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BETÃO ARMADO I

MÓDULO 2

CLASSES DO BETÃO
1
RUY MOREIRA CRAVO
 PhD, MSc, MBA.
 ruycravo@mail.telepac.pt
 moreiracravoruy@gmail.com
 00258-843 841 557
 00258-822 897 294

2
LISTA DE EQUIVALÊNCIAS
3 109 = giga (G)
106 = mega (M)
103 = quilo (K)
102 = hecto (h)
10 = deca (da)
0,1 = deci (dm)
0,01 = centi (cm)
10-3 = mili (mm)
10-6 = micro (μ)
10-9 = nano (nm)
0,1 nanómetro (nm) = 1 angstrom (Å)
COMPOSIÇÃO DO BETÃO
4
Os parâmetros fundamentais que servem de guia à definição da composição do betão são:

 Dosagem do cimento;
 Composição dos agregados (granulometria e máxima dimensão);
 Massas volúmicas dos componentes;
 Razão água/cimento (A/C);
 Volume de vazios;
 Trabalhabilidade pretendida.
MATERIAIS CONSTITUINTES DO BETÃO

5
 Os materiais constituintes que são utilizados no betão corrente, estão dispostos na NP
EN 206- 1:2007. A figura seguinte descreve os constituintes do betão armado.
IDADE DO BETÃO: Resistência à Compressão

 A resistência à compressão aumenta com a idade do


betão, admitindo-se as seguintes relações entre as
resistências a diversas idades e a resistência aos 28
dias:
 Resistência aos 3 dias: σ3 = 0,40 σ28
 Resistência aos 7 dias: σ7 = 0,65 σ28
 Resistência aos 90 dias: σ90 = 1,20 σ28
 Resistência aos 360 dias: σ360 = 1,35 σ28

 Estas relações dependem do valor da resistência, da 6


relação água-cimento e do tipo de cimento.
BETÃO
7
O betão é um material formado pela mistura de cimento, de agregados grossos e
finos e de água, resultante do endurecimento da pasta de cimento.

Para além destes componentes básicos, pode também conter adjuvantes e adições.

Além destes requisitos de composição, para que o material possa ser considerado betão é necessário que
seja convenientemente colocado e compactado.

Assim deve apresentar, depois da compactação, uma estrutura fechada, i.e., o teor em ar em volume não
deve exceder 3% quando a máxima dimensão dos agregados é maior ou igual 16 mm e 4% quando a
máxima dimensão dos agregados é menor que 16 mm.

Este teor limite de ar não inclui ar introduzido nem os poros dos agregados, i.e., trata-se apenas de ar
aprisionado que não foi expulso em resultado da compactação.
EC 2 EUROCODE 2
8
No EC2, as classes de resistência baseiam-se em valores característicos da
resistência referido a provetes cilíndricas (fck), determinado aos 28 dias.
Os provetes cilíndricos de referência tem 15 cm de diâmetro e 30 cm de altura.
Os provetes cúbicos tem 15cm de aresta.
As classes de betão são, em termos de EC2, designados através de: C YY/CC
C-Betão
YY- Valor característico de resistência em cilindros, fck , em
Mpa;
CC- Valor característico de resistência em cubos, fck , em Mpa
CLASSES DE BETÃO
9
ESPECIFICAÇÃO DE UM BETÃO
10
 Além da classificação quanto a resistência, existem outras
características que um betão deve satisfazer.
 Por conta disso, uma especificação de um betão de comportamento
especifico de acordo com a NP EN 206-1 é mais completa do que a
especificada na EC2 e será, a titulo exemplificativo, da seguinte forma:

 NP EN1 206-1 C30/37 XC3(P) CI 0,2 Dmax 22 S3


CLASSES DE BETÃO
11
 NP EN1 206-1 C30/37 XC3(P) CI 0,2 Dmax 22 S3

 NP EN1 206-1 – a referencia à norma portuguesa;

 C30/37 – a classe de resistência à compressão;

 XC3(P) – a classe de exposição ambiental com a indicação de (P)


Portugal;
 CI 0,2 – a classe de teor de cloretos;

