Você está na página 1de 20

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES

Arthur Riffel Becker


Barbara Steil
Deborah Camila Outeiro Rodrigues
Higor Miguel Cipriani

RESUMO: O estudo acerca de manifestações patológicas na construção civil vem evoluindo


na medida em que se deseja identificar os fatores relacionados às anomalias encontradas nas
construções, sejam elas de grande ou pequeno porte, e assim aprimorar as metodologias de
diagnóstico e reparo para essas situações. O objetivo deste presente trabalho foi fundamentar
teoricamente patologias na construção civil e apresentar situações reais nas quais algumas
patologias foram encontradas. A pesquisa quanto à abordagem se caracterizou como
qualitativa; quanto ao objetivo da pesquisa se caracterizou como pesquisa exploratória e
quanto aos procedimentos e técnicas teve como base a revisão bibliográfica e estudo de caso.
Após levantamento bibliográfico para melhor entendimento na área de problemas
patológicos e suas possíveis causas, identificou-se patologias encontradas por pesquisas in
loco apontando os tipos de anomalias, suas possíveis causas e origem. Por fim, apresentou-
se uma solução possível para sanar tal problema.

PALAVRAS-CHAVE: manifestações patológicas; causas; construção.

ABSTRACT: The study about pathological manifestations in civil construction has been
evolving to the extent that one wishes to identify the factors related to anomalies found in
buildings, whether large or small, and thus improve diagnostic and repair methodologies
for these situations. It aimed to theoretically ground pathologies in civil construct present
real cases, in which some pathologies were found. The research had a qualitative approach,
as the objective was exploratory research, and the procedures and techniques were based
on the bibliographic review and case study. After a bibliographical survey to better
understand the pathological problems and their possible causes, we identified the
pathologies found by on-site research. It pointed out the types of anomalies, their possible
causes, and their origin. Finally, we presented a feasible solution to solve the problem.
KEYWORDS: pathological manifestations; causes; construction.

1 INTRODUÇÃO

Entende-se por Patologias a ciência que estuda as causas, mecanismos de ocorrência,


manifestações e consequências dos erros nas construções civis ou nas situações em que a
edificação não apresenta um desempenho mínimo preestabelecido pelo usuário.
Nesse sentido, o crescimento muito acelerado da construção civil provocou a
necessidade de inovações, trazendo também a aceitação de certos riscos, que demandam um
maior conhecimento sobre estruturas e materiais. Esse aprendizado provém das análises dos
erros acontecidos, que têm resultado em deterioração precoce ou acidentes. Apesar disso
tudo, tem sido constatado que algumas estruturas acabam por ter desempenho insatisfatório,
confrontando-as com os objetivos as quais se propunham (SOUZA; RIPPER, 1998).
Os problemas patológicos ocorrem por meio de um processo construtivo, o qual se
divide em cinco grandes etapas: planejamento, projetos, fabricação de materiais e
componentes/aquisição, produção/execução propriamente dita, e uso (manutenção e
operação). Sua incidência está relacionada com o nível de controle de qualidade realizado
em cada uma das etapas do processo produtivo e também com a compatibilidade entre elas.
Não se pode esquecer que as edificações também reagem em função das condições
em que estão expostas, sendo eles fenômenos físicos, químicos e biológicos, podendo, assim,
provocar a queda de desempenho de uma construção, levando a se agravar com o passar do
tempo.
Atualmente, com todo o crescimento acelerado e necessidade de inovações
constantes no ramo da construção civil, não há dúvidas de que o tema manifestações
patológicas é de extrema relevância para o meio, visto que essa alta demanda é difícil de ser
suprida e que as construções, necessariamente, têm uma vida útil pré-datada, ou seja, a vida
útil da edificação deve ser levada em consideração desde a fase de projeto, podendo dessa
forma, elaborar planos de manutenção da construção.
É importante investigar cuidadosamente a patologia e suas possíveis causas, pois ao
se falhar no seu diagnóstico, a correção não será eficiente. Uma patologia pode se apresentar
como consequência de mais de uma deficiência. Assim, para que a medida corretiva seja
eficiente devem-se sanar todas as suas causas (ANDRADE; SILVA, 2005).
Diversas são as causas que levam uma estrutura a sofrer danos, por isso é de extrema
importância o estudo desse ramo da engenharia, para que sejam evitadas manifestações
patológicas que venham a diminuir a durabilidade das estruturas, assim como é necessário
um conhecimento de como solucionar e recuperar aquelas que apresentam o problema, de
maneira a curá-las e impedir que o agente causador volte a causar o mesmo problema.
Este artigo tem como objetivo fundamentar teoricamente patologias na construção
civil e apresentar situações reais nas quais algumas patologias foram encontradas. Para tanto,
definiram-se os seguintes objetivos específicos (i) investigar situações reais de patologias
em construções; (ii) apontar suas possíveis causas e manifestações; (iii) apontar a melhor
situação para essa recuperação.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITO DE PATOLOGIA

