Você está na página 1de 102

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA

CAMPUS CIDADE UNIVERSITÁRIA


Curso de Engenharia Elétrica

ESTUDO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E DA VIABILIDADE


TÉCNICA E ECONOMICA DE IMPLEMENTAÇÃO DE
AEROGERADOR

Daiane Maria Bassetto Covizzi


Emanoela Gomes Rodrigues

Votuporanga – SP
2016
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA
CAMPUS CIDADE UNIVERSITÁRIA
Curso de Engenharia Elétrica

ESTUDO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E DA VIABILIDADE


TÉCNICA E ECONOMICA DE IMPLEMENTAÇÃO DE
AEROGERADOR

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Elétrica do Centro
Universitário de Votuporanga -
UNIFEV, orientada pelo prof. Nelson
Bueno Assumpção, como requisito
para obtenção do título de bacharel
em Engenharia Elétrica.

Daiane Maria Bassetto Covizzi


Emanoela Gomes Rodrigues

Votuporanga – SP
2016
Daiane Maria Bassetto Covizzi 81674
Emanoela Gomes Rodrigues 82023

ESTUDO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA E DA VIABILIDADE TÉCNICA E


ECONOMICA DE IMPLEMENTAÇÃO DE AEROGERADOR

Monografia apresentada ao Curso


de Engenharia Elétrica do Centro
Universitário de Votuporanga -
UNIFEV, orientada pelo prof.
Nelson Bueno Assumpção, como
requisito para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Elétrica.

Aprovado em:
Professor (a): _________________________
Integrante da Banca Examinadora
Professor (a): _________________________
Integrante da Banca Examinadora
Professor (a): _________________________
Orientador (a)

Votuporanga – SP
2016
DEDICATÓRIA

À minha mãe, mulher guerreira, exemplar, meu anjo da guarda, e ao meu pai, amigo,
conselheiro e guia.
Daiane Covizzi

Aos meus mestres, que fomentaram a minha graduação, aos meus pais e amigos que
estiveram comigo em toda essa jornada.
Emanoela Gomes
AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus, por toda força concedida nos momentos de desespero,
dúvida, estando sempre ao meu lado guiando os meus passos, iluminando meu caminho. À
minha família, por me apoiar, estar sempre ao meu lado, nos momentos de alegria e tristeza.
Agradeço a todos os professores, em especial ao nosso orientador Nelson Bueno, por
todos os conselhos, auxiliando na teoria e pesquisa de nossa monografia, além de se fazer
presente nos momentos em que mais precisei, muito obrigada! Ao nosso co-orientador, Luís
Origa por ter aceito nos ajudar e sempre estar disposto a nos orientar da melhor forma possível.
Aos colegas de classe pela acolhida, por todo carinho.
Também quero muito agradecer aos amigos Emanoela e Alexandre, à Emanoela, por
sua amizade, carinho, compreensão e companheirismo, minha amiga de faculdade e de vida, e
Alexandre, por ter nos apresentado o conceito de geração distribuída, tema de nosso trabalho,
além de todas as boas risadas e momentos de companheirismo.
Mas, agradeço principalmente à minha mãe, que sempre foi a maior incentivadora, que
sempre acreditou na filha, deixando um legado de força, perseverança e amor.
Daiane Covizzi

Agradeço primeiramente a Deus, pela dádiva da vida, pela oportunidade de escolha e


aprimoramento profissional que colocou em meu caminho e pela coragem que me impulsiona
a alcançar meus objetivos. Em seguida, agradeço a todos os professores que integraram essa
trajetória, em especial ao meu querido professor e orientador de monografia, Nelson Bueno,
por todo o conhecimento transmitido, topo apoio e incentivo, até os “puxões de orelha” e
também ao meu co-orientador, por toda assistência, o professor Luís Carlos Origa.
Agradeço também a meus pais, pelo apoio, a meu cunhado, Gilvan Dias, pelo incentivo
e pelo suporte que me foi concedido e a todos os colegas pela amizade e parceria, em especial
à minha parceira de monografia e amiga da vida, Daiane Covizzi e ao meu amigo, Alexandre
Bibo, por todo o suporte principalmente no início da graduação.
Emanoela Gomes
“Lembre-se de olhar para o alto, para as estrelas, não para baixo, para os seus pés.”
Stephen Hawking
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar os conceitos referentes à Geração Distribuída,
analisando seus aspectos burocráticos, ou seja, todos os processos para a interconexão da GD,
conforme as novas regras para o acesso como determina o Prodist no Módulo 3; e técnicos, no
que se refere à conexão, com as devidas análises de curto-circuito, fluxo de potência, proteção
de sistema e demais testes de conexão e operação que venham a interferir ou comprometer a
qualidade de energia; bem como as fontes renováveis de energia aplicadas a este sistema, tendo
a energia eólica como exemplo de fonte de aplicação. Serão apresentados os componentes que
compõem uma turbina eólica, se possuem vantagens ou não a aplicabilidade de tais
equipamentos ao aerogerador em comparação a outros similares, e sua manutenção ou
conservação. Por fim, será feito uma simulação de uma possível implantação de um Gerador
Distribuído em uma geração doméstica conectado à rede de distribuição, considerando fatores
relevantes como a disponibilidade dos recursos renováveis que é a oferta de energia, custos de
implantação do projeto e o custo-benefício pela determinação do tempo em que o valor do
investimento dedicado ao projeto retornará ao consumidor pela compensação de créditos,
equitativando com a vida útil do equipamento.

Palavras-chave: geração distribuída, interconexão, qualidade de energia, energia


eólica, aerogerador, custo-benefício, compensação de créditos.
ABSTRACT

This work aims to study the concepts related to Distributed Generation, analyzing its
bureaucratic aspects, that is, all the processes for the interconnection of DG, according to the
new rules for access as determined by Prodist in Module 3; And technicians, regarding the
connection, with the appropriate analyzes of short circuit, power flow, system protection and
other tests of connection and operation that will interfere or compromise the quality of energy;
As well as the renewable energy sources applied to this system, with wind energy as an example
of application source. It will be presented the components that make up a wind turbine, whether
or not the advantages of such equipment to the wind turbine in comparison to other similar
ones, and their maintenance or conservation, have advantages. Finally, a simulation will be
made of a possible deployment of a Distributed Generator in a domestic generation connected
to the distribution network, considering relevant factors such as the availability of renewable
resources, energy supply, project implementation costs and cost- Benefit ratio by determining
the time the value of the investment dedicated to the project will return to the consumer by
offsetting credits, equaling the life of the equipment.

Keywords: Distributed generation, interconnection, power quality, wind energy, wind


turbine, cost-benefit, credit compensation.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Procedimentos das etapas de acesso à mini ou microgeração..................................23


Figura 02 - Etapas obrigatórias para consumidores livres e especiais e centrais geradoras
solicitantes de registro. .............................................................................................................24
Figura 03 - Funcionamento do sistema de compensação de energia elétrica. ...........................25
Figura 04 - Sistema de compensação de Energia Elétrica. ........................................................28
Figura 05 - Turbina eólica moderna. .........................................................................................29
Figura 06 - Potencial Eólico Brasileiro, do Altas Eólico Nacional. .........................................31
Figura 07 - Painel solar, inversor, banco de baterias. .................................................................34
Figura 08 - Atlas Brasileiro de Energia Solar............................................................................35
Figura 09 - Processo de cogeração na produção energia elétrica em energia térmica...............36
Figura 10 - Fluxo de potência com geração muito menor que a demanda. .................................41
Figura 11 - Fluxo de potência não muito maior do que a geração............................................42
Figura 12 - Fluxo de potência bem maior do que a geração......................................................42
Figura 13 - Possíveis modelos de configuração de proteção a sistemas de GD.........................44
Figura 14 - Esquema de proteção para evitar religamento sem condição de sincronismo.........44
Figura 15 - Turbina de eixo horizontal e de eixo vertical, respectivamente...............................56
Figura 16 - Tipos de turbinas de eixo horizontal.......................................................................57
Figura 17 - Sistema de geração eólica em velocidade fixa........................................................58
Figura 18 - Principais componentes ou subsistemas de um aerogerador...................................59
Figura 19 - Principais componentes de um aerogerador...........................................................60
Figura 20 - Mecanismo de controle de passo de uma turbina eólica.........................................64
Figura 21 - Configurações do sistema de transmissão mecânico..............................................66
Figura 22 - Tipos de geradores elétricos...................................................................................66
Figura 23 - Representação de gerador síncrono de imãs permanentes......................................67
Figura 24 - Componentes de um sistema de controle................................................................71
Figura 25 - Tipos de torres eólicas: tubular, treliçada e estaiada, respectivamente...................72
Figura 26 - Gráfico da velocidade média Sazonal de Vento a 50 m de Altura.........................80
Figura 27 - Módulo para dimensionamento de carga consumida em uma residência...............82
Figura 28 - Interface para cadastro de potência de iluminação..................................................82
Figura 29 - Interface de cadastro de dados para novas cidades.................................................83
Figura 30 - Relação entre parametros k e c e sistema de distribuição.......................................85
Figura 31 – Passos para análise de viabilidade técnica e econômica.........................................85
Figura 32 – Cadastro de equipamentos eletrodomésticos de uma residência.............................87
Figura 33 – Interface para dimensionamento de sistema de geração eólico..............................89
Figura 34 – Aerogerador Inclin 1500W Bornay.........................................................................90
Figura 35 – Aerogerador Inclin 1500W Bornay.........................................................................90
Figura 36 – Gráfico da curva de Potência (kW) x Velocidade (m/s) ........................................90
Figura 37 – Tarifa para consumidores tipo B (baixa tensão) ....................................................93
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Potencial Eólico Brasileiro.....................................................................................31


Tabela 02 - Níveis de tensão fase-fase em corrente alternada para interconexão.......................51
Tabela 03 - Limites globais de tensão, expressos em porcentagem da tensão fundamental......51
Tabela 04 - Limites individuais de tensão, expressos em porcentagem da tensão fundamental.52
Tabela 05 – Injeção de corrente contínua para sistemas fotovoltaicos......................................52
Tabela 06 – Limite de distorção harmônica de correntes..........................................................53
Tabela 07 - Faixas de fator de potência no ponto da interconexão............................................53
Tabela 08 - Dados de vento na Região de Votuporanga – SP a 50 m de altura........................80
Tabela 09 - Dimensionamento da potência consumida pelo total de lâmpadas........................86
Tabela 10 - Relação de eletrodomésticos e potência total consumida por dia...........................86
Tabela 11 - Localização Geográfica de Votuporanga – SP........................................................87
Tabela 12 - Dados de radiação solar e incidência da velocidade dos ventos em 12 meses......88
Tabela 13 – Sistema ideal a ser instalado..................................................................................89
Tabela 14 - Dimensões do aerogerador Inclin 1500W..............................................................91
Tabela 15 - Especificações técnicas..........................................................................................92
Tabela16 - Tabela de valores e itens a incluir............................................................................92
Tabela 17 - Cálculo de payback.................................................................................................94
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 01 - Cálculo da regulação percentual da tensão...........................................................49


Equação 02 – Fórmula do escorregamento s de uma máquina elétrica.....................................69
Equação 03 - Função de densidade de probabilidade de Weibull..............................................84
Equação 04 - Método da Velocidade Média para calcular o Weibull.........................................84
Equação 05 - Método do Desvio Padrão para calcular o Weibull.............................................84
Equação 06 - Cálculo de massa especifica do ar.......................................................................88
Equação 07 – Cálculo de Payback.............................................................................................93
Equação 08 - Cálculo de Payback para o aerogerador Inclin 1500W.......................................93
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15
1.1Objetivos.............................................................................................................................. 17
1.1.1 Geral ................................................................................................................................ 17
1.1.2 Específico ........................................................................................................................ 17
1.2 Justificativa ......................................................................................................................... 17
1.3 Metodologia ........................................................................................................................ 17
1.4 Organização do trabalho ..................................................................................................... 18
2 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD) ........................................................................................ 19
2.1 Benefícios da Geração Distribuída ..................................................................................... 19
2.2 Smart Grids ........................................................................................................................ 20
2.3 Legislação ........................................................................................................................... 21
2.3.1 Novas regras para acesso à Geração Distribuída ............................................................. 22
2.3.2 Procedimentos para a viabilização de acesso das mini e microgeradoras à rede ............ 22
2.3.3 Sistema de Compensação de Energia Elétrica ................................................................. 24
2.3.3.1 Empreendimento de Múltiplas Unidades Consumidoras ............................................. 26
2.3.3.2 Geração Compartilhada ................................................................................................ 26
2.3.3.3 Autoconsumidor remoto ............................................................................................... 26
2.3.3.4 Compensação de créditos por posto horário ................................................................. 27
2.3.4 Sistema de Medição ......................................................................................................... 27
3 TECNOLOGIAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA UTILIZANDO FONTES
RENOVÁVEIS ......................................................................................................................... 29
3.1 Energia Eólica..................................................................................................................... 29
3.1.1 Energia eólica no Brasil ................................................................................................... 30
3.1.2 Modelos de circulação dos ventos ................................................................................... 32
3.1.3 Caracterização dos ventos ............................................................................................... 32
3.1.4 Parâmetros que influenciam no perfil dos ventos ............................................................ 33
3.2 Energia Solar ...................................................................................................................... 33
3.2.1 Energia solar no Brasil .................................................................................................... 34
3.3 Outras fontes de Energia Renovável .................................................................................. 35
3.3.1 Cogeração ........................................................................................................................ 35
3.3.2 Biomassa.......................................................................................................................... 37
4 INTERCONEXÃO DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ................................ 38
4.1 Classificação das Unidades de Geração Distribuída .......................................................... 38
4.2 Análise Técnica da Interconexão ........................................................................................ 38
4.2.1 Entrega da Solicitação ..................................................................................................... 38
4.2.2 Avaliação da Solicitação ................................................................................................. 39
4.2.3 Acordo de Interconexão .................................................................................................. 44
4.2.4 Execução do Projeto ........................................................................................................ 45
4.2.5 Conexão, testes e operação .............................................................................................. 45
4.3 Requisitos Gerais Para o Sistema de Interconexão ............................................................ 46
4.3.1 Tensão de Interligação ..................................................................................................... 46
4.3.2 Linha de Interconexão ..................................................................................................... 46
4.3.3 Requisitos de proteção e controle .................................................................................... 46
4.3.4 Ilhamento ......................................................................................................................... 47
4.4 Requisitos Técnicos para a Interconexão da Geração Distribuída ..................................... 48
4.4.1 Nível de curto-circuito ..................................................................................................... 48
4.4.2 Aterramento de Neutro .................................................................................................... 49
4.4.3 Proteção contra surtos de tensão ...................................................................................... 49
4.4.4 Reguladores ..................................................................................................................... 49
4.4.5 Qualidade de Energia....................................................................................................... 49
4.5 Intercomunicação entre sistemas ........................................................................................ 54
5 SISTEMA CONVERSOR DE ENERGIA EÓLICA ............................................................ 56
5.1 Classificação ....................................................................................................................... 56
5.2 Componentes de um aerogerador ....................................................................................... 58
5.2.1 Rotor eólico ..................................................................................................................... 60
5.2.1.1 Pás................................................................................................................................. 61
5.2.1.2 Cubo ............................................................................................................................. 63
5.2.1.3 Mecanismo de controle de passo .................................................................................. 63
5.2.2 Sistema de transmissão mecânico.................................................................................... 64
5.2.2.1 Sistema de segurança – freios ....................................................................................... 64
5.2.2.2 Caixa de multiplicação de velocidade .......................................................................... 64
5.2.2.3 Eixo principal ............................................................................................................... 65
5.2.2.4 Gerador elétrico ............................................................................................................ 66
5.2.3 Controle de orientação do rotor (Yaw control) ................................................................ 69
5.2.4 Sistema de controle .......................................................................................................... 70
5.2.5 Nacele .............................................................................................................................. 71
5.2.6 Suporte estrutural –Torre ................................................................................................. 72
5.3 Controle e integração de aerogeradores na rede elétrica .................................................... 73
5.3.1 Objetivos do controle....................................................................................................... 73
5.3.2 Sistema elétrico para conexão da turbina à rede elétrica ................................................. 74
5.3.2.1 Conversores .................................................................................................................. 75
5.3.2.2 Demais equipamentos para conexão da turbina à rede elétrica .................................... 75
5.3.2.3 Interação da turbina com a rede elétrica ....................................................................... 76
6 CRONOGRAMA PARA INSTALAÇÃO DE PROJETO DE AEROGERADOR .............. 78
6.1 Cronograma de desenvolvimento do projeto ...................................................................... 78
6.2 Modelagem das cargas........................................................................................................ 79
6.3 Simulação de dimensionamento de aerogerador para Geração doméstica na cidade de
Votuporanga – SP ..................................................................................................................... 80
6.3.1 Dados de vento na região de Votuporanga – SP ............................................................. 80
6.3.2 Descrição Estatística do Regime dos Ventos .................................................................. 81
6.3.3 Software Eolusoft ............................................................................................................ 81
6.3.3.1 Distribuição Weibull e Rayleigh ................................................................................... 83
6.3.4 Dimensionamento do consumo de uma residência de médio porte................................. 85
6.3.5 Especificações técnicas e econômicas do Aerogerador Inclin 1500W Bornay Grid Tie 91
6.3.6 Análise de Payback (Viabilidade Econômica) ................................................................ 93
6.4 Considerações finais da análise técnica e econômica ......................................................... 94
7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 96
APÊNDICE I ............................................................................................................................ 99
APÊNDICE II ....................................................................................................................... 1000
ANEXO ................................................................................................................................ 1011
15

1 INTRODUÇÃO

As crises do petróleo, e consequentemente, crises no setor elétrico e também a


necessidade de produção de energia limpa introduziram fatores responsáveis por mudanças no
panorama de produção de energia, com a diversificação da matriz energética. As reformas do
setor elétrico brasileiro permitiram uma maior competição e estímulo no serviço de energia.
Em de abril de 2012, entrou em vigor a Resolução Normativa nº 482/2012 da Agência
Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, e reformulada em março de 2016, onde estabelece as
condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de
distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras
providências. Esclarece que o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia a partir de
fontes renováveis e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade.
A microgeração e minigeração distribuídas de energia elétrica, são inovações que podem aliar
economia financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade.
Os principais impulsionadores dessa evolução são as metas de eficiência energética, que
é a eliminação do desperdício energético ao longo da transmissão e distribuição, e ampliação
dos requisitos relativos à segurança do fornecimento.
O ambiente das redes inteligentes (smart grids) tem sido propagado como a distribuição
do futuro, à qual se inclui a geração distribuída. Nesse novo ambiente ocorrerão algumas
mudanças como, a comunicação de mão dupla entre a casa do consumidor e a operadora (as
novas redes serão automatizadas com medidores de qualidade e de consumo de energia em
tempo real), sensores ao longo de toda a rede para detectar e/ou evitar falhas, problemas na
transmissão, controle e automatização do consumo residencial. A aceitação das Smart grids já
foi obtida pelo menos em relação à: necessidade de capacidade de troca de informações;
necessidade de controle e gerenciamento do sistema; e existência de vários recursos de energia
distribuídos, o que permitirá ao consumidor, fornecer energia para a rede.
Assim, a energia que antes era gerada, transmitida e distribuída de forma radial, agora
poderá ser de forma bidirecional, ou seja, ela poderá também ser gerada e integrada à rede
elétrica a partir de unidades consumidoras.
No Brasil, mais de 60% da oferta total de energia são assegurados por grandes centrais
hidrelétricas distantes dos grandes centros de consumo, isso faz necessário a implementação de
novas alternativas de geração de eletricidade considerando questões diversas, como,
distribuição geográfica da produção, confiabilidade e flexibilidade de operação, prazos de
instalação e construção, condições de financiamento e licenciamento ambiental. Entretanto,
16

como essa idealização é recente, há falta ou insuficiência de investimentos, o que ainda


modelam um quadro pouco seguro. Mas com a necessidade de produção com economia e
sustentabilidade para responder às diversas expectativas e necessidades de desenvolvimento, a
implantação dos sistemas de geração distribuída crescerá em ritmo acelerado.
17

1.1 Objetivos

1.1.1 Geral
Apresentar os conceitos e definições associados à geração distribuída para a micro ou
minigeração, as condições tarifárias à qual a unidade consumidora está submetida, as condições
de pagamento/financiamento do projeto, a política de acesso às redes e existência de outras
unidades consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema de compensação de energia
elétrica. Analisar a relação custo/benefício para instalação dos geradores para a minigeração,
com base em diversas variáveis, como: tipos de fontes de energia renováveis (sistemas eólicos,
fotovoltaicos, a biomassa e cogeração) e suas tecnologias, com foco em turbinas eólicas que
utilizam uma energia primária não-armazenável, e, estando este sistema conectado deve ser
despachado prioritariamente, constituindo assim um sistema de geração descentralizada bem
definido.

