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FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Licenciatura em Geologia Aplicada

PROJECTO CIENTÍFICO

Avaliação da qualidade, maturidade térmica e do potencial gerador de hidrocarbonetos de


rochas fonte e os horizontes reservatórios de ocorrência de hidrocarbonetos atravessados pelo
Furo Nhachengue-1

Diagrama de COT Vs S2
Excelente
Muito Bom
10
Bom
S2 (mg HC/g Rocha)

Razoável

Pobre
1
Muito Bom

Excelente
Razoavel
Pobre
Bom

0,1
0 1 2 3 4 5 6 7
COT (%)

Autor:

Mauro Adriano Mazuze

Maputo, Setembro de 2021


FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Licenciatura em Geologia Aplicada

PROJECTO CIENTÍFICO

Avaliação da qualidade, maturidade térmica e do potencial gerador de hidrocarbonetos de


rochas fonte e os horizontes reservatórios de ocorrência de hidrocarbonetos atravessados pelo
Furo Nhachengue-1

Supervisor:

Prof. Doutor Mussa Achimo (UEM)

Co-supervisores:

Mestre Belarmino Massingue (UEM)

Mestre Nicolau José Mutambe (UEM)

Maputo, Setembro de 2021


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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

DEDICATÓRIA
Aos meus avós Francisco Correia Macandja e Atália Matilde Chavana (in memoriam), Elisa
Chirrame Mazuze (in memoriam) e aos meus Pais Adriano Francisco Mazuze e Maria Francisco
Correia.

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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradecer a Deus pelo dom da vida, saúde e por permitir que a realização deste
trabalho fosse possível.

Um forte e especial agradecimento aos meus pais, por toda a dedicação e auxílio que me
concederam desde a minha infância até a fase adulta. Tudo isto contribuiu para o meu crescimento
sociocultural e académico.

Aos meus familiares em especial aos meus irmãos Hélio Mazuze, Isidro Mazuze, Cláudio Mazuze,
Márcia Mazuze pelo carinho e conforto que me deram em todos os momentos da vida.

Aos meus Supervisores Prof. Doutor Mussa Achimo e ao Mestre Belarmino Massingue, pelos
conhecimentos transmitidos durante a minha formação, por terem aceitado o desafio de
desenvolver este PC e pela orientação que me deram durante a realização do trabalho.

Ao Departamento de Geologia que contribuiu de forma incansável através dos seus recursos
financeiros, científicos e humanos ao longo de toda minha formação e da realização deste trabalho.

Aos meus colegas e irmãos da academia do ano de 2014, em especial a Lélio Cunica, Kelvin Alves,
Sinai Benson, Frengue Chunguane, Telódio Nuvunga, Leopoldo Jamo, Yara Charles, Alfredo,
Langa Manuel, bem como dos outros anos em especial a Sílvia Xavier, Suzana Rafael Jonasse,
Neima Ferreira, Hermínio Carlos Langa, Salva Amanda Uamusse, Norcésio Francisco, Hélder Bia,
Avelino Muianga e a todos outros, pela sua amizade e conhecimentos partilhados que contribuíram
positivamente na minha formação.

Por fim, quero agradecer a todos os que, de forma directa ou indirecta contribuíram na minha
formação académica.

MUITO OBRIGADO

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DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Mauro Adriano Mazuze, declaro por minha honra que os resultados obtidos e apresentados
no presente Projecto Científico são da minha autoria, e que nunca tinha sido apresentado ou
submetido a uma outra instituição académica nacional ou estrangeira, e constitui fruto de minha
investigação, sendo que todas as bibliografias consultadas estão devidamente citadas e
referenciadas.

O Autor

____________________________________________________

(Mauro Adriano Mazuze)

Maputo, Setembro de 2021

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RESUMO
O presente projecto científico é baseado essencialmente em dados de Geoquímica Orgânica com
o intuito de fornecer uma compreensão qualitativa sobre as rochas fonte atravessadas pelo furo
Nhachengue-1, localizado na Bacia de Moçambique, e bem como em dados de diagrafias de furo
(logs) com o intuito de identificar os horizontes reservatórios de ocorrência de hidrocarbonetos do
período Paleogénico ao Cretácico. O conteúdo do Carbono Orgânico Total (COT) revelou-se
baixo, que é um indicador de um potencial de geração baixo. As Formações de Argilas de Domo
Inferior e de Maputo apresentaram valores de COT relativamente maiores relativamente às outras
formações, com valores de COT (médio de 1.10% e 0.75% respectivamente). Verifica-se o
domínio do querogênio Tipo III, precursor de Gás. As formações do Paleogénico, como é o caso
da Formação do Limpopo apresentam baixos valores de reflectância de vitrinite na ordem de (%Ro
~0.97%) e temperatura de (417.2°C), projectando-se na zona de gás húmido. As formações de
Argila de Domo Inferior e de Maputo exibem altos valores de Ro, com (valores médios entre
1.97% e 2.23%), classificando-as como supermaturas, propícias para a geração de gás condensado
e seco. De um modo geral, verifica-se uma tendência de aumento de Ro e Tmax com a
profundidade, onde há uma variação do estado maturo para o supermaturo. Nota-se uma baixa
correlação entre os dados de Ro e a Tmax, presumindo-se que esses sedimentos sofreram
maturação precoce e/ou incipiente ainda na fase da diagénese.

A partir da análise de logs, foram identificadas 12 zonas de interesse, que são formações areníticas
e permeáveis. Foram usados parâmetros como o GR <75 Gapi, mud cake do log CAL e o cross-
over negativo dos logs NPHI-RHOB. Neste furo, 11 zonas foram eliminadas (zona 1 à 8 e zona 10
à 12) para análise convencional quantitativa mais detalhada por apresentar baixos valores de
resistividade profunda lida no Log MLL (< 4 Ω.m), porosidade total ΦT ˂15%, volume de argila
(Vsh) maior que 30% e saturação em água (Sw) maior que 50%. A Zona 9 se destacou por causa
dos seus altos valores de resistividade (14,83 Ω.m), baixos valores de Vsh (19,45%), altos valores
de ΦT (23,10%) e baixos valores de Sw (49,64%). Apesar da zona 9, na escala do furo enquadrar-
se dentro da Formação de Argila de Domo (do Turoniano), acredita-se tratar-se de um horizonte
calcário encaixado na Formação argilosa de Domo.

Palavras-chave: Geoquímica orgânica; Logs/Diagrafias; Rochas fonte; Reservatórios.

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS


BS - Bit Size (tamanho da broca) MAE - Ministério da Administração Estatal

CAL - Caliper (variação diâmetro do furo) MOD – Matéria orgânica dispersa

COT - Carbono Orgânico Total NPHI - Porosidade Neutrão.

DNG - Direcção Nacional de Geologia PDD - Plano do Desenvolvimento do


Distrito
DT - Interval Transit Time (intervalo de
tempo da viagem da onda Sonora) PHIE_S - Porosidade Efectiva (sónica)

ECL - Exploration Consultant Limited PHIT_ND - Porosidade Total (densi-


neutronica)
ENH - Empresa Nacional de
Hidrocarbonetos RHOB - Densidade Global da Formação

EN1 - Estrada Nacional n° 1 Rmc – Resistividade do bolo de lama

E.q - Equação Rt - Resistividade verdadeira da formação


Ro - Reflectância da vitrinite
Ft - Feet, (Pés em português)
Rxo - Resistividade da zona invadida
GR - Gamma Ray (Raios Gama)
Rw - Resistividade da água presente na
Hc’s - Hidrocarbonetos rocha
IGR - Gamma Ray index (Indice de radiação Sh - Saturação em hidrocarbonetos
gama)
SP - Potencial Espontâneo
IH - Índice de Hidrogénio
Sw - Water Saturation (Saturação em água)
IO - Índice de Oxigénio
S2 - Potencial gerador
LAS - Log ASCII Standard
TCF - Trillion Cubic Feet (Trilhões de Pés
MLL - Microlaterolog Resistivity Cúbicos)
MINV - Micro-Inverse Tmax - Temperatura máxima
MNOR - Micro-Normal Φ - Porosidade
Ma - Milhões de anos Δt - Intervalo de tempo de uma
onda sonora

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ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA i
AGRADECIMENTOS ii
DECLARAÇÃO DE HONRA iii
RESUMO iv
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS v
ÍNDICE GERAL vi
ÍNDICE DE FIGURAS viii
LISTA DE TABELAS ix
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Localização do Furo Nhachengue-1 2
1.1.1. Clima 3
1.1.2. Hidrografia 3
1.1.3. Solos e Relevo 3
1.2. GENERALIDADES 3
1.2.1. Localização da Bacia de Moçambique 3
1.3. PRINCÍPIOS TEÓRICOS SOBRE O TEMA 5
1.3.1. CARACTERIZAÇÃO DA GEOQUÍMICA ORGÂNICA 5
1.3.1.1. Carbono orgânico total (COT) 5
1.3.1.2. Temperatura máxima (T.max.) 6
1.3.1.3. Índices de Hidrogénio (IH) e de Oxigénio (IO) 7
1.3.1.4. Reflectância da Vitrinite (Ro) 8
1.3.2. PETROFÍSICA 9
1.3.2.1. Diagrafia Caliper (CAL) 9
1.3.2.2. Diagrafia de Raios-Gama (GR) 10
1.3.2.3. Diagrafia de Potencial Espontâneo (SP) 12
1.3.2.4. Diagrafia de Resistividade (MINV, MNOR e MLL) 13
1.3.2.6. Diagrafia de Neutrão (Neutron log, NPHI) 17

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1.3.2.7. Diagrafia Sónica ou Acústica (DT) 18


1.3.3. DETRMINAÇÃO DE LITOLOGIAS USANDO DIAGRAFIAS DE RAIOS GAMA
(GR) E POTENCIAL ESPONTÂNEO (SP) 19
1.3.3.1. Cálculo da porosidade Total (ΦT) 22
1.3.3.2. Cálculo da porosidade efectiva (ϕe) 23
1.3.3.3. Cálculo da permeabilidade (K) 23
1.3.4. DETERMINAÇÃO DE SATURAÇÃO EM ÁGUA (Sw) USANDO AS DIAGRAFIAS
DE RESISTIVIDADE (MLL, MNOR e MINV). 25
1.3.4.1. Cálculo da Saturação em hidrocarbonetos (Sh) 26
1.3.4.2. Volume Global da Água (Bulk Volume Water - BVW) 26
1.3.4.3. Net-To-Gross (NTG) e Net Pay (NP) 27
1.3.4.4. Workflow usado para identificar as Zonas de interesse 28
1.3.4.5. Crossplots 28
1.3.5. SISTEMA DE PETRÓLEO 30
1.3.5.1. Rocha Fonte 31
1.3.5.2. Rocha reservatório 31
1.3.5.3. Rocha Selante 31
1.3.5.4. Overburden/Material de Soterramento 31
1.3.5.5. Formação de Armadilhas 32
1.3.5.6. Migração 32
1.3.5.7. Acumulação 32
1.4. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA DE MOÇAMBIQUE OU GEOLOGIA
REGIONAL 32
1.5. ESTRATIGRAFIA DO FURO NHACHENGUE-1 35
1.6. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E RELEVÂNCIA DO PROJECTO 37
1.6.1. Apresentação do Problema 37
1.6.2. Relevância do Projecto 38
2. OBJECTIVOS 39
2.1. Objectivo geral 39
2.2. Objectivos específicos 39

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3. METODOLOGIA 39
3.1. Pesquisa Bibliográfica 40
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 41
4.1. Avaliação do Potencial gerador de rochas fonte 41
4.1.1. Avaliação do conteúdo orgânico total (COT) e do potencial gerador (S2) 41
4.1.2. Avaliação dos tipos de querogênio (IO e IH) 42
4.1.3. Avaliação do grau de maturação termal da rocha fonte (Ro e Tmax) 43
4.2. INTERPRETAÇÃO DE DIAGRAFIAS DE FURO (LOGS) E IDENTIFICAÇÃO DE
ZONAS DE INTERESSE ATRAVESSADAS PELO FURO NHACHENGUE-1 45
4.3. Cálculo e análise de parâmetros Petrofísicos 46
4.4. Determinação de Net-Resevoir e Net-Pay 50
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 52
5.1. Conclusões 52
5.2. Recomendações 52
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53
6.1. Websites 55
7. ANEXOS 56

ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa de Localização do Furo Nhachengue-1 (Fonte: Autor através do ArcGis 10.3) ................. 2
Figura 2: Mapa mostrando as 6 bacias de Moçambique (Fonte: adaptado de Mussa, et al. 2018) ............... 4
Figura 3:Diagrama de Van Krevelen (Fonte: adaptado de Peters & Cassa, 1994)........................................ 7
Figura 4: Comportamento do Log Caliper em diferentes formações rochosas. (Fonte: adaptado de Schön,
J., 2015)....................................................................................................................................................... 10
Figura 5: Log GR para litologias mais comuns. (Fonte: http://geoando.blogspot.co.za) ........................... 12
Figura 6: Representação esquemática do comportamento do SP: (a) Origem do SP como resultado da
interacção electroquímica de formação e lama de perfuração filtrada; (b) Exemplo de respostas de SP em
secção de Areia-argila na subsuperfície (Fonte: Schon, 2015 citado por Timane, 2017) ........................... 13
Figura 7: Log de resistividade típicos de diversas formações geológicas, onde as zonas que contem Hc’s
apresentam separação das curvas de resistividade. (Fonte: Rider, 1996) ................................................... 14
Figura 8: Respostas típicas do log de densidade global aparentem (RHOB) para as litologias mais comuns
(Fonte: Rider, 1996). ................................................................................................................................... 16

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Figura 9: Respostas típicas do log de Porosidade Neutrão (NHPI) param as litologias mais comuns
(Fonte: Rider, 1996). ................................................................................................................................... 18
Figura 10: Intervalos de tempos de trânsito e velocidades de propagação de ondas acústicas em diferentes
materiais geológicos (Fonte Rider, 1996). .................................................................................................. 19
Figura 11: Princípio de derivação do índice de radiação gama. (Fonte: adaptado de Schön, 2015)........... 20
Figura 12: Abaco usado para estimar valores de Vshale corrigidos. Relação entre o índice de radiação
gama (IGR e Volume das argilas (Vshale). Fonte: Asquith, G., and D. Krygowski, 2004 citado por
Francisco, 2018).......................................................................................................................................... 21
Figura 13: Cálculo do volume de argilosidade (Vshale) pelo método de Larinov (1969). (Fonte: Autor
através da Plataforma Schlumberger Techlog 2015.3................................................................................. 22
Figura 14: Representação esquemática mostrando a definição de NGT, NT, e NP (Fonte: Extraída de
Schon, 2015 citado por Langa 2020). ......................................................................................................... 27
Figura 15: Porosidade e litologia determinada com recurso ao Crossplot NPHI/RHOB. (Fonte:
Halliburton, 1994 citado por Borba, 2014). ................................................................................................ 30
Figura 16: Elementos e processos do sistema de petróleo. (Fonte: Magoon e Beaumont, 1999). .............. 31
Figura 17: Sequência litoestratigráfica generalizada da Bacia de Moçambique (ECL e ENH, 2000) ........ 33
Figura 18: Coluna estratigráfica do Furo Nhachengue-1. (Fonte: adaptado de Aquitaine, 1970) .............. 36
Figura 19: Fluxograma seguido para a elaboração do projecto científico (PC). ......................................... 40
Figura 20: Teor de carbono orgânico (COT) vs. Potencial gerador (S2) do furo Nhachengue-1 (Fonte:
Autor, baseado na classificação de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014) ...................................................... 42
Figura 21: Diagrama de Van Krevelen modificado mostrando a distribuição dos valores dos índices de
hidrogénio e de oxigénio discriminando os tipos de querogênio das formações atravessadas pelo furo
Nhachengue-1. (Fonte: Autor, baseado na classificação de Peters & Cassa, 1994) ................................... 43
Figura 22: Reflectância da Vitrinite (%Ro) Vs Tmax mostrando os níveis de maturação. (Fonte: Autor,
baseado na classificação de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014). ................................................................ 45
Figura 23: Zona de interesse 9 mostra horizonte de Arenito principal encaixado entre calcário saturado de
água acima e alternância de stringers de argilito, calcário saturado de água e argilito abaixo. Um segundo
horizonte de arenito é indicado na parte superior do crossplot (Furo Nhachengue-1). .............................. 49
Figura 24: Crossplot de RHOB-NHPI mostrando a composição litológica da Zona de interesse 9. .......... 50

