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Matéria:

Dosagem de concretos
convencionais e especiais

Profa: Ana Carolina Parapinski dos Santos


Foto:Engo Rubens Curti
O desafio que se impõe à cadeia construtiva é torná-los uma opção viável
economicamente para obras do cotidiano, fazendo com que o desenvolvimento que se
obteve desses materiais em laboratório atravesse a barreira do mercado, tornando-se,
assim, uma opção viável para as construções.
Capítulo 36 - Concreto: Ciência e Tecnologia
2002

2000 125 MPa

1990
45 MPa
1940
25 MPa

16 MPa
O termo "Concreto de Alto Desempenho" surgiu na década
de 90, como uma evolução natural do termo "Concreto de
Alta Resistência" que só enfocava apenas as propriedades
mecânicas do concreto.

Neste novo conceito, as demais propriedades do concreto,


principalmente, à durabilidade, são colocadas em pé de
igualdade com suas características mecânicas.
MEHTA, P. K.; AÏTCIN, J.-C. Principles underlying production of
high-performance concrete. Cement & Concrete Aggregates,
Philadelphia: American Society for Testing Materials, p. 70-78,
winter 1990.

• Primeira menção
• Princípios gerais
• Principais características
◼ As principais diferenças entre o CAD e um concreto comum
são:
– Baixa relação água/cimento
– Utilização de aditivos de ultima geração
– Adições minerais
– Otimização da granulometria das partículas cimentícias
“Do ponto de vista dos materiais, o concreto de alto desempenho
não é mais que um concreto com porosidade muito baixa. Essa
porosidade muito baixa é conseguida principalmente pelo uso de
muito menos agua de mistura que no concreto usual, de tal forma
que as partículas de cimento e de material cimentício suplementar
estejam muito mais próximas umas das outras que nos traços de
concreto usual.
À medida que a porosidade da pasta diminui, a resistência do
concreto aumenta, desde que os agregados, particularmente os
graúdos, sejam suficientemente resistentes. Assim, a seleção e o
proporcionamento dos ingredientes é uma questão muito mais
crítica que no caso do concreto usual”

Aitcin, P.C. “O concreto de auto desempenho” Livro. Pág 110.


◼ As adições minerais (microssílica, metacaulim, etc.) impõe ao concreto uma
melhoria nas suas mais importantes características. Isto é obtido através da
atuação na microestrutura do concreto através de dois efeitos:
– Atua quimicamente reagindo com o Hidróxido de Cálcio Ca(OH)2
transformando-o em Sílicato de Cálcio Hidratado (CSH), que é um dos
principais componentes do concreto endurecido
– Atua fisicamente como material inerte preenchendo os poros do concreto e
tornando-os descontínuos
◼ Com o uso das adições minerais o concreto passa a ter:
– maior resistência à compressão
– porosidade próxima de zero
– maior resistência à abrasão e à corrosão química
– maior adesão a outras superfícies de concreto
– melhor aderência com o aço, dentre outras vantagens
Para obter maior
compacidade e maior resistência mecânica

