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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Projecto Científico

ANÁLISE DO SISTEMA PETROLÍFERO DA BACIA DO ROVUMA


(ONSHORE), COM BASE EM GEOQUÍMICA ORGÂNICA DO FURO
MOCIMBOA-1, MOÇAMBIQUE.

Autor:

Maurício Ernesto Guiliche

Maputo, Janeiro de 2016


Faculdade de Ciências

Departamento de Geologia

Projecto Cientifico

ANÁLISE DO SISTEMA PETROLÍFERO DA BACIA DO ROVUMA


(ONSHORE), COM BASE EM GEOQUÍMICA ORGÂNICA DO FURO
MOCIMBOA-1, MOÇAMBIQUE.

Autor: Maurício Ernesto Guiliche

Supervisor: dr. Belarmino Massingue (UEM)

Co-supervisor: dr. Juma Momade (ENH)

Maputo, Janeiro de 2016


DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que os dados aqui apresentados são reais e os resultados são fruto de
investigação levada a cabo por mim e que o presente trabalho nunca foi submetido a nenhuma
instituição de ensino para efeitos de obtenção de grau académico.

Maputo, Janeiro de 2016

Assinatura

_________________________________

(Maurício Ernesto Guiliche)

I
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao meu Pai Celestial pelo dom da vida e minha família por todo amor,
carinho e incentivo durante toda vida. Especiais agradecimentos para minha mãe Avelina Maurício
Novela que acreditou ser possível fazer o ensino superior mesmo com poucos recursos e a minha
namorada que soube ter paciência nos momentos que parecia estar a lhe trocar pela geologia.

Especial agradecimento para a ENRC, pela Bolsa de estudo que permitiu cobrir as despesas durante o
período de formação.

Agradeço em particular o supervisor dr. Belarmino Massingue por ter aceitado o desafio de
desenvolver este tema como projecto científico e pela orientação que me deu em todas fases do
projecto. A todos que reservaram um tempo para ler e contribuir com ideias para o melhoramento do
projecto especialmente ao meu irmão da igreja Osvaldo Chamba, dr. Juma Momade, dr. Thodi Viola e
dr. Dercio Levi.

Agradeço a INP por ter disponibilizado os dados que tornaram real o sonho de desenvolver o projecto
científico na área de geoquímica orgânica.

A todos funcionários do departamento de geologia que contribuíram activamente para a minha


formação, Sr. Teófilo, Sra. Paula Matusse, Sra. Elisa, Sra Luisa, Sra Leta, Sr. Guiamba, Sr. Machava,
Sra. Atália, Sra. Olga, Sr. João, Sr. Manuel, Sr Raimundo e Sr Gomes o meu muito obrigado.

Aos meus companheiros de “trincheira” Marcelino Zacarias, Jemusse Saide, Eduardo Ramos, Nelma
Roberto e Mervina Boca e a todos colegas do ano 2011.

A todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação e realização deste
projecto cientifico.

II
RESUMO

O projecto faz uma análise e interpretação orgâno - geoquímica das Formações do Cretácico e
Terciário atravessadas pelo furo Mocimboa-1executado na parte Onshore da Bacia do Rovuma, de
modo a identificar as rochas potencias geradoras, e explicar o porque da maior ocorrência de gás em
detrimento do petróleo na parte Onshore da Bacia do Rovuma.

Jones (1987) definiu 7 fácies orgânica designada por letras (A, AB, B, BC, C, CD e D), com base em
técnicas geoquímica (parâmetros de pirólise e carbono orgânica total) e petrografia orgânica em que o
potencial para geração de hidrocarboneto decresce de A para D (Filho et al, 2008).

As Formações do Terciário exibem fácies orgânica do tipo D caracterizadas pelo baixo potencial para
geração de hidrocarbonetos. Enquanto o Cretácico apresenta fácies orgânica do tipo CB com potencial
para gás natural. Presume-se uma variação de fácies de CB para B a BA em direcção a Offshore e
caracterizados por grande potencial para geração de petróleo.

Os parâmetros de maturidade mostram matéria orgânica imatura à matura (0.33 a 0.97% de Rv e 418 a
441oCde Tmax) para o Terciário e matura à supermatura (1.42 a 1.70% Rv e 452 a 504oC de Tmax)
para O Cretácico Superior a Médio. As condições super maturas da matéria orgânica do Cretácico
mostram que esta gerou, petróleo e gás durante a evolução da zona de fractura de Davie no Cretácico
Superior os hidrocarbonetos gerados não encontram condições de acumulação tendo se perdido devido
a migração terciária através de falhas e erosão das armadilhas durante os eventos erosivos que
dominaram este tempo geológico.

De Terciário até o Recente existem condições térmicas para geração de hidrocarbonetos na parte
Offshore que migram em direcção a Onshore da Bacia do Rovuma. Porem o actual nível de evolução
térmica da matéria orgânica das rochas potências geradoras do Cretácico Superior, só permiti a
formação de gás natural dai a possível razão da maior ocorrência de gás natural em detrimento do
petróleo na parte Onshore da Bacia do Rovuma.

Segundo Key et al. (2008) a Formação de Mifume é representado pelas formações de Cretácico
superior no furo Mocimboa-1 dai que possivelmente a rochas geradoras são os argilitos e calcários da
Formação do Mifume.

III
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

CGG- Companhia Francesa de Geofísica MAE- Ministério de Administração Estatal


COT – Carbono Orgânico Total Mopet- Moçambique petróleo

Cm- centímetros NNW- Noroeste

CO2- Dioxido de carbono NE- Nordeste

COGEO- Congresso de geologia N- Norte

E- Este SE- Sudeste

ECL- Exploration Consultant Ltd Sul- Sul

ENH- empresa Nacional de Hidrocarbonetos Shell- Empresa petrolífera

ESSO- Companhia Americana de Petróleo SREA- Sistema de Rifte Este africano

g- gramas SW- Sudoeste

HC’s- Hidrocarbonetos UEM- Universidade Eduardo Mondlane

INP- Instituto Nacional de Petróleo W - Oeste

m - Metros

mg- miligramas

MO- Matéria Orgânica

NW- Noroeste

Rv – Reflectância da Vitrinite

SSE - Su-Sudeste

IV
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Localização da área do estudo. Modificado Google Earth, 2015. ..................................... 2


Figura 2. Modelos de interpretação de perfis de Rv, adaptado do Merril, (1991). ......................... 14
Figura 3.Mapa geológico da bacia do Rovuma incluindo pontos de amostragem durante o
mapeamento modificado do Key et al., 2008. ................................................................................. 19
Figura 4. Perfil sísmico das principais estruturas da Bacia do Rovuma, ECL 2000....................... 24
Figura 5. Mapa geológico da área de estudo adaptado do Carneiro & Alberto (2014) .................. 25
Figura 6. Resumos de Logs litoestratigraficos dos furos Mocimboa-1 e Mecupa-1 executados na
área de estudo, fonte; (Carmeni & Alberto, 2014). ......................................................................... 26
Figura 7. Tipos de querogênio com base nos parâmetros da pirólise (IH e IO). Todas as unidades
projectadas exibem querogêno do tipo IV. ..................................................................................... 32
Figura 8. Variação do potencial de geração de hidrocarbonetos em função do COT das rochas
geradoras atravessadas pelo furo Mocimboa-1. .............................................................................. 33
Figura 9. Relação entre índice de produção (IP) e Tmax. Em que as unidades do oligoceno,
Paleoceno e Senoniano exibem MO imatura com baixo nível de conversão; as unidades de
Cemaniano e Turoniano exibem MO matura ultrapassando o pico de conversão e as unidades do
Albiano-Alpiano exibem MO super matura (gás seco)................................................................... 35
Figura 10. Perfil de reflectância da Vitrinite (Rv) e Tmax, onde a linha vermelha Horizontal
marca a incoformiddae que separa as formações imatura do Terciário e Cretácico Superior
(Senoniano Turoniano) das formações Supermaturas do Cretácico Médio a Superior
(Cenomaniano e Albiano-Alpiano) ................................................................................................. 36
Figura 11. A Linha vermelha a tracejado nos perfis de Rv e Tmax representa a inferência da
continuidade do perfil do Terciário nas Formações do Cretácico superior que mostra que este não
alcança as temperaturas de maturação em que foram sujeitas as formações abaixo da linha da
inconformidade durante o Cretácico Superior neste ponto da área de estudo. ............................... 37
Figura 12. Relação entre as razões Pristano/n-C17 e Fitano/n-C18, em escala logarítmica. Todas
unidades mostram baixo nível de Biodegradação dos hidrocarbonetos, a rocha fonte destes
hidrocarbonetos contem MO marinha depositada em ambiente reductor e supermatura. .............. 40
Figura 13. Relação entre as percentagens do metano e das fracções mais pesadas do gás natural,
em que as unidades do Terciário apresentam maioritariamente gás seco e as de Cretácico Gás
Húmido............................................................................................................................................ 41
Figura 14.Mapa do risco exploratório da Bacia do Rovuma. Adaptado: Mahanjane& Franke
(2013). ............................................................................................................................................. 42

V
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: potencial de geração de hidrocarbonetos com base no COT, senso Peter e cassa, 1994 ....... 11
Tabela 2: Grau da maturação da matéria orgânica em função do Tmax correlacionado com
Reflectância da vitrinite, Adaptado na base do Peter e Cassa, 1994...................................................... 13
Tabela 3. Fácies orgânica segundo Jones (1987) ................................................................................... 15
Tabela 4: condições paleoambientais função da razão Pr/Ft. ................................................................ 16
Tabela 5. Resumo da litoestratigrafia da Bacia do Rovuma (Carneiro & Alberto, 2014) ..................... 20
Tabela 6. Resumo das principais litologias do Furo Mocimboa-1......................................................... 29

VI
ÍNDICE GERAL

DECLARAÇÃO DE HONRA .................................................................................................................. I


AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. II
RESUMO ................................................................................................................................................ III
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS.......................................................................................IV
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................ V
ÍNDICE DE TABELAS ..........................................................................................................................VI
I. GENERALIDADES .......................................................................................................................... 1

1.1. Introdução ...................................................................................................................................... 1

1.2. Localização da área de estudo ........................................................................................................ 2

1.3. Histórico do furo Mocimboa-1 ...................................................................................................... 2

1.4. Objectivos ...................................................................................................................................... 3


1.4.1. Geral........................................................................................................................................ 3
1.4.2. Específicos .............................................................................................................................. 3

1.5. Identificação do problema .............................................................................................................. 4

1.6. Hipóteses ........................................................................................................................................ 4

1.7. Relevância do projecto ................................................................................................................... 6

1.8. Metodologia ................................................................................................................................... 7

1.9. Clima e relevo ................................................................................................................................ 9


II. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE GEOQUÍMICA ORGÂNICA ............................................... 10

2.1. Geoquímica Orgânica....................................................................................................................... 10

2.2. Carbono Orgânico Total (COT) ................................................................................................... 10

2.3. Avaliação da Rocha Por Pirólise .................................................................................................. 11

2.4. Perfil de Reflectância da vitrinete ................................................................................................ 13

2.5. Fácies Orgânicas .......................................................................................................................... 14

2.6. Biomarcadores.............................................................................................................................. 16

VII
2.7. Propriedades Moleculares do Gás Natural. .................................................................................. 17
III. ENQUDRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA DO ROVUMA .............................................. 18

3.1. Geologia Regional ........................................................................................................................ 18


3.1.1. Litoestratigrafia da Bacia do Rovuma .................................................................................. 20
3.1.2. Evolução Tectono-Estratigráfica da Bacia do Rovuma ........................................................ 21
3.1.3. Configuração tectono-estrutuaral da Bacia do Rovuma ....................................................... 23

3.2. Geologia local e Litoestratigrafia do Furo Mocimboa-1.............................................................. 25


IV. DADOS DO FURO MOCIMBOA-1 ........................................................................................... 29

4.1. Dados litoestratigraficos............................................................................................................... 29

4.2. Geoquímica .................................................................................................................................. 30


4.2.1. Carbono orgânico total (COT) .............................................................................................. 30
4.2.2. Dados de Pirólise .................................................................................................................. 30
4.2.3. Reflentancia da Vitrinete ...................................................................................................... 30
4.2.4. Biomarcadores ...................................................................................................................... 31
4.2.5. Propriedades moleculares de Gás Natural ............................................................................ 31
V. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................... 32

5.1. Avaliação da quantidade e qualidade da matéria orgânica das rochas geradoras na Bacia do
Rovuma na parte Onshore. ..................................................................................................................... 32

5.2. História térmica e de subsidência da Bacia Bacia do Rovuma na parte Onshore ....................... 34

5.3. História de geração de Hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma e implicações para as ocorrências


de gás natural na parte Onshore .............................................................................................................. 38

5.4. Comparação e correlação de Rochas geradoras e os hidrocarbonetos encontrados no furo


Mocimboa-1. ........................................................................................................................................... 40

5.5. Migração e Acumulação de Hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma na parte Onshore ............... 41


VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................... 43

6.1. Conclusões ................................................................................................................................... 43

6.2. Recomendações ............................................................................................................................ 43


VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 44
ANEXOS ................................................................................................................................................ 47

VIII
I. GENERALIDADES

1.1.Introdução

A existência de hidrocarbonetos em quantidades significativas numa bacia sedimentar depende da


existência de grandes volumes de matéria orgânica de qualidade adequada, acumulada durante a
deposição das rochas sedimentares que são denominadas de geradoras. Outros elementos como rochas
reservatórios, selantes e de soterramento são também essenciais pois colaboram em processos de
formação de armadilhas, migração e acumulação de hidrocarbonetos. Estes elementos e processos
devem estar correctamente posicionados no tempo e no espaço, de modo que a matéria orgânica
contida na rocha geradora seja convertida numa acumulação de hidrocarbonetos.

