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Universidade Rovuma
Nampula
2023
i
Universidade Rovuma
Nampula
2023
ii
Índice
Declaração de honra ........................................................................................................... iv
Dedicatória .......................................................................................................................... v
Agradecimentos .................................................................................................................. vi
Resumo .............................................................................................................................. vii
Abstract ............................................................................................................................viii
Lista de figuras ................................................................................................................... ix
Lista de tabelas .................................................................................................................... x
Lista de símbolos ................................................................................................................ xi
Lista de abreviaturas e siglas ............................................................................................. xii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................13
1.1. Contextualização ........................................................................................................ 13
1.2. Delimitação e enquadramento de tema ...................................................................... 14
1.3. Justificativa e relevância da prática do tema.............................................................. 15
1.4. Problematização ......................................................................................................... 17
1.5. Objectivos da monografia .......................................................................................... 18
1.6. Hipóteses de pesquisa ................................................................................................ 18
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................19
2.1. Energias renováveis ................................................................................................... 19
2.2. Energias hídrica em Moçambique ............................................................................. 21
2.2.1. Centrais hidroeléctricas ...................................................................................... 21
2.3. Turbina de Vórtex gravitacional ................................................................................ 24
2.3.1. Geradores assíncronos ......................................................................................... 26
2.4. Avaliação do impacto do meio ambiente ................................................................... 29
2.5. Dimensionamento de um sistema com turbina hídrica de Vórtex gravitacional ....... 30
CAPÍTULO III: METODOLOGIA..........................................................................................32
3.1. Métodos de pesquisa .................................................................................................. 32
3.2. Técnica de recolha de dado: observação directa ........................................................ 37
3.3. Técnicas de análise de dados.. ................................................................................... 38
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E ANÁLISES......................................................................39
4.1. Descrição do local em estudo .................................................................................... 39
4.2. Dimensionamento do sistema .................................................................................... 40
4.3. Viabilidade técnica e eficiência do sistema ............................................................... 44
iii
Declaração de honra
Declaro por minha honra que esta monografia científica resulta da minha investigação pessoal
e das orientações do meu Supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente citadas no texto, nas notas e na Bibliografia final.
Declaro ainda que a mesma não foi apresentada em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.
________________________________________
Dedicatória
Eu dedico este trabalho a minha mãe Elisa Congerenge, aos meus irmãos Victor Rafael
Manhungua e Júlio Rafael Manhungua e toda a minha família principalmente àqueles que me
encorajam sempre e àqueles que me encorajaram a realizar esse sonho, sem esquecer aos
meus amigos.
vi
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde que me conservou até este momento e por me
ter dado esta oportunidade.
Aos meus pais Rafael Manhungua e Elisa Congerenge e meu irmão Victor Rafael
Manhungua, pelo apoio que me deram durante a minha caminhada estudantil e por esforço
investido na minha educação.
Agradeço ao meu supervisor, Msc. António Gonçalves Fortes, por sua disponibilidade, seus
preciosos conselhos e suas orientações na realização dessa monografia.
A todos os docentes do curso de Ensino de Física, pela maneira sábia com que têm levado os
estudantes aos níveis mais elevados de conhecimentos nas cadeiras por eles leccionadas,
garantindo deste modo a qualidade de ensino nesta instituição de ensino superior.
Agradeço aos colegas de sala, pela amizade e companheirismo durante o percurso do curso.
Finalmente, agradeço a todos que colaboraram directa e indirectamente nessa monografia.
vii
Resumo
A geração de energia eléctrica por meio de turbinas hidráulicas constitui uma alternativa para diversos níveis de
demanda nas zonas rurais e suburbanas não abrangidas pela energia da rede nacional, pela capacidade de reduzir
a pobreza energética, a dependência dos combustíveis fósseis e minimizar parte dos problemas ambientais que o
mundo enfrenta. Assim sendo, a presente pesquisa exploratória, aplicada e experimental teve como objectivo
avaliar o funcionamento de um sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais de
escoamento, construído com material alternativo, para a geração de energia eléctrica nos pequenos potenciais
hídricos do rio Muchenga – Lichinga. Constatou-se que, quando o sistema operou com a vazão de 0.02 m3/s e
altura de queda de 0,7 m, gerou uma tensão máxima de 30.2 V e corrente de 36,5 mA, suficiente para carregar
um telefone celular Android e acender uma lâmpada Led de 5 W. Ademais, o sistema mostrou-se sustentável em
termos socioambientais e socioeconómico para geração de electricidade para uso doméstico. Conclui-se que o
sistema hidroeléctrico construído com base nos materiais alternativos é sustentável sob ponto de vista social,
ambiental e económico, para além de gerar uma potência útil, nos rios de pequeno potencial hídrico, capaz de
atender as necessidades domésticas das comunidades rurais e suburbanas, podendo ainda ser usado para outros
fins.
Abstract
The generation of electricity by means of hydraulic turbines constitutes an alternative for different levels of
demand in rural and suburban areas not covered by the energy of the national network, due to its ability to reduce
energy poverty, dependence on fossil fuels and minimize part of the environmental problems. that the world
faces. Therefore, the present exploratory, applied and experimental research aimed to evaluate the functioning of
a hydroelectric system with a gravitational vortex turbine with two flow channels, built with alternative material,
for the generation of electric energy in the small hydro potentials of the Muchenga river. – Lichinga. It was
found that when the system operated with a flow rate of 0.02 m3/s and a drop height of 0.7 m, it generated a
maximum voltage of 30.2 V and a current of 36.5 mA, enough to charge an Android cell phone and light a 5 W
LED lamp. Furthermore, the system proved to be sustainable in socio-environmental and socio-economic terms
for generating electricity for domestic use. It is concluded that the hydroelectric system built based on alternative
materials is sustainable from a social, environmental and economic point of view, in addition to generating
useful power, in rivers with little water potential, capable of meeting the domestic needs of rural communities
and suburban areas, and can still be used for other purposes.
Lista de figuras
Figura 9: Construção e montagem do sistema. (A) molde das pás; (B) construção da base de
circulação; (C) montagem de eixo e das pás; (D) sistema montado; (E) protótipo em
funcionamento no local. ................................................................................................................ 36
Figura 10: Local de implementação do sistema: (A) antes da limpeza; (B) depois da limpeza. ... 39
Figura 11: Instrumentos de medição usados: (A) multímetro digital usado para medição da
tensão e intensidade da corrente eléctrica; (B) fita métrica usada a medição da área de
instalação do sistema. .................................................................................................................... 40
Figura 13: Fases de teste e medição: A. medição da tensão eléctrica (V); B. a medição de
intensidade de corrente eléctrica (mA); C. lâmpada LED acesa; e D. telefone celular Android
em carregamento............................................................................................................................ 41
Figura 15: Comportamento da intensidade da corrente eléctrica nos 4 dias de análise. ............... 42
Lista de tabelas
Tabela 3: Relação para obter o número de pás nas turbinas tipo Vórtex. ..................................... 29
Lista de símbolos
CH – Central Hidroeléctrica
Fig. – Figura
Mt – Meticais
Pm – Potência média
TV – Televisão
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Uma das energias primárias abundante na natureza é a energia da água, denominada energia
hídrica. A técnica de conversão da energia hídrica em energia mecânica primeiramente foi
explorada para utilização em propulsão de navios, moinhos de cereais, bombas de água e na
idade média, para mover a indústria da forjaria.
