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ANA BEATRIZ SOARES LIMA

PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL:


MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS EDIFICAÇÕES

PARAGOMINAS
2021
ANA BEATRIZ SOARES LIMA

PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL:


MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS EDIFICAÇÕES

Projeto apresentado ao Curso de Engenharia


Civil da Instituição Pitágoras tendo como
finalidade a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Armando Sobrinho

PARAGOMINAS
2021
ANA BEATRIZ SOARES LIMA

PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL:

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS EDIFICAÇÕES

Trabalho de conclusão do curso de Engenharia


Civil da Instituição Pitágoras tendo como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)


Dedico este trabalho ao meu esposo,
Joelmir P. Holanda, quem sempre me
motivou, me deu forças, permaneceu ao
meu lado nos momentos mais difíceis e
esteve sempre me motivando a dá o meu
melhor e ser uma excelente profissional.
Dedico também aos meus pais, que
sempre me motivaram a correr atrás dos
meus objetivos e ao meu filho, Heitor, que
carrego comigo na barriga.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida, e por me ajudar a ultrapassar


todos os obstáculos encontrados ao longo do curso.
Agradeço aos meus colegas de classe que sempre estiveram comigo e
contribuíram para meu conhecimento.
Agradeço ao Prof. Rubens e a Orientadora Rosilene Costa, que não se
encontram mais na instituição, mas que ambos deixaram seus legados de
simplicidade e agregaram bastante no meu conhecimento, proporcionando que eu me
aproximasse mais do curso e gostasse ainda mais da engenharia Civil.
“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um
oceano”.

(Isaac Newton).
LIMA, Ana Beatriz S. Patologia na construção civil: manifestações patológicas nas
edificações. 2021. 29 número de folhas. Trabalho de conclusão de curso –
(Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade Pitágoras, Paragominas, 2021.

RESUMO

A patologia das estruturas é um ramo da engenharia civil que estuda as origens,


formas de manifestações, consequências e mecanismos de origens das falhas e dos
sistemas e degradação dos edifícios. Contudo, o objetivo deste trabalho foi estudar os
tipos de manifestações patológicas nas edificações, assim como a importância do
diagnóstico das manifestações patológicas por meios de ensaios não destrutivos
buscando o entendimento dos fenômenos em termos de interpretação das relações
de causa e efeito que caracterizaram as patologias. A metodologia para o
desenvolvimento deste trabalho foi de revisão bibliográfica, por meio de referências
teóricos, tais como: artigos técnicos, artigos de jornais, livros, monografias,
dissertações e teses. Notou-se no decorrer dessa pesquisa que as principais
manifestações patológicas presentes nos edifícios são fissuras, trincas e rachaduras,
patologias essas que estão ligadas a projetos deficientes de detalhamento e
incompatibilidade entre os mesmos, falhas durante a execução e falta de vistoria dos
profissionais responsáveis, resultando em problemas nas estruturas comprometendo
o desempenho das mesmas.

Palavras-chaves: Patologia. Manifestações patológicas. Edificações.


LIMA, Ana Beatriz S. Pathology in construction: pathological manifestations in
buildings. 2021. 29 número total de folhas. Trabalho de conclusão de curso –
(Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade Pitágoras, Paragominas, 2021.

ABSTRACT

The pathology of structures is a branch of civil engineering that studies the origins,
forms of manifestations, consequences and mechanisms of origin of failures and
systems and building degradation. However, the objective of this work was to study
the types of pathological manifestations in buildings, as well as the importance of
diagnosing pathological manifestations by means of non-destructive tests, seeking to
understand the phenomena in terms of interpreting the cause and effect relationships
that characterized the pathologies. The methodology for the development of this work
was a bibliographic review, through theoretical references, such as: technical articles,
newspaper articles, books, monographs, dissertations and theses. It was noted during
this research that the main pathological manifestations present in the buildings are
fissures, cracks and cracks, pathologies that are linked to poor detailing projects and
incompatibility between them, failures during execution and lack of inspection by the
responsible professionals, resulting in problems in the structures compromising their
performance.

Keywords: Pathology. Pathological manifestations. Buildings.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnica


CP - Cimento Portland
NBR - Norma Brasileira
VUP – Vida útil de projeto
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
2. PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES ................................................................... 12
3. TIPOS DE PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES ................................................ 17
3.2 FISSURAS .................................................................................................. 19
3.3 TRINCAS .................................................................................................... 19
3.4 RACHADURAS ........................................................................................... 20
3.5 CORROSÃO NA ARMADURA .................................................................... 20
4. IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICA DAS PATOLOGIAS ................................ 22
4.1 ENSAIO DE ESCLEROMETRIA ................................................................. 25
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 27
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 28
11

