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Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu orientador. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que esta monografia nunca foi apresentada em nenhuma outra instituição
académica para obtenção de qualquer grau académico.
_______________________________________________________
I
DEDICATÓRIA
II
AGRADECIMENTO
Primeiramente а Deus, pela sua graça, protecção e por ter-me dado saúde е forças para superar
as dificuldades durante estes quatro anos. Por cercar-me de amigos tão preciosos e especiais
que me têm inspirado e despertado o melhor que há em mim.
Ao ISEUNA, seu corpo docente, direção e funcionários, pelo acolhimento caloroso, ambiente
familiar e amigável que proporcionaram-me ao longo deste percurso.
Ao meu orientador Mcs, Engº Arlindo António Munguambe, pelo suporte, dedicação,
paciência, correção, incentivo e motivação na realização do trabalho.
Ao Engº, Abel Crisóstomo, pela inspiração na escolha do tema, que foi o resultado da realização
de uma visita de estudo a ponte sobre o rio Mutacaze, no âmbito das aulas de campo da cadeira
de Projecto II.
Agradeço аos meus pais, Marcelino Silva e Julieta Mucussete, meus heróis, pelo sacrifício
incondicional em prol do bem-estar e educação dos filhos e pelos seus exemplos de vida que
me inspiram desde aminha infância.
Aos meus irmãos, Conceição Silva e João Silva pelo, amor, companheirismo e amizade.
A minha Madrinha Rosalina Souza, minha segunda mãe, por ser uma grande fonte de
inspiração, motivação, alegria contagiante, e por estar sempre presente ajudando-me a sonhar e
acreditar no meu potencial. Por ter sido a primeira a atribuir-me o título de “Sr. Engenheiro”,
enquanto eu era apenas um estudante do ensino secundário.
Ao meu Pastor, Welberg Rodrigues, meu segundo pai, pelo seu grande exemplo de liderança,
pelo seu companheirismo, pelo investimento e incentivo em prol dos meus estudos e por seu
altruísmo.
Aos meus amigos e colegas de turma, por terem feito parte desta jornada. Pelo apoio, pelos
bons e maus momentos que partilhamos juntos, pelo trabalho em equipa, pelas conversas, pelas
longas horas de estudo e debate, pelas impressões e experiências trocadas dentro e fora da
academia.
E a todos que directa ou indiretamente fizeram parte desta etapa, o meu muito obrigado, e que
Deus os guarde e abençoe!
III
RESUMO
Este trabalho tem como tema: Dimensionamento de Pontes me Betão Armado, estudo de caso, Ponte
sobre o Rio Mutacaze. A justificação para este estudo assenta-se em dois aspectos fundamentais:
primeiro, empatia e compaixão pelas populações afectadas directa ou indirectamente pela queda da
ponte sobre o Rio Mutacaze, aquando da passagem do ciclone Gombe. O autor acredita que a academia
existe para catapultar o desenvolvimento e transformação da sociedade, mediante o desenvolvimento de
pesquisas que busquem solucionar os males da comunidade local. O segundo motivo nasce da
necessidade de estudo da temática de concepção de pontes, pois, o currículo académico de Engenharia
Civil, em vigor na altura da realização deste estudo não contempla a disciplina de pontes. O estudo tem
como objectivo geral o seguinte: Propor uma melhor alternativa para reposição permanente da ponte
sobre o Rio Mutacaze; Como objectivos específicos, destacam-se os seguintes: Recolher informações
gerais acerca da concepção das pontes em betão armado; Analisar a intervenção realizada na reparação
da ponte; Elaborar um projecto de ponte em betão armado (dimensionamento da ponte). O trabalho tem
o seguinte problema de pesquisa: “Tendo em conta os ciclones cada vez mais recorrentes em
Moçambique e a necessidade de infraestruturas com maior resiliência e tempo de vida útil, qual teria
sido a melhor solução adoptar aquando da reparação da ponte sobre o Rio Mutacaze?” As hipóteses
desta investigação foram as seguintes: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob
ponto de vista de resiliência aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da
infraestrutura; O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura. Em relação as metodologias, quanto ao
tipo, o trabalho é uma pesquisa aplicada; em relação a abordagem, é uma pesquisa quantitativa; Quanto
aos procedimentos é uma pesquisa bibliográfica e o método a ser empregue é o hipotético-dedutivo.
Para finalizar, conclui-se que os trabalhos de reposição da superestrutura e do encontro da ponte sobre
o Rio Mutacaze, não foram realizados, segundo as regras gerais do processo de inspeção e manutenção
de pontes, pelo facto de não se terem realizados estudos complementares (principalmente o hidrológico).
A realização de um projecto de ponte em betão armado seria uma melhor alternativa para solucionar o
problema, sob ponto de vista de maior resiliência aos ciclones e longevidade da vida útil da
infraestrutura. O investimento feito a cada ano para reposição de uma infraestrutura, implica que esses
recursos não estão a ser aplicados em outros sectores da sociedade como por exemplo, na educação, na
saúde, na agricultura, entre outros. Dessa forma, cria-se um ciclo vicioso de destruição e manutenção.
Razão pela qual, somos todos chamados a reflexão acerca do tipo de Engenharia que estamos a exercer
com vista a resolução dos problemas do Povo Moçambicano.
IV
ABSTRACT
This work is titled: Concrete Bridge Design: case of study, Bridge over the Mutacaze River. The
justification for this study is based on two fundamental aspects: first, empathy and compassion for the
populations directly or indirectly affected by the collapse of the bridge over the Mutacaze River, during
the passage of Cyclone Gombe. The author believes that the academy exists to catapult the development
and transformation of society, through the development of research that seeks to solve the ills of the
local community. The second reason arises from the need to study the theme of bridge design, since the
academic curriculum of Civil Engineering, in force at the time of this study, does not include the
discipline of bridges. The general objective of the study is the following: To propose a better alternative
for the permanent replacement of the bridge over the Mutacaze River; As specific objectives, the
following stand out: Collect general information about the design of reinforced concrete bridges;
Analyze the intervention carried out in the repair of the bridge; Elaborate concrete bridge project (bridge
sizing). The work has the following research problem: “Taking into account the increasingly recurrent
cyclones in Mozambique and the need for infrastructure with greater resilience and useful life, what
would have been the best solution to adopt when repairing the bridge over the River Mutacaze?” The
hypotheses of this investigation were the following: The intervention carried out in the repair of the
bridge was the best from the point of view of resilience to cyclones as well as foreseeing a long horizon
of useful life of the infrastructure; The dimensioning and execution of a reinforced concrete bridge
would be the most appropriate solution for replacing the bridge, taking into account the resilience to
cyclones as well as foreseeing a long horizon of useful life of the infrastructure. Regarding the
methodologies, as for the type, the work is an applied research; regarding the approach, it is a
quantitative research; As for the procedures, it is a bibliographical research and the method to be used
is the hypothetical-deductive one. Finally, it is concluded that the work to replace the superstructure and
the abutment of the bridge over the Mutacaze River, were not carried out, according to the general rules
of the inspection and maintenance process of bridges, due to the fact that complementary studies were
not carried out ( mainly hydrological). The realization of a concrete bridge project would be a better
alternative to solve the problem, from the point of view of greater resilience to cyclones and longevity
of the useful life of the infrastructure. The investment made each year to replace infrastructure implies
that these resources are not being applied in other sectors of society, such as education, health,
agriculture, among others. In this way, a vicious cycle of destruction and maintenance is created. For
this reason, we are all called upon to reflect on the type of engineering we are carrying out with a view
to solving the problems of the Mozambican people.
Keywords: Bridges, Cyclone, Sizing; Concrete; Resilience
V
LISTA DE SÍMBOLOS
VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
VII
EPÍGRAFE
VIII
PARECER DO TUTOR
Nesta conformidade, vai por mim assinada como garantia de que o trabalho foi da autoria do
estudante e obedeceu aos preceitos científicos para elaboração do mesmo.
