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DEPARTAMENTO DE GEOCIENCIAS

CURSO DE GEOFÍSICA

BEMÁSIO DE JESUS TEIXEIRA CAHANDA

INTEGRAÇÃO DE DADOS GEOQUÍMICOS E IMAGENS DE


SATÉLITE PARA AVALIAÇÃO DE POTÊNCIAS DEPÓSITOS DE
CALCÁRIO NO KWANZA-SUL:ESTUDO DE CASO.MINA-FCKS

Luanda
2023
BEMÁSIO DE JESUS TEIXEIRA CAHANDA

INTEGRAÇÃO DE DADOS GEOQUÍMICOS E IMAGENS DE


SATÉLITE PARA AVALIAÇÃO DE POTÊNCIAS DEPÓSITOS DE
CALCÁRIO NO KWANZA-SUL:ESTUDO DE CASO.MINA-FCKS

Trabalho de Conclusão do Curso


apresentado ao curso de Geofísica, do
Departamento de Geociencias (DGC), do
Instituto Superior Politécnico de
Tecnologias e Ciências (ISPTEC), como
requisito parcial à obtenção do grau de
licenciado em Geofísica.

Orientador: Prof. Dr. Moises Samuel Bota


Cacama
Co-orientador: Msc. Zongo Armando

Luanda
2023
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente
à Deus todo poderoso pela dádiva da vida.
Aos meus queridos Pais (Manuel
Alberto e Isabel Teixeira) pelo apoio e
carinho que me têm dado até os dias de
hoje, aos meus queridos irmãos e demais
familiares que sempre me apoiaram e
incentivaram a seguir os meus ideais.
Aos meus amigos e todos aqueles
que sempre me apoiaram ao longo de mais
uma jornada que hoje chega ao fim.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pelo dom da vida e por me ter


permitido estar aqui até hoje.
Agradeço a minha família (Pais, Irmãos, Tios, Primos e Sobrinhos) pelo apoio
que sempre me deram durante toda a minha vida.
Deixo um agradecimento especial aos meus orientadores pelo incentivo e voto
de confiança para elaboração e apresentação desse trabalho de fim de curso.
A todos os os meus amigos, colegas e companheiros de caminhada que durante
esses 5 anos estiveram comigo nessa jornada que começou em 2018 e termina hoje em
2023.
Agradeço ao Departamento de Geociencias (DGC) pela oportunidade que me foi
dada para a realização do presente trabalho.

A todos, o meu Muito Obrigado!!!


EPÍGRAFE

“A maior parte do tempo pensámos


que somos tão importantes ou tão grandes
que chega a evidenciar um ego bastante
frágil e doentio mas também tem vezes que
pensámos que somos tão pequenos que
chega a evidenciar uma baixa autoestima”

Ngola Kituba

RESUMO

PALAVRAS-CHAVE: análise da componente principal, combinação de bandas


espectrais, calcário, FRX-fluorescência de raio-x, DRX-difração de raio-x, Cálculo de
volume, viabilidade económica.
ABSTRACT

KEYWORDS: principal component analysis, combination of spectral bands,


limestone, XRF-x-ray fluorescence, XRD-x-ray diffraction, Volume calculation,
economic options.
LISTA DE SIMBOLOS

Sw: saturação da água;


n: expoente de saturação;
a: factor de tortuosidade;
Rw: resistividade da água;
∅: porosidade;
m: expoente de cimentação
Rt: resistividade da rocha contendo hidrocarbonetos;
Q: vazão;
k: coeficiente de permeabilidade do solo;
Δh: variação hidroestática;
L: comprimento da secção transversal da coluna;
A: área da secção transversal;
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO
I.1 Contextualização
I.2 Objectivo Geral
I.3 Objectivos Específicos
I.4 Hipóteses Relacionadas
I.5 Problemática
I.6 Justificativa
II. METODOLOGIA APLICADA
III. DESCRIÇÃO DA ÁREA
III.1 ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO
IV. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
IV.1 Caracterização de Reservatórios
IV.2 Caracterização Sedimentológica
IV.3 Caracterização Petrofísica
IV.4 Caracterização Sísmica
IV.5 Implicação na Produção
I. INTRODUÇÃO

Neste trabalho integrou-se dados geoquímicos e imagens de satélites para a


avaliação de potências de depósitos de calcário no Kwanza Sul, no Cuacra, e o estudo
de caso da Fábrica de Cimento do Kwanza Sul, é um tema relevante na pesquisa e
desenvolvimento sustentável na região. A Bacia do Kwanza é uma das estruturas
geológicas mais importantes na província do Kwanza Sul, e a área é conhecida por suas
reservas de calcário e outros recursos naturais.
A região do Cuacra possui uma história geológica complexa, com a presença de
formações rochosas e sedimentares de diferentes idades. A Bacia do Kwanza e as áreas
vizinhas são caracterizadas por formações geológicas diversas, como a Formação Cuvo
e Infra-Binga, que são ricas em calcário e outros minerais. A Fábrica de Cimento do
Kwanza Sul é uma empresa localizada na província do Kwanza Sul, Angola, e é
responsável pela produção e distribuição de cimento em Angola
O estudo de caso dessa empresa permitirá entender o mercado de cimento na
região e os desafios enfrentados pela indústria cimentíria no contexto do
desenvolvimento econômico e social da província do Kwanza Sul.
A pesquisa se baseou na coleta de dados geoquímicos por meio de análises
laboratoriais detalhadas, que incluem (DRX) difração de raios-X e (FRX) fluorescência
de raios-X nas amostras de calcário coletadas na área de estudo para caracterização da
composição química e mineralógica do calcário. Adicionalmente, análises petrográficas
foram conduzidas para compreender a textura, estrutura e aspectos microscópicos do
calcário.
A metodologia propõe, ainda, o processamento e a análise de imagens de
satélite, combinando bandas espectrais específicas para identificar características
geomorfológicas associadas aos depósitos calcários. A integração destes conjuntos de
dados visa fornecer uma visão holística dos depósitos, permitindo a identificação de
áreas potenciais para exploração mineral.
Além disso, também foi realizada uma análise petrográfica detalhada das
amostras, permitindo uma caracterização mais precisa da textura e estrutura do calcário.
Esses dados foram combinados com o uso de técnicas de processamento de imagens de
satélite, como a combinação de bandas, para mapear e avaliar a extensão dos depósitos
de calcário na área de estudo.
A integração dessas diferentes fontes de informação geológica, geoquímica e
geoespacial permitirá uma avaliação mais precisa dos potenciais depósitos de calcário
na região, fornecendo subsídios valiosos para a indústria de cimento e contribuindo para
a exploração sustentável dos recursos minerais.