1.1.2 Específico
Elaborar uma simulação de interconexão de um sistema de geração distribuída que
consiga proporcionar eficiência energética, autonomia e sustentabilidade refletido na relação
custo-benefício.

1.2 Justificativa

As tecnologias de geração distribuída com base em fontes renováveis apresentam


desempenho comparável, em relação às tecnologias convencionais, apesar de, talvez, estas
serem mais viáveis em termos econômicos e de confiabilidade.
Os incentivos à geração distribuída se justificam pelos potenciais benefícios que esta
pode proporcionar ao sistema elétrico. Entre eles, estão o adiamento de investimentos em
expansão dos sistemas de transmissão e distribuição o que gera economia financeira, baixo
impacto ambiental, a redução no carregamento das redes, a minimização das perdas e a
diversificação da matriz energética. Além da autossustentabilidade.

1.3 Metodologia
18

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho é constituída por pesquisas em


referências bibliográficas obtidas através de livros, materiais de internet, artigos científicos e
conhecimentos adquiridos ao longo da graduação. É feita uma exposição organizada do
pensamento de vários autores.
Essa pesquisa é do tipo qualitativa, pois é feito um estudo descrevendo, compreendendo
e explicando os procedimentos e aplicações estudadas. Também é descritiva, serão discorridas
as características do sistema de geração distribuída e seus benefícios, e explicativa, pois serão
apresentados os conceitos e definições associados à geração distribuída. A pesquisa descritiva
é a base para as explicações.

1.4 Organização do trabalho

Este trabalho está organizado da seguinte forma:


O capitulo 2 aborda o tema Geração distribuída: conceito e benefícios, além de uma
breve abordagem sobre Smart Grids e a atual legislação vigente e políticas de acesso à GD.
O capitulo 3 mostra as tecnologias renováveis aplicada à geração distribuída, dando
maior enfoque, principalmente, à energia eólica, abordando os recursos eólicos brasileiros,
caracterização dos ventos, parâmetros que influenciam os ventos e a geração de energia elétrica
através da turbina eólica.
O capítulo 4 discorre a interconexão de sistemas na geração distribuída, desde a entrega
da solicitação até a execução do projeto. Apresenta também, os requisitos técnicos para a
interconexão da GD, como, nível de curto-circuito, proteção contra surtos e distorção
harmônica.
O capitulo 5 refere-se ao sistema conversor de energia eólica, onde será realizado um
breve estudo sobre os componentes, tipos de turbina, o sistema de transmissão mecânico e
sistema de controle. Também, discorre a interconexão entre o sistema gerador e a rede de
distribuição, os estudos realizados para que se tenha uma conexão sem problemas futuros e os
parâmetros técnicos.
O capitulo 6 envolve um estudo de viabilidade técnica e econômica de implantação de
um aerogerador pela geração distribuída na cidade de Votuporanga e análise dos resultados
obtidos.
E por último é apresentada o processo de conclusão do trabalho.
19

2 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA (GD)

A Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para a geração de energia elétrica
junto ou próxima do consumidor independente dos fatores relacionados à potência gerada,
tecnologia empregada ou fonte de energia. A GD tem algumas vantagens sobre a geração
centralizada porque economiza investimentos em transmissão e também reduz as perdas nestes
sistemas, melhorando a estabilidade do serviço de energia elétrica. Na GD se inclui:
 Geradores eólicos;
 Painéis fotovoltaicos;
 Cogeradores;
 Geradores a biomassa;
 Geradores de emergência;
 Geradores para operação no horário de ponta;
Esse conceito também envolve equipamentos de medida, controle e comando que
articulam a operação dos geradores e o controle de cargas (ligamento/desligamento) para que
estas se adaptem à oferta de energia.
A GD torna possível obter maior eficiência energética, porém, ainda há uma carência
aos incentivos a esse tipo de sistema, há poucos investimentos. Com a necessidade de
diversificação da matriz energética, de produção com economia e sustentabilidade aliadas ao
desenvolvimento, a implantação dos sistemas de geração distribuída tende a aumentar e também
os seus incentivos. Por isso, o INEE (Instituto Nacional de Eficiência Energética) tem
trabalhado para derrubar as imperfeições do mercado que dificultam o desenvolvimento desta
forma de geração de energia.

2.1 Benefícios da Geração Distribuída

Na geração distribuída pode-se aplicar tecnologias utilizando combustíveis fósseis ou


tecnologias utilizando fontes renováveis (as quais predominam esse sistema). As fontes limpas
e renováveis modernas, contribuem para a redução da emissão dos gases de efeito estufa. A
expansão da geração distribuída também permite que novos investimentos na geração
centralizada (como a construção de usinas e parques eólicos, e linhas de transmissão) possam
ser redimensionados e realocados no tempo.
Os incentivos à ampliação de Geração Distribuída confundem-se com a expansão de
fontes renováveis. GD não representa, necessariamente, o mesmo conceito de energia
20

renovável, mas esta seria de melhor aplicação à GD. Gerar energia distribuída a partir de fontes
renováveis na matriz energética nacional significa deixar de usar fontes mais poluentes que
emitem enormes quantidades de dióxido de carbono que intensificam o efeito estufa, como é o
caso das termelétricas.
O Brasil tem sol e ventos abundantes em vários períodos do ano, o que proporciona um
grande potencial para a expansão da geração distribuída, de forma que os consumidores possam
gerar sua energia, compensar o que recebem das distribuidoras, com a garantia de que estão
usando energia renovável, e barateando seus custos. O investimento para se ter casas, indústrias
ou comércios gerando sua própria energia tende a ficar cada vez menor.
Incentivar a geração distribuída pode ajudar a gerar empregos e renda em todo o país,
com a estruturação de novas cadeias produtivas industriais e mesmo de novos serviços para
atender à demanda por equipamentos tais como instalação e manutenção nos geradores.
Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a cada 1
MW de energia solar fotovoltaica instalada (centralizada e distribuída), são viabilizados entre
25 e 30 empregos diretos, e a expansão da geração distribuída poderá contribuir para dinamizar
e aquecer as economias de municípios, Estados e a União.
A expectativa é que as ações de estímulo à geração distribuída façam cair pela metade
o custo de instalação dos sistemas até 2030, o que permitirá que o investimento retorne
totalmente ao consumidor num período de 7 a 10 anos ou até menos.
O Ministério de Minas e Energia (MME) lançou, no final de 2015, o Programa de
Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), programa que trabalha
no processo de criação de políticas e ações de fomento para ampliar e aprofundar as ações de
estímulo à geração de energia pelos próprios consumidores, com base nas fontes renováveis de
energia. Segundo o site do MME,
Até 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão ter energia gerada
por elas mesmas, entre residência, comércios, indústrias e no setor agrícola, o que
pode resultar em 23.500 MW (48 TWh produzidos) de energia limpa e renovável, o
equivalente à metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com isso, o Brasil
pode evitar que sejam emitidos 29 milhões de toneladas de CO² na atmosfera.
(http://www.mme.gov.br/web/guest/pagina-inicial/outras-noticas/-
/asset_publisher/32hLrOzMKwWb/content/programa-de-geracao-distribuida-preve-
movimentar-r-100-bi-em-investimentos-ate-2030).

2.2 Smart Grids

Smart grids, que traduz redes inteligentes, são sistemas de transmissão e de distribuição
de energia elétrica que foram dotados de recursos de Tecnologia da Informação (TI) com alto
21

grau de automação, de forma a ampliar substancialmente a sua eficiência operacional. Devido


ao nível de tecnologia que essas redes empregam, as várias demandas da sociedade moderna
serão atendidas, tanto no que se refere às necessidades energéticas, quanto em relação ao
desenvolvimento sustentável.
Para consumidores, concessionárias e para o próprio sistema elétrico como um todo, o
controle do fluxo de energia e uma maior eficiência oferecido pelas Smart grids proporcionarão
um conjunto variado e abrangente de benefícios. Nesse sistema, os medidores eletrônicos
inteligentes, versões mais modernas que os medidores convencionais, disponibilizam uma série
de funcionalidades inovadoras, como o envio de eventos e alarmes, além da possibilidade de
medição remota.
Um ponto de extrema importância é o apontamento das Smart grids também como uma
ferramenta providencial para os países se ajustarem às demandas resultantes do Protocolo de
Kyoto. Os sistemas de geração de energia dos países desenvolvidos são, em sua maioria,
baseados no consumo de combustíveis fósseis, como já citado, considerados os principais
emissores de gases causadores do efeito estufa. Nesse caso, e em vários outros, as redes
inteligentes são apontadas como o instrumento que permitirá a disseminação de fontes
renováveis de energia, por meio dos conceitos de geração distribuída e microgeração.
As Smart grids permitem a conexão de pequenos sistemas de geração fotovoltaicos e
eólicos em consumidores de baixa tensão (clientes residenciais e comerciais), além de
possibilitar um perfeito funcionamento desses sistemas em sintonia com todo o sistema elétrico.
Dessa forma, será possível expandir a geração de energia de forma descentralizada e de forma
pulverizada, permitindo ao consumidor final ser um microgerador de energia.
Essas características oferecem aos países vantagens, como maior segurança no
suprimento de energia e redução nos investimentos na ampliação do próprio sistema de
transmissão e distribuição, bem como do parque gerador.

2.3 Legislação

A Geração Distribuída pode se dar pela iniciativa privada, com reduzida intervenção
governamental. No entanto, estas, se desenvolvem através de legislações de incentivo, de
criação de subsídios, de estabelecimento de regras de financiamento, de tributos ou aspectos
regulamentares.
22

Na indústria da eletricidade a existência da legislação correta pode fazer a diferença na


promoção de determinados mercados (considerando os termos de eficiência econômica e de
preservação ambiental) e a viabilização tecnológica. Poderá fazer diferença também, na questão
da universalização do atendimento e para a base de políticas de distribuição de renda e de
inclusão social.

2.3.1 Novas regras para acesso à Geração Distribuída

Segundo o Ministério de Minas e Energia (2016), em primeiro de janeiro de 2016


entraram em vigor as novas regras para a instalação de pontos de geração distribuída. Conforme
o Prodist – Modulo III (2016), passa a ficar dispensado à assinatura de contratos de uso e
conexão na qualidade de central geradora para os participantes do sistema de compensação de
energia elétrica sendo obrigatório apenas às etapas de solicitação de acesso e parecer de acesso.
Conforme a Resolução Normativa nº 482 (2012), a geração distribuída fica dividida em
dois grupos, a minigeração e microgeração sendo considerada microgeração centrais geradoras
com potência instaladas de até 75KW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis,
e é caracterizada como minigeração, centrais geradoras com potência instaladas superiores a
75KW e igual ou inferior a 5MW, para mesmas fontes renováveis ou cogeração qualificada,
com regulamentação pela ANEEL, conectadas a rede de distribuição por meio de instalação de
unidades consumidoras, e para fontes hídricas, fica caracterizado por minigeração centrais
geradoras com até 3MW de potência instalada.

2.3.2 Procedimentos para a viabilização de acesso das mini e microgeradoras à rede

O diagrama completo dos procedimentos necessários à aprovação e implementação da


mini e microgeração, desde a solicitação de acesso até as etapas finais está descrito na figura
01.
Figura 01: Procedimentos das etapas de acesso.
23

Fonte: Vieira/ Carneiro/ Castro, 2014.

Se uma central geradora é caracterizada com mini ou microgeradora, a mesma fica


obrigada apenas a cumprir as etapas de solicitação e parecer de acesso. Conforme a seção 3.7
do o Prodist - Módulo III (2016), a central deve elaborar a solicitação de acesso, que uma vez
entregue à acessada, implica a prioridade de atendimento, de acordo com a ordem cronológica
de protocolo. A solicitação de acesso é o documento em que deve constar as informações do
projeto, bem como o memorial descritivo, localização, arranjo físico e todos os seus diagramas,
além de toda documentação que deve ser solicitada pela concessionária. Para micro e
minigeração distribuída, fica dispensada a apresentação do Certificado de Registro. (VIEIRA;
CARNEIRO; CASTRO, 2014)
Segundo o Prodist – Módulo III (2016) se o projeto for aprovado, a distribuidora deve
emitir o parecer de acesso, que é o documento oficial apresentado pela concessionária que
informa as condições de acesso, conexão e uso, bem como os requisitos técnicos que permitam
a conexão da geradora e os respectivos prazos. Se necessário deverá identificar as características
do ponto de entrega, as características do sistema de distribuição incluindo os requisitos
técnicos, os custos que devem ser distribuídos também ao consumidor, a relação das obras que
devem ser realizadas pela distribuidora, as responsabilidades da geradora, entre outros pontos
que deverão ser abordados.
Para conexão de microgeração em unidade consumidora existente sem necessidade de
aumento de potência, o parecer de acesso poderá ser simplificado, indicando apenas as
responsabilidades do acessante e encaminhado o Relacionamento Operacional.
24

(PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO SISTEMA


ELÉTRICO NACIONAL – PRODIST, 2016, pg 78).
Cabe à distribuidora realizar todos os estudos para a integração de mini e microgeração
distribuída, devendo informar à central geradora os dados necessários à elaboração dos estudos
que devem ser apresentados na solicitação de acesso.
Não havendo nenhuma pendência impeditiva por parte da acessante, o parecer de acesso
deve ser encaminhado em até 15 dias depois do recebimento da solicitação de acesso. Se a
central geradora for caracterizada como microgeradora e quando não houver necessidade de
melhorias ou reforços no sistema de distribuição, esse prazo é de 15 dias, e se a central for
caracterizada como microgeradora, porém necessitar de algum ajuste ou melhoria, o prazo é de
30 dias. Já se a central for minigeradora e se não houver necessidade de execução de obras de
melhoria ou reforço no sistema de distribuição o prazo é de 30 dias, e se for uma minigeradora
com necessidade de execução de obras de melhoria ou reforços o prazo sobe para 60 dias. A
acessante deve solicitar vistoria à distribuidora acessada em até 120 dias após a emissão do
parecer de acesso. (PROCEDIMENTOS DE DIDTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
NO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL – PRODIST / MÓDULO 3 – ACESSO AO
SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO, 2016). A figura 02 ilustra as etapas de contrato.

Figura 02- Etapas obrigatórias para consumidores livres e especiais e centrais


geradoras solicitantes de registro.

Fonte: Google Imagens.

A tabela apresentada no Anexo 1 descreve de forma mais ilustrativa todas as etapas para
o processo de solicitação de acesso.

2.3.3 Sistema de Compensação de Energia Elétrica

Segundo a Resolução Normativa nº 687 (2015) sobre micro e minigeração, o sistema de


compensação de energia elétrica permite que a unidade consumidora forneça o excedente
gerado por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada
25

com o consumo de energia elétrica ativa. As concessionárias passaram a receber solicitações de


acesso de consumidores interessados em implantar mini ou microgeradores distribuídos
beneficiados do sistema de compensação de energia elétrica. Conforme a resolução nº
482/2012, consumidores podem instalar unidades de geração distribuída para consumo próprio,
além de injetar o excedente diretamente na rede de distribuição, gerando assim créditos que
poderão ser utilizados em até 60 meses. A figura 03 ilustra como funciona o sistema de
compensação de enrgia.
Se a potência injetada na rede for maior que a consumida, o cliente ficará com créditos
na concessionária, caso contrário deverá ser pago apenas a diferença no consumo. Para as
unidades conectadas a baixa tensão (grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja superior
ao consumo, será devido o pagamento referente ao custo de disponibilidade – valor em reais
equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico), e para os
consumidores do grupo A o pagamento será referente à demanda energética contratada.
(VIEIRA; CARNEIRO; CASTRO, 2014).

Figura 03 – Funcionamento do sistema de compensação de energia elétrica.

Fonte: Vieira/ Carneiro/ Castro, 2014.

Estes créditos podem ser usados para abater custos gerados na unidade, ou em outras
unidades em que o titular seja o mesmo da unidade com sistema de compensação de energia
elétrica, possuidor do mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica
26

(CNPJ) junto ao Ministério da Fazenda. Outra forma de abater o consumo em outras unidades
é através do empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada e
autoconsumo remoto.

2.3.3.1 Empreendimento de Múltiplas Unidades Consumidoras

É caracterizado pelo uso da energia elétrica gerada de forma independente, na qual o


uso individualizado constitui uma unidade consumidora e as áreas de atendimento comum é
considerada unidade consumidora distinta, de responsabilidade do condomínio, administração
ou do proprietário, que recorra a mini ou microgeração, sendo que estas unidades devam estar
próximas, e isoladas da rua ou de vizinhos. A energia gerada poderá ser repartida entre os
consumidores, sendo o seu percentual de fornecimento definido pelo consumidor.
Nessa modalidade também é possível atender aqueles que chamamos de “sem telhados”
(condomínios de edifícios). Onde os interessados podem se unir e instalar uma micro ou
minigeração distribuída, e utilizar a energia gerada na redução das suas faturas ou do próprio
condomínio.

2.3.3.2 Geração Compartilhada

Anteriormente à Resolução Normativa 687, os créditos do sistema de compensação de


energia elétrica só poderiam ser remanejados para unidades consumidoras de mesmo titular.
Agora esses créditos podem ser abatidos em outras unidades consumidoras, bastando apenas o
responsável comprovar vínculo com o fornecedor.

2.3.3.3 Autoconsumidor remoto

O consumidor poderá instalar pontos de geração em locais que sejam distantes do ponto
de consumo, porém estejam dentro da área de permissão ou concessão da concessionária. Como
exemplo, o consumidor poderá instalar painéis fotovoltaicos em uma região onde haja melhor
irradiação, porém ele poderá participar da compensação de créditos.
Primeiramente para ter acesso ao sistema de compensação de energia elétrica é
necessário que o consumidor seja cativo, ou seja, compre energia da distribuidora local e a
27

potência máxima instalada, no caso das células de energia fotovoltaica deve ser de até no
máximo 5000kWp.
Em 2015, o Confaz derrubou a medida que orientava a cobrança de impostos sobre todo
excedente gerado, reduzindo valor dos créditos, resultando na dispensa do pagamento
obrigatório de ICMS das mini e microgeradoras em vários estados brasileiros, além do Governo
Federal através da Lei n° 13.169, ter isentado o PIS e COFINS da energia que é injetada na
rede. (VIEIRA; CARNEIRO; CASTRO, 2014).

2.3.3.4 Compensação de créditos por posto horário

Quanto mais energia for consumida nos horários de pico, mais energia deve ser
compensada à rede de distribuição.
Os créditos de energia serão compensados da seguinte forma:
Para consumidores do grupo A, considerando adesão a posto tarifário (horário de
ponta e fora de ponta):
Crédito ponta= (Injetado fora de ponta – Consumo fora de ponta) x Fator de ajuste
Líquido ponta= Consumo ponta – Crédito ponta
Fatura mês= (Líquido ponta x Tarifa ponta) + (Líquido fora de ponta x Tarifa fora de
ponta).
Sendo que, mesmo quando a UC (unidade consumidora) gerar mais energia do que
consumir, deverá ser feito a fatura pela demanda contratada.
Para consumidores do grupo B:
Fatura mês = (Consumo – Injetado – Crédito utilizado) x Tarifa energia
Em suma, nos meses em que o consumo for igual ou inferior à energia injetada na rede,
ou quando, o consumo for menor ou igual ao kWh instalado, a UC será faturada apenas pelo
custo de disponibilidade.
Sem considerar, nesses casos, a incidência de impostos (ICMS e PIS/COFINS) nos
cálculos dos valores das faturas das unidades consumidoras.

