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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

DEBORAH KARINE CHAN HANDA

IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES


PATOLÓGICAS EM FACHADAS EM CHAPAS
DELGADAS ESTRUTURADAS EM LIGHT STEEL
FRAMING – ESTUDOS DE CASO

CAMPINAS
2019
DEBORAH KARINE CHAN HANDA

IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES


PATOLÓGICAS EM FACHADAS EM CHAPAS
DELGADAS ESTRUTURADAS EM LIGHT STEEL
FRAMING – ESTUDOS DE CASO

Dissertação de Mestrado apresentada a


Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo da Unicamp, para obtenção do
título de Mestra em Engenharia Civil, na área
de Construção.

Orientadora: Profa. Dra. Patricia Stella Pucharelli Fontanini

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA


DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA DEBORAH KARINE
CHAN HANDA ORIENTADA PELA PROFA. DRA. PATRICIA
STELLA PUCHARELLI FONTANINI.

ASSINATURA DA ORIENTADORA

______________________________________

CAMPINAS
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO

IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES


PATOLÓGICAS EM FACHADAS EM CHAPAS DELGADAS
ESTRUTURADAS EM LIGHT STEEL FRAMING – ESTUDOS DE
CASO

Deborah Karine Chan Handa

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Profa. Dra. Patricia Stella Pucharelli Fontanini


Presidente e Orientadora/ Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Carlos Eduardo Marmorato Gomes


Universidade Estadual de Campinas

Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian


Universidade Federal de São Carlos

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no


SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da
Unidade.

Campinas, 02 de agosto de 2019


Dedico este trabalho à minha família
Aos meus pais Celso e Sonia
À minha irmã Daniele
E ao amor da minha vida, meu marido Yuji.
“Fazer tudo que posso é normal. Fazer além
das minhas possibilidades é um desafio.
Aonde terminam as minhas capacidades,
começa a minha fé. E uma forte fé vê o
invisível, acredita no incrível e recebe o
impossível. ”
Jossei Toda
AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaria de agradecer ao meu mestre da vida Dr. Daisaku
Ikeda, que com o seu exemplo pode me incentivar a jamais desistir dos meus sonhos.
Nesta caminhada entendi, que após anos de estudo, distância, abdicação e superação
do meu próprio eu, o quão gratificante é concluir um trabalho deste valor.

Agradeço a Prof. Dra. Patricia Stella Pucharelli Fontanini, pela orientação e


incentivo na condução e conclusão deste trabalho, por suas críticas e elogios que
foram fundamentais para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dessa dissertação, e
pela amizade que ao longo desses anos fomos criando juntas.

Agradeço aos meus pais, Celso e Sonia, à minha irmã Daniele, que sempre
estiveram ao meu lado, me apoiando e torcendo pelo meu sucesso. Aos meus
cunhados e cunhadas, sobrinhas e sobrinho, tios e tias, primos e primas, enfim aos
meus familiares e amigos que também fizeram parte desta grande torcida, que sejam
em palavras confortantes ou de incentivo, oferecendo abrigo nas cidades de
realização dos estudos de caso, abdicando do seu tempo de trabalho ou de seu carro
para poder ajudar na pesquisa, ou pelo simples fato de me ouvir mesmo sem entender
nada, foram de grande consideração e apoio em todos esses anos de mestrado.

Ao amor da minha vida, meu marido Yuji Handa, que com o seu
companheirismo e parceria pode compreender a importância desse mestrado em
minha vida e fez dela a sua importância também. Apesar da distância nos últimos e
cruciais meses do mestrado, sempre esteve me apoiando em tudo.

Aos meus queridos amigos Phelipe, Marcela, Paula e Julia, por transformar
momentos de tensão em momentos divertidos e leves, por estarem diariamente me
acompanhando nos momentos cruciais durante o período do mestrado. Aos meus
amigos Phelipe e Marcela, que nos momentos de desespero, me levantaram e me
incentivaram a jamais desistir. Também agradeço aos demais amigos e colegas
integrantes do LabTec e amigos da Unicamp.

Ao Prof. Dr. Carlos Marmorato Gomes, Prof. Dr. Leandro Mouta Trautwein,
Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian, pelas preciosas considerações durante as bancas
de qualificação e defesa deste mestrado.
Ao Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) pela bolsa de estudos
fornecida para a condução desta pesquisa, agradeço a Silvia Scalzo Cardoso,
Carolina Fonseca e Ricardo Werneck, que me apoiaram e me guiaram neste trabalho.

Agradeço as empresas e profissionais que destinaram parte do seu tempo


para o fornecimento de informações importantíssimas para maior entendimento do
sistema e para a realização dos estudos de casos. Em especial ao Prof. Dr. Francisco
Carlos Rodrigues, Prof. Ms. Alexandre Kokke Santiago, Renan, Jean, Ketelin, Hellen,
Tulio, Thiago, Paulo, Carlos, Renato, Marlon, Claydmar, Thais, Roberto, Alfred e
Marcelo.

Agradeço à Unicamp, pela utilização das instalações que permitiram a


condução deste trabalho e a equipe da Secretaria de Pós-Graduação em Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, em especial ao Eduardo Estevam da Silva
e à Rosana Kelly, que sempre estiveram à total disposição para apoiar os alunos.
RESUMO

O sistema Light Steel Framing (LSF) surgiu no Brasil com o intuito de uma construção
industrializada, com menor geração de resíduos e com maior produtividade.
Entretanto, no que que se refere as fachadas em chapas delgadas, apesar das
inúmeras vantagens, é crescente a incidência de manifestações patológicas. O
objetivo principal da pesquisa então, consiste em identificar as principais
manifestações patológicas em fachadas em chapas delgadas estruturadas em light
steel framing a partir da avaliação da utilização da tecnologia e de suas principais
causas. Foi desenvolvida uma revisão bibliográfica sobre os conceitos, modelos e
patologias do sistema de fachada em chapas delgadas estruturadas em LSF no
âmbito nacional e internacional e, posteriormente validada com as informações
coletadas nos estudos de casos. Com base neste trabalho, foram identificadas as
principais manifestações patológicas como fissuras, trincas e infiltrações e as regiões
mais suscetíveis para incidência dessas manifestações patológicas. Concluiu-se que
a falta de treinamento, compatibilização de projetos e não cumprimento das
recomendações de fornecedores e projetistas, interferem na qualidade do produto
final e no desempenho de todo o sistema.

Palavras-Chave: Light Steel Framing, fachada, fechamento externo, industrialização


da construção, placa cimentícia, manifestações patológicas.
ABSTRACT

The Light Steel Framing (LSF) system appeared in Brazil with the purpose of
industrialized construction, with less waste generation and higher productivity.
However, with regard of façades, despite the numerous advantages, the incidence of
pathological manifestations is increasing. The main objective of this research is to
identify the main pathological manifestations in the light steel external wall system
based on the evaluation of the use of technology and its main causes. A bibliographic
review was developed on the concepts, models and pathologies of the LSF structured
slab facade system at the national and international levels, and subsequently validated
with the information collected in the case studies. Based on this work, the main
pathological manifestations were identified as cracks and infiltrations and the regions
most susceptible to incidence of these pathological manifestations. It was concluded
that lack of training, project compatibility and non-compliance with suppliers and
designers recommendations interfere in the quality of the final product and the
performance of the whole system.

Key Words: Light Steel Framing, façade, external wall, construction industry,
pathologies.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo para condução da revisão bibliográfica sistemática – RBS Roadmap


.................................................................................................................................. 33

Figura 2 - Modelo para condução da revisão bibliográfica sistemática - RBS Roadmap


.................................................................................................................................. 34

Figura 3 - Procedimento Iterativo da fase de processamento ................................... 37

Figura 4 - Número de artigos e ano de publicação internacional .............................. 39

Figura 5 - Inter-relação de palavras chaves dos artigos aderentes ........................... 42

Figura 6 - Tema dos artigos aderentes relacionados aos principais grupos ............. 44

Figura 7 - Diretriz SiNAT nº 003 - Revisão 02 ........................................................... 54

Figura 8 - DATec nº 014-B - Sistema Construtivo a seco SAINT-GOBAIN - Light Steel


Frame ........................................................................................................................ 55

Figura 9 - Sistema construtivo Balloon Frame........................................................... 59

Figura 10 - Sistema construtivo Platform Frame ....................................................... 59

Figura 11 – Fechamento em LSF no método embutido ............................................ 68

Figura 12 - Fechamento com LSF em estrutura de aço pesado e concreto .............. 68

Figura 13 - Modelagem do sistema de fachada com LSF ......................................... 69

Figura 14 - Fixação do painel na laje de concreto ..................................................... 69

Figura 15 - Fechamento em LSF no método contínuo .............................................. 71

Figura 16 - Ligação do fachada com a estrutura ....................................................... 71

Figura 17 - Painel pré-fabricado em chapas delgadas estruturadas em LSF ............ 72

Figura 18 – Componentes do sistema EIFS .............................................................. 73

Figura 19 - Componente do sistema de fachada em LSF ......................................... 74

Figura 20 - Continuação Componentes da Fachada em LSF ................................... 74

Figura 21 - Sequência do movimento do parafuso auto-atarraxante......................... 77

Figura 22 - Utilização de lã de vidro na fachada ....................................................... 79


Figura 23 – Controle impermeável à água e permeável ao vapor de água ............... 79

Figura 24 - Fixação da membrana Hidrófuga Du Pont Tyvek® ................................. 80

Figura 25 - Membrana hidrófuga Aquapanel ............................................................. 80

Figura 26 - Fixação da membrana hidrófuga nos vãos das esquadrias .................... 81

Figura 27 - Corte do OSB em "C" no vão da esquadria ............................................ 82

Figura 28 - Paginação com placas defasadas........................................................... 83

Figura 29 - Tela de fibra de vidro inserida na argamassa. ........................................ 86

Figura 30 - Tratamento de juntas com tela de vidro .................................................. 86

Figura 31 – Aplicação da camada de Basecoat, após a colocação da placa cimentícia


e tela de fibra de vidro. .............................................................................................. 87

Figura 32 - Encontro de duas placas com junta aparente ......................................... 88

Figura 33 - Encontro de duas placas com junta invisível .......................................... 89

Figura 34 - Painel com contraventamento em "x" ..................................................... 90

Figura 35 - Detalhe do sistema de contraventamento vertical .................................. 90

Figura 36 - Painel de contraventamento em "k" ........................................................ 91

Figura 37 - Trincas e infiltrações na interface das esquadrias .................................. 96

Figura 38 - Trinca na quina da parede ...................................................................... 97

Figura 39 - Fixação incorreta do parafuso, causando deformação da guia ............... 98

Figura 40 - Corte da estrutura para passagem de tubulação e conduite. .................. 99

Figura 41 - Corte no montante e no contraventamento da estrutura para passagem de


tubulação. .................................................................................................................. 99

Figura 42 - Abaulamento da estrutura devido à falta de instalação dos enrijecedores


................................................................................................................................ 100

Figura 43 - Condição de exposição de fachadas .................................................... 101

Figura 44 - Mapa brasileiro de temperatura média compensada anual – Período de


1981-2010 ............................................................................................................... 102

Figura 45 - Delaminação da placa cimentícia.......................................................... 105


Figura 46 - Formação de trinca na junção das placas cimentícias .......................... 106

Figura 47 - Descolamento de Revestimento ........................................................... 107

Figura 48 - Interface entre concreto e painel em LSF com placas cimentícias ....... 108

Figura 49 - Problemas nas juntas das placas cimentícias ....................................... 109

Figura 50 - Aplicação de base preparadora para melhor aderência........................ 110

Figura 51 - Tratamento de juntas em placas cimentícias, devido a fissuração. ...... 111

Figura 52 - Fissuração dos cantos de placas cimentícias. ...................................... 111

Figura 53 - Tamanho escasso do material de base. ............................................... 112

Figura 54 – Distância curta para ancoragem do parafuso ....................................... 113

Figura 55 - Condições de exposição à água e ao vento conforme as regiões brasileiras


................................................................................................................................ 114

Figura 56 – Infiltração na interface da esquadria .................................................... 115

Figura 57 - Infiltração causando degradação de todo sistema ................................ 115

Figura 58 - Colocação do flashing nos vãos das esquadrias. ................................. 116

Figura 59 - Infiltração pelo transpasse do vidro da esquadria. ................................ 116

Figura 60 - Esquadria de PVC com dreno de águas pluviais .................................. 117

Figura 61 - Retenção de água no peitoril ................................................................ 117

Figura 62 - Peitoril com duas peças de pedras criando uma junta .......................... 118

Figura 63 – Fissuração do granito no peitoril da janela ........................................... 118

Figura 64 - Inclinação e distanciamento da soleira ................................................. 119

Figura 65 - Beirada seca ......................................................................................... 119

Figura 66 - Incidência de água provocando fissuras na fachada ............................ 120

Figura 67 - Utilização de silicone para vedar as esquadrias. .................................. 120

Figura 68 - Formação de fantômes com maior incidência em alvenaria de vedação (a)


do que em elementos estruturais (e) ....................................................................... 121

Figura 69 – Formação de fantômes em fachadas estruturadas em LSF ................. 122


Figura 70 - Oxidação do parafuso devido a infiltração ............................................ 123

Figura 71 - Porca e arruela corroídas pelo contato com chumbador de inox e


cantoneira de alumínio ............................................................................................ 124

Figura 72 - Delineamento da pesquisa .................................................................... 126

Figura 73 - Representação esquemática das regiões de análise tipo numa fachada


................................................................................................................................ 129

Figura 74 - Fluxograma da metodologia da coleta de dados dos estudos de casos


................................................................................................................................ 130

Figura 75 – Mapa do Zoneamento Bioclimático Brasileiro ...................................... 138

Figura 76 - Zona Bioclimática 2 ............................................................................... 139

Figura 77 - Zona Bioclimática 3 ............................................................................... 141

Figura 78 - Zona Bioclimática 4 ............................................................................... 145

Figura 79 - Vão das janelas sem instalação do flashing ......................................... 148

Figura 80 - Juntas de dilatação em desacordo........................................................ 148

Figura 81 - Desalinhamento da fachada ................................................................. 149

Figura 82 - Falta de manta asfáltica entre aço e concreto ...................................... 149

Figura 83 - Abertura do vão de janela maior do que tamanho da esquadria ........... 150

Figura 84 - Infiltração nas janelas ........................................................................... 150

Figura 85 - Infiltração na parte interna da janela ..................................................... 151

Figura 86 - Formação de trinca devido ao posicionamento errado das placas ....... 151

Figura 87 - Trincas no requadro do painel .............................................................. 152

Figura 88 – Formação de trinca na quina da parede............................................... 152

Figura 89 - Corte incorreto ...................................................................................... 152

Figura 90 - Exposição de materiais ......................................................................... 152

Figura 91 - Juntas acima do recomendado pelo fabricante ..................................... 153

Figura 92 - Juntas espessas devido ao detalhamento incorreto de projeto ............ 153


Figura 93 - Corte indevido da fachada .................................................................... 154

Figura 94 - Corte indevido do montante .................................................................. 154

Figura 95 – Corte no contraventamento .................................................................. 154

Figura 96 - Dano na camada de revestimento ........................................................ 154

Figura 97 - Estanqueidade comprometida .............................................................. 155

Figura 98 - Falta de prumo ...................................................................................... 155

Figura 99 - Falta de esquadro ................................................................................. 155

Figura 100 – Trinca no basecoat ............................................................................. 156

Figura 101 - Acabamento mal executado ................................................................ 156

Figura 102 - Tratamento de juntas sobre basecoat danificado ............................... 156

Figura 103 – Falta de tela no tratamento de juntas ................................................. 157

Figura 104 – Requadro da janela mal executado .................................................... 157

Figura 105 - Platibanda fora de prumo .................................................................... 158

Figura 106 - Corte incorreto das placas cimentícias ............................................... 158

Figura 107 - Estufamento e trinca das placas cimentícias ...................................... 158

Figura 108 - Trinca nas juntas das placas ............................................................... 159

Figura 109 - Manchas devido a umidade ................................................................ 159

Figura 110 - Desplacamento de peças cerâmicas .................................................. 160

Figura 111 - Machas de umidade ............................................................................ 160

Figura 112 - Infiltração nas juntas das placas ......................................................... 161

Figura 113 - Trinca na fachada externa .................................................................. 161

Figura 114 - Ligação dos painéis durante a execução. ........................................... 162

Figura 115 - Marcação da divisa dos painéis após acabamento final. .................... 162

Figura 116 - Trinca no peitoril da janela na parte externa ....................................... 163

Figura 117 - Trinca no peitoril e infiltração na parte interna. ................................... 163

Figura 118 - Placas cimentícias instaladas fora do alinhamento ............................. 164


Figura 119 – Desalinhamento da parede. ............................................................... 164

Figura 120 – Placa cimentícia desprendendo ......................................................... 165

Figura 121 – Tratamento de juntas muito espesso ................................................. 165

Figura 122 - Fenda no encontro das paredes ........................................................ 166

Figura 123 - Instalação incompleta das pastilhas. As mesmas não estão atingindo o
topo da parede ........................................................................................................ 166

Figura 124 - Existência de trincas nos rejuntes ....................................................... 167

Figura 125 - Esquadrias com fenda vertical no vão ................................................ 167

Figura 126 - Fenda entre chapas na horizontal ....................................................... 168

Figura 127 - Falta de drenagem da água ................................................................ 168

Figura 128 - Trinca na fachada ............................................................................... 169

Figura 129 - Marquise fora do esquadro ................................................................. 169

Figura 130 - Fissura no basecoat ............................................................................ 170

Figura 131 – Falta do uso de tela no tratamento de juntas ..................................... 171

Figura 132 - Tratamento de juntas errado ............................................................... 171

Figura 133 - Erro estrutural e no corte da membrana hidrófuga.............................. 172


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Os 10 maiores países produtores de aço no mundo ................................ 29

Tabela 2 - Refinamento de busca e quantidade de artigos aderentes ...................... 38

Tabela 3 - Palavras-chaves e Número de aparições................................................. 40

Tabela 4 - Requisitos de resistência à tração na flexão ............................................ 84

Tabela 5 - Condições de ensaios de estanqueidade à água de sistema de vedações


verticais externas .................................................................................................... 114
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudo de caso 1 .......................... 139

Gráfico 2 - Temperatura Média (ºC) Estudo de caso 1............................................ 140

Gráfico 3 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudo de caso 1 ......... 140

Gráfico 4 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudo de caso 2 .......................... 142

Gráfico 5 - Temperatura Média (ºC) Estudo de caso 2........................................... 142

Gráfico 6 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudos de caso 3, 4 e 5 .............. 143

Gráfico 7 - Temperatura Média (ºC) Estudos de caso 3, 4 e 5 ................................ 143

Gráfico 8 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudos de caso 3, 4 e 5


................................................................................................................................ 144

Gráfico 9 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudos de caso 6 ........................ 145

Gráfico 10 - Temperatura Média (ºC) Estudos de caso 6 ........................................ 146

Gráfico 11 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudos de caso 6 ..... 146

Gráfico 12 - Quantidade de aparição de manifestações patológicas do nível de


degradação 3 .......................................................................................................... 177

Gráfico 13 - Quantidade de aparição de manifestações patológicas do nível de


degradação 4 .......................................................................................................... 178

Gráfico 14 - Quantidade de manifestação patológica por região da fachada .......... 180

Gráfico 15 - Quantidade de causas por região da fachada ..................................... 182


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Base de dados e principais periódicos .................................................... 35

Quadro 2 - Base de Dados e Inserção de String de Busca ....................................... 35

Quadro 3 - Fatores característicos do atraso tecnológico da construção .................. 52

Quadro 4 - Definições de light steel framing por diferentes autores (continua) ......... 57

Quadro 5 - Definições de light steel framing por diferentes autores (continuação) ... 58

Quadro 6 - Requisitos de desempenho para vedação externa em fachadas leves... 66

Quadro 7 - Componentes do sistema de fachadas em LSF com placa cimentícia ... 74

Quadro 8 - Seções transversais de perfis padrão utilizados no sistema LSF em


vedações de fachadas .............................................................................................. 75

Quadro 9 - Tipos de pontas de parafusos ................................................................. 77

Quadro 10 - Tipos de cabeça de parafusos mais utilizados em ligações com LSF... 77

Quadro 11 - Tipos de parafusos mais comuns em ligações com LSF ...................... 78

Quadro 12 - Nível de degradação dos revestimentos de fachada (continua) .......... 131

Quadro 13 - Nível de degradação dos revestimentos de fachada (continuação) .... 132

Quadro 14 - Classificação das manifestações patológicas na fachada................... 133

Quadro 15 - Classificação das prováveis causas das manifestações patológicas na


fachada (continua) ................................................................................................... 134

Quadro 16 - Classificação das prováveis causas das manifestações patológicas na


fachada (continuação) ............................................................................................. 135

Quadro 17 - Lista de técnicas de reparo (rc), preventivas (rp) e trabalhos de


manutenção (m) ...................................................................................................... 135

Quadro 18 - Definições das características dos estudos de caso ........................... 147

Quadro 19 - Análise do nível de degradação nas manifestações patológicas (continua)


................................................................................................................................ 175

Quadro 20 - Análise do nível de degradação nas manifestações patológicas


(continuação)........................................................................................................... 176

Quadro 21 - Manifestações patológicas por região ................................................. 179


Quadro 22 – Principais causas de ocorrência de manifestações patológicas por região
................................................................................................................................ 181

Quadro 23 - Matriz de correlação causas prováveis (C)/ manifestação patológica (M)


................................................................................................................................ 184

Quadro 24 - Matriz de correlação manifestações patológicas (M)/ manifestações


patológicas (M) ........................................................................................................ 185

Quadro 25 - Matriz de correlação técnicas de reparo (R)/ manifestações patológicas


(M) ........................................................................................................................... 186
LISTA DE ABRAVIATURAS E SIGLAS

ABCEM - Associação Brasileira da Construção Metálica

AISI - American Iron and Steel Institute

CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço

Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano


CDHU -
do Estado de São Paulo

CEF - Caixa Econômica Federal

DATec - Documento de Avaliação Técnica

EIFS Exterior Insulation and Finish System

IBS - Instituto Brasileiro de Siderurgia

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo

ITA - Instituição Técnica Avaliadora

LSF - Light Steel Framing

MERCOSUL Mercado Comum do Sul

MS Mapeamento Sistemático

OSB Oriented Strand Board

Secretaria Nacional da Habitação Programa Brasileiro da


PBQP-H -
Qualidade e Produtividade do Habitat

PET Polietileno Tereftalato

RBS - Revisão Bibliográfica Sistemática

RS Revisão Sistemática

RSL Revisão Sistemática da Literatura

SCI Steel Construction Institute

SINAT - Sistema Nacional de Avaliações Técnicas

Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de


SINDUSCON/SP -
São Paulo
SVVIE Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas

VUP Vida Útil de Projeto


SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................ 27

1.1. Problema da pesquisa ................................................................................... 27

1.2. Justificativa..................................................................................................... 28

1.3. Objetivo .......................................................................................................... 31

1.3.1. Objetivos Secundários .............................................................................. 31

1.4. Revisão Bibliográfica Sistemática .................................................................. 31

1.5. Lacuna Científica ........................................................................................... 44

1.6. Questões da pesquisa ................................................................................... 44

1.7. Hipótese de Pesquisa .................................................................................... 45

1.8. Estrutura do texto ........................................................................................... 45

1.9. Comitê de Ética .............................................................................................. 46

2. Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil ................. 47

2.1. Industrialização .............................................................................................. 47

2.2. Racionalização ............................................................................................... 48

2.3. Inovações na construção civil ........................................................................ 50

2.4. SINAT, DATecs e NBR 15575 ....................................................................... 52

3. O Sistema Light Steel Framing .......................................................................... 57

3.1. Definições do sistema light steel framing ....................................................... 57

3.2. Origem do sistema light steel framing ............................................................ 58

3.3. O light steel framing no Mundo ...................................................................... 60

3.4. O light steel framing no Brasil ........................................................................ 61

4. Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF .......................................... 64

4.1. Métodos de Execução .................................................................................... 67

4.1.1. Método Embutido...................................................................................... 67


4.1.2. Método Contínuo ...................................................................................... 70
4.1.3. Método pré-fabricado/ painelizado ........................................................... 72
4.2. Componentes da fachada .............................................................................. 73

4.2.1. Guias e Montantes.................................................................................... 75


4.2.2. Ligações ................................................................................................... 75
4.2.3. Isolamento térmico e acústico .................................................................. 78
4.2.4. Membrana Hidrófuga ................................................................................ 79
4.2.5. OSB .......................................................................................................... 81
4.2.6. Placa cimentícia........................................................................................ 82
4.2.7. Telas ......................................................................................................... 85
4.2.8. Basecoat ................................................................................................... 86
4.2.9. Juntas ....................................................................................................... 88
4.2.10. Contraventamento .................................................................................. 89

5. Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas ..................... 92

5.1. Conceito de Patologia na construção civil ...................................................... 92

5.2. Tipos de manifestações patológicas .............................................................. 94

5.2.1. Causas associadas na concepção do projeto (Congênita) ....................... 95


5.2.2. Causas associadas durante a execução (Executiva) ............................... 97
5.2.3. Causas associadas a utilização e manutenção (Adquirida).................... 101
5.2.4. Causas provenientes de esforços de natureza excepcional ................... 103

5.3. Principais manifestações patológicas em fachadas em chapas delgadas ... 103

5.3.1. Fissuras e trincas.................................................................................... 104


5.3.2. Descolamento e desplacamento ............................................................ 106
5.3.3. Falha nas interfaces ............................................................................... 108
5.3.4. Falha nas juntas ..................................................................................... 108
5.3.5. Ancoragem ............................................................................................. 112
5.3.6. Infiltração ................................................................................................ 113
5.3.7. Fantômes ................................................................................................ 120
5.3.8. Corrosão ................................................................................................. 122

6. Método................................................................................................................ 125

6.1. Estratégia de Pesquisa ................................................................................ 125

6.1.1. Formulação do problema ........................................................................ 126


6.1.2. Definição da unidade-caso ..................................................................... 127
6.1.3. Determinação do número de casos ........................................................ 127
6.1.4. Elaboração do protocolo ......................................................................... 128
6.1.5. Coleta de dados ..................................................................................... 129
6.1.6. Tratamento dos dados ............................................................................ 131
6.1.7. Diagnóstico ............................................................................................. 132

7. Estudo de Caso ................................................................................................. 137

7.1. Caracterização dos Estudos de Caso .......................................................... 137

7.1.1. Estudo de caso 1 .................................................................................... 137


7.1.2. Estudo de caso 2 .................................................................................... 140
7.1.3. Estudos de caso 3, 4 e 5 ........................................................................ 142
7.1.4. Estudo de caso 6 .................................................................................... 144

7.2. Dados de identificação, utilização e sistema construtivo ............................. 146

7.3. Coleta de dados ........................................................................................... 147

7.3.1. Estudo de Caso 1 ................................................................................... 147


7.3.2. Estudo de caso 2 .................................................................................... 151
7.3.3. Estudo de caso 3 .................................................................................... 158
7.3.4. Estudo de caso 4 .................................................................................... 162
7.3.5. Estudo de caso 5 .................................................................................... 163
7.3.6. Estudo de caso 6 .................................................................................... 169

8. Discussão .......................................................................................................... 173

8.1. Análise global dos edifícios inspecionados .................................................. 173

8.2. Abordagem geral da deterioração dos edifícios de estudo .......................... 174

8.3. Manifestações patológicas associadas a cada região da fachada ............... 179

8.4. Matriz de correlação causas prováveis/ manifestação patológica................ 182

9. Conclusão .......................................................................................................... 188

9.1. Principais considerações.............................................................................. 188

9.2. Limitações do trabalho ................................................................................. 190

9.3. Sugestões para estudos futuros................................................................... 191

Referências ............................................................................................................ 192


Apêndice A – Roteiro de Visita nos Estudos de Caso ....................................... 202
Capítulo 1 - Introdução 27

1. INTRODUÇÃO

1.1. Problema da pesquisa

Em algumas regiões do Brasil, a construção civil é ainda


predominantemente artesanal, caracterizada pela baixa produtividade e grande
desperdício. Segundo, Santiago, Freitas e Crasto (2012), a solução para mudar esse
cenário, é a industrialização da construção, com qualificação da mão de obra,
diminuição dos desperdícios de materiais, redução dos custos, padronização,
produção em série e um rigoroso controle de qualidade e planejamento. Além da
introdução de inovações tecnológicas no mercado.

Entretanto, as tecnologias construtivas inovadoras, pelo menos no Brasil, são


introduzidas a partir da disponibilização no mercado de materiais e componentes
industrializados, com incorporação de uma tecnologia que muitas vezes não está
difundida no país. Os componentes começam a ser utilizados como uma evolução e
renovação dos componentes tradicionais antes encontrados, contudo, essas
“inovações devem ser economicamente viáveis e compatíveis com os condicionantes
nacionais” (SANTIAGO, 2008), para isto a construção industrializada deve ter uma
solução real para o panorama brasileiro (SALES, 2001). Ademais, é necessário
considerar uma avaliação de ordem qualitativa, para assegurar a adaptabilidade e
incorporação da tecnologia no Brasil.

Uma das tecnologias que merece destaque é o Light Steel Framing (LSF), um
sistema construtivo rápido, durável, flexível e que atende todos os requisitos
característicos de construções residenciais e comerciais em todas as etapas da
construção, especificamente em sistema de fachadas que será estudada neste
trabalho. Apesar desse sistema apresentar características competitivas frente aos
sistemas construtivos tradicionais como a alvenaria estrutural e o sistema de pré-
moldados, o LSF que vem sendo largamente utilizado em países desenvolvidos,
enfrenta grande preconceito no Brasil mediante a cultura de construção que existe no
país, mesmo que, sob o ponto de vista técnico da produção de uma edificação, o LSF
seja ainda mais vantajoso que os sistemas construtivos tradicionais (VELJKOVIC;
JOHANSSON, 2006).

Atualmente, com a implementação de novas tecnologias é de suma importância


o aprimoramento dos processos, para que os mesmos contribuam para a capacidade
Capítulo 1 - Introdução 28

técnica dos agentes promotores de aplicação dessas inovações (BASTOS; SOUZA,


2007). Para os autores citados, é importante a utilização de práticas e métodos
sistematizados para a investigação e avaliação de como o consumidor final assimila
quanto a sua apropriação no espaço edificado.

Segundo Fontanini (2004), a indústria da construção civil deve se adaptar à


estas novas exigências de mercado, adotando técnicas de gerenciamento e produção.
Mas é importante ressaltar que por maior que sejam os esforços de gerenciar os
serviços e utilizar os melhores produtos disponíveis no mercado, sem uma
normatização do sistema, fica difícil uma padronização em seus processos.

1.2. Justificativa

O crescimento acelerado da construção civil contribuiu para o aparecimento


de inovações nos novos projetos, o que trouxeram consigo a inserção de novas
tecnologias construtivas no mercado. Entretanto, algumas dessas tecnologias
apresentaram um desempenho insatisfatório, e ainda, aliadas a mudanças na
organização da produção do edifício e aos inevitáveis erros de projeto e execução,
têm provocado um grande aumento do número de manifestações patológicas nas
edificações. No Brasil, a situação é agravada pela pouca existência de controle de
qualidade na construção civil (DARDENGO, 2010).

Além disso a introdução de painéis de vedação industrializados nem


sempre são usados adequadamente e com todo o seu potencial de racionalização. É
comum identificar a utilização de componentes de vedação inovadores de modo
tradicional, o que pode gerar problemas a serem resolvidos durante a fase de obra e,
também, problemas futuros para os usuários da edificação (SOUZA, 1997). De fato,
os sistemas de fachadas ainda precisam ser acertados e incorporados ao nosso
ambiente e as características específicas do nosso país, desde a sua concepção até
o acompanhamento do pós-obra.

Nesse sentido, Santiago (2008), aponta em seu trabalho que estudos mais
detalhados do sistema construtivo de fachada em LSF e a necessidade de sua
tropicalização é de extrema importância para assegurar sua viabilidade técnica, maior
aceitação do usuário final e minimização das manifestações patológicas. A utilização
incorreta desses novos sistemas construtivos pode acarretar em aumento do custo da
construção e da incidência de patologias, o que pode ocasionar maior resistência ao
Capítulo 1 - Introdução 29

uso dessa tecnologia em empreendimentos futuros. Na realidade, há a necessidade


de se provar a real eficiência, ou ineficiência, dos novos sistemas de fachada, para
que os arquitetos, engenheiros, construtores e o mercado nacional venham investir
nessas tão promissoras novas tecnologias (BARROS, 1996).

