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Duarte Rafael Manhungua

Construção de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de


escoamento para geração de energia eléctrica no rio Muchenga – Lichinga

Universidade Rovuma
Nampula
2023
i

Duarte Rafael Manhungua

Construção de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de


escoamento para geração de energia eléctrica no rio Muchenga – Lichinga

(Licenciatura em Ensino de Física com habilitações em Energias Renováveis)

Monografia científica apresentada a Faculdade de


Ciências Naturais, Matemática e Estatística,
delegação de Nampula, como requisito parcial para
obtenção do grau académico de licenciatura em
Ensino de Física com habilitações em Energias
Renováveis.

Supervisor Msc. António Gonçalves Fortes

Universidade Rovuma
Nampula
2023
ii

Índice
Declaração de honra ........................................................................................................... iv
Dedicatória .......................................................................................................................... v
Agradecimentos .................................................................................................................. vi
Resumo .............................................................................................................................. vii
Abstract ............................................................................................................................viii
Lista de figuras ................................................................................................................... ix
Lista de tabelas .................................................................................................................... x
Lista de símbolos ................................................................................................................ xi
Lista de abreviaturas e siglas ............................................................................................. xii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................13
1.1. Contextualização ........................................................................................................ 13
1.2. Delimitação e enquadramento de tema ...................................................................... 14
1.3. Justificativa e relevância da prática do tema.............................................................. 15
1.4. Problematização ......................................................................................................... 17
1.5. Objectivos da monografia .......................................................................................... 18
1.6. Hipóteses de pesquisa ................................................................................................ 18
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................19
2.1. Energias renováveis ................................................................................................... 19
2.2. Energias hídrica em Moçambique ............................................................................. 21
2.2.1. Centrais hidroeléctricas ...................................................................................... 21
2.3. Turbina de Vórtex gravitacional ................................................................................ 24
2.3.1. Geradores assíncronos ......................................................................................... 26
2.4. Avaliação do impacto do meio ambiente ................................................................... 29
2.5. Dimensionamento de um sistema com turbina hídrica de Vórtex gravitacional ....... 30
CAPÍTULO III: METODOLOGIA..........................................................................................32
3.1. Métodos de pesquisa .................................................................................................. 32
3.2. Técnica de recolha de dado: observação directa ........................................................ 37
3.3. Técnicas de análise de dados.. ................................................................................... 38
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E ANÁLISES......................................................................39
4.1. Descrição do local em estudo .................................................................................... 39
4.2. Dimensionamento do sistema .................................................................................... 40
4.3. Viabilidade técnica e eficiência do sistema ............................................................... 44
iii

4.4. Análise dos impactos socioeconómica do sistema .................................................... 50


4.5. A análise do impacto socioambiental na fase de operação do sistema em geral ....... 54
4.6. Validação das hipóteses ............................................................................................. 55
CAPITULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÕES.....................................................................56
5.1. Sugestão ...................................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................58
ANEXOS ........................................................................................................................... 61
Apêndices .......................................................................................................................... 63
iv

Declaração de honra

Declaro por minha honra que esta monografia científica resulta da minha investigação pessoal
e das orientações do meu Supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente citadas no texto, nas notas e na Bibliografia final.

Declaro ainda que a mesma não foi apresentada em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.

Nampula, 04 de Abril de 2023

________________________________________

(Duarte Rafael Manhungua)


v

Dedicatória

Eu dedico este trabalho a minha mãe Elisa Congerenge, aos meus irmãos Victor Rafael
Manhungua e Júlio Rafael Manhungua e toda a minha família principalmente àqueles que me
encorajam sempre e àqueles que me encorajaram a realizar esse sonho, sem esquecer aos
meus amigos.
vi

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde que me conservou até este momento e por me
ter dado esta oportunidade.

Aos meus pais Rafael Manhungua e Elisa Congerenge e meu irmão Victor Rafael
Manhungua, pelo apoio que me deram durante a minha caminhada estudantil e por esforço
investido na minha educação.

Agradeço ao meu supervisor, Msc. António Gonçalves Fortes, por sua disponibilidade, seus
preciosos conselhos e suas orientações na realização dessa monografia.

A todos os docentes do curso de Ensino de Física, pela maneira sábia com que têm levado os
estudantes aos níveis mais elevados de conhecimentos nas cadeiras por eles leccionadas,
garantindo deste modo a qualidade de ensino nesta instituição de ensino superior.

Agradeço aos colegas de sala, pela amizade e companheirismo durante o percurso do curso.
Finalmente, agradeço a todos que colaboraram directa e indirectamente nessa monografia.
vii

Resumo
A geração de energia eléctrica por meio de turbinas hidráulicas constitui uma alternativa para diversos níveis de
demanda nas zonas rurais e suburbanas não abrangidas pela energia da rede nacional, pela capacidade de reduzir
a pobreza energética, a dependência dos combustíveis fósseis e minimizar parte dos problemas ambientais que o
mundo enfrenta. Assim sendo, a presente pesquisa exploratória, aplicada e experimental teve como objectivo
avaliar o funcionamento de um sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais de
escoamento, construído com material alternativo, para a geração de energia eléctrica nos pequenos potenciais
hídricos do rio Muchenga – Lichinga. Constatou-se que, quando o sistema operou com a vazão de 0.02 m3/s e
altura de queda de 0,7 m, gerou uma tensão máxima de 30.2 V e corrente de 36,5 mA, suficiente para carregar
um telefone celular Android e acender uma lâmpada Led de 5 W. Ademais, o sistema mostrou-se sustentável em
termos socioambientais e socioeconómico para geração de electricidade para uso doméstico. Conclui-se que o
sistema hidroeléctrico construído com base nos materiais alternativos é sustentável sob ponto de vista social,
ambiental e económico, para além de gerar uma potência útil, nos rios de pequeno potencial hídrico, capaz de
atender as necessidades domésticas das comunidades rurais e suburbanas, podendo ainda ser usado para outros
fins.

Palavras chaves: Dimensionamento; Energia hidroeléctrica; turbinas Vórtex; Materiais alternativos.


viii

Abstract
The generation of electricity by means of hydraulic turbines constitutes an alternative for different levels of
demand in rural and suburban areas not covered by the energy of the national network, due to its ability to reduce
energy poverty, dependence on fossil fuels and minimize part of the environmental problems. that the world
faces. Therefore, the present exploratory, applied and experimental research aimed to evaluate the functioning of
a hydroelectric system with a gravitational vortex turbine with two flow channels, built with alternative material,
for the generation of electric energy in the small hydro potentials of the Muchenga river. – Lichinga. It was
found that when the system operated with a flow rate of 0.02 m3/s and a drop height of 0.7 m, it generated a
maximum voltage of 30.2 V and a current of 36.5 mA, enough to charge an Android cell phone and light a 5 W
LED lamp. Furthermore, the system proved to be sustainable in socio-environmental and socio-economic terms
for generating electricity for domestic use. It is concluded that the hydroelectric system built based on alternative
materials is sustainable from a social, environmental and economic point of view, in addition to generating
useful power, in rivers with little water potential, capable of meeting the domestic needs of rural communities
and suburban areas, and can still be used for other purposes.

Keywords: Dimensioning; Hydroelectric power; Vortex turbines; Alternative materials


ix

Lista de figuras

Figura 1: Potencial de Energias Renováveis em Moçambique ..................................................... 20

Figura 2: Potencial de projectos prioritários por fonte. ................................................................. 20

Figura 3. Esquema do funcionamento de uma hidroeléctrica. ...................................................... 22

Figura 4: Altura disponível em baixas quedas. ............................................................................. 24

Figura 5: Micro central de Vórtex gravitacional planta piloto Zotloterer. .................................... 24

Figura 6: Vórtex fraco. .................................................................................................................. 25

Figura 7: Esquema demonstrativo do conceito de queda. ............................................................. 28

Figura 8: Características geométricas do tanque de circulação ..................................................... 31

Figura 9: Construção e montagem do sistema. (A) molde das pás; (B) construção da base de
circulação; (C) montagem de eixo e das pás; (D) sistema montado; (E) protótipo em
funcionamento no local. ................................................................................................................ 36

Figura 10: Local de implementação do sistema: (A) antes da limpeza; (B) depois da limpeza. ... 39

Figura 11: Instrumentos de medição usados: (A) multímetro digital usado para medição da
tensão e intensidade da corrente eléctrica; (B) fita métrica usada a medição da área de
instalação do sistema. .................................................................................................................... 40

Figura 12: Protótipo em funcionamento ........................................................................................ 41

Figura 13: Fases de teste e medição: A. medição da tensão eléctrica (V); B. a medição de
intensidade de corrente eléctrica (mA); C. lâmpada LED acesa; e D. telefone celular Android
em carregamento............................................................................................................................ 41

Figura 14: Comportamento da tensão eléctrica nos 4 dias de análise. .......................................... 42

Figura 15: Comportamento da intensidade da corrente eléctrica nos 4 dias de análise. ............... 42

Figura 16: Rendimento do gerador ................................................................................................ 47

Figura 17: Ilustração das perdas do protótipo ............................................................................... 49

Figura 18: Partes do sistema em construção .................................................................................. 65


x

Lista de tabelas

Tabela 1: Classificação das centrais hidroeléctricas...................................................................... 23

Tabela 2: Velocidade de rotação ................................................................................................... 26

Tabela 3: Relação para obter o número de pás nas turbinas tipo Vórtex. ..................................... 29

Tabela 4: Características geométricas do tanque de circulação .................................................... 30

Tabela 5: Mostra dados colhidos na pesquisa. .............................................................................. 40

Tabela 6: Potencia eléctrica extraída do protótipo ........................................................................ 43

Tabela 7: Relação entre materiais e os gastos realizados durante a pesquisa................................ 50

Tabela 8: Mostra dados de medição de tensão eléctrica e intensidade de corrente eléctrica em


diversos horários do experimento .................................................................................................. 64

Tabela 9: Rendimento do gerador ................................................................................................. 64


xi

Lista de símbolos

Do – Diâmetro externo Ns –Velocidade de rotação kW – Kilowatts


específica
DI – Diâmetro interno L– Comprimento

ηt – Rendimento da ∆𝑡 – Variação de tempo m – Metros


turbina D – Diâmetro mW – Mili-watts
ηT – Rendimento nominal g – Aceleração de mA – Miliampere
Hd – Altura disponível gravidade
n – Número de rotações
Hm – Altura motriz GW – Gigawatts
P – Potência
l – Litros H – Altura de queda
Po – Polos do gerador
Pb – Potência bruta Hp – Perdas na tubulação
Q – Vazão
Pd – Potência disponível Hz – Hertz
rpm – Rotações por
Pm – Potência mecânica I – Intensidade de minuto
corrente eléctrica
p – Densidade da água s – Segundo
Jh – Perdas hidráulicas
w – Frequência Angular t – Espaço entre as pás
Jca – perda de carga no
𝑓 – Frequência linear U – Tensão
canal de aproximação
v – Velocidade linear V – Volts
kg – Quilograma

V – Volume W – Watts z – Número de pás


xii

Lista de abreviaturas e siglas

AIA – Avaliação do Impacto do meio Ambiente

ALER – Associação Lusófona de Energias Renováveis

CH – Central Hidroeléctrica

CNTP – Condições normais de temperatura e pressão

EDM – Electricidade de Moçambique

Fig. – Figura

FUNAE – Fundo de energia

GEE – Gases de efeito estufa

L – Leste (coordenada geográfica)

LED – Light emitting diode

Mt – Meticais

N – Norte (coordenada geográfica)

ONU – Organização da Nações Unidas

PCHs – Pequenas Centrais hidreléctricas

Pm – Potência média

Pmáx – Potência máxima

Pmin – Potência mínima

REN – Rede Eléctrica Nacional

TV – Televisão

UniRovuma – Universidade Rovuma


13

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Neste capítulo pretende-se, em linhas gerais, apresentar a contextualização, a delimitação e


enquadramento do tema, a justificativa e relevância da prática, a problematização, os
objectivos e hipóteses da pesquisa, elementos imprescindíveis para a efectivação do trabalho.

1.1. Contextualização

O continente africano possui abundantes fontes de energia renovável, nomeadamente:


hidroeléctrica, eólica e solar, onde o acesso a serviços de energia sustentáveis e modernos é
uma condição essencial para a satisfação das necessidades humanas básicas e para o
desenvolvimento económico e social em toda a África, de entre os 17 Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, este ocupa o sétimo lugar. E com a
crescente demanda energética, tem motivado o estudo de novas tecnologias de energias
renováveis com baixo impacto ambiental.

Uma das energias primárias abundante na natureza é a energia da água, denominada energia
hídrica. A técnica de conversão da energia hídrica em energia mecânica primeiramente foi
explorada para utilização em propulsão de navios, moinhos de cereais, bombas de água e na
idade média, para mover a indústria da forjaria.

Assim, uma das formas de aproveitamento da massa de água para a geração de electricidade é
através das turbinas hidráulicas, descritas pelo princípio de Bernoulli sobre a conservação de
energia de um fluido, que proporcionaram uma grande revolução no sector industrial. Desde
então, vem sendo construídos vários tipos de turbinas com melhor rendimento, porém,
requerem um investimento elevado para a sua aquisição e operacionalização (Júnior, 2013).