2.3.4 Sistema de Medição

O sistema de medição determina um aspecto técnico de fluxo de energia, entrada e saída


dentro e fora do ponto de consumo. A partir do momento em que se tem um sistema de geração
28

distribuída, não será apenas consumido o excedente gerado, bem como também irá ser
concedido a energia excedente à rede, usando o sistema de distribuição como uma espécie de
sistema de armazenamento de créditos, como já foi citado.
O sistema de medição deverá atender as especificações exigidas para unidades
consumidoras conectadas a um mesmo nível de tensão da micro ou minigeração, acrescentando
a funcionalidade da medição.
Pode-se ter um medidor bidirecional, como ilustra a figura 04, ou dois medidores
unidirecionais, fincando a critério da concessionária, no qual um deverá medir o fluxo gerado
e o outro o que é consumido medindo o fluxo de entrada e o de saída. No caso do uso de dois
medidores, este deverá ser utilizado no caso dos consumidores ligados a baixa tensão sendo a
alternativa de menor custo, e deve ser utilizado no caso de solicitação do titular da unidade
consumidora.
Fica a encargo da distribuidora a aquisição e instalação do sistema de medição, sem
custo para o consumidor, bem como sua operação e manutenção, incluindo uma possível
substituição para o caso de microgeração distribuída.
No caso da conexão de minigeração o consumidor é responsável pelo ressarcimento da
distribuidora pelos custos de adequação do sistema de medição. (PRODIST/ MÓDULO 3 –
ACESSO AO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO, 2016).

Figura 04- Sistema de compensação de Energia Elétrica.

Fonte: Vieira/ Carneiro/ Castro, 2014.


29

3 TECNOLOGIAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA UTILIZANDO


FONTES RENOVÁVEIS

3.1 Energia Eólica

Quando definido o lugar de interesse para a implantação de um aerogerador, é necessário


instalar no local torres anemométricas, conforme a dimensão do local e mudanças na topografia
e rugosidade do terreno, com sensores instalados na altura do cubo do aerogerador, coletando
dados para verificar a variação dos ventos num período mínimo de um ano. Essa previsão
também pode ser obtida por um modelo matemático. A potência contida no vento é
proporcional ao cubo de sua velocidade, ou seja, quando há uma pequena variação na
velocidade do vento, há uma grande variação na potência transformada em energia elétrica pelo
aerogerador.
Com a utilização da energia eólica e aperfeiçoamento de técnicas, surgiram turbinas de
vários tipos – eixo horizontal, eixo vertical, com apenas uma pá, com duas, três pás, multipás,
gerador de indução, gerador síncrono, rotor múltiplo, a barlavento, a sotavento, evolução no
tamanho dos aerogeradores, etc. Com o passar do tempo, por apresentarem maiores vantagens
técnicas e econômicas, consolidou-se o projeto de turbinas eólicas (tanto em pequena quanto
em elevado potência) com as seguintes características: eixo de rotação horizontal, três pás,
alinhamento ativo, gerador de indução e estrutura não-flexível. A figura 05 mostra o resultado
dessa evolução.

Figura 05: Turbina eólica moderna.

Fonte: Google Imagens.


30

3.1.1 Energia eólica no Brasil

Segundo Lora e Haddad (2006), quando um país transpõe a barreira dos 100MW de
capacidade de geração eólica instalada, ele tende, naturalmente, a desenvolver mais
rapidamente seus recursos eólicos. Os Estados Unidos transpuseram este limiar em 1983. No
início de 2002, cerca de 16 nações, contendo metade da população mundial, haviam entrado na
fase de crescimento rápido. As políticas mais importantes para permitir o suporte econômico
para energia eólica passam por duas alternativas, que são: acordos de compra de energia (PPA)
favoráveis e reserva de mercado acompanhados de instrumentos de mercado para
comercialização de títulos verdes.
O primeiro e fundamental passo para o aproveitamento do recurso eólico é uma
avaliação precisa (por meio de anemógrafos e sensores) do potencial de vento de uma região,
isso requer trabalhos de coleta e análise de dados sobre velocidade e regime dos ventos. Para
uma avaliação rigorosa, deve-se fazer levantamentos específicos, mas dados coletados em
aeroportos ou estações meteorológicas, por exemplo, podem fornecer uma primeira estimativa
do potencial bruto de aproveitamento da energia eólica. Segundo Lora e Haddad (2006),
tecnicamente, para que a energia eólica seja considerada aproveitável, é necessário que sua
densidade seja maior ou igual a 500W/m², a uma altura de 50m com velocidade mínima do
vento de 7 a 8m/s. A Organização mundial de Meteorologia diz que apenas 13% da superfície
terrestre possui ventos com velocidade igual ou superior a 7m/s, a uma altura de 50m, variando
muito entre regiões e continentes.
Em 1998 foi criada pelo Centro Brasileiro de Energia Eólica –CBEE com apoio da
Agencia Nacional de Energia Elétrica -ANEEL a primeira versão do Altas Eólico do Nordeste
do Brasil com o objetivo de desenvolver modelos atmosféricos, elaborar mapas eólicos
confiáveis e analisar dados de vento. Em 1999, o CBEE elaborou a segunda versão do Altas
Eólico do Nordeste e também o Altas Eólico Nacional, através do modelo atmosférico de
mesoescala MM5. Este projeto envolveu a coleta e processamento de dados de vento de boa
qualidade, simulação da climatologia com informações de topografia, uso do solo, influências
locais e outras restrições. Na figura 06 tem-se uma simulação computacional com modelos
atmosféricos do potencial eólico brasileiro.

Figura 06: Potencial Eólico Brasileiro, do Altas Eólico Nacional.


31

Fonte: CEPEL, 2001.

Em 2001, foi lançado o primeiro Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, que estimou em
143 GW o potencial nacional, considerando velocidades de vento acima de 7m/s e torres de até
50 m de altura. Para o mundo há indicações de um potencial superior a 70.000 GW. A tabela
01 mostra o potencial instalável obtido entre 1983 e 1999.

Tabela 01: Potencial Eólico Brasileiro.

Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, CEPEL, 2001.


32

No Brasil, há sistemas isolados de grande porte e inúmeros sistemas pequenos que


utilizam óleo diesel como fonte geradora de energia. Há também, sistemas híbridos de energia,
isto é, sistemas autônomos de geração elétrica que combinam fontes de energia renovável e
geradores convencionais, o que pode representar uma solução mais econômica para
determinadas aplicações.

3.1.2 Modelos de circulação dos ventos

Segundo Fadigas (2011), o vento é o movimento das massas de ar na atmosfera, ele é


gerado pelo aquecimento não homogêneo da mesma, que é uma consequência das
irregularidades da superfície terrestre (por exemplo terra versus mar), da rotação da terra (noite
versus dia) e da forma quase esférica do planeta Terra. As massas de ar mais quentes sobem
para a atmosfera e geram zonas de baixa pressão junto à superfície da terra, denominados ventos
de circulação global. Como consequência, massas de ar frio deslocam-se para essas zonas de
baixa pressão e dão origem ao vento. Há também, os modelos de ventos locais, como os do mar
para o continente e vice-versa (brisa marítima/terrestre) e o dos vales para as montanhas e vice-
versa (brisa de vale/montanha). As variações temporais de velocidade dos ventos: interanuais,
sazonais, diárias e de curta duração, também são de importante distinção no momento da
escolha do local para aproveitamento de energia eólica.

3.1.3 Caracterização dos ventos

Os dados de caracterização dos ventos podem ser obtidos de estações meteorológicas


que fornecem uma série de dados coletados e amostrados em um determinado período de
medição. Também podem ser obtidos em atlas eólicos. Com os dados obtidos em uma estação
meteorológica é possível avaliar o potencial eólico compactando o enorme volume de dados de
uma série, como por exemplo, usando a análise estatística dos dados.
Na instalação de um projeto de uma turbina eólica, se faz importante o conhecimento
das variações na direção dos ventos e a escolha dos locais mais adequados.
[...] O conhecimento das variações na direção dos ventos e a escolha dos
locais mais adequados para a instalação é importante no projeto da turbina eólica.
Turbinas de eixo horizontal precisam de mecanismos que coloquem as pás sempre na
direção perpendicular à direção dos ventos para captarem o máximo de energia.
Mudanças repentinas na direção dos ventos e movimentos associados podem causar
33

fadiga nas pás e nos mecanismos de controle de orientação da nacele. (FADIGAS;


ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.45).
Logo, a frequência e a magnitude das variações de direção e velocidade dos ventos
provocam fortes perturbações no rotor e na torre da turbina, o que causa diretamente impactos
na eficiência dos componentes.

3.1.4 Parâmetros que influenciam no perfil dos ventos

Os ventos locais sofrem a influência de diversos parâmetros que devem ser conhecidos
quando se deseja estimar o regime de vento em um determinado local, através dos
conhecimentos dos dados de vento de outros locais, por meio de mapas topográficos, dados de
satélites ou visitas no local de instalação. Os fatores que influenciam no perfil de velocidade
dos ventos são:
 Obstáculos naturais ou superficiais próximos ao local de medição.
 Rugosidade do terreno: tipo de vegetação, tipo de utilização da terra e
construções.
 Orografia: variações na altura do terreno. Existência de vales, colinas e
depressões. Provoca aumento na velocidade e mudança na direção do vento.

3.2 Energia Solar

O gerador fotovoltaico, também chamado de inversor fotovoltaico, é composto por duas


partes principais: o painel solar e o inversor. Nos módulos de painéis solares de estado sólido
se encontram as células fotovoltaicas, fabricadas por: Silício cristalino (c-Si), Silício amorfo (a-
Si), CIG’s –filme fino (Cu(In,Ga)Se2), Arsenieto de gálio (GaAs) ou Telureto de cádmio
(CdTe). Os painéis, captam diretamente a energia incidente da luz solar gerando corrente
elétrica, sendo esta produzida diretamente com a movimentação dos elétrons do polo negativo
para o polo positivo das células. A energia gerada é armazenada no banco de baterias, que
alimentam o inversor, e este converterá a corrente contínua gerada em corrente alternada que
irá alimentar o sistema elétrico ao qual está conectado. Devido à sua baixa densidade, a energia
solar se adapta melhor à geração distribuída do que à geração centralizada.
Nos últimos anos, a geração fotovoltaica teve grande aumento comercialmente, tanto
em áreas isoladas quanto para a injeção de energia à rede, como por exemplo, programas de
incentivo para a instalação de módulos fotovoltaicos nos telhados de residências e edifícios.
34

Atuando como fonte complementar ao sistema elétrico ao qual está conectado. A figura 07
ilustra os componentes que integram o sistema de geração de energia solar: painel solar,
inversor e banco de baterias.

Figura 07: Painel solar, inversor, banco de baterias.

Fonte:http://www.powergenerating.com.pt/admin/upfile/changhuadongli/changhuadongli2010-03-17-04-17-
22.jpg

Segundo Lora e Haddad (2006), pode-se considerar que existem basicamente dois tipos
de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFCR): o primeiro é representado pelas grandes
centrais fotovoltaicas que geram grandes quantidades energia e o segundo gera energia no local
de consumo, de forma descentralizada, conhecidas como Edificações Solares Conectadas à
Rede (EFCR). Os EFCR’s geram eletricidade no local do consumo, reduzindo as perdas nas
linhas de transmissão e distribuição. A energia produzida depois de convertida pelo inversor
em tensão e em corrente alternada, pode ser inserida diretamente na rede distribuição de
eletricidade ou utilizada em qualquer um dos equipamentos elétricos instalados na edificação,
operando em paralelo com a rede de distribuição, fornecendo ou consumindo energia da rede
em função da produção e do consumo da localidade.

3.2.1 Energia solar no Brasil

Com grande extensão territorial sobre a linha do equador, o Brasil possui uma posição
geográfica que permite irradiação solar, sem grandes variações, na maior parte do ano. Isso nos
possibilita a incidência de energia na forma de irradiação, que pode ser aproveitada para a
geração de energia limpa e sustentável.
35

Em 2006, o Atlas Brasileiro de Energia Solar apresentou um levantamento da


disponibilidade de energia solar no território brasileiro, utilizando um modelo de transferência
radiativa alimentado por dados climatológicos e de 10 anos de informações extraídas de
imagens de satélite geoestacionário. Segundo o Atlas de Irradiação Solar no Brasil, diariamente
incide entre 4500 Wh/m² a 6300 Wh/m² no país. A figura 08 ilustra a média anual da radiação
solar no Brasil.

Figura 08: Atlas Brasileiro de Energia Solar.

Fonte: CEPEL, 2001.

3.3 Outras fontes de Energia Renovável

3.3.1 Cogeração

Uma limitação física que independe do tipo de combustível (gás natural, diesel, carvão
ou biomassa) ou do motor (a explosão, turbina a gás ou a vapor, etc.) por efeito joule, permite
que apenas cerca de 40% da energia do combustível usado em um gerador possa ser
transformada em energia elétrica. Por mais eficiente que seja um gerador termelétrico, a maior
36

parte da energia gerada pelo combustível usado para seu acionamento é transformada em calor
e é perdida para o meio-ambiente.
Então, para diminuir essas perdas, indústrias (principalmente usinas termelétricas) ou
até mesmo edifícios e residências adotam a tecnologia de cogeração. Onde o calor produzido
na queima do combustível no processo de geração de energia é utilizado sob a forma de vapor.
A vantagem desta solução é que o consumidor economiza o combustível que necessitaria para
produzir a energia térmica (calor do processo e/ou frio). A eficiência energética é, desta forma,
bem mais elevada, por tornar útil quase toda a energia do combustível, como mostra a figura
09.

Figura 09: Processo de cogeração na produção energia elétrica em energia térmica.

Fonte: http://www.inee.org.br/forum_co_geracao.asp?Cat=gd

Segundo o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), a necessidade de reduzir


emissões de CO2 incentivou a adoção deste processo a fim de atenuar o efeito estufa, mediante
a um aumento na eficiência de utilização de combustíveis fósseis, onde a cogeração pode
contribuir em muito. Uma limitação da cogeração é que o calor só pode ser usado perto do
equipamento, o que permite apenas instalações a unidades relativamente pequenas.
Na instalação de um sistema de cogeração, o tipo de ciclo que se deve adotar,
inicialmente, é considerar a capacidade instalada de geração elétrica e o nível de temperatura
de processo. Os sistemas de cogeração devem ser selecionados de acordo com as condições do
consumidor ou da unidade, sendo uma seleção caso a caso. Algumas características que
orientam esta seleção:
 Combustíveis empregados;
 Produção de calor útil, por unidade de energia elétrica produzida;
37

 Eficiência na geração da eletricidade;


 Investimentos necessários;
 Impactos ambientais;
Outros fatores técnicos que devem ser considerados na seleção da tecnologia de
cogeração, são os requerimentos de temperatura, volume, qualidade de energia térmica a ser
fornecida, a confiabilidade do sistema, a possibilidade de interconexão elétrica com a
concessionária de energia e a operação e manutenção.
Os sistemas de cogeração podem ser empregados vantajosamente na geração distribuída
onde se desenvolve a geração de energia elétrica ou mecânica e energia térmica, aumentando a
eficiência total de utilização do combustível. Seus objetivos só podem ser realizados se uma
boa política operacional for adotada em correspondência a sua demanda energética, ou seja, é
melhor utilizada para propósitos industriais, comerciais e públicos. Se a demanda é
relativamente pequena (instalações residenciais), esta não é indicada em relação à rentabilidade.

3.3.2 Biomassa

Qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica ou
elétrica é classificada como biomassa. Pode ser de origem: florestal (madeira, principalmente),
agrícola (soja, arroz e cana-de-açúcar, entre outras), rejeitos urbanos e industriais (sólidos ou
líquidos, como o lixo) e excrementos de animais. Os derivados obtidos dependem tanto da
matéria-prima utilizada quanto da tecnologia de processamento para obtenção dos energéticos.
A energia da biomassa é de fundamental importância no desenvolvimento de novas
alternativas energéticas. Ela é considerada uma das principais alternativas para a diversificação
da matriz energética e a consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis. Sua
matéria-prima já é empregada na fabricação de vários biocombustíveis, como, por exemplo, o
bio-óleo, biodiesel e biogás.
Entre as principais vantagens da biomassa estão: baixo custo de operação; facilidade de
armazenamento e transporte; reaproveitamento dos resíduos; alta eficiência energética; é uma
fonte energética renovável e limpa.
Uma geração com biomassa em uma usina com cana-de-açúcar, por exemplo, é uma
geração distribuída com combustível renovável.
38

4 INTERCONEXÃO DE SISTEMAS DE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Segundo Lora e Haddad (2006), os modelos de interconexão foram criados para


viabilizar as políticas de interligação de centros de geração distribuída que necessitem de
uniformização de padrões de interconexão para garantir segurança e confiabilidade ao sistema,
e pela regularização dos termos e condições que viabilizem a interconexão e as operações de
um ponto de GD em relação à empresa de distribuição de energia elétrica. Tais modelos,
também pretendem descrever os processos, informações e o fluxo necessário que permitam a
avaliação da solicitação de interconexões.

4.1 Classificação das Unidades de Geração Distribuída

Para Lora e Haddad (2006), as unidades de geração são classificadas em três níveis de
potência, sendo eles:
 Geração Doméstica (P ≤ 10kW);
 Microgeração;
 Minigeração;
A definição de cada termo está descrita na seção 2.3.1, segundo as novas regras de
acesso aos sistemas de Geração Distribuída da ANEEL.

4.2 Análise Técnica da Interconexão

O processo de análise técnica para a interconexão de GD à rede de distribuição pode ser


dividido em dois tipos: Processo Simplificado e Processo Padrão. O Processo Simplificado é
aplicado à geração doméstica com reduzido impacto na rede secundária de distribuição, ou seja,
quando a potência ativa entregue a barra do Gerador Distribuído foi menor que 15% da
capacidade total do alimentador. As demais solicitações que não se qualificam no Processo
Simplificado, é aplicado o Procedimento Padrão. (LORA; HADDAD, 2006).
Os passos e blocos da análise técnica para a interconexão são divididos em cinco, sendo
eles:

4.2.1 Entrega da Solicitação


39

O primeiro passo para o processo de interconexão se dá com a Solicitação Formal de


Interconexão, necessária para a obtenção de informações e início de discussões das principais
questões relacionadas a interconexão. A concessionária deverá fornecer todo material e
informações necessárias para o preenchimento dos documentos solicitados no processo inicial.
(LORA; HADDAD, 2006).
Neste mesmo momento, o Gerador Distribuído deverá fornecer todas as
informações energéticas solicitadas pela concessionária, tais como, potência máxima
e mínima a ser gerada, energia, fator de capacidade, e se há possibilidade de controle
da potência despachada em horários de interesse. (LORA; HADDAD, 2006, pg. 165).

4.2.2 Avaliação da Solicitação

A partir da entrega do formulário de solicitação, a companhia deve dar conhecimento


por escrito da solicitação e verificar se há alguma informação incompleta ou confusa, se sim a
empresa deverá indicar a informação necessária para completar a solicitação.
A avaliação da solicitação pode estar sujeita a dois tipos de revisão: Processo
Simplificado de Revisão ou o Procedimento Padrão, como já citado.
A revisão será por Processo Simplificado quando a GD pré-certificada for caracterizada
como geração doméstica, devendo a concessionária fornecer em até 15 dias uma lista de pré-
requisitos técnicos para a interconexão. Um projeto com Processo Simplificado possui como
características potência menor que 10 kW, a potência total no alimentador, incluindo a nova
solicitação, de 15% da capacidade total, além de não requerer adaptações na rede existente.
Já o Procedimento Padrão é aplicável quando a GD é de maior porte e pode causar
profundos impactos na rede de distribuição, tais como o aumento na potência de curto-circuito
e sobrecargas em equipamentos. Os resultados da avaliação deverão ser apresentados
juntamente com o relatório de custos da interconexão. O projeto poderá ser rejeitado se for
demonstrado alguma inviabilidade técnica.
Diagramas esquemáticos da interconexão devidamente assinados por um responsável
técnico e a lista completa e especificações de todos os equipamentos usados no ponto de
conexão devem ser apresentados no projeto de interconexão do Procedimento Padrão.
A companhia deverá conduzir a revisão para garantir que o projeto atenda aos requisitos
de segurança e confiabilidade, notificando o cliente se aprovou o não, e as características do
projeto que deixaram a desejar. Devem-se também informar os testes necessários a serem
aplicados nos equipamentos instalados. (LORA; HADDAD, 2006). O estudo de fluxo de
40

potência, curto-circuito e proteção à rede fazem parte dos estudos técnicos que devem ser
apresentados.
Esses estudos estão descritos de melhor forma nos parágrafos seguintes.

