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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO-TCC

Welkens Gomes de Oliveira

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA


UMIDADE NOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DE UM SOLO NÃO
SATURADO DA CIDADE DE PALMAS-TO

Palmas
2022
Welkens Gomes de Oliveira

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA


UMIDADE NOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DE UM SOLO NÃO
SATURADO DA CIDADE DE PALMAS-TO

Monografia apresentado ao curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Tocantins como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Marcus Vinícius Ribeiro
e Souza

Palmas
2022
Welkens Gomes de Oliveira

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA


UMIDADE NOS PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DE UM SOLO NÃO
SATURADO DA CIDADE PALMAS – TO

Monografia apresentada à disciplina


Projeto de Graduação II, do curso de
Engenharia Civil da Universidade Federal do
Tocantins, para fins de desenvolvimento do
Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela
seguinte banca examinadora:

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Marcus Vinicius Ribeiro e Souza (Orientador)


Universidade Federal do Tocantins

Prof. Me. Bruno Rogério da Hora Lôbo


Universidade Federal do Tocantins

Eng. Dr. Raydel Lorenzo Reinaldo


Pennoni Associates

Palmas-TO
2022
Dedico este trabalho aos meus pais,
Irisvaldo e Luzimar e a minha querida tia,
Maria de Jesus, por toda a compreensão e o
apoio. Nos momentos em que estive
desanimado a força para continuar veio de Deus
por intermédio de meus pais.
“O futuro pertence aqueles que acreditam
na beleza de seus sonhos.”
(Eleanor Roosevelt)
RESUMO

Os solos não-saturados cobrem cerca de 70% do planeta e no Brasil não é diferente, a


maior parte do território é composta por solos não saturados. No entanto a mecânica dos solos
clássica é voltada para solos completamente saturados. Tal fato induz engenheiros geotécnicos
a muitas decisões de cunho técnico pouco otimizadas quando extrapolam conceitos, cálculos e
ensaios geotécnicos de solos saturados para solos não saturados. Por esse motivo faz se
necessário o estudo da influência da variação da umidade no comportamento mecânico do solo
não-saturado, principalmente no que se refere ao papel da sucção nos parâmetros de resistência
do solo. Partindo-se do pressuposto que a água no solo muda o seu comportamento
hidromecânico os dados referente a esse fenômeno pode ser utilizado para diversos estudos do
cotidiano de obras geotécnica entre as quais pode-se citar de estabilidade de taludes, construção
de barragens de rejeito, interação solo-fundação, drenagem, correta destinação de resíduos
sólidos já que o lixo se comporta como um solo não saturado. Foram caracterizados dois solos
e obtidas suas respectivas curvas características, no intuito de observar a relação entre o
aumento da umidade e os parâmetros de resistência do solo. A caracterização do solo foi
realizada por meio dos ensaios de granulometria, limites de Atterberg e massa específica dos
grãos, a curva de retenção foi ajustada pelo software RETC, enquanto o ensaio de cisalhamento
realizado foi pelo método cisalhamento direto. No geral, todos os ensaios tiveram uma boa
aderência aos modelos de estudo sugeridos e pode-se fazer as observações desejadas a respeito
da variação dos parâmetros de resistência do solo com a variação da umidade no solo.

Palavras-chave: Variação da umidade; sucção; parâmetros de resistência ao


cisalhamento; método do papel filtro; solos não saturados.
ABSTRACT
Unsaturated soils cover about 70% of the planet and in Brazil it is no different, most of
the territory is composed of unsaturated soils. However, classical soil mechanics is geared
towards fully saturated soils. This fact induces geotechnical engineers to make many decisions
of a poorly optimized technical nature when extrapolating geotechnical concepts, calculations
and tests from saturated soils to unsaturated soils. For this reason, it is necessary to study the
influence of moisture variation on the mechanical behavior of unsaturated soil, especially with
regard to the role of suction in soil resistance parameters. Assuming that the water in the soil
changes its hydromechanical behavior, the data referring to this phenomenon can be used for
several studies of the daily routine of geotechnical works, among which we can mention slope
stability, construction of tailings dams, soil-foundation interaction, drainage, correct disposal
of solid waste since the garbage behaves like an unsaturated soil. Two soils were characterized
and their respective characteristic curves were obtained, in order to observe the relationship
between the increase in moisture and the soil resistance parameters. Soil characterization was
performed using granulometry tests, Atterberg limits and specific gravity of the grains, the
retention curve was adjusted by the RETC software, while the shear test performed was by the
direct shear method. In general, all tests had a good adherence to the suggested study models
and the desired observations can be made regarding the variation of soil resistance parameters
with the variation of soil moisture.

Key-words: Moisture variation; suction; shear strength parameters; filter paper method;
unsatured soils.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - SUBDIVISÃO DAS ZONAS DE SOLO NÃO SATURADO .................................................. 14


FIGURA 2 - ELEMENTO DE SOLO NÃO SATURADO COM FASE AR CONTÍNUA ................................ 16
FIGURA 3 - SUCÇÃO MATRICIAL E SEUS EFEITOS ........................................................................ 19
FIGURA 4 - CURVA CARACTERÍSTICA UNIMODAL DE UM SOLO ................................................... 20
FIGURA 5 - FENÔMENO DA HISTERESE EM SOLOS NÃO SATURADOS ........................................... 21
FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA MUDANÇA DE ÁGUA DA CURVA UNIMODAL ..... 22
FIGURA 7 - CURVA CARACTERÍSTICA BIMODAL DE UM SOLO ..................................................... 23
FIGURA 8 - CURVAS CARACTERÍSTICAS DE TRÊS TIPOS DE SOLOS .............................................. 24
FIGURA 9 - FLUXOS ENTRE O SOLO E PAPEL FILTRO ................................................................... 26
FIGURA 10 - CATEGORIZAÇÃO DO SOLO BASEADO NA QUANTIDADE DE ÁGUA .......................... 32
FIGURA 11 - MUDANÇA ESTRUTURAL DE UM SOLO GRANULAR EM FUNÇÃO DA CARGA ............. 33
FIGURA 12 - ANÁLISE DE UM ELEMENTO DE SOLO NÃO SATURADO SOB TENSÕES ...................... 34
FIGURA 13 - ENVOLTÓRIA DE RESISTÊNCIA DE SOLOS NÃO SATURADOS .................................... 36
FIGURA 14 - LINHAS DE CONTORNO DA ENVOLTÓRIA RUPTURA NO PLANO Τ VERSUS ( - ) ... 37
FIGURA 15 - GRÁFICO DE TENSÃO CISALHANTE VERSUS SUCÇÃO CONTROLADA........................ 37
FIGURA 16 - ENVOLTÓRIA NÃO LINEAR ..................................................................................... 38
FIGURA 17 - ESQUEMA PARA REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO ................... 39
FIGURA 18 - ESQUEMA DE APARELHO DE ENSAIO TRIAXIAL....................................................... 40
FIGURA 19 - LOCALIZAÇÃO DA QUADRA DE ESTUDO DENTRO DO PLANO DIRETOR DE PALMAS . 42
FIGURA 20 - LOCALIZAÇÃO DO LOTE DENTRO DA QUADRA........................................................ 42
FIGURA 21 - AMOSTRAS COLETADAS (INDEFORMADAS E DEFORMADAS) ................................... 43
FIGURA 22 - LAUDO DE SONDAGEM SPT - QD.1302 SUL, LT 09 ................................................ 44
FIGURA 23 - PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE GRANULOMÉTRICA .......................................... 45
FIGURA 24 - SOLO SEPARADO EM ORDEM DECRESCENTE DE DIÂMETROS ................................... 46
FIGURA 25 - ENSAIO DE LIMITE DE LIQUIDEZ ............................................................................. 46
FIGURA 26 - ENSAIO DE LIMITE DE PLASTICIDADE ..................................................................... 47
FIGURA 27 - ENSAIO DE MASSA ESPECÍFICA DO SOLO ................................................................ 47
FIGURA 28 - EXTRAÇÃO DE AMOSTRA PELO MÉTODO DE CRAVAÇÃO......................................... 48
FIGURA 29 - AFERIÇÃO DA MASSA DE ÁGUA NECESSÁRIA PARA ATINGIR O SR DESEJADO ......... 49
FIGURA 30 - PASSO-A-PASSO DOS PAPÉIS FILTRO E ACONDICIONAMENTO DE AMOSTRAS........... 50
FIGURA 31 - AFERIÇÃO DE MASSA DO PAPEL-FILTRO APÓS CONTATO COM A AMOSTRA DE SOLO
.......................................................................................................................................... 51
FIGURA 32 - ARMAZENAMENTO DE PAPEL FILTRO APÓS A PESAGEM ......................................... 52
FIGURA 33 - SECAGEM DOS PAPÉIS-FILTRO EM ESTUFA ............................................................. 52
FIGURA 34 - SOFTWARE DE AJUSTE DA CURVA CARACTERÍSTICA .............................................. 53
FIGURA 35 - CISALHAMENTO ELETRÔNICO COM LVDT’S – SERVO CONTROLADO ..................... 54
FIGURA 36 - PESAGEM DA AMOSTRA ANTES DO ENSAIO DE CISALHAMENTO .............................. 55
FIGURA 37 - PREPARAÇÃO DO APARATO DE CISALHAMENTO ..................................................... 55
FIGURA 38 - AMOSTRA ACONDICIONADA DENTRO DO APARATO DE CISALHAMENTO ................. 56
FIGURA 39 - APARATO DE CISALHAMENTO COMPLETO .............................................................. 56
FIGURA 40 - CURVA GRANULOMÉTRICA DO SOLO DA AMOSTRA 01 ........................................... 57
FIGURA 41 - GRÁFICO DO LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) DA AMOSTRA 01 ....................................... 58
FIGURA 42 - CURVA GRANULOMÉTRICA DO SOLO DA AMOSTRA 02 ........................................... 60
FIGURA 43 - LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) DA AMOSTRA 02............................................................ 61
FIGURA 44 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 01 (ABAIXO DA UMIDADE NATURAL)
.......................................................................................................................................... 63
FIGURA 45 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 01 PARA UMIDADE ABAIXO DA NATURAL ................... 63
FIGURA 46 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 01 (UMIDADE NATURAL) ................ 64
FIGURA 47 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 01 NA UMIDADE NATURAL .......................................... 64
FIGURA 48 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 01 (ACIMA DA UMIDADE NATURAL)65
FIGURA 49 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 01 PARA UMIDADE ACIMA DA NATURAL ..................... 65
FIGURA 50 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 02 (ABAIXO DA UMIDADE NATURAL)
.......................................................................................................................................... 66
FIGURA 51 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 02 PARA UMIDADE ABAIXO DA NATURAL ................... 66
FIGURA 52 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 02 (UMIDADE NATURAL) ................ 67
FIGURA 53 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 02 PARA UMIDADE NATURAL ...................................... 67
FIGURA 54 - GRÁFICO TENSÃO X DEFORMAÇÃO AMOSTRA 02 (ACIMA DA UMIDADE NATURAL)68
FIGURA 55 - ENVOLTÓRIA DA AMOSTRA 02 PARA UMIDADE ACIMA DA NATURAL ..................... 68
FIGURA 56 - GRÁFICO TENSÃO CISALHANTE X SUCÇÃO (AMOSTRA 01) .................................... 69
FIGURA 57 - GRÁFICO TENSÃO CISALHANTE VERSUS SUCÇÃO (AMOSTRA 02) .......................... 69
FIGURA 58 - CURVA CARACTERÍSTICA DA AMOSTRA 01 PLOTADA PELO RETC ......................... 71
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

c Coesão
c’ Coesão efetiva
Ângulo de atrito
σ Tensão total
σ’ Tensão efetiva
Parâmetro de Bishop
S Grau de saturação
Peso específico da água
Peso específico dos sólidos
Umidade higroscópica
Potencial total da água no solo
Potencial gravitacional (posição)
Potencial pneumático (pressão)
Potencial osmótico (solutos)
Potencial matricial (forças de adsorção)
Sucção matricial
Poropressão do ar
Poropressão da água
Sucção matricial
Parcela da sucção referente à adsorção
Parcela da sucção referente à capilaridade
∅′ Ângulo de atrito interno
∅" Ângulo de atrito interno
∅ Ângulo de atrito interno referente a sucção
Tensão de cisalhamento
, m e n Parâmetros de ajuste da curva característica
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: MÉTODOS DE OBTENÇÃO DA SUCÇÃO DO SOLO ........................................................ 25
TABELA 2 - CURVAS DE CALIBRAÇÃO PARA OS PAPÉIS WHATMAN N. 42 E SCHLEICHER &
SCHUELL N.589 ................................................................................................................. 27
TABELA 3 - EQUAÇÕES DE AJUSTE DE CURVA CARACTERÍSTICA (UNIMODAL) ........................... 28
TABELA 4 - EQUAÇÕES DE TENSÕES EFETIVAS PARA SOLOS NÃO SATURADOS ........................... 31

