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Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba


Escola de Engenharia de Piracicaba
Engenharia Mecânica

CARLOS HENRIQUE GERMANO

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UMA


BOMBA CENTRÍFUGA ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE TESTE DE
DESEMPENHO

Piracicaba
2011
1

CARLOS HENRIQUE GERMANO

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UMA


BOMBA CENTRÍFUGA ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE TESTE DE
DESEMPENHO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Engenharia de
Piracicaba como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Marcos de Moraes

Piracicaba
2011
Germano, Carlos Henrique

G373d Determinação das curvas características de uma bomba


centrífuga através da realização de teste de desempenho. / Carlos
Henrique Germano. - Piracicaba: Escola de Engenharia de
Piracicaba, 2011.
85 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia


Mecânica) - Escola de Engenharia de Piracicaba – Fundação
Municipal de Ensino de Piracicaba, 2011.
Orientador: Jorge Marcos de Moraes

1. Bomba centrífuga. 2. Altura manométrica. 3. Curva


característica. 4. Teste de desempenho. I. Autor. II. Título.
CDD 620.1

Catalogação na Fonte elaborada pelo Bibliotecário


Guilherme Belissimo – CRB-8: 7279
2

CARLOS HENRIQUE GERMANO

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DE UMA


BOMBA CENTRÍFUGA ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE TESTE DE
DESEMPENHO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Escola de Engenharia de
Piracicaba como parte dos requisitos para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica.

Piracicaba, 03 de Dezembro de 2011.

Banca Examinadora:

________________________________
Jorge Marcos de Moraes – (Presidente)
Doutor em Engenharia Mecânica
Escola de Engenharia de Piracicaba

________________________________
Fernando de Lima Camargo – (Membro)
Doutor em Engenharia Mecânica
Escola de Engenharia de Piracicaba
3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a minha família, em especial ao meu pai, pela


paciência, compreensão, dedicação, mas principalmente pelo incentivo que
demonstraram durante esses cinco anos de estudos desde que decidi que me
tornaria um engenheiro mecânico.

Agradecer também aos meus amigos de verdade com quem compartilhei


momentos bons e ruins durante esta trajetória da minha vida.

Aos engenheiros mecânicos Flavio Rogério Rosa Oliveira (em memória) e


Silas Silvestre, que me passaram todos seus conhecimentos teóricos e práticos e
principalmente vossas experiências que me ajudaram muito a crescer
profissionalmente.

A empresa ELOS & PPR Bombas e Válvulas LTDA, em particular na pessoa


do engenheiro Paulo Sergio da Silva, pela disponibilização de equipamentos e
tempo para a elaboração desse trabalho.

Agradeço aos Professores Jorge Marcos de Moraes e Emílio Augusto Xavier


por ensinarem e orientarem de uma maneira fácil e simples conteúdos e assuntos
complexos e também pela motivação.
4

RESUMO

As bombas centrífugas estão presentes na maioria das plantas industriais de


todo o mundo, sendo equipamentos indispensáveis durante o processo produtivo.
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo apresentar o princípio de
funcionamento e os conceitos teóricos envolvidos em um sistema de bombeamento.
A principal proposta do estudo de caso foi o de apresentar o procedimento para a
determinação das curvas características reais de uma bomba centrífuga através da
realização do teste de desempenho, comparando assim com valores
predeterminados em sua seleção. Os testes foram realizados de acordo com normas
internacionais especificas que determinam todas as condições que devem ser
seguidas durante a preparação e execução do teste, para que no final tenhamos
resultados confiáveis. Os resultados apresentados no estudo de caso mostram que
a bomba modelo BSC V 150-570 utilizada durante o teste apresentou um
desempenho satisfatória, fornecendo uma vazão de 550,4 m³/h com altura
manométrica de 131,2 m, consumindo 349,72 CV de potência para um rendimento
de 76,48% e com um NPSHr de 4,07 m para o ponto de operação, com suas curvas
características atendendo ao ponto de operação estipulado pelo cliente e para o qual
a bomba foi selecionada.

Palavras-chaves: Bomba centrífuga, Altura manométrica, Curva característica,


Teste de desempenho.
5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação das bombas ------------------------------------------------------------ 16


Figura 2a – Classificação / Designação das bombas centrífugas------------------------ 17
Figura 2b – Classificação / Designação das bombas centrífugas ----------------------- 18
Figura 2c – Classificação / Designação das bombas centrífugas ------------------------ 19
Figura 3 – Bomba centrífuga em corte ---------------------------------------------------------- 20
Figura 4 – Escoamento permanente / Energias consideradas ---------------------------- 21
Figura 5a – Sucção positiva e reservatório pressurizado ---------------------------------- 26
Figura 5b – Sucção positiva e reservatório aberto (pressão atmosférica) ------------- 27
Figura 6 – Sucção negativa ------------------------------------------------------------------------ 27
Figura 7 – Esquemas típicos de descarga ----------------------------------------------------- 29
Figura 8 – Determinação da altura manométrica com instrumentos -------------------- 31
Figura 9 – Plotagem da curva característica do sistema ----------------------------------- 32
Figura 10 – Partes da curva do sistema -------------------------------------------------------- 33
Figura 11 – Força centrífuga ----------------------------------------------------------------------- 33
Figura 12 – Funcionamento de uma bomba centrífuga ------------------------------------- 34
Figura 13 – Aumento da área carcaça em voluta--------------------------------------------- 35
Figura 14 – Aumento da área carcaça com difusor ------------------------------------------ 36
Figura 15a – Curva característica Hm x Q ----------------------------------------------------- 37
Figura 15b – Curva característica P x Q -------------------------------------------------------- 37
Figura 15c – Curva característica ɳ x Q -------------------------------------------------------- 37
Figura 15d – Curva característica NPSHr x Q------------------------------------------------- 38
Figura 16 – Curva teórica de uma bomba centrifuga ideal --------------------------------- 38
Figura 17 – Comparação da curva teórica para obtida na pratica ----------------------- 39
Figura 18 – Curva bomba marca KSB modelo Meganorm 50-125 ---------------------- 40
Figura 19 – Ponto de operação-------------------------------------------------------------------- 42
Figura 20 – Perdas de energia em um conjunto moto bomba ---------------------------- 42
Figura 21 – Formação de bolhas de vapor ----------------------------------------------------- 46
Figura 22 – Implosão das bolhas de vapor ----------------------------------------------------- 47
Figura 23 – Rotor que sofreu o fenômeno da Cavitação ----------------------------------- 48
Figura 24 – Determinação do NPSHr ------------------------------------------------------------ 50
6

Figura 25 – Layout de montagem da bancada de teste ------------------------------------ 52


Figura 26a – Bomba BSC V 150-570 em bancada de teste ------------------------------- 53
Figura 26b – Detalhe da tubulação de sucção e bomba montada para teste -------- 53
Figura 27 – Medidor de vazão com mostrador digital --------------------------------------- 55
Figura 28 – Manômetro da descarga ------------------------------------------------------------ 55
Figura 29 – Painel elétrico medição de tensão, corrente e rotação do motor --------- 55
Figura 30 – Manovacuômetro da sucção ------------------------------------------------------- 56
Figura 31 – Alteração da curva do sistema na bancada de teste ------------------------ 58
Figura 32 – Teste de NPSHr variando o nível do fluido ------------------------------------- 61
Figura 33 – Teste de NPSHr fechando a válvula de sucção ------------------------------ 61
Figura 34 – Teste de NPSHr variando a temperatura do fluido --------------------------- 62
Figura 35 – Curva real da bomba para o diâmetro máximo de 570 mm --------------- 68
Figura 36 – Curva real da bomba x curva teórica diâmetro máximo de 570 mm ---- 68
Figura 37 – Rotor rebaixado com diâmetro de 526 mm ------------------------------------ 70
Figura 38 – Curva real vazão x altura manométrica ----------------------------------------- 72
Figura 39 – Curva real vazão x potencia consumida ---------------------------------------- 72
Figura 40 – Curva real vazão x rendimento ---------------------------------------------------- 73
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Flutuação e precisão dos instrumentos ------------------------------------------ 54


Tabela 2: Níveis de aceitação e tolerâncias para desempenho ------------------------ 56
Tabela 3: Pressão Atmosférica ------------------------------------------------------------------ 63
Tabela 4: Pressão de vapor da água----------------------------------------------------------- 64
Tabela 5: Dados coletados no pré teste ------------------------------------------------------- 67
Tabela 6: Resultado do pré teste---------------------------------------------------------------- 67
Tabela 7: Dados coletados no teste final ----------------------------------------------------- 71
Tabela 8: Resultado final -------------------------------------------------------------------------- 71
8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

API: American Petroleum Institute


APLS: Altura Positiva Líquida de Sucção
BEP: Best Efficiency Point (Ponto de melhor rendimento)
BSC V: Bomba ELOS&PPR classificação BB1 com montagem vertical
HI: Hydraulic Institute Standards
NPSH: Net Positive Suction Head
PHR: Plano Horizontal de Referencia
MEGANORM: Bomba KSB norma ANSI B 73.1
9

LISTA DE SÍMBOLOS

Q Vazão ........................................................................................... m³/h


Hm Altura manométrica ........................................................................... m
Z Cota / Distancia ................................................................................. m
v Velocidade ..................................................................................... m/s
p Pressão ............................................................................................. m
H Energia .............................................................................................. m
ɣ Peso específico ........................................................................ Kg/dm³
g Aceleração da gravidade............................................................... m/s²
Hp Perdas de carga ................................................................................ m
Hgeo Altura geométrica .............................................................................. m
Hs Altura sucção .................................................................................... m
Hd Altura descarga ................................................................................. m
P Potência consumida ........................................................................ CV
ɳ Rendimento ...................................................................................... %
NPSHr NPSH requerido ................................................................................ m
NPSHd NPSH disponível ............................................................................... m
Jm Perdas mecânicas ........................................................................... CV
Jh Perdas hidráulicas ........................................................................... CV
Jv Perdas volumétricas ........................................................................ CV
Ph Potência hidráulica .......................................................................... CV
N Rotação ........................................................................................ RPM
patm Pressão atmosférica local ................................................................. m
pv Pressão de vapor .............................................................................. m
U Tensão elétrica .................................................................................. V
I Corrente elétrica ................................................................................ A
cos ɸ Fator de potência do motor ............................................ Adimensional
ɳmotor Rendimento do motor ....................................................................... %
D Diâmetro do rotor ........................................................................... mm
10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------ 12
2. OBJETIVO ----------------------------------------------------------------------------------------- 14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ------------------------------------------------------------------ 15