_________________________________________________________________
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
X
ÍNDICE DE DIAGRAMAS
XI
ÍNDICE DE TABELAS
XII
GLOSSÁRIO
Cargas - carga é uma força aplicada a uma componente de uma estrutura ou à estrutura como
uma unidade.
Ciclone - Os ciclones são centros de baixa pressão atmosférica que provocam movimentação
do ar e resultam em grandes tempestades associadas a ventos fortes com poder destrutivo.
Dimensionamento - determinação das secções dos elementos estruturais para que eles resistam
aos esforços que lhe são solicitados e ofereçam segurança, qualidade e economia para a
edificação.
Esforço de Momento Flector - efeito de flexão (ou dobramento) em uma seção transversal de
uma barra.
Esforço transverso - tendência para o corte numa determinada secção de uma barra. Resultante
das tensões tangenciais. Esforço cortante.
Flexão simples - é definida como a flexão sem força normal. É resultante da ação de
carregamentos transversais que tendem a curvar o corpo e que geram uma distribuição de
tensões aproximadamente lineares no seu interior
Flexão composta - Quando a flexão ocorre com a atuação de uma força normal tem-se a Flexão
Composta.
Linhas de influência (LI) - descrevem a variação de um determinado efeito (por exemplo, uma
reação de apoio, um esforço cortante ou um momento fletor em uma seção) em função da posi-
ção de uma carga unitária que passeia sobre a estrutura.
XIII
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1
Justificativa.............................................................................................................................................. 3
Objectivos................................................................................................................................................ 4
Objectivo Geral ....................................................................................................................................... 4
Objectivos específicos ............................................................................................................................. 4
Problematização ...................................................................................................................................... 5
Problema.................................................................................................................................................. 5
Hipóteses ................................................................................................................................................. 6
XIV
2.5.3 Estudos geotécnicos ..................................................................................................................... 32
2.5.4 Estudos complementares .............................................................................................................. 33
2.6 Solicitações...................................................................................................................................... 34
2.6.1 Tipos de Carregamento ................................................................................................................ 34
2.6.2 Estados Limites Últimos (ELU) e de Serviço (ELS) .................................................................... 37
2.6.3 Combinação de acções ................................................................................................................. 38
2.7 Regulamentos .................................................................................................................................. 40
2.7.2 Normas Portuguesas ..................................................................................................................... 40
2.7.3 Normas Europeias ........................................................................................................................ 40
2.7.4 Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ................................................. 40
XV
4.12.3 Determinação dos esforços das cargas Móveis .......................................................................... 73
4.13. Resumo dos Esforços Máximos ................................................................................................... 76
4.14 Dimensionamento da secção das armaduras das longarinas ......................................................... 78
4.15 Dimensionamento de pilares ......................................................................................................... 80
4.16 Aparelhos de apoio e Encontros .................................................................................................... 82
4.17 Dimensionamento de Sapatas ....................................................................................................... 82
4.19 Resumo das Secções das armaduras .............................................................................................. 85
XVI
INTRODUÇÃO
De forma literal ou figurada, uma ponte serve para fazer a ligação entre dois pontos. A evolução
do estudo das pontes constitui uma grande conquista para a humanidade, ao mesmo tempo que
evidencia também, o desenvolvimento da mesma. A palavra ponte possui conotações que
extrapolam a área de Engenharia, aplicando-se também na esfera social, política e religiosa.
Na esfera religiosa, desde a antiguidade, é notável o uso do termo Pontífice, que significava
literalmente “construtor de pontes”. Do Latim (pons + facere), a posição de Pontífice era
fundamental em Roma, onde as grandes pontes ao longo do Tibre, o rio sagrado, eram
adornadas com estátuas de divindades utilizadas somente por autoridades prestigiadas com
funções sacras. No entanto, sempre entendeu-se seu sentido simbólico: os Pontífices seriam os
construtores de pontes entre os deuses e os homens.
A nível de engenharia, acredita-se que as primeiras pontes tiveram a sua origem em causas
naturais, como a queda de troncos das árvores sobre os rios, facto que possibilitava a travessia
para a outra margem. O Homem aperfeiçoou os incidentes naturais e dedicou-se a criação de
outras pontes feitas de troncos, de pedras, associando também a outros recursos disponíveis na
natureza e embarcou numa jornada de desenvolvimento tecnológico que teve como corolário o
desenvolvimento das pontes em betão armado, pontes metálicas, mistas, etc.
Intitulado Dimensionamento de Pontes em Betão Armado: estudo de caso da Ponte sobre o Rio
Mutacaze, este trabalho enquadra-se na área de Projecto de Construção, uma temática que
envolve a identificação das necessidades, análise de possíveis alternativas que vão de encontro
a resolução do problema, e a proposta de uma solução resultante de um estudo conjugado de
várias áreas da engenharia, com a finalidade de adoptar a opção que apresente as melhores
características de segurança, qualidade e economia.
1
O trabalho tem como caso de estudo a ponte sobre o rio Mutacaze, localizada na estrada
nacional N104 na província de Nampula, distrito de Mogovolas, Posto Administrativo de
Nametil, a 70 Km da cidade de Nampula.
A ponte desabou no dia 15 de Março de 2022, devido a passagem do ciclone Gombe, e passou
por um processo de reparação (reposição da superestrutura e construção de um encontro), tendo
sido reestabelecida a travessia do troço em Novembro de 2022. A ponte faz a ligação entre os
distritos de Mogovolas e Angoche.
2
Justificativa
Dentro dos conceitos acima descritos, a escolha do tema teve como linhas mestras os seguintes
aspectos:
A queda da ponte sobre o Rio Mutacaze, não constituiu apenas uma perda sob ponto de vista
de infraestrutura de Engenharia. A interrupção do troço gerou consequências nefastas á nível
socio-económico na vida das populações circunvizinhas. A intransitabilidade da via traduziu-
se num aumento de preços de bens e serviços nos distritos de Angoche, Moma e Larde, em
virtude destes serem dependentes da ponte para o fornecimento de produtos oriundos do Distrito
de Nampula. Esse facto teve também como corolário o enfraquecimento das relações
comerciais entre esses três distritos.
O sector de saúde não esteve isento ao raio de alcance das consequências da queda da ponte.
Nesse período houve uma escassez de fármacos nesses locais, o que limitava a prestação dos
cuidados médicos a população. A necessidade de vias alternativas para chegar-se a essas
populações influiu no aumento da distância de viajem, variável directamente proporcional ao
aumento do custo de combustível, e obviamente, esse custo recaio sobre o bolso do cidadão que
viu-se obrigado a pagar mais para deslocar-se de um ponto para outro.
3
Razão pela qual o autor do estudo propõe uma solução que seja mais resiliente ao contexto dos
efeitos nefastos das alterações climáticas (ciclones cada vez mais frequentes com magnitudes
crescentes), e contemplando um tempo maior de vida útil da infraestrutura, para que as
populações não passem novamente por situação semelhante.
Objectivos
A definição dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realização do
trabalho. LIBANEO (1994:122), sustenta que o objectivo “é a explicitação dos fins e meios que
orientam as tarefas de pesquisa a alcançar um certo fim”.
Objectivo Geral
O objectivo geral é abrangente com uma visão global do tema e será a síntese que se pretende
alcançar. NERICI (1989:58) defende que “os objectivos gerais referem-se aos objectivos mais
amplos e com vista a concretizarem-se após um período mais ou menos longo de acção
didáctica”. Assim sendo, a pesquisa tem como objectivo geral:
Propor uma melhor alternativa para reposição permanente da ponte sobre o rio Mutacaze,
mediante a elaboração de um projecto de dimensionamento de uma ponte em betão armado.
Objectivos específicos
4
Elaborar um projecto de ponte em betão armado (dimensionamento da ponte), apresentando
como uma alternativa mais viável em relação a intervenção realizada.
