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Dissertação de Mestrado
Candidato:
José Pedro Francisco Uanicela
Supervisores:
Prof. Doutor. Rogério Uthui
Prof. Doutor. Lennart Bångens
Dissertação
Faculdade de Ciências
Dissertação de Mestrado
Supervisores:
Declaração de honra
Declaro por minha honra que esta dissertação é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações dos meus supervisores, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para propósito semelhante ou
obtenção de qualquer grau académico.
_______________________________________
Agradecimentos
Quero agradecer,
Aos meus supervisores, Prof. Doutor. Rogério Uthui e Prof. Doutor. Lennart Bångens por me
terem aceitado como mestrando e ter feito este percurso comigo, fazendo para que tudo chegasse
a bom porto. Obrigado, pelos ensinamentos e sua disponibilidade.
À minha família, em especial a minha esposa, filho, mãe, pai e todos irmãos, que têm estado
sempre ao meu lado em todos os desafios, apoiando-me, dando-me força sempre que a
motivação se desvanece.
Aos meus amigos/as que apesar de estarem longe me dão nem que seja uma palavrinha e energia
para continuar e terminar mais uma etapa da minha vida.
Aos meus colegas, meus professores e amigos do Mestrado, que fizeram esta jornada comigo e
outros que conheci neste âmbito, muito obrigado pela partilha de conhecimento, pelas boas
energias, boa disposição e sobretudo pela disponibilidade sempre que precisei.
Obrigado, a todos pelas horas dispensadas, pela ajuda, paciência, motivação, e pelas risadas que
me fizeram dar sempre que necessário!
A todos o meu muito obrigado, porque sem vocês todos não teria sido possível a concretização
desta Dissertação.
Resumo
Abstract
One of the world's current concerns is the need to use energy from clean sources. Photovoltaic
irrigation water pumping systems emerge as an alternative to this problem.
This work discusses the use of photovoltaic irrigation water pumping systems for small
properties in rural areas, where these systems can be used in areas where other energy sources
are not available or reliable, bringing a series of advantages such as independence from other
energy sources, low maintenance need of its equipment (motor, pump, module, inverter, among
others), relative ease of installation and displacement, long life of the generator and autonomous
operation. We used the field survey by interviewing the stakeholders of the pumping systems and
the literature review on the basis of the works already done. With the visit of the projects
implemented in Xinyankanine, Nalazi and Chibabele, it was verified that the lack of trained
personnel for the maintenance of the electric pumps and conditioning equipment, the theft of
equipment, mainly modules, and flaws in the design and planning of the projects influence the
sustainability of the implementation of these systems in rural areas. It is also important to
establish, from the beginning of the project, the responsibility for the operation, maintenance and
replacement of equipment, and to provide subsidies to small farmers for the good performance of
the systems, in addition to the maximization of production and productivity.
Keywords: photovoltaic energy, photovoltaic pumping systems in rural areas, productive use of
energy.
Lista de figuras
Figura 6 - Variação da declinação solar ao longo do ano. (Tidwell & Weir, 2016)......................13
Figura 20 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Nalazi....................................................................................................................39
Figura 26 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Xinhankanine........................................................................................................46
Figura 32 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Chibabele..............................................................................................................52
Lista de tabelas
Índice
Declaração de honra........................................................................................................................ii
Agradecimentos..............................................................................................................................iii
Resumo...........................................................................................................................................iv
Abstract............................................................................................................................................v
Lista de figuras...............................................................................................................................vi
Lista de tabelas.............................................................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
1.2. Problematização....................................................................................................................3
1.3. Justificativa...........................................................................................................................4
1.4. Objectivos.............................................................................................................................6
1.5. Hipóteses...............................................................................................................................6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................................8
2.8.2. Inversor.........................................................................................................................19
2.8.3. Baterias.........................................................................................................................20
2.11. Irrigação............................................................................................................................23
3. METODOLOGIA......................................................................................................................31
3.2. Investigação........................................................................................................................31
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................63
6. RECOMENDAÇÕES................................................................................................................65
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................67
ANEXOS..........................................................................................................................................I
APÊNDICES.................................................................................................................................III
1. INTRODUÇÃO
A energia solar é a fonte de energia mais abundante em todo mundo. A energia solar não é
apenas uma resposta aos actuais crise de energia, mas também uma forma ambientalmente
amigável de energia. A geração fotovoltaica (PV) é uma eficiente abordagem para o uso da
energia solar. Onde os painéis solares (uma matriz de células fotovoltaicas) são agora
amplamente usados para acender as luzes da rua, para alimentar aquecedores de água e para
atender às cargas domésticas. Actualmente o custo dos painéis solares tem sido diminuindo
constantemente, o que incentiva seu uso em vários setores (Shindre e Wandre, 2015, p.2). Uma
das aplicações desta tecnologia é usada em sistemas de irrigação para a agricultura, em que pode
ser uma alternativa adequada para os agricultores rurais no actual estado de crise de energia e
segurança alimentar em Moçambique.
O uso da energia solar já está sendo amplamente discutido como fonte alternativa de energia para
consumo doméstico e na agricultura. Em sua dissertação de mestrado, Oyama (2008) avaliou o
comportamento de uma motobomba conectada a painéis fotovoltaicos para determinar equações
da vazão em relação a irradiação solar incidente nos painéis. Nesta pesquisa, o autor fez uma
comparação qualitativa entre três sistemas de bombeamento de água: solar, manual e a diesel.
Michels et all (2009) avalia sistemas de bombeamento de água acionados por painéis
fotovoltaicos, onde conclui-se que o sistema em uma situação real de trabalho (água bombeada a
20 m de altura), apresentou eficiência que varia entre 8,5 e 9,5%, levando-se em conta dias
limpos, sem interferências de nuvens.
Uanicela, José Pedro Francisco 1
Dissertação
Vários economistas (citados por Van Koppen, Namara e Safilios-Rothschild, 2005), baseados na
análise do comportamento histórico do desenvolvimento dos países ao redor do mundo,
afirmaram que a agricultura tem sido o motor de todo o crescimento econômico e, em
consequência, a base da redução da pobreza ao longo da história o que torna evidente o uso de
energia solar na agricultura.