Assim, uma das formas de aproveitamento da massa de água para a geração de electricidade é
através das turbinas hidráulicas, descritas pelo princípio de Bernoulli sobre a conservação de
energia de um fluido, que proporcionaram uma grande revolução no sector industrial. Desde
então, vem sendo construídos vários tipos de turbinas com melhor rendimento, porém,
requerem um investimento elevado para a sua aquisição e operacionalização (Júnior, 2013).
Neste contexto, segundo Fortes et al. (2020), as populações que vivem nas comunidades
rurais ou áreas isoladas, distantes e de difícil acesso, ficam isentas da energia da rede eléctrica
nacional (REN), originando-se os problemas de integração da educação, saúde, abastecimento
de água, saneamento, melhoria nos processos produtivos de subsistência, estabilidade e
insegurança local, universalização da informação, principalmente à internet e a qualidade de
vida, no sentido geral.
Para a pesquisa foi construído um protótipo de turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois
canais de escoamento, para geração da energia eléctrica, aproveitando-se dos pequenos
potenciais hídricos, sobretudo para as regiões não abrangidas pela REN ou quando se há
necessidade de gerar energia de forma descentralizada para atender diversas necessidades, a
destacar, a doméstica e agrícola. Para o efeito, o protótipo foi montado numa serralheira
situada no bairro de Chiuaula na cidade de Lichinga, testado e instalado num trecho do rio
Muchenga, onde efectuou-se os testes nos períodos da manhã (7:30 as 11:30 h) e de tarde
(13:30 as 17:30 h), em 4 dias consecutivos.
O tema em estudo está enquadrado na linha de pesquisa “Energia e meio ambiente versus
educação” vigentes no Curso de Física com habilitações em Energias Renováveis da
UniRovuma. Os resultados da pesquisa podem ser utilizados nas aulas de Física, tanto no
Ensino Secundário Geral (1º e 2º ciclo), nos capítulos de “Electricidade” e
“Electromagnetismo”, quanto no Ensino Superior ou Técnico Profissional, com abordagem
ambiental, económica e energética.
A energia eléctrica em Moçambique não está distribuída de forma igual, existindo algumas
zonas que não se beneficiam da energia da REN. O governo moçambicano, está procurando
mecanismos para aproveitar os recursos naturais existentes em abundância, para incremento
no acesso à energia eléctrica, sobretudo a proveniente de fontes limpas e renováveis (Gueifão
et al., 2013). Porém, a falta de políticas públicas, o alto custo para a aquisição das tecnologias,
a falta da capacidade técnica, tecnológica e financiamentos para esses projectos são as
principais restrições.
Nos tempos livres, o autor se dedica a agricultura, onde na sua machamba usa um gerador de
corrente eléctrica que funciona na base de gasolina (derivado de petróleo). Deste modo,
enquanto estudante do curso de Ensino de Física com habilitações em Energias Renováveis,
participou nas jornadas científicas na Universidade Rovuma – Nampula, onde o seu grupo
gerou energia eléctrica a partir da energia cinética e potencial das águas do rio e sugeriu-se o
melhoramento dos dispositivos usados nesses experimentos.
A partir de materiais alternativos de fácil acesso pode-se construir um protótipo cuja pode
gerar energia eléctrica que suprirá as necessidades energéticas locais. Por outro lado, a
escolha do tipo de turbina fundamenta-se pelo facto da maior parte dos rios terem uma altura
de queda abaixo de 3 m e uma vazão considerável, típico para o aproveitamento energético
das turbinas de Vórtex.
O tema tem uma relevância científica e social, porque é através deste que pode-se criar bases
científicas que contribuam para o avanço da ciência, tecnologia e consequente
desenvolvimento da sociedade, portanto, o facto de existir material alternativos acessível para
a construção de protótipo implica que em qualquer local pode se montar o sistema, desde
momento que o local tenha potencial hídrico razoável, fazendo com que as comunidades se
beneficiem das vantagens da energia renovável, limpa e de baixo custo, sobretudo nas zonas
rurais onde a REN não cobre.
Na obra da Empresa belga Turbulent (2018), desenvolveu-se um sistema no qual foi possível
construir micro central hidreléctrica do tipo Vórtex de um canal de escoamento em que pode
ser instalada nos locais onde ocorrem a passagem de rios. Ainda os engenheiros belgas
desenvolvem inovadora turbina de vórtice gravitacional capaz de fornecer energia a 60
habitantes. Existem regiões onde ainda não é possível receber energia eléctrica convencional
por empresas de energia por terem baixa densidade populacional e estarem em locais distantes
dos centros urbanos. Pensando nisso, surgiu a necessidade de construir uma turbina Vórtex de
dois canais de escoamento cujo poderá ajuda nas regiões onde a REN não alcança.
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1.4. Problematização
Um dos grandes tormentos do Mundo hoje é a questão relativa à energia, onde o seu
aproveitamento ainda não atingiu um nível satisfatório, visto que a maioria das fontes de
energia utilizada no planeta é de origem não renovável, seja de fonte mineral, atómica e
térmica. A energia pode ser utilizada de forma mais civilizada e menos dispendiosa, por meio
de fontes renováveis como a energia hídrica, solar, das marés, geotérmica e de outras fontes.
Em Moçambique têm recursos abundantes para gerar energia limpa, acessível e sustentável, e
é considerado um dos maiores produtores da energia eléctrica da região da África Austral,
com uma potência actual de 2.780 Mega Watts (MW). Apesar de ser um país com recursos
que gera energia suficiente para alimentar as necessidades actuais do consumo interno e
exportar, Moçambique é o quarto país da região com menos acesso à electricidade pelos
cidadãos, por exemplo mais de 60% da população não tem acesso a REN (ALER & AMER,
2021). Por essa razão, a ligação à REN está centralizado principalmente nas cidades e em
áreas urbanas, havendo carência, sobretudo, nas comunidades rurais e isoladas.
Geograficamente, as províncias do Sul do país têm uma taxa de electrificação mais elevada
em comparação com as províncias do Centro e Norte do país, em particular província de
Niassa com uma taxa de electrificação de 25% (Finscope, 2019). Portanto, esta taxa de
electrificação é muito insignificativo para uma província com maior número de habitantes,
onde a maioria da população usa o carvão, a lenha, a vela, lanternas a pilha, cafulo e petróleo
(fogão e candeeiro) como principais fontes para cumprir as necessidades energéticas; e o
menor número da população usa energia da REN. Por essa razão, que nas zonas rurais, onde
vive a maior parte da população depende da natureza para responder às suas necessidades
energéticas.
Os locais favoráveis às instalações de centrais hidreléctricas são locais de alta queda, nas
ribeiras de grandes declives, formados por rápidos ou cascatas (Sartori et al., 2017). Para
gerar energia hidroeléctrica é preciso unificar os desníveis do relevo por meio da construção
de barragem ou reservatórios que interrompem o curso normal do rio (Bostan et al., 2012).
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Portanto, é com base nesta e noutras fundamentações que se colocou a seguinte questão: Até
que ponto a utilização de uma turbina hídrica da Vórtex gravitacional de dois canais de
escoamento pode aproveitar pequenos potenciais hídricos gerar uma potência útil para uso
doméstico?
Identificar trechos do rio Muchenga com fluxo, diâmetro e altura de queda de água
capaz de se aproveitar para a geração de electricidade;
Construir o sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais
de escoamento com base nos materiais alternativos para gerar energia eléctrica nos
pequenos potenciais hídricos, para o uso doméstico;
Analisar a relação que existe entre a altura de queda e a vazão do rio, na potência
eléctrica e eficiência do sistema de geração de electricidade;
Descrever os impactos socioeconómicos e ambientais causados durante a operação do
sistema.
