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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


ENGENHARIA CIVIL

BRUNA NATHALY GOMES DOS SANTOS


GABRIELA MARTINS CARVALHO
GUSTAVO DE SOUZA MELO
KARINE NASCIMENTO DIAS
KETHELYN BEATRIZ BARRANCO DA CRUZ

PATOLOGIAS DO SISTEMA CONSTRUTIVO PAREDES DE CONCRETO


MOLDADAS “IN LOCO”

ASSIS
2021
BRUNA NATHALY GOMES DOS SANTOS
GABRIELA MARTINS CARVALHO
GUSTAVO DE SOUZA MELO
KARINE NASCIMENTO DIAS
KETHELYN BEATRIZ BARRANCO DA CRUZ

PATOLOGIAS DO SISTEMA CONSTRUTIVO PAREDES DE CONCRETO


MOLDADAS “IN LOCO”

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do título de graduação em Engenharia Civil,
apresentado à Universidade Paulista – UNIP,
Campus Assis.

Orientador: Prof. Esp. Rafael Augusto de Lima


Costa

ASSIS
2021
BRUNA NATHALY GOMES DOS SANTOS
GABRIELA MARTINS CARVALHO
GUSTAVO DE SOUZA MELO
KARINE NASCIMENTO DIAS
KETHELYN BEATRIZ BARRANCO DA CRUZ

PATOLOGIAS DO SISTEMA CONSTRUTIVO PAREDES DE CONCRETO


MOLDADAS “IN LOCO”

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do título de graduação em Engenharia Civil,
apresentado à Universidade Paulista – UNIP,
Campus Assis.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________/______/______
Orientador: Prof. Esp. Rafael Augusto de Lima Costa
Universidade Paulista – UNIP – Campus Assis

__________________________________________/______/______
Examinador: Prof. Me. André Campos Colares Botelho
Universidade Paulista – UNIP – Campus Assis
Dedicamos essa conquista a nossas famílias
que nos apoiaram durante toda jornada. E a
nosso orientador, por toda ajuda, atenção e
conhecimento propagado.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, por ter dado força para enfrentar as dificuldades, para
superar os desafios e chegar ao fim desta jornada que é uma das conquistas mais
importante de nossas vidas.
Agradecemos ao nosso professor e orientador Rafael Augusto de Lima Costa,
por toda dedicação, compreensão, companheirismo e por todo conhecimento que nos
foi propagado.
Aos nossos professores que se empenharam sempre em nos transmitir não só o
conhecimento necessário, mas também por toda amizade.
A Universidade, ao seu corpo docente, a direção e a administração, que nos
oportunizaram grandes conquistas.
À nossas famílias por todo amor, apoio e incentivo no decorrer de nossa jornada.
Aos nossos colegas de classe que partilharam conosco todas as dificuldades e
conquistas durante esses 5 anos de dedicação.
E a todos que, de alguma forma, contribuíram para o desenvolvimento deste
trabalho.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém
viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou
sobre aquilo que todo mundo vê.”

(Arthur Schopenhauer)
RESUMO

SANTOS, Bruna Nathaly Gomes dos; CARVALHO, Gabriela Martins; MELO, Gustavo
de Souza; DIAS, Karine Nascimento; CRUZ, Kethelyn Beatriz Barranco da. Patologias
do sistema construtivo paredes de concreto moldadas “in loco”. 2021. Trabalho de
Conclusão de Curso da Graduação em Engenharia Civil da Universidade Paulista -
UNIP - Campus Assis. Assis, São Paulo. 2021.

Um dos sistemas construtivos utilizados para fazer frente ao déficit habitacional,


promover a racionalidade e a produtividade é o Sistema Paredes de Concreto moldadas
“in loco”. Nesse modelo a parede é moldada no local, em fôrmas modulares, e tem
como vantagens: velocidade de execução, mão de obra reduzida, custo global
reduzido, desempenho considerável e geração de resíduos minimizada, além de
produção proporcional e uma padronização da qualidade das obras devido à
industrialização do sistema. Mesmo com o avanço tecnológico da construção e a
utilização de materiais com controle de qualidade mais rigoroso, ainda existe um grande
número de edifícios apresentando as mais diversas patologias. As manifestações
patológicas para o Sistema Paredes de Concreto podem se tornar um obstáculo ao
cronograma físico-financeiro da obra, por tanto é necessário tentar compreender a
relação entre execução, prazos e qualidade para estar associado a uma boa tecnologia
e evitar anomalias construtivas. Durante todo o processo de construção é importante
estar atento às manifestações patológicas e saber identificá-las, bem como identificar
suas possíveis causas e buscar o aperfeiçoamento das técnicas operacionais
adquiridas por normas e pesquisas, a fim de manter altos padrões de produtividade,
qualidade, segurança e rentabilidade das edificações executadas no Sistema Paredes
de Concreto moldadas “in loco”.

Palavras-chave: Manifestações Patológicas; Patologia; Sistema Construtivo; Paredes


de Concreto.
ABSTRACT

SANTOS, Bruna Nathaly Gomes dos; CARVALHO, Gabriela Martins; MELO, Gustavo
de Souza; DIAS, Karine Nascimento; CRUZ, Kethelyn Beatriz Barranco da.
Pathologies of the building system molded concrete walls “in loco”. 2021. Work of
Course of Graduation in Civil Engineering from Universidade Paulista - UNIP - Campus
Assis. Assis, São Paulo. 2021.

One of the construction systems used to face the housing deficit, promote rationality and
productivity is the Concrete Walls System molded in loco. In this model, the wall is
molded in loco, in modular forms, and has the following advantages: execution speed,
reduced labor, reduced overall cost, considerable performance and minimized waste
generation, in addition to proportional production and a standardization of the quality of
the works due to the industrialization of the system. Even with the technological
advances in construction and the use of materials with stricter quality control, there is
still a large number of buildings with the most diverse pathologies. Pathological
manifestations for the Concrete Walls System can become an obstacle to the physical
and financial schedule of the work, so it is necessary to try to understand the
relationship between execution, deadlines and quality to be associated with good
technology and avoid construction anomalies. During the entire construction process, it
is important to be aware of pathological manifestations and know how to identify them,
as well as identify their possible causes and seek to improve operational techniques
acquired by standards and research, in order to maintain high standards of productivity,
quality, safety and profitability of buildings executed in the Concrete Walls System cast
in loco.

Keywords: Pathological Manifestations; Pathology; Constructive System; Concrete


walls.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fôrmas de madeira compensada. ................................................................... 29

Figura 2 - Fôrmas metálicas ............................................................................................ 30

Figura 3 - Fôrmas plásticas. ............................................................................................ 31

Figura 4 - Aço em barras ................................................................................................. 32

Figura 5 - Telas de aço eletrossoldadas .......................................................................... 33

Figura 6 - Detalhes das bordas ....................................................................................... 39

Figura 7 - Armação em tela. ............................................................................................ 40

Figura 8 - Instalações elétricas. ....................................................................................... 42

Figura 9 - Instalações hidrossanitárias. ........................................................................... 43

Figura 10 - Instalações de gás. ....................................................................................... 44

Figura 11- Fôrmas instaladas .......................................................................................... 46

Figura 12 - Distinção entre Fissuras, Trincas e Rachaduras ........................................... 54

Figura 13 – Exemplo de Corrosão na armadura .............................................................. 55

Figura 14 - Exemplo de Deterioração do Concreto.......................................................... 56

Figura 15 – Exemplo de segregação ............................................................................... 57

Figura 16 – Exemplo de Eflorescência em paredes. ....................................................... 58

Figura 17 – Exemplo de Carbonatação na estrutura. ...................................................... 59

Figura 18 – Exemplo de perda de Aderência em uma laje .............................................. 61

Figura 19 – Configurações de fissuras em função do tipo de solicitação ........................ 65

Figura 20 – Fissuração por puncionamento .................................................................... 66

Figura 21 – Influência da falta de detalhamento .............................................................. 66

Figura 22 – Formatação de fissuras por assentamento plástico do concreto .................. 68

Figura 23 – Exemplo de fissuração por movimento de fôrmas e escoramentos ............. 68


Figura 24 – Exemplo de deformação do elemento estrutural devido ao deslocamento da
forma .............................................................................................................................. 75

Figura 25 – Exemplo de nicho de concretagem .............................................................. 76

Figura 26 – Exemplo de segregação em juntas .............................................................. 76

Figura 27 – Exemplo de bolhas na face da parede de concreto ...................................... 77

Figura 28 - Espaçamento irregular em armaduras de lajes ............................................. 78

Figura 29 - Armadura negativa da laje fora de posição ................................................... 79

Figura 30 - Exemplo de armadura exposta ...................................................................... 79

Figura 31 - Exemplo de armadura exposta da laje .......................................................... 80

Figura 32 - Exemplo de posicionamento incorreto dos espaçadores .............................. 81

Figura 33 - Exemplo de aplicação em excesso de desmoldante ..................................... 82

Figura 34 - Exemplo de parede fora do prumo ................................................................ 83

Figura 35 - Exemplo de caixa de embutir concretada...................................................... 84

Figura 36 - Exemplo de quadro de distribuição concretada ............................................. 84

Figura 37 - Exemplo de caixa de embutir “torcida” .......................................................... 85

Figura 38 - Exemplo de caixa elétrica desalinhadas e fora de esquadro......................... 85

Figura 39 - Exemplo de eletroduto quebrados durante a concretagem ........................... 86

Figura 40 - Exemplo de eletroduto aparente ................................................................... 87

Figura 41 - Exemplo de contramarco da janela danificado .............................................. 88

Figura 42 - Exemplo de contramarco da porta danificado ............................................... 88


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diferença dos tamanhos das aberturas de algumas anomalias .................. 53

Quadro 2 - Tempos de cura recomendados (CEB -1989) ............................................. 77


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Maior ocorrência das origens das Patologias .............................................. 52


LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


NBR Norma Brasileira

NR Norma Regulamentadora

ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABSC Associação Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem

CEB Comitê Euro-internacional du Beton


EPS Poliestireno Expendido
NM Norma Mercosul
PVC Policloreto de Polivinila
pH Potencial Hidrogeniônico
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18

1.1. Justificativa ......................................................................................................... 20

1.2. Objetivo Geral ..................................................................................................... 22

1.3. Objetivos Específicos.......................................................................................... 22

1.4. Metodologia ........................................................................................................ 23

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 24

2.1. Sistema construtivo: paredes de concreto moldadas “in loco” ............................ 24

2.1.1. Características principais .................................................................. 25

2.1.2. Paredes de concreto moldadas “in loco”: elementos executivos ....... 27

2.1.2.1. Fôrmas ........................................................................................ 27


2.1.2.1.1. Fôrmas de madeiras (quadros e chapas em madeiras
compensadas): ................................................................................................ 28
2.1.2.1.2. Fôrmas metálicas (quadros e chapas em aço ou alumínio): .......... 29
2.1.2.1.3. Fôrmas plásticas (quadros e chapas de plástico reciclável): ......... 30

2.1.2.2. Armadura .................................................................................... 32

2.1.2.3. Concreto ...................................................................................... 34

2.1.3. Paredes de concreto moldadas “in loco”: procedimentos executivos 36

2.1.3.1. Preparação do solo ..................................................................... 36

2.1.3.2. Fundação .................................................................................... 37

2.1.3.3. Marcação das lajes ..................................................................... 38

2.1.3.4. Armação ...................................................................................... 39

2.1.3.5. Sistemas embutidos .................................................................... 41


2.1.3.5.1. Instalações elétricas ...................................................................... 41
2.1.3.5.2. Instalações hidrossanitárias ........................................................... 42
2.1.3.5.3. Instalações de gás ......................................................................... 44

2.1.3.6. Montagem das fôrmas ................................................................. 45

2.1.3.7. Concretagem ............................................................................... 46

2.1.3.8. Desforma dos painéis.................................................................. 47

2.1.3.9. Acabamento ................................................................................ 48

2.1.4. Vantagens e Desvantagens .............................................................. 48

2.1.4.1. Vantagens ................................................................................... 49

2.1.4.2. Desvantagens ............................................................................. 49

2.2. Patologias ........................................................................................................... 50

2.2.1. Origem das Patologias ...................................................................... 51

2.2.2. Fissuras, Trincas e Rachaduras. ....................................................... 52

2.2.3. Corrosão da armadura ...................................................................... 54

2.2.4. Deterioração do concreto .................................................................. 56

2.2.5. Segregação ....................................................................................... 57

2.2.6. Eflorescência ..................................................................................... 58

2.2.7. Carbonatação .................................................................................... 58

2.2.8. Perda de Aderência ........................................................................... 59

2.3. Manifestações patológicas em paredes de concreto moldadas “in loco” ............ 61

2.3.1. Manifestação de trincas e fissuras .................................................... 62

2.3.1.1. Ações aplicadas .......................................................................... 64

2.3.1.2. Assentamento e falta de aderência entre o concreto e a armadura.


................................................................................................................. 67
2.3.1.3. Movimentação de escoramento e/ou formas .............................. 68

2.3.1.4. Retração ...................................................................................... 69

2.3.1.5. Reações expansivas ................................................................... 69

2.3.2. Corrosão das armaduras ................................................................... 69

2.3.3. Carbonatação do Concreto ............................................................... 70

2.3.4. Eflorescência ..................................................................................... 72

2.4. Relacionamento do aparecimento da patologia com a falha durante a execução


da parede de concreto ............................................................................................... 73

