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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula (ISEUNA)

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE COMPARATIVA DA DOSAGEM DE BETÃO “IN SITU” (NO LOCAL) E


NA CENTRAL

Tito Emílio Carlos Manuel

Código de Estudante: 585287

Nampula,

2023
Tito Emilio Carlos Manuel

Código de Estudante: 585287

ANÁLISE COMPARATIVA DA DOSAGEM DE BETÃO “IN SITU” (NO LOCAL) E


NA CENTRAL

Monografia apresentada à Universidade Politécnica,

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula –

ISEUNA, como requisito parcial para a obtenção do Grau

de Licenciado em Engenharia Civil.

Tutor: Eng.º. Abílio Bringo

Nampula,
2023
Dedicatória

Dedico este trabalho em memória aos meus avós:

Manuel Silva Murrigo;

Cristina Cobre;

Celina Ussene.

i
Agradecimentos

Em primeiro lugar, a Deus, que fez com que meus objectivos fossem alcançados, durante
todos os meus anos de estudos.

Aos meus pais, Carlos Manuel e Maria Emília Aiupa Manuel por me darem o dom da vida, e
nunca terem medido esforços para me proporcionar um ensino de qualidade durante todo o
meu período escolar, pelo cuidado e suporte, me incentivando nos momentos difíceis e
compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava nos estudos e na realização deste
trabalho.

Agradeço aos professores, funcionários do Instituto Superior de Estudos Universitários de


Nampula – ISEUNA, por todos os conselhos, pela ajuda e pela paciência com a qual guiaram
o meu aprendizado.

Em especial, ao meu supervisor Eng.º. Abílio Bringo, pelas correções e ensinamentos que me
permitiram apresentar esta monografia. A docente PhD Ana Maria Guina, Eng.º. Arlindo
Munguambe, Eng.º. Alfredo Pérez Garcia, Eng.º. Abel Crisóstomo Carlos, Eng.º. Célio
Rapieque, Eng.º. Chungu robate, e Dr. José Augusto Guina pelos ensinamentos e conselhos
dados ao longo do período.

Agradeço a Lúdia Abdul, uma amiga incrível e minha querida namorada que sempre esteve
ao meu lado durante o meu percurso acadêmico.

Aos meus colegas que se tornaram amigos e irmãos de modo particular: Muhammad Farhan
Nasser, Melvin Sumbane, Emanuel Algamassa, Sérgio Albano, Iderson Mandede,
Hermenegildo Quaria, Anderson Victor, Henry Frank, Edmilson Nhalia, Luís Pondja,
Cumuaha Henriques, Zulficar Matias, Isolda Oficial e mais, que mais do que amigos, e
colegas foram reais parceiros de batalha.

A minha familia, que directa ou indirectamente me incentivaram e inspiraram através de


gestos e palavras a superar todas as dificuldades.

Por fim, a todas as pessoas que de alguma forma estiveram envolvidas ne realização deste
trabalho.

O Meu Muito OBRIGADO!

ii
Parecer do Supervisor

iii
Resumo

O presente trabalho apresenta uma análise comparativa da dosagem de betão na


construção civil, dai que esta monografia tem como objectivo geral, consumar um estudo da
dosagem de betão in situ (no local da obra), e na central, desenvolvendo de igual modo, os
custos, e os benefícios deste material, dosado nestas duas situações. Foi realizado estudos de
acordo com os seguintes instrumentos de pesquisa: livros, sondagens, relatórios, sites, artigos
de sites, dicionário. Foram também utilizados o REBAP, e a Tabela Técnica para
Engenheiros civis. Todavia, neste trabalho foi definido por suposição a betonagem de uma
laje de cobertura de 40 m³, como base para está comparação, e após esta análise com os dados
apresentados, foi possível identificar que, apesar dos métodos de dosagem diferirem entre sí,
certas actividades são comuns a todos, como por exemplo a correlação da resistência à
compressão com a relação água/cimento para determinado tipo e classe de cimento, a
evolução do crescimento da resistência com o tempo, o consumo de água por unidade de
volume para obtenção da trabalhabilidade requerida, certos ajustes e as correções em obra.
Em suma, a dosagem de betão in situ (no local da obra), é mais económica, mas na maioria
das vezes não atende a resistência exigida pelos projectistas, devido a uma baixa precisão na
exatidão de cálculos, ou seja, traços a serem utilizados coerentemente, baixando assim, sua
qualidade, deste modo, apesar do seu custo reduzido, tem suas desvantagens e limitações.
Ultimamente o fato de utilizar betão feito no local de obras, é uma possibilidade analisada
criteriosamente, que muitas das vezes é denominada, inviável, devido diversos fatores como:
à questão da limpeza no local da obra, o espaço disponível para que seja realizado esse
procedimento, o gasto maior de água, energia elétrica, dentre outros fatos que podem causar à
perda de qualidade, ao concluir o processo final do betão. Este também nem se compara ao
betão dosado numa central, com alto desenvolvimento tecnológico na produção, podendo
assim, avaliar o controle de qualidade. As análises mostram como melhor alternativa para
obra a utilização do betão dosado na central, tendo em vista, a agilidade na aplicação do
produto, menor custo do valor homem/hora aplicado durante a operação e a garantia da
qualidade e dos requisitos exigidos pelas normas atualmente em vigor.

Palavras-chave: Betão; Dosagem-de-betão in situ e na central; custos; benefícios.

iv
Abstract

The present work presents a comparative analysis of the concrete dosage in civil
construction, which is why this monograph has as general objective, to consummate a study
of the concrete dosage in situ (at the work site), and in the power station, developing in the
same way, the costs, and the benefits of this material, dosed in these two situations. Studies
were carried out according to the following research instruments: books, surveys, reports,
websites, website articles, dictionary. REBAP and the Technical Table for Civil Engineers
were also used. However, in this work, the concreting of a 40 m³ roof slab was hypothetically
defined, as a basis for this comparison, and after this analysis with the data presented, it was
possible to identify that, despite the dosage methods differing from each other, certain
activities are common to all, such as the correlation of compressive strength with the
water/cement ratio for a given type and class of cement, the evolution of strength growth over
time, water consumption per unit volume to obtain the required workability , certain
adjustments and corrections on site. In short, in-situ concrete dosing (at the construction site)
is more economical, but most of the time it does not meet the resistance required by
designers, due to a low precision in the accuracy of calculations, that is, traces to be used.
coherently, thus lowering its quality, in this way, despite its reduced cost, it has its
disadvantages and limitations. Lately, the fact of using concrete, made at the construction
site, is a possibility carefully analyzed, which is often called unfeasible, due to several factors
such as: the issue of cleanliness at the construction site, the space available for this to be
carried out. procedure, the greater expenditure of water, electricity, among other facts that
can cause a loss of quality, when concluding the final process of the concrete. This also does
not even compare to the concrete dosed in a plant, with high technological development in
production, thus being able to evaluate the quality control. The analyzes show that the use of
concrete dosed at the plant is the best alternative for the work, in view of the agility in the
application of the product, lower cost of the man/hour value applied during the operation and
the guarantee of the quality and the requirements demanded by the standards currently in
effect.

Keywords: Concrete; Concrete-dosing in situ and at the plant; costs; benefits.

v
Índice
Dedicatória.............................................................................................................................................i
Agradecimentos.....................................................................................................................................ii
Parecer do Supervisor...........................................................................................................................iii
Resumo.................................................................................................................................................iv
Abstract.................................................................................................................................................v
Lista de Figuras....................................................................................................................................ix
Lista de Gráficos....................................................................................................................................x
Lista de Tabelas....................................................................................................................................xi
Lista de Abreviaturas...........................................................................................................................xii
Lista de Siglas....................................................................................................................................xiii
DISPOSIÇÕES INICIAIS.....................................................................................................................1
Introdução..........................................................................................................................................1
Objectivos..............................................................................................................................................3
 Objectivo Geral:........................................................................................................................3
 Objectivos Específicos:..............................................................................................................3
Justificativa............................................................................................................................................4
Hipóteses:..............................................................................................................................................4
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................6
1.1 – Conceitos Gerais.......................................................................................................................6
1.1.1 Betão.........................................................................................................................................6
1.1.2 Betão Armado...........................................................................................................................7
1.1.3 Classificação dos betões de Cimento........................................................................................7
1.1.4 Qualidades de betões................................................................................................................8
1.1.5 Caracteristicas do Betão..........................................................................................................10
1.1.6 Propriedades do Betão fresco..................................................................................................11
1.1.7 Propriedades do Betão endurecido..........................................................................................12
1.1.8 Composição do Betão.............................................................................................................12
1.1.8.1 Cimento...........................................................................................................................12
1.1.8.2 Inertes..............................................................................................................................13
1.1.8.3 Forma dos Grãos..............................................................................................................17
1.1.8.4 Água................................................................................................................................18
1.1.8.5 Adjuvantes.......................................................................................................................18
1.2 Dosagem De Betão....................................................................................................................21
1.2.1 Evolução Dos Métodos De Dosagem..................................................................................21
1.2.2 Objectivo e Metodológia Geral de Dosagem..........................................................................23

vi
1.2.3 Preparo, Lançamento, Transporte, Adensamento....................................................................25
1.2.4 Normas para Avaliação da Eficiência.....................................................................................25
1.2.5 Dosagem De Betao Em Centrais Industriais...........................................................................26
1.2.5.1 Vantagens do Betão Feito em Centrais Industriais...............................................................27
1.2.5.2 Desvantagens do Betão Feito em Centrais Industriais.........................................................28
1.2.5.3 Processo de Dosagem do Betão na Central Industrial..........................................................28
1.2.6 Dosagem De Betao “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)..............................................32
1.2.6.1 Vantagens do Betão “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)...........................................33
1.2.6.2 Desvantagens do Betão “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)......................................33
1.2.6.3 Equipamentos Usados na Dosagem do Betão “In Situ” (No local ou Canteiro de Obra):....34
1.2.7 Tempo de Mistura...................................................................................................................37
1.2.8 Ordem de colocação dos Materiais na Betoneira....................................................................38
1.2.9 Transporte...............................................................................................................................38
1.2.9.1 Transporte Horizontal......................................................................................................39
1.2.9.2 Transporte Inclinado........................................................................................................40
1.2.9.3 Transporte Vertical..........................................................................................................40
1.2.10 Bombas.............................................................................................................................41
1.2.11 Camiões-Betoneira...........................................................................................................42
1.2.12 Tempo de Transporte............................................................................................................42
1.2.13 Adensamento........................................................................................................................43
1.2.13.1 Adensamento Manual....................................................................................................43
1.2.13.2 Adensamento Mecânico................................................................................................44
1.3 Factores que Influem na Resistência à Compressão do Betão....................................................44
1.3.2 Quantificação Dos Factores Que Influem Na Resistência.......................................................46
1.3.3 Controle De Produção De Betão.............................................................................................48
CAPÍTULO II – METODOLOGIA.....................................................................................................49
2.1 Tipo de pesquisa........................................................................................................................49
2.2 Instrumentos..............................................................................................................................50
2.2.1 Procedimentos de colecta de dados.........................................................................................50
CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO: SECTOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL – EDIFÍCIO
RESIDENCIAL – NAMPULA...........................................................................................................51
3.1 Contexto....................................................................................................................................51
3.1.1 Caracterização do Objecto de Estudo......................................................................................51
CAPÍTULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS.............................................................................60

vii
CAPÍTULO V – DISPOSIÇÕES FINAIS...........................................................................................62
5.1 – Conclusão...............................................................................................................................62
5.2 Sugestões...................................................................................................................................62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................64

viii
Lista de Figuras

Figura 1 : Inerte fino (Areia média).........................................................................................16


Figura 2 : Inerte grosso (Brita 1)..............................................................................................17
Figura 3 : Ilustração de uma Central de Betão.........................................................................26
Figura 4 : Processo de carregamento e pesagem dos materias numa central...........................29
Figura 5 : Painel de Controle de uma central de betão............................................................30
Figura 6 : Processo de homogeneização dos materiais com o auxilio de um camião-betoneira
..................................................................................................................................................30
Figura 7 : Silos de Cimento......................................................................................................31
Figura 8 - Processo de transporte dos materiais com o auxilio de uma transportadora de
correia (esteira).........................................................................................................................31
Figura 9 - Dosagem e mistura feita no local da obra...............................................................33
Figura 10 - Carrinho de mão....................................................................................................34
Figura 11 - Demonstração de uma pá usada na construção civil.............................................35
Figura 12 - Betoneira, equipamento usado na construção civil...............................................36
Figura 13 - Balde de 10 Litros usados na dosagem, transporte e lançamento de betão...........37
Figura 14 - Demonstração de um transporte horizontal (carrinho de mão)............................39
Figura 15 - Tapete rolante, usado no lançamento de betão......................................................40
Figura 16 - Transporte de betão, usando bombas....................................................................41
Figura 17 - Veículo providos de betoneiras (Camião betoneira).............................................42
Figura 18 - Processo de Adensamento do betão......................................................................43
Figura 19 - Fotográfia Satélite da Cidade de Nampula............................................................51
Figura 20 - Localização da obra, no bairro de Muahivire-Expansão (Jardim)........................52
Figura 21 - Esboço da laje........................................................................................................53

ix
Lista de Gráficos

Gráfico 1: Consumo total dos Materiais..................................................................................56


