de espessura maior que 25 cm e dimensão horizontal maior que 12 m; painéis de parede sem
armaduras; painéis de paredes curvos; aqueles submetidos ao carregamento horizontal, como
muros de arrimo ou reservatório e os painéis de parede como elementos de fundação.
52

Existem três classificações quanto ao uso dos painéis em função da edificação na


qual está inserida, função residencial, comercial e industrial. De acordo com a NBR 16.475,
“são considerados edifícios residenciais aqueles compostos de parede estruturais pré-moldados
com até cinco pavimentos” (ABNT, 2017, p. 8), e estes devem atender a dois requisitos: laje de
menor vão livre, não superior a 4 m e sobrecarga máxima de 3 KN/m²; e pé-direito máximo de
3 m.
Quanto à utilização do aço para armaduras, os painéis de parede pré-moldados
podem ser projetados utilizando-se reforço estrutural proveniente de armaduras e fibras. Podem
ser adotados como armaduras, telas soldadas, vergalhões, treliças, cordoalhas, fios de protensão
e conectores metálicos. O graute utilizado nas ligações dos painéis de parede deve ser avaliado
mediante aos ensaios de corpos de prova. As argamassas destinadas ao assentamento (sem
função estrutural) e revestimento devem obter resistência a compressão mínima de 5 Mpa, já
as argamassas utilizadas nas ligações estruturais entre painéis de parede devem ter resistência
à compressão, no mínimo, igual à metade da resistência à compressão do concreto do painel.
Para as instalações hidráulicas, elétricas e de gás, a norma determina que sejam
inseridas durante o processo de fabricação dos painéis.
Segundo o item 11 da NBR 16.475 (ABNT, 2017, p. 20):

As tubulações verticais podem ser embutidas nos painéis de parede de concreto apenas
durante a fabricação, e desde que atendidas simultaneamente as seguintes condições:
a) quando a diferença de temperatura no contato entre a tubulação e o concreto não
ultrapassar 15ºC; b) quando a pressão interna na tubulação for menor que 0,3 Mpa; c)
quando o diâmetro máximo for 50 mm; d) quando o diâmetro da tubulação não
ultrapassar 50%da espessura da parede, restando espaço suficiente para no mínimo o
cobrimento adotado e a armadura de reforço. Admite-se tubulação com diâmetro até
66% da espessura da parede e com cobrimentos mínimos desde que existam telas nos
dois lados da tubulação com comprimento mínimo de 50 cm para cada lado; e) tubos
metálicos não encostem nas armaduras para evitar corrosão galvânica; f) a verificação
da capacidade resistente da seção deve considerar a presença das instalações
embutidas; g) em painéis de parede estruturais, não são permitidas tubulações
verticais provenientes das instalações hidrossanitárias e de gás embutidas.

No caso de tubulações hidrossanitárias em edificações de múltiplos pavimentos são


utilizados como opção shafts, que possibilitam possíveis reparos.
Com relação à armadura mínima, a norma, em seu item 15.4, prescreve os seguintes
requisitos: para painéis de parede estruturais, a seção mínima das armaduras, verticais e horizontais,
deve corresponder a 0,09% da seção do concreto; para os painéis de parede não estruturais, a seção
mínima das armaduras, verticais e horizontais, deve corresponder a 0,06% da seção de concreto; o
espaçamento máximo entre as barras não deve ser superior a 30 cm; para seções de concreto com
53

espessura superior igual ou superior a 15 cm, deve-se prever armadura dupla (armadura em ambas
as faces); para seções de concreto inferior a 15 cm, permite-se utilizar armadura simples.
As formas utilizadas na produção dos painéis devem se adaptar à geometria dos painéis
pré-moldados, podendo ser construídas de aço alumínio, concreto ou madeira, revestidas ou não de
chapas metálicas, fibra ou plástico.
Para finalizar, esta norma trata da documentação técnica de produção, de
movimentação e montagem, de projeto e de operação. Devem fazer parte da documentação técnica
de produção especificações do concreto e armadura, juntamente com outros detalhes construtivos
pertinentes; na documentação técnica do projeto estrutural é necessário o projeto de formas e
armaduras do sistema estrutural, bem como o detalhamento de ligações; na documentação técnica
de movimentação e montagem, deve constar o projeto de montagem dos painéis, com a sequência
exata e paginação dos elementos na estrutura, as condições de apoio, içamento e transporte dos
elementos; documentação técnica de uso e operação contempla o manual do proprietário, contendo
especificações técnicas da estrutura, materiais empregados, carregamentos admissíveis, os prazos
para manutenção da estrutura e de seus elementos (no caso as juntas), e as orientações para inspeção
da estrutura.

2.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS EM CONSTRUÇÕES COM A UTILIZAÇÃO DE


PRÉ-FABRICADOS

A utilização da pré-fabricação permite organização das etapas de construção,


ocasionando velocidade na execução, sendo assim, a execução da obra ocorre com mão de obra
reduzida, por ser um material produzido fora de seu local de destino, a pré-fabricação apresenta
menor quantidade de desperdício, visto que não necessita de grande quantidade de material
estocado no canteiro (SENDEN, 2015).
El Debs (2002, p. 27) diz que:

As vantagens da pré-moldagem, ou seja, as características que favorecem sua


utilização são aquelas relacionadas à execução de parte da estrutura fora do local de
utilização definitivo, como consequência das facilidades da produção dos elementos
e da eliminação ou da redução do cimbramento.

É comum se observar obras executadas em sistema tradicional, onde se utilizam da


concretagem local, grandes quantidades de escoras de madeira. Porém, quando se fala em pré-
moldagem fora do local de utilização definitivo, o uso de madeiras para escoramento e produção
54

de formas é reduzido drasticamente, visto que as peças chegam até a obra quando já atingiram seu
ponto de cura.
Geralmente, em construções com utilização do concreto moldado no local de obra,
há uma mistura de serviços executados manualmente e outros mecanizados. Já quando a obra é
de caráter pré-moldada, tem seus serviços executados mecanicamente, fato esse que gera maior
possibilidade de controle tecnológico, ocasionando, assim, economia de tempo na execução e
elevando a qualidade da mão de obra.
Como em todos os sistemas construtivos, a pré-moldagem também apresenta
desvantagens, dentre elas falta de monolitismo da construção, que pode se tornar preocupante
em regiões com frequentes abalos sísmicos; problemas nas resoluções das juntas, onde é
necessário superdimensionar certos elementos, considerando situações desfavoráveis durante o
transporte ou na montagem; grandes dificuldades nas modificações dos projetos, em geral, tem
custo inicial mais elevado que o método tradicional, e o transporte dos produtos prontos é mais
caro que o de matérias-primas para produção tradicional.

