Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 80

LUIZ CEZAR DAMIAN CASSOL

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS

JOINVILLE
2013
LUIZ CEZAR DAMIAN CASSOL

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS

Trabalho de conclusão de curso a ser apresentado


ao Departamento de Engenharia Civil, da
Universidade do Estado de Santa Catarina –
UDESC como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.
Orientadora: Marianna Coelho Lorencet.

JOINVILLE
2013
Termo de Aprovação

Luiz Cezar Damian Cassol

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO EM EDIFICAÇÕES ANTIGAS

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade


do Estado de Santa Catarina – UDESC – como requisito parcial para colação de
grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 20 de junho de 2013.

Banca Examinadora

Orientador: ____________________________________________
Profª. Doutora Marianna Coelho Lorencet
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Membro: ____________________________________________
Profª. Doutora Nilzete Farias Hoenicke
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Membro: ____________________________________________
Profª. Mestre Sandra Denise Kruger Alves
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Joinville, 20 de junho de 2013


AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Paulo Cezar Cassol e Irene Virginia Damian por acreditarem,
confiarem, darem suporte e condições para que eu conseguisse chegar até aqui.
A minha namorada Viviane Tedesco que me deu muita força nesta
caminhada, não me deixando desistir. Nas horas mais difíceis, em que precisei,
sempre esteve do meu lado.
A todos os amigos, parceiros conhecidos que de alguma maneira fizeram
parte dessa história, nas alegrias e nas tristezas, em especial aqueles que
compartilhamos horas intermináveis de estudo.
A minha orientadora Professora Marianna Coelho Lorencet pela orientação
deste trabalho e por ter depositado confiança em mim, ao setor de assessoria de
obras da UDESC-Joinville e ao Prof. Dieter Neermann pela disponibilização das
informações e auxilio na realização do trabalho.
A todos os professores da UDESC e do DEC, importantes não apenas na
minha formação acadêmica, mas que cooperaram principalmente para minha
formação humana.
A toda a família que sempre esteve ao meu lado e torceu por mim, minha Irmã
Marina por sua amizade e companheirismo e em especial aos tios Geraldo e Vera
por todo o apoio e amizade que sempre ofereceram.
Enfim, agradeço a todas as pessoas que ajudaram a concretizar este sonho,
pessoas essas que são maravilhosas e estarão sempre guardadas no lado esquerdo
do peito, principalmente meus pais, minha namorada, minha Irmã, avós, avos, tios,
tias, primos, primas e amigos.
“Deixe o mundo mudar você e você
poderá mudar o mundo”

Ernesto Guevara de la Serna


RESUMO

As edificações antigas construídas antes da consolidação do concreto armado


como principal tipologia construtiva de estruturas nos anos 30 do século XX, são
memória viva de tempos passados, sendo que muitas delas encontram-se
abandonadas e poderiam ser recuperadas para que voltem a ser utilizadas. Em
muitos países a recuperação de edifícios antigos é parte importante do setor de
construção civil. Este trabalho tem por objetivo reunir um conjunto de informações
técnicas que auxiliem na elaboração de avaliações e propostas de intervenção em
edificações antigas. Foram selecionadas partes da edificação a serem avaliadas, e
em cada item foram definidos conceitos, requisitos, metodologias de avaliação e
soluções. Os itens que foram pesquisados são: fundações, sistema estrutural, pisos
e coberturas. Baseado na pesquisa bibliográfica foi realizado um estudo de caso,
avaliando as condições da edificação e propondo soluções para as patologias, no
prédio antigo da escola Germano Timm, no município de Joinville. Deste modo
concluiu-se que as informações reunidas constituem-se de um grande instrumento
de apoio na realização das avaliações e propostas de intervenção em edificações
antigas.

PALAVRAS-CHAVE: Edificações Antigas; Avaliação; Intervenção.


ABSTRACT

The old buildings built before the consolidation of the concrete as the main
building typology of structures in the 30’s of the twentieth century, are the living
memory of past times, many of them are abandoned and can be retrieved for re-use.
In many countries the recovery of old buildings is an important part of the
construction industry. This work aims to collect a set of technical information to assist
in assessments and intervention proposals of old buildings. Some parts of the
building are selected to be avaliated, and for each part the concepts, requirements,
evaluation methodologies and solutions were defined. Foundations, structural
system, floors and roofs were the parts that have been investigated. Based on the
bibliography research a case of study was developed, evaluating the conditions of
the building and proposing solutions to the pathologies the school Germano Timm, in
the city of Joinville. It was concluded that the information collected is a major
instrument of support in conducting the assessments and proposals for action in old
buildings.

KEYWORDS: Ancient Buildings; Assessment; Intervention.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 METODOLOGIA................................................................................................................ 11
3 CONCEITOS INICIAIS ..................................................................................................... 12
3.1 PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUIDO................................................... 12
3.2 INTERVENÇÃO EM EDIFICIOS ANTIGOS ......................................................... 15
4 AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ................................................................................. 18
4.1 AVALIAÇÃO HISTÓRICA..................................................................................... 19
4.2 FUNDAÇÕES........................................................................................................... 20
4.2.1 Conceitos...................................................................................................... 20
4.2.2 Requisitos .................................................................................................... 20
4.2.3 Metodologia de avaliação ........................................................................... 22
4.2.4 Possíveis Problemas/Soluções .................................................................... 26
4.3 SISTEMA ESTRUTURAL/ESTRUTURA ............................................................. 29
4.3.1 Conceitos...................................................................................................... 29
4.3.2 Requisitos .................................................................................................... 31
4.3.3 Metodologia de Avaliação........................................................................... 33
4.3.4 Possíveis Problemas/Soluções .................................................................... 35
4.4 PISOS........................................................................................................................ 43
4.4.1 Conceitos...................................................................................................... 43
4.4.2 Requisitos .................................................................................................... 44
4.4.3 Metodologia de Avaliação........................................................................... 44
4.4.4 Possíveis Problemas/Soluções .................................................................... 44
4.5 COBERTURA........................................................................................................... 46
4.5.1 Conceitos...................................................................................................... 46
4.5.2 Requisitos .................................................................................................... 47
4.4.3 Metodologia de Avaliação........................................................................... 47
4.4.4 Possíveis Problemas/Soluções .................................................................... 48
5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 49
5.1 APRESENTAÇÃO DO IMÓVEL ........................................................................... 49
5.1.1 O município de Joinville............................................................................. 50
5.1.2 Preservação do Patrimônio Histórico em Joinville.................................. 53
5.1.3 Localização do Prédio ................................................................................ 57
5.1.4 História da E. E. B. Germano Timm......................................................... 58
5.1.4 Tipologia Construtiva................................................................................. 59
5.2 AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO ........................................................................... 62
5.1.4 Fundações .................................................................................................... 66
5.1.4 Paredes/Estrutura....................................................................................... 68
5.1.4 Pisos.............................................................................................................. 71
5.1.4 Cobertura .................................................................................................... 73
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 76
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 77
ANEXOS ................................................................................................................................. 79
9

1 INTRODUÇÃO

Após a domesticação de plantas e animais, o homem deixou o nomadismo de


lado e começou a fixar-se em pequenas comunidades, passou a deixar as cavernas
que até então serviam como principal forma de abrigo e foi aprendendo a construir
seu próprio abrigo. Além do abrigo pessoal, surge a necessidade de novas
edificações para satisfazer outras atividades humanas como lazer, transporte,
religião, educação e outras.
Com o passar dos anos foram desenvolvidas novas ferramentas e novos
conhecimentos que possibilitaram o aprimoramento dessas construções. Esse
avanço da civilização possibilitou o homem a satisfazer cada vez mais suas
necessidades e, consequentemente, tornou-o mais exigente.
O que o homem é hoje decorre de todo um passado que ele não pode ignorar.
A engenharia civil atual é a filha e a herdeira direta de cerca de dez mil anos do
exercício da arte de construir moradias, templos, túmulos, estádios, teátros,
auditórios, aquedutos, pontes, barragens, portos, canais e túneis, e o conhecimento
deste passado é fundamental para que se tenha a real dimensão da engenharia de
nossos dias (NETO, 2002).
As edificações antigas são testemunhos da evolução humana e são uma
parte do passado e espelham a era em que foram construídas, com técnicas,
materiais típicos e soluções para os problemas enfrentados nos tempos de suas
construções. É de grande importância a recuperação de edificações para a
manutenção da herança cultural que elas representam. De acordo com a Carta de
Veneza,

As construções dos diversos períodos de evolução humana são


marcas da caminhada da humanidade e fazem parte da nossa
história. A conservação e a reabilitação de edifícios são
preocupações existentes há séculos tanto como forma de preservar o
patrimônio construído como forma de se evitar gastos com novas
construções (ICOMOS, 1964).

Os núcleos centrais mais antigos e densamente ocupados das cidades


10

oferecem raras opções de terrenos onde possa implementar novas edificações, ao


lado disso, não raro, encontram-se prédios antigos, com valor histórico e cultural,
abandonados ou subutilizados. Essas edificações se encontram muitas vezes
degradadas mas podem ser restabelecidas para sua utilização, seja ela, original ou
não. A intervenção nestes prédios buscando a sua utilização para habitação,
equipamentos públicos, comércio, lazer ou outros pode contribuir para a melhor
ocupação e utilização do espaço urbano.
Sendo os trabalhos existentes nesta área, normalmente dirigidos a discussão
sobre políticas de proteção ao patrimônio, constata-se uma carência de bibliografia
nacional, com carácter simultaneamente técnico e prático, onde se faça uma
abordagem sistemática dos problemas que a construção antiga pode exibir e das
medidas a adotar para sua reparação e reabilitação. Pretende-se deste modo,
discutir uma metodologia simples de avaliação e acompanhamento para realizar a
avaliação e elaborar um plano de recuperação para as edificações.
Outro objetivo do trabalho é, através de um estudo de caso e baseado na
metodologia pesquisada, elaborar a avaliação e recomendações de intervenção
necessárias para a recuperação de uma edificação antiga.
A fim de definir conceitos e apresentar o tema, primeiramente o trabalho
apresenta uma revisão bibliográfica sobre o tema. Posteriormente procura-se
elaborar um guia pratico para auxilio na realização da avaliação e intervenção na
edificação, para essa abordagem os itens a serem avaliados e corrigidos são
divididos e em cada item é apresentada uma pequena revisão, apresentação dos
principais problemas encontrados e possíveis soluções. No estudo de caso é
aplicada a metodologia discutida anteriormente para a realização de uma avaliação
e indicativos para a resolução dos problemas em uma edificação real.
11

2 METODOLOGIA

Primeiramente foi realizada uma revisão bibliográfica com base em artigos,


livros, manuais, teses dentre outras fontes a fim de se obter embasamento teórico
para a pesquisa. Posteriormente buscou-se elaborar um material de apoio com
diretrizes para a realização de avaliações e soluções de intervenção em edificações
antigas. Este material de apoio foi elaborado com base na bibliografia pesquisada e
foi dividido em cinco partes: avaliação histórica, fundações, sistema estrutural, pisos
e cobertura. Em cada parte foram definidos conceitos e requisitos, informados por
meios de avaliação e apresentando problemas, suas prováveis causas e soluções.
O estudo de caso foi realizado no prédio antigo da escola Germano Timm, na
cidade de Joinville-SC, e para sua elaboração foi realizada uma inspeção visual da
edificação e seus elementos, dentro das possibilidades do método utilizado. Foi feita
uma avaliação das condições arquitetônicas, estruturais e de fundações do prédio.
Após a análise dos resultados obtidos nas avaliações, e com base na
bibliografia pesquisada, foram realizadas propostas de intervenções para a
resolução dos problemas/patologias apresentadas.
12

3 CONCEITOS INICIAIS

3.1 PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUIDO

A preservação e reabilitação de edifícios é uma preocupação que já se


observa há séculos. Pimentel e Martins (2005) indicam que foi na época do
renascimento, e com o intuito de preservar os achados clássicos, que foram
esboçadas as primeiras ideias de intervenção em edifícios existentes.
A preservação do patrimônio histórico público, teve como acontecimento
fundante a revolução francesa. Diante do confisco dos bens da realeza e da
burguesia e dos atos de destruição dos bens que representavam um período de
opressão, uma voz se levantou em favor da preservação dos bens materiais da
monarquia deposta. Isto demonstra a importância da proteção com o intuito de
manter e preservar a identidade de uma comunidade ética ou religiosa, nacional,
tribal ou familiar (ALTHOFF, 2008).
Até a primeira metade do século XX, o conceito de patrimônio arquitetônico
estava basicamente restringido a monumentos e edifícios de grande beleza e
imponência arquitetônica. Em 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e
Técnicos de Monumentos Históricos, em Veneza, o conceito foi ampliado,

O conceito de monumento histórico engloba, não só as


criações arquitetônicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos
ou rurais, nos quais sejam patentes os testemunhos de uma
civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do
progresso, ou algum acontecimento histórico. Este conceito é
aplicável, quer às grandes criações, quer às realizações mais
modestas que tenham adquirido significado cultural com o passar do
tempo (ICOMOS,1964).