Adições de minerais ativas são utilizadas em


porcentagens que variam entre 5% e 15%
◼ Materialextremamente fino (1 grão de cimento = 100 vezes maior que 1 grão de
sílicaativa)
◼ Promove o adensamento da microestrutura do concreto
◼ Finura elevada demanda muita água
◼ Custo elevado
◼ A Sílica Ativa é um pó fino pulverizado decorrente do processo de fabricação do silício
metálico ou ferro silício. Portanto é um produto de origem metalúrgica, o que lhe confere
maior estabilidade quanto a sua composição química e física.
◼ No processo de fabricação do silício metálico, é gerado um gás (SiO) que, ao sair do forno
elétrico oxida-se formando a sílica amorfa (SiO2), que é captada em filtros de manga, em
seguida armazenada em silos adequados e embalada em big-bags e sacos de 15kg.
◼ As partículas de Sílica Ativa são esféricas, vítreas e possuem um diâmetro médio menor
do que 1 μm, apresentando altíssima superfície específica e uma massa específica
aparente baixa.
◼ O alto teor de SiO2 no formato amorfo (Não cristalino), aliado a uma elevada finura,
proporciona altíssima reatividade com os produtos decorrentes da hidratação cimento,
conferindo melhor desempenho em concretos e argamassa.
Metacaulim
Produto de calcinação e moagem de argilo-minerais cauliníticos.
Constitui um tipo de pozolana formada essencialmente por partículas
lamelares com estrutura predominantemente não cristalina.
Principais benefícios do Metacaulim
◼ Aumento das resistências mecânicas à compressão, tração e abrasão, em
todas as idades, em até 40%.
◼ Redução e controle das reatividades álcali-agregado em até 95%.
◼ Aumento da resistência ao ataque por sulfato, ácidos e outros agentes
químicos.
◼ Redução da penetração de cloretos em até 75%.
◼ Redução da corrosão de armaduras
◼ Diminuição do calor de hidratação e da fissuração de origem térmica.
◼ Diminuição da porosidade e permeabilidade em até 90%
◼ Melhoria estética da superfície, controle da eflorescência, fissuração e
desgaste.
◼ Reologia melhorada: maior coesão, até 90% menos exsudação, redução
em até 50% da reflexão em concretos projetados, maior fluidez e menos
segregação em concretos autoadensáveis.
◼ Sílica ativa
◼ Metacaulim
◼ Cinzas volantes
◼ Escória de alto forno
◼ Argila calcinada
◼ Cinza de casca de arroz
Concentração de “etringita” - cristais grandes,
porosos c/ baixa resistência mecânica Filme de
água - aumenta a/c (exsudação interna) Os
cristais de hidróxido de cálcio se posicionam
paralelamente à superfície do agregado,
favorecendo a existência de planos de
clivagem. (Paulon, V.; 1991)
Silicato de cálcio
hidratado C-S-H

Hidróxido de
cálcio ou
Portlandita (CH)

Fonte: Mehta e Monteiro (1994).

Mesmo para concretos com baixa relação água-aglomerante, nas primeiras idades, o
volume e tamanho de vazios na Z.T. serão maiores que na pasta. Além disso, há
grande presença de hidróxido de cálcio (CH), microfissuras e vazios nesta região
(Figura 6), e a quebra do empacotamento das partículas de cimento pelo efeito
parede. Como conseqüência destes fatores, a zona de transição é, na maioria das
vezes, a fase mais fraca em resistência no concreto.
Hidróxido de cálcio ou
Portlandita (CH)

Silicato de cálcio
hidratado C-S-H

Fonte: (MORANVILLE (1992))


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Concreto convencional
Aumento 1500x In Vieira 1998

Aumento 1500x In Vieira 1998


Concreto de alto desempenho
◼ Baixa permeabilidade

◼ Alta resistência química

◼ Alta resistência à compressão

◼ Menor possibilidade de carbonatação

◼ Baixa fissuração

MAIOR DURABILIDADE
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◼ Aumento da área útil: torna as estruturas, mais leves, mais
duráveis e mais econômicas
◼ Pontes e viadutos: permite maiores vãos, rapidez na
execução
◼ Soleiras de vertedouros: de usinas hidrelétricas, devido a boa
resistência à abrasão
◼ Pisos industriais: indicado por ter alta resistência à abrasão
e ataques químicos
◼ O Obras marítimas: por se tratar de um material com
permeabilidade próxima de zero é fortemente indicado o seu
uso em ambientes agressivos
◼ Recuperação de estruturas: pela sua grande aderência a
superfícies de concreto, dispensando a utilização de epóxi
para união das superfícies
◼ Peças pré moldadas: seu uso impõe agilidade à produção
Diversos métodos têm sido dentre os quais destacam-se os sugeridos
por:
• de Larrard (1990);
• Mehta e Aïtcin (1990);
• ACI 363 (1993);
• Rougeron e Aïtcin (1994);
• Domone e Soutsos (1994);
• Day (1996);
• O´Reilly (1998);
• Bharatkumar et al. (2001)
• Entre outros
Livro referencia: “Concreto de alto desempenho”,
autor: Pierre-Claude Aitcin

Os autores propuseram um procedimento


simplificado de dosagem aplicável para
concretos de peso normal e resistência entre
60 e 120MPa.

Pág 296 a 299


O método leva em conta o cálculo da dosagem de CAD sem ar
incorporado com teor de ar aprisionado de 2%, mas pode ser adaptado
para o uso de aditivos com este fim.