2.6 MÉTODO CONSTRUTIVO TRADICIONAL EM ALVENARIA DE BLOCOS


CERÂMICOS

O sistema construtivo tradicional é um dos métodos mais utilizados e difundidos na


construção civil. Devido à facilidade de produção, baixo custo e, por não exigir mão de obra
especializada, tendo como base estrutural o concreto armado moldado no local, tem a
possibilidade de resistir às solicitações estruturais com qualidade, segurança e durabilidade.
O método tradicional de concreto armado moldado no local segue basicamente
corte e armação de ferragens, preparação e montagem das formas, preparação e lançamento do
concreto e, ao final, a desforma do material concretado (figura 23).
55

Figura 23 – Etapa de infraestrutura

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Nesta etapa construtiva, entende-se como infraestrutura o inferior da estrutura de


uma edificação, e tem por função a transmissão de cargas ao terreno natural. A infraestrutura
pode, assim, ser chamada de fundação.
Para esta tipologia construtiva é necessário armazenar todos os matérias, exigindo
dos gestores da obra, intenso planejamento dos espaços físicos de armazenamento no canteiro
de obras (CIOLA, 2012).
A concepção estrutural desse método é formada por pilares, lajes, vigas, e
fundações de concreto armado. O fechamento das fachadas e as separações internas do ambiente
são feitos pela sobreposição de tijolos cerâmicos, neste caso, o peso de toda construção, é
direcionado para as lajes, vigas, pilares e fundação, por esse motivo, as paredes são conhecidas
como não portantes (Figura 24). Para produção dos elementos estruturais, são utilizados aços
estruturais, formas de madeiras e concreto de resistência apropriada (VASQUES; PIZZO,
2014).
56

Figura 24 – Execução da alvenaria

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Com as paredes executadas é possível rasgá-las para embutir as instalações


hidráulicas e elétricas. A etapa seguinte é o revestimento das paredes, iniciando pela aplicação
do chapisco, emboço e reboco. Em seguida, a parede ganha a preparação para receber a tinta.
A instalação de esquadrias pode ser executada antes ou depois da pintura, variando
esta sequência de acordo com o costume de cada construtor, ou de suas necessidades em relação
a estes elementos.
Outra etapa que pode variar é a execução do projeto hidráulico, dependendo esta
apenas do término da instalação de revestimentos. A implantação do sistema elétrico pode ser
iniciada logo após a execução da cobertura, porém, o acabamento deste deve ser implementado
após a execução dos acabamentos finais da obra, por ser, parte constituinte desta etapa.

2.6.1 Vantagens e desvantagens

2.6.1.1 Vantagens

O concreto armado tradicional, assim como o sistema construtivo pré-fabricado,


apresenta algumas vantagens e desvantagens, tal como todos os sistemas construtivos possíveis.
Dentro de seu quadro de vantagens, pode-se citar sua boa resistência à maioria das solicitações,
obras monolíticas, boa aderência entre o concreto já endurecido e o que é lançado
posteriormente, diferentemente das estruturas de concreto pré-fabricado.
57

Com este tipo de estrutura, o projetista tem maior possibilidade de criação. Por ter
boa trabalhabilidade, o concreto pode assumir várias formas, permitindo escolher a que mais se
adequa ao ponto de vista estrutural. As técnicas usadas para execução são difundidas em todo
país, por esse motivo não há necessidade de mão de obra especializada.
Ainda encontra-se em suas vantagens a durabilidade, resistência ao fogo, choques
e vibrações, efeitos térmicos, atmosféricos e desgastes mecânicos.

2.6.1.2 Desvantagens

Como desvantagens do método construtivo tradicional, pode-se destacar seu peso


próprio elevado, o qual limita seu uso em determinadas situações e ainda eleva seu custo.
Apesar de apresentar custo mais baixo na aquisição de matéria-prima, o processo de execução
no canteiro de obra é lento, se relacionado aos métodos industrializados, é necessário a
utilização de escoramentos e formas, que são necessários permanecer no local até o concreto
atingir a resistência adequada.
Segundo Senden (2015, p. 27):

[...] a utilização do sistema construtivo pré-fabricado em concreto facilita o


gerenciamento, revela ganhos e garante o controle da obra nas diversas etapas do
empreendimento, em vez da intensiva fiscalização, o gestor passa a traçar metas e
acompanhar resultados, e o tempo que seria necessário para executar uma tarefa muito
importante (estrutura), porém de valor relativamente menor em uma construção (15%
a 20%), passa a ser utilizado na viabilização do negócio, na comercialização, no
marketing, nas instalações e no acabamento.

Para construção do método tradicional é comum a necessidade de intensa


fiscalização das etapas construtivas, principalmente no período de execução das estruturas e
acabamentos, isso pelo fato da mão de obra ser, geralmente, pouco qualificada, este tempo
perdido com fiscalização, por sua vez, pode ser melhor aproveitado quando se opta por
estruturas pré-moldadas.
58

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A construção do conhecimento deve transcender aos métodos tradicionais de ensino


para suplantar a visão unidirecional trazida pela estrutura positivista implantada na educação
brasileira. Assim, a pesquisa científica, que oferece ao pesquisador elementos significativos que
se constituem na condição para apreensão do conhecimento, diferentemente do método de
memorização comumentemente adotado.
Demo (2012) fala sobre a importância do protagonismo do estudante na direção da
interpretação da realidade de entorno e da autonomia e da emancipação.

Se buscarmos uma cidadania emancipada, capaz de projeto próprio de


desenvolvimento, ou se buscamos garantir aos marginalizados, condições equânimes
de luta, o instrumento mais decisivo, hoje, é a habilidade de manejar e produzir
conhecimento. Se a educação se diz emancipatória, não poderá prescindir de lançar
mãos deste meio. Não corresponderá ao desafio da cidadania moderna se permanecer
na mesma transmissão, cópia, reprodução de conhecimento, no puro ensino e na pura
aprendizagem, nos treinamentos domesticadores. Onde o aluno é objeto de
aprendizagem, copiam-se lacaios, não se fazem cidadãos competentes. Onde o
professor apenas ensino, reproduz-se a sucata, não o projeto próprio de
desenvolvimento (ibid., p. 35-36).

São postas, então, as possibilidades para que sejam suplantadas as estratégias e


técnicas usuais. A pesquisa passa a ser o “motor” da construção de conhecimento e mais:
transforma o acadêmico em sujeito construtor, interventor e transformador da realidade em que
se insere.

3.1 O TIPO DE PESQUISA REALIZADA

Esta investigação assume a abordagem qualitativa e quantitativa, do tipo estudo


comparativo, permeado com a análise bibliográfica e exploratória, pois traz uma temática
pouco conhecida pelos pesquisadores, acadêmicos do Curso de Engenharia Civil e, também,
por trazer uma problemática muito específica, a comparação entre dois métodos construtivos,
que são peculiares quando comparados, o que reduz a disponibilidade de material teórico
específico.
Triviños (2006) descreve a importância do estudo qualitativo para a análise de
expressões e observações subjetivas, neste caso, atribuídos aos pesquisadores. A investigação
realizada exigiu acuidade interpretativa dos envolvidos para que dela resultasse a maior
fidedignidade aos resultados obtidos.
59

Simultaneamente, os estudos realizados sob a ótica deste tipo de abordagem


resgatam a dimensão social da pesquisa, incorpora e analisa conceitos, apresentando uma
heurística dimensão social sob uma nova perspectiva.
O nível exploratório da pesquisa remete à percepção do conhecimento apenas
superficial dos investigadores e, em função da especificidade do estudo em pauta, não apresenta
farto referencial teórico sobre a temática proposta, enquanto estudo comparativo, o que
transfere o processo para a categoria de “nova percepção” para futuras investigações. “São
desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral de tipo aproximativo acerca de
determinado fato. Esse tipo de pesquisa é realizada quando o tema escolhido é pouco explorado
e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionáveis (GIL, 1999, p. 43).
Assim é, pois, definido o nível da investigação efetuada sem que, no entanto,
prejudique a cientificidade verificada. A garantia ao relatado é dispensada ao rigor da
determinação das fontes bibliográfica de referência, utilizadas para a resposta ao problema
central e para o alcance dos objetivos operacionais.