Segundo Oliveira (2009b), a velocidade do mercado da construção civil


percorre é diferente da velocidade das pesquisas acadêmicas e das instituições e
associações que desenvolvem as normas técnicas nacionais. Por essa razão, a
existência de vários edifícios prontos, ou em fase de execução, que optaram pela
utilização de vedação de fachadas em tecnologias em elementos leves, sem que os
agentes do processo - sejam os engenheiros, arquitetos, construtores, ou o cliente em
si – tivessem documentos técnicos de referência, como normas ou manuais técnicos,
que pudessem dar o respaldo para a concepção do projeto, controle e execução da
obra.

O Brasil é o nono maior produtor de aço do mundo (Tabela 1), e já detém


um bom nível de fabricação e montagem de estruturas metálicas comparado aos
países do primeiro mundo. No entanto, “observa-se que em grande parte das
edificações em estruturas metálicas existem grandes deficiências no projeto,
detalhamento e execução dos sistemas complementares” (CRASTO; FREITAS,
2006).

Tabela 1 - Os 10 maiores países produtores de aço no mundo

Produção de aço
Ranking País
(milhões de toneladas)
1 China 928,3
2 Índia 106,5
3 Japão 104,3
4 Estados Unidos 86,7
5 Coréia do Sul 72,5
6 Rússia 71,7
7 Alemanha 42,4
8 Turquia 37,3
9 Brasil 34,7
10 Irã 25
Fonte: Adaptado de Worldsteel (2019).

Além das deficiências de projetos, existem outras hipóteses do porquê o


sistema ainda não tem uma utilização maior no país, como exemplo, a barreira cultural
e de desconhecimento. Além de muitas pessoas ainda não conhecerem o sistema
Capítulo 1 - Introdução 30

LSF, por mais que ele esteja a um tempo relativamente significante no Brasil, ainda
existem dúvidas sobre a sua resistência e segurança.

Existe a ausência de mão de obra treinada e de profissionais capacitados


a trabalhar com a construção de sistemas em LSF. Como o sistema construtivo é
diferente dos tradicionais, a grande parte da mão de obra existente não está apta para
esse tipo de processo, pois não é simplesmente uma adaptação de um sistema para
o outro e sim a necessidade de uma qualificação para uma perfeita execução. Nesse
sentido, a ideia de qualificação desses operadores, resultaria num alto investimento
inicial das empresas para implementação desse novo sistema.

Não só os operadores e montadores do sistema LSF devem estar


qualificados, mas também os projetistas, devem ter o conhecimento necessário para
realizar os projetos desse sistema. Existe também a hipótese de que os sistemas
inovadores, tais como o LSF não estão sendo abordados de forma substancial dentro
das universidades brasileiras, isso poderia justificar a formação de profissionais que
continuam trabalhando com sistemas convencionais e poucos produtivos por falta de
informação.

Além do sistema LSF ser financeiramente compensado, ele deve ser


sistemático e com o mínimo de proliferação de patologias possível (MILAN et al.,
2010). Uma vez que o usuário opta por uma construção com sistema inovador, o seu
maior desejo é de que o sistema funcione com todas as qualidades propostas pela
construtora, e uma vez que, surgem manifestações patológicas, o interesse do
consumidor pode retroceder.

Por isso o estudo mais aprofundado sobre as manifestações patológicas e


seu mapeamento foi realizado nesta dissertação, quanto para indicar o que precisa
ser estudado e restruturado no sistema de fachada, tanto para nortear os profissionais
no mercado nacional da construção civil, empreendedores e organismos públicos e
instruir o usuário final. O consumidor poderá optar, com mais consciência, o sistema
construtivo que deseja adotar para a sua construção A contribuição será apresentada
a partir dos problemas práticos analisados, visando propor soluções específicas a
partir da identificação das principais manifestações patológicas.
Capítulo 1 - Introdução 31

1.3. Objetivo

O objetivo principal desta pesquisa consiste em identificar as principais


manifestações patológicas em fachadas em chapas delgadas estruturadas em Light
Steel Framing no intuito de reduzir os principais problemas que impedem a
disseminação do sistema no mercado brasileiro.

1.3.1. Objetivos Secundários

A pesquisa pretende ainda, a partir de seus objetivos secundários:

a) Identificar os principais mecanismos de degradação relacionados ao

surgimento de manifestações patológicas em fachadas.

b) Mapear e classificar as manifestações patológicas no sistema de

fechamento;

c) Criar um banco de dados que permita, além de entender a manifestação

patológica na edificação em si, também entender a relação com os materiais

e elementos construtivos que podem afetar todo o sistema de fachada.

d) Alcançar diagnósticos construtivos para os principais fatores condicionantes

das manifestações patológicas.

1.4. Revisão Bibliográfica Sistemática

No intuito de encontrar as principais publicações sobre um tema específico,


utiliza-se a Revisão Sistemática da Literatura (RSL). Muitas vezes um artigo de
mesmo assunto pode ser publicado em diversas partes do mundo, e é apenas a partir
da RSL que é possível identificá-los e consequentemente, prevenir publicações
duplicadas, descobrir possíveis lacunas no assunto e ter maior confiabilidade na
utilização dos artigos.

Atualmente, os grandes volumes de informações científicas geradas na


área da Construção Civil apontam a necessidade da aplicação de parâmetros que
facilitem o acesso e interpretação dos mesmos, para possibilitar conclusões baseadas
em evidências e combinação de resultados oriundos de múltiplas fontes.
Capítulo 1 - Introdução 32

Dentro da RSL pode-se encontrar tanto o mapeamento sistemático (MS),


quanto a revisão sistemática (RS). Os dois apoiam a identificação e agregação das
evidências disponíveis para tratar certas questões de pesquisa e auxiliam na
identificação das lacunas (KITCHENHAM et al., 2010).

Na questão de seus objetivos, o MS visa promover uma visão geral de um


tópico de pesquisa mais amplo e identificar clusters de estudos que podem ser
apropriados para um estudo mais detalhado a ser feito por meio de uma RS
(KITCHENHAM; BRERETON; BUDGEN, 2012). Já a RS tenta agregar os estudos em
termos de seus resultados e investigar se esses resultados são consistentes ou
contraditórios, ou seja, visam sintetizar evidências, considerando inclusive, a sua força
(KITCHENHAM; BUDGEN; PEARL BRERETON, 2011; PETERSEN; VAKKALANKA;
KUZNIARZ, 2015).

Sampaio e Mancini (2007) descrevem a revisão sistemática da literatura


como uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre
determinado tema. Para Castro (1992), uma RSL é uma revisão planejada para
responder a uma pergunta específica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos
para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e analisar
os dados destes estudos incluídos na revisão. No trabalho de Conforto, Amaral e Silva
(2011) a RSL é entendida como uma revisão bibliográfica sistemática (RBS
Roadmap), definida como:

Revisão bibliográfica sistemática é o processo de coletar, conhecer,


compreender, analisar, sintetizar e avaliar um conjunto de artigos científicos
com o propósito de criar um embasamento teórico-científico (estado da arte)
sobre um determinado tópico ou assunto pesquisado”.
Cabe ressaltar que existem vários outros meios de realizar a revisão
sistemática da literatura, ficando a escolha de cada autor utilizar da melhor forma dado
o seu tema e linha de pesquisa. Neste trabalho optou-se pela utilização da RBS,
devido a didática e metodologia, partindo do modelo proposto por Conforto; Amaral e
Silva (2011). Em seu trabalho Conforto, Amaral e Silva (2011) propõem um modelo
para condução de RBS com a área de gestão de operações. O modelo apresentado
na Figura 1, possui 15 etapas, distribuídas em 3 fases (entrada, processamento e
saída).
Capítulo 1 - Introdução 33

Figura 1 - Modelo para condução da revisão bibliográfica sistemática – RBS


Roadmap

Fonte: Conforto, Amaral e Silva (2011)

Baseado no modelo proposto por Conforto, Amaral e Silva (2011), foi


adaptado um modelo para esta revisão bibliográfica sistemática, conforme Building
and Environment

Figura 2 abaixo, e em seguida descritas todas as etapas da revisão com


uma maior detalhamento:

 Problema – O problema é o ponto de partida da revisão


bibliográfica sistemática, de tal forma que se busca respostas a partir de uma ou mais
perguntas com a revisão bibliográfica. Considerando o problema de pesquisa dessa
dissertação, aponta-se a seguinte pergunta: Quais os sistemas de fachada utilizados
em outros países com o sistema LSF? Quais os desafios das fachadas em LSF? Quais
os problemas e dificuldades que o sistema já apresentou?

 Objetivos – Os objetivos da RBS devem estar alinhados com os


objetivos do projeto da pesquisa, que nesse caso os objetivos para essa RBS foram:
verificar artigos que abordam a construção industrializada e o sistema LSF que
identificaram alguma barreira e/ou patologia na fachada, as principais dificuldades da
adoção do sistema em outros países e seus desafios em manter a produção e sua
maior difusão.
Capítulo 1 - Introdução 34

 Fontes Primárias – As fontes primárias constituem em periódicos


ou base de dados que serão úteis para a definição de palavras-chaves, e identificação
dos principais autores e artigos relevantes (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011).
Nesta RBS foi utilizado as bases de dados do Science Direct, Emerald Insight,
Engineering Village, Scopus e Web of Science e Pro Quest devido a serem bases
aderentes ao tema proposto. O Quadro 1 apresenta as bases de dados e principais
periódicos utilizados.

Building and Environment

Figura 2 - Modelo para condução da revisão bibliográfica sistemática - RBS


Roadmap

Fonte: Adaptado de Conforto, Amaral e Silva (2011).


Capítulo 1 - Introdução 35

Quadro 1 - Base de dados e principais periódicos

Base de Dados Principais Periódicos


Science Direct
Journal of Building Engineering
(www.sciencedirect.com)
Engineering Village Thin-Walled Structures, Building and
(www.engineeringvillage.com) Environment
Journal of Constructional Steel
Scopus (www.scopus.com)
Research
Web of Science
Advanced Steel Construction
(www.webofknowledge.com)
Professional Builder, Construction
ProQuest Central/ Technology Management and Economics, Civil
Collection (www.proquest.com) Engineering, Progress in Structural
Engineering and Materials

Fonte: Autoria própria.

 String de busca - Nesta RBS foi realizado primeiramente


a seleção das bases de dados a serem utilizadas, uma verificação preliminar das
palavras chaves, para encontrar palavras comumente utilizadas no tema e palavras
que melhor adequassem a necessidade da busca. Devido ao sistema de cada base
de dados ser diferente, foi formulada uma string para cada base de dados, como pode
ser observado no Quadro 2.

Quadro 2 - Base de Dados e Inserção de String de Busca


Base de Dados String de Busca
TITLE-ABS-KEY ( light AND steel AND framing ) AND ( TITLE-ABS-KEY (
facade ) OR TITLE-ABS-KEY ( external AND wall ) OR TITLE-ABS-KEY (
Scopus
multi AND floor ) OR TITLE-ABS-KEY ( cement AND board ) OR TITLE-
ABS-KEY ( pathology ) )
light steel framing AND (facade OR external wall OR multi floor OR cement
Science Direct
board OR patholog*) AND NOT (thermal OR fire OR seismic)
TS=(light steel framing) AND (TS=(facade) OR TS=(external wall) OR
Web of Science TS=(multiple floor) OR TS=(cement board OR TS=(patholog*))) AND NOT
TS=(thermal) AND NOT TS=(fire) AND NOT TS=(seismic)
ab(light steel framing) AND (ab(facade) OR ab(external wall) OR ab(multiple
Pro Quest
floor) OR ab(cement board) OR ab(pathologie))
((facade) WN KY OR (external wall) WN KY OR (multi floor) WN KY OR
Compendex (pathology) WN KY OR (cement board) WN KY) AND ((light steel framing) WN
KY)

Fonte: A autora.

 Critérios de inclusão – A definição dos critérios de inclusão dos


artigos deve se relacionar com o objetivo da pesquisa. Nesse caso, o objetivo principal
dessa pesquisa é a identificação de melhoria do sistema LSF em relação ao sistema
Capítulo 1 - Introdução 36

de fachada, a partir da identificação de lacunas, barreiras e patologias. Então os


critérios de inclusão foram: 1) Publicações que relacionem o sistema LSF com
fachada; 2) Publicações que relacionem a utilização de placas cimenticias ou outros
tipos de fechamento; 3) Publicações relacionadas ao sistema de fechamento em LSF
e suas possíveis patologias.

Em cada base foram analisados os artigos a partir de 1997 - neste caso


devido ao grande volume de artigos publicados neste ano e também a sua história de
utilização nesse período (1997 – 2018) e artigos em português ou inglês.

 Critérios de qualificação – É importante que os artigos sejam


qualificados de acordo com algum parâmetro, nesta RBS, o critério de qualificação
utilizado foi, os artigos de periódicos encontrados dentro das bases de dados
analisadas, uma vez que se entende já realizada pelas mesmas, uma prévia avaliação
de sua relevância.

 Métodos e ferramentas – Este estágio envolve as etapas a


serem realizadas para a condução das buscas, ou seja, a definição dos filtros e o
estabelecimento dos critérios de buscas nas bases de dados e repositórios. Para a
verificação dos critérios propostos foi realizada a leitura e análise dos artigos segundo
os filtros: 1) leitura do título, resumo e palavras-chaves; 2) leitura da introdução e
conclusão e 3) leitura do texto completo.

O método de busca deve ser iterativo, ou seja, deve contemplar ciclos


que favorecem o aprendizado, refinamento de buscas e buscas cruzadas a partir de
referências citadas nos artigos encontrados. Na Figura 3 observa-se o procedimento
iterativo.
Capítulo 1 - Introdução 37

Figura 3 - Procedimento Iterativo da fase de processamento

Fonte: Adaptado de CONFORTO; AMARAL; SILVA (2011).

 Cronograma – Nesta última etapa da Fase 1 propõem-se o prazo


para o término da revisão sistemática da literatura. Nesta RBS utilizou-se de 2 meses
para investigar, pesquisar e analisar os artigos. A partir desse ponto inicia-se a fase 2
de Processamento.

 Condução das buscas – nesta etapa são conduzidas as buscas,


conforme a Figura 3, os itens 1, 5 e 6, busca por periódico, busca cruzada e busca
por base de dados, respectivamente. Nesta RBS após a escolha das bases de dados
e a inserção da string, foi compilado os resultados em uma planilha Excel,
armazenados e posteriormente analisados. Na planilha constam as informações de:
base de dados, fonte do artigo, título do artigo, nome do/s autor/es, resumo, palavras-
chaves, DOI etc.

 Análise dos resultados – Após a realização dos itens 2, 3 e 4 da


Figura 3 que correspondem aos filtros comentados na etapa de Métodos e
ferramentas, é encontrado os artigos então, aderentes a RBS, os quais são separados
e analisados.
Capítulo 1 - Introdução 38

 Documentação – Nesta etapa foi realizada a documentação e


arquivamento dos artigos selecionados nos filtros. Essas informações documentadas
foram: quantidade de artigos encontrados por periódico, quantidade de artigos
excluídos, quantidade de artigos encontrados na busca cruzada etc.

Na Tabela 2 é possível observar o refinamento de busca e o respectivo


número de artigos aderentes. Na busca inicial, juntando os artigos encontrados em
todas as bases de dados escolhidas, foram encontrados 344 artigos. Após a remoção
das duplicatas, foram obtidos 306 artigos. Nesse momento iniciou-se a verificação a
partir dos filtros, após o primeiro filtro de leitura do título e palavras-chaves (quando
existiam) foram considerados 85 artigos aderentes, nesta etapa, a maioria dos 221
artigos excluídos eram relacionados a outras áreas, que não a de construção ou
engenharia civil. O segundo filtro de leitura do resumo e conclusão foram
considerados 49 artigos aderentes, e após o terceiro e último filtro da leitura total,
foram selecionados então 18 artigos aderentes ao objetivo dessa RBS. Com isso,
finaliza-se a penúltima fase do modelo proposto e a seguir serão detalhados os
principais pontos da terceira fase de saída dos dados.

Tabela 2 - Refinamento de busca e quantidade de artigos aderentes

Refinamento de buscas Quantidade de artigos


Início 344
Remoção de duplicatas 306
Filtro 1 - Leitura do Título, Palavras-chaves e Resumo 85
Filtro 2 - Leitura Introdução e Conclusão 49
Filtro 3 - Leitura Total 18
Fonte: A autora.

 Alertas – Durante a realização da RBS é interessante a inserção


de “alertas” nos principais periódicos e base de dados, afim de que, no caso de novas
publicações relacionadas a sua string de pesquisa ou palavras-chaves, esses possam
enviar por e-mail uma mensagem de alerta. Nesta revisão foram colocados alertas
nas bases de dados avaliadas.

 Cadastro e arquivo – Após a filtragem dos artigos, os artigos


aderentes foram armazenados por meio de um software de gerenciamento de
referenciais (Mendeley), o qual permitiu uma melhor gestão dos artigos e ainda
possibilitou a inserção das referências no texto.
Capítulo 1 - Introdução 39

 Síntese e resultados – Nessa etapa elabora-se um resumo que


será uma síntese da bibliografia estudada. Após a leitura completa no último filtro
desta RBS, foram selecionados os dez artigos principais e aderentes ao tema. Estes
dez artigos foram brevemente resumidos e comentados na revisão da literatura.

 Modelos teóricos – No final da RBS, a construção de modelos


teóricos e definição de hipóteses têm como embasamento os resultados da revisão
bibliográfica sistemática, e são a síntese do tema estudado.

Através do processo apresentado, foram selecionados 18 artigos aderentes


ao tema em análise neste trabalho. Na Figura 4 é possível visualizar a quantidade de
artigos aderentes a esta revisão sistemática, publicados nos periódicos, por ano de
publicação (1998 – 2019).

Figura 4 - Número de artigos e ano de publicação internacional

3
Nº de artigos

Ano de publicação

Fonte: Autoria própria.

Ao avaliar o gráfico é notável que se teve um aumento do número de


publicações nos últimos anos, tanto que 83,3% das publicações foram nos últimos 7
anos (2012 – 2019), que pode comprovar um maior interesse em estudos relacionados
ao sistema de fachada em light steel framing, com diferentes tipos de placas, estudo
de desempenho térmico, acústico, contra incêndio e ataque sísmico.

Foi realizada também nesta revisão sistemática, uma análise em relação a


aparição das palavras-chaves encontradas nos artigos aderentes, No total foram
obtidas 87 palavras-chaves conforme apresentado na Tabela 3. Deste resultado foram
analisadas as palavras encontradas mais de uma vez nos artigos selecionados como:
Capítulo 1 - Introdução 40

“Light Steel Framing”, “Cement board”, “Failures”, “Sound insulationl”, “Steel”,


“Thermal insulation” e “Thermal performance”. É interessante ressaltar que mesmo
colocando na string de busca a palavra “pathology”, não foi obtido nenhum artigo
relacionando o sistema de fachada em LSF com patologia, com isso, leva-se a duas
hipóteses. A primeira de que, a escolha das palavras não foi assertiva, ou o assunto
relacionando fachada em LSF com patologias ainda não foi amplamente estudado.

Tabela 3 - Palavras-chaves e Número de aparições


nº de nº de nº de
Palavras chaves aparições Palavras chaves aparições Palavras chaves aparições
Light Steel Framing 10 Fiber cement board 1 Performance levels 1
Cement board 2 Fire protection 1 Prefabrication 1
Failures 2 Fire resistance 1 Productivity 1
Sound insulation 2 Fire resistant materials 1 Residential building perform 1
Steel 2 Framing 1 Resilient channels 1
Thermal insulation 2 Gypsum plasterboards 1 Seismic design 1
Thermal performance 2 Horizontal stiffeners 1 Seismic response 1
Automated machines 1 Housing 1 Shear wall panels 1
Behavior factor 1 Hybrid wall 1 Shear walls 1
Brick 1 Industrial building process 1 Sheathing 1
Building 1 Industrialized panel 1 Slotted studs 1
Building simulation 1 Industrialized sealing 1 Solar absorptance 1
Building systems 1 Infill foam concrete 1 Stability analysis 1
Case studies 1 Information technology 1 Steel frames 1
Innovative technoprene bracing
Cladding 1 1 Steel structures 1
system
Cold working 1 In‐plane cyclic tests 1 Steel-timber structures 1
Cold-formed steel framing 1 Inspection 1 Structural stability 1
Construction 1 Integrity 1 Terra cotta 1
Construction automation 1 Light panel 1 Thermal behavior 1
Construction industry 1 Light steel frame double walls 1 Thermal bridge 1
Deflection 1 Light-frame structures 1 Thermal studs 1
Thin-autoclaved aerated
Design 1 LSF façade walls 1 1
concrete panels
Design method 1 Magnesium board 1 Tool-path generation 1
Dry construction 1 Masonry 1 Vinyl siding 1
Drywall 1 Nonstructural components 1 Vulnerabilities 1
Exploration 1 OSB-resin panels 1 Wall manufacturing 1
External cladding system 1 Panelized construction 1 Wall partition 1
External LSF walls 1 Partition walls 1 Wood 1
Facade 1 Performance 1 XPS panels 1
TOTAL 87

Fonte: Autoria própria.

Para a formulação da string dessa RBS (Revisão Bibliográfica Sistemática),


foi realizada primeiramente uma validação das terminologias (como comentado no
item String de busca). Após constatado que são coerentes com a terminologia
internacional, nega-se a primeira hipótese de que os termos não estariam adequados.
Portanto, pode ser afirmado que a segunda hipótese de que patologias no sistema de
fechamento em LSF, ainda possui uma lacuna de conhecimento a ser estudada.
Capítulo 1 - Introdução 41

Base de Dados Principais Periódicos


Science Direct
Automation in Construction
(www.sciencedirect.com)
Applied Thermal Engineering, International
Journal of Steel Structures, Journal of
Engineering Village Building Engineering, Earthquake
(www.engineeringvillage.com) Engineering and Structural Dynamics,
Materials, Journal of Structural Engineering,
Thin-Walled Structures,
Scopus (www.scopus.com) Journal of Construction Education
Web of Science Thin-Walled Structures, Building and
(www.webofknowledge.com) Environment

ProQuest Central/ Technology


Dyna
Collection (www.proquest.com)

Ambiente Construído, Gestão & Tecnologia


Scielo (https://www.scielo.org/)
de Projetos

Ao realizar um comparativo em relação as palavras-chaves, foi utilizado o


programa VOSviewer, para identificar as inter-relações entre as palavras chaves
encontradas. Na Figura 5, visualiza-se as relações dos “clusters”, ou seja, das
aglomerações de palavras que possuem características semelhantes e que coabitam
em um mesmo tema. Observa-se que foram formados 4 grandes grupos, que são
unidos pelas palavras “light steel framing”, “cement board”, “steel” e “industrial building
process”. Este último além de ligar-se ao “light steel framing”, tem uma correlação
também com “steel”.
Capítulo 1 - Introdução 43

Ao analisar as palavras dentro de cada grupo, para entender seu


relacionamento, verifica-se por exemplo que, no grupo azul se encontram as palavras
relacionadas com placa cimentícia e que estas são ligadas ao light steel framing pelas
palavras sobre desempenho. No grupo verde percebe-se as palavras relacionas com
aço, tanto palavras sobre a estrutura em si, como palavras de desempenho térmico e
de incêndio. Já no grupo amarelo é muito interessante pois aborda palavras
relacionadas com a pré-fabricação e o processo de construção industrial, o que
comprova a industrialização do processo de vedação com a utilização do light steel
framing. E por último o maior grupo dessa análise o cluster vermelho, onde pode-se
observar mais palavras relacionadas com fachadas estruturadas em LSF.

A partir dessa avaliação, foram identificados nos artigos as suas principais


contribuições e criado 4 classificações: desempenho, estrutura, material e inspeção,
conforme Figura 6. Na classificação de desempenho, contemplam os assuntos
relacionados com desempenho térmico, acústico, contra incêndio, ataques sísmicos,
e mais o item de vida útil1 da edificação. Na classificação de estrutura, encontra-se
tema sobre cisalhamento, parafusos e falha de projetos. Em relação ao tema de
materiais, existem artigos sobre placa cimentícia e outros tipos de placas para
vedação, e em relação a inspeção, foram constatados artigos mais voltado para a área
de automação e qualidade de execução. Importante destacar que esta classificação
foi realizada em cima do enfoque principal dos artigos, não sendo esse apenas um
tópico estudado.

Percebe-se então, que a parte do maior interesse nessa RBS, no caso o


tema de “desempenho” contempla 44% do total dos artigos aderentes selecionados,
o que caracteriza que o assunto de desempenho da edificação está cada vez mais em
análise dos pesquisadores, não apenas do Brasil após a norma de desempenho NBR
15575 (ABNT, 2013a), mas também em todo o mundo.

1
Vida útil (VU): Segundo a NRB 15575:2013 é o período de tempo em que um edifício
e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetadas e construídos
considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no
respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção.
Capítulo 1 - Introdução 44

Figura 6 - Tema dos artigos aderentes relacionados aos principais grupos

Fonte: Autoria própria.

1.5. Lacuna Científica

Com os resultados da RBS, pode ser concluído que na busca de pesquisa


em campo internacional, a quantidade de estudos relacionados ao desempenho do
sistema LSF em fachadas está crescendo cada vez mais. Principalmente os estudos
relacionados ao desempenho térmico e acústico.

Foi entendido nesta RBS a busca pelo desenvolvimento de materiais mais


sustentáveis e com melhores desempenhos estão incentivando pesquisadores do
mundo inteiro, mas alguns fatores, sobre as manifestações patológicas que esses
materiais podem apresentar não foi encontrado a partir desta RBS, o que fica como
grande área de interesse a ser pesquisado nessa dissertação.

Uma vez que, mesmo com o exemplo de utilização do sistema em outros


países, o sistema ainda possui lacunas e dificuldades na adaptação e estabilização
de seus processos, não favorecendo a sua vasta utilização no Brasil. Com essas
lacunas, são descritas então as questões de pesquisa, que serão respondidas com os
resultados dessa dissertação.

1.6. Questões da pesquisa

1. Quais as principais manifestações patológicas em fachadas em


chapas delgadas estruturadas em light steel framing?

2. Quais são as causas das manifestações patológicas no subsistema


de fachadas e como elas podem ser prevenidas?
Capítulo 1 - Introdução 45

3. Porque o sistema de fachadas em chapas delgadas em light steel


framing não tem uma implementação significativa no mercado
brasileiro?

1.7. Hipótese de Pesquisa

A partir das questões apresentadas, levanta-se então a hipótese: “A


identificação das principais manifestações patológicas, pode ser utilizada para indicar
as reais necessidades do sistema de fachadas, auxiliando na melhoria do processo e
no método de escolha pelo usuário final? ”

1.8. Estrutura do texto

Este trabalho está estruturado em nove capítulos. No primeiro capítulo, é


abordada a questão a ser analisada nessa pesquisa a partir da realização da revisão
bibliográfica sistemática, a definição dos objetivos e a justificativa do tema.

No segundo capítulo são apresentadas as definições de industrialização e


racionalização, é brevemente relatado as suas origens até a inserção na construção
civil, um dos últimos setores a adotar esse novo modo de produzir. Além disso é
abordado alguns pontos sobre a norma de desempenho, SINATs e DATecs.

No terceiro capítulo é caracterizado o sistema light steel framing e descrito


sobre sua origem a partir da revisão bibliográfica. Neste capítulo são apresentados o
histórico sobre o uso do sistema LSF no mundo, a sua chegada no Brasil e como ele
se encontra hoje no mercado brasileiro da construção civil.

No quarto capítulo, o sistema de fachadas estruturadas em chapas


delgadas estruturadas em light steel framing é mais detalhado, incluindo as diferentes
formas de execução, seus componentes e materiais utilizados para montagem e
execução.

No quinto capítulo, o item de patologias é aprofundado, sendo realizada


uma revisão bibliográfica dos tipos de manifestações patológicas na construção civil
e logo em seguida nas fachadas em geral e em chapas delgadas estruturadas em
LSF.

No sexto capítulo é descrito o método, ou seja, o desenvolvimento da


pesquisa proposta, o delineamento, o processo utilizado e a descrição detalhada de
cada etapa do trabalho.
Capítulo 1 - Introdução 46

No sétimo capítulo é feita a descrição dos estudos de caso, caracterizado


as regiões dos estudos e detalhado as principais manifestações patológicas
encontradas em cada caso.

No oitavo capítulo são feitas as análises globais dos casos, apontados os


índices de degradação e apresentadas as matrizes de correlações das manifestações
patológicas com as possíveis causas e técnicas de reparo.

No nono capítulo é apresentada a conclusão, considerações finais e


sugestões de trabalhos futuros.

O apêndice é composto pelo termo de consentimento livre e esclarecido e


pelo roteiro dos estudos de caso.

1.9. Comitê de Ética

Este trabalho foi submetido à avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa


(CEP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) no dia 07/02/2018, tendo
a situação do parecer como aprovada, registrada sob o número do parecer 2.528.741,
código CAAE 81089417.2.0000.8142, aprovado em 06/03/2018.
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 47

2. INDUSTRIALIZAÇÃO, RACIONALIZAÇÃO E INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO


CIVIL

2.1. Industrialização

A história da industrialização se identifica com a história da mecanização,


ou seja, com a evolução das ferramentas e máquinas para a produção de bens. De
forma gradativa, as atividades exercidas pelo homem com auxílio da máquina foram
sendo substituídas por aparelhos mecânicos, eletrônicos ou por automações (BRUNA,
1984).

Enquanto no método artesanal o trabalhador realizava as funções


principais e seus ajudantes as funções secundárias, no método industrial, o oficial
fazia a operação de algumas funções, ou em alguns casos uma única função,
adquirindo grande destreza e automatismo (RIBEIRO, 2002).

A industrialização está essencialmente associada aos conceitos de


organização e de produção em série, os quais devem ser entendidos e analisados de
forma mais ampla as relações de produção envolvidas e a mecanização dos meios de
produção (BRUNA, 1984).

A história da industrialização pode ser dividida em três grandes fases: a


primeira, que assinala os primórdios da era industrial e assiste ao nascimento das
máquinas genéricas ou polivalentes. A segunda fase, assiste à transformação dos
mecanismos no sentido de ajustá-los à execução de determinadas tarefas. E,
finalmente a terceira fase, inicia-se em torno dos anos 50 deste século na qual assiste-
se de forma gradual à substituição das atividades que o homem exercia sobre a
máquina: a diligência, a avaliação, a memória, o raciocínio, a concepção, a vontade
etc., estão sendo substituídos por aparelhos mecânicos, eletrônicos ou,
genericamente, por automatismos (BRUNA, 1984).

De todas as indústrias do setor secundário da economia, a indústria da


construção civil foi a que mais levou tempo para se integrar no processo da
industrialização, mantendo ainda algumas características do método artesanal
(ROSSO, 1980). Devido ainda a dificuldades como; as flutuações constantes da
demanda e influências de fenômenos conjunturais (ROSSO, 1980), variada gama de
serviços envolvendo diferentes ramos industriais, ordem distintas e a busca de novas
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 48

formas e aspectos arquitetônicos (RIBEIRO, 2002), eram motivos de submissão da


lentidão no desenvolvimento da industrialização na construção.

Bender (1976), descreve que essas mesma situações ainda na década de


1970 já aconteciam, o que mostra que muito pouco foi feito para mudar essa realidade,
ele questionava que:

“Como é possível que na era dos computadores, viagens espaciais e


produção em série de qualquer classe de artigo, estamos apenas começando
a industrializar o processo de construção? Como pode um dos setores mais
importantes da economia mundial estar tão pouco avançado que só
recentemente a industrialização da construção foi considerada um tema de
discussão importante? ”
Campos (2014) afirma que a industrialização da construção civil atuou na
cadeia produtiva de seus materiais e não no modo de construir. As estruturas,
vedações e outros componentes passaram somente a ser fabricados de maneiras
diferentes, foi difícil para a indústria da construção civil compreender e tratar o edifício
como um produto.

Entende-se assim, que a industrialização da construção é um meio para se


atingir determinados objetivos que são basicamente os mesmos de outras áreas da
indústria: produzir em maior quantidade, com melhor qualidade, menor custo e tempo
(GOMES et al., 2013). Além do mais, “evoluir no sentido de aperfeiçoar-se”
(BRUMATTI, 2008). Conclui-se então, que para a utilização de sistemas
industrializados ser eficiente, é necessário inserir nos processos construtivos
inovações tecnológicas, bem como, aplicar uma visão sistêmica e global à construção
(RIBAS, 2006).