O Brasil elaborou seu primeiro instrumento legal para proteger o patrimônio


histórico nacional, em 1937, no governo de Getúlio Vargas, quando foi promulgado o
13

decreto-lei nº25, primeira lei de proteção ao patrimônio histórico nacional. Em 1938


foram feitos os primeiros tombamentos no estado de Minas Gerais. Pelo decreto-lei
nº25, o patrimônio nacional é definido como "conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação é de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico."(BRASIL, 1937)
No mesmo ano foi criado o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). A criação da instituição obedece a um princípio normativo,
atualmente contemplado pelo artigo 216 da Constituição da República Federativa do
Brasil, que define patrimônio cultural a partir de suas formas de expressão; de seus
modos de criar, fazer e viver; das criações científicas, artísticas e tecnológicas; das
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. O IPHAN
está hoje vinculado ao Ministério da Cultura (IPHAN, 2008).
Segundo Altholff (2008), os primeiros bens a receber a proteção legal em solo
catarinense, foram quatro fortificações construídas no século XVIII, tombadas no ano
de 1938, localizadas na Ilha de Santa Catarina. Em Joinville, os primeiros
tombamentos foram: Palácio dos Príncipes (1938); Cemitério Protestante (1962);
Parque à Rua Marechal Deodoro, 365 (1965). Apesar da presença eventual dos
técnicos do Patrimônio Nacional no Estado e dos tombamentos já concretizados, a
criação de um escritório do IPHAN em terras catarinenses, só se deu no ano de
1983.
O tombamento é um ato administrativo realizado pelo poder público com
objetivo de preservar o patrimônio histórico, estabelecendo limites aos direitos
individuais afim de resguardar e garantir os direitos de conjunto da sociedade. Um
bem tombado pode ser vendido, alugado ou herdado, uma vez que o tombamento
não altera a sua propriedade, apenas proíbe sua destruição ou descaracterização
(IPPUJ, 2011).
Segundo Pimentel e Martins (2005), as edificações antigas ganham
significado de patrimônio e devem ser preservados quando classificados de acordo
com os seguintes critérios:
14

Critério Histórico/Cultural – quando as edificações apresentam um importante


significado histórico; Representam um símbolo para o país, estado, município e/ou
para as populações; Sejam memória da fixação humana, das suas atividades, num
espaço e num período considerado; Sejam a expressão, de reconhecido mérito, de
um movimento, tendência ou corrente arquitetônica, arquitetônico urbanística ou
arquitetônico paisagista, com relevo nacional ou internacional; Tenham exercido uma
influência considerável em determinado período ou região, independentemente do
tempo a que pertencem.

Critério Estético/Social – quando as edificações se destacam pelas suas


qualidades estéticas; pela sua relação com o meio envolvente; Ilustrem um estádio
social evolutivo da intervenção humana, sem prejuízo desse meio; Sejam
representativos da coexistência ou sobreposição de diferentes crenças ou tradições
naqueles espaços, ao longo de diferentes tempos.

Critério Técnico/Científico – aplica-se edificações que se destacam pelas


concepções arquitetônicas e urbanísticas, individual ou conjuntamente consideradas;
Se destacam pelas técnicas e materiais construtivos, independentemente de se
tratar de monumentos ou conjuntos “eruditos” ou “populares” e destes se
encontrarem em áreas urbanas ou zonas rurais; Sendo edifícios ou espaços que,
embora não possuindo importante qualificação, formam palco ou cenário de
atividades técnico-científicas marcantes ou de reconhecida importância.
15

3.2 INTERVENÇÃO EM EDIFICIOS ANTIGOS

De acordo com o “International Council on Monuments and Sites”


(ICOMOS,2003) a edificação pode apresentar níveis de deterioração diferentes, e de
acordo com esse nível de deterioração é necessário um certo tipo de intervenção,
podendo ser identificados como: Manutenção – envolve os trabalhos rotineiros
reparativos quanto a possíveis danos, assegurando que a edificação desempenhe
as funções para as quais fora dimensionada; Conservação – refere-se a ações de
salvaguarda que procuram evitar o aparecimento de patologias e problemas na
edificação, prolongando a vida útil da edificação; Reabilitação – refere-se a qualquer
ação que assegure a sobrevivência e a preservação para o futuro. Enquadra-se aqui
a intervenção para uso futuro do edifício, pelo que a avaliação da função
adequada/compatível com a estrutura e a tipologia do edifício e uma das premissas
deste processo; Reconstrução – em casos de demolição total/parcial que exijam a
reconstrução no todo ou em partes da edificação.
A reabilitação de edifícios consiste na intervenção necessária para dotar os
mesmos de condições de habitabilidade, segurança e conforto que até então não
tinham, ou tiveram e foram se perdendo com o passar do tempo. Desta forma, há
que se ter a preocupação necessária para realizar estas intervenções, de modo a
respeitar a arquitetura, tipologia e sistemas construtivos dos edifícios em questão
(ZACARIAS, 2012).
Althoff (2008) alerta que muitas vezes são elaborados projetos de reabilitação
e revitalizações meramente estetizantes. Essas intervenções consistem em grande
parte apenas em pintura e pequenas reparações em telhados e esquadrias,
melhorando apenas a aparência externa da edificação, evidenciando a importância
que a imagem vem adquirindo a partir do final do século XX. No Brasil, esta
tendência foi abraçada por alguns municípios, que possuíam áreas históricas de
importância nacional, como Pelourinho (Salvador, BA), São Luiz (Ma), e Recife (PE).
Além de algumas consequências adversas às comunidades locais, preteridas em
nome da indústria turística, do ponto de vista técnico da conservação – restauração,
a preocupação predominante foi com a imagem.
Usualmente os edifícios chegam ao que se chama o seu “fim de vida” mais
pelo efeito da pressão econômica externa e pela falta de utilização do que pelo fato
16

de não ser possível a sua reabilitação (TAVARES, COSTA e VARUM, 2011). Assim
se verifica a necessidade de se promover programas que facilitem e incentivem a
reabilitação desses edifícios. Em alguns países da Europa a reabilitação de edifícios
corresponde a uma parcela significativa do mercado da construção civil como
mostrado no gráfico 1.

Gráfico 1: Peso da reabilitação residencial na produção total da construção em países da


Europa.

Fonte: Associação de empresas de construção, obras públicas e serviços


(AECOPS).

De acordo com Tavares, Costa e Varum (2011), um bom diagnóstico dos


problemas deve ser realizado através de uma inspeção detalhada na edificação, o
que atualmente conta com vários meios para ser realizada. Este permitirá definir
claramente a intervenção mais adequada e urgente para a eliminação das causas
que deram origem aos danos. O projeto de intervenção deve seguir alguns princípios
como: garantia da reversibilidade das soluções preconizadas; adoção de soluções
com o mínimo de intrusão; adaptação da função ao espaço e das características do
edifício; privilegiar a recuperação através de processos/técnicas antigas; privilegiar
soluções de intervenção faseadas no tempo, como meio de diminuição de soluções
de grande envergadura e diminuindo custos financeiros e sociais; aferição previa do
nível de valor histórico, cultural e tecnológico do edifício.
Segundo Mazzolani (1991), os critérios gerais com os quais uma intervenção
é conduzida estão estritamente ligados à definição preliminar e à escolha de um
nível adequado de intervenção. A singularidade do nível de intervenção mais
17

apropriado é função de uma variável complexa, considerando a importância da obra,


a destinação do uso após a intervenção, o sistema tecnológico a utilizar, o grau de
segurança a alcançar e a disponibilidade de verbas.
Appelaton (2010) indica que reabilitar edifícios antigos significa preservar uma
grande parte dos elementos construídos, reduzindo a quantidade de entulhos de
demolições necessárias e geração de resíduos das correspondentes reconstruções.
Reabilitar significa consumir menores quantidades de energia na produção e
aplicação de produtos de construção, reduzir as emissões de CO2 e limitar as
quantidades de produtos de demolição a remover e destruir. Reabilitar significa,
tanto quanto possível, o uso de materiais tradicionais naturais (madeira, pedra, areia
e cal), por oposição ao uso de materiais industriais artificiais como o cimento, o aço,
o alumínio, o plástico e outros materiais poliméricos, etc. Reabilitar significa também
a possibilidade de um fácil reaproveitamento de produtos de demolição, com a sua
integração na própria obra a reabilitar ou em outra obra de características similares.
Zacarias (2012) identifica a alteração do conforto nas edificações antigas
como uma preocupação cada vez mais assídua na reabilitação dos edifícios, não se
limitando apenas às alterações de espaço. As exigências de desempenho e conforto
que se procura obter são aquelas que contribuem para a satisfação das
necessidades de uso daquela edificação.
A Carta de Veneza (ICOMOS, 1964), documento de orientações para a
intervenção em edificações históricas, propõe que as alterações respeitem a
originalidade da edificação a ser modificada, portanto é um desafio adequar a
edificação aos padrões atuais.
18

4 AVALIAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

A análise e a reabilitação de estruturas antigas representam grandes desafios


devido à sua complexidade geométrica intrínseca, à heterogeneidade e variabilidade
das propriedades dos materiais tradicionais, ao escasso conhecimento sobre as
técnicas construtivas originais, à difícil caracterização das ações e à quase
inexistência de normas ou instruções específicas que salvaguardem os técnicos
responsáveis. Adicionalmente, as restrições à inspeção e remoção de amostras em
edifícios de elevado valor histórico, bem como, os custos elevados das tarefas de
inspeção e diagnóstico, conduzem frequentemente a informação muito reduzida
sobre a composição construtiva interna dos elementos estruturais e sobre as
propriedades dos materiais existentes (LOURENÇO, 2005).
Pimentel e Martins (2005) sugerem que ao ser confrontado com o imóvel a
ser reabilitado, o interessado deve primeiramente fazer uma prospecção histórica,
arquitetônica e construtiva do edifício. Desta forma é possível identificar o intuito
para que foi construído, as diversas intervenções que teve ao longo do tempo, o
porquê dos materiais utilizados, etc. Seguidamente, deve-se estudar
cuidadosamente as patologias de que o edifício padece, seu estado de conservação,
segurança, tipo de anomalias e níveis de conforto que oferece. Posteriormente,
deve-se traçar os objetivos da intervenção a fazer com base na utilização que quer
se dar ao imóvel e fins a que se destina.
É necessário que esta abordagem seja feita com rigor e de forma mais
pormenorizada possível, devendo apresentar relatórios feito com critério e
consciência, complementado com documentos, fotografias, desenhos, pareceres,
etc.
Não existe normatização brasileira a respeito dos procedimentos a serem
adotados para a realização da avaliação e a maneira que esta avaliação deve ser
apresentada. Em outros países, onde as intervenções em prédios históricos são
parte significativa do setor de construção civil, existem recomendações e
normatizações especificas para a avaliação destas edificações. No anexo I são
19

apresentadas as recomendações portuguesas para a avaliação de edificações


antigas, a IF 017 – Levantamento de edifícios antigos de alvenaria resistente
incluindo estruturas de madeira.
A seguir serão descritos passos metodológicos auxiliares para a realização da
avaliação e escolha de soluções.