I.2- OBJECTIVO GERAL


Este trabalho temo como objectivo principal a caracterização das formações
presentes na Zona do Miradouro da Lua no intuito de determinar a possibilidade de
existência de propriedades geológicas de reservatórios de hidrocarbonetos e a sua
implicação na produção dos mesmos fluídos.

I.3- OBJECTIVOS ESPECÍFICOS


Para atingir as metas estabelecidas foram neste trabalho foram traçados os
seguintes objectivos específicos:
Determinar as características básicas para formação de um reservatório de
petróleo na zona de estudo;
Caracterizar e Delimitar o possível reservatório;
Identificar o tipo de porosidade existente e compreender a distribuição das
características petrofísicas ao longo da sequência de arenitos;
Estabelecer um modelo evolutivo baseado nos conceitos de estratigrafia
sequencial e sedimentologia.

I.4- HIPÓTESES RELACIONADAS


O trabalho a ser apresentado fundamenta-se nos princípios e pressupostos
científicos que se baseiam primeiramente na dedução e idealização daquilo que se
pretende alcançar desde a elaboração do tema aos objectivos, dando lugar a formulação
das hipóteses abaixo descritas:
Hipótese 1: Há possibilidades de existência de reservatórios de
hidrocarbonetos a partir da caracterização das formações presentes na
zona de Estudo?
Hipótese 2: Quais as implicações que as propriedades petrofísicas têm
na produção de hidrocarbonetos nos possíveis reservatórios da zona mais
provável de serem encontrados?

I.5- PROBLEMÁTICA
O presente trabalho tem como Problemática ou questão principal assente na
Possibilidade de existência ou não de Reservatórios de Hidrocarbonetos na zona de
estudo (Miradouro da Lua) e na eficiência que os métodos utilizados durante a
elaboração do presente trabalho vão apresentar para caracterização desses reservatórios
ou das estruturas sedimentares ao redor a partir de uma combinação de 3 métodos
(Sedimentologia, Petrofísica e Sísmica) que vão se completar e auxiliar tendo em conta
o tipo de dados e informações a serem obtidas individualmente em cada método ou na
combinação dos mesmos durante a sua aplicação.

