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Palmas
2022
Welkens Gomes de Oliveira
Palmas
2022
Welkens Gomes de Oliveira
BANCA EXAMINADORA
Palmas-TO
2022
Dedico este trabalho aos meus pais,
Irisvaldo e Luzimar e a minha querida tia,
Maria de Jesus, por toda a compreensão e o
apoio. Nos momentos em que estive
desanimado a força para continuar veio de Deus
por intermédio de meus pais.
“O futuro pertence aqueles que acreditam
na beleza de seus sonhos.”
(Eleanor Roosevelt)
RESUMO
Key-words: Moisture variation; suction; shear strength parameters; filter paper method;
unsatured soils.
LISTA DE FIGURAS
c Coesão
c’ Coesão efetiva
Ângulo de atrito
σ Tensão total
σ’ Tensão efetiva
Parâmetro de Bishop
S Grau de saturação
Peso específico da água
Peso específico dos sólidos
Umidade higroscópica
Potencial total da água no solo
Potencial gravitacional (posição)
Potencial pneumático (pressão)
Potencial osmótico (solutos)
Potencial matricial (forças de adsorção)
Sucção matricial
Poropressão do ar
Poropressão da água
Sucção matricial
Parcela da sucção referente à adsorção
Parcela da sucção referente à capilaridade
∅′ Ângulo de atrito interno
∅" Ângulo de atrito interno
∅ Ângulo de atrito interno referente a sucção
Tensão de cisalhamento
, m e n Parâmetros de ajuste da curva característica
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: MÉTODOS DE OBTENÇÃO DA SUCÇÃO DO SOLO ........................................................ 25
TABELA 2 - CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA OS PAPÉIS WHATMAN N. 42 E SCHLEICHER &
SCHUELL N.589 ................................................................................................................. 27
TABELA 3 - EQUAÇÕES DE AJUSTE DE CURVA CARACTERÍSTICA (UNIMODAL) ........................... 28
TABELA 4 - EQUAÇÕES DE TENSÕES EFETIVAS PARA SOLOS NÃO SATURADOS ........................... 31
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................10
2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................................13
3. METODOLOGIA ........................................................................................................................41
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................72
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................74
10
1 INTRODUÇÃO
O homem tem construído cada vez mais e melhor graças ao aprimoramento das técnicas
construtivas e ao desenvolvimento de novos materiais. Partindo do pressuposto que a ação
antrópica tem alterado o espaço geográfico de uma forma tão significativa surge então à
necessidade de construir em locais cada vez mais desafiadores do ponto de vista de técnico; e
para que essas construções possam ser edificadas é de extrema importância conhecer as
características inerentes ao local.
As características que influenciam a vida útil das obras vão desde levantamento das
características climáticas (influência dos ventos e incidência solar), topográficas, hidrológicas,
até a análise e estudo do solo, pois é nele onde a estrutura será assentada e consequentemente
isso influencia de forma significativa a durabilidade da estrutura.
Na engenharia observa-se que diversos materiais utilizados no dia a dia possuem suas
características físico-químicas e comportamento mecânico amplamente difundidos, isso
contribui para sua ampla utilização justamente pelo fato de serem materiais manufaturados.
Já o solo não saturado, é um material em estado natural a ser trabalho e que possui
características muito específicas a depender do tipo de variável que se observa (marco e
microestrutura, mineralogia, características físicas).
Por isso, é necessário caracterizar o solo, estudos de granulometria por peneiramento,
granulometria por sedimentação, umidade, limite de liquidez, limite de plasticidade e
permeabilidade são ensaios que ajudam a conhecer os parâmetros geotécnicos do solo para fins
de caracterização.
Ainda nesse sentido, Fredlund e Rahardjo (1993, apud FERREIRA, 2010) explica que
em sua maioria, os problemas que tangem à mecânica dos solos não saturados podem ser
analisados a partir do conhecimento e estudo de três propriedades: o coeficiente de
condutividade hidráulica, os parâmetros de resistência ao cisalhamento e a variação
volumétrica.
Ensaios mais rebuscados como o de cisalhamento direto, triaxial, obtenção da curva
característica, ensaios edométricos e de infiltração, dentre outros são essenciais para simular o
comportamento hidromecânico dos solos quando submetidos a cargas externas, mas são pouco
solicitados por projetistas devido ao alto custo e baixa oferta na região.
11
Assim, o presente trabalho pretende estudar algumas variáveis referentes à sucção e aos
parâmetros de resistência de um perfil de solo residual não saturado, coletados em uma quadra
de Palmas – TO.
1.1 OBJETIVOS
• Classificar as amostras deformadas do solo utilizado na pesquisa por meio dos ensaios
de caracterização do arcabouço geotécnico, tais como, ensaio de umidade, ensaio de
distribuição granulométrica por peneiramento e sedimentação, limite de liquidez, limite
de plasticidade e peso específico;
• Analisar a influência da sucção com a variação da umidade por meio do ensaio do papel
filtro e consequentemente obter a curva característica do solo.
• Coletar amostras indeformadas e realizar ensaios de resistência ao cisalhamento direto
para o solo não saturado e confrontar os parâmetros de cisalhamento com a influência
da sucção do solo e sua curva característica;
1.2 JUSTIFICATIVA
A condição de não saturação dos solos ocorre em uma vasta área do planeta. Os locais
de clima árido e semiárido representam cerca de 60% dos países do mundo, bem como em
países majoritariamente tropicais como o Brasil (FREDLUND, 1996).