4.1 AVALIAÇÃO HISTÓRICA

A pesquisa histórica e a identificação da funcionalidade presente e passada


da construção são de extrema importância para definir o seu valor histórico, cultural
e funcional que a edificação possui. Essa análise pode confirmar ou pôr em cheque
a importância da reabilitação do prédio, sugerir a manutenção da utilização original
ou a implementação de uma nova.
Recomenda-se que essa pesquisa seja realizada por uma equipe
multidisciplinar, a ser definida segundo o tipo e a escala do problema. O objetivo
dessa pesquisa histórica e arqueológica sobre a edificação é uma compreensão dos
motivos que originaram sua construção, seu uso ou seus diferentes usos no
passado, as modificações ou alterações sofridas durante os anos, os métodos e
materiais utilizados em sua construção, a verificação de possíveis previsões de
ampliação do prédio, suas características estruturais e físicas.
É essencial obter informações sobre a estrutura original ou etapas anteriores,
sobre as técnicas que foram usadas na construção, as alterações sofridas e seus
efeitos, sobre os fenômenos ocorridos e, finalmente, sobre o seu estado atual.
A equipe deve buscar o maior número possível de informações sobre a
edificação, sendo que a pesquisa deve ser feita em diversos locais como bibliotecas,
arquivos de projetos, arquivos históricos, jornais, revistas, etc.
20

4.2 FUNDAÇÕES

4.2.1 Conceitos

Azeredo (1997) define fundações como sendo elementos estruturais


destinados a transmitir ao solo as cargas provenientes de uma edificação, podem
ser classificadas em fundações diretas, quando transferem as cargas ao solo
diretamente pela base da fundação e indiretas, quando transferem as cargas
principalmente por atrito lateral.
Antes da disseminação da utilização do concreto armado, nas edificações
antigas, as fundações eram essencialmente de 3 tipos: fundações diretas, com o
simples prolongamento da parede resistente, com largura igual, ou superior caso o
tipo de terreno o justificasse; fundações semidiretas constituídas por poços de
alvenaria de pedra, encimados por arcos de alvenaria de pedra ou tijolo; fundações
indiretas, com recurso a estacas, principalmente as de madeira. ZACARIAS (2012).

4.2.2 Requisitos

Segundo Hachich et al. (1998, p. 212), os requisitos básicos que a fundação


deve atender são:

a) deformações aceitáveis sob as condições de trabalho;


b) segurança adequada ao colapso do solo de fundação (estabilidade
"externa ");
c) segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade
"interna").
21

Figura 1: Patologias nas fundações –


a) Deformações excessivas; b) colapso do solo; c) colapso dos elementos de fundação.

Fonte: Hachich et al.

A condição de segurança das fundações pode ser verificada adotando-se os


parâmetros apresentados pela NBR 6122/2010, Segundo a NBR 6122 (2010), as
situações de projeto a serem verificadas quanto aos estados limites último (ELU) e
de serviço (ELS) devem contemplar as ações e suas combinações e outras
solicitações conhecidas e previsíveis. Deve ser considerada a sensibilidade da
estrutura às deformações das fundações. Estruturas sensíveis a recalques deverão
ser analisadas considerando-se a interação solo estrutura.
O projeto deve assegurar que as fundações apresentem segurança quanto
aos:
a) estado limite último (associados a colapso parcial ou total da obra).
b) estado limite de serviço (quando ocorrem deformações, fissuras, etc. que
comprometem o uso da obra).
Os estados limites últimos representam os mecanismos que conduzem ao
colapso da fundação. Os seguintes mecanismos podem caracterizar o estado limite
último:
a) perda de estabilidade global;
b) ruptura por esgotamento da capacidade de carga do terreno;
c) ruptura por deslizamento (fundações superficiais);
22

d) ruptura estrutural em decorrência de movimentos da fundação;


e) arrancamento ou insuficiência de resistência por tração;
f) ruptura do terreno decorrente de carregamentos transversais;
g) ruptura estrutural (estaca ou tubulão) por compressão, flexão, flambagem
ou cisalhamento.
O valor limite de serviço para uma determinada deformação é o valor
correspondente ao comportamento que cause problemas como, por exemplo, trincas
inaceitáveis, recalques excessivos, vibrações ou comprometimentos à
funcionalidade plena da obra.

4.2.3 Metodologia de avaliação

São vários sinais que podem identificar problemas nas fundações da


edificação: trincas nas paredes, recalques diferenciais em pontos distintos do prédio,
infiltrações na base das paredes dentre outros.
Recomenda-se recolher dados referentes às fundações, através da realização
de poços de sondagem, que permitem, por amostragem para cada tipo de parede,
caracterizar com suficiente rigor a tipologia e a geometria das fundações. Sendo
necessária a caracterização do solo de fundação, poderão ser realizadas sondagens
verticais, realizados ensaios como o SPT ou mesmo ensaios laboratoriais com
amostras de solo recolhidas com amostrador. A verificação da variação do nível
freático no terreno é um ponto importante, pois essa variação pode causar
patologias na fundação.
Segundo Tavares, Costa e Varum (2011), o recolhimento de dados para
observação direta pode necessitar manobras de descobrimento da fundação para a
verificação da integralidade do elemento, conforme figuras 2 e 3, no entanto, a
remoção de terras ou elementos deve ser realizada com critérios de segurança.
Devem ser observadas as condições de apoio da fundação no solo e a
interação entre a superestrutura e a fundação, para garantir o caminhamento das
cargas para o solo.
23

Figura 2: Abertura de vala para a verificação da fundação.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

Figura 3: Perfuração de inspeção para a verificação da fundação.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

O recolhimento de amostras do elemento de fundação para análise em


laboratório pode ser feita a fim de se conhecer os elementos constituintes as tensões
admissíveis se assim for considerado necessário. A figura 4 mostra um exemplo de
obtenção de amostra em uma fundação de alvenaria.
24

Figura 4 – Exemplo de poço de inspeção de fundações de um edifício de alvenaria de pedra.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

A situação de assentamento pode ser revelada pelo aparecimento de fissuras


inclinadas nas paredes derivadas dos esforços cortantes a que as paredes passam
estar sujeitas. O efeito torna-se mais frequente em zonas de terrenos
siltosos/argilosos. A variação dos níveis de umidade do solo surge com frequência
associada a alterações do nível freático nas imediações do edifício, mas igualmente
devido a rupturas no sistema de águas urbano, execução de poços ou sistemas de
drenagem ou rega excessiva nas imediações. O recalque das fundações ou
cedência do terreno na área das fundações é a consequência mais comum,
perceptível através da inclinação das fissuras das paredes. A fissuração poderá
apresentar uma configuração de arco parabólico em situações de maior coesão da
parede. Este fenômeno deverá ser analisado para o diagnóstico correto da sua
causa, já que poderá estar associada a outros problemas estruturais que não os
relativos a fundações.
As figuras 5 e 6 mostram exemplos de patologias associadas a problemas de
fundações.
25

Figura 5: Patologia provavelmente devida ao assentamento de fundação por


descompressão lateral do terreno, resultante de escavação superficial e demolição intrusiva
em edifício contíguo.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

Figura 6: Danos nas paredes de construção por motivo de assentamento e junção num
mesmo pano de parede de materiais com comportamento diferente sem junta de dilatação
intercalar.

Fonte: Pimentel e Martins.


26

4.2.4 Possíveis Problemas/Soluções

De acordo com Tavares, Costa e Varum (2011), os problemas estruturais com


as fundações decorrem sobretudo dos fatores: alterações do nível freático nas
camadas do subsolo por escavações ou vibrações em áreas vizinhas; falta de
medidas preventivas de contenção de fundações em obras de escavação nos limites
do edifício existente; problemas de degradação das estacas do edifício existente;
alteração dos níveis de carga impostos às fundações originais nomeadamente com
a ampliação de pisos e alterações de uso do edifício, que impõem cargas superiores
para as quais as fundações foram projetadas.
As intervenções ao nível das fundações podem apresentar-se como reforços,
recalce de fundações, ampliações ou substituições parciais, sendo sempre
importante garantir o seu funcionamento em conjunto com a estrutura
original/existente.
Assim, apontam-se algumas formas de intervenção em fundações segundo
(Carrio, 1997):

Reparação – solução empregada quando a base de apoio da fundação é


suficiente mas sua capacidade se encontra comprometida por problemas de
execução ou deterioração. É executada através da injeção de polímeros ou
argamassas (graute), eventualmente com apoio de tábuas ou muretes para a
confinação, ou pela introdução de armaduras metálicas com conectores de ligação
sapata/parede de fundação ou laje de piso. Consoante o tipo de dano verificado ou
alterações na construção que impliquem exigência de nova capacidade de carga
pode igualmente ser ponderada a utilização de micro estacas, devidamente
espaçadas, desde que tal procedimento não venha a ser intrusivo na imagem do
edifício.

Reforço – solução utilizada quando o estado de conservação é adequado mas


a superfície de apoio é insuficiente ou o terreno se tornou instável, sendo necessária
uma correção ao nível da capacidade de transmissão de cargas para o terreno,
como por exemplo em situações de ampliação em altura de uma construção. Pode
igualmente estar associado à necessidade de contenção de forças horizontais
27

impostas às paredes de fundação. O reforço pode ser realizado lateralmente à


fundação existente, ou por baixo desta. Na primeira hipótese, deve-se possuir
elementos que unifiquem o funcionamento com a antiga e na segunda hipótese tem-
se a construção de uma sapata por baixo da anterior com as dimensões necessárias
para a carga atuante ou prevista, exigindo normalmente operações laboriosas na
sua execução. Podem ainda ser utilizadas soluções de melhoria de compacticidade
do terreno através de injeções na área de implantação da mesma.
A construção de um muro de fundação adjacente à fundação existente é
comumente realizado em concreto armado conforme figura 7.

Figura 7: Reforço lateral em fundação continua.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

Substituição parcial – solução empregada quando, pelo deficiente estado de


conservação da fundação, não é possível aplicar um reforço ou correção através de
ampliação da fundação existente.

Estacas ou micro-estacas – solução utilizada para melhorar e reforçar a


capacidade de transmissão das cargas para o terreno. Pressupõe-se um
conhecimento aprofundado do terreno de fundação através, por exemplo, de um
estudo geológico/geotécnico. Na sua execução deve-se ter em atenção com o
eventual efeito negativo das vibrações de forma a não danificar mais as paredes já
28

deterioradas.

Figura 8: Aplicação de micro-estacas para reforço da fundação.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

Os cuidados ao nível de intervenção nas fundações podem não ser apenas


de natureza estrutural, mas ao nível da melhoria das condições de funcionamento e
durabilidade do edifício, sendo, cada vez mais, de corrente aplicação a drenagem
periférica que é normalmente utilizada para a correção de umidades ascensionais e
manutenção de pisos térreos de madeira.
29

4.3 SISTEMA ESTRUTURAL/ESTRUTURA

Tendo por base o levantamento da arquitetura, o levantamento do sistema


estrutural visa a caracterização dos elementos estruturais da construção em termos
da sua geometria e constituição, bem como as propriedades mecânicas, se tal for
pretendido.