Gráfico 2: Custo Total dos Materiais em Meticais..................................................................57
Gráfico 3: Analíse dos Custos..................................................................................................60

x
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Classificação de betões.............................................................................................7


Tabela 2 - Valores máximos dos parâmetros definidores da qualidade.....................................8
Tabela 3 - Valores de sd (desvio padrão) em função do rigor da produção...............................8
Tabela 4 - Classe de betões tipo B.............................................................................................9
Tabela 5 - Classes de betões tipo BD.......................................................................................10
Tabela 6 - Sentido da evolução de diversos parâmetros da dosagem em função da
trabalhabilidade, da resistência mecânica e do custo...............................................................11
Tabela 7 - Ligantes a utilizar....................................................................................................13
Tabela 8 - Características dos Inertes.......................................................................................14
Tabela 9 - Classificação dos inerte fino...................................................................................16
Tabela 10 - Classificação dos inerte grosso.............................................................................17
Tabela 11 - Síntese cronológica da evolução dos métodos de dosagem de betão no mundo. .22
Tabela 12 - Relação índice de vazios com a resistência do betão............................................43
Tabela 13 - Principais factores que influem o resultado da resistência à compressão potencial
do betão medida no ensaio de controle....................................................................................46
Tabela 14 - Quadro de cimento, areia, brita para 1 m³ de betão..............................................54
Tabela 15 - Custo dos Materiais Componentes do Betão........................................................55
Tabela 16 - Custo dos Materiais Componentes do Betão Por m³............................................56
Tabela 17 - Custo total dos materiais.......................................................................................57
Tabela 18 - Rendimento de Mão-de-Obra...............................................................................58
Tabela 19 - Custo total dos encargos.......................................................................................58
Tabela 20 - Resultados obtidos................................................................................................60

xi
Lista de Abreviaturas

Av. – Avenida

fck – resistência característica do betão à compressão

Kg – Quilogramas

km² - Quilômetro quadrado

MPa - Megapascal

m² – metro quadrado

m³ - metro cúbico

Sd – Desvio Padrão

TGBPO – Total gasto com Betão Produzido na Obra

TGBPC – Total gasto com Betão Produzido na Cental

xii
Lista de Siglas

In Situ – No local

ISEUNA – Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula

LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil

REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado

xiii
“Somos Arquitectos do Nosso Próprio Destino”
Albert Einstein

xiv
DISPOSIÇÕES INICIAIS
Introdução

A frequente transformação no cenário da construção civil no mundo e em


Moçambique, as inovações tecnológicas, racionalização na construção (redução de prazos e
custos), são motivos que possibilitaram investimentos em estudos e desenvolvimento dos
diversos tipos de métodos de dosagem do betão. Segundo o PORTAL DO BETÃO, com toda
a tecnologia desenvolvida para o betão que conta com diversos meios tecnológicos que vai
desde a dosagem de adjuvantes até controle tecnológico das centrais de betão, dosar o betão
na obra passou a ser uma atividade que deve ser bastante analisada hoje em dia e com muito
critério. De acordo com Coutinho (1973), Betão é um material constituido pela mistura,
devidamente proporcionada de inertes (brita e areia), um ligante hidráulico (cimento), água e
eventualmente, adjuvantes. A propriedade que os produtos da reacção do ligante com a água
têm de endurecer, confere à mistura uma coesão e resistência que permite servir como
material de construção. Assim, ao longo dos últimos tempos, as empresas associadas a
produção e fornecimento de betão, vêm realizando constantes investimentos para
aprimoramento das técnicas de dosagem, como forma de contribuir para o melhoramento dos
serviços de betonagem.

A busca constante da qualidade, aliada a necessidade da redução de custos e a


racionalização dos canteiros de obras, faz com que o betão dosado em central, seja cada vez
mais utilizado no mercado da construção civil, o que difere ele do betão feito na obra, que na
maioria das vezes é usado para pequenas betonagens, onde não requer produção em grande
escala, é a sua praticidade no tocante ao preparo para a sua aplicação. O betão produzido nas
Centrais, apresenta inúmeras características que conferem a ele um poderoso material da
construção civil. De acordo com Mehta e Monteiro (2008), no presente momento o consumo
mundial de betão é da ordem de 11 bilhões de toneladas métricas ao ano, tendo motivos
fundamentais para esse volume significativo, o fato da qualidade que tem o betão de suportar
a aplicação de esforços externos sem ceder ou romper.

- Neste contexto levanta-se a seguinte pergunta de partida:

1
Entre os métodos de dosagem de betão em estudo, qual é o mais viável para a sua adopção
em estruturas de edifícios?

Devido a algumas pesquisas, estudos, experiência posta em pratica é lógica a questão


do cuidado que se deve ter ao fazer o procedimento de betonagem de uma estrutura, não se
deve apenas saber se é viável ou não, a questão de utilizar um betão dosado no local da obra
ou um betão feito na central, é preciso ter o máximo de cuidado ao aplicá-lo, também, as
ferragens obrigatoriamente devem estar posicionadas em seus devidos locais, prontos para
betonagem, sendo assim tem que estar verificadas com espaçadores, para que a ferragem não
toque nas fôrmas de proteção, pois poderá ocasionar problemas futuros, sendo que é preciso
molhar as formas antes da betonagem, lembrando que, ao lançar o betão em seu devido local,
é preciso utilizar o vibrador, para que se tenha uma boa mistura dos inertes não os deixando
localizados em um só local, o que pode comprometer a estrutura; não se deve tocar o vibrador
na ferragem em hipótese alguma, pois o vibrador pode tirar a armadura do seu devido lugar.

Vale ressaltar que o betão deve ser lançado após o seu preparo, sendo que não é
recomendado, nem tão pouco permitido um intervalo igual ou superior a 1 hora dentre o fim e
o lançamento, é preciso respeitar o horário limite que é de 2:30h entre a saída do caminhão da
central e o lançamento, este mesmo procedimento é válido caso haja interrupções,
abrangendo o betão já lançado e adensado e betão novo. Caso tenham-se defeitos perceptivos
na superfície, o profissional responsável pela obra poderá autorizar as correções. As
correções devem por sua vez seguir as recomendações das normas em vigor.

2
Objectivos

Segundo Marconi e Lakatos (2005: 209) “Objectivo geral está ligado a uma visão
global e abrangente do tema, relacionam-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e
eventos, quer das ideias estudadas, vincula-se directamente à própria significação da tese
proposta pelo projecto”.

Neste estudo, o objectivo geral é:

 Objectivo Geral:

 Efectuar uma análise comparativa da dosagem de betão produzido “in situ”(no local
da obra) e na Central de Betão, no sector de construção civil - Nampula.

 Objectivos Específicos:

Lakatos e Marconi (2001:102) afirmam que os objectivos específicos “apresentam


carácter mais concreto. Tem a função intermediária e instrumental, permitindo de um lado
atingir o objectivo geral e do outro lado aplicar a situações particulares.”

Assim, especificamente, pretende-se com esta pesquisa:

 Enfatizar a origem e história do betão, características, assim como os seus métodos de


control de qualidade de betão;
 Dar uma ênfase a um breve histórico da evolução dos métodos de dosagem;
 Retratar dos benefícios da utilização de cada método de dosagem em estudo
(Dosagem do betão in situ ou na Central);
 Desenvolver um balanço técnico-financeiro entre os métodos de dosagem em estudo,
o método de dosagem in situ (no local da obra) e o método de dosagem utilizados em
centrais de betão;
 Entabular um estudo de viabilidade dos métodos em estudo.

3
Justificativa

Segundo Roesch (1999), “Justificar é apresentar razões para a própria existência do


projecto” e “em termos gerais, é possível justificar um projecto através de sua importância,
oportunidade e viabilidade”.

Inovações técnicas e materiais vêm sendo empregues a fim de aprimorar o


desempenho das construções e cumprir-se com que os gastos com a execução tornem-se cada
vez menores. Esta premissa torna necessários estudos comparativos entre distintos tipos de
métodos construtivos para que se possa garantir a escolha apropriada da estrutura que
apresenta melhor desempenho e menor consumo de materiais.

A conduta estrutural e os custos, são factores importantes na significação da solução


estrutural para os betões. Estudar os distintos tipos de método de dosagem vem a ser de
extrema importância visto que a escolha do tipo de método possui um impacto directo na
qualidade e resistência do betão que será utilizado e no tempo de execução, tornando-se
interessante o estudo aprofundado de suas características objetivando soluções técnicas que
dizimem o custo final da edificação.

Hipóteses:

De acordo com Gil (2008:41), o papel fundamental das hipóteses na pesquisa é


sugerir explicações para os factos e, estas podem ser aceites ou rejeitadas.

 Hipótese 1: A Dosagem de betão “in situ”(no local da obra) é a melhor escolha para
betonagem de estruturas em edificios, pois apresenta menor custo, quando
comparado com o betão dosado numa central.
 Hipótese 2: A Dosagem de betão na central é a melhor escolha para betonagem de
estruturas em edificios, pois apresenta maior resistência, ou seja, possui alto
desenvolvimento tecnológico na produção, podendo assim, avaliar o controle de
qualidade quando comparada com o betão dosado “in situ”(no local da obra).

4
Estrutura do Trabalho

Este trabalho encontra-se estruturado, além das disposições iniciais, contém 5 capítulos:

Nas disposições iniciais constam os elementos pré-textuais, como a introdução que traz breve
estudo de objecto e sua relevância, justificativa do tema, descrevendo sua problematização
com as possíveis hipóteses e seus respectivos objectivos para concretização da pesquisa.

Capítulo I – O primeiro capítulo aborda sobre a fundamentação teórica da pesquisa,


possibilitando uma aproximação teórica e conceitual sobre o tema. Nesse capítulo, faz-se uma
revisão sobre os conceitos e noções sobre a origem e história do betão; benefícios da
utilização de cada um dos métodos em estudo.

Capítulo II – O segundo capítulo, refere-se aos procedimentos metodológicos, que trata do


percurso e dos métodos que foram utilizados no desenvolvimento da pesquisa como
instrumento de recolha de informações para compilação deste trabalho.

Capítulo III – Neste capítulo aprofunda o estudo de forma técnica, enfocando a


caracterização do sistema e seu problema no âmbito construtivo da área de intervenção,
trazendo o estudo sobre o local, neste capítulo, efectua-se um balanço técnico e económico da
aplicação dos actuais métodos de dosagem de betão “in situ” no local da obra e na central de
betão .

Capítulo IV – Este é o capítulo dá-se a finalização sobre o estudo anteriormente apresentado,


requerendo assim mencionar as análises finais dos resultados dos quais foram abordados.

Capítulo V – Este é o capítulo sobre disposições finais, dá-se a finalização sobre os aspectos
anteriormente falado, requerendo assim mencionar os pontos finais dos quais foram
abordados e suas devidas sugestões e conclusões.

5
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 – Conceitos Gerais

Neste trabalho os conceitos teóricos abordados são por meio da revisão da literatura
voltado para o betão, as propriedades, os inertes do betão e a dosagem do mesmo. Essenciais
para o âmbito dos sistemas em estudo na realidade das construções moçambicanas, sobretudo
ao nível dos seus integrantes. Não se tenciona descrever exclusivamente esses conceitos,
somente abordar de modo a que se compreenda melhor todo o processo que engloba este
tema.

1.1.1 Betão
Betão é um material constituido pela mistura, devidamente proporcionada de inertes
(brita e areia), um ligante hidráulico (cimento), água e eventualmente, adjuvantes. A
propriedade que os produtos da reacção do ligante com a água têm de endurecer,
confere à mistura uma coesão e resistência que permite servir como material de
construção. (Coutinho, 1973)

Segundo Habitzreiter (2015), o betão é considerado uma grande descoberta na área da


construção civil, sendo classificado como o material de maior importância dentro da área.
Possui alta resistência à compressão e pode ser produzido na obra (moldado in situ, através da
fabricação manual ou de uma betoneira) ou em centrais industriais.

De acordo com Silva (2019), na contemporaneidade, o betão apresenta uma


empregabilidade superior a qualquer outro material. Esse fato se dá por alguns motivos, os
quais são:

 A boa resistência que o mesmo possui, tornando-o bastante utilizado em construções;


 O baixo custo, pelo fato de seus componentes serem facilmente encontrados, não
necessitando de importação de recursos naturais.

6
1.1.2 Betão Armado

Betão Armado é uma ligação solidária (fundida junta) de betão


(que nada mais é do que uma pasta composta por inerte fino
(areia), inerte grosso (brita), ligante (cimento) e adicionado de
água) com uma estrutura resistente à tracção, que em geral é o aço.
(BOTELHO & MARCHETTI, 2008, p. 8)

De acordo com (Carvalho & Filho, 2014) afirmam que desta maneira os dois
materiais, betão e aço, deverão trabalhar solidariamente, o que é possivel devido às forças de
aderência entre a superfície do aço e betão, pois as barras de aço traccionadas (armadura
traccionada) só funcionam quando, pela deformação do betão que as envolve, começam a ser
alongadas, o que caracteriza as armaduras passivas.

