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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - A POLITÉCNICA

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula- (ISEUNA)

Dimensionamento de Pontes em Betão Armado: estudo de caso da Ponte sobre o Rio


Mutacaze

Emmanuel da Conceição Marcelino da Silva Algamassa

Nampula, Abril de 2023


Emmanuel da Conceição Marcelino da Silva Algamassa

Dimensionamento de Pontes em Betão Armado: estudo de caso da Ponte sobre o Rio


Mutacaze.

Monografia apresentada à Universidade Politécnica,


Instituto Superior de Estudo Universitários de
Nampula, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Licenciado em Engenharia Civil.

Tutor: Msc, Eng.º Arlindo António Munguambe

Nampula, Abril de 2023


DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro que esta monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu orientador. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.

Declaro ainda que esta monografia nunca foi apresentada em nenhuma outra instituição
académica para obtenção de qualquer grau académico.

Nampula, Abril de 2023

_______________________________________________________

Emmanuel da Conceição Marcelino da Silva Algamassa

I
DEDICATÓRIA

Á minha querida família, que tanto admiro,


dedico o resultado do esforço realizado ao
longo deste percurso

II
AGRADECIMENTO

Primeiramente а Deus, pela sua graça, protecção e por ter-me dado saúde е forças para superar
as dificuldades durante estes quatro anos. Por cercar-me de amigos tão preciosos e especiais
que me têm inspirado e despertado o melhor que há em mim.

Ao ISEUNA, seu corpo docente, direção e funcionários, pelo acolhimento caloroso, ambiente
familiar e amigável que proporcionaram-me ao longo deste percurso.

Ao meu orientador Mcs, Engº Arlindo António Munguambe, pelo suporte, dedicação,
paciência, correção, incentivo e motivação na realização do trabalho.

Ao Engº, Abel Crisóstomo, pela inspiração na escolha do tema, que foi o resultado da realização
de uma visita de estudo a ponte sobre o rio Mutacaze, no âmbito das aulas de campo da cadeira
de Projecto II.

Agradeço аos meus pais, Marcelino Silva e Julieta Mucussete, meus heróis, pelo sacrifício
incondicional em prol do bem-estar e educação dos filhos e pelos seus exemplos de vida que
me inspiram desde aminha infância.

Aos meus irmãos, Conceição Silva e João Silva pelo, amor, companheirismo e amizade.

A minha Madrinha Rosalina Souza, minha segunda mãe, por ser uma grande fonte de
inspiração, motivação, alegria contagiante, e por estar sempre presente ajudando-me a sonhar e
acreditar no meu potencial. Por ter sido a primeira a atribuir-me o título de “Sr. Engenheiro”,
enquanto eu era apenas um estudante do ensino secundário.

Ao meu Pastor, Welberg Rodrigues, meu segundo pai, pelo seu grande exemplo de liderança,
pelo seu companheirismo, pelo investimento e incentivo em prol dos meus estudos e por seu
altruísmo.

Aos meus amigos e colegas de turma, por terem feito parte desta jornada. Pelo apoio, pelos
bons e maus momentos que partilhamos juntos, pelo trabalho em equipa, pelas conversas, pelas
longas horas de estudo e debate, pelas impressões e experiências trocadas dentro e fora da
academia.

E a todos que directa ou indiretamente fizeram parte desta etapa, o meu muito obrigado, e que
Deus os guarde e abençoe!

III
RESUMO

Este trabalho tem como tema: Dimensionamento de Pontes me Betão Armado, estudo de caso, Ponte
sobre o Rio Mutacaze. A justificação para este estudo assenta-se em dois aspectos fundamentais:
primeiro, empatia e compaixão pelas populações afectadas directa ou indirectamente pela queda da
ponte sobre o Rio Mutacaze, aquando da passagem do ciclone Gombe. O autor acredita que a academia
existe para catapultar o desenvolvimento e transformação da sociedade, mediante o desenvolvimento de
pesquisas que busquem solucionar os males da comunidade local. O segundo motivo nasce da
necessidade de estudo da temática de concepção de pontes, pois, o currículo académico de Engenharia
Civil, em vigor na altura da realização deste estudo não contempla a disciplina de pontes. O estudo tem
como objectivo geral o seguinte: Propor uma melhor alternativa para reposição permanente da ponte
sobre o Rio Mutacaze; Como objectivos específicos, destacam-se os seguintes: Recolher informações
gerais acerca da concepção das pontes em betão armado; Analisar a intervenção realizada na reparação
da ponte; Elaborar um projecto de ponte em betão armado (dimensionamento da ponte). O trabalho tem
o seguinte problema de pesquisa: “Tendo em conta os ciclones cada vez mais recorrentes em
Moçambique e a necessidade de infraestruturas com maior resiliência e tempo de vida útil, qual teria
sido a melhor solução adoptar aquando da reparação da ponte sobre o Rio Mutacaze?” As hipóteses
desta investigação foram as seguintes: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob
ponto de vista de resiliência aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da
infraestrutura; O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura. Em relação as metodologias, quanto ao
tipo, o trabalho é uma pesquisa aplicada; em relação a abordagem, é uma pesquisa quantitativa; Quanto
aos procedimentos é uma pesquisa bibliográfica e o método a ser empregue é o hipotético-dedutivo.
Para finalizar, conclui-se que os trabalhos de reposição da superestrutura e do encontro da ponte sobre
o Rio Mutacaze, não foram realizados, segundo as regras gerais do processo de inspeção e manutenção
de pontes, pelo facto de não se terem realizados estudos complementares (principalmente o hidrológico).
A realização de um projecto de ponte em betão armado seria uma melhor alternativa para solucionar o
problema, sob ponto de vista de maior resiliência aos ciclones e longevidade da vida útil da
infraestrutura. O investimento feito a cada ano para reposição de uma infraestrutura, implica que esses
recursos não estão a ser aplicados em outros sectores da sociedade como por exemplo, na educação, na
saúde, na agricultura, entre outros. Dessa forma, cria-se um ciclo vicioso de destruição e manutenção.
Razão pela qual, somos todos chamados a reflexão acerca do tipo de Engenharia que estamos a exercer
com vista a resolução dos problemas do Povo Moçambicano.

Palavras-chave: Pontes, Ciclone, Dimensionamento; Betão; Resiliência.

IV
ABSTRACT
This work is titled: Concrete Bridge Design: case of study, Bridge over the Mutacaze River. The
justification for this study is based on two fundamental aspects: first, empathy and compassion for the
populations directly or indirectly affected by the collapse of the bridge over the Mutacaze River, during
the passage of Cyclone Gombe. The author believes that the academy exists to catapult the development
and transformation of society, through the development of research that seeks to solve the ills of the
local community. The second reason arises from the need to study the theme of bridge design, since the
academic curriculum of Civil Engineering, in force at the time of this study, does not include the
discipline of bridges. The general objective of the study is the following: To propose a better alternative
for the permanent replacement of the bridge over the Mutacaze River; As specific objectives, the
following stand out: Collect general information about the design of reinforced concrete bridges;
Analyze the intervention carried out in the repair of the bridge; Elaborate concrete bridge project (bridge
sizing). The work has the following research problem: “Taking into account the increasingly recurrent
cyclones in Mozambique and the need for infrastructure with greater resilience and useful life, what
would have been the best solution to adopt when repairing the bridge over the River Mutacaze?” The
hypotheses of this investigation were the following: The intervention carried out in the repair of the
bridge was the best from the point of view of resilience to cyclones as well as foreseeing a long horizon
of useful life of the infrastructure; The dimensioning and execution of a reinforced concrete bridge
would be the most appropriate solution for replacing the bridge, taking into account the resilience to
cyclones as well as foreseeing a long horizon of useful life of the infrastructure. Regarding the
methodologies, as for the type, the work is an applied research; regarding the approach, it is a
quantitative research; As for the procedures, it is a bibliographical research and the method to be used
is the hypothetical-deductive one. Finally, it is concluded that the work to replace the superstructure and
the abutment of the bridge over the Mutacaze River, were not carried out, according to the general rules
of the inspection and maintenance process of bridges, due to the fact that complementary studies were
not carried out ( mainly hydrological). The realization of a concrete bridge project would be a better
alternative to solve the problem, from the point of view of greater resilience to cyclones and longevity
of the useful life of the infrastructure. The investment made each year to replace infrastructure implies
that these resources are not being applied in other sectors of society, such as education, health,
agriculture, among others. In this way, a vicious cycle of destruction and maintenance is created. For
this reason, we are all called upon to reflect on the type of engineering we are carrying out with a view
to solving the problems of the Mozambican people.
Keywords: Bridges, Cyclone, Sizing; Concrete; Resilience

V
LISTA DE SÍMBOLOS

A - Área da secção transversal


As- Área de secção da armadura
AY - Reacção de apoio no ponto A
BY - Relação de apoio no ponto B
E - Módulo de Elasticidade
F - Força
Fcd- Valor de roptura do betão a compressão
Fsyd - tensões de resistência do aço
Km/h - quilómetro por hora
KN - Kilonewton
Kg/m - Quilograma por metro
KN/m² - Kilonewton por metro quadrado
L - vão
M - Momento flector
Mpa - Mega pascais
r - ligações entre barras que podem ser rotulas ou rígidos
Rd - Valor de cálculo do esforço resistente
Sd - Valor de cálculo do esforço actuante
Vmax - Esforço transverso máximo
N - Esforço axial
h -altura d
b - largura

VI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANE - Administração Nacional de Estradas


ARA - Administração Regional de Águas
ELU - Estado Limite Último
ELS - Estado Limite de Serviço
FIG. - Figura
INAM - Instituto Nacional de Meteorologia
LI - Linha de Influência
NBR - Norma Brasileira
fTOOL - Two-Dimensional frame Analysis Tool
R.E.B.A.P. - Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado, 1983;
R.S.A.E.P. - Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes, 1983
UEM - Universidade Eduardo Mondlane

VII
EPÍGRAFE

“Na vida somos todos engenheiros onde os que não se dedicam


a construir pontes vão descobrir mais tarde que passaram seu
tempo levantado muros”.

(Luiz Roberto Bodstein)

VIII
PARECER DO TUTOR

Eu Arlindo Munguambe, orientador do estudante Emmanuel da Conceição Marcelino da Silva


Algamassa, finalista do curso de Engenharia Civil, turno laboral, pela importância que o tema
do presente trabalho (monografia) apresenta e que foi por mim orientado, sou de parecer que o
mesmo está em condições de ser avaliado como Trabalho Final do Curso do estudante em
referência.

Nesta conformidade, vai por mim assinada como garantia de que o trabalho foi da autoria do
estudante e obedeceu aos preceitos científicos para elaboração do mesmo.

Nampula, Abril de 2023

_________________________________________________________________

(MSc. Eng. Arlindo Munguambe)

IX
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Elementos de uma ponte ........................................................................................................ 10


Figura 2. Lajes betonada inloco sobre pré-lajes apoiadas em vigas pré-fabricadas .............................. 12
Figura 3. Tabuleiro de ponte ................................................................................................................. 12
Figura 4. Pormenor de passeio, guarda-corpo e barreiras ..................................................................... 13
Figura 5. Guarda-corpo ......................................................................................................................... 14
Figura 6. Elementos do tabuleiro .......................................................................................................... 14
Figura 7. Juntas de dilatação do tabuleiro ............................................................................................. 15
Figura 8. Detalhe da drenagem do tabuleiro ......................................................................................... 16
Figura 9. Plataforma de uma ponte com duas faixas de tráfego ............................................................ 17
Figura 10. Soluções para pilares de pontes em betão armado ou pré-esforçado ................................... 17
Figura 11. Aparelhos de apoio .............................................................................................................. 18
Figura 12. Encontro ............................................................................................................................... 19
Figura 13.Opções de sapatas de fundação ............................................................................................. 20
Figura 14. Exemplo de secções transversais de estacas ........................................................................ 21
Figura 15. Corte esquemático de um tubulão ........................................................................................ 22
Figura 16. Secção transversal de ponte em laje maciça ........................................................................ 23
Figura 17. Secção transversal de ponte em laje oca .............................................................................. 23
Figura 18. Ponte em viga simplesmente apoiada com único vão .......................................................... 24
Figura 19. Ponte em viga contínua ........................................................................................................ 24
Figura 20. Ponte em viga Gerber a); Detalhe dos dentes Geber b) ....................................................... 25
Figura 21. Secção transversal de uma ponte em caixão ........................................................................ 25
Figura 22. Seção transversal de tabuleiro em grelha ............................................................................. 26
Figura 23. Pontes em pórticos ............................................................................................................... 26
Figura 24. Exemplo de Pontes em arco ................................................................................................. 27
Figura 25. Ponte pênsil .......................................................................................................................... 28
Figura 26. Ponte estaiada....................................................................................................................... 28
Figura 27. Pontes: a) retas; b) curvas .................................................................................................... 29
Figura 28. Ponte: a) Horizontal; b) Rectilínea; c) Curvilínea................................................................ 30
Figura 29. Ponte: a) Basculante de pequeno vão; b) Levadiça .............................................................. 30
Figura 30. Ponte: a) Corrediça; b) Giratória .......................................................................................... 30
Figura 31. Veículo-tipo ......................................................................................................................... 35
Figura 32. Distrito de Mogovolas.......................................................................................................... 42
Figura 33. a) Vista longitudinal da superestrutura; b) Vista inferior da superestrutura ........................ 44
Figura 34. Novo encontro da ponte ....................................................................................................... 45
Figura 35. Má execução do nós ............................................................................................................. 45
Figura 36. Emenda dos varões do encontro........................................................................................... 46
Figura 37. Explicação da execução da amarração ................................................................................. 46
Figura 39. Vista longitudinal ................................................................................................................. 48
Figura 40.Secção Transversal................................................................................................................ 48
Figura 41. Vista em planta .................................................................................................................... 49
Figura 42. Simplificação estrutural da carlinga ..................................................................................... 63

X
ÍNDICE DE DIAGRAMAS

Diagrama 1. Vista em planta ................................................................................................................. 50


Diagrama 2. Carga distribuída (Peso Próprio da laje) ........................................................................... 51
Diagrama 3. Reações de apoio .............................................................................................................. 51
Diagrama 4. Esforço transverso ............................................................................................................ 52
Diagrama 5. Momento flector ............................................................................................................... 52
Diagrama 6. Carga móvel do Veículo tipo ............................................................................................ 52
Diagrama 7. Linha de influência de reação de apoio R1 ...................................................................... 53
Diagrama 8. Esforço Transverso ........................................................................................................... 53
Diagrama 9. Momento flector ............................................................................................................... 54
Diagrama 10. Linha de influência de reação de apoio R2 ..................................................................... 54
Diagrama 11. Cargas q e q’ considerando o espaço do veículo ............................................................ 55
Diagrama 12. Esforço transverso .......................................................................................................... 55
Diagrama 13. Momento flector ............................................................................................................. 56
Diagrama 14. Cargas q e q’ desconsiderando o espaço do veículo ....................................................... 56
Diagrama 15. Linha de influência de reação de apoio R3 .................................................................... 57
Diagrama 16. Esforço transverso .......................................................................................................... 58
Diagrama 17. Momento flector ............................................................................................................. 58
Diagrama 18. Comboio-tipo resultante ................................................................................................. 58
Diagrama 19. Comboio-tipo resultante após a majoração das cargas ................................................... 59
Diagrama 20. Carga distribuída (Peso próprio da carlinga) .................................................................. 64
Diagrama 21. Reação de apoio .............................................................................................................. 65
Diagrama 22. Reação de apoio .............................................................................................................. 65
Diagrama 23. Momento flector ............................................................................................................. 65
Diagrama 24. Comboio-tipo .................................................................................................................. 66
Diagrama 25. Linha de influência de reação de apoio RA .................................................................... 66
Diagrama 26. Esforço transverso .......................................................................................................... 67
Diagrama 27. Esforço Transverso ......................................................................................................... 67
Diagrama 28. Carga permanente da longarina ...................................................................................... 72
Diagrama 29. .Reações de apoioeações de apoio .................................................................................. 72
Diagrama 30. Esforço transverso (longarinas) ...................................................................................... 72
Diagrama 31. Momento flector (longarinas) ......................................................................................... 73
Diagrama 32. Trém-tipo na secção longitudinal ................................................................................... 73
Diagrama 33. Determinação da maior área de influência para reação de apoio.................................... 73
Diagrama 34. Linha de influência de reaçãode apoio RVC .................................................................. 74
Diagrama 35. Esforço transverso .......................................................................................................... 75
Diagrama 36. Momento flector ............................................................................................................. 76

