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CENTRO UNIVERSITÁRIO – CESMAC

GUSTAVO ADOLPHO SOARES NETO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE


ARGAMASSAS COM MATERIAIS POLIMÉRICOS

Maceió-Al
2019/2
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GUSTAVO ADOLPHO SOARES NETO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DA


ARGAMASSA COM MATERIAIS POLIMÉRICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito final, para a conclusão do curso
de Engenharia Civil do CESMAC, sob a
orientação do professor Everton Luiz da Silva
Mendes

Maceió-Al
2019/2
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8
1.1 Considerações iniciais............................................................................... 8
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 10
2 METODOLOGIA ........................................................................................... 11
2.1 Revisão de Literatura ............................................................................... 11
2.2 Revisão de literatura sobre dosagens de argamassas ......................... 11
2.3 Estudo experimental ................................................................................ 11
2.4 Análise e determinação dos processos de beneficiamento ................. 11
2.5 Caracterização dos materiais .................................................................. 11
2.6 Produção das argamassas ...................................................................... 11
2.7 Determinação das composições das argamassas ................................ 12
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13
3.4 Impactos Ambientais das Argamassas .................................................. 19
3.5 Argamassas com Resíduos de Polímeros ............................................. 20
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 22
4.1 Aglomerante ............................................................................................. 22
4.2 Agregado miúdo natural .......................................................................... 22
4.2.1 Agregados miúdos reciclados ............................................................. 22
4.3 Água .......................................................................................................... 23
5 ENSAIOS REALIZADOS NOS AGREGADOS RECICLADOS .................... 24
5.1 Determinação da composição granulométrica ...................................... 24
5.2 Massa específica e absorção .................................................................. 24
6 DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS .......................... 25
6.1 Beneficiamento dos materiais poliméricos ............................................ 25
7 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ....................................................... 26
7.1 Agregado miúdo natural .......................................................................... 26
7.2 Agregados poliméricos............................................................................ 27
8 PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS .............................................................. 28
9 PROCEDIMENTOS PARA A PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS ................. 29
10 RESULTADOS ............................................................................................ 30
10.1 Estado fresco.......................................................................................... 30
10.2 Estado endurecido ................................................................................. 32
12. CONCLUSÕES .......................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 35
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AGRADECIMENTOS
Agradeço inicialmente a Deus pela presença constante em minha vida, por ter
me dado forças para alcançar esta vitória.
À minha família, em especial à minha mãe Judith, ao meu pai Alexandre, ao meu
irmão Pedro e especialmente à minha avó Janice Soares, que me deu total apoio
em todas as decisões de minha vida.
Aos amigos/irmãos da Comunidade dos Viventes, que me deram grande
incentivo moral e espiritual, para enfrentar e concluir essa graduação.
Aos amigos de graduação, por todo o carinho, companheirismo e incentivo, por
dividir alegrias e tristezas e pelo apoio nos momentos de desespero. Agradeço
por tornarem esta longa jornada mais fácil e mais alegre, da qual eu sentirei
muita falta.
Ao Professor Éverton Luiz, pela disponibilidade em me aceitar como orientando,
pelos anos de pesquisa.
Também ao professor Jessé Marques e pelo mestrando Elias Alves, pela ajuda
e encaminhamento a essa linha de pesquisa.
Aos técnicos e funcionários do Laboratório da Íris Alagoense que me auxiliaram,
ao longo da pesquisa e do presente trabalho, nos ensaios e sempre dispostos a
ajudar.
À minha namorada Larissa pelo apoio e companheirismo nessa reta final de
curso
Por fim, a todos os amigos, inclusive os aqui não citados, que contribuíram direta
ou indiretamente para a minha formação. Obrigado!
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ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DA ARGAMASSA COM


MATERIAIS POLIMÉRICOS
ANALYSIS OF MECHANICAL BEHAVIOR OF MORTARS WITH POLYMERIC
MATERIALS

Gustavo Adolpho Soares Neto


Everton Luiz da Silva Mendes
Graduando do Curso de Engenharia Civil
guga_soares1@hotmail.com

RESUMO
A utilização de polímeros provenientes de reciclagem como agregados na produção de materiais
de construção vem crescendo gradativamente. A escolha de agregados reciclados na produção
de materiais pode trazer benefícios econômicos, devido ao menor custo na produção de
materiais com agregados reciclados, e benefícios ambientais, pois absorve parte do material que
seria destinado ao aterro, gerado em excesso, e diminui o consumo de matérias-primas. Desta
forma, cada vez mais estudos estão buscando como foco as possibilidades de aplicação de
resíduos reciclados, de modo que se analisem o potencial de cada resíduo. O presente trabalho
visa analisar as propriedades de resíduos de materiais poliméricos e aplicá-los na produção de
argamassas. Por apresentar baixa densidade, os resíduos podem apresentar características de
agregados reciclados leves. O trabalho busca então meios de obtenção de uma argamassa com
resíduos de polimeros, bem como novas tecnologias para a sua produção.

PALAVRAS-CHAVE: Argamassa. Polímeros. Comportamento mecânico.

