NATAL
2016
FRANCISCO ADALBERTO PESSOA DE CARVALHO
NATAL
2016
FRANCISCO ADALBERTO PESSOA DE CARVALHO
Resultado:______________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico a meus pais, à minha companheira, e
aos meus filhos, parceiros ativos nesta
expressiva conquista da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, a quem sempre recorro nos momentos de dificuldade, e com quem
aprendi o valor do agradecimento.
Agradeço a Dona Alice e Tinéu, meus pais, que além de me ensinarem os primeiros
passos, ousaram oferecer a possibilidade de formação acadêmica a seus filhos, migrando para
horizontes desconhecidos, em época onde a educação era questionada como patrimônio.
Aos meus filhos, Pedro Fiel Pereira de Carvalho, Ranulfo Fiel Pereira Pessoa de
Carvalho e Francisco Adalberto Pessoa de Carvalho Segundo, que aprenderam, e me
ensinaram, a viver as dificuldades e vence-las com respeito.
Aos meus enteados Rooswelt de Oliveira Caldas, Isabel Helena de Oliveira Caldas e
Isabel Cristina de Oliveira Caldas, que me ofereceram a oportunidade de praticar a conquista
e o domínio das relações sadias, baseado no tripé do carinho, do amor e do respeito.
Á minha companheira, Neidja Maria de Oliveira, pelo incentivo, compreensão,
carinho, companheirismo, expressos no silêncio inteligente ou na palavra oportuna, nos
momentos de dificuldade que enfrentamos na lida diária.
À minha primeira professora, Dona Dagmar, como ainda me permito lembrar, que
diante de sua importância no início das atividades escolares, não permitiu que minha memória
a esquecesse.
Agradeço também a todos os meus antigos e recentes professores, e aos meus colegas
de sala de aula.
“Acrescentemos alguma coisa a uma qualidade,
e ela parecerá defeito. Tiremos alguma coisa de
um defeito e ele parecerá qualidade”
Émile Faguet
RESUMO
Num tempo em que as construções populares encheram paisagens antes ocupadas por matas e
planícies virgens a alcançar o conforto de uma casa digna com fundações seguras, pisos, paredes
e esquadrias impermeáveis, instalações e coberturas aptas ao uso das pessoas, somou-se a busca
inadequada de lucros à custa da baixa qualidade das unidades produzidas para populações
pobres. Nesse contexto, falhas de projetos, erros e vícios construtivos, formaram um cenário
que anos depois mostraram seus efeitos. No princípio da civilização, os humanos procuraram
refúgios em cavernas, que substituíram por construções toscas, talharam as pedras, formaram
conjuntos de pouca estabilidade, e aí resolveram untar, argamassar os componentes que se
verticalizavam, iniciando a composição das argamassas. Este trabalho prioriza a importância
de identificar e analisar as causas de fissuras, apresentadas como manifestações patológicas
causadas por uso de argamassas inadequadas, tanto na sua formulação como na aplicação,
fornecendo a peritos e assistentes técnicos, ferramentas adequadas para a elaboração de seus
laudos ou relatórios técnicos. Nesse trabalho, o termo fissura será utilizado sem distinção para
todas as aberturas, como trinca, rachadura ou outros termos utilizados. A pesquisa realizada
envolveu uma revisão bibliográfica sobre o aparecimento de fissuras em edificações
residenciais populares, originadas nas reações alcançadas pelas argamassas diante de
intempéries e vícios praticados. Nessa revisão são analisadas as principais causas das
manifestações patológicas, provocados por reações térmicas, higroscópicas, descolamentos,
destacamentos, que se notabilizam em argamassas frágeis, e como essas alterações provocam
fissuras, trazendo incômodos e prejuízos à edificação. O trabalho também apresenta um estudo
de caso, a partir de uma perícia técnica realizada e expressa em laudo judicial, que serviu
inclusive como elemento comparativo com a revisão bibliográfica, gerando conclusões
esclarecedoras sobre causa, e efeito real. O trabalho finaliza mostrando a pertinência da
identificação e conhecimento da causa dos danos, oferecendo ao Juiz subsídios, com o grau de
certeza esperado, para o objeto de valor da justiça, a sentença.
