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Introdução

A concretagem é a etapa final de um ciclo de execução da estrutura e, embora seja a


de menor duração, necessita de um planejamento que considere os diversos fatores que
interferem na produção, visando ao melhor aproveitamento de recursos. Cada etapa da
concretagem é de suma importância para o aproveitamento do concreto e para a qualidade de
sua resistência. O primeiro passo é o preparo da massa cimentícia, a qual deve ser
transportada à obra ou ao local onde o concreto será empregado. Em seguida, ocorre o
lançamento do concreto sobre as formas, em conjunto, na maioria dos casos do adensamento.
E, por fim, há a cura do concreto, que é marcada pelo endurecimento do concreto.

Preparo do concreto - MISTURA DO TRAÇO DO CONCRETO

a) MISTURA MANUAL
A areia deve ser colocada sobre um estrado ou lastro de concreto, formando um cone.
Sobre ela colocar o cimento, misturando-os cuidadosamente (normalmente com o auxílio de
uma enxada) até que apresentem coloração uniforme.
Refazer o cone no centro do estrado e sobre o mesmo lançar a brita, misturar
novamente. Novamente refazer o cone, abrir uma cratera no topo, a qual se adiciona a água
pouco a pouco, misturando e refazendo o cone a cada vez. Misturar a massa cimentícia até
que ela atinja a uniformidade de cor e umidade.
Recomenda-se que haja a divisão da quantidade de cimento usada para facilitar a
trabalhabilidade, de modo que cada mistura se faça com 1 ou 1⁄2 saco de cimento.

c) MISTURA MECÂNICA
Em algumas obras devido ao volume de concreto e rapidez exigida na mistura, pode
ser necessária a utilização de uma betoneira (misturadora mecânica) de concreto.
As betoneiras são encontradas em volume de 180 a 360 litros de concreto pronto. São
equipamentos reversíveis, o que com movimento manual facilita para abastecer com os
materiais e para despejar o concreto pronto. Apresentam um tambor móvel, que gira em
torno de um eixo com o auxílio de um motor elétrico. Os componentes são lançados dentro do
tambor, consequentemente, com o movimento de rotação esses elementos são misturados
dentro da betoneira.
O tempo de mistura varia de um a dois minutos, o suficiente para obtenção de uma
boa homogeneidade. A ordem de colocação dos componentes deve ser primeiramente a brita,
o cimento, a metade da água, a areia e por fim o restante da água (aos poucos).

Transporte para obra


É o tipo procedimento que ocorre quando o concreto é preparado em usina e depois
transportado para a obra. É recomendado que o transporte do concreto seja realizado pelos
caminhões betoneiras.

Caminhões betoneira são normalmente misturadores e agitadores, dependendo da


velocidade de rotação da betoneira. Quando os caminhões têm dupla finalidade, a mistura
pode ser terminada na obra. Quando o material sai da usina com velocidade de agitação pode-
se fazer uma remistura rápida na obra. Outra maneira é executar a adição da água somente na
obra, exigindo, entretanto, um controle mais rigoroso neste aspecto. O transporte pode
ocorrer em tempos de noventa minutos ou mais dependendo da experiência do operador.

Recomenda-se que o intervalo transcorrido entre o instante em que a água de


amassamento entra em contato com o cimento e o final da concretagem não ultrapasse 2
horas e 30 minutos.

Problemas decorrentes do transporte


Alguns dos problemas mais importantes são:

 Hidratação do cimento que pode ocorrer devido às condições ambientes e à


temperatura. Em outras palavras, o cimento pode perder ou reter mais água que
deveria.
 Evaporação da água por conta de fatores ambientais. „
 Absorção por parte do agregado, em especial da argila expandida. Neste caso, é
conveniente a sua saturação antecipada.
 Trituração que ocorre com a agitação do material friável. A areia modifica o módulo de
finura, o que a torna ainda mais fina, ao passo que a brita pode-se transformar em
areia.

Transporte dentro da obra


É o transporte após a descarga do concreto pela betoneira. Podem ser distâncias
pequenas ou grandes dependendo unicamente da obra em questão.

 Transporte manual

Pode ser realizado por meio de caixas ou padiolas (recipiente utilizado para
transportar materiais como areia, tijolos; cujas formas, quadrada ou retangular, estão fixadas
por quatro varais).

 Transporte com carrinhos e giricas

Existem diversos tipos de carrinhos de mão de uma roda, ou giricas, de duas rodas. Para
utilizá-los, você precisa dispor de caminhos apropriados sem rampas acentuadas.

 Transporte por esteiras

É feito pelo deslocamento de esteiras sobre roletes, podendo ser transportado por
diversas distâncias. As esteiras podem ser articuláveis, o que permite o transporte para
diversos pontos, e inclinadas, desde que não com ângulos muito altos. Na descarga deve haver
um aparador para evitar a perda de material, assim como um funil para permitir uma
remistura dos agregados. Alguns cuidados devem ser tomados com relação à velocidade, visto
que um aumento dela permite um maior contato com o ar, aumentando assim a evaporação.

 Bombeamento
Transporte por meio de tubulações sob efeito de algum tipo de pressão que pode ser
por ar comprimido (mais eficiente), tubos deformáveis ou pistão (mais eficiente). O sistema
mais utilizado é o de pistões.

Funcionamento: No sistema de ar comprimido o concreto é lançado dentro da tubulação por


um sistema de válvulas e gaxetas e impulsionado pela pressão do ar. No sistema de mangueira
deformável o concreto é lançado na tubulação e por meio da pressão de roletes nos tubos. O
sistema por pistões funciona também com um sistema de válvulas e gaxetas.

Lançamento

É o processo de colocação do concreto nas fôrmas. O principal cuidado é evitar


que o material se separe.