2.4.1. Falhas de concretagem ..................................................................... 74

2.4.2. Deficiências nas armaduras .............................................................. 78

2.4.3. Desconformidade de fôrmas e escoramentos ................................... 81

2.4.4. Instalações inadequadas ................................................................... 83

2.5. Patologias em obras: consequências, prevenção e controle de qualidade......... 89

2.5.1. O processo da construção civil .......................................................... 89

2.5.2. As consequências das patologias nas obras ..................................... 89

2.5.3. Prevenção de patologias ................................................................... 91

2.5.4. Controle de qualidade na obra .......................................................... 91

3. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 93

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 95
18

1. INTRODUÇÃO

A enorme concorrência imobiliária associada à alta valorização dos terrenos nos


grandes centros urbanos tem obrigado as construtoras a buscarem áreas cada vez
menores, otimizando assim o espaço e tornando o projeto viável a execução. Com isso,
os projetos devem ser bem elaborados, levando-se em consideração a qualidade e o
tempo de execução do serviço, além de economia no custo, não colocando em risco a
segurança das edificações e de seus usuários.
Além disso, está cada vez mais comum a busca por maneiras de industrializar o
processo de construção, procurando alternativas construtivas diferentes, com o intuito
de melhorar o controle em todas as etapas da obra, assegurando condições técnicas
ideais para a produção de moradias em grande escala e com rapidez. Pensando nisso,
e em decorrência da intensa atividade imobiliária no país, ampliou-se a utilização do
modelo de construção de paredes de concretos no Brasil.
Nesse modelo, as paredes e demais elementos (fundações, lajes, escadas etc.)
são moldadas no local, com o uso de fôrmas moduladas metálicas e/ou de plástico
(EPS ou PVC), adaptadas para cada projeto e, preenchidas com concreto, já com as
instalações hidráulicas e elétricas embutidas, e a desenforma ocorre em até 24 horas
após a concretagem, depois da verificação da resistência mínima do concreto. Esse
sistema apresenta vantagens como rapidez de execução, custos globais mais baixos,
redução de mão-de-obra, considerável desempenho, minimiza a geração de resíduos,
permitindo executar obras de grande escala, como vilas, condomínios, dentre outros,
devido à industrialização do sistema.
Vale ressaltar que a própria cultura construtiva do Brasil é um dos principais
entraves para maior aceitação das paredes de concreto “in loco”. Isto é, a cultura
brasileira está voltada para as obras de alvenaria convencional, com blocos cerâmicos.
No entanto, ao longo dos anos, esse pensamento vem sendo superado.
O controle dos gastos é uma de suas principais vantagens, pois o desvio de
consumo de material é praticamente inexistente, assim, as construtoras começaram a
migrar para esse sistema construtivo, o que exigiu maior necessidade de atenção do
setor, e em 2012, a ABNT lançou a NBR 16055 – Parede de concreto moldada no local
19

para a construção de edificações – Requisitos e procedimentos, que serve para


regulamentar e consolidar a utilização do sistema construtivo no Brasil, prioritariamente
nos quesitos de conforto estrutural, acústico e térmico. Portanto, eventuais patologias
encontradas em edificações construídas utilizando esse sistema, presumivelmente são
provenientes de vícios ou falhas construtivas, ou então de falhas de projetos, que não
atendem parcial ou completamente a norma de execução, ou mesmo aos
procedimentos e requisitos da norma que podem não se provarem suficientes para
garantir o desempenho.
Patologia faz parte da engenharia que estuda os mecanismos, os sintomas, as
causas e as origens dos defeitos das obras. Em alguns casos, é possível se
fazer um diagnóstico das patologias apenas através da visualização. Entretanto,
em outros casos o problema é complicado, sendo necessário verificar o projeto;
investigar as cargas a que foi submetida à estrutura; analisar detalhadamente a
fôrma como foi executada a obra e, inclusive, como esta patologia reage diante
de determinados estímulos. Dessa forma, é possível identificar a causa destes
problemas, corrigindo-os para não se manifestem novamente (CÁNOVAS,
1988, p.37).

Mesmo com o uso de materiais com maior controle de qualidade e avanço das
técnicas construtivas empregadas, ainda se observa um grande número de edificações
apresentando patologias das mais variadas espécies. A maioria das anormalidades que
geram patologias, são decorrentes do mau gerenciamento dos projetos e/ou da
execução inadequada dos serviços. Porém, os problemas patológicos podem ter origem
em qualquer etapa do processo de construção da obra, tais problemas podem ser
atribuídos a uma série de fatores, não apenas ao fracasso de uma etapa isolada. Com
isso, é necessário controle constante aliado a procedimentos eficientes de inspeção
que garantam a durabilidade das edificações, possibilitando que essas cumpram a vida
útil com a qualidade prevista.
20

1.1. Justificativa

O mundo contemporâneo é marcado pela globalização e tecnologia, e, como


todos os setores do mercado, a construção civil vem inovando seus sistemas
construtivos, observando-se cada vez mais o uso de sistemas e métodos
industrializados, sendo estes mais eficientes e sustentáveis.
Neste cenário, um dos sistemas construtivos que tem ganhado destaque é o
paredes de concreto moldadas “in loco”, visto que esse sistema, executado nas devidas
condições, apresenta diversas vantagens em relação à alvenaria convencional e a
alvenaria estrutural com blocos de concreto, com ênfase ao aumento da
sustentabilidade considerando que produz um volume mínimo de resíduos, rapidez e
agilidade na execução, redução de custos, acabamento simples, patologias
minimizadas, versatilidade e resistência a agressões, deste modo maximizando a
qualidade da obra e minimizando problemas. Outrossim, a estrutura deste sistema é
resistente, pois as paredes formam um único elemento estrutural monolítico, fazendo
com que as tensões sejam distribuídas de maneira uniforme. Empreendimento com alta
reprodutibilidade encaixam-se muito bem a este sistema, que busca padronização e
agilidade na execução.
As patologias em edificações comumente surgem e, o conhecimento de suas
causas é de extrema importância para ponderar como evitá-las. Além da
conscientização que medidas preventivas na fase de projeto e cuidados na execução
significam uma grande economia em relação às recuperações, nem sempre bem-
sucedidas. Possivelmente, os geradores desses danos patológicos ocorrem na fase de
projeto e/ou são falhas de execução, resultando em acidentes, processos judiciais e
prejuízos orçamentários. É importante ressaltar que as patologias, além dos prejuízos
financeiros, provocam um desgaste da imagem das construtoras, sucedendo grandes
polêmicas entre construtoras e seus clientes, após os proprietários tomarem
conhecimento do código de defesa do consumidor, terminando frequentemente, em
demandas judiciais, afastando possíveis compradores de novos empreendimentos.
Tendo em vista o que foi mencionado, o estudo de Patologias em Paredes de
Concreto moldadas “in loco” é relevante para garantir adequadamente à edificação em
21

sua vida útil a segurança, o conforto e plena qualidade. Deste modo, espera-se com
este trabalho contribuir para o avanço do uso de paredes de concreto, perpetuando os
seus benefícios, e sanar e/ou diminuir as patologias e suas respectivas problemáticas.
22

1.2. Objetivo Geral

Esclarecer a natureza das patologias mais comumente encontradas nas


edificações construídas através do sistema de paredes de concreto moldadas “in loco”.

1.3. Objetivos Específicos

A fim de alcançar o objetivo geral desta pesquisa foram estabelecidos os


seguintes objetivos específicos:
• Apresentar os principais aspectos dos elementos e procedimentos executivos
do sistema de paredes de concreto;
• Caracterizar as anomalias/patologias e definir seu grau de incidência e risco
para o uso seguro da habitação;
• Identificar as possíveis causas das anomalias;
• Relacionar o aparecimento das patologias com as falhas durante a execução
da parede de concreto;
• Listar as consequências e as prevenções das patologias em obra.
23

1.4. Metodologia

A metodologia adotada nesse trabalho é baseada nos pressupostos de uma


pesquisa bibliográfica, identificando os tipos, determinando as causas, as
consequências e as prevenções das patologias encontradas nas construções
executadas no sistema construtivo abordado.
O trabalho compreende em sua primeira parte a revisão bibliográfica e
apresentação do sistema construtivo baseado na NBR 16055:2012 parede de concreto
para a construção de edificações requisitos e procedimentos, junto com outras fontes
como a associação brasileira de cimento Portland (ABCP) que com a associação
brasileira de empresas de serviços de concretagem (ABSC) e outras associações
setoriais, institutos de pesquisa e empresas privadas envolvidas com o
desenvolvimento e implantação deste sistema construtivo no Brasil criaram uma
comissão de estudos responsável pela elaboração do texto base que serviu para a
normalização do método.
Em sua segunda parte, é apresentado um levantamento de dados das principais
manifestações patológicas no sistema construtivo de paredes de concreto moldadas “in
loco” a fim de identificar as possíveis causas das patologias levantadas na etapa
anterior.
Em fins de conclusão, são apresentadas as principais patologias e como elas se
relacionam com os vícios e falhas de execução identificadas no processo.
24

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Sistema construtivo: paredes de concreto moldadas “in loco”

Recentemente o sistema construtivo Paredes de Concreto vem ganhando


espaço em alguns modelos do mercado brasileiro de moradia, tendo boa receptividade
e sendo disseminado pelas construtoras no país, caracterizando inúmeros ganhos
econômicos, pois em razão de sua grande versatilidade pode ser utilizado tanto em
empreendimentos de baixo quanto nos de alto padrão. Baseado em sistemas como o
Sistema em Concreto Celular Estrutural e o Sistema Outinord1, o sistema de paredes de
concreto busca introduzir na construção civil o conceito de industrialização. Pode-se
descrevê-lo como:

(...) um sistema construtivo racionalizado, que oferece as vantagens da


produção em alta escala sem perda de qualidade - condições técnicas e
econômicas perfeitas para a atual demanda do mercado brasileiro da
construção (FONSECA JR., 2008, p.6).

Regularizado no Brasil a partir do ano de 2012 pela NBR 16055:2012 – Parede


de concreto moldada no local para a construção de edificações – Requisitos e
procedimentos, o sistema é bastante utilizado em países como México, Chile e
Colômbia, pois além das inúmeras vantagens já citadas e conhecidas, ele é um sistema
construtivo monolítico, assim, de grande significância para países como estes, que
apresentam abalos sísmicos recorrentes (NUNES, 2011).
A alta qualidade nas construções é outra característica importante desse
sistema, fato que está diretamente ligado aos materiais utilizados e no método
executivo empregado, culminando em um controle técnico rigoroso desde a primeira
etapa da obra. A qualidade da obra é garantida através da utilização de fôrmas com
precisão dimensional, atividades planejadas e materiais com a produção controlada,

1Sistema de paredes de concreto moldadas in loco, utilizando-se fôrmas metálicas em formato


de túnel, permitindo concretagem simultânea de paredes e lajes.
25

tudo isso potencializa a produção fiscalizada e baseada nos quesitos de qualidade


fixados.
Este é um sistema inovador para o atual mercado da construção civil no Brasil,
visto que aumenta o desempenho em obras de grande escala, tornando-se viável
economicamente a realização do projeto tanto para a construtora como para o
adquirente final, já que o sistema proporciona maior qualidade e menos tempo de
realização.

2.1.1. Características principais

O sistema construtivo de paredes de concreto utiliza fôrmas que são montadas


“in loco” e preenchidas com concreto, não existindo vigas e pilares, formando uma
grande peça única estrutural, podendo ou não estarem embutidas as instalações
hidráulicas e elétricas. A vedação e estrutura constituem em um único elemento que
distribui os esforços pelas áreas de solicitação.
Por se tratar de um método sistematizado, baseado na industrialização dos
processos, que possibilita alcançar um produto final uniforme, esse método construtivo
é indicado para empreendimentos de alta repetitividade e pode ser utilizado em projetos
de todos os padrões. Além disso, adequa-se a projetos com fôrmas regulares,
irregulares e construções junto às divisas, dentre outras infinidades de opções, desde
que respeitado os cálculos estruturais e métodos executivos (SAMPAIO et al., 2016).

Ao utilizar esse sistema é possível reduzir as atividades artesanais e


improvisações, contribuindo para reduzir o número de operários no canteiro,
com maior produção em menos tempo. Para haver a qualidade final,
produtividade e o prazo desejado, é necessário que o engenheiro e o projetista
façam todo o controle da obra desde a fase de projetos até a entrega,
atentando principalmente a fase de montagem das fôrmas até a desforma, pois,
qualquer erro pode acarretar a danificação das fôrmas ou a perda do concreto
(ABCP, 2007, p. 11).

Além da velocidade e diminuição da mão de obra, nesse sistema de construção


o desperdício é reduzido, resultando em um canteiro de obras mais limpo se comparado
ao convencional e também são descartadas algumas etapas construtivas da obra, o
26

que gera uma economia de custos. Sobre a economia de custos ao processo executivo
do método construtivo estudado têm-se que:

[...] a aplicação deste sistema pode permitir a eliminação de até dez etapas
executivas (arremates de esquadrias, produção de argamassa de
assentamento, transporte de materiais, entre outras) quando comparada à
utilização de sistemas convencionais (FERREIRA, 2012, n.p.).

Algumas condições mediante a vida útil das instalações tais como a


manutenibilidade das instalações hidrossanitárias e elétricas, são essenciais para que o
projetista opte por embutir ou não as instalações, de tal forma que a decisão não
comprometa a estrutura do empreendimento. Em caso de haver necessidade de
instalações com tubos de grande diâmetro, essas não são embutidas nas paredes, mas
alojadas em shafts2, previstos no projeto e deixados na estrutura final (ABNT NBR
16055: 2012).
Na parede de concreto, depois de desenformada, a depender do acabamento
final, a casa já está em fase para o assentamento cerâmico e pintura, eliminando as
etapas de chapisco e reboco. Caso o acabamento do concreto não esteja perfeito, é
feito a correção das emendas e falhas do concreto, etapa chamada de estucagem
(JUSTUS, 2009; PINI, 2009).
Embora seja um sistema padronizado, a execução pode se diferenciar conforme
as etapas executivas empregadas pela construtora pode-se observar variações no
modelo de fôrma escolhida, fechamento e escoramento.

2
Também chamados de mocheta ou dutos, são aberturas verticais para a passagem de
tubulações, sobretudo para instalações hidrossanitárias e elétricas.
27

2.1.2. Paredes de concreto moldadas “in loco”: elementos executivos

A execução do sistema construtivo é constituída basicamente por três elementos:


as fôrmas, as armaduras e o concreto, além dos acessórios necessários para a
montagem dos elementos.
Algumas características especificas das estruturas de paredes de concreto e
seus elementos executivos, de acordo com Silva (2011) são:
• Lajes e paredes são armadas com fios de diâmetro 4,2 mm e telas de aço
eletrossoldadas de malha quadrada de 100 mm;
• A espessura das paredes e das lajes variam entre 8 e 10 cm conforme o
projeto;
• A consistência especificada para o concreto é de 22 ± 2 cm (slump test);
• Geralmente a resistência característica à compressão do concreto, aos 28
dias, é de 25 MPa a 30 MPa, de acordo com o projeto, e a resistência mínima
do concreto na desforma, 14 horas após, é de 3 MPa.
No entanto, é importante ressaltar que tais características podem variar segundo
as necessidades dos empreendimentos.

2.1.2.1. Fôrmas

As fôrmas são estruturas provisórias que tem a finalidade enformar o concreto


ainda fresco. A NBR 16055:2012 recomenda que o conjunto de fôrmas precisa ser
idealizado e construído para resistir as diversas solicitações que são submetidas
durante a construção, tais quais, cargas de estruturas temporárias, danos ambientais,
acidentes causados pelo lançamento do concreto, devendo também obter uma rigidez
para assegurar as especificações de projeto e integridade dos componentes estruturais,
mantendo-se sempre dentro das tolerâncias previstas pela Norma e assegurando a
estanqueidade e conformidade das peças que estão em processo de moldagem.
No momento de definir a fôrma ideal, além da durabilidade, ganho econômico e
facilidade de obtenção e manuseio, é preciso levar em consideração qual a melhor
28

alternativa entre os tipos disponíveis no mercado e indicados atualmente, que são


basicamente compostos por três materiais, madeira, metal e plástico, podendo ser
utilizado um sistema composto, oriundo da junção de duas ou mais matérias-primas de
fôrmas, como é muito comum com a madeira e o metal.