3.2 A ESCOLHA DO TEMA DE ESTUDO

As atividades acadêmicas na universidade são recorrentemente acompanhadas de


discussões, ou originadas nas componentes curriculares do curso ou, ainda, objeto de
preocupação da sociedade e da ciência.
Estes fatores contribuíram para a escolha do tema em questão, uma vez que
elementos pré-fabricados são componentes de um segmento pouco explorado pela massa
técnica existente, porém, de grande potencial de exploração e crescimento.
Visando não apenas a obter a graduação, este estudo pode, sim, ser futuramente
explorado como forma de negócio promissor e com grande potencial de evolução. Sendo assim,
foi elaborado com muito cuidado e tem um papel muito importante na formação dos autores
deste, não apenas em caráter acadêmico e profissional, mas também como forma de
amadurecimento pessoal, dado a diversidade de ações desenvolvidas.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

A validade científica das investigações é, também, creditada aos seus instrumentos


de coleta utilizados. Dois instrumentos é o mínimo necessário para determinar a adequada
cientificidade a um estudo. Dessa forma, determinou-se como instrumentos de coleta de dados
60

a observação direta e os artigos científicos, livros, dissertações e teses que tratavam do assunto.
O estudo de caso foi elaborado a partir de dados colhidos na obra de referência
acompanhada e em empresa especializada em sistema de painéis pré-moldados de concreto
armado.

3.3.1 Observação direta

Possibilita ao pesquisador a obtenção de informações e dados não previstos em


todos os demais instrumentos de coleta. Revestida de subjetividade, proporciona a interpretação
de fatos explícitos e implícitos em ações relativas ao objeto de investigação. Para Ludke e André
(1986), este tipo de instrumento permite, sobretudo, o contato direto do envolvido com o objeto
em investigação.
Juntamente com a observação direta, foram obtidos muitos dados por meio de
entrevistas informais, tanto com equipe operacional, quanto junto à equipe técnica responsável,
possibilitando maior compreensão acerca de cada método construtivo observado.

3.3.2 Relatório fotográfico

Esta etapa teve relevante importância diante deste estudo, uma vez que foi através
de acompanhamento fotográfico que a coleta de dados referentes à obra de referência foi
iniciada. Dentro deste panorama, foram verificadas todas as etapas da construção a fim de
montar referenciais direcionados a cada seção da obra.

3.3.3 Referencial orçamentário

Os dados referentes ao orçamento da obra utilizada neste estudo de caso foram


disponibilizados pela proprietária, por meio de planilhas produzidas por ela mesma. Estas planilhas
trazem um detalhamento minucioso de custos obtidos durante o andamento da obra, e estão
presentes nos Anexos A, B, C e D. Para fins de comparação, foram elaborados com base no CUB
(Setembro de 2017), pelo site SINDUSCON, de Florianópolis-SC, como consta no Anexo D, item
R1B. O orçamento relacionado ao sistema construtivo em paredes de concreto pré-moldado foi
fornecido por empresa especializada, localizada na cidade de Florianópolis-SC.
61

3.3.4 Entrevista técnica

Outro fator determinante, e que agregou muito na construção deste, foram as


entrevistas técnicas com profissionais consolidados no mercado. Estas entrevistas se deram de
maneira natural e esporádica, no caso da obra base, em conversas com os profissionais
envolvidos na concepção da obra, como pedreiros, mestre de obras e arquiteta responsável,
Patrícia Alves, CAU/SC nº A110502-7. No caso da empresa que forneceu o orçamento dos
painéis pré-moldados, aconteceu com hora marcada, de caráter presencial, nas instalações da
empresa Cymaco Engenharia, onde o entrevistado foi Diretor, Sr. Everton Berticelli, que
prontamente nos atendeu e explicou todo o processo de concepção do método utilizado pela
empresa, que segue as diretrizes da NBR 16.475 (ABNT, 2017). A entrevista foi gravada em
áudio onde, juntamente com outros materiais técnicos cedidos pela empresa, formaram a base
de dados que foi utilizada na revisão bibliográfica (item 2.2.3.5).

3.3.5 Referencial bibliográfico

A escolha do referencial bibliográfico foi precedida de criterioso planejamento,


com a adoção de material diretamente concernente à temática escolhida e, mais
especificamente, voltado para o alcance dos objetivos específicos.
O material utilizado foi resgatado de repositórios científicos, disponibilizados pela
universidade ou gratuitos, existentes tanto em sites quanto na biblioteca central da instituição.
Livros, físicos ou eletrônicos fizeram parte do conjunto bibliográfico, definidos por oferecerem
dados técnico/científicos reconhecidos em função da peculiaridade do objeto de estudo.

3.4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os dados serão apresentados de forma a reproduzir de maneira sucinta a viabilidade


por meio de comparação de custos e prazos, a implantação do método de construção em
estruturas pré-moldadas em concreto armado. Serão apresentados gráficos e tabelas
fundamentados em organizações de prestígio e representatividade no mercado da construção
civil atual.
Desta maneira, poderá se visualizar, de maneira discriminada e prática, com base
em orçamentos discriminados e outros fundamentados em base de dados consolidadas. Para
obter parâmetros confiáveis e reais, foi efetuado contato com empresas atuantes no ramo em
62

diversas regiões do país, e escolhida, como base de orçamento para este, aquela que mais se
aproximou da ideia aqui descrita.

3.5 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

O projeto analisado possui 58,26 m² de área total construída e fica localizado na rua
Tarcísio Vilella, bairro Caçador, na cidade de Capivari de Baixo – SC. O mesmo possui sala e
cozinha conjugadas, dois dormitórios, banheiro e varanda, sendo que seu acabamento segue um
padrão de médio a alto.
Na figura 25 tem-se, então, a perspectiva do objeto de estudo.

Figura 25 – Perspectiva do projeto

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

A planta baixa e o projeto completo se encontram nos anexos.

3.5.1 Detalhamento do projeto

A fundação utilizada foi do tipo direta (sapatas rasas), e a obra se consolidou sobre
laje pré-moldada executada sobre pilotis.
Na superestrutura foram utilizados pilares e vigas em concreto armado e moldados
in loco, e para o fechamento foram utilizados blocos cerâmicos de 9 furos, com as dimensões
de ( 14 x 19 x 29 ). De maneira geral, as paredes foram revestidas com chapisco e reboco, com
exceção das áreas molhadas e banheiro, onde foram utilizados pisos cerâmicos.
63

Na tabela, têm-se os cômodos com suas respectivas áreas.