2.2. Racionalização

Aliado aos princípios da industrialização, “a racionalização é um processo


mental que governa a ação contra os desperdícios temporais e materiais dos
processos produtivos, aplicando o raciocínio sistemático, lógico e resolutivo, isento de
influxo emocional” (ROSSO, 1980). Em outras palavras, a racionalização de um
processo construtivo é um conjunto de ações que substituem as práticas
convencionais por métodos tecnológicos baseados em raciocínio sistemático, visando
eliminar o empirismo das decisões (RIBEIRO, 2002).

Na realidade, racionalização da construção é exercer o controle de


materiais e mão de obra, aplicando eficientemente os recursos, utilizando com
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 49

estratégia o capital, e adotando o planejamento e gestão para aumentar a


produtividade e extinguir as eventualidades das informações. Em outras palavras a
racionalização deve ser aplicada a edificação tanto como produto, quanto como
processo, ou seja, a edificação deve ser racionalizada desde a sua concepção e
estendendo essas ações para a produção, afim de que possam ser corretamente
implementadas. (ROSSO, 1980).

Em seu trabalho Barros (1996) propõe uma definição da racionalização


com um enfoque microeconômico, restrito as atividades de produção de um
empreendimento, nomeada de racionalização construtiva:

Racionalização construtiva é um processo composto pelo conjunto de todas


as ações que tenham por objetivo otimizar o uso de recursos materiais,
humanos, organizacionais, energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros
disponíveis na construção em todas as suas fases.
Vivan (2016) coloca que, para o êxito das intervenções da racionalização,
é necessário que suas diretrizes passem a compor os fundamentos das decisões
inerentes ao processo de projeto, visto que dessa maneira a racionalização continua
naturalmente durante a construção da edificação.

Considerando dessa forma, o grande potencial de racionalização e de


industrialização, proporcionado pelo sistema LSF, Crasto (2005) e Santiago, Freitas e
Crasto (2012) destacam algumas estratégias e ações, listadas a seguir, que podem
ser adotadas durante o processo de construção em LSF, com o intuito de garantir a
racionalização dos processos:

a. Construbilidade;

b. Planejamento das etapas do empreendimento, que se inicia com a


definição do produto e segue até a entrega da obra;

c. Coordenação modular e dimensional;

d. Associação da estrutura de aço com outros sistemas compatíveis;

e. Formação de esquipes multidisciplinares visando operações


simultâneas entre o processo de projeto e fatores condicionantes do
canteiro de obras;

f. Compatibilização de projetos;

g. Detalhamento técnico;
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 50

h. Antecipação das decisões;

i. Elaboração dos Projetos para a Produção a partir da formação das


equipes multidisciplinares visando a interação entre processos;

j. Visão sistêmica comum a todos os profissionais que atuam no


projeto.

2.3. Inovações na construção civil

Inovações tecnológicas para Toledo, Abreu e Jungles (2000), são


estratégias competitivas para empresas diversas. Diferentes áreas prezam as
inovações tecnológicas por vários motivos, sejam eles, melhoria do produto final,
maior eficiência, melhor qualidade e implementação de mudanças (ORGANIZAÇÃO
PARA COOPERAÇÃO ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO, 1997).

Na construção a utilização dessas inovações tecnológicas trazem


benefícios como agilidade nos processos construtivos, redução do tempo de obra,
maior qualidade nos serviços, e de modo global, melhoria nos índices de
desempenho, produtividade, redução de desperdício e tempo (REZENDE; BARROS;
ABIKO, 2002).

Para a homologação e adoção de sistemas e processos inovadores devem


ser considerados questões que vão além do aumento da produtividade e da redução
de custo da construção, deve-se considerar o desenvolvimento de produtos que
repercutam positivamente na vida útil do edifício atendendo aos requisitos dos
usuários (SANCHES; FABRICIO, 2012).

São definidas seis razões importantes que incentivam a inserção de


inovações tecnológicas no setor da construção civil. Primeiro, existe a evolução do
produto final, que nesse caso é a própria edificação, o que demanda alterações nos
processos construtivos. A ordem dos acontecimentos pode ser alterada de forma que
uma mudança na tecnologia construtiva pode gerar transformações na construção.
Outro fator são as necessidades dos clientes, que demandam novas solicitações à
cada etapa de execução da obra, como é o caso de prazos reduzidos ou menor
impacto ambiental (REZENDE; ABIKO, 2004).

Existe ainda o desenvolvimento de novos elementos e materiais, que


necessitam da implementação de novas tecnologias no processo construtivo. A
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 51

concorrência no mercado da construção civil, é definida como mais um fator à


introdução de inovações tecnológicas, pois as empresas buscam se destacar das
demais e assim poder atrair mais clientes. Outro fator é a ação do governo, que pode
ser por meio de financiamento e fomento à pesquisa, da qualificação da mão de obra,
do desenvolvimento de normas e legislações que busquem o aprimoramento da
qualidade das edificações, além da utilização de novas tecnologias em seus projetos
públicos. Um último fator é o custo de implantação da inovação tecnológica e quanto
maior ele for, maior será a dificuldade de introdução no processo da construção civil
(REZENDE; ABIKO, 2004).

No entanto, segundo Blachère (1977), existem alguns fatores que freiam o


desenvolvimento industrial e a inovação tecnológica. Um fator é a própria
regulamentação, que define normas a serem seguidas na construção civil. Em alguns
casos ela pode ser muito restrita, o que dificulta a aplicação dos sistemas
industrializados. Outra questão é a necessidade da produção em série, que em muitas
situações não é viável, podendo ser um obstáculo na utilização de certa tecnologia. O
tamanho e o número de empresas ligadas à construção civil também atuam como um
freio à industrialização, já que a construção convencional está muitas vezes baseada
na produção local e direcionada.

Outro ponto negativo é comentado no trabalho de Lim, Schultmann e Ofori


(2010), que a inovação é frequentemente classificado como um investimento de custo
intensivo no indústria da construção civil com retornos indefinidos, e que as
peculiaridades da indústria consideram a inovação como instrumento menos
competitivo para lucros diretos.

Além disso, um fator importante é a carência de cultura científica no setor


da construção. Muito do que se cria nesse setor é baseado no empirismo, ou seja,
são desenvolvidas técnicas a partir da sua funcionalidade e aceitação na prática. Com
isso, as inovações tecnológicas são vistas como soluções milagrosas, fato que desvia
do verdadeiro caminho do progresso. Porém, apesar desses fatores funcionarem
como obstáculos, eles não impedem o desenvolvimento industrial e “servem de
desculpa a muitos, pois explicam os fracassos e dispensam o esforço de iniciar”
(BLACHÈRE, 1977).

As experiências com sistemas inovadores no passado repercutiram


culturalmente em resistência institucional em abandonar padrões convencionais de
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 52

construção (REZENDE; BARROS; ABIKO, 2002). Segundo Kempton e Syms (2009),


a utilização de tecnologias não suficientemente desenvolvidas repercutiram em casos
desastrosos. Experiências negativas tornaram o setor da construção civil menos
receptivo a inovações tecnológicas repercutindo em progressiva desatualização
tecnológica (GONÇALVES et al., 2003).

Alguns estudos incluindo o programa do IPT (1988) consideram a indústria


da construção civil, como atrasada se comparada a outros setores mais dinâmicos,
resultando em características específicas do setor, como: mão de obra pouco
qualificada, baixa mecanização, baixa produtividade, grande desperdício e alta
incidência de patologias, como mostrado no Quadro 3.

Quadro 3 - Fatores característicos do atraso tecnológico da construção


Características do atraso tecnológico na construção
1 Base manufatureira da construção
2 Baixa mecanização do setor
3 Ausência de coordenação entre projetos
4 Ausência ou caráter sumário do controle da qualidade
5 Insuficiência, desatualização das normas técnicas do setor
6 Desconhecimento ou desobediência das normas técnicas existentes
7 Baixa produtividade da mão-de-obra
8 Alta incidência de patologias no produto
9 Grandes desperdícios ao longo da produção
10 Ambiente de trabalho adverso, ausência de segurança, baixa higiene no local de
trabalho
11 Utilização intensiva de horas, serões e viradas
Fonte: Adaptado de IPT (1988).

No Brasil, ainda há uma significativa necessidade de moradias, dificultado pela


falta de mão-de-obra qualificada e por sistemas construtivos vigentes. Para
(CAMPOS, 2014), até existem sistemas construtivos industrializados que acelerariam
as novas construções, mas devido à falta de normatização seu uso fica comprometido,
não sendo impulsionado para um uso mais intenso.

2.4. SINAT, DATecs e NBR 15575

No Brasil, é considerado inovador o “sistema ou subsistema construtivo que


não seja objeto de norma brasileira prescritiva e não tenha tradição de uso no território
nacional” (BRASIL, 2007), ou seja, que não apresente critérios pré-estabelecidos para
a avaliação de sua conformidade (ONO et al., 2015).
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 53

Com isso, é de extrema importância o desenvolvimento de métodos para


avaliação em uso de edifícios com sistemas construtivos inovadores para a realidade
brasileira, visando à identificação de fatores que podem ser aprimorados no próprio
sistema ou nos procedimentos específicos de manutenção durante o uso (VOORDT;
WEGEN, 2005 apud ONO et al., 2015).

Com foco na normatização das inovações tecnológicas, atualmente, há


sistemas que possuem Documentos de Avaliação Técnica (DATecs) elaborados de
acordo com as diretrizes do Sistema Nacional de Avaliações Técnicas do Programa
Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat (SINAT/ PBQP-h) (AGÊNCIA
BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2015).

O SINAT é uma iniciativa de mobilização da comunidade técnica nacional


para dar suporte à operacionalização de um conjunto de procedimentos reconhecido
por toda a cadeia produtiva da construção civil, com o objetivo de avaliar novos
produtos utilizados nos processos de construção (BRASIL, 2012), levando em
consideração elementos de desempenho em discussão na NBR 15575 (ABNT,
2013a). Esse sistema é proposto para avaliar produtos não abrangidos por normas
técnicas prescritivas e suprir lacunas existentes na normalização técnica prescritiva
(BRASIL, 2012).

Uma das justificativas para a criação do SINAT é a remoção de barreiras


internas (mercado nacional) e externas (integração com o MERCOSUL - Mercado
Comum do Sul) além de evitar fracassos do passado com o consequente
comprometimento da imagem da construção habitacional industrializada e o
desperdício de recursos financeiros (MITIDIERI FILHO et al., 2002). Além de outros
dois objetivos fundamentais do SINAT, harmonizar requisitos, critérios e métodos para
avaliação técnica e harmonizar procedimentos para a concessão de documentos de
avaliação técnica de produtos, processos e sistemas inovadores (BRASIL, 2012).

Dentro do SINAT, os sistemas construtivos inovadores são avaliados com


base em diretrizes para avaliação técnica de produtos e, quando aprovadas, após
atender a uma série de avaliações conduzidas por uma Instituição Técnica Avaliadora
(ITA), é emitido um Documento Técnico de Avaliação (DATec) (ONO et al., 2015). O
DATec tem por sua vez, validade de 2 anos, nesse período a Instituição Técnica
Avaliadora (ITA) responsável pela avaliação do sistema construtivo aprovado, deve
realizar periodicamente auditorias no sistema construtivo, que deve incluir avaliações
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 54

no processo de produção e na obra concluída. Entretanto, se durante esse período,


se forem detectados não conformidades ou encontrarem questões que exijam o
aperfeiçoamento do sistema, a manutenção ou renovação do DATec, fica
condicionada ao atendimento das ações corretivas apresentadas pelo SINAT (ONO
et al., 2015).

Em 2010 a Secretaria Nacional da Habitação, a partir do PBQP-H e o


SINAT, elaborou a primeira versão da Diretriz SINAT 003 - Sistemas construtivos
estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com fechamentos em chapas
delgadas (Sistemas leves tipo “Light Steel Framing”). Em 2016 a diretriz foi atualizada
e revisada para Diretriz SINAT 003 – Revisão 2 (Figura 7).

Figura 7 - Diretriz SiNAT nº 003 - Revisão 02

Fonte: Brasil (2012).

O sistema construtivo passou por ensaios de avaliação técnica no Instituto


de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) para a obtenção da DATec nº14 -
Sistema Construtivo a seco Saint-Gobain - Light Steel Frame que tem como
proponente a empresa multinacional privada Saint Gobain, vencido em Março de
2015, mas que foi atualizado em Fevereiro de 2018 para DATec nº14b (Figura 8) com
validade até Março de 2020, DATec nº16 - Sistema construtivo LP Brasil OSB
(Oriented Strand Board) em Light Steel Frame e fechamento em SmartSide Panel
proposto pelo LP Brasil OSB (vencido em Março 2015), DATec nº15 - Sistema
construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e fechamento em chapas de OSB
revestidas com siding vinílico, solicitado pela LP Brasil (vencido em Março 2015) e
DATec nº30 – Sistema Construtivo LP Brasil OSB em Light Steel Frame e fechamento
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 55

em chapas de OSB revestidas com placa cimentícia, requisitado pela TESIS (vencido
em Maio de 2018).

Figura 8 - DATec nº 014-B - Sistema Construtivo a seco SAINT-GOBAIN - Light


Steel Frame

Fonte: Adaptado de Brasil (2012).

No Brasil a elaboração de diretrizes e as avaliações técnicas para produtos


inovadores são baseadas na norma de desempenho NBR 15575 – Desempenho de
edificações habitacionais, que define os requisitos e critérios para o edifício
habitacional como um todo e para suas partes, com base nas exigências dos usuários
e requisitos de desempenho (ABNT, 2013a). O conceito de desempenho é o
comportamento em utilização, comportamento este que dá frente ao meio ambiente
em que o produto está inserido, ou seja, é o resultado do equilíbrio dinâmico que se
estabelece entre o produto e seu meio. O produto deve apresentar propriedades e
características que o capacitem a cumprir suas funções durante o período de sua vida
útil.

Segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013a), a vida útil mínima de projeto da


vedação externa é igual ou superior a 40 anos, para revestimento de fachada aderido
e não aderido é igual ou superior a 20 anos, para pintura de fachada e revestimentos
sintéticos texturizados é igual ou superior a 8 anos, e para impermeabilização
manutenível de componentes de juntas e rejuntamento é igual ou superior a 4 anos.
Já em relação as garantias, a mesma norma fornece prazos mínimos para os
elementos, sendo para impermeabilização, no mínimo 5 anos de garantia quanto a
Capítulo 2 - Industrialização, Racionalização e Inovação na Construção Civil 56

estanqueidade. Em relação aos revestimentos de paredes, são 2 anos de garantia


contra fissuras, 3 anos a garantia quanto a estanqueidade e 5 anos de garantia
quando a aderência.

A Comissão de Estudo ABNT/CE 002: 125.004 (Comissão de Estudo de


Sistemas Construtivos Light Steel Frame) foi criada para discutir e estabelecer, por
consenso, regras, diretrizes e características para normalização do sistema, no que
diz respeito ao desempenho, projeto e execução. A norma que será intitulada como:
Light Steel Framing – Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço
conformados a frio, com fechamento em chapas delgadas, passa por revisões e
discussões mensais, com organizações na área de construção em aço.

O núcleo de pesquisa é composto pelas principais empresas da indústria


de materiais de construção relacionadas ao sistema LSF e que trabalham junto à
ABNT, visando a promoção de padrões e conceitos que desenvolvam e expandam o
sistema no mercado nacional (CARDOSO, 2016).
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 57

3. O SISTEMA LIGHT STEEL FRAMING

3.1. Definições do sistema light steel framing

Como são várias as definições do sistema light steel framing na literatura,


foram selecionadas algumas definições e expostas no Quadro 4 e Quadro 5, para
representar e caracterizar o sistema em questão. Neste trabalho o sistema light steel
framing foi definido como um “Sistema construtivo industrializado, composta sua
estrutura de perfis de aço galvanizado formados a frio, que trabalha em conjunto com
subsistemas racionalizados, resultando em um sistema sustentável, padronizado e a
seco”.

Quadro 4 - Definições de light steel framing por diferentes autores (continua)

Autor Definições de LSF


“Sistema construtivo de concepção racionalizada, que vem passando
por processo de aceitação e desenvolvimento no mercado da
construção civil nacional. Trata-se de um sistema caracterizado pelo
(RODRIGUES; CALDAS, uso de perfis de aço galvanizado formados a frio, bastante esbeltos e
2016) que compõem sua estrutura. Esse sistema trabalha em conjunto com
subsistemas leves (acabamento, cobertura, etc.), também
racionalizados, proporcionando uma construção industrializada, com
grande rapidez de execução e a seco”.
“Sistema construtivo de concepção racional, que tem como principal
característica uma estrutura constituída por perfis conformados a frio
(CRASTO; FREITAS, de aço galvanizado que são utilizados para a composição de painéis
2006) estruturais e não estruturais vigas secundárias e de piso e tesouras de
telhado, possibilitando uma construção industrializada, a seco e com
rapidez de execução”.

“Sistema que consiste na utilização, exclusivamente, de materiais


“secos”, como, por exemplo, os perfis de aço formados a frio para
(BURSTRAND, 1998)
estrutura, placas de gesso acartonado para vedação e lã de rocha para
isolamento térmico”.
“O sistema LSF vai além de uma estrutura, ele é formado por vários
componentes e subsistemas, dentre eles o de fundação, de fechamento
(CONSULSTEEL, 2002)
interno e externo, de isolamento termo acústico e de instalações
hidráulicas e elétricas”.
“Sistema caracterizado pelo uso de perfis de aço galvanizado formados
a frio compondo sua estrutura, que trabalha em conjunto com
(SANTIAGO, 2008)
subsistemas também racionalizados, proporcionando uma construção
industrializada e a seco”.

“Um sistema construtivo industrializado que permite um melhor


(VIVAN, 2016) desempenho da produção articulada com projetos elaborados visando
a montagem da edificação”.
Fonte: Autoria própria.
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 58

Quadro 5 - Definições de light steel framing por diferentes autores


(continuação)

Autor Definição de LSF

“O sistema construtivo LSF possui concepção racionalizada e


caracteriza-se por perfis de aço galvanizado, formados a frio,
constituindo um esqueleto estrutural capaz de resistir às cargas que
(GOMES, 2007)
solicitam a edificação e por vários componentes e subsistemas inter-
relacionados que possibilitam uma construção industrializada, com
grande rapidez de execução e a seco”.
“Sistema de construção industrializado, de concepção racional, que
permite uma construção a seco, padronizada, que alia rapidez,
qualidade construtiva e habitacional. Além de ser um sistema
(JARDIM, 2010) construtivo aberto que possibilita a utilização de diversos materiais de
fechamento racionalizado, que otimiza a utilização dos recursos e o
gerenciamento das perdas; customizável, que permite total controle dos
gastos já na fase de projetos; e é ainda durável e reciclável”.
Fonte: Autoria própria.

3.2. Origem do sistema light steel framing

Apesar do sistema parecer recente no Brasil, o sistema LSF teve sua


origem em meados do início do século XIX, com as construções em madeiras feitas
pelos colonizadores nos Estados Unidos naquele tempo. Para acatar o
desenvolvimento da população, foi necessário utilizar de métodos mais rápidos e
produtivos e ainda aproveitando os materiais disponíveis na região (AGÊNCIA
BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2015).

A introdução da industrialização das construções nas habitações foi a partir


do século XIX, com o Balloon Frame (Figura 9). Sua criação em Chicago possui duas
vertentes, uma por George Washington Snow e outra por Augustine Deodat Taylor
(TURAN, 2009). “Esse sistema consistia na utilização de peças uniformes de madeira,
dispostas em distâncias modulares e ligadas por meio de rebites de aço” (OLIVEIRA,
2013), ou seja, as peças formavam painéis que eram levantados com montantes
contínuos em toda a sua altura, ligados a viga estruturavam a edificação, um estrutura
autoportante ligadas apenas com pregos.

Devido à algumas desvantagens do sistema Ballon Frame em encontrar


peças com o tamanho adequado para formar os montantes, surgiu o Platform Frame,
no intuito de corrigir as falhas do sistema anterior. Sistema semelhante, mas que
possuía como diferencial a disposição das estruturas verticais e o tamanho desses
montantes, conforme Figura 10.
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 59

Figura 9 - Sistema construtivo Figura 10 - Sistema construtivo


Balloon Frame Platform Frame

Fonte: Adaptado de Krambeck (2006). Fonte: Adaptado de Krambeck (2006).

Aproximadamente um século mais tarde, com o grande aumento no valor


da madeira (WAITE, 1998) e também com o desenvolvimento da produção de aço nos
Estados Unidos, “em 1933 foi lançado na feira Mundial de Chicago o protótipo de uma
residência de light steel framing que utilizava perfis de aço para substituir a estrutura
de madeira” (SANTIAGO, 2008). Foi logo após o final da segunda guerra mundial, que
com o avanço da economia nos Estados Unidos e o crescimento da produção de aço,
possibilitou a ascensão da produção de perfis formados a frio, e este puderam
substituir a madeira. A mudança passou a ser mais vantajosa, devido ao aço ser mais
eficiente e resistente (AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL, 2015).

A mesma falta de padrões e métodos do sistema wood frame no início de


sua utilização, aconteceu com o sistema LSF. Mas, felizmente, o protocolo para
padrões e guia de construções de wood frame foi desenvolvido e com pequenas
alterações, um protocolo semelhante podia ser aplicado para facilitar a construção
com steel framing (WAITE, 1998). Em 1946, houve a primeira edição do “Specification
for the Design of Light Gage Steel Structural Members” pelo American Iron and Steel
Institute (AISI). Desde então, milhares de pesquisas nesse campo foram realizadas
com o LSF em todos os tipos de construções (RONDAL; DUBINA, 2005).
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 60

3.3. O light steel framing no Mundo

Na década de 1960, houve uma grande demanda por moradias no Reino


Unido e cerca de 400 mil casas foram construídas no período de alguns anos. Devido
ao expressivo número, não havia confiabilidade na construção por métodos
tradicionais, e com isso surgiu o interesse em métodos de construção industrializados.
Várias das construções usaram estruturas de aço, mas devido a especificações
inadequadas na época, particularmente com relação ao isolamento térmico e outros
aspectos da física do edifício, algumas dessas edificações mostraram-se
inadequadas, o que provocou na década de 1980, a demolição de um número
significativo de casas. Para entender esse acontecimento o Building Research
Establishment Ltda realizou uma pesquisa sistemática, onde concluiu que a maior
parte da corrosão encontrada era de natureza superficial: O que comprovou que a
maioria das siderúrgicas poderiam oferecer, a partir das lições aprendidas, um bom
desempenho nas próximas obras (DAVIES, 2000).

Logo depois, o parlamento do Reino Unido divulgou a necessidade de 5


milhões de novas residências dentro de 20 anos. Para isso, o Steel Construction
Institute (SCI) iniciou estudos para a publicação do intitulado Building design using
cold-formed steel sections (Projeto de construção usando seções de aço formadas a
frio), que foi dividida em três partes.

A primeiro parte se preocupava com o projeto de seções genéricas de steel


framing, que não precisavam ser específicas para a construção (RHODES; LAWSON,
1992). A segunda parte de publicações se preocupava especificamente com sistemas
e detalhes para construção da estrutura de LSF. Um guia do arquiteto (LAWSON et
al., 1999) descreve os princípios básicos e os principais sistemas estruturais
disponíveis no Reino Unido. A terceira parte de publicações da SCI estava
preocupada com aspectos da física de construção, como, vibração da estrutura e piso,
isolamento acústico e proteção contra incêndios (DAVIES, 2000).

Apesar de toda essa atividade de desenvolvimento, a participação do


mercado de LSF no Reino Unido naquela época continuava muito pequena e no
trabalho de Shimizu (1995) foi comprovado que isto era verdade em toda a Europa.
Contudo acredita-se que se seguissem os precedentes já estabelecidos por outras
partes do mundo mais desenvolvido, essa situação poderia mudar.
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 61

Nos Estados Unidos, o mercado de casas com estrutura de aço também


teve um aumento significativo, cresceu de 500 casas em 1991 para 12.000 casas em
1993, e chegou a 40.000 casas em 1994 (DAVIES, 2000). Um fator importante nesse
rápido crescimento foi devido à preocupação com o impacto ecológico do
fornecimento de madeira para o mercado imobiliário. Assim como na indústria nos
Estados Unidos, o crescimento e desenvolvimento do sistema foi relativamente rápido.

Naquela época, publicações técnicas importantes, como os manuais de


LSF (CANADIAN SHEET STEEL BUILDING INSTITUTE, 1987, 1991), descreviam os
principais princípios de projetos e execução do sistema light steel framing, além de
exemplos práticos. Uma característica particular da construção em LSF, em total
contraste com construção convencional, foi a necessidade de um projeto estrutural, o
que era considerado como um desincentivo significativo a esta forma de construção.
Reconhecendo isso, o National Research Center publicou um método prescritivo para
o aço moldado a frio (NAGHB/AISI, 1997), o qual forneceu tabelas para os projetos
estruturais, além de outras informações que respaldavam os projetos, sem a
necessidade de detalhamento de cálculos.

Em relação ao mercado de LSF no Japão, Shimizu (1995) revisou o


mercado japonês e forneceu estatísticas interessantes, naquela época uma média de
1,5 milhão de casas foram construídas anualmente no Japão, dos quais cerca de 25%
foram em estrutura de aço e cerca de metade destas casas de aço tinham uma
estrutura de aço pré-fabricada que emprega formas de aço leves, ou seja, equivalia a
cerca de 0,5 milhão de toneladas de perfis moldados a frio por ano.

Na Austrália, em 1995, mais de um terço das habitações individuais tinham


telhado de aço e 7% tinham armações de aço, que devido as considerações
ambientais favoreciam o aumento da utilização do aço nas construções. Em 1996, a
proporção de novas casas construídas com estruturas de aço subiu para cerca de
12% (SHIMIZU, 1995). Embora o quadro global pareça refletir a prática americana,
algumas seções inovadoras também estavam começaram a ser desenvolvidas
naquela época.

3.4. O light steel framing no Brasil

Em meados de 1990, iniciavam-se no Brasil as primeiras construções em


LSF com obras residenciais de alto padrão (CRASTO, 2005). Algumas empresas
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 62

resolveram adquirir kits pré-fabricados em LSF dos Estados Unidos, sem que antes
fosse feita alguma adaptação para a realidade brasileira (CRASTO, 2005). Após o
estabelecimento da tecnologia, foi elaborada a norma NBR 14762 (ABNT, 2010), que
se refere ao dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados
a frio e a NBR 6355 (ABNT, 2012), que refere-se dos perfis estruturais de aço
formados a frio.

Em 2006, foram desenvolvidos manuais técnicos e conceituais sobre o


sistema construtivo LSF pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) e o Centro
Brasileiro da Construção em Aço (CBCA). São dois manuais, sendo que um deles é
voltado aos profissionais de arquitetura, com aspectos de projeto e montagem; e o
outro é destinado aos profissionais de engenharia civil, com aspectos de
dimensionamento e ligações. Em 2012 foi disponibilizada uma nova versão revisada
e atualizada do manual de arquitetura (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012); e em
2016 foi proporcionado a 2ª edição do manual de engenharia (RODRIGUES, 2016).

Especificadamente sobre fachadas, o CBCA publicou em 2014 como parte


de sua série de “Manual de Construção em Aço” um manual intitulado em “Tecnologias
de Vedação e Revestimento para Fachadas”, detalhando no segundo capítulo o light
steel framing para vedações em fachadas (MEDEIROS et al., 2014).

A partir disso, começa então uma difusão de sistemas industrializados


como o do sistema LSF, bem como elaboração de normas e diretrizes nacionais e
procedimentos de financiamento. Inclusive, alguns órgãos do governo brasileiro
começaram a implementar em suas construções sistemas construtivos
industrializados, como a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) (CAMPOS,
2010).

Resultado do trabalho da CEF, em parceria com o Sindicato da Indústria


da Construção Civil do Estado de São Paulo (SINDUSCON/SP), representante das
construtoras, do IBS e dos fabricantes dos materiais, foi elaborado um manual,
denominado “Steel Framing – Requisitos e condições mínimos para financiamento
pela CAIXA”, válido para todo o Brasil, que regulamenta a forma de construção desse
sistema, estabelecendo os requisitos técnicos a serem observados na execução de
construções habitacionais em que esteja prevista a utilização de perfis estruturais
formados a frio e de aço (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2014).
Capítulo 3 - O Sistema Light Steel Framing 63

No Brasil, o sistema LSF vem sendo utilizado principalmente em


residências unifamiliares de pequeno porte, entretanto é possível encontrar o uso
desse sistema em obras comerciais, hospitais, shoppings, escolas, edifícios de
multipavimentos e retrofit em edificações já existentes (SANTIAGO, 2008;
SANTIAGO; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010), mas a base de atuação ainda é pouco
expressiva quanto às vantagens e possibilidades de utilização desse sistema
(POMARO, 2010a).

O sistema LSF é utilizado atualmente no Brasil, principalmente em


residências de alto padrão, que adotam esse tipo de sistema construtivo pois os
moradores, por um grau de escolaridade maior ou por já visitarem países que utilizam
desse sistema, já conhecem suas principais características e vantagens(POMARO,
2010b). Em contrapartida, as demais classes sociais vêm utilizando também esse
sistema construtivo, no entanto, em espaços menores, sendo feitas com os mesmos
materiais, com a mesma rapidez e eficiência e produzindo os mesmos efeitos
(POMARO, 2010b).

Desde 2014, o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) com o


apoio da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), realiza pesquisas
com fabricantes de perfis galvanizados para LSF e para Drywall, objetivando traçar
um panorama do segmento e acompanhar sua evolução. Os dados da edição de 2018
foram coletados de 27 empresas e referem-se aos resultados de 2017, do total
contatado 13% das empresas deixaram de fabricar perfis entre 2016 e 2017 (CBCA,
2018).

A partir dessa pesquisa realizada pelo CBCA (2018), a atual conjuntura


político econômica do pais atingiu o mercado de perfis metálicos para LSF em 2017,
repercutindo num pequeno crescimento da produção em relação ao ano anterior. Para
o ano de 2018 há um otimismo dos fabricantes e mais de 70% dos entrevistados
acreditam num aumento da produção comparado com o ano de 2017.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 64

4. FACHADA EM CHAPAS DELGADAS ESTRUTURAS EM LSF

Umas das aplicações do sistema LSF muito comum em outros países, mas
pouco difundido no Brasil, é como elemento de fachada em edifícios com estrutura de
aço ou concreto (SANTIAGO, 2008). A fachada que segundo Cardoso (2016), é um
dos subsistemas mais importantes no processo construtivo de edificações de múltiplos
pavimentos, define a estética, a arquitetura e o conforto térmico e acústico do edifício.

A NBR 15575-4 (ABNT, 2013b), em sua parte 4, trata dos sistemas de


vedações verticais internas e externas (SVVIE) das edificações habitacionais. Nesta
norma além da estrutura, trata-se também com os demais elementos da construção –
como, caixilhos, esquadrias, estruturas, coberturas, pisos e instalações – que recebe
influências e influencia o desempenho da edificação habitacional.

Ainda segundo a norma NBR 15575-4 (ABNT, 2013b), as vedações


verticais representam também outras funções, como estanqueidade à água, isolação
térmica e acústica, capacidade de fixação de peças suspensas, capacidade de
suporte a esforços de uso, compartimentação em casos de incêndio etc..

Atualmente no mercado nacional, os produtos disponíveis para utilização


em construções com fachadas em LSF são fornecidos em placas ou chapas, com
espessuras variadas, e os mais comuns são o OSB (oriented strand board) e a placa
cimentícia.

Segundo Crasto (2005), a tecnologia para sistemas de fachadas em


edificações estruturadas em aço em sua grande parte é importada. Sem a
normatização do sistema no país algumas características como as dimensões
nominais das chapas ficam comprometidas. Como ainda não foram totalmente
nacionalizadas, algumas dimensões nominais das chapas, acarretariam no fato da
modulação das placas não ser compatível com a da estrutura estabelecida no sistema
métrico, ocasionando perdas pela necessidade de cortes.