2.1.2.1.1. Fôrmas de madeiras (quadros e chapas em madeiras compensadas):

É o sistema de fôrma mais difundido no Brasil na alvenaria convencional para


caixaria de vigas, alicerce, entre outras finalidades, sendo também utilizado nas
paredes de concreto moldadas “in loco”.
No sistema de paredes de concreto moldadas “in loco”, as fôrmas são
constituídas por lâminas de madeira compensadas, podendo ser plastificadas ou
resinadas nas dimensões 2,20 x 1,10 m e 2,44 x 1,22 m e em espessuras que vão de 6
mm a 21 mm. Para confecção da estrutura do molde habitualmente são utilizados
tábuas, sarrafos e caibros ou pontaletes, no escoramento são empregados
frequentemente pontaletes de pinho ou peroba, e de eucalipto, madeira roliça.
Independentemente do tipo de material utilizado no escoramento, ele deverá estar
sustentado em local com resistência adequada para receber as cargas da estrutura,
além de serem adequadamente contraventados. É comum usar cunhas de madeira e
bancos de areia nos pés-direitos e “pés” dos pontaletes (NEMER, 2016).
A sua adaptabilidade, versatilidade, facilidade de transporte, manuseio no
canteiro de obras, necessidade de equipamentos simples para moldagem e a vasta
familiaridade da mão-de-obra, tornam o uso deste material altamente competitivo. No
entanto, com o custo em alta e baixa durabilidade o uso deste tipo de fôrma ilustrado na
Figura 1 acaba perdendo espaço para outros tipos de fôrmas nesse sistema construtivo
(NEMER, 2016).
29

Figura 1 - Fôrmas de madeira compensada.

Fonte: Faz Fácil (2012)

2.1.2.1.2. Fôrmas metálicas (quadros e chapas em aço ou alumínio):

As peças são em aço ou alumínio, formando painéis que dão forma e


acabamento à estrutura concretada, como elucidado na Figura 2. Atualmente é o
modelo mais procurado para a confecção das paredes de concreto moldadas “in loco”
onde o alto grau de repetição e grande escala de produção demandam uma
continuidade na utilização das fôrmas, visto que apresenta uma elevada vida útil, sendo
que exige menor manutenção, além de possibilitar ciclos de concretagem menores. As
fôrmas apresentam um melhor acabamento das paredes, pois geralmente, não
possuem rebites ou marcas na face do concreto. Além dos painéis, são utilizados
acessórios para montagem das fôrmas, bem como desmoldante aplicado antes de cada
montagem. No entanto, apresenta um alto custo de aquisição ou aluguel e entre os
outros modelos disponíveis é o que possui menor flexibilidade, assim, é recomendável
que seja feito um bom planejamento e uma análise de viabilidade econômica para o
empreendimento.
30

Figura 2 - Fôrmas metálicas

Fonte: BKS (2017).

Como acessórios Santos (2011) cita os componentes usuais da montagem das


fôrmas:
• Cunhas: auxilia no travamento dos painéis;
• Grapas: conexões dos painéis de fôrmas metálicas;
• Gravatas (corbatas): responsáveis por resistir às tensões exercidas pelo
concreto fresco nas faces dos painéis;
• Pinos: travamento das gravatas e grapas;
• Bainhas protetoras (camisinhas): utilizadas para o reaproveitamento das
gravatas. Garante estanqueidade nos pontos de utilização de corbatas;
• Alinhadores metálicos: alinhamento dos painéis e transferência deste
alinhamento para o conjunto;
• Tensores: garantir as dimensões dos vãos das portas e janelas;
• Escoras: escoramento das fôrmas.

2.1.2.1.3. Fôrmas plásticas (quadros e chapas de plástico reciclável):

Empregadas para se obter uma utilização racionalizada, as peças de encaixe


são feitas com plástico reciclável estruturando os painéis e dando acabamento as
peças após concretagem, e também necessitam de contraventamento. São mais leves
31

do que as fôrmas de alumínio, o que resulta em uma maior facilidade de transporte, no


entanto, tem baixa durabilidade comparada as fôrmas metálicas, as reutilizações das
fôrmas plásticas variam de 50 a 200 vezes. Porém, podem ser recicladas, o que diminui
significativamente a geração de resíduos e consequentemente o impacto no meio
ambiente, sendo um modelo com forte apelo ambiental (NAKAMURA, 2014; SILVA,
2010).
As fôrmas podem ser utilizadas na construção de vigas baldrame, pilares,
paredes e lajes podendo ser empregadas em grande escala em obras industriais,
comerciais e residenciais, como ilustra a Figura 3.

Figura 3 - Fôrmas plásticas.

Fonte: Brasil Engenharia (2021).

O sistema possui limitações quanto à utilização em estruturas com grandes


dimensões, dificuldades com prumo, alinhamento e mão-de-obra, pois no Brasil ainda
há uma dificuldade de se encontrar uma mão de-obra especializada, o que precisa ser
analisado previamente para evitar a baixa qualidade da construção (NEMER, 2016).
32

2.1.2.2. Armadura

A NBR 16055:2012 define os materiais das armaduras como barras de aço, telas
soldadas e treliças de aço conforme as normas que as regem.

No sistema de paredes de concreto moldadas “in loco” as armaduras devem


atingir três requisitos básicos, que são: resistir a esforços de flexo-torção nas
paredes, controlar a retração do concreto e estruturar e fixar as tubulações de
elétrica, hidráulica e gás embutidas (ABCP, 2007, p. 86).

As paredes possuem função estrutural e por essa razão precisam ser armadas,
geralmente com arranques que prendem as telas que se situam em toda a dimensão
das paredes e laje e ainda barras de aço nas cintas superiores das paredes e reforços
de portas, janelas e da própria parede ou em esperas para ar-condicionado. Existem
dois tipos de armadura que são utilizados nas paredes e lajes:
• Aço em barras: que precisam obedecer a ABNT NBR 7480 – Barras e fios de
aço destinados a armaduras para concreto – especificação. A Figura 4 ilustra
o uso de barras de aço em vãos.

Figura 4 - Aço em barras

Fonte: IBTS (2021).


33

• Telas de aço eletrossoldadas: que precisam obedecer a ABNT NBR 7481 -


Tela de aço soldada – Armadura para concreto – especificação, ilustradas na
Figura 5.

Figura 5 - Telas de aço eletrossoldadas

Fonte: Tecnosil (2017).

O projetista deve se atentar para que seja obedecido o espaçamento ideal entre
os elementos para a concretagem, verificando-o após a montagem para que seja
autorizada a concretagem. Quando a armadura estiver em intercessão com outros
elementos construtivos, eles só devem ser cortados após a autorização do responsável
pelo projeto estrutural e jamais se deve aplicar uma armadura de especificação
diferente sem a permissão do projetista. Além disso, o processo de ancoragem dos
elementos de armadura por meio de dispositivos mecânicos ou por aderência deve
seguir o que determina o projeto estrutural, sem alterações (NBR 16055, 2012).

Tendo em vista que as paredes de vedação são de concreto armado, utiliza-se


uma grande quantia de aço, com isso alguns cuidados devem ser tomados para que
não haja problemas em decorrência da má distribuição e até mesmo a falta deste
material. Se o aço for comprado já cortado e dobrado, é preciso garantir que o
34

fabricante não atrase os pedidos, planejando-os com antecedência e que haja uma
logística de distribuição eficiente no canteiro. Quando as telas e barras são compradas
com dimensões de fábrica, é indispensável um plano de corte e dobra que evite as
perdas e a criação de uma central de corte e dobra que acompanhe o cronograma da
obra. Além disso, é imprescindível que as armaduras estejam limpas e seu cobrimento
e posicionamentos sejam inspecionados seguindo o especificado no projeto (FONSECA
JR, 2008).

2.1.2.3. Concreto

O concreto é o principal componente do sistema construtivo de paredes de


concreto moldadas “in loco”, por essa razão é indispensável que o produto tenha uma
boa trabalhabilidade para o completo preenchimento das fôrmas, a fim de evitar
dificuldade de aplicação e segregações, resultando em um preenchimento completo
das fôrmas e garantindo um bom acabamento da superfície final.
O concreto utilizado para confecção das paredes e lajes moldadas “in loco” pode
ser preparado pelo responsável da obra, ou por uma central dosadora, sendo que
ambos devem atender as determinações do projeto e assumir as responsabilidades
decorrentes.
Em geral, quatro tipos de concreto são indicados para uso nesse sistema
conforme a ABCP (2007):
• Concreto Celular: Na produção do concreto celular é adicionada uma espuma
que gera grande quantidade de bolhas de ar, ocasionando um bom
desempenho termoacústico e baixa massa específica. Deve ser utilizado para
projetos de no máximo dois pavimentos;
• Concreto com agregados leves ou com baixa massa específica: É
confeccionado com agregados leves o que resulta em um material com bom
desempenho termoacústico, no entanto, é um tipo de concreto inferior ao com
alto teor de ar incorporado e ao concreto celular, utilizado especialmente para
edificações que necessitem resistências de no máximo 25 MPa;
35

• Concreto com alto teor de ar incorporado – até 9%: Tem características e


produção semelhantes ao concreto celular, igualmente deve ser utilizado para
construções de no máximo dois pavimentos;
• Concreto autoadensável: É considerada uma excelente alternativa para
paredes de concreto, visto que seus principais atributos são ter rápida
aplicação e ser um material extremamente plástico, pois são adicionados
Superplastificante em sua composição e pode ser utilizado para qualquer
tipologia, sendo o material mais utilizado para esse método construtivo.
É recomendado que se utilize concreto com a adição de fibras de polipropileno
no intuito de evitar os efeitos da retração em decorrência da grande quantidade de
concreto empregado no sistema (AMOEDO, 2013). O concreto empregado para
preencher as fôrmas necessitam ter uma plasticidade alta, evitando assim falhas de
concretagem em espaços de difícil alcance. No Brasil, o concreto autoadensável é o
mais aplicado, devido as matérias primas existentes e também pelo custo/benefício.
A NBR 16055:2012 também designa outras normas regulamentadoras referentes
ao concreto que devem obrigatoriamente ser seguidas. A classe de agressividade do
local de implantação da estrutura deve ser admitida conforme NBR 12566 – Concreto
de cimento Portland; A trabalhabilidade, a qual é medida pelo Slump Test obedeça a
NBR NM 67 – Concreto, que recomenda um valor entre 180 e 230 mm; e o Flow Test3
deve ser realizado conforme a NBR 15823-2 – Concreto autoadensável, onde se
recomenda um valor entre 660 e 750 mm.
Além disso, a dimensão máxima característica do agregado graúdo deve ser
estabelecida considerando a densidade da armadura e a espessura das paredes, o uso
de aditivos químicos deve ser dosado e realizado conforme as Normas Brasileiras
específicas ao uso dos mesmos, não devendo ser usados aditivos que sejam a base de
elementos químicos que ataquem as armaduras.

3
Ensaio realizado com o concreto em estado fresco, onde espalha-se a amostra em uma placa
metálica para análise da classe de fluidez dos concretos autoadensáveis.
36

2.1.3. Paredes de concreto moldadas “in loco”: procedimentos executivos

Por se tratar de sistema construtivo industrializado, o método construtivo das


paredes de concreto moldadas “in loco” depende de seu processo executivo, com uma
excelente execução resultando em uma obra viável economicamente.
Para que se inicie corretamente o processo executivo, é necessário ter
previamente preparado um projeto estrutural completo e detalhado. Os procedimentos
executivos das paredes de concreto variam conforme os métodos construtivos adotados
pela construtora, não interferindo na qualidade do empreendimento (MISURELLI;
MASSUDA, 2009).
O cronograma construtivo desse sistema é fracionado em etapas antes e após à
concretagem das paredes. Podem ser listados como os processos habituais para
montagem das estruturas das paredes de concreto, preparação do solo, fundação,
marcação das lajes, armação, embutimento de sistemas, montagem das fôrmas,
concretagem e a posterior desforma dos painéis e o acabamento.

2.1.3.1. Preparação do solo

Para que se dê início à implantação do canteiro de obras é necessário que o solo


tenha sido adequadamente preparado e previamente estudado visando evitar futuros
importunos. Assim, realiza-se um levantamento topográfico planialtimétrico,
identificando-se as curvas de nível do terreno onde o empreendimento será realizado,
definindo a cota de implantação, caimento do terreno e vias de acesso (GOÉS, 2013).
Após, são definidos os pontos de sondagem em posições estratégicas, definindo o
número e profundidade dos furos. Executam-se, portanto os projetos básicos para o
empreendimento, sendo esses de implantação, estrutural, instalações prediais, redes
de água e esgoto sanitário, energia e iluminação, drenagem, paisagismo e urbanismo.
Obedecendo sempre as medidas preventivas quanto à estabilidade do solo e
edificações vizinhas.
37

2.1.3.2. Fundação

Não existem restrições em relação ao tipo de fundação a ser implantado, os tipos


mais comumente adotados nesse sistema construtivo são: radier, sapata corrida e
blocos de travamento de estacas e tubulões.
Como regra geral, e conforme especificado no projeto de instalação, as
fundações são construídas com as tubulações hidrossanitárias e elétricas já embutidas
para uma posterior utilização nas instalações da edificação.
Fatores como a resistência mecânica do terreno, durabilidade, estabilidade e
segurança devem ser analisados para que se decida em relação ao tipo de fundação a
ser utilizado (MACÊDO, 2016).
Como esse sistema construtivo tem como propósito a industrialização da
construção, é importante que a execução da fundação obedeça ao mesmo critério. Para
construções térreas e com poucos pavimentos, em terreno de boa capacidade de
suporte, o radier tem grandes vantagens em relação aos demais tipos de fundações,
proporcionando uma maior facilidade para a montagem das fôrmas, por deixar a base
de montagem nivelada.
De acordo com ABCP (2007) quando o projetista opta por outro tipo de fundação,
é recomendado que se execute uma laje/piso na cota do terreno, para que constitua um
apoio ao sistema de fôrmas e elimine a possibilidade de se trabalhar no terreno bruto.
A locação das fundações, rasas ou profundas, deverá ser feita através de um
gabarito da obra, realizado pelos funcionários junto com o topógrafo, conferindo e
assegurando o posicionamento perfeito delas. Além das exigências básicas para
qualquer elemento que desempenhe função estrutural, devendo ser estável, durável e
segura, a fundação que base das paredes de concreto precisa receber uma atenção
rigorosa quanto ao nivelamento e alinhamento. Isso porque quando a base não está
nivelada, a fôrma não encosta no chão, ocasionando vazamento de concreto pelo
espaço existente entre a fôrma e a fundação, além de provocar descontinuidade do
alinhamento superior das paredes. Além disso, é imprescindível que seja feita uma
correta impermeabilização, evitando que a umidade do solo atinja edificação (GOÉS,
2013; SAMPAIO et al., 2016).
38

Para que se inicie a concretagem da fundação é indispensável a realização de


uma verificação cuidadosa dos níveis e elementos constituintes. A concretagem pode
ser efetuada por bomba lança, com o auxílio de uma bomba estacionária ou por
betoneira com auto bomba. O cuidado com a cura do concreto, sobretudo em estruturas
de concreto com grande área superficial exposta, como é o caso do radier, deve ser
permanente, evitando o aparecimento de patologias.
Os cuidados e métodos construtivos variam conforme a escolha de fundação e
devem respeitar a NBR 6118 - Projeto de Execução de Obras de Concreto Armado e a
NBR 6122 – Projeto de Execução de Fundações.

