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JEQUITINHONHA E MUCURI
CONTROLE
TECNOLÓGICO
DO CONCRETO
CONCRETO
TEÓFILO OTONI / MG
2021
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. CONHECENDO O CONCRETO ............................................................................. 4
2.1. Propriedades do concreto fresco ........................................................................ 5
2.1.1. Trabalhabilidade do concreto ..................................................................... 5
2.1.2. Exsudação do concreto ............................................................................... 6
2.1.3. Segregação do concreto .............................................................................. 7
2.2. Propriedades do concreto endurecido ................................................................ 7
2.2.1. Resistência à compressão e à tração ........................................................... 7
2.2.2. Módulo de elasticidade.................................................................................... 8
3. DOSAGEM DO CONCRETO .................................................................................. 9
3.1. Histórico internacional e nacional da dosagem do concreto ................................ 12
3.1.1. Histórico Internacional ................................................................................. 12
3.1.2. Histórico no Brasil ........................................................................................ 13
3.1. Curvas de referência ........................................................................................ 14
3.2. A relação com o módulo de finura dos agregados ........................................... 15
3.3. Efeito da quantidade de água na resistência do concreto ................................. 16
3.4. Relação água/cimento ...................................................................................... 16
3.5. Procedimento de dosagem ............................................................................... 18
3.6. Dosagem experimental .................................................................................... 20
3.2.1. Diferentes métodos de dosagem ............................................................... 21
3.2.1.1. Método da ABCP/ACI ...................................................................... 21
3.2.1.2. Método do IPT/USP .......................................................................... 25
3.2.1.3. Método de dosagem de concreto ITERS/Eládio Petrucci ................. 28
3.2.1.4. Método de De Larrard ....................................................................... 29
3.7.2.1. Método ABCP ........................................................................................ 30
3.7.2.2. Método IPT ............................................................................................. 30
3.7.2.3. Método do ITERS................................................................................... 31
4. FABRICAÇÃO E CONCRETAGEM ....................................................................... 32
4.1. Preparo do concreto ............................................................................................. 32
4.2. Concreto dosado em central ................................................................................. 34
4.3. Plano de concretagem .......................................................................................... 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 39
3
1. INTRODUÇÃO
Nas obras de construção civil existem dois materiais estruturais que são os mais
utilizados: o concreto e o aço. Ademais, conhecer mais a fundo sobre o concreto é de
suma importância para garantir a sua qualidade e resistência.
O concreto pode ser obtido com qualidade a partir de uma empresa fornecedora,
garantindo o transporte, lançamento e adensamento. Para garantir o controle efetivo e
potencializar os efeitos é necessário a familiaridade com o material, seja em relação às
suas propriedades, produção e lançamento.
O concreto é qualquer produto ou massa produzido a partir do uso de meio
cimentante, ou seja, é o produto da reação entre um aglomerante, água e agregados. O
aglomerante geralmente utilizado é o cimento Portland, mas também pode ser produzido
com vários tipos de cimento e conter pozolanas.
Os agregados, que possuem o papel de enchimento e gerar resistência, são
classificados conforme a sua granulometria, sendo eles o agregado miúdo, mais utilizados
são a areia, e o agregado graúdo, sendo que o mais utilizado é a pedra britada.
De forma geral, as misturas dos elementos constituintes dos concretos podem ser
designadas por:
2. CONHECENDO O CONCRETO
De acordo com a NBR 12655, o concreto de cimento Portland é um: material
formado pela mistura homogênea de cimento, agregados miúdo e graúdo e água, com ou
sem a adição de componentes minoritários (aditivos químicos, pigmentos, metacaulim,
sílica ativa, e outros materiais pozolânicos), que desenvolve suas propriedades pelo
endurecimento da pasta de cimento (cimento e água). (ABNT, 2015, p. 3).
Quando recém-misturado, o concreto deve ter plasticidade e trabalhabilidade para
facilitar seu uso e manuseio, adquirindo coesão e resistência devido às reações entre
aglomerante e água.