Tabela 4 – Quadro de áreas


Cômodo Área m²
Cozinha/Jantar 15,52
Sala 8,96
Banheiro 3,85
Quarto 1 10,2
Quarto 2 8,1
Circulação 1,6
Varanda 3,07
Total 51,3
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.
64

4 RESULTADO E ANÁLISE

Neste capítulo são apresentadas as análises e os resultados do estudo comparativo entre


método construtivo tradicional em alvenaria de blocos cerâmicos e o sistema de paredes pré-
moldadas em concreto, tendo como referência uma obra realizada na cidade de Capivari de Baixo,
Santa Catarina.
Para melhor apresentação dos dados obtidos, estes estarão organizados por etapa, com
apresentação dos processos, bem como suas respectivas características, custos e prazos.

4.1 A OBRA

A seguir, será apresentada a obra que foi utilizada como base de referência para este
estudo comparativo. Obra, esta, consolidada através do método tradicional em alvenaria de
blocos cerâmicos.
A figura 26 é uma imagem real da edificação, já em fase de pintura.

Figura 26 – Fase de pintura

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

A mesma tem como característica principal a dimensão de 58,26 m² de área total,


possuindo sala e cozinha conjugadas, um banheiro, dois quartos e varanda. Como característica
relevante tem-se uma platibanda de 1 metro de altura, envolvendo toda edificação e, oculto por esta,
o telhado, por sua vez composto por telhas de fibrocimento e estrutura de madeira em tesouras.
65

Devido ao declive que caracteriza o terreno em questão, e para que a obra fosse executada no nível
do passeio público, a mesma foi consolidada sobre laje pré-moldada executada sobre pilotis.

4.2 ANÁLISE DAS ETAPAS

Neste item serão apresentadas as etapas construtivas analisadas.

4.2.1 Serviços preliminares

4.2.1.1 Método tradicional

Os serviços preliminares são considerados atividades prévias à execução da obra. Nesta


etapa, foram consideradas a elaboração de projeto, taxas e aprovações, instalação do canteiro de
obras e movimentação de terra, a etapa representa o percentual de 9,26% do valor total da obra.
Quanto aos serviços preliminares, não foram verificadas modificações, sendo assim,
para a execução da obra no sistema de paredes pré-moldadas em concreto foram considerados os
mesmos valores do projeto executado.

Figura 27 – Serviços preliminares

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Realizada por retroescavadeira, é nesta etapa que é preparada a superfície do solo


para receber as fundações rasas. Esta etapa foi realizada no dia 12 de janeiro de 2017.
66

4.2.1.2 Método pré-moldado

A etapa é realizada da mesma maneira que no método tradicional, porém, representa


o percentual de 9,32% do valor total da obra.

4.2.2 Infraestrutura

4.2.2.1 Método tradicional

Para a etapa de infraestrutura, foram consideradas escavações manuais, produção


das armaduras e concreto para sapatas do tipo rasa. Geralmente, o tipo de fundação varia de
acordo com o tipo de solo. Nesta obra em questão, o percentual da infraestrutura foi de 5,51%
do valor total da obra.

Figura 28 – Fundação do tipo rasa (sapatas)

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Observa-se no perímetro externo da obra, na imagem acima, a locação da obra, que


tem como passo seguinte a marcação, escavação e execução das fundações rasas.
67

4.2.2.2 Método pré-moldado

Para o sistema de paredes pré-moldadas em concreto, por se tratar de uma obra


consolidada sob o solo com diferença considerável de nível, foi decidido adotar a mesma
infraestrutura utilizada na obra em estudo. Portanto, os valores continuam os mesmos, uma vez que
o dimensionamento da estrutura é coerente com a solicitação necessária para sustentar as paredes
autoportantes de concreto pré-moldado. Porém, representa o percentual de 5,55% do valor total da
obra.

4.2.3 Supraestrutura

4.2.3.1 Método tradicional

Executada em concreto armado moldado in loco, a supraestrutura colaborou com cerca


de 22,7 % do valor total da obra, composta por pilotis, vigas, pilares e laje.

Figura 29 – Vigas e pilares em concreto armado

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Observa-se, então, nesta imagem, o fechamento das caixarias de vigas que


receberam logo após a primeira laje, compondo, assim, a primeira etapa da supraestrutura.
68

Figura 30 – Laje do tipo pré-moldada

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Na sequência, após a montagem das lajes, foi executada a concretagem das vigas e laje,
de uma só vez.

4.2.3.2 Método pré-moldado

Consolidada neste método, o valor da supraestrutura terá uma redução considerável,


visto que as paredes pré-moldadas têm função autoportante, contendo em sua estrutura pilares e
vigas, embutidos no seu corpo. Nesta etapa da obra, representa o percentual de 16,85% do valor
total da obra.
Outro fator determinante nessa redução de custos é que as tubulações secas de elétrica
e hidráulica, bem como as caixas de distribuição elétrica e quadros de distribuição, vêm, da mesma
forma, embutidos e alocados, conforme projetos complementares. Uma redução proporcional aos
serviços de locação de mangueiras, tubulações de água fria e caixas de luz também foi considerada,
proporcionando uma considerável economia de mão de obra nesta etapa.

4.2.4 Paredes e painéis

4.2.4.1 Método tradicional

As paredes foram construídas conforme as técnicas tradicionais mais comuns no


69

cenário da construção civil contemporânea, com serviços compostos por assentamento de


blocos cerâmicos, fechamento de pilares com caixarias e armaduras produzidas in loco,
conforme explicado no item 2.5. Esta etapa da obra que representou 6,62% do valor total.

Figura 31 – Assentamento de blocos cerâmicos

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

O levantamento dos blocos cerâmicos e a concepção dos pilares foram executados em


duas etapas, onde, em alguns casos, pode ocasionar patologias, em forma de trincas ou fissuras.

4.2.4.2 Método pré-moldado

Esta etapa é de suma importância no contexto geral do comparativo, visto que é nela
que consta a maior modificação em relação ao projeto executado. Para este método, serão
consideradas paredes autoportantes fornecidas por empresa especializada neste método construtivo,
localizada na região da grande Florianópolis. Constituídas de concreto maciço, estas trazem consigo
tubulações secas, vãos de abertura de portas e janelas, conforme projeto e preparação prévia para a
pintura. Conforme explicado no item 2.2.3.6, por esse motivo, representa 29,56% do valor total da
obra.
70

4.2.5 Revestimento

4.2.5.1 Método tradicional

Os revestimentos utilizados neste método são basicamente chapisco e reboco, além


dos revestimentos cerâmicos nas áreas molhadas, conforme procedimentos explicados no item
2.5. Representando um percentual de 12,53% do valor total da obra.

Figura 32 – Chapisco e reboco

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Estes procedimentos são muito dependentes da capacidade técnica dos profissionais


que os executam, sendo assim, a qualidade do acabamento está diretamente ligada a qualidade
da mão de obra envolvida.

4.2.5.2 Método pré-moldado

Neste método serão dispensados chapisco e reboco, visto que as paredes pré-
moldadas têm acabamento pronto para a pintura, conforme recomendação da empresa
fabricante.
71

4.2.6 Cobertura

4.2.6.1 Método tradicional

Neste item, foram considerada cobertura com telhas de fibrocimento, calhas e rufos
lineares metálicos. Esta etapa representou 8,31% no valor total da obra.

Figura 33 – Cobertura em fibrocimento

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Para apoio das telhas em fibrocimento, foram utilizadas muretas confeccionadas com
blocos cerâmicos, dispensando, assim, a utilização de estruturas de madeira.