Problematização
As soluções de Engenharia com vista a resolução dos danos provenientes desses fenómenos,
devem ser idealizadas não apenas como intuito de resolver a situação imediata, mas antecipando
a ocorrência dessas manifestações naturais de modo cada vez mais frequente e perspetivando a
resolução dos problemas num horizonte temporal mais longínquo.
Essa abordagem já tem vindo a ser aceite e implementada a nível de construção de escolas,
unidades sanitárias, entre outras infraestruturas públicas e são popularmente designadas de
Construções Resilientes a Intempéries. É necessário a adopção dessa filosofia na execução ou
reabilitação de pontes.
Problema
“Problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão em qualquer domínio
de conhecimento”. GIL, (2001:49).
5
Hipóteses
Gil (2002:31), sublinha que as hipóteses consistem em oferecer uma solução possível mediante
uma preposição ou seja uma expressão verbal susceptível de ser declarada verdadeira ou falsa.
As hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema
da pesquisa. Elas são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o
desenvolvimento da pesquisa. Assim sendo, o autor propõe as seguintes hipóteses:
H1: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob ponto de vista de resiliência
aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.
H2: O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.
6
CAPÍTULO I: METODOLOGIA
Lakatos & Marconi (1992:60), afirmam que a metodologia numa pesquisa é entendida como o
conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo
da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos inicialmente propostos e ao mesmo
tempo, o atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, mais eficácia e maior
confiabilidade de informação.
Pesquisa aplicada: Lakatos & Marconi (2002:20) consideram pesquisa aplicada, "como o
próprio nome indica, caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam
aplicados ou utilizados imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”
Pesquisa explicativa: Para Severino (2007:123) “ a pesquisa explicativa é aquela que, além
de registar e analisar os fenómenos estudados, busca identificar suas causas, seja através da
aplicação do método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos
métodos qualitativos”.
7
1.5. Método de pesquisa
8
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
2.1 Conceito
A literatura existente sobre o tema apresenta diversas definições para uma ponte. De modo
geral, todas estão corretas, diferenciando-se entre si apenas pela forma como são redigidas.
Genericamente, ponte é toda a obra necessária para manter a continuidade de uma via quando
existe algum tipo de obstáculo.
b) Segurança - deve ter os seus materiais constituintes solicitados por esforços que neles
provoquem tensões menores que as admissíveis ou que não possam provocar roptura;
d) Estética - deve apresentar um aspecto agradável e que se harmonize com o ambiente em que
se situa;
9
2.3 Elementos constituintes das pontes
Para Pereira (2002:9), as pontes em geral são compostas pelos seguintes elementos:
Superestrutura;
Mesoestrutura;
Infraestrutura.
Reis (2002:3), e a maioria dos autores ingleses, categorizam os elementos da ponte em apenas
dois grupos (superestrutura e infraestrutura), nesse caso, consideram os elementos da
mesoestrutura como parte da infraestrutura. Neste estudo, a abordagem será na esfera tríplice,
conforme (Pereira 2002).
2.3.1 Superestrutura
A superestrutura vence o vão necessário a ser transposto pela ponte e recebe diretamente as
cargas provenientes do tráfego dos veículos, transmitindo-as à mesoestrutura. É normalmente
denominada de tabuleiro ou estrado, sendo composta por vigas longitudinais (vigas principais
ou longarinas), e por vigas transversais (transversinas ou carlingas) e das lajes superior, e
inferior (no caso de secções em caixão ou estrado celular).
10
Segundo Pereira (2002:17), o tabuleiro tipo de uma ponte rodoviária inclui, em geral, além dos
elementos estruturais propriamente ditos, os seguintes elementos:
1) Lajes do tabuleiro;
2) Vigas do tabuleiro;
3) Passeios de pedestres, guarda-corpos e guarda-rodas;
4) Placa de transição;
5) Juntas de dilatação;
6) Sistema de drenagem;
7) Pista de rolamento dos veículos;
8) Dispositivos para instalação de iluminação e serviços (TV, Internet, tubagens de água, etc.)
Lajes do Tabuleiro
Vigas do tabuleiro
As vigas do tabuleiro são constituídas pelas vigas longitudinais (vigas principais ou longarinas)
e pelas vigas transversais (transversinas ou carlingas). As vigas principais suportam as cargas
atuantes sobre a superestrutura, transferindo-as para os pilares ou encontros. As carlingas
podem ser ligadas ou separadas da laje e têm a função de contraventamento, além de colaborar
na distribuição das cargas do tabuleiro para as vigas principais, como é o caso das pontes em
grelha.
11
Figura 2. Lajes betonada inloco sobre pré-lajes apoiadas em vigas pré-fabricadas
Guarda-corpos - são peças laterais de proteção aos pedestres. São fixados nas
extremidades dos passeios com altura geralmente variando de 0,75m (áreas rurais) a 1,10m
12
(áreas urbanas). Nas pontes rodoviárias os guarda-corpos podem ser em betão armado,
devido a menor necessidade de manutenção ou em estruturas metálicas.
13
Figura 5. Guarda-corpo
Legenda:
a) Guarda-rodas junto aos passeios (lancil); ou
b) Entre faixas;
c) guardas de segurança auto-safes.
Juntas de dilatação
Nos projetos de pontes com grande comprimento são previstas interrupções estruturais no
tabuleiro, de modo a permitir os movimentos provocados pela variação de temperatura, retração
e fluência do betão.
14
Reis (2002:33), observa que as juntas de dilatação, podem ser de variadíssimos tipos, desde a
simples junta de aglomerado negro de cortiça (para pequenos deslocamentos), até sistemas mais
sofisticado, para deslocamentos que podem ser superiores a 1 m. Um dispositivo desse tipo
adoptado numa das maiores pontes suspensas do mundo- Ponte Humber, na Grã- Bretanha,
admite deslocamentos da ordem dos 3m.
Sistema de drenagem
15
Figura 8. Detalhe da drenagem do tabuleiro
Nas pontes em caixão, deve-se também colocar tubos de drenagem na laje inferior, com a
finalidade de evitar o acúmulo de água no interior das células.
Faixa de rolamento
Nas pontes com superestrutura em betão podem ser adotadas três soluções para a faixa de
rolamento:
Pavimentação com asfalto (CBUQ);
Revestimento fino de betão sobre a laje;
Laje estrutural sem revestimento.
16
Figura 9. Plataforma de uma ponte com duas faixas de tráfego
2.3.2 Mesoestrutura
Pereira (2002:20), elucida que a mesoestrutura das pontes tem a função de transmitir as cargas
da superestrutura para a infraestrutura, e é constituída pelos pilares, aparelhos de apoio, vigas
de contraventamento e encontros.
Pilares
Os pilares são localizados a cada linha de apoio transversal do tabuleiro. Suas quantidades,
formas e dimensões dependem de diversos fatores como a altura da obra, a largura da
superestrutura e o tipo de fundação.
A figura 10 mostra algumas Soluções para pilares de pontes em betão armado ou pré-esforçado
a) Pilar parede;
b) Dois pilares ligados por uma travessa no topo;
c) Dois pilares com viga de contraventamento;
d) Tubulões de fundação (funcionam, neste caso, como
pilares);
e) Três pilares ligados por travessa no topo (caso de
múltiplas vigas no tabuleiro)
e)
17
Aparelhos de apoio
A transmissão das cargas do tabuleiro para os pilares ou encontros se dá através de elementos
de transição denominados aparelhos de apoio. Eles podem permitir alguns movimentos na
estrutura e impedir outros, conforme o tipo de obra.
Legenda:
a) Apoio fixo (articulação Freyssinet);
b) Apoio móvel e, pêndulo de betão;
c) Apoio móvel em rolo metálico;
d) Apoio elastomérico em neopreme fretado.
Encontros
Os encontros, utilizados em determinados tipos de obras, são elementos que, além de receberem
as cargas provenientes da superestrutura, fazem a contenção dos aterros nas extremidades da
ponte, recebendo, também, os empuxos horizontais causados por esses aterros.