 Dmax 22 - dimensão máxima do agregado (22 mm no exemplo);


PARÂMETROS DEFINIDORES DA COMPOSIÇÃO
DO BETÃO
12
 dosagem do cimento;

 composição dos agregados (granulometria e máxima


dimensão);

 massas volúmicas dos componentes;

 razão água/cimento (A/C) pretendida;

 volume de vazios; e
CIMENTO
13
 O cimento (ligante hidráulico) é um material inorgânico finamente
moído que, quando misturado com água, forma uma pasta que faz
presa e endurece em virtude das reacções e processos de hidratação
e que, depois de endurecer, mantém a sua resistência e estabilidade
mesmo debaixo de água.

 O cimento é obtido pela cozedura, a temperaturas da ordem de


1450oC, de uma mistura devidamente proporcionadas de calcário e
CIMENTO
14
 O ligante assim obtido é designado correntemente por cimento Portland.

 No processo de cozedura destas matérias-primas (calcário e argila) são


originadas diversas reacções químicas, formando-se novos compostos
que, ao arrefecerem, aglomeram-se em pedaços com dimensões variáveis
(2 a 20 mm) designados por clínquer.

 Após o arrefecimento, o clínquer é moído juntamente com adjuvantes,


para facilitar a moagem e gesso para regular o tempo de presa.
CIMENTO
15
Os principais componentes do cimento Portland são os seguintes:

 · silicato tricálcico: 3CaO. SiO2;

 · silicato bicálcico: 2CaO. SiO2;

 · aluminato tricálcico: 3 CaO. Al2O3;

 · aluminoferrato tetracálcico: 4 CaO. Al2O3. Fe2O3.


AGREGADOS
16
 Os agregados podem classificar-se em: naturais, artificiais ou reciclados (resultantes de matérias
previamente usadas na construção).
 Os agregados artificiais são de origem mineral resultante de um processo industrial envolvendo
modificações térmicas ou outras (p.e. argila ou xisto expandidos).

 Os agregados reciclados resultam do processamento de materiais inorgânicos anteriormente


utilizados na construção (p.e. trituração de betão endurecido).

 Podem também classificar-se quanto à massa volúmica (ρ) em:

 agregados leves (ρ < 2000kg/m3);

 agregados normais (2000 ≤ ρ ≤ 3000kg/m3);


ÁGUA DE AMASSADURA
17
 A água de amassadura desempenha dois papéis importantes na massa fresca e na fase de endurecimento do
betão.
 No betão fresco, a água confere à massa a trabalhabilidade adequada para permitir uma boa colocação e
compactação.
 Na fase de endurecimento a água participa nas reacções de hidratação do cimento que conferem a resistência
necessária ao betão.
 Todavia, deve-se limitar ao mínimo a quantidade de água utilizada no fabrico de betão, pois a água em
excesso evapora-se criando no betão uma rede de poros capilares que prejudicam a sua resistência e
durabilidade.
 Assim, a quantidade de água a utilizar deverá ser a indispensável para se obter a trabalhabilidade pretendida.
Refira-se que com o desenvolvimento dos adjuvantes plastificantes com elevado desempenho é actualmente
possível utilizar quantidades muito pequenas de água no fabrico do betão sem prejudicar a trabalhabilidade.
ÁGUA DE AMASSADURA
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 Todas as águas potáveis e ainda as que não o sendo mas que não tenham
cheiro nem sabor podem ser utilizadas na amassadura do betão.

 Esta lei, perfeitamente geral, permite que se utilise na fabricação do betão a


água canalizada da distribuição para consumo público.

 As desconfianças surgem quando as águas não são potáveis, têm sabor ou


cheiro anormais e começam a apresentar turvação.

 Efectivamente a água de amassadura influi nas propriedades do betão através


ÁGUA DE AMASSADURA
19
 As substãncias dissolvidas podem afectar as resistências mecânica e química
do betão e das armaduras.

 As substâncias em suspensão podem afectar a compacidade e especialmente


o crescimento cristalino dos produtos da hidratação do cimento.