XI
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Peso próprio de materiais ...................................................................................................... 34


Tabela 2. Características das classes de pontes rodoviárias .................................................................. 36
Tabela 3. Valores reduzidos correspondentes as acções e respectivas ponderações ............................. 39
Tabela 4. Localização Geográfica ......................................................................................................... 42
Tabela 5. Superfície em Km², População Total e Densidade Populacional – 2012 .............................. 43
Tabela 6. Clima ..................................................................................................................................... 43
Tabela 7. Reações de apoio ................................................................................................................... 59
Tabela 8. Combinações das reações de apoio ....................................................................................... 60
Tabela 9. Valores máximos do esforço transverso ................................................................................ 60
Tabela 10. Combinações do esforço transverso .................................................................................... 60
Tabela 11. Valores máximos do momento flector................................................................................. 61
Tabela 12. Combinações do momento flector ....................................................................................... 61
Tabela 13. Resumo dos esforços máximos na secção transversal da laje ............................................. 61
Tabela 14. Combinações das reações de apoio nas carlingas ................................................................ 68
Tabela 15. Combinações do esforço transverso nas carlingas............................................................... 68
Tabela 16. Momento flector nas carlingas ............................................................................................ 69
Tabela 17. Combinações dos momentos flectores nas carlingas ........................................................... 69
Tabela 18. Resumo dos esforços máximos nas carlingas ...................................................................... 69
Tabela 19. Combinações das reações de apoio ..................................................................................... 76
Tabela 20. Valores do esforço transverso.............................................................................................. 77
Tabela 21. Combinações das reações do esforço transverso ................................................................. 77
Tabela 22. Valores do momento flector ................................................................................................ 77
Tabela 23. Combinações do momento flector ....................................................................................... 78
Tabela 24. Resumo dos máximos esforços obtidos nas longarinas ....................................................... 78
Tabela 25. Armaduras da Laje .............................................................................................................. 85
Tabela 26. Armaduras das Carlingas ..................................................................................................... 85
Tabela 27. Armaduras das Longarinas .................................................................................................. 86
Tabela 28. Armaduras dos pilares ......................................................................................................... 86
Tabela 29. Armaduras das fundações .................................................................................................... 86

XII
GLOSSÁRIO

Betão armado - é a junção de armadura de aço ao betão simples, “armando-o” e dotando-o de


resistência à tração, o que, isoladamente, não consegue garantir.

Cargas - carga é uma força aplicada a uma componente de uma estrutura ou à estrutura como
uma unidade.

Ciclone - Os ciclones são centros de baixa pressão atmosférica que provocam movimentação
do ar e resultam em grandes tempestades associadas a ventos fortes com poder destrutivo.

Dimensionamento - determinação das secções dos elementos estruturais para que eles resistam
aos esforços que lhe são solicitados e ofereçam segurança, qualidade e economia para a
edificação.

Esforços internos - conjunto de forças e momentos estaticamente equivalentes à distribuição


de tensões internas sobre a área de uma seção, decorrente da aplicação de cargas sobre o
elemento estrutural.

Esforço de Momento Flector - efeito de flexão (ou dobramento) em uma seção transversal de
uma barra.

Esforço transverso - tendência para o corte numa determinada secção de uma barra. Resultante
das tensões tangenciais. Esforço cortante.

Flexão simples - é definida como a flexão sem força normal. É resultante da ação de
carregamentos transversais que tendem a curvar o corpo e que geram uma distribuição de
tensões aproximadamente lineares no seu interior

Flexão composta - Quando a flexão ocorre com a atuação de uma força normal tem-se a Flexão
Composta.

Linhas de influência (LI) - descrevem a variação de um determinado efeito (por exemplo, uma
reação de apoio, um esforço cortante ou um momento fletor em uma seção) em função da posi-
ção de uma carga unitária que passeia sobre a estrutura.

XIII
ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1
Justificativa.............................................................................................................................................. 3
Objectivos................................................................................................................................................ 4
Objectivo Geral ....................................................................................................................................... 4
Objectivos específicos ............................................................................................................................. 4
Problematização ...................................................................................................................................... 5
Problema.................................................................................................................................................. 5
Hipóteses ................................................................................................................................................. 6

CAPÍTULO I: METODOLOGIA ........................................................................................................... 7


1.1 Quanto ao tipo de pesquisa ................................................................................................................ 7
1.2. Quanto a abordagem ......................................................................................................................... 7
1.3. Quanto aos objectivos ...................................................................................................................... 7
1.4. Quanto aos procedimentos técnicos ................................................................................................. 7
1.5. Método de pesquisa .......................................................................................................................... 8

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ................................................................................. 9


2.1 Conceito ............................................................................................................................................ 9
2.2 Principais requisitos de uma ponte .................................................................................................... 9
2.3 Elementos constituintes das pontes ................................................................................................. 10
2.3.1 Superestrutura............................................................................................................................... 10
2.3.2 Mesoestrutura ............................................................................................................................... 17
2.3.3 Infraestrutura ................................................................................................................................ 19
2.4 Classificação das pontes .................................................................................................................. 22
2.4.1 Quanto a finalidade ...................................................................................................................... 22
2.4.2 Quanto aos materiais .................................................................................................................... 22
2.4.3 Quanto ao sistema estrutural ........................................................................................................ 23
2.4.4 Quanto a extensão total ................................................................................................................ 29
2.4.5 Quanto a durabilidade .................................................................................................................. 29
2.4.6 Quanto desenvolvimento planimétrico ......................................................................................... 29
2.4.7 Quanto desenvolvimento altimétrico (elevação) .......................................................................... 30
2.4.7 Quanto a mobilidade dos tramos .................................................................................................. 30
2.4.8 Quanto ao sistema construtivo ..................................................................................................... 31
2.5 Diretrizes para a elaboração do projeto de uma ponte..................................................................... 31
2.5.1 Projecto geométrico...................................................................................................................... 31
2.5.2 Estudos hidrológicos .................................................................................................................... 32

XIV
2.5.3 Estudos geotécnicos ..................................................................................................................... 32
2.5.4 Estudos complementares .............................................................................................................. 33
2.6 Solicitações...................................................................................................................................... 34
2.6.1 Tipos de Carregamento ................................................................................................................ 34
2.6.2 Estados Limites Últimos (ELU) e de Serviço (ELS) .................................................................... 37
2.6.3 Combinação de acções ................................................................................................................. 38
2.7 Regulamentos .................................................................................................................................. 40
2.7.2 Normas Portuguesas ..................................................................................................................... 40
2.7.3 Normas Europeias ........................................................................................................................ 40
2.7.4 Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ................................................. 40

CAPÍTULO III: CASO DE ESTUDO .................................................................................................. 42


3.1 Dados gerais do distrito de Mogovolas ........................................................................................... 42
3.2 Visita de estudo a Ponte sobre o Rio Mutacaze .............................................................................. 43
3.4 Principais constatações .................................................................................................................... 44
3.5 Medidas a adoptar com vista a resolução dos problemas ................................................................ 47

CAPÍTULO IV: PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DA NOVA PONTE EM BETÃO


ARMADO ............................................................................................................................................. 48
4.1 Dimensionamento da laje de tabuleiro (secção transversal) ............................................................ 48
4.2 Pré-dimensionamento da altura da laje............................................................................................ 49
4.2.1. Determinação da armação da laje ................................................................................................ 49
4.2.2 Cálculo da altura da laje ............................................................................................................... 49
4.3. Pré-dimensionamento da altura das vigas (longarinas) .................................................................. 50
4.4 Determinação dos esforços das cargas permanentes na laje............................................................ 50
4.5 Determinação dos esforços das cargas moveis na laje .................................................................... 52
4.6 Resumo de esforços máximos na secção transversal ...................................................................... 59
4.7 Determinação da secção das armaduras da laje ............................................................................... 62
f) Verificação do esforço transverso ..................................................................................................... 63
4.8 Dimensionamento da carlinga ......................................................................................................... 63
4.8.1 Pré dimensionamento da altura da carlinga .................................................................................. 63
4.9 Determinação dos esforços das cargas permanentes nas carlingas. ................................................ 64
4.10 Determinação dos esforços das cargas móveis nas carlingas ........................................................ 66
4.11 Resumo de esforços máximos na carlinga..................................................................................... 68
4.12 Determinação da seção das armaduras da carlinga ....................................................................... 70
4.12 Dimensionamento das vigas principais (longarinas) ..................................................................... 71
4.12.1 Determinação das cargas permanentes ....................................................................................... 71
4.12.2 Determinação dos Esforços nas cargas permanentes ................................................................. 72

XV
4.12.3 Determinação dos esforços das cargas Móveis .......................................................................... 73
4.13. Resumo dos Esforços Máximos ................................................................................................... 76
4.14 Dimensionamento da secção das armaduras das longarinas ......................................................... 78
4.15 Dimensionamento de pilares ......................................................................................................... 80
4.16 Aparelhos de apoio e Encontros .................................................................................................... 82
4.17 Dimensionamento de Sapatas ....................................................................................................... 82
4.19 Resumo das Secções das armaduras .............................................................................................. 85

CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................................................ 87


5.1 Conclusões ...................................................................................................................................... 87
5.2 Sugestões ......................................................................................................................................... 88
Referencias Bibliográficas .................................................................................................................... 90
ANEXOS ............................................................................................................................................... 92
Anexo I: Tabela de Armaduras ............................................................................................................. 93
Anexo II: Notas de aula de Análise de Estruturas (LI) ......................................................................... 94
Anexo III: Tabelas de flexão ............................................................................................................... 102
APÊNDICES ....................................................................................................................................... 104
Apêndice I: Solicitação de dados a ANE ............................................................................................ 105
Apêndice II: Solicitação de dados ao INAM ....................................................................................... 109
Apêndice III: Solicitação de dados a ARA- Norte .............................................................................. 111
Apêndice IV: Pormenores de armadura .............................................................................................. 116

XVI
INTRODUÇÃO

De forma literal ou figurada, uma ponte serve para fazer a ligação entre dois pontos. A evolução
do estudo das pontes constitui uma grande conquista para a humanidade, ao mesmo tempo que
evidencia também, o desenvolvimento da mesma. A palavra ponte possui conotações que
extrapolam a área de Engenharia, aplicando-se também na esfera social, política e religiosa.

A nível social, a família é a escola primordial da “arquitectura de pontes da fraternidade”. Mais


velhos e mais novos, homens e mulheres, de feitios e aptidões diferentes, aprendem a conviver
amistosamente com base no amor, respeito e empatia. A vida política de uma sociedade só será
sadia, se houverem “pontes” de diálogo, de compreensão, de liberdade de expressão e de
tolerância face as diferenças. A célebre frase de Isaac Newton (1643-1727), ressalta também
esse aspecto socio-político “Construímos muros demais e poucas pontes”

Na esfera religiosa, desde a antiguidade, é notável o uso do termo Pontífice, que significava
literalmente “construtor de pontes”. Do Latim (pons + facere), a posição de Pontífice era
fundamental em Roma, onde as grandes pontes ao longo do Tibre, o rio sagrado, eram
adornadas com estátuas de divindades utilizadas somente por autoridades prestigiadas com
funções sacras. No entanto, sempre entendeu-se seu sentido simbólico: os Pontífices seriam os
construtores de pontes entre os deuses e os homens.

A nível de engenharia, acredita-se que as primeiras pontes tiveram a sua origem em causas
naturais, como a queda de troncos das árvores sobre os rios, facto que possibilitava a travessia
para a outra margem. O Homem aperfeiçoou os incidentes naturais e dedicou-se a criação de
outras pontes feitas de troncos, de pedras, associando também a outros recursos disponíveis na
natureza e embarcou numa jornada de desenvolvimento tecnológico que teve como corolário o
desenvolvimento das pontes em betão armado, pontes metálicas, mistas, etc.

Intitulado Dimensionamento de Pontes em Betão Armado: estudo de caso da Ponte sobre o Rio
Mutacaze, este trabalho enquadra-se na área de Projecto de Construção, uma temática que
envolve a identificação das necessidades, análise de possíveis alternativas que vão de encontro
a resolução do problema, e a proposta de uma solução resultante de um estudo conjugado de
várias áreas da engenharia, com a finalidade de adoptar a opção que apresente as melhores
características de segurança, qualidade e economia.

1
O trabalho tem como caso de estudo a ponte sobre o rio Mutacaze, localizada na estrada
nacional N104 na província de Nampula, distrito de Mogovolas, Posto Administrativo de
Nametil, a 70 Km da cidade de Nampula.

A ponte desabou no dia 15 de Março de 2022, devido a passagem do ciclone Gombe, e passou
por um processo de reparação (reposição da superestrutura e construção de um encontro), tendo
sido reestabelecida a travessia do troço em Novembro de 2022. A ponte faz a ligação entre os
distritos de Mogovolas e Angoche.

Essencialmente, o estudo consiste numa análise da intervenção realizada na ponte aquando da


reparação da infraestrutura, seguido de uma nova proposta a base de betão armado para
reposição permanente da infraestrutura. O trabalho está estruturado em cinco capítulos:

 O primeiro é constituído pelas metodologias de realização do trabalho, onde encontra-se a


descrição dos procedimentos para colecta e análise dos dados;
 O segundo capítulo aborda acerca da fundamentação teórica que abarca os principais
conceitos sobre as pontes;
 O terceiro capítulo é o caso de estudo onde realiza-se uma análise crítica da intervenção
realizada aquando da reparação da ponte;
 O quarto capítulo destina-se ao dimensionamento da nova ponte em betão armado;
 O quinto capítulo é constituído pelas conclusões e sugestões.

2
Justificativa

Boaventura (2009:63), sustenta que a “justificativa trata de uma visão retrospectiva do


conhecimento do pesquisador que o motiva a estudar com mais profundidade”.

A justificativa é a exposição de motivos ou razões de ordem teórica e prática que torna a


realização de uma pesquisa, apresentando elementos, objectivos e subjectivos reflectindo sobre
“o porquê” da realização da pesquisa bem como a sua importância.

Dentro dos conceitos acima descritos, a escolha do tema teve como linhas mestras os seguintes
aspectos:

1. Empatia e compaixão pelas populações afectadas directa ou indirectamente pela queda da


ponte sobre o Rio Mutacaze, aquando da passagem do ciclone Gombe – durante os quatro anos
de formação, o autor apercebeu-se que a academia existe para catapultar o desenvolvimento e
transforação da sociedade, mediante a pesquisa e investigação com vista a atender às
necessidades da sociedade e não apenas como mera satisfação intelectual do investigador.

A queda da ponte sobre o Rio Mutacaze, não constituiu apenas uma perda sob ponto de vista
de infraestrutura de Engenharia. A interrupção do troço gerou consequências nefastas á nível
socio-económico na vida das populações circunvizinhas. A intransitabilidade da via traduziu-
se num aumento de preços de bens e serviços nos distritos de Angoche, Moma e Larde, em
virtude destes serem dependentes da ponte para o fornecimento de produtos oriundos do Distrito
de Nampula. Esse facto teve também como corolário o enfraquecimento das relações
comerciais entre esses três distritos.