18
Nas obras antigas ou até nas obras atuais, dependendo das condições de cada local, - em especial
dos parâmetros geotécnicos e topográficos - os encontros são constituídos de alvenaria de pedra,
betão ciclópico ou em betão armado.
Figura 12. Encontro
2.3.3 Infraestrutura
Para Pereira (2002:23), a infraestrutura ou fundação de uma ponte pode ser do tipo superficial
ou profunda.
A escolha do tipo de fundação depende de diversos factores que precisam ser analisados na fase
do projeto, sendo, porém, de fundamental importância o conhecimento do tipo de solo do local
onde será executada a obra.
a) Fundações superficiais
As fundações superficiais ou diretas são utilizadas quando o solo de boa qualidade é encontrado
a pequena profundidade. Dividem-se em dois tipos: blocos e sapatas.
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Sapatas de fundação- são geralmente executadas em betão armado e podem ser isoladas –
quando projetadas para cargas concentradas devido a pilares isolados - ou corridas - quando
recebem cargas distribuídas ao longo de sua extensão.
Legenda:
a) Bloco isolado de betão ciclópico;
b) Sapata isolada;
c) Sapata corrida.
b) Fundações profundas
As fundações profundas são adotadas quando o solo com boa qualidade de suporte está situado
a uma profundidade média ou grande. Nas pontes, as estacas e tubulões são as fundações de
uso mais correntes.
Estacas
As estacas são elementos estruturais em betão, aço ou madeira, cravados por equipamentos
apropriados.
20
Figura 14. Exemplo de secções transversais de estacas
Legenda:
a) Estaca circular de betão armado;
b) Estaca circular oca de betão armado;
c) Estaca quadrada de betão armado;
d) Perfil metálico H ou I;
e) Perfil metálico duplo I;
f) Trilho simples;
g) Perfil formado por três trilhos
Tubulões
São fundações profundas, moldadas in situ, executadas por escavação a céu aberto ou com a
utilização de ar comprimido no interior de camisas metálicas ou de betão armado.
Os tubulões são constituídos das seguintes partes:
21
Figura 15. Corte esquemático de um tubulão
Cada autor possui os seus critérios para classificar as pontes. Como corolário desse aspecto,
evidencia-se uma vasta gama de classificação dessas infraestruturas.
Segundo Pereira (2002:10-17), as pontes são geralmente classificadas quanto à finalidade,
quanto ao tipo de material empregado e quanto ao sistema construtivo adotado.
Ponte de madeira;
Ponte de pedra;
Ponte metálica;
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Ponte em betão armado;
Ponte em betão pré-esforçado;
Ponte em laje
As pontes com superestruturas em lajes maciças representam um sistema estrutural destituído
de qualquer vigamento.
Trata-se de uma solução adotada para o caso de pequenos vãos (no máximo 15 m). A esbeltez
l/h dessas obras deve atender aos seguintes valores: 15 a 22, para betão armado; 18 a 30, para
betão pré-esforçado; onde l é o vão da obra e h a espessura da laje.
Ponte em viga
São formadas por um sistema estrutural estaticamente determinado. As vigas simplesmente
apoiadas podem ter seção constante ou variável e são muito utilizadas para vencer um vão com
um único tramo ou em pontes onde o vão pode ser vencido através de uma série de vigas
assentes sobre apoios sucessivos, constituindo-se em solução vantajosa, do ponto de vista da
facilidade de execução e da economia, quando são utilizadas peças pré-moldadas.
23
Figura 18. Ponte em viga simplesmente apoiada com único vão
24
Figura 20. Ponte em viga Gerber a); Detalhe dos dentes Geber b)
a)
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Ponte em grelha
Denomina-se ponte em grelha o sistema estrutural constituído por três ou mais vigas
longitudinais, com carlingas (tranversinas) intermediárias e de apoio. As carlingas fazem com
que as vigas longitudinais trabalhem em conjunto, regulando a distribuição dos carregamentos
entre as vigas.
Ponte em pórtico
Nas pontes, os pórticos são formados pela ligação das vigas com os pilares ou com as paredes
dos encontros, caracterizando a continuidade entre esses elementos em substituição às
articulações.
Como as extremidades da viga são engastadas nos encontros, os momentos negativos de
encastramento reduzem o momento positivo, possibilitando a redução de altura no vão.
Figura 23. Pontes em pórticos
26
Ponte em arco
Esse sistema estrutural foi muito utilizado no passado como a única alternativa viável para
vencer grandes vãos, principalmente diante da dificuldade da execução de apoios
intermediários e escoramentos sobre cursos de água ou vales profundos.
A predominância dos esforços de compressão com pequena excentricidade e a exigência de
pequenas seções de armações fizeram do arco a estrutura adequada para a utilização do betão
armado.
27
Ponte pênsil (suspensa)
A ponte pênsil é constituída por cabos dispostos parabolicamente e pendurais verticais. Não são
estruturas apropriadas para betão e por isso são executadas geralmente em vigamentos
metálicos suspensos em cabos portantes de aço. As vigas, que podem ser em treliças ou vigas
de alma cheia, devem ter grande rigidez a flexão e principalmente à torção, de modo a
minimizar os efeitos dos movimentos vibratórios transversais que podem causar desconforto
aos usuários ou mesmo risco à estrutura.
Além dos critérios de classificação de pontes aludidos por Pereira (2002) e por Reis (2002),
Marchetti (2008:3), acrescenta a classificação quanto a extensão do vão total, a durabilidade,
desenvolvimento planimétrico, altimétrico, mobilidade dos tramos, e o sistema construtivo.
28
2.4.4 Quanto a extensão total
29
2.4.7 Quanto desenvolvimento altimétrico (elevação)
30
2.4.8 Quanto ao sistema construtivo
In loco
A superestrutura é executada no próprio local da ponte, na posição definitiva, sobre
escoramento apropriado (cimbramento, treliça etc.) apoiando-se directamente nos pilares.
Pré-moldada
Os elementos da superestrutura são executados fora do local definitivo (na própria obra, em
canteiro apropriado ou num local distante) e, a seguir transportados e colocados nos pilares.
Esse processo construtivo é muito usual em pontes de betão pré-esforçado, principalmente
quando houver muita repetição de vigas principais. A pré-moldagem da superestrutura, em
geral, não é completa (são pré-moldados quase sempre, apenas os elementos do sistema
principal), o restante da superestrutura deve ser executado “in loco”.
Em balanços sucessivos
Neste caso, a ponte tem sua superestrutura executada progressivamente a partir dos pilares já
construídos. Cada parte nova da superestrutura apoiando-se em balanço na parte já executada.
A grande vantagem desse processo construtivo é a eliminação total (quase sempre) dos
escoramentos intermediários, isto é, eliminam-se os cimbres, treliças etc.
Principais estudos fornecidos ao projetista na forma de relatórios técnicos, que devem ser
realizados para subsidiar o projeto de uma ponte (Pereira 2002:28)
Trata-se da definição do traçado da rodovia onde a ponte será edificada, devendo constar dos
seguintes elementos:
b) Largura total da plataforma, com indicação das faixas de tráfego, passeios de pedestres;
c) Todas as cotas das camadas de pavimentação;
31
d) Declividades e/ou raios de curvaturas, no caso de pontes em rampas ou em curva.
32
O resultado das sondagens deve ser fornecido na forma dos seguintes elementos:
a) Planta de locação dos furos referida ao eixo da obra;
b) Perfil individual de cada furo, assinalando as diversas camadas atravessadas com as
respectivas espessuras, classificação e número de golpes a cada metro de perfuração;
c) Posição de nível da água.
São informações de caráter geral que podem ser de grande interesse para a concepção do projeto
e definição do sistema construtivo, como por exemplo:
a) Agressividade da água e do meio ambiente em geral;
b) Condições de acesso ao local da obra;
c) Disponibilidade de materiais na região;
d) Infraestrutura disponível no local;
e) Informações sobre o período chuvoso e o regime do rio;
f) Outras peculiaridades locais que facilitem (ou dificultem) a execução e possam influenciar
no custo da obra e no sistema construtivo adotado.
