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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO

JEQUITINHONHA E MUCURI

CONTROLE

TECNOLÓGICO

DO CONCRETO

KAREN DE SOUZA GUIMARÃES


CONTROLE TECNOLÓGICO DO

CONCRETO

ESTA APOSTILA TEM COMO OBJETIVO AUXILIAR PROFESSORES E


GUIAR ALUNOS NOS ESTUDOS E REFERÊNCIAS SOBRE O CONCRETO
EM RELAÇÃO À DOSAGEM, CURVAS DE REFERÊNCIA, RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO EM RELAÇÃO AO FATOR ÁGUA-CIMENTO,
FABRICAÇÃO, PLANO DE CONCRETAGEM, ADENSAMENTO E ENTRE
OUTROS. COM ISSO, PROPÕE-SE DISPONIBILIZAR UM MATERIAL
DINÂMICO E DE FÁCIL COMPREENSÃO.

TEÓFILO OTONI / MG
2021
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Determinação do abatimento........................................................................... 5


Figura 2 - Formas de abatimento ...................................................................................... 6
Figura 3 - Curva de Gauss para resistência do concreto à compressão ............................ 7
Figura 4 - Fluxograma de execução da dosagem experimental do concreto .................. 10
Figura 5 - Curva de Abrams dos cimentos em relação ao fator a/c ................................ 14
Figura 6 - Correspondência de agressividade e qualidade do concreto .......................... 17
Figura 7- Gráfico de resistência à compressão do concreto requerida aos 28 dias (fc28)
em MPa ........................................................................................................................... 21
Figura 8 – Diagrama de dosagem para uma família de concretos .................................. 27
Figura 9 – Preparo manual do concreto .......................................................................... 33
Figura 10 - Preparo mecanizado do concreto ................................................................. 34

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classes de resistência ...................................................................................... 4


Tabela 2 - Consumo aproximado de água ...................................................................... 22
Tabela 3 - Volume do agregado graúdo por m³ de concreto .......................................... 23
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. CONHECENDO O CONCRETO ............................................................................. 4
2.1. Propriedades do concreto fresco ........................................................................ 5
2.1.1. Trabalhabilidade do concreto ..................................................................... 5
2.1.2. Exsudação do concreto ............................................................................... 6
2.1.3. Segregação do concreto .............................................................................. 7
2.2. Propriedades do concreto endurecido ................................................................ 7
2.2.1. Resistência à compressão e à tração ........................................................... 7
2.2.2. Módulo de elasticidade.................................................................................... 8
3. DOSAGEM DO CONCRETO .................................................................................. 9
3.1. Histórico internacional e nacional da dosagem do concreto ................................ 12
3.1.1. Histórico Internacional ................................................................................. 12
3.1.2. Histórico no Brasil ........................................................................................ 13
3.1. Curvas de referência ........................................................................................ 14
3.2. A relação com o módulo de finura dos agregados ........................................... 15
3.3. Efeito da quantidade de água na resistência do concreto ................................. 16
3.4. Relação água/cimento ...................................................................................... 16
3.5. Procedimento de dosagem ............................................................................... 18
3.6. Dosagem experimental .................................................................................... 20
3.2.1. Diferentes métodos de dosagem ............................................................... 21
3.2.1.1. Método da ABCP/ACI ...................................................................... 21
3.2.1.2. Método do IPT/USP .......................................................................... 25
3.2.1.3. Método de dosagem de concreto ITERS/Eládio Petrucci ................. 28
3.2.1.4. Método de De Larrard ....................................................................... 29
3.7.2.1. Método ABCP ........................................................................................ 30
3.7.2.2. Método IPT ............................................................................................. 30
3.7.2.3. Método do ITERS................................................................................... 31
4. FABRICAÇÃO E CONCRETAGEM ....................................................................... 32
4.1. Preparo do concreto ............................................................................................. 32
4.2. Concreto dosado em central ................................................................................. 34
4.3. Plano de concretagem .......................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 39
3

1. INTRODUÇÃO
Nas obras de construção civil existem dois materiais estruturais que são os mais
utilizados: o concreto e o aço. Ademais, conhecer mais a fundo sobre o concreto é de
suma importância para garantir a sua qualidade e resistência.
O concreto pode ser obtido com qualidade a partir de uma empresa fornecedora,
garantindo o transporte, lançamento e adensamento. Para garantir o controle efetivo e
potencializar os efeitos é necessário a familiaridade com o material, seja em relação às
suas propriedades, produção e lançamento.
O concreto é qualquer produto ou massa produzido a partir do uso de meio
cimentante, ou seja, é o produto da reação entre um aglomerante, água e agregados. O
aglomerante geralmente utilizado é o cimento Portland, mas também pode ser produzido
com vários tipos de cimento e conter pozolanas.
Os agregados, que possuem o papel de enchimento e gerar resistência, são
classificados conforme a sua granulometria, sendo eles o agregado miúdo, mais utilizados
são a areia, e o agregado graúdo, sendo que o mais utilizado é a pedra britada.
De forma geral, as misturas dos elementos constituintes dos concretos podem ser
designadas por:

PASTA = CIMENTO + ÁGUA


ARGAMASSA = PASTA + AGREGADO MIÚDO
CONCRETO = ARGAMASSA + AGREGADO GRAÚDO

O concreto possui duas propriedades que se destacam dos demais materiais de


construção: sua resistência à água, pois sofre menos danos do que o aço e a madeira e sua
plasticidade, que possibilita ser moldado em várias formas.
A qualidade do concreto depende primeiramente da qualidade dos materiais que o
compõe. Além disso, é necessário misturá-los nas proporções adequadas, considerando a
relação entre cimento e agregado e principalmente a relação água-cimento. Após a
mistura, o concreto deve ser transportado, lançado e adensado de forma correta e em
ambientes que favoreçam as reações que se processam, ou seja, uma boa cura.
O estudo de dosagem visa obter uma mistura ideal e econômica, com os materiais
disponíveis em determinada região, e que atenda aos requisitos das diversas
especificidades do concreto. Dessa forma, dosar o concreto é um procedimento
fundamental para a obtenção da melhor proporção de seus materiais construtivos, o que
levará a um traço de concreto com desempenho ideal para determinado tipo de obra.
4

2. CONHECENDO O CONCRETO
De acordo com a NBR 12655, o concreto de cimento Portland é um: material
formado pela mistura homogênea de cimento, agregados miúdo e graúdo e água, com ou
sem a adição de componentes minoritários (aditivos químicos, pigmentos, metacaulim,
sílica ativa, e outros materiais pozolânicos), que desenvolve suas propriedades pelo
endurecimento da pasta de cimento (cimento e água). (ABNT, 2015, p. 3).
Quando recém-misturado, o concreto deve ter plasticidade e trabalhabilidade para
facilitar seu uso e manuseio, adquirindo coesão e resistência devido às reações entre
aglomerante e água.
Para que o concreto obtenha características especiais é comumente incorporado
aditivos em sua mistura, uma vez que eles irão alterar algumas de suas propriedades com
o intuito de aumentar sua trabalhabilidade e plasticidade, podendo diminuir o consumo
de cimento, resultando em reduções seja de custo, tempo de pega e retração, aumentando
sua durabilidade.
Segundo a NBR 8953, “os concretos para fins estruturais são classificados em dois
grupos, conforme sua resistência à compressão (fck). Os concretos com resistência à
compressão menores que 20 MPa não são considerados estruturais” (ABNT, 2015, p. 2),
conforme expresso na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Classes de resistência

Classe de Resistência Classe de Resistência


resistência característica à resistência característica à
Grupo I compressão MPa Grupo II compressão
MPa
C20 20 C55 55
C25 25 C60 60
C30 30 C70 70
C35 35 C80 80
C40 40 C90 90
C45 45 C100 100
C50 50
Fonte: NBR 8953 (ABNT, 2015, p.2).
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2.1.Propriedades do concreto fresco


De acordo com Araújo, Rodrigues e Freitas (1998), o concreto fresco é considerado
até o momento em que tem início a pega do aglomerante, ou seja, enquanto a pasta estiver
no estado fluido ou plástico e permitir o rearranjo das partículas que o constitui por uma
ação dinâmica qualquer.

2.1.1. Trabalhabilidade do concreto


A trabalhabilidade do concreto é um conceito muito vago, uma vez que sua
definição depende do local e onde ele será empregado. Não existe uma medida padrão
que atenda as necessidades de utilização do concreto, por exemplo, um concreto
trabalhável para a produção de tubos de concreto ou blocos não é aceito para a
concretagem de um pilar ou laje de uma obra.
Dessa forma, os processos conhecidos para a medida da trabalhabilidade se baseiam
nas seguintes preposições, segundo Petrucci (1993, p.83):
a) A trabalhabilidade é medida pela deformação causada a uma massa de concreto
fresco, pela aplicação de uma força predeterminada;
b) A trabalhabilidade é medida pelo esforço necessário a ocasionar, em uma massa
de concreto fresco, uma deformação preestabelecida.
Como processos simples existe a determinação da Consistência pelo Abatimento
do Tronco de Cone, que é regulamentada pela NBR 16889 (ABNT, 2020), também
conhecido como “Slump Test”, conforme a figura 1.

Figura 1 – Determinação do abatimento

Fonte: NBR 16889 (ABNT, 2020, p. 8).

