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PATOLOGIAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO


Natalia Irala Alfonso – eng.nataliairala@hotmail.com
MBA Projeto, Dimensionamento e Modelagem de Estruturas e Fundações
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Campo Grande, MS, 21/04/2021

Resumo
A patologia na construção civil é um evento que tende a culminar em impactos e
danos significativos para os empreendimentos, para os construtores e também para
os proprietários dos imóveis, requerendo assim que se desenvolvam estratégias
para evitar a incidência desses problemas. Um elemento impactado por patologias é
a estrutura de concreto armado, existem vários mecanismos que atuam nesses
componentes e que podem causar danos irreversíveis. Diante disso este trabalho
buscou investigar o seguinte problema, quais são as principais patologias que
ocorrem nas estruturas de concreto armado? Já o objetivo foi avaliar as principais
patologias em estruturas de concreto armado. Para responder à pergunta e atingir
aos objetivos realizou-se uma pesquisa de revisão bibliográfica consultando os
principais trabalhos acadêmicos que tratam do tema. Assim, constatou-se que
existem várias patologias que acometem as estruturas de concreto armado e cada
uma apresenta suas características, requerendo que se busque estratégias para
eliminar sua ocorrência nas edificações.

Palavras-chave: Patologia. Construção Civil. Estrutura de Concreto Armado.

1. Introdução
O artigo está inserido no campo de conhecimento da Engenharia, uma vez que
discorre acerca das patologias em estruturas de concreto armado. O interesse nesse
tema se deu, pois, a pesquisadora atua profissionalmente nele e constatou que
outros colegas ainda não tem a compreensão exata dos fenômenos relacionados ao
assunto. Esse campo de estudo tem grande relevância devido ao fato de que
através do entendimento das patologias e de seus eventos relacionados consegue-
se desenvolver medidas no projeto que irão minimizar ou eliminar seu surgimento.
Dessa forma é possível reduzir os custos com reparos ou até mesmo com possíveis
impactos à vida humana.
Pode-se apontar que as patologias são eventos críticos que afetam a vida útil de um
empreendimento, especialmente nas estruturas de concreto armado. Existem várias
causas que propiciam o surgimento desse fenômeno que tendem a impactar
negativamente as edificações, trazendo prejuízos para os construtores e os
compradores. Por isso é imprescindível compreender esses fenômenos em sua
totalidade, bem como seus impactos para que se possa assegurar a qualidade das
obras.
Destaca-se ainda que a patologia em estruturas de concreto armado é um campo
relativamente novo no setor da construção civil, despertando o interesse de
faculdades em todo o mundo que tem se engajado a estudar a temática. Nesse
sentido é importante citar que ao se executar empreendimentos melhores e mais
duráveis consegue-se garantir a satisfação dos consumidores, evitar a ocorrência
das patologias e desenvolver estratégias para tratá-las ou eliminá-las. Posto isto,
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este trabalho buscou investigar o seguinte problema, quais são as principais