O sector de saúde não esteve isento ao raio de alcance das consequências da queda da ponte.
Nesse período houve uma escassez de fármacos nesses locais, o que limitava a prestação dos
cuidados médicos a população. A necessidade de vias alternativas para chegar-se a essas
populações influiu no aumento da distância de viajem, variável directamente proporcional ao
aumento do custo de combustível, e obviamente, esse custo recaio sobre o bolso do cidadão que
viu-se obrigado a pagar mais para deslocar-se de um ponto para outro.

3
Razão pela qual o autor do estudo propõe uma solução que seja mais resiliente ao contexto dos
efeitos nefastos das alterações climáticas (ciclones cada vez mais frequentes com magnitudes
crescentes), e contemplando um tempo maior de vida útil da infraestrutura, para que as
populações não passem novamente por situação semelhante.

2. A necessidade de estudo e aprofundamento da temática de concepção de pontes – o autor


verificou que o currículo académico em vigor durante a realização do curso, não contempla a
cadeira de pontes, apesar de incluir a disciplina de Vias de Comunicação. Num mercado cada
vez mais competitivo e exigente, é de suma importância o estudo das pontes para atender as
necessidades do mercado da Engenharia Civil, mais concretamente na área de vias de
comunicação, um sector crucial no desenvolvimento de qualquer nação.

Objectivos

A definição dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realização do
trabalho. LIBANEO (1994:122), sustenta que o objectivo “é a explicitação dos fins e meios que
orientam as tarefas de pesquisa a alcançar um certo fim”.

Objectivo Geral

O objectivo geral é abrangente com uma visão global do tema e será a síntese que se pretende
alcançar. NERICI (1989:58) defende que “os objectivos gerais referem-se aos objectivos mais
amplos e com vista a concretizarem-se após um período mais ou menos longo de acção
didáctica”. Assim sendo, a pesquisa tem como objectivo geral:

 Propor uma melhor alternativa para reposição permanente da ponte sobre o rio Mutacaze,
mediante a elaboração de um projecto de dimensionamento de uma ponte em betão armado.

Objectivos específicos

Os Objectivos específicos constituem a explicitação do objectivo geral. Para enfatizar o fio de


pensamento, NERICI (1991:22), Advoga que “os objectivos específicos constituem a
operacionalização de objectivo geral”. Assim sendo, a pesquisa tem os seguintes objectivos
gerais:

 Recolher informações gerais acerca da concepção das pontes em betão armado;


 Analisar a intervenção realizada na reparação da ponte sobre o rio Mutacaze.

4
 Elaborar um projecto de ponte em betão armado (dimensionamento da ponte), apresentando
como uma alternativa mais viável em relação a intervenção realizada.

Problematização

O fenómeno de alteração climática tem impactado negativamente o desenvolvimento socio-


económico de Moçambique. Pode verificar-se, por exemplo, aquando da passagem do ciclone
tropical Gombe, no dia 11 de Março de 2022, com ventos e rajadas de 165 e 230 km/h,
respectivamente, tendo afectado as províncias de Nampula, Zambézia e Sofala.

A UNICEF contabilizou 148,253 famílias afectadas, 69 unidades sanitárias destruídas


parcialmente, 469 escolas afectadas, 2,764 postes de energia danificados e oito pontes
destruídas, sendo que uma delas constitui o objecto deste estudo, a ponte sobre o rio Mutacaze.

As soluções de Engenharia com vista a resolução dos danos provenientes desses fenómenos,
devem ser idealizadas não apenas como intuito de resolver a situação imediata, mas antecipando
a ocorrência dessas manifestações naturais de modo cada vez mais frequente e perspetivando a
resolução dos problemas num horizonte temporal mais longínquo.

Essa abordagem já tem vindo a ser aceite e implementada a nível de construção de escolas,
unidades sanitárias, entre outras infraestruturas públicas e são popularmente designadas de
Construções Resilientes a Intempéries. É necessário a adopção dessa filosofia na execução ou
reabilitação de pontes.

Problema

“Problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão em qualquer domínio
de conhecimento”. GIL, (2001:49).

Tendo em conta os ciclones cada vez mais recorrentes em Moçambique e a necessidade de


infraestruturas com maior tempo de vida útil, qual teria sido a melhor solução a adoptar aquando
da reparação da ponte sobre o Rio Mutacaze?

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Hipóteses

Gil (2002:31), sublinha que as hipóteses consistem em oferecer uma solução possível mediante
uma preposição ou seja uma expressão verbal susceptível de ser declarada verdadeira ou falsa.

As hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema
da pesquisa. Elas são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o
desenvolvimento da pesquisa. Assim sendo, o autor propõe as seguintes hipóteses:

H1: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob ponto de vista de resiliência
aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.

X- Intervenção realizada na reparação da ponte

Y- Resiliência da ponte aos eventos de ciclone

X- Maior tempo de vida útil da infraestrutura

H2: O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.

X- Dimensionamento de uma ponte em betão armado

Y- Resiliência da ponte aos eventos de ciclone

X- Maior tempo de vida útil da infraestrutura

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CAPÍTULO I: METODOLOGIA

Lakatos & Marconi (1992:60), afirmam que a metodologia numa pesquisa é entendida como o
conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo
da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos inicialmente propostos e ao mesmo
tempo, o atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, mais eficácia e maior
confiabilidade de informação.

Abaixo segue a descrição da metodologia do trabalho:

1.1 Quanto ao tipo de pesquisa

Pesquisa aplicada: Lakatos & Marconi (2002:20) consideram pesquisa aplicada, "como o
próprio nome indica, caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam
aplicados ou utilizados imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”

1.2. Quanto a abordagem

Pesquisa quantitativa: Malhotra (2001:155) ” a pesquisa quantitativa procura quantificar os


dados e aplicar alguma forma de análise estatística” Pelo processo de cálculo consequente no
trabalho justifica a pesquisa quantitativa.

1.3. Quanto aos objectivos

Pesquisa explicativa: Para Severino (2007:123) “ a pesquisa explicativa é aquela que, além
de registar e analisar os fenómenos estudados, busca identificar suas causas, seja através da
aplicação do método experimental/matemático, seja através da interpretação possibilitada pelos
métodos qualitativos”.

1.4. Quanto aos procedimentos técnicos

Pesquisa bibliográfica: Para Lakatos & Marconi (2003:182) “ a pesquisa bibliográfica, ou de


fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico etc.”.

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1.5. Método de pesquisa

Hipotético-dedutivo: Lakatos e Marconi, 2003:95 “…Este método parte de um problema, ao


que se oferece uma espécie de solução provisória, uma teoria tentativa, passando depois a
criticar a solução, com vista a eliminação do erro…".

8
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

2.1 Conceito

A literatura existente sobre o tema apresenta diversas definições para uma ponte. De modo
geral, todas estão corretas, diferenciando-se entre si apenas pela forma como são redigidas.
Genericamente, ponte é toda a obra necessária para manter a continuidade de uma via quando
existe algum tipo de obstáculo.

Especificamente, denomina-se ponte a obra de transposição, quando o obstáculo é constituído


por água, cabendo-lhe estabelecer a ligação entre duas margens. Quando o obstáculo transposto
não é constituído por água, denomina-se obra de viaduto. Pereira (2002:9)

2.2 Principais requisitos de uma ponte

Segundo Marchetti (2008:2), uma ponte deve atender os seguintes requisitos:

a) Funcionalidade - a ponte deve satisfazer de forma perfeita as exigências de tráfego;

b) Segurança - deve ter os seus materiais constituintes solicitados por esforços que neles
provoquem tensões menores que as admissíveis ou que não possam provocar roptura;

c) Durabilidade - deve atender às exigências de uso durante certo período previsto;

d) Economia - deve-se fazer sempre um estudo comparativo de várias soluções, escolhendo-se


a mais económica desde que sejam atendidos os aspectos das alíneas, a), b) e c);

d) Estética - deve apresentar um aspecto agradável e que se harmonize com o ambiente em que
se situa;

9
2.3 Elementos constituintes das pontes

Para Pereira (2002:9), as pontes em geral são compostas pelos seguintes elementos:
 Superestrutura;
 Mesoestrutura;
 Infraestrutura.

Reis (2002:3), e a maioria dos autores ingleses, categorizam os elementos da ponte em apenas
dois grupos (superestrutura e infraestrutura), nesse caso, consideram os elementos da
mesoestrutura como parte da infraestrutura. Neste estudo, a abordagem será na esfera tríplice,
conforme (Pereira 2002).

Figura 1. Elementos de uma ponte

Fonte: (Pfeil, 1979:2).

2.3.1 Superestrutura

A superestrutura vence o vão necessário a ser transposto pela ponte e recebe diretamente as
cargas provenientes do tráfego dos veículos, transmitindo-as à mesoestrutura. É normalmente
denominada de tabuleiro ou estrado, sendo composta por vigas longitudinais (vigas principais
ou longarinas), e por vigas transversais (transversinas ou carlingas) e das lajes superior, e
inferior (no caso de secções em caixão ou estrado celular).

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Segundo Pereira (2002:17), o tabuleiro tipo de uma ponte rodoviária inclui, em geral, além dos
elementos estruturais propriamente ditos, os seguintes elementos:

1) Lajes do tabuleiro;
2) Vigas do tabuleiro;
3) Passeios de pedestres, guarda-corpos e guarda-rodas;
4) Placa de transição;
5) Juntas de dilatação;
6) Sistema de drenagem;
7) Pista de rolamento dos veículos;
8) Dispositivos para instalação de iluminação e serviços (TV, Internet, tubagens de água, etc.)

 Lajes do Tabuleiro

As lajes são os elementos que suportam diretamente as pistas de rolamento e os passeios de


pedestres. São geralmente executadas em betão armado e, eventualmente, em betão pré-
esforçado. Atualmente, tem sido muito utilizado o sistema conhecido por pré-laje, que constitui-
se de lajotas pré-moldadas que apoiam-se sobre as vigas principais e funcionam como
cofragem.

 Vigas do tabuleiro

As vigas do tabuleiro são constituídas pelas vigas longitudinais (vigas principais ou longarinas)
e pelas vigas transversais (transversinas ou carlingas). As vigas principais suportam as cargas
atuantes sobre a superestrutura, transferindo-as para os pilares ou encontros. As carlingas
podem ser ligadas ou separadas da laje e têm a função de contraventamento, além de colaborar
na distribuição das cargas do tabuleiro para as vigas principais, como é o caso das pontes em
grelha.

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Figura 2. Lajes betonada inloco sobre pré-lajes apoiadas em vigas pré-fabricadas

Fonte: (Pereira, 2002:18).

Figura 3. Tabuleiro de ponte

Fonte: (Reis, 2002:27).

 Passeios - são as partes do tabuleiro destinadas ao tráfego de pedestres. Têm em geral


largura de 1,00 m para pontes em áreas rurais e de 1,50 m para pontes nas rodovias em áreas
urbanas. Nas obras situadas dentro das cidades a largura dos passeios pode variar de acordo
com cada caso específico.

 Guarda-corpos - são peças laterais de proteção aos pedestres. São fixados nas
extremidades dos passeios com altura geralmente variando de 0,75m (áreas rurais) a 1,10m
12
(áreas urbanas). Nas pontes rodoviárias os guarda-corpos podem ser em betão armado,
devido a menor necessidade de manutenção ou em estruturas metálicas.

 Barreiras de proteção ou guarda rodas - são obstáculos, geralmente de betão, com a


finalidade de impedir a saída dos veículos da pista de rolamento. São dimensionados para
conter o impacto de um veículo desgovernado.

Figura 4. Pormenor de passeio, guarda-corpo e barreiras

Fonte: (Reis, 2002:28).

13
Figura 5. Guarda-corpo

Fonte: (Reis, 2002:31).

Figura 6. Elementos do tabuleiro

Fonte: (Reis, 2002:29).

Legenda:
a) Guarda-rodas junto aos passeios (lancil); ou
b) Entre faixas;
c) guardas de segurança auto-safes.

 Juntas de dilatação

Nos projetos de pontes com grande comprimento são previstas interrupções estruturais no
tabuleiro, de modo a permitir os movimentos provocados pela variação de temperatura, retração
e fluência do betão.

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Reis (2002:33), observa que as juntas de dilatação, podem ser de variadíssimos tipos, desde a
simples junta de aglomerado negro de cortiça (para pequenos deslocamentos), até sistemas mais
sofisticado, para deslocamentos que podem ser superiores a 1 m. Um dispositivo desse tipo
adoptado numa das maiores pontes suspensas do mundo- Ponte Humber, na Grã- Bretanha,
admite deslocamentos da ordem dos 3m.

Figura 7. Juntas de dilatação do tabuleiro

Fonte: (Pereira, 2002:20).

 Sistema de drenagem

Um sistema de drenagem eficiente no tabuleiro é de fundamental importância para o bom


desempenho e maior tempo de vida útil da ponte.
O escoamento das águas das chuvas sobre a ponte é geralmente feito através de drenos
executados com tubos de PVC com um diâmetros que variam desde os 75 mm a 150 mm,
espaçados ao longo das bordas da pista de rolamento. A inclinação transversal da pista (mínimo
de 2%) conduz a água para as bordas onde se encontram os drenos.

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Figura 8. Detalhe da drenagem do tabuleiro

Fonte: (Pereira, 2002:20).

Nas pontes em caixão, deve-se também colocar tubos de drenagem na laje inferior, com a
finalidade de evitar o acúmulo de água no interior das células.

 Faixa de rolamento
Nas pontes com superestrutura em betão podem ser adotadas três soluções para a faixa de
rolamento:
 Pavimentação com asfalto (CBUQ);
 Revestimento fino de betão sobre a laje;
 Laje estrutural sem revestimento.

A solução em pavimentação asfáltica é a mais utilizada, por apresentar bom desempenho,


aderência e facilidade na manutenção.
O revestimento é em geral constituído por uma camada de cerca de cinco (5 cm) ou seis (6 cm)
de betão betuminoso, executada directamente sobre a laje de tabuleiro. Actualmente utilizam-
se pavimentos de betão com oito (8 cm) constituídos por duas camadas de quatro (4 cm), sendo
a superior uma camada com característicos drenantes.

A largura da plataforma da ponte é definida pelas faixas de rolamento ou de tráfego. A largura


mínima de uma faixa de rolamento é de 3,00 m, sendo usualmente adotada 3,50m. Além das
faixas de rolamento, a plataforma também pode ser composta de faixa de segurança,
acostamentos e passeios.

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Figura 9. Plataforma de uma ponte com duas faixas de tráfego

Fonte: (Pereira, 2002:20).

2.3.2 Mesoestrutura

Pereira (2002:20), elucida que a mesoestrutura das pontes tem a função de transmitir as cargas
da superestrutura para a infraestrutura, e é constituída pelos pilares, aparelhos de apoio, vigas
de contraventamento e encontros.
 Pilares
Os pilares são localizados a cada linha de apoio transversal do tabuleiro. Suas quantidades,
formas e dimensões dependem de diversos fatores como a altura da obra, a largura da
superestrutura e o tipo de fundação.
A figura 10 mostra algumas Soluções para pilares de pontes em betão armado ou pré-esforçado

Figura 10. Soluções para pilares de pontes em betão armado ou pré-esforçado

a) Pilar parede;
b) Dois pilares ligados por uma travessa no topo;
c) Dois pilares com viga de contraventamento;
d) Tubulões de fundação (funcionam, neste caso, como
pilares);
e) Três pilares ligados por travessa no topo (caso de
múltiplas vigas no tabuleiro)
e)

Fonte: (Pereira, 2002:22).

17
 Aparelhos de apoio
A transmissão das cargas do tabuleiro para os pilares ou encontros se dá através de elementos
de transição denominados aparelhos de apoio. Eles podem permitir alguns movimentos na
estrutura e impedir outros, conforme o tipo de obra.

Os aparelhos de apoio podem ser classificados em fixos, móveis e elastoméricos (Neopreme).