 De um modo geral , visto os inertes e a água serem produtos naturais, todas


as impuresas a que se fez referência no estudo dos inertes podem estar
contidas na água em concentrações elevadas devido ao poder dissolvente da
água, podendo ainda aparecer outras impuresas não contidas nos inertes.
ADJUVANTES
20
 A NP EN 206-1: 2007 define adjuvante como o material adicionado durante o processo de mistura do
betão, em pequenas quantidades em relação à massa do ligante, com o objetivo de modificar as
propriedades do betão fresco ou endurecido.
 Actualmente quase não se consegue conceber a formulação de um betão sem o recurso a um adjuvante de
modo a melhorar uma ou mais das suas propriedades, sendo as mais comuns as seguintes:

 aumentar a trabalhabilidade, mantendo ou reduzindo a água;


 reduzir a água com o objectivo de aumentar a resistência;
 acelerar ou retardar o processo de presa;
 acelerar ou retardar o endurecimento;
 diminuir a permeabilidade à água;
ADJUVANTES
21
 melhorar a resistência ao ciclo gelo/degelo;

 inibir ou diminuir a corrosão das armaduras;

 modificar a viscosidade;

 compensar a retracção;

 reduzir a exsudação;

 reduzir a absorção capilar do betão endurecido.

 A MAIORIA DOS ADJUVANTES É OBJECTO DE SEGREDO INDUSTRIAL, NÃO SE


CONHECENDO ASSIM AS SUAS PROPRIEDADES E COMPOSIÇÃO QUÍMICA.

 EM GERAL, APENAS SÃO DIVULGADOS OS EFEITOS SOBRE OS BETÕES.


ADJUVANTES LÍQUIDOS. Da esquerda para a
direita: Anti-lavagem , redutor de retração,
1

redutor de água, agente espumante, inibidor de


corrosão, introdutor de ar.

22
ENSAIO DE CONSISTÊNCIA
23
 Ensaio do consistência (NP EN 1235)

 A consistência deve ser especificada através de uma classe ou, em casos especiais,
através de um valor pretendido, tendo em consideração o método de ensaio mais
adequado.

 Mede a trabalhabilidade do betão.

 O ensaio mais utilizado nas obras correntes é o Ensaio de Abaixamento ou Cone


de Abrams ou Slump Test.
SLUMP TEST
24
SLUMP TEST
25
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
26
A classificação das acções ambientais tem em consideração os dois
principais factores de ataque ao betão armado ou pré-esforçado:

 ataque sobre o betão (ataque pelo gelo-degelo ou ataque


químico);

 ataque sobre as armaduras ou outros metais embebidos (corrosão


induzida por carbonatação ou por iões cloreto).
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
27
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
28
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
29
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
30
EXPOSIÇÃO DO BETÃO A ACÇÕES AMBIENTAIS
31
DIMENSÃO MÁXIMA DO AGREGADO
32
 A máxima dimensão do agregado mais grosso, D max, corresponde à dimensão D do agregado de

maior dimensão utilizado no betão, de acordo com a NP EN 12620 “Agregados para betão”.

 A especificação da máxima dimensão do agregado deve ter em conta as condições específicas da

obra (p.e.: dimensão da secção, espessura de camada de recobrimento e espaçamento entre

armaduras).

 Para assegurar uma adequada colocação e compactação do betão, a máxima dimensão do agregado

não deverá exceder:

 1⁄4 da menor dimensão do elemento estrutural;

 a distância entre as armaduras diminuída de 5 mm;


ESPECIFICAÇÃO COMPLETA DO BETÃO
33

 NP EN1 206-1 C30/37 XC3(P) CI 0,2 D max 22 S3


ESPECIFICAÇÃO COMPLETA DO BETÃO
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SEGURANÇA HIGIENE E SAÚDE DOS
TRABALHADORES
35
Quando o cimento é misturado com a água, libertam-se álcalis. Deste modo, as disposições
quanto à segurança no manuseamento do betão fresco, nomeadamente no que respeita aos
riscos para a saúde, são as seguintes:

Devem tomar-se precauçõ es para evitar que o betã o fresco entre nos olhos, boca e nariz,
recorrendo, se necessá rio, à utilizaçã o de equipamento de protecçã o individual.