patologias que ocorrem nas estruturas de concreto armado?
Desse modo, o trabalho se justifica, uma vez que aponta quais são as patologias
mais comuns e os efeitos associados a elas, bem como formas de tentar evitá-las.
Com isso, gerou-se mais conhecimento científico para que os profissionais da área
possam atuar para criar projetos mais eficientes a fim de evitar que tal evento
ocorra, visto que muitos ainda desconhecem ou desconsideram essas questões.
Este trabalho teve como objetivo geral avaliar as principais patologias em estruturas
de concreto armado. Já os objetivos específicos são apontar quais são os erros
executivos que resultam em patologias, evidenciar as falhas humanas que tendem a
culminar em patologias e compreender quais são as manifestações patológicas que
ocorrem nas estruturas de concreto armado.
Para a realização do trabalho desenvolveu-se uma pesquisa de revisão bibliográfica
consultando os principais trabalhos acadêmicos que tratam do tema. Foram
analisados, livros, artigos e uma dissertação que discorrem sobre o assunto. Depois
desse procedimento realizou-se uma análise indutiva dos materiais e redigiu-se o
artigo, enriquecendo um pouco mais a bibliografia que trata do assunto.
Bolina et al. (2019) afirmam que as estruturas de concreto armado tendem a
apresentar diversas manifestações patológicas que são originadas por vários
motivos, além disso, seus sintomas podem ser parecidos mesmo com causas
distintas. Já Thomaz (2020) afirma que as manifestações patológicas nas estruturas
de concreto armado têm várias origens ao longo da sua vida útil sendo que isso se
dá em razão de questões como carga da estrutura, ambiente, entre outras coisas. Já
Marinho e Mesquita (2020) destacam que estudar esses eventos permite que se
projete adequadamente uma estrutura e também que se avalie os eventos para que
se adote as medidas protetivas e de recuperação viáveis. Em todos os casos os
autores evidenciam que existem várias causas para que uma patologia ocorra em
estruturas de concreto armado. Por isso é essencial que se compreenda esse
fenômeno a fim de evitar sua incidência nos empreendimentos e também para criar
medidas protetivas mais efetivas.

2. Desenvolvimento

2.1. Metodologia
Para o desenvolvimento do artigo escolheu-se a natureza básica, isso porque não
existe não uma aplicação prática prevista, apenas discorreu-se sobre as patologias e
os elementos que as impactam em estruturas de concreto armado. Destaca-se que
Gil (2019) aponta que as pesquisas de natureza básica buscam otimizar as teorias
científicas, bem como entender fenômenos, contribuindo para elevar a base de
conhecimento dos pesquisadores.
Quanto a abordagem a pesquisa se enquadra em qualitativa, pois não se utilizou
ferramentas estatísticas para analisar os dados, depois da coleta estudou-se as
principais patologias, bem como os eventos mais relevantes relacionados a ela.
Marconi e Lakatos (2017) apontam que as pesquisas qualitativas se objetivam a
entender quais são as tendências e os comportamentos a partir da realização de
uma análise indutiva depois de se coletar os dados.
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No que tange aos objetivos o trabalho é denominado descritivo, pois apontou-se


quais são a principais patologias, bem como os eventos mais relevantes
relacionados a esse fenômeno. Marconi e Lakatos (2017) evidenciam que as
pesquisas de cunho descritivo visam apontar as características mais relevantes
associadas a um evento. Desse modo consegue-se traçar relações entre vários
componentes, propiciando ao pesquisador o entendimento de questões importantes
para o seu campo de trabalho.
O procedimento metodológico empregado para a redação do artigo foi a pesquisa de
revisão bibliográfica. Gil (2019) afirma que com esse instrumento consegue-se entrar
em contato direto com as publicações que discorrem sobre o tema de interesse. Isso
permite que os pesquisadores fiquem mais familiarizados com o assunto, auxiliando-
os ainda a gerar mais conhecimento sobre o campo de estudo para enriquecer a
bibliografia.
Os materiais utilizados na pesquisa foram coletados em bancos de dados como
Google Acadêmico, Scientific Electronic Library, entre outros. Analisou-se apenas os
que estavam disponíveis na íntegra que foram buscados com o auxílio de
descritores como ‘as patologias devido a erros executivos em estruturas de concreto
armado’, ‘as patologias provenientes das falhas humanas em estruturas de concreto
armado’ e ‘as manifestações patológicas em estruturas de concreto armado’. Após
essa etapa realizou-se a leitura dos trabalhos e redigiu-se o artigo.