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Avaliação da qualidade da Rocha fonte quanto a %COT. (Fonte: adaptado de Peters, & Cassa,
1994) ............................................................................................................................................................. 5
Tabela 2: Critérios utilizados param a qualificação da riqueza orgânica e do potencial gerador de uma
rocha. (Fonte: adaptado de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014) .................................................................... 6
Tabela 3: Grau da maturação da matéria orgânica. Correlação entre Temperatura (Tmax) e Reflectância
da vitrinite (Ro). (Fonte: adaptado de Peter e Cassa, 1994).......................................................................... 9
Tabela 4: Grau de radioactividade de algumas rochas. (Fonte: Adaptado de Craveiro, 2013). .................. 11
Tabela 5: Densidades encontradas nas litologias mais comuns. (Fonte: Rider, 2000 citado por Craveiro
2013). .......................................................................................................................................................... 16

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Tabela 6: Formulas para o cálculo do Vshale desenvolvidas por vários Petrofísicos. (Adaptado de Saputra,
2008 citado por Timane, 2018) ................................................................................................................... 21
Tabela 7: Avaliação qualitativa dos reservatórios em função da porosidade. (Fonte: Adaptado de Rider,
2002 citado por Langa, 2020) ..................................................................................................................... 23
Tabela 8: Avaliação qualitativa dos reservatórios em função da permeabilidade. (Fonte: Adaptado de
Rider, 2002 citado por Langa, 2020) .......................................................................................................... 24
Tabela 9: Resumo da estratigrafia da Bacia de Moçambique. (Fonte: ECL, 2000) .................................... 33
Tabela 10: Valores médios de COT (%) e Potencial gerador S2 (mg HC/g Rocha) das amostras do furo
Nhachengue-1. (Fonte: Autor, baseado na classificação de D. Atta-Peters, P. Garrey, 2014) ................... 41
Tabela 11: Valores médios de Reflectância de vitrinite %Ro (%) e Potencial gerador S2 (mg HC/g Rocha)
das amostras do furo Nhachengue-1. (Fonte: Autor, baseado na classificação de em Peter e Cassa, 1994).
.................................................................................................................................................................... 44
Tabela 12: Zonas de interesse identificadas no Furo Nhachengue-1 através de parâmetros estatísticos da
resistividade de penetração profunda (MLL). ............................................................................................. 46
Tabela 13:Zonas de interesse identificadas no Furo Nhachengue-1 com recurso ao cutt-off da porosidade
Total (ΦT) ≥ 15%. (Fonte: Autor). .............................................................................................................. 47
Tabela 14: Zonas de reservatório identificadas no Furo Nhachengue-1 discriminadas com recurso ao
critério de cutt-off deVsh ≤30% e Sw≤50%. (Fonte: Autor, baseado na classificação de Crain, 2020). .... 47
Tabela 15: Resumo de parâmetros petrofisícos médios calculados para az zonas de interesse do Furo
Nhachengue-1. ............................................................................................................................................ 51

LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1: Gráfico de dispersão de S2 Vs COT mostrando uma correlação positiva ............................... 57
ANEXO 2: Gráfico de dispersão de Tmax Vs Rvit mostrando uma correlação positiva ........................... 57
ANEXO 3: Valores médios de IO e IH....................................................................................................... 58
ANEXO 4: Tabela de parâmetros de Geoquímica orgânica ....................................................................... 58
ANEXO 5: ANEXO 5: Correlação entre COT da formação de Argila do Domo Inferior e parâmetros
petrofísicos .................................................................................................................................................. 62
ANEXO 6: Identificação do tipo de fluido presente nos reservatórios da Zona 9 com recurso a Vp/Vs
ratio e Poisson Ratio. .................................................................................................................................. 63

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1. INTRODUÇÃO
Na margem continental Moçambicana existem duas grandes bacias que são as bacias de
Moçambique e do Rovuma. Nestas bacias foram efectuados vários trabalhos de pesquisa de
hidrocarbonetos, incluindo furos, sísmica e logs. No presente trabalho será efectuada uma
revisão bibliográfica do furo Nhachengue-1 localizado na bacia de Moçambique.

A Bacia sedimentar de Moçambique foi formada como resultado da separação entre África e
Antárctica durante os estágios iniciais da fragmentação do Gondwana que começou no
Jurássico Médio até Jurássico Superior (Kônig e Jokat, 2010 citado por Faroc, 2017).

A bacia de Moçambique é a maior bacia sedimentar em Moçambique com cerca de 5000 metros
de profundidade e cobre uma área de aproximadamente 500.000 km2, e ocupa ambas partes
centrais e sul da planície costeira de Moçambique, estendendo-se para a plataforma continental.
É nesta bacia onde se encontra a província de Inhambane, com pacotes sedimentares de origem
costeiro, deltáico e marinho, de idades entre Cretácico e Cenozóico, é considerada uma das
mais prospectivas em hidrocarbonetos, em Moçambique. O campo de gás natural de Pande-
Temane, com reservas estimadas na ordem de 4.5 TCF, está em produção pela companhia sul
africana, a SASOL.

O presente trabalho propõe-se a fazer uma caracterização da matéria orgânica dispersa em


rochas sedimentares, potenciais rochas fonte atravessadas pelo Furo Nhachengue-1, perfuradas
e amostradas pela empresa GULF OIL CO. (1970), na área centro-leste, do Posto
Administrativo de Chicomo, Distrito de Massinga, Província de Inhambane.

O estudo baseia-se exclusivamente em dados geoquímicos e de diagrafias de furo contidos no


relatório de furo, e bem como, com recurso a literatura.

Os dados geoquímicos contidos no relatório do furo Nhachengue-1 incluem a percentagem de


Carbono Orgânico Total (COT), Reflectância da vitrinite (%Ro) e os seguintes parâmetros da
pirólise rock-eval: Tmax (Temperatura máxima), S2 e os Índices de Hidrogénio (IH) e de
Oxigénio (IO). Esses dados serão usados com o intuito de identificar e qualificar as rochas
fonte/geradoras, determinar o potencial gerador, o tipo de hidrocarboneto gerado e determinar
grau de maturação térmica da matéria orgânica nas rochas geradoras.

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Os logs de furo serão usados com o intuito de mapear as zonas de interesse ao longo do furo,
determinação das litologias das formações atravessadas pelo furo e para o cálculo de
propriedades petrofísicas relevantes, como a porosidade (Φ), saturação em água (Sw),
permeabilidade (k), volume de argilas (Vshale) bem como para o cálculo do Net Reservoir (NR)
e Netpay (NP).

1.1.Localização do Furo Nhachengue-1


O local de perfuração do furo Nhachengue-1 encontra-se situado na aldeia de Nhachengue,
Posto administrativo de Chicomo, Distrito de Massinga, Província de Inhambane (Figura 1).

A aldeia de Nhachengue é atravessada pela Estrada Nacional (EN1),que liga o Norte do Distrito
de Massinga com o Distrito de Vilânculo, e a Sul com Morrumbene.

Figura 1: Mapa de Localização do Furo Nhachengue-1 (Fonte: Autor através do ArcGis 10.3)

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1.1.1. Clima
O clima do Distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco no interior, e húmido à
medida que se caminha para a costa, com duas estações do ano: A quente e chuvosa que vai
de Outubro a Março e a fresca e seca, de Abril a Setembro. O Distrito apresenta temperaturas
médias anuais que variam entre 18-30º C, com uma precipitação média anual na época
chuvosa de 1200 mm, com maior incidência nos meses de Fevereiro e Março, em que
chegam a ocorrer inundações (PDD IV, 2017-2026).

1.1.2. Hidrografia
Segundo PDD IV (2017-2026), o Distrito de Massinga é banhado pelo Oceano Índico numa
extensão de 83 Km, e possui 13 rios, nomeadamente Mahocha, Malova, Chicamba, Rio das
pedras, Chilubziane, Tevele, Chipongo, Manhenge, Hanhane, Chiguelane, Senguele,
Chibanhane e Murie, e 11 Lagoas que são: Magumbe, Cofi, Malovecua, Paindane, Tshukuri,
Nhaphofo, Xiruku, Nhambzane, Txitsumanine, Queme e Nhansatane.

1.1.3. Solos e Relevo


O Distrito apresenta duas regiões agro-ecológicas: (i) a zona do interior, com solos franco-
arenosos e areno-argilosos e (ii) a zona do litoral com solos acidentados e permeáveis
(arenosos), é favorável para a agricultura e pecuária (PDD IV, 2017-2026).

Segundo o mesmo autor, o Distrito de Massinga é marcadamente caracterizado por planícies


no interior e com ocorrência de pequenas elevações do tipo dunas que variam de 100 a 200
metros ao longo da Costa.

1.2. GENERALIDADES

1.2.1. Localização da Bacia de Moçambique


A Bacia de Moçambique é uma das grandes depressões ao longo da margem continental leste
de África, com cerca de 5000 metros de profundidade e, cobrindo uma área de
aproximadamente 500.000 km2, dos quais 275.000 km2 em onshore1e 225.000 km2 em

1
Onshore - é um termo utilizado para identificar toda a produção e serviços prestados em terra na indústria
petrolífera (Fonte: https://portogente.com.br/portopedia/84523-onshore).

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offshore2. Em onshore, a Bacia costeira de Moçambique ocupa a planície costeira central e sul
de Moçambique (Figura 2).

Figura 2: Mapa mostrando as 6 bacias de Moçambique (Fonte: adaptado de Mussa, et al. 2018)

2
Offshore - Palavra é de origem inglesa que, em português, significa “afastado da costa”, o que significa na
água (Fonte: https://www.significadosbr.com.br/offshore).

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1.3.PRINCÍPIOS TEÓRICOS SOBRE O TEMA

1.3.1. CARACTERIZAÇÃO DA GEOQUÍMICA ORGÂNICA


A geoquímica orgânica consiste em uma série de etapas, como quantificação do conteúdo
orgânico, avaliação do potencial gerador de hidrocarbonetos, identificação do tipo de
querogênio presente na matéria orgânica, do tipo de fluido gerado e do grau de maturação
termal atingida. Os resultados da Geoquímica orgânica são importantes para caracterizar
qualitativamente a rocha fonte em termos de quantidade e qualidade de COT e classificação de
potencial rocha fonte quanto ao seu potencial gerador de hidrocarbonetos.

1.3.1.1.Carbono orgânico total (COT)


A quantidade de matéria orgânica é medida através do teor de carbono orgânico total (COT),
sendo este o primeiro parâmetro usado para avaliar um sedimento como sendo de uma rocha
fonte é ou não potencial rocha geradora de hidrocarbonetos.

O valor de COT é afectado pelas transformações que a matéria orgânica é sujeita com o avanço
do soterramento e do grau de maturação, diminuindo progressivamente ao longo da evolução
dos processos de metagênese e catagênese (Tissot &Welte, 1984 citado por Ribeiro, 2011).

De um modo geral, o valor mínimo aceitável para que uma rocha seja classificada como uma
potencial rocha fonte geradora de hidrocarbonetos, quanto ao teor de COT (% massa) é de 0.5%
para rochas siliciclastica (Argilito xistoso e siltito) e de 0.2% para rochas calcárias (Tabela 1).

Tabela 1: Avaliação da qualidade da Rocha fonte quanto a %COT. (Fonte: adaptado de Peters, & Cassa, 1994)

Potencial Gerador da Rocha COT em rochas Siliclasticas COT em rochas Carbonatadas (%


(% peso) peso)

Pobre 0 - 0.5 0.0 - 0.20


Razoável 0.5 – 1 0.20 - 0.50
Bom 1–2 0.50 - 1.0
Muito bom 2–4 1.0 - 2.0
Excelente ˃4 ˃2.0

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Pirólise Rock-Eval

Pirólise Rock-Eval é uma reacção de decomposição que ocorre pela acção de altas
temperaturas. A técnica de pirólise consiste na simulação, em laboratório, do processo natural
de maturação da matéria orgânica. Esse processo envolve temperaturas experimentais
consideravelmente superiores àquelas normalmente registadas na superfície ou subsuperfície,
possibilitando que as reacções termoquímicas ocorram em curto espaço de tempo. O
equipamento geralmente utilizado é o Rock-Eval, nele são inseridas pequenas quantidades de
amostras de rocha em ambiente inerte (para evitar combustão da matéria orgânica), a
temperaturas de 300 °C a 600 °C por aproximadamente 25 minutos. A temperatura aumenta
gradualmente durante a análise, neste processo são liberados sucessivamente três porções de
gases, registados por um pirograma através de picos S1, S2 e S3. O pico S2 regista-se sob
temperaturas de 300 °C a 600 °C, onde ocorre a degradação do querogênio e a geração de
hidrocarbonetos. O pico S2 é expresso em mg HC/g rocha e constituem o potencial gerador da
amostra analisada (Tabela 2), (Ribeiro, 2011).

Tabela 2: Critérios utilizados param a qualificação da riqueza orgânica e do potencial gerador de uma rocha.
(Fonte: adaptado de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014)

Teor de COT (%) S2 (mgHC/gRocha) Classificação

0 - 0.5 0 – 2.5 Pobre


0.5 – 1 2.5 – 5 Razoável
1–2 5 – 10 Bom
2–4 10 – 20 Muito Bom
>4 >20 Excelente

1.3.1.2.Temperatura máxima (T.max.)


Segundo Lisboa (2006) O T.max corresponde a temperatura de pirólise (em ᵒC) em que ocorre
o máximo de geração de hidrocarbonetos pelo craqueamento do querogênio, que reflecte o grau
de evolução térmica da matéria orgânica, sendo usada como parâmetro de maturação.

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1.3.1.3.Índices de Hidrogénio (IH) e de Oxigénio (IO)


A partir dos índices de Hidrogénio (IH) e de Oxigénio (IO) obtém-se a interacção entre a
natureza da matéria orgânica e o seu grau de preservação. De modo geral, a matéria orgânica
de origem terrestre é pobre em hidrogénio e rica em oxigénio, enquanto a matéria orgânica de
origem algáica é rica em hidrogénio. Quando submetidas a condições oxidantes durante ou
logo após a deposição, a biomassa pode ser alterada, empobrecendo a matéria orgânica em
hidrogénio (Ribeiro, 2011).

Os três tipos básicos de querogênio podem ser identificados em diagramas discriminantes Van
Krevelen entre os dados de IH e IO (Figura 3).