Este capítulo apresenta tópicos gerais sobre energia renováveis em Moçambique, geração de
energia nas centrais hidroeléctricas e suas principais classificações, turbinas hidráulicas do
tipo Vórtex e suas principais classificações, avaliação do impacto do meio ambiente, o
dimensionamento do tanque de circulação, cone de descarga, canal de zona de transição na
turbina hidráulica com dois canais de escoamento.
Segundo Pacheco (2006), energias renováveis são aquelas provenientes de ciclos naturais de
conversão da radiação solar, fonte primária de quase toda energia disponível na Terra e, por
isso, são praticamente inesgotáveis e não alteram o balanço térmico do planeta. Ex. energia
hidreléctrica, solar, eólica, do mar e geotérmica. Já energia não renovável é a aquela que
quando da sua transformação, a matéria-prima utilizada já não se aplica mais ao seu uso. Ex:
o gás natural.
Para o Engiobra (2016), refere que desenvolvimento sustentável é fazer uso de recursos
naturais pesando na futura geração, isto em outras palavras, significa manter o equilíbrio
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frágil entre o uso de recursos e a exploração. Hoje em dia para encontrar o equilíbrio é uma
tarefa muito difícil, estabelecer um limite na consideração, pois são feitas exigências
excessivas aos recursos limitados, e cada dia que se passa os recursos naturais vão ficando
mais escassos mais difíceis de ser encontrado, pois o homem vai degradando tudo, então
quando temos a oportunidade de se obter uma energia eléctrica de forma limpa, segura
renovável, e sem agredir o meio ambiente, podemos fazer sempre respeitando as regras e ao
nosso meio ambiente.
Com o potencial identificado, apenas 7.537 MW foram priorizados como projectos (Gueifão
et al., 2013; ALER, 2017), e se encontram distribuídos por fontes (Fig. 2).
No contexto apresentado nas figuras 1 e 2, vários mecanismos estão sendo desenvolvidos para
aproveitar o potencial identificado (EDM, 2018).
O recurso hídrico é o recurso que apresenta maior potencial económico em Moçambique, com
destaque para a cascata do Zambeze e para um vasto conjunto de projectos de média
dimensão ao longo de todo o território, tendo sido identificados e estudados mais de 1.400
projectos, o que corresponde a um total de 18,6 GW de potencial hidroeléctrico, dos quais 351
projectos, ou seja, 5,6 GW, apresentam pré-viabilidade técnica e económica (Gueifão, et al.,
2013, p. 10).
Geradores eléctricos são equipamentos de extrema importância nas turbinas, assim como nas
centrais hidroeléctricas, cuja sua função é transformar a energia mecânica gerada pela turbina
em energia eléctrica. São considerados dois tipos de geradores: assíncrono e síncrono com
multiplicador de velocidade. (Eletrobras, 2000, p. 165). Na maior parte das centrais
hidroeléctrica usa-se geradores síncronos com multiplicador de velocidade.
Uma central hidroeléctrica pode ser definida como um conjunto de obras (barragem, captação
e condutos de adução de água, casa de máquinas e restituição de água ao leito do rio) e
equipamentos (caixa espiral, roda da turbina, eixo inferior da roda da turbina, tampa da
turbina, servo motores, aro de operação, cruzeta inferior, bloco de escora, cruzeta superior e
eixo superior), cuja finalidade é a geração de energia eléctrica, utilizando o potencial
hidráulico existente num rio (Fig. 3) (Moura et al., 2019, p. 23).
22
A geração de energia a partir de uma fonte hídrica acontece através de turbinas hidráulicas,
que são um tipo de máquinas hidráulicas. A turbina recebe a energia mecânico-hidráulica do
fluxo de água e a converte em energia mecânico-motriz, que acionam o gerador, produzindo
energia eléctrica (Simone, 2010).
Geralmente, as hidroeléctricas são classificadas de acordo com Reis (2011, p. 90), quanto ao
uso das vazões naturais, à forma de captação de água e à função no sistema.
Quanto ao uso das vazões naturais:
Existem centrais a fio de água, centrais de acumulação e centrais reversíveis.
Centrais a fio de água: utilizam somente a vazão natural do curso da água do rio.
Centrais com reservatório de acumulação: têm um reservatório de tamanho suficiente
para acumular água na época das cheias para uso na época de estiagem. Pode,
portanto, dispor de uma vazão firme substancialmente maior do que a vazão mínima
natural.
23
Em geral, o custo de construção de uma central hidroeléctrica é alto, por essa razão, o alto
investimento inicial é compensado pelos baixos custos de operação e manutenção após o estar
em funcionamento. Neste contexto, as centrais hidroeléctricas são as centrais mais rentáveis.
No que tange aos aproveitamentos de baixas quedas (Fig. 4), a água normalmente é conduzida
às turbinas através de um canal com uma declividade e a velocidade de escoamento mínimas,
portanto, aproveitando o máximo da queda. Diante disso, a queda útil pode ser determinada
conforme a equação (Prieto, 2012, p. 40).
24
Onde: Hl é a queda liquida; Hb é a queda bruta; h1 é a altura perdida no canal superior e h2 é a altura
perdida no canal de fuga.
O sistema hidroeléctrico de Vórtex gravitacional é uma nova tecnologia que utiliza a energia
contida dentro de um grande vórtice de água (Simone, 2010). Estas turbinas são utilizadas em
centrais hidreléctricas para gerar electricidade com baixa queda e baixa vazão. Para tanto, é
gerado em uma bacia circular com uma entrada tangencial e saída central, que por sua vez, é
colocada um rotor de eixo vertical no centro do vórtice onde a velocidade de rotação é mais
alta, gerando assim energia mecânica convertendo em energia eléctrica com um gerador
eléctrico (Engiobra, 2016).
Esses sistemas podem operar em quedas de água a partir de 0,7 m. Os custos de construção
são relativamente pequenos devido à sua construção mais simples, sem necessidade de
estrutura de barragens e da utilização de materiais disponíveis localmente (Dhakal et al.,
2017). Assevera Mulligan (2015, p. 2), que os vórtices gravitacionais podem ser classificados
em duas categorias:
Vórtex fracos: eles tendem a existir como uma instabilidade em fluxos que exibem
características instáveis, essa instabilidade se manifesta pela não formação de um núcleo de ar
que atinge a secção de saída. Em vórtices fracos predomina a descarga axial, isso porque a
ausência do centro de ar permite que a água corra sobre a maior parte da área de exaustão com
facilidade (Fig. 6).
Geradores assíncronos também conhecidos como geradores de indução, estas máquinas têm
um funcionamento igual aos motores de indução em gaiola de esquilo sem possibilidade de
regular a tensão e com a velocidade de rotação a depender directamente da frequência do
sistema ao qual o gerador se encontra ligado. Os geradores assíncronos possuem as
características básicas de trabalharem com rotações levemente diferentes da rotação síncrona.
Sendo está uma das condições básicas para que a conversão de energia útil que possa ser
produzida.
Para o gerador assíncrono, a velocidade de rotação é a mesma para turbina e gerador e, sendo
assim, deve-se procurar a velocidade síncrona mais próxima da calculada (Eletrobras, 2000, p.
165). Conforme a equação a seguir, para cada tipo de turbina. Entretanto, essa velocidade de
rotação pode ser calculada pela relação.
𝑓 𝑝
𝑛𝑠 = 120 ∙ 𝑝 → 𝑓 = 𝑛𝑠 ∙ 120 [equação 2].
Por outra perspectiva, a velocidade angular para um vórtice fraco é dada pela equação 3, e
para um vórtice forte é dada pela equação 4.