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - RESUMO GRANULOMÉTRICO DA AMOSTRA 01........................................................ 58


QUADRO 2 - LP E IP DA AMOSTRA 01 ........................................................................................ 59
QUADRO 3 - MASSA ESPECÍFICA REAL DOS GRÃOS DA AMOSTRA 01 .......................................... 59
QUADRO 4 - RESUMO GRANULOMÉTRICA DA AMOSTRA 02........................................................ 60
QUADRO 5 - LL E IP DA AMOSTRA 02 ........................................................................................ 61
QUADRO 6 - MASSA ESPECÍFICA REAL DOS GRÃOS DA AMOSTRA 02 .......................................... 61
QUADRO 7 - RESUMO DOS ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ................................................ 62
QUADRO 8 - SUCÇÃO MEDIDA E SATURAÇÃO ............................................................................. 70
QUADRO 9 - PARÂMETROS DE AJUSTE DA CURVA CARACTERÍSTICA .......................................... 70
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................10

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 11


1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 11
1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 11
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................................13

2.1 CONCEITOS GERAIS ................................................................................................................. 15


2.2 DEFINIÇÃO DE SUCÇÃO NO SOLO .................................................................................... 17
2.3 CURVA CARACTERÍSTICA DO SOLO .................................................................................... 19
2.4 O ESTADO DE TENSÕES DO SOLO NÃO SATURADO ......................................................... 29
2.5 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS ................................. 31
2.6 ENSAIO DE CISALHAMENTO DOS SOLOS NÃO SATURADOS ......................................... 38

3. METODOLOGIA ........................................................................................................................41

3.1 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................................................... 41


3.2 COLETA DAS AMOSTRAS DE SOLO ...................................................................................... 43
3.3 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA ........................................................................................ 45
3.4 ESTIMATIVA DA QUANTIDADES DE ÁGUA – OBTENÇÃO DA CURVA ......................... 48
3.5 OBTENÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA ......................................................................... 50
3.6 ENSAIO DE CISALHAMENTO E COLETA DOS DADOS....................................................... 54

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..............................................................57

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................72

REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................74
10

1 INTRODUÇÃO

O homem tem construído cada vez mais e melhor graças ao aprimoramento das técnicas
construtivas e ao desenvolvimento de novos materiais. Partindo do pressuposto que a ação
antrópica tem alterado o espaço geográfico de uma forma tão significativa surge então à
necessidade de construir em locais cada vez mais desafiadores do ponto de vista de técnico; e
para que essas construções possam ser edificadas é de extrema importância conhecer as
características inerentes ao local.
As características que influenciam a vida útil das obras vão desde levantamento das
características climáticas (influência dos ventos e incidência solar), topográficas, hidrológicas,
até a análise e estudo do solo, pois é nele onde a estrutura será assentada e consequentemente
isso influencia de forma significativa a durabilidade da estrutura.
Na engenharia observa-se que diversos materiais utilizados no dia a dia possuem suas
características físico-químicas e comportamento mecânico amplamente difundidos, isso
contribui para sua ampla utilização justamente pelo fato de serem materiais manufaturados.
Já o solo não saturado, é um material em estado natural a ser trabalho e que possui
características muito específicas a depender do tipo de variável que se observa (marco e
microestrutura, mineralogia, características físicas).
Por isso, é necessário caracterizar o solo, estudos de granulometria por peneiramento,
granulometria por sedimentação, umidade, limite de liquidez, limite de plasticidade e
permeabilidade são ensaios que ajudam a conhecer os parâmetros geotécnicos do solo para fins
de caracterização.
Ainda nesse sentido, Fredlund e Rahardjo (1993, apud FERREIRA, 2010) explica que
em sua maioria, os problemas que tangem à mecânica dos solos não saturados podem ser
analisados a partir do conhecimento e estudo de três propriedades: o coeficiente de
condutividade hidráulica, os parâmetros de resistência ao cisalhamento e a variação
volumétrica.
Ensaios mais rebuscados como o de cisalhamento direto, triaxial, obtenção da curva
característica, ensaios edométricos e de infiltração, dentre outros são essenciais para simular o
comportamento hidromecânico dos solos quando submetidos a cargas externas, mas são pouco
solicitados por projetistas devido ao alto custo e baixa oferta na região.
11

Assim, o presente trabalho pretende estudar algumas variáveis referentes à sucção e aos
parâmetros de resistência de um perfil de solo residual não saturado, coletados em uma quadra
de Palmas – TO.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo desta pesquisa é avaliar a sucção e o comportamento mecânico do solo não


saturado(resistência ao cisalhamento) de uma quadra da cidade de Palmas, quando submetido
a esforços de tensões cisalhantes.

1.1.2 Objetivos específicos

Para satisfazer o objetivo geral, são propostos os seguintes objetivos específicos:

• Classificar as amostras deformadas do solo utilizado na pesquisa por meio dos ensaios
de caracterização do arcabouço geotécnico, tais como, ensaio de umidade, ensaio de
distribuição granulométrica por peneiramento e sedimentação, limite de liquidez, limite
de plasticidade e peso específico;
• Analisar a influência da sucção com a variação da umidade por meio do ensaio do papel
filtro e consequentemente obter a curva característica do solo.
• Coletar amostras indeformadas e realizar ensaios de resistência ao cisalhamento direto
para o solo não saturado e confrontar os parâmetros de cisalhamento com a influência
da sucção do solo e sua curva característica;

1.2 JUSTIFICATIVA

A condição de não saturação dos solos ocorre em uma vasta área do planeta. Os locais
de clima árido e semiárido representam cerca de 60% dos países do mundo, bem como em
países majoritariamente tropicais como o Brasil (FREDLUND, 1996).
Carvalho et al. (2015) afirma que no Brasil, onde os perfis de solos naturais e os solos
compactados se encontram em grande parte na condição não saturada, conhecer as propriedades
12

e comportamentos dos solos nesse estado é fundamental para a segurança e otimização de


projetos bem como para a execução e vida útil das obras. Em decorrência disso, é
imprescindível o conhecimento dos aspectos que afetam as propriedades e comportamento
geotécnico dos solos não saturados, tais como: mineralógica, estrutura e comportamento
hidromecânico. Além disso, destaca-se o estudo das propriedades de resistência ao
cisalhamento e seus parâmetros.
Nas últimas quatro décadas, a base teórica da Mecânica dos Solos na condição não
saturada vem sendo amplamente estudada, produzindo resultados muito importantes para a
geotecnia. Esses estudos foram largamente discutidos e divulgados em periódicos, anais de
congressos e seminários em âmbito nacional e internacional.
Trazendo o panorama descrito acima para a realidade local, de acordo com dados do
IBGE, a capital do Tocantins possui uma das mais importantes taxas de crescimento
demográfico do Brasil nos últimos 10 anos (5,2%), o que torna o seu crescimento vertical
indispensável.
Ainda nesse sentido, Rezende (2021) explica que no último triênio houve um aumento
considerável no número de empreendimentos verticais com mais de cinco andares. Esse
fenômeno da verticalização, que é uma tendência natural dos grandes centros urbanos, é um
indicativo do desenvolvimento de Palmas.
Para Santos (2000, apud GARCIA, 2017, p.17) os solos do estado do Tocantins, apesar
dos mais recentes estudos, ainda carecem de mais de estudos para implementação da base de
dados das características geotécnicas e assim aprimorar os parâmetros de dimensionamento de
fundações (rasas e profundas), taludes, muros de arrimo, aterros dentre outros.
Mas para que esse cenário de desenvolvimento não aconteça de forma desordenada, é
necessário todo um arcabouço de informações de caráter técnico-científico sobre os aspectos
geofísicos da região que vão além de ensaios básicos. É nesse ambiente que se justifica o papel
das instituições de ensino de Palmas em desenvolver trabalhos que busquem o conhecimento
das propriedades dos solos da região.
É pensando nos métodos de projeto usuais para essas obras de engenharia e na condição
do solo da região (condição não saturada) que se busca dados mais verossímeis à realidade
tocantinense.
Apesar de não de ser uma cidade como muitos aclives, declives e encostas no plano
diretor, as chuvas muito intensas e períodos de estiagem prolongados são recorrentes e fazem
com o solo sofra processos de secagem e umedecimento. De acordo com Fredlund (1993) tal
13

dinâmica altera o arranjo dos grãos do solo, e por sua vez, ao alterar o estado de tensões no solo
podem acelerar os processos de ruptura, sendo extremamente importante o estudo das variáveis
relacionadas às zonas úmidas acima do lençol freático e sua interação com a superfície.
Portanto, o intuito deste estudo é investigar a influência da umidade nas propriedades
de resistência do solo e contribuir para o banco de dados de solos não saturados da Universidade
Federal do Tocantins e dessa forma, apresentar ensaios complementares aos já utilizados. E
assim os parâmetros no dimensionamento de projetos de engenharia estejam mais condizentes
com a condição local do solo, otimizando custos com projeto, construção e utilização dos
recursos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A mecânica dos solos clássica foi elaborada partindo-se do desempenho do solo na


condição saturada; dessa forma o estudo do comportamento mecânico e suas características
hidráulicas bem estabelecidas na teoria e na prática para o solo saturado. (PEREIRA, 2013).
Entretanto, o solo nem sempre está na condição saturada. Locais de clima árido e
semiárido, em que o fenômeno da evaporação supera à precipitação é evidenciado a ocorrência
do equilíbrio hídrico negativo, essa mudança ambiental afeta diretamente o comportamento do
solo não saturado (CARVALHO, GITIRANA JR, et al., 2015).
O Brasil é um país tropical onde o clima se caracteriza por ser quente e úmido na maior
parte do ano. Devido a essa característica climatológica, o país possui regimes seco e chuvoso
bem definido e consequentemente acaba influenciando a forma como o solo reage com água
proveniente da chuva. Dessa forma, a pluviosidade é um fator que se apresenta de forma
sazonal, por sua vez, o solo nas regiões tropicais é classificado como não saturado. Isso quer
dizer que nem todos os vazios daquele solo encontram-se totalmente preenchidos por água, de
forma que a depender da profundidade observada o solo encontra-se parcialmente saturado
(BURGOS, CONCIANI, BEZERRA, 2015).
A mecânica dos solos pode ser subdivida em: estudo dos solos saturados e estudos solos
não saturados. A divisão entre eles se torna necessária devida à distinção na natureza de cada
material e seu comportamento específico quando estimulados e submetidos a carregamentos. O
solo não saturado é constituído por mais de duas fases e a poropressão devido à umidade é
negativa quando comparada à poropressão do ar. O solo próximo à superfície que apresenta
14

nível d’água abaixo do nível do terreno estará sob a influência de uma poropressão negativa e
redução no grau de saturação (FREDLUND, 2012).
Por outro lado, é sabido que existe uma grande variedade dos tipos de solos encontrados
no cotidiano da engenharia, cujos comportamentos mecânicos não são equivalentes quando
confrontados com os conceitos clássicos de solos saturados. A existência de mais de uma fase
fluida representa um comportamento que cria desafios em termos de praticidade na área de
projetos e execução (FREDLUND, 2012).

Figura 1 - Subdivisão das zonas de solo não saturado

Fonte: Fredlund (1996) apud MASSOCCO (2017).