Querogênio tipo I - é rico em hidrogénio e pobre em oxigénio, com potencial para geração de
óleo, proveniente principalmente de matéria orgânica algal lacustre e seus equivalentes
marinhos e da matéria orgânica enriquecida de lipídios por acção microbiana;

Querogênio tipo II- derivados predominantemente da biomassa marinha. O potencial para a


formação de óleo e gás e baixo comparado com o tipo I;

Querogênio tipo III – apresenta baixo teor de hidrogénio (baixa razão H/C) e alta razão O/C
maior do que nos outros tipos de querogênio, derivados essencialmente de vegetais
continentais, onde o potencial para a geração de óleo é insignificante, mas ainda pode gerar
gás.

Figura 3:Diagrama de Van Krevelen (Fonte: adaptado de Peters & Cassa, 1994)

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1.3.1.4.Reflectância da Vitrinite (Ro)


A matéria orgânica contida nos sedimentos sofre modificações durante o soterramento, sob
influência da pressão e da temperatura. Este processo denomina-se maturação, e consiste na
transformação química ou da estrutura da matéria orgânica, reflectindo-se em variações
detectáveis pelos equipamentos ópticos (Arai, 1984 citado por Ribeiro, 2011).

A maturação é um processo lento e contínuo, controlado por um número de variáveis tais como:
contexto tectónico, condições de subsidência e a história térmica da bacia. Após o
soterramento, a matéria orgânica dispersa (MOD) sofre inúmeras mudanças, inicialmente
causadas pela actividade biológica (microbiana) (Tissot & Welte, 1984 citado por Jonasse,
2020) e, posteriormente, por processos termodinâmicos associados à subsidência da bacia,
nomeadamente, o aumento da temperatura e de pressão com a profundidade e, finalmente, do
tempo de duração da actuação desses processos. Deste modo, a MOD sofre diversas alterações
com o aumento da profundidade e pressão, transformando-a, progressivamente, em
querogênio, betume, petróleo e gás natural. Esta evolução térmica reflecte as alterações
progressivas na estrutura da matéria orgânica devido ao aumento da temperatura, propiciando
a sua maturação. (Tissot &Welte, 1984 citado por Jonasse, 2020).

Segundo o mesmo autor, o conjunto de processos após a deposição do sedimento e associados


à maturação térmica da MOD está dividido em três estágios, designadamente: Diagénese,
Catagénese e Metagénese.
A reflectância é verificada em partículas de vitrinite, constituídas de lignocelulose de vegetais
terrestres, pois são as únicas partículas orgânicas que apresentam resposta proporcional à
maturação. Os resultados são expressos em % de Ro (Tabela 3) que segundo o grau de
maturação permite estabelecer a seguinte relação:

 Ro <0,6% (zona imatura) - correspondente à diagénese, sofreu apenas modificações


biológicas e química, sem grande influência da temperatura, forma-se o metano (CH4)
biogénico;
 Ro entre 0,6 e 1,35% (zona matura) – correspondente à catagénese, na qual ocorre
uma grande degradação térmica do querogênio, equivalendo à “janela” de geração de
hidrocarbonetos líquidos (petróleo);
 A partir de 1,35% de Ro, inicia-se a geração de gás (supermatura) – corresponde a
metagénese, onde a matéria orgânica é afectada por altas temperaturas, reduzindo a sua
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capacidade de geração de hidrocarbonetos líquidos, mas é a fase por excelência da


geração dos hidrocarbonetos gasosos (CH4).

A maturidade termal é controlada por factores tais como o tipo de rocha fonte de matéria
orgânica, conteúdo da matéria mineral, a profundidade de soterramento e a idade.

Tabela 3: Grau da maturação da matéria orgânica. Correlação entre Temperatura (Tmax) e Reflectância da vitrinite
(Ro). (Fonte: adaptado de Peter e Cassa, 1994).

Grau de Maturação dos Hc's Ro (%) Tmax (ºC)

Imaturo (metano biogénico) 0.2 - 0.6 ˂435


Maturo inicial (inicio da geração de petróleo) 0.6 - 0.65 435 – 445
Maturo Principal (Pico de geração de petróleo) 0.65 - 0.9 445 – 450
Maturo Final ou Regressiva (gás húmido) 0.9 - 1.35 450 – 470
Supermaturo (gás seco) ˃1.35 ˃470

1.3.2. PETROFÍSICA
Segundo Borba (2014), Petrofísica é o estudo das propriedades físicas da rocha, realizado com
medidas directas e indirectas. Tem aplicação na estimativa da capacidade de armazenamento e
da qualidade dos reservatórios. Os parâmetros Petrofísicos mais importantes determinados a
partir dos logs (diagrafias de furo) são: porosidade, permeabilidade a saturação em fluidos
(água e/ou hidrocarbonetos).

1.3.2.1.Diagrafia Caliper (CAL)


Caliper é um log que mede a variação do diâmetro do furo, medida geralmente em polegadas
(inch na língua inglesa, com o símbolo”) ou em outra unidade, em relação a profundidade. O
Log Caliper pode ser usado para indicar diferentes litologias das formações perfuradas e a
posição de formações porosas e permeáveis (Bassiouni, 1994; Schon, 2015; Rider, 1996; Serra,
1984 citados por Timane, 2017).

De acordo com o mesmo autor, durante a perfuração, as formações rochosas frágeis tais como
argilitos podem colapsar para o fundo do furo, tomando o diâmetro do furo superior do que o

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tamanho da broca de perfuração (bit size). Quando a formação permeável é perfurada, o líquido
da lama de perfuração invade a formação adentro, deixando para trás a componente sólida da
lama de perfuração que adere as paredes desta formação, num processo de filtração, em forma
de bola de lama (mud cake). O desenvolvimento de mud cake ao longo da parede da formação
permeável perfurada, induz o Caliper a ler valores de diâmetros inferiores do que o diâmetro
da broca de perfuração (Figura 4). Em formações calcarias, o Log Caliper pode ser usado para
mapear caves nas formações perfuradas.

Figura 4: Comportamento do Log Caliper em diferentes formações rochosas. (Fonte: adaptado de Schön, J., 2015)

1.3.2.2.Diagrafia de Raios-Gama (GR)

Este log analisa a radioactividade natural total emitida pelos minerais que compõem as
formações. A radioactividade relaciona-se com a presença de isótopos radioactivos emissores
de raios gama que são o Potássio (K), Tório (Th) e Urânio (U). O Potássio (K40) é encontrado
em minerais de argilas, K-feldspatos, micas e evaporitos. O Urânio (U238) devido a sua
solubilidade encontra-se em oceanos, rios e lago, é também encontrado em minerais primários

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como zircão e na matéria orgânica. O Tório (Th232) além de ser bom indicador da presença de
argilas é encontrado em minerais pesados.

As areias puramente quartzosas não são radioactivas e não emitem nenhuma radioactividade.
Pelo contrário, as argilas e areias mineralizadas emitem dozes de radioactividade significativas
e suficientemente sensíveis e detectáveis em sondas de medição GR (Tabela 4, Figura 5).

Tabela 4: Grau de radioactividade de algumas rochas. (Fonte: Adaptado de Craveiro, 2013).

Rocha Log GR

Argilitos, folhelhos e sais de potássio Elevado

Rochas do embasamento (granitos e Elevado (presença de potássio)


gnaisses)

Arenitos, calcário e sal (halita) Baixo

Alguns arenitos e conglomerados Elevado (quando apresentam feldspato potássico em


sua composição)

Recomenda-se o uso simultâneo dos Log GR e SP, nos casos em que as leituras feitas por estes
dois instrumentos se contradizem, como por exemplo, leituras altas de GR em areias limpas
podem ser erradamente interpretadas como sendo argilas pelo seu teor elevado de minerais
pesados radioactivos (Craveiro, 2013; Stevanato, 2011 citado por Timane, 2017).

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Figura 5: Log GR para litologias mais comuns. (Fonte: http://geoando.blogspot.co.za)

1.3.2.3.Diagrafia de Potencial Espontâneo (SP)

Os logs de Potencial espontâneo medem a diferença de potencial eléctrico (em miliVolts) entre
um eléctrodo que se encontra no interior do furo, e um outro que se encontra na superfície
(Bassiouni, 1994 citado por Timane, 2017). O SP medido ao longo do furo provém da
electrocinética e electroquímica, esta ultima contribui mais nos valores de SP medidos
(Craveiro, 2013; Schon, 2015 citados por Michaque, 2017). O SP resulta de um processo de
troca de cargas conduzido pela diferença em salinidade entre a água de formação (Cw) e o
filtrado de lama (Cmf). O potencial electroquímico consiste em potenciais de difusão (ED) e de
membrana (EM) (Figura 6).

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Figura 6: Representação esquemática do comportamento do SP: (a) Origem do SP como resultado da interacção
electroquímica de formação e lama de perfuração filtrada; (b) Exemplo de respostas de SP em secção de Areia-
argila na subsuperfície (Fonte: Schon, 2015 citado por Timane, 2017)

A diferença na concentração (em muitos casos Cw>Cmf) resulta em movimento controlado de


propriedades electroquímicas de: (1) arenito permeável criando um potencial de difusão
negativa (ED), como resultado de alta mobilidade de iões de Sódio positivos (Na+), e (2) argilito
não-permeável criando um potencial de membrana positivo (EM), como resultado do bloqueio
aniónico de minerais de argila (Schon, 2015 citado por Timane, 2017). A avaliação do Log SP
é sobre os seus desvios em relação a linha de base de argilito (shale base line); a amplitude do
desvio SP, conhecido como static spantaneous potencial (SSP).

Segundo Borba, (2014), a presença de óleo ou gás interfere pouco no perfil SP. Normalmente
ocorre uma atenuação da deflexão para a esquerda.

A diagrafia SP, também é utilizada também na determinação da resistividade da água (Rw)


presente nas formações e na determinação do volume da fracção argila (argilosidade ou
Vshale).

1.3.2.4.Diagrafia de Resistividade (MINV, MNOR e MLL)

Os logs de resistividade medem as resistividades das formações, isto é, medem a resistência à


passagem do fluxo da corrente eléctrica. A medição da resistividade da formação é um dos
métodos introdutórios de identificação do fluido no reservatório e no cálculo de saturação de
água, Sw (Archie, 1992 citado por Francisco, 2018). A resistividade da corrente em uma região

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homogénea do furo é obtida a partir da diferença de potencial entre os eléctrodos. Para medir
resistividade das formações geológicas são usados diferentes arranjos de eléctrodos para gerar
informações sobre diferentes zonas ao redor do furo. Dispositivos comutadores permitem a
conexão de diferentes conjuntos de eléctrodos, de modo que vários tipos de logs de
resistividade possam ser medidos durante uma única passagem de sonda. Para evitar o efeito
da lama de perfuração nos valores de resistividade medidos, pelo menos dois instrumentos de
medição de resistividades são usados, sendo um para medir a resistividade na zona invadida
pela lama (MINV ou resistividade rasa) e, outro, para medir a resistividade real da formação
na zona distante da zona de invasão da lama de perfuração (MLL ou resistividade profunda).

Os hidrocarbonetos são maus condutores e causam o aumento na resistividade medida na rocha.


Se os poros forem preenchidos por água, a resistividade será menor. Os valores de resistividade
também dependem da litologia e da granulometria (Figura 7).Com os valores da resistividade
pode-se descriminar zonas de hidrocarboneto ou de água e indicar as zonas permeáveis (Schön,
2015 citado por Francisco, 2018).

Figura 7: Log de resistividade típicos de diversas formações geológicas, onde as zonas que contem Hc’s
apresentam separação das curvas de resistividade. (Fonte: Rider, 1996)

Quando as camadas que o furo atravessa, apresentam uma espessura fina e com estruturas, são
requeridas ferramentas de leituras muito rasas (shallow reading) para obter melhor resolução

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das camadas. Mudanças na microestrutura da formação (textura) são mais bem vistas em
ferramentas que medem a zona invadida (invaded zone). A base de dados deste PC consta os
logs de Microresistividade que são os logs MINV, MNOR e MLL. São logs utilizados
qualitativamente por sua capacidade de detectar intervalos permeáveis, com uma resolução
vertical fina. O log MINV (Micro-Inverse) é o log que mede a resistividade do “bolo de lama”
(mud cake, Rmc), com uma profundidade de investigação rasa/baixa. O log MNOR (Micro-
Normal) é o log que com uma profundidade de investigação profunda/maior que a MINV.
Consequentemente, quando MNOR> MINV é considerada separação positiva e indicativo de
zona permeável (arenitos e carbonatos). O Microlaterolog (MLL), que mede a resistividade da
zona não invadida.

1.3.2.5.Diagrafia de Densidade Global Aparente (Bulk Density, RHOB)

Este log mede a densidade da formação, a partir da emissão de raios gama de uma fonte de
Césio-137 da ferramenta em direcção à formação. Os raios gama emitidos interagem com a
formação por um processo denominado Efeito Compton, no qual os raios gama perdem energia
quando colidem com um electrão. A quantidade de raios gama que retornam ao detector da
ferramenta é inversamente proporcional à quantidade de electrões (também chamada de
densidade electrónica) da formação, que tem relação com a densidade da mesma (bulk density).
Baixas contagens de GR pela ferramenta indicam alta densidade electrónica (eletronic bulk
density) e baixa porosidade. Como a densidade tem relação com a porosidade, a principal
utilização do perfil densidade é na determinação da porosidade. O fluido de perfuração
influencia na leitura da ferramenta. Por isso, o perfil perde confiabilidade em trechos onde o
poço se encontra arrombado. A partir do caliper e das informações da lama de perfuração, é
possível efectuar uma correcção, chamada DRHO, que é um valor de densidade somado à
densidade lida na formação. O DRHO é apresentado sob a forma de uma curva, e valores
elevados podem ser associados a trechos mais irregulares do poço (Borba, 2014). Segundo o
mesmo autor, a escala da diagrafia é normalmente linear, variando de 2,0 a 3,0 g/cm3 (Figura
8). Para cada decréscimo de 0,05 g/ g/cm3, a porosidade aumenta em 3%. Normalmente usa-
se um corte (cutoff) de 9% de porosidade, na forma de uma recta no Log.

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Figura 8: Respostas típicas do log de densidade global aparentem (RHOB) para as litologias mais comuns (Fonte:
Rider, 1996).

Os valores lidos pelo log também dependem da matriz (Tabela 5), e do fluido que preenche os
poros (composição da rocha). Já que a quantidade de radiação gama dependerá da abundância
de electrões presentes, que por sua vez, é função da densidade de formação (Rider
1996;Asquith e Krygowski, 2003 citado por Francisco, 2018). Esta diagrafia, também permite
a identificação de litologias e fluidos, principalmente em conjunto com a diagrafia neutrão, o
reconhecimento de minerais acessórios e a identificação de zonas de excesso de pressões.

Tabela 5: Densidades encontradas nas litologias mais comuns. (Fonte: Rider, 2000 citado por Craveiro 2013).

