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Faculdade de Ciências

Curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia de energias Renováveis

Dissertação de Mestrado

Utilização de Sistemas Fotovoltaicos na Irrigação de Pequenas


Propriedades das Zonas Rurais. Estudo de caso dos sistemas
das localidades de Xinyankanine, Nalazi e Chibabele do
distrito de Guijá, Província de Gaza

Candidato:
José Pedro Francisco Uanicela

Supervisores:
Prof. Doutor. Rogério Uthui
Prof. Doutor. Lennart Bångens
Dissertação

Faculdade de Ciências

Curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia de


energias Renováveis

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências da


Universidade Eduardo Mondlane, para obtenção de grau de
Mestre em Ciência e Tecnologia de Energias Renováveis.

Supervisores:

Prof. Doutor. Rogerio Uthui

Prof. Doutor. Lennart Bångens

Maputo, Março de 2023

Declaração de honra

Declaro por minha honra que esta dissertação é resultado da minha investigação pessoal e das
orientações dos meus supervisores, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este

Uanicela, José Pedro Francisco i


Dissertação

trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para propósito semelhante ou
obtenção de qualquer grau académico.

Maputo aos , ___de ________de 2023

_______________________________________

(José Pedro Francisco Uanicela)

Uanicela, José Pedro Francisco ii


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Agradecimentos

Quero agradecer,

Aos meus supervisores, Prof. Doutor. Rogério Uthui e Prof. Doutor. Lennart Bångens por me
terem aceitado como mestrando e ter feito este percurso comigo, fazendo para que tudo chegasse
a bom porto. Obrigado, pelos ensinamentos e sua disponibilidade.

À minha família, em especial a minha esposa, filho, mãe, pai e todos irmãos, que têm estado
sempre ao meu lado em todos os desafios, apoiando-me, dando-me força sempre que a
motivação se desvanece.

Aos meus amigos/as que apesar de estarem longe me dão nem que seja uma palavrinha e energia
para continuar e terminar mais uma etapa da minha vida.

Aos meus colegas, meus professores e amigos do Mestrado, que fizeram esta jornada comigo e
outros que conheci neste âmbito, muito obrigado pela partilha de conhecimento, pelas boas
energias, boa disposição e sobretudo pela disponibilidade sempre que precisei.

Obrigado, a todos pelas horas dispensadas, pela ajuda, paciência, motivação, e pelas risadas que
me fizeram dar sempre que necessário!

A todos o meu muito obrigado, porque sem vocês todos não teria sido possível a concretização
desta Dissertação.

Uanicela, José Pedro Francisco iii


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Resumo

Uma das preocupações do mundo actualmente é a necessidade de uso de energia através de


fontes limpas. Os sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água para irrigação surgem como
alternativa a este problema.
Este trabalho discute sobre a utilização de sistemas de bombeamento fotovoltaico de água de
irrigação para pequenas propriedades nas zonas rurais, em que esses sistemas podem ser usados
em zonas onde outras fontes de energia não estão disponíveis ou confiáveis, trazendo uma serie
de vantagens como a independência em relação a outras fontes de energia, baixa necessidade de
manutenção de seus equipamentos (motor, electrobomba, modulo, inversor, entre outros),
relativa facilidade de instalação e deslocamento, longa vida do gerador e operação autónoma.
Usou-se o levantamento de campo através de entrevista dos intervenientes dos sistemas de
bombeamento e a revisão bibliográfica na base dos trabalhos já feitos. Com a visita dos projectos
implementados em Xinyankanine, Nalazi e Chibabele, verificou-se que a falta de pessoal
capacitado para manutenção das electrobombas, dos equipamentos de condicionamento, o furto
de equipamentos, como módulos principalmente e as falhas no dimensionamento e planeamento
dos projectos, influeência na sustentabilidade da implementação desses sistemas nas zonas
rurais. É importante também estabelecer, desde o início do projecto, a responsabilidade pelo
funcionamento, a manutenção e a substituição de equipamentos e para além de se julgar
necessário fornecer subsídios aos pequenos agricultores para o bom desempenho dos sistemas,
além da maximização da produção e produtividade.
Palavras-chave: energia fotovoltaica, sistemas fotovoltaicos de bombeamento nas zonas rurais,
uso produtivo da energia.

Uanicela, José Pedro Francisco iv


Dissertação

Abstract

One of the world's current concerns is the need to use energy from clean sources. Photovoltaic
irrigation water pumping systems emerge as an alternative to this problem.
This work discusses the use of photovoltaic irrigation water pumping systems for small
properties in rural areas, where these systems can be used in areas where other energy sources
are not available or reliable, bringing a series of advantages such as independence from other
energy sources, low maintenance need of its equipment (motor, pump, module, inverter, among
others), relative ease of installation and displacement, long life of the generator and autonomous
operation. We used the field survey by interviewing the stakeholders of the pumping systems and
the literature review on the basis of the works already done. With the visit of the projects
implemented in Xinyankanine, Nalazi and Chibabele, it was verified that the lack of trained
personnel for the maintenance of the electric pumps and conditioning equipment, the theft of
equipment, mainly modules, and flaws in the design and planning of the projects influence the
sustainability of the implementation of these systems in rural areas. It is also important to
establish, from the beginning of the project, the responsibility for the operation, maintenance and
replacement of equipment, and to provide subsidies to small farmers for the good performance of
the systems, in addition to the maximization of production and productivity.
Keywords: photovoltaic energy, photovoltaic pumping systems in rural areas, productive use of
energy.

Uanicela, José Pedro Francisco v


Dissertação

Lista de figuras

Figura 1 - Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica..........................................................8

Figura 2 - curva característica VxI..................................................................................................9

Figura 3 - Curva característica VxP.................................................................................................9

Figura 4 - Parâmetros de máxima potência...................................................................................10

Figura 5 - Espetro Eletromagnético...............................................................................................11

Figura 6 - Variação da declinação solar ao longo do ano. (Tidwell & Weir, 2016)......................13

Figura 7 - Representação do Zénite Solar e Altitude Solar – modificado. (Goswami, 2015).......13

Figura 8 - Definição de ℎ𝑠, 𝛿𝑠 e latitude L no local de interesse (P). (Goswami, 2015)..............15

Figura 9 - Perfil global de irradiação horizontal de Moçambique (ALER, 2021).........................17

Figura 12 - Diagrama esquemático de um controlador de carga...................................................21

Figura 16 - Estágio de desenvolvimento da cultura de milho.......................................................37

Figura 17 - Necessidades hídricas da cultura predominante na comunidade de Nalazi................37

Figura 19 - Dados de irradiação, caudal da bomba e tipo de tubagem..........................................38

Figura 20 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Nalazi....................................................................................................................39

Figura 21 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Nalazi.................................39

Figura 22 - Layout de representação do sistema de irrigação da comunidade de Nalazi..............41

Figura 23 - Estágio de desenvolvimento da cultura de Alface......................................................44

Figura 24 - Necessidades hídricas da cultura predominante na comunidade de Xinyakanine......44

Uanicela, José Pedro Francisco vi


Dissertação

Figura 25 - Dados de entrada para dimensionamento da bomba...................................................45

Figura 26 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Xinhankanine........................................................................................................46

Figura 27 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Xinhankanine.....................46

Figura 28 - Layout de representação do sistema de bombeamento de Xinhankanine...................48

Figura 29 - Estágio de desenvolvimento da cultura de feijão-verde.............................................51

Figura 30 - Necessidades hídricas da cultura de feijão-verde.......................................................51

Figura 31 - Dados de entrada para dimensionamento da bomba...................................................52

Figura 32 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Chibabele..............................................................................................................52

Figura 34 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Chibabele............................53

Figura 35 - Layout de representação do sistema de bombeamento de Chibabele.........................55

Figura 13 - Sistema de Nalazi, com destaque para os módulos e reservatórios............................58

Figura 14 - Detalhes do sistema instalado em Xinhankanine, com destaque para os módulos,


reservatórios de água, estrutura telada para irrigação e o furo de água.........................................59

Figura 15 - Área de plantio, local de captação da água no rio e reservatórios..............................60

Uanicela, José Pedro Francisco vii


Dissertação

Lista de tabelas

Tabela 1 - Comparação entre sistemas de bombeamento segundo a fonte....................................28

Tabela 2 - Programa de visita aos sistemas de irrigação de Xinhankanine, Nalazi e Chibabele...33

Tabela 3 - Contactos Estabelecidos...............................................................................................34

Tabela 4 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Nalazi...............................................36

Tabela 5 - Especificações dos painéis solares...............................................................................40

Tabela 6 - Investimento Inicia do sistema empírico de Nalazi......................................................42

Tabela 7 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Xinyakanine.....................................43

Tabela 8 - Especificações dos painéis solares...............................................................................47

Tabela 9 - Investimento Inicia do sistema empírico de Xinhankanine..........................................49

Tabela 10 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Chibabele.......................................50

Tabela 11 - Especificações dos painéis solares.............................................................................53

Tabela 12 - Investimento Inicial do sistema empírico de Chibabele.............................................55

Uanicela, José Pedro Francisco viii


Dissertação

Lista de abreviaturas e símbolos

BM - Banco Mundial (BM)

CAPEX – Despesas de Capital

EDM - Eletricidade de Moçambique

FUNAE – Fundo Nacional de Energia

GEF - Fundo Global Enviroment Facility

HSL - Hora Solar Local

INIR – Instituto Nacional de Irrigação

ITDG - Intermediate Technology Development Group

LCOE - Custo Nivelado de Energia

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PROSUL - Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos corredores de Maputo e


Limpopo

PV- Geração Fotovoltaica

SDAE – Serviço Distrital de Actividades Económicas

SFBI - Sistemas Fotovoltaicos de Bombeamento para Irrigação

SFVI – Sistemas Fotovoltaicos de Irrigação

UEM – Universidade Eduardo Mondlane

Uanicela, José Pedro Francisco ix


Dissertação

Lista de anexos e apêndices

Anexo 1 - Curvas IxV dos painéis propostos para estudos empíricos............................................II


Anexo 2 - Características técnicas dos módulos selecionados.......................................................II

Apêndice 1 - Sistema de bombeamento de Nalazi........................................................................IV


Apêndice 2 - Sistema de bombeamento de Xinyankanine............................................................IV
Apêndice 3 - Sistema de bombeamento de Chibabele..................................................................IV

Uanicela, José Pedro Francisco x


Dissertação

Índice

Declaração de honra........................................................................................................................ii

Agradecimentos..............................................................................................................................iii

Resumo...........................................................................................................................................iv

Abstract............................................................................................................................................v

Lista de figuras...............................................................................................................................vi

Lista de tabelas.............................................................................................................................viii

Lista de abreviaturas e símbolos.....................................................................................................ix

Lista de anexos e apêndices.............................................................................................................x

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1

1.2. Problematização....................................................................................................................3

1.3. Justificativa...........................................................................................................................4

1.4. Objectivos.............................................................................................................................6

1.4.1. Objectivo geral...............................................................................................................6

1.4.2. Objectivos específicos....................................................................................................6

1.5. Hipóteses...............................................................................................................................6

1.6. Perguntas de pesquisa...........................................................................................................6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................................8

2.1. Efeito Fotovoltaico................................................................................................................8

Uanicela, José Pedro Francisco xi


Dissertação

2.2. Recurso solar.......................................................................................................................10

2.3. Componentes da Radiação..................................................................................................11

2.4. Geometria da Terra e do Sol...............................................................................................12

2.4.1. Horas e ângulos solares................................................................................................14

2.5. Energia Fotovoltaica...........................................................................................................15

2.6. Historial de Energias Renováveis em Moçambique...........................................................16

2.6.1. Situação de Energia Solar.............................................................................................16

2.7. Electrificação Rural em Moçambique.................................................................................17

2.8. Componentes do Sistema Fotovoltaico...............................................................................18

2.8.1. Painéis Fotovoltaicos....................................................................................................18

2.8.2. Inversor.........................................................................................................................19

2.8.3. Baterias.........................................................................................................................20

2.8.4. Regulador de carga.......................................................................................................21

2.9. Uso de energia solar na irrigação........................................................................................22

2.10. Dimensionamento de sistema fotovoltaico.......................................................................23

2.11. Irrigação............................................................................................................................23

2.11.1. Sistemas de irrigação..................................................................................................24

2.12. Necessidades hídricas das plantas.................................................................................26

2.13. Indicadores de desempenho dos sistemas de rega............................................................26

2.14. Sistemas de bombeamento para zonas rurais....................................................................27

Uanicela, José Pedro Francisco xii


Dissertação

2.15. Situação de Sistemas Fotovoltaicos de Irrigação em Moçambique..................................29

3. METODOLOGIA......................................................................................................................31

3.2. Investigação........................................................................................................................31

3.2.1. Modelação empírica.....................................................................................................31

3.2.2. Programa do trabalho...................................................................................................33

3.2.3. Contactos Estabelecidos...............................................................................................34

4. MODELAÇÃO EMPÍRICA DOS SISTEMAS VISITADOS..................................................36

4.1. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Nalazi..........................................................36

4.1.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações........................................................42

4.2. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Xinyakanine...................................................43

4.2.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações........................................................48

4.3. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Chibabele........................................................50

4.3.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações........................................................55

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................................................57

5.1. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Nalazi.............................................................57

5.2. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento na aldeia de Xinyankanine..................................58

5.3. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento na aldeia de Chibabele........................................59

5.4. Análise dos dados recolhidos nos SFBI visitados...............................................................60

5.4.1. Problemas com a operação, manutenção e reposição...................................................60

5.4.2. Necessidade de treinamento em técnicas agrícolas e de produção...............................60

Uanicela, José Pedro Francisco xiii


Dissertação

5.4.3. Sustentabilidade dos projetos.......................................................................................61

5.5. Utilização dos casos fictícios nos locais visitados..............................................................61

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................63

6. RECOMENDAÇÕES................................................................................................................65

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................67

ANEXOS..........................................................................................................................................I

APÊNDICES.................................................................................................................................III

Uanicela, José Pedro Francisco xiv


Dissertação

1. INTRODUÇÃO

A energia solar é a fonte de energia mais abundante em todo mundo. A energia solar não é
apenas uma resposta aos actuais crise de energia, mas também uma forma ambientalmente
amigável de energia. A geração fotovoltaica (PV) é uma eficiente abordagem para o uso da
energia solar. Onde os painéis solares (uma matriz de células fotovoltaicas) são agora
amplamente usados para acender as luzes da rua, para alimentar aquecedores de água e para
atender às cargas domésticas. Actualmente o custo dos painéis solares tem sido diminuindo
constantemente, o que incentiva seu uso em vários setores (Shindre e Wandre, 2015, p.2). Uma
das aplicações desta tecnologia é usada em sistemas de irrigação para a agricultura, em que pode
ser uma alternativa adequada para os agricultores rurais no actual estado de crise de energia e
segurança alimentar em Moçambique.

Considera-se que a disponibilidade de energia e água são os principais requisitos para o


desenvolvimento da agricultura irrigada, especialmente nas áreas rurais. Sendo outro factor que
limita a expansão e prática da agricultura irrigada nas áreas de pequenos agricultores do sector
familiar em Moçambique são custos iniciais elevados dos sistemas de bombeamento solares
(obras, aquisição de equipamentos e mão-de-obra), além disso, sabe-se que o mercado
fotovoltaico é ainda uma fração do que poderia ser, visto que existe uma parcela significativa da
população mundial, cerca de 1 bilhão de habitantes ou aproximadamente 20% da população
mundial, localizadas principalmente nas áreas rurais, que não têm acesso a electricidade (Tambo,
2019, p.13).