O estudo geométrico não será muito fulcral na realização do novo projecto da ponte, por tratar-
se de uma melhoria face a situação actual da infraestrutura, isso implica que não será realizado
um novo traçado para a rodovia (Não é um projecto de raiz). Todavia, convêm realizar o
levantamento topográfico e estabelecer as respectivas dimensões da nova ponte.
33
Quanto ao estudo Hidrológico e geotécnico, parte dos mesmos foram realizado durante a visita
de estudo (principalmente o hidrológico).
De forma a obter dados mais apurados para a realização do projecto, o autor emitiu
requerimentos solicitando dados a ANE, ao INAM e a ARA, todavia, essas instituições
emitiram despachos informando a inexistência dos dados solicitados, conforme evidenciado
nos Apêndices I, II e III.
Por esse motivo, o presente trabalho não contempla os estudos acima arrolados, no entanto,
baseado nas observações da visita de estudo, o mesmo evidencia os aspectos negativos da
intervenção realizada na reposição da ponte, aponta uma possível solução, ao mesmo tempo
que fornece um roteiro de cálculo a seguir para o dimensionamento de pontes em betão armado,
bastando apenas substituir os dados adotados pelos reais obtidos através de estudos, para
efectivar-se um dimensionamento mais preciso.
2.6 Solicitações
Nos projetos das pontes rodoviárias são considerados os seguintes carregamentos, os quais
implicam no surgimento de esforços solicitantes:
a) Carga permanente
A carga permanente compreende o peso próprio dos elementos estruturais. A importância do
peso próprio nas solicitações depende do material utilizado e do vão livre da ponte.
A seguir, os pesos específicos em tf/m3, dos principais materiais utilizados nas construções de
pontes:
Tabela 1. Peso próprio de materiais
Peso Específico
Material Material Peso Específico (kN/m3)
(kN/m3)
Betão simples 24 Aço 7,7
Betão armado 25 Betão asfáltico 19
34
b) Carga móvel
A carga móvel é constituída pelo peso dos veículos e pessoas que transitam sobre a ponte.
As cargas são definidas pelas normas e são colocadas nas posições mais desfavoráveis, de modo
a obter-se as solicitações máximas e mínimas na estrutura.
O movimento dos veículos e as irregularidades das pistas produzem acréscimos nas cargas
atuantes que são denominados efeitos de impacto.
Os veículos também produzem, no tabuleiro, esforços horizontais longitudinais devidos à
frenagem e aceleração.
Nas pontes em curva, o movimento dos veículos faz aparecerem esforços horizontais
transversais causados pela força centrífuga.
Para levar em conta a ação dinâmica das cargas móveis, os esforços solicitantes correspondentes
são majorados através de um coeficiente de impacto vertical. Esse coeficiente é estabelecido
em função do vão, do sistema estrutural, da categoria da ponte e da natureza do material.
De acordo com o R.S.A.E.P., artigo 41º a), nas pontes rodoviárias deve considerar-se, na faixa
de rodagem, a actuação de um veículo tipo de 3 eixos equidistantes, cada um de 2 rodas, com a
disposição e dimensões indicadas na figura a baixo:
35
O mesmo artigo estabelece que as pontes rodoviárias são divididas em duas classes:
Classe I – pontes que servem vias de comunicação susceptíveis de terem tráfego intenso ou
pesado, nomeadamente estradas nacionais, vias urbanas e certas estradas municipais e
florestais.
Classe II – Pontes situadas em vias de comunicação com tráfego ligeiro e pouco intenso,
que é o caso dos caminhos e passagens agrícola e de certas estradas municipais e florestais.
Designa-se por veículo tipo um conjunto de cargas concentradas que não representa um
veículo real, mas sim uma carga fictícia que pretende simular os efeitos mais desfavoráveis
originados na ponte pelas acções localizadas do tráfego.
Designa-se por “carga de faca” uma carga com distribuição linear (kN/m) uniformemente
distribuída na largura da faixa de rodagem.
Categoria
Características Classe I Classe II
a (m) 0.20 0.20
b (m) 0.60 0.40
Q (kN) 200 100
q1 (kN/m2) 4 3
Qq2 (kN/m)) 50 30
F de frenagem (kN/m) 30 20
36
c) Cargas devidas aos elementos naturais
A água, o vento, a terra, quando em contato com a ponte, exercem empuxos sobre a estrutura
gerando solicitações que devem ser consideradas no dimensionamento da estrutura.
Os empuxos da água são consideráveis no uso de pontes com pilares no leito de rios sujeitos a
grandes enchentes.
O efeito da pressão do vento é de grande importância no dimensionamento dos pilares,
especialmente nas pontes de grande altura.
Os empuxos de terra nas cabeceiras das pontes produzem esforços horizontais que são
absorvidos pelos encontros ou pilares e cortinas.
d) Deformações internas
No projeto de uma ponte são consideradas as solicitações produzidas pelas deformações
internas dos materiais.
Tais deformações são devidas a variações de temperatura, retração e fluência do betão.
Os efeitos devidos à variação de temperatura e retração são principalmente considerados no
cálculo da mesoestrutura. Esses efeitos podem ser aliviados pela introdução de juntas de
dilatação e pela adoção de um adequado plano de betonagem.
37
Estados Limites de Serviço ou de Utilização (ELS)
Aqueles em que pela sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais que não
respeitam as condições especificadas para o uso normal das construções ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade da estrutura.
Ex: danos ligeiros ou localizados que comprometem o aspecto estético da construção ou a
durabilidade da estrutura.
𝑺𝒅 ≤ 𝑹𝒅
𝒔𝒅 → 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑎𝑐𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒;
𝑹𝒅 → 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒.
𝑚 𝑛
𝑚 𝑛
38
Para os Estados Limites de Utilização ou serviço (ELS) tem-se as seguintes combinações:
𝑚 𝑛
𝑚 𝑛
𝑚 𝑛
Onde:
SGik – esforço resultante de uma acção permanente, tomada com o seu valor característico;
SQ1k – esforço resultante da acção variável considerada como base;
SQjk – esforço resultante de uma acção variável distinta da acção base;
γgi = 1,35 – coeficiente de segurança para as acções permanentes;
γq = 1,5 – coeficiente de segurança para as acções variáveis;
Ψ0j = 0,6 – coeficiente correspondente à acção variável de ordem j.
Coeficiente
𝜓0 𝜓1 𝜓2
0.6 0.4 0.2
39
2.7 Regulamentos
Qualquer atividade técnica relacionada a uma ponte (projeto, construção ou inspeção) deverá
estar de acordo com os regulamentos em vigor em cada pais ou região. A seguir, os principais
regulamentos para o dimensionamento de pontes:
40
Para efeitos de dimensionamento da ponte (Capítulo IV), serão usadas as Normas Portuguesas
(REBAP e RSAEP) como base para as combinações e para o dimensionamento.
A determinação das linhas de influências será em conformidade com a norma Brasileira NBR
7188/84 de 2013 e por final, a secção das armaduras será determinada mediante a utilização
das tabelas de flexão da obra Betão Armado, Esforços Normais e de flexão, conforme o Anexo
III: Tabelas de flexão.
41
CAPÍTULO III: CASO DE ESTUDO
42
Tabela 5. Superfície em Km², População Total e Densidade Populacional – 2012
2012
Fonte: (INE, Projecções Anuais da População Total das Provinciais e Distritais 2007-2040)
Tabela 6. Clima
No âmbito das aulas de campo da cadeira de Projecto II, lecionadas pelo Docente Abel
Crisóstomo, a turma do 8º semestre do curso de Engenharia Civil, realizou uma visita de estudos
ao distrito de Mogovolas, no dia 15 de Setembro de 2022 com o intuito de avaliar o nível de
execução das obras de reposição da superestrutura e do encontro da ponte sobre o Rio Mutacaze,
destruídos na sequência da passagem do ciclone Gombe.