 Análise de Curto-Circuito;

Segundo Lora e Haddad (2006) a análise de curto-circuito é fundamental no estudo de


todas as características elétricas e mecânicas dos equipamentos presentes na instalação ou
aqueles que ainda serão adquiridos. Devem ser determinados todos os níveis de curto-circuito
trifásico, bifásico a terra e monofásico a terra nos seguintes pontos:
 Nos terminais de cada gerador;
 Nos barramentos de distribuição de energia em média tensão;
 Nos lados primário e secundário dos transformadores, sejam eles elevadores ou
abaixadores do nível de tensão;
 Nos centros de controle de motores;
 Nos demais pontos do sistema que possam influir na operação do gerador com a
concessionária.
A concessionária deve fornecer ao cliente os níveis de curto-circuito monofásico e
trifásico no ponto mais próximo a interligação, informação de impedâncias e distância do
alimentador até o ponto de interligação do sistema. Assim podem ser obtidos os níveis de curto
nas principais barras e o carregamento nos alimentadores, observando as adequações
necessárias aos equipamentos existentes.
Se o nível de curto for muito alto devem ser utilizados reatores, transformadores e
geradores de alta impedância, limitadores estáticos, reconfiguração do sistema de distribuição
ou em último caso a substituição dos equipamentos existentes, para que sejam resolvidos os
problemas das altas correntes de curto-circuito antes da ocorrência de danos que irão afetar os
equipamentos conectados, circuitos alimentadores, o aterramento e os relés existentes, além de
colocar em risco a segurança dos responsáveis pela instalação do Gerador Distribuído e da rede
elétrica.

 Estudo do Fluxo de Potência;


41

Esse estudo deve ser elaborado com antecedência no projeto, pois é utilizado para a
verificação e adequação dos equipamentos a serem instalados. Tem por finalidade assegurar
que a interligação e o sistema de distribuição do Gerador Distribuído sejam satisfatórios,
operando adequadamente, identificando as áreas onde há problemas de capacidade de linha ou
regulação de tensão.
O primeiro passo é desenvolver o modelo do sistema. Após a modelagem das cargas
promove-se um exame de certificação dos níveis de tensão a fim de se verificar se os níveis são
mantidos em todos os pontos em todo o sistema e se nenhum circuito opera sobrecarregado.
É importante que esta análise seja realizada com a geração ainda fora da linha, operando
como ensaio preliminar. Se as linhas ou transformadores se mostrarem sobrecarregados o
projeto deve apresentar um método para sanar essa condição. Linhas e transformadores
sobrecarregados requerem equipamentos adicionais, reconfiguração de todo o sistema, ou a
aplicação dessas duas saídas no mesmo caso. Deve- se também analisar a melhor maneira de se
evitar condição de sobrecarga. Concluído esse passo, procede-se para colocação do Gerador em
operação.
Três casos de níveis de geração devem ser considerados nesse momento: quando a
geração é menor do que a demanda, quando a geração é pouco maior que a demanda e quando
a geração é significativamente maior que a demanda, como mostrado nas figuras 10, 11, 12,
respectivamente.
 Geração menor do que a demanda: O gerador distribuído não exporta energia
para a rede de distribuição, porém reduz a demanda fornecida pela concessionária.

Figura 10: Fluxo de potência com geração muito menor que a demanda.

Fonte: Lora/Haddad, 2006.

 Geração maior que a demanda porém duas vezes menor que o seu valor: Nessa
condição os equipamentos da interconexão trabalham praticamente em vazio, ou seja, a geração
atinge o valor da demanda porém nenhum fluxo ocorrerá no sentido da concessionária para a
42

empresa. Nessa condição é esperado que os equipamentos instalados na Geração funcionem de


forma satisfatória, sem carregamento ou distúrbios, dentro dos requisitos da condição de
geração.

Figura 11: Fluxo de potência não muito maior do que a geração.

Fonte: Lora/Haddad, 2006.

 Geração maior que a demanda consumida, retornando fluxo de energia


significativo à rede: Nessa situação toda a demanda será atendida além de um valor de potência
escoar em direção à concessionária. É necessário verificar a adequação dos equipamentos
empregados na interligação.

Figura 12: Fluxo de potência significativamente maior do que a geração.

Fonte: Lora/Haddad 2006.

O estudo de fluxo de potência além de servir para verificar o estado de carregamento


dos componentes de interligação, também é útil para avaliar os níveis de perda do sistema.
(LORA; HADDAD, 2006).
“Um aspecto importante é a medição para fins de faturamento, no caso da geração
sazonal deve- se optar pela instalação de medidores TPs e TCs com exatidão compatível com
43

toda a faixa de medição, ou pela instalação de medidores dedicados.” (LORA; HADDAD,


2006, pg. 171).

 Estudo de Proteção dos Sistemas;

Para Lora e Haddad (2006), o sistema de proteção é fundamental nas interconexões, pois
detectam faltas, visando à operação normalizada, prevenção contra falhas e limitações de
defeitos resultantes das falhas.
A proteção irá funcionar removendo qualquer serviço, equipamentos, dispositivos ou
circuitos que estejam operando em condições anormais no sistema, retirando componentes
defeituosos para que não interfiram desordenadamente nos demais que se encontram em boas
condições e supervisiona a operação do gerador.
Para atender a essas condições o sistema de proteção deve possuir as seguintes
características;
 Sensibilidade: Detectar pequenas falhas ou anormalidades,
 Confiabilidade: Estar disponível sempre que necessário,
 Velocidade: Agir rápido após sua atuação e
 Seletividade: Distinguir as regiões faltosas das sadias, agindo sem
interferir nas proteções das zonas que não estão sobre sua responsabilidade de atuação.
Durante a concepção e análise dos fundamentos básicos de sistema de
proteção, deve-se ter sempre em mente que, devido à natureza aleatória das diversas
faltas possíveis em um sistema, os mesmos são realizados com base em determinadas
filosofias de proteção que se apoiam no equilíbrio dos recursos técnicos e econômicos,
cuja solução permitirá a execução do projeto, uma vez que a previsão de proteção de
todas as faltas possíveis o torna economicamente inviável. (LORA; HADDAD, 2006,
pg. 173).
Quando se tem a operação ilhada, ou seja, quando consumidores são conectados ao
alimentador do Gerador, tendo ausência de concessionária no local, deve-se tomar muito
cuidado com a segurança nas operações das equipes de manutenção e energizações
inadvertidas.
Na figura 13, são apresentados diagramas com modelos de possíveis configurações de
proteção de sistemas de GD em corrente alternada utilizando gerador síncrono, quando não se
pode ter operação ilhada do sistema ou quando a energia excedente do gerador não é adquirida
pela rede.

Figura 13- Possíveis modelos de configuração de proteção a sistemas de GD


44

Fonte: Lora/Haddad, 2006.

Na figura 14, é apresentado um sistema de proteção que pode ser utilizado para o
fechamento de sincronismo através de um religador entre a concessionária e um alimentador
energizado. Se houver tensão do outro lado do disjuntor atendendo a condição de sincronismo
o religamento será efetuado, caso contrário ele pode ocorrer em qualquer momento.

Figura 14- Esquema de proteção para evitar religamento sem condição de


sincronismo

Fonte: Lora/Haddad, 2006.

A proteção do sistema gerador é de responsabilidade do Gerador Distribuído, portanto


pode-se ter uma infinidade de esquemas de proteção, dependendo do tipo de geração
implantada.

4.2.3 Acordo de Interconexão

Aprovada a solicitação o consumidor deverá assinar todos os documentos exigidos,


padronizados de acordo com o tipo de interconexão.
45

4.2.4 Execução do Projeto

O consumidor deverá adquirir e instalar todos os equipamentos conforme o projeto


aprovado pela concessionária, e a concessionária deverá dar início a qualquer obra de
construção ou modificação que será feito para a adequação do sistema de geração. O
cronograma de execução das obras deverá ser acordado entre as partes, portanto o gerador
distribuído deverá encaminhar o detalhamento do projeto executivo contendo os seguintes itens:
 Diagramas esquemáticos de corrente contínua e alternada.
 Diagrama unifilar completo incluindo a proteção entre a geração e o ponto de
conexão.
 Equipamentos necessários ao sistema de proteção entre o ponto de interligação
e o ponto de entrega.
 A documentação do Projeto Básico que tenha sofrido modificações e
reestruturações.
 Planta do arranjo básico dos equipamentos básicos da Subestação Principal.
 Planta da situação e localização da Subestação Principal.
 Arranjo geral dos equipamentos internos da casa de controle da Subestação
Principal.
 Arranjo geral dos equipamentos externos da Subestação Principal.
 Características elétricas básicas dos equipamentos.

Os documentos do projeto básico e executivo são indispensáveis para a análise dos


pedidos de paralelismo. Tendo cada Gerador Distribuído características próprias que poderão
ser solicitadas pela concessionária em documentos adicionais. Aprovado o projeto de
paralelismo todas as obras necessárias para criar uma infraestrutura que possibilite a realização
do intercambio da energia excedente deverão ser realizadas. (LORA; HADDAD, 2006).

4.2.5 Conexão, testes e operação

Antes de iniciar a operação todos os equipamentos da GD deverão ser testados. O


consumidor deverá apresentar o planejamento de testes à concessionária. (LORA; HADDAD,
2006).
46

4.3 Requisitos Gerais Para o Sistema de Interconexão

Segundo Filho (2005), os principais critérios que devem ser observados no momento da
inteconexão do Sistema de Geração distribuídos à rede são apresentados abaixo.

4.3.1 Tensão de Interligação

Havendo problemas no escoamento de potência total do Gerador Distribuído,


alternativas como a conexão em outro nível de tensão diferente do indicado pela concessionária
devem ser estudados para a comparação econômica utilizando o critério de mínimo custo
global, conforme a resolução nº 56, de 2004. (ANEEL, 2005).
A interligação do sistema deve ser feita em um dos níveis de tensão que a concessionária
dispunha. Havendo vários geradores na área, estes podem compartilhar a mesma subestação
para a interconexão com a rede de distribuição.

4.3.2 Linha de Interconexão

As instalações de conexão de uso exclusivo do acessante são de responsabilidade do


mesmo. Cabe à concessionária a responsabilidade sobre os reforços e ampliações da rede em
função da melhoria da conexão. A concessionária deve oferecer todos os requisitos técnicos
que deverão ser seguidos no projeto, construção e operação para o acesso a conexão ao sistema
de distribuição.

4.3.3 Requisitos de proteção e controle

Distúrbios na rede de distribuição, ou na geração devem ser evitados com o


desligamento do paralelismo caso seja necessário. Tais falhas devem ser detectadas
rapidamente para que seja desfeito o paralelismo e adequada à geração a sua própria demanda.
As faltas internas deverão apenas provocar isolamentos nos circuitos com defeitos e
redução seletiva na carga.
47

As faltas no Gerador Distribuído devem provocar desligamento rápido do mesmo afim


de que as cargas essenciais da geração possam continuar a ser alimentadas pela rede da
concessionária.
Sendo assim os proprietários dos geradores e sistemas de geração devem providenciar
sistemas de proteção adequados, com relés de sobrecorrente simples e direcionais, de sub e
sobretensão, de sub e sobrefrequência, de verificação e perda de sincronismo.
Já cabe à concessionária a adequação do esquema de sua subestação de interconexão
para as novas condições de funcionamento com fluxo de potência nos dois sentidos da conexão.
Eventuais bloqueios de fluxo de energia para a concessionária ou nas instalações desta devem
ser eliminados ou ter o seu valor ajustado.
A concessionária e o proprietário devem verificar conjuntamente a coordenação de todas
as proteções do sistema em geral, bem como estudar e especificar as características dos
equipamentos a serem usados na interconexão, conforme as considerações abaixo:
-Equipamento de manobra: Capacidade de interrupção, tempo de abertura;
-Equipamento de medição: Carga admitida, precisão;
-Equipamento de proteção: Proteção contra surtos, precaução quanto aos religamentos,
evitando o religamento automático na linha de interconexão e medidas protetoras de
religamentos de outras linhas;
-Equipamentos de controle: Adequação para o atendimento aos requisitos contratuais.
É recomendável que os procedimentos de distribuição estabeleçam a existência de chave
seccionadora.

4.3.4 Ilhamento

No contexto de ilhamento dos geradores distribuídos, a instalação dos mesmos deve ser
acompanhada da avaliação dos impactos que esses geradores podem vir a causar na operação
das redes de transmissão, subtransmissão e distribuição de energia.
Caso haja a perda do fornecimento da concessionária em uma rede munida de geradores
distribuídos, estes devem ser automaticamente desconectados dentro de um tempo pré-
determinado e assim permanecer até que o fornecimento de energia seja restabelecido. Este
procedimento tem o objetivo de impedir a formação de ilhas energizadas pelos geradores
distribuídos que estejam isoladas do restante do sistema elétrico. Assim, o ilhamento ocorre
48

quando o gerador distribuído continua injetando corrente na linha de distribuição onde se


conecta estando à mesma fora de operação.
Isso gera um grande risco para os funcionários das concessionárias no caso de
desligamento das linhas para manutenção, pois a rede pode continuar energizada em função do
gerador a ela conectado.
Por outro lado, isso pode ser visto como benefício no caso de desligamento acidental,
significando que mesmo com o desligamento, o gerador continuaria abastecendo a carga local
até a normalização do atendimento. Se a concessionária permitir o ilhamento, podem ser
realizados estudos para definição de mecanismos de proteção adequados para que não haja
acidentes futuros. (FILHO, 2005).

4.4 Requisitos Técnicos para a Interconexão da Geração Distribuída

A interconexão da Geração Distribuída aos sistemas é um ponto físico muito


importante que, na prática, regula um conjunto muito complexo de relações não
simétricas, tanto do ponto físico quanto do ponto comercial e empresarial e, portanto,
precisam ser bem disciplinadas. (FILHO, 2005, pg. 90).

Algumas condições técnicas devem ser atendidas previamente.

4.4.1 Nível de curto-circuito

O nível de curto-circuito admissível no sistema de geração deve ser compatível com


aquele que será obtido depois da interconexão com a rede de distribuição. Caso esse nível seja
maior deverão ser estudas alternativas para contornar esse problema, conforme citado no item
4.2.2.
Já no caso da concessionária, se a inserção do gerador distribuído na rede de distribuição
provocar distúrbios de elevação de nível de curto-circuito, deverá ser tomada providencias
análogas às tomadas no caso anterior.
Se a potência de curto-circuito aumentar 8% em relação ao nível anterior deverão ser
realizados estudos detalhados a fim de se obter uma solução para sanar esse problema.
O nível de curto-circuito admissível no sistema de geração distribuída deverá ser
compatível com o obtido logo após a interconexão do sistema, caso contrário deverão ser
tomadas medidas de adequação, como por exemplo, a inserção de um reator limitador de
corrente. (FILHO, 2005).
49

4.4.2 Aterramento de Neutro

Se a interconexão for realizada em nível de tensão sem adição de transformação, o


método de aterramento deve ser compatível com o da rede, caso contrário deverá ser realizado
estudos de adequação.

4.4.3 Proteção contra surtos de tensão

A tensão suportável de impulso atmosférico do sistema de geração


distribuída, mesmo que não possua instalação aérea, deve ser compatível com a da
rede e, em qualquer caso, deve haver um estudo da propagação de surtos provenientes
da rede com a inserção de para-raios e outras proteções adequadas. (FILHO, pg. 92,
2005).

4.4.4 Reguladores

Os reguladores de velocidade dos motores que acionam os geradores, e os reguladores


de tensão dos mesmos devem possuir características de paralelismo compatíveis com a rede de
maior potência. Devem manter a frequência e a tensão dentro dos níveis de operação.
A regulação da tensão é um dos aspectos mais importantes a ser analisado diante da
instalação de geradores distribuídos, pois mostra o quanto a tensão irá variar em função das
condições de mínima e máxima carga.
A equação 01 apresenta o cálculo da regulação percentual da tensão:

𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
𝑉𝑚𝑖𝑛 −𝑉𝑚á𝑥
𝑅𝑡 (%) = 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 × 100 (01)
𝑉𝑚á𝑥

𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
Sendo, 𝑉𝑚𝑖𝑛 a magnitude da tensão da linha durante a operação com carga mínima, e
𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
𝑉𝑚á𝑥 a magnitude de tensão nas linhas durante operação com carga máxima. (PETEAN,
2014).

4.4.5 Qualidade de Energia

Em 1993, a ELETROBRÁS realizou uma nova revisão dos documentos expedidos em


1978, sobre os critérios e metodologias para o atendimento de consumidores com cargas
especiais, levando em consideração a experiência dos grupos de trabalho do CIGRÉ (Conseil
50

International Des Grands Réseaux Electriques), IEC e IEEE, igualmente às novas experiências
das empresas brasileiras. E em fevereiro do mesmo ano, foi emitido o documento “Critérios e
Procedimentos para o Atendimento a Consumidores com Cargas Especiais”, cuja autoria foi
atribuída ao GCOI e ao GCPS. Este documento determina critérios e procedimentos de
planejamento e de operação para a avaliação e o controle das perturbações causadas por cargas
não-lineares, intermitentes ou desequilibradas, de modo geral denominadas por cargas
especiais.
Em novembro de 1997, este documento foi aperfeiçoado por outro, intitulado
“Procedimentos de Medição para Aferição da Qualidade da Onda de Tensão Quanto ao Aspecto
de Conformidade (Distorção Harmônica, Flutuação e Desequilíbrio de Tensão)”.
Para Brigatto (2011), a conformidade da energia elétrica fica comprometida quando há
falhas, operações de chaveamento e ocorrência de transitórios, como flutuações de tensão ou
flicker, harmônicos e desequilíbrio entre fases. Assim, dependendo do tipo de fonte, da
tecnologia empregada no processo de conversão, a forma e o ponto de conexão e a topologia
da rede, a GD pode interferir na qualidade da energia de várias formas, em geral:
 Distorções na forma de onda (harmônicos): as tecnologias que empregam interface
baseada em conversores eletrônicos (por exemplo, eólicas), podem introduzir correntes
harmônicas na rede;
 Variações de frequência: a imprevisibilidade de algumas fontes (por exemplo, eólica e
solar) pode proporcionar desequilíbrios entre oferta e demanda e, desse modo, alterações de
frequência.
 Flutuação de tensão (flicker): a GD pode contribuir com estas flutuações quando sujeita
a repentinas variações na fonte primária.
 Desequilíbrios de tensão: sistemas fotovoltaicos domésticos são monofásicos e, em
grande quantidade, provocam um problema no balanceamento entre fases da rede. Como
consequência, por exemplo, máquinas de indução trifásicas, que possuem uma baixa
impedância de sequência negativa, passam a consumir altos valores de corrente.

 Especificações técnicas;

Quanto aos níveis de tensão na interconexão devem respeitar os limites exigidos pela
resolução nº 505 da ANEEL, apresentadas na tabela 02:
51

Tabela 02- Níveis de tensão fase-fase em corrente alternada para interconexão


Classe de Tensão (kV) Tensão Mínima (p.u) Tensão Máxima (p.u)
V230kV 0,95 1,05
69kVV230kV 0,95 1,05
1kV<V<69kV 0,93 1,05
Fonte: ANEEL Resolução nº 505, de 2001.

 Distorção harmônica;

A distorção harmônica é tratada como um fenômeno de regime permanente no sistema


elétrico e tem os valores de seus indicadores normalmente apurados através de campanhas de
medição realizadas em períodos de sete dias consecutivos.
O nível de harmônicas injetadas pelo sistema gerador no ponto de interconexão não deve
superar o limite aceitável pela rede de distribuição, por outro lado deve-se verificar se a rede
está obedecendo ao limite estabelecido pela concessionária. Se o nível de distorção harmônica
for acima do limite aceitável, devem-se tomar medidas de redução dos níveis harmônicos,
instalando filtros ou realizando alterações nos equipamentos do gerador. (FILHO, 2005).
A distorção harmônica total da tensão não deve ser superior a 5% da tensão fundamental.
Para tensões inferiores a 69 kV, o limite de tensão em porcentagem da tensão
fundamental é de 6%.
Os limites globais de tensão, expressos em porcentagem da tensão fundamental, estão
mostrados na Tabela 03:

Tabela 03 -Limites globais de tensão, expressos em porcentagem da tensão fundamental.