O uso da energia solar já está sendo amplamente discutido como fonte alternativa de energia para
consumo doméstico e na agricultura. Em sua dissertação de mestrado, Oyama (2008) avaliou o
comportamento de uma motobomba conectada a painéis fotovoltaicos para determinar equações
da vazão em relação a irradiação solar incidente nos painéis. Nesta pesquisa, o autor fez uma
comparação qualitativa entre três sistemas de bombeamento de água: solar, manual e a diesel.

Michels et all (2009) avalia sistemas de bombeamento de água acionados por painéis
fotovoltaicos, onde conclui-se que o sistema em uma situação real de trabalho (água bombeada a
20 m de altura), apresentou eficiência que varia entre 8,5 e 9,5%, levando-se em conta dias
limpos, sem interferências de nuvens.
Uanicela, José Pedro Francisco 1
Dissertação

Na literatura, percebe-se que há necessidade de desenvolver trabalhos envolvendo simulações de


diferentes situações de bombeamento, variando-se o tipo de energia utilizada, desnível
geométrico, vazão, diâmetro, comprimento da tubulação e número de horas trabalhadas no ano
principalmente nas zonas semi-áridas, em que a insolação é altamente significante.

Vários economistas (citados por Van Koppen, Namara e Safilios-Rothschild, 2005), baseados na
análise do comportamento histórico do desenvolvimento dos países ao redor do mundo,
afirmaram que a agricultura tem sido o motor de todo o crescimento econômico e, em
consequência, a base da redução da pobreza ao longo da história o que torna evidente o uso de
energia solar na agricultura.

Nesse contexto, nem sempre é possível ter acesso a quantidades suficientes de água para
abastecer a demanda das culturas. Num informe do Banco Mundial (2007, p.3) é mencionado
que “61% da população rural nos países em desenvolvimento vivem em zonas com condições
favoráveis para a agricultura (zonas irrigadas, húmidas e semi-húmidas com pouco estresse de
umidade e com acesso de menos de 5 horas dos mercados com 5.000 ou mais habitantes). No
entanto, dois terços da população rural da África Subsaariana vivem em áreas menos
favorecidas, definidas como áridas ou semiáridas e com acesso precário ao mercado”.

A escassez de água tem diversas consequências no desenvolvimento humano, já que limita a


produção agrícola, nesse sentido a água é o maior fator limitante para a produção agrícola
(Kendall; Pimentel, 1994). Por isso, em regiões de baixa precipitação, precipitação irregular ou
sem possibilidades de irrigação, é comum o fato de que muitos agricultores não plantar certos
tipos de cultivos de longo período de crescimento, mesmo que elas tenham um maior valor no
mercado, pois temem a perda de plantas por causa da seca antes de seu aproveitamento, é o caso
de maioria dos distritos de Gaza em Moçambique.

Assim como em outras aplicações de energia fotovoltaica, os sistemas fotovoltaicos de


bombeamento de água podem ser usados em zonas rurais onde outras fontes de energia não
disponíveis ou confiáveis. As principais vantagens dos sistemas fotovoltaicos de bombeamento
são: independência de fontes combustíveis, baixa necessidade de manutenção de seus
equipamentos (motor, eletrobomba, modulo, inversor, entre outros), relativa facilidade de
instalação e deslocamento, longa vida do gerador e operação autônoma. Por outro lado, os

Uanicela, José Pedro Francisco 2


Dissertação

sistemas fotovoltaicos de bombeamento têm custos iniciais elevados, dependência do insolação


solar e das condições atmosféricas, e dificuldade de obtenção de material de reposição e de mão-
de-obra qualificada para o reparo dos equipamentos (Morales, 2011, p.54).

A configuração básica de um sistema fotovoltaico de bombeamento típico é constituída por


gerador fotovoltaico, equipamentos de condicionamento de potência, grupo eletrobombas,
sistema de armazenamento (opcional) e sistema de distribuição. Enquanto os três primeiros
elementos são similares para qualquer aplicação, os sistemas de armazenamento e distribuição
variam de acordo com a topografia do terreno e com a finalidade que é dada à água, que poderá
ser destinada para consumo humano, consumo animal e irrigação (Morales, 2011, p.62).

Os sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação mais simples incluem um sistema de


geração fotovoltaica conectado diretamente a um conjunto eletrobomba em CC, sendo este
último conectado diretamente ao sistema de distribuição. Sistemas mais complexos, porém mais
caros, podem incluir um sistema de armazenamento (bateria ou reservatório de água), além de
condicionamento de potência para optimizar o acoplamento entre o gerador e a motobomba, e
seguimento solar para maximizar a quantidade de água bombeada. Além disso, quando
necessário, pode haver o uso de um subsistema de bombeamento para a elevação da pressão de
irrigação.

Embora exista grande variedade de equipamentos e configurações para o sistema fotovoltaico de


bombeamento, a sua seleção varia de acordo com as características específicas da aplicação e da
localização do empreendimento. Onde a referida seleção de equipamentos afecta criticamente a
viabilidade econômica e o tempo de vida útil do projeto.

1.2. Problematização
Vários estudos sugerem que o uso de fontes de energia de forma confiável e acessível é uma
condição necessária para o desenvolvimento econômico das comunidades rurais. Nesse caso, o
acesso à energia não é apenas uma condição para a melhoria da qualidade de vida (Morales,
2011, p.17). Assim, para além do fornecimento de energia eléctrica, é necessário realizar um
conjunto de acções complementares que permitam o desenvolvimento local para melhorar a
qualidade de vida no meio rural, através da concepção de sistemas fotovoltaicos de rega
adaptados a um contexto específico do meio rural, principalmente em áreas áridas e semi-áridas,

Uanicela, José Pedro Francisco 3


Dissertação

onde há má distribuição das chuvas, com períodos curtos e irregulares ao longo do ano. Como
resultado da alta irradiação solar, há também uma alta taxa de evaporação da água, a soma desses
dois factores causa escassez de água. Onde por sua vez, a falta de água faz com que grande parte
das actividades produtivas da região dependa fortemente da existência de infraestrutura hídrica
(poços, barragens, adutoras, etc.) ou do abastecimento de água com sistemas elevatórios.

Em Moçambique, os principais motivos que levam à interrupção do funcionamento de vários


sistemas de rega para pequenos agricultores decorrem de falhas técnicas no dimensionamento e
execução das obras necessárias, falta de financiamento para pequenos agricultores, bem como o
défice na expansão da rede eléctrica para comunidades rurais. (Morales, 2011).

Verifica-se também, em Moçambique, a falta de estudos de viabilidade, como forma de adoptar-


se um sistema de rega com determinadas características para um local, justamente por apresentar
bons resultados noutro, facto que compromete a sua eficiência hídrica e energética. Assim, é
importante ressaltar que o fato de uma determinada tecnologia de sistema de irrigação com
determinadas características apresentar bons resultados, em um determinado local, não implica
necessariamente que isso possa ocorrer, quando instalada em outro local, tornando o
dimensionamento adequado da tecnologia, especialmente quando se pensa em usar energia
fotovoltaica para bombeamento de água. No entanto, este uso não é tão difundido quanto os
sistemas de abastecimento de água para consumo doméstico e os resultados obtidos com essas
poucas experiências são diversos. Por essa razão, é necessário estudar as experiências existentes
nas zonas rurais, para conhecer as limitações e potencialidades desta aplicação.

1.3. Justificativa
Santos et al. (2007) mencionam que o uso de energia fotovoltaica, na operação de sistemas de
irrigação, pode ser uma alternativa para reduzir custos, eliminar impactos ambientais e pode
tornar eficiente o retorno do investimento nas atividades de irrigação, embora o retorno do
investimento da irrigação dependa de muito mais nas práticas agrícolas do que na fonte de
energia para o bombeamento de água. Como um estudo de caso de Vicente et al. (2021), onde
analisando as potências dos sistemas fotovoltaicos, aplicando irrigação, observa-se que com o
aumento da potência, ocorre uma diminuição nos valores de Custo Nivelado de Energia, em que
foram encontrados os maiores e menores valores de Custo Nivelado de Energia (LCOE) na
potência de 5kWp e 40 kWp, respectivamente. Essa tendência também foi observada por

Uanicela, José Pedro Francisco 4


Dissertação

Nascimento e Rüther (2020). A diminuição do valor do LCOE deve-se principalmente à redução


do custo de investimento inicial (I0) do sistema fotovoltaico, o que proporciona também uma
redução do custo de operação e manutenção do sistema fotovoltaico. Mas não se restringindo a
isso, o fator importante que pode permitir uma rápida redução do Custo Nivelado de Energia
(LCOE) é a queda nos preços da tecnologia fotovoltaico proporcionada pelo alto crescimento da
indústria fotovoltaica. Parrado et al. (2016) trabalhando com projeções de LCOE até 2050 no
Chile, observaram que o Custo Nivelado de Energia (LCOE) para uma usina fotovoltaica tende a
diminuir com o tempo.

Neste sentido, a utilização de energia fotovoltaica no bombeamento de água para irrigação é uma
aplicação produtiva de energia principalmente nas zonas rurais que dependem das chuvas para a
produção agrícola. A tecnologia pode servir para reduzir a limitação hídrica existente nas zonas
rurais moçambicanas, nomeadamente no Norte da Província de Gaza, onde outras fontes de
energia não estão disponíveis ou seu abastecimento é difícil ou insuficientemente confiável. É
importante ressaltar que os sistemas de irrigação fotovoltaicas apresentam algumas
desvantagens, visto que a época de maior demanda de água coincide com a época de maior
quantidade de radiação solar, porém, as regiões áridas que apresentam maior necessidade hídrica
com altos índices de evapotranspiração são essas, com a maior quantidade de radiação solar
disponível para implementação bem-sucedida de sistemas de irrigação fotovoltaicos.

Porém, o uso de bombas solares para a agricultura sustentável em áreas rurais, especialmente em
regiões áridas e semi-áridas, onde a taxa de precipitação é menor, pode melhorar a produção e
produtividade de diferentes culturas independentemente da época, tanto na eficiência ecológica
em geral em todos níveis tróficos (organismo, populações, comunidades, ecossistemas e
biosfera.), impactos ambientais e sociais, além da viabilidade econômica para o benefício da
comunidade.

O uso de sistemas fotovoltaicos incrementa várias vantagens no bombeamento de água, é não


depender de combustível fóssil, não há geração de poluentes, baixos custos de manutenção,
longo período de vida útil (em torno de 25 anos) e alta confiabilidade da tecnologia. Em
comparação com outros sistemas, o uso de energia solar aparentemente surge como o mais viável
economicamente, além de ser a melhor solução em termos de respeito ao meio ambiente dentre

Uanicela, José Pedro Francisco 5


Dissertação

os sistemas de outras fontes de energia. Assim, economicamente e ecologicamente, esses


sistemas tornam-se altamente viável para uso em zonas rurais.

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral

 Realizar um estudo sobre a utilização de sistemas de bombeamento fotovoltaica de


irrigação para pequenas propriedades das zonas rurais.

1.4.2. Objectivos específicos

 Desenvolver uma metodologia de dimensionamento de um sistema de rega fotovoltaico,


específico para pequenas propriedades das zonas rurais;
 Dar recomendações sobre tamanhos e características de sistemas de irrigação
fotovoltaicos adequados para pequenas propriedades das zonas rurais;
 Estudar a existência de impactos positivos na actividade agrícola e na qualidade de vida
dos beneficiários com o uso de sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação nas
pequenas propriedades das zonas rurais.

1.5. Hipóteses

Ho: O uso de sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação nas pequenas áreas rurais
não tem influência no desenvolvimento da actividade agrícola e na qualidade de vida dos
beneficiários.

H1: O uso de sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação nas pequenas áreas rurais,
impulsiona o desenvolvimento da actividade agrícola e na qualidade de vida dos beneficiários.

1.6. Perguntas de pesquisa


Para uma melhor compreensão do panorama atual desta tecnologia é importante responder as
seguintes questões:

 Que equipamentos e configurações são as mais adequadas para a implantação desse


tipo de sistema para pequenas propriedades das zonas rurais?
 Que outros benefícios, além do econômico, podem ser obtidos com esse tipo de
projetos e quais são os fatores chaves para a obtenção dos mesmos?

Uanicela, José Pedro Francisco 6


Dissertação

 Que impactos podem ser produzidos pela implementação dos sistemas fotovoltaicos
de irrigação?
 Como fazer com que os sistemas fotovoltaicos de irrigação sejam tecnologias
apropriadas para o desenvolvimento local?
 Quais são as principais recomendações para implantação de sistemas fotovoltaicos de
bombeamento para irrigação?

Uanicela, José Pedro Francisco 7


Dissertação

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Efeito Fotovoltaico


O efeito fotovoltaico consiste na propriedade dos semicondutores de apresentarem uma diferença
de potencial quando são atingidos por feixes de luz. Tendo observado se pela primeira vez em
1839 por Edmund Becquerel que produziu corrente elétrica expondo dois elétrodos de prata à
luz. Em 1877 foi contruída a primeira célula fotovoltaica sendo que esta apresentava um
rendimento significamente baixo e consequentemente não houve desenvolvimento da mesma.
Somente em 1954 foi publicado o primeiro artigo sobre as células fotovoltaicas de Silício, que
apresentavam um rendimento de aproximadamente 4.5%. o rendimento de uma célula é definido
como a razão entre a potência da luz incidente e a potência elétrica disponível nos terminais. A
produção industrial da célula somente iniciou-se em 1956, nesta época para células de silício, o
valor máximo obtido é de aproximadamente 24.4% (CEPEL, 2008).

O silício, que é utilizado na construção das células fotovoltaicas, é um material semicondutor e


não possui uma condutividade elétrica muito elevada. Para contornar esta condição utiliza-se um
processo designado dopagem, onde outros elementos são misturados ao cristal de silício, com
intuito de melhorar a eficiência. No caso das células fotovoltaicas, o silício passa por dois
processos de dopagem, sendo um com Fosforo (silício tipo N) e outro com Bóro (silício tipo P)
(Chapin, 1954).

Cada uma das células apresenta uma fima camada de material tipo N e outra de material tipo P,
com pode ser observado na figura 1.

Figura 1 - Esquema simplificado de uma célula fotovoltaica.

Uanicela, José Pedro Francisco 8


Dissertação

Quando há incidência de luz sobre célula fotovoltaica, há formação de um campo elétrico entre
as camadas P e N e os elétrons são orientados a fluírem da camada P para a acamada N, de
salientar que as camadas separadas são eletricamente neutras.

Estudos apontam que cada célula com cerca de 100 mm2 gera em seus terminais uma tensão
entre 0.5 e 1 V. Sendo que o valor é baixo, as células são montadas em serie para alcançar
tensões de ordem de 12 V em corrente contínua. Estes módulos podem ser utilizados
individualmente, em serie e/ou em paralelo dependendo da aplicação dos mesmos.

As curvas características “VxI”, “VxP” e os parâmetros de máxima potência de uma célula de


silício para certo valor de radiação podem serem observadas nas figuras x e y.