Nesse contexto, nem sempre é possível ter acesso a quantidades suficientes de água para
abastecer a demanda das culturas. Num informe do Banco Mundial (2007, p.3) é mencionado
que “61% da população rural nos países em desenvolvimento vivem em zonas com condições
favoráveis para a agricultura (zonas irrigadas, húmidas e semi-húmidas com pouco estresse de
umidade e com acesso de menos de 5 horas dos mercados com 5.000 ou mais habitantes). No
entanto, dois terços da população rural da África Subsaariana vivem em áreas menos
favorecidas, definidas como áridas ou semiáridas e com acesso precário ao mercado”.
1.2. Problematização
Vários estudos sugerem que o uso de fontes de energia de forma confiável e acessível é uma
condição necessária para o desenvolvimento econômico das comunidades rurais. Nesse caso, o
acesso à energia não é apenas uma condição para a melhoria da qualidade de vida (Morales,
2011, p.17). Assim, para além do fornecimento de energia eléctrica, é necessário realizar um
conjunto de acções complementares que permitam o desenvolvimento local para melhorar a
qualidade de vida no meio rural, através da concepção de sistemas fotovoltaicos de rega
adaptados a um contexto específico do meio rural, principalmente em áreas áridas e semi-áridas,
onde há má distribuição das chuvas, com períodos curtos e irregulares ao longo do ano. Como
resultado da alta irradiação solar, há também uma alta taxa de evaporação da água, a soma desses
dois factores causa escassez de água. Onde por sua vez, a falta de água faz com que grande parte
das actividades produtivas da região dependa fortemente da existência de infraestrutura hídrica
(poços, barragens, adutoras, etc.) ou do abastecimento de água com sistemas elevatórios.
1.3. Justificativa
Santos et al. (2007) mencionam que o uso de energia fotovoltaica, na operação de sistemas de
irrigação, pode ser uma alternativa para reduzir custos, eliminar impactos ambientais e pode
tornar eficiente o retorno do investimento nas atividades de irrigação, embora o retorno do
investimento da irrigação dependa de muito mais nas práticas agrícolas do que na fonte de
energia para o bombeamento de água. Como um estudo de caso de Vicente et al. (2021), onde
analisando as potências dos sistemas fotovoltaicos, aplicando irrigação, observa-se que com o
aumento da potência, ocorre uma diminuição nos valores de Custo Nivelado de Energia, em que
foram encontrados os maiores e menores valores de Custo Nivelado de Energia (LCOE) na
potência de 5kWp e 40 kWp, respectivamente. Essa tendência também foi observada por
Neste sentido, a utilização de energia fotovoltaica no bombeamento de água para irrigação é uma
aplicação produtiva de energia principalmente nas zonas rurais que dependem das chuvas para a
produção agrícola. A tecnologia pode servir para reduzir a limitação hídrica existente nas zonas
rurais moçambicanas, nomeadamente no Norte da Província de Gaza, onde outras fontes de
energia não estão disponíveis ou seu abastecimento é difícil ou insuficientemente confiável. É
importante ressaltar que os sistemas de irrigação fotovoltaicas apresentam algumas
desvantagens, visto que a época de maior demanda de água coincide com a época de maior
quantidade de radiação solar, porém, as regiões áridas que apresentam maior necessidade hídrica
com altos índices de evapotranspiração são essas, com a maior quantidade de radiação solar
disponível para implementação bem-sucedida de sistemas de irrigação fotovoltaicos.
Porém, o uso de bombas solares para a agricultura sustentável em áreas rurais, especialmente em
regiões áridas e semi-áridas, onde a taxa de precipitação é menor, pode melhorar a produção e
produtividade de diferentes culturas independentemente da época, tanto na eficiência ecológica
em geral em todos níveis tróficos (organismo, populações, comunidades, ecossistemas e
biosfera.), impactos ambientais e sociais, além da viabilidade econômica para o benefício da
comunidade.
1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
1.5. Hipóteses
Ho: O uso de sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação nas pequenas áreas rurais
não tem influência no desenvolvimento da actividade agrícola e na qualidade de vida dos
beneficiários.
H1: O uso de sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação nas pequenas áreas rurais,
impulsiona o desenvolvimento da actividade agrícola e na qualidade de vida dos beneficiários.
Que impactos podem ser produzidos pela implementação dos sistemas fotovoltaicos
de irrigação?
Como fazer com que os sistemas fotovoltaicos de irrigação sejam tecnologias
apropriadas para o desenvolvimento local?
Quais são as principais recomendações para implantação de sistemas fotovoltaicos de
bombeamento para irrigação?
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Cada uma das células apresenta uma fima camada de material tipo N e outra de material tipo P,
com pode ser observado na figura 1.
Quando há incidência de luz sobre célula fotovoltaica, há formação de um campo elétrico entre
as camadas P e N e os elétrons são orientados a fluírem da camada P para a acamada N, de
salientar que as camadas separadas são eletricamente neutras.
Estudos apontam que cada célula com cerca de 100 mm2 gera em seus terminais uma tensão
entre 0.5 e 1 V. Sendo que o valor é baixo, as células são montadas em serie para alcançar
tensões de ordem de 12 V em corrente contínua. Estes módulos podem ser utilizados
individualmente, em serie e/ou em paralelo dependendo da aplicação dos mesmos.
Das figuras acima ilustradas, temos Isc corresponde a corrente de curto-circuito da célula, Voc é a
tensão de circuito aberto, Pm é a potência máxima, Vmp é a tensão de máxima potencia e I mp é a
corrente de máxima potência. O ponto de máxima potência é aquele para o qual a máxima
potência é extraída do painel fotovoltaico e se localiza no “joelho” da curva VxL, logo para esse
ponto da curva apresentada na figura z, o produto da tensão pela corrente apresenta o seu maior
valor.