Objectivos
43
3) Realizar uma análise crítica com base nas medidas propostas anteriormente, tendo como
base as actividades desenvolvidas aquando da reparação da ponte.
1) Falta de realização de estudos ou não adopção dos mesmos aquando da realização das obras
de reparação da ponte (principalmente o hidrológico).
A destruição do encontro evidencia que o mesmo estava localizado dentro de uma área de
influência da bacia hidrográfica em que o mesmo sofria com o embate das pressões
hidrostáticas e hidrodinâmicas;
a) b)
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)
44
Figura 34. Novo encontro da ponte
45
4) Não observância das regras de emenda de varões
46
Figura 38. Segunda observação da ponte após a inauguração
1) Realização de estudos hidrológicos, geotécnicos, entre outros, com vista a dimensionar uma
nova ponte;
3) Aumento do comprimento longitudinal da superestrutura (de 60 m para 100 m), com vista a
garantir que os encontros estejam fora da região da bacia assolada pelas águas.
47
CAPÍTULO IV: PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DA NOVA
PONTE EM BETÃO ARMADO
48
4.2 Pré-dimensionamento da altura da laje
[𝑚 ]
Fonte: O autor, Fevereiro de 2023
𝑥 = 0,6, Quadro XV espessuras mínimas das lajes, valor do coeficiente 𝛼, REBAP Art. 102º
𝑙𝑖 Onde:
ℎ=
30𝑛 REBAP Art. 102.2º 𝑙𝑖 𝑒𝑚 𝑥 = (𝑙𝑥. 𝛼)
AertArt.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.
𝑦 = (𝑙𝑦. 𝛼)
º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.ºº 102.2
𝑙𝑦 . 𝛼𝑥 25 𝑥0,6
ℎ𝑦 ≥ = = 0,50 𝑚
30 𝑛 30 𝑥 1
49
4.3. Pré-dimensionamento da altura das vigas (longarinas)
𝑙𝑖 25
ℎ≥ REBAP Artº 89 ℎ≥ = 1,25 𝑚
20𝑛 20 x 1
Onde:
𝑙𝑖 = 25 𝑚
𝑛 = 1 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑎ç𝑜 ( 𝐴 400) REBAP Art. 89º)
a) Peso do guarda-corpo
b) Peso do guarda-rodas
𝑏 = 0,20 m
(0.30 + 0.20)
𝑃2 = 2 [ 𝑋 0.4] 𝑋 24 = 4,8 𝐾𝑁/𝑚
ℎ = 0,4 m 2
50
c) Peso do Passeio
0,10 + 0,05 𝐾𝑁
𝑃4 = 2 ( ) 𝑥 1,5 𝑥 19 3 = 4,2750 𝐾𝑁/𝑚
2 𝑚
e) Peso da laje
𝑃5 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜
51
Diagrama 4. Esforço transverso
52
1º Caso: Cálculo da linha de influência (LI) de reação de apoio considerando apenas a carga
concentrada do veículo.
y1
R1
53
Diagrama 9. Momento flector
54
Determinação da Reação de Apoio
1 𝑦1 4,2 1 𝑦3 1,1
= ⇔ 𝑦1 = = 1,4 𝑚 = ⇔ 𝑦3 = = 0,3667𝑚
3 4,2 3 3 1,1 3
1 𝑦2 4,1
= ⇔ 𝑦2 = = 1.3667 𝑚
3 4,1 3
𝑅2 = 1,4233 𝐾𝑁
Diagrama 11. Cargas q e q’ considerando o espaço do veículo
55
Diagrama 13. Momento flector
56
Diagrama 15. Linha de influência de reação de apoio R3
y1
1 𝑦1 4,2 1 𝑦2 3,6
= ⇔ 𝑦1 = = 1,4 𝑚 = ⇔ 𝑦2 = = 1,2 𝑚
3 4,2 3 3 3,6 3
57
Diagrama 16. Esforço transverso
58
4º Caso: Cálculo dos coeficientes CIV, CNF, CIA
25 + 25 + 25 + 25 = 25
CIV= = 25 CIV- coeficiente de impacto vertical
4
CNF- coeficiente do nº de faixas (n)
CIV 20
𝐶𝐼𝑉 = 1 + 1,06𝑥 ( )
𝐿𝐼𝑉 + 50 CIA- coeficiente de impacto adicional
20
= 1 + 1,06𝑥 ( ) = 1,2827 = 1,3
25 + 50
𝑄 = 𝑅1𝑥𝐶𝐼𝑉 𝑥 𝐶𝑁𝐹 𝑥 𝐶𝐼𝐴 = 130 𝑥 1,3 𝑥 0,9 𝑥 1,25 = 130 𝑥 1,4625 ⇔ 190,1200 𝐾𝑁
𝑞 = 1,4233𝑥1,4625 = 2,0816 𝐾𝑁
𝑞 ′ = 13,14 𝐾𝑁
59
Tabela 8. Combinações das reações de apoio
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN) Q+Q´ (kN) q+q´ (kN)
347.7 130 13.14 1.4233
Sd ( Q base ) 729.65697
Sd ( q base ) 659.54097
Sd ( p base ) 652.51095
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN) q (kN) p (kN)
193.2 100 8.2 5.8
Sd ( Q base ) 452.4
Sd ( q base ) 397.32
Sd ( p base ) 395.88
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)
60
Tabela 11. Valores máximos do momento flector
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm) q (kNm) p (kNm)
92.7 90 3.9 4.2
Sd ( Q base ) 281.34
Sd ( q base ) 229.68
Sd ( p base ) 229.86
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)
61
4.7 Determinação da secção das armaduras da laje
a) Dados b) Fórmulas
𝑀𝑠𝑑
REBAP Art. 24º (fysd) 𝑀𝑠𝑑 𝜇=
𝑑≥√ 𝑏 𝑥𝑑 2 𝑥𝑓𝑐𝑑
𝑏. 𝑑 2 . 𝑓𝑐𝑑 𝑀𝑠𝑑
𝐾𝑁 𝜔 = 1 − √1 − 2𝜇 𝐴𝑠 =
𝑓𝑦𝑠𝑑 𝐴400 = 348𝑥103 0.9𝑥𝑑𝑥𝑓𝑦𝑠𝑑
𝑚
𝐾𝑁
𝑀𝑠𝑑 = 281, 34 ≈ 282 𝑚
100−𝑛𝑥∅ 𝑃𝑏𝑑
𝑉𝑠𝑑 = 452,4 𝑘𝑁 𝑆= 𝐴𝑆 =
100
𝑛−1
𝑏 =1𝑚
𝑑 = 0,5𝑚
𝑀𝑠𝑑 282𝑥103
𝑑≥√ 𝑑≥√ 0,1556 m < 0,5 m, OK
𝑏. 𝑑2 . 𝑓𝑐𝑑 1𝑥0,5 𝑥23,3
𝐴𝑆Armadura
e) = 7,5 𝑐𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 7,92 → 7∅12 → ∅ 12@ 14
distribuida
62
1
𝐴 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 5 x 19,63 = 3,9260 𝑐𝑚2 /𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 4,49 → ∅10@17,5
Dados
f) Verificação do esforço transverso
𝝉𝟏 − REBAP Art. 53.3º
Vsd = 452,4 kN
bw- 50 cm
𝑉𝑐𝑑 = 0,6𝑥(1,6 − 0,5)𝜏1𝑥𝑏𝑤𝑥𝑑
𝑉𝑐𝑑 = 0,6𝑥(1,6 − 0,5)𝑥7,0𝑥1𝑥0,5 = 2310 𝑘𝑁 b- 1 m
𝑉𝑐𝑑 < 𝑉𝑠𝑑 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠á𝑣𝑒𝑙.