Devido às propriedades de elasticidade, à elevada resistência e à grande durabilidade, os
aparelhos de apoio de Neopreme têm sido a melhor solução para os projetos de pontes
rodoviárias.

Figura 11. Aparelhos de apoio

Fonte: (Pereira, 2002:23)

Legenda:
a) Apoio fixo (articulação Freyssinet);
b) Apoio móvel e, pêndulo de betão;
c) Apoio móvel em rolo metálico;
d) Apoio elastomérico em neopreme fretado.

 Encontros

Os encontros, utilizados em determinados tipos de obras, são elementos que, além de receberem
as cargas provenientes da superestrutura, fazem a contenção dos aterros nas extremidades da
ponte, recebendo, também, os empuxos horizontais causados por esses aterros.

18
Nas obras antigas ou até nas obras atuais, dependendo das condições de cada local, - em especial
dos parâmetros geotécnicos e topográficos - os encontros são constituídos de alvenaria de pedra,
betão ciclópico ou em betão armado.
Figura 12. Encontro

Fonte: (Pereira, 2002:24)

2.3.3 Infraestrutura

Para Pereira (2002:23), a infraestrutura ou fundação de uma ponte pode ser do tipo superficial
ou profunda.
A escolha do tipo de fundação depende de diversos factores que precisam ser analisados na fase
do projeto, sendo, porém, de fundamental importância o conhecimento do tipo de solo do local
onde será executada a obra.

a) Fundações superficiais
As fundações superficiais ou diretas são utilizadas quando o solo de boa qualidade é encontrado
a pequena profundidade. Dividem-se em dois tipos: blocos e sapatas.

 Blocos de fundação- são elementos de grande altura, dispensando a armação na face


inferior. São geralmente construídos em alvenaria de pedra ou betão ciclópico.

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 Sapatas de fundação- são geralmente executadas em betão armado e podem ser isoladas –
quando projetadas para cargas concentradas devido a pilares isolados - ou corridas - quando
recebem cargas distribuídas ao longo de sua extensão.

Figura 13.Opções de sapatas de fundação

Fonte: (Pereira, 2002:24)

Legenda:
a) Bloco isolado de betão ciclópico;
b) Sapata isolada;
c) Sapata corrida.

b) Fundações profundas
As fundações profundas são adotadas quando o solo com boa qualidade de suporte está situado
a uma profundidade média ou grande. Nas pontes, as estacas e tubulões são as fundações de
uso mais correntes.

 Estacas
As estacas são elementos estruturais em betão, aço ou madeira, cravados por equipamentos
apropriados.

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Figura 14. Exemplo de secções transversais de estacas

Fonte: (Pereira, 2002:24).

Legenda:
a) Estaca circular de betão armado;
b) Estaca circular oca de betão armado;
c) Estaca quadrada de betão armado;
d) Perfil metálico H ou I;
e) Perfil metálico duplo I;
f) Trilho simples;
g) Perfil formado por três trilhos

 Tubulões
São fundações profundas, moldadas in situ, executadas por escavação a céu aberto ou com a
utilização de ar comprimido no interior de camisas metálicas ou de betão armado.
Os tubulões são constituídos das seguintes partes:

a) Camisa – de aço ou de betão pré-moldado;


b) Fuste – executado no local;
c) Base – alargada ou não.

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Figura 15. Corte esquemático de um tubulão

Betão moldado “in situ”

Fonte: (Pereira, 2002:25).

2.4 Classificação das pontes

Cada autor possui os seus critérios para classificar as pontes. Como corolário desse aspecto,
evidencia-se uma vasta gama de classificação dessas infraestruturas.
Segundo Pereira (2002:10-17), as pontes são geralmente classificadas quanto à finalidade,
quanto ao tipo de material empregado e quanto ao sistema construtivo adotado.

2.4.1 Quanto a finalidade

 Rodoviária – obra destinada ao tráfego rodoviário;


 Ferroviária – obra destinada ao tráfego ferroviário;
 Rodoferroviária – obra destinada ao tráfego misto de veículos e máquinas ferroviárias;
 Passarela – obra destinada exclusivamente ao tráfego de pedestres;
 Aeroviária – obra destinada ao tráfego de aeronaves nos pátios dos aeroportos.

2.4.2 Quanto aos materiais

 Ponte de madeira;
 Ponte de pedra;
 Ponte metálica;

22
 Ponte em betão armado;
 Ponte em betão pré-esforçado;

2.4.3 Quanto ao sistema estrutural

 Ponte em laje
As pontes com superestruturas em lajes maciças representam um sistema estrutural destituído
de qualquer vigamento.

Figura 16. Secção transversal de ponte em laje maciça

Fonte: (Pereira, 2002:13)

Figura 17. Secção transversal de ponte em laje oca

Fonte: (Pereira, 2002:13).

Trata-se de uma solução adotada para o caso de pequenos vãos (no máximo 15 m). A esbeltez
l/h dessas obras deve atender aos seguintes valores: 15 a 22, para betão armado; 18 a 30, para
betão pré-esforçado; onde l é o vão da obra e h a espessura da laje.

 Ponte em viga
São formadas por um sistema estrutural estaticamente determinado. As vigas simplesmente
apoiadas podem ter seção constante ou variável e são muito utilizadas para vencer um vão com
um único tramo ou em pontes onde o vão pode ser vencido através de uma série de vigas
assentes sobre apoios sucessivos, constituindo-se em solução vantajosa, do ponto de vista da
facilidade de execução e da economia, quando são utilizadas peças pré-moldadas.

23
Figura 18. Ponte em viga simplesmente apoiada com único vão

Fonte: (Reis, 2002:6).


 Ponte em vigas contínua
São largamente utilizadas devido às vantagens de ordem estética, funcional e estrutural. As
vigas podem ter inércia constante ou variável. A inércia constante é empregada no caso de vãos
pequenos, enquanto a inércia variável é utilizada para grandes vãos, com a finalidade de
permitir uma boa distribuição dos esforços solicitantes, além de proporcionar uma melhor
aparência para a obra, e a diminuição do peso próprio.

Figura 19. Ponte em viga contínua

Fonte: (Reis, 2002:6).

 Ponte em viga Gerber


Obras bastante utilizadas no passado, mas atualmente em desuso. Embora aparentem ser
constituídas de vigas contínuas, são na realidade estruturas isostáticas insensíveis aos recalques
de apoio. Foram muito utilizadas quando, necessitando-se de uma grande quantidade de apoios,
não havia muito conhecimento sobre o comportamento do terreno de fundação.
Esse tipo de estrutura deixou de ser adotado devido a algumas desvantagens, a maioria delas
referentes às articulações, a execução, o comportamento e a manutenção dos dentes Gerber.

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Figura 20. Ponte em viga Gerber a); Detalhe dos dentes Geber b)

a)

Fonte: (Reis, 2002:6)

 Ponte em caixão (estrado celular)


A superestrutura de pontes formada por duas lajes, uma superior e outra inferior, interligadas
por vigas longitudinais e transversais denomina-se estrado celular ou caixão celular. Esse tipo
de estrutura tem como vantagem a grande rigidez à torção, sendo por isso indicada para pontes
curvas e sobre pilares isolados, ou ainda quando se dispõe de pequena altura para as vigas
principais. Apresenta, também, vantagem de ordem estética, sendo particularmente indicada
para vigas contínuas de betão pré-esforçado. A sua utilização é normalmente condicionada à
análise comparativa com outras soluções do ponto de vista econômico.

Figura 21. Secção transversal de uma ponte em caixão

Fonte: (Pereira, 2002:15).

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 Ponte em grelha
Denomina-se ponte em grelha o sistema estrutural constituído por três ou mais vigas
longitudinais, com carlingas (tranversinas) intermediárias e de apoio. As carlingas fazem com
que as vigas longitudinais trabalhem em conjunto, regulando a distribuição dos carregamentos
entre as vigas.

Figura 22. Seção transversal de tabuleiro em grelha

Fonte: (Pereira, 2002:15).

 Ponte em pórtico
Nas pontes, os pórticos são formados pela ligação das vigas com os pilares ou com as paredes
dos encontros, caracterizando a continuidade entre esses elementos em substituição às
articulações.
Como as extremidades da viga são engastadas nos encontros, os momentos negativos de
encastramento reduzem o momento positivo, possibilitando a redução de altura no vão.
Figura 23. Pontes em pórticos

Fonte: (Reis, 2002:15)

26
 Ponte em arco
Esse sistema estrutural foi muito utilizado no passado como a única alternativa viável para
vencer grandes vãos, principalmente diante da dificuldade da execução de apoios
intermediários e escoramentos sobre cursos de água ou vales profundos.
A predominância dos esforços de compressão com pequena excentricidade e a exigência de
pequenas seções de armações fizeram do arco a estrutura adequada para a utilização do betão
armado.

Figura 24. Exemplo de Pontes em arco

Fonte: (Pereira, 2002:16)


Legenda

a) Com tabuleiro superior b) Com tabuleiro inferior c) Com tabuleiro intermédio

27
 Ponte pênsil (suspensa)
A ponte pênsil é constituída por cabos dispostos parabolicamente e pendurais verticais. Não são
estruturas apropriadas para betão e por isso são executadas geralmente em vigamentos
metálicos suspensos em cabos portantes de aço. As vigas, que podem ser em treliças ou vigas
de alma cheia, devem ter grande rigidez a flexão e principalmente à torção, de modo a
minimizar os efeitos dos movimentos vibratórios transversais que podem causar desconforto
aos usuários ou mesmo risco à estrutura.

Figura 25. Ponte pênsil

Fonte: (Reis, 2002:6)


 Pontes estaiada (de tirantes)
Na ponte estaiada o tabuleiro é suspenso através de cabos inclinados fixados em torres. O
tabuleiro, geralmente metálico ou em betão pré-esforçado, deve ter grande rigidez à torção, de
modo a reduzir os movimentos vibratórios causados pela ação transversal do vento.

Figura 26. Ponte estaiada

Fonte: (Pereira 2002:6)

Além dos critérios de classificação de pontes aludidos por Pereira (2002) e por Reis (2002),
Marchetti (2008:3), acrescenta a classificação quanto a extensão do vão total, a durabilidade,
desenvolvimento planimétrico, altimétrico, mobilidade dos tramos, e o sistema construtivo.

28
2.4.4 Quanto a extensão total

 Bueiros- vão até 2 metros;


 Pontilhões- vão de 2 a 10 metros;
 Pontes- vão maior do que 10 metros.

2.4.5 Quanto a durabilidade

 Pontes permanentes- aquelas construídas em caracter definitivo, sendo que sua


durabilidade deverá atender até que forem alteradas as condições da estrada;
 Pontes provisórias- são as construídas para uma duração limitada, geralmente até que se
construa a obra definitiva, presta-se quase sempre a servir como desvio de tráfego;
 Pontes desmontáveis- são construídas para uma duração limitada, sendo que diferem das
provisórias por serem reaproveitáveis.

2.4.6 Quanto desenvolvimento planimétrico

Ao considerar a projecção do eixo da ponte em um plano horizontal (planta), podemos ter:


Figura 27. Pontes: a) retas; b) curvas

Fonte: (Marchetti, 2008:4)

29
2.4.7 Quanto desenvolvimento altimétrico (elevação)

Figura 28. Ponte: a) Horizontal; b) Rectilínea; c) Curvilínea


a) b) c)

Fonte: (Marchetti, 2008:4)

2.4.7 Quanto a mobilidade dos tramos

Figura 29. Ponte: a) Basculante de pequeno vão; b) Levadiça

Fonte: (Marchetti (2008:7)


Figura 30. Ponte: a) Corrediça; b) Giratória

Fonte: (Marchetti, 2008:8)

30
2.4.8 Quanto ao sistema construtivo

 In loco
A superestrutura é executada no próprio local da ponte, na posição definitiva, sobre
escoramento apropriado (cimbramento, treliça etc.) apoiando-se directamente nos pilares.

 Pré-moldada
Os elementos da superestrutura são executados fora do local definitivo (na própria obra, em
canteiro apropriado ou num local distante) e, a seguir transportados e colocados nos pilares.
Esse processo construtivo é muito usual em pontes de betão pré-esforçado, principalmente
quando houver muita repetição de vigas principais. A pré-moldagem da superestrutura, em
geral, não é completa (são pré-moldados quase sempre, apenas os elementos do sistema
principal), o restante da superestrutura deve ser executado “in loco”.

 Em balanços sucessivos
Neste caso, a ponte tem sua superestrutura executada progressivamente a partir dos pilares já
construídos. Cada parte nova da superestrutura apoiando-se em balanço na parte já executada.
A grande vantagem desse processo construtivo é a eliminação total (quase sempre) dos
escoramentos intermediários, isto é, eliminam-se os cimbres, treliças etc.

2.5 Diretrizes para a elaboração do projeto de uma ponte

Principais estudos fornecidos ao projetista na forma de relatórios técnicos, que devem ser
realizados para subsidiar o projeto de uma ponte (Pereira 2002:28)

2.5.1 Projecto geométrico

Trata-se da definição do traçado da rodovia onde a ponte será edificada, devendo constar dos
seguintes elementos:

a) Levantamento topográfico plani-altimétrico constando de desenhos em planta com a locação


da obra e do perfil ao longo do eixo locado. Deverá também apresentar a seção do curso de
água no local, com as cotas de fundo do eixo do rio ou canal;

b) Largura total da plataforma, com indicação das faixas de tráfego, passeios de pedestres;
c) Todas as cotas das camadas de pavimentação;

31
d) Declividades e/ou raios de curvaturas, no caso de pontes em rampas ou em curva.

2.5.2 Estudos hidrológicos

Os estudos hidrológicos são de fundamental importância para a obtenção de um bom


desempenho da obra ao longo da sua vida útil. Considerável parte dos problemas ocorridos com
pontes rodoviárias e urbanas deve-se ao dimensionamento insuficiente da seção de vazão. Para
evitar esses problemas, os estudos de natureza hidrológica se constituem pré-requisitos para a
definição do vão total da ponte, devendo ser feitos por profissionais especializados.
De modo geral, devem constar do seguinte:

a) Área da bacia hidrográfica a montante da seção de implantação da obra;


b) Níveis máximos e mínimo das águas;
c) Precipitação média anual das chuvas;
d) Informações sobre vazão, declividade, permeabilidade do solo, existência de vegetação,
rugosidade, depressões, etc;
e) Informações sobre intervenções já realizadas no trecho como: dragagem, retificação do leito
do rio, proteção das margens, etc;
f) Observações de outras obras existentes no curso de água, com indicações de comprimento,
seção de vazão, ocorrência de erosões, etc.

2.5.3 Estudos geotécnicos

Os estudos geotécnicos são, também, de fundamental importância para a definição do tipo de


fundação de uma ponte. Para fins de projeto e execução, as investigações de natureza geotécnica
em solo ou rocha podem compreender, dependendo de cada caso, a realização de sondagens e
de diversos tipos de ensaios e até provas de carga. Porém, independentemente das investigações
feitas, nunca devem deixar de ser realizadas as sondagens de reconhecimento do subsolo, que
podem ser do tipo a percussão (casos dos solos), ou rotativas (casos das rochas).

32
O resultado das sondagens deve ser fornecido na forma dos seguintes elementos:
a) Planta de locação dos furos referida ao eixo da obra;
b) Perfil individual de cada furo, assinalando as diversas camadas atravessadas com as
respectivas espessuras, classificação e número de golpes a cada metro de perfuração;
c) Posição de nível da água.

Visando a possibilidade de futuros esclarecimentos, o responsável pela execução da sondagem


deverá manter, durante pelo menos 15 dias a contar da entrega do relatório, as amostras da
sondagem feita. No caso das pontes, recomenda-se a execução de pelo menos dois furos sob
cada linha de apoios, com a profundidade mínima de 8 m por furo.