4.3.1 Conceitos

A função da estrutura é fornecer um caminho seguro para as cargas da


superfície para a infraestrutura (fundações), ela deve oferecer segurança,
durabilidade, economia, funcionalidade e estética. A estrutura deve ainda resistir a
todas as cargas as quais é submetida como o peso próprio, sobrecargas, vento,
descargas atmosféricas, terremotos e incêndios. A estrutura das construções é
composta por vários materiais adequadamente dispostos e solidarizados. Existem
várias opções de sistemas estruturais para edifícios (SÁ E CRISÓSTOMO, 2005).
Segundo Engel (2003), as estruturas na natureza e na técnica servem com o
propósito de não somente controlar o seu peso próprio, mas também de receber
carga adicional. Esta ação mecânica é o que se chama de 'suporte'. A essência do
processo de suporte, de qualquer maneira, geralmente não é uma ação aberta de
recebimento de carga, mas o processo interno de operação de transmiti-las. Sem a
capacidade de transferir e descarregar cargas, um sólido não pode suportar seu
peso próprio e menos ainda uma sobrecarga.
A estrutura, portanto, compreende as três operações subsequentes:
- Recepção de carga;
- Transmissão de carga;
- Descarga.

Silva (2010) indica que a relação entre elementos estruturais e não estruturais
30

pode variar muito, mas em todos os casos a estrutura será responsável por dar
suporte aos elementos não estruturais. Em alguns edifícios as paredes, pisos e
telhado também podem ser elementos estruturais, capazes de resistir e conduzir
cargas. Em outros edifícios, a estrutura pode ser totalmente separada das paredes,
pisos e telhado.
A maioria das edificações anteriores ao século XX, desde os exemplos
eruditos, até as habitações correntes, incluindo prédios, foi feita a partir de uma
estrutura, que compreende fundações e paredes mestras em alvenaria de pedra ou
barro, pisos intermédios em madeira e cobertura em telhado, cujas peças cerâmicas
assentam sobre uma estrutura também em madeira (CABRITA E AMARAL, 2010).
No fim do século XIX, com o início da produção de vigas e pilares em ferro
fundido, surgiu a primeira ameaça ao domínio da alvenaria como solução estrutural.
Mas, somente no século XX, com a introdução da regulamentação (Reino Unido,
Franca e Alemanha) para estruturas de concreto armado, reduziu-se o uso da
alvenaria como material estrutural, pelo fato do concreto apresentar as
características de um material estrutural durável, resistente, moldável e econômico.
Anteriormente à utilização do concreto, os materiais disponíveis para a construção
de estruturas ficavam restritos praticamente a alvenarias (tijolos cozidos, adobe ou
pedras) e madeira (MARTINS, 2010).
A palavra alvenaria deriva do árabe “albanna”, estando as edificações em
alvenaria entre as construções que tem maior aceitação pelo homem, em todos os
tempos. Edifícios monumentais em alvenaria de tijolo ainda permanecem de pé
apesar da passagem do tempo. A alvenaria foi o principal método construtivo até o
inicio do século XX, e o tijolo um dos mais antigos materiais manufaturados ainda
com uso generalizado, e tal deve-se também as suas características.
Nos casos alvos do trabalho, em termos de estrutura normalmente não existe
concreto armado (a não ser que tenham ocorrido intervenções mais recentes), pelo
que prevalece a alvenaria de pedra ou barro, com os pisos de travejamento de
madeira e, nalguns casos, em pedra. Em zonas onde exista aglomerado habitacional
(normalmente zonas históricas), as edificações contíguas têm no travejamento dos
pisos uma continuidade, formando, assim, uma estrutura única, a qual exige muito
cuidado ao ser interrompida. (PIMENTEL e MARTINS, 2005) A figura 8 mostra uma
estrutura básica de edificações erguidas em alvenaria portante.
31

Figura 8: Corte esquemático de construção em alvenaria portante de tijolo maciço.

Fonte: Pimentel e Martins.

4.3.2 Requisitos

Uma estrutura deve ser capaz de absorver todas as ações em qualquer


direção e se manter em estado de equilíbrio. E, além disso, também deve ser
estável. Os elementos estruturais devem estar devidamente conectados de tal forma
que seja possível transmitir as ações (cargas) aplicadas às fundações e
consequentemente todo sistema alcance o equilíbrio desejado. O sistema estrutural
só será eficiente na medida em que todos os seus elementos estruturais tenham
resistência necessária e suficiente para resistir aos esforços solicitantes. A
resistência dos elementos estruturais depende da resistência dos seus materiais e
da forma de sua seção transversal (ENGEL, 2003).
Silva (2010), afirma que não menos importante que as propriedades que uma
estrutura deve possuir (equilíbrio, estabilidade e resistência), uma adequada rigidez
é a quarta propriedade que deve ser levada em consideração no desenvolvimento
do projeto de uma edificação. Todos os materiais estruturais deformam quando
solicitados aos esforços internos, causados pelo carregamento externo da estrutura.
32

Portanto, é necessário que a estrutura seja suficientemente rígida para que não
ocorram deslocamentos excessivos. A rigidez de uma estrutura depende das
propriedades do material e da forma de sua seção transversal, e ela deve ser grande
o suficiente para evitar deslocamentos excessivos na estrutura.
Em resumo, os requisitos básicos de um determinado sistema estrutural são:

Equilíbrio – requer a determinação adequada de todos os seus elementos e a


consideração de todas as possíveis formas de carregamento, externo ou interno;

Estabilidade – normalmente obtida através de um sistema adequado de


contraventamentos, que é determinado através da análise da geometria do sistema
estrutural;

Resistência e Rigidez – são obtidas através das especificações dos


elementos estruturais, que devem ter materiais e seções transversais adequadas.

A norma que fixa os requisitos exigíveis na verificação da segurança das


estruturas e estabelece as definições e os critérios de quantificação das ações e das
resistências a serem consideradas nas estruturas de edificações, quaisquer que
sejam sua classe e destino, é a NBR 8681(2003).
De acordo com esta norma, os requisitos gerais que a estrutura deve atender
são os estados limites que podem ser últimos ou de serviço. Os estados limites
considerados nos projetos de estruturas dependem dos tipos de materiais de
construção empregados e devem ser especificados pelas normas referentes ao
projeto de estruturas com eles construídas, sendo:

Estado Limite Último – perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a


estrutura como um corpo rígido; ruptura ou deformação plástica excessiva dos
materiais; transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático;
instabilidade por deformação; instabilidade dinâmica.

Estado Limite de Serviço – no período de vida da estrutura, usualmente são


considerados estados limites de serviço caracterizados por danos ligeiros ou
localizados, que comprometam o aspecto estético da construção ou a durabilidade
33

da estrutura; deformações excessivas que afetem a utilização normal da construção


ou seu aspecto estético; vibração excessiva ou desconfortável.
Os elementos estruturais não devem apresentar sinais aparentes de ruína ou
falhas que inviabilizem o processo de reabilitação, sinais estes representados pela
exposição e corrosão de elementos estruturais, fissurações excessivas e
deformações (GALVÃO, 2012).

4.3.3 Metodologia de Avaliação

De acordo com Tavares, Costa e Varum (2011), um bom diagnóstico dos


problemas deve ser realizado através de uma inspeção detalhada que atualmente
conta com vários meios. Esta permitirá definir claramente a intervenção mais
adequada e urgente para a eliminação das causas que deram origem aos danos.
A observação in-situ é o primeiro recurso fundamental para o planejamento
dos processos de diagnóstico a realizar, para o conhecimento do sistema construtivo
em causa e para identificar as eventuais áreas com danos. Deve-se proceder a um
registo fotográfico complementar bem como a utilização sempre que possível de
uma ficha de caracterização do edifício, com identificação de todos os materiais,
sistema construtivo, zona e tipo de danos, identificação de áreas sujeitas a
alterações.
Tavares, Costa e Varum (2011) afirmam que na observação in-situ é preciso
estar atento e fazer a identificação de qualquer manifestação patológica que a
estrutura apresenta. Através da inspeção visual dos revestimentos, deve-se procurar
identificar qualquer princípio de fendilhamento ou empenamento e as condições de
solicitação que a estrutura está sujeita, é importante observar todos os elementos
estruturais na procura de deterioração, desalinhamentos, torções ou fissuras.
Todavia, há que ter atenção quanto as possíveis infiltrações de água, bem como
saber o tipo de solicitações a que esse mesmo edifício estará sujeito, de modo a se
poder intervir, no sentido de estabilizar, reforçar, solidarizar e dimensionar essas
mesmas estruturas.
Dependendo do maior ou menor grau de atuação, quer de análise para
avaliação de segurança, quer da efetiva intervenção de reabilitação e/ou reforço
34

estrutural, assim a inspeção e diagnóstico deverão cobrir uma maior ou menor gama
de aspectos (COSTA et al., 2006).
Um estudo geométrico rigoroso permite desde logo detectar eventuais
irregularidades, tais como desvios verticais e horizontais relacionados com avarias
estruturais (COSTA et al., 2006), igualmente outros aspectos como o levantamento
do tipo de funções do edifício presentes ou passadas, processos de alterações,
ampliações da construção, ocorridos no decorrer da vida útil do edifício, o
levantamento estrutural e de localização de eventuais processos de reparação, ou
substituição de componentes são dados necessários para uma caracterização da
construção e planejamento da intervenção a preconizar.
O recurso a ensaios permite estabelecer dados mais precisos de avaliação
dos materiais, dos elementos constitutivos da construção e do seu efetivo nível de
desempenho. As técnicas de ensaio em estruturas existentes podem ser
diferenciadas entre destrutivas, ligeiramente destrutivas e não-destrutivas
(TAVARES, COSTA e VARUM, 2011).
Segundo Costa (2006), ensaios sônicos, de radar ou dinâmicos, são técnicas
de análise não destrutiva das estruturas e permitem obter informações como:
estimativa do módulo de elasticidade e da resistência à compressão;
homogeneidade das características dos materiais constituintes; presença de fendas
no material continuo; detecção de cavidades no interior de uma dada zona estrutural
e presença e efeitos de anteriores reforços. A figura 9 mostra um exemplo de ensaio
não destrutivo.
Figura 9: Ensaio sônico.

Fonte: Costa.
35

Estes ensaios podem ainda ser complementados com outros ligeiramente


intrusivos mas que são muito usados e muito úteis, tais como: macacos planos (flat-
jacks), apresentados na figura 10, dilatômetro, pull-out, pull-off, etc.

Figura 10: Exemplo de ensaio – macacos planos.

Fonte: Costa.

A verificação de níveis de umidade, condensações e variação de


temperaturas, os testes de permeabilidade e os testes de coesão dos materiais, são
igualmente dados para a aferição de níveis de dano nas construções. O objetivo de
todas as ferramentas disponíveis é a obtenção de dados para uma caracterização
adequada do problema, de forma que permita uma avaliação da situação e a
definição de estratégias de intervenção eficazes (TAVARES, COSTA e VARUM,
2011).

4.3.4 Possíveis Problemas/Soluções

Os problemas de segurança estrutural em edifícios antigos podem ser


manifestações decorrentes do envelhecimento dos materiais estruturais, mais ou
menos acelerado em função do nível de conservação a que os edifícios são sujeitos.
Caracteriza este tipo de problema a progressiva diminuição da capacidade resistente
36

do elemento estrutural ou da estrutura no seu conjunto podendo originar, no limite,


rupturas parciais ou globais. Trata-se de situações em que determinadas funções
estruturais previstas originalmente para o edifício vão sendo prejudicadas ao longo
do tempo e cuja reabilitação se configura em intervenções, essencialmente, de
reparação. Dentro deste tipo de situações podem ainda considerar-se aquelas cuja
causa não é verdadeiramente a deterioração ou envelhecimento de materiais, mas
como resultado de intervenções posteriores realizadas na própria estrutura, ou na
sua vizinhança, que prejudicaram o equilíbrio existente originalmente. Além dos
problemas de segurança estrutural do primeiro tipo, outros são de considerar, sendo
caracterizados, em geral, por resultarem de erros ou insuficiências originais ou
alterações à utilização inicialmente prevista. A correção destes problemas passa,
portanto, por intervenções de alteração ou de reforço das soluções originais
(PIMENTEL e MARTINS, 2005).
Cabrita e Amaral (2010) identificam que uma anomalia grave observada em
diversos edifícios pode estar associada ao deslocamento das paredes mestras e de
empena, indiciando problemas graves relacionados com as atuais características
mecânicas e de constituição das paredes resistentes ou mesmo das fundações.
Uma das consequências mais direta deste problema, tem como resultado o
desencadeamento dos processos de desagregação, esmagamento, fendilhamento e
fissuração ocorridos em algumas paredes de alvenaria. Além da ligação motivada
pela índole estrutural, aqueles fenômenos podem também ser devidos à presença
de água e à ação de agentes agressivos físicos/químicos. A figura 11 mostra
exemplos de fissuras.