A turbina hidráulica é basicamente um conversor de energia. Ela recebe a energia hidráulica


do fluido de trabalho, sendo esta constituída por energia cinética devido a sua vazão e energia
potencial devido a sua pressão, e a converte em energia mecânica (Pereira, 2015).

Em Moçambique é caracterizado por possuir vários rios permanentes, os quais atravessam o


país, tais como os rios Rovuma e Lúrio, a Norte, Zambeze e Púnguè, na região Central e os
rios Save, Limpopo e Incomati, ao Sul. O país possui cerca de 100 km3 de recursos hídricos
(Ribeiro, 2018).
14

Porém, o aproveitamento da energia hídrica em Moçambique está além dos projectos. Em


2012, o Fundo de Energia (FUNAE) realizou estudos para apurar o potencial hídrico do País,
onde foram identificados um total de 1,446 novos possíveis projectos hidroeléctricos, com um
potencial total de 18,6 Giga Watt (GW), sendo a província de Tete a que apresenta maior
potencial, seguida de Manica e Nampula. Destes projectos, como afirma Gueifão et al. (2013),
apenas 351 locais foram priorizados economicamente, com potencial estimado de 5,6 GW.

Em contrapartida e segundo Nhamire & Mosca (2014),


Moçambique é um dos maiores produtores da energia eléctrica da região da África Austral,
posicionando-se em segundo lugar, com geração média de energia de 2,279 GW. Apesar de
gerar energia suficiente para alimentar as necessidades atuais do consumo interno e exportar,
Moçambique é o quarto país da região com menos acesso à electricidade pelos cidadãos.
Apenas 20% da população moçambicana usa normalmente, electricidade (p. 9).

Neste contexto, segundo Fortes et al. (2020), as populações que vivem nas comunidades
rurais ou áreas isoladas, distantes e de difícil acesso, ficam isentas da energia da rede eléctrica
nacional (REN), originando-se os problemas de integração da educação, saúde, abastecimento
de água, saneamento, melhoria nos processos produtivos de subsistência, estabilidade e
insegurança local, universalização da informação, principalmente à internet e a qualidade de
vida, no sentido geral.

1.2. Delimitação e enquadramento de tema

Para a pesquisa foi construído um protótipo de turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois
canais de escoamento, para geração da energia eléctrica, aproveitando-se dos pequenos
potenciais hídricos, sobretudo para as regiões não abrangidas pela REN ou quando se há
necessidade de gerar energia de forma descentralizada para atender diversas necessidades, a
destacar, a doméstica e agrícola. Para o efeito, o protótipo foi montado numa serralheira
situada no bairro de Chiuaula na cidade de Lichinga, testado e instalado num trecho do rio
Muchenga, onde efectuou-se os testes nos períodos da manhã (7:30 as 11:30 h) e de tarde
(13:30 as 17:30 h), em 4 dias consecutivos.

A pesquisa experimental decorreu entre os dias 23 a 26 de fevereiro de 2023, no local acima


descrito, onde levou-se em consideração a medição dos parâmetros altura de queda, a vazão
do rio, a tensão eléctrica, intensidade da corrente eléctrica gerada pelo sistema construído,
para além da determinação das potências (disponível, mecânica e do gerador), o rendimento
do sistema e as perdas associadas ao funcionamento. De forma síncrona, analisou-se os
15

impactos socioambientais e socioeconómicos do sistema, sobretudo no período de instalação e


funcionamento.

O tema em estudo está enquadrado na linha de pesquisa “Energia e meio ambiente versus
educação” vigentes no Curso de Física com habilitações em Energias Renováveis da
UniRovuma. Os resultados da pesquisa podem ser utilizados nas aulas de Física, tanto no
Ensino Secundário Geral (1º e 2º ciclo), nos capítulos de “Electricidade” e
“Electromagnetismo”, quanto no Ensino Superior ou Técnico Profissional, com abordagem
ambiental, económica e energética.

1.3. Justificativa e relevância da prática do tema

A energia eléctrica em Moçambique não está distribuída de forma igual, existindo algumas
zonas que não se beneficiam da energia da REN. O governo moçambicano, está procurando
mecanismos para aproveitar os recursos naturais existentes em abundância, para incremento
no acesso à energia eléctrica, sobretudo a proveniente de fontes limpas e renováveis (Gueifão
et al., 2013). Porém, a falta de políticas públicas, o alto custo para a aquisição das tecnologias,
a falta da capacidade técnica, tecnológica e financiamentos para esses projectos são as
principais restrições.

Nos tempos livres, o autor se dedica a agricultura, onde na sua machamba usa um gerador de
corrente eléctrica que funciona na base de gasolina (derivado de petróleo). Deste modo,
enquanto estudante do curso de Ensino de Física com habilitações em Energias Renováveis,
participou nas jornadas científicas na Universidade Rovuma – Nampula, onde o seu grupo
gerou energia eléctrica a partir da energia cinética e potencial das águas do rio e sugeriu-se o
melhoramento dos dispositivos usados nesses experimentos.

Durante a formação académica, sobretudo nas disciplinas de Física e Meio Ambiente e de


Energias Renováveis III – Solar e Eólica, analisou-se sobre a geração e utilização da energia
hidroeléctrica, destacando-se sua importância na geração descentralizada em pequena escala,
nas áreas rurais e isoladas de baixa densidade populacional. A partir disso, sentiu-se a
necessidade de construir uma turbina que funcionasse na base de dois canais de escoamento,
para ver até que ponto ele pode ajudar auxiliar na geração descentralizada de energia,
diminuir a dependência em relação aos combustíveis fósseis, tornar acessível (baixar o custo
16

da sua aquisição), enquadrar essa tecnologia na cultura local e motivar capacidades de


inovação na população estudantil.

Para a comunidade, conhecendo a educação como um processo que a sociedade forma o


homem para o seu benefício, pretende-se trazer uma nova visão de como o potencial hídrico
pode ser aproveitado para fins energéticos, usando-se materiais alternativos, de fácil obtenção
e de baixo custo. Para além de ser um assunto de destaque no panorama nacional e
internacional, há vários motivos que nos levaram a ter que abordar este tema, porém interessa-
nos destacar alguns:

A partir de materiais alternativos de fácil acesso pode-se construir um protótipo cuja pode
gerar energia eléctrica que suprirá as necessidades energéticas locais. Por outro lado, a
escolha do tipo de turbina fundamenta-se pelo facto da maior parte dos rios terem uma altura
de queda abaixo de 3 m e uma vazão considerável, típico para o aproveitamento energético
das turbinas de Vórtex.

O tema tem uma relevância científica e social, porque é através deste que pode-se criar bases
científicas que contribuam para o avanço da ciência, tecnologia e consequente
desenvolvimento da sociedade, portanto, o facto de existir material alternativos acessível para
a construção de protótipo implica que em qualquer local pode se montar o sistema, desde
momento que o local tenha potencial hídrico razoável, fazendo com que as comunidades se
beneficiem das vantagens da energia renovável, limpa e de baixo custo, sobretudo nas zonas
rurais onde a REN não cobre.

Na obra da Empresa belga Turbulent (2018), desenvolveu-se um sistema no qual foi possível
construir micro central hidreléctrica do tipo Vórtex de um canal de escoamento em que pode
ser instalada nos locais onde ocorrem a passagem de rios. Ainda os engenheiros belgas
desenvolvem inovadora turbina de vórtice gravitacional capaz de fornecer energia a 60
habitantes. Existem regiões onde ainda não é possível receber energia eléctrica convencional
por empresas de energia por terem baixa densidade populacional e estarem em locais distantes
dos centros urbanos. Pensando nisso, surgiu a necessidade de construir uma turbina Vórtex de
dois canais de escoamento cujo poderá ajuda nas regiões onde a REN não alcança.
17

1.4. Problematização

Um dos grandes tormentos do Mundo hoje é a questão relativa à energia, onde o seu
aproveitamento ainda não atingiu um nível satisfatório, visto que a maioria das fontes de
energia utilizada no planeta é de origem não renovável, seja de fonte mineral, atómica e
térmica. A energia pode ser utilizada de forma mais civilizada e menos dispendiosa, por meio
de fontes renováveis como a energia hídrica, solar, das marés, geotérmica e de outras fontes.

Em Moçambique têm recursos abundantes para gerar energia limpa, acessível e sustentável, e
é considerado um dos maiores produtores da energia eléctrica da região da África Austral,
com uma potência actual de 2.780 Mega Watts (MW). Apesar de ser um país com recursos
que gera energia suficiente para alimentar as necessidades actuais do consumo interno e
exportar, Moçambique é o quarto país da região com menos acesso à electricidade pelos
cidadãos, por exemplo mais de 60% da população não tem acesso a REN (ALER & AMER,
2021). Por essa razão, a ligação à REN está centralizado principalmente nas cidades e em
áreas urbanas, havendo carência, sobretudo, nas comunidades rurais e isoladas.

Geograficamente, as províncias do Sul do país têm uma taxa de electrificação mais elevada
em comparação com as províncias do Centro e Norte do país, em particular província de
Niassa com uma taxa de electrificação de 25% (Finscope, 2019). Portanto, esta taxa de
electrificação é muito insignificativo para uma província com maior número de habitantes,
onde a maioria da população usa o carvão, a lenha, a vela, lanternas a pilha, cafulo e petróleo
(fogão e candeeiro) como principais fontes para cumprir as necessidades energéticas; e o
menor número da população usa energia da REN. Por essa razão, que nas zonas rurais, onde
vive a maior parte da população depende da natureza para responder às suas necessidades
energéticas.

Este problema é consequência da inflexibilidade da expansão da REN, para além da falta de


implementações de estratégias capazes de aproveitar os baixos caudais existentes e
disponíveis, como forma de concretização do programa energia para todos, até 2030.

Os locais favoráveis às instalações de centrais hidreléctricas são locais de alta queda, nas
ribeiras de grandes declives, formados por rápidos ou cascatas (Sartori et al., 2017). Para
gerar energia hidroeléctrica é preciso unificar os desníveis do relevo por meio da construção
de barragem ou reservatórios que interrompem o curso normal do rio (Bostan et al., 2012).
18

Portanto, é com base nesta e noutras fundamentações que se colocou a seguinte questão: Até
que ponto a utilização de uma turbina hídrica da Vórtex gravitacional de dois canais de
escoamento pode aproveitar pequenos potenciais hídricos gerar uma potência útil para uso
doméstico?

1.5. Objectivos da monografia

O objectivo principal da presente monografia foi avaliar o funcionamento de um sistema


hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento para a
geração de energia eléctrica nos pequenos potenciais hídricos do rio Muchenga – Lichinga.
Para o alcance deste objectivo, definiu-se os seguintes objectivos específicos:

 Identificar trechos do rio Muchenga com fluxo, diâmetro e altura de queda de água
capaz de se aproveitar para a geração de electricidade;
 Construir o sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais
de escoamento com base nos materiais alternativos para gerar energia eléctrica nos
pequenos potenciais hídricos, para o uso doméstico;
 Analisar a relação que existe entre a altura de queda e a vazão do rio, na potência
eléctrica e eficiência do sistema de geração de electricidade;
 Descrever os impactos socioeconómicos e ambientais causados durante a operação do
sistema.

1.6. Hipóteses de pesquisa

São indicadas como hipóteses de pesquisa da presente problemática, as seguintes:

 Através de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento,


pode-se gerar energia hidroeléctrica capaz de satisfazer as necessidades energéticas
domésticas da população e auxilia-los a minimizar a demanda por energia eléctrica nas
zonas rurais;
 A utilização do sistema hidroeléctrico, funcionando com turbina tipo Vórtex,
construído a partir de materiais alternativos é viável sob ponto de vista económico,
ambiental e técnico para a geração de electricidade nos rios de pequenos potenciais
hídricos.
19

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta tópicos gerais sobre energia renováveis em Moçambique, geração de
energia nas centrais hidroeléctricas e suas principais classificações, turbinas hidráulicas do
tipo Vórtex e suas principais classificações, avaliação do impacto do meio ambiente, o
dimensionamento do tanque de circulação, cone de descarga, canal de zona de transição na
turbina hidráulica com dois canais de escoamento.

2.1. Energias renováveis

A Energia é aquilo que permite uma mudança na configuração de um sistema, em oposição a


uma força que resiste a esta mudança (Viana et al., 2012). A energia que movimenta as nossas
indústrias, hospitais, comércio, escolas e nos dá o conforto em nossas casas é a energia
eléctrica. No entanto a energia nesta forma não está disponível na natureza de forma
aproveitável para as finalidades mencionadas.

As fontes de energia são classificadas em dois grupos principais: energias renováveis e


energias não renováveis. Posto isto, energia renovável é aquela que vem de recursos que são
naturalmente reabastecidos, como sol, vento, chuva, rios e resíduos orgânicos resultantes de
actividades domésticas e industriais. Já os recursos das fontes de energia não renovável são
retirados da natureza, e não serão reabastecidos, como petróleo, carvão mineral, etc.
(Giersdorf et al., 2016).

Segundo Pacheco (2006), energias renováveis são aquelas provenientes de ciclos naturais de
conversão da radiação solar, fonte primária de quase toda energia disponível na Terra e, por
isso, são praticamente inesgotáveis e não alteram o balanço térmico do planeta. Ex. energia
hidreléctrica, solar, eólica, do mar e geotérmica. Já energia não renovável é a aquela que
quando da sua transformação, a matéria-prima utilizada já não se aplica mais ao seu uso. Ex:
o gás natural.