O ensaio é realizado com a adição de concreto em três camadas de mesma altura no


tronco de cone. Em cada uma dessas camadas são aplicados 25 golpes com uma haste
6

padrão e ao final, sendo realizada a desforma. A medida é feita pela deformação causada
na massa de concreto pelo seu próprio peso.
Existem três formas de abatimento. O primeiro é o abatimento verdadeiro, quando
o concreto se abate uniforme e simetricamente. O segundo é conhecido como abatimento
cortante, no qual uma das metades do cone de concreto desliza uma em relação à outra
segundo um plano inclinado. O terceiro é conhecido como abatimento com desagregação.
Geralmente, os abatimentos cortantes e com desagregação decorrem de concretos muito
úmidos e pobres (SOBRAL, 2000, p. 24).

Figura 2 - Formas de abatimento

Fonte: Oliveira e Fenilli (2019).

2.1.2. Exsudação do concreto


A exsudação é o termo usado para designar o fenômeno migratório da água
existente na composição para a superfície desse material e ela ocorre após o concreto ter
sido lançado e adensado antes do processo de pega. A água sobre pois, devido à falta de
finos, o concreto não consegue retê-la.
Quando misturada durante o processo de acabamento da superfície exposta, essa
água de exsudação forma uma superfície com muita nata, provocando uma fraca ligação
entre seus materiais e uma baixa resistência ao desgaste.
Caso a água de exsudação evaporar de forma rápida, o concreto sofre uma forte
retração podendo causar fissuras. Além da retração, a exsudação pode prejudicar a
aderência e a resistência do concreto.
A exsudação parcial é inevitável, entretanto, pode ser amenizada aumentando o teor
de finos ou incorporando ar, além do controle da dosagem, manuseio e lançamento do
concreto. Além disso, ela nem sempre é prejudicial, desde que não determinem
perturbações na estrutura do concreto, ou seja, a água ao evaporar, reduz a relação
água/cimento e, consequentemente, haverá aumento de resistência.
7

2.1.3. Segregação do concreto


A segregação do concreto é a separação dos componentes de sua mistura, deixando
de ser uma distribuição uniforme, gerando vazios de concretagem. Uma das causas são
os diferentes tamanhos e massas específicas dos componentes do concreto. A
granulometria adequada dos agregados reduz a segregação.
Como a pasta de cimento possui maior viscosidade, as partículas de agregado, por
serem mais pesadas, tendem a descer. Por isso, misturas com a relação água/cimento
maior são mais propícias a sofrerem segregação.
Existem dois tipos de segregação. A primeira ocorre em misturas secas, onde há a
separação dos agregados da argamassa, por exemplo, devido à vibração excessiva e/ou
lançamentos inadequados. O segundo caso se dá em misturas muito fluidas, como no caso
da exsudação.
A maior causa da segregação vem do manuseio e lançamento inadequado do
concreto. Algumas precauções podem ser tomadas para diminuir a ocorrência de
segregação. O concreto não deve ser transportado por longas distâncias nem ser lançado
de grandes alturas ou passar por calhas ou obstáculos.
Caso não possam ser evitados esses procedimentos, é aconselhado o uso de uma
mistura muito coesiva. Além disso, com métodos corretos de manuseio, transporte e
lançamento, a segregação não será significativa.

2.2.Propriedades do concreto endurecido


O concreto endurecido é o material obtido a partir da mistura dos componentes,
após o fim da pega do aglomerante que, de acordo com a NBR 12655 (ABNT, 2015, p.3)
é o concreto normal com massa específica seca compreendida entre 2000 kg/m³ e 2800
kg/m³.

2.2.1. Resistência à compressão e à tração


A resistência à compressão do concreto é representada pela sigla “fck” sendo esta,
medida na unidade MPa. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 23), a resistência
à compressão pode ser obtida em ensaios de corpos de prova cilíndricos, moldados
segundo a NBR 5738:2016 e rompidos como estabelece a NBR 5739:2018.
Após o ensaio de compressão de um número significativo de corpos de prova, é
realizado um gráfico com os valores obtidos entre a resistência e quantidade de corpos de
prova relativos a esse valor, também chamado de densidade de frequência. A curva
encontrada denomina-se Curva Estatística de Gauss ou Curva de Distribuição Normal
para a resistência à compressão, conforme a Figura 3 (PINHEIRO; MUZARDO;
SANTOS, 2004, p.2).

Figura 3 - Curva de Gauss para resistência do concreto à compressão


8

Fonte: Pinheiro, Muzardo e Santos (2004, p.2).

São vários fatores que podem interferir na resistência à compressão do concreto,


dentre os quais relacionam a heterogeneidade dos materiais, a variabilidade dos
proporcionalmente, a qualidade e operação dos equipamentos de dosagem e mistura e a
eficiência das operações de ensaio e controle.
Dessa forma, a influência na resistência à compressão do concreto é agrupada em
três categorias, que serão descritas no decorrer deste material:
- Características e proporções dos materiais;
- As condições de cura do concreto;
- Os procedimentos de ensaios.
A resistência à tração do concreto pode ser obtida através de três tipos de ensaio:
tração direta (fct), compressão diametral, também conhecida como tração indireta, e a
tração na flexão. Ademais, os ensaios de tração direta no concreto raramente são
realizados, pois os dispositivos de fixação aplicam tensões secundárias nos corpos de
prova que influenciam no resultado, sendo elas descritas pelas NBR 7222:2011 e NBR
12142:2010.

2.2.2. Módulo de elasticidade


O módulo de elasticidade é a grandeza que relaciona a quantidade de tensão
necessária para se produzir uma determinada deformação em um material. A declividade
da curva tensão-deformação é o módulo de elasticidade no concreto sob um carregamento
uniaxial.
Esse módulo deve ser obtido conforme ensaios realizados de acordo com a NBR
8522:2021, utilizando equipamento elétrico ou mecânico que permitam realizar o ensaio
sem interferência do operador com erro relativo máximo de 1%.
Como muitos outros materiais, o concreto é elástico dentro de certos limites. Dessa
forma, um material é considerado perfeitamente elástico se surgem e desaparecem
deformações imediatamente após a aplicação ou retirada de tensões.
Um dos fatores que determinam o comportamento elástico do concreto é a sua
densidade que está ligada à densidade dos agregados e da pasta de cimento. A relação
água/cimento também tem influência direta sobre esse comportamento.
9

Sendo os agregados menos porosos e mais densos, isso levará a um concreto com
maior módulo de elasticidade. Um fator água/cimento alto levará a um acréscimo na
quantidade de vazios no concreto, deixando-o menos denso e com módulo de elasticidade
baixo. Em comparação, quanto menor for o módulo de elasticidade, menos rígido será o
material; por outro lado, quanto maior for o módulo de elasticidade, maior será a rigidez
do material.
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), o módulo de elasticidade do concreto
pode ser obtido segundo o método de ensaio estabelecido na NBR 8522 (ABNT, 2021).

3. DOSAGEM DO CONCRETO
A dosagem do concreto pode ser entendida como os procedimentos necessários à
obtenção da melhor proporção entre os materiais que constituem o concreto, conhecida
também por traço. Essa proporção pode ser expressa em massa ou em volume, sendo
preferível a proporção expressa em massa seca de materiais.
Por existirem diversos métodos de dosagem, o cálculo da resistência média, a
correlação da resistência à compressão com relação água/cimento, são algo que é comum
a todos. O estudo de dosagem deve ser realizado com o intuito de obter a mistura ideal e
mais econômica, agregando alguns requisitos básicos, sendo eles:
● Resistência mecânica;
● Trabalhabilidade;
● Durabilidade;
● Deformabilidade;
● Sustentabilidade.
A obtenção de um traço que forneça um concreto com as qualidade técnicas
desejáveis para a engenharia atual, vai além da simples mistura de seus componentes
básicos. Deve-se dosar o concreto para determinar as proporções mais adequadas entre
os diversos componentes da mistura com o objetivo de atender principalmente aos
requisitos da resistência da obra, ser suficientemente durável no ambiente em que for
colocado, ter uma aparência satisfatória quando ficar em exposição, atender
satisfatoriamente às condições de mistura, transporte, lançamento e adensamento e ser o
mais econômico possível.
Dessa forma, entende-se a dosagem de concreto como “a técnica e a arte de fixar as
quantidades dos seus elementos componentes de modo a garantir-lhe as características
exigidas quer em sua fase plástica, quer após o endurecimento”.
No estudo da dosagem do concreto faz-se necessário conhecer as características da
obra, dos materiais e do concreto. Em decorrência disso, conceitua a dosagem
experimental como “a determinação das porcentagens dos componentes do concreto, de
modo a se obter um concreto econômico, adequado às condições da obra, usando-se os
materiais disponíveis”.
10

A figura 4 mostra quais seriam as principais etapas na execução de uma dosagem


experimental de concreto.

Figura 4 - Fluxograma de execução da dosagem experimental do concreto

Fonte: Sobral apud Silva, 1990.

A seguir será descrito um pouco sobre alguns requisitos básicos a serem atendidos
na dosagem do concreto.

