Estimulação de Poços de

Petróleo: uma visão prática

Luís Fernando Neumann

Consultor Independente
LFNfrac
08/04/2021
 Neumann: 34 anos de PETROBRAS
• Sou Engenheiro Químico • Em abr/91 mudei para a
pela PUC-RS e ingressei na UN-BC – Macaé e comecei
PETROBRAS em 1987
(séc. XX…) como Químico a embarcar (off-shore)
de Petróleo
• Na UN-BC passei a
• Trabalhei na UN-BA, bacia trabalhar inicialmente com
do Recôncavo, em terra, de remoção de parafinas do
mai/88 a abr/91 quase interior de linhas
sempre com controle de submarinas, passando para
qualidade de fluidos de controle de areia em poço
fraturamento (> 100
trabalhos) revestido e aberto e
finalmente com estimulação
de poços por fraturamento
hidráulico e/ou ácido
 Neumann: 34 anos de PETROBRAS
• Em jul/2009 fui transferido • Em julho/2015 mudança de
para a Sede (Rio) local de trabalho para o
EDIHB ainda no Rio de
• Mestrado de jul/2009 a Janeiro
jul/2011 na UNICAMP com
dissertação de título
kilométrico abordando • Aposentado da Petrobras
fraturamento ácido em 24/03/2021

• A partir de ago/2011, • Início de trabalho como

trabalhei na Sede da Consultor Independente na
Petrobras no Rio de Janeiro
pensando sobre área de Estimulação e
fraturamento hidráulico e Contenção de Areia
ácido, fracpacks e
contenção de areia
 Algumas realizações
 Ruins
 Em dez/1992 causei uma pescaria e
abandono de um poço de petróleo por
erro no cálculo do deslocamento da
pasta de areia com resina fenólica – uma
boa cola que deu pega com a coluna
dentro…
 Em 2003, anno horribilis nos fracpacks
do campo de Roncador – 4 poços, 4
pescarias com um colapso de
ferramenta...
 Boas
 Maio/92 – primeiro SGN para remoção
parafina e OTC 7575
 Fev/96 – primeiro fracpack da bacia de
Campos
 Set/2001 – centésimo fracpack e
SPE73722
 ago/2004 – primeiro Surgifrac™
 Maio/2005 – primeiro poço HRMF,
SPE98277
 Dez/2013 – primeiro poço multi-fraturado
em Sururu – OTC 26308
Neumann, 29 anos atrás no 1° SGN em abr/92
Esperando SS-49... (fracpack em Roncador, dez/2004)
 O que é estimulação de poço?
• São aquelas atividades • As mais comuns são a
que visam aumentar a injeção de ácidos (HCl,
produção ou a injeção acético, fórmico, etc),
de fluidos seja pela solventes (xileno,
remoção do dano de diesel, etc) ou o
formação seja pela fraturamento das
diminuição do fator de formações, seja com
película (skin)... agente de sustentação
(proppant) seja com
ácido.
 Acidificação de Matriz
• Em arenitos
• Usa mistura de HCl com HF
• Remove dano, não
“estimula” de fato, s = 0 ou
RD = 1
• Reação complexa e com
reações secundárias
4 HF + SiO2 → SiF4 + 2H2O
SiF4 + 2 HF → H2SiF6
• Por vezes, o “conserto” é
pior do que o estrago...
• Em carbonatos
• Ácido mais usado, de longe,
é o HCl de 15% a 28% (v/v)
• Remove dano e “estimula”
de fato e, quase sempre, o
s < 0 ou RD < 1
• Reação muito simples:
2 HCl + CaCO3 → CaCl2 + H2O + CO2
• Ácidos orgânicos usados
em formações quentes (>
150°C) ou na presença de
metalurgia nobre (Cr22)
 Most Common Acidizing Reactions’ Stoichiometry