Figura 2 - curva característica VxI


Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicas, CEPEL.

Figura 3 - Curva característica VxP


Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicas, CEPEL.

Uanicela, José Pedro Francisco 9


Dissertação

Figura 4 - Parâmetros de máxima potência


Adaptado do Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicas, CEPEL.

Das figuras acima ilustradas, temos Isc corresponde a corrente de curto-circuito da célula, Voc é a
tensão de circuito aberto, Pm é a potência máxima, Vmp é a tensão de máxima potencia e I mp é a
corrente de máxima potência. O ponto de máxima potência é aquele para o qual a máxima
potência é extraída do painel fotovoltaico e se localiza no “joelho” da curva VxL, logo para esse
ponto da curva apresentada na figura z, o produto da tensão pela corrente apresenta o seu maior
valor.

2.2. Recurso solar

A radiação solar consiste na energia solar que é irradiada numa superfície num determinado
momento, sendo geralmente expressa em valores horários, surgindo também como radiação
diária, radiação mensal e anual, ou seja, de acordo com o intervalo de tempo que se pretende
(Lynn, 2010).

A energia solar representa a fonte permanente de energia mais abundante no planeta. A energia
solar intercetada pelo planeta anualmente é cerca de cinco mil vezes superior à soma de todas as
outras energias (energia nuclear terrestre, geotermal, gravitacional, etc).

Da energia solar extraterrestre, sob a forma de radiação, apenas um terço corresponde ao total da
radiação solar terrestre, sendo que dessa porção 70% incide nos oceanos. No entanto, os restantes
30% que incidem em solo terrestre correspondem a uma quantidade de energia significativa e

Uanicela, José Pedro Francisco 10


Dissertação

corresponde a, aproximadamente, seis mil vezes o consumo energético total dos Estados Unidos
da América (em 2009, por exemplo). (Goswami, 2015).

O sol, gera energia sob a forma de radiação, essencialmente radiação eletromagnética. Na Figura
5, apresenta-se o espetro eletromagnético com os vários tipos de radiação e comprimentos de
onda que limitam cada tipo de radiação.

Figura 5 - Espetro Eletromagnético.


2.3. Componentes da Radiação

O Sol é composto por diversos elementos químicos, sendo maioritariamente o hidrogénio e o


hélio, e minoritariamente outros como: oxigénio, carbono, azoto, néon, ferro, magnésio e enxofre
(Lynn, 2010).

Quando incidente num qualquer recetor, a radiação solar pode ser dividida em três principais
componentes (Pereira & Oliveira, 2011):

 Radiação Direta: representa todos os raios solares que são recebidos pelo recetor quando
em linha reta com sol, ou seja, a que incide diretamente na superfície;
 Radiação Difusa: diz respeito à luz solar recebida de forma indireta, ou seja, que é
proveniente da difração nas nuvens, nevoeiro, poeiras suspensas na atmosfera, assim
como de outros obstáculos atmosféricos;

Uanicela, José Pedro Francisco 11


Dissertação

 Radiação Refletida no Albedo: refere-se à radiação que é proveniente do solo e com


origem na reflexão da radiação incidente em nuvens e na superfície terrestre. O termo
albedo traduz-se como a razão entre a radiação refletida e a incidente.

Para além das componentes anteriormente referidas, pode ainda definir-se a radiação de duas
formas:

 Radiação global, respeitante às porções incidentes em qualquer superfície em estudo, ou


seja, a soma entre as radiações direta e difusa.
 Radiação total, que engloba a radiação total e a refletida no albedo.

2.4. Geometria da Terra e do Sol


A quantidade de radiação solar intercetada pela terra varia ao longo do ano, uma vez que a
distância entre a terra e o sol varia ao longo do ano, à medida que o planeta orbita a estrela,
sendo essa distância média sol-terra cerca de 1.496 × 1011 m. (Goswami, 2015).

Dada esta variabilidade, de forma a calcular corretamente a radiação insolar incidente em


qualquer superfície, torna-se necessário definir a localização exata do sol relativamente a essa
mesma superfície. Assim, pode definir-se, primeiramente, a declinação solar, 𝛿𝑠. Esta representa
o ângulo entre a linha sol-terra (através dos seus centros) e o plano do equador. A declinação
varia entre -23.45º e +23.45º (nos solstícios de inverno e verão, respetivamente), sendo este valor
23.45º correspondente à inclinação da terra em relação a um eixo vertical, associado à sua
rotação diária. Para além disso, nos equinócios de primavera e de outono (21 de março e 21 de
outubro, respetivamente), considera-se que 𝛿𝑠=0°. (Goswami, 2015; Tidwell & Weir, 2016).

Uanicela, José Pedro Francisco 12


Dissertação

Figura 6 - Variação da declinação solar ao longo do ano. (Tidwell & Weir, 2016)
A declinação corresponde, assim, ao valor associado à latitude a qual a radiação solar incide
diretamente segundo um eixo vertical ao meio dia solar para certo dia. (Tidwell & Weir, 2016):

360 x (284 +n)


δS = 23.45o sin [ ] ( Equação 1)
365

Onde n corresponde ao dia do ano, começando em n = 1 (1 de Janeiro) e acabando em 365.

De forma a determinar a radiação e produção de energia associada a instalações solares em dada


localização, é necessário determinar a posição exata do sol em relação a esse local. É, então,
conveniente assumir que a Terra se encontra fixa e descrever o movimento aparente do sol num
sistema de coordenadas terrestres e com a sua origem no local de interesse. (Goswami, 2015)

A posição aparente do sol pode ser descrita por dois ângulos: a altitude solar e o azimute solar. A
altitude solar, 𝛼, é o ângulo entre uma linha colinear com os raios solares e o plano horizontal. O
azimute solar, 𝑎𝑠, é o ângulo entre a direção Sul e a projeção da linha Sol-Terra sobre a
horizontal. Por convenção, o ângulo azimute assume valores negativos a este da direção Sul e
valores positivos a oeste, ou seja: 𝑎𝑠=0, em sul e varia entre os valores -90º e +90º entre este e
oeste, respetivamente. (Goswami, 2015)

O angulo zénite solar, z, é o ângulo formado entre o plano vertical e linha do sol e pode ser
calculado de acordo com a equação (2.2):

𝑧 (°)=90°− 𝛼

Figura 7 - Representação do Zénite Solar e Altitude Solar – modificado. (Goswami, 2015)

Uanicela, José Pedro Francisco 13


Dissertação

Os ângulos de altura solar a e de azimute solar podem ser expressos em função dos ângulos
fundamentais (Goswami, 2015):

 Ângulo horário solar, ℎ𝑠, O ângulo horário de 15° corresponde a uma hora, demorando
24 horas a completar a volta completa de 360º. Para a hora que o Sol está mais alto (meio
dia solar) o ângulo solar é nulo, para a manhã é negativo e para a tarde é positivo.

ℎ𝑠(°)=(15°/ℎ) ×(𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜,𝑒𝑚 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠,𝑑𝑒𝑠𝑑𝑒 𝑜 𝑚𝑒𝑖𝑜 𝑑𝑖𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟) (Equação 2)

 Latitude, 𝐿, ou seja, o ângulo entre a linha do centro da terra até ao local e o plano
equatorial. Esta depende da localização no planeta, considerando-se positiva no
hemisfério norte e negativa no hemisfério sul.
 Declinação solar, 𝛿𝑠, já referida anteriormente e que depende do dia do ano.

2.4.1. Horas e ângulos solares

De forma a calcular os ângulos solares, é necessário determinar a Hora Solar Local (HSL), que
difere da Hora Local Standard (LST) (Tidwell & Weir, 2016). Assim sendo, é necessário
estabelecer uma relação entre a HSL e LST. No entanto, antes disso, há que considerar que
velocidade de rotação da Terra em torno do Sol não é constante, uma vez que a órbita não é
circular, pelo que há que introduzir uma correção - ET (equation of time) – que pode ser
exprimida em função de cada dia, n, da seguinte forma (“Solar Time,” PV Education):

𝐸𝑇 (𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠) =9.87sin2𝐵−7.53cos𝐵−1.5sin𝐵 (Equação 3)


360(n−81)
B(o) = (Equação 4)
364
Feita esta correção, pode estabelecer-se a relação anteriormente referida de acordo com a
equação (5).

𝐻𝑆𝐿=𝐿𝑆𝑇+𝐸𝑇+(𝑙𝑠𝑡−𝑙𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙)×4 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠/𝑔𝑟𝑎𝑢 (Equação 5)


Em que:

𝑙𝑠𝑡 é a hora no meridiano em causa e 𝑙𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 representa a longitude.

Uanicela, José Pedro Francisco 14


Dissertação

Recorrendo a razões trigonométricas e considerando que 𝐿 é a latitude do local, é possível


calcular a altitude solar, α e azimute solar, 𝑎𝑠 para esse mesmo ponto (Goswami, 2015) a partir
das equações (3) e (5), respetivamente.

sin𝛼= sin𝐿 sin𝛿𝑠+ cos𝐿cos𝛿𝑠 (Equação 6)


cos δs sin hs
sin aS = (Equação 7)
cos α

Figura 8 - Definição de ℎ𝑠, 𝛿𝑠 e latitude L no local de interesse (P). (Goswami, 2015)

Ao meio dia solar ℎ𝑠=0, pelo que 𝛼=90−|𝐿−𝛿𝑠| e 𝑎𝑠=0 (Equação 8)


Para um dado dia do ano e um dado local, podem calcular-se as horas (solares) e os
correspondentes ângulos horários solares, do nascer do sol, ℎ𝑠𝑟, e do pôr-do-sol, ℎ𝑠𝑠. Para tal,
basta assumir 𝛼 = 0 na equação (8), resultando:

ℎ𝑠𝑠,ℎ𝑠𝑟 =± cos −1[−tan𝐿tan𝛿𝑠]. (Equação 9)


2.5. Energia Fotovoltaica
A Energia Fotovoltaica obtém-se a partir da radiação solar, para converter energia solar em
eletricidade, é necessária a utilização de uma célula fotovoltaica (Pearce 2002).

A energia fotovoltaica contribui para a mitigação das emissões antropogénicas de gases de efeito
de estufa para a atmosfera, mas a sua contribuição ainda não é suficiente para se alcançar as
metas propostas no protocolo Quioto (Masini e Frankl, 2002).

Uanicela, José Pedro Francisco 15


Dissertação

Mundialmente, a energia fotovoltaica em 2019, apresentou o maior crescimento de capacidade


instalada, cerca de 115 GW com um crescimento de 22,5%. Estes dados constam do relatório
internacional Renewables Global Status Report da autoria da REN21 (Nassa, 2020).

Em termos globais, Moçambique apresenta um enorme potencial de energias renováveis de mais


de 23 TW e milhares de possíveis projectos, desde pequenos projectos de electrificação rural até
às grandes hídricas do Zambeze.

Deste potencial, cerca de 7 GW, ou seja, mais de 500 projectos, maioritariamente hidroeléctricos,
mas também eólicos, solares, de biomassa e geotérmicos, constituem soluções e alternativas para
o sistema electrico de Moçambique a ponderar e possivelmente integrar em futuros planos de
expansão da rede eléctrica.

2.6. Historial de Energias Renováveis em Moçambique


2.6.1. Situação de Energia Solar

Moçambique tem um recurso solar abundante e inexplorado que poderia ser aproveitado à escala
de utilidades, bem como fotovoltaico residencial para a electrificação da rede ou para aplicação
na agricultura, tanto dentro como fora da rede. O mapa seguinte mostra o perfil global de
irradiação horizontal de Moçambique que varia entre 1.785 e 2.206 kWh/m 2/ano. O potencial de
aproveitamento da energia solar é limitado tanto pelo restabelecimento contínuo da política
energética em Moçambique como pela dispersão da população rural em todo o país. Do potencial
total de 23.000 GW, apenas cerca de 2,7 GW seriam realisticamente adequados para projectos
solares compatíveis com os actuais planos de electrificação e expansão da rede. No entanto, o
facto de a população rural estar altamente dispersa significa que, em vez de estender a
electrificação na rede, os sistemas solares domésticos fora da rede e as mini-redes poderiam ser
uma alternativa mais rentável para fornecer acesso à electricidade em comunidades remotas e
dispersas (Baruah e Coleman, 2020).

O mapa do potencial de energia fotovoltaica desenvolvido pelo Banco Mundial mostra o


potencial para projectos de energia fotovoltaica em Moçambique numa escala de uma produção
total anual específica de energia fotovoltaica de 1.534 a 1.753 kWh/kWp. As zonas marcadas na
sombra mais escura mostram o potencial mais elevado (GET Invest, 2022).

Uanicela, José Pedro Francisco 16


Dissertação

Já existe uma instalação fotovoltaica em larga escala em funcionamento, na responsabilidade da


EDM e de dois Produtores Independentes de Energia noruegueses: Scatec Solar e KLP Norfund
Investments. Localizada perto de Mocuba (40 MW) em funcionamento desde 2019. A PPI
francesa Neoen é responsável pela construção de uma segunda central de 41 MW em Metoro,
Cabo Delgado. A construção começou em Outubro de 2020 e esta operacional. Contudo, os
conflitos internos na província de Cabo Delgado podem influenciarem nas operações normais.
Até finais de 2020, os PPIs internacionais planearam a construção de mais doze centrais
fotovoltaicas para um futuro próximo, com capacidades instaladas entre 15 e 40 MW. Dessas
centrais planeadas, três já passaram por um Acordo de Aquisição de Energia (PPA) aprovado,
outras três estão em processo de lançamento de concursos através do PROLER, e as restantes
encontram-se em fase de pré-viabilidade (ALER, 2021).

Figura 9 - Perfil global de irradiação horizontal de Moçambique (ALER, 2021).


2.7. Electrificação Rural em Moçambique
O Fundo de Energia de Moçambique (FUNAE), é a instituição pública responsável pela
electrificação rural fora da rede, com especial enfoque nas energias renováveis. Desde a sua
fundação em 1997 com o apoio monetário da EDM, a FUNAE forneceu acesso à electricidade a
580 escolas e 561 centros de saúde em 260 aldeias que anteriormente dependiam de querosene
ou velas para iluminação. Em 2019, 5% da população rural total tinha acesso à electricidade.

Uanicela, José Pedro Francisco 17


Dissertação

Contudo, dado que mais de metade da população moçambicana vive em comunidades rurais, este
aumento é ainda baixo, representando um desafio para alcançar o objectivo de electrificar todas
as famílias moçambicanas até 2030.

Um grande obstáculo à expansão da electrificação rural é a falta de sustentabilidade dos


rendimentos da FUNAE. O custo dos programas de electrificação não é coberto pelas tarifas da
EDM, devido ao facto de os utilizadores de electricidade não poderem pagá-las, apesar de as
tarifas serem altamente subsidiadas e de os potenciais clientes viverem ao alcance da rede. Uma
vez que a EDM não recebe quaisquer subsídios do governo para financiar os projectos de
electrificação da FUNAE, a FUNAE tem de recorrer a investimentos e donativos externos para
continuar a funcionar.

