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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Engenharia Civil

JOELSON COSTA DOS SANTOS

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


COM ÊNFASE NOS CAUSADORES DE CORROSÃO NAS
ARMADURAS COM MEDIDAS DE PROTEÇÃO E
CORREÇÃO

Paripiranga
2021
JOELSON COSTA DOS SANTOS

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


COM ÊNFASE NOS CAUSADORES DE CORROSÃO NAS
ARMADURAS COM MEDIDAS DE PROTEÇÃO E
CORREÇÃO

Monografia apresentada no curso de graduação do


Centro Universitário AGES como um dos pré-
requisitos para a obtenção do título de bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Alberto Brigeel Noronha De


Menezes

Paripiranga
2021
JOELSON COSTA DOS SANTOS

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL


COM ÊNFASE NOS CAUSADORES DE CORROSÃO NAS
ARMADURAS COM MEDIDAS DE PROTEÇÃO E
CORREÇÃO

Monografia apresentada como exigência


parcial para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Civil à Comissão
Julgadora designada pela Coordenação
de Trabalhos de Conclusão de Curso do
UniAGES.

Paripiranga, 08 de julho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof.º NOME DO ORIENTADOR: Alberto Brigeel


Noronha De Menezes

Nome do Professor: Raphael Sapucaia Dos Santos


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a DEUS, por ser o responsável pela criação do


universo e de toda a humanidade, sem ELE nada disso existiria, o “impossível”, não
aparece no seu vocabulário. Obrigado SENHOR, por ter me dado a paciência e a
confiança necessária para esse momento acontecer.
O estudo é um dos caminhos percorridos para que as pessoas humildes,
consigam conquistar seu espaço e ter uma qualidade de vida, pensando dessa
forma, meu pai, José Da Costa Filho (in memorian), com seu pensamento promissor,
resolveu retirar a família de uma cidade carente de ensino público à época, nos
levando para outra, que a escola era acessível a todos. Obrigado meu pai.
A família é a base estrutural de qualquer cidadão, dela extraímos valores
intrínsecos que nos acompanham em toda nossa trajetória. Maria Neta Dos Santos,
minha mãe, uma pessoa simples que desconhece uma graduação acadêmica,
porem a faculdade da vida lhe capacitou para ensinar que o respeito, a honestidade
e a atenção para os que estão ao nosso meio, são condicionantes para nos fazer
uma pessoa integra.
Meus irmãos, tenho muitos, e agradeço a cada um por tudo que representa
em minha vida. Celso, Jozélia, Jisélia, Aelson, José Robério (in memorian), Joelma e
Josiene, obrigado pelo o amor, o carinho que nutrem por mim.
Nada é mais gratificante quando percebemos que passamos a ser referência na vida
de alguém, e em nome de Mylena e João Vitor, que resolveram trilhar os desafios da
engenharia civil, externo meus agradecimentos a todos os sobrinhos e cunhados,
cada um tem o lugar especial dentro de mim.
Aos meus filhos: João Vitor (in memorian), Maria Eduarda e Cecilia Valentina
peço minhas desculpas pelo tempo que estive ausente, mas tenham certeza que o
objetivo maior é conseguir proporcionar uma vida digna para vocês. A minha
esposa, Cicera Elizabete, obrigado por ser o incentivo maior, que me fez a voltar ao
mundo acadêmico, desculpe por minha falta em alguns momentos, e tenha certeza
que você faz parte desse momento.
Em nossa caminhada vamos conquistando várias famílias fora dos laços
sanguíneos, dentre elas está a família dos despachantes documentalistas de
Sergipe, sou grato a cada um de vocês por nunca desacreditar em mim. Faço parte
de uma família que enverga o famoso uniforme azul petróleo, e em nome do coronel
Marcone, quero agradecer a todos os componentes da briosa Policia Militar Do
estado de Sergipe, por toda maleabilidade nas escalas que contribuiu bastante para
essa formação acontecer.
Ao adentrar aos muros do Uniages, fui acolhido pelos os colegas de minha
turma, que logo se transformaram em amigos, no qual estávamos sempre unidos
para desempenhar todas as atividades acadêmicas. Fomos conquistando a simpatia
e o carinho de todos os funcionários desse centro de ensino, desde o porteiro ao
coordenador do curso, meu agradecimento a todos vocês. Nossa turma que passou
a ser chamada carinhosamente de “gangue” estava presente em todos os eventos,
aulas práticas, e dispostas a qualquer chamado do nosso colegiado, a todos os
componentes de nossa “gangue”: Cleisson, Davi, Veronica Juliana, Rosimaria, Jane
Kelly e Brenda, obrigado a todos por tudo, ninguém soltou a mão de ninguém. Os
“agregados” nome carinhosamente chamado aos alunos de outras turmas, obrigado
pelo carinho e pela boa vontade em dividir os conhecimentos, são eles: Sâmia,
Jarlene, Carol, Flavia Maria, Kelly, Bergson e Alysson.
Aos nossos professores e mestres, obrigado pela paciência, pelo
comprometimento em nos passar todos os conhecimentos necessário à nossa
graduação. Herbert, Tayanara, Elso, Paulo Ricardo, Leonardo Andrade e Taísa,
obrigado pela passagem e contribuição em nosso mundo acadêmico. Aos que
chegaram conosco até o final de nossa trajetória, obrigado pela confiança, pela
amizade, pelo carinho, pelo profissionalismo, são eles: Raphael Sapucaia, Vanessa
Chaves e o nosso coordenador Bruno Almeida. Obrigado ao meu orientador, Alberto
Brigeel.
RESUMO

O procedimento de degradação do concreto armado devido os agentes corrosivos é


um dos produtos prejudiciais de toda a estrutura. Para realizar uma análise
adequada dos elementos estruturais é necessário fazer o mapeamento da corrosão
para iniciar uma proposta de recuperação. Com isso, o presente trabalho tem como
principal intuito verificar o processo de recuperação de uma estrutura em concreto
armado localizada na cidade de Aracaju/SE com o objetivo de levantar os tipos de
processo de recuperação mais comuns no mercado atualmente e que mais se
encaixa no objeto de estudo. Com a análise feita a partir de referências e normas
técnicas, foi proposto algumas técnicas e procedimentos que podem ser eficazes e
que trouxesse maior confiança e precisão durante o diagnóstico e na recuperação
das peças degradadas, além de devolver toda a segurança e conforto para os
usuários. Para realizar um modelo de recuperação para o tipo de caso estudado,
seria necessário fazer uma vistoria mais aprofundada da estrutura para descobrir
qual o nível de degradação, mas a partir da análise feita neste trabalho é possível
compreender como funciona o processo de recuperação.

PALAVRAS-CHAVE: Concreto armado. Degradação. Importância. Estrutura.


Recuperação. Agentes agressivos.
ABSTRACT

The process of degradation of reinforced concrete due to corrosive agents is


one of the harmful products of the entire structure. To perform a proper analysis of
the structural elements, it is necessary to map the corrosion to start a recovery
proposal. Thus, the main purpose of this work is to verify the recovery process of a
reinforced concrete structure located in the city of Aracaju-SE, with the objective of
surveying the most common types of recovery process in the market today and which
best fits the study object. With the analysis made from technical references and
standards, some techniques and procedures were proposed that can be effective
and bring greater confidence and accuracy during the diagnosis of degraded parts
recovery, in addition to giving back all the safety and comfort to users. To perform a
recovery model for the type of case studied, it would be necessary to carry out a
more in-depth inspection of the structure to discover the level of degradation, but
from the analysis made in this work it is possible to understand how the recovery
process works.

KEYWORDS: Reinforced concrete. Degradation. Importance. Structure. Recovery.


Aggressive agents.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................9
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................12
2.1. Patologia na construção
civil.....................................................................12
2.2 Manifestações patológicas.........................................................................13
2.3 Origem das manifestações
patológicas......................................................23
2.4 Método de inspeção de corrosão em estruturas de
concreto......................24
2.5 Durabilidade das estruturas de
concreto....................................................27

3
METODOLOGIA......................................................................................................31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................
32
4.1 Mecânica das estruturas de concreto armado...........................................
32
4.2 Normas que gerenciam a durabilidade e qualidade das
estruturas.............33
4.3 Propriedades do concreto relacionadas à
corrosão....................................34
4.4 Formas que a corrosão
apresenta..............................................................38
4.5 Comportamento da corrosão na
estrutura..................................................39
4.6 Formas de recuperação das
estruturas......................................................41
4.7 Formas de
recomposição...........................................................................51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................55

REFERENCIAS..........................................................................................................57
10

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil procura a cada dia melhorar sua tecnologia


para o ramo de produtividade e conforto, cada vez mais as máquinas conseguem
produzir mais em menos tempo, porém, é importante que o setor também produza
tecnologias que investiguem e corrigam os defeitos, fazendo com que não ocorram
manifestações patológicas nas estruturas construídas. Com isso, o setor precisa de
artifícios que contenha as inúmeras falhas presentes nas construções, segundo
Moreira e Ripper (1998) patologia é o campo de estudo da engenharia das
construções que tem por intuito diagnosticar as causas, a origem e gravidade das
manifestações aplicando uma solução viável que garanta a resistência da estrutura e
segurança dos moradores.
As manifestações patológicas podem ter diversas causas, mas quase todas
derivam de um projeto que não foi detalhado corretamente, uma execução mal feita,
materiais com qualidade ruim ou falta de manutenção de estrutura. Quando um
projeto detalhado é posto em prática, pode-se evitar muitas patologias na construção
civil. Patologia ocorre quando a construção, durante a execução ou depois,
apresenta problemas, ou seja, quando a construção não atende mais as
necessidades e especificações dos usuários (SOUZA, 1998).
Saurin (1997) explica que para qualquer estrutura é importante conhecer
todas as características do material que for ser trabalhado, para ter um melhor
resultado e adquirir segurança em saber qual a resistência que está sendo usada.
Todas as medidas de segurança devem ser previamente sinalizadas em uma obra.
Quando uma estrutura apresenta patologias, significa que o material ou o método
utilizado na execução não foi feito de forma adequada.
Com isso, o presente trabalho tem como tema central manifestações
patológicas na construção civil com ênfase nos causadores de corrosão nas
armaduras com medidas de proteção e correção, em que o objetivo geral é analisar
os riscos que as manifestações patológicas podem gerar aos moradores e
desenvolver possibilidade de correção do problema. Os objetivos específicos são
apresentar aos engenheiros e estudantes de engenharia a relevância de realizar o
11