I.6- JUSTIFICATIVA
A bacia do Kwanza entrou com blocos em Onshore e Offshore na nova oferta de
licitação feita pela Agência Nacional de Petróleos, Gás e Biocombustíveis de Angola
(ANPG). A zona do Miradouro apresenta excelentes afloramentos que auxiliam no
entendimento destes objectos geológicos.
O presente trabalho a ser apresentando surge no intuito de apresentar um
conjunto de evidências da possível existência de reservatórios de hidrocarbonetos na
zona do Miradouro da Lua a partir de observações de campo nos afloramentos e
estruturas sedimentares que compõem a zona, análises de laboratório e correlações de
dados exisentes da zonas juntando-se assim ao conjunto de informações e dados já
existentes da zona para aumentar no leque de informações que vão permitir diminuir as
ambiguidades e incertezas referentes a possibilidade de “existência ou não de
reservatórios de hidrocarbonetos nessa zona particular da Bacia do Kwanza”.
Revisão bibliográfica
Esta etapa consistiu no levantamento de informações geológicas preliminares
ligadas ao tema central desta monografia. A sua concretização foi possível através do
acesso aos resultados de estudos já realizados tanto naquela zona, como noutras, que
apresentam contexto geológico similar. Consultaram-se as cartas geológicas de Angola
de número 184 SUL-D33 E 185 SULL-D33 às escalas 1: 1.000.000 e 1: 250.000, a carta
topográfica da zona de estudo, à escala 1: 250.000, imagens espectrais (ASTER), livros
e artigos científicos, disponíveis tanto em revistas científicas digitais, como na
Biblioteca do Instituto Superior Politécnico de Ciências e Tecnologia(ISPTEC) .
A pesquisa bibliográfica acabou por se estender por todas as fases de
desenvolvimento deste trabalho, devido à necessidade constante de aprofundamento de
alguns assuntos abordados nos diferentes capítulos.
Localização
A zona do Cuacra encontra-se localizada na província do Kwanza Sul, uma das 18
províncias de Angola. Essa região está estrategicamente posicionada na parte central da
província, o que a torna de grande importância tanto em termos geográficos quanto em
termos de acesso a diferentes áreas e serviços dentro do Kwanza Sul.
Cuacra faz fronteira ao norte com a comuna do Quiri, ao sul com o município de Porto
Amboim, a leste com o município de Quibala e a oeste com o município de Sumbe.
Essa localização ajuda a definir a zona do Cuacra como um ponto de conexão com
outras áreas
importantes da
província,
permitindo a
interação entre
diferentes
comunidades e o
acesso a
serviços e
recursos.
Hidrográfica
O destaque principal é o rio Cambongo, que corta a região e desempenha um
papel crucial na hidrografia local. A geologia da região influencia diretamente a
formação do relevo, determinando a disposição das bacias hidrográficas, a direção dos
cursos d'água e a morfologia dos rios e afluentes. As áreas com rochas mais porosas
podem permitir uma maior infiltração da água, contribuindo para a formação de
aquíferos subterrâneos e, consequentemente, para a recarga de nascentes e rios.
A composição dos solos afeta a capacidade de retenção e escoamento da água.
Solos mais permeáveis, como areias e cascalhos, permitem a infiltração mais rápida da
água, enquanto solos argilosos podem reter mais umidade, influenciando a quantidade
de água disponível nos rios e riachos. Falhas, fraturas e dobramentos, influenciam na
direção e no padrão de drenagem da água, zonas de falha pode atuam como uma
barreira para o fluxo da água, afetando a distribuição dos cursos de água na região.
Geomorfologia
O relevo do Cuacra é marcado por uma combinação de planícies aluviais,
colinas, vales, pequenas montanhas e planaltos. As planícies aluviais são encontradas ao
longo das margens dos rios e ribeiras da região, oferecendo solos férteis e propícios para
a agricultura. São áreas planas adjacentes aos rios e córregos, formadas pela deposição
de sedimentos carreados pelas águas. Essas planícies são propícias para atividades
agrícolas devido à fertilidade do solo. As colinas e vales conferem à paisagem do
Cuacra um aspecto ondulado e variado. Os vales podem ser resultado de processos
erosivos causados pela ação dos cursos d'água ao longo do tempo.
A presença de pequenas montanhas e planaltos contribui para a diversidade do
relevo, influenciando na drenagem da região e na formação de paisagens mais elevadas.
Os processos erosivos, como a erosão hídrica e fluvial, desempenham um papel
fundamental na formação das características do relevo, especialmente na criação dos
vales e na deposição de sedimentos nas áreas aluviais. Os movimentos tectônicos e a
atividade geológica podem ter influenciado a formação das montanhas e planaltos na
região, moldando o relevo ao longo de milhões de anos
A diversidade geomorfológica do Cuacra desempenha um papel importante na
vida da comunidade local. Essas características impactam diretamente as atividades
econômicas, influenciando a agricultura, a pecuária e até mesmo o desenvolvimento
urbano, além de desempenhar um papel crucial na disponibilidade de recursos naturais e
na conservação ambiental da região.

Enquadramento Regional
Geologia de Angola
Principais bacias sedimentares de Angola
De acordo com Tavares (2000), os enchimentos sedimentares no litoral de
Angola estão subdivididos em cinco (5) sectores, os quais se resumem a três bacias
costeiras, nomeadamente a bacia do Congo a Norte, ao Centro a bacia do Cuanza (e
bacia de Benguela), e a Sul a bacia do Namibe, encontram-se delimitadas a Leste pelo
soco cristalino, e a Oeste pelo oceano Atlântico tal como representado na figura

Enquadramento
Regional
O Sumbe caracteriza-se pela
ocorrência de distintas unidades crono-estratigráficas. Nas proximidades da zona
costeira destacam-se unidades de rochas sedimentares do Mesozóico e Mesozóico-
Cenozóico, ao passo que em zonas mais distais à linha de costa destacam-se as unidades
de rochas cristalinas do Arcaico e do Proterozóico.

As Unidades do Arcaico são representadas por rochas do Grupo Superior do Arcaico


Inferior, constituídas por rochas metamórficas, tais como gnaisses (biotítico-
horneblêndicos, biotítico- hipersténicos, granada-bimicáceos com distena e grafite),
anfibolitos, xistos biotítico e bimicáceos, leptitos e quartzitos. Em zonas de
ultrametamorfismo, ocorrem os tonalitos, plagiomigmatitos e plagiogranitos. Este grupo
faz fronteira a oeste com as formações carbonatadas de idade cretácica.
As Unidades do Proterozóico são representadas pelas seguintes rochas cristalinas
do Proterozóico Inferior:
─ Rochas metamorfizadas do grupo Oendolongo, constituído por
conglomerados, quartzitos, grés, siltitos, grauvaques, xistos micáceos e
itabiritos. Este grupo surge em pequenas manchas no seio da formação do
Grupo Superior do Arcaico Inferior descrita anteriormente.
─ Rochas Graníticas, representadas pelas fácies biotítico-porfiroblástica e
leucocrática, associadas a pórfiros, sienitos e dioritos.