2.1.3.3. Marcação das lajes

Com a fundação concluída faz-se a marcação na laje base das linhas internas e
externas das paredes, para orientar o posicionamento dos painéis das fôrmas,
assegurando o posicionamento correto delas seguindo o projeto. Após colocam-se as
guias de alinhamento, formadas por cantoneiras e que devem ser parafusadas no piso,
para alinhar a base da fôrma. Espaçadores no chão também devem ser instalados de
modo que o distanciamento entre as fôrmas seja mantido. A marcação é realizada a
partir do eixo central da parede, considerando 5 centímetros para cada lado, totalizando
a distância de 10 centímetros da espessura da parede, e para a colocação das fôrmas,
são necessários mais 8 centímetros de cada lado da marcação (interno e externo),
podendo adequar as distâncias conforme exigências de desempenho (ABCP, 2007).
Nessa etapa são feitas as demarcações dos posicionamentos das paredes e dos
vãos das portas. Nos vãos das portas são instaladas ferragens perpendiculares à laje
servindo como base para a armadura, que será presa a ela e a outros pontos que serão
inseridos no eixo das paredes. Então, são realizadas perfurações nas lajes para fixação
das barras de aço da mesma bitola que as dos reforços da estrutura, que servirão como
alinhamento e ponto de amarração para as telas das paredes. O espaçamento das
barras varia conforme o projeto, sendo no mínimo três pontos de fixação por parede
(ABCP, 2007). A Figura 6 detalha a estrutura de uma construção.
39

Figura 6 - Detalhes das bordas

Fonte: ABCP (2007, p. 76).

O processo de marcação das lajes é imprescindível para evitar a perca de tempo


por conta de estrutura não fechar durante a etapa de montagem e para que se obtenha
uma rápida e precisa execução da obra. Ao término desta etapa o serviço deve ser
conferido por um supervisor ou encarregado para que identifique e corrija possíveis
erros, evitando custos extras, atrasos e possíveis danos à estrutura.

2.1.3.4. Armação

Após a conclusão da etapa de marcação, dá-se início a armadura das paredes


para a concretagem. A armadura é um componente fundamental no sistema, ela
garante a absorção dos esforços e distribuição deles pela estrutura. A tela
eletrossoldada é o tipo de ferragem utilizada nas paredes de concreto moldadas “in
loco”, ela é posicionada verticalmente no eixo da parede e a armação complementar é
colocada em seguida em pontos estratégicos, juntamente com as barras de aço.
As telas são fixadas nas barras de aços deixadas na etapa de marcação,
conhecidas na obra como arranque. Normalmente são posicionadas as telas do canto
das paredes primeiramente, onde é feito um reforço seguindo o que está no projeto, em
40

que a tela é amarrada em "L" respeitando o espaçamento da malha e de forma que ela
fique firme, então a tela soldada é instalada, a partir das cantoneiras (SAMPAIO et al.,
2016).
As telas são instaladas sem recortes, cobrindo as portas e os vãos das janelas
dos cômodos, exceto a porta principal da construção, os vãos das janelas, bem como o
das portas, são recortados no seu entorno e reforçados com barras de aço, após o
posicionamento completo da armadura vertical, para evitar os esforços de cisalhamento
e possíveis fissuras (SAMPAIO et al., 2016).
É importante assegurar o cobrimento e a centralização das armaduras principais
e de reforço, no eixo da parede, para isto utilizam-se espaçadores plásticos, que são
distribuídos por toda área da armação. Na Figura 7 pode-se observar a armação em
telas de paredes com os espaçadores posicionados.

Figura 7 - Armação em tela.

Fonte: SANTOS (2013).

Para casos em que se têm uma continuidade da estrutura realiza-se o


posicionamento e colocação dos arranques, mantendo a compatibilidade em relação ao
projeto de armadura. Para as escadas, desde que o piso já esteja finalizado, basta
seguir os detalhamentos do projeto, obedecendo à quantidade, bitola, transpasse e
recobrimento especificados pelo projetista.
41

2.1.3.5. Sistemas embutidos

Os sistemas embutidos são uma particularidade do método de construção das


paredes de concreto, resultando em uma padronização do sistema, facilidade na
montagem e maior qualidade para a edificação. Os sistemas embutidos devem manter
seu formato durante a concretagem e resistir a contaminações que possam interferir na
sua integridade e na do sistema (ABCP, 2007).
Nesta etapa são embutidas as passagens elétricas, hidráulicas e de gás entre as
paredes caso existam e tenham sido planejadas previamente no projeto. Nesta etapa
da construção podem surgir várias patologias, considerando que o mal posicionamento
dos sistemas embutidos pode acarretar brocas e desagregação de material.

2.1.3.5.1. Instalações elétricas

Após a conclusão da etapa de armação, realiza-se a instalação dos elementos


que abrigaram as instalações elétricas. Seguindo o projeto elétrico os colaboradores
vão distribuindo as caixas onde ficaram os pontos de luz e as caixas elétricas, onde
serão instalados os interruptores e tomadas, nessas devem ser colocados espaçadores
para assegurar a exposição da face frontal da caixa, para que ela fique aparente após a
desenforma. Normalmente estas caixas já vêm de fábrica com espaçadores e fixadores
embutidos.
Após faz-se a passagem e interligação dos conduítes e/ou conduletes nas
paredes, é importante que todos esses sejam presos nas telas respeitando
espaçamentos de 20 a 30 centímetros, nas paredes e nas lajes, para que eles não
venham a se soltar ou se deslocar durante a concretagem conforme ilustra a Figura 8
(SAMPAIO et al., 2016).
42

Figura 8 - Instalações elétricas.

Fonte: Comunidade da Construção (2017).

A Norma ABNT NBR 16055:2012 não permite que as tubulações passem nos
encontros de paredes, e o uso de tubulações horizontais, com exceção aos casos em
que a tubulação tenha até um terço do comprimento da parede, desde que não
ultrapasse um metro.
No intuito de evitar patologias, é indicado que não haja emendas nas instalações,
e caso sejam necessárias, devem ser feitas utilizando luva de pressão do mesmo
fabricante.

2.1.3.5.2. Instalações hidrossanitárias

Para as instalações hidrossanitárias em paredes e lajes o processo é o mesmo,


é feita a fixação das tubulações, sempre respeitando as dimensões previstas no projeto,
onde é recomendado que o diâmetro do tubo usado seja maior que o indicado no
projeto, pois durante a concretagem a tubulação pode sofrer deslocamentos e
eventuais estrangulamentos. Nas lajes a tubulação deve ser posicionada antes da
43

armação, diferente das instalações elétricas, com o intuito de facilitar a execução dela.
Nas paredes o assentamento a tubulação deve ser simultâneo à armação, em razão da
necessidade de pontos de apoios.
Com os passantes limpos e conferidos, realiza-se a passagem das tubulações e,
subsequentemente, realizam-se as emendas utilizando cola. Em hipótese alguma se
esquenta a tubulação, pois isso acarretará a perda de suas características de pressão e
resistência mecânica (GOÉS, 2013).
Para evitar emendas desnecessárias, devem-se montar os kits de distribuição
com diâmetro, caimento e comprimento adequados na altura correta. Depois de
finalizada a distribuição, executa-se a colocação dos ralos e cotovelos de bacia com o
uso de perfilados e abraçadeiras especificam para tal serviço. Na Figura 9 é possível
observar o posicionamento das instalações hidrossanitárias nas paredes moldadas “in
loco”.

Figura 9 - Instalações hidrossanitárias.

Fonte: Virtuhab (2021).

Existem incontáveis diretrizes a serem respeitadas para que as instalações


passem pelo interior das paredes, e por ocasionar algumas dificuldades para atender
essas diretrizes é comum passar tubulações, como as hidrossanitárias, por fora da
estrutura, dentro de shafts, o que possui a vantagem de facilitar quaisquer futuras
manutenções que venham ser necessárias (ARÊAS, 2013).
44

2.1.3.5.3. Instalações de gás

Para a instalação dos ramais de fornecimento de gás deixam-se passantes nas


paredes das proximidades do local onde será utilizado o gás. O kit do ramal do gás
necessita de alguns cuidados para evitar-se patologias na construção, tais quais: corte,
escarificação, lixamento das extremidades e envolvimento da região onde a conexão
será feita, com pasta de solda. É realizado o aquecimento da região com maçarico até
atingir a temperatura de soldagem e após deixa-se a área resfriar naturalmente,
evitando o aparecimento de microfissuras, após é realizado o teste contra vazamento
(GOÉS, 2013).
Para as colunas verticais de encanamento de gás o posicionamento é feito
externo à fachada, como mostra a Figura 10, evitando danificações na construção.
Após os testes de funcionalidade as tubulações são fixadas junto as paredes com
abraçadeiras específicas para evitar que haja corrosão galvânica do tubo (GOÉS,
2013).

Figura 10 - Instalações de gás.

Fonte: Caderno de Encargos (2021).


45

2.1.3.6. Montagem das fôrmas

A montagem das fôrmas varia de acordo com o material escolhido. Normalmente


a montagem é iniciada a partir dos cantos em direção as extremidades internas. É
fundamental para uma fácil identificação e montagem sistematizada que os painéis
sejam numerados para evitar erros e atrasos na montagem dos painéis (MACÊDO,
2016). Antes de ser realizada a fixação das placas é necessário que seja realizada a
aplicação de produto desmoldantes nas placas, para que na desforma seja possível
soltá-las com facilidade, evitando danos às paredes.
Após essa etapa concluída as placas são instaladas e fixadas com os pinos e as
cunhas, então são passadas as faquetas pelos espaços, que servirá para delimitar a
espessura das paredes, elas recebem um protetor de presilha de plástico, e o
desmoldante, para facilitar a sua retirada. A cunha e o pino possuem função similar, no
entanto, eles combatem a compressão nas placas durante a concretagem. É
imprescindível que seja realizada a verificação de montagem garantindo que ela tenha
sido executada corretamente para evitar que as fôrmas abram o que comprometeria a
concretagem e danificaria as peças (SAMPAIO et al., 2016). Após as fôrmas das
paredes e lajes fixadas colocam-se as peças de travamento, é essencial que os
elementos estejam posicionados conforme indica a planta de montagem elaborada pelo
responsável pela obra.
A próxima etapa compreende em posicionar os alinhadores e fixá-los com a
ajuda das chavetas na parede das fôrmas, eles têm como principal função combater
aos esforços nos vãos, onde se localiza a maior pressão exercida pelo concreto durante
a concretagem. Por fim, instalam-se os escoramentos que irão estabilizar a laje superior
da estrutura, evitando que ela sele e manter a sua altura seguindo a estabelecida no
projeto. A Figura 11 demonstra a montagem das fôrmas concluída e pronta para
receber a concretagem.
46

Figura 11- Fôrmas instaladas

Fonte: NeoFormas (2017).

2.1.3.7. Concretagem

Primeiramente, deve ser estabelecido um planejamento detalhado considerando


o layout do canteiro, o formato das fôrmas e a propriedade do concreto empregado na
obra para estabelecer um planejamento de concretagem adequado.
O concreto pode ser produzido no canteiro de obra ou usinado, em uma central
dosadora, comumente é empregado o concreto usinado, pois ele garante um maior
controle tecnológico. É importante considerar o tempo de transporte, pois é necessário
que o trajeto não ultrapasse o tempo limite de 90 minutos entre o início da mistura e a
entrega no canteiro. Em casos em que seja necessária a adição de aditivos
superplastificantes é possível que a dosagem final seja feita no canteiro de obras,
sendo indispensável à realização do slump test logo após a chegada do material ao
canteiro, e para casos em que esteja sendo aplicado o concreto autoadensável, além
do slump teste realiza-se também o flow test, garantindo que o produto esteja em
conformidade com o estabelecido no projeto (ABCP, 2007).
Durante o lançamento, é importante se atentar a eventuais vazamentos de nata
de concreto e possíveis movimentações das fôrmas. É recomendável o bombeamento
47

de concreto, assegurando rapidez e evitando a perda de trabalhabilidade do material, e


a utilização de dispositivos que auxiliem na condução do material, como calhas, funis e
trombas. Toda a armadura e elementos embutidos devem ser envolvidos pelo concreto,
de maneira uniforme. Alguns cuidados devem ser tomados em relação à altura de
lançamento do concreto para reduzir a segregação entre os componentes do material, e
devem ser intensificados quando a altura de lançamento ultrapassar os 2 metros de
altura. A Norma recomenda a utilização de concreto autoadensável, que possui alta
trabalhabilidade e coesão, para minimizar estes possíveis danos.
De acordo com a ABNT NBR 16055 (2012), os processos de concretagem não
devem ultrapassar intervalos superiores a 30 minutos (tempo para início de pega), caso
não se obedeça a esse limite de tempo é necessário a realização de uma junta de
concretagem, seguindo as recomendações pré-estabelecidas para o processo. Após a
concretagem realiza-se a limpeza dos painéis para retirada de resíduos que possam ter
aderido às peças, a fim de se garantir superfícies limpas e a vida útil das fôrmas.

2.1.3.8. Desforma dos painéis

A desforma dos painéis é permitida após o concreto atingir a resistência mínima


prevista no projeto. Primeiro são retiradas as cunhas de travamento, depois as réguas
alinhadoras, os pinos e, então, os painéis, obedecendo à sequência de numeração dos
mesmos, evitando-se choques, impactos ou esforços no decorrer da desforma,
preservando a estrutura e evitando o aparecimento de fissuras precoces (VENTURINI,
2011). Após a desmontagem realiza-se a limpeza dos elementos, removendo a película
de argamassa aderida a eles, garantido a vida útil destes.
O escoramento das lajes deve ser mantido, pois, esse elemento possui um
projeto específico de retirada. Os escoramentos devem estar identificados seguindo o
seu posicionamento, e sua sequência de retirada deve ser realizada segundo o projeto.
Para a finalização da construção da estrutura das paredes de concreto moldadas
“in loco”, executa-se o estucamento dos vazios deixados pelas gravatas e suas bainhas
protetoras com argamassa de cimento e areia, e a retirada de rebarbas da superfície da
48

parede, tanto internas quanto externas (ABCP, 2007). Assim, a estrutura das paredes
de concreto está finalizada, pronta para que se iniciem as etapas de acabamentos.

2.1.3.9. Acabamento

A redução das camadas de revestimento é uma das características desse


sistema, que dispensa a necessidade de chapisco e de reboco, além de possibilitar a
instalação de todo tipo de revestimento, desde que observadas às determinações do
fornecedor e obedecendo ao tempo de cura úmida das paredes.
As paredes passam pelo controle da qualidade após a desforma que identifica
eventuais defeitos de execução. Ao serem encontradas falhas consideráveis no
concreto, elas são corrigidas com graute (MACÊDO, 2016). Nas junções de painéis, são
criadas lâminas de concreto que acabam saindo da superfície e marcando essas áreas,
elas são removidas com uma espátula logo após a retirada das fôrmas e os vazios de
ancoragens são preenchidos com argamassa de cimento e areia. Podem ser
observadas também bolhas de ar, geradas pela espuma ou incorporadas durante a
concretagem, devendo ser corrigidas com o processo de feltragem. No geral, o
resultado da desforma são paredes aprumadas e niveladas que apresentam uma
textura regular (ABCP, 2007).
Os materiais comumente utilizados nas obras são: massa corrida nas paredes
internas, revestimentos cerâmicos, rebaixamento de teto com gesso, e textura rústica
nas externas.

