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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

MATHEUS GIMENES

ESTUDO SOBRE A COLAPSIVIDADE DO SOLO DA


CIDADE DE PEDERNEIRAS

BAURU
2018
MATHEUS GIMENES

ESTUDO SOBRE A COLAPSIVIDADE DO SOLO DA


CIDADE DE PEDERNEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de Ciências Exatas
e Sociais Aplicadas como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Engenheiro Civil sob orientação do
Prof.Dr.Norival Agnelli.

BAURU
2018
FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo


com ISBD
Gimenes, Matheus
G491e
Estudo sobre a colapsividade do solo da cidade de
Pederneiras / Matheus Gimenes. -- 2018.
65f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Norival Agnelli.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em


Engenharia Civil) - Universidade do Sagrado Coração - Bauru
- SP

1. Colapsibilidade. 2. Colapsividade. 3. Subsidência. 4.


Hidrocompactação. 5. Hidroconsolidação. I. Agnelli, Norival. II.
Título.

Elaborado por Laudeceia Almeida de Melo Machado – CRB-8/8214


MATHEUS GIMENES

ESTUDO SOBRE A COLAPSIVIDADE DO SOLO DA


CIDADE DE PEDERNEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais


Aplicadas como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil sob
orientação do Prof.Dr. Norival Agnelli.

Banca examinadora:

___________________________________
Prof. Dr. Norival Agnelli (orientador)
Universidade do Sagrado Coração

___________________________________
Prof.ª M.ª Fabiana Costa Munhoz
Universidade do Sagrado Coração

____________________________________
Prof. M.e. Aldo Theodoro Gaiotto Junior
Universidade do Sagrado Coração

Bauru, 7 de dezembro de 2018.


Dedico este trabalho em primeiro
lugar a Deus e, em seguida, à minha
família que me acompanhou e me
ajudou na trajetória: meus pais e meus
irmãos, professores e amigos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todo corpo docente da Universidade que de alguma forma me


transmitiram seus conhecimentos durante o curso, e, em especial ao Professor Doutor
Norival Agnelli pela orientação e colaboração no trabalho realizado.
Também agradeço aos meus pais e irmãos pela contribuição indireta e, a
Empresa de execução de alicerces e brocas da cidade de Pederneiras por permitir a
realização de uma pesquisa de campo com seus colaboradores.
RESUMO

Desenvolver projetos e construir requer uma série de cuidados para tornar uma
obra segura e sem prejuízos. Um dos assuntos de importância é o estudo do solo que
subsidia todo a estrutura, visto que a ausência deste cuidado pode levar o colapso do
solo e consequentemente a ruína de toda a obra. O presente trabalho apresenta um
Estudo sobre a Colapsividade da Cidade de Pederneiras-SP, direcionado para
engenheiros e arquitetos os quais irão construir no solo próximo da região,
apresentando-as características do mesmo através da qualificação do solo por meio
dos índices físicos e do limite de Atterberg e por meio de parâmetros encontrados na
bibliografia. Embora o estudo destes autores seja relativamente antigo, os mesmos
ainda se mostram atual e servem para orientar os profissionais em geral sobre a
performance do solo local. O processo de colapso dos solos leva a recalques bruscos
que provocam deslocamentos nas fundações e, como estas são elementos estruturais
que têm por finalidade receber e transferir as cargas da edificação para o solo, tais
deslocamentos podem causar danos importantes à edificação, podendo comprometê-
las. Presumem-se algumas características do solo que o tornam colapsível, como a
baixa umidade e a elevada porosidade. Para obtenção de informações específicas
sobre o solo da cidade de Pederneiras, este trabalho apoiou-se em revisão
bibliográfica sobre alguns assuntos relevantes que envolvem esse tema. Após a
análise dos dados obtidos a partir de ensaios com amostras de solo de um
determinado local, verificou-se que, por mais que existam diferentes situações e
variáveis a serem analisadas separadamente, não há como dispensar as citações
deste trabalho, o qual servirá ainda de base para que futuros engenheiros e arquitetos
possam encontrar neste, informações relevantes para a execução de suas atividades
relacionadas à construção.

Palavras-chave: Colapsibilidade. Colapsividade Subsidência.


Hidrocompactação. Hidroconsolidação. Solos Colapsíveis.
ABSTRACT

Developing projects and building requires a lot of care to make a work safe and
harmless. One of the issues of importance is the study of the soil that subsidizes the
whole structure, since the absence of this care can lead to the collapse of the soil and
consequently to the ruin of the whole work. The present work presents a Study on the
Colapse of the City of Pederneiras-SP, directed to engineers and architects who will
build in the next soil of the region, presenting them characteristics through the
qualification of the soil through the physical indexes and the limit of Atterberg and by
means of parameters found in the bibliography. Although the study of these authors is
relatively old, they are still current and serve to guide professionals in general about
local soil performance. The process of collapse of the soil leads to sudden settlements
that cause displacements in the foundations and, as these are structural elements that
have as purpose to receive and transfer the loads of the edification to the ground, such
displacements can cause important damages to the building, being able to
compromise them. Some soil characteristics are presumed to be collapsible, such as
low humidity and high porosity. In order to obtain specific information on the soil of the
city of Pederneiras, this work was supported by a bibliographical review on some
relevant subjects that involve this theme. After analyzing the data obtained from the
soil sample tests of a given site, it was verified that, although there are different
situations and variables to be analyzed separately, there is no way to dismiss the
citations from this work, which will still serve for future engineers and architects to find
in this, information relevant to the execution of their activities related to construction.

Key words: Collapsibility. Collapsivity Subsidence. Hydrocompaction.


Hydroconsolidation. Collapsible Soils.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos ............................... 16
Figura 2 - Carta de Plasticidade de Casagrande....................................................... 17
Figura 3 - Representação das fases do solo em função das massas e volumes ...... 18
Figura 4 - Limites de Atterberg .................................................................................. 20
Figura 5 - Esquema do aparelho de Casagrande para determinação do LL ............. 21
Figura 6 - Estruturas metaestáveis sustentadas por forças eletromagnéticas. ......... 22
Figura 7 - Estruturas metaestáveis sustentadas por pressões capilares. ................. 23
Figura 8 - Ensaios e critérios para identificação do colapso e das características de
um solo colapsível em laboratório ............................................................................. 28
Figura 9 - Ensaios e critérios para quantificação do colapso em laboratório ............ 28
Figura 10 - Ensaios e critérios para quantificação do colapso em campo ................. 29
Figura 11 - Solos colapsíveis estudados no Brasil. ................................................... 35
Figura 12 - Mapa da localização de Pederneiras ...................................................... 36
Figura 13 - Planta baixa ............................................................................................ 39
Figura 14 - Balança semianalítica ............................................................................. 41
Figura 15 - Cápsula metálica com tampa .................................................................. 42
Figura 16 - Estufa fechada ........................................................................................ 42
Figura 17 - Proveta 100 ml. ....................................................................................... 44
Figura 18 - Frasco de Chapman e sua utilização ...................................................... 44
Figura 19 - Aparelho de Casagrande e o respectivo cinzel ....................................... 46
Figura 20 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 1º metro ....................... 54
Figura 21 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 2º metro ....................... 54
Figura 22 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 3º metro ....................... 55
Figura 23 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 4º metro ....................... 55
Figura 24 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 5º metro ....................... 56
Figura 25 - Curva granulométrica: 1º metro .............................................................. 59
Figura 26 - Curva granulométrica: 2º metro .............................................................. 59
Figura 27 - Curva granulométrica: 3º metro .............................................................. 60
Figura 28 - Curva granulométrica: 4º metro .............................................................. 60
Figura 29 - Curva granulométrica: 5º metro .............................................................. 61
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Critério de colapsividade do solo segundo Denisov (1951) ..................... 30


Tabela 2 - Critério de colapso segundo Priklonskij (1952) ........................................ 31
Tabela 3 - Critério de colapso proposto por Feda (1966) .......................................... 31
Tabela 4 - Critério de colapso de acordo com o código de construções da Ex-U.R.S.S
.................................................................................................................................. 33
Tabela 5 - Critério de colapso segundo Lollo (2008) ................................................. 33
Tabela 6 - Graus de saturação críticos e para ocorrência de colapso ...................... 34
Tabela 7 - Determinação do teor de umidade. .......................................................... 49
Tabela 8 - Massa específica seca ............................................................................. 51
Tabela 9 - Massa específica natural.......................................................................... 51
Tabela 10 - Determinação da massa específica dos sólidos .................................... 52
Tabela 11 - Determinação do Limite de Liquidez (LL) ............................................... 53
Tabela 12 - Determinação do Limite de Plasticidade (LP) ........................................ 56
Tabela 13 - Material retido e que passa em cada peneira – 1° Metro ....................... 57
Tabela 14 - Material retido e que passa em cada peneira – 2° Metro ....................... 57
Tabela 15 - Material retido e que passa em cada peneira – 3° Metro ....................... 58
Tabela 16 - Material retido e que passa em cada peneira – 4° Metro ....................... 58
Tabela 17 - Material retido e que passa em cada peneira – 5° Metro ....................... 58
Tabela 18 - Determinação dos Índices físicos do solo .............................................. 61
Tabela 19 - Coeficientes de colapsividade ................................................................ 62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
2 OBJETIVO ...................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 15
3.1 SOLOS ............................................................................................................ 15
Classificação dos solos ............................................................................... 15
Índices físicos ............................................................................................... 17
Limites de Atterberg ..................................................................................... 20
Estrutura de um solo .................................................................................... 21
3.2 SOLOS COLAPSÍVEIS ................................................................................... 23
Fatores que remetem ao solo colapsível .................................................... 24
Identificação de um solo colapsível ............................................................ 27
Critérios baseados em índices físicos e limites de Atterberg .................. 29
3.3 CIDADE DE PEDERNEIRAS ......................................................................... 34
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 38
4.1 OBJETIVOS DE UMA PESQUISA ................................................................. 38
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 38
4.3 LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA..................................................... 39
4.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ........................................................................... 39
4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS E ENSAIOS REALIZADOS ...... 40
4.6 MÉTODOS E ENSAIOS ................................................................................. 41
Teor de umidade ........................................................................................... 41
Massa específica seca e Massa específica natural ................................... 43
Massa específica dos sólidos ...................................................................... 44
Limite de Liquidez......................................................................................... 45
Limite de Plasticidade .................................................................................. 47
Análise granulométrica ................................................................................ 47
Índices Físicos e Critérios Utilizados.......................................................... 48
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................... 49
5.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE ................................................... 49
5.2 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA SECA E DA MASSA
ESPECÍFICA NATURAL ........................................................................................... 50
5.3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS ........................ 52
5.4 DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ ................................................. 52
5.5 DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE PLASTICIDADE ........................................ 56
5.6 RESULTADOS DA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA ....................................... 57
5.7 DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES FÍSICOS E APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS
61
6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64
13