4.2.6.2 Método pré-moldado

A etapa é realizada da mesma maneira que no método tradicional, porém representa o


percentual de 8,37% do valor total da obra.

4.2.7 Esquadrias

4.2.7.1 Método tradicional

As esquadrias, portas e janelas foram adquiridas em kits prontos, portas de madeira e


72

janelas em alumínio e vidro. Para esta etapa, o percentual foi de 10,5% do valor total da obra.

Figura 34 – Janela Frontal

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Para as esquadrias foram utilizadas vistas em concreto pré-moldado.

4.2.7.2 Método pré-moldado

Para este método, a etapa de esquadrias é realizada da mesma maneira que no


método tradicional, porém representa o percentual de 10,57% do valor total da obra.

4.2.8 Instalações elétricas

4.2.8.1 Método tradicional

No método tradicional, as instalações elétricas necessitam de cortes em parede para


passagem dos conduítes, etapa que só pode ser executada com o fim do levantamento da
alvenaria. Para esta etapa o percentual foi de 5,99% do valor total da obra.
73

Figura 35 – Instalações embutidas na laje

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Após a montagem das peças da laje pré-moldada, é executada a distribuição dos


conduítes, que serão responsáveis pela distribuição de energia elétrica, antenas, telefonia e
internet.

4.2.8.2 Método pré-moldado

Nesta etapa, foram suprimidos alguns materiais, os quais já embutidos na parede,


tais como mangueiras corrugadas, quadros de distribuição e caixas 4 x 2 para tomadas. Sendo
assim, pôde-se observar uma economia considerável. Esta etapa representa 4,27% do valor total
da obra.

4.2.9 Instalações hidráulicas

4.2.9.1 Método tradicional

Assim como nas instalações elétricas, nesta etapa também são necessários cortes em
parede para passagem da tubulação de água fria, etapa que só pode ser executada com o fim do
levantamento da alvenaria. Para esta etapa o percentual foi de 2,07% do valor total da obra.
74

4.2.9.2 Método pré-moldado

Nesta etapa foram suprimidos alguns materiais, os quais já embutidos na parede,


tais como tubos PVC, registros e conexões. Sendo assim, pôde-se observar uma economia
considerável. Esta etapa representa 0,77% do valor total da obra.

Figura 36 – Exemplo de parede pré-moldada

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Este modelo de exibição está localizado no escritório da empresa, que gentilmente


cedeu orçamento para este estudo. Nele são representadas as tubulações secas de elétrica e
hidráulica, com seus respectivos acabamentos.

4.2.10 Revestimento cerâmico

4.2.10.1 Método tradicional

Esta etapa contribuiu com cerca de 9,18% para o valor total da obra.
75

Figura 37 – Paredes da cozinha e piso revestidos

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Uma das etapas finais da obra, os revestimentos cerâmicos contaram com pisos em
porcelanato, e pisos cerâmicos do tipo comum.

4.2.10.2 Método pré-moldado

Esta etapa também contou com as mesmas características e custos em relação ao


projeto original, no entanto, é correto afirmar que existe uma maior facilidade para a mão de
obra especializada no assentamento dos pisos, já que a qualidade do acabamento das paredes
pré-moldadas é superior às concebidas no método tradicional. Para este método, o peso da etapa
ficou em torno de 9,24% do total.

4.2.11 Pintura

4.2.11.1 Método tradicional

Nesta etapa, deve-se considerar a utilização de calfino na parte interna da obra.


Sendo assim, o peso sobre o valor final ficou em torno de 4,51%.
76

Figura 38 – Paredes em calfino

Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Por conta de imperfeições no acabamento dos revestimentos de reboco, ocorridas por


uma combinação de materiais com qualidade duvidável e mão de obra pouco qualificada, a
utilização do calfino foi tida como uma real necessidade para um acabamento final aceitável.

4.2.11.2 Método pré-moldado

Para a obra em paredes pré-moldadas de concreto foram dispensados os acabamentos


em calfino, uma vez que o fabricante garante a superfície das paredes prontas para a pintura. Sendo
assim, representa um peso de 2,47% do valor total da obra.

4.3 RESULTADOS

Este item apresenta os resultados obtidos durante o trabalho de pesquisa, considerando,


sobretudo, os objetivos definidos para este trabalho.

4.3.1 Custos das etapas para os sistemas construtivos

A tabela 5 traz o detalhamento de custos obtidos por meio da obra executada em


alvenaria tradicional, fornecidos pela proprietária.
77

Tabela 5 – Custos obtidos na obra executada no método tradicional


Custo total
Item Serviços
(R$) Peso %
1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES E GERAIS
Serv. Técnicos, projetos, taxas, desp. inic., inst. provis., barracão,
1.1 R$ 7.204,32 9,32%
consumos e limpeza de obra
2.0 INFRAESTRUTURA
Locação da obra, escavações manuais, fundações superficiais –
2.1 R$ 4.289,26 5,55%
concreto armado convencional
3.0 SUPRAESTRUTURA
3.1 Concreto armado inclusive forma, lajes pré-fabricadas R$ 13.015,27 16,85%
4.0 PAREDES E PAINÉIS
4.1 Alvenaria em tijolos furados R$ 22.990,00 29,56%
5.0 REVESTIMENTO
5.1 Chapisco, reboco interno e externo, requadros de aberturas R$ 0,00 0,00%
6.0 COBERTURAS
6.1 Telhas fibrocimento, calhas, rufos, impermeabilização R$ 6.467,00 8,37%
7.0 ESQUADRIAS
7.1 Portas, janelas e ferragens R$ 8.167,03 10,57%
8.0 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
Tubulações, caixas nas lajes, caixas em alvenaria, enfiação,
8.1 quadros de distribuição, tomadas, interruptores e disjuntores, R$ 3.302,09 4,27%
quadro de entrada de energia
9.0 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
Cavalete e hidrômetro, tubulação de água fria, reservatório de
9.1 R$ 594,08 0,77%
água fria
10.0 INSTALAÇÕES DE ESGOTO E ÁGUAS PLUVIAIS
Tubulação, caixas, fossa séptica R$ 2.189,15 2,83%
12.0 REVESTIMENTO CERÂMICOS
Regularização do contrapisco, argamassa de assentamento,
12.1 R$ 7.138,21 9,24%
cerâmica
13.0 PINTURA
13.1 Emassamento, pintura interna e externa R$ 1.907,50 2,47%
Total R$ 77.263,91
Fonte: Acervo dos autores, 2017.

Pode-se observar, analisando esta tabela, que o valor final obtido nesta simulação é
de R$ 77.263,91, e a etapa que se destaca é a dos painéis, fornecidos por empresa especializada.
O valor final deste método se aproxima do valor real obtido na obra executada, porém, devem
ser considerados ainda outros fatores como prazos, eficiência do método construtivo, controle
de qualidade, supressão de mão de obra, entre outros, que serão analisados nos itens
subsequentes.
Para melhor expressar os parâmetros de comparação entre os métodos construtivos
têm-se, a seguir, dois gráficos, que expressam a variação de valores entre os métodos e a
porcentagem da etapa construtiva em relação ao valor total da obra, respectivamente.
78

Gráfico 1 – Relação de valores entre as etapas construtivas

R$ 25.000,00
R$ 20.000,00
R$ 15.000,00
R$ 10.000,00
R$ 5.000,00
R$ 0,00

Alvenaria Convencional Paineis pré-fabricados

Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.