A utilização e a interpretação dos resultados analíticos de geoquímica orgânica (pirólise, petrografia


orgânica e análise de C, H e O), compreendem uma das etapas mais importantes para o sucesso da
pesquisa de hidrocarbonetos. Esses dados possibilitam o posicionamento no tempo e no espaço da
ocorrência de uma determinada fácies potencialmente geradora de hidrocarbonetos.

Durante o ano 2010, Anadarko Petroleum Corporation (“Anadarko”), fez anúncio de descobertas
significantes de gás natural, na área 1, Offshore da Bacia do Rovuma em Moçambique. O furo
Inroclad localizado na mesma área, resultou em descoberta de gás e algumas quantidades de petróleo
em arenitos do Cretácico. Esta foi a primeira ocorrências de petróleo anunciada até então na parte
Offshore em todas bacias do Este de África (Wentworth, 2011). Foram identificadas ocorrências de gás
natural no furo Mocimboa-1 executado em 1986 na parte Onshore ba Bacia do Rovuma (ECL, 2000).
Apesar destas descobertas, ainda não se conhece a rocha geradora destes hidrocarbonetos.

Os resultados do mapeamento geológico levado a cabo pela Direcção Nacional de Geologia (DNG),
Serviços Geológicos da Noruega e Inglaterra indicam a possibilidade de existência de rochas potências
geradoras da idade do Terciário, Jurássico e Cretácico.

Este projecto visa aumentar o reportório do conhecimento científico acerca da natureza (origem) dos
Hidrocarbonetos da Bacia do Rovuma na parte Onshore por meio da caracterização geoquímica,
através da interpretação de dados das análises do Carbono Orgânico Total (COT), parâmetros da
pirólise, biomarcadores e reflectância da vitrinite usando os dados geológicos do furo Mocimboa-1.

1
1.2. Localização da área de estudo

A área de estudo situa-se a NE da província de Cabo Delgado, ocupa os distritos de Mocimboa da


Praia e Palma Confinado a Norte com o Rio Rovuma que estabelece fronteira com Tanzânia, Oeste
Distrito de Mueda e a Este é banhando pelo oceano Índico (Figura 1).O furo Mocimboa-1 usado neste
projecto localiza-se a aproximadamente 14 km do Porto de Mocimboa da Praia com as coordenadas
X= 639630.08 e Y= 8735395.18, (ESSO, 1986).

Figura 1.Localização da área do estudo. Modificado Google Earth, 2015.

1.3.Histórico do furo Mocimboa-1

Os primeiros trabalhos de pesquisa de hidrocarbonetos na área de estudo foram realizados em 1980,


quando a CGG adquiriu um total de 15.211 kmde dados aeromagnéticos (ECL, 2000).

ESSO actuando como operador, a CGG foi contratada em 1984 para fazer uma cobertura regional
Onshore, e em 1985 adquiriram cerca de 2200 km de linhas sísmicas, a CGG também registou a
gravidade da terra e os dados magnéticos com esta pesquisa (ECL, 2000).

Seguindo a interpretação dos dados, a ESSO executou o furo Mocimboa-1 em 1986, o primeiro furo
efectuado na parte Moçambicana da Bacia do Rovuma, com objective de alcançar arenitos de Albiano
2
- Cenomaniano a 3300 m de Profundidade tendo alcançado as formações do Cretácico Superior e com
total de 3450 m de profundidade (ESSO, 1986).

Vestígios de petróleo foram identificados em lentes de calcários e arenitos abaixo de 1715 m de


profundidade e manifestações significativas de gás e condensado, foram encontradas em arenitos do
Cretácico Superior no intervalo de 3,291 a 3409 m de profundidade (ECL, 2000).

Apesar de indícios de gás terem sido encontrados, devido a problemas de perfuração o furo foi
abandonado e não foi testado (ESSO, 1986).

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral

 Encontrar e caracterizar a rocha geradora dos hidrocarbonetos na parte Onshore de forma a


justificar a ocorrência de maiores quantidades de gás natural em detrimento do petróleo na
parte Onshore da Bacia do Rovuma.

1.4.2. Específicos

 Identificar as rochas geradoras de hidrocarbonetos da Bacia do Rovuma na parte Onshore.


 Definir a maturidade térmica da matéria orgânica nas rochas geradoras.
 Determinar o potencial gerador das unidades identificadas.
 Identificar o tipo de hidrocarbonetos gerados na Bacia do Rovuma Onshore.

3
1.5. Identificação do problema

Um dos grandes desafios durante a pesquisa dos hidrocarbonetos é identificar as formações geológicas
que atingiram a maturação, para compreender a história de geração e migração dos hidrocarbonetos em
uma bacia sedimentar. Segundo Basílio et al. (2014) nota-se pouco conhecimento das rochas geradoras
dos hidrocarbonetos da Bacia do Rovuma, o que cria limitações em responder as seguintes perguntas:

 Quais as unidades na Sequencia estratigráficas da Bacia do Rovuma Onshore são possíveis


horizontes de rochas geradoras e qual é a quantidade e qualidade matéria orgânica destas
Rochas geradoras?

 Que evidencia concernentes timing de geração e migração existem?

 Como a temperatura mudou ao longo do tempo geológico durante a evolução da Bacia do


Rovuma Onshore?

 O que explica a descoberta de gás em detrimento do petróleo no Offshore para o Onshore?

O pouco conhecimento das rochas geradoras deste sistema petrolífero dificulta a caracterização e o
mapeamento das rochas através da correlação geoquímica Hidrocarbonetos - rocha geradora, bem
como identificar rotas de migração.

1.6. Hipóteses

Acumulações comerciais de gás natural quase exclusivamente resultam da degradação bacteriana ou


térmica da matéria orgânica sedimentar, podendo este ser de origem primária ou secundário (Ozgul,
2002).

A geração e ocorrência de gás natural do tipo primário, que é gerado directamente por uma rocha mãe
(Whiticar, 1994, citado. Ozgul, 2002), é principalmente dependente do tipo do querogénio, história de
soterramento (temperatura e tempo) e gradiente geotérmico.

O gás natural tipo primário incluem o metano biogénico e gás termogênico. Produção microbiana de
gás natural ocorre em estágio imaturo através de transformação química da matéria orgânica (por

4
exemplo o Berner, 1989, citado por. Ozgul, 2002). Esse processo anaeróbio tem sido amplamente
documentada nos aquíferos e sedimentos de subsuperfície rasa com os regimes térmicos <~ 70oC
(Hunt, 1997, citado por. Ozgul, 2002).

Três possíveis origens podem ser previstas para o gás natural gerado termogênicamente na rocha
geradora (Clayton, 1991; Behar et al, 1992, cit. Mello et. Al, 2000):

1. - Gás proveniente do querogénio em associação com a gênese de petróleo (janela do


petróleo);

2. - Geração tardia de gás do querogénio após a primeira geração de petróleo que é composto
principalmente de metano (janela do gás húmido);

3. - Gás gerado pela degradação térmica do petróleo ou uma parte do petróleo (geralmente, os
compostos mais pesados) remanescente na rocha fonte (janela de gás seco).

Embora que estes hidrocarbonetos são expulsos da rocha fonte, uma parte deles podem permanecer
adsorvido em parte da rocha geradora (Friedrich e Jüntgen, 1972, citados por Mello et. all, 2000).

As unidades do Jurássico e maior parte do Cretácico da Bacia do Rovuma tem matéria orgânica super
matura à matura (ECL, 2000). Esse cenário permite estabelecer as seguintes hipóteses para explicar as
grandes acumulações de gás natural na bacia.

Hipótese 1

Uma das hipóteses para as descobertas de gás em detrimento do petróleo pode ser que as Rochas
potências geradoras do Jurássico e Cretácico tenha alcançado a janela de petróleo antes da formação
das armadilhas o que pode ter causado a dissipação do petróleo (migração terciária), pois segundo
Magoon & Dow (1994) para que haja acumulação de hidrocarbonetos é necessário primeiro, haver
formação de armadilhas antes da geração de hidrocarbonetos. Noutro tempo geológico (Terciário),
com a evolução da bacia, estabeleceram-se as condições para acumulação em um momento em que o
estágio de evolução térmica das rochas geradoras só permitia a geração de gás.

5
Hipótese 2

Outra hipótese seria que no princípio o petróleo tenha encontrado condições para se acumular em
armadilhas do Jurássico e Cretácico que posteriormente o sistema foi destruído devido a movimento
tectónicos aliados com os possíveis ciclos de erosão, pois segundo Agostinho (2012) a Bacia do
Rovuma é constantemente afectada por movimentos tectónicos desde a fragmentação do Gondwana até
o desenvolvimento do Rift Este Africano. Cessados estes eventos, no Terciário a bacia passou a
acumular novos sedimentos aumentando a espessura e conduzindo ao segundo craqueiamento do
querogênio em rochas geradoras resultando na formação de gás.

Hipótese 3

O petróleo pode sofrer diferentes tipos de alteração durante a migração e no tempo de acumulação, esta
alteração pode acontecer devido a processos de biodegradação, washing oil, craqueamento térmico
(Connan et all, cit Gil 1998). Há uma possibilidade destes processos terem actuado nos reservatórios
da Bacia do Rovuma (potencialmente nos reservatórios do Jurássico e Cretácico) especificamente o
processo de craqueamento térmico transformando assim o petróleo em gás.

Estas hipóteses podem ser testadas através de estudo de fácies orgânicas nas rochas potências
geradoras, dos indicadores de maturação e a configuração estrutural da Bacia na área de estudo. O
estudo permite identificar numa sequência estratigráfica de uma bacia horizontes com rochas potências
geradoras, reconstruir a história térmica desta de modo a definir o timing entre a formação de
armadilhas, geração, migração e acumulação de hidrocarbonetos.

1.7. Relevância do projecto

Os elementos que compõem um sistema petrolífero são rocha geradora, rocha reservatório, rochas
selantes e rocha de soterramento. No caso da Bacia do Rovuma o primeiro elemento é pouco
conhecido sendo muitas vezes referenciado de uma forma especulativa.

As descobertas de grandes reservas de hidrocarbonetos (gás natural) na bacia, na parte Offshore mostra
que o sistema petrolífero é activo. Os estudos actuais indicam a possibilidade de existência de rochas
geradoras em formações do Jurássico superior compostas por argilitos e calcários de ambiente

6
deposicional marinho, Formações do Cretácico compostas por argilitos de ambiente deposicional
marinho e Terciário composto por argilitos de ambiente deposicional deltaico (ECL, 2000, Artuma,
2008).

A caracterização geoquímica das rochas geradoras atravessadas pelo furo Mocimboa-1 permitirá
identificar, avaliar o potencial de geração das rochas e prever a qualidade, quantidade e tipo (líquidos
ou gasosos) de hidrocarbonetos gerados na Bacia do Rovuma na parte Onshore. Justificando-se assim
o presente Projecto Cientifico.

Em termos científico o projecto demonstra ser possível fazer uma pesquisa científica e obter resultados
com uma visão ampla do sistema petrolífero da Bacia aplicando métodos simples de pesquisa
bibliográfica e interpretação de dados existentes de furo Mocimboa-1.