A radiação solar consiste na energia solar que é irradiada numa superfície num determinado
momento, sendo geralmente expressa em valores horários, surgindo também como radiação
diária, radiação mensal e anual, ou seja, de acordo com o intervalo de tempo que se pretende
(Lynn, 2010).
A energia solar representa a fonte permanente de energia mais abundante no planeta. A energia
solar intercetada pelo planeta anualmente é cerca de cinco mil vezes superior à soma de todas as
outras energias (energia nuclear terrestre, geotermal, gravitacional, etc).
Da energia solar extraterrestre, sob a forma de radiação, apenas um terço corresponde ao total da
radiação solar terrestre, sendo que dessa porção 70% incide nos oceanos. No entanto, os restantes
30% que incidem em solo terrestre correspondem a uma quantidade de energia significativa e
corresponde a, aproximadamente, seis mil vezes o consumo energético total dos Estados Unidos
da América (em 2009, por exemplo). (Goswami, 2015).
O sol, gera energia sob a forma de radiação, essencialmente radiação eletromagnética. Na Figura
5, apresenta-se o espetro eletromagnético com os vários tipos de radiação e comprimentos de
onda que limitam cada tipo de radiação.
Quando incidente num qualquer recetor, a radiação solar pode ser dividida em três principais
componentes (Pereira & Oliveira, 2011):
Radiação Direta: representa todos os raios solares que são recebidos pelo recetor quando
em linha reta com sol, ou seja, a que incide diretamente na superfície;
Radiação Difusa: diz respeito à luz solar recebida de forma indireta, ou seja, que é
proveniente da difração nas nuvens, nevoeiro, poeiras suspensas na atmosfera, assim
como de outros obstáculos atmosféricos;
Para além das componentes anteriormente referidas, pode ainda definir-se a radiação de duas
formas:
Figura 6 - Variação da declinação solar ao longo do ano. (Tidwell & Weir, 2016)
A declinação corresponde, assim, ao valor associado à latitude a qual a radiação solar incide
diretamente segundo um eixo vertical ao meio dia solar para certo dia. (Tidwell & Weir, 2016):
A posição aparente do sol pode ser descrita por dois ângulos: a altitude solar e o azimute solar. A
altitude solar, 𝛼, é o ângulo entre uma linha colinear com os raios solares e o plano horizontal. O
azimute solar, 𝑎𝑠, é o ângulo entre a direção Sul e a projeção da linha Sol-Terra sobre a
horizontal. Por convenção, o ângulo azimute assume valores negativos a este da direção Sul e
valores positivos a oeste, ou seja: 𝑎𝑠=0, em sul e varia entre os valores -90º e +90º entre este e
oeste, respetivamente. (Goswami, 2015)
O angulo zénite solar, z, é o ângulo formado entre o plano vertical e linha do sol e pode ser
calculado de acordo com a equação (2.2):
𝑧 (°)=90°− 𝛼
Os ângulos de altura solar a e de azimute solar podem ser expressos em função dos ângulos
fundamentais (Goswami, 2015):
Ângulo horário solar, ℎ𝑠, O ângulo horário de 15° corresponde a uma hora, demorando
24 horas a completar a volta completa de 360º. Para a hora que o Sol está mais alto (meio
dia solar) o ângulo solar é nulo, para a manhã é negativo e para a tarde é positivo.
Latitude, 𝐿, ou seja, o ângulo entre a linha do centro da terra até ao local e o plano
equatorial. Esta depende da localização no planeta, considerando-se positiva no
hemisfério norte e negativa no hemisfério sul.
Declinação solar, 𝛿𝑠, já referida anteriormente e que depende do dia do ano.
De forma a calcular os ângulos solares, é necessário determinar a Hora Solar Local (HSL), que
difere da Hora Local Standard (LST) (Tidwell & Weir, 2016). Assim sendo, é necessário
estabelecer uma relação entre a HSL e LST. No entanto, antes disso, há que considerar que
velocidade de rotação da Terra em torno do Sol não é constante, uma vez que a órbita não é
circular, pelo que há que introduzir uma correção - ET (equation of time) – que pode ser
exprimida em função de cada dia, n, da seguinte forma (“Solar Time,” PV Education):
A energia fotovoltaica contribui para a mitigação das emissões antropogénicas de gases de efeito
de estufa para a atmosfera, mas a sua contribuição ainda não é suficiente para se alcançar as
metas propostas no protocolo Quioto (Masini e Frankl, 2002).
Deste potencial, cerca de 7 GW, ou seja, mais de 500 projectos, maioritariamente hidroeléctricos,
mas também eólicos, solares, de biomassa e geotérmicos, constituem soluções e alternativas para
o sistema electrico de Moçambique a ponderar e possivelmente integrar em futuros planos de
expansão da rede eléctrica.
Moçambique tem um recurso solar abundante e inexplorado que poderia ser aproveitado à escala
de utilidades, bem como fotovoltaico residencial para a electrificação da rede ou para aplicação
na agricultura, tanto dentro como fora da rede. O mapa seguinte mostra o perfil global de
irradiação horizontal de Moçambique que varia entre 1.785 e 2.206 kWh/m 2/ano. O potencial de
aproveitamento da energia solar é limitado tanto pelo restabelecimento contínuo da política
energética em Moçambique como pela dispersão da população rural em todo o país. Do potencial
total de 23.000 GW, apenas cerca de 2,7 GW seriam realisticamente adequados para projectos
solares compatíveis com os actuais planos de electrificação e expansão da rede. No entanto, o
facto de a população rural estar altamente dispersa significa que, em vez de estender a
electrificação na rede, os sistemas solares domésticos fora da rede e as mini-redes poderiam ser
uma alternativa mais rentável para fornecer acesso à electricidade em comunidades remotas e
dispersas (Baruah e Coleman, 2020).
Contudo, dado que mais de metade da população moçambicana vive em comunidades rurais, este
aumento é ainda baixo, representando um desafio para alcançar o objectivo de electrificar todas
as famílias moçambicanas até 2030.