2.8. Componentes do Sistema Fotovoltaico


2.8.1. Painéis Fotovoltaicos

A energia fotovoltaica diz respeito à tecnologia que gera potência elétrica em corrente contínua
(DC), medida em Watts, a partir de materiais semicondutores, quando estes são iluminados por
fotões. Enquanto incidir luz na célula solar – componente individual do PV – é gerada potência
elétrica. As células solares são constituídas por materiais chamados semicondutores, que tem
eletrões ligados de forma fraca que ocupam uma faixa energética chamada banda de valência
(valence band).

No caso de ser exercida sob um eletrão de valência uma energia superior a certo limite - energia
de band gap - as ligações são quebradas e o eletrão encontra-se livre para se deslocar até uma
nova camada de energia chamada camada de condução (conduction band), onde se torna possível
a condução de eletricidade através do material. Assim, os eletrões livres na banda de condução
são separados da banda de valência pelo intervalo de banda (medidos em unidades de eletrão de
volts V, ou eV). Essa energia necessária para a libertação do eletrão pode ser fornecida por
fotões, que são partículas de luz.

Assim, de forma geral, quando as células solares se encontram expostas à luz solar, os fotões
atingem os eletrões da banda de valência, quebrando as suas ligações e encaminhando-os para a
camada de condução. Nesta camada, um contato seletivo, que faz a coleção dos eletrões,
encaminha os eletrões para um circuito externo. Os eletrões perdem a sua energia ao fazerem

Uanicela, José Pedro Francisco 18


Dissertação

trabalho num motor elétrico, que depois pode ser utilizado para bombear água, alimentar uma
lâmpada ou máquina de costura, entre outros. De seguida, os eletrões são restaurados para a
célula solar através do loop de retorno do circuito, feito através de um segundo contato seletivo,
que os encaminha de volta à banda de valência com a mesma energia com que haviam iniciado o
seu caminho. Este movimento de eletrões no circuito externo e nos contatos é chamado de
corrente elétrica. (Luque & Hegedus, 2003)

O potencial ao qual os eletrões são entregues à corrente exterior é superior à energia necessária
para a sua excitação (ou seja, maior que a energia da band gap). Assim, por exemplo, um
material com um band gap de 1 eV, se os eletrões forem excitados por um fotão de 2 ou 3 eV
terão um potencial ligeiramente superior a 1 V (ou seja, o eletrão é entregue com uma energia de
1 eV). A potência elétrica produzida é o produto da corrente pela tensão, ou seja, a potência diz
respeito ao número de eletrões livres multiplicados pelo seu potencial. (Luque & Hegedus, 2003)

Para aplicações práticas, um painel/módulo fotovoltaico diz respeito a um grande número de


células fotovoltaicas ligadas e encapsuladas, sendo este o produto final vendido ao consumidor.
Dado que estes produzem eletricidade em corrente contínua, e que os aparelhos eletrónicos
trabalham em corrente alterna (AC), é necessária a introdução de um inversor para fazer esta
conversão. (Luque & Hegedus, 2003)

2.8.2. Inversor

Os inversores são dispositivos utilizados para fazer a ligação entre o gerador fotovoltaico
(conjunto de módulos fotovoltaicos) e a carga AC dos equipamentos ou a rede. Têm o objetivo
de converter o sinal elétrico DC proveniente do gerador fotovoltaico num sinal AC, sendo que,
numa fase posterior, ajusta o sinal para a frequência e nível de tensão da rede à qual está ligado.
Estes equipamentos podem ser utilizados para vários tipos de configurações:

 Sistemas ligados à rede;


 Sistemas desligados da rede com baterias recarregáveis;
 Sistemas de bombeamento com baterias de armazenamento.

Uanicela, José Pedro Francisco 19


Dissertação

2.8.2.1. Inversor para sistemas ligados à rede


O planeamento de um sistema PV ligado à rede começa com a escolha de um inversor adequado.
É este primeiro passo que determina a tensão a considerar no lado DC, e o gerador fotovoltaico é
depois configurado de acordo com caraterísticas de input do inversor. A sua principal tarefa é
converter a corrente DC gerada pelos módulos fotovoltaicos num sinal de 50 Hz em AC, de
acordo com as especificações da rede. Contrariamente a outros tipos de inversores, estes devem
conseguir responder tanto às caraterísticas da rede elétrica como às do gerador de energia solar.
Dado que toda a corrente proveniente dos módulos circula no inversor, as suas propriedades
afetam o comportamento e resultados operacionais do sistema fotovoltaico. (Luque & Hegedus,
2003)

Para além da eficiência da conversão de corrente, o inversor deverá ter integrados componentes
que controlem o modo de operação diário: este deverá assegurar que a operação inicia (durante a
manhã) assim que a energia solar é suficiente para que as células solares entrem em
funcionamento. Ao longo do dia, o seu funcionamento ótimo varia com as flutuações de energia
solar e a temperatura do módulo. Os inversores inteligentes deverão, assim, incluir componentes
eletrónicos de controlo que reajustem continuamente o equipamento para funcionar no seu ponto
mais favorável – maximum power point tracking (MPPT). Para além disso, deverão estar
incluídos equipamentos de segurança no inversor que automaticamente desliguem o sistema em
casos de irregularidades na rede ou no gerador solar. (Luque & Hegedus, 2003)

2.8.2.2. Inversor para sistemas desligados da rede


Estes inversores deverão ser capazes de alimentar um elevado número de equipamentos elétricos,
pelo que a sua eficiência deverá rondar os 90%. A qualidade do inversor autónomo depende de
um conjunto de características, como por exemplo (Luque & Hegedus, 2003):

 Proteção contra sobreintensidades;


 Baixa flutuação da tensão e frequência de saída;
 Alta eficiência;
 Baixo consumo em stand-by com autodetecção da presença de uma carga;
 Capacidade de suportar curto-circuitos;
 Elevada tolerância às correntes de arranque.

Uanicela, José Pedro Francisco 20


Dissertação

2.8.3. Baterias

Para sistemas PV desligados da rede, os sistemas de armazenamento de energia tornam-se


importantes para compensar os períodos sem radiação solar suficiente (por exemplo, durante a
noite ou em dias nublados). Neste contexto, recorre-se normalmente a baterias de ácido de
chumbo. Existem também baterias de níquel-cádmio, hidreto metálico e de iões de lítio.

Para caraterizar uma bateria, é necessário ter em conta alguns fatores, entre eles a sua tensão,
densidade e energia específica, rendimento energético, capacidade (quantidade máxima de
energia elétrica que a bateria pode fornecer durante o seu processo de descarga e até a descarga
estar completa), auto descarga (percentagem de descarga da bateria mesmo quando não é
utilizada), ciclos de vida (número de vezes que bateria pode carregar/descarregar durante a sua
vida útil) e profundidade de descarga.

2.8.4. Regulador de carga

O regulador de carga funciona como elo de ligação entre os módulos fotovoltaicos, o banco de
baterias e a carga de consumo. Este controla o armazenamento de energia das baterias, evitando
a sua sobrecarga/sobredescarga, através da análise da tensão na mesma. As suas caraterísticas
principais para bom funcionamento são (Luque & Hegedus, 2003):

 Apresentar um baixo consumo interno;


 Elevada eficiência é recomendável (96% a 98%);
 Cortar a ligação entre as baterias e o consumo em caso de uma descarga profunda;
 Carregamento deverá ser feito a altas tensões;
 Tensão de rutura dos componentes semicondutores deverá ser pelo menos duas vezes a
tensão em circuito aberto do gerador solar;
 Proteção integrada no caso de sobretensão;
 Deve encontrar-se num local abrigado.

Uanicela, José Pedro Francisco 21


Dissertação

Figura 10 - Diagrama esquemático de um controlador de carga.


2.9. Uso de energia solar na irrigação
O fato de o bombeamento de água com uso de energia solar ser uma tecnologia recente e que, na
maioria das vezes, é usada nos países subdesenvolvidos, há o despertar de interesse por parte de
pesquisadores em desenvolver pesquisas relacionadas com seu uso na operação de sistemas de
irrigação. Acredita-se que, com intensificação do uso desta tecnologia, poderão ser viabilizadas
atividades de irrigação, permitindo que ela seja possível, em regiões remotas, onde não existe
rede de distribuição de energia elétrica.

Nogueira (2009) desenvolveu um estudo que consistiu em utilização de sistemas solar e eólico
no bombeamento de água para uso na irrigação. Este autor utilizou uma placa fotovoltaica de
0,60 metros de largura por 1,10 metros de altura com 71 Watts de potência e uma bomba
Shureflo de 12 cv modelo 8.000 – 443 – 136, que bombeava água para um reservatório a 9
metros de altura, para depois ser usada com auxílio da gravidade. O autor notou que o número de
placas solares necessárias aumentava com o aumento de demanda hídrica da cultura e
diminuição de horas de insolação, ao longo do ano, tendo atingido um número máximo
equivalente a 9 placas que se verificou, em todos meses do ano, exceto em agosto e setembro,
pois esses meses apresentam maior horas de insolação fato que contribuiu à diminuição de
número de placas solares.

Morales (2011) desenvolveu uma pesquisa que teve como objetivo utilizar sistemas
fotovoltaicos, no bombeamento de água, para irrigação em pequenas propriedades rurais, onde
foi empregada combinação de sistema fotovoltaico com baterias e reservatórios de água. Uma

Uanicela, José Pedro Francisco 22


Dissertação

das conclusões que o autor determinou foi o custo inicial alto aos produtores rurais, que diminuía
com o passar do tempo pela baixa necessidade de manutenção.

Sobenko (2016) realizou estudo que tinha como base o desenvolvimento de um kit de irrigação
por microtubos com motobombas propulsionadas por energia solar. O autor usou um sistema que
continha placas solares, controlador de carga, baterias e reservatórios. Quando o autor avaliou a
uniformidade de irrigação em campo, encontrou o resultado: CUC = 93,63%, UD = 91,55%. O
mesmo autor observou que a potência absorvida variou entre 68 a 78 Watts em virtude da
oscilação na insolação diária. E também chegou à conclusão de que o uso dessa técnica é viável,
em termos de custo, principalmente, quando não se usa automação.

2.10. Dimensionamento de sistema fotovoltaico


O dimensionamento de um sistema fotovoltaico consiste em definir a potência de pico do
gerador fotovoltaico necessário para satisfazer a demanda energética, o tipo de controlador
eletrônico e determinar o número de placas solares para gerar a energia de suprimento. Carvalho
e Calvete (2010) consideram os custos elevados dos sistemas fotovoltaicos em relação à sua
capacidade de produção de energia, sendo, portanto importante que sejam adotados critérios de
dimensionamento adequados, pois instalações superdimensionadas elevam os custos que podem
inviabilizar o projeto.

No caso, em que é projetado um sistema fotovoltaico autônomo, o dimensionamento se inicia


com a quantificação da potência demandada pela motobomba e termina com o cálculo de número
de placas solares necessárias.

No dimensionamento de um sistema fotovoltaico, depois de se obter a potência demandada,


deve-se, logo depois, calcular a energia total do sistema fotovoltaico, a área do arranjo
fotovoltaico e, no fim, é preciso observar as potências de placas solares disponíveis, no mercado
local, por meio das quais é possível estimar o número de placas necessárias para gerar a potência
demandada pela motobomba.

Quando se pretende usar sistema fotovoltaico que contenha banco de baterias para
armazenamento de energia, deve-se também dimensiona-lo, estimando o número total de baterias
necessárias para armazenar energia de suprimento (Grah, 2014).

Uanicela, José Pedro Francisco 23


Dissertação

Para sistemas fotovoltaicos acompanhados de reservatório, além de dimensionamento do sistema


fotovoltaico, deve-se também dimensionar o reservatório para o volume adequado para suprir a
demanda de água (López-Luque; Reca; Martínez, 2015).

2.11. Irrigação
A irrigação é o fornecimento de água ao solo, quando a fornecida pela chuva ou águas
subterrâneas não é suficiente, na quantidade e no momento certo, visando proporcionar umidade
adequada ao desenvolvimento dos cultivos, assim garantindo a produção e a produtividade
(Morales, 2011, p.39). A irrigação pode ser total, quando fornece a quantidade de água para o
ciclo completo de desenvolvimento da cultura, ou parcial, quando fornece água somente para um
período do ciclo, sendo o restante provido pela precipitação local.

A irrigação é uma prática artificial que consiste em fornecer água às culturas que é fundamental
para minimizar problemas como a falta e a má distribuição da precipitação natural em algumas
regiões (Kunz; Ávila; Petry, 2014). Existem basicamente quatro métodos de irrigação: irrigação
superficial, aspersão, localizada e subirrigação. Mas, dentre os quatro métodos, há que destacar a
irrigação localizada por apresentar maior eficiência no uso da água. Mantovani, Bernardo e
Palaretti (2009) afirmam que este é o método em que a água é aplicada, diretamente, na região
radicular, em pequenas intensidades (baixa vazão) e altas frequências (turno de rega pequeno),
mantendo a umidade do solo próxima à capacidade de campo.

De acordo com Hagos (2009, p.1), a irrigação contribui para a economia de uma nação de várias
maneiras: Ao nível microeconômico, a irrigação permite o incremento da produção por hectares
e em consequência da renda do agricultor e de segurança alimentar. A irrigação permite a
diversificação de culturas e a mudança de produção de culturas de baixo valor para produtos de
alto valor no mercado. A irrigação pode trazer benefícios aos agricultores pobres, pelos
incrementos em produção, diminuição dos riscos de estragos da safra, e a criação de empregos
diretos ou indiretos durante quase todo o ano, em virtude do cultivo.

No nível macroeconômico, os investimentos em irrigação agem como vetores de produção e


fornecimento, porque empurram o limite da produção a um nível maior e garantem que a
produção seja possível, sem os riscos de escassez de umidade, trazendo um efeito positivo no
crescimento econômico.

Uanicela, José Pedro Francisco 24


Dissertação

2.11.1. Sistemas de irrigação

A irrigação pode ser dividida nas seguintes modalidades: superficial, aspersão e localizada
(Andrade, 2001); há ainda a irrigação subterrânea com inexpressiva utilização.

2.11.1.1. Irrigação superficial


A irrigação superficial, ou por inundação, é a técnica de aplicação da água diretamente na
superfície do solo em altas doses. Usa a energia hidráulica propiciada pelo desnível do terreno,
da altura do reservatório ou pressão forçada para distribuir a água sobre o solo. A inundação
pode ocorrer na modalidade de sulcos e, ainda, de forma contínua ou intermitente.

Apesar de não precisar de altas pressões para a distribuição da água, este método utiliza grandes
quantidades de água e, consequentemente, muita energia para sua realização.

2.11.1.2. Irrigação por aspersão


A irrigação por aspersão consiste na aplicação de água no cultivo em forma de chuva artificial na
parte aérea das plantas, através do aspersor (mecanismo giratório que asperge água através de
tubulação sob pressão). São comumente utilizados os aspersores de rotação lenta, ao redor de um
eixo vertical, movimento este originado graças ao impacto constante de um braço móvel,
acionado pelo jato do próprio aspersor; mas podem também ser utilizados aspersores de rotação
rápida e do tipo pivô central ou canhão giratório (Morales, 2011, p.41). Este sistema também
demanda grandes quantidades de energia.

2.11.1.3. Irrigação localizada


Na irrigação localizada a aplicação da água ocorre sobre o solo na zona radicular das plantas, em
alta frequência e baixa intensidade, para manter uma umidade elevada na região do sistema
radicular (Oliveira et al., 2007). Este sistema funciona bem melhor com culturas que necessitam
ser espaçadas consideravelmente e/ou em lugares onde a água é escassa ou tem um custo elevado
(Santos, 1997).