2.2. Erros executivos e as patologias nas estruturas de concreto armado


O aparecimento de problemas patológicos em estruturas aponta, de forma geral e
em última instância, que ocorreram falhas nas etapas executivas do
empreendimento. Além disso, tem-se um indicativo de que houveram deficiências no
processo de controle próprio ou das atividades realizadas. Vale apontar que as
patologias nas estruturas de concreto armado são características, requerendo que
se conheça e analise bem suas consequências, os mecanismos envolvidos, a
origem e a natureza (GUIMARAES, 2013).
De acordo com Oliveira e Oliveira (2021) estudar os processos de deterioração das
estruturas de concreto é algo complexo, para tentar simplificar seu entendimento
criaram-se duas classificações que associam por similaridade as causas que
culminam na deterioração. Diante disso tem-se:
a) As intrínsecas – inerentes à estrutura do empreendimento, seu aparecimento
se dá de acordo com as peças estruturais e os materiais utilizados ao longo
das etapas executivas.
b) As extrínsecas são os eventos que atacam a estrutura de fora para dentro
tanto ao longo da vida útil como durante a sua concepção.
Nesse sentido, a figura 1 aponta as causas principais de deterioração das estruturas
que ocorrem devido a falhas humanas durante a construção.
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Figura 1 – Causas de deterioração de estruturas por falhas humanas durante a construção


Fonte: Bolina et al. (2019)

A seguir discute-se sobre a deficiência da concretagem, a inadequação das fôrmas e


do escoramento e o uso inapropriado de materiais contrutivos. Para Arivabene
(2015) quanto à deficiência de concretagem é importante mencionar que esse
procedimento é o primeiro a ser realizado na execução de uma estrutura. Com isso
assegurar sua qualidade necessita que se atue para garantir que o desempenho
final da estrutura tenha a capacidade de suprir aos requisitos do projeto. A
concretagem ocorre, normalmente, seguindo cinco etapas:
a) O transporte.
b) O lançamento.
c) A execução das juntas de concretagem.
d) O adensamento.
e) A cura.
Visando não comprometer a trabalhabilidade do concreto é necessário que seu
trasnporte ocorra de modo a garantir a fluidez e evitar o secamento da massa.
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Durante a fase de lançamento é preciso fazê-lo de forma uniforme a fim de que as


armaduras não se desloquem. Outro ponto que merece atenção está relacionado
com a altura de lançamento, pois a falta de atenção nesse momento tende a
culminar no aparecimento do fenômeno da segregação de materiais. A segregação
é um evento no qual os agregados se deslocam para a base da estrutura e na região
superficial tem-se apenas cimento e água (pasta). Durante a fabricação de pilares
recomenda-se que a altura de queda máxima seja de dois metros para evitar esse
problema (MUNARO; POSSAN, 2020) que pode ser observado com mais detalhes
na figura 2.

Figura 2 – Segregação devido à concretagem


Fonte: Ribeiro (2018)

Para diminuir o índice de vazios no concreto e, consequentemente, elevar a


aderência entre a armadura e o concreto, bem como a resistência, realiza-se o
processo de adensamento. Essa fase tem grande relevância, por isso deve ser bem
executada a fim de evitar a ocorrência de outros problemas. Ao se vibrar o concreto
em excesso tende-se a propiciar o fenomendo da segregação da mistura,
culminando na heterogeneidade da resistência mecânica da estrutura (COSTA et al.,
2018). A figura 3 mostra a segregação devido ao mau adensamento.
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Figura 3 – Segregação devido ao mau adensamento


Fonte: Ribeiro (2018)

Segundo Cruz et al.(2020) para que o processo de adensamento ocorra


adequadamente é preciso seguir alguns passos como:
a) Evitar o arrastamento do concreto.
b) Assegurar que o lançamento do concreto irá ocorrer de forma uniforme e que
as camadas executadas serão do mesmo tamanho.
c) Garantir que a camada construída tenha uma espessura adequada e
compatível com o equipamento a ser utilizado no processo de adensamento.
d) Realizar o adensamento de cada camada a fim de que se consiga expulsar
todo o ar existente.
No que tange às patologias devido à inadequação dos escoramentos e das fôrmas
pode-se apontar que as fôrmas atuam como um elemento responsável por delimitar
as basrras de aço e o concreto, requerendo assim que sua montagem ocorra em
função das métricas estipuladas no projeto. É essencial realizar o travamento a fim
de evitar sua queda ou alteração de formato quando receberem o concreto devido
ao peso do material, ou seja, as fôrmas precisam ter a capacidade de não deformar
para garantir que a estrutura permaneça com a geometria inalterada (FONSECA,
2012). Com isso, evitam-se problemas como o colapso estrutural como mostra a
figura 4.
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Figura 4 – Colapso estrutural por causa do mau escoramento das fôrmas