Para que o concreto obtenha características especiais é comumente incorporado
aditivos em sua mistura, uma vez que eles irão alterar algumas de suas propriedades com
o intuito de aumentar sua trabalhabilidade e plasticidade, podendo diminuir o consumo
de cimento, resultando em reduções seja de custo, tempo de pega e retração, aumentando
sua durabilidade.
Segundo a NBR 8953, “os concretos para fins estruturais são classificados em dois
grupos, conforme sua resistência à compressão (fck). Os concretos com resistência à
compressão menores que 20 MPa não são considerados estruturais” (ABNT, 2015, p. 2),
conforme expresso na Tabela 1 a seguir.
padrão e ao final, sendo realizada a desforma. A medida é feita pela deformação causada
na massa de concreto pelo seu próprio peso.
Existem três formas de abatimento. O primeiro é o abatimento verdadeiro, quando
o concreto se abate uniforme e simetricamente. O segundo é conhecido como abatimento
cortante, no qual uma das metades do cone de concreto desliza uma em relação à outra
segundo um plano inclinado. O terceiro é conhecido como abatimento com desagregação.
Geralmente, os abatimentos cortantes e com desagregação decorrem de concretos muito
úmidos e pobres (SOBRAL, 2000, p. 24).
Sendo os agregados menos porosos e mais densos, isso levará a um concreto com
maior módulo de elasticidade. Um fator água/cimento alto levará a um acréscimo na
quantidade de vazios no concreto, deixando-o menos denso e com módulo de elasticidade
baixo. Em comparação, quanto menor for o módulo de elasticidade, menos rígido será o
material; por outro lado, quanto maior for o módulo de elasticidade, maior será a rigidez
do material.
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), o módulo de elasticidade do concreto
pode ser obtido segundo o método de ensaio estabelecido na NBR 8522 (ABNT, 2021).
3. DOSAGEM DO CONCRETO
A dosagem do concreto pode ser entendida como os procedimentos necessários à
obtenção da melhor proporção entre os materiais que constituem o concreto, conhecida
também por traço. Essa proporção pode ser expressa em massa ou em volume, sendo
preferível a proporção expressa em massa seca de materiais.
Por existirem diversos métodos de dosagem, o cálculo da resistência média, a
correlação da resistência à compressão com relação água/cimento, são algo que é comum
a todos. O estudo de dosagem deve ser realizado com o intuito de obter a mistura ideal e
mais econômica, agregando alguns requisitos básicos, sendo eles:
● Resistência mecânica;
● Trabalhabilidade;
● Durabilidade;
● Deformabilidade;
● Sustentabilidade.
A obtenção de um traço que forneça um concreto com as qualidade técnicas
desejáveis para a engenharia atual, vai além da simples mistura de seus componentes
básicos. Deve-se dosar o concreto para determinar as proporções mais adequadas entre
os diversos componentes da mistura com o objetivo de atender principalmente aos
requisitos da resistência da obra, ser suficientemente durável no ambiente em que for
colocado, ter uma aparência satisfatória quando ficar em exposição, atender
satisfatoriamente às condições de mistura, transporte, lançamento e adensamento e ser o
mais econômico possível.
Dessa forma, entende-se a dosagem de concreto como “a técnica e a arte de fixar as
quantidades dos seus elementos componentes de modo a garantir-lhe as características
exigidas quer em sua fase plástica, quer após o endurecimento”.
No estudo da dosagem do concreto faz-se necessário conhecer as características da
obra, dos materiais e do concreto. Em decorrência disso, conceitua a dosagem
experimental como “a determinação das porcentagens dos componentes do concreto, de
modo a se obter um concreto econômico, adequado às condições da obra, usando-se os
materiais disponíveis”.
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A seguir será descrito um pouco sobre alguns requisitos básicos a serem atendidos
na dosagem do concreto.