Fonte: Dr A D Hill – TA&MU – curso PETROBRAS - maio/2008

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 Acidificação de matriz
O desenho de um tratamento com ácido pede
definir alguns parâmetros:
 Seleção do ácido e concentração
 Seleção dos aditivos (preventor de emulsão, anti-

corrosão, anti-borra, sequestrante de ferro, etc)

 Volume e vazão do ácido

 Onde o ácido será colocado, isto é, divergência, que

é o maior desafio nas grandes extensões dos

carbonatos da seção pré-sal…
 Execução e monitoração do tratamento
 Acidificação de Carbonatos
• A reação do HCl com CaCO3 é muito rápida e o
ácido é rapidamente consumido nas paredes dos
poros ou na face da fratura

• Portanto, a velocidade da reação é controlada pela

transferência de massa o que leva a uma dissolução
muito heterogênea e a formação de pequenos
canais chamados de wormholes cuja estrutura
depende da geometria de fluxo, da vazão de injeção,
da cinética de reação e da transferência de massa...
 CARBONATE ACIDIZING

In matrix acidizing, wormholes are our friends

 Propagation of wormholes through the damaged zone yields negative skin
 Only a small fraction of the matrix must be dissolved

wormholes
Carbonate Reservoir Acid
 wellbore

Damaged zone
Fonte: Dr A D Hill – TA&MU – curso PETROBRAS - maio/2008
 Wormholes – padrões de dissolução

Fonte: Fredd e Fogler, 1998

 Wormholes – padrões de dissolução

Fonte: Dr A D Hill – TA&MU – curso PETROBRAS - maio/2008

 Wormholes – simulação numérica

Fonte: Li e Germaine, 2019

 Wormholing Phenomena

 Much larger than pores, hence insignificant pressure drop through

them
 If the wormholes propagate through the damaged zone,

 rwh 
s   ln  
 rw 

Two foot long wormholes propagating from a 6 inch diameter well

yields s = -2.2
Fonte: Dr A D Hill – TA&MU – curso PETROBRAS - maio/2008
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Em carbonatos, o volume de ácido e a vazão (to frac or not
to frac?) tem um grande impacto no skin
Massive acid treatement Acid frac

Options for stimulation linked to well architecture

Stimulation options in carbonates classified as follow:

Wellbore clean-out (acid wash) 0 < Skin < -1
Near Wellbore stimulation (reduced wormholing) -1 < Skin < -2
Massive Acid Treatment (deep wormholing) - 2 < Skin < -4
Acid Frac - 4 < Skin < -5

Meeting PETROBRAS CATUA 18 dec 07 RIO

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Exemplo de acidificação

1
 Fraturamento Hidráulico (ou Ácido)
► Conceito

► Operação que busca aumentar a produtividade

ou injetividade de um poço (óleo, gás ou água)
por meio da criação de um canal de alta
condutividade.

1 19
Fraturamento Hidráulico (ou Ácido)
► Que tipo de Canais?

 Canal criado pela inserção de um agente de

sustentação (areia, cerâmica ou bauxita), que é,
de fato, o fraturamento hidráulico

 Canal criado pelo desgaste desigual das paredes

da fratura por ataque ácido, isto é,
fraturamento ácido
Sumário
• Definição de fratura ácida:

– fratura ácida é definida como os caminhos de fluxo

resultantes do contato parcial das superfícies mais ou menos
rugosas e irregulares, criadas pela reação desigual de um
ácido nas paredes naturalmente rugosas de uma fratura
induzida hidraulicamente.

– Uma fratura hidráulica sustentada ou uma fratura ácida é

uma estrutura sobreposta ao reservatório, o qual permanece
praticamente intacto além dos limites da fratura. A fratura,
todavia, pode incrementar significativamente a
produtividade dos poços devido ao aumento da área de
contato entre o poço e o reservatório (CIKES, 1996).
Fraturamento Hidráulico* vs Fraturamento Ácido

Proppant Acid

* Na PETROBRAS, o fraturamento com agente de su

Fraturamento Hidráulico (ou Ácido)
► Como?
 Contraste de condutividades
 Aumentando a área de contacto poço-

reservatório
 Ultrapassando regiões danificadas

 Atingindo áreas com melhores condições

permo-porosas
 Conectando reservatórios lenticulares ou

naturalmente fraturados
 Matematicamente, pode ser tratado como o

aumento do raio efetivo do poço!