Fonte: Ribeiro (2018)

De acordo com Inácio et al. (2019) aponta que o processo de desforma precisa ser
feito somente depois de um período previamente determinado. Esse tempo deve
levar em consideração diversas questões como o cálculo estrutural, o tipo de cura e
o tipo de cimento. Outro cuidado a ser tomado no processo é que a remoção dos
materiais deve iniciar nas extremidades e ir caminhando até o centro. Vale apontar
que a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Norma Brasileira
(NBR) 14931 determina que tanto os escoramentos como as fôrmas não podem ser
retirados até que o concreto apresente resistência adequada para:
a) Suportar os danos superficiais durante o processo de retirada.
b) Evitar que as deformações ultrapassem as tolerâncias especificadas.
c) Resistir às cargas impostas aos elementos estruturais nessa etapa.
No que tange à patologia uso inadequado de materiais construtivos destaca-se o
emprego de materiais incorretamente tende a culminar em grandes prejuízos para
os empreendimentos. Nas estruturas de concreto armado é preciso estar atento à
resistência e qualidade dos aditivos, dos agregados e do aço, além disso, é
essencial utilizar o traço definido no projeto para que as solicitações sejam
suportadas pela estrutura (THOMAZ, 2020).
É preciso mensurar a resistência característica do concreto à compressão, uma vez
que isso permite ter um melhor controle da qualidade desse elemento. Pode-se
apontar que o aço é imprescindível nas estruturas de concreto armado, uma vez que
tende a resistir aos esforços de tração de forma satisfatória. Posto isto, deve-se
propiciar que se tenha uma boa aderência entre esses materiais a fim de evitar a
ocorrência de trincas. Recomenda-se que o cobrimento das barras de aço ocorra de
forma efetiva e seguindo o procedimento padrão mínimio a fim de evitar que sejam
degradadas pelas intempéries como a corrosão (DUARTE FILHO, 2018).
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2.3. Falhas humanas durante a utilização e as patologias nas estruturas de


concreto armado
Normalmente, as falhas originárias da utilização do empreendimento se dão devido
à ausência de manutenção. Pode-se apontar que a manutenção consiste em uma
série de medidas programadas previamente e aplicadas ao empreendimento em um
período determinado a fim de que se consiga assegurar a qualidade dos
componentes estruturais. Além disso, esses eventos podem se manifestar por
ausência de informações e negligência por parte dos usuários, resultando, na
maioria dos casos em sobrecarga e modificação da estrutura (MARINHO;
MESQUITA, 2020). Posto isto a figura 5 mostra as falhas humanas oriundas da
utilização que culminam no aparecimento de patologias.

Figura 5 – Falhas humanas oriundas da utilização que culminam no aparecimento de patologias


Fonte: Bolina et al. (2019)

Segundo Ribeiro (2018) existem diversos tipos de falhas humanas durante a


utilização dos empreendimentos, a figura 6 mostra um muito comum que são os
vãos abertos em locais indevidos.
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Figura 6 – Vãos abertos em locais indevidos


Fonte: Thomaz (2020)

Outra falha muito comum durante a utilização e que tende a culminar em patologias
são os cortes para passar a tubulação, além disso vale destacar que também
existem outras atividades que impactam o desempenho estrutural (SOUZA;
RIPPER, 1998). A figura 7 exemplifica um corte para a passagem de tubulação.