1 INTRODUÇÃO

Toda a crosta terrestre, em específico os continentes, possuem um tipo


característico de solo, seja este resultado da formação do planeta ou dos intemperes
de cada região. Assim sendo, cada local apresenta um solo com características
próprias e, pela corrida do homem em viver em sociedade e construir seu habitat,
desenvolveram-se alguns estudos sobre solos, visto que ele deverá sempre subsidiar
toda obra executada. Alguns desses solos são colapsíveis, com ocorrência em boa
parte do Brasil, e quando não é levado em consideração, essa característica, podem
ocorrer avarias nas construções, sejam edifícios, casas, barragens, aeroportos, enfim,
tudo que está apoiado sobre o solo (AGNELLI,1992).
Para classificar este tipo de solo, Augusto Rodrigues e Monje Vilar (2013, p.14)
caracterizam solos colapsíveis como “[...] uma estrutura porosa caracterizada por um
alto índice de vazios, baixos valores de umidade com graus de saturação na maioria
das vezes inferiores a 60% e uma estrutura com porosidade acima de 40%.”
Diante desses fatos, a grande importância deste trabalho justifica-se face a
existência de solos colapsíveis na maior parte do estado de São Paulo, resultando em
patologias significativas principalmente em residências de pequeno e médio portes.
Além disso, espera-se que este trabalho sirva de base para que futuros engenheiros
possam encontrar nele, informações relevantes para a execução de suas atividades
relacionadas à distribuição de cargas no solo, mais especificamente na região que
compreende a área estudada.
Este estudo se limita ao perímetro urbano da cidade de Pederneiras, sendo
assim, os resultados refletem as condições de colapsividade do solo dessa região, em
específico o que pode ser estendido para solos de outras regiões que tenham
características físicas e mecânicas semelhantes às da cidade objeto deste estudo e,
ao mesmo tempo, essa pesquisa pretende responder a seguinte questão dentro da
profundidade estudada: qual a colapsividade do solo da cidade de acordo com a
profundidade?
14

2 OBJETIVO

Apresentam-se nas seções seguintes o objetivo geral e os objetivos específicos


dessa pesquisa.

2.1 OBJETIVO GERAL

Levantar dados físicos e mecânicos de um solo e verificar o seu grau de


colapsividade.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Realizar pesquisa bibliográfica para embasar o estudo visando


apresentar conceitos e analisar diferentes tipos de solos existentes na
região;
b) Coletar amostras de solos em diferentes profundidades e realizar
ensaios no laboratório para determinação de parâmetros utilizados na
formulação dos graus de colapsividade;
c) Conceber a classificação da colapsividade por diferentes parâmetros;
d) Comparar resultados obtidos para os solos de Pederneiras e Bauru;
e) Diante dos resultados obtidos e analisados, fornecer como material de
consulta para soluções problemas dentro do mesmo perímetro urbano e
também como base para que sejam realizados no futuro outros estudos
sobre o tema.
15

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo serão apresentados temas sobre solos e conceitos relacionados;


solos colapsíveis e conceitos relacionados; e informações e características sobre a
cidade de Pederneiras (São Paulo).

3.1 SOLOS

Botelho da Costa (2004, p.2) busca a área sobre o estudo e afirma que, “A
ciência do Solo ou Pedologia – do grego pedon, (solo ou terreno) e logos
(conhecimento) – tem por objeto o esclarecimento da gênese do solo e, de maneira
geral, de todos os processos e fenômenos que nele ocorrem”.
Solo, para o engenheiro civil, conforme Knappett (2014, p.1),
[...] é qualquer reunião de partículas minerais soltas ou francamente
unidas (cimentadas) formada pela decomposição de rochas como
parte do ciclo delas, sendo o espaço vazio entre as partículas
ocupadas por água e/ou ar.

O processo de formação dá-se, segundo Botelho da Costa (2004, p.1), “Sob a


ação de agentes internos e, até variável profundidade, de agentes externos, a crosta
terrestre sofre modificações complexas que abrangem misturas de massas e
deformações, e transformações desta resultante”.
Botelho da Costa (2004, p.2) conclui também que, “O solo representa uma fase
relativamente superficial e instável neste vasto processo geológico. ”
Por fim, solo trata-se de um material proveniente da desagregação das rochas
em combinação com espaços vazios preenchidos com partículas como, água e gases.

3.1.1 Classificação dos solos

A importância de se classificar o solo consiste em torná-lo em uma linguagem


padrão para descrição e classificação do mesmo. As características principais que a
maioria das pessoas buscam nos solos incidem na distribuição de tamanho de
partículas ou também conhecida por distribuição granulométrica ou graduação e, a
plasticidade, permitindo deste ponto deduzir o nome do solo. As particularidades
secundárias do material são cor, formato do solo, a textura e a composição das
partículas. (KNAPPETT,2014).
16

Para Lollo (2018) ainda não há um sistema de classificação ideal, isso porque
um estudo de fundação utilizado para fins estruturais é diferente do empregado para
rodoviários, embora os principais tipos de classificação dos solos são: classificação
por tipo de solos, classificação genética geral, classificação textural (granulométrica),
classificação unificada (SUCS ou USCS – Unified Soil Classification System) e o
sistema de classificação dos solos proposto pela AASHTO (American Association of
State Highway and Transportation Officials).
Para a distribuição granulométrica, segundo Lollo (2008), o solo classifica-se
de acordo com sua textura (tamanho relativo dos grãos), onde existem escalas
granulométricas que determinam diversas faixas de tamanho dos grãos, sendo a mais
comum à dos valores adotados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), conforme apresentados na Figura 1. (LOLLO, 2008; PINTO, 2006).

Figura 1 - Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos

Fonte: Pinto (2006, p. 16).

Já para a descrição de classificação de solos baseado nos limites de


plasticidade, correspondente à classificação unificada, é adotado a curva
granulométrica e os limites de consistência do solo como critério para a definição das
classes. Os solos são identificados por um conjunto de duas letras, onde um prefixo é
relacionado ao tipo e um sufixo à granulometria e a plasticidade. (LOLLO, 2008;
PINTO, 2006). De acordo com Pinto (2006) o primeiro aspecto a considerar é a
porcentagem de finos presentes no solo, ou seja, o material que passa na peneira nº
200 (de 0,075 mm). Se a quantidade de material que passar for menor que 50% o solo
será considerado como solo de granulação grosseira, G (pedregulho) ou S (areia),
caso seja maior que 50%, o solo será considerado de granulação fina, M (silte), C
(argila) ou O (solo orgânico). Nos solos de granulação grosseira, os subgrupos são:
17

W (bem graduado), P (mal graduado), C (argiloso) e M (siltoso). Nos solos de


granulação fina os subgrupos são H (alta compressibilidade) e L (baixa
compressibilidade). Para a classificação dos solos finos, é utilizado a Carta de
Plasticidade de Casagrande, mostrado na Figura 2, que foi desenvolvida para agrupar
os solos finos em diversos subgrupos, dependendo de suas características de
plasticidade (LOLLO, 2008).
Figura 2 - Carta de Plasticidade de Casagrande

Fonte: Pinto (2006, p. 68).

Este estudo será limitado pela graduação do solo, índices físicos e plasticidade
do solo que será tratado nas páginas seguintes.

3.1.2 Índices físicos

Como mencionado anteriormente, solos são constituídos de partículas sólidas,


água ou ar. De acordo com Pinto (2006) a relação entre pesos e volumes encontrado
em cada uma das fases, seja o solo líquido, acima do limite de liquidez, o solo úmido,
em sua plasticidade entre a fase seca e o limite de liquidez ou até mesmo o solo seco,
sem a presença de água, empregam-se essas relações conhecidas como índices
físicos, utilizadas para caracterizar e identificar os solos.
Segundo Lollo (2008, p.39), “Os índices físicos que comumente são
determinados em laboratório são: a massa específica natural (ρ), a umidade (w) e a
massa específica dos sólidos (ρs). Os demais índices físicos são calculados por meio
de fórmulas de correlação.”
18

A Figura 3 ilustra as fases presentes no solo em relação de massas e volumes.


Figura 3 - Representação das fases do solo em função das massas e volumes

Fonte: Lollo (2008, p. 38).

Os volumes de água, ar, sólidos, total e de vazios são representados


respectivamente por Vw, Var, Vs, V e Vv. As massas de água, ar, sólidos e total por
Mw, Mar, Ms, M.
As relações de volume utilizadas são:
a) Índice de vazios (𝑒), que é a relação entre o volume de vazios do solo (Vv) por seu
volume de sólidos (Vs);
Vv
e=
Vs
b) Porosidade (n), que é a porcentagem de vazios de um solo e é definida pela razão
entre o volume de vazios do solo (Vv) e seu volume total (V);
Vv
n= 𝑥 100
V
c) Grau de saturação (Sr), que é a porcentagem de água contida nos vazios de um
solo, sendo obtido pela razão entre o volume de água (Vw) e o volume de vazios do
solo (Vv).
Vw
Sr = 𝑥 100
Vv
d) Porosidade, o grau de saturação e o índice de vazios são valores adimensionais,
sendo os dois primeiros expressos em porcentagem. Outro índice físico do solo que
também possui valor adimensional e expresso por porcentagem é a umidade (w), que
é uma relação entre massas, onde demonstra a porcentagem de água existente no
solo (Mw) em relação a parte sólida (Ms).
19

Mw
w= 𝑥 100
Ms
As relações mais empregadas entre massa e volume são:
a) Massa específica natural do solo (ρ), relação entre a massa total de um solo (M) e
seu volume total (V);
b) Massa específica dos sólidos (ρS), relação entre a massa de sólidos (Ms) e o
volume de sólidos (Vs);
c) Massa específica da água (ρw), relação entre a massa de água (Mw) e o volume
de água (Vw).
M Ms Mw
ρ= ρs = ρw =
V Vs Vw

Na prática geotécnica é mais adotado o peso específico (γ) ao invés de massa


específica (ρ) que oferece a mesma ideia do que a massa específica, porém a razão
será de peso por volume. (LOLLO, 2008).