2.5.4 Estudos complementares

São informações de caráter geral que podem ser de grande interesse para a concepção do projeto
e definição do sistema construtivo, como por exemplo:
a) Agressividade da água e do meio ambiente em geral;
b) Condições de acesso ao local da obra;
c) Disponibilidade de materiais na região;
d) Infraestrutura disponível no local;
e) Informações sobre o período chuvoso e o regime do rio;
f) Outras peculiaridades locais que facilitem (ou dificultem) a execução e possam influenciar
no custo da obra e no sistema construtivo adotado.

O dimensionamento da ponte no capítulo quatro foi realizado mediante as constatações


verificadas no local, aquando da visita de estudo realizada pelo autor, juntamente com a turma
do oitavo semestre de Engenharia Civil, e sob direcção e supervisão do Docente da cadeira de
Projecto II, Eng. Abel Crisóstomo.

O estudo geométrico não será muito fulcral na realização do novo projecto da ponte, por tratar-
se de uma melhoria face a situação actual da infraestrutura, isso implica que não será realizado
um novo traçado para a rodovia (Não é um projecto de raiz). Todavia, convêm realizar o
levantamento topográfico e estabelecer as respectivas dimensões da nova ponte.

33
Quanto ao estudo Hidrológico e geotécnico, parte dos mesmos foram realizado durante a visita
de estudo (principalmente o hidrológico).
De forma a obter dados mais apurados para a realização do projecto, o autor emitiu
requerimentos solicitando dados a ANE, ao INAM e a ARA, todavia, essas instituições
emitiram despachos informando a inexistência dos dados solicitados, conforme evidenciado
nos Apêndices I, II e III.

Por esse motivo, o presente trabalho não contempla os estudos acima arrolados, no entanto,
baseado nas observações da visita de estudo, o mesmo evidencia os aspectos negativos da
intervenção realizada na reposição da ponte, aponta uma possível solução, ao mesmo tempo
que fornece um roteiro de cálculo a seguir para o dimensionamento de pontes em betão armado,
bastando apenas substituir os dados adotados pelos reais obtidos através de estudos, para
efectivar-se um dimensionamento mais preciso.

2.6 Solicitações

2.6.1 Tipos de Carregamento

Nos projetos das pontes rodoviárias são considerados os seguintes carregamentos, os quais
implicam no surgimento de esforços solicitantes:

a) Carga permanente
A carga permanente compreende o peso próprio dos elementos estruturais. A importância do
peso próprio nas solicitações depende do material utilizado e do vão livre da ponte.

A seguir, os pesos específicos em tf/m3, dos principais materiais utilizados nas construções de
pontes:
Tabela 1. Peso próprio de materiais

Peso Específico
Material Material Peso Específico (kN/m3)
(kN/m3)
Betão simples 24 Aço 7,7
Betão armado 25 Betão asfáltico 19

Fonte: (Autor a partir das Tabelas Técnicas. 4.2.1)

34
b) Carga móvel
A carga móvel é constituída pelo peso dos veículos e pessoas que transitam sobre a ponte.
As cargas são definidas pelas normas e são colocadas nas posições mais desfavoráveis, de modo
a obter-se as solicitações máximas e mínimas na estrutura.
O movimento dos veículos e as irregularidades das pistas produzem acréscimos nas cargas
atuantes que são denominados efeitos de impacto.
Os veículos também produzem, no tabuleiro, esforços horizontais longitudinais devidos à
frenagem e aceleração.

Nas pontes em curva, o movimento dos veículos faz aparecerem esforços horizontais
transversais causados pela força centrífuga.
Para levar em conta a ação dinâmica das cargas móveis, os esforços solicitantes correspondentes
são majorados através de um coeficiente de impacto vertical. Esse coeficiente é estabelecido
em função do vão, do sistema estrutural, da categoria da ponte e da natureza do material.

De acordo com o R.S.A.E.P., artigo 41º a), nas pontes rodoviárias deve considerar-se, na faixa
de rodagem, a actuação de um veículo tipo de 3 eixos equidistantes, cada um de 2 rodas, com a
disposição e dimensões indicadas na figura a baixo:

Figura 31. Veículo-tipo

Fonte: (RSA, Art. 41.1º)

35
O mesmo artigo estabelece que as pontes rodoviárias são divididas em duas classes:

 Classe I – pontes que servem vias de comunicação susceptíveis de terem tráfego intenso ou
pesado, nomeadamente estradas nacionais, vias urbanas e certas estradas municipais e
florestais.

 Classe II – Pontes situadas em vias de comunicação com tráfego ligeiro e pouco intenso,
que é o caso dos caminhos e passagens agrícola e de certas estradas municipais e florestais.

 As cargas Q transmitidas por cada eixo e as dimensões, a e b, das superfícies de contacto


das rodas são função da classe da ponte, isto é, classe I ou classe II.

 Designa-se por veículo tipo um conjunto de cargas concentradas que não representa um
veículo real, mas sim uma carga fictícia que pretende simular os efeitos mais desfavoráveis
originados na ponte pelas acções localizadas do tráfego.

 Designa-se por “carga de faca” uma carga com distribuição linear (kN/m) uniformemente
distribuída na largura da faixa de rodagem.

No quadro seguinte indicam-se os valores característicos das sobrecargas Q, q1 e q2, como as


dimensões e as forças de frenagem.

Tabela 2. Características das classes de pontes rodoviárias

Categoria
Características Classe I Classe II
a (m) 0.20 0.20
b (m) 0.60 0.40
Q (kN) 200 100
q1 (kN/m2) 4 3
Qq2 (kN/m)) 50 30
F de frenagem (kN/m) 30 20

Fonte: (Autor a partir do RSAEP)

36
c) Cargas devidas aos elementos naturais
A água, o vento, a terra, quando em contato com a ponte, exercem empuxos sobre a estrutura
gerando solicitações que devem ser consideradas no dimensionamento da estrutura.
Os empuxos da água são consideráveis no uso de pontes com pilares no leito de rios sujeitos a
grandes enchentes.
O efeito da pressão do vento é de grande importância no dimensionamento dos pilares,
especialmente nas pontes de grande altura.
Os empuxos de terra nas cabeceiras das pontes produzem esforços horizontais que são
absorvidos pelos encontros ou pilares e cortinas.

d) Deformações internas
No projeto de uma ponte são consideradas as solicitações produzidas pelas deformações
internas dos materiais.
Tais deformações são devidas a variações de temperatura, retração e fluência do betão.
Os efeitos devidos à variação de temperatura e retração são principalmente considerados no
cálculo da mesoestrutura. Esses efeitos podem ser aliviados pela introdução de juntas de
dilatação e pela adoção de um adequado plano de betonagem.

2.6.2 Estados Limites Últimos (ELU) e de Serviço (ELS)

 Estados Limites de Últimos (ELU)


Segundo o RSAEP Art.º 3 à 9, são aqueles que pela sua simples ocorrência, determina a
paralisação total ou parcial do uso da construção e corresponde ao esgotamento da capacidade
portante da estrutura, estando relacionado com o seu colapso em parte ou em todo.
No projecto, os ELU caracterizam-se por:

a) Perda de equilíbrio global ou parcial (admite-se a estrutura como um corpo rígido);


b) Roptura ou deformação plástica excessiva dos matériais;
c) Instabilidade por deformação excessiva;
d) Instabilidade dinâmica;
c) Colapso por causas excepcionais, catástrofes quando for o caso.

37
 Estados Limites de Serviço ou de Utilização (ELS)
Aqueles em que pela sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais que não
respeitam as condições especificadas para o uso normal das construções ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade da estrutura.
Ex: danos ligeiros ou localizados que comprometem o aspecto estético da construção ou a
durabilidade da estrutura.

2.6.3 Combinação de acções

As combinações de acções são a sobreposição das várias acções, anteriormente referidas, de


modo a analisar a situação mais desfavorável à segurança da estrutura. Os estados para os quais
se deve verificar a segurança da estrutura são: os estados limite últimos e os estados limite de
utilização.
Critério de verificação da segurança em relação aos estados limites últimos que não envolvem
perda de equilíbrio ou fadiga (RSA,1983).

𝑺𝒅 ≤ 𝑹𝒅
𝒔𝒅 → 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑎𝑐𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒;
𝑹𝒅 → 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒.

Para os Estados Limites Últimos (ELU) tem-se as seguintes combinações:

𝑚 𝑛

𝑆𝑑 = ∑ 𝛾𝑔𝑖 𝑥 𝑆𝐺𝑖𝑘 + 𝛾𝑞 𝑥 [𝑆𝑄1𝑘 𝑆 + ∑ 𝑥𝜓0𝑗 𝑥 𝑆𝑄𝑗𝑘 ]


𝑖=1 𝑗+2

 Combinações Acidentais: Permanentes, variáveis e acidentais:

𝑚 𝑛

𝑆𝑑 = ∑ 𝑆𝐺𝑖𝑘 + 𝑆𝐹𝑎 + ∑ 𝑥𝜓2𝑗 𝑥 𝑆𝑄𝑗𝑘


𝑖=1 𝑗+1

38
Para os Estados Limites de Utilização ou serviço (ELS) tem-se as seguintes combinações:

 Combinações Raras (muito curta duração):

𝑚 𝑛

𝑆𝑑 = ∑ 𝑆𝐺𝑖𝑘 + 𝑆𝑄1𝑘 + ∑ 𝜓0𝑗 𝑥 𝑆𝑄𝑗𝑘


𝑖=1 𝑗=2

 Combinações Frequentes (curta duração)

𝑚 𝑛

𝑆𝑑 = ∑ 𝑆𝐺𝑖𝑘 + 𝜓11 𝑆𝑄1𝑘 + ∑ 𝜓2𝑗 𝑥 𝑆𝑄𝑗𝑘


𝑖=1 𝑗=2

 Combinações quase Permanentes (longa duração)

𝑚 𝑛

𝑆𝑑 = ∑ 𝑆𝐺𝑖𝑘 + ∑ 𝜓2𝑗 𝑥 𝑆𝑄𝑗𝑘


𝑖=1 𝑗=1

Onde:
SGik – esforço resultante de uma acção permanente, tomada com o seu valor característico;
SQ1k – esforço resultante da acção variável considerada como base;
SQjk – esforço resultante de uma acção variável distinta da acção base;
γgi = 1,35 – coeficiente de segurança para as acções permanentes;
γq = 1,5 – coeficiente de segurança para as acções variáveis;
Ψ0j = 0,6 – coeficiente correspondente à acção variável de ordem j.

Tabela 3. Valores reduzidos correspondentes as acções e respectivas ponderações

Coeficiente
𝜓0 𝜓1 𝜓2
0.6 0.4 0.2

Fonte: (Autor, a partir de R.S.A.E.P)

39
2.7 Regulamentos

Qualquer atividade técnica relacionada a uma ponte (projeto, construção ou inspeção) deverá
estar de acordo com os regulamentos em vigor em cada pais ou região. A seguir, os principais
regulamentos para o dimensionamento de pontes:

2.7.1 Norma Americana

AASHTO-LRFD Bridge Design Specifications (2010) -Associação Americana de


Autoestradas e Transportes Estaduais.

2.7.2 Normas Portuguesas

 R.S.A.E.P- Regulamento de Segurança de Acções em Edifícios e Pontes


 REBAP- Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado

2.7.3 Normas Europeias

 Euro código 0 (EN 1990) - Bases do projecto de estruturas;


 Euro código 1 (EN 1991) - Acções em estruturas;
 Euro código 2 (EN 1992) - Projecto de estruturas de betão;
 Euro código 3 (EN 1993) - Projecto de estruturas de aço;
 Euro código 4 (EN 1994) – Projecto de estruturas mistas aço-betão;
 Euro código 5 (EN 1995) - Projecto de estruturas de madeira;
 Euro código 6 (EN 1996) - Projecto de estruturas de alvenaria;
 Euro código 7 (EN 1997) - Projecto geotécnico;
 Euro código 8 (EN 1998) - Projecto de estruturas em regiões sísmicas.

2.7.4 Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)

 NBR 7189/87 – Projeto e Execução de Pontes em Betão Armado e Protendido.


 NBR 7188/84 – Carga Móvel em Ponte Rodoviária e Passarela de Pedestre.
 NBR 7197/89 – Projeto de Estruturas em Betão Protendido.
 NBR 6118/78 – Projeto e Execução de Estruturas de Betão Armado.
 NBR 6122/96 – Projeto e Execução de fundações.
 NBR 9454/86 – Vistoria de Pontes e Viadutos de Betão

40
Para efeitos de dimensionamento da ponte (Capítulo IV), serão usadas as Normas Portuguesas
(REBAP e RSAEP) como base para as combinações e para o dimensionamento.

A determinação das linhas de influências será em conformidade com a norma Brasileira NBR
7188/84 de 2013 e por final, a secção das armaduras será determinada mediante a utilização
das tabelas de flexão da obra Betão Armado, Esforços Normais e de flexão, conforme o Anexo
III: Tabelas de flexão.

41
CAPÍTULO III: CASO DE ESTUDO

3.1 Dados gerais do distrito de Mogovolas

A informação abaixo apresentada, é oriunda do Instituto Nacional de Estatística (INE), no


âmbito da recolha de dados estatísticos do Distrito de Mogovolas, inerentes ao ano de 2012.

Figura 32. Distrito de Mogovolas

Fonte: INE, 2012

Tabela 4. Localização Geográfica

Distrito Distrito de Mogovolas

Limites Norte Sul Este Oeste


Nampula e Meconta Moma Angoche Província da
Zambézia (Gilé)

Fonte: (INE, 2012)

42
Tabela 5. Superfície em Km², População Total e Densidade Populacional – 2012

Distrito Província Distrito/Província (em %)

2012

Superfície 4 760 79 010 6.0

População 349 644 4 647 841 7.5

Densidade Populacional 73.5 58.8 ..

Fonte: (INE, Projecções Anuais da População Total das Provinciais e Distritais 2007-2040)

Tabela 6. Clima

2008 2009 2010 2011


Temperatura Média oC 25.8 25.8 25.8 25.8
Temperatura Máxima Absoluta oC 36.6 36.6 36.6 36.6
Temperatura Mínima Absoluta oC 15.0 15.0 15.0 15.0
Humidade Relativa (%) 70.3 70.3 70.3 70.3
Precipitação Média Mensal mm 56.3 56.3 56.3 56.3

Fonte: (INE, 2012)

3.2 Visita de estudo a Ponte sobre o Rio Mutacaze

No âmbito das aulas de campo da cadeira de Projecto II, lecionadas pelo Docente Abel
Crisóstomo, a turma do 8º semestre do curso de Engenharia Civil, realizou uma visita de estudos
ao distrito de Mogovolas, no dia 15 de Setembro de 2022 com o intuito de avaliar o nível de
execução das obras de reposição da superestrutura e do encontro da ponte sobre o Rio Mutacaze,
destruídos na sequência da passagem do ciclone Gombe.

 Objectivos

1) Identificar os factores que conduziram ao desabamento da superestrutura e da destruição do


encontro;
2) Propor medidas com vista a solucionar o problema acima identificado;

43
3) Realizar uma análise crítica com base nas medidas propostas anteriormente, tendo como
base as actividades desenvolvidas aquando da reparação da ponte.

3.4 Principais constatações

1) Falta de realização de estudos ou não adopção dos mesmos aquando da realização das obras
de reparação da ponte (principalmente o hidrológico).

 Não considerou-se o aumento da altura da ponte quando realizou-se a reposição da


superestrutura. A queda da superestrutura é um facto que aponta para a necessidade de
aumento da altura da ponte, porque no dimensionamento do tabuleiro, não se contemplam
as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas. Estas aplicam-se apenas nos pilares e fundações;

 A destruição do encontro evidencia que o mesmo estava localizado dentro de uma área de
influência da bacia hidrográfica em que o mesmo sofria com o embate das pressões
hidrostáticas e hidrodinâmicas;

Figura 33. a) Vista longitudinal da superestrutura; b) Vista inferior da superestrutura

a) b)
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

44
Figura 34. Novo encontro da ponte

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

2) Necessidade de aumento do comprimento da superestrutura de 60 m para 100 m de modo a


que os encontros localizem-se fora da área da bacia em contacto com a água.