1. INTRODUÇÃO

As edificações possuem uma durabilidade, ou seja, capacidade que a


edificação e seus sistemas possuem para desempenhar suas funções com o passar
do tempo. A patologia nas edificações é um tema bastante estudado nos dias atuais,
sendo uma ciência que busca, de forma sistêmica, estudar as anomalias, causas e
defeitos incidentes nos materiais construtivos, componentes ou na edificação como
um todo.
Inúmeras são as causas das manifestações patológicas nas edificações que
contribuem para a degradação das estruturas. Devido as complexas naturezas da
patologia, identificar e diagnosticar as manifestações patológicas nos dias de hoje é
de grande importância e se constitui de um grande desafio na construção civil, pois a
necessidade de laudos da edificação são cada vez mais cobrados fazendo-se
necessário o uso de práticas mais precisas e adequadas justificando a presente
pesquisa.
Qual a importância do estudo das manifestações patológicas nas edificações?
As manifestações patológicas em edificações são os principais problemas que
comprometem a vida útil das construções. Dentre essas patologias, destacam-se as
estruturais, sendo que as mesmas são objetos de estudo da presente pesquisa. A
pesquisa pode contribuir para a compreensão e diagnóstico das causas das
manifestações patológicas encontradas no dia a dia da construção civil e analisar
possíveis soluções para evitar problemas nos edifícios ao longo do tempo.
Buscou-se como objetivo geral, avaliar as principais causas e manifestações
patológicas em edificações, decorrentes de problemas de projeto, execução e
manutenção. Assim, o objetivo específico é analisar os tipos de patologias nas
edificações, identificar as causas das manifestações patológicas nas edificações e
compreender a importância da engenharia diagnostica para a construção civil.
Com o intuito de buscar subsídios teóricos e metodológicos para o
desenvolvimento do trabalho a base metodológica da pesquisa foi de revisão
bibliográfica, por meio de referências teóricos, tais como: artigos técnicos, artigos de
jornais, livros, monografias, dissertações, teses, artigos de eventos consagrados,
além do auxílio de professores especialistas no tema abordado.
12

2. PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES

Segundo Fernández (1988), patologia faz parte da engenharia que estuda os


mecanismos, os sintomas, as causas e as origens dos defeitos das obras. O conceito
de "patologia", é um termo derivado do grego (pathos - doença, e logia - ciência,
estudo) cujo significado é "estudo da doença". Assim, essa ciência pode ser
compreendida como o estudo do desvio daquilo que é admitido como a condição
normal ou esperada de algo. Na construção civil pode-se atribuir patologia aos
estudos dos danos ocorridos em edificações. Essas patologias podem se manifestar
de diversos tipos, tais como: trincas, eflorescência, flechas excessivas, manchas no
concreto aparente e a corrosão de armaduras entre outras. Por ser encontrada em
diversos aspectos, recebe o nome de manifestações patológicas.
Sabe-se que a finalidade do estudo das manifestações patológicas nas
estruturas é encontrar explicações técnicas e cientificas para irregularidades
encontradas nas estruturas. Isso pode ocorrer na fase de construção, durante a
execução dos serviços, e assim é possível que se determine os mecanismos, os
sintomas, as causas e as origens dos defeitos das obras. Levando-se em conta sua
duração residual, o objetivo da patologia de estruturas é procurar definir a
conveniência da recuperação, do esforço ou mesmo da demolição pura e simples dos
elementos ou da estrutura danificada (MACHADO, 2002).
Segundo Nazário e Zancan:
Patologia, de acordo com os dicionários, é a parte da medicina que estuda as
doenças. A palavra patologia tem origem grega de “phatos” que significa
sofrimento, doença, e de “logia” que é ciência, estudo. Então, conforme os
dicionários existentes pode-se definir a palavra patologia como a ciência que
estuda a origem, os sintomas e a natureza das doenças (NAZÁRIO E
ZANCAN, 2011, p. 01).

Patologias das construções é a área da engenharia civil que analisa o


desempenho insatisfatório de elementos que compõem uma edificação, desempenho
este, atualmente regido por normas técnicas, a análise do defeito, fazendo uma
análise através dos tipos de manifestações, causas e origens, a engenharia
diagnostica utiliza o termo como a área de estudo das origens e mecanismos de
ocorrência das diversas falhas que afetam aspectos estruturais e estéticos de uma
edificação (CREMONINI, 1988).
A patologia das edificações estuda as origens, formas de manifestação,
consequências e mecanismos de ocorrência de falhas, tais fatores abrange uma
13

adequada sistematização dos conhecimentos nesta área, para posterior diagnóstico


e geração de planos de intervenção para resolução das manifestações apresentadas.
A norma técnica NBR 15575 (ABNT, 2013) estabelece as condições mínimas
de habitabilidade, manutenibilidade e uso, nas edificações. estas condições são
regulamentadas e descrevem as condições que devem ser atendidas pelos materiais
e componentes das edificações para promover o desempenho da estrutura. Conforme
estabelecido pela norma técnica NBR 15575 (ABNT, 2013) todos os componentes,
elementos e sistemas da edificação devem manter a capacidade funcional durante a
vida útil de projeto.
Conforme Gnipper e Mikaldo Jr:

[...] o requisito de desempenho é a formulação qualitativa das propriedades a


serem alcançadas pelo edifício, ou por suas partes, de maneira a atender
determinadas necessidades do usuário. Os requisitos de desempenho são
relativos ao uso propriamente dito da edificação, à resistência que esta
deverá oferecer aos desgastes que sobre ela atuam e às consequências que
ela produzirá sobre o meio ambiente (GNIPPER; MIKALDO JR, 2007, p. 02