A energia fotovoltaica diz respeito à tecnologia que gera potência elétrica em corrente contínua
(DC), medida em Watts, a partir de materiais semicondutores, quando estes são iluminados por
fotões. Enquanto incidir luz na célula solar – componente individual do PV – é gerada potência
elétrica. As células solares são constituídas por materiais chamados semicondutores, que tem
eletrões ligados de forma fraca que ocupam uma faixa energética chamada banda de valência
(valence band).
No caso de ser exercida sob um eletrão de valência uma energia superior a certo limite - energia
de band gap - as ligações são quebradas e o eletrão encontra-se livre para se deslocar até uma
nova camada de energia chamada camada de condução (conduction band), onde se torna possível
a condução de eletricidade através do material. Assim, os eletrões livres na banda de condução
são separados da banda de valência pelo intervalo de banda (medidos em unidades de eletrão de
volts V, ou eV). Essa energia necessária para a libertação do eletrão pode ser fornecida por
fotões, que são partículas de luz.
Assim, de forma geral, quando as células solares se encontram expostas à luz solar, os fotões
atingem os eletrões da banda de valência, quebrando as suas ligações e encaminhando-os para a
camada de condução. Nesta camada, um contato seletivo, que faz a coleção dos eletrões,
encaminha os eletrões para um circuito externo. Os eletrões perdem a sua energia ao fazerem
trabalho num motor elétrico, que depois pode ser utilizado para bombear água, alimentar uma
lâmpada ou máquina de costura, entre outros. De seguida, os eletrões são restaurados para a
célula solar através do loop de retorno do circuito, feito através de um segundo contato seletivo,
que os encaminha de volta à banda de valência com a mesma energia com que haviam iniciado o
seu caminho. Este movimento de eletrões no circuito externo e nos contatos é chamado de
corrente elétrica. (Luque & Hegedus, 2003)
O potencial ao qual os eletrões são entregues à corrente exterior é superior à energia necessária
para a sua excitação (ou seja, maior que a energia da band gap). Assim, por exemplo, um
material com um band gap de 1 eV, se os eletrões forem excitados por um fotão de 2 ou 3 eV
terão um potencial ligeiramente superior a 1 V (ou seja, o eletrão é entregue com uma energia de
1 eV). A potência elétrica produzida é o produto da corrente pela tensão, ou seja, a potência diz
respeito ao número de eletrões livres multiplicados pelo seu potencial. (Luque & Hegedus, 2003)
2.8.2. Inversor
Os inversores são dispositivos utilizados para fazer a ligação entre o gerador fotovoltaico
(conjunto de módulos fotovoltaicos) e a carga AC dos equipamentos ou a rede. Têm o objetivo
de converter o sinal elétrico DC proveniente do gerador fotovoltaico num sinal AC, sendo que,
numa fase posterior, ajusta o sinal para a frequência e nível de tensão da rede à qual está ligado.
Estes equipamentos podem ser utilizados para vários tipos de configurações:
Para além da eficiência da conversão de corrente, o inversor deverá ter integrados componentes
que controlem o modo de operação diário: este deverá assegurar que a operação inicia (durante a
manhã) assim que a energia solar é suficiente para que as células solares entrem em
funcionamento. Ao longo do dia, o seu funcionamento ótimo varia com as flutuações de energia
solar e a temperatura do módulo. Os inversores inteligentes deverão, assim, incluir componentes
eletrónicos de controlo que reajustem continuamente o equipamento para funcionar no seu ponto
mais favorável – maximum power point tracking (MPPT). Para além disso, deverão estar
incluídos equipamentos de segurança no inversor que automaticamente desliguem o sistema em
casos de irregularidades na rede ou no gerador solar. (Luque & Hegedus, 2003)
2.8.3. Baterias
Para caraterizar uma bateria, é necessário ter em conta alguns fatores, entre eles a sua tensão,
densidade e energia específica, rendimento energético, capacidade (quantidade máxima de
energia elétrica que a bateria pode fornecer durante o seu processo de descarga e até a descarga
estar completa), auto descarga (percentagem de descarga da bateria mesmo quando não é
utilizada), ciclos de vida (número de vezes que bateria pode carregar/descarregar durante a sua
vida útil) e profundidade de descarga.
O regulador de carga funciona como elo de ligação entre os módulos fotovoltaicos, o banco de
baterias e a carga de consumo. Este controla o armazenamento de energia das baterias, evitando
a sua sobrecarga/sobredescarga, através da análise da tensão na mesma. As suas caraterísticas
principais para bom funcionamento são (Luque & Hegedus, 2003):
Nogueira (2009) desenvolveu um estudo que consistiu em utilização de sistemas solar e eólico
no bombeamento de água para uso na irrigação. Este autor utilizou uma placa fotovoltaica de
0,60 metros de largura por 1,10 metros de altura com 71 Watts de potência e uma bomba
Shureflo de 12 cv modelo 8.000 – 443 – 136, que bombeava água para um reservatório a 9
metros de altura, para depois ser usada com auxílio da gravidade. O autor notou que o número de
placas solares necessárias aumentava com o aumento de demanda hídrica da cultura e
diminuição de horas de insolação, ao longo do ano, tendo atingido um número máximo
equivalente a 9 placas que se verificou, em todos meses do ano, exceto em agosto e setembro,
pois esses meses apresentam maior horas de insolação fato que contribuiu à diminuição de
número de placas solares.
Morales (2011) desenvolveu uma pesquisa que teve como objetivo utilizar sistemas
fotovoltaicos, no bombeamento de água, para irrigação em pequenas propriedades rurais, onde
foi empregada combinação de sistema fotovoltaico com baterias e reservatórios de água. Uma
das conclusões que o autor determinou foi o custo inicial alto aos produtores rurais, que diminuía
com o passar do tempo pela baixa necessidade de manutenção.
Sobenko (2016) realizou estudo que tinha como base o desenvolvimento de um kit de irrigação
por microtubos com motobombas propulsionadas por energia solar. O autor usou um sistema que
continha placas solares, controlador de carga, baterias e reservatórios. Quando o autor avaliou a
uniformidade de irrigação em campo, encontrou o resultado: CUC = 93,63%, UD = 91,55%. O
mesmo autor observou que a potência absorvida variou entre 68 a 78 Watts em virtude da
oscilação na insolação diária. E também chegou à conclusão de que o uso dessa técnica é viável,
em termos de custo, principalmente, quando não se usa automação.