ABSTRACT
The use of recycled polymers as aggregates in the production of building materials has been
gradually increasing. The use of recycled aggregates in the production of materials can bring
economic benefits, due to the lower cost of producing recycled aggregate materials, and
environmental benefits, as it absorbs part of the material that would be destined for the landfill,
generated in excess, and reduces the consumption of raw material. Thus, more and more studies
are seeking to focus on the possibilities of using recycled waste, so that the potential of each
waste is analyzed. The present work aims to analyze the waste properties of polymeric materials
and use them in the production of mortars. Due to its low density, the waste may present
characteristics of light recycled aggregates. The work then seeks ways to obtain a mortar with
polymer residues, as well as new technologies for its production

KEY-WORDS: Mortar. Polymer. Mechanical Behavior.


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1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações iniciais


De acordo com Felix (2007), os resíduos sólidos, chamados também de
rejeito ou de lixo, passam por um processo de descarte. Eles, após serem
retirados das casas, precisam ser submetidos a etapas de tratamento que
respeitam regras próprias. Dessa forma, não devem ser deixados em locais
inapropriados, pois contêm substâncias nocivas à saúde humana.

A partir da Revolução Industrial, foi iniciado o processo de urbanização,


com o êxodo do homem, que migrava do campo para as cidades (SOUZA, et al.,
2013). Os impactos ambientais, desde então, devido à exploração de recursos
naturais e geração de variados tipos de poluição, inclusive a causada pelos
resíduos sólidos, chegaram a níveis alarmantes.

No Brasil, o crescimento populacional, os novos padrões de vida e a


constante inovação tecnológica, com obsolescência programada, causaram um
grande aumento na geração de resíduos sólidos, potencializando os impactos
ao meio ambiente.

De acordo com a ABRELPE (2014), aproximadamente 40% dos nossos


resíduos sólidos tiveram destinação imprópria. Foi instituída, em 2010, a Política
Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre os princípios, objetivos e
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão e ao
gerenciamento desses resíduos.

Em Alagoas, mais precisamente no município de Maceió, é bastante


comum o acúmulo inadequado de resíduos sólidos, em especial os plásticos
(polímeros sintéticos), em vários pontos da cidade, formando verdadeiros
“lixões” a céu aberto. Esta problemática pode ser atribuída ao crescimento
urbano desordenado, falta de conscientização da população, carência de
infraestrutura e de políticas públicas que visem uma melhor gestão dos resíduos
(ARAÚJO; PIMENTEL, 2016).

Do início do século passado aos dias atuais, o uso dos polímeros tem se
tornado cada vez mais frequente na sociedade. Basta um olhar ao redor para se
perceber a incrível quantidade de artefatos produzidos pelo homem, nos quais
são utilizados polímeros como matéria-prima para suas diferentes elaborações
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(ROSA, et al., 2002). Como consequência, são produzidas enormes quantidades


de resíduos derivados destes polímeros, os quais podem ser reaproveitados nas
atividades da Construção Civil como agregados graúdos ou miúdos dos
concretos (MODRO, 2009).

Portanto, este trabalho terá por objetivo analisar a viabilidade da utilização


de resíduos, originados dos polímeros, como agregados da argamassa. Dessa
forma, pode-se diminuir a demanda por recursos naturais, proporcionando ao
meio ambiente a sua renovação, o que favorecerá a preservação do
ecossistema, e viabilizando a produção de materiais alternativos, contribuindo,
dessa forma, para a sustentabilidade.
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1.2 OBJETIVOS
Objetivo Geral:

Este trabalho tem como objetivo investigar o comportamento das


argamassas com resíduos de polímeros em relação a argamassas de
assentamento.

Objetivos Específicos

 Constituir um referencial bibliográfico, em artigos e dissertações, do tema


abordado, procurando esclarecer dúvidas do tema específico;
 Analisar o comportamento mecânico da argamassa com diferentes tipos de
composição de agregados poliméricos;
 Verificar a utilização de argamassas com adição de polímeros;
 Produzir argamassas com os polímeros;
 Determinar as propriedades físicas (caracterização) e mecânicas (mesa de
consistência e compressão axial) do material cimentício analisado;
 Identificar o percentual de substituição mais adequada, considerando a adição
dos polímeros;
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2 METODOLOGIA
2.1 Revisão de Literatura
Levantamento bibliográfico de técnicas, procedimentos e métodos usados
para definição da composição do polímero e processos de beneficiamento
aplicados para obtenção de agregados reciclados para uso em materiais
cimentícios. O estudo será baseado em trabalhos técnicos desenvolvidos no
tema e normas de ensaios.

2.2 Revisão de literatura sobre dosagens de argamassas


Estudo de metodologias usadas para determinação das composições de
misturas de argamassa com agregados reciclados e de técnicas de obtenção de
misturas de agregados reciclados que melhore o desempenho das argamassas
com resíduo e influência nas propriedades;
2.3 Estudo experimental
Foi definido os tipos e origens de resíduos de construção que são mais
comuns e que se produz em grande quantidade nos canteiros de obras e/ou
demolição para uso em agregados reciclados.