Litologia Densidades (g/cm3) Densidade da Matriz (g/cm3)

Argilas/folhelho 1.8-2.75 Varia (media: 2.65-2.7)

Arenitos 1.9-2.65 2.65

Calcários 2.2-2.65 2.71

Dolomites 2.3-2.87 2.87

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1.3.2.6.Diagrafia de Neutrão (Neutron log, NPHI)

As diagrafias de neutrão medem a reacção da formação rochosa a uma emissão de elevadas


velocidades de neutrões contra a mesma (Craveiro, 2013). Uma fonte radioactiva acoplada a
uma sonda bombardeia a formação com neutrões a altas velocidades. Esses neutrões colidem
com os núcleos das partículas da formação, onde em cada colisão os neutrões perdem uma
parte da sua energia. A quantidade de energia perdida por colisão depende da massa do núcleo
da partícula que o neutrão atinge. A grande perda de energia ocorre quando o neutrão colide
com uma partícula de igual massa (núcleo de Hidrogénio). A colisão do neutrão com núcleos
pesados não causa muita alteração da velocidade e na energia do neutrão. Assim, a perda de
energia e velocidade do neutrão depende da quantidade de hidrogénio existente na formação.
Porque iões de hidrogénio ocorrem associados a fluidos e estes, por sua vez, ocorrem nos poros
das formações. As diagrafias de neutrões lêem directamente a porosidade das formações
perfuradas (Bassiouni, 1994 citado por Tiamne, 2017). Diagrafias de neutrões também podem
ser usadas para identificação de litologias e fluidos (Figura9), pois respondem primariamente
a quantidade de hidrogénio existente na formação. Em formações porosas cujos poros estão
preenchidos por água ou óleo, a diagrafia de neutrões vai reflectir a porosidade preenchida pelo
fluido. Sucessivas colisões vão causar desaceleramento do neutrão que posteriormente e
capturado pelos núcleos de elementos como o hidrogénio ou silício (Timane, 2017). A escala
do perfil é linear, geralmente de 45% (esquerda) e -15% (direita). Folhelhos têm valores
elevados (tendência da curva à esquerda). Arenitos porosos com óleo ou água têm valores
baixos (tendência à direita). Arenitos com gás têm valores muito baixos (tendência à direita,
valor tende a zero). Isto se deve ao carácter rarefeito do gás, com os átomos de hidrogénio
muito dispersos (Borba, 2014).

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Figura 9: Respostas típicas do log de Porosidade Neutrão (NHPI) param as litologias mais comuns (Fonte: Rider,
1996).

1.3.2.7.Diagrafia Sónica ou Acústica (DT)

Esta diagrafia mede a velocidade de propagação de ondas elásticas da formação. O tempo que
a onda acústica leva para atravessar a rocha e função das propriedades mecânicas da formação,
do fluido contido nos poros e da sonda usada para a sua aquisição. A propagação das ondas
sonoras é muito rápida e rochas do que em fluidos, dai que os logs acústicos podem ser usados
como uma medida indirecta de porosidade. (Bassiouni, 1994 citado por Michaque, 2017). As
ondas P (compressionais) são usadas para a determinação da porosidade primária, mas também
podem ser usadas para identificação de zonas de gás devido à alta Δtc (tempo de trânsito
compressional, é dado em microssegundos por pé, μs/ft) nessas zonas. O tempo de trânsito
compressional medido em rochas geradoras de hidrocarbonetos são mais longos quando
comparados aos argilitos xistosos pobre em componentes orgânicos, por exemplo, isso se deve
à baixa densidade da matéria orgânica, normalmente entre 1,1 e 1,2 g/cm3 (Myers, 1992 citado
por Costa, 2017). Segundo o mesmo autor, pode-se identificar possíveis rochas fonte através

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de uma análise do perfil sónico, pois a diminuição da velocidade de propagação das ondas
nestas rochas torna as leituras maiores no perfil.

A diagrafia sónica fornece informação sobre a litologia, porosidade, o tipo de cimento que
agrega as partículas minerais, as características e localização das fracturas (Keys, 1990 citado
por Craveiro, 2013). A identificação de litologias com as diagrafias sónicas não é muito precisa,
apenas se sabe que formações carbonatadas apresentam elevadas velocidades, as argilas baixas
velocidades e as areias velocidades médias (Figura 10), (Craveiro, 2013).

Figura 10: Intervalos de tempos de trânsito e velocidades de propagação de ondas acústicas em diferentes materiais
geológicos (Fonte Rider, 1996).

1.3.3. DETRMINAÇÃO DE LITOLOGIAS USANDO DIAGRAFIAS DE RAIOS


GAMA (GR) E POTENCIAL ESPONTÂNEO (SP)
Segundo SILVA (2016), a interpretação de um perfil de raios gama é feita em duas etapas. A
primeira é estabelecer uma relação linear, ou índice de radioactividade (IGR), para então
calcular a argilosidade propriamente dita (𝑉𝑠ℎale). Para calcular o IGR (veja a figura 11) é
necessário definir a linha de base defronte aos folhelhos (LBF), esta linha representa a média
dos valores máximos dos folhelhos, pois a radioactividade é um evento estatístico, este valor
lido é denominado 𝐺𝑅𝑚𝑎𝑥(que representa a zona argilosa. Depois disso é necessário encontrar

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o ponto em que o valor de GR é mínimo, este valor é denominado 𝐺𝑅𝑚𝑖𝑛(que representa a


zona limpa). Com esses dois valores é possível calcular o IGR para uma profundidade qualquer
através da equação:

𝐺𝑅𝑙𝑖𝑑𝑜−𝐺𝑅𝑚𝑖𝑛
𝐼𝐺𝑅=𝐺𝑅𝑚𝑎𝑥−𝐺𝑅𝑚𝑖𝑛 , (eq. 1, Steiber, 1970)

em que 𝐺𝑅𝑙𝑖𝑑𝑜 é o valor de GR medido para a profundidade desejada.

Esta equação reflecte o seguinte: IGR=0 rochas limpas (0% de argilas) e IGR=1 para Argilito
puro (100% de argilas).

Figura 11: Princípio de derivação do índice de radiação gama. (Fonte: adaptado de Schön, 2015)

Após calcular o IGR é possível calcular o volume de argila (𝑉𝑠ℎale).

O Vshale é usado para a avaliação de reservatórios de arenitos argilosos e como um parâmetro


de mapeamento para a analise de fácies de arenitos e carbonatos ( Bjorlykke, 2015 citado por
Michaque, 2018).

Segundo o mesmo autor, geralmente muitos Petrofísicos assumem que o IGR = Vshale (relação
linear), (Bassiouni, 1994 citado por Timane, 2018). Porem, estas assunpção empírica não é
adequada. A forma certa de calcular o Vshale é inserir o IGR no Ábaco (Figura 12), à partir do
qual o valor de Vshale deve ser lido.

Varias relações empíricas para a determinação do Vshale tem sido desenvolvidas em diferentes
períodos geológicos e áreas (ex: as correlações mas notáveis foram desenvolvidas por Larinov,
1969; Stieber, 1970; Clavier et al., 1984), (veja a Tabela 6). Todavia, e importante notar que o
cálculo de Vshale é uma arte que depende da experiencia dos geocientistas na determinação de

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valores das linhas de argila (shale lines) e de areia (sand lines) na curva do Log - GR.
(Bassiouni, 1994 citado por Timane, 2018)

Tabela 6: Formulas para o cálculo do Vshale desenvolvidas por vários Petrofísicos. (Adaptado de Saputra, 2008
citado por Timane, 2018)

Eq. Formula Autor


2 Vshale = IGR Relação linear (acima do limite)
3 𝑉𝑠ℎ𝑎𝑙𝑒 = 0.33(22𝐼𝐺𝑅 − 1) Larinov (1969) para todas as rochas do Terciário ou mas
jovens não consolidadas.
4 𝑉𝑠ℎ𝑎𝑙𝑒 = 0.083(23.7𝐼𝐺𝑅 − 1) Larinov (1969) para todas as rochas do Mesozóico
litificadas.
5 𝐼𝐺𝑅 Steiber (1970)
𝑉𝑠ℎ𝑎𝑙𝑒 =
3−2∗𝐼𝐺𝑅
6 𝑉𝑠ℎ𝑎𝑙𝑒 = 1.7 − [3.38 − Clavier et al., (1971)
1
(𝐼𝐺𝑅 + 0.7)2 ]2

Figura 12: Abaco usado para estimar valores de Vshale corrigidos. Relação entre o índice de radiação gama (IGR
e Volume das argilas (Vshale). Fonte: Asquith, G., and D. Krygowski, 2004 citado por Francisco, 2018)

Neste trabalho, o Vshale foi calculado através da equação de Larinov (1969) para as rochas
Mesozóicas ou mais antigas, pelo facto das rochas pertencerem as idades do Mesozóico. Este
cálculo foi efectuado através da plataforma Techlog 2015.3 recorrendo ao log GR (Figura 13).

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Figura 13: Cálculo do volume de argilosidade (Vshale) pelo método de Larinov (1969). (Fonte: Autor através da
Plataforma Schlumberger Techlog 2015.3

O Vshale foi usado para calcular as litologias e posteriormente delimitar as zonas de interesse.

1.3.3.1.Cálculo da porosidade Total (ΦT)


A porosidade total (Tabela 7) foi calculada de forma interactiva usando o modelo neutrão-
sónico (equação de Wyllie, modificada) que combina as curvas NPHI e DT.

𝐷𝑡−𝐷𝑡𝑚𝑎−𝑉𝑐𝑙∗(𝐷𝑡𝑐𝑙−𝐷𝑡𝑚𝑎)
𝜙𝑇 = 𝜙𝑆𝑁 = (𝐷𝑡𝑓𝑙∗𝑆𝑥𝑜+𝐷𝑡ℎ𝑦∗(1−𝑆𝑥𝑜)−𝐷𝑡𝑚𝑎)∗𝐶𝑝 (eq. 7)

Onde:

 Dt = curva sónica
 Dtma = valor sónico da matriz
 Dtcl = valor sónico das argilas
 Dtfl = valor sónico do fluido
 Dthy = velocidade sónica dos Hc's
 Vcl = volume das argilas
 Sxo = saturação da zona invadida
 Cp = factor de compactação

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Tabela 7: Avaliação qualitativa dos reservatórios em função da porosidade. (Fonte: Adaptado de Rider, 2002
citado por Langa, 2020)

Porosidade (%) Descrição qualitativa

0- 5 Pobre
5 -10 Moderada
15 – 20 Bom
20 – 30 Muito bom
>30 Excelente

1.3.3.2.Cálculo da porosidade efectiva (ϕe)


Para o cálculo da porosidade efectiva foi necessário o conhecimento do volume das argilas
(Vshale) e da porosidade total (ϕT). Parâmetros que foram calculados nos passos anterior pelo
software. Se o parâmetro da porosidade total das argilas não for inserido, este é calculado a
partir da densidade das argilas molhadas (Wet Clay) e das argilas secas (DryClay) através da
equação 8 (IP Help Manual, 2008 citado por Francisco, 2018).

𝜌𝑑𝑟𝐶𝑙𝑎𝑦−𝜌𝑤𝑒𝑡𝐶𝑙𝑎𝑦
𝜙𝑡𝑐𝑙𝑎𝑦 = (eq. 8)
𝜌𝑑𝑟𝑦𝐶𝑙𝑎𝑦−𝜌𝑓𝑙

Onde:
 ØtClay =Porosidade total das argilas;
 ρdryClay= Densidade das argilas secas;
 ρwetClay= Densidade das argilas ;
 ρfl= Densidade do fluido.
𝜙𝑒 = 𝜙𝑇 − 𝑉𝑐𝑙𝑎𝑦 ∗ 𝜙𝑡𝑐𝑙𝑎𝑦 (eq. 9)

1.3.3.3.Cálculo da permeabilidade (K)


A permeabilidade é definida como sendo a capacidade que um fluido pode ser transmitido
dentro de rocha/formação (Gluyas & Swarbrick, 2006 citado por Langa, 2020), este parâmetro
depende das propriedades da rocha e do fluido contido na rocha. Baseando se nestes factores
pode se distinguir dois tipos de permeabilidade, a efectiva ou intrínseca que é determinada
considerando apenas as propriedades das rochas, e a propriamente dita ou total que leva em
conta os dois factores (rocha e o tipo de fluido).

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A unidade da permeabilidade é Darcy (D), contudo a unidade da permeabilidade em


reservatórios é medida em milidarcies (mD) (Gluyas & Swarbrick, 2006 citado por Langa,
2020), (veja a Tabela 8). Três modelos são utilizados para avaliar a permeabilidade do
reservatório dentre eles destacam-se a equação de Timur (1968), de Tixier (1949) e de Coates
(1981). Esses modelos correlacionam a permeabilidade à porosidade e à saturação irredutível
da água (Swi). A saturação irredutível da água é uma função das características da rocha (Langa
2020).

𝛷4.4
 Equação de Timur (1968): 𝐾 = 0.136 (eq. 10)
𝑆𝑤𝑡

𝛷2 (1−𝑆𝑊𝑇 )
 Equação de Coates (1981): 𝐾 1/2 = 100 (eq. 11)
𝑆𝑤𝑡

𝛷32
 Equação de Tixier (1981): 𝐾 1/2 = 250 𝑆 (eq. 12)
𝑤𝑡

A permeabilidade da formação é necessária para a produção de hidrocarbonetos, se a


formação for permeável esta tem uma certa quantidade de porosidade. (Francisco, 2018).
Segundo o mesmo autor, as camadas permeáveis podem ser identificadas de uma forma
rápida usando os seguintes indicadores:
 Potencial Espontâneo (SP) a difusão do potencial eléctrico é directamente indicadora
de formações permeáveis;
 Invasões da lama de perfuração detectadas pelos logs de resistividade. As zonas
permeáveis são caracterizadas por apresentar uma separação das curvas de
resistividade profunda-MLL e resistividade rasa-MINV;
 Presença do mudcake indicada através do log Caliper.

Tabela 8: Avaliação qualitativa dos reservatórios em função da permeabilidade. (Fonte: Adaptado de Rider, 2002
citado por Langa, 2020)

Permeabilidade média (mD) Descrição qualitativa

0-10.5 e 10.5 – 15 Pobre a razoável


15 – 20 Moderada
50 – 250 Bom
250 – 1000 Muito bom
>1000 Excelente

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A Saturação irredutível da água (Swi) (às vezes chamada de crítica saturação da água) define
a saturação máxima da água que uma formação com uma dada permeabilidade e porosidade
pode reter sem produzir água (NTON & ROTIMI, 2015 citado por Langa, 2020).
2 𝐹
𝑆𝑤𝑖 = √2000 (eq. 13)

Segundo Al-Ruwaili e Al-Waheed (2004) em um reservatório em condições iniciais acima do


contacto com a água, a saturação irredutível da água (Swi) é igual à saturação real (Sw) ou
inicial da água, no entanto, em zonas de transição, zonas de água e zonas esgotadas, a saturação
irredutível da água é menor que a água real saturação (Anumah& Nkrumah, 2019).
Na caracterização dos reservatórios a determinação da permeabilidade é essencial, pois permite
prever a productividade dos reservatórios, ou seja, o fluxo dos hidrocarbonetos, e ajuda na
tomada de decisão concernente a que métodos usar para a extracção de hidrocarbonetos (Langa,
2020).

1.3.4. DETERMINAÇÃO DE SATURAÇÃO EM ÁGUA (Sw) USANDO AS


DIAGRAFIAS DE RESISTIVIDADE (MLL, MNOR e MINV).
No cálculo da saturação em água são aplicados métodos eléctricos, porque a água é um
electrólito condutor e os hidrocarbonetos são insuladores de corrente eléctrica. Em formações
limpas, a água da formação (incluindo a água da lama de perfuração) são os únicos
componentes condutores da corrente eléctrica, sendo assim a saturação em água (Sw) pode
ser calculada pela equação de Archie (Archie, 1942 citado por Francisco, 2018).
Segundo o mesmo autor, a presença das argilas no reservatório diminui a qualidade do
reservatório (porosidade e permeabilidade). A argila origina uma adicional condutividade
eléctrica, tornando a equação Archie inutilizável.