Quando se pretende usar sistema fotovoltaico que contenha banco de baterias para
armazenamento de energia, deve-se também dimensiona-lo, estimando o número total de baterias
necessárias para armazenar energia de suprimento (Grah, 2014).
2.11. Irrigação
A irrigação é o fornecimento de água ao solo, quando a fornecida pela chuva ou águas
subterrâneas não é suficiente, na quantidade e no momento certo, visando proporcionar umidade
adequada ao desenvolvimento dos cultivos, assim garantindo a produção e a produtividade
(Morales, 2011, p.39). A irrigação pode ser total, quando fornece a quantidade de água para o
ciclo completo de desenvolvimento da cultura, ou parcial, quando fornece água somente para um
período do ciclo, sendo o restante provido pela precipitação local.
A irrigação é uma prática artificial que consiste em fornecer água às culturas que é fundamental
para minimizar problemas como a falta e a má distribuição da precipitação natural em algumas
regiões (Kunz; Ávila; Petry, 2014). Existem basicamente quatro métodos de irrigação: irrigação
superficial, aspersão, localizada e subirrigação. Mas, dentre os quatro métodos, há que destacar a
irrigação localizada por apresentar maior eficiência no uso da água. Mantovani, Bernardo e
Palaretti (2009) afirmam que este é o método em que a água é aplicada, diretamente, na região
radicular, em pequenas intensidades (baixa vazão) e altas frequências (turno de rega pequeno),
mantendo a umidade do solo próxima à capacidade de campo.
De acordo com Hagos (2009, p.1), a irrigação contribui para a economia de uma nação de várias
maneiras: Ao nível microeconômico, a irrigação permite o incremento da produção por hectares
e em consequência da renda do agricultor e de segurança alimentar. A irrigação permite a
diversificação de culturas e a mudança de produção de culturas de baixo valor para produtos de
alto valor no mercado. A irrigação pode trazer benefícios aos agricultores pobres, pelos
incrementos em produção, diminuição dos riscos de estragos da safra, e a criação de empregos
diretos ou indiretos durante quase todo o ano, em virtude do cultivo.
A irrigação pode ser dividida nas seguintes modalidades: superficial, aspersão e localizada
(Andrade, 2001); há ainda a irrigação subterrânea com inexpressiva utilização.
Apesar de não precisar de altas pressões para a distribuição da água, este método utiliza grandes
quantidades de água e, consequentemente, muita energia para sua realização.
sombreada pela planta molhada deve ser 20% nas regiões úmidas e 33% nas regiões semiáridas.
Uma área molhada maior que 55% da área sombreada pela planta deixa de ser parte deste tipo de
irrigação (Santos, 1997).
A quantidade de água que é necessária fornecer às plantas para compensar a perda de água por
evapotranspiração das culturas instaladas é definida como a necessidade hídrica das plantas. Esta
necessidade representa a quantidade de água que as plantas precisam para se manterem saudáveis
e poderem realizar as suas funções normais. Os valores das necessidades hídricas das plantas são,
pois, idênticos aos valores da evapotranspiração cultural (Allen et al., 1998).
As necessidades hídricas de uma cultura podem ser analisadas de duas perspectivas:
A nível de projecto dos sistemas de rega, onde se pretende efectuar uma estimativa das
necessidades para dimensionar as diversas partes constituintes do sistema;
A nível da gestão de rega, onde se procura avaliar as necessidades reais da cultura de
modo a optimizar os consumos de água da instalação.
No âmbito deste trabalho serão exploradas as necessidades hídricas a nível do projecto de
sistemas de rega, uma vez que será essencial para a determinação do caudal de projecto.
A nível da gestão de rega, onde se procura avaliar as necessidades reais da cultura de modo a
optimizar os consumos de água da instalação.
No âmbito deste trabalho serão exploradas as necessidades hídricas a nível do projecto de
sistemas de rega, uma vez que será essencial para a determinação do caudal de projecto.
A energia solar vinha sendo testada para o bombeamento de água desde a segunda metade do
século XX, mas as condições tecnológicas necessárias para o bombeamento fotovoltaico só
ocorreram bem mais tarde (Poza, 2008). Muitos projetos foram desenvolvidos ao redor do
mundo e uma análise mais detalhada do histórico dos projetos de bombeamento fotovoltaico
pode ser encontrada em Poza (2008) e Fedrizzi (2002). No entanto, é difícil saber com precisão
quando essa tecnologia começou a ser utilizada para a irrigação.
Durante a década de 1960, foi implementado com êxito um sistema fotovoltaico de irrigação na
antiga União Soviética, em uma área remota do semiárido do sudeste do país. No Japão, alguns
dos sistemas fotovoltaicos instalados entre 1963 e 1973 foram usados para a irrigação. Em 1977,
nos Estados Unidos da América, foi instalado um sistema experimental para irrigação, uso de
ventiladores para secagem de grãos e outros equipamentos (Morales, 2011, p.58).
Entre 1979 e 1981, uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), o Banco Mundial (BM) e a ONG Intermediate Technology Development Group
(ITDG) permitiu a realização de um projeto piloto para avaliação de pequenos Sistemas
Fotovoltaicos de Irrigação (de 100 a 300 Wp) usados em pequenas propriedades rurais de Mali,
Filipinas e Sudão.
O Programa Regional Solar (PRS) para o abastecimento de água com energia fotovoltaica a oito
países da região Saheliana instalou 1.040 sistemas fotovoltaicos de bombeamento. Além do uso
doméstico, foi fomentada a irrigação de hortaliças e frutíferas. Este programa foi pioneiro na
avaliação e controle de qualidade dos equipamentos antes de serem instalados (Fedrizzi, 2002).
