Você está na página 1de 88

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROJETO E PROCESSOS DE


FABRICAÇÃO - MESTRADO PROFISSIONAL

Euclésio Giuliani

ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE PET RECICLADO PARA


HABITAÇÃO SOCIAL

Passo Fundo
2019
Euclésio Giuliani

ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE PET RECICLADO PARA


HABITAÇÃO SOCIAL

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Mezzomo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Projeto e Processos de Fabricação da
Universidade de Passo Fundo, como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Projeto e Processos
de Fabricação.

Passo Fundo
2019
Euclésio Giuliani

ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE PET RECICLADO PARA


HABITAÇÃO SOCIAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Projeto e Processos de Fabricação da
Universidade de Passo Fundo, como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Projeto e Processos
de Fabricação.

Data de aprovação: Dia mês de 20__.

Os componentes da Banca examinadora abaixo aprovaram a Dissertação:

Professor Doutor
Orientador

Professor Doutor
Coorientador

AGRADECIMENTOS
A realização desta dissertação de mestrado contou com apoio e incentivo de várias
pessoas, sem as quais não teria tornado uma realidade, serei eternamente grato.
Primeiro de tudo, gostaria de agradecer a Deus por me guiar, iluminar e me dar
tranquilidade para seguir em frente com os meus objetivos e não desanimar com as
dificuldades.
A Universidade de Passo Fundo, qual me proporcionou uma bolsa parcial de estudos.
Ao professor Doutor Gustavo Mezzomo, pela sua orientação, total apoio,
disponibilidade, pelo saber que transmitiu, pelas opiniões e críticas, total colaboração no
solucionar de dúvidas e problemas que foram surgindo no decorrer da realização deste
trabalho e por todas palavras de incentivo.
Ao Professor Doutor Zacarias Chamberlain pelo seu apoio, principalmente na
realização dos ensaios em laboratório.
Ao laboratório tecnológico da UCEFF por disponibilizar a sua estrutura para
realização dos ensaios.
Aos colegas e amigos Gediel e Lucas pelo apoio na realização das matrizes para
injeção.
Não poderia deixar de agradecer à minha família por todo o apoio, pela força,
compreensão da minha frequente ausência e pelo carinho que sempre me prestaram ao longo
de toda a minha vida académica, bem como, à elaboração da presente tese a qual sem o seu
apoio teria sido impossível.
A ciência consiste em substituir o saber que
parecia seguro por uma teoria, ou seja, algo
problemático.
José Ortega Gasset.
6

RESUMO

A moradia é, sem dúvida um dos grandes problemas para o mundo. Na verdade, é um


problema atual, tendo em vista o crescimento populacional, a tendência é que esta questão se
agrave ainda mais. Segundo a ONU (2017), o mundo vai ter cerca de 11 bilhões de pessoas
em 2050. Esse número representa um crescimento de 53% da população mundial em pouco
tempo. O problema da moradia não se resume apenas em espaço. O alto consumo de energia
para a produção de elementos estruturais de aço e concreto, a pressão em relação a utilização
de madeira reciclada e abundancia de material plástico reciclado vem contribuindo par ao
processo de aplicação de plásticos reciclados na área de construção civil, em elementos
estruturais que são feitos de aço, madeira ou concreto. A mão-de-obra também é um ponto
importantes no momento de se estruturar um teto para pessoas. Pensando neste problema o
proposto trabalho visa desenvolver um novo conceito em elementos estruturais para
construção de uma habitação social com plásticos reciclados, levando em conta todo o
processo de fabricação, ensaios e validações por meio de software de elementos finitos, a sua
aplicação consiste em desenvolver os elementos estruturais de uma habitação social
totalmente em PET.

Palavras-chave: Casa de plástico. Construção Sustentável. Blocos de Plástico. Elementos


Estruturais.
7

ABSTRACT

Housing is undoubtedly one of the major problems for the world. In fact, it is a current
problem, given population growth, the tendency is for this issue to get even worse. According
to the UN (2017), the world will have about 11 billion people in 2050. This number represents
a growth of 53% of the world population in a short time. The housing problem is not just
about space. The high energy consumption for the production of steel and concrete structural
elements, the pressure in relation to the use of recycled wood and the abundance of recycled
plastic material have been contributing to the process of applying recycled plastics in the area
of construction, in structural elements. which are made of steel, wood or concrete. Labor is
also an important point when structuring a roof for people. Thinking about this problem the
proposed work aims to develop a new concept in structural elements for the construction of a
social housing with recycled plastics, taking into account the entire manufacturing process,
testing and validations through finite element software, its application consists in developing
the structural elements of a social housing entirely in PET.

Keywords: Plastic House. Sustainable construction. Plastic blocks. Structural Elements.


8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Porcentagem de termoplásticos reciclados................................................................24


Figura 2. Covent Garden Flower Market, Reino Unido...........................................................25
Figura 3. “Maisson Plastique”..................................................................................................25
Figura 4. Monsanto House of the Future..................................................................................26
Figura 5. Casa Plástica..............................................................................................................27
Figura 6. Utilização de GFRP em Estrutura.............................................................................28
Figura 7. Covent Garden Flower Market..................................................................................29
Figura 8. Edifício American Express........................................................................................29
Figura 9. Estrutura Espacial de perfis Pultrusados...................................................................30
Figura 10. Ponte sobre rio Hudson...........................................................................................30
Figura 11. Dormentes de plástico reciclado produzidos pela Polywood..................................31
Figura 12. Residência Japonesa construída em plástico...........................................................31
Figura 13. Aplicação de elementos estruturais em plásticos....................................................32
Figura 14. Princípio do desenvolvimento sustentável e o manejo de resíduos.........................33
Figura 15. Segmentação do mercado de termoplásticos ano 2015...........................................34
Figura 16. Curva tensão x deformação materiais poliméricos..................................................36
Figura 17.Tenão x deformação de um polímero em relação a variação de temperatura..........38
Figura 18. Gráfico dos polímeros em relação a velocidade do carregamento e umidade........39
Figura 19. Fenômeno de deformação por fluência...................................................................40
Figura 20. Alongamento em função do tempo para diferentes níveis de tensão......................42
Figura 21. Diagrama Tensão x Deformação para termoplásticos.............................................43
Figura 22. Viga "I" e viga "U"..................................................................................................46
Figura 23. Representação de vigas com diferentes engastes....................................................46
Figura 25. Curva tensão x deformação para um ensaio de tração............................................49
Figura 26. Modelo linear-elastico de um material....................................................................50
Figura 27. Material bi-linear elástico perfeitamente plástico...................................................51
Figura 28. Material bi-linear elasto-plastico.............................................................................52
9

Figura 29. Modelo de material multilinear...............................................................................53


Figura 30. Distribuição de tensões em barras a flexão simples................................................55
Figura 31. Variação de M n em relação a λ..............................................................................56
Figura 32. Determinação para FLT-FLA-FLM........................................................................58
Figura 33. Usinagem corpo de prova........................................................................................63
Figura 34. Corpo de prova ensaio de tração.............................................................................65
Figura 35. Gráfico Tensão x Deformação do ensaio de tração.................................................65
Figura 36. Esquema do ensaio flexão em 3 pontos...................................................................67
Figura 37. Corpo de prova ensaio de flexão.............................................................................67
Figura 38. Ensaio de flexão......................................................................................................68
Figura 39. Gráfico Tensão x Deformação do ensaio de flexão.................................................69
Figura 40. Diagrama tensão x deformação comportamento linear (a) e não linear (b)............70
Figura 41. Gráfico regime plástico...........................................................................................71
Figura 42. Dimensão do elemento estrutural real.....................................................................72
Figura 43. Dimensão do elemento estrutural em escala reduzida.............................................74
Figura 44. Elemento finito tipo solid186..................................................................................75
Figura 45. Elemento de malha..................................................................................................76
Figura 46. Condições de apoio aplicadas no modelo................................................................76
Figura 47. Força aplicada no modelo........................................................................................76
Figura 48. Descrição do modelo numérico...............................................................................77
Figura 49. Curva carga x deslocamento do modelo numérico não linear.................................78
Figura 50. Curva do ensaio de tração........................................................................................78
Figura 51. Simulação numérica de ensaio flexão.....................................................................79
Figura 52. Simulação de ensaio flexão em amostra PET..........................................................79
Figura 54. Modelo habitação social construída em aço............................................................80
Figura 55. Análise deformação de viga metálica......................................................................81
Figura 56. Carregamento em viga bi apoiada...........................................................................81
Figura 57. Momentos solicitantes na viga metálica bi apoiada................................................82
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consumo Energético de alguns materiais................................................................23


Tabela 2. Protótipo de casas Plásticas.......................................................................................27
Tabela 3. Módulos de elasticidade típicos a temperatura ambiente..........................................39
Tabela 4. Modelos que descrevem o comportamento dos materiais........................................52
Tabela 5. Parâmetros Mr(·), Mcr(·), λ(·), λp(·),λr(·) para FLT, FLM, FLA............................60
Tabela 6. Dimensões corpo de prova ensaio tração materiais poliméricos..............................64
Tabela 7. Resultados ensaio de tração......................................................................................67
Tabela 8. Dimensão do corpo de prova ensaiado.....................................................................69
Tabela 9. Resultados ensaio de flexão......................................................................................71
11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABS Borracha de Acrilato-batadieno
NBR Norma Brasileira Registrada
NYLON Poliamida
ONU Organização das Nações Unidas
PPGPPF Programa de Pós-Graduação em Projeto e Processo de Fabricação
PE Polietileno
PEAD Polietileno de alta densidade
PEBD Polietileno de baixa densidade
PET Politerftalato de etileno
PP Polipropileno
PVC Policloreto de vinila
TEFLON Politetrafluoroetileno
UCEFF Unidade central Educação FAEM
UPF Universidade de Passo Fundo
12

LISTA DE SÍMBOLOS

ao maior largura do alvéolo


bf largura da mesa do perfil original
bw menor largura do montante de alma
d altura total do perfil original
dg área total da seção da viga alveolar
fcm resistência média à compressão do concreto
fy tensão de escoamento do aço
ho altura do alvéolo
ht altura do tê (ou cordão)
p passo = distância entre centros de alvéolos adjacentes
tf espessura da mesa do perfil original
tw espessura da alma do perfil original u10 deformação na ruptura
ya distância do centro de gravidade do cordão à borda superior do alvéolo
yb distância do centro de gravidade do cordão à face externa da mesa superior
yo distância do centro de gravidade do cordão ao eixo da viga
At área da seção transversal de um cordão
E modulo de elasticidade longitudinal do material
It momento de inércia de um cordão em relação ao seu eixo baricêntrico
M momento fletor
MEF Método dos Elementos Finitos
Mplo momento de plastificação da viga alveolar na seção do alvéolo
PE carga crítica de flambagem
V força cortante
Vcr força cortante crítica que provoca flambagem do montante de alma
Wt módulo resistente elástico do cordão em relação à borda do alvéolo
Wxo módulo resistente elástico da seção da viga alveolar
Zxo módulo resistente plástico da seção da viga alveolar
13

Δi imperfeição inicial
εc1 extensão correspondente à tensão máxima
λw esbeltez de alma
v0 distância entre o eixo médio da viga e a linha neutra da semi-seção
σ Tensão
Ɛ Deformação
G ação permanente
ϒg coeficiente de majoração de ações permanentes
Q1 ação variável principal
Υ q1 coeficiente de majoração de ações variável principal
Qi demais ações variáveis
Υ qi coeficiente de majoração das demais ações variáveis
Ψi fatores de combinação
14

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS...........................................................................................................3
RESUMO................................................................................................................................5
ABSTRACT............................................................................................................................6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES...................................................................................................7
LISTA DE TABELAS............................................................................................................9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..........................................................................10
LISTA DE SÍMBOLOS........................................................................................................11
1.1 Objetivos...................................................................................................................16
1.2 Metodologia..............................................................................................................16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................18
2.1 Plásticos mais utilizados...........................................................................................19
2.2 Aditivos.....................................................................................................................20
2.3 Histórico dos Plásticos Reciclados...........................................................................21
2.4 Aplicações na Construção Civil................................................................................24
2.5 Reciclagem................................................................................................................32
2.6 Caracterização dos materiais poliméricos.................................................................35
2.6.1 Classificação quanto as propriedades mecânicas..................................................36
2.6.2 Modulo de Elasticidade.........................................................................................37
2.6.3 Resistencia a tração...............................................................................................39
2.6.4 Coeficiente de Poisson..........................................................................................40
2.6.5 Fluência e relaxação de tensão..............................................................................40
15