Segundo Souza e Ripper (1988), o crescimento muito acelerado da construção


civil, provocou a necessidade de inovações. A respeito do desempenho de
edificações, em certo momento da vida útil de determinado elemento pode apresentar
desempenho insatisfatório, não significa que ele esteja necessariamente condenado,
mas que esteja precisando de manutenção corretiva ou preventiva. A manutenção
corretiva é aquela intervenção que visa corrigir um elemento ou sistema no qual se
observa a incidência de falha ou desempenho menor que o esperado. Enquanto que
a manutenção preventiva é a intervenção que visa preservar o desempenho da
edificação em algum momento da sua vida útil, evitando a deflagração de anomalias.
A manutenção de estruturas é tida como um dos processos que compõem a
construção de uma edificação, tão importante quanto à execução do mesmo, para
contribuir com o não surgimento de patologias nas estruturas (RIPPER; SOUZA,
1998).
Normalmente os problemas patológicos estão relacionados à queda de
desempenho das edificações, esta queda está diretamente relacionada com os danos
e vícios construtivos que aparecem na edificação ao decorrer do tempo (DO CARMO,
2003).
Segundo Souza e Ripper (1998), os problemas encontrados durante o ciclo de
vida da edificação podem ser diversos, causados tanto por envelhecimento natural
14

dos materiais quanto por acidentes ocorridos durante o seu uso. Além de falhas de
projeto e execução, seja por escolha dos materiais empregados em obra.
As edificações estão sujeitas a perda de desempenho durante sua vida útil de
projeto (VUP), tal processo pode avançar de forma natural ou ser acelerado por
diversas razões externas de origem em qualquer uma das etapas do processo
construtivo, dentre as mais variadas formas de manifestações patológicas
(CREMONINI, 1988).
Segundo Amorim (2010), a falta de manutenção das edificações e a ausência
de conhecimento dos usuários sobre elementos agressivos nas estruturas de concreto
como a exposições a um ambiente úmido por um longo tempo, uso de produtos
corrosivos em concreto e barras de aço, podem gerar uma série de problemas com a
estrutura, afetando o desempenho estrutural do concreto. A manutenção periódica
pode evitar problemas patológicos sérios e, em alguns casos, a própria ruína da
estrutura.
Cremonini destaca que:

[...] as edificações são constituídas por diversos tipos de materiais e


componentes, os quais sofrem um processo de degradação quando em
contato com o meio. Este processo leva a uma perda de desempenho da
edificação até que se atinja um nível mínimo, a partir do qual se caracteriza
um defeito [...] o processo de degradação de um componente pode ser
estimado através de curvas de desempenho no tempo. O conhecimento
destas curvas permite fazer uma programação de atividades e desenvolver
sistemas de manutenção (CREMONINI, 1988, p. 23-24).

O concreto armado é a solução estrutural mais empregada nas construções


brasileiras e em grande parcela das edificações dos principais países do mundo e
torna-se um dos principais materiais afetados por manifestações patológicas. Os
processos principais que causam a deterioração do concreto podem ser agrupados,
de acordo com sua natureza, em mecânicos, físicos, químicos, biológicos e
eletromagnéticos. A durabilidade do concreto é a capacidade que esse material possui
frente a desagregação e deterioração, desempenhando as funções ao qual o mesmo
foi projetado (SOKOLOVICZ 2013).
Segundo Helene e Pereira (2007), os problemas mais comuns nas estruturas
de concreto armado são as fissuras, flechas excessivas, corrosão da armadura, e
florescências, trincas por recalque ocasionado por defeitos de aterro e compactação
e problemas devido à segregação dos componentes do concreto.
15

Os problemas patológicos nas estruturas de concreto geralmente se


manifestam de forma bem característica, permitindo assim que um
profissional experiente possa deduzir qual a natureza, a origem e os
mecanismos envolvidos, bem como as prováveis consequências [...] Um dos
sintomas mais comuns é o aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras e
fendas.

- [...] Fissura é uma abertura em forma de linha que aparece nas superfícies
de qualquer material sólido, proveniente da ruptura sutil de parte de sua
massa, com espessura de até 0,5mm [...]

- [...] Trinca é uma abertura em forma de linha que aparece na superfície de


qualquer material sólido, proveniente de evidente ruptura de parte de sua
massa, com espessura de 0,5mm a 1,00mm [...]

- [...] Rachadura é uma abertura expressiva que aparece na superfície de


qualquer material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa,
podendo-se “ver” através dela e cuja espessura varia de 1,00mm até 1,5mm
[...]

- [...] Fenda é uma abertura expressiva que aparece na superfície de qualquer


material sólido, proveniente de acentuada ruptura de sua massa, com
espessura superior a 1,5mm (VITÓRIO, 2003, p. 25).

De acordo com Helene (2002), a corrosão das armaduras de concreto é um


fenômeno de natureza eletroquímica que pode ser acelerado pela presença de
agentes químicos externos ou internos ao concreto. A corrosão do aço é a mais
importante, costuma se apresentar inicialmente em pequenos trechos localizados,
logo se generalizando. A corrosão somente irá sofrer alterações quando houver
contato com cloretos, sulfatos e sulfetos, que podem estar na própria massa do
concreto ou proveniente do meio ambiente. O processo físico-químico gerador dos
óxidos e hidróxidos de ferro é devido à formação de uma célula de corrosão, com
eletrólito e diferença de potencial entre pontos da superfície. Os danos causados pela
corrosão de armadura geralmente são manifestados por fissuras no concreto
paralelas à direção da armadura, delimitando e ou desprendendo o recobrimento.
No concreto armado, o aço encontra-se no interior de um meio altamente
alcalino no qual estaria protegido do processo de corrosão devido a presença de uma
película protetora de caráter passivo (CASCUDO, 1997).
Ao produzir-se por efeito da corrosão óxido expansivo, com aumento de
volume de aproximadamente oito a dez vezes do volume original, criam-se
fortes tensões no concreto, que levam a que este se rompa por tração,
apresentando fissuras que seguem as linhas das armaduras principais e,
inclusive, dos estribos, se a corrosão foi muito intensa (CÁNOVAS, 1988,
p.522).