Na figura acima existem duas zonas de interesse do ponto de vista geotécnico de solos
não saturados, uma região é denominada zona vadosa e está logo acima do lençol freático, local
em que a água apresenta pressão menor que a atmosférica estando relacionada a ela um valor
de sucção. A região imediatamente acima do nível d’água denominada franja capilar. A franja
capilar permanece saturada, e a região acima da franja, mais próxima da superfície está no
estado não saturado (FREDLUND, 2012).
A observação sobre essas duas regiões recai sobre o fato de que a diferença entre a
poropressão do ar presente no interior da estrutura do solo e a poro pressão da água é
15

denominada de sucção matricial. A sucção matricial corresponde a uma das variáveis de estado
de tensão necessárias para descrever o comportamento do solo no estado não saturado
(FREDLUND, 2006).
Dessa forma, Fredlund e Rahardjo (1993) esclarecem que o fato de o solo não estar
totalmente saturado quando relacionado com a variação de ordem estrutural dos solos residuais,
resulta em uma descrição pouco realista do comportamento hidromecânico desses solos sob a
ótica da geotecnia atual. Isso acontece porque os conceitos clássicos da mecânica dos solos
clássica foram criados por meio de observações feitas sobre o comportamento de solos típicos
em regiões de clima temperado. Além disso, existe uma diferença básica entre o solo saturado
e não saturado que é referente à sua natureza, enquanto o solo saturado, teoricamente, é bifásico;
o solo não saturado possui três fases e mais a presença de uma membrana. Portanto, do ponto
de vista mecânico, eles possuem comportamentos diferentes.
Fredlund e Rahardjo (1993) explicam que se por um lado, sucesso da prática da
mecânica dos solos deve-se ao fato dos engenheiros observarem o comportamento do solo e
associá-lo às condições de tensão, o mesmo não pode ser extrapolado para o caso dos solos não
saturados devido à dificuldade em ampliar a teórica clássica para os solos não saturados. Dessa
forma, havia-se um questionamento da real necessidade de se adequar a mecânica dos solos
saturados para a mecânica dos solos não saturados, e o que se constatou foi que devido aos
custos econômicos advindos da condição expansiva dos solos não saturados e suas patologias,
é de suma importância o estudo e entendimento dos solos não saturados.
Além disso, existe também a necessidade de projetos de engenharia mais otimizados
para as condições regionais, inclusive quando se refere fatores como: compactação,
colapsividade e resistência ao cisalhamento dos solos residuais. Daí vem a importância da
caracterização e estudo do solo na sua real condição.

2.1 CONCEITOS GERAIS

Segundo Fredlund e Morgenstern (1978), o solo não saturado é uma mistura de diversas
fases e que é necessário estabelecer o número e quais fases o compõe, pois, essas diversas fases
influenciam diretamente no estado de tensão do solo. Os autores propõem que o solo é composto
por quatro fases e não três como é comumente apresentado. Como pode ser observado na figura
2, além das partículas sólidas, ar e água existe a interface ar-água que pode ser denominada
como película contráctil.
16

Figura 2 - Elemento de solo não saturado com fase ar contínua

Fonte: Fredlund & Rahardjo, 1993 – modificado.

Fredlund e Rahardjo (1993) explicam que para definir a película contráctil como uma
fase é necessário que ela cumpra alguns requisitos, são eles:
- Possuir diferentes propriedades do meio contínuo (solo);
- Possuir superfícies de contato bem definidas.
A membrana contráctil exerce uma tração dentro do maciço rochoso, ela se comporta
como uma membrana elástica sob tensão entrelaçada por toda a estrutura do solo. Ainda
segundo os autores, ao apresentar essas duas características, a película presente no elemento
passou a ser considerada uma fase independente no maciço de solo. Então, partindo do
pressuposto que há um novo componente no espécimen de solo, faz-se necessário o estudo
desse material e a influência dele no comportamento do solo.
As quatro fases são reunidas duas a duas: ar e água, que fluem livremente no maciço, e
a película contráctil juntamente com os sólidos que estão estáticos. Dessa forma, os estudos do
estado de tensões do solo mostraram que as variáveis que melhor definem o estado de tensões
no solo não saturado são (σ – ua) que representa a tensão líquida e (ua – uw) que representa a
sucção matricial, onde σ é a tensão total, ua é a poropressão de ar e uw é a poropressão da água
(Fredlund e Rahardjo, 1993).
17

2.2 DEFINIÇÃO DE SUCÇÃO NO SOLO

Sob a ótica do estudo de pressões a sucção pode ser entendida da seguinte forma, quando
a água está sob pressões hidrostáticas superiores à pressão atmosférica o potencial de pressão é
considerado positivo, e quando ela está sob pressões menores do que a pressão atmosférica seu
potencial é considerado negativo, dessa forma esta pressão negativa é denominada sucção
(MASSOCCO apud HILLEL,2017).
A sucção também pode ser explicada com um tipo de energia potencial relacionada à
capacidade apresentada por um material poroso (solo) em absorver água, de forma que ela se
mova livremente por entre os poros. Dito de outra forma, a sucção é definida como a avidez
por água que um determinado material possui. Essa capacidade de absorção é função dos
minerais, da densidade e da umidade do solo. E devido ao o fato de a umidade estar diretamente
ligada ao grau de saturação, deduz-se que a sucção é também função do grau de saturação.
Dessa forma, a sucção decresce a medida em a umidade do solo aumenta e vice-versa
(TEIXEIRA, 2006).
Portanto, quando a água livre infiltra para o interior de um solo não saturado, será
adsorvida ou retida pelo mesmo. Para o desprendimento desta água é preciso que se aplique
uma força externa. A sucção corresponde ao valor de energia aplicada por unidade de volume
de água (LEE e WRAY, 1995 apud FEUERHARMEL, 2007).
Além disso, a existência de sucção em solos não saturados também é reconhecida como
decorrente de efeitos combinados de capilaridade (predominante em solos arenosos), de
adsorção ( associados a solos argilosos) e de osmose (que tem a mesma importância relativa
tanto no caso de solos saturados quanto não-saturados e provenientes da presença de sais na
água existente nos vazios do solo).
De uma forma mais abrangente Hillel (1971) afirma que a energia que compõe o solo
não saturado, é representada em termos de potencial equivalente ou total, formados por 4
potenciais gravitacional, pneumático, osmótico e matricial.
O potencial da água no solo pode ser expresso pela Equação 1:

= + + + (1)

Onde: – potencial gravitacional, – potencial pneumático, – potencial


osmótico, – potencial matricial.
18

Partindo do pressuposto que não há processo de adensamento e que o ar presente nos


poros do solo está interligado com a atmosfera, os valores relacionados aos potenciais
pneumático e gravitacional podem ser desprezados nos estudos geotécnicos. Dessa forma, o
potencial total é correspondente à soma das parcelas osmótica e matricial (Freitas, 2008).
No entanto, de acordo com Silva (2009), análises práticas apontam para o fato de que o
comportamento tensão-deformação dos solos não saturados é significativamente influenciado
pela fração matricial da sucção, e que a parte osmótica quase não influencia nesse caso.
Fredlund e Rahardjo (2012) também relatam que, ainda que seja possível avaliar a
sucção osmótica em um solo, boa parte dos desafios da engenharia geotécnica envolvendo solos
não saturados vêm de mudanças no ambiente (chuvas e seca), e tais mudanças afetam
principalmente a componente de sucção matricial do solo. Dessa forma, uma mudança na
sucção total é equivalente a uma mudança na sucção matricial.
Independentemente do que descrevem os autores a respeito das parcelas que influenciam
ou não na sucção, o fato é que diferentemente dos solos saturados, em que as variações de poro-
pressão positivas na água existente nos poros são determinadas com confiabilidade por meio de
diferentes tipos de piezômetros, a determinação de poro-pressões negativas de água, ou de
sucção em campo, constitui um obstáculo ainda a ser vencido.
A exemplo disso Campos (1994) explica que não existe técnica ou equipamento de
campo ou laboratório que permita a medição, em separado, dos efeitos de capilaridade e
adsorção em solos. Existe, entretanto, equipamentos que permitem a determinação direta da
Sucção matricial, direta ou indireta atuante no solo.
Para Vilar e Campos (2001) a Sucção matricial (ψm) é equacionada como a diferença
da pressão de ar pela pressão de água existente no solo. Tal parcela da sucção total, que engloba
os efeitos da capilaridade e adsorção, é expressa pela seguinte Equação 2:

=( − ) (2)

Em que: é a pressão no ar existente nos poros; é pressão na água dos vazios do


solo.
A equação 2 equivale à sucção total quando a água do solo é considerada padrão (água
pura ou solução composição igual à água do solo), restando apenas o efeito da matriz do solo
(capilaridade e adsorção) na atração da água como mostra a figura 3.
.
19

Figura 3 - Sucção matricial e seus efeitos

Fonte: Vila e Campos, 2001

A película formada pela interface ar-água, apresentada na figura 3, atua como uma
membrana contrátil atraindo uma partícula de encontro a outra aumentando assim as tensões
efetivas. É por esse motivo que a sucção mátrica (Sm) também pode ser representada por duas
parcelas, de acordo com a equação 3:

= + (3)

Onde: é a sucção capilar devido aos efeitos de capilaridade, é a sucção devido


aos efeitos de adsorção.
Oliveira (2004) explica, portanto, explica que a parcela de sucção que remete à
propriedade capilar está relacionada com o nível macroestrutural, ou seja, com os poros
interligados da massa de solo nos quais a água flui de acordo com o gradiente de pressão. Já a
parte que representa a adsorção está relacionada ao nível microestrutural, ou seja, de hidratação
dos minerais da argila sendo esses fatores o foco de estudo para determinar a sucção.

2.3 CURVA CARACTERÍSTICA DO SOLO

O fato de os solos não saturados estarem diretamente correlacionados com os efeitos de


sucção, revela a necessidade de se estudar a influência da sucção em seu comportamento. Dessa
forma, infere-se que cada solo tem uma forma única de reter a água na sua estrutura e a forma
de se realizar este estudo é por meio da curva característica também chamada de curva de
20

retenção do solo. Tal curva representa a relação entre a quantidade de água presente no material
poroso e a energia necessária para remover esta água. (CARVALHO, GITIRANA JR, et al.,
2015).
Fredlund et al. (2012), por sua vez, refere-se à curva de retenção como a propriedade
fundamental para o estudo da mecânica dos solos não saturados na prática da engenharia. Este
fato é perceptível quando se associa a curva de retenção com a estrutura do solo como pode ser
observado pela figura 4.
Figura 4 - Curva característica unimodal de um solo

Fonte: Vanapalli, Fredlund e Pufail, 1999


Ao analisar em nível de estrutura, a curva de retenção pode ser dividida em três partes,
conforme figura 4. O primeiro estágio é chamado de zona de efeito limite, que chega até o valor
de entrada de ar (VEA). É nesse estágio em que praticamente todos os poros estão preenchidos
com água. O segundo estágio é a curva de adsorção, também chamada de fase de transição. Já
a terceira fase é chamada de fase residual de drenagem. Nessa última fase, a continuidade da
água é reduzida a descontínua, esse fenômeno além dos acréscimos de sucção leva os solos a
pequenas variações no grau de saturação (VANAPALLI, FREDLUND e PUFAIL, 1999).