Este gráfico traz apenas as etapas que apresentam diferença considerável de custo total
por etapa. Pode-se, então, observar que a maior diferença está localizada na etapa de painéis de
vedação e paredes.
No gráfico 2, observa-se a relação entre etapas, exibidas no gráfico 1, e o custo total da
obra.

Gráfico 2 – Percentual das etapas em relação ao custo total da obra

29,56%
30,00%
22,70%
25,00%
16,85%
20,00%
12,53%
15,00%
6,62% 5,99% 4,51%
10,00% 4,27%2,07% 2,47%
5,00% 0,00% 0,77%
0,00%

Alvenaria Convencional Paineis pré-fabricados

Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.


79

Conforme observado no gráfico 2, o percentual que apresenta maior variação é, a


exemplo da análise anterior, o da etapa de paredes e painéis. A diferença considerável de valor se
dá pelo fato destes painéis contarem com algumas características com grande relevância em
diversos aspectos, como controle de qualidade, acabamento, desempenho estrutural, partes de
instalações elétricas e hidráulicas, e menor prazo de execução, trazendo, assim, economia
considerável em outras etapas além de supressão de mão de obra.
Para se estabelecer uma relação dos valores praticados no setor de construção civil na
região de Santa Catarina, e os custos obtidos pelos orçamentos realizados para este estudo de caso,
se traz, a seguir, um gráfico que demonstra de maneira simples a comparação entre o custo direto
total por m² entre os dois métodos construtivos e o CUB-SC para o mês de setembro, no sistema
construtivo tradicional.

Gráfico 3 – Relação entre os métodos construtivos e o CUB-SC de setembro/2017

R$1.600,00
R$1.550,00
R$1.500,00
R$1.450,00
R$1.400,00
R$1.350,00
R$1.300,00
R$1.250,00
R$1.200,00
CUB-SC alvenaria Painéis pré-
setembro 2017 convencional fabricados
Valor R$/m² R$1.557,25 R$ 1.335,01 R$ 1.326,19

Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.

Observa-se, no gráfico 3, uma considerável variação entre os orçamentos do estudo


de caso e o custo direto total por m² fornecido pelo CUB-SC. Esta variação se justifica pelo fato
do CUB trabalhar com uma média de valores praticados na região, e os orçamentos foram
obtidos num padrão de economia elevado, contando com a disponibilidade da proprietária em
estabelecer relações comerciais que a direcionaram a materiais com ótimo custo-benefício e
preços, em sua maioria, relativamente menores que a faixa padrão adotada pelo CUB-SC.
80

4.3.2 Prazos de execução das etapas para os sistemas construtivos

Neste item será analisado o cronograma da obra deste estudo de caso, comparando com
o método sugerido e abordando as premissas que levarão a conclusão sobre a viabilidade deste
método.
A tabela 6 representa o prazo de execução verificado para execução da obra referência,
desde os serviços preliminares até a etapa de revestimento, ou seja, o ponto onde as obras se
encontram em fase de acabamento final, mais precisamente na fase onde se encerram as etapas que
se diferem. A partir daí, os procedimentos de acabamento são iguais para os dois métodos.

Tabela 6 – Prazo de execução - Alvenaria tradicional


Etapa da execução Data Inicial Tempo (Dias úteis) Data Final
Serviços preliminares 12/01/2017 4 17/01/2017
Infraestrutura 17/01/2017 4 20/01/2017
Supraestrutura 1º etapa 20/01/2017 10 06/02/2017
Supraestrutura 2º etapa 07/02/2017 19 03/03/2017
Alvenaria 07/02/2017 5 13/02/2017
Alvenaria - Platibanda e caixa
07/03/2017 3 09/03/2017
d'agua
Revestimento 10/03/2017 21 07/04/2017
Total em dias 66
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.

Segundo os prazos praticados, obtém-se, então, gráfico da linha temporal que


demonstra de maneira mais clara os resultados obtidos.

Gráfico 4 – Cronograma - Alvenaria Tradicional

Serviços preliminares 6
4
Supraestrutura 1º etapa 18
25
Alvenaria 7
3
Revestimento 29

Data Inicial Dias

Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.


81

Este gráfico representa os dias corridos, considerando sábados e domingos, a fim


de obter a duração total, desde a data inicial até a data da última etapa considerada para o estudo
de prazo, ou seja, levando em conta a execução até as paredes com revestimento da alvenaria
concluído. Observa-se que, para início de uma etapa, se faz necessário a conclusão da sua
predecessora, com exceção das etapas de alvenaria e supraestrutura, pois partes são executadas
no mesmo período, como os pilares, que são fundidos após o assentamento dos blocos
cerâmicos. Como destaque, observa-se, também, a duração dos procedimentos de revestimentos
(chapisco e reboco), onde se exige maior duração para que as paredes se encontrem finalmente
com as superfícies regularizadas.
A tabela 7 representa o prazo de execução verificado para execução da obra,
considerando o método construtivo sugerido, desde os serviços preliminares até a etapa de
revestimento, da mesma forma como descrito anteriormente.

Tabela 7 – Prazo de execução - Paredes de concreto


Etapa da execução Data Inicial Tempo (Dias úteis) Data Final
Serviços preliminares 12/01/2017 4 17/01/2017
Infraestrutura 17/01/2017 4 20/01/2017
Supraestrutura 1º etapa 20/01/2017 10 06/02/2017
Fabricação dos painéis 17/01/2017 5 23/01/2017
Montagem das paredes 07/02/2017 1 07/02/2017
Grauteamento 08/02/2017 1 08/02/2017
Supraestrutura 2º etapa 09/02/2017 4 14/02/2017
Montagem das paredes platibanda
17/02/2017 1 17/02/2017
e caixa d'agua
Grauteamento e laje caixa d'agua 17/02/2017 1 17/02/2017
Total em dias 31
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.

A exemplo da análise anterior, obtém-se, então, o gráfico da linha temporal, que


demonstra de maneira mais clara os resultados obtidos.
82

Gráfico 5 – Cronograma – Paredes de concreto

Serviços preliminares 6

Infraestrutura 4

Supraestrutura 1º etapa 18

Fabricação dos painéis 7

Montagem das paredes 1


Grauteamento 1

Supraestrutura 2º etapa 6

Montagem das paredes platibanda e… 1

Grauteamento e laje caixa d'agua 1

Data Inicial
Dias
Fonte: Elaborado pelos autores, 2017.