2.6.6 Curva tesão x deformação.....................................................................................42


2.7 Analise Estrutural não linear.....................................................................................45
2.7.1 Não linearidade geométrica..................................................................................48
2.7.2 Não linearidade de material..................................................................................49
2.8 Estudos relevantes sobre método de elementos finitos aplicados a polímeros.........54
2.9 Dimensionamento de viga metálica segundo NBR 8800.........................................56
2.9.1 Estado limite ultimo na flexão..............................................................................56
2.9.2 Calculo momento resistente segundo NBR 8800.................................................58
2.9.3 Cálculo de ações sobre vigas................................................................................60
2.9.4 Combinações para estado limite ultimo................................................................61
3 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................63
3.1.1 Materiais Utilizados..............................................................................................63
3.1.2 Ensaios Mecânicos................................................................................................63
3.1.2.1 Ensaios de Tração.........................................................................................64
3.1.2.2 Ensaio de Flexão...........................................................................................67
3.2 Ensaio de flexão do elemento estrutural em modelo reduzido.................................73
3.2.1 Condições de semelhança.....................................................................................75
3.3 Modelagem Numérica...............................................................................................77
3.3.1 Analise não linear.................................................................................................79
3.4 Dimensionamento da habitação social......................................................................82
4 RESULTADOS E DISCUÇÕES......................................................................................85
5 REFERENCIAS................................................................................................................86
16

INTRODUÇÃO

A evolução da humanidade está atrelada a descoberta de novos materiais, para atender


as suas necessidades.
Desde os primórdios, o homem extrai da natureza a matéria prima para utilização na
construção civil, como argila, pedra, madeira, folhas, entre outros. Com a escassez destes
recursos naturais, surge então a necessidade de alterar, melhorar e desenvolver novos
materiais, para atender as altas demandas de construção. Com a revolução industrial surge a
descoberta de novas ligas e um aperfeiçoamento nos processos de fabricação, surgindo assim
os materiais sintéticos e similares como o plástico, que desde os primeiros estudos no início
do século XX, vem sendo introduzido em todos os setores, como em equipamento, utensílios
e ainda equipamentos para área medica.
Na área das engenharias o termo plástico é considerado como materiais sintéticos que
são processados, aquecidos e moldados até uma seção desejada. Os plásticos são constituídos
por moléculas, principalmente sintéticas e orgânicas, chamadas de polímeros.
Segundo Parente (2006), o emprego de materiais termoplásticos reciclados para a
produção de elementos estruturais estimulara o aumento da reciclagem de plásticos no país.
Agregando valor e tornando mais nobre o produto de reciclagem. Assim, serão retirados dos
aterros sanitários e lixões matérias que podem levar até 450 anos para se degradar e, ao
mesmo tempo serão criados vários novos empregos, desde a coleta especifica do material,
processamento e produção, o desenvolvimento de novos produtos e aplicações, até o consumo
final.
17

1.1 Objetivos

Este trabalho considera, portanto, o desenvolvimento de uma viga estrutural para


aplicação em uma habitação social, de modo que ela seja compatível com as normas técnicas
e que seja produzida com PET reciclado.
Os objetivos específicos são:
- Avaliar as propriedades mecânicas dos plásticos reciclados e poliméricos;
- Realizar ensaios de tração e flexão nas peças adotadas;
- Indicar a viabilidade dimensionando e comparando o elemento de plástico reciclado
com o material convencional usado na construção civil.
- Executar a modelagem numérica de um elemento construtivo tipo viga.

1.2 Metodologia

Este trabalho foi feito com o desenvolvimento das seguintes etapas:


1 – Caracterização experimental do material de PET reciclado, onde foram realizados
ensaios mecânicos de tração e flexão seguindo a Norma de ensaios para plásticos.
2 – Ensaio de flexão em escala, onde será realizado o ensaio de uma viga estrutural tipo
“I” de 50mm x 25mm x 1000mm e de 50mm x 25mm x 600mm.
18

3 – Correlação do ensaio de flexão com o modelo numérico e calibração do mesmo,


onde serão gerados os gráficos de tensão deformação do ensaio mecânico e do modelo
numérico para fazer a calibração do experimento.
4 – Dimensionamento da habitação social comparando o material de PET reciclado com
a construção convencional em aço, sendo o cálculo da habitação realizado pelo software Cype
3D, onde serão avaliado os esforços dentro dos parâmetros da Norma e posteriormente o
dimensionamento usando o modelo numérico já calibrado para chegar ao momento resistente
da estrutura.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Atualmente os plásticos vêm sendo estudados e utilizados com mais frequência, pois
eles oferecem propriedades que não são encontradas em outros materiais, como baixo peso
especifico, resistência a decomposição, resistência a corrosão, resistência mecânica,
transparência, facilidade de processamento e praticamente nenhuma manutenção. Além dos
pontos positivos podemos ainda melhorar as suas propriedades com adição de fibras e
materiais poliméricos, elevando o modulo de elasticidade e resistência.
Os gastos elevados de energia mecânica para produzir elementos estruturais, como
cimento e ferro, desencadearam a inserção dos plásticos na construção civil.
O material plástico, como qualquer outro material, tem propriedades exclusivas.
Dentre as principais características, estão: baixo peso, alta resistência à corrosão, baixa
condutividade térmica e elétrica, facilidade de conformação, boa resistência às soluções
salinas e ácidas, boa aparência, coeficiência de atrito. Como qualquer outro tipo de material,
também é possível adicionar aditivos ao plástico para melhorarmos suas características fico-
químicas e sua aparência, facilitar o seu processamento ou conferir-lhe características
específicas. A resistência à tração dos materiais plásticos tende a ser baixa, normalmente não
ultrapassando os 10kgf/mm2, diferentemente dos metais que apresentam até 100kgf/cm2.
Alguns polímeros possuem características de resistência à impactos, como o
policarbonato, mais resistente com o alumínio e a cerâmica, é utilizado em proteção contra
balas de metralhadoras.
Em relação à dureza dos materiais plásticos, eles, em geral, são menos duros que os
materiais cerâmicos, vítreos e metálicos. Os plásticos são geralmente muito mais macios do
que outros materiais. Com exceção do poliuretano, que apresenta boa resistência à abrasão,
comparado a outros materiais mais duros. Por esse motivo, os plásticos tendem a ser riscados
por outros materiais mais duros e abrasivos.
A resistência à fricção, ou de deslizamento, é uma propriedade importante para os
materiais de engenharia. A força friccional se opõe à força de deslizamento, e depende do
acabamento da superfície do material. Pode ser representado pelo coeficiente de atrito, que é a
razão entre a força de fricção e a carga aplicada normalmente a superfície de duas placas
20

superpostas entra as quais se desenvolve o atrito. Para a maioria dos plásticos, o valor desse
coeficiente está entre 0,2 e 0,8.
Quanto a resistência à abrasão, materiais como os náilons, acetais, PVC e poliéster
apresentam boa resistência à abrasão, enquanto que o polietileno, os acrílicos e o poliestireno
apresentam baixíssimo desempenho nesse quesito.
Nos polímeros, as propriedades térmicas são analisadas quando a energia térmica é
fornecida ou retirada do material.
Uma massa de polímero mantida a temperatura suficientemente baixa é relativamente
dura, rígida, tenaz e quebradiça, portanto, virtualmente não apresenta qualquer
mobilidade de suas moléculas [...] comportando-se mais ou menos como o vidro.
Aumentando-se a sua temperatura, passa-se por uma região de transição vítrea, em
torno de uma temperatura que é característica para cada polímero, a partir da qual, as
cadeias moleculares das regiões amorfas se afastam e adquirem, aos poucos, sua
mobilidade. [...] Prosseguindo o aquecimento, atinge-se uma temperatura conhecida
como temperatura de fusão cristalina, também característica para cada tipo de
polímero, quando o material passa a comportar-se mais ou menos como um líquido
viscoso. É acima dessa temperatura que se pode moldar o material. Mas se o
aquecimento prosseguir atinge-se a temperatura de degradação do polímero, em que o
mesmo queima e se decompõe, numa reação química sem volta. (BLASS, 1988, p.16).

Os polímeros são tipicamente maus condutores térmicos, ao contrário dos metais. E é


fácil reconhecer essa característica, pelo tato, e através da sensação de calor ou frio, pode-se
distinguir um plástico de um metal.

2.1 Plásticos mais utilizados


Dentre uma variedade muito grande de materiais plásticos, podemos destacar alguns
deles:
 Polietileno tereftalado – PET: Exemplo de utilização: frascos e garrafas para uso
alimentício/hospitalar, cosméticos, bandejas para micro-ondas, filmes para áudio e vídeo,
fibras têxteis, etc. Benefícios: transparente, inquebrável, impermeável, leve.
21

 Polietileno de alta densidade – PEAD: Exemplos de utilização: embalagens para detergentes


e óleos automotivos, sacolas de supermercados, garrafeiras, tampas, tambores para tintas,
potes, utilidades domésticas, etc. Benefícios: inquebrável, resistente a baixas temperaturas,
leve, impermeável, rígido e com resistência química.
 Policloreto de vinila – PVC: Exemplos de utilização: embalagens para água mineral, óleos
comestíveis, maioneses, sucos, perfis para janelas, tubulações de água e esgotos, mangueias,
embalagens para remédios, brinquedos, bolsas de sangue, materiais hospitalares, etc.
Benefícios: rígido, transparente, impermeável, resistente á temperatura e inquebrável.
 Polietileno de baixa densidade – PEBD/ Polietileno de baixa densidade – PEBD: Exemplos
de utilização: sacolas para supermercados e lojas, filmes para embalar leite e outros alimentos,
sacaria industrial, filmes para fraldas descartáveis, bolsa para soro medicinal, sacos de lixo,
etc. Benefícios: flexível, leve, transparente e impermeável.
 Polipropileno – PP: Exemplos de utilização: filmes para embalagens, embalagens
industriais, cordas, tubos para água quente, fios e cabos, frascos, caixas de bebidas, autopeças,
fibras para tapetes e utilidades domésticas, potes, fraldas e seringas descartáveis, etc.
Benefícios: conserva o aroma, é inquebrável, transparente, brilhante, rígido e resistente a
mudanças de temperatura.
 Politetrafluoroetileno (Teflon): Exemplos de utilização: fita de vedação de encanamento,
utensílios para a cozinha, canos, revestimentos à prova d’água, filmes e mancais. Benefícios:
estável, resistente a altas temperaturas e a várias substâncias químicas, possui superfície quase
sem atrito.
 Outros tipos de plásticos – ABS, EVA e PA (nylon): Exemplos de utilização: solados,
autopeças, chinelos, pneus, acessórios esportivos e náuticos, plásticos especiais de engenharia,
CD’s, eletrodomésticos, corpos de computadores, etc. Benefícios: flexibilidade, leveza,
resistência à abrasão, possibilidade de design diferenciado.

2.2 Aditivos
Aditivos são substâncias acrescentadas a um plástico para conferir, eliminar, diminuir
ou aumentar determinadas propriedades, ou conjunto de propriedades. Nesse grupo
22

encontram-se os lubrificantes, os estabilizantes, os plastificantes, os retardadores de chama, os


agentes antiestéticos, as cargas e os pigmentos.
Cada um dos aditivos tem sua função específica. Os lubrificantes facilitam o fluxo do
material no processo, impedindo que ele “grude” nos componentes do equipamento. Os
estabilizantes retardam a degradação do material provocado pelo calor do processamento. Os
plastificantes aumentam a sua flexibilidade. Os retardadores de chama são incorporados ao
plástico por questão de segurança, isso impede que eles peguem fogo, propagem chama ou
fumaça. Os agentes antiestéticos impedem o armazenamento ou até mesmo a criação de
energia estática nas peças e produtos fabricados de termoplásticos.
As cargas são incorporadas em uma material base que não solubiliza e que não reage
com ele. A sua função é diminuir o seu custo ou aumentar algumas de suas propriedades,
dando-lhe características específicas. As cargas mais utilizadas são o Talco e o Caulim.
Os pigmentos são substâncias orgânicas ou inorgânicas para dar cor ao material, para
melhorar seu aspecto.