Segundo Helene (1992) conceitua-se como Patologia a parte da Engenharia que


examina os sintomas, o mecanismo, as origens e as causas das falhas das construções civis,
ou seja, é o estudo de todos os componentes que formam o diagnóstico do problema.
Os materiais de construção são indispensáveis para a realização das estruturas e dos
elementos construtivos. Muitas vezes, porém, seu papel é limitado à definição de poucos
parâmetros, na fase de projeto, ligados principalmente às propriedades mecânicas, e se
dedica menos atenção aos aspectos relativos à sua interação com o ambiente. Na verdade, o
conhecimento do comportamento dos materiais quando em uso é importante em muitas das
fases que levam a construção de um edifício ou de uma estrutura, a sua gestão e até mesmo
a sua demolição (BERTOLINI, 2010).
Ainda na fase de projeto, é preciso escolher os materiais mais adequados aos diversos
elementos estruturais ou construtivos para atender às funções que lhe são solicitadas. Ou
seja, o projetista deve definir propriedades dos materiais, para garantir que as propriedades
consideradas no projeto de fato ocorram.
Durante o processo construtivo podem ocorrer falhas, gerando vícios e problemas
nessas etapas. O gerenciamento de cada processo e a necessidade de uma constante melhoria
por meio do controle da qualidade e do desenvolvimento de novas tecnologias retratam um
dos grandes desafios da engenharia civil (HELENE, 2003 apud ZUCHETTI, 2015).
É muito importante saber de onde surgiu a manifestação patológica para assim saber
quais medidas de recuperação seguir, pois um problema muitas vezes pode ser o início para
muitos outros.

2.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Manifestações patológicas nada mais são do que degradações identificadas nas


edificações. A importância do estudo das Patologias das Construções está, em primeiro
lugar, na necessidade de divulgação das manifestações patológicas mais incidentes; em
segundo lugar, no conhecimento da evolução dos problemas - quanto antes detectada menor
o custo para reparo dos elementos danificados (STEEN, 1991).
As manifestações patológicas podem ser classificadas em dois tipos:
• Manifestações patológicas simples: manifestações que possuem diagnóstico e
tratamento simples, não demandando conhecimentos aprofundados, como
exemplo, a corrosão de armaduras causando desplacamento de concretos.
• Manifestações patológicas complexas: manifestações que demandam de análise
mais criteriosa e detalhada exigindo conhecimento mais detalhado sobre
patologia, como exemplo, patologias relacionadas à umidade ou ataques
químicos do concreto.