estudo das manifestações patológicas que atuam na construção civil, diagnosticar


métodos e possíveis soluções para as manifestações patológicas encontradas e
analisar as consequências se não houver iniciativa de reparo.
A construção civil trata-se de diversas obras de serviços especializados,
obras de acabamentos, fundações, obras de terra, preparação de canteiro de obras
e demolição, com isso, é visto que existem várias categorias de prática na área de
construção civil, sendo necessário a utilização de projetos extensos e detalhados,
análise e controle em laboratório de materiais e dimensionamentos para cada tipo de
obra trabalhada. Quando uma obra é realizada sem esses pré-requisitos, existem
uma alta probabilidade que a estrutura apresente erros futuramente, sendo uma
resposta de algo que não foi executada corretamente (SOUZA, 1998).
Moreira e Ripper (1998) informa, que em relação aos processos construtivos,
as necessidades dos usuários devem ser atendidas como também fornecer
segurança até o fim da sua vida útil, baseando-se na qualidade de um bom projeto
junto com uma boa execução, além de fornecer facilidade na manutenção e garantir
a durabilidade e resistência do local .Quando se diz em patologia na construção civil,
relaciona-se o conjunto de problemas em uma obra durante sua vida útil, durante o
período em que as características da estrutura reagem diante da união dos
materiais, e como esta responde diante disso, seja de forma de resistência,
funcionalidade e características externas.
O presente trabalho apresenta como principal razão para seu
desenvolvimento, destacar a relevância de analisar as manifestações patológicas
para posteriormente aplicar um método de correção para que a estrutura não
apresente um perigo para seus usuários, isso será realizado através de um estudo
de caso feito em um apartamento situado na cidade de Aracaju/SE, onde será
verificado uma estrutura de concreto armado a qual apresenta uma corrosão
avançada e armadura exposta. O local é um condomínio fechado chamado
condomínio Caravelas, sendo um bloco com 04 pavimentos e uma estrutura antiga,
com nenhuma manutenção feita. Será analisado a causa dessa manifestação
patológica, o que deveria ter sido feito para evitar e quais são as opções para corrigir
a situação. Também será verificado quais os perigos que a estrutura pode
apresentar aos moradores caso não seja feito uma ação de reversão do problema. A
figura a seguir demonstra a fachada do condomínio em estudo.
12

Fonte: próprio autor.

Na perspectiva social, o presente trabalho de pesquisa é de grande


relevância, por se tratar de um diagnóstico de uma manifestação patológica que, se
não for feita a análise e correção dos perigos, pode acontecer um colapso total da
estrutura ocorrendo graves acidentes com os moradores do edifício. Analisando as
manifestações patológicas pode-se observar que há riscos na estrutura onde a
mesma sofre um processo de corrosão, podendo ocasionar um colapso global da
estrutura futuramente, existem medidas que podem ser tomadas nessa situação,
através de um estudo de resistência da estrutura.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta etapa do trabalho será apresentado uma breve síntese de trabalhos


desenvolvidos com relação ao estudo da durabilidade estrutural e como as
manifestações patológicas têm influência nesse fenômeno. Além disso, será
discutido sobre corrosão de armaduras em concreto armado, comportamento
mecânico e da mecânica das estruturas do concreto armado, além de fazer
contextualização com base dos trabalhos pioneiros sobre o tema.

2.1. Patologia na construção civil

A construção civil é um dos setores que mais movimenta a economia do


país, porém, depois de um grande crescimento, houve uma desacelerada nos
últimos anos devido à problemas com a crise econômica (THOMAS, 2001).
Assumpção (2007) afirma que esse fator gerou uma maior exigência dos
consumidores na compra do seu imóvel justamente por enxergar isso não apenas
como investimento, mas como a realização de um sonho. Com clientes mais
exigentes fez com que as construtoras tivessem um cuidado maior com o pós-
venda, e não ocasionar a insatisfação dos clientes, com isso, a causa da maior
insatisfação são as manifestações patológicas na construção.
A patologia, diferente de manifestação patológica, pode ser compreendida
como uma parte da engenharia que faz o estudo das causas, mecanismos, sintomas
e origens dos defeitos nas estruturas e construções, com isso, define-se o estudo
das causas e traz o diagnóstico do problema (THOMAZ, 2001).
De acordo com Souza (1998), patologia também pode ser como conceito a
doença da construção, onde para conseguir o tratamento deve-se estudar as
causas. Em muitas situações os problemas poderiam ter sidos evitados ainda na
parte de elaboração do projeto, momento no qual ainda não existe nenhum custo de
reparo. Para aumentar ainda mais a segurança da construção contra patologias, é
necessário que sejam feitas vistorias durante a obra para garantir que será
executada de acordo com o projeto, e se os materiais utilizados são de boa
qualidade. Seguir esse protocolo, é possível recorrer em imediato se surgir algum
problema, evitar maiores problemas futuros e diminuir os custos.
14

No caso de a construção estiver pronta e durante o seu uso apareça


manifestações patológicas, é necessário que um profissional seja contratado
imediatamente para fazer uma vistoria e analisar o grau de risco da manifestação
para já iniciar um protocolo de restauração, visto que as manifestações patológicas,
em sua grande maioria, apresentam risco e insalubridade aos moradores, deve
aplicar medidas preventivas e propor medidas técnicas para aplicação no ambiente
de trabalho (CARDELLA, 2011).

2.2. Manifestações patológicas

As construções apresentam um ciclo de vida útil, no entanto, em alguns


casos pode acontecer desse ciclo ser mais acelerado: as manifestações patológicas.
Esse problema está presente na maioria das construções, varia de intensidade,
período de aparição e forma de manifestação (SOUZA, 1998).
Helene (1992) afirma que as manifestações patológicas podem apresentar
de maneira simples, o que possibilita um diagnóstico e reparo rápido, ou de forma
mais complexa, o que exige uma análise mais minuciosa e demorada. Em algumas
situações, corrigir uma estrutura pode apresentar um valor mais elevado do que
demolir e refazer, esse fato ocorre porque a maioria das estruturas que apresentam
manifestações patológicas já estão em uso, o que torna difícil os trabalhos de
recuperação.
O primeiro passo na tentativa de recuperar a estrutura é fazer a identificação
do problema. As manifestações patológicas podem se apresentar de diferentes
modalidades, como a origem, natureza, mecanismos dos fenômenos envolvidos e a
partir desse levantamento elaborar um primeiro diagnóstico. Alguns casos derivantes
da patológicas podem ser o excesso de cargas, agente biológicos, variação de
umidade e térmica, contudo, se souber a origem da patologia consegue definir o
nível que se encontra (HELENE, 1992). A tabela 2.1 demonstra quais os níveis de
acordo com cada manifestação patológica.

NÍVEL SATIFATÓRIO Sem manifestações patológicas


15

NÍVEL TOLERÁVEL Pequenas manifestações patológicas


Desagregação por ataque químico
Mancha de corrosão de armadura
NÍVEL ALERTA
Destacamento localizado no elemento
Exposição da armadura localizada no elemento
Fissuração excessiva
Destacamento generalizado no elemento
NÍVEL CRÍTICO
Exposição da armadura generalizada no
elemento Redução secção da armadura
Tabela 2.1: Níveis de tolerância das manifestações patológicas.
Fonte: Adaptado de Correia (2013).

Uma manifestação patológica que ocorre com muita frequência e é derivada


de problemas de umidade é a infiltração, a penetração da água pela superfície pode
gerar a formação de manchas de umidade que geralmente são problemas de difícil
solução. Essa manifestação patológica gera muito desconforto aos usuários, em
alguns casos pode até comprometer a saúde dos moradores, além de comprometer
os equipamentos eletrônicos nos interiores das residências como consequência
diversos prejuízos financeiros (AZEREDO, 1997).
A umidade pode ser considerada um dos maiores desafios na construção de
edifícios, por isso, é muito importante que no detalhamento do projeto já esteja as
considerações necessárias para o modelo de impermeabilização. A umidade pode
causar danos irreversíveis para a construção, o que pode gerar problemas
financeiros que dependem de muito conhecimento para serem corrigidos. Um
modelo de impermeabilização que traz resultados positivos é a manta asfáltica, que
possui flexibilidade ao ser usada, além de obter resultados satisfatórios (PIRONDI,
1997). A figura 2.1 a seguir apresenta uma manifestação patológica com o efeito da
umidade.
16

Figura 2.1: Infiltração na parede.


Fonte: Próprio autor.

Para Thomaz (2001), descolamentos cerâmicos ocorrem por inúmeros


fatores, pode ser ligado ou não com o assentamento mal executado, sem nenhuma
folga entre uma cerâmica e outra, e/ou com a flexibilidade das estruturas, que a
partir desta pode ocorrer grandes rupturas. Contudo, o descolamento da cerâmica
pode ter ocorrido por diversos fatores: Altas temperaturas (a falta de conforto térmico
da escola também proporcionou o destacamento das cerâmicas), problemas com a
dosagem da argamassa de assentamento, aplicação de forma errada e falta de
espaço entre uma cerâmica e outra.

Conforme Goldman (2004), a principal patologia dos revestimentos cerâmicos


é o descolamento das placas cerâmicas, onde pode ser causada pela preparação
inadequada da argamassa, uma vez que a mistura foi feita com água em pequena
quantidade ou em excesso, ou pode ocasionar por falhas no assentamento, quando
a placa de cerâmica não é totalmente preenchida com argamassa ao assentar a
cerâmica. Com isso, pode-se perceber que as patologias relacionadas ao
descolamento das placas cerâmicas estão interligadas com o profissional que está a
realizar essa etapa da obra, ou seja, é necessário que a mão-de-obra seja
17

qualificada para evitar esses tipos de patologias na construção civil. A figura 2.2
apresenta um exemplo de destacamento cerâmico.

Figura 2.2: Destacamento de cerâmica.


Fonte: Próprio autor.