I) Durabilidade
Os concretos devem ser duráveis frente às solicitações às quais será exposto durante
sua vida útil. A durabilidade depende tanto de fatores extrínsecos como a presença de
sais, maresia, chuvas ácidas, umidade relativa, natureza das solicitações mecânicas a que
ficarem sujeitos (carga monotônica, cíclica, longa ou curta duração, impactos), quanto de
fatores intrínsecos, tais como tipo de cimento, relação água/cimento, adições, aditivos e
outros.
O conceito de durabilidade está associado ao dos mecanismos de transporte ou de
penetração de agentes agressivos em materiais porosos: capilaridade, difusibilidade,
migração iônica e permeabilidade. A durabilidade é considerada um tema muito
complexo que depende de muitas variáveis e, por isso, ainda não tem um método
consensual para ser medida.
Do ponto de vista do projeto estrutural, a ABNT NBR 6118:2014, a ABNT NBR
12655:2015 e a ABNT NBR 14931:2004 buscam assegurar certa durabilidade da
estrutura a partir das especificações de relação água/cimento máxima; da resistência à
compressão mínima; da espessura mínima de cobrimento de concreto à armadura e ao
11

consumo mínimo de cimento, para cada uma das condições de exposição previstas a que
estarão submetidos os elementos estruturais de uma obra ao longo de sua vida útil.

II) Sustentabilidade

Um dos requisitos atuais que vem sendo inserido nos estudos de dosagem é
construir mais com menos consumo de matérias primas, ou seja, cuidar do ambiente
através de uma visão de sustentabilidade.
Em geral, em muitas estruturas é possível reduzir consumo de concreto através do
aumento da resistência mecânica, principalmente em pilares, cuja alteração de 40MPa
para 80MPa, reduzindo em 70% o consumo de agregados, 20% o de cimento, 40% o de
água e reduzir as quantidades de fôrmas e da armadura de aço. Esse fato já vem sendo
observado no concreto há anos, cuja resistência tem aumentado de forma contínua,
principalmente na última década.
Em parte, isso se deve também à evolução da qualidade do cimento Portland que
tem apresentado melhor desempenho mecânico. Hoje, o mercado e as técnicas
construtivas exigem concretos de alta resistência; concretos de alto desempenho;
concretos autoadensáveis; concretos com altos teores de adições e pozolanas; concretos
aparentes; concretos coloridos; concretos brancos; concretos com agregados reciclados,
concretos duráveis e muitos outros.
Para cada um deles existe, na literatura especializada, uma série de métodos de
dosagem que prometem obter o concreto ideal ao menor custo possível. Essa grande
oferta de alternativas está transformando cada vez mais a atividade de dosagem numa
atividade específica, complexa e dispendiosa. É muito comum constatar que certos
profissionais inseguros relegam seus conhecimentos básicos, fundamentais e imutáveis
de tecnologia de concreto em busca de receitas novas e mágicas que, infelizmente, nem
sempre dão bons resultados.
Portanto, pode-se relacionar os seguintes princípios da dosagem dos concretos:
• A resistência à compressão de um concreto é 95% explicada pela resistência da
pasta;
● A máxima resistência será, teoricamente, alcançada com uma pasta de cimento
simples;
● Para cada dimensão máxima característica do agregado graúdo há um ponto ótimo
de resistência do concreto, crescente com a redução dessa dimensão;
● A resistência à compressão dos concretos depende essencialmente da relação a/c;
● Um concreto corrente será tanto mais econômico quanto maior a dimensão
máxima característica do agregado graúdo e quanto menor o seu abatimento, ou
seja, concretos de consistência seca, para uma mesma resistência, são mais baratos
que de consistência plástica ou fluida;
● A consistência de um concreto fresco depende essencialmente da quantidade de
água por m3;
12

● Para uma dada resistência e uma dada consistência, há uma distribuição


granulométrica ótima (combinação miúdo/graúdo) que minimiza a quantidade de
pasta.

3.1. Histórico internacional e nacional da dosagem do concreto

3.1.1. Histórico Internacional


Proporcionar adequadamente os materiais que constituem os concretos e
argamassas era um processo pouco conhecido até o século XIX. Entretanto, em 1828, na
França, Louis J. Vicat constatou experimentalmente que uma determinada relação
cimento/areia conduzia à máxima resistência das argamassas.
Além disso, Louis Vicat também fez considerações sobre os excessos e
insuficiência de areia no traço descrevendo a preconização da utilização de areia muito
grossa para a obtenção de argamassas e concretos econômicos.
Na atual conjuntura, esses conceitos ainda se vigoram, entretanto, é possível obter
concretos equivalentes técnica e economicamente tanto com o uso de areias finas, quanto
com o emprego de areias grossas.
Em 1881 foi apresentado formalmente um método de dosagem das argamassas e
concretos, sendo proposto a determinação do volume de vazios da areia e que o volume
da pasta aglomerante deveria ser 5% superior ao volume de vazios encontrado no
agregado miúdo. Após isso, era necessário determinar o volume de vazios da pedra, a
partir do qual se calcula o volume de argamassa como sendo 10% superior ao volume de
vazios do agregado graúdo.
No ano de 1896, foi proposta uma parábola como melhor modelo matemático de
correlação entre resistência à compressão e volume de água mais ar do concreto e em
1918, Duff A. Abrams, após o estudo de inúmeros traços e análise de mais de 50.000
corpos-de-prova, enunciou a “Lei de Abrams”, mundialmente aceita até os dias de hoje.
Abrams introduziu também o termo “Módulo de Finura”, que propôs representar,
por meio de um único índice, a distribuição granulométrica dos agregados. O índice assim
obtido mostrou-se tão útil que foi adotado mundialmente nas normas de agregados para
concreto, inclusive na brasileira, a ABNT NBR 7211:2009. Também introduziu-se uma
equação que correlaciona o módulo de finura ideal do agregado total com sua dimensão
máxima, conforme a equação abaixo.

𝑀𝐹 = 7,94 + 3,32 log 𝐷𝑚á𝑥 (1)

Em que:
𝑀𝐹 – módulo de finura dos agregados;
𝐷𝑚á𝑥 – dimensão máxima característica do agregado.
13

A contribuição de Abrams foi ainda mais significativa quando introduziu a noção


de trabalhabilidade do concreto e propôs a medida da sua consistência em 1922, por meio
de um molde tronco de cone de altura 30cm e bases 10cm e 20cm. Essa proposta entrou
na utilização corrente da produção mundial de concreto, transformando-se no único
método normalizado no Brasil para medida da consistência do concreto fresco até 1986,
quando foi introduzido também o método do espalhamento na mesa, atualmente em vigor,
porém ainda muito pouco conhecido e utilizado.
Com o advento das técnicas de incorporação de ar e com o uso de concretos de
consistência seca – de difícil adensamento –, comprovou-se que a teoria universal de
Abrams realmente tem suas limitações, requerendo pequenos ajustes quando não se trata
de concretos plásticos nem de concretos com baixos teores de ar aprisionado.
Em 1958, na Alemanha, Kurt Waltz publicou as recomendações para dosagem e
fabricação de concreto com propriedades específicas. Introduziu uma proposta para
curvas de referência da correlação da resistência à compressão dos concretos com a
resistência dos cimentos, que seria adotada, posteriormente, por volta de 1970, nas
normas alemãs DIN 1945 – Dimensionamento e Execução das Construções de Concreto
e Concreto Armado e DIN 1164 – Cimentos, conhecidas posteriormente como curvas de
Waltz (Coutinho, 1973). Em 1955, Murdock & Brook (1979) apresentaram um modelo
para a trabalhabilidade dos concretos frescos que passou a ser mundialmente conhecido.

3.1.2. Histórico no Brasil


O início da tecnologia no Brasil está ligado à instalação, pela Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (EPUSP), do Gabinete de Resistências dos Materiais, em
1899. Em 1926, denominou-se Laboratório de Ensaios de Materiais e, a partir de 1934,
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. A partir de 1920, ocorre um
grande desenvolvimento da engenharia nacional, e as obras de concreto armado passam
a assumir cada vez maior importância.
O Prof. Ary Frederico Torres, então diretor do laboratório de Ensaios de Materiais,
publicou, em 1927, o primeiro número do Boletim EPUSP, intitulado “Dosagem dos
Concretos”, que constitui uma obra histórica de confirmação dos modelos propostos por
Ferét e Abrams, já citados.
O Eng. Fernando Luiz Lobo Carneiro publicou, em 1937, o seu método de dosagem
dos concretos plásticos, ampliado em 1943 para concretos de consistência seca. No ano
de 1944, por ocasião do Simpósio de Estruturas realizado no Rio de Janeiro, promovido
pelo INT, Lobo Carneiro propôs a adoção de resistência de dosagem tendo como base
valores mínimos representados pelo quantil de 2,5%.
Esses pesquisadores propuseram, no entanto, a adoção de uma resistência mínima
que fosse ultrapassada em 99% das vezes, ou seja, correspondente ao quantil de 1%. A
história demonstrou que Lobo Carneiro estava mais próximo do consenso, pois,
atualmente, adota-se, em nível mundial, a resistência mínima (característica) como aquela
que corresponde ao quantil de 5% (Helene, 1999).
14

Ruy Aguiar da Silva Leme, da EPUSP, em 1953, e Francisco de Assis Basílio, da


ABCP, em 1954, reforçaram uma vez mais a importância da consideração da
variabilidade da resistência do concreto nos critérios de dosagem e defenderam a adoção
do coeficiente de variação como parâmetro de referência de rigor da produção de
concreto. Suas ideias prevaleceram na elaboração do texto na ABNT NB 1:1960 –
Cálculo e Execução de Obras de Concreto Armado.
No campo das aplicações práticas, destacam-se as cartilhas e ábacos de traços de
concreto elaborados por Abílio de Azevedo Caldas Branco. Segundo Vasconcelos (1985),
contribuindo ao levar os métodos de dosagem ao alcance dos mestres-de-obra e até aos
engenheiros pouco dedicados ao estudo teórico.
A partir de 1965 ocorreu grande desenvolvimento com o início da construção das
grandes barragens brasileiras, no domínio da tecnologia do concreto massa. Em 1984, a
ABCP publicou o estudo técnico de autoria de Publio Penna Firme Rodrigues,
denominado Parâmetros de Dosagem do Concreto, que representa uma versão adaptada,
atualizada, moderna, simples e objetiva do método de dosagem americano, descrito no
ACI 211.
Em 1986, Carlos Tango, do IPT, publicou aplicações do método de dosagem na
época adotado no Instituto. Em 1992, Helene e Terzian publicaram o Manual de dosagem
e controle do concreto, que reúne os resultados das pesquisas de mestrado e de doutorado
de Paulo Helene levadas a cabo na EPUSP e no IPT por vários anos, com a larga
experiência de campo e de laboratório do Eng. Paulo Terzian.

