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Betão

É A rocha artificial obtida a partir da mistura, e posterior endurecimento, de um aglomerante


(normalmente cimento Portland), água, agregado miúdo (areia), agregado graúdo (brita), e
eventuais aditivos.

A produção do betão consta de uma serie de operações executadas e controladas de forma a


obter-se, a partir dos materiais componentes, um betão que depois de endurecido resista aos
esforços derivados das mais diversas condições de carregamento a que possa ser submetido
há operações como:

 Dosagem ou quantificação dos materiais;


 Mistura dos materiais;
 Lançamento do betão;
 Adensamento, que consiste em tornar a massa do betão a mais densa possível,
eliminando os vazios;
 Cura, ou seja, os cuidados a serem tomados a fim de evitar a perda da água pelo betão
nos primeiros dias de idade.
A obtenção de um betão de boa qualidade depende de todas essas operações. Se qualquer
delas for mal executada, causara problemas ao betão.

Propriedades do Betão

Quanto as propriedades do betão, deve-se analisar em duas condições: no estado fresco e no


estado endurecido.
O betão fresco é assim considerado a té o momento em que começa a pega do aglomerante.
O betão endurecido é o material que se obtém pela mistura dos componentes, apos o fim da
pega do aglomerante.

Propriedade do Betão Fresco

Para o concreto fresco, as propriedades desejáveis são as que asseguram a obtenção de uma
mistura fácil de transportar, lançar e adensar, sem segregação. As principais propriedades do
betão, quando fresco, são:
 Consistência
 Plasticidade
 Trabalhabilidade

Consistência

Consistência é um dos principais factores que influenciam na trabalhabilidade do betão, o


termo consistência está relacionado a características inerentes ao próprio betão, e esta mais
relacionado com a mobilidade da massa e a coesão entre seus componentes, e o principal
factor que influi na consistência do betão é sem dúvida, o teor água dos materiais secos (A%).

Onde: Pag=peso da agua,

Pc= peso do cimento,

Pm= peso do agregado miúdo + agregado graúdo.

Em função de sua consistência, o betão é classificado em:

 Seco ou húmido - quando a relação água/materiais secos é baixa, entre 6 e 8%;


 Plástico - quando a relação água/materiais secos é maior que 8 e menor que 11%;
 Fluido - quando a relação água/materiais secos é alta, entre 11 e 14%.

A natureza da obra, o espaçamento entre as paredes das formas e a distribuição da armadura


no seu interior impõe que a consistência do betão seja adequada. Fixada a resistência,
mediante o estabelecimento de determinado valor para a relação água/cimento, resta
assegurar à mistura uma consistência compatível com a natureza da obra. O processo de
determinação de consistência mais utilizado em Moçambique, devido à simplicidade e
facilidade com que é executado na obra, é o ensaio de abatimento conhecido como Slump
Test. O equipamento para medição consta de um tronco de cone - Cone de Abrams com
medidas: h=30cm; D=20cm; d=10cm.
Plasticidade

Plasticidade é uma das principais características do betão (o quanto o betão é mole em seu
estado fresco, mantendo as características de resistência após endurecimento). A plasticidade
do betão influi na trabalhabilidade (aplicação, o acabamento da peça betonada) e no
bombeamento (betão muito duro em seu estado fresco não passa na bomba). Para atestar o
abatimento, é usado o ensaio de abatimento de tronco de cone.

Plasticidade é a propriedade do betão fresco identificada pela facilidade com que este é
moldado sem se romper. Depende fundamentalmente da consistência e do grau de coesão
entre os componentes do betão. Quando não há coesão os elementos se separam, isto e,
ocorre a segregação.

Segregação é a separação dos grãos do agregado da pasta de cimento. Pode ocorrer durante o
transporte ou lançamento em consequência de movimentos bruscos e durante o adensamento
por vibração excessiva ou pela acção da gravidade, quando os grãos graúdos mais pesados do
que os demais, tendem a assentar no fundo das formas.

Trabalhabilidade

É a propriedade do betão fresco identificada pela maior ou menor facilidade de seu emprego
para atender a determinado fim. O betão é trabalhável quando no estado fresco apresenta
consistência e dimensões máximas dos agregados apropriados ao tipo de obra a que se
destina, no que respeita as dimensões das peças, ao afastamento e a distribuição das barras
das armaduras, bem como aos métodos de transporte, lançamento e adensamento que serão
adoptados.

Quando o conjunto a betonar apresenta características diferentes em termos de dimensões,


densidade e espaçamento de armaduras, a trabalhabilidade do betão fresco deverá levar em
conta a situação mais desfavorável. Na verdade, as propriedades de um betão não podem ser
consideradas isoladamente. A consistência afecta directamente a trabalhabilidade, a qual, por
sua vez, não só é afectada pela plasticidade como garante a constância da relação
agua/cimento.

Propriedades do Betão Endurecido

Resistência Mecânica

No que respeita a resistência mecânica do betão endurecido, ou seja, a sua capacidade de


resistir as diversas condições de carregamento a que possa estar sujeito quando em serviço,
destaca-se a resistência a compressão, a tração, a flexão e ao cisalhamento.

O processo de endurecimento dos betões a base de cimento Portland é muito longo, podendo
levar mais de dois anos para completar-se. Com a idade o betão endurecido vai aumentando a
resistência a esforços mecânicos. Aos 28 dias de idade já adquiriu cerca de 75 a 90% de sua
resistência total. É na resistência mecânica apresentada pelo betão endurecido 28 dias apos a
sua execução que se baseia o cálculo dos elementos de betão chama-se de:
fc = a resistência a compressão do betão
ft = a resistência a tração simples no betão
ft’ = a resistência a tração na flexão do betão.