As Unidades do Mesozóico representam-se pelas seguintes formações do


Cretácico:

─ Formações do Cretácico Inferior, constituídas pela:


 Formação Cuvo, pertencente ao Barriasiano-Barremiano, constituída por
Grés, Conglomerados, Argilas, com intercalações de dolomites, argilitos e
siltitos, localizando- se na envolvente da formação que constituí a maior parte
da área de estudo e fazendo, numa área limitada, parte integrante dela.
 Formação Infra-Binga e Binga, pertencentes ao Apciano, constituídas por
dolomites, calcários, margas, conglomerados, anidrites, gesso e grés,
localizando-se na envolvente da área de estudo.
 Formações do Albiano, constituídas por Calcários, Margas, Conglomerados e
gesso.
─ As Formações do Cretácico Superior estão representadas na área de estudo
pela sua unidades basais, ou seja as Formação de idade Cenomaniana que se
apresenta constituído por Grés, Calcários oolíticos, dolomíticos, arenosos e
argilosos, por conglomerados, e argilas, localizando- se nesta região no
limite costeiro efectuando a transição entre o continente e o mar.

A Unidade de Transição Mesozóico- Cenozóico (Cretácico-Paleocénico)


A Este das formações cretácicas e no seio das formações arcaicos (AR21)
afloram formações de natureza vulcânica e se constituem por:
─ (β,τ K1-P1) - Basaltos, doleritos, espelitos, traqui-andesito-basaltos, latitos,
traquitos, e tefritos que afloram na maior parte da área de estudo;
─ (γπλ K1-P1) - Pórfiros graníticos e riólitos.

Sabe-se que foram realizados estudos geológico-geotécnicos preliminares à


tomada de decisão sobre a localização do projecto, os quais pretenderam localizar um
recurso de calcário (Figura 16) potencialmente explorável nas proximidades da cidade
do Sumbe, situada no litoral angolano. Na referida prospecção foi localizado calcário
com grau médio a elevado de pureza, apresentando teores de CaO de 48% a 55% sendo
este recurso potencialmente utilizável na fabricação de produtos de cimento. A fácies
calcária situa-se na fracção basal de uma sequência sedimentar cretácica, aflorante numa
estreita faixa localizada ao longo da costa.

1.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os carbonatos são rochas sedimentares, de origem clástica, química ou


bioquimica, compostas principalmente por calcite (CaCO 3). As impurezas comuns nos
carbonatos incluem chert (quartzo microcristalino, criptocristalino ou sílica amorfa),
argila, matéria orgânica e óxidos de ferro. Essas impurezas acompanham o processo de
deposição do CaCO3 ou ocorrem em estágios posteriores à deposição (Acocella &
Turruni, 2010).
As rochas sedimentares siliciclásticas são formadas através da erosão e
transporte dos sedimentos a partir de rochas preexistentes, enquanto que os carbonatos
são formados através da actividade biológica e precipitação inorgânica. Devido à sua
origem biológica, a ocorrência de depósitos carbonatados é restrita a lugares com
temperaturas específicas e outras condições de manutenção de vida. A constante
evolução dos organismos produtores de carbonatos torna complexo o estudo dessas
rochas.
A mineralogia dos carbonatos é simples, sendo constituídos predominantemente
por calcite (CaCO3), tal como já foi referido, dolomite ((CaMg(CO 3)2) e minerais
evaporíticos, como a anidrite (CaSO4) e o gesso (CaSO42H2O). Embora, como foi
mencionado, a mineralogia dos carbonatos seja simples, a sua composição apresenta
inúmeras variações. Nos carbonatos podem ser reconhecidos seis principais
componentes: grãos, lama carbonatada (matriz intergranular), componentes terrígenos,
esparite, dolomites/evaporitos/não carbonatos (formados por substituição mineral) e
espaços porosos.
Elementos constituintes das rochas carbonatadas
As rochas carbonatadas são constituídas por elementos aloquímicos (grãos) e
ortoquímicos (ligante). Aloquímico é um termo introduzido por Folk (1956) para
designar os fragmentos de diâmetro igual ou superior a 0,5 mm reconhecíveis nas
rochas carbonatadas, os quais formam-se a partir da precipitação química ou
bioquímica. O termo ortoquímico também foi introduzido por Folk (1956), para
designar o ligante (micrite e esparite) das rochas carbonatadas.
Elementos aloquímicos
Os principais grupos que constituem os elementos aloquímicos são: oólitos,
pelletes, intraclastos e bioclastos (Figura 2.1).
 Os oólitos são partículas esféricas a subesféricas, formadas por acreção fisico-
química, com laminação em torno de um núcleo, mostrando uma estrutura
laminar ou radial, com diâmetros inferiores a 2 µm (Adams et al., 1988).
 Os pelletes são grãos micríticos de forma esférica a subesférica, sem estrutura
interna, de orígem desconhecida, os quais apresentam uma uniformidade
marcada quanto ao tamanho e forma do grão e apresentam um conteúdo elevado
em matéria orgânica. Os grãos podem apresentar diâmetros entre 0,03 mm e
0,15 mm (Folk, 1962).
 Os intraclastos são fragmentos retrabalhados dos sedimentos contemporâneos
aos sedimentos carbonatados, os fragmentos geralmente são angulosos de
tamanho variável, compostos por lama micrítica ou areia carbonática (Reveco,
2005).
 Os bioclastos englobam todos os fósseis de estruturas cálcicas de organismos ou
fragmentos dessas estruturas. A formação dos diferentes grupos, géneros e
espécies são restritos a determinados ambientes de deposição
 Figura 2.1 Elementos aloquímicos. A - oólitos; B - pelletes; C - intraclastos; D –
bioclastos (Della Porta & Wright).

