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1.

INTRODUÇÃO

Tanques de armazenamento em refinarias e em indústrias químicas contém

grandes volumes de inflamáveis e produtos químicos perigosos . Um pequeno

acidente pode custar milhões de dólares e uma interrupção na produção. Um

grande acidente resulta em ações judiciais, desvalorização de ações, falência

da indústria e morte de funcionários. Nos últimos 50 anos, organizações de

engenheiros como Instituto Americano de Petróleo (API), Instituto Americano

de Engenheiros Químicos (AIChE) e a Sociedade Americana de Engenheiros

Mecânicos (ASME) tem publicado dicas e guias de engenharia e normas para a

construção, seleção de material, modelos/design, e medidas de segurança

para os tanques e acessórios complementares.

A grande maioria das empresas/indústrias segue tais normas e regras no

design, construção e operação, porém acidentes continuam ocorrendo. É

importante o estudo de casos passados para que no futuro haja uma maior

segurança durante o uso de tal equipamento.

A proposta deste artigo é categorizar e relatar as causas que levaram os

242 acidentes em tanques de armazenamento nos últimos 40 anos. O

diagrama de espinha de peixe criado pelo Dr Kaoru Ishikawa é usado identificar

as causas e efeitos dos problemas.

2. NUMEROS GERAIS

As informações dos 242 acidentes nos tanques nesse trabalho foram

obtidas a partir de reportagens publicadas. Aconteceram 114 casos na América

do Norte, 72 casos na Ásia , 38 na Europa e 18 em outros lugares. A Tabela 1

mostra a distribuição dos acidentes em relação aos lugares.


A Tabela 2 mostra os principais seguimentos de indústria nos quais

acontecem acidentes; A maior frequência de acidentes ocorrem nas refinarias

de petróleo (116 casos  47,9%). A segunda maior freqüência envolve

terminais de recebimento e estações de bombeamento (64 casos  26,4%).

Em indústrias petroquímicas ocorreram 25,7%. Outros acidentes ocorrem em

indústrias de óleo, usinas, indústrias de gás e tubulações. Petróleo, Gasolina e

óleos são os principais compostos que acarretam as explosões. A Tabela 3

mostra os componentes e as datas.

A Tabela 4 ilustra os acidentes em relação ao tipo de tanque de

armazenamento. O tanque de tampa externa móvel e o tanque de tampa

cônica são os tipos mais freqüentes nos quais ocorrem acidentes. Ambos são

muito utilizados para armazenagem de petróleo, gasolina e óleo diesel. A

Tabela 5 mostra os tipos de acidentes. Fogo foi o dano mais freqüentes nos

tanques com 145 casos; Em segundo vem as explosões, com 61 casos

indicados. Fogo e explosões somam juntos cerca de 85% dos danos causados

nos tanques. Vazamento de óleo e emissão de gases e líquidos tóxicos foram

a terceiro e o quarto casos mais freqüentes. Deformação dos tanques e erros

humanos aconteceram também, porém em menor quantidade.

Danos às propriedades são raramente divulgados e a informações são de

difícil obtenção. A Tabela 6 refere-se aos dez maiores acidentes com tanques

de armazenamento.
3. CAUSAS DOS ACIDENTES

Como indicado na Tabela 7, raios foram a causa mais freqüente de

acidentes, seguido de erros de manutenção. As outras causas foram erro

operacional, mau funcionamento dos equipamentos, sabotagem, rachaduras e

rompimentos, energia estática e chamas. O diagrama de espinha (Fig. 1) de

peixe mostra as causas e efeitos e o diagrama da Figura 2 mostra métodos de

prevenção de acidentes.

3.1 Raios/Relâmpagos

Existem duas principais causas dos raios relacionados com incêndio. A

primeira é o choque direto com a instalação e a segunda são os efeitos

secundários como o pulso eletromagnético, pulso eletrostático, e ... . Quando

há o choque de um raio com determinada estrutura, há a radiação e pode ser

percebido o efeito de 1 até 10 m. Quando um tanque de armazenamento se

encontra nessa região, vapores inflamáveis sofrem ação do calor e podem

entrar em ignição. Dentre 80 tanques atingidos, cerca de 12 foram diretamente

atingidos pelos raios resultando em explosões, sendo o teto arrancado e

causando destruição maciça. Apesar de área de contato direto ser pequena, os

efeitos de cargas podem ser de 15 até 150 km, portanto, o risco de efeitos

secundários é muito maior do que um choque direto. O anel de selagem de um

tanque de tampa móvel é o local com mais chances para haver uma ignição em

uma tempestade. A proteção existente contra raios e relâmpagos durante uma

tempestade proporcionam uma pequena ajuda. Existem algumas proteções

contra a radiação de energia, porém essas proteções não garantem proteção

no caso de um choque direto.