Sendo a geoquímica orgânica uma área de interesse profissional do autor, o projecto é uma
oportunidade deste se familiarizar com este ramo da ciência servindo assim, de experiência para os
futuros desafios profissionais.

1.8. Metodologia

O presente projecto seguiu a seguinte metodologia:

 Pesquisa Bibliográfica

Nesta fase foram colectadas informações em publicações nacionais e internacionais sobre o sistema
petrolífero da Bacia do Rovuma, bem como os conceitos da geoquímica orgânica no geral nas
bibliotecas da Universidade Eduardo Mondlane e Instituto Nacional de Petróleo (INP) e pesquisas nas
revistas digitais.

7
 Catalogação dos dados geoquímicos do Furo Mocimboa-1

Nesta fase faz-se a colecta e selecção de dados necessários para responder aos objectivos do presente
estudo. Os dados utilizados para o desenvolvimento do projecto científico, foram obtidos no Instituto
Nacional de petróleo (INP). As informações colectadas consistem concretamente em relatórios
geoquímicos do furo Mocimboa-1, perfurado em 1986 pela companhia petrolífera ESSO, o relatório
contém dados referentes a pirólise, carbono orgânico total (COT), biomarcadores (Isoprenoides e
alcanos normais), composição química molecular de Hidrocarbonetos analisados no Furo Mocimboa-1
e reflectância de vitrinite.

Foram selecionadas para analise químicas as rochas argilosas Siliciclasticas e carbonatadas das
Formações do Terciário e Cretácico Superior interceptadas pelo furo Mocimboa-1. um total de 46
amostra foi atacado por acido clorídrico ( HC(aq)), para remoção da matéria mineral posteriormente
fez-se analise do carbono orgânico total (COT), as amostras siliciclasticas com COT igual ou superior
0.5% e carbonaticas com COT igual ou superior a 0.2 % foram submetidos analiso por Pirolise
concretamente foram um total de 22 amostras analisados através desta técnica.

os biomarcadores foram analisados em hidrocarbonetos encontrados ao longo das formações


atravessadas pelo furo com base nas técnicas de cromatografia gasosa e liquida, o intervalo que
registrou manifestações de hidrocarbonetos vai de 743.712 a 3450.336 m de profundidade.

 Análise e discussão de resultados

Depois de selecionados os dados fez-se tabelas e gráficos com auxílio de Excel de modo a facilitar
apresentação e discussão dos resultados. A interpretação dos resultados e figuras foi feita com base em
padrões disponíveis na bibliografia consultado apresentadas no Capitulo de fundamentos teóricos de
geoquímica orgânica. Por fim elaborou-se o relatório final que configura o presente Projecto
Científico.

8
1.9. Clima e relevo

A região apresenta um clima do tipo sub-húmido seco, onde a precipitação média anual varia entre 800
e 1000 mm e a temperatura média durante o período de crescimento das culturas excede os 25 oc (24 a
26oc). A evapotranspiração potencial é da ordem dos 1400 a 1600 mm. (M.A.E, 2005)

As planícies costeiras na região são dissecadas por alguns rios que correm da costa para o interior, que
gradualmente passa para um relevo mais dissecado com encostas mais íngremes intermédias, da zona
subplanáltica de transição para zona litoral. (M.A.E, 2005).

A região caracterizada pelos seus solos arenosos, lavados a moderadamente lavados,


predominantemente amarelos a castanho-acinzentados, quer seja os da cobertura arenosa do interior
(Ferralic Arenosols), quer seja os das dunas arenosas costeiras (Haplic areosols). Os solos arenosos
hidromorficos de depressões e baixas ocorrem alternados com as partes de terreno mais elevados
(Gleyc Arenosols), (M.A.E, 2005).

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II. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DE GEOQUÍMICA ORGÂNICA

2.1. Geoquímica Orgânica


A geoquímica orgânica é um ramo das geociências que permite através de aplicação dos
conhecimentos da química orgânica estudar a origem, migração e acumulação, pesquisa e produção de
hidrocarbonetos (Freitas, 2007). A matéria orgânica presente nas rochas sedimentares, sob o ponto de
vista da geoquímica orgânica, é constituída de uma fracção insolúvel em solventes orgânicos
denominada querogênio (Durand, 1980 citado por Freitas, 2007) e uma fracção solúvel nesses
solventes normalmente reconhecida como matéria orgânica solúvel ou betume.
Enquanto o querogênio é estudado através da microscopia, objecto da palinológica ou da petrografia
orgânica, o betume é extraído das rochas e caracterizado por diversos procedimentos analíticos da
geoquímica orgânica, também conhecida como geoquímica do petróleo (Freitas, 2007)

2.2.Carbono Orgânico Total (COT)

Em função das características geoquímicas necessárias para avaliar um sedimento como sendo de uma
rocha geradora de hidrocarbonetos, a quantificação da matéria orgânica apresenta-se como o primeiro
parâmetro a analisar. A quantidade de matéria orgânica é medida através do teor de carbono orgânico
total (COT), expresso na forma de percentual em relação a amostra seca, que reflecte as condições de
produção e preservação no ambiente de deposição (Da silva, 2007). A quantidade de matéria orgânica
presente nos sedimentos ou rochas inclui tanto a matéria orgânica insolúvel denominada de
querogênio, como a matéria orgânica solúvel em solventes orgânicos, denominada de betume.

O valor mínimo aceitável para classificar uma rocha como potencial geradora em % COT (em massa) é
0.50% em rochas siliciclastica (Argilito e siltito) e 0.2% em rochas carbonaticas (calcário) ver tabela 1.

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Tabela 1: potencial de geração de hidrocarbonetos com base no COT, senso Peter e cassa, 1994

Poten HC's COT em rochas Siliclasticas COT em rochas Carbonatadas


(% peso) (% peso)
Pobre 0 - 0.5 0.0 - 0.20
Regular 0.5 – 1 0.20 - 0.50
Bom 1–2 0.50 - 1.0
Muito bom 2–4 1.0 - 2.0
Excelente ˃4 ˃2.0

2.3.Avaliação da Rocha Por Pirólise

Pirólise segundo (Peters1986 e Nazir (2013), trata-se de um processo de queima de Matéria Orgânica
na ausência de oxigénio (atmosfera inerte) para conservação de componentes orgânicos, esse processo
consiste em destilação de hidrocarbonetos livres e craquiamento de produtos prolíficos
correspondentes a matéria orgânica insolúvel em três picos.

O primeiro pico (S1) representa os hidrocarbonetos livres termicamente destilados da rocha a


temperatura abaixo de 300 0C. a área a baixo do pico corresponde a quantidade de hidrocarbonetos
livres dentro da rocha.

O segundo pico S2 corresponde os hidrocarbonetos resultantes do craquiamento do querogenio a


temperaturas de 300-550 oC.

O terceiro pico S3 correseponde a quantidade de CO2 (mg CO2/g rock) libertado do craquiamento do
querogenio e detectado durante queima no forno pirolisador.

O uso de dados de pirólise rock Eval é sugerido somente em caso em que COT dos sedimentos excede
0.5 %. Percentagens insuficientes de MO direcciona a resultados errados devido a variáveis efeitos da
matriz mineral e baixas assinaturas de rácios de interferência.

Os parâmetros básicos gerados na Pirólise são usados para inferir o potencial de geração, maturidade e
o tipo de MO( Peters, 1986; Peters & Cassa, 1994; citado por Nazir, 2013) e são:

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Índice de hidrogénio (IH) - é a razão entre o S2 e COT da rocha, expressado com mg de
hidrocarbonetos por g de COT (mg HC/gCOT). O IH é um parâmetro fundamental usado em modelos
quantitativos do volume e da fase dos hidrocarbonetos gerados (peper & Corvi, 1995b; Arfaoui e tal.,
2007; citados por Nazir, 2013). Os organismos marinhos e as algas são geralmente compostos
maioritariamente por lipidos e proteínas, onde a razão entre o hidrogénio e o carbono é elevado
comparado com as plantas terrestre.

Índice de oxigénio (IO) - é a razão entre o S3 e COT da rocha, expresso como mg de CO2 por grama
de COT. O IO é um factor que mostra a relação entre O2 e C, que é elevado nos restos de plantas
terrestres e na matéria orgânica inerte nos sedimentos marinhos (Nazir, 2013).

Os dados de pirólise e COT podem ser relacionados de modo a determinar o tipo de matéria orgânica
em rochas potências geradoras. Estes dados são plotados nos diagramas do tipo van cravell que
relaciona o IH e IO.

O diagrama de IH versus IO é largamente aplicado para classificar a matéria orgânica dominante nas
rochas potenciais geradoras por exemplo (Bordenave e tal., 1993; Schark e tal., 2009) e é um
indicador confiável do tipo de querogêno (Nazir, 2013).

Índice de produção (IP) - é a razão entre S1/(S1 + S2) e temperatura máxima de pirolese (Tmax) são
largamente aplicados como indicadores de maturação.

O Tmax juntamente com a reflectância da vitrinite (Rv) da técnica de petrografia orgânica, são usados
como indicadores de maturação sendo usados para construir os perfis de maturação de furos de
pesquisa de hidrocarbonetos.

Os valores de Tmax e Rv normalmente aumentam em função de profundidade. Tmax <435 oC e Rv


entre 0.2 a 0.6 % indicam matéria orgânica imatura e quando os valores de Tmax > 470 oC e Rv > 1.35
indicam a zona supermatura (janela de Gas Seco), como mostra a tabela 2, os respectivos intervalos
(Da Silva, 2007).

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Tabela 2: Grau da maturação da matéria orgânica em função do Tmax correlacionado com Reflectância da vitrinite,
Adaptado na base do Peter e Cassa, 1994.

Maturação dos HC's Rv (%) Tmax (oC)


Imaturo 0.2 - 0.6 ˂435
Maturo inicial 0.6 - 0.65 435 – 445
Pico de geração de petróleo 0.65 - 0.9 445 – 450
Final (gás húmido) 0.9 - 1.35 450 – 470
Supermatura (gás seco) ˃1.35 ˃470

2.4. Perfil de Reflectância da vitrinete

Perfil de reflectância de vitrinite (Rv) é projecção gráfica de %Rv versus profundidade, é um


instrumento efectivo na avaliação da história térmica das bacias sedimentares. A reflectância da
vitrinite varia em função da temperatura e o tempo geológico, estes que também dependem da história
de subsidência, profundidade e do gradinete geotérmico (Merrill, 1991).

Os perfis podem ser aplicados no estudo da história geológica e da geração de hidrocarbonetos em uma
bacia sedimentar. A análise minuciosa dos perfils revela importantes informações das sequências
sedimentares que possivelmente não seja possível desvendar por meio de outras técnicas geológicas.
Merril, 1991 criou modelos que mostram os processos que estejam ligados ao comportamento de perfis
de Rv (Figura 2).

Perfil 1 é representativo de uma bacia com sedimentação contínua com um gradiente geotérmico
constante, perfil 2 reflecte actividade tectónica, interrupção de sedimentação e eventos erosivos, perfil
3 reflecte eventos termais locais (intrusões magmáticas) e 4 zonas de falhas. Destes pode se destaca o
perfil 2 que se enquadra com os resultados do estudo.

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Figura 2.Modelos de interpretação de perfis de Rv, adaptado do Merril, (1991).

2.5. Fácies Orgânicas

O conceito de fácies orgânica pode ser definido como um grupo de sedimentos contendo uma
assembleia distinta de constituintes orgânicos que podem ser reconhecidos por microscopia ou estar
associado à uma composição organogeoquímica característica, ( Tyson 1995, citado por. Filho et al,
2008).

Jones (1987) definiu 7 fácies orgânica, designadas pelas letras (A, AB, B, BC, C, CD e D), (Tabela 3),
caracterizadas com base nos seguintes parâmetros: tipo de querogênio identificado através das técnicas
de análise elementar (C, H e O); COT; pirólise e petrografia orgânica, (Filho e tal, 2008).