Para calcular Sw de uma forma correcta o segundo efeito da condutibilidade (efeito das
argilas) deve ser eliminado. Nesse PC foi utilizada a equação de saturação do tipo Dual
Water (Equação 14) que elimina o efeito das argilas no cálculo da saturação de água.

1 𝜙𝑡 𝑚 ∗𝑆𝑤𝑇 𝑛 1 𝑆𝑤𝑏 1 1
= ∗ [𝑅𝑤 + 𝑆𝑤𝑇 (𝑆𝑤𝑇 − 𝑅𝑤)] (Eq. 14)
𝑅𝑇 𝑎

Onde:
 ϕt = porosidade total;

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 Rt= resistividade verdadeira da formação;


 m= Coeficiente de cimentação;
 n= Coeficiente de saturação;
 a= Coeficiente de tortuosidade;
 Rw= Resistividade da água de formação;
 Swb= Curva de saturação de água de capilaridade;
 SwT= Curva de saturação total de água;
 Rwb= Curva da resistividade da água de capilaridade.

1.3.4.1.Cálculo da Saturação em hidrocarbonetos (Sh)


A Saturação de hidrocarbonetos, Sh corresponde a percentagem de volume de poros em uma
formação ocupada por hidrocarbonetos.

𝑆ℎ = (100 − 𝑆𝑤)% (eq. 15)

1.3.4.2.Volume Global da Água (Bulk Volume Water - BVW)


Em adição ao parâmetro de saturação obtém-se o Bulk Volume Water (BVW), que é o produto
entre a saturação de água da formação, é dada pela expressão (Asquith & Gibson, 1982 citado
por Langa, 2020):

𝑩𝑽𝑾 = 𝒔𝑾 . 𝜱 (eq. 16)

Este parâmetro é muito importante visto houve numerosos casos em que zonas com alta
saturação de água produziram hidrocarbonetos livres de água e outras com baixa saturação
produziram muita água. Isso ocorre por causa do tamanho dos poros que controla o fluxo de
fluido e contribui para a produtividade de hidrocarbonetos.
Se os valores de BVW calculados em várias profundidades da formação forem constantes
(coerente) ou tendem a ser constante, isso significa que a zona é homogénea e com saturação
irredutível da água. “Quando a zona tem a” Swi, a água existente na zona não invadida (Sw)
não poderá se mover porque esta “presa” nos grãos por pressão capilar, sendo assim a produção
de hidrocarbonetos nesta zona estará livre da água (Morris e Biggs, 1967 citado por Asquith &
Gibson, 1982). E quanto menor for o tamanho dos grãos maior será a pressão capilar e
consequentemente o BVW irá aumentar (Langa, 2020).

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1.3.4.3.Net-To-Gross (NTG) e Net Pay (NP)


a) O Net to Gross (NTG) refere-se à proporção de areias limpas em relação às argilas
dentro do reservatório. O NTG reflecte a qualidade das areias no potencial reservatório,
quanto maior for o seu valor melhor é a qualidade dos arenitos (Langa, 2020).
Segundo Schon (2015) citado por Langa (2020) a definição do NTG requer o conhecimento da
porosidade, permeabilidade e saturação de fluido que são critérios importantes determinar o
Gross Thickness, Net Thickness e Net Pay (veja a Figura 14).

b) Gross Thickness/Sand (GT) – refere-se à unidade estratigráfica e litológica que


constitue o reservatório e não esta relacionada com fluido na formação (Langa, 2020)
c) Net Thickness/Sand (NT): representa o intervalo total da rocha de qualidade do
reservatório dentro do Gross thickness, e este contêm fluidos e deve exceder alguns
limites (Cutoffs- Threshold) definidos (Langa, 2020).
d) No-net sand (hshale): representa o intervalo de sequência argilosa dentro da espessura
total do reservatório (Langa, 2020).
e) Net pay (NP) ou Pay Zone: refere-se a porção do reservatório que conte
hidrocarbonetos que podem ser produzidos economicamente (Langa, 2020).

Figura 14: Representação esquemática mostrando a definição de NGT, NT, e NP (Fonte: Extraída de Schon, 2015
citado por Langa 2020).

Segundo Langa (2020) a determinação de Net pay constitui um dos processos mais
fundamental, o objectivo deste processo é seleccionar intervalos de maior produtividade e
economicamente viáveis no reservatório. O volume de argila (Vsh), porosidade (Φ) e saturação

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de água (Sw) são geralmente usados na distinção destes intervalos através da aplicação de cut-
offs (Tabela 1 na secção 3.4).
O NTG é obtido pela expressão abaixo:

𝑵𝒆𝒕 𝑺𝒂𝒏𝒅 (𝑮𝒓𝒐𝒔𝒔 𝒕𝒉𝒊𝒄𝒌𝒏𝒆𝒔𝒔−𝑵𝒆𝒕 𝑺𝒉𝒂𝒍𝒆)


𝐍𝐓𝐆 = (eq. 17)
𝑮𝒓𝒐𝒔𝒔 𝒕𝒉𝒊𝒄𝒌𝒏𝒆𝒔𝒔

1.3.4.4.Workflow usado para identificar as Zonas de interesse


As zonas de interesse são marcadas por horizontes de hidrocarbonetos. Os logs GR, Caliper e
o Crossover entre os logs de Porosidade de Neutrões (NHPI) e Densidade Global (RHOB)
foram interpretadas para poder se delimitar as zonas de interesse. Neste âmbito fez-se um
estudo de detalhe nestas zonas, usando a técnica de interpretação quantitativa convencional.

Asquith & Krygowsky (2004) citado por Francisco (2018), recomendam o uso das seguintes
etapas para identificar zonas de interesse:

 Separação das zonas argilosas das zonas não argilosas. Essas zonas foram
descriminadas através de padrões de logs de GR e SP. Para o efeito foi usado um teor
de corte (linha base para as argilas- shale base line) de GR ≤75 API para fáceis não
argilosas (arenitos e carbonatos) e GR> 75 API para fácies argilosas.
 Para reservatórios clásticos, analisa-se o log de resistividade profunda, se esta ler
valores altos há maior probabilidade de a formação conter hidrocarbonetos, em seguida
parte-se para a análise da porosidade (somente no caso da apresentar valores de
porosidades extremamente baixos e altas resistividades é tight e não reservatório)
 Para reservatórios carbonáticos, analisa-se a porosidade primeiro, se esta for suficiente,
analisa-se o log de resistividade; se este for alto hidrocarbonetos podem estar presentes
na formação.

1.3.4.5.Crossplots
O crossplot é uma técnica usada na interpretação convencional na área de Geologia de
Hidrocarbonetos para a determinação de litologias complexas e na estimação das porosidades
das formações (Bassiouni, 1994 citado por Francisco, 2018).

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A determinação da porosidade é mais difícil quando a matriz da litologia for desconhecida ou


consistir em dois ou mais minerais em proporções desconhecidas. Os logs NPHI, RHOB e DT,
respondem de forma diferente a leituras da matriz de formação, a presença de gás ou petróleo
e a geometria dos poros das formações, deste modo a combinação desses logs pode ser usada
na determinação de litologias complexas, providenciando maior acurácia na determinação de
porosidade. (Schlumberger, 1986 citado por Francisco, 2018)

Se a formação consistir somente em dois minerais conhecidos, mas em proporções


desconhecidas a combinação entre log neutrónico e o log da densidade de formação poderá
definir a proporção dos dois minerais e um melhor valor da porosidade. No caso de saber-se
que a litologia é complexa, mas consiste somente em quartzo, calcário, dolomite e anidrite, a
porosidade pode ser determinada com uma certa acurácia e a pode se estimar as proporções
relativas das formações (Francisco, 2018).

Por exemplo no crossplot NPHI/RHOB da Figura 15, as porosidades são plotadas em escalas
lineares. Pontos correspondem a uma litologia pura saturada em água definida pelas linhas
(arenito, calcário, dolomite, etc.) que podem ser graduados em unidades de porosidades, ou um
ponto singular mineral (por exemplo calcário) pode ser definido através do alinhamento dos
pontos numa das linhas. Quando a matriz da litologia é binária (exemplo calcário-arenito;
calcário-dolomito; arenito-dolomito) os pontos plotados agrupam-se entre as linhas
correspondentes (Francisco, 2018).

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Figura 15: Porosidade e litologia determinada com recurso ao Crossplot NPHI/RHOB. (Fonte: Halliburton, 1994
citado por Borba, 2014).

1.3.5. SISTEMA DE PETRÓLEO


Um Sistema de Petróleo é um conjunto de elementos e processos geológicos necessários para
gerar e armazenar hidrocarbonetos (Schlumberger oilfield Glossary, 2020). Segundo Demaison
e Huizinga (1991) citado por Faroc (2017), o sistema de petróleo inclui os seguintes elementos
essenciais que são: (1)rocha fonte/geradora, (2)rocha reservatório, (3)rocha selante e
Overbuden/ material de soterramento; e processos que são: (1)formação de armadilha,
(2)geração, migração e acumulação e (3)preservação (veja a Figura 16).

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Figura 16: Elementos e processos do sistema de petróleo. (Fonte: Magoon e Beaumont, 1999).

1.3.5.1.Rocha Fonte
Uma rocha fonte é definida como sendo uma rocha de granulação muito fina (folhelhos,
argilitos, margas) rica em matéria orgânica com capacidade de gerar e expelir quantidade
suficiente de hidrocarbonetos para formação e acumulação de petróleo, na forma de óleo ou
gás. Deve possuir no mínimo 0,5% de COT para as rochas clásticas e 0.2% para as rochas
carbonáticas.

1.3.5.2.Rocha reservatório
Segundo Faroc (2017), a rocha reservatório é a rocha com capacidades de receber, acumular e
preservar Hc na sua estrutura. As características petrofísicas essências de rocha reservatório
são boa capacidade de armazenamento ou porosidade e permeabilidade. As rochas
reservatórios mas comuns e abundantes são Arenitos e Calcários. Segundo Levorsen (2011)
citado por Faroc (2017), a porosidade de muitas rochas reservatórios varia entre 5-30%, mas e
muito comum entre 10-20%. Uma rocha reservatório com porosidade da matriz menor do que
5% é geralmente considerada não comercial, a menos que esta adquira porosidade secundaria
(por exemplo fracturas, estruturas de dissolução, etc.) A permeabilidade média da rocha
reservatório, segundo o mesmo autor, geralmente varia entre 5-1000 md.

1.3.5.3.Rocha Selante
É uma rocha sedimentar de granulação muito fina, não fracturada e impermeável, que circunda
a rocha reservatório, impedindo dessa feita o escape de hidrocarbonetos. A categoria de rocha
selante inclui Argilito, Marga e Evaporitos. (Faroc, 2017)

1.3.5.4.Overburden/Material de Soterramento
É o material de cobertura da camada alvo ou de interesse na subsuperfície.

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1.3.5.5.Formação de Armadilhas
Um dos elementos essências para a formação de grandes acumulações de Hc´s é a existência
de uma armadilha. As armadilhas de Hc´s podem ser do tipo estrutural, estratigráficas e
mistas/combinadas.

1.3.5.6.Migração
O escoamento dos fluidos petrolíferos, através de rotas diversas pela subsuperfície, até a
chegada em um local portador de espaço poroso, selado e aprisionado, apto para armazena-los,
constitui o fenómeno de migração. (Rostirolla, 1999 citado por Rocha, 2016).
Segundo Link (1996) citado por Rocha (2016), pode-se concluir que existem três diferentes
tipos de migração: Migração Primaria, Migração Secundaria e Migração Terciaria.

1.3.5.7.Acumulação
Uma vez em movimento, os fluidos petrolíferos são dirigidos para zonas de menor pressão,
normalmente posicionadas em situações estruturalmente mais elevadas que as rochas
próximas. As configurações geométricas de estruturas das rochas sedimentares que permitem
a focalização dos fluidos migrantes arredores para locais elevados, que não permitam o escape
futuro destes fluidos, obrigando-os a lá se acumularem, são denominados de trapas ou
armadilhas (Link, 1996 citado por Rocha, 2016).

1.4.ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA DE MOÇAMBIQUE OU


GEOLOGIA REGIONAL
A formação da Bacia de Moçambique esta relacionada com a ruptura do Gondwana e da
formação do Oceano Índico no final do Mesozóico. Esta Bacia de Moçambique é composta
por rochas sedimentares de idade que varia desde o Jurássico Superior-Cretácico ao Cenozóico
que assentam sobre os basaltos do Karoo (veja a Figura 17). A espessura dos sedimentos
aumenta do Oeste para Leste com o centro na Depressão do Delta do Zambeze (DDZ). A
Tabela 9 apresenta resumidamente a estratigrafia generalizada da Bacia de Moçambique.
(Salman & Abdula, 1995 citado por Timane, 2018).

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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Figura 17: Sequência litoestratigráfica generalizada da Bacia de Moçambique (ECL e ENH, 2000)

Tabela 9: Resumo da estratigrafia da Bacia de Moçambique. (Fonte: ECL, 2000)

Formação Geológica Período (época) Características

Formação de Jofane Neogénico Carbonatos marinhos, Calcários, Calcarenitos


(Mioceno) e Arenitos

Formação de Temane Neogénico Sequência espessa de gesso


(Mioceno)

Formação de Inharrime Neogénico Dolomites avermelhadas, argilas vermelhas e


(Mioceno) arenitos com bandas individuais de anidrite.

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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Formação de Cheringoma Neogénico Calcário Numulítico com bandas de Argilas e


(Eoceno) Calcário arenoso. Apresenta características de
margem continental passiva com uma
progradação com a margem da paleotalude

Formação do Grudja Cretácico Sequência de areias glauconíticas, argilas e


Superior Superior margas com bandas de calcários
(Paleoceno-
Eoceno Inferior)

Formação de Grudja Inferior Cretácico Camadas de Argilas com bandas de Arenito


Superior quartzoso-glauconítico. As camadas de
(Companiano- arenito foram acumuladas em ambientes da
Maestrichtiano) plataforma continental pouco profundo

Formação das Argilas do Cretácico Sequência argilosa que grada para Arenitos
Domo Superior Superior continentais, foi depositado num ambiente de
(Turoniano- transgressão marinha.
Senomaniano)

Formação das Areias do Cretácico Arenitos quartzosos intercalados com


Domo Superior Argilítos negros, foi depositado num ambiente
(Turoniano) continental

Formação das Argilas do Cretácico Argilas marinhas escuras com bandas de


Domo Inferior Inferior arenito arcósico, foi depositado num
(Berrimiano- ambiente marinho.
Albiano)

Formação de Sena Cretácico Rochas continentais de formações fluviais e


Inferior-Superior aluviais: arenitos arcósicos, conglomerados e
(Barremiano– argilítos enriquecidos em detritos de carvão
Senoniano)

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Formação de Maputo Cretácico Glauconite-quartzosa, Argilas, Calcários


Inferior arenosos intercalados com argilítos e
(Valagiano- depositados num ambiente marinho
Hauteriano)

Formação de Lupata Cretácico Arenitos continentais que mudam param


Inferior depósitos de arenitos argilosos de antigo delta
(Neocomaniano)

Formação das Areias Jurássico Sedimentos continentais, depositados em


Vermelhas Superior ambientes continentais no sul da bacia.