2.3 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS EDIFICAÇÕES

2.3.1 Fissuras

Várias patologias podem ser encontradas em alvenaria, no entanto, o defeito de maior


importância entre todos é a fissura, devido aos aspectos fundamentais, como o
comprometimento da obra em serviço, o constrangimento e preocupação psicológica que a
fissuração do edifício exerce sobre seus usuários devido a um eventual estado de perigo para
a estrutura etc.
Segundo Corsini (2010), as fissuras podem começar a surgir de forma pacífica. Na
execução do projeto arquitetônico é um dos tipos mais comuns de patologias nas edificações
e podem interferir na estética, na durabilidade e nas características estruturais da obra. Ela
pode ser um indício de algum problema estrutural mais grave. Pelo fato de toda fissura
originar uma possível patologia mais grave (trinca e rachadura). Existem dois tipos de
manifestações da fissura em alvenarias, podendo ser classificadas em fissuras geométricas
ou fissuras mapeadas.
Ainda para Corsini (2010), as fissuras geométricas podem ocorrer tanto nos
elementos da alvenaria - blocos e tijolos - quanto em suas juntas de assentamento. Já as
fissuras mapeadas podem ser formadas por retração das argamassas, por excesso de finos no
traço ou por excesso de desempenamento. No geral, elas têm forma de "mapa" e, com
frequência, são aberturas superficiais.

2.3.2 Trincas

As trincas podem ser definidas como o estado em que um determinado objeto ou


parte dele se apresenta partido, separado em partes. Segundo o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento da Arquitetura (2016), nesse caso, a abertura ultrapassa a camada do
revestimento e pode afetar diretamente a estrutura interna, por representar a ruptura dos
elementos, podem diminuir a segurança de componentes estruturais de um edifício. Mesmo
sendo muito pequena e quase imperceptível deve ter a causa ou as causas minuciosamente
pesquisadas. Sua espessura pode ser superior a 0.5 mm podendo chegar a até 3 mm.

2.3.3 Corrosão

Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a corrosão nas armaduras de


concreto é uma das patologias mais frequentes nas edificações. A corrosão das armaduras,
podem determinar o fissuramento do concreto e até seu desplacamento fazendo com que sua
armadura fique exposta ao ambiente. A corrosão é frequentemente relacionada à presença
de teores críticos de íons de cloreto no concreto ou no abaixamento do seu pH devido às
reações com compostos presentes no ar atmosférico, especialmente o dióxido de carbono
(ARAÚJO, 2013).

2.3.4 Manchas

Os problemas dentro da construção civil causados por umidade podem estar


relacionados a até 60% das manifestações patológicas encontradas em edificações em fase
de uso e operação e podem levar a prejuízos de caráter funcional, de desempenho, estéticos
e estruturais podendo representar risco à segurança e à saúde dos usuários (SOUZA, 2008).
A saturação de água nos materiais sujeitos à umidade tem como consequência o
aparecimento de manchas características e posterior deterioração. Os problemas de umidade
podem se manifestar em diversos elementos das edificações como paredes, pisos, fachadas
e elementos de concreto armado. Geralmente eles não estão relacionados a uma única causa.

2.4 PRINCIPAIS CAUSADORES DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

2.4.1 Manifestações causadas por umidade

De acordo com o Perez (1985), a umidade na construção representa um dos


problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil. As umidades nas
construções podem manifestar-se de diversas formas e têm as seguintes origens: trazidas por
capilaridade, trazidas por chuvas, condensação e resultantes de vazamentos em redes
hidráulicas. (VERÇOZA, 1991).
Os problemas ocasionados por umidade podem ser evidenciados em diversos
elementos das edificações como, paredes, pisos, fachadas, elementos de concreto armado,
entre outras, ilustrado na Figura 1.