Se o betã o fresco entrar em contacto com um destes ó rgã os, eles devem ser lavados
imediatamente com á gua corrente limpa e deve procurar-se imediatamente tratamento
médico; deve evitar-se o contacto da pele com o betão fresco, recorrendo a equipamento de
protecção adequado;

Se o betão fresco entrar em contacto com a pele, esta deve ser lavada imediatamente com
água corrente ..
BETÃO PRONTO
36
VANTAGENS DE USAR O BETÃO PRONTO.

 A utilização do betão pronto afigura-se como uma opção natural, pois constitui o meio mais eficiente e
eficaz de produzir e fornecer betão com as propriedades e os requisitos funcionais pretendidos em qualquer
projecto da construção, conduzindo à satisfação dos seguintes objectivos:

 Melhoria da qualidade e segurança na construção;

 Maior rapidez, racionalidade e eficácia na execução da obra;

 Redução dos custos da não qualidade;

 Protecção ambiental do meio e do consumidor; e


PROPRIEDADES MECÂNICAS DO BETÃO

37
Algumas características mecânicas relevantes
no betão são:
 resistência à compressão;
 resistência à tração;
 módulo de elasticidade;
 fluência;
 retração
 dilatação térmica.
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO BETÃO

38
 A resistência do betão à compressão é influenciado
pela sua composição.
 Os valores das classes de resistência à compressão a
utilizar no dimensionamento das estruturas de betão
armado estão indicadas, conforme se apresentou no
slide 7.
 A resistência do betão é avaliado aos 28 dias, mas em
certos casos (como por exemplo da desmoldagem),
poderá ser necessário determinar a ruptura do betão
TENSÃO DE ROTURA DO BETÃO À COMPRESSÃO NA
IDADE T
39
 A tensão de ruptura do betão à compressão na idade t, fck(t), pode ser obtida a partir da
seguinte expressão
Fck (t) = fcm (t) -8 (MPa) para 3 dias < t < 28 dias Eq. 1

Fck (t) = fck, para t ≥ 28 dias Eq. 1


TENSÃO DE ROTURA DO BETÃO À COMPRESSÃO EM VÁRIAS IDADES

40  A tensão de rotura do betão à compressão em várias idades, fcm (t),


poderá ser estimada pelas seguintes expressões:
fcm (t) = βcc (t). fcm Eq. 1

sendo:
βcc = exp (s(1-ξ 28/𝑡)) Eq. 1
onde:

fcm (t) – é a tensão media do betão à compressão à idade de t dias;

fcm - é a tensão media de rotura aos 28 dias de idade;

βcc – é o coeficiente que depende da idade do betão t dias

s – é o coeficiente que depende do tipo de cimento, é obtido a partir da


Valores de Coeficientes S
41

Classe R Classe N Classe S


Tipo de cimento CEM 42,5R , CEM 32,5R , CEM 32,5N
52,5N e 52,5R 42,5N
Valores de S 0,20 0,25 0,38

Valores de Coeficientes S para betões no Brasil


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO BETÃO E DO AÇO
42
 O valor de cálculo da resistência à compressão é dado por:
 fcd= acc fck / Υc (para betão) Eq. 1

fyd= fyk/Υs (para o aço) Eq. 1

 acc - em geral é igual a 1 para condições desfavoráveis;

 c -1,5 para coeficientes de segurança para situações de projecto transitórias e persistentes;

 s -1,15 para coeficientes de segurança para situações de projecto transitórias e


persistentes.
MÓDULO DE ELASTICIDADE DO BETÃO

43
 As deformações elásticas do betão dependem em grande parte da sua composição e em
particular dos módulos de elasticidade dos seus constituintes.

 Para o efeito de cálculo,

o modulo de elasticidade (Ecm)

pode ser definido como

modulo secante entre

 σc=0 e σc=0,4 fcm .