Formação do Karoo Jurássico Médio- Rochas vulcânicas


Superior

1.5.ESTRATIGRAFIA DO FURO NHACHENGUE-1


Segundo Aquitaine Moçambique (1970), o furo Nhachengue-1 possui 4641 m de profundidade
(Fig. 18) tendo atravessado, do topo para a base formações calcárias (Dunas), as Formações do
Limpopo, Cheringoma, Grudja Inferior, Domo de Argila Superior, Domo de Areia, Domo de
Argila Inferior, Maputo e Aglomerados Vulcânicos.

Segundo ECL (1985), geologicamente o furo localiza-se numa área de Domo monoclínico, que
mergulha para o norte em direção a depressão de Marruphene, limitado a oeste pelo graben de
Chisenga e a este pela cadeia vulcânica de Pomene.

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Legenda:
- Folhelho - Arenito Argilito, siltito
- Calcário

Margas inte. de
areias Argilas e
- Calcarenito Inconformidade
glauconíticas e cinzas escuras
Argilas

o
Figura 18: Coluna estratigráfica do Furo Nhachengue-1. (Fonte: adaptado de Aquitaine, 1970)

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Formação de Dunas: de idade Plioceno Inferior-Superior (Neógeno) com uma espessura de


86m, e ocorre principalmente calcários. Esta formação, contendo calcários do Plioceno
Superior a Recente, assenta sobre a Formação do Limpopo que a separa por uma
desconformidade do Mioceno Superior.

Formação do Limpopo de sedimentos do Oligoceno, com uma espessura de ~934m,


constituídos por calcários, calcarenitos, argilito e margas com lentes de areia.
Formação de Cheringoma de sedimentos do Eoceno, com uma espessura de ~245m,
representados por argilito e de camadas menos espessas de areia, argilito e calcários oolíticos
e brancos, ricos em Numulites, com uma parte basal glauconítica e pobre em fósseis. Esta
formação e separada da formação de Grudja inferior sobjacente, por uma inconformidade do
Eoceno Inferior.

Formação do Grudja Inferior: de idade Campaniano-Santoniano, com uma espessura de


~532m, é constituída por margas e argilitos na base. Esta repousa sobre uma inconformidade
intra-Senoniana que a separa da Formação de Argilas do Domo Superior de idade Turoniano.
Em trabalhos de ECL (2000), A Formação de Argilas do Domo Superior assenta sobre a
Formação de Areias de Domo, do Cenomaniano, cujo horizonte actua como o limite entre as
Formações de Argilas do Domo Superior e de Domo Inferior. Em trabalhos de ECL (2000), As
Formações de Argilas de Domo são descritas como potenciais rochas fonte geradoras de
hidrocarbonetos na Bacia de Moçambique. Areias de Domo constituem reservatórios
importantes de gás natural produzido no Campo de Gás de Pande Temane (USGS 2012).

Formação de Maputo, com sedimentos a idade Cenomaniano-Cretácico inferior, tem uma


espessura de ~364m e, é formada por uma sequência de grés glauconítico com nódulos
calcários, indicando condições de deposição costeira á de mar aberto. A formação de Maputo
separa-se da Formação Jurássica sobjacente de aglomerados vulcânicos por uma não-
conformidade.

1.6.APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA E RELEVÂNCIA DO PROJECTO

1.6.1. Apresentação do Problema


O relatório final do furo Nhachengue-1 elaborado pela empresa Aquitaine (1970) descreve o
furo Nhachengue-1 como sendo seco. Todavia, o resumo do furo apresenta formações

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perfuradas com idades desde Jurássico superior a Plioceno, mas não são discutidas com detalhe
neste relatório. De acordo com Aquitaine (1970), todas as formações foram inundadas por água
salgada. Segundo ECL (2000), o reconhecimento dos intervalos de potências rochas fonte de
hidrocarbonetos na Bacia de Moçambique baseia-se em evidências directas associadas aos
dados de geoquímica dos furos disponíveis, bem como do arranjo tectono-estratigráfico e de
extrapolação regional. Quando os dados são projectados no diagrama de Van Krevelen,
discriminam-se no campo de querogênio tipo III, percursora de gás natural.

Este trabalho pretende investigar a presença de evidências associadas ao timing de geração e


migração, variação da temperatura de maturação da rocha fonte ao longo do tempo geológico,
as causas da geração do gás em detrimento de um outro tipo de hidrocarboneto, bem como
obter uma visão ampla do sistema de petróleo da Bacia de Moçambique.

1.6.2. Relevância do Projecto


O presente estudo pretende contribuir para o melhor entendimento do Sistema de Petróleo na
Bacia de Moçambique, com recurso a pesquisa bibliográfica e interpretação de dados existentes
do furo Nhachengue-1.
Esta avaliação pretender caracterizar o tipo de matéria orgânica de potenciais rochas fonte e o
seu potencial gerador em petróleo, gás ou ambos
O conhecimento aqui gerado poderá ser usado, no futuro, em trabalhos de avaliação de
prospectividade da área em hidrocarbonetos, contribuindo, deste modo, para a planificação de
trabalhos futuros de avaliação de potências indicadores presentes em prospectos testados por
furos, críticos para tomada de decisões e avaliação de riscos e incertezas nos projectos de
exploração. Comparativamente a outras bacias sedimentares do mundo, o conhecimento até
agora produzido sobre a Bacia de Moçambique é insuficiente, devido ao facto de só
recentemente, Moçambique ter entrado no mapa de países detentores de grandes reservas de
hidrocarbonetos.
Segundo Schön (2015), o poço perfurado oferece a possibilidade de verificar a geologia da
bacia, determinar a profundidade e espessura exactas das camadas perfuradas, indicar a
litologia e mineralogia e, finalmente, amostrar reservatórios ou zonas de interesse.

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Evidencias
 Segundo ECL (2000), as temperaturas máximas são atingidas no final do período
Cretáceo. No entanto, a subsidência que ocorreu no terciário (Paleogénico e Neogénico)
pode ter promovido mais geração de hidrocarbonetos.
 O furo em estudo foi feito numa zona com uma estrutura monoclinal, e apresenta
horizontes de areia onde pode ser considerada favorável para armadilhas estratigráficas
de hidrocarbonetos.

2. OBJECTIVOS

2.1.Objectivo geral
 Avaliar a qualidade, maturidade térmica e o potencial gerador de hidrocarbonetos de
rochas fonte e os horizontes reservatórios de ocorrência de hidrocarbonetos
atravessados pelo furo Furo Nanchengue-1.

2.2.Objectivos específicos
 Qualificar potenciais rocha fonte geradoras de hidrocarbonetos;

 Avaliar o grau de maturação termal da rocha fonte;


 Calcular os parâmetros Petrofísicos dos horizontes de ocorrência de Hc's (volume das
argilas, porosidade, permeabilidade, saturação em água, Net Reservoir e Netpay);
 Determinar o grau de saturação de Hc's dos horizontes de interesse.

3. METODOLOGIA
Para a elaboração de gráficos, tabelas e figuras do presente projecto científico (PC), recorreu-
se aos dados de geoquímica orgânica usando o software M.S. Excel 2010 e dados de diagrafia
de furo (log) usando o software Techlog 2015.3. Seguiu-se a seguinte metodologia apresentado
pelo fluxograma da Figura 19, abaixo:

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Pesquisa
Bibliográfica

Dados de Dados de
Geoquímica diagrafias de
orgânica furo (logs)

Interpretação dos dados de Interpretação dos dados de


Geoquímica orgânica diagrafias de furo (logs)

Avaliação do Avaliação Avaliação do Cálculo de Volume Determinação dos


Carbono dos tipos de grau de de argilas ou Vshale horizontes de
Orgânico interesse (logs, GR,
Querogênio maturação (log GR)
Total e do CAL, cross-over
Potencial (IH Vs IO) termal das NHPI-RHOB)
Gerador (COT rochas fonte
Vs S2)
(Ro Vs TMax)
Cálculo de Cálculo de Saturação
Porosidade (logs DT, da água (logs MINV,
NPHI e RHOB) MNOR e MLL)

Apresentação e discussão de
resultados da Rocha Fonte

Apresentação Cálculo do Net


Reservoir (logs Cálculo de Saturação
e discussão de
Conclusões e Vshale,
resultados de dos Hc's (log
Recomendações SWT_DUAL) &
SWT_DUAL)
Horizontes Netpay (logs Vshale,
SWT_DUAL e
Reservatórios
PHIT_ND)

Figura 19: Fluxograma seguido para a elaboração do projecto científico (PC).

3.1.Pesquisa Bibliográfica
A pesquisa bibliográfica incluiu 3 fases que consistiram na recolha, avaliação e validação de
informações do domínio público e privado, disponíveis em livros, artigos científicos, teses,
dissertações, relatórios de pesquisa, cartas geológicas e respectivas, notícias explicativas acerca

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do tema em questão. A recolha de informação ocorreu na biblioteca do Departamento de


Geologia, DNG e através da internet. A avaliação e validação foram feitas na base da análise e
crítica da informação existente em minha posse compilada.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.1.Avaliação do Potencial gerador de rochas fonte


4.1.1. Avaliação do conteúdo orgânico total (COT) e do potencial gerador (S2)
Os resultados de COT de todas formações potenciais rochas fonte analisadas, de um modo
geral, apresentam baixos valores de COT e de S2 que são indicadores de um potencial de
geração baixo. A formação de Limpopo, por exemplo, apresenta valores de COT muito baixos,
com o valor de COT médio de 0.17%, o que lhe confere um potencial gerador baixo, estimado
em média de 0.01mg HC/g Rocha (figura 20).
As Formações de Argila do Domo Inferior e de Maputo, pelo contrário, apresentam valores de
COT superiores comparativamente as outras formações (tabela 10), com valores médios de
COT de 1.10% e 0.75%, respectivamente, conferindo-lhes um potencial gerador baixo, em
média, de cerca de 0.32 mg HC/g Rocha e 0.28 mg HC/g Rocha, respectivamente.

Tabela 10: Valores médios de COT (%) e Potencial gerador S2 (mg HC/g Rocha) das amostras do furo
Nhachengue-1. (Fonte: Autor, baseado na classificação de D. Atta-Peters, P. Garrey, 2014)

Média de COT Média de S2 (mg HC/g


Formação Classificação COT Classificação S2
(%) Rocha)
Limpopo 0,17 Pobre 0,01 Pobre
Cheringoma 0,28 - - -
Grudja Inferior 0,34 Pobre 0,06 Pobre
Argila do Domo 0,57 Razoável 0,21 Pobre
Superior
Areia do Domo 0,31 Pobre 0,17 Pobre

Argila do Domo 1,10 Bom 0,32 Pobre


Inferior
Maputo 0,75 Razoável 0,28 Pobre

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Diagrama de COT Vs S2

Excelente Oligoceno (Paleogéneo)-


Limpopo
Muito Bom
10
Campaniano-Santoniano
Bom
(Cretácico Superior)-Grudja
Inferior
Razoável
S2 (mg HC/g Rocha)

Turoniano (Cretácico
Superior)-Argila do Domo
Superior
Pobre
Cenomaniano (Cretácico
1 Superior)-Areia do Domo

Cenomaniano (cretácico
superior) -Cretácico inferior-
Muito Boml

Argila do Domo Inferior


Excelente

Cenomaniano-Cretácico
Razoa
Pobre

Bom

inferior-Maputo

0,1
0 1 2 3 4 5 6 7
COT (%)

Figura 20: Teor de carbono orgânico (COT) vs. Potencial gerador (S2) do furo Nhachengue-1 (Fonte: Autor,
baseado na classificação de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014)

4.1.2. Avaliação dos tipos de querogênio (IO e IH)

A Avaliação dos tipos que querogênio da matéria orgânica dispersa é feita com recurso ao
Diagrama de Van Krevellen modificado (Peters & Cassa, 1994) apresentado na Figura 21. De
acordo com este diagrama, o tipo de querogênio, os pontos discriminam-se nos campos de
domínio de querôgenio de tipos III e IV. O querogênio Tipo III é percussor de Gás e querogênio
4 é inerte, que sugere remobilização e redeposição da matéria orgânica, derivada
essencialmente de restos de vegetais sob condições oxidantes Mussa (2014). Em contrapartida,

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uma amostra da Formação de Grudja Inferior, do Cretácico Superior, projecta-se no campo


de domínio do querogênio tipo II, percussor de petróleo.

Diagrama de Van Krevellen (IO Vs IH)


1000
Tipo I
900 Oligoceno (Paleogéneo)-
Limpopo

800
Campaniano-Santoniano
Índice de Hidrogénio (mg HC/g Rocha)

(Cretácico Superior)-Grudja
700 Inferior
Tipo II
Turoniano (Cretácico
600
Superior)-Argila do Domo
Superior
500
Cenomaniano (Cretácico
Superior)-Areia do Domo
400
Cenomaniano (cretácico
300 superior) -Cretácico
inferior-Argila do Domo
Inferior
200 Cenomaniano-Cretácico
inferior-Maputo

100
Tipo III

0
0 50 100 150 200 250 300
Índice de Oxigénio (mg HC/g Rocha)

Figura 21: Diagrama de Van Krevelen modificado mostrando a distribuição dos valores dos índices de hidrogénio
e de oxigénio discriminando os tipos de querogênio das formações atravessadas pelo furo Nhachengue-1. (Fonte:
Autor, baseado na classificação de Peters & Cassa, 1994)

4.1.3. Avaliação do grau de maturação termal da rocha fonte (Ro e Tmax)


A avaliação da maturidade termal é feita usando a Reflectância da Vitrinite (%Ro), de acordo
com Tissot & Welte (1984). Os valores de %Ro de amostras analisadas de potenciais rochas
fonte são apresentados na Tabela 11. Os valores de reflectância da vitrinite (%Ro) variam de
0.97% e 2.23%. A formação de Limpopo do Oligoceno apresentou valores de %Ro muito

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baixos de ~0.97% e T.max. de 17.22°C. Valores inferiores a 0.5 %Ro, as rochas geradoras de
petróleo encontram-se ainda num estado imaturo, contudo, o principal hidrocarboneto formado
é o metano biogenético (Tissot & Welte, 1984), pois a janela de petróleo, segundo os mesmos
autores, uma rocha fonte diz-se termicamente matura quando a %Ro variar entre 0.5%Ro –
2%Ro e os valores de %Ro que definem a janela de petróleo variam de 0.5%Ro – 1.3%Ro.
As formações de Argila do Domo Inferior e de Maputo apresentam valores %Ro que variam
entre 1.97%Ro e 2.23%Ro, e altos valores de temperatura (437,74°C e 442,11°C), projectando
as rochas fonte destas formações no intervalo de maturidade termal da matéria orgânica contida
de supermatura, propício pra a geração de gás condensado e seco (Tissot & Welte, 1984).

Tabela 11: Valores médios de Reflectância de vitrinite %Ro (%) e Potencial gerador S2 (mg HC/g Rocha) das
amostras do furo Nhachengue-1. (Fonte: Autor, baseado na classificação de em Peter e Cassa, 1994).