Figura 11: Exemplos de fissuras em prédios de tijolo maciço.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.


37

A verticalidade das fendas sobressaídas nas proximidades das zonas de


ligação ortogonal entre paredes, ilustradas na figura 12, indica a existência de
problemas quanto à eficácia daquelas ligações perpendiculares. As disposições
construtivas nestas zonas acabam sempre por condicionar fortemente os fenômenos
de assentamento diferencial, em função do maior ou menor grau atingido para a
desejável distribuição de esforços entre os vários elementos estruturais. Nas suas
zonas de apoio geram-se impulsos significativos e tensões tangenciais no topo
superior da ligação parede/cobertura, existindo fendas visíveis e extensas, podem
estar relacionadas com a subsequente tendência das paredes sofrerem movimentos
de translação e rotação (CABRITA e AMARAL, 2010).

Figura 12: Exemplos de fissuras verticais em prédios de tijolo maciço.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

A água representa o principal agente à desagregação das paredes


resistentes, em que as umidades infiltradas criam percursos no seu interior através
das juntas secas, ou argamassadas, entre pedras e/ou tijolos, fendas e vazios. Ao
longo do seu trajeto a água dissolve os sais solúveis dos materiais constituintes da
alvenaria, inclusive da argamassa existente, provocando alterações na estrutura da
parede. Esta progressão do ciclo migratório da água, encaminhamento do exterior
para o interior, vai criando soluções mais ricas em sais, os quais se depositam
originando eflorescências, quando se verificam as condições ambientais
higrométricas ideais à evaporação da água em solução (estações primaveris). Esta
deposição de sais, “salitres” e demais bolores e fungos, na superfície das paredes
38

sobressai na degradação da própria alvenaria (PIMENTEL e MARTINS, 2005).


A intervenção na parte estrutural de edificações históricas deve ser feita de
maneira a preservar, ao máximo, as características originais. Segundo PUCCIONI
(1997), deve-se estudar o máximo, para intervir o mínimo com eficiência e
segurança. Deve-se observar e avaliar quais são realmente as características
originais dessas edificações, já que várias delas passaram por processos de
descaracterização. Tais processos podem advir de transformações de caráter
histórico, ou realmente de deformações impostas ao longo do tempo,
comprometendo às vezes sua autenticidade e sua originalidade.
A partir dá análise da estrutura, poderão ser definidos os parâmetros
necessários para o cálculo estrutural dos elementos afetados a fim de se iniciar o
processo de reabilitação do elemento ou sistema estrutural danificado. Borges e
Sales (2007), afirmam que para poder recalcular os elementos afetados, será
preciso defini-los geometricamente, comparando com a documentação disponível.
Existe a necessidade de se obter dados que possam definir vãos, apoios, tipologias
e seções, entre outros. Em edificações mais recentes, em geral, tais dados são mais
fáceis de serem obtidos, já que a possibilidade de existência de projetos estruturais
da edificação é maior.
As soluções de reforço das paredes referem-se sobretudo à necessidade de
contrariar movimentos para fora do plano e conferir uma coesão, a ligação entre as
mesmas, para colocar todo o conjunto a funcionar como uma unidade. O reforço
estrutural de paredes possui basicamente três vertentes. Uma de melhoria das
ligações com a estrutura dos pisos e cobertura, outra de melhoria da rigidez da
parede em si e outra de melhoria de conexão entre paredes, para potenciar esse
funcionamento unitário das mesmas (TAVARES, COSTA e VARUM, 2011).
A reparação da estrutura prevê a execução de um conjunto de intervenções
destinadas a restituir à estrutura original a eficiência estática que a mesma possuía
originalmente. É indicada quando se tem agentes atmosféricos, terremotos ou
causas que provoquem danos que comprometam a segurança da construção e tem
caráter definitivo. O reforço não prevê necessariamente uma situação de
instabilidade da estrutura, mas o acréscimo de capacidade portante, visando atender
a uma nova exigência funcional (como por exemplo, novas cargas devido a uma
nova destinação de uso) ou ambiental (como edifícios que estão situados em zona
declarada sísmica). Sem que haja modificação da estrutura, o reforço busca
39

completar estaticamente o esquema preexistente. O reforço pode ser efetuado com


intensidade variada, diferenciada em intervenção de melhoria e de adequação. A
intervenção de melhoria prevê a atuação sobre a estrutura inteira ou sobre uma
parte, a fim de conseguir um maior grau de segurança. A intervenção de adequação
prevê a execução de um conjunto de operações necessárias para devolver à
estrutura a capacidade de resistir a ações de projeto, prevendo uma sólida revisão
do esquema estático. Uma adequação rigorosa se aplica nos casos de ampliações;
incremento dos carregamentos devido a variação na destinação do uso; quando a
transformação modificar substancialmente o esquema resistente da estrutura em
relação à original, ou em geral, se alterar o comportamento global (TEOBALDO,
2007).
Nestas intervenções há que se procurar o equilíbrio sobre o funcionamento
estrutural, sendo aconselhável prever, no cálculo, uma utilização da construção com
ações mais severas do que as diretamente previstas. Esta elevação das solicitações
serve para corrigir alguma incerteza na integridade e estabilidade das paredes
resistentes de alvenaria, mesmo recorrendo a métodos e tratados de
dimensionamento de rigor (PIMENTEL e MARTINS, 2005).
Os sistemas internos de reforço podem ser a inserção de peças em aço
(figura 13) ou concreto armado (figura 14) que auxiliem na estabilidade das
alvenarias ou podem ter a finalidade de apoiar os pisos e sua trama. Outra hipótese
consiste criação de uma estrutura de sustentação interna completamente autônoma,
capaz de suportar os pisos e telhados além de apoiar as velhas paredes
(TEOBALDO, 2007).
Figura 13: Exemplo de reforço com peça metálica

Fonte: Teoblado.
40

Figura 14: Exemplo de reforço com concreto armado.

Fonte: Teoblado.

Tavares, Costa e Varum (2011), indicam que uma solução muito eficaz para
melhorar a coesão da construção e das ligações entre paredes, contribuindo para
um funcionamento unitário é a colocação de tirantes na zona de coroamento das
paredes e estrutura de pisos (Figura 15). Estes reduzem a possibilidade de
movimentos para fora do plano, excessivos, observável igualmente em situações em
que os danos na estrutura de madeira da cobertura criam impulsos horizontais nas
paredes e a consequente deformação da parede. Os tirantes metálicos são
colocados horizontalmente ligando paredes opostas, podendo ficar “escondidos” ou
ao nível da estrutura de madeira de piso ou de cobertura, sendo a sua presença na
fachada manifestada pelos elementos de ancoragem, normalmente a vista para
facilitar a manutenção ou eventuais ajustes a fazer ao longo do tempo.
41

Figura 15: Fachada com tirantes para estabilização das paredes.

Fonte: Tavares, Costa e Varum.

Podem ainda ser apontadas outras soluções de reforço como a aplicação de


malhas de fibras de vidro ou de carbono ou metálicas, de preferência aplicadas em
ambas as faces da parede e com conectores de ligação para fixação antes da
camada de reboco final, o que melhora o comportamento mecânico das paredes.
Apesar de ser uma solução que melhora muito o comportamento da parede, tem o
inconveniente de um nível de intrusão a ponderar. A aplicação exige a remoção do
acabamento das paredes, a preparação da superfície para receber a malha de
reforço para ser finalmente rebocada com argamassas de cal e areia (PIMENTEL e
MARTINS, 2005). Um exemplo de malha metálica aplicada para reforço de paredes
pode ser observado na figura 16.
42

Figura 16: Exemplo de malha metálica aplicada para reforço das paredes.

Fonte: Pimentel e Martins.

A utilização de reforços metálicos revestidos pelas argamassas deverá


também ser avaliada, em termos de potencial efeito corrosivo no futuro e
aparecimento de fissuração. Os reforços com fibras de vidro, fibras de carbono e
outras com capacidade de maior reversibilidade são soluções atuais em estudo e
aplicação. O objetivo é igualmente melhorar a sua capacidade de resistência e
capacidade de carga. Existem ainda soluções que incluem introduzir de forma
espaçada na zona das paredes, perfis metálicos de secção circular ou retangular, no
desenvolvimento de toda a parede e que funcionaram principalmente à tração,
tratando-se de um complemento para melhorar o funcionamento da parede. Nas
situações de grandes comprimentos de paredes ou paredes com diferentes alturas
numa mesma fachada, cuja abertura de fendas esteja presente, devem ser
equacionadas a introdução de juntas de dilatação e o seu enquadramento no
desenho da fachada. Podem ainda ser consideradas soluções de desmonte ou
demolição e reconstrução em áreas da parede muito degradadas, mas esta nova
intervenção deve ser tanto quanto possível no mesmo material, para que o
comportamento seja semelhante e não introduza novas patologias, como se
verificam nas soluções de concreto armado (TAVARES, COSTA e VARUM, 2011).
43

4.4 PISOS

4.4.1 Conceitos

De acordo com Costa (2006), piso é um plano horizontal que define os


diversos níveis da construção. É composto por uma estrutura ou em embasamento e
revestimento. A palavra designa também o material de revestimento utilizado sobre
esse plano.
A estrutura de piso era comumente constituída de vigas conhecidas como
barrotes de madeira com seções retangulares, colocadas paralelamente e apoiadas
nas paredes resistentes, sobre as quais se aplicava e pregava o assoalho também
em madeira (TAVARES, COSTA e VARUM, 2011).
Quando assentados no pavimento térreo, os barrotes são fixados sobre os
baldrames. As madeiras empregadas no Brasil, foram de muito boa qualidade, como
jacarandá, canela parda ou preta, jatobá, pinho de riga, peroba do campo ou ipê
(NETO, 2002).

Figura 17: Piso apoiado sobre vigas de madeira (barrotes).

Fonte: Tavares, Costa e Varum.


44

4.4.2 Requisitos

Os pisos não devem apresentar ruína ou deformação que coloquem em risco


a integridade física dos usuários ou provoquem a sensação de insegurança quando
submetidos a carregamentos.

4.4.3 Metodologia de Avaliação

A avaliação dos pisos é feita observando e analisando a condição das


madeiras que o compõe, e de suas vigas de sustentação, e/ou realizando ensaios de
carga e verificando as deformações sofridas pelo piso.
Uma forma de se avaliar a condição do piso é caminhar por toda sua
superfície reparando em pontos de maior vibração e deformação.