Figura 7 – Corte para a passagem de tubulação


Fonte: Thomaz (2020)
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Posto, isto, a seguir apontam-se as falhas humanas durante a utilização de uma


estrutura de concreto armado que podem resultar em patologias na estrutura. Entre
esses eventos destacam-se os naturais, as próprias da estrutura porosa de
concreto, as químicas, as físicas, as biológicas, a má avaliação das cargas, a
inadequação do ambiente, a incorreção na interação solo-estrutura e a incorreção
das juntas de dilatação (THOMAZ, 2020).
As causas naturais não apresentam relação com as falhas de máquinas
equipamentos ou as humanas. Esses eventos estão associados a características
próprias e inerentes, bem como as propriedades do concreto, a sua interação com o
meio ambiente e os esforços atuantes ao longo da sua vida útil (NABUT NETO et al.,
2020). Nesse sentido a figura 8 aponta o aparecimento de trincas em um
empreendimento proveniente do recalque do solo.

Figura 8 – Trincas na edificação


Fonte: Ribeiro (2018)

As causas próprias associadas à estrutura porosa de concreto estão intimamente


ligadas com a interação entre a durabilidade – a impermeabilidade e o concreto.
Vale apontar que conseguir um concreto durável apresenta um papel de destaque
do que se ter um concreto resistente, pois o último parâmetro tende a ser mais trivial
em comparação com o primeiro. A durabilidade se relaciona diretamente com o
ambiente no qual a estrutura está inseria, além dos agentes agressivos que atuam
nela (THOMAZ, 2020).
Portanto, características como permeabilidade e porosidade precisam ser estudadas
minuciosamente para não impactar a vida útil da estrutura. A obtenção de um
concreto com pouca permeabilidade e baixa porosidade requer que se observe a
relação cimento-água. Tal relação precisa ser densa e baixa ao mesmo tempo em
que se tem a granulometria adequada, somente assim é que se consegue ter uma
boa durabilidade (BOLINA et al., 2019).
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No que tange às causas químicas pode-se apontar que estas tendem a se


manifestar por meio de efeitos físicos prejudiciais como o destacamento, a
fissuração, a redução da resistência, o aumento da permeabilidade e da porosidade.
É preciso estar atento ainda ao ataque dos sulfatos, à corrosão das armaduras e ao
ataque por álcali agregado, pois tais eventos, usualmente resultam na degradação
de vários tipos de estruturas de concreto. Portanto as causas químicas resultam em
reação álcalis agregados, expansão por sulfato, manchas, lixiviação, desagregação,
eflorescência e fissuras. Tais fenômenos fazem com que haja a degradação da
resistência do concreto, podendo levar a estrutura ao colapso (WEIMER et al.,
2018). Posto isto, a figura 9 mostra o processo de desagregação.

Figura 9 – Desageregação
Fonte: Ribeiro (2018)

As causas físicas se relacionam a questões como vento, insolação, variação de


temperatura externa e água (umidade, gelo e chuva), bem como acidentes que
ocorreram ao longo do processo executivo da estrutura e também as solicitações
mecânicas. Esse evento tem grande relevância no desempenho estrutural,
especialmente quando incidem no processo de endurecimento do concreto (SILVA
et al., 2014).
As causas biológicas se relacionam com a elevada porosidade do concreto ou ainda
com patologias como trincas e fissuras advindas de falhas de algas e raízes de
plantas que geram componentes nocivos e se instalam no concreto. Além disso,
microrganismos podem atacar o concreto, constituindo assim um processo
denominado bio deterioração. Tal evento se manifesta, pois os fungos e as bactérias
atuam promovendo a dissolução dos elementos constituintes do concreto (TEATINI,
2016).
Ao se tratar da má avaliação das cargas, aponta-se que os empreendimentos são
projetados e construindo partindo das cargas determinadas ao longo do projeto
estrutural. No entanto, depois de alguns anos o dono da edificação pode mudar a
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finalidade deste local, por exemplo, transformar um espaço multifamiliar em uma


biblioteca ou academia. Tais alterações precisam ser acompanhadas por um
profissional de engenharia, uma vez que este agente é capacitado para auxiliar na
realização das mudanças sem que se tenha o surgimento de patologias. Deve-se
desenvolver ainda um estudo de carga de ventos, pois tendem a culminar em
enormes problemas (TOMAZELI, 2019). Diante desse cenário a figura 10 aponta o
colapso de uma estrutura por causa das solicitações que foram aplicadas.