MÓDULO DE ELASTICIDADE DO BETÃO
44
O valor de módulo de elasticidade, em função da resistência média do betão
à compressão e dos diferentes agregados, podem ser estimados a partir das
seguintes expressões (com fcm em MPa).

 Ecm= 22,0 (fcm/10) 0,3 agregados quartziticos (fcm valores do quadro 1);

 Ecm= 19,8 (fcm/10) 0,3 agregados calcários;

 Ecm= 15,4 (fcm/10) 0,3 agregados de grés

 Ecm= 22,0 (fcm/10) 0,3 agregados basálticos


Distribuiçã o de tensõ es no betã o
45
COEFICIENTE DE POISSON

46
 O coeficiente de poisson do betão poderá ser considerado igual a
0,2 para betão não fendilhado e a 0 para betão fendilhado.
 O coeficiente de Poisson, ν, mede a deformação transversal (em
relação à direção longitudinal de aplicação da carga) de um material
homogéneo e isotrópico.
 A relação estabelecida é entre deformações ortogonais (Wikipedia)
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
47
 Determinaçã o do valor característico do betã o à compressã o fck a partir
de ensaios de conjunto de corpos de prova (provetes).
 Para a determinação do valor característico do betão é necessário fazer um
tratamento estatístico a amostra constituída por provetes.

fck- valor característico do betao


fcm- é a tensão media de roptura aos 28 dias de idade
λ – desvio padrão da resistência das amostras
Sn - parâmetro que depende do número de ensaios
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
48
CONCEITO DE VALOR CARACTERÍSTICO
 As medidas da resistência dos betões apresentam grande
dispersão de resultados em torno da média.
 Tomando-se a resistência à compressão dos concretos, se os
valores forem plotados num diagrama onde no eixo das
abscissas se marcam as resistências e no eixo das ordenadas
as freqüências com que as resistências ocorrem, quanto maior
o número de ensaios mais o diagrama terá a forma da curva de
distribuição normal de Gauss, como mostrado na Figura do
slide seguinte.
Diagrama de frequências de um betão (RÜSCH, 1981).
49
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
50
 A curva de distribuição normal é definida pelo valor
médio (fm) e pelo desvio padrão (s).
 Quanto menos cuidados forem dispensados em todas
as fases até o ensaio do corpo-de-prova, maior será o
desvio padrão (dispersão dos resultados).
 A Figura do slide seguinte mostra as curvas de dois
diferentes betões, com resistências médias iguais,
porém, com quantidades bem diferentes.
Curvas de dois betões com qualidades diferentes (RÜSCH, 1981)

51
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
52
 Se tomada a resistência média o betão com maior dispersão de resultados apresenta menos
segurança que o outro concreto, donde se conclui que a adoção da resistência média não
éum parâmetro seguro para ser considerado nos cálculos.
 Por este motivo as normas introduziram o conceito de “valor característico da resistência”
(fk), que, de acordo com a NBR 6118/03 (item 12.2), são aqueles que, num lote de um
material, têm uma determinada probabilidade de serem ultrapassados, no sentido
desfavorável para a segurança.
 Podendo também ser definido como o valor menor que a resistência média (f m) e que tem
apenas 5 % de probabilidade de não ser atingido pelos elementos de um dado lote de
material.
 Desse modo, a utilização de dois diferentes concretos com características de qualidade
diferentes fica segura, como mostrado na Figura do slide seguinte.
 A vantagem do betão com menor dispersão sobre aquele de maior dispersão será a
,
Betões com qualidades diferentes mas mesma resistência característica,(RÜSCH 1981).
53
VALOR CARACTERÍSTICO DO BETÃO À COMPRESSÃO
54
Admitindo a curva de Distribuição Normal de Gauss e o quantil de 5 % para a resistência, o
valor característico da resistência fica definido pela expressão:

onde:
 f = resistência característica do material (f = resistência, k = valor característico);
k

 f = resistência média do material;


m

 s = desvio padrão;
 1,65 s corresponde ao quantil de 5 % da distribuição normal.
Curva de distribuição normal para definição do valor
55 característico da resistência do material.
CÁLCULO DA CLASSE DO BETÃO Exercício 1
56
 Numa dada obra, para a execução de uma laje com agregados quartziticos, foram colhidas
6 amostras de cubos 15x15 cm, com os seguintes resultados de rotura à compressão:
 25,7; 28; 29,7; 23,8; 27 e 31,5 Mpa.
Tensão de
 Diga qual é a classe de betão aplicada na laje? Amostra ruptura
1 25,70
 2 28,00
Média Desvio padrão Probabilidade 3 29,70
4 23,80
5 27,00
6 31,50