O modo mais comum como vedação externa de edifícios, é quando se


emprega o sistema LSF como um sistema secundário, ou seja, que não exerce uma
função estrutural do edifício. A estrutura principal, seja de concreto ou de aço do
edifício deve ser dimensionada a garantir que os fechamentos não tenham qualquer
responsabilidade estrutural global, seja de suportar cargas (peso próprio) ou de
estabilização (ação do vento) (MEDEIROS et al., 2014).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 65

É importante ressaltar que mesmo sem função estrutural, os painéis podem


agir como contraventamento das estruturas reticuladas, ou até mesmo sofrer os
esforços provenientes das deformações das estruturas, exigindo assim uma avaliação
em conjunto com o desempenho dos elementos que interagem (NBR 15575).

Santiago (2008) sugere a utilização do sistema LSF como um fechamento


não-estrutural, ou seja, os painéis tem a responsabilidade de resistir apenas às cargas
verticais oriundas de seu peso próprio e dos materiais de fechamento e acabamento
ligados diretamente a ele, e assim, transmitindo os esforços às vigas, lajes ou
fundações. Fica como responsabilidade também dos painéis de fechamento em LSF
resistir às cargas horizontais provenientes da incidência do vento na fachada do
edifício.

Embora o sistema de fechamento em LSF ofereça grandes vantagens,


como peso próprio ser baixo (SANTIAGO, 2008), e alcançar altos níveis de conforto
térmico e acústico, ele pode ter algumas desvantagens em relação à eficiência
energética. Se o desempenho térmico não for abordado corretamente na fase de
projeto, este pode prejudicar a conformidade com o desempenho do edifício (ROQUE;
SANTOS; PEREIRA, 2018).

Mesmo o desempenho térmico e acústico não serem tema principal dessa


dissertação, pode ser tomado como base, alguns trabalhos sobre desempenho
térmico como os de Roque e Santos (2017), Santos, Martins e Simões da Silva, (2014)
e Soares et al. (2017), desempenho acústico como os de Paul, Radavelli; e Silva
(2015), Poblet-Puig et al. (2009) e Warnock (2008) e requisitos técnicos e de
desempenho do subsistema de fachadas com destaque aos trabalhos de Silva (2003),
Diogo (2007) e Cardoso (2016).

Além disso, os materiais e componentes utilizados na construção da


fachada com o sistema LSF, devem atender critérios que propiciem a satisfação do
usuário e sua manutenibilidade (CRASTO, 2005). A norma ISO 6241:1984 estabelece
alguns requisitos essenciais para atender essas necessidades: segurança estrutural,
segurança ao fogo, estanqueidade, conforto termo acústico, conforto visual,
adaptabilidade ao uso, higiene, durabilidade e economia.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 66

Em seu trabalho Oliveira (2009), pontua os requisitos de desempenho que


considera ser prioritários para projetos de fachadas leves, dividindo-os em requisitos
de segurança, habitabilidade e sustentabilidade, como mostra na Quadro 6.

Quadro 6 - Requisitos de desempenho para vedação externa em fachadas


leves

Requisitos de desempenho da fachada leve na fase de uso


1- Segurança estrutural
- resistência mecânica e estabilidade das estruturas secundárias e dos
componentes de fechamento, eficiência dos dispositivos de fixação e capacidade de
deformação das juntas
- resistência do elemento de fachada a impactos externos e internos
Segurança

2 - Segurança ao fogo
- reação ao fogo dos componentes de fechamento
- resistência ao fogo dos elementos de fachada, para elementos de compartimentação
horizontal
- resistência ao fogo dos dispositivos de fixação
- garantia da compartimentação vertical do pavimento
- isolamento com relação aos edifícios vizinhos
- acessibilidade ao edifício pelas fachadas
3 – Estanqueidade à água e ao ar
- estanqueidade à água e controle do fluxo de entrada de ar - eficácia na drenagem de
águas que escorram pela fachada
4 – Características que influenciam no desempenho térmico e na eficiência
energética do edifício
Habitabilidade

- respeito às características térmicas mínimas dos elementos de fachada - respeito às


taxas mínimas de ventilação na fachada
- minimização de entrada de calor em função da orientação do edifício - minimização de
entrada de calor em função da seleção de componentes envidraçados com fator solar
adequado
- diminuição da entrada de calor em função do respeito à relação entre área transparente e
área opaca
5 – Características que influenciam no desempenho acústico do edifício - isolação
sonora mínima
6 – Durabilidade e Manutenibilidade
- definição da VUP (vida útil de projeto) da fachada e de seus componentes
Sustentabilidade

- seleção de materiais e componentes em função da VUP, bem como estabelecimento de


prazos para inspeção e troca de materiais
- facilidade de manutenção e conservação (racionalização dos custos associados às
operações de manutenção e limpeza)
- garantia de segurança para manuseio, conservação e limpeza da fachada - potencial de
desmontabilidade da fachada antes do término da VUP
7 – Minimização de impactos ambientais
Fonte: Adaptado de Oliveira (2009).

A tecnologia de fachadas com fechamento em chapas delgadas


estruturadas em LSF, assim como qualquer outro novo sistema construtivo adotado,
deve ter uma visão sistêmica de todo o processo de produção e execução (ROCHA,
2017). Segundo o autor a fase de pré-construção é a mais importante, no caso da
concepção e desenvolvimento de projeto, é onde deve ser feito as compatibilizações
com as outras tecnologias da edificação. Nesse sentido, Cardoso (2016), acredita que
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 67

a procura de soluções que tragam melhorias entre as interfaces da tecnologia com os


subsistemas do edifício é de extrema importância para o desenvolvimento da
tecnologia como sistema de produto.

Por isso, um estudo técnico na fase de produção da tecnologia, junto com


fornecedores de materiais e componentes, projetistas e especialistas na montagem e
execução, é possível identificar previamente nas etapas das atividades os gargalos e
conflitos, e assim antecipar soluções. Isso faz com que o planejamento seja então
realizado de uma forma consistente e que atenda a expectativa da alta produtividade
e que consiga extrair todos os benefícios da utilização dessa tecnologia (ROCHA,
2017).

4.1. Métodos de Execução

O método escolhido para a execução e montagem dos painéis pode ser


classificado segundo o grau de industrialização (CARDOSO, 2016). Segundo a autora
o método embutido por ter o acoplamento entre as suas partes constituintes realizados
totalmente em obra, tem características de produção artesanal e estaria no primeiro
patamar da escala de industrialização.

O método contínuo, por ter menor interferência com a estrutura, pode ter
características mais racionalizadas, e entra no segundo grau da escala de
industrialização (CARDOSO, 2016). E por fim o uso de pré-fabricados, por ser um
produto totalmente industrializado se encaixaria no terceiro grau da escala de
industrialização.

É importante ressaltar que o conhecimento e avaliação dos métodos de


montagem mais adequados para cada situação são fundamentais para se projetar
elementos de fixação que compensem problemas eventualmente ocorridos na
construção (nivelamento e prumo da estrutura), além de folgas ou juntas que possam
compensar as tolerâncias dimensionais, a movimentação hidrotérmica e a
movimentação da estrutura (SANTIAGO, 2008).

4.1.1. Método Embutido

O método embutido, que também pode ser chamado “Infill”, é uma das
alternativas de soluções construtivas para fachadas utilizando o sistema LSF. Neste
método os painéis podem ser produzidos previamente em fábrica ou produzidos no
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 68

próprio local (SANTIAGO, 2008). Na Figura 11, Figura 12 e Figura 13, é possível
observar a montagem dos quadros feita internamente a estrutura principal do edifício.

Figura 11 – Fechamento em LSF no método embutido

Fonte: Santiago (2008).

Figura 12 - Fechamento com LSF em estrutura de aço pesado e concreto

Fonte: Inovatec (2015).

Para este método a forma mais comum de montagem é sua instalação nas
bordas externas das estruturas, para facilitar a instalação dos materiais de fechamento
e isolamento externo (SANTIAGO, 2008), conforme Figura 14. Ainda nesta figura,
pode-se observar a fixação dos painéis à estrutura com pinos acionados à pólvora, é
importante que entre os painéis e a estrutura, seja previsto um isolamento com manta
emborrachada (SANTIAGO; ARAÚJO, 2008).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 69

Figura 13 - Modelagem do sistema de fachada com LSF

Fonte: Kingspan (2017).

Figura 14 - Fixação do painel na laje de concreto

Fonte: Kingspan (2014).

Nesse tipo de fechamento, os perfis dos painéis de LSF não possuem


função estrutural, resistindo apenas às ações de vento, ao seu peso próprio e dos
acabamentos de fachadas. Por isso, não há a necessidade de execução de vergas2 e
nem de colocação de ombreiras3 reforçando os montantes das extremidades, ao

2
Verga: Perfil utilizado horizontalmente no limite superior das aberturas (portas, janelas e
outras).
3
Ombreira: Perfil utilizado verticalmente para apoio da verga ou de painel de parede sobre
abertura.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 70

contrário do que ocorre em painéis portantes. Nesse caso, as vergas podem ser
construídas utilizando-se apenas um perfil U, cortado e dobrado nas extremidades.
Apenas em casos onde há grandes vãos ou forças de vento muito elevadas, há
necessidade de uso de vergas compostas (SANTIAGO, 2008).

Segundo os autores Santiago e Araújo (2008), mesmo fora do país ainda é


difícil de encontrar normas que determinem a necessidade de empregar no painel de
fechamento detalhes construtivos para absorver os deslocamentos da estrutura
principal, ou quando esses são dispensáveis. As normas de associações técnicas
norte-americanas direcionadas para o sistema LSF, recomendam que toda montagem
do painel de fechamento permita uma movimentação vertical independente do painel
em relação à estrutura principal do edifício, e que os deslocamentos horizontais sejam
avaliados para cada caso pela equipe de projeto. Entretanto, a prática comum do
mercado é preocupar-se em isolar os deslocamentos, tanto verticais quanto
horizontais, apenas em edificações mais altas (acima de 25 pavimentos).

Em caso de correções de prumo e alinhamento da edificação, a utilização


do método embutido não consegue compensar eventuais problemas da estrutura
principal, ficando esses a cargo de acabamentos externos, como argamassa com
revestimento (SANTIAGO, 2008).

4.1.2. Método Contínuo

Os fechamentos com sistema LSF podem ser realizados também de uma


forma contínua, como se fosse uma “pele de revestimento”, independente dos quadros
de sua estrutura principal. Assim como no método embutido, os painéis contínuos não
possuem função estrutural, devendo apenas resistir ao seu peso próprio e dos
acabamentos de fachada e as cargas de vento (SANTIAGO, 2008). Nas Figura 15 e
Figura 16, é possível observar a paginação e detalhe de ligação desse método.

Também conhecido como método cortina, esse método tem como


vantagem um melhor aproveitamento do espaço interno, devido aos painéis não
ocuparem espaço na estrutura da laje do edifício. Além disso, em caso de possíveis
desvios de prumo da edificação, esse método pode auxiliar no alinhamento vertical,
independentemente da estrutura (SANTIAGO, 2008).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 71

Figura 15 - Fechamento em LSF no método contínuo

Fonte: Santiago (2008).

Figura 16 - Ligação do fachada com a estrutura

Fonte: Kingspan (2017).

Segundo Santiago (2008), este método pode ser feito de uma forma
contínua em até 3 pavimentos ou, indicação de altura máxima de 12 metros (devido
também a possibilidade de transporte e manuseio das peças). Para a conexão do
painel junto a estrutura, é necessário que os conectores sejam não-rígidos, ou seja,
que resistam as ações horizontais, mas deixam livre a movimentação vertical. Assim,
as transmissões das cargas verticais são transmitidas diretamente para a fundação.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 72

Para construções de maior porte, pode-se realizar o painel contínuo em partes,


normalmente com altura de 2 pavimentos, para facilitar no transporte das peças
(LGSEA, 2004).

4.1.3. Método pré-fabricado/ painelizado

Neste sistema, a estrutura do painel e todos os seus elementos como -


contraventamento, instalação de esquadria, tubulações – já são todos montados em
fábrica e levados diretamente para o canteiro de obra, onde são conectados na
edificação nos moldes tradicionais do sistema LSF (SANTIAGO, 2008). Esse método,
em relação aos outros dois já citados, é o mais industrializado, tanto que outros
elementos como acabamento, podem também ser instalados ainda em fábrica,
diminuindo ainda mais o tempo de execução.

Na Figura 17 é possível observar a instalação do painel pré-fabricado em


LSF, neste caso, o painel inclui a estrutura em LSF, as placas de vedação (no caso
placa cimentícia) e as esquadrias. Neste cenário por exemplo, a instalação da
vedação térmica e acústica, serão instaladas em canteiro, assim como a placa de
vedação interna, para manter a forma tradicional de montagem em LSF.

Figura 17 - Painel pré-fabricado em chapas delgadas estruturadas em LSF

Fonte: Veljkovic e Johansson (2006).

Segundo Santiago (2008), as principais vantagens desse método é a alta


velocidade de execução, controle da qualidade e dos custos da construção, e a
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 74

Devido ao fato da maioria das construções em light steel framing utilizar o


fechamento em placas cimentícias, neste trabalhado será melhor detalhado os
principais componentes que constituem o sistema de fachadas estruturadas em LSF
com placas cimentícias, conforme Figura 19, Figura 20 e Quadro 7.

Figura 19 - Componente do sistema Figura 20 - Continuação


de fachada em LSF Componentes da Fachada em LSF

Fonte: Brasilit (2018a). Fonte: Brasilit (2018a).

Fonte: Autoria própria.

Quadro 7 - Componentes do sistema de fachadas em LSF com placa cimentícia

Componente Componente

1 Guia U 9 Cordão delimitador


2 Montante 10 Tela 200mm
3 Fixadores (Parafusos) 11 Massa para tratamento de juntas
4 Placa resistente ao fogo (RF) 12 Cantoneira de PVC
5 Lã de vidro 13 Tela de 100mm
6 Membrana Hidrófuga 14 Basecoat acrílico
7 Placa cimentícia 15 Tela 100mm
8 Primer 16 Revestimento acabamento
Fonte: Brasilit (2018a).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 75

4.2.1. Guias e Montantes

Os perfis comumente utilizados no sistema LSF, são tipicamente


comercializados nas espessuras nominais (tn), conforme solicitado na NBR 15253
(ABNT, 2014) de 0,80 mm, 0,95 mm, 1,25 mm e 1,55 mm, sendo possível a utilização
até no máximo de 3,0 mm (MEDEIROS et al., 2014).

Os perfis utilizados em guias e montantes são obtidos através da


perfilagem de bobinas de aço revestido, segundo a NBR 15253 (ABNT, 2014), a seção
“U” ou “Ue” (enrijecido) são comumente utilizados para montantes e vigas
(SANTIAGO, 2008). No Quadro 8, é apresentado as seções transversais dos perfis,
utilizados em vedações de fachadas.

Quadro 8 - Seções transversais de perfis padrão utilizados no sistema LSF em


vedações de fachadas
Seção
Designação NBR 6355 Utilização
transversal

Guia
Ripa
U Simples Bloqueador
Sanefa
Terça

Bloqueador
Enrijecedor de alma
Montante
Verga
U Enrijecido
Viga
Terça
Guia enrijecida (sistema com
encaixes estampados)

Fonte: Medeiros et al. (2014) adaptado de (ABNT, 2014).

Os montantes são os perfis verticais de seção “Ue", que são espaçados


entre si de acordo com a modulação determinada em projeto estrutural, usualmente
de 400 mm ou 600 mm. Os montantes são unidos em seus extremos inferiores e
superiores pelas guias, seção “U”, constituindo assim o quadro estrutural (SANTIAGO,
2008).

4.2.2. Ligações

Nas construções em aço é necessário se atentar ás ligações, pois são elas


que unem as partes das estruturas entre si ou com elementos externos a elas
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 76

(AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, 2015). Nas


estruturas metálicas, essas uniões compõem-se de:

 Elementos de ligação – enrijecedores, placas de base, cantoneiras,


chapas de gusset, talas de alma e mesa, etc. Esses elementos
permitem ou facilitam a transmissão dos esforços;

 Meios de ligação – soldas, parafusos e barras roscadas, como os


chumbadores. São elementos que unem as partes da estrutura para
formar a ligação.

Existem inúmeras conexões e ligações para estruturas de aço e seus


componentes, e apesar da importância das ligações, em muitos casos não se dá a
necessária atenção ao assunto, podendo comprometer o desempenho da estrutura e
encarecer os custos da obra (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012)

A conexão da estrutura com o fechamento em LSF (inserts), deve ser feita


de acordo com o seu desempenho, disponibilidade de materiais e aspectos de
execução. É importante que esses aspectos sejam dimensionados por um engenheiro
calculista, baseados em manuais e normas.

Segundo Santiago (2008), para fachadas estruturadas em light steel


framing, a solução mais empregada para este tipo de conexão com estrutura de
concreto ou de aço (com espessura de chapa maior que 3,5mm), são os pinos
acionados à pólvora. Sendo também os chumbadores de expansão (tipo parabolt),
uma boa opção nos substratos em concreto maciço, ou os parafusos estruturais com
cabeça sextavada e ponta broca, nas ligações com os montantes do painel na
estrutura em aço.

Já para unir os perfis que formam a estrutura da fachada, pode ser utilizada
a ligação por meio de parafusos galvanizados do tipo auto- perfurante ou auto-
atarraxante (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012). O tipo específico de parafuso
vai depender do tamanho e função das peças que deverão estar especificadas em
projeto.

Os parafusos denominados de auto- atarraxantes constituem o meio de


fixação mais utilizado no sistema LSF. Podem ser estruturais ou ter apenas função de
montagem. Em uma só operação se faz o furo e fixa-se com os componentes da
estrutura (CISER, 2012), conforme apresenta a Figura 21.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 77

Figura 21 - Sequência do movimento do parafuso auto-atarraxante

Fonte: Rodrigues e Caldas (2016).

Conforme necessidade de instalação, os parafusos auto- atarraxantes são


fabricados com diversos tipos de ponta (Quadro 9) e cabeça (Quadro 10). Nos
parafusos mais utilizados em ligações do LSF (Quadro 11), a cabeça pode ser do tipo
lentilha, sextavada, panela ou trombeta, sendo as pontas do tipo broca ou agulha
(RODRIGUES; CALDAS, 2016). A NBR 14762 (ABNT, 2010) baseada na norma
americana AISI S100-2007, em seu item 10.5 apresenta as orientações para o
dimensionamento de ligações com parafusos auto – atarraxantes.

Quadro 9 - Tipos de pontas de parafusos

A ponta neste caso pode perfurar


Parafuso auto brocante espessuras de até 0,84mm de espessura ou
(Ponta broca) inferiores, em geral é utilizada para fixar
placas de densidade mais baixa
A ponta neste caso pode perfurar elementos
de aço e permite que sua rosca se ajuste
Parafuso auto perfurante
sem deformar o material, é utilizado neste
(Ponta agulha)
caso para elementos com espessura de
0,84mm ou superior.
Fonte: Elhajj (2004).

Quadro 10 - Tipos de cabeça de parafusos mais utilizados em ligações com


LSF

Cabeça panela,
Cabeça Cabela
flangeada ou Cabeça trombeta
sextavada angular
lentilha

Ligação metal/metal Ligação chapa/metal

Fonte: Santiago, Freitas e Crasto (2012).


Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 78

Quadro 11 - Tipos de parafusos mais comuns em ligações com LSF

Parafuso ponta Ligação tipo metal/ metal.


broca cabeça Geralmente utilizado nas ligações
lentilha entre montantes e guias.

Ligação estrutural. Geralmente


Parafuso ponta utilizado entre painéis, de perfis
broca cabeça em tesouras, enrijecedores de
sextavada alma em vigas de piso e nas pelas
de apoio das tesouras.
Parafuso ponta Ligação chapa/ metal. Geralmente
broca cabeça utilizado na fixação de placas de
trombeta gesso e OSB.
Parafuso ponta Ligação chapa/metal. Geralmente
broca cabeça utilizado na fixação de placas
trombeta com asas cimentícias.

Fonte: Santiago, Freitas e Crasto (2012).

Para evitar a corrosão e manter características como as da estrutura


galvanizada, os parafusos utilizados em LSF são em aço carbono com tratamento
cementado e temperado, e recobertos com uma proteção zinco-eletrolítica
(SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

4.2.3. Isolamento térmico e acústico

Pelo dever do sistema de fachada em LSF de atender os critérios de


desempenho estabelecidos pela NBR 15.575 (ABNT, 2013a), se faz necessária a
utilização de materiais de isolamento térmicos e acústicos. Os materiais de isolamento
mais usuais são a lã mineral - lã de vidro (Figura 22), rocha, carbono ou cerâmica - a
colmeia de papel, as lâminas de poliestireno, as espumas de poliuretano (SANTIAGO,
2008) e a lã de Poliéster Tereftalato (PET). Na questão do isolamento acústico
algumas soluções construtivas podem ser também, o uso de banda acústicas e fitas
de espumas especiais, de modo a evitar ruídos e vibrações (MEDEIROS et al., 2014).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 79

Figura 22 - Utilização de lã de vidro na fachada

Fonte: Acervo da autora.

4.2.4. Membrana Hidrófuga

Devido ao aquecimento durante o dia, é formada na superfície das placas


a condensação do vapor de ar. Para evitar essa condensação dentro do painel, é
necessário a utilização de membranas hidrófugas que controlam a passagem de água,
mas permitem a passagem do vapor (Figura 23).

Figura 23 – Controle impermeável à água e permeável ao vapor de água

Fonte: STO (2018).

A Diretriz SINAT nº 009 recomenda a utilização da barreira impermeável,


definida como “Não tecido impermeável à água e permeável ao vapor de água”. Mas
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 80

a mesma não especifica características como gramatura, passagem de vapor e


absorção de água (CARDOSO, 2016).

São vários os tipos de membranas e de marcas disponíveis no mercado. A


mais conhecida destas membranas chama-se Tyvek® (MEDEIROS et al., 2014). Mas
todas possuem a mesma função de vedação e proteção da umidade do exterior para
o interior, na Figura 24 e Figura 25 é possível observar alguns exemplos de fixação
da membrana hidrófuga.

Figura 24 - Fixação da membrana Hidrófuga Du Pont Tyvek®

Fonte: Brasilit (2018b).

Figura 25 - Membrana hidrófuga Aquapanel

Fonte: Inovatec (2015).

Para a correta instalação da membrana dever ser seguidos alguns passos:


primeiro passo é iniciar a fixação pela parte inferior da edificação assegurando que a
folha superior sempre sobreponha a inferior, para garantir o correto escoamento
d’água. A membrana deve ser posicionada na horizontal e fixada na estrutura metálica
através de parafuso 4,2 x 13 mm ponta broca, cabeça lentilha com espaçamento
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 81

máximo de 60 cm. O uso desse tipo de parafuso é indispensável para que não haja
problemas com a posterior instalação da placa cimentícia. Deixe sempre uma sobra
de 5 cm no rodapé da estrutura para reduzir a infiltração de ar, proporcionando assim
uma melhor eficiência do isolamento térmico. Recomenda-se sobrepor pelo menos 15
cm de membrana nas emendas e selar essa região com uma fita (BRASILIT, 2018b).

Nas aberturas de portas e janelas é necessário desenrolar a membrana


hidrófuga nos vãos e em seguida, fazer um corte em “X” nas aberturas, conforme
Figura 26, e depois fixar as abas formadas, na parte interior da estrutura, para garantir
uma boa vedação e estanqueidade nessa região.

Figura 26 - Fixação da membrana hidrófuga nos vãos das esquadrias

Fonte: Brasilit (2018b).

4.2.5. OSB

O Oriented Strand Board (OSB) é um painel reconstituído de flocos de


madeira, sendo parcialmente orientados, que contribui com sua resistência mecânica
e rigidez. Sob alta temperatura, com a incorporação de adesivo à prova d’água são
consolidados por meio de prensagem a quente (PRISCILLA et al., 2006). No mercado
nacional os painéis de OSB são comercializadas nas dimensões de 1,22 m x 2,44 m
e nas espessuras de 9, 12, 15 e 18 mm (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

O OSB é um material suscetível a ataques de cupins e insetos, portanto,


um tratamento especial precisa ser aplicado para evitar tal ataque. Durante sua
produção são utilizadas substancias nas chapas que permitem uma relativa
resistência à umidade, além do selamento das bordas (borda verde). Mas além disso,
é importante ressaltar que o OSB em contato prolongado com a umidade, são
suscetíveis ao crescimento de mofo e bolor, até atingirem o apodrecimento (KHALIQ;
MOGHIS, 2017).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 82

Um ponto muito importante na montagem dos painéis de OSB é no vão da


esquadria, é necessário que se faça o correto posicionamento e corte do OSB, não
devendo haver união de placas consecutivas em coincidência com os vértices de uma
abertura. Neste caso, as placas devem ser cortadas em forma de “C”, conforme Figura
27.

Figura 27 - Corte do OSB em "C" no vão da esquadria

Fonte: Acervo da autora.

4.2.6. Placa cimentícia

No Brasil, geralmente no sistema light steel framing é empregado no


fechamento externo a placa cimentícia sem amianto devido as suas propriedades
como tenacidade, ductilidade, capacidade de flexão e resistência à trinca (MARTINS
et al., 2019).

A placa cimentícia também conhecida como placa de fibrocimento é


bastante usada como material de revestimento em muitas partes do mundo, pois
oferece muitas vantagens como revestimento externo. A indústria brasileira de
fibrocimento é responsável por um bilhão de dólares do setor de construção civil,
mercado superior ao pré-fabricado, argamassas e indústria de argamassas colantes.
Atinge cerca de 420 milhões de metros quadrados por ano, representando 46,7% em
produtos de fibrocimento (MARTINS et al., 2019).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 83

A placa de fibrocimento é imune a danos causados pela água, e pode ser


usado como revestimento externo (KHALIQ; MOGHIS, 2017). Além disso, por ter
também melhores propriedades de resistência a quebra e abrasão, torna o
revestimento externo favorável para minimizar a quebra e reduzir o custo de
manutenção. A placa também tem baixo encolhimento e é flexível até certo ponto,
portanto, pode facilmente suportar variações de temperatura (KHALIQ; MOGHIS,
2017).

Para garantir o conceito de industrialização da construção, já que a própria


modulação estrutural é dimensionada para uma melhor otimização da utilização de
chapas ou placas, as placas são dimensionadas com largura de 1,20m, múltiplo da
modulação de 400mm ou 600mm como ocorre com as placas de gesso acartonado e
placas cimentícias (CRASTO, 2005).

Em sua disposição, as placas cimentícias podem ser posicionadas tanto na


vertical como na horizontal. Caso sejam necessárias junções horizontais entre placas,
estas devem ser defasadas em relação às placas adjacentes (HOFMANN, 2015),
conforme Figura 28.

Figura 28 - Paginação com placas defasadas

Fonte: Hofmann (2015).

Segundo a norma NBR 15498 (ABNT, 2016) as placas de fibrocimento são


classificadas em dois tipos: classe A e classe B, mas é importante ressaltar que
independentemente da classe é imprescindível seguir as instruções do fabricante o
seu armazenamento, manuseio e instalação.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 84

As placas da classe A, são voltadas para utilização em áreas com


exposição as intempéries, como sol, chuva, calor e umidade. As placas são
classificadas em quatro categorias, de acordo com a sua resistência a tração na flexão
(Tabela 4).

Já as placas da classe B são indicadas para áreas não sujeitas as ações


do sol, chuva, calor e umidade, tanto interna como externa. Nesta classe as placas
são classificadas em cinco categorias de acordo com a sua resistência a tração na
flexão (Tabela 4). Nos dois casos é importante que o fornecedor especifique a classe
e categoria que atribua o produto.

Tabela 4 - Requisitos de resistência à tração na flexão


Categoria Placas de classe A (MPa) Placas de classe B (MPa)

1 - 4

2 4 7

3 7 10

4 13 16

5 18 22

Fonte: ABNT (2016).

Importante ressaltar que na norma são especificadas algumas tolerâncias


que devem ser cumpridas para garantir o bom desempenho das placas em sua
utilização, como:

 Tolerância no comprimento e largura: +/- 2mm/m

 Tolerância na espessura: +/-10% (em uma mesma placa, as


variações de espessura não podem ultrapassar 10%, com base na
maior medida)

 Tolerância da linearidade das bordas: 3mm/m (comprimento ou


largura)

 Tolerância de esquadro é de 4mm/m.

 Espessura nominal de até 30 mm.

Os componentes de fibrocimento sem amianto apresentam maior


tenacidade, ductilidade, capacidade de flexão e resistência a rachaduras. O problema
é que o fibrocimento sofre alterações dimensionais quando exposto à umidade, e além
disso a capacidade de absorção de água pode variar devido a sua forma de
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 85

fabricação, o que pode afetar o desempenho e as propriedades físicas e mecânicas


delas.

A permeabilidade das placas cimentícias não deve ser elevada, podendo


apresentar sinais de umidade nas superfícies internas, porém não sendo permitido
aparecimento de gotas de água sob elas, assim como determina a norma NBR 15498
(ABNT, 2016). E em relação a absorção de água, deve ser menor ou igual a 25%,
segundo a mesma norma e também a diretriz SINAT 003.

Além disso em relação ao tipo de reforço para resistir à flexão, as placas


também se diferenciam, ´para permitir um manuseio sem ruptura existem as placas
que possuem fibras sintéticas dispersas na matriz cimentícia e outras placas que
possuem malhas de fibra de vidro incorporada à sua superfície (MEDEIROS et al.,
2014).

Uma das grandes dificuldades das placas cimentícias encontradas no país,


é em relação a variabilidade nos materiais. Como a sua capacidade de dilatação
térmica pode variar muito de fornecedor para fornecedor, é importante que as placas
sejam devidamente tratadas para não gerar um grande foco de aparição de
manifestações patológicas.

Nesse sentido Medeiros et al. (2014) coloca que, para prevenir fissuras nos
encontros entre as placas cimentícia, é necessário o tratamento com telas especiais,
em geral de fibra de vidro, aplicadas com argamassa para suportar as tensões
impostas pela dilatação e contração térmica e hidroscópica, ambas de caráter cíclico.
Assim com a Diretriz SINAT 003 prevê a resistência da placa à ação de calor e choque
térmico em trechos de paredes, não permitindo a ocorrência de falhas em relação ao
tratamento de juntas.

4.2.7. Telas

As telas são de uso fundamental no sistema de light steel framing para


evitar o surgimento de fissuras na superfície da fachada. Existem dois tipos de telas,
uma que fica inserida na argamassa, utilizada na camada de regularização (rendering)
(Figura 29) para distribuição de tensões, e outra tela para o tratamento das juntas
Figura 30 (CARDOSO, 2016).

Segundo o manual da Brasilit (2018b), para o caso da tela posicionada em


toda região argamassada, é importante que não ultrapasse o tempo de 15 minutos
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 86

após a aplicação da 1ª demão e que respeite a sobreposição de 15 cm entre faixas


de telas.

Figura 29 - Tela de fibra de vidro inserida na argamassa.

Fonte: Acervo da autora.

Figura 30 - Tratamento de juntas com tela de vidro

Fonte: Brasilit (2018b).

4.2.8. Basecoat

Com função de preservar as placas contra umidade e a movimentação


hidroscópica e ainda assegurar uma maior planicidade na superfície da fachada é
colocada uma camada de argamassa de regularização no painel. Conhecida
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 87

internacionalmente como basecoat, essa argamassa especial é reforçada com uma


tela de fibra de vidro no intuito de evitar a fissuração principalmente nas juntas entre
painéis e em torno de esquadrias (MEDEIROS et al., 2014).

Devido a sua evolução o basecoat tem demonstrado melhores resultados


quanto as movimentações e variações dimensionais dos elementos dos painéis, com
desenvolvimento de técnicas construtivas e argamassas mais flexíveis (SANTIAGO,
2008).

O procedimento pode ser empregado da seguinte forma, após a montagem


do painel, colocação das placas de OSB, membrana hidrófuga, placa cimentícia, feito
o correto tratamento das juntas e colocação das telas, o basecoat é assentado
conforme Figura 31.

Figura 31 – Aplicação da camada de Basecoat, após a colocação da placa


cimentícia e tela de fibra de vidro.

Fonte: Acervo da autora.

Para que não haja perda brusca de umidade durante a aplicação da


argamassa é necessário tomar alguns cuidados como aplicação em faces sem
exposição direta da luz do sol, vento ou quando a superfície estiver com temperatura
muito elevada (temperaturas entre 10°C e 40°C).

O basecoat não é acabamento final da fachada, sendo necessária a


aplicação de pintura ou textura, ele pode ficar exposto à ação das intempéries por no
máximo 60 dias. As condições climáticas são determinantes ao processo de secagem
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 88

e cura do sistema, podendo variar conforme o local de aplicação. A superfície onde


serão aplicados os materiais não deve estar úmido, por isso evitar a aplicação em dias
chuvosos (BRASILIT, 2018b).