3.1.Curvas de referência
No ano de 1918, Duff A. Abrams descobriu a relação que existe entre a água e
cimento e sobre suas proporções. De acordo com o cientista “Dentro do campo dos
concretos plásticos, bem como as demais propriedades mecânicas do concreto
endurecido, varia na relação inversa da relação água/cimento”. Isso significa que se a
relação água/cimento é baixa, a resistência do concreto é alta.
Abrams demonstrou baseando-se em pesquisas laboratoriais que a resistência do
concreto depende das propriedades da pasta de cimento endurecida, a qual por sua vez,
era uma função direta do fator água/cimento (a/c), a relação com o módulo de finura dos
agregados e o abatimento do concreto para medir a trabalhabilidade.
A chamada Lei de Abrams é utilizada para a formação da curva de correlação do
fator água/cimento (a/c) em função de uma dada resistência de compressão do concreto
para uma determinada idade. Para os pré-fabricados de concreto é interessante ter estas
curvas para as idades de 1, 3, 7 e 28 dias.

Figura 5 - Curva de Abrams dos cimentos em relação ao fator a/c


15

Fonte: Guerra, 2010.

3.2.A relação com o módulo de finura dos agregados


Agregados de qualidade equivalentes na feitura do concreto podem ser produzidos
a partir de materiais com tamanhos e granulometrias diferentes. De modo geral, agregados
finos e graúdos, de tamanhos ou granulometrias diferentes podem ser combinados de
modo a produzir resultados similares no concreto.
A granulometria do agregado que produz o concreto mais resistente não é a
graduação que dá a maior densidade com menos vazios. Para concretos com a maior
resistência é preciso ter uma granulometria mais graúda que a granulometria que dá a
maior densidade. Uma observação importante é que quanto mais rica em cimento for a
mistura, mais graúda deve ser a granulometria, logo maior será a discrepância entre
máxima densidade e a melhor granulometria.
Análises realizadas em diversas pesquisas demonstram que quanto maior o índice
de irregularidade dos agregados, sejam na espessura ou no comprimento, maior se torna
a necessidade de água para que ocorra trabalhabilidade. As formas irregulares funcionam
como barreiras dificultando a mobilidade da pasta de cimento, devido ao seu alto índice
de área superficial características da forma.
Entretanto, quanto à resistência a tração ou compressão, os concretos com
agregados lamelares, alongados, apresentam melhor desempenho. Isso ocorre pelo fato
das partículas irregulares, planas e chatas apresentam maior área superficial, adquirindo
aderência entre a pasta e o agregado.
A necessidade de água das misturas de concreto também precisa ser analisada, uma
vez que a quantidade de água é regida pelos seguintes fatores:
● Condição de trabalhabilidade;
● Consistência normal do cimento;
● Tamanho e graduação do agregado;
● Volumes do cimento e dos agregados;
● Absorção dos agregados;
16

● Água contida nos agregados.

3.3.Efeito da quantidade de água na resistência do concreto


Tanto a falta quanto o excesso de água podem afetar negativamente a qualidade do
concreto. Quando em excesso, ou seja, a que não foi utilizada no processo de hidratação
do cimento, gera vazios na estrutura do concreto na forma de poros capilares. Estes poros
têm formatos variados e formam um sistema interconectado, distribuído em toda a pasta
de cimento, sendo os principais responsáveis pela permeabilidade da pasta de cimento
endurecida.
A permeabilidade é um dos fatos que faz o concreto ser mais ou menos durável.
Quanto mais baixo o nível de permeabilidade mais resistente será as interações com
agentes naturais, isso significa que o excesso de água diminui a sua durabilidade.
O processo fundamental para o endurecimento do concreto é a reação de hidratação.
Quando há falta de água, as reações de hidratação não ocorrem de forma completa,
gerando um concreto de baixa qualidade e sobrando cimento em sua estrutura.
Para que cumpra suas funções, a água deve ser adicionada em quantidades
adequadas conforme cada caso de produção do concreto. A precisão dos cálculos para
determinar a quantidade ideal de água só é possível após o estudo de dosagem, que leva
a consideração local e tipo de aplicação, requisitos de projeto, qualidade do cimento e
agregados disponíveis. Os parâmetros mínimos da relação água/cimento são
estabelecidos pela ABNT NBR 12655:2015 – Concreto de cimento Portland – Preparo,
controle, recebimento e aceitação – Procedimento.

3.4.Relação água/cimento
A relação água/cimento é um fator diretamente relacionado à qualidade do
concreto, seja ele rodado em obra ou em usinas. O fator água/cimento (a/c) nada mais é
do que o quociente entre a massa de água e a massa de cimento, conforme expresso na
equação abaixo, sendo este um valor adimensional.

𝑎 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 á𝑔𝑢𝑎 (2)


=
𝑐 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

De acordo com equação, pode ser observado que quanto maior for o fator a/c mais
fluido será o concreto, ou seja, maior será a massa de água. Portanto, é sugerido por
Helene & Terzian (1992) que os valores da relação água/cimento sejam adotados
utilizando curvas determinadas experimentalmente para os cimentos nacionais, que
correlacionam a resistência à compressão e a relação água/cimento, para os cimentos do
tipo CP 32, conforme expresso na equação abaixo, para resistência em 28 dias.
17

92,8 (3)
𝑓28 =
7,9𝑎/𝑐

Essa equação empírica permite compreender que quanto menor for o fator a/c maior
será a resistência característica a compressão do concreto.
Quando se dosa um concreto, existe um fator a/c mínimo necessário para que o
concreto se hidrate, ou seja, as micropartículas do cimento vão se unir e se transformar
em sólido, sendo este valor igual a 0,25. Esse valor mínimo é para a hidratação do
concreto, não havendo uma trabalhabilidade pois ela será adquirida com o que for
adicionado.
Ao realizar a concretagem em obra é importante que ocorra a cura por no mínimo
sete dias, pois durante a cura ocorre processos e reações exotérmicas, ou seja, um aumento
de temperatura e parte da água é perdida durante esse processo. Para que essa reação seja
minimizada é necessária uma cura do concreto, isso auxiliará na resistência.
Um ponto importante a se destacar é que quanto maior for o fator água/cimento
maior será o percentual de vazios no concreto e isso acarreta uma maior porosidade.
Quanto maior a porosidade maior será a ação de agentes agressivos ao concreto e a suas
armaduras.
Dessa forma, a figura 6 relaciona a relação água/cimento com a classe de
agressividade do concreto e a classe do concreto.

Figura 6 - Correspondência de agressividade e qualidade do concreto


18

Fonte: NBR 12655:2015.

A tabela de correspondência relaciona o fator água/cimento, a classe do concreto e


o consumo de cimento. As obras devem ser classificadas de acordo com a agressividade
do local a ser implantado e pra garantir a qualidade da obra é necessário adotar a classe
do concreto e o fator água/cimento. Pode ser observado que quanto maior a agressividade
do meio menor será o fator água/cimento e consequentemente maior será a classe do
concreto e de sua resistência.

3.5.Procedimento de dosagem
De acordo com a NBR 12665:2015, para fins estruturais, o concreto deve ter
definida todas as características e propriedades de maneira explícita, antes do início das
operações de concretagem. Para isso, o concreto deve passar por sua etapa de preparo em
três modalidades:
● Concreto preparado pelo construtor da obra;
● Concreto preparado por empresa de serviços de concretagem;
● Outras modalidades de preparo do concreto.
As etapas de preparo do concreto se apresentam da seguinte forma:
a) Caracterização dos materiais componentes do concreto

O objetivo é conhecer as características dos materiais, que têm grande influência


no processo de dosagem do concreto, tal como durabilidade, finura, granulometria,
inchamento, os aditivos e desempenho.

b) Estudo de dosagem do concreto

Faz necessário realizar um estudo teórico e experimental para os traços do concreto.


19

I) ESTUDO TEÓRICO DE DOSAGEM

Para o estudo teórico a relação água/cimento é o parâmetro mais importante. Se faz


necessário conhecer as características do agregado graúdo para definir se o concreto se
tornará mais econômico. Também é necessário realizar correções das “leis de
comportamento”, sendo elas a “Lei de Abrams”, “Lei de Lyse”, “Lei de Molinari” e o
Teor de argamassa seca, calculas a resistência de dosagem segundo a NBR 6118.