De acordo com Do Carmo (2003), quando se tem a análise das patologias, é


possível identificar a origem e natureza dos problemas, bem como suas
16

consequências. Após o diagnóstico das manifestações patológicas e a suas prováveis


causas determina-se um plano de ação para o estudo e a compreensão mais
minuciosa do problema. Geralmente, as manifestações patológicas aparecem de
forma bastante característica e com ocorrência bem estabelecida estatisticamente.
Segundo Gnipper e Mikaldo Jr:

A importância do estudo das patologias construtivas, em particular aquelas


relativas aos sistemas prediais em apreço, reside na possibilidade da atuação
preventiva, especialmente quando elas têm por causa falhas no processo de
produção dos respectivos projetos de engenharia (GNIPPER; MIKALDO JR,
2007, p. 2).

Segundo Helene (2002), é importante salientar que uma análise correta dos
problemas nas edificações, é aquela que nos permite definir claramente a origem,
causas, consequências, a intervenção mais adequada e o método de intervir.
Segundo Do Carmo:
O conhecimento da causa que gerou o problema é importante para que se
possa prescrever a terapêutica adequada para o problema em questão, uma
vez que se tratarmos os sintomas sem eliminar a causa, o problema tende a
se manifestar novamente (DO CARMO, 2003, p. 11).

Segundo Miotto (2010) a realização de estudos que buscam avaliar,


caracterizar e diagnosticar a ocorrência de danos em edificações em virtude das
manifestações patológicas, são de suma importância., pois são fundamentais para o
processo de produção e uso das edificações; permitem conhecer ações eficientes
para atenuar a ocorrência de falhas e problemas, o que tende a melhorar a qualidade
geral das edificações e otimizar a aplicações dos recursos empregados.
A resolução de um problema patológico envolve um conjunto complexo de
procedimentos a serem feitos, a prática profissional usada na análise destes
problemas tem sido muitas vezes caracterizada pela falta de uma metodologia
cientificamente reconhecida e comprovada prevalecendo em muitas situações a
experiência profissional do engenheiro, obtida ao longo dos anos e a utilização de
métodos empíricos de análise prévia, tal fator é relevante quando se mostra
necessária uma análise pormenorizada e individualizada do problema, quando estes
se mostram mais complexos (DO CARMO, 2003).
17

3. TIPOS DE PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES

As edificações estão sujeitas a perda de desempenho durante sua vida útil de


projeto (VUP), tal processo pode avançar de forma natural ou ser acelerado por
diversas razões externas de origem em qualquer uma das etapas do processo
construtivo, dentre as mais variadas formas de manifestações patológicas
(CREMONINI, 1988).
Os problemas patológicos normalmente têm origem em algum erro ou falha
cometida em ao menos uma das fases do projeto, as fases onde podem acontecer as
causas que têm como efeito possíveis defeitos futuros, são: planejamento, projeto,
fabricação das matérias primas, execução e uso (DO CARMO, 2003).
A fissuração dos elementos que compõem a edificação é um dos tipos de
problemas patológicos mais comuns e que mais chamam a atenção dos usuários pelo
impacto visual e psicológico. Alguns fatores geradores de fissuração conhecidos,
como a retração, variação de temperatura e a agressividade do meio ambiente
juntamente com o sentido e ângulo em que a falha se apresenta na superfície da
edificação, apontam o tipo de sobrecarga de tração ou compressão da estrutura,
auxiliando no entendimento de causa e efeito destas manifestações patológicas
(VITÓRIO, 2003).

3.1 PATOLOGIA EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

Segundo Sokolovicz (2013), acreditava-se, antigamente, que o concreto


armado era um material eterno, uma vez que apresentava um ótimo comportamento
perante o uso e a exposição ao ambiente. No entanto, percebeu-se que o concreto
armado não era eterno, e que o ambiente o deteriorava de diferentes formas .
Lapa afirma que:
Os processos principais que causam a deterioração do concreto podem ser
agrupados, de acordo com sua natureza, em mecânicos, físicos, químicos,
biológicos e eletromagnéticos [...] os processos de degradação alteram a
capacidade de o material desempenhar as suas funções, e nem sempre se
manifestam visualmente. Os três principais sintomas que podem surgir
isoladamente ou simultaneamente são: a fissuração, o destacamento e a
desagregação (LAPA, 2008, p. 9).