27
𝑟2
𝜔 = 𝜔0 ∙ 𝑟02 [equação 3].
Onde: w é a velocidade angular do vórtice, wo é a velocidade angular inicial do vórtice, ro2 é distância
ao eixo de rotação no ponto mais distante do eixo (raio máximo) e r2 é distância ao eixo de rotação
(raio).
𝜔 = 𝜔0 [equação 4].
É importante salientar que, isso implica que a velocidade angular para o vórtice fraco diminui
na medida que o raio aumenta, de modo que em raios maiores os pontos no fluido giram mais
lentamente. Já para um vórtice forte, a velocidade angular é constante em cada ponto do
fluido, ambos lugares giram na mesma velocidade.
𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑛 [equação 5].
Onde: w é a velocidade angular e n é o número de revoluções por segundo que um ponto gira em torno
do eixo.
Vazão (Q) - é a quantidade de fluido que escoa através de um conduto num determinado
período de tempo.
Altura de queda H definida como a altura vertical entre dois níveis de água, a montante e a
jusante da central, ou seja, entre o ponto de captação e ponto de restituição (Fig. 7).
28
Na fig. 7: H – Altura Bruta (Gross Head); Hd – Altura disponível (Net Head); Hp – perdas por
fricção na tubulação (Head Loss) e h – Profundidade.
Além das grandezas fundamentais são importantes as grandezas derivadas, como a potência
bruta, potência disponível, potência extraída pela turbina, potência extraída pelo gerador e
rendimento total do sistema (Alé, 2001), que podem ser determinadas com o sistema em
operação, a partir das seguintes equações 9,14,15,16 e 18.
Sousa (2019), concorda que para o dimensionamento do rotor da turbina do tipo Vórtex, deve-
se ter em conta os seguintes parâmetros, a potência nominal (N); a rotação da turbina
necessária (n); a vazão disponível (Q) e a altura de queda (H). Portanto, é a partir destes
parâmetros que vai se determinar, para a construção do rotor da turbina, os seguintes
elementos:
n√N
ns = 4 [equação 6].
H √H
3 Q
Do = 5,3√ n [equação 7].
Pb = ρ ∙ g ∙ Q ∙ H [equação 9].
Número de pás é obtido a partir do valor da altura de queda do projecto. Para turbinas Vórtex
temos a relação apresentada na tabela a seguir.
Tabela 3: Relação para obter o número de pás nas turbinas tipo Vórtex.
Passo entre as pás (t), medido do raio médio é obtido a partir da equação 10:
π(Do −DI )
2
t= z
[equação 10].
Para se obter-se a perda total é somatório de todas as perdas do sistema, com a equação 11:
por qualquer acção humana, que causa danos a sociedade e ao meio ambiente, directamente
ou indirectamente. Os estudos dos impactos ambientais permitem avaliar as consequências de
algumas acções, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que
poderá sofrer a execução de certos projectos ou acções, no início ou após a sua
implementação (Queiroz et al., 2013, p. 8).
Todavia, a energia hidráulica gera graves impactos negativos. Pois influenciam directamente
no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam inundações em imensas
áreas de matas, interferindo no fluxo de rios, destruindo espécies vegetais, prejudicar a fauna,
e interferem na ocupação humana. As inundações das florestas fazem com que as plantas de
cobertura do solo entrem em processo de decomposição, com isso a biodiversidade local é
afectada, e ocorre a liberação de metano na atmosfera, sendo que este é um dos gases
responsáveis pelo efeito estufa (Queiroz et al., 2013, p. 2).
Este capítulo aborda a respeito dos métodos de pesquisa empregues no estudo e as técnicas de
colecta e análise de dados utilizados no desenvolvimento deste trabalho.
Para Aragão (2011), a pesquisa quantitativa é realizada de forma numérica, sem a presença de
descritiva e costuma ser aplicada em estatística ou matemática. O processo de avaliação dessa
pesquisa é realizado por meio iterativo em que as evidências são avaliadas. Os resultados são
frequentemente apresentados em tabelas e gráficos de forma conclusiva, podendo assim, ser
utilizada para investigação e tomada de decisão. Usou-se a pesquisa quantitativa na medição
dos dados primários, com auxílio de instrumentos convencionais, como a fita métrica,
multímetro e cronómetro, e com base neles (altura de queda, vazão, tensão eléctrica e a
intensidade da corrente eléctrica), determinou-se os parâmetros técnicos (potências,
rendimentos e perdas), usando-se fórmulas matemáticas e a posterior interpretação dos
fenómenos e os resultados experimentais.
Quanto aos objectivos a pesquisa é exploratória, pois segundo Sitta et al. (2010), a pesquisa
exploratória permite a exploração de novos fenómenos, auxiliando dessa forma a necessidade
de o pesquisador pôr um melhor entendimento, sendo capaz de testar a viabilidade de um
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estudo mais extenso ou determinar os melhores métodos a serem utilizados em um estudo. Por
estas razões, o presente trabalho visa explorar novos mecanismos de extracção da potência
útil de uma fonte hídrica disponível, num curso do rio, de baixo declive, usando um sistema
hidroeléctrico construído com base em materiais alternativos, sendo reutilizáveis, fácil acesso
e de baixo custo.
Quanto a natureza a pesquisa é aplicada, pois segundo Cristiane (2014), pesquisa aplicada
auxilia a resolução de alguns problemas por meio de teorias e princípios bem conhecidos e
aceitos na comunidade académica. Nesse contexto, a pesquisa que apresenta resultado através
de aplicação imediata pode ser denominada de pesquisa aplicada. Portanto, foi a partir destes
conhecimentos sobre os fundamentos físicos e das energias renováveis que serviram na
construção e análise do sistema hidroeléctrico para resolver problemas da sociedade, visto que
no País ainda existem locais onde a REN não cobre.
Segundo Gil (2017), pesquisa experimental é a construção mais prestigiada nos meios
científicos. Consiste essencialmente em determinar um objecto de estudo, selecionar as
variáveis capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos
que a variável produz no objecto. Trata-se, portanto, de uma pesquisa em que o pesquisador é
um agente activo, e não um observador passivo. A pesquisa experimental foi usada na
construção, testagem e colecta dos dados primários e os parâmetros técnicos da pesquisa,
durante 4h de funcionamento do sistema no período da manhã e tarde em 4 dias. E o trabalho
de campo utilizou-se para implantar o sistema hidroeléctrico construído no curso do rio
Muchenga-Lichinga e na colecta/registo dos dados.
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PROTOCOLO DA EXPERIÊNCIA
Tema: Construção de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento, a partir de
materiais alternativos, para geração de energia eléctrica para consumo residencial
Objectivos
Avaliar o funcionamento de um sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex construído na base de
materiais alternativos, acessíveis e de baixo custo para a geração de energia eléctrica;
Analisar a relação que existe entre a vazão do rio, altura de queda a potência gerada e a eficiência da
turbina na geração de electricidade;
Descrever os impactos socioeconómicos e ambientais associados às fases de instalação, operação e
desmonte do sistema.
Referencial Teórico
As centras hidroeléctricas são sistemas que transformam a energia cinética e potencial gravitacional das massas
de águas dos rios, em energia mecânica, para accionar uma turbina e, está um gerador que, por fim, irá gerar
energia eléctrica (Gomes, 2016). Para avaliar a produção do sistema em geral é necessário ter em conta os
seguintes parâmetros: vazão, altura de queda, perdas de carga, as potências bruta, disponível, mecânica e
eléctrica e a eficiência do sistema.