3.1. Bombas definição ----------------------------------------------------------------------------- 15

3.3. Classificação e características gerais das bombas centrífugas ------------------ 16

3.4. Sistemas de bombeamento ---------------------------------------------------------------- 20


3.4.1. Energias mecânicas observadas em uma seção de escoamento ------------ 21
3.4.2. Equação de Bernoulli --------------------------------------------------------------------- 22
3.4.3. Altura estática ------------------------------------------------------------------------------- 24
3.4.4. Altura dinâmica ----------------------------------------------------------------------------- 24
3.4.5. Altura de sucção --------------------------------------------------------------------------- 25
3.4.6. Altura de descarga ------------------------------------------------------------------------ 28
3.4.7. Altura manométrica total do sistema-------------------------------------------------- 29
3.4.8. Altura manométrica total do sistema em fase de operação -------------------- 30
3.4.9. Curva característica do sistema ------------------------------------------------------- 31

3.5. Hidráulica das bombas centrífugas ------------------------------------------------------ 33


3.5.1. Principio de funcionamento ------------------------------------------------------------- 33
3.5.2. Curvas características de uma bomba centrífuga --------------------------------- 36
3.5.3. Ponto de operação das bombas centrífugas --------------------------------------- 41
3.5.4. Perdas e rendimentos -------------------------------------------------------------------- 42
3.5.5. Potência hidráulica ------------------------------------------------------------------------ 43
3.5.5.1. Potência consumida pela bomba --------------------------------------------------- 44
3.5.6. Efeito na curva característica da bomba com a variação da rotação -------- 44

3.6. Cavitação e NPSH ---------------------------------------------------------------------------- 45


3.6.1. Cavitação ------------------------------------------------------------------------------------ 45
3.6.2. NPSH ----------------------------------------------------------------------------------------- 48
3.6.2.1. NPSH disponível ------------------------------------------------------------------------ 49
3.6.2.2. NPSH requerido ------------------------------------------------------------------------- 49
11

4. MATERIAIS E MÉTODOS --------------------------------------------------------------------- 51

4.1. Testes -------------------------------------------------------------------------------------------- 51


4.1.1. Testes conforme “Hydraulic Institute” ------------------------------------------------ 51
4.1.2. Procedimentos do teste de desempenho ------------------------------------------- 57
4.1.3. Procedimentos do teste de NPSHr---------------------------------------------------- 60
5. ESTUDO DE CASO ----------------------------------------------------------------------------- 65

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ------------------------------------------------------------ 65

6.1. Pré teste – Rotor com diâmetro máximo (570 mm)---------------------------------- 65

6.2. Rebaixamento do rotor ---------------------------------------------------------------------- 69

6.3. Testes finais ------------------------------------------------------------------------------------ 70


6.3.1. Teste de desempenho -------------------------------------------------------------------- 70
6.3.2. Teste de NPSHr ---------------------------------------------------------------------------- 73
7. CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 75
8. REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------- 76
ANEXO A – DESENHO DIMENSIONAL DA BOMBA BSC V 150-570 ------------------ 78
ANEXO B – PLANO DA QUALIDADE------------------------------------------------------------ 79
ANEXO C – CURVA DE CATALOGO BOMBA BSC V 150-570 -------------------------- 81
ANEXO D – FOLHA DE DADOS ------------------------------------------------------------------ 82
12

1. INTRODUÇÃO

Há tempos, as bombas centrífugas estão presentes e são indispensáveis na


maioria das plantas industriais de todo o mundo, ou seja, açúcar e álcool, papel e
celulose, química e petrolífera, óleo e gás, siderurgia, sistemas de fornecimento de
água, sistemas de recolhimento de esgotos, entre outras.
Sua história parte desde os tempos mais remotos, onde o homem
necessitou realizar o transporte e elevação dos fluidos, principalmente da água para
sua própria sobrevivência. Com esse objetivo o homem usou sua inteligência
empregando a força animal aliada a vários artifícios, o que pode-se considerar como
o surgimento das futuras instalações de bombeamento.
Segundo Carvalho (1989), o consumo de água, aumentava continuamente e
já não era o seu consumo próprio o único consumidor do líquido. Atividades como,
por exemplo, a irrigação de suas plantações fez com que o homem viesse a precisar
de água em maiores quantidades, tornando assim a força animal e os guinchos,
então em uso, não suficientes para suprir sua necessidade. Tempos depois, somada
à necessidade de irrigação, levou o homem a utilizar um novo equipamento
inventado, a bomba de pistão, construída pelo filósofo grego Ctesibius e
aperfeiçoada por seu discípulo Hero, duzentos anos antes da era Cristã.
O avanço tecnológico contínuo possibilitou a construção de motores para
acionamento de altas rotações, o que permitiu o surgimento das bombas
centrífugas, muito mais funcionais e capazes de atender não só todo o consumo de
água, como também de outros fluidos aplicados nas grandes plantas industriais.
A recente descoberta da reserva de petróleo (pré-sal) no litoral brasileiro
pela companhia Petrobras, reaqueceu o setor petrolífero Brasileiro e com isso
aumentou a necessidade de produzir equipamentos, mão de obra qualificada,
serviços e ate mesmo o desenvolvimento de novas tecnologias, para atender toda
essa nova demanda. As bombas centrífugas fazem parte e é um dos principais
equipamentos utilizados neste processo, tanto na parte inicial de extração até a
parte final de refinaria do petróleo.
Outro setor onde as bombas centrífugas são indispensáveis é o da produção
de açúcar e álcool, onde a região de Piracicaba é hoje uma das maiores produtoras
de etanol e se tornou também referência em pesquisas.
13

Diante das perspectivas de crescimento destas áreas, os reflexos são


significativos na geração de empregos e conseqüentemente no desenvolvimento
regional. No presente estudo serão abordados basicamente, os tipos e
características das bombas centrífugas existentes, seu principio de funcionamento,
como é feita a especificação de uma bomba centrifuga para uma determinada
instalação de bombeamento.
14

2. OBJETIVO

O objetivo principal deste trabalho foi o de elaborar curvas características de


uma bomba centrífuga, para definir os seguintes parâmetros essenciais: pontos de
operação, vazões, alturas manométricas, consumo de potência, rendimento e
NPSH, previamente estabelecidos em sua seleção. O teste de desempenho foi
realizado na bancada de testes da ELOS & PPR Bombas e Válvulas LTDA conforme
norma do “Hydraulic Institute Standards” (HI,2000).
15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Bombas definição

Bombas são máquinas hidráulicas que transferem energia ao fluido com a


finalidade de transportá-lo de um ponto a outro de acordo com o sistema aplicado.
Recebem energia de uma fonte motora qualquer (acionador) e cedem parte desta
energia ao fluido sob a forma de energia de pressão e energia cinética (velocidade),
sendo a energia de pressão a predominante (XAVIER, 2009).
As principais formas de acionamento das bombas são:
 Motores elétricos (forma mais usual, pois na indústria seu custo de
adesão e operação ser inferior aos demais, alem de apresentarem
rendimento na faixa de 90%);
 Motores de combustão interna (por ex.: diesel, muito utilizado em
sistemas de irrigação e bombas de combate a incêndio);
 Turbinas (em sua grande maioria, turbinas a vapor).

3.2. Tipos de bombas

Existe uma variedade muito grande de bombas disponíveis no mercado.


Drummond (2006) classifica baseando no modo do seu funcionamento, em dois
tipos principais conforme Figura 1.
16

Figura 1 – Classificação das bombas.


Fonte: Drummond (2006).

A bomba dinâmica ou turbobomba caracteriza-se por fornecer energia ao


líquido pela rotação de um rotor. A orientação do líquido ao sair do rotor determina o
tipo da turbobomba. A bomba volumétrica ou de deslocamento positivo se
caracteriza por executar seu trabalho por meio do acúmulo de um volume do líquido
na sucção e posterior deslocamento desse volume para a descarga. (DRUMMOND,
2006).
Neste trabalho será dada ênfase nas bombas centrifugas (turbobombas),
apresentando sua própria classificação e tipos, principio de funcionamento e o modo
de considerar a energia cedida ao líquido em uma instalação de bombeamento,
devido a bomba utilizada no estudo de caso ser do tipo centrífuga.

3.3. Classificação e características gerais das bombas centrífugas

Nas Figuras 2a, 2b e 2c, é apresentada a classificação conforme a norma


internacional “American Petroleum Institute” (API 610, 1995), por ser a mais utilizada
em todo o mundo. A mesma classifica as bombas de acordo com o tipo de rotor,
acoplamento e construção (horizontal ou vertical).
17

Figura 2a – Classificação / Designação das bombas centrífugas.


Fonte: API 610 8ª EDITION (1995).
18

Figura 2b – Classificação / Designação das bombas centrífugas.


Fonte: API 610 8ª EDITION (1995).
19

Figura 2c – Classificação / Designação das bombas centrífugas.


Fonte: API 610 8ª EDITION (1995).
20

As bombas centrífugas têm por princípio a transferência de energia


mecânica de rotação para o fluido a ser bombeado em forma de energia cinética.
Por sua vez, esta energia cinética é transformada em grande parte em energia de
pressão. Essa transferência de energia ao fluido se dá através da rotação de um
rotor, com certo número de pás, inserido em um corpo em espiral.
Na Figura 3 é ilustrado um desenho em corte de uma bomba centrifuga com
seus principais componentes.