O fundo Global Enviroment Facility (GEF) - Small Grants promoveu a instalação de quatro
SFVI demonstrativos na Tanzânia, com a finalidade de reduzir a pobreza alimentar de
comunidades rurais. Uma parte do investimento foi viabilizada pelo fundo (60%) e o restante
pelo governo local (10%) e as comunidades (30%). O fundo promoveu também a instalação de
dois sistemas fotovoltaicos de bombeamento na Albânia, um dos quais teve dedicação exclusiva
para irrigação.
Existe grande variedade de sistemas de bombeamento de água que podem ser aplicadas em zonas
rurais. Os sistemas de bombeamento podem ser classificados de acordo com suas fontes de
energia e suas características técnicas. Quanto à escolha de um sistema de bombeamento a tabela
3 mostra as vantagens e desvantagens de três opções de bombeamento: com rede elétrica
convencional, com motores de combustão interna e com sistemas fotovoltaicos.
Tabela 1 - Comparação entre sistemas de bombeamento segundo a fonte
Moçambique apresenta fontes de água disponíveis para a prática de irrigação, desde os rios e
furos profundos, mas ainda há dificuldades do uso desses sistemas devido a falta de tecnologias
de irrigação óptimas para SPIS e quanto aos sistemas de rega mais usados, pesquisas revelam
que apenas o sistema de gotejamento está amplamente disponível em Moçambique, e um dos
maiores ricos é a questão do roubo e vandalização, sendo necessário a proteção ou soluções
portáveis.
Umas das barreiras no país para esses sistemas, é a falta de conhecimento e experiência limitados
com SPIS, peças sobressalentes não amplamente disponíveis devido ao desenvolvimento
limitado do mercado e concursos públicos não acessíveis para a maioria dos fornecedores, onde
os fornecedores pagam 7,5% de imposto de importação e 17% de IVA, custo dos pequenos
sistemas de irrigação solar (min 1000 EUR) demasiado elevado para a maioria dos agricultores
moçambicanos e o acesso ao crédito é limitado, com a taxa de juro comercial demasiado elevado
(19,3%).
No que toca a questão do género, o acesso a serviços modernos de energia, como caso de uso de
sistemas de irrigação solar pode, portanto, melhorar a vida das mulheres, melhorando sua
condição de saúde, reduzindo a pobreza, e melhorando a sua produtividade nas actividades de
geração de renda. O acesso a serviços modernos de energia é fundamental para atender às
necessidades sociais básicas, impulsionando o crescimento econômico e fomentando o
desenvolvimento humano. Isto porque os serviços de energia têm um efeito sobre a
produtividade, saúde, educação, água potável e serviços de comunicação (Amie Gaye, 2007).
O caso mais bem-sucedido é a empresa queniana Sunculture que oferece bombas solares e
aparelhos domésticos com soluções de pagamento móvel. Recentemente, angariaram 25M USD
para expandir-se para a África Ocidental, mas ainda não estão operacionais em Moçambique.
3. METODOLOGIA
Este capítulo, fala das opções e procedimentos metodológicos, adoptados para a prossecução
desta pesquisa, com o intuito de alcançar os objectivos traçados inicialmente.
3.2. Investigação
radiação solar e a geração de eletricidade. Para além disso, serviu como uma base de dados em
forma de mapa para a radiação solar, potencias dos módulos, o número dos módulos, podendo-se
retirar a distribuição geográfica e temporal do recurso solar.
b) Entrevista da comunidade nas propriedades visitadas
Fizeram-se entrevistas as comunidades de Xinhankanine, Nalazi e Chibabele, onde participaram
dois técnicos do Serviço Distrital das Actividades Económicas de Guijá, líderes comunitários e
os moradores beneficiados pelos sistemas de irrigação fotovoltaicos. A entrevista teve como
objectivo o levantamento de dados para modelação dos sistemas de rega nas propriedades
abrangidas, onde foi possível identificar os equipamentos e configurações dos sistemas, os
beneficiários e foi possível também fazer alusão do estado de funcionamento dos mesmos, assim
com o levantamento das inquietações da comunidade acerca da implementação dos sistemas de
irrigação fotovoltaicos.
Através dos dados dos três sistemas implementados disponibilizados com ajuda dos técnicos do
Serviço Distrital de Actividades Económicas de Guija foi possível fazer levantamento dos
seguintes parâmetros:
Comprimento das tubulações (sucção e recalque);
Alturas geométricas (sucção e recalque);
Natureza do tubo e respectiva rugosidade;
Fonte de água usada;
Fonte de energia;
Tempo de funcionamento da bomba;
Irradiação;
Tempos de operação do sistema (horas, dias e meses) e
Potência das bombas instaladas.
Esses dados foram de extrema importância para análise do tipo de tubo adequado para essas
áreas, a fonte mais adequada para pratica dos sistemas de irrigação fotovoltaica, o tempo de
funcionamento da bomba que influência directamente no ciclo de vida da bomba, na comparação
dos sistemas existentes com a modelação feita, com objectivo de averiguar as falhas existentes e
dar recomendações.
O trabalho de campo foi desenvolvido no mês de Junho conforme ilustra a tabela abaixo
Como dito anteriormente, neste trabalho serão projectados sistema fotovoltaico para
bombeamento de água voltado para irrigação, utilizando-se método simplificado para o
dimensionamento do sistema.
Serão criados três casos fictícios, nos locais visitados, sendo a localização do sistema
fotovoltaico de Nalazi (24ͦ02’57”S e 33ͦ19ʹ39”E). O dimensionamento empírico do sistema
fotovoltaico de bombeamento de Nalazi foi baseado no índice de radiação diária media mensal
medida através CLIMWAT 2.0 e FAO CRPWAT 8.0.
Tabela 4 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Nalazi
irrigada e a altura manométrica total a ser considerada será de 39 m. A energia gerada pelo
arranjo fotovoltaico alimentará a bomba solar.
A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água descrita acima de 0,0228 m 3/h, a
quantidade de água necessária pode chegar aos 0,5472 m 3 por dia e área total possui 20 000 m 2
então, teremos que bombear 10944 L por dia (0,456 m3/h).