𝑙𝑖 3
ℎ≥ ⇔ ℎ≥ = 0,15 𝑚
20𝑛 20x1
1 1,25
𝑏= ℎ ⇔𝑏= = 0,416 𝑎𝑠𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑏 = 0,4
3 3
63
Figura 43. Secção Transversal da carlinga
64
Diagrama 21. Reação de apoio
65
4.10 Determinação dos esforços das cargas móveis nas carlingas
66
1 𝑦1 1,5
= ⇔ 𝑦1 = = 0,5 𝑚
3 1,5 2
3𝑥1
𝑅𝐴 = 1x190,125 + 0,5x190,125 + 0x190,1250 + 2x [2.0816x ( )] = 291,4322 KN
2
67
4.11 Resumo de esforços máximos na carlinga
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Peso próprio (kN) Comboi-tipo (kN)
33 291.4322
486.6483
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN)
33 24.8
Sd ( Q base ) 86.7
68
Tabela 16. Momento flector nas carlingas
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
288.3 147.2
653.25
69
4.12 Determinação da seção das armaduras da carlinga
a) Dados
𝑏 = 0,4 𝑚
ℎ = 1,25 𝑚
𝑀𝑠𝑑 653.25
𝑑≥√ 2
= 𝑑≥√ = 0,2206 𝑚 < 1,2 𝑚, 𝑂𝐾
𝑏. 𝑑 . 𝑓𝑐𝑑 0.4𝑥1.22 𝑥23.33
𝑀𝑠𝑑 653,25
𝜇= = 0,0437
𝑏 𝑥 𝑑 2 𝑥 𝑓𝑒𝑑 0,4𝑥1, 22 𝑥23,3 𝑥103
𝜔 = 1 − √1 − 2𝜇 = 1 − √1 − 2 𝑥0,0487 = 0,0499
70
e) Armadura mínima
𝑑 = 1,2 𝑚
f) Armadura do estribo
Dados
𝑞 729,65697 𝑞 486,6483
𝑙𝑎𝑗𝑒 = = 7,2966𝑘𝑁/𝑚 𝑐𝑎𝑟𝑙𝑖𝑛𝑔𝑎 = 100 = 4,8665 𝑘𝑁/𝑚
100
71
4.12.2 Determinação dos Esforços nas cargas permanentes
72
Diagrama 31. Momento flector (longarinas)
RVA RVE
a)
73
RBC
b)
RVC
c)
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)
Para aplicação do comboio-tipo, escolhe-se a situação mais desfavorável (a que possui maior
área de influência). Neste caso, calcula-se a linha de influência de reação de apoio em função
da alínea (c).
1𝑥50 1𝑥50
𝐴= + = 50 𝑚2
2 2
74
Verifica-se que 𝐴1 = 𝐴4 𝑒 𝐴2 = 𝐴3 𝑒 𝑦1 = 𝑦2 𝑒 𝑦2 = 𝑦3
1 𝑦1 47 50𝑥0,94
= ⇔ 𝑦1 = = 0,94 𝐴1 = 𝐴4 = = 23,5 𝑚2
50 50 − 3 50 2
(1 + 0,94)
𝐴2 = 𝐴3 = 𝑥 3 = 2,92𝑚2
2
1 𝑦2 48,5
= ⇔ 𝑦2 = = 0,97 𝑚
50 (50 − 1,5) 50
𝑅𝐶 = 1188,5796 𝐾𝑁
75
Diagrama 36. Momento flector
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Peso próprio (kN) Comboio-tipo (kN)
972.5 1188.5796
3241.6194
76
Tabela 20. Valores do esforço transverso
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
516.6 708.1
1837.05
77
Tabela 23. Combinações do momento flector
γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
2279.3 3093.9
8059.8
Vsd = 1837,0500 kN
b = 0,70 m
𝑑 =ℎ−𝑐 0,7 m
78
b) Verificação da altura útil
𝑀𝑠𝑑 8059,8000
𝑑≥√ 2
=√ = 0,5858 𝑚 < 1,2 𝑚 𝑂𝑘
𝑏 𝑥 𝑑 𝑥𝑓𝑐𝑑 0,7 𝑥 1, 22 𝑥23,3 𝑥 103
𝑀𝑠𝑑 8059.8000
𝜇= = = 0,3432
𝑏 𝑥𝑑 𝑓𝑐𝑑 0,7 𝑥 1, 22 𝑥23,3 𝑥 103
2
𝑃𝑏𝑑
𝐴𝑆 =
100
e) 𝐀𝐫𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐢𝐦 𝐀𝐒
Dados:
𝜌𝑥𝑏𝑥𝑑 0,15x100x50
𝐴𝑠 = = = 7,5 𝑐𝑚 𝐴𝑆 = 7,5 𝑐𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 7,92 → ∅12@15
100 100
f) Armadura do estribo
79
4.15 Dimensionamento de pilares
a) Dados
Largura = 1,5 m
Comprimento = 1,5 m
Altura actual do pilar = 5m. Aumenta-se mais 2 m = 8m
Por questões construtivas e arquitectónicas, os pilares terão as mesmas dimensões.
b) Esforços verticais
c) Esforços Horizontais
Onde:
Pressão hidrodinâmica c- 0,88-secção quadrada;
𝛾(á𝑔𝑢𝑎) = 10 𝐾𝑁/𝑚3
𝑃 = 0,51 𝑐 𝑣 2 - (Reis, 2002:46)
g- aceleração de gravidade = 9,8 𝑚/22
v- velocidade da água em época de cheia = 6 𝑚/𝑠 2
80
Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 4x(1,5x8) = 48 𝑚2
𝑃 = 0,51x0,88x62 = 16,1568 𝐾𝑁/𝑚2
2 2
Aplicação da forca: 𝑑 = 3 𝐻 = 3 𝑥8 = 5,3333 𝑚
ℎ = 10 𝑚 → 𝜔𝑘 = 0,90 𝐾𝑁/𝑚2
Resumo de esforços
𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁
Com 𝐹𝑤 é de pequena magnitude, adoptam-se as armaduras 𝑀𝑠𝑑𝑦= 𝐴𝑆𝑦 = 𝐴𝑆𝑥, nesse caso,
dimensiona-se o pilar considerando a flexão composta.