1.1.3 Classificação dos betões de Cimento

Para (Brazão & Dos Reis, 1993) Os betões são designados por uma sigla formada por
uma sucessão dos indicativos do tipo, da classe e da qualidade. São Classificados em dois
tipos de acordo com a tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Classificação de betões

Tipo B Tipo BD
Caracterizado por determinada resistência Caracterizado pela durabilidade em meios
mecânica ambientes agressivos
Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

Os betões a utilizar em estruturas devem ser do tipo B. (Brazão & Reis, 1993, p. 425)

Ainda (Brazão & Dos Reis, 1993) relatam quando condições especiais de
agressividade o imponham, devem os betões satisfazer também às exigências
correspondentes ao tipo BD, pelo menos na camada superficial cuja espessura seja suficiente
para isolar a massa do betão da acção agressiva.

7
1.1.4 Qualidades de betões

As qualidades dos betões são as constantes da tabela 2, considerando três escalões,


por ordem crescente 1, 2, 3, definidas em função dos valores do desvio padrão ou do
coeficiente de variação das distribuições estatísticas de tensões. (Brazão & Dos Reis, 1993)

Tabela 2 - Valores máximos dos parâmetros definidores da qualidade

Qualidade do betão Parâmetros definidores da qualidade Valor médio da tensão


de rotura (MPa)
Compressão Flexão
≤ 35 > 35 <5, >5,0
0
1 Coeficiente de variação (%) ......... 16 ----- 12 -----
Desvio padrão (MPa) ..................... ----- 5,5 ----- 0,6
2 Coeficiente de variação (%) ........... 20 ----- 16 -----
Desvio padrão (MPa) ..................... ----- 7,0 ----- 0,8
3 Coeficiente de variação (%) ........... Sem especificação
Desvio padrão (MPa) .....................
Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

Tabela 3 - Valores de sd (desvio padrão) em função do rigor da produção


𝑆𝑑 Qualidade Classe Tipo de Betão

5,5 1 ≥ B30 Quando todos os materiais forem medidos em peso e houver


medidor e água, corrigindo-se as quantidades de inerte fino e
água em função de determinações frequentes e precisas do
teor de umidade dos inertes, e houver garantia de manutenção,
no decorrer da obra, da homogeneidade dos materiais a serem
empregados.
7,0 2 > B15 e < B30 Quando o cimento for medido em peso e os inertes em
volume, e houver medidor de água, com correção do volume
do inerte fino e da quantidade de água em função de
determinações frequentes e precisas do teor de umidade dos
inertes.
Sem Quando o cimento for medido em peso e os inertes em
especificação 3 ≤ B15 volume, e houver medidor de água, corrigindo-se a quantidade

8
de água em função da umidade dos inertes simplesmente
estimada.
Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

Para Betões do tipo B o REBAP fixou as classes de betões a considerar, que se


indicam na tabela 4. Os betões da classe B15 só podem ser utilizados em estruturas de
pequena importância. (Brazão & Reis, 1993)

A classe do betão é designada pelo número que exprime o valor característico da sua
tensão de rotura, em MPa devendo, no caso de a classe ser definida por tensões de rotura por
flexão, na designação da classe opor-se a letra F àquele numero. (Brazão & Reis, 1993)

Tabela 4 - Classe de betões tipo B


Designação da classe Valor característico Qualidade mínima Tipo de Betão
minimo da tensão de exigida
rotura por compressão, fck
(MPa)
Provetes Provetes
cúbicos (1) cilindricos
(2)
B15 15 12 3 ≤ B15 ou ≤ B2,0F
B20 20 16
2 > B15 e < B30
B25 25 20

B30 30 25
B35 35 30
B40 40 35
1 ≥ B30
B45 45 40
B50 50 45
B55 55 50
Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

(1) Cubos com 20 cm de aresta.


(2) Cilindros com 15cm de diametro e 30cm de altura.

As classes de betão BD são indicados na tabela 5 que refere as qualidades mínimas


exigidas para cada uma delas. A definição da agressividade quimica das águas em contacto

9
com o betão é dada na tabela 5. No caso de serem fabricadas em central industrial devem os
betões independentemente da classe, ser sempre da qualidade 1.

Tabela 5 - Classes de betões tipo BD

Designação da classe Caracterização Qualidade minima exigida


1 - betão caracterizado pela durabilidade 1
quando em contacto coma águas de
elevada agressividadfe química;
2 - betão caracterizado pela durabilidade 2
quando em contacto com aguas de
moderada agressividade química;
3 - betão caracterizado pela durabilidade 2
quando exposto em ambientes em que a
temperatura pode atingir, com
frequência valores inferiores a 5ºC
Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

1.1.5 Caracteristicas do Betão

As principais propriedades do betão endurecido são normalmente expressas pelo


projetista das estruturas enquanto que as propriedades do betão fresco são
determinadas pelas técnicas de execução – transporte, lançamento e adensamento do
betão, assim como pelas próprias características geométricas da estrutura a ser
betonada. (HELENE & TERZIAN, 1992, p. 75)

Ainda Helene & Terzian (1992) Cabe ao tecnologista de betão conciliar essas
exigências satisfazendo a ambos através de um betão o mais econômico possível. Apesar de
óbvia, esta última condição é frequentemente esquecida, encontrando-se engenheiros que se
orgulham de produzirem ou empregarem em suas obras betões com características e custo
muito acima das mínimas exigidas.

A compatibilidade entre as características óptimas do betão fresco para uma dada


situação e aquelas exigidas após seu endurecimento não é facilmente obtida. A tabela 6
enfatiza a necessidade de um compromisso entre o óptimo e o possível, uma vez que
parâmetros importantes de dosagem evoluem em sentidos opostos, segundo se pretenda
satisfazer as exigências para betão fresco ou para betão endurecido.

10
Table 6 - Sentido da evolução de diversos parâmetros da dosagem em função da
trabalhabilidade, da resistência mecânica e do custo
Parâmetro de dosagem Betão fresco Betão endurecido Para redução do custo
do betão Para uma boa Para uma boa
trabalhabilidade resistência
Granulometria do inerte de preferência fina de preferência grossa Grossa
fino (areias)
Relação inerte A diminuir A aumentar A maior possível
grosso/fino
Consumo de água A aumentar até um certo A diminuir A aumentar
ponto
Granulometria total Preferível contínua Preferível descontínua A disponível

Dimensão máxima De preferência média De preferência pequena A maior possível


característica do inerte
Geometria do grão de De preferencia esférica De preferência irregular Esférica (pedregulho)
inerte grosso (pedregulho) (brita)
Fonte: Helene & Terzian, 1992

1.1.6 Propriedades do Betão fresco

Quando o betão está em seu estado fresco, ele apresenta algumas propriedades
características, como o poder de retenção da água, sua textura, integridade de massa e
trabalhabilidade. A trabalhabilidade é uma das características fundamentais para definir a
capacidade de execução adequada para uma construção, caso o betão não esteja em condições
de fácil lançamento ou perfeitamente adensado, possivelmente não atingirá a durabilidade e
resistência desejada. (PETRUCCI, 1998)

Segundo Petrucci (1998) A trabalhabilidade também pode ser definida como a


quantidade de energia suficiente para vencer o atrito interno entre as partículas individuais do
betão, com o objetivo de obter o adensamento total.

NEVILLE & BROOKS, (2013) destacam os factores principais que se relacionam


com a trabalhabilidade do betão são:

a) Relação inertes/ligantes;
b) Finura do cimento;
c) Granulometria dos inertes;

11
d) Temperatura; e
e) Água na mistura.

1.1.7 Propriedades do Betão endurecido

Para Alves (2002), uma das características importantes para o betão endurecido é a
resistência mecânica, dependendo da composição e especificações dos materiais usados na
mistura, sendo que cada material tem sua característica que contribuem para a resistência
final. Outra propriedade fundamental do betão é a massa específica, que segundo Petrucci
(1998), varia entre 2,3 g/cm³ e 2,5 g/cm³ no estado endurecido.

Essa massa depende especificamente do inerte grosso e da quantidade de ar


incorporado no elemento (ACI Manual of Concrete practice, 1980).

De acordo com Carvalho e Figueiredo (2014), a maneira como os grãos ficam


dispostos na pasta, afecta diretamente o betão após o endurecimento, esta propriedade é
conhecida como homogeneidade, quanto mais desuniforme for a disposição dos grãos menos
envolvido ele fica pela pasta, aumentando consideravelmente a permeabilidade, no caso do
betão armado é necessário que os grãos fiquem mais uniformes, para que a pasta os envolva
completamente, proporcionando melhor proteção à armadura.

1.1.8 Composição do Betão

1.1.8.1 Cimento

Segundo Dallabrida & Veigas (2014) afirmam que o cimento é um ligante que,
através das reações de contato com a água, ocorre o endurecimento. Após este, mesmo que
ocorra acção da água, o material é resistente. Habitzreiter (2015) afirma que o cimento é
produzido pela moagem de clínquer, consiste de silicatos de cálcio hidráulicos e com uma ou
mais formas de adição de sulfato de cálcio, podendo adicionar vários outros materiais
carbonáticos e pozolânicos no decorrer da moagem.

A escolha do cimento certo, para a produção do betão, é de extrema importância, pois


a resistência do mesmo depende bastante do cimento (NEVILLE, 1997).

12
Segundo Brazão e Dos Reis (1993, p. 427) indicam na tabela 7 os ligantes a utilizar
no fabrico de betões:

Tabela 7 - Ligantes a utilizar


Ligantes Tipos de betões

Tipo B Tipo BD

Classe 1 Classe 2 Classe 3


Cimento Portland normal X X(1) X X
Cimento Portland de ferro X X X
Cimento Portland Composto X X X
Cimento de alto forno 60/80 X X X X
Cimento Pozolânico X X X X
Cimento Portland normal e Pozolana X X(2) X X
Cimento natural X X
Cal aérea e pozolana X X
Fonte: (BRAZÃO & REIS, 1993)
(1) Somente se a agressividade das águas resultar predominamente da presença de sulfatos e desde que o teor
do cimento em aluminio tricálcico (C3A) seja inferior ou igual a 5%, e ainda se for demostrado, por ensaios
de argamassa fabricada aplicando os inertes que vão ser usados na obra e em contacto com o meio
agressivo, que não conduza a expansão superior a 0,5 x 10−3 ao fim de seis meses. Estes ensaios devem ser
realizados de acordo com técnica semelhante à descrita na especificação LNEC E 251, capítulo II.
(2) Somente se a dosagem de pozolana for suficiente para assegurar à mistura pozolana-cimento portland
normal resultado positivo no ensaio de pozolanicidade exigido para o cimento pozolânico.

1.1.8.2 Inertes

Condições Gerais:

De acordo com Beuer (2000) inertes é o material particulado, incoesivo, de actividade


química praticamente nula, constituido de misturas de particulas cobrindo externa gama de
tamanhos.O termo “Inerte” é de uso generalizado na tecnologia de betao, nos outros ramos da
construção é conhecido, conforme cada caso, pelo nome especifico: filer, pedra britada, bica-
corrida, rachão etc.

Segundo Brazão e dos Reis (1993, p. 430) Definem os inertes como materiais
granulares que devem apresentar resistência mecânica, forma e composição química
adequadas para o fabrico do betão a que se destinam, não podem conter, em quantidades

13
prejudiciais, películas de argila ou de qualquer outro revestimento que os isole do ligante,
particulas moles, friáveis, ou demasiado finos, matéria orgânica e outras impurezas.

Os inertes constituem um componente importante no betão, constituindo cerca de


80% do peso e 20% do custo de betão estrutural sem aditivos, de f ck da ordem de 15 Mpa.
Suas características apresentam larga gama de variação, o que os leva, na tecnologia do
betão, a ser submetidos a acurado estudo e a controle de qualidade tanto antes como durante a
execucao da obra. (BEUER, 2000, p. 104)

A sua granulometria deve ser estabelecida de modo a conferir ao betão as


propriedades que a sua utilização impõe, nomeadamente doseando os inertes finos e os
inertes grossos de forma a obter a maior compacticidade. Para os betões da qualidade 1 e 2, a
granulometria dos inertes deve ser definida, em cada caso, no âmbito do estudo da
composição. (BRAZÃO & DOS REIS, 1993)

Nos casos de betões do tipo BD das classes 1 e 2 destinados a ficar em contacto com a
água do mar, ou com águas que contenham sulfatos em quantidades apreciáveis, os inertes a
utilizar devem ser submetidos a ensaios de determinação da reactividade com os sulfatos em
presença de hidróxido de cálcio, para uma duração de ensaio de seis meses. Os inertes devem
apresentar determinada resistência mínima e outras propriedades que se resumem no quadro
seguinte.