Figura 1 - Causas de manchas em uma edificação

Fonte: (Andrade, s.d)


Os aparecimentos dessa patologia podem ser de formas distintas:

• Umidade de construção;
• Umidade de precipitação;
• Umidade por capilaridade;
• Umidade de infiltração;
• Umidade devido a outras causas;

O Quadro 1 apresenta a origem da umidade nas construções

Quadro 1 - Origem da umidade nas construções


Origens da Umidade Existentes
De construção Nas confecções do concreto e argamassas, pinturas, entre
outros.
De precipitação Coberturas, lajes de terraço e paredes.
De capilaridade Através de lençol freático e terra
De infiltração Por meio de trincas, fissuras, redes hidráulicas e
impermeabilização.
Fonte: adaptado de KLEIN, 1999

2.4.2 Movimentação térmica

Segundo Dal Molin (1988), o concreto pode sofrer variações de temperatura sobre
influências externas, como a variação por condições ambientais ou incêndios, ou devido às
influências internas, como a elevação de temperatura que ocorre durante a hidratação do
cimento. Essas variações de temperatura imprimem uma contração nas peças estruturais;
logo, um esforço de tração age sobre o concreto, se esse esforço de tração for maior, em
algum momento, que a resistência do concreto, podem surgir fissuras.
Para Muci, Netto e Silva (2014), as fissuras oriundas de movimentações térmicas são
mais difíceis de reparo e geram mais custos, pois as movimentações térmicas seguem um
ciclo natural e com variações, logo os reparos podem ser ineficazes, e as fissuras podem
tornar a aparecerem frequentemente.
2.4.3 Sobrecarga

As fissuras causadas por sobrecargas são originadas por excessivos carregamentos


verticais de compressão nas paredes de alvenaria. Segundo Duarte (1998), sua configuração
é predominantemente vertical, tendo como mecanismo de ruptura o surgimento de fissuras
verticais por tração nos tijolos decorrente de esforços horizontais induzidos pela argamassa
de assentamento submetida à sobrecarga axial.
Outras configurações, no entanto, também podem ser observadas, como fissuras
horizontais por esmagamento da junta de argamassa, ruptura dos componentes ou
flexocompressão; e, fissuras inclinadas a partir dos pontos de aplicação de cargas ou em
cantos de aberturas (DUARTE, 1998; THOMAZ, 1989).

2.4.4 Deformação da estrutura de concreto armado

As paredes de alvenaria podem apresentar fissuras causadas por deformação de


elementos da estrutura de concreto armado. A deformabilidade das estruturas gera
movimentações que não podem ser acompanhadas pela constituição rígida das paredes de
alvenaria, introduzindo tensões de compressão, tração e cisalhamento nas paredes, podendo
provocar a fissuração (DUARTE, 1998; THOMAZ, 1989).
A principal influência da deformação das estruturas de concreto armado sobre as
alvenarias acontece pela flexão de elementos da estrutura como lajes e vigas. Em geral,
outras deformações causadas por solicitações de compressão, cisalhamento ou torção são
menos significativas.

2.4.5 Recalque de fundações

As fissuras em paredes causadas por recalque de fundações ocorrem quando existem


movimentações diferenciais nas fundações que excedem a capacidade resistente das paredes
de alvenaria. Essas movimentações podem ser originadas por falha das estruturas de
fundação ou por recalques do terreno (ORTIZ, 1988).
Prédios de alvenaria são estruturas rígidas com pouca tolerância para absorver
deformações. Ainda que paredes de alvenaria tenham um alto momento de inércia para
cargas verticais em função de sua altura, sua baixa resistência à flexão e ao cisalhamento
provoca fissuração à mínima deformação ocorrida (DUARTE, 1998).

2.4.7 Fissuras causadas por reações químicas

Fissuras causadas por reações químicas são predominantemente horizontais e


ocorrem pela expansão da junta de argamassa provocada pela alteração química indesejável
de seus materiais constituintes (THOMAZ, 1989).
Embora os materiais de construção devessem ser estáveis quimicamente, é comum
existirem sais solúveis em excesso nas juntas de argamassa que podem sofrer reações
expansivas no processo de cristalização capazes de provocar fissuras. As reações mais
comuns são a expansão das juntas de argamassa pela reação do cimento com sulfatos, a
hidratação retardada das cales e a hidratação de agregados que contenham argilas
(CINCOTTO, 1988; DUARTE, 1998).