Figura 3 – Bomba centrífuga em corte.


Fonte: ELOS&PPR Bombas e válvulas LTDA (2011).

3.4. Sistemas de bombeamento

O bombeamento consiste na bomba fornecer energia ao fluido de modo que


possa realizar o trabalho para o deslocamento de seu peso entre duas posições
estabelecidas, vencendo todas as resistências que se apresentarem durante seu
percurso (MACINTYRE, 1997).
21

3.4.1. Energias mecânicas observadas em uma seção de escoamento

Conforme Brunetti (2008), para analisar as energias mecânicas envolvidas


no escoamento em regime permanente, desconsiderando as variações das energias
térmicas pode-se utilizar um trecho reto, de um sistema de bombeamento, como o
representado pela Figura 4, onde:
PHR - plano horizontal de referência;
Z - cota da seção, tomando-se como base o eixo da tubulação em relação
ao PHR (energia potencial);
V - velocidade média do escoamento na seção (energia cinética);
p - pressão estática na seção (energia de pressão).

PHR
Figura 4 – Escoamento permanente / Energias consideradas.
Fonte: Brunetti (2008).

Pela condição do escoamento em regime permanente, pode-se afirmar que


entre as seções 1 e 2 da Figura 4 a mesma massa que atravessa a seção 1,
atravessa a seção 2.
22

3.4.2. Equação de Bernoulli

Para a aplicação da Equação de Bernoulli (conservação de energia


mecânica num escoamento ideal), devem-se considerar as seguintes hipóteses para
a Figura 4:
 Escoamento em regime permanente;
 Escoamento incompressível;
 Escoamento de um fluido considerado ideal, ou seja, aquele onde a
viscosidade é considerada nula, ou aquele que não apresenta
dissipação de energia ao longo do escoamento;
 Escoamento apresentando distribuição uniforme das propriedades
nas seções;
 Escoamento sem presença de máquina hidráulica, ou seja, sem a
presença de um dispositivo que forneça, ou retira energia do fluido;
 Escoamento sem troca de calor.

De acordo com Brunetti (2008), a equação de Bernoulli, devido várias


hipóteses a serem consideradas, dificilmente apresentará resultados conforme a
realidade. Entretanto, é de suma importância, seja conceitualmente, ou também
como base para a criação de uma equação real a ser aplicada.
Para obtenção da equação de Bernoulli, realiza-se o balanço de energia
entre as seções 1 e 2 da Figura 4:

(1)

Onde:
Z1 é a cota da seção 1 em relação ao PHR (energia potencial);
p1 é a pressão na seção 1 (energia de pressão);
V1 é a velocidade do escoamento na seção 1 (energia cinética);
23

g é a aceleração da gravidade;
Z2 é a cota da seção 2 em relação ao PHR (energia potencial);
P2 é a pressão na seção 2 (energia de pressão);
V2 é a velocidade do escoamento na seção 2 (energia cinética);
ɣé o peso específico do fluido.

Para a análise de um sistema de bombeamento real, que na prática


apresenta perda de energia entre os pontos 1 e 2 da Figura 4, causados por
choques, viscosidade do fluido, atrito, curvas, etc., pode-se utilizar a equação
apresentada por Xavier (2009) e Drummond (2006) conforme abaixo:

(2)

Onde:
Z1 é a cota da seção 1 em relação ao PHR;
p1 é a pressão na seção 1;
V1 é a velocidade do escoamento na seção 1;
g é a aceleração da gravidade;
Z2 é a cota da seção 2 em relação ao PHR;
P2 é a pressão na seção 2;
V2 é a velocidade do escoamento na seção 2;
ɣ é o peso específico do fluido;
Hp são as perdas de carga da tubulação do sistema de bombeamento.

Conforme Xavier (2009) e Drummond (2006) pode-se estabelecer uma


convenção e definição de alguns termos e grandezas para a determinação da altura
manométrica do sistema de bombeamento.
24

3.4.3. Altura estática

A altura estática de um sistema de bombeamento é composta pelas


seguintes parcelas:

 Altura geométrica (Hgeo)

É a diferença de cota entre o nível de sucção e o nível de descarga do


líquido.

 Carga de pressão

É a diferença entre a carga de pressão existente na descarga e na sucção,


em sistemas fechados. Para sistemas abertos, esta parcela pode ser considerada
nula, pois, trata-se da pressão atmosférica. Esta carga pode ser representada
através da equação:

(3)

Onde:
prd é a pressão na descarga;
prs é a pressão na sucção;
ɣ é o peso específico do fluido.

3.4.4. Altura dinâmica

A altura dinâmica de um sistema de bombeamento é composta pelas


seguintes parcelas:

 Perda de carga total (Hp)

É a somatória de todas as perdas de carga que ocorrem no sistema, tais


como perda de carga por atrito, válvulas, acessórios, etc.
25

Notar que a perda deve ser tanto na parte de sucção como no recalque da
instalação.

 Carga de velocidade

É a diferença entre a carga de velocidade do fluido na descarga e na


sucção. Esta carga pode ser representada através da fórmula:

(4)

Onde:
vrd é a velocidade do escoamento na descarga;
vrs é a velocidade do escoamento na sucção;
g é a aceleração da gravidade.

3.4.5. Altura de sucção

É a quantidade de energia, por unidade de peso de líquido, já existente no


flange de sucção da bomba, para uma determinada vazão.
A altura de sucção é composta pelas seguintes parcelas:

 Altura geométrica de sucção (Hgeos)

É a diferença de cota entre o nível de sucção e a linha de centro do rotor da


bomba.

 Carga de pressão na sucção (prs/γ)

É a carga de pressão existente na sucção. Este termo é nulo para


reservatórios abertos.
 Perda de carga na sucção (Hps)

É a somatória de todas as perdas de carga entre os reservatórios de sucção


e a boca de sucção da bomba.
26

 Carga de velocidade na sucção (vrs² / 2g)

É a carga de velocidade do fluido na sucção. Assim, a altura de sucção pode


ser expressa por:

(5)

3.4.5.1. Esquemas típicos de sucção

Considera-se desprezível a velocidade do fluido no reservatório de sucção,


desprezando-se, portanto, a carga de velocidade correspondente, pois trata-se de
uma parcela muito pequena. Para medição de Hgeos, toma-se como referência a
linha de centro da bomba (XAVIER, 2009; DRUMMOND, 2006).

 Sucção Positiva (bomba “afogada”)

A sucção de uma bomba é positiva ou a bomba está “afogada”, quando o


nível de líquido no reservatório de sucção está acima da linha de centro do rotor da
bomba conforme mostrado nas Figuras 5a e 5b. Neste caso, o termo Hgeos é
positivo.

Figura 5a – Sucção positiva e reservatório pressurizado.


Fonte: Xavier (2009).
27

Figura 5b – Sucção positiva e reservatório aberto (pressão atmosférica).


Fonte: Xavier (2009).

 Sucção negativa

Diz-se que a sucção de uma bomba é negativa, ou bomba “não afogada”,


quando o nível de líquido no reservatório de sucção está abaixo da linha de centro
do rotor da bomba conforme mostrado na Figura 6. Neste caso, o termo Hgeos é
negativo.

Figura 6 – Sucção negativa.


Fonte: Xavier (2009).
28

3.4.6. Altura de descarga

É a quantidade de energia que deve existir no flange de descarga da bomba


para que o fluido alcance o reservatório de descarga ou o ponto final estabelecido
nas condições exigidas de vazão e pressão.
A altura de descarga é composta pelas seguintes parcelas:

 Altura geométrica de descarga (Hgeod)

É a diferença de cota entre o nível do reservatório de descarga e a linha de


centro do rotor da bomba.

 Carga de pressão na descarga (prd/γ)

É a carga de pressão existente no reservatório de descarga. Este termo é


nulo para reservatórios abertos.

 Perda de carga na descarga (Hpd)

É a somatória de todas as perdas de carga entre a boca de descarga da


bomba e o reservatório de descarga.

 Carga de velocidade na descarga (vrd² / 2g)

É a carga de velocidade do fluido no reservatório de descarga.

Assim, a altura de descarga pode ser expressa pela equação (6) abaixo ou
conforme informada na Figura 7:

(6)
29

Figura 7 – Esquemas típicos de descarga.


Fonte: Xavier (2009)

3.4.7. Altura manométrica total do sistema

Altura manométrica total é a energia que o sistema solicita para que o fluido
seja transportado do reservatório de sucção para o reservatório de descarga, ou
30

simplesmente entre dois pontos pré-determinados, com uma determinada vazão


(CARVALHO, 1989).
Nos sistemas aqui estudados, essa energia é fornecida por uma bomba
centrífuga, sendo a altura manométrica total uma grandeza fundamental para a
seleção da mesma.
Em um sistema de bombeamento, a condição requerida é a vazão, enquanto
que a altura manométrica total é conseqüência do sistema.
Altura manométrica total será calculada do balanço de energia entre a
descarga e sucção da bomba, ou seja:

Substituindo Hd por (6) e Hs por (5) já vistas, tem-se:

(7)

3.4.8. Altura manométrica total do sistema em fase de operação

As formulas até aqui apresentadas, são utilizadas para determinar a altura


manométrica total do sistema em fase de projeto. Mas se já tiver um sistema
instalado e em operação, algumas grandezas poderão ser obtidas diretamente na
própria instalação através de instrumentos de medição. Nesse caso, embora as
fórmulas apresentadas permaneçam válidas, a altura manométrica total
correspondente a uma determinada vazão poderá ser obtida conforme mostrado na
Figura 8 e equação abaixo (MACINTYRE, 1997):

(8)
31

Onde:
Hm é a altura manométrica;
pd é a pressão lida no manômetro de descarga;
ps é a pressão lida no manovacuômetro de sucção;
vd é a velocidade do escoamento na descarga;
vs é a velocidade do escoamento na sucção;
g é a aceleração da gravidade;
Zsd é a distancia entre os centros do manômetro e manovacuômetro.