4.2.9. Juntas

Para o acabamento final da fachada, deve-se ter um cuidado especial no


tipo de junta a ser utilizada na fachada, é necessário levar em consideração antes da
escolha de junta, a variação dimensional da placa cimentícia devido à temperatura e
umidade tanto do material que irá revestir, quanto do ambiente que será exposto
(SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

No mercado brasileiro já existem vários fornecedores de placas


cimentícias, e muitas das suas características mudam de uma marca para a outra,
como por exemplo a sua variação dimensional. Por isso os autores (SANTIAGO;
FREITAS; CRASTO, 2012), colocam que a melhor solução para a placa com maior
variação dimensional, seria a de junta aparente, com aplicação de perfis, que
destacam visualmente as juntas. Neste caso as bordas das placas devem ser planas
conforme Figura 32

Figura 32 - Encontro de duas placas com junta aparente

Fonte: Crasto (2005).

No caso da junta invisível, devido a essa diversidade de marcas e


fornecedores de placas cimentícias, normalmente a utilização de uma placa cimentícia
de uma marca obriga a utilização do tratamento de juntas daquele mesmo fornecedor,
com as suas devidas determinações de telas, massas e rejuntamento. Além disso,
nesse caso as bordas das placas devem ser rebaixadas para proporcionar um bom
nivelamento da junta, como pode ser observado na Figura 33.
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 89

O espaçamento das juntas pode variar também de fornecedor para


fornecedor, mas geralmente elas apresentam 3 mm entre placas (SANTIAGO;
FREITAS; CRASTO, 2012). Mas além disso para que a fachada obtenha um bom
desempenho e diminua as chances de aparição de patologias futuras é importante a
previsão de outras juntas, como as juntas de dessolidarização, quando houver a
junção da placa com outros materiais e ainda juntas estruturais para aliviar tensões
provocadas pela movimentação da estrutura principal.

Figura 33 - Encontro de duas placas com junta invisível

Fonte: Crasto (2005).

4.2.10. Contraventamento

Para a estabilização das estruturas em LSF, o método mais


frequentemente utilizado é o contraventamento em “x” (Figura 34), que consiste em
utilizar fitas4 em aço galvanizado fixadas na face do painel, na qual a largura,
espessura e localização são determinados pelo projetista estrutural (SANTIAGO;
FREITAS; CRASTO, 2012). Para a ancoragem do contraventamento na estrutura, é
importante que se faça com uma placa de Gusset, (Figura 35), conforme especificado
pelo projeto.

4
Fita de aço galvanizado empregada na diagonal como elemento de contraventamento de
painéis de parede, de piso e de cobertura. Em combinação com os bloqueadores, é também utilizada
na horizontal para diminuir os comprimentos efetivos de flambagem global por torção e de flambagem
global em relação ao eixo y do montante, e para o travamento lateral das vigas de piso ou cobertura
(RODRIGUES; CALDAS, 2016).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 90

Figura 34 - Painel com contraventamento em "x"

Fonte: Santiago, Freitas e Crasto (2012).

Figura 35 - Detalhe do sistema de contraventamento vertical

Fonte: Rodrigues e Caldas (2016).

Quando o projeto arquitetônico exige muitas aberturas no painel da


fachada, o uso do contraventamento em “x” não é o mais apropriado, então, uma
alternativa é o contraventamento em “k”, como pode ser observado na Figura 36
(SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).
Capítulo 4 - Fachada em Chapas Delgadas Estruturas em LSF 91

Figura 36 - Painel de contraventamento em "k"

Fonte: Rodrigues e Caldas (2016).

Devido a algumas dificuldades no contraventamento em “k” como, a


necessidade de montantes adjacentes mais robustos em painéis a sotavento e
significativas excentricidades que podem ser geradas nos painéis, o
contraventamento em “k” é usado somente quando o contraventamento em “x” não é
possível (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 92

5. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FACHADAS EM CHAPAS DELGADAS

5.1. Conceito de Patologia na construção civil

Patologia da construção é o estudo das causas, efeitos e consequências


do desempenho insatisfatório da edificação, seu estudo é indicado para apurar
responsabilidades, corrigir defeitos de construção e principalmente prevenir e evitar
defeitos futuros na construção. As manifestações patológicas (doenças) da
construção são vícios ou defeitos construtivos que se instalam nas edificações por
erros de projeto, execução, uso ou manutenção (SILVA, 2012).

Apesar do crescente aumento do número de construções, muitos dos


novos edifícios não apresentam o desempenho e a durabilidade esperada, e ainda
não existem informações disponíveis como a sistematização das principais patologias
que afetam esses edifícios. O conhecimento sobre as dificuldades e condicionantes
constituem um instrumento importante no dimensionamento dos elementos de
construção. Contudo, nem sempre são utilizados esses conhecimentos, o que explica
muitos dos erros observados durante a execução.

Segundo (ALMEIDA, 1999), de maneira geral, o termo patologia na


construção, é utilizado de forma a mencionar e relacionar os problemas e as falhas
que ocorrem na fase de concepção, execução e utilização da edificação, gerando
diversas causas para o surgimento de anomalias, a seguir descritas:

 Anomalia Congênita: Na fase de concepção de um projeto, seja ele


arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico etc., pode ocorrer uma
anomalia decorrente da inobservância de normas técnicas ou de
omissões do profissional;

 Anomalia Executiva: Na fase de execução propriamente dita, o


emprego de mão de obra sem qualificação ou de materiais e de
métodos inadequados certamente contribui para a introdução de
problemas ou doenças na construção. Para o autor, cerca de 25%
das anomalias em edificações são decorrentes de má execução;

 Anomalia Adquirida: As patologias adquiridas são aquelas que


normalmente aparecem por ocasião da vida útil, em consequência
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 93

de exposição ao meio em que as edificações se encontram, podendo


ser basicamente de vários tipos, fenômeno térmico, deformações
diferidas, ataques por agentes agressivos, utilização inadequada
etc;

 Anomalia Acidental: Este tipo de patologia caracteriza-se como


acidental ou uma solicitação anômala. Seus efeitos na construção
são esforços de natureza excepcional, em que os profissionais
envolvidos, mesmo obedecendo às recomendações normativas, não
preparam a edificação para enfrentar tal situação.

As patologias também podem ter sua origem por falha humana na fase de
projeto, na fase de execução ou na fase de utilização. Podem ocorrer devido a vícios
construtivos ou falhas de manutenção. De acordo com IBAPE (2012), têm-se como
patologias causadas por erros construtivos:

 Anomalias construtivas ou endógenas: são aquelas provenientes de


erros de projeto, materiais e execução;

 Anomalias exógenas: são decorrentes de danos causados por


terceiros;

 Anomalias naturais: têm sua origem através de danos causados por


agentes da natureza;

 Anomalias funcionais: são causadas pela utilização dos usuários;

 Falhas de planejamento: são provenientes de falhas do plano e


programas (manuais);

 Falhas de execução são originadas por causa dos procedimentos


construtivos e insumos;

 Falhas operacionais: são decorrentes de falhas nos registros e


controles técnicos;

 Falhas gerenciais: ocorrem devido à inexistência de qualidade e


redução de custos.

Castro (1999) e Dardengo (2010), comentam sobre a incidência crescente


das manifestações patológicas devido a concepções incorretas de projetos e
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 94

planejamento, emprego de materiais impróprios, falta de manutenção e erros até


mesmo na execução. Silva e Sabbatini (2007), consideram que essas patologias
acarretam em altos custos e apontam a urgência de reversão desse quadro com o
estreitamento das atividades de projeto e de execução da edificação a partir de um
processo contínuo de aperfeiçoamento simultâneo entre projetar e construir.

Para Atkinson (1998), as principais causas de patologias em construções


são, a falta de informação das características e perfil dos solos, da técnica de
execução, das condições ambientais, dos carregamentos aplicados (carregamento
estrutural e movimentos em solos), de mudança de temperatura e de umidade,
vibrações excessivas, ataques químicos e deterioração micro- biológicas. Além
desses fatores, atribui-se como causa de patologia a falta de conhecimento e
informação das pessoas que executam o serviço.

Assim como apontam também Dorea e Liborio (1996) apud Dardengo


(2010), que o surgimento de algumas falhas está relacionado à falta de qualificação
adequado do executor do serviço, soluções improvisadas, barreiras entre a técnica e
a administração, falta de tempo suficiente para a conclusão do serviço, gerenciamento
deficiente e ainda ausência de uma clara descrição do serviço a ser realizado.

5.2. Tipos de manifestações patológicas

As manifestações patológicas em fachadas, por mais que apareçam em


pontos isolados, ou provenientes de componentes específicos, podem estar
relacionadas com causas ou falhas de outros componentes da construção, que com
ou sem o contato é possível a ocorrência do dano (ANTUNES, 2010).

Para o mesmo autor, a manifestação patológica em fachada nunca é


originada de uma única causa, normalmente é o resultado de inúmeros fatores como:
falhas dos materiais, falhas na especificação, falhas decorrentes do processo
executivo, deformação higroscópica, deformação térmica e deformações estruturais
(ANTUNES, 2010).

Nesse sentido (LIMA, 2013) coloca que devido o sistema construtivo em


LSF ser uma solução aberta, ele deve ser projetado de maneira que os métodos e
técnicas, que abrangem desde a escolha de materiais, o projeto e o ambiente, sejam
compatibilizados. Uma falha que ocasione uma patologia no sistema, em geral, é
resultado de um não atendimento de um dos requisitos.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 95

5.2.1. Causas associadas na concepção do projeto (Congênita)

Silva e Sabbatini (2007) consideram que a incidência crescente de


manifestações patológicas esteja acarretando em altos custos de correção. Os
autores acreditam que para a reversão desse quadro, seja necessário o estreitamento
das atividades de projeto e de execução da edificação, a partir de um processo
contínuo de aperfeiçoamento simultâneo entre projetar e construir.

Assim como na entrevista realizado no trabalho de Vivan (2011), com um


técnico de edificações que trabalhava no canteiro de uma obra em LSF, foi descoberto
que se faltavam muitas informações essenciais nos projetos, como a relação ao modo
de como cada serviço deveria ser executado, quais ferramentas deveriam ser
utilizadas e qual seria a melhor e mais correta sequência de montagem. Ficando essas
informações a cargo da decisão dos operários montadores.

Outro problema relacionado a projetos, foi a falta de compatibilização


integrada entre projetos, exemplos como no trabalho de Sales (2001), em que
algumas decisões e adaptações foram improvisadas em obra, ocasionando atrasos
nas obras, ajustes na estrutura e, por conseguinte aumentaram o custo da edificação.

Em relação ao projeto também, durante as entrevistas realizadas por Vivan,


(2011), notou-se que as manifestações patológicas nas habitações inspecionadas,
são originadas principalmente devido ao processo de projeto atualmente praticado
pelas empresas, ser incompatível com o LSF, ou seja, o projeto sendo falho resulta
que o uso de materiais e o desempenho final serão inadequados também.

Bem como, em outra entrevista no trabalho de Vivan (2011), foi entendido


que, o fato de não haver no Brasil uma norma específica para o sistema construtivo
LSF, dificulta o desenvolvimento de projetos e a qualidade da habitação e dos
materiais envolvidos. E mesmo com a existência do SINAT nº003 que representa um
ganho para o sistema LSF no Brasil, este ainda apresenta falhas que estão
relacionadas a dois fatores principais: a adoção de métodos tradicionais para o
sistema LSF e ainda, a falta de conhecimento do sistema construtivo por profissionais
da área.

No trabalho de Sales (2001), foram apontado problemas durante o


processo de execução da obra, devida a inexistência de projetos específicos para
cada sistema e respectivas compatibilizações. Para Crasto (2005), é essencial o
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 96

detalhamento dos projetos para se evitar patologias, e complementado pelos usuários


entrevistados em seu trabalho, os problemas na execução de alguns sistemas
complementares e o aparecimento de algumas patologias são na verdade,
ocasionados pela má resolução do projeto arquitetônico, material de baixa qualidade,
erros durante a aplicação, ou por outra causa, e não o sistema construtivo em si.

Para exemplificar nas Figura 37 e Figura 38, mostram um problema


causado por falta de detalhamento de projeto, onde a falta do uso de uma cantoneira
metálica nas quinas dos vãos das janelas, somado à má vedação, levou a infiltrações
e trincas nessas interfaces.

Figura 37 - Trincas e infiltrações na interface das esquadrias

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 97

Figura 38 - Trinca na quina da parede

Fonte: Acervo da autora.

Não apenas a responsabilidade do engenheiro executar um bom projeto, o


cliente também tem neste momento suas responsabilidades para garantir o bom
desempenho de sua edificação. Quando comprar um projeto desse tipo de sistema, o
cliente deve exigir um contrato com a responsabilidade técnica, pois o sistema é
vendido como um sistema de produto e, portanto, devem constar desde a estrutura
em LSF e placa cimentícia, até todos os componentes da vedação e sua instalação.
Caso não haja essa exigência, se o projeto for realizado por uma empresa, e a
montagem e execução for realizada por outra empresa, fica muito difícil identificar o
responsável, em caso de aparição de manifestações patológicas (MEDEIROS et al.,
2014).

5.2.2. Causas associadas durante a execução (Executiva)

Para Lima (2008), das diversas patologias existentes, a grande maioria


pode ser resolvida no canteiro de obras, no entanto, cuidados especiais devem ser
tomados com relação a patologias que comprometam a estabilidade e a segurança
estrutural dos módulos e da edificação. Para o autor as patologias surgem em função
do mau dimensionamento da estrutura para as etapas de transporte, de erros
estratégicos por parte dos operadores durante as operações e de motivos
imprevisíveis causados por agentes externos.

Observou-se no trabalho de Campos (2010) que a maioria das patologias


encontradas nas visitas ou relatadas pelos usuários, além de estarem relacionadas
com a falta de detalhamento das interfaces dos sistemas complementares, estão
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 98

relacionadas também com problemas de execução desses sistemas, principalmente


os sistemas hidráulicos, tal como válvulas, ligações da caixa d’água, sistemas de
coleta de água de chuva, tais como, calhas e rufos, entre outros. Quando esses
subsistemas não funcionam de forma adequada acabam prejudicando o sistema LSF.

Sales (2001) afirma também que, um dos pontos críticos que merece maior
atenção nos projetos é a interface entre fechamento e estrutura, de forma a garantir
trabalhabilidade dos elementos e estanqueidade da edificação. Cichinelli (2017),
coloca:

"A execução mal realizada acarreta problemas de estanqueidade. Sem falar


nas frequentes fissuras das juntas das placas de fechamentos. Para evitar
este tipo de patologia o profissional da montagem deve sempre seguir o
projeto estrutural na obra, empregando os materiais de acordo com a
recomendação desse e dos fabricantes”.
Outro ponto importante, é seguir corretamente a indicação da quantidade
de parafusos e espaçamentos sugeridos pelos fabricantes durante a etapa de
chapeamento das placas, para evitar movimentações e posteriores trincas e fissuras
no conjunto construtivo (CICHINELLI, 2017). Para o autor, a utilização de parafusos
inadequados, fixação incorreta (Figura 39) e falta de isolamento entre o solo e os
perfis, são alguns dos principais erros que podem afetar o desempenho da estrutura
em LSF.

Figura 39 - Fixação incorreta do parafuso, causando deformação da guia

Fonte: Sauro (2009) apud Neto, Testolino e Moreno Junior (2011).

Outros graves erros encontrados na parte estrutural do sistema são, a


ausência de contraventamento, corte de perfis, até mesmo em regiões muito
importantes na estrutura como vigas (Figura 40), ou corte de perfis de
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 99

contraventamento da parede (Figura 41). Esse tipo de ação compromete o


desempenho estrutural, podendo perder a garantia de projeto e dos materiais.

Figura 40 - Corte da estrutura para passagem de tubulação e conduite.

Fonte: Acervo da autora.

Figura 41 - Corte no montante e no contraventamento da estrutura para


passagem de tubulação.

Fonte: Acervo da autora.

No trabalho de Peraza (2013), são discutidos dois estudos de casos, um


sobre erro de projeto e outro sobre erro de execução. Em ambos os casos descritos,
a falta de enrijecedores foi a principal deficiência. No primeiro caso, o engenheiro
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 100

calculista não especificou os reforços a serem feitos na estrutura. Naturalmente, como


eles não foram especificados, eles não foram instalados, e com isso quase levou o
edifício ao colapso. No outro caso, o engenheiro calculista especificou e descreveu os
enrijecedores em detalhes minuciosos, mas eles não foram instalados, e sua ausência
não foi detectada pela inspeção. Com isso os problemas estruturais começaram a
aparecer na estrutura como pode-se observar na Figura 42.

Figura 42 - Abaulamento da estrutura devido à falta de instalação dos


enrijecedores

Fonte: Peraza (2013).

Após a análise dos projetos viu-se que nesses locais, os desenhos


indicavam claramente a quantidade de enrijecedores, os detalhes especificavam os
tamanhos, os arranjos e até o número de parafusos. Hoje, já existem alguns recursos
técnicos disponíveis para engenheiros e arquitetos que trabalham com light steel
framing. Estes precisam ser consultados e estudos, a fim de minimizar a probabilidade
de falhas futuras.

Em relação as chapas de OSB, devem ser estritamente seguidas as


especificações em projetos e não evitar ajustes durante a execução. Segundo
Campos (2014), caso haja placas que eventualmente forem cortadas, necessitam que
suas bordas sejam seladas com material impermeável, mantendo assim a
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 101

impermeabilização da madeira. Ainda em relação as placas de OSB, Campos (2010),


enfatiza que em paredes de casas com pé-direito duplo ou de grandes vãos de
abertura, que têm certa movimentação, a aparição de trincas pode ser devido a um
erro na instalação das placas, que devem ser instaladas desencontradas, evitando-se
assim a propagação de trincas.

5.2.3. Causas associadas a utilização e manutenção (Adquirida)

Por maiores que sejam os esforços para prevenção das fachadas as


intempéries, elas são as mais expostas as ações atmosféricas e tem uma
possibilidade maior de deterioração. Dentre as causas externas com mais influência
na degradação da fachadas estão as variações climáticas, como ação do vento e
chuva e choque térmico (ANTUNES, 2010), conforme Figura 43.

Figura 43 - Condição de exposição de fachadas

Fonte: Adaptado de ABCP (2002).

Referente as variações térmicas o clima brasileiro apresenta temperatura


bem distintas nas suas diversas regiões do país, em geral as temperaturas médias
anuais podem ser consideradas elevadas como pode ser observada na Figura 44, e
com isso, pode exercer grande influência no processo de degradação das fachadas.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 102

Segundo Thomaz (1989), as movimentações térmicas de um material,


estão relacionadas com as propriedades físicas ou térmicas do mesmo, com a
intensidade da variação de temperatura, com o grau de restrição imposto pelos
vínculos e com as propriedades mecânicas como a deformabilidade do material. O
autor relata ainda que a magnitude e a taxa de variação da temperatura sobre a
fachada dependem dos seguintes fatores:

a) Intensidade da radiação solar;


b) Temperatura do revestimento que é superior à temperatura do ar
ambiente;
c) Capacidade de reirradiação das ondas de calor;
d) Rugosidade da superfície, velocidade do ar, condições de exposição
da construção, orientação da fachada (norte, sul, leste ou oeste),
traduzida pela condutância térmica superficial;
e) Entre outras propriedades térmicas, como calor específico, massa
específica aparente e coeficientes de condutibilidade térmica e de
dilatação linear.

Figura 44 - Mapa brasileiro de temperatura média compensada anual – Período


de 1981-2010

Fonte: INMET (2018).


Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 103

Para Antunes (2010), a variação dimensional por dilatação ou contração é


uma das principais alterações físicas provocadas pela temperatura, que por gerar
tensões, leva ao aparecimento de fissuras na construção. Por isso, a importância de
conhecer os materiais utilizados durante a construção e previsão de juntas de
dilatação.

Em relação a manutenção do revestimento externo, Medeiros et al. (2014),


enfatiza que para conservar o desempenho da fachada, a manutenção é o principal
procedimento principalmente no revestimento final, por ser o responsável pela
proteção das placas e dos perfis de aço.

5.2.4. Causas provenientes de esforços de natureza excepcional

A causa excepcional é caracterizada pela ocorrência de algum fenômeno


atípico, resultado de uma solicitação incomum, como a ação da chuva com ventos de
intensidade superior ao normal, recalques e, até mesmo incêndio (PEDRO et al.,
2002). Para Villán (2009), esses esforços são proveniente da ação de terremotos ou
condições climatológicas extremas ou por movimentos da estrutura fora das
tolerâncias exigidas.

Temoche Esquivel (2009) cita em seu trabalho sobre um exemplo de


fenômeno crítico, quando após uma forte insolação a superfície da fachada alcança
entre 70ºC e 80ºC, é atingido por uma forte chuva (+-20ºC), provocando uma queda
de temperatura superficial entre 50ºC a 60ºC em poucos minutos. Essa rápida
variação de temperatura ocasiona uma variação dimensional na placa cimentícia
muito grande, adicionado a variação de umidade, o risco de fissuração é altíssimo.

5.3. Principais manifestações patológicas em fachadas em chapas delgadas

As fachadas por estarem mais expostas ao meio ambiente e as ações


atmosféricas têm uma probabilidade maior de deterioração durante sua vida útil, e
também mais suscetíveis a aparição de manifestações patológicas que podem
prejudicar e diminuir a vida útil da edificação. Nesse sentido para melhor entender as
patologias e como o estudo delas podem ajudar na minimização dos erros, buscou-se
na literatura algumas das principais manifestações patológicas em fachadas em
chapas delgadas estruturadas em light steel framing.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 104

5.3.1. Fissuras e trincas

A NBR 15575-2 (ABNT, 2013c) define fissura de componente estrutural


como: “seccionamento na superfície ou em toda seção transversal de um
componente, com abertura capilar, provocado por tensões normais ou tangenciais. As
fissuras podem ser classificadas como ativas (variação da abertura em função de
movimentações higrotérmicas5 ou outras) ou passivas (abertura constante) ”. Já trinca
sendo uma: “expressão coloquial qualitativa aplicável a fissuras com abertura maior
ou igual a 0,6 mm”.

As fissuras em edificações são manifestações patológicas decorrentes dos


mecanismos de alívio de tensões pelas alterações dimensionais,
deslocamentos e variações de volume ao longo do período em serviço,
podendo ser decorrentes de processos físico-mecânicos ou químicos. As
principais causas tratadas na literatura sobre o surgimento de fissuras são as
movimentações térmicas e higroscópicas6, atuação de sobrecargas,
deformabilidade das estruturas de concreto armado, recalques de fundação,
retração dos produtos à base de cimento e as alterações químicas dos
materiais de construção (THOMAZ, 1989).
Em resumo, as principais causas fundamentais para a formulação de
fissuras e trincas são, as propriedades diferenciais do material, movimentos, flutuação
de temperatura e cargas de gravidade (GERNS; WILL, 2014). E em alguns casos a
causa não está no acabamento final, mas sim na base sobre o qual ele foi aplicado
(SILVA, 2014).

Combinar vários materiais com diferentes propriedades e projetar edifícios


cada vez mais altos com sistemas industrializados inovadores, introduziu desafios de
construção que não existiam anteriormente. Para Gerns e Will (2014) um desses
desafios foi o movimento diferencial das placas em relação ao quadro estrutural.

A fissuração no corpo da chapa, trincas em juntas e revestimentos são as


patologias de maior ocorrência em LSF (HOFMANN, 2015; SANTIAGO; FREITAS;
CRASTO, 2012). Na envoltória de aberturas, essas fissuras são decorrentes da
acentuada concentração de tensões, junto aos vértices das janelas e portas,
principalmente pela ausência ou ineficiência de vergas e/ou contra-vergas,
dispositivos adequados para redistribuição das tensões.

Ainda não existem normas brasileiras específicas que controlem a


qualidade de fabricação das placas cimentícia (CRASTO, 2005). Com isso, muitas das

5
Movimentação causada pelas ações da humidade e da temperatura (tração e retração).
6
Movimentação causada pela variação de temperatura e as estações do ano.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 105

patologias ocorrem nas placas, como, a geração de trincas no corpo, divisão da chapa
ou em juntas e desplacamento de revestimentos (SALES, 2001; GOMES, 2007;
CRASTO, 2005; CAMPOS, 2010; LIMA, 2013; CBCA, 2014).

Além disso, existem diferentes modos de fabricação das placas


cimentícias, e uma das formas que pode ser adotada, é pela composição de várias
camadas de celulose e cimento, característica esta que pode influenciar em seu
desempenho e pode contribuir para o surgimento de fissuras e trincas. Ao receber
incidência de calor e umidade, juntamente com o envelhecimento natural, sua
impermeabilização fabril pode ir perdendo resistência e permitindo a absorção maior
de umidade. Na qual incha na presença de umidade e depois seca na evaporação.
Com esse processo, a placa começa a delaminar (Figura 45) e perder sua resistência,
causando desprendimento da estrutura em situações mais críticas de envelhecimento
(BANRUQUE, 2019).

Figura 45 - Delaminação da placa cimentícia

Fonte: Banruque (2019).

Na maioria dos casos quando a manifestação patológica provém da base,


ela é passada para a camada de revestimento que vem em seguida e
consequentemente na próxima, assim como pode ser observado na Figura 46, onde
a fissura sobressaiu no revestimento cerâmico da fachada. Estas patologias podem
causar a falta de estanqueidade das paredes, provocando, em última análise,
corrosão dos perfis de aço, além da parte estética também ficar comprometida
(HOFMANN, 2015).
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 106

Figura 46 - Formação de trinca na junção das placas cimentícias

Fonte: Acervo da autora.

No sentido de evitar este tipo de patologia, Cincotto (1988) defende que as


o revestimento deve ter módulos de deformação menores do que os módulos da base,
para que se permita a absorção de pequenas movimentações que venham a
acontecer na base onde o revestimento foi aplicado. E ainda coloca que, na situação
de múltiplas camadas, é necessário a diminuição gradativa do módulo de deformação
de cada camada de dentro para fora, por meio da utilização de diferentes traços, com
o consumo do cimento diminuindo no mesmo sentido.

5.3.2. Descolamento e desplacamento

O descolamento (Figura 47) é caracterizado pela perda de aderência do


revestimento com o substrato, ou seja, quando as tensões que surgem no
revestimento são maiores que a capacidade de aderência da ligação que o sustenta.
Este fenômeno pode ser identificado a partir da percussão na placa extrair um som
cavo ou ainda no estufamento da camada de acabamento (CRASTO, 2005; MOURA;
FONTENELLE, 2004).

Ainda para Crasto (2005), a aparição de patologias acontece também,


devido à superfície das placas de fechamento e as membranas de impermeabilização
não serem adequadas para aderir com a argamassa, e ainda o revestimento ficar
exposto as condições climáticas que podem também, influir no desempenho final
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 107

Figura 47 - Descolamento de Revestimento

Fonte: Acervo da autora.

Outro fator necessário a ser considerado antes da execução de fachadas,


é a especificação da tinta, esta deve ser elastomérica e de elevada elasticidade,
garantindo o acompanhamento da movimentação exigida pelas placas cimentícias.
Caso a tinta não possua essa capacidade, haverá grandes chances de
desprendimento da superfície, causando descolamento e descascamento
(BANRUQUE, 2019).

Em relação ao desplacamento, Speck (2014), relaciona-o em seu trabalho


com causas como:

a) Inadequações do produto em geral;


b) Dilatação térmica e/ou expansão por umidade;
c) Falta de preparo adequado para as variações dimensionais
das placas;
d) Chapeamento mal executado, com materiais, mão de obra e
local não apropriado;
e) Instabilidade do suporte, devido à acomodação do edifício
como um todo;
f) Excessiva dilatação higroscópica das placas;
g) Variações higrotérmicas e de temperatura;
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 108

5.3.3. Falha nas interfaces

Qualquer tipo de ligação entre diferentes materiais é muito sensível, pois


cada um tem a sua variação dimensional. A ligação da estrutura com o sistema de
vedação, seja ela de concreto com LSF (Figura 48) ou aço pesado com LSF, são
pontos que vêm gerando inúmeros casos de manifestações patológicas. Esta interface
é muito importante, já que os sistemas trabalham diferenciadamente, e devem ter uma
liberdade para movimentação. Para isso as junções precisam ser cuidadosamente
projetadas e executadas para garantir o isolamento térmico, acústico e estanqueidade
(SALES, 2001).

Segundo Castro (1999), conseguir um fechamento estanque e resistente é


um dos problemas encontrados na estrutura metálica. Sendo a estrutura mais flexível
e a superfície do aço tendo uma superfície pouco rugosa e pouco porosa, levam os
projetistas e executores adotarem soluções não convencionais. Soluções que muitas
vezes são importadas, cujos custos são elevados e as interfaces com necessidade de
adaptação ao mercado e a realidade nacional.

Figura 48 - Interface entre concreto e painel em LSF com placas cimentícias

Fonte: Acervo da autora.

5.3.4. Falha nas juntas

Dentre as inúmeras manifestações patológicas encontradas no sistema de


fachada em LSF, encontram-se também as bolhas e fissurações nas juntas das placas
cimentícias (Figura 51) (NETO; TESTOLINO; MORENO JUNIOR, 2011), por isso
Crasto (2005), ressalta a importância de tomar cuidados especiais na especificação
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 109

do tipo da junta, levando em consideração a variação dimensional das placas devido


à temperatura e umidade do ambiente e a natureza dos acabamentos que irão revesti-
la.

Evitar o uso de chapas ou placas de fornecedores distintos (LIMA, 2013).


No trabalho de Hofmann (2015), apresenta um edifício de 5 pavimentos, onde o
tratamento das juntas das placas cimentícias não foi executado corretamente, o que
ocasionou em manifestações patológicas, conforme pode ser observado na Figura 49.

Figura 49 - Problemas nas juntas das placas cimentícias

Fonte: Hofmann (2015).

Hofmann (2015), comenta que o tratamento realizado foi primário, e que


normalmente para o uso desse tipo de placa é necessário um tratamento bem mais
complexo. E ainda, devido ao edifício ter 5 pavimentos, esta falha causa transtorno
ainda maiores do que edificações unifamiliares de pequeno porte.

Neste caso Banruque (2019) coloca que mesmo utilizando fitas entre 50mm
e 100mm de largura, pode ser que haja um carregamento excessivo de tensões acima
do que as fitas suportam, devido à área mínima de atuação e ancoragem (extensão
de aderência), não sendo suficientes para suportar as solicitações de tensões
transmitidas pelas placas, podem causar trincas e desprendimentos.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 110

Área de contato efetiva


Extensão de aderência =
Área total possível de ser unida

Nestes casos se faz necessária a aplicação de uma base preparadora para


garantir aderência da massa (Figura 50). Em relação a massa, além da dificuldade de
união, com o tempo ela pode apresentar uma perda de memória de elasticidade no
envelhecimento, gerando trincas e desprendimento da massa.

Figura 50 - Aplicação de base preparadora para melhor aderência

Fonte: Acervo da autora.

As fissuras primeiramente comprometem a estética da fachada, o que


deteriora o valor agregado sobre o edifício como um todo. Dado o início da fissuração,
existe uma tendência de progressão, que dependendo da profundidade pode
comprometer a estanqueidade ocasionando a infiltração. E ainda, com o acúmulo de
sujeiras transportadas pelos ventos e pelas chuvas, cria-se um nicho para crescimento
de micro-organismos que agravam ainda mais a deterioração da estética do edifício
(FONTENELLE, 2012).

Outra manifestação patológica encontrada na região das juntas é o


estufamento, onde forma-se ressaltos entre as placas. Este tipo de ocorrência é
causado devido ao espaçamento ser menor que o recomendado pelo fabricante, e por
não haver um espaço suficiente, uma placa encosta na outra, empurrado a massa e
causando ressaltos (Figura 51). Conforme o aumento da movimentação da placa, esta
pode ocasionar quebra e desprendimento da estrutura (BANRUQUE, 2019).
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 111

Figura 51 - Tratamento de juntas em placas cimentícias, devido a fissuração.

Fonte: Sauro (2009) apud Neto, Testolino e Moreno Junior (2011).

Entretanto a variação dimensional por si só, não é a única responsável pelo


surgimento de fissuras. Fontenelle (2012), em seu trabalho pontua também que a
rigidez dos sistemas atuais, faz com que parte das variações dimensionais se
transforme em tensões sobre a placa, podendo contribuir com a aparição de fissuras
(Figura 52), ou seja, são as fixações que transmitem as solicitações impostas à
superfície das placas para a estrutura, a qual transmite a reação proporcionada pela
estrutura para estas placas, que podem possibilitar ou restringir a variação
dimensional.