%Ro Tmax
Formação Período (época) Classificação Classificação
(%) (°C)
Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 0,98 Maturo final 417,22 Imaturo
Cheringoma Eoceno (Paleogéneo) - - - -
Campaniano-Santoniano
Grudja Inferior 1,29 Maturo final 428,89 Imaturo
(Cretácico Superior)
Argila do Domo Maturo
Turoniano (Cretácico Superior) 1,55 Supermaturo 433,06
Superior Inicial
Areia do Domo Cenomaniano (Cretácico Superior) - - - -
Argila do Domo Cenomaniano (cretácico superior) Maturo
1,97 Supermaturo 436,40
Inferior -Cretácico inferior inicial
Maturo
Maputo Cenomaniano-Cretácico inferior 2,23 Supermaturo 438,61
Inicial

Usando critério Tmax para avaliação do potencial gerador de rochas fonte, nota-se que que as
amotras de potenciais rochas fonte das formações analisadas no furo discriminam-se no

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intervalo do estagio maturo, e o tipo de querogênio presente é percurssor para a geração de gás
condensado e gás seco (Figura 22).

Diagrama de Tmax Vs Reflectancia da Vitrinite


450
Maturo Prinvipal ( condesado/gas seco)

Maturo Inicial ( janela de


440 Petróleo)

Oligoceno (Paleogéneo)-
Imaturo Moderado (Gás Biogénico e
430 Limpopo
Petróleo Imaturo)

Campaniano-Santoniano
Tmax (°c)

(Cretácico Superior)-Grudja
420 Inferior

Turoniano (Cretácico
Superior)-Argila do Domo
410 Superior

Cenomaniano (cretácico
Maturo Inicial

Supermatura
Matura Final
Zona Matura

superior) -Cretácico inferior-


Argila do Domo Inferior
400
Imaturo

Cenomaniano-Cretácico
inferior-Maputo

390
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Reflectância da vitrinite (%)

Figura 22: Reflectância da Vitrinite (%Ro) Vs Tmax mostrando os níveis de maturação. (Fonte: Autor, baseado
na classificação de D. Atta-Peters & P. Garrey, 2014).

4.2. INTERPRETAÇÃO DE DIAGRAFIAS DE FURO (LOGS) E IDENTIFICAÇÃO DE


ZONAS DE INTERESSE ATRAVESSADAS PELO FURO NHACHENGUE-1
No furo Nhachengue-1 foram delimitadas 12 zonas de interesse (tabela 12), que são formações
areníticas e permeáveis que podem conter hidrocarbonetos. Foram usados parâmetros como o
GR<75 Gapi, mud cake do log CALI e o cross-over negativo dos logs de porosidade de neutrão
(NPHI) e de densidade global (RHOB).

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Tabela 12: Zonas de interesse identificadas no Furo Nhachengue-1 através de parâmetros estatísticos da
resistividade de penetração profunda (MLL).

Profundidade Resistividade (MLL - Ω. m)


Zonas de Interesse Topo Base Desvio Classificação
Mínimo Média Máximo
(m) (m) Padrão (s)
Zona 1 (Formação de Limpopo) 771 776 0,83 3,03 4,17 0,88 Tight
Zona 2 (Formação de Limpopo) 845 852 1,89 3,02 4,90 0,59 Tight
Zona 3 (Formação de Limpopo) 883 894 1,78 3,06 6,77 0,99 Tight
Zona 4 (Formação de Limpopo) 932 946 1,76 3,18 4,88 0,74 Tight
Zona 5 (Formação de
1,0 4,52 6,02 0,81 Reservatório
Cheringoma) 1066 1078
Zona 6 (Formação de
1,67 2,61 4,06 0,46 Tight
Cheringoma) 1131 1141
Zona 7 (Formação de
1,08 2,39 4,03 0,60 Tight
Cheringoma) 1159 1174
Zona 8 (Formação de
1,22 2,07 6,11 1,36 Tight
Cheringoma) 1219 1222
Zona 9 (Formação de Argila de
4,96 7,72 14,83 1,59 Reservatório
Domo Superior) 2166 2183
Zona 10 (Formação de Argila de
0,83 5,11 133,02 13,54 Reservatório
Domo Superior) 2781 2797
Zona 11 (Formação de Argila de
0,80 4,31 45,72 8,48 Reservatório
Domo Superior) 2818 2824
Zona 12 (Formação de Maputo) 4433 4440 1,67 9,99 29,14 4,00 Reservatório

Neste furo, foram eliminadas as zonas 1 à 4 e 6 à 8 por apresentar baixos valores de


resistividade profunda lida no Log MLL (< 4 Ω.m). As outras zonas foram identificadas como
potenciais zonas de interesse, pelos seus altos valores de resistividade real da formação, lida
no log MLL superior a 4 Ω.m chegando a ler valores de até 133 Ω.m (Tabela 12), sugestivos
da presença de hidrocarbonetos. Daí que estas zonas, zonas 5 e 9 à 12, foram consideradas
“zonas de reservatórios” e todas seleccionadas para o estudo interpretação quantitativa
convencional discutida na secção que se segue

4.3.Cálculo e análise de parâmetros Petrofísicos


Os parâmetros petrofísicos (volume das argilas (Vsh), porosidade total (ΦT) e saturação em
água (Sw)) foram estimados com o intuito de caracterizar as zonas de reservatório
seleccionadas, tendo sido usados os seguintes parâmetros críticos limitantes (cutoff em sigla
inglesa): cutoff para Vsh ≤30% e 40%, ΦT ≥15% e 12% e Sw≤50% e 60%, respectivamente
(Crain, 2020), (Tabelas 13 e 14).

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Tabela 13:Zonas de interesse identificadas no Furo Nhachengue-1 com recurso ao cutt-off da porosidade Total
(ΦT) ≥ 15%. (Fonte: Autor).

Espessura Porosidade efectiva e


Profundidade
Zonas de global (m) Total (%) Permeabilidade
Classificação
Reservatório Topo Base (Φef) (ΦT) média (mD)
(m) (m)
Zona 5 (Formação de 1066 1078 12 21,70 28,45 497,75 Reservatório
Cheringoma)
Zona 9 (Formação de Argila 2166 2183 17 17,79 23,10 32,98 Reservatório
de Domo Superior)
Zona 10 (Formação de Argila 2781 2797 16 10,07 25,00 202,26 Reservatório
de Domo Superior)
Zona 11 (Formação de Argila 2818 2824 6 14,74 30,08 654,42 Reservatório
de Domo Superior)
Zona 12 (Formação de 4433 4440 7 10,78 12,98 8,26 Tight
Maputo)

Usando o critério de cutt-off´s para uma pré-avaliação económica foi eliminada da análise de
detalhe a zona 12, pois tem uma porosidade Total inferior do que 15%, restando apenas as
zonas 5, 9, 11 e 12 para a interpretação convencional quantitativa (Tabela 13). Note que para
as zonas 5, 9, 10 e 11, foram estimados valores de Vsh.

Verifica-se que a zona 9 possui volume de argila (Vsh) menor que 30% bem como de Sw
inferior do que 50%, enquanto as zonas 5, 10 e 11 apresentaram valores superiores a 30% tendo
sido eliminadas para a análise detalhada (Tabela 14). Também foram estimados outros
parâmetros petrofísicos como o Net Reservoir e Net Pay (Tabela 15).

Tabela 14: Zonas de reservatório identificadas no Furo Nhachengue-1 discriminadas com recurso ao critério de
cutt-off deVsh ≤30% e Sw≤50%. (Fonte: Autor, baseado na classificação de Crain, 2020).

Profundidade

Zonas de Interesse Topo Base V argilas ou Saturação em água ou Classificação


Vshale (%) Water Saturation (%)
(m) (m)

Zona 5 (Formação de 1066 1078 38,57 72,53 Tight


Cheringoma)
Zona 9 (Formação de Argila 2166 2183 19,45 49,64 Reservatório
de Domo Superior)

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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
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Zona 10 (Formação de 2781 2797 49,59 96,24 Tight


Argila de Domo Superior)
Zona 11 (Formação de 2818 2824 45,69 89,91 Tight
Argila de Domo Superior)

Análise da Zona 9

A zona 9, a uma profundidade de 7107,48ft (2166m) – 7160,43ft (2183m), com uma espessura
global de 16m (gross thickness), segundo o relatório do furo da figura 18, geologicamente
enquadra-se na Formação de Argila do Domo Superior (do Turoniano). Contudo, os dados do
furo aqui analisados mostram valores baixos, registados no log Gr da Figura 25, aqui
interpretado como arenito. A partir crossplot entre os logs de RHOB e NPHI, verifica-se um
ligeiro carácter arenoso desta zona. Adicionalmente, o crossplot entre os RHOB e NPHI
também registam horizontes de calcário saturado de água, os dois logs registam valores
similares, acima e abaixo do horizonte de arenito principal, neste último alternado com
stringers de argila e arenito (Figura 24). Um horizonte de argilito também é indicado pela cor
verde abaixo do horizonte principal de arenito (vide Figura 23). Destes dados pode se notar
que apesar desta zona, na escala do furo enquadrar-se dentro da Formação de Argila de Domo,
acredita-se tratar-se de um horizonte arenoso (lente arenosa) encaixado na Formação argilosa
de Domo. Note que os valores de resistividade de penetração profunda MLL, são relativamente
altos, denotado, mais uma vez, que este horizonte, eventualmente foi preenchido por
hidrocarbonetos.

A natureza arenosa descrita pela Figura 23 não se confirma no crossplot entre RHOB e NPHI
apresentado na Figura 24, que mostra litologia entre calcário e dolomite. A presença de argila
também é acentuada nesta figura. A partir do ANEXO 6, verifica-se que este horizonte é
predominantemente formado por calcário com água e calcário com petróleo.

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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Figura 23: Zona de interesse 9 mostra horizonte de Arenito principal encaixado entre calcário saturado de água
acima e alternância de stringers de argilito, calcário saturado de água e argilito abaixo. Um segundo horizonte de
arenito é indicado na parte superior do crossplot (Furo Nhachengue-1).

O crossplot dos logs RHOB e NHPI da Figura 24, mostra que a zona 9 é composta por litofácies
de calcário e dolomite bem como as misturas binárias de arenitos-calcário e calcário-dolomite,
com maior predominância para calcário-dolomite.

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Figura 24: Crossplot de RHOB-NHPI mostrando a composição litológica da Zona de interesse 9.

4.4.Determinação de Net-Resevoir e Net-Pay


O Net Reservoir e Net Pay foram determinados usando cuttoffs de Vsh inferior ou igual a 30%,
Porosidade Total superior a 15% e Saturação em água inferior a ≤50%. Os resultados
calculados são apresentados na Tabela 15.

É importante ressalvar que só foi possível calcular o Net Pay (zona produtora) na zona 9, sendo
que nas outras não foi possível devido aos altos valores de Vsh e Sw e baixos valores de
Porosidade Total. Na zona 9 o valor de Gross é de 16m, e de Net-to-gross de 62,5%, sugerem
que a qualidade do reservatório é boa para acumulação de hidrocarbonetos. Contudo, os valores
de BVW nesta zona apresentam uma dispersão muito elevada, com valor de 5 (Tabela 15),
indicativo de certa heterogeneidade, onde os fácies são marcados pelas misturas de sedimentos
de grãos com tamanho de partículas variadas de grosso a fino. A porosidade efectiva calculada
é de 23,8% da porosidade total (ΦT) calculada para a zona 9 (Tabela 15). A permeabilidade
(K) obtida pela equação de Timur apresentou o valor de 34mD classificado como “moderada”.
A saturação em água (SWT_DUAL) apresentou o valor de 43,9% registando uma diminuição com
a profundidade em todo furo. A saturação em hidrocarbonetos (Sh) na zona 9 apresentou um
valor moderado de 56,1%, registando um aumento com a profundidade em todo o furo.

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Tabela 15: Resumo de parâmetros petrofisícos médios calculados para az zonas de interesse do Furo Nhachengue-
1.

Topo Base Gross Net NTG Vsh ΦT Φef K SWT_DUAL Sh


Zonas Flag BVW
(m) (m) (m) (m) (%) (%) (%) (%) (mD) (%) (%)

Z-1 (Formação Net


771 776 4,3 - - - - - - - - -
de Limpopo) Reservoir

Z-2 (Formação Net


845 852 7,6 - - - - - - - - -
de Limpopo) Reservoir

Z-3 (Formação Net


883 894 10,8 - - - - - - - -
de Limpopo) Reservoir

Z-4 (Formação Net


932 946 14,5 - - - - - - - - -
de Limpopo) Reservoir

Z-5 (Formação Net


1066 1078 12 0,7 6,3 0,4 28,6 28,2 28,2 608 63,4 36,6
de Cheringoma) Reservoir

Z-6 (Formação Net


1131 1141 10 1,3 13,3 0,9 28,7 32,4 32,4 1 62,5 37,5
de Cheringoma) Reservoir

Z-7 (Formação Net


1159 1174 15 2,2 15,1 1 28,8 33,7 33,7 2 55,7 44,3
de Cheringoma) Reservoir

Z-8 (Formação Net


1219 1222 2 - - - - - - - - -
de Cheringoma) Reservoir

Z-9 (Formação
Net
de Argila de 2166 2183 16 14,93 92,6 5 18,3 23,3 23,3 29 46,3 53,7
Reservoir
Domo Superior)
Z-9 (Formação
de Argila de 2166 2183 Net Pay 16 10,51 65,2 4 17,6 23,8 23,8 34 43,9 56,1
Domo Superior)
Z-10 (Formação
Net
de Argila de 2781 2797 16 - - - - - - - - -
Reservoir
Domo Superior)
Z-11 (Formação
Net
de Argila de 2818 2824 6 - - - - - - - - -
Reservoir
Domo Superior)
Z-12 (Formação Net
4433 4440 7 - - - - - - - - -
de Maputo) Reservoir

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1.Conclusões
 As formações do Cretácico (Argila do Domo Inferior e Maputo) apresentaram valores
de COT relativamente maiores em relação as Formações de Limpopo e de Cheringoma,
o que conferente uma qualidade razoável de potencial rocha fonte gerador de
hidrocarbonetos;
 Verifica-se o domínio do querogênio Tipo III em todas as formações de potenciais
rochas geradoras de hidrocarbonetos, precursor de Gás;
 Os diagramas de discriminação dos graus de maturidade térmica e tipos de
hidrocarbonetos gerados mostram que a as formações potenciais rochas fonte geraram
gás condensado e seco;
 Zonas de Potencias reservatórios de calcários, dolomites e misturas binárias entre estas
duas litologias foram identificados e mapeados, com base em crossplots entre os logs
de RHOB e NPHI. Um carácter ligeiramente calcário foi observado para a zona 9, com
ocorrência de hidrocarbonetos líquidos (petróleo);
 Os valores de saturação de água (Sw) em todo o furo tende a diminuir com a
profundidade, implicando o aumento de saturação em hidrocarbonetos (Sh) com a
profundidade.