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, em 1987, definiu a


sustentabilidade como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”.

Para o Engiobra (2016), refere que desenvolvimento sustentável é fazer uso de recursos
naturais pesando na futura geração, isto em outras palavras, significa manter o equilíbrio
20

frágil entre o uso de recursos e a exploração. Hoje em dia para encontrar o equilíbrio é uma
tarefa muito difícil, estabelecer um limite na consideração, pois são feitas exigências
excessivas aos recursos limitados, e cada dia que se passa os recursos naturais vão ficando
mais escassos mais difíceis de ser encontrado, pois o homem vai degradando tudo, então
quando temos a oportunidade de se obter uma energia eléctrica de forma limpa, segura
renovável, e sem agredir o meio ambiente, podemos fazer sempre respeitando as regras e ao
nosso meio ambiente.

As energias renováveis contribuem bastante na matriz energética moçambicana. Nos estudos


feitos sobre as energias renováveis em Moçambique, foi identificado um potencial de 23.026
GW (Fig. 1), sendo a energia solar a mais abundante (23.000 GW), seguida da fonte hídrica
(19 GW), eólica (5 GW), biomassa (2 GW) (entre a lenhosa, etanol e biodiesel) e geotérmica
(0,1 GW); (ALER, 2017).

Figura 1: Potencial de Energias Renováveis em Moçambique


Fonte: ALER (2017, p. 98)

Com o potencial identificado, apenas 7.537 MW foram priorizados como projectos (Gueifão
et al., 2013; ALER, 2017), e se encontram distribuídos por fontes (Fig. 2).

Figura 2: Potencial de projectos prioritários por fonte.


Fonte: ALER (2017, p. 98)
21

No contexto apresentado nas figuras 1 e 2, vários mecanismos estão sendo desenvolvidos para
aproveitar o potencial identificado (EDM, 2018).

2.2. Energias hídrica em Moçambique

A energia hidreléctrica é aquela que provém da condensação, precipitação e evaporação das


águas, factores estes causados pela irradiação solar e atracção gravitacional. As centrais
hidreléctricas têm a capacidade de transformar a energia cinética e potencial gravitacional das
massas de águas dos rios em energia mecânica e eléctrica. Ela vem sendo utilizada a milhares
de anos para o bombeamento de água, moagem de grãos, corte de madeiras e pedras para a
construção e outras aplicações. A partir do século XVIII passou a ser utilizada para mover
máquinas têxteis, e nesse período, foram desenvolvidos os princípios para geração
hidreléctrica (Gielena et al., 2019).

O recurso hídrico é o recurso que apresenta maior potencial económico em Moçambique, com
destaque para a cascata do Zambeze e para um vasto conjunto de projectos de média
dimensão ao longo de todo o território, tendo sido identificados e estudados mais de 1.400
projectos, o que corresponde a um total de 18,6 GW de potencial hidroeléctrico, dos quais 351
projectos, ou seja, 5,6 GW, apresentam pré-viabilidade técnica e económica (Gueifão, et al.,
2013, p. 10).

Geradores eléctricos são equipamentos de extrema importância nas turbinas, assim como nas
centrais hidroeléctricas, cuja sua função é transformar a energia mecânica gerada pela turbina
em energia eléctrica. São considerados dois tipos de geradores: assíncrono e síncrono com
multiplicador de velocidade. (Eletrobras, 2000, p. 165). Na maior parte das centrais
hidroeléctrica usa-se geradores síncronos com multiplicador de velocidade.

2.2.1. Centrais hidroeléctricas

Uma central hidroeléctrica pode ser definida como um conjunto de obras (barragem, captação
e condutos de adução de água, casa de máquinas e restituição de água ao leito do rio) e
equipamentos (caixa espiral, roda da turbina, eixo inferior da roda da turbina, tampa da
turbina, servo motores, aro de operação, cruzeta inferior, bloco de escora, cruzeta superior e
eixo superior), cuja finalidade é a geração de energia eléctrica, utilizando o potencial
hidráulico existente num rio (Fig. 3) (Moura et al., 2019, p. 23).
22

As micro e mini centrais hidreléctricas produzem electricidade utilizando o potencial


hidráulico existente num rio, sendo necessária a construção total ou parcial do
empreendimento, onde muitas vezes são necessários somente alguns itens para realizar este
aproveitamento. As centrais hidreléctricas convertem a energia da água em energia mecânica
e energia mecânica em energia eléctrica. A energia produzida é renovável e o processo não
emite gases poluentes, nem tóxicos, nem outras destruições ao local, por se tratar de um
empreendimento muito pequeno, e na maioria das vezes nem é utilizado máquinas pesadas
para terraplanagem, onde o próprio homem com ferramentas de enxada e outras pode fazer o
local do abrigo de gerador/turbina e a passagem do conduto forçado (Engiobra, 2016).

A geração de energia a partir de uma fonte hídrica acontece através de turbinas hidráulicas,
que são um tipo de máquinas hidráulicas. A turbina recebe a energia mecânico-hidráulica do
fluxo de água e a converte em energia mecânico-motriz, que acionam o gerador, produzindo
energia eléctrica (Simone, 2010).

Figura 3: Esquema do funcionamento de uma hidroeléctrica.


Fonte: Simone (2019).

Geralmente, as hidroeléctricas são classificadas de acordo com Reis (2011, p. 90), quanto ao
uso das vazões naturais, à forma de captação de água e à função no sistema.
Quanto ao uso das vazões naturais:
 Existem centrais a fio de água, centrais de acumulação e centrais reversíveis.
 Centrais a fio de água: utilizam somente a vazão natural do curso da água do rio.
 Centrais com reservatório de acumulação: têm um reservatório de tamanho suficiente
para acumular água na época das cheias para uso na época de estiagem. Pode,
portanto, dispor de uma vazão firme substancialmente maior do que a vazão mínima
natural.
23

Quanto à forma de captação de água:


 Desvio e em derivação: pode-se dizer que as centrais em desvio, com quedas médias e
altas, são as que apresentam o maior número de componentes. Na captação de água
nas centrais em derivação geralmente é realizada em um rio e a descarga em outro rio.
 Leito de rio, de barramento ou de represamento: Represar a água para regularização de
vazões e amortecimento de ondas de enchentes.
Quanto à função no sistema:
 Centrais da base: são as centrais que ficam conectadas, gerando energia para a
demanda base do sistema eléctrico.
 Centrais da ponta: são as centrais que são conectadas ao sistema eléctrico para atender
à sua demanda de carga pesada ou de ponta.

De forma resumida as centrais hidroeléctricas são classificados de acordo com a tabela 1 a


seguir:
Tabela 1: Classificação das centrais hidroeléctricas.

Classificação Denominação Descrição


Micro P < 100 Kw
Mini 100 kW < P < 1000 kW
Quanto a potência Pequenas 1000 kW < P < 30 000 kW
Média 30 000 kW < P < 150 000 kW
Grande P > 150 000 kW
Quanto ao reservatório Fio de água Não possui um reservatório significativo de água
ou vazões naturais Acumulação Possui uma barragem que contém a água
Reversíveis Usam bombas para armazenar água no reservatório
Baixíssima H < 10 m
Quanto a queda de Baixa 10 m < H < 50 m
água Média 50 m < H < 250 m
Alta H < 250 m

Fonte: Adaptado de Caus & Michels (2016).

Em geral, o custo de construção de uma central hidroeléctrica é alto, por essa razão, o alto
investimento inicial é compensado pelos baixos custos de operação e manutenção após o estar
em funcionamento. Neste contexto, as centrais hidroeléctricas são as centrais mais rentáveis.

No que tange aos aproveitamentos de baixas quedas (Fig. 4), a água normalmente é conduzida
às turbinas através de um canal com uma declividade e a velocidade de escoamento mínimas,
portanto, aproveitando o máximo da queda. Diante disso, a queda útil pode ser determinada
conforme a equação (Prieto, 2012, p. 40).
24

𝐻𝑙 = 𝐻𝑏 − (ℎ1 + ℎ2 ) [equação 1].

Onde: Hl é a queda liquida; Hb é a queda bruta; h1 é a altura perdida no canal superior e h2 é a altura
perdida no canal de fuga.

Figura 4: Altura disponível em baixas quedas.


Fonte: Prieto (2012, p. 40).

2.3. Turbina de Vórtex gravitacional

O sistema hidroeléctrico de Vórtex gravitacional é uma nova tecnologia que utiliza a energia
contida dentro de um grande vórtice de água (Simone, 2010). Estas turbinas são utilizadas em
centrais hidreléctricas para gerar electricidade com baixa queda e baixa vazão. Para tanto, é
gerado em uma bacia circular com uma entrada tangencial e saída central, que por sua vez, é
colocada um rotor de eixo vertical no centro do vórtice onde a velocidade de rotação é mais
alta, gerando assim energia mecânica convertendo em energia eléctrica com um gerador
eléctrico (Engiobra, 2016).

Os estudos experimentais e as pesquisas para o desenvolvimento desse sistema tiveram início


com o inventor grego-australiano Paul Kouris em 1996, que buscava uma forma de aproveitar
a energia de um vórtice. Mais tarde, o inventor Franz Zotloterer criou e patenteou uma turbina
semelhante à de Paul ao tentar aproveitar a energia gerada pelo vórtice na água sem uma fonte
de energia externa (Fig. 5) (Romagnoli, 2019, p. 12).

Figura 5: Micro central de Vórtex gravitacional planta piloto Zotloterer.


Fonte: Romagnoli (2019, p. 12).
25

Quando a massa de um fluido adquire um movimento rotacional em torno de um eixo,


aparecem várias forças reais que provocam um afundamento gradual da massa do fluido na
área próxima ao eixo, produzindo um menisco, onde a parte central está a uma altura menor
do que a parte mais distante do eixo (Manjón et al., 2013).

Esses sistemas podem operar em quedas de água a partir de 0,7 m. Os custos de construção
são relativamente pequenos devido à sua construção mais simples, sem necessidade de
estrutura de barragens e da utilização de materiais disponíveis localmente (Dhakal et al.,
2017). Assevera Mulligan (2015, p. 2), que os vórtices gravitacionais podem ser classificados
em duas categorias:

Vórtex fracos: eles tendem a existir como uma instabilidade em fluxos que exibem
características instáveis, essa instabilidade se manifesta pela não formação de um núcleo de ar
que atinge a secção de saída. Em vórtices fracos predomina a descarga axial, isso porque a
ausência do centro de ar permite que a água corra sobre a maior parte da área de exaustão com
facilidade (Fig. 6).

Figura 6: Vórtex fraco.


Fonte: Mulligan (2015, p. 2).

Vórtex fortes, geralmente se formam como resultados de uma circulação induzida ou um


suprimento constante de vorticidade no campo de fluxo. A formação resultante é um vórtice
de superfície livre com um núcleo estável de ar cheio que se estende profundamente na
entrada (Fig. 6). Como consequência da rotação, maior retenção e estabilidade do fluxo,
portanto os vórtices fortes provaram ser benéficos em muitos sistemas industriais.
26

2.3.1. Geradores assíncronos

Geradores assíncronos também conhecidos como geradores de indução, estas máquinas têm
um funcionamento igual aos motores de indução em gaiola de esquilo sem possibilidade de
regular a tensão e com a velocidade de rotação a depender directamente da frequência do
sistema ao qual o gerador se encontra ligado. Os geradores assíncronos possuem as
características básicas de trabalharem com rotações levemente diferentes da rotação síncrona.
Sendo está uma das condições básicas para que a conversão de energia útil que possa ser
produzida.

Para o gerador assíncrono, a velocidade de rotação é a mesma para turbina e gerador e, sendo
assim, deve-se procurar a velocidade síncrona mais próxima da calculada (Eletrobras, 2000, p.
165). Conforme a equação a seguir, para cada tipo de turbina. Entretanto, essa velocidade de
rotação pode ser calculada pela relação.

𝑓 𝑝
𝑛𝑠 = 120 ∙ 𝑝 → 𝑓 = 𝑛𝑠 ∙ 120 [equação 2].

Onde: ns é a velocidade de rotação síncrona em rpm; f é a frequência da rede em Hertz e p é número de


polos do gerador.

As velocidades de rotação comumente utilizadas na frequência de 60 Hz, são as constantes,


conforme na tabela a seguir.

Tabela 2: Velocidade de rotação

Número de pólos Rotação (rpm)


4 1800
6 1200
8 900
12 720

Fonte: Elaboração própria com base (Eletrobras, 2000, p. 165).

Por outra perspectiva, a velocidade angular para um vórtice fraco é dada pela equação 3, e
para um vórtice forte é dada pela equação 4.
27

𝑟2
𝜔 = 𝜔0 ∙ 𝑟02 [equação 3].

Onde: w é a velocidade angular do vórtice, wo é a velocidade angular inicial do vórtice, ro2 é distância
ao eixo de rotação no ponto mais distante do eixo (raio máximo) e r2 é distância ao eixo de rotação
(raio).

𝜔 = 𝜔0 [equação 4].

Onde: w é a velocidade angular do vórtice e wo é a velocidade angular inicial do vórtice.