2.4 Análise e determinação dos processos de beneficiamento


Tratamento dos polímeros que serão utilizados para obtenção dos agregados
reciclados. A determinação foi baseada nos equipamentos existentes no
laboratório e de revisão de literatura.

2.5 Caracterização dos materiais


Determinar e analisar as propriedades físicas dos agregados reciclados e
naturais granulometria, massa específica, teor de absorção de água, teor de
impurezas, e outros que possam detalhar as características do material. Deste
modo, poderão ser analisados os aspectos ou características dos resíduos que
poderiam interferir nas misturas das argamassas com estes materiais.

2.6 Produção das argamassas


Produção de composições pré-definidas da argamassa, com porcentagens
de substituição do agregado natural de 1%, e análise das propriedades no estado
fresco através de ensaios de trabalhabilidade e consistência.
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2.7 Determinação das composições das argamassas


Produção e verificação das propriedades mecânicas e de durabilidade
alcançadas nas argamassas produzidas.
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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Polímeros
Polímeros são pequenas moléculas chamadas monômeros que se associam
para formar macromoléculas (SOUZA, 2013). Estas macromoléculas se
caracterizam por seu tamanho, sua estrutura química e interações intra e
intermoleculares. Possuem unidades químicas unidas por ligações covalentes,
que se repetem ao longo da cadeia.
Eles podem ser naturais ou sintéticos. Como polímeros naturais, temos a
seda, a celulose, as fibras de algodão, entre outros. No que se refere aos
sintéticos, podemos mencionar o PP (polipropileno) e o PS (poliestireno) para
copos plásticos; o PET (polietileno tereftalato) para garrafas pet e o EPS
(poliestireno expandido) para o isopor. Os polímeros podem ser classificados
como termoplásticos (plásticos), termofixos, borrachas e fibras (SPINACÉ;
PAOLI, 2005).
A reação que forma os polímeros é chamada de polimerização. O primeiro
polímero a ser sintetizado em laboratório foi o polietileno em 1934, na Inglaterra.
No entanto, esse polímero veio a ficar conhecido, apenas, durante a Segunda
Guerra Mundial, quando foi utilizado como isolante elétrico de radares militares.
O polietileno foi sendo submetido a diversas experiências e, em 1950, Karl
Ziegler, conseguiu produzir, através da química orgânica, um polietileno mais
rígido e de alta densidade que, posteriormente, deu origem às garrafas plásticas.
Devido à sua grande resistência, esse material originou um dos primeiros
brinquedos, o bambolê.
Foi através dessa utilização que o polietileno de alta densidade surgiu no
mercado. O polietileno de baixa densidade, por sua vez, não ficou sem utilização.
Até os dias atuais, é utilizado para a produção de sacolas plásticas que servem
para guardar compras e colocar lixo (SOUZA, 2013).
Os utensílios, confeccionados a partir dos polímeros sintéticos (plásticos),
presentes em diversos segmentos industriais, contribuem de forma significativa
para o cotidiano do homem moderno. Em contrapartida, diante desse fato, há um
aumento na quantidade de resíduos despejados em nosso ambiente. Uma forma
de amenizar esse problema é a reciclagem desses produtos que, desde o século
passado, ganham cada vez mais espaço no mercado mundial.
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3.2 Polímeros sintéticos- termoplásticos (plásticos)


O termoplástico (plástico) é um polímero de origem artificial ou sintética,
originado de derivados do petróleo ou de fontes renováveis, como a cana de
açúcar ou o milho que, em determinada temperatura, torna-se viscoso, podendo
se adequar a moldagens.
Este projeto consistirá no estudo da reciclagem de utensílios produzidos
a partir dos polímeros artificias- plásticos, mais especificamente, os copos
plásticos descartáveis, as garrafas PET e outros fabricados à base de isopor.

3.2.1 Copos plásticos descartáveis


Segundo Eblin (2017), os copos de plástico são encontrados nos mais
diversos lugares, desde estádios de futebol até instituições públicas e privadas,
eventos, escolas, etc. A história dos copos plásticos remonta dos anos 1960,
porém, antes de seu surgimento, as pessoas utilizavam, de forma semelhante,
copos de papel.
Em época anterior ao surgimento dos copos descartáveis, os tipos de
copos existentes até então eram compartilhados pela população. Este fato
gerava a disseminação de doenças entre os habitantes das mais diversas
localidades. As ferrovias, por exemplo, usavam barris de água, onde as pessoas
mergulhavam seus copos. Nos hospitais, devido ao uso coletivo destes, as
doenças se espalhavam, principalmente através da contaminação cruzada. O
advento dos copos descartáveis mudou completamente a maneira como o
homem passou a consumir bebidas.
A primeira patente do copo plástico foi emitida nos Estados Unidos, em
1964. Os anos de 1990 trouxeram uma grande expansão desse produto, com o
surgimento do maior número de patentes até aquela década (EBLIN, 2017).
O copo plástico descartável, devido à sua praticidade e baixo custo, é um
artigo muito consumido pela população. Segundo dados da Associação
Brasileira de Limpeza Pública, no Brasil são consumidos cerca de 720 milhões
de copos descartáveis por dia (ABRELPE, 2011). Possui, ainda, a característica
de não provocar acidentes, como por exemplo, os copos de vidro.
Os copos plásticos descartáveis têm algumas características, que os
diferenciam, entre si, a depender do tipo de material com que são fabricados.
15