Segundo Soto (2004) a obtenção da curva característica é obtida por meio da observação
de trajetórias típicas dos procedimentos de secagem e umedecimento. A figura 5 apresenta a
curva de retenção de um determinado solo com trajetórias diferentes em função do processo ao
qual é submetido, ou seja, uma única amostra de solo quando submetida ao processo de secagem
21

(gráfico de linha contínua) apresenta uma curva característica diferente da curva obtida pelo
método do umedecimento (gráfico de linha tracejada), tal fenômeno é denominado histerese.
Figura 5 - Fenômeno da histerese em solos não saturados

Fonte: Vanapalli et al., 1999 - adaptada por Feuerharmel, 2007

A explicação para o fenômeno da histerese deve-se a diversos fatores, tais quais: efeitos
ângulos de contato durante o aumento do menisco (processo de umedecimento) ou diminuição
(fase de secagem), ausência de uniformidade geométrica dos vazios do solo, ar retido nos poros
do solo, alterações da matriz do solo relacionadas a fenômenos de inchamento (umedecimento)
ou redução durante a secagem (JUCÁ, 1993b apud FEUERHARMEL 2007).
De acordo com Fredlund (2012) os dois métodos (secagem e umedecimento) vêm sendo
usados no decorrer dos anos para medir as curvas características de diversos tipos de solos, mas
o método de secagem é o método mais fácil e prático de ser utilizado em laboratório.
Ainda de acordo com o autor, em alguns casos é necessária a diferenciação das
propriedades do solo associadas com a curva de secagem da curva de umedecimento, por isso
cabe ao profissional geotécnico decidir qual método será utilizado para obtenção da curva, ou
até mesmo decidir por utilizar uma curva intermediária entre as curvas de umedecimento e
secagem.
2.3.1 CURVA CARACTERÍSTICA UNIMODAL

Para Feuerharmel et al. (2006) a grande maioria dos estudos referentes a curvas
característica apresenta gráfico semelhante ao apresentado na figura 5, e é chamada de curva
unimodal.
22

Uma curva de retenção unimodal tradicionalmente expressa valores de sucção entre 1 e


1.000.000 kPa. Vários resultados experimentais indicam sucção de 1.000.000 kPa como o
máximo de valor de sucção da curva característica.

Figura 6 - Representação esquemática da mudança de água da curva unimodal

Fonte: Vanapalli et al., 1996 b apud Feuerharmel, 2007

De acordo com Vanapalli et al. (1996b) citado por Feuerharmel (2007), a figura 6
representa uma possível mudança da presença de água em cada trecho da curva unimodal na
figura 5 em que os seguintes fenômenos podem ser observados: (a) corresponde ao estágio em
que o valor inicial de sucção é próximo de zero e se estende até o valor de entrada de ar (VEA),
é nesse trecho que quase todos os poros do solo estão saturados; (b) é uma fase de transição
onde o solo inicia a dessaturação de forma que a umidade decresce e a sucção aumenta; (c) é
nesse estágio que pequenos decréscimos na umidade (na forma de vapor) provocam grandes
aumentos de sucção pois a água está intensamente aderida à matriz do solo – teor de umidade
residual; (d) é a zona residual onde o solo chega a um teor de umidade próximo a zero, ausência
de menisco e sucção em torno de 1.000.000 kPa.

2.3.2 CURVA CARACTERÍSTICA BIMODAL

As curvas unimodais apesar de serem amplamente utilizadas nos estudos geotécnicos


não retratam o comportamento de dessaturação de muitos solos de origem residual ou
23

sedimentar de lugares de clima tropical e subtropical. Tais solos apresentam macroestrutura e


microestruturas bem delimitadas, sendo formados por partículas de argila agrupadas de uma
forma que se assemelham, em tamanho, a grãos de silte ou areia.
Isso implica dizer que a forma da curva característica desses materiais sugere uma
distribuição bimodal de tamanho dos poros: macroporos, entre os agregados de argila, e
microporos, no interior destes (figura 7).
Figura 7 - Curva característica bimodal de um solo

Fonte: Feuerharmel et al., 2005

De uma forma geral, a curva bimodal é composta pelos seguintes trechos: o primeiro
trecho é o estágio de dessaturação dos macroporos, o segundo é patamar intermediário e o
último é o estágio de dessaturação dos microporos (Feuerharmel, 2005).
Ainda de acordo com Feuerharmel (2005) o estágio de dessaturação dos macroporos
corresponde à fase em que tanto os macroporos quanto os microporos estão saturados e
permanece nessa condição até o ínicio do valor da entrada de ar (1º VEA). Em seguida ao
início da entrada de ar ocorre o processo de secagem da macroestrutura e resta somente a água
dentro dos agregados de argila.
Já no patamar intermediário, o aumento na sucção ocorre sem nenhuma alteração no
valor de umidade, representando assim a falta de poros intermediários na matriz de solo. Logo
em seguida, inicia-se o estágio de dessaturação dos microporos que é quando ocorre o
segundo valor de entrada de ar (2º VEA) que corresponde à entrada de ar nos microporos da
estrutura e continua até às condições de umidade residual (Feuerharmel. 2005). Ou seja, a
24

dessaturação que é controlado pelos macroporos corresponde à pequenos valores de sucção,


enquanto a dessaturação de microporos relaciona-se com altas sucções e que inclusive pode
ser exemplificada pela figura 8 que mostra a influência da matriz de solo em sua curva
característica.
Figura 8 - Curvas características de três tipos de solos

Fonte: Vanapalli, Fredlund e Pufail, 1999

2.3.3 MÉTODO DE OBTENÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA

A relação entre o teor de umidade e sucção pode ser obtida por meio de diversos
equipamentos, em campo ou em laboratório. De forma geral, os métodos usados para medir
sucção são divididos em duas categorias: diretos e indiretos. Um método é do tipo direto quando
a sucção é medida diretamente, e indireto quando ela é medida através de correlações com
outras propriedades do solo. Alguns métodos, tais quais: a placa de sucção, a centrífuga, o
tensiômetro, o psicrômetro e o aparelho de membrana de pressão, constituem métodos diretos
e entre os métodos indiretos estão o dessecador de vazios, a balança de adsorção e o papel filtro
(Feuerharmel, 2003).
25

Tabela 1: Métodos de obtenção da sucção do solo

Fonte: Ridley e Burlard, 1993; Marinho, 2000 apud Feuerharmel, 2007

Cada método introduzido na tabela 1 possui sua especificidade e podem ser


verificados na literatura. Para o presente trabalho será utilizado o método do papel filtro, pois
essa é uma técnica bastante utilizada para medição da curva características devido a sua
simplicidade, baixo custo e versatilidade em medir tanto a sucção total quanto a matricial em
um intervalo amplo (Marinho, 2006).

2.3.3.1 MÉTODO DO PAPEL FILTRO PARA OBTENÇÃO DA CURVA DE


RETENÇÃO

A técnica do papel filtro baseia-se na hipótese que, para uma determinada sucção, a
umidade do papel filtro estará em equilíbrio com a do solo. Assim, um solo com determinada
umidade quando em contato com o papel filtro, com umidade mais baixa, faz com que este
último absorva uma quantidade de água do solo até que ambos entre em equilíbrio quanto ao
teor de umidade. O tempo de equilíbrio é um fator de extrema importância para obtenção da
sucção correta (Marinho, 19954)
Apesar de ser uma técnica simples e barata, é preciso extremo cuidado na execução e
interpretação de seus resultados. O sistema utilizado para obtenção da curva característica do
solo deve ser o mais próximo do adotado na calibração do papel filtro (Houston et al., 1994
apud Feuerharmel, 2007).
26

O tipo de contato entre o solo e o papel filtro define qual parcela de sucção está sendo
avaliada: mátrica (contato) ou total (sem contato). A troca de água no sistema ocorre por fluxo
capilar quando o papel filtro está em contato com a água do poro ou por fluxo de vapor
quando existe uma camada de ar entre o papel filtro e o solo como pode ser representado pela
figura 9 (Marinho, 1994).

Figura 9 - Fluxos entre o solo e papel filtro

Fonte: Marinho, 1994

O estado de equilíbrio permite a determinação da sucção do papel por meio de uma


curva de calibração conhecida. O processo de calibração faz com o que o papel filtro atinja o
equilíbrio com um valor de sucção conhecida pela utilização de alguns métodos como placa
de sucção, dessecador de vazios, dentre outros (Soto, 2004). Ou também pode ser obtida por
diversas equações já que a curva de calibração é condicionada ao tipo de papel,
principalmente os papéis Whatman Nº 42 e Schleicher e Schuell Nº 589 (Feuerharmel, 2007)
27

Tabela 2 - Curvas de calibração para os papéis Whatman n. 42 e Schleicher & Schuell n.589

Fonte: Feuerharmel, 2007

Marinho (1994) explica que o grau de contato tem pouca influência sobre o valor da
sucção, desde que o tempo de equilíbrio adotado seja adequado ao tipo de técnica utilizada
conforme tabela 1. Esse tempo de equilíbrio é o período necessário para que o conjunto solo-
papel atinja o equilíbrio energético. Além disso, Marinho (1994) sugere que o papel filtro seja
utilizado diretamente da caixa, no estado seco ao ar.
Além do tempo, a temperatura também é um fator a ser considerado durante o período
de equilíbrio dos materiais, já que flutuações na temperatura durante o ensaio podem causar
condensação e vaporização do fluido dentro do compartimento de proteção das amostras
(Houston et al., 1994 apud Vivian, 2008).
Ao finalizar o processo de medição de valores da sucção, parte-se para as equações de
ajuste das curvas de retenção.

2.3.3 EQUAÇÕES DE AJUSTE DA CURVA CARACTERÍSTICA

Gerscovich (2001) realizou estudos de 14 tipos diferentes de curva de retenção em 11


amostras de solos do Brasil e constatou que as equações propostas por Gardner (1958), Van
Genuchten (1980), Haverkamp & Parlange (1986)(utilizando a equação proposta por Brooks-
28

Corey, 1964) e Fredlund e Xing (1994) apresentam uma boa estimativa dos valores
experimentais. As equações de ajuste podem ser observadas na tabela 3.

Tabela 3 - Equações de ajuste de curva característica (unimodal)

Fonte: Gerscovich, 2001

Ainda segundo Gerscovich (2001) várias proposições empíricas foram sugeridas para
simular a curva característica. Algumas modelam a função que se relaciona sucção com
umidade (tais quais as apresentadas na tabela acima). Outras propõem a obtenção da curva
característica a partir de frações granulométricas.
Esse último modelo leva em conta o conceito de similaridade entre a curva
característica e a função da distribuição granulométrica. No entanto, a distribuição
granulométrica está indiretamente relacionada à distribuição do volume de vazios, sendo que
os métodos de modelagem da curva pela distribuição granulométrica não consideram o
arranjo estrutural do solo nem a não uniformidade geométrica dos vazios o que pode ser uma
desvantagem na análise de solos não saturados (Gerscovich, 2001).
29

Já para as curvas características bimodais, Feuerharmel (2007) afirma que poucas


equações de ajustes podem ser encontradas na literatura. Alguns autores sugerem que as
curvas bimodais sejam ajustadas por duas funções unimodais distintas de acordo com o
intervalo de sucção.

2.4 O ESTADO DE TENSÕES DO SOLO NÃO SATURADO

Os efeitos da água nas propriedades dos solos são reconhecidos e medidos desde o
início dos estudos da Mecânica dos Solos. Para solos saturados, os efeitos da água no solo foram
considerados por Terzaghi (1936) no princípio de tensões efetivas. Diversos fenômenos como:
compressão, distorção e mudança na resistência de cisalhamento, ocorrem devido à mudança
do estado de tensões efetivas (Jennings e Burland, 1962). A tensão efetiva (" # ) por sua vez pode
ser definida como o excesso de tensão total (") aplicada em relação à pressão neutra (u), como
pode ser observado na equação 4:

"# = " − (4)

Já para os solos não saturados, a utilização desse princípio não é adequada por causa da
complexidade do estudo de poros preenchidos por duas fases distintas: ar e água. No intuito de
medir as tensões efetivas em solos não saturados, diversas equações foram elaboradas, inclusive
levando em considerações os parâmetros os estudos de Terzaghi. As equações propostas
buscaram incorporar parâmetros do solo, na condição não saturada, em uma relação única que
possa representar o comportamento do solo em termos de variação do volume e resistência ao
cisalhamento. A equação (5) conhecida como equação de Bishop (1959) ganhou atenção devido
a sua simplicidade e por incluir um termo para a pressão na fase gasosa, enquanto outras
relacionam as pressões medidas à pressão de ar externa (FREDLUND & RAHARDJO, 1993
apud GEORGETTI, 2010).

"′ = (" − )+ ( − ) (5)

Em que:
"′ = tensão efetiva;
(" − ) = tensão normal;
30

( − ) = sucção;
= parâmetro relacionado ao grau de saturação do solo.