No seu conjunto, os componentes do betão, como ligantes, inertes, água e adjuvantes,


não devem conter quantidades de halogenetos, sulfuretos, sulfatos e de álcais que sejam
prejudiciais ao betão e as armaduras que este contenha.

Tabela 8 - Características dos Inertes


Característica Valor ou resultado a satisfazer
Tensão de rotura à compressão da rocha de que é ≥ 50Mpa
obtido o inerte britado (1)...........................
Resistência ao esmagamento (godo ou brita) (1) ≤ 45 %
Desgaste Los Angeles (1).................................. ≤ 50%
Índice Volumétrico Godo ............................... ≥ 0,12
Brita ................................ ≥ 0,15
Absorção de água .............................................. ≤ 5,0 %
Coeficiente de dilatação térmica linear ............. ≥ 0,4 x10−5 /ºC

14
< 2,0 x 10−5 / ºC

Quantidade de matéria orgânica (2) .................. Não prejudicial


Reactividade potencial com os álcalis do ligante Processo químico Negativa (2)

Processo da barra de Extensões de


argamassa alongamento dos
provetes não superiores a
1,0 x 10−3 ao fim de seis
meses.
Teor de particulas muito finas e matérias solúveis (4) Areia natural .......... ≤ 3,0 %
Areia britada ......... ≤ 10,0 %

Godo ........................ ≤ 2,0 %

Godo ou brita ......... ≤ 3,0 %


Teor em partículas friaveis Areia ....................... ≤ 1,0 %

Godo ou brita ......... ≤ 0,25 %

Teor em particulas moles (godo ou brita)............................................. ≤ 5,0 %

Teor em particulas de argila (dimenoes inferiores a 2 mm) referido a massa do ≤ 2,0 %


ligante
Fonte: Brazão & dos Reis, 1993

(1) Estas características aferem a resistência dos inertes, bastando em geral determinar uma delas. Note-se
que a primeira característica não pode ser determinada no caso dos inertes naturais e a terceira não é
significativa para inertes calcários.
(2) Esta característica só é em geral determinada para as areias. No caso de haver suspeitas de que os
inertes grossos contêm estas impurezas em quantidade prejudicial, haverá que tomar precauções
especiais.
(3) Admite-se que este resultado seja positivo se o resultado do ensaio pelo processo da barra de argamassa
satisfizer o valor especificado. O resultado negativo do ensaio quimico dispensa a realização do ensaio
pelo segundo processo.
(4) Os valores indicados podem não ser respeitados mediante justificação baseada no estudo da
composição granulométrica do betão.

Segundo Fusco (2012, p. 22) classifica os inerte fino (areias) de acordo com a tabela 9 a
seguir:

Tabela 9 - Classificação dos inerte fino

Módulo de Finura

15
Areia grossa MF > 3,9
Areia média 2,4 < MF < 3,9
Areia fina MF < 2,4
Fonte: Fusco, 2012

Figura 1 : Inerte fino (Areia média)

Fonte: O Autor, 2023

Ainda de acordo com o mesmo autor, Para os inertes grossos, as exigências referentes
à composição granulométrica são muito menos exigentes do que para os inertes finos. De
modo geral, no comércio são consideradas as seguintes categorias de brita, em função da
faixa de tamanhos predominantes de seus grãos e os diâmetros característicos (máximos) de
cada categoria:

Tabela 10 - Classificação dos inerte grosso

Categoria Dimensões (mm) Máximo diâmetro


característico (mm)
Brita 0 4,8 – 9,5 9,5
Brita 1 9,5 – 19 19
Brita 2 19 – 25 25

16
Brita 3 25 – 50 50
Brita 4 50 – 76 76
Brita 5 76 – 100 100
Fonte: Fusco, 2012

Figura 2 : Inerte grosso (Brita 1)

Fonte: O Autor, 2023

1.1.8.3 Forma dos Grãos

Segundo (Beuer, 2000, p. 105) afirma que a forma dos graõs do inerte grosso influi na
qualidade do betão, ao lhe alterar a trabalhabilidade, afectando, em consequencia, as
condicionantes de bombeamento, lancamento e adensamento.

Ainda o mesmo autor afirma que, Os grãos irregulares têm maior superfície especifica
que os cubóides e têm, ainda, o inconveniente de poderem ficar presos entre as barras da
armação do betão armado, do que resulta enchimento irregular da forma, dando causa a
ninhos de rato, fenômeno altamente nocivo ao desempenho de peças estruturais. A alta
trabalhabilidade possivel com betoes preparados com pedregulhos (cascalho) deve-se não só
às formas arredondadas dos grãos, mas também à lisura das suas superficies. Quando
aumenta a porcentagem de alongados e lamelares, o betão perde trabalhabilidade.

17
A obtenção, nas pedreiras, de brita sem excesso de grãos irregulares torna-se de alta
prioridade (particularmente nas graduações mais finas como a brita 1), sobretudo se leva em
conta que o principal mercado de brita é o de inerte para betão.

Por outro lado, os grãos irregulares, justamente devido à sua forma e textura
superficial, apresentam maior aderência de argmassa, resultando os betoes com eles
confeccionados possuirem maior resistência, mantidas inalteradas as demais condições do
traço do que os confeccionados com pedregulhos de grãos cubóides e superfície lisa.

A resistência à compressão e a durabilidade do betão aumentam quando aumenta a


compacidade do inerte. Com isto, diminui o índice de vazios e, portanto, a quantidade de
argamassa a empregar. Resulta por fim um betão menos dispendioso. (BEUER, 2000, p. 109)

1.1.8.4 Água

De acordo com Fusco (2012) A água destinada ao amassamento do betão deve ser
isenta de teores prejudiciais de substancias estranhas.

Presumem-se satisatórias as águas potáveis. No caso de águas não-potaveis é


necessário controlar o conteúdo de matéria orgânica, os residuos sólidos existentes, bem
como os teores de sulfatos e de cloretos.

1.1.8.5 Adjuvantes

Segundo Ferreira (2000) Define-se por adjuvante um material adicionado durante a


amassadura do betão em quantidades que não exceda 5 % em massa do teor de cimento do
betão, para modificar determinada propriedade do mesmo no estado fresco ou endurecido.

De a cordo com o LNEC E-374 existem vários tipos de adjuvantes baseado na função
principal:

1. Adjuvante redutor de água/plastificante:

Adjuvante que, sem afectar a trabalhabilidade, permite a redução da dosagem de água de uma
dade amassadura, ou que, sem modificar a dosagem da água, aumenta a trabalhabilidade, ou
que produz simultaneamente os dois efeitos;

2. Adjuvante redutor de água de alta gama/superplastificante:

18
Adjuvante que, sem afectar a trabalhabilidade, permite uma alta reducao da dosagem de água
de uma dada amassadura, ou que, sem modificar a dosagem de água, aumenta
consideravelmente a trabalhabilidade, ou que produz simultaneamente os dois efeitos;

3. Adjuvante retentor de água:

Adjuvante que reduz a perda de água através da redução da exsudação;

4. Adjuvante introdutor de ar:

Adjuvante que permite incorporar durante a operação de amassadura uma quantidade


controlada de micro-bolhas de ar uniformemente distribuída e mantê-la após endurecimento;

5. Adjuvante acelerador de presa:

Adjuvante que permite diminuir o tempo de transição do estado plástico plástico para o
estado rigido do betão;

6. Adjuvante acelerador de endurecimento:

Adjuvante que acelera o desenvolvimento das resistências iniciais do betão, afectando ou não
o tempo de presa;

7. Adjuvante retardador de presa:

Adjuvante que prolonga o tempo de transição do estado plástico para o estado rigido do
betão;

8. Adjuvante hidrófugo:

Adjuvante que reduz a absorção capilar do betão endurecido.

Há diversas caracteristicas a que os adjuvantes devem obedecer, nomeadamente a


identificação (homogeneidade, cor, teor de sólido, entre outros), a compatibilidade com os
cimentos e o componente do betão.

19
1.2 Dosagem De Betão

1.2.1 Evolução Dos Métodos De Dosagem

Breve Histórico

Segundo Helene e Terzian (1992) A heterogeneidade dos materiais que compõem os


betões e a complexidade do seu comportamento, tanto no estado fresco quanto no endurecido,
representam sempre um desafio aos técnicos responsáveis pela fabricação e emprego dos
betões.

Ainda Helene e Terzian (1992) afirmam que desde os primeiros usos ficou claro que o
proporcionamento dos materiais não poderiam ser arbitrário e que era necessário obter um
conglomerado compacto e sólido. Inicialmente os conglomerados eram usados sem muita
responsabilidade estrutural, as solicitações atuantes eram muito baixas e, consequentemente,
as regras de proporcionamento eram inteiramente empíricas e provinham do conhecimento
tradicional do proporcionamento de argamassas. Estavam limitadas à obtenção de
conglomerados nos quais os ligantes eram cales aéreas e cales combinadas com pozolanas,
denominadas cales hidráulicas. Nestes casos, resultavam proporções praticamente fixas e
independentes da natureza dos materiais constituintes. Esses critérios – alguns eventualmente
ainda adoptados nos tempos atuais – asseguram uma certa compacidade com excesso nitido
de aglomerante, o que conduz a misturas não econômicas.

Em 1818, Maurice de Saint-Léger sob a orientação de Louis Vicat – um dos


pesquisadores franceses pioneiros no estudo de ligantes e conglomerados hidráulicos –
patenteia o processo de fabricação de cales hidráulicas artificiais obtidas a partir da
calcinação de calcário e argilas a temperayuras da ordem de 1.000ºC. A partir de 1826 inicia
a fabricação regular de cal hidráulica artificial numa instalação industrial situada em
Moulineaux, perto de Paris. (HELENE & TERZIAN, 1992, p. 55).

[...] Apesar de a resistência de dosagem ser apenas uma das atividades de estudo de
dosagem, ela tem importância econômica e técnica destacada. Sua importância
técnica está diretamente relacionada com os métodos de introdução da segurança no
projeto estrutural, enquanto o custo do betão é, essencialmente, função do consumo
de cimento por metro cúbico que depende da resistência média desejada. (HELENE
& TERZIAN, 1992, p. 70)

20
De acordo com Helene & Terzian (1993) Mostra a evolução dos metodos de dosagens
situando-os cronologicamente na tabela 11:

Tabela 11 - Síntese cronológica da evolução dos métodos de dosagem de betão no


mundo

PERÍODO PESQUISADOR CONTRIBUIÇÃO


Até 1891 Saint-Léger 1818 - Processo de fabricação cales hidráulicas artificiais
Joseph Aspdin 1824 - Processo de fabricação do cimento Portland
Louis Vicat 1828 -Importância da granulometria da areia:
inconvenientes do excesso de água
“Princípios da
Rondelet 1830 - Finura da areia é fundamental
Tecnologia de
Preádeau 1881 - Fundamento da granulometria descontínua
cimentos Argamassas e
Le Châtelier 1887 - Identifica os compostos principais do cimento
betões” - Introduz o conceito de água de molhagem dos
Paul Alexandre 1888 agregados
1982 a 1951 René Feret 1892 - Lei fundamental de correlação entre resistência e
compacidade

Fuller 1901 - Curva de referência (parábola) para granulometria


ideal
Duff Abrams 1918 - Lei universal aceita de correlação entre resistência e
relação água/cimento; módulo de finura; cone de
abatimento para medida de consistência
- Melhora a curva de referência de Fuller
“Fundamentos Bolomey 1925 - Confirma os modelos de Ferét e Abrams e propõe
Ary Torres 1927 o método do módulo de finura no Brasil
dos Métodos clássicos de
- Princípios de granulometria contínua
dosagens” Du Sablon 1927 - Demonstra a importância da água por unidade de
Inge Lyse 1931 volume na definição da consistência do concreto
- Método de dosagem do INT com base nas curvas de
Lobo Carneiro 1937 Bolomey
- Texto consensual do ACI (na época 613, atual 211)
- Método de dosagem com base na granulometria
Blanks 1944
descontínua e água de molhagem
Vallete 1949
- Método de dosagem do ITERS – criação própria
Petrucci 1951
1950 a 1978 L ’Hermite 1950 - Introduz o modelo reológico para representar o
comportamento do betão fresco

“Teoria abrangentes” Tatersall 1957 - Aprofunda os estudos de reologia

Bombled 1968 - Aprofunda os estudos de reologia do betão fresco


correlacionando-o ao betão endurecido
Powers 1968 - Propõe um modelo abrangente de dosagem
Sobral 1977 - Analisa os modelos de Powers, no Brasil
- Propõe uma representação do comportamento
Camargo 1977 resistente integral do concreto
Priszkulnik 1977 - Analisa os modelos reológicos
- Publica um resumo das teorias sobre reologia e
Tattersall 1978 trabalhabilidade dos betões frescos
1958 a 1990 Kurt Wals 1958 - Introduz a curva de referência da resistência do
cimento com a relação água/cimento, que é

“Aperfeiçoamento posteriormente adotada em vários países

e simplificações - Apresenta uma fórmula simplificada de


Murdok 1960
dos parâmetros representação dos fatores que influem na

21
de dosagens” trabalhabilidade

Popovics 1968 - Apresenta critérios simples e práticos utilizáveis para


os ajustes experimentais do traço teórico
- Ressalta a importância da variabilidade da resistência
Fusco 1979
do cimento sobre a resistência do betão
- Apresenta a versão nacional do método de dosagem
Rodrigues 1990
do ACI incluindo parâmetros obtidos de correlações
atualizadas
Fonte: (Helene & Terzian, 1993)

1.2.2 Objectivo e Metodológia Geral de Dosagem

Segundo Helene e Terzian (1992) A dosagem do betão pode então ser entendida como
sendo o proporcionamento adequado dos materiais constituintes: cimento, inerte fino, inerte
grosso, água e eventualmente adjuvantes, com vistas ao atendimento das seguintes cinco
condições principais:

I – Exigências de projeto: o projecto estrutural especifica as características mínimas


de resistência, impermeabilidade, resistividade elétrica, deformabilidade, acabamento e outras
mais que o betão endurecido deve apresentar a partir de uma determinada idade. Em geral
para obras correntes, a resistência à compressão é propriedade principal e está especificada
como resistência característica do betão à compressão. O projecto estrutural não específica,
porém explicita claramente as dimensões das secções críticas onde há transpasse de
armaduras, o espaçamento entre armaduras, assim como o cobrimento mínimo de protecção a
estas. Esses são requisitos a serem levados em conta principalmente na escolha da dimensão
dos inertes e da trabalhabilidade da mistura fresca. No projecto estrutural deveriam estar
também explícitos os periodos previstos para eventuais manutenções; essas informações são
básicas para as tomadas de decisão quanro às exigencias de durabilidade.