Para seleção da bomba solar baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO
e GIZ. Onde usou-se dados de irradiação do mês com baixo registo (Junho) com 13.5 MJ/m 2/dia
do estacão meteorológica mais próxima da comunidade de Nalazi, conforme é ilustrada na figura
abaixo.
Figura 14 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Nalazi
Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba trifásica, auto-escorvante do fabricante WILO modelo Actun
FIRST SPU4.02-14-B que é movida por um motor NU XI4 - 50 com 14 estágios (ver a figura
22). Para esta situação, a vazão da bomba é de 0,456 m 3/h e ela trabalhara por 2,4 horas (144
minutos).
Considerando que a bomba funciona a 2A da corrente da entrada com potência nominal e uma
tensão de 400 V, a uma potência nominal de 0,75 kW conforme a figura acima.
A potência elétrica máxima (PB) dessa bomba é dada pelo produto da corrente pela tensão que
corresponde:
PB = V x I
PB = 400 V x 2 A
PB = 800 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CanadianSolar. As especificações do modelo
escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 5 - Especificações dos painéis solares
EP = PP x SP
EP = 315 x 3,75
EP = 1181,25 Wh/dia
O número mínimo de painéis que formarão o arranjo fotovoltaico é dado pelo resultado
aproximado da divisão da energia da bomba (EB) pela energia gerada por único painel (EP).
n = EB/EP
n = 1920/1181,25
n = 1,625 painéis
O resultado será arredondado por excesso e será utilizado um arranjo de 3 painéis ligados em
paralelo para conseguir a energia diária de suprimento (ES) que será calculada a seguir:
ES = Ep x n
ES = 1181,25 x 3
ES = 3543,75 Wh/dia
A seguir é ilustrada o esquema final do sistema de irrigação empírico de Nalazi com detalhes do
manancial, acessórios e sistema de irrigação.
Para completar o estudo do Sistema empírico de Nalazi, apresenta-se a seguir a tabela com
preços dos equipamentos e o total investido para este caso.
Total 185.464,68
sustentabilidade da bomba. Assim sendo os painéis instalados são de 600W, o custo total será de
90.900,00 Mt, valor convénio que os beneficiários são capazes de comprar.
A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água que necessita de 0.12 l/s, sendo
necessário 2,88 l/dia e considerando uma área irrigável de 10 000 m 2 então, teremos que
bombear 28800 L por dia (1.2 m3/h).
Para seleção da bomba baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO e
GIZ. Onde usou-se dados de irradiação média mensal do registo mais baixo com 12.7 MJ/m 2/dia
(3,528 KWh/m2) do estacão meteorológica mais próxima de Xinhankanine, como ilustra a figura
abaixo.
Figura 20 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Xinhankanine
Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba monofásica, do fabricante WILO modelo Actun OPTI
MSI4.06-12 que é movida por um motor XI4-50 com 10 estágios (ver a figura 28). Para esta
situação, a vazão da bomba é de 8,23 m3/h e ela trabalhara por 4 horas (240 minutos).
PB = 2875 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CANADIAN com 60 células. As especificações
do modelo escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 8 - Especificações dos painéis solares
EP = 1164,9 Wh/dia
O número mínimo de painéis que vão constituir o arranjo fotovoltaico é dado pelo resultado
aproximado da divisão da energia da bomba (EB) pela energia gerada por único painel (EP).
n = EB/EP
n = 11500/1164,9
n = 9,87 painéis
O resultado será arredondado por excesso e será utilizado um arranjo de 10 painéis ligados em
paralelo para conseguir a energia diária de suprimento (ES) que será calculada a seguir:
ES = Ep x n
ES = 1164,9 x 10
ES = 11649 Wh/dia
A seguir é ilustrado o esquema final do sistema de irrigação empírico de Xinhankanine com
detalhes do manancial, acessórios e sistema de irrigação.
Total 688.977,40
vandalismo. Neste sentido podia se redimensionar o Sistema alocando a bomba existente para
outra comunidade, visto que o custo de abertura de furo é Elevado ou fazer se o novo furo.
Com base na Figura acima o mês mais crítico é Novembro, sendo que a cultura necessita de
muita água nesse mês correspondente a um caudal de 0.44 l/s (0,0264 m3/h).
Sistema será composto por arranjo fotovoltaico, um controlador de carga, tanques elevados para
armazenamento de água e a eletrobomba submersível num furo subterrâneo. A captação de água
será feita através de furo subterrâneo e a altura manométrica total a ser considerada será de 456
m. A energia gerada pelo arranjo fotovoltaico alimentará a bomba solar.
A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água que necessita de 0.44 l/s, sendo
necessário 10,56 l/dia e considerando uma área irrigável de 30 000 m 2 então, teremos que
bombear 316800 L por dia (13,2 m3/h).
Para seleção da bomba baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO e
GIZ. Onde usou-se dados de irradiação média mensal do registo mais baixo com 12.4 MJ/m 2/dia
(3,44 KWh/m2) do estacão meteorológica do distrito de Chibuto, como ilustra a figura abaixo.
Figura 26 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Chibabele
Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba trifásica, do fabricante WILO modelo K8.50 que é movida
por um motor NU 811-2/95com 20 estágios (ver a figura 34). Para esta situação, a vazão da
bomba é de 13,2 m3/h e ela trabalhara por 2 horas (120 minutos).
Considerando que a bomba funciona a 89 A da corrente da entrada com potência nominal e uma
tensão de 400 V, a uma potência nominal de 55 kW conforme a figura acima.
A potência elétrica máxima (PB) dessa bomba é dada pelo produto da corrente pela tensão que
corresponde:
PB = V x I
PB = 400 V x 89 A
PB = 35600 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CANADIAN. As especificações do modelo
escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 11 - Especificações dos painéis solares
ES = 70520 Wh/dia
A seguir é ilustrado o esquema final do sistema de irrigação empírico de Chibabele com detalhes
do manancial, acessórios e sistema de irrigação.
Para completar o estudo do Sistema empírico de Chibabele, apresenta-se a seguir a tabela com
preços dos equipamentos e o total investido para este caso.