2.4.8 Patologias por corrosão metálica

A corrosão de armaduras em estruturas de concreto armado é motivo de estudos por


ser um fenômeno que, além de apresentar grande ocorrência, reduz significativamente a vida
útil do edifício, por ocasionar consequências negativas às estruturas. Helene (1993) comenta
casos em que os problemas causados pela corrosão são tão severos que é preferível demolir
a estrutura a realizar os reparos necessários, de custos normalmente muito elevados.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa quanto à abordagem se caracterizou como qualitativa, que segundo Dias


(2012, p. 40) “considera as relações entre o mundo real e o sujeito – vínculo indissociável
entre o mundo objetivo e a subjetividade da pessoa, que não pode ser traduzido em números”.
Quanto ao objetivo da pesquisa se caracterizou como pesquisa exploratória, a qual
tem como objetivo familiarizar-se com o tema pesquisado, para assim entender sobre o
assunto de patologias das edificações, mostrando os tipos de patologias mais recorrentes,
bem como as formas de interpretação para a elaboração de laudos e diagnósticos de
manifestações patológicas.
Quanto aos procedimentos e técnicas este artigo teve como base a revisão
bibliográfica e estudo de caso. A pesquisa bibliográfica é então feita com o intuito de levantar
um conhecimento disponível sobre teorias, a fim de analisar, produzir ou explicar um objeto
sendo investigado. A pesquisa bibliográfica visa analisar as principais teorias de um tema, e
pode ser realizada com diferentes finalidades (CHIARA, KAIMEN, et al., 2008). O estudo
de caso é uma tradução precisa de fatos de um caso, explicação alternativa desses fatos,
tendo uma conclusão baseada na explicação mais congruente. Ainda se pode ressaltar que o
estudo de caso é utilizado como uma estratégia de pesquisa que, assim, permite a análise de
fenômenos em profundura dentro de um contexto é conveniente ao estudo de processos e
explora fenômenos por meio de vários ângulos (ROESCH, 2009).
Os estudos de caso são baseados em patologias encontradas in loco nas construções
visitadas, elencando suas causas, manifestações, prevenção e manutenção dos exemplos que
serão citados. Também aborda informação sobre as formas mais adequadas para manutenção
e correção de manifestações encontradas nos estudos de caso.
O problema é identificado de modo geral a partir das manifestações ou sintomas
patológicos que se traduzem por modificações estruturais e ou funcionais no edifício ou na
parte afetada, representando os sinais de aviso dos defeitos surgidos (BARROS et al., 1997).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 PATOLOGIAS ESTUDADAS

Para a realização deste artigo, foram analisadas situações presentes em edificações,


visando identificar possíveis problemas patológicos, buscando, assim, detectar sua origem e
causas e quais os possíveis mecanismos de recuperação.
É fundamental detectar a origem do problema e sua falha. Assim, o prognóstico estará
completo se consideradas as consequências do problema no comportamento geral da obra,
podendo, assim, propor soluções. Para tratar as patologias é preciso estudar as correções e
soluções. No caso das trincas, pode-se usar pequenos reparos, porém, no caso de rachaduras
a recuperação é generalizada podendo envolver fundações, pilares, vigas e lajes, dependendo
das causas da rachadura.
4.2 PATOLOGIA EM PAREDE EXTERNA DE LAVANDERIA

Em um primeiro momento, foi analisada uma patologia localizada no exterior de uma


residência na cidade de Canelinha/SC. A patologia encontrada é a presença de bolor na
parede externa de uma lavanderia como mostrado nas Figuras 3 e 4.

Figura 3 - Bolor aparente na parede externa da lavanderia

Fonte: O autor (2021)

Figura 4: Bolor aparente na área externa da lavanderia

.
Fonte: O autor (2021).

Na mesma construção, também se pode observar bolor aparente na base da área


construída, como mostrado na Figura 5.
Figura 5 - Bolor aparente na base da lavanderia.

Fonte: O autor (2021).