V < 69 kV V  69 kV
Ímpares Pares Ímpares Pares
Valor Valor Valor Valor
Ordem Ordem Ordem Ordem
(%) (%) (%) (%)
3, 5, 7 5 2, 4, 6 2 3, 5, 7 2 2, 4, 6 1
9, 11, 13 3 8 1 9, 11, 13 1,5 8 0,5
15 a 25 2 - - 15 a 25 1 - -
 27 1 - -  27 0,5 - -
D = 6% D = 3%
Fonte: ProRede, Submódulo 8, 2010.

O acessante deve certificar que a operação de seus equipamentos, quando existirem


cargas não-lineares, igualmente outros efeitos dentro de suas instalações, incluindo
52

ressonâncias, não causem distorções harmônicas no ponto de conexão acima dos limites
individuais, apresentados na Tabela 04. Entende-se por limites individuais os valores máximos
que podem ser atingidos no ponto de conexão em virtude da contribuição de um acessante,
segundo um critério de apuração.

Tabela 04-Limites individuais de tensão, expressos em porcentagem da tensão fundamental.


13.8 ≤V < 69 kV V  69 kV
Ímpares Pares Ímpares Pares
Valor Valor Valor Valor
Ordem Ordem Ordem Ordem
(%) (%) (%) (%)
3 a 25 1,5 todos 0,6 3 a 25 0,6 todos 0,3
 27 0,7 - -  27 0,4 - -
D = 3% D = 1,5%
Fonte: ProRde, Submódulo 8, 2010.

 Injeção de corrente contínua;

É recomendado pela IEEE Std 1547 (EUA) que a injeção de corrente contínua na rede
elétrica para sistemas fotovoltaicos de geração distribuída não supere 0,5% da corrente total
injetada pela GD no ponto de interconexão. Já a norma Brasileira NBR 16149/2013 indica que
esse nível não pode ultrapassar 0,5% da corrente nominal ou 5 mA quando não houver presença
de transformador no sistema.
A tabela 05 indica os níveis de injeção de CC com transformador e sem transformador
na rede elétrica para sistemas fotovoltaicos.

Tabela 05: Injeção de corrente contínua para sistemas fotovoltaicos.


Limites de Injeção CC Limites de Injeção CC
País Norma
com transformador sem transformador

Alemanha DIN VDE 126 - 1ª


0,5% da corrente
Austrália AS 477-2 5mA
nominal ou 0,5 mA
Brasil NBR 16149-2013 - 0,5% da In ou 5mA
EUA IEEE 1547 - 0,5% da In
Japão TGGI 1% da corrente nominal 1% da In
Inglaterra ER G83/1 - 2mA
Internacional IEC 61727 - 1% da In
Fonte: Boletim informativo GEQEE, 2014.
53

Na tabela abaixo, são encontrados os níveis de distorção para harmônicos de corrente


segundo a NBR 16149 – 2013, onde deve-se observar que a distorção harmônica total de
corrente deve ser inferior a 5% em relação a corrente fundamental na potência nominal do
Inversor. Para cada nível de harmônica individual, esta deve estar limitada aos valores
apresentados na tabela 06:

Tabela 06: Limite de Distorção harmônica de corrente.


Limite de distorção harmônica de corrente
Harmônicas impares Limite de distorção
3° a 9° <4,0%
11° a 15° <2,0%
17° a 21° <1,5%
23° a 33° <0,6%
Harmônicas pares Limite de distorção
2° a 8° <1,0%
10°32° <0,5%
Fonte: NBR 16149-2013, Sistemas Fotovoltaicos(FV) - Características da interface de conexão com a rede
elétrica de distribuição, 2013.

 Fator de potência;

É recomendável a adoção dos níveis de fator de potência estabelecidos pela ONS,


descritos na tabela 07.

Tabela 07- Faixas de fator de potência no ponto da interconexão.


Tipo de geração FP capacitivo Fp indutivo
Eólica Mínimo de 0,95 Mínimo de 0,95
Mínimo de 0,90 Mínimo de 0,95
PCH’s e Biomassa
(sobreexitado) (subexcitado)
Fonte: ONS/CCPE.

O fator de potência de referência “fR”, indutivo ou capacitivo, tem como limite mínimo
permitido, para as unidades consumidoras do grupo A o valor de 0,92. (ANEEL, 2010).
54

 Compatibilidade eletromagnética;

É a capacidade de um equipamento ou sistema operar corretamente no seu ambiente


eletromagnético sem estabelecer distúrbios eletromagnéticos intoleráveis nesse ambiente.
Dentro do contexto de compatibilidade eletromagnética ainda há as interferências
eletromagnéticas, que provocam deterioração do desempenho de um dispositivo, equipamento
ou sistema causado por um distúrbio eletromagnético. (DECKMANN; POMILIO, 2016).
Tais interferências eletromagnéticas não devem causar interferências no sistema de
geração distribuída. (FILHO, 2005).

4.5 Intercomunicação entre sistemas

A intercomunicação deve assegurar a transmissão de informações e dados necessários à


operação em paralelo do sistema, de natureza comercial bem como dos comandos do despacho
de carga/geração, e quando for aplicado ao gerenciamento pelo lado de demanda. A
intercomunicação deve ser 100% segura, oferecendo meios de comunicação alternativos ou
reservas com capacidade de envio de dados suficiente para garantir continuidade operacional
do sistema quando houver algum problema no canal principal.
Uma matriz de fluxo de informação e comandos entre o centro de geração e o centro de
operação da concessionária, procedimentos operacionais alternativos para lidar com qualquer
eventualidade, os protocolos a serem usados, os procedimentos que deverão ser automatizados,
os valores a serem medidos e transmitidos automaticamente, a coleta periódica desses dados e
a transmissão de qualidade dos mesmos devem ser previstos com antecedência, além das
informações comerciais, como preço, compras e venda atualizadas com frequência.
As tecnologias utilizadas para a comunicação podem ser de diversas naturezas, indo
desde a telefonia até a transmissão através de internet.
Esse canal de comunicação deverá permitir a comunicação para fins operacionais,
permitindo a comunicação de voz, administrativos e comerciais, transmissão de documentos,
dados online e off-line, medição de grandezas elétricas incluindo os de gerenciamento pelo lado
da demanda.
55

É importante que os procedimentos de distribuição deixem claro os requisitos e tipos de


comunicação necessários para a operação e o despacho do sistema de geração, contemplando
também os protocolos de comunicação. (FILHO, 2005).
56

5 SISTEMA CONVERSOR DE ENERGIA EÓLICA

Os sistemas de conversão de energia eólica variam de pequenos aerogeradores que


produzem alguns KW aos considerados de grande porte, que produzem potências na ordem de
MW. Segundo Fadigas (2011), há vários layouts ou topologias de turbina eólica, estando a
maioria relacionada ao rotor e ao tipo de gerador utilizado. Neste capítulo, serão apresentados
os diversos equipamentos que compõem um aerogerador. Será dado maior destaque ao
aerogerador tipo hélice de eixo horizontal de três pás, por ser o mais utilizado na atualidade.
Nos parques eólicos os tipos de geradores mais utilizados são os de indução trifásico
com rotores a gaiola de esquilo, o gerador a indução com rotor bobinado e o gerador de
relutância variável síncrono. Já os sistemas de conversão são compostos pela turbina eólica, o
gerador, um conversor eletrônico de potência e o sistema de controle correspondente.
Existem diversas tecnologias de conversão de energia eólica, sendo diferenciadas
apenas pelo tipo de turbina eólica utilizada no projeto, o uso ou não de caixa de transmissão, o
tipo de gerador, e a forma de conexão. (FADIGAS, 2010).

5.1 Classificação

Os modernos aerogeradores possuem duas configurações básicas conforme a orientação


do eixo em relação ao solo, sendo as turbinas: de eixo horizontal e de eixo vertical, como mostra
a figura 15. As turbinas comerciais de eixo horizontal, geralmente possui três pás por serem as
que mais apresentam vantagens técnicas e econômicas. Turbinas de uma ou duas pás são
eficientes e mais econômicas para a geração de energia em plantas offshore (instaladas no mar).
As turbinas de eixo vertical possuem suas vantagens, como aproveitamento dos ventos vindos
de qualquer direção e facilidade nos trabalhos de manutenção, mas não são de grandes
aplicações.

Figura 15: Turbina de eixo horizontal e de eixo vertical, respectivamente.


57

Fonte: Eólica Fácil, 2015.

As turbinas eólicas também se classificam conforme a posição das pás com relação à
torre. Sendo turbinas com “rotor a montante” ou rotor a barlavento – o rotor está à frente da
torre, alinhado ao vento e “rotor a jusante” ou rotor a sotavento – o rotor alinhado ao vento está
atrás da torre. A figura 16 mostra alguns tipos de máquinas eólicas para conversão de energia.

Figura 16: Tipos de turbinas de eixo horizontal.

Fonte: Fadigas, 2011.

No modelo a barlavento (ou downwind) o vento incide na área de varredura do rotor na


parte posterior da turbina. Já nas turbinas a sotavento (ou upwind) o vento incide na parte frontal
do rotor.
A configuração downwind não necessita de mecanismos de direcionamento da turbina
com relação ao vento. Entretanto essa característica é usada apenas em turbinas de pequena
escala. No caso das turbinas de grande escala, devido a maior flexibilidade do rotor, esta
característica pode ser prejudicial ao equipamento pois, durante rajadas fortes de vento, as pás
podem colidir com a torre de sustentação do rotor. (MARQUES, 2004).
A principal desvantagem dessa configuração é a turbulência que é causada pelo vento
na torre da turbina. Essa turbulência irá gerar ruídos audíveis que dificultam a autorização da
implantação desses tipos de turbina próxima às cidades.
58

Já nas turbinas upwind esses distúrbios são ausentes, sendo mais difundidas por este
motivo. A única desvantagem desta configuração é que a passagem periódica das pás pela torre
causam pulsações de torque na turbina.
Segundo Marques (2004) as turbinas eólicas são divididas em dois grupos em função de
conceitos de geração. O primeiro grupo são as modelagens antigas que se baseiam no conceito
dinamarquês em que as turbinas operavam em velocidades fixas.
Neste tipo de turbina a caixa de transmissão é acoplada ao gerador de indução gaiola
de esquilo e conectada diretamente a rede elétrica com auxílio de um transformador, como
mostra a figura 16, a seguir. A velocidade do gerador é determinada pela frequência da rede. A
velocidade do eixo da turbina é mantida fixa podendo variar apenas na faixa de escorregamento
da região linear do torque do gerador de indução. Neste tipo de geração há muitas perdas de
eficiência durante o funcionamento da turbina tendo diferentes velocidades de vento.

Figura 17: Sistema de geração eólica em velocidade fixa.

Fonte: Turbinas Eólicas, Marques, 2004.

O segundo grupo utiliza o conceito de turbinas com velocidade variável. Nesse sistema
as turbinas são projetadas para manter seu funcionamento em máxima eficiência devido à
variação da velocidade dos ventos. Nesse tipo de turbina o aproveitamento da energia chega a
30% a mais do que a de velocidade fixa.
Quanto à potência, atualmente as turbinas eólicas avançaram de 50kW a 6.000kW, o
que altera sua classificação em termos de potência.
Com base nas turbinas existentes, pode-se classificá-las como:
 Turbinas de pequeno porte: potências até 100kW
 Turbinas de médio porte: 100kW< potência < 1.000kW
 Turbinas de grande porte: potências acima de 1.000kW

5.2 Componentes de um aerogerador


59

Os principais componentes de uma turbina de eixo horizontal são mostrados na figura18.

Figura 18: Principais componentes ou subsistemas de um aerogerador.

Fonte: Google Imagens (adaptada).

 Rotor: pás e cubo (suporte de acoplamento), mecanismo de controle de passo de


pá.
 Sistema de transmissão mecânico: fora o rotor, são as partes rotativas da turbina,
eixos (alta e baixa rotação), caixa multiplicadora de velocidade, acoplamentos, freio mecânico
e gerador elétrico.
 Nacele e base: compartimento onde estão todos os componentes excluindo o
rotor, base da nacele e sistema de orientação do rotor (yaw).
 Controle da turbina: controla o arranque da turbina, a orientação das pás, a
velocidade (frenagem), a orientação do conjunto face à direção do vento, etc.
 Estrutura de suporte (torre): sustenta o rotor a uma altura conveniente para o seu
funcionamento.
60

 Sistema de refrigeração: sistema de ventiladores ou de radiadores a água ou óleo.


Um para a caixa multiplicadora e outro para o gerador eléctrico.
 Instrumentos para medição do vento: Sensor de Direção e Anemómetro.
Segundo Fadigas (2011), as configurações de um projeto de um aerogerador são
escolhidas conforme o tipo de aplicação e a viabilidade técnica e econômica. Sendo elas:
 Número de pás do rotor;
 Orientação do rotor em relação à torre;
 Material em que são feitas as pás, método de construção, perfil do aerofólio;
 Projeto do cubo: rígido, flexível, em balanço;
 Controle do torque aerodinâmico: estol e controle de passo;
 Velocidade do rotor: fixa ou variável;
 Orientação do rotor com relação à direção do vento: livre ou mecanismo ativo
(yaw);
 Gerador elétrico: síncrono ou assíncrono;
 Multiplicação de velocidade do rotor: com ou sem caixa de engrenagem;

Na figura 19 a seguir, serão detalhados os principais tipos de componentes alojados


dentro da nacele e outras partes importantes de um aerogerador de eixo vertical.

Figura 19: Principais componentes de um aerogerador.

Fonte: Fadigas, 2011.

5.2.1 Rotor eólico


61

Sendo o principal componente de um aerogerador, nele se converte ou se perde boa parte


da energia contida nos ventos. É composto por todas as partes rotativas que ficam fora da nacele,
sendo elas: as pás, o cubo e o mecanismo de controle de passo.

5.2.1.1 Pás

Componentes responsáveis por converter energia eólica em energia mecânica de


rotação. Num projeto, as características dos materiais, os métodos de fabricação disponíveis são
de fundamental importância na escolha de um formato exato de pá. Deve, também, ser
considerado sua estrutura e aerodinâmica.
 Potência e velocidade nominal projetada: a área formada pelo giro das pás e seu
comprimento está diretamente relacionada com velocidade e potência nominais da turbina.
 Velocidade especifica de ponta de pá -λ: é muito importante que a turbina
apresente elevada velocidade específica λ, o que resulta em uma área sólida do rotor, assim,
menos custos. Porém, segundo Fadigas “[...] elevada velocidade específica resulta em maior
ruído aerodinâmico. Como a pá é fina e, portanto, flexível, ela sofre maior estresse e apresenta
maiores problemas de vibração e deflexão extrema [...]” (FADIGAS; ELIANE A. FARIA AMARAL,
2011, p.45).

 Solidez: é a razão entre a área sólida das pás e a área formada por seus giros.
Turbinas de uma, duas ou três pás são consideradas de baixa solidez. Assim, essas turbinas têm
que girar mais rápido para preencher toda a área, caso contrário, um percentual do vento passa
por entre as pás, não sendo aproveitado para a conversão de energia.
 Aerofólio: existem dois tipos de seções de aerofólios: simétricos e assimétricos.
À medida que as turbinas são projetadas com uma maior velocidade específica de ponta de pá,
a escolha do aerofólio adequado se torna progressivamente mais importante. Usualmente, não
possuem um formato único ao longo do comprimento da pá. Aerofólios que possuem maior
espessura próxima da raiz da pá oferece maior resistência, sem afetar a eficiência.
 Número de pás: Como já citado as turbinas de três pás possuem maior eficiência.
Devido à: maior estabilidade, momento polar de inércia constante com relação ao movimento
de orientação do rotor, menor velocidade rotacional para uma mesma produção de energia,
menor ruído e sistema menos complexo para absorver os impactos das cargas. Os principais
fatores que influenciam na escolha do número de pás de uma turbina são: efeito no coeficiente
62

de potência, especificação da velocidade específica de ponta de pá, peso da nacele, estrutura


dinâmica e custo.
 Controle de potência do rotor: o método empregado (estol ou controle de passos)
para controlar a potência tem grande efeito na escolha do aerofólio e no projeto de pás. A turbina
controlada por estol depende da perda de força de sustentação resultante do estolamento para
reduzir a potência na incidência dos ventos com velocidades altas. Nas turbinas com controle
de passos, as pás devem executar um desempenho aceitável quando há mudança de passo nas
altas velocidades de vento.
- Controle Estol;
Sistema de controle passivo que reage à velocidade do vento. As pás não giram em torno
do eixo longitudinal por serem fixadas no ângulo de passo. O ângulo de passo é escolhido de
maneira que qualquer velocidade de vento maior que a nominal, em torno do perfil da pá,
descola da superfície da pá, reduzindo as forças de sustentação e aumentando a força de arrasto.
Para Dutra (2008) as turbinas a controle estol são mais simples que turbinas a controle de passo,
pois não é necessário o sistema de mudança de passo.
- Controle de Passo;
O sistema de controle ativo necessita de um sinal do gerador de potência. Toda vez que
a potência nominal for ultrapassada, as pás do rotor irão mudar seu ângulo de passo. Essa
mudança diminui as forças aerodinâmicas. O ângulo de passo é escolhido de maneira para que
a turbina gere apenas a potência nominal. (DUTRA, 2008).
O fluxo de ar em torno dos perfis das pás do rotor é aderente à superfície, produzindo
assim sustentação aerodinâmica e forças de arrastos muito pequenas. Este tipo de turbina possui
um sistema de controle mais sofisticado que as turbinas de controle a estol, necessitando assim
de um sistema de variação de passo.
 Orientação do rotor: Os tipos de materiais usados na fabricação das pás e os
processos de fabricação são aspectos relevantes no projeto estrutural. As turbinas eólicas cujas
pás ficam a montante da torre, montadas a barlavento, possuem pás inclinadas para evitar
colisão com a torre. As turbinas eólicas cujas pás ficam atrás da torre, montadas a sota-vento,
operam com orientação livre, ou seja, as pás são inclinadas com relação ao plano de rotação
para permitir que o rotor possa rastrear o vento à medida que ele mude de direção, mantendo
assim, uma estabilidade no processo. Segundo Fadigas,
A análise estrutural do rotor é feita com base na identificação das
propriedades das pás, tais como peso total, distribuição da massa, rigidez e momento
de inércia. Aspectos importantes a serem vistos são: resistência das pás, sua tendência
63

a defletir sob carga, sua frequência natural de vibração e sua resistência à fadiga. [...]
(FADIGAS; ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.45).

5.2.1.2 Cubo

Componente da turbina responsável pelo acoplamento das pás ao eixo principal de


rotação da máquina. Em turbinas que possuem controle de passo de pás, o cubo inclui o
mecanismo responsável por esse controle. Por ser o componente mais sujeito ao estresse, o
material de sua fabricação deve ser cuidadosamente escolhido de forma que a turbina não venha
ter sua vida útil reduzida por problemas de fadiga.
Normalmente, o cubo é feito de aço fundido ou forjado. Há três tipos básicos de projetos
de cubos em turbinas de eixo horizontal:
 Cubo rígido: projetado para manter as pás em uma posição fixa relativa ao eixo
principal (horizontal).
 Cubo com mecanismo para inclinação das pás: permite uma alteração no ângulo
formado entre o eixo longitudinal das pás (que estão alinhadas) e o eixo principal.
 Cubo com mecanismo de desequilíbrio de posição entre as pás: permite a
alteração do ângulo formado entre os eixos das pás e entre estes e o eixo principal.

5.2.1.3 Mecanismo de controle de passo

O mecanismo de controle de passo é composto por vários componentes: rolamentos,


acionamentos hidráulicos ou elétricos, atuadores, sistema de controle de passo emergencial para
frenagem da turbina e alimentação elétrica para controle elétrico do ângulo de passo. Todos
esses mecanismos em conjunto permitem movimentar as pás em torno dos eixos longitudinais.
As turbinas eólicas modernas e, principalmente, as de elevada potência
possuem mecanismo para controle do ângulo de passo das pás. O ajuste do ângulo de
passo das pás é feito com o objetivo de controlar a potência e a velocidade da turbina
eólica. Um ângulo de passo de 20 a 25 graus é suficiente para esse propósito. Além
disso, o controle do ângulo de passo é feito também com o objetivo de frear o rotor
aerodinamicamente, o que aumenta o intervalo de alteração do passo para 90 graus.
(FADIGAS; ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.131).

Figura 20: Mecanismo de controle de passo de uma turbina eólica.