2.3 Histórico dos Plásticos Reciclados

A introdução dos polímeros e dos compósitos poliméricos na construção civil foi um


processo muito rápido, quando comparado com o dos materiais comumente usados na
indústria
da construção.
Os compósitos poliméricos têm sido utilizados predominantemente nas indústrias
aeroespaciais e marinhas. Entretanto, nas últimas três décadas, houve uma conscientização
entre os engenheiros civis e estruturais sobre a importância das propriedades mecânicas e de
serviço que esses materiais apresentam, aumentando a confiança em relação a seu potencial,
utilizando os na renovação da infraestrutura civil, mourões, pilares, passarelas, entre outras
aplicações (Hollaway, 2003).
23

Antes da descoberta dos polímeros sintéticos, o homem utilizava macromoléculas


orgânicas de origem natural, para fabricação de objetos no vestuário, na construção civil,
como o asfalto utilizado em tempos pré-bíblicos, além de outras aplicações com o âmbar, que
já era conhecido pelos gregos, e a goma, pelos romanos.
A descoberta do processo de vulcanização da borracha, a partir do látex, ocorreu em
1839 pela Goodyear, sendo considerada um grande marco na história da indústria dos
polímeros. Porém, foi o celuloide, criado em 1860 por meio da modificação química de
moléculas de celulose, que alavancou a indústria cinematográfica, sendo comercializado
como fibras de rayon, celofane, entre outros. Entretanto, seu emprego caiu em desuso, por ser
altamente inflamável e desbotar facilmente na luz.
O Parkesine, material duro com a característica de moldagem em diversas formas, foi o
primeiro material semi-sintético, introduzido em 1862 por Alexander Parkes. O primeiro
plástico real, inteiramente sintético, foi o fenol-formaldeído, a baquelite, introduzida em 1909
pelo belga Leo Hendrik Baekeland. Esse composto, por ser uma resina rígida pouco
inflamável, foi amplamente empregado na fabricação de carcaças de equipamentos elétricos,
até o surgimento de outros materiais, em meados dos anos 50, que permitiam maior variação
de cor. Os materiais fenólicos são importantes plásticos de engenharia, até os dias atuais.
Estima-se que, no fim dos anos 20 e no início dos anos 30, foram fabricados em torno
de 23.000 toneladas de plástico nos Estados Unidos, na sua grande maioria constituídos de
materiais fenólicos e celulósicos. A década de 20 foi marcada pelo surgimento do acetato de
celulose, o poli (cloreto de vinila) (PVC), o poli (metacrilato de metila) (PMMA), e a resina
uréiaformaldeído.
Chapas de acrílico foram usadas em larga escala nas janelas de aviões, durante a II
Guerra Mundial. Nessa mesma época, foram desenvolvidos vários produtos: resina
transparente de poliéster (CR-39), filme de cloreto de vinila (Saran), polietileno (PE), resinas
siliconadas, náilon (PA), acrílico (Perspex), politetrafluoroetileno (Teflon). O poliestireno
(PS), o poliacetato de vinila (PVA), o polipropileno (PP) e muitos outros plásticos já haviam
sido descobertos. Foram utilizadas as primeiras máquinas voltadas à produção industrial de
peças plásticas, baseadas em injeção, sopro e vácuo.
24

Novos materiais continuavam a ser desenvolvidos, como ABS, acetal, polifluoreto de


vinila, ionômeros e policarbonetos. Os processos, como moldagem por injeção, termo
conformação, extrusão, moldagem por transferência e fundição, já estavam bem
desenvolvidos, possibilitando à indústria substituir muitos materiais por plásticos, a um custo
bastante inferior, nas mais diversas aplicações.
Segundo Ferraroli (2010), o consumo energético para a fabricação de plásticos
reciclados é muito baixo, comparado ao alumínio que é um metal com menor gasto energético
comparado ao aço e cimento, a tabela 1 mostra o estudo considerando o consumo de energia
para obtenção do produto final.

Tabela 1 - Consumo Energético de alguns materiais.

MATERIAL MASSA ESPECIFICA (Kg/m³) CONSUMO DE ENERGIA


ELETRICA (MWh/m³)
PVC 1200 4,2
PEAD 1050 1,41
PEBD 1050 1,02
PET 1330 0,93
VIDRO 2600 2,08
ALUMINIO 2700 92

Fonte: Ferraroli 2010.

A reciclagem dos materiais é um fator de muita importância para o meio ambiente,


sociedade e saúde, pois de certa forma minimiza o esgotamento das fontes renováveis, gera
emprego aos recicladores, e ainda reduz os gastos públicos com a preservação dos centros
urbanos.
Os plásticos reciclados são de várias propriedades, mas basicamente são os
termoplásticos, que proporcionam o seu emprego na engenharia, a figura 1 mostra a
porcentagem de reciclados anualmente.
25

Figura 1. Porcentagem de termoplásticos reciclados.

Fonte: Agnelli (2017).

2.4 Aplicações na Construção Civil

As aplicações estruturais do plástico na construção civil se iniciaram nos Estados


Unidos e na Europa, com mais intensidade na Grã-Bretanha, com a escassez de materiais de
construção devido ao grande consumo, durante a II Guerra Mundial. Porém, uns dos
principais materiais de interesse tecnológico foram os compósitos poliméricos reforçados com
fibras de vidro, que surgiram durante a década de 60, com a produção de resinas, catalisadores
e aceleradores.
Durante a década de 70 e início dos anos 80, foram erguidos notáveis edifícios no Reino
Unido, como a escola Morpeth, em Londres, casa Mondial, ao lado norte de Tamisa, em
Blackfriers, Londres, edifício Expresso Americano, em Brigghton, e o Covent Garden Flower
Market, em Nine Elms, Londres, este ilustrado na figura 2.
26

Figura 2. Covent Garden Flower Market, Reino Unido.

Fonte: Hollaway (2003).

Em 1995 foi construída por Ionel Schein, Yves Magnant, R.A. Coulon e Antoine Fasani
a primeira casa totalmente feita de plástico, a “Maisson Plastique” (Figura 3). O seu projeto
foi baseado em uma concha de caracol e consistia de uma célula básica circular com cozinha,
banheiro e dormitório, e previa futuras ampliações que poderiam ser feitas de acordo com as
necessidades do proprietário.

Figura 3. “Maisson Plastique”.

Fonte: http://www.dr-z.net/article_info.php/articles_id/1.

Devido à falta de conhecimento e domínio das propriedades dos materiais plásticos,


foram necessárias muitas adaptações de projeto. Para sua construção foram utilizados 15 tipos
de plásticos diferentes, que possuíam três tonalidades diferentes: amarelo, azul e vermelho.
Ao todo, foram construídos 70 protótipos dessa casa. Em 1974 devido ao elevado preço do
plástico virgem, ao embargo do petróleo e a grande competitividade das estruturas de
27

concreto e de aço, foi encerrada a produção desse tipo de


casa.(htpp://www.drz.net/article_info.php/articles_id/1).
Em 1957, nos Estados Unidos, Monsanto e um grupo de arquitetos do Massachusetts
Institute of Techonology (MIT) construíram a “House of the Future” (Figura 4), que ficou
exposta na Disneylandia durante 10 anos. Ela foi construída sobre um pilar de concreto e sua
estrutura tinha formato de cruz grega, o que lhe forneceu alta resistência estrutural. Para sua
construção foram utilizados 30.000kg de poliéster reforçado com fibra de vidro, sob forma de
painéis sanduiche, tapetes e mobiliário.

Figura 4. Monsanto House of the Future.

Fonte:http://www.yesterland.com/futurehouse.html.

Dois anos depois foi construída por Rudolf Doernach, a primeira casa plástica na
Alemanha (Figura 5). Sua estrutura era formada por quatro paredes plásticas idênticas e a
cobertura por uma estrutura de fibra de vidro.
28

Figura 5. Casa Plástica.

Fonte: Quarmby (1976).

Depois da Segunda Guerra Mundial foram feitos diversos protótipos de casas


construídas com material plástico, e os mais relevantes, além dos já citados anteriormente, são
apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Protótipo de casas Plásticas.

Ano Obra País


1956 Casa no salão de utilidades domesticas França
1957 Cabine hoteleira móvel França
1957 Célula montecatini Itália
1958 Casa dos Mosproject Rússia
1961 Abrigo da estrada de ferro Grã-Bretanha
1961 Casa Mex França
1962 Casa experimental URSS
1965 Casa-concha França
1966 Casa Trigon Suíça
1967 Casa Esferoide Bélgica
1968 Casa de férias México
1968 Casa do futuro Finlândia
1969 Casa Redonda Suíça

Fonte: www.arq.ufsc.br/~labcon/arq5661/trabalhos_2004-2/plasticos/exemplos.
29

Segundo Hollaway (2003), a indústria da construção civil começou a projetar e aceitar


efetivamente os compósitos poliméricos como um material viável depois que as primeiras
estruturas sofisticadas para embarcadouros foram projetadas no Reino Unido e construídas na
África.
Em 1974, em Lancashire, foi construído um edifício em que toda a estrutura utilizava
compósitos como matérias de construção. O sistema construtivo utilizado nessa obra é
composto por uma série de unidade de blocos, em que foi empregado um método de produção
anual. A estrutura (Figura 6) mostrou extremamente rígida, devido a sua geometria.

Figura 6. Utilização de GFRP em Estrutura.

Fonte: Hollaway 2003.

Durante as décadas de 1970 e 1980 vários edifícios foram construídos no Reino


Unido, tais como a Escola Morpeth, a Casa Mondial e o Covent Garden Flower Market
(Figura 7), em Londres, e Edifício American Express (Figura 8), em Brighton. Esses edifícios
foram construídos com vigas e pilares de concreto ou aço, os quais foram reforçados com
GFRP (Polímero reforçado com fibra de vidro). Esses compósitos eram geralmente
produzidos usando disposição aleatória da fibra de vidro.
30

Figura 7. Covent Garden Flower Market.

Fonte: Hollaway (2003).

Figura 8. Edifício American Express.

Fonte: Hollaway (2003).

Ainda durante esse período, foram produzidas estruturas de compósitos poliméricos


pultruados, como é mostrado na figura 9.
31

Figura 9. Estrutura Espacial de perfis Pultrusados.

Fonte: Hollaway (2003).

Entre 1990 a 2000 a utilização de materiais poliméricos deu um salto muito grande,
principalmente na construção de pontes.
Segundo Krishnaswamy (2001), uma ponte foi construída sobre o rio Hudson em New
York, a qual possui um vão de 9m e largura de 3,35m. para sua construção, foram utilizados
5000kg de polietileno de alta densidade reforçado com fibra de vidro e 2500kg de aço para
conexões e tirantes (Figura 10).

Figura 10. Ponte sobre rio Hudson.

Fonte: Krishnaswami (2001).

Além das construções de pontes, está se fazendo o uso dos poliméricos como
elementos estruturais, como por exemplo dormente para ferrovias.
Nosker e Renfree, pesquisadores do centro de Materiais Avançados via Processamento
Polimeros Imisciveis, da Universidade Rutgers em New Jersey (Estados Unidos), estão
32

desenvolvendo materiais estruturais por meio da utilização de blendas poliméricas, com


PEAD, e da composição com outros materiais como cerâmicas e metais. Esse novo material
estrutural vem sendo utilizado para a fabricação de vigas de seção “I” e de pilares metálicos.
Algumas empresas, como a Tietek e Polywood Cogumelo estão produzindo os
dormentes de polímeros reciclados, e uma das vantagens desses elementos é que, além de
serem feitos com material reciclado, possuem o mesmo sistema de fixação dos dormentes de
madeira (Figura 11).

Figura 11. Dormentes de plástico reciclado produzidos pela Polywood.

Fonte: Schut (2004).

Em 2002, o arquiteto Japonês Kengo Kuma projetou e construiu uma residência de dois
pavimentos utilizando plástico reforçado com fibra de vidro (FRP) para a produção das vigas
e painéis (Figura 12).

Figura 12. Residência Japonesa construída em plástico.

Fonte: http://www.architectureweek.com/2005/0914/design_1-2.html.
33

Sulivan (1999), desenvolveu um compósito polimérico a partir de material plástico


reciclado. Esse compósito é sugerido aos mais diversos usos na construção e especialmente
para substituição de elementos que são produzidos com madeira, tais como dormentes de
ferrovias, meio-fios de estacionamento, estacas em marinas, deques de piscinas, mourões,
dentre outros. Afigura 13 apresenta alguns elementos citados acima.

Figura 13. Aplicação de elementos estruturais em plásticos.

Fonte: www.cogumelo.com.br.

2.5 Reciclagem

A cada dia que passa a reciclagem de materiais torna-se uma das atividades mais
importantes de proteção ambiental, atribuindo valores econômicos e desenvolvimento
tecnológico. Isso ocorre devido ao aumento da produção e do consumo de produtos
industrializados.
Esse fato pode ser comprovado por meio da imensa lista de artigos sobre plásticos
consumidos e descartados pela população. Em 2002, segundo Gorni (2006), do total de 3,97
milhões de toneladas de plásticos consumidos no Brasil, apenas 1,58 milhões de toneladas foi
usado na forma de embalagens e 0,46 milhões de toneladas como outros tipos de produtos
descartáveis, ou seja, mais de dois milhões de toneladas de plásticos foram lançadas nos
lixões, que correspondem a 51,3% do plástico consumido no país. Nos países desenvolvidos
34

como Japão, a situação é mais crítica. De 11 milhões de toneladas de resinas plásticas


consumidas em 2001, 86,4% foram descartadas.
Assim como nos países desenvolvidos, o mercado de reciclagem das embalagens
plásticas pode trazer, para o Brasil, reflexo socioeconômicos relacionados diretamente com a
melhoria da qualidade de vida da população. De acordo com Spinacé (2005), cerca de U$$
160 bilhões/ano é movimentado no setor de reciclagem, além de empregar 1,5 milhões de
pessoas.
A necessidade de crescimento econômico do Brasil deve basear-se no conceito de
desenvolvimento sustentável, que segundo a abordagem de Tamemmagi, (1999 apud
Hamada,
2003), este princípio está diretamente ligado com a proteção da saúde e do meio ambiente, a
minimização do sacrifício das futuras gerações e a conservação de recursos, como ilustrado na
figura 14.

