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Estudo do projeto de iluminação natural e artificial do


Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais:
estudo de caso
Study project of natural and artificial lighting of the Administrative Center of Minas Gerais Government:
case study

Tatiana Nunes Oliveira1


Clarissa Goyatá de Assis2
Luciana Toledo Barros Von Kruger3
Maria Cristina Ramos Carvalho4

A busca da diminuição do consumo de fontes de energia não-renováveis tornou-se um desafio


mundial. A iluminação natural está diretamente relacionada à economia dos demais tipos de
energia utilizados na edificação, contribuindo para um projeto sustentável. Este estudo aborda
a iluminação natural e artificial dos edifícios do Palácio do Governo e do Centro de Convivência
do Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais por meio de pesquisa de campo, análise
de projetos e pesquisa bibliográfica. O projeto de iluminação natural e artificial do complexo foi
planejado tendo como base os princípios de sustentabilidade, eficiência energética e economia
de energia. Suas formas arquitetônicas e os tipos de material de revestimento utilizados permitem
a entrada de luz natural por vários ângulos, maximizando suas potencialidades. Este trabalho
discute a leitura do desempenho luminoso, a caracterização das condições ambientais in situ,
a aplicação de estratégias, tecnologia e materiais que visam à melhoria da iluminação nessas
edificações.

Palavras-chave: Iluminação Natural; Sustentabilidade; Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais.

The finding of decrease consumption of non-renewable energy sources has become a global
challenge. The natural light is directly related to the economy of other energy’s types used in
building contributing to a sustainable project. This study is an approach on the natural and artificial
lighting of the Palace of Government building and Center for Living of the Administrative Center of
the Minas Gerais Government through field research, design analysis and literature search. The
natural and artificial lighting project of the complex was designed and based on the sustainability
principles, efficiency energy and saving energy. Its architectural forms and coating material types
are used to allow entry of natural light for various angles, maximizing their potential. This paper
discusses the reading light performance, characterization of environmental conditions in situ,
implementation strategies, technology and materials designed to improve the lighting in these
buildings.

Keywords: Natural Lighting; Sustainability; Administrative Center of Minas Gerais Government.

responsabilidade energética. O desafio para as soluções


1 INTRODUÇÃO
ambientais, na Construção Civil e na Arquitetura, recebeu
a denominação de Prédios Sustentáveis ou Green
Building (TEORNEY, 1999).
Segundo Campari (2006), a Construção
Garantir um ambiente saudável para todos, no Sustentável faz uso de eco-materiais, além de promover
futuro, requer a redução do consumo de energia. Há soluções tecnológicas e inteligentes para o bom uso, a
25 anos essa preocupação ambiental era denominada melhoria da qualidade e a economia de recursos como

1
Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG. clefimalo@yahoo.com.br
2
Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG. www.clarissa@gmail.com
3
Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG. lulybarros@hotmail.com
4
Doutora, Grupo de Pesquisa em Arquitetura e Construção Sustentável, Departamento de Engenharia Civil, CEFET-MG. cristina.carvalho@civil.cefetmg.br