64

Fonte: Fadigas, 2011.

5.2.2 Sistema de transmissão mecânico

O sistema de transmissão mecânico do aerogerador é composto por todos os


componentes de rotação da máquina que se situam dentro da nacele: eixo principal, caixa
engrenagem, acoplamentos, freios e gerador elétrico.

5.2.2.1 Sistema de segurança – freios

A princípio, a função do freio é manter o rotor na posição parada para serviços de


manutenção e reparo das peças ou quando se deseja deixar a turbina fora de operação por um
período. Também, o freio mecânico auxilia o freio aerodinâmico, principalmente em turbinas
eólicas de menor capacidade de potência quando o sistema entra em sobrevelocidade. Em
turbinas com maior capacidade de potência seu uso fica restrito à primeira função.
Há dois tipos de freios utilizados em turbinas eólicas: freio a disco e embreagem. O freio
a disco, de aço, é rigidamente fixado no eixo do rotor. Durante a frenagem, as pinças atuadas
hidraulicamente empurram as pastilhas do freio contra o disco, resultando em uma força que
cria um torque que se opõe ao movimento do disco, produzindo uma desaceleração do rotor. O
freio tipo embreagem funciona a partir da pressão de uma mola e o alívio de pressão é feito por
meio do uso de um mecanismo eletromecânico ativo.

5.2.2.2 Caixa de multiplicação de velocidade

É o mecanismo que transmite energia mecânica do eixo do rotor (eixo principal) ao eixo
do gerador. Devido a questões mecânicas (empuxo e vibração) e ruídos, a velocidade de rotação
65

do rotor da turbina eólica é limitada de 15 a 200 rpm. Para conectar o eixo do rotor ao eixo do
gerador, deve ser feita uma multiplicação de velocidade, pois os geradores comerciais possuem
rotações típicas de 1800 rpm (4 polos – 60 Hz) ou 1500 rpm (4 polos–50 Hz). O mecanismo de
transmissão mais utilizado para a multiplicação de velocidade é a caixa de engrenagem, que
possui uma relação de multiplicação que difere em função do tipo utilizado. Este componente
é o que mais apresenta falhas em uma turbina. Devido a isso, projetos mais recentes de turbinas
eólicas de grande porte têm sido desenvolvidos sem a caixa de engrenagem. Assim, o eixo do
rotor é acoplado diretamente ao eixo de gerador com um número maior de polos e com
velocidade próxima à do eixo do rotor. Sua eficiência depende da relação de velocidades, do
tipo de engrenagens e da viscosidade do óleo lubrificante.
Existem dois tipos de caixa de engrenagem:
1) Eixos paralelos: Consiste em engrenagens colocadas em eixos paralelos
suportados por rolamentos montados em uma caixa. Uma caixa de engrenagem de um
estágio possui dois eixos paralelos, um de baixa rotação, conectado ao rotor e outro
de alta rotação, conectado ao gerador elétrico. As dimensões das engrenagens do eixo
de baixa rotação são maiores que as do eixo de alta rotação.
2) Eixo planetário: Nesse tipo, os eixos de entrada e saída são coaxiais. O eixo de
baixa velocidade é rigidamente conectado ao Planet Carrier, que se acopla a outras
três engrenagens conhecidas como planetas (em função do formato e disposição).
Essas engrenagens (planetas) giram livremente, mexendo com uma engrenagem
interna de maior diâmetro e outra de menor diâmetro acoplado ao eixo de alta
velocidade. (FADIGAS; ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, pg. 135).

O eixo paralelo possui aproximadamente 2% de perda de potência por estágio. O eixo


planetário possui aproximadamente 1% de perda de potência por estágio.
O ruído de uma caixa de engrenagem depende de sua qualidade e do seu tamanho. Os
valores esperados são os seguintes:
 Eixos paralelos para potências até 100kW: 75-80 dB (A)
 Eixos paralelos para potências até 1000kW: 80-85 dB (A)
 Planetários de levada dimensão para potência até 3000 kW: 100-105 dB (A)

5.2.2.3 Eixo principal

Normalmente feito de aço, é o principal elemento de rotação, cuja função é transferir o


torque desenvolvido no rotor para o restante dos componentes do sistema de transmissão
mecânico. A caixa de engrenagem é montada no eixo principal. A conexão do eixo principal
aos demais componentes do sistema de transmissão pode ser feita de diversas maneiras, como
mostra a figura 21.
66

Figura 21: Configurações do sistema de transmissão mecânico.

Fonte: Fadigas, 2011.

5.2.2.4 Gerador elétrico

É o componente que faz a conversão da energia mecânica do eixo do rotor em energia


elétrica. Os tipos de geradores elétricos usados em turbinas eólicas são os seguintes:
 Gerador de imã permanente
 Gerador corrente contínua (CC)
 Gerador síncrono
 Gerador de indução
Alguns destes geradores são representados no figura 22 abaixo:

Figura 22: Tipos de geradores elétricos.

Fonte: Ebah, 2014.


67

 Gerador CC
Atualmente é utilizado em sistemas de baixa potência, em que a energia elétrica gerada
pode ser consumida localmente na forma CC.
O gerador é autoexcitado por enrolamentos que irão fornecer tensão em CC para criar
campo magnético. Esse campo está localizado no estator da máquina e na armadura do rotor.
O comutador irá retificar o sinal de tensão CA para CC, e a corrente do campo aumentará e o
campo magnético aumentará com a velocidade de operação. A tensão da armadura e o torque
irão aumentar com a velocidade. A velocidade da turbina depende do balanço entre o torque do
rotor e o torque elétrico. Sua principal desvantagem é o autocusto de manutenção.

 Gerador de imã permanente


Este tipo de gerador vem sendo amplamente utilizado atualmente, tanto em turbinas de
pequeno porte quanto de grande porte, uma vez que ele mesmo fornece o campo magnético,
não necessitando de enrolamentos de campo, o qual necessita de alimentação CC externa. A
potência é retirada da armadura estacionária, sem a necessidade de se empregar comutador,
escovas ou anéis deslizantes.
O gerador de imã permanente possui o princípio de operação semelhante ao gerador
síncrono, com exceção dos geradores não conectados à rede elétrica, que podem trabalhar de
forma assíncrona, com frequência e tensão variáveis. A seguir, a figura 23 representa um
gerador síncrono de rotor a imãs permanentes.

Figura 23: Representação de gerador síncrono de imãs permanentes.

Fonte: Eletrotécnica atual, 2015.

 Gerador Síncrono
68

Apesar de ser utilizado em turbinas de maior potência, o gerador síncrono não é o mais
adequado para tal função, devido o comportamento dos ventos, sendo mais indicado o gerador
de indução, que irá funcionar de forma mais eficiente.
O gerador síncrono trabalha com velocidades e frequências constantes, exigindo uma
corrente CC para excitação de campo, sendo necessário o uso de escovas de carbono e anéis
deslizantes no rotor.
Porém mesmo com todas as limitações, este tipo de gerador tem como principal
vantagem não requerer suprimento de energia reativa da rede de distribuição, sendo a excitação
de corrente CC no rotor feita através dos anéis deslizantes.
A tensão CA será gerada no enrolamento do estator, a corrente vai fluir nestes
enrolamentos com frequência f e vai gerar um campo girante de armadura.
O enrolamento do rotor, por meio do qual flui a corrente CC direta, gera um
campo de excitação, o qual gira numa velocidade síncrona. A velocidade síncrona é
determinada pela frequência de rotação do campo girante e pelo número de polos do
rotor. A velocidade n síncrona do rotor de um gerador síncrono é:
60. 𝑓
𝑛=
𝑃
Em que:
f= frequência do campo girante ( frequência da rede) em Hz;
P= número de par de polos;
n= velocidade do rotor ( rotacional) em rpm.
(FADIGAS, ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, págs.140/ 141.)

Os geradores síncronos podem ser aplicados combinados a conversores eletrônicos nas


turbinas de velocidade variável, em turbinas de grande porte com rotor bobinado ou imã
permanente conectadas à rede elétrica, em aplicações isoladas e no controle de tensão e fonte
de potência reativa em redes isoladas.
Possuem como principais vantagens o melhor rendimento com relação ao gerador de
imã permanente e gerador CC além de não necessitar de fonte externa de energia reativa. Porém,
também possui algumas desvantagens, sendo elas a necessidade de equipamentos adicionais
que terão a função de manter o sincronismo com a rede elétrica (reguladores de tensão e
velocidade, bem como maior custo em relação ao gerador de indução). (FADIGAS, 2011).

 Gerador Assíncrono
Aplicado tanto em turbinas de pequeno como de grande porte. É o mais utilizado, por
apresentar uma construção robusta, facilidade de manutenção e baixo custo. Possui a vantagem
de não necessitar de excitação CC de campo, pois esta é feita por indução eletromagnética. Mas,
necessita ser excitado com corrente CA. O gerador pode ser autoexcitado ou receber excitação
externa.
69

O escorregamento s é a diferença entre a velocidade do rotor r e a velocidade síncrona


n do campo girante no interior do estator, expressa pela equação 02:
𝑛−𝑟
𝑠= (02)
𝑛

O escorregamento de máquinas de indução é de aproximadamente 3%.


Para o gerador trabalhar na velocidade de operação supersíncrona, o rotor deve ser
acionado a uma velocidade maior que a velocidade síncrona, revertendo a corrente induzida e
o torque. Se o escorregamento for negativo, a máquina elétrica trabalha como gerador e na
região de escorregamento positivo, como motor.
Como os geradores assíncronos são máquinas elétricas que apresentam velocidade de
operação superior à da turbina, assim, é necessário que entre a turbina eólica e o gerador seja
acoplado um multiplicador de velocidade.
O gerador de indução pode ser com rotor de gaiola ou rotor bobinado. No caso de rotor
bobinado, o acesso às bobinas alojadas no rotor é por meio de escovas que deslizam em anéis
conectados às extremidades das bobinas. Tendo acesso às bobinas, é possível controlar sua
velocidade, escorregamento e outros parâmetros do gerador.
O gerador de indução tem como vantagens o menor custo e, por permitir a variação de
velocidade (pequeno escorregamento), é mais apropriado para trabalhar com turbinas eólicas.
Como desvantagem, existe a necessidade de uma fonte externa de reativos. (FADIGAS;
ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.144).

5.2.3 Controle de orientação do rotor (Yaw control)

O mecanismo de controle de orientação tem a função de orientar o rotor e a nacele na


direção em que o vento sopra, de forma que a área formada pelo giro das pás fique perpendicular
à direção do vento, aproveitando assim, o máximo da energia do vento. Segundo Fadigas
(2011), o sistema completo consiste nos seguintes componentes integrados à nacele e outros ao
topo da torre: engrenagens, motor elétrico, rolamento azimutal, freio, sistema de travamento e
sistema de controle. O movimento de orientação deve ser o mais suave possível para evitar
forças giroscópias de grande intensidade.
Existem dois tipos de sistemas de orientação: ativo e livre. As turbinas montadas a
barlavento usam sistema ativo e as turbinas montadas a sotavento usam o sistema de orientação
livre.
70

5.2.4 Sistema de controle

Para que os componentes ou subsistemas funcionem de forma adequada, convertendo a


energia com segurança, eficiência e confiabilidade, se faz necessário o uso de um sistema de
controle que faça com que todos os subsistemas operem de forma conjunta, atendendo os
objetivos desejáveis. Os sistemas de controle de uma turbina eólica são divididos em três partes:
1. Um controlador cuja função é efetuar o controle supervisório das turbinas, com
aquisição de dados, podendo iniciar ou interromper a operação ou coordenar a
operação das turbinas.
2. Um controle supervisório para cada turbina individual. Reage a mudanças a
condições ambientais e operativas no médio e longo prazo. Controla o
chaveamento entre os diversos estados de operação da turbina, monitora as
condições de vento e de falta, realiza a partida e parada de máquinas em ordem
sequencial e fornece os valores dos parâmetros de controle nas entradas dos
controladores dinâmicos.
3. Controles dinâmicos separados para os vários componentes ou subsistemas de
cada turbina. Ajusta os atuadores e os componentes da turbina à medida que eles
reagem a mudanças rápidas nas condições de operação.
O controle mecânico e elétrico dos processos requer cinco componentes funcionais
principais:
 Processo: descrito por um ou mais pontos de operação, podendo ser modificado.
 Sensores ou indicadores: comunicam o estado do processo ao sistema de controle.
 Controlador: software ou hardware que determinam quais ações de controle devem ser
tomadas.
 Amplificadores de potência: fornecem potência a uma ação de controle.
 Atuadores: componentes usados para intervir no processo e mudar a operação do
sistema.
A figura 24 apresenta um diagrama da ação sequencial dos componentes de um sistema
de controle.

Figura 24: Componentes de um sistema de controle.


71

Fonte: Fadigas, 2011.

Tipos de sensores utilizados: o estado de operação das turbinas é definido por


parâmetros que devem ser medidos e informados ao sistema de controle. São eles: velocidades,
temperaturas, posição, características elétricas e parâmetros do fluído.
Tipos de controladores utilizados: fazem a conexão entre o sinal de saída (variável
medida) e a ação que mudará o estado de operação da turbina. Os controladores típicos são:
mecanismos mecânicos, circuitos elétricos, computadores.
Tipos de amplificadores utilizados: quando o sinal produzido na saída do controlador
não possui potência suficiente para ativar um atuador, torna-se necessário agregar ao sistema
um amplificador de potência. Como: chaves, amplificadores elétricos, bombas hidráulicas.
Tipos de atuadores utilizados: Os atuadores normalmente utilizados em turbinas eólicas
são: equipamentos eletromecânicos (motores), pistões hidráulicos, ventiladores e resistências
elétricas.

5.2.5 Nacele

A nacele de um aerogerador é um compartimento onde são afixados seus componentes.


Turbinas de pequeno porte não possuem nacele.
O projeto de uma nacele está condicionado à configuração e montagem do
rotor. O custo também constitui-se de um fator preponderante. A nacele possui um
chassi ou uma base estrutural feita de aço fundido ou soldado na qual são apoiados ao
sistema de transmissão mecânico com os seus diversos componentes e esta base
transfere todas as cargas do rotor para a torre. Em algumas turbinas, o chassi constitui-
se parte separada da nacele estando acoplado à caixa de engrenagem. (FADIGAS;
ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.152).

A nacele tem a função de proteger os componentes da turbina da exposição a fatores


externos, como chuva, sol, poeira, etc. Sua dimensão varia com os equipamentos a serem
alojados, o que contará também no peso da torre e no seu custo. As turbinas modernas vêm
sendo fabricadas com tamanho reduzido. Num projeto, não há preocupação com o formato da
72

nacele, uma vez que ela se posiciona atrás do rotor, e sim com a posição adequada do
anemômetro.

5.2.6 Suporte estrutural –Torre

A torre é o suporte, a uma determinada altura do solo, do rotor e da nacele. Sua altura
deve ser no mínimo igual ao diâmetro das pás. São usualmente feitas de aço, podendo ser
reforçadas com concreto, sendo o aço galvanizado e pintado para evitar corrosão. A relação
custo-benefício deve ser realizada para verificar se é economicamente viável instalar a turbina
em alturas maiores, uma vez que o custo adicional de um metro de torre já é considerável.
Geralmente, turbinas de pequeno porte são instaladas em alturas superiores ao diâmetro
de suas pás. Não sendo aconselhável a instalação em alturas inferiores a 20 metros, pois a
velocidade do vento é baixa e o vento é mais turbulento próximo ao solo. Há três tipos de torres
que são utilizadas nas turbinas eixo horizontal:
 Tubulares;
 Treliçadas;
 Treliçadas ou tubulares estaiadas;
A seguir, a figura 25 ilustra os tipos de torre.

Figura 25: Tipos de torres eólicas: tubular, treliçada e estaiada, respectivamente.

Fonte: Google Imagens.

As torres das turbinas de grande porte possuem largura que possibilita o alojamento de
escadas e equipamentos periféricos em sua base. No topo da torre é colocado o chassi ou a base
estrutural da nacele e afixada a parte estacionária do mecanismo de orientação da nacele (Yaw).
Deve-se ter um cuidado especial no projeto da torre para evitar que flutuações
no vento provoquem vibração nela. Elas são projetadas para suportar, além do peso
das partes principais da turbina, diversos tipos de cargas estáticas e dinâmicas
73

ocasionadas em função do impacto do vento nos vários componentes, torques e


vibrações resultantes das diversas condições de operação da turbina. Em função de
suas alturas elevadas, as torres recebem no topo luzes para sinalização aérea.
(FADIGAS; ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, p.154).

Portanto, é de fundamental importância se ter uma boa qualificação técnica para a


instalação e escolha dos melhores equipamentos (os mais aplicáveis para o tipo de geração que
se deseja) de um aerogerador, resultando assim no desejável e necessário controle dos
aerogeradores para a integração na rede elétrica, uma vez que o sistema de controle torna mais
eficiente a potência gerada em diferentes condições de vento e também alivia cargas mecânicas
e aerodinâmicas que reduzem a vida útil dos equipamentos. Tudo isso proporciona um melhor
controle da qualidade de energia entregue à rede.

5.3 Controle e integração de aerogeradores na rede elétrica

O sistema de controle dos aerogeradores permite usar de forma mais eficiente a potência
gerada em diferentes condições de vento. Ele limita a potência e a velocidade do rotor abaixo
de valores especificados com o objetivo de que a turbina não entre em modo inseguro de
operação, ou sobrevelocidade. Também, tem a função de aumentar a eficiência e a qualidade
da energia gerada, refletindo nos custos da geração de energia.

5.3.1 Objetivos do controle

É necessário que a geração de energia tenha o mínimo custo possível, considerando os


aspectos de eficiência e qualidade desta. Para tanto, essa minimização do custo envolve uma
série de objetivos correlacionados, e talvez, conflitantes. Esses objetivos são, segundo Fadigas,
2011:
Extração de energia: maximização da extração de energia, levando em conta
restrições de operação tais como a potência máxima, velocidade máxima do motor,
velocidade de corte da turbina (cut-out-speed) etc.
Cargas mecânicas: proteção da turbina contra cargas mecânicas dinâmicas
excessivas.
Qualidade de potência: acondicionamento de potência gerada de tal forma a
cumprir com os padrões de qualidade exigidos para conexão à rede elétrica.

A especificação de potência e velocidade nominais da turbina é um compromisso entre


energia disponível e custos de fabricação.
Com o aspecto da qualidade de energia, passou a existir a necessidade de adicionar ao
controle a função de regular os parâmetros da qualidade dentro dos padrões da rede. A geração
74

eólica é considerada de baixa qualidade em razão das variações da velocidade dos ventos, o que
provoca variações na potência entregue à rede elétrica. A qualidade da energia pode ser medida
pela estabilidade da tensão e frequência no ponto de conexão com a rede e pela emissão de
cintilações na tensão (flicker). A ação do controle de uma turbina eólica pode ser modelada por
meio da integração dos seus subsistemas: rotor, sistema de transmissão e sistema elétrico.
A interação dos aerogeradores com a rede elétrica afeta a tensão nos
terminais da rede. Por um lado, as excursões da baixa tensão acontecem quando a
potência extraída por uma turbina eólica muda com a velocidade média do vento. A
amplitude dessas variações dependem estritamente da impedância da rede no ponto
de conexão e do fluxo de potência ativa e reativa. Uma forma de atenuar essas
variações de tensão sem afetar a extração de potência é por meio do controle do fluxo
de potência reativa. [...] Por outro lado, as cargas cíclicas originadas pelos efeitos de
rotação da turbina propagados por meio do sistema de transmissão até a rede elétrica
produzem rápidas flutuações de tensão na rede. Lamentavelmente, a frequência dessas
cargas cíclicas pode sensibilizar o olho humano e induzir cintilações nas redes
elétricas. (FADIGAS, ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, pag. 163)

Abaixo da velocidade nominal do vento, o sistema de controle pode agir no sentido de


maximizar o torque aerodinâmico e a potência, enquanto que, acima da velocidade nominal do
vento, o sistema de controle pode agir para limitar o torque aerodinâmico. O conversor, que
determina a frequência, a fase, e a tensão da corrente que flui do gerador, controla, portanto, o
seu torque.