Elementos ortoquímicos

Constituem o ligante das rochas carbonatadas e podem ser cimento ou matriz:


 O cimento ou esparite (Figura 2.2) é um conjunto de cristais de carbonatos,
constituídos principalmente por aragonite, calcite magnesiana, calcite com teor
em magnésio ou dolomite baixo, com tamanhos superiores a 4 µm, que se
precipitam nos espaços vazios existentes entre os grãos dos sedimentos
carbonatados (Reveco, 2005; Terra et al., 2010).
 A matriz ou micrite (Figura 2.2), que é o material primário na formação da rocha
carbonatada, é composta por cristais de calcite com dimensões inferiores a 4 µm
(Terra et al., 2010)
Figura 2.2 Elementos ortoquímicos a nível microscópico. Esparite como material intergranular
(A); Micrite de cor escura e granulometria mais fina (B).

Ambientes deposicionais das rochas carbonatadas


Os ambientes deposicionais do passado e do presente, dos carbonatos, dividem-
se em três tipos genéricos:
 Rampas de margem continental: são plataformas continentais com vertentes
suaves (<1) e inclinadas em direcção ao oceano. Tratam-se de ambientes
deposicionais de alta energia.
 Margens do tipo barreira: são plataformas continentais com vertentes íngrimes e
abruptas em direcção ao oceano, onde se desenvolve uma orla carbonatada quase
contínua. Do lado do continente, essas barreiras são um ambiente de baixa
energia, com características lagunares. Já do lado do oceano, a orla carbonatada
é um ambiente de alta energia.
 Plataformas isoladas (tipo Bahama): são plataformas pouco profundas, rodeadas
em todos os lados por águas profundas (Figura 2.3). Caracterizam-se pela
ausência de sedimentos terrígenos.
Figura 2.3 Diagrama esquemático dos diferentes tipos de plataformas carbonatadas. (modificado
de Trucker & Wright, 1990).

Classificação das rochas carbonatadas


Os diferentes modelos de classificação dos carbonatos baseiam-se no conceito
de maturidade textural (fabric), onde se considera que a textura está relacionada com o
nível de energia do ambiente, durante a deposição do carbonato (Folk, 1968; Dunham,
1962; Leighton & Pendexter, 1962; Bissel & Chilingar, 1967; Fuchtbauer, 1974). Os
tipos de classificação mais amplamente usados são os de Folk (1968) e de Dunham
(1962).
Classificação de Folk
O modelo proposto por Folk (1968) é baseado, essencialmente, nos componentes
das rochas carbonatadas, tendo em conta três características: (1) Abundância e tipo de
grãos, matriz e cimento, (2) Grau de classificação e arredondamento dos grãos, (3)
Tamanho médio dos grãos ou tamanho dos cristais da rocha.
Na primeira componente, Folk (1956) reconheceu quatro tipos de aloquímicos,
nomeadamente intraclastos, oóides, bioclastos e os pelóides, estabelecendo três famílias
principais ou tipos de calcários (Figura 2.4):

Figura 2. 4 Classificação dos carbonatos segundo Folk (1959-1962), a qual usa prefixos para
indicar a estrutura dos grãos presentes (bio – para fósseis, pel - para peletes, oo – para oóides, e
intra – para intraclastos).

Calcário aloquímico espático (tipo I), formado por grãos aloquímicos cimentados por
calcite espática, calcário aloquímicos microcristalino (tipo II), composto por grãos
aloquímicos em matriz micrítica e calcário microcristalino (tipo III), sem grãos
aloquímicos. Folk (1956) considera uma classe especial (tipo IV), as rochas constituídas
por massas recifais ou estruturas orgânicas desenvolvidas in situ, denominadas biolitito.
Para descrever as características da segunda componente, Folk (1956) classifica
os depósitos de acordo com a energia do ambiente de deposição. Ambientes de energia
baixa apresentam, tipicamente, maiores concentrações em lama pura ou quase pura. Em
ambientes de energia intermédia, as acumulações de lama com concentrações de grãos
são mais comuns, enquanto em ambientes de alta energia ocorrem acumulações de
grãos classificados e arredondados com a lama da matriz virtualmente removida
(Scholle & Scholle, 2003).
Para a terceira componente, Folk (1956) estabelece uma terminologia para
variados tamanhos do material transportado ou para o precipitado autigénico, sendo,
também, usado para os produtos de recristalização ou de substituição como a dolomite
(Figura 2.5).

Figura 2. 5 Escala do tamanho dos grãos dos carbonatos (Folk, 1968).

Classificação de Dunham
A classificação de Dunham (1962) é a mais utilizada e uma das mais simples,
baseia-se nas proporções grão/lama e nas texturas deposicionais. Se os grãos estiverem
dispersos na matriz, o carbonato designa-se suportado pela lama; ao passo que se os
grãos estiverem interconectados, com a lama a preencher os espaços vazios, designa-se
carbonato suportado pelos grãos (Figura 2.6).
Mudstone: é uma rocha carbonatada constituída por lama carbonatada e menos
de 10% de grãos (Dunham, 1962). Forma-se, geralmente, em ambiente deposicional de
baixa energia.
Wackestone: é uma rocha carbonatada constituída por lama carbonatada e mais
de 10% de grãos (Dunham, 1962). Forma-se, geralmente, em ambiente deposicional de
baixa energia.
Packstone: é uma rocha carbonatada constituída por grãos interconectados e
lama carbonatada (Dunham, 1962). Este tipo de rocha sugere uma variedade de
ambientes deposicionais, isto é, de alta energia, se os primeiros constituintes forem
abundantes e de baixa energia, para os segundos.
Grainstone: é uma rocha carbonatada constituída por grãos interconectados, sem
a presença de lama carbonatada (Dunham, 1962).
Boundstone: é uma rocha carbonatada, na qual os sedimentos são aprisionados
por organismos como corais ou algas, durante a sua deposição. Geralmente são
depositados em ambientes de alta energia.
Calcários cristalinos: são rochas carbonatadas que carecem de evidências de
texturas deposicionais suficientes para serem classificadas.
Figura 2.6 Classificação dos carbonatos segundo Dunham (1962).