Observa-se, neste gráfico, que pelo fato os painéis serem confeccionados em indústria,
há uma otimização dos prazos, pois, os processos de fabricação dos painéis podem acontecer já
após o início das obras de infraestrutura, não necessitando, assim, aguardar a sua conclusão.
No próximo capítulo, estão presentes as considerações finais referentes às análises
feitas no estudo de caso, trazendo, de forma simplificada e direta, os resultados obtidos acerca dos
estudos desenvolvidos neste.
83

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho é o resultado de um estudo comparativo que teve como objetivo


avaliar uma residência unifamiliar consolidada no método tradicional, com estrutura em
concreto armado e alvenaria de blocos cerâmicos, tendo como parâmetros, a viabilidade, a
economia e o tempo para execução, comparando-a ao sistema de painéis pré-moldados em
concreto armado, buscando estabelecer, assim, o custo total em cada sistema, quais fatores
influenciaram na diminuição desses custos e na escolha de um dos métodos como o mais viável.
O sistema de painéis pré-moldados em concreto armado consiste na utilização de
concreto classe 30 MPa e aço CA-60, formando paredes que suportam cargas verticais,
produzidos em fábrica e transportados para obra.
O sistema tradicional em alvenaria de blocos cerâmicos se trata da utilização de
técnicas artesanais da construção civil, processos construtivos, em sua maior parte, no canteiro
de obras, utilizando materiais com alto índice de desperdício como a madeira e os próprios
blocos.
Por meio de visitas à obra durante o seu processo de execução, foi possível reunir
fotos durante as etapas da construção da residência, onde, juntamente com a proprietária,
obtiveram-se os valores gastos em cada etapa construtiva, possibilitando, assim, definir o custo
total do método tradicional em alvenaria de blocos cerâmicos. Foi selecionada, então, uma
empresa da região de Santa Catarina que gentilmente atendeu os pesquisadores, e esclareceu,
assim, os procedimentos envolvidos no método construtivo em painéis pré-moldados de
concreto, pontuando as principais características como prazos e processos de execução, bem
como também, o valor dos painéis para execução do projeto da residência unifamiliar, objeto
deste estudo.
Através dos resultados alcançados, pode-se observar que o sistema construtivo
tradicional apresentou custo direto total de R$ 77.777,82, ligeiramente maior que o sistema
construtivo em painéis pré-moldados em concreto armado, que apresentou custo direto total de
R$ 77.263,91, porém, deve-se salientar que o prazo de execução entre os dois métodos caiu
quase que pela metade, onde, para o sistema tradicional são necessários 66 dias úteis para obter
as paredes levantadas e com sua superfície regularizada, no sistema pré-moldado, são
necessários apenas 31 dias úteis para que as paredes estejam montadas na obra, uma vez que
não são necessários acabamentos com revestimentos para regularizar sua superfície.
84

Segundo El Debs (2002), a maior vantagem dos elementos pré-moldados sobre


construção no método tradicional se dá pelo fato de os elementos serem produzidos fora de seu
local de uso e, ainda, não ser possível a eliminação ou a redução do cimbramento.
Senden (2015) diz que a utilização do sistema construtivo pré-moldado em concreto
traz benefícios também no gerenciamento da obra, e que é possível fazer um melhor controle
nas etapas do empreendimento, substituindo tempo para fiscalizar tarefas importantes, porém,
que não representam valor menor em uma construção, passando a focar na viabilização do
negócio, na comercialização.
Observou-se, com esse estudo, que o objetivo proposto para esse trabalho foi
alcançado, o qual tinha como premissa a construção da mesma residência unifamiliar nas
mesmas dimensões e particularidades, sendo de fato possível executá-la em um prazo menor e,
consequentemente, custo menor, mesmo que os valores finais entre os métodos se apresentaram
próximos.
Quanto à mão de obra, é correto afirmar que existe uma redução considerável em
relação ao método tradicional, sendo esta vinculada também ao prazo de execução. Com relação
ao desempenho e qualidade, conclui-se que o fato das paredes serem produzidas em indústria
traz, sim, um diferencial positivo considerável em relação ao método tradicional.
Nota-se, também, que é, de fato, possível produzir moradia popular com baixo custo
final, segundo a empresa consultada, onde um projeto básico unifamiliar pode ser executado
com um investimento aproximado de R$ 49.500,00.
A partir das ideias propostas por este trabalho, profissionais e empresas podem
tomar conhecimento das técnicas relacionadas à área de pré-moldagem, conhecendo as
principais características deste sistema construtivo, desenvolvendo, assim, o surgimento de
novas ideias, visando à modernidade do setor.
E, por fim, sugere-se que, a partir deste, sejam elaborados trabalhos futuros com a
finalidade de explorar as variações do sistema construtivo em pré-moldados. Como sugestão,
pode-se destacar um trabalho com relação à implantação de uma empresa especializada em
construção baseada neste método, analisando, sobretudo, o investimento necessário e quantas
unidades de habitação seriam necessárias para começar a ser obtido o retorno financeiro.
85

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construção industrializada: Conceitos e Etapas Volume 1: Estrutura e Vedação. Brasília:
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Técnico de Pré-Fabricados de Concreto. São Paulo: Projeto Editores Associados Ltda.,
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______. NBR 15575: Edificações Habitacionais — Desempenho Parte 1: Requisitos gerais.


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Engenharia Civil)-Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, 2012.

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87

APÊNDICES
88

APÊNDICE A – Tabela de orçamento 1/4


SERVIÇOS TÉCNICOS E APROVAÇÕES
21/11/2016 CAU/SC PATRICIA PAGOU - NÃO TENHO COMPROVANTE DN R$ 83,58
21/11/2016 ENTRADA PREFEITURA PATRICIA PAGOU - NÃO TENHO COMPROVANTE DN R$ 84,39
21/11/2016 ENTRADA PREFEITURA PATRICIA PAGOU - NÃO TENHO COMPROVANTE DN R$ 30,88
28/11/2016 ENGENHEIRO CAIXA BOLETO VINDO DA DOC DN R$ 400,00
07/12/2016 RECIBO CARTÓRIO CARTÓRIO DN R$ 32,55

07/12/2016 CARTÓRIO ALANO CERTIDÃO DE PROCURAÇÃO DO ARNALDO P/ MARCELO DN R$ 19,85


13/12/2016 PROJETO PRIMEIRA PARCELA PROJETO PATRICIA - DINHEIRO DN R$ 450,00

20/12/2016 ASSINATURA DO CONTRATO NA CX ASSINATURA DO CONTRATO NA CX DN R$ 0,00


20/12/2016 TAXAS A VISTA DA CAIXA CEF DN R$ 1.012,17
20/12/2016 SEGURO CASA CEF DN R$ 405,76
04/01/2017 RECIBO CARTÓRIO CERTIDÃO MATRICULA ONUS P PREFEITURA EM VÃO DN R$ 11,90
MARCIA PAGOU ONLINE E EU DEI CHEQUE REINALDO PRA ELA VALOR
05/01/2017 ITBI EXATO DN R$ 876,53
13/01/2017 PROJETO ARQUITETÔNICO E COMPLEMENTARES CH R$ 1.411,00