Figura 8 – Determinação da altura manométrica com instrumentos.


Fonte: Macintyre (1997).

3.4.9. Curva característica do sistema

Os sistemas de bombeamento normalmente são compostos por diversos


elementos, tais como bombas, válvulas, tubulações, curvas e acessórios, os quais
são necessários para obter-se a transferência do fluido de um ponto para outro.
As grandezas vazão e altura manométrica são fundamentais para o
dimensionamento da bomba adequada para o sistema. Muitas vezes, no entanto, é
necessário conhecer-se não somente um ponto de operação do sistema (vazão e
altura manométrica), mas a curva característica do sistema. A curva do sistema
32

informa dentro de uma determinada faixa de vazões o valor da altura manométrica


correspondente, de modo atender o sistema
Esta curva é de grande importância, sobretudo em sistemas que incluem
associações de bombas, sistemas com variações de níveis nos reservatórios e
sistemas com vazões variáveis.
A curva característica do sistema é levantada plotando-se a altura
manométrica total em função da vazão do sistema, conforme ilustrado na Figura 9:

Figura 9 – Plotagem da curva característica do sistema.


Fonte: Drummond (2006).

A curva característica de um sistema de bombeamento apresenta duas


partes distintas, a parte estática e a parte dinâmica conforme já definidas
anteriormente (Figura 10).
A parte estática corresponde à altura estática e não depende da vazão do
sistema, é a soma das cargas de pressão (se existir) com a altura geométrica. A
parte dinâmica corresponde à altura dinâmica, ou seja, com o fluido em movimento
gerando as cargas de velocidade na tubulação e as perdas de carga (XAVIER,
2009).
33

Figura 10 – Partes da curva do sistema.


Fonte: Xavier (2009).

3.5. Hidráulica das bombas centrífugas

3.5.1. Principio de funcionamento

A denominação “Bomba Centrífuga” se dá através de seu funcionamento


baseado na força centrifuga causada no fluido bombeado através de seu rotor.
De acordo com Drummond (2006), se colocadas gotas de um líquido em
cima de um disco e girar com uma determinada rotação, as gotas seriam expelidas
para a periferia pelo efeito da força centrifuga, como indicado na Figura 11.

Figura 11 – Força centrífuga.


Fonte: Drummond (2006).
34

Para que essas gotas sejam expelidas é necessário que as mesmas estejam
em contato com o disco. O mesmo se aplica a uma bomba centrífuga, para que
entre em funcionamento é necessário que a carcaça esteja completamente cheia de
fluido, portanto, que o rotor esteja mergulhado no fluido, o que é chamado de
escorva da bomba.
A Figura 12 será empregada como base para as explicações sobre o
funcionamento de uma bomba centrífuga.

Figura 12 – Funcionamento de uma bomba centrífuga


Fonte: Drummond (2006)

O funcionamento da bomba centrífuga baseia-se praticamente na criação de


uma zona de baixa pressão (região 3 e 4 da Figura 12) e de uma zona de alta
pressão (região 5, 6, 7 e 8 da Figura 12).
A criação da zona de baixa pressão se dá através do fluido receber através
das pás o movimento de rotação do rotor, ficando sujeito à força centrífuga causada
por ele, fazendo com que as partículas do fluido se desloquem em direção à periferia
do rotor, causando a criação de um “vazio” (baixa pressão) na região de entrada,
vazio este que será preenchido por igual quantidade de fluido proveniente da fonte
(MACINTYRE, 1997).
Segundo Macintyre (1997), a criação da zona de alta pressão na periferia, é
a responsável pela possibilidade de transporte do fluido. O fluido expelido para a
periferia do rotor, sob a ação da força centrífuga, vai encontrar um aumento
35

progressivo na área de escoamento (região 6, 7 e 8 da Figura 12), que causará


queda de velocidade e aumento de pressão baseando-se na Equação de Bernoulli.
Então, pode-se afirmar, resumidamente, que o rotor fornece energia ao
fluido, aumentando sua energia cinética e posteriormente sua energia de pressão,
sendo em seguida, grande parte da energia cinética transformada em energia de
pressão devido ao aumento progressivo da área da carcaça na região de difusão,
após o líquido atravessar a voluta.
Conforme Xavier (2009), a maior parte do aumento de pressão do fluido no
interior da bomba ocorre durante sua passagem desde a entrada até a saída do
canal formado pelas pás do rotor. Porém, uma parcela do ganho de pressão é
normalmente obtida após a saída do rotor, quando o fluido é orientado através de
uma região de área crescente (região 6, 7 e 8 da Figura 12).
A relação entre a quantidade de energia que implica aumento da pressão
estática do fluido passando através do rotor, e a energia total transferida pelo rotor
ao fluido, recebe a denominação de “grau de reação” do rotor. Em rotores de fluxo
radial o grau de reação é em torno de 70% (XAVIER, 2009).
O aumento progressivo da área na carcaça pode ser obtido de duas formas:
 Utilizando a carcaça em voluta com região difusora, Figura 13;
 Utilizando a carcaça com difusor, Figura 14;

Figura 13 – Aumento da área carcaça em voluta.


Fonte: Xavier (2009).
36

Figura 14 – Aumento da área carcaça com difusor.


Fonte: Girdhar e Moniz (2005).

3.5.2. Curvas características de uma bomba centrífuga

A determinação do ponto de trabalho, ou seja, vazão, altura manométrica,


potência consumida, rendimento e NPSH de uma bomba operando em um sistema,
é função das características da bomba e do sistema. As curvas características das
bombas são fornecidas pelos fabricantes e normalmente traduzem o desempenho
da bomba quando operando com água limpa à temperatura ambiente. São quatro as
curvas características tradicionais conforme listado abaixo:

 Curva da altura manométrica (Hm) x vazão (Q) (Figura 15a);


 Curva de potência consumida (P) x vazão (Q) (Figura 15b);
 Curva de rendimento total (η) x vazão (Q) (Figura 15c);
 Curva de NPSHr x vazão (Q) (Figura 15d).
37

Figura 15a – Curva característica Hm x Q.


Fonte: Drummond (2006).

Figura 15b – Curva característica P x Q.


Fonte: Drummond (2006).

Figura 15c – Curva característica η x Q.


Fonte: Drummond (2006).
38

Figura 15d – Curva característica NPSHr x Q.


Fonte: Drummond (2006).

Estas curvas são obtidas através de projetos e experiências dos fabricantes,


que fazem a bomba vencer diversas alturas manométricas com diversas vazões,
verificando também a potência consumida, o rendimento e o NPSH requerido.
Conforme Carvalho (1989), uma bomba centrífuga ideal, onde não houvesse
perdas internas de energia, teria uma curva característica teórica de altura
manométrica versus vazão de forma linear como ilustrado na Figura 16:

Figura 16 – Curva teórica de uma bomba centrifuga ideal.


Fonte: Xavier (2009).
39

Porém, numa bomba real existem perdas de energia devido às seguintes


causas:
 Atrito entre o fluido e o rotor;
 Mudanças bruscas na direção do escoamento;
 Fugas de líquido entre as folgas;
 Recirculação interna.

São essas perdas de energia que produzem a alteração da forma da curva


característica de uma bomba ideal, conforme representado na Figura 17 e como
pode-se observar no exemplo da curva de um fabricante, Figura 18.

Figura 17 – Comparação da curva teórica para obtida na pratica.


Fonte: Macintyre (1997).
40

Figura 18 – Curva bomba marca KSB modelo Meganorm 50-125.


Fonte: KSB Bombas Hidráulicas S/A (2011).
41

As perdas entre a condição ideal e a real é o que se chama de rendimento.


O ponto de vazão e altura manométrica em que ocorrem as menores perdas, ou
seja, onde o rendimento é máximo, denomina-se ponto de melhor rendimento ou,
mais comumente, BEP (do inglês “Best Efficiency Point”). Este é ponto de operação
para o qual a bomba foi projetada, por isso ele também é chamado de ponto de
projeto da bomba, entretanto poderá, dentro de uma faixa determinada pela
economia e pelo bom funcionamento da mesma, ser posta a bombear vazões
maiores ou menores que aquela para a qual foi projetada.
Conforme convenção estabelecida com base em Xavier (2009), Drummond
(2006) e na Equação de Bernoulli para altura manométrica do sistema, isto também
equivale para a altura manométrica de uma bomba. Assim, conforme já mostrado, o
balanço de energia entre a entrada e a saída de uma bomba centrífuga, obtem-se a
mesma equação (7):

(7)

Isto significa que a energia que o sistema solicita para que o líquido seja
transportado a uma determinada vazão, é a mesma fornecida pela bomba.

3.5.3. Ponto de operação das bombas centrífugas

As bombas centrífugas operam em um ponto ao longo de sua curva


característica de vazão x altura manométrica. Logo o sistema onde a bomba é
instalada também exige que a bomba trabalhe sobre sua curva. Se forem plotadas
as duas curvas em um mesmo gráfico a intersecção entre as mesmas é o único
ponto que irá satisfazer a bomba e o sistema simultaneamente.
O ponto de operação sempre será a intersecção entre a curva da bomba e
do sistema, como ilustrado na Figura 19. Entretanto, na maioria dos processos
industriais ocorrem variações na vazão.
42

Figura 19 – Ponto de operação.


Fonte: Drummond (2006).

3.5.4. Perdas e rendimentos

Segundo Carvalho (1989), em bombas centrífugas ocorrem três tipos de


perdas como observado na Figura 20:
 Perdas Mecânicas: Jm → mancais, vedações do eixo e atrito nas
laterais do rotor;
 Perdas Hidráulicas: Jh → atrito, choques e turbulência dentro do
rotor e na voluta / difusor;
 Perdas Volumétricas: Jv → recirculação pelos anéis de desgaste e
vazamentos pela vedação do eixo.