Figura 52 - Fissuração dos cantos de placas cimentícias.

Fonte: Fontenelle (2012).


Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 112

5.3.5. Ancoragem

Villán (2009) também coloca que grande parte das patologias provenientes
de fachadas leves é uma consequência direta de defeitos na ancoragem ou em
fixações que são, na maioria das vezes, escondidos pelo acabamento final.

 O tamanho escasso do material de base onde a ancoragem é


inserida pode causar sua quebra (Figura 53);

 Uma intensidade excessiva das cargas pode causar a falha do


material de base;

 A volta do plugue dentro do material de base reduz sua capacidade


de resistência e sua fixação rotacional;

 Se as pernas do ancoradouro forem muito curtas, pode ocasionar


desprendimento;

 Uma profundidade escassa da ancoragem causa sua falha no caso


de um esforço de tração;

 Uma falha de ancoragem é produzida quando há uma pequena


distância entre esta e a borda do material de base (Figura 54);

 Se o tamanho das pernas da ancoragem não for suficiente, a fixação


pode entrar em colapso devido ao rasgo do material de base (Figura
54);

 Se os esforços de uma placa em outra se acumulam, podem causar


a falha da ancoragem.

Figura 53 - Tamanho escasso do material de base.

Fonte: Villán (2009).


Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 113

Figura 54 – Distância curta para ancoragem do parafuso

Fonte: Villán (2009).

Outra falha encontrada em relação a ancoragem das placas é apontado no


trabalho de Hofmann (2015), é em relação a quantidade de parafusos indicado pelo
fabricante. Por parecer um número exagerado de parafuso por metro linear de placa,
numa “economia” no orçamento da obra, há uma desobediência no uso adequado de
parafusos. A placa provavelmente não cairá, mas o desempenho estará
comprometido. O espaçamento entre os perfis também precisa ser respeitado.

Relacionado também com ancoragem, observa-se também falhas no


revestimento. Devido a placa cimentícia ser totalmente impermeabilizada, é
importante que a massa utilizada possua a “ancoragem química”, para garantir a
aderência e ancoragem na superfície da placa (BANRUQUE, 2019). Além disso, é
necessário respeitar o sequenciamento correto de aplicação da massa e da tela, para
que o sistema de revestimento fique totalmente ligado as placas.

5.3.6. Infiltração

A NBR 15575-4 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2013b), relaciona as regiões de exposição ao vento conforme Tabela 5 e relacionadas
com as regiões de exposição à água e ao vento conforme Figura 55. Para que não
haja infiltrações é necessário que o sistema de fachada (incluindo as interfaces entre
parede e janelas) permaneçam estanques ao vento e a água. Infiltrações essas que
possam propiciar a formação de borrifamentos, escorrimentos ou gotas de água
aderentes na face interna.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 114

Tabela 5 - Condições de ensaios de estanqueidade à água de sistema de


vedações verticais externas

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013b).

Figura 55 - Condições de exposição à água e ao vento conforme as regiões


brasileiras

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013b).

Um vetor de patologias está na interface entre a parede e a esquadria, pois


ainda há dificuldades na escolha de esquadrias compatíveis com o sistema, que sejam
economicamente viáveis e totalmente estanques. Na Figura 56 é possível observar
uma infiltração na interface da parede com a esquadria. Havendo infiltração nessa
região, mesmo que pequena, é suficiente para causar a degradação em todo o
sistema de fachada (Figura 57).
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 115

Figura 56 – Infiltração na interface da esquadria

Fonte: Acervo da autora.

Figura 57 - Infiltração causando degradação de todo sistema

Fonte: Acervo da autora.

Nesses casos, é imprescindível a colocação do “flashing”, uma fita adesiva


asfáltica, que auxilia na impermeabilização dessa interface, principalmente quando
colocada em todo o entorno da abertura e nos vértices inferiores dos vãos da janelas,
conforme Figura 58.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 116

Figura 58 - Colocação do flashing nos vãos das esquadrias.

Fonte: Acervo da autora.

Na cultura brasileira é muito comum encontrar janelas de fachadas


utilizando esquadrias do tipo “blindex”. Mas como pode ser observado na Figura 59,
em alguns modelos de esquadria desse tipo, o transpasse de vidros é muito pequeno,
e em momentos de chuvas de vento, tem grandes chances de infiltração.

Figura 59 - Infiltração pelo transpasse do vidro da esquadria.

Fonte: Acervo da autora.

Outro costume brasileiro em relação as esquadrias, são as janelas


faceando a parte interna da parede ou instaladas no meio do vão. Nesses casos, se
não houver uma inclinação mínima de 2% no peitoril (Figura 64) ou um dreno no
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 117

caixilho (Figura 60), pode-se tornar aí um local de retenção de água (Figura 61) e
possível infiltração.

Figura 60 - Esquadria de PVC com dreno de águas pluviais

Fonte: Acervo da autora.

Figura 61 - Retenção de água no peitoril

Fonte: Watanabe (2012).

Ainda sobre a instalação do peitoril para assentamento da esquadria, como


no caso da Figura 62, devido a grandes vãos ou uma economia na compra dessas
pedras, são instaladas duas ou mais unidades de pedras, formando-se juntas. E se
não forem bem vedadas, ou rejuntadas, podem causar infiltração de água.

Até mesmo utilizando uma única peça, ainda fica suscetível ao surgimento
de infiltração como no caso da Figura 63, a pedra mesmo instalada inteira em toda a
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 118

área do vão, foi submetida à movimentação do sistema, e não suportando as tensões


causou-se a sua fissuração.

Figura 62 - Peitoril com duas peças de pedras criando uma junta

Fonte: Acervo da autora.

Figura 63 – Fissuração do granito no peitoril da janela

Fonte: Acervo da autora.

Outro ponto em relação ao peitoril, é que este geralmente funciona como


uma pingadeira7, pois quanto mais distante a água estiver da fachada, menores as
chances de infiltração e eflorescência. Mas para um devido funcionamento, a sua
fixação deve respeitar não apenas o caimento, mas também o transpasse

7
Linha ranhurada abaixo do peitoril, para desviar a água de chuva da fachada.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 119

perpendicular ao vão de pelo menos 3 cm para que funcione como sistema de


escoamento de água e não gere acúmulos (Figura 64).

Figura 64 - Inclinação e distanciamento da soleira

Fonte: Watanabe (2012).

Para não criar a “beirada seca” (Figura 65), deve-se haver também um
transpasse paralelo ao vão de pelo menos 1,5 cm, esse detalhe pode evitar que o
fluxo de água interceptado8 no peitoril da janela escorra nas laterais do vão,
provocando a fissuração da fachada (Figura 66).

Figura 65 - Beirada seca

Fonte: Acervo da autora.

8
Capacidade de retenção de água de chuva em sua superfície.
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 120

Figura 66 - Incidência de água provocando fissuras na fachada

Fonte: Thomaz (1989).

A aplicação de silicone no entorno da janela (Figura 67) também é um dos


hábitos brasileiros que é comumente encontrado nas fachadas de LSF, esse silicone
que inicialmente pode funcionar, com o passar do tempo e as intempéries, pode entrar
num processo de endurecimento e sua estanqueidade ser perdida.

Figura 67 - Utilização de silicone para vedar as esquadrias.

Fonte: Acervo da autora.

5.3.7. Fantômes

Os fantômes, termo francês utilizado para referir as manchas que se


formam nos revestimentos de assentamento da alvenaria devido à termoforese
(Figura 68),que é a diferença de temperatura superficial dos materiais que compõem
o revestimento. Estas manchas são resultado da adesão de material particulado e do
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 121

desenvolvimento de microrganismos, facilitada pela umidade dos materiais mais


porosos (LOGEAIS, 1989 apud FREITAS, 2012). Existe uma orientação preferencial
para a formação dos fantômes, as superfícies mais frias ou que recebem menor
radiação solar favorecem a condensação (FREITAS, 2012). Na Figura 68, é possível
observar que em um estudo onde a fachada na orientação sul, obteve a formação
dessa manifestação patológica maior na alvenaria do que nos elementos estruturais.

Figura 68 - Formação de fantômes com maior incidência em alvenaria de


vedação (a) do que em elementos estruturais (e)

Fonte: Melo Jr (2010) apud Freitas (2012).

Assim como na alvenaria, esse fenômeno em alguns casos de fachadas


em LSF, também pode ser encontrado como na Figura 69. Neste caso estava
relacionado aos mecanismos de transporte de calor e umidade através do
revestimento. As diferenças das características térmicas entre os materiais
provocaram micro pontes térmicas que puderam acarretar na condensação. Este
diferencial de condensação pode favorecer a deposição de partículas de sujidade,
provocando o aparecimento de manchas permanentes.

Para corrigir o aparecimento desse problema, pode ser aplicada uma


camada de argamassa complementar para aumentar a espessura do revestimento,
assegurando a boa aderência entre as camadas. Além disso, deve ser aplicado
hidrofugantes na superfície do revestimento, para reduzir o fenômeno em tempos de
chuva ou alta umidade relativa do ar. A execução do revestimento em multicamadas,
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 122

respeitando o tempo de endurecimento de cada camada, diminui os riscos de


formação de fantômes em fachadas. (FREITAS, 2012).

Figura 69 – Formação de fantômes em fachadas estruturadas em LSF

Fonte: Acervo da autora.

5.3.8. Corrosão

Para Panossian, Almeida e Ohba (1993) a corrosão é um meio de


deterioração dos materiais que produz alterações prejudiciais e indesejáveis nos
mesmos. Como não é um elemento que possui as características do material original,
ao entrar em ação, a corrosão faz com que os materiais percam suas qualidades
essenciais, como resistência mecânica, ductilidade, elasticidade, estética, etc.
(CASTRO, 1999). Na Figura 70, é possível observar a oxidação do parafuso, devido
a infiltração da janela. Neste caso perdendo sua resistência mecânica, tem-se a
necessidade de sua troca, e dos outros materiais envolvidos também.

Devido ao sistema de fachada ser em chapas delgadas estruturadas em


light steel framing, ou seja, grande parte da aplicação ser em aço, as consequências
da ocorrência de corrosão podem acarretar em acidentes e enormes prejuízos na
edificação.

Um dos possíveis tipos de oxidação do revestimento metálico, é a chamada


oxidação branca, resultado da reação do zinco com o oxigênio, formando óxido ou
hidróxido de zinco, que se apresenta sob a forma de um composto pulverulento de cor
esbranquiçada. Decorrente da umidade e temperatura durante o transporte ou o
Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 123

armazenamento, principalmente em peças armazenadas por longos períodos e ou


submetidas a repetidas formações de condensação (RIBAS, 2006).

Segundo Medeiros et al.(2014), algumas medidas podem ser tomadas para


evitar a corrosão como:

 As cantoneiras devem permitir o fluxo de ar, para secagem da


superfície;

 A estrutura deve possuir furos para drenagem, em locais onde haja


acúmulo de água;

 Caso seja possível, criar locais de acesso para realização de


manutenção;

 Não se devem deixar cavidades nas ligações soldadas;

 Isolar os metais um do outro com um isolante elétrico (dielétrico), por


exemplo;

 Se possível, realizar uma pintura protetora nos dois metais, ou pelo


menos sobre o metal mais nobre (de maior potencial de redução, ou
menor potencial de corrosão);

 Utilizar um metal de sacrifício na interface;

 O metal que tiver menor tamanho (por exemplo, parafuso) deve ser
de um material mais nobre do que o metal mais abundante.

Figura 70 - Oxidação do parafuso devido a infiltração

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 5 - Manifestações patológicas em fachadas em Chapas Delgadas 124

Para Medeiros et al.(2014) sempre existirá a possibilidade de corrosão


entre o contato de dois metais, como por exemplo, em ligações aparafusadas. Mas a
relação entre as áreas, é o que vai definir a probabilidade ou não do contato dos
metais, mesmo havendo a possibilidade de corrosão. A condição onde a corrosão tem
maior potencial é naquela em que a área exposta a ser corroída é significativamente
menor daquela área que corrói, como pode ser observado na Figura 71.

Figura 71 - Porca e arruela corroídas pelo contato com chumbador de inox e


cantoneira de alumínio

Fonte: Acervo Inovatec Consultores em Medeiros et al. (2014).

Castro (1999) recomenda algumas medidas preventivas, como o


armazenamento dos perfis de modo a serem protegidos contra a ação das
intempéries, de preferência sob uma construção coberta, seca e ventilada. Se
possível, os pacotes deverão ser dispostos com uma leve inclinação na direção
longitudinal para que, na eventualidade de cair água sobre estes, essa possa escoar
livremente. Nunca colocar cargas sobre os perfis e não estocar em contato direto com
o piso e as paredes. Além disso, os perfis que vierem embalados direto da fábrica,
deverão ser abertos nas extremidades para evitar a formação de condensação de
água. Não é recomendável a estocagem por mais de 60 dias.
Capítulo 6 - Método 125

6. MÉTODO

6.1. Estratégia de Pesquisa

Para atender ao objetivo da pesquisa optou-se pelo método do estudo de


caso proposto por Yin (2015), que visa “compreender fenômenos social complexos,
preservando as características holísticas e significativas dos eventos da vida real”. É
uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente
definidos.

Segundo Hartley (2004), o estudo de caso consiste em uma investigação


detalhada, muitas vezes com dados coletados ao longo de um período de tempo que
objetiva “fornecer uma análise do contexto e processos que iluminam as questões
teóricas que estão sendo estudadas”. O estudo de caso representa a estratégia ideal
para responder questões do tipo “como” e “por que”, e quando há pouco controle dos
eventos no contexto onde o fenômeno ocorre (YIN, 2015).

A investigação de estudo de caso baseia-se em várias fontes de


evidências, com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à
coleta de dados e à análise dos dados (YIN, 2015). Nesse sentido, o estudo de caso
não é nem uma tática para a coleta de dados, nem meramente uma característica de
planejamento em si (STOECKER, 1991), mas uma estratégia de pesquisa
abrangente. Existem quarto princípios básicos que norteiam a realização de um
estudo de caso e acarretam a maximização da validade do construto e confiabilidade
das evidências, quais sejam: uso de múltiplas fontes de evidências, criação de um
banco de dados, estabelecimento de encadeamento entre as evidências e cautela no
uso de dados oriundos de fontes eletrônicas (YIN, 2015).

O mesmo estudo de caso pode envolver mais de uma unidade de análise,


isso ocorre quando, dentro de um caso único, se dá atenção a uma subunidade ou a
várias subunidades. No caso de projeto de estudo de caso incorporado, as unidades
podem ser selecionadas através de amostragem ou técnicas de grupo. Em contraste,
se o estudo de caso examinar apenas a natureza global de um programa ou de uma
organização, é utilizado o projeto de estudo de caso holístico (YIN, 2015).

O mesmo estudo pode conter mais de um caso único, então quando isso
ocorre utiliza-se um projeto de casos múltiplos. No estudo de casos múltiplos cada
Capítulo 6 - Método 126

caso deve servir a um propósito específico dentro do escopo global da investigação,


seguindo a lógica da replicação, e não de amostragem. Ou seja, cada caso deve ser
cuidadosamente selecionado de forma a prever resultados semelhantes (uma
replicação literal), ou produzir resultados contrastantes apenas por razões previsíveis
(uma replicação teórica) (YIN, 2015).

A partir dos pontos levantados em relação ao método de estudo de caso é


possível observar o desenvolvimento da pesquisa dessa dissertação na Figura 72,
através do desenvolvimento de uma estrutura teórica para o estudo de caso baseado
no trabalho proposto por Yin (2015).

Figura 72 - Delineamento da pesquisa

Fonte: Adaptado de (YIN, 2015).

6.1.1. Formulação do problema

Etapa inicial da pesquisa, que decorre de um longo processo de reflexão e


de imersão em fontes bibliográficas adequadas. Primeiramente foi realizada uma
revisão bibliográfica sistemática relacionada ao sistema construtivo light steel framing,
Capítulo 6 - Método 127

fachada e patologia, em seguida a formulação da lacuna da pesquisa e com isso


descritas as questões e hipótese do trabalho.

6.1.2. Definição da unidade-caso

Os critérios de seleção das unidades-caso variam com os propósitos da


pesquisa. Assim, Stake, no trabalho de Denzin e Lincoln (2000), identifica três
modalidades de estudos de caso: intrínseco, instrumental e coletivo. Estudo de caso
intrínseco é aquele que o caso constitui o próprio objeto de pesquisa. Estudo de caso
instrumental é aquele que é desenvolvido pelo propósito de auxiliar no conhecimento
ou redefinição de determinado problema. Já o estudo de caso coletivo é aquele cujo
propósito é o de estudar características de uma população. Acredita-se que o presente
trabalho se enquadra num estudo de caso instrumental, no qual pretende-se conhecer
com profundidade o sistema de fachada em LSF e auxiliar no conhecimento de suas
patologias. Por isso, foi realizada uma imersão na revisão da literatura na qual foram
contextualizados os sistemas construtivos industrializados, realizando-se um histórico
sobre o sistema LSF, fachadas em chapas delgadas, seus elementos além das
principais manifestações patológicas já encontradas.

6.1.3. Determinação do número de casos

Neste trabalho será utilizado a pesquisa em múltiplos casos, para


proporcionar evidências inseridas em diferentes contextos, concorrendo para a
elaboração de uma pesquisa de melhor qualidade. Nesse caso, é requerida uma
metodologia mais apurada e com mais tempo para a coleta e análise dos dados, para
que assim possa ser replicada as mesmas questões em outros casos semelhantes.
Embora não se possa falar em número ideal de casos, costuma-se utilizar de quatro
a dez casos. “Com menos de dez casos, é pouco provável que gere uma teoria, pois
o contexto da pesquisa pode ser inconsistente, com mais de dez, fica muito difícil lidar
com a quantidade e complexidade das informações” (EISENHARDT, 1989).

Para essa etapa foi realizado um primeiro contato com algumas empresas
brasileiras que executam o sistema de fachadas em chapas delgadas estruturada em
light steel framing, para obtenção de estudos de caso e obtenção de informações de
projeto e execução, além das principais dificuldades e condicionantes na prática.
Desses contatos, observou–se que em sua grande maioria o sistema de fechamento
Capítulo 6 - Método 128

de fachadas é realizado com placa cimentícia, por isso optou-se pelo estudo das
principais manifestações patológicas encontradas com esse tipo de fechamento.

Foram realizados seis estudos de caso em edificações nas regiões sul e


sudeste do país. No intuito de preservar a identidade das empresas e de suas
construções foi optado por caracterizar os estudos por regiões e informações
climáticas, ao invés de identificar as cidades que eles se encontram.

6.1.4. Elaboração do protocolo

Após a definição de unidades de caso, é recomendado a elaboração do


protocolo da pesquisa, que se constitui no documento que não apenas, contém o
instrumento de coleta de dados, mas também define a conduta a ser adotada para
sua aplicação. O protocolo consiste em uma das melhores formas de aumentar a
confiabilidade do estudo de caso, e a elaboração torna-se mais importante nas
pesquisas que envolvem múltiplos casos (GIL, 2017).

No trabalho de Yin (2015), é proposto algumas seções sobre o protocolo


como: visão global do projeto (propósitos e cenários em que será desenvolvido o
estudo de caso), procedimentos de campo (acesso às organizações, material e
informações gerais), determinação das questões (lembranças acerca das informações
coletadas) e guia para a elaboração do relatório.

Para essa dissertação o protocolo foi realizado através da metodologia de


visita técnica e mapeamento das manifestações patológicas. Os dados recolhidos em
campo foram baseados através da classificação das manifestações patológicas em
torno de regiões com maior probabilidade de incidência, como pode ser observado na
Figura 73, com as 8 regiões apontadas no trabalho de Antunes (2010).

(1) próximo ao nível do solo (caso haja contato com o mesmo), (2) sobre
paredes contínuas, (3) em torno de aberturas (janelas, portas, elementos vazados,
etc.), (4) no topo (platibanda e beirais), (5) em sacadas ou varandas, (6) nos cantos e
extremidades, (7) acerca das juntas (movimentação, estrutural, etc.), (8) na transição
entre pavimentos.

Pelo sistema LSF ser mais caracterizado pelas placas cimentícias, na


região (7) acerca de juntas, neste trabalho foi considerando também as juntas entre
painéis e juntas entre placas cimentícias.
Capítulo 6 - Método 129

Figura 73 - Representação esquemática das regiões de análise tipo numa


fachada

Fonte: Antunes (2010) modificado de Gaspar e Brito (2005).

6.1.5. Coleta de dados

No intuito de sistematizar as manifestações patológicas incidentes em


fachadas em chapas delgadas estruturadas em light steel framing de uma forma
prática e objetiva, foi utilizada uma metodologia que teve como objetivo associar as
manifestações patológicas com as regiões de incidência e correlacionar os danos as
suas prováveis causas.

Proposta por Antunes (2010) e Gaspar e Brito (2005), esta metodologia foi
adotada devido a possibilidade de aplicação em diferentes tipos de edifícios, seja em
sua altura, tipo de construção, idade ou projeto arquitetônico, e mesmo assim,
conseguir estabelecer comparações entre eles. A diferença é que para o modelo
proposto pelos autores a fachada era com revestimento cerâmico e neste trabalho as
fachadas são estruturadas em LSF com fechamento em placa cimentícia. A seguir é
apresentada a Figura 74 para melhor demostrar a metodologia.
Capítulo 6 - Método 130

Figura 74 - Fluxograma da metodologia da coleta de dados dos estudos de


casos

Fonte: Adaptado de Antunes (2010).

Coleta de dados - No primeiro momento foram realizadas visitas para


coletar as informações preliminares, como as informações do edifício, localização,
idade, e tipo de construção, foi seguido um roteiro de coleta de dados nos estudos de
caso apresentado no Apêndice A – . Os dados basearem-se na: análise de
documentação, inspeção visual, identificação das manifestações patológicas e
respectivos mecanismos e mapeamento da fachada nas 8 regiões propostas na
Figura 73.

Visita e coleta de informações preliminares - Os danos foram


considerados através dos relatórios de inspeção, desempenho da fachada e de seus
componentes, relatórios de qualidade, identificação da ocorrência de problemas na
etapa de execução e prováveis causas destes problemas.
Capítulo 6 - Método 131

Nessa pesquisa foram realizados 6 estudos de caso, utilizando em todos


os casos a metodologia de visita técnica e levantamento das manifestações
patológicas, para melhor entendimento do que realmente acontece na prática. Na
vistoria foram coletadas as informações da edificação, como idade, número de
pavimentos, tipo de uso, sistema construtivo da estrutura, material utilizado no
acabamento da fachada, e elaboração do relatório fotográfico.

Os estudos de casos realizados estão localizados na região sul e sudeste


do país, devido as regiões abrangerem grande parte dos fornecedores e construtores,
e das edificações em fachadas de LSF no Brasil. Além disso características quanto as
regiões também foram verificadas, como as condições climáticas, umidade relativa do
ar, índice pluviométrico, variações térmicas e insolação.

6.1.6. Tratamento dos dados

Neste momento foi feita a análise e organização dos dados. De acordo com
os relatórios, fotos e entrevistas com os especialistas, foi possível identificar as falhas
e os danos ocasionados em execução ou após a sua entrega. Para cada caso as
manifestações patológicas foram caracterizadas em níveis de degradação com valor
atribuído baseado na metodologia proposta por Gaspar e Brito (2005).

Segundo os autores esses níveis podem variar de 0 (sem degradação) a 4


(elevado nível de degradação), conforme o Quadro 12 e Quadro 13. Para os autores
o nível 3 é considerado como desempenho mínimo aceito. Esse comparativo será
realizado com todos os estudos e apresentado no capítulo de discussão.

Quadro 12 - Nível de degradação dos revestimentos de fachada (continua)

Nível Manifestações Patológica Intervenção

Nível 0 – Melhor Degradação não detectável visualmente Não requer intervenção


condição

Nível 1 – Boa Manchas na superfície Acesso visual


condição

Nível 2 – Fissuração Limpeza da superfície


Degradação suave (escovação e lavagem)
Presença localizada de bolor
Possível infiltração de água ou sinais suaves
de eflorescência
Baixa umidade e manchas por umidade
Fonte: Adaptado de Gaspar e Brito (2005).
Capítulo 6 - Método 132

Quadro 13 - Nível de degradação dos revestimentos de fachada (continuação)

Nível 3 – Fissuração localizada Reparo e proteção


Degradação externa
Cantos ou bordas danificadas
Infiltrações localizadas
Eflorescências
Superfície danificada
Desalinhamento da fachada
Oxidação localizada
Estufamento das placas

Nível 4 – Pior Fissuração intensa Substituição parcial ou


degradação completa
Descolamento ou degradação da superfície
Infiltração intensa e superfície danificada
Elementos de aço quebrados ou corroídos
Perda de aderência entre camadas
Destacamento da parede
Oxidação e corrosão intensa
Comprometimento estrutural
Fonte: Adaptado de Gaspar e Brito (2005).

Após a análise conjunta dos resultados obtidos na coleta de dados e


caracterização do nível de degradação, foi realizada uma avaliação da degradação
das manifestações patológicas que surgiram e de suas principais causas, de acordo
com as regiões da Figura 73.

6.1.7. Diagnóstico

Para a realização do diagnóstico foram elaboradas matrizes de correlação,


onde são apresentadas as correlações das manifestações patológicas às suas causas
mais prováveis, à outras manifestações patológicas, e as técnicas necessárias de
reparos.

O diagnóstico estima a origem dos problemas, resguardando-se das


análises das manifestações patológicas com base nas regiões de ocorrência ao longo
da fachada, e baseando-se nos mecanismos de ocorrência das mesmas. Utilizando-
se de uma ferramenta de apoio à inspeção e diagnósticos de falhas e anomalias, foi
tomado como base o esquema proposto por Silvestre e Brito (2008).

Baseado no trabalho de Silvestre e Brito (2008), no primeiro momento


foram levantadas as anomalias ou manifestações patológicas de fachadas em chapas
Capítulo 6 - Método 133

delgadas estruturadas em LSF, apresentado no Quadro 14, divididas em sete


categorias.

Quadro 14 - Classificação das manifestações patológicas na fachada

D.s – Descolamento do sistema de fachada


D.s1 Desplacamento da placa cimentícia
D.s2 Desprendimento do basecoat
D.s3 Descolamento do acabamento
F.s – Fissuração na camada exterior e interior
F.s1 Fissuração na parte interna proveniente da parte externa
F.s2 Fissuração nas juntas de dilatação
F.s3 Fissuração nas zonas de concentração de tensões
Dt.l – Deterioração da placa cimentícia ou do basecoat
Dt.l1 Perda de material/ Descolamento
Dt.l2 Eflorescência
Dt.j – Deterioração das juntas
Dt.j1 Infiltração
Dt.j2 Perda de material/ descolamento
Dt.j3 Estufamento de material
E.s – Manifestações patológicas estéticas
E.s1 Deficiência de planeza ou existência de irregularidade na superfície
E.s2 Formação de manchas nas juntas das placas cimentícias
E.s3 Microfissuras
O.s – Oxidação
O.s1 Oxidação do perfil
O.s2 Oxidação do parafuso
T.s – Manifestações patológicas estruturais
T.s1 Corte do perfil
T.s2 Perda do desempenho estrutural
Fonte: Adaptado de Silvestre e Brito (2008).

No segundo momento são levantadas a partir da revisão bibliográfica, as


prováveis causas dessas manifestações patológicas em fachadas em chapas
delgadas estruturadas em LSF e apresentadas nos Quadro 15 e Quadro 16, divididas
em 4 categorias.

E por fim, a partir da identificação das manifestações patológicas e suas


prováveis causas, são sugeridas algumas técnicas de reparo, prevenção e
manutenção dessas patologias. No Quadro 17 são apresentadas as técnicas
separadas pelas principais partes do sistema.
Capítulo 6 - Método 134

Quadro 15 - Classificação das prováveis causas das manifestações


patológicas na fachada (continua)

C-A Causas associadas na concepção do projeto (Congênita)

C-A1 Falta de detalhamento do modo a ser executado


C-A2 Falha de detalhamento nas ferramentas a serem utilizadas
C-A3 Falta do sequenciamento de montagem
C-A4 Falta de compatibilização integrada entre projetos
C-A5 Incompatibilidade de projeto com o sistema LSF
C-A6 Falta da norma de LSF no Brasil
C-A7 Inexistência de projetos específicos para cada sistema
C-A8 Material de baixa qualidade
C-A9 Mal dimensionamento da estrutura para o transporte de painéis
C-A10 Falta de detalhamento da interface LSF com concreto/ aço pesado
C-A11 Falta de enrijecedores no projeto
C-A12 Falta de previsão de juntas de dilatação
C-B Causas associadas durante a execução (Executiva)

C-B1 Uso de materiais em desacordo com as recomendações dos fabricantes


C-B2 Execução em desacordo com as recomendações em projeto
C-B3 Espaçamento incorreto entre parafusos
C-B4 Utilização de parafusos incorretos
C-B5 Fixação incorreta
C-B6 Falta de isolamento entre o solo e os perfis
C-B7 Ausência de contraventamento
C-B8 Falta de instalação de enrijecedores
C-B9 Instalação de placas cimentícias com juntas alinhadas
C-B10 Instalação de placas OSB com juntas alinhadas
C-B11 Corte de OSB e a não impermeabilização das bordas
C-B12 Falha técnica na execução dos tratamentos de juntas
C-C Causas associadas a utilização e manutenção (Adquirida)

C-C1 Exposição do sol


C-C2 Emissões gasosas
C-C3 Condensação do vapor de ar
C-C4 Umidade
C-C5 Variação de umidade
C-C6 Vibração
C-C7 Acomodação do solo
C-C8 Precipitação de chuva
C-C9 Variação da temperatura
C-C10 Falta de manutenção por parte do usuário
Fonte: Adaptado de Silvestre e Brito (2008).
Capítulo 6 - Método 135

Quadro 16 - Classificação das prováveis causas das manifestações


patológicas na fachada (continuação)

C-D Causas provenientes de esforços de natureza excepcional (Acidental)

C-D1 Ação da chuva com ventos de intensidade superior ao normal


C-D2 Recalque do solo
C-D3 Incêndio
C-D4 Terremotos
C-D5 Condições climatológicas extremas
C-D6 Choque térmico
C-D7 Cargas excessivas
Fonte: Adaptado de Silvestre e Brito (2008).

Quadro 17 - Lista de técnicas de reparo (rc), preventivas (rp) e trabalhos de


manutenção (m)

R-A Superfície da fachada


R-A1 Limpeza da superfície (rc)
R-A2 Aplicação de protetor na superfície (rp)
R-B Basecoat
R-B1 Substituição do substrato (rc)
R-B2 Reforço da camada de assentamento em zonas localizadas (rp)
R-C Juntas
R-C1 Substituição do tratamento de juntas (rc/m)
R-C2 Aplicação do primer para maior aderência (rp)
R-D Placa cimentícia
R-D1 Substituição da placa cimentícia (rc)
R-D2 Reparo dos pontos singulares de entrada de água (rc)
R-D3 Aplicação de novas placas sobre as existentes (rc)
R-D4 Proteção de cantos salientes (rp)
R-E Suporte
R-E1 Reforço na quantidade de parafusos (rc)
R-E2 Instalação de enrijecedores (rc/rp)
Fonte: Adaptado de Silvestre e Brito (2008).

Após a obtenção dos dados e sua tabulação, chega-se na etapa de


elaboração de matrizes de correlação, uma ferramenta muito útil ao inspetor porque
além de fornecer dados e características do sistema, também indica sobre a forma de
proceder quando detectada uma determinada manifestação patológica. Ela pode ser
utilizada também como uma forma de análise dos dados das manifestações
patológicas e possíveis soluções e prevenções:
Capítulo 6 - Método 136

 Matriz de correlação manifestações patológicas/ causas prováveis;

 Matriz de correlação Inter manifestações patológicas;

 Matriz de correlação manifestações patológicas/ técnicas de reparo.

Segundo a metodologia de Silvestre e Brito (2008), o preenchimento das


matrizes é realizado de acordo com o grau de correlação entre os dados relacionados,
essa relação é inscrita pela representação de um número, conforme os seguintes
critério:

0 – Sem relação;

1 – Pequena relação,

2 – Grande relação.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 137

7. ESTUDO DE CASO

Neste capítulo serão descritas as particularidades de cada um dos


estudados de caso. Neste trabalho foram selecionados alguns casos nas cidades da
região sul e sudeste do país, devido a sua importância social e econômica, além do
predomínio de empresas e construções nessas regiões.