É importante salientar que, isso implica que a velocidade angular para o vórtice fraco diminui
na medida que o raio aumenta, de modo que em raios maiores os pontos no fluido giram mais
lentamente. Já para um vórtice forte, a velocidade angular é constante em cada ponto do
fluido, ambos lugares giram na mesma velocidade.

No que tange ao cálculo da velocidade angular na superfície do vórtice, é calculada através da


equação 5, que relaciona o número de revoluções por segundo em que um ponto do fluido gira
com a velocidade angular naquele ponto.

𝜔 = 2𝜋 ∙ 𝑛 [equação 5].

Onde: w é a velocidade angular e n é o número de revoluções por segundo que um ponto gira em torno
do eixo.

Para o estudo do comportamento das máquinas hidráulicas é de fundamental importância o


conhecimento das grandezas que influenciam no seu funcionamento. Para Alé (2001) e
Gomes (2013), estas máquinas têm seu funcionamento definido através de três grandezas
básicas distintas, consideradas como características fundamentais das máquinas hidráulicas:

Vazão (Q) - é a quantidade de fluido que escoa através de um conduto num determinado
período de tempo.

Altura de queda H definida como a altura vertical entre dois níveis de água, a montante e a
jusante da central, ou seja, entre o ponto de captação e ponto de restituição (Fig. 7).
28

Figura 7: Esquema demonstrativo do conceito de queda.


Fonte: Gomes (2016, p. 28)

Na fig. 7: H – Altura Bruta (Gross Head); Hd – Altura disponível (Net Head); Hp – perdas por
fricção na tubulação (Head Loss) e h – Profundidade.

Além das grandezas fundamentais são importantes as grandezas derivadas, como a potência
bruta, potência disponível, potência extraída pela turbina, potência extraída pelo gerador e
rendimento total do sistema (Alé, 2001), que podem ser determinadas com o sistema em
operação, a partir das seguintes equações 9,14,15,16 e 18.

Sousa (2019), concorda que para o dimensionamento do rotor da turbina do tipo Vórtex, deve-
se ter em conta os seguintes parâmetros, a potência nominal (N); a rotação da turbina
necessária (n); a vazão disponível (Q) e a altura de queda (H). Portanto, é a partir destes
parâmetros que vai se determinar, para a construção do rotor da turbina, os seguintes
elementos:

Rotação específica (ns) é dada pela seguinte equação 6:

n√N
ns = 4 [equação 6].
H √H

Onde: ns é a rotação específica; N é a potência; H é a altura; n é a rotação da turbina.

Diâmetros do rotor (Do) é obtido através da equação 7:

3 Q
Do = 5,3√ n [equação 7].

Onde: Q é a vazão e n é a rotação da turbina.

O diâmetro interno do rotor (DI) será obtido através da equação 8:


29

DI = 0,5Do [equação 8].

A potência bruta (Pb) é a potência contida no desnível topográfico da instalação, ou seja, é a


energia disponível através do desnível (H) de um rio, pode-se estimar usando a equação 9:

Pb = ρ ∙ g ∙ Q ∙ H [equação 9].

Número de pás é obtido a partir do valor da altura de queda do projecto. Para turbinas Vórtex
temos a relação apresentada na tabela a seguir.

Tabela 3: Relação para obter o número de pás nas turbinas tipo Vórtex.

Turbinas ns (rpm) H (m)


6 pás 431 – 530 40 – 30
Vórtex 5 pás 534 – 620 30 – 20
4 pás 624 em diante < 30
Fonte: Adaptado de Sousa (2019).

Passo entre as pás (t), medido do raio médio é obtido a partir da equação 10:
π(Do −DI )
2
t= z
[equação 10].

Onde: z é o número de pás; Do é diâmetro externo e DI é diâmetro interno.

Para se obter-se a perda total é somatório de todas as perdas do sistema, com a equação 11:

ℎ𝑡 = ℎ + ℎ𝑐 + 𝐽 + ℎ𝑐𝑎 [equação 11].

2.4. Avaliação do impacto do meio ambiente

Na África o processo de avaliação de impacto do meio ambiente vem sendo implementado


como instrumento para promover o desenvolvimento sustentável em diferentes países (Santo,
2005). Importa, neste âmbito salientar que AIA, por ser considerado instrumento de
desenvolvimento sustentável, em Moçambique a Lei do Ambiente foi aprovado em 1997 pela
lei nº 20/97, de 1 de outubro, o regulamento no que concerne o processo de avaliação do
impacto do meio ambiente.

Pela Lei nº 17/97 de 1 de outubro, artigo 1, AIA é um instrumento de gestão ambiental


preventiva que consiste na identificação e análise prévia, qualitativa e quantitativa, dos efeitos
ambientais benéficas e perniciosos de uma actividade proposta. Portanto, o Impacto ambiental
é toda mudança das características físicas, biológicas ou químicas do meio ambiente, gerada
30

por qualquer acção humana, que causa danos a sociedade e ao meio ambiente, directamente
ou indirectamente. Os estudos dos impactos ambientais permitem avaliar as consequências de
algumas acções, para que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que
poderá sofrer a execução de certos projectos ou acções, no início ou após a sua
implementação (Queiroz et al., 2013, p. 8).

Todavia, a energia hidráulica gera graves impactos negativos. Pois influenciam directamente
no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam inundações em imensas
áreas de matas, interferindo no fluxo de rios, destruindo espécies vegetais, prejudicar a fauna,
e interferem na ocupação humana. As inundações das florestas fazem com que as plantas de
cobertura do solo entrem em processo de decomposição, com isso a biodiversidade local é
afectada, e ocorre a liberação de metano na atmosfera, sendo que este é um dos gases
responsáveis pelo efeito estufa (Queiroz et al., 2013, p. 2).

2.5. Dimensionamento de um sistema com turbina hídrica de Vórtex gravitacional

O dimensionamento do tanque de circulação e cone de descarga influencia na melhor


eficiência do sistema de Vórtex gravitacional e estância principalmente na formação
magnífica do Vórtex gravitacional hidráulico. Entretanto, para a determinação das dimensões
do tanque de circulação, utilizou-se os seguintes parâmetros dimensionais, como: o diâmetro
do tanque de circulação, diâmetro de orifício de descarga, altura do tanque, diâmetro maior de
cone de descarga, a base da entrada do tanque de circulação e altura de cone (Tabela 4), estão
resumidas as dimensões do tanque de circulação e de cone de descarga (Fig. 8). Do ponto de
vista prático, o tanque de circulação deve ter um fundo cónico. Todavia, para facilitar a
descarga e evitar a recirculação no fluxo é necessário que um dos componentes do tanque de
circulação seja um cone de descarga.

Tabela 4: Características geométricas do tanque de circulação


Características geométricas do tanque de circulação
Diâmetro do tanque (D) 0,6 m
Diâmetro de orifício de descarga (d) 0,2 m
Altura do tanque (H) 0,3 m
Base de entrada do tanque de circulação (be) 0,15 m
Diâmetro maior de cone de descarga (dv) 0,3 m
Altura de cone (Hc) 0,1 m
Fonte: Adaptado em (Mulligan 2015, p. 2).
31

Figura 8: Características geométricas do tanque de circulação


Fonte: Adaptado em (Mulligan 2015, p. 2).

No entanto, a entrada tangencial de água no tanque de circulação é um dos factores de


extrema importância em sistema baseada em Vórtex gravitacional, visto que é uma entrada
controlada e sem grandes turbulências garantindo a correcta formação do vórtice de água e
beneficiando a eficiência do sistema. Neste caso, o correcto dimensionamento do canal é
factor pertinente neste tipo de sistema.
32

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Este capítulo aborda a respeito dos métodos de pesquisa empregues no estudo e as técnicas de
colecta e análise de dados utilizados no desenvolvimento deste trabalho.

3.1. Métodos de pesquisa

Segundo Lakatos e Marconi (2003), o método é o conjunto de actividades sistemáticas e


racionais, que permite com a maior segurança e economia alcançar o objectivo, traçando o
caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Entende-se,
desta forma, que o método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários
para atingir determinado fim ou resultado desejado. Nessa pesquisa os métodos serão
classificados da seguinte forma: quanto a abordagem, aos objectivos, a natureza e aos
procedimentos.

Quanto a abordagem a pesquisa é mista, qualitativa e quantitativa. Segundo Denzin (2006), a


pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o que significa que
seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender os
fenómenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem. Usou-se a pesquisa
qualitativa e fez-se interpretação dos fenómenos observados, dados colhidos e mediante com
os outros dados publicados durante a pesquisa.

Para Aragão (2011), a pesquisa quantitativa é realizada de forma numérica, sem a presença de
descritiva e costuma ser aplicada em estatística ou matemática. O processo de avaliação dessa
pesquisa é realizado por meio iterativo em que as evidências são avaliadas. Os resultados são
frequentemente apresentados em tabelas e gráficos de forma conclusiva, podendo assim, ser
utilizada para investigação e tomada de decisão. Usou-se a pesquisa quantitativa na medição
dos dados primários, com auxílio de instrumentos convencionais, como a fita métrica,
multímetro e cronómetro, e com base neles (altura de queda, vazão, tensão eléctrica e a
intensidade da corrente eléctrica), determinou-se os parâmetros técnicos (potências,
rendimentos e perdas), usando-se fórmulas matemáticas e a posterior interpretação dos
fenómenos e os resultados experimentais.

Quanto aos objectivos a pesquisa é exploratória, pois segundo Sitta et al. (2010), a pesquisa
exploratória permite a exploração de novos fenómenos, auxiliando dessa forma a necessidade
de o pesquisador pôr um melhor entendimento, sendo capaz de testar a viabilidade de um
33

estudo mais extenso ou determinar os melhores métodos a serem utilizados em um estudo. Por
estas razões, o presente trabalho visa explorar novos mecanismos de extracção da potência
útil de uma fonte hídrica disponível, num curso do rio, de baixo declive, usando um sistema
hidroeléctrico construído com base em materiais alternativos, sendo reutilizáveis, fácil acesso
e de baixo custo.

Quanto a natureza a pesquisa é aplicada, pois segundo Cristiane (2014), pesquisa aplicada
auxilia a resolução de alguns problemas por meio de teorias e princípios bem conhecidos e
aceitos na comunidade académica. Nesse contexto, a pesquisa que apresenta resultado através
de aplicação imediata pode ser denominada de pesquisa aplicada. Portanto, foi a partir destes
conhecimentos sobre os fundamentos físicos e das energias renováveis que serviram na
construção e análise do sistema hidroeléctrico para resolver problemas da sociedade, visto que
no País ainda existem locais onde a REN não cobre.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa deriva essencialmente da união dos


procedimentos bibliográfico, experimental e de campo. Usou-se a pesquisa bibliográfica na
colecta de informações existentes, sem delimitação espacial e temporal em diversas obras
literárias, artigos científicos, monografias, dissertações e teses que aborda sobre o panorama
energético nacional, com ênfase na energia hídrica e centrais hidroeléctricas usando turbina
do tipo Vórtex. Usou-se ainda a mesma para a identificação dos materiais resistentes, de alta
eficiência e a construção do sistema hidroeléctrico com base nos materiais alternativos,
acessíveis e de baixo custo.

Segundo Gil (2017), pesquisa experimental é a construção mais prestigiada nos meios
científicos. Consiste essencialmente em determinar um objecto de estudo, selecionar as
variáveis capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos
que a variável produz no objecto. Trata-se, portanto, de uma pesquisa em que o pesquisador é
um agente activo, e não um observador passivo. A pesquisa experimental foi usada na
construção, testagem e colecta dos dados primários e os parâmetros técnicos da pesquisa,
durante 4h de funcionamento do sistema no período da manhã e tarde em 4 dias. E o trabalho
de campo utilizou-se para implantar o sistema hidroeléctrico construído no curso do rio
Muchenga-Lichinga e na colecta/registo dos dados.
34

PROTOCOLO DA EXPERIÊNCIA
Tema: Construção de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento, a partir de
materiais alternativos, para geração de energia eléctrica para consumo residencial
Objectivos
 Avaliar o funcionamento de um sistema hidroeléctrico com turbina tipo Vórtex construído na base de
materiais alternativos, acessíveis e de baixo custo para a geração de energia eléctrica;
 Analisar a relação que existe entre a vazão do rio, altura de queda a potência gerada e a eficiência da
turbina na geração de electricidade;
 Descrever os impactos socioeconómicos e ambientais associados às fases de instalação, operação e
desmonte do sistema.
Referencial Teórico
As centras hidroeléctricas são sistemas que transformam a energia cinética e potencial gravitacional das massas
de águas dos rios, em energia mecânica, para accionar uma turbina e, está um gerador que, por fim, irá gerar
energia eléctrica (Gomes, 2016). Para avaliar a produção do sistema em geral é necessário ter em conta os
seguintes parâmetros: vazão, altura de queda, perdas de carga, as potências bruta, disponível, mecânica e
eléctrica e a eficiência do sistema.
Para quedas quase verticais, os métodos trigonométricos são adequados, enquanto, para locais com declives mais
suaves, o uso do nível e do poste é directo (Alé, 2001). Consideremos o fluxo de energia transferido da queda de
água para a turbina e finalmente para o gerador eléctrico.
A turbina do tipo Vórtex é uma turbina utilizada em central hidreléctrica para gerar electricidade com baixa
queda e baixa vazão. Portanto, o Vórtex é gerado em uma bacia circular com uma entrada tangencial e uma saída
central, que por sua vez, é colocada um rotor de eixo vertical no centro do vórtice onde a velocidade de rotação é
mais alta, gerando assim, a energia mecânica, que é convertida em energia eléctrica, no gerador eléctrico.
Vazão (Q) - é a quantidade de fluido que escoa através de um conduto num determinado período de tempo.
V
Q= [equação 12].
∆t

Onde: V é o volume da água em m3/s e ∆t é o período de tempo em segundo.