Entre os materiais utilizados usados na sua produção, pode-se destacar o PP


(polipropileno) e o PS (poliestireno), objetos desta pesquisa.
O PP (polipropileno), derivado do propeno, é utilizado, também, para
fabricar pratos e potes descartáveis, sendo mais resistente e apresentando mais
brilho. Entre as suas diversas características físicas, podem ser destacadas, boa
resistência térmica, ótima transparência, elevada resistência química e a
solventes, alta resistência à fratura por flexão ou fadiga, sendo 100% reciclável
(COPOBRAS, 2017) (Figura 1A).
O PS (poliestireno), derivado do estireno, é utilizado para produzir a
maioria dos copos descartáveis (Figura 1B), no Brasil, tendo menor custo que o
PP. Apresenta pouca resistência à fratura- mais quebrável que o PP, baixa
resistência a solventes orgânicos, calor e intempéries, podendo ser 100%
reciclado (COPOBRAS, 2017).
Figura 1. A. Moléculas de PP (Polipropileno) e B. PS (Poliestireno)

Fonte: Copobras, 2017

3.2.2 Garrafas PET


Este polímero termoplástico, polietileno tereftalato (Figura 2), é um dos
responsáveis por intensificar o despejo de resíduos sólidos no meio ambiente. É
formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol, tendo sido
descoberto em 1941, pelos químicos ingleses Whinfield e Dickson (ABIPET,
2016). Sua utilização se destinou, principalmente, à confecção de garrafas para
bebidas e indústrias de tecelagem.
Apenas no início da década de 1970, este composto químico teve sua
utilização iniciada na fabricação de embalagens, chegando ao Brasil em 1988,
também para aplicações na indústria têxtil. A partir de 1993, devido aos baixos
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custos de produção, praticidade e leveza, começou a ser utilizado na fabricação


de recipientes para bebidas (ABIPET, 2016).
Figura 2. Molécula unitária de PET.

Fonte: Copobrás, 2017

Juntamente com outros plásticos, é o principal poluente dos oceanos. Em


algumas regiões marítimas, devido ao seu poder de poluição, os ambientalistas
chegaram a considerá-lo como parte integrante do oceano. Situações similares
são flagrantes em outras localidades do mundo, como, por exemplo, na região
dos Grandes Lagos, na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá.
Os microplásticos, pequenas partículas desse material, representam outro
grave problema. Eles têm a capacidade de absorver compostos químicos
tóxicos, conhecidos como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Ao serem
ingeridos por animais, os microplásticos podem matá-los por asfixia ou por
intoxicação, decorrentes desses poluentes. A intoxicação desencadeada pelos
POPs pode, inclusive, causar um desequilíbrio na cadeia alimentar, pois ela
possui caráter bioacumulativo e biomagnificado. Isto significa que, ao se
alimentar de um animal intoxicado, o predador passa a sofrer do mesmo mal.
Este sério problema pode afetar o meio ambiente e o homem, quando este se
alimenta de peixes contaminados (ECYCLE, 2017).
Segundo o 10º Censo de Reciclagem do PET, promovido pela Associação
Brasileira da Indústria do PET (ABIPET, 2016), aproximadamente 598 mil
toneladas desse material foram absorvidos pelo mercado brasileiro, em 2015,
sendo que, em torno de 50% dos resíduos provenientes dessa produção foram
encaminhados para as indústrias que utilizam esses insumos para a fabricação
de seus produtos. Foi constatado, ainda, neste Censo, que devido à
inconsistência da economia brasileira, o percentual de reciclados, que vinha
crescendo de 2012 a 2015, diminuiu.
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A cadeia de reciclagem do PET desempenha, no Brasil, um importante


papel social. Esta atividade envolve diversas cooperativas e pessoas que se
encontram em situação econômica desfavorável, muitas vezes tendo nesse
ramo, sua única fonte de renda. Mesmo com o funcionamento das cooperativas,
o quadro do descarte do PET causa extrema preocupação. Entre os diversos
problemas existentes nesse mercado, pode ser destacada a má distribuição das
cooperativas. Existem, no Brasil, cerca de 11.500 pessoas empregadas,
distribuídas em 500 empresas recicladoras, gerando um faturamento anual de
1,22 bilhão de reais. Apesar da atuação das empresas recicladoras, esta
atividade se mostra bastante frágil, em nosso país como um todo, pois, 80%
desses empreendimentos se encontram na região sudeste (ECYCLE, 2017).
A carga tributária representa outro grave problema enfrentado pelos
recicladores, pois estes pagam, ao invés de um, dois impostos relativos às suas
atividades. O primeiro imposto, de 10%, se refere ao IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) correspondente à resina virgem, e o segundo, de 12%, sobre a
matéria prima reciclável. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do PET
(ABIPET), anualmente, 50% do material descartado, é reciclado. Um número
considerado baixo, se compararmos com a reciclagem das latas de alumínio,
que, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta
Reciclabilidade (ABRALATAS), é superior a 90%, índice maior que o dos
Estados Unidos, Japão e da Europa (ABIPET, 2016).
Diante da preocupação dos setores industriais com a produção
sustentável, Santos (2015), afirma que, em uma pesquisa realizada pela área de
Engenharia Ambiental da Universidade do Mato Grosso do Sul, foram utilizados
resíduos de garrafas PET na produção de blocos de concreto. Naquela ocasião,
o agregado miúdo convencional, areia, foi substituído, num percentual de 15%,
pelo pó das garrafas PET.