De acordo com Tyson (1995) os principais factores paleoambientais que controlam o tipo de fácies
orgânica são:

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1. Condições de Palaeoxidação no ambiente de deposição da matéria orgânica na bacia;

2. Relativa proximidade do local de deposição de sedimentos siliciclásticos activa (fontes de OM


terrestre);

3. O clima, que controla a produção, preservação e transporte de matéria orgânica terrestre.

Fácies orgânicas ricas em hidrogénio reflecte potencial gerador de hidrocarbonetos que ajuda a
geólogos mapear as distribuições de unidades potências fontes de hidrocarbonetos (Almashramah.
2011).
Tabela 3. Fácies orgânica segundo Jones (1987)

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2.6.Biomarcadores

Biomarcadores geoquímicos (também denominados marcadores moleculares ou fósseis geoquímicos)


são moléculas orgânicas complexas e estáveis, presentes em rochas, hidrocarbonetos e sedimentos, que
fornecem subsídios para inferência de informações, como origem da MO, características
paleoambientais, grau de evolução térmica da rocha geradora (Brocks & Summons, 2003, citados por
Da Colina, 2011).

Os grupos de biomarcadores mais estudados podem ser divididos em acíclicos (n-alcanos, com
destaque aos isoprenóides - pristano e fitano), cíclicos (esteranos e terpanos) e aromáticos (esteranos
aromáticos), (Da Collina, 2011).

Os isoprenóindes (biomarcadores analisados no presente projecto) são alcanos ramificados, dentre os


quais, os mais utilizados como biomarcadores são o pristano (1, 6, 10, 14 – tetrametil-pentadecano) e o
fitano (2, 6, 10, 14 – tetrametil-hexadecano). Estas moléculas se originam da clorofila de organismos
fotossintéticos (Da colina, 2011). Podem fornecer subsídio para investigação de condições
paleoambientais, uma vez que a cadeia lateral da clorofila é clivada e origina o fitol, o qual em
condições anóxicas ou sub-óxicas (isto é, com pouco oxigénio disponível) é reduzido à diidrofitol e
então em fitano, mas em condições oxidantes é oxidado ao ácido fitênico, descarboxilado a pristeno e
então reduzido a pristano (Peters et al., 2005; Regato, 2008; Brooks, 1969, citados por. Da colina,
2011).

A razão pristano/fitano pode se fornecer diferentes conclusões acerca das condições e o tipo de
ambiente de deposição de matéria orgânica, ver tabela 4.

Tabela 4: condições paleoambientais função da razão Pr/Ft.

Pr/Ft Condições do ambiente deposicional


>1 Ambiente sub-oxido a óxido
<1 Condições anoxidas
<0.8 Ambiente anoxido carbonatico
>3 Condições oxidas característicos de ambiente terrestre

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Existe ainda, relação entre os isoprenóides e n-alcanos de 17 e 18 carbonos, capazes de sugerir origem,
grau de biodegradação e maturação da MO. Em que, pristano/n-C17 e fitano/n-C18> 1 sugerem MO
imatura; ainda, altos valores de P/n-C17 indicam matéria orgânica de origem terrestre, em quanto que
os altos valores para F/n-C18 acusam MO de origem marinha (Peters & Moldowan, 1993, citado por.
Da colina, 2011).

2.7.Propriedades Moleculares do Gás Natural.

A quantidade de informação contida na composição molecular de hidrocarbonetos gasosos, é limitado


a sete compostos alifáticos saturados: metano (C1), etano (C2), propano (C3), isobutano ( I- C4 ) ,
butano normal ( n - C4 ) , isopentano ( i - C5 ) e pentano normal ( n - C5 ) . As proporções relativas de
hidrocarbonetos C1 - C5 em uma amostra de gás fornecer uma classificação inicial do tipo de gás
natural (biogénica ou termogênico) (por exemplo, Bernard et al., 1978; Schoell , 1983 , citado. Ozgul ,
2002). Dado que metano é encontrado tanto em gás biogénico e termogênico, abundância relativa de
C2 + ou rácios de gases (equação 1 e 2) são úteis na interpretação. As análises das propriedades
moleculares permitem distinguir o gás biogénico do termogênico o que auxilia no mapeamento das
potências fontes de hidrocarbonetos.

Humidade do gás (%vol.) = (C2 +C3+i-C4+n-C4) / (C1+C2+C3+i-C4+n-C4) *100 (1)

%∑C2+ (%vol. HC) = (C2+C3+i-C4+n-C4) (2)

Acredita-se que os gases C2+ são normalmente formados por craqueamento térmico do querogenio e
petróleo em quanto que a actividade biológica só produz metano puro onde a %∑C2+ é menos que
1%. Porém o parâmetro %∑C2+ diminui com a aumento do grau maturidade assim %∑C2+ <5%
indicam gás seco (matéria orgânica super matura) e %∑C2+ <5%> 5% indicam gás húmido (MO
matura, abundância de HC’s pesados), (Azhar, 2012).

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III. ENQUDRAMENTO GEOLÓGICO DA BACIA DO ROVUMA

3.1.Geologia Regional
A Zona costeira de Moçambique estende-se por mais de 2300 km ao longo da Margem continental
Este Africano. Existem duas maiores bacias sedimentares no Pais; A bacia de Moçambique que
localizado na Zona Centro e Sul do Pais e a Bacia do Rovuma que é objecto deste Estudo.
A Bacia do Rovuma é localizada a NE de Moçambique e estende-se para Tanzânia e na plataforma
continental em ambos países. Cobre aproximadamente 29500 Km2, onde aproximadamente 23800 Km2
no Onshore com uma largura Máxima de 150 km e aproximadamente 400 km de comprimento
(Carneiro & Alberto, 2014).
A Bacia do Rovuma evoluiu a partir de aproximadamente 165 Ma, um período de fragmentação activa
de Gondwana e formação de bacia no Oceano Indico. O maior período de sedimentação na Bacia do
Rovuma ocorreu durante o Cretácico, coincidindo com erosão causado por Uplifted no interior de
África. A sedimentação a partir de Oligoceno é dominada por sedimentos do delta do Rio Rovuma
(Carneiro & Alberto, 2014).
Segundo Boyd e tal. (2010), as rochas sedimentares do Mesozóico e Cenozóico cobrem o basamento
cristalino constituindo por rochas metamórficas de alto grão que afloram na parte Oeste da Bacia do
Rovuma (Figura 3).

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Figura 3.Mapa geológico da bacia do Rovuma incluindo pontos de amostragem durante o mapeamento modificado do Key
et al., 2008.

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3.1.1. Litoestratigrafia da Bacia do Rovuma
Este trabalho segue a litoestratigrafia estabelecida por Key et al (2008). Apresentado em forma
resumida por Carneiro & Alberto, (2014), (tabela 5). Os sedimentos mais antigos da Bacia do Rovuma
foram depositados no Jurássico sobre o Supergrupo de Karoo, em quanto que as formações
sedimentares recentes correspondem a depósitos deltaicos do Rio Rovuma.

Tabela 5. Resumo da litoestratigrafia da Bacia do Rovuma (Carneiro & Alberto, 2014)

Formação Período Lithologia Espessura e distribuição geográfica


Fm. Oligoceno a Areias inconsolidadas e lentes de arenito e 100 m de espessura em afloramentos , mais Key
Mikidani Pleistoceno conglomerados. e tal (2008) indica 675 m de espessura no Furo
Mocimboa-1. A maior parte aflora a Norte da
Bacia do Rovuma.
Fm. Neogenio Arenitos de grão fino a médio, Bem Aflora na região de Quissanga e em algumas
Chinda cimentados. zonas a sul de Pemba
Fm. Eoceno Arenitos de grão médio com cimento 30 m de espessura em afloramentos, mas Key e
Quissanga caulonitico, sobrepostos por calcários tal. (2008) indica 1405 m de espessura no furo
fossilíferos. Mocimboa-1. Aflora na maior parte da regiaão
de Quissanga e um pouco a Sul de Pemba.
Fm. Alto Paleogeno superio a Matéria bioclastico interbandado, variedades 200 m de espessura a Oeste de Pemba, com
Jingone Medio de níveis de arenitos, calcário, marga, espessura aumentando em direção a Este. O
argilitos, com variedades de outros afloramento mais significante desta Formação
componentes como fossis, nódulos de encontra-se entre Macomia e Quissianga e um
calcários e foraminiferos. pouco a sul de Pemba.
Fm. Cretacico Superior ( Marga e argilitos carbonaticos intercalados Espessura vária de 50 a100 m em afloramentos,
Mifume Cenomaniano – com arenitos com mas de 70 cm de mas Key e tal. (2008) indica 810 mno furo
Maastrichtiano) espessura. Mocimboa-1
Fm. Cretácico inferior Arenitos e conglomerados de grão grosso a A espessura varia de 80 a 300 m, mas nos
Macomia (Albiano-Alpiano) Médio. afloramentos de Mueda a espessura chega a 500
m. Aflora ao longo do limite Este da Bacia
especialmente de Mueda para Nangade
Fm. Pemba Jurássico Superior a CPMR- arenitos intercalados com argilitos e
Cretácico Inferior siltitos. A espessura não é conhecida, mais aumenta em
direcção a Offshore, onde pode chegar até 100
CRPC- Unidae intermédia – arenito é de metros de espessura. A flora na sua maior na
predominante com uma espessura de 10 cm a parte Sul de Macomia (a aflora na maioria a
1m. unidade Superior)

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CRPC- Unidade da Base arenitos e
conglomerados com lentes de argilitos e
calcários.
Fm de Triassico superior a Arenitos e conglomerados com grão médio a A espessura não esta bem definida, mas na
N’Gapa jurássico Inferior grosso, com matriz silicioso. região de N’Gapa é cerca de 100 m. Ocorre as
muitas vezes de forma restrita limitada em
zonas de falhas na bacia
Fm Rio Triassico superior a Conglomerados siliciclasticos vermelhos, A espessura não esta bem definida, mas não
Mecole jurássico Inferior com lentes de areia e cascalho. excede 100 m. Ocorre as muitas vezes de forma
restrita limitada em zonas de falhas na bacia

3.1.2. Evolução Tectono-Estratigráfica da Bacia do Rovuma

O desenvolvimento estratigráfico da Bacia do Rovuma, esta directamente relacionada a fragmentação


progressiva do Gondwana Oeste (ECL, 2000), e tectonismo intracontinental cenozóico associados ao
sistema de Rift da África oriental (Salman Abdula, 1995; Nicholas et al, 2006, 2007, citado Agostinho,
2012). Contudo a sequência estratigráfica completa ainda não foi perfurada na parte Sul da Bacia
sendo inferida com base na estratigrafia da Tanzânia e na reconstrução de placas tectónicas,
adicionalmente alguns trabalhos foram feitos com base na geologia de afloramento.

O furo Mocimboa-1 fornece informação estratigráfica até abaixo do Cretácico médio (ECL, 2008) e
cinco megas sequências tectono-estratigráficas reconhecidos são:

 Fase Pré-rift

Rifts intracratónicos nas regiões Centro e Norte ocidental de Moçambique, foram discordantes a
estruturas pré-existentes que sobrepõem o embasamento (e.g. Key et al., 2007 em Key, R M e tal.,
2008), e são preenchidos por sedimentos siliciclastico do Karoo. Estes Rifts iniciais não foram
associados ao vulcanismo basáltico do Este da África em contraste com as volumosas efusões de
basaltos do Karoo mais a sul.

Falhas de bordadura que limitam estes rifts com tendência NE-SW no norte de Moçambique, são
seguidas por falhas tardias que controlam a orientação da bacia de Rovuma. Estima-se que estes sejam
equivalente ao Karoo. A secção mais próxima é a Bacia de Manhiamba e contem unidades
equivalentes aos grupos clássicos Ecca e Beaufort, (ECL, 2000).
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 Fase sin-rift

A fase sin-rift, durante o Triássico ao Jurássico inferior, produziu uma série de meio grabens
preenchidos por 2.5 km de sedimentos predominantemente continentais do Triassico/Jurássico inferior,
equivalente a Formação Nondwa (Pindori) da Bacia Mandawa.

Esta inclui uma secção evaporitica na Bacia tanzaniana Mandawa, que estes evaporitos estenderam-se
para a parte Sul da Bacia do Rovuma em Moçambique.

 Fase do início de deriva

A base da sequência do início da deriva é formada por uma inconformidade angular que foi referida
como inconformidade de fragmentação ou início da deriva.

Várias idades foram assinaladas para este evento, os sedimentos mais velhos por cima da
inconformidade são plataformas carbonáticas Batoniano/Bajociano (Jurássico Médio), e fácies recifais
dos calcários Mtumbei e os calcários Macarane e as suas areias litorais transgressivas equivalentes (
ECL, 2000), isto indica que a inconformidade é provavelmente Bajociana.

A mudança para condições transformantes afectou a margem passiva a quando da separação do


Madagáscar do resto do continente africano e da Bacia Somali.