Carvalho et al. (2015) afirma que no Brasil, onde os perfis de solos naturais e os solos
compactados se encontram em grande parte na condição não saturada, conhecer as propriedades
12
dinâmica altera o arranjo dos grãos do solo, e por sua vez, ao alterar o estado de tensões no solo
podem acelerar os processos de ruptura, sendo extremamente importante o estudo das variáveis
relacionadas às zonas úmidas acima do lençol freático e sua interação com a superfície.
Portanto, o intuito deste estudo é investigar a influência da umidade nas propriedades
de resistência do solo e contribuir para o banco de dados de solos não saturados da Universidade
Federal do Tocantins e dessa forma, apresentar ensaios complementares aos já utilizados. E
assim os parâmetros no dimensionamento de projetos de engenharia estejam mais condizentes
com a condição local do solo, otimizando custos com projeto, construção e utilização dos
recursos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
nível d’água abaixo do nível do terreno estará sob a influência de uma poropressão negativa e
redução no grau de saturação (FREDLUND, 2012).
Por outro lado, é sabido que existe uma grande variedade dos tipos de solos encontrados
no cotidiano da engenharia, cujos comportamentos mecânicos não são equivalentes quando
confrontados com os conceitos clássicos de solos saturados. A existência de mais de uma fase
fluida representa um comportamento que cria desafios em termos de praticidade na área de
projetos e execução (FREDLUND, 2012).
denominada de sucção matricial. A sucção matricial corresponde a uma das variáveis de estado
de tensão necessárias para descrever o comportamento do solo no estado não saturado
(FREDLUND, 2006).
Dessa forma, Fredlund e Rahardjo (1993) esclarecem que o fato de o solo não estar
totalmente saturado quando relacionado com a variação de ordem estrutural dos solos residuais,
resulta em uma descrição pouco realista do comportamento hidromecânico desses solos sob a
ótica da geotecnia atual. Isso acontece porque os conceitos clássicos da mecânica dos solos
clássica foram criados por meio de observações feitas sobre o comportamento de solos típicos
em regiões de clima temperado. Além disso, existe uma diferença básica entre o solo saturado
e não saturado que é referente à sua natureza, enquanto o solo saturado, teoricamente, é bifásico;
o solo não saturado possui três fases e mais a presença de uma membrana. Portanto, do ponto
de vista mecânico, eles possuem comportamentos diferentes.
Fredlund e Rahardjo (1993) explicam que se por um lado, sucesso da prática da
mecânica dos solos deve-se ao fato dos engenheiros observarem o comportamento do solo e
associá-lo às condições de tensão, o mesmo não pode ser extrapolado para o caso dos solos não
saturados devido à dificuldade em ampliar a teórica clássica para os solos não saturados. Dessa
forma, havia-se um questionamento da real necessidade de se adequar a mecânica dos solos
saturados para a mecânica dos solos não saturados, e o que se constatou foi que devido aos
custos econômicos advindos da condição expansiva dos solos não saturados e suas patologias,
é de suma importância o estudo e entendimento dos solos não saturados.
Além disso, existe também a necessidade de projetos de engenharia mais otimizados
para as condições regionais, inclusive quando se refere fatores como: compactação,
colapsividade e resistência ao cisalhamento dos solos residuais. Daí vem a importância da
caracterização e estudo do solo na sua real condição.
Segundo Fredlund e Morgenstern (1978), o solo não saturado é uma mistura de diversas
fases e que é necessário estabelecer o número e quais fases o compõe, pois, essas diversas fases
influenciam diretamente no estado de tensão do solo. Os autores propõem que o solo é composto
por quatro fases e não três como é comumente apresentado. Como pode ser observado na figura
2, além das partículas sólidas, ar e água existe a interface ar-água que pode ser denominada
como película contráctil.
16
Fredlund e Rahardjo (1993) explicam que para definir a película contráctil como uma
fase é necessário que ela cumpra alguns requisitos, são eles:
- Possuir diferentes propriedades do meio contínuo (solo);
- Possuir superfícies de contato bem definidas.
A membrana contráctil exerce uma tração dentro do maciço rochoso, ela se comporta
como uma membrana elástica sob tensão entrelaçada por toda a estrutura do solo. Ainda
segundo os autores, ao apresentar essas duas características, a película presente no elemento
passou a ser considerada uma fase independente no maciço de solo. Então, partindo do
pressuposto que há um novo componente no espécimen de solo, faz-se necessário o estudo
desse material e a influência dele no comportamento do solo.
As quatro fases são reunidas duas a duas: ar e água, que fluem livremente no maciço, e
a película contráctil juntamente com os sólidos que estão estáticos. Dessa forma, os estudos do
estado de tensões do solo mostraram que as variáveis que melhor definem o estado de tensões
no solo não saturado são (σ – ua) que representa a tensão líquida e (ua – uw) que representa a
sucção matricial, onde σ é a tensão total, ua é a poropressão de ar e uw é a poropressão da água
(Fredlund e Rahardjo, 1993).
17
Sob a ótica do estudo de pressões a sucção pode ser entendida da seguinte forma, quando
a água está sob pressões hidrostáticas superiores à pressão atmosférica o potencial de pressão é
considerado positivo, e quando ela está sob pressões menores do que a pressão atmosférica seu
potencial é considerado negativo, dessa forma esta pressão negativa é denominada sucção
(MASSOCCO apud HILLEL,2017).