Em conversa com a família, foi informado de que a construção é limpa e realizada


pintura pelo menos duas vezes ao ano, porém o problema sempre volta a aparecer.
As patologias, em sua grande parte, surgem de projetos mal elaborados e construções
mal executadas, erros corriqueiros aliados a mão de obras deficientes, fazendo necessário,
assim, a restauração da estrutura danificada (MARTINS, 2016).
Pelo fato de ser uma lavanderia, a área já teria mais tendência à umidade. E, neste
caso, essa área da residência foi construída totalmente sem projeto, sendo assim não existe
nenhum preparo para que se evitasse a umidade do local. Outra situação, que já se pode
perceber logo de cara, foi a falta de um beiral, fazendo, assim, que a construção receba
diretamente toda a água e umidade da chuva.
Existem várias formas de evitar essa patologia, mas quando já existe, também temos
formas de resolver. Em alguns casos, a limpeza com produtos próprios para isso já resolve
boa parte da situação, porém na maioria das vezes a resolução é temporária.
No caso dessa construção, por se tratar de uma área úmida, deve-se aplicar em toda
a estrutura produto antimofo e, assim, ajudar a evitar a umidade presente. Em relação ao
telhado, a instalação de um beiral ou biqueira, para que se faça o escoamento da água da
chuva de forma correta é a melhor solução. Assim, protege-se a parede das ações causadas
diretamente pela umidade.
4.3 PATOLOGIA POR RECALQUE DE FUNDAÇÃO

A segunda patologia foi também localizada na residência da situação acima. Uma


área de festa com piscina, construída a menos de dois anos, apresentou problemas meses
depois de estar pronta. Fissuras de tamanhos consideráveis começaram a aparecer nas juntas
dos muros conforme Figuras 6 e 7.

Figura 6 - Fissura aparente na junta do muro construído.

Fonte: O autor (2021)

Figura 7 - Fissura aparente na junta do muro construído

Fonte: O autor (2021)


A área onde a piscina foi instalada, anteriormente era um terreno extremamente
acidentado e desnivelado. Após conversas com a família descobriu-se que, mesmo sem
projeto, realizaram o nivelamento do terreno com aterros e logo em seguida instalaram a
piscina. Nas costas do terreno se encontra um riacho que passa rente a estrutura do muro da
área construída.
Durante a conversa também nos foi repassado que a mão de obra não foi de
qualidade, tiveram vários incômodos com os primeiros pedreiros, tendo até que trocar a mão
de obra no fim da construção.
O deck onde se encontra a piscina também teve um desnível significativo, outro
ponto que chamou atenção foi a fissura que se abriu, no decorrer do muro que já existia, só
pelo fato de ele estar ligado à estrutura da lavanderia que está diretamente ligada à construção
do muro da piscina, conforme se ilustra na Figura 8.

Figura 8 - Fissura aparente no muro ligado à estrutura construída.

Fonte: o autor (2021)

Na Figura 8 percebe-se que chegou a fazer o descolamento da capa do muro, e a


fissura segue até a base do muro.
A construção foi totalmente despreparada para seu possível uso, sem cálculos para
suportar o peso da piscina, sem levar em conta a situação do terreno e seu possível recalque.
Apesar de todos os avanços tecnológicos variando dos materiais a mão de obra, ainda
assim, tem-se observado um significativo índice de patologias nas construções. Sendo
algumas patologias mais críticas à estrutura, por exemplo, a das fundações. Esses cuidados
podem ser diversos, podendo gerar as patologias das fundações, ao longo dos anos as
edificações estão sujeitas a esforços por adensamento, aumento de cargas ou até por
vibrações geradas no solo. Como estes problemas não são tão simples de serem observados,
geralmente só é percebido em estágios avançados dificultando a resolução (CORRÊA,
2010).
Segundo a família, o problema principal foi resolvido. Exigiu-se vários gastos extras
para a contratação de um profissional que fizesse a recuperação da estrutura. Foi realizada
uma contenção nas costas do muro construído, com novas fundações que foram levadas até
a parte mais firme do terreno, algo como se fosse um “calço” evitando que a estrutura
recalque, ou seja, “empurrada” em direção ao muro pelo aterro novo.
Em relação às fissuras, a recuperação deve ser feita com aplicação de argamassa onde
se encontra a fissura e logo em seguida realizada a pintura, já que no momento somente a
parte estética está sendo afetada.