Segundo Ferreira (2000), o concreto é um dos matérias mais utilizados no ramo


da construção civil, praticamente indispensável. Sua composição é dada basicamente
da mistura de água, cimento, pedra e areia. É de suma importância que na hora da
execução da obra se respeite as proporções de cada material, como já calculado e
18

previsto em projeto. Portanto, o fator água/ cimento deve ser respeitado (a/c), pois
quantidade de água utilizada tem extrema importância e impacto direto na resistência
e na qualidade do concreto, ela é responsável por ativar os reagentes químicos da
mistura, ou seja, se for utilizado pouca água, corre-se o risco de não ativar os
reagentes químicos, portanto o concreto não atinge a textura de pasta que deve ter
para poder ser utilizado, porém caso possua excesso de água na mistura, o concreto
atinge a textura de pasta mas perde resistência.
O fator água/cimento, o meio em que será construído o edifício também são
determinantes para origem de patologias nas estruturas de concreto, em virtude disto
a ABNT NBR 6118, orienta qual o tipo de concreto a ser usado de acordo com o meio
ambiente, por meio de uma escala (níveis de intensidade), dividida em classes A1,
A2, B1, B2, C e U. As classes não remetem diretamente a um ambiente, senão ao
dano ao concreto.
De acordo com, Thomaz (1889), outro fator determinante para a origem de
manifestações patológicas em estruturas de concreto são as sobrecargas que estão
submetido os edifícios, pois essas cargas previstas ou não, podem provocar trincas
em estruturas de concreto armado, sem que isso implique necessariamente em
ruptura ou instabilidade da estrutura.
Conforme Thomaz:
A atuação de sobrecargas pode produzir a fissuração de componentes
estruturais, tais como pilares, vigas e paredes. Estas sobrecargas atuantes
podem ter sido consideradas no projeto estrutural, caso em que a falha
decorre da execução da peça ou do próprio cálculo estrutural, como pode
também estar ocorrendo a solicitação da peça por uma sobrecarga superior
à prevista. (THOMAZ, 1889, p. 45).

Segundo Cunha (2011), para evitar que o concreto seja fissurado, tendo uma
ruptura brusca do concreto tracionado, devido a um excesso de carga, se faz
necessário uma armadura de tração As’min (área de aço mínima) que seja
suficientemente capaz de assegurar à viga uma resistência à flexão, com o concreto
já fissurado, pelo menos igual àquela que possuía no concreto sem fissuras. Variações
bruscas de temperatura provocam danos sobre as estruturas, uma vez que a
temperatura da superfície se ajusta rapidamente, enquanto a do interior se ajusta
lentamente.

Segundo Thomaz:
19

Todos os materiais empregados nas construções estão sujeitos a dilatações


com o aumento da temperatura, e a retrações com a sua diminuição. A
intensidade desta variação dimensional, para uma dada variação de
temperatura, varia de material para material [...] a amplitude e a taxa de 22
variação da temperatura de um componente exposto à radiação solar
dependem de diversos fatores (THOMAZ, 1989, p. 20).

3.2 FISSURAS

Segundo Oliveira (2012), fissuras, trincas e rachaduras se diferem através de


suas aberturas, que são referentes à ordem de gravidade de cada uma. São
classificadas formalmente em função de fenômenos físicos entre diferentes elementos
da construção. Para cada uma delas existem soluções diferentes e tratamentos
diferentes.
De acordo com a NBR 9575:2003, fissura é a abertura ocasionada por ruptura
de um material ou componente estrutural, com abertura inferior ou igual a 0,5mm. A
NBR 15.575:2013 apresenta a fissura de componente estrutural como: seccionamento
na superfície ou em toda seção transversal de um componente, com abertura capilar,
provocado por tensões normais ou tangenciais. No entanto, há vários mecanismos
que podem originar fissuras nas estruturas, como: recalque diferencial na fundação,
cisalhamento, flexão, torção, tração, punção, fendilhamento, temperatura, etc.
A fissuração ocorre sempre que a deformação à tração a que o concreto está
submetido excede sua própria resistência. A capacidade de deformação à tração do
concreto varia com a idade e velocidade de aplicação da deformação. As fissuras são
ser classificadas como ativas (variação da abertura em função de movimentações
hidrotérmicas ou outras) ou passivas (abertura constante), ou seja, para a
especificação de um correto tratamento, é de vital importância que se verifique se a
fissura analisada é ativa (viva ou instável) ou inativa (VITÓRIO, 2003).

3.3 TRINCAS

Segundo Thomaz (1989), as trincas são aberturas mais profundas e


acentuadas. O fator determinante para se configurar uma trinca é a "separação entre
as partes", ou seja, o material em que a trinca se encontra está separado em dois. As
trincas são muito mais perigosas do que as fissuras, pois apresentam ruptura dos
elementos, como no caso mencionado da parede, e assim podem afetar a segurança
dos componentes da estrutura de sua casa ou prédio.
20

De acordo com a NBR 9575:2003, as trincas são aberturas ocasionadas por


ruptura de um material ou componente com abertura superior a 0,5 mm e inferior a
1,0 mm. A NBR 15.575:2013 apresenta as trincas como: expressão coloquial
qualitativa aplicável a fissuras com abertura maior ou igual a 0,6mm.
As trincas, quando ocasionadas pelo comprometimento da estrutura, pode ser
pelo mesmo motivo das rachaduras. Porém, se as trincas não tiverem relação com a
parte estrutural, podem ter ocorrido devido ao uso de material de baixa qualidade ou
uma execução malfeita.

