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Concreto

Autoadensável
Daniel Machado
Marcos Fabrício
Referência
Tutikian, Bernardo Fonseca; Dal Molin, Denise
Carpena. Concreto auto-adensável — São
Paulo: Pini, 2008.
Definição
Um concreto só será considerado auto-adensável (CAA) se três propriedades forem alcançadas
simultaneamente:

● Fluidez;
● Coesão necessária para que a mistura escoe intacta entre barras de aço (ou habilidade passante) e
● Resistência à segregação

O CAA não pode depender de nenhum tipo de ajuda externa para cumprir seu papel. O uso de vibradores de
imersão, réguas vibratórias ou qualquer outra forma de compactação é estritamente proibido em um CAA. A
única ferramenta disponível para esse concreto é seu próprio peso, ou seja, a ação da força da gravidade em
sua massa.

(EFNARC apud TUTIKAN, 2008).


Fluidez
Fluidez é a propriedade que
caracteriza a capacidade do CAA
de fluir dentro da fôrma e
preencher todos os espaços.
Habilidade
Passante
É a propriedade que define a capacidade do CAA
de se manter coeso ao fluir dentro das fôrmas,
passando ou não por obstáculos.
Resistência à
segregação
Propriedade que caracteriza a capacidade da
mistura de escoar pela forma, passando por entre
as armaduras de aço sem obstrução do fluxo ou
segregação.
Vantagens da
utilização
● Acelera a construção;
● Reduz a mão-de-obra;
● Melhora o acabamento final da superfície;
● Evita falhas e vazios (+durabilidade);
● Liberdade de fôrmas com seções reduzidas;
● Liberdade de altas taxas de armadura;
● Elimina o barulho da vibração;
● Incorporação de resíduos
● Possibilidade de redução do custo final da
estrutura
Limitações e
Dificuldades
● Ajustes maiores que o CCV ao adaptar
dosagem do laboratório para a central de
concreto (diferenças na energia do
misturador, umidade dos agregados, etc.);
● Não é indicado para locais com diferenças
de níveis (escadas e sacadas);
● Maior pressão nas fôrmas em relação ao
CCV;
● Alto custo e baixa disponibilidade dos
aditivos nas concreteiras.
Materiais
Componentes
Os materiais utilizados para a elaboração do CAA, na
prática, são os mesmos utilizados para o concreto
convencional, porém com maior quantidade de finos
(adições minerais quimicamente ativas ou fillers) e de
aditivos plastificantes, superplastificantes e/ou
modificadores de viscosidade.

FINOS ADITIVOS
Cimento
Para a confecção de CAA podem ser
utilizados os mesmos cimentos já adotados
para a produção de concretos estruturais
convencionais.

GJORV (1992) atribui importância ao tipo de


cimento no que tange à necessidade de água
e trabalhabilidade da mistura, para as quais
os fatores de controle são o conteúdo de
aluminato tricálcico (C3A) e a granulometria
do cimento.
Cimento
C3A - Desfavorável ao CAA.

Favorece a formação da etringita.


A etringita causa o enrijecimento da mistura,
fazendo com que o concreto perca fluidez mais
rápido. Preferencialmente, a quantidade de C3A
no cimento para CAA deve ser menor que 10%.
Cimento
Finura - Desejável maior finura para o CAA.

Partículas mais finas aumentam a área de contato do cimento com a água, aumentando a viscosidade da mistura.

Observação: Aumentam os cuidados com o calor de hidratação e com a retração do concreto.


Adições Minerais -
Efeito Químico
Ca(OH)2 → C-S-H

O silicato hidratado de cálcio ocupa os vazios de


maiores dimensões existentes na pasta de
cimento ou na zona de transição, aumentando a
resistência/durabilidade do concreto.

Ex: Cinza volante, escória de alto forno, sílica


ativa, metacaulim, cinza de casca de arroz.
Adições Minerais -
Efeito Físico
Efeito filler: Aumento da densidade da mistura. As
partículas agem como pontos de nucleação,
refinando os poros e os produtos de hidratação.
Redução/eliminação da água livre.