𝑃 𝑃𝑠 Pw
𝛾=𝑉 𝛾𝑠 = 𝑉𝑠 γw = Vw

A massa específica é expressa em g/cm³ e os pesos específicos são expressos


em kN/m³.
Para facilitar os cálculos, é comum correlacionar os índices físicos com o índice
de vazios, onde o volume de sólidos é igualado ao valor 1 (um), obtendo-se as
Expressões 1, 2 e 3. (LOLLO, 2008).
𝑆𝑟 . 𝑒 𝜌𝑤
𝑤= (01)
𝜌𝑠
𝑒
𝑛 = 1+𝑒 (02)
𝜌𝑠+𝑆𝑟 .𝑒 . 𝜌𝑤
𝜌= (03)
1+𝑒

Assim, assumindo-se o valor de massa específica da água (ρw) a 1 g/cm³, pode


ser obtido o valor da massa específica saturada (ρsat) e massa específica seca (ρd),
através das Expressões 4 e 5.

𝜌𝑠+𝑆𝑟 . 𝑒 . 𝜌𝑤
𝜌𝑠𝑎𝑡 = (04)
1+𝑒
𝜌𝐷
𝜌𝑑 = 1+𝑒 (05)
20

3.1.3 Limites de Atterberg

O estudo do comportamento do solo é algo muito complexo e vai muito além


de índices físicos. Neste ponto, deve-se tratar o solo com a presença de água e seus
aspectos. Para este estudo, o engenheiro químico Atterberg comparou a quantidade
de água e o comportamento do solo e, observaram-se comportamentos distintos,
originando o estudo Limites de Atterberg. (PINTO, 2006).
O solo pode se apresentar em estado líquido, plástico, semissólido ou sólido.
Quando muito úmido, ele se comporta como um líquido (pasta ou lama) e, com a
diminuição da quantidade de água, torna-se plástico, perdendo sua capacidade de
fluir, porém podendo ser moldado e conservado sua forma; Conforme o solo vai
ficando mais seco, perde essa plasticidade, tornando-se quebradiço (estado
semissólido), logo após continua a secagem até chagar ao estado sólido.
(KNAPPETT, 2014; PINTO, 2006).
Na Figura 4 pode-se observar o Limite de Liquidez (LL) e o Limite de
Plasticidade (LP) dos solos que são os teores de umidade correspondentes às
mudanças de estado. O intervalo desses valores dos teores de umidade é definido
como Índice de Plasticidade (IP) do solo, ou seja, é a diferença entre esses dois
limites. (KNAPPETT, 2014)

Figura 4 - Limites de Atterberg

Fonte: Pinto (2006, p. 25).

Utilizando o aparelho de Casagrande, mostrado na Figura 5, de acordo com


Pinto (2006) “o Limite de Liquidez (LL) é definido como o teor de umidade do solo na
qual uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar numa concha”.
21

Figura 5 - Esquema do aparelho de Casagrande para determinação do LL

Fonte: Pinto (2006, p. 25).

São realizadas diversas tentativas com o solo em diferentes umidades,


anotando-se o número de golpes para fechar a ranhura interpolando-se os resultados
para obter-se o Limite de Liquidez. (PINTO, 2006).
Já para o Limite de Plasticidade (LP), este é definido como o menor teor de
umidade onde se consegue moldar um cilindro com 3 milímetros de diâmetro, rolando-
se o solo com a palma da mão. (KNAPPETT, 2014).

3.1.4 Estrutura de um solo

Em relação ao comportamento estrutural, Rodrigues (2003, p.6) afirma que:


“estrutura é mantida pela presença de algum vínculo capaz de conferir ao solo uma
resistência adicional temporária.” As partículas, independente de qual seja o solo,
existe uma força de coesão entre os fragmentos dos terrenos capazes de suportar ou
não as cargas das estruturas.
De acordo com Rodrigues (2003, p.6), além dos vínculos coesivos, existem
outros fatores responsáveis pelo aumento das forças ligantes, que são: “as forças
eletromagnéticas de superfície, a sucção e a presença de alguma substância
cimentante, como óxidos de ferro e os carbonatos.”
Neste pensamento, a estabilidade do solo apenas é interrompida quando
ocorrem perturbações em sua estrutura, ou seja, alguma interferência que
compromete os fatores listados acima.
Para representar estes fatores coesivos que aumentam a resistência
temporária de um solo colapsível, Rodrigues (2003) apresenta nas Figuras 6 e 7
modelos simplificados de arranjo estrutural de solo colapsível.
22

Figura 6 - Estruturas metaestáveis sustentadas por forças eletromagnéticas.

Fonte: Dudley, 1970 apud Rodrigues, 2003, p.7.

As Figuras 6a e 6b mostram a interação das partículas maiores do solo ligadas


por fragmentos de argila e silte, conforme explana Dudley (1970 apud RODRIGUES,
2003, p.7): “nesta condição, a resistência temporária do solo é influenciada pelas
forças de Van Der Walls, de osmose e de atração molecular”. Os grãos de areia
envolvidos por finas camadas argilosas dispostas paralelamente (Figura 6a) criam,
nesta condição, quando secas, este arranjo com considerável resistência. No entanto,
com a adição de água ocorre a separação dos grãos, reduzindo as forças de tração e
a resistência (DUDLEY, 1970 apud RODRIGUES, 2003).
Em áreas de grandes precipitações de chuva, os grãos de argila encontram-se
dispersos no fluido devido à lixiviação, de modo que, à medida que o solo saturado
vai se secando, as partículas de argila são levadas pelas águas nos espaços entre os
grãos que, por sua vez, floculam casualmente como apresentado na Figura 6b. Com
o acréscimo de água, as tensões capilares e a concentração de íons no fluido
diminuem, possibilitando o aumento das forças repulsivas entre as partículas,
provocando a perda da resistência (DUDLEY, 1970 apud RODRIGUES, 2003).
23

Figura 7 - Estruturas metaestáveis sustentadas por pressões capilares.

Fonte: Dudley, 1970 apud Rodrigues, 2003, p.6.

Na Figura 7, observa-se uma resistência temporária (adicional) do solo,


relacionada com as tensões capilares que agem no interior da partícula. A relação
ar/água que existe nos espaços vazios do solo não-saturado resulta em uma pressão
neutra negativa, de tal maneira que, considerando o princípio das tensões efetivas σ’
= σ - u, onde σ’ é a tensão efetiva, σ é a tensão total e, u a pressão neutra, resulta em
uma tensão efetiva maior que a tensão total. No entanto, este aumento de resistência
aparente diminui à proporção que as tensões capilares são eliminadas com a adição
de água ao solo, reduzindo o contato entre os grãos (RODRIGUES, 2003).
Por último, como mencionado por Rodrigues (2006, p.7) “A presença de um
agente cimentante (constituído, por exemplo, por óxidos de ferro e carbonatos) entre
as partículas maiores, também confere ao solo uma estrutura metaestável.” Esse
agente mencionado, também cria uma resistência temporária que diminui à medida
que se encharca o solo. Rodrigues (2006, p.7) completa “Neste caso, a magnitude do
colapso dependerá da solubilidade do cimento em relação ao fluido de inundação.”
Assim ficou concluído que o efeito de arraste de sais solúveis produz a dispersão ou
defloculação da fração de argila.

3.2 SOLOS COLAPSÍVEIS

Os solos colapsíveis são caracterizados por sofrerem uma deformação ou


alteração no desempenho quanto ao carregamento quando adicionado água ao solo.
(LOBO; FERREIRA; RENOFIO, 2003).
24

Para estas deformações, Rodrigues (2003) deixa explícito que para esta
característica também é habitualmente descrita por outros termos por outros autores
em diferentes épocas para tratar da descrição do mesmo fenômeno, como:
subsidência (FEDA, 1966; GIBBS & BARA, 1967), hidrocompactação e
hidroconsolidação (DUDLEY, 1970).
De acordo com os levantamentos bibliográficos foi verificado que o termo
pesquisado é algo estudado desde tempos anteriores, pois, além do acesso aos
materiais e anos de publicação, em 1976, houve uma convenção anual da American
Society of Civil Engineers (ASCE), na Filadélfia, que se definiu o conceito (BORGES,
FREITAS E FERREIRA, 2017). Clemence e Finbarr, (1981) apud Borges; Freitas e
Ferreira (2017, p.2) afirmam que solo colapsível é definido como “o solo não saturado
que experimenta um rearranjo radical de partículas e grande redução de volume
quando inundado, com ou sem carga adicional”.
Para a ocorrência de colapsividade basta se aumentar o teor de água no
espaço dos vazios da estrutura do solo metaestável ou carregá-lo e, em seguida,
umedecê-lo para proporcionar uma redução de volume, com isso, se revelará uma
brusca variação do índice de vazios sem o aumento das cargas aplicadas. (VILAR et
al., 1981 apud AUGUSTO RODRIGUES e MONJE VILAR, 2013).

3.2.1 Fatores que remetem ao solo colapsível

Para classificar e se ter uma prévia de um solo colapsível dentre os diferentes


tipos de solo existente, Augusto Rodrigues e Monje Vilar (2013, p.2) apontam
características que pressupõe o fenômeno, como: “uma estrutura porosa
caracterizada por um alto índice de vazios, baixos valores de umidade com graus de
saturação na maioria das vezes inferiores a 60% e uma estrutura com porosidade
acima de 40%”.
Araki (1997 apud Yacoub, 2017, p.20) deixa explícito um fator importante sobre
solos colapsíveis, “assim como expansivo, não é uma propriedade intrínseca do solo,
mas sim um conjunto de fatores que o tornam colapsível ou expansivo”.
De acordo com Dudley (1970 apud Yacoub, 2017, p.22) um solo é colapsível
quando configurado pelos pontos principais:
 Elevado índice de vazios;
 Umidade menor que a necessária para sua saturação;
 Estrutura metaestável gerada pela água entre os grãos; e
25

 Vínculos cimentantes de carbonato de cálcio, óxido de ferro e


alumínio, gipsita e sais.