Recebido em: 7/10/2009; Aceito em: 9/12/2009. Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. p. 14-21, mai./ago. 2009
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água, energia elétrica e ar. A construção sustentável difere Convivência, com lojas e restaurantes, e um prédio de
da ecológica por ser produto da moderna sociedade serviços. Além disso, serão construídos estacionamentos,
tecnológica, utilizando ou não materiais naturais e gramados, um lago entre os prédios e áreas verdes
produtos provenientes da reciclagem de resíduos naturais para conservação de nascentes. A obra da cidade
gerados pelo seu próprio modo de vida. administrativa pode ser considerada um marco do ponto
O projeto de iluminação natural deve ser pensado de vista da arquitetura e engenharia, pois impressiona
sob aspectos de sustentabilidade e ser estudado na pelo tamanho, pela forma e pela velocidade com que
concepção do empreendimento, minimizando custos e está sendo construída.
gastos com recursos, criando ambientes mais humanos, São aqui analisadas, como estudo de caso, a
sustentáveis e de desempenho econômico, comparado iluminação natural e artificial dos edifícios do Palácio do
ao padrão de construção convencional. As práticas de Governo e do Centro de Convivência, tendo como base
iluminação natural demandam maior preocupação e conceitos atuais de sustentabilidade.
devem ser ponto essencial a ser analisado no planejamento
do projeto precedente à obra. De acordo com Santos
(2001), a iluminação natural e a radiação solar constituem
aspectos condicionantes para o conforto ambiental no
interior dos edifícios, sendo o papel da iluminação natural 2 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE ILUMINAÇÃO NATURAL
proporcionar ambiente visual interior adequado.
Neste estudo, são adotados alguns termos
técnicos que devem ser considerados:
Cool daylighting - estratégia de iluminação natural em A luz natural sempre representou papel
que a utilização de janelas possibilita maior entrada de importante na história da arquitetura, tanto do ponto de
luz do dia e ventilação natural. vista estético e simbólico, quanto em relação ao conforto
Iluminância (E) - fluxo luminoso que incide sobre uma e à iluminação funcional. A busca da iluminação natural
superfície situada a certa distância da fonte - expressa foi valorizada durante a Revolução Industrial, quando
em lux (lx). as inovações tecnológicas demandavam implicações
Intensidade luminosa (I) - é a intensidade do fluxo arquitetônicas, por exemplo, as novas técnicas para a
luminoso projetado em determinada direção - expressa produção de vidro. Mesmo em projetos de edifícios,
em candelas (cd). para responder ao problema da economia de energia,
Fator de Luz do Dia (FLD) - quociente entre a iluminância a iluminação natural era muitas vezes o aspecto mais
num dado ponto e a iluminância exterior. negligenciado do projeto. A utilização da luz natural
Para execução de um bom projeto luminotécnico nos edifícios sempre foi fonte de inspiração para os
devem ser observados alguns requisitos importantes projetistas; nesse sentido, a iluminação natural sempre
que, muitas vezes, são negligenciados por projetistas de fez parte, ainda que implicitamente, do processo de
iluminação, tais como: funcionalidade do ambiente; boa projeto. (BAKER et al., 1993; LAMBERTS et al., 1996).
visibilidade e conforto visual; sensações desejadas para Edifícios bem-iluminados podem aumentar o
o observador; planejamento adequado da luz natural; desempenho humano, aumentando a produtividade
sistemas de iluminação eficientes (janelas, entradas de e a permanência das pessoas no ambiente. A luz do
luz, lâmpadas, luminárias, etc.); cálculo luminotécnico da dia em si não aumenta o desempenho humano. O
área estudada que orientará para a iluminância adequada sentimento de transparência para o exterior transmite
e a eficiência energética. a sensação de conforto e bem-estar ao usuário, física e
A obra do Centro Administrativo do Governo do psicologicamente. (Figura 1).
Estado de Minas Gerais foi o projeto escolhido para este
estudo por se tratar de uma obra sustentável em sua
concepção global. A obra foi projetada pelo arquiteto
Oscar Niemeyer em uma área com cerca de 93 hectares.
Está localizada na Regional de Venda Nova, ao norte
do município de Belo Horizonte, junto à divisa com os
municípios de Vespasiano e Santa Luzia. Sua construção
tem como objetivo aumentar a eficiência na prestação
dos serviços públicos, pois todas as secretarias estarão
localizadas em dois prédios, proporcionando mais
agilidade, qualidade dos diversos serviços e economia Figura 1: Combinação de transparência com luz solar. Fonte: Electronics
and Telecommunications Research institute of Korea Copyright 1994
para o governo.
LightForms LLC, All Rights Reserved.
A cidade administrativa é composta de seis
prédios: um para o Palácio do Governo; duas torres As pessoas precisam estar conectadas a ritmos
de 15 andares para as Secretarias de Estado e demais e mudanças com o mundo exterior, dentro dos limites
órgãos; um auditório para 540 pessoas, um Centro de de conforto térmico e visual. Práticas de iluminação