Figura 14. Princípio do desenvolvimento sustentável e o manejo de resíduos.

Fonte: Hamada (2003).

A produção e a disposição de resíduos no solo, em lixões ou aterros sanitários nas


quantidades atuais, demonstram que há bastante desperdício, além da concentração de
determinados materiais úteis ser maior nos depósitos de lixo que na forma de minério,
segundo
White et al*., (1993 apud Hamada, 2003).
35

Dos materiais ao alcance da população, pode-se dizer que os plásticos são os mais
eficientes e versáteis. Além disso, eles oferecerem uma grande contribuição no
desenvolvimento da sustentabilidade, devido aos aspectos sociais, ambientais e econômicos
relacionados à reciclagem dos polímeros.
Embora as embalagens plásticas correspondam a apenas 7% do lixo sólido,
(www.planetaplastico.com.br/lite_ambiente.htm), os plásticos têm sido um dos principais
vilões entre os materiais presentes nos aterros sanitários, por ter vida útil longa, difícil
processo de separação (pela grande diversidade de plásticos), resistência à degradação, leveza,
flutuando em lagos e em cursos de água, densidade baixa, gerando grandes volumes, entre
outros fatores.
No ano de 2000, a indústria de transformação de materiais plásticos produziu 133,5
milhões de toneladas: 46,5% dessa produção aconteceu nos países do Nafta, os países da
União Européia responderam por 38,7% da produção, o Japão por 14,7% e o Brasil foi
responsável apenas por 2,8% do total, que corresponde a 3,8 milhões de toneladas de plástico,
(http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/sdp/proAcao/forCompetitividade/imp onLivC
mercio/23transformadosPlasticosResumo.pdf).
Segundo Agnelli (2005), em 2002 foram recicladas cerca de 13 mil toneladas de
plásticos por mês, em toda a grande São Paulo. As resinas termoplásticas foram destinadas
para: embalagens (39,73%), construção civil (13,67%), descartáveis (11,55%), componentes
técnicos (8,04%), agrícolas (7,67%), utilidades domésticas (4,72%), outros (14,62%),
conforme ilustrado na figura 15.
36

Figura 15. Segmentação do mercado de termoplásticos ano 2015.

Fonte: Agnelli (2015).

Pode-se perceber que a indústria da construção é a segunda maior consumidora de


plásticos do mercado mundial. Porém, seu uso é mais frequente em componentes não
estruturais, para revestimento, iluminação, isolamento térmico e acústico, impermeabilização,
adesivos e acessórios.

2.6 Caracterização dos materiais poliméricos

Os polímeros possuem características diferentes quanto ao comportamento mecânico


que variam de acordo com a sua classe, dividindo-se em: plásticos, elastômeros e fibras.
a) Plásticos: é um material polimérico sólido na temperatura ambiente, podendo ser
termoplástico, ou termorrígido. Os termoplásticos são polímeros que sob o efeito da
temperatura e pressão, amolecem e fluem, podendo ser moldados sob estas condições. Depois
de retirada à solicitação de temperatura e pressão, os mesmos se solidificam, adquirindo a
forma do molde. Novas aplicações de temperatura e pressão reiniciam o processo, portanto
são recicláveis. Além disto, os mesmos são solúveis e possuem cadeia linear ou ramificada.
Temos como exemplos destes: PE, PP e PVC.
Os termorrígidos, também conhecidos como termofixos, são polímeros que quando
sujeitos a aplicação de temperatura e pressão, amolecem e fluem adquirindo a forma do
37

molde. Eles também reagem quimicamente formando ligações cruzadas entre as cadeias e se
solidificando. Posteriormente novas aplicações de temperatura e pressão não têm mais
influência, tornando materiais insolúveis e não recicláveis. Com isto, os termorrígidos são
moldados quando ainda na forma de pré-polímero, pois ainda não possuem as ligações
cruzadas. Temos como exemplo destes o baquelite e o epóxi.
b) Elastômeros: é um material polimérico que na temperatura ambiente pode
deformar-se no mínimo duas vezes o seu comprimento inicial, retornando ao comprimento
original logo após a retirada do esforço. Para apresentar estas características, os elastômeros
normalmente possuem cadeias flexíveis amarradas umas às outras, com uma baixa densidade
de ligação cruzada. Um exemplo de elastômero é a borracha vulcanizada, termo genérico
usado para qualquer elastômero ou mistura dos mesmos após a formação de ligações
cruzadas.
c) Fibras: é um termoplástico orientado. A orientação das cadeias e dos cristais, feita
de modo forçado durante a fiação, aumenta a resistência mecânica desta classe de materiais,
os tornando possíveis de serem usados na forma de fios finos. Temos como exemplo dos
mesmos o nylon e o poliéster (Canevarolo Jr, 2002).
Na figura 21 é mostrada a curva de tensão deformação específica ilustrativa para os
diferentes tipos de comportamento mecânico dos polímeros. A curva “a” típica de plásticos
em ensaios de flexão, já a curva “b” típico de materiais plásticos submetidos a ensaios de
tração, já a curva “c” são materiais considerados elastoméricos que não consegue a ruptura
nos ensaios.
38

Figura 16. Curva tensão x deformação materiais poliméricos.

Fonte: Donato (2003).

2.6.1 Classificação quanto as propriedades mecânicas

Os polímeros são divididos quanto ao desempenho mecânico em quatro tipos distintos,


que são: termoplásticos convencionais, termoplásticos especiais, termoplásticos de engenharia
e termoplásticos de engenharia especiais.
a) Termoplásticos convencionais: são polímeros de baixo custo, baixo nível de
exigência mecânica, alta produção e facilidade de processamento. A produção destes
termoplásticos juntos corresponde a aproximadamente 90% da produção total de polímeros no
mundo. Como exemplo dos mesmos tem as poliolefinas, o poliestireno e o PVC.
b) Termoplásticos especiais: são polímeros com um custo levemente superior aos
convencionais, mas com algumas características melhoradas. Nesta classe incluem-se os
copolímeros de etileno-acetato de vinila e os homopolímeros de politetrafluoro-etileno.
c) Termoplásticos de engenharia: são utilizados para a confecção de peças de bom
desempenho, usadas em dispositivos mecânicos onde é exigido principalmente do polímero,
39

boa resistência mecânica, tenacidade e estabilidade dimensional. Tem-se como exemplo dos
mesmos: as poliamidas, poliésteres termoplásticos como o PET e outros como o
policarbonato.
d) Termoplásticos de engenharia especiais: são usados em aplicações onde a alta
temperatura é a exigência principal. Para isto são utilizados polímeros com grande quantidade
de anéis aromáticos na cadeia principal, o que faz com que se aumente a estabilidade térmica
para uso ininterrupto a temperaturas acima de 150º C. Como exemplo dos mesmos tem-se os
polímeros que contém enxofre como as polissulfonas, alguns tipos de poliuretanas e
polímeros de cristal líquido polimérico (Canevarolo Jr, 2002).

2.6.2 Modulo de Elasticidade

o modulo de elasticidade de um material é responsável em parte pela rigidez do


componente e, por isso possui papel importante durante a seleção do material. Nos casos dos
plásticos, deve-se levar em conta que o modulo de elasticidade é muito mais sucetivel as
variações de temperatura do que se está acostumado com outros materiais, tais como os
metais (Marcazak 200). A figura abaixo mostra o comportamento de um polímero quando
submetido a variação de temperatura.

Figura 17.Tenão x deformação de um polímero em relação a variação de temperatura.

Fonte: Marczak (2004).


40

Mano e Mendes (1999) definem a elasticidade como uma característica encontrada em


todos os materiais, tanto na compressão como na tração, que depende da natureza química, da
temperatura e da velocidade de deformação aplicada. Quanto à deformação, ela pode se
apresentar sob duas formas: elástica (em faixa estreita ou larga) ou inelástica.
A deformação elástica em faixa estreita é reversível e possui alto módulo de
elasticidade. Nesse tipo de deformação ocorre o afastamento ou a aproximação entre os
átomos e uma mudança entre os ângulos das deformações químicas. Seu comportamento pode
ser comparado ao de uma mola quando submetida à tração, na qual, após a retirada da força
aplicada, a deformação é totalmente recuperada, obedecendo à Lei de Hooke, isto é, a
deformação é proporcional à força aplicada. Essa é a deformação típica dos metais, mas
também ocorre nos polímeros cristalinos, nos que estão abaixo da temperatura de transição
vítrea ou então naqueles que possuem estrutura reticulada.
A deformação elástica em faixa larga também é reversível, mas possui baixo módulo
de elasticidade e depende da configuração molecular do material. Os polímeros possuem
cadeias moleculares longas e entrelaçadas. Quando são aplicadas pequenas forças de tração,
ocorre um desembaraçamento inicial das moléculas, que depois disso passam a reagir à ação
das forças. Nessa fase, a deformação pode ser totalmente recuperada. Essa é a deformação
típica da borracha natural vulcanizada, que possui estrutura reticulada.
A tabela faz uma comparação com os módulos de elasticidade típicos a temperatura
ambiente.
41

Tabela 3. Módulos de elasticidade típicos a temperatura ambiente.

Fonte: Marczak (2004).

2.6.3 Resistencia a tração

A resistência dos polímeros é dependente da temperatura, da velocidade de


carregamento e de alguns fatores ambientais, como a umidade. A Fig.18a ilustra o efeito da
velocidade de carregamento sobre a resistência, enquanto a Fig.18b mostra a influência da
umidade em materiais como o Nylon.

Figura 18. Gráfico dos polímeros em relação a velocidade do carregamento e umidade.

Fonte: Marczak (2004).


42

2.6.4 Coeficiente de Poisson

Segundo Marczak (2004), o coeficiente de Poisson depende da temperatura e do


tempo de aplicação da carga. Sua faixa de variação vai de 0,2 até 0,4 para a maioria dos
plásticos à temperatura ambiente, mas esses valores são suscetíveis a grandes variações,
devido à composição química e às aditivações dos polímeros.

2.6.5 Fluência e relaxação de tensão

Segundo Marczak (2004), fluência (creep) é definida como sendo uma deformação
continuamente ativa sobre o material, mesmo para uma tensão constante. É uma característica
típica dos plásticos por ocorrer mesmo à temperatura ambiente, embora o fenômeno seja
muito influenciado pela temperatura. Uma vez aplicado um nível de tensão, material responde
imediatamente, de forma similar à dos metais. Se a carga é mantida por um longo tempo,
entretanto, o processo de deformação continua lentamente (figura 19).
Fluência é o aumento da deformação ao longo do tempo, sob tensão constante. É
uma característica típica dos plásticos, podendo ocorrer mesmo à temperatura ambiente.
Materiais termorrígidos resistem melhor à fluência do que os termoplásticos.

Figura 19. Fenômeno de deformação por fluência.

Fonte: Marczak (2004).


43

Portanto, a fluência se refere a uma adaptação contínua do material à carga aplicada.


Quando a fluência é linear, é possível definir um parâmetro chamado módulo de fluência (J).

Ɛ (t)
j( t)=
σ

Em uma situação inversa, em que a deformação é mantida constante, verifica-se que a


tensão vai diminuindo com o tempo. Esse comportamento reflete um rearranjo das cadeias do
polímero para se adaptar à carga aplicada, e é chamado de relaxação de tensão.
Considerando  como a deformação, ao longo do tempo, e  como sendo a tensão
aplicada, o módulo de relaxação pode ser considerado análogo ao módulo de fluência e ser
definido por:
Ɛ (t )
Y (t )=
σ

É comum os fabricantes recomendarem uma tensão máxima de projeto, que tem uma
aplicação similar à do módulo de fluência. A tensão de projeto recomendada para peças de
acrílico injetadas é de 3,5 MPa, mesmo com a tensão de ruptura podendo chegar a 70 MPa.
Os projetistas normalmente prestam atenção a este último valor, devidamente reduzido por
um coeficiente de segurança, mas isto pode não ser suficiente para evitar danos no
componente.
Portanto, apenas tensões/deformações muito baixas apresentam relaxação/fluência
desconsideráveis. A Figura 20 ilustra o alongamento de um material plástico em função do
tempo, em vários níveis de tensão constante. Não apenas o alongamento é significativamente
reduzido quando a tensão aplicada também o é, como somente para tensões muito baixas
atinge-se um patamar em que a fluência é desprezível. Esses níveis de tensão devem ser
empregados como um critério de projeto. Nas publicações especializadas, os dados de
fluência são normalmente apresentados em gráficos logarítmicos, com a escala de tempo
podendo chegar a milhares de horas.
44

Figura 20. Alongamento em função do tempo para diferentes níveis de tensão.