3.2.3 Poliestireno Expandido (EPS)

O Poliestireno foi descoberto em 1839, na Alemanha, através de


experimentos realizados por Eduard Simon, um boticário, em Berlim. Da
estoraque, a resina da árvore turca árvore-do-âmbar, Liquidambar orientalis, ele
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destilou uma substância oleosa, um monômero ao qual deu o nome de estirol


(ABIPLAST, 2017).
Vários dias depois, Simon descobriu que o estirol havia engrossado,
presumivelmente pela oxidação, tornando-se uma geleia, que ele chamou de
óxido de estireno. Em 1845, os químicos John Blyth e August Wilhelm von
Hofmann, inglês e alemão, respectivamente, provaram que a mesma
transformação de estirol ocorria na ausência de oxigênio. Eles chamaram a
substância de "metastyrol ". Análises feitas posteriormente mostraram que era
quimicamente idêntica ao óxido de estireno.
Em 1866, Marcelin Berthelot identificou corretamente que a formação do
"metastyrol" era resultado de um processo de polimerização. Cerca de 80 anos
mais tarde, percebeu-se que o aquecimento do estirol desencadeava uma
reação que produzia macromoléculas, seguindo a tese do químico orgânico
alemão Hermann Staudinger (1881-1965). Esta descoberta levou à substância
que conhecemos hoje por poliestireno (Figura 3). (ABIPLAST, 2017).
Figura 3. Molécula de poliestireno.

Fonte: ABIPLAST,2017

Este polímero sintético, apesar de não conter nenhum produto tóxico,


quando disposto na natureza de forma inadequada, causa impactos ao meio
ambiente. É produzido repetidamente, em grandes quantidades, gerando, por
ano, no mundo, 2,5 milhões de toneladas de isopor (Figura 4). De acordo com
estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, só no Brasil, são 36,6
toneladas (JATOBÁ, 2015).
19

Figura 4. Produção de EPS reciclados por região (Ano base, 2012).

Fonte: JATOBÁ,2015

Por ser volumoso, quando aterrado, diminui a vida útil dos aterros,
passando até 150 anos para ser degradado. Este material está no cotidiano do
homem moderno, apresentando diversas formas de aplicação, onde podemos
destacar, por exemplo, a proteção na embalagem de mercadorias e o isolamento
térmico. Sua reciclagem é baseada num processo que se inicia com limpeza,
passando, em seguida, por um maquinário que retira o gás contido em seu
interior. O material é, então, triturado, derretido e granulado, voltando ao estado
de matéria prima (DINÂMICA AMBIENTAL, 2015).
A inviabilidade econômica do isopor representa um obstáculo para sua
reciclagem. Além de levíssimo, ele ocupa um grande espaço, fato que resulta
em baixo preço de venda. Torna-se, então, uma opção pouco viável para
catadores e cooperativas. Ainda assim, existem pontos de descarte apropriados
que aceitam recebê-lo. Este fato aponta para uma necessidade cada vez mais
imediata de conscientização do homem, em relação aos aspectos que se
referem à preservação do meio ambiente (ECYCLE, 2017).

3.4 Impactos Ambientais das Argamassas


A indústria da construção civil é responsável por provocar grandes
impactos ao ambiente, pois além de gerar grande parte dos resíduos entre os
que são produzidos numa cidade, ela também apresenta um alto consumo de
matéria-prima fazendo com que a escassez de recursos naturais ocorra. O meio
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ambiente é bastante afetado pela construção civil por ela apresentar alguns
fatores que contribuam para essa agressão, ao meio ambiente, como: a grande
extração de matéria-prima, a geração e a disposição de resíduos sólidos.
Pensando nisso, a resolução CONAMA nº 307 (2002) constitui as
diretrizes, os critérios e os procedimentos necessários para o gerenciamento dos
resíduos da construção civil de forma a diminuir os impactos ambientais gerados
por eles. Ela também é a responsável pela a classificação dos resíduos sólidos
da construção, pois como na construção existe uma grande diversidade de
materiais, esta classificação se torna necessária. Nessa classificação, os
resíduos “classe A” são aqueles que podem ser reaproveitados na própria
construção até mesmo como agregados em argamassas e também na
fabricação de concretos.
Os resíduos classe A merecem uma grande atenção, pois como eles
podem ser aproveitados, a necessidade de estudos que mostrem se eles trazem
benefícios, nas propriedades das argamassas, passam a existir. Um estudo feito
por Assunção 2007, utilizando agregado miúdo reciclado obtido através de
resíduos gerados em uma construção em Belém-PA, mostrou que a substituição
de 30% e 50% do agregado natural pelo resíduo trouxe resultados satisfatórios,
pois quando analisadas algumas propriedades das argamassas nos estados
plástico e endurecido viu-se que as argamassas compostas por resíduos
obtiveram maiores resistências em relação a uma argamassa de referência que
não possuía resíduos.
Os resíduos da construção civil estão cada vez mais sendo utilizados
como agregados tanto na produção de argamassas, como também na fabricação
de concretos e com isso vários estudos estão sendo realizados para verificar o
quanto esses resíduos podem influir nas propriedades das argamassas e dos
concretos.