Figura 20 – Perdas de energia em um conjunto moto bomba.


Fonte: Carvalho (1989).
43

Logo, são definidos três tipos de rendimentos para a bomba, que são:

 Rendimento Mecânico: ηm → leva em consideração as perdas


mecânicas;
 Rendimento Hidráulico: ηh → leva em consideração as perdas
hidráulicas;
 Rendimento Volumétrico: ηv → leva em consideração as perdas
volumétricas;

Portanto, o Rendimento Total (η) da bomba, ou simplesmente rendimento da


bomba, para fins de cálculo da sua potência consumida, é calculado pela equação:

(9)

3.5.5. Potência hidráulica

Segundo Macintyre (1997), o trabalho útil realizado por uma bomba


centrífuga é naturalmente o produto do peso do fluido deslocado pela altura
manométrica desenvolvida. Se for considerado este trabalho na unidade de tempo,
tem-se a potência hidráulica, que é expressa pela equação:

(10)

Onde:
Ph é a potência hidráulica;
γ é o peso específico do fluido bombeado;
Q é a vazão;
Hm é a altura manométrica;
270 é o fator de conversão de unidades.
44

3.5.5.1. Potência consumida pela bomba

É a potência que a bomba recebe do acionador (motor elétrico, motor diesel,


turbina, etc.) para o bombeamento do fluido nas condições exigidas de vazão e
altura manométrica.
Para calcular a potência consumida pela bomba, basta inserir na formula o
valor do rendimento da bomba, pois a potência hidráulica, também chamada de
potência útil, é menor que a potência consumida, uma vez que existem perdas na
bomba.

(11)

Onde:
P é a potência consumida;
γ é o peso específico do fluido bombeado;
Q é a vazão;
Hm é a altura manométrica;
270 é o fator de conversão de unidades;
ɳ é o rendimento da bomba.

3.5.6. Efeito na curva característica da bomba com a variação da rotação

Segundo Mattos e Falco (1998), na pratica os acionadores das bombas não


fornecem exatamente a rotação nominal para qual a curva da bomba foi
desenvolvida, devido a perdas, escorregamento e etc.
Nestes casos faz-se necessário a correção dos valores. Macintyre (1997)
apresenta uma proporcionalidade entre os valores de vazão, altura manométrica,
potência consumida e NPSH com a rotação. Assim sendo, sempre que a rotação
não for à nominal da curva da bomba haverá alteração nas curvas características,
sendo a correção para a nova rotação feita a partir das equações 12, 13, 14 e 15.
45

 A vazão é proporcional a rotação:

(12)

 A altura manométrica varia com o quadrado da rotação:

(13)

 O NPSH requerido varia com o quadrado da rotação:

(14)

 A potência consumida varia com o cubo da rotação:

(15)

3.6. Cavitação e NPSH

3.6.1. Cavitação

Coelho (2006) afirma que em equipamentos onde em seu funcionamento


fazem com que o fluido ganhe energia de pressão, assim como deslocamento de
pistões, no “Venturi”, no deslocamento de superfícies constituídas por pás, como
acontece nas bombas centrífugas, ocorre à diminuição da pressão do fluido
bombeado, devido à natureza do escoamento e a movimentação do fluido
provocado pelas peças móveis do equipamento, conforme o subitem 3.5.1. Em
todos os equipamentos que funcionam com base nesse principio, há a possibilidade
do surgimento do fenômeno de cavitação.
46

A cavitação é o fenômeno de formação de bolhas de vapor no fluido


bombeado nas regiões de baixa pressão. Se a pressão absoluta na região baixar até
atingir a pressão de vapor do fluido na temperatura em que se encontra, o mesmo
inicia-se o processo de vaporização (COELHO, 2006). Vaporização é o processo
onde as substâncias começam a passar do seu estado líquido para o gasoso,
formando assim as bolhas de vapor.
Nas regiões de baixa pressão onde a pressão absoluta atinge a pressão de
vapor do fluido há o surgimento das bolhas de vapor, com o funcionamento da
bomba centrifuga, essas bolhas são transportadas junto com o fluxo do fluido
causado pelo rotor e atinge regiões de pressões altas, onde acontece seu colapso
ou implosão e condensação, passagem do estado gasoso para o líquido, como
pode-se observar na Figura 21 a diminuição e aumento de pressão e o surgimento
ou não das bolhas de pressão.

Figura 21 – Formação de bolhas de vapor.


Fonte: The engineering toolbox (2011).
47

Segundo Drummond (2006), quando as bolhas retornam para a fase líquida


o volume ocupado pela bolha de vapor é bem maior do que o líquido, logo aparece
um vazio que será preenchido pelo líquido, criando assim um jato de líquido de
acordo com a Figura 22, ou conforme Coelho (2006), o resultado do colapso das
bolhas de vapor é a atuação de forças complexas, oriunda da energia liberada
dessas partículas. Quando o colapso ocorre no meio líquido não acontecem danos
significativos, entretanto quando ocorrem próximo as paredes da bomba centrífuga
onde não há presença de líquido para preencher a bolha, o jato se forma no sentido
da parede, atingindo a superfície metálica com alta velocidade e pressão,
desagregando assim elementos do material de menores tamanhos. Geralmente a
cavitação e o desagregamento de material ocorrem no rotor, podendo também
ocorrer nos difusores e corpos espirais, Figura 23.

Figura 22 – Implosão das bolhas de vapor.


Fonte: Drummond (2006).
48

Figura 23 – Rotor que sofreu o fenômeno da Cavitação.


Fonte: Coelho (2006).

Uma bomba centrífuga operando na condição de cavitação por tempo


prolongado está sujeita a ocorrência de diversos problemas, além da extração do
material, podem afetar seriamente o seu desempenho operacional e a sua
integridade mecânica. Abaixo são listadas as principais conseqüências do efeito da
cavitação:
 Erosão (arrancamento de material);
 Ruído;
 Vibração;
 Redução na altura manométrica;
 Redução no rendimento.

3.6.2. NPSH

Para estudar e caracterizar as condições de sucção, tanto no que se diz


respeito a uma bomba centrifuga e ao sistema de bombeamento, visando assim que
haja uma boa sucção e o não aparecimento do fenômeno de cavitação, a escola
americana e os fabricantes instalados no país criaram o conceito de NPSH, do
inglês “Net Positive Suction Head”. Em publicações em varias línguas conservou-se
o termo NPSH, porém alguns autores utilizam o termo APLS “Altura Positiva Líquida
de Sucção” ou “Altura de Sucção Absoluta”.
49

3.6.2.1. NPSH disponível

O NPSH disponível é característica do sistema de bombeamento na parte de


sucção e do fluido bombeado, logo ele independe da bomba centrifuga instalada.
Xavier (2009) define como sendo a quantidade de energia, em termos
absolutos, existente no flange de sucção da bomba, acima da pressão de vapor do
líquido na temperatura de bombeamento. Em outras palavras, ela representa a
pressão efetiva na aspiração da bomba fornecida pelo sistema. Pode ser calculado
através da equação (16) abaixo:

(16)

Onde:
ps é a pressão de sucção;
patm é a pressão atmosférica do local;
pv é a pressão de vapor do fluido na temperatura de bombeamento;
Vs é a velocidade do fluxo na sucção;
g é a aceleração da gravidade;
Zs é a distancia da linha de centro da bomba e do manovacuômetro;
10 é uma constante para o ajuste de unidades;
γ é o peso específico do fluido bombeado.

3.6.2.2. NPSH requerido

O NPSH requerido é uma característica da bomba centrifuga, depende


apenas da geometria de sucção e o tipo de rotor da bomba.
Segundo definição de Xavier (2009), o NPSH requerido é interpretado como
sendo a quantidade mínima de energia absoluta, por unidade de peso de líquido,
acima da pressão de vapor do líquido bombeado, que deve existir no flange de
sucção da bomba para que não haja o fenômeno de cavitação.
50

Logo as normas internacionais “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000) e


“American Petroleum Institute” (API 610, 1995), utilizam como critério a queda de 3%
na altura manométrica útil para uma determinada vazão. Durante o teste para
determinar o NPSHr a vazão e a rotação da bomba são mantidos enquanto o
NPSHd do sistema é gradativamente diminuído, ate que possa ser medido com a
queda da altura manométrica. Com isso, o valor do NPSHd quando ocorre uma
queda de 3% na altura manométrica é igual ao NPSHr da bomba, portanto,
NPSHd(3%) = NPSHr(3%), conforme ilustrado na Figura 24.
Quando a energia de sucção disponível no sistema (NPSHd) iguale ou
exceda os valores do NPSHr não haverá o surgimento das bolhas de vapor
(cavitação), portanto, se o NPSHd ≥ NPSHr a bomba funcionará normalmente.

Figura 24 – Determinação do NPSHr.


Fonte: Girdhar e Moniz (2005)
51

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O objetivo deste capítulo é descrever as condições, métodos e


procedimentos utilizados na realização do teste de desempenho em bombas
centrífugas. Apresentando os materiais e instrumentos de medição utilizados e as
formas para calcular sua altura manométrica, potência consumida, rendimento e
NPSH requerido.

4.1. Testes

Conforme Mattos e Falco (1998), os testes de desempenho realizados em


bombas centrífugas tem por objetivo a determinação das curvas características reais
do equipamento, o que permitirá mediante a comparação com as curvas teóricas de
catálogo se a mesma atinge os resultados previamente estabelecidos em sua
seleção, comprovando assim a qualidade do equipamento e o atendimento a
necessidade do cliente.
Os testes são normalizados, devendo seguir as normas de fabricação da
bomba. Entretanto, em vários casos os métodos de execução e normas a serem
seguidas são acordados entre o fabricante da bomba e o cliente. As normas
internacionais mais utilizadas são o “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000) e
“American Petroleum Institute” (API 610, 1995) no caso de bombas para indústria de
petróleo.