3.4 RACHADURAS

As rachaduras têm as mesmas características das trincas em relação à


"separação entre partes", mas são aberturas grandes, profundas e acentuadas. São
bastante pronunciadas e facilmente observáveis devido à amplitude da separação das
partes. As rachaduras podem aparecer por inúmeros motivos, dentre eles: devido a
cálculos mal elaborados e sobrecargas de uso previstas inadequadamente,
acomodação não prevista do solo, retirada antes do tempo de elementos de
escoramento, dilatação térmica, retração do material, infiltração, vibrações e
trepidações, defeitos na formulação do produto e erros na aplicação (OLIVEIRA,
2012).
Segundo, Oliveira (2012), as rachaduras são fendas com abertura superior a
1,5 mm, profundas e bem destacadas. Com esta magnitude permitem que o ar e a
água penetrem no interior do ambiente, o que exige atenção imediata. Podem gerar
corrosão da armadura ou reações químicas indesejadas no material. Não se deve
simplesmente fechá-las sem pesquisar a causas e providenciar a solução do problema
que a originou.

3.5 CORROSÃO NA ARMADURA

De acordo com Polito (2006), a corrosão na armadura ocorre quando a


armação é atingida por elementos agressivos fazendo com que a parte oxidada
aumente sue volume em aproximadamente 8 vezes, assim a força de expansão
expele o cobrimento de concreto, expondo totalmente a ação agressiva do meio.
Helene (2002) define a corrosão das armaduras de concreto como um
fenômeno de natureza eletroquímica que pode ser acelerado pela presença de
agentes químicos externos ou internos ao concreto. No concreto armado, o aço
21

encontra-se no interior de um meio altamente alcalino no qual estaria protegido do


processo de corrosão devido à presença de uma película protetora de caráter passivo
(CASCUDO, 1997).
Conforme Thomaz:
As reações de corrosão, independentemente de sua natureza, produzem
óxido de ferro, cujo volume é muitas vezes maior do que o original do metal
são. Essa expansão provoca o fissuramento e o lascamento (“spalling”) do
concreto nas regiões próximas às armaduras [...] (THOMAZ, 1989, p. 124).

Segundo Cascudo (1997), a corrosão do aço é a mais importante, costuma se


apresentar inicialmente em pequenos trechos localizados, logo se generalizando.
Geralmente são manifestados por fissuras no concreto paralelas à direção da
armadura, delimitando e ou desprendendo o recobrimento. Dentre os principais
agentes causadores deste determinado tipo de patologia, se pode citar a falta de
qualidade das matérias primas utilizadas na execução das peças. Outra possível
causa geradora destas manifestações patológicas refere-se à fase de planejamento e
projeto da edificação, que não prevê um cobrimento maior das barras de aço,
facilitando assim sua exposição à água e ao ar do ambiente.
Para que a corrosão se manifeste é necessário que haja oxigênio (ar), umidade
(água) e o estabelecimento de uma célula de corrosão eletroquímica
(heterogeneidade da estrutura), que só ocorre após a despassivação da armadura. A
corrosão de armaduras em estruturas de concreto armado acontece através de
processos eletroquímicos, que tendem a manifestar-se em meios com alto teor de
umidade aumentando com a heterogeneidade da estrutura e por cobrimentos
insuficientes das armaduras de aço (THOMAZ, 1989).
22

4. IMPORTÂNCIA DO DIAGNOSTICA DAS PATOLOGIAS

Dá-se o nome de diagnóstico do problema patológico, todo o processo de


entendimento e explicação científica dos fenômenos ocorridos e seus respectivos
desenvolvimentos de uma construção onde ocorrem manifestações patológicas.
Inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção são tarefas que
devem ser realizadas sistematicamente e periodicamente, de modo a que os
resultados e as ações de manutenções devem cumprir efetivamente a reabilitação da
construção, sempre que for necessária (GRANATO, 2002).
O diagnóstico das patologias pode ser definido como a identificação da
natureza e origem dos defeitos, este processo caracteriza-se por não ser de fácil
concepção. Descobrir as principais causas dos problemas não é tarefa fácil tendo em
vista o número de processos apresentados palas diversas etapas construtivas
(CREMONINI, 1988).
“Na prática, quando uma edificação tem sintomas patológicos deverão ser
realizados estudos da situação e encontradas as ocorrências dos problemas,
falhas ou defeitos e então é feita a classificação do grau de patologia,
concluindo se o problema é estrutural, podendo comprometer a vida útil da
estrutura, ou se é apenas algum aspecto visual.” (Morares Vieira, 2016 p. 19)

Helene afirma que “[...] a definição do estado atual e/ou o estudo de danos
deverá constituir um documento abrangente, ainda que com um nível de informações
diferente conforme o diagnóstico seja de dano leve ou grave” (HELENE, 2003, p. 162).
Conforme Helene:
[...] a instrumentação condiz em conhecer a resposta da estrutura que
compõe a edificação a série de ações em um determinado período de tempo,
podendo assim ser modelado o comportamento da estrutura através da
resposta desta neste período (HELENE, 2003, p. 159)