As degradações das pinturas são, na maioria das vezes, causadas pela falta
de qualidade do material ou por problemas na superfície em que a tintura foi
aplicada. Com isso, é necessário conhecer bem o produto que for utilizado, atender
as especificações e recomendações na hora de dissolver o produto, além de
verificar se a superfície que será trabalhada está apta para receber a tintura. As
patologias relacionadas a pintura podem aparecer como descascamento, que ocorre
quando a pintura é feita sobre a superfície empoeirada ou pelo reboco que não foi
lixado e delimitado corretamente, ou em forma de mofos ou eflorescência, que
ocorre quando a tintura é feita sobre a superfície úmida (REBELLO, 2000). A figura
2.3 apresenta um tipo de manifestação patológica na pintura.
18

Figura 2.2: Destacamento de cerâmica.


Fonte: Próprio autor.

Nas alvenarias, as patologias podem se manifestar em forma de trincas e


fissuras, isso pode estar relacionado às falhas de execução, baixa qualidade dos
materiais empregados, ou como exemplo não fazer a compactação do terreno de
forma a evitar as trincas e rachaduras. As fissuras e trincas não atingem somente a
estética da construção como também no quesito estrutural do empreendimento, tem
influência também na durabilidade (HELENE, 1992).
Geralmente, as fissuras e trincas surgem de acordo com as tensões atuante
nos materiais, pode ser causada em diversas situações diferentes. caso o solo do
terreno não foi compactado corretamente, o empreendimento sofre um rebaixamento
por causa do adensamento do solo sob a fundação, ou seja, quando esse processo
ocorre em uma proporção maior que o esperado, ao longo da vida útil da estrutura
irá aparecer trincas e fissuras nas paredes, a depender da dimensão que for as
trincas e fissuras, é necessário aplicar medidas corretivas estruturais. (CUNHA,
1996). A tabela 2.2 demonstra que a forma que a fissura ou rachadura se forma na
estrutura pode informar qual é a origem do problema patológico e quais as
alternativas de recuperação e manutenção
19

PEÇAS MAIS
TIPO DE FISSURA CONFIGURAÇÃO TÍPICA
SUJEITAS
Inclinada, sem
Recalque
afastamento da região
diferencial da Paredes/vigas
que menos recalcou;
fundação
Abertura variável.
Mais inclinadas junto ao
apoio, verticalizando-se
em direção ao meio do
Cisalhamento Qualquer elemento vão; Abertura variável,
desaparecendo ao atingir
a região comprimida da
peça.

Mais concentradas junto


às regiões de máximo
momento fletor e
aumento gradativamente
o espaçamento, ao se
Qualquer elemento; afastarem dessa região;
Flexão Lajes, junto aos Abertura variável,
cantos. desaparecendo ao
atingirem a região
comprimida; diagonal,
formando um triângulo
aproximadamente
isósceles com os cantos.

Peças lineares, com


cargas não Em forma de hélice ao
Torção coincidentes com longo do eixo
seu eixo longitudinal.
longitudinal.

Perpendiculares à direção
Qualquer elemento da carga de tração,
Tração tracionado seccionando a seção
longitudinalmente. transversal; mais
fechadas juntos as
armaduras

Perpendiculares à direção
Tração Peças de suporte da reação de apoio das
peças apoiadas
indiretamente.
Tabela 2.2: Forma como as manifestações patológicas se apresentam de acordo com a abertura.
Adaptado da fonte: Correia (2013).
20

Problemas de recalque da fundação podem ser sanados quando colocado em


prática os ensaios necessários para conhecimento das características do solo, ou
seja, saber como a geologia do solo se comporta quando colocado tensões sobre
ele. Um dos ensaios mais usados na construção civil para classificação de solo é o
Ensaio de Sondagem a Percussão (SPT), que consiste em medir por metro de
terreno a resistência da camada de solo através de um número de golpes, esse
número irá ser verificado até o martelo do equipamento atingir uma camada de 30
metros de profundidade de solo. Através desse ensaio, pode ser analisado
características do solo, e aplicar um tipo de fundação que se adeque ao aspecto do
solo e ao tipo de construção. (SOUZA, 1996). A figura 2.4 apresenta um exemplo de
rachadura devido ao recalque de fundação.

Figura 2.4: Rachadura por recalque da fundação.


Fonte: Próprio autor.

Segundo Helene (1992) trincas nas calçadas pode ser um fenômeno que tem
por influencia o uso inadequado do concreto, ou seja, na falha da preparação,
inclusive a definição do traço do concreto (fator cimento, areia e água), podem
influenciar no excesso de umidade ou retração por secagem, uma vez que esses
fatores podem gerar as rachaduras do concreto nas calçadas. Também é importante
respeitar o processo de cura do concreto, que é o processo em que o mesmo deve
ficar isolado das intempéries como sol e chuva, com um tempo de sete dias.
21

Em relação aos problemas geotécnicos, o recalque é um fator imprescindível


a ser estudado entes de iniciar o projeto de fundações, com destacamento em
recalque diferencial. O recalque diferencial influencia em muitas partes do edifício,
como fissurações nas paredes e tubulações hidráulicas. Com isso, o
dimensionamento das características do solo deve ser feito minuciosamente e com
bastante precisão para que não haja patologias na estrutura futuramente. Para início
de análise, é preciso conhecer o solo que irá se trabalhar através de sondagens e
ensaios de solo para maior conhecimento do terreno que irá ser trabalhado
(MANZIONE 2004).
Quando for elaborar um projeto de fundações, é necessário fazer a
análise dos critérios de segurança à ruptura e recalques admissíveis, ou seja, até
que ponto o recalque que aquela estrutura irá sofrer está dentro dos limites
aceitáveis para que não ocorra patologias. Assim, a obra faz análise dos dois
modelos de fundações, rasa e profunda, uma vez que o recalque acontece em toda
construção, mas é preciso analisar até que ponto ele não é danoso para a
segurança dos usuários (AZEREDO (1987).
Segundo Helene (2002) a definição de corrosão em armaduras de concreto
como um fenômeno de natureza eletroquímica e pode ter o processo mais acelerado
com a ajuda de agentes químicos internos ou externos. O que faz o concreto ser
armado é a presença do aço no interior da estrutura e se encontra dentro de um
espaço muito alcalino que deveria estar protegido do processo de corrosão. Mesmo
que a estrutura esteja mais velha, ainda assim o concreto tem a capacidade de
proteger o aço do processo de corrosão. Contudo, quando o concreto apresenta
indícios de deterioração, o aço fica mais exposto para acontecer o fenômeno de
corrosão.
A corrosão apresenta dois períodos: O período inicial que se caracteriza pela
a entrada do agente agressivo até o processo de despassivação da armadura. O
segundo período é quando, uma vez que a estrutura entra em contato e apresenta a
corrosão, esse agente vem consolidado e aumenta gradualmente, com grande força
e ocasiona danos severos às armaduras (GENTIL 2003). A figura 2.5 apresenta as
formas de como a corrosão pode se manifestar em uma estrutura.
22

Figura 2.5: Manifestação da corrosão generalizada.


Fonte: Correia (2013).

No concreto armado, o principal protetor do aço é o concreto. O material


funciona como uma capa protetora para o aço que impede que os agentes nocivos
entrem em contato. Com isso, é possível chegar à conclusão que o aço tem maior
chance de deterioração quando o concreto não exerce mais a função protetora, ou
seja, quando esse material também passa por problemas (GENTIL 2003).
Helene (1992) informa que o concreto não deve apenas resistir às ações
estruturais externas, ele também tem de ser capaz de resistir as ações de caráter
físico e químico. Conforme a tabela 2.3 a seguir, é possível analisar os fatores
determinantes que levam a corrosão do concreto.
23

Tabela 2.3: Causas de corrosões no concreto.


Fonte: Gentil (2003).

A partir disso, é possível compreender que, para que uma estrutura funcione
por completo, é preciso que todos os materiais trabalhem juntos com o mesmo
intuito: manter a estabilidade da estrutura e impedir que os agentes internos e
externos entrem em contato para garantir a vida útil da edificação. Quando um
desses materiais não trabalham da forma que foram pensados para trabalhar,
compromete a estrutura gerando insegurança aos usuários.
Em suma, a necessidade de mudança é iminente; com projetos mais
adequados e a fiscalização da execução podem ser a base para que patologias não
sejam corriqueiras na construção civil. Ambientes como edifícios devem ser muito
bem projetados e executados para que suporte a quantidade de pessoas que irão
frequentar o local. Souza (1998) diz que a presença de um responsável técnico é de
suma importância para o acompanhamento da obra, uma vez que este tem o
conhecimento técnico para poder resolver imprevistos corriqueiros, além de saber
fazer a escolha de materiais que prezem por resistência, segurança e durabilidade.
24

2.3 Origem das manifestações patológicas

Na construção civil, as manifestações patológicas podem ter causas diversas


e de origens distintas. Segundo Saurin (1991) pode ser por causa natural ou por
causa de alguma etapa construtiva (planejamento, projeto e materiais). Algumas
manifestações patológicas são inevitáveis, por mais perfeito que seja o projeto e a
execução, há possibilidade de ocorrer algum problema, mas desde que seja
controlado, não há comprometimento da estrutura.
De modo geral, as manifestações patológicas não tem origem em uma causa
isolada, mas é resultado de muitos fatores relevantes que formam a manifestação.
Esse fator pode ser avaliado de acordo com o processo patológico, com a causa, os
sintomas ou até mesmo em qual etapa do processo executivo que o problema
ocorreu. Além de todos esses processos, também existe a possibilidade de a
manifestação patológica ter surgido devido a uma falha no sistema de controle de
qualidade (CORREIA, 2013). A figura 2.6 apresenta onde estão concentradas as
principais causas das manifestações patológicas na construção civil.

Má utilização Outros
pelo usuário 7%
11%
Falha de Projeto
45%
Má qualidade dos
materiais
15%

Falha de Execução
22%

Figura 2.6: Principais causas de manifestações patológicas.