I) Durabilidade
Os concretos devem ser duráveis frente às solicitações às quais será exposto durante
sua vida útil. A durabilidade depende tanto de fatores extrínsecos como a presença de
sais, maresia, chuvas ácidas, umidade relativa, natureza das solicitações mecânicas a que
ficarem sujeitos (carga monotônica, cíclica, longa ou curta duração, impactos), quanto de
fatores intrínsecos, tais como tipo de cimento, relação água/cimento, adições, aditivos e
outros.
O conceito de durabilidade está associado ao dos mecanismos de transporte ou de
penetração de agentes agressivos em materiais porosos: capilaridade, difusibilidade,
migração iônica e permeabilidade. A durabilidade é considerada um tema muito
complexo que depende de muitas variáveis e, por isso, ainda não tem um método
consensual para ser medida.
Do ponto de vista do projeto estrutural, a ABNT NBR 6118:2014, a ABNT NBR
12655:2015 e a ABNT NBR 14931:2004 buscam assegurar certa durabilidade da
estrutura a partir das especificações de relação água/cimento máxima; da resistência à
compressão mínima; da espessura mínima de cobrimento de concreto à armadura e ao
11
consumo mínimo de cimento, para cada uma das condições de exposição previstas a que
estarão submetidos os elementos estruturais de uma obra ao longo de sua vida útil.
II) Sustentabilidade
Um dos requisitos atuais que vem sendo inserido nos estudos de dosagem é
construir mais com menos consumo de matérias primas, ou seja, cuidar do ambiente
através de uma visão de sustentabilidade.
Em geral, em muitas estruturas é possível reduzir consumo de concreto através do
aumento da resistência mecânica, principalmente em pilares, cuja alteração de 40MPa
para 80MPa, reduzindo em 70% o consumo de agregados, 20% o de cimento, 40% o de
água e reduzir as quantidades de fôrmas e da armadura de aço. Esse fato já vem sendo
observado no concreto há anos, cuja resistência tem aumentado de forma contínua,
principalmente na última década.
Em parte, isso se deve também à evolução da qualidade do cimento Portland que
tem apresentado melhor desempenho mecânico. Hoje, o mercado e as técnicas
construtivas exigem concretos de alta resistência; concretos de alto desempenho;
concretos autoadensáveis; concretos com altos teores de adições e pozolanas; concretos
aparentes; concretos coloridos; concretos brancos; concretos com agregados reciclados,
concretos duráveis e muitos outros.
Para cada um deles existe, na literatura especializada, uma série de métodos de
dosagem que prometem obter o concreto ideal ao menor custo possível. Essa grande
oferta de alternativas está transformando cada vez mais a atividade de dosagem numa
atividade específica, complexa e dispendiosa. É muito comum constatar que certos
profissionais inseguros relegam seus conhecimentos básicos, fundamentais e imutáveis
de tecnologia de concreto em busca de receitas novas e mágicas que, infelizmente, nem
sempre dão bons resultados.
Portanto, pode-se relacionar os seguintes princípios da dosagem dos concretos:
• A resistência à compressão de um concreto é 95% explicada pela resistência da
pasta;
● A máxima resistência será, teoricamente, alcançada com uma pasta de cimento
simples;
● Para cada dimensão máxima característica do agregado graúdo há um ponto ótimo
de resistência do concreto, crescente com a redução dessa dimensão;
● A resistência à compressão dos concretos depende essencialmente da relação a/c;
● Um concreto corrente será tanto mais econômico quanto maior a dimensão
máxima característica do agregado graúdo e quanto menor o seu abatimento, ou
seja, concretos de consistência seca, para uma mesma resistência, são mais baratos
que de consistência plástica ou fluida;
● A consistência de um concreto fresco depende essencialmente da quantidade de
água por m3;
12
Em que:
𝑀𝐹 – módulo de finura dos agregados;
𝐷𝑚á𝑥 – dimensão máxima característica do agregado.