II – Condições de exposição e operação: o proporcionamento dos materiais deve levar


em conta as características de agressividade da atmosfera, do solo e dos eventuais produtos
em contato com a estrutura. É sabido que em atmosferas marinhas e industriais os riscos de
corrosão das armaduras por acção despassivante de cloretos são muitas vezes maiores que em
atmosferas rurais. Da mesma forma as condições de operação dos elementos estruturais –
pressão de água, velocidade da água, abrasão, insolação seguida de resfriamento brusco,
condensação, nível de tensões etc. – interferem nas exigências de durabilidade a serem
cobradas do betão endurecido. O parâmetro principal a ser considerado nestes casos é a

22
relação água/cimento, sendo que alguns autores se referem, também, ao consumo mínimo de
cimento, por entenderem que a paste deve envolver todos os grãos de inertes.

III – Tipo de inerte disponível economicamente: à primeira vista não há por que
relacionar inertes, uma vez que estes deveriam fazer parte, em princípio, das variáveis e não
estar entre os requesitos a serem atendidos. Ocorre que nem sempre é possível dispor-se no
local da obra de inertes ideais quanto à forma e textura e que também não apresentem
reatividade com compostos hidratados da pasta de cimento. As características de forma e
textura dos inertes influirão na quantidade mínima de água para obtenção da trabalhabilidade
desejada e sua eventual reatividade deverá ser combatida com o emprego de cimentos
pozolânicos ou de baixo teor de álcalis.

IV – Técnicas de execução: estão relacionadas principalmente com as operações de


transporte, lançamento e adensamento de betão, disponíveis e planejadas para emprego em
obra. Betões a serem transportados, por exemplo, por tubulações (bombeamento) devem
possuir maior teor de argamassa que betões transportados por carrinho-de-mão para uma
mesma finalidade última. As técnicas de execução interferem directamente na definição da
trabalhabilidade da mistura – coesão, consistência, plasticidade, bombeamento etc. e
indirectamente na escolha da dimensão máxima caracteristica do inerte grosso.

V - Custo: Admite-se que um betão é económico quando consegue atender às


exigências anteriores com o mínimo consumo de cimento, uma vez que, em geral, o cimento
tem custo várias vezes superior ao dos inertes e água. A busca do consumo minimo do
cimento pode não ser em alguns casos o único fator de barateamento do custo do betão como
no emprego de adjuvantes por exemplo, pois alguns têm preço equivalente ao do cimento, por
unidade de volume de betão. Em geral, é sempre preferível e mais económico empregar
inertes grossos de maior dimensão possível. Isso também pode não ser mais económico em
locais onde haja dificuldades de obtenção de inertes grossos. Nesses casos pode ser
conveniente aumentae a proporção de areia e cimento a fim de obter assim o betão mais
económico.

Portanto, ao se efectuar uma dosagem, as propriedades dos betões em ambas as


condições, fresco ou endurecido, devem ser considerados igualmente. As propriedades
funcionais do betão endurecido, tais como resistência, durabilidade e aparência, só podem ser
assegurados se a trabalhabilidade do betão fresco for compatível com as condições do
trabalho. (HELENE & TERZIAN, 1992, p.77)

23
Ainda Helene e Terzian (1992) afirmam que a dosagem é um processo bastante
abrangente, exigindo amplo conhecimento das propriedades dos betões tanto no estado
endurecido quanto no estado fresco. Os metodos de dosagem, sem exceção, permite obter
teórica e analiticamente um primeiro traço, mais provável. Essa primeira proporção dos
materiais deverá, contudo, sempre ser conferida e geralmente ajustada através de amassadas
experimentais em laboratório para obtenção do traço desdobrado indicado para início da
produção.

A necessidade de ajustes experimentais, preferencialmente efetuados por técnicos


experientes, decorre da impossibilidade de reproduzir, através de modelos matemáticos, todas
as características dos materiais a serem proporcionados. Esse fato permite que alguns autores
compartilhem da opinião do renomado prof. Kumar Mehta, da Universidade de Bekerley que
considera os métodos de dosagem ʻʻ... mais uma arte que propriamente uma ciência. O
exercício dessa arte, no entanto, é altamente recompensador porque os efeitos da dosagem no
custo e nas propriedades do betão são claramente sentidosʼʼ.

Segundo Beuer (2000) afirma que existem no entando, regras fundamentais que devem,
em todo e qualquer caso, ser observadas. Assim é que o engenheiro ao se propor a estudar
uma dosagem deve necessariamente conhecer:

1. O Projecto
2. Os materiais disponíveis
3. Os equipamentos e mão-de-obra disponíveis.

1.2.3 Preparo, Lançamento, Transporte, Adensamento

Segundo (Beuer, 2000, p. 240) Mistura é a operação de fabricação do betão, destinada


a obter um conjunto homogêneo resultante do agrupamento interno dos inertes, aglomerantes,
adicionantes, adjuvantes e água. A análise da homogeneidade é objecto de normas em alguns
países, como veremos a seguir.

1.2.4 Normas para Avaliação da Eficiência

Para Beuer (2000) Os critérios para avaliação da eficiência da acção de mistura são:

24
a) Homogeneidade do betão fabricado, em especial da dosagem do cimento por unidade
do volume;
b) Resistência do betão obtido e sua dispersão;
c) Porcentagem de material que fica aderente às peças do tambor, depois da descarga;
d) Velocidade de descarga.

1.2.5 Dosagem De Betao Em Centrais Industriais

Conhecido também como betão pré-misturado, é produzido em centrais de betão,


onde a dosagem dos materiais ocorre de forma controlada e monitorada. Após a mistura, o
betão é transportado por camiões betoneiras ou por veículos equipados ou não de dispositivos
de agitação, apresentando as paredes e o fundo revestidos por algum material que não possa
absorver qualquer componente existente no betão.

Figura 3 : Ilustração de uma Central de Betão

Fonte: . http://acasamax.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/09/04-1.jpg

Segundo o Portal do Betão, A diferença básica que existe entre as centrais de betão
está na forma de pesar os inertes e no tipo de carregamento do camião (manual ou
automático).

25
Ainda de acordo com o Portal do Betão, o carregamento manual é aquele onde o
operador de balança faz o controle da pesagem dos materiais e sua transferência para o
camião. Para isto, existe um painel de controle com botões para a abertura e fechamento de
comportas, acionamento de transportadores de correia, insufladores de ar, vibradores, bombas
de água, etc.

Nas centrais automátizadas, o operador de balança digita o código do traço e o


volume a ser carregado no computador. Este por sua vez, comanda o painel de controle e o
operador de balança só interfere na dosagem se for constatado algum problema com a carga.

Segundo (Helene & Terzian, 1992, p. 70) é um betão cuja composição tenha sido
determinada de acordo com os processos modernos que baseia a resistência do betão no
factor água/cimento e na granulometria do inerte. A dosagem pode ser feita por qualquer
método baseado na relação entre a quantidade de água e o peso do cimento (relação
água/cimento) desde que devidamente justificado e submetido à fiscalização e desde que
satisfaça as seguintes condições:

a) A fixação da relação água/cimento decorrerá:

- Da resistência de dosagem f cm28 , ou na idade prevista no plano da obra para que a


resistência seja atendida;

- Das peculiaridades da obra relativas à sua durabilidade (tais como impermeabilidade


e a resistência ao desgaste, a ação de líquidos e gases agressivos, a altas temperaturas
e a variações bruscas de temperatura e umidade) e relativas à prevenção contra
retração exagerada;

b) A trabalhabilidade será compatível com os característicos dos materiais


componentes, com o equipamento a ser empregado na mistura, transporte, lançamento e
adensamento, bem como as eventuais dificuldades de execução das peças.

[...] terá por fim estabelecer o traço do betão para que este tenha a
resistência e a trabalhabilidade previstas, expressa esta última pela
consistência. (HELENE & TERZIAN, 1992, p. 72).

26
1.2.5.1 Vantagens do Betão Feito em Centrais Industriais

Segundo (ALMEIDA, 2021), são inumeras as vantagens do betão dosado em centrais de


betão, dentre elas:

 Redução do cronograma da obra em relação ao tempo de entrega, devido a facilidade


e agilidade na hora da execução;
 Eliminação das perdas de areia, brita e cimento;
 Racionalização do número de operários da obra, com consequente diminuição dos
encargos sociais e trabalhistas;
 Garantia da qualidade do betão graças ao rígido controle adotado pelas centrais
dosadoras;
 Maior agilidade e produtividade;
 Melhor custo-beneficio;
 Maior controle de qualidade;
 Menos Manutenção;
 Menor preocupação com estocagem dos materiais.

1.2.5.2 Desvantagens do Betão Feito em Centrais Industriais

 Preço relativamente superior ao produzido em obra;


 Impossibilidade ou dificuldade de trabalhar com pequenas quantidade do material;
 Dependência da central de betão em relação a disponibilidade de entrega;
 Se ocorrer atrasos na entrega provocados por imprevistos como trânsito e
congestionamentos, a qualidade do betão pode ficar comprometida;
 Dependência da central de betão para disponibilidade de entrega. 

1.2.5.3 Processo de Dosagem do Betão na Central Industrial

Segundo o Portal do Betão, as centrais são compostas basicamente por: silo de


cimento, reservatórios para água e adjuvantes, balanças de inertes e cimento, hidrômetros,
compressores, e transportadores de correia.

27
Os laboratórios, local de operação e controle, estoque dos materiais, balneários, etc.
São os demais itens que compõem uma central de betão.

O processo de dosagem de betão numa central, ocorre de um modo prático e eficaz,


como vemos a seguir:

1º Passo:

Inicia-se a pesagem dos inertes na balança, com o auxilio de uma pá-carregadora de


rodas por ex.: Modelo 906H2 da Caterpillar. E cada “concha” cheia dessa pá-carregadora,
comporta 2500Kg, que retira os inertes do estoque e transporte até a balança dos inertes esta
que, garante que não haverá nenhum tipo de falha técnica como por exemplo o erro nas
proporções da mistura.

Ao lado da balança de inertes há um indicador de peso, que permite que o operador


acompanhe a pesagem.

Na colocação dos materiais inicia-se primeiro com a brita, em seguida a areia.

Figura 4: Processo de carregamento e pesagem dos materias numa central

Fonte: https://www.ecivilnet.com/dicionario/images/pa-carregadeira.jpg

2º Passo:

Finalizado as pesagens dos materiais, são adicionados os demais itens, ou seja, o cimento,
Adjuvante e a Água, através do painel de controle, que o mesmo ajuda no cálculo automático

28
desses materiais, e tudo fica devidamente registrado garantindo o processo e conferências
futuras.

Figura 5 : Painel de Controle de uma central de betão

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:And9GcSVgo

3º Passo:

Em seguida, o camião betoneira se posiciona para receber a carga, o cilindro do


camião girando continuamente.

Este veículo é responsável não apenas pelo transporte do betão até a obra, mas por
toda a mistura e homogeneização dos materiais.