A sucção também pode ser explicada com um tipo de energia potencial relacionada à
capacidade apresentada por um material poroso (solo) em absorver água, de forma que ela se
mova livremente por entre os poros. Dito de outra forma, a sucção é definida como a avidez
por água que um determinado material possui. Essa capacidade de absorção é função dos
minerais, da densidade e da umidade do solo. E devido ao o fato de a umidade estar diretamente
ligada ao grau de saturação, deduz-se que a sucção é também função do grau de saturação.
Dessa forma, a sucção decresce a medida em a umidade do solo aumenta e vice-versa
(TEIXEIRA, 2006).
Portanto, quando a água livre infiltra para o interior de um solo não saturado, será
adsorvida ou retida pelo mesmo. Para o desprendimento desta água é preciso que se aplique
uma força externa. A sucção corresponde ao valor de energia aplicada por unidade de volume
de água (LEE e WRAY, 1995 apud FEUERHARMEL, 2007).
Além disso, a existência de sucção em solos não saturados também é reconhecida como
decorrente de efeitos combinados de capilaridade (predominante em solos arenosos), de
adsorção ( associados a solos argilosos) e de osmose (que tem a mesma importância relativa
tanto no caso de solos saturados quanto não-saturados e provenientes da presença de sais na
água existente nos vazios do solo).
De uma forma mais abrangente Hillel (1971) afirma que a energia que compõe o solo
não saturado, é representada em termos de potencial equivalente ou total, formados por 4
potenciais gravitacional, pneumático, osmótico e matricial.
O potencial da água no solo pode ser expresso pela Equação 1:
= + + + (1)
=( − ) (2)
A película formada pela interface ar-água, apresentada na figura 3, atua como uma
membrana contrátil atraindo uma partícula de encontro a outra aumentando assim as tensões
efetivas. É por esse motivo que a sucção mátrica (Sm) também pode ser representada por duas
parcelas, de acordo com a equação 3:
= + (3)
retenção do solo. Tal curva representa a relação entre a quantidade de água presente no material
poroso e a energia necessária para remover esta água. (CARVALHO, GITIRANA JR, et al.,
2015).
Fredlund et al. (2012), por sua vez, refere-se à curva de retenção como a propriedade
fundamental para o estudo da mecânica dos solos não saturados na prática da engenharia. Este
fato é perceptível quando se associa a curva de retenção com a estrutura do solo como pode ser
observado pela figura 4.
Figura 4 - Curva característica unimodal de um solo
Segundo Soto (2004) a obtenção da curva característica é obtida por meio da observação
de trajetórias típicas dos procedimentos de secagem e umedecimento. A figura 5 apresenta a
curva de retenção de um determinado solo com trajetórias diferentes em função do processo ao
qual é submetido, ou seja, uma única amostra de solo quando submetida ao processo de secagem
21
(gráfico de linha contínua) apresenta uma curva característica diferente da curva obtida pelo
método do umedecimento (gráfico de linha tracejada), tal fenômeno é denominado histerese.
Figura 5 - Fenômeno da histerese em solos não saturados
A explicação para o fenômeno da histerese deve-se a diversos fatores, tais quais: efeitos
ângulos de contato durante o aumento do menisco (processo de umedecimento) ou diminuição
(fase de secagem), ausência de uniformidade geométrica dos vazios do solo, ar retido nos poros
do solo, alterações da matriz do solo relacionadas a fenômenos de inchamento (umedecimento)
ou redução durante a secagem (JUCÁ, 1993b apud FEUERHARMEL 2007).
De acordo com Fredlund (2012) os dois métodos (secagem e umedecimento) vêm sendo
usados no decorrer dos anos para medir as curvas características de diversos tipos de solos, mas
o método de secagem é o método mais fácil e prático de ser utilizado em laboratório.
Ainda de acordo com o autor, em alguns casos é necessária a diferenciação das
propriedades do solo associadas com a curva de secagem da curva de umedecimento, por isso
cabe ao profissional geotécnico decidir qual método será utilizado para obtenção da curva, ou
até mesmo decidir por utilizar uma curva intermediária entre as curvas de umedecimento e
secagem.
2.3.1 CURVA CARACTERÍSTICA UNIMODAL
Para Feuerharmel et al. (2006) a grande maioria dos estudos referentes a curvas
característica apresenta gráfico semelhante ao apresentado na figura 5, e é chamada de curva
unimodal.
22
De acordo com Vanapalli et al. (1996b) citado por Feuerharmel (2007), a figura 6
representa uma possível mudança da presença de água em cada trecho da curva unimodal na
figura 5 em que os seguintes fenômenos podem ser observados: (a) corresponde ao estágio em
que o valor inicial de sucção é próximo de zero e se estende até o valor de entrada de ar (VEA),
é nesse trecho que quase todos os poros do solo estão saturados; (b) é uma fase de transição
onde o solo inicia a dessaturação de forma que a umidade decresce e a sucção aumenta; (c) é
nesse estágio que pequenos decréscimos na umidade (na forma de vapor) provocam grandes
aumentos de sucção pois a água está intensamente aderida à matriz do solo – teor de umidade
residual; (d) é a zona residual onde o solo chega a um teor de umidade próximo a zero, ausência
de menisco e sucção em torno de 1.000.000 kPa.
De uma forma geral, a curva bimodal é composta pelos seguintes trechos: o primeiro
trecho é o estágio de dessaturação dos macroporos, o segundo é patamar intermediário e o
último é o estágio de dessaturação dos microporos (Feuerharmel, 2005).