13
3.1.Curvas de referência
No ano de 1918, Duff A. Abrams descobriu a relação que existe entre a água e
cimento e sobre suas proporções. De acordo com o cientista “Dentro do campo dos
concretos plásticos, bem como as demais propriedades mecânicas do concreto
endurecido, varia na relação inversa da relação água/cimento”. Isso significa que se a
relação água/cimento é baixa, a resistência do concreto é alta.
Abrams demonstrou baseando-se em pesquisas laboratoriais que a resistência do
concreto depende das propriedades da pasta de cimento endurecida, a qual por sua vez,
era uma função direta do fator água/cimento (a/c), a relação com o módulo de finura dos
agregados e o abatimento do concreto para medir a trabalhabilidade.
A chamada Lei de Abrams é utilizada para a formação da curva de correlação do
fator água/cimento (a/c) em função de uma dada resistência de compressão do concreto
para uma determinada idade. Para os pré-fabricados de concreto é interessante ter estas
curvas para as idades de 1, 3, 7 e 28 dias.
3.4.Relação água/cimento
A relação água/cimento é um fator diretamente relacionado à qualidade do
concreto, seja ele rodado em obra ou em usinas. O fator água/cimento (a/c) nada mais é
do que o quociente entre a massa de água e a massa de cimento, conforme expresso na
equação abaixo, sendo este um valor adimensional.
De acordo com equação, pode ser observado que quanto maior for o fator a/c mais
fluido será o concreto, ou seja, maior será a massa de água. Portanto, é sugerido por
Helene & Terzian (1992) que os valores da relação água/cimento sejam adotados
utilizando curvas determinadas experimentalmente para os cimentos nacionais, que
correlacionam a resistência à compressão e a relação água/cimento, para os cimentos do
tipo CP 32, conforme expresso na equação abaixo, para resistência em 28 dias.
17
92,8 (3)
𝑓28 =
7,9𝑎/𝑐
Essa equação empírica permite compreender que quanto menor for o fator a/c maior
será a resistência característica a compressão do concreto.
Quando se dosa um concreto, existe um fator a/c mínimo necessário para que o
concreto se hidrate, ou seja, as micropartículas do cimento vão se unir e se transformar
em sólido, sendo este valor igual a 0,25. Esse valor mínimo é para a hidratação do
concreto, não havendo uma trabalhabilidade pois ela será adquirida com o que for
adicionado.
Ao realizar a concretagem em obra é importante que ocorra a cura por no mínimo
sete dias, pois durante a cura ocorre processos e reações exotérmicas, ou seja, um aumento
de temperatura e parte da água é perdida durante esse processo. Para que essa reação seja
minimizada é necessária uma cura do concreto, isso auxiliará na resistência.
Um ponto importante a se destacar é que quanto maior for o fator água/cimento
maior será o percentual de vazios no concreto e isso acarreta uma maior porosidade.
Quanto maior a porosidade maior será a ação de agentes agressivos ao concreto e a suas
armaduras.
Dessa forma, a figura 6 relaciona a relação água/cimento com a classe de
agressividade do concreto e a classe do concreto.
3.5.Procedimento de dosagem
De acordo com a NBR 12665:2015, para fins estruturais, o concreto deve ter
definida todas as características e propriedades de maneira explícita, antes do início das
operações de concretagem. Para isso, o concreto deve passar por sua etapa de preparo em
três modalidades:
● Concreto preparado pelo construtor da obra;
● Concreto preparado por empresa de serviços de concretagem;
● Outras modalidades de preparo do concreto.
As etapas de preparo do concreto se apresentam da seguinte forma:
a) Caracterização dos materiais componentes do concreto
d) Elaboração do concreto.
Quanto a elaboração do concreto, o processo é iniciado com o recebimento e o
armazenamento dos materiais, sua medida e mistura, bem como verificação das
quantidades utilizadas destes materiais. Esta verificação se objetiva em comprovar que as
proporções dos materiais atendam ao traço especificado.
No Brasil não há texto consensual de como deve ser realizado o estudo de dosagem.