Para quedas quase verticais, os métodos trigonométricos são adequados, enquanto, para locais com declives mais
suaves, o uso do nível e do poste é directo (Alé, 2001). Consideremos o fluxo de energia transferido da queda de
água para a turbina e finalmente para o gerador eléctrico.
A turbina do tipo Vórtex é uma turbina utilizada em central hidreléctrica para gerar electricidade com baixa
queda e baixa vazão. Portanto, o Vórtex é gerado em uma bacia circular com uma entrada tangencial e uma saída
central, que por sua vez, é colocada um rotor de eixo vertical no centro do vórtice onde a velocidade de rotação é
mais alta, gerando assim, a energia mecânica, que é convertida em energia eléctrica, no gerador eléctrico.
Vazão (Q) - é a quantidade de fluido que escoa através de um conduto num determinado período de tempo.
V
Q= [equação 12].
∆t
Potência disponível (Potência hidráulica – Pd) é a potência disponível para ser aproveitada pela turbina. Pode-se
determinar a partir da equação a seguir.
P𝑑 = ρ ∙ g ∙ Q ∙ H𝑑 [equação 14].
Onde: ρ é a densidade de água (em CNTP equivale a 1000 kg/m3), e g é a aceleração de gravidade local (9,8
m/s2).
Após determinar a potência disponível a ser turbinado pela turbina, que por sua vez, cuja função é transformar a
35
potência disponível a ser turbinado em mecânica, levarem consideração a vazão, altura da queda e a eficiência da
turbina, usou-se a (equação 15) para estimar potência mecânica transformada pela turbina.
𝑃𝑚 = 𝑝 ∙ 𝑔 ∙ ℎ𝑚 ∙ 𝑄 ∙ 𝜂𝑡 [equação 15].
Onde: 𝜂𝑡 é o rendimentoda turbina e hm é altura motriz.
A potência extraída pelo gerador (PG) é a energia eléctrica nos terminais do gerador, ela é determinada
conhecendo-se a tensão gerada (U) e a intensidade da corrente (I).
PG = U ∙ I [equação 16].
O rendimento da turbina (ηt ) é a energia que a turbina consegue extrair da fonte hidráulica disponível e pode-se
calcular usando a equação 17:
Pm
ηt = [equação 17].
Pd
O rendimento do sistema (ηT ) é a energia que o sistema consegue extrair da fonte hidráulica disponível, e
calcula-se usando a equação 18:
PG
ηT = [equação 18].
Pd
A perda de carga no círculo hidráulico do sistema é determinada pela seguinte equação 19:
𝑣2
ℎ=𝑘∙ [equação 19].
2∙𝑔
Onde: k é o coeficiente do círculo hidráulico.
A perda de carga no canal de aproximação pode ser dada através da equação 20:
𝑣2
ℎ𝑐𝑎 = 𝑘𝑐𝑎 ∙ [equação 20].
2∙𝑔
Onde: hca é a perda de carga no canal de aproximação e kca é o coeficiente de perda de carga no canal de
aproximação.
A perda de carga devido ao atrito, será dada através da equação 21:
𝑘𝑎 ∙𝑣 1,9
𝐽 = 4,1 ∙ [equação 21].
𝐷𝑖 1,1
Figura 9: Construção e montagem do sistema. (A) molde das pás; (B) construção da base de circulação; (C)
montagem de eixo e das pás; (D) sistema montado; (E) protótipo em funcionamento no local.
Fonte: Autor (2023).
4. Colecta de dados
Para avaliar o funcionamento do sistema, considerou-se a vazão do rio (como constante em cada hora de
medição). Assim sendo, usou-se o ducto que sai da represa para determinar a vazão do rio (usando a equação
12), onde, para tal, com o auxílio de um cronómetro, registou-se o tempo que levou a encher o balde de 20l;
37
Com a fita-métrica mediu-se a altura disponível do rio, o diâmetro e o comprimento do ducto, grandezas estas
consideradas constantes em todas as análises da pesquisa; Para medir a tensão e a intensidade da corrente
eléctrica usou-se o multímetro que foi ligado em função da tensão ou dos valores máximos da corrente eléctrica;
Para determinar a potência disponível no local da instalação usou-se a equação 14, para a potência mecânica
transformada da turbina usou-se a equação 15 e para a potência gerada no sistema usou-se a equação 16.
Testou-se a aplicabilidade da energia eléctrica gerada através do sistema para carregar a bateria do telefone
celular e acender lâmpadas LEDs, sistemas fáceis de transportar para o local de estudo;
Para analisar a eficiência da turbina na geração da energia, calculou-se rendimento do sistema com a equação 17
e 18 e comparou-se com o rendimento de sistemas convencionais análogos. A equação 17 nos dará o rendimento
da turbina e equação 18 no rendimento do sistema.
Para determinar as perdas, usou-se as equações (19, 20, 21 e 22), a equação 19 vai nos dar a perda de carga no
círculo hidráulico; equação 20, nos dará a perda de carga na aproximação; equação 21, nos dará a perda de carga
por atrito e a equação 22, vai nos dar a perda de carga na curva acentuada do sistema.
A descrição dos impactos socioeconómicos do sistema construído será na base de: (i) possibilidade da geração
descentralizada de energia eléctrica; (ii) aumento no acesso aos serviços energéticos; (iii) integração dos serviços
sociais básicos; (iv) inserção económica e social da população abrangida; (v) dinamizar a economia na área
instalada, sobretudo na área rural e nas regiões isoladas, não abrangidas pela REN; (vi) auxílio na redução da
pobreza e desigualdade.
Para descrever os impactos socioambientais causados durante a instalação, funcionamento e desmonte do
sistema analisou-se houve: (i) alagamento de áreas de cultivo e florestal; (ii) destruição de áreas de vegetação
natural e matas ciliares; (iii) desmoronamento das margens do rio; (iv) assoreamento do leito do rio; (v) prejuízos
à fauna e à flora locais; (vi) alterações no regime hidráulico do rio; (vii) possibilidades da transmissão de
doenças; (viii) possibilidades na redução do desmatamento; (ix) emissão de GEE e mau cheiro na atmosfera.
Em função da eficiência e do potencial eléctrico gerado e dos impactos causados sugeriu-se o enquadramento do
mesmo para algumas aplicações, para além adequações que podem ser feitas com vista a obter máximos ganhos
de funcionamento e baixos impactos negativos.
Para a recolha de dados usou-se a técnica de observação directa que utiliza os sentidos na
obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas
também em examinar facto ou fenómenos que se deseja estudar. Pode ser: sistemática,
assistemático participante, não participante; individual, em equipa; na vida real, e laboratório.
Desta forma observou-se de forma activa no terreno para verificar a posição que será colocada
a turbina, os factores que influenciarão na instalação. Teve-se como instrumento de colecta de
dados a fita métrica, caderno de anotações, esferográficas e outros materiais disponíveis.
38
Para implementação do sistema no local inicialmente fez-se a limpeza na área onde foi
implementado o sistema, após a limpeza, foi necessário também, levar em consideração a
vazão volumétrica e suas quedas, pois são os factores iniciais que garantiram a produção de
energia eléctrica através do sistema.
A B
Figura 10: Local de implementação do sistema: (A) antes da limpeza; (B) depois da limpeza.
Fonte: Autor (2023).
40
De acordo com o estudo realizado no rio Muchenga, mediu-se a vazão, obtendo 0,02 m3/s a
partir da equação 12 (com auxílio de um balde de 20 litros e cronómetro) e uma altura de
queda equivalente a 0,7 m, originando uma velocidade de escoamento de 1,2 m/s (Tabela 5).