II) ESTUDO EXPERIMENTAL DE DOSAGEM


Quanto ao estudo Experimental de dosagem, ele deve ser definido em função dos
parâmetros adotados e partindo do princípio de que são necessários três pontos para poder
montar o diagrama de dosagem, correlacionando a resistência à compressão, relação
água/cimento, traço e consumo de cimento.
O início do estudo experimental parte da avaliação preliminar, com mistura em
betoneira do tração 1:5 (cimento: agregados secos em massa). Baseado nas informações
obtidas desta mistura, confeccionam-se mais duas, com os traços definidos 1:3,5 (traço
chamado de rico) e em 1:6,5 (traço chamado de pobre). Após isso, molda-se os corpos-
de-prova para realizar os ensaios de compressão.

c) Ajuste e comprovação do traço de concreto

A nova etapa para o estudo de dosagem é produzir os traços auxiliares e possibilitar


a montagem do diagrama de dosagem, correlacionando a relação água/cimento e a
compressão axial.

d) Elaboração do concreto.
Quanto a elaboração do concreto, o processo é iniciado com o recebimento e o
armazenamento dos materiais, sua medida e mistura, bem como verificação das
quantidades utilizadas destes materiais. Esta verificação se objetiva em comprovar que as
proporções dos materiais atendam ao traço especificado.

No Brasil não há texto consensual de como deve ser realizado o estudo de dosagem.
A inexistência desse consenso em normativa sobre os procedimentos e parâmetros de
dosagem leva vários pesquisadores a propor seus próprios métodos.
Dessa forma, a maioria segue conceitos teóricos de comportamento do concreto e
experimento laboratorial. Para isso se faz necessário fixar o abatimento para diferentes
proporções de teor de argamassa, encontrar a mínima quantidade de água para obter
trabalhabilidade especificada e otimizar a proporção entre agregados miúdos e graúdos.
20

3.6.Dosagem experimental
Devido à necessidade atual em dosagens de concreto com maior trabalhabilidade e
que atenda a resistência estimada e viabilidade econômica. Todo processo de tecnologia
de materiais envolvendo o concreto passa inicialmente pela escolha dos materiais que irá
compor. Na maioria das obras é necessário a adaptação e escolha dos materiais. Dessa
forma, o estudo de dosagem para o concreto se torna complexo, face as dificuldades de
se avaliar em laboratório, as condições de manuseio e de comportamento das misturas.
Na dosagem experimental, o traço final é obtido baseado nas características dos
materiais, nas solicitações mecânicas a que estará sujeito o concreto e nas implicações
inerentes de cada obra. Assim, são levadas em consideração as cargas que irão atuar na
estrutura, as dimensões das peças, o espaçamento estre as armaduras, os processos
construtivos bem como as condições do meio em que será implantada a construção.
É através da dosagem experimental que será obtido o traço mais econômico de
modo a atender as propriedades desejadas, seja a consistência, plasticidades,
trabalhabilidade, resistência e durabilidade.
Os traços de concreto constantes em tabelas antigas, ainda hoje são muito utilizados
na confecção de concretos para obras de pequeno porte. Entretanto, não existe ainda no
Brasil um texto consensual de determinação do estudo de dosagem.
Essa inexistência de regulamentação e norma nacional faz com que existem vários
métodos de dosagens, com diferentes procedimentos e parâmetros publicados e utilizados
por vários pesquisadores.
Para os métodos de dosagem experimentais existentes, levaram em consideração a
resistência característica do concreto (fck), a resistência de cálculo (fcd) e a resistência
de dosagem (fcj), sendo cada uma delas expressas pelas equações 4, 5 e 6
respectivamente.
𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65 𝑥 𝑠 (4)

𝑓𝑐𝑚 - valor médio da distribuição obtido pela curva de Gauss (figura 3)


𝑠 – desvio padrão da distribuição
𝑓𝑐𝑘 (5)
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐

𝛾𝑐 – coeficiente de minoração da resistência do concreto sendo, em geral, igual a 1,4.

𝑓𝑐𝑗 = 𝑓𝑐𝑚 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 𝑥 𝑠 (6)


21

3.2.1. Diferentes métodos de dosagem

3.2.1.1.Método da ABCP/ACI

Publicado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em 1984, trata-


se de uma adaptação do método do American Concrete Institute (ACI), realizada pelo
engenheiro Públio Penna Firme Rodrigues.
O método é baseado em tabelas e gráficos elaborados a partir de informações
experimentais, em que os agregados são selecionados conforme a NBR 7211:2009, que
trata sobre os agregados para concreto. Esse método inicia-se com a caracterização dos
materiais a serem utilizados, detalhando as seguintes informações:
• Fcj (resistência de dosagem do concreto);
• Resistência do cimento aos 28 dias;
• Diâmetro máximo do agregado graúdo;
• Módulo de finura do agregado miúdo;
• Massa unitária compactada do agregado graúdo;
• Massa real específica do agregado miúdo;
• Massa específica do agregado graúdo;
• Abatimento do tronco de cone (Slump Test);
• Massa específica do cimento.
Em seguida, determina-se a relação água/cimento, levando em conta a resistência
normal do concreto e sua resistência à compressão, ambas aos 28 dias, conforme a figura
7.

Figura 7- Gráfico de resistência à compressão do concreto requerida aos 28 dias (fc28)


em MPa

Fonte: Rodrigues (1998).


22

O consumo estimado de água por metro cúbico de cimento é obtido da relação entre
o diâmetro máximo característico do agregado e o abatimento, conforme a tabela 2.

Tabela 2 - Consumo aproximado de água

Abatimento do tronco do cone Dimensão máxima característica do agregado


graúdo
9,5 mm 19 mm 25 mm 32 mm 38mm
40 a 60 mm 220 l/m³ 195 l/m³ 190 l/m³ 185 l/m³ 180 l/m³
60 a 80 mm 225 l/m³ 200 l/m³ 195 l/m³ 190 l/m³ 185 l/m³
80 a 100 mm 230 l/m³ 205 l/m³ 200 l/m³ 200 l/m³ 190 l/m³
Observações:

- Os valores são recomendados para concretos confeccionados com agregado graúdo britado, agregado
miúdo, consume de cimento por metro cúbico de concreto da ordem de 300 kg/m³ e abatimento, medido
pelo tronco de cone, entre 4 e 100mm.

- As areias pertencentes à zona 1 da NBR 7211, podem gerar aumentos de até 10% no consumo de água
por metro cúbico de concreto.

Fonte: Rodrigues (1998)

Além dos dados dispostos na Tabela 2, é possível estimar o consumo de água por
metro cúbico de cimento através da equação 7.

𝑆𝑇𝑟 0,1 (7)


𝐶𝑎𝑟 = 𝐶𝑎𝑖 ∗ ( )
𝑆𝑇𝑖

Em que:
𝐶𝑎𝑟 – consumo de água requerida;
𝐶𝑎𝑖 – consumo de água inicial;
𝑆𝑇𝑟 – abatimento requerido;
𝑆𝑇𝑖 – abatimento inicial

Ao utilizar a seguinte equação, calcula-se o consumo de cimento na mistura com


base na equação 8.
𝐶𝑎𝑔 (8)
𝐶=
𝑎⁄𝑐
23

Em que:
𝐶 – consumo de cimento por metro cúbico de concreto (kg/m³);
𝐶𝑎𝑔 – consumo de água por metro cúbico de concreto (l/m³);

𝑎⁄𝑐 - relação água cimento.

O consumo de agregado graúdo é dado pela relação entre sua dimensão máxima
característica e o módulo de finura do agregado miúdo.

Tabela 3 - Volume do agregado graúdo por m³ de concreto

Módulo Dimensão máxima característica do agregado


de graúdo
finura 9,5 mm 19 mm 25 mm 32 mm 38 mm
da areia
1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845
2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825
2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805
2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785
2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765
2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745
3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725
3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705
3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685
3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665
Fonte: Rodrigues (1998)

O consumo de agregado graúdo também pode ser estimado através da equação 9.

𝐶𝑝 = 𝑉𝑝𝑐 ∗ 𝑀𝑈𝑐 (9)

Em que:
𝐶𝑝 - consumo de agregado graúdo por metro cúbico de concreto;

𝑉𝑝𝑐 – volume compactado seco do agregado graúdo por metro cúbico de concreto;

𝑀𝑈𝑐 – massa unitária compactada do agregado graúdo por metro cúbico de


concreto (kg / m³).
24

Quando não for possível determinar o 𝑀𝑈𝑐 , é necessário adotar o valor aproximado
de 1.500 kg/m³.
Posteriormente, é calculado o consumo estimado de agregado miúdo através da
diferença entre a soma dos valores absolutos do demais componentes em relação a 1
metro cúbico de concreto, conforme a equação 10.

𝑐 𝑐𝑏 𝑐𝑎 (10)
𝑉𝑚 = 1 − ( + + )
𝑝𝑐 𝑝𝑏 𝑝𝑎

Em que:
𝑉𝑚 – volume de agregado miúdo;
𝑝𝑐 – massa específica do cimento;
𝑝𝑏 – massa específica do agregado graúdo;
𝑝𝑎 – massa específica da água.

Após a obtenção do volume de agregado miúdo e sabendo que 𝑄𝑚 é a massa


específica desse agregado, calcula-se seu consumo de acordo com a equação 11.

𝐶𝑚 = 𝑄𝑚 ∗ 𝑉𝑚 (11)

Após calculado os consumos dos demais constituintes, finalmente podem ser


representadas as proporções através do traço, que indicam a relação quantitativa entre o
cimento e os agregados e a água.