Fonte: Correia, 2013.
25

As manifestações patológicas são as principais causas pelas manutenções


das estruturas, o processo de manutenção é uma atividade com o custo
relativamente alto e que poderia ser evitado caso houvesse maior detalhamento de
projeto e uso de materiais com qualidade (HELENE, 1992). Com isso, é preciso que
haja uma busca por estratégias para que dentro do processo construtivo e no
controle de qualidade os riscos sejam sanados.
Durante a fase de elaboração do projeto existe uma etapa muito relevante
para o resultado final, mas que os profissionais não dão a devida importância: a
compatibilização. Essa etapa deve ser feita antes da fase de execução para que
assim problemas sejam evitados (AZEREDO, 1987).
Seguido a parte de compatibilização, Manzione (2004) informa que os
detalhes executivos adquirem grande importância, uma vez que, através destes, a
leitura e a interpretação do projeto são sucedidas com clareza, é fundamental que
cada projeto seja acompanhado de detalhes eficientes. O detalhamento de
materiais, a especificação das normas técnicas para cada atuação, a solução de
interfaces projeto – obra, o projeto para a execução e a administração entre vários
projetos também são considerados fatores importantes dentro deste contexto

2.4 Método de inspeção de corrosão em estruturas de concreto

Na construção civil, o profissional qualificado com o registro do CREA


(Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) acompanha e determina a
qualidade e segurança da obra, com isso, consequentemente traz estabilidade de
que a obra seja realizada sem patologias nas estruturas ou problemas maiores no
futuro. Quando um profissional estuda por anos para o devido serviço, significa que
ele está apto para a função, porém, a sociedade dispensa os serviços e
acompanhamento do profissional e opta por construir de forma irregular (HELENE,
1992).
Quando o profissional da construção civil elabora um projeto, ele detalha
todas as informações necessárias para a segurança e estabilidade da estrutura, com
atendimento as exigências previstas na norma ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), além de emitir as Anotações de Responsabilidade Técnica
26

(ART), fatores que contribuem para a segurança da construção. (CUNHA; LIMA;


SOUZA, 1996). A figura 2.7 apresenta o método de inspeção de um problema
patológico.

Figura 2.7: Inspeção de um problema patológico.


Fonte: Helene (1992).

Na análise de corrosão de estruturas de concreto é importante fazer a


identificação de até onde a estrutura está conservada através de alguns ensaios, o
de profundidade de carbonatação, medição do cobrimento de concreto, análise
dimensional de seção de armaduras (HELENE, 1992).
A corrosão na armadura acontece quando o concreto não cumpre sua função
de cobrir a armadura a proteger nas ações exteriores. A armadura perde a proteção
que o concreto fornece (despassivação) e as ações de elementos agressivos por
27

fontes externas atuam sobre o concreto e diminuem sua alcalinidade e quebra sua
película protetora.
O ensaio de cobrimento oferece resultados sobre quanta camada de concreto
ainda resulta na estrutura de concreto. O cobrimento do concreto é de acordo com a
classe de agressividade do ambiente, definido pela norma NBR 6118:2014. A tabela
2.4 informa o cobrimento necessário de acordo com a classe de agressividade
ambiental, tipo de estrutura e tipo de componente estrutural.

Classe de agressividade ambiental


Tipo de Componente ou
I II III IV
estrutura elemento
Cobrimento nominal (mm)
Laje 20 25 35 45
Viga/pilar 25 30 40 50
Concreto
armado Elementos estruturais
em contato com o 30 40 50
solo
Concreto Laje 25 30 40 50
protendido Viga/pilar 30 35 45 55
Tabela 2.4: Classe de agressividade ambiental.
Fonte: ABNT 6118:2014.

De acordo com Rebello (2000), quando o engenheiro elabora o projeto com


todas as informações, ele detalha também sobre o f ck do concreto, uma vez que o
índice fck é a resistência do concreto sobre compressão, onde esse índice é de suma
importância para a elaboração dos cálculos estruturais. A obtenção do f ck do
concreto é através de ensaios, para então a comprovação que o concreto está apto
para a utilização, uma vez que o fck está totalmente interligado com a segurança e
durabilidade da estrutura. Quando uma estrutura é construída com o valor de f ck mais
baixo que o recomendado, ela pode vir a sofrer deformações, apresentar fissuras e
trincas ou até mesmo cair. Com isso, é importante que o profissional faça os ensaios
para obtenção dos valores de fck, aplicar uma estrutura que atenda aos valores de
resistência para garantir uma estrutura segura e durável.
Dentre os diversos ensaios que devem ser feitos para caracterização do
concreto, está o ensaio slump, onde a elaboração dele consiste em analisar as
propriedades de consistência e trabalhabilidade. Esse ensaio influencia
principalmente na caracterização do traço do concreto. O concreto é a mistura de
28

cimento, água, agregados graúdos e miúdos, o seu traço é a quantidade desses


materiais necessários para cada utilização. O traço deve ser seguido à risca de
acordo com a necessidade da construção, visto que o concreto é uma das partes
mais importantes que caracteriza a resistência da estrutura. O traço do concreto
pode variar a cada construção, onde a característica do concreto pode variar diante
da necessidade especificada, se quer uma estrutura mais resistente, durável,
econômica ou com mais fácil trabalhabilidade. (SOUZA e MEKBEKIAN, 1996).
O engenheiro civil deve estar preparado para os desafios que ocorrem
durante a profissão, um desses desafios é realizar um projeto arquitetônico que
engloba quesitos fundamentais para executar uma boa construção. Conforme
defendido por Assumpção (2007), existem ocasiões que levam à imprescindibilidade
de se dispor de recursos que permitam verificar estratégias de produção, atuem com
as informações no momento em que recebe as primeiras decisões sobre o
empreendimento, e diagnosticar a quantidade e os detalhes das informações. Em
relação aos processos construtivos, as necessidades dos usuários devem ser
atendidas e fornecer segurança até o fim da sua vida útil, baseia-se na qualidade de
um bom projeto junto com uma boa execução, além de fornecer facilidade na
manutenção e garantir a durabilidade e resistência do local (THOMAZ, 2001).
De acordo com Goldman (2004), em casos de reforma, é necessário que haja
a permissão do engenheiro para a análise se é viável a construção de mais andares,
independente qual for a proporção da residência que irá construir, a consulta com o
profissional é indispensável. O engenheiro nessas situações irá analisar as
informações sobre a fundação, as instalações e a estrutura da residência para saber
se será capaz de suportar o peso de mais um andar. Fazer a checagem das
fundações, pilares e vigas é imprescindível para esse tipo de reforma, uma vez que
é preciso saber o quanto a estrutura suporta para poder aplicar uma carga sobre ela.

2.5 Durabilidade das estruturas de concreto

O profissional habilitado pelo conselho obteve o conhecimento através de


anos de estudos para estar apto para atuar em diversas situações, inclusive em
reparo de estruturas. Inicialmente, o engenheiro deve elaborar um projeto que
29

atenda os critérios de resistência da estrutura, ou seja, quando existe uma proposta


de construir um novo andar em cima de uma residência, o profissional deve analisar
se a estrutura presente pode suportar as cargas que serão impostas com a
construção do novo pavimento, quando a estrutura apresenta patologias, essa
atividade se torna mais desafiadora
O engenheiro deve analisar a fundação, vigas e lajes da casa para constatar se essa
estrutura está apta para receber novas cargas, caso não esteja, é preciso um reforço
(GENTIL, 2003).
Quando se fala sobre estruturas, o concreto é o principal influenciador no fator
resistência da construção, com isso, é preciso analisar o valor de f ck do concreto
para realizar o cálculo de resistência e analisar se o concreto está apto a suportar as
cargas da construção. Para analisar o f ck do concreto, é feito ensaios de laboratório,
cujo objetivo é saber qual a resistência à compressão que o concreto irá sofrer e o
grau de deformação. Com isso, é analisado como o concreto irá se comportar
quando submetido a cargas. O índice de f ck é um item indispensável para fazer o
detalhamento no projeto de estruturas, uma vez que esse processo identifica as
características de resistência do concreto (SAURIN1 1997).
Após os dados de resistência do concreto, chega o momento de definir o
traço do mesmo, visto que o traço do concreto é definido a partir do objetivo da
construção e as particularidades de cada uso. O traço do concreto tem influência na
trabalhabilidade, durabilidade e até mesmo a resistência, ou seja, uma etapa
fundamental de ser analisada (MESEGUER, 1991).
Existe uma gama de fatores que interagem no desempenho da estrutura,
através disso, pode-se chegar à conclusão que diversos tipos de manifestações
patológicas podem ocorrer por muitas causas, é na maioria das vezes resultado do
sinergismo existentes que levam a degradação da estrutura. Na figura abaixo é
possível visualizar de forma sistemática os fatores que influenciam para a
degradação da estrutura (CUNHA, 1996).
A vida útil das estruturas pode ser definida em duas etapas: iniciação e
propagação. A primeira fase, que é a fase de iniciação, consiste no momento de
execução da estrutura até a parte que o agente agressivo ultrapassa o cobrimento
do concreto encontrando a armadura e despassivando-a. Já a propagação consiste
na deterioração da estrutura ultrapassando o limite aceitável. Também é relevante
ressaltar que as estruturas se comportam de maneira diferente dependendo do tipo
30

de ambiente em que são expostas, por exemplo, em ambientes marinhos as


estruturas ficam submetidas a diferentes condições de exposição a cloretos. Com
isso, a análise de aplicabilidade de estratégias para melhoras a durabilidade das
estruturas deve ser baseada também de acordo com a classe de agressividade que
as mesmas estão expostas. Na figura abaixo é possível visualizar de forma
sistemática os fatores que influenciam para a degradação da estrutura (SILVA
FILHO, 1994).
Os pilares é o elemento estrutural que, na maioria das vezes, apresentam
maior teor de degradação. As manifestações patológicas que surgem nesse
elemento estrutural em muitas vezes de forma simultânea é a corrosão em
armaduras, segregação do concreto e a presença de fissura, demonstrando que há
uma relação entre esses danos, ou seja, um propicia que o outro se desenvolva
(SILVA FILHO, 1994).
A segregação do concreto ocorre muitas vezes no pilar muito provavelmente
acontece devido a forma de concretagem: na parte da vibração do concreto torna-se
dificultosa por causa do comprimento limitado da agulha do vibrador. Outro motivo
que impulsiona a segregação do concreto é grande alturas de lançamento, faz com
que o material mais denso do concreto seja impulsionado para a base da forma da
estrutura (YAZIGI, 2009). A figura 2.8 demonstra de que forma o tipo de deterioração
do concreto tem influência na durabilidade da estrutura.
31

19

2
DURABILIDADE
3 4 5

Projeto Estrutural Materiais Execução


- Forma - Concreto - Mão-de-obra Cura
- Detalhamento - Armadura

Natureza e distribuição dos poros

Mecanismos de transporte

8 9

Deterioração do Deterioração da
concreto armadura

10 11 12

Física Química Corrosão

20

DESEMPENHO 15 16
13

Rigidez Condição
Resistência superficial

14 18

Segurança Aparência

Figura 2.8: Durabilidade do concreto.