Comportamento espectral das rochas carbonatadas


Estudos sobre o comportamento espectral dos carbonatos, realizados por Hunt &
Salisbury (1971) e Gaffey (1986) descrevem uma série de parâmetros de absorção que
aumentam de intensidade com o aumento do comprimento de onda, no intervalo entre
1,6 µm e 2,5 µm. Esse intervalo é importante para o estudo de carbonatos, devido à
presença de características de absorção provenientes dos processos vibracionais
(pequenos deslocamentos dos átomos, desde as suas posições originais) do radical
carbonato. A intensidade e a posição que as características de absorção ocupam numa
curva espectral são uma assinatura espectral daquele mineral.
Crowley (1986) observou uma relação entre as variações nas características de
absorção dos carbonatos e a sua mineralogia, identificando pelo menos 7 características
de absorção na região entre 1,6 µm e 2,55 µm, para a calcite, a dolomite e a aragonite
(Tabela 2.1). Analisou, também, os efeitos espectrais das impurezas de ferro, argila,
sílica e matéria orgânica, comparando rochas com texturas similares, puras com
carbonatos impuros. Relativamente aos efeitos espectrais da matéria orgânica nos
carbonatos, concluiu que na presença da matéria orgânica há uma redução na
intensidade das bandas de absorção, dificultando a determinação da composição dos
carbonatos.

Tabela 2. 1 Posições dos extremos de absorção dos carbonatos em µm nas bandas do sensor
ASTER.

METODOLOGIA APLICADA
Neste capítulo é apresentada a metodologia proposta para a execução do
trabalho, assim como as técnicas aplicadas na obtenção, processamento e análise dos
dados.
Na metodologia foram descritas as diferentes etapas de execução das tarefas.
Esta metodologia compreende os trabalhos de gabinete, o trabalho de campo, o de
laboratório e o de interpretação dos resultados, que culminam na redacção do relatório
final.
Quanto à aquisição e processamento de dados, foram realizadas duas
abordagens: A primeira refere-se aos dados de Sensoriamento Remoto, onde se explica
o seu processo de aquisição, assim como o processamento pelo método da Razão de
Bandas. A segunda abordagem refere-se aos dados geológicos obtidos em laboratório.
Nesta última abordagem são referidos os dados obtidos pelos métodos petrográfico,
geoquímico, mineralógico (difracção por raios X) e fluorescência de raios X (FRX).
3.1 Metodologia de trabalho
Para o alcance dos objectivos apresentados neste trabalho foi proposta uma
metodologia que contempla, tal como já foi mencionado, várias tarefas, enquadradas nas
fases de trabalho de gabinete, trabalho de campo, trabalho de laboratório e o de
interpretação dos resultados, tal como ilustra o fluxograma da figura()
Preparação do trabalho de campo
Depois de identificada a área de estudo, os potenciais afloramentos foram
seleccionados em diferentes etapas (Figura ), através da combinação entre imagens
aéreas, mapas geológicos, topográficos e outras informações geológicas preliminares.
Com as imagens visualizadas através do Google Earth, foi possível localizar os
potenciais afloramentos, as suas coordenadas e a sua acessibilidade. Com o auxílio do
software ArcGisPro, foram elaborados mapas de localização e geológicos, com
informações mais detalhadas. A selecção dos potenciais afloramentos baseou-se em
critérios como a informação geológica disponível, a sua representatividade, a densidade
da cobertura vegetal, e as vias de acesso.
Devido à densa cobertura vegetal e às inúmeras dificuldades nos acessos aos
afloramentos (com base nos dados preliminares), foi necessário identificar e digitalizar

as vias de acesso a cada afloramento seleccionado. Como mostra a figura, esta tarefa foi
efectuada com o auxílio do Google Earth. No final, cada ponto passou a dispor de
informações geográficas e geológicas mais detalhadas. e medição da atitude das
camadas, das fracturas e do seu tipo de preenchimento.

Amostragem
A amostragem foi realizada sobre calcários, com o propósito de caracterizá-las
petrograficamente. Foram recolhidas vinte amostras de mão e 33 amostras de
core/testemunho em três poços perfurados, distribuídas por seis afloramentos. Para
serem recolhidas amostras frescas e representativas foi necessário escavar trincheiras,
como mostra a figura 3.5. Foram cuidadosamente recolhidas amostras de mão em vários
pontos do mesmo afloramento, a fim de serem submetidas à análise de lâminas
delgadas, DRX e FRX.