No entanto, com estas condições do local onde foi implementado o sistema, permitiu-se uma
área maior, onde foi possível inserir um tanque circular de 28 cm de raio.
20𝑙 0,02𝑚3
𝑄= = = 0,02𝑚3 /𝑠
1𝑠 1𝑠
Tabela 5: Mostra dados colhidos na pesquisa.
Grandeza Símbolos Turbina Gerador
Rpm W 172rpm 172 rpm
Queda de água H 0,7m
Vazão Q 0.02m3/s
Fonte: Autor (2023).
Para fazer o teste do sistema construído, precisou-se de materiais (enxada e pá) e instrumentos
de medição (multímetro – Fig. 11A e fita métrica – 11B) para instalação do sistema no rio,
acoplado o gerador eléctrico directamente no eixo da turbina e medição dos parâmetros
mecânicos e eléctricos, para depois avaliar o desempenho do sistema.
B
A
Figura 11: Instrumentos de medição usados: (A) multímetro digital usado para medição da tensão e
intensidade da corrente eléctrica; (B) fita métrica usada a medição da área de instalação do sistema.
Fonte: Autor (2023).
Para efectuar os testes do sistema com seus respectivos equipamentos, foi necessário fixar
pedras de baixo da base e nas laterais do sistema para assegurar que este não escorregasse
devido a pressão da água, onde usou-se ainda camadas de solo para impedir o desvio do fluxo,
pois foram os aspectos que garantiram o funcionamento pleno do sistema no local para a
geração de energia eléctrica (Fig. 12).
41
Durante os 4 dias de teste, nos períodos de manhã e tarde, com sistema posicionado no local e
a água fazendo girar a turbina acoplado no eixo com gerador eléctrico, foi conectado um fio
condutor ao multímetro, onde foi possível medir a tensão eléctrica nos terminais (Fig. 13A) e
a intensidade da corrente eléctrica no circuito aberto (Fig. 13B), que foram suficiente para
acender uma lâmpada LED (Fig. 13C) e carregar bateria de um telefone celular (Fig. 13D).
A B C D
Figura 13: Fases de teste e medição: A. medição da tensão eléctrica (V); B. a medição de intensidade
de corrente eléctrica (mA); C. lâmpada LED acesa; e D. telefone celular Android em carregamento.
Fonte: Autor (2023).
Manhã e tarde
35
Tensão (V)
30
25
20
15:00
07:30
07:45
08:00
08:15
08:25
09:26
09:40
10:15
10:40
14:30
14:45
15:15
15:25
15:40
16:00
16:15
16:25
Tensão1 (V) Tensão2 (V) Tensão3 (V) Tensão4 (V)
Posteriormente, fez-se várias medições de intensidade de corrente eléctrica que resultou, num
aproveitamento significativamente positiva (Fig. 15). Sendo assim, obtendo-se valores de
intensidade de corrente eléctrica em diversos horários de medição, sendo que, no 2º dia (linha
laranja), obteve-se valores de intensidade de corrente eléctrica relativamente maiores e no 4º
dia (linha amarela), obteve-se valores relativamente menores. Quanto aos valores absolutos,
não houve períodos de medição superiores, havendo deste modo, variações dos valores
máximos e mínimos de intensidade de corrente eléctrica nos respectivos horários de medição.
Ademais, no 1º (linha azul) e 3º dia (linha cinza) houve uma aproximação nos valores da
intensidade de corrente eléctrica, sendo relativamente maior no 1º dia.
Manhã e tarde
37
35
33
I (mA)
31
29
27
Ademais, durante a medição onde obteve-se, (i) no 1º dia, uma média de tensão eléctrica de
26 V e intensidade de corrente eléctrica de 30 mA; (ii) no 2º dia, uma tensão eléctrica média
de 29 V e intensidade da corrente eléctrica de 34,3 mA; (iii) no 3º dia, obteve-se uma média
tensão eléctrica de 27 V e a intensidade da corrente eléctrica de 31,0 mA; (iv) no 4º dia
obteve-se uma média tensão eléctrica de 24,7 V e a intensidade da corrente eléctrica de 28,1
mA.
A tabela a seguir mostra dados, usou-se o site de meteorologia para verificar a temperatura do
dia, posteriormente, determinou-se a potência eléctrica extraída do sistema usando a equação
16 em cada período de testes, usando os valores da tensão e intensidade da corrente medidos
(Fig. 14 e 15). Ademais, temos a potência gerada em cada momento de medição, potência
máxima, média e mínima (Tabela 6).
Após o dimensionamento do sistema até ser efectuados os testes e avaliação dos dados
obtidos, verificou-se que o sistema acoplado, o gerador directamente no eixo produziu uma
tensão eléctrica e a intensidade de corrente eléctrica consideravelmente, em termo da energia
gerada. Isso é a prova do que o sistema apresenta condições de ser utilizado nos pequenos
potenciais hídrico e vazões existente em Moçambique e aproveitada para uso doméstico,
agrícola e diversos.
Neste caso, após ter determinado a vazão disponível do local em estudo (0,02 m3/s) e a altura
de queda (0,7 m), considerando o peso específico da água 1000 kg/m3 e aceleração de
gravidade igual a 9,8 m/s2, foi conveniente usar a equação 9, para estimar a potência bruta do
sistema.
Para conseguir estimar a potência disponível a ser turbinado, uma vez que é conhecida o
caudal, a altura da queda, levou-se em consideração as perdas hidráulicas na secção da
entrada de fluido, onde usou-se a (equação 14) para determinar a potência disponível.
Usando como referência Manual de micro central hidráulico (2009), 75% rendimento de uma
turbina hidráulica, e após determinar a potência disponível a ser turbinado pela turbina, que
por sua vez, cuja função é transformar a potência disponível a ser turbinado em mecânica,
levando em consideração a vazão, altura da queda e a eficiência da turbina, usou-se a
(equação 15) para estimar potência mecânica transformada pela turbina.
Usou-se a (equação 17) para estimar o rendimento da turbina entre a potência efectiva no eixo
da turbina e a potência hidráulica disponível.
91,1𝑊
𝜂𝑡 = = 0,749 ∙ 100% = 74,9%
121,5𝑊
0,95484𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01048 ∙ 100% = 1,048%
91,1𝑊
0.7888𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00865 ∙ 100% = 0,865%
91,1𝑊
0,92682𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01017 ∙ 100% = 1,017%
91,1𝑊
0.73292𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00805 ∙ 100% = 0,805%
91,1𝑊
1,18502𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01301 ∙ 100% = 1,301%
91,1𝑊
0.810𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00889 ∙ 100% = 0,889%
91,1𝑊
0,864𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00948 ∙ 100% = 0,948%
91,1𝑊
0.750𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00823 ∙ 100% = 0,823%
91,1𝑊
0,98196𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01078 ∙ 100% = 1,078%
91,1𝑊
0.774𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00816 ∙ 100% = 0,816%
91,1𝑊
0,806𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00885 ∙ 100% = 0,885%
91,1𝑊
0.672𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00737 ∙ 100% = 0,737%
91,1𝑊
0,880𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,0966 ∙ 100% = 0,966%
91,1𝑊
0.6792𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 == = 0,00745 ∙ 100% = 0,745%
91,1𝑊
0,8692𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00954 ∙ 100% = 0,954%
91,1𝑊
0.63616𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00698 ∙ 100% = 0,698%
91,1𝑊
Rendimento
1,4
Rendimento %
1,2
1
0,8
0,6
0,4
ηt do ηt do ηt do ηt do
1º dia 2º dia 3º dia 4º dia
Máximo Mínimo
Isso significa que, o sistema extraiu no máximo cerca de 1,301% da energia disponível e
extraiu no mínimo de energia disponível de 0,698%, durante todos testes feitos, considerando
as perdas na turbina hidráulica, as perdas por transmissão e as perdas no gerador (perdas por
atrito).