𝑐 𝑐𝑚 𝑐𝑏 𝑐𝑎
𝑇𝑟𝑎ç𝑜 = ∶ ∶ ∶
𝑐 𝑐 𝑐 𝑐
O método ABCP é considerado como um método essencialmente empírico, visto
que é baseado em quadros e tabelas, de valores médios, que proporcionam um roteiro
simples e fácil de entender num seguimento de passos que usa um único sentido e evitam
a entrada de processos interativos ou tentativos.
Assim, o método fornece estimativas próprias para as quantidades de água de
amassamento (dependentes apenas da dimensão máxima característica do agregado total
ou se for o caso da quantidade de ar incorporado) e valores médios de resistência para as
diversas relações água/cimento.
Considerando que, dada a grande variedade e variabilidade dos tipos de cimentos e
dos agregados disponíveis nas diferentes regiões do brasil, resulta dificuldade em aceitar
25

o uso indiscriminado das curvas de valores médios da resistência do concreto (função


apenas da relação água/cimento) apresentadas pelo método.
Encontram-se limitações do método quanto a sua adequação para o uso de aditivos
superplastificantes e plastificantes, visto que a tabela da ABCP que fornece as
quantidades de água aproximadas para obter o abatimento, em atribuição máxima
característica do agregado, esta elaborada para concretos sem aditivos

3.2.1.2.Método do IPT/USP
O método do IPT/USP (desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da
Universidade de São Paulo) baseia-se na melhor proporção de agregados como sendo
aquela que tem um consumo menor de água para obter um abatimento desejado. Não é
necessário o conhecimento prévio dos agregados, e após a fixação do abatimento
requerido são definidos os teores de argamassa e relações água/cimento mais adequados.
Inicialmente é escolhida a dimensão máxima característica da brita que será
compatível com os espaços disponíveis entre as fôrmas e armaduras. Conforme as
necessidades da obra e do projeto forem definidos, será possível mensurar o abatimento
e a resistência média que se deseja alcançar em determinada idade.
Para a primeira mistura experimental, sugere-se um traço de 1:5 (uma parte de
cimento para cinco de agregados), sendo que a proporção de areia e brita depende do teor
de argamassa escolhido. Para o cálculo do teor de argamassa é utilizada a equação 12:

1+𝑎 (12)
𝛼=
1+𝑚

Em que:
𝛼 – teor de argamassa;
𝑎 – agregados miúdos;
𝑚 – agregados graúdo e miúdo.

A quantidade de água na mistura depende da consistência desejada para o concreto,


sendo essa consistência controlada com o ensaio de abatimento. O traço é acertado
experimentalmente em laboratório a fim de encontrar a melhor proporção entre cimento,
adições, agregado graúdo, agregado miúdo e aditivos.
Para o primeiro traço feito em laboratório, o teor de argamassa deve variar,
começando com 𝛼 = 33% e subindo esse valor de 2% em 2% até obtenção do ponto ideal.
Após ser encontrado o 𝛼 ideal, são moldados corpos de prova para ensaios com o concreto
endurecido.
26

Novos traços são feitos para verificar o mesmo abatimento, porém, com diferentes
relações água/cimento, mantendo fixados os valores do teor de argamassa (𝛼) e a relação
em massa de água/massa seca (H) do traço anterior.

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 𝐶á𝑔𝑢𝑎 𝑎/𝑐 (13)


𝐻= = =
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 𝐶𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 + 𝐶𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 + 𝐶𝑏𝑟𝑖𝑡𝑎 1 + 𝑚

Em que:
H – relação em massa de água/massa seca;
a/c – relação água/cimento;
m – agregados miúdo e graúdo.

O número mínimo de traços é três, o que permite que nas idades específicas de
rompimento, sejam verificadas as resistências e os demais requisitos do concreto. Em
seguida, é construído o Diagrama de Dosagem evidenciado sobre três quadrantes com os
resultados das correlações de dosagem realizadas pelas equações 14, 15 e 16.
Equação da Lei de Abrams (1918): Estabelecida em função do tipo de cimento,
experimentalmente, sem considerar a influência do agregado.

𝑘1 (14)
𝑓𝑐 =
𝑘2 𝑎/𝑐

Equação da Lei de Lyse (1932): Para um certo conjunto de materiais, mantida a


consistência do concreto medida pelo ensaio de abatimento do tronco de cone, o traço M
é diretamente proporcional a relação a/c.

𝑚 = 𝑘3 + 𝑘4 ∗ 𝑎/𝑐 (15)

Equação da Lei de Molinari: O consumo de cimento de um concreto correlacionase


com o valor do traço seco m através de uma curva.

1000 (16)
𝐶=
𝑘5 + 𝑘6 ∗ 𝑚
27

Em que:
𝑓𝑐 – resistência à compressão (MPa);
𝑎/𝑐 – relação água/cimento;
𝑚 – relação de materiais secos/aglomerantes;
𝐶 – consumo de cimento por m³ de concreto, em kg/m³;
𝑘𝑛 – constantes particulares de cada conjunto de materiais.

A figura 8 ilustra o detalhamento de um diagrama de dosagem para cimento


Portland.

Figura 8 – Diagrama de dosagem para uma família de concretos

Fonte: Helene e Terzian (1992).

O método propõem a fixação de um traço inicial 1:5 (cimento: agregado total em


massa) que possibilitará, ao ser misturado na betoneira, obter as informações necessárias
(teor de argamassa adequado e demanda de água) para a confecção de dois traços
complementares, um mais rico em cimento 1:3,5 e outro mais pobre 1:6,5, cujos dados
servirão para a construção do diagrama de dosagem.
O método da EPUSP/IPT é um método sobretudo experimental que demanda
inicialmente poucas informações quanto as características dos agregados e pode ser
28

confeccionado em um laboratório de campo, montado com o mínimo de equipamentos


especiais.

3.2.1.3.Método de dosagem de concreto ITERS/Eládio Petrucci


O método do ITERS (Instituto Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul,
atualmente CIENTEC, Fundação de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande do
Sul) foi desenvolvido a partir de 1951 pelo Prof. Petrucci, devido a insucessos e
dificuldades dos procedimentos de dosagem aos métodos existentes naquela época, no
estado do Rio Grande do Sul. (Petrucci - ABCP, 1965).
Inicialmente o método de Petrucci consiste na determinação da proporção ótima da
areia a qual se correlaciona ao total de agregado e a relação entre a quantidade de água de
mistura e a quantidade total de materiais secos. Nota-se que a massa total de água da
mistura sobre massa total de cimento + agregados podem ser expressos em função da
relação água/cimento (x) através da equação 17.

𝑥 (17)
ℎ (%) = [ ] 𝑥 100
(1 + 𝑚)

Esses dados são pilotos e devem ser parâmetros para fixar uma trabalhabilidade
adequada às condições de obra e uma relação m = massa total do agregado/ massa de
cimento da mistura que deve ser um valor próximo ao do traço procurado.
Para que o concreto se adeque aos tipos de peças a serem concretadas, inclusive
quanto ao transporte, lançamento, adensamento, é necessário que no estado fresco possua
trabalhabilidade, o que pode ser avaliada de forma parcial pelo ensaio de remoldagem de
Powers, ou, com uma menor precisão, através do abatimento de tronco de cone de
Abrams.
Na determinação da proporção ótima areia/agregado graúdo (a/m) e do teor
água/materiais secos (H), que permita a trabalhabilidade desejada levando em
consideração a granulometria dos agregados, das condições superficiais e formas dos
grãos. Todavia quando não é encontrando material adequado do ponto de vista
granulométrico, Petrucci sugere que a mistura seja corrigida adequadamente de 2 ou 3
materiais locais.
Dessa forma, quando se tem vários agregados é sucinto que se faça uma mistura
previa dos materiais para reduzi-los a um graúdo e a um miúdo, alocando de forma
representativa os materiais que serão empregados na obra
Para determinação da porcentagem de areia no agregado total, o procedimento é
baseado em conhecimentos do tecnologista ou de estimativas de experiências prévias com
os materiais disponíveis, sendo assim, determina-se um traço 1:m (em massa) que
intuitivamente aproxima-se do traço definitivo buscado.
29

O valor estimado de m pode ser efetuada levando em consideração a relação de


água/cimento (x) requerida para atingir a resistência e durabilidade de projeto e
considerando, através da relação H (%), as necessidades de trabalhabilidade da mistura
fresca.
É determinado a relação M do traço de partida fixando-se a relação x, a qual pode
ser substituída na relação H. Essa relação deverá começar com H=5%, aumentando essa
relação de 1% em 1% de forma a obter misturas com H = 6% 7% 8% e 9%. 3 a 4 dessas
misturas são preparadas do mesmo traço 1:m, variando apenas a porcentagem de areia no
agregado total de 5 em 5%.
Após o m fixado, para cada uma das relações a/m preparam-se várias misturas
experimentais variando a quantidade de água em cada mistura e para cada mistura seca
aumenta-se de 1 em 1% a relação H (%) até atingir a trabalhabilidade adequada. Nessa
etapa experimental é importante observar algumas características de consistência e de
resistência a segregação das misturas de concreto produzidas.
Para a determinação das relações ótimas de a/m e de H, os laboratoristas devem
ensaiar, para cada relação a/m, as diferentes relações de H e em outras palavras se fossem
realizar 5 relações para a/m e 5 relações para H, deveriam se realizar vinte e cinco ensaios
para determinar os índices de remodelagem.