4.4.4 Possíveis Problemas/Soluções

Segundo Tavares, Costa e Varum (2011), os danos na estrutura de madeira c


decorrem normalmente dos seguintes fatores:

- empenamento ou torção de vigas de madeira devido a assimetria de cargas


ou degradação de elementos estruturais nos seus pontos de apoio, com o
conseqüente desvio de transmissão de cargas para outros elementos;

- degradação da estrutura de madeira nos pontos de ancoragem na parede


devido a falta de ventilação e conseqüente excesso de umidade. O apodrecimento
desses pontos ou o efeito dos agentes xilófagos nesses pontos altera a superfície de
contato, altera a distribuição de forças provocando movimentos horizontais nas
paredes e com isso, movimentos para fora do plano com maior impacto na zona
45

superior dos cunhais. Os apoios das vigas nas paredes constituem assim um ponto
fraco de qualquer estrutura de madeira, por um lado devido a necessidade do apoio
acomodar os deslocamentos da viga e por outro pela possibilidade de retenção de
água caso não exista arejamento suficiente. Por esse motivo é necessário que o
apoio das vigas nas paredes seja realizado permitindo a circulação de ar, ou através
de um orifício na parede no prolongamento do topo da viga ou deixando um espaço
no topo e na parte superior da viga;

- dimensionamento inadequado de seções, pormenorização e


dimensionamento inadequado de ligações, falta de travamento da estrutura, de
origem ou decorrente de ações de reparação;

- seção insuficiente para as cargas atuantes e deformações elevadas;

- corte indevido de peças da estrutura como madres, tirantes, vigas, etc.;

- deflexão por excesso de cargas normalmente associada à alteração de uso


ou localização de elementos muito pesados para a área de contacto;

- elevado teor de umidade que prejudica os seus níveis de resistência e


acelera sua degradação, provocando inchamento e pode provocar as alterações da
forma e a formação de fendas e empenos.

O reforço que se aplica na estrutura dos pisos decorre normalmente da


necessidade de correção dos níveis de degradação normalmente verificados nas
áreas das vigas na zona de apoio nas paredes. Uma boa ligação junto às paredes
permite melhorias no funcionamento conjunto do sistema. Podem existir ainda
situações em que é necessário ligar a parte não danificada da viga de suporte do
piso à parede. Essa ligação da madeira pode ser fixa à viga existente através de
chapas metálicas, parafusos, pregos, etc. Pode-se ainda proceder a ligação através
de varões metálicos de ligação ou colagem. Relativamente a problemas na estrutura
de piso decorrentes do aparecimento de cupins, como medida protetora, podem
interpor-se materiais não perfuráveis entre a madeira e o solo, sendo que os cupins
46

devem ser erradicados para evitar que causem maiores danos a estrutura. É
igualmente importante a utilização de madeiras com resistência natural adequada
nos processos de reabilitação, e um tratamento preservador nas restantes
(TAVARES, COSTA e VARUM, 2011).

4.5 COBERTURA

4.5.1 Conceitos

Segundo Costa (2006), a cobertura constitui a parte superior da construção


que tem como função desviar e coletar as águas pluviais, bem como proteger a
construção da incidência dos raios solares, de modo a propiciar conforto térmico
adequado no interior da edificação. A cobertura se compõe, normalmente de: uma
parte resistente (estrutural), que pode ser uma laje de concreto armado, uma
estrutura de madeira, uma estrutura metálica (aço ou alumínio) ou uma estrutura
pré-moldada de concreto, elementos de vedação ou revestimento que podem ser
constituídos pelos mais diversos tipos de telhas (cerâmicas, de cimento-amianto, de
argamassa de cimento, de alumínio, de aço galvanizado, de vidro, de madeira, de
pedra, palha, etc.) e de elementos de proteção que possibilitam a obtenção de
adequado isolamento térmico e acústico (forros).
Os sistemas de coberturas exercem funções importantes, desde a
contribuição para preservação da saúde dos usuários até a própria proteção do
corpo da construção, interferindo diretamente na durabilidade dos demais elementos
que a compõem. Os sistemas de coberturas impedem a infiltração de umidade
oriunda das intempéries para os ambientes habitáveis e previnem a proliferação de
micro-organismos patogênicos e de diversificados processos de degradação dos
materiais de construção, incluindo apodrecimento, corrosão, fissuras de origem
hidrotérmica e outros (AZEREDO, 1997).
Na estrutura de apoio da cobertura das edificações desse trabalho, o material
constituinte é normalmente a madeira, organizada de forma simples, de forma a
47

garantir a sustentação dos elementos de vedação geralmente cerâmicos, o forro


também é em madeira quando existente e é fixado na parte inferior da estrutura de
sustentação do telhado. Já a estrutura é apoiada sobre as paredes portantes.

4.5.2 Requisitos

De acordo com Azeredo (1997), Uma cobertura bem projetada deve


apresentar as seguintes características: durabilidade, resistência estrutural,
estabilidade geométrica, impermeabilidade e secagem rápida após as chuvas, bom
isolamento térmico e acústico, bem como acomodação às dilatações térmicas.
A estrutura de sustentação do telhado deve apresentar um nível satisfatório
de segurança contra a ruína e não apresentar avarias ou deformações e
deslocamentos que prejudiquem sua funcionalidade dos sistemas contíguos,
considerando-se as combinações de ações passíveis de ocorrerem durante a vida
útil.

4.4.3 Metodologia de Avaliação

A avaliação da cobertura pode ser guiada pelos seguintes preceitos:

- Verificação do estado da estrutura de apoio;


- Verificação de problemas de impermeabilização/estanquidade;
- Verificação do estado das telhas e sua estanquidade;
- Observação sobre a existência de isolamento térmico;
- Verificação dos elementos de escoamento de águas pluviais.
48

4.4.4 Possíveis Problemas/Soluções

As coberturas são um ponto crítico de entrada de água quando não existe


uma manutenção regular, o que, aliado ao fato das coberturas serem provavelmente
os elementos construtivos mais sujeitos as intempéries, faz com que todos os
elementos que as constituem devam ter durabilidade adequada e os cuidados de
execução devam ser redobrados. No caso de elementos de madeira, a sua
localização habitual em treliças e forros de cobertura faz com que, apesar de a
madeira não estar diretamente sujeita a umidade, sejam necessários cuidados
especiais de execução e pormenorização de forma a evitar as infiltrações ao nível da
cobertura que surgem normalmente como consequência da quebra ou levantamento
de telhas, de impermeabilizações mal realizadas ou devido a fraca ou ausente
ventilação dos apoios das treliças e/ou vigas. Os beirais devem também ser objeto
de particular cuidado para que a água ao escorrer não entre em contacto com a
madeira (TAVARES, COSTA e VARUM, 2011). Os danos a madeira e soluções aos
problemas descritos no item 4.3.4 também tem aplicabilidade em coberturas.
49

5 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso a seguir apresentado compõe o conjunto de informações e


dados levantados para o restauro do prédio da unidade escolar e patrimônio
histórico, Escola de Ensino Básico (E. E. B.) Germano Timm (Escola Livre de Artes)
gerenciada pela Universidade do Estado de Santa Catarina – Campus Joinville
(UDESC - Joinville). O presente estudo de caso foi elaborado a partir das
informações obtidas junto ao setor de engenharia da UDESC – Joinville, no relatório
fotográfico para o projeto de restauro e requalificação dos espaços da E. E. B.
Germano Timm, visitas técnicas e conversas com participantes do projeto.

5.1 APRESENTAÇÃO DO IMÓVEL

Sem uso desde 2006, quando da inauguração do novo prédio da escola, o


prédio histórico da E. E. B. Germano Timm foi tombado como patrimônio histórico
municipal de Joinville em 2004, através do processo FCJ.CPC.2004-018, e
atualmente está sob incumbência da Universidade do Estado de Santa Catarina, que
planeja abrigar no local sua Escola Livre de Artes (ELA), cujo padrão educacional
prevê liberdade quanto a condicionamentos e exigências de grau de escolaridade,
perfis e faixas etárias dos alunos, e liberdade quanto a compromissos rígidos de
capacitação profissional por meio de concessão de títulos e diplomas
hierarquizados. Com previsão de aproximadamente 20 alunos por sala de aula, a
Escola Livre de Artes de Joinville promoverá entre os jovens o conhecimento de
novas modalidades de interação tecnológica, tendo a arte como propulsora de
processos de habilitação e troca social. Para funcionar como sede da ELA, o prédio
da escola será totalmente restaurado e adaptado para as futuras instalações de
laboratórios artísticos e tecnológicos.
50

5.1.1 O município de Joinville

Localizado na região sul do país, região nordeste do Estado de Santa


Catarina, Joinville é a maior cidade catarinense, responsável por cerca de 20% das
exportações catarinenses. É também o 3º polo industrial da região sul, com volume
de receitas geradas aos cofres públicos inferior apenas às capitais Porto Alegre (RS)
e Curitiba (PR). Figura entre os quinze maiores arrecadadores de tributos e taxas
municipais, estaduais e federais. A cidade concentra grande parte da atividade
econômica na indústria com destaque para os setores metalmecânico, têxtil,
plástico, metalúrgico, químico e farmacêutico (IPPUJ, 2011).
O município de Joinville têm limites com os municípios de Araquari, Campo
Alegre, Garuva, Guaramirim, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul e Schroeder.
Suas coordenadas geográficas são 260 18’ 05’’ de latitude sul e 480 50’ 38’’ de
longitude WGR (Fig. 18).

Figura 18: Localização da cidade de Joinville nos mapas do Brasil e de Santa Catarina.

Fonte: Wikipédia.

Os registros dos primeiros habitantes da região de Joinville datam de 4800


a.C. Os indícios de sua presença encontram-se nos mais de 40 sambaquis e sítios
arqueológicos do município. O homem do sambaqui praticava a agricultura, mas
51

tinha na pesca e coleta de moluscos as atividades básicas para sua subsistência


(IPPUJ, 2011).
No século XVIII, estabeleceram-se, na região, famílias de origem portuguesa,
com seus escravos negros, vindos provavelmente da capitania de São Vicente (hoje
estado de São Paulo) e da vizinha cidade de São Francisco do Sul (IPPUJ, 2011).
Em 1843, com o casamento da princesa Francisca Carolina, filha de D. Pedro
I, com o príncipe François Ferdinand Philipe, filho do rei da França, Luiz Phillipe, 25
léguas quadradas de terras da região foram doadas como dote ao príncipe. Dezoito
anos mais tarde as terras seriam negociadas, para ali implantar a colônia Dona
Francisca. A colônia Dona Francisca, foi fundada pela companhia hamburguesa de
colonização, com imigrantes provenientes da Suíça, Noruega e Alemanha. Os
primeiros imigrantes chegaram em nove de março de 1851, e já em 1852 a colônia
passou a se chamar Joinville, em homenagem ao príncipe (ALTHOFF, 2008). A
figura 19 mostra a divisão de lotes da colônia Dona Francisca em 1852.
Em 1866 Joinville foi elevada à categoria de vila, desmembrando-se
politicamente de São Francisco do Sul. Em 1877, foi elevada à categoria de cidade.
Por volta de 1880, surgiram as primeiras indústrias têxteis e metalúrgicas. O mate
transformou-se no principal produto de exportação da colônia Dona Francisca. O seu
comércio, iniciado por industriais vindos do Paraná, deu origem às primeiras fortunas
locais. Nesse período, Joinville já contava com inúmeras associações culturais
(ginástica, tiro, canto, teatro), escola, igrejas, hospital, loja maçônica, corpo de
bombeiros, entre outros (IPPUJ, 2011).
Até o inicio da década de 1950 a cidade ainda possuía uma fisionomia
colonial, contando com aproximadamente 143 ruas, 15 delas pavimentadas, e
mesmo já com algumas emancipações de distritos, contava com aproximadamente
50.000 habitantes (ALTHOFF, 2008).
A partir desse período, Joinville inicia a mudança determinante do seu modelo
econômico, abandonando a economia agrícola de subsistência para assumir um
período de crescimento industrial. A atividade industrial veio a se constituir no motor
impulsionador do desenvolvimento do município, trazendo pujança econômica, em
razão do que o município passou a ser conhecida como a Manchester Catarinense,
alusão à importante cidade industrial inglesa (ALTHOFF, 2008). O perfil da
população modificou-se radicalmente com a chegada de imigrantes vindos de várias
partes do país, em busca de melhores condições de vida. Aos descendentes dos
52

imigrantes que colonizaram a região, somam-se hoje pessoas das mais diferentes
origens étnicas, formando uma população de cerca de 515.250 mil habitantes. Hoje
Joinville vive o dilema de uma cidade que pretende preservar sua história e inserir-
se na modernidade (IPPUJ, 2011).