Já Sultan (1971 apud Rodrigues, 2003) explana alguns possíveis


comportamentos dos solos colapsíveis:
 Acréscimo de saturação por umedecimento;
 Rebaixamento do nível d’água que comprometem as tensões efetivas das
camadas profundas;
 Aparência de argilo-minerais altamente expansivos; e
 Solos loéssicos e areia de origem eólica quando há acréscimo de carga;

Segundo Barden, McGown e Collins (1973 apud Yacoub, 2017, p.22) o colapso
acontece quando há as seguintes condições:
 Existência de um solo com estrutura parcialmente saturada, porosa
e potencialmente instável;
 Existência de uma pressão aplicada que aumente a instabilidade do
solo; e
 Presença de um alto valor de sucção que estabilize os contatos
intergranulares e que são susceptíveis de enfraquecimento quando
saturados.

Lollo (2007 apud Yacoub, 2017) menciona as possíveis ações que formam os
solos colapsíveis:
 Aterros mal compactados que formam um estado poroso em que o maciço
se encontra, permitindo percolação e infiltração da água pelo aterro;
 Solos de origem eólica formados por areia e silte que proporciona
uniformidade granulométrica formando perfis com pouca coesão e grande
permeabilidade;
 Solos onde o agente transportador é a água onde há um material mal
consolidado com elevada porosidade e baixa massa específica;
 Solos residuais, este último depende da textura, do grau de intemperismo e
da rocha que o originou, para analisar-se e classificar-se baseado na porosidade
e na massa específica resultante.

Agnelli (1997) observou outra influência sobre a colapsividade do solo, em que,


estudando o tipo de líquido versus temperatura em profundidades gradativas até 4
metros, obteve um gráfico de “tensão por temperatura”. Neste trabalho, o autor
26

realizou ensaios de adensamento e provas de carga diretas no solo de Bauru, estado


de São Paulo. Agnelli utilizou quatro líquidos de inundação: uma solução ácida, na
proporção de 1:100, em volumes, com elevada concentração de ácido clorídrico,
resultando pH 3; água potável, com pH 7; etanol, utilizado como combustível para
veículos, com pH 8,6; e uma solução de sabão em pó em água, na proporção de 1:80,
em volumes, com elevada concentração de hidróxido de sódio, resultando pH 11.
Segundo o autor, essas soluções simulam as condições que podem ocorrer no
cotidiano, como vazamentos em tubulações ou até mesmo o manejo de forma
incorreta com líquidos de diferentes pH’s. Para a solução de sabão em pó, foi
evidenciado que temperaturas elevadas dissolvem mais rapidamente a cimentação
entre as partículas, acelerando o processo de colapsividade.
Nos ensaios de adensamento, Agnelli (1997) constatou que a solução de água
com ácido muriático, de pH 3, e a água potável, de pH 7, produziram praticamente os
mesmos efeitos nas curvas “tensão versus deformação”. O etanol, de pH 8,6, não
provocou colapso, sendo esse fato devido ao álcool apresentar tensão superficial e
constante dielétrica muito baixa.
Nas Provas de Carga, o autor mostra que a solução de sabão em pó, de pH 11,
provocou um colapso em torno 60 a 90% superior aos provocados pela água potável,
de pH 7, nas profundidades de 2, 3 e 4 metros.
Moll (1975 apud Rodrigues, 2003) considerou em sua pesquisa solos de
Córdoba, na Argentina. Neste trabalho, através de ensaios edométricos o autor
também utilizou três líquidos de inundação: água potável (pH entre 6,5 a 6,8); esgoto
doméstico (pH entre 8,5 a 9,0); e água ácida (pH entre 5,5 a 5,7).
Segundo Moll (1975 apud Rodrigues, 2003), após ensaiar o solo antes e depois
da inundação, foi constatada uma redução dos sais solúveis, em especial sais sódicos
(Na), sendo máxima com água alcalina (esgoto doméstico), possivelmente pela
presença do íon amônio (NH4+). Também ficou evidente que, soluções ácidas
possuem maior tendência para colapsividade, a água potável pode aguentar as altas
tensões e, soluções básicas proporcionam um ambiente condicionalmente colapsível.
Para todos estes levantamentos, diante dos diferentes autores e diferentes
épocas, fica evidente o fator porosidade e massa específica, fator característico para
uma estrutura colapsível.
27

3.2.2 Identificação de um solo colapsível

Para se determinar alternativas construtivas e identificar a presença de solos


colapsíveis, existem diversos métodos e critérios para a constatação, no entanto, tal
verificação baseia-se em critérios de campo ou de laboratório, que, respectivamente,
fornecem informações qualitativas enquanto outros quantificam o colapso do solo
(YACOUB, 2017).
Para Nuñes (1975 apud Rodrigues, 2003) os critérios disponíveis para ensaios
e a classificação de um solo são limitados e ficam na maioria dos casos restritos aos
solos para os quais foram obtidos, portanto, os resultados obtidos em determinada
região não são totalmente adequados para as outras, o que pode gerar conclusões
incorretas.
Rodrigues (2003) relaciona os ensaios e critérios mais utilizados em laboratório
e em campos para identificação do colapso e das características de um solo colapsível
em laboratório com alguns autores, como apresentado nas Figuras 8, 9 e 10.
28

Figura 8 - Ensaios e critérios para identificação do colapso e das características de


um solo colapsível em laboratório
Ensaio e Critério Referências
REGINATTO & FERRERO (1973);
Difração de Raios-X
CARVALHO (1994); AGNELLI (1997).
BENITES (1968) apud LUTENEGGER
Dispersão & SABER (1988); ARMAN &
THORNTON (1973).
Equações de Basma & Tancer BASMA & TANCER (1992).
Índices Físicos e Limites de
FEDA (1966); GIBBS & BARA (1967).
Consistência
BARDEN et al. (1973); BENVENUTO
Microscopia (1982); CARVALHO (1994); AGNELLI
(1997).
Caracterização Química CARVALHO (1994); AGNELLI (1997).
HANDY (1973) apud LUTENEGGER &
Teor de Finos
SABER (1988).
Fonte: Rodrigues (2003, p.12).

Figura 9 - Ensaios e critérios para quantificação do colapso em laboratório


Ensaio e Critério Referências
DUDLEY (1970); REGINATTO &
FERRERO (1973); JENNINGS &
Ensaio Edométrico
KNIGHT (1975); VILAR (1979);
LUTENEGGER & SABER (1988).
LOURENS & CZAPLA (1987);
Ensaio de Compressão Triaxial
LAWTON (1991); DAVIES (2000).
Fonte: Rodrigues (2003, p.13).
29

Figura 10 - Ensaios e critérios para quantificação do colapso em campo


Ensaio e Critério Referências
FERREIRA (1993); FERREIRA &
Expansocolapsômetro
FUCALE (1999).
Pressiométrico OLIVEIRA et al. (2000)
Protótipo SOUZA (1993).
MELLIOS (1985); CARVALHO &
Prova de Carga sobre Estaca
SOUZA (1990)
MELLIOS (1985); CARVALHO &
Prova de Carga sobre Placa SOUZA (1990); FERREIRA et al.
(1990).
Fonte: Rodrigues (2003, p.13).

Agnelli (1997) faz referência em sua tese em três métodos aplicados à sua
pesquisa, que são:
a) critérios baseados em índices físicos e limites de Atterberg;
b) ensaios de adensamento;
c) ensaios de campo (provas de cargas diretas).

3.2.3 Critérios baseados em índices físicos e limites de Atterberg

Os critérios que fornecem informações qualitativas não geram parâmetros para


quantificar o colapso, além de que, nas análises não consideram o efeito das tensões
aplicadas, da natureza dos contatos entre grãos, da cimentação, da gênese e da
constituição do solo. (HOUSTON et al., 1988 apud AGNELLI, 1992).

3.2.3.1 Critério de Denisov

Denisov (1951 apud AGNELLI, 1992; LOLLO, 2008 e YACOUB, 2017),


recomenda um coeficiente de subsidência “K”, fundamentando-se na seguinte
relação:

𝑒𝑙
K= 𝑒0
30

K = Coeficiente de subsidência
𝑒𝑙= Índice de vazios do solo no seu limite de liquidez; e
𝑒0= Índice de vazios de campo em seu estado natural;
A Tabela 1 apresenta as faixas de valores do coeficiente de subsidência de
Denisov (1951).
Tabela 1 – Critério de colapsividade do solo segundo Denisov (1951)

K Colapsividade do Solo
0,5 < K < 0,75 Altamente Colapsível

K=1 Argilas Não Colapsíveis

1,5 < k < 2,0 Não Colapsível

Fonte: Denisov (1951 apud AGNELLI, 1992 e YACOUB, 2017).

Nowatzki (1985 apud AGNELLI, 1992) ainda salienta que, para o intervalo entre
0,75 e 1,50, pode-se classificar o solo como moderadamente colapsível.

3.2.3.2 Critério de Priklonskij

Priklonskij (1952 apud AGNELLI, 1992; LOLLO, 2008; YACOUB, 2017), alude
um coeficiente “Kd” medido através dos limites de Atterberg:

𝐿𝐿 − 𝑊𝑠
𝐾𝑑 =
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
Kd = Coeficiente de colapsividade;
LL = Limite de liquidez;
Ws = Teor de umidade quando o solo está saturado; e
LP = Limite de plasticidade
31

A Tabela 2 apresenta as faixas de valores do coeficiente de colapso proposto


por Priklonskij (1952).
Tabela 2 - Critério de colapso segundo Priklonskij (1952)
Kd Colapsividade do Solo
Kd < 0 Altamente Colapsível
Kd ≥ 0,5 Não Colapsível
Kd > 1,0 Solo Expansivo
Fonte: Priklonskij (1952 apud AGNELLI, 1992; LOLLO, 2008; YACOUB, 2017).

3.2.3.3 Critério de Feda


Feda (1966 apud AGNELLI, 1992 e LOLLO, 2008) indica um parâmetro “K”
através de solos parcialmente saturados:

𝑊𝑜
− 𝐿𝑃
𝑆𝑡0
𝐾=
𝐿𝐿 − 𝐿𝑃
W0 = Umidade Natural;
S0 = Grau de Saturação Natural;
LP = Limite de Plasticidade; e
LL = Limite de Liquidez.