 Na reparação, foi adoptada a construção de um encontro mais extenso de 48,00 m, ao invés


do aumento do comprimento da superestrutura.

3) Má execução dos nós em várias regiões da ponte

Figura 35. Má execução do nós

Fonte: (Autor, Setembro de 2022)

45
4) Não observância das regras de emenda de varões

Figura 36. Emenda dos varões do encontro

Fonte: (Autor, Setembro de 2022)

Figura 37. Explicação da execução da amarração

Fonte: (Autor, Setembro de 2022)

46
Figura 38. Segunda observação da ponte após a inauguração

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

3.5 Medidas a adoptar com vista a resolução dos problemas

1) Realização de estudos hidrológicos, geotécnicos, entre outros, com vista a dimensionar uma
nova ponte;

2) Aumento de altura dos pilares (no mínimo 2 m acima do nível actual);

3) Aumento do comprimento longitudinal da superestrutura (de 60 m para 100 m), com vista a
garantir que os encontros estejam fora da região da bacia assolada pelas águas.

O Capítulo IV visa a materialização das medidas acima referidas, com base no


dimensionamento de uma nova ponte em betão armado.

47
CAPÍTULO IV: PROPOSTA DE DIMENSIONAMENTO DA NOVA
PONTE EM BETÃO ARMADO

4.1 Dimensionamento da laje de tabuleiro (secção transversal)

Figura 39. Vista longitudinal

Fonte: O autor, Fevereiro de 2023

Figura 40.Secção Transversal (A-A)

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023) [𝑚]

48
4.2 Pré-dimensionamento da altura da laje

Figura 41. Vista em planta (A-A)

[𝑚 ]
Fonte: O autor, Fevereiro de 2023

4.2.1. Determinação da armação da laje


𝑙𝑦 25
𝜀= ↔ 𝜀 = 5,4 = 4,630 ↔ 𝜀 > 2 → 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑢𝑚𝑎 𝑠ó 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐çã𝑜
𝑙𝑛

𝑥 = 0,6, Quadro XV espessuras mínimas das lajes, valor do coeficiente 𝛼, REBAP Art. 102º

4.2.2 Cálculo da altura da laje

𝑙𝑖 Onde:
ℎ=
30𝑛 REBAP Art. 102.2º 𝑙𝑖 𝑒𝑚 𝑥 = (𝑙𝑥. 𝛼)
AertArt.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.
𝑦 = (𝑙𝑦. 𝛼)
º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.º.ºº 102.2

𝑙𝑥 . 𝛼𝑥 5,4 𝑥0,6 𝑛 − 𝐷𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑎ç𝑜, REBAP Artº 89


ℎ𝑥 ≥ = = 0,10 𝑚
30𝑛 30𝑥1
𝐴400 𝑛 = 1

𝑙𝑦 . 𝛼𝑥 25 𝑥0,6
ℎ𝑦 ≥ = = 0,50 𝑚
30 𝑛 30 𝑥 1

𝐸𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑒 − 𝑠𝑒 𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎: ℎ = 0,50 𝑚

49
4.3. Pré-dimensionamento da altura das vigas (longarinas)

Diagrama 1.Simplifição estrutural

Fonte: (autor, Fevereiro de 2023)

𝑙𝑖 25
ℎ≥ REBAP Artº 89 ℎ≥ = 1,25 𝑚
20𝑛 20 x 1

Onde:
𝑙𝑖 = 25 𝑚
𝑛 = 1 𝑑𝑒𝑝𝑒𝑛𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑎ç𝑜 ( 𝐴 400) REBAP Art. 89º)

4.4 Determinação dos esforços das cargas permanentes na laje

Os diagramas dos esforços foram obtidos através da utilização do software Ftool


4.0, de 2017, obtido em: https://www.meiacolher.com/2018/10/baixar-ftool-400-
gratuito-ultima-versao.html.

a) Peso do guarda-corpo

Escreva uma equação aqui.


𝑃1 = 2𝑋(Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝐺𝑢𝑎𝑟𝑑𝑎 − 𝐶𝑜𝑟𝑝𝑜) x 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜 − 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜

𝑃1 = 2(0,20x 1,10)x 75 = 33 KN/m

b) Peso do guarda-rodas

𝐵 = 0,30 m 𝑃2 = 2 (Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑔𝑢𝑎𝑟𝑑𝑎 − 𝑟𝑜𝑑𝑎𝑠) 𝑋 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

𝑏 = 0,20 m
(0.30 + 0.20)
𝑃2 = 2 [ 𝑋 0.4] 𝑋 24 = 4,8 𝐾𝑁/𝑚
ℎ = 0,4 m 2

50
c) Peso do Passeio

𝑃3 = 2𝑋(Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑒𝑖𝑜) 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠


𝑃3 = 2(0,4 𝑋 1)𝑋 24 = 19,20 𝐾𝑁/𝑚

d) Peso do betão asfáltico

𝑃4 = 2(Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑎𝑠𝑓á𝑙𝑡𝑖𝑐𝑜) 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑎𝑠𝑓á𝑙𝑡𝑖𝑐𝑜

0,10 + 0,05 𝐾𝑁
𝑃4 = 2 ( ) 𝑥 1,5 𝑥 19 3 = 4,2750 𝐾𝑁/𝑚
2 𝑚

e) Peso da laje
𝑃5 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜

𝑃5 = (0,5 𝑥 5,4)𝑥 25 = 67,5 𝐾𝑁/𝑚

Peso total das cargas permanentes = 𝑃1 + 𝑃2 + 𝑃3 +𝑃4 + 𝑃5

PT= 33 + 4,8 + 19,2 + 4,2750 + 67,5 = 128,7750 𝐾𝑁/𝑚

Diagrama 2. Carga distribuída (Peso Próprio da laje)

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 3. Reações de apoio

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

51
Diagrama 4. Esforço transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 5. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.5 Determinação dos esforços das cargas moveis na laje

Diagrama 6. Carga móvel do Veículo tipo

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

52
1º Caso: Cálculo da linha de influência (LI) de reação de apoio considerando apenas a carga
concentrada do veículo.

Diagrama 7. Linha de influência de reação de apoio R1

y1

R1

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

 Determinação da Reação de Apoio


1 𝑦1 3,6 1 𝑦2 1,6
= ⇔ 𝑦1 = = 1,2 𝑚 = ⇔ 𝑦2 = = 0,5333 𝑚
3 (3 + 0,6) 3 3 1,6 3

𝑅1 = 75 𝑥 𝑦1 + 75 𝑥 𝑦2 = 75𝑥1,2 + 75𝑥0,53 = 130 KN

Diagrama 8. Esforço Transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

53
Diagrama 9. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

2º Caso: Cálculo da linha de influência de reacção de apoio considerando as cargas q, q’ e o


espaço do veículo.

Diagrama 10. Linha de influência de reação de apoio R2

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

54
 Determinação da Reação de Apoio

1 𝑦1 4,2 1 𝑦3 1,1
= ⇔ 𝑦1 = = 1,4 𝑚 = ⇔ 𝑦3 = = 0,3667𝑚
3 4,2 3 3 1,1 3

1 𝑦2 4,1
= ⇔ 𝑦2 = = 1.3667 𝑚
3 4,1 3

(𝑦1 + 𝑦2 (𝑦3𝑥1,1) (1,4 + 1,37) (0,37𝑥1,1)


𝑅2 = 3𝑥 [ 𝑋 0,1] + 5 [ ] 𝑅2 = 3 𝑋 [ 2
𝑥0,1] + 5 [
2
]
2 2

𝑅2 = 1,4233 𝐾𝑁
Diagrama 11. Cargas q e q’ considerando o espaço do veículo

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 12. Esforço transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

55
Diagrama 13. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

3º Caso: Cálculo da linha de influência de reacção de apoio considerando apenas as cargas q


e q´ em toda secção transversal da ponte.

Diagrama 14. Cargas q e q’ desconsiderando o espaço do veículo

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

56
Diagrama 15. Linha de influência de reação de apoio R3

y1

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

 Determinação da Reação de Apoio

1 𝑦1 4,2 1 𝑦2 3,6
= ⇔ 𝑦1 = = 1,4 𝑚 = ⇔ 𝑦2 = = 1,2 𝑚
3 4,2 3 3 3,6 3

(𝑦1 + 𝑦2) 𝑏𝑥ℎ 1,4 + 1,2) 1,2𝑥3,6


𝑅3 = 3 [ 𝑥ℎ] + 5 ( )=3 [ 𝑥0,6] + [5( )]
2 2 2 2

𝑅3 = 2,34 + 10,8 = 13,14 𝐾𝑁

57
Diagrama 16. Esforço transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 17. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 18. Comboio-tipo resultante

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

58
4º Caso: Cálculo dos coeficientes CIV, CNF, CIA

25 + 25 + 25 + 25 = 25
CIV= = 25 CIV- coeficiente de impacto vertical
4
CNF- coeficiente do nº de faixas (n)
CIV 20
𝐶𝐼𝑉 = 1 + 1,06𝑥 ( )
𝐿𝐼𝑉 + 50 CIA- coeficiente de impacto adicional
20
= 1 + 1,06𝑥 ( ) = 1,2827 = 1,3
25 + 50

𝐶𝑁𝐹 = 1 − 0,05𝑥(𝑛 − 2) = 1 − 0,05𝑥(1 − 2) = 0,05

Majoração das cargas

𝑄 = 𝑅1𝑥𝐶𝐼𝑉 𝑥 𝐶𝑁𝐹 𝑥 𝐶𝐼𝐴 = 130 𝑥 1,3 𝑥 0,9 𝑥 1,25 = 130 𝑥 1,4625 ⇔ 190,1200 𝐾𝑁

𝑞 = 1,4233𝑥1,4625 = 2,0816 𝐾𝑁

𝑞 ′ = 13,14 𝐾𝑁

Diagrama 19. Comboio-tipo resultante após a majoração das cargas

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.6 Resumo de esforços máximos na secção transversal

Tabela 7. Reações de apoio

Reção de Apoio (kN)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição mais desfavorável
Peso Próprio Veiculo Tipo Q+Q´ q+q´
RVA ou RVB 347.7 130 13.14 1.4233
TOTAL 492.2633
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

59
Tabela 8. Combinações das reações de apoio

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN) Q+Q´ (kN) q+q´ (kN)
347.7 130 13.14 1.4233
Sd ( Q base ) 729.65697
Sd ( q base ) 659.54097
Sd ( p base ) 652.51095

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 9. Valores máximos do esforço transverso

Esforço Transverso (kN)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Veiculo Tipo Q+Q´ q+q´
A esquerda de (A ou B) X1 = 0.2 -25.8 -75 -1 -1
No apoio (A ou B) X2 = 1.2 193.2 100 8.2 5.8
A direita de (A ou B) X3 = 2.4 38.6 65 2.2 2.8
A meio vão X4 = 2.7 0 50 0.9 2.1

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 10. Combinações do esforço transverso

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN) q (kN) p (kN)
193.2 100 8.2 5.8
Sd ( Q base ) 452.4
Sd ( q base ) 397.32
Sd ( p base ) 395.88
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

60
Tabela 11. Valores máximos do momento flector

Momento Flector (kNm)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Veiculo Tipo Q+Q´ q+q´
A esquerda de (A ou B) X1 = 0.2 -2.6 -15 -0.1 -0.1
No apoio (A ou B) X2 = 1.2 -92.7 -90 -3.6 -3.6
A direita de (A ou B) X3 = 2.4 46.4 48 3.9 4.1
A meio vão X4 = 2.7 52.2 37.5 3.9 4.2

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 12. Combinações do momento flector

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm) q (kNm) p (kNm)
92.7 90 3.9 4.2
Sd ( Q base ) 281.34
Sd ( q base ) 229.68
Sd ( p base ) 229.86
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 13. Resumo dos esforços máximos na secção transversal da laje

Esforços Máximos Obtidos


RVA e RVB (kN) M (kNm) V (kN)
729.65697 281.34 452.4

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

61
4.7 Determinação da secção das armaduras da laje

a) Dados b) Fórmulas
𝑀𝑠𝑑
REBAP Art. 24º (fysd) 𝑀𝑠𝑑 𝜇=
𝑑≥√ 𝑏 𝑥𝑑 2 𝑥𝑓𝑐𝑑
𝑏. 𝑑 2 . 𝑓𝑐𝑑 𝑀𝑠𝑑
𝐾𝑁 𝜔 = 1 − √1 − 2𝜇 𝐴𝑠 =
 𝑓𝑦𝑠𝑑 𝐴400 = 348𝑥103 0.9𝑥𝑑𝑥𝑓𝑦𝑠𝑑
𝑚
𝐾𝑁
 𝑀𝑠𝑑 = 281, 34 ≈ 282 𝑚
100−𝑛𝑥∅ 𝑃𝑏𝑑
 𝑉𝑠𝑑 = 452,4 𝑘𝑁 𝑆= 𝐴𝑆 =
100
𝑛−1
 𝑏 =1𝑚
 𝑑 = 0,5𝑚

REBAP Art. 19º, Quadro IV (fcd)

 𝑓𝑐𝑑 𝐵40 = 23𝑀𝑝𝑎,


 ℎ = 0,5
 Ambiente moderadamente agressivo: 3 cm recobrimento, REBAP Art.º 78, adopto 5 cm.

𝑑 = ℎ − 𝑐 = 0,5 − 0,05 = 0,45𝑚

𝑀𝑠𝑑 282𝑥103
𝑑≥√ 𝑑≥√ 0,1556 m < 0,5 m, OK
𝑏. 𝑑2 . 𝑓𝑐𝑑 1𝑥0,5 𝑥23,3

c) Determinação da secção da armadura principal

𝑀𝑠𝑑 282 𝑐𝑚2


𝐴𝑠 = = = 18,077 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 19,63 → ∅25@25
0.9𝑥𝑑𝑥𝑓𝑦𝑠𝑑 0.9𝑥0.5𝑥348𝑥103 𝑚

d) 𝐀𝐫𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐢𝐦 𝐀𝐒 𝐌𝐢𝐧𝐢𝐦𝐚


𝑃𝑏𝑑 𝐷𝑎𝑑𝑜𝑠
𝐴𝑆 =
100
 𝐴400: 𝑝 = 0,15; 𝑅𝐸𝐵𝐴𝑃 = 𝐴𝑟𝑡. 90
0,15x100x50
𝐴𝑆 = = 7,5 𝑐𝑚  𝑏 = 1𝑚
100

𝐴𝑆Armadura
e) = 7,5 𝑐𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 7,92 → 7∅12 → ∅ 12@ 14
distribuida

62
1
𝐴 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 5 x 19,63 = 3,9260 𝑐𝑚2 /𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 4,49 → ∅10@17,5

Escolhe-se As min para armadura de distribuição.

Dados
f) Verificação do esforço transverso
𝝉𝟏 − REBAP Art. 53.3º
Vsd = 452,4 kN
bw- 50 cm
𝑉𝑐𝑑 = 0,6𝑥(1,6 − 0,5)𝜏1𝑥𝑏𝑤𝑥𝑑
𝑉𝑐𝑑 = 0,6𝑥(1,6 − 0,5)𝑥7,0𝑥1𝑥0,5 = 2310 𝑘𝑁 b- 1 m
𝑉𝑐𝑑 < 𝑉𝑠𝑑 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠á𝑣𝑒𝑙.