Figura 19: Divisão de lotes da colônia Dona Francisca.

Fonte: Atholf.
53

5.1.2 Preservação do Patrimônio Histórico em Joinville

A União foi precursora na preservação cultural em Joinville com a proteção do


“Palácio dos Príncipes”, Figura 20, sede da companhia colonizadora da Colônia
Dona Francisca, em 1939, foi a primeira edificação a ser protegida que não
representava a herança luso-brasileira no Estado. A edificação foi construída em
1870, por determinação do administrador Frederico Brüstlein que encarregou o
arquiteto Frederico Muller da obra. Mais tarde na década de 1960, mais dois bens
foram protegidos pela União, o Cemitério Protestante (1962), e o parque arborizado -
Bosque Schmalz, situado na rua Marechal Deodoro (1965) (ALTHOFF, 2008).

Figura 19: Palácio dos Príncipes.

Fonte: O autor.

Com o intuito de valorizar, preservar e requalificar os bens históricos,


arqueológicos, artísticos e naturais de Joinville. Em 1980 foi criada a Comissão do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural do Município de Joinville
através da lei municipal nº 1.772, e a lei municipal nº 1.773, que dispõe sobre a
proteção ao patrimônio cultural do município de Joinville, criando a figura do
tombamento municipal (IPPUJ, 2011).
Em 2010 Joinville possuía três imóveis tombados por iniciativa da União, por
meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), quatro
imóveis tombados por iniciativa da União e do Estado de Santa Catarina, 38 imóveis
54

tombados por iniciativa do Estado de Santa Catarina e 60 imóveis tombados por


iniciativa do Município de Joinville (IPPUJ, 2011).
As tabelas de 1 a 4 identificam os imóveis tombados na cidade de Joinville.

Tabela 1: Imóveis tombados por iniciativa da união (IPHAN).

Fonte: IPPUJ.

Tabela 2: Imóveis tombados por iniciativa da união e do estado de Santa Catarina (IPHAN e
FUNDAÇÃO CATARINENSE DE CULTURA - FCC).

Fonte: IPPUJ.
55

Tabela 3: Imóveis tombados por iniciativa do estado de Santa Catarina (FCC).

Fonte: IPPUJ.
56

Tabela 4: Imóveis tombados por iniciativa do município de Joinville.

Fonte: IPPUJ.
57

5.1.3 Localização do Prédio

Conforme mostrado na figura 20, a Escola de Educação Básica Germano


Timm, está situada no Bairro América no município de Joinville, na Rua Orestes
Guimarães, 406, CEP 89204-260, sob a inscrição imobiliária nº
13.20.34.21.0127001/002.
Figura 20: Localização do bairro América na cidade de Joinville e delimitação da quadra e do
lote onde se encontra a Escola.

Fonte: UDESC-Joinville.
Figura 21: Localização da escola em relação à prefeitura municipal de Joinville.

Fonte: Google.
58

5.1.4 História da E. E. B. Germano Timm

Com mais de 75 anos de fundação, a E. E. B. Germano Timm é a segunda


escola estadual mais antiga de Joinville. A escola foi fundada no dia 30 de maio de
1935, com o nome de grupo escolar Germano Timm. Seu primeiro diretor foi o Sr.
Hercílio Zimermann.
Grupos escolares foram instituições de ensino destinadas a atender a
educação pública, em especial o ensino primário. Foram criados em nosso país no
final do século XIX e início do século XX. A partir de 1971, com a lei 5.692, essas
escolas perderam o título de grupos escolares, tendo seu currículo de ensino
alterado passando a atender as instituições de primeiro grau (LOMBARDI,
NASCIMENTO, SAVIANI, 2005).
Na construção do grupo escolar Germano Timm foi aplicado o projeto-padrão
controlado pelo Estado, onde estavam estruturadas arquitetonicamente, as
necessidades e ideologias pedagógicas, políticas e higienistas vigorante no Brasil, o
emprego das técnicas construtivas vigentes - tornando a construção mais rápida e
econômica – e a apropriação da corrente estilística eclética. No ano de 2006 foi
inaugurada a nova sede da escola, ao lado da escola antiga, onde até hoje
permanece tombada pelo patrimônio histórico porém não recuperada. A figura 21
mostra em planta os prédios que compõe a escola atualmente.
Figura 22: Planta esquemática da escola

Fonte: UDESC-Joinville.
59

5.1.4 Tipologia Construtiva

Inicialmente a arquitetura escolar dos grupos foi caracterizada pela presença


do estilo arquitetônico neoclássico, utilizado pelo Estado Republicano. Mas a
necessidade da construção rápida de diversas escolas, ornamentadas, representava
altos custos, o que resultou na racionalização do projeto.
Além de garantir uma maior economia, os edifícios escolares também
precisavam obedecer a certas condições higiênicas e pedagógicas. Seguindo o
moderno axioma médico-higienista, as salas deveriam ser grandes e retangulares,
receber bastante luz solar e possuir ventilação que garantisse ar puro e salubre aos
alunos. Também deveriam ter um jardim à frente e arborização nos pátios. Em nome
do bom gosto e da pureza das formas, as colunas e linhas curvas deveriam ser
substituídas por formas retas. Os traçados rígidos e ordenados geometricamente
para a circulação dos alunos e professores viabilizavam o controle, a fiscalização,
além de moldar condutas pela incorporação de novas regras e das formas
autorizadas de ocupação do espaço escolar. Era previsto, assim, um desenho
arquitetônico de escola que voltava todas as salas para o pátio central, de onde
pudesse o diretor circular e observar o movimento no interior de cada sala
(GONÇALVES, 1996).
A construção do prédio da escola Germano Timm seguiu as requisições
higienistas, o lote deveria estar afastado de locais ruidosos, insalubres e úmidos.
Seguindo este preceito, a edificação foi elevada em relação ao nível da rua, através
de embasamento com alvenaria em pedra, sendo que essa elevação era um recurso
importante para bloquear a umidade ascendente do solo para as salas de aula. A
instalação de gateiras guarnecidas com gradil de ferro permitia a ventilação da
estrutura do local – atualmente as gateiras que se encontravam no pátio foram
fechadas, permanecendo apenas as da elevação frontal e da lateral esquerda. Como
característica do período eclético, também nota-se o recuo em relação ao
alinhamento frontal, com a presença de muros e um pequeno jardim, na área direita
do terreno, sendo que o terreno com sua área verde, atendia as necessidades dos
estudantes em áreas para lazer e de contemplação.
A figura 22 mostra exemplos de escolas construídas no mesmo padrão da
escola Germano Timm.
60

Figura 23: Exemplos de escolas no projeto padrão para escolas das décadas de 20 e 30 no
estado de Santa Catarina. Da esquerda para a direita: Conselheiro Mafra – Joinville; Ana
Gondin – Laguna; Raulino Horn – Indaial.

Fonte: UDESC-Joinville.

O prédio tombado da escola apresenta apenas um pavimento e em sua


fachada nota-se pouca preocupação com a ornamentação. Identifica-se apenas um
pequeno ressalto nas esquadrias, feitos de tijolo maciço, e na parte superior das
paredes.
A organização espacial em um bloco único, simétrico em formato de “U”
conforme figura 23, com a sala da direção próxima ao eixo de simetria, permite a
visualização de todas as atividades da escola. Este formato ainda permitia flexibilizar
a ampliação das construções. Para uma melhor visualização da planta baixa da
escola, ver prancha A3 do anexo II desse trabalho.
61

Figura 24: Planta baixa da escola.

Fonte: UDESC-Joinville

O acesso principal da escola se dá pelo eixo de simetria do prédio e é


interligado à circulação periférica coberta que liga toda a edificação. Os demais
espaços são dispostos hierarquicamente a partir do eixo, a direção e secretaria se
posicionam na entrada principal da instituição, as salas de aula se distribuem ao
longo da circulação interna. A simetria da planta proporcionava a separação espacial
dos sexos, com uma ala para meninos e uma ala para meninas e cria um pátio
interno utilizado para o recreio e aulas e inicialmente na educação física dos alunos.
Através da análise das plantas e da verificação in loco, identificou-se que o
sistema estrutural utilizado é idêntico ao apresentado na seção 4.3.1, figura 8: as
fundações são em alvenaria de pedra, as paredes são portantes em alvenaria de
tijolo maciço, os pisos e sua estrutura de sustentação, assoalhos e forro são de
madeira e os gradis são em ferro fundido nas gateiras. Os pilares de sustentação da
cobertura no pátio interno são em tijolo maciço, e na escada verifica-se a presença
de concreto.
As esquadrias das janelas apresentam grandes dimensões, proporcionando
insolação e ventilação abundantes, mas durante alguma das reformas que a
62

edificação sofreu, as esquadrias das janelas laterais foram substituídas. As


esquadrias das janelas frontais são em madeira, e atualmente as janelas laterais
possuem esquadria de ferro.
O telhado com diversas águas utiliza telhas francesas e sua estrutura de
sustentação é de madeira. Verifica-se na incorporação do edifício desde o projeto
original, o sistema de abastecimento de água, de coleta de esgotos e de águas
pluviais. O levantamento tipológico da edificação, elaborado pelo setor de obras da
UDESC-Joinville pode ser verificado no anexo II.

5.2 AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

O prédio está fechado há sete anos, e embora não aparente nenhum sintoma
indicativo de problema que coloque em risco a estabilidade da estrutura, os sinais de
deterioração são visíveis conforme figuras 25 e 26. Na entrada da escola já é
possível ver os sinais de abandono. Há vários vidros quebrados, a pintura está
descascando, em alguns pontos a alvenaria está aparente e pichações se espalham
pelas paredes.
Figura 25: Porta de entrada da Escola.

Fonte: O autor.
63

Figura 26: Vista parcial da fachada frontal da edificação.

Fonte: O autor.

No pátio interno, devida à falta de manutenção a vegetação cresceu


demasiadamente conforme figura 27.
Em diversos pontos, por deslocamento ou quebra de telhas, há infiltrações de
água pelo telhado, comprometendo a estrutura de sustentação do mesmo, os forros
e pisos, causando o aparecimento de patologias (trincas por expansão dos tijolos,
descolamento do reboco e pintura e musgos) nas paredes ( figura 28 e 29).
Os pisos apresentam em grande parte apodrecimento e abaulamento,
conforme figura 30, possivelmente pelo inchaço provocado pela absorção de água.
64

Figura 27: Pátio interno do prédio tomado pela vegetação.

Fonte: O autor.

Figura 28: Apodrecimento do forro e estrutura do telhado devido à infiltração de


água.

Fonte: O autor
65

Figura 29: Escorrimento de águas provenientes do telhado pelas paredes causando


descolamento da pintura e reboco.

Fonte: O autor
Figura 30: Abaulamento e apodrecimento do piso.

Fonte: O autor
66

5.1.4 Fundações

Para a avaliação das fundações, foi verificado o nivelamento das mesmas e a


observação de indicativos de mau funcionamento. Não foi possível a realização de
ensaios ou poços de visita para a visualização do estado de conservação,
assentamento e integridade.
Não foram observadas manifestações patológicas indicativas de graves
problemas de fundações, nem diferenças significativas de nível entre pontos.
Verifica-se que em diversos pontos da edificação há concentração de
umidade nas partes baixas das paredes, um indicativo de umidade ascendente,
conforme figura 31. Esse fenômeno está normalmente associado à falta ou
insuficiente drenagem periférica, ausência de impermeabilização entre fundação e
parede, utilização de materiais de parede de fundação com menor capacidade
drenante, fechamento das gateiras que permitem a ventilação na base das
fundações ou elevado teor de umidade no solo.

Figura 31: Problemas de umidade na base da parede.

Fonte: O autor.
67

As soluções para este problema passam por uma drenagem adequada e por
uma impermeabilização, física ou química, adequada das paredes e da sua interface
com o solo. De qualquer forma, deve-se evitar que a madeira tenha contato direto
com o solo.
Recomenda-se então que seja realizada a drenagem em todo o entorno da
edificação, e que se tenha o cuidado de posicionar as saídas de água das calhas
fora das fundações conforme figura 32.