A NBR 14931 em sua novíssima versão de março/2003, estabelece algumas


generalidades em seu ítem 9.5.1:

 O concreto deve ser lançado o mais próximo possível do seu local definitivo, para não
provocar a perda de materiais durante o arrasto.

 Em nenhuma hipótese o lançamento deve ocorrer após o início de pega do


concreto;
 O lançamento deve ser feito de maneira uniforme nas fôrmas, evitando a
concentração e deformação das mesmas;
 Evitar o lançamento de grandes alturas, também para evitar a segregação. As alturas
máximas são de até 2 metros. Em caso de grandes alturas, deve-se utilizar calhas e
mangotes;

 O lançamento nas fôrmas deve ser feito em camadas de altura compatível com o
adensamento previsto.

A segregação ocorre porque os materiais componentes têm massas específicas


diferentes e com a queda ou lançamento tendem a se separar. Portanto, pode-se deduzir
que o tipo de lançamento determina quais características do concreto devem ser
reforçadas. Por exemplo, se os lançamentos forem realizados em alturas maiores é
necessário se verificar o teor de argamassa e consistência adequados (boa coesão). Já no
caso de bombeamentos, a trabalhabilidade também deve ser observada com cuidado e se
o lançamento for submerso, o concreto deve ser auto-adensável. Em peças verticais,
como pilares e paredes, o cuidado é no sentido de se reduzir o fenômeno da exsudação
(percolação da água na massa do concreto) e da segregação. Para o lançamento
projetado o concreto deve ter grande coesão e consistência relativamente seca, a fim de
diminuir a perda com a reflexão.

As Normas Brasileiras também chamam a atenção para as temperaturas de


lançamento (NBR 7212), interrupção do lançamento, formação de juntas frias (NBR
14931) e ainda a densidade das armaduras (NBR 14931).
Adensamento

É a operação que procura a eliminação dos vazios que possam ocorrer durante o
lançamento, tornando a mistura mais compacta, menos permeável e, portanto, mais eficaz.

O adensamento depende fundamentalmente da trabalhabilidade do material. Algumas


peças exigem adensamento lento e concreto fluido, ao passo que outras permitem concreto
menos plástico e com adensamento mais enérgico. Existem duas formas de adensamento, o
adensamento manual e o adensamento mecânico.

 Adensamento manual

Pode ser feito com peças de madeira ou barras de aço que atuam como soquete e
empurram o concreto para baixo, expulsando o ar incorporado e eliminando os vazios. E um
processo que exige certos cuidados e experiência. É um processo que só deve ser usado em
casos de emergência ou em locais de pouca importância, devido à dificuldade de um correto
acabamento.

 Adensamento mecânico

É o processo em que são utilizados, na maioria dos casos, vibradores de agulha imersos
na massa de concreto, que o espalham. A agulha é uma peça metálica fixada na extremidade
de uma mangueira flexível dentro da qual gira em um eixo ligado à uma ponteira de aço
dentro da agulha, que sendo excêntrica bate nas paredes da mangueira provocando a
vibração. Os vibradores têm um raio de ação, ou seja, só provocam o adensamento com
eficiência se agirem em camadas subsequentes e adjacentes.

No adensamento mecânico, você deve estar atento para as seguintes questões:

 Vibrações longas ocasionam segregação com o abaixamento do material mais graúdo e


a subida da nata do concreto.
 Vibração em camadas não superiores ao comprimento da agulha espes-suras máximas
de 40 a 50 cm.
 As distâncias máximas de vibração de 6 a 10 vezes o diâmetro da agulha, ou 1,5 vez o
raio de ação.
 Vibração por curtos períodos e espaçamentos pequenos. „ Vibração afastada das
formas. „ Ângulo de inclinação da agulha entre 45o e 90o, sendo o último o mais
eficiente.
 Procedimentos lentos e constantes, evitando períodos longos em um mesmo ponto
que pode ocasionar o afastamento dos agregados graúdos.
Um bom indicativo da intensidade de vibração é o aparecimento de uma superfície
brilhante, pois sinaliza que a água está começando a se separar dos agregados, devendo então
ser terminado o processo.

Cura
A cura é caracterizada pelo endurecimento do concreto com o consequente aumento
da sua resistência, o que ocorre durante longo período de tempo. Manter a umidade da peça
concretada é importante no início do processo de endurecimento.

O concreto exposto ao sol e ventos perde água por evaporação muito rapidamente
antes que o endurecimento tenha ocorrido em bom termo. Tornando-se neste caso menos
resistente e mais permeável.

Depois do início da pega ocorrem quatro tipos de retração:

 Antógena - que é a redução do volume da pasta. „


 Hidráulica - que é a perda de água não fixada ao cimento. „
 Térmica - que ocorre pela reação exotérmica da hidratação do concreto. „
 Carbonatação - que é a formação de carbonato de cálcio por reação da cal livre com o
oxido de carbono do ar. É a menos significativa por ser muito lenta.

De um modo geral, pode-se dizer que a contenção das retrações hidráulica e térmica
podem minimizar o efeito da primeira. A retratação térmica é controlada pela diminuição da
temperatura e a hidráulica pela perda de água do concreto

O cuidado com as proteções nos primeiros dias permite um aumento na capacidade


resistente do concreto neste período, e consequentemente uma diminuição na retração do
material. Alguns procedimentos de proteção podem ser:

 Molhar a superfície exposta diversas vezes nos primeiros dias após a concretagem .
 Cobrir a superfície com sacos vazios de cimento ou com serragem, areia molhada -
esses devem ser colocados após início de pega (em torno de 1 hora) para evitar que
fique a superfície marcada.

REFERENCIAS
https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/proteja-seu-concreto-3/

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