Trabalho de laboratório
Análise petrográfica
A análise petrográfica foi realizada em amostras de mão e em lâminas delgadas.
Amostras de mão: consistiu na avaliação do nível de reactividade das amostras em
presença de uma solução ácida (HCl), identificação dos minerais constituintes, da
estrutura da rocha e presença de fósseis.
Lâminas delgadas: foram analisadas no Laboratório de Mineralogia do Instituto
Geológico de Angola-IGEO consistiram na identificação dos principais minerais
constituintes, na determinação da relação entre os grãos, identificação do tipo de ligante,
tipo de
Análise geoquímica
Os dados geoquímicos foram realizadas pelo método de Espectrometria
por Fluorescência de Raios X (FRX), no Instituto Geológico de Angola (IGEO),
para a individualização dos elementos maiores e menores.
Antes de serem analisadas, as amostras passaram pelo processo de
preparação, que envolveu as fases de tratamento, trituração, culminando na
moagem e peneiração. Depois do primeiro processo seguiu-se o analítico, que
consistiu na dissolução e análise dos elementos maiores, menores e traços dos
carbonatos.
O objectivo deste processo foi efectuar uma análise completa dos óxidos
dos elementos maiores, assim como determinar os elementos menores,
visando dispor de dados suficientes para uma caracterização geoquímica
coerente.
Análise mineralógica por Difracção de Raios X (DRX)
Depois de terem sido recolhidas, as amostras foram levadas para o
Laboratório de Sedimentologia do IGEO em Luanda, para a devida preparação.
A preparação das amostras consistiu inicialmente na sua selecção, que foi feita
com base na análise visual do seu estado de conservação. Posteriormente,
procedeu-se à limpeza de cada uma das amostras, seguida da sua pesagem
(430g para cada uma das amostras) e no final, a catalogação e embalagem
das mesmas. As amostras recolhidas e preparadas foram submetidas a
análises mineralógicas pelo método de DRX. Os resultados desta análise
serviram de base para a caracterização das litofácies presentes naqueles
afloramentos.
III.1- ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO REGIONAL E LOCAL

Análise Petrográfica
Foram descritos seis (6) afloramentos localizados na área do Sumbe. Critérios
como a representatividade, particularidades do afloramento e a qualidade das
imagens disponíveis, ditaram a sua selecção (Figura 5.1).
A descrição consistiu na identificação, no tipo de litologia, as estruturas
sedimentares, a espessura das camadas, a disposição espacial das mesmas
(coordenadas geológicas).
Afloramentos
Os afloramentos são constituídos por calcários de cor branca leitosa, enquanto
no topo afloram calcários de cor cinzenta e castanha (Figura 5.2). Tendo por base de
suporte o mapa geológico de Angola, este ponto faz parte da Formação Cuvo Superior.

Afloramento xxx
j

Análise dos alinhamentos a partir das imagens ASTER


Análise mineralógica (DRX)
Para esta análise, foram utilizadas algumas amostras de calcário margoso e
argilito num total de dezanove (19), pertencentes ao Sumbe. As fases cristalinas
observadas nos difractogramas são apresentadas em ordem descrescente, começando
pelos minerais mais abundantes.

O difractograma da figura (Amostra BC-01-A) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido da quartzo e Bernesita.

O difractograma da figura (Amostra BC-01-B) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido da quartzo e Bernesita.
O difractograma da figura (Amostra BC-01-C) apresenta um predomínio do mineral
calcite, seguido da quartzo e Bernesita.

O difractograma da figura (Amostra BC-02-A) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-02-B) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-02-C) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-03-A) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-03-B) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-03-C) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-04-A) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-04-B) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-04-C) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-04-BA) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-05-A) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-05-B) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-05-A) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-06-A) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de quartzo.

O difractograma da figura (Amostra BC-06-B) apresenta um predomínio do


mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.
O difractograma da figura (Amostra BC-06-C) apresenta um predomínio do
mineral calcite, seguido de diópsido e quartzo.

As análises de DRX permitiram sugerir dois momentos que contribuíram para a


sedimentação na bacia. Um primeiro momento que foi influenciado pelos materiais da
erosão que permitiu a formação dos argilitos e pequenas quantidades de margas. Outro
momento, que corresponde à subsidência e aumento das águas marinhas que permitiu a
sedimentação dos carbonatos

Análise Geoquímica
Carbonatos do Município do Sumbe
A caracterização geoquímica dos carbonatos da zona do Sumbe foi efectuada em
20 amostras de mão e em 33 amostras de core/testemunhos retirados em 3 poços , e os
resultados obtidos foram tratados em diagramas para modelar e classificar os diferentes
tipos de carbonatos e as algumas relações importantes entre si.
AMOSTRAS DE MÃO
Geoquímica dos elementos maiores
Quimicamente, os carbonatos estudados nesta zona apresentam teores elevados
em CaO, variando entre 39.68% e 54,57%; SiO2 de 0,68% a 12,8%; MgO de 0,11% a
0.68%; Al2O3 de 0,16% a 1.2%; Fe2O3 de 0,06% a 0,6889%; (Tabela 5.7).
CaO SiO2 Al2O3 TFe2O3 MgO
39,6852 8,8877 0,8835 0,4782 0,1193
47,1193 12,865 1,2801 0,5834 0,1889
48,5126 10,5642 1,0184 0,576 0,1792
52,5239 3,1958 0,747 0,4513 0,2823
53,8753 1,5584 0,5975 0,2428 0,1913
51,2415 6,6145 0,6588 0,2076 0,6812
52,3069 3,4621 0,8249 0,6192 0,303
52,8599 3,1884 0,7316 0,3436 0,1917
54,1641 1,4945 0,371 0,2262 0,1737
54,1527 1,8563 0,4285 0,2069 0,1816
53,6794 1,926 0,558 0,3944 0,2001
54,0816 1,581 0,6149 0,2428 0,1892
53,8146 1,8369 0,5847 0,315 0,2031
54,1355 1,5652 0,6141 0,2409 0,1877
54,4467 0,9994 0,2351 0,0785 0,2696
54,5781 0,6805 0,1651 0,066 0,4077
53,2856 2,3325 0,5322 0,142 0,2651
52,4297 2,8603 0,8244 0,6886 0,2785
53,1253 2,5503 0,6592 0,5544 0,2896
53,0517 2,7232 0,7118 0,5784 0,2727
Diagrama das litofácies dos carbonatos
O diagrama das litofácies dos carbonatos, formado por três óxidos (CaO, MgO e
SiO2), permitiu determinar os tipos de fáceis das amostras analisadas. Os resultados da
projecção mostram que todas as amostras caem no campo dos carbonatos calcíticos, à
excepção de três: BC-02 que apresentam uma ligeira tendência quartzítica (Figura).
Como também pode ser constatado no diagrama de classificação, existe uma
tendência das componentes mineralógicas estarem no campo dos carbonatos calcíticos ,
exceptuando as três amostras BC-02 que apresentam uma tendência dolomítica.