2.1.4. Vantagens e Desvantagens

Na hora de definir o sistema construtivo a ser empregado para construção de um


empreendimento, diversos aspectos são levados em consideração para que seja
definido o tipo ideal a ser utilizado. As vantagens e desvantagens que o método
construtivo promove ao projeto são fundamentais para essa escolha. A seguir, serão
49

listadas as vantagens e desvantagens do sistema construtivo paredes de concreto


moldadas “in loco”.

2.1.4.1. Vantagens

O sistema construtivo paredes de concreto moldadas “in loco” é um método


construtivo sistematizado, baseado em uma produção industrializada de materiais e
equipamentos, mão de obra qualificada e mecanização da produção, além do alto
controle tecnológico de todas as etapas construtivas.
O método é recomendável para projetos que exigem prazos de entrega
reduzidos e economia de custos. Dentre suas principais vantagens podemos citar:
• Baixo custo global;
• Gastos controlados;
• Produção em grande escala;
• Rapidez de execução;
• Alta qualidade;
• Mão de obra reduzida;
• Execução paralela da estrutura e vedação;
• Baixo índice de perda dos materiais;
• Redução das etapas de revestimento;
• Sequência ordenada de trabalho;
• Aumento da área útil da habitação;
• Canteiro de obras limpo.

2.1.4.2. Desvantagens

O sistema de paredes de concreto moldadas “in loco” apresenta algumas


desvantagens apesar de apresentar ótimo desempenho técnico que devem ser
consideradas a fim de se evitar prejuízos, dentre as quais podemos citar:
50

• Falta de adaptabilidade do projeto arquitetônico;


• Inflexibilidade no layout das instalações embutidas de elétrica, hidráulica e
gás;
• Alto custo das fôrmas;
• Uso de fôrmas somente apenas para projetos pré-determinados;
• Alto custo de reforma;
• Investimento no treinamento da mão de obra;
• Dificuldade na manutenção pós entrega.

2.2. Patologias

O termo Patologia da origem grega Páthos = “doença” e Logos = “estudo”, tem


como significado literal o “Estudo da Doença”. Na construção civil, esta palavra é
conceituada de maneira semelhante, sendo definida como a ciência que estuda a
origem, causas, consequências e os métodos mais adequados para intervenção de
falhas e sistemas de degradação nas edificações.
Para Antoniazzi (2008) podem ser observados manifestações patológicas na
construção civil, quando o imóvel começa atuar de forma inferior aos limites mínimos
especificados por norma, prejudicando então os usuários frente a algumas demandas.

Segundo Helene (2002), as patologias normalmente apresentam características


externas a partir das quais se pode conhecer sua origem, natureza e os
mecanismos dos acontecimentos envolvidos. Certos problemas têm maior
incidência, devido a necessidade de cuidados que geralmente são ignorados,
seja no projeto, na execução ou até mesmo na utilização. Pode-se dizer que os
problemas de maior importância nas estruturas em concreto armado, que
requer atenção pelo seu evidente risco à integridade da estrutura, são a
corrosão da armadura do concreto, as flechas excessivas das peças estruturais
e as fissuras patológicas nestas (MIOTTO, 2010, p.16).
51

Diante do que foi exposto anteriormente pela autora Miotto (2010) torna- se
notório a importância de uma análise precisa destes problemas patológicos. Portanto, é
necessário que se delibere um sistema avançado para controle e supervisão em todas
as etapas da obra incluindo sua origem, execução e etapas posteriores, a fim de evitar
transtornos porvindouros.
As anomalias podem ocorrer de diferentes modos, bem como as manifestações
leves, as quais afetam habitualmente os moradores, principalmente, no seu conforto em
geral. Contudo, existem fatores maiores, nos casos mais graves, aos quais podem levar
até ao desmoronamento.
Dentre as patologias mais comuns das Paredes de Concreto, destacam-se as
seguintes:
• Fissuras, Trincas e Rachaduras;
• Corrosão da armadura;
• Deterioração do concreto;
• Segregação;
• Eflorescências;
• Carbonatação;
• Perda de aderência.

2.2.1. Origem das Patologias

Quanto a sua origem as manifestações patológicas podem ser congênitas, isto é,


nascem com a estrutura. Bem como, obtidas ao longo da vida da construção, devido
inúmeros motivos que englobam: as intempéries, os fenômenos físicos ou sua utilização
geral.
Conforme Pedro et al. (2002), as Patologias classificam-se em 4 grupos:
congênitas, construtivas, adquiridas e acidentais.
52

• Congênitas: Oriundas da fase de projeto, devido ausência de atenção das


normas técnicas. Do mesmo modo, por imprudência dos Profissionais,
ocasionando falha na execução (PEDRO et al., 2002).
• Construtivas: Surgem na fase de execução, pertinente ao emprego de mão de
obra desqualificada, materiais de má qualidade, abaixo das especificações e
privação de organização nesta etapa (PEDRO et al., 2002).
• Adquiridas: São as anomalias por efeito a exposição ao meio que está inserida
no decorrer de sua vida útil (PEDRO et al., 2002).
• Acidentais: Produzidas por eventos inesperados (PEDRO et al., 2002).
A Maior incidência da origem das Patologias é mostrada no Gráfico 1:

Gráfico 1 - Maior ocorrência das origens das Patologias

Fonte: Helene (1992, p.22).

2.2.2. Fissuras, Trincas e Rachaduras.

Fissuras, trincas e rachaduras são defeitos nos quais consistem em aberturas


longas na estrutura em geral, mas se diferenciam pelo tempo de vida e o tamanho da
referida abertura.

Fissuras, trincas e rachaduras são manifestações patológicas das edificações


observadas em alvenarias, vigas, pilares, lajes, pisos entre outros elementos,
geralmente causadas por tensões dos materiais. Se os materiais forem
solicitados com um esforço maior que sua resistência acontece a falha
provocando uma abertura, e conforme sua espessura será classificada como
fissura, trinca, rachadura, fenda ou brecha (OLIVEIRA, 2012, p. 9).
53

O Quadro 1, a seguir, classifica as anomalias conforme suas aberturas:

Quadro 1 - Diferença dos tamanhos das aberturas de algumas anomalias

Fonte: Oliveira (2012).

No que tange as patologias existentes no sistema estrutural paredes de


concreto, as fissuras podem ser consideradas as mais comuns e notáveis pelos
usuários. Deste modo, é considerada a etapa primordial dos estágios consecutivos
nesta classe de manifestações, ambas com características semelhantes. Tal defeito
não afeta a estrutura, interferindo em maior intensidade na sua durabilidade e estética.
No entanto, apesar de recorrentemente trazer simplesmente danos superficiais para as
edificações, são indícios para anomalias mais instáveis, como as trincas e rachaduras.
Conforme Piancastelli (1997) as fissuras podem ser classificadas em:
• Ativas: Possuem oscilação de abertura em função de ações hidrotérmicas ou
outras (PIANCASTELLI, 1997);
• Passivas: Não ocorre oscilação de abertura, ou seja, contém uma abertura
contínua (PIANCASTELLI, 1997).
Ainda segundo Piancastelli (1997), para determinação de um tratamento preciso
para essas fissuras, é indispensável que se verifique se a ruptura estudada é
categorizada como ativa ou passiva. Normalmente está verificação é feita através do
emprego de “selos” rígidos que podem ser de gesso ou plaquetas de vidro coladas, que
se rompem caso seja uma fissura ativa, ou através da medição direta (fissurômetro)
dessa variação.
Subsequente ao estágio anterior citado surgem às trincas, com frestas
superiores, sendo capaz de dividir a estrutura em duas partes distintas. Estas falhas
54

são quase que imperceptíveis, porém é relevante um estudo de suas causas para inibir
seu avanço, ainda assim gera consequências a estrutura.
Por fim, o último estado desta irregularidade proveniente das fissuras, são as
rachaduras, que consistem numa abertura significativa, a qual permite acesso de vento,
luz e água de ambiente extrínseco e, por este motivo, é demasiadamente a mais
preocupante. Tendo em vista sua aptidão a provocar a impossibilidade de uso do
edifício, torna sua recuperação complexa devida o alto custo para a obra. Destarte, é
necessária ampla atenção neste tipo de patologia desde sua fase inicial, com intuito de
reprimir infortúnios futuros. A Figura 12 demonstra e diferencia essas três anomalias.

Figura 12 - Distinção entre Fissuras, Trincas e Rachaduras

Fonte: Neves (2019).

2.2.3. Corrosão da armadura

O termo corrosão refere-se à ação destrutiva de algo com o ambiente, por


reação química ou eletroquímica. No concreto armado, ela é causada
preponderantemente por fenômeno eletroquímico conhecido como pilhas de corrosão,
inerente de meios aquosos, o qual causa uma degradação mais rápida no material
(HELENE, 2002).
55

Helene (2002) define a corrosão das armaduras de concreto como um


fenômeno de natureza eletroquímica que pode ser acelerado pela presença de
agentes químicos externos ou internos ao concreto. No concreto armado, o aço
encontra-se no interior de um meio altamente alcalino no qual estaria protegido
do processo de corrosão devido à presença de uma película protetora de
caráter passivo (LOTTERMANN, 2013, p. 34).

Na Figura 13 é exemplificada a corrosão da armadura:

Figura 13 – Exemplo de Corrosão na armadura

Fonte: Tecnosil (2017).

A degradação da Armadura danifica a segurança da estrutura e sua concepção


estética, tornando-a instável ao uso seguro da habitação, enfatizando os altos danos a
estrutura, e uma possível minimização de sua resistência aos esforços solicitantes.
Sintetizando, esta anomalia é considerada uma das mais recorrentes e graves em
paredes de concreto, capaz de levar ao colapso estrutural. Provenientes de anomalias
menos nocivas, podem ser evitadas, visando uma atenção maior nestas patologias
preliminares, interrompendo então seu progresso e complicações iminentes.
56

2.2.4. Deterioração do concreto

A Deterioração do concreto se conceitua de forma análoga a corrosão da


armadura, assim pode ser considerada a porta de entrada para que a manifestação
anterior surja, visto que o concreto serve como uma proteção para a armadura. De
acordo com Bruna, Moura e Del Pino (2015) suas causas podem ser divididas em
biológicas, eletromagnéticas, físicas e mecânicas, conforme sua natureza.
A danificação deste material principia diversas outras patologias subsecutivas,
outrossim, acaba prejudicando a estabilidade, funcionalidade e durabilidade das
estruturas. Mediante o que foi apresentado, destaca-se a dimensão da conservação
deste elemento para proteção da armação e segurança nas moradias, tendo em vista
que, quanto mais o concreto continuar inalterado, consequentemente a armadura
estará mais resguardada, é possível ver a ocorrência deste dano conforme a Figura 14
(BRUNA; MOURA; DEL PINO, 2015).

Figura 14 - Exemplo de Deterioração do Concreto.

Fonte: Istockphoto (2021).


57

2.2.5. Segregação

A segregação do concreto é popularmente conhecida com as expressões


bicheira ou ninho. De modo claro, são os espaços entre os agregados graúdos nas
estruturas de concreto, que contém um elevado grau de vazios e de permeabilidade, na
Figura 15 é notado visualmente essa irregularidade.
Segundo Andrade e Silva (2005) os elementos que formam o concreto em
estado plástico, ou seja, ainda com a capacidade de propiciar a moldagem, estão
propícios à separação no período de transporte, lançamento e adensamento.
Especificamente, devido ao lançamento incorreto do concreto, pode ocorrer a
segregação, fazendo com que o agregado graúdo se separe da argamassa, resultando
em alta porosidade e índice de vazios. O espaço criado por essa patologia permite a
penetração de água e outras substâncias nocivas à estrutura (LIMA et. al, 2020).
Tencionando a possibilidade de danos consideráveis gerados por esta patologia,
pelo fato que a estrutura é projetada para ser monolítica, transcorrendo o contrário,
poderá ser prejudicial não somente a harmonia do edifício, bem como a sua
durabilidade e funcionamento estrutural.

Figura 15 – Exemplo de segregação

Fonte: Nakamura (2021).


58

2.2.6. Eflorescência

A Eflorescência vulgarmente corresponde àquelas manchas, na maioria das


vezes esbranquiçadas, que são encontradas comumente na extensão das construções.
Já conceituando de uma maneira mais técnica, são os depósitos cristalinos geralmente
brancos, mas que também podem apresentar cores esverdeadas ou mais escuras.
Esses defeitos surgem por intermédio de reações químicas e são formados através do
contato de sais solúveis (vindos da água) com o ar, que juntos se solidificam e formam
esses depósitos cristalinos, conforme Figura 16 é observada a ocorrência de
eflorescência em uma parede.

Figura 16 – Exemplo de Eflorescência em paredes.

Fonte: Casa do construtor (2021).

2.2.7. Carbonatação

A carbonatação é um fenômeno que ocorre frequentemente em lugares com


temperaturas e umidade relativa do ar elevadas. Consiste na formação de carbonatos
através da reação físico-química entre CO2 e o cimento hidratado, que em seguimento,
59

ocasionam a redução do pH do concreto. Isto posto, quanto maior o acúmulo de CO2 no


concreto, menor será o pH, em contrapartida, mais densa será a camada de concreto.
Inicialmente esta anomalia irá danificar apenas a harmonia da edificação, porém
conforme seu progresso poderá acarretar problemas na durabilidade e estabilidade
global da estrutura, a Figura 17 retrata um exemplo de carbonatação em uma estrutura.
Sendo a sua ocorrência derivada de dentro para fora, conforme há avanço da
profundidade sucede então a desestabilização da proteção do aço, favorecendo desta
forma sua corrosão.

Figura 17 – Exemplo de Carbonatação na estrutura.

Fonte: Tecnosilbr (2021).

2.2.8. Perda de Aderência

Aderência é a propriedade que garante com que o aço e o concreto trabalhem


em conjunto e é responsável por impedir o escorregamento relativo entre o concreto e a
barra de aço. Esta irregularidade pode acontecer também entre dois concretos de
idades diferentes podendo acarretar consequências ruinosas a estrutura. A seguir serão
citadas de forma sucinta as três maneiras possíveis de perda de aderência segundo
Pinheiro e Muzardo (2003), reforçando que esta é uma separação apenas esquemática,
60

devido a impossibilidade de mensurar cada uma delas separadamente, de acordo com


a Figura 18 é visualizada uma situação de perda de aderência.
• Aderência por adesão: Esta classe acontece por meio físico-químico, durante
o período de pega do cimento (PINHEIRO; MUZARDO, 2003).