A inexistência desse consenso em normativa sobre os procedimentos e parâmetros de
dosagem leva vários pesquisadores a propor seus próprios métodos.
Dessa forma, a maioria segue conceitos teóricos de comportamento do concreto e
experimento laboratorial. Para isso se faz necessário fixar o abatimento para diferentes
proporções de teor de argamassa, encontrar a mínima quantidade de água para obter
trabalhabilidade especificada e otimizar a proporção entre agregados miúdos e graúdos.
20
3.6.Dosagem experimental
Devido à necessidade atual em dosagens de concreto com maior trabalhabilidade e
que atenda a resistência estimada e viabilidade econômica. Todo processo de tecnologia
de materiais envolvendo o concreto passa inicialmente pela escolha dos materiais que irá
compor. Na maioria das obras é necessário a adaptação e escolha dos materiais. Dessa
forma, o estudo de dosagem para o concreto se torna complexo, face as dificuldades de
se avaliar em laboratório, as condições de manuseio e de comportamento das misturas.
Na dosagem experimental, o traço final é obtido baseado nas características dos
materiais, nas solicitações mecânicas a que estará sujeito o concreto e nas implicações
inerentes de cada obra. Assim, são levadas em consideração as cargas que irão atuar na
estrutura, as dimensões das peças, o espaçamento estre as armaduras, os processos
construtivos bem como as condições do meio em que será implantada a construção.
É através da dosagem experimental que será obtido o traço mais econômico de
modo a atender as propriedades desejadas, seja a consistência, plasticidades,
trabalhabilidade, resistência e durabilidade.
Os traços de concreto constantes em tabelas antigas, ainda hoje são muito utilizados
na confecção de concretos para obras de pequeno porte. Entretanto, não existe ainda no
Brasil um texto consensual de determinação do estudo de dosagem.
Essa inexistência de regulamentação e norma nacional faz com que existem vários
métodos de dosagens, com diferentes procedimentos e parâmetros publicados e utilizados
por vários pesquisadores.
Para os métodos de dosagem experimentais existentes, levaram em consideração a
resistência característica do concreto (fck), a resistência de cálculo (fcd) e a resistência
de dosagem (fcj), sendo cada uma delas expressas pelas equações 4, 5 e 6
respectivamente.
𝑓𝑐𝑘 = 𝑓𝑐𝑚 − 1,65 𝑥 𝑠 (4)
3.2.1.1.Método da ABCP/ACI
O consumo estimado de água por metro cúbico de cimento é obtido da relação entre
o diâmetro máximo característico do agregado e o abatimento, conforme a tabela 2.
- Os valores são recomendados para concretos confeccionados com agregado graúdo britado, agregado
miúdo, consume de cimento por metro cúbico de concreto da ordem de 300 kg/m³ e abatimento, medido
pelo tronco de cone, entre 4 e 100mm.
- As areias pertencentes à zona 1 da NBR 7211, podem gerar aumentos de até 10% no consumo de água
por metro cúbico de concreto.
Além dos dados dispostos na Tabela 2, é possível estimar o consumo de água por
metro cúbico de cimento através da equação 7.
Em que:
𝐶𝑎𝑟 – consumo de água requerida;
𝐶𝑎𝑖 – consumo de água inicial;
𝑆𝑇𝑟 – abatimento requerido;
𝑆𝑇𝑖 – abatimento inicial
Em que:
𝐶 – consumo de cimento por metro cúbico de concreto (kg/m³);
𝐶𝑎𝑔 – consumo de água por metro cúbico de concreto (l/m³);
O consumo de agregado graúdo é dado pela relação entre sua dimensão máxima
característica e o módulo de finura do agregado miúdo.
Em que:
𝐶𝑝 - consumo de agregado graúdo por metro cúbico de concreto;
𝑉𝑝𝑐 – volume compactado seco do agregado graúdo por metro cúbico de concreto;
Quando não for possível determinar o 𝑀𝑈𝑐 , é necessário adotar o valor aproximado
de 1.500 kg/m³.