Fonte: Cunha (1996).
Em suma, o profissional atuante na área da construção civil irá diagnosticar
todos os fatores constituintes para a segurança da obra, o que é o primeiro e
principal passo a contratação do profissional para evitar tragédias como o ocorrido
no caso apresentado. O conhecimento dos materiais de construção é importante
para ser colocado em prática, com os ensaios laboratoriais é possível conhecer o
comportamento deste sobre as situações, onde o engenheiro irá conhecer as
características dos materiais para poder usá-los de forma adequada. Com isso, para
garantir segurança e durabilidade na construção, é preciso fazer as análises dos
materiais com um projeto detalhado feito por um profissional habilitado.
32

3 METODOLOGIA

Para o início da elaboração deste trabalho, foram pesquisadas as bibliografias


mais adequadas à pesquisa, além de apresentar as informações levantadas. Em
contrapartida, destinou-se para uma análise teórica dos estudos disponíveis para
consulta com relação ao assunto do trabalho, o que caracteriza este trabalho como
uma pesquisa bibliográfica. Segundo Trentini e Paim (1999), a revisão bibliográfica
constitui de uma observação crítica e detalhada das publicações e análises de um
campo de conhecimento. Desse modo, é analisado os aspectos mais importantes e
mais atuais que estão totalmente relacionados com o tema abordado neste trabalho,
sendo ele as manifestações patológicas em estruturas de concreto armado, assim
como todos os textos e notícias alusivas ao assunto.
Este trabalho pode ser definido como pesquisa descritiva, uma vez que é
realizado uma pesquisa com base em livros, artigos e trabalhos acadêmicos que
abordam o assunto escolhido.
O tipo de abordagem define-se como abordagem quantitativa, pois os
resultados obtidos serão analisados estatisticamente, pois, de acordo com Neves
(1996), a pesquisa quantitativa define-se com a preocupação de mensurar,
enumerar ou medir eventos. A escolha da pesquisa quantitativa se justifica
sobretudo pela necessidade de obter resultados sobre o comportamento das
estruturas para melhor aplicar um método de correção.
Como um complemento, Demo (2000) diz que o objetivo principal da pesquisa
é induzir o contato pessoal do estudante e, no decorrer das teorias e pesquisas,
através da leitura, o aluno desenvolver a capacidade de interpretação própria e
escrita de pesquisas científicas.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Mecânica das estruturas de concreto armado

A obtenção dos dados sobre o comportamento mecânico do concreto tem


por base totalmente científica, ou seja, por ensaios de laboratório NEVILLE (2013).
Obtêm-se a definição do comportamento mecânico do concreto por uma
exemplificação do diagrama tensão-deformação tanto por ensaio de compressão
quanto com ensaios de deformação. Esses ensaios se baseiam no comportamento
do concreto sobre influência de carregamentos e a forma como o corpo de prova se
apresenta pode ser mensurado a tensão de ruptura, módulo de elasticidade e
coeficiente de Poisson (NEVILLE 2013).
De acordo com Souza (1998), o estudo do comportamento mecânico dos
dois materiais (concreto e aço) deve ser desenvolvido em paralelo para analisar o
comportamento dos dois juntos em forma de concreto armado. Os conceitos de
engenharia obtidos atualmente sobre resistência e durabilidade das estruturas só é
possível devido ao estudo mecânico desses materiais e a forma como eles
interagem diante de cada intensidade de carga que estes serão obtidos, dessa
forma, é possível analisar com exatidão e segurança o comportamento das
estruturas.
Helene (1992) informa que um dos motivos das manifestações patológicas
no concreto armado pode estar no excesso de cargas que as estruturas foram
submetidas, o estudo do comportamento mecânico das estruturas é o responsável
por detectar se o tipo de patologias encontradas pode ser resultante das cargas.
Corrosão em estruturas é o principal objeto desse trabalho, a figura 4.1
apresenta uma corrosão em um condomínio situado na cidade de Aracaju/SE, em
um prédio de 4 pavimentos, onde demonstra nenhum tipo de manutenção na
estrutura o que pode ser um dos motivos para apresentar a manifestação patológica.
34

Figura 4.1: Corrosão em concreto armado.


Fonte: Próprio autor.

A fonte dessa manifestação patológica acontecer pode ser de diversos


fatores, como por exemplo o excesso de carga na estrutura que pode ter ocasionado
pela a falta de um estudo de mecânico. Todo esse estudo deve ser colocado em
prática quando for iniciar a construção do empreendimento para que eventos
indesejáveis aconteçam e coloque em risco toda a estrutura.

4.2 Normas que gerenciam a durabilidade e qualidade das estruturas

Em uma regra geral, a durabilidade da estrutura de concreto pode ser


analisada diante de quatro fatores: Composição ou traço do concreto, cura efetiva do
concreto na estrutura, cobrimento das armaduras e compactação ou adensamento
efetivo do concreto na estrutura (HELENE,1992).
Sobre a qualidade e durabilidade de concreto, as normas ABNT NBR
6118:2014 e ABNT NBR 12655:2006 promovem informações sobre a composição
do concreto de acordo com a classe de agressividade ambiental de cada ambiente
para que seja estabelecido valor adequados sobre a relação água/cimento da
35

massa. Essa NBR considera que, em condições especificas de exposição de


agressividade, deve ser atendidos requisitos mínimos de durabilidade expostos
sobre a relação água/cimento para a resistência mínima de compressão do
concreto. Os requisitos mínimos estão dispostos na tabela 4.1 abaixo.

Tabela 4.1: Requisitos resistência do concreto de acordo com as condições de exposição.


Fonte: ABNT NBR 12655:2006.

Existe todo um estudo por trás de todas normas para poder especificar com
garantia e segurança os valores numéricos para a vida útil das estruturas, um
serviço bastante complexo e de muita responsabilidade pois será este conteúdo que
irá definir os aspectos necessários para as construções (AZEREDO, 1987).

4.3 Propriedades do concreto relacionadas à corrosão

Segundo Gentil (2003), a corrosão em uma estrutura de concreto pode estar


associada a diversos motivos, como fatores mecânicos, físicos, biológicos ou
químicos. Os fatores ligados à corrosão podem ser devido à temperatura do
ambiente, tipo de cimento e adições, cobrimento, relação água/cimento,
permeabilidade e resistividade do concreto.
A temperatura acelera o processo corrosivo, principalmente em ambientes
que pode ocorrer o choque térmico devido a vasta alteração de temperatura o que
diminui a integridade das estruturas. A variações de temperatura podem gerar
36

pequenas fissurações na massa do concreto o que permite a entrada de agente


agressivos na armação (CORREIA, 2013).
O cobrimento define-se como a camada de concreto que envolve a armadura,
ou seja, o espaçamento necessário que existe entre o concreto e armadura, acaba
que uma das inúmeras funcionalidades do concreto é a proteção do aço. Esse
fenômeno pode ser chamado de proteção física, que funciona como uma barreira
para que agentes agressivos desencadeadores de corrosão não entre em contato
com as barras de aço. Além dessa funcionalidade, o concreto também garante o
meio alcalino para que a armadura tenha proteção química.
O cobrimento é uma informação muito importante nos detalhamentos de
projetos estruturais, assim como a classe de agressividade ambiental, pois essas
especificações estão totalmente interligadas com a resistência da estrutura. A norma
responsável por direcionar os cobrimentos necessários é a ABNT 6118:2014, a qual
se insere o cobrimento de acordo com a classe ambiental de cada ambiente e ao
tipo de estrutura (concreto armado ou concreto protendido) e em qual peça estrutura
(laje, viga, pilar etc).
Existe um fator de cobrimento nominal na norma que é a junção do
cobrimento mínimo e a tolerância de execução. O cobrimento mínimo deve ser o
valor considerado obrigatoriamente para que a estrutura mantenha a resistência e
deve ser executado ao longo de todo elemento (GENTIL, 2003). A tabela 4.2 abaixo
apresenta os cobrimentos nominais e cobrimentos mínimos.

Tabela 4.2: Cobrimento de acordo com o tipo de estrutura, elemento estrutural e classe de
agressividade ambiental.
Fonte: ABNT NBR 6118:2014.
37

Em algumas situações mais rigorosos de controle de qualidade devido aos


diferentes modos de execução, alguns cobrimentos nominais que estão dispostos na
norma tem seus índices alterados para menor. Em caso de concreto protendido, a
norma indica que o cobrimento nominal deve ser maior ou igual o diâmetro da
armadura longitudinal, maior ou igual ao diâmetro do feixe de barras e maior ou igual
à metade do diâmetro da bainha (GENTIL, 2013).
A temperatura também é um índice de grande relevância para analisar
quando está elaborando um projeto estrutural em concreto armado, uma vez que
esse índice altera na velocidade de corrosão e da mobilidade iônica. Em
temperaturas baixas podem gerar condensação e produzir alterações na corrosão.
Em ambientes onde ocorrem as duas variações de temperatura em um curto espaço
de tempo podem ocasionar choques térmicos e comprometer a integridade física
das estruturas, gera microfissuras na massa do concreto que facilita a entrada de
agentes agressivos na estrutura (SILVA, 2009).
Souza (1996) informa que a escolha dos materiais tem influência direta na
conservação e resistência de toda a estrutura, isso se mantêm na escolha das
adições dos cimentos também no processo corrosivo. Concretos com adições de
escória de alto-forno ou com adições de materiais pozolânicos tem em sua
consistência mais pastosa que possibilita uma compactação mais efetiva e assim
impede que a penetração de líquidos, gases e íons seja consideravelmente
reduzido, e assim faz com que o desempenho seja melhor em comparação ao
cimento Portland comum. Mesmo com essa característica que impossibilita a
entrada dos agentes agressivos, esse tipo de cimento com essas adições pioram o
comportamento do concreto em relação à carbonatação.
A ABNT NBR 6118:2014 descreve os limites para a fissuração e proteção
das armaduras em relação à durabilidade. Existe uma tabela na norma que
estabelece os limites de fissuração máxima aceitável de acordo com o tipo de
concreto (simples, armado ou protendido). A classe de agressividade ambiental
também é considerada juntamente com as combinações das ações da peça
estrutural. Em estruturas de concreto protendido a fissuração serve uma regra mais
restritiva devido as chances de corrosão serem muito maiores do que peças em
estruturas de concreto armado. As estruturas de concreto armado, por norma, as
fissuras devem estar entre 0,2 mm e 0,4 mm, não pode exceder esses valores.
38