Fonte: Marczak (2004).

2.6.6 Curva tesão x deformação

O comportamento da tensão e deformação nos polímeros com uma taxa constante de


carga aplicada tem um papel importante no controle de qualidade e como comparativo para
vários polímeros. Os polímeros possuem comportamento similar na tração e no cisalhamento,
porém a magnitude e a extensão para cada curva são diferentes. Na figura 21 é possível
visualizar um diagrama tensão-deformação específica típico para termoplásticos em geral.
45

Figura 21. Diagrama Tensão x Deformação para termoplásticos.

Fonte: Chanda (1987).

O diagrama pode sofrer variações dependendo das propriedades do polímero. Devido a


esta variação, os valores obtidos para as tensões são diferentes, produzindo como
consequência uma curva diferente.
Nos termoplásticos é encontrada geralmente uma curva muito parecida com a que
ocorre para a maioria dos metais, devido a se deformarem elasticamente e plasticamente antes
que ocorra a sua ruptura.
Para os termorrígidos, como os fenólicos, o comportamento é diferente devido às
moléculas estarem ligadas entre si através de ligações cruzadas ou em rede, e com isto
somente um movimento pequeno entre as moléculas pode ocorrer. Como resultado disto a
fratura ocorre a pequenas deformações.
A tensão de ruptura, deformação especifica e o módulo de elasticidade, podem ser
obtidos pelo estudo da relação tensão-deformação como ocorre para os metais, através da
relação: σ =E x ɛ
Para a determinação do módulo de elasticidade leva-se em conta a tensão suportada
pelo material dividida pela deformação sofrida pelo mesmo em um determinado ponto da
deformação elástica.
Outra forma para se determinar o módulo de elasticidade é através da medida da
inclinação tangente da curva.
Na deformação específica mostrada no diagrama tensão deformação específica, o
material se comporta como um material linear-elástico até o ponto 1, e a deformação sofrida é
46

recuperada logo após a retirada da carga. Esta deformação é pequena e é associada com os
movimentos das ligações interatômicas entre os átomos das moléculas do polímero. Este tipo
de deformação é recuperado instantaneamente após a retirada da carga, não ficando nenhuma
deformação permanente nas moléculas.
Entre os pontos 1 e 2 do diagrama, a deformação é associada com o movimento parcial
das cadeias moleculares do material, quando carregado com uma carga. Isto pode ocorrer sem
o escorregamento intermolecular. A deformação é recuperada, porém não instantaneamente.
Embora esta ocorra com a ultrapassagem do limite de proporcionalidade, não há uma
deformação permanente com a modificação dos arranjos intermoleculares. Este tipo de
deformação é caracterizado pela recuperação e pela não linearidade e é muito comum no
estado elástico.
Após o ponto 2, o limite de elasticidade do material é ultrapassado ocorrendo o
deslocamento das moléculas uma em relação as outras, produzindo uma deformação de
característica permanente e irreversível. Para determinação da tensão limite de escoamento
dois métodos são utilizados. No primeiro, se considera a tensão de escoamento
arbitrariamente como sendo 0,02 do campo de deformação específica (Squenal, 2002).
No segundo método a tensão de escoamento pode ser definida pela razão da tensão
total pela deformação total sendo um valor de aproximadamente 50% ou 70% do módulo de
elasticidade (Chanda, 1987).
O coeficiente de Poisson para os materiais poliméricos é determinado pela redução da
seção horizontal sendo a razão entre a deformação transversal (contração) sofrida pelo corpo
de prova, pela deformação longitudinal (elongação). O coeficiente de Poisson para a maioria
dos polímeros frágeis é de aproximadamente 0,3; para polímeros mais flexíveis é
aproximadamente 0,45. O coeficiente varia não só com a natureza do material, mas também
com a magnitude da deformação aplicada ao material. Os valores citados neste trabalho são
para uma deformação de zero.
O diagrama tensão deformação específica serve como uma referência para as
propriedades mecânicas dos polímeros como em outros materiais, sendo de forma geral assim:
materiais resistentes têm tensão de ruptura maior que materiais frágeis; materiais duros têm
47

maiores módulos de elasticidade que materiais moles; materiais tenazes suportam maiores
deformações com maior carga por unidade de volume (Chanda, 1987).

2.7 Analise Estrutural não linear

A análise computacional passou por um grande desenvolvimento no final do século


passado e início deste século, principalmente com a aplicação de programas computacionais
de elementos finitos (ANSYS, 1997).
Até recentemente, a maioria das utilizações do método de elementos finitos em
engenharia estava restrito a analise lineares. Como a analise linear em muitos casos responde
bem as condições reais da peça em analise, não existem grandes dificuldades, entretanto em
certos problemas é necessário que ocorra uma aproximação não linear, visando com isso,
descrever a situação em análise (Adams,1999).
Historicamente, engenheiros são relutantes a usar análise não linear, devido à
complexidade de formulação do problema e também a longos tempos de solução. Com as
mudanças mais recentes nas interfaces de programas de elementos finitos se tornou muito
mais fácil à utilização deste tipo de análise. Além disto, a solução dos algoritmos é possível
de ser realizada na maioria dos casos em computadores pessoais comuns (ANSYS, 1997).
Quando se fala em análise não linear o principal termo que se deve levar em conta é a
rigidez, que define a diferença fundamental entre a análise linear e não linear. A rigidez é uma
propriedade da peça em análise que caracteriza a resposta da mesma a uma carga aplicada.
Existem basicamente três fatores que alteram a rigidez que são:
- Geometria da peça;
- O material
- O contato entre as duas geometrias.
Na figura 20 são mostrados dois tipos de geometria de um mesmo material. A
viga de perfil em “I” possui maior rigidez que a viga em perfil “U”.
48

Figura 22. Viga "I" e viga "U".

Fonte: Gerdau (2019).

Na figura 23 são mostradas duas vigas, uma com simples engaste e uma bi engastada. A
viga engastada possui menor rigidez que a viga bi engastada, além de ter uma menor deflexão
quando a carga é aplicada.

Figura 23. Representação de vigas com diferentes engastes.

Fonte: ANSYS, (1997).

Com o deslocamento da estrutura sobre o efeito de uma carga há variação na rigidez,


devido a um ou mais fatores citados anteriormente. Se o deslocamento é relativamente grande,
a geometria da peça pode apresentar uma modificação, ou se o material perde a linearidade, as
propriedades do mesmo irão mudar (ANSYS, 1997).
Por outro lado, se a rigidez não apresentou variação, pode-se assumir que tanto a
geometria da peça como as propriedades do material não passaram por grandes mudanças,
sendo este o conceito fundamental da análise linear (ANSYS, 1997). Isto significa dizer que,
ao longo do processo de deformação à rigidez do modelo em análise retém à deformação
fazendo com que não haja uma variação na sua geometria. Vale lembrar que se a rigidez
49

inicial é mantida, não é necessário levar-se em conta se a carga foi aplicada em uma única vez
ou de forma gradual, além de não importar o quão elevado são as tensões presentes, mas sim
que o modelo manteve a sua rigidez inicial. Esta suposição simplifica extremamente a
formulação e solução do problema conforme a equação básica de rigidez já apresentada
anteriormente
(ANSYS, 1997).
F=K x d
O termo rigidez da equação depende da geometria da peça, das propriedades do
material, das restrições presentes e da área de contato entre as geometrias. Na análise linear é
assumido que o modelo de rigidez nunca varia, fazendo com que estas equações sejam
montadas e resolvidas somente uma vez, sem a necessidade de atualizações à medida que o
modelo se deforma (ANSYS, 1997).
Quando se entra na análise não linear há uma mudança nestas considerações, porque a
análise não-linear requer o abandono do conceito de rigidez constante. Devido a isto, as
mudanças da rigidez durante o processo de deformação e a matriz da rigidez {K} devem ser
atualizadas durante o processo de resolução do problema através de um processo interativo de
solução. Estas interações fazem com que haja um aumento do tempo de resolução do
problema, para que se obtenham os resultados com a acurácia desejada (ANSYS, 1997).
Embora o processo de variação da rigidez seja comum a todos os tipos de
análises não-lineares, a origem do comportamento não-linear pode ser diferente,
classificando-se as mesmas com base nesta origem. Entretanto, em muitos casos não é
possível de se considerar uma única causa do comportamento não-linear, necessitando levar
em conta mais de um tipo de não linearidade. Os tipos mais comuns de não linearidade já
foram citados anteriormente e serão discutidos em maiores detalhes (ANSYS, 1997).

2.7.1 Não linearidade geométrica

Como já discutido, a análise não linear se torna necessária quando há uma variação da
rigidez da peça sobre as condições de operação. Se estas mudanças se originam das mudanças
50

na geometria, o comportamento não-linear está definido como não linearidade geométrica


(ANSYS, 1997).
Estas mudanças na geometria, que levam a mudança na rigidez, podem acontecer
quando uma peça possui deslocamentos elevados podendo os mesmos ser claramente visíveis,
como no caso de se aplicar uma carga elevada a uma das extremidades de uma viga fina de
um material frágil e na extremidade oposta houver um engaste segurando a mesma (ANSYS,
1997).
Quando o deslocamento sofrido por uma estrutura é relativamente pequeno, alguns
termos de maior ordem nas equações estáticas não são considerados, sendo somente
requeridos os termos lineares para calcular a solução do problema. Entretanto, quando o
deslocamento se torna maior, os termos não lineares começam a se tornarem significativos,
sendo os mesmos considerados na resolução do problema (Adams, 1999).

2.7.2 Não linearidade de material

Se as mudanças na rigidez, ocorrerem somente devido a mudanças nas propriedades do


material em condições de operação, o problema é de não linearidade do material.
Na figura 25 é mostrado o gráfico de tensão-deformação específica para um material
quando submetido a um ensaio de tração.
51

Figura 24. Curva tensão x deformação para um ensaio de tração.

Fonte: Norton (2004).

Desde início do gráfico até o ponto 1 o material passa pelo processo de deformação
linear elástica, ou seja, possui linearidade entre a tensão aplicada ao material e a deformação
sofrida pelo mesmo. O material nesta condição consegue retornar as suas características
iniciais quando a carga é retirada do mesmo (Norton, 2004).
Do ponto 1, até o ponto 2, ainda ocorre um processo de deformação elástica, entretanto
não existe mais linearidade entre a tensão suportada pelo material e a deformação sofrida,
porém quando a carga é retirada o material volta a sua condição inicial, mesmo que demore
um tempo maior para que isto ocorra (Norton, 2004).
A partir do ponto 2, o material passa a apresentar um comportamento plástico, ou seja, a
partir deste valor o material quando submetido a uma carga, não irá mais retornar a condição
inicial pois apresentará uma deformação permanente que é irreversível, além de não haver
também linearidade entre a tensão suportada pelo material e a deformação sofrida. Este ponto
corresponde à tensão de escoamento do material, que é o valor de tensão que caracteriza o
início do regime de deformação plástica (Norton, 2004).
Os próximos pontos no gráfico, são o da máxima tensão que o material pode suportar
que é o ponto 3 e no fim do gráfico o ponto 4 que caracteriza a tensão convencional de ruptura
que foi experimentada pelo material (Norton, 2004).
52

Para descrever este tipo de comportamento do material, existem modelos como: linear-
elástico, bi-linear elástico-perfeitamente plástico, bi-linear elásticoplástico e multilinear.
Na figura 26 é mostrado o gráfico de um material com modelo linear-elástico
(ANSYS, 1997).

Figura 25. Modelo linear-elastico de um material.

Fonte: Norton (2004).

Neste modelo, é considerado que à medida que a carga é aplicada sobre o material,
ocorre um aumento das tensões e deformações no mesmo, sendo uma proporcional a outra. A
propriedade do material que relaciona a tensão com a deformação no regime elástico é o
módulo de elasticidade, ou módulo de Young (Adam, 1999).
Devido às grandes diferenças que existem entre o comportamento dos materiais, os
programas de elementos finitos, desenvolveram técnicas e modelos de materiais para simular
estes comportamentos. A tabela 4 oferece uma boa ideia destes modelos, e qual é mais
apropriado para uma determinada aplicação (ANSYS, 1997).
53

Tabela 4. Modelos que descrevem o comportamento dos materiais.