At a time when popular buildings filled landscapes previously occupied by forests and virgin
plains to reach the comfort of a decent house with secure foundations, floors, walls and
waterproof casings, facilities and covers suitable for the use of people, added to inadequate
search profits at the expense of the poor quality of the units produced for the poor. In this
context, project failures, mistakes and constructive vices, formed a scenario that years later
showed its effects. In the beginning of civilization, humans have sought refuge in caves, which
replaced for rough constructions, carved stones, formed sets of little stability, and then decided
grease, grout components that verticalizavam, beginning the composition of mortars. This work
emphasizes the importance of identifying and analyzing the causes of cracks, presented as
diseases caused by use of inappropriate mortars, both in its formulation and application,
providing experts and technical assistants, proper tools for the preparation of their reports or
technical reports . In this paper, the term fissure will be used without distinction to all openings
such as cracks, crack or other terms used. The survey involved a full literature review on the
appearance of cracks in popular residential buildings, originated in the reactions reached by
mortars before prevailing weather and addictions. In this review the main causes of diseases are
analyzed, caused by thermal reactions, hygroscopic, detachments, detachments, which are
notable in fragile mortars, and how these changes cause fissures, bringing discomfort and
damage to the building. The work also presents a case study, from a technical expertise held
and expressed in judicial report, which served also as a baseline with the literature review,
generating enlightening conclusions about cause and effect real. The work concludes by
showing the relevance of identification and knowledge of the cause of damage, providing the
Judge grants, with the expected degree of certainty to the justice of value, the sentence.
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
1.1 Objetivos....................................................................................................................... 13
1.2 Justificativa....................................................... ........................................................... 13
1.3 Metodologia....................................................... ........................................................... 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 15
2.1 Manifestações Patológicas............................................................................................ 15
2.2 Argamassa..................................................................................................................... 16
2.3 Definição de fissuras..................................................................................................... 18
2.4 Definição de fissuras segundo suas atividades........................................................... 19
2.5 Definição de fissuras segundo a forma....................................................................... 19
2.6 Definição de fissuras segundo a causa........................................................................ 20
2.7 Principais causas das fissuras em argamassas............................................................ 21
2.7.1 Fissuras por movimentação térmica........................................................................... 21
2.7.2 Fissuras por movimentação higroscópica.................................................................. 25
2.7.3 Fissuras por alteração química nas argamassas........................................................ 29
2.7.4 Fissuras provenientes de aberturas nas alvenarias.................................................... 31
2.7.5 Fissuras por atuação de sobrecargas.......................................................................... 32
2.7.6 Fissuras por recalques de fundação............................................................................ 33
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................. 36
3.1. Resultados Estatísticos................................................................................................. 36
4. CONCLUSÕES............................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 45
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1. INTRODUÇÃO
Pela importância na construção, a ABNT NBR 13.529 (1995), definiu argamassas com
duas funções; uma como argamassa de revestimento, que consiste em uma mistura homogênea
de agregado miúdo, aglomerante inorgânico e água, contendo ou não aditivos ou adições, com
propriedades de aderência e endurecimento. E argamassa colante como mistura constituída de
aglomerante hidráulico, agregados minerais e aditivos, que possibilita, quando preparada em
obra com adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente,
empregada no assentamento de peças cerâmicas e de pedras de revestimento.
Em relação às adições nas argamassas, à norma ABNT NBR 13.529:1995, definem
adições como materiais inorgânicos naturais ou industriais finamente divididos, adicionados às
argamassas para modificar suas propriedades com quantidade proporcionada. Dentre as adições
estão saibro, solo fino, filito cerâmico e pó calcário. Adições minerais são substitutivas da cal
hidratada, garantindo plasticidade da massa a custo reduzido.