Dados:
𝑁𝑠𝑑 5536,5
𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁 𝑣= = = 0,1055 ≈ 0,1
𝑏ℎ𝑓𝑐𝑑 1,5 𝑥 4 𝑥23,3 𝑥 103
𝑀𝑠𝑑 = 4223,645 𝐾𝑁𝑚 𝑀𝑟𝑑 4223,645
𝜇= = = 0,0575 ≈ 0,0600
𝑏ℎ 𝑓𝑐𝑑 1,5𝑥42 𝑥23,3𝑥103
2
𝐹𝑐𝑑 = 23,3 𝑀𝑝𝑎
𝑁𝑎 𝑡𝑎𝑏 13 . 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 → 𝜔 = 0.037
𝐴400 = 𝐹𝑠𝑦𝑑 = 348𝑀𝑝𝑎
81
𝜔𝑏ℎ 𝑓𝑐𝑑 0,037𝑥1,5𝑥1,5𝑥23,3
𝐴𝑆 = = = 55,7392 𝑐𝑚2
𝑓𝑠𝑦𝑑 348
𝐴𝑆 55,739
𝐴 = 𝐴´; 𝐴𝑆 = 𝐴 + 𝐴´ → 𝐴𝑆 = 2𝐴 → 𝐴 = = = 27,8696 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏. 29,45𝑐𝑚2
2 2
∅25@16,5
f) Armadura dos estribos
1 1
𝐴 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 𝐴𝑆 = 𝑥 29,45 − 5,8900 𝑐𝑚2 → 𝑁𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 6,28 𝑐𝑚2 → ∅10@12,5
5 5
a) Dados
Figura 46. Secção da sapata
𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁
a = b = 1,5 m
A = B= 3 m
82
Figura 47. Esforços na sapata
𝑎 𝐴 4 𝐴 1,5 𝑥 𝐵 1,5𝑥𝐴
= ↔ = ↔ 𝐴= 𝐵=
𝑏 𝐵 1,5 𝐵 1,5 1,5
1,5 𝑥 3
Fazendo: B = 3 m, 𝐴= = 3𝑚
1,5
𝑁𝑠𝑑 6 𝑥 𝑐 𝑥 𝑁𝑠𝑑
𝜏 1⁄2 = ±
𝐴. 𝐵 𝐴2 . 𝐵
83
Verificação de tensão 𝝉𝟏 𝒆 𝝉𝟐
(1620,4720 − 390,3054)
𝜏 𝑟𝑒𝑓 = 3 𝑥 ≤ 𝜏 𝑠𝑜𝑙𝑜
4
(1620,4720 − 390,3054)
𝜏 𝑟𝑒𝑓 = 3 𝑥 ≤ 𝜏 𝑠𝑜𝑙𝑜
4
𝑃. 𝑏. 𝑑
𝐴𝑆 (min) =
100
84
4.18 Cálculo da armadura principal
𝐴
𝐹𝑡 − 0,35x𝑎
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠𝑦 = → 𝐹𝑡𝑥 = 𝑅1 ( 4 )
𝐹𝑠𝑦𝑑 𝑑
𝐴 𝑁𝑠𝑑 3 5536,5
𝑅1 = 𝑅2 = 𝑥 ⇔ x = 6080,5023 𝐾𝑁
2 𝐴 − 2𝑒 2 8 − 2 x 0,8171
1
− 0,35𝑥4
𝐹𝑡𝑥 = 𝐹𝑡𝑦 = 6080,5023 x (4 ) = 1520,1256 𝐾𝑁
1,35
𝐹𝑡𝑥 1520,1256
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠𝑦 = = = 43,6818 𝑐𝑚2 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏. → 44,18𝑐𝑚2 → 9∅25
𝑓𝑠𝑦𝑑 348𝑥103
∅25@11
As em (𝒄𝒎𝟐)
Carlingas Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.0437 0.0499 _ 16 18.1 Ø16@12
(As) min _ _ 0,15 7,2 7,85 Ø10@10
(As) Estribo _ _ _ 4,0 4,49 Ø10@17,5
85
Tabela 27. Armaduras das Longarinas
As em (𝒄𝒎𝟐)
Longarinas Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.35 0.103 9 10.05 Ø16@20
(As) min _ 0.15 7.5 7.92 Ø12@15
(As) Estribo _ 0.10 7.5 7.54 Ø12@15
As em (𝒄𝒎𝟐)
Pilares 𝒗 Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.1 0.06 0.037 27.870 29.45 Ø25@16,5
(As) Estribo _ _ _ 59 62.800 Ø10@12,5
As em (𝒄𝒎𝟐)
Sapatas Armadura
(Asx=Asy) de Cálculo (Asx=Asy) Tabela
(As) Principal 43.6818 44.1800 Ø25@11
(As) min = 13.5 0.15 7.2 7.85 Ø16@14
86
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 Conclusões
Em virtude dos aspectos abordados neste estudo, conclui-se que os trabalhos de reposição da
superestrutura e do encontro da ponte sobre o Rio Mutacaze, não foram realizados, seguindo as
regras gerais do processo de inspeção e manutenção de pontes pelo facto de não se terem
realizados estudos complementares (principalmente o hidrológico).
No contexto global de alterações climáticas, em que Moçambique tem sido assolado por
ciclones cada vez mais recorrentes e com magnitudes cada vez maiores, convém, aquando da
realização de obras de reparação, ter-se em conta esses factores com vista a adopção de soluções
de Engenharia ponderadas no contexto actual do país e perspetivando a resolução permanente
dos problemas actuais, num horizonte temporal longínquo e atendendo dessa forma os três
denominadores fundamentais da Engenharia: segurança, qualidade e economia.
H1: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob ponto de vista de resiliência
aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.
H2: O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.
As soluções imediatistas podem, numa primeira fase, parecer menos dispendiosas mas é no
pleno funcionamento da infraestrutura, ao verificar-se o colapso da mesma, onde nos evidencia-
se a necessidade de adopção de soluções contextualizadas e mais duradoiras.
87
O investimento feito a cada ano para reposição de uma infraestrutura, implica que esses recursos
financeiros não estão a ser aplicados em outros sectores da sociedade como por exemplo, na
educação, na saúde, na agricultura, entre outros. Dessa forma, cria-se um ciclo vicioso de
destruição e manutenção. Razão pela qual, somos todos chamados a reflexão acerca do tipo de
Engenharia que estamos a exercer com vista a resolução dos problemas do Povo Moçambicano.
5.2 Sugestões
A ANE:
O autor sugere a ANE que tenha um plano de inspeção periódica de pontes: Esse plano
torna-se indispensável, principalmente após a ocorrência de fenómenos naturas como
ciclones.
Antes do ciclone Gombe, a infraestrutura foi assolada pelo ciclone Ana. Se houvesse
alguma inspeção periódica, seria possível averiguar o estado da infraestrutura de modo a
realizar uma intervenção mais pontual;
Que a ANE, no âmbito do desenvolvimento das suas actividades, possa pautar por maior
rigor técnico e científico, mediante a realização de estudos para melhor tomada de decisão,
em relação aos procedimentos a adoptar na reparação de infraestruturas como pontes e
estradas. Havendo alguma necessidade, poderá recorrer ao ISEUNA, ou as outras
instituições de ensino superior, para que possam dar o seu contributo na resolução dos
problemas que afligem o Povo Moçambicano.
88
Ao ISEUNA:
A cadeira de pontes, pelo seu grau de complexidade, e por relacionar-se com várias cadeiras
lecionadas durante o curso: Hidráulica, Topografia, Vias de Comunicação, Análise de
Estruturas, Desenho de Construção, Betão Armado e Pré-esforçado, entre outras, possibilita
ao estudante o desenvolvimento de noções práticas sobre como e onde aplicar essas
competências e ferramentas adquiridas ao longo do curso.
O autor sugere, e pede encarecidamente, as instituições públicas que tenham uma postura de
acolhimento e ajuda aos estudantes que têm solicitado dados para fins acadêmicos na
elaboração de trabalhos de finais de curso. Por vezes tem sido muito difícil obter tais dados e
esse facto constitui um grande retrocesso a investigação científica.
89
Referencias Bibliográficas
1. FARINHA, J.S. Brazão e REIS, A. Correia, Tabelas Técnicas (2010), Setúbal, Edição POB
2. GIL, António Carlos. (2002), Como elaborar projetos de Pesquisa. 4ed. São Paulo
4. LIMA, J.D´Arga, MONTEIRO, Vitor e MUN, Mary, (2004), Betão Armado, Esforços
Normais e de Flexão (REBAP-83), 6º Ed, SIG, Lisboa
9. Notas das Aulas de Análise de Estruturas: NBR 7188/84, (2013), Carga Móvel em Ponte
Rodoviária e Passarela de Pedestre, ABNT
11. REIS, A.J, (2002), Folhas da Disciplina de Pontes, Lisboa, Instituto Superior Técnico.
90
14. VITÓRIO, J. A. (2002). Pontes Rodoviárias: Fundamentos, Conservação e Gestão,
Recife, CREA-PE.
91
ANEXOS
92
Anexo I: Tabela de Armaduras
93
Anexo II: Notas de aula de Análise de Estruturas (LI)
94
95
96
97
98
99
100
101
Anexo III: Tabelas de flexão
102
103
APÊNDICES
104
Apêndice I: Solicitação de dados a ANE
105
106
107
108
Apêndice II: Solicitação de dados ao INAM
109
110
Apêndice III: Solicitação de dados a ARA- Norte
111
112
113
114
115
Apêndice IV: Pormenores de armadura
116