Fredlund e Rahardjo (1993) afirmam que apesar da simplicidade da equação de Bishop,


a incorporação de uma propriedade do solo para descrever um estado de tensão cria
dificuldades, ou seja, as variáveis usadas para descrever do estado de tensões devem ser
independentes das propriedades do solo. Estudos realizados por Jennings e Burland (1962),
Coleman (1962) e Blight (1965) comentados por Fredlund e Rahardjo (1993) demonstram que
a propriedade do solo na equação de tensão efetiva tem magnitudes diferente para problemas
diferentes como variação de volume e resistência ao cisalhamento.
O parâmetro (χ) da equação (5) de Bishop, por exemplo, sofre influência secundária
de fatores como a estrutura do solo e o ciclo de umedecimento e secagem. Devido à
complexidade da aplicação do estudo de tensões efetivas de solos saturados aos solos não
saturados diversos estudos propuseram equações para o estudo de tensões de acordo com a
tabela 4.
Posteriormente, segundo Fredlund e Rahardjo (1993) a equação de Bishop, bem como
outras que incorporavam valores referentes às propriedades de solo, foram substituídas por
análises do comportamento de solos não saturados através de variáveis independentes de estado
de tensão.
Por isso, ao seguir uma abordagem diferente, em que não havia a necessidade se
definir uma equação geral de tensões efetivas, Fredlund (1973) mostrou que com a presença
de ar nos vazios do solo, há uma mudança no comportamento mecânico dos solos não
saturados, com o surgimento de três variáveis de tensão (equação 6), em que a tensão líquida
normal (" − $), sucção matricial ( $ − ) e tensão efetiva (" − ) são variáveis
independentes:

(" − ) = (" − )+( − ) (6)

A combinação da tensão líquida normal e sucção se provaram como as variáveis mais


fáceis de se aplicar na prática da engenharia. A tensão líquida abarca as atividades humanas
de aplicação e remoção da tensão total (escavações, aterros e cargas locais), já a sucção
exemplifica o impacto do clima acima da superfície.
31

Tabela 4 - Equações de tensões efetivas para solos não saturados

Fonte: Georgetti, 2010.

Fredlund (2006) afirma que apesar de existirem diversas equações que relacionam
variáveis de tensões a outras variáveis de tensões por meio da inclusão de propriedades dos
solos, é importante diferenciar entre o papel dessas equações e a descrição do estado de
tensões (em um ponto) para o solo não saturado em sua forma mais fundamental. Inclusive, o
autor salienta que é importante entender a importância dessas equações para formulações e
resoluções de problemas práticos.

2.5 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS NÃO SATURADOS

Para Fredlund (2006) foi a adoção das duas variáveis de estado de tensão (tensão
normal líquida e sucção) que permitiram a formação da base geral para o desenvolvimento da
32

mecânica dos solos não saturados enquanto ciência. Inclusive outras relações constitutivas
como a de resistência ao cisalhamento de solos não saturados podem ser equacionadas tanto
do ponto de vista de tensões efetivas quanto das variáveis do estado de tensão.
Dessa forma, como a grande maioria dos problemas que os engenheiros geotécnicos
enfrentam na prática cotidiana da engenharia está relacionada com a resistência ao
cisalhamento dos solos; sendo os mais comuns envolvendo a capacidade de carga dos solos,
empuxos laterais, estabilidade de taludes; é muito importante a correta caracterização e estudo
desse fenômeno. (PEREIRA, 2013).
Anteriormente no item 2.1 foi a introduzido o conceito geral de solos não saturados, e
é partindo desse pressuposto, que ao ampliar o elemento de solo tal qual na figura (10)
verifica-se um sistema polifásico. Esse sistema é constituído pelas seguintes fases: sólida
(grãos e partículas minerais), líquida (água), gasosa (ar) e a fase que se refere à interface ar-
água denominada película contrátil. A película contrátil representa um papel fundamental
quando se analisa o solo sob tensões cisalhantes (FREDLUND E MORGENSTERN, 1977).

Figura 10 - Categorização do solo baseado na quantidade de água

Fonte: Fredlund, 2006 – modificado por Massoco, 2017.


33

Dessa forma, quando a fase de ar é contínua, a película contrátil interage com as


partículas de solo afetando o seu comportamento mecânico. A propriedade mais importante
dessa quarta fase é a habilidade de gerar uma tensão de tração, esse fenômeno é conhecido
como tensão superficial (FREDLUND e RAHARDJO, 2012).
Consequentemente, esse fenômeno da tensão superficial juntamente com outras
propriedades é que o solo não saturado consegue modificar a capacidade de resistência a
tensões cisalhantes geradas nos contatos por cargas externas aplicadas. Essa modificação é
percebida na estrutura do solo (FREDLUND, 2006).
Por exemplo, Pereira (2013) explica que em solos tipicamente granulares os grãos
tendem a formar pontes e arcos entre si e com isso na aplicação de cargas externas, seus
contatos acabam por desenvolver forças cisalhantes e normais, fazendo com que ocorra
deslizamento entre grãos( figura 11-a e 11-b). O menisco gerado pela interface ar-água faz
com que ocorra a união dos grãos (figura 11-c), como consequência há uma capacidade de
resistência a tensões cisalhantes geradas nos contatos (figura 11-d). Com o umedecimento do
solo, esta união entre os grãos é removida, ocorrendo o colapso do solo.
Figura 11 - Mudança estrutural de um solo granular em função da carga
34

Fonte: Modificado de Jennings e Burland, 1962.


Jennings e Burland (1962) explicam que no caso de solos argiloso, o comportamento
geral vai depender da situação de carga e da diferença de umidade, podendo o solo expandir-
se ou colapsar.
Assim, há uma análise diferenciada na resistência ao cisalhamento de solos não
saturados com a dos solos saturados. A figura 12 representa uma proposta de um elemento de
solo com os estados de tensões normais e cisalhantes relacionados com a mecânica dos não
saturados.

Figura 12 - Análise de um elemento de solo não saturado sob tensões

Fonte: Fredlund, 2006

Com o surgimento dos novos conceitos perante os solos, surgiu a necessidade de


novas equações a serem aplicadas aos solos não saturados. De acordo com Khalili e Khabbaz
(1998) existem duas abordagens principais para o cisalhamento de solos na condição não
saturada: Bishop (1959) e Fredlund et al. (1978). Baseado no seu conceito de tensões efetivas
e no critério de ruptura de Mohr-Coulmb, Bishop apresentou a equação (7) para determinação
da resistência ao cisalhamento de solos não saturados:

= % # + [(" − ) + χ( − )] tan ∅′ (7)

.Em que é a resistência ao cisalhamento; % # é a coesão efetiva; (" − )é a tensão


normal líquida; ∅′ é o ângulo de atrito interno efetivo; χ é o parâmetro que depende do grau
35

de saturação, do tipo de solo e ( − )+ é a sucção. No entanto, como já relatado a


dificuldade da obtenção do parâmetro χ é um empecilho para a abordagem de tensão efetiva.
Na abordagem de variáveis de tensão, Fredlund et al. (1978) demonstraram duas
combinações válidas para a envoltória de ruptura: [(" − ) e ( − )] e [(" − )
e( − )]. Nas duas situações acima foram definidas superfícies de ruptura assumidas como
planares representadas nas equações 8 e 9:

= % # + (" − ),$- #
+( − ),$- ”
(8)

Em que % # é a coesão efetiva, ′ é o ângulo de atrito interno relativo a variações no termo


(" − ) quando o termo ( − ) é mantido constante, (" − ) é a tensão normal líquida
atuante no plano de ruptura na ruptura, ( − ) é a sucção matricial na ruptura e ”
é
parâmetro que quantifica um aumento na resistência devido a um aumento na sucção.
Nota-se que tanto a equação 8 quanto a 9 são extensões do critério de Mohr-coulomb de
solos saturados. Ainda segundo Fredlund et al. (1978) a vantagem da utilização da primeira
combinação deve-se ao fato dessa equação demonstração uma transição clara da condição náo
saturada para a condição saturada do solo, mas existe uma desvantagem que é a de as duas
variáveis de tensão serem afetadas pela alteração da pressão na água.

= % # + (" − ),$- #
+( − ),$- b
(9)

Em que #
é o ângulo de atrito interno relativo a variações no termo (" − ) quando
o termo ( − ) é mantido constante, b
é o ângulo de atrito interno relativo a variações no
termo ( − ) quando o termo (" − ) é mantido constante.
# b ”
Uma relação entre os ângulos de atrito , e (equação 10) pode ser obtida ao se
igualar as equações 8 e 9.

tan " = tan − tan ′ (10)

Ao comparar a utilização das duas equações, Fredlund et al. (1978) verificaram que a
equação 9 é mais prática na aplicação de problemas de engenharia. Assim, a resistência ao
cisalhamento e um solo não saturado é considerada como composta de uma parcela de coesão
efetiva e contribuições da tensão normal líquida (" − ) e da sucção matricial ( − ).
36

Como consequência direta da utilização de uma superfície planar na representação da


# b
envoltória de resistência dos solos figura 13, tem-se que e são constantes.
Figura 13 - Envoltória de resistência de solos não saturados

Fonte: Fredlund et al., 1978 – modificado por Georgetti, 2010

A envoltória linear acima parte do diagrama de Mohr estendido, utilizando um terceiro


eixo ortogonal para representar a sucção mátrica. O círculo de Mohr é desenhado em um plano
com a tensão normal líquida (abscissa) e a tensão cisalhante (ordenada). A sucção mátrica irá
determinar a posição no diagrama de Mohr ao longo do terceiro eixo. Quando o solo começa a
saturar, a sucção mátrica torna-se nula e o diagrama de Mohr transforma-se em um plano
simples. (PEREIRA, 2013).
De acordo com Jennings e Burland (1962) o comportamento mecânico do solo não
saturado é afetado diretamente mais por alterações na tensão normal líquida do que por
mudanças na sucção matricial. O aumento da resistência ao cisalhamento devido ao acréscimo
#
na tensão normal líquida é caracterizado pelo ângulo . Por outro lado, o aumento na
resistência ao cisalhamento ocasionado pelo acréscimo na sucção matricial é demonstrado
b
pelo . Estudos de Fredlund e Rahardjo em solos de várias regiões demonstraram que o valor
b #
de é igual ou menor que .
As linhas têm diferentes interceptos coesivos, dependendo da sua sucção matricial. O
intercepto coesivo (c) se torna a coesão efetiva (c’) quando a sucção matricial tende a zero como
pode ser observado na figura 14.
37

Figura 14 - Linhas de contorno da envoltória ruptura no plano τ versus ( - )

Fonte: Modificado de Fredlund e Rahardjo ,1993 - modificado.

Levando-se em conta ainda a discussão a respeito da linearidade dos ângulos de atrito,


b
Escário e Sáez (1986) mostram que é difícil admitir que a tangente de seja constante. Os
autores executaram ensaios em solos argilosos e argilo-arenosos de Madri e obtiveram os
resultados apresentados nas figuras 15.a e 15.b. Tal estudo, além de diversos outros autores,
reforça a teoria de que a proposta de Fredlund poderia não refletir o real comportamento do
solo.
Figura 15 - Gráfico de tensão cisalhante versus sucção controlada

Fonte: Escário e Sáez, 1986


38

b
Posteriormente, de acordo com estudos de Fredlund (1987) descobriu-se que pode
#
aproximadamente igual ao , principalmente para valores baixos de sucção. Após superar a
#
pressão de entrada de ar do solo, o ângulo de atrito reduz a valor inferior a , tornando-se
quase constante e reproduzindo uma envoltória curva tal qual na figura 16.