A aderência por adesão caracteriza-se por uma resistência à separação dos


dois materiais. Ocorre em função de ligações físico-químicas, na interface das
barras com a pasta, geradas durante as reações de pega do cimento. Para
pequenos deslocamentos relativos entre a barra e a massa de concreto que a
envolve, essa ligação é destruída (Pinheiro; Muzardo, 2003, p. 10.1).

• Aderência por atrito: Segundo Pinheiro e Muzardo (2003) este tipo de


aderência depende da pressão do concreto sobre a barra em decorrência da
retração e da rugosidade do aço. O atrito manifesta-se quando há tendência
ao deslocamento relativo entre os materiais e é dependente da rugosidade
superficial da barra e da pressão transversal σ, efetuada pelo concreto sobre a
barra, em decorrência da retração.
Leonhardt (1977) afirma que o coeficiente de atrito entre aço e concreto é
considerado alto, à vista da rugosidade da superfície das barras, resultando valores
entre 0,3 e 0,6.
• Aderência mecânica: Esta ocorre em pertinente configuração superficial das
barras. Focalizando nas barras de alta aderência os realces provocam forças
localizadas, que aumentam de forma significativa a aderência (PINHEIRO;
MUZARDO, 2003).
61

Figura 18 – Exemplo de perda de Aderência em uma laje

Fonte: Reserarchgate (2021).

2.3. Manifestações patológicas em paredes de concreto moldadas “in loco”

Como afirma Souza e Ripper (2009, p. 22) “das estruturas em geral, e em


particular das estruturas de concreto, espera-se uma completa adequação às
finalidades a que se destinam, sempre levando em consideração o binômio segurança-
economia”, assim as estruturas com sua multiplicidade apresentam uma enorme
variedade de características, das quais dependerá a sua maior ou menor adequação
aos propósitos estabelecidos pelo projeto.
Segundo Mesomo (2018 apud. Piancastelli, 2017), o concreto por ser um
material constituído de vários elementos que interagem uns com os outros (cimento,
areia, brita, água, aditivos e adições) e com o meio externo (ácidos, bases, sais, gases,
micro-organismos etc.), sofre alterações ao longo do tempo. Destas interações podem
surgir anomalias que prejudicam a estrutura ou causam desconforto ao usuário.
É comum que as patologias do concreto ocorram ainda na fase da estruturação.
Muitos são as causas que colaboram no surgimento delas. Como ressalta Takata:

Mão de obra não qualificada, falta de controle de qualidade dos materiais,


processos e atenção aos detalhes construtivos podem resultar em
62

manifestações patológicas que podem ser observadas imediatamente ou ao


longo do tempo da vida útil da habitação (TAKATA, 2009, p. 83-84).

Segundo Souza e Ripper:

O surgimento de problema patológico em dada estrutura indica, em última


instância e de maneira geral a existência de uma ou mais falhas durante a
execução de uma das etapas da construção, além de apontar para falhas
também no sistema de controle de qualidade próprio a uma ou mais atividades,
conforme parafraseia. De maneira geral, as dificuldades técnicas e o custo
para solucionar um problema patológico originado de uma falha de projeto são
diretamente proporcionais à “antiguidade da falha”, ou seja, quanto mais cedo
nesta etapa da construção civil, a falha tenha ocorrido (SOUZA; RIPPER, 2009,
p.24).

Um aspecto curioso nesta questão tem sido o apetite de se procurar definir qual
a atividade que tem sido responsável, ao longo dos tempos, pela maior quantidade de
erros. Pode ser considerada extensa a lista de pesquisadores que têm procurado
relacionar, percentualmente, as várias causas para a ocorrência de problemas
patológicos, contudo, nem todos os autores seguem a classificação-padrão
relativamente às origens dos vários problemas patológicos.
Ao analisar uma estrutura de concreto "doente", é absolutamente necessário
entender as razões do aparecimento e desenvolvimento da doença, e descobrir as
razões antes de prescrever e posteriormente aplicar as medidas corretivas necessárias.
É importante entender as causas raízes da deterioração, não apenas para realizar os
reparos necessários, mas também para garantir que a estrutura não se degrade
novamente após os reparos (SOUZA; RIPPER, 2009).

2.3.1. Manifestação de trincas e fissuras

As fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica


característica das estruturas de concreto, sendo mesmo o dano de ocorrência mais
comum e aquele que mais faz-se notar.

Segundo Mesomo:
63

Com a ocorrência de fissuras, há o receio de que a estrutura ou elemento


construtivo deixe de cumprir com os seus critérios de desempenho ou que
tenha a sua vida útil reduzida. Neste ponto, salienta-se a importância do estudo
das causas de fissuras no concreto, pois enquanto há fissuras que são apenas
esteticamente desagradáveis, há fissuras que podem culminar na ruína ou
inutilização do elemento construtivo. Por consequência, é necessária uma
identificação adequada para que reparo seja efetivo (MESOMO, 2018, p. 13).

Outro fator que destaca a importância do tema é o fato que a maioria dos
problemas de fissuração encontrados no concreto podem ser prevenidos nas fases de
projeto e execução. Sendo que, com a compreensão das consequências de ações, há
uma melhora na qualidade das construções.
Segundo Mesomo (2018 apud. Campagnolo, 2017), o aparecimento de trincas e
fissuras logo na fase de execução de obra é um fator preocupante. São pontos de
possível infiltração de agentes agressivos e muito possivelmente ocorra carbonatação
do concreto no local, que pode despassivar as armaduras. A despassivação das
armaduras é o primeiro passo para o início da corrosão delas, outra manifestação
patológica que prejudica a estrutura e que pode ocasionar em fissuras ainda maiores,
paralelas à armadura corroída, por causa do descolamento causado pela redução da
seção do aço.
Podem ter suas origens por falhas na execução tanto na etapa de lançamento e
adensamento do concreto plástico quanto após, já endurecido. Segundo Mesomo (2018
apud. Campagnolo, 2017, p.141):

As fissuras no concreto fresco (não endurecido) podem ser decorrentes: de


assentamentos diferenciais dentro da massa do concreto – assentamento
plástico, de retração da superfície causada pela rápida evaporação da água –
dessecação superficial ou ainda pela movimentação das fôrmas.

Souza e Ripper (2009, p. 27) destacam que:

É interessante observar que, no entanto, a caracterização da fissuração como


deficiência estrutural dependerá sempre dá origem, intensidade e magnitude do
quadro de fissuração existente, posto que o concreto, por ser material com
baixa resistência à tração, fissurará por natureza, sempre que os esforços de
tração, que podem ser instaladas pelos mais diversos motivos, superarem a sua
resistência última à tração.
64

Em seu livro, Souza e Ripper (2009) apontam que as causas de deterioração das
estruturas podem ser divididas em intrínsecas e extrínsecas. Onde as causas
intrínsecas têm origem nos materiais e peças estruturais durante a fase de execução e
utilização da obra. Já as causas extrínsecas, entende-se por determinação que não
depende do corpo estrutural nem da composição dos materiais, as mesmas ocorrem no
meio externo, avançando para o meio interno.

Nos subcapítulos a seguir foram retratadas as causas elencadas pelos autores.

2.3.1.1. Ações aplicadas

Para que as solicitações de uma estrutura gerem fissuras, aquelas precisam ser
maiores que a sua resistência. Para tal, há três possíveis situações: erro de projeto,
erro de execução, mudança de uso ou que algum esforço imprevisível passe a exercer
influência sobre a estrutura (SOUZA; RIPPER, 1998).
Portanto, ao fazer o estudo pormenorizado de uma estrutura de concreto que
apresente um processo de fissuramento, é necessário fazer um mapeamento e
classificação que segundo Souza e Ripper (1998, p. 57) “consiste na definição da
atividade ou não das mesmas (uma fissura é dita ativa, quando sua constituição ainda
atua sobre a estrutura, sendo inativa, ou estável quando sua causa tenha então deixado
de existir”.

Quando um projeto não é bem elaborado ou detalhado, pode ter como


consequência a fissuração da estrutura. O aço é o responsável por resistir aos
esforços de tração de uma peça de concreto armado. Dessa forma, a
insuficiência da armadura diminui a capacidade de resistência à tração e flexão
da estrutura, aumentando a chance de colapso (VIEIRA, 2017 apud. SOUZA;
RIPPER, 1998 p. 28).

Outro erro de projeto é o cálculo inadequado dos esforços solicitantes ou a falta


de identificação de todos os esforços que ocorrem em um determinado elemento
(SOUZA; RIPPER, 1998).
65

Na Figura 19, são apresentados alguns exemplos de fissura por uma solicitação
superior à suportada pela estrutura.

Figura 19 – Configurações de fissuras em função do tipo de solicitação

Fonte: Souza e Ripper, (1998).

Devida à evaporação excessivamente rápida da água que foi utilizada em


excesso para o labor do material, no processo de execução de uma determinada peça
estrutural, ocorre ainda antes da pega do concreto, sendo que a massa, em
consequência, se contrai de forma irreversível, podendo este movimento acontecer
imediatamente após o lançamento do concreto, este processo de contração plástica do
concreto é mais comum em superfícies extensas, como lajes e paredes, com as
fissuras sendo normalmente paralelas entre si e fazendo ângulo de aproximadamente
45º com os cantos, sendo superficiais, na grande maioria dos casos. Contudo, em
função da esbeltez das peças em questão, elas podem vir a seccioná-las. (SOUZA;
RIPPER, 2009).
A punção é mais uma forma de ruptura por cisalhamento que pode ocorrer em
elementos de placa submetidos a uma carga ou reação concentrada aplicada
transversalmente e caracteriza-se por ocorrer de forma brusca, podendo levar a
estrutura à ruína através do colapso progressivo (SOUZA; RIPPER, 1998).
As características da fissura por puncionamento estão ilustradas na Figura 20
66

Figura 20 – Fissuração por puncionamento

Fonte: Souza e Ripper, (1998).

Um detalhamento insuficiente ou a falta de detalhamento também pode


prejudicar a resistência de uma peça. Essa falta pode induzir a erros de execução, uma
vez que a disposição da armadura está sujeita a interpretação de quem está
executando o projeto. Tendo, assim, a possibilidade de comprometer a resistência e a
durabilidade da construção (SOUZA; RIPPER, 1998).
A Figura 21 está demostrando um exemplo de como pode ser executada de
maneira inadequada um projeto sem detalhamento e uma forma correta, desse modo, é
extremamente importante o acompanhamento da armadura até o fim da peça e evitar o
empuxo no vazio.

Figura 21 – Influência da falta de detalhamento

Fonte: Souza e Ripper (1998).

Erros de execução podem ocasionar fissuras. Esse tipo de fissura, de forma


geral é semelhante àquelas apresentadas por erro de projeto. Essa semelhança pode
67

ser explicada utilizando o exemplo da deficiência de armadura, se a deficiência for


resultado de um erro de projeto ou for originada pelo não cumprimento do projeto na
execução, a fissura ocorrerá da mesma forma (SOUZA; RIPPER, 1998).

2.3.1.2. Assentamento e falta de aderência entre o concreto e a armadura.

Segundo Souza e Ripper (1998), nos elementos de concreto armado, o concreto


deve cobrir a armadura e obedecer às dimensões orientadas pelo projeto. Quando a
presença de fôrmas ou a disposição das armaduras dificulta, ou mesmo impede, a
massa de concreto de alcançar o espaço que ela estaria suposta a preencher, são
gerados problemas a estrutura.
Entre os problemas atrelados a esse inconveniente estão: perda de aderência,
fissuras, diminuição da capacidade estrutural. As fissuras causadas pelas falhas de
assentamento tendem a acompanhar a armadura. Esse tipo e fissura é, em geral,
acompanhada a um vazio embaixo da armadura, chamado efeito de parede (SOUZA;
RIPPER, 1998).
A situação ainda pode ser agravada pela proximidade das barras, podendo haver
uma conexão entre as fissuras e uma perda de aderência total entre a armadura e o
concreto. Um ponto a ser salientado é que as fissuras ampliam o acesso a agentes
nocivos tanto ao concreto quanto à armadura (SOUZA; RIPPER,1998).
As características da formatação de fissuras por assentamento plástico do
concreto estão ilustradas na Figura 22.
68

Figura 22 – Formatação de fissuras por assentamento plástico do concreto

Fonte: Souza e Ripper (1998).

2.3.1.3. Movimentação de escoramento e/ou formas

Em casos de movimentação das fôrmas ou do escoramento antes que o


concreto tenha resistência necessária para manter sua forma inalterada, pode trazer
danos às estruturas. Isso pode ser explicado pelo fato de a resistência do concreto
estar atrelada às ligações internas na sua microestrutura. Se as ligações não geram
resistência o suficiente para o concreto se manter unido de forma a não estar
desempenhando essa função, a tensão gerada pela gravidade em uma massa que não
está inteiramente endurecida gera fissuras (SOUZA; RIPPER, 1998).
A fôrma pode ainda absorver a água constituinte do concreto, formando fissuras
semelhantes àquelas apresentadas do lado direito da Figura 23.

Figura 23 – Exemplo de fissuração por movimento de fôrmas e escoramentos

Fonte: Souza e Ripper, (1998).


69

2.3.1.4. Retração

O processo de retração inclui a encolhimento tridimensional do concreto, cujo


principal motivo é a perda de água. Quando restrito, esse encolhimento pode causar
rachaduras no material. A retração pode ser dividido em cinco tipos diferentes, que são:
por carbonatação, por secagem, autógena, plástica e térmica (MESOMO, 2018).

2.3.1.5. Reações expansivas

O concreto sofrerá reações de expansão relacionadas aos agregados ou ataque


de sulfato. Porém, em ambos os casos, será formado um produto com volume maior
que o vazio por ele criado, e essa expansão tende a exercer pressão sobre o meio
circundante e causar fissuras no concreto. As reações químicas envolvendo a formação
de produtos em expansão podem causar danos ao concreto. Com a expansão, a
tensão interna do concreto aumenta, resultando nas seguintes manifestações:
fechamento das juntas de dilatação; deformação; deslocamento de diferentes partes da
estrutura; fissuração; fragmentação e rompimento. Normalmente, as fissuras causadas
pela reação de expansão apresentam características craquelado, podendo ser
distinguidas pelas características do meio e pela análise química do concreto
(MESOMO, 2018).

2.3.2. Corrosão das armaduras

A norma ISO 8044:2015 define corrosão como interação físico-química entre o


metal e o meio, resultando em mudanças nas propriedades do metal, sendo prejudiciais
a sua função ou ao sistema onde ocorra.
A corrosão conduz à formação de óxidos e hidróxidos de ferro, produtos de
avermelhados, pulverulentos e porosos, denominada ferrugem (ALMEIDA, 2013).
70

Andrade (2001), explica que o mecanismo de corrosão eletroquímica é baseado


na existência de um desequilíbrio elétrico entre metais diferentes ou entre distintas
partes do mesmo metal, configurando o que se chama de pilha de corrosão ou célula
de corrosão.
Helene (1986), informa que para a ocorrência corrosão nas armaduras no interior
do concreto são necessárias as seguintes condições:
• Deve existir um eletrólito: Meio que permite a dissolução e movimento de íons
ao longo das regiões anódicas e catódicas, gerando uma corrente de natureza
iônica e, também, para dissolver o oxigênio. No concreto, podem ser
eletrólitos: a água presente no concreto em grandes quantidades; alguns
produtos da hidratação do cimento como portilandita e hidróxido de cálcio;
• Deve existir diferença de potencial: Entre dois pontos aleatórios da armadura,
seja pela diferença de umidade, aeração, concentração salina, 51 tensão do
concreto e/ou no aço, impurezas no metal, heterogeneidades inerentes ao
concreto, pala carbonatação ou pela presença de íons;
• Deve existir oxigênio: Que regulará todas as reações de corrosão, dissolvido
na água presente nos poros do concreto.