4.1.1. Testes conforme “Hydraulic Institute”

No estudo de caso prático realizado em bancada de testes de desempenho


nas dependências da ELOS & PPR Bombas e Válvulas LTDA na bomba modelo
BSC V 150-570 mostrada no Anexo A, foi baseado na norma “Hydraulic Institute
Standards” (HI, 2000) para a execução do teste, conforme acordado com o cliente
(Petrobras) mediante a aprovação do plano da qualidade, Anexo B.
52

De acordo com o “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000) o fluido utilizado


no teste deve ser água limpa, salvo algumas exceções em que a aplicação requer o
teste com outro fluido. Quanto ao layout de montagem na bancada de teste deve ser
seguido conforme Figura 25.

Figura 25 – Layout de montagem da bancada de teste.


Fonte: Hydraulic Institute Standards (HI, 2000).

Em relação ao diâmetro da tubulação e o volume do tanque utilizado, estes


fatores devem ser adequados as características da bomba a ser testada, ou seja, a
vazão máxima que a bomba irá fornecer durante o teste.
É recomendado pelos fabricantes de bombas centrífugas, que a velocidade
do fluido na tubulação de descarga fique em torno de 2 a 5 m/s, devido à economia,
perda de carga e também para que a leitura nos instrumentos não seja prejudicada.
No Anexo C tem-se a curva característica de catalogo da bomba BSC V 150-570,
apresentando uma vazão máxima de 825 m³/h. Neste caso, foi utilizado uma
tubulação com diâmetro de 12” (304,8 mm) mostrada nas Figuras 26a e 26b, que
proporciona uma velocidade no fluxo de aproximadamente 3,14 m/s.
Para a medição da vazão, deve ser observada a taxa de circulação do fluido no
reservatório. Segundo “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000) essa taxa deve ser
de no máximo 20 vezes por hora, evitando assim um aumento significativo na
53

temperatura do fluido. Na bancada de testes da ELOS & PPR Bombas e válvulas


LTDA dispõe-se de um tanque horizontal com volume de 50 m³ como pode-se
observar na Figura 26a, onde para a bomba a ser testada o volume mínimo deveria
ser de 41,25 m³.

Figura 26a – Bomba BSC V 150-570 em bancada de teste.

Figura 26b – Detalhe da tubulação de sucção e bomba montada para teste.


54

Em muitos casos a bomba a ser testada é relativamente grande, ou seja,


recalca altas vazões a grandes alturas manométricas, fazendo com que o trabalho a
ser realizado seja elevado. Em vários fabricantes não há a disponibilidade elétrica
para grandes potências, com isso o “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000)
estabelece uma condição de reduzir a rotação da bomba em até 40% diminuindo
assim sua potência consumida, conforme citação abaixo:
A rotação durante o teste não deve ser inferior a 80% e superior a 120% da
rotação nominal. É permitido para bombas com consumo de potência superior a 225
KW (300 CV) testar com rotação entre 60% e 140% da rotação nominal. Os
resultados obtidos devem ser corrigidos para rotação nominal. Qualquer mudança
maior na rotação deve ser de comum acordo entre cliente e fabricante da bomba.
(HYDRAULIC INSTITUTE STANDARDS, HI 2000).
Os instrumentos de medição utilizados durante o teste, Figuras 27, 28, 29 e
30, devem ser calibrados periodicamente e obedecer aos critérios de tolerância e
precisão conforme Tabela 1.

Tabela 1: Flutuação e precisão dos instrumentos.

Medição das grandezas Flutuações aceitáveis Precisão +/- %


+/- %
Vazão 2,0 1,5
Pressão diferencial 2,0 1,0
Pressão descarga 2,0 0,5
Pressão de sucção 2,0 0,5
Potência 2,0 1,5
Rotação 0,3 0,3

Fonte: Hydraulic Institute Standards (HI, 2000).


55

Figura 27 – Medidor de vazão com mostrador digital.

Figura 28 – Manômetro da descarga.

Figura 29 – Painel elétrico medição de tensão, corrente e rotação do motor.


56

Figura 30 – Manovacuômetro da sucção.

Os testes baseados no “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000) podem


apresentar dois níveis de aceitação quanto à tolerância no desempenho, A e B
conforme Tabela 2. O nível “A” é utilizado em aplicações onde a bomba testada foi
projetada e produzida especialmente para uma condição de serviço, por isso suas
tolerâncias são mais rígidas. Quando a bomba é produzida em grandes lotes, muitas
vezes para estoque, o nível deve ser o “B”.

Tabela 2: Níveis de aceitação e tolerâncias para desempenho.

Nível de aceitação A B
Hm até 60 m
+8%, - 0 +5%, -3%
Vazão 0 a 680m³/h
Hm até 60 m
+5%, - 0 +5%, -3%
Vazão 681 e acima
Hm de 60 m a 150 m
+5%, - 0 +5%, -3%
Qualquer vazão
Hm 150 m e acima
+3%, - 0 +3%, - 0
Qualquer vazão

Rendimento mínimo ɳ 100/(120/ɳ)-0,2

Fonte: Hydraulic Institute Standards (HI, 2000).


57

4.1.2. Procedimentos do teste de desempenho

Durante o teste de desempenho, determinam-se todas as curvas


características reais da bomba, entretanto, para a aprovação do equipamento pelo
cliente é necessário garantir o ponto de operação dentro das tolerâncias
apresentadas na Tabela 2.
Como trata-se de uma bomba selecionada especificamente para a aplicação,
o nível de aceitação “A” deverá ser seguido. Para sua faixa de operação tem-se uma
tolerância de + 5% apenas, ou seja, para o ponto de operação de vazão igual a 550
m³/h sua altura manométrica durante o teste deverá estar entre 128,75 a 135,20m.
Segundo Mattos e Falco (1998) e com base no “Hydraulic Institute Standards”
(HI, 2000) o teste de desempenho é realizado em seis pontos de operação ao longo
de sua curva característica. Normalmente, estes pontos são:

1) Vazão nula, igual a zero;


2) Vazão mínima;
3) 1 ponto entre a vazão mínima e vazão nominal;
4) Vazão nominal (ponto de operação);
5) Vazão no BEP (melhor rendimento);
6) Vazão máxima.

Estes pontos são obtidos com a alteração da curva característica do sistema


montado na bancada, no caso do nosso estudo, aumentando e diminuindo a perda
de carga na tubulação de recalque através da abertura ou fechamento de uma
válvula do tipo gaveta, conforme representado na Figura 31.
58

Figura 31 – Alteração da curva do sistema na bancada de teste.


Fonte: The engineering toolbox (2011).

Para cada ponto de vazão selecionado fazemos a leitura dos valores de


todas as grandezas envolvidas, conforme listado abaixo:

 Vazão (Q) em m³/h;


 Pressão de sucção (ps) em mca;
 Pressão de descarga (pd) em mca;
 Distância entre o manômetro e manovacuômetro (zsd) em m;
 Rotação (N) em RPM;
 Voltagem (V) em V;
 Amperagem (I) em A.

Conhecido os valores, é possível calcular para cada ponto a altura


manométrica, potência consumida e rendimento. A partir dos seis valores de vazão
medidos durante o teste e os correspondentes valores de altura manométrica,
potência e rendimento calculados, pode-se traçar as curvas características.
Considerando que a rotação durante o teste nunca será a mesma da curva
da bomba (Anexo C), é necessário corrigir os valores conforme mostrado no subitem
3.5.6.
O calculo da altura manométrica, potencia consumida e rendimento, foi
realizado de acordo como mostrado a seguir:
59

 Calculo da altura manométrica

Como a bomba estará em operação o calculo de sua altura manométrica se


dá através da equação (8) apresentada no subitem 3.4.8

(8)

Onde:
Hm é a altura manométrica (mca);
pd e ps são lidas no manômetro e manovacuômetro respectivamente (mca);
vd e vs calculados com base na vazão e área da tubulação v= Q/A (m/s);
g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s²);
Zsd é a distancia medida entre o manômetro e manovacuômetro (m).

 Calculo da potência consumida

Em fase de operação antes da realização o teste de desempenho não se


sabe qual o rendimento real da bomba, o que impossibilita a utilização da equação
(11) indicada para o calculo da potência consumida. Mattos e Falco (1998)
apresentam uma equação com base nos dados elétricos do motor, ou seja, a
potência que o motor elétrico está fornecendo para o conjunto, considerando a
potência hidráulica e rendimento da bomba.

(17)

Onde:
P é a potência consumida fornecida pelo motor elétrico (CV);
√3 é a uma constante da equação;
U é a tensão que esta alimentando o motor medida no painel (V);
60

I é a corrente que esta alimentando o motor medida no painel (A);


cos ɸ fator de potencia do motor tabelado (informado pelo fabricante);
η motor é o rendimento do motor tabelado (informado pelo fabricante).

 Calculo do rendimento

Conforme subitem 3.5.4 o conceito de rendimento baseia-se na somatória de


todas as perdas envolvidas em um conjunto moto-bomba. Com base neste conceito,
a relação entre a potência hidráulica que a bomba fornece ao fluido com a potência
que o motor elétrico esta fornecendo para o conjunto tem-se a equação (18) para o
calculo do rendimento real da bomba durante o funcionamento:

(18)

Onde:
P é a potência consumida fornecida pelo motor elétrico (equação 17);
Ph é a potência hidráulica que a bomba fornece ao fluido (equação 13);
η é o rendimento real da bomba.