4.8 Dimensionamento da carlinga

Figura 42. Simplificação estrutural da carlinga

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.8.1 Pré dimensionamento da altura da carlinga

𝑙𝑖 3
ℎ≥ ⇔ ℎ≥ = 0,15 𝑚
20𝑛 20x1

Devido aspectos construtivos, assumo ℎ carlinga = ℎ das longarinas = 1,25 m

1 1,25
𝑏= ℎ ⇔𝑏= = 0,416 𝑎𝑠𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑏 = 0,4
3 3

63
Figura 43. Secção Transversal da carlinga

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.9 Determinação dos esforços das cargas permanentes nas carlingas.

a) Peso próprio da viga

𝑃 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑒𝑐çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑡ã𝑜.

𝑃 = 0,4𝑥1,25 = 218750 ≈ 22 𝑘𝑁.

Diagrama 20. Carga distribuída (Peso próprio da carlinga)

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

64
Diagrama 21. Reação de apoio

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 22. Reação de apoio

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 23. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

65
4.10 Determinação dos esforços das cargas móveis nas carlingas

Diagrama 24. Comboio-tipo

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

 Cálculo da linha de influência de reacção de apoio considerando as cargas Q e q.

Diagrama 25. Linha de influência de reação de apoio RA

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

66
1 𝑦1 1,5
= ⇔ 𝑦1 = = 0,5 𝑚
3 1,5 2
3𝑥1
𝑅𝐴 = 1x190,125 + 0,5x190,125 + 0x190,1250 + 2x [2.0816x ( )] = 291,4322 KN
2

Diagrama 26. Esforço transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 27. Esforço Transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

67
4.11 Resumo de esforços máximos na carlinga

Tabela 14. Combinações das reações de apoio nas carlingas

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Peso próprio (kN) Comboi-tipo (kN)
33 291.4322
486.6483
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 15. Esforço transverso nas carlingas

Esforço Transverso (kN)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Comboio-tipo
X1 = 0 33 0
X2 = 1.5 0 24.8
X3 = 3 33 0
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 15. Combinações do esforço transverso nas carlingas

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kN) Q (kN)
33 24.8
Sd ( Q base ) 86.7

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

68
Tabela 16. Momento flector nas carlingas

Momento Flector (kNm)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Comboio-tipo
X1 = 0 288.3 0
X2 = 1.5 95.58 147.2
X3 = 2.12 162.6
X4 = 3 288.3 144.9

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 17. Combinações dos momentos flectores nas carlingas

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
288.3 147.2
653.25

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 18. Resumo dos esforços máximos nas carlingas

Esforços Máximos Obtidos


RVA e RVB (Kn) M (KNm) V (KN)
486.6483 653.25 86.7

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

69
4.12 Determinação da seção das armaduras da carlinga

a) Dados

𝑓𝑦𝑠𝑑 = 𝐴 400 = 348 𝑥 103 𝐾𝑁 / 𝑚2

𝑏 = 0,4 𝑚

𝑓𝑐𝑑 𝐵40 = 23, 3 𝑀𝑝𝑎

ℎ = 1,25 𝑚

Ambiente moderadamente agressivo 3 𝑐𝑚, 𝑎𝑑𝑜𝑝𝑡𝑜 5 𝑐𝑚

𝑑 = ℎ − 𝑐 ⇔ 𝑑 = 1,25 − 0,05 = 1,2 𝑚

b) Verificação da Altura útil

Por questões construtivas, assumo d = 1,2 m

𝑀𝑠𝑑 653.25
𝑑≥√ 2
= 𝑑≥√ = 0,2206 𝑚 < 1,2 𝑚, 𝑂𝐾
𝑏. 𝑑 . 𝑓𝑐𝑑 0.4𝑥1.22 𝑥23.33

c) Momento reduzido (𝜇) e Percentagem de armadura (𝜔)

𝑀𝑠𝑑 653,25
𝜇= = 0,0437
𝑏 𝑥 𝑑 2 𝑥 𝑓𝑒𝑑 0,4𝑥1, 22 𝑥23,3 𝑥103

𝜔 = 1 − √1 − 2𝜇 = 1 − √1 − 2 𝑥0,0487 = 0,0499

d) Determinação da secção da Armadura

𝜔 . 𝑏. 𝑑 . 𝑓𝑐𝑑 0,0499 x 0.4 x 1,2 x 23,3


𝐴𝑠 = = = 16, 368 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑠𝑑 348

𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 18,10 𝑐𝑚2 → 9∅16 → ∅16@12

70
e) Armadura mínima

𝐴 400 𝑃 = 0,15 𝑅𝐸𝐵𝐴𝑃 Art. 90º

𝑃𝑏𝑑 0,15 𝑥 0,40 𝑥 1,2


𝐴𝑆 = = = 0,0007 = 7,2 𝑐𝑚2
100 100

𝑏 = 0,40𝑚 7,2 𝑐𝑚2 → 𝑁𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 7,85 𝑐𝑚2 → ∅10@10

𝑑 = 1,2 𝑚

f) Armadura do estribo

𝐴𝑠𝑤 𝜌𝑤𝑥𝑏𝑤𝑥𝑠𝑖𝑛90 0,10𝑥0,4𝑥𝑠𝑖𝑛90 4 𝑐𝑚2


= = = → ∅10@17,5
𝑆 100 100 𝑚

4.12 Dimensionamento das vigas principais (longarinas)

4.12.1 Determinação das cargas permanentes

Dados

𝑷𝒆𝒔𝒐 𝑷𝒓ó𝒑𝒓𝒊𝒐 (𝑷𝒑) = Á𝒓𝒆𝒂 𝒅𝒂 𝒗𝒊𝒈𝒂 𝐱 𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒅𝒐 𝒃𝒆𝒕ã𝒐 𝒂𝒓𝒎𝒂𝒅𝒐

𝑷𝒆𝒔𝒐 𝑷𝒓ó𝒑𝒓𝒊𝒐 = 𝟏, 𝟐𝟓 𝐱 𝟎, 𝟕𝟎 𝐱 𝟐𝟓 = 𝟐𝟏, 𝟖𝟕𝟓 𝒌𝑵/𝒎

Reação da laje = 729,65697 KN Reação da carlinga = 486,6483 kN

𝑞 729,65697 𝑞 486,6483
𝑙𝑎𝑗𝑒 = = 7,2966𝑘𝑁/𝑚 𝑐𝑎𝑟𝑙𝑖𝑛𝑔𝑎 = 100 = 4,8665 𝑘𝑁/𝑚
100

𝑷𝒆𝒔𝒐 𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑷𝒑 + 𝒒𝒍 + 𝒒𝒄 = 21,8750 + 7,2966 + 4,8665 = 34,0381 𝑘𝑁/𝑚

71
4.12.2 Determinação dos Esforços nas cargas permanentes

Diagrama 28. Carga permanente da longarina

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 29. .Reações de apoio

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 30. Esforço transverso (longarinas)

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

72
Diagrama 31. Momento flector (longarinas)

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.12.3 Determinação dos esforços das cargas Móveis

Diagrama 32. Trém-tipo na secção longitudinal

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Diagrama 33. Determinação da maior área de influência para reação de apoio

RVA RVE
a)

73
RBC

b)

RVC

c)
Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Para aplicação do comboio-tipo, escolhe-se a situação mais desfavorável (a que possui maior
área de influência). Neste caso, calcula-se a linha de influência de reação de apoio em função
da alínea (c).

1𝑥50 1𝑥50
𝐴= + = 50 𝑚2
2 2

Diagrama 34. Linha de influência de reaçãode apoio RVC

13,14 kN/m 13,14 kN/m

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

74
Verifica-se que 𝐴1 = 𝐴4 𝑒 𝐴2 = 𝐴3 𝑒 𝑦1 = 𝑦2 𝑒 𝑦2 = 𝑦3

1 𝑦1 47 50𝑥0,94
= ⇔ 𝑦1 = = 0,94 𝐴1 = 𝐴4 = = 23,5 𝑚2
50 50 − 3 50 2

(1 + 0,94)
𝐴2 = 𝐴3 = 𝑥 3 = 2,92𝑚2
2

1 𝑦2 48,5
= ⇔ 𝑦2 = = 0,97 𝑚
50 (50 − 1,5) 50

𝑅𝐶 = 2𝑥 (13,14, 𝐴1) + 2𝑥(2,08𝑥𝐴2) + 2(0,97𝑥𝑦2) + 1 𝑥 190,1.

𝑅𝐶 = 2(13,14 𝑥23,5) + 2𝑥 (2,08 𝑥 2,91) + 1 𝑥 190,1.

𝑅𝐶 = 1188,5796 𝐾𝑁

Diagrama 35. Esforço transverso

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

75
Diagrama 36. Momento flector

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.13. Resumo dos Esforços Máximos

Tabela 19. Combinações das reações de apoio

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Peso próprio (kN) Comboio-tipo (kN)
972.5 1188.5796
3241.6194

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

76
Tabela 20. Valores do esforço transverso

Esforço Transverso (kN)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Comboio-tipo
X1 = 0 334.3 629.6
X2 = 12.5 91.2 348
X3 = 25 516.6 695.3
X4 = 37.5 30.4 294.1
X5 = 50 395.1 686.5
X6 = 62.5 30.4 289.2
X7 = 75 516.6 708.1

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 21. Combinações das reações do esforço transverso

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
516.6 708.1
1837.05

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 22. Valores do momento flector

Momento Flector (kNm)


Cargas Permanentes Cargas Variáveis
Posição
Peso Próprio Comboio-tipo
X1 = 0 0 0
X2 = 12.5 1519.6 3093.9
X3 = 25 2279.3 2276.7
X4 = 37.5 759.8 2612.4
X5 = 50 1519.6 1924.5
X6 = 62.5 759.8 2612.5
X7 = 75 2279.3 2276.7

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

77
Tabela 23. Combinações do momento flector

Combinações fundamentais E.LU

γgi γq Ψ0j
1.5 1.5 0.6
Cargas Permanentes Cargas Variáveis
G (kNm) Q (kNm)
2279.3 3093.9
8059.8

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 24. Resumo dos máximos esforços obtidos nas longarinas

Esforços Máximos Obtidos


RVA e RVB (KN) M (KNm) V (KN)
3241.6194 8059.8 1837.05

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

4.14 Dimensionamento da secção das armaduras das longarinas

a) Dados Figura 44. Secção transversal da longarina

Msd = 8059,8000 kNm

Vsd = 1837,0500 kN

𝑓𝑦𝑠𝑑 𝐴400 = 348 𝑥 103 𝑘𝑁/𝑚2

b = 0,70 m

𝑑 =ℎ−𝑐 0,7 m

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

𝐴𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑔𝑟𝑒𝑠𝑖𝑣𝑜 (3𝑐𝑚), REBAP Art. 78º, 𝑎𝑑𝑜𝑝𝑡𝑎 − 𝑠𝑒 5 𝑐𝑚.

𝑑 = 1,25 − 0,05 = 1,2 m

78
b) Verificação da altura útil

𝑀𝑠𝑑 8059,8000
𝑑≥√ 2
=√ = 0,5858 𝑚 < 1,2 𝑚 𝑂𝑘
𝑏 𝑥 𝑑 𝑥𝑓𝑐𝑑 0,7 𝑥 1, 22 𝑥23,3 𝑥 103

c) Momento reduzido (𝜇)

𝑀𝑠𝑑 8059.8000
𝜇= = = 0,3432
𝑏 𝑥𝑑 𝑓𝑐𝑑 0,7 𝑥 1, 22 𝑥23,3 𝑥 103
2

d) Determinação da secção da armadura

𝑃𝑏𝑑
𝐴𝑆 =
100

𝜇 = 0,3432 ≈ 0,350 → 𝑇𝑎𝑏 2. 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠 → 𝐵40 𝜌 = 0,103

𝑃𝑏𝑑 0,103 𝑋0.70 𝑋 1.2


𝐴𝑆 = = = 0,0009 𝑚2 = 9𝑐𝑚2 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 10,05 𝑐𝑚2 → ∅16@20
100 100

e) 𝐀𝐫𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐢𝐦 𝐀𝐒

Dados:

 𝐴400: 𝑝 = 0,15; 𝑅𝐸𝐵𝐴𝑃 = 𝐴𝑟𝑡. 90º


 𝑏 = 1𝑚

𝜌𝑥𝑏𝑥𝑑 0,15x100x50
𝐴𝑠 = = = 7,5 𝑐𝑚 𝐴𝑆 = 7,5 𝑐𝑚 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 7,92 → ∅12@15
100 100

f) Armadura do estribo

𝐴𝑠𝑤 𝜌𝑤𝑥𝑏𝑤𝑥𝑠𝑖𝑛90 0,10𝑥0,7𝑥𝑠𝑖𝑛90 7,54 𝑐𝑚2


= = = → ∅12@15
𝑆 100 100 𝑚

79
4.15 Dimensionamento de pilares

a) Dados

 Largura = 1,5 m
 Comprimento = 1,5 m
 Altura actual do pilar = 5m. Aumenta-se mais 2 m = 8m
 Por questões construtivas e arquitectónicas, os pilares terão as mesmas dimensões.

Figura 45. Secção transversal do pilar

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

b) Esforços verticais

Reacção das vigas longitudinais

 RVA = 3241,6194 kN  RVB = 3241,6194 kN

Peso próprio do pilar

 𝑃𝑃 = 𝑐𝑥𝑙 𝑥ℎ 𝑥 𝛾𝑏𝑒𝑡ã𝑜 = 1,5𝑥1,5 𝑥 8 𝑥 25 = 450 𝐾𝑁

 𝑁𝑠𝑑 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 = 1,5 (2𝑥(3241,6194) + 450) = 5536,5 𝑘𝑁

c) Esforços Horizontais
Onde:
 Pressão hidrodinâmica c- 0,88-secção quadrada;
𝛾(á𝑔𝑢𝑎) = 10 𝐾𝑁/𝑚3
𝑃 = 0,51 𝑐 𝑣 2 - (Reis, 2002:46)
g- aceleração de gravidade = 9,8 𝑚/22
v- velocidade da água em época de cheia = 6 𝑚/𝑠 2

80
 Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 4x(1,5x8) = 48 𝑚2
 𝑃 = 0,51x0,88x62 = 16,1568 𝐾𝑁/𝑚2

𝐹𝑜𝑟ç𝑎. 𝐻𝑖𝑑𝑟𝑜𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 = 𝑃𝑥𝐴 = 16,1568x48 = 775,5264 𝐾𝑁

2 2
Aplicação da forca: 𝑑 = 3 𝐻 = 3 𝑥8 = 5,3333 𝑚

Momento da Força Horizontal = 775,5264 x 5,3333 = 4523,6455 𝐾𝑁𝑚

d) Quantificação da acção do vento

1) Zona: A - RSA. Art.º 20;


2) Rugosidade dinâmica do solo: Tipo II, RSA Art.º 21;
3) Pressão dinâmica do vento (tabela) RSA Art.º 24;

ℎ = 10 𝑚 → 𝜔𝑘 = 0,90 𝐾𝑁/𝑚2

 Força do vento no pilar

𝐹𝑤 = 𝜔𝑘 𝑥 Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 0,90 𝑥 (1,5𝑥8) = 10,8 𝐾𝑁

 Resumo de esforços

𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁

𝑀𝑠𝑑𝑦 = 4523,645 𝑘𝑁𝑚

Com 𝐹𝑤 é de pequena magnitude, adoptam-se as armaduras 𝑀𝑠𝑑𝑦= 𝐴𝑆𝑦 = 𝐴𝑆𝑥, nesse caso,
dimensiona-se o pilar considerando a flexão composta.

e) Dimensionamento de secção das armaduras do pilar

Dados:
𝑁𝑠𝑑 5536,5
𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁 𝑣= = = 0,1055 ≈ 0,1
𝑏ℎ𝑓𝑐𝑑 1,5 𝑥 4 𝑥23,3 𝑥 103
𝑀𝑠𝑑 = 4223,645 𝐾𝑁𝑚 𝑀𝑟𝑑 4223,645
𝜇= = = 0,0575 ≈ 0,0600
𝑏ℎ 𝑓𝑐𝑑 1,5𝑥42 𝑥23,3𝑥103
2
𝐹𝑐𝑑 = 23,3 𝑀𝑝𝑎
𝑁𝑎 𝑡𝑎𝑏 13 . 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 → 𝜔 = 0.037
𝐴400 = 𝐹𝑠𝑦𝑑 = 348𝑀𝑝𝑎

81
𝜔𝑏ℎ 𝑓𝑐𝑑 0,037𝑥1,5𝑥1,5𝑥23,3
𝐴𝑆 = = = 55,7392 𝑐𝑚2
𝑓𝑠𝑦𝑑 348

𝐴𝑆 55,739
𝐴 = 𝐴´; 𝐴𝑆 = 𝐴 + 𝐴´ → 𝐴𝑆 = 2𝐴 → 𝐴 = = = 27,8696 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏. 29,45𝑐𝑚2
2 2
∅25@16,5
f) Armadura dos estribos

1 1
𝐴 𝑑𝑖𝑠𝑡 = 𝐴𝑆 = 𝑥 29,45 − 5,8900 𝑐𝑚2 → 𝑁𝑎 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 6,28 𝑐𝑚2 → ∅10@12,5
5 5

4.16 Aparelhos de apoio e Encontros

Os aparelhos de apoio serão de Neopreme, conforme a secçõe tranversal dos pilares. Os


enconcontros a serem adoptados no novo projecto serão em betão ciclopico, e terão as
dimenções conforme o Apêndice IV Pormenor de armaduras (detalhes do encontro).