O diagnóstico da manifestação patológica nos permite estabelecer parâmetros


quanto ao estado de conservação do edifício. Em cada uma das etapas do processo
de diagnóstico, sempre deve ser levado em conta se existem informações suficientes
para estabelecer o diagnóstico da patologia. Quando não for possível estabelecer com
certeza a causa do problema, as decisões do responsável técnico deverão ser
tomadas como explícitas, tendo em vista o dever ético do profissional para com a
engenharia (MACHADO, 2002).
O diagnóstico exige criteriosamente que seja levada em conta a sensibilidade
das hipóteses e modelos a fim de associar cientificamente o efeito à causa da
patologia, através de uma inspeção detalhada, feita por um profissional habilitado, por
23

meio de ensaios e testes afim de obter o maior número de informações possíveis. O


processo de elaboração de um diagnóstico tem início a partir do momento em que se
iniciam os estudos referentes ao caso e análise objetiva do entendimento completo de
um quadro geral de fenômenos e manifestações dinâmicas (HELENE, 2003).
Muitas das patologias manifestadas por este tipo de fenômeno incidem de
forma repetitiva na maioria dos edifícios, revelando falhas sistemáticas na fase de
projeto desses sistemas prediais, bem como, falhas por falta de compatibilização
adequada dos projetos componentes da estrutura. Portanto a caracterização da
natureza das patologias e inconformidades mais frequentes nesse universo pode
contribuir para uma ação preventiva durante a etapa de concepção do projeto de
novas edificações, visando diminuir a incidência de tais problemas a níveis
satisfatórios aos usuários (GNIPPER; MIKALDO JR, 2007).
Segundo Granato (2002), nas etapas de inspeção a primeira maneira de se
combater danos ou erros na execução de uma obra, consiste em uma analise
minuciosa do estado de conservação da obra por meio de visitas técnicas. As
seguintes etapas correspondem a uma inspeção:
a) Elaboração de uma ficha de antecedentes, da estrutura e do meio ambiente,
baseado em documentação existente e visita a obra;
b) Exame visual geral da estrutura;
c) Levantamento dos danos;
d) Seleção das regiões para exame visual mais detalhado e possivelmente da
retirada de amostras;
e) Seleção das técnicas de ensaio, medições, análises mais acuradas;
f) Seleção de regiões para a realização de ensaios, medições, análises físico-
químicas no concreto, nas armaduras e no meio ambiente circundante;
g) Execução de medições, ensaios, e análises físico-químicos.
Apesar da vistoria no local ser uma análise preliminar das manifestações
patológicas, uma vistoria completa, acompanhada por relatório fotográfico e análises
instrumentais adequadas, pode gerar um grande entendimento do problema e suas
causas e efeitos, uma técnica que pode ser adotada para a realização da vistoria é
baseada em eliminações subsequentes, abrangendo todo universo de causas
hipotéticas ou agentes patológicos (THOMAZ, 1989).
A vistoria consiste no exame por visita técnica e formatação de relatórios
fotográficos, utiliza-se basicamente dos sentidos humanos e alguns determinados
24

instrumentos. Tem como principal objetivo o levantamento de dados a uma primeira


vista, que possibilitem um entendimento parcial das manifestações (DO CARMO,
2003).
“A obtenção de informação in situ deve basear-se no princípio do mínimo
número de indícios para obter o máximo de informação” (HELENE, 2003, p. 159).
Segundo Tutikian e Pacheco (2013), o diagnóstico de uma patologia não pode
ser realizado de maneira imediatista, mas deve ser fruto de uma análise que considera
todo o processo de evolução do caso, visto que uma manifestação pode se apresentar
de maneiras distintas durante cada fase do mesmo.
De acordo com Correia (2013), o procedimento de inspeção visual possui
algumas vantagens, tais como: custo praticamente zero de materiais, possibilidade de
diagnóstico apenas com a inspeção visual, podendo ainda servir como introdução aos
demais ensaios a serem utilizados. No entanto, apresenta algumas desvantagens:
verificação apenas das superfícies visíveis a olho nu, ausência de informações
quantitativas a respeito das propriedades do concreto, necessidade de grande
experiência do investigador. Segundo Correia, a Inspeção Visual separando-se em 4
níveis de gravidade, de acordo com o estado da estrutura em análise:
a) Nível Satisfatório: estruturas sem indícios de problemas estruturais ou de
durabilidade, com padrão de construção visualmente satisfatório, porém
não isentas do emprego de vistorias para assegurar sua durabilidade e vida
útil. Corresponde ao período de vida útil de projeto, em que a estrutura não
apresenta manifestações patológicas.
b) Nível Tolerável: estruturas sem indícios de problemas estruturais, mas com
presença de anomalias de pequena monta e de fácil recuperação que, se
não forem tratadas, tendem a causar problemas maiores no futuro.
c) Nível Alerta: estruturas em estado de durabilidade duvidosa, com presença
de anomalias reveladas em que seria recomendável uma avaliação
pormenorizada, podendo ser programada em médio prazo. Representa a
fase em que a estrutura atingiu algum limite de serviço ou possui
manifestações patológicas.
d) d) Nível Crítico: com evidências nítidas de problemas estruturais e de
durabilidade, necessitando de verificação imediata ou em curto prazo.
Representa a proximidade com a vida útil última da estrutura, com
manifestações patológicas graves e comprometimento estrutural.
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Para a análise da situação da edificação são realizados ensaios não destrutivos