Ainda de acordo com Feuerharmel (2005) o estágio de dessaturação dos macroporos
corresponde à fase em que tanto os macroporos quanto os microporos estão saturados e
permanece nessa condição até o ínicio do valor da entrada de ar (1º VEA). Em seguida ao
início da entrada de ar ocorre o processo de secagem da macroestrutura e resta somente a água
dentro dos agregados de argila.
Já no patamar intermediário, o aumento na sucção ocorre sem nenhuma alteração no
valor de umidade, representando assim a falta de poros intermediários na matriz de solo. Logo
em seguida, inicia-se o estágio de dessaturação dos microporos que é quando ocorre o
segundo valor de entrada de ar (2º VEA) que corresponde à entrada de ar nos microporos da
estrutura e continua até às condições de umidade residual (Feuerharmel. 2005). Ou seja, a
24
A relação entre o teor de umidade e sucção pode ser obtida por meio de diversos
equipamentos, em campo ou em laboratório. De forma geral, os métodos usados para medir
sucção são divididos em duas categorias: diretos e indiretos. Um método é do tipo direto quando
a sucção é medida diretamente, e indireto quando ela é medida através de correlações com
outras propriedades do solo. Alguns métodos, tais quais: a placa de sucção, a centrífuga, o
tensiômetro, o psicrômetro e o aparelho de membrana de pressão, constituem métodos diretos
e entre os métodos indiretos estão o dessecador de vazios, a balança de adsorção e o papel filtro
(Feuerharmel, 2003).
25
A técnica do papel filtro baseia-se na hipótese que, para uma determinada sucção, a
umidade do papel filtro estará em equilíbrio com a do solo. Assim, um solo com determinada
umidade quando em contato com o papel filtro, com umidade mais baixa, faz com que este
último absorva uma quantidade de água do solo até que ambos entre em equilíbrio quanto ao
teor de umidade. O tempo de equilíbrio é um fator de extrema importância para obtenção da
sucção correta (Marinho, 19954)
Apesar de ser uma técnica simples e barata, é preciso extremo cuidado na execução e
interpretação de seus resultados. O sistema utilizado para obtenção da curva característica do
solo deve ser o mais próximo do adotado na calibração do papel filtro (Houston et al., 1994
apud Feuerharmel, 2007).
26
O tipo de contato entre o solo e o papel filtro define qual parcela de sucção está sendo
avaliada: mátrica (contato) ou total (sem contato). A troca de água no sistema ocorre por fluxo
capilar quando o papel filtro está em contato com a água do poro ou por fluxo de vapor
quando existe uma camada de ar entre o papel filtro e o solo como pode ser representado pela
figura 9 (Marinho, 1994).
Tabela 2 - Curvas de calibração para os papéis Whatman n. 42 e Schleicher & Schuell n.589
Marinho (1994) explica que o grau de contato tem pouca influência sobre o valor da
sucção, desde que o tempo de equilíbrio adotado seja adequado ao tipo de técnica utilizada
conforme tabela 1. Esse tempo de equilíbrio é o período necessário para que o conjunto solo-
papel atinja o equilíbrio energético. Além disso, Marinho (1994) sugere que o papel filtro seja
utilizado diretamente da caixa, no estado seco ao ar.
Além do tempo, a temperatura também é um fator a ser considerado durante o período
de equilíbrio dos materiais, já que flutuações na temperatura durante o ensaio podem causar
condensação e vaporização do fluido dentro do compartimento de proteção das amostras
(Houston et al., 1994 apud Vivian, 2008).
Ao finalizar o processo de medição de valores da sucção, parte-se para as equações de
ajuste das curvas de retenção.
Corey, 1964) e Fredlund e Xing (1994) apresentam uma boa estimativa dos valores
experimentais. As equações de ajuste podem ser observadas na tabela 3.
Ainda segundo Gerscovich (2001) várias proposições empíricas foram sugeridas para
simular a curva característica. Algumas modelam a função que se relaciona sucção com
umidade (tais quais as apresentadas na tabela acima). Outras propõem a obtenção da curva
característica a partir de frações granulométricas.
Esse último modelo leva em conta o conceito de similaridade entre a curva
característica e a função da distribuição granulométrica. No entanto, a distribuição
granulométrica está indiretamente relacionada à distribuição do volume de vazios, sendo que
os métodos de modelagem da curva pela distribuição granulométrica não consideram o
arranjo estrutural do solo nem a não uniformidade geométrica dos vazios o que pode ser uma
desvantagem na análise de solos não saturados (Gerscovich, 2001).
29
Os efeitos da água nas propriedades dos solos são reconhecidos e medidos desde o
início dos estudos da Mecânica dos Solos. Para solos saturados, os efeitos da água no solo foram
considerados por Terzaghi (1936) no princípio de tensões efetivas. Diversos fenômenos como:
compressão, distorção e mudança na resistência de cisalhamento, ocorrem devido à mudança
do estado de tensões efetivas (Jennings e Burland, 1962). A tensão efetiva (" # ) por sua vez pode
ser definida como o excesso de tensão total (") aplicada em relação à pressão neutra (u), como
pode ser observado na equação 4:
Já para os solos não saturados, a utilização desse princípio não é adequada por causa da
complexidade do estudo de poros preenchidos por duas fases distintas: ar e água. No intuito de
medir as tensões efetivas em solos não saturados, diversas equações foram elaboradas, inclusive
levando em considerações os parâmetros os estudos de Terzaghi. As equações propostas
buscaram incorporar parâmetros do solo, na condição não saturada, em uma relação única que
possa representar o comportamento do solo em termos de variação do volume e resistência ao
cisalhamento. A equação (5) conhecida como equação de Bishop (1959) ganhou atenção devido
a sua simplicidade e por incluir um termo para a pressão na fase gasosa, enquanto outras
relacionam as pressões medidas à pressão de ar externa (FREDLUND & RAHARDJO, 1993
apud GEORGETTI, 2010).