Figura 16 - Envoltória não linear

Fonte: Fredlund et al., 1987

2.6 ENSAIO DE CISALHAMENTO DOS SOLOS NÃO SATURADOS

Igualmente ao que acontece para os solos saturados, os parâmetros de resistência de


solos não saturados podem ser medidos de duas formas em laboratório: ensaios triaxiais e de
cisalhamento direto. Por envolver uma série de modificações nos equipamentos convencionais
(sucção controlada) e um tempo maior de ensaio, Blight (2013) enfatiza que a execução de tais
ensaios ainda é rara na prática da mecânica dos solos não saturados.
Na figura 17 pode ser observado um corte esquemático do aparato utilizado para
cisalhamento direto do solo. Este instrumento é menos complexo que o ensaio triaxial, pois não
permite a medição de sucção diretamente. Este aparato é composto por um caixilho móvel feito
de ferro ou algum outro material resistente.
39

De acordo com Carvalho et al. (2015) a primeira etapa corresponde a uma fase de
adensamento em que é aplicada uma tensão normal vertical e das pressões de ar e água na
amostra. Assume-se que essa etapa é finalizada quando variações no deslocamento vertical da
amostra e do volume de água drenada são desprezíveis.
A próxima fase, como descrevem os autores, é a de cisalhamento da amostra em que se
aplica uma velocidade de deslocamento constante, acionando-se o motor elétrico do
equipamento. A carga vertical e a força cisalhante horizontal são determinadas a partir de
células de carga; medidas de deslocamento vertical e horizontal são feitas por meio de
transdutores de deslocamento. A amostra de solo a ser cisalhada fica disposta no plano
preferencial de ruptura o que acaba sendo uma das desvantagens do aparelho, pois não indica a
superfície de ruptura mais propícia na própria ruptura, mas ainda assim é um aparelho que gera
uma praticidade maior que o ensaio triaxial. (CARVALHO, GITIRANA JR, et al., 2015).
De acordo com Machado e Machado (2013) outro limitante deste ensaio é a chamada
ruptura progressiva, que se apresentam principalmente em solos muito frágeis em virtude da
deformação cisalhante ao longo do plano de ruptura não ser uniforme, ou seja, no início do
ensaio há a presença de deformação excessiva nas bordas que decrescem em direção ao centro.
Figura 17 - Esquema para realização do ensaio de cisalhamento direto

Fonte: Machado et al., 2013

De acordo com Machado e Machado (2013) na Figura 18, podemos observar o esquema
representativo do aparelho utilizado para realização do ensaio triaxial, diferentemente do
cisalhamento direto a amostra não vai confinada dentro de um caixilho, mas sim, envolta numa
membrana impermeável e que é colocado dentro de uma câmara, preenche-se essa câmara com
água e aplica-se a pressão na água que atuará em todo o corpo de prova.
40

Nesse ensaio a primeira etapa corresponde à fase de consolidação, fase esta em que a
tensão líquida desejada é aplicada mantendo-se a pressão de ar constante e aumento progressivo
da tensão confinante. Ao contrário do cisalhamento direto em que o procedimento é realizado
com velocidade de deslocamento constante.

Figura 18 - Esquema de aparelho de ensaio triaxial

Fonte: Machado et al., 2013


41

3. METODOLOGIA

Este capítulo trata dos materiais e métodos a serem utilizados para o desenvolvimento
da pesquisa sobre as características de resistência de um solo de Palmas sob influência da
variação da umidade.
A área escolhida é próxima à Av. Teotônio Segurado uma via urbana que é o eixo de
expansão de Palmas. O local situa-se na quadra 1302 Sul, próximo do Centro Universitário
Católica do Tocantins e será utilizado para construção de um empreendimento vertical
multifamiliar com vagas de garagem no subsolo e, portanto será executada obra de contenção
e taludes, fator este que vem ao encontro do tema estudado neste trabalho já que um dos
parâmetros para dimensionamento de obras de contenção é a resistência ao cisalhamento do
solo, ângulo de atrito e coesão do solo (CARVALHO et al., 2015).
No intuito de caracterizar o solo foram coletadas amostras deformadas para execução
dos seguintes ensaios laboratoriais: granulometria, limites de Atterberg e massa real dos grãos
do solo. Para criação da curva característica foram coletas amostras indeformadas a 2,00 m de
profundidade no terreno. Os corpos-de-prova serão retirados pelo método de cravação e
posteriormente acondicionados com o papel filtro para aferição da sucção após tempo de
equilíbrio. Também serão extraídos corpos-de-prova que serão submetidos ao ensaio de
cisalhamento direto na prensa para obtenção do ponto máximo de tensão cisalhante e ângulo de
atrito e coesão.

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A região Sul é uma das regiões mais densas em termos de densidade populacional
mesmo quando comparada às quadras da região Norte. Inclusive aquelas quadras onde ocorreu
ocupação ilegal a densidade é muito alta até para os padrões de Palmas. De acordo com Bazolli
(2007) a região Sul, à época das pesquisas, apresentava forte potencial para empreendimentos
comerciais e de prestação de serviço.
Considerando, atualmente, a forte presença de construções verticais às margens da Av.
Teotônio Segurado e, portanto, com maior chance de utilização de subsolos, ou seja, obras de
contenção e dessa forma, em face a essa alta potencialidade de execução de obras de contenção,
aterros e escavações(taludes) no eixo norte-sul da cidade, essa foi a área escolhida para
42

recolhimento das amostras que servirão de base para o estudo em questão vide mapa no
Apêndice.
Outro fator que facilitou a decisão de escolha da quadra 1302 Sul (figura 19), é que o
terreno em questão possui alguns dados de sondagem do tipo SPT e será construído um
empreendimento cujas característica são relevantes do ponto de vista geotécnico.

Figura 19 - Localização da quadra de estudo dentro do plano diretor de Palmas

Figura 20 - Localização do lote dentro da quadra


43

3.2 COLETA DAS AMOSTRAS DE SOLO

A coleta das amostras foi norteada pela NBR 9604/1986 – Abertura de poço e trincheira
de inspeção em solo com retirada de amostras deformadas e indeformadas.
O material retirado do local da escavação para amostras deformadas foi armazenado em
sacos plásticos como pode ser observado na figura 21, de modo que evite sua contaminação
com solo superficial do terreno ou diminuição excessiva de umidade.
As amostras deformadas foram coletadas lateralmente e no fundo da vala de coleta da
amostra indeformada. Para este trabalho foi fixada a profundida de 2,0 (dois) metros para todas
as amostras.
Figura 21 - Amostras coletadas (indeformadas e deformadas)

Fonte: Arquivo pessoal do autor


A classificação tátil-visual realizada na sondagem diverge da análise granulométrica
como será visto posteriormente, isso se deve ao fato da não necessidade de análise
granulométrica para amostras da sondagem (figura 22). No entanto, essa divergência pouco
influência na aceitabilidade dos dados, já que a sondagem foi utilizada única e exclusivamente
para fins de localizar a área de coleta das amostras.
44

Figura 22 - Laudo de sondagem SPT - Qd.1302 Sul, Lt 09

Fonte: Técnica Sondagem e Tecnologia, 2018.


45

3.3 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

Para a caracterização do solo serão feitos ensaios de granulométrica, umidade


higroscópica, limite de liquidez, limite de plasticidade e determinação da massa específica real
dos grãos. Espera-se que com base nos valores obtidos desses ensaios de caracterização será
possível obter os índices físicos do solo da área, tais como, o índice de plasticidade, índice de
vazios, peso específico aparente seco, porosidade e grau saturação das amostras.
Normas a serem utilizadas para realização da caracterização geotécnica:
NBR 7181/1984 – Análise Granulométrica – procedimento.
NBR 6458/2016 – Determinação da massa específica.
NBR 6459/1984 – Determinação do limite de liquidez.
NBR 7180/1984 – Determinação de plasticidade.
Inicialmente, a quantidade representativa de solo das duas amostras foi preparada de
acordo com a NBR 6457/84, dessa forma foram separadas quantidades suficientes para os
ensaios descritos a seguir. Para a análise granulométrica, os procedimentos adotados foram os
da norma NBR 7181/1984 e as respectivas peneiras tal qual é mostrado pela figura 23.

Figura 23 - Procedimentos para a análise granulométrica

I II

III IV

(I) – secagem prévia das amostras; (II) – destorroamento dos grãos; (III) – execução do
peneiramento mecânico; (IV) - aferição de massa do solo retido por peneira e separação.
Fonte: Arquivo pessoal do autor
46

Dessa forma, como resultado do ensaio de granulometria observa-se a


distribuição dos grãos do solo em seus respectivos diâmetros como é mostrado na figura 24.

Figura 24 - Solo separado em ordem decrescente de diâmetros

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Para a obtenção do Limite de Liquidez (LL) das duas amostras os procedimentos


utilizados foram com base na norma NBR 6459/84 com a utilização do aparelho de Casa
Grande com, no mínimo 5 pontos diferentes de umidade, como mostra a figura 25.

Figura 25 - Ensaio de limite de liquidez

Fonte: Arquivo pessoal do autor


47

Já para o ensaio de Limite de Plasticidade (LP) a norma seguida foi a NBR 7180/84
com a utilização da placa de vidro esmerilhada como mostrado na figura 26, de forma que
após a obtenção do diâmetro desejado as amostras foram colocadas em estufas para medição
das umidades e cálculo de seus respectivos índices.
Figura 26 - Ensaio de limite de plasticidade

Fonte: arquivo pessoal do autor, 2021


Já o ensaio de peso específico dos sólidos (massa específica) foi realizado com base na
norma NBR 6458/2016 com, no mínimo, dois ensaios por amostra como pode ser observado
pela figura 27.
Figura 27 - Ensaio de massa específica do solo

Fonte: arquivo pessoal do autor, 2021


48

3.4 ESTIMATIVA DA QUANTIDADES DE ÁGUA – OBTENÇÃO DA CURVA

As amostras foram extraídas pelo método de cravação do molde metálico como pode
ser observado pela figura 28. Após esse procedimento as amostras foram secas ao ar e só depois
da secagem, foram acrescentadas as diferentes quantidades de água para obtenção dos graus de
saturação desejados.
Figura 28 - Extração de amostra pelo método de cravação

Fonte: arquivo pessoal do autor, 2021

A estimativa da quantidade de água é semelhante à metodologia utilizada por Machado


(2016) em que baseia-se no cálculo da umidade higroscópica do solo equação 11, e com base
nesse valor pode-se calcular a massa seca das amostras de solo equação 12.
/ 0/
=. /
1 2 100 (11)

5 = 5 2 .1 − 6
788
1 (12)

Em que:
- : umidade higroscópica (%);
- 5,: massa total da amostra (g);
- Ms: massa de sólidos (g).

Após a obtenção dos valores de massa dos sólidos e foi calculado o volume das
amostras, o volume de sólidos pela equação 13 e de vazios para cada amostra por meio da
equação 14.
/:
9 = (13)
;:
49

9< = 9 − 9 (14)
Em que:
- Vs: volume de sólidos (cm³);
- : peso específico dos sólidos (g/cm³);
- Vt: volume total (cm³);
- Vv: volume de vazios (cm³).

Para o cálculo da quantidade de água a ser acrescentada em cada amostra, foram pré-
definidos 7 diferentes pontos de saturação (10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60% e 70%) para
plotagem da curva. O cálculo da umidade para cada amostra foi definido pela equação 15,
descontando-se os valores restantes de umidade higroscópica do solo.
/= 0 /:
9 =( + − 9< ) − . 1 (15)
;>

Em que:
- 9 : volume de água acrescentada (cm³);
- Sr: saturação;
- : peso específico da água (g/cm³).

O equipamento utilizado para adicionar a água necessária foi um conta gotas, de forma
que ao se adicionar a água não provocasse a remoção de partículas finas da superfície da
amostra ou deformações excessivas de forma a evitar perda de contato com o papel-filtro, e
balança de precisão, como mostrado na figura 29, já que a quantidade de água para alguns
pontos de saturação era muito baixa e assim difícil de ser medida pela proveta milimetrada.
Figura 29 - Aferição da massa de água necessária para atingir o Sr desejado

Fonte: arquivo pessoal do autor, 2021


50

A estimativa da variação de umidade vai partir da umidade natural do solo e será


acrescida de forma a se chegar nos valores de sucção correspondentes às saturações pré-
determinadas. Caso seja necessário, também será realizado o processo de secagem do solo a
depender do grau de saturação da amostra.