As fissuras em estruturas de concreto é um assunto bastante discutido


dentre os profissionais, o que gera até uma polêmica no meio devido a corrosão.
Helene (1986) explica que em um ensaio de vigas com abertura de fissura 0,2 a
0,3mm os resultados informaram que existe um grau maior de corrosão de acordo
com a abertura da fissura e quanto mais cedo elas aparecem. Já Cascudo (1997)
relata que, quando as fissuram não chegam à medida de 0,4 mm, mesmo que exista
um caminho mais fácil para os agentes agressivos na estrutura, isso não altera na
vida útil da estrutura. Com isso pode-se observar que esse assunto de abertura de
fissuras ainda é um pouco controverso que precisa de mais estudos para chegar em
uma conclusão concreta.
A relação água/cimento relaciona como a consistência da massa de
concreto sofre influência na porosidade da estrutura. Esse fator água cimento têm
relevância na corrosão tanto quanto o valor de cobrimento das peças. A ABNT NBR
6118:2014 expõe os limites de água/cimento de acordo com a classe de
agressividade que o ambiente apresenta e também em relação ao tipo de concreto.
A ABNT NBR12655:2006 faz a especificação dos valores máximos de água/cimento
para a resistência característica a compressão do concreto.
A cura do concreto não é apenas importante para o concreto ganhar
resistência, mas como também para evitar que poros apareçam e dão abertura para
agentes agressivos. A forma como a massa é lançada envolve a permeabilidade do
concreto que relaciona a distribuição e quantidade de poros da pasta de cimento,
todos esses processos devem ser analisando porque influenciam na manifestação
da corrosão (SAURIN, 1997).
Um contaminante mais citado nas literaturas relacionadas ao assunto como
causador de corrosão nos metais no concreto são os cloretos. Os íons cloreto no
concreto se apresentam de duas foras: através de fontes externas, que a
contaminação acontece na parte superior do concreto ou misturados na própria
massa de concreto onde a contaminação acontece por meio de aditivos que tem a
função de acelerar a pega ou endurecimento da massa (HELENE, 1992). A tabela
4.3 traz exemplos de algumas fontes de íons cloreto em concreto.
39

Tabela 4.3: íons cloreto em concreto.


Fonte: Azeredo (1997).
Ao observar a tabela 4.3 é possível chegar a conclusão que a
depender do ambiente e a forma que a estrutura pode estar exposta, é necessário
incorporar aditivos na mistura de concreto que faça com que o nível de
contaminação seja reduzido e assim seja possível garantir maior proteção à
estrutura.

4.4 Formas que a corrosão apresenta

Existem três formas de como a corrosão pode se apresentar: corrosão


generalizada, puntiforme e por tensão fraturante. A corrosão generalizada, como o
próprio nome dá a entender, apresenta de forma generalizada por toda a peça
metálica, pode também revelar-se de forma uniforme, lisa, regular, rugosa ou não
regular. Essa espécie de corrosão é ocasionada por causa da diminuição da
alcalinidade do concreto, ou seja, também pode estar relacionada com uma
lixiviação (HELENE, 1992). A imagem 4.2 apresentam um exemplo de corrosão
generalizada.
40

Figura 4.2: Corrosão generalizada.


Fonte: Souza (1996).

Esse tipo de corrosão ocorre com o caso em estudo, ou seja, todas as barras
de aço do pilar estão infectadas com corrosão generalizada, uma vez que apresenta
o aspecto todo rugoso. Outro tipo de corrosão que pode estar atuando nessa
estrutura é a corrosão por tensão fraturante, que, segundo Gentil (2003) acontece ao
mesmo tempo com uma tensão de tração na armadura, que dará início à
propagação de fissuras nas barras de aço, pode acontecer tanto em estruturas de
concreto protendido como em estruturas de concreto armado. Ambientes que
contém altas taxas de cloretos com níveis de tensão altos tem a velocidade de
propagação da corrosão por tensão fraturante e em algumas situações podem
acontecer casos muito preocupantes.

4.5 Comportamento da corrosão na estrutura

A corrosão pode apresentar de três formas: Através da fissuração do concreto


(abertura para agentes agressivos), sobre a aderência aço/concreto e sobre a
diminuição da capacidade mecânica do aço. Sobre a diminuição da capacidade
mecânica do aço, isso acontece devido a minimização da tensão de escoamento do
aço por causa da redução da seção transversal da barra (GENTIL, 2003).
41

Já em relação a aderência do aço/concreto, as barras corroídas prejudicam a


aderência do concreto pelo fato das barras apresentarem em sua superfície crostas
destacáveis. Quando das barras de aço apresentam corrosão essa pode se alastrar
e apresentar uma expansão de até 32 Mpa o que pode romper partes dos concretos
(SILVA, 2009). A imagem 4.3 mostra o processo de rompimento do concreto devido
à corrosão das barras.

Figura 4.3: Rompimento do concreto.


Fonte: Silva (2009).

Não são em todas as situações que o aço com corrosão apresenta a


fissuração do concreto, isso ocorre geralmente quando o concreto está muito úmido
e o óxidos são produzidos a uma velocidade constante e pode movimentar-se
através dos poros, apresentando-se por meio de manchas marrom-avermelhadas,
não necessariamente estar na mesma posição das armaduras. Quando ocorre esse
fenômeno a durabilidade da estrutura afetada devido a perda de seção das
armaduras e pela falta de aderência do aço/concreto (HELENE, 1992).
Em um resumo geral das características da corrosão, a figura 4.4 representa
os efeitos mais relevantes da corrosão com relação aos componentes mecânicos
das estruturas.
42

Figura 4.4: Diagrama da corrosão.


Fonte: Azeredo (1987).

Através do diagrama foi possível observar que a forma que a acontecer a


corrosão é importante para detectar qual o melhor modelo corretivo, visto que a
corrosão pode se manifestar de diversas maneiras. Quando for realizar a análise das
características da corrosão é possível identificar o método corretivo especifico para
aquele caso e assegurar que aquilo que causo a manifestação patológica não irá
mais gerar a corrosão.

4.6 Formas de recuperação das estruturas

O processo de recuperação de uma estrutura que foi afetado por algum tipo
de manifestação patológica não é feito de maneira rígida, são vários procedimentos
que podem ser utilizados, irá depender da gravidade e o tipo de manifestação, ou
seja, é uma ação muito singular e depende de cada componente. O pré-requisito
para a escolha do método de recuperação irá depender de elementos como a
viabilidade de acesso ao local de reparo, fatores econômicos e as técnicas que
podem ser variantes de acordo com cada caso. A situação torna-se mais complicada
em casos de estruturas deterioradas por corrosão de armaduras, visto que se
ocorreu essa manifestação patológica tudo indica que o ambiente em que a
43

estrutura está é um ambiente com taxa de agressividade ambiental considerável


(CORREIA, 2013).
De acordo com Pirondi (1997), o que irá definir o desempenho de um prédio
construído por estrutura de concreto armado é a qualidade do projeto, etapa
executiva e materiais utilizados. Outo fator relevante na conservação da estrutura
são os cuidados dos usuários e se é realizado a manutenção na frequência indicada.
A manutenção é um dos indicadores que aumentam a vida útil da estrutura, pois sé
houver uma rotina de manutenção as chances de uma estrutura vierem à ruína são
quase nulas.
No entanto, de acordo com Correia (2013) quando a manutenção não é mais
eficaz na estrutura, inevitavelmente as manifestações patológicas irão surgir com
mais facilidade e será de extrema importância aplicar os métodos corretivos. Ações
corretivas podem se dividir em duas etapas: O reforço e a recuperação das
estruturas. Essas ações são responsáveis pela correção e tem como principal
objetivo retornar à estrutura condições que garantem o desempenho estrutural que a
mesma necessita para se manter segura e estável.
É importante ressaltar que existe uma diferença entre reforço e recuperação.
Recuperação tem o objetivo de retornar à integridade das peças estruturas, inclusive
a vida útil a qual foi dimensionada desde o início do projeto. O reforço entende-se
pela perda da resistência residual, na ocasião em que a estrutura deixa de atender
as solicitações de projeto. No processo de recuperação é preciso que haja uma
antecipada elaboração de cálculo estrutural, fazer a análise das atividades que tem
de ser executadas e levar em consideração a indispensabilidade de alteração da
funcionalidade da estrutura. Nessa fase precisa desse processo porque precisa
estabelecer a definição das peças estruturais que precisam do reforço, escolha da
melhor forma de execução e avaliação do grau de segurança que a estrutura ainda
consegue oferecer aos usuários (GOMIDE, 2006).
Nos casos de corrosão de armaduras, Cascudo (1997) relata alguns
procedimentos de tratamentos: reparos localizados, reparos generalizados, remoção
eletroquímica dos cloretos, eliminação do eletrólito, e proteção catódica. O
procedimento de reparo localizado é feito a partir da exposição da armadura nos
trechos corroídos a partir de uma abordagem no local e depois iniciar a
reconstituição da seção na peça estrutural. No momento em que abrir a estrutura de
concreto, as peças de aço devem ser cuidadosamente limpas e o profissional que
44

estiver manipulando o elemento deverá ter certeza que o elemento está totalmente
limpo e livre de resquícios de corrosão, a limpeza deverá ser feita com produtos à
base de zinco. Os produtos com presença de zinco atuam como ânodo de
sacrifícios, que protege as barras de aço contra as reações deletérias. Em casos de
reparos generalizados são utilizados os mesmos passos do procedimento anterior,
desde que o intuito é remover concretos contaminados de maneira preventiva.
Esse tipo de metodologia é a mais utilizadas pelos profissionais pois o método
de execução é muito conhecido no meio da construção civil, pode-se dizer que
obtêm resultados satisfatórios quando é feito da maneira correta. O mais importante
na recomposição estrutural é restaurar a proteção das armaduras para que suas
propriedades físicas não sejam mais afetadas pelos agentes corrosivos e restaurar
as características estéticas da peça estrutura (GOMIDE, 2006). A imagem 4.5
mostra as atividades ideais no momento de recuperação da peça estrutural.