 Por que fraturar?
• O raio do poço, rw é 0,10 m ou diâmetro de
0,20 m (~8 ½ in)
• O poço fraturado irá produzir tanto quanto
um poço com 10,3 m de raio (r’w) ou poço
com 20 m de diâmetro

• Não é possível perfurar um poço com 20 m

de diâmetro (seria um túnel!!!) mas é
plenamente possível criar uma fratura com
50 m de comprimento
 Por que fraturar?

É mais fácil criar uma fratura hidráulica ou ácida do que perfurar um poço com 20 m de diâmetro
 Fraturamento - Tratamento
► Quebra
► Testes (injetividade, minifrac, SRT,...)
► Declínio (análise de Nolte)
► Fases do fraturamento
 Pré-colchão
 Colchão

 Carreador

 Deslocamento
Fraturamento Hidráulico (ou Ácido)

1 27
 Fraturamento Hidráulico - Fases

Fonte: Economides & Nolte, reservoir Stimulation, 3 ed.

 Fraturamento Hidrálico - Fases

Fonte: Economides & Nolte, reservoir Stimulation, 3 ed.

 “in the beginning” was the First Field
Test
1947 using napalm (gelled gasoline )
Chemicals & fluid

Mixing pump RT “re-design”

“H-P” pump
Martin-Decker gauge: if pressure gets too-high, stop
Fonte: K G Nolte - Schlumberger - curso PETROBRAS – mai/2005
 1 to 2 to 7MM-lb to Offshore

1 31
Fonte: K G Nolte - Schlumberger - curso PETROBRAS – mai/2005
Modelagem da fratura ácida

Fratura vertical com fluxo ácido horizontal

Redução em escala pelo número de Reynolds: Relab = Refrac
O ensaio simula um trecho da fratura próximo do poço (NAVARRETE et al, 1998)
Abertura da fratura, w = 2,5 mm, qlab = 1500 cm3/min, 30 min de ensaio , T=45 oC,
Psist=7600 kPa para manter CO2 em solução, filtração em 2 cm3/min
Padrões de gravação: rugoso
Asup 3696
rL    1,908
Aproj 1937

m  (4740  1678)  2, 63 /1000  8, 05 g

Padrões de gravação: uniforme

Asup 1948
rL    1, 005
Aproj 1937

m  (2845  721)  2,33 /1000  4,95 g

Padrões de gravação: canais

Asup 2209
rL    1,140
Aproj 1937

m  (2884  894)  2, 42 /1000  4,81g

Padrões de gravação: tração
Antes
Asup 2145
rL    1,107
Aproj 1937

Depois
Asup 2214
rL    1,143
Aproj 1937

Asup 2214
rLT    1, 032
Aproj 2145

m  (20091  17323)  2,33 /1000  6, 44 g

 Estimulação off-shore
• Hoje em dia, a grande maioria dos tratamentos de estimulação são conduzidos a
partir de um barco de estimulação DP (posicionamento dinâmico) que opera bem
próximo à sonda (fixa ou flutuante) que está intervindo no poço

• Os operadores da cia de serviço sobem para a sonda e o fiscal (PETROBRAS)

desce para o barco usando cestinha

• Linhas que suportam alta pressão são montadas de um bordo da sonda até a
mesa rotativa onde são conectadas á coluna de trabalho que está no poço. As
linhas são submetidas à teste hidrostático de pressão para verificar sua
estanqueidade;