3.5 OBTENÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA


O ensaio para obtenção da curva característica consiste em medir a umidade do solo por
meio de um potencial de água retido no meio poroso (papel filtro) previamente calibrado. Dessa
forma, foi possível obter valores de sucção matricial e posterior plotagem da curva
característica.
As duas curvas características foram obtidas utilizando-se a técnica do papel filtro que
é um método de obtenção indireta da sucção. Os papéis filtro utilizados são o Whatman nº 42
do tipo quantitativo e foram recortados geometricamente de forma a se adequarem às dimensões
das amostras. A proteção com filme PVC e posterior revestimento com papel alumínio evitam,
respectivamente, a perda de umidade e a variação de temperatura de acordo com Marinho
(1994).
Foram utilizados dois papéis-filtro por corpo de prova, um dos papéis-filtro foi colocado
em contato direto com o solo (intermediário) e outro papel filtro (papel sensor) sobre o primeiro
papel filtro.
Para o manuseio dos papéis filtro com a amostra de solo foram utilizadas pinça e luvas
de forma a evitar a contaminação do papel filtro com qualquer outro material que não fosse o
vapor de água(umidade) proveniente do solo como mostrado na figura 30.
Figura 30 - Passo-a-passo dos papéis filtro e acondicionamento de amostras

Fonte: Arquivo pessoal do autor


51

As amostras ficaram acondicionadas em caixa térmica, como mostrado acima, por um


período de 07 dias. Esse período, de acordo com a literatura, é o tempo necessário para que o
papel filtro entre em equilíbrio de umidade com amostra de solo e se consiga medir a sucção
matricial. Assim, para obtenção da curva característica foram feitas tentativas de umidade
baseada no volume de água com posterior etapa de molhagem por gotejamento, ou seja, foi
realizada uma trajetória de umedecimento.
Ao final do período de equilíbrio os papéis são levados para aferição da massa em
balança com precisão 0,0001 g (4 casas decimais) do Laboratório de Pesquisa em Química
Ambiental e de Biocombustíveis – LAPEQ/UFT. O procedimento de retirada do papel-filtro do
conjunto (solo + papel) deve ser feito de forma rápida e cuidadosa tendo em vista que o papel-
filtro perde umidade rapidamente para o meio.

Figura 31 - Aferição de massa do papel-filtro após contato com a amostra de solo

Fonte: Arquivo pessoal do autor


Após a pesagem na balança de precisão, os papéis-filtro foram armazenados em sacos
plásticos do tipo zip-lock para facilitar o transporte (figura 32) e então foram colocados em
cápsulas metálicas (figura 33) para processo de secagem em estufa a uma temperatura de 110
ºC por um período de 24 horas.
52

Figura 32 - Armazenamento de papel filtro após a pesagem

Fonte: Arquivo pessoal do autor


Após a secagem os papéis foram armazenados para transporte, como mostra a figura
32 e pesados novamente na balança de precisão.
Com base nos dados de umidades obtidos pela equação 16 foi possível encontrar os
dados de sucção relativos a cada teor de umidade com base nas equações 17 e 18 de
calibração do papel Whatman nº 42.
/AB 0 /A:
? =@ /A:
C 2 100 (16)

? ≤ 47% → %çãK(LM$) =
10N,PN08,8QRR > (%) (17)
? > 47% → %çãK(LM$) = 10Q,8T0R,NP U >(%)

(18)

Em que:
- Ww: Umidade do papel do filtro Whatman nº42;
- Mpu: massa do papel filtro úmido (g);
- Mps: massa do papel filtro seco (g).
Figura 33 - Secagem dos papéis-filtro em estufa

Fonte: Arquivo pessoal do autor


53

Em posse dos dados de sucção e saturação foram plotados os pontos as curva de


retenção que foram ajustadas segundo o modelo de van Genuchten (1980) descrito pela
equação abaixo, no software RETC – versão 6.02 (figura 34), que é um programa gratuito
para obtenção e análise de curva característica e condutividade hidráulica de solos não
saturados fornecido por van Genuchten (2009).
7
=V [ (19)
7W(XY)Z

Em que:
- , m e n são parâmetros de ajuste empíricos que afetam o formato da curva;
7
-\ =1- .]1 (restrição de Mualen).

Figura 34 - Software de ajuste da curva característica

Fonte: Software RETC, 2021.


54

3.6 ENSAIO DE CISALHAMENTO E COLETA DOS DADOS

O equipamento utilizado para o ensaio de cisalhamento direto em solos foi fabricado


pela CONTENCO com base no software pjr.cisalhamento versão 03 como mostra a figura 35.

Figura 35 - Cisalhamento eletrônico com LVDT’s – servo controlado

Fonte: Fabricante - CONTENCO, 2021

O dispositivo possui servo controlado acoplado a um redutor de velocidade com


capacidade de aplicação de carga cisalhante de até 500 kgf e medição de força de célula de
carga.
A velocidade de deslocamento do equipamento varia de 0,0002 a 12,0 mm/min e é
ajustada pelo software operacional através de comandos. A velocidade utilizada foi definida
pelo método proposto pela norma americana ASTM D3080 – 11 (Método de Ensaio Padrão
para Teste de Resistência ao Cisalhamento Direto sob Condições Adensado e Drenado), cujo
método de definição da velocidade baseia-se na pré-classificação do solo pelo método SUCS.
O sistema de aplicação de tensões normais com capacidade de até 10,00 kgf/cm² para
os corpos de prova de 4” x 4” e de até 40,00 kgf/cm² para os corpos de prova de 2” x 2”, é
realizado através do uso de pesos em pêndulo e/ou braço de alavanca.
55

O equipamento é um conjunto versátil e com recursos suficientes para a determinação


dos parâmetros de resistência ao cisalhamento de solos. As tensões totais aplicadas foram de
0,5 kgf/cm², 1,00 kfg/cm² e 2,0 kgf/cm² no estado rápido e adensado.
Para cada ponto de umidade (umidade abaixo natural, na umidade natural e acima da
umidade natural) foram realizados três ensaios com as tensões pré-definidas, e ao fim do ensaio
de cada ensaio o software plotou os gráficos e resultados referentes à coesão e ângulo de atrito
e tensão cisalhante.
As amostras foram retiradas pelo método de cravação do molde metálico de dimensões
(5,0x5,0x2,0 cm) e pesadas antes da realização do ensaio (figura 36). Todo o procedimento foi
realizado de acordo com o manual de ensaio elaborado pela fabricante.
Figura 36 - Pesagem da amostra antes do ensaio de cisalhamento

Fonte: Arquivo pessoal do autor


O conjunto de ensaio (caixa bipartida) possui uma série de placas a serem sobrepostas
tal qual é mostrado na figura abaixo.
Figura 37 - Preparação do aparato de cisalhamento

Fonte: Arquivo pessoal do autor


56

As placas na parte inferior esquerda da imagem são colocadas embaixo da amostra, já as placas
da parte inferior direita da imagem vão na parte superior da amostra de solo na figura 38.

Figura 38 - Amostra acondicionada dentro do aparato de cisalhamento

Fonte: Arquivo pessoal do autor

As placas servem para proporcionar a drenagem do solo (placa porosa e papel filtro) além de
criar uma superfície cuja aderência (placa metálica com ranhuras) possibilita o correto cisalhamento da
amostra, como mostra o conjunto abaixo em sua organização final antes do cisalhamento.

Figura 39 - Aparato de cisalhamento completo

Fonte: Arquivo pessoal do autor


57

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos de caracterização do solo como,


granulometria, limite de liquidez e plasticidade, massa específica (software excel); curva
característica do solo (software RETC); tensão de cisalhamento, ângulo de atrito e coesão
(software pjr cisalhamento).

4.1 CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DO SOLO

Com relação à composição granulométrica, as duas amostras apesar de terem sido


coletadas no mesmo lote apresentam granulometria um pouco distintas. Enquanto a amostra 01
possui um percentual predominantemente de pedregulho silte e argila, a amostra 02 é mais
arenosa do que a amostra 01, mas ambos os solos, de acordo com classificação TRB, possuem
características de solos argilosos. Os detalhes da classificação granulométrica por peneiramento
e sedimentação com defloculante são apresentados abaixo.
Figura 40 - Curva granulométrica do solo da amostra 01

Amostra 01 - Com defloculante


110,0
100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
% passa

50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro das partículas (mm)

A figura 40 representa a curva granulométrica da amostra 01 que pôde ser classificada


de acordo com a classificação TRB como um solo do grupo A-7-6 (solo granular com finos
58

argilosos de alta plasticidade) enquanto que pela classificação SUCS, o solo é do tipo SM, ou
seja, uma areia siltosa com pedregulho. A segunda classificação é confirmada pela curva
granulométrica, já que pelo resumo granulométrico apresentado na tabela 5, o solo possui
percentuais predominantes de pedregulho e material fino, em geral é um solo grosso já que
menos do que 50% passa na peneira 200.
Quadro 1 - Resumo granulométrico da amostra 01

A figura 41 representa o resultado do ensaio de limite de liquidez da amostra 01, cujo


LL está em torno 41, LP em torno de 30,52 e resulta em um IP igual a 11,48 (tabela 6). Dos
cinco valores de umidade obtido para o limite de plasticidade, dois diferiram da média em mais
de 5%, mas de acordo com a norma se pelo menos três resultados estiverem dentro da média,
os resultados são considerados satisfatórios. No que diz respeito ao índice de plasticidade, Pinto
(2008) afirma que os solos cujo índice de plasticidade está entre 7 e 15 possui características
medianamente plástica.

Figura 41 - Gráfico do limite de liquidez (LL) da amostra 01


59

Quadro 2 - LP e IP da amostra 01

A massa específica dos grãos do solo (Gs) foi realizada a partir do método do picnômetro. Dessa
forma, para a amostra 01 foi encontra um Gs de 2,705. O resultado foi considerado satisfatório já que
os resultados individuais não diferiram em mais que 0,02 g/cm³.

Quadro 3 - Massa específica real dos grãos da amostra 01

Amostra 01
Ensaio Ensaio
01 02
Peso do picnometro (g) 169,81 161,19
Peso do picnômetro + água (g) 667,52 657,95
Peso do picnômetro + solo (g) 229,81 221,19
Peso do solo seco (g) 60 60
Peso do picnômetro com água e solo (g) 705,33 695,92
Temperatura (°C) 25,5 25,5
Massa específica da água à temperatura ambiente (g/xm³) 0,9969 0,9969
Massa específica real dos grãos (g/cm³) 2,696 2,715
Gs 2,705

Já para amostra 02, a curva granulométrica juntamente com os limites de Atterberg


apresentados abaixo caracterizam o solo de acordo com a classificação TRB como solo A-7-5
que é também um solo com característica argilosa, em geral. Já pela classificação SUCS, a
amostra 2 é definida como um solo ML (silte arenoso), por ter a fração de finos maior que 50%
passado na peneira 200 e na carta de plasticidade estar abaixo da linha A. Apesar das duas
classificações divergirem um pouco, Liu (1967 apud CAMPOS, 2018) afirma que solos do
grupo A-7-5 têm uma classificação correspondente à ML no sistema unificado.
A figura abaixo mostra a distribuição granulométrica do solo correspondente à amostra
02.
60

Figura 42 - Curva granulométrica do solo da amostra 02

Amostra 02- Com defloculante


110,0

100,0

90,0

80,0

70,0

60,0
% passa

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
0,0010 0,0100 0,1000 1,0000 10,0000 100,0000
Diâmetro das partículas (mm)

Quadro 4 - Resumo granulométrica da amostra 02

Com relação aos limites de Atterberg da amostra 02 com LL igual a 42,50, LP igual a
30,59, o índice de plasticidade (IP) resultante caracteriza o material como medianamente
plástico pois o IP encontra-se entre 7 e 15.
Para o ensaio de massa específica real dos grãos a amostra 02 apresentou um Gs de
2,713. O resultado, de acordo com a norma, também é satisfatório já que os valores individuais
de cada ensaio não distam mais que 0,02 g/cm³ e também pode ser inferido que por possui uma
maior quantidade de finos, principalmente argilosos, a sua microestrutura é mais densa que a
da amostra 02.
61

Figura 43 - Limite de liquidez (LL) da amostra 02

Quadro 5 - LL e IP da amostra 02

Quadro 6 - Massa específica real dos grãos da amostra 02

Amostra 02
Ensaio Ensaio
01 02
Peso do picnometro (g) 152,33 108,22
Peso do picnômetro + água (g) 679,01 623
Peso do picnômetro + solo (g) 212,33 168,22
Peso do solo seco (g) 60 60
Peso do picnômetro com água e solo (g) 716,91 661,01
Temperatura (°C) 25,5 25,5
Massa específica da água à temperatura ambiente (g/xm³) 0,9969 0,9969
Massa específica real dos grãos (g/cm³) 2,707 2,720
Gs 2,713
62