Este evento é marcado por uma inconformidade do Jurássico Médio (Caloviano) acima da qual a
secção marinha do Jurássico Superior transgrediu para plataforma africana.

A expansão do fundo oceânico na Bacia Somali continuou até o Aptiano quando o movimento de
Madagáscar para Sul cessou (ECL, 2000).

 Fase pós-deriva

Durante a fase subsequente, pós-deriva a então estabilizada plataforma recebeu uma espessa sequência
uniforme de margas marinhas e calcários argilosos denominados margas globotruncana, (ECL, 2000).

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 Fase de progradação deltáica

Em resposta aos levantamentos continentais que precederam o rifteamento no Sistema de Rift Este
Africano do Mioceno, o Sistema de Delta do Rovuma teve início durante o Oligoceno.

A sequência pós-deriva foi assim sucedida por progradação deltáica do Terciário Médio é continuando
até os dias de hoje, produzindo pacote de sedimentos clásticos rapidamente depositados progredindo
para o Este. (ECL 2000).

3.1.3. Configuração tectono-estrutuaral da Bacia do Rovuma

A reavaliação da estrutura da Bacia do Rovuma foi baseada inteiramente em relatórios históricos,


geofísica e dados geológicos (ECL, 2000). A estrutura fundamental da Bacia Rovuma é o riftiamemnto
com orientação NNW-SSE que se estende de Onshore até Offshore, assim como o Davie Ridge. O
riftiamento formou uma série de meio-graben controlado por falhas com direcção e inclinação para
(ENE), (Figura 4).

 Ibo High

O Ibo High é um horst mais elevado dos sistemas de horste egraben que é controlado principalmente
por falhas na parte ocidental dando a impressão de uma característica estrutural único (figura 4). O
lado oriental do Ibo High é falhado, mas também é marcado por uma pilha de sedimentos de pós-
fragrimentação (drift), qual tendem a ficar mais espesso para Este em direcção a Davie Ridge (Figura
4), (ECL, 2000).

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 Davie Ridge

O Davie Ridge se formou no lado continental da Bacia da Somália de crusta oceânica (Raillard, 1990,
cit. ECL, 2000). A ausência de uma anomalia significativa do campo magnético e o facto de arenito e
xistos terem sido removidos da dorsal, (por exemplo Mougenot et. al., 1986, cit.ECL, 2000), exclui a
possibilidade de um limite continente - oceano ao longo da flanco ocidental do Davie Ridge. O limite
transformante continente - oceano situa-se portanto, em seu lado oriental.

No lado oeste do Davie Ridge o embasamento é dissecado por uma série de falhas NNW e NNE que
formam dois principais Grabens o Kerimbas e Lacerda (ECL, 2000).

 Depressão de Cabo Delgado.

É marcada na sísmica no limite entre a talude continental e as águas profundas do Canal de


Moçambique (Figura 4). A espessura sedimentar atinge 5 a 7 km. Esta estrutura é limitada a Este (E)
pelo Davie ridge.

O Graben de Querimbas do Mioceno representa a parte mais profunda da depressão do Cabo Delgado.
Possivelmente a Depressão do Cabo delgado originou se no Cretácico, (ECL, 2000).

Figura 4.Perfil sísmico das principais estruturas da Bacia do Rovuma, ECL 2000.

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3.2.Geologia local e Litoestratigrafia do Furo Mocimboa-1

A área de estudo é coberta por Formações Recentes constituído por areias, dunas costeiras, dunas de
areias interiores, areias eólicas, cascalho, argilas marinhas, rochas da Formação de Mikindani e Chinda
ambos de Neogeno e Formação de Macomia do Cretácico que aflora em forma de lente a Norte da área
de estudo (Figura 5).

Figura 5. Mapa geológico da área de estudo adaptado do Carneiro & Alberto (2014)

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A Figura 6 é uma representação simplificada de Logs litoestratigráficos de 2 furos de pesquisa de
Hidrocarbonetos na área de estudo que são o furo Mocimboa-1 fonte de dados para o presente estudo e
furo Mecupa-1 localizado a Norte da área de estudo. É notável o aumento da espessura em direcção
Norte da área de estudo nas Formações do Cenozóico e aumento de profundidade do topo do
Mesozóico na mesma direcção (Carneiro & Alberto, 2014).
As unidades atravessadas pelos furos são: Formação de Mifume (apenas no furo Mocimboa-1),
Formação de Alto Jingone, Formação de Quissanga e Formação de Mikindani.

Figura 6.Resumos de Logs litoestratigraficos dos furos Mocimboa-1 e Mecupa-1 executados na área de estudo, fonte;
(Carmeni & Alberto, 2014).

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 Formação de Mifume (Cretácico Superior)

As litologias desta formação consistem em argilas siltosas esverdeados e calcoarenitos. Estas litologias
juntamente com os calcários foram interceptadas pelo furo Mocimboa-1. A espessura varia de 50 a 100
m em afloramento, mas Key e tal.(2008) Estimaram uma espessura de 810 m no furo Mocmboa-1. A
formação foi depositada em um ambiente de plataforma em mar aberto acima da inconformidade sobre
o topo da Formação de Pemba. Existem uma mudança de fácies sedimentares na direcção Oeste - Este,
da bacia e a fácies mudam de sedimentos costeiros no Oeste para sedimentos marinhos mais à Este,
com um aumento de sua espessura. Os calcários do topo que estão bem expostos na linha de costa
actual. Existe uma inconformidade na parte intermediária do Cretácico Superior reconhecida na
sequência de camadas.

 Formação de Alto Jingone (Paleoceno - Eoceno)

Esta formação consiste de bioclastos, variedades de areias e localmente gesso ferruginoso, marga,
siltitos carbonaticos, margas, mudstone e uma variedade de calcarenitos bioturbados. sehell, nódulos
de carbonatos, foraminiferos incluindo Nummulites e outros fragmentos de fosseis foram encontrados
nestas rochas com uma orientação variada (Smelror et al, 2008).

Esta Formação foi depositada ao redor de recife em ambiente marinho aberto e em plataforma pouco
profunda. Os bioclastos do Paleoceno a Eoceno inferior e os recifes de corais afloram a sul de Pemba
(Key et al, 2008).

 Formação de Quissinga (Eoceno médio-Oligoceno)

Esta formação compreende pequenas unidades de arenitos sobreposto por calcários micríticos a
coralino. Pode se distinguir um arenito branco, com cimento caulinitico, grão médio e bem sorteado
que encontrasse exposto em uma secção típica e é considerado como sendo a parte inferior da
formação, (Key et al, 2008).

A formação de Quissinga é formada por sedimentos de ambiente costeiro de águas pouco profundas
(Key et al, 2008).

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 Formação Mikindane (Neogénio)

Esta formação está distribuída em toda parte Onshore da bacia, a oeste da bacia a formação é
representada pelas areias vermelhas continentais que constitui a parte superior do sistema do delta do
Rovuma, (Key et al, 2008).

Os depósitos do Oligoceno são identificados dentro da Bacia em dois tipos de fácies, sendo;
Sedimentos marinhos de águas pouco profundas de idade oligoceno, frequentes na parte sul da Bacia e
sedimentos deltáicos do Oligoceno frequentes na parte norte e centro da Bacia onde estes foram
interceptados pelo furo Mocimboa -1, Mecupa-1 e M’Nazi Bay-1 (Tanzânia). A sequência ocorre com
intercalação de argilitos e arenitos com estratificação deltáica típica. O Oligoceno, juntamente com os
depósitos de idade de Mioceno e plioceno, forma um complexo deltaico único do paleodelta do Rio
Rovuma, que também pode ser identificado nas áreas vizinhas da Tanzânia, (Key et al, 2008).

Em geral esta Formação pode ser subdividida em duas partes: Uma Unidade inferior compreendendo
arenitos com camadas de conglomerados basais, e outra superior mais espessa, geralmente arenosa,
(key et al, 2008).

 Formação de Chinda (Neogénio)

Esta Formação parece estar coberta pela Formação de Mikindani, possivelmente de algum modo
equivalente em idade a Formação Mikindani, embora não haja evidência fossil directa. Consiste em
arenitos com clastos de argilitos cauliniticos (Key et al, 2008).

O arenito é de grão fino a médio, bem cimentado e localmente oxidado apresentando manchas
vermelhadas a amareladas em arenitos de grão fino, (key et al, 2008).

A formação é composto por sedimentos aluvionais depositadas durante o Uplift do Neogenio,


parcialmente contem lateralmente facies equivalentes a formação de Mikidane. O conteúdo de
feldspato aparenta um alteração moderada in-situ e resultando em caulinetes redepositados durante a
diagenise em aguas subterrâneas acidas (Key et al, 2008).

28
IV. DADOS DO FURO MOCIMBOA-1

Este capítulo apresenta de uma forma geral os dados usados no presente estudo correspondentes a furo
Mocimboa-1, os dados foram analisados e catalogados conforme os padrões apresentados no capítulo
de fundamentos teóricos da geoquímica orgânica.

4.1.Dados litoestratigraficos

O Furo Mocimboa-1 atravessou Formações rochosas do Terciário a Cretácico Médio com um total de
3492 m de profundidade. A maior parte das Formações é constituída por rochas Siliciclasticas
(arenitos, siltitos e argilitos) e as rochas carbonaticas (calcários e margas) aparecem com pouca
abundância apresentando-se em forma de lentes e são mais frequentes nas Formações do Terciário
(Tabela 6).

Tabela 6.Resumo das principais litologias do Furo Mocimboa-1

Idade Topo (m) Grosso de Litologias


Terciário Oligoceno 693.1152 Arenito
Terciário Oligoceno 1052.7792 argilito e Siltitos
Terciário Paleoceno 2229.612 marga, siltito ,argilito e lentes de calcário
Cretácico Superior Senoniano 2494.4832 marga, siltito e argilito
Cretácico Superior Turoniano 2652.9792 argilito e Siltitos
Cretácico Superior Cenomaniano 2805.3792 arenito, siltito e argilito
Cretácico Inferior Albiano-Alpiano 3314.3952 arenito, siltito e argilito
Cretácico Inferior Albo-Alpiano 3433.2672 Siltito, argilito e lentes de arenito
Profundidade Total 3492.0936

29
4.2.Geoquímica

4.2.1. Carbono orgânico total (COT)

Um total de 46 amostras de rochas foi analisado para COT em todas Formações a atravessadas pelo
furo Mocimboa-1 (tabela 1 em anexo). O grosso de rochas analisadas varia de argilito a siltitos com
excepção do calcário da amostra interceptado a 1737.36 m de profundidade com 0.20% de COT.

Os valores de COT do Furo Mocimboa -1 variam de 0.10 a 1.46 %, com uma tendência geral de
aumento com a profundidade.

4.2.2. Dados de Pirólise

As Formações com COT ≥ 0.50 % foram sujeitos a análise com pirólise (tabela 2 em anexo), as
amostras perfaziam um total de 22 representando as formações do Cretácico Medio a Superior e
Terciário.

Dos dados da pirólise o IH, IO foram usados nos gráficos de Van cravel para determinação do tipo de
querogenio e da relação destes parâmetros com COT determinou-se também as Facies orgânicas de
Jhones para cada Formação.

O Tmax e o IP formam usados para determinar o nível de maturação, conversão e o tipo de


Hidrocarbonetos gerados pela MO de cada Formação, através dos gráficos que relacionam IP e o
Tmax.

4.2.3. Reflentancia da Vitrinete

Os dados de reflectância de Vitrinite do Furo Mocimboa-1 (tabela 3 em anexo) correspondem a um


total de 18 amostras cobrindo as Formações do Cretácico Médio até Terciário, este dados foram usados
como indicadores da maturação e Historia térmica e de geração de hidrocarbonetos área de estudo
através do Perfil de Rv correlacionado com o perfil do parâmetro Tmax da pirólise.

Os valores da %Rv no furo Mocimboa-1 variam em geral de 0.35 à 1.70 % mostrando uma tendência
de aumento com profundidade, comportamento semelhante é verifico nos valores de Tmax obtidos
pela pirólise variam de 418 a 504oC.

30
4.2.4. Biomarcadores

A tabela 4 em anexo mostra resultado de análise Isoprenoides (Pristano e Fitano) e alcanos Normais
(n-alcanos) em inclusões de hidrocarbonetos nas formações atravessadas pelo furo Mocimboa-1, os
dados correspondem concretamente aos intervalos de 743.712 a 3450.336 m de profundidade
(Cretácico Médio Terciário).