3.2 Falha de equipamentos

As principais causas de acidentes ocasionados por falha em equipamentos

são: falhas no teto flutuante, falha em válvulas, mal funcionamento dos

aquecedores, falha nos controladores e termostato. O teto flutuante pode não

funcionar adequadamente caso o telhado esteja fora de equilíbrio ou se o corpo

do tanque estiver distorcido. O desequilíbrio do telhado pode ser ocasionado

por falha na drenagem de água depositada em cima do tanque. A distorção do

corpo do tanque pode ser ocasionada pela falha na válvula de ventilação do

tanque.

Dentro de falhas de válvulas pode-se citar o não fechamento das mesmas

devido à congelamento ou a não abertura quando necessário. Em caso de

válvulas abertas, pode acontecer a vaporização e escape dos compostos

armazenados, como por exemplo GLP, resultando em incêndios e explosões. A

não abertura da válvula de segurança quando o tanque estiver superaquecido

também resulta em explosão. É necessário realizar checkup de rotina e

manutenção para garantir a integridade de todas as válvulas de um tanque de

armazenamento.

Se um controlador de oxigênio estiver descalibrado ou funcionamento de

maneira errônea, como por exemplo, indicar uma quantidade inferior daquela

que realmente existe, pode haver a acumulação de oxigênio no tanque

resultando em incêndio e explosão. Indicação errônea da temperatura pelo

termostato também pode ocasionar explosões.


3.3 Erro de manutenção

O processo de solda foi o responsável por 18 acidentes. Falhas

catastróficas da estrutura de tanques de armazenamento podem ocorrem

quando vapores inflamáveis explodem. Ex: Em 1995 durante um reparo

utilizando solda na parte de fora do tanque causou a explosão dos tanques.

Em 1986 na Grécia, faíscas de um maçarico causaram a ignição de vapores

resultando em fogo e explosões. O fogo durou por 7 dias e causou a

destruição de 10 dos 12 tanques existentes e causou 5 mortes. Para evitar tais

acidentes, existem medidas de redução de riscos como obter uma temperatura

máxima de utilização, acompanhamento de bombeiros e equipamentos para

controle de incêndio e válvulas de dreno e purga.

Faíscas e fagulhas podem ser gerados por atrito mecânico e também

podem causar ignição de vapores inflamáveis. Em 1988 e 1989 ocorreram

acidentes durante a instalação de um isolamento; Houve a geração de uma

fagulha num elevador utilizado por operários instalado no interior do tanque. A

ignição destruiu o cone superior resultando em uma superfície em chamas.

Essa chamas atingiram vários tanques de armazenamento da refinaria.

Faíscas elétricas e choques também podem gerar a ignição de vapores ou

líquidos inflamáveis e conseqüentemente uma explosão. Em 1996 houve uma

explosão gerada a partir de motores elétricos e faíscas durante a conexão de

um equipamento de solda na rede elétrica.

3.4 Erros de operação

Limite de capacidade/enchimento é a causa mais freqüente. Dentre os 15

casos de limite, nove desses foram de tanques de gasolina, dois de petróleo,


dois de óleos, um de fenol e outro de benzeno. Quando um tanque contendo

líquidos inflamáveis transborda, fogo e explosões geralmente ocorrem;

Qualquer faísca perto do líquido causa ignição e conseqüentemente explosão.

Em 13 de 15 casos analisados, houve a presença de fogo/explosão. Em 1975,

vapores provenientes do derramamento de óleo chegaram até a caldeira, onde

houve a ignição e em seguida explosão. Em 2001, após o vazamento de

benzeno, 46 pessoas foram hospitalizadas.

Outra causa para acidentes é extrapolar os limites de pressão permitidos

nas linhas de alimentação dos tanques. Em 1984 no México, houve uma queda

de pressão, que foi noticiada na sala de controle e também na estação de

bombeamento, devido a liberação de GLP, quando a nuvem de vapor

inflamável deslocou-se até a dilatação e entrou em ignição. A instalação de

sistemas mais efetivos de detecção de gás poderia evitar o acidente. Acidentes

podem acontecer também durante o descarregamento de produtos como GLP;

durante a conexão da mangueira esta pode escapar fazendo com que os

vapores inflamáveis encontrem fontes de ignição e conseqüentemente

explodam.

Em 1972, uma válvula de dreno no fundo de um tanque de GLP em uma

refinaria foi deixada aberta por um operador, ocasionando a destruição de 21

tanques de armazenamento e escritórios.

Fumos tóxicos (cigarros) e líquidos deixados por operadores também

podem gerar ignições e explosões. Em setembro de 2000, uma grande

quantidade de gás tóxico foi lançado na atmosfera de uma fábrica britânica,

quando hipoclorito de sódio foi liberado acidentalmente em um tanque


contendo acido clorídrico. Durante o acontecimento, houve evacuação de

trabalhadores.

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