29
Figura 6 : Processo de homogeneização dos materiais com o auxilio de um camião-
betoneira

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:And9GcTcdqva

4º Passo:

Em seguida é feita as preparações para adicionar a carga. Os silos de cimento são


responsáveis pelo armazenamento do cimento e pelo transporte do mesmo até o misturador
de massa. Os silos possuem uma estrutura em chapa de aço carbono, válvula borboleta, rasga
saco, escada com guarda-corpo, armario com filtro, sistema interno de bloqueio de pedra e
pintura em PU, e variam de uma capacidade de 2 ou 4 toneladas ou ainda 50, 70 ou 100
toneladas.

Figura 7 : Silos de Cimento

Fonte: http://acasamax.com.br/blog/wp-content/uploads/2018/09/04-1.jpg

30
5º Passo:

Em seguida a balança dos inertes irá despejar os materiais já pesados através de uma
transportadora de correia (esteira) até o misturador, e os demais itens contidos no silo são
adicionados.

Figura 8 - Processo de transporte dos materiais com o auxilio de uma transportadora de


correia (esteira)

Fonte: https://soveper.lda.pt/betao/ewExternalFiles/Barragem%20de%20Pretarouca%20-%20Telebelt
%20soveper.JPG

6º Passo:

E por fim, o camião betoneira é direccionado para o local onde será adicionado mais
água na mistura através do hidrômetro que controla o volume de água adicionado, e este
processo deixa o material homogênio. E deste modo o betão já pode seguir para a obra.

1.2.6 Dosagem De Betao “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)

Segundo Góes (2013) O betão é misturado e dosado no canteiro da obra, onde será
aplicada a mistura de cimento, areia, água e brita (podendo ser adicionados adjuvantes). É
realizada com a utilização de ferramentas: pás, enxadas ou com uso de betoneira.

O amassamento manual do betão, a empregar-se excepcionalmente em pequenos


volumens ou em obras de pouca importância, deverá ser realizado sobre um estrado ou
superfície plana impermeável e resistente. Misturar-se-ão primeiramente, a seco, os inertes e
o cimento, de maneira a obter-se cor uniforme, em seguida, adicionar-se-á aos poucos a água
necessária, prosseguindo-se a mistura até conseguir-se massa de aspecto uniforma. Não será

31
permitido amassar-se, de cada vez, volume de betão superior ao correspondente a 100 kg de
cimento. (BEUER, 2000)

De acordo com Andolfato (2002) antes de começar a produção do betão, é


indispensável que seja feita uma observação de aspectos de grande importância como:
armazenamento dos materiais que serão utilizados no betão, a marca e o tipo de cimento,
observa-se o traço, consistência, entre outras características que estão descritas no projeto.

O betão in situ compreende o betão preparado por mestres, e serventes na obra, este
procedimento é considerado superficial, expondo assim, uma baixa precisão na exatidão de
cálculos, ou seja, traços a serem utilizados coerentemente, baixando assim, sua qualidade.

Figura 9 - Dosagem e mistura feita no local da obra

Fonte: O Autor, 2023

Ultimamente o fato de utilizar betão, feito no local de obras, é uma possibilidade


analisada criteriosamente, que muitas das vezes é denominada, inviável, devido diversos
fatores como: à questão da limpeza no canteiro de obra, o espaço disponível para que seja
realizado esse procedimento, o gasto maior de água, energia elétrica, dentre outros fatos que
podem causar à perda de qualidade, ao concluir o processo final do betão.

32
1.2.6.1 Vantagens do Betão “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)

 Preço relativamente baixo em relação ao betão produzido em uma central;


 Facilidade na dosagem de pequenas quantidades de betão;
 Facilidade de dosagem em locais ou ambientes de dificil acesso;

1.2.6.2 Desvantagens do Betão “In Situ” (No Local ou Canteiro de Obra)

 Resistência final afetada devido a erros durante os processos de mistura e cura;


 Requer bastante supervisão durante todas as fases de dosagem e mistura de betão;
 Maior preocupação com estocagem dos materiais;
 Elevado número de operários na obra, com consequente aumento dos encargos sociais
e trabalhistas;
 Falta de mão de obra especializada.

1.2.6.3 Equipamentos Usados na Dosagem do Betão “In Situ” (No local ou Canteiro de
Obra):
Para a execução da dosagem e mistura do betão, precisamos do auxílio de certos
equipamentos e ferramentes, dentre elas:

1. Carrinho de mão

Carrinho de mão é o nome dado a uma espécie de transporte usado para carregar
pesos, areia ou terra em alguns tipos de construções. Ele é movido pela energia humana, ou
seja, é empurrado pelo homem para que o transporte seja realizado. Sua estrutura consiste em
dois braços (apoios), uma roda e, próximo à roda, o centro de gravidade.

33
Figura 10 - Carrinho de mão

Fonte: O Autor, 2023

Funções do carrinho de mão

O carrinho de mão tem funções muito eficientes quando o assunto é transporte e


deslocamento de cargas. Sua contribuição em atividades construtivas deu de forma
específica.

O carrinho de mão para carga auxilia os trabalhadores na hora de deslocar uma carga


de um lugar para outro. Isto é feito de forma segura, mais prática e eficiente, principalmente
pelo fato de equilibrar todo o peso carregado em si.

Sendo assim, as principais funções são:

 Depositar materiais;
 Descarregar materiais;
 Misturar materiais.
2. Pá

Pá é uma Ferramenta manual composta de uma placa de ferro, aproximadamente


retangular, provida de uma alvado em uma das bordas menores por onde se engasta o cabo
comprido em posição paralela à placa, que o operador, a duas mãos, usa para o apanho e o
atiro de terra ou de outro material granuloso.

34
Figura 11 - Demonstração de uma pá usada na construção civil

Fonte: O Autor, 2023

3. Betoneira

Uma máquina de preparar betão, mais conhecida como betoneira, é a responsável por
deixar a massa pronta e uniforme para ser utilizada durante alguma construção.  Sendo assim,
seu papel é fundamental dentro de qualquer tipo de obra.

35
Figura 12 - Betoneira, equipamento usado na construção civil

Fonte: O Autor, 2023

Em geral, as betoneiras são formadas por:

 Sector basculante (dispositivo que ajuda na rotação da máquina);


 Pás de mistura (situadas dentro do tambor para a mexer a mistura);
 Tambor (esqueleto da máquina, sua responsabilidade é interligar todas as suas
partes);
 Cremalheira;
 Casinha de motor (que disponibiliza a chave para desliga e ligar a máquina);
 Pinhão;
 Pinhão volante;
 Volante (sua finalidade é colocar a máquina em qualquer inclinação, assim,
manipulando melhor a betoneira);
 Braço reforçado (abaixo do tambor);
 Pedal (serve para inclinar o motor);
 Rodas (auxilia na locomoção do equipamento);

36
 Chassi reforçado (esqueleto da máquina, sua responsabilidade é interligar todas as
suas partes).

Para adicionar os materiais, siga a seguinte ordem: primeiro as pedras, depois a água,
cimento e por fim a areia.

4. Baldes

O uso do balde em uma construção civil é mais comum do que se pode imaginar. São
utilizados para transportar betões, argamassas e outros materiais utilizados nas obras. Os mais
utilizados são: balde metálico para concreto, balde para massa de aço galvanizado, caixa para
massa em PVC e balde para massa em PVC.

Figura 13 - Balde de 10 Litros usados na dosagem, transporte e lançamento de betão

Fonte: O Autor, 2023

1.2.7 Tempo de Mistura

“O amassamento mecânico em canteiro deverá durar, sem interrupção, o tempo


necessário para permitir a homogeneização da mistura de todos os elementos, inclusive
eventuais aditivos” (BEUER, 2000, p. 243)

37
A duração necessária aumenta com o volume da amassadura e será tanto maior quanto
mais seco o betão. O tempo mínimo de amassamento, em segundos, será 120√ d , 60√ d ou
30 √ d , conforme o eixo da misturadora seja inclinado, horizontal ou vertical, sendo d o
diametro máximo da misturadora (em metros).

1.2.8 Ordem de colocação dos Materiais na Betoneira

Segundo Beuer (2000) Não há regras gerais para a ordem de colocao dos materiais na
betoneira, pois isso depende do tipo e das dimensoes dos mesmos. Há no entanto, algumas
regras especificadas, que devem ser verificadas, testadas e adoptadas, se aprovadas. Para as
betoneiras pequenas, de carregamento manual, convém observar as regras que segue:

a) Não colocar o cimento em primeiro lugar, pois, se a betoneira estiver seca, perder-se-á
parte dele, e, se estiver úmida, ficará muito cimento revestindo-a internamente;
b) É boa a pratica de colocação , em primeiro lugar, da água, e em seguida do inerte
grosso, pois a betoneira ficará limpa. Estes dois materiais retiram toda a argamassa
que geralmente fica retida nas palhetas internas, da betonada anterior.
c) É boa a regra de colocar em seguida o cimento, pois, havendo água e pedra, haverá
uma boa distribuição de água para cada particula de cimento, havendo ainda uma
moagem dos grãos de cimento pela acção de arraste do inerte grosso na água contra o
cimento;
d) Finalmente, coloca-se o inerte fino, que faz um tamponamento nos materiais já
colocados, não deixando sair o grosso em primeiro lugar, como é comum, se
deixamos esse material para a última carga.

1.2.9 Transporte

De acordo com Beuer (2000) O sistema de transporte de betão, do equipamento de


sua fabricação ao local de aplicação, depende do tipo, da localização e do volume da obra, e
impõe, muitas vezes, a trabalhabilidade com que o betão tem que ser utilizado.

38
A condição principal imposta ao sitema de transporte é a de manter a homogeneidade
do material. Em geral, a segregação se dá porque o betão é uma mistura de materiais
heterogêneos em dimensões, pesos e densidade, portanto, logo após a sua fabricação. Há
forças internas e externas atuando para separar esses materiais. Essa separação deve ser
impedida, e nunca corrigida após sua ocorrência.

O sistema de transporte deverá, sempre que possivel, permitir o lançamento direto nas
formas, evitando´se depósito intermediário, se este for necessário, no manuseio do betão
deverão ser tomadas precauções para evitar desagregação. Outra condição é a de que seja
rápido, a fim de evitar que o betão perca a trabalhabilidade ou seque.

(Beuer, 2000, p. 246) Classifica de várias maneiras o sistema de transporte, sendo,


porém, didaticamente melhor a classificação que se segue:

1.2.9.1 Transporte Horizontal

Por exemplo, carrinho de mão de 1 roda (capacidade média de 50 litros); carros de


duas rodas, também chamados cambonas (capacidade de 160 litros): pequenos veículos
motorizados (até 1 m³), caminhões agitadores e vagonetas sobre trilhos.

Figura 14 - Demonstração de um transporte horizontal (carrinho de mão)

Fonte: O Autor, 2023

Deve-se evitar a vibração durante o transporte, pois, se isso ocorrer, haverá


compactação do material, e, consequentemente, dificulta na sua saída. Assim sendo será

39
vantajoso, quando empregados carrinhos, utilizar rodas de pneus ou vagonetas sobre trilhos,
ja que, nesses processos, a trepidação do transporte fica diminuida.

O Caminhão agitador apresenta sobre os demais equipamentos a vantagem do


volume, rapidez e homogeneidade.

1.2.9.2 Transporte Inclinado

Em determinadas obras, o transporte inclinado pode ser economicamente feito por


meio de calhas e chicanas, as quais substituem o transporte vertical de queda livre, que
apresenta grandes inconvenientes de segregação completa, tornando-se necessaria uma
segunda mistura para homogeneização.

Figura 15 - Tapete rolante, usado no lançamento de betão

Fonte: https://soveper.lda.pt/betao/ewExternalFiles/DSC_0008_3.JPG

Os tapetes rolantes, embora de aplicação limitada, dado o custo do equipamento


mecânico, começam a ser feitos e podem tornar-se econômicos para distância constante,
como, por exemplo, na pavimentação de estradas, com alimentação do betão por pista lateral.

1.2.9.3 Transporte Vertical

Feito em geral por guinchos, de descarga automática ou não, por guindastes equipados
com caçambas de descarga pelo fundo, de manobra ou mecanicamente comandada por
sistema elétrico ou a ar comprimido.

40
Também é transporte vertical a queda livre, devendo-se limitar a altura a 2,50 até 3,00
metros, além do que a desagregação é muito grande.

1.2.10 Bombas

De acordo com Beuer (2000) É um sistema bastante flexível, utilizado atualmente em


Moçambique na betonagem de edifícios, devido à flexibilidade e à rapidez de execução.

Figura 16 - Transporte de betão, usando bombas

Fonte: https://www.northmixbombas.com.br/imagens/informacoes/bomba-lanca-alugar-03.jpg

No caso de transpote por bombas, o diâmetro interno do tubo deverá ser no mínimo
três vezes o diametro máximo do inerte. Em geral, tem a capacidade de bombeamento
horizontal até 300 metros, havendo perda de cerca de 10 a 12 metros por curva de 90º e perda
de cerca de 8 metros na horizontal por metro na vertical.

O volume médio é de 30 m³/hora, havendo conjuntos com capacidade para proceder a


betonagem a 60 m³/hora.