3.5 Argamassas com Resíduos de Polímeros


Sabendo disso, diversos estudos e trabalhos sobre a inserção desses
resíduos começaram a ser produzidos, para minimizar os efeitos da escassez
dos recursos naturais, de forma que não comprometa a eficiência estrutural do
elemento construtivo desenvolvido.
21

A.M. et al. (2015) afirma que a produção mundial de PET foi de 55 milhões
de toneladas, em 2012, e que a produção de poliéster cresceu substancialmente
devido à alta demanda têxtil mundial, bem como no empacotamento de
alimentos e garrafas industriais.
22

4 MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais a serem utilizados durante o desenvolvimento desse trabalho
foram: cimento, areia, água e polímeros (PET, Isopor e Copos plásticos) como
agregados miúdos. Toda a caracterização dos materiais utilizados será
apresentada a seguir.

4.1 Aglomerante
Dentre os diversos tipos de cimento Portland existentes o definido para
utilização no trabalho foi o Cimento Portland Composto com adição de fíler (CP
II-F-32), cuja densidade adotada foi de 3100 kg/m³.

4.2 Agregado miúdo natural


O agregado miúdo utilizado no presente trabalho foi uma areia natural
extraída de rio. Antes da realização dos ensaios de caracterização, a areia foi
espalhada no piso do mesmo laboratório para sua secagem e foi também
realizado o quarteamento do material, de acordo com a NBR NM 27 – Agregados
– Redução da amostra de campo para ensaios de laboratório (ABNT, 2006), para
realizações de preparação de amostragem.

A determinação da composição granulométrica e do módulo de finura foi


realizada de acordo com a NBR NM 248:2003 – Agregados – Determinação da
composição granulométrica. As zonas granulométricas são especificadas de
acordo com a NBR 7211:2005 – Agregados para concreto. Especificação. As
peneiras utilizadas no ensaio apresentaram abertura igual a 9,5mm, 6,3mm,
4,75mm, 2,36mm, 1,2mm, 0,6mm, 0,3mm e 0,15mm.

O ensaio de massa específica foi realizado seguindo as diretrizes da NBR


NM 52 - Agregado miúdo - Determinação da massa específica e massa
específica aparente (ABNT, 2009). O valor para a massa específica encontrado
foi igual a 2,58 g/cm³
4.2.1 Agregados miúdos reciclados
Nesse trabalho, utilizamos os polímeros reciclados, proveniente de
arrecadação de materiais no CESMAC.
23

4.3 Água
Na produção das argamassas e na cura dos corpos de prova foi utilizada
água potável proveniente do sistema de abastecimento de água do Laboratório
do CESMAC.
24

5 ENSAIOS REALIZADOS NOS AGREGADOS RECICLADOS


5.1 Determinação da composição granulométrica
A determinação da composição granulométrica dos agregados miúdos
reciclados foi realizada de acordo com as especificações da NBR NM 248:2003
– Agregados – Determinação da composição granulométrica.

5.2 Massa específica e absorção


Para a determinação das massa específica, não foi possível determinar,
de acordo com a metodologia normativa para agregados miúdos convencionais,
pois estamos lidando com materiais poliméricos, cujos dados já são tabelados e
padronizados por Comitês e Associações nacionais e internacionais, e tem como
valores parametrizados.

Outro parâmetro que não podemos mensurar nos polímeros é a absorção


de água, pois são materiais constituídos de ligações moleculares complexas,
havendo pouca porosidade entre as partículas e, são inertes, não reagindo com
a água.
25

6 DETERMINAÇÃO DA PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS


A definição das misturas das argamassas foi baseada num traço padrão,
utilizado em várias construtoras locais, para uso em assentamentos de blocos
cerâmicos. Com base nesse estudo, obteve-se a dosagem de argamassas
produzidas com agregados graúdos naturais e reciclados - porém estes com
massa específica um pouco maior que as utilizadas neste estudo. A composição
das argamassas tem como referência o seguinte traço 1:6, onde lemos 1 (uma)
parte de cimento e 6 (seis) partes de agregado miúdo, em termos de volume.

Com esse estudo, procuremos realizar substituições de 1% do agregado


miúdo natural pelo agregado miúdo reciclado (polímeros), tendo como base suas
densidades.