30/01/2017 BOLETO CARTORIO FRJ FAZ PARTE DO REGISTRO DE IMOVEL BOLETO TRIBUNAL DE JUSTICA DN R$ 173,78
30/01/2017 CARTÓRIO CIVIL CARTÓRIO REGISTRO CONTRATO IMOVEL CH AVISTA CH R$ 866,68
SUBTOTAL ETAPA R$ 5.859,07
SERVIÇOS PRELIMINARES
12/01/2017 INSTALAÇÃO ENERGIA DEPOSITO GUSTAVO CORREA DN R$ 200,00
13/01/2017 RETROESCAVADEIRA DUAS HORAS DN R$ 220,00
12/01/2017 TABUAS CAIXARIA PRIMEIRA LEVA - ABRIGO PROVISÓRIO CH R$ 644,00
12/01/2017 ARAME RECOZIDO 18 - 1,24MM 1 QUILO DE ARAME - IMACON - 8,50
12/01/2017 CADEADO ZAMAK 35MM STAM 1 UNIDADE CADEADO - ABRIGO PROVISÓRIO - IMACON - 17,90
12/01/2017 CORRENTE CADEADO ELO SOLD. 60CM N°5 1 UNIDADE CORRENTE - ABRIGO PROVISÓRIO - IMACON - 9,90
12/01/2017 DOBRADIÇA ZINCADA 3" 1 UNIDADE DOBRADIÇA- ABRIGO PROVISÓRIO - IMACON - 6,00
12/01/2017 PREGO CC 16X24 1KG 1 PACOTE DE 1 KG PREGO - IMACON - 9,75
12/01/2017 PREGO TELHEIRO LISO POLIDO 18X30 1KG 1 PACOTE DE 1 KG PREGO - IMACON - 11,70
12/01/2017 TELHA ONDULADA 2.44 X 0.50 X 4MM 15 UNIDADES DE TELHAS - IMACON - 217,50
SUBTOTAL ETAPA R$ 1.345,25
INFRAESTRUTURA
12/01/2017 AREIA PREIMEIRA LEVA - PAGO CHEQUE 30 DIAS - 8M NA OBRA 6M IMACON CH R$ 450,00
16/01/2017 FERRO DIRETO PRIMEIRA LEVA 3X NO BOLETO IMACON BOLETO R$ 794,50
17/01/2017 BRITA FALCHETTI PRIMEIRA LEVA DE 7M FRETE GALEGO BOLETO R$ 345,51
17/01/2017 FRETE BRITA GALEGO FRETE BRITA AV DN R$ 100,00
18/01/2017 CIMENTO MIZU PRIMEIRA LEVA CIMENTO - 30 SACAS DN R$ 570,00
16/01/2017 PREGO 17X27 CABECA DUPLA 5 QUILOS DE PREGOS - IMACON - R$ 60,00
19/01/2017 FERRO CA-50 5/16 OU 8.0MM - 12M 8 BARRAS A 24,00 REAIS - IMACON - R$ 192,00
19/01/2017 FERRO CA-60 3/8 OU 10.0MM - 12M 9 BARRAS A 34,50 REAIS - IMACON - R$ 310,50
16/01/2017 ARAME RECOZIDO 18 - 1,24MM 5 QUILOS DE ARAME - IMACON - R$ 42,50
16/01/2017 PREGO CC 16X24 1KG 1 PACOTE DE 1 KG - IMACON - R$ 9,75
- MÃO DE OBRA PARCELA REFERENTE A ETAPA DN R$ 1.414,50
SUBTOTAL ETAPA R$ 4.289,26
SUPRAESTRUTURA
23/01/2017 TABUAS CAIXARIA SEGUNDA LEVA - PAGO CH 30-60 DIAS CH R$ 725,85
23/01/2017 CIMENTO MIZU SEGUNDA LEVA - DIRETO - PAGO A VISTA DN R$ 188,00
24/01/2017 FERRO DIRETO SEGUNDA LEVA - DIRETO - 3X BOLETO IMACON BOLETO R$ 835,55
30/01/2017 FERRO DIRETO TERCEIRA LEVA - DIRETO - COM NOTA - 3X BOLETO IMACON BOLETO R$ 835,55
31/01/2017 ESCORAS COMPRA 100 ESCORAS DN R$ 250,00
01/02/2017 AREIA IMPÉRIO 3 METROS PRA LAJE CARTÃO R$ 149,70
01/02/2017 CIMENTO SUPREMO EVERTON 30 CIMENTO PRA LAGE CH REINALDO CH R$ 600,00
02/02/2017 CIMENTO SUPREMO EVERTON 10 CIMENTO PARA LAJE CH R$ 200,00
03/02/2017 LAJE ITA - ADELI LAJE PORÃO CH R$ 1.150,00
06/02/2017 FERRO DIRETO FERRO COLUNAS DE CIMA - DIRETO BOLETO R$ 322,65
08/02/2017 BRITA IMPERIO IMPERIO NO CARTÃO CARTÃO R$ 66,50
10/02/2017 AREIA GROSSA IMPERIO NO CARTÃO CARTÃO R$ 99,80
14/02/2017 TABUAS DE 15 LAJE DE CIMA ADEMAR LEVOU DN R$ 98,00
14/02/2017 ESCORAS LAJE DE CIMA SEVERO PAGO A VISTA DN R$ 215,00
14/02/2017 BRITA IMPERIO IMPERIO NO CARTÃO CARTÃO R$ 133,00
16/02/2017 CIMENTO EVERTON DUAS CARGAS NA OBRA PEDREIROS RCEBERAM CH R$ 800,00
20/02/2017 FERRO 4.2 ULTIMOS FERROS PARA LAJE DE CIMA DN R$ 83,80
20/02/2017 SEGUNDA LAJE 89,2 METROS A $20 REAIS CH R$ 1.824,00
20/02/2017 CIMENTO EVERTON NA OBRA PEDREIROS RCEBERAM CH R$ 300,00
22/02/2017 BRITA IMPERIO IMPERIO NO CARTÃO CARTÃO R$ 133,00
23/02/2017 AREIA GROSSA IMPERIO NO CARTÃO CARTÃO R$ 249,50
06/02/2017-
24/03/2017 PREGO CC 17X27 1KG 7 QUILOS DE PREGOS - IMACON - R$ 66,50
25/01/2017-
06/02/2017 ARAME RECOZIDO 18 - 1,24MM 7 QUILOS DE ARAME - IMACON - R$ 59,50
25/01/2017-
30/01/2017 PREGO 17X27 CABECA DUPLA 10 QUILOS DE PREGOS - IMACON - R$ 120,00
- MÃO DE OBRA PARCELA REFERENTE A ETAPA DN R$ 8.146,60
SUBTOTAL ETAPA R$ 17.652,50
Fonte: Da Proprietária, adaptada pelos autores, 2017.
89

APÊNDICE B – Tabela de orçamento 2/4

Fonte: Da Proprietária, adaptada pelos autores, 2017.


90

APÊNDICE C – Tabela de orçamento 3/4

Fonte: Da Proprietária, adaptada pelos autores, 2017.


91

APÊNDICE D – Tabela de orçamento 4/4

Fonte: Da Proprietária, adaptada pelos autores, 2017.


92

ANEXOS
93

ANEXO A – Planta baixa da obra referência

Figura em Anexo E - Planta baixa da obra executada em alvenaria tradicional


94

ANEXO B – Planta baixa das fachadas

Figura em Anexo F - Planta Baixa - Fachada frontal e lateral


95

ANEXO C – Planta baixa – Cortes

Figura em Anexo G - Plantas dos cortes AA e BB


96

ANEXO D – Tabela SINDUSCON

Figura em Anexo H - Tabela Sinduscon/Seconci - CUB-SC 2017


97

ANEXO E – Síntese do projeto (CAIXA)

Figura em Anexo I - Declaração de execução de elementos construtivos

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