Em que:
"′ = tensão efetiva;
(" − ) = tensão normal;
30
( − ) = sucção;
= parâmetro relacionado ao grau de saturação do solo.
Fredlund (2006) afirma que apesar de existirem diversas equações que relacionam
variáveis de tensões a outras variáveis de tensões por meio da inclusão de propriedades dos
solos, é importante diferenciar entre o papel dessas equações e a descrição do estado de
tensões (em um ponto) para o solo não saturado em sua forma mais fundamental. Inclusive, o
autor salienta que é importante entender a importância dessas equações para formulações e
resoluções de problemas práticos.
Para Fredlund (2006) foi a adoção das duas variáveis de estado de tensão (tensão
normal líquida e sucção) que permitiram a formação da base geral para o desenvolvimento da
32
mecânica dos solos não saturados enquanto ciência. Inclusive outras relações constitutivas
como a de resistência ao cisalhamento de solos não saturados podem ser equacionadas tanto
do ponto de vista de tensões efetivas quanto das variáveis do estado de tensão.
Dessa forma, como a grande maioria dos problemas que os engenheiros geotécnicos
enfrentam na prática cotidiana da engenharia está relacionada com a resistência ao
cisalhamento dos solos; sendo os mais comuns envolvendo a capacidade de carga dos solos,
empuxos laterais, estabilidade de taludes; é muito importante a correta caracterização e estudo
desse fenômeno. (PEREIRA, 2013).
Anteriormente no item 2.1 foi a introduzido o conceito geral de solos não saturados, e
é partindo desse pressuposto, que ao ampliar o elemento de solo tal qual na figura (10)
verifica-se um sistema polifásico. Esse sistema é constituído pelas seguintes fases: sólida
(grãos e partículas minerais), líquida (água), gasosa (ar) e a fase que se refere à interface ar-
água denominada película contrátil. A película contrátil representa um papel fundamental
quando se analisa o solo sob tensões cisalhantes (FREDLUND E MORGENSTERN, 1977).
= % # + (" − ),$- #
+( − ),$- ”
(8)
= % # + (" − ),$- #
+( − ),$- b
(9)
Em que #
é o ângulo de atrito interno relativo a variações no termo (" − ) quando
o termo ( − ) é mantido constante, b
é o ângulo de atrito interno relativo a variações no
termo ( − ) quando o termo (" − ) é mantido constante.
# b ”
Uma relação entre os ângulos de atrito , e (equação 10) pode ser obtida ao se
igualar as equações 8 e 9.
Ao comparar a utilização das duas equações, Fredlund et al. (1978) verificaram que a
equação 9 é mais prática na aplicação de problemas de engenharia. Assim, a resistência ao
cisalhamento e um solo não saturado é considerada como composta de uma parcela de coesão
efetiva e contribuições da tensão normal líquida (" − ) e da sucção matricial ( − ).
36
b
Posteriormente, de acordo com estudos de Fredlund (1987) descobriu-se que pode
#
aproximadamente igual ao , principalmente para valores baixos de sucção. Após superar a
#
pressão de entrada de ar do solo, o ângulo de atrito reduz a valor inferior a , tornando-se
quase constante e reproduzindo uma envoltória curva tal qual na figura 16.
De acordo com Carvalho et al. (2015) a primeira etapa corresponde a uma fase de
adensamento em que é aplicada uma tensão normal vertical e das pressões de ar e água na
amostra. Assume-se que essa etapa é finalizada quando variações no deslocamento vertical da
amostra e do volume de água drenada são desprezíveis.
A próxima fase, como descrevem os autores, é a de cisalhamento da amostra em que se
aplica uma velocidade de deslocamento constante, acionando-se o motor elétrico do
equipamento. A carga vertical e a força cisalhante horizontal são determinadas a partir de
células de carga; medidas de deslocamento vertical e horizontal são feitas por meio de
transdutores de deslocamento. A amostra de solo a ser cisalhada fica disposta no plano
preferencial de ruptura o que acaba sendo uma das desvantagens do aparelho, pois não indica a
superfície de ruptura mais propícia na própria ruptura, mas ainda assim é um aparelho que gera
uma praticidade maior que o ensaio triaxial. (CARVALHO, GITIRANA JR, et al., 2015).
De acordo com Machado e Machado (2013) outro limitante deste ensaio é a chamada
ruptura progressiva, que se apresentam principalmente em solos muito frágeis em virtude da
deformação cisalhante ao longo do plano de ruptura não ser uniforme, ou seja, no início do
ensaio há a presença de deformação excessiva nas bordas que decrescem em direção ao centro.
Figura 17 - Esquema para realização do ensaio de cisalhamento direto
De acordo com Machado e Machado (2013) na Figura 18, podemos observar o esquema
representativo do aparelho utilizado para realização do ensaio triaxial, diferentemente do
cisalhamento direto a amostra não vai confinada dentro de um caixilho, mas sim, envolta numa
membrana impermeável e que é colocado dentro de uma câmara, preenche-se essa câmara com
água e aplica-se a pressão na água que atuará em todo o corpo de prova.