6.1 Beneficiamento dos materiais poliméricos


O processo de trituração dos materiais poliméricos para transformação
em agregados é executado através de um equipamento comercialmente
encontrado como triturador de grãos.

O material resultante da trituração é submetido ao processo de


peneiramento para separação em agregados graúdos e miúdos, atendendo a
terminologia aplicada em agregados para concreto, de acordo com a norma NBR
7211:2005 – Agregado para concreto – especificação. O agregado graúdo é
especificado como o agregado cujos grãos passam na peneira de 25 mm e ficam
retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm. O agregado miúdo é o
agregado cujos grãos passam na peneira com abertura de malha de 4,75 mm.

Para o presente estudo, passamos o material triturado na peneira de


4,75mm. O material que passou, utilizamos por completo e o retido, retornamos
ao triturador, para, assim, obtermos a granulometria desejada.
Figura 5: Triturador de grãos para beneficiamento dos polímeros.

Fonte: Autor, 2019


26

7 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

7.1 Agregado miúdo natural


Os agregados foram classificados de acordo com a NBR 7211/2005, mas
para essa classificação, inicialmente foi determinada a composição
granulométrica de cada agregado, com base na NBR NM 248/ 2003.
Para a composição do agregado miúdo foram utilizadas a areia natural e
o resíduo de pedreira, denominado como areia industrial. O gráfico 1 apresenta
as curvas granulométricas dos agregados miúdos utilizados durante o trabalho

100
90
80
Material passante (%)

70
60
50 Zona Utilizável

40 Granulometria
Zona Ótima
30
20
10
0
0,10 1,00 10,00 100,00
Abertura das malhas da peneiras (mm)

Gráfico 1 – Curva granulométrica do agregado miúdo natural.

Fonte: Autor,2019

O módulo de finura e a dimensão máxima característica foram


determinados segundo NBR 7211/2005, enquanto que o ensaio de massa
específica foi feito seguindo as diretrizes da NBR NM 52/2009. Já o ensaio de
absorção de água foi realizado conforme exigências da NBR NM 30/2001.

Os valores encontrados para os agregados miúdos utilizados são


apresentados no quadro.
27

Quadro 1 – Propriedades dos agregados miúdos.

Areia Natural
Módulo de Finura (%) 2,33
Dimensão máxima característica (mm) 4,8
Massa específica (g/cm3) 2,63
Absorção de água (%) 1,7

Fonte: Autor,2019

Com isso, passemos a caracterizar os agregados poliméricos

7.2 Agregados poliméricos


Para caracterizar esse material, não podemos seguir as normas para
agregados naturais, pois se é necessário fazer uso da estufa a 100ºC. Como,
nessa temperatura, os polímeros entram em estado de transformação vítrea, ou
seja, alteram seu estado natural, fizemos uso desse agregado de forma natural,
apenas passando pela peneira de 4,8mm, abertura que delimita a zona de
agregados graúdos e miúdos.

Quadro 2 – Dados normativos dos polímeros.


Polímero Densidade (g/cm³)
PP 0,9
OS 1,0
PET 1,4

Fonte: ABIPLAST,2017

Figura 6 - Materiais poliméricos utilizados nas argamassas: PET, PP, EPS, respectivamente.

Fonte: Autor,2019

Com isso, passemos à produção das argamassas.


28

8 PRODUÇÃO DAS ARGAMASSAS


A elaboração das argamassas teve como base um volume de 1,5 Litros,
fator a/c=0,5, baseado em estudos referenciados no presente trabalho.

Produzimos 4 argamassas: uma de referência e três com a substituição


de 1% do agregado miúdo natural por agregado miúdo polimérico, conforme
quadro.

Quadro 3 – Produção das Argamassas.


Vol (L) Cimento (g) Agreg. Natural (g) Água (g) Agreg. Rec (g)

Referência 1,5 795 1590 397,5 0


PET 1,5 795 1574,1 397,5 8,46
PP 1,5 795 1574,1 397,5 5,44
EPS 1,5 795 1574,1 397,5 6,04
Fonte: Autor, 2019
29

9 PROCEDIMENTOS PARA A PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS


Para prosseguirmos com o presente trabalho, fizemos uma padronização
da produção das argamassas, elaborando um “passo-a-passo”, onde elencamos
as etapas de colocação de material na argamassadeira:

Passo 1-Coloca-se o agregado miúdo e o agregado reciclado, mistura-se por


30 segundos, velocidade lenta.
Passo 2-Coloca-se o cimento, mistura-se por 30 segundos, velocidade lenta.
Passo 3-Coloca-se 80% da água, mistura-se por 1 minuto, parar para limpeza
da pá e 30 segundos para a limpeza da cuba.
Passo 4-Colocar o restante da água e mistura por 1 minuto, em velocidade
rápida;
30

10 RESULTADOS
10.1 Estado fresco
Após confeccionarmos as argamassas, ainda no estado fresco, fizemos
os ensaios de determinação de índice de consistência, de acordo com a NBR
13276/2002, para verificarmos a trabalhabilidade da argamassa produzida.