A Tabela 3 apresenta as condições de colapso de um solo segundo Feda


(1966).
Tabela 3 - Critério de colapso proposto por Feda (1966)
K Colapsividade do Solo
K > 0,85 Colapsível
S0 < 0,6 Colapsível quando saturado
Fonte: Feda (1966 apud AGNELLI, 1992 e LOLLO, 2008).
32

3.2.3.4 Critério de Gibbs & Bara

Gibbs & Bara (1967 apud AGNELLI, 1992 e LOLLO, 2008) definiram um
coeficiente “K” de acordo com o teor de umidade do solo quando saturado (Ws) e o
limite de liquidez (LL).

𝑊𝑠
𝐾=
𝐿𝐿

Ws = Teor de Umidade para 100% de Saturação; e


LL = Limite de Liquidez.

Portanto, para este critério, o solo será colapsível quando apresentar K maior que um.

3.2.3.5 Critério do código de construções da Ex-U.R.S.S

Northey (1969 apud AGNELLI, 1992), Nuñez (1975 apud AGNELLI, 1992),
Minhev (1969 apud YACOUB, 2017) trabalham com um parâmetro "𝜆" em função do
índice de vazios do solo no estado natural (𝑒0) e do índice de vazios do solo no limite
de liquidez (𝑒𝑙), considerando o solo saturado. Esse critério é aplicado para solos com
grau de saturação menor que 60%.
𝑒0 − 𝑒𝑙
𝜆=
1 − 𝑒0

𝜆 = Parâmetro de colapso em função dos índices físicos;


𝑒𝑙= Índice de vazios do solo no seu limite de liquidez; e
𝑒0= Índice de vazios de campo em seu estado natural;

A Tabela 4 apresenta faixas de valores de 𝜆 para gerar condições de colapso


ou de expansividade de um solo de acordo com o código de construções da Ex-
U.R.S.S.
33

Tabela 4 - Critério de colapso de acordo com o código de construções da Ex-U.R.S.S


𝜆 Colapsividade do Solo
𝜆 > -0,10 Solos Colapsíveis
𝜆 < -0,30 Solos Expansivos
Fonte: Northey, (1969); Nuñez (1975) apud AGNELLI, (1992).
Para este mesmo critério, Lollo (2008) considera o solo com tendência ao
colapso quando o grau de saturação for menor que 80% e o coeficiente (CI) for menor
que os valores da Tabela 5, em que o “CI” (Coeficiente de colapsividade) é calculado
em função do índice de vazios inicial no estado natural (𝑒0) e do índice de vazios no
estado do limite de liquidez (𝑒𝑙).
𝑒0 − 𝑒𝑙
𝐶𝑙 =
1 + 𝑒0
𝐶𝑙= Coeficiente de colapsividade;
𝑒𝑙= Índice de vazios do solo no seu limite de liquidez; e
𝑒0= Índice de vazios de campo em seu estado natural;

A Tabela 5 apresenta faixas de valores para solos tendenciosos ao colapso


quanto ao grau de saturação.
Tabela 5 - Critério de colapso segundo Lollo (2008)
Índice de Plasticidade Cl
1≤ IP ≤ 10 0,10
10≤ IP ≤ 14 0,17
14≤ IP ≤ 22 0,24
Fonte: Lollo, 2008, p.140.

3.2.3.6 Colapsividade em função da Granulometria

Jennings e Knight (1975 apud YAKOUB, 2017) debatem sobre o grau de


saturação crítico do solo (Scrit) cujo colapso ocorre caso o grau de saturação de
campo (S0) seja abaixo do crítico. Para os autores, o grau de saturação crítico
depende da granulometria do solo, conforme a Tabela 6.
34

Tabela 6 - Graus de saturação críticos e para ocorrência de colapso


Scrit (%)
GRANULOMETRIA

6 ≤ Scrit ≤ 10
Cascalho Fino

50 ≤ Scrit ≤ 60
Areia Fina Siltosa

90 ≤ Scrit ≤ 95
Silte Argiloso

Fonte: Jennings e Knight (1975, apud YAKOUB, 2017, p.37).

3.2.3.7 Colapsividade em função do SPT

Ferreira et al. (1989 apud Lollo, 2008) explicam que valores elevados e/ou
baixos de SPT não remetem diretamente à condição de estabilidade do solo, a fim de
verificar se o mesmo é ou não colapsível. Para Ferreira et al. (1989 apud Lollo, 2008,
p.149): “valores altos de SPT em solos colapsíveis estão associados à baixa umidade
(w<5%) ou altas sucções, não sendo os valores do índice de resistência à penetração
adequados para identificação de solos potencialmente colapsíveis”.
Santoro e Diniz (2002 apud YAKOUB, 2017) relacionaram valores de NSPT
obtidos de sondagens de simples reconhecimento realizadas para analisar a natureza
de recalques ocorridos em determinada região. Os resultados apontam que, muitas
estruturas que apresentaram colapso devidas à ruptura da rede de esgoto tinham seus
elementos de fundação apoiados em camadas do subsolo que apresentavam baixos
valores de N e, valores negativos de SP (potencial espontâneo) que indicavam a
presença de depósitos de textura arenosa e estrutura porosa.

3.3 CIDADE DE PEDERNEIRAS

Algumas regiões do mundo possuem tendências para formar solos colapsíveis,


seja por lixiviação superficial onde há mudanças bruscas de estações seca para uma
estação com maior número de precipitações resultando em solos porosos ou, pelos
solos com carência de umidade como nas regiões áridas e semiáridas (VILAR et al.,
1981 apud Agnelli, 1997; Lollo, 2008; Augusto Rodrigues; Monje Vilar 2013).
Lobo, Vidrih Ferreira e Renofio (2013, p.170) afirmam que,
35

“Vários pesquisadores concluíram, por meio de ensaios de campo e


de laboratório, tratar-se de solo com características colapsíveis,
ocorrendo perdas de capacidade de carga significativas, quando o
solo sofre um aumento no teor de umidade, tanto para fundações
rasas quando para estacas curtas, segundo Lobo (1991), Agnelli
(1992) e Ferreira (1998). Carvalho e Souza (1990) e Cintra (1995),
entre outros, observaram essa propriedade em solos superficiais de
várias localidades do Estado de São Paulo e em muitos outros estados
brasileiros.

No Brasil, solos colapsíveis de acordo com Borges; Freitas, Ferreira (2013, p.1),
“ocorrem em diversos Estados: Amazonas, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas
Gerais, Tocantins, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e no
Distrito Federal”.
Na Figura 11, Augusto Rodrigues; Monje Vilar (2013, p.16) apresenta um mapa
Brasil demonstrando os locais em que os solos colapsíveis são estudados, no entanto,
até o momento, não há registro de estudos de solos colapsíveis na cidade de
Pederneiras, SP.

Figura 11 - Solos colapsíveis estudados no Brasil.

Fonte: Augusto Rodrigues; Monje Vilar (2013, p.16).


36

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a cidade de


Pederneiras possui uma área territorial de 728,735 km². Sua população estimada para
o ano de 2017 é de 45.708 habitantes, sendo que em 2010 a população era de 41.497
habitantes. (IBGE, 2017).
Segundo a Prefeitura Municipal de Pederneiras, a cidade está situada em uma
posição central (centro-oeste) em relação ao Estado de São Paulo, tendo como limite
10 municípios. Ela está a uma distância de 320 quilômetros da capital paulista e a
uma distância de 30 quilômetros de Bauru.
A localização de Pederneiras pode ser observada na Figura 12.

Figura 12 - Mapa da localização de Pederneiras

Fonte: Editoria de Arte/G1 (2010).

Bortolozzi (1998) emprega a classificação climática de Köppen e qualifica o


clima da cidade como temperado úmido com Inverno seco e Verão quente (Cwa),
onde é marcado por uma estação muito chuvosa e outra seca.
Segundo a Prefeitura do Município de Pederneiras, o clima é quente com
inverno seco; temperatura anual oscilando entre 21°C a 25°C. Sua topografia é
levemente ondulada, não havendo declividades excessivas ou zonas inundáveis e, o
solo da região é formado pelo arenito de Bauru e por variedade de terrenos de
massapé, de excelente fertilidade. Almeida et al. (1982 apud Bortolozzi, 1998)
37

salientam que nesta área ocorre solos do tipo Latossolos (Vermelho escuro, roxo e
vermelho amarelo), Terras roxas estruturadas, Areias quartzosas e Solos
Hidromórficos.
A cidade de Pederneiras é vizinha de Bauru e segundo Agnelli (1992) o solo
superficial de Bauru possui uma alta porosidade e um baixo grau de saturação, sendo
composto de partículas de areia fina, cimentadas com partículas de argila, silte e
provavelmente óxidos de ferro, por causa da coloração vermelho escuro. Essas
características evidenciam um solo potencialmente colapsível, que foi constatado por
Lobo (1991 apud AGNELLI, 1992), através de provas de carga em estacas, com
inundação e sem inundação do solo.
Ferreira (1991 apud AGNELLI, 1997), realizou ensaios para a caracterização
do solo de Bauru, onde constatou a colapsividade do solo analisado através de
diferenças significativas nas curvas “e x log σ“ referentes a solos em estado natural e
após a inundação.
38

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 OBJETIVOS DE UMA PESQUISA

Gil (2010, p. 1) definiu pesquisa como: “[...] procedimento racional e sistemático


que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos.”
De tal maneira, a pesquisa visa obter conhecimento para algo que ainda não
foi descoberto ou que, até certo momento pensava-se de um outro jeito. Ela tem seu
início quando há necessidade de uma mensuração de algo a fim de proporcionar, ou
ao menos tentar solucionar algum problema.
A pesquisa desenvolve-se em um longo processo que envolve várias fases,
desde a adequada formulação até a satisfatória apresentação dos resultados. (GIL,
2010).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

De acordo com Gil (2010, p.3): “a pesquisa exige que as ações desenvolvidas
ao longo do seu processo sejam efetivamente planejadas”. O trabalho foi desenvolvido
por meio de pesquisas e possui finalidade aplicada, produzindo uma fonte de
conhecimento para engenheiros que por ele se interessarem.
O mesmo tem o objetivo exploratório onde se visa conhecer e apurar a
colapsividade do solo da região.
De acordo com os procedimentos utilizados classificou-se a pesquisa como
bibliográfica, como citado por Gil (2010, p.29): “A pesquisa bibliográfica é elaborada
com base em material já publicado. [...] elaborada com o propósito de fornecer
fundamentação teórica ao trabalho, bem como a identificação do estágio de
conhecimento referente ao tema.” Através deste ponto considerou materiais
impressos e/ou materiais disponíveis na internet.
Por se tratar de um estudo de caso realizado, rotula-se a pesquisa quanto a
natureza quantitativa, pois de acordo com Dias e Ferreira (2010), a pesquisa
quantitativa envolve testes empíricos, experimentos de laboratório, métodos
numéricos, enfim, tudo que necessita de um tratamento de dados para permitir uma
apuração após a aplicação da coleta das informações com objetivo de compreensão
dos fenômenos de um contexto.
39

4.3 LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA

A área da pesquisa visa a performance do solo da região de Pederneiras. Por


meio das pesquisas bibliográficas foram conhecidos os temas relacionados ao estudo
que embasaram também nos testes, instrumento da pesquisa quantitativa.
Trata-se, portanto, de um estudo de caso realizado em uma única região.
Na Figura 13 indica o local da amostragem de solo destinado à presente
pesquisa, ou seja, o cruzamento da rua Agenor Arantes Figueiredo com a rua
Secundiano Pícolo, na cidade de Pederneiras, São Paulo.