40
Nesse ensaio a primeira etapa corresponde à fase de consolidação, fase esta em que a
tensão líquida desejada é aplicada mantendo-se a pressão de ar constante e aumento progressivo
da tensão confinante. Ao contrário do cisalhamento direto em que o procedimento é realizado
com velocidade de deslocamento constante.
3. METODOLOGIA
Este capítulo trata dos materiais e métodos a serem utilizados para o desenvolvimento
da pesquisa sobre as características de resistência de um solo de Palmas sob influência da
variação da umidade.
A área escolhida é próxima à Av. Teotônio Segurado uma via urbana que é o eixo de
expansão de Palmas. O local situa-se na quadra 1302 Sul, próximo do Centro Universitário
Católica do Tocantins e será utilizado para construção de um empreendimento vertical
multifamiliar com vagas de garagem no subsolo e, portanto será executada obra de contenção
e taludes, fator este que vem ao encontro do tema estudado neste trabalho já que um dos
parâmetros para dimensionamento de obras de contenção é a resistência ao cisalhamento do
solo, ângulo de atrito e coesão do solo (CARVALHO et al., 2015).
No intuito de caracterizar o solo foram coletadas amostras deformadas para execução
dos seguintes ensaios laboratoriais: granulometria, limites de Atterberg e massa real dos grãos
do solo. Para criação da curva característica foram coletas amostras indeformadas a 2,00 m de
profundidade no terreno. Os corpos-de-prova serão retirados pelo método de cravação e
posteriormente acondicionados com o papel filtro para aferição da sucção após tempo de
equilíbrio. Também serão extraídos corpos-de-prova que serão submetidos ao ensaio de
cisalhamento direto na prensa para obtenção do ponto máximo de tensão cisalhante e ângulo de
atrito e coesão.
A região Sul é uma das regiões mais densas em termos de densidade populacional
mesmo quando comparada às quadras da região Norte. Inclusive aquelas quadras onde ocorreu
ocupação ilegal a densidade é muito alta até para os padrões de Palmas. De acordo com Bazolli
(2007) a região Sul, à época das pesquisas, apresentava forte potencial para empreendimentos
comerciais e de prestação de serviço.
Considerando, atualmente, a forte presença de construções verticais às margens da Av.
Teotônio Segurado e, portanto, com maior chance de utilização de subsolos, ou seja, obras de
contenção e dessa forma, em face a essa alta potencialidade de execução de obras de contenção,
aterros e escavações(taludes) no eixo norte-sul da cidade, essa foi a área escolhida para
42
recolhimento das amostras que servirão de base para o estudo em questão vide mapa no
Apêndice.
Outro fator que facilitou a decisão de escolha da quadra 1302 Sul (figura 19), é que o
terreno em questão possui alguns dados de sondagem do tipo SPT e será construído um
empreendimento cujas característica são relevantes do ponto de vista geotécnico.
A coleta das amostras foi norteada pela NBR 9604/1986 – Abertura de poço e trincheira
de inspeção em solo com retirada de amostras deformadas e indeformadas.
O material retirado do local da escavação para amostras deformadas foi armazenado em
sacos plásticos como pode ser observado na figura 21, de modo que evite sua contaminação
com solo superficial do terreno ou diminuição excessiva de umidade.
As amostras deformadas foram coletadas lateralmente e no fundo da vala de coleta da
amostra indeformada. Para este trabalho foi fixada a profundida de 2,0 (dois) metros para todas
as amostras.
Figura 21 - Amostras coletadas (indeformadas e deformadas)
I II
III IV
(I) – secagem prévia das amostras; (II) – destorroamento dos grãos; (III) – execução do
peneiramento mecânico; (IV) - aferição de massa do solo retido por peneira e separação.
Fonte: Arquivo pessoal do autor
46
Já para o ensaio de Limite de Plasticidade (LP) a norma seguida foi a NBR 7180/84
com a utilização da placa de vidro esmerilhada como mostrado na figura 26, de forma que
após a obtenção do diâmetro desejado as amostras foram colocadas em estufas para medição
das umidades e cálculo de seus respectivos índices.
Figura 26 - Ensaio de limite de plasticidade
As amostras foram extraídas pelo método de cravação do molde metálico como pode
ser observado pela figura 28. Após esse procedimento as amostras foram secas ao ar e só depois
da secagem, foram acrescentadas as diferentes quantidades de água para obtenção dos graus de
saturação desejados.
Figura 28 - Extração de amostra pelo método de cravação
5 = 5 2 .1 − 6
788
1 (12)
Em que:
- : umidade higroscópica (%);
- 5,: massa total da amostra (g);
- Ms: massa de sólidos (g).
Após a obtenção dos valores de massa dos sólidos e foi calculado o volume das
amostras, o volume de sólidos pela equação 13 e de vazios para cada amostra por meio da
equação 14.
/:
9 = (13)
;:
49
9< = 9 − 9 (14)
Em que:
- Vs: volume de sólidos (cm³);
- : peso específico dos sólidos (g/cm³);
- Vt: volume total (cm³);
- Vv: volume de vazios (cm³).
Para o cálculo da quantidade de água a ser acrescentada em cada amostra, foram pré-
definidos 7 diferentes pontos de saturação (10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e 70%) para
plotagem da curva. O cálculo da umidade para cada amostra foi definido pela equação 15,
descontando-se os valores restantes de umidade higroscópica do solo.