2.3.3. Carbonatação do Concreto

Conforme Werle, Kazmiercza e Kulakowski (2011), a hidratação do cimento gera,


genericamente, silicatos de cálcio hidratado (C-S-H), que conferem resistência ao
material, e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), principal responsável pela geração de um
ambiente alcalino (pH próximo de 13). No concreto armado, a elevada alcalinidade gera
uma camada inerte ao longo das barras de aço, que as protegem do fenômeno da
corrosão.
A carbonatação, como já se referiu anteriormente, é um fenômeno físico-químico
que ocorre naturalmente em estruturas de concreto que resulta em mudanças na
microestrutura e na diminuição do pH do concreto.
71

O fenômeno da carbonatação pode ser ocasionado pelas reações químicas


provenientes da interação entre os principais constituintes presentes na atmosfera,
como o CO2 (gás carbônico) com os produtos da hidratação do cimento, que se
encontram no líquido intersticial dos poros (CUNHA; HELENE, 2001). Segundo Bary e
Sellier (2004), a reação ocorre, principalmente, com os íons cálcio, contidos na solução
aquosa dos poros, em equilíbrio com os produtos de hidratação do cimento.
Conforme Werle, Kazmiercza e Kulakowski (2011), essa interação entre os
elementos resulta na formação de CaCO3 (carbonato de cálcio) e H2O (água), de
acordo com a reação expressa na equação 1.
Ca(OH)2(s) + CO2(g) ↔ CaCO3(s) + H2O(l) Eq. 1
Além do Ca(OH)2, há evidências de que as reações de carbonatação não
ocorrem somente entre o CO2 e o Ca(OH)2, mas sim com todos os demais compostos
hidratados do cimento, como o C-S-H (silicato de cálcio hidratado), sulfato tri-hidratado
(etringita), monossulfato hidratado, C3S (silicato tricálcico) e C2S (silicato dicálcico)
(PETER et al., 2008).
Segundo Peter et al. (2008), outros álcalis presentes na pasta de cimento, em
pequena quantidade, como KOH (hidróxido de potássio), NaOH (hidróxido de sódio) e
Mg(OH)2 (hidróxido de magnésio), além das fases dos aluminatos, também estão
suscetíveis à carbonatação.
A reação básica refere-se à combinação do CO2 com Ca(OH)2 em função da
rapidez com que tais reações ocorrem em relação aos demais elementos
carbonatáveis. O CO2 reage com o Ca(OH)2 três vezes mais rápido do que reage com
C-S-H, vinte vezes mais rápido do que a reação com C2S e cinquenta vezes mais
rápido do que a reação com o C3S (PETER et al., 2008), alterando substancialmente o
pH do concreto. O consumo do Ca(OH)2 faz com que o pH do concreto diminua a
níveis entre 9 e 8, o que extingue a camada passivante do aço (ANDRADE, 1992).
Outrossim Werle, Kazmiercza e Kulakowski (2011), fazem correlações dos
estudos de alguns autores, assegurando que “o fenômeno da carbonatação é um
exemplo clássico de despassivação da armadura”. Como resultado da corrosão da
armadura, os produtos expansivos geram tensões internas, fissurando o concreto,
72

facilitando a entrada de agentes deletérios. Em estágios mais avançados do fenômeno,


pode acarretar o colapso da estrutura.
A carbonatação em si, e se ficasse restrita a uma espessura inferior à da camada
de cobrimento das armaduras, seria até benéfica para o concreto, pois aumentaria as
suas resistências químicas e mecânicas. A questão é que, em função da concentração
de CO2 na atmosfera e da porosidade e nível de fissuração do concreto, a
carbonatação pode atingir a armadura, quebrando o filme óxido que a protege,
corroendo-a.

2.3.4. Eflorescência

Segundo Menezes et al. (2006), os sais presentes no solo e/ou em materiais


utilizados na construção civil podem afetar as alvenarias e concretos, por colocar-se na
região interior ou exterior das construções.
Em consonância a Menezes et al. (2006) nestas situações, depósitos de sais
originam-se pela cristalização dos sais das soluções aquosas e impregnam-se por
consequência da evaporação do solvente, pode formasse no interior do material pelo
contato entre a água e sais solúveis presentes, ou é oriunda de fontes externas e
movimenta-se através da rede capilar do material de uma parte a outra da estrutura.
Menezes et al. afirma:

Assim, as condições necessárias para que ocorra a formação desses


depósitos em alvenarias e concretos são a coexistência de: água, sais
solúveis em água e condições ambientais e de estrutura que
proporcionem a percolação e evaporação da água. Se um destes três
itens deixar de existir, não é possível a formação de depósitos de sais
(MENEZES et al, 2006, p.38).

Contudo, fluorescências, mediante o estímulo de agentes externos, são


depósitos salinos que se formam tendo como a água um agente mobilizador dos sais
solúveis, conforme reconhece Menezes et al. (2006, p.38), “são depósitos salinos que
se formam em argilas ou em peças “cruas”, pela ação da água como agente
mobilizador dos sais solúveis”.
73

Quando estas águas entram em contato com a pasta de cimento, elas tendem a
hidrolisar4 ou dissolver os produtos contendo cálcio. O hidróxido de cálcio é o
constituinte que, devido à sua solubilidade alta em água pura, é mais sensível à
eletrólise, ocorrendo a lixiviação5. Além da perda de resistência, a lixiviação do
hidróxido de cálcio pode ser indesejável por razões estéticas. O resultado da lixiviação
interage com o CO2, presente no ar, resultando na precipitação de crostas brancas de
carbonato de cálcio na superfície, fenômeno conhecido como eflorescência (MEHTA et
al, 1994).

As florescências podem ser divididas em dois grandes grupos: subflorescências


(criptoflorescências) e eflorescências. As subflorescências são florescências
não visíveis, porque os depósitos salinos se formaram sob a superfície da peça,
enquanto nas eflorescências os depósitos salinos se formam na superfície dos
produtos cerâmicos. A cristalização de sais na superfície das peças cerâmicas
não produz esforços mecânicos importantes. Ao contrário, quando a
cristalização se dá no interior do material, nos poros e rede capilar, podem ser
produzidos esforços mecânicos consideráveis. Assim, as eflorescências
causam degradação microestrutural apenas nas zonas próximas a superfície,
bem como degradação estética no produto cerâmico. Os danos na aparência
das construções intensificam-se quando há um contraste de cor entre os
depósitos de sais e a alvenaria. Enquanto as subflorescências podem causar
sérios danos a durabilidade e resistência das peças (MENEZES et al, 2006,
p.38).

2.4. Relacionamento do aparecimento da patologia com a falha durante a


execução da parede de concreto

O seguimento lógico da técnica de construção civil indica que a fase de


execução deve começar após o término da fase conceitual e encerrar todas as
pesquisas e projetos inerentes. Supondo que isso tenha ocorrido, a fase de execução
pode começar e sua primeira atividade será o plano de trabalho.

4Decompor(-se) uma substância por hidrólise, processo ou uma reação química qualquer em que
as moléculas de substâncias diferentes são fragmentadas em unidades menores por meio da
interação dos íons presentes nos compostos, sejam eles cátions ou ânions, atuantes a partir da
presença da água.
5
Tratasse da extração ou solubilização dos constituintes químicos pela ação de um fluido
percolante.
74

Nesta atividade, devem ser tomadas todas as medidas necessárias para garantir
o bom andamento da construção, e de conformidade com as características da obra,
através do cronograma de atividades, previsão de aquisição de materiais, distribuição
de execução e definição do “layout” do canteiro de obras para personalizá-lo.
Nesta fase, os defeitos construtivos são os defeitos mais frequentes, na maioria
dos casos a equipe técnica carece de qualificação profissional. Entre eles podemos
citar:
• Falhas de concretagem;
• Deficiência nas armaduras;
• Desconformidade de fôrmas e escoramentos;
• Instalações inadequadas.

2.4.1. Falhas de concretagem

Relacionado ao método de concretagem está a falha do procedimento de


transporte, adensamento e lançamento do concreto, que pode causar, por exemplo, a
separação entre agregado graúdo e argamassa, e a formação de ninhos e cavidades
de concreto (MAZER, 2008).
No transporte do concreto, desde a saída do material da betoneira até o uso
final, as principais considerações devem estar voltadas para a agilidade da técnica, que
deve evitar que o concreto seque ou perca a trabalhabilidade. Além disso, o tempo de
transporte não deve fazer com que o intervalo entre as camadas de concreto e as
camadas anterior seja muito grande, caso contrário, causará imediatamente juntas
imprevistas de concreto, resultando em concentração de tensões na superfície e perda
de aderência (MAZER, 2008).
O meio de transporte não deve causar segregação, não deve causar a perda de
pastas de cimento ou argamassas, e não deve promover a separação entre os
membros de concreto (MAZER, 2008).
Existem vários problemas relacionados com o lançamento de concreto na fôrma.
Um lançamento deficiente resultará em desalinhamento da forma, como representado
75

na Figura 24, e da armadura, bem como chumbadores que podem estar embutidos em
elementos estruturais (MAZER, 2008).

Figura 24 – Exemplo de deformação do elemento estrutural devido ao deslocamento da forma

Fonte: MAZER (2008, p.43).

O lançamento em declive causará o acúmulo de água de exsudada, o que fará


com que os agregados grossos e a argamassa ou pasta de cimento segreguem, o que
causará pontos fracos na estrutura, o que promoverá a ocorrência de surtos de
corrosão. Por outro lado, a escassez de água pode causar contratempos durante o
adensamento e lançamento, levando a defeitos no concreto, como os chamados nichos
de concreto demostrado na Figura 25 (MAZER, 2008).
76

Figura 25 – Exemplo de nicho de concretagem

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.145).

A junta de concreto é inevitável e não existem regras específicas que abranjam


todas as situações, na Figura 26 exemplifica patologia do tipo de segregação em juntas.
Ao escolher a localização de uma determinada junta, deve-se garantir que três fatores
sejam observados: durabilidade, resistência e estética. Portanto, as juntas não devem
ser feitas em áreas de alta tensão tangencial (MAZER, 2008).

Figura 26 – Exemplo de segregação em juntas

Fonte: MAZER (2008, p.44).

A densificação do concreto é outra tarefa que, se não realizada corretamente,


pode levar à geração de vazios na massa e irregularidades superficiais, também
conhecido como bolhas ilustrado na Figura 27, essas patologias podem danificar a
77

estética por aumentar a porosidade superficial e promover a penetração de agente


agressivo (MAZER, 2008).

Figura 27 – Exemplo de bolhas na face da parede de concreto

Fonte: TECNOMOR, 2019.

Devem ser mencionados os problemas associados ao procedimento de cura do


concreto, que consiste em uma série de medidas destinadas a evitar que água se
evapore que é necessário e inerente à própria cura. Devido ao encolhimento, a cura
insuficiente aumentará a deformação específica. Como essa deformação é diferente
entre as diferentes camadas do componente, principalmente se for de grande medida,
pode gerar tensões que podem ocasionar fissuras severas no concreto (MAZER, 2008).
É importante que a cura comece pelo menos logo após a pega e tenha duração
suficiente, dependendo da observação de fatores como as características ambientais, o
período de cura e toda a vida da estrutura e a localização do próprio concreto, conforme
mostrado na Quadro 2.

Quadro 2 - Tempos de cura recomendados (CEB -1989)

Clima Agressividade Tempo de Cura


Ambiental (dias)
Normal 1 a 3 dias
Quente e Seco 10 a 14
Elevada
dias
Normal 1 a 3 dias
Úmido
Elevada 5 a 7 dias

Fonte: Comitê Euro-Internacional du Beton (CEB), (1989).


78

2.4.2. Deficiências nas armaduras

Segundo Mazer (2008), as imperfeições patológicas causadas por defeitos ou


erros na implantação das armaduras são os mais diversos e ocorrem com muita
frequência. Os defeitos mais comuns que podem ser determinados são:
• Incompreensão dos elementos de projeto, o que geralmente significa inverter
a posição de certas armaduras ou trocar uma parte das armaduras por outra
parte das armaduras;
• A armadura insuficiente por irresponsabilidade, deliberada ou incompetência
implica diretamente que a resistência dos componentes estruturais é reduzida;
• O posicionamento incorreto dos vergalhões pode resultar na incapacidade de
observar o espaçamento correto dos vergalhões (Figura 28) ou fazer com que
os vergalhões se desviem de suas posições originais (Figura 29). O uso de
dispositivos adequados (pastilhas, caranguejos, espaçadores) é fundamental
para garantir o correto posicionamento das barras de armadura;

Figura 28 - Espaçamento irregular em armaduras de lajes

Fonte: SOUZA (1998, p.32).


79

Figura 29 - Armadura negativa da laje fora de posição

Fonte: SOUZA (1998, p.32).

• Cobertura de concreto insuficiente ou de qualidade ruim, que promove a


implementação de processos de deterioração, como a corrosão das
armaduras de aço, fornecendo uma abordagem corrosiva externa mais direta.
Na Figura 30 mostra o caso de armadura exposta devido ao mencionado;

Figura 30 - Exemplo de armadura exposta

Fonte: BASSI (2019, p. 13)

• Quando a barra de aço é dobrada sem atender às regulamentações, a barra


de aço "morde" o concreto, e o concreto racha devido à tensão de tração
excessiva no plano ortogonal ao plano de flexão;
• Defeitos no sistema de ancoragem, uso indevido do gancho (por exemplo, em
compressão), o que normalmente só leva a um estado de tensão excessiva
(como já mencionado, no caso de flexão). Outra situação de erro é a não
80

observação do comprimento correto de ancoragem, o que exige que o esforço


de transferência para o concreto seja reduzido ao mínimo. Em ambos os
casos, aparecerão rachaduras, às vezes com consequências muito graves;
• Defeitos do sistema de emenda, além das hastes de ancoragem já
mencionadas, também podem ocorrer devido à concentração excessiva de
hastes de emenda na mesma seção e ao uso incorreto de métodos de
emenda, principalmente soldas durante o uso;
• Uso indevido de agentes anticorrosivos nas barras de aço, isto é para pintar
nas barras de aço para reduzir a possibilidade de corrosão, mas irá reduzir a
aderência das barras de aço ao concreto.
Segundo Barbosa Junior (2019), nas armaduras da laje, as falhas mais comuns
são o encontro de reforços e telas. A inexistência de reforços pode colocar em risco a
segurança estrutural da parede de concreto, o que pode causar no encontro de parede
o surgimento de trincas e fissuras. Outro ponto de atenção da estrutura do piso é o
posicionamento do espaçador no piso, pois na concretagem a divisória pode se mover
devido ao movimento dos operários sobre a fôrma. Portanto, esse fato pode fazer com
que barras de aço expostas apareçam no piso, conforme mostrado na Figura 31.