Correlação dos elementos


maiores c om o
discriminante SiO2
A correlação dos elementos
maiores com o discriminante
SiO2 baseou-se nos dados
projectados nos gráficos
binários, onde se observam as
tendências vinculadas na
composição dos elementos
químicos (Figura diagrm de stra).
Na relação MgO/SiO2 observa-se, claramente, que quando se aumenta a
proporção de SiO2 observa-se uma tendência positiva para as amostras BC-02,
apresentando uma tendência negativa em quase todas as outras amostra.
O diagrama Al2O3/ SiO2 revela uma tendência positiva para a amostra BC-02, e
negativa para maioria das amostras
Na relação MgO/SiO2 observa-se, claramente, que quando se aumenta a
proporção de SiO2 observa-se uma tendência positiva para as amostras BC-2,
apresentando uma tendência negativa em quase todas as outras amostras.
A relação de SiO2 vs CaO/Al2O3 foi bastante útil para poder entender a relação
de influência dos alumínios existente sobre os carbonatos. De acordo a figura(), as
amostras BC-05 e as demais demostram uma tendência negativa enquanto que as
amostras BC-02 uma tendência positiva. O que implica dizer que houve uma grande
influência dos aluminos sobre as amostras BC-02.
AMOSTRAS DE POÇOS

POÇO N*01
Geoquímica dos elementos maiores
Quimicamente, os carbonatos estudados nesta zona apresentam teores elevados
em CaO, variando entre 12,73% e 52,22%; SiO2 de 3.87% a 45.89%; MgO de 0,31% a
2.01%; Al2O3 de 0,61% a 11.95%; Fe2O3 de 0,61% a 5,41%; P2O3 de 0,02% a 0,17%;
Na2O de 0,03% a 0,8%; K2O de 0,05% a 2,52%; SO3 de 0,02% a 2.71%; TiO2 de 0,09%
a 0,69%, com ocorrência do Cl de 0,001% a 0,04%.(Tabela 5.7).

S A F M P K
AMP S l2O e2O C Mn2O T 2O 2O N S C
LE IO2 3 3 aO gO 3 iO2 5 % a2O O3 L-
5
S 3 1 0 2,2 0 0 0 0 0 0 0 0
1 ,87 ,03 ,67 2 ,44 ,16 ,09 ,04 ,15 ,04 ,05 ,04
5 0
S 5 1 0 1,5 0 0 0 0 0 0 0 ,00
2 ,03 ,05 ,69 2 ,41 ,15 ,09 ,04 ,15 ,04 ,06 9
4 0
S 8 1 1 8,9 0 0 0 0 0 0 0 ,01
3 ,55 ,81 ,01 1 ,37 ,16 ,1 ,04 ,21 ,03 ,04 4
4
S 8 1 1 8,7 0 0 0 0 0 0 0 0
4 ,39 ,89 ,89 5 ,4 ,14 ,09 ,03 ,21 ,03 ,06 ,01
5 0
S 6 1 0 1,7 0 0 0 0 0 0 0 ,01
5 ,2 ,18 ,99 6 ,37 ,16 ,13 ,03 ,12 ,04 ,03 2
4 0
S 9 1 1 6,3 0 0 0 0 0 0 0 ,00
6 ,62 ,68 ,28 9 ,35 ,18 ,1 ,04 ,17 ,04 ,03 1
5 0
S 6 1 0 1,8 0 0 0 0 0 0 0 ,00
7 ,5 ,07 ,96 3 ,32 ,13 ,11 ,04 ,07 ,03 ,03 8
S 6 1 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0
8 ,11 ,06 ,99 0,7 ,31 ,14 ,1 ,04 ,07 ,03 ,02 ,01
3 2
5 0
S 7 0 0 0,5 0 0 0 0 0 0 0 ,00
9 ,71 ,61 ,66 3 ,32 ,13 ,09 ,03 ,05 ,04 ,03 3
1 4 0
S 1,8 1 2 7,0 0 0 0 0 0 0 0 ,01
10 9 ,85 ,35 4 ,33 ,16 ,09 ,03 ,32 ,03 ,1 3
4 1
S 5,8 1 5 2,7 2 0 0 0 2 0 2 0
11 9 1,95 ,41 3 ,01 ,1 ,69 ,14 ,52 ,8 ,71 ,02

O diagrama das litofácies dos carbonatos, formado por três óxidos (CaO, MgO e
Fe2O3), permitiu determinar os tipos de fáceis das amostras analisadas. Os resultados
da projecção mostram que todas as amostras caem no campo dos carbonatos calcíticos,
à excepção de uma: S11, que apresentam uma tendência dolomítica (Figura).

Correlação dos elementos maiores com o discriminante SiO2


POÇO N* 2

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