❖ Projetado para resistências de 60 a 120 MPa;


❖ Dmáx do agregados graúdo entre 10 e 15mm
❖ Abatimento entre 200 e 250mm
❖ Otimiza o aditivo SP;
❖ Segue conjunto de tabelas com valores determinados por uma série
grande de ensaios;
❖ Consumo de água tabelado por resistências;
❖ Volume da pasta é sempre 35% do total;
❖ Volume dos agregados 65%;
❖ Necessita ensaios preliminares para determinar a massa específica
(ME) dos materiais;
Sequência de passos:

Passo 1: Determinação da Resistência


Intervalos de resistências: 65, 75, 90, 105 e 120 MPa, (extrapolação para
50 MPa); * Extrapolação faixa A1 – cimentos CP V produzem resultados melhores
que os cimentos estudados para a criação do método.

Resistência Média
Resistência
prevista (MPa)

*A1 (extrapolação) 50

A 65
B 75
C 90
D 105
E 120
Passo 2: Teor de água
Consumo de água : Estima consumos de água entre 120 e 190
litros/m3 , conforme a resistência prevista;

Resistência Média Consumo máximo de


Resistência
prevista (MPa) água (litros/m3 )

*A1 (extrapolação) 50 190

A 65 175

B 75 160

C 90 145

D 105 135

E 120 120
Passo 3: Escolha do Aglomerante
O método parte do princípio: ( 35% pasta / 65% agregados)
Volume total pasta é 0,35 m3 /m3 , subtrai-se volume da água e 2% de
volume de ar incorporado;

𝑚3
𝑉𝑜𝑙𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑖𝑐𝑖𝑜 = 0,35 3 − 𝑉𝑜𝑙𝑎𝑔𝑢𝑎 − 𝑉𝑜𝑙𝑎𝑟
𝑚

Resistência A:

𝑚3
𝑉𝑜𝑙𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑖𝑐𝑖𝑜 = 0,35 − 0,175 − 0,02 = 0,155 3
𝑚
Passo 3: Escolha do Aglomerante
O aglomerante então é adotado como uma combinação dos materiais
cimentícios.
• A faixa atual de uso da Sílica Ativa é de 5 a 15% da massa total de
aglomerante
• A faixa de uso do metacaulim é de 5 a 15% da massa total de
aglomerante
• Metha e Aitcin recomendam a substituição de até 25% do cimento por
uma combinação de sílica ativa + cinza volante:
• 100% cimento apenas quando absolutamente necessário
• 75% cimento + 25% de cinza volante ou escória de alto forno
• 75% cimento + 15% de cinza volante + 10% de sílica ativa
Volumes de cimento e sílica ativa
Dados:
• Massa específica MECP= 3,14 g/cm3
• % Sílica Ativa SA=10%.
MESA = 2,22 g/cm3

Total de material SA (m3 /m3) (10% da


Resistência Água (m3 /m3 ) Ar (m3 /m3 ) CP (m3 /m3)
cimentício (m3 /m3) massa)

*A1 0,19 0,02 0,14 0,121 0,019


A 0,175 0,02 0,155 0,134 0,021
B 0,16 0,02 0,17 0,147 0,023
C 0,145 0,02 0,185 0,160 0,025
D 0,135 0,02 0,195 0,169 0,026
E 0,12 0,02 0,21 0,181 0,029
Volumes de cimento e sílica ativa
Dados:
• Massa específica
• % Sílica Ativa SA=10%.

𝑀𝑆𝐴 = 0,10 𝑀𝐶𝑃

𝑀𝑆𝐴 𝑀𝐶𝑃
+ = Volume de material cimentício
𝑀𝐸𝑆𝐴 𝑀𝐸𝐶𝑃

0,1. 𝑀𝐶𝑃 𝑀𝐶𝑃


+ = Volume de material cimentício
𝑀𝐸𝑆𝐴 𝑀𝐸𝐶𝑃

Conversão de massa a volume


Para resistência A:

0,1. 𝑀𝐶𝑃 𝑀𝐶𝑃 MECP= 3,14 g/cm3


+ = Volume de material cimentício
𝑀𝐸𝑆𝐴 𝑀𝐸𝐶𝑃 MESA = 2,22 g/cm3

0,1. 𝑀𝐶𝑃 𝑀𝐶𝑃


+ = 0,155𝑚3 = 155 𝑙
2,22 3,14
𝑘𝑔 𝐾𝑔
+ = 0,155𝑚3 = 155𝑑𝑚3
𝑘𝑔/𝑑𝑚3 𝑘𝑔/𝑑𝑚3
0,3635 ∙ 𝑀𝐶𝑃 = 155

𝑀𝐶𝑃 = 426,39𝐾𝑔

𝑀𝑆𝐴 = 10% ∙ 426,39𝐾𝑔 = 42,39𝐾𝑔


Passo 4: Escolha do teor de agregados
Volume total agregados 0,65 m3/m3;
Tabela empírica com relações de agregados miúdos e graúdos. De
acordo com a resistência, pelo decréscimo no consumo de água e
aumento de consumo do SP, aumenta o consumo de agregados graúdos;

Relação volumétrica dos agregados


Resistência
miúdos : graúdos

*A1 2,05 : 2,95


A 2,00 : 3,00
B 1,95 : 3,05
C 1,90 : 3,10
D 1,85 : 3,15
E 1,80 : 3,20
Traço dos agregados
Ex. para o Traço A: Relação volumétrica areia/brita = 2 : 3
Volume total agregados 0,65 m3/m3

VolBrita = 0,650 x 3/5 = 0,390 m3


MEAreia SSS= 2,65 g/cm3
MBrita = 0,390 x 2,67 = 1,041 tf MEBrita SSS = 2,67 g/cm3

VolAreia = 0,650 x 2/5 = 0,26 m3 g/cm3 = tf/m3 =1000 Kgf/m3


MAreia = 0,26 x 2,65 = 0,689 tf Massa = ME x volume
Passo 5: Cálculo da massa da mistura
Dosagem dos materiais pelas Massas Especificas
Define-se consumos em massas com as ME de cada um;
(agregados no estado saturado com superfície seca

Resistênci Total Água Agregado Agregado Massa Total Rel.


CP (Kg) SA (Kg)
a (Kg) Graúdo (Kg) Miúdo (Kg) (Kg) Agua/Aglo)

*A1 385,1 38,5 190 1023,9 706,2 2343,8 0,448


A 426,4 42,6 175 1041,3 689,0 2374,3 0,373
B 467,7 46,8 160 1058,7 671,8 2404,8 0,311
C 508,9 50,9 145 1076,0 654,6 2435,4 0,259
D 536,4 53,6 135 1093,4 637,3 2455,8 0,229
E 577,7 57,8 120 1110,7 620,1 2486,3 0,189

MECP= 3,14 g/cm3 M SSS Areia 2,65 g/cm3


M SSS brita 2,67 g/cm3
MESA = 2,22 g/cm3
Passo 6: Teor do superplastificante
Dosagem inicial de SP pelo resultado do ensaio do cone de Marsh

Cone de MARSH
Através deste teste
encontra-se a
combinação mais
Ponto de saturação = 0,4% adequada dos
aglomerantes com o
aditivo SP, que serve
como referência para
a % de aditivo a ser
usado nos concretos
de alta resistência.
ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE
Ajusta-se, por tentativas, a quantidade de SP para alcançar o
abatimento desejado.

Passo 7: Ajuste da umidade


Corrigir (subtrai-se) a água contida nos agregados e aditivo SP
(quando na forma líquida);

Passo 8: Ajuste da mistura experimental


O ajuste final das proporções é feito em uma mistura experimental
DOSAGEM
Calcular o consumo de materiais para rodar 20 litros de concreto
de CAD.
teor do aditivo suplerplastificante – 0,4%

Resistênci Total Água Agregado Agregado Massa Total Rel.


CP (Kg) SA (Kg)
a (Kg) Graúdo (Kg) Miúdo (Kg) (Kg) Agua/Aglo)

*A1 385,1 38,5 190 1023,9 706,2 2343,8 0,448


A 426,4 42,6 175 1041,3 689,0 2374,3 0,373
B 467,7 46,8 160 1058,7 671,8 2404,8 0,311
C 508,9 50,9 145 1076,0 654,6 2435,4 0,259
D 536,4 53,6 135 1093,4 637,3 2455,8 0,229
E 577,7 57,8 120 1110,7 620,1 2486,3 0,189

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