A partir desses dados obtidos, constatou-se que, nos períodos mais frescos que foi 2º dia,
houve maior geração de energia eléctrica, que obteve-se uma potência eléctrica mais alta as
08h:05 há uma temperatura de 18º C e a potência mais baixa as 09h:40 com a temperatura de
20º C e posteriormente, no período mais quente, que obteve-se uma potência eléctrica mais
baixa as 15h:00 há uma temperatura de 23º C, a potência eléctrica mais alta as 16h:30 com a
temperatura de 22º C, houve redução de geração de energia eléctrica. Em segunda, no 1º, 3º e
4º dia, nos períodos mais frescos desses dias, houve maior geração de energia eléctrica, que
obteve-se uma potência eléctrica mais alta as 08h:20 há uma temperatura de 19º C e a
potência mais baixa as 10h:00 com a temperatura de 22º C e no período mais quente, que
obteve-se uma potência eléctrica mais baixa as 14h:50 há uma temperatura de 24º C, a
potência eléctrica mais alta as 16h:30 com a temperatura de 22º C, porém, existiram vários
factores que influenciaram na geração tais como: temperatura, vazão, não só, a massa
específica da água.
Naturalmente, as perdas de carga hidráulica refere-se a perda de energia cedida pelo líquido
em escoamento, devido ao atrito interno, atrito contra as paredes e perturbações no
escoamento, pois no sistema construído foi necessário a análise de perdas de carga, sendo-o
obstáculos que interfiram na sessão interna do canal de transição de fluido.
48
1,22
ℎ = 0,2 ∙ = 0,04𝑚
2 ∙ 9,8
Após conhecer a perda de carga inicial, quando inseriu-se o sistema no rio para o aproveito
hídrico houve de facto, algumas perdas na aproximação de canal de entrada de escoamento,
usando a equação 20 obteve-se a perda de carga nos canais de aproximação:
1,22
ℎ𝑐𝑎 = 0,2 ∙ = 0,04𝑚
2 ∙ 9,8
Utilizou-se a equação 21 para estima a perda de carga devido ao atrito, visto que as paredes de
canal apresentam um formato lisa, o coeficiente para paredes lisas Ka=0,32; v é velocidade de
escoamento 1,2m/s. Diâmetro interno do canal, sendo Di=0,3 e g é aceleração de gravidade
9,8 m/s2 estimou-se a perda carga por atrito:
1,21,9
𝐽 = 4,1 ∙ 0,32 ∙ = 6,974𝑚
0,31,1
Estimou-se a perda de carga na curva acentuada nos canais usando a equação 22, em que é a
perda existente na mudança de direcção entre a parte recta e curva no canal de transição de
escoamento para o tanque circular, sendo o coeficiente kc=0,5, que resulta em um ângulo de
30º, v é a velocidade do escoamento 1,2 m/s e g é a aceleração da gravidade 9,8m/s2 estimou-
se a perda de carga nas curvas acentuadas nos dois canais:
1,22
ℎ𝑐 = 0,5 ∙ = 0,0367𝑚
2.9,8
Para se obter-se a perda total foi necessário usou o somatório de todas as perdas do sistema, a
partir da equação 11.
Portanto, obteve-se uma perda de carga de valor de 7,0399 m. Assim, de forma resumida, as
perdas de carga na circulação mostra o gráfico a seguir (Fig. 17).
49
10,0
6,297
5,0
0,015 0,015 0,037
0,0
Importa, neste âmbito salientar que após estimados os dados das perdas de carga no sistema
construído que é energia perdida durante o funcionamento do sistema, percebeu-se que houve
perdas de cargas no sistema, que do ponto de vista técnico não influenciaram muito de forma
negativa no sistema, isso significa que, quanto menor é perda de carga no sistema maior será a
eficiência do sistema.
Geralmente, as perdas num sistema hidroeléctrico são inevitáveis, segundo Caus e Michels
(2017) “Em turbinas hidráulicas, o rendimento representa as perdas verificadas nas diferentes
condições de operação, considerando que uma parte da potência disponível nos eixos da
turbina é dissipada em perdas internas e externas na própria turbina”. No caso das perdas de
cargas sistema, pode ser justificado a partindo, primeiramente na segunda lei da
termodinâmica, segundo o qual “todo processo tem perdas porque seu rendimento sempre é
inferior a 100%”. Para além da perda de carga devido atrito, a baixa eficiência na turbina
Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento são as perdas de carga na aproximação,
50
perda de carga inicial e perda de carga na curva. Num estudo similar realizado por Caus e
Michels (2017) encontraram ainda as perdas hidráulicas (perdas volumétricas da água dentro
da turbina) e as perdas mecânicas, causado pelo atrito nos rolamentos que converte parte da
energia extraída da água em calor.
Assim sendo, a perda no canal inicial, surgiu na medida que o fluido entrava no canal de
circulação, uma parte de fluido desviava-se do canal; quanto a perda de carga na curva,
verificou-se que, o fluido adquiria maior velocidade, mas uma parte desse transbordava e
perda de carga devido atrito, durante o funcionamento, existiram essas perdas com maior
destaque, nos rolamentos de maior atrito a convertia a energia da água em calor (Fig. 17).
Portanto, para minimizar as perdas no gerador assim como as perdas mecânicas, deve-se
aumentar a área transversal dos condutores de cobre no estator (caso das perdas por efeito
Joule); construir o núcleo do gerador com lâminas isoladas (caso das perdas de Foucault); e
utilizar rolamentos de menor atrito (caso das perdas mecânicas), como descreve Caus e
Michels (2017).
Apesar de sistema construído gerar um a tensão e intensidade da corrente eléctrica alta, o que
contribuiu bastante na potência gerada e uma eficiência considerável, fazendo com que, do
ponto de vista técnico, o sistema construído está em condições de alimentar cargas, de baixa e
média potência (lâmpada LED e fluorescentes, aparelhos de rádio, TV e som, carregamento
de baterias de telefone celular e computadores), para o uso doméstico. Pode-se também usar o
sistema para ouros afazeres, tais como, bombeamento de água, sistema de irrigação e criação
de frangos, etc.
O sistema construído possui todas condições para permanecer em operação num período
acima de 8 anos, devido ao material utilizado. Foram utilizados ferros, chapas de aço e de
zinco e por cima foram revestidas de tinta anticorrosiva que pode dificultar a corrosão, perda
de resistência, e consequentemente, manter o sistema num longo período de tempo. Ademais,
foram escolhidos por ser materiais de baixo custo e resistente que possuem manuseamento
mais complexo, que por sua vez a sua construção e montagem foi feita por um processo de
soldagem e bate-chapa que necessitou de um latoeiro e um serralheiro. Quanto a madeira foi
escolhida por ser um material de fácil manuseamento e ainda de fácil aquisição e o custo é
razoável.
Porém, para a construção de uma de PCHs deve-se olhar para os impactos sociais causados na
instalação e desmonte do sistema, como é o caso de alagamento de propriedades, casas e áreas
52
produtivas (Geller, 2016). Ou seja, a inundação de áreas para a construção de barragens gera
problemas de realocação das populações ribeirinhas, comunidades locais e pequenos
agricultores. Portanto, cada rio apresenta características únicas, por esse motivo, os efeitos
variam de acordo com cada rio e cada vez mais é importante que se faça a avaliação integrada
do rio e da bacia, para que se tenha a noção dos efeitos cumulativos levando em conta a
conservação ambiental e a manutenção da qualidade de vida da população.