A irrigação localizada é o método de irrigação em que a água só é aplicada a uma fração do


sistema radicular das plantas com o emprego de emissores pontuais (gotejadores), lineares (tubo
porosos) ou superficiais (microaspersores). Neste método a água só molha uma parte do solo, ou
seja, mantêm-se a oferta ao mínimo possível o que resulta em economia de água. A máxima área

Uanicela, José Pedro Francisco 25


Dissertação

sombreada pela planta molhada deve ser 20% nas regiões úmidas e 33% nas regiões semiáridas.
Uma área molhada maior que 55% da área sombreada pela planta deixa de ser parte deste tipo de
irrigação (Santos, 1997).

A economia de água torna-se importante, especialmente em regiões com escassez periódica de


água ou em lugares onde o custo da água bombeada é elevado. Diante disso esse sistema de rega
é eficiente para uso de sistemas de bombeamento fotovoltaicos, pois incrementa a eficiência de
uso de água em razão do incremento da produção e da qualidade da cultura e da redução de
perdas de água na evapotranspiração e na percolação, assim como também diminui os
requerimentos de energia ao reduzir a quantidade de água bombeada necessária e trabalhar com
baixas pressões.

2.12. Necessidades hídricas das plantas

A quantidade de água que é necessária fornecer às plantas para compensar a perda de água por
evapotranspiração das culturas instaladas é definida como a necessidade hídrica das plantas. Esta
necessidade representa a quantidade de água que as plantas precisam para se manterem saudáveis
e poderem realizar as suas funções normais. Os valores das necessidades hídricas das plantas são,
pois, idênticos aos valores da evapotranspiração cultural (Allen et al., 1998).
As necessidades hídricas de uma cultura podem ser analisadas de duas perspectivas:
 A nível de projecto dos sistemas de rega, onde se pretende efectuar uma estimativa das
necessidades para dimensionar as diversas partes constituintes do sistema;
 A nível da gestão de rega, onde se procura avaliar as necessidades reais da cultura de
modo a optimizar os consumos de água da instalação.
No âmbito deste trabalho serão exploradas as necessidades hídricas a nível do projecto de
sistemas de rega, uma vez que será essencial para a determinação do caudal de projecto.
A nível da gestão de rega, onde se procura avaliar as necessidades reais da cultura de modo a
optimizar os consumos de água da instalação.
No âmbito deste trabalho serão exploradas as necessidades hídricas a nível do projecto de
sistemas de rega, uma vez que será essencial para a determinação do caudal de projecto.

Uanicela, José Pedro Francisco 26


Dissertação

2.13. Indicadores de desempenho dos sistemas de rega


A análise do desempenho dos sistemas de rega tem vindo a ter cada vez mais atenção. Os
indicadores de desempenho são usados para avaliar (Pereira, 2004):
 Qualidade do projecto;
 Qualidade da gestão de um sistema;
 Qualidade do serviço ou funcionamento do sistema;
 Qualidade ambiental.
O desempenho da rega pode ser avaliado através de vários indicadores mas os mais importantes
são relativos à uniformidade de distribuição e à eficiência de aplicação.

2.14. Sistemas de bombeamento para zonas rurais


Assim como em outras aplicações de energia fotovoltaica, os sistemas fotovoltaicos de
bombeamento podem ser usados em zonas rurais onde outras fontes de energia não são
disponíveis ou confiáveis. As principais vantagens dos sistemas fotovoltaicos de bombeamento
são: independência de fontes combustíveis, baixa necessidade de manutenção de seus
equipamentos, relativa facilidade de instalação e deslocamento, longa vida do gerador e operação
autônoma. Por outro lado, os sistemas fotovoltaicos de bombeamento têm custos iniciais
elevados, dependência do recurso solar e das condições atmosféricas, e dificuldade de obtenção
de material de reposição e de mão-de-obra qualificada para o reparo dos equipamentos.

A energia solar vinha sendo testada para o bombeamento de água desde a segunda metade do
século XX, mas as condições tecnológicas necessárias para o bombeamento fotovoltaico só
ocorreram bem mais tarde (Poza, 2008). Muitos projetos foram desenvolvidos ao redor do
mundo e uma análise mais detalhada do histórico dos projetos de bombeamento fotovoltaico
pode ser encontrada em Poza (2008) e Fedrizzi (2002). No entanto, é difícil saber com precisão
quando essa tecnologia começou a ser utilizada para a irrigação.

Durante a década de 1960, foi implementado com êxito um sistema fotovoltaico de irrigação na
antiga União Soviética, em uma área remota do semiárido do sudeste do país. No Japão, alguns
dos sistemas fotovoltaicos instalados entre 1963 e 1973 foram usados para a irrigação. Em 1977,
nos Estados Unidos da América, foi instalado um sistema experimental para irrigação, uso de
ventiladores para secagem de grãos e outros equipamentos (Morales, 2011, p.58).

Uanicela, José Pedro Francisco 27


Dissertação

Entre 1979 e 1981, uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), o Banco Mundial (BM) e a ONG Intermediate Technology Development Group
(ITDG) permitiu a realização de um projeto piloto para avaliação de pequenos Sistemas
Fotovoltaicos de Irrigação (de 100 a 300 Wp) usados em pequenas propriedades rurais de Mali,
Filipinas e Sudão.

O Programa Regional Solar (PRS) para o abastecimento de água com energia fotovoltaica a oito
países da região Saheliana instalou 1.040 sistemas fotovoltaicos de bombeamento. Além do uso
doméstico, foi fomentada a irrigação de hortaliças e frutíferas. Este programa foi pioneiro na
avaliação e controle de qualidade dos equipamentos antes de serem instalados (Fedrizzi, 2002).

O fundo Global Enviroment Facility (GEF) - Small Grants promoveu a instalação de quatro
SFVI demonstrativos na Tanzânia, com a finalidade de reduzir a pobreza alimentar de
comunidades rurais. Uma parte do investimento foi viabilizada pelo fundo (60%) e o restante
pelo governo local (10%) e as comunidades (30%). O fundo promoveu também a instalação de
dois sistemas fotovoltaicos de bombeamento na Albânia, um dos quais teve dedicação exclusiva
para irrigação.

Existe grande variedade de sistemas de bombeamento de água que podem ser aplicadas em zonas
rurais. Os sistemas de bombeamento podem ser classificados de acordo com suas fontes de
energia e suas características técnicas. Quanto à escolha de um sistema de bombeamento a tabela
3 mostra as vantagens e desvantagens de três opções de bombeamento: com rede elétrica
convencional, com motores de combustão interna e com sistemas fotovoltaicos.
Tabela 1 - Comparação entre sistemas de bombeamento segundo a fonte

Rede elétrica Motores de Fotovoltaico


convencional combustão
interna
Custo inicial Baixo se tiver acesso à Moderado Elevado
rede elétrica
Custo de operação Baixo Alto Nulo
Custo de manutenção Baixo Alto Moderado
Disponibilidade de Ampla Ampla Difícil em algumas

Uanicela, José Pedro Francisco 28


Dissertação

equipamentos zonas rurais


Na construção da rede Altos impactos Impactos ambientais
elétrica e na geração ambientais na (na fabricação dos
Impactos ambientais dependendo da fonte operação equipamentos)
(hidrelétrica, nuclear ou (emissão de gases
combustíveis) contaminantes e
ruídos)
Vantagens Operação autônoma
Problemas Custo e dificuldade de Custo e É necessário um
extensão de rede em dificuldade de sistema de
alguns lugares fornecimento armazenamento
contínuo de hídrico ou
combustíveis em eletroquímico
alguns lugares
Fonte: Morales (2011, p.55)

2.15. Situação de Sistemas Fotovoltaicos de Irrigação em Moçambique


Actualmente verifica-se grande interesse em Sistemas de Rega Solar em todo o mundo devido a
impacto na segurança alimentar, acesso à água, energia e clima. É uma estratégia eficaz de
redução de CO2 (97% menos CO2 do que as bombas diesel no ciclo de vida).

Os Sistemas Fotovoltaicos de Irrigação (SPIS) podem reduzirem custos para pequenos


agricultores moçambicanos, em que permitem aos agricultores o acesso a água subterrânea
demasiado profunda, assim como nos mananciais superficiais. Neste caso, o crescimento dos
SPIS, a sustentabilidade e a procura por parte dos agricultores dependem dos factores físicos,
socioeconómicos, comercial e institucional.

Moçambique apresenta fontes de água disponíveis para a prática de irrigação, desde os rios e
furos profundos, mas ainda há dificuldades do uso desses sistemas devido a falta de tecnologias
de irrigação óptimas para SPIS e quanto aos sistemas de rega mais usados, pesquisas revelam
que apenas o sistema de gotejamento está amplamente disponível em Moçambique, e um dos
maiores ricos é a questão do roubo e vandalização, sendo necessário a proteção ou soluções
portáveis.

Uanicela, José Pedro Francisco 29


Dissertação

Como mencionado acima, a maior iniciativa de irrigação solar em Moçambique é implementada


pelo instituto governamental INIR em 10 províncias. Para a sua primeira iniciativa SPIS,
financiada pelo Banco Mundial, o INIR distribuiu 4200 bombas solares e kits de gotejamento de
500 m2 entre agricultores em 10 províncias, entre 2018 e 2019. A tecnologia foi disponibilizada
através dos institutos governamentais provinciais (DPASA) e locais. O alvo eram os distritos
áridos e semi-áridos. Por sua vez, o segmento agrícola específico visado pelas diferentes
organizações de apoio são principalmente pequenas explorações agrícolas privadas com menos
de 1 ha irrigados. Uma vez que os grandes projectos INIR visam tanto jardins domésticos
(<0,1ha) como pequenas explorações agrícolas privadas (<1ha).

Umas das barreiras no país para esses sistemas, é a falta de conhecimento e experiência limitados
com SPIS, peças sobressalentes não amplamente disponíveis devido ao desenvolvimento
limitado do mercado e concursos públicos não acessíveis para a maioria dos fornecedores, onde
os fornecedores pagam 7,5% de imposto de importação e 17% de IVA, custo dos pequenos
sistemas de irrigação solar (min 1000 EUR) demasiado elevado para a maioria dos agricultores
moçambicanos e o acesso ao crédito é limitado, com a taxa de juro comercial demasiado elevado
(19,3%).

No que toca a questão do género, o acesso a serviços modernos de energia, como caso de uso de
sistemas de irrigação solar pode, portanto, melhorar a vida das mulheres, melhorando sua
condição de saúde, reduzindo a pobreza, e melhorando a sua produtividade nas actividades de
geração de renda. O acesso a serviços modernos de energia é fundamental para atender às
necessidades sociais básicas, impulsionando o crescimento econômico e fomentando o
desenvolvimento humano. Isto porque os serviços de energia têm um efeito sobre a
produtividade, saúde, educação, água potável e serviços de comunicação (Amie Gaye, 2007).

Para o desenvolvimento sustentável dos Sistemas Fotovoltaicos de Irrigação há necessidade de


ter uma conta bancária, apresentar folhas de vencimento, técnicas e financeiras planos de
negócios, submeter pedidos online, etc. Criação de uma alternativa potencialmente mais
inclusiva através das soluções Pay As You Go dos fornecedores de bombas, Ainda não
disponível em Moçambique para bombas solares, pois esse sistema apresenta menos burocracia,
relação directa entre agricultor e fornecedor, mais produto financeiro acessível que está ligado ao
custo e benefícios da irrigação solar, mútuo interesse em ser bem-sucedido.

Uanicela, José Pedro Francisco 30


Dissertação

O caso mais bem-sucedido é a empresa queniana Sunculture que oferece bombas solares e
aparelhos domésticos com soluções de pagamento móvel. Recentemente, angariaram 25M USD
para expandir-se para a África Ocidental, mas ainda não estão operacionais em Moçambique.

3. METODOLOGIA

Este capítulo, fala das opções e procedimentos metodológicos, adoptados para a prossecução
desta pesquisa, com o intuito de alcançar os objectivos traçados inicialmente.

3.2. Investigação

3.2.1. Modelação empírica

a) Obtenção de dados climáticos para modelação

Os dados climáticos usados para a modelação (evapotranspiração de referência, radiação solar,


horas de insolação, necessidades hídricas das culturas e precipitação da região) foram obtidos e
calculados com o auxílio de software disponibilizado pela FAO, sendo CLIMWAT 2.0 e
CROPWAT 8.0, os quais estão disponíveis gratuitamente na internet funcionando no local
identificado para estudo de caso de desempenho em comparação com pesquisas de campo (sendo
considerado os dados da Estacão Agraria de Chókwè, que se encontra a menos de 20 km do
distrito de Guijá). Os dados obtidos através dos softwares acimas mencionados ajudaram no
cálculo das necessidades hídricas das culturas, assim como influenciam na configuração da
bomba a ser instalada.
Após o cálculo das necessidades hídricas, fez-se o dimensionamento das bombas nos três
sistemas com auxílio dos softwares disponibilizados pela GIZ e FAO (Toolbox on Solar
Powered Irrigation Systems – SPIS), que ajudam no cálculo da altura manométrica, perdas de
cargas e potência da bomba a ser instalada.

Para modelação dos módulos fotovoltaicos usou-se a ferramenta PVsys (disponível em


https://www.pvsyst.com/) designada ferramenta online e gratuita. Esta ferramenta tem disponível
uma base de dados para a Europa, África e Ásia, o que possibilita a ilustração dos mapas de

Uanicela, José Pedro Francisco 31


Dissertação

radiação solar e a geração de eletricidade. Para além disso, serviu como uma base de dados em
forma de mapa para a radiação solar, potencias dos módulos, o número dos módulos, podendo-se
retirar a distribuição geográfica e temporal do recurso solar.
b) Entrevista da comunidade nas propriedades visitadas
Fizeram-se entrevistas as comunidades de Xinhankanine, Nalazi e Chibabele, onde participaram
dois técnicos do Serviço Distrital das Actividades Económicas de Guijá, líderes comunitários e
os moradores beneficiados pelos sistemas de irrigação fotovoltaicos. A entrevista teve como
objectivo o levantamento de dados para modelação dos sistemas de rega nas propriedades
abrangidas, onde foi possível identificar os equipamentos e configurações dos sistemas, os
beneficiários e foi possível também fazer alusão do estado de funcionamento dos mesmos, assim
com o levantamento das inquietações da comunidade acerca da implementação dos sistemas de
irrigação fotovoltaicos.
Através dos dados dos três sistemas implementados disponibilizados com ajuda dos técnicos do
Serviço Distrital de Actividades Económicas de Guija foi possível fazer levantamento dos
seguintes parâmetros:
 Comprimento das tubulações (sucção e recalque);
 Alturas geométricas (sucção e recalque);
 Natureza do tubo e respectiva rugosidade;
 Fonte de água usada;
 Fonte de energia;
 Tempo de funcionamento da bomba;
 Irradiação;
 Tempos de operação do sistema (horas, dias e meses) e
 Potência das bombas instaladas.
Esses dados foram de extrema importância para análise do tipo de tubo adequado para essas
áreas, a fonte mais adequada para pratica dos sistemas de irrigação fotovoltaica, o tempo de
funcionamento da bomba que influência directamente no ciclo de vida da bomba, na comparação
dos sistemas existentes com a modelação feita, com objectivo de averiguar as falhas existentes e
dar recomendações.