Figura 4.5: Etapas de recuperação.


Fonte: Ribeiro (2014).

De acordo com a imagem acima a etapa 1 sinaliza a delimitação de contorno


do reparo, ou seja, a área que será feito o corte, a etapa 2 mostra a remoção do
material deteriorado, logo após a limpeza, etapa 4 é a preparação da cama de
aderência, recomposição do concreto e por último a proteção da superfície de
concreto (RIBEIRO, 2014).
A delimitação do contorno do concreto é a parte em que faz o corte da
estrutura que deseja ser cuidada. Esse processo se inicia com a correta demarcação
45

da linha de corte, uma etapa que exige muita atenção para que a estabilidade da
estrutura não seja atingida e que problemas com mais gravidade venham a
acontecer por causa dessa etapa. A designação da área que será cortada é feita
através de um estudo prévio de inspeção. A imagem 4.6 e 4.7 apresenta a
delimitação de uma área de reparo de estrutura em concreto armado.

Figura 4.6: Delimitação de uma área de reparo.


Fonte: Ribeiro (2014).

Figura 4.7: Corte de área para repara danos de corrosão.


Fonte: Ribeiro (2014).

Caso se opta por terceirizar essa operação, é preciso tomar muitos cuidados,
principalmente sobre o modelo e tipo de equipamento, uma vez que alguns
46

acessórios são indispensáveis para esse tipo de trabalho. Os discos de cortes


também conseguem chegar em maiores profundidades no concreto, ou seja,
consegue fazer a recuperação mesmo em situações de grande extensão de
corrosão em diversas peças estruturais (CORREIA, 2013).
De acordo com Helene (1992), na fase de preparo do substrato degradado, é
iniciado o real tratamento da corrosão de armaduras onde se insere nos elementos
estruturais os produtos especiais. O principal objeto quando se inicia a recuperação
de um elemento afetado por corrosão é assegurar que a manifestação patológica
não volte a ocorrer na estrutura, de modo que assegure toda a estabilidade.
O concreto é o principal aliado do aço na sua proteção, porém uma vez que o
aço apresenta deterioração, o concreto já não tem mais funcionalidade. Com isso, é
importante que o concreto que foi degradado seja retirado para que todo o processo
de restauração da estrutura seja eficaz (RIBEIRO, 2014). A figura 4.8 apresenta a
remoção do concreto de forma manual.

Figura 4.8: Retirada do concreto para processo de recuperação.


Fonte: Ribeiro (2014).
Antes de iniciar o processo de remoção do concreto, é preciso realizar um
estudo de capacidade de carga da estrutura, uma vez que quando retira o concreto
a estrutura acaba ficando com menos resistência do que tinha antes, dessa forma é
preciso avaliar se há a necessidade de usar escoras durante esse processo. É
importante ressaltar também que nessa etapa do processo apenas o concreto que
foi danificado seja retirado, pois não há necessidade de remover a parte do concreto
que está funcionando normalmente (RIBEIRO, 2014).
47

Como visto na imagem 4.8 o trabalhador utiliza algumas ferramentas para


auxilia-lo na retirada do concreto, segundo Ribeiro (2014) geralmente usa talhadeira,
marreta e ponteira. A mão-de-obra que irá executar esse serviço deve ser
especializada, de modo que o profissional saiba a parte exata que deverá ser
retirada e a que deverá continuar, esse processo evita gastos desnecessários e
confiança de que o trabalho não precisará ser refeito.
O que irá fazer com que o tratamento de recuperação da armadura seja eficaz
é a área de exposição da sua superfície, ou seja, quanto mais dificultoso for o
acesso à área degradada, pior será o resultado da aplicação. O máximo de
profundidade de remoção do concreto é até aproximadamente 2 cm depois de atingir
a armadura e sempre verificar que não irá remover o concreto sadio pois isso pode
influenciar na segurança da estrutura (HELENE, 1992).
Assim que tiver removido toda a parta deteriorada, é necessário realizar a
preparação da superfície que será a divisória entre o concreto antigo e o concreto
novo. Nessa parte do processo é utilizada uma técnica chamada apicoamento, após
a retirada de qualquer partícula que possa prejudicar a aderência do substrato. Em
casos de o concreto não ter resistência à compressão é interessante umedecer o
substrato para contribuir a melhorar a aderência (CORREIA, 2013).
Helene (1992) informa que se a limpeza for realizada de forma adequada,
pode-se dizer que há 50% de chance de sucesso de todo o processo de
recuperação ou reforço. De nada adiantará todo o processo posterior o da limpeza
se esta primeira não for realizada de forma satisfatória. A limpeza da armadura e
como será feita, irá depender do tipo de impureza existente, pois pode aplicar
métodos de limpeza de mecânica, ação, química, solubilização e detergência. A
limpeza de solubilização e detergência é indicada em casos de presença de óleo e
sujidade aderida.
De acordo com Ribeiro (2014), em casos de impurezas de natureza
inorgânicas presentes nas superfícies dos elementos é indicada a ação química, um
processo que consiste na decapagem das barras de aço e retirada de oxidações, é
realizada por meio da utilização de soluções ácidas ou alcalinas.
O método mais indicado para o objeto de estudo deste trabalho é a limpeza
mecânica. Esse método é o mais comum e abordado na remoção da ferrugem de
armaduras corroídas. Esse método tem como base na abrasão e faz a eliminação
dos agentes corrosivos pela passagem de partículas rígidas na superfície do aço. É
48

realizado através de escovação, lixamento ou jateamento dos insumos abrasivos.


Esse processo pode ser realizado através de uma lixadeira manual ou lixadeira
elétrica. A figura 4.9, 4.10 e 4.11 demonstra a etapa de remoção dos agentes
corrosivos com as três possibilidades de execução.

Figura 4.9: Remoção dos agentes corrosivos com escova de cerdas de aço.
Fonte: Ribeiro (2014).

Figura 4.10: Remoção dos agentes corrosivos com lixa manual.


Fonte: Ribeiro (2014).
49

Figura 4.11: Remoção dos agentes corrosivos com lixadeira eletrônica.


Fonte: Ribeiro (2014).

Já o jateamento de materiais abrasivos pode ser realizado com materiais


metálicos, minerais, sintético e orgânicos. Para realizar a etapa é preciso utilizar um
compressor de ar que faz ligação com a cuba de decapagem onde contém o
abrasivo. A recomendação do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transporte) é que para realizar a limpeza das estruturas de aço corroídas em obras
de arte especiais, com a escova de aço em áreas menores e jato de areia em áreas
maiores. A tabela 4.4 sinaliza os procedimentos básicos para a limpeza da armadura
corroída (HELENE, 1992).

Tabela 4.4: Procedimento para limpeza de armadura corroída.


Fonte: Helene (1992).
50

A finalidade da limpeza da superfície de concreto é assegurar que nenhum


agente corrosivo possa novamente danificar a armadura que foi recuperada, de
modo que todo o serviço executado obtenha total satisfação. Com isso, é importante
ressaltar que quanto mais os agentes agressores são eliminados, mais sucesso terá
na recuperação, uma vez que os agentes agressivos são os principais causadores
da corrosão na armadura (HELENE, 1992).
Segundo Azeredo (1987), um dos pilares para o eficaz combate à corrosão e
garantir uma longa vida útil na estrutura é a escolha de um concreto de boa
qualidade, além de definir o traço e cobrimento adequado para o tipo de demanda.
Com isso, dependendo da classe de agressividade ambiental e a quantidade de
teores de cloretos ou sulfatos, apenas esses quesitos não podem ser suficientes,
uma vez que os agentes corrosivos podem percorrer nas trincas e poros do
concreto.
Em casos mais urgentes, devem ser tomadas medidas através de proteção
física e química da armadura, ou seja, utilizar um método de revestimento a base de
zinco por volta de toda a armadura. Essa medida é indicada paras as novas
construções em concreto armado já para evitar os problemas relacionados à
corrosão, além de fazer a substituição de armaduras de aço carbono por materiais
resistentes à corrosão (HELENE, 1992).
Uma das técnicas mais comuns na carbonatação do concreto é a
realcalinização, isso em situações de estruturas afetadas por íons de cloreto. Para a
aplicação desses métodos, não é necessário a exposição da armadura, mas em
casos onde consegue visualizar a armadura, é necessário cobrir as barras de aço
com um material similar ao concreto original antes do começo do processo (SOUZA,
1996).
Existem duas técnicas que são utilizadas para proteção da armadura que foi
afetada pela corrosão: a proteção catódica e a dessalinização. A proteção catódica,
de acordo com Ribeiro et al. (2014) é a única técnica que consegue eliminar
completamente a corrosão de estruturas deterioradas por cloretos. Esse processo
consiste em impossibilitar que o oxigênio entre em contato com a região da
armadura, o que evita o crescimento do problema. Porém, esse método somente faz
com que a manifestação patológica não se prorrogue com mais velocidade, ou seja,
51