Posteriormente, é calculado o consumo estimado de agregado miúdo através da
diferença entre a soma dos valores absolutos do demais componentes em relação a 1
metro cúbico de concreto, conforme a equação 10.
𝑐 𝑐𝑏 𝑐𝑎 (10)
𝑉𝑚 = 1 − ( + + )
𝑝𝑐 𝑝𝑏 𝑝𝑎
Em que:
𝑉𝑚 – volume de agregado miúdo;
𝑝𝑐 – massa específica do cimento;
𝑝𝑏 – massa específica do agregado graúdo;
𝑝𝑎 – massa específica da água.
𝐶𝑚 = 𝑄𝑚 ∗ 𝑉𝑚 (11)
𝑐 𝑐𝑚 𝑐𝑏 𝑐𝑎
𝑇𝑟𝑎ç𝑜 = ∶ ∶ ∶
𝑐 𝑐 𝑐 𝑐
O método ABCP é considerado como um método essencialmente empírico, visto
que é baseado em quadros e tabelas, de valores médios, que proporcionam um roteiro
simples e fácil de entender num seguimento de passos que usa um único sentido e evitam
a entrada de processos interativos ou tentativos.
Assim, o método fornece estimativas próprias para as quantidades de água de
amassamento (dependentes apenas da dimensão máxima característica do agregado total
ou se for o caso da quantidade de ar incorporado) e valores médios de resistência para as
diversas relações água/cimento.
Considerando que, dada a grande variedade e variabilidade dos tipos de cimentos e
dos agregados disponíveis nas diferentes regiões do brasil, resulta dificuldade em aceitar
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3.2.1.2.Método do IPT/USP
O método do IPT/USP (desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da
Universidade de São Paulo) baseia-se na melhor proporção de agregados como sendo
aquela que tem um consumo menor de água para obter um abatimento desejado. Não é
necessário o conhecimento prévio dos agregados, e após a fixação do abatimento
requerido são definidos os teores de argamassa e relações água/cimento mais adequados.
Inicialmente é escolhida a dimensão máxima característica da brita que será
compatível com os espaços disponíveis entre as fôrmas e armaduras. Conforme as
necessidades da obra e do projeto forem definidos, será possível mensurar o abatimento
e a resistência média que se deseja alcançar em determinada idade.
Para a primeira mistura experimental, sugere-se um traço de 1:5 (uma parte de
cimento para cinco de agregados), sendo que a proporção de areia e brita depende do teor
de argamassa escolhido. Para o cálculo do teor de argamassa é utilizada a equação 12:
1+𝑎 (12)
𝛼=
1+𝑚
Em que:
𝛼 – teor de argamassa;
𝑎 – agregados miúdos;
𝑚 – agregados graúdo e miúdo.
Novos traços são feitos para verificar o mesmo abatimento, porém, com diferentes
relações água/cimento, mantendo fixados os valores do teor de argamassa (𝛼) e a relação
em massa de água/massa seca (H) do traço anterior.
Em que:
H – relação em massa de água/massa seca;
a/c – relação água/cimento;
m – agregados miúdo e graúdo.
O número mínimo de traços é três, o que permite que nas idades específicas de
rompimento, sejam verificadas as resistências e os demais requisitos do concreto. Em
seguida, é construído o Diagrama de Dosagem evidenciado sobre três quadrantes com os
resultados das correlações de dosagem realizadas pelas equações 14, 15 e 16.
Equação da Lei de Abrams (1918): Estabelecida em função do tipo de cimento,
experimentalmente, sem considerar a influência do agregado.
𝑘1 (14)
𝑓𝑐 =
𝑘2 𝑎/𝑐
𝑚 = 𝑘3 + 𝑘4 ∗ 𝑎/𝑐 (15)
1000 (16)
𝐶=
𝑘5 + 𝑘6 ∗ 𝑚
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Em que:
𝑓𝑐 – resistência à compressão (MPa);
𝑎/𝑐 – relação água/cimento;
𝑚 – relação de materiais secos/aglomerantes;
𝐶 – consumo de cimento por m³ de concreto, em kg/m³;
𝑘𝑛 – constantes particulares de cada conjunto de materiais.