Esses sistemas podem operar em quedas de água a partir de 0,7 m. Os custos de construção são relactivamente
pequenos devido à sua construção mais simples, sem necessidade de estrutura de barragens e da utilização de
materiais disponíveis localmente (Dhakal et al. 2017).
A turbina de vórtice – Vórtex de redemoinho aproveita o poder da água corrente, é uma turbina de baixa pressão,
que funciona com cursos de água raros e de movimento lento; uma vez que um fluxo de água de 1,0 m 3/s é
suficiente para operação da turbina, que é equipada com um gerador submersível, e que gera electricidade
suficiente para abastecer até 60 casas 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem prejudicar o meio ambiente.
O desnível topográfico da água no reservatório superior e inferior fornece uma queda bruta de água (H). Para
chegar a entrada da turbina a água deve escoar pelos dois canais a qual apresenta uma dissipação de energia.
Quando o fluido entra no rotor da turbina existe uma dissipação de energia devido as perdas por atrito e
volumétricas no interior da turbina. Estas denominam-se perdas hidráulicas (HJ). A energia hidráulica realmente
fornecida para a turbina é denominada energia motriz (Hm). Esta determina-se descontando as perdas hidráulicas
(HJ) da energia disponível (Hd) da turbina:
𝐻𝑚 = 𝐻𝑑 − 𝐻𝐽 [equação 13].

Potência disponível (Potência hidráulica – Pd) é a potência disponível para ser aproveitada pela turbina. Pode-se
determinar a partir da equação a seguir.
P𝑑 = ρ ∙ g ∙ Q ∙ H𝑑 [equação 14].
Onde: ρ é a densidade de água (em CNTP equivale a 1000 kg/m3), e g é a aceleração de gravidade local (9,8
m/s2).
Após determinar a potência disponível a ser turbinado pela turbina, que por sua vez, cuja função é transformar a
35

potência disponível a ser turbinado em mecânica, levarem consideração a vazão, altura da queda e a eficiência da
turbina, usou-se a (equação 15) para estimar potência mecânica transformada pela turbina.
𝑃𝑚 = 𝑝 ∙ 𝑔 ∙ ℎ𝑚 ∙ 𝑄 ∙ 𝜂𝑡 [equação 15].
Onde: 𝜂𝑡 é o rendimentoda turbina e hm é altura motriz.
A potência extraída pelo gerador (PG) é a energia eléctrica nos terminais do gerador, ela é determinada
conhecendo-se a tensão gerada (U) e a intensidade da corrente (I).
PG = U ∙ I [equação 16].
O rendimento da turbina (ηt ) é a energia que a turbina consegue extrair da fonte hidráulica disponível e pode-se
calcular usando a equação 17:
Pm
ηt = [equação 17].
Pd

O rendimento do sistema (ηT ) é a energia que o sistema consegue extrair da fonte hidráulica disponível, e
calcula-se usando a equação 18:
PG
ηT = [equação 18].
Pd

A perda de carga no círculo hidráulico do sistema é determinada pela seguinte equação 19:
𝑣2
ℎ=𝑘∙ [equação 19].
2∙𝑔
Onde: k é o coeficiente do círculo hidráulico.
A perda de carga no canal de aproximação pode ser dada através da equação 20:
𝑣2
ℎ𝑐𝑎 = 𝑘𝑐𝑎 ∙ [equação 20].
2∙𝑔
Onde: hca é a perda de carga no canal de aproximação e kca é o coeficiente de perda de carga no canal de
aproximação.
A perda de carga devido ao atrito, será dada através da equação 21:
𝑘𝑎 ∙𝑣 1,9
𝐽 = 4,1 ∙ [equação 21].
𝐷𝑖 1,1

Onde: ka é o coeficiente de atrito e Di é o diâmetro inicial da tubulação.


A perda de cargas nas curvas acentuadas na transição do canal, será dada através da equação 22:
𝑣2
ℎ𝑐 = 𝑘𝑐 ∙ [equação 22].
2∙𝑔

Onde: hc é a perda de carga nas curvas e kc é o coeficiente da curva.


O Impacto ambiental é toda mudança das características físicas, biológicas ou químicas do meio ambiente,
gerada por qualquer acção humana, que causa danos a sociedade e ao meio ambiente, directamente ou
indirectamente. Os estudos dos impactos ambientais permitem avaliar as consequências de algumas acções, para
que possa haver a prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos
projectos ou acções, no início ou após a sua implementação.
Materiais
Para a construção do sistema hidroeléctrico, sua implantação e a colecta de dados precisaram-se dos seguintes
materiais:
Construção da Turbina Represamento e montagem do sistema
Chapa metálica de 3 mm de espessura; 2 sacos de 25 kg;
Chapa metálica de 1 mm de espessura; Uma base de metálica.
1 rolamentos;
Colecta de dados
4 parafusos;
1 eixo de 25 cm e 4 porcas; 1voltímetro;
Uma caixa espiral de 25 cm de altura 54 cm de O sistema construído;
36

diâmetro; Fita – métrica;


4 anilhas. 1 balde de 20 L;
1 cronómetro;
Construção do gerador
Um celular e seu carregador;
1 base de madeira de forma rectangular; Duas lâmpadas 5W e 10 W.
1 Bobina e magneto extraído da motorizada;
2 rolamentos;
1 eixo e 12 porcas;
2 parafusos do tipo de Arquimedes.
Procedimento Experimental
Para implementação do sistema no local inicialmente levou-se em conta a localização, a vazão volumétrica,
procedeu-se com a construção do sistema hidroeléctrico, fez-se a limpeza na área, após a limpeza coletou-se os
dados. Para a construção do sistema procedeu-se:
1. Construção da turbina:
Com martelo e escopro fez-se molde em uma chapa de zinco de 15 cm de forma quadrada;
Procedeu-se com o corte das pás (Fig. 9A);
Com o martelo, massageou-se as pás de modo a fazer um ângulo de 15º em relação ao solo;
Soldou-se o esqueleto.
Prosseguiu-se com a projecção e montagem da base de circulação (Fig. 9B);
Montou-se o eixo e pintou-se com a tinta anticorrosiva para evitar ferrugem durante o funcionamento (Fig. 9C);
Inseriu-se o rotor no interior da caixa e fixou-se com ajuda dos parafusos.
2. Construção do gerador:
Numa base de madeira rectangular de 10cm de largura e 25cm de comprimento, fez-se um orifício no centro e
fixou-se um rolamento;
Centralizou-se a bobina e furou-se nas laterais do rolamento de modo a transpassar os parafusos, um de cada
lado do rolamento.
Procedeu-se com a montagem do estator, fixou-se um eixo no magneto apertando com duas porcas rolamento
(Fig. 9D);
Conectou-se ao estator transpassando o eixo no centro do rolamento, tendo terminado a construção do gerador.
3. Represamento e montagem do sistema no rio:
Com ajuda de material de limpeza, caso da vassoura, pá e enxada fez-se a limpeza no local;
Usando pá, plano inclinado para assentamento da base.
Montou-se pedras e sacos de areia no local de aproveitamento de modo a barrar a água e canalizar directamente
para a turbina.
Instalou-se o sistema no rio, após terminar todas as fases de represamento (Fig. 9E).
A B C D E

Figura 9: Construção e montagem do sistema. (A) molde das pás; (B) construção da base de circulação; (C)
montagem de eixo e das pás; (D) sistema montado; (E) protótipo em funcionamento no local.
Fonte: Autor (2023).
4. Colecta de dados
Para avaliar o funcionamento do sistema, considerou-se a vazão do rio (como constante em cada hora de
medição). Assim sendo, usou-se o ducto que sai da represa para determinar a vazão do rio (usando a equação
12), onde, para tal, com o auxílio de um cronómetro, registou-se o tempo que levou a encher o balde de 20l;
37

Com a fita-métrica mediu-se a altura disponível do rio, o diâmetro e o comprimento do ducto, grandezas estas
consideradas constantes em todas as análises da pesquisa; Para medir a tensão e a intensidade da corrente
eléctrica usou-se o multímetro que foi ligado em função da tensão ou dos valores máximos da corrente eléctrica;
Para determinar a potência disponível no local da instalação usou-se a equação 14, para a potência mecânica
transformada da turbina usou-se a equação 15 e para a potência gerada no sistema usou-se a equação 16.
Testou-se a aplicabilidade da energia eléctrica gerada através do sistema para carregar a bateria do telefone
celular e acender lâmpadas LEDs, sistemas fáceis de transportar para o local de estudo;
Para analisar a eficiência da turbina na geração da energia, calculou-se rendimento do sistema com a equação 17
e 18 e comparou-se com o rendimento de sistemas convencionais análogos. A equação 17 nos dará o rendimento
da turbina e equação 18 no rendimento do sistema.
Para determinar as perdas, usou-se as equações (19, 20, 21 e 22), a equação 19 vai nos dar a perda de carga no
círculo hidráulico; equação 20, nos dará a perda de carga na aproximação; equação 21, nos dará a perda de carga
por atrito e a equação 22, vai nos dar a perda de carga na curva acentuada do sistema.
A descrição dos impactos socioeconómicos do sistema construído será na base de: (i) possibilidade da geração
descentralizada de energia eléctrica; (ii) aumento no acesso aos serviços energéticos; (iii) integração dos serviços
sociais básicos; (iv) inserção económica e social da população abrangida; (v) dinamizar a economia na área
instalada, sobretudo na área rural e nas regiões isoladas, não abrangidas pela REN; (vi) auxílio na redução da
pobreza e desigualdade.
Para descrever os impactos socioambientais causados durante a instalação, funcionamento e desmonte do
sistema analisou-se houve: (i) alagamento de áreas de cultivo e florestal; (ii) destruição de áreas de vegetação
natural e matas ciliares; (iii) desmoronamento das margens do rio; (iv) assoreamento do leito do rio; (v) prejuízos
à fauna e à flora locais; (vi) alterações no regime hidráulico do rio; (vii) possibilidades da transmissão de
doenças; (viii) possibilidades na redução do desmatamento; (ix) emissão de GEE e mau cheiro na atmosfera.
Em função da eficiência e do potencial eléctrico gerado e dos impactos causados sugeriu-se o enquadramento do
mesmo para algumas aplicações, para além adequações que podem ser feitas com vista a obter máximos ganhos
de funcionamento e baixos impactos negativos.

3.2. Técnica de recolha de dado: observação directa

Para a recolha de dados usou-se a técnica de observação directa que utiliza os sentidos na
obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas
também em examinar facto ou fenómenos que se deseja estudar. Pode ser: sistemática,
assistemático participante, não participante; individual, em equipa; na vida real, e laboratório.
Desta forma observou-se de forma activa no terreno para verificar a posição que será colocada
a turbina, os factores que influenciarão na instalação. Teve-se como instrumento de colecta de
dados a fita métrica, caderno de anotações, esferográficas e outros materiais disponíveis.
38

Colheu-se as informações do local seguindo um protocolo que ajudou a registar os parâmetros


observados e medidos. Tirou-se fotografias de modo a evidenciar a veracidade da participação
do local que será construído o sistema.

Para implementação do sistema no local inicialmente fez-se a limpeza na área onde foi
implementado o sistema, após a limpeza, foi necessário também, levar em consideração a
vazão volumétrica e suas quedas, pois são os factores iniciais que garantiram a produção de
energia eléctrica através do sistema.

3.3. Técnicas de análise de dados

Para a técnica de análise de dados, na primeira fase da análise e da interpretação é a crítica do


material selecionado das referências. É considerado um juízo de valor sobre determinado
material científico. A segunda, terceira e quarta fase, respectivamente, decomposição dos
elementos essenciais do sistema construído e sua classificação, generalização e análise crítica.
Finalmente, a interpretação exige a comprovação ou refutação das hipóteses. Ambas só
podem ocorrer com base nos dados colectados. Portanto, os dados por si só nada dizem, fez-se
a interpretação e expõe-se seu verdadeiro significado e compreensão.
39

CAPÍTULO IV: RESULTADOS E ANÁLISES

Neste capítulo apresentar-se-á os resultados e as respectivas análises, que contribuíram para a


realização do presente trabalho. O capítulo encontra-se dividido em seguintes partes: (i)
descrição do local de estudo; (ii) dimensionamento do sistema; (iii) viabilidade técnica e
eficiência do sistema; (iv) análise dos impactos socioeconómicos do sistema; (v) análise dos
impactos socioambientais na fase de operação; (vi) e a validação das hipóteses.

4.1. Descrição do local em estudo

O local do estudo de aproveitamento hidroeléctrico em pequenos potenciais, para geração de


energia eléctrica a partir de uma turbina de Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento
é no rio Muchenga (Fig. 10), rio intermitente, localizado a 1,5 km do mercado central de
Lichinga, no posto administrativo de Chiuaula em Lichinga, próximo da curva perigosa,
nascendo no rio Machatine e desagua no rio Lichiringo, passando antes pelo bairro de
Maumem. O trecho do rio estudado está entre as coordenadas 18º 10’15’’ e 15º 03’08’’ de
Latitude Norte e 29º 08’01’’ e 23º 13’02’’ de Longitude Leste.