Figura 31 - Exemplo de armadura exposta da laje

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.141)

Segundo Barbosa Junior (2019), em relação ao procedimento de pórticos nas


paredes, observou-se que a maior incidência de patologia está relacionada à escassez
81

de barras de aço ou barras de aço insuficientes, pois a falta de barras de aço colocará
em risco a segurança estrutural da parede de concreto, formando fissuras e trincas
apareçam nos cantos das paredes, janelas e portas (locais de colocação de reforços e
encontro de tela).
Outro caso se dá pelo posicionamento incorreto do espaçador na parede, esta
anormalidade é causada pela má fixação dos espaçadores na barra de aço e sua
origem está intimamente relacionada à execução da moldura, conforme mostrado na
Figura 32. Essa patologia não causa riscos estruturais diretamente (OLIVEIRA, 2019).

Figura 32 - Exemplo de posicionamento incorreto dos espaçadores

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.44).

2.4.3. Desconformidade de fôrmas e escoramentos

Segundo Mazer (2008), este é um problema abrangente e pode até incluir


considerações como defeitos de contraventamento, a fim de esclarecer o problema, é
melhor escolher exemplos das falhas construtivas mais comuns diretamente
relacionadas às fôrmas e aos escoramentos tradicionais:
• Antes da concretagem, a carência de aplicação de agente de limpeza e
desmoldante na fôrma acaba levando à deformação dos componentes
estruturais e "embarrigamentos" inerente (o que resulta na necessidade de
82

mais enchimento de argamassa do que o normal, o que leva a estruturas


sobrecarregadas);
• Insuficiente estanqueidade da fôrma torna o concreto mais poroso, pois a
pasta de cimento vaza das juntas, resultando em exposição desordenada do
agregado;
• Falta de escoramento tem a atribuição de estrutura de suporte, sendo que o
concreto não atinge a resistência e módulo de elasticidade mínimos para se
sustentar, portanto a carência de suporte suficiente causará a formação de
flechas na laje e a fissuração dos componentes;
• Remoção prematura da fôrma e dos escoramentos, o que pode causar
deformações indesejáveis da estrutura e, em muitos casos, fissuras severas;
• Remoção inadequada de suportes, resultando em rachaduras nos
componentes devido ao comportamento estático não previsto no projeto;
• Uso excessivo de agente desmoldante, esta anomalia decorre do uso
excessivo de agente desmoldante durante a montagem da fôrma, conforme
ilustrado na Figura 33.

Figura 33 - Exemplo de aplicação em excesso de desmoldante

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.138).

Paredes desniveladas, o alinhamento das paredes por depender da utilização de


peças específicas para realizar esta função acaba se tornando mais manual e, portanto,
83

mais sujeito a erros. O desalinhamento, esquadria e forma de travamento afetarão sua


estanqueidade e permitirão a formação de saliências e paredes irregulares, que
precisam ser corrigidas na parte de acabamento. Na Figura 34 segue o exemplo
fotográfico dessa patologia.

Figura 34 - Exemplo de parede fora do prumo

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.139).

2.4.4. Instalações inadequadas

Segundo Barbosa Junior (2019), os itens de instalação incluem verificação da


existência, posicionamento correto e fixação de caixas elétricas, eletrodutos, canais
hidráulicos e tubos de drenagem. O erro na fixação afetará a estanqueidade do
gabarito, além de não garantir o correto posicionamento desses componentes, também
é permitida o vazamento de pasta de cimento. A seguir estão exemplos dos problemas
patológicos mais habitual durante as instalações englobadas no sistema de parede de
concreto:
• Quadros de distribuição, caixas embutidas e conduíte internos de concreto:
Isso ocorre porque o concreto autoadensável utilizado para execução das
paredes de concretos tem grande capacidade de escoamento e pode
preencher todos os espaços, portanto, ele entra na pequena lacuna no
84

conduíte ou na junção entre o conduíte e a caixa embutidas. Nessa situação, a


origem do problema está relacionada aos materiais utilizados, principalmente
a execução da metodologia de instalação. Nas Figuras 35 e 36 demostram
esse erro;

Figura 35 - Exemplo de caixa de embutir concretada

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.134).

Figura 36 - Exemplo de quadro de distribuição concretada

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.135).


85

• Caixas de embutir e caixas elétricas mal posicionadas: Isso ocorre devido à


má fixação das caixas fazendo com que elas “distorçam” durante o método de
concretagem. Nas Figuras 37 e 38 é exemplificado esse erro;

Figura 37 - Exemplo de caixa de embutir “torcida”

Fonte: BARBOSA JUNIOR (2019, p.135).

Figura 38 - Exemplo de caixa elétrica desalinhadas e fora de esquadro

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.49).


86

• Entupimento de eletrodutos: essa condição é causada pela entrada de


concreto na tubulação, isso se dá, pois, os trabalhadores não deram atenção
para a situação, ou a tubulação quebrou durante a concretagem, e isso
causará grandes danos à obra ao corrigir esse defeito. A Figura 39 ilustra esse
erro;

Figura 39 - Exemplo de eletroduto quebrados durante a concretagem

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.45).

• Eletroduto aparente: Este problema é causado pelo conduíte não estar


devidamente preso à malha de arame ou pela falta de espaçador na lateral do
conduíte, conforme demostrado na Figura 40;
87

Figura 40 - Exemplo de eletroduto aparente

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.41)

• Fissura abaixo do quadro de distribuição: o aparecimento rachaduras embaixo


da central do quadro de distribuição no decorrer da construção, um dos
possíveis motivos para o surgimento patológica é que a espessura da moldura
é maior que 5 cm e não há armadura de reforço no local;
• Contramarco danificado na montagem da fôrma da esquadria, eles possuem
um caixilho com sua forma e tamanho próprios, após o concretagem, é
contramoldado com o concreto para facilitar a fixação do caixilho, essa
patologia é causada principalmente por travamento inadequado da placa. A
falha de concretagem nesta área também é muito comum, pois a área é difícil
de compactar por ser um local fechado e sem acesso à mangueira vibratória,
o que torna o concreto poroso e irregular. As Figuras 41 e 42 exemplificam
esse erro.
88

Figura 41 - Exemplo de contramarco da janela danificado

Fonte: MESOMO (2018, p.78).

Figura 42 - Exemplo de contramarco da porta danificado

Fonte: OLIVEIRA (2019, p.42).


89

2.5. Patologias em obras: consequências, prevenção e controle de qualidade

2.5.1. O processo da construção civil

O processo da construção civil é dividido em três etapas, sendo elas: a


concepção, a execução e a utilização. Na etapa de concepção são elaborados o
planejamento, os projetos, são decididos os materiais que serão utilizados, os
fornecedores e os prestadores de serviços. A etapa de execução é a etapa onde a obra
é concebida na prática. E a etapa de utilização é quando a obra já está sendo utilizada.
As patologias podem acontecer por diversas razões, que vão desde a falta de um
planejamento, até a falta de qualificação da mão de obra, podendo se manifestar
durante as três etapas do processo da construção civil.
As falhas que ocorrem devido à má realização da etapa de concepção são:
incompatibilidade de projetos, falta de detalhes, dificuldade na execução da obra, erros
de execução, atrasos no cronograma e alteração nos custos.
As falhas decorrentes da etapa de execução são: falha na montagem das
formas, vazamento de concreto, falhas de concretagem, deficiência nas armaduras,
falta de espaçadores nas armaduras, falta de escoras e falhas nas instalações
complementares como elétrica, hidráulica e gás.
As falhas causadas na etapa de utilização são: a falta de manutenção, tanto
preventiva, quanto corretiva e também à má utilização, por isso é de suma importância
que o usuário tenha em mãos o manual do proprietário e faça o uso correto dele, para
que ele tenha ciência do que ele pode ou não pode realizar na edificação.

2.5.2. As consequências das patologias nas obras

As patologias podem gerar variais consequências para a obra, em maior ou


menor escala dependendo de sua quantidade e de sua gravidade. Dentre essas
consequências pode-se citar: prejuízos financeiros, atrasos no cronograma da obra, um
90

número maior de retrabalhos, insatisfação dos clientes e em casos mais graves pode
haver o comprometimento da estrutura e até desabamentos.
Os prejuízos financeiros ocorrem, pois, com as patologias, vêm os retrabalhos ou
até serviços adicionais que consequentemente aumentam o consumo de materiais e a
necessidade da mão de obra, caracterizando mais custos dentro da obra e que na
maioria das vezes não estavam contabilizados no orçamento. Os prejuízos financeiros
podem ocorrer também por conta dos atrasos no cronograma da obra, visto que devido
aos atrasos os custos indiretos da obra, como mão de obra, consumo de água, energia
elétrica, internet, gastos com alojamento, alimentação e deslocamentos, são
prorrogados até o término da obra, estendendo também o custo final e causando
prejuízos financeiros.
Os atrasos no cronograma da obra decorrentes das patologias na maioria das
vezes ocorrem por conta dos retrabalhos e/ou dos trabalhos adicionais que precisam
ser realizados, pois estes demandam de tempo, que muitas vezes não foi contabilizado
no cronograma. Há também outros fatores que devem ser levados em consideração
que podem ocasionar atraso da obra, como por exemplo, atrasos na identificação das
patologias, atraso na correção das patologias e até mesmo o atraso da entrega dos
materiais que serão utilizados na correção das patologias.
São vários os motivos para que uma estrutura chegue ao seu colapso, erros de
projetos, falhas e vícios construtivos, materiais de baixa qualidade, mão de obra não
qualificada são alguns dos exemplos mais comuns. Outro motivo que também deve ser
levado em consideração é o atraso na identificação e/ou na correção das patologias
que pode acarretar a piora das patologias já existentes causando mais transtornos
financeiros, econômicos e podendo chegar até à ruína da edificação.
A insatisfação dos clientes é causada por conta dos prejuízos financeiros,
atrasos na entrega da obra, desvalorização da edificação ocasionada pela patologia e
também prejuízo ao aspecto estético e funcional da obra. Gerando ainda a
desqualificação da construtora ou do executor da obra.
91

2.5.3. Prevenção de patologias

Para se evitar todo transtorno causado pelas patologias, é preciso tomar alguns
cuidados durante as três etapas da construção.
Durante a etapa de concepção é de suma importância que se faça todos os
estudos necessários, realize um bom planejamento, decida todos os aspectos técnicos
referentes à execução da obra, para que na etapa de execução não aconteçam
improvisações e para que os imprevistos possam ser resolvidos de maneira rápida,
causando o mínimo impacto possível.
Para a etapa de execução é preciso investir em uma boa gestão de obras,
profissionais muito bem qualificados, em boas condições de segurança no trabalho,
bem como em um bom controle e armazenamento de materiais e equipamentos, é
preciso também manter a organização e limpeza no canteiro de obras, e o mais
importante, possuir um maior controle de qualidade durante todo o processo executivo
da obra.
Na etapa de utilização é preciso conscientizar os usuários a fazerem o uso
correto da edificação, manter as manutenções prediais preventivas em dia, fazer as
manutenções corretivas quando necessário e observar para manter a integridade a
obra durante sua vida útil.

2.5.4. Controle de qualidade na obra

O controle de qualidade de uma obra, como já mencionado anteriormente, é um


fator de extrema importância no processo da construção civil, no entanto a preocupação
com esse controle é algo muito recente no mercado da construção civil.
Essa preocupação teve um aumento, por conta dos empreendimentos de
programas habitacionais, visto que para que as construtoras se adequem a esses
programas elas precisam possuir um programa de qualidade e produtividade, onde este
é fiscalizado todos os anos.
92

Com o crescimento desta preocupação com o controle de qualidade, vem à


busca para torná-lo mais preciso e mais proficiente. Com isso surgiram muitos sistemas
inovadores de gerenciamento e controle de obras. Na maioria das vezes esses
sistemas possuem uma plataforma que é acessada pela web e um aplicativo para tablet
ou celular que geralmente fica em mãos do responsável pela qualidade, para serem
realizadas as conferências.
O responsável pela qualidade no canteiro de obras através desde aplicativo
registra diariamente todos os processos que são realizados no canteiro do início ao
término da obra, avaliando se os serviços e materiais estão conformes ou não
conformes, podendo arquivar fotos, comentários e até mesmo áudios sobre as
conferências realizadas.
Esses aplicativos têm o objetivo de tornar o controle de qualidade da obra mais
preciso, facilitar as conferências, disponibilizar mais informações através dos dados
coletados e ainda economizar tempo e papel.
93

3. CONCLUSÃO

Este trabalho permitiu uma análise precisa das manifestações patológicas


presentes em paredes de concreto, realizando um levantamento de suas origens,
causas, consequências e prevenções em todas as etapas pertinentes de uma
construção.
Deste modo, diante da pesquisa apresentada, denota-se a importância do
cuidado e análise na fase inicial da obra a fim de aumentar a vida útil da edificação,
estabelecer conforto e segurança aos usuários, além de intervir em prejuízos
econômicos e possíveis acidentes adiante.
As manifestações patológicas no sistema construtivo paredes de concreto podem
originar-se em qualquer fase do processo construtivo. Devido a este fator, observou-se
a importância da manutenção preventiva, do controle técnico dos materiais utilizados,
da padronização e da qualidade na execução dos projetos, e da qualidade dos serviços
de execução que constituem todo o processo.
Como constatado, inúmeras são as causas e origens que levam a problemas
patológicos. Podendo estas se originarem em diferentes fases do projeto, execução
e/ou utilização. As causas foram divididas em quatro grupos: congênitas, construtivas,
adquiridas e acidentais, para que assim haja um melhor entendimento de que os
eventos podem se originar devido a fatores externos, internos ou ainda da combinação
de ambos. As causas podem ser inúmeras, desde problemas na constituição química
dos materiais, fenômenos da natureza, erros humanos tanto de projeto como de
execução devido à negligência ou falta de qualidade, até ataques biológicos e de
agentes agressivos às armaduras e ao concreto.
Foram apresentadas diversas manifestações com configurações próprias de
cada uma, atentando à importância do conhecimento técnico para um correto
diagnóstico. Antes de tomar qualquer providência para corrigir a patologia, é necessário
entender sua origem, pois manifestações patológicas de origens diferentes podem ter
as mesmas características físicas, fazendo com que uma patologia acabe por encobrir
outra patologia.
94

Conclui-se também que este trabalho visou expandir vastamente conhecimentos


sobre Paredes de Concreto moldadas “in loco” e suas manifestações patológicas para
estudantes, construtores, engenheiros civis e interessados no assunto de alguma
maneira, tanto para adquirir conhecimento como para empreendedorismo desta nova
tecnologia. Colaborando assim na amplificação desse sistema estrutural, com novos
investimentos, mais competitividade e inovações para melhor atendimento aos clientes
na Engenharia.
95

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