Média 27,62
Desv. Padrão 2,76
CÁLCULO DA CLASSE DO BETÃO Exercício 1
57
Diga qual é a classe de betão aplicada na laje?

Tensão de
Amostra ruptura
1 25,70
2 28,00
3 29,70
4 23,80
5 27,00
6 31,50

Média 27,62
Desv. Padrão 2,76
CÁLCULO DA CLASSE DO BETÃO Exercício 1
58
Diga qual é a classe de betão aplicada na laje?
Média Desvio padrão Probabilidade

𝑋 = 𝜇 ± 𝑍. 𝜎 = 26,62 – 1,64 x 2,76 = 23,10 Mpa

R: O betão da laje é um betão de classe C16/20.


59
PATOLOGIAS DO BETÃO
60 Causas mecânicas, físicas e químicas de degradação
CORROSÃO DAS ARMADURAS PELA CARBONATAÇÃO DO BETÃO

61
 O dióxido de carbono (CO2) presente na atmosfera, na presença da
humidade, apresenta uma tendência para combinar com os constituintes
minerais hidratados do cimento de onde resultam compostos com um pH
mais reduzido.
 A mais importante reacção é a combinação do CO2 com o hidróxido de
cálcio (Ca(OH)2) libertado pela hidratação dos componentes do cimento.

 O hidróxido de cálcio carbonata-se passando a carbonato de cálcio (CaCO3)


e outros componentes do cimento também são decompostos resultando em
sílica, alumina e óxido férrico hidratados.
CORROSÃO DAS ARMADURAS PELA CARBONATAÇÃO DO BETÃO

62
 O hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) é a substância que mais contribui para conferir um
elevado pH do betão (pHbetão≈12,5), permitindo a formação de uma camada
microscópica de óxido de ferro, designada por película passiva.
 Esta película impede a dissolução do ferro e a corrosão do aço, protegendo as armaduras
contra a corrosão
 A transformação do Ca(OH)2 em CaCO3 faz baixar a alcalinidade da solução de equilíbrio
reduzindo o pH de 12,5 para 9,4.
 Quando o pH atinge valores inferiores a 9,5 (pH em que se precipita o CaCO3), a película
que reveste o aço, perde a sua influência passiva e este pode começar a oxidar-se devido à
entrada de oxigénio e humidade.
 A acção do CO2 depende da temperatura especialmente da humidade do meio e do teor de
água no betão.
CORROSÃO DAS ARMADURAS PELA CARBONATAÇÃO DO
BETÃO
63
 A carbonatação máxima é obtida em
atmosferas com 40% a 80% de humidade.
 Estas reacções são muito lentas, afectando
a pequena camada de betão.
 Pode-se concluir que em poucos anos a
carbonatação pode atingir a zona onde se
encontra a armadura.
Corrosão das armaduras induzida pelos cloretos
64
 O mecanismo de transporte dos cloretos no betão é complexo, podendo dar-se por difusão de iões
ou por sucção capilar, estando envolvidas reacções químicas e físicas na fixação dos cloretos.
 Parte dos iões podem assim ser incorporada nos produtos de hidratação do cimento, ou seja,
fixada quimicamente, sendo outra parte fixada fisicamente e absorvida na superfície dos
microporos.
 Apenas uma terceira parte de cloretos, designados por livres, que se deslocam de um local para o
outro, é que é capaz de destruir a camada passiva na superfície da armadura de aço, iniciando-se
assim o processo de corrosão das armaduras.
 No entanto, é de realçar o facto de a distribuição dos cloretos por cada uma das três partes não ser
constante.
 A progressão dos agentes agressivos, neste caso: os cloretos, a humidade e o oxigénio, vai ser
variável ao longo da armadura, criando as tais diferenças nas respetivas concentrações,
responsáveis pela criação de zonas anódicas e catódicas, entre as quais ocorrem trocas iónicas,
num sentido, e eletrónicas, noutro.
Corrosão das armaduras induzida pelos cloretos
65
ACÇÃO DO GELO/DEGELO
66
 A exposição do betão, enquanto húmido, a ciclos de
gelo/degelo, provoca uma degradação das camadas
superficiais do betão.
 A deterioração proveniente deste processo decorre,
principalmente, da incapacidade do betão absorver um
acréscimo de volume que a água sofre ao congelar.
 Esta incapacidade deriva da impossibilidade de redistribuição
da água na massa do betão durante este fenómeno, seja pelo
elevado grau de saturação do betão, pelas dificuldades
impostas pela sua estrutura porosa ou, ainda, pela elevada
velocidade de arrefecimento.
ACÇÃO DO GELO/DEGELO
67
 A degradação provocada pelo gelo/degelo pode ainda
ser maior na presença de cloretos, uma vez que a
degradação é significativamente acelerada na
presença daqueles iões (p.e., quando da utilização do
cloreto de sódio ou de cloreto de cálcio como
agentes descongelantes).
 Este efeito majorador explica-se pelo facto daqueles
sais provocarem um sobressaturação do betão.
ATAQUE QUÍMICO
68
 Somente uma pequena parcela dos betões usados na prática