𝑥 (17)
ℎ (%) = [ ] 𝑥 100
(1 + 𝑚)
Esses dados são pilotos e devem ser parâmetros para fixar uma trabalhabilidade
adequada às condições de obra e uma relação m = massa total do agregado/ massa de
cimento da mistura que deve ser um valor próximo ao do traço procurado.
Para que o concreto se adeque aos tipos de peças a serem concretadas, inclusive
quanto ao transporte, lançamento, adensamento, é necessário que no estado fresco possua
trabalhabilidade, o que pode ser avaliada de forma parcial pelo ensaio de remoldagem de
Powers, ou, com uma menor precisão, através do abatimento de tronco de cone de
Abrams.
Na determinação da proporção ótima areia/agregado graúdo (a/m) e do teor
água/materiais secos (H), que permita a trabalhabilidade desejada levando em
consideração a granulometria dos agregados, das condições superficiais e formas dos
grãos. Todavia quando não é encontrando material adequado do ponto de vista
granulométrico, Petrucci sugere que a mistura seja corrigida adequadamente de 2 ou 3
materiais locais.
Dessa forma, quando se tem vários agregados é sucinto que se faça uma mistura
previa dos materiais para reduzi-los a um graúdo e a um miúdo, alocando de forma
representativa os materiais que serão empregados na obra
Para determinação da porcentagem de areia no agregado total, o procedimento é
baseado em conhecimentos do tecnologista ou de estimativas de experiências prévias com
os materiais disponíveis, sendo assim, determina-se um traço 1:m (em massa) que
intuitivamente aproxima-se do traço definitivo buscado.
29
3.2.1.4.Método de De Larrard
Trata-se de um método para composição, em princípio, de qualquer tipo de
concreto, de resistência normal, de alto desempenho, com pós-reativos, jateado,
autoadensável, compactado a rolo e de diferentes densidades.
François De Larrard (1990) é um pesquisador francês e seu método se baseia no
empacotamento de partículas, visando à máxima compacidade possível e diminuição do
risco de segregação, para otimização da mistura granular seca, recuperando muito das
ideias dos tradicionais métodos de granulometria descontínua do início do século XX.
O método não é de fácil aplicação, por depender de programas computacionais e
ensaios de viscosidade com viscosímetros e reômetros de difícil obtenção. A
determinação do pacote granular é através da clássica forma de objetivar a combinação
dos agregados de forma que minimize a porosidade, diminuindo o consumo de pasta na
mistura.
No passado, os métodos de granulometria descontínua e de máxima compacidade
por tentativa e erro para se chegar ao máximo empacotamento granulométrico também
foram utilizados com sucesso. A contribuição deste método francês é obter a máxima
compactação com recursos computacionais, em princípio válida para quaisquer forma e
tamanho de partículas de agregados.
Uma vez obtida a máxima compacidade da mistura granular, o método de De
Larrard se propõe a viabilizar a correlação com propriedades do concreto nos estados
fresco e endurecido através de formulações matemáticas equivalentes aos modelos
clássicos de correlação entre propriedades, próprios da tecnologia de concreto.
30
4. FABRICAÇÃO E CONCRETAGEM
b) Armadura
● Conferir as bitolas, quantidade e dimensão das barras;
● Conferir o posicionamento da armadura na forma;
● Fixa-las adequadamente;
● Verificar o cobrimento da armadura especificados no projeto;
● Limpar as armaduras a fim de garantir a aderência ao concreto;
● Não pisar nas armaduras negativas.
c) Planejamento
● Dimensionar a equipe envolvida nas operações de lançamento, adensamento
e cura do concreto;
● Planejar as interrupções nos pontos de descontinuidade das formas, como:
juntas de concretagem e encontros de pilares, paredes com vigas ou lajes;
● Garantir equipamentos suficientes para o transporte de concreto dentro da
obra;
● Providenciar um número de ferramentas auxiliares.
d) Pedido de concreto
● Informar o volume da peça a ser concretada;
● Programar o horário de início da concretagem, o volume de concreto por
caminhão-betoneira e os intervalos de entrega;
● Especificar a forma de lançamento: convencional, por bombas estacionarias
ou auto bomba com lançamento;
● Verificar o acesso à obra.