Fonte: ANSYS (1997).

Na análise de um modelo bi-linear, elástico-perfeitamente plástico, o material possui


um valor de tensão que não é mais ultrapassado, ou seja, a tensão a partir deste valor se
mantém constante à medida que ocorre o aumento na deformação do mesmo. Esta tensão
corresponde à tensão de escoamento do material, conforme é ilustrado no gráfico da figura 27
(ANSYS, 1997).

Figura 26. Material bi-linear elástico perfeitamente plástico.


54

Fonte: ANSYS (1997).

Neste caso, o material é chamado de bi-linear, devido a possuir linearidade no regime


elástico e no regime plástico, porém o valor que relaciona a tensão suportada pela deformação
sofrida é diferente, dando origem a dois módulos, sendo o de elasticidade ou de Young na
região elástica e de plasticidade na região plástica (ANSYS, 1997).
Nos materiais, também é encontrado o modelo de material bi-linear elásticoplástico.
Neste modelo, a tensão de escoamento do material é ultrapassada à medida que há um
aumento na deformação do mesmo, sendo esta tensão aumentada até que o material sofra a
ruptura em algum valor de tensão acima da de escoamento (Adams, 1999).
Na figura 28 é mostrado um gráfico ilustrativo de um material bi-linear
elástico-plástico.

Figura 27. Material bi-linear elasto-plastico.

Fonte: Adams (1999).

Entretanto, existe outro modelo de material que apresenta tanto uma região linear como
não linear e é bastante comum a ocorrência do mesmo nos materiais poliméricos. Este modelo
é conhecido como multilinear, sendo geralmente o mesmo obtido de um ensaio de tensão-
deformação. Neste modelo de material, à medida que a taxa de deformação do mesmo
aumenta, ocorre também um aumento na rigidez do material (Adams, 1999).
A tensão de escoamento, para este tipo de material, é geralmente considerado um valor
aproximado, sendo adotada para a mesma um valor no qual o material começa a perder a
linearidade (Adams, 1999).
55

Na figura 29 é mostrado um gráfico ilustrativo de um material que apresenta


um comportamento multilinear (Adams, 1999).

Figura 28. Modelo de material multilinear.

Fonte: Adams (1999).

2.8 Estudos relevantes sobre método de elementos finitos aplicados a polímeros.

No estudo de Arai, (1989), foi feita a utilização do programa computacional ANSYS


para o desenvolvimento de produtos plásticos mais modernos que estão em uso no mercado
hoje em dia.
Primeiramente foi feita a análise de tensões em uma lata de refrigerante feita de um
polímero. Logo a seguir estudaram-se as tensões presentes na base de uma cadeira de
escritório feita de material polimérico. Finalmente foi realizado um estudo sobre a melhor
posição para a utilização de uma luz de ultravioleta utilizada para pintura de produtos feitos à
base de polipropileno.
O artigo poderia ser um pouco mais aprofundado já que cita com bastante brevidade os
resultados e faz pouquíssimos comentários sobre os mesmos obtidos. (Arai, 1989).
No estudo de Dean, (2002), a deformação para alguns tipos de plásticos é analisada
usando modelos de materiais disponíveis em sistemas de elementos finitos. A acurácia destes
modelos, no entanto, quando sofrem a ação de cargas em situações reais pode ser incerta e
neste estudo foi feita uma comparação entre estes modelos e medições reais. O componente
56

estudado é uma placa circular que é engastada próxima a sua circunferência e sofre a ação de
uma carga em seu centro. Com isto foram feitos experimentos de impacto com velocidades
diferentes e as propriedades do material foram levantadas e comparadas com as utilizadas em
modelos de elementos finitos, que são obtidas pelas relações convencionais de tensões-
deformações. O material ensaiado foi o polímero (ABS). (Dean, 2002).
No estudo de Drozdov, (2003), é considerado o efeito da temperatura no
comportamento viscoelástico de modelos de polipropileno isotático injetados e submetidos a
pequenas deformações isotérmicas. O polipropileno isotático foi o escolhido devido às
numerosas aplicações industriais deste polímero, sendo levantado para o mesmo o
comportamente de torção-fadiga, oscilação, fluência-relaxamento em intervalos de
temperatura desde 30 até 150° C. (Drozdov, 2003).
No estudo de Sem, (2006), foi feita à análise das tensões térmicas devido ao efeito da
temperatura uniforme ao longo de um disco visando o melhoramento do mesmo. O disco
sofreu o reforço de fibras de aço ao longo de toda a sua curvatura. O método de elementos
finitos foi usado para calcular o campo de tensões elásticas e elástica-plástica ao longo da
curvatura do modelo do disco. Neste estudo foi utilizado o código computacional ANSYS
tanto nos dois tipos de análises; elásticas e elásticaplástica. Com isto a distribuição de tensões
residuais foi obtida com a interpretação dos resultados e as tensões térmicas resultantes foram
calculadas para diferentes temperaturas. (Sem, 2006).
No estudo de Bucaille, (2006), é verificada a influência da reologia durante o teste de
penetração, sendo o material moldado com reologia elástica e perfeitamente plástica. Este
teste foi modelado com um código de elementos finitos de três dimensões: Forge 3. O mesmo
possui um procedimento de refinamento de malha à medida que se simula as grandes
deformações. O contato entre o penetrador e o material é de fricção, sendo o penetrador um
cone semi-piramidal com ângulo de 70,3°. Este penetrador é equivalente ou de igual volume e
profundidade dos usados em ensaios de dureza Berkovich ou Vickers. Neste estudo, foi
sugerido um novo modelo para o coeficiente aparente de fricção quando sujeitos a força real
do penetrador em materiais que possuem um baixo módulo de Young. Este modelo foi usado
57

para determinar de forma computacional o valor de dureza do material com a área de contato
real (Bucaille, 2006).

2.9 Dimensionamento de viga metálica segundo NBR 8800

2.9.1 Estado limite ultimo na flexão

Sendo válidas as hipóteses da resistência dos materiais, as barras sujeitas à flexão


simples têm distribuição linear de tensões normais, que variam de um máximo de tração, em
uma das faces da viga, a um máximo de compressão na face oposta.
Seja M e um valor de momento fletor que causa nas faces da viga esta distribuição de
tensão com f max f y , sendo f y a tensão de escoamento do material, ver figura 30(a).
Se este momento é aumentado, as tensões máximas atingem, num determinado
instante, o valor f y da tensão de escoamento. O valor deste momento, que marca o início do
escoamento, é representado por M r , ver figura 30(b). Se o momento continuar sendo
aumentado, atinge um certo valor M i que provoca, na seção transversal, o diagrama de
tensões indicado na figura 30(c), que se caracteriza pelo escoamento (ou plastificação) de
parte da seção. Continuando aumentando o valor do momento, será atingida a plastificação
total da seção, figura 30(d). O valor do momento correspondente a esta situação é o momento
de plastificação da seção, M pl .
58

Figura 29. Distribuição de tensões em barras a flexão simples.

Fonte: Andrade (1994).

A resistência à flexão simples M n é definida por vários estados limites, cada um deles,
em função de um parâmetro de esbeltez . A variação de resistência, ilustrada na figura 31,
pode ser genericamente resumida por meio do gráfico da figura 31, válido para vigas não
esbeltas, no qual:
a) O trecho λ λ r (onde M n M r ) corresponde aos valores de M que causam
tensões máximas inferiores ao escoamento. Define o trecho da curva em que ocorre
flambagem elástica.
b) O ponto λ λ r (onde M n M r ) corresponde ao início do escoamento.
c) O trecho λ pλ λ r (onde M r M n M pl ) corresponde aos valores de M
equivalentes à plastificação parcial da seção. Define o trecho da curva em que ocorre
flambagem inelástica.
d) Finalmente, o trecho λ λ p (onde M n M pl ) corresponde aos valores de M
equivalentes à plastificação total da seção.

Figura 30. Variação de M n em relação a λ


59

Fonte: Andrade (1994).

Para perfis de seção I com dois eixos de simetria no plano médio da alma, fletidos em
torno do eixo de maior inércia, que foram avaliados neste trabalho, foram verificados os três
estados limites seguintes:
1) Flambagem Local da Alma (FLA) – causada pelas tensões normais, provocadas
pelo momento fletor na alma dos perfis.
2) Flambagem Local da Mesa (FLM) – causada pelas tensões normais de compressão
(praticamente constantes), provocadas pelo momento fletor na mesa comprimida.
3) Flambagem Lateral por Torção (FLT) – causada por flexão lateral (normal ao plano
de carregamento) e por torção, provocando deslocamentos perpendiculares ao plano do
carregamento e rotação da seção transversal.
O dimensionamento de vigas metálicas se baseia em critérios que visam impedir
que estados limites de ruína e de serviço sejam atingidos na vida útil da estrutura. Mesmo as
normas baseadas em tensões admissíveis tinham estes estados limites implícitos em suas
verificações.
Os estados limites últimos de vigas são classificados nas normas de projeto de
estruturas de aço pelo tipo de esforço que os causam. Assim, a verificação de uma viga deve
atender aos critérios que envolvam a flexão, o cisalhamento e a flexão e cisalhamento
combinados.
Neste trabalho, foi feita uma análise da variabilidade da confiabilidade para um
mesmo estado limite. Escolheu-se para este estudo o estado limite último de flexão, pois este
sendo bastante abrangente em termos de funções para a determinação da resistência, facilita
qualquer analogia dos resultados para outros estados limites menos complexos, tal como o
estado limite de tração.
60

2.9.2 Calculo momento resistente segundo NBR 8800

O momento resistente, segundo o anexo D da NBR 8800 (2008), é determinado em


função do tipo de instabilidade que causará a falha do elemento, a saber, FLT (Flambagem
Lateral por Torção), FLM (Flambagem Local da Mesa) e FLA (Flambagem Local da Alma).
Para o cálculo do momento resistente, pode-se separar em 9 regiões de falhas (ou
modos de falha (MF)). Para cada um dos estados limites tem-se de acordo com a figura 32:

Figura 31. Determinação para FLT-FLA-FLM.

Fonte: NBR (2008).

Onde λ(·), λp(·),λr(·) são parâmetros de esbeltez definidos pela NBR 8800 (ver tabela
5) como função do estado limite; Mpl é o momento de plastificação; Mr(·) e Mcr(·) são
momentos definidos pela NBR 8800 (ver tabela 4.1) como função do estado limite. Os
subscritos (T), (A) e (M) indicam grandezas associadas à FLT, FLA e FLM, respectivamente.
61

Note que para uma dada viga, isto é, definidos o perfil e o espaçamento da
contenção lateral, apenas um modo de falha poderá ocorrer para cada estado limite. Por
exemplo, se FLT ocorrer, a flambagem será plástica ou inelástica ou elástica. O valor do
momento resistente é então o menor dos três valores calculados para FLT, FLA e FLM,
porém limitado a equação abaixo:
M n ≤1,25Wx fy

onde:
M pl f yZ x (Momento de plastificação total da seção)
λparâmetro de esbeltez definido para cada caso,
Zx= Módulo plástico de resistência em relação ao eixo (x) da seção,
Wx= Módulo elástico de resistência em relação ao eixo (x) da seção.
Para perfis de seção I com dois eixos de simetria no plano médio da alma, fletidos em
torno do eixo de maior inércia, tem-se as definições indicadas na tabela 5.

Tabela 5. Parâmetros Mr(·), Mcr(·), λ(·), λp(·),λr(·) para FLT, FLM, FLA.

Fonte: NBR (2008).


62

2.9.3 Cálculo de ações sobre vigas

Serão apresentadas neste item as combinações de ações adotadas pela NBR 8800. Para
os Estados Limites Últimos deve-se ter a solicitação de cálculo Sd menor ou igual à resistência
de cálculo Rd , isto é:
Sd ≤Rd
A solicitação Sd é definida por uma combinação de carregamentos na qual os esforços
nominais Ai são majorados:
n
sd =∑ γ i Ψ i A i
i=1

Onde: γ i ≥1 e Ψ i ≤1
A resistência Rd é definida por um percentual da resistência nominal:

Rd ØRn
Onde: Ø ≤ 1

2.9.4 Combinações para estado limite ultimo

A NBR 8800 considera três tipos de combinações de ações para os estados


limites últimos,
- Combinações Normais: com os carregamentos possíveis durante a vida útil da
estrutura;
- Combinações Construtivas: com os carregamentos possíveis durante a construção ou
montagem da estrutura;
- Combinações Excepcionais: com os carregamentos devidos a acidentes;
Com as seguintes expressões para sua fixação:
a) Combinações normais e combinações aplicáveis a etapas construtivas:
As ações permanentes devem figurar em todas as combinações. As ações
variáveis devem figurar com um valor sendo o principal, e as demais como secundárias,
63

estando sujeitas a fatores de combinações reduzidos:


n

∑ (Υ g G)+ Υ q 1 Q1 +∑ (Υ qi Ψ i Qi)
i=2

Onde:
G = ação permanente
ϒg = coeficiente de majoração de ações permanentes
Q1 = ação variável principal
Υ q 1 = coeficiente de majoração de ações variável principal
Qi = demais ações variáveis
Υ qi = coeficiente de majoração das demais ações variáveis
Ψ i = fatores de combinação
64

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Os ensaios de caracterização de material foram realizados no laboratório tecnológico


da UCEFF de Chapecó e os ensaios da viga estrutural serão realizados no NTM (Núcleo de
Tecnologia Mecânica) da UPF (Universidade de Passo Fundo).
Serão feitas simulações numéricas por meio software de elementos finitos de uma viga
modelo e comparado aos resultados dos corpos de prova e após caracterizados com ensaios
mecânicos para verificar a eficiência dos métodos e aplicação ao modelo da habitação social.