4.1.3. Procedimentos do teste de NPSHr

O objetivo deste teste é a determinação do NPSHr para uma vazão pré


fixada. A determinação do NPSH requerido é realizada de forma indireta, induzindo
a bomba à cavitação e calculando o NPSH disponível (MATTOS e FALCO, 1998).
Pois segundo apresentado no subitem 3.6.2.2, quando ocorre o inicio da cavitação
(queda na altura manométrica de 3%) o NPSH disponível é igual ao NPSH requerido
da bomba.
Abaixo três tipos de arranjos para a realização do teste de NPSHr propostos
pelo “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000), porém todos partindo do mesmo
principio de induzir a cavitação:
61

 Diminuição do nível do fluido, conseqüentemente diminuindo NPSH


disponível, Figura 32;
 Fechamento da válvula na sucção, aumentando a perda de carga,
conseqüentemente diminuindo do NPSH disponível, Figura 33;
 Aumento da temperatura do fluido, conseqüentemente diminuindo do
NPSH disponível, Figura 34.

Figura 32 – Teste de NPSHr variando o nível do fluido.


Fonte: Mattos e Falco (1998).

Figura 33 – Teste de NPSHr fechando a válvula de sucção.


Fonte: Mattos e Falco (1998).
62

Figura 34 – Teste de NPSHr variando a temperatura do fluido.


Fonte: Mattos e Falco (1998).

Durante a execução do teste, a bomba deve operar com rotação e a vazão


no ponto a ser medido o NPSHr constantes, com o NPSH disponível sendo
diminuído.
Devido à economia e a facilidade operacional, em nosso estudo de caso foi
realizado a diminuição do NPSH disponível através do fechamento da válvula de
sucção.
O procedimento consiste em fechar gradativamente a válvula de sucção
observando a queda na pressão de sucção e recalque. É recomendado que a cada
1mca (9,8 kPa) de queda na pressão, aguardar o sistema estabilizar e corrigir a
vazão para o ponto de operação. Este processo deve ser repetido ate que, com a
vazão sempre corrigida e fixa no valor do ponto de operação, a queda da altura
manométrica não exceda 3%. Caso a queda exceda os 3% é considerado que a
bomba encontra-se em estado de cavitação plena, devendo assim começar o
processo novamente.
Com a bomba operando no inicio de cavitação (queda na altura manométrica
de 3%) o NPSH disponível é igual ao NPSH requerido da bomba, possibilitando
assim a coleta do valor da pressão de sucção através do manovacuômetro, para o
cálculo do NPSH conforme equação (16).
63

(16)

Onde:
ps é a pressão de sucção medida no manovacuômetro (mca);
patm é a pressão atmosférica do local (Tabela 3);
pv pressão de vapor do fluido na temperatura de bombeamento (Tabela 4);
Vs é a velocidade do fluxo na sucção;
g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s²);
Zs é a distancia da linha de centro da bomba e do manovacuômetro;
10 é uma constante para acerto de unidades;
γ é o peso específico do fluido bombeado.

As Tabelas 3 e 4 foram utilizadas para a obtenção dos valores da pressão


atmosférica no local e pressão de vapor da água a temperatura durante o teste:

Tabela 3: Pressão atmosférica.

Fonte: Schneider Motobombas (2011).


64

Tabela 4: Pressão de vapor da água.

Fonte: Schneider Motobombas (2011).


65

5. ESTUDO DE CASO

Foi apresentado neste estudo de caso a realização dos testes de


desempenho e de NPSH conforme norma “Hydraulic Institute Standards” (HI, 2000),
mostrando o calculo para o rebaixamento do rotor para que a curva passe em seu
ponto de operação listado abaixo, calculou-se a altura manométrica, potencia
consumida, rendimento e NPSHr com os dados coletados e foi traçado a as curvas
características da bomba.
A bomba modelo BSC V 150-570 escolhida para este trabalho foi
selecionada para aplicação em plataforma de petróleo da Petrobras, seguindo as
especificações técnicas contidas em sua folha de dados (Anexo D) e atendendo ao
ponto de operação abaixo:

Vazão (Q): 550 m³/h


Altura manométrica (Hm): 128,75 m
Rotação nominal (N): 1750 rpm
Rendimento (η): 76%
NPSHr: 4,5 m
Potência consumida (P): 355,4 CV
Potência máxima consumida (Pmáx): 400,5 CV

O estudo de caso aqui apresentado será divido em três partes: Pré teste com
o rotor no diâmetro máximo, rebaixamento do rotor e teste final de desempenho e
NPSH apresentando os resultados e discussões.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Pré teste – Rotor com diâmetro máximo (570 mm)

Como já visto as bombas centrífugas são projetadas para um determinado


ponto de operação, porém podendo operar em uma faixa de operação, o que são as
curvas características teóricas de catálogo.
66

Analisando a curva característica da bomba BSC V 150-570 (Anexo C) nota-


se que seu ponto de operação está localizado no meio, ou seja, com um diâmetro
previsto teoricamente de 522 mm.
O objetivo do pré teste com o rotor da bomba no diâmetro máximo é para
verificar o comportamento da curva real antes de ser feita qualquer usinagem com
base teórica, evitando assim a perda do rotor devido à bomba já apresentar algum
problema.
Durante o pré teste a rotação do motor de 1750 rpm foi reduzida para 1200
rpm através do painel com inversor de freqüência mostrado na Figura 29, com o
intuito de fazer com que o motor elétrico de 500 CV suporte a potencia consumida
pela bomba devido estar com seu diâmetro máximo de 570 mm.
Com a bomba em funcionamento em 1200 rpm, fixou-se os pontos de vazão
abaixo através da abertura e fechamento da válvula gaveta de descarga verificando
o mostrador digital do medidor de vazão (Figura 27), para ser realizada a coleta dos
dados para cada um.

1) Vazão nula = 0 m³/h


2) Vazão mínima = 200 m³/h
3) 1 ponto entre a vazão mínima e vazão nominal = 350 m³/h
4) Vazão nominal (ponto de operação) = 550 m³/h
5) Vazão no BEP (melhor rendimento) = 720 m³/h
6) Vazão máxima = 825 m³/h

Inicialmente foi analisada apenas a curva de vazão x altura manométrica,


portanto durante o pré teste não são coletados os dos dados elétricos para o calculo
da potencia consumida e do rendimento, pois esses dados são relevantes apenas
para o ponto de operação da bomba com o rotor já rebaixado para o diâmetro
nominal.
Abaixo são apresentados os dados coletados para os pontos já definidos,
através da Tabela 5:
67

Tabela 5: Dados coletados no pré-teste.

Pontos
Variável Unidade
1 2 3 4 5 6
Rotação do teste (N) RPM 1200,00 1200,00 1200,00 1200,00 1200,00 1200,00
Vazão (Q) m³/h 0,00 137,20 240,00 377,20 494,00 565,80
Pressão de descarga (pd) m 83,00 82,50 81,00 76,50 71,00 66,00
Pressão de sucção (ps) m 1,40 1,40 1,20 1,20 1,20 1,00
Zsd m 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(vd²-vs²) / 2g m/s 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Nota-se que os valores das parcelas de energia potencial (Zsd) e de energia


cinética (vd²-vs²/2g) são nulos, pois a diferença de nível do manômetro de descarga
e manovacuômetro de sucção é zero, ou seja, estão na mesma altura. Já a parcela
de energia cinética é nula, pois a velocidade na tubulação de sucção e descarga são
as mesmas, devido terem a mesma área (diâmetro 12”) e a mesma vazão passando
nelas.
Na Tabela 6, são apresentados os valores da altura manométrica respectiva
para cada vazão fixada, calculadas conforme equação (8) e também ambas as
grandezas corrigidas para a rotação nominal da bomba de 1750 rpm. A partir das
grandezas calculas e corrigidas para a rotação nominal foi traçada a curva real da
bomba para o diâmetro máximo, Figura 35, a fim de comparar com a curva teórica
de catalogo (Anexo C).

Tabela 6: Resultado do pré-teste.

Pontos
Variável Unidade
1 2 3 4 5 6
Rotação Nominal (N) RPM 1750

Vazão (Q) m³/h 0,00 200,08 350,00 550,08 720,42 825,13


Altura manométrica (Hm) m 173,54 172,48 169,71 160,14 148,45 138,24
68

Vazão x Altura manométrica (Rotor diâmetro máximo = 570mm)


180

170

160
(m)

150

140

130

120
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

(m3/h)

Figura 35 – Curva real da bomba para o diâmetro máximo de 570 mm.

Para comparar a curva obtida no teste (Figura 35) com a teórica de catalogo,
traça-se no mesmo quadro as duas curvas, como observado na Figura 36.

Vazão x Altura manométrica (Comparação)


180

170

160
(m)

150

140

130

120
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

(m3/h)
Figura 36 – Curva real da bomba x curva teórica para o diâmetro máximo de 570 mm.

Nota-se na Figura 36 que as curvas apresentam uma diferença em torno de


1,5%, o que considerada baixa. Esta diferença é esperada, devido à própria
fabricação do equipamento, por exemplo, na fundição de seu rotor e corpo espiral
apresentarem uma rugosidade elevada e também durante a usinagem suas folgas
ficam maiores. Em ambos os casos causando perdas de carga dentro da própria
bomba.
69

Foi considerado portanto que, a bomba não esta apresentando nenhum


problema em seu desempenho, devido à diferença entre as curvas já ser esperada e
também por sua curva real manter a mesma tendência do inicio ao fim em relação à
curva teórica.

6.2. Rebaixamento do rotor

Na Tabela 6, verifica-se que para a vazão de operação de 550 m³/h a bomba


apresenta uma altura manométrica de 160,14 m. Para que sua curva real passe em
seu ponto operacional de 550 m³/h de vazão com 128,75 m é necessário que o rotor
tenha seu diâmetro diminuído.
Para o rebaixamento do rotor utiliza-se o mesmo conceito apresentado no
subitem 3.5.6, entretanto ao invés de alterar a rotação altera-se o diâmetro do rotor.
Da equação (13) obtem-se abaixo a equação (19) da variação da altura
manométrica com a variação no diâmetro do rotor:

(19)

Substituindo pelos valores temos:

Com o diâmetro a ser rebaixado calculado, é necessário então retirar 58,9


mm em seu diâmetro, porém quanto mais o diâmetro é rebaixado de uma bomba
centrífuga aumenta mais a recirculação dentro da própria bomba. Diante do exposto
foram retirados apenas 75% do calculado como margem de segurança, ou seja, ao
invés de retirar 58,9 mm, foi retirado apenas 44,2 mm, ficando assim o rotor com o
diâmetro aproximado de 526 mm, conforme mostrado na Figura 37.
70

Figura 37 – Rotor rebaixado com diâmetro de 526 mm.