Figura 10 – Colapso estrutural devido solicitações


Fonte: Ribeiro (2018)

No que se refere à inadequação do ambiente, destaca-se que tal evento está


associado a questões externas que impactam a integridade estrutural como o fato de
se ter água constantemente com esses elementos. É comum que o projeto estrutural
seja realizado de forma correta, ou seja, sem falhas, porém, por causa da falta de
atenção no que tange à proteção de agentes externos, pode-se observar o
aparecimento de patologias que impactam a durabilidade do componente (THOMAZ,
2020).
Quanto à incorreção na interação do solo com a estrutura evidencia-se que as
estruturas de concreto armado apresentam um alto peso próprio, dessa maneira é
de suma relevância analisar o comportamento desses agentes com o solo. O
recalque absoluto é um fenômeno previsto em cálculos, no entanto o diferencial não
é e este tende a comprometer de modo significativo a estrutura. O recalque
diferencial pode se manifestar com uma simples e pequena trinca e atingir situações
mais graves que resultam no colapso do empreendimento (WEIMER et al., 2018).
Posto isto, a figura 11 mostra uma edificação que sofreu recalque diferencial.
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Figura 11 – Recalque diferencial


Fonte: Thomaz (2020)

Acerca das incorreções das juntas de dilatação é válido apontar que os elementos
que integram a estrutura não se encontram completamente estáticos. Existem vários
fatores que culminam na movimentação da estrutura, portanto esse evento precisa
se dar de forma uniforme para não impactar o desempenho do empreendimento. Um
exemplo é a movimentação devido à variação da temperatura, culminando na
contração ou na expansão estrutural (RIBEIRO, 2018).
Para resolver esse problema é importante que se use juntas de dilatação, por
permitem a separação das partes integrantes à estrutura. Com isso possibilita-se a
movimentação desses componentes sem que se tenha a transmissão de esforços
de uma parte para a outra e vice-versa. Se a execução ou instalação das juntas não
ocorrer adequadamente podem surgir problemas como a fissuração (NABUT NETO
et al., 2020).

2.4. Manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado


As patologias que mais incidem nas estruturas de concreto armados são as
fissuras, trincas e rachaduras, a corrosão do concreto, as flechas excessivas, as
manchas de concreto aparente, a corrosão das armaduras e os ninhos de concreto
devido à segregação. Vale apontar que as fissuras consistem em deformações
consideradas peculiares nas estruturas de concreto. Através desses defeitos
consegue-se apontar que existe algo de anormal ocorrendo ou que ocorrerá na
estrutura (NABUT NETO et al., 2020).
As fissuras consistem em aberturas que impactam a região superficial do
componente estrutural, atuando como facilitador de agentes agressivos à estrutura.
As aberturas são oriundas de esforços aos quais os materiais são submetidos, no
entanto podem se manifestar devido à contração plástica por causa de questões
externas (RIBEIRO, 2018). Esses componentes podem apresentar 5 classificações
como aponta a tabela 1.
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Tabela 1 – Classificação das fissuras


Fonte: Fonte: Bolina et al. (2019)