Figura 13 - Planta baixa

Local de
coleta

Fonte: Arquiteto José Vitor Moraes (2018).

4.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo se restringiu ao solo do município de Pederneiras. Em 07/05/2018,


perfurou-se o solo com o auxílio de um trator acoplado a um trado até cinco metros
de profundidade, isso porque nesta dada profundidade realizam-se as fundações de
grande parte das obras de pequeno e médio porte nessa cidade. Para que ocorresse
dentro dos conformes, concretizou-se a leitura da NBR 9603 – Soldagem a Trado para
coleta do material.
40

4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS E ENSAIOS REALIZADOS

Appolinário (2011, p. 133) salienta que: “existem infinitas formas de coletar


dados de pesquisa – e isso ocorre porque há inúmeras possibilidades quanto aos
próprios instrumentos de pesquisa.”
Para coleta de dados, teve-se acesso a NBR 9603 para executar a sondagem.
Perfurou-se um ponto determinado pelo projeto em cinco metros de profundidade na
área que posteriormente receberá a construção onde se retiraram amostras de solo
em aproximadamente dois quilogramas em seu estado natural conforme o avanço da
metragem. À medida que estas amostras eram retiradas, eram armazenadas em
recipientes de tampa hermética.
Todos os ensaios foram realizados no laboratório de Mecânica dos Solos da
Universidade do Sagrado Coração, em Bauru, respeitando as normas para cada
ensaio e também sob orientação do Prof. Dr. Norival Agnelli.
Para a execução do ensaio, foram separadas duas amostras de solo da região
retirada de acordo com o avanço da profundidade, ou seja, a cada metro retiraram-se
amostras de solo referente ao primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto metro e,
pesaram-se antes e depois de retiradas estas amostras da estufa, com a finalidade
de se calcular o teor de umidade em conformidade com a NBR 6457 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1986).
Já a massa específica dos sólidos determinou-se a cada metro de profundidade
pelo método do frasco de Chapman, o qual está normatizado pela NBR/NM 52.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
A determinação do limite de liquidez deu-se obedecendo aos critérios NBR
6459(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984) e, para o limite
de plasticidade, seguiu-se a NBR 7180 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1984). Por fim, os demais índices físicos imprescindíveis empregados na
caracterização do solo e nos limites de Atterberg foram possíveis através do uso de
fórmulas que correlacionam os índices físicos.
Também foram realizados ensaios granulométricos das amostras conforme a
NBR 7181 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984) por meio
do peneiramento para determinação das porcentagens do tamanho das partículas em
relação à massa total utilizada.
41

4.6 MÉTODOS E ENSAIOS

Da análise dos dados criaram-se tabelas e gráficos para uma melhor


visualização dos resultados, obtendo-se uma análise quantitativa e qualitativa do solo.
Os ensaios apresentados são referentes a determinação do teor de umidade,
da massa específica natural e massa específica seca do solo, da massa específica
dos sólidos, do limite de liquidez, limite de plasticidade e análise granulométrica
realizados no laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade do Sagrado
Coração, em Bauru, de acordo com as normas e sob orientação do Prof. Dr. Norival
Agnelli.

4.6.1 Teor de umidade

O ensaio para determinação do Teor de Umidade para uma amostra de solo é


normatizado pela NBR 6457 (ABNT, 1986a), sendo que os aparelhos utilizados foram:
balança semianalítica, modelo BK2000, da marca Gehaka, com capacidade de 2.100
gramas e precisão de 0,01 grama; cápsulas metálicas e, estufa, da marca DE LEO
Equipamentos laboratoriais.
Os equipamentos são mostrados na mesma ordem da citação, mediante as
Figuras 14, 15 e 16.
Figura 14 - Balança
semianalítica

Fonte: Maximino (2015).


42

Figura 16 - Cápsula metálica com tampa

Fonte: Elaborado pelo autor.

15 - Estufa fechada
Figura 16

Fonte: Elaborado pelo autor.

Foram pesadas 5 amostras para cada metro de profundidade. Primeiramente


anotou-se um número na cápsula metálica e a pesou para se obter a tara, repetindo
este procedimento para as 25 cápsulas. Em seguida, colocaram-se amostras de solo
nas cápsulas, foram pesadas e levadas à estufa a temperatura de 105 ºC por um
43

período de 24 horas para a secagem do material. Após a secagem, foi pesado o


conjunto de cápsulas novamente com as amostras com o material já seco. Através
deste resultado foi possível determinar a Massa dos Sólidos (Ms) e a Massa da Água
(Mw) pelas fórmulas:
𝑀s = 𝑀1 – Tara
𝑀w = 𝑀1N – 𝑀1S
Posteriormente, pôde-se definir o teor de umidade (em porcentagem) pela
fórmula:
𝑀𝑤
𝑊=
𝑀𝑠

Para cada metro de profundidade, o teor de umidade adotado foi a média


aritmética das 5 amostras ensaiadas.

4.6.2 Massa específica seca e Massa específica natural

Para a Massa Específica Seca do Solo foi possível seguindo a NBR 7185
(ABNT, 1986b).
𝑀𝑠
𝜌𝑑 =
𝑉𝑐á𝑝𝑠𝑢𝑙𝑎
Para este, foram utilizados os aparelhos: estufa; cápsulas metálicas; proveta
de 100 ml e balança semianalítica. Nesta determinação, foram pesadas 3 amostras
por metro de profundidade e, realizado o mesmo procedimento para se medir o teor
de umidade, no entanto, com o auxílio da proveta, determinou-se o volume destas três
cápsulas antes de se coletar as amostras.
Os equipamentos utilizados foram: Balança semianalítica e a proveta mostrada
na Figura 17.
44

Figura 17 - Proveta 100 ml.

Fonte: Maximino (2015).

Já para a Massa Específica Natural, foi possível encontrar através das relações
com Índices Físicos, dado pela correlação a seguir:
𝜌 = 𝑝𝑑 (1 + 𝑤) (06)

4.6.3 Massa específica dos sólidos

A Massa Específica dos sólidos foi determinada utilizando-se o Frasco de


Chapman, normatizado pela NBR/NM 52 (ABNT, 2009), onde foi realizado um ensaio
por metro de profundidade. Os aparelhos utilizados foram: frasco de Chapman, estufa
e balança semianalítica. O Frasco de Chapman e sua utilização é mostrado na Figura
18.
Figura 18 - Frasco de Chapman e
sua utilização

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em seguida, para cada metro de profundidade foi adicionado uma certa


quantidade de água e anotado o valor constado na graduação no frasco de Chapman
e, posteriormente, adicionado ao frasco o material seco (Ms). Cautelosamente o
45

Frasco foi sendo agitado com movimentos circulares para a eliminação de bolhas de
ar a se obter a leitura final (L) do nível da água que representa o volume de água
deslocado pelo material.
Com esses resultados é possível a determinação da massa específica dos
sólidos (ρs):
𝑀𝑠
𝜌𝑠 =
𝑉𝑠

4.6.4 Limite de Liquidez

A determinação do limite de liquidez obedeceu a NBR 6459 (ABNT, 1984a),


sendo realizados 3 ensaios de limite de liquidez para cada metro de profundidade.
Os equipamentos utilizados foram: aparelho de Casagrande e conjunto de
cinzéis; balança semianalítica; cápsulas de porcelana; cápsulas metálicas; e estufa.
Neste ensaio, para cada metro de profundidade, a amostra utilizada foi seca
naturalmente, sendo elas destorroadas e preparadas conforme NBR 6457
(ABNT,1986a), logo colocou-se cada amostra em cápsulas de porcelana e foi
adicionado água em pequenos acréscimos misturando-se com auxílio de uma
espátula até se obter uma pasta homogênea. Posteriormente, foi transferido parte da
mistura para a concha do aparelho de Casagrande, moldando-a de forma que na parte
central a espessura tenha aproximadamente 10 mm, onde em seguida a massa de
solo é dividida em duas partes com o cinzel, abrindo-se uma ranhura na parte central.
Depois a concha com a massa já dividida é golpeada contra a base do aparelho
de Casagrande, deixando-a cair em queda livre através do giro da manivela do
aparelho, de forma que esse giro realize duas voltas por segundo. Foram anotados o
número de golpes necessários para que as bordas inferiores da ranhura se unissem
ao longo de aproximadamente 13 mm de comprimento, transferindo-se imediatamente
uma pequena quantidade de amostra junto as bordas para a cápsula metálica que foi
levada a estufa para determinação da umidade do material.
O procedimento do ensaio foi realizado mais duas vezes com amostras
diferentes do mesmo solo na mesma metragem, concluindo-se as 3 amostras.
Com o número de golpes e o teor de umidade anotados, interpolam-se os
resultados para se obter o Limite de Liquidez (LL), sendo ele o teor de umidade do
solo para o qual se requer 25 golpes para se fechar a ranhura central feita na concha.
46

Nas Figuras 19 e 20, são mostrados respectivamente, o aparelho de


Casagrande com o respectivo cinzel e a cápsula de porcelana.

Figura 19 - Aparelho de
Casagrande e o respectivo cinzel

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 20 - Cápsula de porcelana

Fonte: Maximino (2015).