4.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO

No quadro 7 são apresentados os resultados obtidos nos ensaios de cisalhamento com


as respectivas tensões normais aplicadas e os parâmetros de cisalhamento encontrados (tensão
cisalhante, coesão e ângulo de atrito).
Quadro 7 - Resumo dos ensaios de cisalhamento direto

(ua-uw) σ τ Critério de
Solo Condição de ensaio c(kPa) ∅(°)
(kPa) (kPa) (kPa) ruptura

50 36,28 Pico
Sr=36,95%
283,19 100 94,14 Pico 6,86 37,62
w = 20,98%
200 153,1 Pico
50 25,49 Pico
Amostra Sr=46,18%
14,19 100 44,13 Pico 18,63 36,84
01 w=natural
200 132,4 Deslocamento
50 34,32 Deslocamento
Sr = 56%
6,76 100 40,22 Pico 4,9 33,22
w=33,03%
200 127,5 Pico
50 89,24 Pico
Sr=34,04%
630,34 100 108,9 Pico 48,05 35,26
w = 20,44%
200 190,3 Pico
50 66,69 Deslocamento
Amostra Sr=39,13%
11,66 100 71,59 Pico 2,94 46,2
02 w=natural
200 176,5 Deslocamento
50 29,42 Pico
Sr= 53,22%
7,44 100 37,27 Pico 0 33,08
w=30,82%
200 136,3 Pico

Das figuras 44 a 55 são apresentados os gráficos de tensão versus deformação e


envoltórios de rupturas das amostras 01 e 02 respectivamente. A sequência das figuras sempre
apresenta o seguinte padrão: gráfico de tensão/deformação, gráfico da envoltória de ruptura do
menor teor de saturação para o maior.
É importante ressaltar que devido a não uniformidade de alguns dos gráficos obtidos, o
critério de ruptura foi definido por meio do método exposto por Feuerharmmel (2007, apud
MASSOCCO, 2017), em que a ruptura é definida pelos seguintes parâmetros:

- Curvas tensão cisalhante versus deformação horizontal que apresenta um pico


pronunciado com posterior queda, nesse caso o pico representa o valor de ruptura;
63

- Curvas tensão cisalhante versus deformação horizontal que apresentam uma tensão
cisalhante contínua crescente, o valor de resistência é onde a reta mantém a inclinação constante
ou o valor referente a tensão cisalhante em 10% da deformação horizontal total.
Ao analisar os gráficos de envoltória em conjunto aos dados do quadro acima, observa-
se uma diminuição da tensão cisalhante máxima com o aumento da saturação do solo
Figura 44 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 01 (abaixo da umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h - A1


1,8
1,6
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,4
1,2
1
50 kPa
0,8
100 kPa
0,6
200 kPa
0,4
0,2
0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 45 - Envoltória da amostra 01 para umidade abaixo da natural

1,8
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)

As amostras rompidas no estágio de umidade natural (figura 46) apresentam um gráfico com
deslocamento horizontal inicial próximo a 7 mm, pois no cisalhamento da primeira amostra a célula
64

bipartida não foi retornada automaticamente até o ponto zero (posição inicial) e precisou-se retorná-la
manualmente, o que após a plotagem dos gráficos percebeu-se esse deslocamento. O suporte técnico
do fabricante informou que esse tipo de deslocamento não influencia nos resultados de cisalhamento
pois mesmo com o deslocamento de 7 mm a tensão cisalhante foi aplicada apenas no início do ensaio,
e não em um momento anterior ou posterior de quando deveria ser aplicada. O único cuidado que se
deve ter é que ao se analisar o critério de ruptura com base no deslocamento considerar 7,00 mm como
o ponto de partida.

Figura 46 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 01 (umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h - A1


1,50
Tensão cisalhanete (kgf/cm²)

1,20

0,90
50 kPa
0,60 100 kPa
200 kPa
0,30

0,00
5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 47 - Envoltória da amostra 01 na umidade natural

1,6

1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
65

Como pode ser observado na figura 47 o gráfico de envoltória possui um ∅’ bastante


elevado o que se deve ao elevado aumento da tensão normal aplicada e com um leve
decréscimo da angulação com o aumento da umidade.
Figura 48 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 01 (acima da umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h - A1


1,4

1,2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

0,8
50 kPa
0,6 100 kPa
200 kPa
0,4

0,2

0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 49 - Envoltória da amostra 01 para umidade acima da natural

1,4

1,2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
66

Figura 50 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 02 (abaixo da umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h -A2


2,5

2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,5

50 kPa

1 100 kPa
200 kPa

0,5

0
0 2 4 6 8 10 12
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 51 - Envoltória da amostra 02 para umidade abaixo da natural

2,5

2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
67

Figura 52 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 02 (umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h - A2


2,5

2
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,5

50 kPa

1 100 kPa
200 kPa

0,5

0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 53 - Envoltória da amostra 02 para umidade natural

2
1,8
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)
68

Figura 54 - Gráfico Tensão x Deformação amostra 02 (acima da umidade natural)

Tensão vs. deslocamento h - A2


1,6

1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,2

0,8 50 kPa
100 kPa
0,6
200 kPa
0,4

0,2

0
0 3 6 9 12 15 18 21
Deslocamento horizontal (mm)

Figura 55 - Envoltória da amostra 02 para umidade acima da natural

1,6

1,4
Tensão cisalhante (kgf/cm²)

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Tensão normal (kgf/cm²)

Nos gráficos 56 e 57 estão descritos os gráficos de tensão cisalhante versus sucção e o


comportamento não linear do ângulo ∅b, enquanto que para baixos intervalos de sução o ∅b
chegar a ser considerável, para altos valores sucção possui baixa angulação. De uma forma
geral, os dados das amostras de cisalhamento tanto da amostra 01 quanto da amostra 02
apresentaram alto R², isso significa que a aderência dos dados à envoltória de ruptura está
coerente, apesar de algumas das inconsistências apresentadas.
69

Figura 56 - Gráfico Tensão cisalhante x Sucção (amostra 01)

Figura 57 - Gráfico Tensão cisalhante versus Sucção (amostra 02)

4.3 OBTENÇÃO DA CURVA CARACTERÍSTICA

Em posse dos dados experimentais de sucção e umidade volumétrica foi possível obter
a curva de retenção e realizar o ajuste de Van Genuchten (1980) no software RETC (1991). O
quadro 8 apresenta os dados obtidos por meio ensaio com o papel filtro. Foi necessária a
70

conversão das unidades de sucção e umidade para as unidades utilizada pelo programa, então
ao invés de kilopascal, uso-se hectapascal na escala log e ao invés de porcentagem para a
umidade, foi utilizada a unidade de centímento cúbico por centímetro cúbico (umidade
gravimétrica), tal qual pode ser observado no gráfico da figura 48 da curva característica para
a amostra 01.
No entanto para problemas de engenharia geotécnica as unidades mais utilizadas são as
demonstradas no quadro 8. Ao final da execução da curva o software RETC ainda exibe um
relatório com os parâmetros de ajuste utilizadas para plotagem da curva de retenção, tais dados
estão expressos no quadro 9, inclusive com R² indicando uma boa aderência dos pontos de
sucção versus umidade ao ajuste representado pela curva.
A curva característica para a amostra 02 não pode ser plotada devido à baixa aderência
dos dados ao ajuste da curva.

Quadro 8 - Sucção medida e saturação

Amostra 01 Amostra 02
Sucção Sr Sucção Sr
(kPa) (%) (kPa) (%)
1588,35 33,17 1571,83 30,70
401,99 39,18 630,34 32,32
283,19 36,95 99,61 34,04
28,87 46,75 27,72 36,56
14,19 46,18 11,66 39,13
7,94 50,26 7,44 53,22
6,76 56,00 6,43 63,23
5,84 71,35 N/A

Quadro 9 - Parâmetros de ajuste da curva característica

Ajuste de Van Genuchten


modelo de Mualen (Silte)
1 alfa 0,016
2 n 1,37
3 m 0,27
4 R² 0,91
71

Figura 58 - Curva característica da amostra 01 plotada pelo RETC


72

5. CONCLUSÕES

Apesar da limitação em termos de controle de sucção, variação de umidade e


volumétrica e controle de drenagem, foi possível perceber que no comparativo de amostra do
mesmo solo, há uma variação de resistência da menor para a maior sucção, ficando evidente
que solos no estado saturado possuem uma menor resistência e que esse ensaio pode ser
aplicado para análises menos complexas, como por exemplo, a escolha da época do ano para
escavação de taludes (em virtude das chuvas) e parâmetros iniciais para projetos de
estabilidades.
De um modo geral, os parâmetros de resistência referentes à amostra 02 estão mais
coerentes e variando de forma mais uniforme do que a amostra 01, exemplo disso é que verifica-
se que no aumento da saturação do solo no estado natural (Sr= 39,13%) para a saturação de
53,22%, houve um decréscimo médio da tensão cisalhante de 37,26 kPa para todas as tensões
normais aplicadas (50, 100 e 200 kPa).
Já para as amostras indeformadas do solo 01, apenas os ensaios de 100 kPa e 200 kPa
apresentam uma concordância na diminuição da tensão cisalhante quando do aumento da
saturação.
Com relação ao ângulo de atrito interno, o que se observa é o contrário do fato descrito
acima. O ângulo de atrito para a amostra 01 varia bem menos do que na amostra 02, o que em
tese não deveria acontecer pois o ângulo de atrito deveria se manter constante mesmo variando
os teores de umidade já que esse paralalelismo entre as envoltórias é um indicativo de que o
aumento de tensões cisalhantes ocorresse pela elevação da coesão dos solos, que por sua vez é
mais proeminiente em solos mais argilosos.
Portanto, como o solo 02 possui uma parcela de argila maior que o solo 01, esperava-se
que esse paralelismo ocorresse de forma mais visível para o solo 02 do que para o solo 1.
Outro fator interessante é que ao se analisar os gráficos das figuras 46 e 47, é possível
observer que o ângulo ∅b dos solos varia de acordo com a sucção aplicada, o que é coerente ao
que diz a grande maioria dos autores. Dessa forma, é possível obter-se dois valores de ∅b que
podemser usados em intervalos diferentes de sucção. Para sucções mais baixas tem-se um ∅b
mais elevado semelhante ao valor de ∅’, enquanto que para sucções maiores o ∅b é menos
proeminente e portanto, menor que ∅’.
Dessa forma, os resultados estão coerentes com o que é exposto na literatura majoritária
para uma superfície de ruptura que se torna curva e não plana, em que de acordo com Mendes
73

(2008), para sucções baixas ∅b é igual a ∅’ e para sucções elevadas ∅b descresce até se tornar
menor que ∅’.
Algumas divergências foram observadas, principalmente com relação aos valores da
tensão cisalhante em função da sucção, fato este que pode estar ligado à dificuldade de se impor
sucção aos corpos de prova, à moldagem das amostras por meio de cravação do solo no estado
indeformado e ao controle minucioso da umidade dos corpos de prova durante o ensaio, no
entanto todos os R² dos gráficos de envoltória estão acima de 90%, o que mostra boa aderência
dos resultados ao modelo de ensaio.
Portanto, o método do papel filtro para obtenção da curva característica de um solo de
Palmas se motrou eficaz apesar da quantidade de variáveis a serem controladas em laboratório.
Muitos estudos nessa área ainda precisam ser feitos para que o método de análise de solos não
saturados se torne cada vez mais corriqueiro na construção civil em virtude dos benefícios
trazidos pelo conhecimento dos parâmetros de resistência do solo.
Por isso, sugere-se para trabalhos futuros no âmbito de solos saturados, o aumento do
número de amostras para montagem de uma superfície de ruptura tal qual foi realizado por
Machado (2016) e aplicação dos valores obtidos em uma aplicação prática, por exemplo em
estabilidade de taludes, variação do método de obtenção da curva característica por meio
câmara de Richards.
74

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