• Uma linha flexível conecta o barco de estimulação com as linhas de alta pressão
montadas na plataforma. A partir deste instante, o brado deve manter posição fixa
em relação à sonda para não compremeter a estrutura da linha flexível. Todo o
conjunto é testado para verificar sua estanqueidade

• O tratamento de estimulação é bombeado seguindo um programa adequado para

aquele reservatorio
Barcos de estimulação
Cestinha e linhas “chicksan”
Linha flexível
Interior de Um Barco de Estimulação
 E o que faz um engenheiro de
estimulação?
• Garante o cumprimento do programa de estimulação

• E quando necessário, adapta o programa elaborado

em terra, à realidade observada na “boca do poço”

• Analisa, basicamente o comportamento da vazão e

da pressão sendo que está pode se dar durante o
bombeio e depois do bombeio pois a maneira como
a pressão se dissipa na a formação traz muita
informação – declínio de pressão
 E o que faz um engenheiro de
estimulação?
• Esta análise prévia é muito importante antes de um
fraturamento hidráulico ou ácido

• É o engenheiro de estimulação que fará a análise dos testes

de calibração (TI, SRT e minifrac) decidindo pela alteração
ou não do programa original

• Um bom trabalho de estimulação e inicia em terra com a

coleta dos dados do poço e preparação do programa prévio.
Culmina na sonda com a realização do tratamento (4-5 dias
embarcado) e finaliza com a pós-análise dos resultados,
escrita do relatório e aprendizado com as lições aprendidas –
e ainda passeia de cestinha...
Teste de Calibração: minifrac
 Bombeio do fraturamento
Fraturamento intervalo 4
1700 bbl de gel base água do mar
145000 lb de RCP

Volume: 1700 bbl ou 270 m3

Vazão: 33 bpm ou 5,3 m3/min
Pressão sup: 4200 psi ou 286 atm ou
295 kgf/cm2
Pressão fundo: 5700 psi ou 388 atm
 Pinnacle ratificou análises de minfrac e geometria
de fratura do EN-52H

• The majority of fracture treatments were successfully

pumped and appear to have achieved reasonable
stimulation while avoiding downward growth into the
transition and water zones.
• Net pressure matching on the six propped treatments
indicated propped half-lengths varying from about 38m to
45m and heights ranging from about 77m to 89m for stages
2 through 6.

Na análise pós-tratamento é estimada uma

geometria de fratura com o auxílio de
simuladores comerciais (MFRAC, StimPlan) e
Uma estimativa da condutividade e do
possível ganho de produção que pode ser
esperado
 A mesma marcha de análise foi usada no BO-25H

Meyer
Altura: 103 m
Comprimento: 130 m (tip to tip)
Condutividade: 2200 md.ft
Permeabilidade: 340000 mD

StimPlan
Altura: 96 m
Comprimento: 140 m (tip to tip)
Condutividade: 2340 md.ft
Permeabilidade: - mD
 Custo de uma estimulação
• HCl/HF em arenitos: U$ 250 mil
• Lavagem ácida com HCl em carbonatos: U$
300 mil
• Acidificação massiva com HCl: U$ 600 mil
• Fraturamento ácido: U$ 800 mil
• Fraturamento hidráulico: U$ 400 mil – U$ 900
mil

• O engenheiro é o acessório mais barato de uma estimulação...

• Ano base 2010 – podem estar defasados

 E na seção pré-sal?
• Pressões de superfície entre 10 e 15 kpsi ou
700 e 1000 atm e 1000 atm no fundo!
• Vazões de 40 bpm ou 6,5 m3/min
• Volumes de 4500 bbl ou 720 m3
• Volumes de ácido de 3000 bbl ou 480 m3
 E no pré-sal?
• Fratura ácida se manterá aberta? ( foi objeto
da minha dissertação de mestrado...) e a
resposta é SIM!
• É possível realizar fraturamento hidráulico
massivo?
• Precisa?
• Qual o melhor sistema ácido?
• Acidificação de matriz vs fraturamento?