47

4.6.5 Limite de Plasticidade

Para o limite de plasticidade, seguiu-se a NBR 7180 (ASSOCIAÇÃO


BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984). Os equipamentos utilizados foram:
cápsulas metálicas e estufa.
Neste ensaio, para cada metro de profundidade, a amostra utilizada foi a
natural, sendo elas destorroadas e preparadas conforme NBR 6457 (ABNT,1986a)
onde se colocou cada amostra sobre uma mesa plana e foi se adicionando água em
pequenos acréscimos até se obter uma pasta homogênea. Após este início,
moldaram-se cilindros rolando-se o solo com a palma da mão em um comprimento de
100 milímetros até romper-se. Nestas condições de diâmetro e comprimento, após o
rompimento do corpo cilíndrico, com 3 milímetros de diâmetro, coletou-se amostras
deste solo na cápsula metálica para quantificar o Teor de Umidade, caracterizando
neste ensaio o Limite de Plasticidade.

4.6.6 Análise granulométrica

Os ensaios granulométricos foram realizados para cada metro de profundidade,


atendendo os critérios da NBR 7181 (ABNT, 1984b). O método utilizado foi o
peneiramento, onde determinaram-se as porcentagens das partículas que passam e
as que ficam retidas pelas diferentes medidas de peneiras em relação ao diâmetro
das partículas, ou seja, porcentagens em faixas especificadas de dimensões das
partículas em relação à massa total utilizada.
Para este ensaio foram utilizados apenas a balança semianalítica e o conjunto
de peneiras com as seguintes aberturas: 2,00 mm; 1,20 mm; 0,60mm; 0,30 mm; 0,15
mm; 0,075 mm, conforme Figura 21.

Figura 21 - Conjunto de Peneiras

Fonte: Maximino (2015).


48

Na realização do mesmo, para cada metro de profundidade, a amostra utilizada


foi seca na estufa, sendo elas destorroadas e preparadas conforme NBR 6457 (ABNT,
1986a). Pesou-se uma quantidade em torno de 200 g do material que foi utilizado no
peneiramento manual durante 3 minutos por cada peneira. Posteriormente pesou-se
a quantidade de material retido em cada peneira sendo possível assim inserir os
resultados no gráfico monolog, originando uma curva de distribuição granulométrica.

4.6.7 Índices Físicos e Critérios Utilizados

Além dos índices físicos obtidos em ensaios, outros que também foram
utilizados são: o grau de saturação (Sr); e o índice de vazios (e), calculados através
de deduções que resultam nas seguintes fórmulas:
𝜌𝑠 𝜌𝑠 .𝑤
𝑒 = 𝜌𝑑 − 1 𝑆𝑟 = 𝑒 .𝜌𝑤 (07)

Para aplicação dos critérios de colapsividade baseados em índices físicos e


limites de Atterberg, foi necessário também o índice de vazios no estado do limite de
liquidez (𝑒𝑙), onde utilizou-se a massa específica natural seca (ρd) e a massa
específica dos sólidos (ρs). As fórmulas empregadas foram:
𝜌𝑠 𝜌
𝑒𝑙 = 𝜌𝑑 − 1 = 𝜌𝑑 (08)
(1+𝑤)

Nesse trabalho os critérios empregados para avaliar a colapsividade do solo de


Pederneiras fornecem apenas informações qualitativas, tendo aplicados os seguintes
critérios:
a) Critério de Denisov;
b) Critério de Priklonskij;
c) Critério de Feda;
d) Critério de Gibbs & Bara;
e) Critério do código de construções da Ex-U.R.S.S;
f) Critério do código de obras da Ex-U.R.S.S;
g) Colapsividade em função da Granulometria para um solo classificado
Arenoso Fino Siltoso: 50 ≤ Scrit ≤ 60

O presente trabalho está limitado nestes critérios, que foram criados em


diferentes épocas e lugares de estudo.
49

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesse tópico serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios realizados,


a determinação dos índices físicos e limites de Atterberg e a aplicação dos critérios
de colapsividade baseados em índices físicos e limites de Atterberg.

5.1 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE

Os baixos valores de Teor de Umidade encontrados nas amostras ensaiadas


sugerem um solo de comportamento colapsível.
Na Tabela 7 são apresentados os resultados do ensaio de determinação do
teor de umidade.

Tabela 7 - Determinação do teor de umidade.


(Continua)

TEOR DE UMIDADE

Média
CÁPSULA CÁPSULA Teor de
dos
CÁPSUL + + MASSA MASSA Umidad
Amostr Teores
METROS A (Tara AMOSTR AMOSTR D'ÁGU SÓLIDO e-
a de
em g) A A SECA A (Mw) S - Ms(g) w
Umidad
(g) (g) (Mw/Ms)
ew

N° 1 9,79 20,09 19,21 0,88 9,42 9%


N° 2 10,22 22,86 21,82 1,04 11,6 9%

N° 3 10,54 22,26 21,29 0,97 10,75 9% 9%
metro
N° 4 10,64 20,55 22,52 -1,97 11,88 -17%
N° 5 10,43 22,91 21,86 1,05 11,43 9%
N° 6 10,14 23,13 21,91 1,22 11,77 10%
N° 7 10,8 22,55 21,49 1,06 10,69 10%

N° 8 9,95 20,32 19,33 0,99 9,38 11% 10%
metro
N° 9 10,41 21,09 20,12 0,97 9,71 10%
N° 10 10,25 21,88 20,84 1,04 10,59 10%
50

Tabela 8 - Determinação do teor de umidade


(Continuação)

N° 11 9,92 21,19 20,12 1,07 10,2 10%


N° 12 9,96 21,04 20,03 1,01 10,07 10%

N° 13 10,83 23,57 22,39 1,18 11,56 10% 10%
metro
N° 14 10,46 23,38 22,22 1,16 11,76 10%
N° 15 10,56 24,4 23,19 1,21 12,63 10%
N° 16 10,13 21,05 19,95 1,1 9,82 11%
N° 17 10,3 22,72 21,39 1,33 11,09 12%

N° 18 9,96 21,6 20,41 1,19 10,45 11% 12%
metro
N° 19 10,5 25,55 23,96 1,59 13,46 12%
N° 20 9,47 24,51 22,9 1,61 13,43 12%
N° 21 11,14 24,84 23,35 1,49 12,21 12%
N° 22 9,78 20,67 19,92 0,75 10,14 7%

N° 23 10,83 20,33 19,26 1,07 8,43 13% 11%
metro
N° 24 10,45 22,14 20,94 1,2 10,49 11%
N° 25 10,16 21,91 20,65 1,26 10,49 12%
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ressalta que para o primeiro metro foi desconsiderado a quarta amostra por
erro humano.

5.2 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA SECA E DA MASSA ESPECÍFICA


NATURAL

Os valores encontrados de massa específica natural e massa específica seca


do solo estão dentro dos valores comuns para esses índices físicos.
Na Tabela 8 são apresentados os resultados do ensaio de determinação da
massa específica natural e da massa específica seca do solo.
51

Tabela 9 - Massa específica seca

MASSA ESPECÍFICA SECA DA AMOSTRA NATURAL

CÁP.
VOL. CÁP.+
CÁP. + W ρd ρd
METROS Amostra CÁP. AMOSTRA Ms(g)
Tara (g) AMOSTRA. Mw/Ms g/cm³ g/cm³
(ml) SECA (g)
(g)
19,7
N° 16 10,13 31,77 21 29,84 10% 0,94
1
18,5
1° metro N° 17 10,29 30,62 21 28,88 9% 0,89 0,88
9
18,5
N° 18 10,72 31,07 23 29,31 9% 0,81
9
18,8
N° 19 10,53 31,18 23 29,33 10% 0,82
0
19,4
2° metro N° 20 9,47 30,88 24 28,9 10% 0,81 0,81
3
18,3
N° 21 11,17 31,32 23 29,48 10% 0,80
1
19,5
N° 22 9,76 31,22 23 29,26 10% 0,85
0
20,7
3° metro N° 23 10,06 32,92 24 30,79 10% 0,86 0,84
3
19,6
N° 24 10,42 32,09 24 30,06 10% 0,82
4
20,3
N° 25 10,11 32,98 25 30,46 12% 0,81
5
20,5
4° metro N° 26 10,21 33,23 24 30,71 12% 0,85 0,86
0
20,6
N° 27 10,22 33,40 23 30,87 12% 0,90
5
21,8
N° 28 9,84 34,32 25 31,69 12% 0,87
5
21,5
5° metro N° 29 10,40 34,54 23 31,94 12% 0,94 0,90
4
20,6
N° 30 9,99 33,04 23 30,61 12% 0,90
2
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 10 - Massa específica natural


Profundidade
Índices Físicos Unidade
1° Metro 2° Metro 3° Metro 4° Metro 5° Metro

Massa esp. do
g/cm³ 0,96 0,89 0,93 0,96 1,00
solo (ρ)
Fonte: Elaborado pelo autor.
52

5.3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS

Os valores encontrados de massa específica dos sólidos são compatíveis com


o de solos arenosos.
Na Tabela 10 são apresentados os resultados do ensaio de determinação da
massa específica dos sólidos.

Tabela 11 - Determinação da massa específica dos sólidos

MASSA ESPECÍFICA DOS SÓLIDOS (ρs)


VOL. INIC.
VOL. FINAL VOLUME DE
FRASCO DE Ms ρs
METROS F. CHAPMAN SÓLIDOS
CHAPMAN (g) (g/cm³)
(ml) (Vs)
(ml)
1° metro 378 55,08 399 21 2,62
2° metro 379 57,43 398 19 3,02
3° metro 381 56,52 400 19 2,97
4° metro 377 55,15 398 21 2,63
5° metro 380 52,98 399 19 2,79
Fonte: Elaborado pelo autor.