Nesse ensaio, após a confecção da argamassa, colocamo-la no tronco-


cônico, apoiado na mesa de consistência, em três camadas sucessivas, e, em
cada camada, aplicamos 15, 10 e 5 golpes de soquete, respectivamente, para
distribui-las uniformemente.

Com isso, passamos uma espátula para tirar o excesso de argamassa no


topo do tronco, retiramos o tronco-cônico e, através de uma manivela contida na
mesa, iniciamos o ensaio, girando-as 30 vezes por 30 segundos.

Após isso, fizemos medições, com um paquímetro, em 3 direções


diferentes, para determinar o diâmetro do espalhamento. A norma exige que
esse diâmetro esteja entre 255±10mm.

Figura 7. Detalhe do ensaio de índice de consistência.

Fonte: Autor,2019

Com isso, obtivemos os seguintes resultados, apresentados no quadro


31

Quadro 4 – Análise do espalhamento na mesa de consistência

Argamassas Média dos diâmetros (cm)


Referência 26
PET 25
PP 25
EPS 26
Fonte: Autor, 2019

Figura 8. Detalhe do espalhamento da argamassa.

Fonte: Autor, 2019

Como podemos perceber, nas amostras, não há sinais de segregação dos


materiais, nos quais obtivemos uma boa mistura na argamassadeira e uma boa
interação entre os materiais.

Com relação ao espalhamento, os dados atendem à norma, nos quais


obtivemos resultados coerentes com a argamassa de referência (constituída por
materiais convencionais).
32

10.2 Estado endurecido


Já no estado endurecido, iniciemos os ensaios de resistência à
compressão axial, de acordo com a NBR 13279/2005. Apresentemos os
resultados no quadro.

Quadro 4 – Análise do rompimento das argamassas,


7 dias (Mpa) 14 dias (Mpa) 21 dias (Mpa) 28 dias (Mpa)
Referência 2,93 3,86 4,53 5,68
PET 2,98 4,18 4,57 5,79
PP 2,6 3,68 4,22 5,12
EPS 2,2 3,2 3,96 4,43
Fonte: Autor, 2019

Figura 9. Corpos-de-prova moldados.

Fonte: Autor, 2019

A moldagem dos corpos de prova (CP) cilíndricos, foi realizada de acordo


com a determinação da norma brasileira NBR 13279 (ABNT, 1995). O
preenchimento dos corpos de prova cilíndricos com argamassa foi realizado em
4 camadas, com o auxílio de uma espátula. Cada camada recebeu 30 golpes
homogêneos distribuídos sobre a superfície, utilizando o soquete. Por fim, foi
realizado o arrasamento da argamassa na superfície dos corpos de prova, por
33

meio de uma régua, deslizando sobre a borda do molde em movimentos de


vaivém.

Em seguida, os corpos de prova (CP) foram submetidos a um período de


cura de 28 dias descrita pela norma citada anteriormente, ao ar livre, nas
condições ambientais do laboratório (24±4)ºC.

Figura 10. Prensa hidráulica para compressão Figura 11. Detalhe do CP rompido

Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios, pois conseguimos,


com uma mínima substituição, uma argamassa com uma boa resistência axial,
na qual permite sua aplicabilidade para uso de assentamento de blocos
estruturais.
Não conseguimos os mesmos resultados para o polímero com EPS
devido à própria constituição do material, no qual é 99% composto por ar.
Acreditamos que, quando foi submetido à compressão, o ar foi expulso e
aumentando a porosidade da argamassa, diminuindo sua resistência.
34

12. CONCLUSÕES
 Os resultados apresentados pelo presente trabalho confirmam a
viabilidade da substituição de parte dos agregados naturais por
agregados provenientes dos polímeros reciclados;
 Com relação à trabalhabilidade, as argamassas recicladas obtiveram um
comportamento muito próximo ao da argamassa de referência, sem a
presença de segregação e/ou exsudação;
 Com relação às propriedades mecânicas, apenas a argamassa com EPS
obteve uma redução de cerca de 23% de sua resistência, se mostrando
ineficaz para a substituição, devido à sua constituição molecular, de ter
99% de sua matéria composta por ar;
 De outro modo, a argamassa com PET obteve uma melhora substancial,
em relação à argamassa de referência, comprovando que há
possibilidade de substituição;
35

REFERÊNCIAS
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52, 2009. Rio de Janeiro.

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da amostra de campo para ensaios de laboratório. NBR NM 27, 2006. Rio de
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Determinação da composição granulométrica. NBR NM 248, 2003. Rio de
Janeiro.

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concreto - Especificação. NBR 7211, 2005. Rio de Janeiro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Agregado miúdo –


Determinação da absorção de água. NBR NM 30, 2001. Rio de Janeiro

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação do índice
de consistência. NBR 13276, 2002. Rio de Janeiro

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Argamassa para


assentamento e revestimento de paredes e tetos – Determinação da
densidade de massa e do teor de ar incorporado. NBR 13279, 2005. Rio de
Janeiro

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