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natural devem ser usadas para assegurar o controle dos podem ser adotadas para a realização de um projeto
reflexos e a qualidade da iluminância. Nesses edifícios, as de iluminação natural e artificial eficiente em edifícios,
pessoas podem ter relação direta com o meio ambiente como, por exemplo: planejamento e execução da
externo, ou seja, o Sol, o céu, observando as condições iluminação natural; sistemas de vidro, iluminação,
meteorológicas enquanto trabalham no interior da sombreamento e controle devidamente especificados;
edificação. A sensação de tempo como manhã, tarde e estudo da quantidade de luz natural necessária para
noite definida traz certo conforto durante o período de minimizar o custo com iluminação elétrica; utilização
trabalho. A construção de elementos com transparências de revestimentos translúcidos; instalação de controles,
permite que as pessoas tenham uma ligação com o timers e sensores de iluminação visando à redução de
ambiente externo. custos com energia elétrica. Por fim, deve-se avaliar a
A iluminação pode gerar aumento ou redução do viabilidade da iluminação natural para cada ambiente
conforto humano, da saúde e do desempenho. Os enormes do edifício, sendo que a relação custo x eficiência
custos econômicos e ambientais no trabalho, acrescidos do da iluminação natural pode variar de acordo com a
aumento do uso de computadores em escritórios, exigem orientação das fachadas.
precisão e controle da luz para fornecer melhor qualidade As interações entre a fachada do edifício, que
ambiental, livre de reflexos e ofuscamentos luminosos. admite calor e luz, com o sistema de iluminação
As fontes de luz exteriores devem ser cuidadosamente elétrica podem resultar em um edifício desconfortável
controladas, dentro de limites prescritos, para não e ineficiente, o que é caro e difícil de reparar.
causarem ofuscamento. Estratégias de sombreamento,
tipos de vidros, tratamentos de janelas e toda a superfície
resultante que fornece brilho devem ser escolhidas e
planejadas ao mesmo tempo, durante a concepção do
projeto, para fornecer uma iluminação de qualidade. 4 ESTUDO DA ILUMINAÇÃO NATURAL DO PALÁCIO DO
GOVERNO DO CENTRO ADMINISTRATIVO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS

3 ESTRATÉGIAS PARA UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO


EFICIENTE
O Palácio do Governo possui o maior vão livre do
mundo, com extensão de 150 m de comprimento e 20 m
de largura. Sua estrutura em concreto armado revestida
de vidro é constituída de quatro pavimentos suspensos
Um edifício de alto desempenho é aquele que por 30 cabos de aço revestidos de concreto, presos a um
atende aos objetivos do projeto, maximiza o conforto pórtico e erguido com 4 mil m³ de concreto. A estrutura
e a produtividade do ocupante, eleva o valor do imóvel do pórtico é composta por quatro colunas e a cobertura.
e possibilita rendimento da eficiência energética Esse bloco envidraçado de 147,5 metros de comprimento
durante sua vida útil, reduzindo custos operacionais. por 17,2 metros de largura fica suspenso a 5,7 metros do
As recomendações das normas referentes à avaliação solo. A Figura 1 apresenta uma ilustração obtida através
das condições de iluminação natural e artificial nos de simulação eletrônica tridimensional do prédio.
edifícios resumem-se na verificação dos valores das
iluminâncias (ou do FLD) em determinados pontos
do plano de trabalho. Porém, o conhecimento desses
valores só será possível após o planejamento do layout.
Isso também é insuficiente para uma caracterização
completa das condições de iluminação dos espaços
interiores. Não é raro encontrar ambientes em que os
usuários manifestam desagrado face às condições de
iluminação. Frequentemente, são detectados problemas
relacionados a aspectos específicos de qualidade, e não
de quantidade da iluminação ambiente. A existência de
valores adequados das iluminâncias no plano de trabalho
é condição necessária para uma iluminação adequada, Figura 2: Simulação em 3D da Fachada do Palácio do Governo. Fonte:
EIA/RIMA (2006).
mas não é condição suficiente.
De acordo com Amorim (2007), um bom
projeto deve considerar aspectos relativos à inserção O edifício destinado ao Palácio do Governo
climática e ao uso da luz natural, em que a eficiência possui sete pavimentos, sendo eles: subsolo, pilotis,
energética e a qualidade ambiental são aspectos quatro pavimentos tipo e cobertura. O subsolo é
indispensáveis à arquitetura atual. Algumas estratégias destinado a estacionamento, acessos, apoio, circulação