Total 1,732,155.16
Para estudo da situação dos sistemas instalados recorreu-se a entrevista com a comunidade, com
objectivo de levantamento de dados para modelação dos sistemas de rega nas propriedades
abrangidas, onde foi possível identificar os equipamentos e configurações dos sistemas, os
beneficiários e foi possível também fazer alusão do estado de funcionamento dos mesmos, assim
com o levantamento das inquietações da comunidade acerca da implementação dos sistemas de
irrigação fotovoltaicos.
A B
Tem uma estrutura telada (estufa) para cultivo protegido para plantio de viveiros de hortícolas e
de mudas, em uma área actualmente de 0,5 ha. Segundo os técnicos e os reesposáveis do sistema,
o sistema ainda está em operação.
A B C
D E
devido a redução da carga, influenciado por roubo de uma linha de módulos (conforme ilustra a
figura 16) num total de três.
A B C
Os projetos instalados no distrito de Guijá, apesar de terem sido projetados por equipes
diferentes, apresentam algumas características em comum, comentadas a seguir:
Os projetos apresentados nesse estudo utilizavam eletrobombas submersíveis projetadas para uso
específico em sistemas fotovoltaicos.
Verifica-se altos preços dessas eletrobombas dedicadas a sistemas fotovoltaicos que as torna
inacessíveis sem uma linha de crédito especial para pequenos produtores rurais no país.
A falta de pessoal capacitado para manutenção das eletrobombas, dos equipamentos de
condicionamento é outro problema importante. Sem assistência técnica adequada e sem a
possibilidade de troca imediata dos componentes, os sistemas ficam paralisados ocasionando
perdas da produção agrícola.
Algumas falhas associadas com as eletrobombas poderiam ser evitadas com um treinamento
mais detalhado e continuo dos usuários.
Outro problema identificado foi o furto de equipamentos, como módulos principalmente. Tal
problema está, normalmente, associado a sistemas instalados distantes das residências,
facilitando a ação dos criminosos.
Os projetos estudados foram concebidos como pilotos e financiados a fundo quase perdido
através do PROSUL. Este tipo de financiamento facilita a transferência de um tipo de tecnologia
aos usuários. O problema é que sem a criação de um fundo de reposição para os equipamentos e
o respaldo de uma entidade local, os projetos acabam quando o dinheiro acaba também e/ou as
instituições cessam com os financiamentos.
A questão da padronização dos sistemas dimensionados vai permitir a redução dos custos de
compra e envio de equipamentos e materiais de reposição, assim como as técnicas de instalação,
operação e manutenção, simplificando assim, o trabalho dos técnicos. Embora a padronização
pode dificultar a adaptação dos sistemas às características locais de demanda como já aconteceu
em projetos como Nalazi e Chibabele e, ainda, reduzir a vida útil dos equipamentos se eles não
estiverem adequados às condições locais. Neste sentido, pode-se trabalhar com várias
configurações que permitam satisfazer as diferentes características da demanda hídrica (fonte de
água, tipo de culturas, práticas agrícolas).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, um dos grandes problemas dos sistemas analisados, está na má distribuição da
água e irregularidade dos recursos hídricos, tratando de zonas com características semiáridas.
Onde a escassez de água reduz a capacidade de produção dos campos agrícolas, a segurança
alimentar e a possibilidade de mudança de produção para cultivos com melhor valor no mercado.
Os sistemas fotovoltaicos de bombeamento podem ajudar no aproveitamento do potencial
hídrico tanto para consumo humano, como para usos produtivos. Além disso, a zona semiárida é
uma região com excelente recurso solar.
lições aprendidas por projetos anteriores para uma boa sustentabilidade dos projectos presentes e
futuras.
Os sistemas de aplicação optimizados para bombas solares caracterizam-se por uma elevada
eficiência de água e baixa pressão, uma vez que ambos os aspectos têm impacto directo no
volume de água disponível para as culturas, para uma dada bomba solar. As tecnologias óptimas
de irrigação para bombas solares incluem tubos de pulverização, sistemas de gotejamento,
sistemas de chuva, mangueiras de grande diâmetro e bacias com latas de pulverização. Apenas os
sistemas de gotejamento estão amplamente disponíveis em Moçambique, mas o seu custo é
proibitivo para a maioria dos pequenos agricultores das comunidades visitadas.
6. RECOMENDAÇÕES
Dos projectos visitados os entrevistados mostraram que doar bombas solares, também não é a
opção preferida dos mesmos, uma vez que a falta de propriedade ou interesse genuíno
geralmente compreende a utilização e manutenção efectiva desta tecnologia. Como
recomendação há necessidade de fornecer subsídios aos agricultores. Vários peritos
recomendam, portanto, que se subsidie parcialmente as bombas e se deixe os agricultores
pagarem cerca de 20% do custo restante.
O custo de capital para a transição para o solar é elevado para a maioria dos agricultores rurais
entrevistados. Recomenda-se a criação de instrumentos financeiros para os apoiar. Por outro
lado, o país precisa de mais vendedores de tecnologia estrategicamente localizados para poder
fornecer e apoiar as comunidades rurais em pecas subssalentes e assistência técnica.
Para quase todos sistemas visitados, recomenda-se que se faça um estudo de viabilidade, visto
que os depoimentos acolhidos demostram uma grande exclusão da comunidade na inserção dos
sistemas propostos, em que os sistemas foram subdimensionados e há muita área por irrigar e a
capacidade dos sistemas não permite.
Recomenda-se que a instalação do sistema deve ser planeada previamente, com estimativas do
tempo necessário, das ferramentas, do número de ajudantes, das condições climáticas no
momento de instalação, do estado da fonte de água e das obras civis necessárias para instalação
do sistema hidráulico e elétrico.
Recomenda-se que, quando acabada, a instalação deve ser testada para conferir o bom
desempenho do sistema (funcionamento dos equipamentos, comparações dos valores dos
parâmetros elétricos e hidráulicos reais com os esperados, localização correta dos equipamentos,
medidas de segurança, etc.). Essa verificação deve ser feita imediatamente após a conclusão da
instalação.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
APÊNDICES