e destrutivos. Os ensaios não destrutivos são obtidos por meio de: fotografias,
utilização de ficha de caracterização da obra contendo identificação dos materiais,
sistema construtivos e também pode ser realizado a partir de instrumentos como
esclerometros, ensaios de carbonatação e etc. (CORREIA, 2013).
Os ensaios destrutivos são feitos a partir da padronização e confecção de
corpos de prova, para determinação da resistência a compreensão do concreto
armado.
Nas etapas de inspeção e diagnostico, a primeira maneira de se combater
danos ou erros na execução de uma obra consiste em uma análise rigorosa do estado
de conservação da obra, recorrendo a visitas ao local, afim de se conhecer a origem
e os processos construtivos iniciais ou quaisquer registros da mesma. Posteriormente
diagnosticar os elementos que necessitam de reparos, verificar a gravidade visando a
segurança dos usuários, quais as melhores medidas a ser tomadas e definir a
extensão do quadro patológico e a sequencia da vistoria por meio dos sentidos
humanos, testes e instrumentos simples (TAVARES; COSTA; VARUM 2011).

4.1 ENSAIO DE ESCLEROMETRIA

O ensaio consiste em promover um impacto na superfície do concreto através


de uma massa chocante impulsionada por uma mola, transferindo essa energia
através de uma haste rígida. A energia de impacto não absorvida pelo concreto é
registrada pelo aparelho e representa um índice de reflexão. O ensaio baseia-se na
hipótese de que existe uma estreita correlação entre a resistência ao choque (dureza
superficial) e a resistência à compressão do material, sempre que não houver
alterações na superfície desse material. O equipamento utilizado é o esclerômetro de
reflexão ou de Schimdt (BRIK; MOREIRA; KRUGER, 2013).
Este ensaio é uma das técnicas mais difundidas em todo o mundo para a
avaliação da homogeneidade do concreto, e pode ser realizado de acordo com a NBR
7584/82 Concreto endurecido. Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de
reflexão.
O aparelho deve ser aplicado preferencialmente na posição horizontal e
consequentemente sobre superfícies verticais. Sendo necessário aplicar em posições
diversas, o índice esclerométrico deve ser corrigido com os coeficientes fornecidos
26

pelo fabricante do aparelho. Esses coeficientes levam em consideração a ação da


gravidade e são variáveis para cada tipo de aparelho, sendo máxima aditiva para
ângulo igual a –90º (laje de teto) e máxima subtrativa para ângulo igual a +90º (laje de
piso) (GRANATO, 2002).
A realização de inspeções periódicas com a finalidade de subsidiar as
atividades de manutenção certamente possibilitará uma melhor estratégia de ação,
evitando que muitos dos problemas que ocorrem nas estruturas tenham seus efeitos
intensificados a ponto de comprometer as condições de funcionamento e a
durabilidade.
Granato (2002) cita alguns fatores que podem influenciar nos resultados de
ensaio, além da umidade e da possibilidade de a superfície estar carbonatada:
a) Dano superficial ou interfacial: quando a superfície do concreto está menos
resistente em virtude de um ataque químico ou pela falta de aderência entre o
agregado e matriz de cimento, que pode ser observada na forma de desprendimento
do agregado graúdo da matriz de pasta de cimento no momento da ruptura do
concreto;
b) Tipo de cimento: concretos de cimento Portland pozolânico bem curados
apresentam maior dureza;
c) Condições de cura: quanto mais eficiente a cura, maior a dureza superficial.
Entre as idades de 3 dias a 3 meses não é necessário considerar o efeito da
carbonatação (BS 1881-202).
d) Idade: De acordo com a NBR 7584, a influência da idade na dureza
superficial do concreto em relação à obtida nas condições normalizadas para a idade
de 28 dias deve-se à influência de cura e carbonatação. Portanto, estas correlações
não são automaticamente válidas para idades superiores a 60 dias e inferiores a 14
dias.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As patologias da construção civil podem ter suas origens em qualquer uma das
etapas do processo denominado construção civil sendo importante a realização de
estudos que buscam avaliar, caracterizar e diagnosticar a ocorrência de danos em
edificações, pois são fundamentais para o processo de produção e uso das
edificações. Devido a tal fator nota-se a importância do controle, padronização e
qualidade na execução dos serviços que constituem o processo como um todo.
O capitulo 3 teve como objetivo principal descobrir quais as principais causas
de fissuras, trincas, rachaduras, entre outras patologias presente em estruturas de
concreto nas edificações. Durante esse estudo pode-se entender que as principais
causas das manifestações patologias nas edificações podem ser evitadas, e são
consequências da incompatibilidade dos projetos arquitetônicos, estruturais,
hidrossanitários, elétricos e da má execução da obra.
O capitulo 4 teve como objetivo principal analisar a importância do diagnóstico
das patologias nas edificações por meio de métodos de controle de qualidade e
referências normativas que garantam os níveis de desempenho, vida útil e
durabilidade de edifícios. Em alguns casos, é possível se fazer um diagnóstico das
patologias apenas através da visualização. Entretanto, em outros casos não é
possível, sendo necessário verificar o projeto; investigar as cargas a que foi submetida
à estrutura; analisar detalhadamente a forma como foi executada a obra e, inclusive,
como esta patologia reage diante de determinados estímulos. Por fim o trabalho
mostrou-se satisfatório, pois teve seu objetivo atingido após a analise e compreensão
das principais causas e os tipos de manifestações patológicas presentes nas
edificações.
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