7.1. Caracterização dos Estudos de Caso

Para preservação das empresas e das construções dos estudos de caso,


foi optado pela não divulgação do nome das cidades. Assim, para caracterização das
mesmas, utilizou-se da descrição histórica e tipificação das condições climáticas das
cidades.

A caracterização das condições climáticas naturais foi realizada devido a


sua grande importância no entendimento das manifestações patológicas, pois os
produtos de fibrocimento sofrem mudanças físicas e químicas quando expostos a
intempéries, como a umidade do ar, da temperatura, das correntes de vento e da
ocorrência de precipitações, podendo gerar tensões sobre as juntas e o corpo da placa
cimentícia, por exemplo, comprometendo assim o seu desempenho durante sua vida
útil.

7.1.1. Estudo de caso 1

Abordagem histórica e apresentação da cidade

Com um grande parque industrial a cidade do estudo de caso 1 possui


quase 350 mil habitantes. Para um melhor entendimento da estética da cidade do
estudo de caso 1, pode-se dizer que no final do século XIX, era predominante uma
arquitetura eclética, com casas de madeira e de tijolo. Nessa época emerge como
uma cidade de produção da agricultura colonial, com métodos de produção trazidos
pelos imigrantes (colonos). A partir do século XX, tornou-se cidade ferroviária (até os
anos 1980), desenvolvendo também uma industrialização incipiente, na época houve
uma modernização através de transformações de fachadas ecléticas para fachadas
no estilo art déco9.

9
Termo de origem francesa que refere-se a um estilo de artes visuais,
arquitetura e design internacional que começou na Europa no começo do século XX.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 138

A partir dos anos 1970, quando a indústria passou a se localizar no Distrito


Industrial, o centro urbano ganhou novo impulso através do seu comércio e serviços.
A arquitetura de madeira predominante nos anos 1950 ganhou um visual mais
“moderno” com alvenaria e tetos diferenciados.

Condições climáticas da cidade de estudo

Na NBR 15220-3 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,


2005) consta o zoneamento bioclimático do território brasileiro, onde apresenta a
relação de 330 cidades cujos climas foram classificados, segundo os parâmetros e
condições de conforto para tamanho e proteção de aberturas (janelas), vedações
externas (paredes e coberturas) e estratégias de condicionamento térmico passivo.
Na Figura 75, pode-se observar as 8 zonas bioclimáticas.

Figura 75 – Mapa do Zoneamento Bioclimático Brasileiro

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005).

O estudo de caso 1 se enquadra na Zona 2 (Figura 76), as recomendações


construtivas são o uso de aberturas com dimensões médias, sombreamento nas
aberturas de forma a permitir o sol do inverno. As paredes e coberturas com materiais
de inércia térmica leve e utilizar isolamento térmico nas coberturas.

As estratégias de condicionamento térmico passivo na estação do verão é


de ventilação cruzada e no inverno são o uso de aquecimento solar, com materiais de
grande inercia térmica nas vedações internas. A norma especifica que apenas o
Capítulo 7 - Estudo de Caso 139

condicionamento passivo não é suficiente nos períodos mais frios do ano (ABNT,
2005).

Figura 76 - Zona Bioclimática 2

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005).

A cidade possui um clima subtropical úmido, sendo no verão


moderadamente quente e no inverno relativamente frio na maior parte do município,
não possuindo uma considerável amplitude térmica anual. Com umidade relativa de
76,7% (Gráfico 1), podendo chegar a 72,8% em agosto. Precipitação anual acumulada
de 1517,1mm. Temperatura mínima recorde de -5,7 ºC em julho e temperatura
máxima recorde de 34,1ºC em fevereiro. Temperatura médica compensada de 17,8ºC
(Gráfico 2) e insolação total anual de 2217,6 horas (Gráfico 3).

Gráfico 1 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudo de caso 1

Fonte: INMET (2017).


Capítulo 7 - Estudo de Caso 140

Gráfico 2 - Temperatura Média (ºC) Estudo de caso 1

Fonte: INMET (2017).

Gráfico 3 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudo de caso 1

Fonte: INMET (2017).

7.1.2. Estudo de caso 2

Abordagem histórica e apresentação da cidade

Cidade de médio porte, desenvolvida e de grande importância no processo


de produção industrial nacional. Localizada regionalmente em um ponto estratégico,
não somente em termos geográficos, mas também em relação aos eixos viários e de
ligação que a atendem. Com uma população de aproximadamente 670 mil habitantes
(IBGE, 2018), a cidade é considerada uma das mais sustentáveis do Brasil.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 141

Condições climáticas da cidade de estudo

O estudo de caso 2 se enquadra na Zona 3 (Figura 77), as recomendações


construtivas são o uso de aberturas com dimensões médias, sombreamento nas
aberturas de forma a permitir o sol do inverno. As paredes e coberturas com materiais
de inércia térmica leve e utilizar isolamento térmico nas coberturas. As estratégias
bioclimáticas são o uso de aquecimento solar com materiais de grande inercia térmica
nas vedações internas. A norma adverte que apenas o condicionamento passivo não
será suficiente nos períodos mais frios do ano. E ainda inclui a necessidade de
ventilação cruzada no verão e o uso de paredes externas leves e refletoras a radiação
solar.

Figura 77 - Zona Bioclimática 3

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005).

Com umidade relativa de 73,4% (Gráfico 4), chegando a média de 69,3%


em agosto. Precipitação anual acumulada de 1330,4mm. Temperatura mínima
recorde de 1ºC em julho e temperatura máxima recorde de 38,2ºC em fevereiro.
Temperatura média compensada de 20,8ºC (Gráfico 5) e insolação total anual de 2100
horas.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 142

Gráfico 4 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudo de caso 2

Fonte: INMET (2017).

Gráfico 5 - Temperatura Média (ºC) Estudo de caso 2

Fonte: INMET (2017).

7.1.3. Estudos de caso 3, 4 e 5

Abordagem histórica e apresentação da cidade

A cidade é mundialmente conhecida e exerce significativa influência


nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Na
década de 1950 com o aumento expressivo do número de habitantes, o prefeito da
época deu início ao um novo plano diretor, que começou a ser colocado em prática
em 1960, onde muitas demolições foram feitas, transformando o perfil da cidade. A
verticalização foi iniciada a partir dos anos 80 e a cidade ganhou ares de metrópole.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 143

Condições climáticas da cidade dos estudos

Em relação à zona bioclimática, os estudos de caso 3, 4 e 5 também se


enquadram na Zona 3 (Figura 77), sendo as mesmas recomendações do estudo de
caso 2. Com umidade relativa de 72,2% (Gráfico 6), podendo chegar a média mensal
de 64,5% em agosto. Precipitação anual acumulada de 1463,7mm. Temperatura
mínima recorde de 3,1ºC em julho e temperatura máxima recorde de 37,4ºC em
fevereiro. Temperatura médica compensada de 21,1ºC (Gráfico 7) e insolação total
anual de 2569,3 horas (Gráfico 8).

Gráfico 6 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudos de caso 3, 4 e 5

Fonte: INMET (2017).

Gráfico 7 - Temperatura Média (ºC) Estudos de caso 3, 4 e 5

Fonte: INMET (2017).


Capítulo 7 - Estudo de Caso 144

Gráfico 8 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudos de caso 3, 4


e5

Fonte: INMET (2017).

7.1.4. Estudo de caso 6

Abordagem histórica e apresentação da cidade

O estudo de caso 6 se encontra num pequeno município com pouco mais


de 50 mil habitantes. Nele se destaca a siderurgia e laminação, fabricação de peças
para máquinas agrícolas, de fabricação de calçados, e de óleo comestível. Fazem
parte da economia também as usinas de açúcar e álcool, além disso o comércio é
marcado pela variedade de atividades, tornando-se um ponto de referência para a
região.

Condições climáticas da cidade de estudo

O estudo de caso 6 se enquadra na Zona 4 (Figura 78), as recomendações


construtivas são o uso de aberturas com dimensões médias e sombreamento nas
aberturas. As coberturas com materiais de inércia térmica leve e paredes com
vedações externas pesadas. As estratégias bioclimáticas são de resfriamento
evaporativo e massa térmica para resfriamento, além de ventilação seletiva no verão
e o uso de aquecimento solar com materiais de grande inercia térmica nas vedações
internas no inverno. A norma adverte que apenas o condicionamento passivo não será
suficiente nos períodos mais frios do ano.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 145

Figura 78 - Zona Bioclimática 4

Fonte: NBR 15220-3 (ABNT, 2005).

Com clima tropical semi-úmido, umidade relativa de 69% (Gráfico 9),


podendo chegar a média mensal de 55% em agosto. Precipitação anual acumulada
de 1642,9mm. Temperatura mínima recorde de 0ºC em julho e temperatura máxima
de 37,8ºC em março. Temperatura médica compensada de 20,5ºC (Gráfico 10), e
insolação total anual de 2569,3 horas (Gráfico 11).

Gráfico 9 - Comparativo Umidade Relativa (%) Estudos de caso 6

Fonte: INMET (2017).


Capítulo 7 - Estudo de Caso 146

Gráfico 10 - Temperatura Média (ºC) Estudos de caso 6

Fonte: INMET (2017).

Gráfico 11 - Comparativo Insolação Total (hora e décimos) Estudos de caso 6

Fonte: INMET (2017).

7.2. Dados de identificação, utilização e sistema construtivo

Os edifícios selecionados possuem dois tipos de sistemas construtivos,


estrutura de concreto ou estrutura em light steel framing, os fechamentos são em placa
cimentícia com tratamento de juntas e em alguns casos aplicação do basecoat. O
acabamento também diferencia de um caso para outro, encontrando tanto a pintura
com textura, como utilização de outros materiais, como telha metálica e revestimento
cerâmico.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 147

No Quadro 18 abaixo, pode ser encontrada as principais informações dos


estudos de casos, para melhor entendimento de suas características e utilizações.

Quadro 18 - Definições das características dos estudos de caso

Tipo de uso Tipo de


Estudo de Ano de Número de Sistema Área total de
da fechamento
caso conclusão pavimentos Estrutural fachada
edificação externo
Placa
1 Comercial 2015 7 Concreto 3000m²
cimentícia
Placa
2 Comercial 2017 2 Concreto 320m²
cimentícia
Placa
3 Comercial 2015 3 LSF 1500m²
cimentícia
Placa
4 Residencial 2017 3 LSF 437m²
cimentícia
Placa
5 Comercial 2014 2 LSF 1320m²
cimentícia
Placa
6 Residencial 2018 2 LSF 100m²
cimentícia
Fonte: Autoria própria.

7.3. Coleta de dados

Após a caracterização das cidades, como histórico, população e clima, e


descrição das principais informações dos estudos de caso, serão apresentados os
resultados referentes a coleta de dados desses estudos de casos. Foi optado pela
apresentação individual de cada estudo de caso, devido à peculiaridade de cada
edifício e tipologia diversificada.

7.3.1. Estudo de Caso 1

Durante a análise dos resultados do estudo de caso 1, pode-se perceber


que houve uma falha no não atendimento da utilização da fita adesiva, “flashing”, nos
vértices das aberturas das janelas, item de extrema importância, pois atua como
barreira contra a penetração da água e garante a vedação e estanqueidade da
estrutura, conforme Figura 79.

Outra irregularidade foi encontrada no tratamento de juntas, onde não


foram seguidas as recomendações do fabricante em algumas placas cimentícias no
período da montagem, e além disso algumas juntas de dilatação estavam superiores
a 3mm, como pode ser observado na Figura 80.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 148

Figura 79 - Vão das janelas sem instalação do flashing

Fonte: Acervo da autora.

Figura 80 - Juntas de dilatação em desacordo

Fonte: Acervo da autora.

Uma das desvantagens do método embutido é a de não poder corrigir o


possível desalinhamento da fachada, mas neste caso ainda houve um agravante
devido à falta de alinhamento e prumo entre os painéis, o que ocasionou desnível
entre pavimentos e ainda mais o desalinhamento na fachada, o qual pode ser
perfeitamente verificáveis dos pavimentos superiores (Figura 81). Além disso, ainda
não foi colocada a manta asfáltica e banda acústica entre os painéis e o piso dos
pavimentos (Figura 82), e esse contato direto aço-concreto, foi ponto para ocasionar
a oxidação e corrosão dos perfis.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 149

Figura 81 - Desalinhamento da fachada

Fonte: Acervo da autora.

Figura 82 - Falta de manta asfáltica entre aço e concreto

Fonte: Acervo da autora.

Um dos principais erros ocorridos nesta edificação foi na região das


aberturas de janelas. Em alguns casos foi encontrado divergência nas medidas das
aberturas em relação as esquadrias, onde a medida da altura da abertura era superior
a 1,21m (Figura 83). Nestes casos, as esquadrias que eram menores do que o vão,
tiveram que ser adaptadas nas aberturas das janelas com a colocação de filetes de
placa cimentícia (parte externa) e filete de gesso acartonado (parte interna) para
fechamento total do vão.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 150

Figura 83 - Abertura do vão de janela maior do que tamanho da esquadria

Fonte: Acervo da autora.

Devido a diversos fatores, como exposição das intempéries, como chuva e


vento, dilatação térmica das placas cimentícias e falta da instalação do flashing, com
o passar do tempo, começaram-se aparecer inúmeros focos de infiltração nas janelas
(Figura 84).

Figura 84 - Infiltração nas janelas

Fonte: Acervo da autora.

Infelizmente como a estanqueidade não pode ser garantida nessa região,


a água que infiltrou para parte de dentro do edifício (Figura 85), somada com a
paginação errada das placas também de gesso acartonado acarretou na manifestação
de trincas contornando as placas na região abaixo das esquadrias (Figura 86).
Capítulo 7 - Estudo de Caso 151

Figura 85 - Infiltração na parte interna da janela

Fonte: Acervo da autora.

Figura 86 - Formação de trinca devido ao posicionamento errado das placas

Fonte: Acervo da autora.

7.3.2. Estudo de caso 2

Durante a vistoria no estudo do caso 2, pode ser observado inúmeras


irregularidades, desde erros de projeto até erros de execução. Nesta obra foi utilizado
o método de painéis, mas nos requadros realizados em fábrica, apresentaram trincas
no encontro das placas (Figura 87).

Além disso, a placa de OSB dos painéis onde havia contato com o chão
estava sem o espaçamento conforme norma do fabricante e a membrana estava com
“rasgos”, aumentando ainda mais o risco de patologias futuras. Foi verificado também
Capítulo 7 - Estudo de Caso 152

que nos painéis, em alguns casos haviam trincas nos requadros, no encontro das
placas cimentícias (Figura 88).

Figura 87 - Trincas no requadro do Figura 88 – Formação de trinca na


painel quina da parede

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Na Figura 89, observa-se cortes nos painéis externos de maneira e com


ferramentas incorretas, prejudicando a estanqueidade e a integridade dos materiais,
além do acabamento final do produto. Já na Figura 90, verifica-se a exposição dos
materiais internos do painel sem os devidos cuidados para a reconstituição do mesmo.

Figura 89 - Corte incorreto Figura 90 - Exposição de materiais

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 153

Nas juntas entre os painéis foi utilizado um produto onde a recomendação


de espessura era de 6mm, mas durante algumas vistorias foi possível ver na obra as
juntas superiores a 32mm (Figura 91). Foi verificado que o motivo das juntas estarem
superiores as recomendações (Figura 92), foi o fato de que o detalhamento
apresentado pelo projeto estava incorreto.

Figura 91 - Juntas acima do Figura 92 - Juntas espessas devido


recomendado pelo fabricante ao detalhamento incorreto de projeto

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Na obra foi descoberto que o terceirizado de instalações realizou furos nos


painéis (Figura 93), corte nos perfis (Figura 94) e no contraventamento (Figura 95) e
não fez os devidos tratamentos para correção. Erros de patologia como esses, se não
corrigida a tempo e não tomada as medidas para correção, caracteriza perda de
garantia estrutural por parte do projeto, pois coloca em risco a instabilidade da
estrutura. Além disso, o terceirizado danificou a camada de revestimento do painel
(Figura 96 e Figura 97), criando-se um ponto de absorção de umidade para o interior
do painel.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 154

Figura 93 - Corte indevido da Figura 94 - Corte indevido do


fachada montante

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Figura 95 – Corte no Figura 96 - Dano na camada de


contraventamento revestimento

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 155

Figura 97 - Estanqueidade comprometida

Fonte: Acervo da autora.

Outro ponto agravante que foi visto em obra, foi em relação ao prumo e aos
esquadro dos painéis que podem ser visto na Figura 98 e Figura 99, pontos que
deveriam ter sido acompanhados antes da execução das paredes, mas que devido à
falta de inspeção e qualidade dos montadores, ocasionaram nessas falhas.

Figura 98 - Falta de prumo Figura 99 - Falta de esquadro

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Em algumas das aberturas de janelas o basecoat foi executado de maneira


incorreta gerando trincas (Figura 100). Em alguns casos mais graves o acabamento
foi comprometido, pois estavam passando uma grossa camada de massa por cima de
uma camada já existente, gerando assim imperfeições para realizar o acabamento
Capítulo 7 - Estudo de Caso 156

final da fachada (Figura 101). E na Figura 102, pode ser observado o tratamento no
encontro de painéis, que devido à má execução, após a cura teve-se o basecoat
trincado, gerando um ponto de infiltrações no painel.

Figura 100 – Trinca no basecoat Figura 101 - Acabamento mal executado

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Figura 102 - Tratamento de juntas sobre basecoat danificado

Fonte: Acervo da autora.

Foi constatado que em alguns pontos, não foi respeitada a orientação do


fabricante, quanto a instalação da tela no tratamento de juntas (Figura 103). Ou então,
a tela não foi bem selada, utilizando-se a massa de tratamento incorreto no requadro
das janelas (Figura 104). Nesta mesma figura é possível observar outro ponto
Capítulo 7 - Estudo de Caso 157

incorreto, onde a montagem das placas cimentícias foi realizada no mesmo


alinhamento das esquadrias, sendo que o correto é fazer o corte em “C”, conforme a
Figura 27.

Figura 103 – Falta de tela no Figura 104 – Requadro da janela mal


tratamento de juntas executado

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Os painéis foram locados fora de prumo e com ressalto, gerando falhas no


sistema de encaixe de painéis, além do painel da platibanda estar locado com 4 cm
fora do prumo (Figura 105). Neste local também pode ser observado o corte incorreto
de placa cimentícias (Figura 106), gerando falhas no tratamento de juntas, que se
caracteriza como um possível ponto de manifestação patológica.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 158

Figura 105 - Platibanda fora de Figura 106 - Corte incorreto das placas
prumo cimentícias

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

7.3.3. Estudo de caso 3

Durante a visita na edificação do estudo de caso 3, puderam ser verificados


alguns pontos de infiltração e trincas pelo edifício. No relatório de vistoria de
manutenção foi identificado na fachada na região da platibanda, que os pontos que
tem contato constante com água, estão sofrendo um processo acelerado de
degradação. O que tem gerado grandes manifestações patológicas como:
estufamento de placas (Figura 107), desplacamento, trincas nas juntas (Figura 108),
e umidade prolongada, gerando mofo (Figura 109).

Figura 107 - Estufamento e trinca das placas cimentícias

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 159

Figura 108 - Trinca nas juntas das placas

Fonte: Acervo da autora.

Figura 109 - Manchas devido a umidade

Fonte: Acervo da autora.

O mesmo cenário pode ser observado alguns pontos na fachada externa.


É possível identificar nas placas que possuem o revestimento cerâmico está havendo
o desplacamento das peças cerâmicas (Figura 110) e com manchas de umidade
(Figura 111) quando em vistoria no local. Devido a esses problemas, as placas
cimentícias (na parte externa) e placas de gesso acartonado (na parte interna) estão
comprometidas.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 160

Figura 110 - Desplacamento de peças cerâmicas

Fonte: Acervo da autora.

Figura 111 - Machas de umidade

Fonte: Acervo da autora.

Da mesma forma como encontrado na platibanda, o tratamento de juntas


das placas cimentícias foi ineficiente, o que ocasionou muitas manifestações
patológicas nessa região (Figura 112), acarretando não apenas em seu aspecto
visual, mas comprometendo sua estanqueidade.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 161

Figura 112 - Infiltração nas juntas das placas

Fonte: Acervo da autora.

A justificativa do porquê dessa manifestação patológica, é devido que a


tecnologia do tratamento de juntas das placas cimentícias adotadas na época, no que
diz respeito à resistência às tensões hidrotérmicas, não eram tão eficientes como as
soluções hoje disponíveis no mercado. Diante disso, foi sugerido pelo mesmo
fornecedor que fez o revestimento original do edifício, que fizessem a substituição
parcial ou total das placas e um novo tratamento nas juntas.

Outro problema identificado na fachada externa foi em relação a uma


grande trinca encontrada em um dos lados do edifício, como mostra na Figura 113, a
justificativa do responsável pela manutenção da edificação, é que essa manifestação
patológica apareceu devido a sua base, onde por trás existe uma interface entre
estrutura de concreto e o sistema light steel framing.

Figura 113 - Trinca na fachada externa

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 162

7.3.4. Estudo de caso 4

No estudo de caso 4, foi utilizado o método de montagem painelizado, onde


toda montagem do painel, incluindo os perfis (montantes, guias), placas cimentícias,
OSB, placa de gesso acartonado, instalação de lã mineral, e possíveis instalações
hidráulicas e elétricas já foram montadas em fábrica e levadas para instalação do
painel completo na obra.

Um dos erros nessa obra, foi a da instalação alinhada das placas


cimentícias e OSB no encontro dos painéis (Figura 114). Uma vez que a
recomendação para fachadas com junta invisível é que as placas cimentícias sempre
estejam defasadas conforme Figura 28. E por essa razão, como no encontro dos
painéis não houve esse desalinhamento das placas tanto cimentícias como de OSB,
na Figura 115, é possível observar a marcação da divisa desses painéis, mesmo após
o acabamento final. Uma solução para este caso seria a colocação de juntas de
dilatação ou frisos entre os pavimentos, para que essa divisão não ficasse tão
marcada.

Figura 114 - Ligação dos painéis Figura 115 - Marcação da divisa dos
durante a execução. painéis após acabamento final.

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

Um outro ponto observado durante a vistoria no edifício, foi em relação a


fissuração dos peitoris, utilizadas como pingadeira na região da abertura da janela.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 163

Acredita-se que devido a movimentação térmica tanto do aço, como da placa


cimentícia, aliada com a exposição do peitoril no sol, podem ter gerado microfissuras
(Figura 116) na rocha, que com o passar do tempo foram aumentando, chegando a
facilitar a entrada de água para o interior do apartamento (Figura 117).

Figura 116 - Trinca no peitoril da Figura 117 - Trinca no peitoril e


janela na parte externa infiltração na parte interna.

Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

7.3.5. Estudo de caso 5

No estudo de caso 5, houve um problema de locação da parede curva em


uma parte do raio da curvatura externa. E ainda foi constatado que, as placas
cimentícias nessa parede curva foram instaladas fora de alinhamento e planicidade, e
além disso o tratamento das juntas das placas foi realizado com acabamento
inapropriado, conferindo ressaltos e irregularidades nas fachadas conforme Figura
118. Assim como nas paredes curvas, na Figura 119, as placas cimentícias
começaram a ser instaladas desalinhadas e foram subindo fora do alinhamento.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 164

Figura 118 - Placas cimentícias instaladas fora do alinhamento

Fonte: Acervo da autora.

Figura 119 – Desalinhamento da parede.

Fonte: Acervo da autora.

Em outro ponto (Figura 120), algumas placas estavam se desprendendo da


estrutura devido a insuficiência de parafusos aplicados para fixação, ou seja, o
espaçamento desses parafusos não está de acordo com o projeto. Dessa forma, não
houve resistência necessária para suportar a força que a placa faz contra a curvatura
da parede, necessitando então reparafusar as placas com os devidos espaçamentos.
Além disso, é possível observar na mesma imagem que as placas não estão no ângulo
correto apresentando um espaço vazio no encontro das placas, comprometendo
assim sua estanqueidade.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 165

Figura 120 – Placa cimentícia desprendendo

Fonte: Acervo da autora.

Além dos espaçamentos incorretos dos parafusos na Figura 121, é possível


observar também que o tratamento de juntas entre as placas cimentícias ficou muito
espesso e muito mal acabado.

Figura 121 – Tratamento de juntas muito espesso

Fonte: Acervo da autora.

Devido a dilatação térmica das placas cimentícias e um tratamento


inadequado no requadro da quina de paredes, é possível que possam haver trincas
devido a essa movimentação. E essas trincas (Figura 122) comprometem a
estanqueidade dessa região, podendo haver infiltrações.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 166

Figura 122 - Fenda no encontro das paredes

Fonte: Acervo da autora.

Em um outro ponto, pode-se observar a Instalação incompleta das


pastilhas. Como a mesma não ultrapassava a parte superior do painel (Figura 123),
provavelmente, a água proveniente do chapuz escorria para dentro da estrutura
provocando vazamento na parte interna.

Figura 123 - Instalação incompleta das pastilhas. As mesmas não estão


atingindo o topo da parede

Fonte: Acervo da autora.

Além disso, em alguns pontos o acabamento no rejunte e na instalação dos


peitoris ficaram muito rústicos e com má qualidade (Figura 124). Esse tipo de serviço
Capítulo 7 - Estudo de Caso 167

é um grande foco para aparição de patologias como fissuração e infiltração de água,


que se não tratado poderá gerar ainda mais complicações.

Figura 124 - Existência de trincas nos rejuntes

Fonte: Acervo da autora.

Neste estudo de caso foi detectado que os vidros não foram cortados
conforme projeto e por isso, os vãos das esquadrias ficaram maiores, apresentando
grandes fendas entre chapas (Figura 125 e Figura 126), comprometendo a
estanqueidade. Além disso na parte externa, houve uma má vedação com silicone
nas esquadrias. Nestes casos os vidros foram substituídos, com tamanhos
compatíveis para completa vedação.

Figura 125 - Esquadrias com fenda vertical no vão

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 168

Figura 126 - Fenda entre chapas na horizontal

Fonte: Acervo da autora.

Ainda em relação as esquadrias, pode ser observado que o tipo de


esquadria escolhido pelo cliente não possuía saídas para drenagem da água (Figura
127) que possivelmente penetrasse para dentro da esquadria. Ficando a água
acumulada, corre-se um grande risco de infiltração e degradação de todo o sistema.

Figura 127 - Falta de drenagem da água

Fonte: Acervo da autora.

E por último, pode ser contatado trincas nas placas cerâmicas da fachada
(Figura 128) com grandes extensões. Acredita-se que elas possam ter surgido devido
Capítulo 7 - Estudo de Caso 169

à necessidade dos materiais se dilatarem ou ainda uma possível ocorrência de


abatimento de piso, devido à incorreta compactação dos solos. Em casos como esse,
é necessária uma avaliação de forma a apurar as possíveis causas e assim prover
uma solução cabível.

Figura 128 - Trinca na fachada

Fonte: Acervo da autora.

7.3.6. Estudo de caso 6

No estudo de caso 6, foi constatado inúmeros erros de execução, neste


primeiro ponto, a montagem da marquise deveria ser refeita, pois a mesma foi
executada fora do esquadro e fora de alinhamento, conforme mostra a Figura 129, e
que se não corrigir, pode causar problemas futuros.

Figura 129 - Marquise fora do esquadro

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 7 - Estudo de Caso 170

Outro ponto, foi que alguns perfis foram cortados para compatibilização da
parte hidráulica e elétrica, e pelo material ter ficado alguns meses exposto é
necessário que os pontos que tiverem esses cortes fossem limpos e tratados
novamente para garantir que com o tempo o material não sofra com ação de oxidação.

Em relação as placas de OSB foi observado que as bordas de algumas


placas não estavam seladas conforme recomendação do fabricante, e além disso
algumas placas não apresentavam juntas de dilatação. Com isso em alguns locais da
obra apresentaram trincas e fissuras, conforme mostra a Figura 130.

Figura 130 - Fissura no basecoat

Fonte: Acervo da autora.

O agravante nesse estudo de caso, foi de que a empresa contratada para


a montagem e instalação do sistema possuía uma mão-de-obra não qualificada e não
fazia inspeções diárias dos serviços, ficando ao cliente a responsabilidade de
inspecionar a sua obra. O cliente desconfiando do serviço, contratou uma assessoria
especializada que identificou inúmeras irregularidades na execução. Na Figura 131 e
Figura 132 é possível visualizar, a falta do tratamento das juntas, sem o devido
espaçamento das placas cimentícias, sem a tela e o devido tratamento nas juntas.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 171

Figura 131 – Falta do uso de tela no tratamento de juntas

Fonte: Acervo da autora.

Figura 132 - Tratamento de juntas errado

Fonte: Acervo da autora.

Outro ponto observado foi em torno das aberturas de janelas, percebe-se


na Figura 133, um desalinhamento dos montantes próximo a abertura da janela. De
acordo com o projeto estrutural, nessa situação o montante deveria acompanhar o
seu alinhamento e não ser executado deslocado, além disso não foi instalado a verga
em cima da esquadria, comprometendo assim a sua estrutura. Outro detalhe, é em
relação ao corte da membrana, não foi respeitada o processo de instalação da
membrana e nem instalado o “flashing” nos vértices da abertura.
Capítulo 7 - Estudo de Caso 172

Figura 133 - Erro estrutural e no corte da membrana hidrófuga

Fonte: Acervo da autora.


Capítulo 8 - Discussão 173

8. DISCUSSÃO

8.1. Análise global dos edifícios inspecionados

No estudo de caso 1, houve falha na estanqueidade da edificação, com a


falta de instalação do “flashing”, e principalmente com a diferença em relação ao
tamanho do vão da janela e o tamanho das esquadrias. Nesse sentido, identificam-se
falhas em relação as interfaces e na comunicação entre o setor de montagem e o
fornecedor de esquadrias.

No estudo de caso 2, houve falhas de detalhamento no projeto que


resultaram em má qualidade das juntas de dilatação nos painéis. Ficou evidente a
responsabilidade do setor de projetos em tomar maior cuidado na confecção tanto do
projeto estrutural, quanto no detalhamento dos painéis de OSB e placas cimentícias.

Houve grande falha técnica na execução dos tratamentos de juntas e


basecoat feitos em obra, além disso, o fato de cortar perfis, placas e
contraventamentos é muito grave em uma construção com o sistema LSF, por isso a
necessidade de aumentar a supervisão e inspeção da qualidade dos serviços.

Em relação ao estudo de caso 3, é possível comprovar que o tratamento


de juntas utilizado na edificação não foi eficiente, causando várias manifestações
patológicas, ao longo da fachada.

No estudo de caso 4, ficou evidente que os painéis painelizados montados


em fábrica, deveriam ficar com o encaixe dos painéis (nas regiões das placas OSB e
cimentícias) para montagem em obra, porque a ligação dos painéis com as placas
defasadas, evitariam as marcações das juntas entre os painéis.

Um ponto interessante encontrado no estudo de caso 4, foi em relação ao


tipo de rocha a ser utilizada como peitoril nas janelas. Mesmo utilizando a peça inteira
da pedra, devido a movimentação da estrutura e das placas cimentícias, iniciou-se um
processo de fissuração na rocha que causou a infiltração. Seria interessante um
estudo mais aprofundado em relação a trabalhabilidade de rochas (granitos), para
verificar quais materiais seriam melhores para trabalhar junto com a movimentação
existentes no sistema LSF.

No estudo de caso 5 os pontos mais agravante, foram em relação ao


espaçamento incorreto dos parafusos e a má execução das juntas entre as placas.
Capítulo 8 - Discussão 174

Para um sistema como o LSF, se faz necessário um trabalho com qualidade e que
possa atender os desempenhos mínimos de construção e estanqueidade.

Igualmente ao estudo de caso 1, é extremamente importante a


comunicação entre os responsáveis de execução, projeto e fornecedores de
esquadrias. O tamanho do vão e das esquadrias devem ser compatíveis, para a
estanqueidade e bom desempenho numa edificação.

No estudo de caso 6, foi observado que não foi realizada a execução do


tratamento de juntas, e as placas não foram instaladas defasadas. Com a base do
revestimento executada errada, não é possível garantir um bom desempenho da
construção. Neste caso se não fosse a interferência do cliente no momento do
plaqueamento, com certeza essa fachada hoje estaria toda fissurada.