3.1.1 Materiais Utilizados

Para estudar o poli tereftalato de etila (PET), serão feitos dois tipos de ensaios, um
para caraterização do material, ensaio de tração e flexão e um para simulação em escala da
viga feito de PET, para cada ensaio foram selecionadas 6 amostras, provenientes de blocos da
matriz de injeção.

3.1.2 Ensaios Mecânicos

Para a fabricação dos corpos-de-prova, foi escolhida a usinagem do bloco injetado de


acordo com a figura 33, para obter as dimensões prescritas pelos padrões da ASTM,
procedimentos realizados com cuidado para não alterar as propriedades do material em
estudo. Foram realizados os ensaios de tração e de flexão, para determinar as propriedades de
resistência e rigidez. Os métodos de ensaio, bem como as principais particularidades das
normas da ASTM utilizadas neste trabalho, estão apresentados no anexo A.
Os ensaios mecânicos foram realizados em ambiente climatizado com temperatura em
torno de 23ºC e umidade de 50%, seguindo os padrões normativos. Foram ensaiados 06
corpos de prova, para cada tipo de ensaio, tração e flexão.
65

Figura 32. Usinagem corpo de prova.

Fonte: autor.

3.1.2.1 Ensaios de Tração

Para ensaio da seção a tração foram utilizadas as especificações da Norma ASTM D


638 que determina os métodos para análise de propriedades dos materiais plásticos.
O ensaio foi realizado em uma máquina EMIC modelo DL 10000, com acionamento
eletromecânico variável e fuso de esteira.
66

Tabela 6. Dimensões corpo de prova ensaio tração materiais poliméricos.

Fonte: ASTM D638.

A largura da seção WO, o comprimento LO, a área de seção transversal W, e a


espessura T são medidos previamente ao ensaio. O corpo de prova é montado na máquina de
testes e a carga P é aplicada. A carga é convertida em tensão por meio da Equação abaixo:

P
σ=
A

Por sua vez, a deformação do corpo de prova é caracterizada pelo alongamento


relativo, isto é, o comprimento final (L) do corpo de prova em relação ao seu comprimento
inicial LO. Deste modo é representada na equação da deformação abaixo:

L−LO
ε=
LO

Na figura 24 está representando os corpos de prova que foram utilizados no ensaio de


tração.
67

Figura 33. Corpo de prova ensaio de tração.

Fonte:autor.

Com as equações acima as propriedades mecânicas relevantes sobre o material podem


ser obtidas. A curva tensão x deformação é criada a partir das variáveis σ e ε. A Figura 35
mostra a curva tensão x deformação do ensaio.

Figura 34. Gráfico Tensão x Deformação do ensaio de tração.

Fonte: autor.
68

Abaixo na tabela 7 estão representados os resultados encontrados para as amostras


ensaiadas.

Tabela 7. Resultados ensaio de tração.

Número da Amostra Tensão Máxima (N) Deformação Resistencia a Tração


(mm) (Mpa)
1 5350 13,18 73,10
2 5165 12,82 72,45
3 5125 12,95 71,17
4 5195 12,85 72,55
5 5250 13,05 72,35
6 5305 13,10 72,82

Existem três tipos principais de ensaio de flexão: o ensaio de três pontos, em que a
barra a ser testada é apoiada nas extremidades e a carga é aplicada no centro do comprimento
do corpo de prova; o ensaio em quatro pontos, na qual a barra a ser testada é bi apoiada nas
extremidades e a carga é aplicada em dois pontos na região central do comprimento,
separadas por uma distância padronizada; e o método de engaste, que consiste em engastar
uma das extremidades e aplicar a carga na ponta oposta do engaste.
O ensaio de flexão em três pontos será comentado a seguir por se tratar do tipo de
ensaio utilizado neste trabalho para a obtenção das propriedades mecânicas de flexão dos
compósitos.
A Figura 36 apresenta um esquemático do ensaio de flexão em três pontos. O ensaio
consiste na aplicação de uma carga P no centro do corpo de prova, apoiado em dois pontos. A
carga é aplicada a partir de um valor zero e aumentada lentamente até a ruptura do corpo de
prova. O valor da carga versus o deslocamento do ponto central consiste na resposta do
ensaio. Este tipo de ensaio é aplicado à materiais frágeis, ou de elevada dureza, como o caso
69

de compósitos. Os principais parâmetros obtidos por este ensaio são: tensão de ruptura em
flexão (σf), módulo de elasticidade em flexão (Ef).

Figura 35. Esquema do ensaio flexão em 3 pontos.

Fonte: ASTM D790.

Para ensaio da seção a flexão foram utilizadas as especificações da Norma ASTM D


790-03 que determina os métodos para análise de propriedades dos materiais plásticos.
Na figura 37 está representando os corpos de prova que foram utilizados no ensaio de
flexão.

Figura 36. Corpo de prova ensaio de flexão.

Fonte: autor.
70

Tabela 8. Dimensão do corpo de prova ensaiado.

Fonte: autor.

O ensaio foi realizado em uma máquina EMIC modelo DL 10000, com acionamento
eletromecânico variável e fuso de esteira como mostra a figura 38.

Figura 37. Ensaio de flexão.

Fonte: autor.
71

Com as equações citadas na Norma, as propriedades mecânicas relevantes sobre o


material podem ser obtidas. A curva tensão x deformação é criada a partir das variáveis σ e ε.
A Figura 39 mostra a curva tensão x deformação do ensaio de flexão.

Figura 38. Gráfico Tensão x Deformação do ensaio de flexão.

Fonte: autor.

Abaixo na tabela 9 estão representados os resultados encontrados para as amostras


ensaiadas.

Tabela 9. Resultados ensaio de flexão.

Número da Amostra Tensão Máxima (N) Deformação Resistencia a flexão (Mpa)


(mm)
1 1248 18,10 50,80
2 1115 17,00 48,35
3 1125 17,15 48,30
4 1220 17,95 50,10
5 1188 17,60 49,75
6 1242 18,05 50,70
72

Fonte: autor.

Segundo a Norma se o material apresenta comportamento linear (hookeano), o


módulo de elasticidade pode ser determinado utilizando-se a reta CD, por meio da divisão da
tensão pela deformação em qualquer ponto dessa reta (Fig.40a). O ponto deslocado B é
admitido como o de deformação nula, e é o ponto a partir do qual são medidas todas as
deformações, incluindo a deformação deslocada de escoamento, BE, que corresponde a 1%
da deformação. A partir do ponto E, traça-se uma paralela à reta CD, obtendo-se o ponto de
escoamento F.
Se o material não apresentar comportamento linear (Fig.40b), a mesma correção
deve ser feita por meio da construção de reta tangente na máxima inclinação, no ponto de
inflexão, obtendo-se a reta H’K’. Prolongando-se essa reta até o eixo de deformação, obtém-
se o ponto B’. Para obtenção do módulo secante é necessário que seja traçada uma reta entre o
ponto B’ e o ponto de escoamento, que é representado por G’, que é obtido por meio da soma
de 1% ao segmento A’B’ e traçando-se uma paralela à reta H’K’, a partir do ponto B’
deslocado de uma deformação de 1%.
Em uma curva típica de tensão versus deformação, pode existir uma região que não
representa o comportamento do material ensaiado (segmento AC), pois corresponde a uma
folga ou ao ajuste das garras, no início do ensaio.

Figura 39. Diagrama tensão x deformação comportamento linear (a) e não linear (b).
73

Fonte: NBR 790.

Percebe-se que esse elemento atinge a tensão de escoamento do material com um


carregamento de aproximadamente 1115N, passando, então, a um regime plástico como mostra
o gráfico da figura 41. A seção alcançou valor máximo de 3350MPa, a partir do qual o modelo
não mais apresentou convergência.

Figura 40. Gráfico regime plástico.

2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 2 4 6 8 10 12

Força(N) Series4

Fonte: autor.

3.2 Ensaio de flexão do elemento estrutural em modelo reduzido

Para a análise do comportamento de elementos estruturais tipo viga e o estudo das


propriedades, serão utilizados modelos em escalas reduzidas. A utilização desses modelos
justifica-se pelo elevado custo necessário para produção de matrizes e calibradores, para
produção dos protótipos.
Para o estudo das propriedades das seções transversais foram analisadas a seção
descrita abaixo para o protótipo, sendo seis peças maciças, conforme dimensões ilustradas na
figura 42, admitindo-se comprimento de 1000mm. Para o elemto estrutural em estudo sera
74

aplicada uma escada de 1:3,0 Essas dimensões foram adotadas em função dos perfis metálicos
disponíveis no comércio, para confecção das vigas para habitação social dos modelos
reduzidos.

Figura 41. Dimensão do elemento estrutural real.

Fonte: autor.

Neste item serão apresentadas as teorias da análise dimensional e dos modelos físicos
reduzidos, além de sua utilização no estudo dos modelos reduzidos de elementos estruturais
de materiais poliméricos.
Segundo Andolfato (2002), a necessidade de se estudarem os fenômenos naturais fez
com que o cientista Galileu Galilei apresentasse na sua obra “A fraqueza relativa dos
grandes” o primeiro estudo dos efeitos das escalas. Depois disso, outros cientistas também
estudaram esse assunto e, com o passar dos anos, chegaram à Teoria da Análise Dimensional
e Semelhança dos Modelos Físicos, que conhecemos atualmente.
Para a aplicação da teoria da análise dimensional é necessário que se faça a
determinação das características físicas capazes de relacionar protótipos e modelos. “Para que
os resultados obtidos na experimentação de modelos em laboratório possam ser estendidos
para a representação de um protótipo, é necessário primeiramente que exista a semelhança
geométrica” (Carneiro1 apud Andolfato, 2002).
75

Na análise dimensional é sempre adotada uma forma explícita, onde uma das variáveis,
geralmente a dependente, é a incógnita do problema. Todas as demais variáveis e constantes
físicas universais ou específicas constituem os dados do problema e devem ser considerados
como variáveis independentes.
Embora a análise dimensional seja incapaz, por si só, de encontrar a formulação
completa de uma lei física, ela fornece indicações sobre combinações dos parâmetros
envolvidos, de modo a reduzir o número total de variáveis a serem incluídas nas equações.
Uma das principais aplicações da análise dimensional é o estabelecimento das
condições de semelhança física, possibilitando assim comparações entre os protótipos e os
modelos utilizados em ensaios. Para que um modelo possa representar um protótipo, ou seja,
para que os resultados obtidos nos ensaios com modelos possam ser estendidos aos protótipos,
é preciso que exista semelhança entre eles, a começar pela semelhança geométrica

3.2.1 Condições de semelhança

Quando dois processos são semelhantes, é possível prever o comportamento de um


deles quando é conhecido o comportamento do outro. Na experimentação por meio de
modelos, os dois processos físicos semelhantes são o protótipo e o modelo, dos quais o
modelo é o mais fácil de ser ensaiado em laboratório, pois são produzidos em escala
geométrica reduzida, mas há casos em que se adotam modelos maiores que os protótipos.
Além da semelhança geométrica, é necessário que os processos físicos também sejam
semelhantes. A relação entre as magnitudes de uma grandeza nos dois processos é chamada
de analogia com a escala das dimensões geométricas e do tempo, escala ou fator de escala.
Assim, em uma experimentação, se o modelo é reduzido, a escala geométrica é menor que a
unidade. Em geral, a escala é representada pela equação 5.1, em que a unidade é o numerador,
designada com o símbolo k ou .
76

k xm 1 xp
i=¿ λ i = = =1 :( )¿
xa x a xm
xm

Assim, para que se possa adotar que o comportamento do protótipo seja o mesmo do
modelo, é necessário que as unidades de medidas do modelo sejam iguais às unidades de medida
do protótipo multiplicadas pelos fatores de escala correspondentes na equação abaixo:
x m=k i x X p
Para a fabricação dos elementos estruturais de material polimérico em escala reduzida,
foram aplicadas as hipóteses apresentadas anteriormente. As dimensões dos modelos real das
vigas são as ilustradas na Figura 43, para um comprimento de 3000 mm.
Considerando os protótipos vão ser aplicadas uma escala de 1:3,0 sendo as dimensões
abaixo no figura 43 e com 1000mm de comprimento.