/= 0 /:
9 =( + − 9< ) − . 1 (15)
;>
Em que:
- 9 : volume de água acrescentada (cm³);
- Sr: saturação;
- : peso específico da água (g/cm³).
O equipamento utilizado para adicionar a água necessária foi um conta gotas, de forma
que ao se adicionar a água não provocasse a remoção de partículas finas da superfície da
amostra ou deformações excessivas de forma a evitar perda de contato com o papel-filtro, e
balança de precisão, como mostrado na figura 29, já que a quantidade de água para alguns
pontos de saturação era muito baixa e assim difícil de ser medida pela proveta milimetrada.
Figura 29 - Aferição da massa de água necessária para atingir o Sr desejado
? ≤ 47% → %çãK(LM$) =
10N,PN08,8QRR > (%) (17)
? > 47% → %çãK(LM$) = 10Q,8T0R,NP U >(%)
(18)
Em que:
- Ww: Umidade do papel do filtro Whatman nº42;
- Mpu: massa do papel filtro úmido (g);
- Mps: massa do papel filtro seco (g).
Figura 33 - Secagem dos papéis-filtro em estufa
Em que:
- , m e n são parâmetros de ajuste empíricos que afetam o formato da curva;
7
-\ =1- .]1 (restrição de Mualen).
As placas na parte inferior esquerda da imagem são colocadas embaixo da amostra, já as placas
da parte inferior direita da imagem vão na parte superior da amostra de solo na figura 38.
As placas servem para proporcionar a drenagem do solo (placa porosa e papel filtro) além de
criar uma superfície cuja aderência (placa metálica com ranhuras) possibilita o correto cisalhamento da
amostra, como mostra o conjunto abaixo em sua organização final antes do cisalhamento.
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro das partículas (mm)
argilosos de alta plasticidade) enquanto que pela classificação SUCS, o solo é do tipo SM, ou
seja, uma areia siltosa com pedregulho. A segunda classificação é confirmada pela curva
granulométrica, já que pelo resumo granulométrico apresentado na tabela 5, o solo possui
percentuais predominantes de pedregulho e material fino, em geral é um solo grosso já que
menos do que 50% passa na peneira 200.
Quadro 1 - Resumo granulométrico da amostra 01
Quadro 2 - LP e IP da amostra 01
A massa específica dos grãos do solo (Gs) foi realizada a partir do método do picnômetro. Dessa
forma, para a amostra 01 foi encontra um Gs de 2,705. O resultado foi considerado satisfatório já que
os resultados individuais não diferiram em mais que 0,02 g/cm³.
Amostra 01
Ensaio Ensaio
01 02
Peso do picnometro (g) 169,81 161,19
Peso do picnômetro + água (g) 667,52 657,95
Peso do picnômetro + solo (g) 229,81 221,19
Peso do solo seco (g) 60 60
Peso do picnômetro com água e solo (g) 705,33 695,92
Temperatura (°C) 25,5 25,5
Massa específica da água à temperatura ambiente (g/xm³) 0,9969 0,9969
Massa específica real dos grãos (g/cm³) 2,696 2,715
Gs 2,705
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
% passa
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro das partículas (mm)
Com relação aos limites de Atterberg da amostra 02 com LL igual a 42,50, LP igual a
30,59, o índice de plasticidade (IP) resultante caracteriza o material como medianamente
plástico pois o IP encontra-se entre 7 e 15.
Para o ensaio de massa específica real dos grãos a amostra 02 apresentou um Gs de
2,713. O resultado, de acordo com a norma, também é satisfatório já que os valores individuais
de cada ensaio não distam mais que 0,02 g/cm³ e também pode ser inferido que por possui uma
maior quantidade de finos, principalmente argilosos, a sua microestrutura é mais densa que a
da amostra 02.
61
Quadro 5 - LL e IP da amostra 02
Amostra 02
Ensaio Ensaio
01 02
Peso do picnometro (g) 152,33 108,22
Peso do picnômetro + água (g) 679,01 623
Peso do picnômetro + solo (g) 212,33 168,22
Peso do solo seco (g) 60 60
Peso do picnômetro com água e solo (g) 716,91 661,01
Temperatura (°C) 25,5 25,5
Massa específica da água à temperatura ambiente (g/xm³) 0,9969 0,9969
Massa específica real dos grãos (g/cm³) 2,707 2,720
Gs 2,713
62
(ua-uw) σ τ Critério de
Solo Condição de ensaio c(kPa) ∅(°)
(kPa) (kPa) (kPa) ruptura
50 36,28 Pico
Sr=36,95%
283,19 100 94,14 Pico 6,86 37,62
w = 20,98%
200 153,1 Pico
50 25,49 Pico
Amostra Sr=46,18%
14,19 100 44,13 Pico 18,63 36,84
01 w=natural
200 132,4 Deslocamento
50 34,32 Deslocamento
Sr = 56%
6,76 100 40,22 Pico 4,9 33,22
w=33,03%
200 127,5 Pico
50 89,24 Pico
Sr=34,04%
630,34 100 108,9 Pico 48,05 35,26
w = 20,44%
200 190,3 Pico
50 66,69 Deslocamento
Amostra Sr=39,13%
11,66 100 71,59 Pico 2,94 46,2
02 w=natural
200 176,5 Deslocamento
50 29,42 Pico
Sr= 53,22%
7,44 100 37,27 Pico 0 33,08
w=30,82%
200 136,3 Pico
- Curvas tensão cisalhante versus deformação horizontal que apresentam uma tensão
cisalhante contínua crescente, o valor de resistência é onde a reta mantém a inclinação constante
ou o valor referente a tensão cisalhante em 10% da deformação horizontal total.