No Quadro 1, Carasek apud Isaias (1996), lista os importantes problemas associados a
saibros presentes nas argamassas, e apresenta designações regionais, além de comentar sobre a
necessidade de cuidados quanto sua utilização. Os saibros foram amplamente empregados no
Brasil com essa finalidade, recebendo mais variadas designações regionais, como: taguá,
arenoso, caulim, massara, piçarra, salmorão, argila de goma, barro, areia de reboco, areia de
meia liga, areia rosa, etc. Este material, constituído em parte por argilominerais, empregado
indiscriminadamente causa frequentes manifestações patológicas em revestimentos de
argamassa, sendo as principais: fissuração, pulverulência, eflorescência e descolamento.
Mesmo que, nem todo saibro seja deletério, este material deve ser empregado com grande
cautela, pois além dos inconvenientes listados, trata-se de material decomposto de rochas, muito
heterogêneo, e portanto, exige rigoroso controle para suas dosagens em todas as etapas de uso
de argamassas na obra.
12
1.1 Objetivos
1.2 Justificativa
1.3 Metodologia
2. REFERENCIAL TEÓRICO
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
2.2 Argamassa
argamassa intermediária, obtida apenas com areia e água. Na cal extinta em obra, o excesso de
água utilizada proporciona uma hidratação completa de todos os seus óxidos, permitindo rápida
e segura alteração nas partículas e cristais de hidróxidos.
A pasta de cal hidratada é uma suspensão coloidal de hidróxido de cálcio, que envolve
os grãos de areia, e melhora a trabalhabilidade e a retenção de água ótima, em relação a outros
tipos de argamassa. A obtenção da resistência ocorre lentamente, requerendo a manutenção da
umidade, porque o endurecimento inicial se dá por transferência de umidade para os blocos.
Assim, deve-se evitar o uso da cal nas argamassas que se destinam ao assentamento dos blocos
da alvenaria.
Segundo Franco (1988), a resistência à compressão da argamassa pouco influencia a
resistência à compressão da alvenaria; a Figura 01 demonstra que com a gradual diminuição da
quantidade de cimento na argamassa, ocorre uma drástica diminuição na resistência à
compressão da argamassa, mas uma pequena influência na resistência da alvenaria.
Outra classificação das fissuras, é quanto às suas atividades. Duarte (1998), define que
as fissuras podem ser classificadas, segundo suas atividades, como fissuras ativas, e fissuras
inativas. Fissuras ativas são aquelas que podem apresentar variações de abertura em
determinado período de tempo, podendo ser causadas por variação térmica, por exemplo,
podendo também, apresentar comportamentos cíclicos, alternando a abertura conforme as
variações de temperatura. Já as fissuras ativas causadas por recalque de fundação tendem a
apresentar aberturas crescentes. As fissuras inativas, ou estabilizadas, são aquelas que não
apresentam variações, de abertura ou de comprimento, ao longo do tempo. Estas fissuras
costumam ser causadas por solicitação externa constante tais como sobrecargas ou fundações
estabilizadas.
Quanto à forma da fissura, Duarte (1998), classifica como isoladas as fissuras de causas
diversas seguindo direção predominante, acompanhando as juntas de argamassa ou partindo
componentes, seguindo fiadas horizontais ou fiadas verticais, ou ainda, prolongando-se na
interface entre os componentes da alvenaria e a junta de argamassa. Já as fissuras disseminadas
são aquelas que apresentam a forma de rede de fissuras, sendo mais comuns em revestimentos.
A Revista Téchne, da Editora PINI, na sua Edição nº 160, traz um esclarecedor artigo
assinado por SAHADE, Renato, (2010). Trinca ou Fissura? Como se originam, quais os tipos,
as causas e as técnicas mais recomendadas de recuperação de fissuras. Neste artigo, o Autor
apresenta com ótima didática, tanto as técnicas de recuperação, como a classificação das
fissuras mais comuns encontradas nas edificações. No quadro 2, a seguir, estão relacionadas as
fissuras e os procedimentos de recuperação conforme o citado artigo.
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Geométricas Mapeadas
Ativas Passivas Ativas Passivas
Sazonais Progressivas Sazonais
Membranas Reforço de Substituição do Membranas Papel de pare-
acrílicas fundação revestimento acrílicas de (interno)
Reforço Papel de pare- Substituição do
Bandagem estrutural Tela metálica de (interno) revestimento
Argamassa ar-
Tela metálica Tirante mada
Armadura hori- Pintura
Tirante zontal convencional
Argamassa ar-
Selagem mada
Substituição de
Junta de movi- unidades dani-
mentação ou ficadas
de controle Grampeamento
Fonte: Sahade.