Uanicela, José Pedro Francisco 32


Dissertação

3.2.2. Programa do trabalho

O trabalho de campo foi desenvolvido no mês de Junho conforme ilustra a tabela abaixo

Tabela 2 - Programa de visita aos sistemas de irrigação de Xinhankanine, Nalazi e


Chibabele

Actividades Intervenientes Datas Observações

Apresentação do Director do SPAEG Fez apresentação do plano de visita


plano de visita no Jorge Vidigal Fole de estudo, com objectivo de obter
Serviço Provincial de contactos do Serviço Distrital das
Engenheiro Filipe da
Actividades Actividades Económicas de Guijá
Cruz Uane afecto no
Económicas de Gaza
Departamento de 13 de Junho de
Agricultura na 2022
repartição de
Hidráulica

Apresentação do Fez apresentação do plano de visita


plano de visita de para as comunidades de
Engenheiro Juvêncio
campo no Serviço Xinhankanine, Nalazi e Chibabele,
Armando afecto no
Distrital das 15 de Junho de onde explicou se os objectivos do
Departamento
Actividades 2022 estudo e abordou se as datas para
Técnico
Económicas de Gaza visita nos três locais

Visita do sistema de Foi possível reunir a comunidade,


irrigação fotovoltaica onde fez entrevista com objectivo
de Xinhankanine para de conhecer as potencialidades do
efeito de entrevista e Quinze (15) Pessoas sistema de irrigação implementado,
levantamento de beneficiárias, a dificuldades que encaram
incluindo os lideres

Uanicela, José Pedro Francisco 33


Dissertação

dados inerentes para comunitários e 2 actualmente, o tipo de culturas


pesquisa (dois) técnicos do praticadas, assim como os desafios.
SDAE
Levantamento dos
dados mencionados
na metodologia na
base dos projectos 20 de Junho de
desenhados dos três 2022
sistemas.

Visita do sistema de Foi possível reunir a comunidade,


irrigação fotovoltaica onde fez entrevista com objectivo
Dez (10) Pessoas
de Chibabele de conhecer as potencialidades do
beneficiárias,
21 de Junho de sistema de irrigação implementado,
incluindo os lideres
2022 a dificuldades que encaram
comunitários e 2
actualmente, o tipo de culturas
(dois) técnicos do
praticadas, assim como os desafios
SDAE

Foi possível reunir a comunidade,


onde fez entrevista com objectivo
Visita do sistema de
de conhecer as potencialidades do
irrigação fotovoltaica
Dez (10) Pessoas 22 de Junho de sistema de irrigação implementado,
de Nalazi
beneficiárias, 2022 a dificuldades que encaram
incluindo os lideres actualmente, o tipo de culturas
comunitários e 2 praticadas, assim como os desafios.
(dois) técnicos do
SDAE

3.2.3. Contactos Estabelecidos

A tabela abaixo mostra a relação dos contactos estabelecidos

Tabela 3 - Contactos Estabelecidos

Uanicela, José Pedro Francisco 34


Dissertação

Nome Contactos Local de trabalho

Jorge Vidigal Fole 863152820 Director Provincial das


Actividades Económicas de
Gaza

Eng. Hidráulico afecto na

Filipe da Cruz Uane 873628049/ 843628049 repartição de Hidráulica


Agrícola na DPAEG

861233858 Eng. Agrónomo afecto no

Juvêncio Armando Departamento Técnico do


SDAE de Guijá

Uanicela, José Pedro Francisco 35


Dissertação

4. MODELAÇÃO EMPÍRICA DOS SISTEMAS VISITADOS

4.1. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Nalazi

Como dito anteriormente, neste trabalho serão projectados sistema fotovoltaico para
bombeamento de água voltado para irrigação, utilizando-se método simplificado para o
dimensionamento do sistema.
Serão criados três casos fictícios, nos locais visitados, sendo a localização do sistema
fotovoltaico de Nalazi (24ͦ02’57”S e 33ͦ19ʹ39”E). O dimensionamento empírico do sistema
fotovoltaico de bombeamento de Nalazi foi baseado no índice de radiação diária media mensal
medida através CLIMWAT 2.0 e FAO CRPWAT 8.0.
Tabela 4 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Nalazi

Fonte: FAO CRPWAT 8.0.


Para cálculo das necessidades hídricas usou-se o CRPWAT 8.0 através de dados disponíveis na
estacão meteorológica de Xigubo que é mais próximo da comunidade de Nalazi onde se encontra
instalado o sistema em estudo.
Para o cálculo das necessidades hídricas que vão ditar na seleção da bomba é importante
conhecer o estágio do desenvolvimento da cultura predominante na comunidade de Nalazi
(Milho) para garantir o ótimo dimensionamento do sistema fotovoltaico, como ilustra a figura

Uanicela, José Pedro Francisco 36


Dissertação

Figura 11 - Estágio de desenvolvimento da cultura de milho

Fonte: FAO CRPWAT 8.0.

Figura 12 - Necessidades hídricas da cultura predominante na comunidade de Nalazi

Fonte: FAO CRPWAT 8.0.


Com base a Figura acima o mês mais crítico é Outubro, sendo que a cultura necessita de muita
água nesse mês correspondente a um caudal de 0.38 l/s (0.0228 m3/h).
Sistema será composto por arranjo fotovoltaico, um controlador de carga, tanques elevados para
armazenamento de água e a eletrobomba submersível. A captação de água será feita directamente
da bacia de retenção das águas pluviais construída pela ARA-Sul que passa ao lado da área a ser

Uanicela, José Pedro Francisco 37


Dissertação

irrigada e a altura manométrica total a ser considerada será de 39 m. A energia gerada pelo
arranjo fotovoltaico alimentará a bomba solar.
A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água descrita acima de 0,0228 m 3/h, a
quantidade de água necessária pode chegar aos 0,5472 m 3 por dia e área total possui 20 000 m 2
então, teremos que bombear 10944 L por dia (0,456 m3/h).
Para seleção da bomba solar baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO
e GIZ. Onde usou-se dados de irradiação do mês com baixo registo (Junho) com 13.5 MJ/m 2/dia
do estacão meteorológica mais próxima da comunidade de Nalazi, conforme é ilustrada na figura
abaixo.

Figura 13 - Dados de irradiação, caudal da bomba e tipo de tubagem

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Após lançamento de dados no software obteve-se os seguintes dados característicos da bomba


solar a ser usada no sistema empírico de irrigação da comunidade de Nalazi.

Uanicela, José Pedro Francisco 38


Dissertação

Figura 14 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Nalazi

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba trifásica, auto-escorvante do fabricante WILO modelo Actun
FIRST SPU4.02-14-B que é movida por um motor NU XI4 - 50 com 14 estágios (ver a figura
22). Para esta situação, a vazão da bomba é de 0,456 m 3/h e ela trabalhara por 2,4 horas (144
minutos).

Figura 15 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Nalazi

Fonte: Autor (2022)

Considerando que a bomba funciona a 2A da corrente da entrada com potência nominal e uma
tensão de 400 V, a uma potência nominal de 0,75 kW conforme a figura acima.
A potência elétrica máxima (PB) dessa bomba é dada pelo produto da corrente pela tensão que
corresponde:
PB = V x I

Uanicela, José Pedro Francisco 39


Dissertação

PB = 400 V x 2 A
PB = 800 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CanadianSolar. As especificações do modelo
escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 5 - Especificações dos painéis solares

Modelo Máxima Tensão de Corrente


Potência (W) Máxima Máxima
Potência (V) Potência (A)
CS6U-315 315 36,6 8,61
Fonte: Autor (2022)
Observação: As especificações elétricas estão sob condições de teste de irradiação de 1 KW/m 2,
espectro de 1,5 de massa de ar e temperatura de células de 25 oC.
Para o correto dimensionamento do arranjo fotovoltaico é preciso saber qual a energia utilizada
pela bomba durante o período em que ela permanece em funcionamento. Já foi dito
anteriormente que a mesma funcionara por 2,4 horas por dia. Então, a energia da bomba será
dada por:
E B = PB x t
EB = 800 x 2,4
EB = 1920 Wh/ dia
Para calcular a energia gerada por painel fotovoltaico (E P), multiplicaremos a potência do painel
fotovoltaico (PP) pelo tempo de horas a sol pleno. Calcularemos o número de horas a sol pleno
para a situação mais extrema e será utilizada a condição de maior mínimo mensal. Junho é o mês
com menor media mensal, e é importante que se consiga a maior quantidade possível de energia
acumulada. Para tal, utilizaremos o arranjo fotovoltaico com a inclinação de 34o N obtido através
da PVSystem e teremos um total de 3,75 kWh/m 2 conforme indicado na tabela 4 da irradiação
media mensal do estacão meteorológica próxima de Nalazi.
kW h
3,75
m2 .. dia h
SP = = 3,75
kW dia
1 2
m
Agora poderemos calcular a energia gerada por um único painel, que será:

Uanicela, José Pedro Francisco 40


Dissertação

EP = PP x SP
EP = 315 x 3,75
EP = 1181,25 Wh/dia
O número mínimo de painéis que formarão o arranjo fotovoltaico é dado pelo resultado
aproximado da divisão da energia da bomba (EB) pela energia gerada por único painel (EP).
n = EB/EP
n = 1920/1181,25
n = 1,625 painéis
O resultado será arredondado por excesso e será utilizado um arranjo de 3 painéis ligados em
paralelo para conseguir a energia diária de suprimento (ES) que será calculada a seguir:
ES = Ep x n
ES = 1181,25 x 3
ES = 3543,75 Wh/dia
A seguir é ilustrada o esquema final do sistema de irrigação empírico de Nalazi com detalhes do
manancial, acessórios e sistema de irrigação.

Figura 16 - Layout de representação do sistema de irrigação da comunidade de Nalazi

Fonte: Autor (2022)

Uanicela, José Pedro Francisco 41


Dissertação

4.1.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações

Para completar o estudo do Sistema empírico de Nalazi, apresenta-se a seguir a tabela com
preços dos equipamentos e o total investido para este caso.

Tabela 6 - Investimento Inicia do sistema empírico de Nalazi

Equipamento Modelo Quantidade Preço Preço


Unitário Total(Mt)
(Mt)

Bomba Actun FIRST


SPU4.02-14-
1 68.000,00 68.000,00
B(Wilo)

Painel Solar CS6U-315 3 15.497,3 46.491,90

Controlador de Carga TRISTAR-45 1 41.360,77 41.360,77

Sub Total 155.852,67

Custo de Manutenção 4% CAPEX 6.234,11

Outros custos 15% CAPEX 23.377,90

Total 185.464,68

Fonte: Autor (2022)

O preço do conjunto da bomba, varia consoante a potência do motor a altura manométrica de


bombagem e o caudal bombeada pela bomba. Em uma análise comparativa entre a bomba já
instalada no local verifica-se que a bomba esta superdimensionada e a potência dos painéis não é
compatível para alimentar a bomba instalada de 3KW, neste sentido ha muita energia
desperdiçada.

Para correção do Sistema ja existente será necessário o restabelecimento de dois painéis


vandalizados e aumentar-se mais um panei para garantir os 15% da potência para a

Uanicela, José Pedro Francisco 42


Dissertação

sustentabilidade da bomba. Assim sendo os painéis instalados são de 600W, o custo total será de
90.900,00 Mt, valor convénio que os beneficiários são capazes de comprar.

4.2. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Xinyakanine


O sistema de bombeamento de Xinyakanine localiza-se a 22 Km da vila de Guijá com as
seguintes coordenadas geográficas: 24o 22’48”S e 32o53ʹ02”E. O dimensionamento empírico
desse sistema fotovoltaico de bombeamento, foi através do calculo do índice de irradiação diária
média mensal Com auxilio da CLIMWAT 2.0 e FAO CRPWAT 8.0.
Tabela 7 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Xinyakanine

Fonte: FAO CRPWAT 8.0 (2022).


Para cálculo das necessidades hídricas baseou-se nos dados disponíveis da estacão meteorológica
de Chókwè por se julgar ser a estacão mais próxima de Xinyakanine. De acordo as consultas
feitas com produtores locais, afirmaram que pratica-se mais hortícolas no sistema, nesse caso
usou-se como base a cultura de Alface, dados esses que vão dar auxílio no dimensionamento do
sistema fotovoltaico, como ilustra a figura abaixo:

Uanicela, José Pedro Francisco 43


Dissertação

Figura 17 - Estágio de desenvolvimento da cultura de Alface

Fonte: FAO CRPWAT 8.0. (2022).

Figura 18 - Necessidades hídricas da cultura predominante na comunidade de Xinyakanine

Fonte: FAO CRPWAT 8.0 (2022).


Com base na Figura acima o mês mais crítico é Abril, sendo que a cultura necessita de muita
água nesse mês correspondente a um caudal de 0.12 l/s (0,0072 m3/h).
Sistema será composto por arranjo fotovoltaico, um controlador de carga, tanques elevados para
armazenamento de água e a eletrobomba submersível num furo subterrâneo. A captação de água
será feita através de furo subterrâneo e a altura manométrica total a ser considerada será de 38 m.
A energia gerada pelo arranjo fotovoltaico alimentará a bomba solar.

Uanicela, José Pedro Francisco 44


Dissertação

A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água que necessita de 0.12 l/s, sendo
necessário 2,88 l/dia e considerando uma área irrigável de 10 000 m 2 então, teremos que
bombear 28800 L por dia (1.2 m3/h).
Para seleção da bomba baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO e
GIZ. Onde usou-se dados de irradiação média mensal do registo mais baixo com 12.7 MJ/m 2/dia
(3,528 KWh/m2) do estacão meteorológica mais próxima de Xinhankanine, como ilustra a figura
abaixo.

Figura 19 - Dados de entrada para dimensionamento da bomba

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Após lançamento de dados no software obteve-se os seguintes dados característicos da bomba


solar a ser usada no sistema empírico de irrigação da comunidade de Xinhankanine.

Uanicela, José Pedro Francisco 45


Dissertação

Figura 20 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Xinhankanine

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba monofásica, do fabricante WILO modelo Actun OPTI
MSI4.06-12 que é movida por um motor XI4-50 com 10 estágios (ver a figura 28). Para esta
situação, a vazão da bomba é de 8,23 m3/h e ela trabalhara por 4 horas (240 minutos).

Figura 21 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Xinhankanine

Fonte: Autor (2022).