5.3.2 Sistema elétrico para conexão da turbina à rede elétrica

Para conectar uma turbina eólica à rede elétrica, são necessários equipamentos
adicionais para acondicionamento da potência, a conexão e desconexão da turbina à rede, a
proteção dos equipamentos, a medição do fluxo de energia e demais parâmetros elétricos, como
os que indicam a qualidade da energia entregue à rede.
Diferenciando a rede em função do seu tipo (fraca, forte, isolada) que será conectada à
turbina, pode-se destacar os principais componentes utilizados:
 Conversores: inversores e retificadores.
 Banco de capacitores.
 Filtros de harmônicas.
 Transformadores.
 Cabos de potência.
 Conversores para partida lenta (soft start).
 Contatores.
 Disjuntores ou fusíveis.
75

 Chave para interrupção do circuito.


 Cargas elétricas da turbina.

5.3.2.1 Conversores

O aumento da eficiência dos conversores vem viabilizando o uso de turbinas de


velocidade variável. O conversor de potência é a melhor solução a ser usada na conversão e
controle da energia elétrica. Recentemente, tem sido utilizados em grande escala, nos
aerogeradores de velocidade variável, para ajustar a tensão e a frequência da turbina eólica à
tensão e frequência da rede elétrica.
As válvulas conversoras de potência são os principais componentes da seção de potência
de um conversor. Consistem de um ou mais semicondutores e conduzem a corrente elétrica em
apenas uma direção (Fadigas, 2011). Essas válvulas funcionam como chaves, sendo elas:
 Diodos semicondutores;
 Tiristores;
 Transistores;
Conversor – retificador: são equipamentos que convertem CA em CC. Utilizam uma
ponte de diodo para converter a tensão ou a corrente CA flutuante em tensão ou corrente CC.
Conversor – inversor: tem a função de converter tensão e corrente CC em CA.
Na função de chaveamento, os conversores eletrônicos provocam harmônicas de tensão
e corrente que são injetadas na rede. As distorções harmônicas referem-se ao efeito causado na
forma de onda senoidal de tensão e corrente por formas de onda não senoidais de alta
frequência, além de outras causas, como: acionamentos de motores industriais, uso de
eletrodomésticos e reatores de lâmpadas fluorescentes, entre outros.
Por mais qualidade que tenham, as formas de onda na saída dos conversores são
distorcidas. Quando isso acontece, faz-se necessário usar um equipamento adicional no sistema,
o filtro de harmônicas, que tem a função de reduzir os efeitos adversos causados pelas
harmônicas resultando numa baixa redução da tensão fundamental e alta redução de todas as
harmônicas.

5.3.2.2 Demais equipamentos para conexão da turbina à rede elétrica


76

A proteção da rede envolve medidas para proteger contra correntes excessivamente altas
e tensões em níveis que poderiam danificar os componentes e equipamentos. Então se faz
necessário adicionar equipamentos para: conectar e desconectar a turbina da rede, proteger o
sistema como um todo contra intempéries (descargas atmosféricas, curto-circuito, sobretensões,
etc.), isolar o sistema para manutenção e realizar correções nos parâmetros que indicam a
qualidade da energia ofertada.
Os aerogeradores integrados às redes de distribuição podem prejudicar a
operação dos fusíveis (sobretensões), dificultar a coordenação da reconexão dos
equipamentos, causar operação isolada indesejável, no caso de autorreligamento ou
falha da rede e, portanto, colocar antecipadamente equipamentos de segurança
operacional fora de ação. (FADIGAS, ELIANE A. FARIA AMARAL, 2011, pag.
187).
Segue abaixo, uma breve descrição sobre os principais equipamentos utilizados na
conexão:
Disjuntores, fusíveis, reles, sensores: são equipamentos necessários para abrir a conexão
do gerador da rede elétrica na ocorrência de elevadas correntes, tanto no gerador quanto na rede.
Componentes de partida: em aerogeradores com geradores de indução, faz-se necessário
acrescentar ao sistema componentes que reduza a corrente de partida da turbina. Em
aerogeradores, em geral, são utilizados conversores eletrônicos.
Contatores: são chaves que conectam os cabos do gerador à rede elétrica, integrados a
equipamentos de controle.
Cabos de potência: são cabos trifásicos, normalmente a quatro fios, devidamente
dimensionados para minimizar as as quedas de tensão e perdas de potência.
Transformadores: equipamentos usados para conectar o gerador em circuitos ou redes
com diferentes tensões. Em geral, os aerogeradores possuem pelo menos um transformador para
elevar o nível da tensão da rede ao qual irá se conectar e/ou um trafo para rebaixar a tensão em
níveis necessários para alimentar pequenas cargas e os equipamentos auxiliares.
Banco de capacitores: é instalado para corrigir o fator de potência do gerador, suprindo
energia reativa a um gerador de indução, em uma turbina de velocidade fixa.
Aterramento: como em todo sistema elétrico, os aerogeradores necessitam de sistemas
de aterramento para proteger o equipamento contra descargas atmosféricas e curto-circuito para
a terra.

5.3.2.3 Interação da turbina com a rede elétrica


77

“A operação de aerogeradores resulta em flutuações nos níveis de potência ativa e


reativa e pode resultar em tensões e correntes transitórias ou tensões e correntes harmônicas.”
(Fadigas, pg. 190, 2011).
A conexão de aerogeradores na rede de distribuição pode, por vezes, provocar
problemas que limitam a magnitude da potência que pode ser conectada à rede. Por outro lado,
também, pode ajudar a manter a estabilidade da rede local. Questões relativas à interconexão
incluem problemas com estado constante dos níveis de tensão, cintilações de tensão (flicker),
harmônicas e operação em ilha. Por isso, a interação do aerogerador com a rede deve ser bem
planejada.
Aerogeradores de velocidade fixa não causam harmônicas significantes. Já os de
velocidade variável, com conversores, geram harmônicas durante a operação, o que deve ser
especificado. “A emissão de harmônicas individuais para frequências até 50 vezes a frequência
fundamental da rede deve ser especificada, bem como a distorção harmônica total.” (Fadigas,
pg. 194, 2011).
78

6 CRONOGRAMA PARA INSTALAÇÃO DE PROJETO DE


AEROGERADOR

Neste capítulo será demonstrado um possível projeto de interligação, numa modelagem


de cargas aplicada à geração distribuída na escala de microgeração, que é classificada com
produção de até 75kW. Nesse caso, será considerado uma geração doméstica, para análise da
viabilidade de instalação de aerogerador.
Como discorrido no capítulo 3, a obtenção de dados relativos à disponibilidade de
ventos no local onde se deseja fazer a instalação de um aerogerador pode ser conseguido de
forma “já pronta”, como em aeroportos, estações meteorológicas, ou aplicativos disponíveis
formado por banco de dados (o qual será nossa ferramenta de análise), ou seja, sem a
necessidade de se realizar todo um trabalho de coleta de dados de vento do local.

6.1 Cronograma de desenvolvimento do projeto

Passos para desenvolvimento do modelo do sistema de autoprodução:


1. Escolher o local para a instalação do projeto;
2. Realizar o levantamento da carga consumida na instalação;
3. Verificar as condições do local (se o ambiente é propício para a geração distribuída e se
a disponibilidade dos recursos eólicos irá compensar os investimentos), se o projeto é viável;
4. Qualificar a melhor alternativa de fonte renovável;
5. Definir o tipo da interligação e a quantidade de consumidores no mesmo grupo;
 Autoconsumo remoto
 Geração compartilhada
 Múltiplas unidades consumidoras
6. Aproximar ao máximo a carga instalada com o consumo;
7. Definir o melhor tipo de aerogerador para a situação, considerando:
 Número de pás do rotor
 Orientação do rotor
 Material de fabricação das pás (método de construção e o perfil do aerofólio)
 Projeto do cubo: rígido, flexível ou em balanço
 Controle do torque aerodinâmico: estol e controle de passo
 Velocidade do rotor: fixa ou variável
 Orientação do rotor com relação à direção do vento: livre ou mecanismo ativo (yaw)
79

 Gerador: síncrono, assíncrono ou CC


 Multiplicação de velocidade do rotor: com ou sem caixa de engrenagem
8. Fazer um levantamento do preço da aquisição do gerador e demais equipamentos para
a microgeradora e da mão de obra para a instalação;
9. Conseguir linhas de créditos para a instalação do gerador;
10. Verificar a disponibilidade do empréstimo, os juros e parcelas;
11. Estipular em quanto tempo o gerador será pago e a vida útil do equipamento, e assim,
comparar com o tempo de pagamento do investimento, analisando assim, o custo benefício;
12. Uma vez o projeto viável, abre-se uma solicitação de acesso e a concessionária faz todas
análises, adequações e aprovações dento dos prazos estabelecidos;
13. Depois de instalado e aprovado, realiza-se os requisitos gerais e técnicos de
interconexão, ou seja, a adequação do sistema com rede;
14. Quando todos os requisitos estiverem dentro dos parâmetros, faz-se a interligação com
a rede da concessionaria da localidade.

6.2 Modelagem das cargas

Após a modelagem das cargas, ou seja, após a escolha dos equipamentos apropriados
relacionando com a geração, promove-se um exame dos requisitos gerais e técnicos, e da
certificação dos níveis de tensão para verificar se os níveis são mantidos em todos os pontos
em todo o sistema e se nenhum circuito opera sobrecarregado.
Como já citado, este exame deve ser realizado com a geração ainda fora da linha. Se as
linhas ou transformadores se mostrarem sobrecarregados o projeto deve apresentar um método
para sanar essa condição. Linhas e transformadores sobrecarregados requerem equipamentos
adicionais, reconfiguração de todo o sistema, ou a aplicação dessas duas saídas no mesmo caso.
Também, deve-se analisar a melhor maneira de evitar condição de sobrecarga. Uma vez que
todos os exames e análises forem satisfeitos, coloca-se o gerador em operação.
Ao estudar a viabilidade de qualquer modelo deve-se observar a sua curva de eficiência,
calculando-se o retorno sobre o investimento com base na velocidade média a que estará
submetido (função da velocidade do vento e sua frequência provável de ocorrência ao longo
ano). Além disto, questões como a durabilidade e a facilidade de troca de componentes são
fundamentais para comparação de diferentes equipamentos.
80

6.3 Simulação de dimensionamento de aerogerador para Geração doméstica na


cidade de Votuporanga – SP

Neste capítulo será realizado uma simulação de dimensionamento de um aerogerador


para suprir de energia uma residência, utilizando o programa Eolusoft, software desenvolvido
pelo instituto NUTEMA, em parceria com o CE – EÓLICA, da PUC do Rio Grande do Sul,
bem como será verificada a viabilidade econômica da implantação do projeto, através da análise
de Payback.

6.3.1 Dados de vento na região de Votuporanga – SP

Para melhor visualização do projeto proposto foram coletados dados dos ventos na
região da cidade de Votuporanga – SP a uma altura de 50 metros através do site CRESESB –
Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito. Nestas condições, a média anual
da velocidade a 50 m de altura, é de 4,81 m/s, sendo os fatores c e k respectivamente 5,43 e
2,07.
A altitude da cidade em relação ao nível do mar é de 499 m, sendo a latitude 20° 25' 13''
Sul, e a longitude 49° 58' 42'' Oeste. Abaixo é apresentado uma tabela e gráfico contendo as
informações de ventos durante doze meses, obtidos através do site www.cresesb.cepel.br.

Tabela 08: Dados de vento na Região de Votuporanga – SP a 50 m de altura.


Dados de Vento na Região de Votuporanga - SP
Atlas do Potencial Eólico Brasileiro Dados de vento a 50 m de Altura
Grandeza Unidade Dez - Fev Marc - Mai Jun - Ago Set - Nov Anual
Velocidade média do vento m/s 3,66 4,72 5,5 5,34 4,81
Fator C 4,13 5,33 6,2 6,03 5,43
Fator K 1,99 2,09 2,48 2,05 2,07
Densidade de Potencia W/m² 58 118 162 174 128
Fonte: CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito (adaptado).

Figura 26: Gráfico da velocidade média Sazonal de Vento a 50 m de Altura.


81

Fonte: CRESESB - Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito.

A partir do gráfico da figura 26, é possível notar um aumento nas velocidades dos ventos
entre os meses de junho a novembro.
Quando há o interesse na geração eólica, os fatores c e k devem ser determinados, que
serão apresentados com maior precisão na seção 6.3.3.1.

6.3.2 Descrição Estatística do Regime dos Ventos

Para que análises de viabilidade técnico-econômica da implantação de sistemas eólicos


sejam realizadas, é necessário conhecer as características de vento destes locais. Para escolha
correta do local e o dimensionamento adequado do sistema são necessários conhecimentos a
respeito da velocidade média dos ventos e outras grandezas que interferem no sistema. Essas
informações sobre as características dos ventos em um determinado local passam a ser
confiáveis após uma coleta de dados de longo prazo, aproximadamente de 12 meses,
considerando todas as variações de temperatura e estações do ano.
A determinação do potencial eólico de regiões específicas pode ser feito com o auxílio
de modelos numéricos que auxiliarão na definição da média das velocidades anuais e no cálculo
dos parâmetros necessários à simulação de projetos. (CRESEB, 1999).

6.3.3 Software Eolusoft

O software Eolusoft foi desenvolvido pelo Núcleo Tecnológico de Energia e Meio


Ambiente – NUTEMA para facilitar o dimensionamento de sistemas eólicos, fotovoltaicos e
sistemas híbridos, ou seja, que integram as duas fontes. Toda programação foi feita em Delphi,
e ainda possibilita a visualização de gráficos de comportamento de ventos, potência e
velocidade. (LINHARES, 2012).
O programa é dividido em sete módulos, sendo eles o Módulo de Consumo, onde se
pode realizar um breve dimensionamento da carga consumida em uma residência como
apresentado na figura 27, Recursos Energéticos, onde se encontra um banco de dados com
informações sobre velocidade dos ventos e irradiação solar em algumas cidades do estado do
Rio Grande do Sul, porém o software permite o cadastro de novas regiões e cidades, como é
demonstrado na figura 29:
82

Figura 27: Módulo para dimensionamento de carga consumida em uma residência.

Fonte: Programa Eolusoft.

Neste mesmo módulo ainda há a opção de cálculo para três tipos de lâmpadas de
variadas potências, além de permitir o cadastro de novas potências.

Figura 28: Interface para cadastro de potência de iluminação.

Fonte: Programa Eolusoft.


83

Figura 29: Interface de cadastro de dados para novas cidades.

Fonte: Programa Eolusoft.

Ainda no mesmo programa há os módulos para cálculo de Sistema Eólico, Sistema


Fotovoltaico, Baterias, Cabos e Módulo Híbrido, que serão apresentados posteriormente, no
momento do dimensionamento do sistema.

6.3.3.1 Distribuição Weibull e Rayleigh

Para que se tenha uma ideia do comportamento dos ventos em determinada região, usa-
se atualmente a coleta de dados de 10 em 10 minutos, de maneira contínua e a acumulação dos
valores de velocidade. Essa acumulação de dados permite calcular a velocidade média e o
desvio padrão dos ventos sendo que os dados coletados podem ser representados através de
funções analíticas.
A função analítica de densidade de probabilidade deve satisfazer dois requisitos: O seu
gráfico deve representar de maneira razoável os diagrama de frequência absoluta e relativa dos
ventos e ser de fácil associação ao regime da velocidade de ventos que serão simulados. Vários
modelos de funções foram testados para modelar as curvas de velocidade dos ventos, porém, as
mais aceitas foram as funções de distribuição Rayleigh e Weibull.
84

A distribuição Rayleigh representa de forma bastante precisa as velocidades médias, ou


seja, trabalha apenas em uma determinada faixa de velocidades, desconsiderando as demais,
tornando o modelo mais simples de ser utilizado. Porém, esta simplicidade possui limitações,
pois não representa com precisão muitas situações onde seria interessante haver precisão de
dados, especialmente onde os ventos possuem altas velocidades. (CRESEB, 1999).
Alternativamente ao modelo de distribuição Rayleigh, surgiu então à distribuição
Weibull, que trabalha com velocidades variáveis, considerando velocidades de baixa
intensidade até ventanias. A função densidade de probabilidade de Weibull é dada pela equação
(03) onde c e k são os parâmetros da distribuição; o parâmetro k, adimensional, indica a
uniformidade da distribuição dos valores da velocidade na turbina e o parâmetro c possui
dimensão de velocidade dos ventos no aerogerador. Por ser mais clara, além de apresentar um
maior número de valores que resultam em uma média de velocidades precisa, o modelo de
distribuição Weibull vem sendo amplamente utilizado para o dimensionamento de sistemas de
geração eólica.
A função de densidade de probabilidade de Weibull é definida através da equação 03:

𝑘 𝑉 𝑉 𝑘>0
𝑓(𝑉) = 𝑐 ( 𝑐 )𝑘−1 exp[− ( 𝑐 )𝑘 ] { (03)
𝑐>1

Vários métodos podem ser utilizados para calcular o Weibull, sendo alguns deles a
Análise por Mínimos Quadrados para Distribuição Observada, Método de Velocidades de
Vento Médio e Quartis além do Método da Correlação de k com Velocidades Médias.
(CRESEB, 1999).
Portanto deverá haver uma análise do perfil de velocidade dos ventos para ter-se a
melhor opção de utilização dos parâmetros de distribuição.
A seguir, é representado o método do Desvio Padrão, pela equação 04, e da Velocidade
Média, pela equação 05.

𝜎
𝑘 = (𝑉)−1,086 (04)

1
𝑐 = 𝑉/Γ ∗ (1 + (k)) (05)

A figura 30 coloca em evidência os fatores k e c, bem como os tipos de distribuições de


ventos, tanto distribuição Weibull quanto distribuição Rayleigh.
85

Figura 30: Relação entre parametros k e c e sistema de distribuição.

Parâmetros do sistema de distribuição


de ventos no Weibull e Rayleigh. Fator
c e fator k têm influência direta sobre
os ventos.

Fonte: Programa Eolusoft.

6.3.4 Dimensionamento do consumo de uma residência de médio porte

Em todo caso onde e se deseja realizar o dimensionamento de algum projeto de geração


distribuída, seja de pequeno, médio ou grande porte deve-se atentar a alguns fatores que se
tornam importantes na análise de viabilidade técnica e econômica. Abaixo, o fluxograma da
figura 31 demonstra essa análise a ser realizada.

Figura 31: Passos para análise de viabilidade técnica e econômica.

Fonte: Própria.
86

Para o dimensionamento do sistema proposto será considerado uma casa de médio porte,
com 10 pontos de iluminação incandescente de 60W, 10 pontos de iluminação fluorescente,
sendo a potência desses pontos de 40 W e 5 pontos de iluminação compacta sendo cada lâmpada
na potência de 20 W, como demonstrado na tabela 09.

Tabela 09: Dimensionamento da potência consumida pelo total de lâmpadas.


Iluminação
Incandecente
Potência un. Horas Lig Total
Número
W Hrs W
60 10 7 560
Fluorescente
Potência un. Horas Lig. Total
Número
W Hrs. W
40 10 7 373,33
Compacta
Potência un. Horas Lig. Total
Número
W Hrs. W
20 5 7 93,33
Total: 1026,66 Wh
Fonte: Própria.

Logo após a obtenção da potência total de iluminação, foi feito o cadastro de possíveis
eletrodomésticos presentes em uma residência de médio porte, resultando a potência consumida
por dia um total de 4442,53 Wh, demonstrado na tabela 10.

Tabela 10: Relação de eletrodomésticos e potência total consumida por dia.


Eletrodoméstico Potência (Wh)
Lâmpadas 1026,66
Televisão 352
Rádio 44
Bomba d' Agua 266
Cafeteira 60
Geladeira 1584
Freezer 186,67
Ventilador 373,33
Carregador de Celular 3,2
Computador 540
Impressora 6
Total 4442,53
Fonte: Própria.
87

Figura 32: Cadastro de equipamentos eletrodomésticos de uma residência.

Fonte: Programa Eolusoft.

Durante o cadastro foi observado que o campo dias/semana se refere apenas a um dia
da semana, e não ao número de dias em que o equipamento fica ligado, o que anteriormente
gerou uma série de valores com erros nos cálculos de potência anual requerida.
Na segunda aba do programa, no campo Recursos Energéticos foi realizado o cadastro
dos recursos da cidade de Votuporanga, tanto da velocidade dos ventos quanto da radiação solar
por dia, para que caso haja interesse, possa possibilitar o dimensionamento de sistema
fotovoltaico ou híbrido, bem como de banco de baterias para sistemas Off Grid.
Os dados cadastrados no programa estão tabulados nas tabelas 11 e 12.