Rocha (2006) relata que, ao longo da implementação do sistema hidroeléctrico, olhando para
o meio socioeconómico também pode sofrer impactos devido às obras de desvio,
principalmente com relação à navegação no rio, às comunidades ribeirinhas, ao risco de falhas
nas estruturas de desvio e ao património histórico, cultural e paisagístico. Oliveira (2000),
afirma que a chegada da electricidade junto das comunidades rurais provoca consideráveis
modificações permitindo que a população tenha acesso a serviços sociais básicos, tais como,
fornecimento de água potável, saneamento, educação e sistemas de comunicação, implicando
uma modernização das zonas rurais e levando a um aumento substancial da melhoria da vida
das populações.
Por isso, com a utilização deste protótipo na comunidade haverá o aumento no acesso da
energia eléctrica, sobretudo nas zonas não abrangidas pela REN ou com certas limitações no
fornecimento de energia. Durante a pesquisa constatou-se na maioria dos residentes do bairro
Muchenga usam, para iluminação, fontes de energia de baixa eficiência, poluidoras, entre
renováveis (biomassa lenhosa) e não renovável (caso de candeeiros à petróleo e vela), por
isso, o protótipo fará com que os residentes possam minimizar a dependência de fontes de
53
baixa eficiência. Para além da iluminação, o sistema pode ser usado para carregamento de
telefones e computadores, acionamento de aparelhos de TV e rádio e mais electrodomésticos.
A partir do sistema básico construído com materiais alternativos, vai-se integral nos serviços
sociais básicos da sociedade, notou-se que, as famílias do local de pesquisa (Lichinga)
dependem uma proporção maior do seu rendimento nos serviços energéticos. Destarte o
protótipo vai assegurar a acessibilidade económica da energia e a estabilidade dos preços de
seus serviços é essencial para responder às suas necessidades básicas.
Durante implementação do sistema irá dar dinamismo a economia, constatou-se que nas zonas
rurais, a questão de electrificação é um dos problemas que a sociedade enfrenta. Por isso, a
utilização do protótipo auxiliará na flexibilização e intensificação do sistema económico,
dinamizando o mercado através do comércio de bens e serviços. A necessidade da procura
efectiva de bens por parte dos habitantes destas zonas é recompensada com a oferta efectiva
das empresas, e com o surgimento do mercado onde o comércio é suportado pela existência
de equipamentos eléctricos e electrónicos para diversas actividades e áreas económicas e
sociais.
Os impactos ambientais numa central hidroeléctrica podem advir de várias formas como
descritos por Geller (2016), na construção, implantação e desactivação da central, sobretudo a
emissão dos GEE no meio ambiente causados pela queima de matéria orgânica e inorgânica;
eliminação de plantas para dar lugar o sistema; ruídos; a perda da flora e da fauna existentes
no rio e na área circunvizinha, durante a fase de operação. Mas Kemerich et al. (2011, p. 149)
acautela que “Alguns impactos podem ser rapidamente excluídos da preocupação social,
como é o caso da geração de ruídos e impacto visual, a partir da criação de uma camada
vegetal que possa cercar o empreendimento”.
Numa última análise, a turbina é tolerante a água barrenta e poluída, pois a acção do vórtice
transporta pequenas partículas sólidas através da turbina. Porém, a turbina é considerada
amiga dos peixes e deve permitir a passagem dos peixes nas direcções tanto para cima quanto
para baixo. A turbina opera em baixa velocidade não corta o fluxo natural de água e, portanto,
não prejudica a vida aquática e marinha.
De acordo com a pesquisa feita e a análise dos resultados pode-se validar ou refutar as
hipóteses pré-estabelecidas. Portanto:
Com sistema operando com a vazão de 0.02 m3/s e altura de queda de 0,7 m, gerou uma
tensão máxima de 30.2 V e corrente de 36,5 mA, suficiente para acionar electrodomésticos de
baixa potência. Assim, a turbina Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento
construído a partir de materiais alternativos apresenta condições para geração de energia
eléctrica a partir de pequenos potenciais hídricos e viabilidade técnica para atender as
necessidades energéticas domésticas da população rural.
Durante a operação, quanto menor for a temperatura (e massa específica) e maior a vazão do
rio, maior foi a geração de energia eléctrica. E como consequência, quanto menor forem as
perdas, maior será o rendimento do sistema hidroeléctrico.
Conclui-se que o sistema hidroeléctrico construído com base nos materiais alternativos é
sustentável sob ponto de vista social, ambiental e económico, para além de gerar uma
57
potência útil, nos rios de pequeno potencial hídrico, capaz de atender as necessidades
domésticas das comunidades rurais e suburbanas, podendo ainda ser usado para sistemas
agrícolas e de abastecimento de água ou adequado com vista a obter máximos ganhos de
funcionamento e baixos impactos negativos.
5.1. Sugestão
Antes de tudo, esta pesquisa não se deve olhar como terminada, portanto, cada sugestão é
válida para a melhoria do trabalho. Juntos pode-se sugerir protótipos e materiais adequados
para a sua melhoria, de modo a gerar energia eléctrica suficiente e eficiente para as
comunidades que não se beneficiam da REN. Neste contexto e segundo as constatações
registadas durante a pesquisa, sugere-se as seguintes actividades:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
62
63
Apêndices
64
Apêndice 1
Tabela 8: Mostra dados de medição de tensão eléctrica e intensidade de corrente eléctrica em diversos
horários do experimento
Horário de
Tensão (V) I(mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) medição
27 29,6 29,3 34,1 28,3 34,2 24 28,2 07:30-07:35
28 30,1 29,2 34 27 30 26 30,3 07:45-07:50
27,2 29 30,2 36,5 29,4 33,4 26 30 08:00-08:05
29,2 32,7 30,1 34,5 26 29,4 25 29,4 08:15-08:20
27,1 30 29,4 33 25,2 28 26 29 08:25-08:30
29,3 32 28 32 26,2 30 27,2 30 09:26-09:32
28,3 30,2 28 31 27 30,2 26,4 29 09:40-10:00
28,6 31 28 31 28 33,6 27,5 32 10:15-10:30
29,3 32,1 26 30 25,8 30 26,5 31 10:40-11:00
Tarde do 1°dia Tarde do 2° dia Tarde do 3° dia Tarde do 4° dia
Horário de
Tensão (V) I(mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) medição
26,2 30 27 32 24,3 30 22,4 28,4 14:30-14:35
25,1 29,2 26,4 30 24,2 29,4 24,2 30 14:45-14:50
26,2 31 26,4 31 24,6 30,1 23,6 29 15:00-15:05
27 33,4 26 30 25,6 30 24 31 15:15-15:20
26 30 26 31 25,7 29 23 29 15:25-15:30
25 30,4 26 32 25,6 30 26 32,1 15:40-15:50
24 29,4 25 30 25 29 26 32 16:00-16:10
25 30,5 27 32 24 28 26,3 31,2 16:15-16:20
27,1 34,2 26 29,4 26 31 26,5 32,8 16:25-16:40
Fonte: Autor (2023).
Apêndice 2
65
A figura a seguir mostra, as partes do sistema em construção, sendo que, molde das pás (Fig.
18A), construção da base circula (Fig. 18B), montando canaisDde escoamento na base circula
(Fig. 18C), momento de pintura da base de circulação (Fig. 18D), pintura de canais de ligação
há base de circulação (Fig. 18E) e sistema montado as pás e o motor (Fig. 18F).
A B C
D E F