4.4 PATOLOGIA DE RECALQUE NO PISO POR EXCESSO DE PESO

A área em questão tinha sido desenvolvida primeiramente para armazenamento de


produtos volumosos e de pouco peso, contudo a primeira empresa, que foi a que desenvolveu
o projeto, acabou se mudando e uma nova entrou no lugar, porém esta trabalha com
maquinário pesado, sem saber da fundação feita, foi locado o lugar devido ao espaço, todavia
sem essa preocupação com o peso, pouco tempo após a instalação das máquinas, o piso
começou a ter recalque conforme mostrado na Figura 9.
Figura 9: Recalque de piso por sobrepeso

Fonte: O autor (2021)

Trincas no piso podem ser produzidas por vibrações de motores, excesso de peso
sobre a laje ou fraqueza da laje; verificar se há trincas na parte de baixo; se tiver é grave;
peça o PARECER de um engenheiro de estruturas; (NASCIMENTO, 2009).
Nota-se ainda, que nesses casos há um conjunto de possibilidades que podem ter
gerado o recalque, como o mal dimensionamento para cargas superiores às previstas, as
cargas das máquinas propriamente ditos, e também serem ocasionados pela vibração dos
motores destes maquinários.

4.5 PATOLOGIA POR VARIAÇÃO TÉRMICA

Nesta situação, podemos visualizar uma parede cega que faz limite entre duas
propriedades, sendo uma parede de garagem, esta acaba recebendo muita luz solar, visto que
o outro espaço não possui edificação, já que se trata de um terreno baldio, com a incidência
de sol na parte externa, houve então uma fissura maior, que em alguns pontos fica evidente
na parte interna da edificação como neste caso (Figura 10).
Figura 10 - Fissura em parede por incidência do sol

Fonte: O autor (2021).

A variação térmica é a causa mais comum das fissuras ativas. As diferenças de


temperatura causam dilatação e contração dos materiais e, quando não são feitas as juntas
de dilatação, surgem as fissuras. É possível notar esse tipo de patologia nas paredes e,
principalmente, no teto onde a incidência e a área são maiores.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo teve como objetivo fundamentar teoricamente patologias na construção


civil e apresentar situações reais nas quais algumas patologias foram encontradas, assim,
ressalta-se que por meio da pesquisa bibliográfica foi possível conhecer as diferentes
patologias que podem ocorrer nas construções civis, sendo elas ocasionadas por diversos
fatores, tais como: umidade de construção, umidade de precipitação, umidade por
capilaridade, umidade de infiltração e umidade devido a outras causas;
Em relação aos objetivos específicos pode-se afirmar que se investigou as situações
reais de patologias em construções visitadas; elencou-se as suas causas e as consequências,
as manifestações, prevenção e manutenção dos exemplos que foram citados ao longo das
seções deste artigo, trazendo informação sobre as formas mais adequadas para manutenção
e correção de cada tipo de manifestação patológica encontradas nos estudos de caso, que
podem ocorrer no ramo da construção civil.
Concluindo que o estudo das manifestações patológicas é de extrema importância
para a engenharia, pois descobrir um problema logo no início e corrigi-lo impede que ele se
agrave e cause problemas maiores, e esses problemas só podem ser resolvidos por um
profissional capacitado, com noção de como identificá-los e consertá-los.
Mesmo assim, é necessário muito cuidado e atenção na parte de execução da obra
para evitar esses empecilhos.
Por fim, outras ações poderão suceder novas pesquisas, servindo este como exemplo
para outros estudos sobre as manifestações patológicas na área da construção civil.