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de funcionários. O vão livre do pilotis dá acesso aos espaços internos com janelas em ambos os lados,
elevadores e ao heliporto. O primeiro pavimento proporcionando melhor distribuição da iluminação
comporta o salão de exposições, a biblioteca e o natural; janelas contínuas, proporcionando intensidade
restaurante. Os outros pavimentos são destinados luminosa uniforme; necessidade de controle dos
respectivamente à administração e ao comando da Polícia reflexos, sombreamentos e ganhos de calor devido aos
Militar de Minas Gerais; gabinete do vice-governador e grandes vãos de janela.
administração; gabinete do governador e defesa civil. A As fachadas de maior área são implantadas na
cobertura abriga a área técnica. orientação leste/oeste. De acordo com Berkeley (1999),
Visando a obter uma boa eficiência energética, essa não é a orientação ideal por ocasionar maior ganho
foram realizados estudos da iluminação natural, controle de calor e claridade. Assim sendo, serão utilizadas
dos reflexos e ganhos de calor para proporcionar um esquadrias com vidros especiais de alta tecnologia.
ambiente interno agradável aos usuários do Palácio do Como as esquadrias corresponderão a cerca de 100%
Governo. do revestimento da fachada, o tipo de vidro utilizado
O projeto da edificação apresenta características é de extrema importância e foi escolhido baseando-se
importantes para a valorização do uso adequado da nessa premissa. Ao longo das fachadas são verificados
iluminação natural, tais como: maximização do vão diferentes tipos de vidros no que se refere à coloração e
da janela e, consequentemente, da zona iluminada; à espessura, como se observa na tabela 1 a seguir:

TABELA 1:
TABELA DE DETALHAMENTO DO VIDRO.
FONTE: ARQUIVOS DO CENTRO ADMINISTRATIVO.

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É importante que a definição do tamanho das a função de cada pavimento, considerando-se que a
janelas e a escolha dos vidros aconteçam ao mesmo fachada e as esquadrias do prédio serão os ambientes de
tempo. Quanto maior a superfície do vidro, menor será a maior incidência solar. São utilizadas persianas internas
transmissão de visibilidade. O vidro claro é utilizado para e vidros blindados antivandalismo no pavimento do
obter o máximo de luz natural, e o vidro mais escuro, gabinete do governador e nas demais áreas de acesso
para controlar os reflexos. Por isso, foram escolhidos restrito, oferecendo maior segurança. Mesmo tendo
para a fachada do prédio do Palácio do Governo vidros especificações diferentes, os vidros duplos possuem
duplos, sendo o vidro externo de coloração cinza e o características térmicas, luminosas e energéticas em
interno, incolor. A especificação dos vidros foi realizada comum de extrema importância, como ilustrado nas
com base na orientação do edifício e de acordo com Figuras 3 e 4.

Figura 3 – Características
luminosas e energéticas.