Para implementação do sistema no local, inicialmente, fez-se, a priori, a limpeza na área


instalada, em seguida, levando em consideração a vazão volumétrica e as alturas de quedas,
fez-se a instalação do sistema (Fig. 10), pois são os factores iniciais que garantiram a geração
de energia hidroeléctrica.

A B

Figura 10: Local de implementação do sistema: (A) antes da limpeza; (B) depois da limpeza.
Fonte: Autor (2023).
40

4.2. Dimensionamento do sistema

De acordo com o estudo realizado no rio Muchenga, mediu-se a vazão, obtendo 0,02 m3/s a
partir da equação 12 (com auxílio de um balde de 20 litros e cronómetro) e uma altura de
queda equivalente a 0,7 m, originando uma velocidade de escoamento de 1,2 m/s (Tabela 5).
No entanto, com estas condições do local onde foi implementado o sistema, permitiu-se uma
área maior, onde foi possível inserir um tanque circular de 28 cm de raio.

20𝑙 0,02𝑚3
𝑄= = = 0,02𝑚3 /𝑠
1𝑠 1𝑠
Tabela 5: Mostra dados colhidos na pesquisa.
Grandeza Símbolos Turbina Gerador
Rpm W 172rpm 172 rpm
Queda de água H 0,7m
Vazão Q 0.02m3/s
Fonte: Autor (2023).

Para fazer o teste do sistema construído, precisou-se de materiais (enxada e pá) e instrumentos
de medição (multímetro – Fig. 11A e fita métrica – 11B) para instalação do sistema no rio,
acoplado o gerador eléctrico directamente no eixo da turbina e medição dos parâmetros
mecânicos e eléctricos, para depois avaliar o desempenho do sistema.
B
A

Figura 11: Instrumentos de medição usados: (A) multímetro digital usado para medição da tensão e
intensidade da corrente eléctrica; (B) fita métrica usada a medição da área de instalação do sistema.
Fonte: Autor (2023).

Para efectuar os testes do sistema com seus respectivos equipamentos, foi necessário fixar
pedras de baixo da base e nas laterais do sistema para assegurar que este não escorregasse
devido a pressão da água, onde usou-se ainda camadas de solo para impedir o desvio do fluxo,
pois foram os aspectos que garantiram o funcionamento pleno do sistema no local para a
geração de energia eléctrica (Fig. 12).
41

Figura 12: Protótipo em funcionamento


Fonte: Autor (2023).

Durante os 4 dias de teste, nos períodos de manhã e tarde, com sistema posicionado no local e
a água fazendo girar a turbina acoplado no eixo com gerador eléctrico, foi conectado um fio
condutor ao multímetro, onde foi possível medir a tensão eléctrica nos terminais (Fig. 13A) e
a intensidade da corrente eléctrica no circuito aberto (Fig. 13B), que foram suficiente para
acender uma lâmpada LED (Fig. 13C) e carregar bateria de um telefone celular (Fig. 13D).

A B C D

Figura 13: Fases de teste e medição: A. medição da tensão eléctrica (V); B. a medição de intensidade
de corrente eléctrica (mA); C. lâmpada LED acesa; e D. telefone celular Android em carregamento.
Fonte: Autor (2023).

Durante a instalação e realização do experimento no local de pesquisa, fez-se várias medições


que resultou num aproveitamento significativamente positivo (Fig. 14), obtendo-se valores de
tensão eléctrica em diversos horários de medição, sendo que, no 2º dia (linha laranja), obteve-
se valores de tensão eléctrica relativamente maiores e no 4º dia (linha amarela), obteve-se
valores relativamente menores. Quanto aos valores absolutos, não houve períodos de medição
superiores, havendo deste modo, variações dos valores máximos e mínimos de tensão
eléctrica nos respectivos horários de medição. Ademais, no 1º (linha azul) e 3º dia (linha
cinza) houve uma aproximação nos valores da tensão eléctrica, sendo relativamente maior no
1º dia.
42

Manhã e tarde
35

Tensão (V)
30

25

20

15:00
07:30
07:45
08:00
08:15
08:25
09:26
09:40
10:15
10:40
14:30
14:45

15:15
15:25
15:40
16:00
16:15
16:25
Tensão1 (V) Tensão2 (V) Tensão3 (V) Tensão4 (V)

Figura 14: Comportamento da tensão eléctrica nos 4 dias de análise.


Fonte: Autor (2023).

Posteriormente, fez-se várias medições de intensidade de corrente eléctrica que resultou, num
aproveitamento significativamente positiva (Fig. 15). Sendo assim, obtendo-se valores de
intensidade de corrente eléctrica em diversos horários de medição, sendo que, no 2º dia (linha
laranja), obteve-se valores de intensidade de corrente eléctrica relativamente maiores e no 4º
dia (linha amarela), obteve-se valores relativamente menores. Quanto aos valores absolutos,
não houve períodos de medição superiores, havendo deste modo, variações dos valores
máximos e mínimos de intensidade de corrente eléctrica nos respectivos horários de medição.
Ademais, no 1º (linha azul) e 3º dia (linha cinza) houve uma aproximação nos valores da
intensidade de corrente eléctrica, sendo relativamente maior no 1º dia.

Manhã e tarde
37
35
33
I (mA)

31
29
27

Intensidade de corrente 1 Intensidade de corrente 2


Intensidade de corrente 3 Intensidade de corrente 4

Figura 15: Comportamento da intensidade da corrente eléctrica nos 4 dias de análise.


Fonte: Autor (2023).

Segundo as figuras 14 e 15 observa-se melhor valor absoluto da tensão e intensidade de


corrente eléctrica na medição das 08h:00 h a 08h:05 h, correspondendo a tensão eléctrica
43

máxima de 30,2 V e intensidade da corrente de 36,5 mA, relativo ao 2º dia de medição. Em


contrapartida, obteve-se um valor menor absoluto da tensão eléctrica na medição das 14h:30 h
a 14h:45 h, correspondendo a tensão eléctrica máxima de 22,4 V e da intensidade da corrente
eléctrica na medição das 08h:25 h a 08h:30 h e de 16h:15 h a 16h:20 h, no valor de 28 mA,
relativo ao 4º e 3º dia de medição, respectivamente.

Ademais, durante a medição onde obteve-se, (i) no 1º dia, uma média de tensão eléctrica de
26 V e intensidade de corrente eléctrica de 30 mA; (ii) no 2º dia, uma tensão eléctrica média
de 29 V e intensidade da corrente eléctrica de 34,3 mA; (iii) no 3º dia, obteve-se uma média
tensão eléctrica de 27 V e a intensidade da corrente eléctrica de 31,0 mA; (iv) no 4º dia
obteve-se uma média tensão eléctrica de 24,7 V e a intensidade da corrente eléctrica de 28,1
mA.

A tabela a seguir mostra dados, usou-se o site de meteorologia para verificar a temperatura do
dia, posteriormente, determinou-se a potência eléctrica extraída do sistema usando a equação
16 em cada período de testes, usando os valores da tensão e intensidade da corrente medidos
(Fig. 14 e 15). Ademais, temos a potência gerada em cada momento de medição, potência
máxima, média e mínima (Tabela 6).

Tabela 6: Potencia eléctrica extraída do protótipo


Variação de temperatura do dia
17º C a 24º C 16º C a 24ºC 17º C a 26ºC 17º C a 24ºC
Potência gerada (mW)
Medição Manha 1º dia Manha 2º dia Manha 3º dia Manha 4º dia
07:30-07:35 799,2 999,13 967,86 679,2
07:45-07:50 842,8 992,8 810 787,8
08:00-08:05 788,8 1092,92 981,96 786
08:15-08:20 954,84 1038,45 764,4 735
08:25-08:30 813 970,2 705,6 754
09:26-09:32 937,6 896 786 816
09:40-10:00 854,66 868 815,4 765,6
10:15-10:30 886,6 868 940,8 880
10:40-11:00 940,53 810 774 821,5
14:30-14:35 786 864 729 636,16
14:45-14:50 732,92 812,2 723,24 726
15:00-15:05 812,3 818,4 740,46 684,4
15:15-15:20 901,8 780 768 744
15:25-15:30 780 806 745,3 869,2
15:40-15:50 750 832 806 834,6
16:00-16:10 926,82 750 725 832
16:15-16:20 762,5 864 672 820,56
44

16:25-16:40 705,6 764,4 768 667


Potência máxima, média e mínima (mW)
Pmáx 954,84 1185,02 981,96 880
Pm 823 879,25 790,17 768,83
Pmin 732,92 750 672 636,16
Fonte: Autor (2023). Dados da temperatura extraídos no site: https://pt.weatherspark.com/Dsticas-de-Lichinga-
Mo%C3%A7ambique. Acesso em 24 de fevereiro de 2023.

4.3. Viabilidade técnica e eficiência do sistema

Após o dimensionamento do sistema até ser efectuados os testes e avaliação dos dados
obtidos, verificou-se que o sistema acoplado, o gerador directamente no eixo produziu uma
tensão eléctrica e a intensidade de corrente eléctrica consideravelmente, em termo da energia
gerada. Isso é a prova do que o sistema apresenta condições de ser utilizado nos pequenos
potenciais hídrico e vazões existente em Moçambique e aproveitada para uso doméstico,
agrícola e diversos.

Neste caso, após ter determinado a vazão disponível do local em estudo (0,02 m3/s) e a altura
de queda (0,7 m), considerando o peso específico da água 1000 kg/m3 e aceleração de
gravidade igual a 9,8 m/s2, foi conveniente usar a equação 9, para estimar a potência bruta do
sistema.

𝑃𝑏 = 1000 ∙ 9,8 ∙ 0,7 ∙ 0,02 = 137,2 𝑊

Para conseguir estimar a potência disponível a ser turbinado, uma vez que é conhecida o
caudal, a altura da queda, levou-se em consideração as perdas hidráulicas na secção da
entrada de fluido, onde usou-se a (equação 14) para determinar a potência disponível.

𝑃𝑑 = 1000 ∙ 9,8 ∙ 0,62 ∙ 02 = 121,5 𝑊

Usando como referência Manual de micro central hidráulico (2009), 75% rendimento de uma
turbina hidráulica, e após determinar a potência disponível a ser turbinado pela turbina, que
por sua vez, cuja função é transformar a potência disponível a ser turbinado em mecânica,
levando em consideração a vazão, altura da queda e a eficiência da turbina, usou-se a
(equação 15) para estimar potência mecânica transformada pela turbina.

𝑃𝑚 = 1000 ∙ 9,8 ∙ 0,62 ∙ 0,02 ∙ 0,75 = 91, 1𝑊


45

Usou-se a (equação 17) para estimar o rendimento da turbina entre a potência efectiva no eixo
da turbina e a potência hidráulica disponível.

91,1𝑊
𝜂𝑡 = = 0,749 ∙ 100% = 74,9%
121,5𝑊

A turbina construída extraiu cerca de 74,9% da energia disponível, considerando-se as perdas


hidráulicas. Para estimar o rendimento máximo e mínimo do gerador eléctrico instalado no
local de implementação do sistema no período da manhã e tarde, usou-se a equação 18:

1ª Fase: rendimento no período da manhã do 1º dia

0,95484𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01048 ∙ 100% = 1,048%
91,1𝑊

0.7888𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00865 ∙ 100% = 0,865%
91,1𝑊

2ª Fase: rendimento no período da tarde do 1º dia

0,92682𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01017 ∙ 100% = 1,017%
91,1𝑊

0.73292𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00805 ∙ 100% = 0,805%
91,1𝑊

1ª Fase: rendimento no período da manhã do 2º dia

1,18502𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01301 ∙ 100% = 1,301%
91,1𝑊

0.810𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00889 ∙ 100% = 0,889%
91,1𝑊

2ª Fase: rendimento no período da tarde do 2º dia

0,864𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00948 ∙ 100% = 0,948%
91,1𝑊

0.750𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00823 ∙ 100% = 0,823%
91,1𝑊

1ª Fase: rendimento no período da manhã do 3º dia


46

0,98196𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,01078 ∙ 100% = 1,078%
91,1𝑊

0.774𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00816 ∙ 100% = 0,816%
91,1𝑊

2ª Fase: rendimento no período da tarde do 3º dia

0,806𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00885 ∙ 100% = 0,885%
91,1𝑊

0.672𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00737 ∙ 100% = 0,737%
91,1𝑊

1ª Fase: rendimento no período da manhã do 4º dia

0,880𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,0966 ∙ 100% = 0,966%
91,1𝑊

0.6792𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 == = 0,00745 ∙ 100% = 0,745%
91,1𝑊

2ª Fase: rendimento no período da tarde 4º dia

0,8692𝑊
𝜂𝑡 𝑚á𝑥 = = 0,00954 ∙ 100% = 0,954%
91,1𝑊

0.63616𝑊
𝜂𝑡 𝑚𝑖𝑛 = = 0,00698 ∙ 100% = 0,698%
91,1𝑊

A figura 16 (a seguir) mostra, de forma resumida, o rendimento do sistema, a partir dos


cálculos efectuados acima.
47

Rendimento
1,4

Rendimento %
1,2
1
0,8
0,6
0,4
ηt do ηt do ηt do ηt do
1º dia 2º dia 3º dia 4º dia
Máximo Mínimo

Figura 16: Rendimento do gerador


Fonte: Autor (2023).