4.17 Dimensionamento de Sapatas

a) Dados
Figura 46. Secção da sapata
𝑁𝑠𝑑 = 5536,5 𝐾𝑁

𝑀𝑠𝑑𝑦 = 4523,645 𝑘𝑁𝑚

a = b = 1,5 m

A = B= 3 m

𝑓𝑐𝑑 = 23,3 𝑀𝑝𝑎

𝐴400 𝑓𝑠𝑦𝑑 = 348𝑀𝑝𝑎 Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

𝐴𝑑𝑜𝑝𝑡𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 = 950 𝐾𝑝𝑎

82
Figura 47. Esforços na sapata

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

𝑎 𝐴 4 𝐴 1,5 𝑥 𝐵 1,5𝑥𝐴
= ↔ = ↔ 𝐴= 𝐵=
𝑏 𝐵 1,5 𝐵 1,5 1,5

1,5 𝑥 3
Fazendo: B = 3 m, 𝐴= = 3𝑚
1,5

𝑀𝑠𝑑 4523,645 𝐾𝑁𝑚


𝑒= = = 4,9719 𝑚
𝑁𝑠𝑑 5536,5 𝐾𝑁

 Verificação da tensão do solo (tensão do solo)

𝑁𝑠𝑑 6 𝑥 𝑐 𝑥 𝑁𝑠𝑑
𝜏 1⁄2 = ±
𝐴. 𝐵 𝐴2 . 𝐵

5536,5 6 𝑥 0,05 𝑥 5536,5


𝜏1 = + = 1620,4720 𝐾𝑁/𝑚2
3𝑥3 3𝑥 3

5536,5 6 𝑥 0,05 𝑥 5536,5


𝜏1 = − = −390,3054 𝐾𝑁/𝑚2
3𝑥3 3𝑥 3

83
 Verificação de tensão 𝝉𝟏 𝒆 𝝉𝟐

(1620,4720 − 390,3054)
𝜏 𝑟𝑒𝑓 = 3 𝑥 ≤ 𝜏 𝑠𝑜𝑙𝑜
4

Condição para uma experiência de uma sapata

𝜏 𝑖𝑛𝑠𝑡 (𝜏 𝑟𝑒𝑓) ≤ 𝜏 𝑠𝑜𝑙𝑜

(1620,4720 − 390,3054)
𝜏 𝑟𝑒𝑓 = 3 𝑥 ≤ 𝜏 𝑠𝑜𝑙𝑜
4

𝜏 𝑟𝑒𝑓 = 922,6250 𝑘𝑁/𝑚2

𝜏 𝑟𝑒𝑓 ≤ 𝜏𝑠𝑜 → 922,6250 𝑘𝑁/𝑚2 ≤ 950 𝑘𝑁/𝑚2

 Determinação de altura da sapata

𝐴−𝑎 𝐴−𝑎 3 − 1,5 3 − 1,5


≤𝐻 ≤ ⇔ ≤𝐻≤
4 2 4 2

0,3750 ≤ 𝐻 ≤ 0,75 𝐴𝑑𝑜𝑝𝑡𝑎 − 𝑠𝑒 𝐻 = 1 𝑚; 𝑑 = 0,9 𝑥 1 = 0,9

4.17 Cálculo da armadura mínima

𝑃. 𝑏. 𝑑
𝐴𝑆 (min) =
100

 𝜌 𝐴400 = 0,15 – Artº 90.1 REBAP,


 𝑏 = 1𝑚 – para metro da sapata.
 𝑑 = 0,9 𝑚

0,15 𝑥 1 𝑥 0,9 0,15 𝑥100 𝑥 90


𝐴𝑆 = = = 13,5𝑐𝑚2 7∅16 → ∅16@14
100 100

84
4.18 Cálculo da armadura principal

𝐴
𝐹𝑡 − 0,35x𝑎
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠𝑦 = → 𝐹𝑡𝑥 = 𝑅1 ( 4 )
𝐹𝑠𝑦𝑑 𝑑

𝐴 𝑁𝑠𝑑 3 5536,5
𝑅1 = 𝑅2 = 𝑥 ⇔ x = 6080,5023 𝐾𝑁
2 𝐴 − 2𝑒 2 8 − 2 x 0,8171

1
− 0,35𝑥4
𝐹𝑡𝑥 = 𝐹𝑡𝑦 = 6080,5023 x (4 ) = 1520,1256 𝐾𝑁
1,35

𝐹𝑡𝑥 1520,1256
𝐴𝑠𝑥 = 𝐴𝑠𝑦 = = = 43,6818 𝑐𝑚2 → 𝑛𝑎 𝑡𝑎𝑏. → 44,18𝑐𝑚2 → 9∅25
𝑓𝑠𝑦𝑑 348𝑥103
∅25@11

4.19 Resumo das Secções das armaduras

Tabela 25. Armaduras da Laje

Laje p (As) de Cálculo (𝑐𝑚2 ) (As) na Tabela (𝑐𝑚2 ) Armadura


(As) Principal _ 18.0770 19,63 Ø25@25
(As) Distribuição 0.15 7,5 7.92 Ø12@14
(As) Mínima _ 39 4.49 Ø10@17,5

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 26. Armaduras das Carlingas

As em (𝒄𝒎𝟐)
Carlingas Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.0437 0.0499 _ 16 18.1 Ø16@12
(As) min _ _ 0,15 7,2 7,85 Ø10@10
(As) Estribo _ _ _ 4,0 4,49 Ø10@17,5

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

85
Tabela 27. Armaduras das Longarinas

As em (𝒄𝒎𝟐)
Longarinas Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.35 0.103 9 10.05 Ø16@20
(As) min _ 0.15 7.5 7.92 Ø12@15
(As) Estribo _ 0.10 7.5 7.54 Ø12@15

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 28. Armaduras dos pilares

As em (𝒄𝒎𝟐)
Pilares 𝒗 Armadura
(As) de Cálculo (As) Tabela
(As) Principal 0.1 0.06 0.037 27.870 29.45 Ø25@16,5
(As) Estribo _ _ _ 59 62.800 Ø10@12,5

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

Tabela 29. Armaduras das fundações

As em (𝒄𝒎𝟐)
Sapatas Armadura
(Asx=Asy) de Cálculo (Asx=Asy) Tabela
(As) Principal 43.6818 44.1800 Ø25@11
(As) min = 13.5 0.15 7.2 7.85 Ø16@14

Fonte: (Autor, Fevereiro de 2023)

86
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 Conclusões

Em virtude dos aspectos abordados neste estudo, conclui-se que os trabalhos de reposição da
superestrutura e do encontro da ponte sobre o Rio Mutacaze, não foram realizados, seguindo as
regras gerais do processo de inspeção e manutenção de pontes pelo facto de não se terem
realizados estudos complementares (principalmente o hidrológico).

No contexto global de alterações climáticas, em que Moçambique tem sido assolado por
ciclones cada vez mais recorrentes e com magnitudes cada vez maiores, convém, aquando da
realização de obras de reparação, ter-se em conta esses factores com vista a adopção de soluções
de Engenharia ponderadas no contexto actual do país e perspetivando a resolução permanente
dos problemas actuais, num horizonte temporal longínquo e atendendo dessa forma os três
denominadores fundamentais da Engenharia: segurança, qualidade e economia.

Assim sendo, entre as duas hipóteses de pesquisa levantadas:

H1: A intervenção realizada na reparação da ponte foi a melhor sob ponto de vista de resiliência
aos ciclones bem como perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.

H2: O dimensionamento e execução de uma ponte em betão armado seria a solução mais
adequada para reposição da ponte, tendo em consideração a resiliência aos ciclones bem como
perspetivando um longo horizonte de vida útil da infraestrutura.

X- Intervenção realizada na reparação da ponte; Y- Resiliência da ponte aos eventos de ciclone;


X- Maior tempo de vida útil da infraestrutura

A segunda hipótese mostrou-se mais adequada para resolução do problema. A eficácia da


segunda hipótese não está no facto de adoptar-se uma ponte em betão armado ao invés de uma
ponte mista, mas pelo facto da elaboração de um projecto de ponte, considerando os estudos
hidrológicos, geotécnicos, topográficos, entre outros que se mostrem relevantes.

As soluções imediatistas podem, numa primeira fase, parecer menos dispendiosas mas é no
pleno funcionamento da infraestrutura, ao verificar-se o colapso da mesma, onde nos evidencia-
se a necessidade de adopção de soluções contextualizadas e mais duradoiras.

87
O investimento feito a cada ano para reposição de uma infraestrutura, implica que esses recursos
financeiros não estão a ser aplicados em outros sectores da sociedade como por exemplo, na
educação, na saúde, na agricultura, entre outros. Dessa forma, cria-se um ciclo vicioso de
destruição e manutenção. Razão pela qual, somos todos chamados a reflexão acerca do tipo de
Engenharia que estamos a exercer com vista a resolução dos problemas do Povo Moçambicano.

5.2 Sugestões

As sugestões aqui propostas são endereçadas a ANE, ao ISEUNA e as Instituições Públicas em


geral:

A ANE:

 O autor sugere a ANE que tenha um plano de inspeção periódica de pontes: Esse plano
torna-se indispensável, principalmente após a ocorrência de fenómenos naturas como
ciclones.
Antes do ciclone Gombe, a infraestrutura foi assolada pelo ciclone Ana. Se houvesse
alguma inspeção periódica, seria possível averiguar o estado da infraestrutura de modo a
realizar uma intervenção mais pontual;

 Que a ANE, no âmbito do desenvolvimento das suas actividades, possa pautar por maior
rigor técnico e científico, mediante a realização de estudos para melhor tomada de decisão,
em relação aos procedimentos a adoptar na reparação de infraestruturas como pontes e
estradas. Havendo alguma necessidade, poderá recorrer ao ISEUNA, ou as outras
instituições de ensino superior, para que possam dar o seu contributo na resolução dos
problemas que afligem o Povo Moçambicano.

 Que a ANE considere a realização de uma avaliação da intervenção realizada aquando da


reposição da superestrutura e do encontro da ponte, tendo em conta a necessidade de
aumentar a altura da ponte e a extensão do comprimento longitudinal da mesma, sob o risco
desta desabar na próxima época chuvosa, ou se haver outro ciclone de magnitude
semelhante ao anterior. O principal ponto de avaliação consistirá na realização de um estudo
hidrológico.

88
Ao ISEUNA:

O autor sugere e pede encarecidamente ao ISEUNA, que inclua no currículo acadêmico do


curso de Engenharia Civil a cadeira de pontes, pelos seguintes aspectos:

 O sector de construção civil em Moçambique, no contexto actual de fenómenos extremos


resultantes de alterações climáticas, e por ser um país em vias de desenvolvimento, torna-
se essencial que a formação do Engenheiro Civil contemple a disciplina de pontes;

 A cadeira de pontes, pelo seu grau de complexidade, e por relacionar-se com várias cadeiras
lecionadas durante o curso: Hidráulica, Topografia, Vias de Comunicação, Análise de
Estruturas, Desenho de Construção, Betão Armado e Pré-esforçado, entre outras, possibilita
ao estudante o desenvolvimento de noções práticas sobre como e onde aplicar essas
competências e ferramentas adquiridas ao longo do curso.

As instituições Públicas em geral:

O autor sugere, e pede encarecidamente, as instituições públicas que tenham uma postura de
acolhimento e ajuda aos estudantes que têm solicitado dados para fins acadêmicos na
elaboração de trabalhos de finais de curso. Por vezes tem sido muito difícil obter tais dados e
esse facto constitui um grande retrocesso a investigação científica.

É necessário a construção de “pontes de conexão” entre as instituições de ensino e as


instituições públicas, mas também entre as instituições estatais entre si. A primeira pedra a ser
assente para concretização dessa empreitada, é a desburocratização e descentralização de
processos que têm conduzido a lentidão na partilha de dados, factor directamente proporcional
ao retardamento da investigação e disseminação do conhecimento científico.

89
Referencias Bibliográficas

1. FARINHA, J.S. Brazão e REIS, A. Correia, Tabelas Técnicas (2010), Setúbal, Edição POB

2. GIL, António Carlos. (2002), Como elaborar projetos de Pesquisa. 4ed. São Paulo

3. LAKATOS, Eva Maria e Marconi, Maria de Andrade (2003), Fundamentos


de Metodologia Cientifica, 5ª Edição, Editora Atlas, São Paulo.

4. LIMA, J.D´Arga, MONTEIRO, Vitor e MUN, Mary, (2004), Betão Armado, Esforços
Normais e de Flexão (REBAP-83), 6º Ed, SIG, Lisboa

5. LOFORTE, Vanina, SANDE Tomas e SULEMANE, Zeyn, (2005), Projecto de Curso


Ponte sobre o Rio Limpopo, Maputo, UEM

6. MALHOTRA, Naresh. K (2001), Pesquisa de Marketing: uma Orientação Aplicada,

3 Ed., Brookman, Porto Alegre.

7. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria (2002). Técnicas


De Pesquisa. 5ª Edição, Editora atlas S.A., São Paulo.

8. MARCHET, Osvaldemar, (2013), Pontes de Concreto Armardo, 3ed, Edgarda Blucher.

9. Notas das Aulas de Análise de Estruturas: NBR 7188/84, (2013), Carga Móvel em Ponte
Rodoviária e Passarela de Pedestre, ABNT

10. PFEIL, Walter, (1979), Pontes em Concreto Armado: Elementos de Projecto,

Solicitações, Dimensionamento, Rio de Janeiro, Livros Técnicos Editora.

11. REIS, A.J, (2002), Folhas da Disciplina de Pontes, Lisboa, Instituto Superior Técnico.

12. Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado (REBAP)


Decreto nº 349- C/83 de Julho.

13. Regulamento de Segurança e Acção Para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSAEP)

90
14. VITÓRIO, J. A. (2002). Pontes Rodoviárias: Fundamentos, Conservação e Gestão,
Recife, CREA-PE.

91
ANEXOS

92
Anexo I: Tabela de Armaduras

93
Anexo II: Notas de aula de Análise de Estruturas (LI)

94
95
96
97
98
99
100
101
Anexo III: Tabelas de flexão

102
103
APÊNDICES

104
Apêndice I: Solicitação de dados a ANE

105
106
107
108
Apêndice II: Solicitação de dados ao INAM

109
110
Apêndice III: Solicitação de dados a ARA- Norte

111
112
113
114
115
Apêndice IV: Pormenores de armadura

116

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