Ex: Calcário, areia fina e pó granítico.


Agregados -
Miúdos
As areias podem ser naturais ou processadas.

As areias naturais são mais recomendadas para o


CAA por possuírem forma mais arredondada e
textura mais lisa.

Deve-se levar em conta ainda que os CAA


necessitam adição de finos e, quanto menor o
módulo de finura do agregado miúdo, mais
adequado para a produção de concretos de
elevada coesão. Bartos (2000) alerta que areias
muito grossas podem levar à segregação, e devem
ser evitadas em CAA.
Agregados -
Graúdos
GÓMES e MAESTRO (2005) recomendam que a dimensão
máxima característica do agregado graúdo seja inferior a 2/3 do
espaçamento entre barras ou grupos de barras e a 3/4 do
cobrimento mínimo de concreto às armaduras. Na prática, isso
implica em não utilizar tamanhos máximos superiores a 19 mm,
sendo habituais os tamanhos compreendidos entre 12,5 e 19
mm.

Indica-se para o CAA agregados com fator de forma próximo de


1.
Aditivos

São dois os principais tipos de aditivos


usados:

● Superplastificantes e
● Modificadores de viscosidade
Aditivos - Superplastificantes

● LS - lignosulfatos ou lignosulfatos modificados: Conhecidos como plastificantes de primeira geração. Incorporam ar


e retardam a pega;
● NS - sais sulfonatados de policondensado de naftaleno e formaldeído ( também chamados de naftaleno
sulfonatado): São conhecidos como plastificantes de segunda geração, reduzem a água em até 25%. Não
incorporam ar e não interferem no tempo de pega;
● MS - sais sulfonatados de policondensado de melamina e formaldeído (conhecidos como melamina sulfonato):
Também é considerado como segunda gerção. A melamina pode apresentar retardo na pega do cimento e,
eventualmente, incorporar pequenas quantidades de ar;
● PC - Policarboxilatos: Terceira geração. São os mais aconselhados para o CAA. Dispersam e desfloculam as
partículas de cimento. Assim permitem a redução da água em até 40%, mantendo a trabalhabilidade.

(HARTMANN, 2002)
Aditivos - Superplastificantes
Aditivos - Superplastificantes
Taxa relativamente alta de perda de consistência com o tempo em comparação aos CCV, tornando-se um problema sério
na utilização dos concretos em obra.

A consistência obtida pelo superplastificante, dependendo das condições, se mantém apenas por um período de 30 a 60
minutos. A máxima trabal hábil idade alcançada normalmente permanece por 10 a 15 minutos, e é seguida por uma
perda relativamente rápida do espalhamento.

Por esse motivo, a incorporação do superplastificante na mistura deve ser feita momentos antes do seu lançamento na
obra.

A variação da temperatura de mistura produz um efeito marcante na taxa de perda da consistência com o tempo nos
concretos com superplastificantes, sendo que ocorre uma perda drástica do abatimento em temperaturas acima de 32°C.
Podem-se usar água gelada, lascas de gelo ou retardadores de pega para contornar este problema.

(MAILVA-GANAN, 1979)
Aditivos - Modificadores de
Viscosidade
Os aditivos modificadores de viscosidade (VMA) são produtos à base de polissacarídeos com cadeias poliméricas de alto
peso molecular ou de base inorgânica. Quando adicionados ao concreto, melhoram a coesão da massa no estado fresco,
impedindo a segregação e limitando a perda de água por exsudação, o que permite diminuir os efeitos negativos da falta
de uniformidade na dosagem da quantidade de água e da granulometria dos agregados.
Aditivos - Modificadores de
Viscosidade
Os aditivos modificadores de viscosidade (VMA) são produtos à base de polissacarídeos com cadeias poliméricas de alto
peso molecular ou de base inorgânica. Quando adicionados ao concreto, melhoram a coesão da massa no estado fresco,
impedindo a segregação e limitando a perda de água por exsudação, o que permite diminuir os efeitos negativos da falta
de uniformidade na dosagem da quantidade de água e da granulometria dos agregados.