5.2.Recomendações
 Para a melhoria dos resultados deste estudo, recomenda-se que se façam estudos
similares com maior número de furos para melhor perceber o sistema petrolífero Bacia
de Moçambique;
 Recomenda-se que se faca um estudo mais detalhado no furo Nhachengue-1 com o
intuito de caracterizar os reservatórios determinando o tipo de argila presente bem como
determinar ambientes deposicionais;
 Recomenda-se que se adquiram dados sísmicos 3D para melhor análise das potenciais
zonas reservatórios;
 Recomenda-se que se faça um estudo de Geoquímica Orgânica com os furos
Funhalouro-1 e Pomene-1, com o intuito de verificar a possibilidade de os
hidrocarbonetos líquidos terem vindo de outras fontes não mencionadas neste projecto,
visto que o furo Nhachengue-1 possui baixo potencial de geração de hc´s liquidos.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Nhachengue-1. Artigo não publicado pela ENH, Moçambique, Lourenço Marques.
2. Bassiouni, Z. (1994). Theory, Measurement, and Interpretation of Well log
analysis. 1ͣ ed. Texas, EUA: SPE Textbook Series Vol. 4. ISBN 1555630561.
3. Borba, Cláudio. (2014). Avaliação de Formações: Notas de Aula. Universidade
Tiradentes, Aracaju.
4. Costa, Cainan De Oliveira. (2017). Estimativa do teor de Carbono Orgânico total
das rochas geradoras de petróleo em poços da bacia de Recôncavo por meio de
perfilagem geofísica. Trabalho de Graduação, Universidade Federal da Bahia,
Salvador-Bahia.
5. Crain, E. (2020). Crains Petrophysical Handbook. Disponível no online:
http://spec2000.net.
6. Craveiro, K. D.E. Santo. (2013) Análise de diagrafias em poços na bacia de Rio
Grande do Norte. Tese de Mestrado, Instituto Superior Técnico Lisboa.
7. D. Atta-Peters, P. Garrey. (2014). Source Rock Evaluation and Hydrocarbon
Potential in the Tano Basin, South Western Ghana, West Africa. International
Journal of Oil, Gas and Coal Engineering, Vol. 2, No.5, pp. 66-77.
8. ECL e ENH. (1985). The petroleum Geology and Hydrocarbon Prospectivity of
Mozambique. Artigo não publicado pela ENH, Volume 2, Maputo.
9. ECL e ENH. (2000). The petroleum Geology and Hydrocarbon Prospectivity of
Mozambique. Artigo não publicado pela ENH, Volume 1, Maputo.
10. Faroc, Deolinda J. M.. (2017). Prospectividade da Área Offshore do Graben de
Chidenguele, com Base na Sísmica 2D. Projecto Científico, Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo.
11. Francisco, Norcésio Epifânio. (2018). Identificação de Fácies Sedimentares e
Avaliação das Secções de Hidrocarbonetos do Cretácico Superior e Inferior,
usando Well Logging Analysis, Onshore, Bacia de Moçambique. Projecto
científico, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
12. Governo do Distrito de Massinga. (2017). Plano do Desenvolvimento do Distrito de
Massinga (PDD IV) 2017-2026, Moçambique, Inhambane.

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13. Jonasse, Suzana Rafael. (2020). Avaliação do Carbono Orgânico Total (COT) de
Formações do Jurássico Superior-Cretácico Inferior e o Potencial de Geração de
Hidrocarbonetos, Bacia Do Rovuma. Projecto científico, Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo.

14. Langa, Hermínio Carlos. (2020). Caracterização Petrofísica dos Reservatórios de


Hidrocarbonetos nos Furos Nhamura-1 e Rio Nhanguazi-1 no Onshore da
Depressão do Delta do Zambezi. Projecto científico, Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo.
15. Lisboa, Alissa Carvalho. (2006). Caracterização Geoquímica Orgânica dos
Folhelhos neo-Permianos da Formação Irati Borda Leste da Bacia do Paraná.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio de
Janeiro.
16. Magoon, L. B, and Dow. (1994). The petroleum system-from source to trap.AAPG
Memoir 60, Chapter 1.

17. Mussa, Agostinho. (2014). Caracterização da matéria orgânica da sequência


sedimentar interceptada pela Sondagem NEMO-1X (Bacia de Moçambique).
Potencial para a geração de hidrocarbonetos. Tese de Mestrado. Faculdade de
Ciências da Universidade de Porto, Departamento de Geociências, Ambiente e
Ordenamento do Território.
18. Peters, K.E., Cassa, M.R. (1994). Applied source rock geochemistry, in Magoon,
L.B., and Dow, W.G., eds., The petroleum system-From source to trap: Tulsa,
Okla., American Association of Petroleum Geologists Memoir 60, p. 93-117.
19. Raider, M. H. (1996). The geological interpretation of well logs, 2nded,pp155-
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20. Rocha, Haline de Vasconcelos. (2016). Estudo Geológico do potencial de exploração
e produção de gás natural não convencional na bacia do Paraná: avaliação da
viabilidade no abastecimento da usina termoeléctrica Uruguaiana (RS).
Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo. Brasil.
21. Ribeiro, Daniella A. F. (2011). Modelagem Geoquímica 2D de Sistemas Petrolíferos
na Porcão Sul da bacia do Espírito Santo. Dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Rio, Rio de Janeiro.

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22. Salman, I. & Abdula. (1995). Development of the Mozambique and Rovuma
sedimentary basins, offshore Mozambique. Vol. 96 (1-2).
23. Schön, J. (2015). Basic Well Logging and Formation Evaluation. 1st edition
24. Silva, Raphael, R. (2016). Caracterização Petrofísica de Reservatório Carbonático
Albiano a partir de Perfis de Poço e Medições de Laboratório. Dissertação de
Mestrado, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Macaé – RJ.
25. Timane, Dércio Michaque. (2018). Aplicação de atributos Sísmicos para a
Identificação de Novos Reservatórios e Analise Petrofísicas de Potenciais
Reservatórios Atravessados pelo Furo Mulungo-1, da Bacia de Moçambique,
Inhassouro-Vilânculos. Projecto Científico, Universidade Eduardo Mondlane,
Maputo.
26. Tissot, B.P., Welte, D.H. (1984). Petroleum Formation and Occurrence (Second
revised edition). Springer-Verlag, Berlin.

6.1.Websites
a) http://geoando.blogspot.co.za
b) http://glossary.oilfield.slb.com
c) https://portogente.com.br/portopedia/84523-onshore
d) https://www.significadosbr.com.br/offshore

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7. ANEXOS

 Gráfico de dispersão de COT Vs S2;


 Gráfico de dispersão de Ro Vs Tmax;
 Tabela de Valores médios de IO e IH;
 Tabela de COT e parâmetros de pirólise;
 Gráfico de Correlação entre COT da formação de Argila do Domo Inferior e
parâmetros Petrofísicos;
 Identificação do tipo de fluido presente nos reservatórios da Zona 9 com recurso a
Vp/Vs ratio e Poisson Ratio.

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Gráfico de Dispersão de COT Vs S2


5
Oligoceno (Paleogéneo)

4
Campaniano-Santoniano
S2 (mg HC/g Rocha)

(Cretácico Superior)
3
Turoniano (Cretácico
Superior)
2
Cenomaniano (cretácico
superior) -Cretácico inferior
1
Cenomaniano-Cretácico
inferior
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
COT (% )

ANEXO 1: Gráfico de dispersão de S2 Vs COT mostrando uma correlação positiva

Gráfico de Dispersão de Ro Vs TMax


450

Oligoceno (Paleogéneo)
440

Campaniano-Santoniano
430 (Cretácico Superior)
TMax (°c)

Turoniano (Cretácico
420 Superior)

Cenomaniano (cretácico
410 superior) -Cretácico
inferior
Cenomaniano-Cretácico
400 inferior

390
0 1 2
Reflectância da vitrinite (%)

ANEXO 2: Gráfico de dispersão de Tmax Vs Rvit mostrando uma correlação positiva

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ANEXO 3: Valores médios de IO e IH

Formação Período (época) Média de Média de


IO IH
Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 144,44 44,44
Cheringoma Eoceno (Paleogéneo) 0,00 0,00
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano (Cretácico Superior) 180,00 68,89
Argila do Domo Turoniano (Cretácico Superior) 54,44 35,14
Superior
Areia do Domo Cenomaniano (Cretácico Superior) 24,44 22,22
Argila do Domo Cenomaniano (cretácico superior) -Cretácico 42,89 30,77
Inferior inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico inferior 52,00 34,37
Aglomerado Jurássica inferior - -
Vulcânico

ANEXO 4: Tabela de parâmetros de Geoquímica orgânica

Formação Período (época) Profundidade COT S2 (mg Tmax Rvit(%) HI (mg OI (mg
(m) (%) HC/g (°C) HC/g HC/g
Rocha) Rocha) Rocha)
Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 136,2 0,1

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 202,1 0,0

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 242,6 0,1

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 297,9 0,0

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 340,4 0,0

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 468,1 0,1

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 617,0 0,1

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 668,1 0,3 0,1 417,2 1,0 44,4 148,9

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 766,0 0,3

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 829,8 0,3

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 861,7 0,3

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 893,6 0,3

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 925,5 0,3

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 972,3 0,2

Limpopo Oligoceno (Paleogéneo) 1.006,4 0,3

Cheringoma Eoceno (Paleogéneo) 1.063,8 0,3

Cheringoma Eoceno (Paleogéneo) 1.138,3 0,3

Cheringoma Eoceno (Paleogéneo) 1.223,4 0,3 0,1 416,7 1,2 55,6 291,1

Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.287,2 0,3 0,1 416,7 1,4 53,3 266,7
(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.387,2 0,3 0,1 427,8 1,4 57,8 115,6
(Cretácico Superior)

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Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.410,6 0,3


(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.500,0 0,3
(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.542,6 0,4
(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.612,8 0,4
(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.680,9 0,5
(Cretácico Superior)
Grudja Inferior Campaniano-Santoniano 1.787,2 0,1
(Cretácico Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.797,9 0,7 0,5 430,0 1,7 113,3 44,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.840,4 0,6 0,1 429,4 1,8 33,3 44,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.861,7 0,6 0,1 425,6 1,9 37,8 66,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.897,9 0,6 0,2 422,2 2,0 44,4 82,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.936,2 0,8 0,3 422,8 2,1 62,2 46,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 1.970,2 0,8 0,2 427,8 2,2 35,6 42,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.010,6 0,6 0,1 428,3 2,2 42,2 48,9
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.046,8 0,3 0,1 425,0 44,4 44,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.074,5 0,6 0,1 425,6 44,4 62,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.108,5 0,8 0,2 427,8 33,3 44,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.148,9 0,6 0,2 427,8 37,8 66,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.183,0 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.212,8 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.244,7 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.287,2 0,4 0,1 427,8 48,9 51,1
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.314,9 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.344,7 0,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.376,6 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.404,3 0,4 0,1 433,9 40,0 82,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.436,2 0,6 0,1 433,3 22,2 60,0
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.485,1 0,8 0,2 432,2 44,4 84,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.538,3 0,5 0,0 428,3 24,4 68,9
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.606,4 0,6 0,1 426,7 35,6 44,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.621,3 0,6 0,1 433,3 35,6 66,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.648,9 0,6
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.680,9 0,6 0,1 438,9 26,7 44,4
Superior Superior)

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Avaliação da qualidade, maturidade térmica e do potencial gerador de 2021
hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.706,4 0,6 0,1 430,6 24,4 42,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.712,8 0,6 0,1 433,3 26,7 42,2
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.742,6 0,3
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.776,6 0,6 0,1 428,9 35,6 84,4
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.797,9 0,6 0,1 433,3 22,2 26,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.829,8 1,2 0,1 438,3 22,2 26,7
Superior Superior)
Xisto do Domo Turoniano (Cretácico 2.861,7 1,1 0,2 438,9 22,2 28,9
Superior Superior)
Areia do Domo Cenomaniano (Cretácico 2.883,0 0,3
Superior)
Areia do Domo Cenomaniano (Cretácico 2.925,5 0,3 0,1 430,6 22,2 24,4
Superior)
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 2.957,4 0,3 0,1 435,6 22,2 22,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 2.989,4 0,9 0,2 432,8 22,2 22,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.021,3 1,0 0,2 433,3 22,2 24,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.048,9 1,1 0,2 433,3 22,2 33,3
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.076,6 1,4 0,2 436,1 22,2 22,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.106,4 1,1 0,2 433,3 22,2 24,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.144,7 1,1 0,2 433,3 28,9 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.170,2 1,4 0,3 440,6 44,4 42,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.202,1 1,1 0,2 437,8 33,3 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.225,5 0,5
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.261,7 1,1 0,2 437,8 33,3 46,7
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.291,5 1,1 0,2 435,0 22,2 42,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.346,8 1,1 0,3 436,1 44,4 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.414,9 1,1 0,2 437,2 31,1 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.442,6 1,1 0,2 433,3 22,2 62,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior

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hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.478,7 1,1 0,2 435,6 24,4 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.500,0 1,1 0,2 430,0 26,7 31,1
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.534,0 0,9 0,2 438,9 37,8 66,7
Inferior superior) - Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.561,7 1,3 0,3 438,9 42,2 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.602,1 1,1 0,2 444,4 37,8 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.634,0 1,2 0,3 448,3 42,2 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.676,6 1,2 0,2 439,4 40,0 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.710,6 1,1 0,2 450,1 40,0 48,9
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.736,2 1,1 0,2 442,8 44,4 37,8
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.787,2 1,1 0,2 449,4 24,4 48,9
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.808,5 1,1 0,2 444,4 37,8 42,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.840,4 1,0 0,2 444,4 37,8 62,2
Inferior o superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.880,9 1,1 0,3 436,7 44,4 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 3.936,2 1,1 0,2 438,9 35,6 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.017,0 1,1 0,2 440,6 24,4 42,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.063,8 1,1 0,2 445,6 40,0 40,0
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.097,9 1,1 0,2 438,9 40,0 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.144,7 1,1 0,2 440,0 28,9 33,3
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.180,9 1,1 0,2 443,9 22,2 44,4
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Xisto do Domo Cenomaniano (cretácico 4.212,8 1,1 0,2 434,4 22,2 42,2
Inferior superior) -Cretácico
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.251,1 0,9 0,2 444,4 22,2 66,7
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.287,2 0,9 0,2 437,2 22,2 44,4
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.319,1 0,8 0,1 439,4 22,2 66,7
inferior

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Avaliação da qualidade, maturidade térmica e do potencial gerador de 2021
hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.351,1 0,8 0,1 440,6 11,1 55,6


inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.383,0 0,8 0,1 442,8 35,6 44,4
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.406,4 0,8 0,1 435,0 33,3 51,1
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.436,2 0,9 0,5 439,4 44,4 60,0
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.472,3 0,9 0,2 437,8 26,7 57,8
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.500,0 0,6 0,2 439,4 44,4 44,4
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.506,4 0,6 0,1 439,4 44,4 44,4
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.521,3 0,6 0,2 438,9 44,4 46,7
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.542,6 0,8 0,1 443,3 66,7 84,4
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.553,2 0,8 0,1 438,3 22,2 60,0
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.572,3 0,6 0,1 437,2 33,3 46,7
inferior
Maputo Cenomaniano-Cretácico 4.578,7 0,6 0,1 437,8 42,2 44,4
inferior
Aglomerado Jurássica inferior 4.606,4 0,4
Vulcânico
Aglomerado Jurássica inferior 4.617,0 0,1
Vulcânico

ANEXO 5: ANEXO 5: Correlação entre COT da formação de Argila do Domo Inferior e parâmetros petrofísicos

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Avaliação da qualidade, maturidade térmica e do potencial gerador de 2021
hidrocarbonetos de rochas fontes e os horizontes reservatórios de ocorrência
de hidrocarbonetos atravessados pelo Furo Nhachengue-1

Calcário com água

Calcário com petróleo

Calcário com gás

ANEXO 6: Identificação do tipo de fluido presente nos reservatórios da Zona 9 com recurso a Vp/Vs ratio e Poisson Ratio.

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