Para efeito de dosagem, a resistência adoptada é chamada de fc28 (resistência de dosagem),


que corresponde a resistência média do betão, ou seja, aquela que ocorre com probabilidade
de 50%, a qual é superior ao fck e assegura a resistência à compressão determinada no
projecto, no nível de probabilidade de 5%. Vários são os factores que influem na resistência
mecânica do betão, dentre os quais destacamos:

 Factor água/cimento
 Idade
 Forma e granulometria dos agregados
 Tipo de cimento
 Condições de cura.
O factor água/cimento (x) é a relação entre o peso de água (Pag) e o peso de cimento (Pc)
empregado no traço de um cimento.

X=Pag/Pc

A resistência de um betão depende fundamentalmente do factor água/cimento, isto é, quanto


menor for este factor, maior será a resistência do betão. Mas, evidentemente, deve-se ter um
mínimo de água necessária para reagir com todo o cimento e dar trabalhabilidade ao betão.
Conforme se observou anteriormente, pode-se pois considerar a resistência do betão como
sendo função principalmente da resistência da pasta de cimento endurecida, do agregado e da
ligação pasta/agregado.

Quando se trata de resistência à compressão, a resistência da pasta é o principal factor. Por


outro lado, é conhecida a influência da porosidade da pasta sobre a resistência do betão.
Como porosidade depende do factor água/cimento, assim como do tipo de cimento, pode-se
dizer que para um mesmo tipo de cimento a resistência da pasta depende unicamente do
factor água/cimento, este também um dos principais factores determinantes da resistência da
ligação pasta/agregado.

Dosagem do Betão

Dosar um betão consiste em determinar a proporção mais adequada e económica, com que
cada material entra na composição da mistura, objectivando as propriedades já identificadas
para o betão fresco e endurecido.

Cálculo da Resistência de Dosagem


fcj = fck + 1,65 x sd

Onde:

Fc = Resistência média do betão

j = Idade do betão (28 dias)

fck = Resistência característica do betão à compressão


Sd = Desvio padrão de dosagem

Para se calcular o valor do fcj é necessário definir o valor de sd, visto que o fck e estabelecido
em projecto e 1,65 e um valor constante.
O desvio padrão de dosagem é determinado em função da condição de preparo do betão
adoptada na obra.

Observação: valores de desvio padrão de acordo com a norma NBR-12655

Controle de qualidade excelente, Sd=4,0 MPa;

Controle de qualidade bom, Sd=5,5 MPa;

Controle de qualidade razoável, Sd=7,0 MPa.

fórmula de Bolomey, descrita a seguir:


fc28 = K ( - 0,5)

Onde:
fc28 = Resistência media de dosagem, aos 28 dias;
K = Coeficiente de actividade do cimento, aos 28 dias;
A/C = Factor agua/cimento.

1) Coeficiente de actividade teórico ( K teórico )

Leva em consideração apenas a resistência nominal do cimento, ou seja a resistência mínima


prevista na normalização, equivalente a classe do cimento, nesse caso a fórmula será:

K teórico =

2) Coeficiente de actividade real ( K real )

Leva em consideração a resistência real do cimento, obtida através de ensaios de resistência à


compressão, aos 28 dias de idade, nesse caso a fórmula será:

K real =
Notas:
Na fórmula para cálculo do K real multiplicamos o valor encontrado por 0,9. Esse
procedimento e necessário para resguardar a segurança da estrutura caso venha a ocorrer
queda imprevista na resistência a compressão do cimento.

No cálculo do K teórico como consideramos a resistência mínima do cimento não há,


evidentemente, necessidade de adopção de coeficiente de segurança. Como a maioria das
obras não dispõem de resultados constantes e actualizados de resistência a compressão do
cimento, utilizaremos no nosso cálculo o K teórico.

CURVAS PARA DETERMINAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA / m3

Curva I - Módulo de Finura da Areia = 2,00 a 2,49


Curva II - Módulo de Finura da Areia = 2,50 a 2,84
Curva III - Módulo de Finura da Areia = 2,85 a 3,20

Dimensão Consumo de Agua/ m3


Máxima (mm) Curva 1 Curva 2 Curva 3
4.8 253 246 241
6.3 243 236 231
9.5 232 225 220
12.5 222 216 211
19.0 213 207 202
25.0 204 198 193
32.0 195 189 184
38.0 186 181 176
50.0 178 173 169

Tabela 1: Curvas para determinar consumo água/m3 de betão


Obs: Consumo de água definido para Slump = 60 mm
Figura 1: Ábaco Experimental para Determinação da Percentagem de Areia
A Tabela 1 (NB1), fornece valores de A%, que conduzem a trabalhabilidades adequadas, em
função da natureza, da granulometria dos agregados e do tipo de adensamento.

TABELA 1

* Valores da tabela para:


- agregado graúdo = brita 1 + brita 2;
- agregado miúdo = areia natural.
** Se:
- brita 1 ⇒ somar 0,5%;
- brita 2 ⇒ diminuir 0,5%;
- areia artificial ⇒ somar 1%

Determinação da quantidade de areia e brita

A Tabela 2 (NB1), fornece a relação entre a quantidade de agregado graúdo e miúdo, para
obtenção de uma trabalhabilidade adequada, em função do tipo do agregado e das condições
de adensamento.

TABELA 2

* Os valores constantes da tabela referem-se a adensamento vibratório.


** Para adensamento, manual somar 4%.

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