3.2.1.4.Método de De Larrard
Trata-se de um método para composição, em princípio, de qualquer tipo de
concreto, de resistência normal, de alto desempenho, com pós-reativos, jateado,
autoadensável, compactado a rolo e de diferentes densidades.
François De Larrard (1990) é um pesquisador francês e seu método se baseia no
empacotamento de partículas, visando à máxima compacidade possível e diminuição do
risco de segregação, para otimização da mistura granular seca, recuperando muito das
ideias dos tradicionais métodos de granulometria descontínua do início do século XX.
O método não é de fácil aplicação, por depender de programas computacionais e
ensaios de viscosidade com viscosímetros e reômetros de difícil obtenção. A
determinação do pacote granular é através da clássica forma de objetivar a combinação
dos agregados de forma que minimize a porosidade, diminuindo o consumo de pasta na
mistura.
No passado, os métodos de granulometria descontínua e de máxima compacidade
por tentativa e erro para se chegar ao máximo empacotamento granulométrico também
foram utilizados com sucesso. A contribuição deste método francês é obter a máxima
compactação com recursos computacionais, em princípio válida para quaisquer forma e
tamanho de partículas de agregados.
Uma vez obtida a máxima compacidade da mistura granular, o método de De
Larrard se propõe a viabilizar a correlação com propriedades do concreto nos estados
fresco e endurecido através de formulações matemáticas equivalentes aos modelos
clássicos de correlação entre propriedades, próprios da tecnologia de concreto.
30

3.7.2. Considerações sobre os diferentes métodos consultados

3.7.2.1. Método ABCP


O método da ABCP/ACI, está baseado em quadros e tabelas, de valores médios,
que possibilitam o desenvolvimento de um roteiro simples e rápido de entender com uma
sequência de passos, num único sentido, evitam a entrada em processos iterativos ou
tentativos.
Além disso, o método leva em conta os fatores que condicionam as exigências e
características que devem satisfazer os concretos para moldagem de estruturas in loco.
Teoricamente é possível fazer toda a dosagem, determinando um traço inicial, a partir de
certas informações básicas de caracterização dos materiais componentes.
Esses ensaios de caracterização dos agregados, como as composições
granulométricas, os módulos de finura e as massas unitárias e específicas, são rápidos e
simples de realizar, com mínimo de equipamentos de laboratório. Opcionalmente, as
características dos materiais podem ser obtidas a partir de dados regionais.
Cabe destacar que, a faixa de valores dos módulos de finura das areias, consideradas
pelo método da ABCP, varia entre 1,8 e 3,6 e adapta-se aos limites das 4 zonas
granulométricas estabelecidas pela NBR 7211:2019 para os agregados miúdos, enquanto
que a faixa dos módulos de finura das areias, consideradas endereço pelo método do ACI,
varia entre 2,4 e 3,0 o que as enquadra basicamente na faixa de areias médias.
Um dos inconvenientes mais importantes deste método é a dependência de tabelas
elaboradas a partir de valores médios de materiais, que muitas vezes podem não se
adequar aqueles disponíveis localmente. Além disso, o uso desacautelado das tabelas
pode levar a perder de vista os fundamentos os conceitos básicos envolvidos assim com
as restrições de uso e aplicação consideradas no método.
A consequente necessidade de efetuar os ajustes necessários pode levar a concretos
um tanto inadequados e ou antieconômicos se comparado com os traços otimizados que
são obtidos por outros métodos que envolve ensaios prévios de trabalhabilidade sobre
misturas experimentais, produzidas com os materiais que são efetivamente usados.
Existem limitações do método quanto à sua adequação para o uso de aditivos
plastificantes e super plastificantes, pois a tabela da ABCP, que fornece as quantidades
de água aproximadas para atingir o abatimento, em função da dimensão máxima
característica do agregado, está elaborada para concreto sem aditivos. Este fato evidencia
a necessidade de atualizar ou complementar um método de maneira a considerar a
possibilidade de uso de aditivos e ter referências de como agir neste caso.

3.7.2.2. Método IPT


O método da USP traço IPT é um método essencialmente experimental que
demanda inicialmente poucas informações quanto às características dos agregados e pode
ser desenvolvido em um laboratório de campo, montado com um mínimo de
31

equipamentos especiais. Este procedimento de dosagem apresenta uma série de


orientações práticas que possibilitam avaliar as misturas de concreto fresco sob diferentes
aspectos da sua trabalhabilidade.
Para resolver o problema do proporcionamento de concreto com características de
acabamento, trabalhabilidade e resistência pré-estabelecida, o método propõem a
construção de um diagrama de dosagem, que correlaciona a resistência compressão, a
relação água- cimento, a relação agregado/ cimento e o consumo de cimento por metro
cúbico de concreto.
A flexibilidade em termos da possibilidade de utilização de materiais diversos e a
mínima necessidade de ensaios de caracterização dos agregados, possibilita a aplicação
deste método mas sem restrições, em qualquer lugar do país onde se conte com a mínima
infraestrutura laboratorial.
A otimização das soluções de dosagem encontradas, dependeram da experiência e
do treinamento do responsável dos ensaios e dos fatores culturais e econômicos
condicionantes da região onde o concreto será aplicado.
Caso existam variações significativas dos materiais constituintes do concreto ou
eventualmente existam mudanças nos tipos de agregados, no aglomerante, ou nos
aditivos, o método pode ser facilmente aplicado com aproveitamento das informações já
disponíveis e com um reduzido consumo de materiais e horas de trabalho.

3.7.2.3. Método do ITERS


O método de dosagem, foi desenvolvido com o intuito de se aplicar sem restrições
na dosagem de concreto, ou seja, diferentemente dos métodos da ABCPI do INT, este
método pode ser aplicado com materiais diversos em qualquer região do país respondo
todo o processo envolvido na determinação dos traços e permite um conhecimento mais
amplo dos materiais disponíveis e dos possíveis efeitos sobre a trabalhabilidade das
misturas, incluindo-se a tendência à exsudação.
As informações obtidas no desenvolvimento do processo experimental de dosagem,
que resultam no traçado de curvas que vinculam a relação água materiais secos, teor de
argamassa e com índices de medidas da trabalhabilidade, permitem determinar e
comparar traços de concretos com propriedades e características adequadas aos diversos
fins de obra.
Assim podem ser observadas alterações quanto às condições de trabalhabilidade
dos traços dentro de faixas amplas de variação das quantidades utilizadas de água de
amassamento e das proporções entre os agregados graúdos e miúdos.
O método não apresenta nenhum tipo de tabela, fórmula ou curva que possibilite
estimar previamente a correlação entre a relação água cimento. Uma vez selecionado o
tipo de cimento e escolhido os agregados a serem usados no proporcionamento dos
concretos, deve-se partir para a determinação experimental do teor de argamassa ideal da
relação água/materiais secos que estabelece a família de traços de concreto
32

Este é o método em que é estimado o teor de argamassa, levando em consideração


o efeito dinâmico do adensamento, avaliando de forma efetiva a trabalhabilidade.
Em caso de mudanças significativas nas características dos agregados empregados
todo o processo de dosagem deve começar devendo se repetir os ensaios laboratoriais
básicos que são os mais pesados de realizar.

4. FABRICAÇÃO E CONCRETAGEM

4.1. Preparo do concreto


O preparo do concreto precisa atender a requisitos básicos que garantam a
homogeneidade da mistura dos componentes, estando bem distribuídos por toda massa
de concreto. Dessa forma encontra-se duas formas de se fazer a mistura do concreto: a
manual e a mecânica.
A mistura manual pode ser utilizada para pequenas obras, ou em concretagens de
pequenos volumes. É recomendado que para cada mistura de concreto seja feita para um
traço correspondente a um saco de cimento. É regido por noma que o volume a ser
preparado por vez não ultrapasse o correspondente a 100 kg de cimento, o que
corresponde a dois sacos.
Dessa forma, o concreto deve ser preparado sobre uma superfície rígida, limpa e
impermeável e seguir os seguintes passos:
1. Colocar a areia em uma camada de aproximadamente 15 cm;
2. Adicionar o cimento e misturá-lo usando enxadas e pás até apresentar
homogeneidade;
3. Adicionar britas e misturar até adquirir homogeneidade;
4. Entre a mistura, adiciona-se água aos poucos, misturando-a até obter uma
massa moldável.
33

Figura 9 – Preparo manual do concreto

Fonte: ABCP (2006).

A mistura mecânica é feita em equipamentos chamados betoneiras, que consiste em


um tambor com paletas interna e que giram em torno de um eixo. O giro do tambor com
as paletas proporciona a mistura dos materiais que se encontram no seu interior.
Nesse caso, obtém-se uma mistura mais homogênea e com maior produção quando
se comparado com o processo manual. Entretanto, por ser um equipamento
eletromecânico, exige instalação adequada e treinamento para sua operação e da mesma
forma que o processo manual segue alguns passos, também são listados para a mistura
mecânica.
1. Com a betoneira em funcionamento, adiciona-se as britas e metade da água
misturando-as por um minuto;
2. Adiciona-se o cimento, a areia e o restante da água;
3. O tempo total do procedimento dever em torno de 3 a 4 minutos.
34

Figura 10 - Preparo mecanizado do concreto

Fonte: ABCP (2006).