Outra classificação feita por Duarte (1998) define as fissuras quanto à causa, da seguinte
forma:
As fissuras segundo a causa, que podem ser reagrupadas como:
Fissuras causadas por excessivo carregamento em forma de compressão
(sobrecargas);
Fissuras causadas por variações de temperatura (movimentações térmicas);
Fissuras causadas por retração e expansão;
Fissuras causadas pela deformação de elementos da estrutura de concreto
armado;
Fissuras causadas por recalques de fundações;
Fissuras causadas por reações químicas;
Fissuras causadas por detalhes construtivos incorretos.
21
Segundo Thomaz (1989), as paredes heterogêneas, com baixa aderência entre juntas e
componentes, tendem a apresentar fissuras nesta interface, gerando linhas quebradas ou
acompanhando as fiadas, distorcendo o sistema típico de fissuração (Figura 08).
Figura 14 – Fissuras horizontais junto à base da parede por efeito da umidade do solo
com presença de eflorescência.
Para Thomaz (1989), retração de lajes poderá provocar compressão de pisos cerâmicos,
somando-se a esse inconveniente a deflexão promovida pela retração diferenciada do concreto
entre as regiões armadas e não armadas da laje. Em situações muito desfavoráveis poderão
surgir fissuras no piso ou mesmo o destacamento do revestimento cerâmico. As fissuras
desenvolvidas por retração das argamassas de revestimento apresentam distribuição uniforme,
com linhas mapeadas que se cruzam formando ângulos bastante próximos de 90°.
É comum o surgimento de fissuras nas aberturas dos vãos decorrentes da não utilização
de vergas e contra vergas, ou até mesmo da sua utilização deficiente, subdimensionada. Nas
edificações encontram-se fissuras devido à presença de aberturas, geralmente com direções
inclinadas, conforme ressalta Thomaz (1989).
32
Segundo Thomaz (1989), a sobrecarga é uma solicitação externa que pode ou não ser
prevista em projeto, e que é capaz de fissurar um componente do sistema, mesmo que este não
tenha função estrutural.
A condição de previsão da ação de sobrecargas no projeto de estrutura pode caracterizar
vício de projeto, erro ou falha. Mas se foi previsto a ocorrência de fissuras deve-se por vício,
erro ou falha na execução. Essas sobrecargas podem produzir fissuras nas peças de concreto, e
nas alvenarias, ou nos revestimentos de paredes e pisos próximos às peças de concreto, que
sofrem os efeitos dos movimentos dessas peças de concreto.
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São comuns ocorrências típicas de fissuras nas alvenarias, provocadas por sobrecargas.
Normalmente existem dois tipos característicos de trincas que surgem em trechos
contínuos de alvenarias solicitadas por sobrecargas uniformemente distribuídas mostradas a
seguir:
a) Trincas verticais, provenientes da deformação transversal da argamassa sob ação
das tensões de compressão, melhor dizendo, da flexão local dos componentes de
alvenaria;
b) Trincas horizontais, provenientes da ruptura por compressão dos componentes de
alvenaria ou da própria argamassa de assentamento, ou ainda de solicitações de
flexocompressão da parede.
(THOMAZ, 1989)
Conforme a ABNT NBR 6122: fundação superficial (ou rasa ou direta) é definida como.
Elementos de fundação em que a carga é transmitida ao terreno, predominantemente
pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de
assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor
dimensão da fundação. Incluem-se neste tipo de fundação as sapatas, os blocos, os
radier, as sapatas associadas, as vigas de fundação e as sapatas corridas.
E fundação profunda:
Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de
ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das
duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão
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Para Thomaz (1989), “quando no caso em que as deformações sofridas pelo solo sejam
diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, tensões de grande intensidade
serão introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o aparecimento de trincas”.