A maior parte das amostras do furo Mocimboa-1 apresentam a razão Pr/Ft no intervalo de 0.37 a 0.91
com uma média de 0.59 excluindo a amostra que se situa no intervalo de 2063.496 a 2069.592 m que
apresenta um valor anómalo de 1.29. Os dados de razoes de Isoprenoides e n-alcanos foram usados
para construir gráficos pristano/n-C17 versos fitano/ n-C18 para inferir o tipo de matéria orgânica e o
estagio da maturação da rocha geradoras.

4.2.5. Propriedades moleculares de Gás Natural

A tabela 5 em anexo mostra os dados composição molecular de gás natural no furo Mocimboa-1, o
intervalo de hidrocarbonetos identificados foi de C1-C4, com base nestes dados calculou-se as % em
Volume (%Vol) de C1, C2, C3 e C4, com estes valores foi possível calcular os racios usados as
seguintes equações:

Humidade do gás (%vol.) = (C2 +C3+i-C4+n-C4) / (C1+C2+C3+i-C4+n-C4) *100 (1)

%∑C2+ (%vol. HC) = (C2+C3+i-C4+n-C4) (2)

31
V. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1.Avaliação da quantidade e qualidade da matéria orgânica das rochas geradoras na Bacia


do Rovuma na parte Onshore.

As unidades do Terciário interceptadas pelo furo Mocimboa-1 apresentam MO imatura, permitindo


deste modo aplicar os parâmetros de pirólise e COT para determinar o tipo de fácies orgânica. Os
dados de IH e IO projectados no diagrama Van Cravel (Figura 7) mostram um querogênio de tipo (IV)
e relacionando com %COT que varia entre 0.18 a 0.58 % faz acreditar que estas formações contem
fácies orgânica D. Segundo Filho et al. (2008) as fácies D são caracterizados por matéria orgânica
residual altamente oxidada e retrabalhada sem nenhum potencial para geração de Hidrocarbonetos.

Figura 7. Tipos de querogênio com base nos parâmetros da pirólise (IH e IO). Todas as unidades projectadas exibem
querogêno do tipo IV.

A matéria orgânica possivelmente teve origem na erosão dos argilitos e calcários do Mesozóico, nas
margens da bacia. Emmel et all (2013), também mostra mesma possibilidade ao interpretar as
similaridades nas idades de FT (Fission track analytical), entre as amostras de arenitos da Formação de
Pemba (Mesozóico) e os arenitos de Cenozóico.

32
Para as Formações do Cretácico Médio a Superior (Cenomaniano e albiano - Alpiano) os valores de
%COT variam de 0.52 a 1.46 % com bom a regular potencial de geração de Hidrocarbonetos (Figura
8). Porem os valores de %COT não reflectem o potencial de geração original, isto porque os valores
dos indicadores de Maturação (Tmax ≥ 454 oC e Rv ≥ 1.42 %) mostram que estas formações já
passaram da janela de formação de petróleo (MO matura à supermatura), o que significa que
possivelmente COT foi consumido com formação de hidrocarbonetos (Da Silva, 2011). Os actuais
valores de COT destas unidades mostram que possivelmente estas tinham muito bom (COT entre 2 a
4%) a excelente potencial de geração original (%COT> 4). As actuais condições de maturação em que
estão sujeitas estas unidades não é possível determinar as fácieis orgânicas com base em técnicas de
COT e pirólise, pois estas técnicas só permitem identificar fácies orgânica para MO imatura (%Rv
<0.5).

Figura 8. Variação do potencial de geração de hidrocarbonetos em função do COT das rochas geradoras atravessadas pelo
furo Mocimboa-1.

33
O Keyet all (2008) através do estudo de fácies sedimentar apontou na possibilidade de que estas
Formações serem de ambiente marinho aberto de fácies distais.

Nas condições indicadas por Key e tal (2008) pode se inferir fácies orgânico CB que Segundo Filho e
tal (2008) são caracterizados por COT ≥ 3 %, querogênio do tipo II/III, IH ≥ 250 e normalmente
depositadas em um ambiente anóxido. Nestas circunstâncias, essas unidades geraram petróleo e gás,
dado o seu estágio actual de maturação.

De acordo com os modelos de Jones & Demaison (1980, 1982), a distribuição de uma fácie orgânica
não é homogénea, porém esta é determinada pela origem dos precursores biológicos, pelo regime de
oxigénio do ambiente deposicional podendo ser mapeadas e extrapoladas (filho et all, 2008) e de
acordo com key et all, (2008) a Formação de Mifume que é representada pelas Formações do Cretácico
Médio e Superior no Furo Mocimboa- 1 apresenta uma mudança de tipo de fácies sedimentar na
direcção Oeste - Este, variando de sedimentos costeiros no Oeste para sedimentos marinhos mais para
Este com um aumento de sua espessura.

Neste contexto é possível extrapolar uma mudança lateral de fácies orgânica de CB à B para AB para
as unidades do Cretácico interceptados pelo furo Mocimboa-1 de Onshore para Offshore.

As fácies supracitadas são caracterizadas pelo (querogênio tipo II), IH ≥ 650, COT entre 3 a 10 % e
normalmente depositados em ambiente anóxido. Esta fácies pode ser encontradas tanto em rochas
carbonaticas assim como siliciclasticas e tem bom potencial para geração de petróleo (Filho e tal,
2012).

5.2. História térmica e de subsidência da Bacia Bacia do Rovuma na parte Onshore .

Os indicadores de maturação Tmax e %Rv são parâmetros importantes para determinar a história
térmica de uma bacia sedimentar, pois permitem reconstruir a condições de paleotemperatura, a
história de subsidência e os paleogradientes geotérmicos. Estes indicadores quando aliados com a
história da evolução tectonoestrutural da bacia são a chave para desvendar o timing de geração e prever
o tipo de hidrocarbonetos possivelmente acumulados na bacia (Gonçalves at all, 1997).

34
Na projecção dos valores de Tmax e índice de produção (IP) (Figura 9) a matéria orgânica das
Formações Terciario (Oligoceno e Paleoceno) e do Cretácico Superior (Senonianoe Turoniano) caiu no
campo de imaturo com baixo nível de conversão mostrando indícios de oxidação em quanto para as
Formações do Cretácico Médio a Superior no geral passaram da janela de geração e migração de
petróleo no caso concreto da matéria orgânica das unidades do Cenomaniano caiu no campo de Gás
Húmido mostrando também o pico de conversão de matéria orgânica em hidrocarbonetos e por fim as
de Alpiano-Albiano que exibem um perfil super matura com geração de gás seco.

Figura 9.Relação entre índice de produção (IP) e Tmax. Em que as unidades do oligoceno, Paleoceno e Senoniano exibem
MO imatura com baixo nível de conversão; as unidades de Cemaniano e Turoniano exibem MO matura ultrapassando o
pico de conversão e as unidades do Albiano-Alpiano exibem MO super matura (gás seco).

Os perfis de reflectância da Vitrinite Rv e Tmax (figura 10) do furo Mocimboa-1 são contínuos nas
unidades do Terciário ( Oligoceno e Paleoceno) e do Cretacico Superior ( Semaniano e Turoniano)
apresentado MO imatura a matura. A transição do Cenomaniano para Turoniano (2800 m de
profundidade) é marcado por uma descontinuidade nos perfis de Rv e Tmax, esta descontinuidade na
tendência dos perfis é devido a mudanças bruscas dos valores dos parâmetros de maturação, abaixo da
inconformidade (Cretácico Médio a Superior) os perfis tendem novamente a ser contínuos mas com
diferença da matéria orgânica ser supermatura.

35
Figura 10.Perfil de reflectância da Vitrinite (Rv) e Tmax, onde a linha vermelha Horizontal marca a incoformiddae que
separa as formações imatura do Terciário e Cretácico Superior (Senoniano Turoniano) das formações Supermaturas do
Cretácico Médio a Superior (Cenomaniano e Albiano-Alpiano)

A grande diferença das condições de maturação da matéria orgânica por baixo e por cima da
descontinuidade indica que estes tiveram uma história térmica diferente, e que as Formações abaixo da
Inconformidade (Cretácico Médio a Superio) geraram hidrocarbonetos antes da deposição das
unidades acima da Inconformidade (Cretácico Superior e Terciário).

Os perfis de Tmax e Rv para furo Mocimboa -1 (Figura 10) mostram o padrão similar do perfil 2 dos
modelos de Merril, desta feita a descontinuidade nos perfis dos indicadores da maturação representa
uma inconformidade que revela um evento erosivo na transição Cenomaniano – Turoniano.

O evento erosivo pode ser associado ao levantamento continental (Uplift), associado com o
desenvolvimento do Rift Este Africano (Rabinowitz and Woods, 2006 cit Emmel, 2013), ou mudanças
de um ambiente de deposições rápidas seguidas de erosão, possivelmente causada por mudanças
eustáticas, pois de Cretácico para diante o nível do mar baixou em 200 m (Hallan, 1992, citado por
Emmel, 2013), estas condições favorecem que o ambiente seja dominado pelos rios que erodiram os
sedimentos para as partes mais profundas da bacia (Offshore) durante este tempo geológico.

36
Se levar-se em conta que gradiente dos perfis acima da inconformidade representa o gradiente
geotérmico actual e abaixo da inconformidade como paleogradiente nota-se pela inferência da
continuidade do gradiente geotérmico actual que este não alcança as temperaturas do paleogradiente
geotérmico as quais a matéria orgânica foi sujeita no Cretácico Médio a Superior (Cenomaniano, e
Albiano-Alpiano), (Figura 11). Esta situação diminui as possibilidades de geração de quantidades
comerciais de hidrocarbonetos por craqueiamento da querogênio remanescente nas rochas geradoras
destas Formações na parte Onshore da Bacia do Rovuma.

Figura 11.A Linha vermelha a tracejado nos perfis de Rv e Tmax representa a inferência da continuidade do perfil do
Terciário nas Formações do Cretácico superior que mostra que este não alcança as temperaturas de maturação em que
foram sujeitas as formações abaixo da linha da inconformidade durante o Cretácico Superior neste ponto da área de estudo.

37
É possível extrapolar um gradiente geotérmico actual diferente na parte Offshore da Bacia devido
maior pilha de sedimento, pois os sedimentos erodidos em Onshore durante o Cretácico Superior e
Terciário foram depositados em Offshore, além de que esta zona está próxima a zona de fractura de
Davie que é uma fonte de calor por actividade magmática e uma forte subsidência da bacia, (ver Rego
et al. 2013). Hipoteticamente se espera esta diferença no gradiente geotérmico pela simples razão de
que as bacias divergem (o caso da Bacia do Rovuma) a medida em que o continente se afasta da zona
de separação. Tanto a borda da crusta continental quanto a crusta oceânica sofrem resfriamento e
consequente reajuste isostático, o que leva á subsidência lenta da bacia marginal formada durante a
fase Rift, (Hackspacher, 2011).

5.3. História de geração de Hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma e implicações para as


ocorrências de gás natural na parte Onshore

A história de geração de hidrocarbonetos na da Bacia do Rovuma pode ser desenhada com base na
evolução tectónica da Zona de Fractura de Davie pois segundo Emmel et al (2013) o riftiamento é
processo complexo e associado com alta taxa de sedimentação que auxilia na preservação da matéria
orgânica depositada e grande fluxo de calor para acelerar a maturação. Segundo o mesmo autor
supracitado a evolução tectónica da fractura de Davie pode ser dividida em três estágios. Nesta
conjectura pode se inferir 3 momentos ou estágios de geração de hidrocarbonetos.

O primeiro estágio é associado a movimentação do Madagáscar de Este em direcção a sul de África


(Cretácico Inferior), Durante este momento a bacia gerou grandes quantidades de hidrocarbonetos em
argilitos e calcários do Jurássico Superior e argilitos do Cretácico inferior que possivelmente
acumularam-se nos reservatórios do jurássico e Cretácico Inferior. Parte dos hidrocarbonetos
possivelmente perderam-se devido migração terciária através de falhas originadas pelo processo de
rifteamento e outra parte acumulou-se em armadilhas estratigráficas existentes durante este tempo
geológico.

O segundo estagio esta relacionado com actividade vulcânica alongo da zona de fractura de Davie,
durante a separação da Madagáscar da Índia e durante a actividade do Marion Hot Spot, (Cretacico
Superior). Este momento pode ser caracterizado por geração de grandes quantidades de petróleo, em

38
rochas geradoras de fáceis orgânicas B a AB do Cretácico superior e geração de gás natural por
craqueamento térmico de petróleo acumulado em armadilhas estratigráficas no primeiro estágio.