41
Até a pouco as bombas eram somente utilizadas em obras pesadas, como barragens e
túneis. Atualmente as bombas são montadas em veículos, o que as torna bastante prática, e
seu uso tende a generalizar-se nas obras de edifícios.

1.2.11 Camiões-Betoneira

São veículos providos de betoneiras, geralmente de eixo horizontal ou ligeiramente


inclinado, com reversão do movimento para descarga e com capacidade de 5 a 7 metros
cúbicos. (BEUER, 2000, p. 249)

Figura 17 - Veículo providos de betoneiras (Camião betoneira)

Fonte: https://www.liebherr.com/external/products/products-assets/7ecec5b0-c8f0-4102-ad7f-ae260cab05df/
IMG_390x390/liebherr-truck-mixer-HTM-804.jpg

Em geral, possuem velocidade variável, funcionando como agitadores, o que evita o


ínicio de pega e a desagregação durante o transporte, com velocidade de 2 a 4 RPM, no
momento da descarga, atingem de 12 a 16 RPM, para funcionar como betoneira.

A norma americana ASTM-C impõe mínimo de 50 a 100 rotações nessa velocidade, ou seja,
4 a 9 minutos.

42
1.2.12 Tempo de Transporte

O tempo de transporte varia de acordo com o caminhão, se for um caminhão betoneira


é inferior a 90 min e 40 min caso seja um veículo que não possuí equipamento de agitação.
Por possui essas características, ele é indicado para qualquer obra, mas principalmente para
as estruturais. (CAMBRAIA, 2017)

1.2.13 Adensamento

De acordo com Beuer (2000) Para obtenção de betão compacto com o mínimo de
vazios, após a colocação do betão nas formas, há necessidade de compactá-lo através de
processos manuais ou mecânicos, que provocam a saída do ar, facilitando o arranjo interno
dos inertes, melhoram o contacto do betão com as formas e as ferragens.

Figura 18 - Processo de Adensamento do betão

Fonte: https://engenhariavieira.com.br/wp-content/uploads/2020/01/IMG_20180604_234427_995.jpg

Entre os processos podemos citar: manual ou apiloamento; mecânico; apiloamento


(soquete pneumático), Vibração, centrifugação, a vácuo.

Tabela 12 - Relação índice de vazios com a resistência do betão

Vazios 0% 5% 10% 20%

43
Resistência 100% 90% 70% 50%
Fonte: Beuer, 2000

1.2.13.1 Adensamento Manual

(Beuer, 2000, p. 257) Define o adensamento manual é executado em betão plástico,


com abatimento medido entre 5 e 12 cm.

A espessura máxima a ser compactada é de 20cm e essa compactação só deve cessar


quando aparece na superfície do betão uma camada lisa de cimento e elemenos finos de
betoes. É um processo usado apenas em obras de menor responsabilidade ou onde há falta,
temporária ou parcial, de energia,

1.2.13.2 Adensamento Mecânico

(Beuer, 2000, p. 257) Afirma que onde há energia, a compactação mecânica, por sua
maior eficiência, é a preferível. O apiloamento é feito com soquetes apropriados, em geral
movidos a ar comprimido, utilizados principalmente nas formas, aplicando-se 100 a 150
golpes por minuto, ou sobre o próprio betão, com o equipamento popularmente denominado
“sapo”.

A vibração faz com que as particulas do betão fiquem sujeitas à movimentação


oscilatória como as particulas de um líquido ou de um gás. Pode-se mesmo definir, para esse
betão, um coeficiente de viscosidade.

Há portanto, duas forças na massa de betão, primeira: da vibração, que depende do


equipamento utilizado, frequencia e amplitude, seguida da viscosidade, que depende dos
componentes do betão, forma dos grãos, dosagem, relação água/cimento, aditivos.

1.3 Factores que Influem na Resistência à Compressão do Betão

1.3.1 Explicitação dos Factores que Influem na Resistência à Compressão do Betão

Para (Helene & Terzian, 1992, p. 112) Vários são os factores que intervêm na
resistência à compressão do betão da estrutura, desde a heterogeneidade dos materiais,
representada pelos inertes, o cimento, a água e eventualmente os aditivos, até o seu
transporte, lançamento, adensamento e cura. No entanto o controle da qualidade da

44
resistência do betão se restringe à resistência potencial do betão, medida na saída da betoneira
ou caminhão-betoneira.

Com relação à explicitação dos dos fatores que intervêm na resistência potencial do betão,
Mercer listou 60 causas de variação dos resultados de resistência à compressão do betão.
Sparkers, mais simplista, reuniu essas 60 causas em apenas oito, por ele consideradas mais
importantes. Fica claro que os factores que influem na resistência à compressão do betão são:

 Variabilidade do cimento, dos inertes, da água, dos aditivos e da proporção relativa


desses materiais;
 Qualidade e operação dos equipamentos de dosagem e mistura;
 Eficiência das operações de ensaio e controle.

Ainda Helene e Terzian (1992) afirmam que para alterar a resistência à compressão deve-
se atuar sobre o grau de hidratação ou sobre a relação água/cimento.

A alteração do grau de hidratação é conseguida através de:

1) Mudanças do tipo de cimento (composição química ou características físicas);


2) Alteração nas condições de cura (idade , umidade e temperatura);
3) Emprego de aditivos aceleradores ou retardadores.

A alteração da relação água/cimento pode ser alcançada através de:

1) Mudança do tipo de cimento (finura ou composição química);


2) Mudança dos inertes (Textura, dimensão, granulometria, absorção de água);
3) Emprego de aditivos redutores de água ou superplastificantes.

A resistência à compressão dos betões, tanto para fins de dosagem quanto


para controle da qualidade, é obtida através de ensaios normalizados nos
quais as condições de cura são perfeitamente definidas e constantes.
(HELENE & TERZIAN, 1992, p. 113)

Desconsiderando as situações nas quais haja interesse no emprego de aditivos, o grau


de hidratação passa então a ser função exclusiva do tipo de cimento e da idade escolhida para
o ensaio de compressão axial. Dessa forma é possivel avaliar a evolução no tempo, da
resistência à compressão para cada tipo de cimento nacional.

45
De acordo com Helene e Terzian (1992) Ao utilizar outros inertes/agregados ou
empregar aditivos redutores de água ou superplastificantes, obtêm-se alterações imediatas no
comportamento e características do betão fresco, mantido o mesmo traço. Essa alteração
poderá permitir ou obrigar no caso de determinada obra uma modificação da relação
água/cimento para adequar a trabalhabilidade do betão fresco às condições de transporte,
lançamento e adensamento desse betão nas formas e/ou cofragens. Num estudo laboratorial,
no entanto, se mantida a relação água/cimento, a resistência à compressão passa a ser
dependente exclusivamente do tipo de cimento considerado e da idade escolhida para o
ensaio de compressão axial. Passa a ser conveniente conhecer também a correlação entre a
resistência à compressão dos diversos tipos de cimentos nacionais e a relação água/cimento, a
diferentes idades.

1.3.2 Quantificação Dos Factores Que Influem Na Resistência

A uniformidade do betão decorre da uniformidade apresentada pelos inertes, o


cimento e os aditivos usados, uma vez que cada um tem sua contribuição na resistência final
obtida. Além disso a mistura do betão é derivada de um processo mecânico de dosagem dos
materiais, possível de apresentar dispersão em torno de um valor médio. (HELENE &
TERZIAN, 1992)

A propria betoneira utilizada e o tempo em que a mistura permanece em movimento


no seu interior têm influência preponderante no resultado obtido. Por outro lado, dispersões
na colecta de exemplares, moldagem, cura, capeamento e ruptura dos corpos-de-prova podem
introduzir variações na resistência que não correspondem a variações no betão da estrutura.

As operações de controle devem ser rigorosamente constantes, a fim de não prejudicar


a avaliação da variabilidade real do processo de produção do betão, objectivo primordial do
controle.

Na tabela 13 apresentam-se a lista dos principais factores responsáveis pela


variabilidade da resistência à compressão indicando-se quantitivamente a máxima variação
que cada um poderá causar na resistência de controle de betão. Está subentendido aí que se
trata de variabilidades normais geralmente encontradas em materiais de mesmo tipo e

46
procedência. A troca de tipos de classe de cimento ou erros grosseiros na proporção dos
materiais, ou na mistura, ou nas operações de ensaio não estão computados.

Tabela 13 - Principais factores que influem o resultado da resistência à compressão


potencial do betão medida no ensaio de controle

Causas de variação Efeito máximo no resultado


A – Materiais
 Variabilidade da resistência do cimento ± 12%

 Variabilidade da quantidade total de água ± 15%

 Variabilidade dos inertes ( principalmente finos) ±8%

B – Mão-de-obra
 Variabilidade do tempo e procedimento de mistura - 30%
C – Equipamento
 Ausência de aferição de balanças - 15%

 Mistura inicial, sobre e subcarregamento, correias, etc. - 10%

D – Procedimentos de Ensaio
 Coleta imprecisa - 10%

 Adensamento inadequado - 50%

 Cura (efeito considerado a 28 dias ou mais) ± 10%


- 30% par concavidade
 Remate inadequado nos topos
– 50% para convexidade
± 5%
 Ruptura (velocidade de carregamento)
Fonte: Helene & Terzian, 1992

Apesar de ser bastante improvável que esses efeitos coincidam e possam ser somados,
resulta que a variação da resistência do betão, com o tempo, é dependente da variação de cada
um destes factores com o tempo.

Segundo Helene e Terzian (1992) Para efeito de controle é dificil considerar


individualmente a influência de cada factor na resistência final do betão. No entanto, há
estudos mostrando que a influência conjunta desses factores determina o processo de variação
da resistência do betão. Nessas pesquisas constatou-se que, durante a produção do betão, há a
constante mudança de média, mantendo-se a resistência como variável gaussiana e
estacionária somente durante um certo período.

47
Está claro, no entanto, que essa mudança no tempo é resultado da mudança da partida
de cimento, da evaporação maior ou menor da água de amassamento, da variação das
características dos inertes (impurezas, granulometria, umidade) e outras mais. Sempre que
essas variáveis efetivamente se modifiquem, há necessidade de separar-se os resultados para
efeito de controle.

1.3.3 Controle De Produção De Betão

O controle de produção compreende o conjunto de métodos, que ajudam o fabricante


do betão a cumprir o especificado da forma mais econômica. Sendo o produtor o responsável
pela qualidade da produção, deve também ter a responsabilidade de controlar esta da forma
que lhe pareça mais indicada. (HELENE & TERZIAN, 1992, p. 165)

Será irrealista e inoperante um controle de produção efetuado somente sobre as


características finais do betão, sem que de antemão tenha sido efectuado um controle da
qualidade e uniformidade da matéria-prima utilizada. Em outras palavras, durante o controle
de produção interessa controlar os factores que influem na resistência à compressão.

Ainda (Helene e Terzian, 1992, p. 165-166) destacam as condições para se manter a


resistência à compressão do betão:

1) Assegurar a qualidade e a uniformidade do cimento, da água e dos inertes disponíveis;


2) Verificar o proporcionamento correcto dos materiais por ocasião do amassamento;
3) Observação da ordem de lançamento dos materiais na betoneira e o tempo de mistura;
4) A eficiência dos equipamentos.

Outro recurso que a equipa encarregada do controle de produção pode e deve utilizar é a
verificação da uniformidade das caracteristicas do betão fresco. Normalmente a
trabalhabilidade expressa pela consistência, a massa específica do betão fresco, o teor de ar
aprisionado e a relação água/materiais secos dão boa informação sobre a manutenção das
características finais do betão endurecido.

Além destas verificações, efetuadas no betão ainda fresco, é sempre interessante proceder
ao controle da resistência à compressão. Em última instância, todo betão acabará sendo

48
julgado através de sua qualidade final, que em geral é a sua resistência à compressão em uma
idade prescrita.

CAPÍTULO II – METODOLOGIA

2.1 Tipo de pesquisa

a) Quanto a finalidade

A pesquisa é classificada como uma pesquisa com finalidade básica estratégica, pois,
segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa objectiva a proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Ainda, pode-se dizer
que estas pesquisas têm como objectivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta
de intuições.

b) Quanto aos objectivos

O tipo de pesquisa quanto à objectivo pode ser entendida como descritivo e exploratório,
descritivo por se tratar de um estudo feito tomando como base referêncial teórico, e
exploratório por além do referencial teórico, foi feito uma sondagem sobre alguns fenomenos
desenvolvidos no trabalho, dentre elas, a colecta de dados necessários, do mercado productor
de certos materiais, usados para o desenvolvimento desta análise.

c) Quanto a abordagem

O tipo de pesquisa quanto à abordagem pode ser entendida como qualitativa um dos
motivos por se tratar de um estudo de caso, e neste estudo em primeira etapa foi utilizado
também o procedimento bibliográfico.

Foi realizado um estudo da dosagem in situ e na central, de uma laje de uma residência
localizada no bairro de muahivire-expansão (Jardim), conforme é apresentado na figura x
desenvolvida pelo autor, considerando uma tipologia com área real construída de 200 m².