6.3. Testes finais

Com o rotor já rebaixado, foi analisado se a bomba atende toda a


desempenho pré estabelecida em sua seleção, quanto ao ponto operacional (vazão
e altura manométrica), consumo de potencia, rendimento e NPSHr.

6.3.1. Teste de desempenho

Para a verificação do desempenho, a bomba foi colocada novamente em


funcionamento, porém dessa vez com o motor elétrico na rotação nominal da bomba
de 1750 rpm, uma vez que o motor elétrico de 500 CV foi selecionado para atender
o consumo máximo da bomba que é de 398 CV.
Repetiu-se o processo de coleta dos dados, dessa vez coletando também os
valores de tensão e corrente elétrica do motor para calcular sua potência consumida
e rendimento para cada ponto já pré determinando. Após a repetição foram obtidos
os valores apresentados na Tabela 7.
71

Tabela 7: Dados coletados no teste final.

Pontos
Variável Unidade
1 2 3 4 5 6
Rotação do teste (N) RPM 1750,00 1750,00 1750,00 1750,00 1750,00 1750,00
Vazão (Q) m³/h 0,00 201,00 352,30 550,40 720,00 828,00
Pressão de descarga (pd) m 147,00 146,00 142,00 132,00 117,00 107,00
Pressão de sucção (ps) m 1,20 1,20 1,00 0,80 0,80 0,04
Zsd m 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
(vd²-vs²) / 2g m/s 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Tensão (U) Volts 425,00 430,00 431,00 435,00 436,00 438,00
Corrente (I) Amper 186,00 264,00 362,00 421,00 495,00 527,00
Cos ɸ Tabelado 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85
Rendimento motor Tabelado 0,954 0,954 0,954 0,954 0,954 0,954

Na seqüência foi calculada a altura manométrica, consumo de potência e


rendimento, respectivamente com as equações (8), (17) e (18), mostrados na Tabela
8.

Tabela 8: Resultado final.

Pontos
Variável Unidade
1 2 3 4 5 6
Rotação Nominal (N) RPM 1750

Vazão (Q) m³/h 0,00 201,00 352,30 550,40 720,00 828,00


Altura manométrica
m 145,80 144,80 141,00 131,20 116,20 106,60
(Hm)
Potência consumida (P) CV 150,95 216,78 297,94 349,72 412,13 440,79
Rendimento (η) % 0,00 49,73 61,75 76,48 75,19 74,16

Como pode-se verificar na Tabela 8, após o rebaixamento do rotor foi obtido


o ponto de operação abaixo:

Vazão (Q) = 550,4 m³/h


Altura manométrica (Hm) = 131,2 m
Potencia consumida (P) = 349,72 CV
Rendimento (η) = 76,48 %
72

Comparando com os dados operacionais da folha de dados (Anexo D) para


qual a bomba foi selecionada, verifica-se apenas sua altura manométrica 2% maior
que a especificada, porém a mesma se encontra dentro da faixa de tolerância
apresentada na Tabela 2 que seria de 5%.
Quanto à potência consumida e rendimento, verifica-se também uma
diferença em relação aos valores predeterminados em sua seleção, porém para a
potencia consumida o valor real obtido é menor que o valor calculado em sua
seleção, consequentemente seu rendimento será maior, o que se entende ser um
beneficio ao cliente usuário da bomba, uma vez que irá economizar uma parcela de
energia. As Figuras 38, 39 e 40 ilustram as curvas características de desempenho
reais da bomba BSC V 150-570, com o diâmetro já rebaixado e a bomba
funcionando em seu ponto de operação.

Vazão x Altura manométrica


160
150
140
130
(m)

120
110
100
90
80
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
(m3/h)

Figura 38 – Curva real vazão x altura manométrica.

Vazão x Potência consumida

500

400
CV

300

200

100
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

(m3/h)

Figura 39 – Curva real vazão x potencia consumida.


73

Vazão x Rendimento
100%

80%

60%
%

40%

20%

0%
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

(m3/h)

Figura 40 – Curva real vazão x rendimento.

6.3.2. Teste de NPSHr

O teste de NPSHr raramente é realizado, em geral porque a bomba


selecionada para uma determinada operação apresentar uma grande folga entre o
NPSH disponível do sistema e NPSH requerido. Porém em alguns casos onde a
diferença é baixa e a bomba é indispensável para o funcionamento do processo é
solicitado e acordado entre o fabricante e cliente.
Depois da realização do teste de desempenho com o diâmetro do rotor já
definido e a bomba trabalhando em seu ponto de operação deu-se inicio ao teste de
NPSHr. De acordo com o plano da qualidade (Anexo B) utilizado neste estudo de
caso, foi acordado o teste do NPSHr para a vazão no ponto de operação (550 m³/h)
e para a vazão máxima da bomba (825 m³/h).
Iniciando o procedimento para o teste de NPSHr, conforme descrito no
subitem 4.1.3 foram obtidos os seguintes valores:

 Para vazão de 550 m³/h


o Pressão de Sucção (ps) = - 5,4 m
o Pressão atmosférica (patm) = 9,58 m (conforme Tabela 3 altitude
de Piracicaba aproximadamente 600 m)
74

o Pressão de vapor (pv) = 0,336 m (conforme Tabela 4 interpolação


para a temperatura de 25°C)
o Vs² / 2g = 0,224 m
o Zs = 0,00 (manovacuômetro de sucção no mesmo nível da bomba)

 Para vazão de 825 m³/h


o Pressão de Sucção (ps) = - 3 m
o Pressão atmosférica (patm) = 9,58 m (conforme Tabela 3 altitude
de Piracicaba aproximadamente 600 m)
o Pressão de vapor (pv) = 0,336 m (conforme Tabela 4 interpolação
para a temperatura de 25°C)
o Vs² / 2g = 0,504 m
o Zs = 0,00 (manovacuômetro de sucção no mesmo nível da bomba)

Conforme equação (16) apresentada foi calculado o NPSHr para cada


vazão, resultando nos valores abaixo:

NPSHr para vazão de 550 m³/h = 4,07 m


NPSHr para vazão de 825 m³/h = 6,75 m

Com os resultados de NPSHr apresentados acima, pode-se afirmar que a


bomba apresentou um valor menor em relação ao pré estabelecido em sua seleção,
o que também é um benefício ao funcionamento e atendimento ao processo, pois a
bomba não sofrerá o efeito de cavitação.
75

7. CONCLUSÃO

A proposta deste trabalho foi apresentar o principio de funcionamento das


bombas centrífugas, as formas de considerar os tipos de energias envolvidas
durante o processo de bombeamento, o conceito do fenômeno de cavitação e
apresentar um estudo de caso prático no qual demonstra como são obtidas as
curvas características reais das bombas centrífugas.
O estudo mostrou que para a determinação das curvas características
através dos testes, abrange o conhecimento não só dos fundamentos teóricos, mas
também o domínio de várias normas internacionais para que os procedimentos
sejam executados de forma a obter resultados confiáveis.
Os resultados apresentados mostraram que a bomba modelo BSC V 150-
570 escolhida para este estudo irá fornecer uma vazão de 550 m³/h, vencendo uma
altura manométrica de 131,2 m, consumindo uma potência de 349,72 CV com um
rendimento de 76,48%. O teste de NPSH não é comum de ser realizado devido à
bomba selecionada apresentar uma grande folga entre o NPSH disponível e NPSH
requerido, entretanto para este estudo foi obtido o valor do NPSHr de 4,07 m.
Atingindo assim os resultados estabelecidos em sua seleção, levando em
consideração as tolerâncias estabelecidas pela norma “Hydraulic Institute
Standards” (HI, 2000). O teste de NPSH não é comum de ser realizado, devido
76

8. REFERÊNCIAS

AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE (Org.). Centrifugal Pumps for Petroleum,


Heavy Duty Chemical, and Gas Industry Services. Washington: API 610, 1995.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2008. 448p.

CARVALHO, Djalma Francisco. Instalações Elevatórias. Bombas. Contagem:


Fumarc, 1989. 352p.

COELHO, Welington Ricardo. Analise do Fenômeno de Cavitação em Bomba


Centrifuga. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica, UNESP, Ilha
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DRUMMOND, Getúlio V.. Manutenção e Reparo de Bombas. Rio de Janeiro:


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ELOS & PPR Bombas e Válvulas LTDA (Org.). Catálogo de Produtos. Disponível
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GIRDHAR, Paresh; MONIZ, Octo. Practical Centrifugal Pumps, Design,


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MACINTYRE, Archibald Joseph. Bombas e Instalações de Bombeamento. Rio de


Janeiro: LTC, 1997. 782p.
77

MATTOS, Edson Ezequiel de; FALCO, Reinaldo de. Bombas Industriais. Rio de
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MÜLLER, E.. Sulzer Centrifugal Pump Handbook. Winterthur: Sulzer Brothers


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<http://www.schneider.ind.br/>. Acesso em: 05 nov. 2011.

THE ENGINEERING TOOLBOX. Pumps. Disponível em:


<http://www.engineeringtoolbox.com/>. Acesso em: 09 out. 2011.

XAVIER, Emilio Augusto. Tecnologia de Bombas Centrífugas - Seleção e


Aplicação. Piracicaba: ELOS&PPR, 2009. 394p.
78

ANEXO A – Desenho dimensional da bomba BSC V 150-570


79

ANEXO B – Plano da qualidade


80
81

ANEXO C – Curva de catalogo bomba BSC V 150-570


82

ANEXO D – Folha de dados


83
84
85

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