1
k i=λi = =1 :3
3000 mm
1000 mm

Figura 42. Dimensão do elemento estrutural em escala reduzida

Fonte: autor.

Para o modelo acima sera ensaiado para flexão e medido o deslocamento no eixo x(flecha) e
os momentos ao longo da viga.
77

3.3 Modelagem Numérica

O elemento finito adotado neste trabalho foi o SOLID186. Este é um elemento sólido
tridimensional de 20 nós e 3D de ordem superior que exibe comportamento de deslocamento
quadrático. O elemento é definido por 20 nós com três graus de liberdade por nó: translações
nas direções nodal x, y e z. O elemento suporta plasticidade, hiperelasticidade, fluência,
rigidez, grande deflexão e grandes capacidades de deformação. Também possui capacidade de
formulação mista para simular deformações de materiais elastoplásticos quase
incompressíveis e materiais hiperelásticos totalmente incompressíveis. Este elemento finito
está disponibilizado na biblioteca interna do ANSYS e é apresentado na figura 44.

Figura 43. Elemento finito tipo solid186.

Fonte: Ansys 2019.

Os modelos de elementos estruturais feitos com o SOLID186 são constituídos de


elementos tetraédricos. O plano da seção transversal adotado foi o x-y, sendo z o eixo ao
78

longo do comprimento das vigas.


A malha utilizada no modelo é hexaédrica SOLID186 de 10mm conforme a figura 45.

Figura 44. Elemento de malha.

Fonte: autor.

Os apoios são do tipo bi apoiado, onde é fixo o eixo x e z e livre para transladar nos eixos y.

Figura 45. Condições de apoio aplicadas no modelo.

Fonte: autor.

A carga aplicada ao modelo é pontual de 500kg no centro da viga, sendo assim para
comparação ao modelo real.

Figura 46. Força aplicada no modelo.

Fonte: autor.
79

Para enbasamento na descrição do comportamento do material, utilizou-se o trabalho de


livia Candian (2007), que estudou ensaios para uso de polietileno de alta densidade para
elementos estruturais.
Os modelos de comportamento de materiais foram inseridos no programa ANSYS
utilizando-se as opções de acordo com a figura 48: Material Props – Material Models –
Structural – Linear – Elastic – Isotropic e Nonlinear – Inelastic – Rate independent –
Isotropic Hardening Plasticity – Mises Plasticity - Multilinear Elastic, para ambos os modelos.
O módulo de elasticidade utilizado para as análises é baseado nos resultados de caracterização,
de 3350 MPa para o PET. O coeficiente de Poisson utilizado foi de 0,35, o qual representa a
média dos valores obtidos na pesquisa bibliográfica (de 0,2 a 0,4).

Figura 47. Descrição do modelo numérico.

Fonte: autor.

3.3.1 Analise não linear

De acordo com os parâmetros de analise citados acima podemos ter um comparativo


entre a curva do ensaio de tração e a curva do modelo numérico ensaiado de acordo com a
figura 49, sendo que os resultados tem uma convergência muito semelhante, apontando uma
boa coerência entre ensaio numérico e ensaio mecânico.
80

Figura 48. Curva carga x deslocamento do modelo numérico não linear.

4.00E+02

3.50E+02

3.00E+02

2.50E+02

2.00E+02

1.50E+02

1.00E+02

5.00E+01

0.00E+00
0.00E+00 1.00E+02 2.00E+02 3.00E+02 4.00E+02 5.00E+02 6.00E+02

Fonte: autor.

Figura 49. Curva do ensaio de tração.

4500

4000

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
0 10 20 30 40 50 60

Deformação(mm) Força(N)

Fonte: autor.
81

De acordo com os parâmetros de analise de felxão podemos ter um comparativo entre


a deformação maxima do ensaio de flexão e a deformação máxima do ensaio numérico, sendo
que os resultados numérico aprensentaram uma deformação de 10,835mm vistos na figura 51,
já a deformação do ensaio mecânico apresentou um resultado de 12,01mm vistos na figura 52,
sendo este compartivo tem uma proximidade muito semelhante, apontando uma boa coerência
entre ensaio numérico e ensaio mecânico.

Figura 50. Simulação numérica de ensaio flexão.

Fonte: autor.

Figura 51. Simulação de ensaio flexão em amostra PET.

Fonte: autor.
82

3.4 Dimensionamento da habitação social

Dentro do objetivo proposto pelo trabalho será apresentado um modelo dimensionado


pelo software Cype 3D para uma habitação social convencional com elementos de aço, Figura
54. Esse modelo será base para comparação entre o modelo convencional e o modelo aplicado
em PET.

Figura 52. Modelo habitação social construída em aço.

Fonte: autor.

Na figura 55 está apresentado o deslocamento da viga que esta solicitada ao


carregamento estimado de 500kg sendo uma carga centralizada.
83

Figura 53. Análise deformação de viga metálica.

Fonte: autor.

Na figura 56 esta representado um carregamento isolado de uma viga da habitação


social, para efeito de comparação com a simulação em escala da viga de PET que será
estudada de acordo com a sua resistência representada em escala. Essa viga esta sendo
simulada com um carregamento de 500kg no centro, de acordo com os cálculos da Norma
NBR 8800 essa viga devera atender os critérios de flexão, flambagem e de deformação vistos
acima no item 2.9 da revisão.

Figura 54. Carregamento em viga bi apoiada.

Fonte: autor.
84

Figura 55. Momentos solicitantes na viga metálica bi apoiada.

Fonte: autor.
85

4 RESULTADOS E DISCUÇÕES

Neste trabalho foram feitas simulações numéricas para avaliar o desempenho do PET
reciclado para uso em vigas estruturais para construção de uma habitação social.
A viga metálica usual apresentou uma deformação de 1,3mm no decorrer do seu
comprimento, sendo que a Norma NBR 8800 rege uma deformação aceitável de L/350,
considerando que a viga em modelo tem 1000mm, a flecha aceitável seria de até 2,85mm,
sedo que a deformação da viga em PET simulada, apresentou um valor de 2,79mm sendo
solicitada aos mesmo esforços da viga metálica.
Os resultados obtidos até o momento neste trabalho ainda não são conclusivos, tendo
em vista que os ensaios nos modelos de vigas ainda não foram realizados, porem pelos
ensaios de caracterização e modelagem numérica estima-se que serão satisfatórios no âmbito
de utilizar as vigas feitas em PET.
86

5 REFERENCIAS

AGNELLI; J. A. M. Introdução a materiais poliméricos. Engenharia de materiais –


UFSCAR, São Paulo – SP. 2016.

ALCÂMTARA; R. L. CARVALHO; L. H. RAMOS; S. M. L. S. Propriedades mecânicas de


resíduos plásticos urbanos da região nordeste. I- Influência das condições de
processamento. Polímeros: Ciência e Tecnologia - Jul/Set – 95.

ALVES FILHO, Avelino. Elementos finitos - A base da tecnologia CAE. 6. São Paulo Erica
2013.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D5033-00: S


Standard Guide for Development of ASTM Standards Relating to Recycling and Use of
Recycled Plastics. www.astm.org > acesso em: julho 2019.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D638-14: Standard


Test Method for Tensile Properties of Plastics. www.astm.org > acesso em: Outubro 2019.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D790-03: Standard


Test Method for Flexural of Unireinforced and Reinforced Plastics and Electrical
Insulating Materials . www.astm.org > acesso em: Outubro 2019.

ANSYS (1997). Structural nonlinearities: user’s guide for revision 5.5. Houston. v.1.

ANDOLFATO, R. P. Desenvolvimento das técnicas de produção de blocos de concreto


para alvenaria estrutural na escala (1:4). 110 p. Dissertação (Mestrado). UNESP -
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira. 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13230: Embalagens e


acondicionamento plásticos recicláveis - Identificação e simbologia. Rio de Janeiro, 2008.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cálculo para cargas


de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800: Projeto de


estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro,
2008.
87

BITTENCOURT, E. Tratamento de problemas não-lineares na mecânica dos sólidos.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Notas de aula, 2008.

BLASS, A. Processamento de polímeros. Florianópolis: Editora da UFSC, 1985.


BONELLI, C. M. C.; ELZABAIR; A. SUAREZ; J. C. M. MANO. E. B. Comportamento
térmico, mecânico e morfológico de compósitos de polietileno de alta densidade reciclado
com fibra de piaçava. Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 15, n° 4, p. 256-260, 2005.

CALIL JÚNIOR; C. Análise experimental de materiais e de estruturas. Editora da USP,


São Carlos, 1988.

CANDIAN, L. M. Estudo do polietileno de alta densidade reciclado para uso em


elementos estruturais. Universidade de São Paulo, 2007.

CANEVAROLO JR., S. V. – Ciência dos Polímeros – Um Texto Básico para Tecnólogos e


Engenheiros, 1ª Edição, São Paulo, 2002.

CARASCHI, J. C.; LEÃO, A. L. Avaliação das propriedades mecânicas dos plásticos


reciclados provenientes de resíduos sólidos urbanos. Acta Scientiarum, v. 24, n. 6, p. 1599-
1602, 2002.

CERQUEIRA, V.; HEMAIS, C. A. Estratégia Tecnológica e a Indústria Brasileira de


Transformação de Polímeros. Polímeros, Jul./Set. 2001, v.11, n.3, p.7-10. ISSN 0104-1428.

CHANDA, M., Roy, S. K. – Plastic Techonology Handbook, 1ª Edição, New Jersey, 1987.

DONATO, A. – Apostila de Polímeros, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do


Sul, Faculdade de Química, Porto Alegre, 2003.

DALCIN, G.B., Ensaios dos Materiais. Curso Engenharia Industrial Mecânica, URI -
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, Rio Grande
do Sul, Brasil, 2007, p. 1-41.

FERRAROLI, F.; MOTTA, I. Uma nova dimensão dos termoplásticos: o consumo energético.
Polímeros, Jul./Set. 2010, v11, n.3, p. 12-13. ISSN 0104-1428.

HOLGUIN, I. C. Estudo do comportamento do PP e PET reciclados submetidos a


intempéries e suas possíveis aplicações. Universidade de Brasília, 2015.
88

LONTRA, B.G.F. Reciclagem Mecânica de Polietileno de Alta Densidade obtido a partir


de Sacolas Plásticas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia de
Materiais) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, 2011.

Luz, S. M. GONÇALVES. A. R. DEL’ARCO, A. P. Microestrutura e propriedades


mecânicas de compósitos de polipropileno reforçado com celulose de bagaço e palha de
cana. Revista Matéria, v. 11, n. 2, pp. 101 – 110, 2006.

MARCZAK, R. J. (2004). Polímeros como materiais de engenharia. Porto Alegre. UFRGS.


Notas de aula. Disponível em:
http://www.gmap.mecanica.ufrgs.br/sumulas/eng03005/dowload. acesso em outubro 2019.

MENDES, A. M; Rossini, G. H.;. Simon, H. J. B. D; Lahr. M. e Pacioni, T. R. “Resistência


dos Materiais Trabalho: Relatório de ensaio de tração com materiais poliméricos.”
Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP, Campinas, 2007, p. 19.

MENEZES, M. S. (1989). Plástico reciclado: possibilidades de uso na construção e no


mobiliário. 257p. Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Carlos. 1989.

MORAIS, André Pinto. Análise numérica via MEF de vigas mistas aço e concreto com
lajes alveolares. Instituto Alberto Luiz Coimbra de pós-graduação e pesquisa de engenharia,
2018.
ONU. Evolução dos materiais a serem reciclados. Desenvolvimento Sustentável, Brasil.
Disponível em : <http://www.onu.org.br/>. Acesso em: Março. 2019.

PARENTE, R. A. Elementos Estruturais de Plástico Reciclado. Dissertação Mestrado.


Engenharia de Estruturas – USP, São Carlos – SP. 2006.

SQUENAL, E. C. – Sobre o Comportamento Estrutural dos Termoplásticos.


Universidade de São Paulo, Escola Politécnica, São Paulo, 2002.

TEIXEIRA, M. F. H. B. I. Espectroscopia no infravermelho próximo associada à


modelagem empírica multivariada para previsão da resistência a tração do poli
(tereftalato de etileno) -PET reciclado. Universidade Federal de Pernambuco, 2013.

Você também pode gostar