5.4 DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ

Os baixos valores do limite de liquidez encontrados são compatíveis com solos


arenosos e sugerem características de um solo colapsível.
Na Tabela 11 são apresentados os valores obtidos no ensaio de determinação
do limite de liquidez.
53

Tabela 12 - Determinação do Limite de Liquidez (LL)

DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ (LL)

CÁPSULA CÁPSULA
MASSA MASSA
N° de CÁPSULA + + w
METROS Amostra D'ÁGUA SÓLIDOS
golpes Tara em g AMOSTRA AMOSTRA (Mw/Ms)
(g) (g)
(g) SECA (g)

N° 1 13 9,84 18,06 16,76 1,30 6,92 19%


1° metro N° 2 30 10,35 20,64 19,13 1,51 8,78 17%
N° 3 25 10,54 17,44 16,38 1,06 5,84 18%
N° 4 15 10,63 16,60 15,57 1,03 4,94 21%
2° metro N° 5 23 10,45 17,74 16,53 1,21 6,08 20%
N° 6 70 10,12 21,74 19,9 1,84 9,78 19%
N° 7 32 10,77 21,97 20,05 1,92 9,28 21%
3° metro N° 8 60 9,94 17,35 16,15 1,2 6,21 19%
N° 9 22 10,38 26,76 23,7 3,06 13,32 23%
N° 10 68 10,25 20,01 18,16 1,85 7,91 23%
4° metro N° 11 17 9,92 24,76 21,77 2,99 11,85 25%
N° 12 15 9,98 23,21 20,4 2,81 10,42 27%
N° 13 15 10,8 28,84 25,25 3,59 14,45 25%
5° metro N° 14 60 10,5 21,34 19,47 1,87 8,97 21%
N° 15 40 10,59 22,31 20,12 2,19 9,53 23%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Nas Figuras 20, 21, 22, 23 e 24 são mostrados os gráficos que resultam nos
valores de limite de liquidez, sendo elas respectivamente do primeiro, segundo,
terceiro, quarto e quinto metro de profundidade.
54

Figura 20 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 1º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 21 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 2º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.


55

Figura 22 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 3º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 23 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 4º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.


56

Figura 24 - Gráfico de determinação do Limite de Liquidez: 5º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.5 DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE PLASTICIDADE

Tabela 13 - Determinação do Limite de Plasticidade (LP)

DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE PLASTICIDADE (LP)

CÁPSULA CÁPSULA
CÁPSULA MASSA MASSA
+ + w
METROS Amostra (Tara em D'ÁGUA SÓLIDOS
AMOSTRA AMOSTRA (Mw/Ms)
g) (g) (g)
(g) SECA (g)

1° metro N° 1 9,79 10,56 10,49 0,07 0,7 10%

2° metro N° 2 10,22 11,67 11,55 0,12 1,33 9%

3° metro N° 3 10,54 12,06 11,83 0,23 1,29 18%

4° metro N° 4 10,64 11,33 11,19 0,14 0,55 25%

5° metro N° 5 10,43 11,30 11,18 0,12 0,75 16%


Fonte: Elaborado pelo autor.
57

5.6 RESULTADOS DA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Os resultados obtidos evidenciam um solo arenoso silte argiloso, sendo grande


parte dele composto de areia fina. Nas Tabelas 13,14,15,16 e 17 são apresentados
os valores em porcentagem de material retido e que passa em cada peneira.

Tabela 14 - Material retido e que passa em cada peneira – 1° Metro

Massa retida Porcentagem Porcentagem Porcentagem


Peneiras (mm)
(g) Retida Acumulada que passa

2,00 0 0 0 100%
1,20 2,08 1% 1% 99%
0,60 13,27 6% 7% 93%
0,30 62,91 27% 34% 66%
0,15 105,61 45% 79% 21%
0,075 31,05 13% 92% 8%
Fundo 17,63 8% 100% 0%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 15 - Material retido e que passa em cada peneira – 2° Metro


Massa retida Porcentagem Porcentagem Porcentagem
Peneiras (mm)
(g) Retida Acumulada que passa

2,00 0 0% 0 100%
1,20 0,03 0% 0% 100%
0,60 5,17 2% 2% 98%
0,30 52,94 23% 25% 75%
0,15 116,01 50% 75% 25%
0,075 37,59 16% 91% 9%
Fundo 21,49 9% 100% 0%
Fonte: Elaborado pelo autor.
58

Tabela 16 - Material retido e que passa em cada peneira – 3° Metro

Massa retida Porcentagem Porcentagem Porcentagem


Peneiras (mm)
(g) Retida Acumulada que passa

2,00 0 0% 0% 100%
1,20 0,08 0% 0% 100%
0,60 7,14 3% 3% 97%
0,30 55,82 24% 27% 73%
0,15 110,9 48% 76% 24%
0,075 35,92 16% 91% 9%
Fundo 19,72 9% 100% 0%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 17 - Material retido e que passa em cada peneira – 4° Metro

Massa retida Porcentagem Porcentagem Porcentagem


Peneiras (mm)
(g) Retida Acumulada que passa

2,00 0 0% 0% 100%
1,20 0,14 0% 0% 100%
0,60 6,33 3% 3% 97%
0,30 43,64 19% 22% 78%
0,15 106,27 47% 70% 30%
0,075 38,75 17% 87% 13%
Fundo 29,19 13% 100% 0%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 18 - Material retido e que passa em cada peneira – 5° Metro

Massa retida Porcentagem Porcentagem Porcentagem


Peneiras (mm)
(g) Retida Acumulada que passa

2,00 0 0% 0% 100%
1,20 0,18 0% 0% 100%
0,60 10,55 4% 4% 96%
0,30 66,11 26% 30% 70%
0,15 118,34 46% 76% 24%
0,075 37,79 15% 91% 9%
Fundo 23,06 9% 100% 0%
Fonte: Elaborado pelo autor.
59

Nas Figuras 25, 26, 27,28 e 29 são apresentadas as curvas granulométricas, sendo
elas respectivamente do primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto metro de profundidade.

Figura 25 - Curva granulométrica: 1º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.


Figura 26 - Curva granulométrica: 2º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.


60

Figura 27 - Curva granulométrica: 3º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 28 - Curva granulométrica: 4º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.


61

Figura 29 - Curva granulométrica: 5º metro

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.7 DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES FÍSICOS E APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS

Na Tabela 18 são apresentados os valores dos índices físicos alcançados


através dos ensaios e também por correlações de fórmulas, sendo estes aplicados na
obtenção dos coeficientes de colapsividade indicados pelos autores dos critérios
baseados em índices físicos e limites de Atterberg mencionados neste trabalho.

Tabela 19 - Determinação dos Índices físicos do solo

DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES FÍSICOS


Profundidade
Índices Físicos Unidade
1° Metro 2° Metro 3° Metro 4° Metro 5° Metro
Teor de
Umidade Natural - 9% 10% 10% 12% 11%
(w)
Massa esp. do
g/cm³ 0,96 0,89 0,93 0,96 1,01
solo (ρ)
Massa esp. seca
g/cm³ 0,88 0,81 0,84 0,86 0,90
do solo (ρd)
Massa esp. dos
g/cm³ 2,62 3,02 2,97 2,63 2,79
sólidos (ρs)
62

Limite de
- 18% 21% 23% 26% 24%
Liquidez (LL)
Limite de
- 10% 9% 18% 25% 16%
Plasticidade (LP)
Grau de
- 12% 11% 12% 15% 15%
Saturação (Sr)
Índice de vazios
- 1,99 2,74 2,53 2,07 2,09
(e0)
Índice de vazios
no estado limite - 2,22 3,08 2,87 2,42 2,39
de liquidez (el)
Teor Umid. p/
- 76% 91% 85% 79% 75%
100% Sat.(Wsat)
Fonte: Elaborada pelo autor.

Na Tabela 19 podem-se observar os coeficientes de colapsividade obtidos ao


aplicar-se os critérios baseados em índices físicos e limites de Atterberg.

Tabela 20 - Coeficientes de colapsividade


Obras Obras
Gibbs
Denisov Priklonskij Feda da Ex - da Ex -
Profundidade & Bara Script
(K) (Kd) (K) U.R.S.S U.R.S.S
(K)
(λ) (CI)
1° Metro 1,12 1,11 8,23 4,21 0,23 -0,08 12%

2° Metro 1,12 0,91 6,82 4,32 0,19 -0,09 11%

3° Metro 1,14 2,51 12,98 3,69 0,23 -0,10 12%

4° Metro 1,17 14,00 55,00 3,03 0,33 -0,11 15%

5° Metro 1,14 1,61 7,37 3,12 0,28 -0,10 15%


Fonte: Elaborada pelo autor.
Para que o solo seja considerado colapsível:
a) Critério de Denisov: 0,50 < K < 0,75
b) Critério de Priklonskij: Kd ≥ 0,5
c) Critério de Feda: Kd > 0,85
d) Critério de Gibbs & Bara: K > 1,00
e) Critério do código de construções da Ex-U.R.S.S: λ > -0,10 e Sr < 60%
f) Critério do código de obras da Ex-U.R.S.S: CI > 0,10 e Sr < 80%
g) Colapsividade em função da Granulometria para um solo classificado
Arenoso Fino Siltoso: 50 ≤ Scrit ≤ 60.
63

6 CONCLUSÃO

Após os ensaios realizados e, com a aplicação dos índices físicos e do limite


de Atterberg no teórico levantado durante as pesquisas bibliográficas para o presente
trabalho, pode-se confirmar a presença de um solo predominantemente arenoso,
cujas camadas superficiais apresentaram um alto índice de vazios e baixo teor de
umidade, sendo essas características indicativas de que o solo é colapsível.
Deste modo, o grau de colapsividade do solo onde foram coletadas as amostras
ficou claro através da utilização de seis critérios baseados em índices físicos e no
limite de Atterberg que fornecem apenas informações qualitativas do fenômeno do
colapso, cinco amostras apresentaram seu coeficiente de colapsividade dentro da
margem estabelecida pelo autor e, para o autor Denisov, o solo se apresentou como
moderadamente colapsível. Quanto ao critério de colapsividade em função da
granulometria para o solo classificado, foram desconsiderados os coeficientes devidos
os valores estarem discrepantes.
Conclui-se comparando estes resultados com as pesquisas mais aprofundadas
realizadas por diversos autores como Agnelli (1992), Lobo (1991 apud AGNELLI,
1992) e Ferreira (1991 apud AGNELLI, 1997) para o solo da região, precisamente de
Bauru, o mesmo apresenta características idênticas em relação ao colapso por mais
que a área pesquisada apresente uma maior quantidade de argila.
64

REFERÊNCIAS

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______. NBR 6457: Amostras de Solo: Preparação para ensaios de compactação e


ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986.

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1984.

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______. NBR 7180: Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.

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Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 1992.

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