5 ESTUDO DA ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL DO


PRÉDIO DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO CENTRO
ADMINISTRATIVO DO GOVERNO DO ESTADO DE
MINAS GERAIS

O Centro de Convivência é implantado entre os


dois prédios de secretarias, em formato circular, seção
em coroa e comporta serviços direcionados ao público
externo, tais como atendimento ao cidadão, unidade do
correio, lanchonete, banco, restaurante, entre outros.
Toda a edificação conta com três pavimentos: subsolo,
pavimento térreo e primeiro pavimento. O nível subsolo
está assentado na cota -4,60m e possui galeria, área de
instalações, sanitários e hall de elevadores. O último piso
Figura 4 – Características térmicas. Fonte: Catálogo de Produtos
do edifício, nomeado primeiro pavimento, é acessado
Glaverbell. por elevadores e escadas, sendo que sua destinação é

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exclusiva para comércio e unidades de apoio. O acesso de iluminação geral dos edifícios serão utilizadas apenas
funcionários poderá ser realizado por meio de corredores lâmpadas fluorescentes, que economizam maior
subterrâneos que interligam todo o complexo. quantidade de energia em comparação com lâmpadas
Assim como o Palácio do Governo, o Centro de incandescentes e halógenas. A luminária utilizada para
Convivência tem toda a fachada e a cobertura revestidas os escritórios é do tipo comercial, de embutir, com
em vidro para captar a luz natural, como uma grande corpo em chapa de aço tratado e pintado na cor branca.
luminária refletindo a luz internamente, como ilustra Possui refletor parabólico em alumínio anodizado de alto
a Figura 5. brilho e retorno com rasgos para isulflamento de ar com
lâmpada fluorescente tubular T5 de 28w e temperatura
de cor de 4000k.
Para compensar o efeito de luz dura e chapada
que a lâmpada fluorescente transmite ao ambiente,
são utilizados recursos como sancas e rasgos para
luz indireta, como mostra a Figura 7. A preocupação
com a saúde e o conforto humano também é aparente
no projeto. A temperatura de cor das lâmpadas varia
de 2700k a 4000k, visando ao conforto visual para o
Figura 5 – Fachadas do Centro de Convivência. Fonte: Arquivos do
observador. A iluminação geral do interior do prédio,
Centro Administrativo.
como mostra o projeto luminotécnico do pavimento
O projeto desse prédio foi planejado para utilizar térreo na Figura 9, especifica luminárias cilíndricas de
pouca iluminação artificial durante o dia, sendo mais embutir, com vidro para lâmpada fluorescente compacta
necessária em dias nublados, reduzindo gastos na energia de 18 e 26w e lâmpada fluorescente tubular T8 de 32w.
elétrica, como mostra a Figura 6. Nas escadas e acessos à cobertura são utilizadas arandelas
e balizas para lâmpada fluorescente.

Figura 6 – Planta luminotécnica do Centro de Convivência. Cobertura.


Fonte: Arquivos do Centro Administrativo.
Figura 7 – Planta luminotécnica do Centro de Convivência. Primeiro
pavimento. Fonte: Arquivos do Centro Administrativo.

O revestimento de vidro transmite a luz e o


acabamento na cor fumê ajuda a controlar a emissão
de calor e reflexos ao ambiente interno. Os sistemas de Alguns pontos recebem iluminação de destaque,
vidro, iluminação e sombreamento foram criteriosamente como o térreo, o subsolo e a fachada do prédio. O
especificados. térreo é o único pavimento do prédio em que é utilizada
O projeto de iluminação artificial de todo o a tecnologia de led com sistema linear na cor azul,
complexo foi idealizado pela equipe do lighting designer fazendo o fechamento circular de forma radial de toda
Peter Gasper, seguindo uma tendência sustentável. Na a extremidade da circulação, como mostra a Figura 8.