A geração de hidrocarbonetos promoveu a redução de IH e COT do querogênio das rochas geradoras


do Cretácico Superior, Cretácico Inferior e Jurássico Superior (Almashramah, 2011), diminuindo o
potencial de geração de petróleo das Formações do Cretácico superior e tornando o querogênio das
Formações do Cretácico inferior e Jurássico superior impróprias para geração de hidrocarbonetos.

A condição super matura da matéria orgânica do Cretácico Médio a Superior no furo Mocimboa-1
pode ser relacionada concretamente a este estágio da evolução da fractura de Davie.

Os hidrocarbonetos gerados neste estágio possivelmente perderam-se durante os períodos de erosão


que dominaram o Cretácico superior e por migração terciária através de fracturas existente neste tempo
geológico. Não se exclui a possibilidade de preservação de algumas quantidades petróleo em
armadilhas estratigráficas do Cretácico Superior

O terceiro estágio é relacionado a tectónica de compressão durante a reorganização do sistema de


dorsal mêso - oceânica do oceano Indico (Terciário). Durante este rearranjo as armadilhas até então
existentes foram remobilizados. Essa tectónica produziu falhas profundas que possivelmente
promoveram dissipação do petróleo por migração terciária, este regime teve maior influência na parte
Offshore da bacia originando armadilhas estruturais (Mahajante & Franke, 2013). A partir de
aproximadamente 40Ma até o recente (Neogénio) a zona de fractura de Davie cessou a tectónica de
compressão dando início a uma tectónica extensiva (Mahajane & Farank, 2013). Esta tectónica
possivelmente causou aumento de subsidência da bacia por exemplo o Gabren das Karibas. E aumento
do fluxo de calor devido actividade magmática.

As mudanças das condições térmicas possivelmente causou craqueamento do matéria orgânica do


Cretácico Superior mas devido ao fraccionamento do COT e H durante os estágios anteriores de
geração e aliando ao degradação térmica dos hidrocarbonetos nos reservatórios de Cretácico, gerado
desta modo gás natural húmido e condensado e poucas quantidades de petróleo.

39
5.4.Comparação e correlação de Rochas geradoras e os hidrocarbonetos encontrados no furo
Mocimboa-1.

A relação entre os Biomarcadores isoprenoide e n-alcanos (Figura 12), mostra que os hidrocarbonetos
analisados no furo Mocimboa-1 foram gerados por matéria orgânica super matura de origem marinha
(algas) de um ambiente anóxido, possivelmente estes hidrocarbonetos são gerados pelas rochas das
unidades do Cretácico superior (Formação de Mifume) pois estas características coincidem com a
fácies B a BA cuja existência foi inferida na parte Offshore da Bacia.

Figura 12.Relação entre as razões Pristano/n-C17 e Fitano/n-C18, em escala logarítmica. Todas unidades mostram baixo
nível de Biodegradação dos hidrocarbonetos, a rocha fonte destes hidrocarbonetos contem MO marinha depositada em
ambiente reductor e supermatura.

A Figura 13 que resulta da relação do metano e outros compostos mais pesados dos hidrocarbonetos
encontrados no furo Mocimboa-1, na projecção os hidrocarbonetos do Terciário ficaram no campo de
gás seco e os de Cretácico no gás Húmido estas condições mostra que estes hidrocarbonetos têm
origem em rochas supermaturas.

40
Figura 13.Relação entre as percentagens do metano e das fracções mais pesadas do gás natural, em que as unidades do
Terciário apresentam maioritariamente gás seco e as de Cretácico Gás Húmido.

A historia de geração mostra que as rochas geradoras do Cretácico Superior a Médio (Cenomaniano e
Albiano-Alpiano) na parte Onshore passaram da janela de petróleo durante o Cretácico Superior sendo
que os hidrocarbonetos formados até então se perderam nas fazes seguintes da evolução da Bacia
tornando estas Formações impróprias para geração de Hidrocarbonetos nas condições térmicas actuais
na parte Onshore.

As Fácies orgânicas AB inferidas para Offshore têm um grande potencial para geração de petróleo este
potencial possivelmente reduziu durante o segundo estágio de geração de hidrocarbonetos o
querogênio remanescente tem potencial para geração de gás húmido tendendo para petróleo. Devido a
proximidade da parte Offshore da Zona de Fratura de Davie que é principal fonte de calor actualmente
esta parte tem condições térmicas para gerar hidrocarbonetos da matéria orgânica dos argilitos e
calcários do Cretácico Superior.

5.5.Migração e Acumulação de Hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma na parte Onshore

Recentemente foram feitas importantes descobertas de gás natural na parte Offshore em reservatórios
de Oligoceno e Paleoceno, e acredita-se na existência de hidrocarbonetos líquidos em reservatórios do
Cretácico (Wentworth, 2011). Esta possibilidade pode ser explicada pelo facto desta parte, o Cretácico
ser possivelmente a fonte actual de hidrocarbonetos que migram em direcção a Onshore (área de

41
estudo) devendo conter hidrocarbonetos pesados que posteriormente é fraccionado durante a sua
migração vertical e horizontal (Mello et. All, 2000). Fazendo com que possivelmente haja ocorrência
de hidrocarbonetos leves em Onshore (gás seco a húmido) no reservatórios do Terciário,
hidrocarbonetos moderadamente pesados no terciário na parte Offshore e Cretácico Onshore e
hidrocarbonetos pesados (condensado tendendo a petróleo) nos reservatórios do Cretácico Offshore.
A presença das estruturas de compressão na área Offshore (Rego et.al, 2013, Mahajante & Franke,
2013), limita a migração destes hidrocarbonetos em direcção a Onshore, fazendo com que apenas
pequenas quantidades destes hidrocarbonetos migrem para Onshore. Por outro lado, a ausência de
domínio compressivo aliado a presença de falhas lístricas que atingem a superfície nesta parte da bacia
(Agostinho 2012), contribui para a pouca eficiência no armadilhamento dos hidrocarbonetos
aumentando assim o risco pesquisa nesta área da bacia (Figura 14).

Figura 14.Mapa do risco de pesquisa de hidrocarbonetos da Bacia do Rovuma. Adaptado: Mahanjane & Franke (2013).

42
VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1.Conclusões

1). As Formações do Terciário são imaturas e tem matéria orgânica imprópria para geração de
hidrocarbonetos.

2). Os argilitos e calcários do Cretácico Superior (Formação de Mifume) são maturos a supermaturas e
possivelmente geraram petróleo no Cretácico Superior.

3). O petróleo gerado possivelmente perdeu-se por migração terciária promovido pelos eventos
erosivos que destruíram armadilhas e através de falhas que se desenvolveram durante a evolução da
Bacia no Cretácico.

4). A partir do Terciário ate o Recente as condições de maturação são encontradas no Offshore devido
a proximidade da Zona de Fractura de Davie que é principal fonte de calor para Bacia.

5). O calor causa craqueamento do querogênio das rochas geradoras do Cretácico Superior mas este já
são impróprios para geração de petróleo, gerando assim grandes quantidades de Gás em detrimento do
petróleo que migra em direcção a Onshore.

6.2.Recomendações
1). É necessário aplicação as técnicas de geoquímica orgânica para estudo das rochas potências
geradoras na parte Offshore da bacia do Rovuma principalmente nas unidades do Cretácico Superior de
modo a confirmar existência de fácies orgânica AB extrapoladas nesta parte da Bacia.

2). Aliado a este estudo geoquímico recomenda-se o mapeamento e definição do sistema petrolífero
conhecido para Bacia do Rovuma de acordo com os critérios de Magoon & Dow (1994).

3. Para melhor perceber o sistema petrolífero Bacia do Rovuma, se faça estudos similares com maior
número de furos.

43
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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hidrocarbonetos na área Onshore da Bacia do Rovuma. Projecto Cientifico, UEM, Maputo.

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46
ANEXOS

47
Tabela 1. Análise %COT em Argilitos, Siltitos e Calcários. Furo Mocimboa-1. Fonte - INP.

Prof. (m) Código d amostra Litologia COT (%)


1036.32 87571S Argilito 0.1
1158.24 87824A Argilito 0.5
1280.16 87824C Argilito 0.46
1402.08 87824E Argilito 0.48
1524 87824G Argilito 0.3
1554.48 87824H Argilito 0.58
1615.44 87824J Argilito 0.76
1705.9656 87824M Argilito 0.38
1737.36 87824N Calcário 0.2
1767.84 87824O Siltito 0.42
1828.8 87824S Argilito 0.32
1889.76 87824S Argilito 0.36
2011.68 87835C Argilito 0.52
2072.64 87835E Argilito 0.4
2133.6 87835G Argilito 0.46
2255.52 87835K Argilito 0.4
2286 87835L Argilito 0.52
2316.48 87835M Argilito 0.48
2377.44 87835O Argilito 0.58
2377.44 87571A Argilito 0.34
2407.92 87571B Argilito 0.28
2441.448 87571C Argilito com traços de Calcário 0.22
2474.976 87571D Argilito 0.18
2505.456 87571E Argilito 0.2
2529.84 87571F Argilito 0.18
2563.368 87571G Argilito 0.16
2590.8 87835V Argilito 0.28
2596.896 87571H Argilito 0.52
2621.28 87571I Argilito 0.86
2651.76 87571J Argilito 0.62
2651.76 87901B Argilito 0.54
2712.72 87901D Argilito 0.74

48
Nota: Nd= não há dado

CONTINUAÇÃO
2804.16 87901G Argilito 0.78
2865.12 87901I Argilito 0.2
2956.56 87901L Argilito 0.88
3017.52 87901N Argilito 0.8
3048 88165A Argilito 0.84
3108.96 88165C Argilito 1.06
3169.92 88165E Argilito 1.28
3200.4 88165F Argilito Nd
3230.88 88165G Argilito 1.46
3291.84 88165I Argilito 1.14
3383.28 88165L Argilito 1.38
3444.24 88165N Argilito 0.58
3474.72 88165O Argilito Nd
3489.96 88165P Argilito 1.08

Tabela 2. Dados de pirólise Rockeval correspondentes ao furo Mocimboa-1. Fonte INP.

ID
Prof(m) TCO % S1 S2 S3 S1+S2 HI OI SI/SI+S2 T-MAX
Amostra
Oligoceno 87824A 1158.24 0.5 0.03 0.18 0.33 0.21 36 66 0.15 418
Oligoceno 87824H 1554.48 0.58 0.03 0.23 0.29 0.26 39 50 0.12 422
Oligoceno 87824J 1615.44 0.76 0.32 0.38 0.45 0.7 50 59 0.46 426
Oligoceno 87835C 2011.68 0.52 0.14 0.19 0.69 0.33 36 132 0.44 431
Paleoceno 87835L 2286 0.52 0.13 0.13 0.57 0.26 25 109 0.5 432
Paleoceno 87835O 2377.44 0.58 0.2 0.17 0.73 0.37 29 125 0.56 433
Senoniano 87571H 2596.896 0.52 0.04 0.48 1.39 0.52 92 267 0.08 Nd
Senoniano 87571I 2621.28 0.86 0.02 0.64 1.96 0.66 94 227 0.03 Nd
Senoniano 87571J 2651.76 0.62 0.03 0.44 1.08 0.47 70 174 0.07 Nd
Senoniano 87901B 2651.76 0.54 0.16 0.13 0.44 0.29 24 81 0.57 430
Turoniano 87901D 2712.72 0.74 0.07 0.2 0.36 0.27 27 48 0.27 441
Cenomanian 87901G 2804.16 0.78 0.04 0.21 0.8 0.25 26 48 0.17 479

49
CONTINUAÇÃO
Cenomanian 87901L 2956.56 0.88 0.11 0.3 0.8 0.41 34 90 0.27 462
Cenomanian 87901N 3017.52 0.8 0.13 0.67 1.9 0.8 83 237 0.16 454
Cenomanian 88165A 3048 0.84 0.14 0.31 1.58 0.45 36 188 0.32 471
Cenomanian 88165C 3108.96 1.06 0.13 0.41 0.44 0.54 38 41 0.24 476
Cenomanian 88165E 3169.92 1.28 0.16 0.67 0.7 0.83 52 54 0.2 468
Cenomanian 88165G 3230.88 1.46 0.17 0.62 0.53 0.79 42 36 0.22 478
Albiano-Aptiano 88165I 3383.28 1.38 0.14 0.41 0.4 0.55 35 35 0.26 487
Albiano-Aptiano 88165L 3383.28 1.38 0.14 0.29 0.42 0.43 21 30 0.33 507
Albiano-Aptiano 88165N 3444.24 0.58 0.04 0.15 0.37 0.19 25 63 0.22 464
Albiano-Aptiano 88165P 3489.96 1.08 0.05 0.26 0.35 0.31 24 32 0.17 504

Tabela 3. Reflectância da vitrinite do furo Mocimboa-1. Tendência geral de aumento com a


profundidade. Fonte: INP.