6 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A. et al., Monitoramento da corrosão em estruturas de concreto: sensor de


umidade, de taxa de corrosão e de fibra óptica. São Paulo: Téchne 195, p.62-72 2013.

ANDRADE, T.; SILVA, A. J. C. Patologia das Estruturas. In: ISAIA, Geraldo Cechella
(Ed.). Concreto: ensino, pesquisa e realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.

Barros, M. M. B.; TANIGUTI, E. K.; RUIZ, L. B.; SABBATINI, F. H. Notas de Aula:


patologias em revestimentos verticais. 1997.

BERTOLINI, L. Materiais de construção. São Paulo: Oficina de texto. 2010. 415p

CHIARA, I. D. et al. Normas de documentação aplicadas à área de Saúde. Rio de


Janeiro: Editora E-Papers, 2008.

CINCOTO, M. A. Patologia das argamassas de revestimento: análise e recomendações. In:


Tecnologia de edificações. São Paulo: Pini: IPT, 1988. P. 549-554.

CORRÊA, Éderson Souza. Patologias decorrentes de alvenaria estrutural. Belém:


Universidade da Amazônia, 2010. Disponível em:
<http://www.unama.br/graduacao/engenharia-civil/tccs/2010/PATOLOGIAS-
DECORRENTES-ALVENARIA-ESTRUTURAL.pdf> Acesso em 21 de outubro de 2021.
CORSINI, R. Trinca ou fissura? São Paulo: Téchne. 160, p., jul. de 2010. Disponível em:
<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/160/trinca-ou-fissura-como-se-originam-quais-
os-tipos-285488-1.aspx>. Acesso em 06 nov. 2016.

DAL MOLIN, D. C. C. Fissuras em estruturas de concreto armado: análise das


manifestações típicas e levantamento de casos ocorridos no estado do Rio Grande do Sul.
Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1988.

DIAS, Sergio R. Pesquisa de mercado. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 326f.

FREITAS, Vasco Peixoto de; ALVES, Sandro M.; SOUSA, Marília. Um Contributo para a
Sistematização do Conhecimento da Patologia da Construção em Portugal. In: 2° Congresso
Nacional de Argamassas de Construção da APFAC, 2., 2007, Lisboa. Artigo em Livro
de Atas de Conferência Nacional. Lisboa: APFAC, 2007. p. 1-10.

GONÇALVES, Eduardo Albuquerque Buys. Estudo de Patologias e suas Causas nas


Estruturas de Concreto Armado de Obras de Edificações. 2015. 174 f. Monografia
(Especialização) Curso de Engenharia Civil, Escola Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

GRANATO, J. E. Apostila: Patologia das construções. São Paulo, 2002.

HELENE, P. R. L. Manual para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto.


2. ed. São Paulo: PINI, 1992.

Martins, J.G. (2006) "Impermeabilizações: Condições técnicas de Execução",


Dissertação e Mestrado em Engenharia Civil - Universidade de Fernando Pessoa, Paraíba.

ORTIZ, J. M. R. La cimentacion. Madrid: Colegio Oficial de Arquitetos, (1988). (Curso de


rehabilitacion, 4).
PEREZ, A. R. Umidade nas Edificações: recomendações para a prevenção de penetração
de água pelas fachadas. Tecnologia de Edificações, São Paulo. Pini, IPT – Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, Coletânea de trabalhos da Div. de
Edificações do IPT. 1988. p.571-78.

SOUZA, V.; RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto.


São Paulo: Pini, 1998.

SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e


Reforço de Estruturas de Concreto. São Paulo: Pini, 2009.

THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação.São Paulo: Pini;


EPUSP;IPT,1989. Disponivel em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAhH04AJ/trincas-edificios-causas-prevencao-
recuperacao-eng-ercio-thomaz-102>. Acesso em: 20 out. 2021.

VERÇOZA, E. J. Patologia das edificações. Porto Alegre: Editora Sagra, 1991.

Você também pode gostar