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6 CONCLUSÃO

A tipologia arquitetônica, o sistema de iluminação


e os tipos de materiais de revestimento utilizados
nos prédios do Palácio do Governo e do Centro de
Convivência permitem a entrada de luz natural por
vários ângulos. Embora o Palácio do Governo tenha
uma implantação considerada desfavorável, leste-oeste,
o projeto de iluminação do prédio permite que se faça
uso de iluminação natural útil e adequada, uma vez
que são utilizados recursos para anular os possíveis
pontos negativos e favorecer os positivos. O uso de
esquadrias de vidro com alta tecnologia eleva o custo
de investimento inicial da obra, porém, ao longo da vida
útil, a consequente eficiência energética resultará em
Figura 8 – Planta luminotécnica do Centro de Convivência. Térreo. Fonte: economia para a edificação.
Arquivos do Centro Administrativo. O projeto luminotécnico do Centro de
Convivência, apesar de ser considerado sustentável
devido à utilização de luminárias fluorescentes como luz
geral, utilizou, também, grande quantidade de luminárias
O subsolo, mostrado na Figura 9, recebe destaque circulares compactas pouco eficientes, elevando o
no jardim central, com iluminação focada no pilar consumo de energia. Itens como sustentabilidade,
central, utilizando projetor para lâmpada vapor metálico eficiência energética e economia de energia foram
de 70w e iluminação valorizando as plantas. Já a fachada considerados nos projetos de iluminação dos prédios
comporta projetores para lâmpada vapor metálico de do Palácio do Governo e do Centro de Convivência do
150w ao redor de toda a seção circular, com efeito wall Centro Administrativo de Minas Gerais, maximizando as
washer, pintando as paredes de vidro com luz. potencialidades da iluminação natural e artificial.

7 AGRADECIMENTOS

Maria Gilda Alves Costa Martins - Arquiteta


Priscilla de Freitas Val Machado - Engenheira Ambiental
CEFET-MG, pela oportunidade e pelas bolsas de estudo
concedidas.
CODEMIG - Companhia de Desenvolvimento Econômico
LUME - Estratégia Ambiental

8 REFERÊNCIAS

Figura 9 – Planta luminotécnica do Centro de Convivência. Subsolo.


Fonte: Arquivos do Centro Administrativo. ASSIS, Clarissa Goyatá. Iluminação sustentável em
projetos. Clarissa Goyatá: design de ambientes,
iluminação e informação. Disponível em: <http://
clarissagoyata.com>. Acesso em: 12 de junho 2009.

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AMORIM, C.N.D. Iluminação Natural e Eficiência


Energética – Parte I: estratégias de projeto para uma
arquitetura sustentável. Arquitetura e Urbanismo
Paranoá, v. 4, 2002. Disponível em: < http://www.unb.
br/fau/pos_graduacao/paranoa/paranoa.htm>. PPG-FAU/
UnB. Acesso em: 14 junho 2009.

BAKER, N. et al. Daylighting in architecture: a european


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CABÚS, Ricardo C.; PEREIRA, F. O. R. Análise do


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do número de aberturas. In: ENCONTRO LATINO
AMERICANO DE ERGONOMIA, IV, 1997, Florianópolis.
Anais IV Encontro Latino Americano de Ergonomia,
Florianópolis,1997.

CAMPARI, Giovanni Di Prete. Nosso Brasil: a utopia dos


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Acesso em: 20 de junho 2009. ISSN 1809-6298.

SANTOS, A.J. Desenvolvimento de uma Metodologia de


Caracterização das Condições de Iluminação Natural
nos Edifícios Baseada na Avaliação in situ. 2001. Tese
de Mestrado - Faculdade de Ciências,Universidade de
Lisboa, Lisboa, 2001.

LUME-ESTRATÉGIA AMBIENTAL LTDA. EIA/RIMA: Estudo


de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental
do Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais.
Minas Gerais, dezembro, 2006. v.1 e 2.

LUME-ESTRATÉGIA AMBIENTAL LTDA. Relatório para


formalização de APEF e Projeto técnico de recomposição
da flora do Centro Administrativo do Governo de Minas
Gerais, Minas Gerais, janeiro, 2007.

Educ. Tecnol., Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. p. 14-21, mai./ago. 2009

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