Isso significa que, o sistema extraiu no máximo cerca de 1,301% da energia disponível e
extraiu no mínimo de energia disponível de 0,698%, durante todos testes feitos, considerando
as perdas na turbina hidráulica, as perdas por transmissão e as perdas no gerador (perdas por
atrito).

A partir desses dados obtidos, constatou-se que, nos períodos mais frescos que foi 2º dia,
houve maior geração de energia eléctrica, que obteve-se uma potência eléctrica mais alta as
08h:05 há uma temperatura de 18º C e a potência mais baixa as 09h:40 com a temperatura de
20º C e posteriormente, no período mais quente, que obteve-se uma potência eléctrica mais
baixa as 15h:00 há uma temperatura de 23º C, a potência eléctrica mais alta as 16h:30 com a
temperatura de 22º C, houve redução de geração de energia eléctrica. Em segunda, no 1º, 3º e
4º dia, nos períodos mais frescos desses dias, houve maior geração de energia eléctrica, que
obteve-se uma potência eléctrica mais alta as 08h:20 há uma temperatura de 19º C e a
potência mais baixa as 10h:00 com a temperatura de 22º C e no período mais quente, que
obteve-se uma potência eléctrica mais baixa as 14h:50 há uma temperatura de 24º C, a
potência eléctrica mais alta as 16h:30 com a temperatura de 22º C, porém, existiram vários
factores que influenciaram na geração tais como: temperatura, vazão, não só, a massa
específica da água.

Naturalmente, as perdas de carga hidráulica refere-se a perda de energia cedida pelo líquido
em escoamento, devido ao atrito interno, atrito contra as paredes e perturbações no
escoamento, pois no sistema construído foi necessário a análise de perdas de carga, sendo-o
obstáculos que interfiram na sessão interna do canal de transição de fluido.
48

Inicialmente, considera-se o coeficiente de perda de carga k=0,20 na passagem directa do


fluido no canal de entrada, velocidade de escoamento na transição de água v=1,2m/s sendo
aceleração de gravidade 9,8 m/s2, usou-se equação 19, para estimar a perda de carga inicial na
tomada de água no canal de entrada:

1,22
ℎ = 0,2 ∙ = 0,04𝑚
2 ∙ 9,8

Após conhecer a perda de carga inicial, quando inseriu-se o sistema no rio para o aproveito
hídrico houve de facto, algumas perdas na aproximação de canal de entrada de escoamento,
usando a equação 20 obteve-se a perda de carga nos canais de aproximação:

1,22
ℎ𝑐𝑎 = 0,2 ∙ = 0,04𝑚
2 ∙ 9,8

Utilizou-se a equação 21 para estima a perda de carga devido ao atrito, visto que as paredes de
canal apresentam um formato lisa, o coeficiente para paredes lisas Ka=0,32; v é velocidade de
escoamento 1,2m/s. Diâmetro interno do canal, sendo Di=0,3 e g é aceleração de gravidade
9,8 m/s2 estimou-se a perda carga por atrito:

1,21,9
𝐽 = 4,1 ∙ 0,32 ∙ = 6,974𝑚
0,31,1

Estimou-se a perda de carga na curva acentuada nos canais usando a equação 22, em que é a
perda existente na mudança de direcção entre a parte recta e curva no canal de transição de
escoamento para o tanque circular, sendo o coeficiente kc=0,5, que resulta em um ângulo de
30º, v é a velocidade do escoamento 1,2 m/s e g é a aceleração da gravidade 9,8m/s2 estimou-
se a perda de carga nas curvas acentuadas nos dois canais:

1,22
ℎ𝑐 = 0,5 ∙ = 0,0367𝑚
2.9,8

Para se obter-se a perda total foi necessário usou o somatório de todas as perdas do sistema, a
partir da equação 11.

ℎ𝑡 = 0,0146 + 0,0146 + 0,0367 + 6,974 = 7,0399𝑚

Portanto, obteve-se uma perda de carga de valor de 7,0399 m. Assim, de forma resumida, as
perdas de carga na circulação mostra o gráfico a seguir (Fig. 17).
49

Perda de carga nos canais de circulação

10,0
6,297

5,0
0,015 0,015 0,037
0,0

Perda de carga na aproximação Perda de carga devido atrito


Perda de carga inicial Perda de carga na curva

Figura 17: Ilustração das perdas do protótipo


Fonte: Autor (2023).

Importa, neste âmbito salientar que após estimados os dados das perdas de carga no sistema
construído que é energia perdida durante o funcionamento do sistema, percebeu-se que houve
perdas de cargas no sistema, que do ponto de vista técnico não influenciaram muito de forma
negativa no sistema, isso significa que, quanto menor é perda de carga no sistema maior será a
eficiência do sistema.

O rendimento do protótipo construído (74,9%) está abaixo do rendimento do sistema


convencional (91%) (Manual da central eléctrica da Vórtex, 2003). Vários factores
contribuíram para essa baixa no rendimento, como a vazão do rio e as perdas, sobretudo a
perda de carga devido atrito. Entretanto, sabe-se que, a vazão do rio é um dos parâmetros que
faz com que haja a geração de energia eléctrica, nos pequenos potenciais hídricos. No sistema
em análise, durante o funcionamento, houve diferença de geração de energia, existindo
períodos de maior e menor geração de energia. Em relação a vazão, entendeu-se que quanto
maior for a vazão do rio maior é a geração de energia, sabendo que, à altura de queda do
sistema analisado foi constante.

Geralmente, as perdas num sistema hidroeléctrico são inevitáveis, segundo Caus e Michels
(2017) “Em turbinas hidráulicas, o rendimento representa as perdas verificadas nas diferentes
condições de operação, considerando que uma parte da potência disponível nos eixos da
turbina é dissipada em perdas internas e externas na própria turbina”. No caso das perdas de
cargas sistema, pode ser justificado a partindo, primeiramente na segunda lei da
termodinâmica, segundo o qual “todo processo tem perdas porque seu rendimento sempre é
inferior a 100%”. Para além da perda de carga devido atrito, a baixa eficiência na turbina
Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento são as perdas de carga na aproximação,
50

perda de carga inicial e perda de carga na curva. Num estudo similar realizado por Caus e
Michels (2017) encontraram ainda as perdas hidráulicas (perdas volumétricas da água dentro
da turbina) e as perdas mecânicas, causado pelo atrito nos rolamentos que converte parte da
energia extraída da água em calor.

Assim sendo, a perda no canal inicial, surgiu na medida que o fluido entrava no canal de
circulação, uma parte de fluido desviava-se do canal; quanto a perda de carga na curva,
verificou-se que, o fluido adquiria maior velocidade, mas uma parte desse transbordava e
perda de carga devido atrito, durante o funcionamento, existiram essas perdas com maior
destaque, nos rolamentos de maior atrito a convertia a energia da água em calor (Fig. 17).
Portanto, para minimizar as perdas no gerador assim como as perdas mecânicas, deve-se
aumentar a área transversal dos condutores de cobre no estator (caso das perdas por efeito
Joule); construir o núcleo do gerador com lâminas isoladas (caso das perdas de Foucault); e
utilizar rolamentos de menor atrito (caso das perdas mecânicas), como descreve Caus e
Michels (2017).

Apesar de sistema construído gerar um a tensão e intensidade da corrente eléctrica alta, o que
contribuiu bastante na potência gerada e uma eficiência considerável, fazendo com que, do
ponto de vista técnico, o sistema construído está em condições de alimentar cargas, de baixa e
média potência (lâmpada LED e fluorescentes, aparelhos de rádio, TV e som, carregamento
de baterias de telefone celular e computadores), para o uso doméstico. Pode-se também usar o
sistema para ouros afazeres, tais como, bombeamento de água, sistema de irrigação e criação
de frangos, etc.

4.4. Análise dos impactos socioeconómica do sistema

Para a viabilidade económica do sistema foi necessário a análise de materiais em dois


métodos: o material adequado a ser utilizado e custo de investimento. No entanto, o tipo de
material e o custo de investimento são parâmetros que garantiram a eficiência da turbina, pois
foram analisados os materiais metálicos e de madeira. A pesquisa usou-se materiais e os
gastos necessários para a concretização do trabalho, a tabela 7, mostra de forma resumida os
materiais e os gastos.

Tabela 7: Relação entre materiais e os gastos realizados durante a pesquisa.


Materiais Quantidade Preço/unidade Preço total Observação
Estator rotor Magnético 1 500 500 Mt
51

Chapa 3mm (aço) 1 - - Reciclável


Chapa 1mm (Zinco) 1 - - Reciclável
Eixo 1 170 170 Mt -
Madeira 10x40 cm 1 - - Reciclável
Porcas 10 12 120 Mt -
Varrão 2 - - Reciclável
Rolamento 4 40 160 Mt -
Parafuso com porca 2 20 40 Mt -
Pregos 2 polegadas ¼ kg 100 25 Mt -
Fio de ligação 4m 15 60 Mt -
Lâmpada Led 2 30/50 80 Mt
Interruptor 1 - - Reciclável
Distribuidor 1 - - Reciclável
Bocal 1 20 20 Mt
Tomada 1 30 30 Mt
Tinta anticorrosivo 1 L 1 - 200 Mt -
Sacos 2 - - Recicláveis
Total material - - 1405 Mt -
Serviços Função Pagamento Observação
Ratoneiro (bate chapa) Tubo espiral 500 Mt -
Serralheiro Cortar e soldar pás e fazer a base 300 Mt -
Diversos Transporte, Material de limpeza 800 Mt -
Total Serviços - 1600 Mt -
Total gasto - 3005 Mt -
Fonte: Autor (2023).

O sistema construído possui todas condições para permanecer em operação num período
acima de 8 anos, devido ao material utilizado. Foram utilizados ferros, chapas de aço e de
zinco e por cima foram revestidas de tinta anticorrosiva que pode dificultar a corrosão, perda
de resistência, e consequentemente, manter o sistema num longo período de tempo. Ademais,
foram escolhidos por ser materiais de baixo custo e resistente que possuem manuseamento
mais complexo, que por sua vez a sua construção e montagem foi feita por um processo de
soldagem e bate-chapa que necessitou de um latoeiro e um serralheiro. Quanto a madeira foi
escolhida por ser um material de fácil manuseamento e ainda de fácil aquisição e o custo é
razoável.

Segundo Bortoleto (2001), os primeiros impactos das hidreléctricas ocorrem logo na


construção do canteiro de obras, que modificam a economia local, pois com o aumento no uso
de materiais e energia, estes sofrem inflação, o que prejudica financeiramente os moradores
locais.

Porém, para a construção de uma de PCHs deve-se olhar para os impactos sociais causados na
instalação e desmonte do sistema, como é o caso de alagamento de propriedades, casas e áreas
52

produtivas (Geller, 2016). Ou seja, a inundação de áreas para a construção de barragens gera
problemas de realocação das populações ribeirinhas, comunidades locais e pequenos
agricultores. Portanto, cada rio apresenta características únicas, por esse motivo, os efeitos
variam de acordo com cada rio e cada vez mais é importante que se faça a avaliação integrada
do rio e da bacia, para que se tenha a noção dos efeitos cumulativos levando em conta a
conservação ambiental e a manutenção da qualidade de vida da população.

Rocha (2006) relata que, ao longo da implementação do sistema hidroeléctrico, olhando para
o meio socioeconómico também pode sofrer impactos devido às obras de desvio,
principalmente com relação à navegação no rio, às comunidades ribeirinhas, ao risco de falhas
nas estruturas de desvio e ao património histórico, cultural e paisagístico. Oliveira (2000),
afirma que a chegada da electricidade junto das comunidades rurais provoca consideráveis
modificações permitindo que a população tenha acesso a serviços sociais básicos, tais como,
fornecimento de água potável, saneamento, educação e sistemas de comunicação, implicando
uma modernização das zonas rurais e levando a um aumento substancial da melhoria da vida
das populações.

As análises dos impactos socioeconómicos da fase de instalação do sistema, com base o


funcionamento, numa parte resultou-se de forma positiva e na outra negativa assim destacou-
se:

Para a questão da possibilidade da geração descentralização de energia eléctrica, o protótipo


vai ajudar aos residentes, porque cada residente pode ter seu próprio sistema eléctrico,
diminuindo, deste modo, a dependência da REN, a existência de linhas de transmissão e seus
impactos associados e utilização de única fonte de energia. Ademais, a geração
descentralizada favorece a expansão das tecnologias energéticas na comunidade, para além de
se gerar energia em vários lotes e segundo as reais necessidades do utilizador.

Por isso, com a utilização deste protótipo na comunidade haverá o aumento no acesso da
energia eléctrica, sobretudo nas zonas não abrangidas pela REN ou com certas limitações no
fornecimento de energia. Durante a pesquisa constatou-se na maioria dos residentes do bairro
Muchenga usam, para iluminação, fontes de energia de baixa eficiência, poluidoras, entre
renováveis (biomassa lenhosa) e não renovável (caso de candeeiros à petróleo e vela), por
isso, o protótipo fará com que os residentes possam minimizar a dependência de fontes de
53

baixa eficiência. Para além da iluminação, o sistema pode ser usado para carregamento de
telefones e computadores, acionamento de aparelhos de TV e rádio e mais electrodomésticos.