O concreto usinado ou pré-misturado é um concreto pronto que pode ser comprado


ao invés de ser fabricado em obra. Ele é fornecido por empresas especializadas e é
indicado em casos em que o volume é maior ou não há espaço ou pessoal suficiente para
fazê-lo em na obra.
Ressalta-se que o concreto usinado tem mais controle e oferece maior segurança do
que o concreto feito na obra, uma vez que sua dosagem é realizada pelo método racional.
A usina define o traço de acordo com a solicitação da obra e é lançado no caminhão-
betoneira os materiais: cimento, areia, britas e água, podendo ser lançado parte da água
no caminhão e ser completado na obra.

4.2. Concreto dosado em central


De acordo com a ABESC, o sucesso de uma construção depende da correta
definição do tipo de concreto a ser utilizado. A forma mais utilizada para se pedir o
concreto dosado em central é informando a resistência característica do concreto (fck), a
trabalhabilidade (slump), a dimensão máxima do agregado e a classe de agressividade. A
NBR 7212:2021 também especifica outras formas de pedir o concreto: fornecendo o traço
ou o consumo de cimento por metro cúbico.

4.3. Plano de concretagem


Ao programar a concretagem, o concreto deve ser aplicado no menor prazo
possível, devendo ter cuidados e seguindo as normas recomendadas pela ABNT e
estabelecendo um plano de concretagem de até 48 horas de antecedência.
35

O plano de concretagem é um conjunto de medidas a serem tomadas antes do


lançamento do concreto para assegurar a qualidade da peça a ser concretada. Sendo
apresentado abaixo um guia para o sucesso da concretagem:
a) Formas e escoramentos
● Conferir as dimensões baseadas no projeto;
● Verificar a capacidade de suporte e deformação das formas provocadas pelo peso
próprio ou operação de lançamento do concreto;
● Verificar a estanqueidade da forma para evitar a fuga da nata;
● Limpar as formas e aplicar um desmoldante.

b) Armadura
● Conferir as bitolas, quantidade e dimensão das barras;
● Conferir o posicionamento da armadura na forma;
● Fixa-las adequadamente;
● Verificar o cobrimento da armadura especificados no projeto;
● Limpar as armaduras a fim de garantir a aderência ao concreto;
● Não pisar nas armaduras negativas.

c) Planejamento
● Dimensionar a equipe envolvida nas operações de lançamento, adensamento
e cura do concreto;
● Planejar as interrupções nos pontos de descontinuidade das formas, como:
juntas de concretagem e encontros de pilares, paredes com vigas ou lajes;
● Garantir equipamentos suficientes para o transporte de concreto dentro da
obra;
● Providenciar um número de ferramentas auxiliares.

d) Pedido de concreto
● Informar o volume da peça a ser concretada;
● Programar o horário de início da concretagem, o volume de concreto por
caminhão-betoneira e os intervalos de entrega;
● Especificar a forma de lançamento: convencional, por bombas estacionarias
ou auto bomba com lançamento;
● Verificar o acesso à obra.

Com a chegada do caminhão na obra deve-se verificar se o concreto que está sendo
entregue está de acordo com o pedido, conferindo no documento de entrega o volume do
concreto, a classe de agressividade, o abatimento (slump-test), a resistência característica
do concreto à compressão (fck) e o aditivo quando solicitado.
Antes da descarga do caminhão-betoneira deve-se avaliar se a quantidade de água
existente no concreto está compatível com as especificações, não havendo falta ou
36

excesso de água. A falta de água dificulta a aplicação do concreto e o excesso diminui


consideravelmente sua resistência.
Durante o trajeto da central dosadora até a obra é comum ocorrer perda na
consistência do concreto devido às condições climáticas e parte da água da mistura deve
ser reposta na obra compensando a perda por evaporação, para isso, utiliza-se o ensaio de
abatimento.
As regras para a reposição de água perdida por evaporação são especificadas pela
NBR 7212 – Execução de Concreto Dosado em Central. Como regra geral, a adição de
água não deve ultrapassar a medida do abatimento solicitada pela obra e especificada no
documento de entrega do concreto.
Ao lançar o concreto, deve ser observado os seguintes cuidados:
● Ser lançado o mais próximo da posição final;
● Não acumular concreto em determinados pontos da forma;
● Evitar segregação e o acúmulo de água na superfície do concreto;
● Altura do lançamento não deve ultrapassar dois metros, caso seja necessário,
utilizar trombas, calhas ou funis;
Em caso e lançamento convencional é recomendado limitar o transporte interno do
concreto com carrinhos ou jericas a 60 metros, tendo em vista a segregação e perda de
consistência; preparar rampas de acesso às formas, iniciar a concretagem pela parte mais
distante do local de recebimento do concreto.
Em caso de lançamento por bombas é recomendado prever o local de acesso e de
posicionamento para os caminhões e bombas e estabelecer a sequência de concretagem e
o posicionamento da tubulação de bombeamento.

e) Adensamento
O adensamento de concreto consiste na movimentação do material com a finalidade
de diminuir o número de vazios, bolhas de ar e excesso de água do interior da massa, afim
de obter um concreto denso e compacto.
Esse processo deve ser realizado durante e imediatamente após o lançamento do
concreto. Essa compactação deve ser feita por meio de processos manuais ou mecânicos
para provocar a saída de ar e facilitar o arranjo interno dos agregados.
Para um adensamento de concreto ser bem realizado, deverá seguir os parâmetros
considerados no processo de dosagem, principalmente os relativos à resistência mecânica
e durabilidade.
O correto adensamento do concreto evita que a mistura fique porosa e aumentando
o nível de aderência e densidade, diminuindo a variação de volume e aparecimento de
possíveis fissuras.
37

a) Adensamento manual
Pode ser feito com peças de madeira ou barras de aço que atuam como soquete e
empurram o concreto para baixo, expulsando o ar incorporado e eliminando os vazios. E
um processo que exige certos cuidados e experiências, principalmente no enchimento de
peças de grande altura como pilares e cortinas. Nestes casos é preciso acompanhar o
enchimento com batidas de martelo na forma, de modo a escutar onde possam ter ficado
espaços vazios.

b) Adensamento mecânico
É o processo em que se usa, na maioria dos casos, vibradores de agulha imersos na
massa de concreto, que o espalham. A agulha é uma peça metálica fixada na extremidade
de uma mangueira flexível dentro da qual gira em um eixo ligado à ponteira de aço dentro
da agulha, que sendo excêntrica bate nas paredes da mangueira provocando vibração.
Os vibradores tem um raio de ação que provocam o adensamento com eficiência se
agirem em camadas subsequentes e adjacentes., sendo que, para esse processo deve-se
atender as seguintes questões:
- vibrações longas ocasionam a segregação com o abaixamento do material mais
graúdo;
- vibrações em camadas não superiores ao comprimento da agulha espessuras
máximas de 40 a 50cm;
- vibrações por curtos períodos e espaçamentos pequenos;
- vibrações afastadas das formas;
- procedimentos lentos e constantes, evitando períodos longos em um mesmo ponto
que pode ocasionar o afastamento dos agregados graúdos.
Um bom indicativo da intensidade de vibração é o aparecimento de uma superfície
brilhante e isto é um indicativo de que a água está começando a separar-se dos agregados,
devendo então ser terminado o processo. Outro indicativo é o respingo da nata na agulha,
que indica também o excesso de vibração.

f) Cura do concreto
A cura do concreto é um procedimento que visa retardar a evaporação da água
empregada na preparação da mistura, permitindo a completa hidratação do cimento.
Executada durante as primeiras etapas de endurecimento, ela pode ser realizada de
diferentes maneiras, dependendo da situação.
Além do tipo de estrutura, o local onde está localizada a obra tem que ser levado
em consideração, analisando a umidade relativa do ambiente, a temperatura e velocidade
do vento.
38

Enquanto não atingir endurecimento satisfatório, o concreto deve ser curado e


protegido contra agentes prejudiciais para evitar a perda de água pela superfície exposta,
assegurar uma superfície com resistência adequada e assegurar a formação de uma capa
superficial durável.
A cura do concreto é uma operação que pretende evitar a retração hidráulica e
garantir a continuidade das reações de hidratação do cimento nas primeiras idades do
concreto, quando sua resistência ainda é pequena. Depois do início da pega ocorrem
quatro tipos de retração:
- Antógena: redução do volume da pasta
- Hidráulica: perda de água não fixada no cimento
- Térmica: que ocorre pela reação exotérmica da hidratação do concreto;
- Carbonatação: que é a formação de carbonato de cálcio por reação da cal livre com
o óxido de carbono do ar. É a menos significativa e pode ser muito lenta.
De um modo geral, pode-se dizer que a contenção das retrações hidráulicas e
térmica podem minimizar o efeito da primeira. A retratação térmica é controlada pela
diminuição da temperatura e a hidráulica pela perda de água do concreto.
Em relação à cura propriamente dita, pode ser realizada das seguintes maneiras:
I) Cura por aspersão: na qual as superfícies expostas são mantidas úmidas;
II) Cura por imersão: corresponde à colocação dos elementos em tanques de água;
III) Cura térmica: corresponde em aumentar a temperatura do concreto, seja ele a
vapor, vapor e pressão, circulação de água ou com resistência elétrica.
IV) Cura com película impermeabilizante: corresponde a aplicar pinturas que
impeçam a saída de água pela superfície exposta.
39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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