são expostos a ataque químico grave.


 As formas mais comuns de ataque químico são:

 lixiviação do cimento
 acção dos sulfatos,
 Acção da água do mar e águas naturais levemente
ácidas.
ATAQUE QUÍMICO: Substâ ncias químicas consideradas para a
69 classificaçã o da exposiçã o ambiental
ARMADURAS
70
 As armaduras utilizadas no betão armado e pré-esforçado são fabricadas a partir
do aço, embora existam actualmente também armaduras de fibra de vidro e fibras
de carbono.
 O aço é composto por ferro, impurezas e vários componentes ligados, adicionados
em diferentes proporções por forma a que a liga atinja as propriedades requeridas.
 O principal componente não metálico do aço é o carbono. Este elemento
influência significativamente a resistência e deformabilidade do aço.
 Os outros componentes principais da liga são: manganês, silício, crómio, níquel,
cobre e alumínio.
ARMADURAS
71
Consoante o teor em componentes ligados, os aços são classificados em não ligados,
baixo teor em ligados e ligados. Os aços não ligados (também designados por aços
de carbono) contêm menos de 2.5% de componentes ligados, os aços de baixo teor
em ligados contêm menos que 5%, enquanto os aços ligados têm mais que 5%.

As propriedades mecânicas do aço, como a resistência e deformabilidade, a


soldabilidade, a aptidão para a dobragem e a aptidão para tratamento térmico
dependem quase totalmente do teor em carbono.

No caso das armaduras ordinárias, este teor é da ordem de 0.15 a 0.20% enquanto
para as armaduras de pré-esforço é da ordem de 0.5 a 0.8%.
DESIGNAÇÃO DO AÇO: ESPECIFICAÇÃO DO LNEC
72
A YYY XZ SD

 A – aço;

 YYY - tensão de cedência em Mpa ( valores permitidos 400 ou


500 Mpa)

 X – Tipo de tratamento (N-normal; E- endurecido)

 Z – característica da superfície (R-nervurado; L-liso)


 SD – designação da ductibilidade especial para os aços de classe C
Classe dos aços comercializados
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Designação Especificação Classe fyk K=ft/fyk

A400 NR LNEC E449 B 400 ≥ 1,08

A400 NR SD LNEC E445 C 400 ≥ 1,15

A500 NR LNEC E450 B 500 ≥ 1,08

A500 NR SD LNEC E460 C 500 ≥1,15

A500 ER LNEC E456 A 500 ≥1,05

A500 EL LNEC E457 A 500 ≥1,05

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