Tabela 11: Localização Geográfica de Votuporanga – SP.


Dados de Localização
Local Estado Latitude Longitude Altura em relação ao mar
Votuporanga São Paulo 20° 25' 13" 49° 58' 42" 499 m
Fonte: CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito.
88

Tabela 12: Dados de radiação solar e incidência da velocidade dos ventos em 12


meses.
Dados Energéticos
Periodo de 12 meses
Radiação Solar Velocidade de Ventos
Meses
kWh/m² dia m/s
Jan 5,28 3,66
Fev 6,19 3,66
Mar 5,47 4,72
Abr 4,78 4,72
Mai 4,25 4,72
Jun 3,81 5,5
Jul 4,5 5,5
Ago 4,92 5,5
Set 4,83 5,34
Out 5,93 5,34
Nov 5,92 5,34
Fonte: CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito (adaptada).

Abaixo é apresentada a interface da aba de cálculos para o sistema eólico. Os campos a


serem preenchidos são dos coeficientes k e c, sendo que os dados de vento, e a correção dos
fatores na turbina são corrigidos dentro do próprio software, a altura em que se deseja instalar
o aerogerador do solo, qual tipo de distribuição que será aplicado para a simulação, podendo
ser tanto o parâmetro Weibull quanto Rayleigh, porém para uma maior precisão foi optado pelo
tipo Weibull, especificado na seção 6.3.3.1, e para o cálculo de massa especifica do ar é dada a
equação 06:
𝑉 𝐿
𝑚=𝜌 =𝜌 𝐴 (06)
𝑠𝑒𝑔 𝑠𝑒𝑔
A = área
L = distância percorrida (m)
L/seg. = v = velocidade de escoamento do ar

Em que os campos T, que corresponde à média de temperatura e Z, que diz a respeito


da altitude da cidade em relação ao nível do mar, no caso da cidade de Votuporanga esta altura
é de 499 metros. Logo abaixo se deve selecionar o tipo de terreno, se é urbano, rural, se possui
árvores, montanhas ou se está no nível do mar. Na classe de terreno Z0, escolhe-se o tipo, porém
este campo não altera o resultado, sendo apenas um campo em branco, e logo após seleciona-
se o tipo de turbina que se deseja.
89

Logo após é escolhido o tipo de geração, se é inteiramente eólica ou o sistema de geração


híbrido. Para o caso a ser analisado foi escolhida a turbina Inclin 1500W, pois esta supriria a
demanda energética anual com sobras, sendo o modelo oferecido pelo próprio software do
fabricante Bornay, conforme descrito na tabela 13 e apresentado na figura 33, além da média
das potências anual gerada pelo aerogerador e a potência anual requerida pela residência.

Figura 33: Interface para dimensionamento de sistema de geração eólico.

Fonte: Programa Eolusoft.

Tabela 13: Sistema ideal a ser instalado.


Sistema
Turbina: Bornay
Potência Nominal 1500W
Diametro do rotor 2,85m
Rotação Nominal S. Inf.
Velocidade Nominal 12 m/s
Fonte: Própria.
90

Figura 34: Aerogerador Inclin 1500 W Bornay.

Fonte: Vensol – Energias Renováveis, Lda.

Figura 35: Aerogerador Inclin 1500 W Bornay.

Fonte: Aerogerador Bornay 1500 – Manual do Usuário.


91

As dimensões do aerogerador são especificadas na tabela 14.

Tabela 14: Dimensões do aerogerador Inclin 1500 W.


Turbina A(mm) B(mm) C(mm) D(mm) E(mm)
Inclin 1500W 1430 1670 370 470 2040
Fonte: Aerogerador Bornay 1500 – Manual do Usuário (adaptado).

Através da análise computacional foi possível obter a seguinte curva de potência,


mostrando a relação entre a potência kW e a velocidade do aerogerador. Nota-se que quanto
maior a velocidade de giro, maior é a potência gerada, sendo que entre as velocidades de 15 e
19 m/s há uma pequena queda de geração, estabilizando novamente a partir dos 20 m/s.

Figura 36: Gráfico da curva de Potência (KW) X Velocidade (m/s).

Fonte: Programa Eolusoft.

6.3.5 Especificações técnicas e econômicas do Aerogerador Inclin 1500W Bornay


Grid Tie

Na tabela 15, são demonstradas as especificações técnicas do aerogerador Inclin 1500W


Bornay pronto para conexão à rede.
92

Tabela 15: Especificações técnicas.


Especificações técnicas
Número de Hélices 2
Diametro 2,86
Material fibra de vidro/ Carbono
Sentido de Rotação Anti - Horário

Especificações Elétrica
Alternador Trifásico de imãs permanentes
Imãs Neodimio
Potencia Nominal 1500W
Tensão 12, 24, 48 e 120V
RPM 700
24V e 80A
Regulador 48V e 40A
120V e Conexão a rede

Velocidade de vento
Arranque 3,5 m/s
Nominal 12 m/s
Frenagem automática 14 m/s
Máxima 60 m/s

Especificações fisicas
Peso do Aerogerador 41 kg
Peso do regulador 8 Kg
Garantia 3 anos
Fonte: Aerogerador Bornay 1500 – Manual do Usuário (adaptada).

Os itens a serem inclusos estão apresentados na tabela 16.

Tabela 16: Tabela de valores e itens a incluir.


Aerogerador Bornay 1500W com Inversor Aecon 4
Não incluso torre de sustentação
Valor 8.733 €
Intens a incluir
Torre de fixação Bornay P750 13m 1.599,00 €
Valor final
10.332,44 € = R$37.403,43
Fonte: Própria.

O valor total do aerogerador, sem o custo de implantação e o custo de toda


documentação para conexão à rede elétrica fica na faixa de 10.332,00 €, que convertido para a
moeda nacional ficaria em torno de R$ 37.400,00. Como o valor final do produto foi fornecido
93

em euros, a conversão foi feita pela tabela 17, que também já foi programada para realizar a
análise de Payback.

6.3.6 Análise de Payback (Viabilidade Econômica)

Payback, que em português significa retorno, é uma técnica de cálculos que serve para
a análise do prazo de retorno de um investimento que será ressarcido em um empreendimento.
A fórmula 07 demonstra como é realizado este cálculo:

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑎𝑙
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = (07)
𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑑𝑜

Através do Payback é possível determinar em quantos anos o aerogerador será pago,


levando em consideração o valor do produto, fornecido através da tabela 17, valor da moeda
nacional em relação ao valor da moeda de compra, a média anual de potência gerada, a
porcentagem do custo de manutenção (1,3), nesse caso, considera-se o valor total do
equipamento mais 30% de valor que seria gasto em manutenção, demonstrado através da
equação 08, para o aerogerador Inclin 1500W.

1,3 ∗ 𝑅$ 1,3 ∗ (€ ∗ 𝑅$) 1,3 ∗ 10.332 ∗ 3,62


𝑃𝑎𝑦𝐵𝑎𝑐𝑘 = = = = 97,46 𝑎𝑛𝑜𝑠 (08)
𝑘𝑊ℎ(𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙) 𝑘𝑊ℎ (𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙) 2.169,44 ∗ 0,23

Sendo os valores:
 1,3: Porcentagem a ser considerada em gastos com manutenção;
 10.332: Valor em Euros do aerogerador;
 3,62: Preço da cotação diária do Euro (reais);
 2.169,44: Total de geração anual;
 0,23: Valor da tarifa do kWh.

Figura 37: Tarifa para consumidores tipo B (baixa tensão).

Fonte: Elektro Eletricidade e Serviços S.A.


94

Na tabela abaixo, é possível identificar o valor da tarifa cobrada por kWh, verificando
ainda que este consumidor é atendido à baixa tensão (B1). A tabela 17 apresenta de forma
completa do Payback para o aerogerador.

Tabela 17: Cálculo de payback.


Cálculo de PayBack
Geração Anual Valor do Projeto Tarifa de Energia Custo de Manutenção Moeda Payback
kWh Euro R$/kWh % Euro Anos
2169 10332,44 0,23 1,3 3,62 97,46921
Fonte: Própria.

6.4 Considerações finais da análise técnica e econômica

Através das análises realizadas, tanto pelo software Eolusof quanto pela análise de
Payback, mostraram que a implantação da turbina considerada é inviável. Primeiramente,
devido ao tipo de aerogerador a ser indicado pelo software, já que há falta de recursos
energéticos adequados na região, portanto o aerogerador fornecerá uma potência muito baixa
em relação a sua potência nominal e valor de investimento, que é consideravelmente alto para
instalação em local onde há pouca disponibilidade de ventos. Também, os demais modelos de
aerogeradores, se mostraram insuficientes, produzindo valores abaixo do necessário para o
suprimento da carga.
Já através da análise econômica, pode-se verificar que devido ao alto valor do produto,
e a geração abaixo do necessário torna-se inviável a implantação do modelo na cidade de
Votuporanga, já que o mesmo levaria um tempo superior para ser compensado se comparado
com o tempo de vida útil do equipamento, tempo esse de compensação em torno de 97 anos.
Neste caso, a aplicação do sistema híbrido ou fotovoltaico demonstra uma maior
eficiência, por combinar os dois tipos de geração, sendo que há uma alternância entre recursos
tendo um melhor aproveitamento do sistema de geração distribuída, e pela disponibilidade de
recursos fotovoltaicos, sendo mais indicada a geração fotovoltaica.
95

7 CONCLUSÃO

Como alternativa à geração de energia elétrica, as fontes renováveis descentralizadas se


mostram indispensáveis no fornecimento de energia de forma eficiente e sustentável pela micro
e minigeração. Não pela substituição das geradoras tradicionais, mas como um complemento
ao suprimento da crescente demanda de novos consumidores conectados e o provável aumento
das cargas a serem requeridas, bem como se mostra uma alternativa aos consumidores onde não
é possível o alcance das distribuidoras de energia.
Também, a reforma da regulamentação de acesso da interconexão do Gerador
Distribuído à rede elétrica simplificou o processo para o participante, pessoa física ou jurídica,
do sistema de compensação de energia, dispensando a assinatura de contratos.
Apesar destas facilidades e da modernização tecnológica para captação dos recursos
naturais e transformá-los em energia, ainda assim o fator econômico tem um peso importante
na tomada de decisão para aquisição de equipamentos que se destinam a esse fim. A viabilidade
econômica é fator preponderante na tomada de decisão para implantação de qualquer sistema
de geração distribuída.
Através da análise da simulação de interconexão, realizada no capitulo 6, na seção 6.6,
a viabilidade de implantação de um aerogerador de pequeno porte para geração doméstica na
cidade de Votuporanga – SP se mostrou inviável, devido ao não atendimento dos requisitos
necessários para se ter uma geração eficiente para suprir a carga solicitada e devido à
inviabilidade econômica do projeto, uma vez que o custo de investimento retornará ao
consumidor em um tempo superior a vida útil do equipamento, cálculo este obtido através da
análise de Payback.
Contudo, de forma bem clara, pode-se notar que a inviabilidade nessa simulação é
devido à baixa disponibilidade de vento na região estudada, ou seja, a fonte energética é
insuficiente para compensar o consumo da unidade, o que mostra ser desfavorável uma geração
eólica local. Mas, como a incidência solar nessa região é intensa, uma fonte fotovoltaica pode
ser uma opção rentável e compensatória. Também, para o caso de uma maior disponibilidade
financeira, pode-se optar por uma fonte híbrida no qual poder-se-a ter um melhor
aproveitamento energético ao longo dos períodos do ano. Sendo assim, quando houver ausência
de uma das fontes a outra continuaria a produzir energia, alternando conforme as estações do
ano, tendo uma geração mais equilibrada, sem grandes variações anuais, oferecendo potência
necessária ao suprimento da carga requerida.
96

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Avaliação da Qualidade da Energia Elétrica. Disponível em:


<http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor/pdffiles/qualidade/a1.pdf>. Acesso em 12
Novembro de 2016.

Brasil. Agencia Nacional de Energia Elétrica. Cadernos Temáticos ANEEL Micro e


Minigeração Distribuída Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Brasília, 2014.
Disponível em: < http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/caderno-tematico-
microeminigeracao.pdf> Acesso em: Abril de 2016.

Brasil. Agencia Nacional de Energia Elétrica. Procedimentos de Distribuição de Energia


Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST. Brasília, 2016. Disponível em: <
http://www2.aneel.gov.br/arquivos/PDF/M%C3%B3dulo3_Revisao_6%20-%20LIMPO.pdf >
Acesso em: 09 de maio de 2016.

Brasil. Agencia Nacional de Energia Elétrica. RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 482, DE


17 DE ABRIL DE 2012. Brasília, 2012. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/bren2012482.pdf > Acesso em: Abril de 2016.

Brasil. Agencia Nacional de Energia Elétrica. RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 414, DE 9


DE SETEMBRO DE 2010. Brasília, 2010. Disponível em: <
http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf > Acesso em: 14 de Junho de 2016.

BRIGATTO, Gelson Antônio Andrêa. Modelo de Decisão Multiobjetivo para a busca de estratégias
ótimas de inserção de empreendimentos m Geração Distribuída. Universidade Federal de Santa
Catarina. Programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica. Florianópolis, 2011.

CEPEL, 2008. Energia Eólica – Princípios e Tecnologias. Ed CEPEL, Rio de Janeiro.

Cogeração. Disponível em: <http://www.inee.org.br/forum_co_geracao.asp?Cat=gd> Acesso


em: março de 2016

Distribuição de Weibull. Disponível em:


<http://energiaeolicaufabc.blogspot.com.br/2011/11/distribuicao-de-weibull.html> Acesso
em: 02 Novembro de 2016 ás 15:27 hrs.

Energia Eólica. Disponível em:


<http://www.mme.gov.br/documents/10584/1256600/Folder+Energia+Eolica.pdf/b1a3e78c-
7920-4ae5-b6e8-7ba1798c5961> Acesso em: abril de 2016.
97

FADIGAS, Eliane A. Faria Amaral. Energia Eólica. 1° ed. Barueri, SP: Manole, 2011.

FILHO, Armando Silva. Análise Regulatória das Condições de Interconexão da Geração


Distribuída: Requisitos para os Procedimentos de Distribuição. Itajubá: UNIFEI, 2005.
109 f. Tese Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Energia, Universidade
Federal Itajubá, Itajubá, 2005.

Fontes renováveis. Disponível em:


<http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap4.pdf> Acesso em: março de 2016.

LORA, Electo Eduardo Silva; HADDAD, Jamil. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA: aspectos


tecnológicos, ambientais e institucionais. 1ª ed. Rio de janeiro: Interciência, 2006.

Geração Distribuída. Disponível em: <http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp>


Acesso em: março de 2016.

Instituto Nacional de Eficiência Energética. Geração Distribuída. Rio de Janeiro. Disponivel


em: <http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp> Acesso em: abril de 2016.

LEÃO, R. P. S.; SAMPAIO, R. F.; ANTUNES, F. L. M. Harmônicos em Sistemas


Elétricos. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

LINHARES, Angélica Luana. Estudo do potencial energético eólico para geração de


energia elétrica descentralizada na Região Administrativa de Araçatuba no Oeste
Paulista. Araçatuba: UniSALESIANO, 2012. 107 f. Trabalho de Conclusão de Curso,
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Araçatuba, 2012.

MARQUES, Jeferson. Turbinas Eólicas: modelo, análise e controle do gerador de


indução com dupla alimentação. Santa Maria: UFSM, 2004. 158 f. Tese Mestrado -
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Maria,
2004.

Minas e Energia. Novas regras para geração distribuída entram em vigor a partir de
hoje. Disponível em: < http://www.mme.gov.br > acesso em: Março de 2016.

Notícias do MME. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/pagina-


inicial/outras-noticas/-/asset_publisher/32hLrOzMKwWb/content/programa-de-geracao-
98

distribuida-preve-movimentar-r-100-bi-em-investimentos-ate-2030> Acesso em: março de


2016.

Otimização dos parâmetros da distribuição de weibull. Disponível em:


<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/artigo/aaciih.pdf> Acesso em 03
Novembro de 2016.

PETEAN, Daniel. Metodologia para Avaliação de Influência de Geradores Distribuídos


nos Níveis De Curto – Circuito em Sistemas de Distribuição de Energia. São Carlos:
EESC, 2014. 145 f. Tese Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e
Área de Concentração em Sistemas Elétricos de Potência, Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo, 2014.

Potencial Energético Brasileiro. Disponível em: <http://www.americadosol.org/potencial-


brasileiro/> Acesso em: abril de 2016.

Potencial Eólico - Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Disponível em:


<http://www.cresesb.cepel.br/index.php#data>. Acesso em 05 Novembro de 2016.

Smart Grid. Disponível em: <http://www.cpfl.com.br/energias-sustentaveis/sites-


tematicos/smart-grid/Paginas/default.aspx> Acesso em: abril de 2016.

Sobre GD e Cogeração. Disponível em:


<http://www.inee.org.br/forum_sobre_gd_cg.asp?Cat=gd> Acesso em: março de 2016

Turbina eólica horizontal. Disponível em: <http://www.eolicafacil.com.br/turbina-eolica-


horizontal>. Acesso em 22 Out de 2016 as 22:50.
99

APÊNDICE I

Passos das etapas para o processo de solicitação de acesso de conexão com sistema de
distribuição, discorridos no item 2.3.2 do capítulo 2.

ETAPA AÇÃO RESPONSÁVEL PRAZO


(a) Formalização da
solicitação de acesso com o
encaminhamento de
documentação, dados e Acessantes -
informações pertinentes, bem
1 Solicitação de como estudos realizados.
acesso (b) Recebimento da solicitação
de acesso. Distribuidora -
(c) Solução de pendências
relativas as informações Acessante -
solicitadas na Seção 3.7.
i Para central geradora classificada
como microgeradora distribuída
quando não houver necessidade de
melhoria ou reforço do sistema de
distribuição até 15 dias apões a
ação 1(b) ou 1(c).

ii Para central geradora


classificada como minigeração
distribuída quando não houver
necessidade de execução de obras
de reforço ou de ampliação no
sistema de distribuição até 30 dias
após as ações 1(b) e 1(c).
(a) Emissão de parecer com a
2 Parecer de acesso definição das condições de Distribuidora iii Para Central geradora
acesso. classificada como microgeração
quando houver necessidade de
execução de obras de melhoria ou
reforços no sistema de distribuição
até 30 dias após a ação 1(b) ou
1(c).

iv Para central geradora


classificada como minigeração
distribuída quando houver
necessidade de execução de obras
de reforço ou de ampliação no
sistema de distribuição até 60 dias
após as ações 1(b) e 1(c).

(a) Solicitação de vistoria. Acessante Até 120 dias após a ação 2(a)

3 Implantação da (b) Realização de vistoria. Distribuidora Até 7 dias após a ação 3(a).
conexão (c) Entrega para acessante do
relatório de vistoria se houver Distribuidora Até 5 dias após a ação 3(b).
pendências.
(a) Adequação das
condicionantes do relatório de Acessante Definido pela acessante.
vistoria.
(b) Aprovação do ponto de
4 Aprovação do conexão, adequação do sistema
Até7 dias após a ação 3(b) quando
ponto de conexão de medição e inicio do sistema
não forem encontradas
de compensação de energia, Distribuidora pendências.
liberando a microgeração ou
minigeração distribuída pra sua
efetiva conexão.

Acessante e Acordo operativo até a ação 4(b).


Acordo Operativo ou
5 Contratos Relacionamento Operacional.
Relacionamento operacional até a
Distribuidora ação 2(a).
100

APÊNDICE II

Definição dos relés apresentados nos diagramas da figura 13 do item 4.2.2, capítulo 4,
de possíveis configurações de proteção de sistemas de GD quando não se pode ter operação
ilhada do sistema ou quando a energia excedente do gerador não é adquirida pela rede.

Relés Função
51N Relé de Sobrecorrente temporizado de neutro
47 Relé de Sequência de Fase de Tensão
27 Relé de Subtensão
59 Relé de Sobretensão
81/O Relé de alta Frequência
81/U Relé de baixa Frequência
32 Relé direcional de potencia
67 Relé direcional de sobrecorrente
51V Relé de sobrecorrente com restrição de tensão
46 Relé de proteção de sequência negativa
59N Relé de sobretensão residual
27N Relé de subtensão residual
25 Relé de Sincronização
101

ANEXO

Você também pode gostar