uma medida temporária, mas que se for executada adequadamente pode ser muito
eficaz.
No entanto, de acordo com Helene (1992), a aplicação dessas atividades não
é muito realizada na construção civil pois é necessário mão-de-obra qualificada para
execução e que entenda todos os detalhes para que funcione de forma eficaz, além
de utilizar materiais e equipamentos que devem ser rigorosamente escolhidos.
A fase de revestimento das armaduras tem como base isolar a estrutura dos
agentes agressivos por meio de barreiras físicas, o que controla o acesso de
umidade e oxigênio da armadura. A principal ferramenta para proteção das barras
metálicas é a pintura, uma vez que esse material forma uma película que pode
funcionar como capa protetora para a armadura. O material mais adequado para
essa função são as tinas epoxídicas ricas em zinco, esse material funciona como
ânodo de sacrifício, o que auxilia na durabilidade do aço. Esse processo também
exige mão-de-obra especializada para que o profissional tenha o conhecimento
técnico e controle de qualidade dos materiais, além de conhecer qual o tipo de
processo corrosivo que está afetando a estrutura para que todo o processo seja
realizado com eficácia (HELENE (1992).
O revestimento da armadura trata-se de um processo bastante detalhista, ou
seja, qualquer etapa que for feita de forma inadequada afetará à qualidade de todo o
serviço e irá gerar consequências em toda a estrutura. A etapa de revestimento é a
que irá fazer toda a barreira física da armação, ou seja, irá isola-la dos agentes
agressivos, além de fazer o controle do acesso de umidade e oxigênio das barras de
aço. Esse processo consiste na pintura das barras de aço, pode ser através de um
produto liquido ou em pó, que tem a função de criar uma película protetora
(RIBEIRO, 2014).
Para garantir a durabilidade dos componentes metálicos, as pinturas
epóxidicas são muito recomendadas para tratamento superficial, ele funciona de
forma como ânodo de sacrifício e protege a estrutura. Esse processo demanda de
qualificação da mão-de-obra, além de todo o controle de qualidade para que o
procedimento seja realizado de forma satisfatória (RIBEIRO, 2014).
Caso haja qualquer descuido durante a etapa de revestimento, Helene (1992)
informa que poderá ocorrer graves consequências e perder todo o trabalho feito
interiormente, deve haver um cuidado durante a etapa de aplicação, controle do
horário entre as demãos de pinturas e mistura correta dos componentes até que
52

haja a homogeneidade adequada. Existe também o equipamento que melhor


funcione para a aplicação desse processo, como está sendo tratado de aplicação de
tintas em armadura, para obter maior satisfação na aplicação é recomendado por
rolos, trinchas e pincéis. A figura 4.12 apresenta como é feita a aplicação da tinta.

Figura 4.12: Aplicação do revestimento da armadura.


Fonte: Ribeiro (2014).

Em alguns casos mais extremos, somente a etapa de recuperação não é o


suficiente para manter a estabilidade e durabilidade da estrutura, é preciso recompor
para que todo o empreendimento possa suportar os esforços solicitados. Esse fato
acontece quando a corrosão afeta em alta gravidade as estruturas de aço, faz com
que seja necessário recompor a estrutura (RIBEIRO, 2014).

4.7 Formas de recomposição

A recomposição da estrutura consiste em um processo de introduzir


elementos na estrutura corrompida, porém, não tem o objetivo de aumentar a
capacidade portante. Foi estudado que um dos fatores que influenciam o acesso de
oxigênio, água e cloretos na armadura é a permeabilidade do concreto, para fazer
com que isso não ocorra mais na estrutura, é preciso fazer uma redução da
permeabilidade do material que cobre a armadura. Esse controle é de acordo com
os limites, principalmente da relação água/cimento que é o principal índice
determinante para se obter a permeabilidade do concreto (NEVILLE, 2013).
53

De acordo com Gomide (2006), o cobrimento é outro índice que influencia na


permeabilidade. O índice de cobrimento vai de acordo com a classe de
agressividade ambiental, é determinante na variação das aberturas de fissura. Os
materiais mais utilizados para realizar a etapa de reforço na estrutura varia entre
concretos e argamassas, é delimitado por fazer a retirada do concreto danificado e
dar espaço para o novo concreto sadio. O cimento Portland sem nenhuma adição
pode obter bons resultados para esse tipo de atuação porque ele tem grande
quantidade de reserva alcalina, isso pode oferecer segurança contra a ação dos
agentes agressivos.
Existem diversas formas de fazer a aplicação do concreto e argamassa,
sendo uma dela a projeção. Esse tipo de aplicação se caracteriza pela capacidade
de aderência e compactação repetitiva durante o processo. Uma vantagem desse
tipo de aplicação é que consegue chegar em locais de difícil acesso, porém, é
necessário a utilização de equipamentos de projeção de argamassa e um operador
qualificado (GOMIDE, 2013).
Em relação às formas, elas devem estar presentes, é indispensável a sua
utilização na execução dessa etapa, pode ser de madeira ou aço. O formato da
forma vai variar de acordo com o tipo de peça estrutural que será trabalhada, existe
uma infinidade de modelos atualmente no mercado (HELENE, 1992). A figura 4.13
apresenta como as formas devem ser usadas para pilares e vigas.

Figura 4.13: Utilização de formas em pilares e vigas.


Fonte: Neville (2013).
54

Como observado a figura 4.13 as formas são adaptadas de acordo com a


peça estrutural que será realizada a recomposição, é importante realizar o tamanho
correto porque isso que irá caracterizar o novo formato da estrutura. No geral, as
etapas de remoção do material contaminado, limpeza do substrato e recomposição
do concreto são as fases indispensáveis para que seja realizada uma recuperação
de estruturas afetadas por corrosão com sucesso.
Após todo o processo de recuperação, é importante iniciar a fase de proteção
do substrato para finalização das atividades. Essa fase se baseia na proteção da
superfície de concreto por meio de uma cama de isolamento para proteção contra os
agentes que ocasionam a corrosão na armadura. Dentre os materiais estão
presentes as tintas orgânicas como a epóxi, poliuretana, acrílica, tintas asfálticas e
entre outras, cimento, materiais cerâmicos ou dependendo da situação concretos
com maior densidade (NEVILLE, 2013).
Gomide (2006) informa que a superfície do substrato que irá passar pela
etapa de proteção deve estar limpa e livre de qualquer impureza e para aperfeiçoar
ainda mais o processo é necessário que a superfície esteja polida e garantir uma
boa fixação. Em ambientes externos deve ter a presença do selador em todas as
pinturas, uma vez que esse material tem característica impermeabilizante, além
também de escolher os materiais de boa qualidade para realizar essa etapa.
De acordo com Neville (2013) para realizar a aplicação do revestimento
cimentício pode ser através da colher tradicional do pedreiro ou projetada, vai
depender da disponibilidade dos materiais de cada obra. Para fazer o concreto pode
ser in loco, com a ajuda da betoneira, é importante ressaltar que não é recomendado
utilizar concreto dosados em centrais com transporte em caminhão, pois só é
necessária pouca quantidade de material. A figura 4.14 apresenta uma forma de
aplicação da massa através de revestimento de argamassa projetável.
55

Figura 4.14: Aplicação de revestimento de argamassa projetável.


Fonte: Neville (2013).

Neville (2013) ressalta que essa etapa também é necessária caso o


profissional queira fazer a aplicação de revestimento cerâmico por cima, para poder
proteger ainda mais a estrutura recuperada e evitar que agentes corrosivos
penetrem novamente.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de recuperação de uma estrutura degradada por corrosão pode


ser definido a partir de um estudo da característica da corrosão. O estudo de caso
apresentado neste trabalho demonstra um modelo de corrosão que apresenta
grande nível de gravidade aos moradores do edifício caso o processo de
recuperação não seja realizado.
Foi possível perceber que a estrutura do condomínio Caravelas situado na
cidade Aracaju/SE se encontra em um elevado grau de deterioração devido os
processos corrosivos no qual os procedimentos de análise tiveram uma
56

característica mais empírica, desse modo, utilizou-se literaturas confiáveis e normas


técnicas com precisão para realizar o diagnóstico das patologias e uma alternativa
de recuperação, porém, para ser feito um estudo mais detalhado do processo de
recuperação é necessário realizar uma inspeção na estrutura para encontrar o
motivo da manifestação patológica.
Contudo, mesmo que não tenha o diagnóstico completo dos problemas
patológicos da estrutura e nem ensaios determinantes do grau de degradação dos
elementos estruturais, buscou-se, através de normas e a literatura, sugerir técnicas
que possam resolver os problemas e auxiliar em caso de eventuais reparos futuros
através de um procedimento de recuperação mais eficiente.
O fenômeno de corrosão de armadura é uma situação muito frequente em
relação aos outros fenômenos de degradação das estruturas de concreto armado,
essa ocorrência não compromete apenas do ponto de vista estético, mas também
tem forte influência na segurança e estabilidade global da estrutura. Além de
comprometer todos esses aspectos na estrutura, realizar o reparo e recuperação
pode ser uma atividade muito onerosa caso não haja manutenções ou inspeções
periódicas do local, as inspeções podem contribuir para a determinação da melhor
metodologia de execução de proteção efetiva e duradoura que seja compatível com
o tipo de degradação da estrutura.
No mercado da construção civil existem algumas tecnologias que, caso
sejam realizadas de forma correta, podem ajudar a aumentar a vida útil da estrutura,
desde a observação dos limites necessários dos cobrimentos que tem como base a
classe de agressividade ambiental do ambiente, a qualidade dos materiais e o
monitoramento da execução. Quando se percebem alguns sinais de corrosão e
deterioramento da estrutura deve-se obrigatoriamente eliminar as causas desse
fenômeno e objetivar o aumento da vida útil da estrutura e seus usuários.
Atualmente existem uma variedade de metodologias de sistemas de
proteção e recuperação, é responsabilidade do profissional ter o conhecimento dos
mecanismos e suas formas de aplicação e saber como funciona todo o processo de
deterioração e a forma como ela se espalha pois assim pode-se especificar qual a
melhor solução para determinado tipo de caso. O que vai garantir o sucesso da
recuperação estrutural é a correta escolha da técnica a ser utilizada, onde cada
processo deve levar em consideração o grau de deterioração, custo, mão-de-obra,
prazo e impacto arquitetônico.
57

Para o estudo de caso proposto nesse trabalho, foi apresentado um método


de recuperação mais comum para peças estruturais que apresenta um nível de
degradação considerável, sem comprometer as características originais da estrutura.
Foi observado também a importância de fazer uma revisão nas normas técnicas
brasileiras. A norma indispensável para este tipo de execução é a NBR 6118/2014,
onde leva em consideração todos os quesitos mínimos para executar uma estrutura
segura e que garanta estabilidade para os usuários.

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  58 f.: il.
   
  Orientador: Profº. Alberto Brigeel Noronha de Menezes.
  Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – UniAGES, Paripiranga, 2021.
 
  1. Concreto armado. 2. Degradação da estrutura. 3.
Recuperação.  I. Título. II. UniAGES. 
 

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