Ao analisar os gráficos de envoltória em conjunto aos dados do quadro acima, observa-
se uma diminuição da tensão cisalhante máxima com o aumento da saturação do solo
Figura 44 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 01 (abaixo da umidade natural)
1,4
1,2
1
50 kPa
0,8
100 kPa
0,6
200 kPa
0,4
0,2
0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)
1,8
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
As amostras rompidas no estágio de umidade natural (figura 46) apresentam um gráfico com
deslocamento horizontal inicial próximo a 7 mm, pois no cisalhamento da primeira amostra a célula
64
bipartida não foi retornada automaticamente até o ponto zero (posição inicial) e precisou-se retorná-la
manualmente, o que após a plotagem dos gráficos percebeu-se esse deslocamento. O suporte técnico
do fabricante informou que esse tipo de deslocamento não influencia nos resultados de cisalhamento
pois mesmo com o deslocamento de 7 mm a tensão cisalhante foi aplicada apenas no início do ensaio,
e não em um momento anterior ou posterior de quando deveria ser aplicada. O único cuidado que se
deve ter é que ao se analisar o critério de ruptura com base no deslocamento considerar 7,00 mm como
o ponto de partida.
1,20
0,90
50 kPa
0,60 100 kPa
200 kPa
0,30
0,00
5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Deslocamento horizontal (mm)
1,6
1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
65
1,2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
0,8
50 kPa
0,6 100 kPa
200 kPa
0,4
0,2
0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)
1,4
1,2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
66
2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,5
50 kPa
1 100 kPa
200 kPa
0,5
0
0 2 4 6 8 10 12
Deslocamento horizontal (mm)
2,5
2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,5
0,5
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
67
2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,5
50 kPa
1 100 kPa
200 kPa
0,5
0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)
2
1,8
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
68
1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,2
0,8 50 kPa
100 kPa
0,6
200 kPa
0,4
0,2
0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)
1,6
1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)
1,2
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
Em posse dos dados experimentais de sucção e umidade volumétrica foi possível obter
a curva de retenção e realizar o ajuste de Van Genuchten (1980) no software RETC (1991). O
quadro 8 apresenta os dados obtidos por meio ensaio com o papel filtro. Foi necessária a
70
conversão das unidades de sucção e umidade para as unidades utilizada pelo programa, então
ao invés de kilopascal, uso-se hectapascal na escala log e ao invés de porcentagem para a
umidade, foi utilizada a unidade de centímento cúbico por centímetro cúbico (umidade
gravimétrica), tal qual pode ser observado no gráfico da figura 48 da curva característica para
a amostra 01.
No entanto para problemas de engenharia geotécnica as unidades mais utilizadas são as
demonstradas no quadro 8. Ao final da execução da curva o software RETC ainda exibe um
relatório com os parâmetros de ajuste utilizadas para plotagem da curva de retenção, tais dados
estão expressos no quadro 9, inclusive com R² indicando uma boa aderência dos pontos de
sucção versus umidade ao ajuste representado pela curva.
A curva característica para a amostra 02 não pode ser plotada devido à baixa aderência
dos dados ao ajuste da curva.
Amostra 01 Amostra 02
Sucção Sr Sucção Sr
(kPa) (%) (kPa) (%)
1588,35 33,17 1571,83 30,70
401,99 39,18 630,34 32,32
283,19 36,95 99,61 34,04
28,87 46,75 27,72 36,56
14,19 46,18 11,66 39,13
7,94 50,26 7,44 53,22
6,76 56,00 6,43 63,23
5,84 71,35 N/A
5. CONCLUSÕES
(2008), para sucções baixas ∅b é igual a ∅’ e para sucções elevadas ∅b descresce até se tornar
menor que ∅’.
Algumas divergências foram observadas, principalmente com relação aos valores da
tensão cisalhante em função da sucção, fato este que pode estar ligado à dificuldade de se impor
sucção aos corpos de prova, à moldagem das amostras por meio de cravação do solo no estado
indeformado e ao controle minucioso da umidade dos corpos de prova durante o ensaio, no
entanto todos os R² dos gráficos de envoltória estão acima de 90%, o que mostra boa aderência
dos resultados ao modelo de ensaio.
Portanto, o método do papel filtro para obtenção da curva característica de um solo de
Palmas se motrou eficaz apesar da quantidade de variáveis a serem controladas em laboratório.
Muitos estudos nessa área ainda precisam ser feitos para que o método de análise de solos não
saturados se torne cada vez mais corriqueiro na construção civil em virtude dos benefícios
trazidos pelo conhecimento dos parâmetros de resistência do solo.
Por isso, sugere-se para trabalhos futuros no âmbito de solos saturados, o aumento do
número de amostras para montagem de uma superfície de ruptura tal qual foi realizado por
Machado (2016) e aplicação dos valores obtidos em uma aplicação prática, por exemplo em
estabilidade de taludes, variação do método de obtenção da curva característica por meio
câmara de Richards.
74
REFERÊNCIAS
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Drained Conditions, ASTM Standards, 1998.
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simples reconhecimento com SPT: método de ensaio. Rio de Janeiro, fev. 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9604/86: Abertura de poço
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