Figura 32: Drenagem periférica.

Fonte: Pimentel e Martins.

Consta também que as gateiras da parte interna da edificação foram fechadas


devido ao aterramento para a elevação do piso de circulação interna, e sua
reabertura contribuiria para a ventilação das fundações e auxiliaria na eliminação do
problema de umidade ascendente. A figura 33 mostra as gateiras da parte externa
da edificação.
Não foram obtidas autorizações nem se dispunha de equipamentos para a
abertura de poços de visita para a verificação das fundações, portanto, recomenda-
se que seja feita a aferição da integralidade das fundações e seus contatos com o
solo.
68

Figura 33: Detalhe das gaiteiras na parte externa do edifício.

Fonte: O autor.

5.1.4 Paredes/Estrutura

Notam-se diversos pontos de fissuras na edificação, porém, nenhuma delas


representa perigo de instabilidade estrutural. As figuras 34, 35, 36 e 37 apresentam
alguns tipos de fissuras encontradas na edificação e suas possíveis causas.
Fissuras de origem na expansão/retração dos materiais geralmente não são
graves e sua reparação é simples. Para evitar o reaparecimento indica-se aplicar
uma tela antes do reboco ou selar a fissura com argamassa ligante.
Fissuras causadas por concentração de tensões próximas a vãos abertos de
portas e janelas podem ser reparadas com a aplicação de tela metálica sob o
reboco, auxiliando assim na redistribuição dos esforços.
69

Figura 34: Fissura a 45° em parede interna na junção com a externa, possivelmente com
origem na expansão/retração térmica.

Fonte: O autor

Figura 35: Fissura devido à concentração de tensões próxima a abertura de vãos.

Fonte: O autor
70

Figura 36: Fissura horizontal por falta de resistência ao carregamento vertical ou ao


surgimento de cargas horizontais normais ao plano da parede e fissuras a 45º proveniente
do assentamento dos materiais.

Fonte: O autor

Figura 37: Fissura a 45º proveniente do assentamento dos materiais.

Fonte: O autor
71

Essas duas últimas fissuras apresentadas devem ter sua causa investigada
mais profundamente e recomenda-se analisar a existência de qualquer tipo de
comprometimento do seu comportamento estrutural, para tanto, recomenda-se a
aplicação de ensaios.

5.1.4 Pisos

Apodrecimento, desprendimento e abaulamento estão presentes em


praticamente todas as salas, a estrutura de apoio está comprometida em alguns
pontos (Figura 30), e em diversos pontos o piso sofreu um rebaixo devido à falta de
sustentação conforme figura 38.

Figura 38: Rebaixo do piso devida a perda de sustentação.

Fonte: O autor

Não foi possível realizar a aferição visual completa da estrutura de


sustentação dos pisos, apenas em alguns pontos onde o assoalho é inexistente foi
possível ver seu estado, e nestes pontos, constatou-se que a madeira que o compõe
72

apresenta sinais de degradação (figura 39).

Figura 39: Degradação na viga de sustentação do piso.

Fonte: O autor

Ao caminhar pelo piso de algumas salas é possível perceber grandes


deformações e falta de sustentação por parte do vigamento de madeira conforme
mostrado na figura 40.
Para a reparação do piso recomenda-se a retirada do assoalho nos pontos
em que o mesmo apresenta sinais de comprometimento. A observação da estrutura
de sustentação do piso que nos pontos onde está visível apresenta sinais de
apodrecimento, devendo ser reparada ou substituída na medida do possível. Para a
recolocação do assoalho a madeira retirada deve ser tratada com
impermeabilizantes, as peças do assoalho que não puderem ser reaproveitadas
devem ser substituídas por peças de igual dimensão e geometria.
73

Figura 40: Comprometimento da viga de sustentação do assoalho.

Fonte: O autor.

5.1.4 Cobertura

A cobertura é um dos pontos críticos da edificação, sendo que devido a


infiltrações de água, a madeira que compõe a estrutura de sustentação do telhado
apodreceu em diversos pontos. As figuras 41, 42 e 43, são exemplos de pontos de
grande degradação na estrutura da cobertura. Na figura 42 é possível ver o
comprometimento da condição do apoio da cobertura pelo fato de a madeira estar
com nível de deterioração avançado.
74

Figura 41: Infiltrações promoveram a degradação da estrutura da cobertura e forro de


madeiras.

Fonte: O autor.

Figura 42: Detalhe do apoio da estrutura de madeira da cobertura no pilar de tijolo maciço.

Fonte: O autor
75

Figura 43: Comprometimento da ligação entre madeiras da cobertura.

. Fonte: O autor.

Devido ao avançado estágio de degradação das peças de madeira da


cobertura, sua reparação fica inviável, devendo ser totalmente substituída. Deve ser
feita uma avaliação quanto a integridade das telhas cerâmicas e aquelas que
estiverem danificadas devem ser substituídas, para que o conjunto do telhado volte a
satisfazer as exigências de estanqueidade.
76

6 CONCLUSÃO

O trabalho foi realizado primeiramente com a reunião de informações e


referências que auxiliam na elaboração de estudos e intervenções nas edificações.
Foram abordadas diversas ferramentas para a elaboração de diagnósticos sobre os
elementos das edificações e posteriormente foi realizado o estudo de caso. Devido à
impossibilidade da realização de ensaios e qualquer análise mais intrusiva da
edificação, o estudo de caso limitou-se a uma inspeção visual da edificação.
A inspeção visual de edificações antigas, visando seu diagnóstico e sua
reabilitação é uma ferramenta de grande utilidade, gerando um prognóstico geral do
estado de conservação do prédio, porém é importante que seja complementada com
ensaios e análises das plantas. A realização de ensaios e uma avaliação mais
profunda da edificação contribuiriam para um diagnóstico mais preciso e ações de
recuperação mais eficientes, porém, o ramo da recuperação de edificações ainda é
pouco desenvolvido no Brasil e muito das intervenções realizadas são apenas de
fachada, visando apenas o embelezamento da edificação. A dificuldade de
recuperação do patrimônio esbarra na falta de incentivos e empecilhos para a
retirada de amostras e realização de ensaios intrusivos que caracterizem melhor a
edificação.
Quanto ao estudo de caso realizado no presente trabalho, através da
inspeção visual foi possível diagnosticar o estado de conservação e avaliar as
condições de seus elementos estruturais. Com base na bibliografia pesquisada foi
possível propor soluções para os problemas apresentados, assim conclui-se que é
possível a recuperação dos danos à estrutura do prédio antigo da escola Germanno
Timm. Sugere-se a realização de estudos para a verificação da acessibilidade e
desempenho da edificação, estes estudos permitiriam um diagnóstico das condições
de utilização da edificação e poderiam propor intervenções que solucionassem
eventuais inadequações.
77

REFERÊNCIAS

ALTHOFF, Fátima Regina. Políticas de preservação do patrimônio edificado


catarinense: a gestão do patrimônio urbano de Joinville. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
APPELATON, João. Reabilitação de Edifícios Antigos e Sustentabilidade. In: VI ENCONTRO
NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA CIVIL, 2010, Évora. Anais. Évora:
ENEEC, 2010. p. 73-81.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 8.681: Ações e
Segurança nas Estruturas. Março de 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 6.122: Projeto e
Execução de Fundações. Outubro de 2010.
ASSOCIAÇÃO DE EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO, OBRAS PÚBLICAS E SERVIÇOS –
AECOPS. O mercado da reabilitação. Lisboa: AECOPS, 2009.
AZEREDO, Helio Alves de. O edifício até sua cobertura. 2. ed. rev. São Paulo: Edgard
Blucher, 1997
BRASIL. Decreto lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio
histórico e artístico nacional.
CABRITA, António Manuel Reis; AMARAL, Francisco Pires Keil. Apresentação do Guia
para a Reabilitação do Centro Histórico de Viseu. Viseu: CMViseu e CR das Beiras-UCP,
2010.
COSTA, Arede A. Construction and Building Materials, V. 20. Portland: Issue, 2006.
ENGEL, Heino. Sistemas de estruturas. Barcelona: Hemus Editora Ltda, 1981
GALVÃO, Walter José Ferreira. Roteiro Para Diagnóstico do Potencial de Reabilitação
Para Edificios de Apartamentos Antigos. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2012.
GONÇALVES, Rita de Cássia Pacheco. Arquitetura escolar: a essência aparece – fábrica e
escola confundem - se no desenho da Polivalente. Dissertação (Mestrado em Educação)
UFSC, Florianópolis, 1996.
HACHICH, W et al. Fundações: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Pini, 1998.
INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL – IPHAN. Disponível
em <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=11175& retorno=paginaIp
an>. Acesso em 15 mar. 2013.
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES – ICOMOS. Disponível
em: <http://www.international.icomos.org/home.htm>. Acesso em: 02 mar. 2013.
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES – ICOMOS. Carta de
Veneza. Veneza, 1964.
IPPUJ - Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento
Sustentável de Joinville. Joinville Cidade em Dados, 2010/2011. Joinville: Prefeitura
Municipal, 2011.
LOMBARDI, J. C.; NASCIMENTO, M I. M. ;SAVIANI, Dermeval. “A Escola Pública no Brasil:
História e Historiografia”. Campinas, SP: Autores Associados: HISTEDBR. (Coleção
Memória da Educação),2005.
78

LOURENÇO, Paulo B. Reabilitação de estruturas: Condicionantes e recomendações.


Construção Magazine, Lisboa, v. 1, n. 13, p. 76-77, 2005.
MAZZOLANI, Federico. L’Acciaio nel Consolidamento. Milão: ASSA – Associazione
Sviluppo Strutture Acciaio, 1991
MARTINS, João Abel Vinagre Correia. Patologia em paredes de alvenaria de tijolo.
Dissertação (Mestrado) – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2010.
NETO, Henrique Lindenberg. Ensinando História de Estruturas a Alunos de Engenharia Civil.
In: XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 2002, Piracicaba.
Anais. Piracicaba: ABENGE, 2002. p. 34-43.
PIMENTEL, Antonio Fraga; MARTINS, João Guerra. Reabilitação de Edifícios
Tradicionais. Porto: EFP, 2005.
PUCCIONI, S. Restauração estrutural, uma metodologia de diagnóstico. Dissertação
(Mestrado) – FAU-UFRJ, Rio de Janeiro, 1997.
SÁ, Natália Aurélio de; CRISÓSTOMO, João. Mecanismos de Reorientação de Forças
Aplicados em Grandes Obras Arquitetônicas. In: X ENCONTRO DE INICIAÇÃO A
DOCÊNCIA, 2005, João Pessoa. Anais. João Pessoa:UFPB, 2006.
TEOBALDO, Izabela Naves Coelho. Metodologias de Intervenção em Edificações Antigas
Realizadas no Brasil e na Europa com Possibilidade de Utilização de Estrutura Metálica.
Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação, Belo Horizonte, V.1,
N.5, pp. 226 – 231, 2007.
TAVARES, Alice; COSTA, Aníbal; VARUM, Humberto. Manual de Reabilitação e
Manutenção de Edifícios – Guia de Intervenção. Aveiro: INOVADOMUS, 2011.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC. Relatório fotográfico
para projeto de restauro e requalificação dos espaços da E.E.B. Germano Timm.
Joinville: UDESC-Joinville, 2012.
ZACARIAS, Nelson André Santana Correia. Reabilitação Sustentável de Edifícios
Antigos com Valor Patrimonial Casos de estudo na Baixa Pombalina. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2012.
79

ANEXOS

ANEXO I – RECOMENDAÇÃO PORTUGUESA 1F 017.


80

ANEXO II – LEVANTAMENTO TIPOLÓGICO DO PRÉDIO ANTIGO DA ESCOLA


GERMANO TIMM.

Você também pode gostar