A partir do sistema básico construído com materiais alternativos, vai-se integral nos serviços
sociais básicos da sociedade, notou-se que, as famílias do local de pesquisa (Lichinga)
dependem uma proporção maior do seu rendimento nos serviços energéticos. Destarte o
protótipo vai assegurar a acessibilidade económica da energia e a estabilidade dos preços de
seus serviços é essencial para responder às suas necessidades básicas.

O sistema construído haverá a possibilidade de inserção económica e social da população


abrangida, visto que, a energia eléctrica contribui para libertar o tempo da população rural
para actividades mais nobres (tarefas produtivas, educacionais e lúdicas), proporciona
melhores condições de saúde, permite a comunicação, não só pode reduzir a dependência dos
combustíveis fósseis, reduzir os desperdícios e ampliar o acesso à energia e, desta forma,
influir na inserção económica e social da população “excluídas”, gerando renda com custos
ambientais reduzidos.

Durante implementação do sistema irá dar dinamismo a economia, constatou-se que nas zonas
rurais, a questão de electrificação é um dos problemas que a sociedade enfrenta. Por isso, a
utilização do protótipo auxiliará na flexibilização e intensificação do sistema económico,
dinamizando o mercado através do comércio de bens e serviços. A necessidade da procura
efectiva de bens por parte dos habitantes destas zonas é recompensada com a oferta efectiva
das empresas, e com o surgimento do mercado onde o comércio é suportado pela existência
de equipamentos eléctricos e electrónicos para diversas actividades e áreas económicas e
sociais.

Posteriormente, o sistema vai auxiliar na redução da pobreza e a desigualdade de uso de


energia eléctrica nas zonas rurais e suburbanas, mediante a disponibilização de serviços e
produtos energéticos, técnicos e tecnológicos, que contribuem para uma igualdade no acesso a
estes, entre a população rural e urbana. Ademais, um dos aspectos importantes na análise
socioeconómica de uma região é o acesso à energia, logo, o sistema irá auxiliar na integração
socioeconómica das comunidades abrangidas e consequentemente na valorização dos índices
socioeconómicos, sobretudo na pobreza energética e social.
54

4.5. A análise do impacto socioambiental na fase de operação do sistema em geral

Os impactos ambientais numa central hidroeléctrica podem advir de várias formas como
descritos por Geller (2016), na construção, implantação e desactivação da central, sobretudo a
emissão dos GEE no meio ambiente causados pela queima de matéria orgânica e inorgânica;
eliminação de plantas para dar lugar o sistema; ruídos; a perda da flora e da fauna existentes
no rio e na área circunvizinha, durante a fase de operação. Mas Kemerich et al. (2011, p. 149)
acautela que “Alguns impactos podem ser rapidamente excluídos da preocupação social,
como é o caso da geração de ruídos e impacto visual, a partir da criação de uma camada
vegetal que possa cercar o empreendimento”.

As análises dos impactos socioambientais na fase de funcionamento do sistema construído,


permitiram de facto, avaliar as consequências da acção que deveria ser causado pelo sistema
no local da sua implementação, pois houve a prevenção do meio ambiente que poderia sofrer
na execução de certas acções, no início ou após a sua implementação. Importa salientar que
no local onde foi implementado o sistema não precisou de alagar grandes áreas de cultivos e
florestas para operacionalização do sistema; não houve a destruição de áreas de vegetação
natural e matas ciliares, isto é, não houve interrupção no que diz respeito as diversas
actividades dos moradores. Não houve problema de desmoronamento das margens no local,
observou-se que as margens continuavam no mesmo estado.

Houve problemas de assoreamento de leito do rio, pois durante o funcionamento o sistema


criava na saída do fluído um orifício no solo (uma escavação), porém, não se mediu a
profundidade do furo causado e a análise do tempo que o sistema funcionando podia ter
impactos consideráveis.

Em termos de biodiversidade, não houve prejuízos significativos à fauna e a flora com o


sistema construído no local, que pode ser influenciado pela dimensão reduzida do sistema e
pouco tempo de funcionamento. Por outro lado, não houve danos no regime hidráulico do rio,
com isso, não houve alteração de percurso natural do rio, fazendo com que o sistema por si
permita que pequenos animais aquáticos existentes no rio entrem pela entrada do canal do
escoamento e saíam pelo orifício de descarga de água, onde ocorre o movimento das pás da
turbina, sem interferir na vida dessas espécies. Esta constatação foi feita mediante a
observação do movimento de alguns resíduos sólidos que passava livre das pás.
55

Em termos de saúde pública, não houve a possibilidade de transmissão de doenças ou


alteração dos parâmetros físico-químicos da água, visto que, para os materiais presentes no
sistema usou-se uma tinta anticorrosiva para evitar a ferrugem e contaminação da água devido
o contacto com os materiais metálicos. Por isso, com o funcionamento do sistema há
possibilidades de se reduzir os actuais níveis de desmatamento, sobretudo para obtenção de
biomassa lenhosa para iluminação, reduzindo-se, deste modo, a emissão de GEE, para além
de não se exalar mau cheiro e ruídos, elementos que influenciam na vida social dos moradores
nos locais instalados.

Numa última análise, a turbina é tolerante a água barrenta e poluída, pois a acção do vórtice
transporta pequenas partículas sólidas através da turbina. Porém, a turbina é considerada
amiga dos peixes e deve permitir a passagem dos peixes nas direcções tanto para cima quanto
para baixo. A turbina opera em baixa velocidade não corta o fluxo natural de água e, portanto,
não prejudica a vida aquática e marinha.

4.6. Validação das hipóteses

De acordo com a pesquisa feita e a análise dos resultados pode-se validar ou refutar as
hipóteses pré-estabelecidas. Portanto:

A 1ª hipótese “Através de uma turbina hídrica de Vórtex gravitacional de dois canais de


escoamento, pode-se gerar energia hidroeléctrica capaz de satisfazer as necessidades
energéticas domésticas da população e auxilia-los a minimizar a demanda por energia
eléctrica nas zonas rurais” foi testada positivamente, visto que o sistema gerou uma potência
útil de cerca de 1,30W num rio com um declive de 0.7 m. Essa potência pode ser usada para
certos fins nas comunidades rural, para além de incrementar o acesso aos sistemas
energéticos.

A 2ª hipótese “A utilização do sistema hidroeléctrico, funcionando com turbina tipo Vórtex,


construído a partir de materiais alternativos é viável sob ponto de vista económico, ambiental
e técnico para a geração de electricidade nos rios de pequenos potenciais hídricos” foi testada
positivamente, visto que, nos pontos 4.3, 4.4 e 4.5 demonstrou-se que o sistema é ideal para
geração de energia eléctrica com baixos impactos socioambientais e alto poder económico.
56

CAPITULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÕES

O trabalho apresentado pretendeu-se avaliar o funcionamento de um sistema hidroeléctrico com


turbina tipo Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento construído na base de
materiais alternativos, acessíveis e de baixo custo, para a geração de energia eléctrica nos
pequenos potenciais hídricos do rio Muchenga, para solucionar a demanda pela energia
eléctrica nas zonas rurais e reduzir a dependência da REN. Entretanto, com a introdução de
dois canais de escoamento ajudou o desempenho em função da turbina. De acordo com os
testes realizados nos dois períodos, chegou-se as seguintes conclusões:

Com sistema operando com a vazão de 0.02 m3/s e altura de queda de 0,7 m, gerou uma
tensão máxima de 30.2 V e corrente de 36,5 mA, suficiente para acionar electrodomésticos de
baixa potência. Assim, a turbina Vórtex gravitacional de dois canais de escoamento
construído a partir de materiais alternativos apresenta condições para geração de energia
eléctrica a partir de pequenos potenciais hídricos e viabilidade técnica para atender as
necessidades energéticas domésticas da população rural.

Durante a operação, quanto menor for a temperatura (e massa específica) e maior a vazão do
rio, maior foi a geração de energia eléctrica. E como consequência, quanto menor forem as
perdas, maior será o rendimento do sistema hidroeléctrico.

Pelas dimensões do sistema e tempo de funcionamento, não se verificou nenhum impacto


socioambiental negativo considerável, relacionado a alagamento de áreas de cultivo e
florestal, destruição de áreas de vegetação natural e matas ciliares, prejuízos à fauna e à flora
locais, alterações no regime hidráulico do rio, transmissão de doenças, emissão de GEE e mau
cheiro na atmosfera. Porém, constatou-se apenas o assoreamento do leito do rio, que
futuramente pode ocasionar o desmoronamento das margens do rio.

Em termos socioeconómicos, o sistema construído auxilia na geração descentralizada de


energia eléctrica, aumentando o acesso aos serviços energéticos, integração dos serviços
sociais básicos, a inserção económica e social da população abrangida, dinamizando a
economia na área instalada, e consequentemente, auxiliando na redução da pobreza e
desigualdade social.

Conclui-se que o sistema hidroeléctrico construído com base nos materiais alternativos é
sustentável sob ponto de vista social, ambiental e económico, para além de gerar uma
57

potência útil, nos rios de pequeno potencial hídrico, capaz de atender as necessidades
domésticas das comunidades rurais e suburbanas, podendo ainda ser usado para sistemas
agrícolas e de abastecimento de água ou adequado com vista a obter máximos ganhos de
funcionamento e baixos impactos negativos.

5.1. Sugestão

Antes de tudo, esta pesquisa não se deve olhar como terminada, portanto, cada sugestão é
válida para a melhoria do trabalho. Juntos pode-se sugerir protótipos e materiais adequados
para a sua melhoria, de modo a gerar energia eléctrica suficiente e eficiente para as
comunidades que não se beneficiam da REN. Neste contexto e segundo as constatações
registadas durante a pesquisa, sugere-se as seguintes actividades:

 Avaliação do funcionamento da turbina Vórtex gravitacional de dois canais de


escoamento em outras condições: diferentes alturas de queda de água, em vazões
relativamente diferentes e com diferentes tamanhos de turbinas;
 Uso de multiplicador de velocidade para melhorar a potência gerada e reduzir as
perdas por atrito;
 Análise do sistema de turbina Vórtex gravitacional para sistemas agrícolas e de
abastecimento de água.
58

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61

ANEXOS
62
63

Apêndices
64

Apêndice 1

Tabela 8: Mostra dados de medição de tensão eléctrica e intensidade de corrente eléctrica em diversos
horários do experimento

Manhã do 1°dia Manhã do 2° dia Manhã do 3° dia Manhã do 4° dia

Horário de
Tensão (V) I(mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) medição
27 29,6 29,3 34,1 28,3 34,2 24 28,2 07:30-07:35
28 30,1 29,2 34 27 30 26 30,3 07:45-07:50
27,2 29 30,2 36,5 29,4 33,4 26 30 08:00-08:05
29,2 32,7 30,1 34,5 26 29,4 25 29,4 08:15-08:20
27,1 30 29,4 33 25,2 28 26 29 08:25-08:30
29,3 32 28 32 26,2 30 27,2 30 09:26-09:32
28,3 30,2 28 31 27 30,2 26,4 29 09:40-10:00
28,6 31 28 31 28 33,6 27,5 32 10:15-10:30
29,3 32,1 26 30 25,8 30 26,5 31 10:40-11:00
Tarde do 1°dia Tarde do 2° dia Tarde do 3° dia Tarde do 4° dia
Horário de
Tensão (V) I(mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) Tensão (V) I (mA) medição
26,2 30 27 32 24,3 30 22,4 28,4 14:30-14:35
25,1 29,2 26,4 30 24,2 29,4 24,2 30 14:45-14:50
26,2 31 26,4 31 24,6 30,1 23,6 29 15:00-15:05
27 33,4 26 30 25,6 30 24 31 15:15-15:20
26 30 26 31 25,7 29 23 29 15:25-15:30
25 30,4 26 32 25,6 30 26 32,1 15:40-15:50
24 29,4 25 30 25 29 26 32 16:00-16:10
25 30,5 27 32 24 28 26,3 31,2 16:15-16:20
27,1 34,2 26 29,4 26 31 26,5 32,8 16:25-16:40
Fonte: Autor (2023).

A tabela a seguir, mostra os rendimentos máximos e mínimos do gerador durante os 4 dias de


testes.

Tabela 9:Rendimento do gerador

ηt do 1º dia ηt do 2º dia ηt do 3º dia ηt do 4º dia


%
Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde
Máximo 1,048 1,017 1,301 0,948 1,048 0,885 0,966 0,954
Mínimo 0,865 0,805 0,889 0,823 0,816 0,737 0,745 0,698
Fonte: Autor (2023).

Apêndice 2
65

A figura a seguir mostra, as partes do sistema em construção, sendo que, molde das pás (Fig.
18A), construção da base circula (Fig. 18B), montando canaisDde escoamento na base circula
(Fig. 18C), momento de pintura da base de circulação (Fig. 18D), pintura de canais de ligação
há base de circulação (Fig. 18E) e sistema montado as pás e o motor (Fig. 18F).

A B C

D E F

Figura 18: Partes do sistema em construção


Fonte: Autor (2023).

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