Com a chegada do caminhão na obra deve-se verificar se o concreto que está sendo
entregue está de acordo com o pedido, conferindo no documento de entrega o volume do
concreto, a classe de agressividade, o abatimento (slump-test), a resistência característica
do concreto à compressão (fck) e o aditivo quando solicitado.
Antes da descarga do caminhão-betoneira deve-se avaliar se a quantidade de água
existente no concreto está compatível com as especificações, não havendo falta ou
36
e) Adensamento
O adensamento de concreto consiste na movimentação do material com a finalidade
de diminuir o número de vazios, bolhas de ar e excesso de água do interior da massa, afim
de obter um concreto denso e compacto.
Esse processo deve ser realizado durante e imediatamente após o lançamento do
concreto. Essa compactação deve ser feita por meio de processos manuais ou mecânicos
para provocar a saída de ar e facilitar o arranjo interno dos agregados.
Para um adensamento de concreto ser bem realizado, deverá seguir os parâmetros
considerados no processo de dosagem, principalmente os relativos à resistência mecânica
e durabilidade.
O correto adensamento do concreto evita que a mistura fique porosa e aumentando
o nível de aderência e densidade, diminuindo a variação de volume e aparecimento de
possíveis fissuras.
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a) Adensamento manual
Pode ser feito com peças de madeira ou barras de aço que atuam como soquete e
empurram o concreto para baixo, expulsando o ar incorporado e eliminando os vazios. E
um processo que exige certos cuidados e experiências, principalmente no enchimento de
peças de grande altura como pilares e cortinas. Nestes casos é preciso acompanhar o
enchimento com batidas de martelo na forma, de modo a escutar onde possam ter ficado
espaços vazios.
b) Adensamento mecânico
É o processo em que se usa, na maioria dos casos, vibradores de agulha imersos na
massa de concreto, que o espalham. A agulha é uma peça metálica fixada na extremidade
de uma mangueira flexível dentro da qual gira em um eixo ligado à ponteira de aço dentro
da agulha, que sendo excêntrica bate nas paredes da mangueira provocando vibração.
Os vibradores tem um raio de ação que provocam o adensamento com eficiência se
agirem em camadas subsequentes e adjacentes., sendo que, para esse processo deve-se
atender as seguintes questões:
- vibrações longas ocasionam a segregação com o abaixamento do material mais
graúdo;
- vibrações em camadas não superiores ao comprimento da agulha espessuras
máximas de 40 a 50cm;
- vibrações por curtos períodos e espaçamentos pequenos;
- vibrações afastadas das formas;
- procedimentos lentos e constantes, evitando períodos longos em um mesmo ponto
que pode ocasionar o afastamento dos agregados graúdos.
Um bom indicativo da intensidade de vibração é o aparecimento de uma superfície
brilhante e isto é um indicativo de que a água está começando a separar-se dos agregados,
devendo então ser terminado o processo. Outro indicativo é o respingo da nata na agulha,
que indica também o excesso de vibração.
f) Cura do concreto
A cura do concreto é um procedimento que visa retardar a evaporação da água
empregada na preparação da mistura, permitindo a completa hidratação do cimento.
Executada durante as primeiras etapas de endurecimento, ela pode ser realizada de
diferentes maneiras, dependendo da situação.
Além do tipo de estrutura, o local onde está localizada a obra tem que ser levado
em consideração, analisando a umidade relativa do ambiente, a temperatura e velocidade
do vento.
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