Considerando que a bomba funciona a 12,5 A da corrente da entrada com potência nominal e
uma tensão de 230 V, a uma potência nominal de 2,2 kW conforme a figura acima.
A potência elétrica máxima (PB) dessa bomba é dada pelo produto da corrente pela tensão que
corresponde:
PB = V x I
PB = 230 V x 12,5 A

Uanicela, José Pedro Francisco 46


Dissertação

PB = 2875 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CANADIAN com 60 células. As especificações
do modelo escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 8 - Especificações dos painéis solares

Modelo Máxima Tensão de Corrente


Potência (W) Máxima Máxima
Potência (V) Potência (A)
CS6U – 330P 330 37,2 8,88
Fonte: Autor (2022)
Observação: As especificações elétricas estão sob condições de teste de irradiação de 1 KW/m 2,
espectro de 1,5 de massa de ar e temperatura de células de 25 oC.
Para o correto dimensionamento do arranjo fotovoltaico é preciso conhecer a energia utilizada
pela bomba durante o período em que ela permanece em funcionamento. Sendo que a bomba
funcionara dura 4 horas por dia. Então, a energia da bomba será dada por:
E B = PB x t
EB = 2875 x 4
EB = 11500 Wh/ dia
Para calcular a energia gerada por painel fotovoltaico (EP), multiplica-se a potência do painel
fotovoltaico (PP) pelo tempo de horas a sol pleno. Calcularemos o número de horas a sol pleno
para a situação mais extrema e será utilizada a condição de maior mínimo mensal. Junho é o mês
com menor media mensal, e é importante que se consiga a maior quantidade possível de energia
acumulada. Para tal, utilizaremos o arranjo fotovoltaico com a inclinação de 33o N obtido através
do software PVsystem e teremos um total de 3,53 kWh/m 2 conforme indicado nos dados
meteorológicos da estacão próxima.
kW h
3,53
m2 .. dia h
SP = = 3,53
kW dia
1 2
m
Agora poderemos calcular a energia gerada por um único painel, que será:
EP = PP x SP
EP = 330 x 3,53

Uanicela, José Pedro Francisco 47


Dissertação

EP = 1164,9 Wh/dia
O número mínimo de painéis que vão constituir o arranjo fotovoltaico é dado pelo resultado
aproximado da divisão da energia da bomba (EB) pela energia gerada por único painel (EP).
n = EB/EP
n = 11500/1164,9
n = 9,87 painéis
O resultado será arredondado por excesso e será utilizado um arranjo de 10 painéis ligados em
paralelo para conseguir a energia diária de suprimento (ES) que será calculada a seguir:
ES = Ep x n
ES = 1164,9 x 10
ES = 11649 Wh/dia
A seguir é ilustrado o esquema final do sistema de irrigação empírico de Xinhankanine com
detalhes do manancial, acessórios e sistema de irrigação.

Figura 22 - Layout de representação do sistema de bombeamento de Xinhankanine

Fonte: Autor (2022)

4.2.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações

A tabela abaixo ilustra o investimento inicial necessário para o sistema empírico de


Xinhankanine, ainda mostra com detalhes os preços dos equipamentos e o total investido para
este caso.

Uanicela, José Pedro Francisco 48


Dissertação

Tabela 9 - Investimento Inicia do sistema empírico de Xinhankanine

Equipamento Modelo Quantidade Preço Preço


Unitário Total (Mt)
(Mt)

Bomba Actun OPTI


MSI4.06-12
1 349.731,84 349.731,84
(Wilo)

Painel Solar CS6U – 330P 10 18.788,00 187.880,00

Controlador de Carga TRISTAR-45 1 41.360,77 41.360,77

Sub Total 578.972,61

Custo de Manutenção 4% CAPEX 23.158,90

Outros custos 15% CAPEX 86.845,89

Total 688.977,40

Fonte: Autor (2022)


O preço do conjunto da bomba, varia consoante a potência do motor a altura manométrica de
bombagem e o caudal bombeada pela bomba. Em uma análise comparativa entre a bomba já
instalada no local verifica-se que a bomba esta subdimensionada, visto que muitas famílias
inicialmente abrangidas pelo projecto desistiram por falta de água no campos de produção e
outros optavam em auxílio de outras fontes não renováveis como caso de motobombas a diesel.
Com a elevação das características da bomba poderá haver um estímulo na produção visto que
muitos que abandonaram voltaram a produzirem.
Em termos de correções ao Sistema, recomendaria que a entidade local (SIDAE) considera-se os
custos de investimento através da consulta pública dos beneficiários, com vista a partilharem
custos com os mesmos, o que ira garantir a segurança do Sistema contra sabotagem e

Uanicela, José Pedro Francisco 49


Dissertação

vandalismo. Neste sentido podia se redimensionar o Sistema alocando a bomba existente para
outra comunidade, visto que o custo de abertura de furo é Elevado ou fazer se o novo furo.

4.3. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Chibabele


O sistema de bombeamento de Xinyakanine localiza-se a 30 Km da vila de Guijá com as
seguintes coordenadas geográficas: 24o 35’27”S e 33o 13ʹ26”E. O dimensionamento empírico
desse sistema fotovoltaico de bombeamento, foi através do calculo do índice de irradiação diária
média mensal Com auxilio da CLIMWAT 2.0 e FAO CRPWAT 8.0.
Tabela 10 - Irradiação média mensal do estacão próxima de Chibabele

Fonte: FAO CRPWAT 8.0 (2022).


Para cálculo das necessidades hídricas baseou-se nos dados disponíveis da estacão meteorológica
de Chibuto, por se julgar ter características idênticas as da Localidade de Chibabele. De acordo
as consultas feitas com produtores locais, afirmaram que as culturas mais predominantes são:
pepino, feijão-verde e hortícolas, dados esses que vão ajudar na estimativa das necessidades
hídricas para o sistema.

Uanicela, José Pedro Francisco 50


Dissertação

Figura 23 - Estágio de desenvolvimento da cultura de feijão-verde

Fonte: FAO CRPWAT 8.0. (2022).

Figura 24 - Necessidades hídricas da cultura de feijão-verde

Com base na Figura acima o mês mais crítico é Novembro, sendo que a cultura necessita de
muita água nesse mês correspondente a um caudal de 0.44 l/s (0,0264 m3/h).
Sistema será composto por arranjo fotovoltaico, um controlador de carga, tanques elevados para
armazenamento de água e a eletrobomba submersível num furo subterrâneo. A captação de água
será feita através de furo subterrâneo e a altura manométrica total a ser considerada será de 456
m. A energia gerada pelo arranjo fotovoltaico alimentará a bomba solar.
A quantidade total de água que será necessária para irrigar completamente a área de prática de
irrigação. Considerando o mês de maior consumo de água que necessita de 0.44 l/s, sendo
necessário 10,56 l/dia e considerando uma área irrigável de 30 000 m 2 então, teremos que
bombear 316800 L por dia (13,2 m3/h).

Uanicela, José Pedro Francisco 51


Dissertação

Para seleção da bomba baseou-se no software Design – Pump Sizing Tool criado pela FAO e
GIZ. Onde usou-se dados de irradiação média mensal do registo mais baixo com 12.4 MJ/m 2/dia
(3,44 KWh/m2) do estacão meteorológica do distrito de Chibuto, como ilustra a figura abaixo.

Figura 25 - Dados de entrada para dimensionamento da bomba

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Após o levantamento dos dados primários para dimensionamento da bomba, determinou-se as


características padronizadas para a seleção da bomba solar a ser usada no sistema empírico de
irrigação da comunidade de Chibabele.

Figura 26 - Dados característicos para seleção da bomba solar a ser instalada no sistema empírico
de irrigação de Chibabele

Uanicela, José Pedro Francisco 52


Dissertação

Fonte: Design – Pump Sizing Tool (2022).

Agora que sabemos a quantidade de água a ser bombeada, poderemos escolher a bomba que será
utilizada. Foi escolhida uma bomba trifásica, do fabricante WILO modelo K8.50 que é movida
por um motor NU 811-2/95com 20 estágios (ver a figura 34). Para esta situação, a vazão da
bomba é de 13,2 m3/h e ela trabalhara por 2 horas (120 minutos).

Figura 27 - Performance da bomba submersível da bomba solar de Chibabele

Fonte: Autor (2022).

Considerando que a bomba funciona a 89 A da corrente da entrada com potência nominal e uma
tensão de 400 V, a uma potência nominal de 55 kW conforme a figura acima.
A potência elétrica máxima (PB) dessa bomba é dada pelo produto da corrente pela tensão que
corresponde:
PB = V x I
PB = 400 V x 89 A
PB = 35600 VA
Os painéis solares escolhidos são fabricados pela CANADIAN. As especificações do modelo
escolhido são apresentadas abaixo:
Tabela 11 - Especificações dos painéis solares

Modelo Máxima Tensão de Corrente


Potência (W) Máxima Máxima
Potência (V) Potência (A)
CS3Y – 500P 500 45 11,12
Fonte: Autor (2022)
Uanicela, José Pedro Francisco 53
Dissertação

Observação: As especificações elétricas estão sob condições de teste de irradiação de 1 KW/m 2,


espectro de 1,5 de massa de ar e temperatura de células de 25 oC.
Para o correto dimensionamento do arranjo fotovoltaico é preciso conhecer a energia utilizada
pela bomba durante o período em que ela permanece em funcionamento. Sendo que a bomba
funcionara dura 3 horas por dia. Então, a energia da bomba será dada por:
E B = PB x t
EB = 35600 x 2
EB = 71200 Wh/ dia
Para calcular a energia gerada por painel fotovoltaico (EP), multiplica-se a potência do painel
fotovoltaico (PP) pelo tempo de horas a sol pleno. Calcularemos o número de horas a sol pleno
para a situação mais extrema e será utilizada a condição de maior mínimo mensal. Junho é o mês
com menor media mensal, e é importante que se consiga a maior quantidade possível de energia
acumulada. Para tal, utilizaremos o arranjo fotovoltaico com a inclinação de 33o N obtido através
do software PVsystem e teremos um total de 3,44 kWh/m 2 conforme indicado nos dados
meteorológicos da estacão próxima.
kW h
3,44
m2 ..dia h
SP = = 3,44
kW dia
1 2
m
Agora poderemos calcular a energia gerada por um único painel, que será:
EP = PP x SP
EP = 500 x 3,44
EP = 1720 Wh/dia
O número mínimo de painéis que vão constituir o arranjo fotovoltaico é dado pelo resultado
aproximado da divisão da energia da bomba (EB) pela energia gerada por único painel (EP).
n = EB/EP
n = 71200/1720
n = 41,39 painéis
O resultado será arredondado por excesso e será utilizado um arranjo de 41 painéis ligados em
paralelo para conseguir a energia diária de suprimento (ES) que será calculada a seguir:
ES = Ep x n
ES = 1720 x 41

Uanicela, José Pedro Francisco 54


Dissertação

ES = 70520 Wh/dia
A seguir é ilustrado o esquema final do sistema de irrigação empírico de Chibabele com detalhes
do manancial, acessórios e sistema de irrigação.

Figura 28 - Layout de representação do sistema de bombeamento de Chibabele


Fonte: Autor (2022).

4.3.1. Investimento Inicial e Possíveis Recomendações

Para completar o estudo do Sistema empírico de Chibabele, apresenta-se a seguir a tabela com
preços dos equipamentos e o total investido para este caso.

Tabela 12 - Investimento Inicial do sistema empírico de Chibabele

Equipamento Modelo Quantidade Preço Preço Total


Unitário( (Mt)
Mt)

Bomba K8.50 que é


movida por um
1 553.231,80 553.231,80
motor NU 811-
2/95

Painel Solar CS3Y – 500P 41 21.000,00 861.000,00

Controlador de Carga TRISTAR-45 1 41.360,77 41.360,77

Uanicela, José Pedro Francisco 55


Dissertação

Sub Total 1,455,592.57

Custo de Manutenção 4% CAPEX 58,223.70

Outros custos 15% CAPEX 218,338.89

Total 1,732,155.16

Fonte: Autor (2022)

O preço do conjunto da bomba, varia consoante a potência do motor a altura manométrica de


bombagem e o caudal bombeada pela bomba. Em uma análise comparativa entre a bomba já
instalada no local verifica-se que a bomba esta subdimensionada, viso que mesmo para área
projectada não consegue suprimir as necessidades dos beneficiários. Ainda, de acordo com
entrevista feita nesta comunidade verifica-se a exclusão de vários agricultores devido ao Sistema
que é pequeno.

Em termos de correções ao sistema, recomendaria que a entidade local (SIDAE) considera-se a


expansão do sistema em termo de dimensionamento para garantir a inclusão e minimizar os
conflitos sociais. Para garantir a segurança do Sistema deve haver partilha de investimentos,
conhecimentos locais, assim como a responsabilidade da manutenção do sistema para os
beneficiários e projectos futuros devem criar pequenos financiamentos para os pequenos
agricultores para assegurar a sustentabilidade económica e social.

Uanicela, José Pedro Francisco 56


Dissertação

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo são apresentados e analisados os resultados do trabalho. Onde através de


pesquisa bibliográfica, visitas locais e entrevistas com representantes do Serviço Distrital de
Actividades Económicas de Guijá e da comunidade onde foram instalados os sistemas,
conseguiu-se levantar informações sobre três sistemas fotovoltaicos de bombeamento para uso
em irrigação, instalados sob programa PROSUL. Dos três sistemas, só se sabe que dois
encontravam-se operativos até Junho de 2022. Neste mês foram visitados esses sistemas, como
parte integrante do Serviço Distrital de Actividades Económicas de Guijá.

Para estudo da situação dos sistemas instalados recorreu-se a entrevista com a comunidade, com
objectivo de levantamento de dados para modelação dos sistemas de rega nas propriedades
abrangidas, onde foi possível identificar os equipamentos e configurações dos sistemas, os
beneficiários e foi possível também fazer alusão do estado de funcionamento dos mesmos, assim
com o levantamento das inquietações da comunidade acerca da implementação dos sistemas de
irrigação fotovoltaicos.

5.1. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Nalazi


Nesta comunidade o sistema instalado possuía 8760 W (8 módulos de 600 W) de potência para
alimentar uma eletrobomba Grundfos especial para sistemas fotovoltaica de 3 KW. A água é
bombeada de uma bacia de retenção de água construída pela ARA- Sul e abastecidos por dois
reservatórios (5 m³ cada) elevados, sendo destinada para irrigação a gota-gota de uma área de 2
ha. Nessa área, duas famílias (inicialmente eram 8 famílias) produziam hortaliças e batata e as
comercializavam na Vila distrital de Guijá e Xigubo. Segundo os técnicos da SDAE, alegaram
que várias reuniões e treinamentos foram realizados, com o objetivo de incutir o funcionamento
dessas tecnologias nessa comunidade.
Posteriormente, foram furtados 2 módulos, em que readequação do sistema, que passou a
funcionar com potência reduzida. Durante a vigência do projeto todos os problemas foram
equacionados, porém, em 2019 com a estiagem prolongada, o posto administrativo de Nalazi
sofreu e o sistema foi desativado. Sendo retomada a produção no ano seguinte, mas com poucas
famílias, visto que com a vandalização a potencia baixou e resultado em pouca produção em
termo da quantidade de água.

Uanicela, José Pedro Francisco 57


Dissertação

Na figura 13,podem-se observar detalhes do Sistema Fotovoltaico de Bombeamento de Nalazi,


onde verifica-se a vandalização dos dois módulos e a bacia de captação da água para efeito de
irrigação. Após a saída das entidades executoras do projeto a comunidade não conseguiu manter
o sistema em funcionamento de acordo com o objectivo em que foi dimensionado.