Figura 19 - Recalque provocado em solo geralmente pouco compactado.
Outro caso ocorre quando existem raízes vegetais distribuídas no solo sob a construção,
que deixam o solo mais úmido podendo provocar o recalque, ou podendo tornar aquela região
das raízes mais compactas, o que causaria o surgimento de fissuras. (Thomaz, 1989).
Figura 21 – Presença de raízes vegetais de arvores de porte considerável, no solo sob a
edificação.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
01 Movimentações térmicas 31
02 Movimentações higroscópicas 30
03 Recalques de fundação 22
04 Fissuras de canto 06
06 Esmagamento de alvenaria 04
07 Ausência de vergas 02
Fotografia 06 – Esmagamento.
casas populares a baixo custo, e na busca da redução dos custos foram negligenciadas algumas
determinações da ABNT, e como consequência foram produzidas casas de baixa qualidade,
como, aliás, estão sendo propostas até hoje. Exageros à parte, o mínimo seria construir casas
com condições de habitabilidade, insalubres e seguras.
A casa simples pode ser confortável mesmo que seja de telha aparente, tinta a óleo nas
paredes molháveis, esgotamento sanitário através de fossas e sumidouros, com peças estruturais
da cobertura de maneira adequada, e não chumbadas diretamente nas alvenarias. Fundações
diretas com uso de alvenaria de pedra apenas para enclausurar os aterros, mas acompanhadas
de cintas, pilares, além de aplicações de impermeabilizações. Contra pisos em concreto sobre
aterro bem compactado, cimentados nos pisos, com traços adequados, e unidos com juntas de
dilatação espaçadas. Alvenarias de tijolos devidamente amarradas, aprumadas e alinhadas,
executadas com tijolos com o mínimo de matéria orgânica, bem queimados, bem cortados e
assentados com argamassas que atendam exigências de segurança e estanqueidade, Cintas nos
respaldos das alvenarias, ou mesmo peças de madeira sobre as paredes para receberem as
estruturas da cobertura. Uso de vergas e contra vergas nos vãos das portas e janelas.
Caixas d’água pré-fabricadas em materiais que não sejam reconhecidamente
prejudiciais à saúde humana, ou mistas de alvenaria e concreto pré-fabricado com a
estanqueidade necessária. Esquadrias de madeiras, mesmo de segunda qualidade, mas
devidamente tratadas, secas e alinhadas. Estrutura de cobertura em madeira serrada de
qualidade, com inclinação correta, uso de três ripas por telha, e telhas estanques, bem casadas,
bem queimadas e com os espaçamentos de cobertura adequados. Instalações elétricas, mesmo
que em parte sejam aparentes, mas de acordo com as normas de segurança. Instalações hidro
sanitárias adequadas ao normativo, com uso de peças e conexões funcionais. E por fim,
construção de calçadas de contorno com a competência de proteger as fundações.
Mas o visto foram casas atacadas por infiltrações ascendentes, laterais, descendentes,
fissuras, ataques de pestes de insetos, mofo, bolores e apodrecimentos, em peças carregadas de
matéria orgânica, manifestações estas, adquiridas ou trazidas na escolha de materiais, aliados a
baixa qualidade de mão de obra empregada, num conjunto de vícios e falhas. As ocorrências
são dispersas num grande espaço geográfico onde milhares de casas populares foram
construídas, em solos particularmente semelhantes, que ao tempo da construção possuíam
expressiva cobertura vegetal, que foram tombadas com uso de maquinário pesado sem nenhum
critério, deixando no subsolo raízes, troncos e galhos que com o passar dos anos apodreceram
gerando zonas de vazios a pequenas profundidades, prejudicando a resistência natural do solo,
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além de proporcionar as perfeitas condições para reprodução de insetos, formigas, cupins, que
hoje fazem parte do cotidiano de vida dos moradores.
Exemplos de como não se fazer, tão rapidamente identificados na análise individual de
unidades, que se prestava a abrigar grupos familiares, e se transformaram em escombros ou
depósitos de pessoas e famílias.
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4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122. Projetos e Execução
de Fundações – Procedimentos. Rio de Janeiro, 1986.