Weimer et al. (2018) afirmam que há inúmeras questões que resultam fissuras
estruturais, entre as mais comuns destacam-se:
a) Cargas aplicadas.
b) Variações de temperatura.
c) Recalque diferencial.
d) Corrosão da armadura.
e) Reação expansiva.
f) Deficiência na execução.
g) Retração do concreto.
h) Movimentação dos escoramentos e das fôrmas.
i) Perda de aderência das barras de aço.
j) Contração plástica do concreto.
k) Deficiência no projeto.
A perda de aderência se dá quando há dois concretos com idades distintas ou ainda
entre as barras de aço que constituem a armadura e o concreto. Para evitar a
ocorrência desse evento catastrófico é preciso vibrar adequadamente o concreto
após seu lançamento. Através desse processo será possível diminuir o índice de
vazios existentes no sistema. Se tal atividade não for executado corretamente a
probabilidade de surgir uma fissura na camada mais espessa é elevada (THOMAZ,
2020). Desse modo a figura 12 mostra a perda de aderência.
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Figura 12 – Perda de aderência


Fonte: Thomaz (2020)

A corrosão e o desgaste do concreto se dão, pois, elementos químicos agressivos


atacam continuamente a estrutura e isso tende a apresentar impactos mais
significativos nos que são segregados, permeáveis e de má qualidade. O processo
de corrosão no concreto se manifesta por meio de reações químicas nas quais a
pasta de cimento reage com alguns elementos químicos, culminando na formação
de compostos expansivos ou a dissolução de ligantes que promovem a deterioração
do concreto. Vale citar que a corrosão devido às ações químicas em função dos
eventos que lhes dão origem são a por expansão, a por reação iônica e a por
lixiviação (TOMAZELI, 2019).
Já a desagregação do concreto consiste no processo de separação dos
aglomerantes, culminando na diminuição da resistência e da coesão. Existem vários
fatores que propiciam o surgimento desse problema como a calcinação, os ataques
biológicos, a corrosão do concreto, a movimentação incorreta das fôrmas e a
fissuração. Tal patologia pode se dar ainda através da expansão por causa da
dilatação ou oxidação das armaduras e pela elevação do volume quando este
absorve água (TEATINI, 2016). Posto isto a figura 13 mostra o processo de
desagregação do concreto.

Figura 13 – Desagregação do concreto


Fonte: Bolina et al. (2019)
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A corrosão das armaduras também é um evento comum nas estruturas de concreto


armado, seu surgimento pode impactar o concreto, bem como diminuir a seção
transversal, afetando diretamente a capacidade portante. É necessário estudar esse
processo a fim de que se consiga prevenir sua ocorrência ou então impedir sua
recorrência após o ataque. É essencial estar atento a uma série de questões,
especialmente ao meio no qual se executa a estrutura, uma vez que a inserção de
fatores agressivos no sistema tende a propiciar a ocorrência desse fenômeno.
Desse modo a figura 14 mostra o processo de corrosão de uma armadura (SILVA et
al., 2014).

Figura 14 – Corrosão da armadura


Fonte: Bolina et al. (2019)

3. Conclusão
Os objetivos do trabalho foram alcançados, no que tange às patologias em estrutura
de concreto armado, percebe-se que existem várias como a corrosão da armadura,
a desagregação do concreto, a corrosão e o desgaste do concreto, entre outras.
Diante disso é imprescindível compreender o que origina cada uma, bem como seus
impactos, uma vez que isso permite que se desenvolvam estratégias mais acertadas
para minimizar os impactos advindos desses eventos.
Existem erros executivos e falhas que podem culminar no surgimento das patologias
como deficiência da armadura, inadequação de escoramento e formas, deficiência
na concretagem, uso incorreto dos materiais de construção, causas naturais, físicos,
biológicos e químicos, por exemplo. Cada um desses eventos apresenta suas
particularidades, além de ser bem específicos, requerendo um bom entendimento a
fim de evitar que danos catastróficos ocorram e afetem o meio ambiente e o ser
humano.
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É necessário apontar que através das manifestações patológicas consegue-se


compreender a existência de um evento anormal na estrutura que ocorreu ou que irá
ocorrer. Com isso é possível investigar o evento na prática a fim de desenvolver
medidas para eliminar as falhas nas estruturas de concreto armado como as
fissuras, trincas e rachaduras, a corrosão do concreto, as flechas excessivas, as
manchas de concreto aparente, a corrosão das armaduras e os ninhos de concreto.

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