A B

Figura 29 - Sistema de Nalazi, com destaque para os módulos e reservatórios


Fonte: Autor (2022)

5.2. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento na aldeia de Xinyankanine


Na aldeia de Xinhankanine, um sistema fotovoltaico de bombeamento foi instalado numa zona
baixa. O Sistema fotovoltaico é composto por 4 módulos fotovoltaicos de 375 W, totalizando
uma potência de 1500 W, para alimentar uma bomba submersa com capacidade de 1.1 KW,
instalada num furo de 60m de profundidade. A água bombeada é armazenada em dois
reservatórios de 3 m³, dos quais é feita a distribuição por gravidade até o sistema de irrigação
localizado. A área total irrigada inicial era de 1 ha, mas os bons resultados do projeto
incentivaram a associação desta aldeia a adquirir um sistema de geração a diesel complementar
para aumentar a produção naquela época.
Na concepção do projeto, o sistema pretendia atender 20 famílias, entretanto, a desconfiança no
sucesso do empreendimento ocasionou desistência de quase a totalidade das famílias envolvidas,
restando apenas três usuários, onde este factor pode esta aliada a fraco estudo de viabilidade na
implementação desse tipos de sistemas.

Uanicela, José Pedro Francisco 58


Dissertação

Tem uma estrutura telada (estufa) para cultivo protegido para plantio de viveiros de hortícolas e
de mudas, em uma área actualmente de 0,5 ha. Segundo os técnicos e os reesposáveis do sistema,
o sistema ainda está em operação.

A B C

D E

Figura 30 - Detalhes do sistema instalado em Xinhankanine, com destaque para os módulos,


reservatórios de água, estrutura telada para irrigação e o furo de água.

Fonte: Autor (2022)

5.3. Sistema Fotovoltaico de Bombeamento na aldeia de Chibabele


O sistema fotovoltaico de bombeamento para irrigação da aldeia de Chibabele era composto por
6 módulos fotovoltaicos de 375 W, totalizando uma potência de 2250 W, para alimentar uma
bomba submersa instalada num furo de 80m de profundidade com capacidade segundo a chapa
característica da mesma de 2.2 Kw e o sistema é autónomo. A água bombeada é armazenada em
quatro reservatórios de 3 m³, dos quais é feita a distribuição por gravidade até o sistema de
irrigação localizado. A área total irrigada inicial era de 3 ha, sendo actualmente apenas explorado
quase metade da área para produção de pepino.
Segundo a entrevista concedida com a comunidade local, o sistema já foi alvo de vandalismo:
por duas vezes, sendo da primeira roubada dois módulos e a segunda um módulo. O que obrigou
o sistema a funcionar numa produção reduzida, culminando em redução também da área de
cultivo. No entanto, na ocasião da visita verificou-se que a bomba arranca a partir das 10 horas

Uanicela, José Pedro Francisco 59


Dissertação

devido a redução da carga, influenciado por roubo de uma linha de módulos (conforme ilustra a
figura 16) num total de três.

A B C

Figura 31 - Área de plantio, local de captação da água no rio e reservatórios.


Fonte: Autor (2022)

5.4. Análise dos dados recolhidos nos SFBI visitados

Os projetos instalados no distrito de Guijá, apesar de terem sido projetados por equipes
diferentes, apresentam algumas características em comum, comentadas a seguir:

5.4.1. Problemas com a operação, manutenção e reposição

Os projetos apresentados nesse estudo utilizavam eletrobombas submersíveis projetadas para uso
específico em sistemas fotovoltaicos.
Verifica-se altos preços dessas eletrobombas dedicadas a sistemas fotovoltaicos que as torna
inacessíveis sem uma linha de crédito especial para pequenos produtores rurais no país.
A falta de pessoal capacitado para manutenção das eletrobombas, dos equipamentos de
condicionamento é outro problema importante. Sem assistência técnica adequada e sem a
possibilidade de troca imediata dos componentes, os sistemas ficam paralisados ocasionando
perdas da produção agrícola.
Algumas falhas associadas com as eletrobombas poderiam ser evitadas com um treinamento
mais detalhado e continuo dos usuários.
Outro problema identificado foi o furto de equipamentos, como módulos principalmente. Tal
problema está, normalmente, associado a sistemas instalados distantes das residências,
facilitando a ação dos criminosos.

Uanicela, José Pedro Francisco 60


Dissertação

5.4.2. Necessidade de treinamento em técnicas agrícolas e de produção

Apesar do aumento de áreas irrigadas no país, principalmente da irrigação, o pequeno agricultor


tem pouca tradição e conhecimento dessa tecnologia. Mas esse é só um dos vários problemas
enraizados na produção agrícola familiar e que só podem ser solucionados com uma adequada e
contínua assistência técnica ao agricultor.
Em todos os projetos estudados houve necessidade de treinamento específico para resolver
alguns dos problemas mencionados, principalmente para mudança da produção tradicional à
produção orgânica: capacitação para a produção de cultivos mais adequados ao clima das zonas
semiáridos.

5.4.3. Sustentabilidade dos projetos

Os projetos estudados foram concebidos como pilotos e financiados a fundo quase perdido
através do PROSUL. Este tipo de financiamento facilita a transferência de um tipo de tecnologia
aos usuários. O problema é que sem a criação de um fundo de reposição para os equipamentos e
o respaldo de uma entidade local, os projetos acabam quando o dinheiro acaba também e/ou as
instituições cessam com os financiamentos.

5.5. Utilização dos casos fictícios nos locais visitados

Na situação dos projectos implementados, os agricultores usam motores de combustíveis fosseis


para suprir o bombeamento de água, esses equipamentos tem tido várias avarias que
condicionam a produção agrícola, além da poluição do meio ambiente. Além disso, o custo de
aquisição e transporte dos combustíveis é alto e alguns pontos dessas regiões não estão em
planos de eletrificação imediata.

Os sistemas fictícios dimensionados mostram ser uma aplicação viável economicamente e


aceitada pelos usuários, visto que mostram factores chaves para alcançar um mercado maduro,
pois incluem treinamento, dimensionamento adequado comparativamente aos estudos que
mostram um subdimensionamento forcando os agricultores a usarem outras fontes de energia,
além de lacunas no programa de treinamento que cria conflitos e vandalismo dos sistemas. Nesse
sentido, o programa investira na capacitação de instaladores, vendedores, engenheiros e usuários.

Uanicela, José Pedro Francisco 61


Dissertação

Com dimensionamento adequado dos sistemas fictícios espera a diminuição da poluição


existente pelo uso de motores de combustão interna para bombeamento de água na bacia de
captação do sistema de Nalazi, com relatam os técnicos de SDAE de Guijá que vazamento de
combustível causado pela motobomba a diesel que usam para suprir as necessidades hídricas do
sistema.

Acredita-se com as correções, treinamento, inclusão dos beneficiários, os agricultores poderão


participar na instalação e segurança dos sistemas. Uma vez instalado o sistema, o agricultor toma
conta da operação e manutenção do sistema, contando com um pouco de apoio técnico. Visto
que nas entrevistas feitas os beneficiários alegam não oferecerem resistência às novas
tecnologias, mas apontam que existiu dificuldade para incorporá-los à prática no dia-a-dia e
quebrar os velhos hábitos.

Os sistemas dimensionados vão permitirem a disponibilidade de todos dados do projecto desde


os beneficiários e as entidades competentes que zelam dos sistemas instalado, porem durante as
visitas, observou-se a falta de documentação sobre os projetos instalados. O SIDAE que
participou da implementação, desconheciam dados importantes como o tipo de sistema instalado,
características dos equipamentos ou o estado actual dos sistemas. Geralmente, como
consequência da mudança de equipes e a má prática de não documentar e publicar o aprendido.

A questão da padronização dos sistemas dimensionados vai permitir a redução dos custos de
compra e envio de equipamentos e materiais de reposição, assim como as técnicas de instalação,
operação e manutenção, simplificando assim, o trabalho dos técnicos. Embora a padronização
pode dificultar a adaptação dos sistemas às características locais de demanda como já aconteceu
em projetos como Nalazi e Chibabele e, ainda, reduzir a vida útil dos equipamentos se eles não
estiverem adequados às condições locais. Neste sentido, pode-se trabalhar com várias
configurações que permitam satisfazer as diferentes características da demanda hídrica (fonte de
água, tipo de culturas, práticas agrícolas).

Uanicela, José Pedro Francisco 62


Dissertação

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que, um dos grandes problemas dos sistemas analisados, está na má distribuição da
água e irregularidade dos recursos hídricos, tratando de zonas com características semiáridas.
Onde a escassez de água reduz a capacidade de produção dos campos agrícolas, a segurança
alimentar e a possibilidade de mudança de produção para cultivos com melhor valor no mercado.
Os sistemas fotovoltaicos de bombeamento podem ajudar no aproveitamento do potencial
hídrico tanto para consumo humano, como para usos produtivos. Além disso, a zona semiárida é
uma região com excelente recurso solar.

Os projetos estudados com sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação trouxeram


uma série de impactos positivos para os beneficiários: aproveitamento de áreas cultiváveis
ociosas por falta de água ou altos custos de bombeamento, incremento na produção e na renda
familiar; diversificação da produção, aumento da segurança alimentar, dentre outros. Não
entanto, há uma série de barreiras comuns que ainda devem ser solucionadas como a falta
conhecimento da população sobre a tecnologia, o baixo desenvolvimento do mercado
fotovoltaico de bombeamento na região, a falta de estudo priorizada no dimensionamento desses
sistemas e os problemas inerentes à produção agrícola familiar.

Após a saída da instituição promotora do projeto piloto ou o término do recurso financeiro


destinado a mantê-lo, normalmente as comunidades não conseguem consertar/substituir
equipamentos danificados e os projetos tendem a ser abandonados. Diversas pesquisas mostram
que a existência de uma instituição local pode garantir a sustentabilidade de projetos dessa
natureza (Fedrizzi, 2003; Narvarte & Lorenzo, 2010; Moraes et al., 2012). Com relação a isso, é
possível constatar que para implantar projetos baseados no uso da tecnologia fotovoltaica
existem múltiplos arranjos de gestão e instituições promotoras. É importante também
estabelecer, desde o início do projeto, quem será responsável pelo funcionamento, a manutenção
e a substituição de equipamentos. Não considerar uma política adequada de gestão da nova
tecnologia poderá resultar no insucesso desses empreendimentos (Fedrizziet al., 2009a).

Os sistemas fotovoltaicos de bombeamento apresentam uma enorme potencialidade de uso no


principalmente nas zonas semiáridas, principalmente para a produção agrícola familiar, mas é
necessário cautela na forma como são planejados e conduzidos os projetos levando em conta as

Uanicela, José Pedro Francisco 63


Dissertação

lições aprendidas por projetos anteriores para uma boa sustentabilidade dos projectos presentes e
futuras.

Os sistemas de aplicação optimizados para bombas solares caracterizam-se por uma elevada
eficiência de água e baixa pressão, uma vez que ambos os aspectos têm impacto directo no
volume de água disponível para as culturas, para uma dada bomba solar. As tecnologias óptimas
de irrigação para bombas solares incluem tubos de pulverização, sistemas de gotejamento,
sistemas de chuva, mangueiras de grande diâmetro e bacias com latas de pulverização. Apenas os
sistemas de gotejamento estão amplamente disponíveis em Moçambique, mas o seu custo é
proibitivo para a maioria dos pequenos agricultores das comunidades visitadas.

Respondendo as hipóteses levantadas, verificou-se que o uso de sistemas fotovoltaicos de


bombeamento para irrigação nas pequenas áreas rurais no distrito de Guijá, impulsiona o
desenvolvimento da actividade agrícola, principalmente no aumento da produtividade de
agricultura, também permitiu criação de empregos diretos (pessoas que trabalham na lavoura) e
indiretos (pessoas comercializam as culturas) em virtude ao aumento do período de cultivo e a
oferta de novos produtos. Mesmo com relatos positivos dos beneficiários verifica-se muitas
lacunas no dimensionamento adequado, visto que quase todos sistemas visitados estão
subdimensionados criando conflitos entre os beneficiários e maior risco de vandalização dos
sistemas. No caso de sistema de Nalazi os agricultores tem optado em uso de motores de
combustão interna para captação de água, que poluem o meio ambiente como forma de suprir as
necessidades hídricas.

Uanicela, José Pedro Francisco 64


Dissertação

6. RECOMENDAÇÕES

Dos projectos visitados os entrevistados mostraram que doar bombas solares, também não é a
opção preferida dos mesmos, uma vez que a falta de propriedade ou interesse genuíno
geralmente compreende a utilização e manutenção efectiva desta tecnologia. Como
recomendação há necessidade de fornecer subsídios aos agricultores. Vários peritos
recomendam, portanto, que se subsidie parcialmente as bombas e se deixe os agricultores
pagarem cerca de 20% do custo restante.

O custo de capital para a transição para o solar é elevado para a maioria dos agricultores rurais
entrevistados. Recomenda-se a criação de instrumentos financeiros para os apoiar. Por outro
lado, o país precisa de mais vendedores de tecnologia estrategicamente localizados para poder
fornecer e apoiar as comunidades rurais em pecas subssalentes e assistência técnica.

Recomenda-se a criação de cooperativas aos beneficiários desses sistemas para dar a


responsabilidade na manutenção e segurança dos sistemas, de modo a evitar vandalismo e para
garantir a manutenção preventiva por parte da comunidade sem depender do governo ou projecto
que propôs o sistema.

Para quase todos sistemas visitados, recomenda-se que se faça um estudo de viabilidade, visto
que os depoimentos acolhidos demostram uma grande exclusão da comunidade na inserção dos
sistemas propostos, em que os sistemas foram subdimensionados e há muita área por irrigar e a
capacidade dos sistemas não permite.

Recomenda-se que a instalação do sistema deve ser planeada previamente, com estimativas do
tempo necessário, das ferramentas, do número de ajudantes, das condições climáticas no
momento de instalação, do estado da fonte de água e das obras civis necessárias para instalação
do sistema hidráulico e elétrico.

Recomenda-se que, quando acabada, a instalação deve ser testada para conferir o bom
desempenho do sistema (funcionamento dos equipamentos, comparações dos valores dos
parâmetros elétricos e hidráulicos reais com os esperados, localização correta dos equipamentos,
medidas de segurança, etc.). Essa verificação deve ser feita imediatamente após a conclusão da
instalação.

Uanicela, José Pedro Francisco 65


Dissertação

Recomenda-se a capacitação dos beneficiários e técnicos dos serviços responsáveis de


manutenção preventiva e corretiva, equipar-se os técnicos com peças de reposição (chaves,
registros, conectores, etc.) e ferramentas (chaves de fenda, alicates, multímetro, etc.), e fornecer
aos técnicos e usuários um manual que esclareça os princípios de manutenção, medidas de
segurança e procedimentos em caso de problemas.

Recomenda-se levar em conta o nível de alfabetização e educação do público-alvo e seu


conhecimento prévio sobre os sistemas fotovoltaicos de bombeamento para irrigação.

Uanicela, José Pedro Francisco 66


Dissertação

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dissertação

ANEXOS

Uanicela, José Pedro Francisco I


Dissertação

Anexo 1 - Curvas IxV dos painéis propostos para estudos empíricos

Anexo 2 - Características técnicas dos módulos selecionados

Uanicela, José Pedro Francisco II


Dissertação

APÊNDICES

Uanicela, José Pedro Francisco III


Dissertação

Apêndice 1 - Sistema de bombeamento de Nalazi

Apêndice 2 - Sistema de bombeamento de Xinyankanine

Apêndice 3 - Sistema de bombeamento de Chibabele

Uanicela, José Pedro Francisco IV

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