49
d) Quanto ao método

O tipo de pesquisa quanto ao método é hipotético-dedutivo, é um processo que baseia-se


na escolha de um problema, estabelecendo hipóteses que podem solucionar esse problema, e
deste modo, efectuou-se pesquisas para verificar, a conformidade das hipóteses.

e) Quanto ao procedimento

O tipo de pesquisa quanto ao procedimento é bibliográfico, a pesquisa baseiou-se na


leitura de livros, artigos científicos, entre outros, tirando as citações, e posterior a utilização
no trabalho.

2.2 Instrumentos

Esta investigação contou com a utilização dos seguintes instrumentos de pesquisa:


livros, entrevistas, relatórios, sites, artigos de sites, dicionário. Foram utilizados o REBAP, o
Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA) e a Tabela
Técnica para Engenheiros civis.

2.2.1 Procedimentos de colecta de dados

Os procedimentos adoptados para elaboração dessa monografia foram colectados da seguinte


forma:

 Pesquisa bibliográfica: realizada em livros, dicionários, periódicos especializados,


além de outras publicações, com dados relacionados ao assunto em estudo, consulta
de artigos científicos, empresas com a qual se pode obter os serviços da aplicação do
betão;
 Pesquisa de campo ou Sondagem: realizada por meio de pesquisas no mercado
produtor, fornecedor, dos materiais necessários para a realização desta análise.

50
CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO: SECTOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL –
EDIFÍCIO RESIDENCIAL – NAMPULA

3.1 Contexto

O estudo será desenvolvido no Município de Nampula, cidade capital da provincia do


mesmo nome, em Moçambique, e é conhecida como a capital do Norte. Localizada no
entroncamento da via férrea de Nacala com os eixos rodoviários que da província da
zambézia e do litoral demandam o norte e o interior. Possui uma área de 81 606 km².

Figura 19 - Fotográfia Satélite da Cidade de Nampula

Fonte: Google Earth, 2023

3.1.1 Caracterização do Objecto de Estudo

51
O edifício em estudo, localiza-se no bairro de Muahivire-Expansão (Jardim), Cidade
de Nampula, com uma carasterística de arquitectura moderna, Projecto tipo 4, com um
volume de laje a ser betonado de 40 m³ (20,00 x 10,00 x 0,20 metros)

Figura 20 - Localização da obra, no bairro de Muahivire-Expansão (Jardim)

Fonte: Google Earth, 2023

3.1.2 Quantificação do Material

Análise Do Custo Benefício Entre A Utilização De Betão Da Central E Betão Feito No


Local Da Obra:

ANÁLISE DO CUSTO BENEFÍCIO

Nesta fase o principal objetivo é analisar o custo benefício do betão produzito numa
central e o betão produzido no local da obra. Para realização desta análise utilizou-se como
base a betonagem de uma laje de 40 m³ de volume, de uma obra localizada na Cidade de
Nampula, no Bairro de Muahivire-Expansão – Jardim.

52
O betão utilizado nesta betonagem foi especificado como: Betão Tipo Convencional Fck
25 Mpa. Para análise das alternativas de betonagem, fez-se um comparativo entre as duas
situações abaixo:

1. Total Gasto com o Betão Produzido na Obra (TGBPO)

O custo do betão produzido na obra, tomando como base o mesmo traço que será
utilizado pela central de betão, capacidade da betoneira da obra, tempo necessário para
produção e descarga dos 40m³ de betão e a mão de obra utilizada pelo cliente para realização
do serviço.

2. Total Gasto com o Betão Produzido na Central (TGBPC)

O custo do betão feito na cental, tomando como base o preço do betão especificado,
tempo necessário para a descarga dos 40m³ na obra e a mão de obra utilizada pelo cliente
para realização do serviço;

PLANTA DA LAJE A SER BETONADA

A laje a ser betonada pode ser visualizada na Figura 21, contendo as seguintes
dimensões (20,00 x 10,00 x 0,2 metros).

Figura 21 - Esboço da laje

Fonte: O Autor, 2023

TRAÇO DE BETÃO UTILIZADO

O traço de betão especificado para a betonagem da laje foi o de resistência


característica fck 25 Mpa tipo convencional.

53
Apresentar-se-á, abaixo, na tabela 1, o traço do betão B25 – (1:2:3) dosado na central
ou in situ conforme o quadro 10.2.14 da tabela técnica para engenheiros civis. (Brazão &
Reis, 1993, p. 437)

Tabela 14 - Quadro de cimento, areia, brita para 1 m³ de betão

Fonte: Brazão & Dos Reis, 1993

Total Gasto com o Betão Produzido na Obra (TGBPO)

Custo do betão produzido na obra, tomando como base o traço do betão B25 – (1:2:3).

54
Dados:

Laje de cobertura = 20 x 10 = 200 m2

Espessura da laje = 0,20 m

Laje = 40 m³

Tabela 15 - Custo dos Materiais Componentes do Betão

Materiais Quantidades por m³ Preços m³


Cimento 310 Kg 3 844,00 MZn
Brita 0,770 m³ 1 700,00 MZn
Areia 0,515 m³ 800,00 MZn
Água 145 litros 1000,00 MZn
Fonte: Informações do Mercado Produtor.

De acordo com a tabela x, efectua-se desta forma o custo dos materiais para, executar, a
betonagem de uma laje de cobertura com 40 m³, usando o traço 1:2:3.

1. Cimento:

1 m ³ de bet ã o 310 kg de Cimentos


3
40 m de bet ã o X

3
40 m x 310 Kg
X= 3
=12 400 Kg de Cimento ≈ 248 sacos de 50 kg ≈ 10,2 m ³
1m

2. Brita:

1 m3 de bet ã o 0,770 m ³ de brita


40 m3 de bet ã o X

55
3
40 m x 0,770 m³
X= 3
=31m ³ de brita
1m

3. Areia:

1 m3 de bet ã o 0,515 m ³ de areia


3
40 m de bet ã o X

3
40 m x 0,515 m³
X= =21m ³ de areia
1 m3

4. Água:

1 m3 de bet ã o 145 Litros


3
40 m de bet ã o X

3
40 m x 145 Litros de Á gua
X= 3
=5 800 Litros
1m

Consumo de materiais para betonar laje de 40 m³ usando o traço 1:2:3

Gráfico 1: Consumo total dos Materiais

56
35.00
Brita: 31
30.00
Consumo dos materiais em m³

25.00
Areia: 21
20.00

15.00

Cimento: 10,20
10.00

Água: 5,8
5.00

Fonte: O Autor, 2023

Custos dos Materiais

Tabela 16 - Custo dos Materiais Componentes do Betão Por m³

Brita 1700MZn/m³
Areia 800MZn/m³
Cimento 620MZn/Saco
Água 1000MZn/m³
Fonte: Informações do Mercado Produtor.

Tabela 17 - Custo total dos materiais

Cimento Brita Areia Água


Quantidades 248 Sacos 31 m³ 21 m³ 5 800 Litros
Preço unitário 620 Mts 1700 MZn 800 MZn 1000 MZn
Total 153 760,00 MZN 52 700,00MZn 16 800,00MZn 5 800,00MZn

Total Geral: 229 060,00MZn

57
Fonte: O Autor, 2023

Gráfico 2: Custo Total dos Materiais em Meticais

180,000

160,000 153,760

140,000

120,000

100,000

80,000

60,000 52,700

40,000

20,000 16,800
5,800
0

Cimento Brita Areia Água

Fonte: O Autor, 2023

DADOS ADICIONAIS UTILIZADOS NA ANÁLISE

Tabela 18 - Rendimento de Mão-de-Obra


Encargos Quantidades
Mestre-Pedreiro 35 MZn/h 3
(Trabalha 8hrs por dia)
Servente 25 MZn/h 2

58
(Trabalha 8hrs por dia)
Operador/Betoneiro 125 MZn/h 1
(Trabalha 8hrs por dia)
Betoneira 625 MZn/h 1
(Trabalha 8hrs por dia)
Ajudantes 100 MZn/h 40
(Trabalha 8hrs por dia)
Fonte: Informações do Mercado Produtor

Tabela 19 - Custo total dos encargos

Encargos P.Unit. Duração Quant. Total


Mestre-Pedreiro 35 MZn/h 14h 3 1 470, 00MZn
Servente 25 MZn/h 14h 2 700, 00MZn
Operador/Betoneiro 125 MZn/h 14h 1 1750, 00MZn
Betoneira 625 MZn/h 14h 1 8 750,00MZn
Ajudantes 100 MZn/h 14h 40 56 000,00MZn
Total Geral: 68 670,00MZn
Fonte: Autor, 2023

TGBP = 229 060,00MZn + 68 670,00MZn

TGBP = 297 730,00MZn

Total Gasto com o Betão Produzido na Central (TGBPC)

Dados:

De acordo com as minhas pesquisas, o mercado produtor de betão em Nampula


Comercializa Por: 11 000,00MZn - 1 m³ de Betão Produzido numa Central

59
Assim, com base nos nossos dados é possivel obter o preço para a betonagem dos 40 m³ da
laje numa central de betao de modo simples e discreto

1 m3 de bet ã o 11 000 MZn


40 m3 de bet ã o X

40 m3 x 11 000,00 MZn
X= =440 000,00 MZn
1 m3

TGBPC = 440 000 , 00 MZn

CAPÍTULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise do custo benefício entre a utilização de betão da central e o betão feito em


obra, para a betonagem de 40 m³ da laje com betão de Fck 25 Mpa tipo convencional, teve

60
como base as informações contidas no item 3.1.1 deste trabalho. Fazendo uso dos
conhecimentos de engenharia obteve-se os resultados apresentados na Tabela 20 a seguir:

Tabela 20 - Resultados obtidos

Comparativo Betão Produzido na Betão Produzido na Diferença


Central Obra
Total Gasto 440 000,00MZn 297 730,00MZn 142 270,00MZn
(MZn)
Tempo 4 hrs 14 hrs 10 hrs
Aplicação (h)
Fonte: Autor, 2023

Analíse Comparativa entre a Dosagem do betão In Situ e na Central de Betão

Gráfico 3: Analíse dos Custos

Produção do Betão In Situ Produção do Betão na Central

440000

297730

14 4
Total Gasto em Meticais Tempo de Aplicação (hrs)

De acordo com os dados acima, o betão produzido na obra custou aproximadamente


142 270,00Mts mais barato que o mesmo betão sendo adquirido numa central de betão, no
entanto, o tempo de duração para a aplicação do betão foi de 14 horas, acima do tempo
utilizado durante a betonagem do betão produzido na central que foi de apenas 4 horas.

61
Vale destacar ainda, que o custo do valor homem/hora na utilização do betão
produzido na obra ficou aproximadamente 12 vezes maior que o custo do valor homem/ hora
quando da utilização do betão feito em uma central.

5.1 – CONCLUSÃO

A grande necessidade da redução de custos, a racionalização dos locais de obras e a


busca constante da qualidade, faz do uso do betão um estudo cada vez mais necessário. Este
poderoso material da construção civil, atualmente produzido manualmente ou em uma

62
industria de betão, influencia com intensidades diferentes os fatores relevantes de produção
civil. A partir da análise de diversos parâmetros comparativos entre o betão produzido
manualmente e o betão produzido numa central, pôde-se observar, por meio dos resultados da
programação desenvolvida, que se apresenta como melhor alternativa de custo-benefício para
o sector da construção civil a utilização do betão produzido numa central, tendo em vista, a
agilidade na aplicação do produto, menor custo do valor homem/hora aplicado durante a
operação e principalmente, a garantia da qualidade e dos requisitos exigidos pelas normas
atualmente em vigor.

5.2 SUGESTÕES

Por fim, antes da escolha do método de dosagem a empregar em uma obra de


construção civil, o autor sugere o seguinte:

63
 Em qualquer betão dosado “in situ” (no local da obra) é obrigatório um teor mínimo
de 300 kg de cimento por metro cúbico de betão. Em geral, os betões à dosagem
arbitrária compor-se-ão de: 500 litros de inerte fino; 800 litros de inerte grosso, e 300,
350 ou 400 kg de cimento por metro cúbico de betão.
 A quantidade de água não poderá ultrapassar:
220 litros para o betão de 300 kg de cimento por metro cúbico;
280 litros para o betão de 350 kg de cimento por metro cúbico;
280 litros para o betão de 400 kg de cimento por metro cúbico.
 A dosagem feita in situ, por processos rudimentar, somente será permitida pra obras,
em que:
Se necessita de pouca quantidade de betão;
Não há centrais de betão dentro da sua região;
Difícil acesso, dificultando a passagem dos meios de transportes até o local da obra;
 A dosagem feita in situ, por processos rudimentar, somente será permitida pra obras
de pequeno vulto, respeitadas as seguintes condições e dispensado o controle da
resistência:
A proporção de inerte fino no volume total do inerte será fixada de maneira a obter-se
um betão de trabalhavilidade adequada ao seu emprego, devendo estar entre 30% e
50%;
A quantidade de água será a minima compatível com a trabalhabidade necessária.

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64
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