Otaviano (2007) alerta que é necessário maior controle quanto ao teor do VMA no CAA, bem como a sua
compatibilização com o superplastificante, para evitar problemas como retardamento da pega, alteração no
desenvolvimento de resistência nas primeiras idades, coesão excessiva e aumento da retração por secagem.
Água
A qualidade da água para CAA é a mesma do CVV
Dosagem -
Tutikian
O método proposto por Tutikian (2004) é
baseado no método de dosagem para CCV
IPT/EPUSP (HELENE E TERZIAN, 1992). É um
método experimental e prático, e possui
passos que devem ser seguidos para que se
alcance o objetivo final, que é a mistura de
três traços de concreto ou poder desenhar o
diagrama de dosagem.
Dosagem -
Tutikian
Dosagem -
Tutikian
Dosagem
- Tutikian
Dosagem -
Tutikian
É no quarto passo que o concreto vai se
alterando para ser auto-adensável,
primeiramente com a colocação do aditivo
superplastificante e, simultaneamente, a de
materiais finos. A proporção de aditivo que se
coloca é em função da massa do aglomerante
e varia muito, devido à variação de cimentos
existentes e, principalmente, à grande
variedade de aditivos (marcas, tipos).
Recomenda-se começar com pequenas
quantidades, na ordem de 0,30% da massa
de cimento, e aumentar até chegar no ponto
ideal, que é obtido visualmente e ocorre
quando o concreto está bastante fluido, sem
levar em consideração a separação dos
agregados graúdos da argamassa.
Dosagem -
Tutikian
O sexto passo verifica se o concreto já está
ideal ou se ainda são necessárias algumas
correções. À medida em que acontece a
adição de aditivo superplastificante e a
substituição de materiais por finos, a mistura
vai ficando mais coesa e menos fluida. Assim,
cada vez que se adiciona material fino e se tira
outro componente, é necessário que sejam
realizados os ensaios de trabalhabilidade.
Caso o concreto se enquadre nos limites,
estará pronta a dosagem.
Dosagem -
Tutikian
Segundo Billberg (1999), existem duas formas
principais de manter a estabilidade junto com
a fluidez do CAA: adicionando sólidos finos ou
adicionando VMA. E como os materiais finos
são responsáveis por dar coesão ao CAA, o
VMA pode substituir os finos. Mas nem
sempre é economicamente vantajoso realizar
a troca. Como já se tem o traço do CAA pronto
sem o VMA, deve-se calcular o custo dos
materiais e depois substituir parte dos finos
pelo aditivo e recalcular o custo do concreto.
Assim, será possível analisar se compensa o
uso do VMA.
Dosagem -
Tutikian
Segundo Billberg (1999), existem duas formas
principais de manter a estabilidade junto com
a fluidez do CAA: adicionando sólidos finos ou
adicionando VMA. E como os materiais finos
são responsáveis por dar coesão ao CAA, o
VMA pode substituir os finos. Mas nem
sempre é economicamente vantajoso realizar
a troca. Como já se tem o traço do CAA pronto
sem o VMA, deve-se calcular o custo dos
materiais e depois substituir parte dos finos
pelo aditivo e recalcular o custo do concreto.
Assim, será possível analisar se compensa o
uso do VMA. Uma situação em que o uso do
VMA é praticamente obrigatório é quando
não há materiais finos disponíveis na região.
Torna-se necessário utilizar o cimento como
Aplicações
Facilidade na confecção de peças pré-moldadas
Aplicações
Estruturas com altas taxas de armadura
Aplicações
Estruturas de paredes de concreto moldadas in loco
Aplicações
Obras que demandam agilidade
Aplicações
Espaços restritos e/ou confinados
Obrigado!

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