Através dos estudos de caso pode-se observar que a grande maioria das
manifestações patológicas que incidiram nas fachadas nos estudos, foram geradas
em torno ou propriamente das placas cimentícias. Na qual, devido à alta variação
dimensional das placas cimentícias hoje disponíveis no mercado brasileiro, exigem
um tratamento de juntas com várias etapas e materiais. Dessa análise sugere-se a
seguinte hipótese de que: “a exigência na norma de placas cimentícias (NBR 15498)
com menor índice de variação dimensional, auxiliaria na diminuição de manifestações
patológicas no subsistema de fachadas e diminuiriam os processos de execução
(menos etapas no tratamento de juntas) ”.

8.2. Abordagem geral da deterioração dos edifícios de estudo

Após uma visão global representativa da incidência de manifestações


patológicas dos 6 casos estudados, foi feito o tratamento de todos os dados a partir
da análise em relação ao nível de degradação de cada caso. Foi verificado o
comportamento das regiões da fachada com o tipo de patologia existente, de acordo
com o Quadro 12, na página 131 dessa dissertação, e apresentado nos Quadro 19 e
Quadro 20.
Capítulo 8 - Discussão 175

Quadro 19 - Análise do nível de degradação nas manifestações patológicas


(continua)

Nível de
Causa Anomalia
degradação
Infiltração intensa e
Falta de instalação do flashing Nível 4
superfície danificada
Junta de dilatação superior a 3mm
Fissuração localizada Nível 3
(recomendação do fornecedor)
Estudo de caso 1

Falta de alinhamento e prumo entre painéis Desalinhamento da fachada Nível 3

Falta de manta asfáltica e banda acústica


Oxidação e corrosão do aço Nível 3
entre os painéis e o piso do pavimento

Posicionamento incorreto das placas próximo


Fissuração intensa Nível 4
as aberturas de janelas
Divergência na medida da altura das Infiltração intensa e
Nível 4
aberturas de janelas superfície danificada
Tratamento de juntas incorreto Fissuração localizada Nível 3
Cantos ou bordas
Requadro dos painéis danificados Nível 3
danificadas
Infiltração intensa e
Cortes irregulares nos painéis Nível 4
superfície danificada
Juntas entre painéis com espessura superior
Fissuração localizada Nível 3
a 6mm
Cortes irregulares de perfis e
contraventamentos para instalação hidráulica Comprometimento estrutural Nível 4
Estudo de caso 2

e elétrica

Falta de alinhamento e prumo entre painéis Desalinhamento da fachada Nível 3

Falta de alinhamento e prumo entre painéis Fissuração localizada Nível 3

Tratamento de juntas sobre basecoat


Superfície danificada Nível 3
danificado
Falta de tela no tratamento de juntas entre
Fissuração intensa Nível 4
placas cimentícias
Utilização de massa de tratamento de juntas
Fissuração intensa Nível 4
incorreto
Posicionamento incorreto das placas próximo
Fissuração intensa Nível 4
as aberturas de janelas
Tratamento ineficiente das juntas Estufamento das placas Nível 3
Estudo de caso 3

Perda de aderência entre


Tratamento ineficiente das juntas Nível 4
camadas
Tratamento ineficiente das juntas Fissuração intensa Nível 4
Tratamento ineficiente das juntas Eflorescência Nível 3
Interface de concreto e aço Fissuração intensa Nível 4
Fonte: Autoria própria.
Capítulo 8 - Discussão 176

Quadro 20 - Análise do nível de degradação nas manifestações patológicas


(continuação)

Nível de
Causa Anomalia
degradação
Estudo 4

Instalação alinhada de placas cimentícias Fissuração localizada Nível 3

Fissuração na rocha do peitoril Infiltração localizada Nível 3

Falta de alinhamento e
Desalinhamento da fachada Nível 3
prumo entre painéis
Tratamento de juntas com ressaltos Superfície danificada Nível 3
Espaçamento incorreto de parafusos Desplacamento Nível 4
Estudo de caso 5

Vazio no encontro das placas Infiltração localizada Nível 3


Tratamento de juntas incorreto Fissuração localizada Nível 3
Instalação incompleta das pastilhas Infiltração localizada Nível 3
Trinca nos rejuntes Infiltração localizada Nível 3
Infiltração intensa e
Tamanho incorreto da esquadria Nível 4
superfície danificada
Falta de drenagem na esquadria Infiltração localizada Nível 3
Espaçamento de placas incorreto Fissuração localizada Nível 3
Falta de esquadro, alinhamento e prumo das
Comprometimento estrutural Nível 4
marquises

Cortes de perfis em obra Oxidação e corrosão do aço Nível 4

Falta de junta de dilatação nas placas de


Fissuração localizada Nível 3
OSB
Falta de selagem nas bordas de placas de
Estufamento das placas Nível 3
OSB
Estudo de caso 6

Instalação alinhada de placas cimentícias Fissuração localizada Nível 3

Infiltração intensa e
Falta de instalação do flashing Nível 4
superfície danificada
Membrana hidrófuga com instalação
Infiltração localizada Nível 3
incorreta
Não instalação da verga em cima do vão da
Comprometimento estrutural Nível 4
janela
Falta do tratamento de juntas entre as placas
Fissuração intensa Nível 4
cimentícias

Desalinhamento dos montantes Comprometimento estrutural Nível 4

Fonte: Autoria própria.


Capítulo 8 - Discussão 178

Já em relação ao comparativo das manifestações patológicas no nível de


degradação 4, pode-se observar no Gráfico 13, que a fissuração intensa foi a mais
predominante entre as outras manifestações patológicas. Isso porque, nos estudos
foram encontrados, a falta de tratamento de juntas, como não colocação da tela, ou
uso de massa não apropriada, posicionamento incorreto das placas tanto de OSB,
como cimentícias rentes as aberturas das janelas (não foi realizado o corte “C”), e
predominância de fissuras na interface de concreto com o aço.

Apesar da existência de outras manifestações patológicas, fica evidente


com essa análise que, as fissuras e as trincas são as maiores vilãs nas edificações
utilizando o sistema LSF. E se não houver uma atenção maior para esses pontos,
essa falha continuará aparecendo nas fachadas e desvalorizando o produto e
impedindo sua maior utilização.

Gráfico 13 - Quantidade de aparição de manifestações patológicas do nível de


degradação 4

Comprometimento estrutural
Manifestação Patológica

Oxidação e corrosão do aço

Desplacamento

Perda de aderência entre camadas

Infiltração intensa e superfície danificada

Fissuração intensa

0 1 2 3 4 5 6 7 8
Quantidade de aparição

Fonte: Autoria própria.

Da mesma forma que no nível de degradação 3, no nível 4 é possível


observar que após a fissuração intensa, a segunda manifestação com maior
predominância é a infiltração intensa e superfície danificada. No tópico 8.4 (pg. 182)
dessa discussão será abordada a relação de uma manifestação patológica com outra
manifestação patológica, mas desses dois gráficos analisados já pode ser concluído
que neste sistema de fachada estruturada em LSF, se o desempenho de um material
sofrer algum dano, outros danos possivelmente poderão aparecer.
Capítulo 8 - Discussão 179

Essa análise volta-se ao pensamento de que é necessária a visão sistêmica


sobre todos os processos, componentes e patologias do sistema light steel framing
envolvendo principalmente a o sistema de fachadas. O bom desempenho de um
componente, necessita obrigatoriamente do bom desempenho de todos os outros
componentes.

8.3. Manifestações patológicas associadas a cada região da fachada

Em relação as 8 regiões da Figura 73 (pg. 129), em torno de aberturas, nas


paredes corridas, em torno das juntas das placas cimentícias, nos cantos e
extremidades, na transição entre pavimentos, no todo do edifício, nas sacadas e no
nível do solo ,foram levantadas as manifestações patológicas encontradas nos
estudos de caso por região (Quadro 21).

Quadro 21 - Manifestações patológicas por região

Em torno Transição Cantos Nível


Paredes
das Juntas entre e Topo Sacada do
corridas
aberturas pavim. extrem. solo
Fissuração
x x x x
localizada
Cantos ou bordas x
danificadas
Infiltração
x x x
localizada
Eflorescência x x x
Superfície
x x x
danificada
Desalinhamento da
x x
fachada
Estufamento das
x x x
placas
Fissuração intensa x x x x
Infiltração intensa e
superfície x x x x
danificada
Perda de aderência x x
entre camadas
Desplacamento x x x
Oxidação e
x x
corrosão do aço
Comprometimento
x x x
estrutural
Fonte: Autoria própria.
Capítulo 8 - Discussão 180

Desse quadro é possível rever a fissuração predominando também nas


regiões em torno do edifício, mas também se observa a infiltração constantemente
gerando a degradação da fachada. A região com maior predominância de
manifestações patológicas, foi em torno das aberturas, seguido das paredes corridas
e do topo da fachada.

Fazendo um comparativo entre os estudos de casos e a literatura é possível


observar que realmente nessa região de abertura na fachada, a probabilidade de
infiltração é maior, e consequentemente a aparição de outras manifestações
patológicas é quase certa. Por isso, fica como um ponto de atenção nessa região para
maior cuidado e prevenção.

Gráfico 14 - Quantidade de manifestação patológica por região da fachada

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Em torno Paredes Juntas Transição Cantos e Topo Sacada Nível do
das corridas entre extrem. solo
aberturas pavim.

Fonte: Autoria própria.

Foi realizado também uma análise em relação as principais causas de


ocorrência dessas manifestações patológicas nas regiões do edifício proposta na
Figura 73 (pg. 129), a partir dos relatos dos estudos de casos realizados nessa
dissertação (Quadro 22).
Capítulo 8 - Discussão 181

Quadro 22 – Principais causas de ocorrência de manifestações patológicas por


região

Em torno Transição Nível


Paredes Cantos e
das Juntas entre Topo Sacada do
corridas extrem.
aberturas pavim. solo
Falta do "flashing" x
Medida incorreta x
abertura
Medida incorreta x
esquadria
Não plaqueamento
x
no formato "C"
Fissuração no
x
peitoril
Falta de dreno na x
esquadria
Falta de
membrana
x x
hidrófuga/ banda
acústica
Falta de verga x
Erro de projeto x
estrutural
Falta de
x x x x
alinhamento
Corte indevido do
x
aço
Falta de junta de x
dilatação
Borda do aço x
desprotegido
Tratamento de x x x x
juntas incorreto
Espaçamento
incorreto de x
parafusos
Borda da placa x x
OSB desprotegida
Interface entre dois x x
materiais
Fonte: Autoria própria.

Desse quadro identificam-se com predominância a falta de alinhamento das


placas, e falta ou execução incorreta do tratamento de juntas, o que justifica o porquê
da aparição sempre frequente da fissuração nas fachadas. Em relação a infiltração,
destaca-se as medidas incorretas e a falta da membrana hidrófuga e do flashing.

Assim como na avaliação anterior, onde a região em torno das aberturas


era a que possui a maior quantidade de manifestações patológicas, é justificada no
Capítulo 8 - Discussão 182

Gráfico 15, por ser a região que apresentou a maior quantidade de causas de
ocorrência dessas manifestações patológicas.

Gráfico 15 - Quantidade de causas por região da fachada

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Em torno Paredes Juntas Transição Cantos e Topo Sacada Nível do
das corridas entre extrem. solo
aberturas pavim.

Fonte: Autoria própria.

8.4. Matriz de correlação causas prováveis/ manifestação patológica

Após a análise de todos os estudos de caso, foi possível chegar as sete


principais manifestações patológicas mais recorrentemente encontradas nas
fachadas em chapas delgadas estruturadas em LSF. Cada uma dessas
manifestações faz parte de um grupo definido no Quadro 14 (pg. 52), apontadas a
seguir:

1. Fissuras e trincas – Grupo F.s


2. Infiltração – Grupo Dt.j
3. Comprometimento estrutural – Grupo T.s
4. Desplacamento – Grupo D.s
5. Oxidação e corrosão – Grupo O.s
6. Eflorescência – Grupo Dt.l
7. Desalinhamento – Grupo E.s

A partir dessas manifestações patológicas, foi possível elaborar as matrizes


de correlações propostas no item 6.1.7 (pg. 132), para complementar o diagnóstico
desse estudo. É importante ressaltar que correlacionar uma manifestação patológica
Capítulo 8 - Discussão 183

a determinada causa não implica que esta seja a única fonte para que o dano se
revele, da mesma forma que correlacionar uma manifestação patológica a uma
técnica de reparo, signifique que esta técnica seja exclusiva. Podem existir causas e
técnicas múltiplas associadas a um só dano, sendo que geralmente, uma delas é
predominante em relação às demais.

No primeiro momento então foi elaborado uma matriz correlacionando as


manifestações patológicas e suas prováveis causas apontadas no Quadro 15 (pg.
134) e Quadro 16 (pg. 135). A caracterização de cada nível, foi baseado na escala
proposta por Silvestre e Brito (2008) e apresentada a seguir:

0 – Sem relação – não existe qualquer relação direta ou indireta entre a


manifestação patológica e a causa;

1 – Pequena relação – causa indireta da manifestação patológica


relacionada com o aparecimento dos primeiros passos do processo de deterioração,
causa não necessária para o desenvolvimento do processo de deterioração, embora
agrave os seus efeitos,

2 – Grande relação – causa direta da manifestação patológica, associada


à fase final da deterioração, quando a causa ocorre, constitui uma das razões
principais do processo de deterioração e é indispensável ao seu desenvolvimento.

Desse quadro é possível analisar que a fissuração, deterioração nas juntas


e comprometimento estrutural, são as principais manifestações patológicas segundo
as suas prováveis causas. E que o tratamento de juntas e o comprometimento
estrutural tem uma relação maior com a degradação final da fachada, por isso são
necessários maiores estudos e cuidados em relação a essas manifestações.

Quanto à análise da correlação das causas prováveis observa-se que as


causas que mais influenciaram em relação as causas congênitas foram a falta de
norma de LSF no Brasil e o material de baixa qualidade. Quanto as causas executivas
foram; o uso de materiais em desacordo com as recomendações dos fabricantes,
execução em desacordo com as recomendações em projeto e fixação incorreta. Já
em relação as causas adquiridas, encontram-se a variação de temperatura e falta de
manutenção por parte do usuário.
Capítulo 8 - Discussão 184

Quadro 23 - Matriz de correlação causas prováveis (C)/ manifestação


patológica (M)

Manifestações Patológicas (M)


Descol. Fissuras Det. Plac. Det. Junt. Estética Oxidação Estrutural
D.s F.s Dt.l Dt.j E.s O.s T.s
C-A1 1 1 1
C-A2 1
C-A3 1 1
C-A4 1
C-A5 2 1
C-A6 1 1 1 1 1 1 1
C-A7 1 1
C-A8 1 1 1 1 1 1
C-A9 1 2
C-A10 2 1
C-A11 2
C-A12 2
C-B1 1 2 1 2 1 1 1
C-B2 1 2 1 1 1 1
C-B3 2 1 2 2
C-B4 1 1 1 1 1
C-B5 1 1 1 1 1 1
Causas Prováveis (C )

C-B6 1 1
C-B7 1 2
C-B8 1 2
C-B9 2 1
C-B10 2
C-B11 2
C-B12 2
C-C1 1 1 1
C-C2 1 1
C-C3 1 1
C-C4 1 1
C-C5 1 1
C-C6 1 1
C-C7 1 2
C-C8 1 1
C-C9 1 1 1 1
C-C10 1 1 1 1
C-D1 1 1
C-D2 1 1
C-D3 1
C-D4 1 1
C-D5 1 1 1
C-D6 1 1 1
C-D7 1
Fonte: Autoria própria.

Após a análise da literatura e dos estudos de casos, foi possível observar


que algumas das manifestações patológicas acontecem ou podem ser agravadas
devido á existência de outras manifestações patológicas. Por essa razão, foi
Capítulo 8 - Discussão 185

elaborada também uma matriz (Quadro 24), no intuito de verificar a relação de uma
manifestação patológica influenciando na manifestação de outra patologia, a matriz
foi elaborada, utilizando-se dos grupos do Quadro 15 (pg. 134).

Quadro 24 - Matriz de correlação manifestações patológicas (M)/


manifestações patológicas (M)

Manifestações Patológicas (M)


Descol. Fissuras Det. Plac. Det. Junt. Estética Oxidação Estrutural
D.s F.s Dt.l Dt.j E.s O.s T.s
D.s1 2 1 1 1
D.s2 2 1 1 1
D.s3 2 1 1 1
Manifestações Patológicas (M)

F.s1 2 2 1
F.s2 2 2
F.s3 2 1 1 1
Dt.l1 2 2 1
Dt.l2 2 2
Dt.j1 2 2 1 2 1
Dt.j2 2 1 2
Dt.j3 2 1 1 2 1
E.s1 1 2
E.s2 1 2
E.s3 1 2
O.s1 1 2 1
O.s2 2 1
Fonte: Autoria própria.

Nesse quadro pode-se observar que novamente a fissuração e a


degradação nas juntas têm maiores relações com os outros tipos de manifestações
patológicas, e que os danos, que podem ser inicialmente só estéticos, como fissuras
no basecoat, nas juntas, podem se tornar danos estruturais. Por isso, devem ser
estudados e armazenados em bancos de dados, para facilitar ao logo do tempo a
resolução de problemas de manifestações patológicas e também poder prevenir
futuros danos.

Quanto à análise da correlação entre manifestações patológicas, observa-


se que as anomalias que mais influenciaram foram em relação à deterioração das
juntas, ressaltando a infiltração e o estufamento do material (placa).

Já no Quadro 25, apresenta-se a relação das manifestações patológicas


com as respectivas técnicas de reparação, apontadas no Quadro 17 (pg. 135). As
técnicas preventivas, ainda que não tratando diretamente da anomalia poderão ser
necessárias para eliminar a sua causa. Já as técnicas de reparo são as que tratam
diretamente da manifestação patológica.
Capítulo 8 - Discussão 186

0 – Sem relação – não existe qualquer relação direta ou indireta entre a


manifestação patológica e a causa;

1 – Pequena relação – técnica preventiva de eliminação da causa ou das


causas da manifestação patológica, mas não de sua deterioração;

2 – Grande relação – técnica de reparo para eliminação da deterioração


na área em que a manifestação patológica foi detectada.

Quadro 25 - Matriz de correlação técnicas de reparo (R)/ manifestações


patológicas (M)

Manifestações Patológicas (M)


Descol. Fissuras Det. Plac. Det. Junt. Estética Oxidação Estrutural
D.s F.s Dt.l Dt.j E.s O.s T.s
R-A1 1
R-A2 1 1 1
Técnicas de reparo (R )

R-B1 1
R-B2 1 1
R-C1 1 1
R-C2 1 1 1
R-D1 2 1
R-D2 2
R-D3 1 1 1
R-D4 1 1 1
R-E1 2
R-E2 2
Fonte: Autoria própria.

Apesar de estudar os parâmetros que mais afetam na vida útil da fachada


como as principais causas, as manifestações patológicas que afetam a aparição de
outros danos, é fundamental entender que realização de manutenções periódicas nas
edificações, contribuem com o bom desempenho e efetivamente garantem a vida útil
da construção.

Foi observado nessa matriz que, aplicação de camada protetora e proteção


dos cantos, foram as técnicas preventivas mais apontadas, e aplicação de novas
placas sobre as existentes foi a técnica de reparo mais recorrente. Entretanto durante
os estudos de casos a partir das manifestações patológicas que mais foram
recorrentes, as técnicas de reparo necessárias para esses danos foram a substituição
do tratamento de juntas, reparo dos pontos singulares de entrada de água e reforço
na quantidade de parafusos, discutidas nas matrizes.
Capítulo 8 - Discussão 187

Por essa razão que, o estudo das técnicas preventivas, técnicas de reparo
e técnicas de manutenção são essenciais para garantir que todas essas
manifestações patológicas discutidas ao longo dessa dissertação, não venham a
acontecer.
Capítulo 9 - Conclusão 188

9. CONCLUSÃO

9.1. Principais considerações

Inicialmente foi feita uma pesquisa na literatura para estudar as etapas e


os componentes do sistema de fachadas em chapas delgadas estruturadas em LSF.
Em seguida, foram discutidas algumas das manifestações patológicas nesse sistema
que já foram encontradas por outros autores. E por fim, foram realizados seis estudos
de casos para identificar as principais causas das manifestações patológicas na
prática.

Comparando a literatura com os estudos de caso, foi possível descobrir que


as causas principalmente provenientes da execução, se assemelham muito com o que
foi encontrado na prática, como não atendimentos das recomendações de projetistas
e fornecedores, além da necessidade do estreitamento das atividades de projeto e
execução.

Um ponto muito importante na revisão da literatura, foi em relação a


necessidade de formalização de uma norma para a utilização dos sistemas
industrializados ser eficiente. Como foi analisado nos estudos de caso, sem a norma
do LSF em vigor, não é possível estabelecer regras, diretrizes e características em
relação ao desempenho, projeto e execução do sistema como um todo.

Além da norma se faz necessária também uma visão sistêmica de todo o


processo de produção e execução. Os resultados obtidos nos estudos de caso
confirmaram que o sistema LSF ainda enfrenta grande dificuldade de implementação
como sistema no Brasil em função da falta de conhecimento do processo construtivo
na construção, falta de treinamento da mão-de-obra, falta da disponibilidade de
materiais no mercado, assistência pós-venda e proliferação de manifestações
patológicas.

A região dos prédios observada, durante os estudos de caso, mais


suscetível a aparição de manifestações patológicas, foi no entorno das aberturas de
janelas. Erros, tais como: no plaqueamento, no caimento incorreto do peitoril, na falta
do friso da pingadeira, na falta de instalação do “flashing” ou o tamanho do vão de
esquadria incompatível, foram os principais erros encontrados nessa região.
Capítulo 9 - Conclusão 189

Erros de projetos também foram encontrados nos estudos de caso, tais


como: projetos sem previsão de contraventamento, de vergas ou de enrijecedores nas
estruturas, além de projetos com falta de informações de sequenciamento,
ferramentas ou mal dimensionamento do transporte.

Em relação a execução foram identificadas falhas no espaçamento de


parafusos, não instalação de enrijecedores ou de contraventamentos previstos em
projetos, além de cortes nos perfis, em contraventamento e em placas cimentícias.
Enfim, improvisos em obras, omissão de informações e irresponsabilidades.

As principais manifestações patológicas em fachadas em chapas delgadas,


encontradas nos estudos de casos, foram as fissuras e trincas, infiltração,
desplacamento, falha nas interfaces, falha nas juntas, falha na ancoragem, oxidação
e corrosão. Manifestações essas que também foram encontradas durante a revisão
da literatura, mas que puderam ser identificadas com mais detalhes, particularidades
e exemplos na prática.

O uso de materiais em desacordo com as recomendações dos


fornecedores, principalmente no tratamento de juntas (massa, telas e tempo de cura
adequado), foram recorrentes nos estudos de casos. Nesse caso, além de perder a
garantia do material, ficam propensos a aparição de manifestações patológicas como
a infiltração, perda de aderência do substrato, estufamento de placas, corrosão e
assim chegar a degradar todo o sistema.

Além da região das juntas, foi exatamente na área em torno das placas
cimentícias ou propriamente nas próprias placas cimentícias, que se identificou um
ponto muito sensível a aparição das manifestações patológicas. Foi discutido que
existem diferentes formas de fabricação das placas cimentícias e diversos fabricantes
no Brasil e no exterior com variações dimensionais distintas. Concluiu-se então que,
se houvesse na norma de placas cimentícias (NBR 15.498), uma exigência quanto a
variação dimensional dos estágios seco/ saturado ser menor para as placas utilizadas
em fachadas com juntas invisíveis, seria possível uma diminuição das manifestações
patológicas em torno dessa região.

O estudo da degradação das fachadas foi essencial para entender que, os


danos que poderiam ser inicialmente só estéticos podem aumentar a degradação das
edificações, se tornando danos estruturais, podendo comprometer o desempenho de
Capítulo 9 - Conclusão 190

todo o edifício. As degradações de nível 3 - Degradação externa (Fissuração


localizada, cantos ou bordas danificadas, infiltrações localizadas, eflorescências,
superfície danificada, desalinhamento da fachada, oxidação localizada e estufamento
das placas) e degradações de nível 4 – Pior degradação (Fissuração intensa,
descolamento ou degradação da superfície, infiltração intensa e superfície danificada,
elementos de aço quebrados ou corroídos, perda de aderência entre camadas,
destacamento da parede, oxidação e corrosão intensa e comprometimento estrutural)
foram os mais identificados nos estudos de casos.

A partir da análise das matrizes de correlações - apresentadas no item 8.4


- foi possível evidenciar a relação existente entre as manifestações patológicas e suas
principais causas, a relação de novas manifestações patológicas devido a existência
de outras manifestações patológicas, e por fim uma análise das manifestações
patológicas e suas técnicas de reparo.

A fissuração e deterioração das juntas foram as principais manifestações


patológicas encontradas nas matrizes. Fazendo uma ligação com as principais causas
correlacionadas nas matrizes estão; a falta de norma de LSF no Brasil, não
cumprimento das recomendações de fornecedores e variação de temperatura. Essas
manifestações patológicas quando correlacionadas com outras manifestações
patológicas resultam na infiltração e na perda do desempenho estrutural, que por fim
se correlacionam com as técnicas de reparo principalmente em relação ao basecoat,
reparo no tratamento de juntas ou troca de placas.

Por fim, a metodologia empregada na análise dos estudos de caso atingiu


com êxito o objetivo da pesquisa e desempenhou um papel fundamental na
constatação das manifestações patológicas, suas respectivas regiões de origem, e
obtenção das prováveis causas. Uma contribuição não apenas para o meio
acadêmico, mas também para todos aqueles que trabalham e vivenciam diariamente
o sistema na prática. Com certeza, com um maior conhecimento sobre as
manifestações patológicas, é possível alertar as entidades responsáveis, aumentar a
fiscalização, e tomar ações cabíveis para melhoria do sistema de fachadas.

9.2. Limitações do trabalho

Como limitação dessa pesquisa, os estudos de casos ocorreram apenas


na região sul e sudeste do país. Mesmo que o objetivo do trabalho foi estudar vias e
Capítulo 9 - Conclusão 191

soluções para maior implementação do sistema no Brasil, acredita-se que os pontos


levantados agregam também para as outras regiões. No Norte, nordeste e centro-
oeste do país também é possível encontrar fachadas com o mesmo tipo de sistema,
com certeza com sua análise viabilizaria um estudo mais aprofundado, podendo trazer
alguns resultados diferentes que auxiliassem na compreensão de um cenário
nacional.

9.3. Sugestões para estudos futuros

Uma das considerações apontadas foi que, devido as coletas de dados


terem sido realizadas apenas na região sul e sudeste do país, fica como sugestão
para estudos futuros uma comparação dos resultados dessa pesquisa com a análise
em torno das outras regiões do país, uma vez que o objetivo desse trabalho foi de
trazer melhorias no sistema LSF no sentido de ampliar sua utilização em todo o Brasil.

Outra sugestão para trabalhos futuros é em relação a uma continuação do


tratamento dos dados e diagnóstico dessa dissertação. O estudo consistiria em
realizar uma coleta de dados em relação a quantidade de manifestações patológicas
por prumada da fachada, para a realização de um mapa de sensibilidade às
manifestações patológicas e cálculo do índice de dano/m² por área de fachada. Já no
caso do diagnóstico, uma avaliação das manifestações patológicas em relação a um
método de diagnóstico in loco mais detalhado (prumada, andar, região, etc.), pode
ajudar no melhor entendimento e na facilidade de identificação dessas manifestações
patológicas.

Acredita-se ser importante uma análise mais profunda em relação as


condições climáticas, pois as variações se constituem num dos principais fatores de
degradação das fachadas, por gerar tensões que levam ao aparecimento de
deformações e fissuras no edifício com aspectos como; choque térmico, efeitos de
vento e chuva de agravantes, e as variações térmicas do ambiente, exercem influência
nos processos físicos e químicos de degradação.
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Apêndice A – Roteiro de Visita nos Estudos de Caso 202

APÊNDICE A – ROTEIRO DE VISITA NOS ESTUDOS DE CASO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) Sr(a),

Sou aluna do curso de mestrado em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia


Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP e como
requisito de obter o título de mestre, estou desenvolvendo uma pesquisa no intuito de compreender
melhor quais são os obstáculos e dificuldades que as construções com fachadas estruturadas em
Light Steel Framing ainda enfrentam que causam manifestações patológicas no sistema. E assim,
poder elaborar a partir dos dados encontrados um manual com as principais manifestações
patológicas, no intuito de evitar que elas voltem a ocorrer com outros profissionais.

Gostaria de esclarecer que todas as informações coletadas serão mantidas em sigilo


e não haverá identificação de nomes. Todas as informações ficarão sob responsabilidade da
pesquisadora e serão utilizadas apenas para fins científicos.

A participação de vocês é totalmente voluntária, assim como o participante terá todo


o direito de esclarecer qualquer dúvida a respeito a qualquer momento que julgar necessário.

Procedimentos: Participando do estudo você está sendo convidado a: dividir seus


conhecimentos e experiências na área da construção civil, mais especificamente no sistema
construtivo de fachadas em light steel framing.

Desconfortos e riscos: Você não deve participar deste estudo se for menor de 18
(dezoito) anos e não tiver conhecimentos técnicos suficientes pois as respostas irão requerer
experiência no sistema construtivo light steel framing.

A pesquisa não irá divulgar nomes dos participantes e das empresas, mas não garante
o total anonimato pelo fato dos participantes ocuparem cargos de gestão, ou seja, números
pequenos e quantidade de empresas na área pesquisada. Como participante é importante que
saiba que essa pesquisa não apresenta riscos previsíveis.

Benefícios: Os participantes serão beneficiados de forma indireta, onde poderão


utilizar as informações para melhorarem seus processos produtivos e executivo no sistema LSF.
Mas estarão sendo beneficiados a partir do momento que a maioria das pessoas estiverem
executando corretamente o sistema e não houver mais patologias.

Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo
e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de
pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.

Ressarcimento e Indenização: O pesquisador será responsável por se locomover até


o local, sempre que houver necessidade de encontros nas empresas e instituições.
Apêndice A – Roteiro de Visita nos Estudos de Caso 203

Contato: Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com
os pesquisadores Deborah Karine Chan Handa, localizada no Laboratório (LabTec) na Faculdade
de Engenharia Civil da UNICAMP, R. Saturnino de Brito, 224 - Cidade Universitária, Campinas –
SP. Telefone (19) 99620-9363, e-mail dkchan_4@hotmail.com.

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões


éticas do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UNICAMP das 08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua: Tessália Vieira de
Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; e-
mail: cep@fcm.unicamp.br.

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP): O papel do CEP é avaliar e acompanhar os


aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A Comissão Nacional de Ética
em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo desenvolver a regulamentação sobre proteção dos seres
humanos envolvidos nas pesquisas. Desempenha um papel coordenador da rede de Comitês de
Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, além de assumir a função de órgão consultor na área
de ética em pesquisas

Consentimento livre e esclarecido: Após ter recebido esclarecimentos sobre a


natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o
incômodo que esta possa acarretar, aceito participar e declaro estar recebendo uma via original
deste documento assinada pelo pesquisador e por mim, tendo todas as folhas por nós rubricadas:

Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução


466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma via deste
documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto
foi apresentado

Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa


exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado
pelo participante.

_________________________________ Data: / / .

Deborah Karine Chan Handa


Apêndice A – Roteiro de Visita nos Estudos de Caso 204

Roteiro de Visita nos Estudos de Casos

Dados da Empresa

1. Nome da empresa:
2. Porte da empresa, sendo a classificação da BNDES:

3. Qual a principal etapa do processo construtivo a empresa produz em


relação ao sistema light steel framing (fachada/ fabricação de
painéis/ fabricação de placa cimentícia)?
4. A empresa trabalha com quais tipos de obras (residencial/ comercial/
industrial)?
5. A empresa trabalha com outros sistemas construtivos além do light
steel framing? Se sim quais?

Dados da Edificação

1. Nome da obra:
2. Cidade onde a obra está localizada
3. Zona bioclimática, condições climáticas como temperatura e
umidade.
4. Tipo de uso da edificação
5. Ano de conclusão
6. Número de pavimentos
7. Sistema estrutural principal
8. Tipo de fechamento externo
9. Área total de fachada
10. Principais erros e manifestações patológicas durante o período de
obra
11. Soluções encontradas durante a construção
12. Principais manifestações patológicas pós entrega

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