Prof (m) Estratigrafia Valor da Rv % Intervalo Leituras Desvio padrão


320.04 Miocene superior 0.35 1
737.616 Miocene Inferior 0.34 0.27-0.46 11 0.07
950.976 Intra-late Oligocene 0.33 0.28-0.43 25 0.05
1246.632 Oligocene 0.38 0.27-0.50 28 0.06
1502.664 Oligocene 0.51 0.40-0.63 25 0.07
1682.496 Oligocene 0.55 0.46-0.67 26 0.06
1962.912 Oligocene 0.61 0.51-0.75 29 0.06
2170.176 Paleocene- Eocene 0.69 0.60-0.83 29 0.06
2377.44 Campaniano- Senoniano 0.71 0.57-0.85 15 0.09
2563.368 Senoniam inferior 0.56 0.50-0.60 4 0.05
2737.104 Turoniano 0.97 0.90-1.05 23 0.05
2895.6 Cenomaniano superior 1.42 1.25-1.61 15 0.11
3072.384 Cenomaniano-Albiano 1.47 1.30-1.63 26 0.09
3221.736 Cenomaniano-Albiano 1.59 1.46-1.89 29 0.07
3291.84 Albian superior 1.7 1.54-1.89 24 0.11

50
CONTINUAÇÃO
3292.754 Albiano Superior 1.59 1.41-1.78 22 0.11
3368.04 Albiano 1.66 1.47-1.87 32 0.12
3486.912 Aptiano superior 1.68 1.60-1.78 19 0.05

Tabela 4. Biomarcadores Pristano/Fitano, Pristano/n-C17 e Fitano/n-C18 em hidrocarbonetos


encontrados no furo Mocimboa-1. Fonte: INP.

Profundidade Isoprenoides/n-Alcanos
Top (m) Base (m) Pr/Ft Pr/n-C17 Ft/n-C18 Idade
743.712 749.808 0.65 0.64 0.79 Oligoceno
1792.224 2106.168 nd Nd nd Oligoceno
2063.496 2069.592 1.29 1.61 0.7 Oligoceno
2350.008 2356.104 0.67 0.44 0.42 Paleoceno
3017.52 3020.568 0.55 0.18 0.29 Cemaniano
3252.216 3255.264 0.71 0.18 0.22 Cemaniano
3291.84 3294.888 0.79 0.29 0.29 Cemaniano
3292.7544 3294.5832 0.91 0.36 0.45 Cenomaniano
3300.984 3304.032 0.38 0.17 0.32 Cenomaniano
3310.128 3313.176 Nd Nd Nd Cenomaniano
3316.224 3319.272 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3319.272 3322.32 0.37 0.16 0.34 albiano-alpiano
3322.32 3325.368 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3325.368 3328.416 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3328.416 3331.464 0.89 0.33 0.29 albiano-alpiano
3337.56 3340.608 0.58 0.23 0.31 albiano-alpiano
3346.704 3349.752 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3352.8 338.328 Nd Nd Nd albiano-alpiano
338.328 341.376 0.43 0.19 0.31 albiano-alpiano

51
CONTINUAÇÃO
350.52 353.568 0.44 0.2 0.32 albiano-alpiano
3383.28 338.328 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3398.52 3401.568 0.4 0.14 0.3 albiano-alpiano
3404.616 3407.664 Nd Nd Nd albiano-alpiano
3447.288 3450.336 0.54 0.18 0.28 albiano-alpiano

Tabela 5. Composição química molecular do gás natural do furo Mocimboa-1. Fonte INP.

VOLUME DE GÁS POR MILHOES DE VOLUME INTERCEPTADOS


Pf(m) Idade
Metano Etano Propano Isobutano n. butano ∑C2+ T C1-C4 %∑C2+ % Metano
121.92 Terciario 768.85 0 0 0 0 0 768.85 0 100
304.8 Terciario 796.34 0 0 0 0 0 796.34 0 100
457.2 Terciario 710.38 0 0 0 0 0 710.38 0 100
609.6 Terciario 790.87 0 0 0 0 0 790.87 0 100
731.52 Terciario 869.6 0 0 0 0 0 869.6 0 100
822.96 Terciario 708.03 0 0 0 0 0 708.03 0 100
914.4 Terciario 777.53 0 0 0 0 0 777.53 0 100
1036.32 Terciario 661.18 0 0 0 0 0 661.18 0 100
1097.28 Terciario 1042.3 0 0 0 0 0 1042.3 0 100
1158.24 Terciario 1126.69 0 0 0 0 0 1126.69 0 100
1219.2 Terciario 1171.17 0 9.41 7.64 8.69 25.64 1196.81 3 97
1280.16 Terciario 1029.53 0 7.14 4.58 6.58 18.3 1047.43 2 98
1341.12 Terciario 1108.77 0 8.23 5.65 6.9 20.78 1129.55 3 97
1402.08 Terciario 1051.64 0 0 5.73 4.03 9.76 1061.4 1 99
1463.04 Terciario 970.52 0 0 6.77 4.57 11.34 981.86 1 99
1524 Terciario 1137.92 0 10.8 10.63 8.02 29.45 1167.37 3 97
1554.48 Terciario 877.06 0 39.82 47.63 22.8 110.25 987.31 11 89
1584.96 Terciario 1042.67 0 30.37 35.84 16.21 82.42 1125.09 7 93
1615.44 Terciario 970.45 0 14.35 18.82 9.13 42.3 1012.75 4 96
1645.92 Terciario 865.74 0 12.06 14.26 9.74 36.06 901.8 4 96
1676.4 Terciario 811.63 0 0 7.11 0 7.11 818.74 1 99
1705.966 Terciario 862.16 0 0 5.48 0 5.48 867.64 1 99

52
CONTINUAÇÃO
1737.36 Terciario 861.18 0 0 9.85 5.42 15.27 876.45 2 98
1767.84 Terciario 894.59 0 9.4 20.77 10.46 4.63 935.22 4 96
1798.32 Terciario 888.34 0 0 10.57 5.56 16.13 904.47 2 98
1828.8 Terciario 930.49 0 0 6.68 4.49 11.17 941.66 1 99
1859.28 Terciario 945.34 0 0 7.35 4.71 12.06 957.4 1 99
1889.76 Terciario 1032.62 0 6.43 11.49 6.37 24.29 1056.91 3 97
1920.24 Terciario 901.03 0 0 4.58 0 4.58 905.61 1 99
1950.72 Terciario 622.33 0 0 8.37 4.09 12.46 634.79 2 98
1981.2 Terciario 637.56 0 7.96 17.52 7.55 33.03 670.59 5 95
2011.68 Terciario 635.77 0 6.8 17.47 8.14 32.41 668.18 5 95
2042.16 Terciario 619.05 0 0 10.97 5.19 16.16 635.21 3 97
2072.64 Terciario 632.17 0 0 11.28 4.83 16.11 648.28 3 97
2103.12 Terciario 585.41 0 0 5.17 0 5.17 590.58 1 99
2133.6 Terciario 598.97 0 0 7.58 5.23 12.81 611.78 2 98
2164.08 Terciario 602.34 0 0 9 4.56 13.56 615.9 2 98
2194.56 Terciario 605.89 0 0 5.47 0 5.47 611.36 1 99
2225.04 Terciario 658.9 0 11.72 7.11 5.51 24.34 683.24 4 96
2255.52 Terciario 565.86 0 12.57 5.6 6.64 24.81 690.64 4 96
2286 Terciario 518.57 12.81 13.51 5.25 5.44 37.01 555.58 6 94
2316.48 Terciario 552.21 0 6.58 0 4.02 10.6 562.81 2 98
2346.96 Terciario 498.22 0 0 0 0 0 498.22 0 100
2377.44 Terciario 537.98 0 6.94 0 0 6.94 544.92 1 99
2407.92 Terciario 552.23 0 6.36 0 0 6.36 558.59 1 99
2438.4 Terciario 585.02 0 0 0 0 0 585.02 0 100
2468.88 Terciario 597.2 0 0 0 0 0 597.2 0 100
2499.36 Terciario 49.41 0 0 0 0 0 490.41 0 100
2529.84 Turoniano 559.02 0 0 0 0 0 559.02 0 100
2560.32 Turoniano 496.92 0 0 0 0 0 496.92 0 100
2590.8 Turoniano 599.13 160.38 6.43 0 0 166.81 765.94 22 78
2621.28 Turoniano 1138.76 480.82 47.44 4.12 0 532.38 1671.14 32 68
2651.76 Turoniano 1013.28 133.79 22.55 0 0 156.34 1169.62 13 87
2682.24 Turoniano 1006.58 193.47 55.36 4.69 6.12 259.64 1266.22 49 51
2712.72 Turoniano 1164.82 340.85 95.02 7.2 10.31 453.38 1618.2 28 72
2743.2 Turoniano 793.54 108.56 81.05 7.69 16.19 210.49 1004.03 21 79

53
CONTINUAÇÃO
2773.68 Turoniano 891.52 273.54 97.84 5.4 8.43 385.21 1276.73 30 70
2804.16 Cenomaniano 1010.54 1025.49 284.15 13.19 17.82 1340.65 2351.19 57 43
2834.64 Cenomaniano 679.55 0 7.57 0 0 7.57 687.12 1 99
2865.12 Cenomaniano 852.09 89.35 41.53 5.28 4.24 140.4 992.49 14 86
2895.6 Cenomaniano 856.46 27.52 20.9 0 0 48.42 904.88 5 95
2926.08 Cenomaniano 736.42 131.31 83.17 7.2 12.23 233.91 970.33 25 75
2956.56 Cenomaniano 865.83 251.34 152.93 12.58 21.9 438.75 1304.58 34 66
2987.04 Cenomaniano 742.81 39.56 44.44 6.54 9.93 100.47 843.28 12 88
3017.52 Cenomaniano 743.98 592.96 337.1 28.42 42.37 1000.56 1744.54 57 43
3048 Cemaniano 1428.14 641.65 369.03 28 47.81 1086.49 2514.64 44 56
3078.48 Cenomaniano 1183.57 450.95 196.47 17.04 20.27 684.73 1868.31 37 63
3108.96 Cenomaniano 1692.07 1218.36 351.36 24.48 29.5 1623.7 3315.77 50 50
3139.44 Cenomaniano 1476.99 284.49 209.8 13.04 14.01 1221.34 2698.34 45 55
3169.92 Cenomaniano 1728.58 1288.01 271.85 23.72 21.09 1601.67 3326.25 49 51
3200.4 Cenomaniano 1520.16 1632.06 418.82 32.55 32.83 2116.26 3636.43 58 42
3230.88 Cenomaniano 1946.83 1961.04 272.52 21.35 17.33 2272.24 4219.07 53 47
3261.36 Cenomaniano 1521.08 786.06 158.65 18.61 14.67 977.99 2499.07 39 61
3291.84 Cenomaniano 1561.33 186.28 46.49 7.95 5.39 246.11 1807.44 13 87
Albiano-
3322.32 1660.35 185.25 33.82 5.12 0 224.19 1884.55 12 88
Alpiano
Albiano-
3352.8 2240.86 384.28 39.85 6.43 0 430.56 2671.42 15 85
Alpiano
Albiano-
3383.28 3008.17 1280.08 141.06 8.17 8.65 1437.96 4446.13 32 68
Alpiano
Albiano-
3413.76 4462.02 328.79 70.08 12.61 9.11 420.59 4882.62 8 92
Alpiano
Albiano-
3444.24 1663.43 385.22 44.94 4.38 0 434.54 9097.97 20 80
Alpiano
Albiano-
3474.72 1567.07 204.64 34.41 4.86 4.63 248.54 1815.61 13 87
Alpiano
Albiano-
3489.96 1259.15 143.1 18.28 0 0 161.38 1820.52 11 89
Alpiano

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